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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 TATIANE CASTRO DE QUEIROZ O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO MEDIADOR DA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR Salvador 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

TATIANE CASTRO DE QUEIROZ

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO MEDIADOR DA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

Salvador 2015

2

TATIANE CASTRO DE QUEIROZ

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO MEDIADOR DA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica. Orientador: Profª Me. Maria Lúcia Dantas de Oliveira

Salvador 2015

3

TATIANE CASTRO DE QUEIROZ

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO MEDIADOR DA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.

Aprovado em janeiro de 2016.

Banca Examinadora

Primeiro Avaliador.____________________________________________________ Segundo Avaliador. ___________________________________________________ Terceiro Avaliador. ____________________________________________________

4

A

José Chaves, meu marido, que em todos os momentos, quando precisei me afastar

das minhas atividades como mãe e esposa ele me substituiu, permitindo assim que

eu tivesse tempo para ler, escrever, refletir, produzindo meu trabalho com

tranquilidade. Certamente, sem sua ajuda eu não teria conseguido.

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela saúde e me permitir mais esta conquista.

A meus familiares, pela compreensão e apoio neste momento. A todos, meu muito

obrigado.

À minha orientadora, Profª Maria Lúcia, pela paciência e competência ao me auxiliar

nesta jornada.

À Faculdade de Educação da UFBA e ao Programa Escola de Gestores, por

levarem a cabo esta iniciativa que beneficia tantos Coordenadores Pedagógicos

como eu.

A Amanda, Joselita e Manuela por todas as orientações.

6

A questão da coerência entre a opção proclamada e a prática é

uma das exigências que educadores críticos se fazem a si

mesmos. É que eles sabem muito bem que não é o discurso o

que ajuíza a prática, mas a prática que ajuíza o discurso.

(FREIRE, 1997, p. 25)

7

QUEIROZ, Tatiane. O coordenador pedagógico como mediador da organização

do espaço escolar. 2015. Projeto Vivencial (Especialização) – Programa Nacional

Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia,

Salvador, 2015.

RESUMO

Este trabalho é requisito de conclusão do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica (CECOP 3), realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e tem como objeto de estudo a função do coordenador pedagógico como organizador do espaço e da rotina pedagógica. Seu objetivo é refletir sobre o papel do coordenador pedagógico na organização do espaço escolar e na rotina pedagógica, quais suas dificuldades, bem como fomentar discussão com toda a comunidade escolar e coordenadores do município de Santa Maria da Vitória. A metodologia escolhida foi a pesquisa-ação, visto que ela se desenvolve a partir da aprendizagem, do envolvimento de todos os sujeitos durante o processo. Os resultados trazem importantes reflexões acerca do tema, que afirmam a necessidade da presença do coordenador pedagógico na escola, a importância do trabalho coletivo, bem como sua função como organizador do espaço e rotina pedagógica, revelando o seu papel como mediador de mudanças no espaço escolar. Palavras-chave: Coordenador Pedagógico. Função. Mediador. Espaço escolar.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 Questão 1................................................................................... 32

Gráfico 2 Questão 2 .................................................................................. 33

Gráfico 3 Questão 3 .................................................................................. 34

Gráfico 4 Questão 4 .................................................................................. 35

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

CP Coordenador Pedagógico

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação

UFBA Universidade Federal da Bahia

PI Projeto de Intervenção

AEE Assistência Educacional Especializada

UNEB Universidade do Estado da Bahia

Semece Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte

PPP Projeto Político Pedagógico

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................... 11

1 TECENDO UMA HISTÓRIA DE VIDA..................................................... 14

2 O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO MEDIADOR DA

ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR.............................................

19

3 ESPAÇO E ROTINA PEDAGÓGICA: FUNÇÕES DO COORDENADOR

PEDAGÓGICO.........................................................................................

28

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR...................................... 28

3.2 METODOLOGIA...................................................................................... 29

3.3 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA E ANÁLISE DE

DADOS....................................................................................................

31

3.4 APRESENTAÇÃO DAS AÇÕES DA PI................................................... 37

3.5 CRONOGRAMA...................................................................................... 38

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 39

REFERENCIAS....................................................................................... 41

APENDICE A........................................................................................... 42

11

INTRODUÇÃO

Como cursista do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

(CECOP 3) realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), me senti

desafiada a avaliar minha prática como professora-coordenadora da Rede Municipal

de Ensino de Santa Maria da Vitória/BA, bem como motivada e sensibilizada a

estudar a função do coordenador pedagógico como organizador do espaço e da

rotina pedagógica, no momento de apresentar o Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC/PV).

Deste modo, este objeto de estudo é consequência da minha visão como

professora, o que me permite visualizar o panorama da educação atual e de todos

os meus cursos, trabalhos e estudos que me encaminham para uma melhor

compreensão das ações das pessoas que direcionam a educação nos espaços

escolares por onde atuei ou atuo me levando então, ao desejo deste estudo.

Três experiências foram determinantes para a escolha do meu objeto de

estudo: minha experiência como coordenadora em 3 unidades do Curso de Inglês

Fisk, que é muito diferente da escola regular pública, mas que exige direcionamento,

criatividade, organização e conhecimento; minha atuação como coordenadora

pedagógica na Secretaria Municipal de Educação de Santa Maria da Vitória, porque

me dá uma avaliação ampla das escolas públicas do município; e a mais forte de

todas, que foi minha experiência como coordenadora em uma creche do município.

Esta experiência foi muito significativa e feliz pra mim, pois tive a oportunidade de

direcionar e organizar todas as atividades e espaços pedagógicos da escola.

Na minha atual função, como coordenadora pedagógica de uma Secretaria de

Educação, sinto-me na obrigação de orientar bem os coordenadores do município,

assim quanto mais conhecimento, mais capacidade terei para a orientação

pedagógica das escolas e consequentemente mais contribuirei para a educação da

minha cidade. Também porque sou uma educadora e quero sempre cumprir meu

papel com conhecimento e responsabilidade.

Portanto, o principal objetivo deste trabalho é refletir sobre o papel do

Coordenador Pedagógico (CP) na organização do espaço escolar e na rotina

pedagógica do professor, partindo da seguinte problemática: Uma escola consegue

se desenvolver bem sem a orientação de um coordenador pedagógico? Bem como,

identificar quais suas dificuldades no exercício da função, fomentando uma

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discussão a respeito do tema com toda a comunidade escolar do município de Santa

Maria da Vitória.

Considerando que a escola contemporânea apresenta ao coordenador

pedagógico diversas situações que se tornam desafios diante de sua formação

acadêmica e do contexto que está inserido, considerando a valorização social e

financeira, estrutura física, jornada de trabalho, família etc. encontramos uma

dualidade nos espaços educativos: algumas escolas se encontram bem sucedidas

em relação à organização dos espaços e da rotina pedagógica, tornando-se assim,

escolas com uma educação de qualidade. Por outro lado, encontramos escolas que

estão em verdadeiro caos, no que diz respeito ao trabalho pedagógico, refletindo na

prática dos docentes e em um ensino-aprendizado fracassado.

Assim, creio que este trabalho poderá influenciar outros CP com relação à

sua prática e sua importância.

Segundo Freitas (2014, p. 61):

Diante disto é fundamental, antes de tudo, contar com a pessoa certa, no lugar certo. Uma das funções mais estratégicas dentro da escola é a posição de liderança intermediaria. [...] elas devem dar sabor ao prato, fazer a combinação certa entre as camadas e ainda suportar a pressão que vem de todos os lados. Isso requer um perfil bastante complexo.

