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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 VANUSA RUAS FREIRE VIANA O USO DAS FERRAMENTAS DE GESTÃO DO PDDE INTERATIVO E O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE MOBILIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR Salvador 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

VANUSA RUAS FREIRE VIANA

O USO DAS FERRAMENTAS DE GESTÃO DO PDDE INTERATIVO E O PAPEL

DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE MOBILIZAÇÃO E

DEMOCRATIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

Salvador

2016

2

VANUSA RUAS FREIRE VIANA

O USO DAS FERRAMENTAS DE GESTÃO DO PDDE INTERATIVO E A

ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE

MOBILIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso – Projeto Vivencial

apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da

Educação Básica Pública, Faculdade de Educação,

Universidade Federal da Bahia, como requisito para

obtenção do grau de especialista em Coordenação

Pedagógica.

Orientador: Professor Mestre Clívio Pimentel Júnior

Salvador

2016

3

VANUSA RUAS FREIRE VIANA

O USO DAS FERRAMENTAS DE GESTÃO DO PDDE INTERATIVO E A

ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE

MOBILIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso – Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional

Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade

Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de especialista em Coordenação

Pedagógica.

Conceito Final: _____________ em 21/01/2016.

Local: UFBA (Campus Salvador – BA).

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________________

CLÍVIO PIMENTEL JÚNIOR, Mestre – UFBA (Orientador)

___________________________________________________________________________

FERNANDA KARLA DE SANTANA REIS ARGOLO, Mestre - (Avaliadora)

___________________________________________________________________________

SADRAQUE OLIVEIRA RIOS, Doutorando - (Avaliador)

4

Dedico este trabalho à todos os coordenadores pedagógicos do

município de Belo Campo – Bahia, que contribuíram com o

diagnóstico da realidade observada e consequente planejamento da

proposta de intervenção apresentada como resultado final deste curso.

5

AGRADECIMENTOS

Ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, que por meio

de seus representantes, nos permitiu refletir sobre os caminhos necessários ao

aperfeiçoamento de nossas práticas enquanto coordenadores pedagógicos.

Ao Secretário de Educação do município de Belo Campo Rildo de Oliveira Pinheiro

que ao aderir à proposta do Programa Escola de Gestores da Educação Básica Pública

contribuiu com a melhoria das práticas gestoras no âmbito do município e das escolas.

Ao Professor Mestre Clívio Pimentel Júnior, pelas orientações e conhecimentos

compartilhados durante a produção, aplicação e análise da proposta de intervenção

desenvolvida ao longo do curso.

À Tutora Maria Tereza Rocha Ramos, pelas intermediações que facilitaram o nosso

diálogo com os demais professores e coordenadores do CECOP de modo a esclarecer as

nossas dúvidas resolver nossas pendências pedagógicas.

A todos os professores que brilhantemente se empenharam em promover o nosso

aprendizado em cada um dos componentes curriculares ofertados pelo CECOP.

Aos colegas cursistas do CECOP, em especial, à Alvina Amaral Santos, Dalvani

Magnavita Ferraz, Luciene Rosa Gugé, Maria Auxiliadora Brito Almeida, Mônica Soares

Viana, Paula Ruas Ferreira, Rosângela Vieira dos Santos e Susy Karla Ferraz Botelho

Bomfim, que fazem parte do corpo de coordenadores pedagógicos de Belo Campo e que a

partir de suas práticas têm contribuído com o desenvolvimento da proposta pedagógica do

município.

Aos coordenadores pedagógicos do município de Belo Campo que se dispuseram a

participar das ações propostas na intervenção, atribuindo os fundamentos e a qualidade

necessária para o alcance dos objetivos propostos.

Por fim, agradeço aos familiares e amigos que pessoalmente ou espiritualmente

demonstram o carinho e a torcida pelo sucesso de cada uma das metas propostas em minha

vida pessoal e profissional.

6

Os conflitos sociais, das mais variadas ordens, são possibilitados na

democracia pelas instituições e pelas normas legais, assim como pelos

pactos entre as classes sociais. Nesse sentido, não deixa de ser um

truísmo a constatação de que, independentemente da forma e do

sistema de governo uma democracia só poderá assim ser considerada

se na esfera pública os diversos interesses puderem se manifestar.

(FONSECA, 2011, p. 41)

7

VIANA, Vanusa Ruas Freire. O uso das ferramentas de gestão do PDDE interativo e o

papel do coordenador pedagógico no processo de mobilização e democratização do

espaço escolar. 2016. Projeto Vivencial (Especialização) – Programa Nacional Escola de

Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.

RESUMO

O presente trabalho tem como finalidade apresentar o projeto vivencial a ser desenvolvido

com coordenadores pedagógicos do município de Belo Campo – Bahia. Adotou-se como

título e consequente objeto de estudo desta pesquisa: “o uso das ferramentas de gestão do

PDDE interativo e o papel do coordenador pedagógico no processo de mobilização e

democratização do espaço escolar”. O trabalho foi pautado na metodologia da pesquisa-ação e

o diagnóstico realizado com 6 (seis) coordenadores pedagógicos apontou que a prática dos

grupos de trabalho do PDDE Interativo no município de Belo Campo não têm contemplado a

participação dos diferentes segmentos nas ações de planejamento e implementação das ações

do PDDE Interativo, implicando a centralização das decisões pedagógicas e financeiras da

escola. Como forma de promover a mobilização e democratização da escola nos processos de

tomada de decisão estabeleceu-se como objetivos da intervenção: diagnosticar os principais

desafios enfrentados na atuação dos coordenadores pedagógicos no processo de mobilização e

democratização do espaço escolar a partir do uso das ferramentas de gestão do PDDE

Interativo; refletir os objetivos, finalidades e programas do PDDE Interativo; analisar de que

modo tem se dado a atuação do coordenador pedagógico no processo de planejamento de

planos de ação e implementação das políticas públicas educacionais que compõem o PDDE

Interativo; Orientar a constituição dos grupos de trabalho do PDDE Interativo com vistas a

participação de diferentes segmentos da comunidade escolar no planejamento das ações

escolares; propor alternativas de participação efetiva da comunidade escolar no planejamento

e execução das ações do PDDE Interativo. Espera-se que os resultados da intervenção ajudem

os coordenadores pedagógicos de Belo Campo a compreender como o uso das ferramentas do

PDDE Interativo e a atuação do coordenador pedagógico podem auxiliar no processo de

mobilização e democratização do espaço escolar no município de Belo Campo.

Palavras-chave: Coordenador pedagógico. Gestão Democrática. Mobilização. PDDE

Interativo.

8

THE USE OF INTERACTIVE PDDE MANAGEMENT TOOLS AND THE ROLE OF

THE PEDAGOGICAL COORDINATOR IN THE MOBILIZATION AND

DEMOCRATIZATION OF SCHOOL ENVIRONMENT PROCESS

ABSTRACT

This research aims to present the experiential project to be developed with coordinators of

Belo Campo - Bahia. It was adopted as the title and consequent object of study of this

research: "the use of Interactive PDDE management tools and the role of the pedagogical

coordinator in the mobilization and democratization of school environment process." The

research was guided by the action research methodology and the diagnosis made with six (6)

coordinators pointed out that the practice of Interactive PDDE working groups in Belo Campo

have not included the participation of different segments in the planning of actions and

implementation of the actions of Interactive PDDE, involving the centralization of

educational and financial decisions of the school. In order to promote the mobilization and

school democratization in decision-making processes has established itself as intervention

goals: to diagnose the main challenges faced in the performance of coordinators in the

mobilization and democratization of school environment process from the use of tools

Interactive management of the TSA; reflect the objectives, purposes and Interactive PDDE

programs; Consider how has given the work of the pedagogical coordinator in the planning

process of action plans and implementation of educational policies that make up the PDDE

Interactive; Guide the establishment of Interactive PDDE working groups with a view to

participation of different segments of the school community in the planning of school

activities; propose alternatives for effective participation of the school community in planning

and executing the actions of the Interactive PDDE. It is expected that the results of the

intervention will help the coordinators of Belo Campo understand how the use of the

Interactive PDDE tools and pedagogical activities coordinator can assist in the process of

mobilization and democratization of school space in Belo Campo.

Key-words: Pedagogical Coordinator. Democratic management. Mobilization. Interactive

PDDE.

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Ações do Sistema PDDE Interativo. .............................................................................. 25

Quadro 2: O papel do coordenador pedagógico .............................................................................. 29

Quadro 3: Justificativas apresentadas para a pouca mobilização dos segmentos escolares nas

ações do PDDE Interativo ................................................................................................................... 40

Quadro 4: Opinião sobre o uso e facilidades das ferramentas do PDDE Interativo ................... 41

Quadro 5: Sistematização de dados sobre os desafios encontrados no uso das ferramentas do

PDDE Interativo e na democratização do espaço escolar ............................................................... 43

Quadro 6: O papel do coordenador pedagógico no processo de democratização da escola na

visão dos coordenadores pedagógicos do município de Belo Campo ........................................... 44

Quadro 7: Cronograma da intervenção ............................................................................................ 47

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Profissionais que atuam na gestão educacional no município de Belo Campo. ......... 34

Tabela 2: Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) ......................... 35

Tabela 3: Percentual de participação dos segmentos escolares nos grupos de trabalho do

PDDE Interativo ................................................................................................................................... 39

11

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1: Estrutura do diagnóstico no PDDE Interativo) .................................................. 24

Ilustração 2: Disposição dos programas no PDDE Interativo ................................................ 25

Ilustração 3: Representação do ciclo básico da investigação-ação ......................................... 38

12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CACS Conselho de acompanhamento e controle social.

CAE Conselho de Alimentação Escolar

CECOP Curso de Especialização em coordenação pedagógica

EJA Educação de Jovens e Adultos

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica

GT Grupo de Trabalho

IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

LDE Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação

PAR Plano de Ações Articuladas

PDDE Programa Dinheiro Direto na Escola

PDE Plano de Desenvolvimento da Educação

PDE Escola Plano de Desenvolvimento da Escola

PME Plano Municipal de Educação

CME Conselho Municipal de Educação

PPP Projeto Político Pedagógico

PV Projeto Vivencial

EJA Educação de Jovens e Adultos

SNE Sistema Nacional de Educação

SIMEC Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e controle do MEC;

TCC Trabalho de C0nclusão de curso.

13

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. ...14

1. MEMORIAL: TRAJETÓRIA DE VIDA, PERCUSOS DE FORMAÇÃO E ATUAÇÃO

PROFISSIONAL NO COTIDIANO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA

EDUCAÇÃO ...................................................................................................................................... ...16

1.1 Marcos iniciais da trajetória de vida e do processo de escolarização ................................................ 16

1.2 Titulações acadêmicas e percursos de formação ............................................................................... 18

1.2.1 Licenciatura em Pedagogia (2004-2008) ....................................................................................... 18

1.2.2 Habilitação em Gestão Educacional ............................................................................................... 20

1.2.3 Especialização em Gestão Escolar (2012-2013) ............................................................................ 20

1.2.4 Mestrado em Educação (2013-2015) ............................................................................................. 21

1.2.5 Formação Complementar ............................................................................................................... 23

1.3 Atividades profissionais: docência e gestão da educação .................................................................. 23

1.4 Expectativas ...................................................................................................................................... 24

2. AS POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO, O PDDE INTERATIVO E O PAPEL DO

COORDENADOR PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO DO ESPAÇO

ESCOLAR ....................................................................................................................... ......................26

2.1 Concepção e considerações sobre políticas públicas em educação ................................................... 26

2.2 O PDDE Interativo e suas formas de materialização no espaço escolar ............................................ 28

2.3 A gestão educacional e o papel do coordenador pedagógico no processo de democratização do

espaço escolar ......................................................................................................................................... 32

3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: O USO DAS FERRAMENTAS DE GESTÃO DO PDDE

INTERATIVO E A ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE

MOBILIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

.......................................................................................................................................... ......................37

3.1 Caracterização do Objeto .................................................................................................................. 37

3.2 Caracterização do Espaço de atuação profissional ............................................................................ 39

3.3 Objetivos da Intervenção .................................................................................................................. 41

3.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................................... 41

3.3.1 Objetivos Específicosl ................................................................................................................... 41

3.4 Metodologia ...................................................................................................................................... 42

3.5 Operacionalização da Proposta de Intervenção ................................................................................. 43

14

3.5.1 Diagnóstico e Planejamento da Melhoria da Prática ...................................................................... 43

3.5.2 Ação de Implementação da Melhoria da Prática ............................................................................ 50

3.5.3 Monitoramento e descrição dos efeitos da ação ............................................................................. 51

3.5.4 Avaliação dos Resultados .............................................................................................................. 51

3.6 Cronograma ...................................................................................................................................... 51

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 53

REFERÊNCIAS.................................................................................................................................... 55

APÊNDICE A - Ata de Reunião de composição do GT PDDE Interativo .............................................. 60

APÊNDICE B - Questionário Diagnóstico ............................................................................................. 61

ANEXOS A - Orientações para constituição do GT PDDE Interativo .................................................... 63

ANEXOS B - Ata de Reunião de composição do GT PDDE Interativo ................................................. 64

ANEXOS C - Segmentos Representados na ata do GT PDDE Interativo ............................................... 65

14

INTRODUÇÃO

O projeto vivencial que apresentado neste TCC adotou como objeto de estudo o uso

das ferramentas de gestão do PDDE Interativo e a atuação do coordenador pedagógico no

processo de mobilização e democratização do espaço escolar. O PPDE interativo se

materializa por meio de uma plataforma online na qual os gestores escolares com perfil

atribuído pelo secretário de educação podem se articular no sentido de diagnosticar a

realidade em que estão inseridos e elaborar um planejamento sistematizado para investimento

dos recursos financeiros de repasse direto às escolas.

