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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 DENICE QUEIROZ DA SILVA A COORDENADORA PEDAGÓGICA ENQUANTO MEDIADORA NA INTERAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA, ATRAVÉS DA FORMAÇÃO CONTINUADA. Salvador 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

DENICE QUEIROZ DA SILVA

A COORDENADORA PEDAGÓGICA ENQUANTO MEDIADORA NA INTERAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA, ATRAVÉS DA FORMAÇÃO CONTINUADA.

Salvador 2016

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DENICE QUEIROZ DA SILVA

A COORDENADORA PEDAGÓGICA ENQUANTO MEDIADORA NA INTERAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA, ATRAVÉS DA FORMAÇÃO CONTINUADA.

Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica. Orientador: Prof. Francineide Bárbara Silveira do Nascimento

Salvador 2016

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DENICE QUEIROZ DA SILVA

A COORDENADORA PEDAGÓGICA ENQUANTO MEDIADORA NA INTERAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA, ATRAVÉS DA FORMAÇÃO CONTINUADA.

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.

Aprovado em janeiro de 2016.

Banca Examinadora

Primeiro Avaliador.____________________________________________________ Segundo Avaliador. ___________________________________________________ Terceiro Avaliador. ____________________________________________________

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me permitir mais esta conquista.

A minha filha e meu esposo, pelo apoio e compreensão nos momentos difíceis em

que tive de me ausentar. A minha tutora Maria, minhas colegas coordenadoras

cursistas pelo apoio e a minha querida amiga Anna Iara que sempre esteve ao meu

lado durante todo o curso, a Secretaria Municipal de Educação pelo apoio e

colaboração, meu muito obrigada.

A minha orientadora, Prof. Francineide Bárbara Silveira do Nascimento, pela paciência e competência ao me auxiliar nesta jornada.

À Faculdade de Educação da UFBa e ao Programa Escola de Gestores, por levarem

a cabo esta iniciativa que beneficia tantos Coordenadores Pedagógicos como eu.

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Não sou apenas objeto da história, mas seu sujeito igualmente.

No mundo da história, da cultura, da política constato não para

me adaptar mas para mudar. (FREIRE, 1996, p. 77).

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SILVA, Denice. A coordenadora pedagógica enquanto mediadora na interação família e escola, através da formação continuada: 2015.

Projeto Vivencial (Especialização) – Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.

RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso é fruto de estudos teóricos e pesquisa bibliográfica que aborda a coordenadora pedagógica enquanto mediadora na interação família e escola, através da formação continuada, tem como proposta metodológica ações de intervenção numa escola que apresenta dificuldades em envolver as famílias no acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem. Descrevo a respeito da importância da formação continuada para professores com objetivo de refletir sobre a função da coordenadora pedagógica enquanto mediadora da interação família e escola, com vistas a garantir o processo de ensino e aprendizagem. Neste contexto, a gestão democrática e participativa se faz presente, pois trata-se uma escola pública municipal. A participação da família no acompanhamento das atividades escolares é necessária para que os(as) estudantes percebam a importância da escola na construção de conhecimentos, tendo em vista que esta é a instituição que dá continuidade ao processo educativo que inicia-se no âmbito familiar. Palavras-chave: Coordenadora Pedagógica. Formação Continuada. Gestão Democrática. Família. Escola.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

CP Coordenador Pedagógico

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação

UFBA

INDIQUE

Universidade Federal da Bahia

Indicador de Qualidade na Educação

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................. 10

1 MEMORIAL................................................................................................. 14

1.1 VIDA ACADÊMICA...................................................................................... 14

1.2 VIDA PROFISSIONAL................................................................................. 15

1.3 EXPECTATIVAS.......................................................................................... 16

2 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................... 18

3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO................................................................ 25

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR......................................... 25

3.2 CAMINHOS PERCORRIDOS NA PESQUISA-AÇÃO............................... 27

3.2 AÇÕES DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO............................................ 35

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 38

REFERÊNCIAS........................................................................................... 40

APÊNDICE.................................................................................................. 41

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INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso visa refletir sobre a função da

coordenadora pedagógica enquanto mediadora na interação família e escola através

da formação continuada, com vistas a garantir o processo de ensino e aprendizagem

assim, pretende-se debruçar na leitura de textos e artigos de Bandeira(2006),

Miziara, Ribeiro e Bezerra (2014), Marques (2006), Oliveira e Marinho-Araújo (2010),

Ribeiro e Andrade (2006) com intuito de buscar elementos que subsidie o trabalho

pedagógico na interação das relações interpessoais entre a escola e a família,

promovendo momentos de reflexão e construção de ações para ressignificar a

práxis pedagógica. Esse estudo não tem a pretensão de solucionar todos os

problemas que envolvem o tema em questão, mas buscar subsídios que possam

amenizar esta distância existente entre escola e família, com foco na melhoria da

qualidade do ensino e da aprendizagem.

Destarte foi escolhido como objeto de estudo; o papel da coordenadora

pedagógica enquanto mediadora na interação família e escola, através da formação

continuada. Tem como objetivos refletir sobre a função desta profissional na

formação continuada para fortalecer a relação da escola com a família com vistas a

garantir o processo de ensino e aprendizagem e assim reunir com a comunidade

escolar para pensar sobre as atribuições e responsabilidades da família e da escola

baseados no regimento interno e no estatuto do magistério e construir um canal de

comunicação eficiente para aproximar a família da escola.

Percebe-se a relevância desse tema partindo do pressuposto de que a escola é

uma instituição de cunho social e dentre outras funções tem como premissa

colaborar na formação do indivíduo tanto na formação pessoal quanto na formação

profissional. Sendo a escola a instituição que dá segmento a educação familiar, esta

se configura como o primeiro espaço educativo do sujeito, e a escola pública, por ser

democrática, precisa fortalecer a relação com as famílias e promover a participação

da comunidade escolar em prol de uma educação de qualidade.

Tendo como um dos princípios da escola pública, a gestão democrática,

instituída por aporte legal através da Constituição Federal de 1988 e confirmada pela

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 a participação da

comunidade escolar torna-se importante e necessária oportunizar um espaço onde

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todos possam colaborar para a construção da educação de qualidade que tanto se

almeja. Assim, entende-se como gestão democrática, a participação dos sujeitos de

forma ativa e crítica num espaço onde os membros da comunidade escolar

colaborem com as tomadas de decisões e se co-responsabilizam pelo sucesso ou

fracasso desta instituição.

Para que a gestão democrática realmente aconteça na escola é preciso que

haja consciência por parte de todos os envolvidos da importância dessa participação

de forma significativa para alcançar o sucesso, Bastos (2002) apud Marques (2006,

p. 513) afirma que:

A gestão democrática da educação abre a perspectiva do resgate do caráter público da administração pública, estabelecendo o controle da sociedade civil sobre a escola pública e a educação, garantindo a liberdade de expressão, pensamento, criação e organização coletiva e, ainda, facilitando a luta por condições materiais para a aquisição e manutenção dos equipamentos escolares, bem como de salários dignos para os profissionais da educação.

Com o exercício da gestão democrática a escola estará abrindo as portas para

a participação popular permitindo a construção coletiva de propostas que visa o bem

comum, atendendo as necessidades locais na busca de equacionar os problemas e

valorizar os profissionais que ali atuam.

Neste cenário, a participação dos docentes na formação continuada se torna

primordial para a reflexão da práxis pedagógica de forma coletiva e/ou individual

com objetivo de promover a mudança no processo de ensino e aprendizagem

resignificando o ato de ensinar e a forma de aprender dentro da sala de aula, numa

construção de conhecimento baseado no diagnóstico real com consciência coletiva.

O conhecimento é um diálogo, é uma expressão de liberdade, na medida em que temos consciência de uma leitura crítica da realidade, onde a nossa reflexão deve ser um constante devir, na perspectiva de indagação e de esquadrinhar com a imaginação, sem acordo com resposta estanques e únicas. (BANDEIRA, 2006, p. 01).

Para que advenha a mudança de postura no ato de ensinar é preciso que haja

a leitura crítica da realidade e para que isto ocorra a escola tem que promover a

formação continuada, este que é assunto de debates por parte de pesquisadores e

profissionais da educação, e encontra-se ancore na LDB 9394/96 que legitima a

necessidade de formação inicial e continuada dos profissionais da educação e em

especial do(a) professor(a). Desta forma, torna-se necessário que a escola propicie

aos professores momentos de reflexão sobre suas práticas pedagógicas a partir dos

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conhecimentos teóricos e empíricos compreendidos entre sua formação inicial e a as

atividades desenvolvidas na sala de aula, esses momentos são primordiais para a

melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem.

