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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE MANDADO DE SEGURANÇA – ERRO NA AUTORIDADE IMPETRADA Por: Luiz Maurício Dias Orientador Prof. Jean Alves Pereira Almeida Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

MANDADO DE SEGURANÇA – ERRO NA AUTORIDADE

IMPETRADA

Por: Luiz Maurício Dias

Orientador

Prof. Jean Alves Pereira Almeida

Rio de Janeiro

2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

MANDADO DE SEGURANÇA – ERRO NA AUTORIDADE

IMPETRADA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Processo Civil

Por: Luiz Maurício Dias

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AGRADECIMENTOS

Aos amigos e professores do Projeto A

Vez do Mestre meus sinceros

agradecimentos pelas precisas

orientações.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus amigos de

Classe do Projeto A Vez do Mestre.

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RESUMO

O Mandado de Segurança está ligado diretamente ao princípio básico

Universal de Liberdade em suas diversas expressões. Sendo um dos pilares

do Estado Democrático de Direito a sua existência é imprescindível para a

transparência dos atos políticos, administrativos e jurídicos das autoridades

responsáveis pelo funcionamento da base administrativa e democrática do

Estado Brasileiro. Na América Latina, cujo passado é norteado por bravatas de

caudilhos que passam por cima das leis e regulamentos o Mandado de

Segurança surge como um anteparo ante essas aberrações.

O erro na autoridade impetrada acarreta efeitos não pacificados entre a

Doutrina e a Jurisprudência. Mas tal divergência poderá afetar o ideal básico

desse instituto tão útil a sociedade e a democracia. O que alguns

doutrinadores não levam em conta é que um erro simplista não pode de forma

alguma alterar a essência da finalidade do Mandado de Segurança. Neste

Trabalho apontaremos essas divergências e os seus reflexos na

jurisprudência.

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METODOLOGIA

O Trabalho foi desenvolvido tendo por base o enfoque Empírico

trabalhando diretamente com o real. Foram feitas pesquisas bibliográficas,

explorativas e descritivas com a coleta de dados em livros, periódicos,

impressos e mídia magnética.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A Concessão 15

CAPÍTULO II - Autoridade Coatora 19

CAPÍTULO III – Legitimação e Competência 20

CAPÍTULO IV – Erro na Autoridade Impetrada 25

CAPÍTULO V - Execução 29 CONCLUSÃO 32

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

ANEXOS 33

ÍNDICE 39

FOLHA DE AVALIAÇÃO 40

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INTRODUÇÃO

No Brasil, as primeiras propostas de criação do Mandado de

Segurança remontam à década de 20, logo após a revisão constitucional que

definitivamente eliminou as construções destinadas a dar sentido mais amplo

ao Habeas Corpus, restringindo o seu emprego em relação ao dispositivo que

o regulava anteriormente (o Artigo 72, § 22 da C.F. de 1891).

Até meados da década citada anteriormente, não existia uma

teoria brasileira específica para o Mandado de Segurança no Processo Civil,

visto que, diante da inexistência de institutos específicos para a proteção dos

brasileiros contra atos extremos praticados por autoridades, utilizava-se uma

teoria de origem Norte-Americana, ensejada no Processo Penal, para a

reparação ou preservação de situações judiciais, além das violações contra a

liberdade individual.

Na década de 30 foi dissolvido o Congresso e, até 1933, com a

nova Constituição, nada ocorreu de importante no que tange à criação do novo

instituto.

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Sua instituição veio finalmente ocorrer, depois de acaloradas

discussões na Câmara, através da Constituição de 1934, que consagrou o

Mandado de Segurança, no Capítulo que tratava dos direitos e garantias

individuais (art. 113, § 33), da seguinte forma:

“Dar-se-á mandado de segurança para a defesa

do direito, certo e incontestável, ameaçado ou

violado por ato manifestamente inconstitucional

ou ilegal de qualquer autoridade. O processo

será o mesmo do habeas corpus, devendo ser

sempre ouvida parte do direito público

interessada. O mandado não prejudica as ações

petitórias competentes.”

As primeiras aplicações jurisprudenciais, adstritas ao rito do

Mandado de Segurança figura processual, como diriam mais tarde os

Deputados Constituintes, traçaram rumos que o legislador não seguiu, nos

moldes largos, estendendo-o aos atos judiciais e legislativos e ampliando a

órbita dos atos do Executivo, até alcançar as pessoas privadas na execução de

serviços públicos, no entendimento que deu à locução “atos de qualquer

autoridade”.

