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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 CRISTIANE PEREIRA ASSIS A DICOTOMIA ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Salvador 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

CRISTIANE PEREIRA ASSIS

A DICOTOMIA ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Salvador 2015

CRISTIANE PEREIRA ASSIS

A DICOTOMIA ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica. Orientador: Prof. Ms. Ana Paula Oliveira

Salvador 2015

CRISTIANE PEREIRA ASSIS

A DICOTOMIA ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA DA

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM:

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de

Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de

Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.

Aprovado em janeiro de 2016.

Banca Examinadora

Primeiro Avaliador. ____________________________________________________ Segundo Avaliador. ___________________________________________________ Terceiro Avaliador. ____________________________________________________

A meu glorioso Deus, que sempre me deu forças e saúde no meu caminhar

enquanto estudante e profissional da educação.

AGRADECIMENTOS

Ao final deste trabalho quero agradecer primeiramente a Deus, que me estimula e

abençoa todos os dias, durmo e levanto é porque ele está presente permitindo-me

uma nova oportunidade de minha vida, pois a cada dia a vida nos proporciona um

novo espetáculo.

Aos meus familiares, apesarem de não conhecerem profundamente as questões no

que diz respeito à educação, deram-me força para que pudesse continuar nesta luta.

A meu esposo, que sempre me deu total apoio para que eu pudesse seguir o

caminho da educação.

Aos meus referenciais da educação, José Luís e Auzillene, pessoas que abriram as

portas para que eu pudesse adentrar e crescer profissionalmente.

As minhas amigas - irmãs, Jacimara Pimentel e Antônia Maria que sempre estiveram

do meu lado me estimulando e me apoiando em todas as minhas decisões.

A Prof.ª Ms. Ana Paula Oliveira, pessoa paciente, intelectual, compreensiva,

dedicada e atenciosa, principalmente nos momentos de orientações. Sempre estava

à disposição para tirar as dúvidas e de forma simples o impossível tornava-se

possível. Muito obrigado professora!

À Faculdade de Educação da UFBA e ao Programa Escola de Gestores, por

levarem a cabo esta iniciativa que beneficia tantos Coordenadores Pedagógicos

como eu.

Mudar é, portanto trabalho conjunto dos educadores da escola

e supõe diálogo, troca de diferentes experiências e respeito à

diversidade de pontos de vista. (ORSOLON, 2012, p; 24).

ASSIS, Cristiane, Pereira. A Dicotomia entre a Prática e a Teoria da Avaliação da

Aprendizagem: 2015. Projeto Vivencial (Especialização) – Programa Nacional

Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia,

Salvador, 2015.

RESUMO

O presente Projeto Vivencial é uma pesquisa de campo realizada em uma das Escolas Municipais do Ensino Fundamental I, do Baixo Sul da Bahia. Aborda distorção entre a teoria e prática avaliativa. As nossas investigações recaem nas causas que levam os professores, na sua maioria a apresentarem um discurso sobre a avaliação e uma prática totalmente fora da sua realidade. O referido trabalho tem como objetivo central: Analisar os fatores que contribuem para a dicotomia do discurso dos profissionais da educação (professores) entre a teoria e prática da avaliação no processo ensino aprendizagem e objetivos específicos: Identificar as concepções e os critérios utilizados pelos professores sobre avaliação na teoria e prática; Analisar o Projeto Político Pedagógico da instituição escolar envolvida na parte que diz respeito à avaliação da aprendizagem escolar; Examinar os tipos de avaliação e verificação desenvolvidos pelos professores para os alunos e de que maneira esses instrumentos podem ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento cognitivo e afetivo dos discentes. O Projeto revela que, na verdade, existe uma distância bastante acentuada entre o discurso e sua prática, pois muitos dizem em sua teoria que a avaliação deve ser processual, avaliando o aprendiz no dia-a-dia, através das suas participações em atividades em sala de aula. Entretanto, este fato não tem nenhum significado na prática de muitos deles, pois a mesma é utilizada, em sua rotina, como instrumento e atividade de controle que visa classificar o aluno, dando-lhe promoção ou retenção. Desta forma, esclarecemos ao final do trabalho, que o professor precisa realmente conhecer e estudar as possibilidades e implicações acerca do processo avaliativo, para identificar as diversidades culturais dos alunos, e assim possa realizar uma avaliação que contemple à formação integral do aluno. Palavras – Chave: Avaliação – Teoria – Prática – Aprendizagem – Discurso.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

1 MEMORIAL 11

1.1 Minha vida estudantil foi assim.. 11

2 MARCO TEÓRICO 21

2.1 Fundamentos teóricos- conceituais 21

2.2 A importância da Avaliação: Avaliação para quê? Como avaliar? 22

2.3 As Concepções sobre Avaliação da Aprendizagem Escolar 26

2.3.1 Concepção Tradicional da Avaliação 27

2.3.2 Concepção Qualitativa da Avaliação 28

2.4 Avaliação como instrumento 29

2.4.1 A importância dos instrumentos de avaliação 30

2.4.2 Aspectos da avaliação 31

2.4.3 Avaliação do e no processo 32

2.4.4 A prática da avaliação e o discurso do professor 33

3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO 38

4 JUSTIFICATIVA 39

5 AÇÕES METODOLÓGICAS 40

6 ANÁLISES DOS DADOS 45

7 CRONOGRAMA 61

8 AÇÕES DA INTERVENÇÃO 64

9 RESULTADOS ESPERADOS 64

10 AVALIAÇÃO 65

CONSIDERAÇÕES FINAIS 66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 67

ANEXOS

9

INTRODUÇÃO

Sabemos que a avaliação está presente no viver da humanidade em diversos

ambientes, seja na família espaço iniciais do convívio social ou em outros espaços como

grupos religiosos, associações de bairro, movimentos sociais e principalmente na escola, um

ambiente “consagrado”. Em se tratando deste último local, há uma grande preocupação

quando se trata de avaliação, pois há os descaminhos e contradições com o que se diz na

teoria e o que se executa na prática. Observa-se que existe uma distância bastante acentuada.

Dizendo melhor, falam-se tanto em avaliação processual na teoria, mas quando chega à

prática esse processual fica só no papel. Esse é um dos assuntos mais discutidos em meu

planejamento pedagógico, pois durante todas as unidades tenho chamado professores atenção

sobre como estão avaliando os educandos da unidade escolar, levo textos que falam sobre

avaliação, analiso as atividades e as avaliações quantitativas, porém alguns executam um

modelo de metodologia que não condiz com o verdadeiro papel da avaliação e não gostam

quando faço as intervenções. Na sala dos professores ouço constantemente que tal aluno não

faz nada na sala de aula, no entanto são aprovados no final da unidade escolar com médias

altíssimas. É muito difícil nos dias de hoje coordenar um grupo de professores que não são

flexíveis e não dão abertura para o novo.

O professor é o mentor de todo o trabalho e tem a incumbência de promover para os

seus alunos um ensino de qualidade, facilitar a aprendizagem, conduzir às aulas de maneira

dinâmica, prazerosa, aguçar nos alunos o poder de argumentação, interativa e questionadora,

orientação didática adequada, acompanhamento nas atividades propostas, ser eficiente e

eficaz na disciplina a qual m Até esses pontos no que diz respeito à educação, tudo bem. Não

há problema algum que seja explanado, mas quando nos referimos ao sistema avaliativo, faz-

se necessário refletir acerca do mesmo, até porque é um instrumento que não pode faltar nas

instituições escolares e o que se observa é a contradição do que se diz na teoria com o que se

aplica na prática.

O discurso infelizmente é puramente utópico acerca da avaliação na teoria, embeleza

qualquer práxis pedagógica do educador. Este tipo de discurso nos mostra a avaliação como

processo contínuo, instrumento de socialização de saberes, cada um deve ser avaliado de

acordo a sua realidade sociocultural, respeitando a sua identidade. É uma avaliação que visa o

crescimento do aluno e possibilita a melhoria da educação.

As ideias e discussões apresentadas nesse projeto de Intervenção estão divididas em

três capítulos, nos quais trazem considerações acerca do tema escolhido.

10

No capítulo- Memorial, é o ponto inicial do trabalho, trata da minha acadêmica, de

minha profissional como também as minhas expectativas ao longo de todo trabalho realizado

durante a construção de meu Projeto de Intervenção.

No capítulo intitulado Marco Teórico, trará algumas abordagens do processo da

avaliação da aprendizagem escolar, apontando como esse instrumento era e é usado, discute-

se também em outro ponto os aspectos avaliativos, relata-se a teoria e principalmente como é

desenvolvida a avaliação na prática dos professores.

No capítulo Marco Metodológico, momento que trazemos a descrição detalhada do

trabalho, definindo de forma inicial a importância da pesquisa como elemento primordial para

o desenvolvimento da dissertação, traçamos o tipo e justificativa da pesquisa, descrevemos as

estratégias de análises dos dados, o espaço da instituição escolar e caracterização do público

da pesquisa.

No capítulo Análise dos dados e Resultados do Estudo, é um espaço de análise e

reflexão do Projeto Político Pedagógico da Escola, das provas e testes elaborados pelos

professores da instituição pesquisada e tabulação descritiva minuciosa do questionário

aplicado.

Por fim, as Considerações Finais, reafirma o conteúdo trabalhado ao longo dos

capítulos fazendo uma retomada através de discussões teóricas acerca do assunto em pauta.

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1 MEMORIAL

O presente memorial é um dos requisitos parciais do Trabalho de Conclusão de

Curso/Projeto Vivencial. Tem como objetivo descrever minha trajetória acadêmica e

profissional, destacando as principais atividades que eu já desenvolvi e as atividades que

realizo atualmente. Registro também, nesse documento, minhas expectativas para minha vida

profissional, pessoal e acadêmica.

Escrevê-lo é trazer para o presente momentos jamais esquecidos e vivenciados em

diferentes situações e nas diversas etapas da vida. No decorrer dessa narrativa, pretendo

contextualizá-la com o eixo temático de minha pesquisa.

1.1 MINHA VIDA ESTUDANTIL FOI ASSIM...

“Contar é muito dificultoso, não pelos anos que já passaram, mais pela

astúcia que têm certas coisas passadas de fazer balancê, de se remexerem dos

lugares. A lembrança de vida da gente se guarda em trechos diversos; uns

com os outros acho, que nem se misturam (...) têm horas antigas que ficaram

muito perto da gente do que outras de recentes datas”.

Guimarães Rosa

Escrever este memorial de formação é um desafio gratificante, pois caminhei em

busca do meu passado adormecido. Ao longo do trabalho, farei essa reconstituição. Nasci em

03 de setembro de 1976 na cidade de Valença. Sou de uma família humilde: minha mãe

cursou até o ginasial (como era chamado o Ensino Fundamental II na época) e meu pai até a

4ª série primária (atualmente 5º ano do Ensino Fundamental), pois não tiveram a oportunidade

de dar continuidade aos estudar devido a formarem família muito cedo. Minha mãe

engravidou de meu irmão que faleceu ao nascer, mas como já tinham desistido de estudar

durante a gestação de minha mãe. Não quiseram mais dar continuidade. Mesmo assim tiveram

o cuidado em matricular os nove filhos na escola. Entre os nove sou a primeira que conseguiu

concluir o nível médio e chegar ao nível superior. Tenho mais dois irmãos que também

concluíram o nível superior, três concluíram o nível médio e três desistiram no ensino

fundamental I. Acredito que isso ocorreu devido à falta de interesse e rebeldia por parte deles,

visto que tivemos a mesma educação doméstica.

Minha vida estudantil deu-se no início do ano de 1985, aos sete anos de idade, na

primeira série no Grupo Escolar Conselheiro Zacarias. A escola ficava localizada no centro da

cidade de Valença. Esse foi um dos períodos mais difíceis de minha vida, pois tinha uma

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anemia muito forte e não conseguia me curar. Meus pais não tinham condições de manter

minha alimentação adequada; eu era muito magra e pequena. As escolas não me aceitavam na

alfabetização, pois diziam que eu era muito pequena e que minha mãe havia falsificado meus

documentos. Sofri muita discriminação. Durante esse período minha avó levava para mim

livros que encontrava pelo lixo. Como ela sabia o alfabeto me ensinava em casa e aprendi a

ler sem ir à escola. Só aos sete anos pude frequentar a escola, mais sofria muito bullying,

devido ao meu problema de saúde. Não desisti; estudei nesta escola e com a mesma

professora da primeira até a quarta série. Recordo-me dela até hoje: professora Valquíria

Guimarães, exemplo de professora para mim, pois ela me deixou várias marcas. Era tudo

muito rigoroso e “assustador” para mim. Segundo Zabala (1998, p. 89),

A perspectiva „tradicional‟ atribui aos professores o papel de transmissores

de conhecimentos e controladores dos resultados obtidos. O aluno, por sua

vez, deve interiorizar o conhecimento tal como lhe é apresentado, de maneira

que as ações habituais são a repetição do que se tem que aprender e o

exercício entendido como cópia do modelo até que seja capaz de automatizá-

lo.

Segundo a tendência pedagógica tradicional, o aluno era um mero receptor de

informações, um ser passivo. Devido a sua imaturidade e inexperiência, o seu pensamento era

desprezado em sala de aula, desvalorizado, bem como seu senso crítico. Acredito que esse

tipo de educação tolhe o prazer de aprender. Eu era uma criança muito tímida. Muitas vezes,

ficava com dúvidas durante a aula que estava sendo ministrada, mas não tinha coragem de

perguntar, por medo de ser repreendida pela professora. As aulas me deixavam muito

apreensivas porque, muitas vezes, não entendia nada e minha timidez atrapalhava muito. A

professora adotava a pedagogia tradicional, sendo fundamental em suas aulas a ordem, o

silêncio e, essencialmente, o respeito. Sobre isso, conforme os Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN) introdução, “[...] a metodologia decorrente de tal concepção baseia-se na

exposição de conteúdo, numa sequência predeterminada e fixa independentemente do

contexto escolar; enfatizava-se a necessidade de exercícios repetidos para garantir a

memorização dos conteúdos”. (BRASIL, 1997, v. 1, p. 39).

Portanto, pelo que recordo, as atitudes adotada pela professora seguiam exatamente o

que é relatado, como crítica, nos PCN. A metodologia de ensino baseava-se em atividades de

cópias, ditados e memorizações, principalmente, da tabuada. Acreditava-se que, por meio da

prática da repetição, se levariam os discentes à aprendizagem mais facilitada. Acredito que a

prática da repetição não contribui muito para minha aprendizagem, pois sempre tirava notas

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baixas. Lembro-me até hoje da maneira com que a professora ensinava os sinais de

pontuação, não permitia ver um i sem o ponto, na hora da leitura queria que eu lesse fazendo a

pontuação correta, porém uma coisa me incomodava muito: a maneira como me avaliava.

Queria que eu tirasse sempre dez, só havia um teste e uma prova, as respostas tinham que ser

sempre as do livro, passava um questionário para que eu estudasse e gravasse todas as

respostas, assim foi até a quarta série. Esta forma de avaliação era vista por mim como algo

punitivo, pois as lembranças da minha trajetória escolar direcionam a avaliações excludentes,

no entanto avaliar para aprovar ou reprovar revela um lado muito cruel no processo de

aprendizagem, isto também se nota na afirmação de Luckesi:

A Avaliação não poderá ser uma ação mecânica. Deve ser uma atividade

racionalmente definida dentro de um encaminhamento a favor da competência de todos para a

participação democrático da vida social.” (1998, p.34).

A avaliação serve para ajudar no processo de aprendizado e não para deixar os alunos

nervosos e apreensivos. Deve mostrar que são através dos erros que procuramos o caminho

dos acertos. Isso implica atribuir à avaliação seu verdadeiro papel, ou seja, de que este

processo deve contribuir para melhorar as decisões de natureza educacional, melhorar o

ensino e a aprendizagem.

Em 1988, iniciei a 5ª série, no Ginásio Estadual Gentil Paraíso Martins, situado no

bairro nobre da cidade. A mudança de escola me causou muita ansiedade: ficava imaginando

como seria meu primeiro dia de aula, as novas amizades que surgiriam e os novos professores.

No primeiro dia de aula, fui à escola de ônibus com algumas colegas que moravam na

mesma rua que eu, pois elas já conheciam todo o percurso de casa para a escola e da escola

para casa. Ir sozinha à escola me deixou muito feliz. Estava me sentindo mais autônoma e

responsável. Outro fato inovador para mim foi à quantidade de professores, pois no ano

anterior era apenas um para as quatro disciplinas. A partir daquele momento, passavam a ser

oito. Além do acréscimo de novas matérias sendo elas: programa de saúde, inglês, educação

artística, educação física e biologia. A escola tinha um porte maior, inclusive com grande

número de alunos e turmas. Neste mesmo período descobri que tinha mais três irmãos e que

meu pai havia escondido isso durante muito tempo. Foi uma decepção para mim, pois não

conseguia aceitar o fato de ter mais três irmãos. Passei para 6ª série e por ironia do destino

passei a ser colega de uma das minhas irmãs. Não pude mais evitar, tivemos que nos falar,

pois os professores aproveitavam que éramos irmãs e sempre nos colocavam para fazermos

trabalhos juntas. Foi gratificante, pois aprendi a conviver e dividir o mesmo espaço e o

mesmo pai com meus outros irmãos. No que diz respeito à avaliação, aprendia que havia

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apenas uma resposta correta para a pergunta feita e os resultados dos testes eram usados

apenas como índice de aprendizado individual. Para Alves (2000, p. 29),

Claro que há respostas certar e erradas, o equívoco está em ensinar ao aluno

que é disto que as ciências, o saber, a vida são feitas [...] E com isto, ao

aprender as respostar certas, os alunos desaprendem a arte de se aventurar e

de errar, sem saber que, para uma resposta certa, milhares de tentativas

erradas devem ser feitas. Espero que haja um dia em que os alunos serão

avaliados também pela ousadia de seus voos! Pois, isto também é

conhecimento.

