semmais 26 março 2016

16
Sábado 26 | Março | 2016 Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 895 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso Venda interdita semmais SOCIEDADE PÁGINA 5 OBRAS NA LIGAÇÃO ENTRE SINES E SANTO ANDRÉ PARAM DE NOVO Os trabalhos de requalificação da via que liga Sines a Santo André não desatam. O impasse está agora criado devido à mudança de go- verno. Trata-se de uma questão processual que impede a renegociação do investimento previsto pela Infraestruturas de Portugal. POLÍTICA PÁGINA 7 TRÓIA RECEBE SÁBADO CONGRESSO DA AMALENTEJO Após cinco meses de preparação, o congresso da AMALENTEJO vai juntar 52 autarquias, entre câmaras, juntas e assembleia municipais, e cerca de 300 participantes representantes de muitas outras instituições públicas e privadas. Diz-se que a regionalização passa por aqui… NEGÓCIOS PÁGINA 11 EMPRESÁRIOS DÃO NOTA “RAZOÁVEL” À SAÚDE FINANCEIRA DO DISTRITO É o primeiro estudo que mede o sentimento das empresas até dez trabalhadores e o distrito surge na frente com um “razoável”. O Estudo Nacional da Competitividade Regional, a que o Semmais teve acesso, contou com a participa- ção de mais de 1300 micro-empresas. DRONES PARA PROCURAR ILEGAIS NOS CAMPOS AGRÍCOLAS DA REGIÃO Os pinhais da região poderão vir a ser vigiados por drones, nomeadamente à procura de trabalhadores em situação ilegal. O projeto é da responsabilidade da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT). Os testes já começaram com aeronaves telecomandadas e cada drone custa 4800 euros. Mas os inspectores no terreno desconfiam da utilidade do empreendimento. SOCIEDADE PÁGINA 4 PUBLICIDADE © D.R.

Upload: mediasado

Post on 27-Jul-2016

222 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Edição do Semmais de 26 de Março

TRANSCRIPT

Page 1: Semmais 26 Março 2016

Sábado 26 | Março | 2016

Diretor Raul TavaresSemanário | Edição 895 | 9ª série

Região de SetúbalDistribuído com o Expresso

Venda interditasemmais

SOCIEDADE PÁGINA 5OBRAS NA LIGAÇÃO ENTRE SINES E SANTO ANDRÉ PARAM DE NOVOOs trabalhos de requalificação da via que liga Sines a Santo André não desatam. O impasse está agora criado devido à mudança de go-verno. Trata-se de uma questão processual que impede a renegociação do investimento previsto pela Infraestruturas de Portugal.

POLÍTICA PÁGINA 7TRÓIA RECEBE SÁBADOCONGRESSO DA AMALENTEJOApós cinco meses de preparação, o congresso da AMALENTEJO vai juntar 52 autarquias, entre câmaras, juntas e assembleia municipais, e cerca de 300 participantes representantes de muitas outras instituições públicas e privadas. Diz-se que a regionalização passa por aqui…

NEGÓCIOS PÁGINA 11EMPRESÁRIOS DÃO NOTA “RAZOÁVEL” À SAÚDE FINANCEIRA DO DISTRITOÉ o primeiro estudo que mede o sentimento das empresas até dez trabalhadores e o distrito surge na frente com um “razoável”. O Estudo Nacional da Competitividade Regional, a que o Semmais teve acesso, contou com a participa-ção de mais de 1300 micro-empresas.

DRONES PARA PROCURAR ILEGAIS NOS CAMPOS AGRÍCOLAS DA REGIÃO

Os pinhais da região poderão vir a ser vigiados por drones, nomeadamente à procura de trabalhadores em situação ilegal. O projeto é da responsabilidade da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT). Os testes já começaram com aeronaves telecomandadas e cada drone custa 4800 euros. Mas os inspectores no terreno desconfiam da utilidade do empreendimento.

SOCIEDADE PÁGINA 4

PUBLICIDADE

© D

.R.

Page 2: Semmais 26 Março 2016

2 | SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016

SEMANAEDP MELHORA REDE ELÉTRICA NA ARRÁBIDA

A EDP DISTRIBUIÇÃO EXECUTOU UMA SÉRIE DE OBRAS DE REMODELAÇÃO EM MAIS DE 12 QUILÓMETROS DE REDE

ELÉTRICA, INCLUINDO A REDE AÉREA DE 15 KV EXISTENTE EM PLENO PARQUE NATURAL DA SERRA DA ARRÁBIDA,

UMA ZONA SENSÍVEL EM TERMOS AMBIENTAIS, COM DIFÍCEIS ACESSOS E CONSIDERÁVEIS ZONAS DE VEGETAÇÃO E ESPÉCIES ARVENSES PROTEGIDAS. FACE À SUA LOCALIZAÇÃO E ÀS CARACTERÍSTICAS NATURAIS DO TERRENO REVELOU-SE

UMA OBRA COM GRANDE GRAU DE DIFICULDADE. FOI NECESSÁRIO CRIAR ALGUNS ACESSOS E TER ESPECIAL

ATENÇÃO ÀS EXIGÊNCIAS DA DIREÇÃO DO PARQUE NATURAL NO QUE RESPEITA À PRESERVAÇÃO DA VEGETAÇÃO E

AVIFAUNA – NESTE ÚLTIMO CASO COM A INSTALAÇÃO DE DISPOSITIVOS ANTI-NIDIFICAÇÃO E ISOLAMENTO NOS

APOIOS. OS TRABALHOS ENVOLVERAM INTERVENÇÕES EM NOVE LINHAS AÉREAS (A LINHA ENTRE SEBASTIÃO E CASAIS

DA SERRA E OITO DELA DERIVADAS, NUMA EXTENSÃO DE 12 657 METROS. A OBRA IMPLICOU ALTERAÇÕES EM 95

POSTES, ATRAVESSANDO TERRENOS DE 129 PROPRIETÁRIOS. O INVESTIMENTO RONDOU OS 600 MIL EUROS.

A Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal e a GNR de Almada detiveram quatro suspeitos

do rapto e extorsão de um jovem, com 19 anos de idade, exigindo--lhe que pagasse a dívida de um amigo, no valor aproximado de mil euros. Segundo um comunicado da PJ divulgado na passada segun-da-feira, os quatro arguidos, dos 19 aos 21 anos, dois deles com antecedentes criminais, estão indiciados pela prática de cri-mes de rapto e extorsão agrava-da, na forma tentada, no conce-lho do Seixal. Ainda de acordo com a mes-ma fonte, os factos ocorreram no dia 18 de março, quando os detidos localizaram a vítima, e, com recurso a violência física, transportaram-no, em viatura própria, para um local ermo, onde lhe exigiram uma quantia a rondar os mil euros, para paga-

Jovens detidos por suspeita de extorsão e rapto

Um homem foi baleado mortalmente, no dia 21, durante um assalto na

Quinta da Marquesa, em Palme-la, disse à agência Lusa uma fon-te do Comando Distrital de Ope-rações de Socorro de Setúbal.A mesma fonte, que desconhece mais pormenores sobre o caso, adiantou que o alerta foi dado às 18h18, tendo sido assistida no lo-cal uma vítima devido ao seu es-tado de nervosismo. Mas segundo fonte da GNR, citada pela TVI24, a vítima mor-tal pertencia a um grupo de qua-tro assaltantes. Foi baleado mortalmente pelo dono da residência, um re

Homem baleado em Almada

Reformado mata assaltante em Palmela

Uma criança de três meses foi vítima de um incêndio numa cozinha da habita-

ção, na Cova da Piedade, conce-lho de Almada, no passado dia 22 de março, terça-feira. As chamas deflagraram por volta das 21h37, hora em que foi

dado o alerta. O bebé foi trans-portado para o Hospital Garcia da Orta, em Almada. No local estiveram presentes oito veículos das forças de segu-rança e 29 operacionais. O incêndio foi extinto cerca de uma hora depois do alerta.

Bebé ferido num incêndio em Almada

Um homem com cerca de 30 anos de idade foi baleado a partir de um carro em mo-

vimento, na passada segunda--feira à noite, na Charneca da Caparica, concelho de Almada. Na viatura seguiam três suspei-tos que fugiram após o tiroteio. Ainda antes da chegada das

viaturas de emergência médica, a vítima atingida na barriga e na perna meteu-se em fuga e acabou por solicitar ajuda a um vizinho que o acolheu no quintal de casa. De seguida, o homem foi trans-portado para o Hospital Garcia de Orta. A Polícia Judiciária de Setú-bal está a investigar o caso.

mento de uma dívida de um co-nhecido da vítima. Os quatro detidos foram pre-sentes a primeiro interrogatório

judicial, tendo-lhes sido decre-tada a medida de coação de apresentações semanais às au-toridades.

formado com cerca de 70 anos, que abriu fogo com uma caça-

deira. O caso está a ser investi-gado pela Policia Judiciária.

Page 3: Semmais 26 Março 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016 | 3

SOCIEDADE

PUBLICIDADE

‘VER O LADO FUN DA VIDA’ NO ALMADA FORUM LANÇAMENTO DO NILTON COMO NOVO ROSTO DA GRANDOPTICAL

A GrandOptical apresentou oficialmente, quinta-feira, às ‘5 para as 6’ (da tarde), no Almada Forum, o novo rosto da marca para 2016 – o Nilton. Este lançamento, que tem como mote ‘Ver O Lado Fun da Vida’, alia a imagem divertida e carismática do humorista dos conhecidos óculos azuis, ao posicionamento premium da marca. O evento decorreu na sequência da reabertura da GrandOptical do Almada Forum, que apre-senta uma nova imagem inspirada no layout internacional da marca.

Pertencente ao Grupo GrandVision, atualmente a GrandOptical tem mais de 80 lojas no mundo e 6 em território nacional. A insígnia abriu a primeira loja em Portugal no Centro Comercial Colombo e mais tarde intensificou a sua presença na zona centro do país com as aber-turas no C.C. Almada Forum, em 2002, e no CascaiShopping. No norte do país o grupo ampliou o seu posicionamento com a loja do Mar Shopping, em Matosinhos, e no NorteShopping na cidade do Porto. No ano passado inaugurou a sexta loja no Palácio do Gelo, em Viseu.

Nas lojas de óptica GrandOptical, os clientes encontram um laborató-rio próprio, visível, equipado com tecnologia de última geração e um leque único de modelos das mais conceituadas marcas internacionais, que primam pela sofisticação e contemporaneidade, com apontamentos diferenciadores que posicionam a GrandOptical na vanguarda da moda eyewear, como Gucci, Boss, Prada, Dior, Persol, Fendi ou Miu Miu.

PROJETO É DA AUTORIDADE PARA AS CONDIÇÕES DO TRABALHO (ACT) E PODERÁ ARRANCAR EM BREVE

E se os campos agrícolas da região forem vigiados com drones?

Os pinhais do distrito poderão vir a ser sobrevoados por um drone à procura de trabalhadores em situação ilegal. A entidade diz que será «precioso auxiliar», sindicato contesta. Cada drone custa 4800 euros.

