universidade federal da bahia faculdade de...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇAÕ
PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3
LUCIMEIRE PEREIRA COELHO
A PEDAGOGIA DE PROJETOS COMO ALTERNATIVA PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Conceição de Coité 2015
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LUCIMEIRE PEREIRA COELHO
A PEDAGOGIA DE PROJETOS COMO ALTERNATIVA PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional
Escola de Gestores da Educação Básica Pública,
Faculdade de Educação, Universidade Federal da
Bahia, como requisito para a obtenção do grau de
Especialista em Coordenação Pedagógica.
Orientadora: Profª Maura da Silva Miranda
Conceição de Coité. 2015
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LUCIMEIRE PEREIRA COELHO
A PEDAGOGIA DE PROJETOS COMO ALTERNATIVA PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em
Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de
Educação, Universidade Federal da Bahia.
Aprovado em janeiro de 2016.
Banca Examinadora
Primeiro Avaliador.____________________________________________________
Segundo Avaliador. ___________________________________________________
Terceiro Avaliador. ____________________________________________________
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, que é minha fortaleza e apoio a cada momento da minha vida.
A meus familiares, em especial o meu esposo Claudio Araújo pelo total apoio, a meus filhos
Bruna e Breno, pois é meu incentivo de cada dia, meus irmãos Lucimar e Douglas pelo
apoio constante e minha mãe Maria Lucia pelas orações e palavras de incentivo. A todos,
meu muito obrigado.
As minhas colegas de trabalho Edilma de Souza e Iracy Alves, por ter me possibilitado a
oportunidade de ter realizado esse curso.
A minha orientadora, Proª. Maura da Silva Miranda , por me auxiliar nesta jornada.
À Faculdade de Educação da UFBa e ao Programa Escola de Gestores, por levarem a cabo
esta iniciativa que beneficia tantos Coordenadores Pedagógicos.
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“Ao participar de um projeto, o aluno está envolvido em uma experiência educativa em que o
processo de construção de conhecimento está integrado às práticas vividas.”
Lucia Helena Alvarez Leite
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COELHO, Lucimeire. A Pedagogia de Projetos como Alternativa para o Processo de Ensino e Aprendizagem na Educação Infantil. 2015. Projeto
Vivencial (Especialização) – Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.
RESUMO
Este projeto vivencial é resultado de uma pesquisa realizada na Escola Municipal Carlos
Murion. A presente pesquisa teve como objetivo investigar a Pedagogia de Projetos como
alternativa metodologia para o processo de ensino e aprendizagem na educação infantil
além de compreender a Educação Infantil e a Pedagogia de Projetos como uma construção
histórica e social. Propõe-se desta maneira compreender e refletir como os projetos de
aprendizagem são elaborados, implementados e avaliados nessa instituição e contribuir
através do projeto de intervenção com o processo de aprendizagem dos seus alunos por
meio da Pedagogia de Projetos. Para atingir o objetivo proposto, foi desenvolvida uma
pesquisa qualitativa, utilizando como coleta de dados, a entrevista através de questionário
estruturado. Através dos dados coletados concluir que a Pedagogia de Projetos é utilizada
como alternativa para uma melhora na qualidade do processo de aprendizagem das
crianças, e faz com que haja maior motivação de todos que dele participam. Finalizo
ressaltando que de acordo com os estudos dos autores é preciso ter como pressuposto na
constituição de uma Pedagogia para a Educação Infantil, pensar na criança como ser social,
crítico do seu tempo, participante, investigativo e elaborador de hipóteses, transformadora
do mundo que a cerca.
Palavras-chave: Pedagogia de Projetos, Aprendizagem, Educação Infantil.
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SÚMARIO
INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------08 1. MEMORIAL------------------------------------------------------------------------11 2. PERCURSOS DA PEDAGOGIA DE PROJETOS-----------------------14 2.1 CONCEITOS E CONCEPÇÕES DA PEDAGOGIA DE PROJETOS-----------------16
2.2. A EDUCAÇÃO INFANTIL A PEDAGOGIA DE PROJETOS E ------------------------18
2.3. AVALIAÇÃO NA PEDAGOGIA DE PROJETOS-------------------------------------------22
3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO---------------------------------------------25
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR--------------------------------------------25
3.2 DIAGNÓSTICO DA INSTITUIÇÃO------------------------------------------------------------26
3.3 METODOLOGIA---------------------------------------------------------------------------------30
3.4 CRONOGRAMA------------------------------------------------------------------------------------31
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS----------------------------------------------------32
REFERÊCIAS-------------------------------------------------------------------------33
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INTRODUÇÃO
O refrente trabalho trata da Pedagogia de Projetos, que está vinculada à
perspectiva do conhecimento globalizado e constitui uma forma interessante de
proporcionar o encontro dos alunos com os conteúdos escolares e suas
experiências socioculturais. Através desta metodologia de trabalho, a aprendizagem
se torna significativa, principalmente para criança, principalmente quando parte do
conhecimento prévio e do contexto em que ela está inserida, para a partir daí
construir competências que as auxiliarão na compreensão dos conteúdos inseridos
nos currículos escolares.
A Pedagogia de Projetos pode ser positiva em termos de organização
pedagógica, uma vez que todo projeto é um processo criativo para alunos e
professores, o qual permite ricas relações entre ensino e aprendizagem e,
sobretudo, uma concepção de aprendizagem globalizada e interdisciplinar.
Em decorrência desses fatos, a presente proposta tem como objetivo
investigar como a Pedagogia de Projetos pode ser uma alternativa metodologia para
o processo de ensino e aprendizagem na educação infantil da Escola Municipal
Carlos Murion e traz a seguinte problemática: De que maneira a Pedagogia de
Projetos tem contribuído para orientar as práticas pedagógicas na Pré Escola
da Escola Municipal Carlos Murion? Os objetivos percorridos neste trabalho foram:
Conhecer os fundamentos teóricos que embasam a Pedagogia de Projetos; Refletir
sobre a importância de se trabalhar com Pedagogia de Projetos na educação infantil;
Conhecer como os projetos de aprendizagem são elaborados, implementados e
avaliados durante o processo de aprendizagem das crianças na educação infantil
Escola Municipal Carlos Murion; Contribuir com o processo de reflexão sobre as
práticas docentes com a Pedagogia de Projetos e as aprendizagens dos alunos na
educação infantil da referida instituição onde a pesquisa foi desenvolvida.
A metodologia adotada para o desenvolvimento da pesquisa foi de abordagem
qualitativa, do tipo pesquisa de campo, tendo a pesquisa bibliográfica como um de
seus procedimentos. E para a coleta de dados foi utilizada entrevista, com
questionário estruturado, aplicado aos professores e a coordenação da instituição
com o intuito de perceber como esses profissionais entendem a Pedagogia de
Projetos como alternativa metodológica para o processo de ensino e aprendizagem
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das crianças.
A entrevista foi estruturada com um roteiro constituído de duas partes, a
primeira com identificação da profissional e a segunda com questões direcionadas
ao objetivo da proposta. Segundo Ludke e André (1986, p.34) “A grande vantagem
da entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a capacitação imediata e
corrente da informação desejada”. As entrevistas forma realizadas na própria escola.