Acredito que este trabalho enriquecerá e motivará minha práxis e de todos os

coordenadores que tiverem acesso ao mesmo, pois vivemos uma prática dialética,

que exige evolução do nosso conhecimento e do nosso comportamento frente à

nossa postura pedagógica.

A partir do exposto, realizei uma pesquisa-ação em duas escolas municipais:

na Escola Municipal Ulisses Guimarães, que trabalha com Educação Infantil e com

Ensino Fundamental Menor (Ciclo I) e a Creche Criança Cidadã III, que atende

crianças de um ano e seis meses até três anos.

Esta pesquisa é caracterizada como pesquisa-ação, pois, segundo Thiollen

(1986, p.15) este tipo de pesquisa se dá quando há uma participação dos sujeitos

que estão envolvidos na problemática de uma questão trivial, como é o nosso objeto

de estudo. Desta forma este trabalho se enquadra perfeitamente desde que sua

dinâmica contou com a participação da comunidade escolar e dos coordenadores

pedagógicos do município

13

Os resultados do estudo estão assim organizados: no primeiro capítulo trago

um memorial com informações sobre minha história de vida, da minha formação

acadêmica e profissional, todos os cursos de Graduação, Extensão, Especialização,

cursos livres, cursos de línguas, enfim, de todas as minhas atividades acadêmicas

realizadas até o momento e que contribuíram para a formação da pessoa que sou

hoje. Trago também as instituições em que trabalhei meus projetos e as

experiências vivenciadas.

No segundo capítulo apresento argumentos sobre o objeto de estudo, o papel

do coordenador pedagógico na organização do espaço escolar e na rotina

pedagógico, embasada por teóricos, discorrendo sobre a importância do

coordenador pedagógico no espaço escolar e na rotina pedagógica, ressaltando sua

função mediadora e articuladora da mudança e da compreensão das relações,

privando pelo trabalho coletivo. Também discuto a postura de um coordenador

pedagógico em sua rotina pedagógica, destacando que, para ter uma prática

consciente, compatível com seu papel, o CP precisa conhecer profundamente quais

são suas atribuições. Da mesma forma chamamos atenção para a organização do

tempo que deve ser feita pelo CP, considerando a complexidade de uma instituição

escolar.

No terceiro capítulo explico sobre a pesquisa, qual o problema, objetivos e

metodologia, bem como apresento a análise de dados à luz dos teóricos que

embasam todo o referencial teórico. Estes dados foram levantados através de

questionários apresentados aos professores e através de observações do espaço

escolar. Igualmente, neste capítulo, apresento uma Proposta de Intervenção (PI)

elaborada de acordo com a análise dos dados colhidos durante a pesquisa e que

será executada de acordo com o cronograma que está exposto no final do terceiro

capítulo.

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1 TECENDO UMA HISTÓRIA DE VIDA

Este memorial é requisito para produção do TCC/PV do Curso de

Especialização para Coordenadores Pedagógicos, realizado pela Universidade

Federal da Bahia (UFBA).

Escrever este memorial em um trabalho de conclusão de curso é muito

interessante, pois nos dá a oportunidade de relembrar muitos momentos bons,

significantes da nossa historia, ao mesmo tempo em que dá leveza ao trabalho, sem

perder o rigor científico.

Assim, gostaria de ressaltar que ao escrever este memorial faço como diz

Freire, uma reflexão da minha prática:

De alguma maneira, porém, podemos ir mais longe e dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura de mundo, mas de certa forma de escrevê-lo ou de reescrevê-lo, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente (FREIRE,1989, p. 20).

Percebo, então, que minha história de vida me trouxe marcas e me direcionou

a algumas atitudes críticas, me auxiliando na leitura e escrita do meu mundo.

Vamos começar com o início da minha vida profissional que se deu antes de

terminar o ensino médio em 1990. Neste ano chegou à minha cidade o curso de

línguas (inglês e espanhol) FISK. Logo de início não foi possível fazer este curso

porque era muito caro. Mas passados alguns meses minha família conseguiu me

matricular, foi uma alegria só. Antes de terminar o ensino médio em contabilidade,

que fiz no Centro Educacional Santamariense, escola pública estadual, fui convidada

para trabalhar no Centro Educacional J. R. Ribeiro, escola particular, na qual

trabalhei 13 anos, como professora de inglês.

Como fazia contabilidade não entendia nada de didática pedagógica ou como

se dá o desenvolvimento da aprendizagem. Foi um desafio, porém aprendi com

meus colegas, com a coordenadora, que me lembro bem, me ajudou com

orientações com relação à elaboração de tarefas e avaliações e é claro, com a

prática em sala.

Não posso deixar de mencionar que nesta mesma escola, no final de 2005

conheci meu marido, que chegou de Salvador para trabalhar com a disciplina de

português e literatura. Casamos em 2007 e hoje temos uma linda filha com 4 anos.

15

Ao terminar o ensino médio não tinha perspectiva de entrar numa faculdade.

Naquela época, nós tínhamos apenas duas opções: ou ficava na cidade como

professora contratada ou iria para Brasília ou Goiânia tentar concurso público.

Decidi ir para Brasília para prestar concurso público e após isto poder pagar um

cursinho pré-vestibular. Não foi fácil, os concursos eram difíceis e concorridos.

Assim comecei a trabalhar em uma loja e fazer cursinho à noite e continuava minhas

aulas de inglês numa instituição pública chamada Setor Leste. Para conseguir vaga

nesta escola precisei madrugar na porta, mas deu tudo certo. Fiquei em Brasília

durante três anos, então minha mãe adoeceu e retornei para minha cidade para

cuidar dela. Estava muito triste pela doença, mas feliz por voltar.

Em 2000, me tornei coordenadora das Escolas Fisk e tive a oportunidade de

viajar para Inglaterra para uma cidade próxima a Londres, chamada Bournmouth,

para estudar inglês. Uma viagem inesquecível em todos os aspectos. Conheci

pessoas, aprendi muito sobre diversas culturas, pois convivi com pessoas de

diferentes países e visitei diferentes lugares, bem como alcancei o objetivo da

viagem que era praticar a língua inglesa.

Nesta mesma época o campus da Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

em Bom Jesus da Lapa tinha sido inaugurado e fica aproximadamente a 100 km de

distância da minha cidade. Assim, em 2000 fiz o vestibular para o Curso de

Pedagogia e passei. Este campus oferecia apenas os cursos de Administração e

Pedagogia.

Neste período já havia retornado para escola J.R. Ribeiro e para o Fisk.

Conciliava as aulas nestas duas escolas e a faculdade.

Terminei a faculdade em 2004 e logo houve concurso público municipal para

professores e para coordenador pedagógico na Rede Estadual de Ensino, fiz os

dois, passei, mas apenas o município chamou. A Rede Estadual, apesar da carência

nas escolas, não convocou até hoje.

Em 2003 fui convidada para fazer parte da equipe pedagógica do município.

Trabalhei 4 anos e em 2008 com a mudança de governo fui para sala de aula. Atuei

no Ensino Fundamental com a disciplina Inglês, em seguida fui para a creche onde

hoje sou lotada.

Somente na creche compreendi a escola pública com suas nuances e

concretizei tudo que havia estudado na faculdade e no curso de especialização em

Psicopedagogia. A essência de uma criança, sua ingenuidade, o carinho, o cuidar, a

16

importância do brincar e da família, características que um professor precisa ter para

trabalhar com crianças. Segundo Melo e Valle (2005), é por meio do brincar e do

lúdico que a criança organiza e desorganiza seu mundo, construindo seu

conhecimento de forma global.