O projeto é da Autoridade para as Condições do Tra-balho (ACT). Em breve os

pinhais do distrito poderão come-çar a ser sobrevoados por um drone à procura, por exemplo, de trabalhadores em situação ilegal, evitando a sua fuga dos campos

TEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

agrícolas quando percebem que os inspetores da ACT estão a che-gar ao terreno. O presidente deste organismo, Pedro Pimenta Braz, acredita que será um «auxiliar precioso» para inspetores, mas os sindicatos já começaram a con-testar a ideia, depois da compra do primeiro drone por 4800 euros. Pedro Pimenta Braz explica que no caso de um extenso pinhal é difícil para os inspetores per-

correrem todo o terreno à procu-ra dos trabalhadores, correndo o risco daqueles que se encontram em situação ilegal se apercebe-rem que a fiscalização está a che-gar e puderem fugir. Também não faltam casos de furtos de tonela-das de pinhas que ficariam com fiscalização mais apertada «O drone poderá ajudar os inspeto-res a detetar a localização dos trabalhadores», refere, o que per-

mitia aos inspetores dirigirem-se logo para o local, evitando andar às voltas entre milhares de pi-nheiros, pelo que rejeita as críti-cas que começam a fazer-se ou-vir dos representantes dos trabalhadores.

Testes já começaram com aeronaves relecomandadas

A ACT já começou a testar o

uso de aeronaves telecoman-dadas, com o objetivo de me-lhor controlar atividades de mão-de-obra intensiva, acres-centando Pedro Pimenta Braz que o drone vai servir ainda para realizar vídeos técnicos sobre a prevenção de riscos, algo que tem vindo a ser de-senvolvido. Depois a ACT vai contactar a Comissão Nacio-nal de Proteção de Dados so-bre o uso deste equipamento. Contudo, segundo Carla Monteiro, presidente do Sindi-cato dos Inspetores do Traba-lho (SIT), a aquisição de um drone para complementar a atividades dos inspetores «é um contrassenso», diz , tendo em conta a conjuntura de «contenção de custos». «Temos um plafond para combustíveis que foi diminuído em janeiro, plafond para ajudas de custo. Não havendo dinheiro para o desenvolvimento corrente da atividade inspetiva, deviam-se gerir os recursos de outra for-ma», sublinha a dirigente.

Page 4: Semmais 26 Março 2016

4 | SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016

SOCIEDADE

PUBLICIDADE

Padrasto abusou demenina de 8 anos em Setúbal

Foi após a vítima relatar al-guns «factos estranhos» na escola, como designa a in-

vestigação, que os professores chamaram os psicólogos do agrupamento. As suspeitas au-mentaram baseadas nos relatos da criança, uma menina de oito anos, levando para o terreno a Comissão de Proteção de Crian-ças e Jovens de Setúbal, que cha-mou a mãe à escola. A progenito-ra foi apanhada de surpresa com os indícios de abusos sexuais a que o seu companheiro sujeito a menor. O homem foi detido pela PJ e já está em prisão preventiva. Um homem de 31 anos esta-va desempregado e era ele que deveria tomar conta da filha da companheira, enquanto a mãe trabalhava. Mas desde julho de 2015 que a menina começou a viver um pesadelo. O padrasto passou a abusar sexualmente da menor, conseguindo manter o seu silêncio até final do ano, quando a criança ganhou cora-

gem de contar a sua história à professora na escola que fre-quenta em Setúbal.

Peritagens realizadas sem grandes dúvidas para a PJ

As peritagens realizadas à menina e a descrição que a víti-ma fez dos factos ocorridos le-varam as autoridades a não te-rem grandes dúvidas sobre o comportamento do padrasto. A criança contou detalhes sobre os abusos e até apontou as duas residências onde ocorreram. Sobre o suspeito recaem fortes indícios da prática do crime de abuso sexual de crian-ças agravado, segundo a PJ, devido ao facto de se ter apro-veitado da relação de familiari-dade com a vítima, com quem passava a maior parte do dia, sujeitando-a a variadas práti-cas de cariz sexual. O homem incorre numa pena de quatro anos e meio a 13 anos.

Isto vem a propósito de um julgamento em que partici-po, naturalmente como

advogado.Por ser um mega-processo, são horas e horas, dias interminá-veis. Semanas. meses.A parte engraçada ém que ouvimos, nesta altura já mais de 120 testemunhas, com testemu-nhos vários. Pessoas idosas, jovens, homens, mulheres, negros, brancos, pessoas nervosas, os chamados “chicos--espertos”, pessoas com uma cultura e preparação acima da média e, deste julgamento decorrem situações extrema-mente caricatas.À pergunta, qual a sua profis-são, ouvir como resposta seca, espontânea, natural “não faço nada”, desarma-nos completa-mente, tal a desarmante sinceridade.Mas entre tantas e tantas pérolas, retive a pergunta formulada pela Sra. Juiz Presidente do colectivo “Jura por sua honra que fala a verdade?” com uma resposta original “Até ver faço isso”. Resposta tão compenetrada e sentida que obrigou mesmo a circunspecta Juiz a sorrir e a dizer, em tom também ele

irónico, mas de aviso “Então quando decidir deixar de dizer a verdade avise-nos, ok?”. Bem a verdade é que foi apenas um fait-diver e que a inquirição logo retomou o seu percurso natural, contudo este episódio que trago à colação desta crónica, recordou-me o que se passa na política, fazendo com isto um pararelismo.A verdade é que em campanha, todos os partidos juram falar a verdade, mas infelizmente não têm a sinceridade desarmante desta testemunha. Se a tivessem todos perceberíamos que esse juramente vale o que vale. Vale enquanto nos tentam conquis-tar a confiança, para, logo de seguida, virem argumentar que não foi possível cumprir.Claro, que em matéria de incumprimento e de falta à verdade, há promessas que de tão evidentemente incumprí-veis, apontam naturalmente à

desonestidade intelectual.Nesta matéria, temos algumas das promessas das famosas contas do Ministro Centeno. Cá estaremos no final do ano para provarmos o que aqui prog-nosticamos, mas sabendo de experiência adquirida que não podemos ter sol na eira e chuva no nabal, logo temos a certeza que não podemos ter um orçamento despesista e reduzir o déficit. Se Centeo cometer essa proeza, então será o próximo Nobel da Economia, mas até lá, permitam-me que discorde.Está bom de ver que Centeno dá-nos com uma mão o que tira com as outras duas e, cada vez que os amigos leitores forem abastecer o vosso automóvel, vão lembrar-se da resposta da testemunha à pergunta: Jura dizer a verdade? Até ver sim. E infelizmente esse juramento já começou a falhar...

UM CAFÉ E DOIS DEDOS DE CONVERSA

PAULO EDSON CUNHA VEREADOR PSD CÂMARA DO SEIXAL

Jura por sua honra que fala a verdade? “Até ver, faço isso”

Page 5: Semmais 26 Março 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016 | 5

SOCIEDADEINFRAESTRUTURAS DE PORTUGAL PRECISAM DE DECISÕES DA TUTELA

A estrada entre Sines de Santo André que parece «enguiçada»

TEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

A mudança de governo é apontada como a causa para as obras previstas pela Infrestruturas de Portugal, que apontada a conclusão das mesmas para o próximo Outubro, terem vol-tado a um impasse. É um «enguiço» que está a deixar autar-cas e automobilistas á beira de um ataque de nervos.

Carlos Duarte, um dos milhares de automo-bilistas que todos os

dias circulam na estrada entre Sines e Santo André confessa: «Bati palmas quando em julho vi que as obras tinham regressa-do. Até havia máquinas e pensei que desta é que era, após cinco anos de paragem». A estrada de que se fala é mesma onde os automobilistas fazem gincana em arriscadas ul-trapassagens, mesmo desrespeitando frequen-temente os pinos que se-param as quatro faixas de rodagem – indicando que só podem ser utilizadas duas - e as dezenas de si-nais cobertos de plásticos negros ao longo de 13 quilómetros. Afinal, o «pesadelo», como lhe chama o automobilista, não estava a chegar o fim. Apesar do próprio presi-dente da Infraestruturas de Portugal (IP), António Ramalho, ter garantido em agosto de 2015 que sim. Apontou o prazo de 6 de outubro para conclu-são das obras, mas ainda não foi desta. Segundo as IP, agora foi a mudança de Governo que atrasou a aprovação do processo de renegociação que vai permitir ter acesso ao fi-nanciamento. «Isto já parece engui-ço, estava tudo bem enca-minhado e até garantiram que desta vez é que a coi-sa se fazia. De repente, pararam tudo e não nos disseram mais nada até hoje», lamenta o automo-bilistas que passa por aqui todos os dias e até já foi apanhado pela GNR a ultrapassar, numa tarde em que estava atrasado para o trabalho. «Escapei à multa, porque as autori-dades também percebem que isto é ridículo», confi-dencia Carlos Duarte.

Queixas e muito descontentamento dos automobilistas

O automobilista é apenas mais um entre os milhares de condutores que diaria-mente circulam na via de acesso ao complexo in-dustrial de Sines e praias da costa alentejana (São Torpes, Porto Covo, por exemplo) nos três meses de verão, admitindo não ter paciência para viajar a 50 quilómetros por horas, acabando por ultrapassar outras viaturas ignorando os pinos e o limite de velo-cidade. «Se isto é uma au-toestrada que está conclu-ída, do que é que ainda estão à espera para retira-rem os pinos?», questiona, enquanto Álvaro Dias, que trabalha numa horta pró-xima da via, testemunha que nos últimos meses apenas tem visto «três ou quatro homens» a limpa-rem a estrada. «Também nos disseram no verão passado que era só mais uns tempos para isto ficar impecável, mas parece que voltámos ao mesmo», diz resignado. Só depois de devida-mente habilitada, a Estra-da Regional 261-5 - a mes-ma que tem perfil de autoestrada – poderá ser libertada dos famigerados pinos, abrindo o troço à via de quatro faixas. «Os pinos estão ali como me-dida de segurança e não podem ser retirados antes de estar tudo concluído»,

explicou ainda em agosto o presidente das IP. Mas confrontado com nova interrupção das obras, o presidente da Câ-mara de Santiago do Ca-cém, Álvaro Beijinha, já reclamou a conclusão de-finitiva da estrada, lamen-tando que este processo se arraste há seis anos. O autarca recorda a «locali-zação nevrálgica» que a via representa para a ci-dade de Santo André (fre-guesia do seu concelho) onde vivem mais de 10 mil pessoas que. «Na sua esmagadora maioria, uti-lizam esta via na desloca-ção para o seu posto de trabalho, que se situa no complexo industrial de Sines», refere ainda Álva-ro Beijinha , que alerta para os “graves constran-gimentos para os milha-res de utentes». À espera do Tribunal de Contas

Recorde-se que este tema já esteve à mesa de um en-contro entre o autarca da-quela Câmara do Litoral Alentejano e o presidente das Infraestruturas de Portugal (IP), tendo as IP assegurado ao que no âm-bito do procedimento de renegociação promovido pela Comissão de Nego-ciação, foi estabelecido, a 18 de junho de 2015, um acordo com a Sociedade Portuguesa para a Cons-trução e Exploração Ro-doviária (SPER). Contudo,

o acordo precisa de apro-vação do Governo para que a empresa fique legal-mente habilitada a proce-der à assinatura dos ins-trumentos contratuais acordados e seu envio ao Instituto de Mobilidade Terrestre e ao Tribunal de Contas para efeitos de fis-calização prévia. Acres-centa que o relatório de negociação foi já, de facto,

presente ao Governo pela unidade encarregue de re-negociar este tipo de par-cerias, «mas devido ao pe-ríodo de transição governativa, a respetiva aprovação ainda não ocorreu», acrescenta, o que teve reflexo na liber-tação de financiamentos «para que os trabalhos de-corressem ao seu ritmo normal».

