semmais 6 junho 2015

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Sábado 6 | Junho | 2015 Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 858 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso Venda interdita semmais SOCIEDADE PÁGINA 5 QUERCUS ATRIBUI OURO A 33 PRAIAS DO DISTRITO A associação ambientalista identificou mais de três dezenas de praias da região com qualida- de superior, atribuindo a chancela dourada. O maior dos pressupostos é a «excelente quali- dade das águas». Os areais de Grândola detém o maior número. ENFOQUE PÁGINA 2 SETÚBAL É A 13.º MARCA TURÍSTICA DE PORTUGAL A cidade de Setúbal continua em onda positi- va. Mantem lugar de topo nas categorias de “visitar”, “investir”, e “viver”, segundo a edição 2015 do “Bloom Consulting Portugal City Brand Ranking”. Almada vem a seguir, ocupando a 16.º posição, subindo três pontos. SOCIEDADE PÁGINA 4 REGIÃO ENTRE AS QUE MAIS BENEFICIAM DE INCENTIVOS A MÉDICOS O distrito vai ser um dos mais beneficiados com os incentivos financeiros para a fixação de médicos nas zonas carenciadas nos próximos cinco anos. O Governo admite que a situação no Litoral Alentejano está nos limites, mas vai apostar nas margens sul e norte do Tejo. AS MEMÓRIAS E O PROJETO VITIVINÍCOLA DE PAULO MALO EM AZEITÃO O empresário apaixonou-se pelo setor vitivinícola e desde 2012 está a empreender uma verdadeira ‘metamorfose’ na Herdade dos Catralvos. Nos próximos cinco anos quer exportar 90% da produção e fazer vingar a marca. O Semmais foi conhecer o projeto e fazer relembrar as suas memórias. NEGÓCIOS PÁGINA 12

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Edição do Semmais de 6 de Junho

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Page 1: Semmais 6 Junho 2015

Sábado 6 | Junho | 2015

Diretor Raul TavaresSemanário | Edição 858 | 9ª série

Região de SetúbalDistribuído com o Expresso

Venda interditasemmais

SOCIEDADE PÁGINA 5QUERCUS ATRIBUI OURO A 33 PRAIAS DO DISTRITOA associação ambientalista identificou mais de três dezenas de praias da região com qualida-de superior, atribuindo a chancela dourada. O maior dos pressupostos é a «excelente quali-dade das águas». Os areais de Grândola detém o maior número.

ENFOQUE PÁGINA 2SETÚBAL É A 13.º MARCA TURÍSTICA DE PORTUGALA cidade de Setúbal continua em onda positi-va. Mantem lugar de topo nas categorias de “visitar”, “investir”, e “viver”, segundo a edição 2015 do “Bloom Consulting Portugal City Brand Ranking”. Almada vem a seguir, ocupando a 16.º posição, subindo três pontos.

SOCIEDADE PÁGINA 4REGIÃO ENTRE AS QUE MAIS BENEFICIAM DE INCENTIVOS A MÉDICOSO distrito vai ser um dos mais beneficiados com os incentivos financeiros para a fixação de médicos nas zonas carenciadas nos próximos cinco anos. O Governo admite que a situação no Litoral Alentejano está nos limites, mas vai apostar nas margens sul e norte do Tejo.

AS MEMÓRIAS E O PROJETO VITIVINÍCOLA DE PAULO MALO EM AZEITÃOO empresário apaixonou-se pelo setor vitivinícola e desde 2012 está a empreender uma verdadeira ‘metamorfose’ na Herdade dos Catralvos. Nos próximos cinco anos quer exportar 90% da produção e fazer vingar a marca. O Semmais foi conhecer o projeto e fazer relembrar as suas memórias.

NEGÓCIOS PÁGINA 12

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ENFOQUE

Há um pressuposto que me confunde e felizmente a mui-tos economistas, incluindo prémio Nobel Paul Krugman, que tem a ver com esta ideia peregrina de impor um teto ao deficit das contas públicas, como se essa barreira fosse a pedra de toque da reanima-ção económica. É, antes de mais, um casti-go dos países da frente da Eu-ropa, agora que, nomeada-mente a Alemanha, parece ter excesso de liquidez. Nas últi-mas duas décadas, por várias vezes, Alemanha, França, Itá-lia e outros, corromperam tratados que ditavam limite de deficits acima dos 3,6 por cento do PIB. Portugal aceita ficar amar-rado a este dislate orçamental, ao ponto de o querer batizar na Constituição política que rege os nossos valores enquanto nação e sociedade. É um erro. A estratégia de reanimação económica, já se viu, implica investimento pú-blico, redução de impostos, ataque à burocracia e atração de investimento estrangeiro. Trata-se de um pacote que, a par do emprego (em busca do aumento de rendimento per--capita e do consumo interno) consubstancia uma nova fren-te de riqueza para o país. O controlo das contas pú-blicas, com uma verdadeira reforma do Estado, nas suas gorduras e despesismos, o ata-que à fuga aos impostos e au-mento da tributação às gran-des fortunas e aos grandes lucros, pode ser feito sem be-liscar essas ferramentas de re-lançamento da economia. Sou leigo na matéria, mas parecem ser duas verdades que valem a pena experi-mentar, já que a austeridade cega, ineficiente e injusta não resolveu nenhum pro-blema estrutural do país e da sua economia. Agora tudo cabe na Cons-tituição. Também a dívida deve dela constar. Quem du-rante quatro anos atropelou, sem rei-nem-roque a Lei fundamental do país, não tem legitimidade para a in-vocar por tudo e por nada.Os portugueses esperam, so-bretudo, uma coisa. Que as forças políticas ofereçam es-colhas e que as suas propos-tas sejam credíveis. Já agora, e sobre esta maté-ria, porque não consagrar na Constituição uma coisa mui-to linear e muito simples: “Os partidos que, em governação, fizerem o contrário das suas promessas eleitorais, são au-tomaticamente demitidos”. Parece plausível? Quem arrisca?

EDITO

RIAL

Raul TavaresDiretor

A muleta da Constituição dá para tudo

TURISMO MÉDIA DO DISTRITO É MUITO POSITIVA, COM CINCO CONCELHOS ENTRE OS 50 MUNICÍPIOS COM MELHOR CLASSIFICAÇÃO

Setúbal é a grande referência da região e a 13.ª marca turística de PortugalTEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

A cidade sadina mantém as suas performances no contexto nacional em atratividade nas categorias de “visitar”, “investir” e “viver”. E ocupa a 13.º posição como “melhor marca turística municipal de Portugal”. Almada segue em 16.º, recuperando três posições.

Setúbal mantém-se como a grande referência regional entre os concelhos do distrito, segundo avança a edição de 2015 do Bloom Consulting Portugal City Brand Ranking. Este documento, que avalia a performance e a atratividade dos 308 municípios portugueses nas categorias Tu-rismo (Visitar), Negócios (Inves-tir) e Talento (Viver), revela ainda que, à escala nacional, a capital do sado atinge a 13ª posição no que concerne à «melhor marca turística municipal de Portugal», tendo mantido a posição do ano passado. Segue-se Almada, no 16º lugar do país, traduzindo uma subida de três postos.

«A marca é o principal ativo de que cada município dispõe», explica Filipe Roquette, diretor geral da Bloom Portugal, justifi-cando que «como tal, deve ser estudada para depois ser gerida e potenciada. Através destas três dimensões, conseguimos aferir, de forma tangível, esse poten-cial», diz o mesmo responsável, acreditando que com esta análi-se vai haver «a capacidade para ajudar os municípios, não só no que toca à definição de priorida-des, mas também na perceção da imagem que estes têm no res-to do País e internacionalmen-te», sublinha Filipe Roquette.

Prestação ‘online’ foi determinante para os rankings

Fatores diferenciadores como a prestação online foram deter-minantes para este domínio, de acordo com o documento, sen-do que atrás de Setúbal e Alma-da surgem Sesimbra, na 33ª po-sição no país (perde dois lugares face à primeira edição), Montijo, no 46º lugar (sobe um lugar), Seixal, 50ª (perde dois postos), Palmela, 57º (perde um lugar), Alcochete, 93º (perde um lugar), Barreiro, 104 º e Moita, 154º (mantiveram ambos os resulta-dos da primeira edição). Quanto ao ranking nacional de Negócios, Setúbal surge em 12º, subindo dois lugares, en-quanto Almada sobe três e passa para o 17º. Em Visitar, Almada está em primeiro lugar no distri-to, subindo dois lugares à escala nacional, passando para 16ª. Se-túbal também escala dois pos-tos, ficando em 17º. Sesimbra lo-

As obras de recuperação e va-lorização do Convento de Jesus, em Setúbal, orçadas em cerca de 3 milhões e 264 mil euros, vão ser dadas a conhecer à impren-sa, através de uma visita guiada no próximo dia 11, pelas 11 horas. A visita ao monumento con-ta com a participação do arqui-teto autor do projeto de requa-lificação, Carrilho da Graça, e da presidente do município, Dores Meira. A intervenção, por iniciati-va do município, com ajuda em 65 por cento de fundos co-munitários, através do POR-Lisboa – Programa Operacio-nal Regional de Lisboa, ao abrigo do QREN, está concluí-da e deverá ser inaugurada, ainda que parcial, este mês,

após 23 anos de encerramento do mais importante monu-mento setubalense. “As obras são inauguradas em junho, mas, antes, a Câmara quer dar a conhecer a todos os setubalenses e ao País tudo o que se fez para recuperar o monumento onde, em 1494, foi ratificado o Tratado de Torde-silhas e onde está instalado o Museu da Cidade. Ali será pos-sível ver de novo obras emble-máticas como a pintura “Boca-ge e as Musas”, de Fernando Santos, ou a mais recente aqui-sição para o espólio do museu, o valioso “Calvário-Cristo Cru-cificado, Nossa Senhora, São João e Santa Madalena”, lê-se no comunicado da autarquia enviado às redações.

Por alegada incapacidade orçamental do IGESPAR, o mu-nicípio decidiu avançar com a recuperação do monumento na-cional, tendo sido feitas obras na ala poente do 1.º piso, onde fica alojado o acervo do Museu de Setúbal, que pode agora ser visi-tado pela população em condi-ções mais condignas. Além da substituição integral dos pavi-mentos e revestimentos das pa-

gra aparecer na lista dos destaques na 20ª posição, tendo perdido dez lugares face à pri-meira edição. No parâmetro dedicado ao Viver, Setúbal conserva a lide-rança distrital, mas perde um lu-gar no ranking nacional (14º). Já Almada perde dois e passa para 16º, ao passo que o Seixal perde quatro e passa para 25º.

No Litoral Alentejano, Sines perde dois lugares e passa para a 44ª posição a nível nacional, o que lhe garante, ainda assim, o quatro melhor resultado no dis-trito. Grândola sobe uma posi-ção e passa para 78º lugar, San-tiago do Cacém fica na posição 88, tal como na primeira edição, e Alcácer do Sal perde dois luga-res, ficando com o 185º lugar.

COMO O BLOOM CONSULTING MEDE A GESTÃO DE MARCA?Recorde-se que o Bloom Consulting Portugal City Brand Ranking mede a eficácia da estratégia de gestão da marca de cada municí-pio, separadamente. Baseia-se em factos concretos, que incluem o desempenho e o crescimento económico das cidades, dormidas, procuras e desempenho nas redes sociais, entre outros. A análise dos dados objetivos é acompanhada pela avaliação de dados sub-jetivos que medem o impacto económico da estratégia de gestão de marca de cada município.

Município sadino mostra convento requalificado

redes, remodelação do sistema elétrico e instalação de pavi-mentos e de um sistema de cli-matização, foram ainda substi-tuídas a laje no 1.º andar e as coberturas, bem com o reforço do sistema de drenagem de águas pluviais no interior do edifício e áreas envolventes. Não foram esquecidas as rampas de acesso para deficientes, um elevador e um edifício para apoio técnico.

