semmais 3 agosto ambiente

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www.semmaisjornal.com semanário - edição n.º 774 6.ª série - 0,50 € região de setúbal Sábado | 3.Agosto.2013 Director: Raul Tavares Distribuído com o VENDA INTERDITA Pub. Pub. ABRE BREVEMENTE EM SETÚBAL NA AVENIDA LUÍSA TODI Edição Especial Ambiente & Energia Proteger para garantir a sustentabilidade Com uma extensa zona de áreas naturais protegidas, a região de Setúbal é um território multifacetado que sempre soube coabitar com o desenvolvimento económico. Nesta edição, falamos também das novas energias alternativas que começam a dar passos largos na gestão ambiental do distrito. E destacamos as características únicas da nossa biodiversidade, com casos de grande sucesso em termos de conservação, mas também ameaças. Pausa para férias Voltamos dia 24 de Agosto com a próxima edição do semmais

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Edição 3 de Agosto - Verão

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www.semmaisjornal.comsemanário - edição n.º 774 • 6.ª série - 0,50 € • região de setúbalSábado | 3.Agosto.2013 Director: Raul Tavares

Distribuído com o

VENDA INTERDITA

Pub.

Pub.

ABRE BREVEMENTEEM SETÚBAL

NA AVENIDA LUÍSA TODI

Edição Especial Ambiente & Energia

Proteger para garantir a sustentabilidade Com uma extensa zona de áreas naturais protegidas, a região de Setúbal é um território multifacetado que sempre soube coabitar com o desenvolvimento económico. Nesta edição, falamos também das novas energias alternativas que começam a dar passos largos na gestão ambiental do distrito. E destacamos as características únicas da nossa biodiversidade, com casos de grande sucesso em termos de conservação, mas também ameaças.

Pausa para

férias

Voltamos dia 24 de Agosto

com a próxima edição do

semmais

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Sábado // 3 . Ago . 2013 // www.semmaisjornal.com2 AMBIENTE & ENERGIA

ÁREAS PROTEGIDAS

ficha técnica

Director: Raul Tavares; Editor-Chefe: Bruno Cardoso; Redacção: Anabela Ventura, Bernardo Lourenço, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores; Dep. Comercial: Cristina Almeida (coordenação). Projecto Gráfico: Edgar Melitão/”The Kitchen Media” – Nova Zelândia. Departamento Gráfico: Dinis Carrilho. Serviços Administrativos e Financeiros: Mila Oliveira. Distribuição: José Ricardo e Carlos Lóio. Propriedade e Editor: Mediasado, Lda; NIPC 506806537 Concessão Produto: Mediasado, Lda NIPC 506806537. Redacção: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. Tel.: 935 388 102 (geral); Email: [email protected]; [email protected]. Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA – Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Mediasado, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98

O Parque Marinho Professor Luiz Saldanha tem ajudado a enriquecer as águas. As estrições à pesca não se fizeram esperar, assegurando em cerca de seis anos umas profundezas bem mais ricas. Sem exploração de recursos junto à costa a biodiversidade reconquistou expressão.Ou seja, os “peixes comerciais” de maior estatura são os exemplares mais apreciados pelos consumidores. Agora é ver pequenos tubarões, raias, linguados, solhas e alguns dos mais célebres peixes de escamas, onde se inscrevem o sargo e o robalo.

As espécies que regressamao Parque LuizSaldanha

Arriba Fóssil da Costa de Caparica

Biodiversidade da Serra da Arrábidavista à lupa em candidatura junto da Unesco

Mata Nacional da Machada

Sapal de Coina

A Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Capa-rica é uma área protegida criada em 1984 e abrange uma área total de 1570 hectares ao longo da arriba litoral Oeste da Penín-sula de Setúbal, estendendo-se pelo concelho de Almada e o de Sesimbra.

É denominada arriba fóssil não por serem fossilíferas as camadas de idade miocénica que compõem a sua maior parte, mas por já não se encontrar em contacto directo com o oceano, não sofrendo erosão marinha. As arribas activas são as que se encontram sob influência directa da erosão marinha, apresentando o perfil anguloso e o recuo típico deste tipo de arribas.

Nos estratos geológicos de idade miocénica que consti-tuem a Arriba Fóssil podem encontrar-se vários exemplares de fósseis, sobretudo fósseis de organismos invertebrados

marinhos, predominando os fósseis de bivalves, degastró-podes e de equinodermes.

A área de Paisagem Prote-gida da Arriba Fóssil, como seu nome indica, é uma zona prote-gida, onde a captura de animais e a recolha de plantas e de fósseis é proibida, sob pena de aplicação de sanções.

A Associação de Municí-pios da Região de Setúbal (AMRS) já lançou oficial-

mente “O livro” da candidatura da Arrábida a Património Mundial da Unesco, mais um passo impor-tante no processo de classificação deste bem como património misto. Durante a apresentação da obra, Alfredo Monteiro, presidente da AMRS, sublinhou que o conhe-cimento em torno da biodiver-sidade deste território é agora «bem mais profundo, fazendo jus à excepcionalidade dos valores que o bem tem».

O processo de candidatura da Arrábida a Património Mundial da Unesco é também um meio para promover o desenvolvi-mento regional, valorizando as

nossas terras e gentes, do seu património natural e cultural, não fosse a serra um local com identidade própria, fruto de uma longa história de adaptação do Homem à Natureza. «Em breve será realizada a primeira visita dos peritos ao território, depois da entrega formal da candida-tura em Paris, para o processo continuar logo em seguida», recordou Alfredo Monteiro.

Intenção de candidatarRemonta a 2001

As primeiras iniciativas visando este tema deram-se no ano de 2001, altura em que estes municípios e outras entidades trocaram informação sobre os procedimentos necessários a adoptar numa eventual candi-datura, no sentido de consubs-

tanciar uma das iniciativas do Plano Estratégico de Desenvol-vimento Regional da Península de Setúbal. Em Maio de 2004, o Bem Arrábida é incluído na lista indicativa portuguesa. O trabalho de pré-candidatura, segundo a AMRS, que conduziu à inclusão da Arrábida nessa lista, assentou na valorização da componente natural da serra.

