semmais 27 junho 2015

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A CASA DO PEIXE RESTAURANTE SETÚBAL PORTUGAL RUA GENERAL GOMES FREIRE 138 | 960331167 Sábado 27 | Junho | 2015 Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 861 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso Venda interdita semmais SOCIEDADE PÁGINA 4 ORDEM RECLAMA MAIS PEDIATRAS PARA HOSPITAL DO LITORAL ALENTEJANO A falta de pediatras no Litoral Alentejano é uma dor de cabeça. Nos últimos meses as situações mais urgentes têm sido encaminha- das para o Centro Hospitalar de Setúbal. Como o Semmais avançou, nos últimos dois anos o Sul perdeu 500 médicos para o estrangeiro. SOCIEDADE PÁGINA 3 CONVENTO DE JESUS ABRE PORTAS 23 ANOS DEPOIS DE AS TER FECHADO A joia mais importante do património históri- co de setúbal já pode ser visto, em parte, depois de ter sido requalificado e inaugurada a reabertura de portas. Ainda faltam alguns milhões para a sua recuperação total. A edil sadina, Dores Meira, emocionou-se. SOCIEDADE PÁGINA 2 ÉPOCA BALNEAR ARRANCA COM SEGURANÇA A MEIO GÁS Os concessionários das praias do distrito admitem não estarem ainda colocados todos os nadadores-salvadores que fazem parte. E garantem terem feito todos os esforços para assegurar a situação. Julho vai ser melhor e pedem apoios. LISBON SOUTH BAY ARRANCA PARA ‘VENDER’ TERRITÓRIOS DA BAIA DO TEJO E JÁ ABRIU CONCURSO PARA NOVO TERMINAL DE CONTENTORES DO BARREIRO A Baia do Tejo e os municípios de Almada, Barreiro e Seixal estão apostados em atrair investimentos para os territórios onde antes pontificavam a Margueira, Quimiparque e Siderurgia Nacional. A marca está criada e as expetativas estão em alta. Entretanto, o Semmais sabe que o concurso internacional para os estudos sobre o novo terminal de contentores do Barreiro já foi aberto. NEGÓCIOS PÁGINA 12

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Edição do Semmais de 27 de Junho

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Page 1: Semmais 27 Junho 2015

A CASA DO PEIXERESTAURANTE SETÚBAL PORTUGAL

RUA GENERAL GOMES FREIRE 138 | 960331167

Sábado 27 | Junho | 2015

Diretor Raul TavaresSemanário | Edição 861 | 9ª série

Região de SetúbalDistribuído com o Expresso

Venda interditasemmais

SOCIEDADE PÁGINA 4ORDEM RECLAMA MAIS PEDIATRAS PARA HOSPITAL DO LITORAL ALENTEJANOA falta de pediatras no Litoral Alentejano é uma dor de cabeça. Nos últimos meses as situações mais urgentes têm sido encaminha-das para o Centro Hospitalar de Setúbal. Como o Semmais avançou, nos últimos dois anos o Sul perdeu 500 médicos para o estrangeiro.

SOCIEDADE PÁGINA 3CONVENTO DE JESUS ABRE PORTAS 23 ANOS DEPOIS DE AS TER FECHADOA joia mais importante do património históri-co de setúbal já pode ser visto, em parte, depois de ter sido requalificado e inaugurada a reabertura de portas. Ainda faltam alguns milhões para a sua recuperação total. A edil sadina, Dores Meira, emocionou-se.

SOCIEDADE PÁGINA 2ÉPOCA BALNEAR ARRANCA COM SEGURANÇA A MEIO GÁSOs concessionários das praias do distrito admitem não estarem ainda colocados todos os nadadores-salvadores que fazem parte. E garantem terem feito todos os esforços para assegurar a situação. Julho vai ser melhor e pedem apoios.

LISBON SOUTH BAYARRANCA PARA ‘VENDER’ TERRITÓRIOS DA BAIA DO TEJO E JÁ ABRIU CONCURSO PARA NOVO TERMINAL DE CONTENTORES DO BARREIROA Baia do Tejo e os municípios de Almada, Barreiro e Seixal estão apostados em atrair investimentos para os territórios onde antes pontificavam a Margueira, Quimiparque e Siderurgia Nacional. A marca está criada e as expetativas estão em alta. Entretanto, o Semmais sabe que o concurso internacional para os estudos sobre o novo terminal de contentores do Barreiro já foi aberto.

NEGÓCIOS PÁGINA 12

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ENFOQUE

Apesar de a época balnear ter iniciado com um número ainda insuficiente de nadadores salva-dores, a segurança nas praias do distrito de Setúbal «não está comprometida». Esta é uma ga-rantia dada por representantes de concessionários de praia e de associações de nadadores salva-dores. Contudo, só a partir do mês de Julho é que irá haver um reforço na assistência aos ba-nhistas, com a entrada ao serviço de mais nadadores salvadores. «Temos os meios necessários para garantir a segurança nas nossas praias» afirma João Car-

reira, presidente da Federação Portuguesa de Concessionários de Praia e antigo presidente da Associação de Concessionários da Costa da Caparica e da Fonte da Telha, adiantando que o úni-co problema prende-se com «a falta de nadadores salvadores» porque, explica, «a maior parte são estudantes e estão em época de exames». Embora este seja um proble-ma, apontando como exemplo um dos concelhos do distrito com mais praias, em Almada a época balnear foi inaugurada com cerca de uma centena de nadadores salvadores para uma média de 60 concessionários. «Almada tem uma segurança acrescida», salienta João Carrei-ra, referindo-se ao Plano Inte-grado de Salvamento, com meios em terra e na água, imple-mentado desde 2010 em todas as praias do concelho almaden-se. «Este projeto tem funcionado muito bem. O plano faz rede entre todas as concessões. «Há uma grande interação entre todas as praias», considera João carreira, real-çando que, ao longo destes anos, «durante a época balnear e no horário de serviço dos nadado-res salvadores, não houve um único acidente». Para o presidente da Federa-ção Portuguesa de Concessio-nários de praia, a falta de nada-dores salvadores ao serviço nas praias deve-se, sobretudo, a uma exigência por parte da Au-toridade para as Condições do Trabalho (ACT). «A ACT exige um contrato de trabalho a todos

os nadadores salvadores, mas há muitos jovens que não po-dem fazê-lo porque perdem o direto à bolsa de estudo. Esta obrigatoriedade tem levado ao fim de muitas associações de nadadores salvadores», lamenta o responsável.

Esforços dos concessionários têm sido vital para segurança

Sublinhando mais uma vez que a segurança nas praias do distrito está «devidamente asse-gurada», graças ao esforço dos concessionários e das associa-ções de nadadores salvadores, João Carreira considera que a responsabilidade de assumir a segurança nas praias não deve passar somente pelos conces-sionários, mas também por ou-tras entidades, como os bombei-ros ou a proteção civil, por exemplo. «O modelo tem de ser tratado de outra forma e tem de haver outra tomada de atitude. O Estado tem de perceber que estamos a tratar da segurança das pessoas. A responsabilidade não pode ser sempre do conces-sionário. Queremos fazer parte da solução mas não queremos ser os únicos responsáveis». A mesma opinião tem Antó-nio Mestre, presidente da Asso-ciação de Nadadores Salvadores do Litoral Alentejano, que en-globa as praias dos concelhos de Odemira e de Sines. «O Estado arranjou um método de se des-responsabilizar. Estamos a falar da segurança das pessoas. A res-ponsabilidade não pode ser só do concessionário, que até está

mais direcionado para a área hoteleira. O concessionário em-prega trabalhadores, paga aos seus funcionários, paga aos na-dadores salvadores, paga licen-ças, etc. Não concordo que seja só o concessionário a suportar a vigilância nas praias», vinca An-tónio Mestre, salientando ainda que há autarquias que assegu-ram a segurança em certas praias mas «não recebem nada por parte do Estado».

No Litoral Alentejano remedia--se em praias de maior afluência

No concelho de Odemira, as onze praias contam, neste mo-mento, com doze nadadores sal-vadores. «Está tudo a correr dentro da normalidade», garante António Mestre. Já no concelho de Sines, onde a época balnear, nas quatro praias existentes, só teve início no passado dia 20 de Junho, a situação é diferente. «Os nadadores que temos ainda não são suficientes. Iniciámos com oito, pois muitos jovens ainda estão na escola. Pretende-mos reforçar este número a par-tir de Julho”. Ainda assim, frisa António Mestre, «nas nossas praias a se-gurança não está comprometida». «Os nadadores salvadores estão a ser distribuídos pelas praias com maior afluência de pessoas”. No que diz respeito aos con-tratos de trabalho exigidos pela ACT a todos os nadadores salva-dores, o presidente da Associação do Litoral Alentejano, com mais de 20 anos de serviço nas praias, diz concordar plenamente. «Sou total-

mente de acordo, mas esta exigên-cia não está a ser cumprida. Nós sempre trabalhámos desta forma. Aqui todos os nadadores salvado-res têm contratos de trabalho com os respetivos encargos fiscais e com todos os direitos associados», como por exemplo, a medicina no trabalho. «Este é um serviço sazo-nal. Os nadadores estão expostos à grande intensidade dos raios so-lares, durante várias horas por dia, estando sujeitos a graves proble-mas de saúde”, aponta António Mestre, concluindo que «tem de existir um contrato de trabalho com direitos e deveres como em qualquer profissão». Por forma a dar conta da si-tuação no que concerne à segu-rança nas praias de outros con-celhos do distrito, a agência Comboio das Palavras tentou contactar a Capitana do Porto de Setúbal e outras associações de concessionários e de nadado-res salvadores, mas não possível obter declarações por parte des-tas entidades. No mesmo sentido, e para tentar perceber se os responsá-veis pela segurança nas praias têm ao seu dispor os meios sufi-cientes (carrinhas, moto 4, mo-tos de água) para garantir a de-vida assistência aos banhistas, também o Instituto de Socorro a Náufragos (ISN) foi contactado, mas a resposta não chegou até à data de fecho desta edição. Con-tudo, nadadores salvadores e concessionários afirmam que têm à disposição os meios sufi-cientes e adequados para o auxí-lio em terra e na água.

*Comboio das Palavras

TEXTO RITA MATOS*IMAGEM SM

Mais nadadores salvadores só a partir de JulhoAos poucos a época balnear vai ganhando forma. Mas o problema da escassez de nadadores--salvadores continua a ser uma dor de cabeça. Em Julho, depois dos exames escolares, prevê-se a chegada da normalidade.

CONCESSIONÁRIOS GARANTEM

Falta de segurança não comprometeu arranque da época balnear

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SOCIEDADE

TEXTO ANTÓNIO LUISIMAGEM SM

A necessidade de partilhar res-ponsabilidades para assegurar a reabilitação total do Convento de Jesus foi realçada pela presidente do município, Dores Meira, dia 20, à tarde, na reabertura parcial do monumento nacional. «Assumimos uma grande res-ponsabilidade, a de honrar meio milénio de história e a de respei-tar e valorizar a nossa memória coletiva depois de 23 anos de en-cerramento da mais valiosa joia do nosso património local», vin-cou a autarca sobre a obra que permitiu a reabertura do edifício. A edil destacou que a 1.ª fase de obras «impediu a ruína irre-mediável do Convento», com trabalhos centrados na substi-

tuição da totalidade da cobertu-ra e a restauração das paredes de pedra e de alvenaria, a par da proteção geral, através da cria-ção de sistemas de drenagem no alçado norte. «Fizemo-lo num momento em que o Poder Central, no ante-rior Governo, poderia ter abando-nado a candidatura a fundos co-munitários já aprovada para a recuperação do monumento. As-sumimos responsabilidades que aceitámos que fossem também nossas», afirmou a edil. O município chamou a si a responsabilidade. «Tal como nou-tras situações, aceitámos substi-tuir o Poder Central e assumimos a posição contratual do Estado na candidatura e o pagamento da comparticipação nacional de uma obra que, para já, custou mais de 3 milhões e 600 mil eu-ros», recordou. A intervenção concretizada, que incluiu o restauro completo da ala poente, para instalação de uma galeria destinada a expor uma parte importante das cole-ções do Museu de Setúbal, «veda-das ao público há mais de duas décadas», realçou Dores Meira. Contudo, a obra está a «meio do caminho», frisou a autarca, ao reiterar a necessidade de mais in-tervenções. «Vamos continuar a trabalhar até que o convento es-teja totalmente reabilitado com o projeto do arquiteto Carrilho da Graça, até que possa ser devolvi-do, no seu esplendor, a Setúbal, a Portugal». Para o restauro total do Con-vento são necessários mais 6 mi-

PATRIMÓNIO REABERTURA PARCIAL DESDE DIA 20 E EDIL SADINA QUE ESTÁ A «HONRAR MEIO MILÉNIO DE HISTÓRIA»

Convento de Jesus reabre as portas após 23 anos de fecho

A SIM – Sociedade de Instrução Musical, de Quinta-do-Anjo, cele-brou, no passado dia 24 de junho, 94 anos de existência. A data foi assinalada com uma cerimónia recheada de momentos de grande animação e convívio, como a atuação da banda da SIM e o brinde à instituição, finalizado com um bolo de parabéns. A cerimónia de celebração do 94º aniversário da Sociedade de Instrução Musical contou com a presença do presidente da Junta de Freguesia de Quinta do Anjo, Valentim Pinto, do vereador da Câmara Municipal de Palmela, Adílio Oliveira Costa, e dos sócios e membros da direção da instituição.

