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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL
PESPECTIVA COMTEMPORÂNEA
APARTIR DE 2001
Por: Alessandra Franco Ferreira
Orientador
Prof. Celso Sánchez
Rio de Janeiro
2003
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL
PESPECTIVA COMTEMPORÂNEA
APARTIR DE 2001
Monografia apresentado á
Universidade Cândido Mendes,
como requisito para obtenção do
Curso de Pós- Graduação em
Gestão Estratégica e Qualidade.
Por: Alessandra Franco Ferreira
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AGRADECIMENTO
Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado
a oportunidade e força para concluir este trabalho.
Ao professor Celso Sánchez, pela orientação
na elaboração desta Monografia.
À minha família, que sempre me incentivou nos
momentos difíceis.
Ao meu marido que me incentivou e sempre me
da forças para crescer cada vez mais.
4 6
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais e meu
marido, que sempre me deram apoio para
o alcance dos objetivos de construir
minha trajetória.
A todos que me auxiliaram durante meu
trabalho.
5 6
RESUMO
O presente trabalho aborda o tema Previdência Social no Brasil, que é um
seguro que o trabalhador paga todos os meses durante o período de seu trabalho ou
não para no final de tantos anos pagos poder receber o seguro.
O objetivo deste trabalho é dar uma introdução e uma visão geral do sistema
previdenciário brasileiro. Como o assunto é muito amplo, optei por não discutir
profundamente os conceitos de seguridade social, acidentes de trabalho ou
aposentadoria por tempo de serviço. Além de uma fotografia do sistema de
previdenciário desde o seu surgimento ate os dias atuais, será apresentado diversas
idéias que têm sido discutidas para sua reformulação, sejam propostas de alteração,
ou realidades em outros países alem, e´ claro do intenso crescimento da Previdência
Privada como forma de complemento de renda. Espero assim prestar uma
contribuição para melhor embasar a atual discussão sobre a previdência social
brasileira.
PALAVRAS-CHAVE: Previdência social, sistema previdenciário, seguridade
social, previdência privada.
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METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho foram realizadas diversas pesquisas
bibliográficas, tendo como principais fontes a literatura especifica e a Internet.
Por intermedio de sites da Internet, referenciados ao final do trabalho, foi
possível encontrar estudos estatísticos e análises dos dados sobre o tema abordado,
permitindo, através destes dados, confirmar as hipóteses do trabalho e delimitar com
maior precisão o foco do estudo.
Internet – Sites:
www.estado.com.br www.investimentos-e.com.br www.anapp.com.br www.feebpr.org.br www.susep.gov.br www.abrapp.org.br
www.finteramericana.org
Manual de Planos Previdenciarios da Bradesco Vida e Previdência;
Planos Previdenciários da Bradesco Vida e Previdência.
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SUMÁRIO
1 IntroduçãoNTRODUÇÃO..........................................................................................
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21 CAPÍTULO I - Raízes Históricas...............................................................................
39
21.1 Previdência Social No Brasil............................................................ 511
21.2 Fator De Estabilidade Social............................................................. 713
21.3 Instrumento Fortalecedor Da Economia........................................... 915
21.4 Institucionalização............................................................................ 1015
21.5 Abrangência Da Lei.......................................................................... 1611
21.6 Previdência Social Hoje.................................................................... 1318
21.7 Os Desafios Do Novo Governo Com A Previdência........................ 1319
21.8 O Déficit Da Previdência Social....................................................... 1620
21.9 As Causas Do Déficit Da Previdência Social................................... 2240
21.10 Relação De Segurado / Aposentado No Brasil................................. 2251
21.11 Propostas De Reformulação Da Previdência Social......................... 2274
21.12 Como Foram Feitas As Reformas Nos Sistemas De Previdência No Restante Do Mundo ?..................................................................
2825
32 CAPÍTULO II - A Previdência Privada Aberta.........................................................................
2306
32.1 Perspectivas...................................................................................... 2307
23.2 Previdência Privada No Brasil.......................................................... 3127
23.3 Previdência Privada – Fatos Ee Tendências....................................... 2933
23.4 Previdência Social X Previdência Privada........................................ 3134
23.5 Por Uma Cultura PrevidenciariaProvidenciaria Nacional........................................
3235
23.6 As Arapucas Da Previdência Privada............................................... 385
43 Conclusõesão.......................................................................................... 3407
4 Referências Bibliográficas................................................................ 42
5 Índice................................................................................................ 43
6 Folha Avaliação................................................................................ 44
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IINTRODUÇÃO
PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL – PESPECTIVA COMTEMPORÂNEA
A Previdência Social é a existência ou não de direitos do trabalhador, variou de
época e local, podendo ser de escravidão, regime servil, até as atuais relações de
emprego, quando os trabalhadores formalmente empregados recebem salários e
gozam de benefícios dos mais diversos tipos.
A Previdência é uma colaboração especifica, diferente daquela que as associações de
ajuda mútua e as seguradoras sempre deram em termos de coberturas individuais, ela
exige, agora, que seja prestada de forma sistematizada, dentro de esquemas legais
que, considerando as necessidades previdenciarias das pessoas, aceitam a ajuda que
as empresas onde trabalham lhes podem dar e integram a ação das entidades privadas
com a ação previdenciária oficial, tendo à sua satisfação integral.
Apresentarei diversas idéias que têm sido discutidas para sua reformulação, sejam
propostas de alteração, ou realidades em outros países além, e´ claro do intenso
crescimento da Previdência Privada como forma de complemento de renda.
A hipótese central do trabalho visa mostrar os principais fatores determinantes do
crescimento da Previdência Privada nos últimos anos e as deficiências do modelo de
Previdência Social adotada pelo Brasil onde as principais falhas são: baixa cobertura
da população economicamente ativa (PEA), altos custos administrativos, facilidade
de fraudes, incapacidade de uma aposentadoria digna sem ter a necessidade de
trabalhar ou ajuda estatal.
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Este trabalho procura mostrar a necessidade de cada cidadão brasileiro fiscalizar a
política de Previdência Social no Brasil, pelo seu próprio interesse futuro para ter um
fim de vida digno.
A história das relações de trabalho é tão antiga quanto a história da
humanidade. Desde que o homem passou a associar-se em grupos, formando pequenas sociedades, existem a relação de comando e comandado.
A existência ou não de direitos do trabalhador variou de época e local, podendo ser de escravidão, regime servil, até as atuais relações de emprego, quando os trabalhadores formalmente empregados recebem salários e gozam de benefícios dos mais diversos tipos.
No processo evolutivo das conquistas dos trabalhadores, chegamos ao ponto do empregador reconhecer a sua responsabilidade com a qualidade de vida após a cessação da capacidade laborativa do seu empregado.
Muito se tem discutido sobre os motivos que levam o indivíduo a fazer uma
escolha intertemporal, poupando enquanto tem uma vida laboral ativa e despoupando
quando atinge a velhice.
1
10 6
R
RAÍZES HISTÓRICAS
INTRODUÇAO
APRESENTAÇAO DO TEMA
A história das relações de trabalho é tão antiga quanto a história da
humanidade. Desde que o homem passou a associar-se em grupos, formando
pequenas sociedades, existem a relação de comando e comandado.
A existência ou não de direitos do trabalhador variou de época e local, podendo ser
de escravidão, regime servil, até as atuais relações de emprego, quando os
trabalhadores formalmente empregados recebem salários e gozam de benefícios dos
mais diversos tipos.
No processo evolutivo das conquistas dos trabalhadores, chegamos ao ponto do
empregador reconhecer a sua responsabilidade com a qualidade de vida após a
cessação da capacidade laborativa do seu empregado.
Muito se tem discutido sobre os motivos que levam o individuo a fazer uma escolha
intertemporal, poupando enquanto tem uma vida laboral ativa e despoupando quando
atinge a velhice.
JUSTIFICATIVA
A segurança no futuro é a grande preocupação do homem moderno. As instituições
que existem para cuidar do seu bem-estar, têm-se revelado sem a eficiência
necessária, para o livrar das incertezas do porvir, o que o leva a rever conceitos e a
procurar novos esquemas sócio-econômicos, sobretudo no campo previdenciário.
Não tendo, hoje, dúvidas de que os sistemas de previdência social, apesar de cada
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vez mais abrangentes e cada vez mais exigentes, em termos de contribuições, nunca
lhe concederão, nem à sua família, mais do que benefícios básicos em caso de
doença, de inatividade ou morte, solicita a colaboração do setor privado no domínio
previdenciário, não apenas para ocupar os espaços vazios que aqueles não
conseguem preencher, mas até para substituir, em caso de falência deles, a
previdência social.
Esta colaboração é especifica e, se bem que não seja, intrinsecamente, diferente
daquela que as associações de ajuda mútua e as seguradoras sempre deram em
termos de coberturas individuais, ela exige, agora, que seja prestada de forma
sistematizada, dentro de esquemas legais que, considerando as necessidades
previdenciárias das pessoas, aceitam a ajuda que as empresas onde trabalham lhes
podem dar e integram a ação das entidades privadas com a ação previdenciária
oficial, tendo à sua satisfação integral.
A instituição da previdência privada nasceu para ocorrer à satisfação da necessidades
previdenciárias sentidas pela população ativa, que a instituição da segurança social
não satisfaz.
“ O mercado de Previdência Privada vem apresentando um crescimento médio em
torno de 40% a 50% ao ano, em nosso País. A tendência é de se ampliar ainda mais
este mercado, pois a população está cada vez mais consciente da necessidade de
suplementação de sua renda de aposentadoria.” (www.minasbrasil.com.br)
OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é dar uma introdução e uma visão geral do sistema
previdenciário brasileiro. Como o assunto é muito amplo, optamos por não discutir
profundamente os conceitos de seguridade social, acidentes de trabalho ou
aposentadoria por tempo de serviço. Além de uma fotografia do sistema de
previdenciario desde o seu surgimento ate os dias atuais, apresentaremos diversas
idéias que têm sido discutidas para sua reformulação, sejam propostas de alteração,
ou realidades em outros países alem, e´ claro do intenso crescimento da Previdencia
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Privada como forma de complemento de renda. Esperamos assim prestar uma
contribuição para melhor embasar a atual discussão sobre a previdência social
brasileira.