Porém, a candidatura actual revestiu-se de um carácter mais amplo, visto não se cingir apenas aos critérios de ordem natural, contemplando assim os de carácter cultural e cultural imate-rial, tendo-se transformado numa candidatura a património mundial misto. A zona a candi-datar estende-se desde o morro de Palmela até ao cabo Espichel, em Sesimbra, numa área apro-ximada de 35 quilómetros de

comprimentos por 6 quilóme-tros de largura.

Formada a partir de processos geológicos que remontam à era Mesozóica, a Arrábida possui testemunhos geológicos de uma remota ocupação humana que remonta a 500 mil anos. A cordi-lheira apresenta uma grande diversidade de habitats priori-tários para a conservação, alguns deles contendo espécies amea-çadas da fauna terrestre. A área da candidatura está ainda prote-gida por um conjunto de instru-mentos de gestão territorial no âmbito europeu/internacional (Rede Natural 2000), assim como por legislação nacional (Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida e planos directores municipais dos três municípios abrangidos pela área da candidatura).

Designa-se Mata Nacional da Machada, a propriedade cons-tituída pelo antigo Pinhal de Vale de Zebro e pela Quinta da Machada.

A Quinta da Machada pertencia ao “Convento de Nossa Senhora da Luz da Ordem de Cristo”, mas quando foram extintas as Ordens Religiosas em 1834 foi adquirida por um parti-cular, sendo mais tarde aforada ao Estado que a anexou ao Pinhal de Vale de Zebro.

Encontra-se situada no centro da Península de Setúbal, entre as povoações de Coina, Palhais e Santo António da Charneca. Sujeita a Regime Florestal esta Mata encontra-se hoje, sob a gestão da Direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste e ocupa uma área com cerca de 385,7 hectares.

Sendo a única área florestal de razoável dimensão do Concelho, a Mata é considerada o “Pulmão da Cidade” e um local

privilegiado para actividades de recreio e lazer, dispõe de um parque de merendas e diversos fontanários, além de um Centro Ambiental e de uma rede de estradas e caminhos frequente-mente utilizados para práticas desportivas, permitindo à popu-lação uma melhor qualidade de vida.

O Sapal de Coina é uma zona húmida e lodosa, que alaga tempo-rariamente com a subida das marés. As plantas que aqui se encontram, como o junco-marí-timo, o caniço, o limónio ou a morraça, estão adaptadas a estas condições, apresentando resis-tência às inundações e tolerância ao sal.

As suas águas pouco movi-mentadas, ricas em nutrientes, funcionam como viveiro natural. São locais de grande variedade biológica muito procuradas para alimentação e reprodução de várias espécies aquáticas. A generalidade das aves que aqui nidifica, como os flamingos, alfaiates ou garças, apresenta pernas altas e bicos longos com que procuram alimento no lodo. Para os peixes, o sapal é eleito como local de desova, assemelhando-se a um “berçário” nas primeiras fases do seu ciclo de vida.

Adicionalmente, o sapal apre-senta um importante valor natural, desempenhando diferentes funções do ponto de vista ecoló-gico e de protecção do ambiente.

Bruno Cardoso

1570 hectares de arríba litoral É o grande pulmão do Barreiro

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Sábado // 3 . Ago . 2013 // www.semmaisjornal.com4 AMBIENTE & ENERGIA

ZONAS ESTUARINAS

Os encantos que navegam nos nossos estuários

Em comum têm o facto de estarem entre os maiores santuários de

vida selvagem de Portugal. Estuário do Tejo de um lado. Estuário do Sado do outro. Separados por escassos quilómetros, já viveram dias piores, mas vêm conhe-cendo tempos de alguma mudança. Lenta, ainda assim, mas vai-se processando. As águas surgem menos conta-minadas, numa altura em que persiste a aposta na construção de infra-estru-turas habilitadas a deixar o ambiente cada vez mais subtraído dos agressores. O fim da indústria pesada também ajudou.

A classificação da praia da Ponta dos Corvos (Seixal) com o estatuto de balnear – tendo sido a primeira vez que uma zona fluvial do Estuário do Tejo alcança tal distinção – é o sinal “mais claro de que as coisas estão a mudar”, segundo Fran-

cisco Ferreira, da Quercus, para quem a aposta das autarquias no tratamento de esgotos já está a dar frutos. “É provável que venhamos a ter mais praias do estuário que se desta-quem pela qualidade das suas águas em breve”, admite, sustentando ser esta uma das melhores notícias que o Tejo pode receber.

O Ministério do Ambiente acredita mesmo

que em breve o estuário deverá ficar completamente despoluído, porque o rio deixa de receber descargas directas de esgotos. Ou seja, os sistemas de intercepção e tratamento de águas resi-duais já existentes nas duas margens do rio passaram a tratar os esgotos de mais de três milhões de habi-tantes.

A Estação de Trata-mento de Águas Residuais

(ETAR) do Barreiro e Moita, da responsabilidade da empresa Simarsul, já funciona em pleno, tratando cerca de 90% dos esgotos do Barreiro e 92% do concelho da Moita. A conclusão deste trabalho vai contribuir decisiva-mente para a melhoria da qualidade da água e da sua atractividade, permitindo até trabalhar a reintrodução de espécies, diz a tutela,

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Estuário do Tejo: as suas embarcações tradicionais são ex-libris Estuário do Sado: Piscicultura entre as suas riquezas

exemplificando os casos da ostra ou as culturas regionais de arroz, ou mesmo a criação de troços navegáveis no rio, com circuitos turísticos e a criação de portos náuticos e marinas.

Estuário do Tejoé o maior da Europa

Recorde-se que o estu-ário do Tejo é o maior da Europa ocidental, com uma área molhada variando entre os 300 e os 350 quiló-metros quadrados, em função da maré, esten-dendo-se por mais de 14 mil hectares entre a Lezíria, as águas do Tejo, salinas e três ilhotas, conhecidas por «mouchões».

Já o estuário do Sado, conhecido, sobretudo, pela célebre população resi-dente de golfinhos, exibe inúmeros argumentos de peso com os quais se está a promover pelos quatro cantos de mundo.