Em 2012 fui indicada para coordenar a creche onde trabalhava. Adorei o

convite porque ansiava por oportunidade de interferir em pontos sobre os quais

pensava que poderiam ser melhorados e que a gestão atual não fazia, e fugia das

minhas possibilidades como professora.

Hoje sinto uma alegria enorme ao entrar nesta instituição e notar as

contribuições que fiz para o bem da comunidade, através de um trabalho que

considero democrático.

Após 2 anos na creche como coordenadora ,me convidaram para coordenar a

equipe pedagógica da Secretaria Municipal de Educação Cultura e Esporte

(Semece). Um desafio, mas um trabalho que me ensina a todo instante.

Junto com a Semece veio o Curso de Especialização em Coordenação

Pedagógica (CECOP) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Um sonho para

todos nós coordenadores pedagógicos. Um curso de especialização gratuito,

realizado por uma instituição renomada. Com seu formato presencial/virtual, sua

equipe e dinâmica de avaliação, aprendemos a ter disciplina, rigor científico, a

desenvolver a criatividade, a motivação, construindo o verdadeiro saber e

principalmente a cordialidade. A cada saudação, abraço, incentivos para

continuarmos, encontramos força para seguir e aprofundamos o carinho e a

amizade.

Por outro lado, neste cargo como coordenadora na creche, encontrei muitas

dificuldades. Uma delas foi a mediação das relações. O comportamento e a postura

de alguns professores com relação ao trabalho de coordenação pedagógica foram

de resistência. Isto me deixou muito confusa, pois minha intenção era melhorar o

espaço que já conhecia pela minha experiência como professora. Foi um trabalho de

conquista, mas com o tempo a compreensão chegou e o pedagógico fluiu.

Felizmente até hoje coordeno as escolas Fisk próximas, um espaço bem

diferente do público, mas que me dá oportunidade de mediar grupos de professores

e usar a criatividade, pois a missão de coordenador de cursos é atrair, cativar e

fidelizar os alunos. A relação com as famílias também é diferente. Elas valorizam

pouco o trabalho, e às vezes matriculam seus filhos para preencher o tempo e não

17

com o objetivo que o filho aprenda uma língua estrangeira, porém não aceitam que

os filhos sejam retidos ou alcancem notas baixas nas avaliações, pois alegam pagar.

Foi desta forma que a minha história me levou ao meu objeto de estudo que

tem a ver com minha vida e minhas perspectivas. Escolhi analisar o papel do

coordenador pedagógico na organização do espaço escolar e na rotina pedagógica

do professor, sendo esta escolha consequência da minha formação pessoal,

profissional e acadêmica.

Minha formação familiar, por outro lado, exige que eu seja organizada e

persistente para sustentar as dificuldades de um grupo social da classe baixa; da

mesma forma que minha visão como professora me permite interagir com o

panorama da educação atual; e todos os meus cursos, trabalhos e estudos me

direcionam para uma compreensão melhor das ações das pessoas que direcionam a

educação nos espaços escolares por onde atuei ou atuo me levando então, ao

desejo deste estudo.

É perceptível que três experiências foram determinantes para a minha

escolha do objeto de estudo: minha experiência como coordenadora em três

unidades do Curso de Inglês Fisk, que é muito diferente da escola regular pública

mas também exige direcionamento, criatividade, organização e conhecimento;

minha atuação como coordenadora pedagógica na Secretaria Municipal de

Educação de Santa Maria da Vitória, porque me dá uma avaliação ampla das

escolas públicas do município; e a mais forte de todas que foi a minha experiência

como coordenadora na creche do município. Esta experiência foi muito significativa

e feliz, pois tive a oportunidade de direcionar e organizar todas as atividades e

espaços pedagógicos da escola que, até então funcionavam sem um olhar

pedagógico.

Estou ansiosa pelo resultado da pesquisa, pois na minha atual função, como

coordenadora pedagógica de uma Secretaria, sinto-me na obrigação de orientar

bem os coordenadores do município. Assim, quanto mais conhecimento, mais

capacidade terei para orientar os coordenadores das escolas e consequentemente

mais contribuirei para a educação da minha cidade. Também porque sou uma

educadora e quero sempre cumprir meu papel com conhecimento e

responsabilidade.

Assim, partindo do pressuposto que o aprendizado é continuo, compartilho do

pensamento de Piaget (1974, p. 353) que diz: “O ideal da educação não é aprender

18

ao máximo e maximizar os resultados, mas é, antes de tudo, aprender a aprender, é

aprender a se desenvolver e aprender a continuar a se desenvolver depois da

escola”.

Ao final deste trabalho acrescento mais uma experiência em minha carreira

profissional, sentindo-me pronta para galgar novos desafios no intuito de aprofundar

e melhorar meus conhecimentos e ações. Aproveito a oportunidade para agradecer

a todos os atores que fizeram parte da minha vida até aqui e que me ajudaram a ser

quem sou, deixando reticências, pois este é apenas uma parte da minha história,

que continuarei tecendo.

19

2 O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO MEDIADOR DA ORGANIZAÇÃO DO

ESPAÇO ESCOLAR

A palavra escola deriva do termo grego SKHOLÉ, que significa,

etimologicamente, o lugar do ócio (Naura Syria et al, 2003, p. 16). Esta definição

explica, de certo modo, o contexto histórico em que se deu a origem da palavra

escola na sociedade antiga: a classe dominante, que poderia gozar de momentos

livres, de lazer, se organizava na escola, enquanto as outras classes exerciam a

função do labor.

Na idade média isso continuou, a educação escolar acontecia para as classes

proprietárias de terra (os senhores feudais) o quais não precisavam viver do próprio

trabalho, e que se contrapunham à educação da maioria, que eram os não

proprietários de terras (os servos).

Foi desta forma que se formou a nossa educação, desde muito tempo

segregadora, liberada apenas para poucos, o que nos ajuda a entender a razão da

desorganização nos espaços escolares a partir do momento em se deu a

democratização no ensino. Este espaço tem sido negligenciado há muito tempo, por

muitos profissionais da educação, uma concepção como se vê, histórica e que traz

consequências até hoje para o corpo docente, que se acomoda com os

preconceitos, e para o alunado, que recebe uma educação desqualificada.

Sabemos, porém que a escola é, também, o espaço da atuação do professor,

atuação essa que acontece de forma dialética, onde possibilita a transformação e a

reprodução social e cultural. Isto nos levar a pensar que todas as ações no espaço

escolar dependem do desejo e das iniciativas dos sujeitos envolvidos nesta

dinâmica. De acordo com Almeida e Placco et al (2001, p.18) esta relação nos

mostra que as práticas dos educadores no espaço escolar são dialéticas e

complexas e que o trabalho do coordenador, quando planejado, é de desvendar e

explicitar as contradições subjacentes a estas práticas.

Daí nasce a necessidade do trabalho do coordenador pedagógico,

descartando a ideia de que não há a necessidade desta função nas escolas,

conceito defendido por alguns autores como Santos (1989) que alegam a

desvalorização do trabalho docente, visto que o coordenador se incube de todo

planejamento e os professores são apenas meros executores. Este pensamento se

contrapõe ao conceito que o coordenador pedagógico, simplesmente assessora o

20

corpo docente na direção de um trabalho que envolve aspectos administrativo,

social, cultural e de aprendizagens, visto que para se concretizar o aprendizado

além das relações, o processo perpassa por todas as instâncias citadas acima.