Os dados coletados foram avaliados tendo como suporte os referenciais
teóricos os projetos e relatórios da escola. Segundo Ludke e André (1986, p. 11), “a
pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o
pesquisador como seu principal instrumento”. Os dados coletados de uma pesquisa
qualitativa são predominantemente descritivos.
O presente trabalho também teve como principal objetivo elaborar uma
proposta de intervenção para a implementação da Pedagogia de Projetos junto a
essa instituição por acreditar que a educação deve acontecer como agente formador
de sujeitos críticos, não só nos seus conteúdos apreendidos como também nas
diversas situações da vida cotidiana. Seria errôneo trabalhar com a metodologia de
projetos e conceber o conhecimento escolar de forma fragmentada, parte na qual
minha proposta de intervenção chama a atenção sobre sua relevância.
O trabalho realizado está dividido em capítulos. Assim no primeiro capítulo
consta do memorial onde trago minha trajetória acadêmica, atrelado a minha história
pessoal. No segundo capítulo trato um pouco do percurso histórico as concepções
da Pedagogia de Projetos, a Pedagogia de Projetos na educação infantil e as formas
de avaliação da Pedagogia de Projetos. No terceiro e último capítulo apresento o
projeto de intervenção para a implantação do trabalho com a pedagogia de projetos
na Escola Municipal Carlos Murion.
Durante minha experiência como docente tive a oportunidade de realizar
alguns projetos de aprendizagem, percebendo assim a riqueza de possibilidades ao
se trabalhar com projetos. Por isso, optei em abordar este tema nesta trabalho de
pesquisa. A Pedagogia de Projetos é por excelência a forma de organização didática
mais adequada para as exigências educacionais no mundo globalizado de hoje.
Quando existe planejamento, ação interdisciplinar e intencionalidade
pedagógica bem definida, a Pedagogia de Projetos pode ser a melhor forma de
tornar a escola um local onde ocorra o aprendizado de forma crítica, significativa e
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contextualizada, pois é um processo que desencadeia pesquisa, análise e criação
de novas ideias.
Assim, a presente pesquisa pode ser considerada como relevante, por
aproximar um tema de grande importância educacional das práticas pedagógicas
dos docentes da Educação Infantil. A pedagogia de Projetos tem se consolidado
como uma forma de trabalho constante nas escolas que buscam um ensino que
tenha como foco a aprendizagem do aluno e a formação do mesmo como sujeito
crítico e participativo, por envolver nesse trabalho a possibilidade de desenvolver
várias habilidades no aluno, tais como: autonomia moral e intelectual, respeito,
cooperação, independência, raciocínio e capacidade de responder e resolver a
novas situações, pois a criança vive em um contexto social em que ela deve ser e
estar preparada desde cedo pra essas vivências.
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1. MEMORIAL
Esse memorial tem como objetivo relatar a minha experiência pessoal,
acadêmica e profissional para o curso de Especialização em Coordenação
Pedagogia oferecido pela Universidade Federal da Bahia – UFBA, através do
Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica.
Um memorial é um documento no qual se pode relatar e avaliar uma
experiência vivida com objetivos específicos. Um memorial também pode ser
considerado um arquivo no qual em algum tempo ou momento poderá se recorrer
para resgatar informações e memórias de uma vida. Relatar uma realidade vivida
por nós mesmo, parece ser uma tarefa fácil, mas não é. Requer muita reflexão do
que foi vivido, pois resgatar o que já passou pode ser um momento prazeroso de
muitas alegrias, mas também de muitas tristezas.
Sou Lucimeire Pereira Coelho, nascida em 04 de julho de 1976 na cidade
Taubaté – SP, filha de dois baianos que foram tentar a vida nessa capital. No ano
1982 voltamos para a Bahia com meus dois irmãos, por motivos de saúde. Eu a filha
do meio do casal tinha sérios problemas de saúde e por uma questão de melhores
condições ambientais meus pais optaram em voltar, pois o clima da Bahia era mais
favorável. Chegando aqui moramos no bairro da Boca do Rio e logo fomos
matriculados em uma escola do bairro. Eu já tinha 6 anos e até então ainda não
havia estudado. Nos anos seguintes mudamos de escola várias vezes, até que uma
dessas ficou na minha memória, pois utilizava como meio de disciplina a palmatória
e o castigo de joelho com o rosto virado para a parede. Como esquecer esses
momentos? Na hora da tabuada, se errasse levava palmatória com uma régua de
madeira. Essa fase me marcou e me traumatizou, pois passei a ter pavor em ir para
a escola, e os pais naquela época, na sua maioria, aprovavam a postura da escola.
Minha mãe, que sempre foi uma mulher lutadora, resolveu retomar seus
estudos e concluiu o seu ensino médio em magistério e ao se formar ela abriu uma
escola no bairro no qual morávamos, essa foi a primeira escola do bairro de Pituaçu,
a escola se chamava Estrela Falante. Passamos a estudar na escola dela. A partir
daí comecei a vivenciar uma realidade escolar totalmente diferente.
Estudei na escola da minha mãe até a 4ª série e depois segui meus estudos
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em outras escolas até que chegou meu momento de entrar para a faculdade, e após
ter convivendo em um ambiente escolar e aprender com a experiência vivida resolvi
cursar pedagogia. Ingressei na faculdade de Licenciatura em Pedagogia no ano de
2005.1 na Faculdade Social da Bahia, localizada na cidade de Salvador-BA no
Bairro da Ondina e conclui no ano de 2009.1. Foi nessa fase que tive a oportunidade
de conhecer e vivenciar a Pedagogia de Projetos, pois durante meu estágio de
docência tive que realizar um projeto de aprendizagem e fiquei simplesmente
encantada com as possibilidades dessa metodologia de trabalho.
Após minha formatura comecei a trabalhar no ano de 2007 na escola da
minha mãe como eu já havia dito, dei continuidade a escola que nesse período já
estava quase fechando. Mudamos o nome da escola para Escola Mundo Lúdico e
começamos a mudar a forma de trabalho incluindo no currículo escolar o trabalho
com projetos, foi aí que tive a oportunidade de implementar a Pedagogia de
Projetos. Nesse período desenvolvemos trabalhos maravilhosos, mas, infelizmente
por diversos motivos estruturais, em 2011 a escola teve que ser fechada.
Em 2012 fui em busca de novas experiências e passei a trabalhar em outra
escola também privada, não foi uma experiência muito boa, pois a dona da escola
determinava tudo que devíamos fazer até os nossos planejamentos tinha que ser
exatamente como ela queria. Não tive muitas experiências profissionais, mas foram
suficientes para compreender a importância que se tem o ato de ensinar e aprender.
Durante esse percurso fui investindo em outras formações.
Participei de cursos no Centro de Estudos e Assessória Pedagógica (CEAP)
sobre Coordenação Pedagógica na Educação Básica em 2010 e sobre Pedagogia
de Projetos em 2012. Durante esse período fui fazendo concursos, até que fui
aprovado no concurso da Universidade Federal da Bahia- UFBA no ano de 2011
para Assistente Administrativo em Assuntos Educacionais e fui chamada em 2013.1.
Este foi um momento muito especial na minha vida, pois eu estava grávida de 7
meses, o que me proporcionou um final de gravidez tranquilo e uma expectativa de
crescimento profissional e acadêmico.