A empresa admite que, contrariando as espectati-vas e o planeamento exis-tente no início de setem-bro de 2015, atualmente o empreendimento está a ser reprogramado, «sendo essencial para a definição da data de conclusão a ob-tenção da aprovação do novo contrato junto do Governo, do IMT e do Tri-bunal de Contas».

Page 6: Semmais 26 Março 2016

6 | SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016

LOCAL

MOITA MUNICÍPIO CAÇA TALENTOS DA POESIA Está a decorrer, até 23 de abril, o prazo para participar no 3.º “Poetas Nossos Munícipes”, promovido pelo município, com o objetivo de divulgar e valorizar a poesia e os poetas locais e, simultanea-mente, incentivar a criatividade literária e o gosto pela escrita.Podem participar todos os cidadãos, moradores no concelho, bem como os naturais não residentes.Os trabalhos a concurso e respeti-vas cópias deverão ser entregues na biblioteca Bento de Jesus Caraça, em envelope fechado, identificado com pseudónimo e dentro deste deverá ser colocado um segundo envelope fechado contendo no seu interior a identificação do concorrente. Serão excluídos os tra-balhos com a identificação do autor.

SINES PRAIA DA COSTA DO NORTE VAI SER LIMPA POR VOLUNTÁRIOS À semelhança do que aconteceu em 2015, a Câmara Municipal de Sines volta este ano a promover uma ação de recolha de lixo na praia da Costa do Norte. A ação decorre de 14 a 17 de abril e as inscrições de voluntá-rios podem ser feitas, até 11 de abril.A ação de limpeza da praia da Costa do Norte promovida em 2015, uma parce-ria entre a Brigada do Mar e a edilidade sineense, recebeu uma menção honrosa na 8.ª edição dos Green Project Awards Portugal, na categoria “Agricultura, Mar e Turismo”. Nessa ação, que envolveu mais de duzentos voluntários, foram recolhidas 8,18 toneladas de resíduos.

SETÚBAL MUNICÍPIO PROTEGE MEMÓRIAS DAS RUÍNAS DE TROIAO município e a Troiaresort vão celebrar protocolo para salvaguardar as memórias das investigações científicas realizadas nas ruínas de Troia. O objetivo é realizar recolha de informação científica, corres-pondente às memórias dos diferentes profissionais e investigadores que partici-param, ao longo dos anos, na investigação daquele local arqueológico.A proposta alerta que as ruínas têm sido alvo de sucessivos abandonos e recupe-rações ao longo do último século. “São classificadas em 1910, como monumento nacional, e desde essa altura que as esca-vações se multiplicam, as tutelas vão-se alterando e o registo sistemático desses avanços e recuos está com quem realizou e orientou as escavações”.

SANTIAGO DO CACÉM HIPERMERCADO CRIA 50 POSTOS DE TRABALHOA nova loja do hipermercado Continen-te/Bom Dia abriu, no passado dia 23 de março, na Avenida Dom Nuno Alvares Pereira, em Santiago do Cacém.Trata-se de um investimento de 3,5 mi-lhões de euros da empresa Sonae, numa área de cerca de 1 150 metros quadrados.Com a abertura da nova loja foram criados 50 postos de trabalho, sendo que 19 são primeiro emprego. O executivo do muni-cípio marcou presença na inauguração e o presidente Álvaro Beijinha sublinhou «um investimento gerador de emprego». A nova loja conta com 101 lugares de estaciona-mento e tem parcerias asseguradas com alguns produtores da região.

BARREIRO AMRS FESTEJA LIBERDADE COM MUITA MÚSICA O Barreiro recebe, a 10 e 11 de junho, o Festival da Liberdade, promovido pela AMRS. No cartaz estão os Kumpania Al-gazarra, Dengaz, Richie Campbell, Dead Combo, Carlão e Gabriel o Pensador.“Um cartaz que é, também, fruto dos con-tributos recolhidos nas diversas reuniões realizadas até agora, construído com as opiniões da juventude e que certamente vai atrair muitos e muitos milhares de jovens à Qt.ª do Braamcamp, Alburrica, Barreiro”, refere o comunicado da AMRS.A organização garante um evento com um “programa visando a participação e envolvimento do maior número de estru-turas de juventude no Festival Liberdade”.“O festival está em construção com o envolvimento e participação ativa do movimento associativo juvenil. Este será o espaço de comemoração do que a Revolução de Abril de 1974 representou para a juventude”.

SESIMBRA CALDEIRADAS REINAM NOS PRATOS DA TERRA A tradicional caldeirada volta a estar em destaque no concelho. A iniciativa, Caldeiradas de Sesimbra, conta com a participação de 41 restaurantes. Até este domingo, é possível saborear este prato típico em 40 restaurantes de Santiago e Castelo, e num em Almada.Tamboril, safio, tremelga e pata-roxa, ou caneja, como é conhecida em Se-simbra, são os peixes indispensáveis na caldeirada “À Pescador”, uma referência na gastronomia sesimbrense. Mas há quem lhe junte outras espécies captu-radas pela frota local. Antigamente, o peixe era apanhado no próprio dia e não eram raras as ocasiões em que algumas espécies mais nobres, como o cherne ou a lagosta, entravam na receita.

SEIXAL CAMINHADA SAUDÁVEL ASSINALA DIA MUNDIAL DA SAÚDE Para assinalar o Dia Mundial da Saúde realiza-se, na manhã do dia 3 de abril, a Caminhada Seixal + Saudável. O pon-to de encontro é às 9h30, junto à antiga Companhia de Lanifícios de Arrentela, onde decorre a formação humana de uma cruz vermelha e de um “H” de hospital. Paralelamente, a campanha 1 voto pelo Hospital no Seixal estará no local para lembrar a urgência da construção deste equipamento. A caminhada tem início às 10h30 e segue ao longo da baía com destino às instalações do Centro Humanitá-rio Estuário do Tejo da Cruz Vermelha Portuguesa, no Seixal. À chegada, os participantes são recebidos com a atu-ação dos Karma Drums e podem depois participar numa aula de zumba.

ALCÁCER DO SAL ADMIRAR A CIDADE A PARTIR DO CÉUO programa “Alcácer com Vida”, já está a decorrer, num convite aberto ao público para que vá conhecer este bonito territó-rio. A 3 de abril, a atividade prevista con-vida a admirar a cidade e arredores numa perspetiva ímpar e distinta: a partir do céu.“Pelos céus de Alcácer” propõe batismos de voo em helicóptero, da empresa He-libravo Aviação. Os voos, de 10 minutos a 2h30, são feitos a uma velocidade cruzeiro de 185 quilómetros por hora e contemplam até três passageiros. Esta é uma oportunidade única para realizar um sonho ou proporcionar uma aventu-ra, com acesso a paisagens de rara bele-za e grandes potencialidades turísticas. Inscrições até dia 30.

GRÂNDOLA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE CANÇÃO DE PROTESTO A conferência insere-se no plano de atividades do Observatório da Canção de Protesto, é organizada por várias institui-ções, e decorre na FCSH, em Lisboa, e em Grândola, entre 15 e 17 de Junho.A ICPSong’16 terá um programa académi-co e social diversificado e contará com a participação de vários oradores interna-cionais. Inclui oficinas nas áreas de com-posição, performance e criação de redes.O evento é aberto à participação de investigadores, professores, alunos e a todas as pessoas que tenham a canção de protesto como objeto de estudo e interes-se, mediante a submissão de comunica-ções e posters, ou proposta de realização de painéis e mesas redondas, até dia 28. Os interessados na conferência poderão assistir e participar em todo o programa académico e social.

ALMADA POUPAR ELETRICIDADE EM CASA DÁ PRÉMIOSAs famílias que mais diminuírem o seu consumo de eletricidade ficam habilita-das a vales desconto até 2 mil euros para a aquisição de eletrodomésticos eficien-tes. É este o desafio da Missão Reduzir, que pretende atingir uma maior eficiên-cia no consumo de energia.O propósito é sensibilizar a população de Almada para a adoção de boas prá-ticas no consumo de eletricidade, tanto nas escolas como em casa. Nas escolas o projeto já está a decor-rer em 15 estabelecimentos. Em casa, os participantes devem caracterizar o consumo da luz nas suas residências, identificando os principais desperdícios no consumo. Vales de descontos para a compra de eletrodomésticos é o prémio para as 20 famílias que melhores resul-tados obtiverem.

ALCOCHETE ÉPOCA QUINHENTISTA VOLTA ÀS RUAS DA VILAAlcochete vai reviver novamente a épo-ca de quinhentos entre 3 e 5 de junho, durante a Feira Quinhentista, numa or-ganização do município, agrupamento de escolas e associação Gil Teatro.O evento pretende recriar a época de quinhentos através da demonstração de situações e acontecimentos de época, de atividades de negócio, de cariz histórico e de lazer, de animações e promover o conhecimento histórico.Podem participar no evento pessoas a título individual ou coletivo, portado-res do título de exercício de atividade, que promovam a venda e/ou divulga-ção, ao tempo atual, de produtos espe-cíficos dos séculos XV e XVI, mediante o preenchimento e entrega da ficha de inscrição até 15 de abril.

PALMELA INSTITUIÇÕES SOCIAIS DO CONCELHO RECEBEM APOIOSO município aprovou, por unanimidade, na reunião pública de 16 de março, duas propostas na área da intervenção social, nomeadamente a celebração de contrato de comodato entre o município e a União Social Sol Crescente da Marateca, com vista à cedência da antiga escola do 1.º ciclo do básico de Águas de Moura n.º 2, no Bairro Margaça, para instalação do Centro de Dia, e a atribuição de um apoio financeiro no valor de 5 mil euros à Casa do Povo de Palmela – Centro Social em Lagameças, para comparticipar nas despesas de aquisição de novos equi-pamentos de espaço de jogo e recreio (EJR).Trata-se de um edifício com uma área de 2.543,69 metros quadrados, valor patrimonial superior a 42 mil euros e o contrato de comodato, agora aprovado, terá a duração de 20 anos.

MONTIJO INQUÉRITO À POPULAÇÃO PARA A REVISÃO DO PDMA Câmara encontra-se atualmente a elabo-rar a revisão do Plano Diretor Municipal. Pretende-se que este processo conte com a participação de todos os atores sociais, económicos e políticos. Assim, todos os que vivem, trabalham, estudam ou visitam o concelho têm uma palavra a dizer.Até dia 31, o município apela à participa-ção dos munícipes através do preenchi-mento de um inquérito que poderá ser submetido pela internet. O PDM é o principal instrumento de ordenamento do território, estabelecendo a estratégia de desenvolvimento territo-rial para os próximos anos. Para isso é essencial contar com a participação dos munícipes e de outros atores interessados no futuro do concelho, trazendo ideias e soluções para um Montijo «ativo, inclusivo e ambientalmente sustentável».

Page 7: Semmais 26 Março 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016 | 7

POLÍTICALIDERANÇA CONSAGRADA NO CONGRESSO DO MONTIJO DE FORMA AMPLA

Novo ciclo de António Mendes com as próximas autárquicas na miraDemorou a decidir, correu as concelhias e foi a votos. Agora é líder quase incontestado. Um percurso que procura estabilidade e tem desafios. O novo líder da federação distrital do PS, António Mendes vai abrir um novo ciclo.

TEXTO RAUL TAVARESIMAGEM SM

TEXTO ANA VENTURAIMAGEM SM

A consagração de António Mendes como líder distrital do PS, que ocorreu no con-

gresso do último sábado, no Montijo, está a gerar um certo es-tado de graça entre os socialistas da região. Tido como um ‘estra-tega’, mas sem ser «um ambicio-so desmedido» - na voz de mui-tos dirigentes locais e regionais do partido da ‘rosa’ -, o novo pre-sidente pode ser o rosto da con-solidação do espaço político ga-nho nas últimas legislativas. Mendes, que foi “empurrado” para o cargo, após ter substituído Ana Catarina Mendes no lugar, por via de a mesma ter sido tor-nada vice secretária-Geral do PS a nível nacional, elegeu 56 mem-bros para a atual Comissão Polí-tica Distrital, contra apenas 9 da lista de Carlos Dias, o seu oposi-tor na assembleia magna dos so-cialistas da região. «Estamos a falar de uma votação clara, sem mácula. O novo líder tem um projeto e dá sequência à ideia de que a região precisa de um plano para uma década, lançado por Ana Catarina Mendes», explica ao Semmais um dirigente do PS.

Com o PS no governo, onde os socialistas do distrito pontifi-cam, como são os casos dos mi-nistros Eduardo Cabrita e Pedro Marques, e dos secretários de Es-tado, Catarina Marcelino, João Costa e Ricardo Mourinho Félix - para além da posição máxima de Ana Catarina Mendes, que ocupa em termos funcionais o lugar de António Costa na lide-rança do partido a nível nacional -, o novo líder pode, no dizer das fontes do Semmais, «consolidar um grande ciclo do PS no distri-to». O problema, rezam os co-

mentários, é que Mendes «é mui-to racional e não coloca fasquias acima do espectável». O próprio confirma, em par-te, este desiderato. A pouco mais de um ano das próximas autárquicas, António Mendes disse ao Semmais querer «segu-rar as duas câmaras lideradas pelo PS, Sines e Montijo e ga-nhar mais votos e mandatos». Resumindo, para alguns é «ra-zoável», para muitos outros «é pouco», tendo em conta o cres-cimento do partido nas últimas legislativas, onde, o círculo elei-

toral de Setúbal elegeu sete de-putados, um pouco ao arrepio do que aconteceu na maior dos outros distritos.

Teresa Almeida vai manter-se líder no Gabinete de Estudos

Por outro lado, António Mendes, advogado de profissão, tem a seu favor o facto de ser um moderado e de não gostar de crispações. Antes de se ter decidido a avançar ao jogo dos votos, procurou essa “estabili-dade” e na verdade consegui-a,

uma vez que praticamente “es-magou” o adversário, oriundo de Sesimbra, e ligado, segundo as fontes do Semmais, à ante-rior líder Madalena Alves da Sil-va, que parece ter hibernado politicamente. Sobre o futuro, pouco ainda se sabe. A nova comissão política não tem data marcada e as no-meações para o novo secretaria-do da federação deverão expor a nova realidade: «um pouco de tudo, porque a unanimidade é o que ressalta do último congres-so», supõe um indefectível de António Mendes. Daí que, como o Semmais apurou seja crível que Teresa Al-meida, ex-governadora civil de Setúbal, venha a ser convidada para liderar o Gabinete de Estu-dos da Federação Distrital do PS, um dos departamentos em que os socialistas da região têm apostado nos últimos anos. Al-mada, concelhia a que Mendes pertence, Setúbal, Barreiro, Se-simbra e até concelhias do Lito-ral Alentejano, podem vir a refor-çar o seu peso na distrital. A liderança de António Men-des como novo presidente da federação distrital de Setúbal foi consagrada no último con-gresso distrital.

CONGRESSO DA AMALENTEJO, SÁBADO, EM TRÓIA, JÁ ESTÁ EM CONTAGEM DECRESCENTE

52 autarquias e 300 participantes vão debater futuro do Alentejo O movimento que junta uma diversidade de instituições vai juntar, sábado, em Tróia, as principais forças vivas da região. A organização recusa tor-nar-se movimento político, mas vai exigir um pacote de reivindicações.

A Comissão Organizadora do Congresso da AMA-LENTEJO, que se vai rea-

lizar, em Tróia, no próximo sá-bado, já finalizou o manifesto que pretende ver aprovado du-rante a iniciativa que vai juntar cerca de 300 participantes. O balanço dos cinco meses de trabalho que antecederam a realização do congresso foi fei-to esta semana, durante uma conferência de imprensa. «Nos cinco meses decorridos desde o recomeço da sua atividade, após as eleições de Outubro de 2015, AMAlentejo cresceu», afir-

mam os responsáveis. A iniciativa, que não deixa de gerar forte expetativa, conta já com mais de 80 adesões coletivas formalizadas, entre as quais as quatro Comunidades Intermuni-cipais do Alentejo (Alto Alentejo, Alentejo Central, Alentejo Litoral e Baixo Alentejo), que à partida envolvem os 47 municípios do Alentejo, nuns casos através da adesão das Câmaras Municipais noutros através da adesão das As-sembleias Municipais.

Diversos sindicatos marcam forte presença Também aderiram ao evento um forte conjunto de institui-

ções de diversas áreas, como sejam as Uniões Sindicais do Distrito de Beja, Évora e Porta-legre afetas à CGTP-Intersindi-cal, da UGT de Beja, do Sindica-to dos Professores da Zona Sul e da Direcção Regional do Alen-tejo do Sindicato dos Enfermei-ros Portugueses. Instituto Poli-tecnico de Beja, Casa do Alentejo, Associação de Defesa do Património de Mértola - ADPM, Sociedade Columbofila Flor do Alentejo, Diário do Alen-tejo, RBTI - Sistemas de Infor-mação, Lda, Núcleo de Beja da CPPME (Confederação Portu-guesa das Pequenas e Médias Empresas), Cooperativa Cultu-ral Alentejana,Associação de

Municípios para a Gestão da Água Publica no Alentejo, Con-selho Estratégico para o Desen-volvimento Intermunicipal da CIMBAL. A estas temos há a junta as cerca de 300 adesões individuais já registadas A organização afirma que a AMAlentejo não nasceu “para combater qualquer Governo». Recorde-se que o documento fundador, em torno do qual se

constituíu a sua «democrática, plural e representativa» Comis-são Promotora, data de 15 de Abril de 2015. A apresentação pú-blica foi feita no dia 7 de Maio de 2015, na Casa do Alentejo, em Lisboa. «Não é contra ninguém. Não exclui ninguém. É inclusivo em relação a todas e todos os que amam o Alentejo», refere o docu-mento apresentado na conferên-cia de imprensa.

Page 8: Semmais 26 Março 2016

8 | SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016

CULTURA

TEXTO ANTÓNIO LUISIMAGEM SM

PUBLICIDADE

A cantora Susana Martins, de Setúbal, lançou recente-mente o seu primeiro disco

de fados, após dois trabalhos discográficos dedicados à músi-ca ligeira. Intitula-se “A Voz do Meu Povo” e é uma compilação de temas que Susana Martins cantava nas suas noites de fado. São 14 temas, sendo que um de-les é o remix de outra faixa, em parceria com o Timuka.

MADRINHA DAS MADRINHAS DE SETÚBAL TAMBÉM SABE CANTAR O FADO

Susana Martins lança primeiro CD de fado tradicional

«Apresenta os temas que co-mecei a cantar ainda em espetá-culos de música ligeira e aqueles que me foram apresentados em forma de poema nas noites de fado do Grupo Desportivo da Fonte Nova», relembra a artista, que já foi madrinha das marchas sadinas por três vezes, e ficou em 2.º lugar no concurso de fado amador de Setúbal, em 2015, o que lhe permitiu abrir o concer-to de Ana Moura na Feira de Sant´iago 2015. A apresentação deste CD

teve lugar numa unidade hote-leira de Setúbal, no dia 28 de fe-vereiro, e contou com a presen-ça de vários amigos, autores dos temas originais, representantes das coletividades de Setubal, e de outros artistas convidados, como Valter Palma, Sara Marga-rida, Joana Lança, Carla Lança e Georgete de Jesus, que tiveram oportunidade de cantar com a Susana Martins. O disco contém poemas de Alexandrina Pereira, José Rapo-so, António Reisinho e Idaliano

Depois da música ligeira, Susana Martins passa a dedicar-se, também, ao fado. O seu primeiro registo discográfico conta com temas da autoria de figuras bem conhecidas de Setúbal. Valorizar a cultura sadina e representar Setúbal da melhor maneira são as metas da artista.

NOITES DE FADO E CONCERTOS EM FRANÇA Neste momento, Susana Martins integra o elenco do “Café Sem Concerto”, da AMBA, com textos de António Reisinho e músicas originais de Manuel Carlos, que estreia em breve. Além disso, continua a cantar nas noites de fado e a fazer es-petáculos um pouco por todo o País, bem como em França, onde conta com o apoio do irmão, Tino Martins, na execução musical e apoio técnico.

Baptista. Conta também com um tema original do guitarrista Fernando Silva e com a produ-ção de Rui do Cabo, que lhe ofe-receu três canções.

Temas populares e originais

Trata-se de um disco de fado tradicional, onde Susana Mar-tins apresenta temas populares, como “Estranha forma de vida”, no fado bailado, ou “Troca por troca”, no bolero do Machado, e depois os temas originais que se apresentam desde fado a balada, passando pelo remix do Timuka, que visa «explorar o ouvido da-queles que ainda não gostam de fado e podem sentir a sua essên-cia numa sonoridade diferente».

No que toca às marchas po-pulares de Setúbal, Susana Mar-tins volta a ser a madrinha do Grupo Desportivo “Os Treze”. O seu percurso, nesta área, come-çou na Cooperativa do Faralhão, passando depois pelos “Amare-los”, União Praiense e Comércio e Industria. Já foi madrinha das marchas sadinas por três vezes, e ficou em 2.º lugar no concurso de fado amador de Setúbal, em 2015, o que lhe permitiu abrir o concerto de Ana Moura na Feira de Sant´iago 2015. Quanto a sonhos, Susana Martins quer dar a conhecer a todos o seu trabalho e «valori-zar a nossa cultura e represen-tar Setúbal da melhor forma possível».

Page 9: Semmais 26 Março 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016 | 9

PUBLICIDADE

CULTURA

ALMADA26SÁBADO21H30ROSTOS, PALAVRAS E SILÊNCIOS TEATRO JOAQUIM BENITE

“Onde o frio se demora”, de Ana Cristina Pereira, com encenação de Luísa Pinto, é uma co-produção da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão e da Narrativensaio de Matosinhos. Das entrevistas que realizou e das reportagens que escreveu para o jornal Público, Ana Cristina Pereira guardou os rostos, as palavras e os silêncios. A peça representa a sua estreia na escrita dramática e consiste numa adaptação das histórias que teve oportunidade de conhecer na primeira pessoa, como jornalista.

GRÂNDOLA26SÁBADO22H30D.A.M.A DÃO CONCERTO CASINO DE TRÓIA

OS D.A.M.A., a grande revelação da música portu-guesa nos últimos dois anos, apresentam o novo disco “Dá-me um Segundo”, que conta já com 2 singles de peso “Não Dá” e “Não faço Questão”, com a participação especial do artista brasileiro Gabriel, O Pensador. O disco de estreia, “Por Uma Questão de Principio”, foi disco de platina..

SESIMBRA26SÁBADO21H30“15 DIAS NA PAUSA”SOCIEDADE MUSICAL SESIMBRENSE Jimmy P, galardoado como Artista Revelação em 2015, atua no “15 Dias na Pausa”, programa que promete animar as férias da Páscoa dos jovens sesimbrenses. A fusão do hip-hop, reggae, R&B e rock aliados a uma performance de grande nível tornam Jimmy P um artista singular e “camaleónico”. Na mesma noite, o palco recebe ainda os Rysco e as bandas no Festival de Música Moderna e Formação Loop Gate Fest.

BARREIRO26SÁBADO21H30MONÓLOGO PARA TRÊS VOZESAUDITÓRIO DA JUNTA DE FREGUESIA DA VERDERENA “A Dúvida”, de Pedro Barbosa, é uma co-produção do Teatro Projéctor com o Teatro Singular. O texto deste quase monólogo para três vozes provém de um manuscrito de adolescência, idade em que as preocupações metafisicas se tornam sempre mais prementes. Embora autónomo, começou por ser um contraponto escrito à leitura de “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa. “Drama estático” também, “fantasia metafísica”, talvez, “monólogo para três vozes” ou simplesmente “peça falada”.

SETÚBAL27DOMINGO16H00COMÉDIA EM GÉNERO DE CEGADA GRUPO DESPORTIVO INDEPENDENTE

“A coisa aqui tá preta”, uma comédia em género de cegada, regressa aos palcos de Setúbal para divertir a população. Da autoria e encenação de Bruno Frazão, o espetáculo pertence à ACTAS. Com música de Artur Jordão e canções com a inconfundível Sara Margarida.

GANHE CONVITES PARA O TEATRO EM SETÚBAL, BARREIRO E LISBOAEsta semana temos convites para oferecer aos nossos leitores para a revista popular do Parque Mayer, em Lisboa, “Revista quer… é Parque Mayer”, do empresário Hélder Freire Costa, com Mariema, Paulo Vasco, Alice Pires e Flávio Gil. E para a comédia “Hotel da Bela Vista”, da companhia ArteViva, no Barreiro, também temos convites para sextas-feiras e sába-dos, às 21h30. Para a comédia em género de cegada, pela AC-TAS, “A coisa aqui está preta”, de Bruno Frazão, também te-mos convites para este domingo, às 16 horas. Para se habilitar aos convites, basta ligar 918 047 918 ou 969 431 085.

“Ai os Cangalheiros” fazem rir no Montijo

Queima do Judas anima centro histórico de Palmela

A comédia “Ai os Can-galheiros”, com Hei-tor Lourenço e Mi-

guel Dias, celebram o Dia Mundial do Teatro, no dia 2 de abril, no teatro Joaquim d’Almeida, às 21h30. A ação desta comédia tea-tral decorre no interior de uma cela, em tempo real, desde o momento em que os dois primos e sócios de uma funerária são deti-

Palmela cumpre a tradi-ção e volta a queimar o Judas nas ruas do

centro histórico, este sába-do, às 21h30. O percurso pe-los vários pontos de queima tem início no Largo dos Loureiros, e conduz o públi-co, à luz dos archotes, até cada um dos Judas – bone-cos de palha com recheio pirotécnico - dinamizados pelas associações e grupos locais de teatro, com a dra-matização de textos satíri-cos. O desfile termina, no Largo de S. João, onde será

dos, por engano, até à al-tura da sua libertação.Donos de um passado li-gado ao pequeno crime e às golpadas, os primos e sócios nunca pensaram que a justiça iria puni--los. Agora, entre muito humor e alguns dispara-tes, vão desencadear di-versos momentos sérios e de grande densidade emocional.

Até 9 de abril a música clássica vai estar no centro das atenções

em vários espaços emble-máticos da vila e no castelo de Sesimbra. Este sábado, a igreja de N.ª S.ª da Consolação do Castelo recebe o concerto de música sacra Stabat Ma-ter, interpretado pela so-prano Luísa Brandão e pela meio-soprano Luísa Tava-res, acompanhadas ao pia-no por João Lucena e Vale. No domingo, o mesmo local será o palco do con-certo de Páscoa. A primeira parte do espetáculo está a cargo do Grupo Coral de Sesimbra e, na segunda, o conceituado tenor Carlos Guilherme atua com a fa-dista Teresa Tapadas e o pianista Pedro Vieira de Almeida, no espetáculo in-titulado “Fado Lírico”.

Castelo de Sesimbra recebe música sacra, coral e fado lírico

LEITURAS

“Emagreça em casa” sem passar fome

Desde 2008 que a Tem-porada de Música ganhou um lugar de destaque no cartaz cultural da região, conquistando muitos ad-miradores. Na edição deste ano, o programa destaca--se uma vez mais pela qua-lidade, e promete voltar a deixar o público rendido.

A nutricionista Cachão Bragadeste e o treinador Antó-nio Lourenço dão as dicas para emagrecermos em casa, através da obra “Emagreça em Casa”, sem pas-

sar fome, sem precisar de ir ao ginásio e com um plano alimentar e de treino de doze semanas. O livro, de 268 páginas, com a chancela A Esfera dos Livros, inclui doze ementas semanais, 60 receitas saudá-veis e mais de 50 exercícios físicos simples para fazer no seu quarto ou na sala de estar.

AGEN

DA

lido o testamento do muni-cípio, seguindo-se anima-ção pela Orquestra e pelos Diabos do Bardoada – Gru-po do Sarrafo e um espetá-culo de fogo- de-artifício. Recuperado em 1995 pela autarquia, este ritual de origens pagãs, ligado à celebração do equinócio da Primavera, está, hoje, integrado no Programa Municipal de Teatro e tem contribuído para a divul-gação do trabalho dos gru-pos de teatro de amadores do concelho.

Page 10: Semmais 26 Março 2016

10 | SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016

DESPORTO

PUBLICIDADE

A homenagem que a classe quis prestar ao ex-treina-dor Quinito, uma das gran-

des figuras do futebol nacional e uma das personalidades mais queridas de Setúbal, foi um dos grandes momentos do Fórum de Treinadores que se realizou, no Fórum Luisa Todi, em Setúbal, no âmbito de “Setúbal – Capital Europeia do Desporto”. Perante os seus pares, Quini-to lembrou que a morte do seu filho, em 2009, foi um duro gol-pe na sua vida. «Têm sido uma situação complicada, e não dei-xo de ter um sentimento de cul-pa. Andamos no futebol tantos anos a vivê-la 24 por dia, longe de casa e nem víamos crescer os nossos filhos…», lembrou, visi-velmente emocionado. Acres-centando: «Não ouvi o meu filho dizer pai pela primeira vez, não

TEXTO ANABELA VENTURAIMAGEM SM

FÓRUM DE TREINADORES ESCOLHEU SETÚBAL “CAPITAL EUROPEIA DO DESPORTO” PARA DEBATER FUTEBOL NACIONAL

Treinadores quiseram Homenagear um Quinito derrotado pela morte do filhoSetúbal “Cidade Europeia do Desporto” acolheu o Fórum de Treinadores, num evento que teve a homenagem a Quinito como grande momento. A morte do filho foi a sua «grande derrota». O técnico «sem medo» deixou a plateia emocionada.

o vi o andar pela primeira vez, nem o abraçava todos os dias. Há, por isso, um sentimento de culpa por ter trocado o futebol em detrimento de o conhecer como devia». Lançando a comoção pela plateia, o ex-treinador não dei-xou de concluir: «Saiu-me caro e nesta altura estou a perder por 50-0. Não valeu nada o que ga-nhei, perdi ou empatei para che-gar aqui e desta forma. Espero ir a prolongamento ou a penáltis…».

Um recheio de experiências contadas na primeira pessoa

José Couceiro, Jaime Pacheco, que tem deixou um longo histo-rial no Vitoria de Setúbal, Paulo Bento, Henrique Calisto, Nuno Espírito de Santo e outros deixa-ram testemunhos e experiências em debates muito vivos. «Os nos-sos êxitos são âncoras para cha-mar mais treinadores portugue-

ses para o estrangeiro. São formas de abrir fronteiras, pois o futebol é bandeira de excelência do nosso país», disse Henrique Calisto. Paulo Bento, por sua vez, alertou para o cuidado que há a ter com o lançamento precoce de jovens futebolistas ao mesmo tempo, pois, segundo afirmou, «tem riscos». Sobre as selecções

jovens, tanto Nelo Vingada como José Couceiro lembraram a importância das convocató-rias: «Estas selecções servem para valorizar os jogadores e permitir-lhes que possam che-gar mais longe. Por isso devem ser escolhidos os melhores para as competições mais importan-tes», disse Couceiro.

Já Jaime Pacheco, muito acarinhado em terras sadinas, explicou o porque de ainda não ter voltado ao ativo, após a sua experiência no Al-Shabad: «Quero um clube que me possa ajudar a ser melhor do que fui no passado. Acredito que ainda posso dar muito ao futebol por-tuguês», frisou.

Page 11: Semmais 26 Março 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016 | 11

NEGOCIOSESTUDO É DA RESPONSABILIDADE DA PLATAFORMA ZAASK E MEDE COMPETITIVIDADE REGIONAL

Empresários do distrito avaliam saúde financeira como «razoável»

O primeiro estudo que refle-te o sentimento de micro-empresas (até dez traba-

lhadores) e empreendedores de norte a sul do país, coloca Setú-bal na linha da frente dos distri-tos onde mais empresários ad-mitem que a situação financeira da sua empresa é «razoável». Ainda assim, nos últimos 12 me-ses, as receitas dos empreende-

dores inquiridos não aumenta-ram, tendo mesmo diminuindo ligeiramente o valor cobrado aos seus clientes, registando aqui a região um dos piores re-sultados de Portugal. Segundo o Estudo Nacional de Competitividade Regional, elaborado pela plataforma Za-ask, e que contou com a partici-pação de mais de 1300 micro-empresas e empreendedores (que representam mais de 80% do tecido empresarial Portu-

guês), os empresários do distrito de Setúbal preveem que a situa-ção da sua empresa deverá «manter-se e não piorar». Um bom resultado, já a ava-liação que fazem atinge os 3.28, ultrapassando o ponto médio da escala de 3(escala de 1 a 5, onde 1 corresponde a «a diminuir mui-to» e 5 a «aumentar muito»). «Po-rém, ao ter em consideração a si-tuação económica no distrito nos últimos 12 meses, o optimismo desvanece e, segundo a avaliação dos profissionais de 2.29, o últi-mo ano não foi positivo, pois o valor da mesma situa-se abaixo da média global, 2.47», segundo descreve o resumo do estudo. Os mesmos inquiridos não têm uma opinião definida sobre ser aconselhável ou não lançar um negócio no distrito (obtendo uma avaliação média de 3.49), embora quando se trata de ava-liar a facilidade em lançar um negócio no seu distrito, a avalia-ção situa-se nos 2.75. Uma vez que a média global dos distritos é de 2.94, a percepção dos inqui-ridos aponta para um maior grau de dificuldade na criação de um novo negócio.

Falta de acompanhamento insuficiente é problema

Os empresários consideram ainda que o governo regional/local «não presta acompanha-mento suficiente para o desen-volvimento das suas empre-sas», mas classificam como «razoável» (2.87) a contratação de novos colaboradores, não se debatendo com grandes en-traves. Enquanto isso, 77% dos in-quiridos não têm conhecimen-to de ofertas de programas de formação pelos governos re-gionais/locais. Quem tem co-nhecimento respondeu que conhece «quase nenhumas ou poucas» ofertas de programas de formação. No que diz respeito a oferta de programas de networking - boa rede de contactos com uso das novas tecnologias, como as redes sociais - pelos governos regionais/locais, 92% dos in-quiridos não têm conhecimen-to e os 8% conhecedores dizem existir mais uma vez, poucas ou quase nenhumas ofertas de programas de networking.

TEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

IMPORTANTE CRIAR AMBIENTE PARA OS PEQUENOS NEGÓCIOSSegundo Luís Martins, CEO da Zaask, os pequenos em-preendedores do distrito registados na Zaask «têm partilhado com a empresa que sentem que os gover-nos locais poderiam ajudar mais a impulsionar o em-preendedorismo em diver-sas regiões», refere, con-cluindo que este estudo mostra o «sentimento dos mesmos sobre diversas te-máticas que afectam os seus negócios, desde a faci-lidade de contratar a ac-ções de formação”, refere Luís Martins, para quem «com a crise económica a fazer surgir novas micro-empresas diariamente, é essencial que o distrito crie o ambiente certo para o crescimento de startups e pequenos negócios”.

Trata-se de primeiro estudo do género e mede o sentimento de microempresas até dez trabalhadores. Setúbal vai na frente na medida do “razoável”. Participaram no estudo 1300 micro-sempresas e empreendedores.

Aeroporto no Montijo – É com satisfação que finalmente vejo aproxi-

mar-se a decisão do Aeroporto Complementar da AML no Montijo. No início de 2012, quando Sintra, V.F.Xira, Leiria, Beja o queriam, mas estranha-mente o Montijo não. Ao prever a sua importância para o Distrito de Setúbal congreguei técnicos superiores do sector nomeadamente: ANA, INAC, NAV, APPL, TAP, e promovi a apresentação pública da “Justificação no Montijo”. A anterior Presidente da Autar-quia insistia em “Alcochete” de nome, dado a sua maior área ser em Salvaterra de Magos, e obriga a uma nova AE e um “shuttle” ferroviário com custos muito superiores, de: Constru-ção, Logísticos de deslocaliza-çãp e Exploração. Felizmente o actual Autarca pensa de outra forma! Metro ao Aeroporto – “PSD e CDU não querem ligação por Metro ao futuro Aeroporto, apesar de já o terem defendido” parece uma “brincadeira de mau gosto”. Será por ser outra força politica a poder liderar esta possibilidade ou não

quererem que outros Concelhos usufruam desta Infraestrutura? Existe algum Aeroporto digno do nome que não tenha uma ligação ferroviária? Os Aero-portos de Lisboa, Porto e Madrid são bons exemplos. E potencia a redinamização da procura dos terminais fluviais do Seixal e Barreiro. Ou prefe-rem que seja o Norte a desen-volver-se com o “Elefante branco” do Metro do Porto? O que importa mais: os interesses Partidários ou os da Região? Terminal Portuário Barreiro – No início do século XX Alfredo da Silva o “Maior Industrial Português” compra um terra-pleno servido por terminal portuário no Barreiro, dando origem á CUF. Em 2013 escrevi um artigo justificativo para a não concretização do projecto do Terminal de Contentores na Trafaria, contribuindo para que o anterior governo desisti-se e transferi-se para o Barreiro. Sempre considerei demasiado ambicioso o projecto de outro Terminal de Contentores no Distrito de Setúbal, quando já existem Setúbal e Sines, longe de atingirem os limites de capacidade, tanto mais que se

prevê o aumento de capacidade no único porto de águas profundas de Portugal. Mais racional é um Projecto Estraté-gico Integrado, com: Parque Tecnológico-Industrial aprovei-tando o “comboio da redinami-zação Industrial Europeia” priorizando a Revolução Industrial 4.0, Serviços Logísti-cos com acessos directos a um terminal portuário multiusos e melhoria da ferrovia ao entron-camento ferroviário sul (Pinhal Novo). Vamos continuar a deixar que a grande maioria dos Fundos Comunitários conti-nuem a ir para as PME´s do Norte/Centro, por ser lá que mais têm crescido? Ponte Seixal-Barreiro – O futuro Aeroporto no Montijo é mais uma de muitas justifica-ções para que finalmente se reponha esta importante InfraEstrutura. Foi prevista no PETI3+ do anterior governo mas preterida a favor de Obras no Norte/Centro “metidas à posteriori pela porta do cavalo”; Acessibilidades ao Porto de Sesimbra – Fundamental para descongestionar os acessos ao porto de abrigo e à própria Vila. Há muito inscrita em PI-

DDAC(2000). Prevista agora no PETI3+ mas, mais uma vez, invertendo a prioridade a favor do Norte/Centro com obras “metidas à posteriori” e não a portos;Ferrovia à Mitrena (Setúbal) – Esta ligação foi aprovada em 2004 quando Administrador da APSS. Enquadra-se no objectivo prioritário ”melhoria dos interfaces porto-ferrovia”. Não se percebe que o PETI3+ dê depois mais prioridade a obras “fora do objectivo” no Norte/Centro?IC1-Gândola-Alcácer do Sal – Quando em 2009 me candidatei à Autarquia de Grândola, referi o facto desta ligação mais parecer um “caminho de cabras” com elevados custos de segu-rança e deterioração de veícu-los. Não entendo porque em 2016 esta intervenção ainda não foi concretizada, e não vejo como o Tribunal de Contas possa ser óbice. Será para

defender os interesses da concessionária da A2 ? O facto é que nem está contemplada no Plano de Proximidade da InfraEstruturas de Portugal;Ligação Trafaria-Algés – Para que a Grande Via Distribuidora Rodoviária da AML seja conclu-ída falta o Túnel Trafaria-Algés. Obra Estruturante que permite a significativa melhoria das acessibilidades/mobilidade entre as “2 margens” e também importante no âmbito do futuro Aeroporto. VINCI (gestora dos aeroportos civis de Portugal) e MOTA-ENGIL (grande construtora e a mais favo-recida nas PPP´s) são os principais acionistas da LUSOPONTE (75%) já paga pelos utentes por diversas vezes e que dá as maiores receitas em portagens. Adicionalmente favorecidos com parte significati-va destes projectos, estarão certamente interessados em comparticipar!

ACTUALIDADES

CALDEIRAS LUCAS ESPECIALISTA EM TRANSPORTES

O Distrito de Setúbal precisa de uma dupla “Rui Moreira/Almeida Henriques”

Page 12: Semmais 26 Março 2016

12 | SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016

NEGÓCIOS

PUBLICIDADE

Festival do Queijo, Pão e Vinho dá a provar produtos de qualidade

S. Gonçalo, em Cabanas, na freguesia de Quinta do Anjo, em Palmela, volta a receber,

de 1 a 3 de abril, mais uma edição do Festival do Queijo, Pão e Vi-nho, para divulgar produtos de qualidade. Os sabores mais genuínos de Portugal estão no centro do Fes-tival Queijo, Pão e Vinho. No co-ração da Arrábida, nascem o in-comparável Queijo de Azeitão DOP e alguns dos melhores vi-nhos do mundo. O pão tradicio-nal, a doçaria regional e um vas-to programa de animação, com espetáculos equestres, provas comentadas de vinho e de Queijo de Azeitão, música, passeios pe-destres e de BTT, demonstrações de tosquia, atividades infantis no espaço do Museu do Ovelheiro e as sempre animadas corridas de ovelhas no “Ovinódromo” – completam um fim de semana diferente, para toda a família, a meia hora de Lisboa. O certame é organizado pela

ARCOLSA - Associação Regio-nal dos Criadores de Ovinos da Serra da Arrábida e conta com o apoio da Câmara Municipal de Palmela. Domingos Soares Franco, presidente da ARCOLSA, deposi-ta «boas expetativas» para a edi-ção deste ano que tem como ponto alto o concurso de ove-lhas. «Já estive a ver a meteoro-logia para os dias do festival e as coisas são risonhas, o que é mui-to bom, pois contribui para que um maior número de pessoas vi-site o festival», sublinhou, acres-centando que a aposta reside na melhoria «constante» do evento. Este ano, a organização, aposta em maior qualidade no espaço e nas próprias atividades e even-tos. «Vamos aprendendo com o passado e, de facto, é sempre bom fazer melhorias para que o festival continue a ser um suces-so», vinca. E deixa um apelo à população: «As pessoas da re-gião, e não só, devem visitar o

Festival do Queijo, Pão e Vinho, uma vez que aqui têm a oportu-nidade de provar e de comprar produtos de grande qualidade e de passar momentos de convívio e de animação muito bons». Fins-de-semanagastronómicos estão de volta

Inspirados no Festival Quei-jo, Pão e Vinho e na grande qualidade dos produtos locais, os restaurantes do concelho de Palmela voltam a ser palco dos Fins-de-semana Gastronómi-cos do Queijo de Ovelha, entre 1 e 10 de abril. Os restaurantes preparam menus criativos e requintados, onde os queijos de ovelha e, em particular, o Queijo de Azeitão DOP, têm lugar de honra. Entra-das, pratos principais e sobre-mesas acolhem os aromas ricos e reconfortantes do queijo e pro-porcionam refeições de comer e chorar por mais.

Page 13: Semmais 26 Março 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016 | 13

NEGÓCIOS

PUBLICIDADE

Produtos do festival assumem estratégia turística do município

O vereador do Turismo e das Atividades Económi-cas, Luís Miguel Calha, re-

alça que o 22.º Festival do Quei-jo, Pão e Vinho é um evento em que o município «acredita e en-volve-se muito». O autarca sublinha que o município abraça fortemente o certame para «subir patama-res», reconhecendo que o mes-mo já detém uma «projeção na-cional». Na sua opinião, o Queijo, Pão e Vinho celebra «a excelência dos nossos produtos, dinamiza a economia local e promove a fre-guesia de Quinta do Anjo e o concelho. A superior qualidade do queijo, do pão e do vinho têm tido um reconhecimento cres-cente em Portugal e no plano internacional. A gastronomia e vinhos é um segmento prioritá-rio na estratégia municipal de desenvolvimento turístico da marca Palmela, e conquista cada vez mais os visitantes e turistas

que nos procuram». E conclui: «O programa do festival é um convite às famí-lias para desfrutarem do sabor especial dos nossos produtos, e de um território que tem um encanto único». A Câmara de Palmela atri-bui este ano 4 mil euros ao fes-tival e um forte apoio técnico, logístico e de divulgação, cujo montante «supera a comparti-cipação financeira», sublinha Luís Miguel Calha.

«Afirmação dos produtos agrícolas»

Já o presidente da Junta de Freguesia de Quinta do Anjo, Valentim Pinto, deposita «gran-de confiança» na edição 22 do Queijo, Pão e Vinho. «Espero que seja um grande êxito, co-mercial e cultural, com a aflu-ência de largos milhares de vi-sitantes», sublinha. Na sua ótica, o certame irá,

«seguramente, reafirmar as po-tencialidades dos produtores dos nossos produtos tradicio-nais, com particular destaque para «o designado ‘queijo de azeitão’». A Junta de Quinta do Anjo, que atribui apoios financeiros e logísticos, considera que o «enraizamento» do festival foi um processo «gradual de cres-cimento qualitativo e quantita-tivo», uma vez que o número de participantes «aumenta to-dos os anos» e o espaço come-ça «a ser pequeno». A seu ver, a qualidade dos produtos apresentados, a estru-tura organizativa criada e a lo-calização do evento são, entre outros, fatores «decisivos para este sucesso». Valentim Pinto não tem dú-vidas de que os produtores es-tão «muito satisfeitos» com os resultados obtidos no certame que contribui para «a afirma-ção dos produtos agrícolas».

Page 14: Semmais 26 Março 2016

14 | SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016

OPINIÃO

Raul TavaresDiretorED

ITORIA

L

Diretor Raul Tavares | Redação: Anabela Ventura, António Luís, Bernardo Lourenço, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores | Departamento Comercial Cristina Almeida - coordenação | Direção de arte e design de comunicação DDLX – www.ddlx.pt | Serviços Administrativos e Financeiros Mila Oliveira | Distribuição José Ricardo e Carlos Lóio | Propriedade e Editor Mediasado, Lda; NIPC 506 806 537 Concessão Produto Mediasado, Lda NIPC 506 806 537 | Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. E-mail: [email protected]; [email protected]. | Telefone: 93 53 88 102 | Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA. Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Maiscom, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98

Depois de um longo período de “adormeci-mento” eis-nos de novo

em contacto com os leitores para, na medida das nossas forças e com a sabedoria que a vida nos tenham proporcionado, possa-mos perceber o porquê da tristeza que invade muitos de nós e, todos alcancemos a alegria que qualquer povo merece.

Tristeza

PENSO, LOGO INSISTO.

FERNANDO RAIMUNDOCOLABORADOR

Símbolo maior do Cristia-nismo, a Cruz tem sido usada por diversos grupos

humanos e religiões desde tempos imemoriais. Portadora de múltiplos significados – onde simbolicamente pontuam o cósmico, o astrológico e o mitológico – e existindo sob várias formas geométricas – su-ástica, gamada, grega, latina, de malta, entre outras – em função da dimensão e remate dos seus braços, é geralmente constituí-da por dois segmentos de recta (ou barras) dispostos ortogo-nalmente e que se intersectam.Por analogia, tem sido a sua forma muitas vezes associada ao corpo humano, estando o seu tramo vertical superior associado à cabeça, o inferior ao tronco e pernas e o horizontal aos braços, enquanto abertos. Quando, simbolicamente, a cruz é interpretada em função das energias que fluem pelo corpo humano, considera-se este como sendo o de um vegetal invertido, onde as raízes que absorvem a energia vinda do centro da Terra são substituídas pelos cabelos que captam as ondas gravitacio-nais vindas do Céu. Também a reprodução física (sexual) pelos órgãos infernos – voltados para baixo, como uma flor invertida – permitindo a continuidade dos corpos, contrasta com a reprodu-ção intelectual (palavra da razão) pelos órgãos supernos – voltados para cima, para o Sol, permitindo a continuidade do saber.Neste contexto, o tramo horizontal da cruz reporta-se ao reino animal, receptor das energias que, circulando à superfície da Terra e percorren-do a coluna dorsal das suas espécies, lhes transmite os ‘inputs’ associados ao seu instintivo comportamento. A cruz também está comum-mente associada ao sofrimento, tendo sido utilizada para atar ou pregar condenados à morte na Roma Antiga, o que aconteceu, aliás, a Jesus de Nazaré, pois nessa época a Galileia fazia parte do Império Romano.

Curiosamente, as letras que compõem a palavra ‘INRI’ – Ie-sus Nazarenus Rex Iudaeorum / Jesus de Nazaré Rei dos Judeus – inscrita na cruz do Nazareno, para além de outras interpretações que lhes são atribuídas, coincidem também com as iniciais, em hebraico, dos quatro elementos naturais: Fogo, Terra, Ar e Água.E aproximamo-nos do ponto essencial: o da crucificação. Estamos agora a atravessar a época da Páscoa, por altura do Equinócio da Primavera, quando o Sol, símbolo do Cristo, no seu percurso aparen-te, abandona o hemisfério sul da esfera celeste e cruza o plano do Equador. É a ‘crucificação cósmica’. Quem tenha activida-des agrícolas, desportivas ou outras, que se relacionem directamente com a Natureza manifestada, sente de forma expressiva, por esta altura, a sua efusiva manifestação de cor, som e crescimento, muito diferente daquela beleza que se expressa no Equinócio do Outono, aquando do seu adormecimento. E é nesta sucessão interminável de ciclos e de pulsões de renascimento (‘Eros’) e de morte (‘Thanatos’) que o Homem evolui, n’Ela vivendo, movimentando-se e tendo o seu Ser (consciência), como poderia ter dito Paulo de Tarso, referindo-se à Natureza enquanto expressão simbólica da divindade.Sobre a vida de Jesus pouco se sabe, especulando-se que entre os 12 e os 30 anos de idade tenha vivido na comunidade dos Essénios e viajado pelo Egipto e pela Índia, aprendendo parte do que haveria de explicitamente revelar mais tarde enquanto Jesus Cristo (o ungido), através do seu magistério, durante os 3 anos que mediaram entre a altura do Baptismo e da morte do seu corpo físico, aos 33 anos. Já sobre este curto período muito se escreveu (e continua a escrever), quer pelo testemunho dos evangelistas e dos apóstolos,

quer de múltiplos místicos, cristãos e não só, porque Cristo Jesus deixou de facto a maior das marcas recentes que alguma vez alguém terá imprimido na Humanidade. Seiscentos anos antes, Buda foi chamado de a Luz da Ásia (o princípio da Sabedoria), mas Cristo foi a Luz do Mundo (o princípio do Amor). Os seus ensinamentos e sacrifí-cio – a sua morte na cruz, sobre o ’altar da humanidade’, foi o corolário – plasmaram a matriz da nossa civilização ocidental que, com todos os defeitos, continua a procurar ser um paradigma de progresso, de evolução (ainda que, por vezes, através de caminhos assaz tortuosos) e, sobretudo, de liberdade.É verdade que sobre o Cristo histórico paira sempre a tentação de se estabelecer comparações com outros pensadores. Mas até hoje, nenhum outro logrou que a sua mundividência (weltans-chauung) prevalecesse por tão longo tempo. Já para não falar sobre as suas restantes dimen-sões e interpretações: há um Cristo teológico, outro místico, outro mítico, outro cósmico, um outro pessoal e interno e outros que a necessidade e conveniên-cia humanas criam, para além do próprio Cristo, enquanto Unidade. Mas se sobre o Cristo histórico, sabendo-se o que se julga saber, não subsistirão dúvidas muito inquietantes, já sobre as premissas espirituais que sobre as outras interpreta-ções pairam e recaem… Como demonstrá-las? A Fé só pode ser explicada a quem já a possui… e esse não precisa de testemu-nhos porque já a vive.Mas a Razão exige provas! A não ser que, admitindo dúvidas, se

permita condescender em aceitar o factor ‘probabilístico’. Factor que já entrou no glossário científico quando Robert Oppenheimer (EUA, 1904-1967) estabeleceu o princípio da probabilidade e Werner Heisen-berg (Alemanha, 1901-1976) criou a relação de incerteza, enquanto parâmetros da física quântica.Os nove passos da vida de Cristo, representados no seu percurso da Via Dolorosa, de Belém ao Golgotá (Lugar da Caveira), onde se protagonizou o seu calvário, sintetizam o caminho que, simbolicamente, cada um, individualmente, e a Humanidade, como um todo, terão de percorrer.A crucificação representa o mis-tério central da Cristandade, sendo a Cruz, simultaneamente, porta e caminho, fim e começo, fronteira entre as trevas e a luz. Simboliza um ponto de ruptura no percurso individual de cada ser humano, sugerido pela intersecção dos dois madeiros da Cruz, quando a saturação e o esgotamento da existência estagnada e focada nos interes-ses exclusivamente materiais (e horizontais) cede lugar a uma consciência mais intimista e essencial (vertical), quantas vezes convivendo com o isolamento, a incompreensão, o desespero e muita perplexidade. Mas significando o início de uma qualquer inquietação que prenuncia a etapa seguinte: a morte de um determinado modelo e a ressurreição para algo de novo, nuclear, efusivo. Algo que se iniciou com um processo transfigurador, irreversível. Do ponto central da cruz sacrificial florescerá a rosa amorosa!É também este um dos signifi-cados da Páscoa.

A crucificação“No ponto onde o silêncio e a solidão / Se cruzam com a morte e com o frio / Esperei como quem espera em vão / Tão nítido e preciso era o vazio”. Sophia de Mello Breyner Andresen, ‘No ponto onde o silêncio’, in Antologia.

Um congresso a acompanhar…

Ouvimos nas ruas, nos noticiá-rios e lemos nos jornais, que nem tudo está como desejamos.Hoje aumenta o preço de mais um produto indispensável. No outro dia há mais um medica-mento para o qual temos de arranjar mais uns cêntimos. São também anunciados abrandamentos nalguns impostos, mas estes benefícios

não são sentidos de imediato, e o sorriso não chega aos rostos.Certas figuras continuam a apregoar que o desemprego vai baixando, mas o certo é que todos nós temos, familiares, amigos ou vizinhos, que continuam a vaguear na busca de uma oportunidade que lhes permitam sonhar com um futuro que, mesmo que não seja

de felicidade, pelo menos que não esteja infernizado pela perspectiva de não ter uns “tostões” para dar de comer aos que lhes são mais queridos.É triste também ouvir muitos responsáveis que, em vez de se assumirem como tal, gastam grande parte do tempo a acusar o que o antecedeu no cargo que desempenhou e, mais tarde, o

que, em resultado da vontade popular, o substitui.E, porque já estamos na Prima-vera, é importante que todos ganhemos força e vigor para podermos, cada um por si e todos por todos, contribuir para que as desigualdades sejam menos acentuadas para que possamos ir adquirindo o sorriso que espelha a Felicidade.

FIO DE PRUMO POR JORGE SANTOS JORNALISTA

O Alentejo vai juntar a sua ‘nata’ para discutir o futuro. A

força unida dos autarcas, o movimento sindical, muitas estruturas ligadas ao ensino, personalidades diversas vão marcar presença.O movimento fundador arrancou há cerca de cinco meses e foi crescendo, como afirmam os seus responsá-veis. Mas nada disto terá sentido se for apenas mais um palco para carpir mágoas, fazer levantamen-tos, diagnósticos e afins. Julgo estar em causa, pelo que sei, um motivo maior. O debate sobre a regionaliza-ção que para muitos é ainda necessária e mesmo vital. O país é curto, em territó-rio, e muito ligado. Não tem problemas de fronteiras, de credos e outros estigmas reais que geram a falta de coesão noutras sociedades ocidentais. Basta olhar para a vizinha Espanha e as divisões sobre a Catalunha.Mas, regionalizar procedi-mentos, decisões adminis-trativas e mesmo políticas pode ser um espaço vital para combater impasses, destruir burocracias e fazer avançar o desenvolvimento.Este movimento de Tróia pode ser a rampa de lançamento para uma discussão séria sobre este caminho. Até no aproveita-mento de algumas ideias já conhecidas do atual poder. A dúvida é se haverá vontade de todos para caminhar esse caminho. Normalmente, no nosso país, estes avanços têm muitos escolhos e quase sempre falta coragem política para os ultrapassar.

Page 15: Semmais 26 Março 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 26 DE MARÇO | 2016 | 15

OPINIÃO

TURISMO SEMMAIS

JORGE HUMBERTO SILVACOLABORADOR

A dívida do Estado conquis-tou, sem dúvida, os tempos de antena e

entrou na ordem do dia de qualquer cidadão. Desde logo, porque a diabolização desta tem levado a medidas de austerida-de que o cidadão bem sente e o contribuinte paga. E pensar que a dívida desta natureza é coisa de Portugal como “patinho feio” duma Europa trabalhadora, produtiva e parcimoniosa nos gastos, enganem-se os menos avisados porque há muito que os países da moeda única ultrapassaram o limite de 60% do PIB para a dívida do Estado. Excecionando cinco países com dívida abaixo desse limite, no conjunto, os países da moeda única têm atualmente uma dívida superior a 90% do produto interno bruto (PIB). Mesmo a rigorosa timoneira da europa, a Alemanha, desde 2002 não respeita a meta referida, registando uma dívida de 69% do PIB.Ao que parece há alguns mitos sobre a dívida pública na zona euro que devem ser testados e postos em causa, desde logo aquele que, pelo contrário, nos revela que o excesso de endivi-damento nos países da moeda única não é um problema exclusivo dos periféricos. Será uma bomba relógio que durará anos mesmo com o cumpri-mento das regras orçamentais. E mais dia, menos dia, será inquestionável proceder-se, duma ou de outra forma, à reestruturação dessa dívida,

O texto que tinha previsto escrever sobre o Dia Mundial do Teatro, que

celebramos no próximo Domin-go, deixou de fazer sentido em virtude dos atentados de terça-feira. Na realidade, muito do que fazemos, ou planeamos fazer, acaba por perder o sentido perante acontecimentos tão brutais, que, sendo cada vez mais frequentes no Mundo, são ainda raros na Europa. E a sua proximidade assusta – e dói.Que mecanismos – racionais, ou não – levarão jovens nascidos em solo europeu a radicaliza-rem-se e a fazerem-se explodir por uma causa que nos é tão difícil de entender? E por que é que nos é difícil entendê-lo? Serão apenas ideológicos, esses mecanismos, ou também sociais? Como é que funciona a cabeça de um jihadista? Como é que se pode parar com a morte de pessoas inocentes? De que forma pode o teatro contribuir para esse fim?Não alimentemos ilusões: apenas ínfima poderá ser a contribuição do teatro, dos que fazem teatro, para a resolução deste problema tão complexo e delicado. Mas uma coisa podemos fazer, que é aquilo que por defeito a nossa profis-são nos vem pedindo desde que os gregos inventaram o teatro, há 2.500 anos atrás: colocar-mo-nos no lugar de outrém; sermos capazes de ter em conta, e interpretar, pontos de vista que são diferentes dos nossos. Não quero dizer que o

seja pelo capital em dívida, seja pela extensão de prazos ou redução (ou mesmo perdão) dos juros. Um segundo mito tem a ver com a ideia de que a dívida pública na zona euro subiu porque “alguns” prevaricaram. Só que esses “alguns” (Portugal, Grécia, Irlanda e Chipre) contribuíram em 9,6% desse aumento registado no período de 2007-14, enquanto as grandes economias (França, Espanha, Itália e Alemanha) contribuíram com 74% do agravamento da dívida.Dois outros mitos relacio-nam-se com as medidas de austeridade aplicadas e se as mesmas foram ou não sufi-cientes. E o que se verificou é que nem a austeridade baixou a dívida, verificando-se que os rácios da dívida no PIB são superiores, nem foi insufi-ciente. Isto é, só se vislumbra-rá benefícios se atendermos e atuarmos em termos de política económica havendo alguma flexibilidade da política orçamental.Por último para aqueles que pensam que o Pacto Orçamen-tal é panaceia para levar a dívida de volta a 60%, já são muitas as vozes de economistas

conceituados que afirmam a necessidade de se abandonar a regra do défice estrutural. Esse mesmo, difícil de entender ao comum dos mortais e que tanta tinta fez correr na apresentação do último orçamento às instâncias comunitárias.Espera-se, que uma reflexão aprofundada dos mitos enun-ciados chamem à razão os que mais têm clamado por austeri-dade como remédio para todos os males. Esta a ser feita em países que, pelos vistos, não foram os que mais contribuíram para a dívida agregada total da zona euro.É indubitável a necessidade de se disciplinar a aplicação dos dinheiros públicos e de dimi-nuir o endividamento. Princi-palmente nos países com economias mais fracas e mais expostos às crises. Mas é preciso restaurar o princípio elementar da solidariedade entre estados, que esteve na base da criação da então CEE, intensificando um diálogo entre o norte e o sul da Europa, com tolerância e sem crispa-ção, não cavando mais o fosso entre os que muito têm e os que mais pobres ficam, numa relação desigual, dependente e perdedora.

Dívida Pública e austeridade27 de MarçoDia Mundial do Teatro

O Tejo tem um porto: o de Lisboa. O Sado tem um porto: o de Setúbal.

Parece que os vão juntar. E ainda juntam Sesimbra à anterior junção. Três portos, três realidades, uma única gestão. Este parece ser o desígnio do atual governo.Será bom? Será mau? Foi boa a anterior junção entre Setúbal e Sesimbra (1989)? Ou teria sido melhor cada um seguir o seu caminho? Não sei a resposta nem faço ideia de qual seja. Apenas me irrita não se avaliar coisa nenhuma. Talvez a avaliação da fusão de Setúbal com Sesimbra seja uma boa pista para se enquadrar a nova fusão com Lisboa. Continuar a produzir opiniões baseadas em palpites apenas nos diminui. Melhor seria não ter opinião. Melhor seria avaliar. Até porque

só o que pode ser avaliado pode ser melhorado. Vamos lá então sustentar, um pouco melhor, as nossas opiniões. Pode ser?Lisboa tem um rio: o Tejo. Setúbal tem um rio: o Sado. O Tejo é o “verdadeiro” centro da Área Metropolitana de Lisboa. Junta ou divide (dependendo das opiniões) o Norte do Sul da Região de Lisboa. Protagoni-zando o maior movimento pendular de Portugal. Todos os dias o equivalente a uma grande cidade atravessa o Tejo para trabalhar ou estudar. Sempre (ou quase sempre) no mesmo sentido. Imaginem qual?O Sado, por sua vez, divide-se entre a Área Metropolitana de Lisboa e o Alentejo. Mas como não tem nenhum movimento pendular é, cada dia que passa, mais Lisboa e menos Alentejo. Todas as ligações levam a

Lisboa. Fertagus, TST e CP “apontam” o caminho. Em sentido inverso, para Alcácer do Sal ou Grândola, poucas ou quase nenhumas (ligações).O Sado, aliás, sempre sonhou, mesmo contra todos os sinais do tempo, em ser uma espécie de encontro entre estas duas realidades. Esse sonho teve um nome: Distrito de Setúbal. Hoje apenas e só círculo eleitoral. Nada (ou quase nada) tem esta geografia. Da educação à saúde, da Igreja à segurança social a geografia é outra. O Sado já não é o que era. Deixou de ser o centro de uma geografia para ser a fronteira de outra geografia. Mudanças. Coisas do tempo e da economia. Ou apenas da vontade dos homens e das mulheres.O Sado tem golfinhos, o Tejo tem cruzeiros. O Sado tem a Arrábida. O Tejo tem a “linha” e

a Caparica. O Sado tem o melhor peixe do mundo (permitam-me, por uma vez, o exagero). O Tejo tem 9 municí-pios ribeirinhos (apenas na Região de Lisboa). Por isso o que é diferente deve permane-cer diferente. Qualquer compa-ração “acerta” ao lado do que interessa. E o que interessa é que a Área Metropolitana tem de ser mais complementaridade do que “falsa” comparação. Comparação do que não é, simplesmente, comparável.O Tejo e o Sado não concorrem,

antes acrescentam. São diferen-tes e devem permanecer diferentes. Tornam mais rica e diversa a Área Metropolitana de Lisboa. Por isso, nunca é tarde, nunca é demais para tornar este desígnio uma realidade. Aspire-mos a “mais” sem ser “demais”. Tornemos o “tarde” em “agora”. Sejamos Tejo e Sado. Ainda vamos a tempo.P.S.: O título desta crónica é descaradamente roubado ao tema “Bárbara”, composto por Chico Buarque e Ruy Guerra para a peça “Calabar” (1972).

Tejo e Sado. Nunca é tarde, nunca é demais.

A VERDADE DAS COISAS SIMPLES

JOSÉ ANTÓNIO CONTRADANÇAS ECONOMISTA

teatro, por si só, seja capaz de acabar com as mortes de inocentes: não, o que quero dizer é que por alguma razão não consta que tenha alguma vez havido gente do teatro entre os fundamentalistas, ao longo da História, quaisquer que tenham sido as formas desse fundamentalismo e as nações em que tenham emergi-do. Pelo contrário, as gentes do teatro têm um vasto currículo de, ao longa da História e em vários países, se terem batido pelos valores da liberdade de pensamento. Não poucos pagaram estas posições com as próprias vidas.De modo que no próximo Domingo cá estamos: às 15h00 Augusto M. Seabra apresenta o segundo volume da colecção O sentido dos Mestres: “Peter Stein: a palavra e a cena”. Às 16h00 há um ensaio aberto da próxima criação da CTA: “Frei Luís de Sousa”, de Almeida Garrett, encenação de Rogério de Carvalho. E também entrada livre na peça “Onde o frio se demora”, de Ana Cristina Pereira, encenação de Luisa Pinto. Entre uma coisa e outra havemos de ler a mensa-gem do Dia Mundial do Teatro, que este ano é da autoria do encenador russo Anatoli Vassiliev. Ah, e com a mensa-gem que distribuiremos ao público havemos de oferecer um cravo e um cálice de vinho do Porto, para brindar.Ele há lá melhor maneira de passar um Domingo de Páscoa?

BOCA DE CENA

RODRIGO FRANCISCODIRETOR DA CTA

Page 16: Semmais 26 Março 2016