Entende-se que a educação aconteça em vários ambientes, mesmo fora da

escola, mas é nela que culturalmente é instituída a ação educativa, que fica a cargo

dos especialistas em educação, professores, coordenadores pedagógicos,

funcionários e diretores a responsabilidade de mediar o processo educativo. Isto não

significa que a família deva está ausente da responsabilidade de acompanhar o

processo de desenvolvimento das crianças e contribuir para seu crescimento

intelectual.

Enquanto coordenadora pedagógica tenho observado que na Escola José

Benedito, situada na Zona Rural do município de Governador Mangabeira, as

famílias não participam ou tem pouca participação no acompanhamento do

desenvolvimento dos filhos e filhas, pois algumas não acompanham a aprendizagem

durante o bimestre, são ausentes nas atividades promovidas pela escola como

passeios, projetos, reuniões, festas comemorativas (dia das mães e dia dos pais) e

quando são convidadas a dialogar com a escola e resolver alguma situação-

problema de aprendizagem ou indisciplina do filho ou filha, não aparecem e nem

justificam sua ausência.

Contudo, nota-se que a escola não tem promovido atividades que possam

oportunizar as famílias a participarem mais e de forma ativa das ações

desenvolvidas com os (as) estudantes, poucos tem sido os espaços para a

participação das famílias e quando ocorrem não atendem as necessidades e

compatibilidade de dias e horários de pais e mães que tem uma rotina de trabalho

densa, em alguns casos com mais de 08h diárias.

Tendo em vista que nos últimos anos as famílias têm demonstrado uma

transferência da responsabilidade da educação dos filhos e filhas para a escola e

para os profissionais que nela atuam percebe-se também a transferência da

responsabilidade da educação das crianças e jovens ser assinalada para os/as

professores/as em contrapartida a essa assertiva a escola tem contestado essa

responsabilidade e transferido para as famílias; o fracasso dos alunos/as.

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Hora a escola acusa as famílias sobre o fracasso escolar, hora as

famílias contrapõem esse discurso e retorna a responsabilidade para a escola.

Nesta perspectiva o/a estudante que sofre as consequências do resultado dessa

quebra de braço que só tem aumentado os índices negativos de aprendizagem.

Assim, a formação continuada para os profissionais da educação e orientação

para as professoras e famílias faz-se necessária para se alcançar a educação de

qualidade com assunção de responsabilidades e uma educação que não se

preocupe apenas com os conteúdos, mas que busque a formação do indivíduo

contribuindo para que estes tornem-se cidadãos críticos e reflexivos capazes de

transformar a realidade em que vivem.

Como a educação escolar precisa estar associada com a vida do sujeito e com

todo o seu entorno, e visa a construção de sua autonomia, é preciso ouvir pais e

mães, e com a escuta sensível para que a escola possa promover a participação

dos responsáveis pelos estudantes durante o ano letivo considerando suas opiniões

e contribuindo para a legitimação da gestão democrática.

Desta forma, para realizar a análise desse projeto de intervenção será

realizada entrevista com 07 (sete) pais e/ou responsáveis e 04 (quatro) professoras

esses dados serão avaliados com base em aporte teórico da midiateca a fim de

buscar um olhar científico sobre função da coordenadora pedagógica e como esta

profissional poderá promover a formação continuada com vistas a fortalecer a

interação com a família para garantir o processo de ensino e aprendizagem.

Ao analisar os dados das entrevistas buscará refletir sobre a função da

coordenadora pedagógica na formação continuada, desta forma toda a escola estará

envolvida neste processo para propiciar encontros com a comunidade com a

finalidade de realizar educação continuada e fortalecer a comunicação da escola

com as famílias.

Os pais e/ou responsáveis, funcionários, professores, direção e coordenação

pedagógica estarão reunidos para pensar sobre as atribuições e responsabilidades

da família e de todos esses agentes da escola baseados no regimento interno e no

estatuto do magistério, para que juntos possam construir um canal de comunicação

eficiente e eficaz que aprimore e fortaleça a relação da escola com a família.

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Destarte, com o envolvimento de todos os atores será propiciado espaços para

planejamento participativo com ações de intervenção com vistas a ressignificar e

amenizar os problemas por hora levantados no diagnóstico que apresenta o

distanciamento das famílias com a aprendizagem e acompanhamento da vida

escolar dos filhos e filhas matriculados (as) na Escola José Benedito. Sem nenhuma

pretensão de erradicar o problema, o que se pretende no decorrer desse trabalho é

refletir e buscar alternativas para equacionar os entraves que por hora tem

dificultado o diálogo entre escola e família.

1. MEMORIAL

1.1 VIDA ACADÊMICA

Minha base educacional é oriunda da escola pública(estadual e municipal),

concluir a 4ª(quarta) série numa escola estadual, fui agraciada por uma bolsa de

estudo numa escola filantrópica da cidade para fazer o Ensino Fundamental II, iniciei

assim a 5ª (quinta) série e prosseguir nos estudos nessa escola com aprovação a

cada ano, requisito obrigatório para permanecer com o benefício da bolsa-estudo,

assim passei para o segundo grau e fiz o curso de magistério na mesma instituição,

já no segundo ano do ensino médio, fui selecionada para fazer estágio remunerado

na escola Estadual onde concluir a 4ª(quarta) série, fiz o estágio até concluir o 3º

ano do magistério, no ano de 1996.

Em 2003 fiz o vestibular na Universidade Estadual de Feira de Santana –

UEFS para o curso de Pedagogia e passei, ingressei assim na universidade. No final

do primeiro semestre de 2006, quando estava concluindo o curso de Pedagogia,

iniciei o curso de pós-graduação fazendo concomitantemente com o último semestre

do curso de graduação. Neste período fiz vários concursos para professora, entre

eles o do Município de Feira de Santana, Muritiba e Governador Mangabeira, passei

nos três concursos e assumi a função de professora apenas no município de

Muritiba, fiz uma seleção simplificada para Coordenadora Pedagógica em

Governador Mangabeira, passei também e preferi ficar com esta que era uma

atribuição nova e desafiadora para mim.

Após terminar o curso de Pós-graduação em Coordenação e Gestão Escolar,

fiz minha inscrição para o curso de especialização em Gestão de Recursos

Humanos, na Faculdade Social da Bahia – FISBA, em Salvador, ingressei em 2008

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concluindo o curso com apresentação da monografia em junho de 2010, em 2009

passei no concurso para Coordenadora Pedagógica no município de Governador

Mangabeira, onde continuo atuando na função e através dessa estou fazendo o

Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica – CECOP3.

Desde então, venho estudando e buscando aprimorar minha função

de professora e coordenadora pedagógica no processo de formação continuada

sempre focada na área, haja vista que fiz o curso de Pedagogia e nesse processo

tenho passado por momentos de reflexão e mudanças constantes de minha prática

pedagógica.

No decorrer desse percurso tenho trilhado caminhos em busca de soluções dos

desafios que tenho encontrado nas demandas do trabalho do professor e

coordenador/a pedagógico/a, esses desafios têm sido encarados como

possibilidades de crescimento e transformação tanto de minha vida pessoal, quanto

profissional e acadêmica. A cada ano tenho percebido transformações na minha

postura e forma de encarar os fatos e obstáculos e, a cada desafio novo que surge,

tenho buscado na teoria e nas minhas experiências e troca com meus colegas de

trabalho soluções possíveis de serem aplicadas em cada situação, não tem sido

tarefa fácil, haja vista que, conscientes que na educação, estamos trabalhando com

sujeitos e conhecimentos, estamos constantemente lidando com a subjetividade.

1.2 VIDA PROFISSIONAL

O trabalho como coordenadora pedagógica em escolas públicas municipais,

me possibilitou apreciar os desafios com o olhar sensível as questões que envolvem

as atividades da sala de aula, neste sentido tenho buscado o fortalecimento da

relação da família com a escola, com objetivo ressignificar a práxis pedagógica

visando a melhoria do ensino e o sucesso da aprendizagem dos alunos/as.

Já trabalhei com coordenação pedagógica do Ensino Fundamental anos finais,

Educação Infantil, da Educação de Jovens e Adultos - EJA, além de coordenar

programas e projetos dos Governos Federal, Estadual e Municipal. Na Rede

Municipal atuei na coordenação pedagógica geral da Secretaria Municipal de

Educação e por fim coordenação do Ensino Fundamental dos anos iniciais, apesar

de ser funções com públicos, níveis e modalidades diferentes, os desafios são

similares e surgem a cada dia como uma caixa de surpresas.