HIPÓTESES DE TRABALHO
A hipótese central do trabalho visa mostrar os principais fatores determinantes do
crescimento da Previdência Privada nos últimos anos e as deficiências do modelo de
Previdência Social adotada pelo Brasil onde as principais falhas são: baixa cobertura
da população economicamente ativa (PEA), altos custos administrativos, facilidade
de fraudes, incapacidade de uma aposentadoria digna sem ter a necessidade de
trabalhar ou ajuda estatal.
Este trabalho procura mostrar a necessidade de cada cidadão brasileiro fiscalizar a
política de Previdência Social no Brasil, pelo seu próprio interesse futuro para ter um
fim de vida digno.
METODOLOGIA DE TRABALHO
Para a realizaçao deste trabalho foram realizadas diversas pesquisas bibliográficas,
tendo como principais fontes a literatura especifica e a internet.
Foram utilizados diversos livros não apenas de bibliotecas universitarias ou de temas
diversos como literatura de varias empresas e periodicos especializados em
economia.
Este levantamento inicial permitiu identificar os principais analistas do período
econômico selecionado para o presente estudo, e as leituras contribuíram para a
contextualização do problema.
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Por intermedio de sites da internet, referenciados ao final do trabalho, foi possivel
encontrar estudos estatísticos e análises dos dados sobre o tema abordado,
permitindo, através destes dados, confirmar as hipóteses do trabalho e delimitar com
maior precisão o foco do estudo.
Para organizar os estudos realizados, este trabalho se divide da seguinte maneira:
O Capítulo I apresenta o tema, a justificativa para o estudo, e seus principais
objetivos e hipóteses de trabalho, finalizando com a metodologia empregada.
O Capítulo II aborda as questões referentes à globalização e seus impactos sociais,
apresentando ainda uma breve resenha do período 1994 – 2000, quando esteve em
evidência o Plano Real sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso, um de seus
idealizadores.
O Capítulo III correlaciona as mudanças provocadas pela globalização e pelo Plano
Real na economia brasileira, inserindo nesta questão dados sobre a tecnologia
bancária, considerada neste trabalho como um dos focos de origem de desemprego
no setor bancário.
O Capítulo IV trata do desemprego no setor bancário, buscando confirmar as
hipóteses inicialmente previstas para o desenvolvimento do tema.
O Capítulo V traz, como conclusão, uma sugestão para minimizar o problema do
desemprego no setor bancário, que embora não vá solucioná-lo, serve de orientação e
alerta para os trabalhadores deste setor.
***************************
RAÍZES HISTÓRICAS
O O reconhecimento universal do direito de qualquer pessoa a um nível de vida
digno, principalmente quando, por circunstâncias independentes de sua vontade,
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perde seus meios de subsistência, fez desenvolver-se no mundo inteiro os sistemas de
previdência.
O Brasil tem uma longa história previdenciária que começa ainda nos tempos
coloniais, com a concessão de auxílio às viúvas e aos órfãos dos oficiais da Marinha.
Essa tênue medida começa a ser enriquecida no Império: de um lado, por iniciativa
do governo, protegendo algumas classes mais sujeitas a riscos, como a dos
ferroviários e marítimos, ou as elites do funcionalismo público, os artífices
provenientes da antiga metrópole; de outro, por iniciativa particular, no seio das
forças armadas e mesmo do funcionalismo civil ainda não contemplado. O exemplo é
seguido por outras classes.
No final do século passado e no início do presente, surgem várias instituições
previdenciárias entre comerciantes e viajantes autônomos.
A previdência oficial começa a ganhar corpo e voltar-se para os trabalhadores
privados a partir de 1919, com a Lei de Acidentes Pessoais, e em 1923, com a Lei
Eloy Chaves, introdutora das Ccaixas de Aposentadoria e considerada,
historicamente, como o marco inicial da socialização da previdência. Os últimos 50
anos marcaram definitivamente, numa quase vertiginosa hierarquia de fatos, a
evolução da previdência estatal, chegando-se ao instituto único para os trabalhadores
do setor privado, o regime especial para os servidores públicos e os dispositivos de
reciprocidade.
O desenvolvimento da previdência em nível estatal, cercada de grande
expectativa, não chegou a inibir a evolução da Previdência Privada. Não abrangendo,
de início, todas as categorias ocupacionais, a Previdência Social deixou a descoberto
os autônomos, os profissionais liberais, os empregadores e os trabalhadores rurais.
Surge, então, a necessidade deles se organizarem em sociedades mutuárias que lhes
dessem cobertura. Proliferam, assim, as Caixas de Pecúlios e as Sociedades de
Mútuo Socorro.
Mais adiante, com a universalização da Previdência Social, agora abrangendo
praticamente todas as categorias, a Previdência Privada ganha outra significação; não
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mais a de levar a proteção inicial, básica e única, mas a de complementar a ação da
previdência oficial.
A década de 60 reaviva o surgimento de muitas instituições privadas,
genericamente conhecidas sob a denominação de montepios. Outras, já existentes,
mas restritas a uma classe, abrem-se à participação geral.
Com este mesmo sentido complementar, já haviam surgido as instituições
fechadas de previdência, congregando empregados de uma única empresa, mais
notadamente entre as organizações bancárias sob o modelo da Petros, implantada na
Petrobrás, de maior envergadura técnica, a década de 70 marca o início da grande
expansão das entidades fechadas.
Essas raízes históricas conduziram a previdência brasileira a um modelo
nacional, baseado no binômio social-privado:
b) a) a seguridade básica, campo da Previdência Social, compulsória e gerida pelo
Estado, voltada para a garantia dos direitos mínimos de preservação de qualidade
de vida; de modo condizente com a justiça social, é de objetivos médios e
módicos e, por conseguinte, insuficiente do ponto de vista individual, já que ao
Estado compete a preservação de padrões mínimos, não sacrificando a grande
massa contribuinte com a sustentação obrigatória de padrões mais elevados;
b) a seguridade supletiva, facultativa, desenvolvida pela iniciativa privada para
atender aos anseios individuais de preservação do modo de vida. Através dela é
possível ao trabalhador, seja assalariado ou autônomo, integralizar a renda familiar
na inatividade
quando, por doença, idade ou morte, a família não disporia mais do que os proventos
da Previdência Social, insuficientes para a manutenção dos mesmos padrões.
OS GRUPOS DE AJUDA MÚTUA NA ANTIGUIDADE
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Na Grécia antiga, nos séculos V e VI , muitas sociedades de caráter mútuo se
formaram, com destinações diversas, quer seja de ordem religiosa, econômica social
ou política. A maioria se transformou em sociedade de beneficência ou de socorro
mútuo, cujos benefícios consistiam em direito aos funerais. Em Roma, certas
associações se denominavam " Collegium", que ofereciam também os benefícios
relacionados a custear as despesas com o funeral e até a sepultura. Os recursos eram
obtidos por meio de contribuições mensais dos membros.
O princípio dessas sociedades nos mostra a preocupação que tem sempre
dominado o homem, através dos séculos, como manifestação do sentimento de
previdência.
A antigüidade aplicou timidamente o princípio da mutualidade e conheceu
também algumas especulações baseadas na duração da vida humana. Na Idade
Média, as atividades previdenciárias não acompanharam o desenvolvimento iniciado
por seus antepassados. Foi somente na Idade Moderna e, principalmente na Idade
Contemporânea, que ocorreram os avanços ao desenvolvimento técnico nessa área,
com o Cálculo das Probabilidades, a Estatística e a Lei dos Grandes Números.
21.1 Previdência REVIDÊNCIA Social No OCIAL NO
BrasilRASIL
Segundo Alexandre Venancio da Silva (www.previdenciasocial2000.com.br,
2003), no Brasil, o inicio da Previdência Social surge com a lei 4682/23 sendo
denominada "Lei Eloy Chaves", mas o seguro foi limitado às caixas de
aposentadorias que eram compostas de categorias profissionais, inicialmente. Na
década de 30, quanto foi criado o Ministério do Trabalho, Industria e Comercio, a
Previdência foi administrada por diversos institutos – IAPC, IAPB, IAPI, IAPM e
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IAPETEC –, estendendo sua proteção aos comerciários , bancários , industriários ,
marítimos e trabalhadores em transporte e carga.
Estas eram custeadas pelas contribuições dos segurados, dos empregadores e
da união. A partir da lei orgânica da Previdência Social, Lei 3807/60, foi
padronizado o sistema de assistência. Ela ampliou os benefícios e dela surgiram os
seguintes auxílios: natalidade, funeral e reclusão e estendeu a área de assistência a
outras categorias profissionais. Em 1967 foi implantado o Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS), que unificou todos os institutos anteriores.
Em 1977 foi criado o Sistema Nacional de Previdência Social e Assistência
Social (SINPAS), através da Lei 6439/77 e, seu principal objetivo foi à
reorganização do sistema. O SINPAS integrou as atividades de Previdência Social,
Assistência Médica, Assistência Social e de gestão Administrativa, Financeira e
Patrimonial, executadas em cada uma das entidades vinculadas ao Ministério da
Previdência e Assistência Social.
São as seguintes as entidades e suas atribuições:
INPS – IInstituto Nacional de Previdência Social (INPS), com a competência de dar
e manter benéficos.
INAMPS – Instituto Nacional da Assistência Medica da Previdência Social
(INAMPS), com a competência de prestar assistência medica.
LBA – FFundação Legião Brasileira de Assistência (LBA), com a competência de
prestar assistência social à população carente.
FUNABEM – FFundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), com a
competência a execução da política nacional do bem-estar do menor.
DATAPREV – EEmpresa de Processamento de Dados da Previdência Social.
(DATAPREV).
IAPAS – InInstituto da Administração Financeira da Previdência e Assistência
Social (IAPAS), com a competência de promover arrecadação, fiscalização e
cobrança das contribuições e demais recursos destinados a Previdência e Assistência
Social.
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Mas a partir do decreto 99.350/90 foi criado o Instituto Nacional do Seguro
social (INSS), que unificou o IAPAS e o INPS, além isso o INAMPS foi vinculado
ao Ministério da Saúde. Em 1991 entraram em vigor as leis 8212/91 e 8213/91 que
introduziram as alterações nos benefícios previstos na constituição federal
promulgada em 1988, além dos planos de custeio e de benefícios da Previdência
Social. A partir desta data foram estabelecidos os conceitos de variadas categorias de
seus segurados e contribuintes obrigatórios e facultativos determinando quem eram
as fontes de financiamento e a competência dos órgãos arrecadadores.