Assim “é fundamental o direcionamento de toda equipe escolar, com a finalidade de

explicitar seus compromissos com tal prática político-pedagógica verdadeiramente

transformadora” (ALMEIDA e PLACCO et al., 2001, p.19).

Compreende-se então, que o coordenador no espaço escolar é um articulador

e mediador, devendo exercer sua função com clareza político-pedagógica. Deste

modo, toda a comunidade escolar vai entender seu trabalho, sentir-se-á participante

do processo e será parceira na contribuição de um projeto para a transformação.

Devemos salientar que o trabalho do coordenador pedagógico para a

transformação terá êxito quando planejado e feito de forma democrática, com a

participação de todos os envolvidos: professores, gestores, pais, alunos, zeladores,

porteiros, merendeiras, de modo que percebamos que ele funciona como um agente

mediador e articulador e que faz parte de um todo, do coletivo, necessitando estar

sempre consciente de que seu trabalho não terá êxito se for solitário. Em um espaço

onde há vários atores, pais, alunos, diretores, coordenadores e professores, todos

devem se expressar e ser ouvidos, para que a escola tenha a filosofia da

participação igualitária e não de uma organização que se dá de forma vertical.

Assim as mudanças são significativas para toda a comunidade escolar, de maneira que as concordâncias e discordâncias, as resistências e as inovações propostas se constituam num efetivo exercício de confrontos que possam transformar as pessoas e a escola. (ALMEIDA e PLACCO et al., 1994, p.19).

o que as autoras chamam de sincronicidade consciente, quando a prática do

coordenador e do professor acontece de forma crítica e simultânea, ou seja nessa

relação eles transformam e são transformados.

Na organização do espaço escolar muitos pontos devem ser analisados, por

exemplo, o coordenador pedagógico ao trabalhar com a organização das tarefas

pedagógicas poderá sensibilizar e motivar o corpo docente, evitando a resistência,

bem como mediar as propostas da prática, das discussões, da rotina, dando-lhes

condições para sua própria prática, valorizando as experiências, oferecendo

recursos e possibilitando condições para o questionamento, problematização e

formação continuada.

21

Além disso, o coordenador pedagógico, na escola, serve como um

impulsionador de novas ideias e práticas, para isto ele precisa ter conhecimento do

contexto, da realidade escolar, dos anseios e das convicções dos professores e dos

alunos, das condições de recursos, de todas as possibilidades que eles terão para

realizar ações inovadoras e significativas para todos, principalmente para alunos e

professores. Por fim, o coordenador pedagógico deverá ter capacidade para, além

do planejamento e orientação, compreender a dimensão afetiva e emocional que

envolve seu grupo, sendo capaz de mediar os conflitos, conseguindo fazer

intervenções, sem parecer autoritário ou inseguro. No dizer de Placco et al, 2008,

p.142:

[...] para desenvolver o seu trabalho de coordenação pedagógica, o coordenador precisa desvendar alguns pontos de estrangulamento presentes nas relações ali presentes. As combinações são infinitas, podendo ir de um único sujeito em relação a escola toda , como entre alunos, alunos e professores ,entre equipe técnica e professores, inspetores e alunos, merendeiras e secretárias, entre outros.( NIGRO et al., 2008, p. 142).

O que nos remete à complexidade do exercício da coordenação, visto que se

tem de lidar com grupos, suas diferenças e igualdades. É certo que pessoas têm

históricos de vidas diferentes, passam por realidades e dificuldades diferentes, como

financeira, material, trazem marcas, desejos, anseios e pensamentos distintos,

compondo como consequência grupos distintos, que se juntam, muitas vezes por

afinidades, formando outros grupos opositores ou que se apoiam, aderindo, ou não à

filosofia da escola, pela intermediação do coordenador pedagógico.

Por outro lado, a escola, numa tentativa de divulgar uma cultura exige que

toda a comunidade se adeque ao seu ensinamento normalizador, começando aí a

complexidade do papel do coordenador, pois todas as ideias e pessoas contrárias a

este tipo de educação terá no coordenador a figura da pessoa para solucionar a

questão. E como nunca é possível agradar a todos, será sempre o coordenador

pedagógico responsável pelos projetos e seus resultados.

[...] Ao desempenhar essa função que lhe é legítima, a escola acaba por negar a diversidade de modos de pensar e de viver das pessoas, em prol de uma cultura escolar sustentada pela racionalidade. Os conflitos resultantes dessa tensão acabam, inevitavelmente, na sala do coordenador pedagógico [...] (PLACCO et al., 2008 p.97).

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O sistema escolar, realmente, absorve o coordenador em todas suas

dimensões, emocional, afetiva, organizacional e racional. A função “bombeiro” apaga

um incêndio aqui e outro ali, deve ser evitada, todos no espaço escolar devem

entender que o coordenador não é um auxiliar da gestão administrativa, eles

trabalham juntos, muitas vezes este trabalho está interligado, porém o foco da

dimensão administrativa é diferente da pedagógica. Por isto, deve-se valorizar a

função do coordenador pedagógico, ou a escola perderá com isto. Inegavelmente,

um coordenador que exerce, de fato a sua função, contribui para um processo de

ensino-aprendizagem de qualidade, e não apenas resolve problemas imediatos.

Em Almeida e Placco et al (2001, p. 48-49) encontramos orientações para um

planejamento pedagógico eficaz. Segundo estes autores é preciso se ater à

importância, rotina, urgência e pausa, lembrando que: importância significa priorizar

os projetos que constam no Projeto Político Pedagógico (PPP), pois eles são, ou

devem ser pensados e construídos por toda a comunidade escolar, de acordo com

as necessidades; a rotina contempla o dia-a-dia, todos os passos que se devem

cumprir, as regras, obrigações e deveres, do início ao fim do dia. Segundo o autor a

rotina é importante, mas também pode direcionar a mesmice, a acomodação. Alguns

professores se habituam e abrem mão da etapa chamada aqui de importância. A

urgência, como o nome já diz, acontece com os imprevistos, ela costuma quebrar a

rotina, e desequilibra a situação. O coordenador pedagógico, neste momento,

precisa ter conhecimentos e habilidades para resolver situações que não estão em

seu planejamento como suspensões, atrasos, faltas, discussões, redirecionamento

de importância, etc. Algo que não se discute e que é tão importante quanto todas as

ações do coordenador pedagógico é a pausa. Esta revigora o coordenador, dando-

lhe mais capacidade de lidar com a rotina da escola. O que acontece é que às

vezes, diante das necessidades, o coordenador não tira férias, não tem um horário

fixo, não tem intervalo, nem mesmo para planejamento, se esgotando, estressando,

ficando, a cada dia, menos capaz de realizar sua função com serenidade, harmonia,

conhecimento, organização e planejamento.

Os autores supracitados sugerem algumas tomadas de posturas, diante desta

situação: os coordenadores devem aprender a transformar a urgência em rotina,

preparando as pessoas para também, serem capazes de lidar com estas situações,

que consigam organizar toda a comunidade para planejar um PPP que possa ser

executável por todos, evitando assim o redirecionamento das importâncias, bem

23

como se permitam a pausa, visto que esta lhe possibilitará condições mais

harmoniosas, compreensíveis, permitindo um aprofundamento nas relações.

Salvador (2012, p. 32) sobre o coordenador pedagógico da Rede Municipal de

Ensino do Município esclarece que, para ter uma prática consciente, compatível com

seu papel, o profissional tem que conhecer profundamente quais são suas

atribuições, destacando as seguintes:

Coordenar, apoiar e acompanhar o planejamento e a execução das ações pedagógicas na escola, propiciando sua efetividade.

