semmais 22 março_2014

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www.semmaisjornal.com semanário - edição n.º 803 • 6.ª série - 0,50 € região de setúbal Sábado | 22. Março.2014 Director: Raul Tavares Distribuído com o VENDA INTERDITA — BALANÇOS E PRINCIPAIS CONCLUSÕES

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Semmais 22 março_2014

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Page 1: Semmais 22 março_2014

www.semmaisjornal.comsemanário - edição n.º 803 • 6.ª série - 0,50 € • região de setúbalSábado | 22. Março.2014 Director: Raul Tavares

Distribuído com o

VENDA INTERDITA

— BALANÇOS E PRINCIPAIS CONCLUSÕES

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2 . SEMMAIS . conferência desafios península de Setúbal . 22 março

VITOR COSTA, Presidente da Entidade Regional de Turismo de Lisboa, subli-nhou as oportunidades turísticas que ainda estão por conquistar pela região.

»Importa refletir sobre o papel que a Penín-sula de Setúbal tem na estratégia turística regional e nacional. Lisboa é o centro. Mas a região de Setúbal captou 7% do turismo até agora. Estes dados indicam-nos que há ainda

uma enorme percentagem de recursos por explorar no que toca ao turismo da península. E se forem transformados estes recursos em produtos turísticos, beneficia não só a região, como todo o país. Então o que podemos fazer para mudar esta perceção? Há que requali-ficar as nossas zonas ribeirinhas e apostar mais fortemente no setor do turismo. Contudo, há que superar o problema de “imagem” pois o valor turístico de Setúbal ainda não foi intei-ramente percebido!»

Sessão de Abertura e Encerramento

É preciso investir para qualificar a oferta turísticaAUGUSTO PÓLVORA , o presi-

dente da Câmara Municipal, encerrou a conferência, com uma intervenção em que enalteceu a força turística da região. O autarca sesimbrense sublinhou, nomea-mente, o investimento feito pelo município ao nível da requalifi-cação urbana e do património que, referiu, «são fundamentais para qualificar a oferta turística e

melhorar a economia local».A promoção dos produtos

locais, a candidatura da Arrábida a Património Mundial, e a correta distribuição dos fundos comuni-tários, a fim de impulsionar a concretização de investimentos públicos e privados, foram outros pontos da intervenção de Augusto Pólvora nesta iniciativa, que abordou, entre outros temas, a

requalificação ribeirinha, portos e cluster turístico da península no quadro da região de Lisboa.

O edil de Sesimbra, que falava também na qualidade de vogal do Executivo da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, lembrou a dimensão estratégica da Península e a sua importância na Área Metropo-litana de Lisboa.

Esta é uma conferencia de esperança!RAUL TAVARES, diretor do Semmais, realçou a importância da iniciativa para o desenvol-vimento social e económico da região. «O Semmais assume-se como agente e parceiro desta região, que continua a ter as suas poten-cialidades intactas. Nos últimos 15 anos a Penín-sula, mercê de um conjunto de investimentos significativos da administração local e nacional

e dos privados, atingiu, em vários segmentos do seu desenvolvimento, passos decisivos para a consolidação de alguns clusters e de progres-sivas melhorias em áreas estratégicas. A atual crise veio circunscrever a dimensão desses objetivos. Esta é a ótica de retrospetiva e pros-petiva em que a «conferência da esperança» se inseriu.

Há que superar problema de imagem

Trabalhar para afirmar Setúbal comoa capital da margem norte do sado

ANDRÉ MARTINS, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Setúbal salientou o facto de a iniciativa merecer ainda mais «o nosso aplauso» por tem lugar num momento em que se discute precisamente o novo programa de fundos 14/20. «Há que afirmar Setúbal como a capital da margem norte do sado. Há que

reivindicar mais investimento para a nossa região, afinal este é o polo urbano, mais autónomo e mais independente da capital. Tem uma importante zona portu-

ária e mão de obra altamente qualificada que é atualmente responsável pelos bons resultados das exportações nacionais. Temos vários projetos em cima da mesa e há que apostar na imple-mentação dos mesmos: requalificação da instalação ferroviária, uma instalação marina, reabi-litação de toda a zona ribeirinha e um centro de ciência para a nossa região».

Há ainda muito a fazerANTÓNIO LEITÃO AMARO, secretário de Estado da Admi-nistração Local louvou a iniciativa do Semmais e a importância de se promover eventos desta amplitude. «É

de louvar o papel cívico deste jornal que promove aqu, olhos nos olhos, esta região do país. Setúbal tem características muito particulares e por isso a estratégia de desenvolvimento tem que atender e impulsionar os recursos que aqui existem. Não podemos esquecer o quanto esta região já sofreu na sua historia. Fenómenos da deslocalização e perda para outras zonas do globo, desemprego, enfim…Julgo que é justo dize-lo, esta é uma região que já provou, por diversas vezes, o quanto é extre-mamente resiliente», afirmou.