Até o Plano Real, a inflação escondia das pessoas menos especializadas, o
problema das contas deficitárias da Previdência Social e de como este déficit foi
acumulado durante décadas; agora depois do plano real este déficit se tornou o maior
problema da economia brasileira. A Previdência Social é o coração do déficit público
brasileiro pela sua grandeza, complexidade do tema e pela dificuldades das soluções.
Outro problema no Brasil é que sempre houve bolhas de crescimento temporárias;
por exemplo, no plano Cruzado quanto houve um crescimento altíssimo, que durou
poucos meses, porque o governo de 1986 não garantiu o crescimento de 1987/88 e
daí em diante, não foi possível fazer um planejamento de médio prazo para a
Previdência Social e nem pensar no longo prazo. (www.finteramericana.org , 2003)
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21.2 Fator De Estabilidade SocialATOR DE ESTABILIDADE
SOCIAL
A Previdência Privada institucionalizou-se em duas classes distintas de
entidades:
a) o segmento fechado, constituído pelas instituições que operam no seio de uma
empresa ou grupo de empresas, com planos de formulação grupal, absolutamente
mutualistas, para a prestação de benefícios complementares e assemelhados aos da
Previdência Social;
b) o segmento aberto, constituído pelas instituições abertas à participação pública,
para a prestação de benefícios opcionais, de caráter mais individual.
Ambos têm a mesma função: restabelecer a renda do trabalhador quando, por
circunstâncias alheias à sua vontade, perder os meios de angariar a sua subsistência,
ficando na dependência dos proventos da Previdência Social.
Os benefícios da Previdência Social, em qualquer parte do mundo, não
permitem que a família, ao cessar a atividade laboral do seu chefe e provedor,
disponha da mesma renda. O fato de parar de trabalhar é uma angustiante
perspectiva. Quanto maior é o rendimento, maior será a queda. Esse risco é gerador
de intranqüilidade; é a preocupação diante das incertezas e inseguranças do amanhã.
Surge, então, a Previdência Privada com seu sentido complementar de repor a
diferença entre a atividade e a inatividade. (www.finteramericana.org , 2003)
"Toda pessoa (...) tem direito aos seguros em casos de
desemprego, doença, invalidez, velhice e em outros de
perda dos seus meios de subsistência por circunstâncias
independentes de sua vontade" (DeclIaração dos
Direitos Humanos - ONU, 1948)
20 6
"(...) lhes fortaleça a confiança de tranqüilidade nos
dias futuros. E a confiança já é uma forma de paz
interior, pois se não nos é dado conhecer o futuro, é
nosso dever aparelharmo-nos para aguardá-Io, não
como fantasma no desespero, mas como uma etapa da
vida para a qual se há de marchar com a força da fé e a
tranqüilidade da esperança" (do Parecer do relator,
Senador Heitor Dias, ao apreciar o projeto de lei que
institucionalizou a Previdência Privada - Congresso
Nacional, 1977).
A segurança econômica do amanhã é o mais forte motivador para uma
sociedade ordeira, produtiva e progressista; a manutenção dos padrões auferidos é o
grande fator de estabilidade e notável ingrediente da justiça social.
O presidente da Associação Nacional de Previdência Privada (Anapp) e
diretor-executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, acredita que a reforma
constitucional do sistema previdenciário deverá estimular o mercado de capitais.
Esse efeito será causado pela aplicação de parte dos recursos que vão surgir
com o crescimento da previdência privada complementar. Além disso, afirma, o
ajuste das contas públicas terá duas conseqüências benéficas para as bolsas: a taxa de
juros deverá cair e o governo exercerá menor pressão sobre a poupança privada, que
poderá ser aplicada na economia real.
Na sua opinião, o governo deu dois sinais claros em termos de previdência. O
primeiro trata da tentativa de fixar uma idade mínima para a aposentadoria. O
segundo é que os benefícios da atual previdência social vão cair porque seu cálculo
utiliza todo o período de contribuição (35 anos) e não mais as últimas 36
contribuições.
Como o indivíduo costuma atingir uma certa "maturidade" salarial apenas nos
últimos anos de sua carreira, o benefício deverá ficar menor, observa Cappi.
21 6
Para os servidores públicos que entram agora no sistema, o benefício teve seu
teto fixado em R$ 1,2 mil. Ou seja, quem quiser benefícios maiores, seja no setor
público, seja no privado, terá de buscar uma previdência complementar.
(www.estado.estadao.com.br/edicao/pano /98/11/0606/11/98)
21.3
Instrumento Fortalecedor Da EconomiaNSTRUMENTO
FORTALECEDOR DA ECONOMIA
Além do profundo sentido social da Previdência Privada, desempenha ela
uma significativa função econômica, de amplos reflexos na estruturação da sociedade
nacional.
Os ativos das Entidades Abertas de Previdência Privada constituem-se num
dos mais expressivos mecanismos de formação de poupança interna, assim como o
segmento das Entidades Fechadas que acumulam patrimônios significativos.
A Previdência Privada é hoje o maior investidor institucional no Brasil. Seus
ativos financeiros estão a serviço da economia nacional, fortalecendo as atividades
produtivas e servindo à política econômica, direcionadas que são suas aplicações
pelos órgãos governamentais.
Aplicando compulIsoriamente volumosas parcelas em títulos públicos, ações
de companhias e outras modalidades financeiras, a poupança gerada pela Previdência
Privada é o mais forte capitalizador de longo prazo da empresa nacional e
instrumento de regulagem da política econômica. (www.finteramericana.org , 2003)
22 6
21.4 InstitucionalizaçãoNS
INSTITUCIONALIZAÇÃO
O crescimento da Previdência Privada, a partir da década de 60, tornou
inadiável uma legislação específica que regulasse suas atividades, ordenando-lhe os
impulsos e instituindo seus propósitos.
O processo de institucionalização caracterizou-se por um movimento de baixo
para cima: as próprias entidades, sentindo a sua necessidade, passaram a exigi-Io em
históricos encontros.
Dois simpósios nacionais, o primeiro em São Paulo, em 1974, e o segundo no
Rio de Janeiro, em 1976, sob a égide da ANAPP, conseguiram colocar no mesmo
caminho os esforços do setor privado e as providências governamentais para a
formulação do Código da Previdência Privada.
Surgiu, assim, a Lei n° 6.435, com base em anteprojeto do Executivo,
recebendo substancial contribuição do Congresso Nacional, aprovando substitutivo
que recebeu sanção presidencial em 15.07.77, posteriormente regulamentada pelo
Decreto n° 81.240/78, na parte relativa às entidades fechadas, e pelo Decreto n°
81.402/78, na parte relativa às abertas.
Constituindo-se em Estatuto Básico da Previdência Privada, a Lei n° 6.435,
traçou-se os seguintes objetivos:
a) disciplinar a expansão dos planos de benefícios, propiciando condições para sua
integração no processo econômico-social do País
b) determinar padrões mínimos adequados à segurança econômicao-financeira do
sistema;
c) proteger os interesses dos participantes dos planos de benefícios;
23 6
d) coordenar as atividades da Previdência Privada com as políticas de
desenvolvimento social e econômico-financeira do Governo Federal.
(www.finteramericana.org , 2003)
21.5 Abrangência Da LeiBRANGÊNCIA DA LEI
As principais disposições da Lei n° 6.435, de 15.07.77, que caracterizam a
sua abrangência:
* Ao institucionalizar a Previdência Privada, a Lei estabelece a competência dos
órgãos governamentais com funções normativas e fiscais para as operações das
entidades integrantes do sistema.
* Pela necessidade de serem tratados distintamente os aspectos relacionados com a
captação de recursos do público em geral, daqueles vinculados às entidades que
operam no âmbito restrito de uma empresa ou grupo de empresas, estabeleceu a
dicotomia da Previdência Privada em dois segmentos distintos: o fechado e o aberto.
* Reconhecendo que as entidades fechadas, em que a vinculação dos participantes
com o empregador estabelece um relacionamento direto com os proventos do
trabalho, cuja integridade se intenta garantir na inatividade, ou pelo óbito, determina
que tais entidades só possam organizar-se na forma de sociedades civis ou fundações,
sem fins lucrativos.
* Admitindo que as entidades abertas, sem aquela condicionante, aproximam-se de
formas especiais de inversões financeiras, admite a organização não só na forma de
sociedades civis sem fins lucrativos, mas também de sociedades de capitais,
especificamente como sociedades anônimas, permitindo, ainda, a presença de
companhias seguradoras.
24 6
* Vendo no sistema de Previdência Privada um forte mecanismo de poupança,
procura utilizá-lo como instrumento da política econômico-financeira, caracterizando
as entidades como investidores institucionais ao direcionar as aplicações de suas
reservas segundo normas oficiais.
* Em relação ao âmbito da Previdência Privada, limita suas operações a apenas
benefícios pecuniários em bases atuariais. Outros programas assistenciais e culturais
podem ser operados apenas em caráter excepcional, com custeio próprio e desde que
não descaracterizem o objetivo principal da entidade.
* Fiel ao objetivo, que é a manutenção da capacidade econômica do participante
como provedor da família, a Previdência Privada impõe o reajustamento periódico do
valor dos benefícios e, consequentemente, do custeio.
• * Visando à identificação de possíveis distorções e à sua superação, como forma
de sanidade do sistema e proteção dos participantes, impõe rígidas normas de
fiscalização, paralelamente à implantação do regime repressivo.
(www.finteramericana.org , 2003)
25 6
21.6 Previdência Social Hoje
REVIDÊNCIA SOCIAL HOJE
Segundo Fernanda Chaves Pereira e Roberto Westenberger do Centro de
Pesquisas em Seguros Social no Brasil (www.coppead.ufrj.br) a previdência social
Brasileira tem uma estrutura gigante com 16 milhões de beneficiários e arrecadação
em torno de R$ 35 bilhões anuais. Até 1995, ano em que a previdência social teve
um déficit de R$ 142 milhões, não existia a falência financeira. Esta saúde financeira
foi sustentada pelo menor repasse existente para as outras áreas da seguridade social.
Além de grande, também é um dos sistemas de previdência pública mundiais que
possui a maior taxa de gastos em despesas administrativas sobre o total de despesa.