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Enquanto coordenador/a pedagógico/a, busco sempre resignificar o trabalho

do/a professor/a e melhorar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos, por

meio da ação-reflexão, desta forma, o estudo da realidade escolar se faz necessária

para que eu e o corpo docente da unidade de ensino em que atuo, possamos

redirecionar as ações em um aprendizado contínuo, daí a importância da formação

em serviço.

1.3 EXPECTATIVAS

Enquanto educadora percebo a importância do papel da família com a

educação inicial e continuada das crianças e jovens e no acompanhamento da

mesma nas atividades escolares, tornando-se parceira de todo o processo, desta

forma, escolhi como objeto de estudo o Coordenador Pedagógico: Formação

continuada com foco na interação família e escola, com objetivo de fortalecer esse

vínculo em prol de uma educação de qualidade.

Observo na escola que trabalho, como coordenadora pedagógica, que há uma

relação da escola com a família, porém essa relação fica mais restrita a presença

dos pais e/ou responsáveis em reuniões, quando estes são convocados pela direção

ou coordenação pedagógica, contudo falta envolvimento das famílias e mais

participação no dia-a-dia dos estudantes; no acompanhamento e realização das

atividades pedagógicas que são levadas para casa, participação efetiva no conselho

escolar para tomada de decisões importantes para o bom andamento dos trabalhos

da escola, percebo também a ausência de fortalecimento de um vínculo maior das

famílias com a escola e vice-versa, percebo uma falta de empoderamento e

ausência do sentimento de pertencimento por parte das famílias e da falta de

assunção da responsabilidade do fracasso escolar por parte dos profissionais que

nela atuam, transferindo os resultados negativos exclusivamente para as famílias.

De outro modo a escola não tem oportunizado as famílias a participarem de

reuniões de planejamento e definição das ações relevantes para serem trabalhadas

durante o ano letivo, a participação dos familiares das crianças e jovens ficam

restritas a convites para reuniões a cada bimestre e datas comemorativas.

Assim, pretendo estudar um pouco mais sobre essa relação da família e

escola buscando o fortalecimento dessa relação bilateral que tem como objetivo a

melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem da escola pública que é um

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campo rico de conhecimentos e saberes diversos, esta precisa ser resignificada com

objetivo de ser uma educação de excelência, desta forma poderemos vislumbrar

uma sociedade mais justa e igualitária.

Acredito que, todo projeto tem a função de ocasionar mudanças do presente

com projeções para um futuro próximo, assim sendo, o projeto vivencial será de

fundamental importância para fortalecer os laços da família com a escola em que

estou atuando como coordenadora pedagógica, buscarei na literatura elementos que

possam propiciar um clima de cooperativismo e parceria entre as partes com

objetivo de melhorar a aprendizagem das crianças e construirmos sujeitos críticos e

reflexivos capazes de transformar o meio que estão inseridos, tornando suas vidas

mais produtivas e felizes.

Com o projeto vivencial pretendo colocar em prática os conhecimentos

adquiridos durante o curso de Especialização e Coordenação Pedagógica –

CECOP3 e junto com a comunidade escolar discutir e fortalecer esse laço da escola

com a família de forma harmoniosa e próspera.

Percebo que alguns alunos vão à escola porque os pais obrigam para não

receber falta para que não haja o corte de benefícios do programa Bolsa Família.

Com esse projeto vivencial pretendo mostrar a importância da escola para a vida

pessoal e profissional dos alunos, bem como para sua ascensão social para que os

pais e estudantes possam tem um olhar para a escola diferente, com foco na

aprendizagem e construção de conhecimentos. Desta forma, os filhos/filhas e

pais/mães poderão perceber que está na escola vai muito além de ter registrado

falta ou presença, mas colocar a escola e a educação com significado e importância

para crescimento pessoal e profissional em suas vidas.

Com o ingresso no CECOP3 tenho aprimorado bastante na função de

coordenação pedagógica, os componentes curriculares que fiz durante o curso me

deu aporte teórico necessário e oportunizou momentos de reflexão da prática e da

função da coordenadora pedagógica dentro da escola que tem melhorado e

ressignificado o meu trabalho.

Vislumbro com esse projeto de intervenção melhoras significativas nas ações

pedagógicas da escola José Benedito, tendo em vista que as atividades

desenvolvidas em grupo serão contempladas com ricas contribuições da

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comunidade escolar e teremos nesses momentos a visão da escola, enquanto

instituição e a visão das famílias. Com essa participação construiremos uma escola

e educação que busque atender as necessidades de todos os alunos e alunas para

que se torne um ambiente inclusivo e participativo, onde todos tenham vez e voz na

construção de uma educação de qualidade para todos e todas.

2. REVISÃO DE LITERATURA

O aporte teórico apresentado neste trabalho possui alguns olhares de

estudiosos que tratam das temáticas; coordenação pedagógica, formação

continuada, gestão democrática e relação da escola/família, como suporte para o

trabalho de conclusão do Curso de Especialização em coordenação pedagógica

com intuito de assegurar valor científico numa correlação da teoria com a prática,

este não tem o objetivo de conclusão, mas de dá um norte para buscarmos

possíveis soluções para algumas situações que vivenciamos na Escola José

Benedito, como a fragilidade na relação família /escola.

A função de coordenação pedagógica vem passando ao longo do tempo por

várias transformações conceituais e nas atribuições que este/a profissional

desenvolve na escola, assumindo atividades secundárias a coordenadora

pedagógica deixa de desenvolver sua função pedagógica.

Percebe-se na rotina de trabalho da coordenadora pedagógica que diretores,

funcionários e até mesmo os pais, solicitam desta profissional a realização de todas

as atividades no espaço escolar, inclusive aquelas que não são estão relacionadas

com assuntos pedagógicos, contudo, compreende-se que a coordenadora

pedagógica tem como uma das atribuições realizar a formação continuada, o que

acaba não acontecendo por conta das outras atividades assumidas por essa

profissional.

A formação continuada das professoras é uma das principais

atividades do/a coordenador/a pedagógico/a, haja vista que, este/a profissional

precisa organizar o tempo e espaço para oportunizar momentos de reflexão da

prática dos profissionais da escola para que estes possam refletir e ressignificar a

prática e posturas na sala de aula, neste sentido (Miziara, Ribeiro e Bezerra, 2014

p. 612) aborda o “[...] coordenador pedagógico como o principal mediador na

formação continuada do professor, pois considera que suas ações reflexivas

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expressam a relação dialética entre teoria e prática.” Assim, a ação pedagógica se

constrói por meio do diagnóstico refletindo sob o olhar científico sem deixar de

considerar a realidade de cada instituição educativa.

A formação continuada deve fazer parte do trabalho e do planejamento do

coordenador pedagógico, visando mudanças de práticas e posturas da comunidade

escolar, que por hora ainda concebe a educação como uma ação meramente

mecânica e repetitiva, tomamos como base a citação de Saviani (2008) apud

(Miziara, Ribeiro e Bezerra, 2014, p.616) “De acordo com Saviani (2008), a

formação deve ser fundamentada em bases teóricas sólidas, pautada na reflexão

filosófica e no conhecimento científico. Essa é condição sine qua non para a efetiva

compreensão das múltiplas determinações e vinculações do trabalho educativo. ”

Desta forma o ato de educar deixa de ser uma ação mecânica para torna-se

reflexiva e dinâmica e que é planejada de acordo com a realidade de cada unidade

de ensino e em conhecimentos científicos.

Quando falamos de formação continuada para a comunidade escolar estamos

incluindo aí também os pais (mães, responsáveis) e funcionárias da escola, já que

estas também exercem a função de educar e precisam compreender as mudanças

que vem ocorrendo no âmbito educacional para que possam seguir a mesma linha

teórica e filosófica utilizada pela escola.

Diante dessa assertiva, entendemos que a escola precisa aproximar-se mais

das famílias fortalecendo o elo para mostrar a importância da educação aos

estudantes para que estes demonstrem interesse em estudar e aprimorar seus

conhecimentos, com objetivo de melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem.

A respeito disto, (OLIVEIRA e MARINHO-ARAÚJO, 2014, p.01) afirma. “A família é

considerada a primeira agência educacional do ser humano e é responsável,

principalmente, pela forma com que o sujeito se relaciona com o mundo, a partir de

sua localização na estrutura social”.

Neste sentido, escola e família devem caminhar juntas para promover uma

educação de qualidade, de forma que ambas se complementem harmoniosa e

dialogicamente tendo como elo a coordenação pedagógica que será, neste caso, a

mediadora do processo de fortalecimento dessa interação e responsável em

promover o diálogo em prol da melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem.