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SOCIEDADE

EMPREGO SEMANA ABERTA DO CENTRO DE FORMAÇÃO DO IEFP EM SETÚBAL REVELA CARTEIRA DE OFERTAS

IEFP aposta forte na inovação para combater requalificação profissionalTEXTO TÂNIA NEVESIMAGEM SM

A Semana Aberta do IEFP em Setúbal está a ganhar cada vez mais peso. Entre 1 a 5 de Junho foi um corrupio de visitas. A inovação é a aposta, o desemprego de longa duração a maior preocupação.

As ofertas e potencialidades do Centro de Formação Profis-sional do IEFP de Setúbal estive-ram de portas abertas durante uma semana, numa iniciativa que pretendeu «promover a in-teração com a comunidade», se-gundo a diretora da instituição, Maria do Carmo Guia. Durante a sessão de abertura da “Semana de Portas Abertas”, Carmo Guia fez alusão à redu-ção de desemprego que se regis-ta no centro que dirige e lem-brou os esforços que têm sido feitos em matéria de «inovação técnica e qualificação profissio-nal dos recursos humanos». Também a presidente da Câ-mara sadina, Maria das Dores Meira, presente na cerimónia,

não esqueceu a importância do trabalho desenvolvimento pela formação profissional, afirman-do que «é sempre uma ferra-menta que permite a abertura de portas para aqueles que preci-sam de regressar ao mercado de trabalho e à vida ativa». Já o presidente do Instituto de Emprego e Formação Profis-sional, Jorge Gaspar, aludiu ao facto de os centros de formação do IEFP serem, em cada zona do país, «locais abertos a todos os portugueses que precisam de formação». E revelou que a “se-mana aberta” pretende simboli-camente demonstrar isso mes-mo. «Este centro de emprego e formação de Setúbal é um cen-tro de requalificação profissio-nal de toda a região e para toda a população», disse Jorge Gaspar. O responsável máximo do IEFP salientou ainda preocupa-ções relativas ao desemprego de longa duração: «São portugue-ses que já não têm lugar no mer-cado de trabalho e para os quais é precisa uma requalificação profissional», afirmou. Em seguida, os convidados foram guiados numa visita às oficinas de eletricidade, refrige-ração e climatização, floricultu-ra e jardinagem, energias reno-váveis, laboratório de eletrónica e multimédia, cabeleireiro, ma-nicura, estética, laboratório de informática, e aos cursos ligados à área tecnológica, mecatróni-cas, aeronáuticos, e metalurgia metalomecânica.

ACISTDS e IEFP celebram protocolo para formação ativa

A Associação do Comércio, Indústria, Serviços e Turismo do Distrito de Setúbal (ACIS-TDS) assinou, na passada se-gunda-feira, um acordo de cooperação com o Instituto de Emprego e Formação Pro-fissional (IEFP) no âmbito da medida Vida Ativa. Depois de um primeiro pro-grama, desenvolvido em 2014, a ACISTDS volta a apostar nesta medida que, segundo o presi-dente Francisco Carriço, teve resultados positivos. «Este é um bom exemplo de cooperação entre uma instituição pública e uma instituição privada. O pri-meiro Vida Ativa correu muito bem mas queremos e tentamos sempre fazer melhor». Embora uma parte dos for-mandos, cerca de uma centena, não tenha conseguido continuar na empresa realizou o estágio, para Francisco Carriço um dos grandes objetivos da medida Vida Ativa foi alcançado. «Ao promover percursos de forma-ção queremos transmitir às pes-soas vítimas de exclusão profis-sional e social que elas são úteis, que a sociedade acredita nelas. E elas sabem que estamos cá para acompanhá-las durante e de-pois de terminarem o curso».

Lamentando que alguns for-mandos não tenham tido a possi-bilidade de continuar a trabalhar nos locais de estágio, Francisco Carriço diz perceber a situação das empresas. «Sabemos das dificul-dades das micro e pequenas em-presas. A situação não está fácil. Há 3 milhões de portuguesas no limiar da pobreza e numa altura em que há baixo poder de compra não podemos pedir aos empresá-rios que, para além dos estágios profissionais, garantam um con-trato a termo incerto». A cerimónia de assinatura do acordo contou com a presença do presidente do IEFP, Jorge Gaspar, que sublinhou o trabalho feito pela entidade que dirige, no que diz res-peito à promoção da criação de emprego. «Temos conseguido criar um conjunto de apoios à criação de emprego como, por exemplo, o programa Estímulo». O responsável pelo IEFP, a nível nacional, apontou ainda alguns números do Instituto Nacional de Estatística, referentes ao emprego no distrito de Setúbal. «No ano passado foram criados 130 mil postos de trabalho. Desses, algu-mas centenas foram conseguidos através de contratos programas do IEFP. E, 56 por cento dos con-tratos de trabalho celebrados em 2014 com o IEFP foram a termo incerto».

Formação como responsabili-dade também das empresas

Jorge Gaspar salientou ain-da a importância da formação que deverá ser «contínua e uma responsabilidade também das empresas», com as quais o IEFP tem tentando estreitar, cada vez mais, a relação. «Vamos conti-nuar a percorrer o caminho, aproximando-nos o máximo possível das empresas e dos empresários. É preciso encurtar distâncias e caminhar lado a lado, e no mesmo sentido, para chegarmos ao fim com o objeti-vo conseguido: no final destes quatro programas queremos ter menos cem desempregados no distrito de Setúbal». A Medida Vida Ativa visa a promoção da qualificação pro-fissional dos desempregados, através de percursos de forma-ção modular e de formação prática em contexto de traba-lho, direcionando-se a sua atu-ação, no caso específico da ACISTDS, aos concelhos de Al-mada, Montijo, Seixal e Setúbal. O grande objetivo desta me-dida será formar esses desem-pregados em áreas de atividade distintas daquelas que estavam a exercer, para que tenham perspetivas acrescidas de um novo emprego.

Espetro do autismo no Dia da Criança debatido em SetúbalO Agrupamento de Escolas Lu-ísa Todi debateu a Perturbação do Espetro do Autismo num co-lóquio destinado a assinalar o Dia Mundial da Crianças. Na abertura participaram o diretor do Agrupamento, António Bap-tista, Manuela Monteiro, do Mi-nistério de Educação e Ciência, Sónia Eleutério, do Grupo Con-celhio para as Deficiências, o presidente da APPACDM de Se-túbal, José Salazar, e o vereador da Câmara, Pedro Pina. Durante a sessão foram tro-cadas experiências de inclusão por parte de diversos interve-nientes, sendo que em repre-sentação do PIN - Progresso Infantil, equipa liderada pelo neuropediatra, Nuno Lobo An-tunes, foi feita uma abordagem pelo especialista Nelson Afon-so, que explicou as principais características da Perturbação do Espetro do Autismo (PEA).

Já as professoras Alexandra Narra e Carla Simões revelaram através da sua comunicação - Conquistas e Desafios – o traba-lho realizado no âmbito da Uni-dade de Ensino Estruturado do Agrupamento, que é frequenta-da por crianças com PEA. As cerca de cem pessoas pre-sentes tiveram a oportunidade de ouvir o trabalho desenvolvi-do pelo misicoterapeuta Pedro Condinho e de dois jovens com PEA que integram um projeto artístico. Este evento foi organizado pelo Departamento de Apoios Educativos da Escola Básica Lu-ísa Todi, tendo ainda lugar uma sessão de autógrafos e venda do livro: “Autismo e Atraso de De-senvolvimento - Um estudo de caso”, da autoria de Miguel Cor-reia, que é também professor de educação especial e pai de uma criança autista.

TEXTO RITA MATOS COMBOIO DAS PALAVRAS

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SOCIEDADE

Alentejo guia turistas em roteiros carregados de experiências únicas

SAÚDE LITORAL ALENTEJANO, UMA DAS ZONAS MAIS CARENCIADAS, VAI SER SUPLANTADO PELAS ZONAS URBANAS

Distrito entre os que mais beneficiam com os incentivos dados a médicosTEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

TEXTO TÂNIA NEVESIMAGEM DR

Governo reconhece que o Litoral Alentejano é das zonas mais carenciadas, mas não hesita que assumir que as maiores dificuldades se fazem sentir entre as margens sul e norte do Tejo. O Garcia de Orta precisa urgente de anestesistas.

A oferta turística de produtos regionais foi estruturada num guia que ajuda o visitante a ter experiências únicas. Uma ideia da Turismo do Alentejo lançada esta semana em Grândola

A região vai ser das mais bene-ficiadas com os incentivos fi-nanceiros para a fixação de mé-dicos nas zonas carenciadas nos próximos cinco anos, e acordo com o decreto de lei publicado quinta-feira em Diário da Repú-blica. Afinal, o que se julgava que poderia ser uma preciosa ajuda para convencer os clínicos a irem para zonas mais desfavo-recidas, como acontece com o Litoral Alentejo, onde faltam mais de 80 médicos, irá antes procurar responder a faltas nos distritos de Setúbal, Lisboa ou Faro. Segundo o plano estabeleci-do pelo Governo, a Medicina Geral e Familiar e anestesiolo-gia, cuidados intensivos e reu-matologia serão duas das espe-cialidades mais carenciadas a que a tutela quer dar respostas, sendo que cada médico poderá receber 21 mil euros. O Governo até reconhece que o Litoral Alentejano está en-

tre as regiões mais carenciadas do país, mas não hesita em ga-rantir que as maiores dificulda-des se fazem sentir entre as mar-gens sul e norte do Tejo. A seguir aos incentivos à co-locação de médicos será publi-cado o despacho com zonas e

especialidades carenciadas, sa-bendo-se que depois deste des-pacho as zonas carenciadas pas-sam a ser definidas, anualmente, por estabelecimento de saúde e especialidade médica, no pri-meiro trimestre de cada ano. Nos hospitais da região as

falhas são conhecidas, sobretu-do no Garcia de Orta, em Alma-da, que esta semana publicou um anúncio a pedir com caráter de urgência anestesistas. Admi-tem em tempo parcial ou total para urgência, atividade progra-mada e suplementar. Com a pos-sibilidade de um contrato indivi-dual de trabalho. Oferecem ainda alojamento gratuito. O incentivo tem a duração de cinco anos. Começa em mil euros mensais, seis meses após a colo-cação passa para 500 e após um ano e até ao final será de 250 eu-ros mensais. Dinheiro que terá de ser devolvido caso não seja cum-prido o prazo dos cinco anos. Haverá ainda apoio na desloca-ção da família e para encontrar escola para os filhos. Outro in-centivo é a dispensa de autoriza-ção do serviço de origem para a transferência do cônjuge, no caso de trabalhador com vínculo de emprego público.

A Entidade Regional de Turismo do Alentejo/Ribatejo (ERTAR) lan-çou esta semana dois guias dedi-cados ao vinho e à gastronomia das duas regiões. São roteiros eno-gastronómicos que dão a conhe-cer, em três idiomas, português, inglês e espanhol, vinte percursos especiais e sugerem a visita a 160 produtores das mais diversas áreas. No seu conjunto, o utilizar pode tomar contacto com produ-tos da terra, especialidades gastro-nómicas, vinhos da região e inú-meras atividades ligadas ao setor. «A enogastronomia, que junta o bom vinho e a gastronomia regio-nal, é um produto que continua a motivar de forma muito relevante os turistas que procuram o Alente-jo», diz ao Semmais, Ceia da Silva, o presidente da ERTAR.

O responsável acredita que esta atração tem muito a ver com «a dinâmica criada à volta da dife-renciação do que a região tem para oferecer». Daí, continua Ceia da Silva, «ser muito importante estruturar o produto, essencial para gerar a oferta turística». Nesta medida, o lançamento dos guias, um dos quais em Grân-dola, insere-se na necessidade de «fornecer instrumentos», segundo o presidente da Turismo do Alen-tejo, que permitam que a região possa melhor «vender a sua oferta, estrutura-la e criar dinâmicas pró-prias da atratibilidade turística».

Entre as atividades que os roteiros sugerem, estão a parti-cipação na apanha da azeitona, provas de azeites, queijos ou enchidos, aquisição de conheci-mentos sobre o ciclo do arroz, como amassar o pão, visita aos portos de pesca, às lotas, passe-ar no montado, divertir-se com as cabras e ovelhas que pastam nos coloridos prados, ver onde crescem os espargos selvagens ou as túbaras, visitar quintas ancestrais, participar em ativi-dades de cozinha tradicional ou descobrir receitas regionais, en-tre outras.

