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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 ÍTALA CRISTINA MACHADO FRANÇA BARRETO A PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES COM O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS: ENFRENTANDO DESAFIOS, CONSTRUINDO NOVAS POSSIBILIDADES Salvador 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

ÍTALA CRISTINA MACHADO FRANÇA BARRETO

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES COM O USO DAS

TECNOLOGIAS DIGITAIS: ENFRENTANDO DESAFIOS,

CONSTRUINDO NOVAS POSSIBILIDADES

Salvador

2015

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ÍTALA CRISTINA MACHADO FRANÇA BARRETO

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES COM O USO DAS

TECNOLOGIAS DIGITAIS: ENFRENTANDO DESAFIOS,

CONSTRUINDO NOVAS POSSIBILIDADES

Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional

Escola de Gestores da Educação Básica Pública,

Faculdade de Educação – FACED, Universidade Federal

da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de

Especialista em Coordenação Pedagógica.

Orientador: Prof. Ms. Daniel Silva Pinheiro

Salvador

2015

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ÍTALA CRISTINA MACHADO FRANÇA BARRETO

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES COM O USO DAS

TECNOLOGIAS DIGITAIS: ENFRENTANDO DESAFIOS, CONSTRUINDO NOVAS

POSSIBILIDADES

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em

Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de

Educação, Universidade Federal da Bahia.

Aprovado em janeiro de 2016.

Banca Examinadora

Primeiro Avaliador ____________________________________________________

Segundo Avaliador ___________________________________________________

Terceiro Avaliador ____________________________________________________

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A

Minha Avó Enedina (meu anjo no céu) com toda gratidão do meu coração.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, toda honra e toda glória, por mais uma conquista em minha vida!

A meu marido (Evaldo) e aos meus filhos (Pedro e Gustavo), que permitiram ausentar-me por

tantos momentos, tornado esse sonho real, obrigada!

A minha família, pai, mãe, minha irmã, que me empurram para viver todas as possibilidades

na vida: obrigada família!

Ao Prof. Ms. Daniel Silva Pereira, pela gentileza em compartilhar seus conhecimentos e

colaborar para mais essa realização na minha vida profissional, minha gratidão.

As minhas colegas de curso, especialmente a Jeane que cuidou para que eu não desistisse,

obrigada minha amiga querida!

A Maria Sacramento, nossa tutora, pelo carinho e atenção sempre dispensados para que tudo

desse certo e finalizássemos mais essa etapa.

A meus colegas de trabalho, coordenadores pedagógicos, pelas inúmeras partilhas de saberes,

minha gratidão pedagógica!

A nossa secretária de educação, Maria Vanuzia de Jesus Oliveira, pelo seu entendimento e

compressão da necessária formação continuada do coordenador pedagógico e a toda equipe de

trabalho da secretaria, meu abraço de gratidão.

A toda equipe de professores, coordenadores e técnicos do CECOP 03 – Curso de

Especialização em Coordenação pedagógica, da Faculdade de Educação da Universidade

Federal da Bahia, meu “muitíssimo obrigada” pela experiência maravilhosa de saberes

compartilhados.

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Se, na verdade, o sonho que nos anima é democrático e solidário, não

é falando aos outros, de cima para baixo, sobretudo, como se fossemos

os portadores da verdade a ser transmitida aos demais, que

aprendemos a escutar, mas é escutando que aprendemos a falar com

eles (FREIRE, 2011, p. 111).

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BARRETO, Ítala Cristina Machado França. A prática pedagógica dos professores com o

uso das tecnologias digitais – enfrentando desafios, construindo novas possibilidades.

2015. Projeto Vivencial (Especialização) – Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade

de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.

RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso é um projeto vivencial que discorre sobre a prática

pedagógica e o uso de tecnologias digitais. Teve por objetivo de identificar os desafios que

dificultam a utilização dos recursos da tecnologia digital pelos professores, bem como

perceber quais os sentidos que os professores dão às tecnologias no processo de ensino-

aprendizagem. Discorremos sobre como o professor vem utilizando as tecnologias digitais na

sua prática pedagógica, por meio da análise do projeto político pedagógico e do plano de

ensino do professor e dos dados obtidos no círculo de escuta. Como referências, dialogamos

com autores que discutem o papel da reflexão sobre a prática pedagógica, a construção de

planejamentos como instrumentos de intervenção na realidade e sobre as o contexto da

sociedade informação e comunicação, bem como suas exigências à educação. Fundamentados

na pesquisa realizada, foi elaborada uma proposta de intervenção, baseada em círculos de

escuta, círculos de cultura e oficinas de experimentação, para contribuir com os professores

no enfrentamento dos desafios que estes enfrentam para aproximar as suas práticas do

contexto atual.

Palavras-chave: Tecnologias digitais; Prática pedagógica; Planejamento.

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ABSTRACT

This final project, is an experiential project, which discusses the pedagogical practice and the

use of digital technologies. The aim of this study was to identify the challenges that hinder the

use of the resources of digital technology by teachers, as well as understand which senses that

teachers give the technologies in the teaching-learning process. We speak about how the

teacher has been using digital technologies in their teaching practice through pedagogic

political project and analysis of teacher's education plan and the data obtained in the circle. As

references, are talking with authors who discuss the role of reflection on pedagogical practice,

building plans as instruments of intervention in reality and on the context of the information

and communication society and their education requirements. Based on the survey, was an

elaborate proposal of intervention, based on listening circles, crop circles and workshops of

experimentation, to contribute with teachers in tackling the challenges that they face to

approximate their practices from the current context.

Keywords: Digital Technologies. Teaching practice. Planning.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Fachada da Escola ............................................................................................................... 31

Quadro 1 Cronograma da Proposta de Intervenção ............................................................................. 45

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Matrícula 2015 / Turma ....................................................................................................... 32

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

CEMEP

EAD

Centro de Evangelização e Educação em Meio Popular

Educação a Distância

EJA

EMARC

Educação de Jovens e Adultos

Escola Média de Agropecuária Regional da Ceplac

LDBEN

PPP

Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional

Projeto Político Pedagógico

PROGESTÃO

PROINFO

PROUCA

UAB

UEFS

UFBA

UMES

UNEB

UFBA

Programa de Formação de Gestores Escolares

Programa Nacional de Tecnologia Educacional

Programa Um Computador Por Aluno

Universidade Aberta do Brasil

Universidade Estadual Santa Cruz

Universidade Federal da Bahia

União Municipal dos Estudantes Secundaristas

Universidade do Estado da Bahia

Universidade Federal da Bahia

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12

1 MEMORIAL ..................................................................................................................... 14

1.1 MUITO PRAZER! ............................................................................................................. 14

1.2 A TRAJETÓRIA ACADÊMICA ....................................................................................... 15

1.3 A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL ................................................................................... 16

1.4 O FUTURO CHEGOU! AVANTE! .................................................................................. 20

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 21

2.1 ELEMENTOS ESTRUTURANTES DA PRÁTICA PEDAGÓGICA .............................. 21

2.2 A REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA .................................................... 22

2.3 A SOCIEDADE ATUAL E OS DESAFIOS A PRÁTICA PEDAGÓGICA ..................... 25

3 DIÁLOGOS COM A REALIDADE – METODOLOGIA DE PESQUISA ................ 29

4 NAVEGANDO NA REALIDADE, TECENDO REDES, CONSTRUINDO

PONTES! .......................................................................................................................... 31

4.1 RETRATOS DA REALIDADE – O CONTEXTO ESCOLAR

METODOLOGIA ............................................................................................................... 31

4.2 TECENDO AS REDES ...................................................................................................... 33

4.2.1 A voz e vez do professor: o círculo de escuta .................................................................. 37

4.3 CONSTRUINDO PONTES – PROPOSTA DE INTERVENÇÃO .................................... 42

4.3.1 Objetivo geral .................................................................................................................... 42

4.3.2 Objetivos específicos ......................................................................................................... 42

4.3.3 Metodologia ....................................................................................................................... 43

4.3.4 Ações ................................................................................................................................... 44

4.3.5 Tempo, tempo, tempo! Cronograma de atividades ........................................................ 45

4.3.6 Recursos ............................................................................................................................. 46

4.3.7 Acompanhamento e avaliação ......................................................................................... 47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 48

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 51

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INTRODUÇÃO

As novas tecnologias invadiram as nossas formas de relacionamento, sejam no âmbito

pessoal, sejam nos que estabelecemos com o conhecimento. Nesse veio, a escola sempre

preparou o homem para o futuro que, por sua vez, chegou e nos parece que a escola foi quem

quem ficou para trás, com práticas que não atendem às perspectivas atuais das relações de

homem, mundo e conhecimento.

A relevância desse trabalho se dá na perspectiva de que é a principal atribuição do

coordenador pedagógico cuidar da formação dos professores para o enfrentamento dos

desafios inerentes a sua prática. Sobretudo, esse trabalho é fruto das muitas indagações que

inquietam o nosso ‘fazer” enquanto coordenadora pedagógica. Nessa pesquisa, pretendemos

analisar como se organiza a prática pedagógica dos professores para o uso das tecnologias

digitais, quais as suas dificuldades e como eles concebem as tecnologias digitais nesse

contexto.

Buscamos responder as seguintes indagações nesse percurso: A prática pedagógica dos

professores da escola está voltada para incorporação do uso das tecnologias digitais? Quais as

dificuldades enfrentadas para efetivação de sua utilização? Que sentido tem as tecnologias

para os professores dentro do processo de ensino-aprendizagem?

A escolha por esse tema deu-se por várias razões, dentre elas pelas inúmeras queixas

dos professores quando afirmam que já não sabem como agir para que os alunos prestem

atenção as aulas, participem das atividades. Pelas inúmeras reclamações referentes ao uso de

celulares e tabletes em sala de aula, além da percepção que a utilização de equipamentos

como projetores de slides e notebooks em sala de aula, reproduzem apenas um sistema

tradicional de ensino, onde os conteúdos são expostos, além dos laboratórios de informática

servirem apenas para consulta a conteúdos na rede aserem copiados manualmente pelos

alunos em laudas.

Nesse sentido, visando responder a problemática que alimenta a construção desse

projeto, foram realizadas a análise do Projeto político Pedagógico da Escola Municipal da

baixa Alegre (campo de pesquisa escolhido por minha relação proximal com a comunidade) e

análise do Planejamento de Ensino, por compreender que tais dispositivos estão estritamente

relacionados à prática pedagógica, ou seja, constitui-se como sua ação previamente

organizada pelo(a/s) professor(a/es). Desta forma, buscamos refletir sobre as concepções de

ensino, de homem, de sociedade e a sua relação com as propostas metodológicas de utilização

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das tecnologias em sala de aula, relacionadas nos instrumentos de planejamento apresentados,

PPP e Planejamento de Ensino.

Dessa forma, realizamos ainda o círculo de escuta, que corresponde a um processo que

já é realizado, na atuação como coordenadora pedagógica em outras escolas. Configura-se

como um espaço de tempo, em que o coordenador pedagógico dedica-se a ouvir as demandas

dos professores e professoras. Assim, essa pesquisa teve o objetivo de identificar os desafios

que dificultam a utilização dos recursos da tecnologia digital pelos professores, bem como

perceber quais os sentidos que os professores dão às tecnologias no processo de ensino-

aprendizagem.

O corpo estrutural desse trabalho está organizado em cinco capítulos. No primeiro

capítulo, apresentamos um memorial em que é descrita a relação com o objeto de pesquisa,

perpassando pela trajetória acadêmica e profissional. No segundo capítulo, estabelecemos um

diálogo com alguns teóricos, a fim de apresentar a minha análise pessoal sobre a temática a

luz dessas teorias. Já no terceiro capítulo, apresentamos a metodologia aplicada no

levantamento de dados da pesquisa (análise documental, círculo de escuta). Por conseguinte,

no quarto capítulo, em que foi intitulado por: “Navegando na realidade, tecendo redes,

construindo pontes!”, buscamos apresentar o contexto de desenvolvimento da pesquisa,

através de uma breve contextualização. Em seguida, apresentamos a análise do projeto

político pedagógico da escola e dos planejamentos de ensino e, transcorremos a análise das

falas do círculo de escuta, buscando os elementos que responderão as perguntas norteadoras

dessa pesquisa e que serviram de elementos para indicar o caminho da intervenção, proposta

neste mesmo capítulo.