Organizar diferentes espaços e estratégias de formação continuada com vistas à instauração de um ambiente reflexivo na escola.

Coordenar e acompanhar as Reuniões Pedagógicas, promovendo oportunidades de discussão e proposição de inovações pedagógicas, assim como apoio à produção de materiais didático-pedagógicos, na perspectiva de uma efetiva formação continuada.

Acompanhar e avaliar os processos de ensino e de aprendizagem e contribuir na busca de soluções para os problemas identificados.

Acompanhar as aprendizagens dos alunos, através de registros por bimestre, apoiando os docentes na criação de propostas diferenciadas aos que tiveram desempenho insuficiente.

Gerenciar o tempo pedagógico, com vistas à promoção da aprendizagem dos alunos.

Elaborar plano de ação do coordenador, estabelecendo metas a serem atingidas em função das demandas pedagógicas.

Coordenar, juntamente com a direção, a elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola, responsabilizando-se pela sua socialização e execução na comunidade escolar, articulando esse processo de forma participativa e cooperativa.

Contribuir para um ambiente favorável à aprendizagem e ao ensino que favoreça a criação de vínculos de respeito e de trocas no trabalho educativo, a partir do entrosamento entre os membros da comunidade escolar.

Promover, juntamente com a direção, a articulação e estabelecimento de parcerias entre escola, família e comunidade.

Além de todas estas atribuições o coordenador pedagógico ainda tem a difícil

tarefa de organizar o tempo, tarefa bastante difícil, diante da complexidade que é

uma escola. Silveira apud Salvador (2012, p. 38) enfatiza que: “Somente quando o

coordenador pedagógico tem clareza de sua função é que ele organiza o seu tempo

de acordo com as suas obrigações, evitando assim ser engolido pelas demandas do

cotidiano e por atividades que não lhe competem”.

O administrativo, bem como o pedagógico, é responsável pelas relações,

interações e ações dos sujeitos envolvidos no ato educativo e determinam o modelo

do fazer docente no interior das escolas, caracterizando a identidade e a

24

personalidades destes lugares, tornando profundamente importantes o objetivo e o

ideal das pessoas que estão diretamente ligadas na condução dos trabalhos.

Desta forma, quando a comunidade escolar percebe a movimentação da

equipe responsável pela articulação em direção às mudanças, ela se sente motivada

e sensibilizada para a cooperação.

De acordo com Almeida e Placco et al (2001, p. 21):

[...] no âmbito da organização e da gestão da escola, por meio de uma gestão participativa, na qual os profissionais de diferentes setores possam efetivamente participar da construção do projeto politico pedagógico da escola, colaborando na discussão, a partir de seu olhar e de sua experiência, propiciaria a construção de uma escola que em que as relações e os planejamentos de trabalho se dessem de maneira menos compartimentada, mais compartilhada e integrada.

Assim sendo, os autores propõem um trabalho pedagógico focado na

evolução do conhecimento e na mudança da rigidez dos paradigmas da organização

e da gestão da escola, privilegiando a gestão participativa, que contribuirá para um

ensino-aprendizado mais compartilhado e integrado.

A mediação se dá diante da observação e aproveitamento de todos os

saberes do corpo docente, criando-se condições para o questionamento,

disponibilizando-se recursos para a manutenção das ações e desenvolvendo-se

planejamentos participativos com práticas inovadoras. Porém é preciso que estas

propostas estejam conectadas com os anseios e aspirações dos professores, que

sejam discutidas, para que tenham sentido para todos e então sejam aderidas com

satisfação. Esta prática permite ao coordenador avaliar e rever suas ações que tem

sido há muito tempo rotuladas como supervisoras, inspetoras, tendo oportunidade

assim de compartilhar informações e fortalecer as relações, constituindo-se em um

agente transformador no momento em que se transforma, transformando a

realidade.

A discussão em torno da importância do papel do coordenador pedagógico na

organização do espaço e na rotina pedagógica é valida, visto que o sujeito diante de

suas especificidades humanas, de ser pensante e histórico-cultural, é responsável

por suas ações como afirmam Placco e Almeida et al (2008, p. 13):

O sujeito é capaz, portanto, de objetivar-se; transformar-se enquanto transforma o ambiente imediato e objetiva-se enquanto interage, por meios de significados. É fundamental, portanto, que se procure investigar os

25

significados atribuídos pelos sujeitos às ações, práticas e relações que são forjadas na vida cotidiana.

Também é importante ressaltar que não basta no trabalho pedagógico

constatar as situações-problemas, tampouco assumir toda a responsabilidade

sozinho. É necessária a compreensão de que educação é um trabalho complexo,

que exige a participação de todos, da mesma forma que coordenação pedagógica

equivale a não se entregar a idealização ou à rejeição. Segundo Placco e Almeida

(2008, p.141) “a primeira empurra o coordenador pedagógico para a impotência

enquanto na segunda ele é desmobilizado, dificultando a aceitação e o trabalho

coletivo”.

Não se pode esquecer que a escola é um espaço que envolve todos os tipos

de sujeitos sociais diretamente ou indiretamente envolvidos: crianças, adolescentes,

pais, professores, velhos, intelectuais, alienados. Pessoas ligadas à administração,

ao técnico, ao ato educativo ou político. Nela todas reações positivas ou negativas

no sentido da mudança ou manutenção acontecem como cita Penin (apud Silva

Júnior e Rangel et al, 2004 p.112):

O conhecimento do cotidiano escolar é necessário por duas razões. Primeiro, porque sendo conhecido é possível conquista-lo e planejar ações que permitam transformá-lo, assim como lutar por mudanças institucionais no sentido desejado [...] Segundo, porque o cotidiano, sendo conhecido, pode fornecer informações a gestões institucionais democráticas que queiram tomar medidas adequadas para facilitar o trabalho ao nível cotidiano das escolas e melhorar a qualidade do ensino aí realizado.

Portanto o espaço escolar deve ser conhecido pelo CP para que ele tenha

condições de desenvolver mecanismos para serem usados na escola em prol da

escola.

Quanto à organização do espaço devemos dar a mesma importância que

damos à rotina pedagógica, pois segundo a Comunidade Educativa CEDAC (2013,

p. 10):

Cada um dos profissionais da Educação precisa repensar constantemente sua atuação para o sucesso de todos os alunos. Nesse processo, o espaço escolar também deve ser reavaliado para assegurar as condições necessárias para que todos aprendam.

Assim os autores enfatizam que o trabalho de cada pessoa no espaço escolar

é substancial para garantir boas condições de ensino. Desta forma encontraremos

26

em muitos momentos a figura do CP como parceiro do gestor na função de gerir. E

considerando o ensino-aprendizado é preciso ressaltar as contribuições de um

espaço escolar organizado para as aprendizagens, não importando o porte da

escola, a geografia da sua localização ou a modalidade de educação oferecida.

Devemos ressaltar que não estamos falando de beleza e sim de um espaço

onde todos os sujeitos envolvidos sintam-se à vontade, seguros e autônomos.

Ainda em Comunidade Educativa CEDAC (2013, p. 11) os autores comentam

sobre a violência na escola e enfatizam que estes atos são cometidos de acordo

com a forma como a escola se organiza para atender os alunos e a comunidade,

muitas vezes de forma desrespeitosa, pois há famílias que somente na escola

encontram ambiente saudável para viver. Portanto, é um dever da escola preparar e

organizar os espaços como área de lazer, refeitórios, berçários, cantinas e, claro, as

salas de aulas, bem como, preparar bem os lanches, as atividades pedagógicas, a

limpeza para recebê-las com dignidade e respeito.