Na UFBA participei do curso de Língua Brasileira de Sinais 2014. Esta foi uma
experiência maravilhosa. E agora mais uma grande oportunidade de adquirir mais
conhecimentos e crescimento profissional com a especialização em Coordenação
Pedagógica. Além disso, nutro uma grande expectativa de fazer o meu mestrado.
Digo que ainda estou construindo minha história, tenho um longo caminho a
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percorrer com novas experiências acadêmicas e profissionais. Tenho muito a
agradecer aos meus pais e principalmente a minha mãe pelo incentivo e exemplo.
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2. PERCURSOS DA PEDAGOGIA DE PROJETOS
A escola e as práticas educativas no final do século XX eram estritamente
pontuadas em uma Pedagogia Tradicional, na qual o professor era detentor do saber
e o aluno um sujeito passivo no processo de ensino e aprendizagem. Com o objetivo
de mudar os conceitos educacionais e inovar a práxis pedagógica, diversos teóricos
direcionaram seus estudos, apresentando á pedagogia diferentes metodologias de
trabalho, entre elas a Pedagogia de Projetos. O interesse por novas metodologias na
pedagogia nasceu da observação de que a escola de seu tempo continuava em
grande parte, orientada por valores tradicionais. Segundo Barbosa e Horn, (2008,
p.19):
Historicamente, os projetos foram construídos com o intuito de inovar e de quebrar o marasmo da escola tradicional. Seus criadores tinham convicção de pioneiros, isto é, o compromisso com a da realidade, o desejo e a coragem de assumir o risco de inovar e a convicção de que era preciso criar uma nova postura profissional. (HORN, 2008, p.19).
Entre os teóricos que se dedicaram a esta reflexão está Jhon Dewey.
Considerado muito importante para a educação pelo seu pensamento que diz que a
escola não deve preparar o aluno para a vida, mas procurar ser ela mesma uma
imitação da vida, Dewey concebia a escola como um espaço com desafios e
estímulos característicos da vida real. Para ele, a escola precisava se integrar á
vida, os professores deveriam evitar ensinar de forma separada do contexto real e
social dos alunos, pois “o aluno pode vir a viver em dois mundos diversos: um, o
mundo da experiência fora da escola; outro, o mundo dos livros e das lições.”
(Dewey, 1959, p.256).
Esses pensamentos serviram de base para muitos outros teóricos que
trabalham atemática Pedagogia de Projetos e muitos educadores nas suas práticas
educativas durante muitas décadas. A filosofia de Dewey tem como base a teoria da
experiência. Segundo esse autor aprender da experiência, (1959, p.153):
é fazer uma associação retrospectiva e prospectiva entre aquilo que fazemos às coisas e aquilo que em consequência essas coisas nos fazem gozar ou sofrer. Em tais condições a ação torna-se uma tentativa; experimenta-se o mundo para saber como ele é; o que se sofre em consequência torna-se instrução – isto é, a descoberta das relações entre as coisas (DEWEY, 1959, p.153)
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A ideia de projetos não esteve e não está relacionada apenas a palavra
projeto, mas sim a um modo de trabalho no processo de ensino e aprendizagem. No
ano de 1984, os projetos de trabalho tiveram início pela Escola Pompeu Fabra por
ser considerada uma forma de organização dos conhecimentos escolares baseados
na teoria e na prática da globalização. Nesse contexto, a proposta dos projetos de
trabalho significou uma continuidade na reflexão sobre a tarefa pedagógica individual
e coletiva de pessoas que ensinam. Os projetos nesse período, para a escola de
Pompeu Fabra, foram considerados como renovação e replanejamento dos
trabalhos pelo lado da globalização, sem perder de vista o currículo, com a finalidade
de vincular a teoria com a prática e a vida externa do aluno.
Ao final dos anos 60, surge um segundo fluxo de interesses pelos projetos.
Nesse período, Bruner (1969) (apud Hernández,1998) estabeleceu a denominação
de trabalho por temas. Esses trabalhos partiam de um conceito-chave que abrira
caminho a uma série de eixos conceituais, o que dá ênfase a um currículo
interdisciplinar. Sobre isso Bruner desenvolveu a ideia de “currículo em espiral” onde
o aluno tem o primeiro contato com o tema de forma primitiva e vai desenvolvendo o
aprendizado de acordo com a realização do projeto. Segundo Hernández (1998,
p.70), “Isso quer dizer que o primeiro encontro dos alunos com as ideias-chave se
realiza de uma maneira cada vez mais complexa”.
A partir dos anos 80, a revolução cognitiva e as mudanças nas concepções
sobre o conhecimento e as novas tecnologias influenciaram a educação escolar.
Despertando consequentemente, o interesse das escolas pelos projetos, por trazer
uma poderosa visão construtivista, que dá grande importância ao contexto de
aprendizagem à cultura. E as estratégias metacognitivas que leva o aluno a
“aprender a aprender” fatores considerados importantes no processo de
aprendizagem. De acordo com Bruner (1919) (apud HERNANDEZ, 1998 p.72)
[...] essa visão contempla os projetos como uma peça central ao que constituiria a filosofia construtivista na sala de aula. Aprender a pensar criticamente requer dar significado à informação, analisá-la, sintetizá-la, planejar ações, resolver problemas, criar novos materiais ou ideias, e envolver-se mais na tarefa da aprendizagem.
No Brasil, a proposta de trabalho por projetos, chegou pelas mãos de
educadores como Lourenço Filho e Anísio Teixeira. Ambos tiveram seus estudos
usando as bases filosóficas e ideias da Escola Nova, que proponha uma educação
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ativa, centrada no aluno, e que criticava os métodos tradicionais de ensino. Anísio
Teixeira foi um dos principais representantes de importantes reflexões sobre
educação voltada para os projetos de aprendizagem. Suas ideias eram inspiradas na
filosofia de Dewey (1852-1952). Assim como Dewey, Anísio Teixeira defendia o
aprendizado pela experiência.
Ainda tivemos as contribuições e influências governamentais para a educação
infantil no Brasil nos últimos anos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
nº 9.394/1996 deram forças para as mudanças e para uma nova concepção de
educação infantil, possibilitando, assim, mais liberdade para o sistema de ensino e,
consequentemente, mais liberdade para a construção de seus currículos. A partir
daí, em 1998 foi produzido pelo Ministério da Educação, no governo de Fernando
Henrique Cardoso o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(RCNEI). Nos componentes curriculares do RCNEI consta o item “Projetos de
Trabalho” e este é definido como um conjunto de atividades com o objetivo de levar
a criança ao final de cada etapa da sua vida escolar, construir a capacidade de
solucionar problemas de natureza diversas, de forma lúdica, e para lhes dar a
oportunidade de conhecer o mundo ao qual está inserida. Sobre esse assunto os
RCNEI nos traz a seguinte descrição:
Os projetos são conjuntos de atividades que trabalham com conhecimentos específicos construídos a partir de um dos eixos de trabalho que se organizam ao redor de um problema para resolver ou um produto final que se quer obter. (BRASIL, 1998, p.57).
