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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3 ANA CLÁUDIA DA SILVA BARBOSA O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS DOCENTES DO COLÉGIO ESTADUAL JÚLIO CÉSAR SALGADO Salvador 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAFACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃOBÁSICA PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

ANA CLÁUDIA DA SILVA BARBOSA

O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A FORMAÇÃOCONTINUADA DOS DOCENTES DO COLÉGIO

ESTADUAL JÚLIO CÉSAR SALGADO

Salvador2015

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ANA CLÁUDIA DA SILVA BARBOSA

O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A FORMAÇÃOCONTINUADA DOS DOCENTES DO COLÉGIO

ESTADUAL JÚLIO CÉSAR SALGADO

Projeto Vivencial apresentado ao Programa NacionalEscola de Gestores da Educação Básica Pública,Faculdade de Educação, Universidade Federal daBahia, como requisito para a obtenção do grau deEspecialista em Coordenação Pedagógica.

Orientadora: Profª. Ma. Antonia Gonçalves SantanaOliveira

Salvador2015

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ANA CLÁUDIA DA SILVA BARBOSA

O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A FORMAÇÃOCONTINUADA DOS DOCENTES DO COLÉGIO

ESTADUAL JÚLIO CÉSAR SALGADO

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau deEspecialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola deGestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.

Aprovado em janeiro de 2016.

Banca Examinadora

Primeiro Avaliador.____________________________________________________

Segundo Avaliador. ___________________________________________________

Terceiro Avaliador. ____________________________________________________

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A

Todos os coordenadores pedagógicos das escolas públicas que exercem com muita

dignidade, entusiasmo e competência seu trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida.

Aos meus queridos pais, Atuite e Ivone, incentivadores constantes da minha carreira

educacional.

Ao meu esposo, Gervásio Paulo, pelo apoio incondicional nos meus projetos.

Aos meus filhos, Ana Clara e Mateus Paulo, amores eternos.

A minha orientadora, Prof. Antônia Gonçalves Santana Oliveira, pela competência e

participação auxiliando-me neste projeto vivencial.

À Faculdade de Educação da UFBA e ao Programa Escola de Gestores, por

oportunizarem este curso que aperfeiçoa o trabalho de tantos Coordenadores

Pedagógicos como eu.

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A formação contínua centrada na escola possibilita que se tomem

elementos da experiência do docente e das necessidades da história

da escola local como referência para a reflexão, caracterizada pela

diversidade de propostas formativas ancoradas na multiplicidade de

escolas existentes (DOMINGUES, 2014, pg.74).

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BARBOSA, Ana Cláudia da Silva. O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A

FORMAÇÃO CONTINUADA DOS DOCENTES DO COLÉGIO ESTADUAL JÚLIO

CÉSAR SALGADO. 2015. Projeto Vivencial (Especialização) – Programa Nacional

Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia,

Salvador, 2015.

RESUMO

Esse projeto vivencial aponta a importância do papel do coordenador pedagógico naformação continuada dos docentes e consiste na análise da formação continuadados professores do Colégio Estadual Júlio César Salgado, durante as atividadescomplementares (A.C), visando melhorias neste processo formativo a fim de auxiliaros professores no fazer de suas práticas pedagógicas. Ressalta-se que este colégiopertence a rede pública de educação do Estado da Bahia, portanto, a coordenaçãopedagógica segue suas diretrizes educacionais. A pesquisa utiliza-se do método dapesquisa ação e propõe análise de dados por meio da verificação das atas dereuniões pedagógicas e de questionários aplicados com os professores do referidocolégio. Por meio dos resultados obtidos é apresentada uma proposta deintervenção com o intuito de potencializar os espaços formativos nos espaçosescolares e contribuir para a melhoria deste na referida escola. Oportuniza a própriaescola a repensar suas teorias e ações, buscando um trabalho voltado à eficiência,competência e qualidade na educação. Prima desta forma por uma construçãocoletiva do saber.

Palavras-chave: Formação continuada. Coordenador pedagógico. Práticapedagógica. Repensar da escola.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................7

1. MEMORIAL: MINHA VIDA, MINHA HISTÓRIA.........................................................8

2. A ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO FRENTE A FORMAÇÃO

CONTINUADA DO PROFESSOR...............................................................................12

3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: FORTALECIMENTO DA FORMAÇÃO

CONTINUADA DURANTE AS ATIVIDADES COMPLEMENTARES DO COLÉGIO

ESTADUAL JÚLIO CÉSAR SALGADO.......................................................................16

3.1 ANÁLISE DOS DADOS.........................................................................................18

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................23

REFERÊNCIAS...........................................................................................................25

APÊNDICE..................................................................................................................26

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INTRODUÇÃO

Este projeto vivencial apresenta um estudo sobre a formação continuada dos

professores do Colégio Estadual Júlio César Salgado. Este tema pertence ao eixo nove,

Coordenação Pedagógica: relações, dimensões e formas de atuação no ambiente

escolar. A escolha por esse tema deve-se ao destaque do papel do coordenador

pedagógico e da formação continuada dos docentes na atualidade educacional.

O coordenador pedagógico desempenha importante papel na escola, ele media e articula

seu trabalho com toda a comunidade escolar. Mas o seu direcionamento especial está no

professor, pois, desde a jornada pedagógica no início do ano letivo, as reuniões semanais

de atividade complementar, o planejamento de atividades escolares, até o Conselho de

Classe final, o coordenador acompanha a prática docente de unidade escolar em que

atua. Portanto, o coordenador é figura relevante para que o professor melhore sua prática

de sala de aula, visto que, o acompanha em todas as etapas do seu planejamento. Assim,

auxiliar o professor na sua formação continuada é contribuir para a prática de uma

educação melhor.