O membro do Governo sublinhou que, «Setúbal tem uma profunda ligação ao mar e tem o privi-légio de estar localizada entre os dois estuários. Existem clusters em várias áreas: automóvel, papel, cimento, naval, agrícola, hortícola, e claro que, não podemos esquecer a forte componente de turismo ligado ao património local. Portanto há muito a fazer!», exortou. Para António Leitão Matos, «é importante olhar para os números reais e para as perspetivas do futuro: a taxa de escola-rização é ainda inferior ao desejado e é talvez o maior fator de investimento no futuro do capital humano. E já existem excelentes exemplos aqui na região, como é o caso da Autoeuropa. As empresas locais devem fazer a ponte com as universidades, institutos politécnicos e apoiar estas pessoas que aqui vivem com as suas quali-ficações. Há que apostar no desenvolvimento sustentado direcionando os recursos endógenos. Se Portugal se encontra numa posição central no mundo, esta península é também uma porta geográfica central para a entrada no país. Portanto, temos de acrescentar-lhe valor!»

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4 . SEMMAIS . conferência desafios península de Setúbal . 22 março

LINHA DA FRENTE

Pub.

Quatro painéis, debate e muita discussãoApresentamos nestas páginas o balanço dos vários painéis em discussão ao longo do dia 7 de Março, durante os quais foi possível ouvir trinta palestrantes, das mais diversas áreas de acti-vidade.

6 a 9

30 oradores e 320 participantes A conferência, que decorreu no Forum Luisa Todi, em parceria com a Câmara de Setúbal, registou 320 inscrições, entre convi-dados e participantes, oriundos de todo o distrito.

2 Sessões de aberturae de encerramento

11 Almoço no Luna Esperança com a Escola Profissional da Moita

12 Jantar Social na Casa Ermelinda Freitas

13 Galeria de Imagens

Imprensa

13

ficha técnica

Director: Raul Tavares; Editor--Chefe: Roberto Dores; Redacção: Anabela Ventura, António Luís, Marta David, Roberto Dores; Dep. Comercial: Cristina Almeida (coordenação). Projecto Gráfico e Paginação: Natália Côco. Serviços Administrativos e Financeiros: Mila Oliveira. Distribuição: José Ricardo e Carlos Lóio. Propriedade e Editor: Mediasado, Lda; NIPC 506806537 Concessão Produto: Mediasado, Lda NIPC 506806537. Redacção: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. Tel.: 265 538 819 (geral); Fax.: 265 538 819. Email: [email protected]; [email protected]. Administração e Comercial: Telem.: 93 53 88 102; Impressão: Lisgráfica. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Mediasado, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98SSTAF: Coordenação Paineis: Vanda Pinto; Secretariado: Mila Oliveira; Cristina Almeida, Mafalda Correia e Sofia Correria; Fotografia: Humberto Sousa e Green Media; Comunicação: Green Media. Especial agradecimento a Sérgio Mateus (Câmara de Setúbal) e equipa técnica do Fórum Municipal Luísa Todi.

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Enquadramento e metodologia orientadora

Testemunhos

Uma conferência de excelênciaO Semmais, com a sua habitual marca

de excelência no jornalismo e na infor-mação com que nos tem habituado, realizou uma conferência, que permitiu uma reflexão profunda sobre a economia e o desenvolvimento deste território.

Foram abordados temas desde a industria e dos portos, passando pela inovação, o empreendedorismo, o turismo e a economia social, com convidados e convidadas de excelência, com dimensão nacional e regional, que permitiram pensar e refletir o modelo de desenvol-vimento que se perspetiva, tendo sido introduzido no programa um painel de

deputados/as eleitos/as de diferentes sensibilidades, que debateram entre si perspetivas diferenciadas de crescimento e sustentabilidade para a península e litoral alentejano. É fundamental que as forças vivas do distrito tenham espaços de reflexão como esta conferência que o Semmais promoveu, trazendo, em conjunto com um grupo de parceiros de nome reconhecido, ideias, projetos e perspetivas que permitam pensar um futuro de crescimento sustentável para o nosso Distrito.

Catarina MarcelinoDeputada do PS

Políticas dirigidas às pessoasDa conferência, que infelizmente

não pude acompanhar na íntegra, mas que do pouco que pude assistir, tenho de salientar positivamente a comuni-cação do Presidente da Lisnave, nome-adamente na referência ás necessi-dades de formação, para que sejam dirigidas ás reais necessidades da economia.

Falou-se na necessidade de apostar no Território e nas Pessoas, mas desco-nhecemos a estratégia do Estado para a formação de base, da sua responsa-bilidade, para que seja possível a expansão da atividade económica e

operacionalização de projetos que promovam o desenvolvimento econó-mico. Como cliente na reparação naval, nomeadamente em navios de alumínio, constato que ainda ninguém viu a escandalosa escassez de mão de obra.

Hoje, como responsável pelo Grupo Transtejo sei quando um navio entra em doca seca, mas não consigo saber quando sai.

João PintassilgoPres. Administração Transtejo e Soflusa

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Reindustrialização, Portos e Requalificação Ribeirinha

É hora de potenciareste território Carlos Humberto [Presidente

da Câmara Municipal do Barreiro]

O moderador deste painel, um dos autarcas mais experientes da região de Setúbal, alertou para a neces-sidade de potenciar as estruturas existentes na penín-sula e um olhar mais assertivo por parte da adminis-tração central. «É necessário apostar cada vez mais nas potencialidades deste território e fazê-lo no quadro e em concertação com a área metropolitana de Lisboa», frisou o autarca.

11 Aposta eficiente na rein-

dustrialização — Uma urgência para ajudar a preservar estado social, sustentar a indústria existente e captar investimento.