Em período de provas e testes, eu pegava meu caderno e estudava até conseguir

decorar o conteúdo. Ficava muito ansiosa, temendo errar e obter notas baixas, pois não queria

que meus pais recebessem reclamações da escola. Na medida do possível, procurava ter um

bom comportamento. Diferentemente do que hoje acontece, pois que a avaliação é contínua.

O aluno é avaliado em todos os aspectos possíveis da sua aprendizagem sempre? Será que a

avaliação, na prática, já está do jeito que as formulações teóricas indicam? E assim prossegui

meus estudos até o final da 8ª série. Sempre fui aprovada, nunca tinha ido para uma

recuperação.

Em 1993 iniciei o ensino médio no Colégio Estadual de Valença, onde só haviam dois

cursos: Magistério e Contabilidade. A partir daí, muitas mudanças aconteceram na minha

vida, pois era o momento em que tinha que decidir que caminho traçar e lógico que escolhi o

Magistério, pois desde o primeiro momento com as disciplinas tinha certeza da minha

escolha. Os professores trabalhavam com aulas expositivas dialogadas, já podíamos discutir

sobre alguns conteúdos, as pesquisas eram interessantíssimas. O que mais chamou atenção foi

a Feira de Física, onde tivemos que expor nossos conhecimentos e apresentar alguma

experiência criada por nós. Achei esse o melhor momento do 1º ano. Percebi que estava

entrando em um mundo que podia expressar o que eu pensava, porém o sistema de avaliação

ainda era o mesmo praticado por alguns professores.

No segundo ano comecei de fato estudar as disciplinas que me levariam à minha

profissão atual. Identifiquei-me no primeiro momento com a disciplina de Didática, com a

professora Rosa Palma. Nunca a esqueci, pois em minha aula a mesma ao me avaliar disse

que já tinha o timbre de professora, a postura de professora. Fui para casa emocionada,

confiante do que realmente eu iria ser na vida. No 3º ano iniciaram-se os estágios, foi para

mim um dos piores momentos, pois para estagiar eu tinha que comprar uma farda específica,

comprar o material exigido pela escola (caderno decorado para fazer o planejamento,

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flanelógrafo, cartazes) e minha família não tinha condições de comprar esses materiais.

Recebi uma proposta para realizar um estágio remunerado, porém era em uma escola que

ficava em num bairro muito perigoso no turno noturno. Foi muito difícil, pois haviam

bandidos que rodeavam a escola todas as noites, aterrorizando os alunos e os professores.

E foi assim minha trajetória até o ensino médio, sempre na escola pública da Educação

Básica e, com muita dificuldade, levei minha vida diária sem perder as esperanças de um dia

fazer minha formação acadêmica e ser uma melhor profissional para servir outros que

passarão pela escola como intuito de aprender e me tornar uma excelente profissional. Não

desisti de minha meta, enfrentei dificuldades e desemprego, mas nunca desisti do objetivo

fundamental de nunca parar de aprender e ser uma professora exemplar e dedicada a minha

profissão. Lembro-me perfeitamente de cada detalhe daquela época. Ao chegar a sala de aula

as cadeiras já estavam enfileiradas, e tínhamos que sentar em ordem alfabética, não podíamos

dizer nada, muito menos interagir nas aulas, só os professores tinham o direito de falar,

tínhamos que fazer a lição todos os dias, seguíamos fielmente ao livro didático; nas avaliações

os professores colocavam questões pessoais, no entanto não aceitavam nossas respostas e sim

as do livro. A maior dificuldade que encontrei foi a resistência dos professores em entender a

minha realidade e a de meus colegas. Sou uma professora flexível, procuro compreender meus

alunos sempre. Sempre procuro proporcionar atividades que façam meus alunos pensarem. Ao

iniciar o ano letivo preparo um diagnóstico para saber quem são meus alunos, trabalho em

minha sala de aula com alunos em círculo, pois gosto de visualizá-los o tempo todo, sempre

início com um bate papo, comentando algo que está no auge ou levando uma mensagem para

iniciar nosso dia, durante as aula procuro instigá-los o tempo todo para que participem da

aula, ao final gosto de levar um mimo para que sintam-se lembrados.

Desde que conclui o Ensino Médio no ano de 1995, sempre sonhei em cursar uma

faculdade, mas as condições financeiras não me permitiam no momento, pois na cidade onde

morava só havia faculdades particulares. Tentei o vestibular na Universidade do Estado da

Bahia (UNEB), na cidade de Santo Antônio, mas infelizmente não consegui. Então, eu não

tinha muita opção. Mesmo assim não desisti. Iniciei minha vida profissional sem ter uma

formação acadêmica, trabalhei como serviço prestado à prefeitura da cidade de Valença

durante sete anos em escolas do campo, onde passava a semana toda na zona rural, escolas

sem energia, sem estrutura física adequada, sem água encanada. Decepcionei-me, pois

imaginava que trabalhar na educação seria mais fácil; percebi realmente em que mundo eu

estava entrando.

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No ano de 2001 prestei um concurso público na cidade de Nilo Peçanha, fui aprovada

mas aguardei quase um ano para ser chamada. No ano de 2002 fui chamada e mais uma vez

lotada para zona rural em uma escola do ensino Fundamental I. Iniciava uma nova fase de

minha vida, agora funcionária pública achava que as coisas iriam melhorar, porém as

dificuldades continuaram: escola sem energia, sem merenda escolar, não havia material

didático para trabalhar, só minha voz, o giz e o quadro. Foi então quando recebi meu primeiro

salário comprei tudo que eu iria necessitar para que meu trabalho naquela escola fosse melhor

e assim prossegui durante três anos nessa mesma escola. Solicitei transferência em 2005 para

uma outra escola, desta vez me lotaram em uma escola na zona litorânea, minha experiência

desta vez seria o Ensino Fundamental II. Identifiquei-me de cara, pois adoro trabalhar com

adolescentes, jovens e adultos, pois não preciso procurar uma “maneira diferente para falar”,

gosto de trabalhar com adolescentes, pois não preciso colocar as coisas no diminutivo para

falar, falamos de igual para igual, conversamos sobre vários assuntos sem tabu, outro fator

que considero importante é respeitar e saber lidar com a diversidade que há em uma classe de

EJA. Pois são alunos que retornam para escola depois de algum tempo fora dela,

trabalhadores, idosos. Passei por essa experiência durante muito tempo e aprendi muito com

meus alunos da EJA. O professor precisa ser muito dinâmico, precisa gostar de trabalhar com

jovens e adultos, preparar aulas diferentes do ensino regular. A escola precisa trazer para

dentro dela as situações próprias do contexto cultural, mas, trazer, simplesmente, situações de

vida para a escola não garante a qualidade da educação. Percebi a necessidade de uma

formação acadêmica e já lecionava as disciplinas de Língua Portuguesa e Língua Inglesa. Em

2007 me inscrevi no vestibular para o curso de Pedagogia na FACE (Faculdade de Ciências e

Tecnologias) na cidade de Valença, pois nesta época me mudei para a cidade de Ituberá e as

coisas se tornaram difíceis, tinha que viajar todo final de semana para fazer faculdade. Iniciei

o curso, mas não me identifiquei, achava que faltava algo. Depois de ter cursado três

disciplinas do curso de pedagogia, abriu em minha cidade um polo da FTC EAD, (Faculdade

de Tecnologia e Ciências), então comecei realizar meu sonho. Passei no vestibular e ingressei

na faculdade em 2007 no Curso de Licenciatura em Letras, Português/Inglês, pois é a área

com a qual me identifico muito. Foi um momento muito especial na minha vida, pois já

lecionava inglês em uma escola municipal.

No primeiro dia de aula fiquei muito nervosa como se fosse o primeiro dia de aula de

uma criança que estava indo pela primeira vez para a escola. Deu-se início então uma jornada

acadêmica na qual teria muito que aprender e conhecer pela frente. Pessoas diferentes, novos

métodos de aprendizagens, pesquisas, enfim, tudo era novo, mas eu sabia que por mais difícil

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que fosse eu estava preparada pra enfrentar e vencer todos os obstáculos. As aulas eram

ministradas aos sábados. A primeira dificuldade que eu enfrentei foi estudar à distância; foi

muito diferente pra mim, achava que não ia conseguir. A segunda, foi lidar com a informática,

internet, ambiente virtual, enfim tudo que nunca tinha visto antes.

Dando início aos trabalhos acadêmicos, percebi que iria ter que conviver com muitas

pessoas diferentes de outras cidades, de costumes e pensamentos diferentes, pois a minha

turma era uma turma de mais de 60 alunos e os alunos eram de diversas cidades do baixo sul.

Mas foi aí que fiquei em um grupo de seis pessoas para realização dos trabalhos, pessoas

essas que no primeiro momento nos demos muito bem, então começamos a trabalhar juntas,

traçamos uma meta desde o primeiro instante que começamos a fazer o primeiro trabalho em

grupo, fizemos um compromisso de trabalharmos juntas lutando pelo mesmo objetivo e

sempre sendo companheiras acima de tudo e, deu muito certo. Na apresentação do nosso

primeiro seminário ficamos um pouco preocupadas de não apresentarmos bem, pois nunca

tínhamos apresentado um seminário antes, mas graças a Deus deu tudo certo e a nossa

apresentação foi uma das melhores. Então percebemos que se continuássemos trabalhando da

mesma forma que começamos unidas tudo seria mais fácil, e assim passamos por todos os

trabalhos, seminários, projetos, estágios de cabeça erguida, com dificuldade, mas nada que

fosse impossível de realizar.

Contamos também com a ajuda, compreensão, dedicação e acima de tudo paciência de

uma pessoa muito especial que conviveu conosco durante toda a nossa jornada, a tutora Rita

de Cássia, uma pessoa meiga, carinhosa, compreensiva e muito paciente, pois não era fácil

trabalhar em uma turma de 60 alunos, e ela conseguiu. Estava sempre ali nos orientando nos

trabalhos tirando nossas dúvidas, incentivando-nos, enfim uma pessoa extraordinária.

Durante o período acadêmico, um dos momentos mais importantes que achei foi o

momento de estágio, pois era o momento no qual iria pôr em prática tudo que estava

aprendendo na teoria e onde iria perceber realmente o quanto era importante a minha

formação na área que escolhi e que teria que me dedicar para me tornar uma profissional

competente e capacitada para assumir minha profissão com dignidade e acima de tudo com

amor pelo que faço.

Portanto, passando por toda essa jornada, com dificuldades, mas com esperança de que

tudo iria dá certo, cheguei ao final dessa caminhada, com orgulho de ter conseguido realizar

meu grande sonho de ser uma profissional da educação, pois é o que gosto de fazer: passar

para outras pessoas tudo aquilo que aprendo e saber que estou contribuído para a formação de

cidadãos. Durante esse período tive a oportunidade de ser coordenadora de um programa de

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jovens e adultos, onde me apaixonei pela modalidade. Foi então que me inscrevi em uma pós-

graduação em Educação Profissional Integrada a Modalidade de Jovens e Adultos via Secad/

MEC na cidade de Valença. Passei em oitavo lugar, daí começou mais uma batalha em minha

vida, pois desta vez havia me mudado para o local onde trabalhava e era casada. No dia 03 de

setembro de 2011 iniciaram-se minhas aulas justamente no dia de meu aniversário. Teria que

passar um final de semana por mês estudando, durante um ano e oito meses. Não fazia ideia

dos problemas que isso me acarretaria. Morava acerca de cento e sessenta quilômetros da

cidade onde estudava, tinha que deixar marido e filho nos finais de semana em que tinha aula,

minha vida ficou muito turbulenta, lecionava sessenta horas, marido, filho, casa e faculdade.

Na semana em que ia para faculdade. Então começaram os desentendimentos com meu

marido, ele não compreendia a metodologia da faculdade, pois tinha que passar um final de

semana fora de casa, às vezes tinha que viajar para fazer os trabalhos em grupo. Foi muito

difícil; infelizmente tive que me separar de meu marido, pois as brigas eram constantes,

desconfiança... Enfim, tive que enfrentar situações muito desagradáveis, mais continuei

estudando.

Passei por uma experiência muito constrangedora em minha vida para ter mais um

título, e o pior momento dessa experiência foi o dia em que tive de apresentar minha

monografia, pois fiquei diante de uma bancada de doutores, situação que não tinha passado

em minha licenciatura. O nervosismo tomou conta de mim, não conseguia falar com clareza.

É muito complicado você ouvir uma pessoa te corrigindo na frente de outras, mas tinha uma

turma muito unida, os colegas estavam ali para ajudar os outros. No final de minha

apresentação chorei muito e fui abraçada pelos colegas, o que me deu forças para ouvir o que

a bancada tinha a dizer sobre minha monografia. Mais uma vez o Senhor me deu mais

oportunidade de melhorar minha prática pedagógica com esta especialização, pois era um

curso que muitos coordenadores esperavam.

No ano de 2014, tive a oportunidade de fazer parte do grupo de coordenadores do

município. Passei a coordenar o Núcleo da Educação de Jovens e Adultos do município de

Nilo Peçanha. Experiência impar em minha vida, pois era meu sonho trabalhar com a EJA,

mas as dificuldades encontradas no município não permitiram que eu continuasse nessa

coordenação, pois não havia transporte para eu pudesse fazer as supervisões das escolas. Só

havia uma única coordenadora para todas as escolas tanto do Fundamental I quanto do

Fundamental II, as localidades eram muito longe. Enfim, acabei entregando a coordenação.

Surgiu a oportunidade de coordenar uma escola de fundamental II na zona litorânea, na qual

estou até os dias atuais. Na mesma ocasião surgiu a oportunidade de fazer o Curso de

19

Especialização em Coordenação Pedagógica. O curso caiu como uma luva para mim, pois são

tantas as dificuldades encontradas por nós coordenadores. Ao chegar nessa escola percebi

uma desordem: a sala dos professores era um espaço sem nenhuma motivação, uma sala que

molhava quando chovia, a mesa era uma tábua forrada, tudo sujo, um ambiente em que os

professores não sentiam-se motivados. Não havia sala para a diretoria, em uma mesma sala

funcionava a secretaria e a diretoria, os meninos invadiam a secretaria para comprar lanche,

pois a diretora vendia lanche para arrecadar dinheiro, a escola não tinha regimento escolar e

nem o Projeto Político Pedagógico, os professores recebiam as informações através de

bilhetes presos na parede, os demais funcionários reclamavam, pois nunca eram informados

de nada, e o pior disso tudo era que a escola necessitava de tanta coisa, havia dinheiro em

conta mas a gestora não sabia como usar, a diretora não era flexível - na verdade não entendia

muito o que é gestão. Assustei-me com tantos problemas que encontrei. Comecei então

organizar a escola. Convoquei uma reunião com todos os funcionários para diagnosticar o que

estava acontecendo e todos tiveram a oportunidade de falar, momento esse que eles relataram

que nunca tinha havido na escola antes, montei uma estratégia de trabalho diferente, pois tive

que convencer primeiro à diretora que ela precisava mudar a postura dela diante do cargo em

que ela assumia, depois sentei com meus professores, parte mais difícil, pois tenho oito

professores. A escola comporta cento e vinte alunos que fazer parte do município, porém

empresta duas salas ao estado com a educação tecnológica CEMIT, que não dá nenhuma

assistência aos tutores, sobrando assim para mim também o papel de orientar, cooperar,

enfim, tudo que realizo com os alunos e professores do município, tenho que realizar com os

tutores do estado. Tenho professores tradicionais que acham que o teste e a prova nunca

podem faltar, já levei diversos textos para o planejamento, já discutimos vários teóricos que

falam de avaliação, mas esses professores não mudam. Tenho professores resistentes ao

planejamento, não participam, acham que é besteira, não concordam em planejar suas aulas,

acham que por já terem experiência e lecionar a disciplina há anos não devem planejar.

Alunos indisciplinados, família ausente. Desafio muito grande para mim que tento realizar

meu trabalho como coordenadora. Trabalho com a política de valorização dos profissionais da

escola. Ao final do ano passado gastamos os recursos que haviam em conta, consegui

transferir os professores para uma outra sala mais confortável, montei a sala dos professores

com uma mesa redonda e cadeiras novas, um computador para que os mesmos possam digitar

seus trabalhos, dividi os turno da escola, pois todas as turmas estudavam em um único turno,

com o recurso consegui montar a secretaria e a cozinha com os equipamentos que faltavam,

construímos o regimento escola e estamos em fase de construção do projeto político

20

pedagógico. A todo momento penso em desistir, de não continuar nessa escola, pois trabalho

fora a quinze anos, não vi meu filho crescer, passo mais tempo no trabalho do que na minha

casa com minha família, até quando vale a pena lutar pela educação de fato se nem todos

estão abertos à mudança? A educação precisa urgentemente de mudanças, é preciso que todos

os profissionais tenham essa visão de educar no sentir, pensar para que não só o cognitivo seja

trabalhado, mas também os sentimentos, o cuidado com o outro, principalmente nos dias

atuais, em que as escolas têm sido palco de violências entre alunos e professores. É preciso

que sejam trabalhados, no educando, os valores morais e éticos e, nos professores, a alegria de

atuar com satisfação.

Ao concluir o Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica – CECOP 3,

posso afirmar que posso afirmar que aprendi que o coordenador deve ser constantemente um

pesquisador buscando sempre soluções e estratégias para o grupo de professores que trabalha

assim como também para a escola. Faz-se necessário que o coordenador se auto avalie para

buscar embasamentos teóricos essenciais à reconstrução de sua prática pedagógica. Este

memorial, portanto, resulta de uma análise de minha trajetória educativa e de uma revisão das

obras estudadas ao longo do curso. Os autores aqui citados foram selecionados para

fundamentar os conhecimentos pessoais, bem como uma preocupação em destacar em cada

período a questão que me pareceu mais ilustrativa e mais importante. Diante de minha

trajetória educacional resolvi escrever o meu Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade

de Projeto Vivencial sobre a dicotomia que há em avaliarmos. Percebo em meu ambiente de

trabalho que os professores sentem muita dificuldade em avaliar, por isso irei dissertar um

pouco de minha experiência ao longo do curso e espero contribuir para os professores

compreendam de fato qual o verdadeiro papel da avaliação.