O PDDE Interativo é uma importante ação do Plano de Desenvolvimento da Educação

(PDE). O PDE foi instituído em 24 de abril de 2007 pelo Ministério da Educação (MEC). Em

análise aos documentos oficias que justificam e existência do plano é possível identificar,

segundo a lógica do MEC, que este plano, pretendeu ser mais do que a tradução instrumental

do Plano Nacional de Educação (PNE). Os seus idealizadores afirmaram naquele instante que

apesar do PNE vigente apresentar um significativo diagnóstico da realidade educacional

brasileira, não deixou evidente qual o conjunto de ações a ser implementado para resolver o

problema da qualidade da educação. Neste contexto, os programas que fazem parte do PDE, e

entre eles os que estruturam o PDDE Interativo, não devem desconsiderar os imperativos que

incidem sobre a responsabilização e a mobilização social (BRASIL, 2007).

Elaborado a partir da metodologia do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE

Escola), o PDDE Interativo abarca atualmente além do próprio PDE Escola diversas ações do

Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Faz parte da composição do PDDE Interativo:

Água na Escola, Atleta na Escola, Escolas do Campo, Escolas Sustentáveis, Mais Educação,

Mais Cultura e PDE Escola (BRASIL, 2014). No entanto, a proposta desta intervenção não se

preocupa em analisar as ações específicas de cada programa e sim, analisar como o uso das

ferramentas de gestão do PDDE Interativo e a atuação do coordenador pedagógico podem

auxiliar o processo de mobilização e democratização do espaço escolar no município de Belo

Campo.

A pesquisa foi desenvolvida com base na metodologia da pesquisa ação, tomando

como fundamento as bases teórico-conceituais do ciclo básico da investigação-ação

empreendido por David Tripp, de modo a propor uma melhoria da prática profissional

desenvolvida enquanto coordenadora pedagógica e membro do Comitê de orientação e

validação dos diagnósticos e planos estratégicos do PDDE Interativo na Secretaria Municipal

de Educação do município de Belo Campo.

15

A fundamentação teórica que perpassou as discussões desta intervenção tomaram

como ponto de partida os autores, textos e conteúdos abordados nos componentes curriculares

do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica – CECOP 3 e manuais de orientação

dos programas que compõem o PDDE interativo, além de outros autores que, ao longo do

processo de formação da pesquisadora, incidiram sobre o modo de compreender as políticas

públicas, a gestão da educação e a democratização do espaço escolar.

O TCC/PV está estruturado em três capítulos. O primeiro capítulo foi intitulado

“Trajetória de vida, percursos de formação e atuação profissional no cotidiano das políticas

públicas e gestão da educação”. Foi destinado à apresentação do memorial acadêmico e

profissional da coordenadora cursista, ressaltando aspectos da vida pessoal, da trajetória

acadêmica e dos caminhos percorridos profissionalmente.

O segundo capítulo apresentou os fundamentos teóricos que embasaram a proposta de

intervenção e teve como título e discussão central “As políticas públicas em educação, o

PDDE interativo e o papel do coordenador pedagógico no processo de democratização do

espaço escolar”. Nesta etapa do TCC foram priorizadas discussões acerca da concepção sobre

políticas públicas em educação, sobre o PDDE Interativo e suas formas de materialização no

espaço escolar por meio da apresentação dos programas que o compõem e sobre a gestão

educacional e o papel do coordenador pedagógico no processo de democratização do espaço

escolar, abordando ainda a concepção de gestão educacional e gestão democrática.

O terceiro e último capítulo traduz a proposta de intervenção a ser desenvolvida pela

coordenadora cursista, na intencionalidade de promover melhorias na prática profissional

vivenciada. Esta etapa foi reservada à apresentação dos objetivos e finalidades do TCC/PV,

definindo deste modo, os problemas identificados no diagnóstico, os modos de

operacionalização da proposta a ser implementada, o monitoramento e as formas de avaliação

das ações.

Com o desenvolvimento desta proposta espera-se contribuir com o aperfeiçoamento

dos processos de democratização do espaço escolar, permitindo que os coordenadores

pedagógicos do município de Belo Campo possam refletir sobre as práticas de planejamento e

implementação das políticas públicas associadas ao PDDE Interativo desenvolvidas no

cotidiano das escolas, bem como, promover a abertura e fortalecimento de mecanismos de

democratização do espaço escolar de modo a garantir a todos os atores do processo a

informação, formação e possibilidades de ação sobre a realidade a qual pertencem.

16

1 MEMORIAL: TRAJETÓRIA DE VIDA, PERCUSOS DE FORMAÇÃO E

ATUAÇÃO PROFISSIONAL NO COTIDIANO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E

GESTÃO DA EDUCAÇÃO

Mais do que um ser no mundo, o ser humano se tornou uma Presença no

mundo, com o mundo e com os outros. Presença que, reconhecendo a outra

presença como um “não-eu” se reconhece como “si própria”. Presença que

se pensa a si mesma, que se sabe presença, que intervém, que transforma,

que fala do que faz mas também do que sonha, que constata, compara,

avalia, valora, que decide, que rompe (FREIRE, 1997, p.20).

O memorial aqui apresentado revela as marcas da minha Presença no mundo, de

minha trajetória de vida e dos percursos de formação e atuação profissional que constituem os

traços de minha identidade enquanto pesquisadora, docente e profissional atuante na área da

gestão da educação, marcas de experiências que me permitem estar em constante interação

com as políticas públicas educacionais.

O texto expõe minhas memórias e experiências de vida mais significativas e traduzem

as minhas reflexões sobre os espaços ocupados enquanto profissional da educação, reflexões

sobre a importância e o sentido das práticas por mim desenvolvidas e as influências que estas

exerceram nas opções adotadas ao escolher as temáticas e caminhos que venho percorrendo

na pesquisa acadêmica.

Esta é a representação de uma história em construção, de angústias, limites,

possibilidades, e perspectivas que se ancoram em um projeto de vida voltado para as práticas

educacionais na docência e na gestão da educação permeadas pelo desejo de contribuir com o

desenvolvimento local das políticas públicas presentes no campo educativo.

1.1 Marcos iniciais da trajetória de vida e do processo de escolarização

A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi e contra o

que foi, anuncia o que será (GALEANO, 2000).

A trajetória aqui apresentada aborda os percursos de formação que tem definido os

caminhos seguidos na vida acadêmica e profissional que me cerceiam até este momento.

Trajetória e história esta que se iniciou no dia 21 de fevereiro de 1984 no município de Vitória

17

da Conquista – BA, em uma manhã de terça-feira, quando fui recebida pela minha mãe Ana

Francisca Ruas Freire e posteriormente pelo meu pai Florisvaldo Santos Freire.

Desde então, no município de Belo Campo – BA, cidade na qual passei a residir após

meu nascimento, dos primeiros passos ao meu primeiro contato com o cotidiano escolar tive

uma infância humilde, cheia de limitações financeiras, mas que positivamente marcou a

minha formação moral, de modo que pude carregar sempre comigo os valores passados pelos

meus pais e que constantemente influenciam minhas práticas e me tornam esse ser sempre em

construção que hoje eu sou.

Não trago comigo muitas memórias do período que antecedeu o meu processo de

escolarização, com exceção da extrema vontade de frequentar a escola. Esse desejo só foi

concretizado em minha infância quando completei 6 anos de idade. Aos 7 anos fui

alfabetizada. Partindo do princípio que meus pais não chegaram a concluir as séries iniciais do

ensino fundamental e não podiam ajudar muito nas tarefas escolares de casa, a

responsabilidade de tirar dúvidas e orientar as atividades de estudo era sempre de uma irmã

com mais idade e maior escolaridade. Aos meus pais cabia a responsabilidade de motivar,

afirmar e reafirmar sempre o discurso sobre a importância de se manter na escola e alcançar o

sucesso profissional que eles não tiveram oportunidade de alcançar.

A inserção com seis (6) anos no pré-escolar se deu na Escola Municipal Edvaldo

Flores. Foi um período bom, porém sem acontecimentos marcantes no que se refere ao

processo de ensino e aprendizagem. Quanto à etapa de alfabetização, na Escola Estadual

Antônio Carlos Magalhães, posso afirmar que foi muito gratificante, com um professor

dinâmico, que alfabetizava com músicas e aguçava a imaginação dos alunos a partir da

criação e leitura de histórias infantis. Ao final da etapa de alfabetização desenvolvi o gosto

excessivo por ler em voz alta e ouvir a minha própria voz. Todas aquelas palavras que

estavam impressas nos livros a qual tinha acesso soavam muito bem quando eu as

pronunciava em um tom mais alto, sempre procurando ler continuamente um parágrafo sem

errar na pronúncia de nenhuma palavra.

Todo o processo de escolarização entre alfabetização até a antiga 4ª série transcorreu

na Escola Estadual Antônio Carlos Magalhães. Já na segunda etapa do Ensino Fundamental as

atividades escolares foram desenvolvidas no Colégio Municipal de Belo Campo, cidade onde

residi maior parte de minha vida, também sem grandes marcos no que se referem ao meu

processo de formação.

O Ensino Médio me trouxe um outro tipo de amadurecimento e vivências muito

interessantes. Durante o 2º ano, em 2001, tive a oportunidade de estudar em Curitiba – PR,

18

cidade na qual meu irmão residia e onde convivi com a cultura, educação e o modo de ser e

viver dos paranaenses que muito me ensinaram com suas peculiaridades. Ao término do 2º

ano do Ensino Médio retornei à Belo Campo para concluir o 3º ano. Neste momento percebi

as distâncias existentes entre os conteúdos curriculares trabalhados nos dois estados, uma vez

que a programação de conteúdos trabalhados no 2º ano em Curitiba se repetia no 3º ano em

Belo Campo. No que se refere às expectativas de vida, o término do ensino médio representou

a chegada de novos sonhos e cada vez mais o interesse em atuar no campo educacional e

explorar os desafios da profissão docente, levando-me, no contexto da academia a adentrar o

curso de Licenciatura em Pedagogia.

1.2 Titulações acadêmicas e percursos de formação

Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar

a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem

consigo (FOUCAULT, 2010, p. 44).

Esta seção se destina à apresentação dos títulos acadêmicos alcançados no âmbito da

universidade de modo a estabelecer o sentido, contribuição e relação com o campo de atuação

profissional. O texto também se preocupa em expor, neste contexto, as experiências

formativas de natureza complementar, em especial as que trouxeram algum tipo de implicação

para o campo de atuação profissional por mim explorado.

1.2.1 Licenciatura em Pedagogia (2004-2008)

A Licenciatura em Pedagogia foi concluída na Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia e desde o início trouxe debates e discussões que influenciaram diretamente a postura e

prática vivenciada no campo de atuação profissional. Em especial posso destacar a disciplina

de Educação no Campo. Por meio desta disciplina pude apreender as especificidades e

dificuldades enfrentadas por docentes e alunos que residem no campo e discutir os desafios

curriculares geradores da sobreposição de uma cultura urbana no campo que não considera a

cultura e a diversidade local das áreas rurais.

Conhecer a realidade de uma escola do Movimento Sem Terra definiu também os

rumos do trabalho monográfico elaborado no período analisado. Com a monografia intitulada

“Teoria e prática dos princípios educativos do MST em uma escola de assentamento de

19

Vitória da Conquista – BA” foi possível colar o grau de Licenciada em Pedagogia no dia 24

de setembro de 2008.

Os saberes sistematizados ao longo do curso e em específico os saberes experienciados

na disciplina Educação do Campo foram essenciais anos mais tarde na atuação como

coordenadora pedagógica e diretora em escolas localizadas na zona rural de Belo Campo e

Tremedal. Autores como Arroyo (2004); Caldart (2004); Freire (2005) e Neto (1999) foram

fundamentais para discutir uma modelo de educação do campo pautado nos princípios de

igualdade de direitos, liberdade e em um movimento de educação para a transformação da

sociedade, cooperação, valores humanistas e socialistas em que seja possível manter uma

constante relação entre teoria e prática sem deixar de considerar os aspectos políticos,

econômicos, culturais e democráticos que articulem um processo constante de formação dos

sujeitos envolvidos na/para a educação do campo. Segue abaixo o resumo do trabalho de

pesquisa realizado na Licenciatura em Pedagogia.

TEORIA E PRÁTICA DOS PRINCÍPIOS EDUCATIVOS DO MST EM UMA ESCOLA DE

ASSENTAMENTO DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BA

RESUMO: Este trabalho teve por objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa desenvolvida em

uma escola de assentamento de Vitória da Conquista – BA, onde se investigou, se as crianças que lá

estudavam e que eram pertencentes ao (MST) –Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, estavam

sendo realmente educadas segundo os princípios do movimento, e ainda, se pretendiam permanecer no

campo e dar continuidade ao projeto de luta do MST, movimento que pretende ampliar os números da

Reforma Agrária no país, por meio da formação e intervenção de sujeitos que sejam capazes de lutar por

uma sociedade mais justa e menos excludente. Acreditando, que a função da escola sempre foi a de

reproduzir as diferenças sociais, O MST tem procurado implementar um projeto de educação, onde seus

educandos possam se tornar sujeitos críticos, políticos e transformadores das relações sociais em que

estão envolvidos, tomando como referência para isto, a incorporação de princípios educativos

estabelecidos pelo próprio movimento, pois, acreditam que o crescente desenvolvimento e influência do

capitalismo nas escolas rurais têm provocado nas crianças, homens e mulheres do campo o desejo de sair

do mesmo em busca de melhorias de vida. Assim sendo, este estudo focalizou a análise dos aspectos

teóricos e práticos dos princípios educativos do MST. A pesquisa caracterizou-se por uma abordagem de

natureza qualitativa e teve como principais procedimentos de coleta e análise dados as leituras

bibliográficas, observação, elaboração e aplicação de questionários que foram respondidos por 12

crianças, no período referente ao segundo semestre de 2007. Os resultados da pesquisa apontaram a

necessidade de uma maior aplicabilidade dos princípios educativos do MST no interior da escola

analisada que na prática ainda não se adequou totalmente ao projeto de vida e de educação defendidos

pelo movimento.