Sendo a formação continuada uma das mais exigidas atribuições do coordenador

pedagógico na atualidade, nosso objeto de estudo concentra-se nas atividades

complementares, momentos em que se dá essa formação no citado Colégio. Se

realmente acontece essa formação, como e quais as contribuições para a escola? É o

que pretendemos investigar. Bem como as facilidades e dificuldades encontradas pelos

profissionais envolvidos. Pretende-se, assim, contribuir para valorização da atuação do

coordenador pedagógico no processo da formação continuada dos docentes e para o

repensar das ações pedagógicas da escola.

Para a realização desse trabalho que se apresenta na modalidade de projeto

vivencial, far-se-á uso da pesquisa ação, onde será realizada revisão bibliográfica,

observação in loco e aplicação de questionários com os sujeitos envolvidos no processo.

Também, pretende-se apresentar uma proposta de intervenção com o intuito de propor

ações com o intuito de minimizar ou garantir a resolução da problemática apresentada.

Assim, o trabalho está estruturado em três grandes partes, além da introdução e

considerações finais: 1. O memorial intitulado “Minha vida, minha história”; 2.

Fundamentação teórica onde desenvolvo uma reflexão com diferentes autores sobre a

temática e 3. Proposta de intervenção, onde proponho ações voltadas para melhoria da

formação continuada dos professores, buscando uma construção coletiva de ideias e

atitudes que fortaleçam o processo de ensino e aprendizagem do referido colégio.

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1. MEMORIAL: MINHA VIDA, MINHA HISTÓRIA

Recordo-me que, desde criança, meus pais incentivavam a mim e aos meus irmãos

a estudar para nos “formar”, ou seja, concluir o ensino médio, o que para época já era

muito, pois, eles só tinham feito o ensino fundamental II. E para felicidade de todos

sempre gostamos bastante de estudar e pra mim o vestibular passou a ser meta pessoal.

Fazer uma graduação era algo certo para minha vida, queria avançar nos estudos e

progredir na vida.

Fiz magistério no ensino médio e sempre gostei das disciplinas de ciências

humanas e linguagens. Assim, fiz o vestibular e em 1993 comecei o curso de graduação

em Pedagogia. E a Universidade do Estado da Bahia _ UNEB assim como se espera de

toda a Universidade, apresentou-me um novo olhar sobre o mundo. Ninguém jamais

esquece a Universidade, pois, minha visão de mundo se ampliou, muitas questões

filosóficas provocaram a minha mente, passei a enxergar os acontecimentos com mais

criticidade e realidade, inclusive na área da Educação.

Enfim, eu tinha a certeza que estava fazendo o curso certo, Pedagogia me

conquistou, todas as disciplinas eram ótimas, uma complementava a outra. E os estágios

foram enriquecedores, exercer a prática pedagógica com os alunos só veio aumentar a

certeza no sucesso dessa carreira educativa e em 1996 conclui a graduação. Tudo

conspirava a favor dos meus objetivos educacionais e em 1997, fiz o curso de

Especialização em Metodologia do Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação pela

Universidade do Estado da Bahia.

Iniciei a minha vida profissional assim que terminei o ensino médio, secretária foi o

meu primeiro emprego, em seguida trabalhei como caixa de uma concessionária de

veículos, nesta época (1994) já cursava a Faculdade de Pedagogia. Percebi que algo

estava errado na minha vida profissional, eu queria atuar na área da “Educação”, na qual

me preparei durante vários anos, mas não tive oportunidade de exercer meus

conhecimentos.

Em 1997 fui convidada para trabalhar na Secretaria Municipal de Educação de

Jaguarari, município vizinho da cidade onde moro, como coordenadora pedagógica. Agora

sim, tudo começava a fazer sentido na minha profissão, tive colegas de trabalho com que

pude aprender muito sobre teoria e prática da Educação Básica. Tive oportunidade de

participar de vários cursos oferecidos pela Secretaria Municipal de Educação, mas teve

um em especial para professores e coordenadores pedagógicos que era um convênio

com a Universidade do Estado da Bahia que marcou minhas atividades profissionais

naquela cidade. Os professores universitários davam "Oficinas" temáticas para os

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professores municipais do ensino fundamental e eu trabalhei na organização desse curso,

fui cursista e auxiliei como coordenadora também, desta maneira vivenciei muitas

experiências exitosas educacionais e organizacionais que contribuem até hoje na minha

prática como coordenadora pedagógica. Na minha primeira experiência como

coordenadora atuei com os professores do ensino fundamental I e ensino fundamental II,

uma vivência da realidade das escolas daquele município. Uma das minhas primeiras

atribuições foi visitar todas as escolas do município e fazer um relatório para a secretaria

da educação municipal, desde as instalações físicas até as questões pedagógicas de

cada escola. Eu que sempre estudei em escola particular, constatei de imediato as

contradições da educação. Foi um verdadeiro “choque” da realidade educacional: aquelas

crianças, com condições mínimas para estudarem, as escolas mais distantes da sede

funcionavam em pequenas casas precárias, muitos professores despreparados e

desvalorizados e o pior toda aquela situação refletia negativamente na aprendizagem dos

alunos. Essa experiência tinha que ser relatada no meu memorial, afinal, foi importante

para minha reflexão de como atuar como coordenadora pedagógica da rede pública, onde

os desafios são gigantes e a necessidade de contribuir para uma educação melhor é mais

que uma obrigação é essencial para uma sociedade mais justa e emancipadora de seus

cidadãos.

