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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP3 CRISTIANE SANTANA CARVALHO PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA: POSSIBILIDADES DA FORMAÇÃO CONTÍNUA DOS DOCENTES, NA MODALIDADE EAD E SUA RELEVÂNCIA PARA A MELHORIA DA PRÁTICA PEDAGÓGICA Salvador 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP3

CRISTIANE SANTANA CARVALHO

PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA: POSSIBILIDADES DA FORMAÇÃO CONTÍNUA DOS DOCENTES, NA MODALIDADE EAD E SUA RELEVÂNCIA PARA A MELHORIA DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Salvador 2015

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CRISTIANE SANTANA CARVALHO

PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA: POSSIBILIDADES DA FORMAÇÃO CONTÍNUA DOS DOCENTES, NA MODALIDADE EAD E SUA RELEVÂNCIA PARA A MELHORIA DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica. Orientador: Prof. Lídio dos Santos Filho

Salvador 2015

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CRISTIANE SANTANA CARVALHO

PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA: POSSIBILIDADES DA FORMAÇÃO CONTÍNUA DOS DOCENTES, NA MODALIDADE EAD E SUA RELEVÂNCIA PARA A MELHORIA DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.

Aprovado em janeiro de 2016.

Banca Examinadora

Primeiro Avaliador.____________________________________________________ Segundo Avaliador. ___________________________________________________________ Terceiro Avaliador. ___________________________________________________________

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Dedico este trabalho, a minha filha Emily Kristine por ser fonte de motivação para as

minhas conquistas, a minha mãe Iraci por ser meu porto seguro, meu alicerce e

exemplo de vida, e ao meu grande amigo Moisés pela confiança em mim e pela

enorme contribuição para realização de mais uma conquista.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus por me ter concedido força e coragem para

enfrentar todos os obstáculos que surgiram ao longo dessa caminhada, guiando os

meus passos, possibilitando assim que eu chegasse ao término desse curso.

Aos meus pais que sempre foram presença constante, me dando apoio e incentivo.

Em especial a minha mãe Iraci que nunca mediu esforços para proporcionar a

realização dos meus sonhos e das minhas conquistas.

Ao meu único irmão Wesley por ter se tornado alguém muito presente e especial me

apoiando sempre que necessário.

A meu orientador, Prof. Lídio dos Santos Filho, pela paciência e competência ao me

auxiliar nesta jornada.

À Faculdade de Educação da UFBA e ao Programa Nacional Escola de Gestores

da Educação Básica, por levarem a cabo esta iniciativa que beneficia tantos

Coordenadores Pedagógicos como eu.

Agradeço ao meu namorado Maurício Matos pela paciência e compreensão da minha

ausência decorrida da falta de tempo por acúmulo de atividades e estudos.

Quero também agradecer as minhas amigas e companheiras coordenadoras Eliciane,

Josefa Cristina, Mônica e Sandra. Estivemos sempre unidas nos apoiando e

encorajando nas horas difíceis, desde as realizações das atividades como também as

viagens ao polo Ribeira do Pombal.

Ao meu grande amigo e compadre Moisés, por servir-me de exemplo, sendo um

reflexo de garra, dedicação, comprometimento, força de vontade e otimismo. Você

acreditou em mim e hoje você faz parte da minha vitória. Muito obrigada!

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Enfim, agradeço a todos que contribuíram direto ou indiretamente para a realização de

mais uma conquista, o título de especialista em Coordenação Pedagógica.

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Crescer como Profissional, significa ir localizando- se no tempo e

nas circunstâncias em que vivemos, para chegarmos a ser um ser

verdadeiramente capaz de criar e transformar a realidade em

conjunto com os nossos semelhantes para o alcance de nossos

objetivos como profissionais da Educação.

Paulo Freire

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CARVALHO, Cristiane Santana. Programa Formação pela Escola: possibilidades da

formação contínua dos docentes, na modalidade EAD e sua relevância para a

melhoria da prática pedagógica. 2015. Projeto Vivencial Especialização em

Coordenação Pedagógica- Programa Nacional Escola de Gestores da Educação

Básica, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.

RESUMO

Este Projeto Vivencial apresenta como tema “Programa Formação pela Escola: possibilidades da formação contínua dos docentes, na modalidade EAD e sua relevância para a melhoria da prática pedagógica”. Tal projeto tem a pretensão de conduzir a resultados que possibilitem entender quais possíveis contribuições do Programa mencionado, enquanto formação contínua em exercício com vistas à melhoria da prática pedagógica docente da rede pública do município de Sítio do Quinto-BA. Dessa forma, para o desenvolvimento deste trabalho, a metodologia adotada foi a pesquisa-ação, pesquisa qualitativa atrelada a uma abordagem teórica e prática, tendo como instrumento de coleta de dados, questionários aplicados com professores, coordenadores pedagógicos e diretores escolares inseridos no Programa Formação Pela Escola. É válido salientar que para sustentar as discussões, este projeto está fundamentado em teóricos como: Lima e Santos, Prada e Freitas, Preti, Neder, Pretto e Pinto, Pulo Freire, dentre outros. Diante desse contexto, este trabalho traz uma abordagem de análise teórico/empírica sobre uma realidade referente ao Programa Formação Pela Escola, (Programa de formação continuada à distancia nas ações do FNDE). Assim, esse projeto buscou desenvolver ações planejadas que levasse em consideração os cursos ofertados pelo Programa supracitado, no município de Sítio do Quinto, visando despertar o interesse dos professores em participar de formações continuada em EAD, levando-os a perceber a relevância dessa formação para melhoria da prática pedagógica no contexto atual. Com esse intuito, este trabalho organiza-se em cinco partes, sendo a primeira constituída pela Introdução que faz a apresentação do tema, bem como os objetivos e a relevância da pesquisa para o contexto atual. A segunda parte é composta pelo Memorial que traz relatos da trajetória profissional e acadêmica. A terceira parte é instituída pela Fundamentação teórica que traz enfoques teóricos relacionados ao tema. A quarta parte é organizada pela Proposta de Intervenção. E por fim, a quinta e ultima parte traz as Considerações Finais, onde tece as considerações frente ao trabalho já desenvolvido. Palavras-chave: Formação contínua docente. Educação à Distância. Programa Formação pela Escola.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Participantes do Curso Competências Básicas ........................ 34

Gráfico 2 Participantes do Curso PDDE..................................................... 34

Gráfico 3 Participantes do Curso PLi.......................................................... 35

Gráfico 4 Costumam participar de formações continuada ......................... 37

Gráfico 5 Frequência em que participam de formações continuada.......... 37

Gráfico 6 .participam de outros cursos na modalidade EAD...................... 39

Gráfico 7 Visão sobre as formações na modalidade EAD.......................... 40

Gráfico 8 Como percebe o processo de formação que está vivenciando.. 42

Gráfico 9 Contribuição do Programa FPE para a melhoria da prática........ 43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Cronograma da oficina temática................................................. 46

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

EAD Educação à Distância

FAZAG Faculdade Zacarias de Góis

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

FPE Formação Pela Escola

FUNDEB Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação

MEC Ministério da Educação e Cultura

PAR Planos de Ações Articuladas

PDDE Programa Dinheiro Direto na Escola

PLI Programas do Livro

PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar

PTE Programa do Transporte Escolar

SIMEC Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle

SIOPE Sistema de Informações Sobre Orçamentos Públicos em Educação

TCC/PV Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade Projeto Vivencial

TIC Tecnologia de Informação e Comunicação

UFBA Universidade Federal da Bahia

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................13

2 MEMORIAL..................................................................................................................16

2.1 EXPERIÊNCIAS SIGNIFICATIVAS EM MINHA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL E

ACADÊMICA: ALGUMAS MEMÓRIAS...........................................................................16

2.2 TRAJETÓRIA ACADÊMICA......................................................................................16

2.3 TRAJETÓRIA PROFISSIONAL.................................................................................20

2.4 EXPECTATIVAS.......................................................................................................21

3 A FORMAÇÃO CONTINUADA E O PAPEL DO CORRDENADOR

PEDAGÓGICO...............................................................................................................21

3.1 POSSIBILIDADES DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE NA MODALIDADE

EAD E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A MELHORIA DA PRÁTICA

PEDAGÓGICA................................................................................................................25

3.2 CONHECENDO O PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA...............................28

4 PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA: CONCEITOS, METODOLOGIA E

FERRAMENTAS.............................................................................................................30

4.1 METODOLOGIA........................................................................................................31

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO......................................................31

4.3 DESCRIÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE PESQUISA E DA COLETA DE

DADOS............................................................................................................................35

4.3.1 Análise dos dados..................................................................................................36

4.4 OPERACIONALIZANDO A PROPOSTA DE INTVENÇÃO......................................44

4.4.1 Cronograma...........................................................................................................46

4.5 RESULTADOS ESPERADOS...................................................................................47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................47

6 REFERÊNCIAS............................................................................................................49

1.

