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Pub. Sábado | 26 julho 2014 www.semmaisjornal.com semanário - edição n.º 821 • 7.ª série - 0,50 € região de setúbal Diretor: Raul Tavares Distribuído com o VENDA INTERDITA AMBIENTE & ENERGIA voltamos no dia 16 com nova edição do semmais

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Sábado | 26 julho 2014 www.semmaisjornal.comsemanário - edição n.º 821 • 7.ª série - 0,50 € • região de setúbalDiretor: Raul Tavares

Distribuído com o

VENDA INTERDITA

AMBIENTE & ENERGIA

voltamos no dia 16 com nova ediçãodo semmais

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Sábado • 26 julho 2014 • www.semmaisjornal.com 3

Ficha técnicaDiretor: Raul Tavares; Editor-Chefe: Roberto Dores; Redação: Anabela Ventura, António Luís, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores; Dep. Comercial: Cristina Almeida (coordenação). Projeto Gráfico: Edgar Melitão/”The Kitchen Media” – Nova Zelândia. Departamento Gráfico: Natália Mendes. Serviços Administrativos e Financeiros: Mila Oliveira. Distribuição: José Ricardo e Carlos Lóio. Propriedade e Editor: Mediasado, Lda; NIPC 506806537 Concessão Produto: Mediasado, Lda NIPC 506806537. Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. Tel.: 265 538 819 (geral); Fax.: 265 538 819. E-mail: [email protected]; [email protected]. Administração e Comercial: Telem.: 93 53 88 102; Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA – Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Mediasado, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98

Cerca de 40% do total de consumo de energia de uma casa é feito na cozinha. Os

números são assustadores, mas esta percentagem pode deixar de ser um fantasma na fatura mensal de eletricidade, bastando seguir, com atenção, algumas dicas de poupança.

É importante optar pelos ele-trodomésticos mais adequados para refrigerar e cozinhar – sem esquecer que os eletrodomésti-cos em fim de vida devem ser entregues para reciclagem.

Devemos optar por eletrodo-mésticos de classe energética A ou A+, que gastam menos ener-gia. Um equipamento de classe C gasta três vezes mais energia que um de classe A.

Utilize torneiras que tenham a função para diminuir o caudal de água sem reduzir a pressão – poupando água e energia.

Se possível, equipe a sua co-zinha com placas de indução, que são muito mais rápidas e efi-cientes que as placas elétricas ou vitrocerâmica. É que elas aquecem apenas os tachos, en-quanto o resto da placa perma-nece fria para que não existam praticamente perdas de calor.

No que toca a iluminação se possível use lâmpadas LED, lâm-padas de baixo consumo que têm uma vida útil 8 a 10 vezes mais lon-ga que a das lâmpadas comuns, poupando até 80% da energia.

SABIA QUE:

1A tampa do tacho evita per-das de calor. Por isso, ao aque-

cer água ou ao cozinhar, tape sempre a panela. Se assim o fi-zer, irá poupar cerca de 20 a 30% de energia.

2 Pode poupar até 6 litros de água por minuto se simplesmente

desligar a torneira ao lavar as mãos ou loiça. Além disso, ao substituir o vedante gasto irá poupar cerca de 15 litros de água por dia, ou seja, 5.500 litros por ano que se des-perdiçam sempre que há uma tor-neira a pingar.

3 O transporte da fruta por via aérea e fora de época implica

um consumo de combustível 10 a 20 vezes superior do que se com-prar a fruta da época localmente. Também gera muitas emissões de gases com efeito de estufa. Ou seja, os produtos da época são mais ba-ratos mas também respeitam mais o ambiente.

4 O arrefecimento é um proces-so que gasta muita energia.

Cada grau acima da temperatura recomendada (5ºC para frigorífi-

co e -18ºC para congelador) irá au-mentar o consumo em 5%.

5 O frigorífico gasta menos energia se o descongelador

for limpo regularmente, sobre-tudo o pó da parte de trás.

6 Cerca de 15% do consumo mun-dial de água é usado em am-

biente doméstico. Ao controlar o fluxo de água, a utilização poderá ser reduzida sem decréscimo da funcionalidade, sobretudo quan-do a água é usada para enxaguar, lavar e para higiene pessoal.

7 Beber água da torneira aju-da a reduzir as emissões de

CO2, poupando muitos recursos naturais usados no fabrico do vidro e do plástico. Para além da poupança na carteira.

ENA

Poupar na Cozinha

No início, em tempos idos, havia a recolha dos lixos que a cidade produz. Estes

entretanto foram promovidos linguisticamente a “resíduos sólidos urbanos”. Dantes quem tratava geralmente desses assuntos era o departamento camarário respon-sável. Depois a CEE/União Euro-peia começou a enviar maquias gordas para tratar dessas maté-rias, antes pouco dignificantes (mas o dinheiro, o maganão, dá logo outro lustro às coisas…) e logo aparece um novo tipo de empresas, as multimunicipais, para gerir os sistemas “em alta” (outro eufemismo), quer dizer as infraestruturas onde depo-sitar os lixos.

O regime jurídico era o das PPP (não soa bem, pois não?...). Cada uma destas empresas gere, em regime de concessão, um sis-tema multimunicipal e intervêm num determinado território, com-preendido pelos municípios que deliberaram integrar cada uma delas, enquanto accionistas (no modelo criado, uma empresa pú-blica do Estado - no caso dos re-síduos sólidos urbanos a EGF – Empresa Geral de Fomento - de-tém sempre 51% do capital, os municípios normalmente 49%) e enquanto utilizadores do sis-tema, com quem a entidade con-

cessionária celebra contratos de fornecimento. Deste modo, os municípios têm a posição am-bígua de accionistas e clientes, o que tem produzido reparos do Tribunal de Contas. Os diversos concelhos da Península de Se-

túbal, constituíram a empresa AMARSUL, em cujo capital en-tra a EGF (a sub-holding do Gru-po Águas de Portugal, uma em-presa pública) e cada um dos mu-nicípios com a seguinte relação acionista: 51% do capital detido pelo Estado através da EGF, os restantes distribuídos pelos mu-nicípios. A AMARSUL passou as-sim a gerir o tal sistema de resí-duos sólidos em regime de con-cessão.

Em 1997, era então ministro do ambiente José Sócrates é im-plementado o PERSU I – Plano Estratégico Sectorial de Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (1997-2006) e, em 2007, o PER-SU II.

Deve-se ter em consideração que os investimentos em causa destas parcerias público-priva-das são consideráveis para o ní-vel de financiamento dos muni-cípios. No sistema multimuni-cipal da Península de Setúbal ge-rido pela AMARSUL para um uni-verso de 775 000 habitantes foi previsto um investimento, en-tre 1997 e 2020, de 70 100,0 (mi-lhões de euros).

Mas agora o governo de Pas-sos Coelho decidiu privatizar a EGF, o que está a constituir um grande imbróglio pois que os ac-cionistas são a EGF e as Câma-

ras Municipais e estas não es-tão de acordo com a privatiza-ção. E elas são os únicos clien-tes da EGF. Como fazer? A “Guer-ra dos Lixos”, como já está cog-nominada, está no auge, mas o governo não dá mostras de re-cuar. E o que se privatiza são as infraestruturas (aterros sanitá-rios, etc…)? Não, esclarece o mi-nistro da presidência “o que vai ser privatizado é a empresa que faz a gestão das infra-estrutu-ras” e não as infraestruturas que “são públicas e continuarão pú-blicas”.(Uma treta, diz Alice, é preciso é satisfazer a gula dos interesses privados…)

O novo regime jurídico da concessão da exploração e ges-tão do sector dos resíduos ur-banos define objetivos de servi-ço público que devem ser ob-servados pelos sistemas multi-municipais. As palavras soam bem, mas escondem frequente-mente a realidade, como se tem visto noutros países: garante-se a universalidade de acesso, a qua-lidade de serviço, a eficiência e equidade dos preços, bem como as metas (ambiciosas) inscritas no PERSU 2020. E ainda o lucro (recorda Alice)… Quadratura do círculo ou ainda vai dar muito que falar, durante muito tempo, esta “guerra dos lixos”?

A Guerra dos Lixos promete aquecer o Ambiente

Arlindo MotaPolitólogo

AMBIENTE & ENERGIA | OPINIÃO

É preciso continuar a trilhar caminho

Nas duas últimas décadas as preocupações ambien-tais têm ganho um inte-

resse vital, com resultados muito significativos na melhoria da qualidade de vida das popu-lações.

O distrito de Setúbal é dos exemplos paradigmáticos deste avanço, mercê de um combate e influência decisi-vas pela luta dos ambienta-listas nos anos 90 e das po-líticas empresariais e autár-quicas que colocaram nas suas agendas essas preocu-pações.

A região passou a ter uma indústria mais cautelosa no que concerne aos impactos das suas atividades e uma gre-lha de instrumentos e regras por parte da administração central e autarquias que fo-ram fazendo caminho.

Na verdade nem tudo está ainda resolvido. Há um ele-vado passivo ambiental a ‘apagar’ e ações que estão lon-ge de estar concluídas. Mas o caminho está traçado e sem retrocesso.