Criada em 1980, a reserva natural oferece uma variedade de popu-lações de espécies de aves, caso do flamingo e do milherango, sendo que a acção do ICNB (Instituto de Conservação da Natu-reza e Biodiversidade) passa, essencialmente, pela gestão do espaço físico.

O objectivo é a salva-guarda de espécies e habi-

tats, assegurando ainda a vigilância sobre eventuais actividades prejudiciais à conservação da natureza. Um dos exemplos é a degradação de sapais entre marés ou outros biótopos, pesca e caça ilegais.

Por “terras” onde os flamingos também acabam por ser a imagem de marca, existem outras espécies com maior notoriedade em termos de população nacional ou até europeu. É o caso da população invernante dos Alfaiates (que representam 10 a 20% da população invernante na Europa) e o Ganso – Bravo (cuja colónia está próxima dos 99% da popu-lação nacional). Também no inverno, sobretudo nos invernos mais rigorosos, é na Reserva do Estuário do Sado que se instala parte importante da população desta espécie avícola.

A prioridade rumo ao futuro aponta a salva-guardar das áreas de sapal e de espraiado de maré, assegurando que nas áreas de antigas salinas as acti-vidades aí instaladas sejam compatíveis com as neces-sidades ecológicas das espécies avifaunísticas.

O estuário do Sado prolonga-se entre Alcácer do Sal, Grândola, Palmela e Setúbal, estendendo-se ao longo de 50 quilóme-tros.

O Tejo e o Sado são as bases de um cultura estuarina rica de biodiversidade, trabalho e de gentes

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Sábado // 3 . Ago . 2013 // www.semmaisjornal.com6 AMBIENTE & ENERGIA

POLÍTICAS DE SUSTENTABILIDADE

Grândola quer criar geoparque

Gestão sustentável na Secil

Os municípios do Litoral Alen-tejano poderão vir a reunir esforços futuramente para

ver criado um Geoparque na região, o primeiro em todo o sul do país. A Câmara Municipal de Grândola, que se assume desde já como a promo-tora do processo, quer ver os limites geográficos deste futuro geoparque estendidos até Aljustrel, dado o seu património mineiro e geológico valioso, e até já tem em cima da sua mesa uma recomendação para apre-sentação à Unesco da candidatura: Março de 2017.

A novidade foi avançada ao

Semmais pelo vereador do Ambiente na autarquia de Grândola, Paulo do Carmo, durante a realização de um workshop no Lousal sobre o patri-mónio geológico, natural e cultural do Alentejo, entre o Sado e o Mira, o mosaico ao fim ao cabo dos valores a candidatar na proposta deste Geoparque. «Há todas as condições territoriais, ambientais, geológicas, económicas e sociais para desen-volver este projecto de dimensão internacional», sublinha o autarca, que não esquece que o processo, a partir daqui, «será longo e com uma

envolvência multidisciplinar grande».O vereador acrescenta que a

questão, no fundo, passa pelo reco-nhecimento da Unesco de todo um trabalho já feito na região ao nível da preservação ambiental, do patri-mónio geológico, do desenvolvi-mento social, da hotelaria e do turismo. «Queremos apenas preservar e dignificar todo este patri-mónio generoso para as gerações vindouras, pelo que acreditamos que este projecto tem, de facto, pernas para andar», sistematiza Paulo do Carmo.

Geoparque seria o primeiroem todo o sul do país

Além do enfoque técnico, que é preciso preparar desde já, é neces-sário criar uma comissão técnica e uma outra científica, com os seus respectivos coordenadores. Actu-almente, existem três geoparques aprovados em Portugal, estando para breve a aceitação de um novo, em Macedo de Cavaleiros. Um geoparque é um território de limites bem definidos com uma área sufi-cientemente grande para servir de apoio ao desenvolvimento socio-económico local. Deve abranger um determinado número de sítios geológicos de relevo ou de espe-cial importância científica, raridade e beleza, que seja representativa de uma região e da sua história geoló-gica, além de outros ao nível da ecologia, arqueologia, história e cultura.

O objectivo passa pela valori-zação dos locais que agem como testemunhos-chave da história da Terra, fomentando o emprego e promovendo o desenvolvimento económico regional. Para que haja classificação de um geoparque é fulcral, entre outros aspectos, existir um plano de gestão que promova esse mesmo desenvolvimento socio-económico.

Excelência do património geológico, mineiro, arqueológico, cultural e ambiental sustentarão candidatura, que se pretende até Março de 2017. Grândola pode avançar sozinha ou amparada pelos municípios da Costa Alentejana.

Bruno Cardoso

A Fábrica Secil-Outão é uma das mais antigas indústrias portuguesas, opera na Serra da Arrábida desde o início do Século XX, e sempre atri-buiu grande importância à inovação tecnológica, podendo ser hoje consi-derada um exemplo de equilíbrio entre indústria e ambiente.

Toda a actuação da empresa é baseada em princípios de sustenta-bilidade e responsabilidade, sendo adoptadas todas as medidas para reduzir ao máximo os impactes ambientais da sua actividade. Esta instalação é operada por técnicos altamente qualificados, com apoio de universidades e centros de inves-tigação, garantindo que da sua actu-ação não resulta qualquer perigo para o ambiente ou para a saúde das populações, como comprovam as sucessivas medições e estudos efec-tuados.

Em 2011, a Secil recebeu o Prémio de Inovação para a Sustentabilidade, atribuído pela APA – Agência Portu-guesa de Ambiente, no âmbito do Concurso Europeu EBAE – Euro-

pean Business Awards for the Envi-ronment, pela excelência do seu sistema integrado de gestão de quali-dade, ambiente e segurança.

Plano Ambientalde Recuperação Paisagística

Com o objectivo de recriar a vege-tação existente no local de explo-ração das pedreiras, surgiu em 1982, o primeiro Projecto de Recuperação Paisagística nas pedreiras do Outão. Este é executado de forma inova-dora, durante a exploração das pedreiras e não apenas no final, permitindo a plantação dos pata-mares superiores enquanto se exploram os inferiores.

Até agora já foram criadas mais de um milhão de plantas nos Viveiros da Fábrica Secil-Outão destinadas à reflorestação e 35 % de área de pedreira já está recuperada.