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Se consideradas as necessidades de tutela cujo atendimento antes

se buscava com os “embargos à primeira”, o habeas corpus em sua leitura

mais ampla ou nas ações possessórias empregadas na proteção de direitos

pessoais, nota-se que o suprimento foi apenas parcial, já que o instrumento

criado restringiu-se basicamente às relações de direito público (proteção de

direitos contra lesões ou ameaças advindas de atos do Poder Público ou quem

lhe fizesse às vezes).

A providência legislativa regulamentar não tardou a surgir. Em 16

de janeiro de 1936, por intermédio da Lei n.º 191, trouxe uma série de

inovações relativas ao novo instituto processual que os Tribunais pátrios

encararam com certo cuidado face à total ausência de dispositivos anteriores

ou semelhantes ao meio de defesa imaginado pelos juristas brasileiros.

A Lei n.º 191 foi o primeiro diploma legislativo que regulamentou

infraconstitucionalmente o procedimento do mandado de segurança que

conservou em suas linhas gerais a estrutura procedimental do habeas corpus.

Mantiveram-se presentes as características da sumariedade, da

mandamentalidade e da produção de tutela específica.

Não era uma lei de índole apenas processual, ao contrário,

continha preceitos gerais, inclusive de direito substantivo, enumerando não só

as hipóteses de cabimento, como também a natureza do ato coator, que

poderia ser examinado por seu intermédio.

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Com a Constituição de 1937, o mandado de segurança não foi

incluído como garantia constitucional, eis que aquela carta política silenciou a

respeito, omitindo de seu texto a possibilidade de defesa, por intermédio do

writ. Porém, mesmo durante o Estado Novo, o mandado de segurança

continuou a vigorar, ainda que como remédio constitucional e com restrições

quanto ao seu alcance (Decreto-lei, de 16.11.1937, e, depois artigos 319 a 331

do Código de Processo Civil de 1939).

Com a entrada em vigor do Código de Processo Civil, em 1939,

deu contornos praticamente definidos ao instituto, restringindo o seu uso em

alguns casos. O artigo 319 do Código de Processo Civil de 1939, excluía a

apreciação judicial através do mandado de segurança os atos do Presidente

da República, dos Ministros dos Estados, Governadores e interventores, contra

atos que coubesse recurso administrativo com efeito suspensivo

independentemente de caução, contra ato disciplinar e contra impostos de

taxas.

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Voltou a ser previsto na Constituição de 1964, em seu o § 24 do

artigo 141, sendo assim disciplinado o remédio heróico:

“Para proteger direito líquido e certo, não amparado

por habeas corpus, conceder-se-á mandado de

segurança seja qual for a autoridade responsável pela

ilegalidade ou abuso de poder”.

A amenização dos termos constitucionais, já que a Carta de 34

referia a “direito certo e incontestável, ameaçado ou violado por ato

manifestamente inconstitucional ou ilegal de qualquer autoridade”, a

Constituição de 1964 falava em “direito líquido e certo”, contra a “ilegalidade ou

abuso de poder”, veio dar um elastério bastante acentuado ao uso do

mandado de segurança, traçando-lhe destarte, por meio de terminologia

branda, um caráter bem mais rotineiro e geral, e amplitude mais coerente com

a natureza do interesse que ele pode defender.

Generalizando-se assim, o emprego do Mandado de Segurança

contra as violações de direito individual, praticadas por autoridades, sendo

regulamentado pela Lei n.º 1.533, de 31.12.1951.

A Constituição de 1937 omitiu o Mandado de Segurança e o

Decreto-Lei 6, de 16/11/1937 proibiu o uso do remédio heróico contra atos do

Presidente da republica , Ministros de estado, Governadores e Interventores .

Adquirindo o Mandado de Segurança seu status , a partir da Constituição de

1946.

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A ação mandamental se constitui em cláusula pétrea, inserta que foi

pelo legislador constitucional de 1988, no inciso LXIX do art. 5º, sendo

inadmissível sua supressão até por meio de Emenda Constitucional, dada à

vedação constante do art. 60, § 4º, IV, do mesmo texto constitucional. O § 4º e

o inciso mencionado têm a seguinte redação: Não será objeto de deliberação

a proposta de emenda tendente a abolir: os direitos e garantias individuais.