Diante desses referencias nacionais para a educação infantil no país, o
trabalho com projetos vem sendo desenvolvido ao longo dos anos com o intuito de
levar e despertar nas crianças, a formulação e a resolução de problemas, a tomada
de decisões, entre outras habilidades de forma globalizada e interdisciplinar que
serão de fundamental importância para o seu desenvolvimento como sujeito ativo de
sua própria aprendizagem.
2.1 CONCEITOS E CONCEPÇÕES DA PEDAGOGIA DE PROJETOS
A ideia de projetos nos remete a ideia de se planejar um futuro com o objetivo
de se realizar o que se deseja no presente. Os projetos nos direcionam a formular
metas, solucionar problemas e realizar ações planejadas. A sociedade na qual a
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criança do século XXI estão inseridas exige cada vez mais delas uma posição
globalizadora na realização de suas ações e o professor e a escola precisa
acompanhar o processo de aprendizagem do aluno, ou seja, entender seu caminho,
seu universo cognitivo e afetivo, bem como sua cultura, história e contexto de vida
partindo do pressuposto que o conhecimento é construído socialmente.
Essas mudanças na pedagogia ganham força a partir da década de 1960, e a
Pedagogia de Projetos vêm ocupando seu lugar junto a essas mudanças. Segundo o
Dicionário Aurélio (1995), a palavra projeto significa: atirar longe, arremessar,
planejar. É o que se espera da educação de século XXI, uma educação voltada para
o futuro onde a criança possa planejar e executar a partir do seu passado e presente
como será os eu futuro com autonomia individual ou em grupo.
Uma das características mais interessantes do trabalho com projetos é a
possibilidade de desenvolver ações interdisciplinares, tornando a aprendizagem
mais diversa e significativa sobre o objeto de estudo. O conceito de
interdisciplinaridade surgiu na Europa em meados dos anos 60 e no Brasil esse
movimento no campo da educação se deu na década de 70, trazido por Ivani
Fazenda, período de reformas educacionais no Brasil. Nos anos 1990, a
interdisciplinaridade havia se tornando modismo, impulsionando, assim, o interesse
pelo estudo dessa temática. Fazenda (1996, p. 34 apud MAHEU, ano p. 151)
comenta:
O número de projetos educacionais que se intitulam interdisciplinares vem aumentando no Brasil, numa progressão geométrica, seja em instituição pública ou privada, em nível de escola ou de sistema de ensino. Surgem da intuição ou da moda, sem lei, sem regras, sem intenções explícitas, apoiando-se numa literatura difundida.
Para a construção desse currículo de forma interdisciplinar é necessário que
haja uma gestão participativa onde todos tenham o mesmo objetivo de alcançar uma
educação de qualidade.
Quando se fala de Pedagogia de Projetos, a teoria refere-se a um modo de
trabalho que se opõe a Pedagogia Tradicional que considera o como sujeito passivo
do processo de ensino aprendizagem. A Pedagogia de Projetos é uma metodologia
bem diferente do que vem sendo aplicado na maioria dos processos educacionais,
mas aos poucos vem ganhando espaço por ser considerada como um processo no
qual leva o aluno a articular seus saberes escolares com os seus saberes sociais de
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maneira que, ao estudar, o aluno consiga fazer relação com o que lhe é posto na
escola com sua vida cotidiana, de forma a interdisciplinar saberes científicos
diversos ao seu contexto social e cultural.
Nesse sentido, Kramer (2002, p.50) afirma que o trabalho com a metodologia de
projetos,
[…] significa a possibilidade de articular, no trabalho pedagógico, a realidade sociocultural das crianças, o desenvolvimento infantil e os interesses específicos que as crianças manifestam, bem como os conhecimentos acumulados historicamente pela humanidade a que todos têm direito e acesso.
É possível perceber que através da Pedagogia de Projetos o professor pode
desenvolver práticas educativas mais contextualizadas, de caráter interdisciplinar,
podendo desenvolver conhecimentos a partir de diferentes abordagens, por meio de
diferentes linguagens. Por isso, esta prática pedagógica é desenvolvida pela grande
maioria das instituições, entre elas as de Educação Infantil, devendo, portanto, ser
de fato compreendida desde sua elaboração, execução e avaliação.
2.2 A EDUCAÇÃO INFANTIL E A PEDAGOGIA DE PROJETOS
Ao se falar sobre Pedagogia de Projetos na educação infantil, faz se
necessário antes de tudo, explicitar melhor o que caracteriza criança e infância,
através de definições e delimitação de tais conceitos. Seguindo as ideias de
Vygotsky (1896-1934), a criança é um ser geneticamente social e o seu
desenvolvimento está diretamente ligado ao conhecimento de sua cultura que está
ligado ao seu meio físico e social. A partir do momento em que a criança sai de seu
ambiente familiar e passa a participar de um ambiente educacional, a escola deve
proporcionar situações de diferentes naturezas para que haja o enriquecimento do
seu universo de aprendizagem.
No Brasil, as primeiras manifestações educacionais no campo da educação
infantil ocorreram ao final do século XIX influenciadas pelo movimento da Escola
Nova, que tinham os trabalhos com crianças menores de 06 anos de idade
denominadas naquela época “jardim-de-infância”. Este tinha como objetivo a
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caridade às crianças mais pobres.
Kramer (2002, p. 25) traz três tendências pedagógicas que são
predominantemente no trabalho com crianças menores de 06 anos e que também
influenciam os trabalhos com projetos na educação infantil: tendência romântica que
concebe a pré-escola como um jardim de infância e que se identifica muito com a
época do surgimento da pré-escola no século XVII, e, consequentemente com o
movimento da nova escola, a tendência cognitiva que, de acordo Piaget (1896-
1980), a educação deve possibilitar à criança um desenvolvimento amplo e
dinâmico, tendo a interdisciplinaridade com aspecto central na formulação do
currículo na pré-escola. A tendência crítica que traz em suas contribuições Celestin
Freinet que tinha como objetivo básico desenvolver uma escola popular, ele traz em
seu discurso critica as propostas da Escola Nova.
Aqui no Brasil, apenas nos anos 50 é que a educação passou a ser encarada
como dever do estado e direito de todos os cidadãos, mas, sua obrigatoriedade foi
assegurada somente a partir do ensino fundamental. Até então, não se considerava
a pré-escola importante, era uma visão equivocada.
Só a partir da década de 70, as políticas governamentais começaram a dar
importância para criança. Até então essa educação não era assegurada pela
legislação. Ainda na mesma década, houve um aumento na demanda por pré-
escola, o que incentivou o processo de municipalização da educação pré-escola
pública, diminuindo as vagas nas redes estaduais de ensino e ampliando nas redes
municipais.
Ao final do Século XX, foi criada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Infantil aprovada em 1961 (Lei 4024/61) que veio fortalecer a educação naquele
período. Essa lei dispunha em seu art. 23: “a educação pré-primária destina-se aos
menores de 7 anos, será ministrada em escolas maternas ou jardim-de-infância”.
No início da década de 80 muitos questionamentos surgiram com relação à
educação daquela época, pois havia evidências de que as crianças das classes
populares não estavam sendo beneficiadas com os programas educacionais da
época.