A Secil compromete-se a devolver à Serra, no final da exploração da pedreira, o ecossistema recuperado com biodiversidade de fauna e flora autóctones da Arrábida.

Conhecimento Científicoda Serra da Arrábida

Ao apoiar o projecto de recupe-ração da biodiversidade com diversos estudos científicos, ao recorrer à análise de líquenes para comple-mentar a monitorização da quali-dade do ar e ao requerer a utilização de modelos de dispersão de poluentes e da análise de risco multiexposi-cional, a Secil tornou-se numa das empresas portuguesas com um plano de investigação científica mais abran-gente e integrado.

Processo de Fabrico de Cimento – Seguro e Controlado

De forma a cumprir o seu compromisso ao nível da redução das emissões de CO2 têm sido tomadas medidas que passam pela redução de incorporação de clín-quer no processo de fabrico, aumento do consumo de combustíveis alter-nativos e de matérias-primas secun-dárias e diminuição do consumo térmico.

A Fábrica possui um rigoroso

sistema de controlo que funciona 24 horas por dia, 365 dias por ano, monitorizando todo o ciclo produ-tivo de cimento, assim como todas as emissões atmosféricas assegu-rando o cumprimento dos limites legais.

A Secil está segura que tudo faz com responsabilidade, a bem do desenvolvimento sustentável da empresa e da região, permitindo um harmonioso equilíbrio entre indús-tria, ambiente e turismo.

O Viveiro de Espirrada Portucel

Uma das faces visíveis do compromisso sistemático de contri-buir para a melhoria efectiva da floresta nacional é o Viveiro de Espirra. Situado em Pegões, o Grupo terminou recentemente um projecto de ampliação e moder-nização deste viveiro, um investi-mento para a região de 2,5 milhões de euros e que permitiu duplicar a sua capacidade de produção de planta clonal de eucalipto, sendo actualmente o maior e mais moderno viveiro de plantas flores-tais certificadas da Europa.

Com uma capacidade de produção anual superior a 12 milhões de plantas, o Viveiro de Espirra é hoje uma referência mundial de eficiência e inovação tecnológica no domínio da produção de plantas.

O viveiro da Espirra ocupa uma área total de 20 hectares, encon-trando-se equipado com tecno-logia avançada e inovadora, com uma área coberta de 5,5ha, sendo 4,8 hectares de casas de sombra, 3 hectares de área de atempamento e 7000m2 de estufas.

Protocolos com80 associações de Setúbal

A empresa de Setúbal cele-brou, entretanto, no dia 19 de Julho, protocolo de colaboração e financiamento com 80 asso-ciações do concelho, uma inicia-tiva que já é um marco tradi-cional no relacionamento entre a Secil e a comunidade setuba-lense.

«A Secil consegue, este ano, continuar a honrar o seu compromisso de apoio à comu-nidade setubalense, mantendo sobretudo o apoio às entidades que actuam na área da inclusão social, que sabemos que infe-lizmente têm um enorme acrés-cimo de procura por parte da população», disse Gonçalo Salazar Leite, presidente da Comissão Executiva da empresa.

O mesmo responsável explicou que, face à actual conjuntura, houve necessidade de «ajustar os apoios conce-didos», mas frisou que «global-mente» foram mantidos os pata-mares dos anos anteriores.

Este ano, a Secil reforçou o seu apoio às instituições de inclusão social, inserindo duas novas associações no conjunto das que integram os protocolos de colaboração, nomeadamente o Centro de Dia – Associação de Solidariedade Social da Freguesia da Gâmbia e o ACM Desporto Adaptado.

Paulo do Carmo, vereador do Ambiente, é o mentor do projecto

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ÁGUAS

João Lobo, presidente da Associação Intermunicipal da Água da Região de Setúbal

«Estamos sentados em cima do maior aquífero da península ibérica»

Semmais – A AIA foi criada pelos municípios da Península de Se-túbal, com um objectivo muito concreto, preparar os estudos de avaliação da criação de um sistema intermunicipal de água em alta para a região. Pode dizer-nos quais são os objectivos des-te projecto e os seus desenvol-vimentos?João Lobo – De facto, como re-fere, essa é a incumbência mais específica de que os municípios associados encarregaram a AIA. Em traços gerais, os objectivos são três: proteger os recursos hí-dricos da nossa região, através da organização de uma explora-ção sustentável e coordenada do Aquífero Tejo-Sado pelos muni-cípios; organizar para o longo pra-zo a operacionalização do abas-tecimento de água às populações, em particular na sua componen-te de captação e transporte, o que significa avaliar as questões que se colocarão nos próximos 40 anos e planear, desde já, a sua re-solução, pela cooperação entre os municípios, em perspectiva (já agora, dizer que a validade des-ta estratégia, a da cooperação, como fundamental para garan-tir o direito de todos à água e re-solver problemas na sua gestão, é este ano enfatizada pelas Na-ções Unidas, ao declararem 2013, Ano Internacional da Coopera-ção Pela Água) e, por último, mas não menos importante, defender

o carácter público e local dos ser-viços de abastecimento de água às populações. Quanto ao desenvolvimento do processo, importa reter que ele se desenvolverá em duas partes, a primeira compreende, no es-sencial, a concepção técnica do sistema e, a segunda, o Estudo de Viabilidade Económica e Finan-ceira do Projecto. Neste momen-to, e como tínhamos definido como objectivo, estamos a concluir o Estudo de Concepção Geral do Sistema que, como disse, corres-ponde à primeira parte do pro-cesso. Este trabalho tinha três fa-ses. A primeira consistia na ava-liação das disponibilidades e ne-cessidades globais de água na nos-sa região, actuais e futuras, num horizonte de 40 anos, a segunda, o levantamento de todas as in-fra-estruras municipais existen-tes, o seu estado operacional e o interesse da sua integração no fu-turo sistema - sublinho que a fi-losofia deste projecto será a do

aproveitamento máximo de tudo o que já existe, maximizando a rentabilidade do que já está cons-truído e evitando duplicação de investimentos pelos municípios vizinhos, promovendo a partilha das infra-estruturas e o esforço de investimento – e a terceira, que está a decorrer, corresponde à concepção do sistema em termos de engenharia, localização das captações, condutas, reservató-rios e outros. A versão preliminar do Relatório desta fase já está con-cluída, estamos agora na fase da sua apreciação técnica com os municípios e temos um crono-grama estabelecido que, acredi-tamos, permitirá concluir o es-tudo até finais de Setembro.