O presidente da Entidade Regional de Turismo, António Ceia da Sil-va, atribui, ontem, dia 26, na PIMEL, em Alcácer do Sal, o título de Embaixador do Alentejo ao apresentador Jorge Gabriel, apresenta-dor da RTP, uma figura pública com raízes alentejanas. Além do vínculo familiar à região, Jorge Gabriel, à semelhança de outras personalidades ilustres conhecidas do grande público já nomea-das embaixadoras, como Alexandra Lencastre, Rita Pereira, Margarida Marinho ou Lourenço Ortigão, tem também uma forte ligação emocio-nal ao Alentejo, um destino que considera como o Melhor do Mundo para uma escapadela ou para passar férias. Com a atribuição do título de Embaixador do Alentejo a figuras públicas, a ERT tem como objetivo alavancar a promoção do destino, através do impacto mediático que estas personalidades têm junto dos diferentes targets.

Jorge Gabriel recebe título de embaixador do Alentejo na PIMEL

SIM da Quinta-do-Anjo assinala 94.º aniversário

Para servir de inspiração para a final da Taça Coca-Cola 2015, que se realiza este fim-de-semana em Oeiras, Nuno Gomes e a equi-pa de iniciados do SL Benfica vi-sitaram, na quinta-feira, o local onde é feita a refrescante bebida. O ex-jogador e atual asses-sor para a área Internacional do SL Benfica integra o Comité de Honra da Taça Coca-Cola 2015 e foi nessa qualidade que esteve com alguns dos jogadores que irão jogar a final este domingo, para uma manhã diferente, per-correndo os corredores da linha de produção da Coca-Cola, em Cabanas, Palmela, desde a mis-tura de ingredientes e da fórmu-la secreta até à saída da fábrica. A Taça Coca-Cola termina este fim de semana com a final que irá opor as Seleções Mascu-lina e Feminina da prova à equi

Nuno Gomes e iniciados do Benfica visitaram Coca-Cola

lhões de euros. «Queremos conti-nuar a assumir a responsabilidade com a partilha do dever que te-mos, na Câmara de Setúbal e no Governoa» e, para isso, afirmou, a autarquia «está disponível para assumir metade do valor». Agora, alertou, «é necessário que o Governo crie condições para que a outra metade possa ser financiada por fundos europeus, sem que, com este financiamento, se prejudiquem outros investi-mentos municipais apoiados por fundos comunitários na área me-tropolitana de Lisboa». A 2.ª fase de obras prevê a conclusão da recuperação das alas norte e leste do convento e a reabilitação da estrutura da Igreja de Jesus e da respetiva co-bertura, assim como a constru-ção de um edifício de apoio para acomodar funções científicas,

A primeira fase da intervenção impediu a ruína do monumento. E mesmo sem «grandes apoios do Estado», a autarquia gastou 3,6 milhões de euros. A segunda parte fica em ‘stand-by’ e vai englobar a beneficiação da Praça Miguel Bombarda.

técnicas e administrativas do Museu de Setúbal. A recuperação total do Coro Alto, da estrutura ao teto, bem como da torre sineira é outro dos objetivos programados na 2.ª fase de intervenções, que in-clui a beneficiação da Praça Mi-guel Bombarda.

Secretário de Estado Barreto Xavier elogia jóia sadina

O secretário de Estado da Cultu-ra, Barreto Xavier, salientou que este «foi um trabalho com um desfecho que inspira confiança no futuro» e mostrou-se dispo-nível para «trabalhar em encon-trar uma solução adequada a um património que é de Setúbal e da Europa». O governante enalteceu o tra-balho realizado no imóvel, inte-

grado desde 2013 na restrita lista dos sete monumentos europeus mais ameaçados, da Europa Nos-tra, organismo de defesa do patri-mónio. «É um encanto voltar a Setú-bal para assistir a este momento», destacou o vice-presidente da Europa Nostra, José María Balles-ter. «O restauro deste monumen-to, mais do que a sua importância histórica, no contexto urbano, tem um efeito agregador na iden-tidade e memória setubalense». O bispo de Setúbal, D. Gilberto Canavarro dos Reis, que benzeu a reabertura do património classifi-cado como monumento nacional desde 1910, sublinhou que, com a obra realizada, o Convento de Je-sus recebe o esplendor de outros tempos, agora com novas funções para servir a cidade. «Este é um dia grande».

pa masculina de iniciados do SL Benfica e, no escalão feminino, à equipa de iniciadas do Boavis-ta FC. Os jogos têm lugar este domingo no estádio municipal

de Oeiras. A final feminina tem início às 16 horas, seguindo-se a final masculina pelas 17 horas. A entrega de prémios está agenda-da para as 18 horas.

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SOCIEDADE

TEXTO ANTÓNIO LUISIMAGEM SM

A falta de pediatras no Hospi-tal do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, que tem dei-xado as crianças da região sem urgências durante a noite - ha-vendo casos de menores que são encaminhados para o Hospital de Setúbal - vai ser uma tendên-cia «difícil de combater» nos próximos tempos, mas «é preci-so encontrar uma solução rápi-da e eficaz». Quem o diz é o pre-sidente da Secção Sul da Ordem dos Médicos, Jaime Mendes. «Esta situação não era muito difícil de prever», avança Jaime Mendes, para quem «se no país há poucos pediatras, muito me-nos haverá nas zonas mais des-favorecidas, como é o caso do Litoral Alentejano».

SAÚDE POR FALTA DE URGÊNCIAS NOTURNAS, AS CRIANÇAS ESTÃO A SER ENCAMINHADAS PARA O HOSPITAL DE SETÚBAL E A SITUAÇÃO É CONSIDERADA GRAVE

Ordem dos médicos reclama mais pediatras para hospital do Litoral Alentejano

A unidade de saúde tem ape-nas um especialista nesta valên-cia, sendo que durante a noite os menores são vistos por médicos de clínica geral, acabando os ca-sos considerados mais compli-cados durante a triagem por passarem para outras especiali-dades ou encaminhados para o Hospital de São Bernardo. Uma viagem superior aos cem quiló-metros. «É impossível assegurar a abertura das urgências pediátri-cas durante 24 horas por dia, mas era isso que devia aconte-cer. As crianças desta região es-tão a ser prejudicadas», insiste o dirigente.

Poucas soluções e médicos sem atração pelas periferias

Solução? «Não há», admite o re-presentante da Ordem. Isto por-

que os especialistas contratados pelas empresas ganham exata-mente o mesmo trabalhando no Interior ou na zona de Lisboa. «Quer dizer que não ganham mais nada por irem para os hos-pitais que estão na periferia e preferem ficar próximos dos grandes centros, o que também era previsível». Mais: «Se um conselho de ad-ministração não tem autorização da tutela para pagar mais, não vai conseguir preencher as vagas nunca. No fundo, o problema é que a contenção é grande e as administrações vão cortando nas contratações. Só têm autorização para contratar empresas presta-doras de serviços, que, por vezes, lhes garantem os médicos e de-pois falham», insiste. O mesmo dirigente alerta que os médicos não sentem atratividade pela periferia, pelo

que «muitos deles acabam por emigrar, mesmo os que são do Sul». Recorde-se que, como o Semmais já avançou, só entre

janeiro e abril deste ano o Sul perdeu 96 médicos para o es-trangeiro, depois dos 400 do ano passado.

Durante a tarde do passado de quarta-feira, elementos dos Postos Territoriais de Alvalade e Ermidas-Sado, com o apoio do Núcleo de Investigação Crimi-nal de Santiago do Cacém, lo-graram detetar uma plantação de cannabis apreendendo um total de 48 pés dessa espécie vegetal, bem como diverso ma-terial utilizado no seu cultivo. As referidas plantas encon-travam-se num local bastante inacessível, num terreno baldio nas margens da Ribeira do

Roxo, afluente do Rio Sado, na Vila de Ermidas-Sado, apre-sentado já um elevado estado de crescimento e maturação, em virtude de no referido local existirem condições bastante favoráveis ao seu desenvolvi-mento. As plantas de cannabis, bem como o restante material utili-zado no seu cultivo, foram apreendidos, continuando por parte desta Guarda as demais diligências de investigação so-bre o caso em apreço..

Apreensão de Plantação de Cannabis Ermidas-Sado

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SOCIEDADE

TEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

A garantia é dada ao Semmais por João Hipólito, o gerente do Restaurante Sal, erguido sobre as dunas da Comporta, que aca-ba de ser distinguido mundial-mente pelos leitores da célebre revista Condé Nast. «Isto é a prova de que os produtos portu-gueses são tão bons ou melho-res do que os outros, mas, so-bretudo, o peixe desta região ajudou-nos ser o melhor bar de praia do mundo». Em plena costa alentejana, o Restaurante Sal surge à cabeça de uma lista de oito estabeleci-mentos, onde constam outros bares e restaurantes dos Estados Unidos da América (incluindo o Havai) além da Tanzânia, Aus-trália e St. Kitts. «É uma distin-ção que nos orgulha muito», diz João Hipólito. A Condé Nast pediu aos seus leitores em todo o mundo que es-colhessem os melhores bares de

praia e no final fez a lista que ga-rantiu o primeiro lugar ao restau-rante localizado na praia do Pego, tendo ainda a revista destacado uma frase de um dos leitores so-bre o representante da região via Twitter: «Paraíso no Alentejo». Com as portas abertas desde 2012, quando cinco amigos de Lisboa avançaram como proje-to, o Restaurante Sal é «muito visitado por estrangeiros», reve-la João Hipólito, admitindo te-rem sido estes clientes que con-tribuíram para a distinção mundial numa publicação tão prestigiada.

A qualidade do que vai à mesa conta e a panoramica também

«A nossa casa acaba por ser mar-cante, porque tem uma vista lin-díssima», refere o gerente, para quem o melhor é mesmo o que vai à mesa. «Apostamos muito em produtos portugueses. Isto demonstra a qualidade do que temos por cá. Se falarmos em ter-mos de peixe, então aí nem há

hipótese. Temos na região o me-lhor peixe de mar que existe e que faz as delícias de quem nos visita», sublinha, fazendo fé de que terá esta conjugação, a par da informalidade do serviço, que valeu este reconhecimento. «A nossa equipa está muito contente e cada vez mais moti-vada. Mas também sabemos que isto nos vai trazer mais respon-sabilidades», refere, numa altura

quadrado num areal imenso e por um oceano a perder de vista. Por ali não falta a beleza sel-vagem, que continua a ser o car-tão-de-visita desta praia. «A po-livalência do local permite que se realizem também eventos de carácter corporativo, ações de incentivo ou eventos privados, como festas de casamento ou aniversários até 300 pessoas» descreve a gerência.

em que a época balnear já está em marcha. Prevê-se um verão repleto até setembro, mês em que regressa a época baixa, onde é mais difícil manter o negócio animado à beira-mar. Segundo os cinco sócios, o Restaurante Sal nasce da sua paixão pela Comporta e do em-penho em criar um restaurante com ambiente simples e des-contraído na praia do Pego, en-

GASTRONOMIA RESTAURANTE SAL, ERGUIDO NAS DUNAS DA COMPORTA DISTINGUIDO PELA REVISTA “CONDE NAST”

«O peixe da região ajudou-nos a ser o melhor bar de praia do mundo»

Marcelino Martins já perdeu a conta aos metros a que foi obri-gado a recuar a concessão que detém há uma década na praia do Creiro, “vizinha” do Portinho da Arrábida. Já chegou a esten-der um tapete até ao mar para minimizar o efeito das pedras

pisadas pelos banhistas. «Isto está cada vez pior e, se nada for feito, qualquer dia não temos praia», lamenta o empresário ao Semmais, olhando para o que ainda sobra do areal que o mar tem «engolido» sem dar tréguas nos últimos anos. Bem à vista, mesmo com maré cheia, está uma vasta área de calhaus numa das zonas balneares da Arrábida que até há bem pouco tempo fazia as delícias dos pro-dutores de anúncios televisivos. Resta a luz natural e a célebre pedra da anicha. Além da imen-sa serra, claro. A erosão tem sido implacá-vel. «Hoje o Creiro tem 20% da areia que tinha há 50 anos», es-tima o presidente do Clube da Arrábida (CA), Pedro Vieira, que esta semana logrou transportar um sinal de esperança ao areal. Mais simbólico do que abran-gente, mas a verdade é que dez camiões descarregaram areia na praia, para reforçarem os campos de vólei. O projeto contou com pare-cer favorável da Agência Portu-guesa do Ambiente (APA), além do apoio da Secil - uma das principais empresas produtoras de cimento em Portugal – que garantiu os camiões, e da Admi-nistração do Porto de Setúbal e Sesimbra, que ofereceu os 120

AMBIENTE ZONA DO CREIRO GANHA NOVO AREAL QUE O MAR TEM ENGOLIDO, ESPECIALISTAS DIZEM QUE FOI UM BOM APROVEITAMENTO DE RECURSOS

A praia dos anúncios na Arrábida que hoje já é um mar de calhaus

metros cúbicos de areia que em tempos haviam sido dragados do canal de navegação do rio Sado, encontrando-se em depó-sito no porto sadino.

Operação inédita repôs 120 metros cúbicos de areias

Afinal, uma operação inédita por estas paragens, onde a perda constante de areia está a deixar a descoberto as construções das casas clandestinas que por ali existiram em tempos (década de 80). «Já houve aqui pessoas feri-das com gravidade, por darem pontapés nas pedras que estão enterradas na areia», sublinha Pedro Vieira, alertando ter sido este um caso raro de aproveita-mento de recursos, quando só agora está em equação, à boleia de um estudo encomendado pelo Ministério do Ambiente, o aproveitamento dos inertes alvo de dragagem para serem depo-sitados nas praias. «O grande problema é que toda a areia tem de ser despeja-da a três milhas da costa por im-posição da APA. Tem sido um desperdício de milhões de euros, quando todos os especialistas concordam que a reposição sis-temática de areia será a melhor solução para combater a ero-são», sublinha Pedro Vieira.