Palavras-chave: Educação. Crianças. MST. Prática. Princípios. Teoria

20

1.2.2 Habilitação em Gestão Educacional (2008)

A habilitação em gestão educacional foi primordial para desenvolver o gosto pelas

temáticas relacionadas às políticas públicas e gestão da educação. Até o ano de conclusão da

Licenciatura em Pedagogia em 2008 as disciplinas e discussões voltadas para o campo da

gestão e políticas educacionais eram ofertadas na UESB por meio de uma habilitação opcional

para egressos do curso. A identificação com a temática foi imediata e o estágio realizado neste

período produziu uma perspectiva para atuar na área em estudo.

A atividade mais marcante período do curso foi a produção de um portfólio na

disciplina Organização do Trabalho Pedagógico. O trabalho com a memória de cada aula e

das ideias principais dos textos estudados permitiu uma reflexão sistematizada do processo de

formação pelo qual passei. Autores como Luck (2006), Oliveira (2002), Paro (1995) e Souza

(2001), contribuíram com as discussões e compreensão acerca da mudança de paradigma da

administração escolar para a gestão educacional, ressaltando ainda, os princípios da gestão

democrática da educação, tendo em vista a participação de todos os segmentos da comunidade

escolar. Eleição de diretores, conselho escolar e mecanismos de participação no contexto

escolar também foram assuntos debatidos durante a habilitação e influenciaram diretamente a

postura que adotei e que orientou meu primeiro trabalho como coordenadora pedagógica em

2009 e mais tarde como diretora em 2011.

1.2.3 Especialização em Gestão Escolar (2012-2013)

A especialização em Gestão Escolar foi decorrente da prática como diretora no

município de Belo Campo que oportunizou meu ingresso no Programa Nacional Escola de

Gestores da Educação Básica Pública. O curso trouxe grande contribuição para o meu campo

de atuação profissional, pois, se desenvolveu dentro de uma metodologia através da qual foi

possível associar os fundamentos teóricos à prática e ainda propor soluções para os problemas

enfrentados no cotidiano escolar enquanto diretora. As discussões do trabalho de conclusão de

curso tomaram como base as ideias centrais de autores como Dourado (2007); Barroso

(2003); Luce& Medeiros (2008); Paro (2000); Aldenucci (2001) e Benincá (2004) absorvendo

como centralidade a discussão sobre gestão democrática, participação, autonomia da escola e

mediação de conflitos na gestão do ensino. O resumo a seguir traduz os objetivos definidos e

resultados alcançados no trabalho de conclusão de curso.

21

1.2.4 Mestrado em Educação (2013-2015)

O Mestrado em Educação foi o caminho percorrido para dar continuidade a uma

proposta de investigação que fosse capaz de refletir os problemas enfrentados no campo

profissional. Na pesquisa que analisou concepções e discursos em torno da gestão educacional

no contexto do Plano de Ações Articuladas (PAR) no município de Belo Campo – BA foi

possível perceber a partir da análise do discurso oficial, discurso científico e discursos dos

sujeitos da implementação da política as regularidades e dispersões dos discursos a respeito

do PAR. Os créditos cumpridos em torno de temas do campo das políticas públicas e gestão

da educação e o aprofundamento de outras temáticas como a de currículo e práticas

pedagógicas trouxeram novos olhares sobre o cenário educacional brasileiro.

A principal contribuição do curso foi a iniciação aos estudos sobre o discurso a partir

de uma perspectiva foucaultiana de análise das relações de saber e poder. No campo

profissional entendo que a contribuição dada pelo mestrado foi a de perceber como os sujeitos

que implementam a política no âmbito do município compreendem e concebem os principais

REESTRUTURAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NO COLÉGIO MUNICIPAL LEONE LIMA

– BELO CAMPO/BA

RESUMO: o presente trabalho de pesquisa se propôs a solucionar a problemática do Conselho Escolar

do Colégio Municipal Leone Lima que na prática apresentava pouca participação dos seus membros nas

reuniões e tomadas de decisões que envolviam os interesses da escola. O objetivo central do trabalho foi

reestruturar o Conselho Escolar com base nos princípios da gestão democrática. A escolha pelo tema

“Reestruturação do Colegiado Escolar” justificou-se pela necessidade que a escola apresentou em renovar

e capacitar os membros do seu conselho com base nos princípios da gestão democrática, tema este que

vem sendo amplamente discutido no campo da gestão educacional. Com base na metodologia qualitativa

o trabalho se desenvolveu dentro da abordagem da pesquisa-ação que permitiu diagnosticar o problema

mais emergente no contexto da escola e a partir de então elaborar o projeto de intervenção com uma nova

proposta à solução do problema. A escola na qual a pesquisa se desenvolveu está inserida em uma

comunidade de zona rural da cidade de Belo Campo que sofre constantemente com os períodos de seca. O

atual desafio que a escola hoje apresenta além da reestruturação do conselho escolar é elevar os índices de

aprovação e diminuir o índice de abandono aumentando consequentemente os índices de IDEB. O

Conselho Escolar foi implantado pela primeira vez na escola em 2010, mas desde então os conselheiros

escolares deixaram de assumir sua função dentro deste importante órgão deliberativo da escola. O

diagnóstico inicial apontou que a construção do PPP no interior da escola ainda não alcançou a

participação de todos os seguimentos desejados. Com base na intervenção aplicada procurou-se

rearticular as ações e a participação dos conselheiros escolares a partir da proposta de tomada de

conhecimento sobre qual a real função e papel de cada uma no contexto de aplicação de uma proposta de

gestão democrática. Após a finalização da implementação do Projeto de Intervenção observou-se que as

ações postas em prática representaram um grande avanço para a escola no sentido de lançar o desafio de

mudança de uma prática ineficaz para uma prática que alicerce as bases democráticas da escola. Espera-se

contudo que este trabalho tenha despertado o interesse de todos pela realidade e problemas enfrentados no

âmbito da escola e pela proposição de solução dos mesmos a partir da efetividade do Conselho Escolar.

Palavras-chave: Conselho Escolar. Gestão. Participação. Reestruturação.

22

elementos de efetividade da mesma. Atualmente, fazendo parte do comitê de monitoramento

do PAR, acredito que a minha prática e o meu olhar sobre as ações planejadas serão

diretamente influenciados pelos resultados alcançados na pesquisa desenvolvida.

A pesquisa foi embasada fundamentalmente em Castro (2009); Paro (2000b) e Sander

discutindo a qualidade da educação, Gadotti (2008) e Miranda (2010) discutindo a articulação

da comunidade e participação popular. Bordignon & Gracindo (2000); Dourado (2007);

Farias (2009); Luck (2006); Neto (2009); Oliveira (2002) discutindo concepções de gestão

educacional e Foucault (2009; 2010; 2013ª; 2013b e 2013c) discutindo saber, relações de

poder, vontade de verdade, discurso, formação dos conceitos, formação dos objetos e

formação das modalidades enunciativas. O resumo da dissertação abaixo apresentado traz a

dimensão da investigação que resultou na dissertação defendida em abril de 2015.

CONCEPÇÕES E DISCURSOS EM TORNO DA GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO

DO PLANO DE AÇÕES ARTICULADAS (PAR) NO MUNICÍPIO DE BELO CAMPO - BAHIA

RESUMO: Os resultados aqui apresentados fazem parte da pesquisa acadêmica intitulada “Concepções e

discursos em torno da gestão educacional no contexto do Plano de Ações Articuladas (PAR) no

município de Belo Campo - BA”. Esta pesquisa foi empreendida a partir das teorizações e postulados

foucaultianos procurando responder: Quais as concepções e discursos em torno da gestão educacional no

contexto do Plano de Ações Articuladas (PAR) no município de Belo Campo – BA? Nesse sentido, a

partir das noções foucaultianas de formação dos objetos, formação das modalidades enunciativas e

formação dos conceitos, a pesquisa se preocupou em analisar o processo de constituição do PAR em nível

nacional e municipal, analisar os discursos e os sentidos atribuídos à concepção de gestão educacional no

contexto do PAR no âmbito do município e analisar os efeitos de poder nas relações entre os federados no

processo de execução do regime de colaboração, a partir de cinco seções temáticas: relações dos entes

federados na implementação do regime de colaboração, relevância e impactos do PAR para o município

de Belo Campo, concepções, compreensão e sentidos atribuídos à gestão educacional, articulação da

comunidade e participação popular e discursos sobre a qualidade da educação. Dentro de uma abordagem

discursiva, foram entrevistados seis sujeitos que fizeram parte do processo de implementação do PAR. A

partir de uma análise das relações de poder na perspectiva foucaultiana, os resultados indicaram que,

saber e poder estão intimamente relacionados e se apresentaram como produtores de novos campos de

saber com o surgimento do PAR no município de Belo Campo. Concluímos a partir da análise dos dados

que: a) no contexto de implementação do PAR no município de Belo Campo, os discursos dos sujeitos da

implementação da política acerca da concepção de gestão educacional não se constituíram saberes

sistematizados e apresentaram pouca relação com o discurso oficial e discurso científico; b) a importância

atribuída ao PAR no contexto do município está associada em grande medida à aquisição de recursos

financeiros; c) a relação entre os entes na efetivação do regime de colaboração apresenta pontos

negativos, uma vez que não há determinações acerca do papel a ser desempenhado por estes; d) o

município não conseguiu articular a participação popular e não atribui a si a responsabilidade pelos

baixos resultados na aferição do Ideb.

Palavras-chave: Concepções. Discursos. Gestão Educacional. Plano de Ações Articuladas. Poder.

23

1.2.5 Formação Complementar

Os cursos de formação complementar foram essenciais para aperfeiçoar a prática

trazendo mais segurança aos caminhos trilhados profissionalmente. Cada um dos cursos estão

diretamente associados a um momento específico de minha atuação profissional enquanto

diretora ou coordenadora pedagógica e sempre foram incorporados à minha trajetória de vida

na perspectiva de superar desafios observados na prática. Entre os cursos de maior destaque e

em associação com a minha atuação profissional posso destacar a participação no Programa

de Capacitação de Gestores (Progestão) concluído em 2011, através do qual pude apreender

conhecimentos e compartilhar experiências relativas gestão democrática da educação,

planejamento e organização escolar.

A formação continuada no Programa Formação pela Escola iniciado em 2014 também

tem sido de grande relevância, uma vez que tem permitido aprofundar conhecimentos a

respeito de diversas políticas educacionais que permeiam a educação básica pública, em

especial, destacam-se os módulos concluídos: Controle Social para Conselheiros, Programa

de Transporte Escolar (PNATE), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE),

Sistema de Informações sobre Orçamento Público em Educação (SIOPE) e Programas do

Livro (PLI). Por fim, destaco a formação continuada em Conselho Escolar ainda em curso,

por meio da qual pretendo adquirir habilidades que promovam o fortalecimento dos conselhos

escolares no âmbito do município de Belo Campo.

1.3 Atividades profissionais: docência e gestão da educação

Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro horas da

tarde. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se

faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática

e na reflexão sobre a prática (FREIRE,1995).

Este tópico apresenta as principais atividades profissionais desempenhadas em estrita

relação com a formação pela qual passei. Posso destacar como marcante a experiência inicial

na docência no Projeto de Extensão da UNEB como professora monitora de EJA em um

programa de complementação do ensino fundamental para trabalhadores da área de saúde,

oportunidade que me levou a explorar o universo da modalidade de Jovens e Adultos entre

2006 a 2007. Ainda como docente pude vivenciar três anos de experiência como professora de

Inglês nos anos finais do ensino fundamental. Apesar de não possuir formação em Letras,

24

cursos básicos de inglês realizados entre 2005 a 2009 embasaram minha prática neste

contexto. Foram momentos de muito aprendizado e experiências muito positivas.

Na educação básica pública atuei ainda como secretária escolar, coordenadora

pedagógica e diretora, funções estas que me permitiram ocupar diferentes espaços e ter uma

visão geral sobre o funcionamento da escola e dos desafios que inviabilizam a melhoria da

qualidade educacional. Foram nesses espaços que desenvolvi o gosto extremo por

compreender e aperfeiçoar práticas locais relacionadas à gestão e políticas públicas

educacionais.

No contexto do ensino superior a experiência mais marcante que tive a oportunidade

de vivenciar, se deu por meio da atuação como docente do curso de Licenciatura em

Pedagogia do Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica na

Unidade de Cândido Sales. Este programa faz parte da política nacional de formação de

professores e a experiência me aproximou das vivências de profissionais da educação que

buscam a formação inicial em serviço através do cadastro na Plataforma Freire. Ministrando a

disciplina “gestão educacional: princípios e métodos” tive a oportunidade mais uma vez de

discutir e problematizar questões que envolviam as práticas de gestão e implementação de

políticas educacionais, abordando autores com os quais já havia trabalhado em meu processo

de formação.

Atualmente como coordenadora do núcleo pedagógico da Secretaria Municipal de

Educação de Belo Campo atuo como membro de comitê de orientação, avaliação e

implementação do PDDE Interativo/PAR/PME. A partir desta função tenho procurado refletir

os desafios da construção/articulação do SNE a partir dos planos de educação em âmbito

municipal. Em síntese, posso afirmar que docência e gestão são duas funções e áreas de

pesquisa de grande relevância em minha trajetória de vida e das quais não pretendo me

distanciar, tendo em vista que a prática de uma implica nos resultados da outra.