Todo o processo que refere é naturalmente muito importan-te para o bem-estar das pessoas e o desenvolvimento regional, mas há uma pergunta que inte-ressará particularmente às pes-soas. Como estamos de água?

Como sabe, temos a sorte de es-tar “sentados” em cima do maior aquífero da Península Ibérica e um dos maiores do mundo, o Aquí-fero Tejo-Sado. Mas, mesmo as-sim, as disponibilidades não são infinitas e a nossa forma de viver impõe a utilização de volumes muito elevados de água. Por isso, temos de planear com muito ri-gor a sua utilização e conserva-ção da sua elevadíssima qualida-de. Como referi atrás, a primeira fase do estudo que estamos a de-senvolver tinha como objectivo responder exactamente a essa questão, essencial para o futuro do abastecimento às populações. Para que essa avaliação fosse ro-busta, fizemos questão de que o trabalho fosse conduzido por es-pecialistas reconhecidos. A equi-pa de hidrogeólogos que elabo-rou essa componente do traba-lho foi coordenada por uma pro-fessora e investigadora da Facul-dade de Ciências e Tecnologia, a Professora Manuela Simões, que tem desenvolvido muita investi-gação sobre o nosso Aquífero. Fo-ram avaliados o potencial pro-dutivo da área dos 9 municípios da Península de Setúbal, que era algo que nunca tinha sido feito, nestes termos, até à data, e as ne-cessidades para todas as activi-dades na região; ou seja, os usos da agricultura, da indústria e dos serviços de abastecimento. As no-tícias são boas, mas para serem encaradas com muita responsa-bilidade por todos. Se seguirmos as práticas adequadas, podere-mos, num futuro de longo prazo, manter a boa qualidade da nos-sa água e abastecer as nossas po-pulações e actividades económi-cas.

Os municípios da Região têm afirmado a sua determinação em manter a gestão pública e local da água, a AIA tem também sido uma voz dos municípios nesta questão. Que balanço faz do tra-balho que têm desenvolvido nesse âmbito?O que disse sobre a posição dos municípios que são associados da AIA é um aspecto muito im-portante da nossa proposta de desenvolvimento local. Não ab-dicamos de cumprir essa com-petência, porque estamos con-

victos que é a melhor solução para garantir um serviço de qualida-de, ao menor custo, e o controlo democrático dessa obrigação pú-blica.

Criticas às políticasprivatizadoras

O balanço que faço da nossa ac-tividade nesse particular é mui-to positiva, pese embora a enor-me agressividade das políticas privatizadoras e anti-municipa-listas deste governo. Julgo que te-mos dado um importante contri-buto para fazer ouvir a voz e as razões dos municípios, não só da região mas de todo o país, e dos cidadãos que se opõem à priva-tização deste sector.No plano nacional, para além de um conjunto de iniciativas que organizámos para discutir o as-sunto, da Declaração Conjunta dos municípios associados que temos produzido, sempre por oca-sião do Dia Nacional da Água, a cada 22 de Março, da nossa inter-venção nos fóruns especializa-dos, nomeadamente na Associa-ção Portuguesa dos Distribui-dores de Águas, consideramos muito relevante a adesão e par-ticipação activa dos nossos as-sociados na posição unânime da Junta Metropolitana de Lis-boa, tomada em Maio último, que manifesta a oposição de to-dos os 18 municípios da área me-tropolitana ao projecto do go-verno de imposição de fusões de sistemas e a nossa participa-ção activa na Plataforma “A Água é de Todos”, com vista à apre-sentação na Assembleia da Re-pública de uma Iniciativa Legis-lativa de Cidadãos, que recolheu mais de 40 000 subscrições e que visa consagrar, na Lei Por-tuguesa, o direito de todos à água e a garantia da sua gestão pú-blica. A Iniciativa já foi aceite e está pronta a descer a plenário da AR para deliberação. Inde-pendentemente do resultado, damos muita importância a esta iniciativa de participação demo-crática, que demonstra bem que o processo de privatização que o governo e alguns autarcas es-tão a conduzir é contrário aos interesses do país e da vontade dos cidadãos.

O presidente da AIA faz um balanço da actividade da Associação e do seu mandato que termina no final do mês de Setembro. E afirma-se satisfeito por ter contribuído para no plano nacional e internacional ter dado «um contributo» na defesa e consagração do «direito humano» ao usufruto deste bem essencial.

O presidente João Lobo liderou a luta pela defesa da água pública

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LAGOAS

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São reservas ecológicas ricas e estâncias balneares e de lazer

No plano internacional, fundamentalmente no eu-ropeu, temos sido a voz portuguesa mais activa, participamos na Associa-ção Europeia para a Ges-tão Pública (APE) da Água e na Plataforma para a Ini-ciativa Legislativa Euro-peia “A Água é um Direi-to Humano”. A APE é uma associação de carácter Eu-ropeu que junta operado-res públicos europeus, en-tre eles, por exemplo, os de Paris e de Bruxelas. No seu conjunto, estamos a falar de mais de 40 mi-lhões de utilizadores re-presentados. Em Novem-bro de 2012, recebemos em Almada a Assembleia Geral desta Associação. Nessa ocasião, os opera-dores públicos europeus manifestaram a sua soli-dariedade com as razões e os objectivos de defesa da gestão pública dos mu-nicípios portugueses e com o amplo movimen-to social que se mobiliza também com esse objeti-vo e, mais, deram-nos também conta dos exce-lentes resultados que a gestão pública tem alcan-çado na Europa. Um dos casos mais con-cretos é, por exemplo, a excelência reconhecida aos serviços públicos de águas da região de Bru-xelas. Também nos trans-mitiram, de viva voz, aqui-lo que é uma importante realidade em face da ex-periência privatizadora na Europa: um amplo mo-vimento de fim dos con-tratos de concessão e a re-municipalização dos ser-viços. Sobre este particu-lar, gostaria de sublinhar dois exemplos. O primei-ro é o da Águas de Paris, remunicipalizada por de-cisão municipal em 2010. Com esta decisão, não só se aumentou a performan-ce da exploração do sis-tema e se fizeram inves-timentos que vinham a ser adiados pelo privado, como foi ainda possível baixar a tarifa aos uten-tes. Um outro exemplo muito relevante é o de Ber-lim, depois do escândalo que foi a constatação da existência de um contra-to secreto, com garantias adicionais para as empre-sas privadas a quem tinha sido entregue o serviço, a população exigiu o re-