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Como a educação inicia-se no seio familiar através da socialização e formação

de valores e do caráter, cabe a escolar propiciar aos estudantes a construção de

conhecimento científico e formal, sem deixar de lado a confirmação dos valores

éticos e morais, mas a família continua sendo responsável também pela formação

pessoal, social do sujeito. Isto não quer dizer que a ação da escola deva ser

autocrática e autoritária, muito pelo contrário precisa propiciar momentos de diálogo

e participação da família no ambiente onde todos tenham vez e voz em prol de um

ensino de qualidade.

Ao longo dos anos a definição de família vem demonstrando mudanças, assim

vários teóricos têm buscado definições para esse novo modelo de famílias que tem

surgido na sociedade atual.

Buscando estabelecer uma definição de família, Petzold (1996) lembra que o critério de intimidade deve ser a variável fundamental para definir família, o que, consequentemente, reflete-se no fato de que mesmo os casais sem filhos são reconhecidos como uma unidade familiar. A partir desta consideração, a família é um grupo social especial, caracterizado por intimidade e por relações intergeracionais (PETZOLD, 1996) Apud (OLIVEIRA e MARINHO-ARAÚJO, 2010).

Família se constitui a partir dessa afirmação como o grau de intimidade e

aproximação que os indivíduos constroem, os casais mesmo sem filhos são

considerados como uma família.

A escola enquanto instituição precisa também considerar essa nova

composição de famílias da atualidade e criar situações que viabilize a participação

destas de forma efetiva no acompanhamento das ações educativas que são

desenvolvidas no seu interior, os convites que são feitos para as famílias muitas

vezes são para os responsáveis dos/as estudantes que cometem algum ato de

indisciplina, ou ao final de cada unidade quando os pais, mães e responsáveis são

convidados a conversar com os professores para saber como foi o desenvolvimento

dos filhos/as durante o bimestre.

Proporcionar a participação das famílias à escola não deve restringir somente

aos convites de festinhas e/ou para reclamar de alguma atitude das crianças, porém

é importante que as famílias cumpram com seu papel social de orientar as crianças

como lidar com as relações sociais que são construídas dentro e fora da escola para

que atendam aos comportamentos socialmente construídos, a essa ação das

famílias os autores Oliveira e Marinho-Araújo (2010) afirmam.

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A responsabilidade familiar junto às crianças em termos de modelo que a criança terá e do desempenho de seus papéis sociais é tradicionalmente chamada de educação primária, uma vez que tem como tarefa principal orientar o desenvolvimento e aquisição de comportamentos considerados adequados, em termos dos padrões sociais vigentes em determinada cultura.

Como afirmam os autores, as crianças ao chegar a escola já deveriam ter as

orientações das relações sociais pautadas na educação primária que é priorizada

em casa, no seio familiar. Será que a escola é a única responsável em educar

alunos que apresentam comportamento de falta de respeito com professores e

funcionários? De que forma, nestes casos, teremos a colaboração e apoio dos pais

e/ou responsáveis? De quem é a responsabilidade de educar?

Sabe-se que a escola é responsável em promover a educação formal dos

estudantes possibilitando a formação intelectual do sujeito ampliando os

conhecimentos adquiridos no seio familiar, como afirma Oliveira e Marinho-Araújo

(2010) “A escola é a instituição que tem como função a socialização do saber

sistematizado, ou seja, do conhecimento elaborado e da cultura erudita.”

Tanto a família como a escola são instituições responsáveis legalmente pela

formação pessoal e intelectual dos sujeitos como preconiza a Constituição Federal

de 1988, “Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho.” , segundo a LDB 9394/96.

TÍTULO II , Dos Princípios e Fins da Educação Nacional. Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Diante do exposto, tanto a família quanto a escola têm responsabilidades na

educação das crianças, contudo é preciso distinguir quais são as ações que cabe a

família e quais são as atividades que são de responsabilidade da escola.

Conscientes de seu papel, tanto a família como a escola não devem sobrepor sobre

a outra e sim se completarem mutualmente, já que apresentam características

diferentes de educar. Segundo Oliveira e Marinho-Araújo (2010).

A divergência entre escola e família está na tarefa de ensinar, sendo que a primeira tem a função de favorecer a aprendizagem dos

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conhecimentos construídos socialmente em determinado momento histórico, de ampliar as possibilidades de convivência social e, ainda, de legitimar uma ordem social, enquanto a segunda tem al tarefa de promover a socialização das crianças, incluindo o aprendizado de padrões comportamentais, atitudes e valores aceitos pela sociedade”.

Na instituição pesquisada há momentos em que a direção, professores e

funcionários alimentam o discurso da responsabilidade de educar é da família, em

contrapartida a família deixa a cargo da escola essa função, admitindo a perda de

controle sobre seus filhos. Mas de quem é a responsabilidade de educar? A quem

cabe a tarefa de ensinar? Esses questionamentos leva a reflexão para definição das

responsabilidades dessas duas instituições. Compreende-se que é na formação

continuada que oportunizará um espaço de estudos e reflexão de forma democrática

e participativa para responder essas e outras questões que tem apresentando na

escola como dificuldades para conseguir melhorar a educação das crianças e para

conduzir esse processo entra em cena a coordenadora pedagógica que contribuirá

para a construção da identidade de cada instituição de forma coletiva.

Assim, a formação continuada poderá promover a reflexão sobre as práticas

pedagógicas da escola e as responsabilidades da educação dos estudantes

delineando até onde cabe a família e a escola na função de educar e para isto faz-se

necessária a criação ou fortalecimento do canal de comunicação entre escola e

família.

Percebe-se, no entanto, que existe comunicação entre a Escola José Benedito

e a família dos/as estudantes, contudo, a mesma acontece com maior frequência

quando os estudantes cometem algum ato de indisciplina ou quando ocorre as

comemorações das datas comemorativas. Não existe uma participação da família no

planejamento das ações pedagógicas da escola, as mesmas desconhecem a

proposta pedagógica da escola, alguns pais e/ou responsáveis não acompanham as

atividades nem colaboram para a execução das mesmas quando o professor passa

para serem realizadas em casa como trabalhos de pesquisa, leitura, construção de

textos, etc.

Esta ausência das famílias na elaboração das ações pedagógicas e atividades

que são desenvolvidas na escola se dá pelo fato da escola não oportunizar

momentos de reflexão e planejamento que envolva também as famílias, pois é

preciso que os pais e mães compreendam o que está sendo feito na escola para que

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possam acompanhar e ajudar os/as estudantes em casa nos estudos e realizações

das tarefas. Assim, cabe a escola criar um canal de comunicação eficiente e eficaz

que aproxime as famílias com objetivo de promover uma educação de qualidade e

participativa tendo como principal parceria a família para fortalecer o ato educativo.

A comunicação entre escola e família passa pela intermediação da criança, sendo esta comunicação aparentemente de mão única, por haver pouco espaço institucional para a manifestação das famílias. A ação das famílias é limitada e determinada de acordo com os interesses da escola. Assim,"num primeiro momento, defende-se uma participação ampla dos pais na escola, mas o que se verifica é uma participação que tem a ver com o fato de conhecer o trabalho da escola" (OLIVEIRA e MARINHO-ARAÚJO, 2010).

Faz-se necessário, portanto que na Escola José Benedito amplie a

comunicação e interação com objetivo de promover maior participação das famílias,

neste sentido, a atuação da coordenadora pedagógica será primordial na mediação

da formação continuada para os/as professores/as, funcionários/as e famílias com

objetivo de ressignificar os papéis e a prática pedagógica.

Para que ocorra esse diálogo entre família e escola faz-se necessário que a

gestão seja democrática e participativa, porém não se configura uma gestão

democrática de uma hora para outra, ou por um aporte legal, é uma construção

que acontece com o tempo, no dia-a-dia, inicia-se com a mudança de atitudes da

gestão que percebe-se a necessidade de transformação para que se alcance o

objetivos até ser legitimada pelas ações e posturas de todos os envolvidos como

afirma Marques (2006, p. 517) “[...] Sabemos do caráter hierárquico característico da

educação brasileira, além das fragilidades na formação dos profissionais da

educação. Não será, pois, “da noite para o dia” que a escola se tornará democrática,

nem tampouco a democracia será implantada por decreto[...]”

Desta forma, escola e família são autores de um planejamento coletivo e

participativo pautado no diagnóstico das necessidades reais da instituição e que

apresentam soluções possíveis, com a participação de todos e todas na sua

execução. A tomada de decisão não cabe apenas a uma pessoa ou a escola, mas a

todos que participam e decidem juntos o melhor caminho para que os problemas

sejam resolvidos da melhor forma possível.