COSTA DO DISTRITO AMEAÇADAA costa da região está entre os pontos críticos do país, por exibir, segundo os especialistas, um elevado risco de erosão. O avanço do mar no distrito de Setúbal surge, inclusivamente, como uma das prioridades da União Europeia, com vista à proteção do meio am-biente face às alterações climáticas. A costa da região esteve em foco durante a conferência internacional que abordou o «Papel da Água na Adaptação às Alterações Climáticas», ficando a saber-se que em algumas zonas do litoral português já se admite que o avanço do mar possa vir a «roubar» cem metros à costa. Isto, se não forem tomadas medidas que se revelam eficazes para travar os es-tragos provocados pela erosão costeira.

A falta de areal na praia do Creiro não tem dado tréguas nos últimos anos, agora foi atenuada com areias dragadas do canal de navegação do rio Sado. A operação, chancelada pela Agência Portuguesa do Ambiente, contou com o apoio da Secil e do Porto de Setúbal.

TEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

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POLÍTICAPRESIDENCIAIS HENRIQUE NETO, CANDIDATO A PRESIDENTE DA REPÚBLICA VISITA AZEITÃO

«Serei o presidente mais determinado em mudar a atual situação do país»

Candidato a Presidente da Re-pública, Henrique Neto, visitou Azeitão, trocou pontos de vista com vários cidadãosl, nomeada-mente com alguns membros da associação civica “Azeitão no Coração” sobre a localidade, os desafios da candidatura e exi-gências da função presidencial. Visitou a “Festa do Morango” nos Brejos de Azeitão, certame orga-nizado pela freguesia de Azeitão que regressa após mais de vinte anos de pausa, com o objetivo de retomar as tradições e de dar a conhecer aos novos habitantes a história de Azeitão. As terras de areia de Brejos de Azeitão são propícias à produção do moran-go, e de onde no passado, saíram os deliciosos frutos para abastecer o Mercado da Ribeira em Lisboa. Ao fim do dia, Henrique Neto contactou com muitos cidadãos, comerciantes, empreendedores e moradores, sendo sempre mui-to bem acolhido e recebido por todos, apresentando a sua candi-

datura e os seus objetivos, acom-panhado com elementos da as-sociação “Azeitão no Coração” e de vários apoiantes da sua can-didatura. A Presidente da Associação Cívica Azeitão no Coração, Pas-cale Lagneaux conversou com o candidato, tendo sido abordados vários temas desde a educação pré-escolar à cidadania partici-pativa e ativa, bem como a polí-tica local e regional. Qual é em sua opinião o papel de um Presidente da Republica? O que traz de novo ao Cidadão com a sua candidatura? Henrique Neto Como garante do regular funcionamento das instituições democráticas o Pre-sidente da República tem como especial incumbência a de, nos termos do juramento que presta no seu acto de posse, “defender, cumprir e fazer cumprir a Consti-tuição da República Portuguesa. Nunca até hoje um Presidente da República teve a fusão da experi-ência profissional com a experi-ência política que eu tenho. Acredito que um Presidente da República com uma experiên-

cia relativamente grande, não só da economia, como da politica portuguesa e da economia inter-nacional e que tem ideias claras e facilmente demonstráveis, quando apresentar essas ideias a um primeiro-ministro este se deixará influenciar.

Porque é que o Henrique Neto se candidata? A decisão de me candidatar às eleições presidenciais de 2016 resulta da visão que tenho acer-

Os deputados do PSD do distrito de Setúbal promoveram uma mostra de produtos regionais na Assembleia da República, onde reuniram mais de uma dezena de empresas. A iniciativa, que contou com a presença de mais de duas cente-nas de pessoas, teve como prin-cipal objetivo promover o que de melhor de faz na região, sobretu-do ao nível do sector vinícola.

TEXTO RITA MATOS*IMAGEM SM

DUAS DEZENAS DE EMPRESAS DA REGIÃO SERVIRAM PARLAMENTARES EM FIM DE LEGISLATURA

Deputados do PSD promovem gastronomia regional na Assembleia da República

A médica Isabel do Carmo, de 74 anos, natural do Barreiro, foi eleita cabeça de lista do partido Livre/Tempo de Avançar, pelo Círculo de Setúbal, às próximas eleições legislativas. A escolha aconteceu nas eleições primá-rias do passado fim-de-semana. A médica, especialista em En-docrinoligia, reformada há cerca de um ano e meio do Hospital de Santa Maria, presta atualmente serviço aos sócios do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, de-pois de ter tido em atividade con-sultórios em Setúbal e no Barreiro. A grande meta para a estreia do Livre/Tempo de Avançar nas eleições legislativas é, segundo Isabel do Carmo, «eleger depu-tados». Acima de tudo, este par-tido de esquerda tem como prioridade «contribuir para der-rubar o atual Governo que só tem feito mal a este País e às pessoas, em todas as áreas», vinca, acrescentando: «As más políticas deste Governo têm contribuído para aumentar a pobreza e o desemprego», com a agravante de «nunca vimos tan-ta gente a emigrar como agora».

LEGISLATIVAS ISABEL DO CARMO ELEITA CABEÇA DE LISTA DO LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR

«Queremos derrubar o atual Governo que tanto mal tem feito ao País e às pessoas»

Além de Isabel do Carmo, a lista do Livre/Tempo de Avan-çar pelo Círculo de Setúbal é também constituída por Renato Carmo, Ana Raposo Marques, Miguel Dias, São José Lapa, Nuno Miguel Rolo, Patrícia Gonçalves, Jerónimo Gil, Eugé-nia Santa Bárbara, Paulo Velez Muacho, Liliana Mendes, Ma-nuel Coelho, Eduardo Gravani-ta, Dolores de Matos, Vasco Tei-xeira da Silva, Ângela Lacerda Nobre e Luís Figueiredo.

ca do presente e do futuro de Portugal, no momento em que estão esgotados 40 anos da Re-volução de Abril de 1974. Desde essa altura assisti a muitas transformações impor-tantes no nosso País, mas tam-bém verifiquei com crescente preocupação, particularmente ao longo do último quarto de século, que estávamos a desperdiçar de forma imprudente e continuada as melhores oportunidades para nos aproximarmos dos outros

povos europeus, tanto em desen-volvimento económico e social como em qualidade de vida, no-meadamente nos sectores da so-ciedade de mais fracos recursos.

O que vai mudar se for eleito?Caso venha a ser eleito, partidos políticos e portugueses poderão contar comigo como o Presiden-te da República mais empenha-do e cooperante de sempre com qualquer governo e partidos no arranque dum ciclo novo e bem sucedido em Portugal, ou então contar comigo como o Presiden-te da República mais determina-do a lutar por essa melhoria das nossa perspetivas de futuro, ra-zões pelas quais considero as próximas eleições legislativas e presidenciais estarão absoluta-mente interligadas, sendo con-juntamente decisivas para se evitar o agravamento da atual crise nacional, alimentada por um quadro político-partidário enfraquecido e desacreditado, que se tornou atualmente a maior fonte de instabilidade e in-certeza política, económica e so-cial, vividas no País depois do 25 de Abril.

ENTREVISTA PASCALE LAGNEAUXIMAGEM SM

Segundo Paulo Ribeiro, de-putado do PSD, o distrito de Se-túbal «é reconhecido nacional e internacionalmente» como uma das melhores regiões vinícola. «Temos empresas de grande prestígio. Devido à qualidade dos seus produtos têm consegui-do levar o nome da região para o resto do mundo», sublinhou o deputado social-democrata. Paulo Ribeiro realçou ainda que o vinho constitui uma das principais atividades económi-cas da região que, segundo subli-

nhou, «tem crescido sustentada-mente, aumentando anualmente o seu peso na produção nacional e a quota nacional, bem como o peso relativo e absoluto nas ex-portações do país». No final da sua intervenção, o deputado enalteceu e agradeceu o contributo que este sector tem dado para a criação de emprego e para o crescimento da economia. Esta é a segunda iniciativa do género organizada pelos de-putados social-democratas nes-ta legislatura.

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ALCOCHETE PROMETE DIVERSÃO COM FESTIVAL DE PAPAGAIOSA Gilteatro e o município organizam o 13.º Festival de Papagaios, este fim-de--semana, na praia dos Moinhos, com equipas de vários países. Os campeões do mundo e da Europa de ‘free-style’ e de voo sincronizado vão estar presentes. Vão também atuar os dragões gigantes de França da equipa R-SKY. «Alcochete vai ser invadido por dragões e esperamos que um cavaleiro venha salvar-nos desta invasão», refere Carlos Santos, da organi-zação. Este sábado, às 22 horas, são lan-çados papagaios iluminados.

SEIXAL AJUDA FAMÍLIAS A POUPAR NOS LIVROS ESCOLARESQuem tem manuais que já não vai utilizar pode participar no “Dar de Volta”, para que estes possam ser redistribuídos por estu-dantes que precisem, a custo zero. É um projeto da biblioteca do Seixal, que ar-rancou em 2005, e que consiste na recolha e organização de manuais escolares para posterior redistribuição. Promove atitudes de cooperação e partilha e a racionalização e reaproveitamento de recursos, como per-mite às famílias poupar nas despesas com os livros escolares.

SINES RECEBE OBRAS DO POLIS NAVEGANDO NA COSTA

No âmbito da preparação do evento Grandes Veleiros Sines 2017, a Aporvela, o mu-nicípio, a APSA e a Turismo do Alentejo e Ribatejo dão continuidade ao embarque de jovens para treino de vela a bordo do veleiro Creoula.O embarque em Sines acontece a 21 de julho, às 15 horas, e o desembarque é a 27 de julho, às 11 horas. A viagem tem como destino o porto espanhol de Cádis, onde perma-necerão um dia e uma noite, navegando de volta a Sines.Inscrições abertas até 5 de Julho.

ALMADA INVESTE EM NOVA SEDE DO RAPORENSE O município de Almada investiu 343 mil euros nas novas instalações do Clube Re-creativo União Raposense, na Caparica. A inauguração do espaço decorre este sá-bado, pelas 16h30.O edifício é composto por um espaço multiusos, secretaria, sala para a direção, bar e instalações sanitárias.Esta nova sede do Raporense localiza-se na rua do Raposo de Cima, junto ao par-que urbano do Fróis, onde já funcionam a piscina municipal na Caparica e a biblio-teca municipal Maria Lamas.

BARREIRO RECONHECE HERÓIS DA TERRA

As comemorações do 31.º aniversário da elevação do Barreiro a Cidade têm como ponto alto o “Barreiro Reconhecido”, dia 28, às 17 horas, no Augusto Cabrita. São homenageadas entidades e personalidades que prestam ou prestaram relevantes serviços à comunidade.Jorge Moniz, Pedro Santarém, António Cassamá, António Lemos, Joseph Poiron, Ro-drigo Mendes, Manuel Crespo, Luís Ferreira, Constantino Alves, Eurico Garrido, Arlete Cruz e a Administração do Porto de Lisboa são os heróis.

SETÚBAL ENCERRA 500 ANOS DO FORAL MANUELINO

As comemorações dos 500 anos do foral manuelino encerram com uma conferência com investigadores da UNL e a apresentação de um livro, este sábado, à noite, na Câmara. “Os 500 anos do Foral Manuelino”, às 21 horas, está a cargo João Dias, com “Para que todos paguem segundo a sua obrigação. Os forais novos no alvor da Modernidade”.Segue-se João Costa, com “Os forais novos da península de Setúbal: semelhanças e es-pecificidades”, enquanto Pedro Pinto explora “Os autos de publicação dos forais novos”.

LOCAL

MOITA “ÁFRICA MOSTRA-SE”PARARENOVAR RELAÇÕES

Até 5 de julho, “África Mostra-se” no concelho, com mostras de cinema e outras manifestações culturais, da dança à arte urbana, passando pela narração de contos.“África Mostra-se” teve a sua primei-ra edição em Lisboa, em 2011, chegando agora à Moita, numa parceria entre o mu-nicípio e a cooperativa Zebra.Este projeto visa renovar as relações in-tercontinentais, tendo como base a cria-tividade, a inovação e o ponto de vista de quem vive, conhece e se interessa pelo continente africano.

MONTIJO VIBRA COM FESTAS DE S. PEDRO ATÉ DIA 30

As festas de S. Pedro, que esperam por 300 mil visitantes, decorrem até dia 30. Merece destaque, as marchas, às 22 horas, este domin-go. Sete palcos e mais de mil artistas vão mar-car o ritmo das festas. Os Amor Electro can-tam dia 30. O Bibe Elétrico atua este sábado. Realiza-se a 5.ª Corrida da Adega de Pegões, este sábado, às 22 horas, com João Moura Caetano, João Moura Jr. e Bastinhas Jr. Dia 29 decorre a procissão fluvial e noturna. As festas fecham com fogo-de-artifício.

SESIMBRA CONVIDA A VISITAS A ARTES DE PESCA E À LOTA Assistir ao desembarque e à venda de pescado, conhecer as artes de pesca uti-lizadas pelos pescadores e as espécies mais representativas capturadas pela frota local são algumas das propostas das visitas guiadas à lota, que estão a ser dinamizadas pelo município.A iniciativa faz parte do “Sesimbra é Pei-xe” e pretende dar a conhecer o proces-so pelo qual passa o peixe até chegar ao consumidor final. As visitas decorrem às terças-feiras, às 15h30.