Fiz um concurso para coordenador pedagógico estadual e fui aprovada em primeiro

lugar. E em fevereiro de 1999, mês do meu aniversário, tomei posse no Colégio Estadual

Júlio César Salgado, como coordenadora pedagógica.

Completei dezesseis anos na coordenação pedagógica deste colégio e ao longo

desses anos superei muitas dificuldades como coordenadora. Lembro-me do primeiro dia

no colégio, a diretora me disse: “O trabalho do coordenador é agradar o professor”, eu

internalizei isso como verdade durante algum tempo. Me tornei a tarefeira da escola, uma

auxiliar administrativa, desempenhei várias funções dentro do colégio, tudo para "agradar"

aos professores e a direção do colégio, assim desempenhei várias funções dentro do

colégio que não eram próprias da coordenação pedagógica. Nesta época eu não fazia

formação continuada para os docentes, durante as atividades complementares

basicamente eram realizados os planejamentos semanais de aula e a organização de

eventos escolares. E só depois de alguns anos, vivenciando a rotina da coordenação,

lendo, estudando, trocando experiências com outros coordenadores é que fui entendendo

“de fato e de direito” o que é ser coordenador pedagógico.

Atualmente exerço com muita propriedade minha função, ser a articuladora

pedagógica de todos os segmentos da escola é uma tarefa importante na escola, trabalho

diretamente com o corpo docente e sem dúvida, são os momentos das atividades

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complementares ou reuniões pedagógicas, onde coordeno o planejamento com os

professores, que são as vivências mais importantes da minha atuação enquanto

coordenadora. Nas atividades complementares acontece a formação continuada dos

professores de uma maneira mais sistematizada e eu sou responsável por toda a

organização desses momentos de estudo, portanto, defini meu objeto de estudo: O

coordenador pedagógico e a formação continuada dos professores, nas atividades

complementares do Colégio Estadual Júlio César Salgado. Foi uma conquista de muitos

anos de trabalho, com erros e acertos para chegar hoje e poder dizer que desenvolvo

meu trabalho como coordenadora pedagógica. Sabedora de que preciso melhorar minha

prática constantemente, busco aperfeiçoar a formação continuada no colégio onde atuo.

Como já citei, trabalho em um Colégio da rede estadual de ensino, sendo assim o

professor de vinte horas semanais, tem como direito fazer cinco horas de atividade

complementar na escola. Os professores são agrupados por área do conhecimento, por

exemplo, todas as terças-feiras é atividade complementar para os professores da área de

ciências humanas, códigos e suas tecnologias. Esses professores e a coordenação se

reúnem para fazerem as atividades complementares, ou seja, as reuniões pedagógicas

semanais por área. Então, este projeto vivencial vai permitir uma reflexão sobre a

formação continuada dos professores do Colégio Estadual Júlio César Salgado e auxiliar

os professores em seus estudos e consequentemente auxiliá-los nas suas práticas em

sala de aula para melhorar a aprendizagem do aluno.

Sinto-me no momento muito especial da minha carreira, principalmente

participando do CECOOP 3 e tendo a possibilidade de refletir melhor sobre o trabalho

pedagógico que desenvolvo com os professores nas Atividades Complementares. O curso

de especialização em coordenação pedagógica era algo que há muito tempo eu estava

querendo fazer, pois, para professor e gestor, o Estado sempre possibilitou cursos de

atualização e até especialização, mas, para coordenador nenhuma especialização,

quando efetivei minha matrícula neste curso foi um misto de alegria, satisfação e

concretização de um sonho profissional. Representa uma retomada dos meus estudos,

revigorou meu desejo de fazer o mestrado em educação, com o foco em coordenação

pedagógica. Durante todo o curso me dediquei bastante, a cada componente curricular fui

me surpreendendo ainda mais com o curso, era exatamente isto que eu precisa: estudos,

reflexões e planejamentos sobre coordenação pedagógica. Enfim, desde o começo do

curso que atualizo minha prática pedagógica, que tenho ideias para solucionar algumas

questões práticas do meu cotidiano na escola, como por exemplo: organizar melhor os

momentos de atividade complementar. Fortaleci minha identidade enquanto coordenadora

pedagógica, estou muito empolgada em continuar os estudos e já percebo mais

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valorização do meu trabalho na unidade escolar onde trabalho, depois do curso. Enfim,

este curso de especialização tem ajudado muito na minha carreira de coordenadora

pedagógica.

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2. A ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO FRENTE A FORMAÇÃOCONTINUADA DO PROFESSOR

A sociedade atual vem passando por uma série de acontecimentos de ordem

política, econômica e social, acelerada por inovações tecnológicas e pela rapidez nas

comunicações. E com a Educação não poderia ser diferente, pois, as instituições de

ensino são partes dessa sociedade.

Consequentemente, todos os profissionais ligados a Educação também passam

por atualizações. No caso desse projeto vivencial, cujo tema é “o coordenador pedagógico

e sua atuação na formação continuada do professor”, sendo essa atribuição cada vez

mais exigida na sua prática, vamos analisar como acontece esse processo formativo

durante as atividades complementares (A.C).

Indiscutivelmente quando falamos em escola, não podemos esquecer o importante

papel que desempenha o coordenador pedagógico. Ele é o articulador pedagógico da

escola e dialoga com todos os setores desta.