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1. MEMORIAL

Embarca morena embarca, molha o pé, mas não molha a meia!

(Fruta Quente)

1.1 MUITO PRAZER!

Eu vim lá de Valença! Muito prazer! Me chamo Ítala Cristina Machado França

Barreto. Nasci em Valença-Bahia, cidade pesqueira, cortada pelo Rio Una, onde sempre

embarcamos para as ilhas da região em busca de novas aventuras. Minha aventura (VIDA)

iniciou-se no dia 16 de março de 1977.

Filha do Sr. Valter Alves França, um homem simples, que estudou apenas as séries

iniciais do ensino fundamental, e que além de exercer a atividade de técnico de enfermagem

no hospital local, para complementar a renda familiar, trabalhava como eletricista, encanador,

fazia antenas para TV. Além disso, aos sábados, era feirante (um mil e uma utilidades, como

assim é conhecido!). Minha mãe, também o acompanhava na luta pelo sustento da família.

Essa mulher humilde foi professora de datilografia na juventude (fora substituída pelas

inovações tecnológicas). Estudou até a antiga quinta série, além de ter sido quitandeira e

feirante.

Sou a primogênita de um conjunto de três filhos. Tivemos uma infância difícil,

marcada pelas dificuldades financeiras, amenizadas pelo apoio permanente da nossa avó

materna, D. Enedina, minha segunda mãe, que faleceu no início desse ano. A ela, minha

gratidão pelo cuidado com minha formação!

Com minha avó, aprendi a me envolver nos movimentos sociais: associações,

liderança comunitária, igreja. Possuía “pouca leitura”, mas me ensinou a lutar pelos sonhos. E

principalmente a merecê-los. Da relação com ela, de sua constante presença na minha vida,

nasceu a paixão pela educação. Na escola onde fui alfabetizada, era ela a servidora que

cuidava da limpeza do prédio escolar, que apontava os lápis das crianças, que nos olhava com

atenção nos antigos recreios, que com atenção e carinho observava a todas as crianças e que,

muitas vezes, cuidava dos machucados que geralmente tínhamos devido à inquietude da

infância. Era ela que ia às reuniões de pais e mestres representando os meus pais. Eu era sua

esperança. Em mim, ela depositou seus sonhos e acreditou até o seu último suspiro.

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A escrita de minhas memórias nesse trabalho anuncia que não posso deixar de

articular conhecimento e vida. Esses dois elementos se inter-relacionam na construção da

minha práxis. Assim, retomo a minha caminhada, nas linhas e entrelinhas, e construo ou

reconstruo reflexões que me movimentam pela pesquisa e intervenção na minha prática

enquanto coordenadora pedagógica, dentro da Especialização em Coordenação Pedagógica na

Universidade Federal da Bahia.

1.2 A TRAJETÓRIA ACADÊMICA

"O homem, como um ser histórico, inserido num permanente movimento de procura,

faz e refaz constantemente o seu saber" (Paulo Freire).

A Escola pública foi minha casa em toda vida acadêmica, desde a alfabetização à

graduação. Nela, o sentido de fazer educação possui sabor de luta, de compromisso e foi nela

que construí meus sonhos profissionais.

Em 1992, quando conclui o Ensino Fundamental, desejava profundamente fazer o

curso Técnico em Agropecuária. A escola técnica funcionava perto da minha casa, mas por

preconceito, meus pais não permitiram. Achavam que o clima de liberdade excessiva da

escola não seria bom para minha formação.

Foi então que, sem muita alternativa, escolhi fazer a matrícula no Magistério. Fiz um

curso sem levar muito a sério no seu início, sobretudo porque me envolvi com o movimento

estudantil, sendo presidente de grêmio e vice-presidente da União Municipal dos Estudantes

Secundaristas, durante os anos de 1993 a 1995. O movimento, apesar de ter contribuído para

minha formação cidadã e política, tirava-me demais da sala de aula. Era constantemente

cobrada pelos professores pelo fato de estes considerarem que eu poderia conciliar as duas

coisas sem prejudicar a minha formação. Durante esse período, participei de muitos cursos

oferecidos pelo Centro de Evangelização e Educação em Meio Popular – CEMEP, da Igreja

Católica, todos de extrema relevância ao trabalho que desenvolvo hoje.

Lideramos muitos encontros, muitas atividades promovidas pelos alunos daquela

época, e ao final do ano de 1995, conclui o magistério.

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Meu ingresso na Universidade do Estado da Bahia – UNEB ocorreu em 2003, no

único curso na época ofertado no Campus XV, Pedagogia com habilitação nas matérias

pedagógicas do Ensino Médio Escola /Empresa. Para minha alegria, tive a oportunidade de

partilhar o curso com a minha irmã, sendo minha colega de turma. Foi uma experiência

extraordinária.

Dessa forma, conclui o curso no ano de 2008. Já em 2009, candidatei-me ao processo

seletivo da Pós Graduação, na Especialização em Educação a Distância oferecida pela

Universidade do Estado da Bahia, através da Universidade Aberta do Brasil. A desconfiança

na educação a distância (EAD) caiu por terra com as exigências, prazos e pelas diversas

experiências vivenciadas no curso. Confesso que a EAD, para alguém que a vida inteira foi

aprendente num sistema convencional de relações inter e intrapessoais, acostumada a livros,

rabiscos, anotações, foi um tanto complexa. Apresentei dificuldades que antes não

apresentava, tais como: interagir, escrever, expressar-me.

Muitas vezes o isolamento que o virtual causava me deixava profundamente deprimida

e advinha um profundo desejo de desistir. Além da dificuldade com a linguagem virtual

(grande desafio que enfrentei), sabia muito pouco desse universo tecnológico do qual já

estava cercada e no qual resolvi mergulhar para estudar. Dessa necessidade de avançar,

acompanhar e de utilizar os conhecimentos que iam sendo construídos, nasciam as indagações

sobre muitas questões que envolvem o uso das tecnologias nas salas de aulas convencionais

como recursos de aprendizagem.

Finalizei a especialização em 2010, quando iniciei um curso de aperfeiçoamento na

área de Gestão Escolar, no Programa Progestão. A área de gestão sempre me interessou, pelas

diversas interfaces que ela abrange. Dentro delas, a gestão de espaços e recursos para a

dinamização dos processos de aprendizagem. Ao concluir o curso em 2011, iniciei uma

especialização em Gestão Educacional, que viria a complementar a formação recebida.

1.3 A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Minha primeira experiência profissional, em 1996, foi em uma escola da rede

particular que se apresentou de modo contraditório a todo contexto que vivi como estudante

de escola pública. Apesar de ser um trabalho, aquela realidade não me encantava. Assim,

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passava as horas ali sem me sentir pertencente àquele espaço. Destarte, a experiência se deu

em exatos 8 meses.

Em 1997, através da Prefeitura Municipal de Valença, fui trabalhar em uma escola do

campo. Como era muito distante da sede do município, lá permanecia durante toda semana.

Trabalhava pela manhã com as séries finais do Ensino Fundamental e, à tarde, com as séries

iniciais. Não me pergunte como eu conseguia, pois passava a maior parte do tempo

planejando, estudando, preparando todo material das aulas. Não era nada fácil aprender a ser

professora, mas lá estava eu “professorando”, em uma realidade que me encantava.

Nessa escola, permaneci durante sete anos e tive a oportunidade de viver a minha

primeira experiência como gestora escolar. O grupo de professores que trabalhavam nessa

unidade escolar morava em uma república e dividia o anseio da efetividade como funcionários

do município, o que nos levou a formar grupo de estudos preparatórios para concurso público.

Em 2003, fui transferida de escola, por conta do ingresso na universidade, visando

ficar mais próxima da sede do município e assim, poder cursar o nível superior com

tranquilidade. Enfrentei nesse período muitos problemas para conciliar a rotina profissional

com as atividades acadêmicas.

Em 2005 fui convidada a assumir a vice-direção de uma unidade escolar (Escola

Municipal Aloísio Evangelista da Fonseca), localizada numa área ribeirinha, levando-me a

refletir sobre as diferentes realidades e contextos em que estão inseridos os alunos. Nessa

mesma escola, assumi a coordenação pedagógica em 2009 e 2010. A atuação na coordenação

pedagógica é uma das atribuições que assumimos na rede municipal de ensino. Apesar de já

ser definida na Lei nº 2164/2011, dos Plano de Cargos e Carreiras do Magistério, Artigo 11,

como função gratificada, exercida através de concurso público, a função ainda é ocupada por

indicação. Na maioria das vezes, a escolha é realizada considerando o trabalho desenvolvido

em sala de aula pelo professor.

O caminho trilhado entre a sala de aula e a coordenação pedagógica, favorece um

olhar mais descritivo e analítico sobre a realidade da sala de aula, suas dificuldades,

possibilidades e necessidades. Esse percurso sempre me levou a muitas indagações, uma delas

é sobre o desencantamento do aluno pela escola. Claro que isso me leva a muitas questões e

observações sobre o que gera esse “desencantamento”, mas quero me ater ao

“distanciamento” entre a escola, a prática pedagógica e o contexto em que nossos alunos estão

mergulhados profundamente: o universo das tecnologias digitais.

Nos anos de 2011 e 2012, refiz minhas andanças e pude viver outra experiência

marcante que foi a gestão da maior escola do município. Quase mil alunos, um quadro de 60

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profissionais (entre professores e equipe administrativa). Com funcionamento diurno e

noturno e com todos os problemas das escolas públicas, entre eles o mais grave: as péssimas

condições de infraestrutura (acústica, ventilação, sem áreas de circulação). Confesso: foi o

período mais difícil da minha atividade profissional. Mas as tecnologias digitais estavam lá,

presentes nas mãos dos nossos alunos e alunas, entretanto, a sala de aula parecia não ser o

lugar para ela. Diariamente, recebia dos professores inúmeras reclamações relacionadas

principalmente à utilização do celular: os alunos ouviam música, assistiam a vídeos, estavam

em salas de bate-papo, nas redes sociais. Estavam conectados com o mundo e desconectados

da escola!

No início do ano de 2013, fui convidada a compor a equipe técnica da Secretaria de

Educação enquanto Coordenadora Geral das Séries Finais. A Experiência aproximou-me

ainda mais do diálogo com os professores das diferentes unidades escolares do município,

sobretudo do segmento que eu coordenava e de onde advinha as maiores reclamações: “Os

alunos já não se interessam mais com as aulas”, “Não suportamos mais o uso de celulares no

ambiente escolar”, “Eles não se concentram”, “só querem saber o que “rola” nas redes

sociais”, dentre outras inquietações.

Essas inquietações, acompanhadas das observações e de diálogos estabelecidos com as

coordenadoras pedagógicas das escolas, remetiam-me a um diagnóstico muito claro: Era

preciso aproximar o professor desse aluno, dessa nova realidade, estabelecida pelo uso dos

recursos das tecnologias digitais.

Outro fator importante a ser considerado é minha atuação como professora. Trabalhei

nos diferentes níveis e em diferentes modalidades de ensino: da educação infantil ao ensino

superior. Do ensino Fundamental a Educação de Jovens e adultos (EJA). A busca por

elementos inovadores, que fossem de interesse dos alunos para a construção da aprendizagem,

de elementos que fossem do seu contexto, sempre foram motivadores para a construção da

minha prática docente. Tais elementos é que iam dando sentido ao conhecimento e

possibilitando a participação, a interação e a aprendizagem.

Nestes poucos mais de 17 anos de profissão, o computador e a internet, transformou a

relação dos sujeitos com a informação e, sobretudo, nas formas de estabelecerem

comunicação. Recordo que quando comecei a lecionar na rede municipal, trabalhava em uma

escola do campo e passava a semana inteira na “roça”. O único meio de comunicação que

possuía com minha família era através de um posto telefônico que ficava a cinco quilômetros

da escola. Computador? A escola que eu trabalhava tinha apenas uma máquina de escrever e

um mimeografo. Grandes tecnologias para um professor que estava longe de tudo e de todos!