PALMELA CONTRA O FECHO DO PRÉ-ESCOLAR NO LAU A vice presidente da Câmara, Adília Candeias, entregou ao Ministro Nuno Crato, um pedido para que o fecho do Centro de Animação Infantil Comunitária do Lau, já este verão, seja revisto. O pedido surge após o Governo ter recusado a proposta do município em manter em atividade um projeto que era «alternativa ao pré-escolar, naquela zona rural». Funcionava desde 1997/98 e desenvolvia atividades adequadas às necessidades de de-senvolvimento das crianças.

SANTIAGO À ESPERA DE APOIOS PARA RENOVAR QUARTEL DO CERCAL

O presidente Álvaro Beijinha, marcou presença na visita que o secretário de Es-tado da Administração Interna, João Al-meida, fez aos bombeiros do Cercal, dia 14, por ocasião dos 40 anos da associação.O edil realça o «novo quadro comunitário e aquilo que o mesmo pode trazer para os bombeiros. No caso do Cercal, há uma in-tenção para avançar para a requalificação do quartel, que já tem alguns anos. O novo quadro comunitário pode vir a canalizar financiamento para estas obras».

ALCÁCER MOSTRA POTENCIALIDADES NA PIMELQUE DECORRE ATÉ DOMINGO COM 50 EXPOSITORESA 25.ª PIMEL decorre até domingo, com 50 expositores e 17 tasquinhas. Música, dança, desporto, colóquios, teatro, cozinha ao vivo, concursos de mel, doçaria e petiscos, cor-rida de galgos e corrida de toiros constam no cartaz. Mickael Carreira atua hoje às 22h30, seguindo-se o Dj Guess What. No domingo há corrida de toiros, às 18 horas, onde são lidados 6 toiros pelos cavaleiros Rui Salvador, Luís Rouxinol e Miguel Moura. A PIMEL fecha com José Cid.

GRÂNDOLA APOSTA NAS SEMANAS DA GASTRONOMIA

A partir de Julho arrancam as “Semanas Gastronómicas”. De 4 a 12, vão estar em destaque o gaspacho, as beldroegas e sala-das”, com 18 restaurantes.A iniciativa dá a conhecer e a saborear os produtos mais característicos da Dieta Mediterrânica considerada pela UNES-CO Património Imaterial da Humanidade e que se distingue pela presença regular das sopas, cozidos e guisados, pão, frutos e produtos hortícolas, frutos secos, utili-zação de ervas aromáticas como condi-mento e consumo de azeite.

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CULTURA

De 3 a 5 de julho, o Pinhal Novo volta a receber o 8.º Festival Inter-nacional de Gigantes (FIG), com muitos espetáculos e animação, num cruzamento entre a cultura festiva tradicional, de raiz ibérica e as expressões artísticas con-temporâneas, marcadas pelas fascinantes máquinas e estrutu-ras de grandes dimensões. O evento foi apresentado, publica-mente, dia 18, em Lisboa, com uma arruada no Terreiro do Paço, que atraiu a atenção de muitas pessoas, seguida de conferência de imprensa na ViniPortugal. Teatro de rua, marionetas, músicas do mundo, circo, dança,

Festival de Gigantes anima o Pinhal Novo

O 32.º Festival de Almada, que foi apresentado na Casa da Cer-ca, no dia 19, vai ser uma edição «rara», dado que «não é comum concentrar tantos e tão bons criadores teatrais de renome in-ternacional», realçou Rodrigo Francisco, diretor da Companhia de Teatro de Almada, que organi-za o evento de 4 a 18 de Julho, em palcos de Almada e Lisboa. Orçado em 769 mil euros, dos quais 257 729 são oriundos do município, o evento conta ainda com a ajuda de 175 168 da Secretaria de Estado da Cultura e 336 189 fruto de parcerias, apoios e receitas próprias. O encenador português Ro-gério de Carvalho, que come-çou a fazer teatro amador na Cova da Piedade e já trabalhou na CTA, é o homenageado des-te ano, e o autor do cartaz é o artista plástico Rui Sanches, que inaugurou a sua exposição na Casa da Cerca no dia da apresentação do festival intitu-lada “Reflexos”. Já o encenador alemão Peter Stein dará um curso intitulado “O Sentido dos Mestres”, de 7 a 9 de Julho, na Casa da Cerca. A edição conta ainda com um ciclo sobre o novo teatro espanhol, com seis espetáculos premiados oriun-dos do país vizinho.

Programação de peso para manter dimensão

Nomes como Peter Stein, Christo-ph Marthaler, Katie Mitchell, Mat-thias Langhoff e o Berliner En-semble integram a programação deste ano, na qual se incluem quatro criações portuguesas. Com 27 espetáculos de sala, pa-gos, e outros 27 de rua, gratuitos, o festival incluirá, no ano em que se comemoram os 10 anos da aber-tura do Teatro Municipal Joaquim

TEXTO ANTÓNIO LUÍSFOTOS SM

Benite, a apresentação de exposi-ções e a realização de vários coló-quios, debates e workshops. Rodrigo Francisco, que faz vo-tos para que o festival atraia «muito público», refere que ao certame jun-taram-se este ano novos apoiantes e os parceiros tradicionais. «Espere-mos que o público disfrute, porque vamos ter bons espetáculos e cria-dores de peso», vinca. Já António Matos, vereador da Cultura, deposita expetativas «muito grandes» no festival, uma

vez que o mesmo «continua a crescer em contraciclo estimulan-te com o País que decresce». A seu ver, este evento é um «emblema da cidade cultural que somos e um sinal de que por estarmos a viver num contexto social difícil, não te-mos de sucumbir e um ponto alto do teatro que se faz em Portugal». As assinaturas para poder assistir ao festival custam entre 40 e 70 euros. Mas, até dia 28, se duas pessoas comprarem a assinatura juntas, cada uma fica a 50 euros.

exposições, muitas atividades especialmente dedicadas ao pú-blico infantil, arruadas, desfiles e a presença indispensável das fi-guras tradicionais, onde radicam os gigantones, os cabeçudos e os zés pereiras, sempre acompa-nhados pelas percussões, pelas gaitas de foles e pelo fogo, são os principais motivos de atração desta edição, que acolhe grupos e artistas de Portugal, Espanha, Alemanha e Israel. Destaque, entre os partici-pantes, para o Teatro do Mar, as Marionetas do Porto, Circ Panic, Markeliñe, Sardana, Adam Read & Fyodor Makarov, La Fontana

Formas Animadas, Still Sunday Pirate, Arsha, Constantino Tei-xeira, Catarina Requeijo, Pas de Problème, Associação Tradição Açores e Drac D’Or, entre outros. Integrado no programa, o já habitual Encontro sobre Cultura Popular convida, este ano, um grupo de gaiteiras para uma con-versa onde se pretende aprofun-dar o tema e troar experiências e apresenta, publicamente, a male-ta pedagógica “Gaita-de-Foles”. Os espaços de gastronomia, com os excelentes sabores regio-nais, também marcam presença num evento que ostenta o selo de qualidade EFFE 2015/2016.

TEATRO PROGRAMAÇÃO DE PESO E ESPETÁCULOS GRÁTIS NAS RUAS FOI APRESENTADO NA CASA DA CERCA

32.º Festival de Almada com programaçãorara e criadores de renome internacional

O 32.º Festival de Teatro Internacional Almada, orçado em 769 mil euros, promete uma edição «rara» e com criadores de «peso», homenagem ao encenador Rogério de Carvalho, um ciclo sobre o novo teatro espanhol, e espetáculos de sala e de rua.

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CULTURA

SETÚBAL27SÁBADO21H30CRISTINA, ALMA DE FADOForum Luísa TodiA cantora setubalense, voz de Amália Rodrigues no filme de Car-los Coelho da Silva, apresenta-se agora no Fórum, onde atuou em menina, com Nilson Dourado, na viola, António Andrade Santos, na guitarra portuguesa, e Carlos Meneses, no baixo.

GRÂNDOLA27SÁBADO22H30TOCHAS FAZ RIR NO CASINOCasino de TroiaA nossa vida não é mais do que “Um tempo” de existência neste mundo. “Um tempo” cheio de pequenas aventuras, acidentes, trapalhadas, conquistas, fracassos, amores e ódios. Junte-se a Pedro Tochas e partilhe a sua visão deste mundo maluco e ao mesmo tempo deslumbrante.

SINES27SÁBADO22HMIGRAÇÃO INSPIRA GATOCentro de Artes de Sines O GATO apresenta a peça “Vai, Vem”, uma peça inspirada na migração como território visual e no teatro físico como ferra-menta narrativa, onde quatro personagens deambulam cruzan-do as suas histórias. Integrada na 16.ª Mostra de Teatro de V. N. Santo André.

MONTIJO27SÁBADO16H30“ROSA-CÃO” DA ARTEMREDE Teatro Joaquim d’Almeida O espetáculo “Rosa-Cão”, com direção, interpretação e figuri-nos de Ainhoa Vidal e música de Pedro Gonçalves, é um solo de dança acompanhado por projeções de animação audiovi-sual e uma composição musical inédita tocada ao vivo e em tempo real.

BARREIRO27SÁBADO16H00MÚSICA NA ROTA DA RESISTÊNCIA Vários locais No âmbito do 31.º aniversário da elevação do Barreiro a Cidade, o município apresenta o programa “Barreiro Memória e Futu-ro”, que inclui o “Música na rota da resistência”, com uma mão cheia de concertos em vários locais emblemáticos da cidade ligados à história da resistência antifascista.

PASSATEMPO GANHE CONVITES PARA “NOITE DAS MIL ESTRELAS” “A Noite das Mil Estrelas”, em cena no Casino Estoril, é um musical de Filipe La Féria que conta a história do Casino Estoril e da Costa do Sol desde as suas origens à atualidade. O musical faz reviver no palco os grandes artistas que ali atuaram, como Amália, Maysa Matarazzo, Charles Aznavour, Nina, Simone, José Carreras, Montserrat Caballé, Liza Minelli, Ray Charles, Elton John, entre centenas de estrelas que brilharão no céu do Estoril neste grande espetáculo de La Féria. Alexan-dra, Gonçalo Salgueiro, Vanessa, Pedro Bargado, Dora, Rui Andrade, Cláudia Soares, João Frizza, Catarina Mouro, David Ripado e Inês Herédia são os protagonistas do espetáculo que apresenta um sensacional corpo de baile, coreografado por Marco Mercier, e três magníficos acrobatas. Para se habilitar aos convites basta ligar 969 431 0 85.

“Pexum” leva “Independente” à vitória nas marchas de Setúbal O Teatro Animação de Setúbal O “Independente” venceu as marchas de Setúbal, com o tema “Rainha sardinha, rei carapau”. A coletividade conquistou ainda os prémios de melhor letra e música, da autoria de Bruno Frazão e Artur Jordão.Bruno Frazão, ensaiador, mos-tra-se bastante satisfeito com a vitória, concluído que a sua marcha «marcou pela diferen-ça e que, sem fugir à tradição, manteve o cunho de marcha popular». Na sua opinião, a le-tra e a música ajudaram a mar-cha conquistar o título, carate-rizando o conjunto de «bastante harmonioso, com arcos e figurinos em perfeita conjugação e com uma paleta de cores bastante apelativa». Na coreografia, destaca «o di-namismo, com a envolvência das várias componentes dos arcos e a voz que foi dada aos marchantes». O júri deu o 2.º lugar aos “13”, que arrecadou ainda o prémio de cenografia com “Entre mares de crença e redes de dor, vive a varina e o seu pescador”.

AGENDA

O ensaiador Fábio Carmelo, diz que a sua classificação foi «ex-celente». «Aceitamos este 2.º lu-gar muito bem. Sabíamos que tínhamos uma marcha forte, bem trabalhada e muito tradi-cional às origens de Setúbal». O 3.º lugar foi para o Br.º Santos Nicolau, que apostou em “Há festa no Bairro Santos”, enquan-to no 4.º posto ficou as Pontes, com “Setúbal princesa um te-souro da natureza”, distinguida com o melhor figurino.Amílcar Caetano, o mentor da marcha, reconhece que «não po-diam ficar todas no pódio. De 9 apenas 3 teriam lá lugar. Coube--nos um honroso 3.º lugar. Para

nós, estar no pódio já é mesmo uma vitória». Os prémios para melhor coreo-grafia e melhor madrinha, Ivone Dias, foram ganhos pelo Centro de Brejos de Azeitão, que ficou no 5.º posto com “Entre bolinhas de sabão, a bonita lavadeira, en-tregou o seu coração”, imediata-mente à frente da Perpétua Azei-tonense, em 6.º com “Arraial de S. João nas noites de Azeitão”.O Bicross, com “Cada cor seu paladar”, ficou em 7.º lugar, a ACTAS e o desfile “Duas vidas num só fado…”, em 8.º, e a Coo-perativa do Faralhão, com a marcha “É dia de feira na cida-de”, em último lugar.