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1 INTRODUÇÃO

O tema desse Projeto Vivencial é o Programa Formação pela Escola e as

possibilidades da formação contínua dos docentes, na modalidade EAD e sua

relevância para a melhoria da prática pedagógica no contexto atual.

Partindo desse pressuposto, nosso problema pretende nos conduzir a resultados

que possibilitem entender quais são as possíveis contribuições do Programa Formação

pela Escola, enquanto formação continuada e em exercício, com vistas à melhoria da

prática pedagógica dos docentes da rede pública de ensino do município de Sítio do

Quinto-BA.

Entender as implicações da referida formação para a melhoria da prática docente,

é substancialmente relevante para os profissionais que compõem a rede pública de

educação básica do contexto educacional em questão. Há aproximadamente sete anos

atuando como coordenadora pedagógica e em contato com os professores foi possível

perceber a resistência destes em participar de formações continuada à distância. Este

ano em especial estando à frente do Programa Formação Pela Escola (Programa

Nacional de Formação Continuada a Distância nas ações do FNDE), percebemos

sobremaneira, a necessidade de elucidação da temática em questão.

Mesmo após ampla divulgação na rede escolar municipal, ainda percebe-se uma

adesão de maneira bastante inexpressiva, quanto à participação dos docentes na

referida formação. Tal fato dá margem ao surgimento de incertezas quanto a

aplicabilidade in loco, não apenas ao referido curso, mas a uma serie de instrumentos

de formação continuada na modalidade a distancia no Brasil. Diante desse contexto é

notório que o uso das TIC podem ser enfrentados com dificuldades, inseguranças,

dúvidas e medos, porém se o professor tiver consciência do seu papel transformador e

encarar essa nova realidade convicto de que a escola mudou e continua em processo

constante de transformação, ele perceberá a necessidade de acompanhar essa

mudança e para acompanhar se faz necessário sua atualização constante por meio da

formação continuada.

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Dessa forma considera-se relevante a escolha desse objeto de estudo uma vez

que enquanto profissional da coordenação pedagógica devemos estar atentos a

formação do professor, buscando subsídios teóricos e técnicos relacionados a prática,

fazendo um exercício dinâmico no uso das TIC, afim de efetivar processos de

aprendizagem, comunicação, interação e interatividade propondo alternativas de

mudanças e melhoria da prática docente.

No intuito de buscar as respostas que contribuirão para a construção de nossa

pesquisa, a metodologia adotada para o desenvolvimento deste trabalho terá como

base o princípio da pesquisa-ação, pesquisa qualitativa, atrelada a uma abordagem

teórica e prática. De acordo com Xavier (2010) “a pesquisa-ação é aquela que permite

o pesquisador fazer intervenções diretas na realidade social que se apresenta com

algum problema”. Neste tipo de pesquisa são feitas observações da realidade,

posteriormente elabora-se atividades de cunho pedagógico a partir do problema

encontrado e, em seguida, aplica-se atividades planejadas. São feitas também análises

das experiências verificando a eficácia das atividades propostas. Assim, Xavier (2010)

afirma que nesse tipo de investigação o cientista pesquisa enquanto age, propõe

mudanças que são aplicadas por ele mesmo.

Já Lakatos (2010) afirma que as características metodológicas deste tipo de

pesquisa, apresentam caráter descritivo e exploratório, visto que, tem por objetivo

descrever determinados fenômenos, a exemplo de um estudo de caso do qual são

realizadas análises empíricas e teóricas. De acordo com a autora supracitada, na

pesquisa de campo, exploratória é utilizado uma variedade de procedimentos de coleta

de dados.

Dessa forma, para o desenvolvimento do TCC/PV foram utilizados como

instrumentos de coleta de dados, questionários para a realização da análise dos dados.

Esses questionários foram aplicados aos docentes, coordenadores pedagógicos e

diretores escolares que participam como cursistas dos cursos do Programa Formação

pela Escola.

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Com base nos pressupostos trazidos ao longo do trabalho, nossa pesquisa tem

como objetivo geral despertar o interesse dos professores em participar de formações

continuada em EAD, levando-os a perceber a relevância dessa formação para melhoria

da prática pedagógica no contexto atual. Em meio a essa busca por respostas teórico-

metodológicas que nos possibilitem trazer a luz elementos que referenciam a obtenção

do objetivo geral supracitado, listamos como norteamento, os respectivos objetivos

específicos:

Possibilitar a percepção da relevância da formação continuada para a melhoria

da prática pedagógica;

Sensibilizar os professores a terem uma nova visão a respeito das formações na

modalidade EAD;

Analisar se as formações do Programa Formação pela Escola contribuem para a

melhoria da sua prática pedagógica

Perceber a necessidade e importância da sua inserção no mundo das TIC no

contexto educacional contemporâneo.

É válido salientar que este TCC/PV organiza-se em cinco partes, sendo a primeira

construída pela introdução, que faz a apresentação do tema, bem como os objetivos e a

relevância da pesquisa para o contexto atual, dessa forma essa primeira parte

apresenta elementos que serão discutidos no decorrer da pesquisa. A segunda parte é

composta pelo Memorial em que traz relatos de experiências significativas da trajetória

profissional e acadêmica, relacionadas ao objeto de estudo em questão. A terceira

parte é instituída pela Fundamentação teórica, que traz enfoques teóricos relacionados

ao tema em discussão e sustenta o estudo deste trabalho. A quarta parte é organizada

pela Proposta de intervenção, onde há uma apresentação sucinta do Programa

Formação pela Escola, conceitos, metodologia e ferramentas, além de ser apresentada

também a metodologia adotada nessa pesquisa, os objetivos, a caracterização do

objeto de estudo, a descrição da coleta de dados, a análise dos dados, a

operacionalização da proposta de intervenção e por vim as expectativas quanto aos

resultados esperados.

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Este trabalho se encerra com as considerações finais as quais pretende ressaltar a

relevância do Programa Formação pela Escola, enquanto formação continuada e suas

contribuições para a melhoria da prática pedagógica no contexto atual.

2 MEMORIAL 2.1 EXPERIÊNCIAS SIGNIFICATIVAS EM MINHA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL E ACADÊMICA: ALGUMAS MEMÓRIAS

Sou Cristiane Santana Carvalho, nasci em 12 de agosto de 1983, tenho 32 anos.

Sou mãe de uma linda menina de sete anos chamada Emily Kristine. Resido e trabalho

em um pequeno município do interior da Bahia, Sítio do Quinto-Ba. Sou professora

efetiva nesse município, mas há oito anos atuo como coordenadora pedagógica. Sou

graduada em Pedagogia e pós-graduada em Gestão Educacional com Ênfase

pedagógica em nível de especialização.

O presente memorial é de grande relevância para minha formação visto que

decorre dos relatos de experiências significativas em minha trajetória profissional e

acadêmica, levando-me a refletir sobre as dificuldades encontradas, as conquistas

alcançadas, bem como as expectativas almejadas para o futuro. Dessa forma esse

memorial será dividido em três partes: Trajetória Acadêmica, Trajetória Profissional

e Expectativas. Será destinado ao Programa Nacional Escola de Gestores da

Educação Básica Pública, Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica pela

Universidade Federal da Bahia.

2.2 TRAJETÓRIA ACADÊMICA

Desde o tempo de criança já gostava de estudar, sempre fui aluna de escola

pública e apesar de ser filha de pais humildes e sem escolaridade sempre apoiaram os

meus estudos, em especial a minha mãe. Concluir o Ensino Médio em 2002 e

infelizmente a falta de recursos financeiros não permitiu que eu ingressasse de imediato

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na faculdade. No entanto além da enorme vontade de continuar meus estudos sabia da

necessidade de avançar, visto que antes mesmo de concluir o Ensino Médio já

lecionava. Lembro-me que da minha turma do terceiro ano de Magistério, apenas duas

colegas no ano seguinte prosseguiram os estudos.

Em 2007, especificamente no segundo semestre, em fim prestei vestibular e ao

receber o resultado do vestibular, tive uma grande surpresa, recebi também o resultado

de gravidez, uma gravidez não planejada que seria o motivo de adiar mais uma vez o

meu sonho de cursar Pedagogia. Porém com o incentivo da minha mãe encarei esse

desafio e prossegui. Fiz minha graduação na Faculdade AGES. A cada disciplina

estudada tinha mais certeza de que era aquele curso que eu queria fazer, sempre fui e

continuo sendo apaixonada pela Educação. No entanto os desafios continuaram.

Estudei um ano, e no segundo semestre de 2008 nós funcionários públicos do

município em que atuo passamos por grandes dificuldades visto que o gestor municipal

passou aproximadamente quatro meses sem realizar pagamentos. Dessa forma outra

vez tive que aguardar um pouco mais. Tranquei a faculdade e retornei em 2009,

concluindo o curso em março de 2013. Em fim um dos meus sonhos realizado. Antes

mesmo de concluir, já comecei a fazer a minha pós-graduação em Gestão Educacional

com Ênfase pedagógica pela Faculdade Zacarias de Góis (FAZAG).