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Em quatro anos, a escola adquiriu o seu primeiro computador, restrito aos trabalhos

administrativos. Entretanto, algo inovador, transformara aquele ambiente e também as

atividades que preparávamos para os alunos. Recordo-me que a escola recebeu, após esses

cinco anos o Kit da TV Escola, o aparelho de TV, a antena parabólica e o receptor. Não me

recordo de ter utilizado didaticamente a programação da TV escola, nem de ter visto meus

colegas o fazerem. A televisão era utilizada muitas e muitas vezes para exibir filmes de

entretenimento, sem nenhum valor ou objetivo pedagógico. Mesmo assim, aquela novidade,

oportunizava uma relação fantástica no ambiente escolar. Fui trabalhar em outra escola anos

depois. Lá me deparei com um laboratório de informática lacrado. Ninguém poderia ter

acesso sem a autorização do diretor, sobre expresso monitoramento da secretaria da escola.

Detalhe, os computadores tinham acesso à internet, mas ninguém utilizava, tampouco os

alunos.

Os avanços tecnológicos da atualidade vêm determinando novas formas de

relacionamento entre as pessoas e novas maneiras de aprender. Os alunos conhecem e

interagem de forma muito natural com os elementos que constituem esse universo

tecnológico, os professores não.

Na realidade de sala de aula, percebe-se que esse contexto inovador e tão naturalmente

presente nas relações cotidianas de uso das tecnologias digitais, ainda são incipientes nos

planos e práticas docentes. Dada realidade me remete a refletir sobre como vem se

organizando a prática pedagógica dos professores com o uso das novas tecnologias, enquanto

instrumentos que possibilitam a construção da aprendizagem.

A escola, nessa nova realidade, tornou-se um espaço desinteressante,

descontextualizada das vivências dos alunos, principalmente em torno da utilização das

tecnologias digitais. É possível, no entanto, ressignificar o que fazemos e nos apropriarmos de

todas as possibilidades que as tecnologias digitais podem oferecer, em processos que

favoreçam a construção da aprendizagem.

Penso que estudar sobre a utilização das tecnologias na prática pedagógica dos

professores dá-se num processo relacional entre a prática docente e a atuação do coordenador

pedagógico como aquele que busca a reflexão sobre a prática docente e sobre suas

contribuições para a construção do conhecimento na contemporaneidade.

Para os alunos e alunas, as redes sociais, os blogs, a construção de vídeos, o uso do

celular é algo natural e habitual. Tais recursos são utilizados para divertir, comunicar,

interagir sobre questões do próprio interesse individual e coletivo dos grupos aos quais

pertencem. Muitas são as possibilidades que podem e devem ser exploradas por professores

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para que essa "atração" exercida pelas tecnologias sobre os alunos e ainda canalizada apenas

para a diversão e comunicação, possam ser pensadas em processos que favoreçam a

construção de saberes e desenvolvimento de habilidades e competências nesse contexto

contemporâneo.

Acredito que este projeto vivencial poderá ser um marco reflexivo para toda equipe

escolar, principalmente para os professores, de forma a contribuir para que novas

metodologias sejam utilizadas, a partir do uso das tecnologias digitais, possibilitando aos

alunos a vivência de processos de aprendizagem prazerosos. Por fim, acredito que só a

pesquisa definirá ao certo, se os objetivos pretendidos realmente respondem ou se minhas

hipóteses iniciais vão de encontro às reais necessidades de sala de aula.

1.4 O FUTURO CHEGOU! AVANTE!

Muito a realizar! A Especialização em Coordenação Pedagógica, somada a graduação

em Letras que atualmente estou cursando na Universidade Estadual Santa Cruz, através da

Universidade Aberta do Brasil são os desafios acadêmicos que vivencio no momento. A

especialização vem possibilitando a construção da minha identidade profissional de forma

mais consciente do papel que devo desenvolver, mas como ainda não existe uma segurança a

permanência na função, busco também a formação em outra graduação para ampliar o meu

campo de trabalho.

Como projeto de futuro, quero ao finalizar essa especialização trabalhar para o

ingresso no mestrado, considerando que a formação é o elemento que nutre a nossa função

enquanto educador e que possibilita-nos ampliar os conhecimentos sobre os fenômenos que

acontecem na educação.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ELEMENTOS ESTRUTURANTES DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

As mudanças políticas, econômicas, mas sobretudo as sociais provocam alterações

simultâneas no campo da educação e exigem do professor uma constante reorganização da sua

prática, para atender aos princípios educacionais próprios da escola, enquanto instituição

social, e assim acompanhar a evolução da sociedade.

Como se estrutura a organização da prática pedagógica? A prática pedagógica sempre

se estruturou entre o campo teórico e prático, e vice-versa. Não é possível pensar na prática do

professor sem articular tal reflexão sobre a realidade e o contexto em que está inserida, e da

mesma forma não é possível pensar numa teoria da prática, sem conhecer a realidade. Freire

(2002) afirma que a reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação

Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando “blábláblá” e a prática, ativismo.

Tomando a legislação educacional como campo que delimita as nossas atribuições

como professores, citamos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394/96, em

seu Art. 13º., afirma que os docentes terão a incumbência de:

I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II

- elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do

estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer

estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias

letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos

dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI -

colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade

(BRASIL, Lei nº. 9.394 / 96, art. 13º).

A legislação aponta instrumentos importantes na prática pedagógica do professor: a

proposta pedagógica, o plano de trabalho, a atenção a aprendizagem, as estratégias de

recuperação, a execução do seu trabalho em dado período e horas aulas, a participação nos

processos de planejamento, de avaliação e de desenvolvimento profissional, além da

participação nas atividades que envolvam família e escola.

Nesse sentido, a prática pedagógica reúne em si um campo amplo de ações que estão

interligadas com o objetivo principal de garantir a aprendizagem. Entretanto, quero me

restringir aqui ao campo bem específico de sala de aula, apesar de considerar que todos os

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outros elementos citados, influenciam diretamente nesta. A sala de aula é constituída dos

sujeitos envolvidos no processo, professor e aluno, e das determinantes ensinar e aprender,

sem que uma anule a outra, considerando que quem ensina aprende ao ensinar e quem

aprende ensina ao aprender (FREIRE, 2011).

2.2 A REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA

O que se espera do professor quando pensamos neste enquanto profissional de

educação é que ele através de sua prática pedagógica realize o processo de ensino ao qual foi

designado, ampliando os conhecimentos e consolidando as aprendizagens de seus alunos. Sua

tarefa vai além do processo de "transmissão do conhecimento”, enquanto resultado herdado

de nossos antepassados (ARANHA, 2006). É necessário formar o sujeito crítico, para que

este seja capaz de atuar sobre a sua realidade transformando-a. Dessa maneira,

Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a

disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é a

constante e a convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a

vida? Por que não estabelecer uma necessária “intimidade” entre os saberes

curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como

indivíduos? Por que não discutir as implicações políticas e ideológicas de um tal

descaso dos dominantes pelas áreas pobres da cidade? (FREIRE, 2011. p. 32).

Para se construir uma prática pedagógica capaz de realizar tais tarefas, ensinar os

conhecimentos acumulados e ao mesmo tempo dar sentido ao que é ensinado, política e

cientificamente falando, é necessário ao professor, um constante processo de reflexão sobre o

seu “fazer”, considerando que a sociedade está em permanente estado de transformação, de

descobertas e inovações, e a escola, a educação e o professor precisam alinhar em sua prática

pedagógica posturas e saberes capazes não apenas de dar conta da “transmissão” , mas

sobretudo, da formação para a ação cidadã. Assim sendo:

Qualquer atividade educacional que se queira intencional e eficaz tem claros os

pressupostos teóricos que orientam a ação. Ao elaborar leis, fundar uma escola,

preparar o planejamento escolar ou enfrentar dificuldades específicas em sala de

aula, é preciso ter clareza a respeito da teoria que permeia as decisões. No entanto, é

comum observarmos o “espontaneísmo”, resultado da indevida dicotomia entre

teoria e prática, porque o professor não foi adequadamente informado a respeito da

teoria ou porque não sabe como integrá-la à prática efetiva (ARANHA, 2006, p. 33).

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Construir uma prática carregada de “espontaneísmo” é muito fácil, porém seus

resultados podem ser desastrosos no sentido da formação ao qual tanto vemos aos educadores

defenderem: a formação social, política, comprometida e transformadora. Daí a importância

da reflexão sobre a prática pedagógica, que não deve acontecer apenas em seu processo inicial

de formação, mas permanentemente, preferencialmente dentro da escola, onde os elementos

de seu “fazer” estão carregados de sentidos. Pois, “o momento fundamental é o da reflexão

crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de ou de ontem que se pode melhorar

a próxima prática” (FREIRE, 2011. p. 40).

Aranha (2006) nos faz compreender, que há diferentes maneiras de conceber a prática

pedagógica e que todas elas resultam de concepções, tematizadas ou não, a partir de algumas

questões: Que tipo de pessoa se quer formar? Para qual sociedade? O que ensinar? Como

ensinar? As respostas as essas questões resultam na sua prática pedagógica, e desvela a

concepção de homem e de sociedade que o professor possui. Além disso,

A reflexão tem, pois, por função propiciar o despertar do sujeito, além de capacitá-lo

para caminhar (um conhecimento da realidade- Análise da Realidade, uma nova

intencionalidade – Projeção de Finalidades, e um novo plano de ação – formas de

Mediação). Isto implica que a reflexão precisa articular duas dimensões: 1)

Convencimento... 2) Intervenção... (VASCONCELOS, 2005. p. 12).

Vasconcelos coloca a reflexão como ponto de partida de um processo que se inicia

com o despertar do sujeito (professor), como elemento que o capacita a caminhar. Nesse veio,

compreendo esse caminhar como sendo o exercício da sua prática pedagógica, que se

constitui conforme o autor no conhecimento da realidade e na sua análise, respondendo às

indagações já citadas aqui: que tipo de pessoa se quer formar? Para qual sociedade? O que

ensinar? Como ensinar?, incluindo-se aí os saberes socialmente construídos pelos educandos

(FREIRE, 2001), o que gera uma projeção de finalidades, um plano, um intento, um desejo,

uma processo de intervenção sobre dada realidade.

Aqui adentramos em outro aspecto importante quando pensamos a prática pedagógica

do professor: o ato de planejar, pois o planejamento está intrínseco à prática pedagógica,

sendo necessário explicitá-lo aqui, visto que é durante o processo de reflexão-ação-reflexão

que se elabora o planejamento, fundamental quando pensamos em construir uma prática

pedagógica que dê conta das especificidades inerentes à escola e à educação. Assim,

[...] Nosso desejo é que a escola cumpra um papel social de humanização e

emancipação, onde o aluno possa desabrochar, crescer como pessoa e como cidadão,

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e onde o professor tenha um trabalho menos alienado e alienante, que possa repensar

sua prática, refletir sobre ela, re-significá-la e buscar novas alternativas

(VASCONCELOS, 2005, p. 14).

Vasconcelos (2005) afirma que importante investir no convencimento do professor em

relação à necessidade do planejamento e na sua capacitação para elaboração e realização de

projetos. Será que o planejamento dos nossos professores está sendo fruto da reflexão de sua

prática pedagógica? A sensibilização do professor para a necessidade de construção do

planejamento, se dá nos espaços de reflexão sobre a sua prática. Para que o professor realize

essa reflexão sobre o seu fazer pedagógico e sobre a realidade é preciso criar os espaços de

discussão para escuta e formação desse professor, esses espaços é que oportunizarão a

construção de um planejamento, que sendo permanentemente orientado pela realidade,

possibilite a construção de caminhos que contribuam para a consolidação da aprendizagem.