Devemos ressaltar, contudo, que esta não é obrigação da gestão somente,

todos os envolvidos como: a união, o estado, o município, o gestor, o coordenador, o

professor, os alunos e a comunidade precisam cumprir sua parte. Entretanto, como

estamos discutindo sobre coordenação pedagógica, vamos nos ater diretamente à

sua função como tal, considerando que o ponto principal é o equilíbrio.

O desafio consiste em encontrar um equilíbrio entre o que está a seu alcance resolver e o que é responsabilidade de outras instâncias. Atenção, porém: nem tudo é do outro! Planejar, junto com sua equipe, ações que tenham resultados a curto, médio e longos prazos, pode ser o primeiro passo em direção à ação. (CEDAC, 2013, p. 13).

Desta forma é certo que a questão do espaço escolar também diz respeito ao

âmbito pedagógico, ao planejamento, à organização, ao trabalho em equipe, pois, é

necessário um trabalho de sensibilização, de motivação, de escuta sensível de todas

as opiniões, determinando-se prazos e ações para cada sujeito, a fim de que a

escola consiga desenvolver seu trabalho, demonstrando respeito e valor por todos

que fazem parte dela.

Assim a escola terá identidade, terá a cara de todos e todos terão orgulho

dela. Como consequência, a comunidade escolar a respeitará, conservando-a limpa,

preservando o seu espaço externo e interno e todo o seu patrimônio.

27

Na verdade não há padrão e sim possibilidades de atuação para cada CP de

cada instituição escolar de acordo com suas realidades e culturas.

Posicionar-se nesses espaços a partir de suas necessidades geraria

certamente mais satisfação e menos frustrações. Porém, mesmo com experiência,

com formação teórica, somente detectar os fatos sem avaliar e sem tomar atitudes

para reverter as situações-problemas seria uma total frustração.

No dizer de Almeida e Placco et al (2001, p. 6):

Reconhecer, em seus espaços e relações, aspectos facilitadores do trabalho é importante para que o coordenador não se deixe levar por descredito e desânimo em relação à estrutura escolar em que se encontra, aos educadores com quem convive, a si próprio enquanto educador engajado na própria formação e na de seus professores.

Com base nesta citação podemos concluir que o CP é uma peça muito

importante no espaço escolar, que pode contribuir, e muito, com o desenvolvimento

harmonioso do processo ensino- aprendizado.

28

3 ESPAÇO E ROTINA PEDAGÓGICA: FUNÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO

Esta Proposta de Intervenção (PI) é requisito do TCC/PV do Curso de

Especialização em Coordenação Pedagógica (CECOP 3), realizado pela

Universidade Federal da Bahia (UFBA), no polo de Santa Maria da Vitória. O eixo

temático trabalhado foi Coordenação Pedagógica: relações, dimensões e formas de

atuação no ambiente escolar, tendo como objeto de estudo o papel do coordenador

pedagógico na organização do espaço escolar e na rotina pedagógica do professor,

projeto a ser realizado nas escolas deste município.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR

As escolas onde desenvolverei a minha PI funcionam nos períodos matutino e

vespertino e ficam situadas em bairros considerados pela população como

violentos. Os alunos que frequentam esta escola são de classe baixa, provenientes

de famílias desestruturadas, com vícios como o álcool, maconha e cocaína. Os pais,

em sua maioria, trabalham como pedreiros e as mães como empregadas

domésticas.

O quadro de funcionários de uma das escolas, a Escola X, é composto por

uma coordenadora pedagógica, ainda cursando Pedagogia e uma secretaria que

também está cursando Pedagogia, duas zeladoras, uma merendeira e um porteiro,

além de 8 professores, sendo que duas não possuem nível superior, 4 auxiliares (1

concursada e 3 contratadas). Esta instituição tem o acompanhamento pedagógico

realizado pela Secretaria Municipal de Educação Cultura e Esporte (Semece) e

contempla 70 crianças, na faixa etária de 1 ano e 6 meses a 3 anos.

A escola apresenta uma estrutura física inadequada para receber crianças

pequenas, pois é uma casa transformada em escola, os banheiros não são

adaptados para crianças, não ha pátio, as salas são pequenas, sem luz e ventilação.

Não tem berçário e nem cozinha equipada, dificultando as atividades relacionadas

ao cuidado, bem como as didático-pedagógicas, que necessitam de um espaço

adequado e confortável.

A segunda escola, a Escola Y, tem uma estrutura moderna com 7 salas, 2

sanitários, 1 cantina, 1 dispensa, 1 almoxarifado, pátio com “playground”, areia e

29

uma quadra de esportes, de acordo com as exigências do MEC. Está situada em um

bairro periférico e atende nos turnos matutino e vespertino, cerca de 150 alunos, em

7 salas. Os professores desta instituição são em sua maioria concursados, sendo 4

professores com nível superior e especialização, 4 com nível superior e apenas 1

com nível médio. A diretora tem nível superior e trabalha nos dois turnos. Possui

uma sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE), com uma profissional

exclusivamente para este atendimento de alunos com necessidades especiais.

3.2 METODOLOGIA

Nesta pesquisa pretendo estudar o papel do coordenador pedagógico na

organização do espaço escolar e na rotina pedagógica do professor. Pretendo com

este estudo encontrar resposta para uma questão que penso ser muito importante

para nós educadores e coordenadores pedagógicos: uma escola consegue se

desenvolver bem sem a orientação de um coordenador pedagógico?

Sabemos que a escola contemporânea apresenta ao coordenador

pedagógico diversas situações que se tornam desafios diante de sua formação

acadêmica e do contexto em que está inserido, principalmente considerando-se a

sua valorização social e financeira, a estrutura física da escola, a jornada de

trabalho, família etc. Diante desta situação encontramos uma dualidade nos espaços

educativos: algumas escolas se encontram bem sucedidas em relação à

organização dos espaços e da rotina pedagógica, resultando assim em uma escola

de educação de qualidade. Da mesma forma encontramos escolas que estão um

verdadeiro caos no que diz respeito ao trabalho pedagógico, refletindo na prática

dos docentes e em um ensino-aprendizado fracassado.

Tomando como base a fala de uma coordenadora pedagógica de Aurora do

Pará/PA (UNICEF, 2010, p. 23), “com o tempo, fomos percebendo que, se houver

uma preocupação organizada com aprendizagem, não há por que temer a Prova

Brasil, Prova A ou Prova B”, entendemos que a organização pedagógica influencia

diretamente nos resultados da aprendizagem. Assim, vamos discutir neste trabalho,

a prática e a importância do coordenador pedagógico, considerando o espaço e a

rotina escolares.

Este trabalho tem como objetivo geral refletir sobre o papel do coordenador

pedagógico na organização do espaço escolar e na rotina pedagógica, quais suas

30

dificuldades, bem como fomentar uma discussão com toda a comunidade escolar e

coordenadores do município de Santa Maria da Vitória.

Os objetivos específicos são:

- Discutir o papel do coordenador pedagógico e suas influências;

- Pontuar as dificuldades do coordenador pedagógico;

- Analisar a relação entre o espaço escolar, a rotina pedagógica dos docentes

e o coordenador pedagógico;

- Promover encontros com a comunidade escolar para refletir sobre o papel

do coordenador pedagógico no espaço e na rotina de uma escola.