Entende-se, que apesar de caminharem juntas escola e família cada um

precisa estar ciente de seu papel e de sua responsabilidade quando se trata da

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função de educar, pois são instituições diferentes e apresentam objetivos distintos

dentro do tempo e espaço que as constituem, todavia, compartilham a importante

tarefa de preparar crianças e adolescentes para a inserção e sucesso na sociedade

de forma crítica, participativa e produtiva para que tornem-se sujeitos autônomos e

capazes de intervir no meio em que estão inseridos.

Assim sendo a gestão escolar tem uma função primordial nesse processo de

construção e legitimação do fortalecimento do elo entre escola e família, é preciso

deixar claro a função e atribuição de cada instituição e seu valor social na formação

dos sujeitos, neste sentido a escola pública precisa trilhar caminhos da gestão

democrática participativa proporcionando momentos de interação e reflexão para

que os pares se comuniquem e compartilhe ideias e conhecimentos em prol do

objetivo maior que é uma educação de qualidade”[...] a gestão democrática de

escolas públicas pode ser incluída no rol de práticas sociais que podem contribuir

para a consciência democrática e a participação popular e, portanto, para a

democratização da própria sociedade. “(MARQUES, 2006, p.513).

Realizar essa mobilização não será tarefa fácil, e não acontecerá do dia para a

noite, haja vista que na história educacional brasileira ainda há ranços da gestão

autocrática e autoritária, mas é preciso iniciar o processo de transformação com foco

e determinação, dando o primeiro passo com a participação de todos representantes

da comunidade escolar em prol de uma sociedade mais justa e igualitária.

Destarte será construído um Projeto de Intervenção que visa fortalecer a

relação da escola com as famílias com vistas a garantir uma educação com os

princípios da gestão democrática e participativa tendo a família como a principal

parceria da escola e da educação das crianças e jovens da escola José Benedito,

respeitando as características locais e regionais da escola do campo.

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3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

FORMAÇÃO CONTINUADA E A INTERAÇÃO COM A FAMÍLIA

Este Projeto de Intervenção tem como foco de estudo o eixo 09 - Coordenação

Pedagógica: Relações, Dimensões e Formas de Atuação no Ambiente Escolar, do

curso Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Coordenação Pedagógica, na sua

terceira edição – CECOP 3, polo de Cruz das Almas, é produto da conclusão do

curso de pós-graduação, visa refletir sobre um viés da demanda educacional da

Escola José Benedito com intuito de ressignificar as relações existentes entre escola

e família e tem como propósito refletir sobre esta relação, partindo do princípio do

fortalecimento do dialógico entre os pares com intuito de melhorar assim a qualidade

do ensino e da aprendizagem.

Diante dessa assertiva, apresentaremos a escola José Bendito abordando sua

localização geográfica, bem como os aspectos históricos, administrativos e

pedagógicos que identifica as peculiaridades da escola do campo em questão, em

seguida exibiremos os resultados principais das entrevistas realizada com 07 (sete)

mães e as 04 (quatro) professoras desta unidade de ensino, dialogando com o

aporte teórico, que subsidiaram a base para a elaboração das proposições de

intervenção, que tem como premissa a reflexão sobre a relação da escola com as

famílias e versa na promoção de transformações educacionais em prol da melhoria

da qualidade do ensino e da aprendizagem da escola pesquisada.

Na escola José Benedito temos quatro professoras, dentre estas apenas uma

tem formação em Pedagogia, duas tem o ensino médio, magistério e uma que é

estudante de pedagogia, diante dessa realidade a formação em serviço torna-se um

instrumento importante para a flexão da prática pedagógica e para a melhoria da

qualidade do ensino e da aprendizagem.

3.1 CARACTERIZAÇAO DA UNIDADE ESCOLAR

A Escola Municipal José Benedito está localizada na localidade do Encruzo,

zona rural do município de Governador Mangabeira – Bahia, localizada a 138 km da

capital, Salvador. A escola foi assim nomeada, em homenagem ao funcionário da

Prefeitura Municipal que morreu em um acidente automobilístico, no momento em

que a construção desta se encontrava no período de conclusão. Sua inauguração

aconteceu no dia 14 de março de 1979, com apenas uma sala de aula, onde

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funcionavam duas turmas, nesta época lecionavam as professoras Terezinha de

Jesus e Ana Maria Gonçalves da Silva, sendo uma turma de alfabetização, no turno

matutino e outra, multisseriada, que funcionava no turno vespertino.

Hoje, a escola tem matriculados 65 (sessenta e cinco) estudantes, distribuídos em

04 (quatro) turmas, tem 03 (três) salas de aula, 01(uma) sala de leitura, 03(três)

depósitos; sendo 01(um) para armazenar materiais de limpeza, 01(um) para guardar

produtos alimentícios e outro depósito que guarda todo material didático-pedagógico

e de secretaria, uma cozinha, 03(três) banheiros, sendo 02(dois) para os alunos

(masculino/feminino) e 01(um) para os funcionários, 01(um) refeitório e uma área

aberta para recreação.

A escola é composta por um quadro de 12 (doze) funcionários, sendo 04

(quatro) professoras, destas duas têm formação em Magistério, uma tem formação

em Pedagogia e a outra está estudando de Pedagogia, duas funcionárias da

limpeza, uma auxiliar de secretaria, 02 (dois) vigilantes, uma merendeira, uma

diretora e uma coordenadora pedagógica.

A escola participa de programas e projetos educacionais do ente federal e

parceiros com uma turma do Esporte Educacional e 02 (duas) turmas do Programa

Mais Educação com 53(cinquenta e três) alunos e alunas que participam das

atividades nos turnos opostos as suas aulas. É mantida pela Prefeitura Municipal e

com os recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE Básico, PDDE –

Campo e PDDE qualidade.

A população que compõe esta comunidade é constituída de famílias de baixa

renda, em sua maioria são pais e mães que trabalham na lida do campo, com

atividades braçais, a renda média familiar é 01 (um) salário mínimo, algumas

famílias recebem benefícios dos programas do Governo Federal, recursos que

contribuem para a criação dos filhos e filhas.

É uma comunidade rural com posses de pequenas propriedades de terra, são

diaristas ou trabalham na construção civil. Em sua maioria, os pais possuem apenas

Ensino Fundamental e alguns concluíram o Ensino Médio.

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Neste contexto, muitos alunos moram com seus avós maternos ou paternos,

porque são filhos de mães solteiras e estas saem de casa para trabalhar na capital

como domésticas ou de pais que trabalham na construção civil e viajam para outros

estados e ficam meses sem vir em casa, algumas mães visitam seus filhos quando

tem folga do serviço, o que geralmente acontece nos períodos de festas juninas ou

natalinas. Temos também crianças que ficam durante o dia sozinhos porque seus

pais trabalham durante o dia, saem as 06h e só chegam em casa à noite, dentre

estes temos estudantes que desobedecem seus familiares e estes responsáveis

chegam a escola com o discurso de que não aguentam mais, que os mesmos não

os respeitam e não obedecem, e passam a responsabilidade para as professoras

resolver o problema de indisciplina, muitos destes são criados sem limites ou

qualquer tipo de regras, situação que tem comprometido bastante a aprendizagem.

3.2 CAMINHOS PERCORRIDOS NA PESQUISA-AÇÃO

A Escola José Benedito ainda não conseguiu construir uma relação de

proximidade com as famílias que permita propor momentos de reflexão e busca de

soluções para os problemas enfrentados no ambiente escolar, como indisciplina e

dificuldades de aprendizagem. Destarte, oportunidade de contar com a colaboração

dos pais, mães e responsáveis para pensarem juntos ações que colaborem para o

processo ensino-aprendizagem dos/das estudantes.

Percebe-se a necessidade de propor um trabalho de intervenção para que o

foco da ida das famílias a escola deixe de ter como único assunto, a indisciplina dos

seus/suas filhos e filhas. O projeto entitulado “Escola de Pais” tem como objetivo

geral; criar um espaço democrático, participativo e reflexivo para discutir sobre o

processo de ensino – aprendizagem, visando contribuir com o desenvolvimento

dos/as estudantes mais críticos e os objetivos específicos; promover um espaço

democrático, dentro da escola com os pais e/ou responsáveis, proporcionando aos

pais, a reflexão sobre a função educativa da família e o papel da escola na

construção de conhecimentos dos estudantes; promover o dia da família na escola,

bem como oficinas e palestras para os pais com temas sobre educação.