O coordenador pedagógico articula-se com toda comunidade escolar, porém, o seu

direcionamento especial está no professor. Pois, desde a jornada pedagógica, no início do

ano letivo (coordena o planejamento por área do conhecimento, por componente

curricular, calendário letivo da escola, etc.), durante o ano participa ativamente das

reuniões semanais de atividade complementar, dos conselhos de classe por bimestre.

Além de coordenar os projetos da escola, ainda implementa e atua nos projetos

educacionais do Ministério da Educação e Cultura, da Secretaria Estadual da Educação,

do Núcleo Regional – 25 e de outros parceiros educacionais como as Universidades. Até

o conselho de classe final, que acontece após as avaliações de recuperação, no fim do

ano letivo, o coordenador trabalha em parceria com o corpo docente da escola.

Então, o coordenador pedagógico é um profissional relevante para que o professor

planeje melhor as suas ações e melhore sua prática de sala de aula, visto que o

acompanha em todas as etapas do seu planejamento.

Todavia, o coordenador pedagógico da escola, muitas vezes esbarra em inúmeras

dificuldades, como ser desviado de suas funções, ou ser mal entendido pelos professores,

como se fosse um fiscal do desempenho dos mesmos. Diante dessa situação

Vasconcelos, discorre sobre a definição negativa do papel do coordenador:

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Não é fiscal de professor, não é dedo – duro (que entrega os professorespara a direção ou mantenedora), não é pombo correio (que leva recado dadireção para os professores e dos professores para a direção), não écoringa (tarefeiro, quebra-galho, salva vidas, ajudante de direção, auxiliarde secretaria, enfermeiro, assistente social, etc.) não é tapa buraco (quefica “toureando” os alunos em sala de aula no caso de falta de professor),não é burocrata (que fica às voltas com relatórios, gráficos, estatísticassem sentido, mandando um monte de papéis para os professorespreencherem escola de “papel”), não é de gabie (que está longe da práticae dos desafios efetivos dos educadores), não é diário (que tem dicas esoluções para todos os problemas, uma espécie de fonte inesgotável detécnicas, receitas), não é generalista (que entende quase nada de quasetudo) (VASCONCELLOS, 2006, p. 86-87).

Faz-se necessário uma valorização do trabalho pedagógico do coordenador, pois,

ele é um profissional transformador que atua nas questões educacionais como currículo

escolar, planejamento, projeto político-pedagógico, avaliação e nas relações

interpessoais. É o agente que de posse do conhecimento das teorias educacionais,

vivencia a realidade de sua escola e nela atua de maneira mediadora, objetivando sempre

o sucesso dos alunos. Trabalha especialmente com o corpo docente, em um

planejamento que segue as orientações dos órgãos educacionais, aos quais está

subordinado, respeitando as diferenças culturais, raciais, sexuais, religiosas da

comunidade escolar. E como afirma Vasconcellos:

É importante lembrar que, antes de mais nada, a coordenação éexercida por um educador, e como tal deve estar no combate atudo aquilo que desumaniza a escola: a reprodução da ideologiadominante, o autoritarismo, o conhecimento desvinculado darealidade, a evasão, a lógica classificatória e excludente(repetência ou aprovação sem apropriação do saber), adiscriminação social na e através da escola, etc.(VASCONCELLOS, 2006, p.87).

O coordenador pedagógico desenvolve vários projetos educacionais dentro da

escola e junto aos pais dos alunos do ensino fundamental II, realizando reuniões e

atendimento individual para solucionar as dificuldades pedagógicas destes estudantes.

O trabalho pedagógico do coordenador, como já foi citado, está diretamente ligado

ao planejamento dos professores. Uma das funções do coordenador é a participação na

formação continuada dos docentes. Segundo Garrido:

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O trabalho do professor – coordenador é fundamentalmente umtrabalho de formação continuada em serviço. Ao subsidiar eorganizar a reflexão dos professores sobre as razões quejustificam suas opções pedagógicas e sobre as dificuldades queencontram para desenvolver seu trabalho, o professor –coordenador está favorecendo a tomada de consciência dosprofessores sobre suas ações e o conhecimento sobre o contextoescolar em que atuam (GARRIDO, 2015, p.9).

A coordenação pedagógica deve exercer uma ação dinamizadora nos espaços da

escola, oportunizando a formação continuada dos professores, sobre tudo nas atividades

complementares. Durante essas reuniões acontecem o planejamento semanal por área

de conhecimento; momentos determinantes também para a formação continuada, sendo,

esta, requisito no processo educativo, é papel do coordenador promover ações que

favoreçam aos professores esta formação. Dessa maneira, afirma Candau (2013):

Partir do reconhecimento da escola como lócus privilegiado daformação continuada tem várias implicações. Trata-se de trabalharcom o corpo docente de uma determinada instituição, favorecendoprocessos coletivos de reflexão e intervenção na práticapedagógica concreta, de oferecer espaços e tempos institucionaisde encontro, de criar sistemas de estímulos à sistematização daspráticas pedagógicas dos professores(as) e a sua socialização detessitura o trabalho de supervisão/orientação pedagógica nessaperspectiva (CANDAU, 2013, p. 84- 85).