21

2 MARCO TEÓRICO

Prova um momento privilegiado de estudo e não um acerto de contas

MORETO

2.1 FUNDAMENTOS TEÓRICOS- CONCEITUAIS

Para compreender a avaliação é necessário conhecer seu significado etimológico:

Avaliar vem da composição latina – a – valeri, que significa dar valor a “... e o conceito de

avaliação implica nos detrimento de conduta de atribuir um valor ou qualidade de algumas

coisas, ato ou curso de atuação... essa realidade se insere no posicionamento positivo e

negativo em relação ao que é avaliado, isto é o objeto de avaliação, ato ou curso de ação.

Avaliar não se limita a conferir um valor ou qualidade ao que se avalia; vai mais além,

implica em posicionamento favorável quanto a ele, acrescido de uma decisão e planejamento

de ação. Avaliar envolve coleta, análise e síntese dos dados referente ao que é valido.

No Dicionário Básico da Língua Portuguesa, Ferreira (1995, p. 205) refere que

avaliação é um “Ato ou efeito de avaliar (-se)”. Apreciação, análise. Valor determinado pelos

avaliadores. Avaliar é” determinar a valia ou valor de. Apreciar ou estimar o merecimento de.

Calcular, estimar, computar. Fazer a apreciação; ajuizar: avaliar as causas, de merecimentos”.

Por outro lado, Luckesi (1995, p.69) entende “avaliação como um juízo de qualidade sobre

dados relevantes, tendo em vista uma tomada de decisão”. Já Hoffmann (1993), entende

avaliação como uma ação provocativa do professor, desafiando o aluno a refletir sobre as

experiências vividas, a formular e reformular hipóteses, direcionando para um saber

enriquecido. Para Sant‟anna (1995): Avaliação é o processo de ajuizamento, apreciação,

julgamento ou valorização do que o educando revelou ter aprendido durante um período de

estudo ou de desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Sendo assim, não pode

haver avaliação, sem que tenha verificação.

Já o termo verificação que foi utilizado durante muito tempo, atualmente não tem mais

sido embora muitas práticas estejam mais para exame e verificação do que para avaliação, é

referido por Luckesi (1995), como aquele que emerge das determinações da conduta de,

buscar “ver se algo é assim mesmo”, investigar a verdade de alguma coisa. O processo de

verificar compreende a observação, obtenção, análise e síntese dos dados ou informações que

delimitam o ato com o qual se está trabalhando, encerrando-se com a configuração do objeto

ou ato de investigação. “O termo verificar etimologicamente advém do latim, verus facere que

22

significa fazer verdadeiro, então verificar implica em ver algo é verdadeiro ou se é isso

mesmo; investigar a verdade de alguma coisa...” A verificação, portanto, se encerra ao

configurar-se o objeto ou ato de investigação, de modo sintético. Ela se encerra ao obter-se o

dado que se busca, não aplica em novas e significativas decorrências.

Frente a dicotomia existente aos dois conceitos no que diz respeito a temática tratada,

podemos dizer que avaliação envolve ação que vai além da obtenção de configuração do

objeto, implicando em decisão do que fazer „antes ou com ele”. Este ato implica coleta,

analise e síntese dos dados acrescido de uma atribuição de valor ou qualidade. Para Shudo

(1999), avaliação deve ser conscientemente vinculada à concepção de mundo, de sociedade e

de ensino que queremos, permeando toda a prática pedagógica. Sendo assim, não deve

representar o fim do processo de aprendizagem, nem tampouco a escolha inconsciente de

instrumentos avaliativos, mas, sim, a escolha de um caminho a percorrer na busca de uma

escola necessária. Enquanto a verificação ou exame é um processo de constatação, de

contagem, logo, é um processo quantitativo. É a fonte que fornece dados a respeito da

aprendizagem efetiva pelo educando.

2.2 A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO: AVALIAÇÃO PARA QUÊ? COMO

AVALIAR?

Por vezes, nos questionamos a respeito do porquê avaliar, será que é apenas para

classificar ou para ajudar? Para dizer que o aluno é melhor ou pior do grupo? Ou para

conhecer o progresso do aluno? Pode-se encontrar as resposta dos questionamentos

supracitados nos estudos de Pelerine (2003, p.17), a qual traça um exemplo muito

significativo para que possamos saber a verdadeira função da avaliação:

Quem procura um médico está em busca de pelo menos duas coisas, um

diagnóstico e um remédio para seus males. Imagine sair do consultório

segurando nas mãos, em vez da receita, um boletim. Estado geral de saúde

nota 6, e ponto final. Doente nenhum se contentaria com isso. E os alunos

que recebem apenas uma nota no final de um bimestre, será que não se

sentem igualmente insatisfeitos? Se a escola existe para ensinar, de que vale

uma avaliação que só confirma "a doença", sem identificá-la ou mostrar sua

cura?” Assim como o médico, que ouve o relato de sintomas, examina o

doente e analisa radiografias, você também tem à disposição diversos

recursos que podem ajudar a diagnosticar problemas de sua turma. É preciso,

no entanto, prescrever o remédio. A avaliação escolar, hoje, só faz sentido se

tiver o intuito de buscar caminhos para a melhor aprendizagem.

23

Concordo plenamente com a autora, uma vez que a avaliação só terá significado se

estiver a serviço do desenvolvimento e aprendizagem do aluno. Partindo disso para que

avaliar? Para estabelecer critérios e os níveis de eficiência; para comprar os resultados;

identificar não só o “erro” mais perceber todo valor criativo que esse aluno já traz consigo;

para corrigir, rever, melhorar, reformar, adequar o ensino de forma que o aluno atinja os

objetivos propostos. Responde também a Pedagoga e Mestre em Educação, Zacharias (2003),

conhecer melhor o aluno: suas competências curriculares, seu estilo de aprendizagem, seus

interesses, suas técnicas de trabalho. Constatar o que está sendo aprendido: o professor vai

recolhendo informações, de forma contínua e com diversos procedimentos metodológicos e

julgando o grau de aprendizagem, ora em relação à todo grupo-classe, ora em relação a um

determinado aluno em particular. Adequar o processo de ensino aos alunos como grupo e

àqueles que apresentam dificuldades, tendo em vista os objetivos propostos. Julgar

globalmente um processo de ensino-aprendizagem: ao término de uma determinada unidade,

por exemplo, se faz uma análise e reflexão sobre o sucesso alcançado em função dos objetivos

previstos e revê-los de acordo com os resultados apresentados.

Avaliação de fato serve para identificar não só o desempenho do aluno, e sim, nortear

a pratica pedagógica do professor. Ela é que vai abrir caminhos e mostrar formas de

aprendizagem de maneira clara e objetiva. Ela vai permitir (professor e aluno) ver o que estão

fazendo errado ou certo.

A avaliação precisa acompanhar as discussões e transformações que vem acontecendo

com a educação. Se modificamos a nossa maneira de entender como aluno aprende, se

acreditamos que essa aprendizagem não acontece por sobreposição de informações

descontextualizadas e sem significado, precisamos rever a prática avaliativa.

A verdade é que o ato de avaliar pouco se modificou. Uma vez que, tem sido

caracterizada como disciplinadora, punitiva e discriminatória, como decorrência,

essencialmente, da ação do professor e os enunciados que emite a partir dessa correção.

Continuamos a priorizar a memorização de elementos físicos e naturais, data e fatos isolados.

Infelizmente, em muitos locais de ensino, a avaliação ainda é usada para classificar,

selecionar e como elemento disciplinador, de controle, ameaça e submissão.

Considerando a avaliação um espelho da concepção do trabalho do professor, faz-se

necessário redirecionar sua prática, que deve estar vinculado com a postura progressiva – uma

avaliação contínua, diagnóstica, transparente, formativa e integral.

Contínua porque é parte integrante do processo educativo, não porque no final do

processo, como um ato isolado. Tem como objetivo de diagnosticar os avanços e as

24

dificuldades encontradas e redirecionar a prática do professor indica uma tomada de decisão e

orienta o trabalho pedagógico.

Queremos que os nossos alunos reflitam e se conscientizem sobre o seu desempenho,

fazendo uma auto avaliação. Nesse sentido, a avaliação é formativa e integral. São avaliados

não apenas os seus conhecimentos, mas também as atitudes e habilidades adquiridas.

Consideramos que receber informações não basta para o desenvolvimento do aluno,

porque quanto mais o educando for objeto dos conhecimentos, nele depositado, menos

condições terá de emergir como sujeito de consciência crítica condições estas de sua inserção

transformadora no mundo. Sendo mais importante a formação de suas habilidades de

compreender, analisar, sintetizar e aplicar, cabendo o professor valorizar todo trabalho

criativo e produção do aluno, seu avanços na aprendizagem, na participação ativa. A este

respeito nos diz Hoffman (1993, p. 73): “Se o educador valoriza efetivamente toda a produção

do estudante, partindo de suas ideias ou dificuldades para o planejamento de novas ações

educacionais, estará naturalmente tornando participantes do processo”.

O professor, partindo desta perspectiva, poderá ser considerado não como o que detém

o saber, mais um facilitador de aprendizagem, o qual oportuniza o aluno a ser sujeito e

parceiro de sua prática. Mas para que isso de fato se concretize Abreu & Masetto (1990, p.

120), apontam alguns pontos para o professor ser facilitado nesse processo, mostrando que

deverá:

1. Favorecer situações em classe nas quais o aluno se sente à vontade para

expressar seus sentimentos.

2. Fazer com que a composição dos grupos de estudo varie no decorrer do

curso.

3. Tentar evitar que poucos alunos monopolizem a discussão.

4. Compartilhar com a classe na busca de soluções para problemas surgidos

com o próprio professor, como o curso ou entre alunos.

5. Expressar aprovação pelo aluno que ajuda colegas a atingirem os

objetivos do curso.

6. Respeitar e fazer respeitar diferenças de opinião, desde que sejam opiniões

bem fundamentadas.

7. Expressar aprovação pelo aluno que toma iniciativa, desde que estas

contribuam para o crescimento da classe.

8. Usa vocabulário que é claramente compreendido pelo aluno.

Os pontos sublinhados acima indicam que a relação entre o professor e o aluno

depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com

seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir no nível de compreensão dos alunos

e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles.

25

Diante dessa nova realidade, a avaliação deixa de ser descontínua, fragmentada e

comparativa. Perde seu caráter classificatório e passa ser atuante no processo, parte integrante

da aprendizagem. Assim, Hoffmann (1998, p.50) nos diz que, cabe ao professor perante a

avaliação: ensiná-los a pensar, mais do que somente a memorizar, ensiná-los a questionar o

mundo, mais do que aceitá-lo passivamente; ensiná-lo a fazer a ciências, mais do que recebê-

lo pronto.

Depois de passar pela trajetória histórica e apresentação dos aspectos da avaliação faz-

se mister responder o questionamento levantado. Como avaliar?

Guimarães (2005, p. 32) nos dará uma resposta:

Observar - a observação é fundamental para que o professor possa

acompanhar o desenvolvimento de cada aluno. Mas observar o quê? É

importante observar atitudes que indiquem que os alunos estão

desenvolvendo suas competências. Ou seja, observar se há indicadores de

que essas competências estão sendo desenvolvidas.

Intervir e questionar - durante este processo de observação, o professor

deverá intervir para que os alunos, de fato, desenvolvam suas competências.

Isso quer dizer que, não devemos esperar o final do processo para intervir,

ou "rotular" o aluno com um "aprovado" ou "reprovado". A avaliação

somente será um instrumento de aprendizagem, se as intervenções forem

acontecendo durante o processo. Essas intervenções não devem acontecer de

maneira taxativa - "faça assim", "não faça desse jeito", "assim não está

bom"... - mas, sim, através de questões desafiadoras que façam o aluno

refletir e ir adiante. As questões devem ser "esclarecedoras" - para que você

compreenda de verdade o que o aluno está fazendo, querendo dizer ou

querendo saber, por exemplo; e de "sondagem", onde as ideias dos alunos

deverão ser contra argumentadas, com a intenção de que ele reflita e avance

no processo.

Registrar - todo o processo deve ser devidamente registrado, para que seja

possível fazer uma análise comparativa do início com o "final" do processo.

Coloco o "final" entre aspas, para lembrar que não deve haver uma meta

única, pré-estabelecida, para que todos os alunos alcancem ao mesmo tempo.

O processo é individual, o que faz com que as metas também sejam. Um

relatório descritivo sobre as competências desenvolvidas pelo aluno durante

a aula

Dar feedback - é importante que, em determinados momentos, o aluno

receba feedbacks sobre a sua aprendizagem. Nada melhor do que uma

entrevista ou uma simples conversa com ele, para que essa devolução seja

feita. Este momento é uma excelente oportunidade para que o aluno faça

uma auto avaliação, que deverá ser levada em consideração pelo professor,

sempre.

Frente ao exposto, tem-se que pensar na avaliação como mais uma oportunidade de

aprendizagem. Com certeza o aluno poderá ser muito bem avaliado com essas formas

apresentadas, isso nos faz afirmar que a “prova” não é a única forma de avaliar os alunos, pois

26

existem diversas maneiras para que possamos perceber o desenvolvimento de aprendizagem

dos mesmos.

2.3 AS CONCEPÇÕES SOBRE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR

Toda e qualquer atividade que o homem desenvolve e desempenha dentro da

sociedade, sempre é alvo de julgamento, avaliação, análise, comparação, para que o avaliador

possa tirar suas devidas conclusões e elencar possíveis decisões, mediante critérios mais

sistematizados.

A avaliação seja da qual forma for aplicada e concebida pelos teóricos, professores,

médicos, ela está e se faz presente nos momentos mais complexos aos mais fáceis da vida do

ser humano. É uma ferramenta de controle, poder, exclusão, mas também reflexão da prática,

retomada das decisões, construção e reconstrução da aprendizagem. Salientamos que a

avaliação só terá sentido na medida em que favoreça a aprendizagem de todos os envolvidos

no processo educativo. Para (Luckesi, 2002, p.118):

A avaliação atravessa o ato de planejar e de executar; por isso, contribui em

todo o percurso da ação planificada. A avaliação se faz presente não só na

identificação da perspectiva político social, como também na seleção de

meios alternativos e na execução do projeto, tendo em vista

a sua construção. (...) A avaliação é uma ferramenta da qual o ser humano

não se livra. Ela faz parte de seu modo de agir e, por isso, é necessário que

seja usada da melhor forma possível.

Conforme deixa muito bem claro, ninguém vive sem uma avaliação. Sendo assim, fica

muito difícil se livrar, até porque não é um objeto negativo. Isso depende muito da concepção

de cada um acerca desse instrumento. É necessário saber conduzi-la e utilizá-la da forma que

todos sejam beneficiados.

A prática da avaliação no ambiente escolar deverá ter uma estrutura bem definida,

organizada, planejada, através dos objetivos pedagógicos concretos levantados pelo corpo

docente da escola. Portanto, não pode ser realizada de maneira esporádica, aleatória, “de

momentos”.

Infelizmente a avaliação continua ainda concebida e vivenciada nas escolas como

mecanismo legitimo do fracasso escolar, até porque muitos alunos ainda temem, criticam,

mostram-se apreensão em fazer uma avaliação. No momento que se aplica um teste ou prova:

as mãos umedecem, os nervos ficam a flor da pele, constante esquecimento daquilo que foi

estudado, dor de cabeça, roem as unhas, olham para os telhados da escola como se

27

fossem espaço que propiciasse o encontro da resposta. Entregam muitas questões sem fazer,

desenvolvem respostas equivocadas, sem nexo. Não procuram analisar, interpretar para

formular uma resposta concreta diante da situação.

Essa concepção permeia todo contexto social escolar e assim,

(...) não se restringe aos educadores em geral. É idêntica a visão dos alunos a

respeito desse tema, das famílias e da sociedade. O significado da avaliação

na escola alcança um significado próprio e universal, muito diferente do

sentido que se atribui a essa palavra no nosso dia a dia. Percebe-se o aluno

sendo observado apenas em situações programadas (HOFFMANN, 1996,

p.24)

Não se quer fazer a abolição da avaliação formal, mas de fazer a crítica às formas de

avaliar segundo uma lógica seletiva e excludente, apenas baseada em provas e notas com fim

em si mesmas. Os métodos de avaliação, sem dúvida são elementos relevantes no conjunto

das práticas pedagógicas realizadas no processo de ensino e aprendizagem. Porém avaliar,

neste sentido, não se resume apenas ao ato formal e estatístico; não é simplesmente atribuir

notas que indicarão uma decisão de avanço ou retenção nesta ou naquela disciplina. É

necessário que haja, por parte dos envolvidos no processo avaliativo, a compreensão, bom

senso de que a concepção de conhecimento determina o direcionamento da prática

pedagógica. Questionar o objetivo da avaliação, isto é, qual é o sentido desse ato, leva à

resposta de qual é o sentido atribuído ao conhecimento.

Durante a prática pedagógico pode-se dizer que a presença do professor detém um dos

papéis fundamentais, o de avaliador que, de acordo com seus conhecimentos, estudos,

histórias, suas experiências, vivencias – coerentes com um método e determinadas por

suas objetividades - dá sentido à avaliação na escola.