Com base no método da pesquisa-ação, segundo Thiollent (1986, p.25)

[...] a pesquisa-ação não é considerada como metodologia. Trata-se de um método, ou de uma

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43%

57%

A Escola é importante para avida

A escola é importante para lere escrever

estratégia de pesquisa agregando vários métodos ou técnicas de pesquisa social, com os quais se estabelece uma estrutura coletiva, participativa e ativa ao nível da captação de informação.

A pesquisa-ação será desenvolvida com levantamento de informações de

forma amostral por meio de entrevista, realizada com 07 (sete) com pais e/ou

responsáveis e 04 (quatro) professores/as, com intuito de levantar informações

sobre a relação existente entre a escola José Benedito e as famílias a fim de

agregar conhecimentos a escuta da família para que sejam criadas alternativas

possíveis para soluções para sanar algumas dificuldades por hora encontradas.

“[...] na pesquisa-ação existem objetivos práticos de natureza bastante imediata:

propor soluções quando for possível e acompanhar ações correspondentes, ou, pelo

menos, fazer progredir a consciência dos participantes à existência de soluções e de

obstáculos. ” (THIOLLENT, 1986, p.20)

Ao ser entrevistadas sobre a importância da escola para a vida 100% (cem por

cento) das mães responderam que a escola é importante, mas quando foram

questionadas sobre os motivos que consideram a escola importante; das

entrevistadas 57% (cinquenta e sete por cento) responderam que a escola é

importante para aprender a ler e escrever, ou seja ela é necessária para a

construção/transmissão dos conhecimentos que foram construídos culturalmente ao

longo do tempo, 43% (quarenta e três por cento) das mães afirmaram que a escola é

importante para a vida, segundo as entrevistas a escola é a base de tudo, a escola é

inserção do indivíduo no mundo, é o trilho que servirá para sua ascensão social e

construção de sua autonomia, abaixo apresentamos o gráfico 01 com a

porcentagem das afirmativas das mães sobre a importância da escola.

Gráfico 01 – Importância da Escola

FONTE: Entrevista realizada com mães e professoras da Escola José Benedito, 2015.

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Diante das assertivas acima percebe-se que estas famílias demonstram que a

escola tem um significado importante na vida dos filhos e filhas e apresentam

preocupação com a vida escolar, a maioria afirmam que a escola é responsável pelo

ato de ensinar, principalmente no que diz respeito a leitura e a escrita.

Ao responder as perguntas da entrevista que indaga sobre a responsabilidade

da família em educar as crianças e jovens 71%(setenta e um por cento) confirmaram

que a família precisa ensinar os valores morais e éticos, respeitar as professoras,

orientar nas atividades da escola e está sempre presente acompanhando o

desenvolvimento escolar dos filhos. Está presente em todas as situações da vida e

dar carinho, amor e respeito foi o que responderam as 29%(vinte e nove por cento)

das mães entrevistadas.

Percebe-se que as respostas das mães confirmam a afirmação de Oliveira e

Marinho-Araújo (2010), no que diz respeito a “educação primária” que deve ser

proferida pela família, pois é nela que o sujeito aprende as primeiras lições, pode-se

notar que nas afirmativas a maioria das mães denotam uma grande preocupação

com a educação do sujeito tanto nos aspectos da formação da personalidade e

confirmação do caráter, quanto na aquisição dos conhecimentos formais construídos

socialmente ao logo do tempo.

Quando foram questionadas sobre sua presença na escola todas as mães

entrevistadas foram enfáticas em afirmar que estão sempre presentes na escola,

mesmo quando não são convidadas pela professora ou diretora, estão sempre

acompanham o desempenho e desenvolvimento dos filhos, perguntam as professora

como estão nas atividades de classe, quais são os avanços e as dificuldades que

estes apresentam durante as aulas.

Ao ser questionadas se a escola promove alguma atividade para aproximar a

escola da família, uma mãe respondeu que “realiza reuniões, palestras tudo que é

dito nas reuniões nos orienta, a gente traz conhecimentos e levamos

conhecimentos.” Das entrevistadas 100% (cem por cento) responderam que a

escola está sempre promovendo atividades que buscam a participação da família

como realização de reuniões, palestras, passeios, projetos didáticos, reforçam que

todas essas atividades são importantes para as famílias interagir e participar mais da

vida escolar dos filhos.

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Quando a mesma pergunta foi feita ao grupo de professoras estas também

confirmam esses eventos são um elo entre a escola e as famílias, porém tanto as

mães quanto as professores lamentam a pouca presença de alguns familiares,

alegam que a maioria não participam e não se envolvem nas atividades da escola.

É preciso que escola e família construam um diálogo constante e, a educação

seja um viés de ligação dessas duas instituições, percebe-se no decorrer das

entrevistas que a escola culpa as famílias dessa não participação nas atividades

realizadas e quando as famílias não participam procura-se sempre uma justificativa

para acusá-las e rotular como ausentes e desinteressadas pelos assuntos

educacionais das crianças e jovens, Perez (2000) apud Ribeiro e Andrade (2006)

“observa, ainda, que as atitudes dos pais, se contrárias às prescrições da escola,

são rotuladas e interpretadas: "os pais não valorizam o estudo dos filhos, não fazem

seu acompanhamento escolar, não se interessam". Do ponto de vista da escola, isso

por si só explicaria o fracasso escolar dos alunos”. Tanto a escola quanto as famílias

precisam está alinhadas numa proposta maior que é a educação das crianças e

jovens em prol de uma sociedade mais justa e igualitária.

Contudo, cabe a escola, enquanto instituição composta por profissionais

especialistas em educação investigar o porquê dessa distância das famílias em

relação a escola e buscar meios possíveis de promover essa aproximação e

participação e não apenas acusar ou rotular essas famílias que em muitos casos

tem apenas a conclusão do Ensino Fundamental, anos iniciais. É preciso que

direção e os professores construam essa aproximação e participação aos invés de

esta apenas procurando culpar as famílias pelo fracasso escolar, para Carvalho e

Vianna (1994) apud Ribeiro e Andrade (2006) “observaram a dificuldade dos

professores em aceitar a presença dos pais na escola, apontando que os dois se

ameaçam mutuamente devido a uma não delimitação precisa das funções

educativas da escola e da família”.

Percebe-se nas falas tanto das professoras quanto das famílias que há uma

quantidade significativa de mães e pais que não participam e nem acompanham a

vida escolar das crianças, assim as professoras entrevistadas responderam o que

falta na escola José Benedito para que as famílias que estão distantes se

aproximarem mais e para ser mais atuantes, a resposta foi unanime “promover mais

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incentivo para atrair essas famílias e mobilizar suas participações nas atividades

desenvolvidas pela escola”. Diante das afirmativas a escola precisa propor ações

urgentes para mudar esse cenário e melhorar essa relação.

Decerto que as famílias precisam sentir-se mobilizadas e estimuladas a

participar e se envolver nas atividades da escola, assim, faz necessário mudanças

de posturas e estratégias para que aqueles que ainda não estão motivados sintam-

se com desejo de participar e inserir-se neste processo, haja vista que a escola

precisa se desnudar e apresentar sua proposta pedagógica e atividades de que

serão realizadas desde o início do ano para que as famílias se organizem e sintam-

se motivadas a contribuir.

Quando perguntadas em que momentos ou situação percebe-se maior

participação das famílias na escola, 50% (cinquenta por cento das professoras)

disseram que nas festas e eventos e outras 50% (cinquenta por cento) disseram que

somente quando há algum problema com o filho ou filha. O gráfico 02 abaixo

evidencia a visão das professoras sobre a participação das famílias na escola.

Gráfico 02 – Participação das famílias na escola

FONTE: Entrevista realizada com mães e professoras da Escola José Benedito, 2015.

Ao analisar o gráfico 02 percebe-se essa fragilidade ou lacuna na relação das

famílias com a escola, a coordenação pedagógica, juntamente com a direção da

escola sentou-se com o corpo docente e funcionários e decidiu-se elaborar o projeto

Escola de Pais, no mês de julho que foi apresentado a comunidade escolar e as

famílias através de uma palestra ministrada com representantes da Escola de Pais

do Brasil, nesta oportunidade contou-se com a presença de 43 (quarenta e três) pais

e/ou responsáveis que participaram e demostraram que gostaram muito desse

50%50%

Participação das famílias emfestas e eventos

Participação das famíliasquandohá algum problema com filho oufilha

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momento de reflexão sobre o papel da família e da escola na educação das

crianças.