A década de 90 foi crucial no desenvolvimento da educação infantil com a
aprovação da nova LDB, Lei 9394/96 que estabelece a educação infantil como etapa
inicial da educação infantil. Todavia, a referida lei, torna a educação infantil uma
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responsabilidade dos municípios, mas apenas como um direito, sem torná-la
obrigatória para os Sistemas Municipais de Ensino, ficando sua oferta condicionada
às políticas na área de Desenvolvimento Social.
A partir de 1998 foi criado o RCNEI (Referencial Curricular Nacional para
Educação Infantil) que veio com a proposta de dar mais qualidade à educação
infantil no Brasil. A educação infantil nos dias de hoje tem como principal finalidade o
desenvolvimento integral da criança até os seus 5 anos de idade, e foi considerada
como uma etapa obrigatória a partir dos 4 anos mediante a Lei nº 12.796, de 4 de
abril de 2013, que alterou os artigos 4º, 6º, 26 e 29 da LDB 9394/96.
É importante compreender a infância como uma construção histórica e social,
sendo, portanto impróprio supor a existência de uma população infantil homogênea,
pois o processo histórico nos faz perceber diferentes populações infantis com
processos diferentes de socializações e com isto serão muitas as definições que
poderemos encontrar para infância. Sendo assim cada época tem seus discursos e
revela seus ideais e expectativas em torno das crianças.
Durante esse percurso na história da educação infantil, ficou evidente que a
infância vai desde o nascimento até os 6 anos de idade da criança e que com o
passar dos anos passou por transformações e organizações, dividindo-se em creche
para crianças 0 a 3 anos de idade, e a pré-escola crianças de 4 a 5 anos, 11 meses
e 30 dias, sendo que, de acordo com as novas leis federais para o ensino
fundamental, as crianças com 6 anos completos já fazem parte do fundamental.
A primeira infância que vai de 0 a 3 anos de idade é um período de
descobertas do ambiente em que ela está inserida, interagindo com o mundo em
que vive a criança. Nessa perspectiva o trabalho com projetos é um eficiente
instrumento para a organização do processo de ensino aprendizagem com crianças
nessa faixa etária, podendo, assim, ser utilizado, principalmente nas áreas do
conhecimento como a motora, afetiva e da linguagem. Para tanto, a organização do
espaço é fundamental ao incentivar as experiências durante toda a trajetória do
projeto.
Na segunda infância, mais conhecida como pré-escola período que vai de 4
aos 5 anos de idade é considerado por muitos educadores como a melhor fase para
se trabalhar com projetos. Por considerar que as crianças nesse período são mais
questionadoras e por terem um desejo enorme de aprender sobre o mundo em que
vivem. Barbosa e Horn (2008 p.80) deixam bem claro isso quando dizem que:
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O fato delas terem muito desenvolvida sua oralidade, ter domínio do seu próprio corpo, faz seu rol de experiências aumentar cotidianamente, o que possibilita sua participação ativa não somente com o surgimento da temática, mas também na construção do projeto.
Os usos de diferentes linguagens, com diferentes grupos e temas em uma
mesma turma, possibilitam e aprofundam, assim, suas experiências, diferentemente
do que ocorre com crianças menores de 3 anos de idade. Nesse sentido, o filósofo
Dewey defende bastante essa concepção do trabalho com experiência, pois, para
ele só experimentando e vivenciando o mundo em que vive as crianças poderão
aprender e entender melhor a realidade em que vivem. Nesta tarefa, a Pedagogia de
Projetos pode colaborar com as prática docente na Educação Infantil.
Barbosa e Horn (2008), teóricas com vasta experiência em educação infantil,
desenvolveram diversos trabalhos sobre a temática Pedagogia de Projetos na
educação infantil. Para as autoras, tanto a Creche quanto a Pré – Escola não tem a
função de ser transmissão de conhecimentos da escolarização normal, mas, sim
constitui-se em um ambiente capaz de desenvolver aprendizagens de diferentes
linguagens simbólicas, possibilitar às crianças colocar em ação conjunta e
multifacetada esquemas cognitivos, afetivos, sociais, estéticos e motores.
A Pedagogia de Projetos na educação infantil possibilita trabalhar com as
diversas áreas do currículo nesta fase de desenvolvimento infantil de forma
interdisciplinar e para que aprendizagem ocorra de forma significativa para a criança.
Para isso, a escola tem que estar preparada para receber esses alunos,
possibilitando-os uma aprendizagem significativa e global.
Os trabalhos com projetos na educação infantil possibilitam abordar questões
a partir da necessidade de cada grupo respondê-la, além de possibilitar o
desenvolvimento da autonomia, o interesse pela pesquisa, despertando a
curiosidade, a descoberta, iniciando a criança em processos de interação constante,
que possibilite argumentar e opinar diante dos temas propostos, partindo de seus
interesses e suas vivências.
Conforme Kramer (2002) em seu livro com a pré-escola nas mãos, ela traz
uma proposta de trabalho caracterizada como uma metodologia de trabalho por
temas geradores que parte da criança e é detectado pelo professor, assim como
22
ocorre nas escolas em Reggio Emília. É importante que esse momento seja de
interesse da criança e tenha origem em uma realidade sociocultural. Para ela, a pré-
escola é uma fase da educação infantil e deve:
proporcionar o desenvolvimento infantil considerando os conhecimentos e valores culturais que as crianças já têm e, progressivamente, garantindo a ampliação dos conhecimentos de forma a possibilitar a construção de autonomia, cooperação, criticidade, criatividade responsabilidade, e a formação do autoconceito positivo, contribuindo portanto para a formação da cidadania (Kramer, 2002 p.49)
Essa forma de trabalho por temas na pré-escola trazida por Kramer (2002)
muito se identifica com a Pedagogia de Projetos trazida por autores como Barbosa e
Horn (2008) e os Projetos de trabalho de Hernández (1998) dentre outros.
No entanto, o que se observa na maioria das classes de educação infantil, é a
realização de projetos de aprendizagem que seus temas surgem a partir de temas
cíclicos recorrentes de datas comemorativas, e se tornam objetos de práticas
pedagógicas sem o menor significado para criança. Nesse sentido Kramer (2002)
afirma que, em alguns casos, essas datas podem servir de eixo condutor na
construção de temas geradores por terem um caráter social e por estarem
relacionados com o cotidiano as crianças, levando em consideração a necessidade
da turma e que esse tema se remeta a sua realidade social e cultural.
2.3 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA PEDAGOGIA DE PROJETOS
A Pedagogia de Projetos vem com uma proposta de uma educação de
qualidade que proporciona ao educando um desenvolvimento global de todas as
suas habilidades. E como todo processo educacional o trabalho por projetos
necessita de uma avaliação que leve, alunos e professores, a avaliar, entender e
interpretar suas ações. Na maioria das vezes a avaliação tem como objetivo medir,
julgar, até de classificar, e até mesmo punir que nada mais é do que vestígios de
uma educação pautada no tradicionalismo. A avaliação de aprendizagem no projeto
é trabalhada de forma a incluir o aluno durante o processo de aprendizagem,
principalmente quando se trata de educação infantil.