Concorre também para este novo desígnio a maior cons-ciência das populações e uma ação cívica mais consistente nos diversos patamares da in-tervenção pública.

E numa região como a nos-sa, com áreas protegidas de encher o olho, uma biodiver-sidade cada vez mais notó-ria e um território ecológico com bastas singularidades, é preciso continuar a arrepiar caminho. Porque cuidar, acau-telar e preservar estas rique-zas, numa coabitação sem mácula com a atividade eco-nómica, é também acrescen-tar peso e valor ao crescimen-to e ao desenvolvimento.

EDITORIALRaul Tavares

“ Mas agora o governo de Passos Coelho decidiu privatizar a EGF, o que está a constituir um grande imbróglio pois que os accionistas são a EGF e as Câmaras Municipais e estas não estão de acordo com a privatização. E elas são os únicos clientes da EGF. Como fazer? ”

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AMBIENTE & ENERGIA | BIODIVERSIDADE

4 Sábado • 26 julho 2014 • www.semmaisjornal.com

Peixes falamlá entre elespara seduzirem as fêmeas

Parque Luís Saldanha, no Portinho da Arrábida é zona de investigação

Revelação de biólogos ao largo da costa entre Sesimbra e o Portinho da Arrábida, zona marinha considerada de grande biodiversidade, com o parque Luís Saldanha em grande destaque.

Os biólogos fazem a reve-lação ao largo da costa do distrito entre Sesimbra e

o Portinho da Arrábida. Os peixes também têm «voz» e o seu charme vocal conta, e muito, à hora de procurar acasalar. Por exemplo, para exemplares como o charroco, a corvina, o caboz ou o imenso grupo de ciclídeos – exemplares de corpo comprimido lateralmente e apenas uma narina. Mesmo a dezenas de metros de profundidade é a «voz» que vale aos machos para atraírem as fêmeas. Porque não são todas as «vozes» que têm poder de sedução.

E percebe que as tonalidades variam nas profundezas com re-curso ao computador que revela um pouco do que se passa a mais de cem metros. O resultado dos sons captados via hidrofone permitem perceber que aquele ruído de motor que sai das colunas é, afinal, uma corvina e que o intenso coaxar não pertence a uma rã, mas an-

tes a um charroco.«Depois as fêmeas escolhem

os parceiros consoante os sons», explica Maria Gouveia, aluna de mestrado na Faculdade de Ciên-cias da Universidade de Lisboa no dia em que o MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambien-te - chamou a atenção para as pressões humanas no Oceano e para a necessidade da sua con-servação, que promoveu várias atividades no Parque Marinho da Arrábida, em Sesimbra.

Entre as curiosidades sobre a vocalização dos peixes, os in-vestigadores recuaram aos tem-pos da segunda Guerra Mun-

dial, em que os pesca-dores da Califórnia que tinham as barracas nos próprios barcos onde dormiam, acordavam em pânico ao ouvirem

motores julgando que iriam ser atacados por submarinos. Até ao dia que perceberam que era apenas o som das corvinas que tinham o habitat debaixo das suas casas.

«Quiseram tirá-las de lá por-que não conseguiam dormir, mas

não foram autorizados porque isso seria condenar a espécie», explica Maria Gouveia, enquan-to o investigador Manuel Eduar-do do Santos explica que a falta de visão no fundo dos oceanos levou os peixes a desenvolver vá-rios tipos de sons.

«Como não veem bem os ani-mais desenvolveram melhores capacidades acústicas, como de orientação e informação duran-te a noite», explica a bordo do ga-leão onde se tenta mostrar como se chega a essa espécie de diálo-gos entre os peixes ao largo do parque natural Luiz Saldanha, os mesmos que já estavam grava-dos de outras missões.

O Parque Marinho tem aumentado as espécies, mercê das intervenções dos investigadores

Sons das corvinas testado no Parque Luís Saldanha

CSI pela preservaçãoda biodiversidadeCortar uma pequena parte da cauda de um peixe vivo pode arre-piar? Pode, mas é o mesmo que um humano cortar as unhas ou o cabelo, sendo este um passo decisivo para perceber o estado de conservação das espécies. A investigadora Sara Francisco calça as luvas e entra em acção num laboratório improvisado na marina de Sesimbra. Qual CSI em nome da preservação da biodiversida-de, demonstra como é trabalhar de genética até extrair o ADN a um pequeno sargo que vai ficar conservado em álcool. «Cortamos a cauda, por ser uma barbatana central, para que possa nadar equi-librado», explica, avançando que uma pequena porção é suficien-te para várias análises, como a genética das populações, conser-vação, filogeografia e até gestão de stocks.

Roberto Dores

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AMBIENTE & ENERGIA | DISTINÇÕES AMBIENTAIS

6 Sábado • 26 julho 2014 • www.semmaisjornal.com

Praias do Alentejo eleitas as melhores da Europa pelo The Guardian

O REPUTADO jornal “The Guar-dian” considerou numa das suas edições recentes as praias alen-tejanas como as melhores da Eu-ropa e aconselhou os seus lei-tores a esquecerem Ibiza ou a Riviera, e a partirem à descober-ta de uma região «pouco explo-rada e com fantásticas zonas bal-neares».

No artigo, em formato de guia, assinado pela jornalista Isabel

Chaut, são referidas aquelas que são consideradas as melhores praias da região, entre as quais “Vila Nova de Milfontes”, “Ode-ceixe”, “Almograve” ou “Carva-lhal”, direcionadas para diferen-tes segmentos e motivações.

De acordo com as escolhas do segundo jornal de língua in-glesa mais lido em todo o mun-do, o “Monte Costa Oeste”, em Odeceixe; a “Casa da Dina”, em

Malavado; a “Cerca do Sul”, no Brejão; a “Herdade da Matinha”, no Cercal; o “Três Marias”, en-tre Porto Covo e Vila Nova de Milfontes; ou a “Herdade da Nes-pereira”, em Odemira são uni-dades de referência na Costa Alentejana.

Ao longo da reportagem, o The Guardian indica ainda al-gumas das atividades que os tu-ristas podem desfrutar em cada destino, como por exemplo as caminhadas da Rota Vicentina, surf, caiaque e Donkey trekking, e destaca os campos de trigo e as aldeias pintadas de branco.

Para a jornalista britânica, o Alentejo «distingue-se pelo seu charme, mais subtil do que o da Provença ou da Toscânia, os pos-tais turísticos de França e Itália».

Recorde-se que, este ano, é a segunda vez que o The Guar-dian sugere o Alentejo como des-tino turístico, uma recomenda-ção também já feita pelo AOL Travel e pelo National Geogra-phic.

Praia do Carvalhal, uma das melhores do país e da Europa

DR

Sines distingue Francisco Riem com prémio da BiodiversidadeFRANCISCO Riem, um dos funda-dores da Quercus foi galardoado em Sines, no âmbito do Festival “Terras Sem Sombra”, com o prémio inter-nacional na área da Biodiversidade.

O ex-dirigente da Quercus é li-cenciado em Economia pela Univer-sidade do porto, Mestre em Gestão e Conservação da Fauna Selvagem Euromediterrânea, obtido pela Uni-versidade de Leon, em Espanha e detém ainda uma Pós-Graduação em Arboricultura Urbana, pelo Ins-tituto Superior de Agronomia da UTL.

Para além da sua formação aca-démica, ressalta a riqueza de par-ticipação na sociedade civil a ní-

vel da proteção do ambiente. Par-ticipou na fundação da Quercus, foi o segundo presidente da mes-ma, participou na fundação de ou-tras ONG’s, nomeadamente a FA-PAS – Fundo para a Protecção de Animais Selvagens e outras liga-das à defesa da Biodiversidade.

A cerimónia, que também dis-tinguiu Teresa de Berganza, na área da Música, e o presidente do Insti-tuto Brasileiro de Museus, na área do Património Cultural, contou com a presença do ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Poia-res Maduro, Bispo da Diocese de Beja e outras personalidades.

O galardoado com o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas

DR

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AMBIENTE & ENERGIA | EMPRESA

População setubalense tem aderido com grande entusiasmo ao Portas Abertas

A acção Portas Abertas tem permitido à Secil uma relação mais próxima entre a comu-

nidade e esta importante indústria da região. Ao longo destes 10 anos foi possível mostrar a história, a evolução e as actividades que asse-guram uma produção sustentável.

No Portas Abertas, os visitan-tes, que são transportados até à fá-brica da Secil-Outão em autocar-ro cedido gratuitamente pela em-presa, têm oportunidade de assis-tir a uma apresentação em sala so-bre a actividade da Secil, a cargo de Victor Vermelhudo, do Centro de Desenvolvimento de Aplicações de Cimento da Secil. Os grupos de visitantes passam, depois, pela pe-dreira e pelos viveiros para toma-rem contacto com todo o trabalho que é feito em termos de recupe-ração e requalificação, em espe-cial nas pedreiras. Os visitantes têm ainda oportunidade de ver a anti-ga fábrica (de via húmida) da Se-cil-Outão e assistir ao processo de fabrico do cimento, bem como pas-sar pela sala de comando.