Contestarei os resultados com as seguintes suposições para o tema:

O problema com a organização do espaço escolar se dá pela ausência do

coordenador pedagógico, ou porque ele usa seu tempo em questões que não são da

sua função. Analisarei, também, se a rotina pedagógica se perde diante da

organização do coordenador, do conhecimento da sua função e da receptividade

dos professores.

Este trabalho pode ser classificado como qualitativo, uma vez que avalia os

resultados extraídos da observação do comportamento dos sujeitos envolvidos e

suas ações no espaço escolar. Também pode ser considerado como uma pesquisa

descritiva, pois a finalidade do trabalho é observar e descobrir o fenômeno,

procurando descrevê-lo, classificá-lo e interpretá-lo.

Inicialmente usarei da observação para apreciar o espaço e a rotina

pedagógica das instituições. Então aplicarei questionários aos docentes para

levantar qual a sua visão em relação à função do coordenador pedagógico, para

obter informações sobre o que pensam da organização da escola e do pedagógico.

O método da pesquisa é a pesquisa-ação, visto que ela embasa-se na

aprendizagem durante o processo da pesquisa. Assim os atores neste processo,

considerando-se que este é um trabalho social e educativo, se envolvem, interagem,

se comunicam, informam e são informados. De acordo com Thiollent

De modo geral, as diversas categorias de pesquisadores e participantes aprendem alguma coisa ao investigar e discutir possíveis ações cujos resultados oferecem novos ensinamentos. A aprendizagem dos participantes é facilitada pelas contribuições dos pesquisadores e, eventualmente, pela colaboração temporária de especialistas em assuntos técnicos cujo conhecimento for útil ao grupo (THIOLLENT, 1947, p.66).

31

Todas as pessoas envolvidas nesta pesquisa terão a oportunidade de se

pronunciar, colaborando assim para o enriquecimento dos dados que serão

analisados. Outra característica deste trabalho, que fortalece a concepção de uma

pesquisa-ação é o fato de o pesquisador ser um professor do município, tendo assim

condições de ser mais participativo, e poder contribuir qualitativamente com seus

conhecimentos acerca das questões que envolvem o objeto pesquisado, podendo

contribuir para a solução dos problemas encontrados.

Na pesquisa-ação os pesquisadores desempenham um papel ativo no equacionamento dos problemas encontrados, no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas em função dos problemas. Sem dúvida a pesquisa-ação exige uma estrutura de relação entre pesquisadores e pessoas da situação investigada que seja tipo participativo (THIOLLENT, 1947,p. 15).

O dizer de Thiollent ratifica mais uma vez este trabalho como uma pesquisa-

ação.

3.3 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA E ANÁLISE DE DADOS

Os dados foram analisados através da comparação entre os resultados

obtidos com a aplicação de questionários, realizado em duas escolas, à luz dos

teóricos que embasam o referencial teórico. Estes dados estão indicados com

valores percentuais do número de acertos, erros e questões deixadas em branco. As

análises dos resultados serão apresentadas na sequência. Os nomes das escolas e

todas as pessoas envolvidas na pesquisa serão representados por letras e nomes

fictícios para resguardar a ética e integridade dos pesquisados.

32

Gráfico 1 - Questão 1: Há organização do espaço escolar na sua instituição? Se sim, qual a razão?

Escola X:

Escola Y:

Observa-se que tanto os professores da escola X como os da escola Y

consideram que sua escola possui organização do espaço escolar, apesar de serem

espaços improvisados, sem considerar os padrões mínimos exigidos pelo MEC, bem

como, em sua maioria, admitem que o trabalho para conseguir esta organização se

dá a partir do trabalho coletivo, tal como afirmam os autores do livro “O que revela o

espaço escolar?” (Comunidade Educativa CEDAC, 2013, p. 10):

A maneira de trabalhar visa à constituição de uma equipe colaborativa, pois o compromisso com as transformações deve ser de todos. Dessa maneira, gradativamente, o “discurso da impossibilidade” vai sendo modificado.

33

Gráfico 2 - Questão 2: Há rotina pedagógica em sua escola? Se sim, qual a razão?

Escola X:

Escola Y:

Considerando a rotina pedagógica e os responsáveis por esta ação todos os

professores, concordam que há rotina pedagógica e os responsáveis por ela

acontecer, também, dependem de um trabalho coletivo, como citam Placco e

Almeida (2008, p. 142):

Ou seja, para desenvolver o seu trabalho de coordenação pedagógica, o coordenador precisa desvendar alguns pontos de estrangulamento presentes nas relações ali presentes. As combinações são infinitas, podendo ir de um único sujeito em relação a escola toda, como entre alunos, alunos e professores, entre equipe técnica e professores, inspetores e alunos, merendeiras e secretários, entre outros. Conhecer e fazer conhecer são atribuições centrais do professor coordenador.

34

É inegável que o trabalho coletivo é fundamental para o desenvolvimento da

escola e desejado por todos, portanto, o coordenador pedagógico deve trabalhar

para conquistar ações coletivas no espaço escolar.

Gráfico 3 - Questão 3: Quais as principais dificuldades do coordenador de sua escola?

Escola X:

Escola Y:

Para analisarmos esta questão volto à função do CP segundo Placco e

Almeida (2008, p. 95):

[...] organizar, orientar e harmonizar seriam competências inerentes ao coordenador, uma vez pressupostas no significado literal das palavras: coordenar e coordenador. Logo, no caso do coordenador pedagógico, ele

35

deveria saber organizar, orientar e harmonizar o grupo de professores, alunos, equipe de apoio e pais de sua unidade escolar.

Desta forma percebemos que na Escola Y o corpo docente sente a falta

destas habilidades no papel do coordenador já que em seu questionário eles

definem a falta de conhecimento como sua principal dificuldade. Por outro lado,

parte do corpo docente da escola prefere não responder, apesar de não haver no

questionário esta opção. Placco e Almeida (2008, p. 105) nos informam que

[...] essa forma de agrupamento livra-se do conflito, pois o diferente nem se

quer é levado em consideração e as divergências não se manifestam. Logo, na relação com o outro, tomando por base se caráter especular, só vejo o que corrobora minha maneira de pensar, minhas crenças e meus valores. Todavia se não há conflitos, não há mudanças e o grupo não cresce, não avança em novas concepções e/ou reflexões sobre o motivo que os une, seja ele grupo de professores, de alunos ou equipe técnica.

Isso demonstra um comportamento de omissão ou de rebeldia por parte dos

docentes, os quais não colaboram com o desenvolvimento da instituição como

devem.

Gráfico 4 - Questão 4: Você considera a presença do coordenador pedagógico

necessária ao desenvolvimento da escola?

Escola X:

36

Escola: Y

Entendemos que ambas as instituições sabem da necessidade do CP na

escola, como agente que colabora para o desenvolvimento do espaço educativo,

podendo, assim, segundo Almeida e Placco et al (1997, p. 64) aprender com seus

pares:

A valorização da presença do coordenador na escola passa pela necessidade de reconhecê-lo como um educador em formação, uma vez que o processo educativo é dinâmico e necessita constantemente de debates amplos sobre o seu fazer, para que possa, junto com seus pares, desenvolver novas reflexões sobre a área.

A partir desta citação observamos que a relação do professor com o

coordenador deve ser de humildade, reconhecendo e valorizando o fazer e o

aprender do coordenador como parte de um processo educativo coletivo.

Questão 5: Qual a função do coordenador pedagógico? Mediar trabalhos

pedagógicos ou elaborar planos?