Procuro participar de todas as formações que tenho oportunidade, uma vez que

tanto professor, quanto o coordenador pedagógico devem estar constantemente se

atualizando. Enquanto profissionais da educação, mesmo tento uma vasta bagagem,

devemos ser eternos aprendizes, visto que o mundo evolui velozmente, e cabe a nós

estarmos engajados nesse processo de mudança. É necessário conhecer os

pressupostos básicos de construção do conhecimento bem como os fatores que

facilitam a aprendizagem, necessitando assim estar em constante formação atrelando

teoria e prática. Nesse contexto vale ressaltar o pensamento de Paulo Freire (1996):

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar na novidade. (FREIRE, 1996, P. 29).

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Mediante esse pressuposto é notório a importância da Formação continuada, uma

vez que, a partir dessa formação ocorre o processo de ação-reflexão-ação.

Reconhecendo a importância e necessidade da formação continuada para minha

atualização profissional e consequentemente a melhoria de minha prática, considero

relevante mencionar os cursos que participei até o presente momento. Quero começar

destacando um curso muito simples, mas que na ocasião foi uma grande novidade

“Curso Básico de Informática”. No ano de 2004 em Goiânia-GO com carga horária

de 40 horas na Dig Work Informática. Nesse período trabalhava como professora de

uma escola particular e sentia a necessidade de começar a entender pelo menos o

básico sobre as TIC. Para transitar e sobreviver neste meio informatizado faz-se

necessário adquirir habilidades técnicas, e nós profissionais da educação devemos

encarar as mudanças com tranquilidade buscando acompanhar o processo e se

adaptar ao novo cenário social.

Em 2009 tive a oportunidade de participar da primeira formação na modalidade à

distancia “ Curso de Aperfeiçoamento Gênero e Diversidade na Escola, oferecido

pela Universidade Federal de São Carlos, no período de 20 de junho a 30 de novembro

totalizando a carga horária de 200 horas. Enfrentei muitos desafios, uma vez que ainda

não tinha computador em casa e as dificuldades de acesso eram imensas. No entanto

foi o pontapé inicial para inserção das TIC no meu trabalho enquanto coordenadora

pedagógica onde automaticamente refletia no trabalho dos educadores. A partir de

então passei a acreditar nesse tipo de formação em EAD, pois pôde perceber as

grandes possibilidades que ela nos oferece. A formação em EAD possibilita que nós

enquanto cursistas possamos organizar nosso tempo de estudo, de acordo com a

nossa disponibilidade de horário, os estudos podem ser realizados em casa, ou

qualquer outro ambiente a nossa escolha, permite mais contato com as ferramentas

tecnológicas, interação por meio dos diálogos nos ambientes virtuais de aprendizagem

com pessoas de diferentes lugares, podendo assim confrontar opiniões, conhecer

outras realidades, atrelando teoria e prática. Outras formações em EAD passaram a

fazer parte da minha trajetória acadêmica, entre elas: Programa Nacional de

Fortalecimento aos Conselhos Escolares em 2014 ofertado pela UFBA; Curso de

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Formação Continuada de Conselheiros Municipais de Educação

(PROCONSELHO) em 2015, também ofertado pela UFBA; Curso de Especialização

em Coordenação Pedagógica ofertado pelo Programa Nacional Escola de Gestores

da Educação Pública Básica (UFBA), curso ao qual esse memorial se destina. E por fim

Os cursos do Programa Formação Pela Escola, ofertados pelo FNDE, os quais

também sou tutora no meu município. Esses cursos foram minha principal motivação

para a escolha do tema do TCC/PV: Curso Competências Básicas (março/abril de

2015), Formação em Tutoria (março/abril de 2015), Curso Programa Dinheiro Direto

na Escola (maio/junho de 2015), Curso programa do Livro (julho/agosto de 2015).

Além das formações em EAD, também participei de formações presenciais que

considero pertinente deixar registradas nesse memorial: Curso de Capacitação do

Programa Alfabetização Solidária realizado no período de 12 a30 de janeiro de

2000em Cruz Alta-RS ofertado pela UNICRUZ (Universidade de Cruz Alta); Programa

de Formação Continuada de Professores das séries iniciais do Ensino

Fundamental: Alfabetização e Linguagem em 2006, (Universidade Estadual de Ponta

Grossa); Programa Pró-Letramento em Matemática, em 2007, (Universidade do Vale

do Rio dos Sinos); Formação Continuada em Educação Especial na Área de

Transtorno de Déficit de Atenção e Imperatividade, em outubro de 2009, (Instituto

Anísio Teixeira); Formação de Formadores em Alfabetização e Letramento, de

março a novembro de 2012 (Instituto Anísio Teixeira); Formação de Agentes de

Leitura do Programa Mais Cultura em setembro de 2012 (Fundação Pedro Calmon);

Programa de Capacitação para Gestores Escolares-PROGESTÃO) em 2010/2011;

Formação dos Coordenadores do Baú de Leitura em Novembro de 2013 (UNICEF).

Além de formações continuadas em Jornadas Pedagógicas promovidas pelo Município

por meio de Consultorias, Seminários Regionais, Fóruns Regionais e Congressos.

A formação continuada é imprescindível visto que é a partir dos estudos, da

análise da realidade da qual fazemos parte, que percebemos a importância do

conhecimento onde ajuda na transformação, podendo assim, assimilar os mesmos na

prática cotidiana associando teoria e prática, ambas caminham juntas. Segundo Marta

Darsie (1999, p. 9): "Toda prática educativa traz em si uma teoria do conhecimento”.

Dessa forma a formação continuada continuará presente em minha trajetória.

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2.3 TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Minha trajetória profissional iniciou cedo, comecei a lecionar em 2001 quando

ainda estava cursando o Ensino Médio (magistério), contratada pela prefeitura do

município até o final de 2003, neste mesmo ano recebi da escola em que lecionava, o

título de Professora Destaque por Dedicação e Compromisso na Missão de

Educar.

Ainda no final de 2003 mudei de cidade, passei a morar em Goiânia-GO, onde fui

contratada por uma escola particular (Escola Ciranda do Anel) e lecionei um ano e

meio, nos primeiros dois meses em uma turma de maternal e posteriormente a escola

me ofereceu mais uma turma. Em Agosto de 2005 retornei à Bahia, prestei concurso

público para professora, fui aprovada e no início de 2006 já comecei a atuar.

No ano de 2007 fui convidada a assumir a coordenação pedagógica de um Polo

educacional do Município. Atuei como coordenadora pedagógica nesse Polo até final de

2012, na Educação Infantil e séries iniciais. Em fevereiro de 2012 ministrei um curso

com duração de 4 horas para professores e gestores numa jornada pedagógica a partir

de um projeto, tendo como tema: “Gestão democrática: O Conselho Escolar como

espaço de participação da gestão e da comunidade escolar”.

A partir de 2013 até os dias atuais estou atuando como Coordenadora

pedagógica na Secretaria Municipal de Educação e Tutora do Programa Formação pela

Escola (Programa Nacional de Formação Continuada à Distância nas Ações do FNDE)

que tem como principal objetivo capacitar agentes, operadores, parceiros e

conselheiros envolvidos com a execução, acompanhamento, avaliação e prestação de

contas das ações e programas financiados com recursos do orçamento do FNDE. Esse

programa me motivou na escolha do Objeto de Estudo do TCC/PV, uma vez que

enquanto tutora e coordenadora da secretaria, percebo o quanto os cursos na

modalidade EAD ainda causa desconforto e insegurança em grande maioria dos

docentes. De acordo com HAENTNGER (1998):

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Acompanhar o que está acontecendo, principalmente no que tange a informação, é fundamental para o professor. É preciso conhecer os recursos que estão em suas mãos e que além de modernizar (em todos os sentidos) o processo de ensino, são fundamentais para aproximar o educador deste universo tão presente na vida dos educandos. (HAENTNGER 1998, P. 88).

Nesse contexto, é notório a necessidade do professor encarar essa nova

realidade, convicto de que a escola mudou e continua em processo de transformação.

E participar de formações na modalidade EAD é uma possibilidade de engajar nesse

processo.

2.4 EXPECTATIVAS

Minhas experiências relatadas nesse memorial, tanto profissionais como

acadêmicas são bastante significativas para o meu crescimento. Muitos desafios foram

trilhados no percorrer do caminho, deixando um vasto aprendizado e com a certeza de

que o meu diferencial enquanto profissional depende exclusivamente das minhas

escolhas, por isso escolhi me especializar na área em que atuo e desejo continuar

estudando. É válido ressaltar o quanto esse curso de Especialização em Coordenação

Pedagógica contribuirá para a melhoria da minha prática, uma vez que seu currículo é

estruturado em torno do eixo “organização do trabalho pedagógico” trazendo subsídios

teóricos para desenvolvermos o nosso real papel de “coordenador pedagógico” numa

instituição escolar. Estou convicta da necessidade de continuar em formação

continuada e anseio na possibilidade de ingressar em um Mestrado.