1.4 Expectativas

Para além das experiências de formação e profissionais aqui apresentadas, destaco por

fim, as minhas expectativas futuras. Que a continuidade das reflexões possam ser introduzidas

em uma projeção de doutorado, próximo objetivo a ser perseguido. Amparadas no sentimento

de que, a partir dos processos formativos, eu possa sempre atualizar os modos de ser e pensar

as políticas educacionais, pretendo, a partir de minha prática, contribuir com a melhoria da

qualidade da educação do município de Belo Campo e de outros espaços que porventura eu

25

possa vir atuar. Enfim, que minhas produções acadêmicas possam constituir um referencial

para pensar a gestão, as políticas educacionais e suas formas de materialização.

26

2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO, O PDDE INTERATIVO E O PAPEL

DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO

DO ESPAÇO ESCOLAR

O texto aqui apresentado sistematiza as discussões que perpassam a problematização

do objeto de estudo adotado na proposta de intervenção desenvolvida como trabalho de

conclusão de curso do CECOP 3. Ao vincular este trabalho ao Eixo Temático 2 (Políticas

Públicas em Educação) e ao tomar como objeto de estudo o PDDE Interativo, programa que

traduz os objetivos de uma política educacional no cotidiano das escolas e que agrupa um

conjunto de ações do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), não poderíamos deixar de

abordar as concepções e discussões que circundam as políticas públicas em educação, suas

formas de materialização no espaço escolar por meio das ações do PDDE, a gestão

educacional e o papel do coordenador pedagógico no processo de democratização da escola.

Os fundamentos teóricos que constituem cada uma das ações a seguir foram tomados

como ponto de partida para análise e reflexão dos resultados alcançados com a aplicação dos

instrumentos da intervenção (questionário, formação), servindo à reflexão, inclusive, dos

discursos dos coordenadores pedagógicos entrevistados, discursos estes, que traduzem parte

dos desafios enfrentados no processo de planejamento e implementação de ações e programas

que fazem parte do PDDE Interativo.

Acreditamos que as reflexões propostas neste capítulo possam contribuir com o

entendimento das práticas decorrentes da política educacional que orienta as ferramentas de

gestão do PDDE Interativo no contexto escolar. Nesta perspectiva é que se considera

importante identificar os desafios que estão postos no campo de aplicação da política, e a

partir da intervenção proposta no capítulo a seguir, estabelecer um plano de superação dos

problemas que interferem em sua efetividade. Discutir o papel e a contribuição do

coordenador pedagógico neste processo de gestão, que originalmente pretende ser um

processo de gestão democrática, também é essencial para analisar as ações e dinâmicas da

gestão educacional desenvolvidas pelas escolas no município de Belo Campo.

2.1 Concepção e considerações sobre políticas públicas em educação

Abordar e avaliar os efeitos de uma determinada política pública educacional na

educação implica compreender e deixar evidente o que se entende por política pública, e

política pública educacional. No contexto da educação básica pública, as políticas

27

educacionais tem ganhado destaque nos últimos anos e tem ocupado cada vez mais espaços

no cotidiano das escolas, cabendo àqueles que delas fazem uso, compreenderem seus

objetivos e finalidades, de modo a intervir em sua realidade sempre que necessário.

Apesar de existir diferentes concepções acerca da temática, tomamos para efeito de

análise a concepção que define política pública como “todo conjunto sistemático de ações e

procedimentos inter-relacionados, publicamente adotado por autoridade governamental com o

propósito de lidar rotineiramente com algum tema específico” (REIS, 2010, p. 1). Nesta

perspectiva o uso do termo política pública serve para designar ações de natureza

governamental, podendo ser estas políticas de cunho nacional, regional ou local.Podemos

caracterizar o PDDE Interativo, portanto, como sendo uma ação decorrente de uma política

federal (nacional), apesar de se materializar em âmbito local, pois é determinada por diretrizes

gerais do Ministério da Educação (MEC) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação (FNDE) que orientam as práticas locais. Sendo uma política de repasse direto de

recursos financeiros às escolas de educação básica pública, cada uma de suas ações objetiva

resolver um tema (problema) específico, que rotineiramente tem impedido o avanço da

qualidade educacional.

Quanto às políticas públicas no contexto da educação básica, adotamos a concepção de

(OLIVEIRA, 2010, p. 1), que ao se remeter às ideias de Van Zanten (2008), sugere que as

políticas educacionais podem ser definidas como “programas de ação governamental,

informadas por valores e ideias que se dirigem aos públicos escolares e que são

implementadas pela administração e os profissionais da educação”. Podemos associar o

PDDE Interativo a esta concepção de política educacional por ser um programa do governo

federal que apresenta uma proposta de implementação fundada na ideia de participação direta

dos profissionais da educação e dos demais segmentos que representam a comunidade escolar.

Ao abordar o tema políticas públicas (GOMES, 2011, p. 20) afirma que “toda política

pública é fundamentalmente uma forma de preservação ou de redistribuição do quantum de

poder social que circula, alimenta e engendra as forças vivas da sociedade”. Pensando O

PDDE Interativo a partir desta perspectiva, é certo afirmar que, a partir das orientações do

MEC e do FNDE, suas ações promovem a redistribuição de recursos financeiros, que alimenta

o desejo de alcançar a equidade no que se refere à qualidade educacional. É certo afirmar

ainda,que no atual cenário das políticas educacionais faz-se necessário refletir o caráter

redistributivo das ações públicas no contexto das escolas, tendo em vista o cumprimento do

papel do Estado como fiador de uma educação de qualidade para todos (FRANÇA, 2009). A

intervenção que fundamenta este estudo procurou, nesse sentido, refletir o caráter

28

redistributivo das ações que constituem o PDDE Interativo e investigar por meio dos

discursos, possíveis problemas que possam impedir a qualidade dos processos de gestão das

escolas na realidade investigada.

Defendemos a ideia de que atribuir qualidade aos processos de gestão das políticas

educacionais implica, fundamentalmente, garantir a participação popular nos processos de

formulação, implementação e avaliação das mesmas. Segundo (GOMES, 2011, p. 20) “[...]

não existe política pública sem participação e não existe participação sem discurso. [...] Não

existe políticas públicas fora do discurso”. Entendemos deste modo, que participação e

discurso são elementos essências para analisar as diferentes formas de materialização das

políticas, pois, é por meio dos discursos, presentes nos documentos oficiais que orientam sua

implementação, e ainda nas falas dos sujeitos institucionais que traduzem os seus objetivos, é

que se conhece e se repassa o que deve e pode ser apropriado nas práticas desenvolvidas.

Como forma de ressaltar a importância de conhecer e se apropriar dos discursos que

fundamentam as políticas educacionais é que fundamentamos a seção a seguir baseando-nos

em discursos existentes nos documentos oficias que fundamentam o PDDE Interativo. A

seção a seguir foi constituída com o propósito de melhor apresentar o objeto de pesquisa

adotado na aplicação da intervenção.

2.2 O PDDE Interativo e suas formas de materialização no espaço escolar

O PDDE Interativo, anteriormente denominado PDE Interativo, composto de ações do

Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE Escola) e de ações do Programa Dinheiro Direto

na Escola (PDDE), foi criado e desenvolvido pelo MEC a partir das experiências decorrentes

da metodologia do PDE Escola. Podemos defini-lo como uma ferramenta de apoio à gestão

escolar através da qual as escolas públicas brasileiras podem diagnosticar os problemas que

afetam suas práticas, de modo a auxiliar e aperfeiçoar os processos de gestão democrática que

impliquem na melhoria da qualidade dos processos de ensino e de aprendizagem (BRASIL,

2014a).

O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) existe desde 1995, no entanto, como

ferramenta de apoio à gestão escolar o PDDE Interativo foi disponibilizado pela primeira vez

em 2011, exclusivamente para escolas contempladas com os recursos do PDE Escola. Desde

2012, todas as escolas cadastradas no censo escolar podem ter acesso à ferramenta, ainda que

não tenham recebido repasse de recursos financeiros do MEC. Em 2013 a ferramenta também

29

foi disponibilizada para escolas particulares sem possibilidade de repasse de recursos

financeiros para as mesmas (BRASIL, 2012a).

O diagnóstico do PDDE Interativo é composto de 7 (sete) etapas nas quais são

levantadas informações sobre:indicadores e taxas, distorção e aproveitamento, ensino e

aprendizagem, gestão, comunidade escolar, infra-estrutura e a síntese do diagnóstico, sendo

esta última etapa, o momento em que a escola prioriza os problemas que diretamente têm

afetado os processos de ensino e de aprendizagem e que necessitam ser solucionados com

mais urgência a partir dos recursos recebidos. A ilustração a seguir representa como as etapas

estão dispostas no sistema.

Ilustração 1 - Estrutura do diagnóstico no PDDE Interativo

Fonte: http://pdeinterativo.mec.gov.br, 2015.

Ao analisar a estrutura do PDDE Interativo, podemos perceber ainda, que o sistema

funciona como uma árvore de programas destinados a resolver um problema específico da

realidade escolar. Cada aba representa o conjunto de ações de um determinado programa. A

escola conjuntamente com a Secretaria de Educação deve decidir quais os programas devem

ser passíveis de adesão no sistema e cujas ações tenham condições de serem postas em prática

no contexto das escolas. A adesão de alguns programas é realizada pelo Secretário de

Educação através do Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle do Ministério

da Educação (Simec) no módulo do Plano de Ações Articulas (PAR). Outros programas

podem ser aderidos diretamente pelos diretores escolares no sistema PDDE Interativo.

A ilustração a seguir nos permite visualizar a estrutura dos programas disponibilizados

para uma determinada escola por meio do sistema do PDDE Interativo. Os programas estão

sinalizados na ilustração abaixo nas abas circuladas.

30

Ilustração 2 – Disposição dos programas no PDDE Interativo

Fonte: http://pdeinterativo.mec.gov.br, 2015.

A metodologia do PDDE Interativo consiste em reunir representantes dos diversos

segmentos escolares com a finalidade de preencher o diagnóstico disponibilizado pelo MEC e

posteriormente deliberar sobre as estratégias a serem implementadas com os recursos

destinados às escolas. A sugestão do MEC é que o Grupo de Trabalho (GT) do PDDE

Interativo seja composto por representantes dos conselhos escolares. Caso a escola não possua

conselho escolar os representes do GT devem ser escolhidos entre os membros da escola

(BRASIL, 2014a).

O PDDE Interativo se materializa nas escolas por meio da implementação de

diferentes ações. Tem como princípio norteador de suas ações o planejamento e execução do

plano estratégico na perspectiva da gestão democrática da educação. Pretende-se com estas

ações a qualificação do ensino básico e a elevação dos Índices de Desenvolvimento da

Educação Básica (Ideb). A partir da incorporação de dados do MEC, o quadro a seguir foi

constituído na perspectiva de visualizar e apresentar as diferentes ações incorporadas pelas

escolas públicas municipais de Belo Campo que fazem uso do sistema PDDE Interativo.

Quadro 1: Ações do sistema PDDE Interativo

AÇÕES DO SISTEMA PDDE INTERATIVO NO MUNICÍPIO DE BELO CAMPO

AÇÕES OBJETIVOS

PDE ESCOLA

O PDE Escola é um programa do Ministério da Educação que atende às

escolas com baixo rendimento no IDEB, fomentando o planejamento

estratégico e participativo com o propósito de auxiliá-las em sua gestão.

31

ATLETA NA

ESCOLA

O Programa Atleta na escola tem como objetivo incentivar a prática esportiva

nas escolas, democratizar o acesso ao esporte, desenvolver e difundir valores

olímpicos e paraolímpicos entre estudantes da educação básica, estimular a

formação do atleta escolar e identificar e orientar jovens talentos.

PROGRAMA

MAIS

EDUCAÇÃO

O Programa Mais Educação constitui-se como estratégia do Ministério da

Educação para induzir a ampliação da jornada escolar e a organização

curricular na perspectiva da Educação Integral, contribuindo, desse modo,

tanto para a diminuição das desigualdades educacionais, quanto para a

valorização da diversidade cultural brasileira.

PDDE CAMPO

O objetivo é destinar recursos financeiros de custeio e de capital às escolas

públicas municipais, estaduais e distritais, localizadas no campo, a fim de

propiciar adequação e benfeitoria na infraestrutura física dessas unidades,

necessárias à realização de atividades educativas e pedagógicas voltadas à

melhoria da qualidade do ensino.

PDDE ÁGUA

O Objetivo é promover ações voltadas para a melhoria da qualidade do ensino

das escolas públicas das redes distrital, municipais e estaduais de ensino

localizadas no campo, garantindo o abastecimento contínuo de água adequada

ao consumo humano e esgotamento sanitário.

PDDE ESCOLAS

SUSTENTÁVEIS

Dispõe sobre a destinação de recursos financeiros à escolas públicas da

educação básica, para promover ações voltadas à melhoria da qualidade de

ensino e apoiar as na adoção de critérios de sustentabilidade socioambiental,

considerando o currículo, a gestão e o espaço físico, de forma a tornarem-se

espaços educadores sustentáveis.

LIVRODIDÁTICO Aba disponível para as escolas da educação básica para informar a quantidade

de livros de reserva técnica que cada unidade escolar necessita .

PLANO DE

FORMAÇÃO

CONTINUADA

Visando conciliar as necessidades de formação continuada da equipe escolar

com a capacidade de oferta de vagas pelas Instituições de Ensino Superior

parceiras do Ministério da Educação, é necessário que a escola informe quais

os cursos que gostaria que fossem ofertados e a quantidade de vagas

necessárias para cada.

PDDE

ACESSIBILIDADE

Promover condições de acessibilidade ao ambiente físico, aos recursos

didáticos e pedagógicos e à comunicação e informação nas escolas públicas de

ensino regular.