Na maioria das vezes, planejar virou um ato mecânico e burocrático, para atender as

exigências do sistema ou rede de ensino. Sem fundamentos na realidade, planeja-se para

cumprir prazos, sem pensar e nem mesmo conhecer o contexto, os alunos, seus saberes. A

significação dada ao planejamento por muitos professores é o cumprimento estático dos

conteúdos dos livros didáticos, ou até mesmo no improviso pedagógico.

Se não realizamos um planejamento que seja fruto das reflexões sobre o contexto, não

daremos conta das mudanças impostas pela sociedade. E essas mudanças alteram nossas

relações, nossas formas de aprender. Até para questioná-las ou mesmo criticar as formas

como elas adentram as nossas relações e exercem sobre nós um certo domínio e fascínio,

impostos pelo modelo capital ao qual estão diretamente ligadas, é preciso conhecê-las e

dominá-las. Ignorá-las é um risco que não devemos correr, pois seus avanços são

irreversíveis. Logo, há uma urgência em estabelecermos uma nova relação com o

planejamento, visando relacionar o que está sendo proposto a fazer em sala de aula, com os

avanços das tecnologias que nos rodeiam.

É possível perceber claramente que apensar dos avanços tecnológicos, das novas

relações de comunicação estabelecidas e construídas pelos sujeitos, as práticas de sala de aula,

ainda estão voltadas para um contexto anterior de sociedade. Pois,

Quando analisamos as práticas de sala de aula, verificamos que elas acontecem

como rituais que foram aprendidos de uma maneira empírica, frequentemente muito

mais pela “iniciação” que tiveram no longo tempo de banco escolar, do que por uma

tomada de posição consciente. (VASCONCELOS, 2005. P. 26)

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Silva (2007) nos convida a “revitalizar a prática pedagógica”. Considerando o

contexto atual em que a escola está imersa, as inúmeras inovações digitais abrem infinitas

possibilidades de aprendizagem e comunicação, pois penso que se não fizermos essa

mudança, estaremos fadados ao fracasso profissional.

Tradicionalmente, os professores vêm reproduzindo a sala de aula centrada na

transmissão de informações. Tradicionalmente, a sala de aula é identificada com o

ritmo monótono e repetitivo associado ao perfil de um aluno que permanece

demasiado tempo inerte, olhando o quadro, ouvindo récitas, copiando e prestando

contas. Assim, tem sido a pragmática comunicacional da sala de aula: o falar/ditar

do mestre (SILVA, 2007, p. 21).

É preciso repensar a nossa prática pedagógica, considerando esse novo contexto

social, o avanço das tecnologias digitais, as novas relações que estamos estabelecendo com o

conhecimento e sobre as novas maneiras de comunicação, à luz de um planejamento enquanto

fruto da reflexão permanente sobre a realidade, sobretudo diante desse novo aluno, que não se

comporta passivamente, sendo sujeito da sua aprendizagem em processos informais, buscando

assim ressignificar a nossa práxis, essencialmente na relação, aprender com. Não nos

esqueçamos que ensinar não é transferir conhecimento.

2.3 A SOCIEDADE ATUAL E OS DESAFIOS A PRÁTICA PEDAGÓGICA

A sociedade atual baseia-se na expansão das linguagem falada e escrita, através da

linguagem digital. A comunicação enquanto tecnologia expandiu-se através das inúmeras

possibilidades surgidas com as tecnologias da informação e comunicação, sobretudo com o

uso da internet.

A cultura digital conforme descreve Bonilla (2014) e Souza (2014) é percebida como

um campo emergente, fortemente articulado com o uso e as vivências em torno das

Tecnologias Digitais, que se popularizaram nas duas últimas décadas, no campo das

comunicações e informação e no uso da microeletrônica. Entretanto a base de

desenvolvimento das tecnologias digitais da informação e comunicação é a tecnologia da

inteligência, que não está expressa em uma máquina ou equipamento, visto que ela é

representada imaterialmente pela linguagem, seja oral ou escrita.

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No espaço escolar, na relação dos processos de construção a aprendizagem, a fala

ainda é a principal forma de comunicação. Segundo Kenski (2007):

[...] professores e alunos usam preferencialmente a fala como recurso para interagir,

ensinar e verificar a aprendizagem. Em muitos casos, o aluno é o que menos fala. A

voz do professor, a televisão e o vídeo e outros tipos de “equipamentos narrativos”

assumem o papel de “contadores de histórias” e os alunos, de seus “ouvintes”. Por

meio de longas narrativas orais, a informação é transmitida, na esperança de que seja

armazenada na memória aprendida. A sociedade oral, de todos os tempos, aposta na

memorização, na repetição e na continuidade (KENSKI, 2007, p. 29).

Já a linguagem escrita presente na escola, pode simbolizar tanto como sendo um

instrumento de comunicação que se traduz em processos autônomos, como de repetição,

dependendo da forma como serão utilizadas.

A linguagem oral e escrita são tecnologias de informação e comunicação que

utilizamos há milhares de anos. O aprimoramento dessas linguagens, somando-se a elas o

desenvolvimento de outros instrumentos que também comunicam como imagem, som,

movimento, ampliaram nossas formas de comunicação e de informação, possibilitando novas

maneiras de estarmos e interagirmos no mundo. Um exemplo disso, é que fatos que

acontecem em determinados momentos em qualquer ponto do planeta podem ser

comunicados ou informados instantaneamente a todo mundo, da mesma forma que as

interações entre os sujeitos no mundo inteiro.

O avanço das tecnologias digitais de informação e comunicação produz o aumento

constante da presença de mensagens textuais, sonoras e visuais em nossas vidas.

Passamos a ter uma relação mais pessoal e dinâmica com a informação e interação

mais frequente com as fontes, sejam elas pessoas ou bancos de dados localizados em

qualquer lugar do mundo. Graças as articulações entre a informática e as

telecomunicações, é possível, hoje, por redes de cabos, satélites, fibras etc., o

intercâmbio entre pessoas e máquinas a qualquer tempo, em qualquer lugar.

(KENSKI, 2007, p. 34).

Assim sendo, podemos afirmar que a instantaneidade da comunicação e da informação

alteraram nossas relações também com o conhecimento. Essa nova relação esta dentro de um

novo conceito de linguagem, a digital. Segundo Kenski (2007)

A linguagem digital é simples, baseada em códigos binários, por meio dos quais é

possível informar, comunicar, interagir e aprender. É uma linguagem de síntese, que

engloba aspectos da oralidade e da escrita em novos contextos. A tecnologia digital

rompe com as formas narrativas circulares e repetidas de oralidade e com o

encaminhamento contínuo e sequencial da escrita e se apresenta como um fenômeno

descontínuo, fragmentado e, ao mesmo tempo, dinâmico, aberto e veloz. (KENSKI

2007, p. 32).

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E aí está posto um desafio para o professor. Aprender desse movimento, das novas

técnicas que surgem e das novas maneiras de interagir para poder dar conta das emergências

da sociedade. Silva (2007) afirma que a comunicação interativa é, portanto, o que enfatizo

como desafio para a educação centrada no paradigma da transmissão.

E o professor conhece essa nova linguagem comunicacional? De fato o que conhece?

Quais são os saberes que este possui sobre o digital?

Mais do que saber utilizar o aparelho celular, o computador, além de acessar as redes

sociais, é preciso apropriar-se das infinitas possibilidades que as tecnologias da informação e

comunicação podem nos oferecer, de suas linguagens próprias. Considerando que,

A linguagem digital, expressa em múltiplas TICs, impõe mudanças radicais nas

formas de acesso à informação, a cultura e ao entretenimento. O poder da linguagem

digital, baseado no acesso a computadores e todos os seus periféricos, à internet, aos

jogos eletrônicos, etc., com todas as possibilidades de convergência e sinergia entre

as mais variadas aplicações dessas mídias, influencia cada vez mais a constituição de

conhecimentos, valores e atitudes. Cria uma nova cultura e uma outra realidade

zzzzinformacional (KENSKI, 2007. p. 32).

Os nossos alunos compreendem isso muito bem. Nasceram dentro deste contexto

digital e na grande maioria das vezes possuem uma habilidade muito maior que os professores

com a linguagem digital. Talvez esteja aí um ponto de atenção importante quando o assunto é

aprendizagem e comportamento. Nossos alunos, não são mais atraídos pelo uso das

linguagens oral e escrita, como no passado. A linguagem digital exerce um certo “domínio”

de atenção sobre as crianças e jovens e nossas escolas ainda não exploram o potencial digital

no processo de aprendizagem

Nessa relação com a linguagem digital, surge também uma nova relação com a

comunicação. Comunicar parece remeter a um ato em que um sujeito fala e o outro escuta. Na

contemporaneidade, nossa relação com a comunicação se dá através da interatividade. "A

comunicação interativa é, portanto, o que enfatizo como desafio para a educação centrada no

paradigma da transmissão." (SILVA,2007. p. 69)

Acredito que alguns fatores colaboram para isso e que são possíveis de serem

solucionados. A falta de estrutura física das escolas, a inexistência de equipamentos e

técnicos que façam a manutenção das máquinas, a concepção pedagógica expressa no Projeto

Político Pedagógico das Unidades, a inexistência de espaços formativos para os professores

que propiciem a reflexão necessária a ressignificação da sua prática.

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Enfim, acredito que é através da prática pedagógica do professor que iniciamos os

processos de mudanças que tanto defendemos. É no espaço da sala de aula em que se

constroem através das relações e do conhecimento criticamente construído, que começam a

acontecer pequenas transformações que nos impulsionam para as transformações maiores.

E conforme afirma Kinski (2007) "favoráveis ou não, é chegado o momento em que

nós, profissionais da educação, que temos o conhecimento e a informação como nossas

matérias-primas, enfrentemos os desafios oriundos das novas tecnologias." Ou damos conta

disso, ou acredito que ficaremos estáticos, parados no tempo. E como profissionais que

fomentam a ciência e o conhecimento, não podemos ficar estagnados. Precisamos caminhar

com o avanço da sociedade, produzir conhecimentos e contribuir para a formação política das

pessoas, sobretudo para que essas utilizem as tecnologias não como instrumentos de alienação

ou exclusão. (KINSKI,2007, p. 4)

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3. DIÁLOGOS COM A REALIDADE – METODOLOGIA DE

PESQUISA

Conforme Thiollent (2005, p. 28): “A metodologia pode ser vista como conhecimento

geral e habilidade que são necessários ao pesquisador para se orientar no processo de

investigação, tomar decisões oportunas, selecionar conceitos, hipóteses, técnicas e dados

adequados.” Assim, a delimitação de um percurso metodológico possibilita que o trabalho

seja coerente e planejado para a consecução de seus objetivos.

Partindo desse princípio, escolhemos como pressuposto metodológico a abordagem

qualitativa, entretanto, entre os diferentes caminhos de investigação da pesquisa qualitativa

utilizaremos a pesquisa-ação que tem como base a ideia de uma relação dialética entre

pesquisa e ação, admitindo que a pesquisa deve voltar-se para a transformação da realidade,

baseada em relações conjuntas entre pesquisador e pesquisados. Segundo Thiollent,

Um dos principais objetivos dessas propostas consiste em dar aos pesquisadores e

grupos de participantes os meios de se tornarem capazes de responder com maior

eficiência aos problemas da situação em que vivem, em particular sob forma de

diretrizes de ação transformadora. [...] é um tipo de pesquisa social com base

empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a

resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes

representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo

ou participativo. (THIOLLENT, 1986. p. 8; 14).

A definição pela pesquisa ação se deu porque, enquanto coordenadora pedagógica e

enquanto pesquisadora, há possibilidades de envolvimento na resolução dos problemas

identificados, propondo ações coletivas, de modo a realizar o acompanhamento e a avaliação

das ações. Assim, “a participação das pessoas implicadas nos problemas investigados e

absolutamente necessária” (THIOLLENT, 2005, p. 17). Sobretudo, a sua utilização como

instrumento metodológico possibilita aos participantes as condições de investigar sua própria

prática de uma forma crítica e reflexiva.