3- A FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE E O PAPEL DO COORDENADOR

PEDAGÓGICO

O papel do professor vem sendo transformado ao decorrer dos tempos, antes

considerado o dono do saber, com função de transmitir conhecimentos, hoje assume

uma nova postura “mediador” do processo de ensino-aprendizagem, fazendo-se

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necessário conhecer os pressupostos básicos de construção do conhecimento bem

como os fatores que facilitam a aprendizagem, necessitando assim estar em constante

formação atrelando teoria e prática. Para Paulo Freire (1996, pag. 29), “não há ensino

sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se encontram um no corpo do

outro”.

É importante ressaltar que atualmente nos deparamos com uma era altamente

globalizada em que as mudanças ocorrem de forma instantânea, principalmente no que

diz respeito ao uso das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação). Esse novo

contexto pode ser enfrentado com dificuldades, incertezas, medos e de forma

inadequada, porem se o professor tiver consciência do seu papel transformador e

encarar essa nova realidade, convicto de que a escola mudou e continua em processo

constante de transformação ele perceberá a necessidade de acompanhar esse

processo de mudança. De acordo com Prada e Freitas (2010, pag. 369), “formar-se é

um processo de toda a vida; enquanto seres humanos temos a possibilidade de

aprender”.

Diante desse contexto, é necessário que o docente esteja em constante formação

e atualização. Essa atualização se dará por meio da formação contínua. É válido frisar

que o aperfeiçoamento docente está previsto na legislação brasileira como direito dos

profissionais da Educação e deve ser garantido no próprio espaço escolar. Assim é

pertinente salientar que a LDB regulamenta a formação desses profissionais nos

seguintes artigos:

Art.61- A formação dos profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase de desenvolvimento do educando, terá como fundamento: I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades. Art.67- “os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais de educação, assegurando-lhes: [...] aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico para esse fim; [...] período reservado

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a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho”. (BRASIL, 1996).

A partir das necessidades expostas, entra a principal responsabilidade do

coordenador pedagógico que é de promover no espaço escolar a formação contínua

dos docentes. Esse é o seu principal papel, articulador da formação docente em

serviço. Cabe ao coordenador pedagógico estabelecer propostas de formação contínua

que possa contribuir para a socialização dos conhecimentos, fortalecendo as ações

para novas transformações na formação docente, promovendo os momentos de

ação/reflexão, alimentando algumas teorias, levando para a prática juntamente com os

professores para juntos criarem novos saberes para serem trilhados nos caminhos a

serem percorridos. E por meio dessas intervenções buscarem juntos, aprendizagens

significativas. Portanto a responsabilidade do coordenador é grande, os desafios são

ilimitados. A esse respeito “O coordenador pedagógico tem a atribuição de favorecer o

trabalho docente na educação básica, por meio da formação continuada de

professores, sendo ele um dos autores sociais responsáveis por essa formação”. (LIMA

e SANTOS, 2007, p. 78).

Em suas formações com o corpo docente é de grande relevância que sejam

discutidos os problemas existentes na escola e também na sala de aula, fazendo uma

reflexão crítica sobre a prática. Dessa maneira as formações e diálogos surgem a partir

das necessidades, da realidade do contexto escolar. Assim, o trabalho do coordenador

pedagógico gera em torno dessas necessidades, visto que o objetivo maior, tanto do

coordenador, quanto do professor, é o desenvolvimento e aprendizagem do aluno. Para

Prada e Freitas (2010, pag. 370), “espera-se que a formação continuada contribua com

a manutenção, criação e alteração das relações estruturantes e estruturadas do

desenvolvimento do profissional do coletivo docente na instituição escolar”.

Nessa perspectiva entende-se que a promoção da formação continuada dos

docentes é de grande relevância, uma vez que possibilita reflexões sobre a prática

pedagógica a partir do momento em que os professores associam isso à teoria. Prada

e Freitas (2010), esclarecem essa relação entre teoria e prática quando afirmam que “a

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prática pode ser explicada e compreendida mediante a teoria e esta pode ser

executada e produzida a partir da prática.

Corroborando com os autores supracitados Paulo Freire (1996) afirma que “é

pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima

prática”. Dessa forma podemos afirmar que o acesso à formação continuada para o

professor é imprescindível visto que é a partir dos estudos, da análise da realidade da

qual fazemos parte, que percebemos a importância do conhecimento onde ajuda na

transformação, podendo assim, assimila-los na prática cotidiana relacionando teoria e

prática, ambas caminham juntas, sendo o coordenador pedagógico o principal

responsável por essa formação continuada.

Mediante essas reflexões somos impulsionados a pensar visualizando horizontes

mais largos, convictos de que o papel do professor na atualidade vai muito além de

cuidar apenas da tarefa de ensinar, fazendo-se necessário dar conta de outras

dimensões. Dessa forma cabe ao coordenador pedagógico possibilitar através dos

momentos de formação continuada no próprio ambiente escolar, diferentes horizontes

que levem os docentes a engajarem no processo de transformação e mudança. Nessa

ótica vale citar:

(...) a escola, como instituição educacional e como espaço de formação continuada dos professores precisa proporcionar recursos e tempo para que os educadores possam compreender sua própria realidade institucional, analisa-las e, consequentemente, transforma-la. Assim será desenvolvido um processo de formação que possibilite melhoria no fazer docente individual e coletivo. (PRADA E FREITAS, 2010, p. 374).

Nessa contenda percebe-se o quão é importante o coordenador pedagógico

desempenhar bem o seu papel primordial de articulador da formação continuada

docente, no entanto, são tantas atribuições que lhe são dadas na instituição escolar,

que acaba acarretando o seu trabalho, diminuindo o tempo para se dedicar as

formações. Tais atribuições são inúmeras as quais fazem com que o próprio

coordenador deixe de assumir sua própria identidade. A esse respeito Lima e Santos

(2007, pag. 80), ressalta que “por não ter claro o seu papel, ou mesmo tendo claro, mas

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abrindo mão dele por conta das cresças ou crenças auto-realizadoras no interior da

escola, acompanha o ritmo ditado pelas rotinas ali arraigadas”.

De acordo com os autores supracitados o coordenador pedagógico por assumir

diversas atribuições é rotulado como responsável pela maioria das emergências que

ocorrem no ambiente escolar, assumindo assim papéis que não lhes compete, tais

como de secretário escolar, de diretor e até de professor quando passa a substitui-los

em suas ausências. Dessa forma é importante frisar as principais atribuições do

coordenador pedagógico:

a) acompanhar o professor em suas atividades de planejamento, docência e avaliação; b) fornecer subsídios que permitam aos professores atualizar-se e aperfeiçoar-se constantemente em relação ao exercício profissional; c) promover reuniões, discussões e debates com a população escolar e a comunidade no sentido de melhorar sempre mais o processo educativo; d) estimular os professores a desenvolverem com entusiasmo suas atividades, procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos problemas que aparecem. (LIMA e SANTOS, 2007, p. 79) apud (PILETTI, 1998, p. 125).

O que se pode concluir nessa breve discussão é que a escola não se constitui

apenas de alunos e professores, mas de sujeitos ativos, com formas de ser e aprender

diferenciados, em que a realidade escolar influencia a atuação de todos os profissionais

que fazem a educação, necessitando assim que tais profissionais estejam em constante

formação em busca do seu aperfeiçoamento profissional e pessoal que irá refletir em

sua prática pedagógica e consequentemente na transformação do ambiente escolar.

Dessa forma, a formação docente em serviço é imprescindível e o coordenador como

agente de formação é fator primordial.

3.1 POSSIBILIDADES DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE NA MODALIDADE

EAD E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA

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Vivemos em tempos marcados por inúmeras mudanças, decorrente de um avanço

extraordinário das inovações tecnológicas. Tais mudanças caracterizam a realidade

atual dos profissionais docentes influenciando-os a engajarem-se no processo de

formação contínua. Essa é uma necessidade emergente da contemporaneidade, visto

que a competitividade no mercado de trabalho aumenta velozmente, decorrente do

ritmo acelerado da inserção e uso das TIC no cotidiano. A esse respeito Preto e Pinto

(2006) ressalta que “há 15 anos eram poucos os usuários de celulares, e somente parte

da comunidade acadêmica tinha acesso à internet. Hoje pode-se conectar a internet a

partir dos celulares, o que leva as pessoas a estarem frequentemente conectadas”.

Estamos na era da sociedade informatizada em que torna-se quase impossível

imaginar-se sem o uso das TIC. Pode-se observar que as crianças hoje, antes mesmo

de aprender a ler e a escrever, já se deparam com computadores, celulares, tabletes

tendo acesso aos jogos virtuais, passando assim a fazer parte desde cedo do mundo

digital. Nesse contexto é imprescindível que o professor busque sua inserção no meio

tecnológico como condição básica para transitar e sobreviver no contexto atual. De

acordo com Preti (1996, p. 16) “As mudanças tecnológicas da informação também

fazem com que grande parte das qualificações fiquem defasadas, a um ritmo cada vez

mais rápido, diante dos aparatos de informação que operam em tempo real”.