A fadista setubalense Deolin-da de Jesus está a brilhar no Quarteto de Fado e no Fado em Coro, dois projetos que estão a dar cartas no panorama da mú-sica tradicional portuguesa. No que toca ao primeiro projeto, a artista confessa que o quarteto está a ser «bastante apreciado», não parando de chover os convites para atua-ções. Já o Fado em Coro, que conta com os mesmos músicos do quarteto e as grandes vozes do Coral Luísa Todi, de Setú-bal, Deolinda de Jesus sente-se «muito orgulhosa» em fazer parte deste projeto que já atuou em vários pontos do País e no estrangeiro. Depois de ter sido madri-nha das marchas de Setúbal, este ano estreou-se como ma-drinha em Lisboa, nomeada-mente na marcha da Baixa, tendo cantado em conjunto com Carlos Quintas, a convite do mentor da marcha Carlos Jorge Espanhol.

Amante do fado tradicional e a cantar desde os 16 anos de idade, Deolinda de Jesus está a pensar gravar, em breve, o seu segundo trabalho discográfico, mas, para já, não está nos seus planos dar esse passo, porque é «dispendioso». Deolinda de Jesus, que admite ser uma mulher «bastante persis-tente» em tudo o que faz, confessa--se uma mulher «verdadeira, sen-sível e muito vaidosa em palco».

TEXTO QUARTETO DE FADOFOTOS DEOLINDA

Com Miguel Ramos, venceu o 1.º prémio e prémio da melhor voz do concurso “O fado mora na feira”, na extinta Feira Popular, em Lisboa, além de muitos ou-tros. Em Sines, ganhou o 2.º lugar num concurso de fado, e o 3.º lu-gar no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, quando o júri eram as palmas. Nos Alunos de Apolo também brilhou num concurso de fados, entre outros.

Deolinda de Jesus dá cartas no fado e nas marchas

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CULTURA

Olá Cristiana. Vamos começar pelo início… Quem é a Cristiana Águas?

Ui, começamos com perguntas difíceis? Ninguém se sabe des-crever exatamente como é, é mais fácil que sejam os outros a fazê-lo. Mas penso, que sou uma pessoa que respeita o dom que lhe foi dado, e que se descobre a cada tema interpretado. Isto por-que cada música é um sentir di-ferente.

Como começou o seu percurso na música?

Desde que me lembro de ser gen-te que a música esteve sempre presente, não houve um único dia da minha vida que a música não estivesse presente. Já nas-ceu comigo, e ainda bem, pois acredito que se assim não fosse, seria menos feliz. E ainda não ciente disso, já cantarolava por casa em mini concertos para a família.O fado aconteceu aos 11 anos de idade, num encontro entre aulas de canto e história de fado, e des-de então que vivo abraçada ao fado, tendo-me apresentado, por todo o país, e fora de Portugal e também por ter sido convidada a emprestar voz aos 20 anos de Amália Rodrigues no seu filme biográfico.Até que numa das muitas noites de fado, no Clube de Fado, o Pierre Aderne desafiou-me a gravar este disco.

O que representa para si o lança-mento deste primeiro trabalho?

Esta experiência tem sido, sem dúvida, a maior viagem de mi-nha vida. Enquanto estava em estúdio e gravava as músicas deste meu primeiro álbum, ia embalando a minha filha no meu ventre.Este disco fez-me comprovar que tudo tem o seu momento certo de acontecer, e que a vida é muito mais que a simples mera física, explicável.

Como podemos definir este ál-bum de estreia?

É um disco de uma fadista em nome próprio, com uma nova abordagem á alma de quem o canta. É um disco descritivo, de imagens. É também uma home-nagem á minha terra natal e ao rio Sado. Diz muito de mim, e até me surpreendeu conhecer esta Cristiana, Cristiana Águas. Como um renascer das Águas do rio Sado.Transporta-nos para um sonho não menos real. Fala da ingra-videz do mundo, no seu presen-te e num futuro melhor, e o curioso e acaso do destino é que o disco foi gravado num es-tado meu de gravidez. Foi qua-se como ter gémeos.

Complete a frase… o fado para mim é…

A história de um povo português que traz pela mão a saudade e al-guma tristeza.

É natural de Setúbal e hoje vai cantar na sua terra, presentean-do os setubalenses, azeitonen-ses e visitantes com a sua voz e presença. Embora o momento ainda não tenha chegado, qual é o sentimento? O que espera do público “sadino”?

É verdade, esta terra viu-me nas-cer, e até desenvolver o meu gos-to e conhecimento musical, nas primeiras aulas de música e de acordeão. E ainda fui batizada pelo palco Luísa Todi, sendo o primeiro palco que me estreei a cantar com nove anos de idade e depois aos onze, cantando fado pela primeira vez. E mal sabia eu que seria lá que iria fazer o clip do meu disco de estreia, e que voltaria a reviver momentos de infância, onde de certa forma, tudo começou.Agora, mais madura porém com aquele sentimento de estar a re-viver os momentos daquela criança crescida, que sentia as pernas a tremer de nervoso e de responsabilidade. É como ir pe-dir a bênção necessária à terra onde se nasceu.Espero que o público sadino apre-cie a música desta sadina fadista, que tem algumas surpresas pre-paradas para esta noite, nomea-damente um hino à nossa terra.

Quais são as suas grandes inspi-rações e referências no mundo da música?

Em casa ouvíamos muito Antó-nio Variações, Zeca Afonso, Ma-ximiano de Souza, Amália Ro-drigues, Simone de Oliveira, José Mario Branco, Gal costa, Vinicius, Tom Jobim...Podemos dizer que este álbum é o concretizar de um sonho?

Este álbum em homónimo é mais do que isso, é um sonho nunca antes sonhado. Afirmo isto, porque este é um sonho nunca antes idealizado ou pen-sado acontecer. Não podia ima-ginar que um dia viria gravar um dueto com Ney Matogrosso, na épica música que acompanhou a minha adolescência, pertencente ao grupo “secos e molhados” o “sangue latino”. Gravar duetos com a Cuca Rose-ta e Pedro Moutinho. Ter o privi-légio de partilhar a minha música com compositores e músicos de excelência que me acompanham, como: Dadi, Diego Vasallo, Léo Minax, Mú Carvalho, Ricardo Sil-veira, Pierre Aderne, entre outros.Um trabalho produzido por Pier-re Aderne. Foi deveras, quase inacreditável e gratificante.

Para além da música, o que gos-ta de fazer?

Pode parecer cómico, mas amo tanto a minha bebé, que adoro trocar as suas fraldas; brincar com ela ao ar livre, correr atrás dela a brincar às escondidas, dançar com ela e ouvir a sua sen-tida gargalhada e à noite embalar este ser que é parte de mim, e adormecê-la em meu peito, en-toando melodias cheias de amor.

O que deseja para o futuro?

Ser feliz, rodeada de minha famí-lia, tendo saúde para desfrutar da alegria de ver a minha filha crescer, sempre descobrindo os pormenores das coisas simples e belas. Quero continuar a surpre-ender-me a mim mesma, apren-dendo e crescendo pela ordem natural que tem sido o meu per-curso profissional nestes 16 anos da minha carreira artística.

Na opinião da Cristiana, Setúbal é uma cidade virada para a cultura?

É uma cidade cheia de cultura e de história! Onde se faz sentir o que é uma verdadeira marcha popular. Onde Bocage está pre-sente em cada rua, ou banco de jardim, recitando os seus poe-mas. Onde os marinheiros lan-çam suas redes ao Sado para co-lher o alimento e o sustento. E onde sinto muito Alentejo em cada Setubalense, talvez na for-ma de ser e estar.

O nome fica no ouvido e a sua voz e presença não deixam ninguém indife-rente. Chama-se Cristiana Águas, é fadista, natural de Setúbal, e lança agora o seu primeiro álbum. Vive abraçada ao fado desde os 11 anos de idade. Deu voz a Amália Rodrigues no filme biográfico de homena-gem à grande diva do fado. Esta noite atua no maior palco da cidade que a viu nascer, o Fó-rum Luísa Todi, e pro-mete um espetáculo com muitas surpresas.

ENTREVISTA RITA MATOS

ENTREVISTA COM A FADISTA SETUBALENSE CRISTIANA ÁGUAS

UM SONHO NUNCA ANTES SONHADO

LER DE CARREIRINHAFátima R. Santos

Leitora

Em junho, Setúbal respira tempo de verão, de rio azul, de peixe grelhado e não “é preciso fazer um desenho” para perceber que se está em plena Festa da Ilustra-ção. Projectos de vários autores podem ser vistos, re-vistos e fruídos em diversos locais da cidade.

De entre os espaços que a cidade proporciona, a barbearia é ou foi um lugar de aprendizagem, de diálogo, de convívio de ideias, mas já não são muitas as que se enquadram nesta des-crição. Solenemente bonita, a Barbearia da baixa representa ainda um pouco de tudo isto e foi a escolhida pelo escritor e poeta Manuel Bola, que se desdobra também no ator Carlos Rodrigues, para apresentar o seu último livro Histórias do pin-cel da Barba, um pequeno objeto de culto transformado em li-vro, ou o contrário se quisermos, pois nestes assuntos da semi-ótica o que não é verbal também tem algo a dizer na produção dos textos. Comecemos pelas cores da capa que nos apontam para o ambiente, para a terra e em última instância para o Ho-mem. É efetivamente sobre o humano que versam estas 5 his-tórias que têm, em longos e demorados escanhoados, um pin-cel da barba como motivo de ligação entre elas. Manuel Bola com o seu sentido de humor imprime-lhes um cunho dramaticamente cómico como na expressão «A poupa com o bico todo enlabascado em merda canta melhor que tu!», usada por Bernardino para facilitar risadas boçais e o respecti-vo pagamento em copos de vinho nas tabernas. Bernardino in-dolente por jeito e linhagem aproveita o que a vida lhe oferece e apenas daí sai para usar na perfeição o pincel da barba. Habi-lidoso na arte de barbear é, também, o Piguita a quem a vida não corre como aos demais e a não ser na animação de taberna, onde as relações se unem na crueldade e na amizade, não en-contra qualquer sentido, nem mesmo nos momentos de even-tual agir social em que se enreda sem muito pensar. Barba de ouro como era conhecido o Justino Antónia dos Santos, que lá na aldeia era o Tino, “o filho do padre”, é mais um exímio na arte de lidar com o pincel da barba, a gilette , o creme 444 e a vida a rolar. A Ritinha é a esperança. Ainda que também use o pincel da barba, sem mestria, fá-lo para encontrar respostas sobre e para a condição humana. Por fim, o Adolfo sonolento, cuja vida apenas parece fazer sentido para usufruir de longas horas de sono, é o arquétipo dos que sobrevoam a espuma dos dias. Não se interroga nem tenta romper com o que incomoda pois também nada lhe provoca semelhantes sensações. Recebe por fastio, sem entusiasmo, mas com alguma colaboração o que houver para receber. «- O senhor desculpe, mas o que eu tenho para dizer … é que eu costumo fazer a barba todos os dias à noite antes de me deitar, para sempre dormir mais um bocadinho da parte da manhã.- E o que é que eu tenho a ver com isso?!- Nada, claro, o caso é que o meu pincel da barba estragou-se e eu ontem tive que sair à pressa para comprar um novo, por isso não estive na reunião nem sei do que lá decidiram.O engenheiro director embuchou como um xarroco apanhado em seco, mas tomou um ar sereno como se nada tivesse acon-tecido e pensou: “os comunistas têm com cada truque!”- Muito bem, senhor Adolfo, faça o favor de sair e obrigado pela sua colaboração.- De nada, senhor director, eu é que agradeço. – e saiu.Palavra de engenheiro director não volta atrás, mas passou o dia todo ruminando a mesma ideia peregrina: “os comunistas têm com cada truque!”.O Adolfo “coninhas, dorme dorme” passou a ser o herói da fá-brica, mas havia quem perguntasse à boca pequena: “por que razão foi ele promovido?” Não são histórias de embalar estas que Manuel Bola, com bas-tante humor, nos dá a conhecer, ainda que por lá andem muitos sonolentos e indiferentes que dão mais sentido às palavras de José Afonso: Há quem viva/Sem dar por nada/Há quem morra/Sem tal saber.»Manuel Bola é também autor de Sem amor e de Poemas a soar a manhã.Integrando-se este livro na Festa da Ilustração, são de assinalar as ilustrações de Gonçalo Duarte. Interpretações que nos re-metem para um ambiente bem humorado e graficamente efi-caz. Bons desenhos em muito bem cuidada publicação. Por fim, não nos devemos esquivar a notar a ficha técnica que menciona tudo e todos os que foram necessários e imprescin-díveis para a produção deste livro que tem, na contracapa, uma magnífica fotografia que apresenta um Manuel Bola cortês que nos saúda e parece aconselhar a leitura das Histórias do pincel da barba. Vale a pena!

Desenhos e pincéis de barba

Manuel BolaHistórias do pincel da barbaIlustrações: Gonçalo DuarteFotografia do autor: Maurício AbreuRevisão: João Reis RibeiroPaginação: João Silva | DDLXTipografia utilizada: Filosofia, Emigre fontsImpressão: Gifit Edição: muito cá de casa | DDLXLisboa | Setúbal | junho de 2015

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DESPORTO

36 graus de temperatura do ar, 19 de temperatura da água e a maré na vazante… É este o cená-rio que espera os perto de 70 atletas, de elite mundial, que vão participar na etapa setubalense de águas abertas, este sábado, a

Telma Monteiro conquistou a medalha de ouro nos I Jogos Europeus, que decorrem em Baku, no Azerbaijão. A judoca portuguesa derrotou a húnga-ra Hedvig Karakas, na catego-ria de -57 quilos. Telma Monteiro, líder do ‘ranking’ mundial, venceu a 11.ª jogadora do mundo por ‘ippon’, confirmando a ten-dência frente à rival húngara, a quem venceu em todos os cinco combates. Na competição de judo dos I Jogos Europeus, que atri-buem também os títulos conti-nentais, Telma Monteiro asse-gurou o seu quinto título, depois de já ter conquistado o título de campeã da Europa em 2006 e 2007, na categoria de -52 kg, e em 2009 e 2012 na atual categoria de -57 kg.