Perguntou-se então as professoras e as mães entrevistadas se estas

conhecem o projeto Escola de pais e se este projeto tem contribuído para estreitar

os laços com as famílias das professoras 75% (setenta e cinco por cento) afirmaram

que sim e 25%(vinte e cinco por cento) afirmaram que conhecem o Projeto Escola

de Pais, mas salienta que o projeto ainda não chamou a atenção para estreitar

esses laços da escola com as famílias.Quanto as mães se conhecem esse projeto

86% (oitenta e seis por cento) afirmaram que sim, e 14% (quatorze por cento) disse

que vagamente.

Ao analisar as respostas da entrevista percebe-se que a maioria das famílias

conhece o projeto Escola de Pais e demonstra interesse em participar de mais

ações desta natureza por julgar importante e necessária para orientá-las no

acompanhamento da vida escolar dos filhos e filhas.

Hipoteticamente observa-se que a pouca participação das famílias nas

atividades da escola se dê por estes não terem participação ativa na elaboração das

ações que decorrem durante o ano letivo tendo em vista que as atividades são

elaboradas e pensadas pela escola sem a participação de representação de pais e

responsáveis nesse processo, já que a escola é pública faz-se necessária a gestão

democrática e participativa dos sujeitos envolvidos emponderando a todos e

dividindo as responsabilidades do sucesso ou do fracasso escolar.

Para que a gestão democrática seja realizada com a participação das famílias

e tenha uma resultado positivo nas relações sociais é preciso que os atores

dialoguem e emitam suas opiniões sobre as ações com consciência lutando pelos

mesmos objetivos, diferentemente do conceito de gestão democrática entendida há

alguns anos atrás, que se configurava somente pelo acesso dos alunos/as à escola

como afirmam Conçeição, Zientarski e Pereira (2006, p. 03):

Nem sempre o entendimento de gestão democrática teve o mesmo sentido. O que hoje entendemos como participação, organização coletiva, decisões compartilhadas em termos pedagógicos, administrativos e financeiros buscando uma integração entre escola e comunidade com vistas à construção de uma identidade para a instituição educativa que responda aos anseios desta e não aos

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interesses do capital, em outras épocas, o que se traduz na legislação do ensino, restringia-se à ampliação apenas do acesso do aluno à escola.

Essa democratização da escola pública se dá com a participação ativa dos

indivíduos em prol de uma educação que possa refletir sobre o meio em que a

escola e os indivíduos estão inseridos e promover mudanças significativas para a

comunidade local.

Ao ser questionadas sobre o que tem feito para fortalecer essa relação da

família com a escola, as professoras foram unanimes em responder que estão

sempre dialogando com as famílias e as convidam com frequência para participarem

mais da vida escolar dos filhos e filhas.

Para as mães entrevistadas as pessoas da escola que são responsáveis pela

educação de seus filhos e filhas 14% (quatorze por cento) respondeu que a

responsabilidade de educar é das professoras, 29% (vinte e nove por cento)

afirmaram que são todos os funcionários da escola, do auxiliar de serviços gerais até

o professor e 57% (cinquenta e sete por cento) responderam que a educação

escolar é de responsabilidade das professoras e da diretora. Compreende-se diante

das afirmativas que na concepção das famílias a diretora e as professoras são as

principais responsáveis pelo desenvolvimento da vida escolar das crianças, nestas

afirmativas percebe-se a isenção da responsabilidade da família na educação das

crianças. O gráfico 03 abaixo apresenta a percepção das mães que afirmam de

quem é a responsabilidade na educação das crianças.

Gráfico 03 – Responsabilidade na educação das crianças

14%

29%57%

Responsabilidade de educar é dasprofessoras

Responsabilidade de educar é detodos os funcionários da escola.

Responsabilidade de educar é dasprofessoras e diretora da escola.

FONTE: Entrevista realizada com mães e professoras da Escola José Benedito, 2015.

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Historicamente temos escutado de professores e funcionários a ausência ou

pouca participação das famílias na escola e a falta de interesse destes pelo

desenvolvimento escolar dos filhos e filhas, esse distanciamento tem colocado a

escola frente a grandes desafios de propiciar momentos de integração e reflexão

das ações neste espaço de construção de conhecimentos.

Por um lado os pais e mães reclamam que a escola não propicia criação de

espaços para que haja essa interação e participação das famílias, por outro lado a

escola juntamente com seu corpo docente reclama da ausência das famílias no

ambiente escolar, preocupada com esse discurso divergente entrevistou-se as

professoras e perguntou-se quais sãos as dificuldades da escola em fortalecer a

relação com as famílias a resposta a esse questionamento foi unânime, as

professoras disseram que a falta de interesse das famílias em acompanhar a vida

escolar dos filhos, assim o maior desafio é trazer esses pais e mães para a escola

para que tenham maior aproximação com as professoras e assim participar mais da

vida escolar dos filhos e filhas. Para Oliveira e Marinho-Araújo (2010).

As famílias que não se enquadram no suposto modelo desejado pela escola são consideradas as grandes responsáveis pelas disparidades escolares. Seguindo este enfoque, faz-se necessário, para o bom funcionamento da escola, que as famílias adotem as mesmas estratégias de socialização por elas utilizadas.

Diante das afirmativas acima, é preciso sair do discurso e muro de

lamentações e agir, buscar soluções que possam aproximar as famílias da escola e

vice-versa, pois a responsabilidade da educação das crianças é tanto da família

quanto da escola, é preciso unir forças em prol de um único objetivo melhorar a

qualidade do ensino e da aprendizagem das crianças. Cabe no entanto, a escola por

está composta por especialistas da educação promover e oportunizar essa dinâmica

para envolver mais as famílias, para legitimar uma escola pública pautada na gestão

democrática e participativa.

Ao realizar a entrevista com as professoras percebemos que a escola convida

os pais e mães para participar de eventos de datas comemorativas, reuniões de final

de bimestre, palestras e participação de culminância de projetos didáticos.

No segundo semestre deste ano foi maior a quantidade de convites por conta

do desenvolvimento do projeto Escola de Pais, no qual foram realizadas palestras,

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sobre saúde do homem, palestra que abordou a responsabilidade das famílias na

vida escolar dos filhos e filhas, plantão pedagógico com os professores para discutir

e acompanhar o desenvolvimento das crianças na escola.

Em relação a função da coordenadora pedagógica na escola e as atividades

que são realizadas todas as mães afirmam já ter participado de algum evento

dirigido por esta profissional, as professoras afirmaram que a coordenadora

pedagógica da escola realiza frequentemente encontros de educação continuada e

confirmam que esses encontros têm contribuído para melhorar a qualidade do

ensino e da aprendizagem dos alunos e alunas da escola José Benedito.

Portanto, o aprender contínuo é essencial em nossa profissão, devendo pois, o professor se basear em sua pessoa enquanto sujeito e na escola enquanto lugar de crescimento profissional permanente. Dessa forma podemos afirmar que estamos passando de uma lógica que separa os diferentes tempos de formação, onde se considera apenas o seu princípio, para outra que percebe esse desenvolvimento profissional como um processo ao longo da vida do educador.” (BANDEIRA, 2006, p. 04)

Destarte, a formação continuada se faz necessária na vida profissional dos

educadores e educadoras tenho em vista que a educação é um processo contínuo e

em constante transformação, sendo o coordenador pedagógico da escola o

responsável em promover esses momentos de estudo reflexão e planejamento para

que possa atender as especificidades da realidade de cada escola, considerando

sua clientela com vistas a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem.

3.3 AÇÕES DA POPOSTA DE INTERVENÇÃO

Partindo das reflexões teóricas e das análises de dados apresentados na

entrevista com as docentes e as mães, representantes das famílias da Escola José

Benedito segue proposições que visam ressignificar as demandas expostas na

pesquisa-ação com intuito de melhorar a relação da escola com as famílias

conforme atividades abaixo;

Reuniões para reflexão e análise das necessidades educacionais da

comunidade escolar com vistas a construir o planejamento para o ano letivo,

melhorar a relação da escola com as famílias e ressiginificar a qualidade do ensino e

da aprendizagem;

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Criação de um mural informativo na escola com informações importantes sobre

as atividades desenvolvidas, calendário escolar, e avisos que apresentem assuntos

nas dimensões, administrativas, financeiras e pedagógicas da escola;

Planejar com a comunidade escolar as atividades festivas definindo as

prioridades para cada momento e empoderar todos os agentes, funcionários, direção

e famílias;

Realizar o plantão pedagógico com as famílias para tratar de assuntos,

individualmente com as famílias sobre o processo de desenvolvimento educacional

das crianças e neste momento refletir coletivamente assuntos genéricos;

Instituir o “Dia da Família”, para promover ações reflexivas, dinâmicas, criativas

e lúdicas que propiciem maior envolvimento das famílias na escola e aproximem as

pessoas com intuito de construir vínculos e sentimento de emponderamento; neste

dia toda a comunidade escolar será avaliada por todos de acordo com as atividades

realizadas durante o ano letivo, bem como avaliação de todas as ações e refletir

sobre seus impactos no processo de ensino e de aprendizagem e no

comprometimento e envolvimento em cada planejamento realizado, neste momento

será aplicado o Indicador de Qualidade na Educação - INDIQUE.