Vale pontuar que mediante a tanta mudança e necessidade de qualificação,

surgiram diferentes possibilidades de formações que não se restringem apenas as

salas de aula. O jeito de ser e fazer educação também mudou. Uma das alternativas de

formação e aperfeiçoamento muito presente no cenário atual é a EAD (Educação à

distância). “A educação à distância é, pois, uma modalidade não-tradicional, típica da

era industrial e tecnológica, cobrindo distintas formas de ensino-aprendizagem,

dispondo de métodos, técnicas e recursos, postos a disposição da sociedade”. (PRETI,

1996, P. 19).

A EAD é uma modalidade de ensino que visa facilitar a vida dos cursistas no que

diz respeito ao tempo de formação e localização geográfica. Nas formações nessa

modalidade o cursista tem a possibilidade de organizar seu tempo de estudo, de acordo

com a sua disponibilidade de horário, os estudos podem ser realizados em casa, ou

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qualquer outro ambiente a sua escolha, desde que tenha acesso às ferramentas

digitais, além de possibilitar interação por meio dos diálogos nos ambientes virtuais de

aprendizagem com pessoas de diferentes lugares, podendo assim confrontar opiniões,

conhecer outras realidades e atrelar teoria e prática. Sobre a escolha de formações em

EAD, PRETI (1996) afirma:

A maioria de seus alunos apresentam características particulares, tais como: são adultos inseridos no mercado de trabalho, residem em locais distantes dos núcleos de ensino, não conseguiram aprovação em cursos regulares, são bastante heterogêneos e com pouco tempo para estudar no ensino presencial. Esses estudantes buscam essa modalidade porque nela encontram facilidade para planejar seus programas de estudo e avaliar o processo realizado, e até mesmo porque preferem estudar a sós que em classes numerosas. (PRETI, 1996, p. 19).

É válido salientar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)

9394/96 em seu artigo 62 estabelece a formação dos professores em Nível Superior em

cursos de Licenciatura, para atuar na educação básica e a EAD tem sido uma das

possibilidades de formação docente, tanto inicial quanto continuada. Nessa contenda,

Neder (2006) ressalta que a EAD nos projetos de formação de professores tem sido

vistas como oportunidade de atendimento a um contingente de milhões de docentes

que atuam nas redes públicas do país, sem formação em nível superior.

Na visão da autora supracitada, a EAD além de promover processos interativos,

também permite que a aprendizagem ocorra mediante processo ação-reflexão-ação.

Tais processos levam o docente, a refletir a partir da teoria e se apropria dessa teoria

para melhorar sua prática.

Embora a EAD esteja muito presente no contexto atual, ainda existe uma visão

errônea no que diz respeito a esse tipo de modalidade, certo preconceito embutido,

necessitando que a sociedade compreenda melhor de forma clara e exata o que

diferencia a educação a distância da educação presencial. Nessa contenda vale

destacar:

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A EAD distingue-se da modalidade de ensino presencial por ser um sistema tecnológico de comunicação bidirecional que pode ser massivo e que substitui a interação pessoal em sala de aula entre professor e aluno como meio preferencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e o apoio de uma organização e tutoria que propiciam uma aprendizagem independente e flexível. (ARETIO, 1995) apud (PRETI, 1996, p. 25).

Dessa forma ao contrário das visões equivocadas que a sociedade apresenta

sobre EAD, as formações nessa modalidade de ensino exige do cursista maturidade,

determinação e autonomia, visto que os estudos são individualizados e independentes,

ou seja ele é responsável pela suas próprias práticas e reflexões, pela organização do

tempo de estudo. Outro aspecto relevante a ser destacado são as habilidades e

práticas com o uso dos recursos tecnológicos, visto que são esses recursos que

possibilitam o acesso aos ambientes virtuais de aprendizagem, o contato com os

professores e tutores, o diálogo com outras pessoas, rompendo assim as barreiras da

distância. Nessa visão “a autonomia do aluno passa a ser um dos ideais da ação

educativa. Ele é estimulado, instigado a buscar, a ser ativo no processo de construção

do conhecimento”. (NEDER, 2006, p. 81).

Em decorrência dessas reflexões pode-se perceber que a formação contínua dos

docentes na modalidade de EAD oportuniza ao professor um contato maior com as

ferramentas digitais, levando-os a adquirirem maiores habilidades no que diz respeito

ao uso das TIC, além de propiciar subsídios teóricos e técnicos que consequentemente

poderá refletir de maneira significativa em sua prática pedagógica. É importante

ressaltar que além do aperfeiçoamento da prática, a formação contínua em EAD

possibilita ao docente, maior interação e interatividade nos ambientes virtuais de

aprendizagem, impulsionando-o a assumir um novo perfil, de um educador pesquisador

informatizado.

3.2 CONHECENDO O PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA: PROGRAMA

NACIONAL DE FORMAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA NAS AÇÕES DO FNDE

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A Educação a Distância é a modalidade educacional na qual a mediação didático-

pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios

e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Esta definição

está presente no Decreto 5.622, de 19.12.2005 (que revoga o Decreto 2.494/98), que

regulamenta o Art. 80 da Lei 9.394/96 (LDB).

As políticas públicas voltadas para a formação contínua dos docentes tem obtido

progresso nos últimos anos. O Ministério da Educação em parceria com as secretarias

tem ofertado cursos de formação inicial e continuada para os professores na

modalidade EAD que além de promover o aperfeiçoamento profissional, possibilita a

utilização intensiva das tecnologias de informação e comunicação. A esse respeito

Neder (2006) destaca a interação como aspecto positivo para os docentes nesse tipo

de modalidade. A autora ressalta:

Se a aprendizagem decorre da interação entre os sujeitos, o professor passa a ter um novo papel no processo ensino-aprendizagem. Passa a ser um sujeito mais pesquisador do que transmissor, preocupado com a atualização constante, reconhecendo em seus alunos e também nos orientadores de aprendizagem (tutores) parceiros no processo de interlocução e produção do conhecimento. (NEDER, 2006, p. 83).

Entre os diversos programas de formação continuada na modalidade EAD

ofertados pelo MEC, destaca-se o Programa Formação Pela Escola. Este é um

Programa Nacional de Formação Continuada a Distância nas ações do FNDE (Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação), Autarquia do Ministério da Educação. O

programa Formação Pela Escola é destinado não somente aos docentes, mas a todos

que fazem parte da educação, seja como profissional ou comunidade escolar, e tem

como principal objetivo capacitar os agentes, operadores, parceiros e conselheiros

envolvidos com a execução, acompanhamento, avaliação e prestação de contas das

ações e programas financiados com recursos do orçamento do FNDE. (BRASIL, 2013).

O Programa Formação pela Escola é organizado em cursos com temáticas

diferenciadas, onde a carga horária varia entre 40 a 60 horas. O material de estudo é

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disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) em módulos PDF e a duração é

de 30 a 45 dias. O primeiro curso ofertado pelo programa é o Curso Competências

Básicas, que apresenta como temática “FNDE e o apoio às políticas públicas para a

educação básica”, pré-requisito para os demais cursos: PDDE, (Programa Dinheiro

Direto na Escola), PTE (Programa do Transporte Escolar), PLi (Programas do Livro),

Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar), Fundeb (Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação Básica), Prestação de Contas, Controle Social, SIOPE

(Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação) e Censo Escolar.

Dessa forma fica explícita a importância do Programa Formação Pela Escola,

visto que os cursos ofertados por ele são de grande relevância para a melhoria da

qualidade da educação, uma vez que educação não se resume a sala de aula, a alunos

e professores, vai muito além. Para que ocorra uma aprendizagem significativa e a

educação torne-se de qualidade é necessário envolver todos os segmentos,

promovendo uma gestão democrática e participativa, para isso é necessário uma

mobilização social em prol de um objetivo comum. Mais participação significa mais

democracia quando as pessoas envolvidas dispõem de capacidades e autonomia para

decidir e pôr em prática suas decisões. E esse é o objetivo primordial do programa, o

fortalecimento e qualificação de parcerias do controle social nas ações financiadas pelo

FNDE que reflete na qualidade da educação.

4- PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA: CONCEITOS, METODOLOGIA E

FERRAMENTAS.

Este projeto vivencial será desenvolvido no âmbito da Rede Municipal de

Educação do Município de Sítio do Quinto-Ba. Trata-se de um trabalho de conclusão

do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica (CECOP), ofertado pela

Universidade Federal da Bahia (UFBA) em parceria com o Programa Nacional Escola

de Gestores da Educação Básica, do Ministério da Educação (MEC), no Polo de Ribeira

do Pombal.

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Para desenvolver esse projeto, foi selecionado o Eixo temático 6 que trata das

Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação TIC. E tem como objeto de

estudo “Programa Formação Pela Escola: possibilidades de formação contínua dos

docentes na modalidade EAD e sua relevância para a melhoria da prática pedagógica”.