torno à gestão pública do mesmo. Neste momento o município de Berlim já decidiu a sua remunici-palização, estando em cur-so o processo jurídico e administrativo. Esta rea-lidade evidencia não só que, por toda a Europa, os municípios e as popu-lações se opõem à priva-tização e que este proces-so que defende o interes-se público está a ter im-portantes vitórias, como também que a razão nos assiste e que vale a pena defender esta causa.

Legislação europeiade sinal positivo

Queria deixar uma última palavra sobre a Iniciativa Legislativa Europeia “A Água é um Direito Huma-no”, para a qual o Presi-dente da AIA foi convida-do a participar como “Em-baixador”, figura que pre-tende reunir presidentes de câmara e personalida-des de toda a Europa. Esta é uma iniciativa que pre-tende promover a parti-cipação de todos os cida-dãos da União Europeia nesta questão e que já reu-niu cerca de 1,5 milhões de assinaturas. Aliás, convi-do todos os portugueses a subscreve-la através da internet. Pretende, tam-bém, consagrar na legis-lação Europeia o direito à água e a sua propriedade comum. Ainda não foi en-tregue e já alcançou uma importante vitória. Em face da dimensão da adesão a esta iniciativa, o comissá-rio europeu, o Senhor Mi-chel Barnier, responsável pela elaboração da futu-ra directiva sobre o mer-cado interno, viu-se obri-gado a propor à comissão a retirada do sector do abastecimento público de água desse processo.

Em suma, estou convic-to de que temos dado um modesto mas importan-te contributo para a de-fesa e consagração do di-reito humano à água, da sua propriedade comum e da gestão pública deste bem natural, com mais ên-fase no plano nacional, mas não deixando de par-ticipar na luta mais glo-bal, como se impõe, por-que ela também tem essa dimensão.

Albufeira, Melides e Santo André

A Lagoa de Albufeira loca-liza-se no concelho da Sesimbra, na freguesia do Castelo. É alimentada pela água doce das ribeiras da Apostiça, Ferraria e Aiana, e pela água salgada do mar, quando o cordão dunar é aberto oficialmente na Prima-vera. É constituída por três lagoas: a Grande, a pequena e a da Estacada. Ao atingir os 15 metros de profundidade máxima, a Lagoa de Albufeira

é considerada a mais funda de Portugal. Integra, desde 1987, a Reserva Ecológica Nacional, sendo uma zona de protecção especial de aves. Tem excelentes condições para a prática de vela, wind-surf, kitesurf e canoagem. A praia é muito procurada para a prática de surf e bodyboard.

Localizada na costa alen-tejana, junto à praia com o mesmo nome, a Lagoa de Melides estende-se para o

interior através de vários quilómetros de arrozais e tem a norte uma falésia de arenito. Desde 2010 que se encontra em processo de classificação como Área Protegida de Inte-resse Local. Este é um bom local para observar, patos, rapinas e limícolas.

A Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha (Santiago do Cacém), criada em Agosto de 2000, insere-se em dois sistemas

lagunares costeiros de grande importância biológica, nome-adamente em termos ecoló-gicos, ictiológicos, botânicos e ornitológicos. As dunas envolventes desempenham um papel fundamental na protecção das lagoas e apre-sentam uma vegetação carac-terística, incluindo algumas espécies endémicas. A faixa litoral constitui uma zona de passagem de golfinhos e aves de grande importância.

Lagoa de Santo André Lagoa de Melides Lagoa de Albufeira

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Sábado // 3 . Ago . 2013 // www.semmaisjornal.com10 AMBIENTE & ENERGIA

PLATAFORMAS PORTUÁRIAS

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Portos da região adoptam forte protecção ambiental

Os portos da região continuam a apostar fortemente na protecção do meio ambiente. Além das

normas em que o Porto de Sines é já certificado, destaca-se a manutenção em 2011 da certificação na Norma de Gestão Ambiental de acordo com a norma ISSO 14001:2004 e da Norma de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho em conformidade com a norma OHSAS 18001:2007, estando, por isso, obrigado a adoptar, asse-gurar e manter políticas de redução do impacto da sua actividade no ambiente, na segurança e saúde no trabalho.

De acordo com a implemen-tação de planos de gestão ambiental, a administração portuária tem vindo a «identificar boas práticas rela-tivas à minimização dos impactos

da sua actividade no ambiente», tendo, para além das identificadas em relatórios de sustentabilidade de anos anteriores, procedido nos últimos anos a um bom desem-penho ambiental da empresa, através da redução dos consumos de água, papel, combustíveis e elec-tricidade.

Garantir a sustentabilidadedos recursos utilizados

Já as políticas de ambiente e energia seguidas pela Adminis-tração do Porto de Setúbal e Sesimbra (APSS) emergem de valores que assentam numa conti-nuada utilização sustentável dos recursos naturais existentes na sua área de jurisdição.

No desenvolvimento dos seus múltiplos procedimentos são considerados os objectivos de protecção ambiental e o uso

racional de energia, no ordena-mento e planeamento das áreas de domínio público marítimo e na gestão portuária. Destes pres-supostos, resulta uma vasta lista de acções que demonstram a dimensão transversal da vertente ecológica da APSS nas áreas da segurança, ambiente e energia.