2 Arco Ribeirinho Sul — A revitalização do tecido

empresarial pode ser almo-fadado pela requalificação estratégica destes territórios, que serão alavanca de desen-volvimento.

3 M e l h o r a r imagem — A

região precisa de melhorar a sua imagem estratégica com novos desafios.

4 Porto como motor — Activo fundamental para o cres-

cimento da península, o Porto de Setúbal deve continuar a captar investimentos e a crescer de forma sustentada.

Bons exemplos e desafios gigantes

No painel “Reindustriali-zação, Portos, Requalifi-cação Ribeirinha e Mobili-

dade”, José Rodrigues, presidente da Lisnave, referiu que a reindus-trialização é importante para a região porque significa «cresci-mento» mas, por outro lado, adverte que é «fundamental» preservar, de «forma sustentada», a indústria existente, para que não se repitam os erros de destruição de muitas indústrias nos anos 80».

Para reindustrializar tem de ser definida uma «estratégia polí-tica e captação de investimento privado», acrescentando que tem de haver «confiança, política fiscal

justa e atractiva, formação profis-sional, política laboral flexível, entre outros factores».

Já Vítor Caldeirinha, presi-dente da APSS, afirmou que o futuro do porto sadino é «bastante promissor». Trata-se, a seu ver, de um dos portos «mais complexos» do País. Com uma das maiores áreas de terminais disponível, pode ainda abarcar vários outros projectos e apre-senta uma capacidade de expansão dos terminais a baixo custo, sem interferir com a cidade, o que permite receber até 2,5 milhões de TEUS de contentores para dina-mização económica da região».

Por sua vez, Jacinto Pereira, presidente da Baía do Tejo, o processo de reindustrialização é hoje, «não apenas uma necessi-dade mas um desígnio nacional para promover o crescimento económico nacional, fazer crescer o PIB, o emprego e a competiti-vidade industrial». A seu ver, a reindustrialização tem de ser abor-dada de forma «crítica, dinâmica e inovadora» assente na análise dos sectores dos mercados euro-peus e mundiais, salvaguardando os clusters existentes e criando novos».

Demétrio Alves, vogal da comissão directiva do QREN,

segundo as suas estimativas, o novo Quadro Comunitário de Apoio (QCA) vai trazer menos investimento para a região. No actual QCA, que acabará em meados de 2015, dos 306,7 milhões de euros de fundo FEDER, os municípios da Área Metropolitana de Lisboa deverão captar cerca de 150 milhões de fundos FEDER, o que equiva-lerá a um investimento global de cerca de 400 milhões de euros. Todavia, lamentou que no próximo de 2020 os municípios da região captem apenas 80 milhões de euros de fundo FEDER», sublinhou.

«As políticas de formação devem ser

ajustadas e a política laboral flexível. É preciso apostar em sectores estra-tégicos com mercado»

«Com um reduzido investimento, o porto

de Setúbal poderia comportar até 2,2 milhões de contentores. Somos líderes no roll-on roll-off»

«Há que focar a reabi-litação do edificado e

a valorização da região para melhorar a imagem da península. Deve ser esse o desígnio»

«No próximo quadro comunitário de apoio,

os municípios da região vão captar apenas 80 milhões de euros do total de 150 milhões»

Vitor Caldeirinha Pres. da APSS

José Rodrigues Pres. da Lisnave

Jacinto Pereira Pres. da Baia do Tejo

Demétrio Alves Com. Executiva do Qren

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Parceria estratégica e ganhos de escalaPedro Dominguinhos

[Vice-presidente do IPS]

O moderador deste painel, que reflectiu a dimensão de sectores tão distintos como o cluster automóvel e a vitivinícultura, acentou a necessidade de consoli-dação das «parcerias estratégicas», como vantagem para um incremento da «economia de escala». Realçou os bons exemplos de sectores que começam a ser «estratégicos para o desenvolvimento da região» e lembrou a ligação ao ensino superior.

Nichos de Marca e Apostas na Diferenciação2

Escala de milhões para aproveitar

O segundo painel da conferência intitulou-se “Nichos de Marca e Apostas na Diferenciação”.

José Diogo, da ADREPES, tem como missão o desenvolvimento rural e costeiro da Península, através de projectos apresentados por agricul-tores, micro-empresas, autarquias, empresas de animação turística, insti-tuições particulares de solidarie-dade social, entre outras entidades, com financiamento do PRODER e PROMAR. «Já conseguimos mais de 19 milhões de euros de financia-mento para aplicar no território, os quais permitem criar cerca de 160 postos de trabalho», vincou.

Já Henrique Soares, presidente da CVRPS, apresentou uma retros-

pectiva do desenvolvimento do sector vitivinícola — com a certifi-cação e as exportações sempre a crescer —, onde são produzidos vinhos de «grande qualidade e a bons preços» que «muito têm contri-buído para projectar a região e desenvolver a economia».

Henrique Soares destacou o ano de 2012 que registou um significa-tivo aumento de vendas, tendo a região atingido o seu limite de certi-ficação, nomeadamente 99 por cento. «Em 2012 certificámos um volume equivalente a 99 por cento dos vinhos declarados aptos em 2011», sublinhou.