Nuno Maia, director de comu-nicação institucional, fez um ba-lanço «claramente positivo» de uma iniciativa que já envolveu mais de 5 mil pessoas na visita à fábrica da Secil, sublinhando que se trata de uma acção que pauta pela «trans-parência e proximidade» com a co-munidade onde a empresa está in-serida. «Quanto mais as pessoas possuírem informações sobre as organizações, mais confiam nelas. Estamos conscientes do bom tra-balho que aqui fazemos e gosta-mos de receber as pes-soas para que vejam e possam apreciar, por si, o esforço da Secil em prol do desenvolvimento sus-tentável da nossa comunidade», vinca, Nuno Maia.

O Portas Abertas arrancou em 2004, tendo como ponto alto a vi-sita às pedreiras para mostrar o processo de reflorestação em cur-so, que deu os primeiros passos em 1982, com a colocação de um mi-lhão de plantas mediterrânicas. Em 2005, foi apresentado o projecto de requalificação visual e paisagís-tico da antiga fábrica de via húmi-

da. Os visitantes puderam teste-munhar a evolução ocorrida na an-tiga fábrica, cujo investimento ron-dou os 22 milhões de euros. Em 2006 os visitantes conheceram o processo de valorização de resí-duos e visitaram os locais de ar-mazenagem dos combustíveis al-ternativos. “Recuperação Paisagís-

tica e Biodiversidade” foi o tema de 2007, onde foi celebrado um memoran-do de entendimento com o Instituto Nacional de

Conservação da Natureza e da Bio-diversidade para a realização de es-tudos científicos para a manuten-ção e desenvolvimento da biodi-versidade em pedreiras. Em 2008 o tema escolhido foi “Energia e Am-biente”, onde os visitantes ficaram a conhecer as medidas da empre-sa em termos de eficiência energé-tica e de minimização dos impac-tes ambientais. Em 2009, a “Biodi-versidade na Arrábida”, foi o lema

que realçou a importância das prá-ticas promotoras da biodiversida-de paisagística e a promoção da vida animal. No ano seguinte, o tema foi “Uma homenagem ao passado, a olhar sobre o futuro”, onde se deu enfoque à evolução das diferentes

vertentes da empresa durante os mais de 80 anos da fábrica. A edi-ção de 2011 foi dedicada à “Ciên-cia”, tendo os visitantes tomado contacto com o trabalho científi-co desenvolvido na Secil no âmbi-to da identificação e mitigação de

impactes. Em 2012 deu-se desta-que ao Prémio de Inovação para a Sustentabilidade alcançado pela Secil e, em 2013, o Portas Abertas foi interrompido, uma vez que a empresa fez-se representar na Fei-ra de Sant´Iago, com um stand.

Empresa com raízes na Serra da Arrábida mostrou atividade e valores ambietais

Os participantes nas ‘Portas aber-tas’ numa sessão com responsáveis da empresa

DR

A iniciativa Portas Abertas da fábrica Secil-Outão, que este ano celebrou 10 anos de existência, voltou a ter grande entusiasmo da população de Setúbal. Este ano foram realizadas três sessões que envolveram cerca de cem pessoas. Na mesma altura, a Secil distribuiu 140 mil euros a 80 associações e colectividades sadinas. Apesar da quebra no volume de negócios, a empresa garante que até ao limite tudo fará para continuar a apoiar a causa associativa.

Historial do Portas Abertas regista iniciativa de sucesso

Secil distribui 140 mil euros ao movimento associativoA SECIL entregou este ano a 80 colectividades e associações de Setúbal cerca de 140 mil euros, numa cerimónia que decorreu na antiga fábrica. Na úl-tima década, a empresa, que produz cimento de qualidade, há mais de 80 anos, já doou mais de 2 milhões de euros à causa associativa.

Gonçalo Leite, presidente da Comissão Exe-cutiva da Secil, afirmou que é um orgulho para a Secul «poder ajudar a cidade e a região a incluir os excluídos, a fomentar a cultura e a prática des-portiva, a manter viva a identidade cultural sadi-na e azeitonense».

O responsável reconhece que, nos últimos tempos, não tem sido fácil a Secil assumir es-tas ajudas, devido à quebra do volume de ne-gócios da Secil em Portugal. «O consumo de ci-mento baixou em 2013 em Portugal, para níveis

verificados em 1972. Até ao limite, tudo fare-mos para manter esta linha de actuação, por-que as associações também atravessam um mo-mento difícil e, por isso, precisam da nossa aju-da». Todavia, a Secil, com fábricas no Líbano, na Tunísia, em Angola e no Brasil, orgulha-se de «em 2013 ter sido o maior carregador do por-to de Setúbal».

Entre as colectividades e associações apoia-das, destacamos o Banco Alimentar Contra a Fome, a Cruz Vermelha, a Associação “Meninos de Oiro”, a Associação de Dadores de Sangue de Setúbal, o Coral Luísa Todi, o Clube Naval Setubalense, o Nú-cleo dos Amigos do Bairro Santos Nicolau, a So-ciedade Perpétua Azeitonense, os Pelézinhos, o Conservatório Regional de Setúbal e o Rancho das Praias do Sado.

António Luís

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AMBIENTE & ENERGIA | ÁREAS PROTEGIDAS

8 Sábado • 26 julho 2014 • www.semmaisjornal.com

Majestosa serra da Arrábida protegida por parque natural

A Serra da Arrábida, com a sua sumptuosidade e beleza, dimensão florestal,

biodiversidade e segredos, é um dos principais ícones ambien-tais da região. Apesar de não ter sido ainda classificada como Património Mundial da Huma-nidade, num processo moroso e muito complicado, a serra arra-bina, localizada na margem norte do rio Sado, apresenta uma flora rica em espécies mediterrânicas, tais como a azinheira, o sobreiro e o carvalho.

Outrora pejado de habitações clandestinas, devido a ser banha-da pela costa, a Parque Natural da Arrábida (PNA), criado em 1976, dispõe de matas protegidas e es-conde múltiplos segredos, no-meadamente no Conventinho da Arrábida, erigido por monges.

Na serra viveram Frei Agos-

tinho da Cruz e o poeta Sebas-tião da Gama, que fizeram da ser-ra um motivo recorrente das suas obras.

A criação do PNA, que se es-tende por uma área de 10.800 hec-tares, é a salvaguarda de uma ve-getação ‘maquis’, de tipo medi-terrânica, nascida deste tão sin-gular microclima com semelhan-ças a regiões adriáticas, como a Dalcácia. E possui uma fauna bas-tante diversificada, apesar de ter sofrido grandes alterações des-de o século XIX. Segundo a lite-ratura sobre a Arrábida e a sua serra, até ao início do século XX era possível observar lobos, ja-valis e veados.

Da fauna atual fazem parte, entre outros, o gato-bravo, a ra-posa, a lebre, a perdiz, o morce-go, a águia de bonelli, o bufo-real e o andorinhão. D

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AMBIENTE & ENERGIA | ÁREAS PROTEGIDAS

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Mata Nacional da MachadaDESIGNA-SE Mata Nacional da Macha-da, a propriedade constituída pelo anti-go Pinhal de Vale de Zebro e pela Quin-ta da Machada.

A Quinta da Machada pertencia ao “Convento de Nossa Senhora da Luz da Ordem de Cristo”, mas quando foram extintas as Ordens Religiosas em 1834 foi adquirida por um particular, sendo mais tarde aforada ao Estado que a ane-xou ao Pinhal de Vale de Zebro.

Encontra-se situada no centro da Pe-nínsula de Setúbal, entre as povoações de Coina, Palhais e Santo António da Charneca. Sujeita a Regime Florestal esta

Mata encontra-se hoje, sob a gestão da Direcção Regional de Agricultura do Ri-batejo e Oeste e ocupa uma área com cerca de 385,7 hectares.

Sendo a única área florestal de ra-zoável dimensão do Concelho, a Mata é considerada o “Pulmão da Cidade” e um local privilegiado para actividades de re-creio e lazer, dispõe de um parque de merendas e diversos fontanários, além de um Centro Ambiental e de uma rede de estradas e caminhos frequentemen-te utilizados para práticas desportivas, permitindo à população uma melhor qualidade de vida.

Arriba Fóssilda Costa de Caparica

A PAISAGEM Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica é uma área protegi-da criada em 1984 e abrange uma área to-tal de 1570 hectares ao longo da arriba li-toral Oeste da Península de Setúbal, esten-dendo-se pelo concelho de Almada e o de Sesimbra.

É denominada arriba fóssil não por se-rem fossilíferas as camadas de idade mio-cénica que compõem a sua maior parte, mas por já não se encontrar em contacto directo com o oceano, não sofrendo ero-são marinha. As arribas activas são as que se encontram sob influência directa da ero-

são marinha, apresentando o perfil angu-loso e o recuo típico deste tipo de arribas.

Nos estratos geológicos de idade mio-cénica que constituem a Arriba Fóssil po-dem encontrar-se vários exemplares de fósseis, sobretudo fósseis de organismos invertebrados marinhos, predominando os fósseis de bivalves, degastrópodes e de equinodermes.