Imediatamente, o coordenador pedagógico surge como parceiro essencial do

professor no sentido de promover ações/cursos, debates, seminários temáticos,

orientações técnicas e pedagógicas que oportunizem, durante os horários das atividades

complementares, estudos e reflexões que auxiliem na formação continuada. E esse

trabalho do coordenador deve ser pensado com a participação coletiva. Assim, as

reuniões pedagógicas ganham mais significados, além de não focarem somente no

planejamento semanal. A esse respeito, Suzana Torres coloca:

No bojo das discussões sobre formação de professores, asreuniões pedagógicas vêm sendo apontadas como espaçoprivilegiado nas ações partilhadas do coordenador pedagógicocom os professores, nos quais ambos se debruçam sobre asquestões que emergem da prática, refletindo sobre elas, buscando– lhes novas respostas e novos saberes, ao mesmo tempo(TORRES, 2001, p.45).

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As atividades complementares na rede pública estadual da Bahia são entendidas

como um direito adquirido do corpo docente e, segundo site oficial da Secretaria de

Educação do Estado da Bahia, tem por objetivos: desenvolver planejamento, avaliação,

formação continuada do professor/a e o acompanhamento pedagógico da escola com

foco na (re)elaboração, atualização e implementação do Projeto Político Pedagógico, dos

planos de curso, planos de aula e dos planos de intervenção da Unidade de Ensino,

constituindo-se em um momento singular para o diálogo, as vivências, a reflexão e a

socialização das práticas pedagógicas e curriculares. As atividades complementares na

rede pública estadual acontecem por área do conhecimento, conforme quadro abaixo:

Quadro 1 - Distribuição das atividades complementares na rede pública estadual no

município de Senhor do Bonfim

DIA ÁREA DO CONHECIMENTO

COMPONENTES CURRICULARES

TERÇA-FEIRA Ciências Humanas História, Geografia, Filosofia e Sociologia.

QUARTA-FEIRA Linguagens Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Arte e Educação Física.

QUINTA-FEIRA Matemática e Ciências da Natureza

Matemática, Ciências, Biologia, Química e Física.

Para o professor que tem 20 horas-aula semanais cinco são destinadas para as

atividades complementares na escola, treze horas em exercício na sala de aula e duas

horas em atividades em casa (como por exemplo: correção de avaliações). Diante dessa

organização dos horários do professor, as horas direcionadas para as atividades

complementares são estruturadas a partir da “agenda de subsídios”, que é um

instrumento didático-pedagógico que contribui na organização e execução das reuniões

pedagógicas. E esta agenda já dispõe sobre os temas para a formação continuada dos

professores.

Enfim, é preciso valorizar o trabalho do coordenador pedagógico, que atualmente é

tão cobrado, entre tantas atribuições, a de coordenar a formação continuada dos

professores da sua escola, uma função muitas vezes incompreendida pela equipe escolar

e desvalorizada em relação a outras demandas consideradas, muitas vezes, mais

urgentes, mas que é de suma importância para o sucesso pedagógico da escola e

consequentemente, para o sucesso da aprendizagem dos educandos.

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3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: FORTALECIMENTO DA FORMAÇÃO

CONTINUADA DURANTE AS ATIVIDADES COMPLEMENTARES DO COLÉGIO

ESTADUAL JÚLIO CÉSAR SALGADO

Essa Proposta de Intervenção intitulada “Fortalecimento da formação continuada

durante as atividades complementares do Colégio Estadual Júlio César Salgado” é parte

do projeto vivencial “O coordenador pedagógico e a formação continuada dos docentes

do Colégio Estadual Júlio César Salgado”, que apresenta uma reflexão da atuação do

coordenador pedagógico na formação continuada dos professores da referida escola.

Esse tema pertence ao eixo de Coordenação Pedagógica: relações, dimensões e formas

de atuação no ambiente escolar e é requisito para aprovação no curso de Especialização

em coordenação pedagógica – Programa Nacional Escola de Gestores da Educação

Básica Pública Federal da Bahia.

Com essa proposta pretende-se intensificar a formação continuada dos professores

do citado Colégio, durante os horários das atividades complementares (A.C). Objetiva-se

especificamente identificar se realmente acontece essa formação continuada dos

docentes; evidenciar as dificuldades da mesma e apontar ações de melhorias para que

durante as atividades complementares, o coordenador pedagógico contribua com

eficiência para a prática pedagógica dos professores.

Para essa proposta de intervenção, adotou-se a pesquisa-ação, justamente pela

ativa participação do pesquisador nas soluções para os possíveis problemas encontrados,

que como aponta Severino (2001, p. 120) “é aquela que, além de compreender, visa

intervir na situação, com vistas a modificá-la. O conhecimento visado articula-se a uma

finalidade intencional de alteração da situação pesquisada”.

Para a coleta de dados, utilizamos as atas da coordenação pedagógica, referentes

ao período de setembro a dezembro de 2015, a fim de obter informações sobre os

procedimentos adotados nestas reuniões, para a efetivação da formação continuada.

Nestas atas são registradas todas as ações desenvolvidas durante as atividades

complementares, lavradas pelo coordenador e assinadas por todos os presentes.

Também aplicamos um questionário para os professores do referido colégio, a fim de

identificar as impressões e opiniões destes profissionais sobre a realidade por eles

vivenciada, quanto à formação continuada. O questionário tinha treze perguntas mistas,

algumas fechadas e outras abertas. Do total de vinte e dois professores, 21 responderam

ao questionário. Apenas um não respondeu, pois, estava de licença médica.