Sublinhou ainda que entre 2009 e 2013 foram investidos cerca de 6

milhões de euros na reestruturação das vinhas da região, através de 120 candidaturas ao programa, que corresponderam à melhoria de cerca de 700 hectares dos nossos vinhedos.

Elizete Jardim, directora da DRAPLVT, adiantou que na Penín-sula, em termos de PRODER, programa de financiamento ao desenvolvimento rural, estão apro-vados mais de 400 projectos equi-valentes a mais de 120 milhões de euros, a que corresponde uma ajuda nacional e comunitária de cerca de 40 milhões de euros.

A taxa de execução na Penín-sula ronda os 62 por cento, compa-rativamente com os 78 por cento a nível nacional. «Isto significa um

esforço muito grande dos nossos empresários e investidores do sector», vinca, reconhecendo que no âmbito do PROMAR estão apro-vados na Península mais de 200 projectos, que correspondem a um investimento de 30 milhões de euros.

Sandra Augusto, directora logís-tica da Autoeuropa, reconheceu que os nichos e os produtos de nicho são o «grande desafio» do sector automóvel. A seu ver, «a diferen-ciação dos produtos é algo que os consumidores procuram e cons-titui um grande desafio para as empresas do sector automóvel» E relembrou que a Autoeuropa é exemplo dessa aposta, produzindo actualmente diversos modelos.

«Já conseguimos mais de 19 milhões de euros

de financiamento para aplicar no território, os quais permitem criar 160 empregos»

«O futuro passa por uma valorização das

uvas e um maior apreço da própria região de Setúbal, que tem ganho muito prestígio»

«Já não se considera a localização do país na

periferia da Europa, mas sim no centro do mundo. O pocionamento estratégico é a nossa mais-valia»

«Estão hoje apro-vados mais de 400

projectos, no âmbito do PRODER, que correspondem a cerca de 40 milhões de euros».

1 Valorizar apreço da região — A importância da certi-

ficação, denominação e marca, são um factor que pode influenciar os produtos dife-renciadores da região.

2 Aproveitar ‘envelope’ financeiro — O sector

primário, agricultura e pescas tem uma oportunidade de ouro para desenvolver-se, com os novos fundos.

3 Customização — O exemplo da

Autoeuropa que de produto único produz 4 modelos numa única linha.

4 A vez dos pequenos —PRODER E PROMAR são

instrumentos que podem poten-ciar também pequenos projectos, que devem cada vez mais estar associados.

Henrique Soares Pres. CVR-PS

José Diogo Dir. da Adrepes

Sandra Augusto Logística Autoeuropa

Elizete Jardim Diretora da DRAPLVT

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8 . SEMMAIS . conferência desafios península de Setúbal . 22 março

Cluster Turístico no Quadro da Região de Lisboa

As muito diferentes experiênciasJorge Humberto [Coordenador

do Núcleo de Produto

e Qualificação da Oferta da ERTL]

O moderador, ligado ao sector do turismo da região desde sempre, procurou trazer a debate as expecta-tivas de três unidades hoteleiras. No confronto com «milhares de destinos», a península deve apostar nas suas diferentes valias, desde o turismo empresarial, golfe, enoturismo e outros, sem esquecer o sol e mar. Mas a afirmação passa por «vontades e opções».

31 Superar o problema da

imagem Importa reflectir sobre o papel da península na estratégia regional e nacional. Há uma enorme percentagem de recursos por explorar.

2 Atrair turistas Deve ser o grande motivo da estra-

tégia dos operadores. ‘Do mundo para a península. Este é o percurso dos turistas, dentro deste percurso menor.

3 Mais unidade No actual quadro da situação em que

a península vale apenas 7 por cento, é necessário mais unidade e mais parceria na oferta e na promoção.

4 Marca identitária As unidades hoteleiras consi-

deram relevante promover a região através de marca iden-titária, referindo a ‘Costa Azul’ como exemplo.

Turismo procura imagem e parceriasO quarto painel, moderado

por Jorge Humberto, em representação da Enti-

dade Regional de Turismo de Lisboa, subordinou-se ao tema “Cluster Turístico da Península de Setúbal no Quadro da Região de Lisboa”.

Carlos Costa, director do Hotel Esperança, disse que é preciso ultrapassar as 700 mil dormidas, por ano, na região, com o mercado espanhol a liderar as preferências, nome-adamente no Verão, na Páscoa e no Natal. Na sua óptica, o turismo de lazer está «muito limitado», uma vez que faltam eventos direccionados para a

vertente mar. «Tem sido difícil comercializar turisticamente a região. Pode ser que, agora, com a integração da nossa região na Entidade Regional de Turismo de Lisboa as coisas mudem um bocado. Os clientes queixam-se dos acessos difíceis às praias. É necessário reforçar a aposta na promoção da região e realizar mais eventos de grande dimensão para atrair turistas, porque temos capacidade e recursos fantás-ticos para fazer muito mais».

Todavia, Carlos Costa pers-pectiva melhores dias turísticos para 2014. «Apesar das dificul-dades, as coisas têm evoluído mas não tanto como o desejado.

Temos recursos fantásticos que não têm sido utilizados. Têm ficado ao longo dos anos conge-lados», vincou.

Marco Andrade, director do Montado Hotel e Golf Resort, que defende a construção de um campo de golfe no concelho de Setúbal, realça que o seu projecto hoteleiro tem apostado, em termos de captação de turistas, no mercado estrangeiro, sobre-tudo na Escandinávia, uma vez que o mercado nacional «não tem expressão» neste hotel da região.