MAIS CULTURA

NAS ESCOLAS

O Mais Cultura tem entre suas finalidades promover a circulação de cultura

nas escolas, contribuir para a formação de público no campo das artes,

desenvolver uma agenda de formação integral de crianças e jovens. A

formulação e o desenvolvimento dos projetos devem acontecer em parceria

entre escolas, artistas e entidades culturais.

Fonte: BRASIL, (2011; 2012b; 2012c; 2013a; 2013b; 2014b; 2014c; 2014d; 2014e; 2015).

Mesmo diante do grande número de programas e ações que as escolas acumulam em

suas práticas cotidianas, os documentos analisados, a partir do perfil do comitê de orientação,

planejamento e análise da execução dos programas no âmbito do município de Belo Campo

têm demonstrado que a perspectiva da gestão democrática defendida pela proposta do MEC

tem sido abandonada em muitos casos.

32

Tomando como fundamento a obrigatoriedade das escolas em planejar o uso de

recursos e desenvolver políticas educacionais que por elas não foram formuladas, defendemos

a ideia de que a atuação do coordenador pedagógico pode contribuir com o processo de

democratização do espaço escolar, ainda que as ações associadas a estas políticas não tenham

sido gestadas pelos sujeitos que da escola fazem parte, o que seria o ideal.

Sendo o sistema uma ferramenta obrigatória para validar as políticas que chegam

prontas para serem implementadas na escola, e que determina o que pode ou não ser adquirido

com os recursos financeiros, acreditamos que os processos de ampliação dos espaços de

democratização e o aperfeiçoamento de práticas gestoras que contribuam com a melhoria da

aprendizagem e do sucesso escolar podem ser redimensionados na intencionalidade de

fortalecer os dispositivos da gestão democrática, tomando como princípio, a atuação do

coordenador pedagógico.

2.3 A gestão educacional e o papel do coordenador pedagógico no processo de

democratização do espaço escolar

A abordagem sobre gestão educacional nos remete às reflexões de que este tem sido

um tema amplamente discutido no campo educacional, em especial, a partir da década de 80,

tendo em vista o processo de redemocratização do país, motivado pelo fim da ditadura política

ocorrida entre (1964-1985). Diversas conferências educacionais e a atuação de movimentos

sociais que se aliaram a instituições interessadas em decidir o futuro educacional do país

influenciaram o debate e a elaboração de documentos e leis que reforçaram o discurso

democrático no setor educacional. Como resultado dos debates travados na época, podemos

tomar como exemplos mais determinantes a aprovação da Constituição de 1988 e da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96, ambas adotando a gestão

democrática como princípio do ensino público (MINTO, 2010).

No plano teórico a incorporação do princípio da gestão democrática implicaria novos

modos de ser e fazer a educação, induzindo os agentes escolares ao desenvolvimento de uma

gestão educacional pautada na participação coletiva. Nesta perspectiva, a gestão da educação

deve ser entendida como “o processo político-administrativo contextualizado, através do qual

a prática social da educação é organizada, orientada e viabilizada” (BORDIGNON;

GRACINDO, 2000, p. 147). Este enfoque, entende ainda, que a gestão educacional

“corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema de ensino como um todo e de

coordenação das escolas em específico, afinado com as diretrizes e políticas educacionais

33

públicas, para implementação das políticas educacionais e projetos pedagógicos das escolas”

(LÜCK, 2006, p.35). A ótica de gestão educacional apresentada nas citações anteriores

defende uma organização escolar pautada em métodos educacionais capazes de promover

mecanismos de participação, compartilhamento, autocontrole e transparência.

No que se refere, em específico, ao principio da gestão democrática da educação

incluído no Art. 206, inciso VI, da constituição e Art. 3º, inciso VIII da LDB, trazemos à

discussão a concepção que entende a gestão democrática “como espaço de descentralização

do poder, de participação e de autonomia das instituições. Nesse sentido, ela possibilita a

construção da cidadania, devendo ser considerada fundamental na formação do cidadão”

(CASTRO, 2009, p. 35). Para a autora, a qualidade da educação deverá ser alcançada por

meio da instituição dos dispositivos de gestão democrática e, democratizar a gestão da

educação sob esse ponto de implicaria ainda a participação da sociedade na formulação,

avaliação, fiscalização e execução das políticas destinadas ao público educacional.

Relacionando o PDDE Interativo e suas ações no contexto escolar à concepção de

gestão democrática apresentada por (CASTRO, 2009), percebemos que sua natureza não é tão

democrática quanto defende o governo federal, uma vez que não houve a participação da

sociedade e do público escolar em seu processo de formulação. Tornando-se a única fonte de

aquisição de recursos financeiros de repasse direto às escolas não há outra alternativa para a

comunidade escolar, que não seja a adesão às políticas ofertadas pelo governo federal.

Levando em consideração, portanto, as limitações da gestão democrática,

determinadas pela ação do governo federal no processo de implementação dos programas

educacionais, é que consideramos importante investigar como o uso das ferramentas do

PDDE Interativo e a atuação do coordenador pedagógico podem auxiliar no processo de

mobilização e democratização do espaço escolar no município de Belo Campo. O

coordenador pedagógico, neste contexto, deve assumir papel central na articulação das

propostas adotadas na escola.

Refletindo o papel do coordenador pedagógico no espaço escolar percebemos que sua

função é múltipla e complexa. A atuação do coordenador pedagógico historicamente vem

assumindo diferentes sentidos por influências das transformações sociais e econômicas que

refletem novos modos de fazer a educação (CRUZ; CASTRO; LIMA, 2015). Nem sempre se

atribuiu a importância devida à figura do coordenador pedagógico na realidade escolar, mas

na atualidade, este personagem tem adquirido destaque com o fortalecimento das discussões

em torno da gestão democrática da educação e da organização escolar na perspectiva de

atribuir qualidade aos processos de ensino e de aprendizagem.

34

O decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007, que instituiu o Compromisso Todos pela

Educação, prevendo o regime de colaboração entre a união, estados e municípios em proveito

da melhoria da qualidade educacional, estabeleceu vinte e oito (28) diretrizes a serem

compactuadas pelos municípios com o propósito de elevar o Ideb. Dentre as diretrizes,

podemos destacar a seguinte: “XVII - incorporar ao núcleo gestor da escola coordenadores

pedagógicos que acompanhem as dificuldades enfrentadas pelo professor” (BRASIL, 2007,

p.2). Apesar de sua função, no documento, estar associada exclusivamente à necessidade de

auxiliar o professor, é de extrema relevância que, pelo menos em parte, o papel do

coordenador pedagógico tenha sido reconhecido como um instrumento capaz de contribuir

com a melhoria da qualidade educacional. Nesse sentido, cabe pensar: quais as atribuições ou

qual o papel do coordenador pedagógico na atual realidade educacional? Para fundamentar as

respostas à esta indagação, o quadro a seguir nos apresenta de um lado, a visão apresentada

pelos autores (LIMA; SANTOS, 2007) e de outro as atribuições do coordenador pedagógico

previstas no Plano de Carreira do Magistério Público do Município de Belo Campo.

Quadro 2: O papel do coordenador pedagógico

O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO

PERSPECTIVA

DE (LIMA; SANTOS, 2007)

PERSPECTIVA DO PLANO DE CARREIRA

DO MUNICÍPIO DE BELO CAMPO

Resgatar a intencionalidade da ação

possibilitando a (re) significação do trabalho;

Superar a crise de sentido;

Ser um instrumento de transformação da

realidade;

Resgatar a potência da coletividade;

Gerar esperança;

Possibilitar um referencial de conjunto para a

caminhada pedagógica;

Aglutinar pessoas em torno de uma causa

comum;

Gerar solidariedade, parceria;

Ajudar a construir a unidade (não

uniformidade); superando o caráter fragmentário

das práticas em educação, a mera justaposição e

possibilitando a continuidade da linha de

trabalho na instituição;

Propiciar a racionalização dos esforços e

recursos (eficiência e eficácia), utilizados para

atingir fins essenciais do processo educacional;

Ser um canal de participação efetiva, superando

as práticas autoritárias e/ou individualistas e

ajudando a superar as imposições ou disputas de

Art. 59.

§ 1º. Para fins desta Lei, compreende-se por

função de magistério de coordenação

pedagógica o exercício das atividades de

suporte pedagógico direto à docência, tais

como coordenação, planejamento, inspeção,

supervisão e orientação educacional.

§ 2º. Além das atividades ínsitas no parágrafo

anterior, incluem-se no exercício da função de

magistério de coordenação pedagógica as

seguintes atribuições:

a. Coordenar a elaboração e execução da

proposta pedagógica da escola.

b. Colaborar com a direção no sentido de

assegurar o cumprimento dos dias

letivos e horas-aulas estabelecidos.

c. Velar pelo cumprimento do plano de

trabalho de cada docente.

d. Prover meios, junto aos docentes, para

recuperação dos alunos, bem como

sobre a execução da proposta

pedagógica da escola.

e. Colaborar com a direção no sentido de

35

vontades individuais, na medida em que há um

referencial construído e assumido coletivamente;

aumentar o grau de realização e, portanto, de

satisfação de trabalho;

Fortalecer o grupo para enfrentar conflitos,

contradições e pressões, avançando na

autonomia e na criatividade e distanciando-se

dos modismos educacionais;

Colaborar na formação dos participantes.

promover a articulação com as

famílias e a comunidade, criando

processos de integração da sociedade

com a escola.

f. Informar a direção sobre a frequência

e o rendimento dos alunos, bem como

sobre a execução da proposta

pedagógica.

g. Coordenar, no âmbito da escola, as

atividades de planejamento, avaliação

e desenvolvimento profissional.

h. Acompanhar o processo de

desenvolvimento dos estudantes, em

colaboração com os docentes e as

famílias.

i. Acompanhar e supervisionar o

funcionamento das escolas, zelando

pelo cumprimento da legislação e

normas educacionais e pelo padrão de

qualidade do ensino.

j. Outras atribuições previstas no

Regimento Escolar Unificado das

unidades municipais de ensino de Belo

Campo.

Fonte: (LIMA; SANTOS, 2007); (BELO CAMPO, 2010).

Apesar das múltiplas atribuições que podem ser incorporadas pelo coordenador

pedagógico, como apresentadas nas duas perspectivas dispostas no quadro 2, podemos afirmar

que as atribuições do coordenador pedagógico presente no plano de carreira do município de

Belo Campo apresenta algumas limitações em relação à perspectiva apresentada por (LIMA;

SANTOS, 2007), em especial no que se refere ao papel do coordenador pedagógico como

agente mobilizador da democracia na escola, como podemos observar nos trechos

sublinhados. Interessa para este estudo, portanto, analisar e reafirmar a importância dos

elementos que atribui ao perfil do coordenador o papel de líder nos processos de

democratização do espaço escolar.

Esta percepção nos permite entender que “o líder escolar que delega, envolve como

companheiros de trabalho, professores e demais funcionários da escola, no processo de

tomada de decisão, criando também, desta forma, seu comprometimento com as decisões

tomadas” (LÜCK, 2001, p. 55). Acrescenta-se ao perfil de líder, a disposição pela

mobilização dos alunos, dos pais e da comunidade externa para identificar e resolver os

problemas que afetam a escola.

36

Na assunção do seu papel como líder, “o coordenador, ao mesmo tempo em que

acolhe e engendra, deve ser questionador, desequilibrador, provocador, animando e

disponibilizando subsídios que permitam o crescimento do grupo” (VASCONCELLOS, 2002,

p. 89). De modo a enfatizar a atuação do coordenador pedagógico no município de Belo

Campo, tendo em vista o uso das ferramentas do PDDE Interativo, espera-se, ao final da

intervenção proposta a seguir, que os coordenadores pedagógicos na realidade investigada

tenham condições de incorporar o espírito de liderança mencionado na citação anterior,

contribuindo deste modo, com o crescimento do grupo de trabalho do PDDE Interativo e

consequentemente dos demais dispositivos de democratização do espaço escolar.

37

3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: O USO DAS FERRAMENTAS DE GESTÃO DO

PDDE INTERATIVO E A ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO

PROCESSO DE MOBILIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

3.1 Caracterização do Objeto

A escolha do objeto de estudo, caracterizado nesta proposta como: o uso das

ferramentas de gestão do PDDE Interativo e a atuação do coordenador pedagógico no

processo de mobilização e democratização do espaço escolar, a ser desenvolvido neste projeto

vivencial está fundamentada na relação profissional entre a pesquisadora e o objeto em

análise. A partir da prática decorrente das experiências profissionais no âmbito município de

Belo Campo a respeito da implementação dos programas que compõem a ferramenta de

gestão que traduz o objeto em estudo, a relação estabelecida com diretores e coordenadores

pedagógicos a partir de 2014, na atuação como membro do Comitê Municipal de avaliação e

acompanhamento das ações do PDE Escola/PDDE Interativo, permitiu lançar um olhar atento

sobre a dinâmica de participação da comunidade escolar no processo de implementação de

programas e projetos que são materializados com base no ideal do Plano de Desenvolvimento

da Educação (PDE).

De acordo com as orientações do MEC o PDDE Interativo deve ser um planejamento

participativo, que envolva diferentes segmentos representativos do espaço escolar no qual se

desenvolve. O grupo de trabalho deve sistematizar coletivamente o diagnóstico e o plano de

ação de cada programa na perspectivas de superar os desafios a serem enfrentados pelos

sujeitos que da escola fazem parte (BRASIL, 2014a).