Na área do ambiente, são apli-cados incentivos tarifários à descarga de resíduos dos navios

e aos que detêm elevados padrões de segurança e ambientais. É desenvolvido o plano de minimi-zação dos impactes associados à manutenção dos acessos marí-timos, que passa pela avaliação das necessidades, pela restrição das intervenções à época de acti-vidade biológica menos signifi-cativa e pela completa monitori-zação dos fundos, sedimentos, fauna e flora.

As plataformas portuárias da região estão apetrechadas com uma gestão de risco e políticas de segurança do mais sofisticado a nível internacional

Os portos de Sines e de Setúbal têm sofisticado as suas acções de segurança

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ENERGIAS RENOVÁVEIS

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Região tem um manancial de oportunidades nas energias renováveis e está a desenvolvê-las

A região de Setúbal e particularmente os concelhos de Palmela,

Sesimbra e Setúbal caracte-rizam-se pelo permanente contraste entre paisagens vincadamente urbanas e paisagens rurais, entre a exuberância da envolvente natural e a tecnologia de ponta de algumas das insta-lações industriais.

Esta região de contrastes constitui um manancial de oportuni-dades para o desenvolvi-mento/aproveitamento das energias renováveis, mas também para as ques-tões relacionadas a efici-ência energética, uma vez que por um lado os recursos naturais estão à disposição e por outro existe conhecimento, capacidade técnica e empreendedorismo para tal, assim se proporcione o contexto adequado ao seu desenvolvimento.

Uma das primeiras tarefas que a ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida

desenvolveu passou por determinar o potencial energético endógeno da região. Com este trabalho foi possível quantificar o que o senso comum nos permite observar:

- Esta é uma região com grande potencial eólico mas que maiorita-riamente conflitua com áreas de interesse natural, Serra da Arrábida, Serra do Louro e Serra de São Luís;

- Um apreciável poten-cial solar com uma irra-diação média diária a rondar os 4,5kWh/m2;

- A floresta da região disponibiliza anualmente cerca de 24.000 ton de biomassa florestal;

- Os resíduos da intensa actividade agrí-cola representam uma importante fonte de biomassa, por exemplo, a energia contida nos sarmentos de videira resultantes da poda de um hectare de vinha é a mesma de 4 barris de petróleo;

- Os resíduos gerados pelas populações têm um interessante potencial energético, veja-se o caso dos óleos alimentares usados.

E existe ainda o mar, que se afigura como fonte de energia de um futuro cada vez mais próximo.

Algum deste potencial energético já é utilizado:

- Progressivamente os edifícios vão-se equi-pando com colectores solares térmicos e painéis fotovoltaicos, já estando instalados 2,2 MW foto-voltaicos (apenas os ligados à rede em regime de micro e minigeração). Estima-se que a potência térmica para aquecimento por via de colectores solares térmicos seja significativamente supe-rior;

- Diversas indús-trias da região consomem grandes quantidades de biomassa florestal e resí-duos na produção de energia térmica e eléc-trica;

- A recolha e transfor-mação dos óleos alimen-tares usados em biodiesel já é uma realidade nesta região;

- Estão em desenvol-vimento projectos que visam o aproveitamento futuro dos resíduos da agricultura.

Em 2011, cerca de 8% da energia eléctrica consumida no distrito de Setúbal foi produzida a partir de fontes endó-genas, um valor ainda assim interessante tendo em consideração que esta região não dispõe de apro-veitamento hidroeléctrico e a eólica representa apenas 13% da potência renovável instalada.

Nesta região, coabitam empresas em que a energia é gerida como um importante factor de produção, com outras para as quais o consumo de energia é visto como uma inevitabilidade. Da partilha de conhecimentos e experiências podem resultar significativos

progressos com vista à melhoria da performance energética das empresas, mas o caminho a percorrer rumo à efici-ência energética tem também de ser percorrido pelos organismos públicos e por cada um de nós nas nossas actividades.

São grandes os desa-fios que se colocam à sustentabilidade energé-tica desta região, mas grandes são também as oportunidades, que encontram conforto no novo Quadro Comuni-tário de Apoio que devota uma atenção muito espe-cial às questões da energia e da sustentabilidade. A este propósito, de referir que se perspectiva a reali-zação, ainda este ano, de um evento em Palmela, organizado pela ENA e pela RNAE – Rede Nacional de Agências de Energia, em que as ques-tões do financiamento Comunitário para a área da energia serão abor-dadas ao mais alto nível,

com intervenção de enti-dades nacionais e euro-peias.

Tal como os nossos parceiros europeus, esta região pode e deve assumir a energia como um vector estratégico para o seu desenvolvimento porque lhe permite ser menos dependente do ponto de vista energético, valorizar recursos disponíveis, ser mais competitiva do ponto de vista económico, desen-volver novas actividades económicas e ainda ser mais consciente do meio que a rodeia.

O potencial está à nossa disposição, há pois que arrepiar caminho e fazer conjugar os recursos disponíveis com o engenho e dinâmica desta região, aproveitando ainda as oportunidades financeiras do próximo Quadro de Apoio que se avizinha e fazer desta uma região mais sustentável.

Orlando Paraíbadirector da ENA

FotovoltaicasEólicasBiomassaSão às dezenas os

projectos de energia foto-voltaica em todo o distrito, com a Repsol e a EDP no topo da tabela. A tendência cresce na hotelaria, com várias unidades a apos-tarem na quase auto-sufi-ciência.

A energia gerada a partir da força do vento é uma das maiores imagens de marca do Alentejo litoral, com dezenas de aerogeradores entre Sines e Porto Covo a produzirem energia capaz de alumiar duas dezenas de milhares de famílias.

Uma das apostas mais bem conseguidas na racio-nalização de meios prove-nientes da floresta do distrito é o aproveitamento dos resí-duos verdes para a produção de vapor a transformar erm energia para aproveitamento nas unidades industriais.

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Sábado // 3 . Ago . 2013 // www.semmaisjornal.com14 AMBIENTE & ENERGIA

BIODIVERSIDADE

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Espécies únicas de todas as origens

Falcão-da-rainha voltoua “espreitar” a Arrábida

Ave de rapina. Veloz e ágil. Decorria os anos 80 quando foi consi-

derada extinta como reprodu-tora na região. Mas os tempos mudaram. Voltou a haver a espe-rança para o falcão-da-rainha no distrito de Setúbal, sobre-tudo nos locais mais isolados da serra da Arrábida, mas também nos concelhos de Santiago do Cacém e Grândola. Há pelo menos dois anos que são vistos alguns exemplares a voar nos céus de Sesimbra e do Litoral Alente-jano. Bem junto à costa, entre o Verão e o Outono, por alturas da migração.