Para que possamos compreender melhor como são desenvolvidas as práticas

pedagógicas que envolvem mensurar, classificar, reprovar, promover, precisou saber e

entender as concepções sobre a avaliação da aprendizagem. Destacamos a seguir algumas:

2.3.1 CONCEPÇÃO TRADICIONAL DA AVALIAÇÃO

28

Acredita-se que seja uma das concepções utilizadas na pedagogia jesuítica, que ainda

persiste e perdura atualmente no interior das instituições escolares. Controle, retenção,

reprovação, ensino verbalista, figura do professor como detentor do conhecimento e poder,

aluno como objeto de estudo e não sujeito da ação, presença do autoritarismo docente, ensino

memorístico e mecanizado, aluno taxado como papel em branco é agente de deposito de

conteúdo, assuntos desvinculado da realidade da grande maioria dos alunos, não havendo

assim, nenhuma articulação com o contexto social que estão inseridos. Essas são palavras e

expressões que definem a concepção tradicionalista do ensino.

A avaliação nesse contexto dá prioridade ao que Luckesi (2002) chama Pedagogia dos

Exames. Os alunos estão centrados na promoção, estão interessados em saber como se dará o

processo de promoção no final do período escolar, estão realmente preocupados. O que

predomina é a nota. Já os professores, protestando ser um elemento motivador da

aprendizagem, utilizam as provas como instrumentos de ameaça e tortura prévia dos alunos.

Os pais ficam na expectativa pelas notas de seus filhos. O importante é que tenham notas para

serem aprovados.

Segundo Luckesi (2002), os resultados da pedagogia de exame, podem ser descritos

em três áreas:

a) Pedagogicamente não possibilita aprendizagem do aluno e nem subsidia a

construção do conhecimento;

b) Sociologicamente a avaliação está muito mais a serviço da reprovação que

aprovação, daí vem a sua contribuição para a classificação social;

c) Psicologicamente, o autocontrole psicológico, talvez seja a pior forma de

controle, desde que o sujeito é presa de si mesmo.

Para este teórico tem sentido servir-se de exames como instrumentos classificatórios

em situações bem como em concursos ou quando é exigida a certificação de conhecimentos

pontuais, mas na sala de aula a avaliação é um recurso para diagnosticar,

acompanhar e reorientar a aprendizagem, tomada de decisão, reavaliar a prática docente e não

se deve utilizar exames para proceder à classificação de alunos.

2.3.2 CONCEPÇÃO QUALITATIVA DA AVALIAÇÃO

Muito pouco desenvolvida na prática docente. Exige do avaliador compreensão dos

aspectos que envolvem todo o ato de aprender. O aluno é avaliado em todo o seu fazer

29

pedagógico. Não se restringe a um dado momento, como se registra em calendários os dias

de provas e testes. Não se limita ao desempenho quantitativo do aluno, vai muito mais além

da sala de aula. O aluno tem a oportunidade de mostrar seu potencial, suas habilidades e

competências em diferentes situações de aprendizagem. O professor tem a possibilidade de

traçar através da ação discente os pontos fortes e fracos, e, a partir daí, reprogramar a sua

prática.

Conforme sustenta Loch (2000), será preciso compreender,

...que avaliar não é dar notas, fazer médias, reprovar ou aprovar os alunos.

Avaliar, numa nova ética, é sim avaliar participativa mente no sentido da

construção, da conscientização, busca da auto crítica, autoconhecimento de

todos os envolvidos no ato educativo, investindo na autonomia,

envolvimento, compromisso e emancipação dos sujeitos (p. 31)

Podemos dizer frente a esta concepção, que é uma forma democrática de se avaliar,

mas para que seja colocada em prática, faz-se necessário que todos os envolvidos estejam

em comum acordo, visem sempre o sucesso do aluno, busquem alternativas para resolver os

problemas escolares, discutirem de forma coletiva e também propondo alternativas de

ações.

2.4 AVALIAÇÃO COMO INSTRUMENTO

Sendo a avaliação um instrumento que propicia a melhoria contínua que cumpre a sua

função de diagnosticar, reforçar e permitir crescer, o realizar do processo pedagógico deve ser

uma de suas finalidades. Uma vez que, considera a avaliação qualitativa como um processo

em que vai priorizar em seu caráter avaliativo (habilidades, competências, potencialidades dos

alunos). Segundo Hoffmann (2000), avaliar nesse novo paradigma é dinamizar oportunidades

de ação-reflexão, num acompanhamento permanente do professor e este deve propiciar ao

aluno em seu processo de aprendizagem, reflexões acerca do mundo, formando seres críticos

libertários e participativos na construção de verdades formuladas e reformuladas.

O professor que tem a avaliação como instrumento para classificar, regular, reter o

aluno, tem nas mãos umas das concepções mais tradicionais acerca da avaliação da

aprendizagem escolar. Nesta concepção, tudo está desenhado e determinado pelo professor e

não no desenvolvimento real do aluno. O planejamento não é construído mediante a situação

30

que os alunos se encontram, mas o que o professor acha conivente. Pouco se importa se o

estudante A está avançando ou se o estudante B está regredindo.

Neste tipo de avaliação, o foco está naquilo que está programado para ser avaliado.

Daí, o fato, de avaliação assumir o sentido de premiação ou punição. Segundo O Dicionário

da Educação (2008), essa questão torna-se muito mais grave na medida em que os privilégios

são justificados com base nas diferenças e desigualdades entre os alunos. A avaliação nesta

perspectiva é considerada na essência como classificatória. Este tipo de avaliação é vinculado

à noção de medida, mensurar, ou seja, à ideia de que é possível aferir, matemática, e

objetivamente, as aprendizagens escolares. A noção de medir supõe a existência de padrões de

rendimento a partir dos quais, mediante comparação, o desempenho de um aluno será

avaliado e hierarquizado.

2.4.1 A IMPORTÂNCIA DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Tendo como referência a temática proposta, é imprescindível a compreensão do termo:

“instrumentos de avaliação”, entendido como: recursos utilizados para coleta e análise de

dados no processo ensino-aprendizagem, visando promover a aprendizagem dos alunos.

Segundo Méndez (2002, p.98), “mais que o instrumento, importa o tipo de conhecimento que

põe à prova, o tipo de perguntas que se formula, o tipo de qualidade (mental ou prática) que se

exige e as respostas que se espera obter conforme o conteúdo das perguntas ou problemas que

são formulados”.

Tanto adequados na linguagem, clareza e precisão ao que se pretendem, quanto

aos conteúdos essenciais planejados e de fato trabalhados no processo de ensino

e de aprendizagem. Eles devem significar um aprofundamento das aprendizagens do aluno e

não um meio de dificultar sua compreensão a respeito de um conteúdo. Cabe alertar

novamente que estão intimamente ligados aos critérios avaliativos previamente definidos no

planejamento do professor. Bons instrumentos de avaliação da aprendizagem são condições

de uma prática satisfatória de avaliação na escola.

Se tomarmos a prática de avaliação como um processo, não é possível conceber e

valorizar a adoção de um único instrumento avaliativo, priorizando uma só oportunidade em

que o aluno revela sua aprendizagem. Oportunizar aos alunos diversas possibilidades de

serem avaliados implica em assegurar a aprendizagem de uma maneira mais consistente e

fidedigna. Implica também em encarar a avaliação, teórica e praticamente, como um

verdadeiro processo.

31

Além disto, através da análise dos dados obtidos com os diferentes instrumentos

avaliativos pretende-se trabalhar os resultados atingidos, objetivando retroalimentar o

processo pedagógico (feedback). Se tivermos a concepção de que o instrumento serve tão

somente para medir os resultados de um processo, certamente não teremos nenhuma

contribuição para a aprendizagem dos alunos.

2.4.2 ASPECTOS DA AVALIAÇÃO

Segundo Nascimento (2003) o objetivo da avaliação é melhorar

aprendizagem. Através dela, deve-se propiciar que o aluno cresça e desenvolva todas suas

potencialidades. Que se torne uma pessoa, um profissional, um estudante crítico e reflexível

capaz de tomar suas atitudes e decisões frente aos problemas que encontrar em sua vida.

Partindo deste contexto concordo com ANASTASIOU (2006, p.70), quando diz que “a

avaliação ocorrendo apenas como instrumento de controle, não funciona como auxílio nem

para o professor nem para o estudante”. É necessário que o professor conheça as formas de

acompanhamento do aluno para que de fato possa possibilitar um processo avaliativo de

maneira prazerosa e significativa. Uma avaliação continua. Quando se concebe a avaliação

como instrumento que ajuda a garantir o processo de ensino e aprendizagem, desaparecem os

limites rígidos entre as atividades de aprendizagem e atividade de avaliação. Nessa

perspectiva, qualquer atividade relevante para a aprendizagem pode ser utilizada como meio

para avaliar, desde que o professor tenha estabelecido com clareza os objetivos da atividade e

se coloque permanentemente como um investigador dos processos de conhecimento. Assim,

todas as atividades de aprendizagem oferecem um progresso. A este respeito nos diz

SANT‟ANA (1995, p.109):

Ao planejar o professor deve prever momentos de diagnóstico e momentos

formativos para, junto com os alunos, acompanhar os processos e os

produtos, alterando sequências, se necessário, tomando consciência do que

cada um ainda não sabe, tendo em vista buscar caminhos para avançar.

Continuando, afirma que:

(...) essa perspectiva avaliativa traz em si o germe do novo, que pode emergir

a partir do momento em que se abre espaço para pensamento divergente e

para o que está além do previsto. A avaliação com este caráter iluminativo

pode revelar processo cognitivo e efetivos do aluno.

32

Nesse sentido, é importante que o professor tenha em mente um repertório variado de

formas avaliativas. Além das tradicionais provas escritas individuais, testes, atividades com

consulta e entre outras.

Para isso faz-se necessário uma avaliação que constitua parte integrante do ensino-

aprendizagem e que permita reorganizar a prática educativa de forma continua. Desta forma:

(...) o papel do professor é o de conselheiro, de um orientador e não de um

juiz, júri e executador. A abordagem de avaliação como “punição” e

substituída pela abordagem da “melhoria contínua”. Nada mais de

departamentalização, com provas abruptamente separadas a matéria. É

criado um ambiente de cooperação e parceria entre professor e aluno, onde

ambos buscam os mesmos objetivos. (NASCIMENTO, 2003, p.12)

É nesta perspectiva que devem ser ressaltados estratégias dessa nova avaliação dos

alunos que podem ser confirmados a partir dos estudos de Antunes (2002):

2.4.3 AVALIAÇÃO DO E NO PROCESSO

Novas teorias, pesquisas e concepções educacionais apresentam a proposta de

avaliação como um mecanismo motivador para que o aluno passe a ter desempenho que faça

com que ele seja capaz de dominar e incorporar novos valores, habilidades e conhecimentos,

com consciência de que há alegria no ato de aprender algo novo.

O questionamento deixa de ser sobre nota e passa a ser sobre se o educando aprendeu

ou não. Em caso negativo como ajudá-lo para superar as dificuldades? Os resultados das

avaliações passam a ser um subsídio um recurso para delinear novas ações do processo como

um todo e num ensino mais personalizado. Quanto a avaliação no processo, cabe aos

professores coletar dados e informações, com o objetivo de constatar evidencias do que

realmente está acontecendo com aprendizagem. Essa coleta poderá ser em aula, ao final dela,

assim que terminar um assunto específico da matéria. Se for diagnosticada qualquer

dificuldade cabe o professor acessar todos os mecanismos, métodos e práticas pedagógicas

para que o problema seja sanado. É nesta perspectiva que o professor é considerado como

norteador do processo ensino-aprendizagem do educando que possibilita ao mesmo “ser ativo,

inteligente, lógico, criativo” e principalmente formador de seu “senso crítico”. Vale ressaltar

que nesta concepção de avaliação para aprendizagem é concebido com o bom guia que,

33

(...) está sempre atento para garantir que todos consigam acompanha–lo a

chegar ao final do processo? Dá a mão e puxar os mais atrasados, diminui o

passo quando seu grupo não consegue acompanhar, busca meios para

facilitar a superação dos obstáculos, incentiva o grupo a caminhar, muitas às

vezes uns ajudando os outros. (GIOELI, 2001, p. 21)

2.4.4 A PRÁTICA DA AVALIAÇÃO E O DISCURSO DO PROFESSOR

A avaliação pode fornecer ao professor subsídios para uma reflexão constante de sua

prática, bem como favorecer a utilização de novos instrumentos de trabalho. Para o aluno, é o

instrumento de tomada de consciência de suas conquistas, dificuldades e possibilidades, o que

lhe facilitará a reorganização da sua tarefa de aprender. Para a escola, possibilita definir

prioridades e localizar os aspectos das ações educacionais que demandam maior apoio.

Partindo dessa perspectiva, discutir a avaliação como se dá na prática escolar é de

fundamental importância, porque a maioria dos educadores não procuram refletir a acerca dos

métodos que são aplicados para obtenção do ensino aprendizagem do educando.

Para Fenili, Oliveira, Santos, Eckert (2002): a prática de avaliação da aprendizagem

que vem sendo desenvolvida nas nossas instituições de ensino nos remete a uma posição de

poucos avanços. Não tem sido utilizada como elemento que auxilie no processo ensino

aprendizagem, perdendo-se em mensurar e quantificar o saber, deixando de identificar e

estimular os potenciais individuais e coletivos. De acordo com Souza (1991) mensurar é

medir, é o mesmo que quantificar, é atribuir notas e conceitos, é utilizar-se da prática do uso

da medida e da estatística.

Nessa perspectiva, a avaliação exige o compromisso político-pedagógico do

professor. Político porque envolve a tomada de decisões, em face das exigências do processo

de ensino e aprendizagem, bem como das exigências do sistema escolar, como propor

encaminhamentos, refletir sobre suas próprias ações. Pedagógico, porque reside em mudanças

em virtude de conteúdos e encaminhamentos metodológicos. Quando nos reportamos à

avaliação, não há espaço para a neutralidade. É necessária uma ação centrada na

transformação, em mudanças na prática. “O que muda a realidade é a prática. A mudança da

mentalidade se dá pela mudança de prática” (VASCONCELLOS, 1994, p.53). Luckesi (1995)

aponta que “avaliação como sinônimo de provas e exames” é herança de data de 1599, trazida

para o Brasil pelos jesuítas. Necessita ser executado o desenvolvimento de atividades

avaliativas coerentes com o discurso inovador, através da ação-reflexão-ação. “O discurso é

muito bom, mas na prática a coisa não é bem assim. Tem o bimestre, tem a nota, tem o

34

conteúdo... ? ”. (VASCONCELLOS, 1994, p.53) O professor se preocupa com o processo de

ensino e aprendizagem, mas sente dificuldade de mudar a ação avaliativa que está acostumada

a fazer. Sente-se perdido, sem saber por onde começar. Não se dispõe a questionar a

elaboração dos instrumentos, a sua validade, a comunicação estabelecida entre ele e o aluno

através dos enunciados. O discurso avança rapidamente, mas a prática caminha lentamente.

Essa é ainda, infelizmente, a realidade mais frequentemente encontrada em nossas

escolas. E, mais uma vez, as crianças mais carentes das escolas públicas ficam em

desvantagem, pois não têm como pagar aulas particulares de reforço à aprendizagem. Para

Vasconcellos (1993), o que se vê na prática da avaliação do professor, em geral, são

procedimentos metodológicos inadequados, onde se utilizam muito mais provas e testes do

que outros instrumentos de avaliação, como por exemplo, observações sistemáticas dos

alunos.

A este respeito nos diz Vasconcellos (1993) que a diversidade de instrumentos de

avaliação é a estratégia mais segura para obter informações a respeito dos processos de

aprendizagem. É fundamental a utilização de diferentes códigos, como o oral, o escrito, o

gráfico, o pictórico, o numérico. Além da prova e do teste, podem-se acrescentar a observação

sistemática (através de registros em tabelas, listas de controle, diário de classe etc.) e a análise

das produções dos alunos. (Ministério da Educação – MEC, 1997). Dessa forma, a avaliação

necessita estar presente em todos os momentos, constituindo-se um processo dinâmico, um “ir

e vir” do processo de ensino e aprendizagem. Assume, assim, uma função diagnóstica, ou

seja, serve como (re) começo do processo ou, ainda, se converte num caminho para a

transformação da prática pedagógica do professor. Este “ir e vir” supera a simples verificação

e mensuração dos resultados.

O uso de vários instrumentos de avaliação e, principalmente, de avaliação continuada

permite que o professor acompanhe passo a passo o aprendizado de seus alunos e imprima o

ritmo adequado de cumprimento do programa do curso. Antes de avançar, o professor

verifica, por avaliações, se a turma está preparada para isso. O professor deve estar disposto e

preparado para situações em que não consegue "sinal verde" para avançar. O desafio é buscar

formas diferentes de trabalhar o conteúdo e a escola deve exercer a sua responsabilidade de

apoiar, principalmente facilitando o trabalho de equipe dos professores.

Mas essas formas de avaliação que, sem dúvida são essenciais ainda deixam a desejar na

pratica do educador, por que no discurso

35

(...) é comum dizer que a avaliação deve ser continua de forma verificar os

vários momentos de desenvolvimento do aluno, já que a ideia é dar ênfase

também a comparação do aluno como o seu próprio desenvolvimento, ao

invés de apenas comparar o seu rendimento, em um dado momento. Como

parâmetro externo a ele. Mas, enquanto na pratica, isto nem sempre

acontece, verifica-se, se isto sim, o contrário. (RABELO,1998, p.13)

O autor nos chama atenção para um tipo que tradicionalmente, na escola está ligada a

provas ou testes, na qual as aulas são meramente expositiva, em que não se “pensa”, não se

“argumenta”, os alunos ouvem passivamente as informações, provas e testes são mecânicos,

não há possibilidade de reflexão, da ênfase na memorização, toda a atividade dependem do

docente, problemas distanciados da realidade do aluno e das suas necessidades concretas e

imediatas, provas e avaliações com conteúdo sem significância; o aluno desconhece o que

está sendo avaliado, o momento de avaliação gera medo e ansiedade, a figura de reprovação

está em primeiro lugar. Este tipo de avaliação chamamos de normativa que traz uma linha

pedagógica puramente tradicional. Uma vez que “... compara o rendimento de um aluno com

o rendimento alcançado pelos demais colegas...” (RABELO, 1998, p.70). Ao contrário da

avaliação que os professores falam tanto em seu discurso, mas por sua vez não é utilizada: a

inovadora, “(...) é aquela em que acontece de forma regular, continuamente, em sala de aula.