Apesar da metodologia do programar se encontrar publicada no sistema online em

formato de manuais, de apresentar abas contendo as informações de cada passo, e de se

afirmar como autoexplicativa, temos verificado algumas dificuldades encontradas pelos seus

usuários diante da implementação dos programas do PDDE Interativo, e, ao contrário do

discurso defendido pelo governo federal, a análise de algumas atas de composição dos grupos

de trabalho do PDDE Interativo 2014, no âmbito do contexto escolar do município de Belo

Campo, tem indicado que muitas escolas não têm elaborado seus planos com a efetiva

participação da comunidade escolar.

Podemos visualizar no Anexo C, por exemplo, que a reunião elaborada para escolha

dos representantes do GT do PDDE Interativo no ano de 2014 em um determinado círculo de

escolas contou com a presença e assinatura de apenas quatro membros da comunidade, que

38

porventura foram os mesmos escolhidos para compor o GT. Levando em consideração,

portanto, que o MEC orienta que a composição do GT seja realizada com membros do

conselho escolar e outros que porventura possam contribuir com o desenvolvimento da escola,

que o referido GT representa um círculo composto por 10 escolas de distintas comunidades e

que existe um conselho escolar instituído no círculo escolar em análise, e, ainda assim, apenas

quatro pessoas adquiriram o direito de decidir os rumos financeiros e pedagógicos das 10

escolas pontuadas na ata, podemos afirmar que os processos de democratização nesta

realidade precisam ser melhorados e aperfeiçoados.

Podemos afirmar ainda, como exposto no Anexo C, que a escolha dos membros não

atendeu aos princípios democráticos sugeridos pelo MEC nas orientações expostas no Anexo

A, uma vez que não contemplou os seguimentos de alunos e de pais e foi restrita ao corpo

gestor e de outros profissionais de uma escola. Reafirmando que neste caso, o GT representa

um grupo de 10 escolas, seria extremamente relevante agregar representantes de todas as

escolas envolvidas no processo de implementação dos programas do PDDE.

Entendendo, neste contexto, que o PDDE atualmente é a principal via de repasse

direto de recursos financeiros para as escolas públicas, acreditando que o coordenador

pedagógico tem um papel fundamental no processo de articulação, mobilização e

democratização da escola e compreendendo a gestão democrática da educação como um

importante instrumento de articulação do espaço escolar na busca pela melhoria da qualidade

da educação, o projeto vivencial pretende responder ao seguinte questionamento: como o uso

das ferramentas do PDDE Interativo e a atuação do coordenador pedagógico podem auxiliar

no processo de mobilização e democratização do espaço escolar no município de Belo

Campo?

Diagnosticar e analisar os desafios enfrentados na atuação dos coordenadores

pedagógicos no processo de mobilização e democratização do espaço escolar a partir do uso

das ferramentas do PDDE Interativo será fundamental para compreender os motivos da não

participação da comunidade nas decisões e planejamento da escola. Acredito que os

resultados desta intervenção possam impactar significativamente em minha prática

profissional, uma vez que faz parte da minha função orientar a elaboração de diagnósticos e

planos escolares na perspectiva da participação e da busca pela melhoria da qualidade

educacional por meio do uso eficiente do repasse direto de recursos financeiros às escolas

públicas do município de Belo Campo.

39

3.2 Caracterização do espaço de atuação profissional

O espaço de atuação profissional no qual estou inserida é a Secretaria Municipal de Educação

do município de Belo Campo. A instituição é responsável pela gestão do Sistema Municipal de

Educação (SME), instituído pela Lei municipal nº68, de 29 de dezembro de 2000. O Sistema

Municipal de Educação é responsável pelo planejamento, execução, monitoramento e avaliação de

ações e programas nos diversos níveis, etapas e modalidades que o município contempla (BELO

CAMPO, 2000).

Atualmente o SME é composto por 38 escolas, sendo 6 na zona urbana e 31 na zona rural. O

Conselho Municipal de Educação (CME), o Conselho de Acompanhamento e Controle Social do

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (CACS-FUNDEB) e o Conselho de

Alimentação Escolar (CAE) também compõem o SME.

No que se refere à gestão das unidades escolares a modalidade de escolha de diretores e

coordenadores pedagógicos é a indicação, desde que não seja ferido o critério de formação em:

licenciatura em pedagogia ou especialização em gestão educacional. Cada unidade escolar da zona

urbana se dispõe de um coordenador pedagógico. Em específico, na zona rural, as escolas são

agrupadas em círculos escolares e cada círculo é orientado por um diretor e um coordenador

pedagógico.

A tabela abaixo define o quadro de profissionais que atuam na gestão da educação no

município.

Tabela 1 – Profissionais que atuam na Gestão Educacional no município de Belo Campo

GESTÃO EDUCACIONAL

QUADRO PROFISSIONAL (Nº

DE PESSOAL)

REDE MUNICIPAL

Secretário de Educação 01

Núcleo Pedagógico 06

Diretores 07

Vice-diretores 04

Coordenadores Pedagógicos Escolares 09

Secretários Escolares 08

Conselheiros Municipais de Educação (CME) 09

TOTAL 43

Fonte: Secretaria Municipal de Educação 2015. Tabela produzida pela autora.

Na gestão da educação municipal a minha atuação está inserida na organização do núcleo

pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Belo Campo. Neste contexto faço parte do

Comitê de orientação, planejamento, avaliação e monitoramento de ações e programas associados ao

40

PDDE Interativo, Plano de Ações Articuladas (PAR), Plano Municipal de Educação (PME) e

Fortalecimento dos Conselhos Escolares. O núcleo também é composto por uma coordenadora geral

da educação, uma coordenadora administrativa (responsável pela liberação de recursos matérias e

pedagógicos), uma coordenadora pedagógica responsável pela formação dos coordenadores

pedagógicos do município e pela interlocução entre as demandas da escola e a secretaria de educação,

uma coordenadora responsável pelo Pacto e uma coordenadora que atua junto ao CME.

O atual esforço do núcleo pedagógico é reformular as ações educacionais no âmbito do

município de modo a atender as metas e estratégias do Plano Municipal de Educação. As ações em

andamento após a aprovação do PME tem procurado atender aos anseios do governo federal frente às

exigências da Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014, que instituiu o novo Plano Nacional de Educação

(PNE). Entre as ações mais recentes para dar movimento ao PME podemos destacar as que estão em

andamento: a lei de criação dos conselhos escolares, reformulação da proposta pedagógica da

Secretaria Municipal de Educação, reformulação da matriz curricular e orientação para reformulação

dos projetos político-pedagógicos todos com base no PNE e PME. A perspectiva é promover a

melhoria da qualidade da educação e elevar os Índices de desenvolvimento da Educação Básica (Ideb),

tendo em vista que os índices não são constantes e os resultados não têm sido empregados para propor

ações de melhoria da realidade das escolas participantes do exame. A tabela a seguir apresenta os

dados de evolução do Ideb na rede educacional de Belo Campo.

Tabela 2 - Evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)

Âmbito de Ensino

Ensino Fundamental (Anos Iniciais) Ensino Fundamental (Anos Finais)

Ideb Observado Ideb Observado

2005

2007

2009

2011

2013

ME

TA

S

2021

2005

2007

2009

2011

2013

ME

TA

S

2021

Belo Campo 2,7 3,1 3,0 3,9 3,8 5,0 3,1 3,0 2,8 3,2 3,1 5,1

Fonte: INEP. Tabela produzida pela autora.

Os maiores desafios da Secretaria de Educação atualmente é promover a

universalização da Educação Infantil na etapa de 4 a 5 anos, e do Ensino Fundamental,

diminuir os índices de evasão e repetência, adequar a proposta pedagógica da educação do

campo e quilombola, da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e implementar ações voltadas

para a educação inclusiva e a diversidade de gênero. São muitos os desafios e a complexidade

dos mesmos deixa evidente a dimensão do compromisso que deve ser assumido pelos

gestores educacionais. Sem deixar de considerar a responsabilidade do poder público

municipal no enfrentamento dos problemas mencionados, acredita-se que as iniciativas das

41

escolas municipais a partir do uso dos recursos do PDDE Interativo podem ser

redimensionadas no sentido de contribuir com a efetividade da implementação dos programas

e projetos do PDDE.

Tendo em vista que o planejamento pedagógico e financeiro da escola é de natureza

obrigatória, como forma de garantir a continuidade de cada um dos programas aderidos pelo

município e pela escola, entende-se que, esta proposta de intervenção possa auxiliar os

coordenadores pedagógicos em seu processo de atuação junto às exigências preconizadas pelo

PDDE Interativo.

3.3 Objetivos da Intervenção

3.3.1 Objetivo geral

Analisar como o uso das ferramentas de gestão do PDDE Interativo e a atuação do

coordenador pedagógico podem auxiliar o processo de mobilização e democratização do

espaço escolar no município de Belo Campo.

3.3.2 Objetivos específicos

Diagnosticar os principais desafios enfrentados na atuação dos coordenadores

pedagógicos no processo de mobilização e democratização do espaço escolar a partir

do uso das ferramentas de gestão do PDDE Interativo.

Refletir os objetivos, finalidades e programas do PDDE Interativo.

Analisar de que modo tem se dado a atuação do coordenador pedagógico no processo

de planejamento de planos de ação e implementação das políticas públicas

educacionais que compõem o PDDE Interativo.

Orientar a constituição dos grupos de trabalho do PDDE Interativo com vistas a

participação de diferentes segmentos da comunidade escolar no planejamento das

ações escolares.

Propor alternativas de participação efetiva da comunidade escolar no planejamento e

execução das ações do PDDE Interativo.

42

3.4 Metodologia

A pesquisa será pautada em uma abordagem de natureza qualitativa e fundamentada

na metodologia da pesquisa-ação. Na perspectiva qualitativa “há uma relação dinâmica entre

o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a

subjetividade do sujeito que não pode ser traduzida em números” (MORESI, 2003, p. 08).

Nesta perspectiva, na pesquisa aqui proposta, não é possível dissociar a relação entre a

pesquisadora, objeto e sujeitos da pesquisa, uma vez que, a prática profissional

desempenhada, aqui entendida como o mundo real, não pode ser desvinculada dos sujeitos,

suas ações e percepções acerca do PDDE Interativo, objeto de estudo inserido no mundo real.

Ainda no que se refere à pesquisa qualitativa no campo das ciências humanas, Martins

(2006, p.51), pontua que é essencial “nos dirigirmos à maneira como os indivíduos ou os

grupos representam para si mesmos utilizando suas formas de significados”. Questionários e

entrevistas serão, portanto, essenciais para compreender como o público-alvo deste projeto, os

coordenadores pedagógicos, estão significando e resignificando as ferramentas de gestão do

PDDE Interativo no espaço escolar.

Se apropriando de instrumentos da pesquisa qualitativa, as estratégias da intervenção

serão efetivadas com base na metodologia da pesquisa-ação, tomando como fundamento as

bases teórico-conceituais do ciclo básico da investigação-ação empreendido por David Tripp.

Para o autor “a pesquisa-ação educacional é principalmente uma estratégia para o

desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas

pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos”

(TRIPP, 2005, p. 445). Mesmo que a pesquisa não priorize o espaço da sala de aula, como

proposto por TRIPP (2005), a importância do uso de seu referencial e do uso da metodologia

da pesquisa-ação estão amparadas nas ressonâncias que esta investigação têm nas práticas não

apenas em sala de aula, mas no espaço escolar em seu sentido mais amplo.

Em especial, nesta intervenção, as estratégias pretendem aprimorar a atuação do

coordenador pedagógico no processo de mobilização e democratização do espaço escolar a

partir do uso das ferramentas de gestão do PDDE Interativo. A intervenção seguirá o ciclo

básico da investigação-ação transposto na ilustração a seguir:

43

Ilustração 3 - Representação do ciclo básico da investigação-ação

Fonte: (TRIPP, 2005).

Participaram da etapa do diagnóstico 6 coordenadores pedagógicos, no entanto, a

proposta de intervenção deverá ser aplicada com todos os coordenadores do município que

somados chegam a um total de 9. Os quadros que sistematizaram as respostas dadas ao

questionário diagnóstico aparecerão em alguns momentos pontuando os pontos chaves das

falas de cada um dos coordenadores e estes foram identificados como (C1; C2; C3; C4; C5 e

C6), em outros momentos os quadros sintetizam as respostas que apareceram com maior

frequência.

Planejar, agir, monitorar e avaliar a ação serão os passos, portanto, do ciclo que

envolverá as estratégias de ação do projeto vivencial. Nesse sentido, é que se procura

consolidar os passos descritos na apresentação da proposta de operacionalização da

intervenção definida a seguir

3.5 Operacionalização da Proposta de Intervenção

3.5.1 Diagnóstico e planejamento da melhoria da prática

O diagnóstico da intervenção foi pautado na observação da prática gestora das escolas

municipais de Belo Campo diante de ações decorrentes da implementação do PDDE

Interativo, na análise de informações constantes na plataforma do PDDE Interativo do

município de Belo Campo e no diagnóstico desenvolvido por meio da aplicação de um

questionário com os coordenadores pedagógicos do município de Belo Campo – Bahia,

conforme questões expostas no Apêndice A deste TCC-PV. As questões procuraram

responder e entender como o uso das ferramentas do PDDE Interativo e a atuação do

coordenador pedagógico podem auxiliar no processo de mobilização e democratização do

44

espaço escolar no município de Belo Campo, analisando sua familiaridade com o programa e

o papel que têm desempenhado no GT de constituição do PDDE Interativo das escolas.

A primeira etapa do planejamento da intervenção foi, portanto, a construção do

questionário diagnóstico, aplicado com o objetivo de identificar possíveis problemas

encontrados pelo GT PDDE Interativo no processo de implementação da política. A análise

das respostas dadas à este questionário e a prática observada no contexto das escolas e da

plataforma online foram essenciais para garantir o planejamento das ações a serem

executadas. Apesar das unidades escolares do município de Belo Campo contarem com um

total de nove coordenadores pedagógicos, a etapa do diagnóstico contou com participação de

seis, que se empenharam em contribuir com a identificação dos desafios e a melhoria das

práticas de gestão dos programas que compõem o PDDE Interativo.