23
A LDB nº 9394/96 diz que “Na educação infantil far-se-á mediante
acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção,
mesmo para o acesso ao ensino fundamental” (artigo 31). Barbosa e Horn (2008
p.98) traduz da seguinte forma as contribuições da LDB para a avaliação da
educação infantil:
Esse posicionamento legal abriu espaço para a criação de novos caminhos destinados a pensar a avaliação na educação das crianças pequenas. Estava lançado então, um desafio: elaborar uma avaliação apropriada autentica significativa e dinâmica, baseada no contexto de um grupo de crianças e na experiência real de cada criança particularmente.
A avaliação na pré-escola tem como objetivo favorecer o desenvolvimento
infantil, por isso avaliação deve fazer parte do currículo escolar. É preciso ter
cuidado com essa prática avaliativa, pois muitas vezes ela revela como objetivo de
autoridade. É importante que a avaliação no processo de ensino e aprendizagem
continue tendo a criança como prioridade.
O processo avaliativo utilizado na pré-escola pode também, estar presente
nos trabalhos com projetos. De acordo Kramer (2002 p.96) três estratégias são
fundamentais: 1) análises e discussões periódicas sobre o trabalho pedagógico; 2)
observações e registros sistemáticos; 3) arquivos contendo planos e materiais
referentes aos temas, relatórios das crianças. Nesse processo de construção,
desenvolvimento e avaliação dos trabalhos com projetos é necessário que a família
seja integrada. E essa integração tem o objetivo de complementar o trabalho
realizado na escola.
Assim, é necessário um modelo de avaliação baseada no contexto social de
um grupo de crianças, deixando de lado procedimentos avaliativos baseados em
objetivos comportamentais, ou até mesmo dos relatórios com roteiros
preestabelecidos. Para avaliar alunos a partir de trabalhos com projetos, importa
alertar que as propostas de avaliação devem coincidir com as propostas
pedagógicas dos projetos de aprendizagem, ter uma intenção globalizadora, que
levem o professor a perceber se os alunos aprenderam o que foram
intencionalmente planejado ou mesmo o que aprenderam além do previsto.
Importa no trabalho de avaliação da aprendizagem por meio de projetos, que os
professores possam identificar, dentro do processo de ensino e de aprendizagem,
não só os “erros” ou mesmo a aprendizagem dos alunos, mas também o trabalho
24
dos professores, dando um caráter formativo à avaliação.
Um dos aspectos que Barbosa e Horn (2008) chamam atenção é o fato de
que ao avaliar os projetos, é necessário que durante a construção e realização do
mesmo, os docentes se observem, registrem e analisem a todo o tempo, durante o
processo de formação individual e grupal, através do diário de campo. Segundo
Barbosa (2008), diário de campo é,
instrumento, importado da antropologia, que pode ser considerado como um caderno de registro do professor, no qual ele poderá não apenas registrar dados objetivos, mas, principalmente, seus sentimentos sobre o que vê ou ouve, isto é, suas interpretações (Barbosa e Horn, 2008, p.104).
Além do diário de campo as autoras Barbosa e Horn (2008) trazem em seu
livro “Projetos Pedagógicos na Educação Infantil” diferentes instrumentos como o
diário de aula, que é uma opção de planejamento de aula; a autoavaliação, que é a
análise pelas crianças do que é mais significativo para elas; as fotografias e
gravações em vídeo, por ser uma forma de registro que pode ser visualizada pelos
alunos, levando a uma reflexão sobre o que foi realizado por eles. E a partir desses
materiais poderão der construídos dossiês, portfólios ou arquivos biográficos que
poderão ser utilizados no processo avaliativo pelos alunos, pais e professores,
levando-os a uma reflexão do que foi, estar e poderá ser feito para auxiliar no
aprendizado das crianças. Todas essas formas de avaliação, dentre outras, podem
ser utilizadas durante o trabalho com projetos por estarem de acordo com o que vem
sendo proposto na LDB e nos RCNEI para a educação e infantil.
E importante que os instrumentos de avaliação nos projetos de aprendizagem
sejam bem definidos para que a realidade não seja distorcida e, consequentemente,
as intervenções sejam inadequados às necessidades do momento e distorcida e,
consequentemente, as intervenções sejam adequadas às necessidades dos
momentos e do momento e distorcendo os resultados finais e causando, assim,
julgamento incorreto de todo o processo de ensino e de aprendizagem da criança.
25
3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
A presente proposta de intervenção tem como objetivo auxiliar os professores
a compreender como a Pedagogia de Projetos pode contribuído para orientar as
práticas pedagógicas na Pré-Escola, e assim implementar de forma globalizada essa
forma de trabalho com as crianças da educação infantil.
No processo de aprendizagem através da Pedagogia de Projetos, se
proporciona ao aluno um trabalho envolvendo todos os eixos temáticos com
possibilidades de escuta, valorização da criança respeitando suas diferenças sociais
e culturais.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR
Essa proposta de Intervenção será direcionado para a Escola Municipal
Carlos Murion que está localizada ma Rua Gonçalves Cezimbra nº 295 Jardim
Imperial no Bairro de Pituaçu – Salvador – Bahia. Cód. Inep 29434394, e-mail: esc-
[email protected], tel: 3232-8067.
A escola Carlos Murion foi fundada no dia 10 de fevereiro de 2004, resultado
de convênio entre a Prefeitura Municipal de Salvador e o Centro Espírita Cavaleiros
da Luz que tem como seu presidente, José Medrado. O nome da instituição foi
escolhido por José Medrado, pois Carlos Murion foi o mentor espiritual da “Cidade
da Luz”.
A escola tem em sua estrutura física seis salas de aula, diretoria, secretaria,
biblioteca e sala de tecnologia, área livre para recreação e quadra poliesportiva além
de contar com o auditório do centro espírita.
A escola Municipal Carlos Murion tem despertado muito interesse na
comunidade do bairro de Pituaçu. Com suas modernas instalações (todas as salas
têm ar-condicionado) e qualidade na sua proposta e prática pedagógica fato esse
que levou a escola a ganhou o 1º lugar do Premio Melhor Escola Pública do ano de
2013, concurso promovido pelo Ministério Público.
Atende crianças da Educação Infantil (a partir dos quatro anos de idade) e
Educação Fundamental (1º ao 5º ano). Funciona nos turnos matutino e vespertino.
26
Tem matriculado 350 alunos, na maioria, de famílias de classe baixa e média baixa,
e sendo que a maioria dos pais que possuem baixa escolaridade, e muitos desses
alunos são egressos de escolas particulares de pequeno porte da comunidade local.
Mesmo não tendo uma estrutura adequada que facilite o acesso às salas de
aula que ficam no 1º andar da escola, ela tem em seu quadro, crianças portadoras
de deficiência.
A escola também conta com a parceria de voluntários, oferecendo valiosa
contribuição para a formação de seus educandos com: aulas de capoeira, reforço
escolar, monitoria na sala de informática (alunos da própria escola e ex-alunos).
A escola conta em seu grupo de gestores com a Diretora Maria Luiza, a Vice
Diretora e a coordenadora.