Nas duas instituições, os professores foram unânimes ao afirmar que a

função do coordenador é mediadora do trabalho pedagógico.

Nesse sentido, Almeida e Placco (2001, p. 111) confirmam:

Aqui insiro uma crença: a coordenação pode se configurar como prática social caracterizada pela mediação técnico-pedagógica na medida em que traduza consideração pelos sujeitos envolvidos e suas histórias; compromisso com um projeto educativo que esteja sintonizado com diálogos entre e com diferentes; assunção do trabalho coletivo como uma importante estratégia de trabalho; investimento num processo de planejamento baseado na cooperação e na troa de saberes e experiências.

37

Concordamos com as autoras, afirmando que devemos considerar que esta

mediação passa por todos os pontos que envolvem o desenvolvimento e a harmonia

da escola.

3.4 APRESENTAÇÃO DAS AÇÕES DA PI

Como intervenção realizarei encontros com toda comunidade escolar

(professores, coordenador, gestores, e outros profissionais de educação) para

discutirmos sobre o tema da pesquisa: o papel do coordenador pedagógico na

organização do espaço escolar e na rotina pedagógica dos professores. O primeiro

encontro será realizado desta forma:

1º momento: apresentação de todos.

2º momento: dinâmica de motivação.

3º momento: dinâmica com balões com perguntas para fomentar a discussão

sobre o tema.

Intervalo

4º momento: conclusão, com a redação de um parecer sobre o papel do

coordenador pedagógico na organização do espaço escolar e na rotina pedagógica

do professor, embasado pelos teóricos que fundamentaram o TCC\PV.

5º momento: despedida com lembrancinhas e música.

Teremos outro encontro com todos os coordenadores do município para,

também, discutirmos a temática do TCC\PV. Desta vez no formato de mesa

redonda.

Recursos materiais:

- Papel ofício;

- Caneta;

- Data-show;

- Caixa de som;

- Balões de soprar;

38

- Lembrancinhas: aromatizantes com o seguinte adesivo: o cheiro harmoniza

os espaços.

Recursos Humanos:

- Professores;

- Gestores;

- Pesquisador;

- Coordenadores pedagógicos.

- Técnico.

3.5 CRONOGRAMA

DATAS AÇÕES PARTICIPANTES RECURSOS

28/01/2016 Encontro com Professores e

Gestores.

Professores, Gestores

e Pesquisador.

Papel Oficio

Caneta

Data-Show

Caixa de som

Lembrancinhas

Computador

Balões

29/01/2016 Encontro com

Coordenadores do

Município.

Coordenadores e

Pesquisador.

Caneta

Papel Ofício

Data-Show

Caixa de som

Computador.

39

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No final deste trabalho posso considerar a pesquisa como uma tarefa que me

levou à uma melhor compreensão da minha prática, de meus conhecimentos

teóricos e me faz refletir sobre as relações e sobre o papel do CP no espaço e na

rotina pedagógica como era o meu desejo quando defini o tema/objeto da pesquisa.

Desta mesma forma penso que os resultados servirão como questões

norteadoras para as escolas pesquisadas, bem como para os coordenadores

pedagógicos do município, que também fazem parte da minha PI.

Ficou claro nos dados que foram colhidos através das observações e

questionários que todos estão de acordo com a necessidade de um CP na escola e

que suas funções são muitas, que a organização do espaço escolar e da rotina

pedagógica depende da orientação do coordenador, como mediador, ressaltando,

porém, que todos devem participar.

Percebemos então que o coletivo e a discussão contribuem para o

desenvolvimento do trabalho educativo desde que solidifiquem as boas práticas,

solucionem os problemas e abram caminhos para as novas descobertas.

Os dados coletados favoreceram o encontro de respostas também para as

duas outras questões levantadas: as dificuldades do coordenador pedagógico e sua

função mediadora, pois, segundo os resultados as dificuldades se dão pela falta do

conhecimento, outros professores pesquisados preferiram não comentar,

demonstrando que já que o trabalho coletivo conduz ao aprendizado, em muitas

escolas esta dinâmica não está acontecendo.

Segundo eles a principal função do CP é, de fato, a mediação e articulação, o

que podemos denominar de solidariedade, de aceitação.

Os resultados desta pesquisa não determinam a atuação do coordenador,

nem visam resolver todos os problemas dos espaços pesquisados, visto que a

educação é construída por sujeitos-históricos, que sofrem influências das suas

experiências, leituras e relações, vivendo, portanto em constantes mudanças e

transformações.

Desta forma, concluo ratificando tudo o que já foi dito, identificando o CP no

espaço escolar como um agente transformador, o qual à medida que se transforma,

40

transforma a sua realidade, sendo assim uma figura que tem o poder de influenciar,

mudar e modificar o espaço educativo.

41

REFERÊNCIAS ALMEIDA,Laurinda.; PLACCO, V. M. N. de S. (org.).O coordenador pedagógico e o espaço de mudança.6. ed. São Paulo: Loyola, 2001. BRASÍLIA. Caminhos do Direito de Aprender: Boas Práticas de 26 municípios que melhoraram a qualidade da educação/coordenação. DF: UNICEF, 2010. COMUNIDADE EDUCATIVA CEDAC. O que revela o espaço escolar?: um livro para diretores de escola. São Paulo: Moderna, 2013. FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org). Supervisão educacional para uma escola de qualidade. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2006. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. FREITAS, Marcelo. A liderança dos supervisores. Revista Linha Direta, Minas Gerais, edição 194, p. 61, maio 2014. JUNIOR, Celestino A. de S.; RANGEL, Mary. (org.) Nove olhares sobre a supervisão.10. ed. São Paulo: Papirus, 1997. PIAGET, J. A epistemologia genética e a pesquisa psicológica. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1974.

PLACCO,Vera; ALMEIDA, L. R. de S. (org.) O coordenador pedagógico e o cotidiano da escola.5. ed. São Paulo: Loyola, 2003.

SALVADOR. Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer. Coordenador Pedagógico: caminhos, desafios e aprendizagens para a prática educativa. Salvador, 2012. THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez Autores Associados, 1986. (Coleção temas básicos de pesquisa-ação).

42

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES PROFESSOR:________________________________________________________

FORMAÇÃO:_________________________________________________________

IDADE:_________________QUANTOS ANOS NA ESCOLA:___________________

CONTRATADA ( ) EFETIVA ( )

QUESTÕES:

1 – Sua instituição tem organização do espaço escolar?

Sim ( ) Não ( )

2 – Se sim, qual a razão?

O trabalho do coordenador ( ) O trabalho do gestor ( )

O trabalho dos professores ( ) O trabalho de todos juntos( )

3 – Se não qual a razão?

Deficiência do coordenador ( ) Deficiência do gestor( )

Deficiência dos professores ( )

4 – Sua instituição tem organização da rotina pedagógica?

Sim ( ) Não ( )

5 – Se sim, qual a razão?

O trabalho do coordenador ( ) O trabalho do gestor ( )

O trabalho dos professores ( ) O trabalho de todos juntos( )

6 – Se não qual a razão?

Deficiência do coordenador ( ) Deficiência do gestor ( )

Deficiência dos professores ( )

7 – Em sua opinião quais as principais dificuldades do coordenador da sua escola?

Falta de conhecimento ( ) Desvio de função( )

Problema com relacionamentos ( )

43

8 – Você considera a presença do Coordenador Pedagógico necessária para o

desenvolvimento do espaço escolar?

Sim ( ) Não ( )

9 – Qual a função do coordenador em sua opinião?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________