4.1 METODOLOGIA

Essa pesquisa foi desenvolvida por meio da pesquisa-ação, pesquisa qualitativa,

atrelada a uma abordagem teórica e prática. De acordo com Lakatos (2010) as

características metodológicas deste tipo de pesquisa, apresentam caráter descritivo e

exploratório, visto que, tem por objetivo descrever determinados fenômenos, a exemplo

de um estudo de caso do qual são realizadas análises empíricas e teóricas.

É válido salientar que inicialmente foi realizada a coleta de dados através da

aplicação de um questionário com questões abertas e fechadas. Posteriormente foi

realizada a análise dos dados e a parti da análise foi construída a proposta de

intervenção com a pretensão de levar os docentes a perceberem a relevância do

Programa Formação Pela Escola, enquanto formação continuada para a melhoria da

prática pedagógica.

Dessa forma será desenvolvida uma oficina temática com a duração de 8 horas,

para os docentes da rede municipal de ensino, além da divulgação do programa FPE

em reuniões com gestores e nas redes sociais. A oficina será desenvolvida na semana

pedagógica a parti de slides, vídeos motivacionais, estudos de caso, dinâmicas,

apresentação e exploração do AVA. É importante ressaltar que essa oficina será gerida

pela Coordenadora pedagógica cursista do CECOP 3 e terá o apoio da Secretaria

Municipal de Educação.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

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O objeto de estudo deste Projeto Vivencial surgiu a partir do Programa Formação

Pela Escola, aderido pela Secretaria Municipal de Educação do município em que atuo

como coordenadora pedagógica na própria secretaria e Tutora do Programa

supracitado.

O Programa Formação Pela Escola é uma ação do Plano de Ações Articuladas

(PAR) do município de Sitio do Quinto-BA. O PAR é um processo de planejamento da

gestão da política de educação que os municípios, os estados e o Distrito Federal

devem implantar em um período de quatro anos. Para os especialistas esse

planejamento constitui-se em importante instrumento para promover a melhoria da

educação pública. Ele contém quatro dimensões: gestão educacional; formação de

professores e de profissionais de serviço e de apoio escolar; práticas pedagógicas e

avaliação; e infraestrutura física e recursos pedagógicos. A elaboração do PAR e o seu

devido acompanhamento são ações realizadas por meio do Sistema Integrado de

Monitoramento Execução e Controle do Ministério da Educação (SIMEC). BRASIL,

2013, p. 86.

O Programa Formação Pela Escola é um Programa Nacional de Formação

continuada a Distância, ofertado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação (FNDE) em parceria com as secretarias de educação dos municípios,

estados e Distrito Federal que tem como meta preparar os agentes educacionais para

que possam atuar em parceria com o governo, de modo a buscar a melhoria da escola,

facilitando o acesso, a permanência e o desenvolvimento de crianças, jovens e adultos

matriculados nos diferentes níveis de ensino.

O público-alvo do programa são os gestores estaduais e municipais de educação,

os professores, coordenadores, diretores das escolas e outros profissionais da rede

pública de ensino, pessoas da comunidade, conselheiros e outros representantes

existentes no espaço escolar. Os cursos ofertados pelo programa são os seguintes:

Formação de Tutores; Competências Básicas; PDDE. PLI; PTE; Pnae; Fundeb;

Controle Social; Siope; Ações de Infraestrutura escolar e Censo Escolar.

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Os cursos do Programa Formação pela Escola tiveram início no município em

julho de 2015, o primeiro curso ofertado foi Competências Básicas. Esse curso trás

informações sobre as políticas públicas na área da educação, executadas pelo governo

federal, o financiamento dessas políticas e o papel do FNDE no apoio e efetivação

dessas políticas. Esse curso também visa identificar como a sociedade pode realizar o

acompanhamento e o controle social dos recursos públicos destinados à educação. A

carga horária do curso é de 40 horas e a duração de 45 dias.

O segundo curso ofertado pelo programa no município foi Programa Dinheiro

direto na escola teve início em setembro de 2015 e término em outubro de 2015, carga

horária de 60 horas, duração de 45 dias e tem como principal objetivo disponibilizar ao

cursista informações e conhecimentos sobre a concepção do PDDE, seus principais

objetivos, sua forma de execução, detalhando inclusive a sua operacionalização e a

prestação de contas. O terceiro curso será ofertado agora nos meses de novembro e

dezembro de 2015, será o PLI (Programas do Livros) com carga horária de 40 horas

duração de 45 dias.

O município poderá ofertar todos os cursos do Programa Formação pela Escola,

desde que tenha demanda interessada. Cada curso terá a carga horária entre 40 a 60

horas, duração de 45 dias sendo que terão dois encontros presencias de 4 horas para

cada curso totalizando 8 horas. A divulgação foi realizada em todas as escolas, com

apresentação em slides apresentando o programa, os cursos e os objetivos, a

divulgação também foi realizada através das redes sociais. Os interessados

preencheram as fichas de inscrições que ficam arquivadas na Secretaria Municipal de

Educação. São disponibilizadas 120 vagas para cada município formando três turmas

de 40 cursistas cada uma.

O município de Sítio do Quinto-BA abriu as 120 vagas disponibilizadas pelo

Programa Formação Pela Escola, formando três turmas, nos cursos Competências

Básicas e PDD. No curso PLi só foi disponibilizado 40 vagas para todos os municípios.

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22%

13%

65%

CURSO COMPETÊNCIAS BÁSICAS

PROFESSORES

COORDENADORES EDIRETORES

DEMANDA SOCIAL

21%

13%

66%

CURSO PDDE

PROFESSORES

COORDENADORES EDIRETORES

DEMANDA SOCIAL

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4.3 DESCRIÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE PESQUISA E DA COLETA DE DADOS

Ainda de acordo com Lakatos (2010), analisar os dados de uma pesquisa é

tentar confirmar as relações existentes entre o fenômeno observado e outros fatores.

Esta análise deve ocorrer após a manipulação dos dados obtidos. Dessa forma, a

análise dos dados da presente pesquisa dará ênfase, as respostas do questionário

aplicado com os professores efetivos da rede municipal de ensino que estão

participando dos cursos do Programa Formação Pela Escola.

O questionário foi aplicado em um encontro presencial do Programa Formação

Pela Escola, do Curso PLi, com todos os cursistas, no entanto a análise será feita

apenas com as respostas dos cursistas que são professores da rede e estão atuando

em sala de aula ou na coordenação pedagógica e direção escolar. Dessa forma serão

analisados 20 questionários. É importante ressaltar que foram elencadas cinco

questões, sendo duas fechadas e três abertas:

37%

33%

30%

CURSO PLI

PROFESSORES

COORDENADORES EDIRETORES

DEMANDA SOCIAL

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4.3.1 Análise dos dados

Conforme alusão anterior esta pesquisa foi desenvolvida a partir da observação da

realidade do Programa Formação Pela Escola, bem como da aplicação de um

questionário com professores efetivos da rede de ensino do município de Sítio do

Quinto-Ba, sendo que 11estão atuando em sala de aula, 4 estão exercendo a função

de diretores escolares e 5 estão atuando na coordenação pedagógica. Tais

instrumentos de pesquisa possibilitarão a análise que será feita posteriormente partindo

das seguintes indagações:

1- Você costuma participar de formação continuada em sua área de atuação?

2- Além dos cursos do Programa Formação Pela Escola, você já participou de

outros cursos na modalidade EAD?

3- Qual a sua visão sobre a formação continuada por meio da EAD?

4- Como você percebe esse processo de formação que está vivenciando com

os cursos do Programa Formação Pela Escola?

5- Você acha que as formações do Programa Formação Pela Escola

contribuem para a melhoria da sua prática? Justifique.

Nessa perspectiva, serão analisadas as respostas dadas pelos cursistas

(professores, coordenadores pedagógicos e diretores) as questões mencionadas

acima. É importante ressaltar que 95% dos entrevistados tem nível superior e apenas

5% está cursando pedagogia.

Quando foram questionados se costumam participar de formações continuada na

área de atuação, obteve-se o seguinte resultado.

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Mediante as respostas obtidas, nota-se que um número bem significativo de

profissionais participam de formação continuada em sua área de atuação. No entanto

quando questionados com que frequência é essa participação obteve-se as seguintes

respostas.

95%

5%

COSTUMA PARTICIPAR DE FORMAÇÕES CONTINUADA NA ÁREA DE ATUAÇÃO

SIM

NÃO

42%

16%

21%

21%

FREQUÊNCIA EM QUE PARTICIPAM DE FORMAÇÕES CONTINUADA NA ÁREA DE ATUAÇÃO

FREQUENTEMENTE

SEMPRE QUE É OFERTADO

UMA VEZ POR ANO

COM POUCA FREQUÊNCIA

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O gráfico acima revela que 58% dos profissionais apresentam uma visão

distorcida do que de fato é a “formação continuada”, considerando apenas como tal,

cursos ofertados fora do ambiente de trabalho. Dessa forma nota-se que a “formação

em serviço” nos ACs, ou momentos de estudos na própria escola não sejam vistos

como formação continuada. Sabe-se que a formação contínua vai muito além da

participação em cursos, ela acontece cotidianamente a medida que os professores

refletem sobre sua prática diária, buscando compreende-las à luz das teorias,

executando esta teoria a partir da prática ocorrendo então o processo ação-reflexão-

ação.