Esta porcentagem, que já chegou a 10%, está hoje num patamar mais baixo em torno
de 8%, mas bem superior à experiência mundial que aponta 2% como máximo. A
previdência social enfrenta atualmente problemas conjunturais e estruturais. Como
exemplo do primeiro temos as falências administrativa e gerencial, que são
exemplificadas nas filas de aposentados para receber o benefício e no
desconhecimento pelo Estado do real número de contribuintes. Do lado estrutural é
incrível observar o número de benefícios existentes, que contabilizam 26 tipos de
aposentadorias, 4 tipos de rendas vitalícias, 15 tipos de pensões, dentre outros.
Juntamente com o controle restrito, dá-se maior margem às fraudes. Estas ocorrem
não só no não recolhimento das contribuições, como no recolhimento de valores
inferiores aos que deveriam ser efetivamente pagos.
26 6
Segundo o um estudo elaborado, existia em 1990 uma evasão estimada de
23,18% da cContribuição sobre folha, 39,10% do COFINS e de 90,69% da
cContribuição sobre o lucro e faturamento. Um outro estudo de aponta em 1988
como 41,03% este percentual para a arrecadação como um todo. Podem-se
identificar outros 3 problemas estruturais enfrentados pelo atual formato de
Pprevidência Ssocial. O primeiro é o demográfico e é devido ao envelhecimento da
população, causado pelo aumento da esperança de vida e pela diminuição da taxa de
natalidade. O segundo é o econômico com o crescimento do trabalho informal, que
acarreta na diminuição da arrecadação sobre folha de salários. E por último têm-se as
inúmeras ampliações de cobertura previstas pela Constituição de 1988, sem a devida
contrapartida nas receitas. Tais alterações são sentidas bruscamente pelo fato do
sistema atual de previdência social utilizar como forma de financiamento o regime de
repartição simples. Este regime aumenta a dependência entre ativos e inativos, ou
entre gerações. Nos anos 60 esta relação era de 17 para um, e hoje tem-se em média
2,3 contribuintes para cada aposentado.
Sendo assim, ao combinar a forte dependência da arrecadação sobre a folha
de salários com o sistema de repartição simples, a receita previdenciária fica
extremamente vulnerável aos ciclos da economia, sofrendo diminuição nos
momentos de recessão. Caso houvesse constituição de uma reserva previdenciária, o
que necessariamente ocorre pelo método de capitalização, estas oscilações seriam
suavizadas no tempo com os momentos mais favoráveis da economia compensando
os menos favoráveis. No entanto, a constituição de uma reserva previdenciária traz a
responsabilidade de se manter o nível previsto de rendimento das reservas. Esta é
uma dificuldade deste sistema, que no Brasil é agravada pelo fato de que no passado,
o poder normatizador do Estado foi utilizado para obrigar os administradores a
aplicarem as reservas das entidades privadas de previdência em investimentos com
retorno abaixo do previsto atuarialmente.
Quanto ao orçamento da previdência social, já foi visto anteriormente que este está
embutido no da seguridade social. Iremos analisar somente as receitas e despesas
referentes à previdência social e publicadas pela Secretaria da Previdência Social
(SPS), do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). Em seus dados
observa-se que até junho de 1993 ainda existia a transferência de recursos da
27 6
previdência social para a saúde, que chegou a ser 28% do total das despesas em
1991. Segundo a SPS no início dos anos 90 havia 31,1 milhões de contribuintes para
a previdência social, tendo a seguinte evolução de gastos e
despesas(www.finteramericana.org ; 2003)
21.7 OsS DesafiosESAFIOS DoDO NovoOVO GovernoOVERNO
ComCOM AA PrevidênciaREVIDÊNCIA
O presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva renova as promessas dos
governantes atuais e define a Previdência como uma das prioridades de sua gestão. A
previdência não é um problema exclusivo do Brasil. O aumento da expectativa de
vida e o envelhecimento da população com o desequilíbrio entre os jovens (geração
que contribui) e a população idosa (em idade de receber os benefícios) provoca um
rombo nas contas de países desenvolvidos como EUA, França e Inglaterra.
O fator previdenciário e algumas pequenas reformas implantadas no governo
de FHC impediram o crescimento explosivo das contas da Previdência. Com estas
medidas o governo conseguiu elevar a idade média de aposentadoria de 48 para 53
anos. Porém, o sistema exige uma reforma mais profunda que garanta o pagamento
dos benefícios.
O segmento público da previdência é o que exige a maior urgência: são 949
mil servidores públicos na ativa que com suas contribuições mantêm 946 mil
aposentados. Além do que os funcionários públicos se aposentam com o último
salário da ativa e preservam muitos dos benefícios da ativa.
Na iniciativa privada são 27,5 milhões de contribuintes para um universo de
20,9 milhões de aposentados. Segundo dados divulgados na revista Dinheiro, a cada
mês cerca de 10 mil brasileiros se aposentam com uma idade média de 53 anos. Para
os padrões internacionais o brasileiro muito cedo. Nos EUA os homens não podem
28 6
se aposentar antes dos 65 anos. Já este limite para as mulheres norte-americanas é
aos 60 anos.
Todas as soluções passam pelo aumento da taxa de poupança interna que
normalmente é a fonte de financiamento da Previdência. Hoje a poupança interna
corresponde a 17% do PIB e o mínimo necessário para manter as contas equilibradas
seria uma taxa de 23%. No entanto, esta é uma medida que leva tempo.
O novo governo pode, com medidas mais diretas e objetivas, ajudar no
equacionamento nas contas da previdência no curto prazo. E estas medidas passam
por perda de privilégios e aumento do tempo de contribuição - coisas difíceis de se
negociar no Congresso. (www.anapar.com.br - Dinheironet 30/10/02 , 2003 )
21.8 O DéficitÉFICIT DaDA PrevidênciaREVIDÊNCIA
SSocialO CIAL
Com uma conta negativa de R$ 17 bilhões em 2002 e previsão de crescimento
no déficit nos próximos anos, a Previdência Social chegou, na visão de especialistas
no assunto, a uma encruzilhada. O achatamento dos benefícios, que vem sendo
percebido nos últimos anos, deve se acentuar, na visão de Nilo César Rosas,
consultor da área de previdência.
29 6
"O governo vai ter condições de oferecer
somente três salários mínimos, em um futuro
próximo", diz o consultor.
Na verdade, muitos dos beneficiários que recebem mais que o piso básico
nacional (hoje em R$ 200,00) estão se aproximando do patamar mínimo, pois a
correção dos demais benefícios não acompanha o reajuste do mínimo. Neste ano, o
governo aumentou o salário mínimo em 11%, enquanto os demais beneficiários
tiveram reajuste de 9,2%.
O problema, mais do que econômico, é também de crescimento populacional.
A quantidade de pessoas aptas a se aposentar subiu de 4%, na década de 70, para
mais de 9% atualmente, segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. Hoje, mais de 50% da população brasileira tem entre 20 e 60 anos,
estando em idade economicamente ativa. Isso quer dizer que, em algumas décadas, o
número de aposentados pode subir ainda mais.
De olho no achatamento dos benefícios concedidos pelo poder público,
muitos trabalhadores estão de olho nas opções de previdência privada. De acordo
com João Alberto Weber, diretor da HSBC Seguros, a adesão a fundos de
previdência privada vem crescendo entre 30% e 40% ao ano. Atualmente, de acordo
com Weber, são 3 milhões de clientes em planos abertos (individuais) e 2 milhões
em planos fechados (promovidos por empresas).
Nilo Rosas diz que as pessoas interessadas em entrar para um plano privado
de previdência devem procurar a salvaguarda de empresas ou de entidades de classe.
Segundo ele, as taxas de administração serão bem mais baixas se o poder de
negociação do comprador for maior.
"No balcão, o cliente tem que pagar as taxas
oferecidas", diz. Ele afirma também que, no geral, os
30 6
bancos brasileiros oferecem os mesmos rendimentos e
condições no segmento.
Entretanto, Rosas afirma que não há consciência
previdenciária no país. "O problema do trabalhador
brasileiro não é de previdência, é de providência. Nós
não acumulamos nada."
Fonte: Gazeta do Povo ( www.feebpr.org.br, 2002)
Para Venancio (www.previdenciasocial2000.com.br) sem um ajuste profundo
nas contas públicas, não há como manter a estabilidade. A grande fragilidade da atual
estabilidade, foi a ausência de um ajuste fiscal profundo desde o início do plano
Real. O governo de FHC vem se esforçando nesse ponto desde a pressão iniciada
pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), conforme acordo que foi feito em 1999.
O atual ajuste fiscal foi feito mais com base em receitas extraordinárias e apertos
monetários do que com medidas de longo prazo.
Por isso, o ajuste deve ser profundo de hoje para a frente; caso não seja feito,
sobram apenas duas alternativas: dar calote na divida pública ou acontecerá o retorno
da inflação.
Em 1999, o déficit previdênciário foi de quase 5% do PIB brasileiro; algo
entre 45 e 50 bilhões de reais, com a conta repassada à sociedade, segundo um
especialista em finanças públicas R. Velloso (apud Lahoz,1999). Para entender
melhor este problema, usaremos um estudo sobre déficit do sistema de previdência,
publicada pelo IPEA – IInstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 1995,
em um cenário macroeconômico otimista, com o PIB crescendo a 5,4% ao ano, o
salário médio de 4,1% ao ano e mantidas as regras atuais, o déficit projetado
alcançaria cerca de 2,5% em 2020 e cerca de 4,2% em 2030. O resultado, não inclui
as despesas realizadas pelo sistema prevideênciárioas dos servidores públicos de
todos os níveis (União, Estado, Municípios e Estatais). Com as constantes crises
externas (México, Ásia, Rússia) essas projeções foram alteradas e aceita-se um
déficit em torno de 5,5% do PIB em 2020 e 6,5% em 2030.
31 6
O problema é em larga escala, de orçamento, porque é necessário financiar o
déficit com a emissão de títulos públicos. Isso barra o desenvolvimento do País,
porque canaliza receitas para o pagamento de divida pública, em vez do apoio ao
setor privado (por exemplo: incentivos a pesquisas tecnológicas que geram empregos
futuros). Além disso há outro problema que é a velocidade do crescimento das contas
a pagar aos aposentados no Brasil. Em 1988 houve um superávit de 10 bilhões de
reais e em 1999 ocorreu um déficit de 13 bilhões de reais, ou seja, dentro de uma
década a conta cresceu 23 bilhões de reais. Ninguém sabe para onde vai o déficit da
Previdência Social no Brasil que ameaça a estabilidade econômica do pais.