A área de Paisagem Protegida da Arri-ba Fóssil, como seu nome indica, é uma zona protegida, onde a captura de animais e a re-colha de plantas e de fósseis é proibida, sob pena de aplicação de sanções.

Valor ambiental do Sapal de Coina O SAPAL de Coina é uma zona húmida e lodosa, que alaga temporariamente com a subida das marés. As plantas que aqui se encontram, como o junco-marítimo, o caniço, o limónio ou a morraça, estão adaptadas a estas condições, apresen-tando resistência às inundações e tole-rância ao sal.

As suas águas pouco movimentadas, ricas em nutrientes, funcionam como vi-veiro natural. São locais de grande va-riedade biológica muito procuradas para alimentação e reprodução de várias es-

pécies aquáticas. A generalidade das aves que aqui nidifica, como os flamingos, al-faiates ou garças, apresenta pernas al-tas e bicos longos com que procuram alimento no lodo. Para os peixes, o sa-pal é eleito como local de desova, asse-melhando-se a um “berçário” nas pri-meiras fases do seu ciclo de vida.

Adicionalmente, o sapal apresenta um importante valor natural, desempe-nhando diferentes funções do ponto de vista ecológico e de protecção do am-biente.

As lagoas naturais de Albufeira, Melides e Santo AndréA LAGOA de Albufeira localiza-se no conce-lho de Sesimbra. É alimentada pela água doce das ribeiras da Apostiça, Ferraria e Aiana, e pela água salgada do mar, quando o cordão dunar é aberto oficialmente na Primavera, com menor ou maior dificuldade, como acon-tece esta época, com três tentativas de liga-ção ao oceano.

É constituída por três lagoas: a Grande, a Pequena e a da Estacada. Ao atingir 15 metros de profundidade máxima, a Lagoa de Albu-feira, é considerada a mais funda de Portugal. Integra desde 1987, a Reserva Ecológica Na-cional, sendo uma zona de proteção especial de aves.

Localizada na Costa Alentejana, junto à praia com o mesmo nome, a Lagoa de Meli-

des estende-se para o interior através de vá-rios quilómetros de arrozais e tem a norte uma falésia de arenito. É um dos locais mais inte-ressantes para observação de aves, como pa-tos, rapinas e limícolas.

A Reserva Natural das Lagoas de Santo André e Sancha (Santiago do Cacém), criada em Agosto de 2000, insere-se em dois siste-mas lagunares costeiros de grande importân-cia biológica, nomeadamente em termos eco-lógicos, ictiológicos, botânicos e ornitológi-cos. As duas envolventes desempenham um papel fundamental na proteção das lagoas e apresentam uma vegetação característica, in-cluindo algumas espécies endémicas. A fai-xa litoral constitui uma zona de passagem de golfinhos e aves.

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AMBIENTE & ENERGIA | ZONAS ESTUARINAS

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Os encantos que navegam nos nossos estuários do Tejo e do Sado em constantes equilíbrios

Em comum têm o facto de estarem entre os maiores santuários de vida selvagem

de Portugal. Estuário do Tejo de um lado. Estuário do Sado do outro. Separados por escassos quiló-metros, já viveram dias piores, mas vêm conhecendo tempos de alguma mudança. Lenta, ainda assim, mas vai-se processando. As águas surgem menos conta-minadas, numa altura em que persiste a aposta na construção de infra-estruturas habilitadas a deixar o ambiente cada vez mais subtraído dos agressores. O fim da indústria pesada também ajudou.

A classificação da praia da

Ponta dos Corvos (Seixal) com o estatuto de balnear – tendo sido a primeira vez que uma zona flu-vial do Estuário do Tejo alcan-ça tal distinção – é o sinal “mais claro de que as coisas estão a mudar”, segundo Francisco Fer-reira, da Quercus, para quem a aposta das autarquias no trata-mento de esgotos já está a dar frutos. “É provável que venha-mos a ter mais praias do estuá-rio que se destaquem pela qua-lidade das suas águas em bre-ve”, admite, sustentando ser esta uma das melhores no-tícias que o Tejo pode receber.

O Ministério do Am-biente acredita mesmo que em breve o estuário deverá ficar completamente despoluí-do, porque o rio deixa de rece-ber descargas directas de esgo-tos. Ou seja, os sistemas de in-tercepção e tratamento de águas residuais já existentes nas duas margens do rio passaram a tra-tar os esgotos de mais de três milhões de habitantes.

A Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) do Bar-reiro e Moita, da responsabili-dade da empresa Simarsul, fun-ciona em pleno, tratando cerca de 90% dos esgotos do Barrei-ro e 92% do concelho da Moita. A conclusão deste trabalho vai contribuir decisivamente para a melhoria da qualidade da água e da sua atractividade, permi-tindo até trabalhar a reintrodu-ção de espécies, diz a tutela, exemplificando os casos da os-tra ou as culturas regionais de

arroz, ou mesmo a cria-ção de troços navegá-veis no rio, com circui-tos turísticos e a cria-ção de portos náuticos

e marinas.Recorde-se que o estuário

do Tejo é o maior da Europa oci-dental, com uma área molhada variando entre os 300 e os 350 quilómetros quadrados, em fun-ção da maré, estendendo-se por mais de 14 mil hectares entre a Lezíria, as águas do Tejo, sali-nas e três ilhotas, conhecidas

por «mouchões».Já o estuário do Sado, conhe-

cido, sobretudo, pela célebre po-pulação residente de golfinhos, exibe inúmeros argumentos de peso com os quais se está a pro-mover pelos quatro cantos de mundo.

Criada em 1980, a reserva na-tural oferece uma variedade de populações de espécies de aves, caso do flamingo e do milherango, sendo que a acção do ICNB (Ins-tituto de Conservação da Natureza e Biodiver-sidade) passa, essencialmente, pela gestão do espaço físico.

O objectivo é a salvaguarda de espécies e habitats, assegu-rando ainda a vigilância sobre eventuais actividades prejudi-ciais à conservação da nature-za. Um dos exemplos é a degra-dação de sapais entre marés ou outros biótopos, pesca e caça ilegais.

Por “terras” onde os flamin-gos também acabam por ser a imagem de marca, existem ou-

tras espécies com maior noto-riedade em termos de popula-ção nacional ou até europeu. É o caso da população invernan-te dos Alfaiates (que represen-tam 10 a 20% da população in-vernante na Europa) e o Ganso – Bravo (cuja colónia está pró-xima dos 99% da população na-cional). Também no inverno, so-bretudo nos invernos mais ri-

gorosos, é na Reserva do Estuário do Sado que se instala parte impor-tante da população des-ta espécie avícola.

A prioridade rumo ao futu-ro aponta a salvaguardar das áreas de sapal e de espraiado de maré, assegurando que nas áreas de antigas salinas as activida-des aí instaladas sejam compa-tíveis com as necessidades eco-lógicas das espécies avifaunís-ticas.

O estuário do Sado prolon-ga-se entre Alcácer do Sal, Grân-dola, Palmela e Setúbal, esten-dendo-se ao longo de 50 quiló-metros.

O Tejo e o Sado são as bases de um cultura estuarina rica de biodiversidade, trabalho e de gentes. Preservar é a aposta.

Estuário do Tejo: as suas embarcações tradicionais são ex-libris Estuário do Sado: Piscicultura entre as suas riquezas

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Estuário do Tejo é o maior da Europa ocidental

Salvaguardar espécies e habitats tem sido preocupação

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Semmais - Como podemos atual-mente classificar a situação am-biental e ecológica do distrito?Francisco Ferreira - O distrito de Setúbal tem vindo a melhorar a sua situação ambiental, quer porque as exigências da legisla-ção europeia e nacional têm au-mentado, nomeadamente no que á indústria diz respeito, quer por-que alguns dos investimentos fundamentais de primeira gera-ção foram concretizados, como

é o caso do tratamento das águas residuais domésticas ou o enca-minhamento adequado dos re-síduos sólidos.

É Adequado dizer que os grandes problemas das décadas de 80 e 90 estão dissipados? Lembro a poluição suinícola, os esgotos e valas a céu aberto, a contami-nação dos solos, as sucatas a cada beira da estrada, os resíduos urbanos sem controlo, entre

muitos outros?Se há realmente áreas onde é legí-timo falar-se de problemas que fo-ram ultrapassados, esses são alguns deles. Porém, há outros estruturais que continuam a afetar o ambien-te a qualidade de vida no distrito, como sejam as deficiências gran-des em termos de ordenamento do território (desde a excessiva cons-trução em locais sensíveis – solos produtivos, zonas costeiras), até ati-vidades cujo impacte paisagístico

ainda se faz sentir muito como as pedreiras.

Essa inversão ficou a dever-se as políticas das tutelas, à ação dos ambientalistas ou a uma maior consciencialização das popula-ções?A inversão foi resultado de mui-tos fatores, entre eles as politicas a que o governo e os municípios tiveram de seguir - por convic-ção, ou em muitos casos, por obri-gação, por uma população mais consciente dos riscos que uma má política de ambiente tem para sua vida e para a sua envolvente, e onde os alertas dos ambientalis-tas também contribuíram para esse despertar.