A esse respeito vale ressaltar:

Essa construção de formação é contínua e não fica restrita a uma instituição, à

sala de aula, um determinado curso, pois os docentes podem forma-se

mediante seu próprio exercício profissional, partindo da análise de sua própria

realidade e de confrontos com a universalidade de outras realidades que

também tem fatos do cotidiano, situações políticas, experiências, concepções,

teorias e outras situações formadoras. (PRADA E FREITAS, 2010, P. 370).

Os autores supracitados enfatizam ainda que a instituição escolar é o espaço

principal onde precisa acontecer o processo de formação docente. Nesse contexto

entra o papel do coordenador pedagógico que deve ser considerado o agente principal

responsável pela formação docente em serviço. Essa é uma das suas principais

atribuições. No entanto é necessário que o próprio coordenador tenha claro e deixe

claro, a sua real função. De acordo com Lima e Santos (2007):

Neste caso, como agente responsável pela formação continuada de

professores, o coordenador pedagógico deve sensibilizar seu saber-fazer de

maneira não unilateralizar as tomadas de decisão, como se tivesse todas as

respostas para os encaminhamentos pedagógicos e resoluções de conflitos que

inquietam a equipe docente. (LIMA E SANTOS, 2007, P. 780).

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Nesse sentido, essa breve análise nos leva a refletir sobre a importância dos

profissionais da educação rever o conceito de formação continuada, percebendo que

esta deverá ocorrer frequentemente na própria instituição escolar e não apenas fora

dela, em cursos, fóruns, congressos, dentre outros.

Dando sequencia a análise, o segundo questionamento feito foi se além dos

cursos do Programa Formação pela Escola, os pesquisados participaram de outros

cursos na modalidade EAD. As respostas a esse questionamento foram:

O gráfico acima explicita que a maioria dos profissionais interessados em

participar dos cursos do Programa Formação Pela Escola, foram aqueles que já haviam

feito outros cursos nessa modalidade. É importante ressaltar que na divulgação dos

cursos do Programa supracitado a principal falta de interesse em participar, partia do

medo em se deparar com as ferramentas digitais, que até então não tinham contato,

essa era uma das justificativas em não participar. Percebia-se também um preconceito

a esse tipo de formação. De acordo com (Preti,1996), existe ainda preconceito em

85%

15%

PARTICIPARAM DE OUTROS CURSOS NA MODALIDADE EAD

SIM

NÃO

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relação a EAD e resistências em participar desse tipo de formação por falta de

esclarecimento do que seja a Educação á distância. Dessa forma, surgiu o

questionamento três: “Qual a sua visão sobre a formação continuada por meio da

EAD”? Para tal questionamento obteve-se as seguintes respostas:

Oportunidade de aperfeiçoar a prática profissional e desenvolver habilidades

com as ferramentas digitais;

Possibilita flexibilidade de tempo e espaço para que o próprio cursista crie seu

cronograma de estudos, tornando-o autônomo;

Requer do cursista muito compromisso e dedicação.

É importante salientar que os entrevistados deixaram claro que só passaram a ter

essa visão exposta no gráfico a parti do momento em que começaram a participar dos

cursos na modalidade EAD. De acordo com as respostas, a formação continuada em

EAD era vista de forma equivocada, até o momento em que passaram a vivenciar essa

experiência mudando assim sua visão a respeito dessa modalidade. A parti das

respostas obtidas, nota-se que de fato como afirma Preti, (1996) existe um preconceito

com esse tipo de modalidade, e que tal visão só será modificada a partir do momento

55% 30%

15%

VISÃO DOS ENTREVISTADOS SOBRE A FORMAÇÃO CONTINUADA POR MEIO DA EAD

APERFEIÇOAMENTO DAPRÁTICA PROFISSIONAL

POSSIBILITA FLEXIBILIDADE DETEMPO E ESPAÇO

REQUER DO CURSISTACOMPROMISSO E DEDICAÇÃO

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em que o cursista é inserido no processo, passando a ter contato com o mundo virtual,

com as ferramentas tecnológicas, desenvolvendo também habilidades em manusear

tais recursos. No entanto isso só será possível se os docentes, bem como os

coordenadores e demais profissionais da educação começarem a perceber a

necessidade de aceitar as mudanças velozes do contexto atual e estiverem dispostos a

adaptar-se as essas mudanças, visto que as habilidades com as ferramentas digitais só

serão desenvolvidas a partir do momento em que forem manipuladas. De acordo com

Preti:

A EAD é, pois uma alternativa pedagógica de grande alcance e que deve

utilizar e incorporar as novas tecnologias como meio para alcançar os objetivos

das práticas educativas implementadas, tendo sempre em vista as concepções

de homem e sociedade assumidas e considerando as necessidades das

populações a que se pretende servi. (PRETI, 1996, p. 27).

Em meio a um extraordinário avanço das TICs, bem como as mudanças

constantes e velozes da sociedade é imprescindível que os docentes procurem

acompanhar essas mudanças, encarar essa nova realidade vencendo os medos e

entraves. Dessa forma as formações em EAD pode ser considerada uma possibilidade

de inserção no mundo virtual, online, interativo e moderno.

De acordo com Neder, 2006:

Essa modalidade exige troca, diálogo e interação entre os atores da ação

pedagógica, uma vez que o aluno e o professor não ocupam o mesmo espaço

da interlocução. Isso permite a reitengração do aluno como sujeito da

construção do conhecimento, redirecionando o paradigma tradicional que se

concentra mais nas condições de ensino do que na aprendizagem. A autonomia

do aluno passa a ser um dos ideais da ação educativa. Ele é estimulado,

instigado a buscar, a ser ativo no processo de construção do conhecimento.

(NEDER, 2006, p. 81).

É possível observar a parti das falas dos entrevistados, que ao participarem de

formações continuada na modalidade EAD, apresentam agora uma nova visão sobre

esse tipo de modalidade. As respostas revelam que as formações em EAD são

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significativas para a melhoria da prática pedagógica, desenvolve habilidades com as

ferramentas tecnológicas, possibilita ao cursista maior flexibilidade no que diz respeito a

organização de espaço e tempo para os estudos, leitura e realizações das atividades,

visto que cada cursista pode organizar e adequar seu próprio horário. Os entrevistados

ressaltam que é necessário compromisso e dedicação ao participar desse tipo de

formação. O cursista torna-se autônomo na construção do conhecimento, no entanto

essa autonomia requer organização para não perder de vista ao prazos estabelecidos

pelos cursos.

Na visão de (Neder, 2006) a EAD pode contribuir pra uma (res) significação

paradigmática no contexto do processo de formação de professores. Nesse sentido a

Educação a distância pode ser compreendida como uma modalidade de educação que

permite aos docentes uma nova forma de pertencer, ser e fazer educação, visto que

possibilita sua inserção no contexto de mudanças e transformações sociais.

Para buscar entender de que forma a formação continuada em EAD em especial

os cursos do Programa Formação Pela Escola contribui para a melhoria da prática

pedagógica foi realizado os questionamentos quatro e cinco apresentados nos gráficos

abaixo:

40%

50%

10%

COMO PERCEBE O PROCESSO DE FORMAÇÃO QUE ESTÁ VIVENCIANDO

COMO OS CURSOS DO PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA?

PROPORCIONA INTERAÇÃO,INFORMAÇÕEES,CONHECIMENTOS E TROCA DEEXPERIÊNCIAS.

OPORTUNIDADE DEAPERFEIÇOAMENTO EREFLEXÃO DA PRÁTICAPROFISSIONAL

FORMAS DE CONHECER OSDIREITOS E DEVERES DOSCIDADÃOS

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Os entrevistados foram unânimes ao afirmarem que os cursos do Programa

Formação Pela Escola contribuem sim para a melhoria da prática pedagógica.

Revelaram que os cursos do programa mencionado possibilita a inclusão social,

além de proporcionar interatividade, habilidades com as ferramentas tecnológicas,

troca de experiências, adquirindo informações enriquecedoras, conhecimentos que

contribuem para intervi na realidade da instituição escolar. Nesse sentido vale

ressaltar que “A prática pode ser explicada e compreendida mediante a teoria e esta

pode ser executada e produzida a parti da prática” (PRADA E FREITAS, 2010, P.

372).