Não se espera chegar ao final de um trabalho para proceder a uma avaliação, ela se dá durante

todo um processo de ensino aprendizagem (...)” (RABELO, 1998, p.70).

Segundo o Ministério da Educação - MEC (1997) o professor, no dia a dia, está mais

preocupado com a questão da medida ou da verificação do que propriamente com a

aprendizagem do aluno ou de como trabalhar os conteúdos de forma mais motivadora. Ele

está muito mais voltado para a atribuição de notas, coerente com a sua compreensão limitada

da avaliação. Para Vasconcellos (1993), o professor que usa em sua prática ações punitivas

está exercendo a função disciplinadora, controladora.

Outra questão a se destacar é o entendimento do papel do erro e do insucesso do aluno

no processo de aprendizagem. Hoje, há visão do erro como elemento-chave para identificar

lacunas de compreensão e resolvê-las; ao invés da que tratava o erro como motivo para

punições e discriminações, afetando negativamente a autoestima do aluno. É preciso saber

trabalhar os erros dos alunos como forma de construção do conhecimento. A correção

enérgica do erro provoca medo, culpa e perda de dignidade; três obstáculos à aprendizagem.

(Vasconcellos, 1993).

Concordamos nas palavras de Luckesi (1995), quando diz que o erro pode ser utilizado

como instrumento de virtude, em que o professor deve estar “aberto” para observar o

36

acontecimento e não como erro. O insucesso deve servir de “trampolim para o sucesso, nesse

contexto, não significa erro”. A compreensão do erro é o passo fundamental para a sua

superação, servindo para reorientar seu entendimento e a prática. O erro não deve ser fonte de

castigo, mas sim um suporte para sua compreensão, retirando dele os mais significativos

benefícios.

Para Fenili, Oliveira, Santos, Eckert (2002) o que predomina ainda atualmente em

nossas escolas é a avaliação como instrumento do “medo” (controle social), gerando

inseguranças e uma exacerbada submissão forçando o educando a conviver sob seu domínio.

Neste contexto, a avaliação encontra-se apoiada na “pedagogia do exame”, voltada para a

atenção na promoção e nas provas. Assim sendo, a atenção está centrada no aspecto

quantitativo e não no caminho percorrido para obtê-la, estas são operadas e manipuladas

como se nada tivessem a ver com a trajetória do processo de aprendizagem. As autoras (2002)

afirmam que, os professores utilizam as provas como ameaça e tortura prévia, como um fator

negativo de motivação. Os alunos são conduzidos a estudar, pensar e agir em função de uma

nota e não pela obtenção do saber. O estabelecimento do ensino está estruturado com base nos

resultados de provas e exames, assim a dinâmica do processo educativo permanece

“obnubilada” pela supervalorização da avaliação centrada nas estatísticas das notas.

As consequências destas ações podem provocar nos avaliados, problemas

pedagógicos, psicológicos e sociológicos, podendo desencadear várias doenças, sem

contarmos com o constante stress que acometem os alunos e a família. A aprendizagem neste

contexto deixa de ser algo prazeroso e solidário, passando a ser um processo solitário e

desmotivador, contribuindo para a seletividade social, principalmente para atender as

exigências do sistema econômico vigente.

Segundo Hoffmann (1996, p.66) “Quando a finalidade é seletiva, o instrumento de

avaliação é constante, prova irrevogável. Mas as tarefas, na escola, deveriam ter o caráter

problematizador e dialógico, momentos de trocas de ideias entre educadores e educandos na

busca de um conhecimento gradativamente aprofundado”.

O momento de avaliação na prática do professor deve ser prazeroso, pois propicia ao

aluno a efetiva apropriação do conhecimento e a participação efetiva do processo ensino-

aprendizagem. “... o centro da questão qualitativa é o fenômeno participativo”, uma vez que

“... participação é o processo histórico de conquista da autopromoção. É a melhor obra de arte

do homem em sua história, porque a história que vale a pena é a participativa” (DEMO, 1995,

p.17). Esse pressuposto da avaliação qualitativa está longe de ser utilizada pelos professores

porque,

37

(...) não vale o maior, mas o melhor, não extenso, mas o intenso, não

violento, mas o envolvente; não a opressão, mas a impregnação. Qualidade é

estilo cultural, mas que tecnologia; artístico, mais que produtivo, lúdico,

mais eficiente, sábio, mais que científico(...)” (Gadotti, apud Demo, 1995,

p.03)

Frente aos fatos supracitados a avaliação como se fala na teoria é totalmente

diferenciada no que diz na prática, o discurso é belíssimo que encanta qualquer pessoa, mas

tudo não passa de:

(...) uma “conversa fiada” pretensamente dialética dos discursos que nem

começam, nem acabam; dizem e redizem; confundem dinâmica com círculo

vicioso, partem do nada para chegar ao lugar nenhum. E tudo em nome de

uma postura metodológica falsamente criativa que se esconde na sombra das

dificuldades evidente de definir bem as dimensões qualitativas e captar uma

face particularmente arredida da realidade. Se é certo que uma boa teoria é

aquela que sempre se recomeça, pois está em estado processual de

aprendizagem criativa, não é menos certo que isto serve de subterfúgio para

quem no fundo não tem teoria alguma. (DEMO,1995, p.37)

Infelizmente esta é a realidade de muitos profissionais da educação. O discurso

infelizmente é puramente utópico acerca da avaliação na teoria, embeleza qualquer práxis

pedagógica do educador. Este tipo de discurso nos mostra a avaliação como processo

contínuo, instrumento de socialização de saberes, cada um deve ser avaliado de acordo a sua

realidade sociocultural, respeitando a sua identidade. Um importante papel do professor é o

de propor atividades que contribuam com a aprendizagem dos educados. Os mesmos possuem

níveis de aprendizado diferentes e as atividades propostas precisam atender de uma forma

justa a todos. Através das mesmas o educador irá mapear quais as dificuldades encontradas

para então direcionar a prática pedagógica com o propósito de alcançar os objetivos. A

avaliação da aprendizagem deve servir como um instrumento de mediação, propondo assim

uma interação entre educador e educando. Depreende se que a avaliação está presente em

todos os momentos no processo de ensino e aprendizagem, e que as metodologias de nada

valem se educador não estiver atendo a uma avaliação libertadora.

38

3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A Proposta de Intervenção aqui apresentada se baseia na observação que foi realizada

com os professores do Ginásio Municipal Prof.ª Dinah Carrilho Monteiro que fica localizado

na zona litorânea do Povoado de São Francisco no Município de Nilo Peçanha, comunidade

Ribeirinha formada por pescadores, marisqueiras e catadores de piaçava e também por idosos

- parentes de moradores que foram morar em outra cidade e na velhice decidiram voltar para a

comunidade para descansar devido a tranquilidade do local. A escola tem nove salas de aula,

nas quais funcionam 05 (cinco) turmas das séries finais do ensino fundamental, sendo

02(duas) pela manhã – o 6º e 9º Ano -, 02 (duas) à tarde -7º e 8º Ano - e 01(uma) de Educação

de Jovens e Adultos multisseriada à noite - todos os anos se matriculam diversos alunos para

EJA, as turmas iniciam o ano letivo cheias e ao longo do ano os alunos vão desistindo, creio

que sejam pela falta de motivação, cansaço do trabalho, pois saem para pescar muito cedo e

também a falta de formação específica dos professores.

A equipe docente é formada por 07(sete) professores, sendo que 03 (três) têm carga

horária de 40 horas semanais e 04 (quatro), de 20 horas; a equipe conta ainda com 01 (uma)

gestora, 01 (uma) coordenadora pedagógica, 03(três) secretários, (06) seis auxiliares de

serviços gerais, tendo 120 (cento e vinte) estudantes. A escola não possui biblioteca, porém

foi improvisada uma sala de leitura, não tem laboratório de informática, porém foi

encaminhado pelo MEC desde 2008 cinco computadores e os técnicos do MEC nunca vieram

fazer a instalação também não há quadra de esportes, apesar de ter área ao redor da escola. Ela

está inserida numa comunidade aparentemente pacata, da região litorânea e num povoado da

cidade que contém muitas riquezas naturais e com grandes possibilidades de

desenvolvimento. Criada com o objetivo de oferecer ensino fundamental II para os moradores

dessa área recebeu esse nome em homenagem a primeira professora que lecionou na

comunidade.

A instituição é bem acolhida pela comunidade local, pelos pais e estudantes, mas

enfrenta os reflexos que o entorno social leva para dentro dela. São adolescentes que estão em

distorção idade/série, apresentando baixos índices de aprendizagem, e nos últimos quatro anos

já foi arrombada e assaltada por pessoas da própria comunidade, no noturno aproximadamente

98% (noventa e oito por cento) de desistências por parte de estudantes que vivem em

condições de vulnerabilidade, pois as drogas já tomam conta da vida das pessoas e assim tem

39

sido a realidade de grande parte dessas adolescentes, oriundas de famílias desestruturadas,

tomadas pelo álcool, drogas, abandono e pelo desamor.

4 JUSTIFICATIVA

As nossas investigações recaem nas causas que levam os professores, na sua maioria, a

apresentarem um discurso sobre a avaliação e uma prática totalmente fora da sua realidade. O

referido trabalho tem como objetivo central: Analisar os fatores que contribuem para a

dicotomia do discurso dos profissionais da educação (professores) entre a teoria e prática da

avaliação no processo ensino aprendizagem. Já os objetivos específicos são: Identificar as

concepções e os critérios utilizados pelos professores sobre avaliação na teoria e prática;

analisar o Projeto Político Pedagógico da instituição escolar envolvida na parte que diz

respeito à avaliação da aprendizagem escolar; examinar os tipos de avaliação e verificação

desenvolvidos pelos professores para os alunos e de que maneira esses instrumentos podem

ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento cognitivo e afetivo dos discentes; comparar as

representações dos professores sobre avaliação com a prática concretizada na sala de aula.

A pesquisa revela que, na verdade, existe uma distância bastante acentuada entre o

discurso e a prática, pois muitos dizem em sua teoria que a avaliação deve ser processual,

avaliando o aprendiz no dia-a-dia, através das suas participações em atividades em sala de

aula. Entretanto, este fato não tem nenhum significado na prática de muitos deles, pois a

mesma é utilizada, em sua rotina, como instrumento e atividade de controle que visa

classificar o aluno, dando-lhe promoção ou retenção. Desta forma, esclarecemos ao final do

trabalho, que o professor precisa realmente conhecer e estudar as possibilidades e implicações

acerca do processo avaliativo, para identificar as diversidades culturais dos alunos e

considerar os diferentes níveis de aprendizagem e desenvolvimento, e assim possa realizar

uma avaliação que contemple à formação integral do aluno.

40

5 AÇÕES METODOLÓGICAS

A PESQUISA

A este respeito nos dizem Casemiro, Xavier, Brito:

Pesquisar é o ato de procurar, diligentemente, respostas a indagações ou

informações. A pesquisa contribui para a construção do conhecimento. Na

Educação, a pesquisa deve ser uma atividade capaz de produzir um

conhecimento “novo” a respeito de um determinado assunto, relacionando as

informações obtidas ao conhecimento de mundo. (2002, p.01)

Pesquisa é a procura do conhecimento a partir de diferentes fontes de informação,

analisadas sob vários aspectos, que serve tanto para aprender como para ampliar o

conhecimento, construir novos caminhos e trilhar os nosso reais objetivos, finalidades. A

pesquisa é um instrumento dinâmico e interativo que está presente em vários momentos do

nosso cotidiano que durante a sua construção pode ser realizada individualmente ou em

grupo, para tanto requer do investigador interesse, tempo, atenção, compreensão, capacidade

crítica para analisar e articular os fatos, disponibilidade, senso crítico, critérios.

Para Marques (2006, p. 95), “pesquisar é buscar um centro de incidência, uma

concentração, um pólo preciso das muitas variações ou modulações de saberes que se

irradiam a partir de um mesmo ponto”. Para que a pesquisa se efetive é necessário haver uma

investigação.

A investigação é o primeiro passo que todo e qualquer investigador tem que realizar

para concretizar aquilo que justamente pretende-se pesquisar, confirmar ou não os seus

valores hipotéticos, responder as perguntas- chave, cumprir seus objetivos propostos e saber a

veracidade dos fatos.

É notório que a investigação está presente em todos os campos de estudos e métodos

qualitativos ou até mesmo quantitativos, fazendo do pesquisador um ser questionador,

criativo, crítico, reflexivo, solucionador de problemas, investigador, construtor e reconstrutor

de conhecimento, autor da própria teoria e prática, formação do sujeito competente (inclui a

possibilidade de interpretação própria, formulação pessoal, elaboração trabalhada, saber

pensar, aprender a aprender). Sendo assim, a investigação ganha destaque fundamental nesse

contexto.

No mundo em que vivemos, estamos sempre em busca de saciar a nossa curiosidade,

ter informações novas e interessantes que dizem respeito exatamente o que se pretende saber e

41

conhecer. A investigação oportuniza para que isso seja realizado e abre para o pesquisador

novos horizontes, faz enxergar as coisas com certos detalhes de maneira objetiva e clara.

Ressalta-se que antes do processo de investigação de uma determinada pesquisa, faz-

se mister a construção de um plano estratégico. Em nosso cotidiano o plano é a nossa

referência: seja nos espaços escolares, quando o professor utiliza para a condução da sua

prática pedagógica, para que o mesmo não possa se perder durante o processo ensino-

aprendizagem; seja em casa para fazer algumas comprar de objetos com preços mais

elevados; seja uma viagem fora do país em que a pessoa tem que se organizar planejar para

dar tudo certo.

O plano nos orientará e indicará os passos e caminhos a serem seguidos de ordem

sequenciada para o pesquisado. O plano é a parte indissociável. É parte integrante, completa

significativamente, dá sentido e fundamenta a investigação cientifica.

A PESQUISA- AÇÃO

Segundo Thiollent (1986), “a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base

empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a

resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes

representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou

participativo.” É um tipo de pesquisa que dá ao pesquisador suporte, as informações são

muito mais concretas contextualizadas e permite com que o leitor interprete as devidas

informações. É simplesmente adequado para se investigar problemas práticos, principalmente

quando se refere à educação.

Porém, conforme afirma Thiollent (2011), há um ponto de partida, que é a fase

exploratória, e um ponto de chegada, referindo-se à divulgação dos resultados, mas no

intervalo haverá uma multiplicidade de caminhos em função das diferentes situações

diagnosticadas ao longo do processo.

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS: QUESTIONÁRIOS

Para Gil (1987), pode-se conceituar questionário como a técnica de investigação

composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às

pessoas, tendo por finalidade principal o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos,

interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. De acordo com a forma, as perguntas

42

podem ser classificadas em duas importantes categorias: abertas, fechadas. Perguntas abertas

são aquelas em que o interrogado responde com suas próprias palavras, sem qualquer

restrição. Cumprem, no entanto, importante papel nos estudos formuladores ou exploratórios.

Perguntas fechadas são aquelas para as quais todas as respostas possíveis são fixadas de

antemão. Há casos em que são previstas apenas as respostas "sim" ou "não" (dicotômicas).

Mas há também casos em que as perguntas admitem número relativamente grande de

respostas possíveis (múltipla escolha).

Em face de essas duas comparações, optamos em trabalhar com questionário contendo

perguntas na sua totalidade abertas, com 13 perguntas para 04 professores da instituição

pesquisada. Depois de todos os dados recolhidos, foi feita uma análise descritiva e tabulação

dos resultados.

OBSERVAÇÃO

Consiste em um exame minucioso que requer envolvimento e atenção do pesquisador

na coleta e na análise dos dados. Observar é um processo e possui partes para seu desenrolar:

o objeto observado, o sujeito, as condições, os meios e o sistema de conhecimentos, a partir

dos quais se formula o objetivo da observação. As condições de observação são circunstâncias

através das quais está se realiza, ou seja, é o contexto natural ou artificial no qual o fenômeno

social se manifesta ou se reproduz. Por sua vez, para Reyna (1997), o sistema de

conhecimento é o corpo de conceitos, categorias e fundamentos teóricos que embasa a

pesquisa.

Nessa perspectiva, para dar maior consistência à investigação, foram feitas

observações das práticas pedagógicas dos professores envolvidos durante as primeiras

unidades, sempre atentando para o processo de avaliação da aprendizagem escolar.

Foi adotada a observação natural, pois já tinha certa ligação, intimidade com os

sujeitos da pesquisa, devido a trabalharmos na mesma unidade escola a muitos anos. Os

mesmo sentiram-se a vontade com minha presença e foram muito bem tranquilos nas

colocações, ações. Portanto, a observação participante é uma das estratégias em que o

pesquisador toma parte do cotidiano da instituição pesquisada com intuito de entender em

profundidade aquele ambiente de estudo. Esse tipo de pesquisa oportuniza um crescimento de

entendimento dos processos organizacionais, pois o pesquisador tem acesso aos dados da

pesquisa, permitindo um maior nível de obtenção das informações pertinentes ao observador.

Percebe-se que a observação participante tem grande prestígio no meio acadêmico-científico,

43

principalmente quando se trata de aplicação de pesquisas qualitativas na área da educação.

Isso porque contribui com as investigações, proporcionando uma visão ampla e detalhada de

uma realidade, resultante da interação do pesquisador com o meio, podendo servir de base

para o planejamento de estratégias para o desenvolvimento sustentável da comunidade em

estudo.

ENTREVISTA

Para Minayo (2002, p. 57):

A entrevista é o procedimento mais usual no trabalho de campo. Através

dela, o pesquisador busca obter informes contidos na fala dos atores sociais.