Ainda se lembra da luta contra as escórias da metalimex?Já passaram 20 anos desde esse ano de 1994 em que a Quercus em conjunto com a Greenpeace transpor-taram até à Suíça um camião de resíduos pe-rigosos da Metalimex, mostrando que a falta de fiscali-zação era dramática na Europa. Ainda temos alguns passivos am-bientais, apesar de menores, e a fiscalização infelizmente conti-nua a ser um aspeto crítico a me-lhorar.

E da reconversão urbana da cos-ta arrabina, à época de Carlos Pimenta?

A ação tomada em 1986 por Car-los Pimenta na sequência do tra-balho preparatório do Projeto Se-túbal Verde que em 1987 seria in-tegrado na Quercus foi decisiva para a Arrábida e para o país. Ao longo das últimas décadas pou-ca tem sido a coragem para fazer o mesmo tipo de ações que de cer-teza agora quem visite a Serra e a conhecesse na altura não terá dú-vidas em valorizar.

Podemos dizer que apesar da evolução tecnológica industrial, com os filtros de manga, os pres-supostos do poluidor-pagador nunca funcionaram assim tão bem?O grande problema é que conti-nuamos a valorizar muito a atua-ção no chamado fim-de-linha e menos a prevenção e uma visão global do uso dos recursos. Mais do que resolver os problemas no

final de um processo industrial, temos que nos questionar de for-ma integrada se o pro-duto ou serviço que es-

tamos a proporcionar não pode ser gerado com menores impac-tes para o ambiente, e se conse-guimos resolver os problemas pelo tratamento das águas resi-duais, pro exemplo, temos de ter a certeza que não estamos a pre-judicar mais os solos. Um verda-deiro desenvolvimento susten-tável é aquele que integra e re-solve as preocupações económi-

O ex-presidente da Quercus dá nota favorável à melhoria do ambiente no distrito, fala de autarquias bipolares e lembra ‘sustos’ do passado e antevê apostas para o futuro.

AMBIENTE & ENERGIA | ENTREVISTA

Região tem vindo a melhorar a sua situação ambiental

Francisco Ferreira em entrevista faz balanço da situação no distrito

Valorizamos mais o ‘fim-de--linha’ e menos a prevenção

Francisco Ferreira (ao centro) numa cerimónia de entrega de prémios

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cas, sociais e ambientais tão a montante quanto possível.

No essencial, quais são ainda os maiores pontos de conflituali-dade?Se quisermos ir ao fundo da ques-tão, a conflitualidade prende-se com os ideais consumistas da so-ciedade e esses são muito difíceis de ultrapassar.

Que papel têm tido as autarquias na forma de gerir as questões ambientais?Na minha opinião as autarquias têm um comportamen-to bipolar – um bom exemplo é ver como ao mesmo tempo valori-zam e bem parte do con-celho ser uma área protegida e ao mesmo tempo queixarem-se e lu-tar em contra as limitações im-postas para a preservar.

E o atual governo, que análise podemos fazer destes últimos três anos? Boas e más notícias – se na área da energia e alterações climáticas, áreas que coordeno na Quercus,

este governo tem tido uma visão estruturante e ambiciosa, a nova legislação relativa solos, ordena-mento do território e urbanismo, vai ter impactes muito negativos no futuro por falhar nalguns prin-cípios fundamentais em termos de responsabilidades do planeamen-to, dos níveis nacional ao local, pre-servando devidamente valores ecológicos fundamentais.

Não concorda que do ponto de vista das energias renováveis tem havido um certo retrocesso?Sem dúvida. Apesar de o Gover-

no ter prometido no-vidades para breve, por exemplo no fomento do chamado autocon-sumo, estimulando fa-

cilmente a produção de eletri-cidade em nossas casas a par-tir de painéis fotovoltaicos, gran-de parte dos investimentos que foram decisivos para atingir-mos a menor percentagem de dependência energética do ex-terior nas últimas décadas es-tão bloqueados. É evidente que era fundamental reduzir os apoios à implementação de mui-

tas centrais, nomeadamente eó-licas, mas era possível e dese-jável continuar a apoiar um sec-tor tão decisivo para a nossa economia e também ambiente.

Nesse domínio, como podemos classificar a situação do distrito?Setúbal tem muitas oportunida-des, onde mais do que a cons-trução de novos parques (eóli-cos ou fotovoltaicos), o aprovei-tamento descentralizado da área construída (por exemplo para instalação de painéis fotovoltai-cos), é um caminho a seguir.

Como tem acompanhado o de-senvolvimento turístico da nos-sa costa alentejana?A crise obrigou à paragem dos pro-jetos turísticos mais problemáti-cos e infelizmente não se tem apro-veitado esta oportunidade para desenvolver uma avaliação am-biental estratégica e definir a ges-tão das áreas mais sensíveis em termos naturais.

Tem ideia como estamos no processo de descontaminação dos solos industriais? Houve

uma época de investimento sério, mas estaremos ainda longe de resolver de vez o pro-blema, ou nem por isso…Ainda temos algumas situações pontuais por resolver mas to-das estão identificadas e mui-tas delas resolvidas.

Houve-se hoje falar muito de reindustrialização. O que pen-sa sobre isto e que papel pode desempenhar a região?Só tem sentido para o futuro fa-lar de uma reindustrialização que seja sustentável do ponto de vista também social e am-biental, pelo que se esta nova vaga cumprir princípios de uma economia mais “verde”, sem dú-vida que faz sentido.

Já tem ideia formada sobre o projeto de expansão do porto de Lisboa para a margem sul. Trafaria era um erro crasso e a opção Barreiro?Tem sido um processo precipi-tado e amador que só envergo-nha o nosso processo de deci-são. Precisamos de saber mui-to mais antes de decidir.

Como vê atualmente a gestão das nossas áreas protegidas. Reservas estuarinas, parque natural da ar-rábida, arriba fóssil da Caparica, mata da Machada… Deram-se pas-sos importantes?As Áreas Protegidas da nossa re-gião são uma enorme mais-va-lia. Infelizmente, as pressões con-tinuam a ser muitas e os meios para gerir e fiscalizar muitos es-cassos.E os problemas da nossa Costa. Temos praias de excelência, mas estamos a perder areia e a titu-bieza política parece não encon-trar as respostas adequadas. O que preconiza para sanar de vez este fenómeno.As alterações climáticas (desde tem-pestades a milhares de quilómetros que afetam a nossa costa) até à pró-pria subida do nível do mar devido ao aumento da temperatura e ao degelo são infelizmente inevitáveis. A própria natureza tem a sua dinâ-mica que não é fácil contrariar. Os custos de repor sistematicamente areia é demasiado e se nalgumas praias urbanas isso tem sentido, noutras temos que aceitar que elas possam desaparecer.

Comportamento bipolar das autarquias tem muitos exemplos

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AMBIENTE & ENERGIA

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LIMPERSADOMais de vinte anos ao serviço do meio ambiente

Através de uma cons-tante atualização dos seus equipamentos,

da diversificação de serviços que compõem a sua gama de oferta, e da experiência dos seus técnicos e profissionais, a LIMPERSADO posiciona-se atualmente como uma empresa apta a corresponder às mais elevadas exigências do mercado, tanto profissional, como para

particulares. Trata-se de uma das empre-

sas mais especializados do se-tor e o seu grau de exigência e competitividade garantem um elevado grau de satisfação do cliente. «Somos uma empresa com larga experiência no mer-cado, que procura constante-mente ir ao encontro das ne-cessidades dos seus clientes, procurando a inovação tecno-

lógica, no que se refere aos equi-pamentos com que trabalha, e apostando numa relação de proximidade e confiança com os seus clientes», explica Ós-car Pereira, da administração da empresa.

Com mais de 20 anos ao ser-viço do meio ambiente na área das Limpezas Industrias e Ur-banas, a LIMPERSADO é uma empresa que desenvolve a sua

atividade de acordo com os mais elevados parâmetros de Qua-lidade, resultante do processo de certificação de Qualidade, Ambiente e Segurança. «São certificações que atestam a qua-lidade dos nossos serviços e a nossa política de fazer sempre mais e melhor, como provam a fidelização de um conjunto de empresas e particulares que connosco têm trabalhado», afir-

ma o responsável.Reforçando a sua presença

no mercado, a LIMPERSADO possui a sua Sede em Lisboa e filiais em Setúbal e no Algar-ve, de modo a corresponder com maior eficácia às constan-tes solicitações, um pouco por todo o País. E o processo de in-ternacionalização está neste momento a dar passos muito significativos.

A empresa tem filial em Setúbal e está apta para as exigências de um setor

cada vez mais exigente. Com larga experiência no mercado, carteira de

certificações e pessoal especializado, a Limpersado é garantia de qualidade.