Além disso, houve uma falha no planejamento do INSS sobre a utilização dos
recursos disponíveis, nos anos "gordos". O INSS não soube poupar os recursos, e
financiou obras de peso do governo, com pouca ou nenhuma utilidade pública.
Na seguinte tabela mostramos a evolução do Saldo da Previdência Social (
RGPS) entre 1988 e 1999.
Tabela 1: Saldos da Previdência Social do Brasil (RGPS)
Ano Arrecadação Líquida Pagamentos de Benefícios Previdenciários
Saldo
Bilhões de Reais Em Bilhões de Reais Em Bilhões de Reais
1988 30,70 17,83 12,96
1989 30,49 19,04 11,45
1990 31,50 19,52 11,98
1991 28,32 20,47 7,85
1992 27,93 22,28 5,66
32 6
1993 31,74 29,97 1,77
1994 33,88 33,07 0,81
1995 40,69 41,02 -0,33
1996 44,36 44,48 -0,12
1997 45,89 49,06 -3,18
1998 46,74 53,49 -6,75
1999 49,50 60,09 -10,60
www.previdenciasocial2000.hpg.ig.com.br
A previdência é um seguro que as pessoas pagam ao longo da vida para a sua
sobrevivência, depois de saírem do mercado de trabalho. A previdência deveria ser
encarada como uma poupança que se acumula durante um tempo (geralmente mais
de 25 anos) para ser usada nos anos finais da vida.
21.9 As S CausasAUSAS DoDO DéficitÉ FICIT DaDA
PrevidênciaREVIDÊNCIA SocialOCIAL
No Brasil existe uma enorme confusão entre Previdência e Assistência Social.
No orçamento público as contas estão juntas com a da saúde, sendo que os gastos da
Seguridade Social, há pouco tempo atrás eram administrados pelo INSS – In
(Instituto Nacional de Seguridade Social). Mas há diferencias entre Previdência e
Assistência Social. A Assistência Social é um gasto governamental que visa
geralmente ajudar os mais pobres, em programa de distribuição de produtos, serviços
ou dinheiro sem nenhum tipo de exigência financeira do beneficiado; por exemplo, o
programa de distribuição de cestas básicas às vitimas da seca do nordeste. Em um
pais pobre como o Brasil, programas desse tipo são importantes para garantir a paz
33 6
social da sociedade. Geralmente os regimes de Previdência tem algum efeito
redistributivo.
Como no Brasil nunca houve a preocupação, com o equilíbrio entre receita
atual e despesa futura, é necessário mudar os conceitos. A aposentadoria não é
dinheiro a ser dado de presente, exceto aos realmente pobres. Os demais devem
receber o estritamente correspondente ao quanto tenham acumulado durante a sua
vida ativa.
No Brasil existem dois sistemas de previdência social: o primeiro, dos
trabalhadores do setor privado e o outro dos servidores públicos. Nos dois sistemas
não existem equilíbrio atuarial (a correspondência entre o que se paga e o que se
recebe no futuro). Os segurados do INSS tem um teto de aproximadamente R$
1300,00 mensais em suas aposentadorias. Já no caso dos servidores público é o
ultimo salário. Com isso a previdência contribui para a má distribuição de renda no
pais. Os aposentados do setor público alem de receberem mais, tem um peso maior
no rombo total da previdência, que atualmente é de 35 bilhões de reais contra os 10
bilhões de reais do INSS, mesmo possuindo apenas 3 milhões de aposentados, contra
os 18 milhões de aposentados do INSS. Até a década de 50, só podia se aposentar
quem completasse 50 anos de idade e essa idade mínima para se aposentar,
permanece inalterada até 1960, quando a idade mínima foi elevada para 55 anos; e
em 1962 foi introduzida a aposentadoria por tempo de serviço, com 35 anos de
trabalho para os homens e 30 anos para as mulheres. Neste caso se alguém
começasse a trabalhar aos 15 anos de idade, com 50 poderia se aposentar, sendo que
em muitos países da Europa central onde a idade mínima de aposentadoria é de 65
anos discute-se em aumentar o limite para 70 anos. Outro problema encontrado é que
várias categorias profissionais conseguiram reduzir ainda mais o tempo necessário
para requerer aposentadoria, como exemplo os professores, militares e profissões que
oferecem risco à saúde. O resultado desta política corporativa é que há no país,
pessoas se aposentando com 36 anos de idade.
Na década de 50, oito segurados em atividade financiavam um aposentado.
Em 1970 essa relação caiu para 4,2 segurados para cada aposentado. Em 1990 a
proporção era de 2,3 por 1 e no fim dos anos 90 a relação é de apenas 1,7 segurados
financiando cada aposentado e as estimativas para o ano 2020 é de 1 por 1.
34 6
21.10 RelaçãoELAÇÃO De Segurado/Aposentado No Brasil DE
SEGURADO/APOSENTADO NO BRASIL
Venancio tambemtambém ressaltou outro aspecto importante, a expectativa
de vida do brasileiro que é de 67 anos, mesmo havendo o fato da mortalidade infantil
que é alto no Brasil, se uma pessoa sobreviver ao primeiro ano de vida sem
problemas, aumentará a expectativa de vida para 75 anos. Além deste fato, há
também a questão do peso dos idosos dentro da sociedade brasileira, ou seja, as
pessoas com mais de 65 anos de idade, em relação á população total, que era de 3,1%
em 1970, esta ´ em torno de 8,0% atualmente.
Para ele outro problema tipicamente brasileiro é a acumulo de aposentadorias
e salários. Sendo possível se aposentar e continuar trabalhando (mesmo os
funcionário públicos, que após a sua aposentadoria podem trabalhar para o setor
privado), isso dificulta o acesso aos jovens inexperientes, no mercado de trabalho
competitivo, além do fato de não pagarem contribuições sociais ao sistema. No
Brasil, a aposentadoria paga ao funcionário público é o ultimo salário da ativa, que
pode ser aumentada cada vez que houver um aumento dos funcionários da ativa e
ficando desobrigado de pagar a contribuição de 11%, sobre o que recebe de
aposentadoria, obtém um ganho real de renda.
O uso dos recursos das contribuições sempre foram mal planejados existindo
uma enorme possibilidade de fraudes ao sistema. Sendo a máquina administrativa
ineficiente, o controle das fraudes custaria muito, e a sua não implantação agrava o
rombo. As estimativas calculam um custo em torno de 15% das receitas, sendo que
nos EUA este custo é calculado em 1%.
Outro problema chegou com a constituição de 1988, o custo de novos
benefícios para o setor público e rural ainda não foram calculados; quando todas os
35 6
funcionários públicos foram colocados em estado de igualdade, sendo que
anteriormente tinham
servidores que eram regidos pelo sistema do INSS, e, no setor rural houve um
aumento do piso dos benefícios de ½ salário mínimo para cada aposentado. Outro
problema que complica a situação da Previdência Social no Brasil, é o
envelhecimento da população. Em países jovens, como o Brasil, isto significa de um
lado que as mulheres colocam menos filhos no mundo e a expectativa de vida esta
em fase de crescimento. O resultado é uma queda da relação entre ativos e inativos.
A primeira solução seria aumentar a contribuição, sendo que isso não faz sentido ,
porque as contribuições tanto dos empregados como dos patrões, aumentaram de 6%
para 30%, e com o aumento das contribuições há o risco de aumento do emprego
informal, com diminuição da base de arrecadação. Como não existe a possibilidade
de elevação das alíquotas, foi necessário alterar a legislação que permite as falhas
anteriores. O governo já obteve importantes vitórias, uma delas foi a aprovação de
uma serie de mudanças que começam a mexer mais profundamente na idade mínima
de aposentadoria de 60 anos (homens) e 55 (mulheres) no setor público, sendo que
no INSS não foi aprovado, sendo que essa mudança só vale para quem iniciar as suas
contribuições ao sistema. Os demais contribuintes estão sujeitos a regras de transição
mais leves, mas que trazem diminuição significativa do impacto no curto prazo.
Outro fato foi a introdução do fator previdenciário para os trabalhadores do setor
privado, é um número que deve ser usado no momento do cálculo para os benefícios
do INSS, com isso, o governo implantou indiretamente a idade mínima, porque quem
fica menos tempo trabalhando terá um benefício menor. Esta medida cria condições
de uma situação de base atuarial para o INSS. O déficit deverá se estabilizar em
torno de 1% até 2% do PIB brasileiro.
Outra alternativa é cobrar dos aposentados um percentual para financiar suas
próprias aposentadorias, isto somente para o setor público porque os benefícios são
mais
altos que na ativa, sendo que isso é problemático pela razão do direito
adquirido dos aposentados. Mas nas novas contratações de servidores público que
não são das categorias típicas de governo (10% do total), seguiriam as regras do
INSS.
36 6
No modelo mais moderno, todos os brasileiros devem contribuir para contas
individuais, que são administradas pelos bancos, seguradoras e fundos privados. O
governo garantiria um mínimo para os mais pobres. o que importa é a restauração do
equilíbrio atuarial.
Os principais problemas serão:
A estabilidade fiscal;
Criar superávits em outros setores para pagar a conta da
Previdência;
Aumentar o crescimento econômico;
Fazer uma reforma da mais ampla da Previdência.
21.11 Propostas De Reformulação Da Previdência Social
ROPOSTAS DE REFORMULAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
37 6
Para Roberto e Fernanda (www.coppead.ufrj.br,2003) o atual formato da
previdência social deixar a desejar sob diversos aspectos, sua reforma está sempre
em discussão. Um dos problemas mais graves é com os trabalhadores formais e seus
empregadores, que continuam a contribuir para um sistema falido que não dá
nenhuma garantia de que a contribuição hoje por eles efetuada será revertida em
aposentadorias no tempo devido. São inúmeras as propostas de reformulação do
sistema previdenciário brasileiro. Uma delas é a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) nº 33, atual emenda constitucional em discussão no Poder Legislativo. Seu
ponto principal é a instituição da aposentadoria por idade combinada ao tempo de
contribuição, que para os homens deve ser no mínimo 60 e 35 anos e para as
mulheres 55 e 30 anos respectivamente. Acaba a aposentadoria por tempo de serviço
que só será possível para os que já estão contribuindo para o sistema, com uma regra
de transição que
considera a idade. Esta reforma, diante das propostas que aqui serão citadas,
está muito aquém das expectativas. Todas as propostas têm em comum uma grande
preocupação com os altos encargos previdenciários sobre a economia formal e
tentam definir parâmetros para uma melhor compreensão da diferença entre
assistência e previdência social. Também condenam, em sua totalidade, a
manutenção da aposentadoria por tempo de serviço nos moldes como está instituída
hoje. Como uma curiosidade o Brasil é o único país no mundo, dentre os 8 que ainda
concedem aposentadoria por tempo de serviço, que não impõe restrição à volta a este
tipo de aposentado ao mercado de trabalho. Aqui serão citadas as propostas de
reforma mais importantes, juntamente com suas principais características.