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O Colégio Estadual Júlio César Salgado, está situado na cidade de Senhor do

Bonfim, norte do Estado da Bahia. É um colégio da rede pública estadual, de porte médio,

oferece ensino fundamental II (19 turmas no diurno). E ensino médio regular (03 turmas

no noturno). No total são 945 alunos matriculados no ano corrente. Conta com uma

equipe diretiva: uma diretora-geral e duas vice-diretoras. Uma coordenadora pedagógica

que trabalha 40 horas semanais, uma secretária, cinco auxiliares de serviços gerais, duas

merendeiras, quatro auxiliares administrativos e um porteiro. O corpo docente é formado

por 22 professores, todos graduados e especialistas em suas áreas de ensino, com

exceção de três que são pedagogos. Todo o corpo docente do Colégio Estadual Júlio

César Salgado é efetivo e concursado há mais de dezoito anos, todos têm carga horária

de quarenta horas semanais.

Os alunos da escola são, no geral, de famílias de baixa renda e oriundos de

diversos bairros, povoados e distritos da cidade. O colégio tem uma área de 3.827,17 m²,

sendo 1.027,24 de área construída e 2.800,17 m² de área para ampliação. Este colégio

está localizado no bairro Derba que é um bairro residencial e fica próximo ao centro da

cidade. Possui 11 salas de aula, uma sala da direção, uma sala da coordenação, uma

sala dos professores, uma cantina, sala de digitação e xerox de documentos, uma

secretaria, um depósito, dois banheiros femininos, dois banheiros masculinos e um

banheiro para os professores. Possui ainda uma quadra poliesportiva, sem cobertura e

que possui uma estrutura muito precária.

Por meio da análise das atas de reuniões pedagógicas e das respostas dos

questionários aplicados, podemos inferir várias reflexões sobre a formação continuada

dos docentes do Colégio Júlio César. Com as atas, pudemos constatar que os

professores fazem as atividades complementares semanalmente e por área do

conhecimento; que a coordenação pedagógica é atuante e desenvolve várias atividades

como o planejamento das aulas, elaboração de projetos, a formação continuada, objeto

de nossa proposta de intervenção.

As atividades complementares são momentos de integração entre os professores

de determinada área do conhecimento com o coordenador. Observou-se que durante

esses momentos, inicialmente tem-se a formação continuada, em seguida o planejamento

semanal das aulas e depois as outras demandas da coordenação. A coordenação utiliza

equipamentos como data show e computador, aparelho de som, como recursos para a

formação continuada. No período de setembro a dezembro de 2015, os temas abordados

nas reuniões complementares foram: Currículo Escolar, Prova Brasil e Base Nacional

Comum Curricular.

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3.1 ANÁLISE DOS DADOS

Os questionários aplicados com os professores confirmam o que já foi exposto na

análise das atas e também, acrescentou outros dados interessantes sobre o processo de

formação.

Foi possível confirmar que realmente os professores participam dessas atividades

complementares semanalmente, com a orientação do coordenador pedagógico. Desta

maneira as cinco primeiras perguntas do questionário se referiram às atividades

complementares daquele colégio: se aconteciam, quando e qual a frequência dos

participantes, então, foram respondidas de maneira unânime pelos docentes, pois, o fato

de todos os professores serem efetivos e terem 40 horas semanais, favorece

consideravelmente a organização e execução dessas atividades complementares.

Quando perguntados, quais as ações desenvolvidas durante as atividades

complementares (AC) na escola, a maioria das respostas, 60% relataram que a ação mais

desenvolvida é o planejamento das aulas, 15% disseram que é a elaboração de projetos,

10% afirmaram formação continuada. As outras categorias que aparecem podem ser

observadas na figura 1.

FIGURA 1 - AÇÕES DESENVOLVIDAS NAS ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Planejamento das aulasElaboração de projetosFormação continuadaLeitura e discussão de textosOrganização de eventosPreparação da jornada pe-dagógica

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Ainda sobre essa questão, por se tratar de uma pergunta aberta, os professores se

posicionam mais à vontade nas respostas e sem dúvida, o planejamento das aulas

durante as atividades complementares é a ação que mais se destaca entre os

professores.

Em outra questão referente a importância das ações, o planejamento das aulas

continua como a ação principal dos professores nas atividades complementares com 50%

das respostas. Para 23% dos entrevistados, todas as ações são importantes, 20%

elegeram a formação continuada, 3% optaram pelas discussões e busca de soluções

pedagógicas, 2% estudos educacionais e 2% organização de eventos escolares. É

importante observar que a formação continuada aparece com um percentual significativo,

dado que nos permite apontar uma boa aceitação dos professores para essa ação, que

no nosso caso é o objeto principal desse projeto de intervenção, como podemos observar

na figura 2.

FIGURA 2 - AÇÕES MAIS IMPORTANTES DURANTE AS ATIVIDADESCOMPLEMENTARES

Planejamento das aulasTodas as açõesFormação continuadaDiscussões e busca de so-luções pedagógicasEstudos educacionaisOrganização de eventos esco-lares

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Também, do total de professores entrevistados, na sua maioria, 97% responderam

que o coordenador pedagógico promove ações para o desenvolvimento das atividades

complementares e apenas 3% dos professores disseram que não. Esses dados mostram

que o coordenador é atuante e se preocupa com a qualidade dessas formações. E

quando questionados sobre quais seriam estas ações responderam: leitura e discussão

de textos sobre a área pedagógica, orientação sobre o projeto político pedagógico,

formação sobre a Base Nacional Comum Curricular, estudos sobre currículo escolar.