A LIMPERSADO desenvolve a sua atividade nas seguintes áreas:

● Limpeza e desassoreamentode coletores

● Inspeção vídeo de tubagens● Reabilitação pontual em

coletores, sem abertura de vala● Limpeza de ETA’s, EE e ETAR’s● Limpeza de caixas separadoras

de gordura● Limpeza de separadores

de hidrocarbonetos

● Sucção e limpeza de fossas● Desentupimentos Domésticos

– Serviço 24h● Aluguer de máquinas

e terraplanagens● Construção civil● Limpezas Urbanas● Limpezas Industriais● Limpezas Domésticas

Portflólio de serviços

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CARTÓRIO NOTARIAL DE SETÚBAL

NOTÁRIAMARIA TERESA OLIVEIRASito na Avenida 22 de Dezembro nº 21-D em SetúbalCertifico, para efeitos de publicação que no dia dezoito de Julho de dois mil e catorze, neste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, a folhas 2 do livro 270-A, de escrituras de diversas, na qual:António Maria Rosa Martinho e mulher, Maria Luísa Gil Sobral Martinho, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes em Barreirinha da Terça Parte, Porto Covo, em Sines contribuintes números 105215422 e 114693536, justificaram a posse, invocando a usucapião, do seguinte prédio: Prédio urbano sito na Sonega, freguesia do Cercal do Alentejo, concelho de Santiago do Cacém, composto de morada de casas de rés do chão, com logradouro, destinado a habitação e comércio, com a área coberta de cento e sessenta e sete virgula vinte metros quadrados e a descoberta de duzentos e setenta e um virgula quinze metros quadrados, que confronta do norte com Francisco Gonçalves da Cruz, do sul com Estrada Nacional, do nascente com Francisco Gonçalves da Cruz e do poente com Sebastião Joaquim Silvestre, descrito na Conservatória do Registo Predial de Santiago do Cacém sob o número dois mil setecentos e oitenta e seis, da freguesia de Cercal do Alentejo, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o artigo 2011, da referida freguesia (anteriormente 1699 da freguesia do Cercal).Está conforme.Cartório Notarial sito na Avenida 22 de Dezembro número 21-D em Setúbal, 18 de Julho de 2014.

A Notária,Maria Teresa Oliveira

Conta registada sob o número 1150

Produção de lixo no distrito caiu 110 quilos por habitante apenas em quatro anos

Até no lixo a crise tem um impacto significativo na Península de Setúbal. Os

dados oficiais agora revelados não enganam. Cada habitante da região está a produzir menos 110 quilos de resíduos urbanos por ano, segundo o Pordata, comparando 2009 (quando cada pessoa produzia 662 quilos) e 2012 (ano em que baixou para os 514 quilos).

«Menos consumo gera menos lixo. As pessoas passaram a apro-veitar melhor a comida, por exem-plo, e o efeito é este», explica ao Sem-mais Rui Berkmeier, especialista da Quercus em resíduos urbanos, as-sumindo que a significativa redu-ção de lixo «é uma questão social, devido aos cortes no consumo».

O dirigente alerta ainda que se previa um aumento exponencial da produção de lixo na região há alguns anos atrás, mas a curva as-cendente iniciada em 2000 acabou por ser interrompida a partir de

2010. «Esta alteração da economia ditou outro tipo de regras, mas tam-bém é natural que quando a crise passar volte a aumentar a produ-ção de resíduos», acres-centa Rui Berkmeier, para quem nessa altura deve-rão ser tomadas «medi-das de prevenção».

A evolução do distrito mostra uma subida transversal a todos os concelhos ao nível da produção de

resíduos. Alcochete produzia 660 quilos em 2009, baixando para 484 em 2012, enquanto Almada caiu de 639 para 580. No mesmo período o

Barreiro passou de 560 para 415 e a Moita de 590 para 459. Já o Montijo as-sistiu à redução de 564 para 431. Palmela produ-

zia 622 em 2009 e ainda aumentou para 657 em 2010, mas viria a cair para 564 em 2012, tal como o Seixal

que baixou de 595 para 445.Sesimbra aumentou a produ-

ção de lixo de 2009 para 2010, de 782 quilos para 809, mas em 2011 baixou para 718, chegando aos 651 em 2012, ao passo que Setúbal pas-sou de 661 em 2009 para 754 em 2010, mas os últimos resultados também refletem a queda de para 565 quilos.

Roberto Dores

Em 2009 cada habitante produzia 662 quilos e em 2012 esse índice baixou para 514 quilos

Ajustamento do país também tem concorrido para diminuição dos trablhadores do setor na região

Os concelhos alentejanos do distritoJá no Alentejo Litoral cada pessoa atirava fora 617 qui-los de lixo em 2010, passan-do para 543 em 2012. Os nú-meros da região relativos a 2012 chegam a aproximar-se do registo de 2002, quando se atingiu os 493 quilos de lixo por habitante, tendo o Alen-tejo Litoral chegado aos 499. «O caso dos concelhos do Alentejo é mais específico, porque não tinham zonas co-merciais há alguns anos, o que evitava que se fizesse tanto lixo. Mais recentemente apro-ximaram-se das zonas do li-toral, com grandes comércios por todo o lado e isso fez au-mentar os resíduos», explica Berkmeier.

De resto, comparando 2002 com 2012 em termos conce-lhios, o Litoral Alentejano é onde se regista a subida mais significativa. Alcácer do Sal au-mentou a sua produção de lixo por pessoa de 458 para 527 qui-los, Grândola de 630 para 701, Odemira de 445 para 477, San-tiago do Cacém de 434 para 495 e Sines de 544 para 611.

AMBIENTE & ENERGIA

O produção de lixo doméstico aumentou drasticamente desde 2000 e só foi travada pela crise iniciada em 2010. Nenhum concelho do distrito escapa à ‘boa’ diminuição de resíduos.

Quebra registada em todos os concelhos da península

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Sempre com a região,sempre pela região...

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Lixo no mar da região merece alerta vermelho

Há de tudo no fundo do mar que banha a costa do distrito. Desde as redes de pesca,

a garrafas, de sacos de plástico a latas, de roupas a sombrinhas. São apenas exemplos de tipos de lixo humano encontrado ao largo da região num recente estudo, que coloca Setúbal como uma das zonas mais poluídas da Europa. Os cientistas e os ambientalistas da Quercus apelam à promoção de ações que travem o aumento dos detritos nos ambientes marinhos.

De acordo com o levantamen-to realizado por um grupo de in-vestigadores de 15 organizações europeias, liderados pelo centro IMAR da Universidade dos Aço-res, a preocupação é ainda maior na medida em que mesmo as zo-nas de maior profundidade já exi-bem claros sinais de poluição. E uma curiosidade: o lixo invadiu alguns destes lugares ainda an-tes da presença humana.

É o que diz o relatório ela-borado pelos especialistas, após um trabalho de investigação que decorreu ao longo de dez anos e foi agora publicado, onde se lê que entre quatro regiões euro-peias com concentração de lixo particularmente elevada - ten-do sido descobertos mais de 20 objetos - está o desfiladeiro sub-marino de Setúbal, a que se jun-ta Lisboa.

Para comprovarem a existên-cia de resíduos, os investigado-res usaram redes de arrasto e ro-bots subaquáticos não tripula-

dos que permitiram recolher as amostras. «Concluímos que o plástico foi o item de lixo mais comum no fundo marinho, en-quanto o lixo associado às ativi-dades da pesca são particular-mente comuns em montes sub-marinos, bancos e cristas oceâ-nicas», disse Christopher Pham, também investigador da Univer-sidade dos Açores, acrescentan-do mesmo que o lixo humano «está presente em todos os ha-bitats marinhos, das praias às zo-nas mais profundas e remotas dos oceanos».

Nada que surpreen-da Carla Graça, do núcleo da Quercus de Setúbal. «Principalmente na últi-ma década ficámos a saber que exis-te muito lixo no Oceano, mas tam-bém já sabemos há muito tempo que existe muito lixo a ir para o

mar», diz a dirigente, a quem bas-ta recuar à década de 90 para re-cordar os tempos em que encon-trava regularmente quantidades elevadas de cotonetes.

«Isso hoje está quase resolvi-do, mas significava que havia mui-to esgoto humano que ia dar ao mar», sublinha, alertando que atual-mente os casos mais significativos na região se prendem com lixo re-sultante da atividade piscatória, «mas também com os navios de grande porte que deitam resíduos

para o oceano, sendo que depois as correntes tra-tam de o aglomerar em determinadas zonas de acumulação».

Carla Graça recorda que há materiais que nunca se de-gradam, mas que há outros que o fazem, chegando a entrar na cadeia trófica, como acontece com o plás-

tico. «Ao se degradar e ficar em mi-cro-plástico, vai servir de alimen-to aos peixes que nós comemos. Era importante fazer um estudo

exaustivo do que existe e perceber como é que se pode minimizar o impacto deste grave problema», re-sume a ambientalista.

Estudo refere que o desfiladeiro submarino de Setúbal é dos mais poluídos da Europa

Mais lixo resultante da atividade piscatória

Detritos humanos, em grandes quantidades, foram encontrados no chamado desfiladeiro submarino de Setúbal, a grandes profundidades, colocando a região como uma das zonas marinhas mais poluídas da Europa. O estudo refere-se aos últimos dez anos.