MARCHAS POPULARES EM SETÚBAL JÁ MEXEM

Setúbal vai ver na rua, nos dias 13, 19 e 20 de Junho, as marchas populares, um dos principais ícones da cidade durante o calendá-rio estival. A iniciativa foi ontem apresentada e promete grande anima-ção. «As marchas populares são um espelho da criatividade popu-lar, são o resultado do empenho organizativo de centenas de pes-soas, que nestas iniciativas despertam também para a cidadania e para a participação ativa na vida da cidade», disse a presidente da Câmara, Maria das Dores Meira. Este ano, o evento conta com nove marchas, oriundas das di-versas coletividades do concelho, que receberam do município cerca de dez mil euros cada, para além de outros apoios logísticos. “Isto é Setúbal”, é a música que venceu o concurso “Grande Marcha de Setúbal 2015” com letra de Idaliano Batista e música de Artur Jordão, que vai ser interpretada pela Madrinha das Madri-nhas, Inês pereira. O concurso das Marchas Populares de Setúbal, inicia no dia 13 de junho, às 22h00, com um desfile de apresentação, gratuito, na Avenida Luísa Todi, sendo que os desfiles de competição, com en-tradas a 2,5 euros, estão marcados para os dias 19 e 20, à mesma hora, na Praça de Touros Carlos Relvas. Este ano as marchas contam também com um novo painel de júri, entre o qual está a atriz Florbela Queirós. Teresa Varela, Tiago Oliveira, Ana Sabino, Cristina Carvalho e Marco Filipe Batista são os restantes júris.Tânia Neves

GNR DE SETÚBAL DETÉM MARROQUINOS

O Núcleo de Investigação Criminal de Setúbal da GNR deteve um grupo de cidadãos de nacionalidade Marroquina, que pratica-vam roubos de carteiras em restaurantes. A operação domiciliária feita a partir de Lisboa, Sintra, Ama-dora e Odivelas resultou na apreensão de três veículos ligeiros de passageiros, 2.725 euros em dinheiro e uma dezena de com-provativos de translação de valores pela Western Union entre 50 a 500 euros, bem como outros bens relacionados com o crime para Marrocos. Os indivíduos detidos são de sexo masculino, de idades com-preendidas entre 36 e os 45 anos. Os quatro são suspeitos de te-rem praticado 21 crimes do género, assim como burla de infor-mática e de fazerem parte de uma colectividade criminosa que faziam assaltos em pontos como Lisboa e Algarve. Os criminosos vão ser levados para o Tribunal Judicial de Setúbal.António Gaspar

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SOCIEDADE

Quercus atribui 33 praias com qualidade de ouro na região

A Quercus, Associação Nacional de Conservação da Natureza, à se-melhança de anos anteriores, atri-buiu a classificação de “Praias com Qualidade de Ouro 2015” a 33 praias da região pela qualidade ex-celente da água. Os concelhos de Grândola e de Almada estão em evidência, o primeiro por manter as dez praias com qualidade de ouro, e Almada por ser o concelho que regista sete entradas e sede sa-ídas, em comparação com 2014. São consideradas praias de ouro, aquelas que tiveram qualidade da água excelente entre 2010 e 2014 e todas as análises melhores que o percentil 95 considerado para

qualidade excelente no ano passa-do. «A Quercus pretende realçar as praias que oferecem uma maior fiabilidade no que respeita à quali-dade da água», realça Francisco Ferreira, responsável pelo dossier das zonas balneares na Quercus. De referir que Grândola ocupa o 5.º lugar, a nível nacional, a par com Cascais, apresentando 10 praias com qualidade de ouro, numa lista liderada por Albufeira, com 21 zonas balneares galardoa-das. A nível da região, Grândola li-dera a lista, com as 10 praias já re-feridas, seguindo-se Almada (9), Sines (6), Sesimbra e Setúbal (3) e Santiago do Cacém (2). Grândola reforça, assim, a singularidade dos seus 45 quilómetros de costa, já re-conhecida através das mais diver-sas distinções.

Sete entradas e oito saídas

A nível de novas entradas em 2015, é de salientar as praias de Sereia, Infante, Morena, Rei, Bela Vista/Nova Vaga, Cabana do Pes-cador e Castelo, todas do conce-lho de Almada, enquanto em ter-mos de saídas, no mesmo concelho, é de referir as praias do CDS/St.º António, Mata, Praia Nova/Nova Praia, Rainha, Rivie-

ra, Saúde e Tarquínio-Paraíso/Dragão Vermelho, bem como a praia das Bicas, em Sesimbra. O presidente do município de Grândola, Figueira Mendes consi-dera que esta distinção representa «o reconhecimento, a par de ou-tras distinções, como a Bandeira Azul, da excelência das praias do concelho e do trabalho que a câ-mara municipal tem vindo a de-senvolver para sua preservação e valorização».Francisco Ferreira refere que as 33 praias com qualidade de ouro da região são uma «boa notícia, embora já esperada» para os tu-ristas. «São praias apetecíveis, pois não apresentam problemas de poluição, descargas ou obras por perto», sublinha, acrescen-tando que Almada é dos conce-lhos da região com «maior po-tencial de praias, não fosse a saída, este ano, de sete praias com a qualidade de ouro, uma vez que houve problemas rela-cionados com «obras e análises menos boas à água». O responsá-vel da Quercus alerta para que, no futuro, os municípios façam «esforços para corrigir, já na pre-sente época balnear, aquilo que de menos bom se vai passando nas suas praias».

TEXTO ANTÓNIO LUÍSIMAGEM SM

Quercus identificou 33 praias com quali-dade de ouro na região. Grândola é o concelho com maior número de praias com águas de excelência.

ALMADA- Bela Vista/Nova Vaga- Cabana do Pescador- Castelo- Cova do Vapor- Infante- Morena- Rei- Sereia- S. João da Caparica /Praia do Norte

GRÂNDOLA- Aberta- Atlântica- Carvalhal- Comporta- Galé/Fontainhas- Melides- Pego- Troia-Bico das Lulas- Troia-Galé- Troia-Mar

SANTIAGO DO CACÉM- Costa de St.º André- Fonte do Cortiço

SESIMBRA- Lagoa de Albufeira-Mar- Moinho de Baixo-Meco- Ouro

SETÚBAL- Figueirinha- Galapos- Portinho da Arrábida

SINES- Grande de Porto Covo- Ilha do Pessegueiro- Morgavel- São Torpes- Vasco da Gama- Vieirinha-Vale de Figueiros

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ALCOCHETE FEIRA REVIVE TEMPOS QUINHENTISTAS Alcochete está a (re)viver, até este domingo, a época de quinhentos com a realização da feira quinhentista, um evento de entrada livre e que contará com a participação de cerca de 600 figurantes.Durante os três dias da feira será recriado o ambiente da época quinhentista com de-monstração de atividades de negócio, de cariz histórico e lazer, de atividades mercantis e de animação, e de promoção do conhecimento histórico através da recriação de situ-ações e acontecimentos de época.Da programação, é de destacar os jogos medievais, os contadores de histórias, o tea-tro de fantoches, as rábulas vicentinas, a falcoaria, as danças antigas, o mercado dos aprendizes do reino, exposições, arruadas, canto coral, poesia à la Carte, teatro de ma-rionetas, as ninfas dos elementos, os petisco da época e muita animação de rua.

ALCÁCER DO SAL PRESTA HOMENAGEM A JOÃO FARIA A Raízes – Associação Sociocultural de Alcácer, em parceria com a edilidade, promo-ve, este sábado, a homenagem a João Faria.Às 18 horas realiza-se a visita à Cripta Arqueológica. Às 21h30, a Igreja de Nossa Se-nhora de Aracoelli acolhe uma tertúlia sobre João Faria, que vai ter como oradores Eurico Sepúlveda, um elemento da ADPA, e o presidente do município, Vítor Proença. Segue-se o concerto de homenagem “A Cegonha do Tempo”, pelo quarteto de cordas constituído por Marcos Lázaro (1.º violino), Lígia Vareiro (2.º violino), Carlos Lourenço (viola de arco) e Nelson Ferreira (violoncelo).Entretanto, as comemorações do Dia da Criança prosseguem este sábado, entre as 10 às 20 horas, na Margem Sul, onde as crianças têm à sua disposição insufláveis, matra-quilhos humanos, jogos diversos, ateliês e modelagem de balões.

BARREIRO ORGANIZA CAMPOS DE FÉRIAS NA MATA DA MACHADA A Câmara Municipal vai dinamizar, através do Centro de Educação Ambiental da Mata Nacional da Machada e Sapal do Rio Coina, os Campos de Férias de Verão que decorrem de 22 de junho a 28 de agosto e funcionam com um máximo de 30 e um mí-nimo de 15 participantes. O horário de funcionamento é das 8h30 às 17h30 e cada par-ticipante terá de se deslocar até ao Centro de Educação Ambiental pelos seus próprios meios. As inscrições já estão abertas.O CEA é um espaço onde se dinamizam ações de sensibilização e de educação am-biental, no qual se estimula a participação em atividades criativas e de contacto com a natureza. Anualmente, são organizados Campos de Férias, destinados a crianças dos 6 aos 12 anos. O evento decorre nas semanas de 22 junho a 3 julho, 20 a 31 julho, 3 a 14 agosto e 17 a 28 agosto.

MONTIJO VOLTA A RECEBER O ANIM’ART ATÉ DIA 20 O evento “Anim’art Mon-tijo” está de volta à ci-dade, no próximo dia 20 de junho, entre as 15h30 e as 2 horas da madrugada. Neste dia, que se prevê co-lorido e animado, a arte, a música, a dança, a gastro-nomia e os vinhos de exce-lência vão invadir o centro da cidade, prolongando--se pela noite dentro com muita animação.Devido ao elevado suces-so da edição do Anim’art do ano passado, a Câmara Municipal do Montijo alargou este ano o perímetro de par-ticipação a várias artérias do centro da cidade.Se tem um estabelecimento comercial situado no centro da cidade do Montijo, parti-cipe criando um evento junto ao seu espaço de negócio. Mantenha as portas abertas também no período noturno e faça parte deste dia memorável na cidade do Montijo. A criatividade não tem limites. Participe no Anim’art Montijo.

ALMADA CONDECORA EX-PRESIDENTE EMÍLIA DE SOUSA A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), no âmbito das comemorações do Dia Munici-pal do Bombeiro, vai entregar a Fénix de Honra a Emília de Sousa, presidente da Câmara de Almada entre novembro de 1987 e outubro de 2013. A Fénix de Honra é a segunda mais alta distinção honorífica atribuída pela LBP.As comemorações do Dia Municipal do Bombeiro 2015 realizam-se este domingo, dia 7, a partir das 9h30, na praça S. João Baptista, em Almada.Na ocasião serão assinados protocolos entre a Câmara de Almada e as três Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários do concelho, no âmbito dos apoios munici-pais para renovação da frota automóvel, melhoramentos nas instalações operacionais e aquisição de equipamentos operacionais.A organização é do município e dos bombeiros de Almada, Cacilhas e Trafaria.

GRÂNDOLA PEDE INTERVENÇÃO DA EP NO IC-1

Figueira Mendes já reuniu com a Estradas de Portugal para ter conhecimento do projeto de recuperação do IC1 estimado em 6 milhões de euros.A obra, muito reivindicada por todos, não avançará antes do final do ano, e terminará junto à rotunda com ligação ao IC33/A12.O autarca lamentou todos os atrasos na recuperação desta via essencial para a região, que se degradada de dia para dia, e que tenderá a agravar-se, se a intervenção não avançar antes do próximo inverno, aumentando ainda mais, o risco de acidentes.Para Figueira Mendes «não é admissível que depois de todas as diligências levadas a cabo pelas autarquias, o Governo tenha escolhido uma solução, que escondeu das autarquias e das populações, e que não resolve a situação».Há mais de um ano que o município aguardava por uma reunião com a EP.