3.2 DIAGNÓSTICO DA INSTITUIÇÃO
A escola Municipal Carlos Murion é uma instituição escolar direcionada a
Educação Infantil e vem desenvolvendo um trabalho de qualidade. A escola tem uma
proposta pedagógica que visa a ressignificação do espaço escolar, transformando-o
em um espaço vivo, de interações aberto ao real e as múltiplas dimensões. A partir
da observação in loco, durante a realização desta pesquisa verifiquei que o principal
objetivo de trabalho dessa unidade escolar é o de garantir uma formação integral e
integrada da criança, proporcionando a ela a construção de habilidades e
competências capazes de torná-lo consciente de seu papel na sociedade e apto a
atuar no ambiente social enquanto colaborador do desenvolvimento da comunidade.
Segundo a diretora da escola, os trabalhos com projetos parte da
determinação da SMED, no qual no início de cada ano letivo e definido a temática a
ser trabalhada e desenvolvida pela escola durante todo o ano.
Para a realização de um diagnóstico mais representativo possível da
realidade educacional da escola em estudo, além da observação, foram realizadas
entrevistas aos docentes da escola. A partir das respostas dos profissionais, notei
que na Escola Carlos Murion, a prática pedagógica se caracteriza pela valorização
da criança como um todo, e de acordo com o que é proposto no RCNEI como fator
essencial para o desenvolvimento integral da criança.
Nessa escola a metodologia utilizada na maior parte do tempo é a mesma
aplicada em quase todas as escolas da rede pública, onde o conhecimento se da de
27
forma tradicional centrada no professor, mas vale ressaltar que essa não é a única
forma de trabalho da instituição. Segundo as professoras da instituição o trabalho
por projetos de aprendizagem é desenvolvido na instituição no início de cada ano
letivo partindo dos eixos determinados pela Secretaria de Educação nas chamadas
jornadas pedagógicas. São elaborados pré-projetos divididos por grupos, e cada
grupo desenvolve como será trabalhado essa temática em grupo. Fica assim
evidente os aspectos da metodologia tradicional de ensino divergindo da Pedagogia
de Projetos defendidas por diversos estudiosos onde o aluno participa ativamente do
processo de escolha do tema a ser trabalhado em sala de aula.
Outro aspecto evidente é a sistematização pela escola do que, quando, e
como vai ser tratada a temática em questão e delimitação das ações do professor no
processo de aprendizagem.
Isso demonstra mais uma vez que a Pedagogia de Projetos apesar de ser
uma forma de trabalho com o objetivo de dar liberdade tanto para professores como
para os alunos, mas o sistema público de ensino está sempre direcionando o que
deve ou não ser feito e quando deve ser feito durante o processo de aprendizagem
das crianças.
Apesar das imposições, vale salientar que as professoras da instituição têm
trabalhado durante a realização dos projetos de forma contextualizada e valorizando
os conhecimentos dos alunos ao levá-los a participarem ativamente desse processo
de acordo com as possibilidades oferecidas pela instituição e até mesmo pelo
governo. Pude perceber isso na fala da professora Paula: [...] Eu tento observar os
alunos e a partir do que é determinado pela instituição tento fazer uma parte entre o
que é proposto pela escola e o que de interesse do aluno [...].
Todos os professores têm a ideia formada de que a Pedagogia de Projetos
não pode ser a única forma de trabalho no processo de aprendizagem do aluno, pois
para eles essa metodologia não atende a todas as demandas do trabalho didático
pedagógico de uma instituição e que se faz necessário planejar outra forma de
organização dos processos de aprendizagem do aluno.
A escola fica localizada em uma área rica em elementos naturais, como o
Parque Metropolitano de Pituaçu e a Orla Marítima de Salvador, disponibilizando
assim aos professores diversos elementos que podem servir de ponto de partida
para geração temas a serem trabalhados coma as crianças durante os projetos,
partindo do que realmente é significativo para as crianças valorizando assim o meio
28
no qual elas vivem e suas raízes culturais.
Outra inquietação das professoras da instituição se refere a dificuldades que
elas encontram durante a realização dos trabalhos com projetos de aprendizagem e
contemplar todos eixos temáticos de forma interdisciplinar e globalizada durante a
prática, pois na maioria das vezes quem acaba sendo mais contemplado são os
eixos de Natureza e Sociedade. Os outros eixos do currículo na maioria das vezes
acabam caindo no tradicionalismo.
A avaliação dos projetos e dos alunos da Escola Municipal Carlos Murion
ocorre em diversos momentos e a partir de diversos instrumentos e formas
avaliativas como a observação, o registro diário o portfólio e o relatório final sobre o
processo final de aprendizagem que e de acordo com a diretora: [...] não é apenas a
preocupação com o que não sei e com o que aprendi, não é só a aprendizagem
cognitiva e sim comportamental e os valares aprendidos que são avaliados [...].
A escola tem a preocupação em informar aos pais no início de cada ano o
projeto no qual será trabalhado durante todo o ano letivo, porém, a participação dos
mesmos durante todo o desenvolvimento do projeto é pouco significativa. A chave
para uma educação bem-sucedida perpassa em informar os pais sobre as mais
diversas fases da prática pedagógica e entregá-los a esse processo tendo como
objetivo principal a melhoria da ação educativa.
Entendo que a partir do momento que a escola constrói um currículo
preocupado com as relações sociais e culturais da criança a família não pode se
desassociada desse processo. Apesar de a escola informar no início do ano letivo
os projetos a serem trabalhados de acordo com as professoras a participação dos
pais da maioria das vezes é muito omissa , sendo assim esse trabalho com a família
pode apresentar muitas dificuldades. Sobre esta questão nos apresenta Kramer
(2002 ,p.100) que:
[…] é preciso levar em conta que essa forma de conceber o papel das famílias e a atitude dos profissionais da escola esbarra, frequentemente, em uma série de dificuldades decorrentes tanto da maneira com que os pais e profissionais se veem uns aos outros, quanto de suas expectativas – nem sempre convergentes -, como ainda das condições objetivas do seu cotidiano e os entraves específicos que se apresentam.
É necessário que a escola mantenha a família informada dos projetos que
estão sendo realizados, para que haja uma melhor integração entre escola e família.
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Nesse sentido “A participação dos pais torna-se uma parceria valiosa em todos os
sentidos [...] A comunidade e, em especial, os pais são, portanto, ótimos parceiros de
estudo e informantes para as crianças.”(Barbosa e Horn, 1998, p. 90)
Verifiquei que a Escola Municipal Carlos Murion vem caminhando para
conquistar uma forma de trabalho onde se concebe o processo de aprendizagem
com prioridade para o aluno, um sujeito social, interagindo-o com o meio social no
qual ele está inserido. Assim como a maioria das instituições de ensino público ela
passa por muitas dificuldades para que possa realizar alguns tipos de atividades
para que haja um melhor desenvolvimento dos projetos de aprendizagem.
Uma das grandes inquietações demonstrada pelas professoras, foi referente a
falta de formação e de reuniões para socializar e planejar melhor as ações a serem
trabalhadas pelos professores da Escola Municipal Carlos Murion. Assim, a
professora Rosa traz em sua fala a seguinte inquietação:
[...] a principal dificuldade é a falta de reuniões em grupo, uma formação continuada, as trocas de informações na maioria das vezes são feitas de forma individual apenas com a coordenadora, o próprio sistema não proporciona essa possibilidade [...].