Todavia, as leituras e discussões de textos educacionais se destacam, pois, são

momentos essenciais para a formação continuada. Dessa forma, a atuação do

coordenador pedagógico no desenvolvimento dessas ações de formação continuada teve

uma resposta bastante positiva por parte dos docentes, quando 51% relataram ótima a

atuação do coordenador e 49% afirmam ser boa. Percebemos assim, uma consonância

nas respostas como um todo.

Outra questão de suma relevância para essa proposta de intervenção é o

questionamento se a formação continuada oferecida no colégio, possibilita reflexões

sobre a prática em sala de aula. A esse respeito, 81% dos professores responderam sim e

19% às vezes. Complementando a questão anterior, foi solicitada a justificativa e eles

assim responderam: porque proporciona orientações pedagógicas, troca de experiências

entre os docentes, aguça o senso crítico, interação dos acontecimentos, debate de temas

transversais, aquisição de conhecimentos e capacitação profissional. Isso demonstra

como esses momentos são importantes para esses professores que, apesar de um

número relativamente alto considerar a opção às vezes, com 19%, esses momentos têm

mais vantagens que desvantagens no espaço escolar. Realmente este índice positivo de

professores que refletem sobre sua prática em sala de aula, oferecem condições à

coordenação de continuar seu trabalho, sabendo que está na direção correta, pois, é a

construção coletiva de ideias que fortalece a unidade escolar. O trabalho do coordenador

não é isolado, e de maneira alguma queremos colocá-lo como o único responsável para

que tudo funcione bem na formação continuada dos docentes, como se ao professor

deve-se somente assistir tudo passivamente. Ao contrário, os professores devem ser

atuantes na formação continuada, repensando sua prática, exercendo sua profissão com

mais qualidade e assim contribuindo com uma educação melhor.

Mas, nem tudo “são flores”, e esse resultado tem muito a nos dizer. Os entraves

para realização da formação continuada foi outra pergunta feita no questionário e os

docentes consideraram: 46% dos professores disseram que nunca têm entraves contra

47% que responderam que acontecem às vezes, e apenas 5% disseram que sempre

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ocorrem entraves. Os docentes que responderam afirmativamente, justificaram que as

dificuldades existem, principalmente, devido a falta de recursos tecnológicos, tempo

escasso, imprevistos no calendário que atrasam toda a programação (eventos de última

hora, feriados), espaço físico inadequado (sala da coordenação).

Os professores foram unânimes ao considerarem a formação continuada

importante para a escola. Pois, permite uma constante reflexão sobre a teoria e a prática

de sala de aula. E assim eles justificaram: Durante a reunião por área do conhecimento,

os professores e o coordenador debatem as questões pedagógicas, buscam soluções

para as dificuldades, ficam conectados com as mudanças na educação, trocam

experiências, são ajudados na prática do seu trabalho, são orientados no seu

planejamento e participam ativamente da formação continuada e afirmaram também que

a reunião pedagógica estimula a pesquisa na escola Esse trabalho enriquece o setor

pedagógico da escola, e fornece elementos para que a escola repense seu currículo e

sua função social.

Finalizando as questões, os docentes sugeriram ações para a melhoria no

processo de formação continuada. Essas ações foram desde reforma na sala da

coordenação (lugar onde acontecem as atividades complementares); a oficinas

específicas para cada disciplina, por exemplo: oficina sobre questões da Língua

Portuguesa na área de linguagens, formação com todos os professores ao mesmo tempo

uma vez por bimestre, além da formação semanal por área, pois, os professores têm a

necessidade de discutirem também, todos juntos sobre alguns temas que são colocados

durante a formação continuada; aumentar o tempo para a formação continuada durante

as atividades complementares; melhorar o uso dos recursos tecnológicos na

coordenação, até diminuição das interrupções no momento de formação. Sugeriram

temas para as futuras formações continuadas: leis atuais da educação, temas

transversais (ética, cidadania, trabalho e consumo, meio ambiente, orientação sexual),

bullying na escola, importância da família na vida escolar do filho, perspectivas para

educação básica, conselho de classe participativo, e avaliações externas (Prova Brasil,

Avalie).

Observamos que algumas dessas ações são viáveis, como melhorar a organização

da própria escola, outras não, especialmente as que envolvem recursos financeiros, pois,

em muitos casos, depende da Secretária da Educação Estadual que já possui

organização própria. Diante deste quadro, e baseado nas constatações e sugestões

oriundas da pesquisa, proponho algumas ações de intervenção para a melhoria desses

momentos de formação, conforme cronograma:

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Cronograma de ações

PERÍODO AÇÕES RESPONSÁVEIS

Setembro/2015 Palestra para sensibilização dos docentes sobre a formação continuada.

Coordenação Pedagógica.

Dezembro/2015 Reforma na sala da coordenação pedagógica.

Direção e Secretaria daEducação.

Fevereiro/2016 Palestra para todos os segmentos da escola sobre a importância da formaçãocontinuada.

Coordenador pedagógico e docentes

Março a dezembro/2016

Acrescentar uma formação continuada com todos os professores por bimestre, além das semanais por área do conhecimento.

Coordenador pedagógico e docentes

Abril/2016 Formação continuada com oficinas específicas dos componentes curriculares.

Coordenador Pedagógico

Junho/2016 Encontro com os coordenadores pedagógicos da rede pública estadual de Senhor do Bonfim, para a melhoria das ações pedagógicas da escola.