Roberto Dores

Costa maritima da região pejada de lixos é uma preocupação constante e tem sido objecto de várias intervenções

A investigação, receios e conselhosApesar de a acumulação de lixo no mar ser um dos grandes proble-mas ambientais - podendo afetar a cadeia alimentar (ver texto secun-dário) -, chegar às profundezas dos oceanos é tarefa que implica não só grandes capacidades técnicas, mas também enormes custos finan-ceiros. O que explica o facto de só agora ter sido possível traçar um mapa dos lugares e dos diferentes tipos de lixo nos mares. Mas estas dificuldades, alertam os cientistas, não podem levar os governos a ig-norar o problema, avisando que é preciso agir rapidamente no senti-do de impedir que mais lixo vá parar ao fundo do mar. O estudo bene-ficiou de uma colaboração entre dois projetos de investigação - HER-MIONE, financiado pela União Europeia e coordenado pelo Centro Nacional de Oceanografia em Southampton e o Mapping the Deep, li-derado pela Universidade de Plymouth.

AMBIENTE & ENERGIA | RESÍDUOS

Sempre com a região, sempre pela região...

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AMBIENTE & ENERGIA | ENTREVISTA

Porto de Setúbal assume compromisso ambiental

O Porto de Setúbal, com uma área de jurisdição de cerca de 17 mil hectares, está loca-

lizado em áreas de elevada sensi-bilidade ecológica, como o Parque Natural da Arrábida, Reserva Natural do Estuário do Sado e Rede Natura 2000. Uma parte significativa da área sob jurisdição portuária é cons-tituída por sapais de grande valor ecológico, habitats subaquáticos e terrestres para diversas espécies da flora e da fauna, que precisam ser protegidos.

Como infraestrutu-ra portuária, os seus mo-dernos terminais gozam de uma localização pri-vilegiada, nos abrigados Estuário do Sado e Baía de Setúbal, que per-tence ao restrito Clube das Baías Mais Belas do Mundo. A barra está aberta todo o ano a qualquer hora e possui acessos, tanto rodoviá-rios como ferroviários, que o li-

gam diretamente desde o interior dos terminais às principais redes nacionais e a Espanha, sem cons-trangimentos de tráfego e fora da cidade de Setúbal.

Atualmente, como complemen-to com a atividade portuária co-mercial, o porto está a desenvol-ver uma aposta virada para a po-pulação e para o turismo, incluin-do o Turismo Náutico. A requali-ficação gradual da frente ribeiri-nha do porto está a “devolver o rio

aos setubalenses”, com zonas de lazer, restau-ração, atividades ligadas ao mar e à náutica de re-creio, com um retorno

muito positivo por parte da popu-lação.

Pretende-se, em colaboração com a CMS, desenvolver projetos na zona ribeirinha da cidade de Se-túbal com o principal objetivo de dinamizar e devolver à população

o usufruto de toda uma orla de acesso ao rio Sado e, igualmente, promover a oferta de espaços para o desenvolvimento de atividades de lazer, restauração e ligadas ao mar.

O compromisso ambiental está sempre presente no desenvolvi-mento das atividades exercidas no Porto de Setúbal, que incluem as operações portuárias e logís-ticas, a aquicultura, a náutica de recreio, as atividades marítimo--turísticas e a pesca. A política de ambiente da APSS é influenciada por esses valores numa continua-da procura de utilização racional dos recursos naturais. Nos seus variados procedimentos, enquan-to Autoridade Portuária, são con-siderados os objetivos ambien-tais, seja no ordenamento e pla-neamento da utilização do domí-nio público marítimo, seja na ges-tão portuária.

Projetos da APSS preparam plataforma portuária para o futuro

Vítor Caldeirinha, o presidente da admnis-tração dos portos de Setúbal e Sesimbra.

Modernos terminais gozam de localização privilegiada

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Possui um Sistema de Gestão Ambiental certificado pela Lloyd´s Register Quality Assurance LRQA, de acordo com a NP EN ISO 14001:2004, a mais abrangente cer-tificação na matéria no panorama marítimo-portuário nacional, com acompanhamento dos aspetos e im-pactos ambientais dos diversos pro-cessos do Porto de Setúbal e está a preparar-se para a Certificação do Sistema da Gestão da Segurança. O porto é reconhecido pela European Sea Port Organization (ESPO) pela excelência da qualidade ambiental na Baía de Setúbal e passou a inte-grar a rede europeia de ECOPORTS, sendo o único nacional e o terceiro

ibérico com esta atribuição.O Porto de Setúbal posiciona-

-se como um porto competitivo e com potencialidades acrescidas nomeadamente no Shortsea, o que permite alargar o seu hinterland até Espanha, ganhando importância como solu-ção ibérica. Para garan-tir o desenvolvimento sustentável do porto vão ser concretizados quatro investi-mentos, incluídos numa lista de projetos prioritários a nível nacio-nal, e os seus potenciais efeitos nas infraestruturas portuárias e suas acessibilidades.

O projeto de melhoria das aces-

sibilidades marítimas, em quarto lugar nas prioridades nacionais definidas para os portos, que vai permitir manter o porto na cate-goria de Shortsea Panamax, rece-bendo navios de linha regular de

média dimensão com 13 metros de calado em qualquer maré; a expan-são do terrapleno do Ter-minal Roll-on Roll-off

para mais 5 hectares, que melho-rará o serviço de importação e ex-portação de automóveis; a requa-lificação do acesso ferroviário do porto às Praias do Sado, que in-crementará a operacionalidade das composições; a ligação ferro-

viária ao Terminal Termitrena, que introduzirá nessa parte do porto o movimento de cargas por ferro-via até cerca de 2 milhões de to-neladas/ano, reduzindo igualmen-te o tráfego rodoviário e os seus constrangimentos de circulação e o impacto ambiental.

Também no funcionamento das suas infraestruturas tem sido feito um esforço de reduzir a pe-gada de carbono do porto. A APSS cumpre o Programa de Eficiência Energética na Administração Pú-blica – ECO.AP, que visa obter, até 2020, um nível de eficiência ener-gética na ordem dos 30%. A APSS tem um programa de cinquenta

medidas de melhoria nesta ver-tente. Desde a sua implementação, registou-se uma poupança supe-rior a 8% no consumo de energia.

Tem instalados sistemas foto-voltaicos para produção de ener-gia e substituiu a tecnologia dos equipamentos de iluminação pú-blica, possuindo um sistema que permite a monotorização e ges-tão de todas as suas instalações.

Por sua vez, o Terminal Roll--on Roll-off do Porto de Setúbal disponibiliza aos seus clientes um serviço de abastecimento de ener-gia para os veículos elétricos mo-vimentados por aquela infraestru-tura portuária.

Porto aposta nas potencialidades do ‘Shortsea’ como alavanca

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Sábado • 26 julho 2014 • www.semmaisjornal.com 21

AMBIENTE & ENERGIA | PLATAFORMAS PORTUÁRIAS

Porto de Sines renovou certificação de Ambiente e Segurança

Administração reforça compromissos com áreas sensíveis da gestão portuária

Energias renováveis têm já grande peso na região

PARECE não haver dúvidas de que a região de Setúbal apresen-ta um manancial enorme para o aproveitamento das energias re-nováveis e está a dar passos lar-gos nas questões rela-cionadas com a eficiên-cia energética, um tra-balho sistematizado pela Agência de Ener-gia e Ambiente da Arrábida (ENA).

A região tem um grande po-tencial eólico - embora no caso da Península de Setúbal conflituan-do com algumas áreas de interes-

se natural – e solar, capazes de ge-rar já uma capacidade significati-va de energias nestes dois nichos.

No caso da energia eólica, ge-rada a partir da força do vento,

é já hoje uma imagem de marca do nosso Alen-tejo litoral, com deze-nas de aerogeradores entre Sines e Porto Covo

a produzirem energia capaz de milhares de famílias. E na solar, através da energia fotovoltaica, são dezenas os projetos espalha-dos por toda a região, com a Rep-

sol e a EDP no topo da tabela. E cresce a tendência de uma apli-cação na hotelaria e em muitas empresas do distrito, apostando na quase auto-suficiência.

Outra energia renovável não despicienda é a biomassa flores-tal, tendo em conta a enorme di-mensão do parque florestal pri-vado e público de que dispõe.

Pode dizer-se que é uma das apostas mais bem conseguidas no que diz respeito à racionali-zação de meios provenientes da floresta do distrito. É o aprovei-

tamento dos resíduos verdes para a produção de vapor a transfor-mar em energia para aproveita-mento nas unidades industriais.

Mas a produção de biomassa passa também, já de forma expo-nencial, pelo aproveitamento dos resíduos da atividade agrícola, sem esquecer os resíduos gerados pe-las populações, como é exemplo os óleos alimentares usados.

E num futuro próximo o po-tencial da energia do mar apre-senta também uma fonte de es-perança.

Aproveitamento florestal transforma resíduos verdes

O Porto de Sines realizou em Maio com sucesso a auditoria de renovação da

certificação de ambiente e segu-rança, de acordo com os referen-ciais ISO 14001:2004 e OHSAS 18001:2007.