Fica evidente que a escola Municipal Carlos Murion vem construindo um
trabalho com suas crianças com o objetivo de alcançar uma educação de qualidade
atrelado ao trabalho com Projetos por considerar essa uma das formas de
proporcionar a aprendizagem para as crianças. Ainda a longo caminho a percorrer
pelos profissionais decorrentes de questões políticas, condições de trabalho e até
mesmo na formação de seus profissionais.
Para que haja um bom desenvolvimento, do trabalho com educação infantil a
criança deverá ter um acompanhamento para que isso ocorra o professor necessita
de apoio pedagógico por parte da coordenação para que o trabalho possa fluir de
forma agradável e satisfatória para a criança. Portanto, o gestor da educação infantil
tem papel relevante para o processo pedagógico da escola. Conforme prevê a Lei
Estadual 8261 de 29/05/02, as atribuições do coordenador pedagógico e de orientar
o trabalho do professor para que eles atuem de acordo com a proposta pedagógica
da escola.
Pude perceber que a instituição tem procurado fazer uma gestão democrática
participativa. A diretora está sempre envolvida em todos os âmbitos da escola, desde
30
a cantina até as questões pessoais de cada aluno e esse tipo de comportamento da
diretoria reflete diretamente nas ações e atitudes de todos os funcionários da escola,
porem as dificuldades existem mais não se tornam obstáculos para realização de
educação de qualidade nessa instituição.
3.3 METODOLOGIA
A escola para a realização dessa proposta de intervenção é mesma instituição
no qual realizei o meu estágio de docência no período da minha graduação em
Licenciatura em Pedagogia. Sou aluna institucional do curso e no momento não
estou atuando como Coordenadora Pedagógica em escola de educação básica, por
isso, optei pela Escola Municipal Carlos Murion como campo de pesquisa, por já ter
um breve conhecimento sobre a mesma.
A presente proposta de intervenção foi constituída a partir de pesquisa
qualitativa, através de entrevista com as professoras da pré-escola, com a diretora a
vice-diretora e a coordenadora da instituição.
Foi identificado que a escola trabalha com projetos, apenas por determinação
da SMED, apesar das professoras reconhecerem a importância e riqueza de se
trabalhar com projetos. A escola tem um grande potencial para trabalhar com a
Pedagogia de Projetos principalmente pela sua localidade e riqueza cultural que
existe na comunidade no qual ela está situada. Assim as autoras Barbosa e Horn
(1998, p. 50 ) colocam:
Em um contexto assim pensado e organizado, promovemos a construção da autonomia moral e intelectual das crianças, estimulando sua curiosidade, auxiliamos a formarem ideias próprias das coisas e do mundo que as cercam, possibilitando-lhes interações cada vez mais complexas.
Nessa perspectiva, esta proposta de intervenção, faz-se necessário para
inovar o trabalho com projetos realizado nessa instituição com o objetivo de
transformar e qualificar ainda mais o processo de aprendizagem dos alunos de
forma interdisciplinar e globalizada através da Pedagogia de Projetos, no qual
percebe a criança como um ser capaz, competente, com um imenso potencial e
desejo de crescer. “Alguém que se interessa, pensa, duvida, procura soluções, tenta
outra vez, quer compreender o mundo a sua volta e dele participar, alguém aberto ao
31
novo e ao diferente.” (Barbosa e Horn, 1998, p.87), por isso, nos propomos a pensar
em estratégias para repensar a pedagogia de projetos desenvolvida na referida
escola.
Sendo assim essa proposta de intervenção tem como objetivo principal
repensar o trabalho com a Pedagogia de Projetos na escola Municipal Carlos Murion
com os educadores das crianças da educação infantil, por considerar que com essa
forma de trabalho pode-se proporcionar as nossas crianças o desenvolvimento de
muitas das suas habilidades e capacidades necessárias para a formação humana,
devendo, portanto, ser melhor implementada e ressignificada na referida instituição.
3.4 CRONOGRAMA
AÇÃO PERÍODO
Seleção do acervo bibliográfico setembro
Mesa redonda sobre “A Pedagogia de
Projetos na Educação Infantil
outubro
Explanação de projetos novembro
Definir os instrumentos avaliativos a
serem utilizados nos projetos
dezembro
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Pedagogia de Projetos é uma prática educativa que vem sendo inserida nos
currículos das escolas. O fato dessa prática não ser um método, vem dando ao
professor e a criança a liberdade, que normalmente não ocorre nos métodos
tradicionais de ensino. No entanto, essa prática pedagógica vem causando ainda
muitas dúvidas e muitos questionamentos entre os professores, não pelo seu valor
pedagógico, mas pela dificuldade que muitos professores sentem em interdisciplinar
todos os conteúdos durante a realização dos projetos de aprendizagem. Considero
que o trabalho com projetos não deve ser visto como única e melhor opção no
processo de aprendizagem de nossas crianças, mas como uma possibilidade a mais
na construção do conhecimento.
A realização dessa pesquisa foi muito gratificante, pois me possibilitou
conhecer a realidade de uma escola municipal que trabalha com projetos. Pesquisar
a Escola Municipal Carlos Murion e as práticas das professoras que dela fazem
parte foi muito enriquecedor. Ficou bastante evidente que essa prática pedagógica
ainda está sendo inserida na instituição, mas muito já tem sido realizado e muito
resultado positivo já pode ser visto no processo de aprendizagem das suas crianças.
Pude perceber que apesar de a escola trazer aos seus professores a proposta de se
trabalhar com projetos, a uma diversidade de pontos de vista e de interpretação
desse trabalho entre as professoras. Faz-se necessário que a instituição invista na
formação dos seus professores para que haja cada vez mais um melhor
entendimento, de sua proposta pedagógica.
Assim gostaria de finalizar este trabalho reafirmando que é necessário que a
escola e os professores possibilitem reestruturarem suas práticas e as estratégias
pedagógicas, com o objetivo de propiciar à criança a reconstrução do conhecimento.
O professor deve ter a sensibilidade saber o quê, como, quando e por que
desenvolver determinadas ações pedagógicas envolvendo projetos. E para isto é
fundamental conhecer e acompanhar o processo de aprendizagem do aluno para ter
clareza da intencionalidade pedagógica dos projetos desenvolvidos pela escola.
33
REFERÊNCIAS:
BARBOSA, Maria Carmem Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos pedagógicos na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008.
BRASIL. Referencial curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília, MEC/SEF, 1996. BRASIL, LDB. Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em<w.mec.gov.br>. Acesso em: 10 Set 2015. DEWEY,J. Como pensamos: como se relaciona o pensamento reflexivo com o professor educativo ( uma reexposição). 3ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.
EDWARDS, Carolyn; FORMAN, George; GANDINI, Lella. As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emília na educação da primeira infância; Trad. Dayse Batista, Porto Alegre: Artes Médicas Sul LTDA., 1999. FAZENDA, Ivani (org.) Práticas Interdisciplinares na Escola. 3º ed. São Paulo: Ed. Cortez, 1996.
HERNÁNDEZ, Fernando.; VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. 5ed., Porto Alegre: Artmed, 1998.
KRAMER, Sônia. Com a pré-escola nas mãos – uma alternativa curricular para a
educação infantil. SP: Ática, 2002.
LUDKE, Menga e André, Marli. Pesquisa em educação: Abordagens Qualitativas.
São Paulo: EPU, 1996.