É ela cabível para proteger direitos individual e coletivo, incisos

LXIX e LXX, art. 5º, quando a violação do direito líquido e certo resultar de ato

de ilegalidade ou abuso de poder por parte de autoridade pública ou por

agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

O Mandado de Segurança pela sua própria natureza, que é

constitucional-mandamental, é de rito sumário regulado pela Lei nº. 1.533, de

31 de dezembro de 1951. Quando da impetração, o titular deverá fazer a

prova do seu direito líquido e certo e a violação dele, em momento único, salvo

se o documento necessário à prova se ache em repartição ou estabelecimento

público, ou em poder de autoridade que recuse fornecê-lo por certidão,

hipótese em que o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse

documento em original ou em cópia autentica, parágrafo único do art. 6ª da Lei

retro citada. O mandado de segurança não admite réplica e nem alegações

finais. Impetrada a garantia, o juiz suspende ou não o ato impugnado, ordena

a notificação da autoridade para prestar informações, ouve o ministério público

e em seguida decide.

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O legislador constitucional na redação do inciso LXIX do art. 5º da

CF empregou a expressão direito líquido e certo e não é sem razão. No inciso

citado encontramos: “LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para

proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas

data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade

pública ou agente de pessoa Jurídica no exercício de atribuições do Poder

Publico”.

O legislador ordinário no art. 1º da Lei nº. 1.533/1951, repete a

norma primária e prevê o uso de forma preventiva e reparativa de direitos.

Num ou noutro caso, exige-se a prova do direito líquido e certo e sua violação.

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CAPÍTULO I

A CONCESSÃO

Direito liquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua

existência , delimitando sua extensão e apto a ser exercitado no momento da

impetração. O direito invocado, para ser amparado por mandado de segurança

é preciso ser expresso em norma legal e trazer em si todos os requisitos e

condições da sua aplicação ao impetrante. Se sua existência for duvidosa, se

seu exercício depender de situações e fatos não esclarecidos nos autos , não

rende ensejo a segurança , embora possa ser defendido por outros meios

judiciais. Segundo Hely Lopes Meirelles :

" direito liquido e certo e direito comprovado de

plano. Se depender de comprovação posterior , não

é liquido e nem certo, para fins de segurança”.

Ao despachar a inicial o juiz ordenara a suspensão do ato que deu

motivo ao pedido, quando for relevante o fundamento e do ato impugnado

puder resultar a ineficácia da medida caso seja deferida. ( art. 7 º II, da Lei

1.533/51 ) tendo eficácia a medida pelo prazo de 90 dias a contar da data da

respectiva concessão, prorrogável por 30 dias quando provadamente o

acumulo de processos pendentes de julgamento justificar a prorrogação.

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A concessão de medida liminar e procedimento Cautelar que exige

certos pressupostos , quais sejam: a relevância dos motivos alegados pelo

impetrante;

a possibilidade de a parte sofrer grave e irreparável lesão , caso seu direito

venha a ser, posteriormente , reconhecido. A liminar tem função social por

excelência. Faz cessar temporariamente os efeitos do ato impugnado , evita

que o Judiciário cometa error in judicando.

Extinguir-se-á o direito de requerer Mandado de Segurança,

ocorridos 120 dias contados da ciência , pelo interessado do ato impugnado.

Art. 18 da lei 1.533/51. O prazo é decadencial e por isso mesmo, o Código de

Processo mais propriamente preferiu dizer "extinguir-se-á". O prazo não se

interrompe nem se suspende e corrente e improrrogável. De conformidade

com a lei, a autoridade coatora terá 10 dias para prestar informações . Doutrina

Hely Lopes Meirelles que a omissão das informações pode importar confissão

ficta dos fatos argüidos na inicial, se a isto autorizar a prova oferecida pelo

impetrante.

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Othon Sidon dispõe:

" A autoridade apontada com coatora que descumpre o pedido de

informação, em Mandado de Segurança , deixando de acudir ,

implicitamente , ao chamado a Juízo, torna-se revel na melhor

conceituação, arrastando a entidade de direito Publico as

conseqüências patrimoniais acaso decorrentes da sua contumácia.”