Ela não significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que se

insere como meio de coleta dos fatos relatados pelos atores (...) Nesse

sentido, a entrevista, um termo bastante genérico, está sendo por nós

entendida como uma conversa a dois com propósitos bem definidos. Num

primeiro nível, essa técnica se caracteriza por uma comunicação verbal que

reforça a importância da linguagem e do significado da fala. Já, num outro

nível, serve como um meio de coleta de informações sobre um determinado

tema científico.

Dessa forma, a entrevista cumpre seu papel de fornecer dados relevantes ao pesquisador.

Ribeiro (2008, p.141) trata a entrevista como:

A técnica mais pertinente quando o pesquisador quer obter informações a

respeito do seu objeto, que permitam conhecer sobre atitudes, sentimentos e

valores subjacentes ao comportamento, o que significa que se pode ir além

das descrições das ações, incorporando novas fontes para a interpretação dos

resultados pelos próprios entrevistadores.

Para Lüdke e André (1986): Existem três tipos de entrevista: Entrevista estruturada-

coleta de dados mais controlada, organizada, sistematizada. Entrevista aberta- quando as

questões não são pré-estabelecida por parte do entrevistador. É praticamente uma conversa

informal. Nem sempre reflete a realidade, mas uma visão dele. Entrevista semiestruturada -

são apresentados tópicos, ao invés de questões fechadas e permitem respostas subjetivas, sem

perder o quantitativo. O entrevistador segue um guia de questões, mas deve estar preparado

para caso a entrevista mude de caminho. Vale salientar, que dos três tipos de entrevistas

retratadas nos períodos anteriores, optamos no nosso estudo a entrevista aberta, até mesmo

para facilitar o trabalho, dá autonomia e liberdade ao entrevistado. As perguntas aconteceram

no ato das situações observadas durante a prática pedagógica do professor.

44

ANÁLISE DOCUMENTAL

Segundo Neves (1996), a pesquisa documental é constituída pelo exame de materiais

que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser reexaminados com vistas

a uma interpretação nova ou complementar. Pode oferecer base útil para outros tipos de

estudos qualitativos e possibilita que a criatividade do pesquisador dirija a investigação por

enfoques diferenciados. Esse tipo de pesquisa permite o estudo de pessoas a que não temos

acesso físico (distantes ou mortas). Além disso, os documentos são uma fonte não reativa e

especialmente propícia para o estudo de longos períodos de tempo.

Para Silva (2001), a pesquisa documental é um procedimento metodológico decisivo

em ciências humanas e sociais porque a maior parte das fontes escritas ou não são quase

sempre a base do trabalho de investigação. Sabemos que a utilização de documentos pelos

pesquisadores e estudiosos deve ser apreciada e valorizada. A pesquisa documental é uma

fonte inesgotável de conhecimento que dela podemos extrair informações, ampliar os nossos

horizontes, averiguar aquilo que é pertinente ao assunto pesquisado, amplia o entendimento

de objeto cuja compreensão precisa de contextualização histórica e social. Numa reconstrução

de uma história de vida,

... O documento escrito constitui uma fonte extremamente preciosa para todo

pesquisador nas ciências sociais. Ele é, evidentemente, insubstituível em

qualquer reconstituição referente a um passado relativamente distante, pois

não é raro que ele represente a quase totalidade dos vestígios da atividade

humana em determinadas épocas. Além disso, muito frequentemente, ele

permanece como o único testemunho de atividades particulares ocorridas

num passado recente (CELLARD, 2008, p. 295).

Partindo desse pressuposto, analisamos o Projeto Político Pedagógico e provas

construídas pelos professores da instituição pesquisada, a fim de saber um pouco mais da

proposta pedagógica no que se refere ao processo avaliativo e de que maneira os professores

elaboram a mesma.

45

6 ANÁLISES DOS DADOS

PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DA ESCOLA SEGUNDO O PROJETO POLÍTICO

PEDAGÓGICO

Neste item apresentaremos alguns pontos que julgam-se necessários para que possa

conhecer um pouco mais da escola pesquisada, ressaltando principalmente formas de

avaliação de acordo ao Projeto Político Pedagógico- PPP.

O entendimento do processo educativo como processo de crescimento da visão de

mundo, da compreensão da realidade, de abertura intelectual, de desenvolvimento da

capacidade de interpretação e de produção do novo, de avaliação das condições de uma

determinada realidade são pontos de partida que a escola coloca para se iniciar a discussão

acerca dos processos avaliativos.

Segundo o PPP, a valorização dos aspectos humanos e afetivos são exigências

constantes durante a prática pedagógica. Considerar cada participante como pessoa e valorizar

a sua produção torna o nosso processo de aprendizagem menos árduo e mais significativo.

Em um dos parágrafos do documento, está escrito que as aprendizagens acontecem

em ritmos diferentes, e repensar a prática é importante para o melhor aproveitamento dos

alunos. Assim, quando pensamos na elaboração de qualquer documento, plano de ação,

projeto, atitude disciplinar, a avaliação aparece para o nosso entendimento como diagnóstico

do nível de assimilação dos conteúdos trabalhados em cada momento, por meio de diversos

procedimentos.

A avaliação é extremamente útil para todas as partes envolvidas, pois oferece

elementos para uma reflexão contínua sobre a sua prática, no que se refere à escolha de

competências, objetivos, conteúdos e estratégias. Para o estudante a avaliação é um

instrumento de tomada de consciência de suas conquistas, dificuldades e possibilidades. Para

escola ela reconhece prioridades e localiza ações educacionais que demandam apoio. Desta

forma, a avaliação contribui para o autoconhecimento e para a análise das etapas já vencidas,

no sentido de alcançar os objetivos previamente traçados.

No momento que a comunidade escolar reuniu-se para elaborar a proposta avaliativa,

foi enfatizado que a avaliação deve considerar a observação, análise e conceituação de

elementos que compõem a totalidade da conduta humana, ou seja, a avaliação deve estar

voltada para a aquisição de competências, habilidades, conhecimentos e atitudes dos alunos.

Entendemos que a avaliação proporciona a revisão permanente da prática pedagógica,

permitindo a identificação de lacunas, erros e acertos e a tomada de decisões, com vistas à

46

melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Buscando um modo mais eficiente para se

realizar a análise do desenvolvimento do educando na escola, devemos nos apropriarmos dos

diversos métodos avaliativos existentes. Deste modo propomos avaliar o educando nas três

dimensões dos conteúdos.

Ao analisar os documentos os responsáveis pela elaboração, apontam três dimensões,

que na visão de estudiosos da área são importantes: A dimensão conceitual, além de avaliar o

aluno através dos testes escritos, deve-se observar o uso dos conceitos desenvolvidos de um

determinado conteúdo, em trabalhos de equipe, debates, exposições e, principalmente, nos

diálogos entre aluno e professor. A dimensão atitudinal, devemos observar sistematicamente

as opiniões e atuações dos educandos em atividades coletivas, nos debates, nas manifestações

dentro e fora da aula, nas visitas, passeios e excursões, na distribuição de tarefas e

responsabilidades, durante o recreio e nas atividades esportivas. A dimensão procedimental,

devemos observar o desenvolvimento dos educandos nas diversas atividades motoras e

capacidades físicas e em trabalhos como criação de jornais, painéis entre outras atividades.

A avaliação deve ser dinâmica, formativa e solidária, contemplando os aspectos

qualitativos e quantitativos, incluindo tanto o professor quanto a equipe gestora, que deve

observar e registrar o constante desempenho dos nossos mediadores. A avaliação proporciona

a revisão permanente da prática pedagógica, permitindo a identificação de lacunas, erros e

acertos e a tomada de decisões, com vistas à melhoria do processo de ensino-aprendizagem,

sendo contínua, durante o decorrer das atividades, procurando sempre melhorar a atuação de

todos os envolvidos no processo educacional.

O ano letivo da escola está organizado em quatro unidades didáticas e que as

avaliações são planejadas e realizadas de acordo com essa organização, sendo diagnóstica

(procurando identificar o que os alunos conhecem); Processual / Continua (ensinando e

aprendendo com o sucesso cotidianamente); Cumulativa (considerando cada aspecto da

produção do conhecimento); Participativa / Emancipatória (professores e alunos sujeitos do

processo ensino aprendizagem). Desta maneira, o processo de avaliação não é visto apenas

como um momento isolado, único, mas sim como um processo de construção do

conhecimento, onde os conteúdos são consequências para estabelecer critérios nas teorias

conceituais (aprende compreendendo a razão da sua própria ação: fatos, acontecimentos,

dados, nome e códigos), procedimentais (aquilo que se aprende a fazer fazendo) e atitudinais

(o aluno aprende reconstruindo valores, atitudes ou normas). Permitindo, assim, analisar as

etapas do desenvolvimento cognitivo-afetivo do estudante. No que se refere aos estudos da

47

parte diversificada, o aluno será considerado aprovado quando realizar pelo menos 60% das

atividades programadas e desenvolvidas.

Segundo o referido documento, objetivo é alcançar um método de avaliação que seja

realmente integrado à prática pedagógica, que repercuta nas atitudes de professores e alunos e

que garanta a aplicabilidade dos princípios norteados: identidade, diversidade, autonomia,

contextualização. Com essa preocupação foi discutido e acordado que o processo avaliativo

da escola em questão far-se-á da seguinte forma:

O educador tem dez pontos para serem distribuídos nos campos conceitual,

procedimental e atitudinal.

a) No campo Conceitual (Testes e provas), tem o valor de 6,0 pontos

b) No campo Procedimental (Atividades internas e externas), obedece ao valor de 2,0

pontos

c) No campo Atitudinal (valores) – atribui-se o valor 2,0

PRÁTICA AVALIATIVA DOS PROFESSORES - OUTRO LADO DA MOEDA

Foram feitas ao longo dos meses na Unidade Escolar, constantes observações para que

se pudesse compreender a prática docente no momento do ato avaliativo. Esses docentes

chamarão de PROFESSOR A, PROFESSOR B, PROFESSOR C, PROFESSOR D. Na

condição de observadora-entrevistadora nas quatro salas em diferentes dias, os olhares

estavam voltados para: os aspectos organizacionais da sala de aula; a circulação do professor,

o formato da avaliação. Ao analisar cada aspecto percebi que os professores desconhecem de

fato o que é realmente avaliar, pois a forma como os professores organizam as cadeiras na

sala de aula são para que os alunos não mantenham contato uns com outros, a circulação dos

professores é para aterroriza os alunos, pois a todo tempo ameaçam os alunos.

OS ASPECTOS ORGANIZACIONAIS DA SALA DE AULA.

Nesse primeiro ponto, a visão que se teve foi de um ambiente extremamente

tradicional: todos os alunos estavam organizados em fila indiana, cadeiras recuadas uma das

outras mais ou menos meio metro, os cartazes que estavam colados na parede foram tirados

no momento do ato avaliativo, pois segundo um dos professores poderia dar margem de

48

resposta para o aluno, o mesmo “colaria”. Foi perguntado ao PROFESSOR A o porquê desta

atitude tão arbitrária. O mesmo respondeu dizendo:

“Primeiramente não acredito que seja uma atitude arbitrária, este é um

momento que não podemos facilitar. Eles estão passando por um processo

avaliativo. Estão fazendo uma prova! Se eles forem fazer futuramente um

vestibular ou qualquer concurso público, teremos cartazes explicativos com

indícios de respostas? Pois bem, estamos preparando para essas ocasiões e

ponto final. Em segundo lugar: Estou diante de uma turma muito violenta,

brigam demais, tenho certa dificuldade de inserir os conteúdos, pois muitos

deles só veem à escola para bagunçar. Nessa situação, às vezes coloco com

toda verdade a avaliação com ato punitivo, mesmo sabendo que estou

contrário aos estudiosos da área da avaliação”

Acreditamos que a perplexidade diante da resposta do professor é muito grande, até

porque não condiz com o que foi colocado no Projeto Político Pedagógico da Escola. No

referido documento, deixa muito bem claro que o professor no momento dos atos avaliativos

principalmente no que diz respeito a provas e testes, o mesmo deve proporcionar para os

alunos um ambiente aconchegante, acolhedor, afim de que os mesmo possam perceber que

esses instrumentos que estão sendo aplicados pelo professor são partes integrantes de um

processo e que não são concebidos como fins. Concordo quando Morales (2003) diz que às

vezes pensamos na avaliação como ponto final do processo de ensino-aprendizagem. Se

pensarmos assim, com certeza os alunos serão os maiores prejudicados.

Já o professor B respondeu que arruma a sala desse jeito para que fique organizada e

para os alunos não pescarem.

A prática da avaliação escolar, ao invés de servir como um meio de perceber como os

alunos avançam na construção de seus conhecimentos atua como um fim de um processo. A

avaliação nesse caso é usado como um mecanismo para selecionar ou classifiacar o aluno em

“forte” ou “fracos‟. O individuo que não se enquadram dentro das expectativa do processo

educacional, acabna muitas vezes, interiorizando a ideia de que não é capaz de crescer, de

avançar de acordo com suas proprias potencialidade.

Partindo dessa perspectiva questiona-se a LDB propoem uma avaliação que garante o

bem estar do aluno, por que os professores não seguem? A avaliação não é um processo? Por

que ela não pode ser contínua e cumulativa na prática do professor? Será que desta forma, os

professores estão avaliando todos os aspectos deste aluno?

Partindo desses questionamentos, por que isso ocorre? Devido a não participação dos

professores na construção e elaboração do projeto político pedagógico, pois a cultura escolar

consiste em valores, crenças e ideologias que os membros da organização partilham e que, na

49

maioria das vezes, não estão explícitos. Um dos princípios do Projeto Político Pedagógico –

PPP consiste na valorização dos seus profissionais, mas muitas vezes, quando a escola se

organiza para projetos de atualização ou capacitação em serviços, não aproveita seu próprio

potencial, as competências de sua equipe de trabalho. Normalmente, prefere buscar um

profissional de fora, cuja pratica desconhece mas aplaude, em vez de aplaudir seu próprio

colega de trabalho. O P.P.P,

(...) é práxis, ou seja, ação humana transformadora, resultado de um

planejamento dialógico, resistência e alternativa ao projeto de escola e de

sociedade burocrático, centralizado e descendente. Ele é movimento de ação-

reflexão-ação, que enfatiza o grau de influência que as decisões tomadas na

escola exercem nos demais níveis educacionais. (PADILHA, 2003, p.01)

Então para Padilha (2003) o P.P.P é a concretização do processo de planejamento.

Consolida-se num documento que detalha os objetivos, diretrizes e ações do processo

educativo a ser desenvolvido na escola, expressando a síntese das exigências sociais e legais

do sistema de ensino e os propósitos e expectativas da comunidade escolar. O P.P.P é,

portanto, o instrumento que explicita a intencionalidade da escola como instituição, indicando

seu rumo e sua direção. Ao ser construído coletivamente, permite que diversos atores

expressem suas concepções (de sociedade, escola, relação ensino aprendizagem, avaliação

etc.) e seus pontos de vista sobre o cotidiano escolar, observando-se tanto o que a escola já é

quanto o que ela poderá a ser, como base na definição de objetivos comuns das ações

compartilhadas por seus atores.

A CIRCULAÇÃO DO PROFESSOR

Foram constantes as circulações dos professores no momento da avaliação.

Perceptível no rosto de cada aluno o medo, a apreensão, o nervosismo. O momento foi

concebido como um “troco” por parte do professor diante do mau comportamento, da

indisciplina causada por eles, para os professores essa é a hora de se vingar deles. Para

Morales (2003, p.154):

Todos nós sabemos, e por experiência própria, que a aprendizagem não é um

processo meramente cognitivo ou intelectual. O como nos sentimos tem

influencia poderosa sobre o como e quanto aprendemos. Por clima de classe

entendemos essa dimensão afetiva, feita de medos, de esperança, de vontade

ou falta de vontade de aprender, de angústia diante dos exames, de

50

experiências de êxito ou de fracasso, de percepção que se tem do professor

(...), de tédio, de sentimento e de segurança ou insegurança, de sentir-se

pressionado por tantas exigências e prazos(...).

Todos esses pontos levantados interferem primordialmente a aprendizagem de cada

aluno presente. Não se pode negar aqui a existência dessa situação em outras instituições

escolares, mas é critico o que se foi visto durante a observação. Estavam escritos nos olhares

das crianças, pedidos de socorro ou tirem-nos daqui. Também não quero condenar a prática da

circulação em momentos como esse, mas é necessário saber conduzir as coisas, para que não

haja situações constrangedoras.

Para os PROFESSORES A, B, C e D é uma estratégia “fantástica” para que os

alunos não colem e nem se comuniquem. Esta prática de circulação poderia ser substituída

pela avaliação por consulta, os alunos poderiam consultar cadernos, revistas, livros e até uns

aos outros desde que não se faça meras cópias. Isso com certeza ajudaria na capacidade de

construções de argumentações. Para o professor Gustavo Bernardo da Universidade Estadual

do Rio de Janeiro, a prova com consulta é o melhor antídoto da cola. "A avaliação que dá

margem à cola precisa ser excluída definitivamente proporcionando uma relação de

confiança, não só do professor nos alunos, mas dos alunos no próprio saber."

FORMATO DA AVALIAÇÃO

Partindo do que se diz no PPP, que a avaliação deve considerar a observação, análise e

conceituação de elementos que compõem a totalidade da conduta humana, ou seja, a avaliação

deve estar voltada para a aquisição de competências, habilidades, conhecimentos e atitudes

dos alunos, permitindo com que o mesmo possa ser crítico, reflexivo. Esses pensamentos

documentados e ditos pelos professores não condizem com o que se pedem na avaliação.