Analisando o contexto diagnóstico e pautando-nos na necessidade de compreender se

a composição do GT PDDE Interativo vêm atendendo as orientações do governo federal, o

questionário diagnóstico procurou identificar os segmentos que têm participado do

planejamento e implementação das ações das políticas aderidas pelas escolas e pelos

municípios. Para confrontar os dados do diagnóstico também foram analisadas as atas de GT

das escolas nas quais os coordenadores participantes desenvolvem suas atividades

profissionais, chegando aos resultados expostos na tabela 3 disposta a seguir:

Direção/Vice-direção e coordenação

Tabela 3 – Percentual de participação dos segmentos escolares nos GT’s do PDDE Interativo

TOTAL DE GRUPOS DE TRABALHOS ANALISADOS: 06

PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO DOS SEGMENTOS

NOS GT’S ANALISADOS

SEGMENTO % SEGMENTO %

Direção ou vice-direção 100% Professores 100%

Coordenação Pedagógica 50% Demais profissionais da educação 50%

Alunos 00% Comunidade Externa 00%

Pais 00% Outro 00% Fonte: Questionário/diagnóstico do TCC/PV.

Diante dos dados analisados, quanto à diversidade de segmentos participantes nos

grupos de trabalho do PDDE Interativo, foi possível identificar que todos os grupos contam

com a participação da direção de diretores e coordenadores, no entanto, apenas a metade

institui o coordenador pedagógico ou outros profissionais como membros do GT e nenhum

45

grupo de trabalho agrega alunos, pais ou comunidade externa no processo de planejamento e

implementação dos programas associados ao PDDE Interativo.

A análise descrita no parágrafo anterior, implica saber, que o coordenador pedagógico

tem enfrentado dificuldades em promover canais de participação efetiva no contexto das

escolas, como defendido por (LIMA; SANTOS, 2007), já que metade dos coordenadores

pedagógicos investigados não participam das ações que deveriam envolver o maior número

possível de segmentos da comunidade escolar. Essa abordagem identificou ainda que entre os

50% dos coordenadores que possuem função no GT do PDDE Interativo, todos são

responsáveis diretos pelo preenchimento do diagnóstico no sistema online, não contando com

a ajuda de outros segmentos na efetivação desta atividade. Apesar de alguns grupos de

trabalho apresentarem nas atas a participação de outros segmentos como professores e demais

profissionais, os dados dos questionários relatam que diretores e coordenadores são os únicos

sujeitos que preenchem os diagnósticos e elaboram os planos de ações das escolas,

resguardando para si a responsabilidade de decidir como os recursos provenientes das

políticas e programas devem ser empregados.

Outro ponto de análise do diagnóstico consistiu em conhecer se, o Sistema do PDDE

Interativo, bem como seus objetivos e finalidades são apresentados ou não anualmente a todos

os segmentos da comunidade escolar, de modo a identificar em que momento acontece caso a

resposta positiva e porque não acontece caso a resposta seja negativa. As respostas dadas

determinaram que nas escolas em que os coordenadores desenvolvem suas práticas não há um

momento específico para apresentar ou discutir o PDDE. Os motivos que instigam a falta de

mobilização para este momento estão traduzidos na tabela a seguir:

Quadro 3 – Justificativas apresentadas para a pouca mobilização dos segmentos escolares nas

ações do PDDE Interativo

JUSTIFICATIVAS APRESENTADAS POR COORDENADORES

C1 [...] Na verdade a comunidade não se interessa pelos assuntos da escola e por isso quando nos

reunimos convocamos aqueles que querem alguma coisa.

C2

Apresentamos o PDDE só para os professores e funcionários. [...] prestamos contas dos recursos

para a unidade executora que é a Associação de Pais e Mestres [...], mas eles não participam do

planejamento. Apresentamos o plano para eles e depois eles assinam os cheques.

C3

Porque essa parte pedagógica e financeira é mais complicada. Nós que estamos na gestão temos

muitas dificuldades. [...] O sistema exige habilidade com a internet. As formações só começaram

esse ano e muitas vezes o prazo dado pelo governo federal é curto e não dá tempo reunir todos.

46

C4

Por que nem sempre os pais e alunos possuem o entendimento sobre o programa. Muitos levam

para o lado político e acham que o dinheiro pode ser usado de qualquer jeito. [...] Acho que

precisa de formação. Eu mesma não participo da elaboração do PDDE. A demanda da escola é

grande e nós dividimos as funções. Essa parte por exemplo é com a diretora e o vice-diretor.

C5

Normalmente quando falamos de ações que envolvem a elaboração de diagnóstico e dados que

devem ser precisos os convidados não comparem na reunião [...]. Tivemos algumas experiências

[...], nem alunos, nem pais, apenas um ou outro. Professores reclamam da carga horária e

também não querem.

C6 Não participo muito do PDDE. A direção pode dizer melhor, mas não tem reunião pra falar só

sobre isso. Normalmente a direção que providencia tudo.

Fonte: Questionário/diagnóstico do TCC/PV.

As justificativas apresentadas pelos coordenadores confirmam mais uma vez que não

tem acontecido o processo de mobilização da comunidade escolar para participação de

diferentes segmentos nas tomadas de decisões que envolvem o PDDE. Como pode ser

observado no quadro acima há coordenadores pedagógicos que não participam das ações de

planejamento e tão pouco mobiliza a comunidade, comprovando que a proposta do governo

federal não tem sido aplicada tal qual idealizada em suas orientações e manuais, e,

contrariando a proposição de (LÜCK, 2006), que considera como fundamental, uma gestão

educacional afinada com as diretrizes e políticas educacionais e locais.

Ao analisar quem decide quais as estratégias a serem executadas com os recursos

destinados à escola, os dados do questionário apontam três atores neste processo: diretor,

coordenador e professor, excluindo mais uma vez das decisões pais, alunos e demais

profissionais da escola. Garantir a democratização implicaria nesse sentido criar mecanismos

de desenvolvimento dos processos coletivos, que favorecessem a participação e decisão. A

participação neste contexto deve ser entendida como elemento fundamental para a construção

e fortalecimento das ações no cotidiano escolar (BRASIL, 2004).

Ao serem questionados se o sistema facilitou o processo de planejamento, execução e

controle das políticas públicas que compõem o PDDE Interativo, foram elaboradas as

respostas apresentadas no quadro a seguir.

Quadro 4 – Opinião sobre o uso e facilidades das ferramentas do PDDE Interativo.

OPINIÃO SOBRE O USO E FACILIDADES DAS FERRAMENTAS DO PDDE

INTERATIVO

C1

Sim, pois a partir desse planejamento temos o controle das ações a serem desenvolvidas.

47

C2

Em partes facilitou porque tudo fica registrado e os dados não se perdem, [...] mas o plano

de ação é muito complicado. A parte das estratégias e de preços. Em alguns programas é

fácil, mas em outros é difícil relacionar as necessidades das escolas à quantidade de

recursos disponíveis. [...] Nem sempre as informações presentes no sistema tiram as

dúvidas que temos sobre determinados assuntos.

C3

No que se refere ao diagnóstico acredito que sim. A etapa do diagnóstico é mais simples,

mas apresenta dados que não conferem com nossa realidade. Alguns números apresentados

no sistema são diferentes do que é verificado na escola. Já o plano de ação percebo que para

todas as escolas é a parte mais difícil.

C4

Não tenho muita habilidade com o sistema. Dividimos tarefas e o PDDE na maioria das

vezes é preenchido pelo diretor. Às vezes ajudo com informações do diagnóstico.

C5

Sim. O sistema tem permitido a chegada de mais recursos à escola. Mas acho que

condiciona o que devemos comprar em alguns casos.

C6

Não acesso muito o sistema. A responsabilidade maior fica com o diretor. Fonte: Questionário/diagnóstico do TCC/PV.

Refletindo as opiniões apresentadas pelos coordenadores pedagógicos fica evidente

que os usuários do sistema PDDE Interativo encontram desafios no uso das ferramentas

disponíveis, em especial nos planos de ação que determinam as estratégias pedagógicas e os

recursos financeiros a serem implementados no contexto das escolas.

Em se tratando de estratégias pedagógicas, seria essencial neste contexto, a atuação do

coordenador pedagógico, o que nem sempre ocorre no município de Belo Campo, já que uma

quantidade significativa de coordenadores se isentam da responsabilidade de acompanhar e

orientar as ações do PDDE. Em contrapartida, as facilidades apontadas estão amparadas na

possibilidade de garantir o registro permanente dos dados e de poder adquirir recursos

financeiros em maior quantidade.

Quanto aos processos de planejamento, analisamos que os coordenadores pouco

abordam a contribuição do sistema para este fim, quando na verdade, o planejamento deve ser

considerado o princípio de uma ação bem sucedida, compondo deste modo, a análise da

realidade, projeção de finalidades e formas de mediação (VASCONCELLOS, 2000). O

quadro abaixo sistematiza os principais desafios encontrados no uso das ferramentas do

PDDE interativo e na democratização do espaço escolar e que devem ser levados em conta,

portanto, no momento do planejamento.

48

Quadro 5 – Sistematização de dados sobre os desafios encontrados no uso das ferramentas do

PDDE interativo e na democratização do espaço escolar.

SISTEMATIZAÇÃO DE DADOS SOBRE OS DESAFIOS ENCONTRADOS NO USO

DAS FERRAMENTAS DO PDDE INTERATIVO E NA DEMOCRATIZAÇÃO DO

ESPAÇO ESCOLAR

PRINCIPAIS DIFICULDADES

ENCONTRADAS NO USO DO SISTEMA

PDDE INTERTATIVO

DESAFIOS QUE A ESCOLA ENFRENTA

PARA GARANTIR A DEMOCRATIZAÇÃO

DO ESPAÇO ESCOLAR

Falta de formação para equipe escolar. Falta de interesse da comunidade escolar em

participar das ações da escola.

Elaboração do plano de ação. Influência da política partidária que gera

conflitos de interesses na escola.

Divergências entre dados apresentados no

sistema e dados reais da escola.

Conselhos escolares não atuantes.

Falta de interesse da comunidade escolar no

processo de planejamento das ações do

programa.

Informações disponíveis no sistema que são

insuficientes para garantir o sucesso do

planejamento.

Limitação no uso dos recursos (nem sempre

os recursos permitidos pelo sistema é

compatível com os problemas priorizados

pela escola).

Falta de internet de qualidade, em especial

nas escolas do campo, para carregar

adequadamente os recursos do sistema.

Fonte: Questionário/diagnóstico do TCC/PV.

Os desafios apontados no quadro 5 foram essenciais para elaboração da ação a ser

implementada e serão determinantes para que os coordenadores pedagógicos possam refletir

as melhorias necessárias no momento de colocar em prática as estratégias dos programas do

PDDE Interativo. Outro momento importante da ação será o de refletir o papel do

coordenador pedagógico no processo de democratização da escola e o que pode ser feito pelo

mesmo para garantir a participação de diferentes segmentos no planejamento e execução dos

programas do PDDE Interativo. A visão dos coordenadores apresentadas no questionário

diagnóstico a este respeito está sistematizada no quadro 6.

49

Quadro 6 – O papel do coordenador pedagógico no processo de democratização da escola na

visão dos coordenadores pedagógicos do município de Belo Campo

O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE

DEMOCRATIZAÇÃO DA ESCOLA NA VISÃO DOS COORDENADORES

PEDAGÓGICOS DO MUNICÍPIO DE BELO CAMPO

QUAL DEVE SER O PAPEL DO

COORDENADOR PEDAGÓGICO NO

PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO

DA ESCOLA

O QUE PODE SER FEITO PARA GARANTIR

A PARTICIPAÇÃO DE DIFERENTES

SEGMENTOS NO PLANEJAMENTO E

EXECUÇÃO DOS PROGRAMAS DO PDDE

INTERATIVO

C1

O coordenador pedagógico deve atuar

simultaneamente em dois aspectos: no

coletivo para estabelecer os objetivos

estabelecidos e no individual buscando

seu desenvolvimento profissional

constante.

Formações para conhecimento da metodologia

do PDDE Interativo.

Reuniões.

Projetos envolvendo a comunidade.

Grupos de estudo.

C2 O papel do coordenador tem ficado cada

vez mais amplo. São muitas funções,

mas acho que é planejar junto com a

direção da escola o melhor caminho para

que possa haver mais participação.

Formação para a escola.

Explicar a importância dos programas.

C3

O papel deve ser o de organizar o

pedagógico junto com o diretor e

promover o projeto pedagógico e

conselhos escolares que na maioria das

vezes ficam no papel.

Apresentar a proposta para o conselho escolar.

C4

Acho que o papel do coordenador

pedagógico é estimular a participação,

mas uma grande quantidade de desafios

impedem a efetividade desta ação.

Reunião para explicar o programa.

Formação de diretor, coordenador e dos

comitês escolares do PDDE Interativo.

C5

O papel do coordenador pedagógico é

envolver a comunidade nas decisões,

mas muitos conflitos atrapalham essa

vivência.

Reuniões no interior da escola.

C6

Apesar da pouca participação que tenho

no PDDE, creio que o papel do

coordenador pedagógico é informar a

todos o que a escola vem planejando.

Formação para os conselhos escolares.

Fonte: Questionário/diagnóstico do TCC/PV.