Já Victor Cópio, director do Sana Sesimbra Hotel, confessou que gostaria de ver reactivada

a marca “Costa Azul”, pois é «forte» e «bastante conhecida» a nível internacional. E referiu que 2013 foi um «excelente ano» turístico para sua unidade hote-leira, perspectivando cenário idêntico para o presente ano. O mercado espanhol tem sido «fundamental» para a actividade da empresa, em detrimento do português que tem vindo «a cair ano após ano».

No essencial, há que muita imaginação para superar as descidas de mercado e as difi-culdades de partir de números tão residuais que representam hoje os números do sector na Península.

«Apesar do mercado português ser importante para nós, tem vindo

a cair ano após ano, o que também acontece com o mercado espanhol. Estamos a competir pelas pequenas verbas disponíveis»

«A gastronomia de Setúbal já começa a ser reconhecida e muito

falada e organizamos tours com as senhores aos centros comerciais, enquanto os senhores jogam golfe».

«Há que reforçar os planos de divul-gação da região, porque temos oferta

de qualidade. Os turistas de lazer têm estadias curtas, por isso voltam e levam muitos dos nossos produtos».

Marco Andrade Dir. do Montado Hotel

Vítor Cópio Dir. do Sana Sesimbra

Carlos Costa Dir. Esperança Centro Hotel

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Economia Social e Políticas de Solidariedade

Sector faz mais por menos dinheiroFernando Cardoso

[Provedor da Santa Casa

da Misericórdia de Setúbal]

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal orientou este painel, que contou com um grupo de oradores com profundo conhecimento do sector. Cardoso Ferreira, lembrou a dimensão que o sector detém na região e elogiou a directora do centro de segurança social pela política de concertação.

41 A força das misericórdias

As quinze misericórdias do distrito têm tido um papel de grande intervenção no actual quadro de crise que a região e o país estão a viver.

2 Reformas É necessário alterar os estatudos das

instituições de solidariedade social, de forma a «agilizar os procedimentos» junto da comu-nidade.

3 Substituir-se ao Estado Os direitos sociais devem ser

assegurados pelo Estado e não pelas instituições da economia social. E o Estado gasta menos quando recorre a estas.

4 Força de emprego Só no distrito de Setúbal, o sector

da economia social vale seis por centro da empregabilidade, assegurando cerca de 14 500 postos de trabalho.

Economia social faz papel do EstadoO painel “Economia Social

e Políticas de Solidarie-dade”, moderado por

Cardoso Ferreira, Provedor da Misericórdia de Setúbal, contou com as participações de Eduardo Graça, presidente da Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, Paulo Calado, adminis-trador da Santa Casa da Mise-ricórdia de Lisboa, Ana Clara Birrento, directora Regional de Setúbal da Segurança Social, e Tomás Correia, presidente do Montepio Geral.

Eduardo Graça afirmou que o Estado deve avançar com reformas nos estatutos das insti-tuições particulares de solida-

riedade social para que estas, em articulação com o Estado, contri-buam para «uma maior agilização de procedimentos» na comuni-dade.

Paulo Calado falou das diversas actividades da instituição, com destaque especial para aquelas ligadas ao empreende-dorismo e à acção social. Frisando que a Misericórdia alfacinha «se substitui à Segurança Social no concelho de Lisboa, em muitos casos», Paulo Calado realçou «o Emprego Jovem e o levantamento e identificação dos sem-abrigo de Lisboa para perceber de que forma os podemos ajudar».

Ana Clara Birrento fez uma

retrospectiva da actividade dos últimos anos desta instituição nas áreas do atendimento aos bene-ficiários e no apoio às famílias, desempregados, excluídos e insti-tuições particulares de solidarie-dade social. «Em articulação com as instituições de solidariedade social temos desenvolvido uma intervenção mais célere junto de quem mais necessita do nosso apoio», revelou, acrescentando, porém, que os novos desafios da nova lei da economia social e do novo Quatro Comunitário de Apoio que se avizinham exigem «uma nova consciência social». Ana Clara Birrento sublinhou que as instituições de solidariedade

social representam «seis por cento da empregabilidade do distrito, dando trabalho a cerca de 14 500 pessoas».

Já Tomás Correia afirmou que esta instituição mutualista, cujo número de associados tem vindo a crescer ano após ano, tem apoiado diversos projectos sociais. Todavia, considera que o garante dos direitos sociais cabe ao «Estado e não às instituições da economia social, que aparecem aqui como parceiras para resolver os problemas dos cidadãos». Para Tomás Correia, o Estado «gasta menos quando recorre à coope-ração com as instituições de economia social».

«É urgente a reforma das instituições de soli-

dariedade social, para que estas, em articulação com o Estado, possam chegar ao terreno».

«Em muitas situa-ções, como os sem-

abrigo, a misericórdia está a subs-tituir-se à segurança social de Lisboa».

«Em articulação com o sector temos desen-

volvido uma intervenção mais célere junto dos que mais neces-sitam do nosso apoio».

«O Estado gasta menos quando

recorre à cooperação, em parceria, com as instituições da economia social».

Paulo Calado Santa Casa de Lisboa

Eduardo Graça Pres. da CASES

Ana Clara Birrento Diretora da SS Setúbal

Tomás Correia Pres. Montepio

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10 . SEMMAIS . conferência desafios península de Setúbal . 22 março

Debate com deputados eleitos pelo distrito

Situação de calamidade social que atrasa a região tem responsáveis conhecidos

MARIANA AIVECA, depu-tada do Bloco de Esquerda, acusou o a c t u a l Governo de

estar a criar uma situação de calamidade social e de nunca ter tido um rumo para a região de Setúbal. «Os projectos que foram apresentados como salva-dores do investimentos, não passam de uma agenda que não corresponde a um desígnio

estratégico». E aludiu ao novo terminal de contentores, que «ora é na Trafaria, ou é no Barreiro, numa gincana de pensamento política «sem sustentabilidade». Num outro plano, Mariana Aiveca também quis saber o que pensam os deputados da maioria sobre a aplicação do novo quadro comunitário de apoio e as verbas previstas para a península. «Estamos a perder em toda a linha e mais uma vez a região vai ficam muito prejudicada».

É importante ter uma definição sobre o que deve ser o futuro da região

JOÃO VIEGAS, do CDS, salientou «Setúbal não tem tido o desenvolvimento expectável, contudo abrem-se agora novos desafios, que se colocam numa fase crucial em que se discutem as novas linhas do quadro de apoios, para que as autarquias se articulem em conjunto. Só através das empresas podemos criar riqueza e mais postos de trabalho».

É tempo de ultrapassar a absoluta paralesia dos últimos tempos

E D U A R D O CABRITA, do PS, afirmou «o país e a região vivem a maior crise da

democracia. Esta região é hoje o reflexo da ausência de desígnio, de projeto e de depressão profunda. No entanto, a ligação ao continente americano e afri-cano é uma vantagem competi-tiva que esta região tem. Este governo atual congelou a decisão para que o maior porto do país se localizasse na margem sul. Temos o excelente exemplo de sucesso que é hoje o Porto de

Sines. Essa decisão teve custos e danos irreversíveis, como a perda de fundos nesta região. O futuro da cidade de Lisboa está assente na estratégia de desenvolvimento da margem sul. A União Euro-peia tem 50 milhões de euros para conexão europeia. Essas estru-turas não são só para transporte de mercadorias. Portugal perdeu a oportunidade de fazer parte desse projeto. Aqui temos a maior quantidade de cidadãos sem médico de família. Agora, todos aqueles projetos que ainda não fizemos têm que ser equacio-nados!»

Arco do poder e actual maioria têm esquecido a região

P A U L A SANTOS, do PCP, em v á r i o s momentos do debate, que se t o r n o u ,

amiude muito aceso, acusou os três partidos do arco da gover-nação, PSD, CDS-PP e PS, de terem «abandonado» a região e com as «suas políticas de direita» depri-mido a economia regional, as empresas e as populações. «Este é um governo que não olha as pessoas e não tem uma estratégia sustentada para o desenvolvi-mento regional». A deputada, em resposta ao ‘peso’ das autarquias da CDU no distrito, afirmou que são essas autarquias que tudo têm feito para melhorar as condições de vida das populações.

Temos as 4maiores empresasexportadoras

P E D R O DO Ó RAMOS, do PSD, r e f e r i u «Setúbal não é uma região adiada. Tem

potencial para se afirmar no pano-rama nacional e não é uma zona deprimida. Tem é faltado conver-gência entre os atores. Saliento particularmente o seguinte: os Portos como estratégia de porta de entrada do país, quer o de Setúbal, quer o de Sines, foram ambos os que mais cresceram nos últimos anos. Apostar na Ferrovia é de extrema importância para a região, porque liga Sines, Lisboa e Setúbal a Espanha. A estratégia para esta região está inserida no plano do turismo da cidade de Lisboa. Não é só local , mas acima de tudo regional»

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Almoço da ETPM no Esperança

O Campus da ETPM acolhe os alunos do ensino técnico profissional, em áreas tão variadas como as tecno-logias e os serviços, num conjunto aprovado de dezena e meia de cursos, assim como um colégio onde funcionam as valências de creche e jardim-de-infância. Para além disso, o corpo docente da escola assegura as AEC’s em dois agrupamentos de escolas do concelho e permite que a oferta formativa passe também pela realização de cursos e workshops para adultos.

Escola que é um exemplo

No dia em que os formandos brilharam

A Escola Técnico Profissional da Moita (ETPM) aposta forte na componente prática dos

seus cursos facultando aos alunos a proximidade com a realidade laboral e consolidando as competências que serão, no futuro, mais-valias para a conquista do mercado de trabalho.

Numa área competitiva como o turismo, e mais concretamente na hotelaria, os alunos de restauração de 10º e 11º ano demonstraram apti-dões práticas e forte orientação para o cliente no almoço oferecido pelo SEM MAIS aos oradores da Confe-rência e a alguns convidados.