Não cabe mandado de Segurança contra decisão judicial com

transito em julgado. ( Sumula 268 do STF ), na mesma trilha segue o TST,

através do enunciado 33: " Não cabe Mandado de Segurança. "O pressuposto

hábil a invocação do remédio heróico e a existência de ilegalidade ou de abuso

de poder. Entretanto, se o erro aflora claro do abuso de podre e se a

ilegalidade cometida se apresenta como dano potencial iminente, não vemos

como recusar -se o uso do manamos, face aos preceitos do art. 489 do CPC.

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CAPÍTULO I I

AUTORIDADE COATORA

Entende-se que, para o efeito de Mandado de Segurança,

autoridade coatora é toda pessoa investida do poder de decisão; É a que

apresenta competência para desfazer o ato que estiver sendo atacado. È à

autoridade da qual emana o ato ilegal ou abusivo de poder e legítima para

dispor de condições para restaurar o ato praticado. Não pode ser confundido

com agente público, que, quando muito, praticam atos executórios por ordem

superior. Estes não respondem a Mandado de Segurança.

A jurisprudência tende a considerar a autoridade coatora como

parte passiva na ação de mandado de segurança. Em sede de Mandado se

Segurança deve figurara no pólo passivo da impetração a autoridade

responsável pela prática do ato impugnado.

A Constituição Federal também permitiu aos particulares prestadores de

serviços públicos figurarem no pólo passivo do mandado se segurança, desde

que, estejam eles no exercício dessa atividade pública, ou sejam, na prática de

atos decorrentes da delegação.

O conceito de autoridade pública, para fins de Mandado de Segurança é

bastante amplo, pode alcançar também aqueles que desempenham atividades

em nome de pessoas jurídicas de direito privado cujo capital social seja pelo

menos em sua maioria de controle do Poder Público.

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Todos aquelas pessoas vinculadas às sociedades de economia mista e

às empresas públicas, quando na prática de atos regidos pelo direito público

poderão ter seus atos controlados pela via mandamental. Podemos então

estabelecer que para fins de Mandado de Segurança, pode-se enquadrar no

conceito de autoridade pública os agentes de pessoas jurídicas da

administração direta e indireta, os sujeitos que atuam em nome de empresas

públicas e de sociedades de economia mista quando se encontrarem seus

atos regidos pelo direito público e os particulares que exerçam atividade

pública.

A segurança deve ser impetrada contra autoridade que detenha

poderes capazes de neutralizar o ato atacado. Não é autoridade coatora o

simples executor. Como doutrina Hely Lopes Meirelles diz que:

" Considera-se autoridade coatora a pessoa

que pratica o ato impugnado e não o superior

que recomenda ou baixa normas para a

execução. Coatora é a autoridade autônoma

que ordena, concreta e especificamente . a

execução ou inexecução do ato impugnado e

responde pelas suas conseqüências

administrativas. Executor é o agente

subordinado que cumpre a ordem por dever

hierárquico, sem se responsabilizar por ela “.

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CAPÍTULO III

LEGITIMAÇÃO E COMPETÊNCIA

O Impetrado é a autoridade pública, inclusive agente particular

que atua por delegação no exercício de função pública. Entende-se, que a

parte ré é o ente ao qual se encontra vinculada a autoridade coatora e não ela

própria, cabendo, desta forma, à pessoa jurídica em nome da qual o ato foi

praticado não apenas o oferecimento de contestação e o manejo de recursos,

mas também suportar os efeitos, em especial patrimoniais, da impetração.

A Doutrina tem o seguinte posicionamento conforme nos revela

Lúcia Valle Figueiredo :

“ O sujeito passivo do Mandado de Segurança

será sempre a pessoa jurídica que deverá

suportar os encargos da decisão”.

A autoridade é convocada para prestar as informações de que

trata o Art 7º, I, da lei nº 1533/51, na qualidade de representante judicial da

pessoa jurídica a que pertence. Não tutela direito seu ou exclusivamente seu,

porque seu agir corresponde ao ato da pessoa a cujo quadro está vinculada.

É na verdade uma exceção ao sistema de representação judicial

das pessoas jurídicas regulado pelo art. 12 do CPC.