MOITA QUINZENA DÁ A PROVAR OS SABORES DO CONCELHO

De 6 a 21 de Junho, o concelho vai receber a “Quinzena Gastronómica “Sabores de Cá”, contando com 14 restaurantes aderentes e mais de 30 pratos para provar.Durante o evento, há também espaço para aulas de culinária ao vivo, realizadas em parceria com a DocaPesca, nos mercados municipais. No dia 19, às 10 horas, o chef vai estar no mercado municipal da Moita com a sessão “Cavala em Grande Estilo”. Já no mercado da zona sul da Baixa da Banheira, o carapau vai ser o protagonista, na sessão “Carapau com Classe e Requinte, no dia 20, às 10 horas. As inscrições para participar nestas “Aulas de Culinária ao Vivo nos Mercados Municipais” são gratuitas.De salientar que o programa “Sabores de Cá” é uma iniciativa do município lançada em 2013 que pretende divulgar e valorizar a gastronomia e a restauração do concelho.

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SEIXAL RECEBE ENCONTRO DE EMBARCAÇÕES TRADICIONAIS A baía do Seixal recebe, este sábado e domingo, o encontro de embarcações tradicio-nais, com a participação de várias embarcações típicas do Tejo.A iniciativa é dinamizada pela Associação Náutica do Seixal e surge no âmbito do pro-jeto Raposinho, que promove a preservação da vela tradicional do estuário do Tejo e a cooperação entre todos os interessados na salvaguarda deste património marítimo. O encontro tem o apoio da União das Freguesias do Seixal, Arrentela e Paio Pires. Um dos pontos altos do evento será a concentração das embarcações, seguida da re-gata António Hernande Santos, em homenagem a um dos velejadores mais antigos da ANS. A iniciativa tem lugar este sábado, a par com atividades de convívio para as tripu-lações participantes e para o público em geral, e um ateliê aberto de pintura tradicional que se repete domingo.

SETÚBAL UNIDADE DE MOAGEM DE CEREAIS VALE 6 MILHÕES

A empresa Moagens Ce-reais Setúbal acaba de ser inaugurada, num in-vestimento de 6 milhões de euros com a criação de 50 empregos, na Quinta dos Ciprestes.«Estamos perante um in-vestimento que permitiu recuperar, em tempo que quase se poderia dizer re-corde, instalações degra-dadas e que agora renas-cem com capacidade para produzir 350 toneladas diárias de farinhas de trigo», assinalou a presidente da autarquia, na inauguração.As expectativas do presidente Paulo Guedes apontam para uma laboração em pleno dentro de um ano, com a comercialização de farinhas também para uso doméstico.A edil felicitou a empresa pela concretização de um investimento que gera «postos de tra-balho», e que «comprova a capacidade de atração que Setúbal continua a ter, fruto da cen-tralidade e das condições que fazem desta uma das mais importantes cidades do País».

PALMELA REABRE CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICAO único polo físico do Museu da Saúde em Portugal, em Águas de Moura, reabriu dia 3. A exposição, desenvolvida pelo Museu de Palmela, no âmbito de um protocolo es-tabelecido com o Instituto de Saúde Ricardo Jorge, esteve patente em Lisboa ao longo dos últimos dois anos e regressa, agora, ao edifício do antigo Instituto de Malariologia, hoje Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas Francisco Cambournac. Através de um vasto acervo laboratorial e documental, este núcleo museológico apre-senta-nos a história da luta contra a Malária, desenvolvida no Instituto de Malariolo-gia, e que viria a resultar na sua erradicação em Portugal. Especial destaque para as peças relacionadas com a atividade de Francisco Cambournac, diretor do Instituto de Malariologia de Águas de Moura e do Instituto de Medicina Tropical.

SANTIAGO 28.ª SANTIAGRO RECEBEU 30 MIL VISITANTES

O balanço da 28.º Santiagro, que decorreu em Santiago, entre 29 e 31 de maio, por onde passaram cerca de 30 mil pessoas, é «claramente positivo», afirma o edil Álvaro Beijinha. «Correu bastante bem, tivemos três dias com milhares de pessoas a entrar no recinto. Recebi muitas mensagens a dizer que a feira estava muito boa e muito bem organiza-da», assegura o autarca, que destaca os «espetáculos de muita qualidade, que tocaram em vários tipos de gostos e todas as atividades normais da feira» e sublinha a impor-tância do certame a nível local: «a Santiagro engrandece o nosso município», conclui.A reação dos expositores foi também destacada por Álvaro Beijinha como importante sinal do sucesso da feira. «O feedback foi muito positivo, os expositores estavam con-tentes e de forma quase unânime disseram-nos que a feira estava a correr bem».

SESIMBRA SANTOS POPULARES VÃO ANIMAR “PISCOSA”Ruas enfeitadas, marchas e bailes populares são os principais atrativos dos Santos Populares em Sesimbra, que decorrem ao longo de junho.As marchas populares, o ponto alto dos festejos, saem à rua a 20 e 27, na Quinta do Con-de, e a 23 e 30, em Sesimbra. Este ano, o desfile conta com a participação do Agrupamen-to de Escolas Navegador Rodrigues Soromenho, da União Desportiva e Recreativa da Quinta do Conde, do Grupo Desportivo e Cultural do Conde 2, da Catequese da Paróquia de Santiago, do Grupo Recreativo Escola de Samba Bota no Rego, da Boa Água, do Cen-tro Comunitário da Quinta do Conde e da Igreja da Senhora da Esperança.Os ornamentos já estão a ser preparados pelos moradores e associações locais com se-manas de antecedência. Na Quinta do Conde, a festa concentra-se no largo da junta de freguesia.

SINES MÊS DO TEATRO LEVA “A BARRACA” A PERCORRER CONCELHO

A Barraca, com “Tartufo”, de Molière, abre este sábado, às 22 horas, no CAS, o 2.º “Em Junho Há Teatro em Sines”.Ao longo do mês, em Sines e Porto Covo, voltam a estar em cena diversos modos de ver e fazer teatro, seja o que assenta no texto, seja o que busca o máximo da expressão no corpo dos atores. Da Barraca ao Teatro Meridional, do Teatro do Mar ao GATO, algumas das melhores companhias portuguesas estarão representadas. De Itália, chega o Teatro Picaro. Dia 12 é apresentada “A Balada do Velho Marinheiro”, pelo Teatro do Mar; dia 13, “Antó-nio e Maria”, pelo Teatro Meridional; dia 20, “Fabula Buffa”, pelo Teatro Picaro; dia 21, “Dois segredos”, pelo Teatro do Mar; e dia 27, “Vai Vem”, pelo GATO.Os espetáculos são no CAS, com exceção de “A Balada do Velho Marinheiro”, que tem lugar em Porto Covo.

LOCAL

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CULTURA

A Festa da Ilustração de Setú-bal, a decorrer até final de ju-nho, abriu, na Casa da Cultura, com a inauguração da exposi-ção “Ver ao Longe”, de André Carrilho, e com a presença do ilustrador português. «Deixemos os desenhos fa-larem mais, que eles são capa-zes de dizer muito mais do que nós alguma vez seremos», afir-mou a presidente do município, Dores Meira, na sessão de aber-tura do evento, organizado em parceria com o atelier DDLX, com o lema “É preciso fazer um desenho?”. O certame homenageia os ilustradores, «os políticos do lá-pis e do pincel», como se lhes referiu a autarca, «cultores da liberdade que tanto nos fazem pensar a rir e a chorar». José Teófilo Duarte, do ate-lier DDLX, destacou o contribu-to da programação da festa para uma maior e melhor oferta cultural da cidade. «A ilustração dá cartas no mundo inteiro e não é uma coi-

Setúbal vira capital da ilustração

sa pacífica. Não foi por acaso que aconteceu o atentado ao Charlie Hebdo», realçou, con-cluindo que «a festa tem pernas longas para andar», uma vez que a ilustração «é um mundo por explorar». Aos primeiros minutos de 1 de junho, após a sessão de aber-tura do evento, que transforma

TEXTO ANTÓNIO LUÍS

TEXTO ANTÓNIO LUÍSFOTOS SM

A cantora sadina Bruna Guer-reiro acaba de lançar dois novos temas “Tu vais ser a tal” e “Pede um desejo a uma estrela”, de Jorge Quintela e Manuela Ma-chado, em todas as plataformas digitais, depois de ter editado o seu álbum de estreia “Piano, Pia-no”, em 2012, com a colaboração de Luís Jardim, que compôs o tema que deu título ao álbum. «Ambos os temas são um in-centivo de força a todos os jo-vens e adolescentes que sofrem de bullying e transmitem a men-sagem de que nunca devemos desistir dos nossos sonhos e não ligar ao que os outros dizem», realça a cantora de 13 anos. Depois de ter sido uma das finalistas do programa The Voice Portugal Kids, da RTP-1, no ano passado, Bruna Guerreiro não pensa, para já concorrer a mais nenhum programa de televisão. «Mas, quem sabe, daqui a uns aninhos. O futuro a Deus per-tence», vinca a artista.

Bruna Guerreiro não escon-de que gostava de gravar um dueto com Rita Guerra e com Dulce Pontes, duas artistas que «admira muito». Grande apaixo-nada pelo canto e pelo violino, a jovem reconhece que já é tempo do seu talento ser reconhecido em Portugal. «No estrangeiro o meu talento já foi reconhecido. Em 2012, na Roménia, recebi o prémio de Melhor Voz e Desem-penho Artístico, entre 21 países, no Festival Internacional Crystal Star e, no Brasil, tenho um clube de fãs», revela, acrescentando que «a diva Daniela Mercury, minha mentora do The Voice Portugal Kids, disse na televisão para toda a gente me ouvir por-que eu era a criança que melhor cantava e que a minha voz era simplesmente maravilhosa». No que toca a CD´s, não está nos seus planos lançar nenhum, por agora. Quanto a concertos, Bruna Guerreiro revela que já tem «muitos» concertos agen-dados para este verão, incluindo um em Agosto no Brasil.

A 9.ª edição dos Encontros de Fado de Almada começou dia 30 de maio, no auditório Municipal Fernando Lopes-Graça, no cen-tro da cidade. A artista convida-da da primeira noite foi Maria Ana Bobone. O evento, iniciativa do municí-pio, pretendem promover o fado e encontrar novos valores artísticos

Setúbal na capital portuguesa da ilustração, na qual marca-ram presença cerca de uma centena de pessoas, André Car-rilho estreou a exposição re-trospetiva “Ver ao Longe”. Os desenhos e cartoons per-correm, com humor, temas nacio-nais e internacionais dos últimos anos, como a dívida e a crise, a «loucura pela tecnologia», a li-berdade de expressão e o terroris-mo, publicados em títulos da im-prensa como o Público, The New Yorker e New York Magazine. Entre as personalidades cari-caturadas, é possível encontrar a pintora mexicana Frida Kahlo, os atores Hugh Laurie (Dr. Hou-se) e George Clooney e o cineas-ta Woody Allen. Um mural com os 25 nomeados aos Óscares de 2015, que esteve em destaque na festa dos Óscares da revista Va-nity Fair, é outro dos desenhos. Em vários locais de Setúbal é possível apreciar diversas ex-posições integradas na Festa da Ilustração.

PRÉMIOS CONQUISTADOS Em 2013 Bruna Guerreiro venceu, no escalão juvenil, o concurso nacional “Lisboa e o Fado” e, no mesmo ano, participou no “Tu tens Amália na voz”, tendo sido acompanhada pelos músicos da grande diva Amália Rodrigues, o que veio comprovar que Bruna é uma «cantora versátil». Venceu 8 festivais da canção e vários prémios de melhor inter-pretação e do público. Do município sadino recebeu o Prémio Jovem Talento. Já atuou em diversos programas de televisão.

AGEN

DA

Bruna Guerreiro lança dois novos temas

Encontros de fado prosseguem em Almada deste género musical. Destina-se a fadistas não profissionais, a nível nacional, com mais de 14 anos. Depois da primeira noite, a segunda eliminatória realiza-se dia 13, às 21h30, tendo Diamanti-na como artista convidada. A fi-nal está agendada para o dia 1, à mesma hora. Rodrigo Costa Fé-lix é o artista convidado.

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CULTURA

SINES6SÁBADO22H“TARTUFO” DA BARRACACentro de Artes de Sines

“Tartufo”, a obra-prima de Molière, pel´A Barraca, é uma ines-quecível sátira sobre a hipocrisia e a crueldade, com encenação de Hélder Costa. A manipulação dos valores e sentimentos, a fa-lência de uma ética e moral necessário para a solidez do tecido social tornam este texto de uma atualidade radical.

SESIMBRA6SÁBADO21H30TEATRO DO VESTIDO APRESENTA “LABOR#2”Teatro João Mota

“Labor#2” é a peça, pelo Teatro do Vestido, que sobe ao palco. Trata-se de uma co-produção Artemrede destinada a maiores de 12 anos. Bilhetes a cinco euros.

MONTIJO6SÁBADO21H30JOVENS APRENDEM A FAZER TEATRO Teatro Joaquim D´Almeida Apresentação final do “Agora faz tu”, uma iniciativa de Rui Catalão dirigida aos jovens. Esta ‘caixa de ferramentas’ ensina a escrever um texto, encená-lo e usar os diferentes materiais de cena. Após 8 sessões de trabalho, dez jovens apresentam o resultado final do seu trabalho.

PALMELA6SÁBADO18HSAPATEADO REINA NO PALCOTeatro S. João O “Tap Dance Day”, com a participação especial de Michel e Nuno Farinha, com entrada livre, é um espetáculo de sapateado que vai ficar na memória de todos. Ingressos a 5, 7 e 10 euros.

ALCÁCER DO SAL7DOMINGO16H“PIM, PAM, PUM” ANIMA CRIANÇASAuditório de Alcácer do Sal A Companhia de Atores apresenta o espetáculo infantil “Pim Pam Pum”, um espetáculo sensorial e de sonhos que estimula competências cognitivas, a imaginação, a linguagem e a expres-são afetiva.

SETÚBAL9TERÇA21H30FF LANÇA NOVO ÁLBUM Fórum Luísa Todi Fernando Fernandes, mais conhecido por FF, apresenta em Setúbal “Saffra”, o seu novo trabalho de originais, que alia a música tradicional portuguesa ao fado. Há ingressos a 12 e a 14 euros. Venceu a “Tua Cara Não Me é Estranha” e participou em vários musicais de Filipe La Feria.

PASSATEMPO GANHE CONVITES PARA “NOITE DAS MIL ESTRELAS” “A Noite das Mil Estrelas”, em cena no Casino Estoril, é um musical de Filipe La Féria que conta a história do Casi-no Estoril e da Costa do Sol desde as suas origens à atualidade. O musical faz reviver no palco os grandes artistas que ali atuaram, como Amália, Maysa Matarazzo, Charles Aznavour, Nina, Simone, José Carreras, Montserrat Ca-ballé, Liza Minelli, Ray Charles, Elton John, entre centenas de estrelas que brilharão no céu do Estoril neste grande espetáculo de La Féria. Alexandra, Gonçalo Salgueiro, Vanessa, Pedro Bargado, Dora, Rui Andrade, Cláudia Soares, João Frizza, Catarina Mouro, David Ripado e Inês Herédia são os protagonistas do espetáculo que apresenta um sensacional corpo de baile, coreografado por Marco Mercier, e três magníficos acrobatas. Para se habilitar aos convites basta ligar 969 431 0 85.

“A Ilha de Plástico” é a peça que a Animateatro estreia este domingo, às 16 horas, no cinema S. Vicente, em Paio Pires, Seixal. Com esta produ-ção, a companhia alia-se às comemorações de “Portugal, capital mundial dos Oceanos”, que decorrem durante o corrente mês de junho. É a sua 23.ª produção para a infância. Ples e Lusco são dois seres estranhos que ha-bitam no meio de um oceano, num local, tam-bém ele diferente… Com a ajuda do público vão perceber que estes dois mundos, embora desi-guais, fazem parte do mesmo planeta, a terra. Parte dela está doente! Há que meter mãos à obra, reciclar, fazer desaparecer esta ilha de plástico. Trata-se de um espetáculo de sensibilização e consciencialização ambiental, que apela à ci-dadania e à participação, e, também, uma cria-ção em que as componentes lúdica e pedagógica se entrecruzam e interligam desde o primeiro momento.

TROCA DE LIVROS INFANTIS NO MERCADO DAS HISTÓRIAS

A biblioteca municipal do Sei-xal acolhe a 6, 13 e 20 deste mês, entre as 15 e as 19 horas, o Mer-cado das Histórias. A iniciativa integra-se nas comemorações do Dia Internacional da Criança. O Mercado das Histórias é uma feira de troca de livros in-fantis para crianças e as suas fa-mílias, com o objetivo de sensi-bilizar para a importância do livro e estimular o gosto pela leitura, incentivando a troca como partilha de recursos e for-ma de renovar leituras e biblio-tecas pessoais.

AGEN

DA

ANIMATEATRO SENSIBILIZA PEQUENADA PARA QUESTÕES AMBIENTAIS

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POLÍTICA

AUTARQUIAS PRESIDENTE DA CÂMARA DE GRÂNDOLA LAMENTA OPÇÃO DO GOVERNO QUE ACUSA DE TER «ESCONDIDO» SOLUÇÃO

A estrada dos mil e um protestos só vai entrar em obras em 2016

LEGISLATIVAS REUNIÃO DOS PARLAMENTARES DO PSD/CDS-PP ASSUME QUE PRIORIDADE DO SETOR SOCIAL É PARA CONTINUAR

Deputados da maioria eleitos pelo distrito já preparam conteúdos para Legislativas

Ainda não será em 2015 que as obras irão avançar no IC1, entre Alcácer do Sal e Grândola, segun-do a empresa Estradas de Portu-gal (EP). A via é considerada como sendo uma das estradas mais pe-rigosas do Alentejo, devido à quantidade de rodeiras e buracos, tratando-se de uma das estradas mais movimentadas da região, por fazer a ligação entre Lisboa e Algarve. A empreitada está orça-da em 6 milhões de euros. A informação de que a obra não vai avançar até final de 2015 foi avançada pela própria EP du-rante uma reunião com o presi-dente da Câmara de Grândola, António Figueira Mendes, a pe-dido da empresa para apresenta-ção do projeto de recuperação do IC1. Uma intervenção – que vai terminar junto à rotunda que faz a ligação ao IC33 e A12 - re-clamada há vários anos e que tem estado na origem de uma de protestos entre autarcas, empre-sários, moradores e automobi-listas. «Não é admissível que passa-do todo este tempo, e depois de todas as diligências levadas a cabo pelas autarquias do Litoral Alentejano, o Governo tenha es-

TEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

TEXTO ANABELA VENTURA

Reuniões, manifesta-ções e protestos em toda a linha não colheram junto das tutelas. E o que esta-va previsto para este ano, foi relegado para o próximo. O presidente da Câmara de Grândola acha «inadmissível».

colhido uma solução que escon-deu das autarquias e das popula-ções e que não resolve a situação», sublinhou o autarca, lamentando os atrasos da recu-peração da estrada que conside-ra «essencial» para o concelho e para a região, mas que se encon-tra em avançado estado de de-gradação. «Tenderá a agravar-se se a intervenção não avançar an-tes do próximo inverno, aumen-tando, ainda mais, o risco de aci-dentes», acrescentou o edil.

20 quilómetros de estrada muito acidentados

Ao longo dos cerca de 20 qui-lómetros de estrada, entre Alcá-cer do Sal e Grândola, não faltam testemunhos de acidentes, al-guns graves, nem de manifesta-ções contra o estado da via, onde cada vez há mais buracos, exi-bindo rodeiras ameaçadoras para quem vai ao volante. A Comissão de Utentes saiu recentemente à rua para uma

marcha-lenta, com o propósito de exigir ao Governo «que pro-mova, com carácter de urgência, as necessárias obras de reabilita-ção de todo o troço rodoviário que liga estas duas importantes e estratégicas cidades do Litoral Alentejano», referiu Manuel Ro-cha, garantindo que «os cidadãos do Litoral Alentejano e em parti-cular dos concelhos de Alcácer do Sal e Grândola, têm vindo a sofrer, de alguns anos a esta par-te, com as inaceitáveis e revol-tantes condições de degradação e insegurança da via». A Câmara Grândola recorda ainda que há mais de um ano que aguardava por uma reunião com a EP, para analisar a situa-ção do IC1, mas também solu-ções para o Bairro do Isaías, cru-zamento para Santa Margarida da Serra, ligação AREAL – Carva-lhal e Nó do Lousal. «À exceção da apresentação do projeto de recuperação do IC1, todos os res-tantes assuntos ficaram sem qualquer resposta», lamenta a autarquia, levando António Fi-gueira Mendes defender que «é necessário continuar a lutar por melhores acessibilidades para a nossa região», disse o autarca.

Foi a primeira de várias reuniões de balanço e perspetiva entre os dois parti-dos, agora que está assumida uma lista conjunta nas próxi-mas eleições legisla-tivas. O setor social, que a coligação diz ter sido um dos seus melhores trabalho no distrito, vai conti-nuar a ser prioridade.

Os deputados da coligação PSD/CDS-PP afirmaram esta semana que a área social «vai continuar a ser uma prioridade e destacam o trabalho do governo, nomeada-mente na criação do Plano de Emergência Social (PES).

Esta posição foi uma das grandes conclusões saída da reunião entre os deputados das duas forças políticas e a diretora do Centro Distrital de Setúbal da Segurança Social, Ana Clara Bir-rento. «Este Plano de Emergên-cia veio minimizar os efeitos so-ciais da crise mais difícil da nossa história, motivada pela governação do PS nos ter levado à bancarrota», sublinha Nuno Magalhães, deputado e líder da distrital de Setúbal do CDS-PP. O parlamentar, disse ainda que, neste âmbito, «os idosos, as famílias monoparentais, as crianças e as pessoas portadoras de deficiência estiveram sempre no centro deste Plano, e das nos-sas preocupações». Sobre a situação na Seguran-ça Social, Nuno Magalhães rea-firmou que «ao contrário do que a oposição repetiu, e mentiu, não existiram despedimentos na Segurança Social, mas sim uma requalificação. Prova disso é que cerca de 30 por cento dos funcionários já estão colocados noutros serviços públicos, espe-rando-se para breve, mais colo-cações».

As «mentiras» em redor das comissões de menores e elogios a Clara Birrento

Já Bruno Vitorino, presidente da distrital de Setúbal do PSD, re-conheceu a existência de alguns problemas ao nível das comissões de proteção de crianças e jovens, mas que «foram rapidamente ul-trapassados». Em jeito de balanço, o deputado ‘laranja’ garantiu que estes centros «estão a funcionar em pleno, cumprindo a Segurança Social na íntegra a representação a que é obrigada por lei, e os rá-cios de processos por técnico, bem como os tempos de afetação». Ainda sobre o mesmo assunto, que gerou grande confrontação política no distrito durante esta le-gislatura, os deputados dos dois partidos lamentam que os parti-dos da oposição continuem a uti-

Os deputados do PCP eleitos pelo Círculo Eleitoral de Setúbal vão esta terça-feira «prestar contas» do trabalho desenvolvi-do na Assembleia da República durante a última legislatura. A iniciativa decorre num café situ-ado no Parque Urbano de Albar-quel, em Setúbal e vão estar pre-sentes os deputados Francisco Lopes, Paula Santos e Bruno Dias. “É uma prática regular e dis-tintiva dos eleitos comunistas em cada final de legislatura e va-mos fazer o balanço da nossa ati-vidade no Parlamento”, explica uma nota do gabinete de im-prensa do Grupo Parlamentar do PCP.

Parlamentares do PCP apresentam contas em Albarquellizar problemas pontuais e rapida-

mente ultrapassados, como se tratassem de questões gravíssi-mas e inultrapassáveis. «Usar es-tas comissões somente para espa-lhar o medo e a mentira, não ajuda ao normal funcionamento das instituições, e prejudica clara-mente a imagem do distrito de Se-túbal», afirmaram. No final da reunião, e segundo o comunicado distribuído à im-prensa, os deputados assinalam também «com satisfação», o traba-lho desenvolvido por Ana Clara Birrento, cujo desempenho, segun-do sublinham, «permitiu resolver muitos problemas herdados do anterior governo, que incentivou a construção de equipamentos, sem garantia de acordos de coopera-ção, colocando, muitas vezes, em causa a sustentabilidade das insti-tuições».

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DESPORTO

Venâncio entre os eleitos de Rui Jorge

MOTOCICLISMO MIGUEL OLIVEIRA, DE 20 ANOS, VENCE GRANDE PRÉMIO MOTO GP EM ITÁLIA

Piloto de Almada faz história no motociclismoTEXTO MARTA DAVIDIMAGEM SM

TEXTO MARTA DAVIDIMAGEM SM

Miguel Oliveira, de 20 anos, natural de Almada, fez história e lançou o motociclismo nacional em outras corridas. O piloto diz-se ter emocionado. «Foi especial ter sido esperado por tanta gente no aeroporto».

O defesa do Vitória de Setúbal, Frederico Venâncio, está em os pré--seleccionados para participar, ao serviço da seleção nacional, na fase final do Campeonato da Europa de Sub-21, a realizar entre 17 e 30 de Junho, na República Checa. O atleta é uma das peças fundamentais do clube sadino.

Pela primeira vez um piloto português vence um Grande Prémio de Motociclismo. Miguel Oliveira, o piloto de 20 anos, na-tural de Almada, fez história ao ter vencido, no passado domin-go, o Grande Prémio de Itália na categoria de Moto3. A conquista emocionou o atleta que, já há bastante tempo, procurava um lugar no topo. Esta classificação foi o resultado de uma prova estrategicamente bem conseguida e é motivo de orgulho para o piloto. «Já estava à procura da primeira vitória há muito tempo e quando cruzei a linha de meta fiquei bastante emocionado. É um esforço mui-to grande, desde há muitos anos que ando a trabalhar para a pri-meira vitória e ser o primeiro e único português a fazê-lo é mui-to especial», afirmou o piloto à chegada a Lisboa onde foi rece-bido por várias dezenas de pes-soas que o quiseram saudar e felicitar pelo triunfo.

Prova intensa, mas com estratégia bem delineada

Numa prova intensa, em que a liderança foi sendo repartida, Miguel Oliveira chegou ao pri-meiro lugar a doze voltas do fim. A estratégia bem delineada le-vou-o ao triunfo. «A corrida foi muito interessante. Na reta tinha a estratégia de não sair sempre em primeiro, mas ia experimen-tando e era muito difícil que me ultrapassassem até à linha de meta. Na última volta tentei sair em primeiro e lutar pela vitória e conseguimos». O objetivo agora é chegar ao Moto GP, a categoria topo do motociclismo. Um caminho que parece estar a ser trilhado com a devida calma e ponderação, mas que para o atleta, será inevitável a curto prazo. «A ambição de qualquer piloto é chegar à cate-goria rainha. Neste momento estou no caminho certo», admite ao mesmo tempo que ambiciona

conquistar o título Mundial. «Neste momento o meu objetivo é pontuar sempre em grande, estar sempre no pódio e não co-

meter muitos erros e no final fa-zem-se as contas, mas eu julgo que somos capazes de lutar pelo Campeonato do Mundo».

Isa Sebastião em busca de recorde mundial

A atual campeã nacional de stand up paddle board tenta ba-ter, este fim-de-semana, no rio Sado, o recorde do mundo de maior distância percorrida num rio, sem paragens. A remar em pé, em cima de uma prancha, Isa Sebastião vai

tentar percorrer mais de 130 quilómetros, no prazo de 24 ho-ras, com início este sábado, às 18 horas. A tentativa será feita no rio Sado e o ponto de apoio é em Al-cácer do Sal, e o percurso ligará Tróia a Vale do Guizo.

Isa Sebastião, vencedora de várias provas nacionais e for-madora da modalidade, desde 2010, deveria ter levado a cabo esta iniciativa a passada sema-na, mas a data prevista acabou por ser adiada devido às condi-ções climatéricas.

Frederico Venâncio, o defesa do Vitória de Setúbal, está entre os 25 jogadores pré-selecionados pelo treinador Rui Jorge para participar na fase final do Cam-peonato da Europa de Sub-21, a realizar na República Checa en-tre os dias 17 e 30 de Junho. O jogador sadino já tinha es-tado entre os eleitos do selecio-nador nacional para os confron-tos frente à Dinamarca e à República Checa, em Março deste ano. Frederico Venâncio tem con-trato com o Vitória até 2018 e é uma peça fundamental na equi-pa vitoriana, tendo sido utiliza-do, desde a estreia em Janeiro de 2013, em perto de sessenta partidas nos campeonatos da I Liga de 2012/2013 até à presente temporada. Para além de Venâncio há outro jogador das escolas do Bonfim a integrar o lote de con-vocados, o almadense Ricardo Horta, atualmente ao serviço do Málaga. A seleção das quinas conse-guiu um apuramento cem por

cento vitorioso e integra o Gru-po B do Campeonato da Europa, onde defronta a Inglaterra, a Itá-lia e a Suécia. O título de cam-peão europeu é o objetivo traça-do por Rui Jorge e pelos seus pupilos, mas em causa está tam-bém o apuramento para os Jo-gos Olímpicos do próximo ano. A comitiva lusa parte para a República Checa, no próximo domingo, dia 14 de Junho.

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NEGÓCIOS

VINHOS EMPRESÁRIO REVIVE MEMÓRIAS DE ÁFRICA E EXPLICA PAIXÃO PELA ATIVIDADE AGRÍCOLA

Projeto vitivinícola em Azeitão abre livro de memórias de Paulo MaloTEXTO RAUL TAVARESIMAGEM SM

Recebeu as primei-ras responsabilida-des ainda nem tinha doze anos. E foi cumpridor. Diz-se um homem do cam-po e é aí que se sente como peixe-na--água. Paulo Malo, o conhecido empresá-rio, que corre o mundo dos negó-cios, está agora apostado em fazer vingar os seus vi-nhos, às portas de Azeitão. Fica o regis-to de algumas das suas memórias.

Paulo Malo tem uma gigantesca costela de homem do campo. É um português do mundo, mas não esquece as suas raízes an-golanas. Antes de casar, o pai foi sempre caçador profissional em terras africanas , mas o ultimato da jovem esposa levou-o a se-guir as pisadas agrícolas, tor-nando-se detentor de duas grandes herdades, uma com 5 mil hectares, onde se dedicava a culturas de regadio e outra, bem maior, com 40 mil hectares, onde se espraiavam milhares de cabeças de gado em pastoreio. Foi nessa ambiência que o empresário de sucesso viveu a sua meninice e depois parte da sua adolescência. «Lembro que

aos doze anos já guiava camiões e fiquei encarregue pelo meu pai de acompanhar a vedação da propriedade, ficando responsá-vel por abastecer cerca de vinte indivíduos, levando material, vi-veres e tudo o que necessitavam. Trabalhava de sol-a-sol, em to-dos os fins-de-semana, quando os meus amigos iam divertir-se. Foi uma grande aprendizagem», relembra ao Semmais. A mãe, cuidadosa, preocupa-va-se pelo esforço, o pai admira-va não querer ajuda. Paulo Malo apenas queria cumprir. «Hoje devo tudo à forma como o pai me educou, o meu sucesso deve-se a essa relação», afirma. E os valo-res são sagrados. «Sempre me dizia que a honestidade, o respei-to pelos outros, o ser rigoroso e não aceitar desculpas pelas fa-lhas, ao contrário de as resolver, eram a base de tudo», consagra nas palavras do progenitor. Foram tempos felizes e ficou a vida no campo. Tanto assim que não mais largou as ativida-des agrícolas. Em Portugal o grupo que fundou e lidera dedi-cou-se e ainda se dedica à cria-ção de porcos bísaros (a raça do famigerado leitão da Bairrada) e vaca marinhoa. Aliás, foi mesmo o seu primeiro negócio no país, com a aquisição de uma quinta, em Coimbra, que ainda hoje existe. «Começamos com ove-lhas, depois vacas e finalmente os porcos. Hoje somos os maio-res criadores de porcos bísaros do país, salvamos a espécie e es-tamos a fazer o retrocesso gené-tico, numa exploração que não tem parado de crescer», afirma. Entre porcos e vacas de raça em vias de extinção, Paulo Malo ainda ajudou a criar, com o irmão Pedro, uma grande empresa de distribuição e lançou o seu univer-so dentista, o primeiro em Portu-gal a inovar em diversas técnicas hoje reconhecidas mundialmente.

A paixão pelos vinhos e o projeto Malo Tojo

A sua chegada ao mundo dos vinhos é uma história de acasos. Nada foi deliberado. Paulo Malo, por diversas vi-cissitudes, veio a operar Ma-nuel Beatriz, proprietário da herdade onde hoje nascem as vinhas que dão o corpo e a alma aos seus vinhos de elei-ção (ver segundo texto). «No mesmo dia que fiz o trans-plante ósseo ao Eng. Manuel Beatriz, fi-lo também à minha mãe. Era uma técnica que já trazia dos meus tempos na Bélgica e que só durou cerca de três anos, uma vez que de-senvolvi um novo procedi-mento que já dispensa esse processo», explica o empresá-rio. Essa relação médico/pa-ciente abriu-lhes as portas da amizade. E Paulo Malo passou a deslocar-se, não raramente, à herdade de Manuel Beatriz, onde levava amigos chineses e americanos. Apaixonou-se pela zona. «Se pudesse vivia aqui», refere, enfaticamente. Foi ali, mesmo antes de entrar na parceria que havia de levar a empresa vitivinícola em frente, que produziu o vinho com o seu nome. «Foram coin-cidências e até destino. Sabia que o projeto tinha potenciali-dades e estava amarrado es-trategicamente. E fiz várias tentativas para ajudar a en-contrar soluções». Mas estava escrito que have-ria de entrar no negócio, mesmo contra ventos e marés, aceitan-do o convite do seu atual sócio, corria o ano de 2005. «Sabia que este projeto teria de voltar-se para a internacionalização e po-dia aproveitar a rede de contatos e escritórios que já tinha em muitos países».

Ganhar identidade, inovar e sair fora de portas

Até à chegada de Malo, os vi-nhos de Catralvos vendiam-se a garrafões de 5 litros. «Era um crime», enfatiza Paulo Malo, de-tentor, desde 2009, de 51 por cento da empresa. Com mais de sete marcas, seria difícil ganhar identidade e havia ainda a ques-tão do design por resolver. «A primeira medida foi melhorar a qualidade do produto, a segun-da foi trabalhar o design, com rótulos mais apelativos, simples e modernos, e a terceira foi criar uma marca única. Finalmente apostar tudo na exportação. É esse o caminho e assim um pro-jeto que estava mais ou menor morto, ganhou uma nova vida», explica o empresário. É ele, afinal, que cria rótulos, com apoio técnico à posteriori da equipa gráfica do seu grupo. E é Paulo Malo que faz um bo-cadinho de caixeiro-viajante: «Mais de 90 por cento dos con-

O projeto da Quinta de Catralvos, onde hoje pontificam os vinhos Malo Tojo, é também uma história de amizade e respeito mútuo. Adquirida pelo empresário Manuel Beatriz, fundador de empresas líderes de mercado como a Premolde e Imperalum, nos anos 80, a herdade Quintas de Azeitão lançou-se no proje-to vitivinícola em 1992. «Foram doze anos de grande odisseia, difíceis, porque apesar de estar tudo tra-tado do ponto de vista técnico e legal, os vários poderes e a burocracia, não permitiram arrancar e por isso perdeu-se a década de ouro da atividade vinícola», explica ao Semmais. Foi durante esta cruzada que Paulo Malo, primeiro «para ajudar o amigo» e depois para mudar a face estratégica do projeto, com a internacionalização, entra na parceria, corria o ano de 2009. «Costu-mo dizer que ele (Paulo Malo) é responsável por me ter dado duas novas vidas. Primeiro porque fez o transplante ósseo - na sequência de um gengivite que me fez perder os dentes) - que me permitiu voltar a viver com normalidade na minha atividade pública e, depois, ao colocar-se ao meu lado, como parcei-ro, para tornar este sonho realidade», relembra Manuel Beatriz. Uma admiração que é reconhecida por Paulo Malo: «Apercebi-me que este era um projeto ganhador e, numa primeira fase, tentei arranjar “know how” para ajudar o Eng. Manuel Beatriz, que já admirava muito, porque este tipo de empresários, que empreendem e arriscam aos 60 anos de idade, são raros no nosso país», diz. E tentou. Tentou ao ponto de se deslocar meia dúzia de vezes a França, procurando ajuda técnica, com enólogos, parceiros com interesse no setor. «Fiz todos os possíveis, mas o impasse levou-se a pon-derar o convite para entrar pessoalmente. Não foi fácil, porque a minha esposa na altura, achou que não o devia fazer, e vivíamos o início da crise. Eu, pessoalmente, sabia que rumo dar ao projeto e avançar com a internacionalização, alavancada com a rede de negócios que tinha um pouco por todo o mundo», lembra.

UMA AMIZADE FIRME QUE DEU EM PARCERIA

tatos no estrangeiro são feitos por mim, aproveitando as mi-nhas deslocações ao estrangei-ro», atira. Neste momento, não há grande sossego. «Estamos a dis-parar em todas as direções, por-que queremos chegar aos 90 por cento da produção escoada para fora do país», afirma. Sem esquecer, contudo, que os vi-nhos Malo estão standartizados nas gamas média/alta. E explica porquê: «Já há dificuldades da marca vinhos de Portugal con-solidar presença internacional, e um vinho barato gera descon-fiança. Desta forma temos mar-gem de progressão e os nossos premium e gold já começam a ganhar terreno». Paulo Malo fala de uma vira-gem constante no seu projeto às portas de Azeitão. Um frenesim que o motiva e galvaniza. Um re-gresso ao campo, onde se sente «mais livre» e onde não deixa de buscar lembranças e a magia das memórias.

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NEGÓCIOS

Herdade de Azeitão tem 100 ha e prepara ‘revolução’ a cinco anos

TERMINAL DA SECIL BATE RECORDES DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGA

A propriedade onde se produ-zem os vinhos Malo tem 100 hectares e é uma das maiores da Europa. É ali que nascem as su-periores vinhas de brancos e agora moscatel roxo, alguns de-les premiados dentro e fora de portas. «É uma zona típica para este tipo de vinhos, devido à proximidade do mar. Noutra herdade, em Pegões, o mesmo se passa com os seus tintos. O projeto inclui também uma zona de eventos, com catering à base de gastronomia regional e o enoturismo, com um pequeno hotel e bungalows (em Pegões). Atualmente a produção total ronda os 600 mil litros, mas «é para crescer», segundo Paulo Malo, secundado pelo seu sócio, Manuel Beatriz, e o seu diretor--geral, Helder Galante, um pro-fissional nesta roda vitivinícola. «As exportações valem hoje 30 a 35 por cento, mas queremos chegar aos 90 por cento e, des-tes, 50 por cento em vinhos de média e alta gama», explica a es-tratégia. Paulo Malo quer fazer vincar este desígnio nos próximos cin-co anos. E garante novas ideias,

uma das quais lançar uma mar-ca nova só para vinhos «mais baratos e correntes, sem esque-cer a qualidade», para além de novas associações e parcerias, uma delas, «bem avançada», com um produtor conhecido de vinho do porto. «Só desta forma, em conjunto chegamos mais fortes e mais longe», afirma. Insistente e persistente, o em-presário aplica à dimensão em-presarial da genética a que per-tence. «Não sou de desistir e sei que neste mercado há que viver de perto com a frustração. Mas já que atravessamos as maiores tormentas, estamos para ganhar a luta», deixa sair, categórico. A china é um dos grandes alvos, mas também todo o mercado asiático, de que é exemplo o Vietname, onde os vinhos Malo são os únicos de origem portuguesa. E também os Estados Unidos, mas a cru-zada é universal, nas palavras do empresário: «Estamos a tentar o Japão e o mercado brasileiro, onde os vinhos por-tugueses têm bom nome, sem esquecer Angola e todos os pa-íses de expressão lusófona».

Um processo gradual que a cada passo vai crescendo em penetração. E por isso, como sublinha, «sinto que já se vê a rocha a rachar».

A unidade fabril da Secil, no Outão, em Setúbal, registou durante o mês de Maio dois recordes consecutivos, ao carregar dois me-gas-navios no seu terminal, o “Glory Sky”, com 145 metros, e o “Mariana”, com 195 metros. O primeiro navio carregou 11 mil toneladas de cimento e o se-gundo duplicou a carga, acondicionando 22 mil toneladas daque-le betão. Benim e Costa do Marfim, foram os destinos, respetiva-mente. Em declarações ao Semmais, Nuno Maia, diretor de comuni-cação institucional da empresa, afirmou que os dois recordes re-presentam não só «um bom volume de vendas em cimento a gra-nel e ensacado, como também uma elevada capacidade de carregamento do cais, o que constitui uma enorme vantagem competitiva para a empresa, para a região e para o país». Recorde-se que o ano passado a empresa exportou cerca de 80 por cento da sua produção maioritariamente para os mercados do Norte de África, África Ocidental e América Latina. Para este ano, prevê-se um aumento do volume de exportações e, segundo Nuno Maia, «um incremento de movimentação de carga supe-rior a 10 por cento».

TEXTO JESSICA PROENÇAIMAGEM SM

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OPINIÃO

PENSO, LOGO INSISTO.

Fernando ZieglerColaborador

Apesar da vontade do conde D. Henrique (vassalo do Rei de Leão), da disposição de seu filho, D. Afonso Henriques, da conveniência papal e do desejo da população que habitava oterritório que viria a tornar‐se Portugal, a decisão de criar este país esteve conscientementecentrada num grande monge cisterciense, São Bernardo de Claraval (Dijon/ Borgonha,1090 – Claraval,1153). Política e espiritualmente influente em toda a Europa, possuia S. Bernardo uma tão sólida quão vasta cultura humanista, tendo inclusivamente sido escolhido por Dante para seu guia no Vale do Paraíso, referido em ‘A Divina Comédia’. O que não é pouco, já que Dante (Floren-ça,1265 – Ravena,1321) – ‘a

imaginação mais fogosa que jamais existiu, mas também a mais obediente’, segundo Emile Mâle – é juntamente com S.Tomás de Aquino, na opinião daquele autor,“o grande arquitecto do século XIII”, em termos da estruturação do pensamento. E S.Bernardo, enquanto mestre espiritual de Dante e com ligações a D. Afonso Henriques (1109-1185) ainda se caracterizava por uma enorme visão geo-estratégica.No século XII o grande perigo para a Europa cristã era o Islão, que territorialmente a cercavacomo uma meia-lua com uma ponta dirigida ao sul, através do norte de África, e com outra aonorte, pelos Balcãs.Para travar esta ameaça, planifi-cou S. Bernardo uma estratégia

tripartida de ataque ao Islão,cujo coração sagrado se repartia por Meca, Medina e Jerusalém. Começou por desenvolver a Ordem dos Templários em Portugal para tamponar a frente sul, enquanto a norte da Europa criou a Ordem Teutónica para suster os perigos vindos do oriente. Se estas duas acções são de caracter defensivo, já a tentativa de tomar Jerusalém, alegada e oficialmente para libertar oSanto Sepulcro (… e certamente que não só para isso) teve uma forte componente ofensiva erequereu uma enorme logística e preparação.Dada a dificuldade em chegar a Meca e Medina, situadas na Península Arábica, apresentava--se Jerusalém como possuindo

Um amigo meu esteve na cidade do México. Encontrou este mural no centro da cidade. Letras vermelhas em fundo branco. Urgência e clamor ao mesmo tempo. Karl Marx no aeroporto esperando uma ligação com a utopia.Perguntei ao meu amigo: “quando tinha sido a última chamada?”. Ele respondeu-me: “que ainda haveria de ser, num dia como os outros, sem que ninguém o percebesse de imediato”.Eu sinceramente não entendi. Pareceu-me um misticismo materialista ou qualquer coisa entre qualquer coisa. Ele também me disse “que os proletários são cada vez mais os precários e que os precários são cada vez mais”. E ainda que “os proletários são quem espera e não alcança”, acrescentou até que “tendencialmente somos todos proletários, menos os 1% que de tão ricos nos empurram para a nova luta de classes”. “A nova velha” concluiu. Aliás segundo a britânica Oxfam, num relatório divulgado no início deste ano, em 2016, já para o ano, 49,27% da riqueza mundial estará nas mãos dos tais 1% da população.Tudo isto me deixa cada vez mais perplexo. E mais cheio de dúvidas. Não deixo de reconhe-cer o fascínio de uma frase escrita em 1848. De tão velha, estranha. De tão estranha, desafiadora.Depois de um século de ridícu-las ditaduras e absurdos ditadores, em nome de quem nunca deixou de ser explorado, o que ficou desse desafio? O que ficou de quem (como agora se diz) decidiu pensar “fora da caixa”? Que mundo é preciso

mudar? Que coisas não vale a pena interpretar?Entretanto, hoje em dia, ninguém, mesmo ninguém, quer ser radical. Radical é quase uma palavra maldita. Todos querem estar no centro. Quando foi precisamente o centro que desenvolveu a mais radical política dos últimos anos. Política que nos levou a isto. E todos sabem o que é isto. Basta olhar à volta. Basta ter vivido neste país nos últimos anos.Pois o centro parece ser a continuação dos mesmos “negócios” de sempre. A mesma promiscuidade. A mesma demência. A longa sombra do

Dr. Salazar. Os contribuintes (você!) a pagar e a suportar as aventuras de uns quantos. Tivemos o BPN. E a seguir o BES. E a seguir quem sabe o quê? No entanto voltaremos, uma e outra vez, a apostar no centro.Quem sabe, afinal, se a loucura não tomou conta do centro. Mascarando-se de normalidade. Quem sabe se não procuram que não pensemos. Quem sabe se somos nós que nos conven-cemos que a alternativa não existe. Olhamos e vimos apenas: o mesmo. Mesmo que o mesmo seja a continuação do que não faz qualquer sentido.A “última chamada” para os proletários, talvez seja afinal a “última chamada” para cada um de nós. E a “última chamada” apenas diz: pensem pela vossa cabeça, sejam cidadãos! Talvez seja o tempo de fazermos parte da solução. E voltemos ao que já fomos sem saber: a razão de ser do país.A “última chamada”, para quem quer e pode fazer a diferença, ecoa todos os dias. Repete-se sem prazo nem horário nem validade. Proletários, ou talvez não, somos chamados a participar. No condomínio ou no bairro, na cidade ou no país. Porque “quem espera sempre alcança” … coisa nenhuma.A apatia cívica é o começo da desigualdade.Cidadãos de todos os países uni-vos!

Proletários de todos os países: uni-vos! Última chamada.

A galinha dos ovos de ouroTURISMO SEMMAIS

Jorge Humberto SilvaColaborador

BOCA DE CENA

Rodrigo FranciscoDiretor da CTA

o melhor acesso, com um dia de marcha a partir dos navios queaportavam no Mediterrâneo. Mas vindo os Cruzados do norte da Europa, aqueles que sedeslocavam por barco tinham de passar pela costa portuguesa rumo a Gibraltar. Este factoaconselhava a que se tivesse de libertar Portugal do poder muçulmano, situação que entreoutras muito terá pesado no clarividente propósito da sua criação. E D. Afonso Henriques terá aproveitado a circunstancia

Refrescar a memória

da passagem dos Cruzados por aqui para lhes pedir uma preciosa ajuda na tomada de cidades como Santarém e, definitivamente, Lisboa porque esta já por sucessivas vezes havia sido tomada aos mouros pelo Rei de Leão, e depois perdida. Constactamos, assim, que muito do que é hoje a Europa, apesar de política e socialmente fragmentada, se deve à visão e planeamento de um monge cisterciense do século XII.

(...) hoje em dia, ninguém, mesmo ninguém, quer ser radical. Radical é quase uma palavra maldita. Todos querem estar no centro. Quando foi precisamente o centro que desenvolveu a mais radical política dos últimos anos. Política que nos levou a isto. E todos sabem o que é isto. Basta olhar à volta. Basta ter vivido neste país nos últimos anos.