Perto de 30 alunos, das turmas de 10º ano do curso de Restaurante/Bar e de 11º ano do curso de Cozinha e Pastelaria, orientados pelos forma-dores Ivan Figueiredo e Luís Laureano, respectivamente, prepa-raram, confeccionaram e serviram

uma ementa onde deram destaque aos produtos regionais. O Queijo de Azeitão e o Mel da Arrábida, assim como as conservas de Sesimbra ou o doce de laranja de Setúbal foram apresentados num conjunto de canapés e entradas que valorizaram os produtos gastronómicos locais através de uma apresentação dife-rente e cuidada dos mesmos. Um creme de peixe, lombinhos de porco enriquecidos com o alecrim da Arrá-bida e os aromas do Moscatel, acom-panhados com arroz de pinhão de Alcácer, e frutas da época combi-nadas com tortas de Azeitão, compu-seram a ementa que, acompanhada dos vinhos da Casa Ermelinda Freitas, permitiu dar a conhecer o melhor da gastronomia local e a excelência dos cursos técnico-profissionais ministrados pela ETPM.

Refeição simples, com bom gosto, num ambiente acolhedor e profissional, ganhou elogios de todos os convivas.

A organização do evento contou com a colaboração do Hotel Luna Esperança, situado mesmo no coração da Avenida Luisa Todi, paredes meias com o auditório do Fórum Luisa Todi. De manhã serviu o pequeno-almoço ao secretário de Estado da Administração Local, que foi recebido pelo director do Semmais, presidente da ERTL e vice-presidente da Câmara de Setúbal.

Um hotel histórico remodelado

O Luna Esperança serviu de ligação ao Fórum Luisa Todi

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Jantar social/Semmais na Casa Ermelinda Freitas

O Semmais organizou um jantar social, que serviu para apresentação do projecto de responsabilidade social da ‘Casa Ermelinda Freitas’, “A vida de um vinho”, cujas receitas revertem para a Cáritas Diocesana de Setúbal.

O convite do Semmais ao ministro do Emprego e Solidariedade Social, Pedro Mota Soares, levou a uma noite animada, em que até cantarolou, num ambiente muito familiar e descontraido, perante a empresária Leonor Freitas e restantes convidados.

As personalidades convidadas puderam assistir a um convívio, em que o presidente do Montepio e um dos seus administradores, Carlos Beato, deram um autêntico show na arte de cantar o fado.

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Galeria de imagens no Fórum Luísa Todi

Na plateia do Fórum marcaram presença inúmeras personalidades da vida regional.

Entre a apresentação dos vários painéis, aproveitando os coffe break’´foi possível trocar impressões sobre os trabalhos, falar sobre projectos e reencontrar figuras de várias zonas da região.

Ao longo deste dia longo, entre os vários painéis, passaram pelo Fórum Luisa Todi, 320 convidados e inscritos. Muitos deles anónimos.

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Dia Mundial da Água

Aquífero da Península com boa disp onibilidade hídrica O

sistema aquífero da Penín-sula de Setúbal, considerado o melhor e mais produtivo da

Península Ibérica, apresenta dispo-nibilidades hídricas que «parecem responder às necessidades futuras». Todavia, aconselha-se um «apro-fundamento do conhecimento» e monitorização «permanente» da evolução das suas disponibili-dades, em diferentes usos, para que se permita «mitigar riscos e planear com a necessária antecipação».

Estas foram as principais conclu-sões da 1.ª fase do Estudo de Concepção Geral do Sistema Inter-municipal de Abastecimento de Água em Alta à Península de Setúbal apresentadas pela Associação Inter-municipal de Água na Região de

Setúbal (AIA) no 12.º Congresso da Água, promovido pela Associação Portuguesa de Recursos Hídricos, entre 5 e 8 deste mês, em Lisboa.

Álvaro Amaro, líder da AIA, enalteceu o esforço dos nove muni-cípios envolvidos na gestão inte-grada das suas captações, para a manutenção do bom estado do sistema aquífero, mas reconheceu

Álvaro Amaro, lider da AIA

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Dados fornecidos pelaSIMARSUL — Sistema Integrado Multimunicipal de Águas Residuais da Península de Setúbal S.A

Aceda a mais informação e aos vídeos em www.simarsul.pt ou através do código QR (acima à direita)

Dia Mundial da Água

Aquífero da Península com boa disp onibilidade hídrica que só com o alargamento deste esforço, a todos os usos, e a moni-torização alargada e sistemática da evolução pode garantir as «boas condições de êxito deste desígnio a longo prazo».

Em 2011 foram captados cerca de 218 hm3, prevendo-se que, em 2051, estes variem entre 177,7 e 252,8 hm3/ano, sendo o sector agrícola aquele que maior necessidade de água precisa, sempre com tendência para subir. Seguem-se as zonas urbanas e a indústria, com tendência para descida e subida, respectiva-mente.

Para uma exploração susten-tável do sistema aquífero, concluiu-se que o máximo volume extraível é de 70 por cento do disponível. A

actual exploração, embora de elevada intensidade, cerca de 218,4 hm3 em 2011, em termos globais, encontra-se dentro dos limites de sustentabilidade.

A Península de Setúbal ocupa cerca de 23 por cento do total do sistema aquífero do Tejo-Sado. É constituído por dois aquíferos inter-calados por um aquitardo, formados pela sucessão de camadas detrí-ticas porosas, em geral, confinadas ou semiconfinadas por níveis argi-losos às vezes descontínuos, segundo uma espessura média vari-ável de 200 a 300 metros, podendo atingir valores máximos de 600 a 700 metros, no centro da Penín-sula e mínimos, inferiores a 100 metros, no limite Oriental.