Enquanto procedimentos de coleta de dados, utilizou-se nesse processo da análise

documental, que foi realizada com os instrumentos de planejamento da instituição, o Projeto

Político Pedagógico (PPP) e o Planejamento de Ensino dos Professores, além de utilizarmos o

Círculo de Escuta, como instrumento metodológico relacionado tanto para o levantamento de

dados da pesquisa, quanto de metodologia da intervenção.

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Segundo Phllips (1974), “são considerados documentos quaisquer materiais escritos

que possam ser usados como fonte de informação sobre o comportamento humano.”

Compreendendo que Projeto Político Pedagógico e Planejamento de Ensino estão

estreitamente relacionados a prática pedagógica, ou seja, ao comportamento previamente

organizado pelo (a/s) professor (a /es), sendo de grande relevância para a sua prática

pedagógica. (PHLLIPS (1974). P.187. APUD LÜDKE, 2010. P.38)

Desta forma, buscarei refletir sobre as concepções de ensino, de homem, de sociedade

e a sua relação com as propostas metodológicas de utilização das tecnologias em sala de aula,

relacionadas nos instrumentos de planejamento apresentados, PPP e Planejamento de Ensino.

No que diz respeito ao círculo de escuta, o mesmo corresponde a um processo que já

realizo, enquanto coordenadora pedagógica, em outras escolas. Relaciona-se a um espaço de

tempo, em que o coordenador pedagógico dedica-se a ouvir as demandas dos professores e

professoras mais variadas. Surge também da necessidade de ouvi-los sobre problemas que

estão estreitamente ligados a todos. O/A coordenador/a pesquisador/a se põe como ouvinte.

Pode ou não ser sugerido um tema específico para o círculo.

Nesta pesquisa, propomos que o círculo se estruture da seguinte forma: todos os

professores receberão um convite, com data, horário e local do encontro, num envelope.

Dentro do envelope estará uma palavra chave relacionadas ao tema da pesquisa. Os (as)

professores (as) deverão refletir a luz da palavra chave, sobre o assunto abordado. OS

registros serão feitos por um professor (a) escolhido pelo grupo como relator(a). Ao final, as

principais ideias registradas serão lidas para o grupo. Ambos os instrumentos, objetivam

identificar elementos importantes sobre como se organiza a prática pedagógica do professor e

suas habilidades em relação ao uso das tecnologias na sala de aula.

A pesquisa tomou como campo a Escola Municipal da Baixa Alegre, escolhida por se

tratar de uma escola localizada nas proximidades do bairro onde moro, e com a qual desejo

contribuir no sentido de ampliar as possibilidades da educação oferecidas para os jovens e

adolescentes da comunidade, com vistas ao desenvolvimento de suas capacidades intelectuais,

cognitivas e sociais.

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4. NAVEGANDO NA REALIDADE, TECENDO REDES,

CONSTRUINDO PONTES!

Neste capítulo, apresentaremos a caracterização da unidade escolar e a análise dos

dados da pesquisa desenvolvidas, com o objetivo de construir as redes capazes de entrelaçar

os caminhos por onde realizaremos a intervenção para minimização dos problemas

identificados.

4.1 RETRATOS DA REALIDADE – O CONTEXTO ESCOLAR

Figura 1: Fachada da Escola

A Escola Municipal da Baixa Alegre faz parte do meu contexto de infância, pois

localiza-se num bairro muito próximo do qual nasci e cresci. Por minha relação afetiva e

cotidiana, muitas das informações desta contextualização do entorno da unidade são frutos

desse convívio proximal com a comunidade em que está inserida a escola.

Registada por força da sua inauguração como Escola Estadual Castelo Branco, teve

seu nome alterado para Escola Municipal da Baixa Alegre por força do processo de

municipalização ocorrido em 2010. Localiza-se no Bairro da Baixa Alegre, no município de

Valença – Bahia, e possui uma estrutura física que necessita de atenção, para oferecer um

melhor acolhimento a comunidade.

A Unidade Escolar possui seis salas de aula, uma sala de secretaria, uma sala dos

professores, uma cozinha, corredores, um depósito, uma quadra poliesportiva coberta, além de

uma grande área externa.

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Antes da municipalização, oferecia as séries iniciais do ensino fundamental, 1ª a 4ª

série. Após a municipalização, passou a oferecer a comunidade o Ensino Fundamental –Séries

Finais, do 6º ao 9º Ano e no ano de 2014 a Educação de Jovens e Adultos, no Sistema de

Aceleração da Aprendizagem, em seus Estágios I e II, conforme Matriz Curricular da rede

Municipal de Ensino publicada em 2014.

A matrícula registrada em 2015, totaliza o atendimento a quatrocentos e vinte e dois

estudantes que residem na própria localidade e em bairros circo vizinhos, como Jambeiro,

Areal, Bate Quente, Pitanguinha, Estância Azul e Jardim EMARC.

Tabela 1: Matrícula 2015 / Turma

Estágio Turma

Mat.

Educandos

Turma

Vesp.

Educandos

Turma

Not.

Educandos Total

6º Ano A, B 28 / 26 C 28 82

7º Ano A, D 31 / 26 B, C 29 / 30 116

8º Ano A 26 B, C 25/18 69

9º Ano A 27 B 27 54

Estágio II

Aceleração I A e B 29 / 33 62

Estágio II

Aceleração

II

A e B 31 / 30 61

TOTAL 06 174 06 125 04 123 282

TOTAL

Geral

422

Fonte: PPP da Unidade Escolar

Para atender a essa demanda de turmas, a escola conta com um quadro de vinte e um

professores, que, por sua vez, possuem formação em diversas áreas, dentre esses sete

pedagogos, ou seja, alguns docentes não possuem licenciatura específica para área em que

atuam.

No que diz respeito à gestão da escola, é formada por um diretor e dois vice-

diretores. A coordenação é formada por apenas um coordenador.

A instituição conta com onze funcionários. Seis desses realizam a organização do

espaço, cuidando da limpeza e da alimentação escolar, três porteiros, uma secretária escolar e

uma auxiliar de secretaria que realizam os mais diversos serviços de escrituração da escola.

Em relação ao contexto econômico em que está inserido, localiza-se num bairro que é

considerado de pessoas humildes, com média salarial um pouco a baixo do salário mínimo. A

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atividade de renda exercida pelos moradores é variada, entre as principais: comerciários,

autônomos e empregas domésticas.

Possui uma Associação de Moradores em atividade que tem sede própria, onde os

moradores se reúnem para discutir os problemas do bairro e onde são realizadas atividades

recreativas e ofertas de cursos profissionalizantes para a formação dos membros da

comunidade. Além disso, há oferta nesse espaço de aulas de dança que visam oferecer

melhores condições de saúde a população. Como outra possibilidade de laser os moradores

contam com uma praça de esportes para o desenvolvimento de atividades físicas, que foi

conquistada pela associação em parceria com o poder público.

A comunidade conta com uma Unidade de Saúde da família, que dispõe de serviço

médico que realiza atendimento básico, onde também é oferecida a medicação aos moradores,

além do serviço do Centro de Referência em Assistência Social- CREAS, com assistência

psicossocial.

Em relação ao aspecto religioso, há várias manifestações religiosas na comunidade,

entre católicos, protestantes e adeptos do candomblé. Nas manifestações culturais destacam-se

o Terno de Reis e o Bumba-meu-boi, que envolvem um grande número de pessoas do bairro,

entre eles, alunos da unidade.

Nesse contexto, os principais recursos tecnológicos aos quais os alunos têm acesso,

são: a TV, o rádio e o Celular. A Escola possui computadores do Programa Nacional de

Tecnologia Educacional - PROINFO que foram recebidos há dois anos e não foram instalados

por falta de espaço (a escola não possui sala destinada a laboratório conforme especificações

do programa), bem como netbooks do Programa Um Computador por Aluno – PROUCA.

Além desses equipamentos dos programas que não foram utilizados, a Escola conta com uma

Televisão de 29’ e um Projeto de Slides. Há um computador e uma impressora para realização

das atividades da escola, de ordem administrativa e pedagógica.

4.2 TECENDO AS REDES

A Prática Pedagógica acontece estreitamente organizada ou estruturada através do

planejamento da reflexão sobre a prática. Partindo desse princípio, evidencia-se que há grande

relevância em realizar a análise do Projeto Político Pedagógico (PPP) da Unidade Escolar em

estudo, pois esse constitui-se como planejamento coletivo, que envolve diagnóstico, reflexão

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sobre a realidade e sobre as práticas docentes, concepção (ou concepções) de ensino,

propostas de intervenção, no sentido da superação dos problemas existentes, além de ser

princípio orientador da prática dos professores na unidade escolar. Da mesma forma, se faz

importante realizar a análise de planejamentos elaborados pelos professores dentro dos

componentes curriculares que lecionam, buscando dentro desses documentos, refletir sobre o

uso das novas tecnologias enquanto recursos didáticos na prática pedagógica, considerando

que estes instrumentos estão diretamente relacionados a prática que se efetiva em sala de aula.

Inicialmente, a leitura e análise documental se deu realizando um levantamento sobre

a concepção que o coletivo escolar possui sobre o PPP. Desta forma, compreendem o projeto

Político Pedagógico enquanto um documento de suma importância, pois reflete a realidade da

escola, sendo um norte da ação educativa em sua totalidade. Para os profissionais da escola, o

PPP se é a expressão de uma filosofia comum de trabalho, que envolve a toda comunidade

escolar e os compromete para a ações permanentes, em torno das quais os sujeitos atores de

educação ou do processo ensino-aprendizagem se mantêm refletindo e dialogando, sempre

buscando novas modalidades de desempenho favorável à ação pedagógica. (PPP, 2015,

Escola Municipal da Baixa Alegre).

O Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola Municipal da Baixa Alegre, foi

reavaliado em 2015 pela equipe escolar. O seu corpo textual apresenta inicialmente a

identificação da unidade escolar, da equipe de gestores, o quadro de professores, com a devida

formação e os componentes curriculares que estes lecionam, a relação nominal dos demais

funcionários que dão suporte administrativo a unidade, realizando os serviços de secretaria,

limpeza, portaria e preparação da alimentação escolar e dos estudantes que participaram do

processo de reavaliação do PPP.

Considerando a reflexão sobre a realidade, o documento enfatiza os problemas de

estrutura física como os maiores agravantes que dificultam a aprendizagem, destacando-se a

de recursos didáticos para auxiliar professores e educandos, todavia, está definido que os

problemas que mais incomodam são: desinteresse entre os discentes, falta de cuidado com os

materiais didáticos recebidos, palavrões, desobediência aos professores e em especial a falta

de acompanhamento dos responsáveis nas atividades escolares, tanto no âmbito escolar como

fora dele.

Nesse sentido, no diagnóstico realizado pela equipe escolar, percebe-se que os

professores não relacionam questões como acesso à internet, uso de celulares, entretanto,

iniciam o texto de fundamentação teórica do projeto, refletindo exatamente sobre o contexto

contemporâneo:

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Vivemos em um mundo globalizado onde a tecnologia comanda a sociedade através

de meios de comunicação de massa, percebe-se a necessidade de se estar inserido

em um contexto tecnológico que se coloca frente a uma sociedade contemporânea

que exige do sujeito competências e habilidades para resolver questões que norteiam

seu cotidiano (PPP, 2015, Escola Municipal da Baixa Alegre).

A escola compreende que a tecnologia está fortemente relacionada com as nossas

relações sociais, da mesma maneira que alimenta a necessidade de estarmos inseridos nesse

contexto, através do desenvolvimento de habilidades e competências que lhes servirão de

suporte para resolver questões do cotidiano, definem ainda que a escola que desejam é aquela

que rompe com paradigmas lutando para acompanhar o ritmo das mudanças que a sociedade

contemporânea impõe a cada instante.

Para tanto, veem na atuação dos professores a necessidade de sua atenção para as

mudanças ocorridas e que de alguma forma poderiam influenciar no seu projeto de trabalho,

ou seja, no planejamento de ensino. Assim, a realidade pode ser transformada, se o ato de

planejar for realizado de forma consciente e intencional, buscando elementos de intervenção

que de fato colaborem para tornar os alunos sujeitos ativos, participativos, desenvolvendo sua

autonomia no processo de construção do conhecimento.