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O Art 3º da Lei nº 4348/64, na sua redação original, impunha que

a autoridade coatora, ao receber a notificação, deveria providenciar seu

encaminhamento ao Órgão de representação judicial da pessoa jurídica de que

faz parte, não somente para eventual suspensão da medida, mas também,

para a defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo do poder.

Esta diretriz está preservada na atual redação do dispositivo,

dada pela Lei nº 10.910/00 que prescreve o seguinte:

“ Os representantes judiciais da União, dos

Estados , do Distrito Federal, do Municípios

ou de suas respectivas autarquias e

fundações serão intimados pessoalmente

pelo juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito)

horas, das decisões judiciais em que suas

autoridades administrativas figurem como

coatoras, com a entrega de cópias dos

documentos nelas mencionados, para

eventual suspensão da decisão e defesa

do ato apontado como ilegal ou abusivo do

poder “

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A legislação é expressa no sentido de que não apenas deverá a

pessoa jurídica ser chamada pessoalmente para integrar a relação processual,

mas também que cabe a ela, porque parte, tanto a interposição de recursos

como, querendo, apresentação de contestação.

Nesse sentido afirma Sérgio Ferraz :

“ Em suma, na nossa visão, sujeito

passivo, no Mandado de Segurança, é a

pessoa jurídica de direito público que vai

suportar os efeitos defluentes da ação “.

A competência para julgamento da ação mandamental é aferida

com base na qualidade da autoridade pública ou da delegação titularizada pelo

particular. Do ponto de vista territorial, deve a impetração ter lugar no local

onde a autoridade exerce suas funções. Trata-se de competência funcional e ,

portanto, absoluta.

Caso exista mais de uma autoridade impetrada e exercendo ela

atividades em locais diversos, não possuindo qualquer delas foro privilegiado,

ou sendo o mesmo o foro privilegiado que ostentem, por aplicação analógica

do parágrafo 4º, do art. 94 do CPC, poderá a impetração ter lugar em qualquer

dos domicílios funcionais.

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Os TRF e os TJ são competentes para processamento e

julgamento de mandados de segurança contra atos imputados aos seus

Desembargadores, já tendo neste sentido sumulado entendimento. O Superior

Tribunal de Justiça pacifica na Súmula 41 :

“ O STJ não tem competência para processar e

julgar, originariamente, Mandado de Segurança

contra ato de outros tribunais ou dos

respectivos Órgãos”.

O Supremo Tribunal Federal pacifica na Súmula 330 :

“ O STF não é competente para conhecer de

Mandado de Segurança contra atos dos

Tribunais de Justiça dos Estados “

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A impetração pressupõe a apresentação, pelo jurisdicionado, de

petição inicial válida. Ação mandamental deverá respeitar os requisitos dos arts

282 2 283 do CPC, com as peculiaridades de que as vias destinadas à

notificação da autoridade impetrada e à intimação da pessoa jurídica a qual ela

se encontra vinculada deverão vir acompanhadas de todos os documentos

carreados aos autos com o preambular ( Art 6º, da Lei nº 1533/51 c/c Art 3º, da

Lei nº 4348/64, redação que lhe foi atribuída pela Lei nº 10.910/04).

A modificação operada na Lei 4.348/64 teve o intuito de deixar

claro que a parte ré no Mandado de Segurança é a pessoa jurídica a que

pertence a autoridade coatora. É de registrar que este entendimento já era

majoritário antes da modificação.

Havendo vícios sanáveis na inicial, entendemos ser perfeitamente

aplicável à ação mandamental o disposto no art 284 do CPC. Este

entendimento está diretamente ligado ao questionamento posto à evidência

com este Trabalho que é o saneamento do erro na autoridade impetrada pelo

impetrante.

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CAPÍTULO I V

ERRO NA AUTORIDADE IMPETRADA

Há uma questão emblemática e não pacificada entre a Doutrina e

a Jurisprudência no que diz respeito às conseqüências do erro na indicação da

autoridade impetrada pelo impetrante no Mandado de Segurança.

Essas divergências acabam por dificultar a pacificação

jurisprudencial.