Porém para os professores de minha unidade escolar só existe os testes e as provas. Não

utilizam outro meio para avaliar os alunos. Não gostam de utilizar trabalhos em grupos ou

individuais pois dizem que muito trabalho para corrigir. Vejamos abaixo, algumas questões

de prova, elaboradas pelos professores para que os alunos pudessem resolver:

QUESTÃO 01: QUAIS AS REGIÕES EXISTENTES NO BRASIL?

É necessário que evite esse tipo de pergunta. É considerada mecânica, pois os alunos

são obrigados a decorarem os nomes das regiões brasileiras. Claro que eles precisam saber,

51

mas não partindo dessa forma. É preciso contextualizar, trazer alguns enunciados, pequenos

trechos de textos que possibilitem a formulação de uma resposta não decorativa, mas

argumentativa. Para Morales (2003, p.13):

“Uma característica bastante comum do ensino é o uso e abuso da

memorização. As escolas com essa característica são, frequentemente,

chamadas de tradicionais. No processo de avaliação da aprendizagem, nesse

contexto, há perguntas que apelam apenas para uma memorização mecânica,

sem contextualização ou significado. Elas são apreendidas por força da

repetição.”

Nesse formato, o aluno não desenvolverá o senso crítico e tão menos aprenderá.

Torna-se urgente e necessária, a abolição deste formato de questão.

QUESTÃO 02: QUAL A MAIOR REGIÃO BRASILEIRA?

Além de ser mais uma vez uma pergunta mecânica, com certeza está mal formulada. O

aluno poderá trazer outros questionamentos com base nessa pergunta: Está se referindo ao

número populacional? Extensão territorial? Que aspecto? Interessante que nenhum aluno

durante a aplicação do teste não indagou. Foi perguntado por parte do pesquisador ao

PROFESSOR B responsável pela elaboração da pergunta, o mesmo disse que “é uma

pegadinha para saber se realmente o aluno saberia interpretar a pergunta ou identificar o

possível erro.” As pegadinhas são consideradas inúteis, não tem significado algum pois não

terá condições de avaliar se o estudante não sabia o conteúdo ou se não entendeu o que foi

pedido.

Conhecendo melhor a prática da avaliação na sala de aula: Análise dos dados qualitativos e

resultados do estudo

A presente pesquisa foi realizada com os 07 professores do Ginásio Municipal Profª

Dinah Carrilho Monteiro, porém só quatro responderam ao questionário. Desses, três

trabalham 40 h e 4 trabalham 20 h, nos turnos matutino, vespertino e noturno. Possuem curso

superior em áreas específicas, que possibilita ensinar as séries finais do Ensino Fundamental

II. Responderam um questionário de caráter individual por escrito constando 13 perguntas em

referência ao processo de avaliação da aprendizagem escolar em seu cotidiano.

52

Quadro 01

Para você o que é

avaliar?

Para que deve servir a

avaliação da

aprendizagem?

Qual a finalidade da

avaliação da aprendizagem

escolar?

P.1 É verificar o estágio

de aprendizagem dos

alunos em relação a

certos conteúdos.

Serve para o diagnóstico da

execução e dos resultados

que estão sendo buscados e

obtidos.

Promover a integração no

processo ensino-

aprendizagem.

P.2 É um processo

continuo de

acompanhamento

através de diferentes

instrumentos e

linguagem do

desempenho tanto do

educando como do

educador

Para oportunizar o educando

tomar conhecimento do seu

processo, dificuldades e

necessidades no processo

ensino e aprendizagem e o

educador refletir sobre sua

prática pedagógica tendo em

vista a melhoria da qualidade

de ensino.

Oportunizar o educando a

tomar consciência de suas

conquistas e dificuldades. O

educador refletir

continuamente sobre sua

prática pedagógica escolar.

Ter visão ampla do

desempenho do educados e

do educando e

consequentemente reorientar

as ações.

P.3 É verificar o nível de

aprendizagem

conceitual,

procedimental e

atitudinal.

Para redimensionar a prática

educativa do professor,

auxiliando os estudantes nas

dificuldades detectadas.

Atuar efetivamente no

desenvolvimento da

aprendizagem dos

educandos.

P.4 É um meio de rever,

refletir o passado para

reconstruir o presente

e criar ações futuras,

tanto se tratando da

escola como nas

relações sociais.

Deve servir como

instrumento de construção

de novos conhecimentos e

também para retomar ações

através de meios que

busquem uma construção do

conhecimento em relação ao

aluno.

É rever caminhos para que o

verdadeiro processo de

ensino aprendizagem se

realize.

Fonte: Questionário

Na pergunta nº1: Para você o que é avaliar?

Observa-se que o P1 e P3, conceituam a avaliação como elemento que “verifica” a

aprendizagem do educando, ou seja, a nota. Esses conceitos desenvolvidos pelos professores

já mencionados faz referência ao que Luckesi (1995) conceitua o termo da verificação de

aprendizagem. Já o P2 e P4, tem a avaliação não como um produto final de aprendizagem, e

sim, como um processo dinâmico e interativo que possibilita avaliar o aluno em todo o seu

momento escolar, oportunizando-os a refletir sobre as experiências vividas na sala de aula e

no meio em que estão inseridos. Esse pensamento colocado é comprovado nas palavras de

Hoffman (2012) A avaliação deixa de ser um momento terminal do processo educativo (como

53

hoje é concebida) para se transformar na busca incessante da compreensão das dificuldades do

educando e na dinamização de novas oportunidades de conhecimento.

Já na pergunta nº 2 (Para que deve servir a avaliação da aprendizagem?), pode-se

analisar três palavras significativas: servir, oportunizar, redimensionar. Para P1, avaliação

serve para saber se o aluno obteve um bom ou não aprendizado em referência ao que foi

proposto em sala de aula, se realmente ele alcançou o resultado pretendido pelo professor.

Para P2, oportuniza o educando (refletir suas ações desenvolvidas durante o processo de

aprendizagem, fazendo com que o mesmo saiba das suas próprias dificuldades em relação ao

conteúdo proposto pelo professor) e o professor, (P2, P3 e P4) para redimensionar as suas

ações pedagógicas afim de que possibilite uma melhoria no ensino e na aprendizagem do

educando. Segundo Paulo Freire a avaliação é a mediação entre o ensino do

professor e as aprendizagens do professor e as aprendizagens do aluno, ou seja, é uma

avaliação incorporada no ato do ensino e ação de formação, contribuindo para melhor

aprendizagem, pois informa ao próprio professor o desenvolver da aprendizagem e o aluno

sobre seus sucessos e fracassos, ou seja, o seu próprio caminho.

Na pergunta nº3: Qual a finalidade da avaliação da aprendizagem escolar?

Para P1e P3, há de se questionar: por que a avaliação deverá promover a integração no

processo ensino-aprendizagem e atuar no processo, desde quando eles desconhecem

claramente o termo avaliar? Será que realmente promover e atuar efetivamente no

desenvolvimento da aprendizagem dos educados é uma das características que avaliação

quantitativa propõe? Nota-se uma verdadeira contradição no que diz respeito ao conceito

colocado na primeira pergunta e o que foi dito no objetivo da avaliação, na resposta acima. Já

P2, avaliação tem como objetivo de refletir a pratica do professor e aluno frente ao processo

de aprendizagem escolar visa, sobretudo ao aprimoramento do educando como pessoa

humana, incluindo a formação da conduta e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do

pensamento crítico e P4, procurar caminhos a fim de que o ensino se realize de maneira

concreta e verdadeira.

Quadro 02

Qual a concepção

de avaliação da

aprendizagem

escolar?

Você tem alguma

orientação para avaliar seus

alunos? Justifique

Como você avalia seus

alunos?

P.1 É um registro

continuo integral e

dinâmico de todas

as observações do

Sim. Todas atividades podem

e devem ser permanente

avaliadas, considerando-se

que o caráter da avaliação

Através da verificação do

conhecimento da matéria, das

atitudes, interesse, hábitos de

trabalho, da adaptação social

54

professor a respeito

do aluno.

consiste em verificar se as

atividades propostas e

realizadas atingiram ou não o

objetivo de aprendizagem.

do aluno até a produção de

texto em que se usem

determinados recursos

linguísticos, pesquisas sobre

conteúdos gramaticais,

seminários, entrevistas, jogos,

etc.

P.2 Acompanhar de

forma contínua

através de

diferentes

metodologias o

progresso,

dificuldades, e

necessidades do

educandos.

Sim. Embora a não a execute

com sucesso já participei de

uma serie de cursos

oferecidos pela Secretaria de

Educação sobre função e

como avaliar.

De forma continua, visto que

avalio em vários momentos

com diferentes instrumentos.

P.3 Avaliamos de três

formas: conceitual,

procedimental e

atitudinal.

Sim. Temos a orientação

pedagógica que nos auxilia

nas dificuldades apresentadas.

De forma continua

conceitualmente. Seus

procedimentais e atitudes.

P.4 Prega-se

atualmente que

deve procurar

trazer a tona o

valor dos aspectos

globais do processo

ensino-

aprendizagem etc.

Ainda diz que

devemos romper

com a avaliação

somativa, porém

todo final de

unidade o professor

entrega na

secretaria o mapa

com o resultado

dos alunos.

Sim. Através do processo

investigativo e processual.

De forma continua

acompanhando a

aprendizagem através de um

mapa que vou identificando

as conquistas e os problemas

em seu desenvolvimento

educacional.

Fonte : Questionário

Na pergunta nº4: Qual a concepção de avaliação da aprendizagem escolar?

P1 concebe a avaliação como fator de acompanhamento do desenvolvimento de

aprendizagem do educando, ou seja, aponta as conquistas realizadas e as dificuldades que

ainda precisam ser superadas, sinalizando para o aluno, para si, e para os pais o que deve ser

mudado e o que deve permanecer através do registro realizado cotidianamente. Para

P2, indica que avaliação é concebida como um processo contínuo, a qual deve apresentar em

55

seu contexto diferentes metodologias que possibilitem avaliar o educando. Nesse sentido

percebe-se que o P2, alerta aos próprios professores que nenhuma avaliação deve se decidida

no bimestre, trimestre ou semestre, mas deve resultar de um acompanhamento diário, e

transparente, entre docente e aluno, daí seu aspecto diagnóstico. Ou seja, constatada no

processo de avaliação a não retenção de conhecimentos, toma-se a medida de superar a

limitação de aprendizagem. O mesmo convence que uma nota não deriva de uma eventual

prova mensal, bimestral ou semestral. A nota, quando existe, resulta de processo de

aprendizagem, em que, a partir de uma relação de convivência entre professor e aluno, define-

se a avaliação, satisfatória ou insatisfatória. Essas colocações são totalmente opostas ao que

P4, trás em questão, dizendo que a avaliação é entendida ainda como aspecto valorativo pelos

profissionais da educação, e por mais que se pregue que deve ser qualitativa, rompendo a

questão quantitativa, ainda tem professores que entregam no final de cada unidade o mapa de

nota em que registra claramente o que o aluno obteve em cada disciplina. Enfim, para P3 a

avaliação é vista sob três aspectos importantes da aprendizagem do aluno: conceitual,

procedimental e atitudinal.

Na pergunta nº5: Você tem alguma orientação para avaliar seus alunos? Justifique.

P1, P2, P3 e P4, participam efetivamente das orientações em referência como deverá

ser avaliado o aluno, porém é registrado na fala de P2, que na maioria da vezes não executa

com sucesso, mas o mesmo não explica o porquê dessa questão.

Na pergunta nº 6: Como você avalia seus alunos?

P1 avalia-se o aluno de forma quantitativa (testes e provas) e qualitativa (das atitudes,

interesse, hábitos de trabalho, da adaptação social do aluno). Já P2, P3 e P4, limitam-se só ao

processo contínuo e não trás o valor quantitativo como forma de avaliação, mostrando-se que

o aluno deverá ser avaliado de forma continua. Salientando P2, que essa forma continua

deverá ser acompanhada de vários instrumentos de aprendizagem, conforme Antunes (2002),

define suas diferentes estratégias para se avaliar o aluno. P4 através de um mapa, a qual vai

verificando o sucesso e o insucesso do aluno.

A verdade é que o ato de avaliar pouco se modificou. Uma vez que, tem sido

caracterizada como disciplinadora punitiva e discriminatória, como decorrência,

essencialmente, da ação do professor e os enunciados que emite a partir dessa correção.

Continuamos a priorizar a memorização de elementos físicos e naturais, data e fatos isolados.

Infelizmente, em muitos locais de ensino, a avaliação ainda é usada para classificar,

selecionar e como elemento disciplinador, de controle, ameaça e submissão.

56

O discurso infelizmente é puramente utópico acerca da avaliação na teoria, embeleza

qualquer práxi pedagógica do educador. Este tipo de discurso nos mostra a avaliação como

processo contínuo, instrumento de socialização de saberes, cada um deve ser avaliado de

acordo a sua realidade sociocultural, respeitando a sua identidade. É uma avaliação que visa o

crescimento do aluno e possibilita a melhoria da educação.

Quadro 03

Para que você avalia seus

alunos?

Quais os instrumentos

que você utiliza para

avaliar seus alunos?

O que você faz com seus

resultados das avaliações

de seus alunos?

P.1 Para verificar se as

atividades propostas e

realizadas atingiram ou

não o objetivo da

aprendizagem.

A avaliação nos permite

uma variedade de

instrumentos, que vão

desde a verificação

linguística (como leitura,

interpretação e

conhecimentos

gramaticais) até a

produção textual,

pesquisas, seminários,

entrevistas etc.

Avalio a minha própria

atuação no processo

ensino-aprendizagem.

P.2 Para detectar se o aluno de

fato está conseguindo

adquirir os conhecimentos

básicos necessários da

disciplina e buscar novas

alternativas através de

diferentes metodologias e

sanar as dificuldades e

necessidades do aluno.

Cabe salientar que nem

sempre consigo sanar

essas dificuldades.

Problematizações,

inferências, debates, troca

de conhecimentos,

discussões

supervisionadas, diferentes

trabalhos individuais e em

grupo, oficina de textos,

testes, provas.

Além de apresentar os

resultados a direção da

escola, busco através de

diferentes dinâmicas

realimentar os

conhecimentos não

adquiridos e elevar a

autoestima do aluno em

relação a capacidade de

aprender.

P.3 Para observar

continuamente seu nível

de aprendizagem ao tempo

que inovo a minha prática

para possibilitar melhor

desempenho dos

educandos

Metodologias variadas,

avaliação continua,

verificação dos conceitos

trabalhados através de

pesquisas, trabalhos,

testes, avaliações.

Verifico onde houver

menor alcançasse de bons

resultados e repasso com

outra metodologia o

conceito.

P.4 Para que os alunos

venham tomar

conhecimentos dos seus

avanços e dificuldades. E

para que eu através daí,

procuro usar metodologia

podendo eles superar as

Avaliação contínua,

investigativa e

diagnostica.

Entrega-os e faço alguns

comentários e

identificamos e corrigimos

coletivamente os possíveis

erros. Comunico os

resultados pra a secretaria

da escola.

57

dificuldades e continuar

progredindo na construção

do conhecimento.

Fonte : Questionário

Na pergunta nº7: Para que você o que é avaliar seus alunos?

O P1, P2, P3 e P4 avaliam o aluno para ver se realmente o que foi dado em sala de

aula condiz com os objetivos propostos. Encontrando dificuldades no processo avaliativo

procuram rever sua pratica pedagógica e elaborar e aplicar novas metodologias pra sanar

almas situações - problemas.

Na pergunta nº8: Quais os instrumentos que você utiliza para seus alunos?

Todos os entrevistados utilizam a avaliação de forma continua, apresentando assim

vários instrumentos metodológico que possibilitem a aprendizagem do educando tais como:

pesquisas, debates, oficinas, provas, testes, seminários e etc. O que os professores colocam em

sua pratica também é confirmado nas formas estratégicas de avaliação para o aluno que

Antunes (2002) aponta especificando “Avaliação dos instrumentos”. Considerando a

avaliação um espelho da concepção do trabalho do professor, faz-se necessário redirecionar

sua prática, que deve está vinculado com a postura progressiva – uma avaliação contínua,

diagnóstica, transparente, formativa e integral. A prática da avaliação escolar, ao invés de

servir como um meio de perceber como os alunos avançam na construção de seus

conhecimentos atua como um fim de um processo. A avaliação nesse caso é usado como um

mecanismo para selecionar ou classificar o aluno em “forte” ou “fracos‟. O individuo que não

se enquadram dentro das expectativa do processo educacional, acaba muitas vezes,

interiorizando a ideia de que não é capaz de crescer, de avançar de acordo com suas próprias

potencialidade.

Na pergunta nº9: O que você faz com seus resultados das avaliações de seus alunos?

P1 Avalia a sua atuação enquanto docente frente aos resultados apresentado dos testes

e provas P2, Leva ao setor administrativo da escola apresentando os resultados. Em seguida

de forma dinâmica e prazerosa, procuram resinificar o que não foi adquirido pelo aluno,

levantando-o a sua própria autoestima. P3 detecta qual foi o ponto de dificuldade dos alunos e

revisa com novas formas diferenciadas para que o aluno aprenda. P4 Leva a secretaria escolar

os resultados e corri coletivamente apontando os erros e os acertos do aluno. Ao contrário do

que se observa e prega na prática de muitos professores o uso da avaliação não passa a ser

nomeado instrumento de tortura, pressão e controle do comportamento. Segundo Ferreira

2004, p.09:

58

O professor, então, tendo observado o “mau comportamento” dos alunos,

sente-se tentado ameaçá-los com a arma poderosa da avaliação, dizendo que

irá tirar-lhes pontos, chamará os pais, irá colocá-los para fora da sala,

encaminhá-los para a coordenação, etc. Nesta concepção, o mais comum é o

professor, não conseguindo motivar o aluno para o trabalho, comece a usar a

nota como um instrumento de pressão para obter a disciplina e participação,

contribuindo assim, para a sua alienação.

Quadro 04

O que você faz com os

seus alunos que não

conseguiram ter um bom

desempenho nas

avaliações?

Você tem dificuldades em

avaliar seus alunos?

Justifique.

Você já participou de

alguma formação

especifica em torno da

avaliação da

aprendizagem escolar?

Em caso afirmativo, o

que se tratou nesta

formação?

P.1 Procuro redefinir os

objetivos, conciliando os

problemas concretos e

imediatos com conteúdos

novos.

Não. Todas as atividades,

trabalhos e exercícios

realizados pelo aluno

constituem também

instrumentos de avaliação.

Sim. Tratou-se de que

dentro de todo o processo

de avaliação, o mais

importante é acompanhar

de perto o

desenvolvimento do aluno

e detectar, com rapidez, as

atitudes, as habilidades e

conteúdo que devam ser

retrabalhados.

P.2 Solicito que a secretaria

convide os pais para

dialogarem comigo sobre o

desempenho dos alunos,

dialogo com o próprio

aluno sobre suas

dificuldades e coloco em

sala de aula próximo a

minha carteira para

acompanhá-lo de forma

mais continua

individualmente.

Avaliar não. Tenho muitas

dificuldades de após o

resultado da avaliação

despertar no aluno o prazer

e a necessidade de adquirir

conhecimentos, ou seja,

melhorar o desempenho

daqueles que não

demonstram vontade de

interagir com o objeto de

conhecimento.

Formação acadêmica não.

Cursos, vários. Os cursos

sempre trataram da função,

importância e estratégias

de aplicação da avaliação.

P.3 Trabalho os conceitos de

forma mais clara e lúdica

para melhorar o

desempenho.

Avaliar é sempre uma

tarefa difícil, mais com

dedicação conseguimos.

Não.

P.4 Através de dialogo, ajudo a

refletirem sobre a maneira

como estão realizando cada

tarefa, detectando suas

folhas e suas fraquezas e

Não. Porque avalio em

todas as aulas.

Não. Procuro fazer

pesquisas para adquirir

alguns conhecimentos.

59

como podem melhorar suas

competências na

aprendizagem.

Fonte : Questionário

Na pergunta nº 10: O que você faz com os seus alunos que não conseguiram ter um

bom desempenho nas avaliações?

O P1 procura rever as suas finalidades propostas frente aos problemas encontrados,

aplicando após essa analise novos conteúdos. Partindo disso pergunta-se: Será que P1, não

poderia retornar fazer uma revisão breve em referência ao conteúdo que o aluno apresentou na

avaliação suas dificuldades? Como é que um professor percebe que o aluno não conseguiu um

bom êxito no processo de avaliação e vai sugerir novos conteúdos? Como fica aprendizado

desse educando? É preciso que o professor oportunize momentos em que os alunos possam

rever seus conceitos, suas atitudes e ações. Partindo disso poderemos sanar esse mal

desempenho e obter uma aprendizagem significativa tanto pra o professor e principalmente

para o aluno. P2 trabalha mais o lado psicológico, trazendo a família com integrante desse

processo, o qual faz uma conversa entre professor e aluno e esclarece o que esta realmente

acontecendo, quais os reais fatores que contribuem para que isso aconteça. Em seguida faz um

acompanhamento de caráter individual de forma contínua. Sendo assim, propiciando a eles

uma aprendizagem a serviço do desenvolvimento do aluno. P3 apresenta novas metodologias

de maneira interativa para melhorar o desempenho do aluno. P4 dialoga, pois o dialogo visa

melhorar a comunicação entre as pessoas e a produção de ideias novas e significados

compartilhados. Fazendo com os alunos repensem a sua prática. Na pergunta 12: Você já

participou de alguma formação especifica em torno da avaliação da aprendizagem escolar?

Em caso afirmativo, o que se tratou nesta formação?

Durante todo o trabalho de campo discutir acerca da avaliação da aprendizagem escolar, saber

quais concepções dos professores, observar as práticas docentes e ações comportamentais dos

alunos, verificar e analisar os instrumentos qualitativos e quantitativos para se avaliar, estudar

a proposta pedagógica avaliativa através do PPP, conversas informais. Esses foram alguns dos

momentos que fortaleceram para que pudesse chegar a uma conclusão geral deste importante

e gratificante trabalho. Como forma de compreender melhor teoricamente o assunto e puder

analisar os fatos retratados, autores bem como: Antunes (2002), Hoffmann (2009), Freire

(2005), Luckesi (2005), Shudo (1999), Esteban (1996), Nascimento (2003) e entre outros,

nortearam a descrição do trabalho.

60

Para buscar responder os questionamentos das perguntas de investigação abaixo, a

observação da prática na sala de aula foi o elemento que deu veracidade e permitiu descrever

abaixo algumas posições, trazendo infelizmente respostas não satisfatórias que afetam tanto a

prática docente, o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos e principalmente toda

comunidade escolar.

Por que os professores falam tanto em seu discurso teórico que a avaliação deve ser

processual, mas quando chegam à prática acabam priorizando e dando maior ênfase a

avaliação somativa, classificatória?

a) Muitos professores não participam da construção do Projeto Político Pedagógico da

escola, pois o mesmo já vem pronto da Secretaria da Educação, permitindo poucas

retificações por parte da comunidade escolar;

b) A escola tem a maioria dos alunos repetentes, desinteressados nos estudos,

comportamentos inadequados. Para equilibrar tal situação, o professor utiliza a

avaliação como instrumento de poder e controle. Neste momento todos os alunos

ficam apreensivos e acaba respeitando;

c) Há pouca interferência dos pais na ação pedagógica do professor, muitos não tem

instrução educacional, pais e mães analfabetos e analfabetos funcionais;

O que pensam os professores acerca da avaliação da aprendizagem escolar?

a) Para uma turma sem controle no que diz respeito a parte comportamental, a avaliação

é dada infelizmente como punição, controle. Salientando que foi aplicado o

questionário para saber o que pensam acerca da avaliação, verifica-se uma contradição

com o observado em sala de aula. A avaliação não foi vista como processo contínuo,

reflexão e reestruturação da prática. O discurso foi puramente utópico e distante da

realidade.

Pedagogicamente como os professores avaliam seus alunos e o que se faz com os

resultados obtidos?

A escola oferece três aspectos

a) No campo Conceitual (Testes e provas), tem o valor de 6,0 pontos.

b) No campo Procedimental (Atividades internas e externas), obedece ao valor de 2,0

pontos.

c) No campo Atitudinal (valores) – atribui-se o valor 2,0

61

Ao observar, podemos conferir as prioridades como maior número de pontuação para

se avaliar os alunos, conceitual. Essa divisória contradiz com o que a LDB/9.394 de 1996: Os

aspectos qualitativos deverão sobressair que os quantitativos.

Quais os critérios utilizados pelos professores para avaliar os alunos?

1. Reduzem-se nos cumprimentos das atividades, participação e avaliação através de

provas e testes;

2. Não há critérios definidos, claros e estabelecidos pelos professores, e os que existem

não são empregados como deveria ser, pois presença da coordenadora pedagógica não

intimida os professores em nenhum momento.

A avaliação é de fundamental importância dentro do processo ensino aprendizagem,

pois através dela o aluno poderá observar suas deficiências e procurar corrigi-las. Terá

também possibilidade de perceber seu verdadeiro potencial sobre diferentes temas. Nesse

processo o professor será o elo, pois a maneira de como o professor avaliará é que lhe dará a

oportunidade de vivenciar esse processo sem nenhum tipo de trauma. Infelizmente é muito

comum ver escolas proporcionando os alunos apenas um instrumento de avaliação, a prova

tão temida pelos alunos que é feita na sua grande maioria com perguntas, onde o aluno que

memorizou conseguirá alcançar boas notas e aquele que não memorizou estará com sérios

problemas.

Para isso é necessário que o professor registre regularmente o desenvolvimento do

aluno junto com ele. Os professores precisam encontrar novos rumos para avaliar, pois na sua

maioria avaliam o aluno de forma injusta e autoritária. Oprime o aluno através de provas,

ameaçando-os a todo o momento caso não tenham um bom comportamento.

Já que o modelo dominante de avaliação não contribui para que haja uma forma mais

justa em que se priorize o conhecimento do aluno, Há necessidade de reestruturar o processo

de avaliação.

A escola precisa redefinir os rumos da educação que pretende desenvolver com seus

alunos, associando a realidade vivida pelo aluno com a realidade da escola. É uma questão

muito difícil, mas não deve ser considerada como se fosse algo impossível de realizar.

7 CRONOGRAMA

62

Objetivo: Melhorar o processo avaliativo na escola através da realização do estudo.

ATIVIDADES Outubro Novembro

Período de Observação

Mobilizar os professores para o

estudo coletivo em prol da

melhoria do processo

avaliativo na escola.

Levantar os conhecimentos dos

professores, referente à

avaliação mediadora,

inclusiva e as bases legais que

fundamentam o processo

avaliativo nas escolas do

Brasil

Entrevista Aplicação do questionário.

Promover estudos

• Apresentar conceitos

de Jussara Hoffmann,

Cipriano Luckesi, da LDB

9.394/96 e das Resoluções

nº 04 e 07 do ano de 2010,

que definem as Diretrizes

Curriculares Nacionais

para a Educação.

• Apresentar e discutir

qual a importância dos

documentos que orientam

as ações da escola: PPP,

PDE, Regimento, o

Currículo, Plano de Aula.

• Apresentar e discutir

os instrumento de

avaliação.

Realização da oficina Serão realizados em 2016

oficinas pedagógicos na

escola para estudos coletivos

e discussão sobre a avaliação

da aprendizagem na escola.

• Realização da oficina:

Será realizado um ciclo de

estudos dividido por cinco

oficinas pedagógicas com

uma duração de sete meses,

sendo que a cada encontro

teremos um período de dois

meses para que os

professores possam

relacionar tudo que está

sendo tratado na teoria com

Realizar uma oficina

focando como é

imprescindível que o

processo avaliativo de

qualidade se fundamente

em princípios

democráticos,

participativos e legais.

Analisar os documentos da

escola observando o que

precisa ser modificado,

com base no que foi

estudado na Oficina.

Sistematizar e elaborar um

Plano de Ação com a

definição das

responsabilidades dos

63

sua prática em sala de aula.

Os encontros terão duração

de duas horas.

17/03 - 1º Encontro –

Concepções sobre avaliações

da aprendizagem;

15/04 - 2º Encontro –

Continuação das concepções

da aprendizagem;

20/05 - 3º Encontro –

Análise do PPP da escola no

que diz respeito a avaliação;

17/06 - 4º Encontro –

Instrumentos Avaliativos;

15/07- 5º Encontro –

Continuação dos

Instrumentos Avaliativos;

19/08- 6º Encontro-

Socializa os resultados das

ações que foram

desenvolvidas ao longo do

ciclo;

16/09- 7º Encontro –

Planejar e sistematizar

instrumentos e ações

avaliativas coerentes com as

propostas pedagógicas da

escola.

professores para a

implantação e/ou

implementação dos

documentos estudados,

sobretudo visualizando a

importância de uma

avaliação significativa e

norteada por bases legais.

Questionar o entendimento

dos professores, referente

às avaliações bem como

ao processo avaliativo que

tem realizado em sua

prática pedagógica.

Construir instrumentos que

elucidem a ressignificação

da concepção do processo

avaliativo na sala de aula,

em função da qualidade do

processo de ensino e

aprendizagem.

Socializar os resultados das

ações, que foram aplicadas

em quinze dias, com o

intuito de ressignificar a

concepção do processo

avaliativo.

Planejar e sistematizar

instrumentos e ações

avaliativas coerentes com

as propostas pedagógicas

da escola, de modo que

elas favoreçam

informações que reflitam a

aprendizagem significativa

dos estudantes, assim

como o repensar da prática

pedagógica.

Elaborar um cronograma

mensal para acompanhar,

discutir e decidir sobre a

postura avaliativa adotada,

bem como os seus reflexos

na prática pedagógica,

buscando sempre o

crescimento tanto dos

estudantes, quanto dos

professores no contexto

educativo.

64

8 AÇÕES DA INTERVENÇÃO

Serão realizados em 2016 oficinas pedagógicos na escola para estudos coletivos e

discussão sobre a avaliação da aprendizagem na escola.

Período de Observação: Será um momento de mobilização com todos os professores

da unidade escolar para o estudo coletivo.

Entrevista: Foi aplicado um questionário para levantamento dos conhecimentos dos

professores no que diz respeito a avaliação.

Momento de estudos: Durante os planejamentos houve momentos de estudos onde

foram apresentados os conceitos de avaliação na visão de Jussara Hoffman, Cipriano

Luckesi, LDB 9.394/96.

Realização da oficina: Será realizado um ciclo de estudos dividido por cinco oficinas

pedagógicas com uma duração de sete meses, sendo que a cada encontro teremos um

período de dois meses para que os professores possam relacionar tudo que está sendo

tratado na teoria com sua prática em sala de aula. Os encontros terão duração de duas

horas.

1º Encontro – Concepções sobre avaliações da aprendizagem;

2º Encontro – Continuação das concepções da aprendizagem;

3º Encontro – Análise do PPP da escola no que diz respeito a avaliação;

4º Encontro – Instrumentos Avaliativos;

5º Encontro – Continuação dos Instrumentos Avaliativos;

6º Encontro- Socializa os resultados das ações que foram desenvolvidas ao longo do

ciclo;

7º Encontro – Planejar e sistematizar instrumentos e ações avaliativas coerentes com

as propostas pedagógicas da escola.

9 RESULTADOS ESPERADOS

Diminuir a distância entre o discurso e as práticas de avaliação e aumentar o interesse

dos professores em modificar a prática avaliativa, de modo a avançar para uma postura

convergente ao que preconiza as Diretrizes Curriculares Nacionais, ou seja, que a avaliação se

norteie pela relação professor-estudante-conhecimento-vida em movimento.

65

10 AVALIAÇÃO

A avaliação acontecerá no decorrer das ações, através de: instrumentos de meta

cognição para os professores; devolutiva dos professores sobre os avanços dos estudantes, a

partir da sua mudança de postura pedagógica; melhores resultados no desempenho dos

estudantes nas avaliações aplicadas pelos professores, bem como na observação do interesse

dos professores em incorporar na sua rotina de trabalho, uma postura diferenciada para a

qualidade da educação. Ao final, socializar e divulgar os resultados do Plano de Intervenção

com toda equipe.

66

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa desenvolvida no âmbito deste trabalho revela a dicotomia entre a teoria e a

prática da avaliação na escola Dinah Carrilho Monteiro, onde foram analisados através de

questionários, como os professores utilizam a avaliação da aprendizagem. Na realidade, o que

mais se revela neste estudo é que os professores desconhecem de fato qual é a melhor forma

de avaliar. Nessa perspectiva, a avaliação exige o compromisso político-pedagógico do

professor. Político porque envolve a tomada de decisões, em face das exigências do processo

de ensino e aprendizagem, bem como das exigências do sistema escolar, como propor

encaminhamentos, refletir sobre suas próprias ações. Pedagógico, porque reside em mudanças

em virtude de conteúdos e encaminhamentos metodológicos. Não há, quando nos reportamos

à avaliação, espaço para a neutralidade. É necessária uma ação centrada na transformação, em

mudanças na prática.

A partir das conclusões do trabalho de campo, onde foi discutido acerca da avaliação

da aprendizagem escolar, percebemos quais as concepções dos professores sobre avaliação,

observamos as práticas docentes e ações comportamentais dos alunos, verificamos e

analisamos os instrumentos qualitativos e quantitativos para se avaliar, estudamos a proposta

pedagógica avaliativa através do Projeto Político Pedagógico da escola, é que foi pensada essa

proposta de intervenção com o intuito de diminuir a distância entre o discurso e as práticas de

avaliação e aumentar o interesse dos professores em modificar a prática avaliativa, de modo a

avançar para uma postura convergente ao que preconiza as Diretrizes Curriculares Nacionais,

ou seja, que a avaliação se norteie pela relação professor-estudante-conhecimento-vida em

movimento.

67

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Escola à Universidade. 8. ed., Porto Alegre: Mediação, 1993.

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práxis transformadora- São Paulo. 1999.

_____________________. Avaliação: Concepção Dialético Libertadora do Processo de

Avaliação Escolar. São Paulo: Liberta, 1993.

ANEXOS

Universidade Federal da Bahia

Faculdade de Educação

Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública

Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica – CECOP 3

Caro (a) Participante(a)

Este questionário tem por objetivo coletar informações sobre a avaliação da

aprendizagem escolar. Pesquisa de dissertação do TCC/PV intitulada: A Dicotomia entre a Teoria e prática da avaliação da aprendizagem.

Sua opinião e colaboração nas respostas a estas questões são de suma relevância para a

concretização da referida pesquisa e análise dos resultados.

Agradeço a colaboração

Atenciosamente,

Cristiane Pereira Assis

Especializando em Coordenação Pedagógica

QUESTIONÁRIO

Tema: A Dicotomia entre a Teoria e prática da avaliação da aprendizagem.

Você responderá um questionário contendo 12(doze) perguntas subjetivas

acerca da avaliação da aprendizagem escolar.

1. Para você o que é avaliar?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

2. Para que deve servir a avaliação da aprendizagem escolar?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

3. Qual a finalidade da avaliação da aprendizagem escolar?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

4. Qual a concepção de avaliação da aprendizagem escolar?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

5. Você tem alguma orientação para avaliar seus alunos por parte da Coordenação

Pedagógica? Caso afirmativo, que orientações são dadas?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

6. Como você avalia seus alunos?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

7. Para que você avalia seus alunos?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

8. Quais os instrumentos que você utiliza para avaliar seus alunos?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

9. O que se faz com os resultados das avaliações de seus alunos?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

10. O que se faz com os alunos que não conseguiram tem um bom desempenho nas

avaliações?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

11. Você Tem dificuldade de avaliar seus alunos? Por quê?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

12. Você já participou de alguma formação específica em torno da avaliação da

aprendizagem escolar?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________