O Remo Clube Lusitano marcou presença na 5ª etapa da taça de Portugal de triatlo, realizada no passado domingo, em Oeiras. De acordo com os partici-pantes na prova, as condições apresentaram-se “muito difí-ceis no percurso de natação, tendo a forte corrente da praia da torre afectado e arrastado o grande pelotão” composto por 65 atletas femininas e 455 atle-tas masculinos. Esta situação acabou por criar um “engarra-famento difícil de ultrapassar” na primeira boia, que alongou o pelotão desde o início da prova. No sector feminino, o RCL fez--se representar apenas por uma atleta, a cadete Catarina Casca-lheira. Nos homens, pela primeira vez, esta época “esteve composta uma equipa que permitiu fechar contas na classificação colectiva”. Júlio Amândio, Sérgio Fajardo e António Sousa alinharam e con-cluíram a prova pelo Lusitano.

Classificações:

Catarina Cascalheira - 41ª classificado - 1h29’02Júlio Amândio - 114º classificado - 1h07’07Sérgio Fajardo

Quatro atletas «Lusitanos» vão participar na 5ª etapa da competição nacional de remo

Telma de ouro em Baku conquista 5º título europeu

NATAÇÃO 70 ATLETAS DE ELITE MUNDIAL ATESTAM ETAPA SETUBALENSE NO PARQUE DE ALBARQUEL

Mares do Sado recebe maratona de Águas abertas com muito calorTEXTO MARTA DAVIDIMAGEM SM

A prova decorre a um mês do Campeonato do Mundo e é a sexta prova do calendário internacional. A organização quer aproveitar para ‘afinar’ preparativos para apuramento olímpico, que volta a realizar-se em Setúbal no próximo ano.

partir das 16 horas, no Parque Urbano de Albarquel. Condições favoráveis para a maior parte dos atletas que, ainda assim, consideram a prova de Se-túbal uma das mais exigentes do circuito mundial. A prova, a cerca de um mês do Campeonato do Mundo, e que é a sexta etapa da Taça do Mundo, vai ser uma espécie de teste para os atletas. Para a or-ganização vai ser mais um mo-mento para afinar os preparati-vos para o apuramento olímpico que volta a realizar-se em Setú-bal no próximo ano. Christian Reichert, número três no ranking mundial e cam-peão do Mundo por equipas, em 2013, em Barcelona, é um dos ca-beças de cartaz da prova. O ale-mão regressa a Setúbal onde já foi segundo classificado em 2009. Rachele Bruni é a número 1 no ranking feminino e, na ausên-cia da campeã olímpica em títu-lo, é aquela que à partida se posi-ciona para vencer no Sado. Terá seguramente luta renhida com a húngara Anna Olasz, segundo no ranking mundial.

- 174º classificado - 1h09’56 (melhor marca pessoal)António Sousa - 318º classificado - 1h20’20 (estreia)Equipa masculina - 30º lugar - 3h37’23

Para além da principal competi-ção, foi ainda realizada uma pro-va aberta, que contou com a par-ticipação de cerca de 200 atletas masculinos e 50 femininos. Numa prova que tem como intuito dar a conhecer a modalidade aos es-treantes, o Remo Clube Lusitano fez-se representar por mais cin-co atletas que, na próxima época, “planeiam competir na prova principal, dando indicações de crescimento da equipa”.

Classificações:

JOANA ROMÃO – 27ºGASPAR RODRIGUES – 54ºMANUEL JALECA – 58ºEDUARDO PEREIRA – 99ºGONÇALO SOUSA – 137º

A próxima competição será o Aquatlo de Coruche, prova com a particularidade de ser destinada a todos os escalões desde benja-mins a veteranos.

“Mass event” junta duas centenas de nadadores numa ação de promoção

Entretanto, perto de duas centenas de atletas estarão à partida para a prova de promoção da natação que se realiza a partir das 10 horas. O “mass event” é uma das maiores e mais concorridas provas do calendário nacional de águas abertas e onde se apresentam alguns dos melho-res atletas nacionais da espe-cialidade que ainda não inte-gram a seleção nacional.

ANNA OLASZ – HUNGRIA«Esta é uma prova muito bem organizada e com excelentes condições técnicas e de segurança. Estive cá há três anos, no apuramento olímpico, e tenho muito boas memórias. Só foi pena não ter conseguido o apuramento, mas guardo boas re-cordações da prova de Setúbal.»

ANGÉLICA ANDRÉ – PORTUGAL«A prova de Setúbal é muito exigente. No meu caso nem é tan-to pela temperatura da água, mas sim pelo facto de ser em Portugal e o público exigir mais de nós. Vai ser um bom teste para o campeonato do Mundo. Espero conseguir classificar--me entre os 10/15 primeiros lugares.»

DIOGO VILARINHO – BRASIL«É o meu terceiro ano em Setúbal. É uma prova difícil em es-pecial pela temperatura da água e também pelas correntes. Apesar disso espero conseguir representar bem o Brasil que tem tido sempre grandes representantes como a Ana Marcela Cunha ou a Poliana Okimoto.»

RAFAEL GIL – PORTUGAL«Espero conseguir uma boa prova em Setúbal. É uma etapa muito exigente, uma prova com um grande lote de atletas. Como o campeonato do Mundo é daqui a menos de um mês, esta prova é também uma forma de preparação.»

A atleta juvenil do Vitória de Setúbal, Rita Ribeiro, participa, esta semana, no Campeonato Mundial de Desporto Escolar, que decorre na China. Esta é já a segunda interna-cionalização da atleta sadina depois de ter estado o ano pas-sado em Angola nos Campeo-natos da Juventude. Rita Ribeiro vai participar nas provas de 800 metros e lançamen-to do peso. O apuramento foi con-seguido ao vencer a prova de 1500 metros no Campeonato Nacional de Desporto Escolar e a atleta inte-gra assim o lote dos seis eleitos

para representar o nosso país. Para a jovem fundista o impor-tante é «aproveitar ao máximo esta experiência, que é única!». Promete dar o seu melhor e provar a si mesma que é «capaz de fazer o “impossível”!» Rita quer ainda «aproveitar o nível competitivo que vai ser mui-to forte, para fazer um bom resul-tado em termos de marca.» Prepa-rada para «ver o que é “correr a sério”», a atleta quer ainda apro-veitar para se «divertir muito, dentro e fora da competição!» porque afinal «não se vai à China todos os dias.»

Rita Ribeiro com segunda internacionalização na China

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NEGÓCIOS

A Baía do Tejo e os municípios de Almada, Barreiro e Seixal investi-ram 70 mil euros para realizar um plano de Marketing Territorial para o Arco Ribeirinho Sul, por forma a criar a marca Lisbon Sou-th Bay, atrair investimento, criar postos de trabalho e requalificar o território. A apresentação pública do pla-no e da marca escolhida teve lugar na manhã de quinta-feira, no Mu-seu Industrial Baía do Tejo, locali-zado no Parque Empresarial do Barreiro, onde marcaram presen-ça o presidente da Baía do Tejo, Jacinto Pereira, o representante da Sales Group, Pedro Rodrigues, e os presidentes dos municípios de Al-mada, Barreiro e Seixal, Joaquim Judas, Carlos Humberto e Joa-quim Santos. O estudo, que escolheu o nome Lisbon South Bay, identificou os pontos fortes do território com vista à sua requalificação, a atra-ção de novos investimentos e cria-ção de emprego. «Investigámos e

visitámos o território e consultá-mos várias biografias e planos de ordenamento. A auscultámos o maior grupo de pessoas e entida-des, com diferentes sensibilidades, para tentar encontrar alguns pon-tos comuns», revela Pedro Rodri-gues, responsável da Sales Group, que realizou o estudo. Foram feitas cerca de 25 entre-vistas, com visões distintas, que envolveram 36 entrevistadores, bem como 927 entrevistas online. «Tentámos saber quais eram os pontos de união, as oportunida-des, os pontos fortes do território e as sensibilidades das pessoas. Numa lógica de construção de marca, é também importantíssimo a forma como somos vistos de fora e fomos ouvir as pessoas de Lisboa», sublinha.

«Identidade comum e polo de atração»

Para Jacinto Pereira, presidente da Baía do Tejo, o projeto Arco Ribei-rinho Sul está «vivo e goza de mui-ta saúde», sempre com uma «nova dinâmica e adequando-se à evolu-ção dos tempos» e com crescente procura de empresas para a Baía do Tejo. A nível internacional, o ARS tem vindo a promover a Cidade da Água, em Almada, e os parques empresariais do Barreiro e do Sei-xal, sublinhando que «a criação de uma marca própria, identificadora de toda a região, vai decisivamente potenciar e facilitar a divulgação destes ativos nos mais diversos contextos». Segundo Jacinto Pereira, a in-tenção é construir «uma visão ca-paz de afirmar estes territórios no plano nacional e internacional, au-mentando a sua atratividade atra-

vés da valorização daqueles que são os seus fatores distintivos e competitivos». A marca Lisbon South Bay afir-ma uma «identidade comum e constitui um polo de atração para os visitantes e investidores nacio-nais e internacionais, porque que-remos construir uma região de re-ferência à escala internacional», vincou Jacinto Pereira, sublinhan-do a «capacidade de entendimento e criação de sinergias entre todas as entidades envolvidas», com vis-ta a defender «a nossa região, atrair investimento e criar postos de trabalho».

«Quando se trabalha em conjun-to, avançam os projetos» O presidente da Câmara do Bar-reiro afirmou que estamos a «dar mais um passo importante no caminho de projeção dos nossos territórios, tão importantes para o País e para a Área Metropolita-na de Lisboa», acrescentando que «este é mais um exemplo de que é possível, quando trabalha-mos em conjunto, fazer avançar os projetos. Temos pontos de partida, às vezes diferentes, mas procuramos ter um ponto de

chegada comum. Estamos a dar força à construção de soluções que temos vindo a dar corpo, em conjunto, e à construção da es-tratégia que queremos para o fu-turo e que vem de trás consolida-da, com passos sustentados. Esta estratégia pretende potenciar os territórios, promove-los, requali-fica-los, e continuar a dar susten-tabilidade ambiental, reaprovei-tar a frente-rio para as atividades económicas, desportivas, cultu-rais, lúdicas e turísticas. É tam-bém preciso construir nestes três territórios plataformas de traba-lho, emprego e desenvolvimento económico e de criação de rique-za. É preciso atrair investidores e atividade económica nacional e internacional». Para o edil barreirense, «hoje mostrámos que o projeto do Arco Ribeirinho Sul, com a designação de caráter internacional, continua a fazer parte da estratégia de de-senvolvimento que temos para os estes três concelhos, mas também para os territórios da AML e do País. «Talvez estes sejam os terri-tórios mais importantes, com ca-raterísticas, talvez únicas no País, para permitir dar uma ajuda na reindustrialização do País».

Lisbon South Bay relançam Almada, Barreiro e Seixal no plano internacional TEXTO ANTÓNIO LUÍSIMAGEM SM

Projetar e divulgar os territórios de Almada, Barreiro e Seixal a nível internacional e cativar os investidores para a criação de novos postos de trabalho são os propó-sitos do estudo lançado pela Baía do Tejo avalia-do em 70 mil euros e que deu origem à marca própria Lisbon South Bay.

«LISBOA TEM DE INTEGRAR-SE COM A MARGEM SUL»Depois do apresentação do plano de Marketing Territo-rial, os presidentes dos três municípios envolvidos de-ram uma conferência de im-prensa conjunta, onde Carlos Humberto sublinhou que «precisamos convencer que o País precisa é que Lisboa te-nha massa crítica e se conso-lide, não como Lisboa isola-da, mas como Lisboa região, e isso só acontece se integrar--se com a margem sul. É pre-ciso olhar para os territórios de Almada, Barreiro e Seixal, que são fundamentais para o desenvolvimento da tal Lis-boa região».Já Joaquim Judas frisou que nas feiras internacionais é «importante» aparecer a marca Lisbon Souht Bay, por-que Lisboa é «uma referência internacional, graças ao seu potencial turístico e é fácil de encontrar no mapa. É pre-ciso que os investidores per-cebam o potencial da zona e este passo ajuda no processo da internacionalização».Por seu turno, Joaquim San-tos afirmou que os territórios de Almada, Barreiro e Seixal são «muito importantes para o desenvolvimento da região e do País, do ponto de vista económico e social, porque a Margem Sul esteve afastada dos sucessivos Governos. Não é um deserto mas sim um oá-sis que queremos afirmar».