CRONOGRAMA

Descrição das

Atividades

Meses / 2015 - 2016

fev mar abr mai jun jul agos set out nov dez

Reunião com a

comunidade

escolar

x

Reunião com as

famílias e

comunidade

escolar

x

Planejamento

anual com

famílias e

comunidade

escolar

x x

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Apresentação do

projeto Escola de

Pais

x

Mural de

pais/Quadro de

avisos

x x x x x x x x x x x

Reunião de

pais/responsáveis

x x x x

Oficinas x x x x x

Atividade

cultural/Festa

x x x x x x

Palestra x x x x

Plantão

pedagógico

famílias e

professoras

x x x x

Dia da família na

escola; avaliação

e monitoramento

das ações

durante o ano

letivo

x

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em vista das preposições apresentadas percebemos que a relação da escola

com as famílias precisa ser estimulada pela instituição tendo em vista as respostas

das entrevistas realizadas com as mães quando estas são convidadas a participar

de algum evento na escola, elas comparecem e sentem-se privilegiadas em

vivenciar este momento. Escola e família precisam caminhar juntas numa mão dupla

de respeito de assunção de responsabilidades que cabe a cada instituição.

Desta forma entende-se que, apesar de escola e família serem agências socializadoras distintas, as mesmas apresentam aspectos comuns e divergentes: compartilham a tarefa de preparar os sujeitos para a vida socioeconômica e cultural, mas divergem nos objetivos que têm nas tarefas de ensinar. (OLIVEIRA e MARINHO-ARAÚJO, 2010)

Em virtude do que foi apresentado no trabalho, este não tem a pretensão de

conclusão, mas de trazer reflexões acerca da necessidade do diálogo e do

empoderamento das famílias e da escola, oportunizando a participação ativa destas

não como meros expectadores, mas como agentes de reflexão da realidade local

participando ativamente das tomadas de decisões da unidade de ensino, desta

forma configura-se a gestão democrática e participativa como um ato político, onde

as pessoas atuam sobre os problemas identificados, discutidos, planejados e

avaliados em conjunto na busca de soluções.

Ao analisar os dados das entrevistas percebemos a função da coordenadora

pedagógica na formação continuada com os profissionais da escola se faz

necessária para que professores, direção e demais funcionárias reflitam sobre a

função e atribuições da escola e das famílias na educação das crianças e como

essa justaposição pode contribuir para a melhoria do processo de ensino e

aprendizagem.

As famílias percebem a função e importância da escola e da educação na vida

de seus filhos e filhas e afirmam que os mediadores principais neste processo é o

professor com apoio da gestora e demais funcionários, na qual as mães confirmam

que todos têm uma contribuição importante no ato de educar.

Apesar de por hora a família responsabilizar a escola como única mediadora no

processo de desenvolvimento dos filhos e filhas e em contrapartida as professoras

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afirmarem que a responsabilidade de educar é dos pais e mães, ambos os discursos

encontram-se numa linha de convergência quando afirmam a importância da

educação para a vida, já que convivemos em sociedade.

Diante dos dados levantados, entende-se que a escola precisa estar

propiciando abertura de espaços de discussão, reflexão e planejamento que deem

oportunidade aos pais e mães a participarem mais das ações e planejamentos que

envolve a construção de conhecimento dos filhos e filhas, a fim de que estes se co-

responsabilizem e contribuam para a melhoria da qualidade da educação juntamente

com momentos de estudos criados pela coordenação pedagógica.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. C. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. BRASIL. LDB – Lei de Diretrizes e Base da Educação. Brasília, DF: Senado, 1996. Bandeira. H. M. M. Formação de professores e prática reflexiva. Disponível em: < http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/eventos/2006.gt1/GT_13_2006.PDF. Acesso em: 04 nov. 2015. CONÇEIÇÃO M. V., ZIENTARSKI,C. PEREIRA S. M. Gestão democrática da escola pública: possibilidades e limites. UNIrevista - Vol. 1, n° 2: abril 2006. FREIRE. P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. LUBISCO. N. M. L.; VIEIRA. S. C. Manual De Estilo Acadêmico: trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses. Salvador: EDUFBA, 2013. MARQUES. L. R. Caminhos da democracia nas políticas de descentralização da gestão escolar. Rio de Janeiro, out./dez. 2006, v.14, n.53. Disponível em: <http:// http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-40362006000400007&script=sci_arttext> Acesso em: 24 out. 2015.

MIZIARA. L. A. S.; RIBEIRO. R.; BEZERRA. G. F. O que revelam as pesquisas sobre a atuação do coordenador pedagógico. Brasília set. /dez. 2014, Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-66812014000300009&lng=pt&nrm=iso&tlng=en> Acesso em: 24 out. 2015. OLIVEIRA. C. B. E. de; MARINHO-ARAÚJO. C. M. A relação família-escola: intersecções e desafios. Campinas Jan./Mar. 2010, vol.27 no.1. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

166X2010000100012&lang=pt>. Acesso em: 24 out. 2015.

RIBEIRO. D. de F.; ANDRADE. A. dos S. A assimetria na relação entre família e escola pública. São Paulo, set./dez. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X2006000300009&lang=pt>. Acesso em: 24 out. 2015. THIOLLENT. M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez Autores associados; 1986.

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APÊNDICE

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Universidade Federal da Bahia

Faculdade de Educação Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica

Pública

Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica – CECOP 3

ROTEIRO DA ENTREVISTA

A COORDENADORA PEDAGÓGICA ENQUANTO MEDIADORA DA INTERAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA, ATRAVÉS DA FORMAÇÃO CONTINUADA. Público Alvo: Professoras

1. Qual é a sua formação?

2. Quanto tempo você trabalha na escola José Benedito?

3. Qual a relação que as famílias tem com a escola José Benedito?

4. Quais são as ações que a escola promove para fortalecer a interação com a

família?

5. O que você acha que falta na Escola José Benedito para fortalecer a relação

família/escola?

6. Em que momentos/situações você percebe a participação das famílias na

escola?

7. Você conhece o Projeto Escola de Pais que está sendo desenvolvido nesta

escola? Caso sim, na sua opinião este tem contribuído para estreitar os laços

com as famílias?

8. E você, enquanto professora o que tem feito para fortalecer essa relação com

as famílias?

9. Na sua opinião qual é a função da coordenadora pedagógica na escola?

10. A coordenadora pedagógica da escola José Benedito realiza encontros de

educação continuada com vocês? Quando? Há quanto tempo?

11. Esses encontros têm contribuído para melhorar a qualidade do ensino e da

aprendizagem?

12. Quais são suas dificuldades em fortalecer a relação da escola com as

famílias?

13. Em momentos a escola convida a família para vir a escola?

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Universidade Federal da Bahia

Faculdade de Educação Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica

Pública

Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica – CECOP 3

ROTEIRO DA ENTREVISTA

A COORDENADORA PEDAGÓGICA ENQUANTO MEDIADORA DA INTERAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA, ATRAVÉS DA FORMAÇÃO CONTINUADA.

Público Alvo: Pais e/ou responsáveis

1. Quanto tempo sua/seu filha/o estuda nesta escola?

2. Na sua opinião a escola é importante? Por que?

3. Qual é o papel da família na educação das crianças/adolescentes etc?

4. Você vai sempre na escola? Em que momento você vai à escola?

5. Esta escola realiza alguma atividade para aproximar a família? Caso tenha

participado. Que tipo de ações/atividades?

6. Qual a pessoa ou pessoas na escola que promovem/promoveram esta

ação/atividade?

7. O que você acha que falta na Escola José Benedito para fortalecer a

relação e interação coma família?

8. Você conhece o Projeto Escola de Pais, que está sendo desenvolvido na

escola José Benedito?

9. Você já participou de algum encontro promovido por este projeto?

10. Se participou o que você achou? Caso não tenha participado. Por que não

participou?

11. Quais são as pessoas da escola que são responsáveis pela educação

dos/as alunos/as?

12. Você já participou de algum evento ou reunião com a coordenadora

pedagógica da escola?

13. O que a coordenadora pedagógica tem realizado na escola que tem

contribuído com a aprendizagem e o ensino do seu (a) filho(a)?