21.12 ComoOMO Foram FORAM Feitas As Reformas Nos Sistemas
De Previdência No Restante Do Mundo? FEITAS AS REFORMAS
NOS SISTEMAS DE
PREVIDÊNCIA NO RESTANTE DO MUNDO?
38 6
Na Ásia, todos os chamados "Tigres Asiáticos" promoveram mudanças em
seus sistemas de previdência. Na Indonésia foi aprovada lei criando fundos de
pensão, que operam pelo regime de capitalização, sendo que as contas do antigo
sistema foram transformadas em títulos públicos.
No Japão, o número de planos privados vem crescendo assombrosamente
desde meados da década de 70, sendo que os ativos aumentaram mais de 30 vezes no
período.
Na Malásia, a reforma gerou fundos de aposentadoria fortes.
Na Europa, todos os países possuem sistemas de previdência social que
cobrem, num primeiro patamar, a aposentadoria básica - gerenciada pelo governo -, e
num segundo nível, fundos de pensão ou de previdência privada. Atualmente está
sendo estudada a criação de legislação de seguridade social que permita igualdade de
tratamento para os trabalhadores de todas as nações da Europa, sendo necessário a
criação de planos básicos com características idênticas e de planos privados flexíveis
e abrangentes.
Na América Latina, convivem sistemas modernos com estruturas tradicionais.
O Peru permitiu que o trabalhador possa optar entre continuar na instituição pública
(pelo sistema de repartição) ou por um dos fundos privados que foram criados. Na
Colômbia, o modelo é similar ao modelo peruano: modelo de repartição (ligado ao
governo) e regime de capitalização (fundos privados). Já na Argentina, a previdência
oficial foi abandonada e criou-se um novo modelo, baseado num sistema misto -
público e privado - cabendo ao contribuinte fazer a opção. Quem quiser pode optar
pelo sistema estatal. Já os que optarem pelo sistema privado pouparão cerca de 11%
de seu salário, que será aplicado por um fundo de pensão de sua livre escolha (as
Administradoras de Fondos de Jubilaciones e Pensiones - AFJP).
(www.goodwayseguros.com.br , 2003)
39 6
32
A EXPRESSÃO PREVIDÊNCIA PRIVADA
A expressão "previdência privada" no sentido usado
no Brasil,é exclusivamente brasileira, e objetivou identificar
facilmente a instituição que, em relação ao domínio
previdenciário geral, ocupa ou pode ocupar os espaços
vazios deixados pela previdência social, em termos de
satisfação das necessidades previdenciárias.
Na época em que começou a ser usada, ainda a
expressão segurança social ou seguridade social não
40 6
correspondia à soma institucional da previdência e da
assistência social, e daí que o poder identificador da
expressão "previdência privada", fosse ainda maior, na
medida em que se contrapunha à previdência social.
Tínhamos, assim, a previdência social de caráter
compulsório administrada pela máquina estatal, e a
previdência privada de caráter voluntário administrada
pela atividade privada. Quer dizer, a expressão era, sem
dúvida, muito clara e teve a melhor aceitação, e que nem a
proximidade dos Estados Unidos cujos "private pension
funds" começaram a ser estudados e utilizados como
referência pelas grandes empresas, teve força para a
substituir pela expressão universal de "fundos de pensão".
A lei 6.435 de 15 de julho de 1977 que institucionalizou
a previdência Privada é sumarizada da seguinte forma:
"Dispõe sobre as entidades de previdência privada e dá
outras providências', e o seu art. 1.0 começa: "Entidades de
previdência privada, para os efeitos da presente Lei, etc."
Era a consagração legal da expressão, cujos principais
inconvenientes, neste momento, são, por um lado a sua
indefinição institucional e por outro a dificuldade de
apreensão do seu significado no exterior.
A indefinição institucional resulta da deficiência na
conceituação legal, e que leva a que se ponha em dúvida a
41 6
individualidade da previdência privada face à instituição de
seguro de vida, pelo que um dos seus principais objetivos
será a definição da sua filosofia básica.
A dificuldade da apreensão do seu significado no
exterior, deve-se a que no movimento que tomou corpo,
sobretudo nos países industrializados de
institucionalização ou de mero estabelecimento de sistemas
privados previdenciários de complementação ou
suplementação dos benefícios proporcionados aos
trabalhadores pela segurança social, se aceitou
unanimemente as expressões "planos de pensão", "fundos
de pensão", "planos privados de benefícios" e outras
idênticas cujo ênfase é dada à palavra pensão ou à palavra
beneficio, sem qualquer semelhança com a palavra
"previdência", e na medida em que a expressão previdência
privada sempre foi usada, sobretudo pelos autores latinos,
como sinônimo do seguro privado quando olhado do lado
do indivíduo que tendo sentido a necessidade de proteger
sua pessoa e bens da materialização de certos riscos recorre
aos serviços prestados pela instituição seguradora.
A PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTAREVIDÊNCIA
PRIVADA ABERTA
42 6
O segmento aberto da Previdência Privada é constituído por entidades
classificadas em sem fins lucrativos e com fins lucrativos, organizadas
respectivamente na forma de sociedades civis e de sociedades anônimas.
As entidades sem fins lucrativos são todas preexistentes à legislação. Entre
elas estão as mais tradicionais instituições de Previdência Privada, com mais de 100
anos de sólida existência.
A elas, amparadas pela permissão que a lei lhes concedeu, vieram juntar-se as
entidades com fins lIucrativos. Os grandes conglomerados financeiros e as mais
tradicionais companhias seguradoras passaram, então a fazer parte desse vigoroso
segmento da sócio-economico a nacional.
Orientada por uma legislação específica que lhe ordena os passos; conduzida
por parâmetros técnicos adequados, capazes de lhe conferir segurança; disciplinada
por rígida supervisão normativa e fiscalizadora do Estado; credenciada pela
experiência sedimentada em várias décadas de atuação; unificada em torno de uma
entidade a manter, intérprete dos seus anseios e necessidades, a Previdência Privada
Aberta há de prestar sua significativa contribuição à estabilidade social, amadurecida
que está como modelo autenticamente nacional de complementação previdenciária.
32.1
43 6
PerspectivasERSPECTIVAS
Os segmentos aberto e fechado da Previdência Privada são caminhos
convergentes de um mesmo atributo: a seguridade supletiva. Não se constituem em
segmentos estanques; ao contrário, os dois podem superpor-se para totalizar a função
complementar à Previdência Social.
A complementação previdenciária das grandes massas assalariadas,
teoricamente, tem seu caminho mais reto na entidade fechada. Tem sido
extremamente eficaz para a grande empresa, à empresa média vinculada a grupo
empresarial, à empresa estatal e a outras organizações de vinculação governamental.
Entretanto, as empresas de médio e pequeno portes, que constituem a grande parcela
da força produtiva nacional, encontrarão sempre sérias e até insuperáveis
dificuldades para constituírem seus fundos próprios de previdência supletiva. Este
vasto campo encontra na entidade aberta a opção segura para seus propósitos de
complementação previdenciária. A conjugação do binômio aberta-fechada é o grande
mecanismo para a universalização da previdência complementar.
Não se terá justiça social enquanto a glIobalidade da força de trabalho
nacional não tiver afastado o estiolamento econômico que representa a dependência
apenas da Previdência Social.
32.2 BREVE HISTÓRIA DO PECÚLIO
44 6
Antônio Arnaldo Lacerda Dornelles *
O Pecúlio, em termos escritos, é qualquer soma de dinheiro
acumulada a título de reserva. Por extensão, a palavra passou a designar
o patrimônio deixado pelo contratante ao seu beneficiário.
Num breve apanhado, tentaremos seguir o caminho trilhado pelo
Pecúlio desde a antigüidade até os dias de hoje, quando ele continua a se
impor como a melhor forma de constituir um bem específico destinado a
outrem. Sua contratação é vitalícia e cobre morte de qualquer natureza.
A definição brasileira para o Pecúlio está estabelecida no Art. 22,
§ 1º, do decreto nº 81.402/78, regulador da Lei 6435/77.
§ 1º Pecúlio é o capital a ser pago de uma só vez ao beneficiário, quando
ocorrer a morte do subscritor, na forma estipulada no plano subscrito.
ASPECTOS HISTÓRICOS
A palavra pecúlio é derivada do Latim peculium, proveniente de
pecus, isto é, gado, que primitivamente era tido como moeda corrente, de
que se originou pecúnia, dinheiro, o qual, a partir das Leis das Tábuas,
foi numerado (pecúnia numerata), através das moedas de cobre. Nos fins
do século V, surgiram as moedas de prata e, mais tarde as de ouro.
A expressão pecúnia terminou por designar todo o patrimônio,
compreendendo a totalidade das coisas suscetíveis de apropriação pelos
indivíduos. Gado, dinheiro e o patrimônio privado.
Pecúnia significa, em linhas gerais, toda reserva monetária ou
pecuniária, proveniente do produto de algum trabalho ou de economia
45 6
feita. O Pecúlio, nesse sentido, expressa, por conseguinte, as economias
promovidas por uma pessoa e que se destinam a uma reserva de bens,
configurando um patrimônio.
O PECÚLIO E A Previdência Privada No BrasilREVIDÊNCIA
PRIVADA NO BRASIL
Segundo Ernesto José Pereira dos Reis, em seu livro "Previdência Privada e o
Direito brasileiro", a previdência privada teria iniciado, no Brasil, no século XIX, em
1543, quando Brás Cubas fundou a Santa Casa de Misericórdia, em Santos, e, na
mesma época, criou um plano de pensão para seus empregados, tendo o mesmo sido
estendido também ás Santas Casas de Salvador, Rio de Janeiro e às Ordens Terceiras.
Esses planos foram as bases para o nosso seguro médico, tudo oriundo da
iniciativa privada. Eram as sociedades de socorro mútuo, organizadas sem bases
técnicas, mas que deram uma grande contribuição até que a previdência social
assumisse esses riscos.