O concurso internacional para o Estudo de Impacte Ambiental e Estudo Prévio sobre o novo ter-minal de contentores de Lisboa previsto para o concelho do Barreiro já foi aberto, segundo avançou o presidente da autar-quia, Carlos Humberto. De acor-do edil, vai ser agora deixar ter-mina o prazo para conferir quem vai ser o vencedor. Carlos Humberto falava à margem da apresentação do Plano de Marketing Territorial para o Arco Ribeirinho Sul, que decorreu no Barreiro, admitindo que são esperados para breve os resultados de uma candidatura a fundos comunitários para de-senvolver estudos sobre a insta-

lação do novo terminal de con-tentores no Barreiro. O autarca avançou ainda ter sido apresentada uma candida-tura de seis milhões de euros a Bruxelas, para desenvolver es-tudos e promover a atividade portuária. «Esperamos que o re-sultado da candidatura possa ser conhecidos nos próximos dias ou semanas», sublinhou. Carlos Humberto tem alerta-do que a construção do terminal no Barreiro será relevante no desenvolvimento da Área Me-tropolitana de Lisboa. «Porque é preciso investir na Margem Sul. E estamos convencidos que o terminal iria contribuir muito para desenvolver a península de Setúbal e a Área Metropolitana, como um todo», ressalvando a

necessidade do projeto «respei-tar aspetos de carácter ambien-tal, acessibilidades e questões urbanísticas portuárias». Recorde-se que o Barreiro tem sido o concelho na linha da frente para receber o terminal de contentores destinado a aumen-tar a capacidade portuária de Lisboa, depois da desistência da Trafaria. Ao contrário da contes-tação que mereceu no concelho de Almada, o projeto sempre agradou à autarquia do Barreiro, tendo o presidente da Câmara, Carlos Humberto, vindo a decla-rar-se «satisfeito», depois de ter conhecimento que o município passou a ser «único local que está a ser estudado» para rece-ber a infraestrutura portuária de águas profundas.

Concurso para estudos do terminalde contentores no Barreiro já abriuTEXTO ANTÓNIO LUÍS

IPS E AMBILITAL ESTREITAM LAÇOS DE COOPERAÇÃO

Com vista a reforçar a colaboração do Instituto Politécnico de Setúbal, através da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal, com as diferentes entidades da região, acaba de ser celebrado um protocolo com a Ambi-lital. Na cerimónia, que decorreu dia 19, na sede da Ambilital, em Er-midas do Sado, marcaram presença Pedro Dominguinhos e António Viana, o presidente do IPS e o administrador delegado da Ambilital, respetivamente. Segundo Pedro Dominguinhos, presidente do IPS, além de se alargar o leque de trabalho com as entidades da região, o protocolo permite, também, ao IPS, «desenvolver projetos concretos na área do ambiente, uma temática crucial para o desenvolvimento do futuro, que passa pela preservação e sustentabilidade ambiental», acrescentando que a Ambilital é uma empresa que tem «grande influência na região, em termos de projetos ambientais». O protocolo em questão permite a realização de estágios e ações de formação na Ambilital, para estudantes e diplomados dos cursos de especialização tecnológica, técnico superior profissional, de licencia-tura e de mestrado da ESTSetúbal/IPS. E visa, ainda, contribuir para uma «melhor implementação dos co-nhecimentos adquiridos pelos estudantes da ESTSetúbal/IPS, no con-texto da atividade profissional e promover o contrato com o mercado de trabalho.Fundada em 2001, a Ambilital é uma empresa intermunicipal que tem como objetivo a exploração do sistema integrado de recolha, tra-tamento dos resíduos sólidos urbanos do Sistema Intermunicipal da Amagra. Desenvolve a sua atividade nos municípios de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, entre outros. É responsável pela produção de cerca de 60 mil toneladas de resíduos urbanos por ano. Está sedeada em Ermidas do Sado.

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NEGÓCIOS

TEXTO RITA MATOS*IMAGEM SM

Chegou a Setúbal há pou-co mais de dois meses e os primeiros resultados co-meçam já a comprovar que esta foi uma aposta ganha. «Consideramos que o mercado de arrenda-mento está, neste momen-to, em expansão. Um facto que tem a ver, essencial-mente, com a crise que surgiu nos últimos anos e que todos nós, infelizmen-te, temos estado a viver. A crise deixou sequelas, e

uma delas é a restrição que os bancos estão a fazer à compra de casa», explica o diretor da loja de Setúbal, António Lapa, acrescen-tando que, hoje em dia, a atividade profissional exi-ge que as pessoas tenham uma maior mobilidade. «Hoje trabalham e moram aqui, mas amanhã terão de ir para o Porto, para o Al-garve ou até para fora do país. Não direi se isto é bom ou mal, é sim uma ca-racterística que temos de trabalhar». Na opinião de António Lapa, esta nova oferta no

ramo imobiliário, imple-mentada, desde 2011, em várias cidades do país, veio suprir uma lacuna existen-te na região de setúbal. «As atuais imobiliárias funcio-nam bem, conhecem o mercado e estão bem cota-das nas vendas, mas não estão muito vocacionadas para o arrendamento». O “Arrenda na hora” procura satisfazer as ne-cessidades dos clientes, respondendo a várias soli-citações. «Prestamos um serviço, quer em termos de angariação de imóveis, quer em termos de anga-

der da melhor forma às ne-cessidades específicas de cada cliente. O “Arrenda na hora” faz a gestão e o acompanhamento do ar-rendamento, presta escla-recimento aos clientes so-bre este negócio de mercado “emergente”, efe-tua o kit de instalação de vários serviços (água, luz, internet, telefone e tv), é responsável pela certifica-ção energética e trabalha ainda no sector das obras e da decoração. Uma diver-sidade de produtos que culmina numa das princi-pais apostas da empresa: o serviço de mudanças. «Já temos uma parceria com uma empresa a nível na-cional, mas queremos fa-zer parceria com empresas locais». Ao fim de pouco mais

riação de inquilinos, ten-tando selecionar as pesso-as indicadas para cada imóvel». Por vezes não é fácil encontrar o imóvel deseja-do, assume o diretor da loja de Setúbal, mas os contactos e as parcerias servem de ajuda. «Já con-tactámos outras imobiliá-rias que têm imoveis do nosso interesse. O nosso objetivo final é agradar aos nossos clientes, quer se-jam eles proprietários ou inquilinos», afirma Antó-nio Lapa.

“Expandir e continuar a abrir lojas no concelho”

Além do arrendamen-to, a empresa apostou noutros produtos sempre com o objetivo de respon-

Projeto inovador na área do arrendamento imobiliário para agradar a senhorios e inquilinos

“Arrenda na hora” chega a Setúbal com novidades Setúbal tem agora disponível um novo conceito de arrendamento. Além de encontrar o imóvel adequado às necessidades e características de cada cliente, seja ele proprietário ou inquilino, o “Arrenda na hora” presta ainda outro tipo de serviços como a gestão e acompanhamento de arrendamentos, obras e decoração, cerificação energética, kit de instalação de serviços e mudanças. A loja fica localizada em plena Ave-nida Rodrigues Manito, uma das zonas mais movimentadas da cidade.

de dois meses de trabalho, o diretor da loja “Arrenda na hora” de Setúbal faz um balanço positivo, mas su-blinha que é preciso conti-nuar a evoluir e a investir. «Os bons resultados dão--nos motivação. Nunca es-tamos fechados em termo de serviços. Seja qual for a situação que nos apareça nós iremos estudar no sen-tido de implementar e tra-zer para a loja». Em jeito de apelo, Antó-nio Lapa deixa uma men-sagem aos setubalenses e visitantes. «Confiem em nós. Venham visitar-nos. Faz parte da nossa postura ajudar todas as pessoas que nos procuram, mesmo que as questões não este-jam diretamente ligadas ao arrendamento».

*Comboio das Palavras

Para comemorar a chegada do verão, e até 31 de Agosto, a TST – Transportes Sul do Tejo resolveu reforçar os ho-rários das carreiras para as praias da Figueirinha, Se-simbra, Costa da Caparica e Fonte da Telha. Para além do reforço nos horários dos transportes, os passageiros vão poder des-frutar de viagens «únicas e divertidas» em autocarros descapotáveis nos percur-sos de Setúbal para a Praia da Figueirinha (carreira 723) e de Lisboa (Praça de Espa-nha) para a Praia da Costa da Caparica (carreira 153). Um “passeio inesquecível”, atra-vés do qual a população terá a oportunidade de apreciar a «maravilhosa» paisagem da Serra da Arrábida e a «des-lumbrante» vista da Ponte 25 de Abril sobre a capital. Mas, as novidades não se

esgotam por aqui. A TST apresenta ainda o novo pas-se semanal de sete dias para as carreiras 153 e 161 (Lisboa – Costa da Caparica). Segun-do a empresa de transportes, esta nova opção de título de transporte «permite que os passageiros realizem o nú-mero de viagens que enten-derem, durante sete dias consecutivos». O passe se-

manal tem o valor de 15€ e é carregado no cartão Viva Viagem ou Lisboa Viva. Ir de autocarro para a praia é uma opção cada vez mais viável para os portu-gueses, pois é mais económi-co e não têm de se preocupar com o trânsito e com o esta-cionamento. Em 2014, a TST transportou para as praias cerca de 500 mil pessoas.

PERCURSOS DISPONIBILIZADOS (COM LIGAÇÕES DIÁRIAS, DE 2ª FEIRA A DOMINGO, DURANTE TODO O DIA):

- Praia da Figueirinha – início em Setúbal (com periodicidade diária) e a partir do parque Secil, com o autocarro vai-vem (em funcionamento durante os fins de semana, até 28 de junho, e todos os dias da semana, a partir de 1 de julho).- Praia da Costa da Caparica – a partir de Lisboa, (Alcân-tara, Praça de Espanha e Areeiro) e de Cacilhas, Corroios, Qta. do Brasileiro e Trafaria;- Praia da Fonte da Telha – partidas de Cacilhas e de Paio Pires;- Praia de Sesimbra – início na Baixa da Banheira e na Moita.

Horários “especiais” e viagens de descapotável para as praias

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OPINIÃO

Quando uso uma palavra – Diz Humptie Dumptie em tom de desprezo – ela significa exactamente o que quero dizer, nem mais, nem menos.A questão - diz Alice - é a de saber o que querem significar tanto as coisas como as palavrasLewis Carroll Alice no País das Maravilhas

Os objectos que, por um motivo qualquer, perderam as funcionali-dades para que foram inventados e produzidos ficam irremediavel-mente condenados ao abandono, ao lixo ou, na melhor das hipóte-ses, a recuperarem operacionali-dade através de um processo de reciclagem que lhes destroi/reconstroi a identidade e não os deixa inactivos, condenando-os a continuar a trabalhar em tarefas por vezes nunca suspeitados por quem os inventou, pelas primeiras mãos que os moldaram e pelas últimas que os utilizaram.Tudo decorreria pacificamente, oscilando entre essas hipóteses de final previamente esperado e conhecido, se não surgisse um tal João Limpinho, escultor de profissão, que interrompe a seu bel-prazer um ciclo universal-mente aceite, por ser incapaz de suster um impulso que o leva a mergulhar na sucata para recuperar de peças inteiras a pequenos elementos quase indiferenciados que irá transfor-mar, por um sistema mais ou menos complexo de agregação, no que nunca supuseram ser. É um trabalho em que se desagregam as

João LimpinhoAs possibilidades infinitas do mundo concreto

genialidade de tornar tudo simples, fazendo perceber as evidências que estavam ocultas e nunca se descobririam se o João Limpinho as não revelasse, criando as esculturas que fabricava com o saber operário que habitava a sua alma de artista e se fertilizava com a sua cultura.Esse fazer de João Limpinho é necessariamente precedido por várias construções mentais que o escultor, enquanto os objectos estão, por assim dizer,“vivos”, vai projectando sobre eles, condenan-do-os em “vida” a uma ressurrei-ção anunciada. Ressurreição que terminará numa reincarnação de cuja chave só ele é detentor.O que traça a fronteira entre nós e o artista é exactamente essa maneira de ver: enquanto nós olhamos para um objecto e o cata-logamos por um quadro de referências generalizadamente aceite, o escultor começa imedia-tamente a ver o que nós não conseguimos ver. Na realidade está a vampirizar a identidade dos objectos inventando-lhes diversos futuros possíveis que, provavel-mente, nós iremos conhecer/reconhecer mais tarde.Curiosamente o trabalho que João Limpinho prossegue desde há

muitos anos, põe em evidência que quando só se vê o que nos é oferecido ao olhar, não se vê o que há para ver ou o que se pode ver. Isto põe em causa o determinismo das classificações universais que se suportam nas semelhanças entre as coisas e não nas imagens mentais que podem originar ou, como teorizou Wittgenstein, que a imagem representa uma possibili-dade no mundo real porque o que ela representa é a sua significação e a ideia é a imagem lógica dos factos. João Limpinho, de certo modo, acaba por, no universo que lhe interessa e lhe é próximo, trazer para o campo experimental essa teoria só que quando a concretiza vai fixá-la em formas que procuram a sua identificação num quadro de similitudes com a realidade organizada nas já referidas classificações universais de onde as tinha resgatado.É um trabalho que se inicia no ponto em que os “ready-made” (objectos encontrados) de Marcel Duchamp finalizavam, embora a atitude de limpar a arte da retórica de classe seja a mesma e seja idêntico o questionar a linearidade das leituras do mundo e dos objectos que povoam o mundo.