Para Eduardo Sodré nos casos em que a alteração da autoridade

impetrada gere como conseqüência, a modificação da parte ré, na medida que

em que a autoridade erroneamente indicada encontra-se ligada a pessoa

jurídica diversa daquela em nome da qual atua o correto agente coator, o

processo deverá ser extinto e não haverá julgamento do mérito. Esse

entendimento encontra amparo em dispositivo legal, pois só poderá haver

modificação das partes nos casos previstos no Art 264 do CPC. Entretanto,

quando a modificação da autoridade impetrada não alterar o pólo passivo da

impetração, baseado no interesse público e na economia processual o

magistrado poderá corrigir a irregularidade.

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Outra posição diferente na Doutrina encontramos com o professor

Cássio Scarpinella, que defende a tese de que mesmo nos casos em que a

ilegitimidade for bem clara e de pleno conhecimento do magistrado, ou seja, a

indicação errada da pessoa jurídica a que pertence a autoridade tida como

coatora, não deverá o juiz extinguir o processo sem julgamento do mérito e sim

corrigir às irregularidades e dar prosseguimento normal ao processo.

Apesar desses dois posicionamentos serem bem claros e definirem

de forma concisa entendimentos sobre o erro num determinado procedimento

jurídico, há ainda uma outra vertente que apresenta-se como intermediária

entre os dois posicionamentos descritos acima.

Tal posicionamento é defendido por Lúcia Valle Figueiredo que

entende que a autoridade coatora deve ser sempre indicada corretamente e

que o juiz não deverá prestar tutela caso a autoridade designada não esteja

sob sua jurisdição. Mas ocorrendo falhas de pequeno teor como erro no cargo

ou função ocupada pelo coator ou de pronome de tratamento e sendo possível

a identificação da autoridade coatora, poderá o juiz dar prosseguimento ao

processo, pois extinguí-lo seria mero preciosismo.

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No tocante ao entendimento jurisprudencial encontramos em uma

decisão o voto proferido pelo Ministro Luiz Fux que expressa o seguinte

entendimento :

“ A errônea indicação da autoridade coatora

não implica ilegitimidade ad causam passiva se

aquela pertence à mesma pessoa jurídica de

direito público; porquanto, nesse caso não se

altera a polarização processual, o que reserva

a condição da ação. “ ( STJ, 1ª Turma, recurso

em MS nº 17889/RS, Rel. Min. Luiz Fux, j. em

07/12/2004, Dj de 28/12/2005, p.187)

Caso muito comum de erro na impetração de Mandado de

Segurança contra autoridades militares é o da indicação como coator de

autoridade hierarquicamente superior à efetivamente responsável pela prática

do ato atacado pela via mandamental.

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A jurisprudência diz que é desnecessária a correção da

irregularidade pelo juiz se o agente trazido ao processo assumir de pronto a

defesa do ato de seu subordinado. Trata-se do fundamento da encampação,

demonstrado na seguinte jurisprudência :

“ Aplica-se a teoria da encampação quando a

autoridade apontada como coatora, ao prestar

suas informações, não se limita a alegar sua

ilegitimidade, mas defende o mérito do ato

impugnado, requerendo a denegação da

segurança, assumindo a legitimatio ad causam

passiva”. ( STJ, 1ª turma, recurso em MS nº

17889/RS, Rel Min. Luiz Fux, j. em )7/12/2004,

Dj de 28/12/2005, p.187)

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CAPÍTULO V

EXECUÇÃO

A sentença que concede Mandado de Segurança é de cunho

mandamental, razão pela qual o seu cumprimento deve ser realizado

imediatamente, independentemente de processo próprio, sob pena de

configuração de crime de desobediência (Art.330 CP).

Scarpinella entende o seguinte :

“ Mais célere eficaz do que a

persecução criminal pode ser a utilização

dos mecanismos constantes dos parágrafos

4º,5º e 6º do art. 461 do CPC, para compelir

a autoridade coatora, que é quem

representa, para todos os fins, o réu do

Mandado de Segurança em juízo, ao

cumprimento específico de ordem “

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Outra forma que assegura a mandamentabilidade inerente ao

Mandado de segurança é a regra constante do Art. 14 do CPC. A finalidade

inequívoca desses dispositvos é tornar mais efetiva a tutela jurisdicional,

buscando, como regra, a prestação in natura do bem da vida que se pretende

ver tutelado em juízo. Trata-se, pois de instrumental afinadíssimo com a razão

de ser do Mandado de Segurança, e que deve ser prestigiada para o

cumprimento das decisãoes proferidas nessa ação, liminares ou finais.