Vanconcelos (2005) afirma que “o fator decisivo para a significação do planejamento

é a percepção do sujeito para a necessidade de mudança. Destarte, “se percebemos que os

métodos e recursos utilizados já não dão conta das mudanças necessárias é preciso planejar

buscando ressignificação do que já se faz, para dar sentido ao novo fazer (VANCONCELOS,

2005, p. 36).

Um outro capítulo intitulado a caracterização da realidade, aborda as necessidades que

a instituição possui em construir um laboratório de informática, pois, disponibilizamos de dez

computadores e dez netbooks, justificado de que sua criação se daria para que desta maneira

professores e alunos poderiam utilizá-los. Questiono-me: os docentes não poderiam utilizar os

netbooks nas salas de aulas? Quais problemas existem para que não sejam utilizados, sem

necessariamente ser criada uma sala de informática para esse fim?

Observa-se ainda que a proposição trazida sobre a construção da sala, enquanto uma

necessidade da unidade, desarticula-se dos objetivos propostos. Não existem objetivos

previstos no projeto no sentido de realização de ações de cunho administrativo e pedagógico

para a resolução das questões de infraestrutura física (construção do laboratório) e nem

mesmo para a realização de projetos ou ações que envolvam o uso de tecnologias digitais.

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Sobretudo, pode-se perceber que, nas metas e estratégias propostas no PPP da unidade,

não está clara a necessidade da construção da sala de informática e nem a intenção de utilizar

os computadores na prática pedagógica, e nem mesmo os notebooks, conforme dados do PPP.

Cabe aqui refletirmos sobre o que está sendo proposto pelo coletivo da escola,

sobretudo sobre os professores em sua prática pedagógica. Será que realmente fazem

reflexões contextuais no processo de construção de seus planejamentos? Nos dados acima é

possível considerar alguns distanciamentos entre os problemas descritos e as intenções da

escola. Consideremos que:

No cotidiano das escolas, em especial no final e início de ano, é realizada uma série

de práticas como preenche formulários com objetivos, conteúdos, estratégia,

avaliação, indicação de litros didáticos, etc. Outras vezes, os professores são

convocados para discutirem a proposta pedagógica da escola. O que se percebe, no

entanto, é que com frequência, estas atividades são feitas quase que mecanicamente,

cumprindo prazos e rituais formais, vazios de sentido. (VASCONCELOS, 2005, p.

15-16).

Na análise dos planejamentos de ensino, trabalhamos com a amostragem. Analisamos

o planejamento de ensino de dez professores, dos dez componentes curriculares de anos

diferentes. Nos planos de ensino elaborados pelos docentes, podemos perceber que algumas

tecnologias digitais são apresentadas como recursos para serem utilizados afim de

desenvolverem certas habilidades ou competências. Entretanto, as situações didáticas em que

estes serão utilizados não são claras quanto a sua utilização.

Percebe-se, ainda, que alguns professores se utilizam de sinônimos relacionados ao

mesmo tipo de recurso, aparece no planejamento docente, como termo ambíguo, porém

relacionando-se a recurso diferente, como por exemplo: vídeo e DVD, Ou Vídeo e Televisão.

Enfim, nos planejamentos analisados, é legitima a abertura do professor a utilizar

algum tipo de tecnologia digital enquanto recurso dentro da sua proposta de planejamento

para efetivação da sua prática pedagógica. Porém, fica claro que o professor não possui

clareza da proposta que está realizando ou a faz aleatoriamente, sem reflexão sobre a sua

prática e sobre o contexto em que está inserido, desconsiderando aspectos como necessidade e

condições externas (equipamentos que funcionem, escolha dos recursos adequados a cada

turma, etc.) A compreensão que temos é que os professores quando utilizam-se dos recursos

digitais disponíveis, o fazem apenas para “inovar” em práticas que ainda baseiam-se na mera

transmissão passiva de conteúdos.

4.2.1 A voz e vez do professor: o círculo de escuta

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Durante a realização do círculo de escuta, foi possível perceber alguns desafios que

dificultam a utilização dos recursos da tecnologia digital pelos professores. Estes admitiram

que muitas vezes percebem a necessidade, sabem que os recursos podem sim ampliar as

possibilidades de aprendizagem, mas que devido às condições, a maioria não utiliza esses

recursos. A transcrição das falas abaixo, permitirá que identifiquemos os desafios enfrentados

pelos professores:

Professor 1: Quando peguei essa palavra contemporaneidade me fez pensar na

competição que estamos com nossos alunos na sala de aula. Como trabalhar

tecnologia, porque a gente sabe que é necessário trabalhar, mas a gente não tem o

suporte. A gente tem a coordenação, a direção, mas não é só isso. Me lembro que

uma vez eu fui dar aula aqui. E tirar de uma turma colocar em outra, já é vinte, trinta

minutos. Falta algo e você tem que pegar, entendeu? Então assim a gente precisa

trabalhar com as tecnologias, porque a gente está competindo com esses alunos, mas

a gente precisa desses outros suportes: tipo uma sala, um espaço planejado, porque

não adianta só a formação do professor, se a gente não tem como aplicar.

Professor 2: Eu sempre trabalhei com as tecnologias, mas as colegas sabem o quanto

já passei por situações vexatórias por causa disso. Nós não tínhamos espaço e a TV

era grande. As vezes chegava na escola e queria utilizar a TV com meus alunos e

solicitava ao porteiro para levar pra sala e instalar, e me dirigia as auxiliares pedindo

que organizassem o espaço da sala, e isso incomodava. Sempre ouvia.... Lá vem ela

nos dando trabalho, mais trabalho. Só podia ser ela. Nem por isso eu nunca deixei de

trabalhar. Por que eu percebia que quando eu trabalhava com o projetor ou a TV

quando eu trabalhava com geografia e falava sobre o Sul da África, ou sobre outros

assuntos que pra eles eram abstratos e que eu trazia as imagens para meus alunos era

automática a aprendizagem.

Professor 3: Dentro do meu trabalho em sala de aula posso dizer que 70% do

aproveitamento do conteúdo, deu-se por conta do uso dos equipamentos. Alguns

colegas deixavam os equipamentos desregulados por não saber utilizar, porque nós

mesmos as vezes por não saber utilizar equipamentos podemos estar inutilizando

ele. Daí a necessidade de aprender! Eu tive bastante êxito e acho que qualquer

professor teria. (Professora Tainã)

Os professores apontam em suas falas que a infraestrutura da escola (espaços) e a

escassez de recursos humanos que os auxiliem na instalação de equipamentos e até mesmo na

compreensão sobre a sua utilização são os principais entraves enfrentados por eles.

Outro problema citado pelos professores como sendo difícil de lidar dentro desse

contexto é a falta de acesso à internet.

Professor 4: A Internet é uma grande aliada. Pode também ser um problema, a vilã.

Na preparação as atividades, nas solicitações que nós faremos para os alunos. Mas,

aqui a gente enfrenta outro grande problema, que é o uso do celular e a internet. É o

que eles mais usam. Se nós tivéssemos uma compreensão de como fazer para propor

atividades que possam alinhar o uso do celular, seria de suma importância, porque é

difícil competir com o celular em sala de aula. Eles trocam vídeos, principalmente

pornôs, vivem nas redes sociais, WhatsApp, Facebook, etc. Com fone no ouvido. E

assim, atrapalha toda uma aula, mas eu acredito que pode ser revertido para a

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aprendizagem. Aqui na escola, quem deveria ter internet ainda não tem. Que é o

professor! A escola não possui a internet. Se tivesse o acesso à internet na escola, o

professor poderia adiantar seu trabalho, realizar sua pesquisa, estudar. Deixaria de

levar trabalho para casa e ainda teria a oportunidade de interagir com os colegas

enquanto planeja. Eu já vi professor pedi a aluno para acessar a internet para

pesquisar alguma coisa. Portanto, é admitir que não vivemos mais sem acesso a ela.

(Sueli)

É evidente que as relações que estabelecemos diariamente, sofreu uma revolução com

o uso das emergentes tecnologias digitais, permeadas principalmente com o uso da internet.

Essa tornou-se um instrumento importante de pesquisa, interação, comunicação, diversão,

estudos. É complexo conceber que dentro dessa realidade encontram-se ainda escolas

totalmente alheias e desconectadas do mundo virtual, porém é uma realidade não só dessa

escola.

Na fala do professor 1, na qual descreve que na relação professor/aluno existe uma

competição. Essa competição está relacionada ao aluno que está situado em seu tempo, um ser

altamente tecnológico, capaz de estar conectado com o mundo, através de seu conhecimento

sobre as tecnologias e desconectado do contexto da sala de aula. E isso exige do professor um

repensar sobre a sua prática para dar conta desse novo sujeito, na busca por compreender

como se constroem aprendizagens na contemporaneidade. Como já afirmamos,

Tradicionalmente, os professores vêm reproduzindo a sala de aula centrada na

transmissão de informações. Tradicionalmente, a sala de aula é identificada com o

ritmo monótono e repetitivo associado ao perfil de um aluno que permanece

demasiado tempo inerte, olhando o quadro, ouvindo récitas, copiando e prestando

contas. Assim, tem sido a pragmática comunicacional da sala de aula: o falar/ditar

do mestre (SILVA, 2007, p. 21).

Mesmo compreendendo a relevância do uso da tecnologia digital como um recurso importante

para a construção da aprendizagem, não podemos esquecer de que esses podem ainda ser utilizados

apenas como um instrumento inovador para um projeto de educação centralizado na transmissão, e

não na interação. E a interação é um conceito básico da contemporaneidade. Entendendo que a prática

pedagógica se dá no movimento relacional de comunicação entre estudantes e professores, é possível

perceber que a maioria das práticas realizadas na escola, mesmo com o uso de algum recurso

tecnológico, ainda estão centradas na comunicação que se estabelece nessa estrutura de transmissão e

não de interação. O estudante está como sujeito passivo e não ativo no processo de construção do

conhecimento.

É possível identificar essa postura pedagógica na descrição dos professores:

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Professor 2: Sempre que eu estava na sala de aula, e que eu tinha a oportunidade de

utilizar, eram às aulas mais tranquilas que eu tinha, pois eu consiga ter a atenção

desses alunos, não era a de todos, não vamos nos iludir, mas da grande maioria.

Mas, era esse momento que tinha o maior número de atenção dos alunos.

Professor 5: E eu quero confessar que sempre que trabalhei com temas transversais

eu sempre utilizei as novas tecnologias, principalmente o projetor. Inclusive tenho

minhas palestras e meus trabalhos todos prontinhos. Só precisando adequar uma

coisinha ou outra para cada situação. E aqui devido ao comportamento e indisciplina

de muitos nossos alunos eu tive e tenho medo de utilizar. Porque depredam até uma

lâmpada. Sabe a gente levar um aparelho, e as colegas aqui sabem como é, que custa

caro e para utilizar e a gente vê que eles acabam com as carteiras, acabam com os

próprios cadernos, acabam com tudo. Estou apenas querendo levantar uma questão,

que talvez antes de nós pensarmos nas tecnologias, temos que fazer um trabalho

voltado para esse comportamento.

O recurso utilizado aqui pelo professor 2, e que garante o sucesso da sua aula, é o

projetor de slides, produz um significativo resultado naquele momento específico. Mas,

percebe-se que o estudante apenas vê, observa. A tecnologia Digital é entendida como

mecanismo de manutenção a ordem, da disciplina, naquele momento.

O professor 5 manifesta que possui medo, receio de utilizar os recursos devido ao

comportamento de seus alunos. Assim, percebe-se que não se trata da utilização ou não da

tecnologia e sim da metodologia, da maneira como o professor compreende o processo de

aprendizagem, sua realidade e sobretudo, na maneira como ele estrutura seu planejamento

para intervenção na realidade.

O relato da professora a seguir, demonstra essa relação entre a concepção

metodológica, a tecnologia digital e o contexto contemporâneo:

Professor 6: Uma vez eu tive uma experiência incrível com os alunos. Fiz um

apanhado do assunto e pedi que eles fizessem um vídeo como se fosse para TV. Foi

impressionante. Eles pegaram logo o celular, começaram a agravar e o resultado foi

maravilhoso. Foi ótimo o resultado. Porque eles vivem esse universo tecnológico. O

dia a dia deles é essa tecnologia aí. Então, nós temos que nos apropriar dessa

tecnologia porque a gente está ficando pra trás. As vezes cuspe e giz, com esse

público não faz efeito. Nossos alunos são digitais. Eles são tecnológicos. É a era

digital. É essa a sociedade. Quando colocamos na sala de aula esses recursos, a aula

flui melhor, eles se interessam. Chega a ser prazeroso.

O relato acima descreve uma experiência simples, porém que dá conta da reflexão

sobre a prática pedagógica nesse contexto em que discutimos o uso da tecnologia digital na

sala de aula, principalmente por não se tratar de apenas introduzi-la, mas sobretudo, de tornar

nosso estudante sujeito do processo, através da interação comunicacional. E esse processo só

é possível pela permanente reflexão sobre a prática pedagógica e na construção do

planejamento docente em atenção a essa sociedade e as suas permanentes e constantes

modificações.

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A contribuição sobre a importância do planejamento, foi também citada nesse

momento de escuta, em que a professora evidenciou que infelizmente nem todos os/as

professores/professoras percebem a sua relevância para a prática pedagógica na escola;

Professor 6: Acho que planejamento norteia qualquer atividade humana. Tudo o que

fazemos no dia a dia é fruto de um planejamento. Por que não em sala de aula? As

vezes não compreendo como é que, um profissional, um professor é tão resistente ao

planejamento. Porque assim, eu não consigo ir pra sala de aula sem fazer meu

planejamento. Diário. Eu não sei se estou correta. Eu valorizo mais o meu

planejamento diário, aquele que discorro sobre tudo o que irei fazer no dia, do que o

meu planejamento de curso. O diário é o do dia-a-dia. Aquele que você depois irá

avaliar se conseguir atingir seus objetivos. Se precisará repetir aquela aula. O

planejamento é o norte de tudo.

O discurso da professora, nos reporta a nossa reflexão inicial na construção dessa

pesquisa em que Vasconcelos (2005, p. 13) afirma que é importante “investir no

convencimento do professor em relação à necessidade do planejamento e na sua capacitação

para elaboração e realização de projetos”.

Além disso, é importante destacar que ao relacionar o planejamento com o uso das

tecnologias digitais, precisamos estar atentos as situações mais diversas, conforme a:

Professor 3: Se você faz um planejamento para o uso das tecnologias digitais, por

experiência própria, tenha sempre o plano “B”. Porque no momento em que você

(por exemplo) está lidando com um projetor e por exemplo falta energia, você

deverá deixar de dar aula? Então lembrar que tecnologias Digitais é apenas um

recurso. Ele jamais substituirá o trabalho do professor, a forma dele trabalhar.

Porque as vezes nós culpamos não ter o recurso ou a falha dele como o entrave para

a realização da nossa aula. Não só no sentido se preparar para uma aula específica,

mas para o imprevisto.

A escuta nos permitiu perceber no grupo de professores o interesse e sobretudo a

relevância desses para com a temática, por entenderem que é uma necessidade apontada pela

atualidade e por reconhecerem que precisam desenvolver suas habilidades para lidar com as

tecnologias digitais.

Sobretudo, as falas apontavam para a necessidade de atenção a formação do professor

e questionavam as formas de implementação de programas da ordem da inclusão digital nas

escolas, como o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) e o Programa Um

Computador por Aluno (PROUCA), nos quais a escola está inscrita, possui os equipamentos,

mas que nunca funcionaram. Primeiro porque a escola não possui as condições de

infraestrutura exigidas para a instalação do laboratório de informática, segundo porque em

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nenhum momento, os professores receberam nenhum tipo de formação específica sobre o uso

pedagógico dessas tecnologias. Vejamos o que descreve a professora:

Professor 3: Como é que nós podemos discutir a utilização de tecnologias se na

nossa escola temos 10 computadores que há dois anos estão encaixotados? Ainda

mais que a educação no nosso as coisas não são resolvidas com planejamento, são

despejadas. Olha agora tem que se fazer isso. Olha a tendência é essa. E nós temos

que estar acompanhando. E nós nos vemos numa situação de desequilíbrio. A

Exemplo disso são esses leptops (referindo-se a netbooks recebidos através do

programa PROUCA). Em 2012 eu trabalhava em outra escola, quando chegou esses

equipamentos na escola. Não chegou nenhuma proposta de trabalho, eu não me

recordo de ter tido reunião para apresentar o programa, nada que pudesse orientar

quanto ao uso. Ele só chegou, foram entregues a escola e pronto. Todas as escolas,

que receberam certamente passaram pelo mesmo processo.

Professor 1: O que acontece nas escolas na maioria das vezes é que montam os

laboratórios, pegam os computadores e quando funcionam querem que os

professores utilizem sem nem saber. E muitas vezes quando o professor não utiliza,

é que o professor é desinteressado. É que o professor é desleixado. A gente não sabe

pra que veio, porque e pra onde vai. A gente fica com esse material aí, mas não se

sabe como utilizar. Em nenhum momento foi dito: isso aqui é pode ser usado. Essa

realidade de tecnologias que ficam na escola sem serem utilizadas não é só dessas

escolas não. É de muitas escolas. Elas chegam, mas nenhuma formação ou suporte é

oferecido ao professor. Eu vejo isso também como uma prova de resistência a esse

tipo de política vertical.

A descrição dos professores é comum as muitas escolas públicas que conhecemos.

Laboratórios que não funcionam, equipamentos em que são desconhecidas as suas utilidades e

potencialidades, inexistência de processos formativos objetivando o uso pedagógico desses

recursos digitais pelos professores. Entretanto, os professores também reconhecem que dar

conta das questões relacionadas a formação e a infraestrutura não é suficiente para garantir

que as tecnologias digitais sejam realmente recursos utilizados pelos professores. Vejamos o

que pensa as professoras:

Professor 2: Pode ter um espaço maravilhoso, com todos os equipamentos. Pode ter

sala e pessoas a sua disposição para auxiliá-los, mas se o professor não se permitir se

qualificar e colocar em prática a sua qualificação, nada irá mudar.

Em outras falas é possível ainda destacar:

Professor 3: Voltando aí para a questão da tecnologia, desde quando entrei nessa

escola, uma das coisas que mais me chamou a atenção na escola, no meu trabalho,

foi o uso justamente da tecnologia. Chegaram a me pedir assim: Tainá, me ensine a

usar. Porque eu gostaria.

Professor 6: Eu entendo que a formação continuada ela é de extrema importância

para que o professor possa desenvolver melhor seu trabalho, seja utilizando as

tecnologias digitai ou não, pois é a formação que nos ajudará a desenvolver melhor

nosso trabalho.

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As análises dos documentos, Projeto político Pedagógico e Planejamento de Ensino

dos professores, bem como o círculo de escuta, comprovam que os professores já utilizam ou

já utilizaram as tecnologias digitais em suas práticas pedagógicas. Entretanto, é salutar que

estes enfrentam desafios da ordem das condições de trabalho, relacionadas a infraestrutura e

ao suporte, bem como a incipiência de processos formativos que possibilitem a reflexão sobre

suas práticas, bem como para o desenvolvimento de habilidades para utilização de tecnologias

digitais, consideradas “natas” ao nosso aluno, ou seja, consideradas domínios naturais dos

alunos.

O enfrentamento de questões relacionadas a ordem de infraestrutura, de suporte

técnico, caminham contrárias as possibilidades de atuação do coordenador pedagógico,

considerando a ordem de suas responsabilidades, entretanto, se põe a sua frente como desafio

ao educador que luta pelas melhores condições de trabalho. Além disso, na sua perspectiva de

formador, suas contribuições podem ser extremamente significativas através de processos que

reúnam a reflexão sobre a prática pedagógica, a ação pedagógica em si (através do

acompanhamento a elaboração do planejamento, das atividades individuais e coletivas) bem

como sobre a formação, sua e do coletivo de professores. Vamos construir as pontes!

4.3 CONSTRUINDO PONTES – PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

4.3.1 Objetivo geral:

Realizar processo formativo com os professores da unidade, visando a ressignificação

do planejamento e das práticas pedagógicas, para a utilização de tecnologias digitais enquanto

recursos metodológicos.

4.3.2 Objetivos específicos:

Refletir sobre os desafios da educação contemporânea, novas metodologias de

ensino com adoção de tecnologias digitais;

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Discutir sobre possibilidades de organização do trabalho pedagógico para a

inserção das tecnologias digitais;

Refletir sobre o planejamento enquanto instrumento intencional de intervenção na

construção de aprendizagens;

Discutir sobre os conceitos de diferentes tecnologias digitais, bem como

desenvolver habilidades para a sua utilização;

Acompanhar as atividades a serem desenvolvidas pelos professores, visando

reorientar as ações dessa proposta de intervenção;

Estabelecer parcerias para o desenvolvimento das Oficina de Experimentação

Digital;

Dialogar com os gestores municipais sobre a pesquisa realizada na instituição,

visando socializar as necessidades de infraestrutura da instituição;

Criar espaço dialógico e de registro online das atividades desenvolvidas, visando

registrar o processo formativo, bem como as atividades desenvolvidas em sala de

aula.

4.3.3 Metodologia

Não é tarefa fácil definir o percurso metodológico que dê conta de tantos desafios.

Entretanto, as experiências que construímos vão possibilitando experimentar em diferentes

espaços e momentos, instrumentos metodológicos que nos oportunizam a construção de um

saber mais democratizado. Nessa perspectiva, definimos desde o início que esse trabalho seria

construído com base numa proposta metodológica de escuta, de trocas entre pares.

Assim, tomamos como métodos dessa intervenção o círculo de escuta, círculo de cultura e as

oficinas de experimentação das tecnologias digitais.

Por que círculo? Por que Círculos? Porque aqueles e aquelas inseridos no processo

estarão organizados em círculo. Onde é possível olhar-se, sem a postura em destaque, o todo

pelo todo, numa relação de troca de saberes.

No círculo de escuta o objetivo ou intento é a apenas ouvir e registar. O ouvinte

(aquele que se coloca diante do grupo nessa função) apenas observa e registra as discussões.

Suas conclusões só são apresentadas ao grupo em um outro momento, em que ele apresenta

sua análise do processo de discussão ou avaliação.

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O Círculo de Cultura configura-se como metodologia inspirados no método Paulo

Freire. A metodologia de formação humana dos Círculos de Cultura concretiza sua visão

epistemológica, teórica e educativa, especialmente a concepção de que os envolvidos são

sujeitos de seu processo de formação, onde todos aprendem (BRASIL, 2006. P. 16).

A busca por esses espaços proximais na escola, se dá em um momento em que as

relações estão estreitamente estabelecidas pelas especialidades impostas pela cultura

capitalista, sendo necessária uma maior proximidade humana para um processo educativo

emancipador. Assim,

O Círculo de Cultura leva em consideração características essenciais da formação

humana. Reconhece a pessoa como sujeito histórico, em permanente construção de

si mesmo. Neste sentido, somos seres inacabáveis e incompletos, em permanente

superação do estágio em que chegamos. Tudo o que somos, por mais maravilhoso e

importante que seja, é mero patamar de tudo o que ainda podemos ser. Estamos em

permanente passagem do que éramos para o que seremos. Neste sentido, precisamos

estar atentos ao novo que emerge, porque, num processo de construção democrática

e cidadã, apoiado por uma educação emancipadora, vivemos num permanente

processo de superação, de ruptura com o passado na construção do futuro.

((BRASIL, 2006. p. 38-39).

É nessa perspectiva de construção de novos saberes, em que os envolvidos são sujeitos

da sua própria formação, que compreendo ser relevante para ressignificação do nosso fazer

em atenção ao novo que emerge na sociedade da informação e comunicação.

Da mesma maneira, quando discutimos os conceitos de tecnologias digitais,

remetemo-nos ao domínio não só de conhecimentos teóricos, mas sobretudo práticos. Sendo

necessário realizar atividades que possibilitem o desenvolvimento de habilidades para

utilização de recursos digitais. Assim, a partir das necessidades apontadas pelos professores,

realizaremos as oficinas de experimentação de tecnologias digitais, que darão suporte não

apenas a conhecer os instrumentos digitais, mas a explorar suas possibilidades didáticas em

sala de aula.

Ao longo do desenvolvimento das ações, outras metodologias poderão ser

incorporadas, visando articular teoria e prática, tais como: grupo on-line de discussão e diário

de bordo.

4.3.4 Ações

Círculos de Escutas – Dando voz e vez ao professor!

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Círculo de Cultura 1- Apresentar o resultado da Análise de Dados aos professores

/Apresentar a proposta de continuidade da intervenção/ Discutir sobre as possíveis

adequações

Reunião técnica - Apresentar os resultados da Analise e a intervenção a equipe

técnica da Secretaria de Educação e a Gestão - Solicitar a Secretaria de Educação

atendimento as solicitações da unidade escolar quanto às adequações de espaço

para implantação do laboratório de informática; Apresentar a proposta da PI

Círculo de cultura 2 – Planejamento – Discutindo o sentindo do planejamento

Círculo de cultura 3 – Ressignificando o planejamento

Circulo de cultura 4 – Planejamento – Entre o PPP, o Projeto de Aprendizagem e o

Plano de Aula.

Círculo de Cultura 5 – Os desafios da sociedade da informação para a educação.

Oficina de Experimentação de Tecnologias 1- A televisão e o projeto de slides –

construindo possibilidades de interação.

Oficina de Experimentação de Tecnologias 2 - Aprendendo com o Áudio e Vídeo

– Explorando as possibilidades do Celular

Oficina de Experimentação de Tecnologias 3 – As redes sociais – Diálogos abertos

Oficina de Experimentação de Tecnologias 4 – Aprendendo com o Hipertexto

Oficinas de Experimentação de Tecnologias 5- Explorando os Objetos Digitais de

Aprendizagem;

Diálogos com a Contemporaneidade – I Mostra de Práticas Pedagógicas com o

Utilização de Tecnologias Digitais

4.3.5 Tempo, tempo, tempo! Cronograma de atividades

Apresento o no quadro abaixo, um cronograma das ações que serão desenvolvidas:

Quadro 1: Cronograma da Proposta de Intervenção

PERÍODO/MÊS/ANO AÇÃO DESENVOLVIDA ENVOLVIDOS

DEZEMBRO Círculo de Escuta Coordenador Pedagógico

Cursista/Professores

FEVEREIRO Círculo de Cultura 1, 2, 3, 4 Coordenador Pedagógico

Cursista/Professores /

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Gestores Escolares

Círculo de Escuta

Reunião técnica Coordenador Pedagógico

Cursista/Equipe Secretaria de

Educação/Gestores Escolares

MARÇO Círculo de Cultura 5 – Os

desafios da sociedade da

informação para a educação.

Coordenador Pedagógico

Cursista/Professores/

Gestores Escolares

Oficina de Experimentação

Digital 01 e 02

Coordenador Pedagógico

Cursista/Professores/

Gestores Escolares Círculo de Escuta

ABRIL

Oficinas de Experimentação

Digital 03, 04 e 05

Coordenador Pedagógico

Cursista/Professores/

Gestores Escolares

Círculo de Escuta

JULHO I Mostra de Práticas

Pedagógicas com o

Utilização de Tecnologias

Digitais

Coordenador Pedagógico

Cursista/Professores/

Gestores Escolares/Alunos

(as) Círculo de Escuta

4.3.6 Recursos

Considerando as especificidades e a flexibilidade do processo de planejamento, cada

círculo de escuta, círculo de cultura e oficina exigirá a organização de recursos específicos a

serem considerados no momento da elaboração de seu planejamento. Entretanto, vale salientar

que todos os esforços serão dispensados para que os mais variados recursos sejam utilizados,

com vistas à adequação das atividades à realidade da instituição e ao mesmo tempo dar

sentido efetivo a proposta.

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4.3.7 Acompanhamento e avaliação

A avaliação nesse processo se dará na perspectiva colaborativa, considerando que o

professor é sujeito histórico da sua profissionalização. Assim, as suas apreensões e

sentimentos dentro do processo serão consideradas para reestruturação da proposta quando

essa se fizer necessária.

Assim, após a realização de cada momento, os círculos de escuta serão orientados para

avaliar a formação, visado dialogar com os objetivos pretendidos e oferecer pistas sobre os

caminhos a serem percorridos.

Outra ferramenta de avaliação será o diário de bordo (online) que será orientado para

registro das atividades, visando criar um memorial coletivo das atividades realizadas durante

o processo formativo.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sociedade atual caracterizada por sua permanente evolução e desenvolvimento das

tecnologias digitais vem transformando as relações das pessoas, uma vez que estão tão

presentes no cotidiano das pessoas que estas já não concebem suas relações sem relacioná-las.

As alterações sociais decorrentes da banalização do uso e do acesso das tecnologias

eletrônicas de comunicação e informação atingem todas as instituições e todos os

espaços sociais. Na era da informação. Comportamentos, práticas, informações e

saberes se alteram com extrema velocidade. Um saber ampliado e mutante

caracteriza o atual estágio do conhecimento na atualidade. Essas alterações refletem-

se sobre as tradicionais formas de pensar e fazer educação. Abrir-se para novas

educações - resultantes de mudanças estruturais nas formas de ensinar e aprender

possibilitadas pela atualidade tecnológica - é o desafio a ser assumido por toda a

sociedade. (KENSKI, 2008, p. 27).

Nesse contexto, entendendo ser a escola um espaço de múltiplos saberes e interações

sociais, propomo-nos, nesse trabalho, realizar um estudo sobre as tecnologias digitais e a

prática pedagógica dos (as) professor(as). Considerando que

Esse é um dos grandes desafios para a ação da escola na atualidade. Viabilizar-se

como espaço crítico em relação ao uso e à apropriação dessas tecnologias de

comunicação e informação. Reconhecer sua importância e sua interferência no modo

de ser e de agir das pessoas e na própria maneira de se comportarem diante de seu

grupo social, como cidadãs. (KENSKI, 2008, p. 25).

O principal objetivo dessa pesquisa foi analisar como a prática pedagógica dos

professores relaciona-se com uso das novas tecnologias, visando responder as seguintes

questões: A prática pedagógica dos professores está organizada para o uso das tecnologias

digitais? Quais as dificuldades enfrentadas para efetivação de sua utilização? Que sentido tem

as tecnologias para os professores dentro do processo de ensino-aprendizagem?

As leituras que fazemos da realidade atual da escola, e das práticas apontam a

necessidade de reinvenção da sala de aula, que esteja voltado para esse novo aluno. A escola

ainda vista como espaço monótono e repetitivo, precisa tornar-se um espaço da criação, da

reinvenção, da busca, da interação e colaboração nos processos de aprendizagem.

Na busca dos caminhos que apontariam as respostas para as indagações da pesquisa e

por entender que a prática pedagógica do professor perpassa inicialmente pela construção dos

instrumentos de planejamento, realizamos a análise documental, analisando o Projeto Político

Pedagógico e os Planos de ensino, onde buscamos refletir sobre as concepções de ensino, de

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homem, de sociedade e a sua relação com as propostas metodológicas de utilização das

tecnologias em sala de aula, relacionadas nos instrumentos de planejamento apresentados,

PPP e Planejamento de Ensino.

É na construção dos processos de planejamento que os professores realizam as suas

reflexões sobre a realidade e constituem suas propostas de ensino e organizam as suas práticas

pedagógicas. A reflexão não pode interferir na realidade diretamente, quem age direta ou

indiretamente são os sujeitos. (VASCONCELOS, 2005.p.9)

Na análise dos documentos percebemos que os (as) professores (as) propõe nesses

instrumentos a utilização desses recursos. Além de apresentar divergências entre os

instrumentos de planejamento, ou seja, não há diálogo entre o campo das concepções das duas

propostas (o PPP da Escola e o Planejamento de Ensino os professores).

O PPP ainda aponta que veem na atuação dos professores a necessidade de sua atenção

para as mudanças ocorridas e que de alguma forma poderiam influenciar no seu projeto de

trabalho, ou seja, no planejamento de ensino.

A análise dos planejamentos aponta que os professores apresentam, em seus

planejamentos, algum tipo de tecnologia digital enquanto recurso para subsidiar a sua prática

pedagógica. Entretanto, percebemos que o professor não possui clareza da proposta que está

realizando ou assim faz aleatoriamente, sem reflexão sobre a sua prática e sobre o contexto

em que está inserido, desconsiderando aspectos como necessidade e condições externas

(equipamentos que funcionem, escolha dos recursos adequados a cada turma, etc.). Percebe-se

que os professores quando se utilizam dos recursos digitais disponíveis, o fazem apenas para

“inovar” em práticas que ainda baseiam-se na mera transmissão passiva de conteúdos.

No círculo de escuta, percebemos as perspectivas iniciais apresentadas na análise dos

documentos, bem como identificamos os desafios que dificultam a utilização dos recursos das

tecnologias digitais pelos professores. Os desafios apontados: as condições de infraestrutura

(inexistência de espaços adequados a realização de atividades multimídia, falta de acesso à

internet, a falta de suporte técnico e a formação para a utilização desses recursos.

Os problemas relacionados à ordem de infraestrutura, de suporte técnico, fogem as

atribuições e responsabilidade do coordenador pedagógico. Entretanto, se põe a sua frente

como desafio ao educador que luta pelas melhores condições de trabalho. Além disso, na sua

perspectiva de formador, suas contribuições podem ser extremamente significativas através de

processos que reúnam a reflexão sobre a prática pedagógica, a ação pedagógica em si (através

do acompanhamento a elaboração do planejamento, das atividades individuais e coletivas)

bem como sobre a formação, sua e do coletivo de professores.

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Os principais desafios enfrentados no processo de construção desse projeto,

enumeram-se primeiramente em relação ao tempo pedagógico nas escolas, considerando que

as unidades estão em processo de finalização do ano letivo, o que comprometeu a realização

de outros tempos da intervenção. E em segundo no acumulo de atividades desenvolvidas por

nós coordenadores pedagógicos, o que muitas vezes comprometeu os prazos estabelecidos, os

tempos de dedicação a análise dos dados, uma escuta maior dos professores e uma necessária

observação das suas práticas, que não foi realizada, considerando justamente a escassez de

tempo.

Com os dados apresentados na análise da pesquisa, acreditamos ter alcançado os

objetivos propostos e assim responder à problemática inicial. Entretanto, está posto o desafio

de colaborarmos com a minimização das dificuldades enfrentadas pelos professores, e,

sobretudo, contribuir para que esses sujeitos realizem nos processos de construção dos

instrumentos de planejamento uma maior reflexão sobre a sua realidade, buscando ampliar as

suas metodologias através da utilização das tecnologias digitais.

O contributo para a construção de novas possibilidades de utilização das tecnologias

digitais na prática pedagógica dos professores se estruturou através da Proposta de

Intervenção. E, por ser uma colaboração no processo formativo dos professores, não está

sendo considerada uma proposta estativa, mas em permanente movimento.

Sobretudo, é salutar dizer que, para além das questões ligadas a prática pedagógica do

professor, está o total distanciamento da escola em si deste mundo amplamente tecnológico.

Enquanto vivemos uma realidade totalmente digital nas nossas casas, no trabalho, nas ruas,

nos diversos espaços sociais, na escola, essa realidade ainda é retardatária ao processo de

evolução tecnológica. Falta o mínimo de condições estruturais para acolher dignamente

estudantes e professores e ao mesmo tempo que oportunizem a construção de saberes em

processos significativos, com ou sem tecnologias digitais.

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