Coordenador Pedagógico

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Certamente ao participar do curso de especialização em coordenação pedagógica,

a escolha pelo tema que valorizasse ainda mais a função do coordenador pedagógico foi

intencional. Esse projeto vivencial que tem como objeto de estudo: O coordenador

pedagógico e a formação continuada dos professores nos horários das atividades

complementares do Colégio Estadual Júlio César, analisou a atuação do coordenador na

formação continuada dos docentes. Pois, dentre as várias funções do coordenador, a

formação continuada é muito exigida atualmente.

Essa pesquisa não esgota o tema, mas, pretende contribuir como o estudo sobre

coordenação pedagógica e formação continuada dos docentes. Os autores Celso

Vasconcellos, Vera Maria Candau, Elsa Garrido e Suzana Rodrigues Torres subsidiaram

as discussões aqui exposta, fundamentando as análises da proposta de intervenção, pois,

eles discorrem sobre a importância do coordenador pedagógico e a formação continuada

de professores.

A proposta de intervenção foi baseada nas nossas vivências cotidianas de

coordenação pedagógica, confirmando a relevância do coordenador para o bom

desempenho da escola. Ele é essencial para agregar os diversos segmentos da escola

visando melhorar a aprendizagem dos alunos.

Verificou-se que a formação continuada planejada pelo coordenador para os

docentes do Colégio Estadual Júlio César Salgado, nos horários das atividades

complementares é frequente e conta com a participação de todos. A atuação do

coordenador é considerada boa. Durante as atividades complementares que acontecem

por área do conhecimento, os docentes foram unânimes em afirmar que o planejamento

semanal das aulas é a principal ação desenvolvida, todavia, a formação continuada

proporciona reflexões sobre suas práticas em sala de aula, objetivo destacado nesta

proposta de intervenção. E essas reflexões se dão através dos estudos dos temas

educacionais, da troca de experiências entre os integrantes das atividades

complementares e o planejamento das ações pedagógicas coletivas. Contudo, essa

formação esbarra em algumas dificuldades, que não são poucas e a proposta de

intervenção tem a intenção de apontar possíveis soluções.

Assim, fica evidente que a figura do coordenador é essencial no processo de

formação continuada do corpo docente e essa formação deve acontecer nos espaços e

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momentos formativos proporcionados na própria escola de sua atuação. Vale ressaltar

também a importância da formação continuada do coordenador pedagógico, a fim de

manter toda a equipe atualizada e em harmonia em prol de objetivos comuns que culmine

na qualidade da educação como um todo.

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REFERÊNCIAS

CANDAU, Maria Vera; PAULO, Iliana; ANDRADE, Marcelo. Educação em DireitosHumanos e formação de professores(as). 1 ed. São Paulo: Cortez, 2013.

GARRIDO, Elsa. Espaço de formação continuada para o professor-coordenador. In:BRUNO, Elaine Bambini Gorgueira; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de ; CHRISTOV, LuizaHelena da Silva. O Coordenador pedagógico e a formação docente. 13 ed. São Paulo:Loyola, 2015.

PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. O coordenadorpedagógico e o cotidiano da escola. 3 ed. São Paulo: Loyola, 2005.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 23 ed. São Paulo:Cortez, 2001.

TORRES, Suzana Rodrigues. Reuniões pedagógicas: espaço de encontro entrecoordenadores e professores ou exigências burocrática?. In: ALMEIDA, LaurindaRamalho de; PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza. O coordenador pedagógico e oespaço de mudanças.10 ed. São Paulo: Loyola, 2012.

VASCONCELLOS, Celso S. Coordenação do Trabalho Pedagógico: do projetopolítico-pedagógico ao cotidiano da sala de aula, 6 ed. São Paulo, 2006.

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APÊNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃOPROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICACURSO DE ESPECILAIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

IDENTIFICAÇÃO DO APLICADOR: Ana Cláudia da Silva Barbosa

COORDENADOR CURSISTA: Ana Cláudia da Silva Barbosa

QUESTIONÁRIO

01) Na escola onde você trabalha acontecem encontros de atividades complementares(A.C)?

Sim ( ) ( ) Não

02) Com que frequência?

( ) Semanalmente ( ) Mensalmente ( ) Raramente ( ) Nunca

03) Se acontece, você participa dos encontros?

( ) Sim ( ) Não

04) Com que frequência?

( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Raramente ( ) Nunca

05) O coordenador participa das atividades complementares da sua escola?

( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Raramente ( ) Nunca

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06) Quais as ações desenvolvidas durante as atividades complementares(AC), na suaescola?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

07) Na sua opinião, quais são as ações mais importantes?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

08) O coordenador pedagógico promove ações para o desenvolvimento de formaçãocontinuada dos professores, nos horários das atividades complementares?

( ) Sim ( ) Às veze ( ) Raramente ( ) Nunca

Se sim, quais?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

09) Como você considera a atuação do coordenador pedagógico no desenvolvimentodessas ações de formação continuada?

( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Péssima

10) A formação continuada oferecida no seu colégio, através do coordenador, propiciareflexões sobre sua prática em sala de aula?

( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Raramente ( ) Nunca

De que forma, justifique:

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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11) Existem entraves para a realização da formação continuada em sua escola?

( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Raramente ( ) Nunca

Quais? Justifique:

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12) Você considera importante a formação continuada do corpo docente em sua escola?

( ) Sim ( ) Não ( ) Um pouco

Justifique:

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

13) Sugira uma ação a ser desenvolvida nas atividades complementares (A.C), paramelhorar a formação continuada dos professores no colégio onde trabalha.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Obrigada!!!!!!