A percepção que se tem sobre os dados, nos leva a concluir que os coordenadores

pedagógicos apresentaram visões limitadas acerca do seu papel no processo de

democratização da escola. Entendemos como urgente, a tarefa de discutir com maior

profundidade quais os caminhos podem ser perseguidos pelo coordenador para que de fato

suas ações possam influir no aparecimento e fortalecimento de mecanismos da gestão

democrática, a exemplo do conselho escolar, conselho de classe, projeto pedagógico das

50

escolas, grêmios estudantis, grupos de trabalho do PDDE Interativo e outros canais de

comunicação que porventura possam contribuir com a evolução deste processo. No que se

refere às ações que poderiam ser executadas para garantir a diversidade de segmentos no GT

do PDDE Interativo, fica mais evidente a necessidade de promover reuniões e a formação dos

membros das escolas participantes do projeto vivencial.

Todas as informações constantes neste diagnóstico se constituem, no contexto do

projeto vivencial, justificativas para embasar a formulação da proposta de intervenção a ser

executada no município de Belo Campo – Bahia, determinando assim as fases do

planejamento das ações apresentadas na seção a seguir.

3.5.2 Ação de implementação da melhoria da prática

A ação planejada compreende o desenvolvimento de quatro formações a serem

realizadas com os coordenadores pedagógicos escolares do município de Belo Campo. Cada

formação tratará de um tema específico definidos da seguinte forma: Tema 1: Objetivos e

finalidades do PDDE Interativo; Tema 2: O papel do coordenador pedagógico no processo de

mobilização e democratização do espaço escolar a partir do uso das ferramentas de gestão do

PDDE Interativo; Tema 3: Os programas do PDDE Interativo/Como as ferramentas de gestão

do PDDE interativo podem auxiliar a gestão da escola na aplicabilidade dos recursos

financeiros e na implementação de políticas públicas. Tema 4: Proposição de alternativas de

mobilização para a participação efetiva da comunidade escolar no planejamento e execução

das ações do PDDE Interativo/Avaliação geral da ação.

A formação será fundamenta em dispositivos legais que regulamentam a

implementação do PDDE Interativo, manuais dos programas que compõem o PDDE

Interativo e textos que apresentem reflexões acerca do papel do coordenador pedagógico no

processo democratização do espaço escolar, em especial, os textos estudados nos

componentes curriculares do CECOP 3. Estas formações deverão ser reproduzidas pelos

coordenadores pedagógicos no espaço escolar aos integrantes dos grupos de trabalho do

PDDE Interativo. Os coordenadores deverão promover na escola não apenas a mobilização

dos grupos de trabalho já existentes, mas também ações que apresentem à comunidade os

objetivos dos programas e a necessidade e importância da participação coletiva nas ações da

escola.

51

3.5.3 Monitoramento e descrição dos efeitos da ação

O monitoramento e descrição dos efeitos da ação serão registrados em relatórios que

estarão dispostos na secretaria de educação e no sistema online. Cada escola, ao término da

ação de cada uma das formações multiplicadas no ambiente escolar deverá produzir seu

próprio relatório, registrar em ata e em imagens os processos formativos e anexá-los ao

portfólio que deverá ser entregue à Secretaria Municipal de Educação no final da execução da

proposta de intervenção. O portfólio também deverá conter o registro das ações que a escola

desenvolverá no sentido de promover a democratização e participação coletiva nos processos

de tomada de decisão da escola. A entrega do portfólio é fator determinante recebimento dos

certificados de cada uma das formações.

3.5.4 Avaliação dos resultados da ação

A avaliação dos resultados da ação se dará por meio da análise dos planos de ação da

escola em cada um dos programas, da análise das atas de constituição do GT no PDDE

Interativo 2016 e das atividades descritas no portfólio de avaliação da ação. Os coordenadores

também terão a oportunidade de avaliar cada uma das formações e a intervenção como um

todo, a fim de verificar se na prática a proposta contribuiu com a melhoria dos processos que

envolvem a execução dos programas do PDDE Interativo.

3.6 Cronograma

O quadro a seguir representa o cronograma das estratégias a serem implementadas. A

partir das estratégias de ação descritas no cronograma exposto no quadro 7, espera-se alcançar

os objetivos propostos para a intervenção que está incorporada no Projeto Vivencial. Os

resultados serão essenciais para promover a melhoria da prática que tenho vivenciado desde

abril de 2015 como membro do Comitê de orientação, acompanhamento e avaliação do PDDE

Interativo.

52

Quadro 7: Cronograma da intervenção

DATA ESTRATÉGIA DESCRIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

DA

TA

22/1

0/2

015

PLANEJAMENTO

DA AÇAO

Construção do questionário diagnóstico.

Diagnóstico: (Aplicação de Questionário) em Reunião Específica.

Definição de etapas do projeto vivencial.

Seleção de textos e documentos do MEC para discussão nas

formações.

Produção de Slides/Produção dos instrumentos de monitoramento e

avaliação da ação.

DA

TA

22/0

1/2

016

FORMAÇÃO

I

Acolhimento.

Tema da formação: Objetivos e finalidades do PDDE Interativo.

Diagnóstico: (Questionário).

Tempo da ação: 2 horas e 30 min.

DA

TA

22/0

3/2

016

FORMAÇÃO

II

Acolhimento.

Tema da formação: O papel do coordenador pedagógico no

processo de mobilização e democratização do espaço escolar a partir

do uso das ferramentas de gestão do PDDE Interativo.

Tempo da ação: 2horas e 30 min.

DA

TA

26/0

4/2

016

FORMAÇÃO

III

Acolhimento.

Tema da formação: Os programas do PDDE Interativo/Como as

ferramentas de gestão do PDDE interativo podem auxiliar a gestão da

escola na aplicabilidade dos recursos financeiros e na implementação

de políticas públicas.

Tempo da ação: 2horas e 30 min.

DA

TA

24/0

5/2

016

FORMAÇÃO

IV

Acolhimento

Tema da formação: Proposição de alternativas de mobilização para

a participação efetiva da comunidade escolar no planejamento e

execução das ações do PDDE Interativo/Avaliação geral da ação.

Tempo da ação: 2horas e 30 min.

DA

TA

22/1

0/2

015

a

14/0

6/2

016

MONITORAMENTO,

DESCRIÇÃO E

AVALIAÇÃO DA

AÇÃO

Sistematização dos dados do questionário.

Articulação dos resultados com reflexões teóricas acerca da temática.

Sistematização da avaliação apresentada pelo público-alvo da ação.

Entrega de portfólio constando as ações de formação, mobilização da

comunidade e do GT PDDE Interativo no cotidiano das escolas em

que os coordenadores desenvolvem suas atividades.

Considerações Finais

53

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de intervenção resultado deste trabalho de conclusão de curso alimenta o

desejo de promover transformações no campo de atuação profissional de modo a criar e

ampliar os modos de ser e fazer a educação no cotidiano das escolas do município de Belo

Campo. Representa a necessidade de solucionar os problemas que afetam o interesse da

comunidade escolar em conhecer e mudar os rumos da escola e de seus péssimos resultados.

A relação direta entre os componentes curriculares do curso e as nossas vivências

embasaram e ampliaram os saberes anteriormente adquiridos permitindo o estabelecimento

de uma proposta capaz de atender os anseios de efetivar ações que venham culminar em

melhoria da qualidade educacional. Refletir a nossa trajetória acadêmica e profissional, neste

contexto, foi extremamente relevante, já que nos permitiu perceber nossos avanços e

expectativas em relação ao eixo temático de estudo e ao objeto escolhido para o

desenvolvimento do TCC.

Analisando neste trabalho a concepção de política pública educacional, gestão

educacional e gestão democrática podemos compreender elementos, fundamentos e

orientações acerca da política pública educacional que cerceia o PDDE Interativo e que pode

implicar nos modos de agir dos atores que põem em prática as suas diferentes formas de

materialização. Nesse sentido, apresentamos os objetivos e finalidades de cada um dos

programas, considerando a apropriação desse conhecimento como um passo fundamental para

garantir a melhoria da qualidade das práticas e processos de democratização que envolvem o

PDDE. As políticas públicas educacionais foram caracterizadas, portanto, como ações de

natureza governamental destinadas aos públicos escolares, a gestão educacional foi

apresentada como modos organizar e fazer a educação e a gestão democrática como a ação

que implica participação e autonomia dos atores escolares em relações aos problemas que

afetam a escola e à proposição de soluções para os mesmos.

A ação de refletir sobre o papel do coordenador pedagógico ocupou espaço importante

neste trabalho, já que a proposta de intervenção foi pensada na perspectiva de aguçar a

participação dos mesmos no fomento à democratização da escola e de modo especial nas

ações do PDDE Interativo. Refletir e conhecer o nosso papel facilita o desenvolvimento de

uma ação consciente e bem fundamentada, e pensando na perspectiva democrática

acreditamos que o coordenador pedagógico deve assumir a função de mobilizador, criador e

54

fortalecedor dos dispositivos que implicam nas tomadas de participação coletiva, justificando,

deste modo a formulação da intervenção apresentada.

O desenvolvimento do trabalho, baseado na metodologia da pesquisa-ação contribuiu

com a constante relação entre teoria e prática e a constante reflexão sobre a prática

profissional vivenciada. O diagnóstico, parte essencial da pesquisa, permitiu identificar que os

grupos de trabalho do PDDE Interativo não têm conseguido garantir a participação dos

diferentes segmentos da comunidade escolar, o que implica em tomadas de decisões

financeiras e pedagógicas centralizadas.

A proposta de intervenção por sua vez espera promover a transformação de um quadro

instalado nas escolas que priorizam a centralização das decisões pedagógicas e financeiras nas

mãos de diretores e coordenadores pedagógicos para um quadro de mobilização da

comunidade nas tomadas de decisões que envolvem os rumos da escola, tomando como ponto

de partida para tal a formação dos grupos de trabalho do PDDE Interativo e do planejamento e

implementação de ações que venham alimentar na comunidade o desejo de decidir as

melhorias de que precisam.

Por fim, entendendo o PDDE Interativo como uma atividade de natureza obrigatória

para as escolas públicas de todo o país, espera-se responder ao término da intervenção como o

uso das ferramentas do PDDE Interativo e a atuação do coordenador pedagógico podem

auxiliar no processo de mobilização e democratização do espaço escolar no município de Belo

Campo. Espera-se ainda, que este projeto vivencial venha responder os anseios de que a partir

de nossas práticas, possamos promover as transformações necessárias, não apenas para

cumprir o que é determinado em lei mas para disseminar a ideia de que somos capazes de

contribuir com a melhoria da qualidade educacional.

55

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60

APÊNDICE A

FORMULÁRIO DE APRESENTAÇÃO DE PESQUISA

61

APÊNDICE B

QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO

Universidade Federal da Bahia

Faculdade de Educação

Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública

Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica – CECOP 3

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

O USO DAS FERRAMENTAS DE GESTÃO DO PDDE INTERATIVO E A

ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE

MOBILIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

QUESTIONÁRIO/DIAGNÓSTICO

1. PERFIL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO

Nome:

Escola de Atuação:

Formação:

Tempo de atuação como coordenador pedagógico:

2. COMPOSIÇÃO DO GRUPO DE TRABALHO (GT) DO PDDE INTERATIVO

Diretor/Vice-diretor Professores

Coordenador Pedagógico Demais profissionais da educação

Alunos Comunidade Externa

Pais Outro/Especificar

3. FUNÇÃO QUE EXERCE NO (GT) DO PDDE INTERATIVO

4. IDENTIFIQUE A FUNÇÃO DO RESPONSÁVEL OU DOS RESPONSÁVEIS PELO

PREENCHIMENTO DO DIAGNÓSTICO NO SISTEMA PDDE INTERATIVO

5. IDENTIFIQUE AS PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS NO USO DO

SISTEMA, NO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO E NA PRESTAÇÃO DE

CONTAS DOS PROGRAMAS QUE COMPÕEM O PDDE INTERATIVO

62

6. O SISTEMA PDDE INTERATIVO, BEM COMO SEUS OBJETIVOS E

FINALIDADES É APRESENTADO ANUALMENTE A TODOS OS SEGUIMENTOS

DA COMUNIDADE ESCOLAR?

SIM EM QUE MOMENTO?

NÃO POR QUE?

7. QUEM DECIDE QUAIS AS ESTRATÉGIAS A SEREM EXECUTADAS COM OS

RECURSOS DESTINADOS À ESCOLA?

8. VOCÊ ACREDITA QUE O SISTEMA FACILITOU O PROCESSO DE

PLANEJAMENTO, EXUCUÇÃO E CONTROLE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS QUE

COMPÕEM O PDDE INTERATIVO?

9. ENQUANTO COORDENADOR PEDAGÓGICO IDENTIFIQUE QUAIS OS

DESAFIOS QUE A ESCOLA PRECISA ENFRENTAR PARA GARANTIR A

DEMOCRATIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR.

10. NA SUA VISÃO QUAL DEVE SER O PAPEL DO COORDENADOR

PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO DA ESCOLA E O QUE O

COORDENADOR PODE FAZER PARA GARANTIR A PARTICIPAÇÃO DE

DIFERENTES SEGMENTOS NO PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DOS

PROGRAMAS DO PDDE INTERATIVO?

11. PROPOSIÇÃO DE ALTERNATIVAS DE MOBILIZAÇÃO PARA A

PARTICIPAÇÃO EFETIVA DA COMUNIDADE ESCOLAR NO PLANEJAMENTO

E EXECUÇÃO DAS AÇÕES DO PDDE INTERATIVO.

63

ANEXO A

ORIENTAÇÕES PARA CONSTITUIÇÃO DO GT PDDE INTERATIVO

64

ANEXO B

ATA DE REUNIÃO DE COMPOSIÇÃO DO GT PDDE INTERATIVO

65

ANEXO C

SEGMENTOS REPRESENTADOS NA ATA DE CONSTITUIÇÃO DO GT PDDE

INTERATIVO NA ESCOLA X