Destaca ainda que foi D. João VI quem aprovou um plano para os oficiais da
marinha, que vigorou por mais de um século, o qual assegurava o pagamento de uma
pensão de meio soldo às viúvas e às filhas do oficial falecido. Era um plano custeado
mediante o desconto de um dia de vencimento.
Nos idos de 1834 a 1838 muitas sociedades de auxílio mútuo se
desenvolveram. O dia 10 de janeiro de 1835 é uma grande data para a previdência
privada, quando o Governo Imperial expediu decreto aprovando os estatutos do
Montepio da economia dos servidores dos estados, conhecido até hoje como
MONGERAL.
46 6
A partir daí, foram sendo criadas diversas sociedades, com a denominação de
"Caixas Mútuas de Pensões e Pecúlios", que admitiam sócios mediante pagamento de
módica taxa de inscrição e sob o compromisso de se cotizarem entre si no caso de
falecimento de um deles. Obtido um certo número de sócios, a sociedade passaria a
oferecer esses benefícios nos moldes do mutualismo puro.
As caixas tinham sempre entre si o seguinte aspecto: o princípio da igualdade
entre os participantes, para que se cumprisse o objetivo da mutualidade.
Com a proclamação da república, o Governo procurou incentivar o
movimento associativo, sem contudo estendê-lo às classes trabalhadoras e foi
sancionada a lei que regulava apenas a organização das associações que se
fundassem para fins religiosos , morais, científicos , artísticos ou de simples recreio,
nos termos do § 3º art. 72 da Constituição Federal de 1891. A partir daí, muitos
foram os Montepios e "Caixas" criados, desencadeando novas variáveis de benefícios
aos seus participantes.
Na época da primeira guerra mundial, houve um crescimento acelerado
dessas instituições, pois que as mesmas tinham a filosofia básica do princípio da
ajuda mútua e essa era a melhor forma de preservar as famílias dos militares que
partiam, a serviço, para a guerra. Daí a propriedade do Pecúlio em assegurar uma
garantia para a família do associado, em caso de sua morte, por qualquer causa.
Com o advento da Constituição Federal, em 1934, foi consagrada a
Previdência Social. Inserido no contexto dos benefícios, mais uma vez aparece o
Pecúlio, que, em matéria de acidentes do trabalho, é designado como a indenização
devida nos casos de invalidez ou morte do subscritor.
Já existindo de forma paralela à previdência social, o pecúlio se fortaleceu
mais ainda com a regulamentação da Pprevidência Pprivada ( Lei 6435, de 15.07.77),
que teve seu papel ampliado, cabendo-lhe instituir planos privados de pecúlio ou de
rendas, de benefícios complementares ou assemelhados aos de previdência social,
mmediante contribuição de seus participantes, dos respectivos empregadores ou de
ambos.
47 6
32.3 Previdência Privada – Fatos e tendênciasREVIDÊNCIA
PRIVADA - FATOS E TEND ÊNCIAS
Planos Coletivos de BenefíciosLANOS COLETI VOS DE
BENEFÍCIOS
O Consultor de Previdência Privada, Heitor Coelho Borges Rigueira,
defendeu a implantação dos planos coletivos de benefícios na previdência privada
aberta, cuja regulamentação depende de aprovação pelo Conselho Nacional de
Seguros Privados, através de uma resolução que estabeleça o seu disciplinamento
técnico-operacional.
Explicou que os planos coletivos são, na prática, planos de benefícios, em que
as empresas privadas participam juntamente com seus empregados contribuindo
(ambas as partes) para a formação de Fundos que geram benefícios suplementares
aos da previdência oficial. Esses planos contribuirão, efetivamente, para o
desenvolvimento do setor.
Disse também que os planos coletivos poderiam atrair as associações de
classe e os sindicatos, paralelamente com as empresas, permitindo que nos acordos
coletivos fossem incluídos benefícios previdenciários suplementando os garantidos
pela previdência oficial.
Os planos coletivos poderiam, inclusive, atrair o interesse de participantes
individuais, como autônomos e liberais, que a eles poderiam aderir para obter uma
suplementação de suas aposentadorias.
48 6
Com a implantação dos planos coletivos todos serão beneficiados, tanto as
empresas como os participantes e o próprio Governo. As empresas, pelo fato de
manter seus empregados mais tranquilostranqüilos com relação à segurança presente
e futura. Aos participantes, pois estariam satisfeitos em ver seus anseios de
tranquilidadetranqüilidade e de segurança garantidos pela previdência privada aberta
e, finalmente, quanto ao Governo, que teria recursos estáveis podendo direcioná-los
para investimentos produtivos geradores de empregos dinamizando,
consequentemente, a economia do País. (Jornal Monitor Mercantil de 18/01/1986. ).
(Jornal Monitor Mercantil de 18/01/1986. ).
32.4
Previdência Social X Previdência PrivadaREVIDÊNCIA SOCIAL X
PREVIDÊNCIA PRIVADA
O mercado de Previdência Privada vem apresentando um crescimento médio
em torno de 40% a 50% ao ano, em nosso País. A tendência é de se ampliar ainda
49 6
mais este mercado, pois a população está cada vez mais consciente da necessidade de
suplementação de sua renda de aposentadoria.
O teto máximo da Previdência Social não chega a 10 salários mínimos, uma
vez que o Sistema Social foi criado para suprir as necessidades básicas dos
contribuintes, sem levar em conta o padrão de vida de cada pessoa.
Objetivo da Previdência Social: mManter os meios mínimos indispensáveis à
sobrevivência do segurado, após a sua saída do mercado de trabalho.
Na Previdência Social o regime financeiro de administração dos recursos é o
Regime de Repartição, o que significa dizer que a massa de trabalhadores ativos
contribui para que inativos (aposentados) recebam sua aposentadoria. Existe uma
grande defasagem nessa relação e, mantendo-se o ritmo atual, em breve teremos
menos de um contribuinte para cada aposentado.
A atual situação da Previdência Social deve-se ainda aos seguintes fatores:
• nossos aposentados estão vivendo mais (aumento da expectativa de vida), o
que significa pagar aposentadorias por mais tempo;
• as famílias estão limitando o número de filhos (redução da taxa de natalidade)
o que diminui, ano a ano, o número de pessoas que entram no mercado de
trabalho e contribuem com a Previdência;
• estamos deixando os nossos filhos como dependentes econômicos o maior
tempo possível, retardando sua entrada no mercado de trabalho; a economia
informal (trabalhadores sem registro em carteira) cresce a cada dia, assim
como o desemprego, impedindo o crescimento da massa contribuinte.
A Previdência Privada o regime financeiro de administração dos recursos é o
Regime Financeiro de Capitalização, ou seja, a contribuição de cada participante é
individualizada e aplicada no mercado financeiro em seu nome, sendo corrigida e
capitalizada conforme regras pré definidas e conhecidas no ato da contratação do
plano.
Objetivo da Previdência Privada: mManter os meios necessários à
manutenção do padrão de vida do segurador, após sua saída do mercado de trabalho
50 6
Diante de todos estes fatos, fica fácil perceber que o melhor caminho para
garantir rendimentos futuros, capazes de manter a atual qualidade de vida do
trabalhador à época da aposentadoria, é ter uma renda complementar e o Plano de
Previdência Privada torna-se uma excelente alternativa.
32.5 Por Uma Cultura Providenciaria NacionalOR UMA
CULTURA PREVIDENCIÁRIA NACIONAL
Por uma Cultura Previdenciária dos autores Alexandre Garioli e Carlos
Alberto Nunes Cosenza da revista Case Studies – Revista Brasileira de Management
– ed. 18, o conceito de Previdência Privada nunca avançou tanto no Brasil como nos
últimos cinco anos. As reformas implementadas pelo Congresso Nacional, a partir do
Programa Nacional de Desestatização (PND), que evidenciou a necessidade de o país
garantir o próprio desenvolvimento, com a formação de sua poupança interna,
incentivaram o fortalecimento dos fundos de pensão.
Há 30 anos, o Brasil tinha uma visão distorcida sobre previdência privada,
haja vista a falta de credibilidade de algumas instituições que, raramente, cumpriam
com suas obrigações contratuais.
A concepção atual de previdência se baseou, durante décadas, na rigorosa
definição de que ao Estado tudo caberia, a partir do momento em que os
trabalhadores contribuíssem mensalmente com parcelas cada vez maiores de seus
salários. Outra concepção envelhecida que lançou por terra o nosso, até então, único
modelo previdenciário foi a de que o Brasil é um país jovem. Pois bem, nossos
jovens de ontem tornaram-se maduros, envelheceram e se aposentaram. Foram anos
e anos de trabalho duro. Na hora de gozar os benefícios desses anos deixados para
trás, no entanto, coube a triste constatação de que o padrão de vida desses brasileiros
51 6
não seria mantido, pois a previdência pública acumulava, sem que a maioria
soubesse ou quisesse saber, déficit’s anuais superiores a R$ 1 bilhão.
Os suados descontos mensais dos salários já não são suficientes para cobrir os
gastos com a verdadeira legião de aposentados e pensionistas que, com razão, agora
cobram do Estado o conforto prometido. E aí? Como diz o ditado: "Onde falta o pão,
todos brigam e ninguém tem razão". A soma de recursos arrecadados pela
Previdência não cobre os gastos da própria Previdência. O dinheiro que falta tem que
ser coberto pelo Tesouro Nacional. O Tesouro, por outro lado, tem que cobrir tais
gastos, sem pressionar por demais o déficit público o que levaria a três alternativas,
ambas cruéis: a) Cortar e remanejar recursos de outras áreas vitais – saúde e
educação – para cobrir os chamados "rombos".
b) Emitir moeda para cobrir o déficit.
c) Aumentar ainda mais a carga tributária das empresas e as alíquotas de contribuição
dos trabalhadores.
A primeira alternativa já vem sendo feita e todos sabem o que está
acontecendo com a educação pública brasileira. A segunda já foi adotada por
sucessivos governos, gerando a hiperinflação de triste memória para todos nós. A
terceira opção já não pode mais ser utilizada, pois não há mais margens para aumento
de alíquotas sobre o cidadão e muito menos a alternativa de se onerar ainda mais as
empresas, que têm que repassar custos aos preços dos seus produtos e, com isso,
perdem competitividade interna e no mercado internacional. Sobra, então, a realidade
dos baixos benefícios pagos hoje pela previdência pública, fazendo com que o
trabalhador não tenha garantido, na aposentadoria, proventos equivalentes às
contribuições de toda uma vida. Essa dura realidade está mudando a cultura
previdenciária brasileira. Hoje, a crescente massa trabalhadora busca na previdência
privada – seja ela complementar, aberta ou fechada – a garantia de um amanhã
seguro.