As normas, aplicáveis à mo-vimentação de navios no porto, pilotagem, gestão de contratos de concessão e de licenciamen-tos, gestão do Porto de Recreio e gestão da ZALSINES – Zona in-traportuária, demonstraram a conformidade com os requisitos

exigidos, na política ambiental e de segurança, prevenção de po-luição, prevenção de riscos con-formidade legal e melhoria con-tínua.

A Lloyd’s Register Quality As-surance recomendou a renovação da certifica-ção ambiental e de saú-de e segurança pelo fac-to de considerar ter sido evidenciada a consolidação do sis-tema de gestão integrado nas ver-tentes de ambiente e segurança, assim como do desempenho am-

biental e de segurança em geral.«Esta renovação reforça os

compromissos assumidos publi-camente pela APS de integrar, avaliar e acompanhar os aspetos ambientais e de segurança nos

processos, bem como promover a melhoria contínua», salientou a administração portuá-ria.

Este processo baseia-se em princípios que têm como finali-dade melhorar a qualidade e efi-cácia dos serviços fornecidos; pre-

venir, controlar e minimizar a po-luição gerada pelos resíduos pro-venientes das atividades, inves-tindo em novas tecnologias e uti-lizando processos menos poluen-tes; assegurar que os colabora-dores, quer os próprios, quer os contratados, possuem formação adequada, promovendo a impor-tância da melhoria contínua e o cumprimento dos requisitos le-gais regulamentados que se apli-cam aos serviços, às questões am-bientais e à segurança e saúde no trabalho.

Em relação à estratégia am-biental do porto, esta baseia--se não só no combate à polui-ção, mas também na aplicação de medidas de prevenção, que possam minimizar as emissões para o ar, água e solo; na mo-nitorização dos ambientes ma-rinhos do porto, no controlo da qualidade das águas residuais, balneares e na monitorização dos efluentes gasosos da cen-tral de produção de vapor, efe-tuada por entidades ligadas à investigação.

Monitorizar ambientes e controlar águas residuais

ENERGIAS RENOVÁVEIS

Distrito apresenta um enorme potencial neste cluster e com projetos no terreno começa a tirar proveitos. A biomassa e as energias eólica e solar são os trunfos. Falta a energia do mar para dar corpo ao futuro.

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AMBIENTE & ENERGIA

Sines lidera consumo de gás naturale península duplica média do país

Sines é o concelho do país onde se consome mais gás natural por habitante, atin-

gindo valores muito acima da média nacional. Empurrada pelo seu complexo industrial, a cidade do Litoral Alentejano chegou aos 30558 metros cúbicos por pessoa em 2012 – os dados mais recentes revelados na atualização feita em finais de Junho – enquanto a média nacional não vai além dos 226,4 percapita.

Os municípios da Figueira da Foz e Abrantes surgem na segun-da e terceira posições, mas com valores muito abaixo dos exibi-dos por Sines, com um gasto mé-dio anual de 7425 e 6975 metros cúbicos, respetivamente. Quanto aos restantes concelhos da região, os dados oficiais compilados pelo Instituto Nacional de Estatística colocam a península com um con-sumo que já duplica a média do país, chegando aos 450 metros cú-

bicos, mas já foi de 554 em 2011.O distrito regista mesmo um

salto significativo comparando a realidade de 2012 com 2001, quan-do o gás natural era quase um «ilus-tre desconhecido». Eram tempos em que o fornecimento ainda não chegava a todos os concelhos, sen-do que cada habitante gastava uma média de 93 metros cúbicos.

Havia de aumentar para 231 em 2009, disparando para 418 no ano seguinte e batendo o recor-de com os 554 de 2011. «A queda para os 450 no ano seguinte acom-panhou a tendência do país, jus-tificada com os efeitos da crise económica», como explica Antó-nio Ferreira Matos, especialista em combustíveis, alertando que «as pessoas começaram a pou-par em tudo e até arran-jaram esquemas para aproveitar melhor o gás. Há quem faça duas e três refeições utilizando o forno uma só vez. Isto é algo com-pletamente novo, que depois dá estes resultados em distrito como

Setúbal», relata.Por concelhos, a capital de dis-

trito é líder no consumo de gás na-tural, chegando aos 1315 metros

cúbicos por habitante, baixando dos 1394 no ano anterior. Alcochete tem um registo de 678, Almada 238, Barreiro

866, Moita 42, Montijo 221, Pal-mela 253, Seixal 264 e Sesimbra 21. Setúbal consumia 39 metros

cúbicos em 2001.Segundo os especialistas nem

tudo são vantagens a sublinhar o consumo de gás natural. Se alguns estudiosos apontam o seu baixo impacto ambiental, facilidade de transporte e manuseamento, ve-tor de atração de investimentos e maior segurança, também há quem aponte para o facto de se tratar de um combustível fóssil, o que se traduz numa energia não

renovável, sendo, desde logo, fi-nita. O gás natural apresenta ain-da riscos de asfixia, incêndio e ex-plosão. Por ser mais leve do que o ar, o gás natural tende a acu-mular-se nas partes mais eleva-das quando se encontra em am-bientes fechados. Em caso de fogo em locais com insuficiência de oxigénio, poderá ser gerado mo-nóxido de carbono, altamente tó-xico.

Cidade regista 30558 metros cúbicos por habitante enquanto a média nacional não vai além dos 226,4 per capita

DR

É a força do complexo industrial de Sines a ditar estes números, muito acima da média nacional. Mas na Península há muito mais poupança.

Setúbal é líder no consumo, chegando aos 1315 metros cúbitos

Roberto Dores

Porto de Sines é a alavanca da distribuição de gás natural.

Indústria de Setúbal consome 40 por cento da energia

Falar de ambiente não é uma tarefa simples pelas múlti-plas dimensões que se inter-

relacionam. Falar de ambiente em Setúbal é ainda mais difícil pela riqueza e diversidade dos recursos naturais, que se confrontam com a presença humana e a procura da valorização destes recursos. O equilíbrio destas dimensões é complexo mas é um desafio ao qual todos somos chamados.

A indústria sendo responsável por 57% das emissões de CO2 do concelho (da matriz de emissões para 2011) bem como pela utiliza-ção intensiva de recursos, é tam-bém responsável pela geração de emprego, riqueza e permite-nos o acesso a bens que a nossa socie-dade não dispensa, importa sim assegurar que estas atividades in-dustriais sejam realizadas com o menor impacto possível e que se-jam tomadas medidas para miti-gar os impactos inevitáveis.

Quando olhamos para os con-sumos de energia do concelho de

Setúbal, verificamos que o sector que mais energia consome é a in-dústria.

Olhando o sector industrial do concelho, identificam-se um pu-nhado de grandes indústrias res-ponsáveis pela generalidade do consumo de energia. Acontece que estas grandes empresas, sendo consumidoras intensivas de ener-gia, por uma questão de susten-

tabilidade económica, encaram com grande seriedade o consumo de energia e procuram ativamen-te reduzi-lo ao mínimo. Por outro lado atualmente a central termoe-létrica de Setúbal está desativada, pelo que a energia consumida no sector “Produção e transporte de energia” é agora significativamen-te menor, ou seja, a grande mar-gem de redução do consumo de

energia no concelho de Setúbal está nos restantes sectores apre-sentados, em que todos nós cida-dãos temos responsabilidades acrescidas.

Para além da energia, que hoje já assume um custo muito signi-ficativo, importa preservar a água potável para que esta num futuro próximo não se assuma como um problema ainda maior, temos à nossa disposição um muito gran-de aquífero mas será que o esta-mos preservar da melhor forma?

O município, por maioria de razões, tem um papel fundamen-tal na promoção da sustentabili-dade do concelho, recentemente estas responsabilidades foram ine-quivocamente assumidas ao apro-var em Assembleia Municipal a adesão ao Pacto de Autarcas. O Pacto de Autarcas é um compro-misso voluntário assumido pelos autarcas, em que estes se compro-metem a desenvolver um conjun-to de políticas capazes de promo-ver a redução das emissões de CO2

em mais de 20% até 2020 em re-lação a um determinado ano de referência (2011 no caso de Setú-bal).

Mas o ambiente é também uma oportunidade para Setúbal, pela sua capacidade de atrair visitan-tes (ou não seja esta uma das mais belas baias do mundo), pelo bem--estar que pode proporcionar às populações residentes, mas tam-bém como vetor de desenvolvi-mento da atividade industrial, a título de exemplo, os equipamen-tos para aproveitamento das ener-gias do mar estão já em fase pré--industrial, a tradição industrial de Setúbal, aliada à sua condição geográfica podem constituir os in-gredientes fundamentais para o desenvolvimento económico as-sociado ao ambiente e sua preser-vação, assim haja a arte e o enge-nho para estabelecer equilíbrios e aproveitar o que de melhor tem o ambiente.

Orlando Paraíba(Director da ENA)

Consumo de energia, por setor de economia,

no concelhode Setúbal em 2011

Indústria Prod. Transp. Energia Transportes Comércio e Serviços Consumo Doméstico Agricultura e Pescas Construção e Eng. Cívil Consumo próprio

40%

6%

1%4.024

176.456

24.875

1.341 590%

4%18.663 0%

35%153.406

14%62.260

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