É válido salientar que o acesso à educação é um direito do cidadão previsto na

Constituição Federal de 1988 e na LDB 9394/96. No entanto é necessário não só o

acesso, como também a permanecia e garantia de qualidade. A escola tem a

responsabilidade de atender esse direito social dos cidadãos “o acesso à educação

de qualidade”. Para isso, deve organizar sua gestão com base em um conjunto de

normas e procedimentos provenientes do sistema de administração pública da

100%

VOCÊ ACHA QUE AS FORMAÇÕES DO PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA CONTRIBUEM PARA A MELHORIA DA SUA PRÁTICA?

SIM

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educação ao qual está vinculada. Dessa forma os cursos do Programa Formação

pela Escola são de grande relevância para todos que fazem a educação, professor,

coordenador, diretor, dentre outros profissionais, visto que trata das políticas

públicas da educação que visa a melhoria da qualidade da educação. Assim, se faz

necessário conhecer essas políticas para posteriormente participar e buscar intervi

na realidade.

4.4 OPERACIONALIZANDO A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Em decorrência das reflexões apresentadas nesse TCC/PV, nota-se que o

Programa Formação pela Escola é de grande relevância para os docentes e demais

profissionais da educação, visto que trata-se do estudo de políticas públicas da

educação, programas financiados pelo FNDE que necessitam de acompanhamento

para a garantia da execução de cada politica. No entanto as vagas ocupadas pelos

professores no programa ainda é mínima, comparando às vagas disponibilizadas no

município. Dessa forma será desenvolvida uma oficina temática com todos os

professores do município que ainda não participam do programa, na semana

pedagógica de 2016. Nessa oficina será apresentado o programa, os cursos ofertados

pelo programa, a metodologia aplicada e as ferramentas do AVA (Ambiente Virtual de

Aprendizagem). Essa proposta foi apresentada à Secretaria Municipal de Educação que

aprovou e assumiu o compromisso de apoiar.

Inicialmente será realizado um encontro com os gestores e coordenadores das

escolas municipais para apresentar a proposta propondo que divulguem aos

professores. Também será exposto na cidade banners com o slogan “Aqui tem o

Programa Formação pela Escola”, visando despertar a curiosidade e o interesse dos

docentes em conhecer o programa.

A oficina temática terá a duração de oito horas e ao final os participantes

receberão certificação. Será desenvolvida da seguinte forma:

Turno matutino:

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1º momento: Os professores serão acolhidos num ambiente acolhedor com banner

apresentando fotos dos cursos já desenvolvidos no município, ofertados pelo Programa:

Competências Básicas, PDDE e PLi. Será realizada uma breve dinâmica de

apresentação onde cada participante terá oportunidade de expressar suas expectativas

em relação à oficina. Posteriormente será apresentado o vídeo “A lição da borboleta”

gerando uma discussão a parti da reflexão do vídeo, fazendo um paralelo entre ele e a

importância da formação continuada docente.

2º momento: apresentação em slide do Programa Formação pela Escola: A forma de

adesão, objetivos, cursos ofertados, duração de cada curso, a metodologia dos cursos,

público que poderá fazer a inscrição, formas de avaliação e critérios para receber os

certificados. Entregar um pequeno prospecto com todas essas informações para que os

professores possam acompanhar durante a apresentação.

3º momento: realizar a divisão de grupos de forma dinâmica e distribuir para cada

grupo um resumo de cada curso ofertado pelo programa: Competências Básica, PDDE,

(Programa Dinheiro Direto na Escola), PTE (Programa do Transporte Escolar), PLi

(Programas do Livro), Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar), Fundeb

(Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica), Prestação de Contas,

Controle Social, SIOPE (Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em

Educação) e Censo Escolar. Propor a leitura em grupo para posteriormente

apresentarem aos demais de forma breve do que se trata cada curso.

4º momento: encerrar a manhã com o vídeo “ O problema não é meu” e discutir sobre

o vídeo fazendo uma relação com a reflexão que ele traz e a importância dos

professores participarem do Programa Formação Pela Escola.

Turno Vespertino:

1º momento: dinâmica “Mudança de ritmo”. Propor uma reflexão a cerca das

mudanças ocorridas no contexto atual no que diz respeito aos avanços das tecnologias.

2º momento: apresentar vídeos com relatos de professores que participam do

Programa Formação pela Escola dando depoimentos sobre a visão que eles têm a

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respeito do programa e da Educação à distância. Distribuir textos com um breve

histórico da educação a distancia no Brasil, após a leitura, realizar uma discussão sobre

o tema.

3º momento: Apresentar aos docentes, a AVA (Ambiente virtual de Aprendizagem) e

todas as ferramentas: Caderno de estudos; Caderno de atividades; Proposta de

cronograma; Vídeos; Fórum de apresentação; Fórum de dúvidas; Fórum cafezinho;

Fóruns de discussões; Chat, Orientações de como postar o trabalho.

4º momento: Encerrar a oficina com uma mensagem de agradecimento, distribuição de

mimos, certificação e avaliação do encontro. Posteriormente disponibilizar a ficha de

inscrição para quem tiver interesse em participar dos cursos do Programa Formação

Pela Escola.

4.4.1 cronograma

PREÍODO ATIVIDADE PÚBLICO

ATENDIDO

LOCAL RECURSOS

MATERIAIS

RESULTADOS

ESPERADOS

RESPONSÁVEL

Novembro

de 2015

Apresentar a

proposta à

SME

Secretário de

educação

Secretaria

Municipal

de

Educação

Proposta de

Intervenção

impressa

Consegui

aprovação da

proposta e

apoio por parte

da SME.

Coordenadora

cursista do

CECOP 3

Dezembro

de 2015

Realizar

encontros com

gestores e

coordenadores

Gestores e

coordenadores

das escolas

municipais

Sala de

reuniões

do

Colégio

Municipal

Santo

Antonio

Espaço

físico,

Datashow,

computador.

Sensibilizar os

gestores a

divulgarem o

programa

dando apoio

aos

professores

que decidirem

aderir.

Coordenadora

cursista do

CECOP 3 om

apoio da SME

Expor banners População do Avenida Banners em Despertar a Coordenadora

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Dezembro

de 2015

na cidade com

os slogan

“Aqui tem

FPE”

município principal

da cidade

formado de

faixas.

curiosidade

dos docentes e

interesse em

conhecer o

programa.

cursista do

CECOP 3 om

apoio da SME

Fevereiro

de 2016

Oficina

temática

Docentes da

rede municipal

de ensino

Colégio

Municipal

Santo

Antônio

Espaço

físico,

Datashow,

computador

com acesso

a internet,

material

impresso,

mimos.

Sensibilizar os

professores a

terem uma

nova visão a

respeito das

formações na

modalidade

EAD,

percebendo a

relevância da

participação no

Programa

Formação Pela

Escola.

Coordenadora

cursista do

CECOP 3 om

apoio da SME

4.5 RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se com esse projeto vivencial possibilitar aos docentes a percepção da

relevância da formação continuada para melhoria da prática pedagógica,

sensibilizando-os a terem uma nova visão sobre educação à distância, percebendo a

relevância do Programa Formação pela Escola.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante a efetivação desse Projeto Vivencial foi possível entender que os

profissionais da educação, professores, coordenadores escolares e gestores

necessitam de uma atualização constante da prática e esta se dará por meio da

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formação contínua, seja ela no ambiente escolar ou fora dele, visto que se faz

necessário acompanhar as mudanças que vem ocorrendo de forma exacerbada no que

diz respeito aos avanços tecnológicos, para inserção das TIC no contexto escolar.

Dessa forma, é importante destacar a relevância da formação continuada na

modalidade EAD, uma vez que esta possibilita um contato maior com as ferramentas

tecnológicas, o que leva ao desenvolvimento de habilidades em manusear tais

recursos. Nas formações em EAD o cursista tem autonomia para organizar seu próprio

tempo e espaço de estudo de acordo com a sua disponibilidade. Outro aspecto

proeminente é a interação que ocorre nos ambientes virtuais de aprendizagem onde

proporciona troca de informações, conhecimentos e experiências significativas.

A parti dos momentos de embates teóricos e práticos que ocorreram durante a

pesquisa, pôde-se perceber a relevância do Programa Formação Pela Escola enquanto

formação continuada em EAD, visto que, este programa oferta diferentes cursos com

temas e discussões necessárias aos docentes e demais profissionais da educação,

pois é preciso garantir não somente o acesso do aluno na escola, mas também a sua

permanência.

A pesquisa mostra que a parti da participação dos docentes no Programa FPE,

eles passaram a ter uma nova visão a respeito das formações na modalidade à

distância, deixando explícito que os cursos contribuem de forma significativa na prática

pedagógica, já que estes possibilitam inclusão digital, além de informações e

conhecimentos pertinentes que levam ao aperfeiçoamento profissional e uma reflexão

crítica sobre a prática.

É relevante salientar que a importância da formação contínua docente já é

consolidada, todavia, esse projeto vivencial buscou salientar a relevância da formação

continuada na modalidade EAD, bem como as contribuições do Programa Formação

pela Escola para a melhoria da prática pedagógica no contexto atual.

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REFERÊNCIAS

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