Como instrumento de coerção, inobstante a matéria seja

controvertida, entende-se possível a fixação de multa pecuniária em desfavor

da pessoa jurídica à qual se encontra vinculada a autoridade coatora. E mais,

cumulativamente com a imposição de multa diária à pessoa jurídica que figura

no pólo passivo da relação processual mandamental, pode e deve o

magistrado, se as circunstãncias concretas do caso recomendarem, direcionar

à autoridade coatora, nas hipóteses de descumprimento do preceito

mandamental, também sanção pecuniária, nos termos do Art. 14 do CPC, com

as introduções trazidas pela Lei 10358/01.

Por outro lado, considerando que a sentença proferida em sede

de Mandado de Segurança produz efeitos pecuniários após a impetração,

revela-se incomum na praxe forense execução, como processo autônomo, de

título executivo judicial formado em Mandado de Segurança.

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Quanto à impossibilidade de retroação de efeitos econômicos

diretos da segurança concedida, o Supremo Tribunal Federal as Súmulas 269

e 271 respectivamente :

“ O Mandado de Segurança não é substitutivo

de ação de cobrança”

“ Concessão de Mandado de Segurança não

produz efeitos patrimoniais em relação a período

pretérito, os quais devem ser reclamados

administrativamente ou pela via judicial “.

As parcelas vencidas, todavia, entre a propositura do Mandado de

Segurança implementação de eventual ordem da segurança deverão ser

objeto de execução contra a Fazenda Pública, demanda que tramitará de

acordo com a disciplina do art. 730 do CPC.

No que se refere à desistência do direito da ação, consolidou-se

corrente jurisprudencial segundo a qual seria ele sempre direito potestativo do

impetrante e que por isso, deve ser homologado independentemente da

existência de consentimento da demanda.

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CONCLUSÃO

Por razões históricas de cunho principalmente político, a

implantação e implementação do Mandado de Segurança no Brasil foi

conquistada por meio de lutas históricas no meio judicial e acadêmico, que se

convenceu por meio de debates e reflexões de ordem social que sem esse

Instituto não há consolidação plena do Estado Democrático de Direito.

Tal entendimento refletiu no meio político e nos leva a

dimensionar o elevado grau de importância do Mandado de Segurança no seio

de nossa sociedade.

Não existe ainda um entendimento pleno e consolidado entre a

doutrina e a jurisprudência no caso de erro na indicação da autoridade

impetrada no Mandado de Segurança. A falta desse entendimento prejudica o

andamento do processo. Que poderá ser extinto sem julgamento do mérito.

Questionamentos e posicionamentos de Doutrinadores e Juízes

são importantes no sentido de buscar o aperfeiçoamento do sistema legal, mas

não podem de forma alguma por preciosismos afetar conquistas da sociedade

diretamente ligadas com a liberdade e a democracia.

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ANEXOS

Anexo 1 - Jurisprudência ( RMS 15863 / MT ; RECURSO ORDINÁRIO EM

MANDADO DE SEGURANÇA )

2003/0003245-4;

Anexo 2 - Jurisprudência ( Ag Rg no Ag 769282 / SC ; AGRAVO

REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO

2006/0089239-6

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ANEXO 1

Processo RMS 15863 / MT ; RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 2003/0003245-4

Relator(a) Ministra DENISE ARRUDA (1126)

Órgão Julgador T1 - PRIMEIRA TURMA

Data do Julgamento 14/11/2006

Data da Publicação/Fonte DJ 30.11.2006 p. 147

Ementa RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DESPROVIMENTO. 1. O mandado de segurança está a impugnar, de forma preventiva, lei reputada de efeitos concretos (Lei Estadual 7.263/2000), a qual "cria o Fundo de Transportes e Habitação – FETHAB –, estabelece condições para o diferimento do ICMS em operações internas com os produtos agropecuários que elenca, fixa obrigações para os contribuintes substitutos nas operações com combustíveis e dá outras providências" (fl. 20). 2. O Dr. Juiz de Direito decidiu pela ilegitimidade passiva ad causam da autoridade indicada como coatora – o chefe da unidade local do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (INDEA/MT) –, pois a legislação de regência do FETHAB refere-se a essa autarquia como mero órgão arrecadador, conforme os arts. 7º, § 2º, II, da Lei Estadual 7.263/2000, e 22, §§ 1º e 2º, do respectivo regulamento (Decreto 1.261/2000). 3. O Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso declarou a extinção do processo, por ilegitimidade passiva ad causam, e determinou a devolução, para fins de arquivamento, dos autos do mandado de segurança que lhe haviam sido remetidos pelo Juiz de primeira instância, que se declarara incompetente ao considerar como autoridade coatora o Governador daquele Estado. 4. Ao consignar que "autoridade coatora, in casu, é o chefe do serviço que arrecada o tributo e impõe as sanções fiscais