Ciclo da ÁguaA TRANSFERÊNCIA de água da superfície da terra para a atmosfera, sob a forma

de vapor, ocorre essencialmente por evaporação direta dos mares, rios e lagos e por inspiração das plantas. Este circuito é conseguido através dos raios solares que incidem sobre a terra.

A subida do ar na atmosfera provoca o seu arrefecimento levando-o à conden-sação. A água condensada dá lugar à formação de nevoeiros e nuvens que devido a fenómenos de instabilidade leva à precipitação.

A água que precipita pode tomar vários destinos. Uma parte é devolvida direta-mente à atmosfera por evaporação, outra origina o escoamento superficial, sendo a restante infiltrada no solo.

O escoamento superficial compreende a movimentação da água à superfície do solo acompanhando o declive do terreno, podendo dar origem a cursos de água que desaguam em lagos, mares e oceanos.

A água infiltrada poderá ficar retida nas camadas superiores do solo, podendo voltar à atmosfera por evapotranspiração. Esta pode ainda continuar a migrar para estratos inferiores do solo (escoamento subterrâneo) até encontrar uma camada de rocha impermeável que permita a formação de aquíferos.

As plantas e os animais também contribuem para o ciclo da água por transpiração. Nas plantas a água que se encontra no solo é absorvida pelas raízes e enviada para a atmosfera sob a forma de vapor.

A este conjunto de circuitos de troca de água que constitui o ciclo natural da água foram acrescentados dois novos circuitos, quer a nível da captação da água para consumo doméstico, industrial e agrícola, quer a nível da rejeição das águas depois utilizadas.

A água é um bem escasso, que ao ser utilizada no dia-a-dia, perde pureza e qualidade, ficando poluída. Esta água residual representa um perigo quando lançada diretamente para o meio hídrico.

Para resolver este problema e salvaguardar a saúde pública e o meio ambiente, existe as ETAR, cujo obje-tivo é recuperar a qualidade desta água de modo a que possa voltar a ser inserida no ciclo hidrológico de forma segura.

As águas residuais provenientes da casa de banho e cozinha são enca-minhadas através dos canos de esgotos das casas para os canos de maiores dimensões (coletores) que seguem por baixo das ruas que levam ou deveriam levar o esgoto para uma Estação de Tratamento de Águas Residuais. Para além do esgoto que sai das nossas casas também são recolhidas, nos cole-tores, as águas residuais prove-nientes das escolas, oficinas, comércio, industria, etc.

A água residual recolhida pelos coletores é encaminhada para a ETAR através de condutas, podendo estas ser gravíticas ou elevatórias. Na ETAR a água residual é submetida a trata-mento, que de um modo geral compre-ende as seguintes etapas:

Tratamento Preliminar: Compre-ende a separação dos sólidos de maiores dimensões, pedras, tecidos, embalagens e outros (gradagem), remoção de areias (desarenamento) e remoção de óleos e gorduras (desen-gorduramento). Muitos dos resíduos removidos na gradagem têm origem nas nossas casas, onde por desco-nhecimento das consequências de tais ações, deitamos para a sanita resíduos como cotonetes, pensos higiénicos, etc. Estes resíduos devido às suas características são extrema-mente difíceis de ficarem retidos nas grades e, consequentemente, passam prejudicando o processo de trata-mento da ETAR.

Tratamento Primário: Separação da fase sólida da fase líquida (decan-tação primária).

Tratamento Secundário: Envolve geralmente um tratamento biológico com decantação secundária. No trata-

mento biológico a matéria orgânica é degradada por bactérias aeróbicas (bactérias que existem na presença de oxigénio). É também com este trata-mento que são removidos alguns nutrientes como Fósforo e Azoto, que são prejudiciais ao nível aquático, pois podem levar ao seu enriqueci-mento com nutrientes, perturbando o equilíbrio e a qualidade das águas em causa.

Tratamento Terciário: Tratamento de afinação que poderá incluir a remoção de nutrientes, substâncias tóxicas, material orgânico e sólidos suspensos.

Dependendo da sua qualidade final, a água poderá ter diversos destinos. Esta pode ser reutilizada, nomeadamente em rega, lavagens e para operações de limpeza da própria ETAR, ou simplesmente lançada ao meio hídrico.

Os tratamentos atrás mencio-nados correspondem à fase líquida.

No que respeita à fase sólida, as lamas geradas no processo de trata-mento são espessadas (redução do volume por concentração) e encami-nhadas para digestores (decompo-sição da matéria orgânica). Após a estabilização, as lamas são condu-zidas para a unidade de desidratação onde será removido o excesso de água. As lamas são encaminhadas para destino final adequado (exemplo: valorização agrícola).

Do processo de digestão anae-róbica resulta a produção de biogás, uma forma de energia renovável, essencialmente composto por metano (CH4) e Dióxido de Carbono (CO2). Estes são encaminhados para o processo de cogeração que converte o biogás produzido em energia térmica e elétrica.

Assim, para além de promover este tipo de energia renovável damos resposta ao destino das lamas (resí-duos) e à redução das emissões de gases com efeito de estufa.

Com a utilização do biogás para produção de energia térmica e elétrica, com a valorização das lamas para utilização agrícola e com a reutili-zação do efluente tratado, os problemas que existiam deixam de o ser e passam a ser soluções!

A importância das estaçõesde tratamento de águas residuais (ETAR)

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