PENSANDO MELHOR...Manuel Augusto Araújo

Arquitecto | Assessor cultural

A NOVA VIDA DOS OBJECTOSMorreu o escultor João Limpinho. Tive o privilégio de o conhecer, através do comum amigo Manuel Augusto Araujo. Um ser humano de excepção. Um grande senhor. Escultor, como artista tratou o ferro com dedicação e inteligência. Concebeu e coordenou o soberbo projecto desenvolvido no bairro da Bela Vista, em Setúbal. Trabalho que enqua-drou a população no seu percurso criativo. Tínhamos programado uma exposição sobre este trabalho para Setembro, na Casa da Cultura, em Setúbal. Falámos do projecto expositivo. Entusiasmou-se com a ideia. Forneceu-me todo o material necessário. A exposição vai acontecer, mas sem a presença do João. Tristes estes tempos, em que os amigos partem. Pedi ao Manuel Augusto Araújo para alinhar umas palavras sobre o artista. Respondeu ao meu pedido com este excelente texto que “esclarece” a obra singular deste extraordinário artista. Muito obrigado, João Limpinho.José Teófilo Duarte

formas abstractas das imagens reais para, no fogo da caldeira da imaginação, se dar origem a formas humanóides ou animalói-des, facilmente reconhecíveis nas similitudes que têm com os seus prógonos do mundo real, mas onde continuam a ser perfeita-mente identificáveis os objectos que, através de associações, por vezes de todo improváveis, contribuem, em maior ou menor grau, para a nova identidade. Sublinhe-se que esse exercício de reconhecimento das origens dos objectos é uma reacção quase imediata, um impulso natural no confronto com a forma final. Impulso que contém em si o perigo de se tornar dominante e de se perder nas descrições paródicas, se a curiosidade colectora se sobrepuser ao reconhecimento da identidade última, aquela que realmente passa a ser a do objecto quando o escultor dá o seu trabalho por terminado. É um risco real que ameaça desde sempre o trabalho de escultor de João Limpinho porque essas derivações, que são aliciantes e são provocadas pelo escultor por intermédio das suas obras, podem acabar por perver-ter o processo de análise, fixando--se nos inúmeros pormenores que cegam o todo, ocultando a escultura e o longo percurso criativo que a produziu para só ver o que é desde logo identificá-vel e os seus pormenores anedóti-cos, distraindo-nos do que é essencial na obra do escultor: a

Quando a crise financeira, provocada pelos banqueiros e pelos mercados especulativos, arrumou com o projeto Europeu, vendeu-se a ideia de que os paí-

ses do Sul, os mais paupérrimos na verdade, eram os culpados de tudo. E que os seus povos, para além de ignorantes, confirmavam ser ‘feios-porcos-e maus’, a lembrar Fellini e o realismo dos seus filmes. Gente preguiçosa, gastadora e maioritariamente de esquerda. E por isso, a receita da austeri-dade e o castigo do empobrecimen-to, os direitos roubados, a carga violenta sobre as políticas sociais, e as contas públicas a sobrepor-se sobre a educação, saúde e cultura.É este o paradigma de uma escala-da ideológica que quer mudar o rumo da civilização ocidental. Não há outra saída. Pague-se, sofra-se, morra-se, porque, do outro lado da

barricada, há que continuar a ali-mentar a vertigem dos abutres, da ultra-minoria de Thomas Piketty. E dos lacaios servilistas e ganancio-sos que servem os abutres. O claudicar do Governo grego, legitimado pelo povo, serve na per-feição para esta demonstração de que a única saída é manter o ciclo. A chantagem e o medo são, neste caso, a tempestade-perfeita para quedar os eleitores mais ousados. E este tempo, este século, verterá es-tudos, compêndios e ensaios, a en-gordar os anais da história futura.Das notícias que correm, para além de se saber sobejamente, que a Grécia, tal como Portugal, não terão meios de pagar a dívida, so-

bra a pressão sobre o governo Syriza, obrigando-se a ceder nas suas promessas eleitorais. Mas não chega ainda. Merkel e companhia, sobretu-dos os sacrossantos deste libera-lismo mercantil e financeiro, que-rem mesmo sangue. E o pior é que a Grécia está isolada, encurralada. Porque a ideologia do medo e esta cruzada do dinheiro sobre a política per-corre os grandes e os pequenos. Qualquer que seja a saída, a Euro-pa política e social definhou, com a espada afiada que teceu contra a democracia. Provavelmente, Thomas Mal-thus tinha razão: “O Estado devia

limitar-se a proteger os mais ricos, recusando quaisquer di-reitos aos pobres. O único con-selho que lhes dá é que não se reproduzam”. Não nos esqueçamos que o neoliberalismo foi cunhado pelo sociólogo e economista alemão Alexander Rustow, aplicado na supremacia do capitalismo so-bre o socialismo e bem regado pela dourada época de Reagan durante a “guerra fria”, com a redução dos investimentos nas áreas sociais e na política de choque em nome das privatiza-ções. O mercado a funcionar li-vremente, sem barreiras, sem fronteiras. O início do fim.

EDITO

RIAL

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Page 15: Semmais 27 Junho 2015

SEMMAIS | SÁBADO | 27 DE JUNHO | 2015 | 15

OPINIÃO

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Caim e Abel

Meteorologia MonocromáticaO sol, tímido, esconde-se por entre o nevoeiro. Humilde, oferece o protagonismo às enormes nuvens cinzentas pintadas no céu, toldando o azul intenso. Olhando o hori-zonte, há agora uma linha dis-tinta que separa o céu e o mar, imperativamente, como se as-sim estivesse destinado que sempre fosse. O vento sopra devagar, preparado para, pro-gressivamente, aumentar a sua intensidade, mostrando todo o seu esplendor às vidas vagas que preenchem a condi-ção humana. O mar oscila so-bre si próprio, ondulando fer-vorosamente, como se lhe fosse necessário acumular toda a sumptuosidade dispo-nível no mundo, deixando to-dos os homens e mulheres sem uma qualquer réstia da magnificência que se lhes foi atribuída por si mesmos, jul-gando-se donos e senhores do luxo, da prepotência, do poder e da ciência, julgando-se até, imaginem, proprietários de quem são. Então, sim, o sol tem o poder de embaciar a nossa visão cor-pórea quando se esconde por trás das nuvens, mas não só de corpo é feito o Homem e a su-gestão incutida pela meteoro-logia cinzenta na nossa visão metafísica ultrapassa o corpo que nos reveste e todas as qualidades e defeitos que nos atribuímos a nós e aos outros. Sempre houve misticidade ro-deando o clima pardacento ou, talvez, sempre tenha exis-tido um clima pardacento ro-deando a misticidade, a verda-de é que o sol traz consigo lucidez e felicidade, mas o céu cinzento envolve-nos por completo, capacita-nos de tal forma a olhar o invisível que, por vezes, essa sobriedade e essa alegria se tornam dispen-sáveis e insubstituíveis, em comparação com a filosofia, a nostalgia, a melancolia e a emotividade, próprias de quem sente, que a ausência de cor nos fenómenos meteoro-lógicos nos oferece. Como se, por momentos, tudo o que foi vivido a cores não passasse de uma pequena ilusão escondi-da num qualquer recanto da nossa memória, deixando es-paço para tudo o que nunca poderemos conhecer.

No Portugal democrático bem como no período do “Estado Novo” as instituições desporti-vas substituíram-se muito ao papel do Estado no desenvolvi-mento do desporto, ao invés nas “repúblicas socialistas” o papel deste era centralizador, fiscali-zador e tudo o mais na exigên-cia de resultados.A União Europeia pugna pela definição de políticas desporti-vas que tenham o respeito na base do modelo associativo, que engloba as federações, associa-ções e clubes entre outros, para além da liberdade dos cidadãos para a prática de atividade física.Fala-se muito hoje na perda de valores éticos e da palavra de Honra entre dirigentes despor-tivos, ou de forma mais alarga-da, entre os vários agentes desportivos. Discordo, que tenha havido perda destes valores, estes continuam a

Costuma dizer-se, e subscre-vo, que ‘um facto é uma verdade efémera, enquanto um mito é uma verdade eterna’. Todos nos lembramos, pelo menos os mais velhos, do relato bíblico narrado no livro do Génesis sobre Adão e Eva que, após terem sido expulsos do jardim do Éden, tiveram um filho chamado Caim e, posteriormente, um outro a que deram o nome de Abel. Caim tornou‐se agricultor e Abel pastor. Deste último, Jehová (Deus) aceitava cordialmente as oferendas, obtidas sem esforço, enquanto as de Caim eram desdenhadasporque procedendo do seu próprio instinto criador, eram vistas como obra de umconcorrente. Depois, alegada-mente por inveja, Caim matou Abel e … o resto da história (talcomo o seu princípio, aliás) quase todos conhecemos.Tema recorrente na literatura, esta narrativa bíblica aborda-da por espiritualistas, idealis-tas e até por materialistas, tem sido objecto de inúmeras interpretações e conjecturas.Hoje trago-vos uma versão menos conhecida, enquadran-do-a no que poderá chamar-se de ‘Sabedoria Antiga’ e que, coincidindo em certos pontos com o relato bíblico, dele diverge noutros.Assim, conta uma antiga lenda que Jehová criou Eva (o nome Eva vem duma palavra

hebraica, Kwwah,que significa ‘vida’) e que o espírito lucífero Samael se uniu a ela mas foi expulso por Jehová, antes do nascimento do filho, Caim. Caim, de estirpe marcial e luciferina (cujo nome deriva de uma palavra hebraica que significa ‘metalúrgico’) deu origem a uma descendência deartífices e de inventores – ‘homo faber’ – como se lê no capítulo IV do Génesis.Depois Adão (humano) foi criado por Jehová para que fosse marido de Eva, tendo dessa união nascido Abel, que acabou por ser morto por Caim. Para o substituir, Adão e Eva geraram Seth, que deu origem à linhagem do ‘homo pius’ – a classe devocional e sacerdotal. A morte de Abel por Caim não foi o “primeiro fratricídio da História” mas sim uma metáfora para um acto civilizacional. Caim matou o “modo estacionário de viver”, o homo faber acaba por ‘matar’ o outro homem, o que fica parado na pastorícia arcaica.Assim, desde o princípio, houve dois troncos humanos no mundo, duas grandes linhagens: - A do ‘homo faber’ que trabalha o fogo e que é representada pelo aparelho de Estado e os reis, os artífices, a indústria, descendentes de Caim e associados ao luciferi-no planeta Marte, deus do inferno, do fogo e da guerra.

- A do ‘homo pius’ submetido à água benta e que é representa-da pelos clérigos, os devotos, os sacerdotes, descendentes de Seth e associados à húmida Lua, planeta da alma, da fecundação, das emoções.A linhagem real e a linhagem sacerdotal têm seguido caminhos independentes, até mesmo conflituosos, a partir de uma certa fase da História. Os que foram gerados pelo espírito lucífero Samael, como participantes de uma natureza semi-divina, animados pela dinâmica energia marciana, que herdaram do deu divino ascendente, são agressivos, dotados de grande iniciativa, porém rebeldes a toda a sujeição ou autoridade, quer divina, quer humana. Estalinhagem de seres nada aceita pela Fé, propende a demons-trar tudo pela luz da Razão.O passado dos filhos de Caim representa uma luta constante contra as condições adversas,tendo adquirido, com a árdua e enérgica aplicação do seu trabalho no mundo, o conhe-cimento terreno e o poder temporal. Caim, guiado por

inspiração divina, cultivava a terra, para que brotassem dois pés de erva onde só crescia um. Os seus descendentes tornaram-se artífices, hábeis no uso do fogo e dos metais. O seu ideal era masculino.Enquanto Abel, o primogénito dos homens, não sentia inquie-tação, porque era uma criatura de Jehová, nascida de Adão e Eva. Contentava‐se em apas-centar os rebanhos, para com eles se manter, os quais se multiplicavam, sem trabalho nem iniciativa de sua parte.A linhagem dos filhos de Seth, tendo como matriz o ideal feminino e embora podendo aspirar aos mesmos valores e tentar atingir objectivos semelhantes, apresenta para essa missão métodos diferen-tes. E hoje encontramos qualquer destas tendências em todo o lado. Nós próprios, enquanto seres fragmentados (onde está o ‘indivíduo’, inteiro, aquele que é indivisí-vel?), também partilhamosmuitas vezes destas antagóni-cas sensibilidades e inclina-ções. Dizem que a natureza humana é assim …

existir; o que acontece hoje é que tudo é mais mediático e competitivo no sentido das vitórias efetivas.Por outro lado, o desporto permite aos cidadãos que ao longo da sua vida participaram em falências e em processos menos claros de atos de gestão empresarial (seja qual for a dimensão), encontrarem no desporto uma forma de bran-quear a sua imagem caso obtenham vitórias mesmo que a qualquer custo.Certos processos, enviesados para obter títulos desportivos desrespeitando instituições seculares como por exemplo: o Sporting Clube de Portugal, têm um caminho curto, mas, podem provocar danos irreparáveis durante um longo período.Os cargos terrenos são eféme-ros e precários, no entanto a História e os valores éticos das

instituições são eternos e devem prevalecer para além do período dos mandatos.Se no Estado Novo já havia democracia nos clubes despor-tivos menos sentido faz que hoje, a existência de um clima de terrorismo no dirigismo desportivo, só compreendido pela falta de preparação de um ou outro dirigente e a natureza de carater com uma doentia obsessão pelo êxito e ainda mais quando compete a um líder, ser o mais sensato, cordial, apaziguador e todas as qualida-des aliadas à credibilidade.Na atualidade, os cidadãos

estão muito mais informados do que há décadas atrás e não se deixam conduzir somente pelas emoções irracionais.O desporto sempre foi uma escola de virtudes desde as camadas jovens a veículos de paz entre povos. Para bem das instituições seculares, que têm nos quadros diretivos gente menos competente, é bom que os seus associados estejam alertas porque nos dias de hoje é fácil empresas e Estados falirem e será com certeza rápido a extinção de um clube desportivo por muito valor e história tenha em Portugal.

Sede bem-vindos em Elsinore

BOCA DE CENA

Rodrigo FranciscoDiretor da CTA

PENSO, LOGO INSISTOFernando Raimundo

Colaborador

LETRAS EM PAPEL QUADRICULADO

Margarida NietoEstudante

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