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respectivas, usando do seu poder de decisão", o Tribunal de origem não se referiu ao chefe da unidade local do INDEA/MT, e sim ao chefe do serviço subordinado à Secretaria de Estado da Fazenda, que, nos termos dos arts. 16 e 19 da Lei Estadual 7.263/2000, controla a arrecadação da contribuição para o FETHAB e impõe as sanções fiscais respectivas. 5. O acórdão recorrido está em conformidade com a jurisprudência dominante deste Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que a competência para processar e julgar o mandado de segurança é fixada em face da qualificação da autoridade impetrada, de modo que, uma vez constatada a ilegitimidade passiva da autoridade indicada na petição inicial, o processo deve ser extinto sem julgamento do mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil, não cabendo ao juiz promover, de ofício, a substituição processual a fim de corrigir eventual erro na indicação feita pelo impetrante, com a conseqüente declinação da competência. 6. Recurso ordinário desprovido.

Acórdão Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso em mandado de segurança, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Luiz Fux e Teori Albino Zavascki votaram com a Sra. Ministra Relatora. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros José Delgado e Francisco Falcão.

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ANEXO 2

Processo

AgRg no Ag 769282 / SC ; AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2006/0089239-6

Relator(a) Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (1123)

Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA

Data do Julgamento 19/09/2006

Data da Publicação/Fonte DJ 25.10.2006 p. 189

Ementa AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. ERRÔNEA INDICAÇÃO DA AUTORIDADE COATORA. EXTINÇÃO DO PROCESSO. PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N. 211 DO STJ. ENCAMPAÇÃO NÃO-CONFIGURADA. PRECEDENTES. 1. A autoridade coatora é aquela competente para omitir ou praticar o ato inquinado como ilegal e ostentar o poder de revê-lo voluntária ou compulsoriamente. 2. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que, havendo erro na indicação da autoridade coatora, deve o juiz extinguir o processo sem julgamento de mérito, a teor do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil, sendo vedada a substituição do pólo passivo. 3. "Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo" (Súmula n. 211 do STJ). 4. O acesso à via excepcional, nos casos em que o Tribunal a quo, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não soluciona a omissão apontada, depende da veiculação, nas razões do recurso especial, de ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil. Precedentes do STJ.

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5. A teoria da encampação somente é plausível nos casos em que a impetração volta-se contra autoridade coatora hierarquicamente superior, que encampa o ato ao oferecer informações para autoridade inferior. 6. Agravo regimental improvido.

Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Castro Meira, Herman Benjamin e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Humberto Martins Presidiu o julgamento o Sr. Ministro João Otávio de Noronha.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

MEIRELLES, Hely Lopes, Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil

Pública, Mandado de Injunção e Habeas Data, 16ª Edição, Malheiros, 1995;

OTHON Sido, As garantias Ativas dos Direitos Coletivos, segundo a nova

Constituição, Rio de janeiro, 1989;

Ferraz, Sérgio. Direito Administrativo . São Paulo: Malheiros, 2002.

BUENO, Cássio Scarpinella, Mandado de Segurança, editora Saraiva, São

Paulo, 2002;

SODRÉ, Eduardo. Direito Processual Civil,. Salvador: Juspodivm, 2004;

FIGUEIREDO, Lucia Valle. Curso de Direito Administrativo, 2ª ed., Malheiros,

1994.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 15

CAPÍTULO I I 19

CAPÍTULO I I I 20

CAPÍTULO I V 25

CAPÍTULO V 29

CONCLUSÃO 32

ANEXOS 33

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

ÍNDICE 39

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES – PROJETO A

VEZ DO MESTRE

Título da Monografia: MANDADO DE SEGURANÇA – ERRO NA

AUTORIDADE IMPETRADA

Autor: LUIZ MAURÍCIO DIAS

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