O elegante falcão tem sido observado para os lados do Cabo Espichel, ocorrendo com maior frequência na lagoa de Santo André (Santiago do Cacém) e em Melides (Grân-

dola). A ave, que é conhecida como falcão-de-eleonor é consi-derada nativa de Portugal pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), mas nunca foi muito abundante (como nidificante) no nosso país.

Sendo uma espécie costeira, enquanto reprodu-tora, a ave de rapina foi afectada pela pressão humana exercida sobre o litoral, nomeada-mente, no que respeita ao turismo, que lhe retirou os locais de nidificação. O lugar mais próximo de Portugal onde esta espécie de falcão ainda nidifica é nas ilhas Bale-ares, em Espanha.

A dieta alimentar do falcão-da-rainha é constituída maioritariamente por grandes

insectos, entre eles as libeli-nhas, as borboletas, as cigarras e os gafanhotos. Mas

desde o final de Julho e até

Outubro passa a a l i m e n t a r - s e quase exclusiva-mente de

pequenas aves como as

cotovias e as peti-

nhas.

Bufo-realem quebra

Já o bufo-real segue a tendência inversa. Chegou a conquistar a «pulso» o apelido de «rei dos céus», mas está amea-çado no Cabo Espichel, o único local do Distrito de Setúbal onde esta espécie costuma ser avis-tada. Trata-se da maior ave de rapina existente na região - e no país – mas não tem logrado escapar à destruição de habitat e ao abate a tiro ou através de envenenamento. Trata-se de uma das aves mais possantes. Chega a pesar mais de três quilos e exibe uma envergadura de asas compa-rável ao tamanho médio de um homem.

Esta espécie tem o estatuto de «predador de topo» na cadeia alimentar. Muito raramente é capturada por qualquer outra ave de rapina ou mamífero carnívoro, pelo que as maiores ameaças provêm mesmo da acção humana, que tem invadido os seus habi-tats, embora ainda ocorra com frequência naquela zona do concelho de Sesimbra.

O bufo-real chegou a ser, no passado, perseguido pelo homem, uma vez que ao alimentar-se de coelhos bravos ou perdizes provo-cava, em algumas zonas, conflitos nas áreas de caça desportiva. Ainda assim, a consciencialização de que esta espécie funciona como um regulador dos ecossistemas levou a que os estudos feitos reconhe-cessem a sua importância na natu-reza.

Abelharucoganha espaço

Quem está de pedra e cal por cá nesta altura do ano é o abelha-ruco, que dá nas vistas, sobretudo, nas zonas rurais. O atraso da Primavera manteve esta ave distante dos campos da região quase até finais de Maio. Mas regressou agora atraída pelas temperaturas altas e vai ficar até finais de Setembro. Esta espécie, a quem também chamam de arco-íris, alimenta-se de abelhas, vespas, abelhões, moscardos, libélulas e outros insectos. E, por isso, o seu habitat é necessariamente mode-rado/quente, com floresta esparsa, brejos, prados, charnecas e margens de rios.

Poupacom piores dias

Já em declínio está a poupa. É das aves mais vistosas dos campos do distrito de Setúbal. Plumagem castanha-alaranjada a roçar a «canela», asas e a cauda riscadas de branco e preto e um bico é comprido, fino e arqueado. Já a crista é eréctil com extremi-dades negras. Mas o que ressalta mais à vista nesta espécie é a sua própria silhueta. Chama-se poupa, todos a conhecem. E apesar de ainda não estar ameaçada na região, já teve tempos melhores.

Há uma quantidade grande espécies animais que escolhem as nossas zonas temperadas, os terrenos húmidos, a vegetação singular e o clima. Fazem parte da nossa biodiversidade.

Roberto Dores

As éspecies que coabitam na região usufruem das nossas condições únicas

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CONTRASTE

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+ -Javalis em alta… …grilos em baixa

A proliferação de javalis tem disparado nos campos da região para números surpreendentes que seriam «impensáveis» há anos atrás. É impossível fazer uma estimativa rigorosa, mas caçadores e veterinários garantem não ser abusivo admitir que a comunidade mais do que triplicou, sobretudo na franja abrangida pelo Litoral Alentejo, comparando com há 15 ou 20 anos atrás.A explicação passa pelo facto de haver um grande rol de reservas de caça, o que limita o abate de javalis a algumas montarias, que são caras aos bolsos dos caçadores, deixando uma grande margem à multiplicação da espécie, que tem procurado as zonas de regadio, depois dos fogos e das secas que marcaram os últimos anos, entre os vales do Tejo, Guadiana e Sorraia.Uma consequência imediata desta multiplicação é pouco «simpática», já que aumentaram os acidentes de automóvel, devido às violentas colisões que têm sido registadas nas estradas da região, quando os automobilistas são surpreendidos com a travessia da via por javali.

Estão a desaparecer os históricos cantadores dos campos portugueses. Os últimos anos vêm demonstrando que não há lugar para os grilos no meio dos adubos e fertilizantes lançados à terra. Os produtos químicos que ajudam a agricultura convencional, são os mesmos que retiraram espaço a um dos mais célebres insectos, que nos anos 40 e 50 do século passado chegaram a ser alvo de negócio em Portugal. Garantir um grilo proveniente dos campos da região a cantar a uma janela no centro de Lisboa custava cinco tostões.O fenómeno encontra-se academicamente pouco estudado, mas os biólogos sabem que os grilos não estão a tolerar a poluição dos solos provocada pelo efeito do azoto. Uma das causas que está a dizimar a comunidade prende-se com o desaparecimento das plantas herbáceas que asseguravam a alimentação da espécie. Não é por acaso que os grilos procuram fazer a toca junto as folha de serralha, o seu alimento preferido, mas que desde há alguns anos passou a escassear.

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