O segredo de que Lisboa poderia transformar-se num paraíso turístico, mais ou menos guardado nos últimos anos, acabou por revelar-se de Polichinelo. As companhias aéreas low-cost acomodaram--se no Terminal 2 da Portela (e, como que por milagre, o segundo aeroporto de Lisboa, tornado tão necessário pelos lobbies do costume, eterificou--se); as revistas de turismo propalaram as maravilhas do “último segredo” da Europa por descobrir; o fado a património mundial deu uma ajuda e – hop--lá – o resultado aí está à vista.Lisboa tornou-se numa Disneyland de fim-de-semana para hordas de turistas que se encavalitam nos hostéis do centro, mascarados para as respectivas despedidas de solteiro, embebedando-se ruidosamente no Bairro Alto, e jantando no McDonald's do Rossio, não sem antes experi-mentarem o famoso louro (ou caldo knorr) que os passadores lhes impingem sub-repticia-mente à beira do Nicola.E é isto. Não há esplanada em que se possa estar sossegado: o direito ao silêncio é ininterrup-tamente achincalhado por qualquer produtor de sons equipado de um amplificador. Deixámos de ser um país de “empregados de mesa e taxistas”, como dizia O’Neill, para darmos lugar aos Tuk Tuk’s: já repararam na fluência em inglês dos jovens conduto-res desta praga? Quem disse que o investimento na aprendi-zagem da língua de Shakespeare não ia dar resultados? O mercado tradicional deu lugar

ou a lojas modernaças, que não se cansam de desenvolver o design em torno do Galo de Barcelos, ou de bazares que vendem ou estampinhas do Cristiano Ronaldo ou postais todos iguais – ou nada, que a turistada compra, porque é barato.Bem sei que quem fala contra as maravilhas economicistas do turismo é imediatamente apelidado de bota-de-elástico, ou antiquado, ou parolo – ou snob. O problema é que me parece que o encorajamento dos “produtos turísticos” não é inocente – nem é inocente a lógi-ca neo-liberal de subjugar os eventos culturais à matriz do lucro gerado. Discretamente, deixa de ser importante, por exemplo, a qualidade artística dos eventos – estou a falar de festivais, pois então – para se contabilizar o número de dormi-das geradas, a quantidade de refeições, etc. Cultura não é turismo.Lisboa é uma das cidades mais belas do Mundo. E ainda por cima situa-se num país da Europa do Sul. Num país pobre da Europa do Sul. Creio que todos teríamos a ganhar se olhássemos, por exemplo, para o que aconteceu a cidades (e aos habitantes delas) como Barcelo-na, Veneza, ou Praga. Não vale a pena tentar voltar a esconder o segredo. Os operadores turísticos já sabem que Lisboa é bonita, segura e relativamente barata.Mas creio que nos cabe a nós não deixar que se repitam cá as práticas que já deixaram outras cidades europeias inabitáveis. Uma cidade sem habitantes é um cenário-fantasma. De nada servem os ovos de ouro se não houver galinhas que os ponham.

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OPINIÃO

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POLÍTICA MESMO

Vitor RamalhoAdvogado

O Presidente da República anunciou no estrangeiro, concretamente na Noruega, que as eleições legislativas iriam ocorrer em outubro, limite dos limites do prazo para que tenham lugar.Alheio à razoabilidade e às sugestões dos mais variados analistas, senão mesmo da totalidade, o Presidente não quis deixar de, até ao undécimo segundo, proteger o governo da coligação de direita que, entre outras malfeitorias tem vendido o país a retalho.Ao tomar esta atitude, o Presi-dente da República sabia que estava a dar tempo ao governo para usar as instituições públicas como plataforma para persistir em atos de propaganda, indiferente ao agravamento da situação económica e social de Portugal e dos portugueses. É mais importante para o governo vender símbolos nacionais como a TAP e a qualquer preço… Parece ser ainda indiferente ao Presidente da República que o próximo Orçamento de Estado, para 2016, não entre em vigor no dia em que devia, 1 de janeiro, e que a tão apregoada estabilida-

de que diz defender nãonão possa ter lugar.O Presidente da República, no meio de tudo isto, não se deu ainda conta que a sua palavra já de nada conta para os portugue-ses.Tudo ocorre num período de grande e grave crise na EU, com reflexos sérios em Portugal, agravados por total ausência de estratégia deste governo.A situação que o país vai ter de enfrentar não é nada fácil e mais uma vez o PS vai ter de ter coragem face aos desafios que se deparam ao país, como o fez nos anos de 1975, 1976, 1983-1985, finais de 1995 a 2001 e 2005 a 2011.E se nos reportamos ao PS é porque será o partido mais votado nas próximas eleições. Seria a continuação da catástro-fe se assim não fosse.Perante os enormes desafios que o PS terá pela frente, as exigências de transparência e rigor começam desde logo na escolha de candidatos nas listas de deputados para as próximas eleições.Sendo o PS um partido plural nas sensibilidades, como sempre

foi, não é porém um partido de frações, em que estas se sintam no direito de reclamarem percentagens na composição de listas a deputados. Sensibilidade e fracionismo não andam de mãos dadas.A unidade de um partido rege-se por princípios e valores em redor de políticas e é na base destas e da competência e credibilidade publica dos seus militantes e simpatizantes que se selecionam os candidatos a lugares. Este deve ser e é a pedra de toque das escolhas. As sensibilidades devem ser manifestações de vontade para enriquecimento do todo e não para proveito de parte.A política e o seu exercício no mundo e também em Portugal estão agora no patamar de um novo ciclo. O mundo e a política mudaram e os militantes, por o

Por vontade própria, ou fruto de outras circunstâncias, todos os possíveis candidatos mais cotados à esquerda afastaram--se do tabuleiro político deixan-do espaço a António Sampaio da Nóvoa, de quem também há muito se falava. Professor e ex-Reitor da Universidade de Lisboa, Sampaio da Nóvoa tem um currículo académico irrepreensível e é um orador empolgante, que deu nas vistas recentemente. Tais qualidades seriam suficientes para protago-nizar uma candidatura presiden-cial análoga à de Fernando Nobre; mas a novidade, é que Nóvoa pode mesmo ir mais longe.Perante este cenário, não faltará quem ataque violentamente a candidatura, denunciando a sua inexperiência política. Mas serão estas críticas realmente proce-dentes? Com a normalização democrática, é comum que se verifique um certa tendência para a «profissionalização» da atividade política: assim, no Parlamento, no Governo ou até mesmo nas Autarquias Locais encontramos muitos protago-nistas que apesar da eventual formação noutras áreas, se dedicam exclusiva ou quase

exclusivamente à atividade política. Tal nada de tem de censurável, constituindo uma opção nobre de dedicação à vida pública, com ganhos evidentes em experiência e conhecimento dos partidos e da Administração. Mas é preciso que com isso não se ofusque o essencial numa República: qualquer cidadão, em qualquer momento da vida, pode representar a comunidade.Além disso, nada na delimitação constitucional do estatuto do Presidente da República exclui a candidatura de um cidadão sem experiência política ou reco-menda um candidato com atividade partidária: assim, as candidaturas são de cidadãos e não de partidos e postulam uma maioria alargada que raramente é conseguida em eleições nacionais por um partido ou uma coligação de partidos; de resto, mesmo nos presidentes que foram primeiros-ministros ou líderes partidários, a prática política confirma a sua indepen-dência perante os partidos e os outros órgãos, e nem mesmo em situações de confluência, o Presidente se comportou como líder da maioria, ao contrário do que sucede, por exemplo, no sistema de governo francês.

Por outro lado, se é certo que Eanes – também ele sem qualquer alinhamento partidá-rio prévio e «catapultado» para a cena política abruptamente, na sequência do 25 de novembro – poderá não ser o melhor exemplo de um Presidente «politicamente estreante» – por ser muito diferente o contexto pós-revolucionário em que começaram os seus mandatos do vivido atualmente – a prova cabal de que a experiência não é tudo encontra-se no Chefe de Estado cessante: nenhum outro político em democracia exerceu tanto tempo responsabilidades políticas cimeiras, como Cavaco Silva; em contrapartida, nenhum outro Presidente foi tão impo-pular ou teve um conceção tão apagada e errática dos seus poderes.É claro que numa função totalmente política como é a Presidência da República, a experiência é um fator importan-

Sampaio da Nóvoa candidato presidencial

ACTUALIDADES

Ricardo BernardesJurista e Professor Universitário

serem, não têm nem podem ter como objetivo fazer carreira nos partidos, alheios aos interesses nacionais que são a razão última de ser dos próprios partidos.A responsabilidade pedagógica de defender em todos os azimutes os desafios deste novo ciclo, inclusive no domínio das escolhas de candidatos a deputados, não é uma questão menor. Daí a grande responsabilidade que têm os dirigentes nacionais em cuidar dessa defesa.As próximas eleições impõem listas de candidatos com reconhecida credibilidade perante os eleitores, com escolhas corajosas e avaliação do que são e do que fizeram de forma transparente e não por serem deste ou daquela sensibilidade. Não há outro critério.

As listas de candidatos e o PS

Com frequência lemos notí-cias de convívios de antigos alunos deste Liceu ou da-quela Escola Técnica e, com muito mais assiduidade, sa-bemos da realização de en-contros de ex-militares.Muitas destas reuniões agregam ex-alunos e ex-mi-litares que se conheceram nas décadas de cinquenta e sessenta do século passado e que em comum lhes deu a vivência de terem assistido ao 25 de Abril já adultos.E porque muitos dos inter-venientes nestes grupos passam anos sem se encon-trarem, é natural que nas conversas venham à baila episódios passados há deze-nas de anos.Muito recentemente, os ex--militares dos cursos de Es-criturários e Criptos do 3.º Turno de 1968, estiveram no 38.º convívio e, numa con-versa, foi abordada a políti-ca da época a propósito das eleições para a então As-sembleia Nacional, que tive-ram lugar em 1969.Porque estas especialidades eram ditadas por testes psi-cotécnicos, acontecia que – sabe-se lá porquê – a esma-gadora maiorias dos Criptos eram ideologicamente mais afectos à Oposição do que ao regime vigente e, por isso mesmo foram várias as “técnicas” para que não vo-tassem. A medida mais utilizada foi a de não poderem ir votar “porque a Unidade está de prevenção”. Mas na Acade-mia Militar a assembleia de voto funcionou lá dentro e a Oposição ganhou com larga vantagem e logo o coman-dante ordenou que se des-truíssem os votos que não fossem na União Nacional.E, estamos convictos, de que estes convívios nos dão sabedoria para podermos ver donde vem a luz e não caiamos no risco de voltar à escuridão que se vivia.

Jorge SantosJornalistaFIO

DE P

RUMO

Convívios

te e constitui mesmo o principal indício da adequação de um candidato para o cargo. Mas não é o único e mais do que a experiência, o que é necessário é a capacidade: de conhecer os problemas e os desafios do país e de ter um discurso mobilizador; de ser um ator isento, ouvido e respeitado nos meios políticos e na sociedade civil; de ser um fator de confiança no sistema político para quem se olha em situações de tensão e de quem se pode esperar uma atuação pacificadora. Em suma: tudo o que Presidente Cavaco Silva, com a sua vasta experiência polí-tica, não foi. Sampaio da Nóvoa sê-lo-á? O que se sabe dele, fora dos meios universitários, pode ainda não chegar para avaliar. Mas avaliemos em função das suas propostas e da sua intervenção política enquanto candidato, não na base de preconceitos de partida.

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Exposições

A eletricidade em Alcocheteuma história, um futuro

Os Alcochetanos na Central Tejomemórias fotográficas e outras

museu daeletricidade

Biblioteca Municipal de AlcocheteRua Professor Leite da Cunha - 2890-087 AlcocheteHorário: 3ª das 15h às 21h, de 4ª a Sábado das 10.30h às 19.00hEncerra à Segunda-feira, Domingos e Feriados

Câmara Municipal de AlcocheteLargo de São João, 2894-001 AlcocheteHorário: de 2ª a 6ª das 9h às 17h

De 5 de maio a 30 junho