Se no Brasil o conceito de previdência privada só agora vem sendo
incentivado, em países como os Estados Unidos há muito se faz da previdência uma
das principais alavancas de desenvolvimento nos setores produtivo e de infra-
estrutura. O jovem norte-americano, ao ingressar no primeiro ano do curso elementar
já começa a ter consciência de que o Estado não tem como pagar bem pelos seus
52 6
anos de trabalho, quando chegar a aposentadoria. O conceito de previdência
complementar nos EUA já se solidificou a tal ponto que mais de 40% da poupança
interna daquele país são montadas sobre os fundos de pensão. Não é preciso ir longe.
Os noticiários especializados, como o Jornal da Globo, entre outros, não raro
mostram os idosos norte-americanos frente a um computador, buscando aumentar
seus proventos obtidos em anos de contribuição para a previdência privada, nos
mercados de ações e, até mesmo, de investimentos de curto prazo e alto grau de
risco. Quem apostar que nós ainda estamos muito distantes desse quadro pode estar
perdendo a chance de embarcar num vagão VIP dessa década. Sem forçar muito a
memória, quem diria, há dez anos, que o Brasil estaria hoje entre as maiores
potências mundiais em negócio via Internet? Quando muitos apostavam numa linha
de telefonia fixa como investimento certo e seguro, alguns teimosos investiram tudo
nos falecidos – mas até então de ponta – cursos basics de informática e hoje, estes
mesmos teimosos são os detentores dos mais cobiçados sites nacionais de cultura,
entretenimento, negócios e informação. Trata-se de vidência? Claro que não. É a
prova cabal de que o talento a criatividade fazem a diferença.
Alexandre Franco Garioli é formado em Administração de Empresas pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com pós-graduação em Recursos
Humanos pelo IAG-Master da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC), e MBA em Fundo de Pensão pela Coppe-UFRJ.
Carlos Alberto Nunes Cosenza é PhD pela Cambridge University (UK) e professor
emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É também coordenador do
projeto MBA Previdência Privada pela Coppe-UFRJ
32.6 AsS ArapucasRAPUCAS DaDA Previdência
PrivadaREVIDÊNC IA PRIVADA
53 6
Para Henrique Brandão, poucos segmentos do mercado segurador têm o
potencial de crescimento da Previdência Privada Complementar.
Os estudos mostram que se há 3,5 milhões de pessoas contribuindo para
algum tipo de plano atualmente, há outros 12 milhões de brasileiros que são
segurados em potencial aguardando uma oportunidade de entrar para este seleto
clube. Afinal, os números não mentem: 60% das pessoas economicamente ativas ou
seja, que trabalham não têm nenhum tipo de plano de previdência.
A força do setor é tanta que em apenas um ano (janeiro a novembro de 2000,
comparado ao mesmo período do ano anterior) a receita das entidades de Previdência
Privada cresceu 43,7%. Juntas, as empresas do setor chegaram ao final do ano
passado com um crédito de R$ 16 bilhões, enquanto no início do Plano Real era de
R$ 2 bilhões.
Estes dados, que são da ANAPP – Associação Nacional de Previdência
Privada e da SUSEP – Superintendência de Seguros Privados, por si só seriam
suficientes para levar os dirigentes de qualquer país a tratar a carteira com a
seriedade que ela merece. Mas no Brasil não é bem assim. Apesar de não contribuir
em nada com o setor, o governo se acha dono dos recursos que somam as reservas da
Previdência Privada e trata com absoluto descaso o elo mais importante desta
corrente: o segurado.
A situação não é mais lamentável ainda porque as pessoas não sabem das
artimanhas que os contratos de Previdência Privada têm e também não são
informadas de que, numa hora de necessidade, podem ficar por último na fila do
recebimento. E, pior, podem ficar sem ver a cor do dinheiro que aplicaram na
esperança de dias melhores e mais seguros no futuro.
Que a verdade seja dita. Nenhum dos agentes envolvidos na comercialização
deste tipo de produto age de maneira correta na hora de fechar um contrato: nem as
seguradoras, nem os corretores. As informações verdadeiras ficam escondidas atrás
das condições gerais da apólice. Ou seja, vende-se gato por lebre, vende-se um
produto que não se sabe se será entregue ao final. E o consumidor só se dá conta de
que foi lesado na sua boa fé quando há um problema e aí já é tarde.
54 6
Há arapucas na Previdência Privada. E é necessária uma mudança radical
nesta situação, para bem do próprio governo. O segurado tem o direito sagrado de
saber para onde vai e como será usado o dinheiro dele. É legítimo, é democrático, é
direito constitucional do cidadão. Chega de autoritarismo
Henrique Brandão, membro titular do CNSP – Conselho Nacional de Seguros
Privados e Presidente do SINCOR-RJ – Sindicato dos Corretores de Seguros do Rio
de Janeiro e da ASSURÊ Corretora de Seguros
55 6
4 CONCLUSÕESÃO
Este trabalho, visa mostrar que os modelos puros de previdência social
(repartição e capitalização) são incapazes de garantir uma aposentadoria digna, aos
trabalhadores do setor publico e privado brasileiro, pois as maiorias dos segurados
aposentados, são praticamente obrigados a continuar trabalhando após a sua
aposentadoria, para atenuarem os seus problemas de sobrevivência.
Ao considerar que diversos são os pontos carentes de alteração, afirmar que o
debate sobre a reforma da previdência social está no início, não é irreal. Irreal é o
sistema previdenciário brasileiro que mantém características tão onerosas para a
população como um todo, seja nas altas alíquotas incidentes sobre a mão-de-obra
formal, ou no péssimo serviço que fornece aos seus beneficiários.
É evidente que os constantes déficits, da previdência social, barram o
crescimento e o desenvolvimento econômico brasileiro, devido ao fato do governo
gastar recursos e a poupança do setor público e privado para a sua cobertura, ao invés
de investir em áreas sociais problemáticas, como a saúde, educação e pesquisas, entre
outras.
Se o Brasil não alterar o atual sistema de previdência social, corre um sério
risco de quebra, porque com déficits cada vez maiores e com um já alto índice de
endividamento público, existem apenas duas opções; a primeira é o corte de
56 6
benefícios dos aposentados, sendo esta opção pouco provável, devido à já baixa
renda dos aposentados e a segunda seria a de aumentar ainda mais o endividamento
público, ou o aumento da emissão de títulos da dívida pública ou de moeda, tendo
como resultados de curto prazo, o crescimento dos índices de inflação e a perda real
dos salários, devido ao imposto inflacionário.
Pretende-se que os aspectos abordados neste trabalho contribuam de alguma
forma para as pesquisas nesta área e que sirva como referência para futuras propostas
de um novo modelo de previdência social para o Brasil.
Para finalizar, é importante lembrar que as entidades de previdência privada
são um dos maiores interessados na privatização de qualquer parte da previdência
social, pois teriam segurados revertidos para a sua carteira. Aliado ao regime de
capitalização, este aumento de participantes faria crescer a poupança interna do país,
que é de indiscutível importância para a estabilidade econômica. Além disso a
reforma da previdência social impulsionaria o crescimento da previdência privada e
reduziria a sobrecarga da previdência oficial, que atualmente é sinônimo de baixas
aposentadorias e ineficiência.
57 6
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁAFICAS
CONSULTADA
Fundos de Investimentos Banco Bradesco S/A
Jornal O Globo – Caderno Economia 20/11/20001
Manual de Planos Previdenciaarios da Bradesco Vida e Previdência
Planos Previdenciarios da Bradesco Vida e Previdência
Revista Conjuntura Econômica - Ed. FGV, nº 01, Vol. 56, janeiro/2002
Revista Conjuntura Econômica - Ed. FGV, nº 06, Vol. 56, junho/2002
Revista Conjuntura Econômica - Ed. FGV, nº 09, Vol. 55, setembro/2001
Revista Conjuntura Econômica - Ed. FGV, nº 10, Vol. 55, outubro/2001
Revista Conjuntura Econômica - Ed. FGV, nº 11, Vol. 55, novembro/2001
Revista Você S/A – Ed. Abril, nº 28, ano 3, outubro/2000
Suplemento Especial – Tributos e Contribuições Federais – IOB
Internet - Sites
www.estado.com.br Jornal O Estado de São Paulo
www.investimentos-e.com.br
Jornal do Comercio www.anapp.com.br
ANAPP - Associação Nacional de Previdência Privada
58 6
www.susep.gov.br
SUSEP - Superintendência de Seguros Privados - Ministério da Fazenda www.abrapp.org.br
ABRAPP - Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada www.mpas.gov.br
MPAS - Ministério da Previdência e Assistência Social
www.bb.com.br Banco do Brasil S/A
www.brasilprdescoe.com.br
Banco do BrasilBradesco S/A
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I (Raízes Históricas) 9
1.1 – Previdência Social no Brasil 11
1.2 - Fator de Estabilidade Social 13
1.3 - Instrumento Fortalecedor da Economia 15
1.4 - Abrangência da Lei 16
1.5 - Previdência Social Hoje 18
1.6 - Os desafios do novo Governo com a Previdência 19
1.7 - O Déficit da Previdência Social 20
1.8 - As Causas do Déficit da Previdência Social 24
1.9 Relação de Segurado / Aposentado no Brasil 25
1.10 Propostas de Reformulação da Previdência Social 27
1.11 Como foram feitas as Reformas nos sistemas de
59 6
Previdência no restante do Mundo? 28
2 CAPÍTULO II– A Previdência Privada aberta 30
2.1 - Perspectivas 30
2.2 - Previdência Privada no Brasil 31
2.3 - Previdência Privada – Fatos e Tendências 33
2.4 - Previdência Social X Previdência Privada 34
2.5 - Por uma Cultura Providenciaria Nacional 35
2.6 - As Arapucas da Previdência Privada 38
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42
ÍNDICE 43
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Título da Monografia: PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL
Autor: ALESSANDRA FRANCO FERREIRA
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
Avaliado por: Conceito:
Avaliado por: Conceito:
Conceito Final: