universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … franco ferreira.pdf · 1 universidade candido...

59
1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL PESPECTIVA COMTEMPORÂNEA APARTIR DE 2001 Por: Alessandra Franco Ferreira Orientador Prof. Celso Sánchez Rio de Janeiro 2003

Upload: dinhdiep

Post on 01-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

PESPECTIVA COMTEMPORÂNEA

APARTIR DE 2001

Por: Alessandra Franco Ferreira

Orientador

Prof. Celso Sánchez

Rio de Janeiro

2003

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

2 6

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

PESPECTIVA COMTEMPORÂNEA

APARTIR DE 2001

Monografia apresentado á

Universidade Cândido Mendes,

como requisito para obtenção do

Curso de Pós- Graduação em

Gestão Estratégica e Qualidade.

Por: Alessandra Franco Ferreira

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

3 6

AGRADECIMENTO

Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado

a oportunidade e força para concluir este trabalho.

Ao professor Celso Sánchez, pela orientação

na elaboração desta Monografia.

À minha família, que sempre me incentivou nos

momentos difíceis.

Ao meu marido que me incentivou e sempre me

da forças para crescer cada vez mais.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

4 6

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais e meu

marido, que sempre me deram apoio para

o alcance dos objetivos de construir

minha trajetória.

A todos que me auxiliaram durante meu

trabalho.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

5 6

RESUMO

O presente trabalho aborda o tema Previdência Social no Brasil, que é um

seguro que o trabalhador paga todos os meses durante o período de seu trabalho ou

não para no final de tantos anos pagos poder receber o seguro.

O objetivo deste trabalho é dar uma introdução e uma visão geral do sistema

previdenciário brasileiro. Como o assunto é muito amplo, optei por não discutir

profundamente os conceitos de seguridade social, acidentes de trabalho ou

aposentadoria por tempo de serviço. Além de uma fotografia do sistema de

previdenciário desde o seu surgimento ate os dias atuais, será apresentado diversas

idéias que têm sido discutidas para sua reformulação, sejam propostas de alteração,

ou realidades em outros países alem, e´ claro do intenso crescimento da Previdência

Privada como forma de complemento de renda. Espero assim prestar uma

contribuição para melhor embasar a atual discussão sobre a previdência social

brasileira.

PALAVRAS-CHAVE: Previdência social, sistema previdenciário, seguridade

social, previdência privada.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

6 6

METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho foram realizadas diversas pesquisas

bibliográficas, tendo como principais fontes a literatura especifica e a Internet.

Por intermedio de sites da Internet, referenciados ao final do trabalho, foi

possível encontrar estudos estatísticos e análises dos dados sobre o tema abordado,

permitindo, através destes dados, confirmar as hipóteses do trabalho e delimitar com

maior precisão o foco do estudo.

Internet – Sites:

www.estado.com.br www.investimentos-e.com.br www.anapp.com.br www.feebpr.org.br www.susep.gov.br www.abrapp.org.br

www.finteramericana.org

Manual de Planos Previdenciarios da Bradesco Vida e Previdência;

Planos Previdenciários da Bradesco Vida e Previdência.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

7 6

SUMÁRIO

1 IntroduçãoNTRODUÇÃO..........................................................................................

28

21 CAPÍTULO I - Raízes Históricas...............................................................................

39

21.1 Previdência Social No Brasil............................................................ 511

21.2 Fator De Estabilidade Social............................................................. 713

21.3 Instrumento Fortalecedor Da Economia........................................... 915

21.4 Institucionalização............................................................................ 1015

21.5 Abrangência Da Lei.......................................................................... 1611

21.6 Previdência Social Hoje.................................................................... 1318

21.7 Os Desafios Do Novo Governo Com A Previdência........................ 1319

21.8 O Déficit Da Previdência Social....................................................... 1620

21.9 As Causas Do Déficit Da Previdência Social................................... 2240

21.10 Relação De Segurado / Aposentado No Brasil................................. 2251

21.11 Propostas De Reformulação Da Previdência Social......................... 2274

21.12 Como Foram Feitas As Reformas Nos Sistemas De Previdência No Restante Do Mundo ?..................................................................

2825

32 CAPÍTULO II - A Previdência Privada Aberta.........................................................................

2306

32.1 Perspectivas...................................................................................... 2307

23.2 Previdência Privada No Brasil.......................................................... 3127

23.3 Previdência Privada – Fatos Ee Tendências....................................... 2933

23.4 Previdência Social X Previdência Privada........................................ 3134

23.5 Por Uma Cultura PrevidenciariaProvidenciaria Nacional........................................

3235

23.6 As Arapucas Da Previdência Privada............................................... 385

43 Conclusõesão.......................................................................................... 3407

4 Referências Bibliográficas................................................................ 42

5 Índice................................................................................................ 43

6 Folha Avaliação................................................................................ 44

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

8 6

IINTRODUÇÃO

PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL – PESPECTIVA COMTEMPORÂNEA

A Previdência Social é a existência ou não de direitos do trabalhador, variou de

época e local, podendo ser de escravidão, regime servil, até as atuais relações de

emprego, quando os trabalhadores formalmente empregados recebem salários e

gozam de benefícios dos mais diversos tipos.

A Previdência é uma colaboração especifica, diferente daquela que as associações de

ajuda mútua e as seguradoras sempre deram em termos de coberturas individuais, ela

exige, agora, que seja prestada de forma sistematizada, dentro de esquemas legais

que, considerando as necessidades previdenciarias das pessoas, aceitam a ajuda que

as empresas onde trabalham lhes podem dar e integram a ação das entidades privadas

com a ação previdenciária oficial, tendo à sua satisfação integral.

Apresentarei diversas idéias que têm sido discutidas para sua reformulação, sejam

propostas de alteração, ou realidades em outros países além, e´ claro do intenso

crescimento da Previdência Privada como forma de complemento de renda.

A hipótese central do trabalho visa mostrar os principais fatores determinantes do

crescimento da Previdência Privada nos últimos anos e as deficiências do modelo de

Previdência Social adotada pelo Brasil onde as principais falhas são: baixa cobertura

da população economicamente ativa (PEA), altos custos administrativos, facilidade

de fraudes, incapacidade de uma aposentadoria digna sem ter a necessidade de

trabalhar ou ajuda estatal.

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

9 6

Este trabalho procura mostrar a necessidade de cada cidadão brasileiro fiscalizar a

política de Previdência Social no Brasil, pelo seu próprio interesse futuro para ter um

fim de vida digno.

A história das relações de trabalho é tão antiga quanto a história da

humanidade. Desde que o homem passou a associar-se em grupos, formando pequenas sociedades, existem a relação de comando e comandado.

A existência ou não de direitos do trabalhador variou de época e local, podendo ser de escravidão, regime servil, até as atuais relações de emprego, quando os trabalhadores formalmente empregados recebem salários e gozam de benefícios dos mais diversos tipos.

No processo evolutivo das conquistas dos trabalhadores, chegamos ao ponto do empregador reconhecer a sua responsabilidade com a qualidade de vida após a cessação da capacidade laborativa do seu empregado.

Muito se tem discutido sobre os motivos que levam o indivíduo a fazer uma

escolha intertemporal, poupando enquanto tem uma vida laboral ativa e despoupando

quando atinge a velhice.

1

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

10 6

R

RAÍZES HISTÓRICAS

INTRODUÇAO

APRESENTAÇAO DO TEMA

A história das relações de trabalho é tão antiga quanto a história da

humanidade. Desde que o homem passou a associar-se em grupos, formando

pequenas sociedades, existem a relação de comando e comandado.

A existência ou não de direitos do trabalhador variou de época e local, podendo ser

de escravidão, regime servil, até as atuais relações de emprego, quando os

trabalhadores formalmente empregados recebem salários e gozam de benefícios dos

mais diversos tipos.

No processo evolutivo das conquistas dos trabalhadores, chegamos ao ponto do

empregador reconhecer a sua responsabilidade com a qualidade de vida após a

cessação da capacidade laborativa do seu empregado.

Muito se tem discutido sobre os motivos que levam o individuo a fazer uma escolha

intertemporal, poupando enquanto tem uma vida laboral ativa e despoupando quando

atinge a velhice.

JUSTIFICATIVA

A segurança no futuro é a grande preocupação do homem moderno. As instituições

que existem para cuidar do seu bem-estar, têm-se revelado sem a eficiência

necessária, para o livrar das incertezas do porvir, o que o leva a rever conceitos e a

procurar novos esquemas sócio-econômicos, sobretudo no campo previdenciário.

Não tendo, hoje, dúvidas de que os sistemas de previdência social, apesar de cada

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

11 6

vez mais abrangentes e cada vez mais exigentes, em termos de contribuições, nunca

lhe concederão, nem à sua família, mais do que benefícios básicos em caso de

doença, de inatividade ou morte, solicita a colaboração do setor privado no domínio

previdenciário, não apenas para ocupar os espaços vazios que aqueles não

conseguem preencher, mas até para substituir, em caso de falência deles, a

previdência social.

Esta colaboração é especifica e, se bem que não seja, intrinsecamente, diferente

daquela que as associações de ajuda mútua e as seguradoras sempre deram em

termos de coberturas individuais, ela exige, agora, que seja prestada de forma

sistematizada, dentro de esquemas legais que, considerando as necessidades

previdenciárias das pessoas, aceitam a ajuda que as empresas onde trabalham lhes

podem dar e integram a ação das entidades privadas com a ação previdenciária

oficial, tendo à sua satisfação integral.

A instituição da previdência privada nasceu para ocorrer à satisfação da necessidades

previdenciárias sentidas pela população ativa, que a instituição da segurança social

não satisfaz.

“ O mercado de Previdência Privada vem apresentando um crescimento médio em

torno de 40% a 50% ao ano, em nosso País. A tendência é de se ampliar ainda mais

este mercado, pois a população está cada vez mais consciente da necessidade de

suplementação de sua renda de aposentadoria.” (www.minasbrasil.com.br)

OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é dar uma introdução e uma visão geral do sistema

previdenciário brasileiro. Como o assunto é muito amplo, optamos por não discutir

profundamente os conceitos de seguridade social, acidentes de trabalho ou

aposentadoria por tempo de serviço. Além de uma fotografia do sistema de

previdenciario desde o seu surgimento ate os dias atuais, apresentaremos diversas

idéias que têm sido discutidas para sua reformulação, sejam propostas de alteração,

ou realidades em outros países alem, e´ claro do intenso crescimento da Previdencia

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

12 6

Privada como forma de complemento de renda. Esperamos assim prestar uma

contribuição para melhor embasar a atual discussão sobre a previdência social

brasileira.

HIPÓTESES DE TRABALHO

A hipótese central do trabalho visa mostrar os principais fatores determinantes do

crescimento da Previdência Privada nos últimos anos e as deficiências do modelo de

Previdência Social adotada pelo Brasil onde as principais falhas são: baixa cobertura

da população economicamente ativa (PEA), altos custos administrativos, facilidade

de fraudes, incapacidade de uma aposentadoria digna sem ter a necessidade de

trabalhar ou ajuda estatal.

Este trabalho procura mostrar a necessidade de cada cidadão brasileiro fiscalizar a

política de Previdência Social no Brasil, pelo seu próprio interesse futuro para ter um

fim de vida digno.

METODOLOGIA DE TRABALHO

Para a realizaçao deste trabalho foram realizadas diversas pesquisas bibliográficas,

tendo como principais fontes a literatura especifica e a internet.

Foram utilizados diversos livros não apenas de bibliotecas universitarias ou de temas

diversos como literatura de varias empresas e periodicos especializados em

economia.

Este levantamento inicial permitiu identificar os principais analistas do período

econômico selecionado para o presente estudo, e as leituras contribuíram para a

contextualização do problema.

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

13 6

Por intermedio de sites da internet, referenciados ao final do trabalho, foi possivel

encontrar estudos estatísticos e análises dos dados sobre o tema abordado,

permitindo, através destes dados, confirmar as hipóteses do trabalho e delimitar com

maior precisão o foco do estudo.

Para organizar os estudos realizados, este trabalho se divide da seguinte maneira:

O Capítulo I apresenta o tema, a justificativa para o estudo, e seus principais

objetivos e hipóteses de trabalho, finalizando com a metodologia empregada.

O Capítulo II aborda as questões referentes à globalização e seus impactos sociais,

apresentando ainda uma breve resenha do período 1994 – 2000, quando esteve em

evidência o Plano Real sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso, um de seus

idealizadores.

O Capítulo III correlaciona as mudanças provocadas pela globalização e pelo Plano

Real na economia brasileira, inserindo nesta questão dados sobre a tecnologia

bancária, considerada neste trabalho como um dos focos de origem de desemprego

no setor bancário.

O Capítulo IV trata do desemprego no setor bancário, buscando confirmar as

hipóteses inicialmente previstas para o desenvolvimento do tema.

O Capítulo V traz, como conclusão, uma sugestão para minimizar o problema do

desemprego no setor bancário, que embora não vá solucioná-lo, serve de orientação e

alerta para os trabalhadores deste setor.

***************************

RAÍZES HISTÓRICAS

O O reconhecimento universal do direito de qualquer pessoa a um nível de vida

digno, principalmente quando, por circunstâncias independentes de sua vontade,

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

14 6

perde seus meios de subsistência, fez desenvolver-se no mundo inteiro os sistemas de

previdência.

O Brasil tem uma longa história previdenciária que começa ainda nos tempos

coloniais, com a concessão de auxílio às viúvas e aos órfãos dos oficiais da Marinha.

Essa tênue medida começa a ser enriquecida no Império: de um lado, por iniciativa

do governo, protegendo algumas classes mais sujeitas a riscos, como a dos

ferroviários e marítimos, ou as elites do funcionalismo público, os artífices

provenientes da antiga metrópole; de outro, por iniciativa particular, no seio das

forças armadas e mesmo do funcionalismo civil ainda não contemplado. O exemplo é

seguido por outras classes.

No final do século passado e no início do presente, surgem várias instituições

previdenciárias entre comerciantes e viajantes autônomos.

A previdência oficial começa a ganhar corpo e voltar-se para os trabalhadores

privados a partir de 1919, com a Lei de Acidentes Pessoais, e em 1923, com a Lei

Eloy Chaves, introdutora das Ccaixas de Aposentadoria e considerada,

historicamente, como o marco inicial da socialização da previdência. Os últimos 50

anos marcaram definitivamente, numa quase vertiginosa hierarquia de fatos, a

evolução da previdência estatal, chegando-se ao instituto único para os trabalhadores

do setor privado, o regime especial para os servidores públicos e os dispositivos de

reciprocidade.

O desenvolvimento da previdência em nível estatal, cercada de grande

expectativa, não chegou a inibir a evolução da Previdência Privada. Não abrangendo,

de início, todas as categorias ocupacionais, a Previdência Social deixou a descoberto

os autônomos, os profissionais liberais, os empregadores e os trabalhadores rurais.

Surge, então, a necessidade deles se organizarem em sociedades mutuárias que lhes

dessem cobertura. Proliferam, assim, as Caixas de Pecúlios e as Sociedades de

Mútuo Socorro.

Mais adiante, com a universalização da Previdência Social, agora abrangendo

praticamente todas as categorias, a Previdência Privada ganha outra significação; não

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

15 6

mais a de levar a proteção inicial, básica e única, mas a de complementar a ação da

previdência oficial.

A década de 60 reaviva o surgimento de muitas instituições privadas,

genericamente conhecidas sob a denominação de montepios. Outras, já existentes,

mas restritas a uma classe, abrem-se à participação geral.

Com este mesmo sentido complementar, já haviam surgido as instituições

fechadas de previdência, congregando empregados de uma única empresa, mais

notadamente entre as organizações bancárias sob o modelo da Petros, implantada na

Petrobrás, de maior envergadura técnica, a década de 70 marca o início da grande

expansão das entidades fechadas.

Essas raízes históricas conduziram a previdência brasileira a um modelo

nacional, baseado no binômio social-privado:

b) a) a seguridade básica, campo da Previdência Social, compulsória e gerida pelo

Estado, voltada para a garantia dos direitos mínimos de preservação de qualidade

de vida; de modo condizente com a justiça social, é de objetivos médios e

módicos e, por conseguinte, insuficiente do ponto de vista individual, já que ao

Estado compete a preservação de padrões mínimos, não sacrificando a grande

massa contribuinte com a sustentação obrigatória de padrões mais elevados;

b) a seguridade supletiva, facultativa, desenvolvida pela iniciativa privada para

atender aos anseios individuais de preservação do modo de vida. Através dela é

possível ao trabalhador, seja assalariado ou autônomo, integralizar a renda familiar

na inatividade

quando, por doença, idade ou morte, a família não disporia mais do que os proventos

da Previdência Social, insuficientes para a manutenção dos mesmos padrões.

OS GRUPOS DE AJUDA MÚTUA NA ANTIGUIDADE

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

16 6

Na Grécia antiga, nos séculos V e VI , muitas sociedades de caráter mútuo se

formaram, com destinações diversas, quer seja de ordem religiosa, econômica social

ou política. A maioria se transformou em sociedade de beneficência ou de socorro

mútuo, cujos benefícios consistiam em direito aos funerais. Em Roma, certas

associações se denominavam " Collegium", que ofereciam também os benefícios

relacionados a custear as despesas com o funeral e até a sepultura. Os recursos eram

obtidos por meio de contribuições mensais dos membros.

O princípio dessas sociedades nos mostra a preocupação que tem sempre

dominado o homem, através dos séculos, como manifestação do sentimento de

previdência.

A antigüidade aplicou timidamente o princípio da mutualidade e conheceu

também algumas especulações baseadas na duração da vida humana. Na Idade

Média, as atividades previdenciárias não acompanharam o desenvolvimento iniciado

por seus antepassados. Foi somente na Idade Moderna e, principalmente na Idade

Contemporânea, que ocorreram os avanços ao desenvolvimento técnico nessa área,

com o Cálculo das Probabilidades, a Estatística e a Lei dos Grandes Números.

21.1 Previdência REVIDÊNCIA Social No OCIAL NO

BrasilRASIL

Segundo Alexandre Venancio da Silva (www.previdenciasocial2000.com.br,

2003), no Brasil, o inicio da Previdência Social surge com a lei 4682/23 sendo

denominada "Lei Eloy Chaves", mas o seguro foi limitado às caixas de

aposentadorias que eram compostas de categorias profissionais, inicialmente. Na

década de 30, quanto foi criado o Ministério do Trabalho, Industria e Comercio, a

Previdência foi administrada por diversos institutos – IAPC, IAPB, IAPI, IAPM e

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

17 6

IAPETEC –, estendendo sua proteção aos comerciários , bancários , industriários ,

marítimos e trabalhadores em transporte e carga.

Estas eram custeadas pelas contribuições dos segurados, dos empregadores e

da união. A partir da lei orgânica da Previdência Social, Lei 3807/60, foi

padronizado o sistema de assistência. Ela ampliou os benefícios e dela surgiram os

seguintes auxílios: natalidade, funeral e reclusão e estendeu a área de assistência a

outras categorias profissionais. Em 1967 foi implantado o Instituto Nacional de

Previdência Social (INPS), que unificou todos os institutos anteriores.

Em 1977 foi criado o Sistema Nacional de Previdência Social e Assistência

Social (SINPAS), através da Lei 6439/77 e, seu principal objetivo foi à

reorganização do sistema. O SINPAS integrou as atividades de Previdência Social,

Assistência Médica, Assistência Social e de gestão Administrativa, Financeira e

Patrimonial, executadas em cada uma das entidades vinculadas ao Ministério da

Previdência e Assistência Social.

São as seguintes as entidades e suas atribuições:

INPS – IInstituto Nacional de Previdência Social (INPS), com a competência de dar

e manter benéficos.

INAMPS – Instituto Nacional da Assistência Medica da Previdência Social

(INAMPS), com a competência de prestar assistência medica.

LBA – FFundação Legião Brasileira de Assistência (LBA), com a competência de

prestar assistência social à população carente.

FUNABEM – FFundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), com a

competência a execução da política nacional do bem-estar do menor.

DATAPREV – EEmpresa de Processamento de Dados da Previdência Social.

(DATAPREV).

IAPAS – InInstituto da Administração Financeira da Previdência e Assistência

Social (IAPAS), com a competência de promover arrecadação, fiscalização e

cobrança das contribuições e demais recursos destinados a Previdência e Assistência

Social.

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

18 6

Mas a partir do decreto 99.350/90 foi criado o Instituto Nacional do Seguro

social (INSS), que unificou o IAPAS e o INPS, além isso o INAMPS foi vinculado

ao Ministério da Saúde. Em 1991 entraram em vigor as leis 8212/91 e 8213/91 que

introduziram as alterações nos benefícios previstos na constituição federal

promulgada em 1988, além dos planos de custeio e de benefícios da Previdência

Social. A partir desta data foram estabelecidos os conceitos de variadas categorias de

seus segurados e contribuintes obrigatórios e facultativos determinando quem eram

as fontes de financiamento e a competência dos órgãos arrecadadores.

Até o Plano Real, a inflação escondia das pessoas menos especializadas, o

problema das contas deficitárias da Previdência Social e de como este déficit foi

acumulado durante décadas; agora depois do plano real este déficit se tornou o maior

problema da economia brasileira. A Previdência Social é o coração do déficit público

brasileiro pela sua grandeza, complexidade do tema e pela dificuldades das soluções.

Outro problema no Brasil é que sempre houve bolhas de crescimento temporárias;

por exemplo, no plano Cruzado quanto houve um crescimento altíssimo, que durou

poucos meses, porque o governo de 1986 não garantiu o crescimento de 1987/88 e

daí em diante, não foi possível fazer um planejamento de médio prazo para a

Previdência Social e nem pensar no longo prazo. (www.finteramericana.org , 2003)

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

19 6

21.2 Fator De Estabilidade SocialATOR DE ESTABILIDADE

SOCIAL

A Previdência Privada institucionalizou-se em duas classes distintas de

entidades:

a) o segmento fechado, constituído pelas instituições que operam no seio de uma

empresa ou grupo de empresas, com planos de formulação grupal, absolutamente

mutualistas, para a prestação de benefícios complementares e assemelhados aos da

Previdência Social;

b) o segmento aberto, constituído pelas instituições abertas à participação pública,

para a prestação de benefícios opcionais, de caráter mais individual.

Ambos têm a mesma função: restabelecer a renda do trabalhador quando, por

circunstâncias alheias à sua vontade, perder os meios de angariar a sua subsistência,

ficando na dependência dos proventos da Previdência Social.

Os benefícios da Previdência Social, em qualquer parte do mundo, não

permitem que a família, ao cessar a atividade laboral do seu chefe e provedor,

disponha da mesma renda. O fato de parar de trabalhar é uma angustiante

perspectiva. Quanto maior é o rendimento, maior será a queda. Esse risco é gerador

de intranqüilidade; é a preocupação diante das incertezas e inseguranças do amanhã.

Surge, então, a Previdência Privada com seu sentido complementar de repor a

diferença entre a atividade e a inatividade. (www.finteramericana.org , 2003)

"Toda pessoa (...) tem direito aos seguros em casos de

desemprego, doença, invalidez, velhice e em outros de

perda dos seus meios de subsistência por circunstâncias

independentes de sua vontade" (DeclIaração dos

Direitos Humanos - ONU, 1948)

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

20 6

"(...) lhes fortaleça a confiança de tranqüilidade nos

dias futuros. E a confiança já é uma forma de paz

interior, pois se não nos é dado conhecer o futuro, é

nosso dever aparelharmo-nos para aguardá-Io, não

como fantasma no desespero, mas como uma etapa da

vida para a qual se há de marchar com a força da fé e a

tranqüilidade da esperança" (do Parecer do relator,

Senador Heitor Dias, ao apreciar o projeto de lei que

institucionalizou a Previdência Privada - Congresso

Nacional, 1977).

A segurança econômica do amanhã é o mais forte motivador para uma

sociedade ordeira, produtiva e progressista; a manutenção dos padrões auferidos é o

grande fator de estabilidade e notável ingrediente da justiça social.

O presidente da Associação Nacional de Previdência Privada (Anapp) e

diretor-executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, acredita que a reforma

constitucional do sistema previdenciário deverá estimular o mercado de capitais.

Esse efeito será causado pela aplicação de parte dos recursos que vão surgir

com o crescimento da previdência privada complementar. Além disso, afirma, o

ajuste das contas públicas terá duas conseqüências benéficas para as bolsas: a taxa de

juros deverá cair e o governo exercerá menor pressão sobre a poupança privada, que

poderá ser aplicada na economia real.

Na sua opinião, o governo deu dois sinais claros em termos de previdência. O

primeiro trata da tentativa de fixar uma idade mínima para a aposentadoria. O

segundo é que os benefícios da atual previdência social vão cair porque seu cálculo

utiliza todo o período de contribuição (35 anos) e não mais as últimas 36

contribuições.

Como o indivíduo costuma atingir uma certa "maturidade" salarial apenas nos

últimos anos de sua carreira, o benefício deverá ficar menor, observa Cappi.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

21 6

Para os servidores públicos que entram agora no sistema, o benefício teve seu

teto fixado em R$ 1,2 mil. Ou seja, quem quiser benefícios maiores, seja no setor

público, seja no privado, terá de buscar uma previdência complementar.

(www.estado.estadao.com.br/edicao/pano /98/11/0606/11/98)

21.3

Instrumento Fortalecedor Da EconomiaNSTRUMENTO

FORTALECEDOR DA ECONOMIA

Além do profundo sentido social da Previdência Privada, desempenha ela

uma significativa função econômica, de amplos reflexos na estruturação da sociedade

nacional.

Os ativos das Entidades Abertas de Previdência Privada constituem-se num

dos mais expressivos mecanismos de formação de poupança interna, assim como o

segmento das Entidades Fechadas que acumulam patrimônios significativos.

A Previdência Privada é hoje o maior investidor institucional no Brasil. Seus

ativos financeiros estão a serviço da economia nacional, fortalecendo as atividades

produtivas e servindo à política econômica, direcionadas que são suas aplicações

pelos órgãos governamentais.

Aplicando compulIsoriamente volumosas parcelas em títulos públicos, ações

de companhias e outras modalidades financeiras, a poupança gerada pela Previdência

Privada é o mais forte capitalizador de longo prazo da empresa nacional e

instrumento de regulagem da política econômica. (www.finteramericana.org , 2003)

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

22 6

21.4 InstitucionalizaçãoNS

INSTITUCIONALIZAÇÃO

O crescimento da Previdência Privada, a partir da década de 60, tornou

inadiável uma legislação específica que regulasse suas atividades, ordenando-lhe os

impulsos e instituindo seus propósitos.

O processo de institucionalização caracterizou-se por um movimento de baixo

para cima: as próprias entidades, sentindo a sua necessidade, passaram a exigi-Io em

históricos encontros.

Dois simpósios nacionais, o primeiro em São Paulo, em 1974, e o segundo no

Rio de Janeiro, em 1976, sob a égide da ANAPP, conseguiram colocar no mesmo

caminho os esforços do setor privado e as providências governamentais para a

formulação do Código da Previdência Privada.

Surgiu, assim, a Lei n° 6.435, com base em anteprojeto do Executivo,

recebendo substancial contribuição do Congresso Nacional, aprovando substitutivo

que recebeu sanção presidencial em 15.07.77, posteriormente regulamentada pelo

Decreto n° 81.240/78, na parte relativa às entidades fechadas, e pelo Decreto n°

81.402/78, na parte relativa às abertas.

Constituindo-se em Estatuto Básico da Previdência Privada, a Lei n° 6.435,

traçou-se os seguintes objetivos:

a) disciplinar a expansão dos planos de benefícios, propiciando condições para sua

integração no processo econômico-social do País

b) determinar padrões mínimos adequados à segurança econômicao-financeira do

sistema;

c) proteger os interesses dos participantes dos planos de benefícios;

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

23 6

d) coordenar as atividades da Previdência Privada com as políticas de

desenvolvimento social e econômico-financeira do Governo Federal.

(www.finteramericana.org , 2003)

21.5 Abrangência Da LeiBRANGÊNCIA DA LEI

As principais disposições da Lei n° 6.435, de 15.07.77, que caracterizam a

sua abrangência:

* Ao institucionalizar a Previdência Privada, a Lei estabelece a competência dos

órgãos governamentais com funções normativas e fiscais para as operações das

entidades integrantes do sistema.

* Pela necessidade de serem tratados distintamente os aspectos relacionados com a

captação de recursos do público em geral, daqueles vinculados às entidades que

operam no âmbito restrito de uma empresa ou grupo de empresas, estabeleceu a

dicotomia da Previdência Privada em dois segmentos distintos: o fechado e o aberto.

* Reconhecendo que as entidades fechadas, em que a vinculação dos participantes

com o empregador estabelece um relacionamento direto com os proventos do

trabalho, cuja integridade se intenta garantir na inatividade, ou pelo óbito, determina

que tais entidades só possam organizar-se na forma de sociedades civis ou fundações,

sem fins lucrativos.

* Admitindo que as entidades abertas, sem aquela condicionante, aproximam-se de

formas especiais de inversões financeiras, admite a organização não só na forma de

sociedades civis sem fins lucrativos, mas também de sociedades de capitais,

especificamente como sociedades anônimas, permitindo, ainda, a presença de

companhias seguradoras.

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

24 6

* Vendo no sistema de Previdência Privada um forte mecanismo de poupança,

procura utilizá-lo como instrumento da política econômico-financeira, caracterizando

as entidades como investidores institucionais ao direcionar as aplicações de suas

reservas segundo normas oficiais.

* Em relação ao âmbito da Previdência Privada, limita suas operações a apenas

benefícios pecuniários em bases atuariais. Outros programas assistenciais e culturais

podem ser operados apenas em caráter excepcional, com custeio próprio e desde que

não descaracterizem o objetivo principal da entidade.

* Fiel ao objetivo, que é a manutenção da capacidade econômica do participante

como provedor da família, a Previdência Privada impõe o reajustamento periódico do

valor dos benefícios e, consequentemente, do custeio.

• * Visando à identificação de possíveis distorções e à sua superação, como forma

de sanidade do sistema e proteção dos participantes, impõe rígidas normas de

fiscalização, paralelamente à implantação do regime repressivo.

(www.finteramericana.org , 2003)

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

25 6

21.6 Previdência Social Hoje

REVIDÊNCIA SOCIAL HOJE

Segundo Fernanda Chaves Pereira e Roberto Westenberger do Centro de

Pesquisas em Seguros Social no Brasil (www.coppead.ufrj.br) a previdência social

Brasileira tem uma estrutura gigante com 16 milhões de beneficiários e arrecadação

em torno de R$ 35 bilhões anuais. Até 1995, ano em que a previdência social teve

um déficit de R$ 142 milhões, não existia a falência financeira. Esta saúde financeira

foi sustentada pelo menor repasse existente para as outras áreas da seguridade social.

Além de grande, também é um dos sistemas de previdência pública mundiais que

possui a maior taxa de gastos em despesas administrativas sobre o total de despesa.

Esta porcentagem, que já chegou a 10%, está hoje num patamar mais baixo em torno

de 8%, mas bem superior à experiência mundial que aponta 2% como máximo. A

previdência social enfrenta atualmente problemas conjunturais e estruturais. Como

exemplo do primeiro temos as falências administrativa e gerencial, que são

exemplificadas nas filas de aposentados para receber o benefício e no

desconhecimento pelo Estado do real número de contribuintes. Do lado estrutural é

incrível observar o número de benefícios existentes, que contabilizam 26 tipos de

aposentadorias, 4 tipos de rendas vitalícias, 15 tipos de pensões, dentre outros.

Juntamente com o controle restrito, dá-se maior margem às fraudes. Estas ocorrem

não só no não recolhimento das contribuições, como no recolhimento de valores

inferiores aos que deveriam ser efetivamente pagos.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

26 6

Segundo o um estudo elaborado, existia em 1990 uma evasão estimada de

23,18% da cContribuição sobre folha, 39,10% do COFINS e de 90,69% da

cContribuição sobre o lucro e faturamento. Um outro estudo de aponta em 1988

como 41,03% este percentual para a arrecadação como um todo. Podem-se

identificar outros 3 problemas estruturais enfrentados pelo atual formato de

Pprevidência Ssocial. O primeiro é o demográfico e é devido ao envelhecimento da

população, causado pelo aumento da esperança de vida e pela diminuição da taxa de

natalidade. O segundo é o econômico com o crescimento do trabalho informal, que

acarreta na diminuição da arrecadação sobre folha de salários. E por último têm-se as

inúmeras ampliações de cobertura previstas pela Constituição de 1988, sem a devida

contrapartida nas receitas. Tais alterações são sentidas bruscamente pelo fato do

sistema atual de previdência social utilizar como forma de financiamento o regime de

repartição simples. Este regime aumenta a dependência entre ativos e inativos, ou

entre gerações. Nos anos 60 esta relação era de 17 para um, e hoje tem-se em média

2,3 contribuintes para cada aposentado.

Sendo assim, ao combinar a forte dependência da arrecadação sobre a folha

de salários com o sistema de repartição simples, a receita previdenciária fica

extremamente vulnerável aos ciclos da economia, sofrendo diminuição nos

momentos de recessão. Caso houvesse constituição de uma reserva previdenciária, o

que necessariamente ocorre pelo método de capitalização, estas oscilações seriam

suavizadas no tempo com os momentos mais favoráveis da economia compensando

os menos favoráveis. No entanto, a constituição de uma reserva previdenciária traz a

responsabilidade de se manter o nível previsto de rendimento das reservas. Esta é

uma dificuldade deste sistema, que no Brasil é agravada pelo fato de que no passado,

o poder normatizador do Estado foi utilizado para obrigar os administradores a

aplicarem as reservas das entidades privadas de previdência em investimentos com

retorno abaixo do previsto atuarialmente.

Quanto ao orçamento da previdência social, já foi visto anteriormente que este está

embutido no da seguridade social. Iremos analisar somente as receitas e despesas

referentes à previdência social e publicadas pela Secretaria da Previdência Social

(SPS), do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). Em seus dados

observa-se que até junho de 1993 ainda existia a transferência de recursos da

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

27 6

previdência social para a saúde, que chegou a ser 28% do total das despesas em

1991. Segundo a SPS no início dos anos 90 havia 31,1 milhões de contribuintes para

a previdência social, tendo a seguinte evolução de gastos e

despesas(www.finteramericana.org ; 2003)

21.7 OsS DesafiosESAFIOS DoDO NovoOVO GovernoOVERNO

ComCOM AA PrevidênciaREVIDÊNCIA

O presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva renova as promessas dos

governantes atuais e define a Previdência como uma das prioridades de sua gestão. A

previdência não é um problema exclusivo do Brasil. O aumento da expectativa de

vida e o envelhecimento da população com o desequilíbrio entre os jovens (geração

que contribui) e a população idosa (em idade de receber os benefícios) provoca um

rombo nas contas de países desenvolvidos como EUA, França e Inglaterra.

O fator previdenciário e algumas pequenas reformas implantadas no governo

de FHC impediram o crescimento explosivo das contas da Previdência. Com estas

medidas o governo conseguiu elevar a idade média de aposentadoria de 48 para 53

anos. Porém, o sistema exige uma reforma mais profunda que garanta o pagamento

dos benefícios.

O segmento público da previdência é o que exige a maior urgência: são 949

mil servidores públicos na ativa que com suas contribuições mantêm 946 mil

aposentados. Além do que os funcionários públicos se aposentam com o último

salário da ativa e preservam muitos dos benefícios da ativa.

Na iniciativa privada são 27,5 milhões de contribuintes para um universo de

20,9 milhões de aposentados. Segundo dados divulgados na revista Dinheiro, a cada

mês cerca de 10 mil brasileiros se aposentam com uma idade média de 53 anos. Para

os padrões internacionais o brasileiro muito cedo. Nos EUA os homens não podem

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

28 6

se aposentar antes dos 65 anos. Já este limite para as mulheres norte-americanas é

aos 60 anos.

Todas as soluções passam pelo aumento da taxa de poupança interna que

normalmente é a fonte de financiamento da Previdência. Hoje a poupança interna

corresponde a 17% do PIB e o mínimo necessário para manter as contas equilibradas

seria uma taxa de 23%. No entanto, esta é uma medida que leva tempo.

O novo governo pode, com medidas mais diretas e objetivas, ajudar no

equacionamento nas contas da previdência no curto prazo. E estas medidas passam

por perda de privilégios e aumento do tempo de contribuição - coisas difíceis de se

negociar no Congresso. (www.anapar.com.br - Dinheironet 30/10/02 , 2003 )

21.8 O DéficitÉFICIT DaDA PrevidênciaREVIDÊNCIA

SSocialO CIAL

Com uma conta negativa de R$ 17 bilhões em 2002 e previsão de crescimento

no déficit nos próximos anos, a Previdência Social chegou, na visão de especialistas

no assunto, a uma encruzilhada. O achatamento dos benefícios, que vem sendo

percebido nos últimos anos, deve se acentuar, na visão de Nilo César Rosas,

consultor da área de previdência.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

29 6

"O governo vai ter condições de oferecer

somente três salários mínimos, em um futuro

próximo", diz o consultor.

Na verdade, muitos dos beneficiários que recebem mais que o piso básico

nacional (hoje em R$ 200,00) estão se aproximando do patamar mínimo, pois a

correção dos demais benefícios não acompanha o reajuste do mínimo. Neste ano, o

governo aumentou o salário mínimo em 11%, enquanto os demais beneficiários

tiveram reajuste de 9,2%.

O problema, mais do que econômico, é também de crescimento populacional.

A quantidade de pessoas aptas a se aposentar subiu de 4%, na década de 70, para

mais de 9% atualmente, segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística. Hoje, mais de 50% da população brasileira tem entre 20 e 60 anos,

estando em idade economicamente ativa. Isso quer dizer que, em algumas décadas, o

número de aposentados pode subir ainda mais.

De olho no achatamento dos benefícios concedidos pelo poder público,

muitos trabalhadores estão de olho nas opções de previdência privada. De acordo

com João Alberto Weber, diretor da HSBC Seguros, a adesão a fundos de

previdência privada vem crescendo entre 30% e 40% ao ano. Atualmente, de acordo

com Weber, são 3 milhões de clientes em planos abertos (individuais) e 2 milhões

em planos fechados (promovidos por empresas).

Nilo Rosas diz que as pessoas interessadas em entrar para um plano privado

de previdência devem procurar a salvaguarda de empresas ou de entidades de classe.

Segundo ele, as taxas de administração serão bem mais baixas se o poder de

negociação do comprador for maior.

"No balcão, o cliente tem que pagar as taxas

oferecidas", diz. Ele afirma também que, no geral, os

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

30 6

bancos brasileiros oferecem os mesmos rendimentos e

condições no segmento.

Entretanto, Rosas afirma que não há consciência

previdenciária no país. "O problema do trabalhador

brasileiro não é de previdência, é de providência. Nós

não acumulamos nada."

Fonte: Gazeta do Povo ( www.feebpr.org.br, 2002)

Para Venancio (www.previdenciasocial2000.com.br) sem um ajuste profundo

nas contas públicas, não há como manter a estabilidade. A grande fragilidade da atual

estabilidade, foi a ausência de um ajuste fiscal profundo desde o início do plano

Real. O governo de FHC vem se esforçando nesse ponto desde a pressão iniciada

pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), conforme acordo que foi feito em 1999.

O atual ajuste fiscal foi feito mais com base em receitas extraordinárias e apertos

monetários do que com medidas de longo prazo.

Por isso, o ajuste deve ser profundo de hoje para a frente; caso não seja feito,

sobram apenas duas alternativas: dar calote na divida pública ou acontecerá o retorno

da inflação.

Em 1999, o déficit previdênciário foi de quase 5% do PIB brasileiro; algo

entre 45 e 50 bilhões de reais, com a conta repassada à sociedade, segundo um

especialista em finanças públicas R. Velloso (apud Lahoz,1999). Para entender

melhor este problema, usaremos um estudo sobre déficit do sistema de previdência,

publicada pelo IPEA – IInstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 1995,

em um cenário macroeconômico otimista, com o PIB crescendo a 5,4% ao ano, o

salário médio de 4,1% ao ano e mantidas as regras atuais, o déficit projetado

alcançaria cerca de 2,5% em 2020 e cerca de 4,2% em 2030. O resultado, não inclui

as despesas realizadas pelo sistema prevideênciárioas dos servidores públicos de

todos os níveis (União, Estado, Municípios e Estatais). Com as constantes crises

externas (México, Ásia, Rússia) essas projeções foram alteradas e aceita-se um

déficit em torno de 5,5% do PIB em 2020 e 6,5% em 2030.

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

31 6

O problema é em larga escala, de orçamento, porque é necessário financiar o

déficit com a emissão de títulos públicos. Isso barra o desenvolvimento do País,

porque canaliza receitas para o pagamento de divida pública, em vez do apoio ao

setor privado (por exemplo: incentivos a pesquisas tecnológicas que geram empregos

futuros). Além disso há outro problema que é a velocidade do crescimento das contas

a pagar aos aposentados no Brasil. Em 1988 houve um superávit de 10 bilhões de

reais e em 1999 ocorreu um déficit de 13 bilhões de reais, ou seja, dentro de uma

década a conta cresceu 23 bilhões de reais. Ninguém sabe para onde vai o déficit da

Previdência Social no Brasil que ameaça a estabilidade econômica do pais.

Além disso, houve uma falha no planejamento do INSS sobre a utilização dos

recursos disponíveis, nos anos "gordos". O INSS não soube poupar os recursos, e

financiou obras de peso do governo, com pouca ou nenhuma utilidade pública.

Na seguinte tabela mostramos a evolução do Saldo da Previdência Social (

RGPS) entre 1988 e 1999.

Tabela 1: Saldos da Previdência Social do Brasil (RGPS)

Ano Arrecadação Líquida Pagamentos de Benefícios Previdenciários

Saldo

Bilhões de Reais Em Bilhões de Reais Em Bilhões de Reais

1988 30,70 17,83 12,96

1989 30,49 19,04 11,45

1990 31,50 19,52 11,98

1991 28,32 20,47 7,85

1992 27,93 22,28 5,66

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

32 6

1993 31,74 29,97 1,77

1994 33,88 33,07 0,81

1995 40,69 41,02 -0,33

1996 44,36 44,48 -0,12

1997 45,89 49,06 -3,18

1998 46,74 53,49 -6,75

1999 49,50 60,09 -10,60

www.previdenciasocial2000.hpg.ig.com.br

A previdência é um seguro que as pessoas pagam ao longo da vida para a sua

sobrevivência, depois de saírem do mercado de trabalho. A previdência deveria ser

encarada como uma poupança que se acumula durante um tempo (geralmente mais

de 25 anos) para ser usada nos anos finais da vida.

21.9 As S CausasAUSAS DoDO DéficitÉ FICIT DaDA

PrevidênciaREVIDÊNCIA SocialOCIAL

No Brasil existe uma enorme confusão entre Previdência e Assistência Social.

No orçamento público as contas estão juntas com a da saúde, sendo que os gastos da

Seguridade Social, há pouco tempo atrás eram administrados pelo INSS – In

(Instituto Nacional de Seguridade Social). Mas há diferencias entre Previdência e

Assistência Social. A Assistência Social é um gasto governamental que visa

geralmente ajudar os mais pobres, em programa de distribuição de produtos, serviços

ou dinheiro sem nenhum tipo de exigência financeira do beneficiado; por exemplo, o

programa de distribuição de cestas básicas às vitimas da seca do nordeste. Em um

pais pobre como o Brasil, programas desse tipo são importantes para garantir a paz

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

33 6

social da sociedade. Geralmente os regimes de Previdência tem algum efeito

redistributivo.

Como no Brasil nunca houve a preocupação, com o equilíbrio entre receita

atual e despesa futura, é necessário mudar os conceitos. A aposentadoria não é

dinheiro a ser dado de presente, exceto aos realmente pobres. Os demais devem

receber o estritamente correspondente ao quanto tenham acumulado durante a sua

vida ativa.

No Brasil existem dois sistemas de previdência social: o primeiro, dos

trabalhadores do setor privado e o outro dos servidores públicos. Nos dois sistemas

não existem equilíbrio atuarial (a correspondência entre o que se paga e o que se

recebe no futuro). Os segurados do INSS tem um teto de aproximadamente R$

1300,00 mensais em suas aposentadorias. Já no caso dos servidores público é o

ultimo salário. Com isso a previdência contribui para a má distribuição de renda no

pais. Os aposentados do setor público alem de receberem mais, tem um peso maior

no rombo total da previdência, que atualmente é de 35 bilhões de reais contra os 10

bilhões de reais do INSS, mesmo possuindo apenas 3 milhões de aposentados, contra

os 18 milhões de aposentados do INSS. Até a década de 50, só podia se aposentar

quem completasse 50 anos de idade e essa idade mínima para se aposentar,

permanece inalterada até 1960, quando a idade mínima foi elevada para 55 anos; e

em 1962 foi introduzida a aposentadoria por tempo de serviço, com 35 anos de

trabalho para os homens e 30 anos para as mulheres. Neste caso se alguém

começasse a trabalhar aos 15 anos de idade, com 50 poderia se aposentar, sendo que

em muitos países da Europa central onde a idade mínima de aposentadoria é de 65

anos discute-se em aumentar o limite para 70 anos. Outro problema encontrado é que

várias categorias profissionais conseguiram reduzir ainda mais o tempo necessário

para requerer aposentadoria, como exemplo os professores, militares e profissões que

oferecem risco à saúde. O resultado desta política corporativa é que há no país,

pessoas se aposentando com 36 anos de idade.

Na década de 50, oito segurados em atividade financiavam um aposentado.

Em 1970 essa relação caiu para 4,2 segurados para cada aposentado. Em 1990 a

proporção era de 2,3 por 1 e no fim dos anos 90 a relação é de apenas 1,7 segurados

financiando cada aposentado e as estimativas para o ano 2020 é de 1 por 1.

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

34 6

21.10 RelaçãoELAÇÃO De Segurado/Aposentado No Brasil DE

SEGURADO/APOSENTADO NO BRASIL

Venancio tambemtambém ressaltou outro aspecto importante, a expectativa

de vida do brasileiro que é de 67 anos, mesmo havendo o fato da mortalidade infantil

que é alto no Brasil, se uma pessoa sobreviver ao primeiro ano de vida sem

problemas, aumentará a expectativa de vida para 75 anos. Além deste fato, há

também a questão do peso dos idosos dentro da sociedade brasileira, ou seja, as

pessoas com mais de 65 anos de idade, em relação á população total, que era de 3,1%

em 1970, esta ´ em torno de 8,0% atualmente.

Para ele outro problema tipicamente brasileiro é a acumulo de aposentadorias

e salários. Sendo possível se aposentar e continuar trabalhando (mesmo os

funcionário públicos, que após a sua aposentadoria podem trabalhar para o setor

privado), isso dificulta o acesso aos jovens inexperientes, no mercado de trabalho

competitivo, além do fato de não pagarem contribuições sociais ao sistema. No

Brasil, a aposentadoria paga ao funcionário público é o ultimo salário da ativa, que

pode ser aumentada cada vez que houver um aumento dos funcionários da ativa e

ficando desobrigado de pagar a contribuição de 11%, sobre o que recebe de

aposentadoria, obtém um ganho real de renda.

O uso dos recursos das contribuições sempre foram mal planejados existindo

uma enorme possibilidade de fraudes ao sistema. Sendo a máquina administrativa

ineficiente, o controle das fraudes custaria muito, e a sua não implantação agrava o

rombo. As estimativas calculam um custo em torno de 15% das receitas, sendo que

nos EUA este custo é calculado em 1%.

Outro problema chegou com a constituição de 1988, o custo de novos

benefícios para o setor público e rural ainda não foram calculados; quando todas os

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

35 6

funcionários públicos foram colocados em estado de igualdade, sendo que

anteriormente tinham

servidores que eram regidos pelo sistema do INSS, e, no setor rural houve um

aumento do piso dos benefícios de ½ salário mínimo para cada aposentado. Outro

problema que complica a situação da Previdência Social no Brasil, é o

envelhecimento da população. Em países jovens, como o Brasil, isto significa de um

lado que as mulheres colocam menos filhos no mundo e a expectativa de vida esta

em fase de crescimento. O resultado é uma queda da relação entre ativos e inativos.

A primeira solução seria aumentar a contribuição, sendo que isso não faz sentido ,

porque as contribuições tanto dos empregados como dos patrões, aumentaram de 6%

para 30%, e com o aumento das contribuições há o risco de aumento do emprego

informal, com diminuição da base de arrecadação. Como não existe a possibilidade

de elevação das alíquotas, foi necessário alterar a legislação que permite as falhas

anteriores. O governo já obteve importantes vitórias, uma delas foi a aprovação de

uma serie de mudanças que começam a mexer mais profundamente na idade mínima

de aposentadoria de 60 anos (homens) e 55 (mulheres) no setor público, sendo que

no INSS não foi aprovado, sendo que essa mudança só vale para quem iniciar as suas

contribuições ao sistema. Os demais contribuintes estão sujeitos a regras de transição

mais leves, mas que trazem diminuição significativa do impacto no curto prazo.

Outro fato foi a introdução do fator previdenciário para os trabalhadores do setor

privado, é um número que deve ser usado no momento do cálculo para os benefícios

do INSS, com isso, o governo implantou indiretamente a idade mínima, porque quem

fica menos tempo trabalhando terá um benefício menor. Esta medida cria condições

de uma situação de base atuarial para o INSS. O déficit deverá se estabilizar em

torno de 1% até 2% do PIB brasileiro.

Outra alternativa é cobrar dos aposentados um percentual para financiar suas

próprias aposentadorias, isto somente para o setor público porque os benefícios são

mais

altos que na ativa, sendo que isso é problemático pela razão do direito

adquirido dos aposentados. Mas nas novas contratações de servidores público que

não são das categorias típicas de governo (10% do total), seguiriam as regras do

INSS.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

36 6

No modelo mais moderno, todos os brasileiros devem contribuir para contas

individuais, que são administradas pelos bancos, seguradoras e fundos privados. O

governo garantiria um mínimo para os mais pobres. o que importa é a restauração do

equilíbrio atuarial.

Os principais problemas serão:

A estabilidade fiscal;

Criar superávits em outros setores para pagar a conta da

Previdência;

Aumentar o crescimento econômico;

Fazer uma reforma da mais ampla da Previdência.

21.11 Propostas De Reformulação Da Previdência Social

ROPOSTAS DE REFORMULAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

37 6

Para Roberto e Fernanda (www.coppead.ufrj.br,2003) o atual formato da

previdência social deixar a desejar sob diversos aspectos, sua reforma está sempre

em discussão. Um dos problemas mais graves é com os trabalhadores formais e seus

empregadores, que continuam a contribuir para um sistema falido que não dá

nenhuma garantia de que a contribuição hoje por eles efetuada será revertida em

aposentadorias no tempo devido. São inúmeras as propostas de reformulação do

sistema previdenciário brasileiro. Uma delas é a Proposta de Emenda à Constituição

(PEC) nº 33, atual emenda constitucional em discussão no Poder Legislativo. Seu

ponto principal é a instituição da aposentadoria por idade combinada ao tempo de

contribuição, que para os homens deve ser no mínimo 60 e 35 anos e para as

mulheres 55 e 30 anos respectivamente. Acaba a aposentadoria por tempo de serviço

que só será possível para os que já estão contribuindo para o sistema, com uma regra

de transição que

considera a idade. Esta reforma, diante das propostas que aqui serão citadas,

está muito aquém das expectativas. Todas as propostas têm em comum uma grande

preocupação com os altos encargos previdenciários sobre a economia formal e

tentam definir parâmetros para uma melhor compreensão da diferença entre

assistência e previdência social. Também condenam, em sua totalidade, a

manutenção da aposentadoria por tempo de serviço nos moldes como está instituída

hoje. Como uma curiosidade o Brasil é o único país no mundo, dentre os 8 que ainda

concedem aposentadoria por tempo de serviço, que não impõe restrição à volta a este

tipo de aposentado ao mercado de trabalho. Aqui serão citadas as propostas de

reforma mais importantes, juntamente com suas principais características.

21.12 ComoOMO Foram FORAM Feitas As Reformas Nos Sistemas

De Previdência No Restante Do Mundo? FEITAS AS REFORMAS

NOS SISTEMAS DE

PREVIDÊNCIA NO RESTANTE DO MUNDO?

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

38 6

Na Ásia, todos os chamados "Tigres Asiáticos" promoveram mudanças em

seus sistemas de previdência. Na Indonésia foi aprovada lei criando fundos de

pensão, que operam pelo regime de capitalização, sendo que as contas do antigo

sistema foram transformadas em títulos públicos.

No Japão, o número de planos privados vem crescendo assombrosamente

desde meados da década de 70, sendo que os ativos aumentaram mais de 30 vezes no

período.

Na Malásia, a reforma gerou fundos de aposentadoria fortes.

Na Europa, todos os países possuem sistemas de previdência social que

cobrem, num primeiro patamar, a aposentadoria básica - gerenciada pelo governo -, e

num segundo nível, fundos de pensão ou de previdência privada. Atualmente está

sendo estudada a criação de legislação de seguridade social que permita igualdade de

tratamento para os trabalhadores de todas as nações da Europa, sendo necessário a

criação de planos básicos com características idênticas e de planos privados flexíveis

e abrangentes.

Na América Latina, convivem sistemas modernos com estruturas tradicionais.

O Peru permitiu que o trabalhador possa optar entre continuar na instituição pública

(pelo sistema de repartição) ou por um dos fundos privados que foram criados. Na

Colômbia, o modelo é similar ao modelo peruano: modelo de repartição (ligado ao

governo) e regime de capitalização (fundos privados). Já na Argentina, a previdência

oficial foi abandonada e criou-se um novo modelo, baseado num sistema misto -

público e privado - cabendo ao contribuinte fazer a opção. Quem quiser pode optar

pelo sistema estatal. Já os que optarem pelo sistema privado pouparão cerca de 11%

de seu salário, que será aplicado por um fundo de pensão de sua livre escolha (as

Administradoras de Fondos de Jubilaciones e Pensiones - AFJP).

(www.goodwayseguros.com.br , 2003)

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

39 6

32

A EXPRESSÃO PREVIDÊNCIA PRIVADA

A expressão "previdência privada" no sentido usado

no Brasil,é exclusivamente brasileira, e objetivou identificar

facilmente a instituição que, em relação ao domínio

previdenciário geral, ocupa ou pode ocupar os espaços

vazios deixados pela previdência social, em termos de

satisfação das necessidades previdenciárias.

Na época em que começou a ser usada, ainda a

expressão segurança social ou seguridade social não

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

40 6

correspondia à soma institucional da previdência e da

assistência social, e daí que o poder identificador da

expressão "previdência privada", fosse ainda maior, na

medida em que se contrapunha à previdência social.

Tínhamos, assim, a previdência social de caráter

compulsório administrada pela máquina estatal, e a

previdência privada de caráter voluntário administrada

pela atividade privada. Quer dizer, a expressão era, sem

dúvida, muito clara e teve a melhor aceitação, e que nem a

proximidade dos Estados Unidos cujos "private pension

funds" começaram a ser estudados e utilizados como

referência pelas grandes empresas, teve força para a

substituir pela expressão universal de "fundos de pensão".

A lei 6.435 de 15 de julho de 1977 que institucionalizou

a previdência Privada é sumarizada da seguinte forma:

"Dispõe sobre as entidades de previdência privada e dá

outras providências', e o seu art. 1.0 começa: "Entidades de

previdência privada, para os efeitos da presente Lei, etc."

Era a consagração legal da expressão, cujos principais

inconvenientes, neste momento, são, por um lado a sua

indefinição institucional e por outro a dificuldade de

apreensão do seu significado no exterior.

A indefinição institucional resulta da deficiência na

conceituação legal, e que leva a que se ponha em dúvida a

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

41 6

individualidade da previdência privada face à instituição de

seguro de vida, pelo que um dos seus principais objetivos

será a definição da sua filosofia básica.

A dificuldade da apreensão do seu significado no

exterior, deve-se a que no movimento que tomou corpo,

sobretudo nos países industrializados de

institucionalização ou de mero estabelecimento de sistemas

privados previdenciários de complementação ou

suplementação dos benefícios proporcionados aos

trabalhadores pela segurança social, se aceitou

unanimemente as expressões "planos de pensão", "fundos

de pensão", "planos privados de benefícios" e outras

idênticas cujo ênfase é dada à palavra pensão ou à palavra

beneficio, sem qualquer semelhança com a palavra

"previdência", e na medida em que a expressão previdência

privada sempre foi usada, sobretudo pelos autores latinos,

como sinônimo do seguro privado quando olhado do lado

do indivíduo que tendo sentido a necessidade de proteger

sua pessoa e bens da materialização de certos riscos recorre

aos serviços prestados pela instituição seguradora.

A PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTAREVIDÊNCIA

PRIVADA ABERTA

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

42 6

O segmento aberto da Previdência Privada é constituído por entidades

classificadas em sem fins lucrativos e com fins lucrativos, organizadas

respectivamente na forma de sociedades civis e de sociedades anônimas.

As entidades sem fins lucrativos são todas preexistentes à legislação. Entre

elas estão as mais tradicionais instituições de Previdência Privada, com mais de 100

anos de sólida existência.

A elas, amparadas pela permissão que a lei lhes concedeu, vieram juntar-se as

entidades com fins lIucrativos. Os grandes conglomerados financeiros e as mais

tradicionais companhias seguradoras passaram, então a fazer parte desse vigoroso

segmento da sócio-economico a nacional.

Orientada por uma legislação específica que lhe ordena os passos; conduzida

por parâmetros técnicos adequados, capazes de lhe conferir segurança; disciplinada

por rígida supervisão normativa e fiscalizadora do Estado; credenciada pela

experiência sedimentada em várias décadas de atuação; unificada em torno de uma

entidade a manter, intérprete dos seus anseios e necessidades, a Previdência Privada

Aberta há de prestar sua significativa contribuição à estabilidade social, amadurecida

que está como modelo autenticamente nacional de complementação previdenciária.

32.1

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

43 6

PerspectivasERSPECTIVAS

Os segmentos aberto e fechado da Previdência Privada são caminhos

convergentes de um mesmo atributo: a seguridade supletiva. Não se constituem em

segmentos estanques; ao contrário, os dois podem superpor-se para totalizar a função

complementar à Previdência Social.

A complementação previdenciária das grandes massas assalariadas,

teoricamente, tem seu caminho mais reto na entidade fechada. Tem sido

extremamente eficaz para a grande empresa, à empresa média vinculada a grupo

empresarial, à empresa estatal e a outras organizações de vinculação governamental.

Entretanto, as empresas de médio e pequeno portes, que constituem a grande parcela

da força produtiva nacional, encontrarão sempre sérias e até insuperáveis

dificuldades para constituírem seus fundos próprios de previdência supletiva. Este

vasto campo encontra na entidade aberta a opção segura para seus propósitos de

complementação previdenciária. A conjugação do binômio aberta-fechada é o grande

mecanismo para a universalização da previdência complementar.

Não se terá justiça social enquanto a glIobalidade da força de trabalho

nacional não tiver afastado o estiolamento econômico que representa a dependência

apenas da Previdência Social.

32.2 BREVE HISTÓRIA DO PECÚLIO

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

44 6

Antônio Arnaldo Lacerda Dornelles *

O Pecúlio, em termos escritos, é qualquer soma de dinheiro

acumulada a título de reserva. Por extensão, a palavra passou a designar

o patrimônio deixado pelo contratante ao seu beneficiário.

Num breve apanhado, tentaremos seguir o caminho trilhado pelo

Pecúlio desde a antigüidade até os dias de hoje, quando ele continua a se

impor como a melhor forma de constituir um bem específico destinado a

outrem. Sua contratação é vitalícia e cobre morte de qualquer natureza.

A definição brasileira para o Pecúlio está estabelecida no Art. 22,

§ 1º, do decreto nº 81.402/78, regulador da Lei 6435/77.

§ 1º Pecúlio é o capital a ser pago de uma só vez ao beneficiário, quando

ocorrer a morte do subscritor, na forma estipulada no plano subscrito.

ASPECTOS HISTÓRICOS

A palavra pecúlio é derivada do Latim peculium, proveniente de

pecus, isto é, gado, que primitivamente era tido como moeda corrente, de

que se originou pecúnia, dinheiro, o qual, a partir das Leis das Tábuas,

foi numerado (pecúnia numerata), através das moedas de cobre. Nos fins

do século V, surgiram as moedas de prata e, mais tarde as de ouro.

A expressão pecúnia terminou por designar todo o patrimônio,

compreendendo a totalidade das coisas suscetíveis de apropriação pelos

indivíduos. Gado, dinheiro e o patrimônio privado.

Pecúnia significa, em linhas gerais, toda reserva monetária ou

pecuniária, proveniente do produto de algum trabalho ou de economia

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

45 6

feita. O Pecúlio, nesse sentido, expressa, por conseguinte, as economias

promovidas por uma pessoa e que se destinam a uma reserva de bens,

configurando um patrimônio.

O PECÚLIO E A Previdência Privada No BrasilREVIDÊNCIA

PRIVADA NO BRASIL

Segundo Ernesto José Pereira dos Reis, em seu livro "Previdência Privada e o

Direito brasileiro", a previdência privada teria iniciado, no Brasil, no século XIX, em

1543, quando Brás Cubas fundou a Santa Casa de Misericórdia, em Santos, e, na

mesma época, criou um plano de pensão para seus empregados, tendo o mesmo sido

estendido também ás Santas Casas de Salvador, Rio de Janeiro e às Ordens Terceiras.

Esses planos foram as bases para o nosso seguro médico, tudo oriundo da

iniciativa privada. Eram as sociedades de socorro mútuo, organizadas sem bases

técnicas, mas que deram uma grande contribuição até que a previdência social

assumisse esses riscos.

Destaca ainda que foi D. João VI quem aprovou um plano para os oficiais da

marinha, que vigorou por mais de um século, o qual assegurava o pagamento de uma

pensão de meio soldo às viúvas e às filhas do oficial falecido. Era um plano custeado

mediante o desconto de um dia de vencimento.

Nos idos de 1834 a 1838 muitas sociedades de auxílio mútuo se

desenvolveram. O dia 10 de janeiro de 1835 é uma grande data para a previdência

privada, quando o Governo Imperial expediu decreto aprovando os estatutos do

Montepio da economia dos servidores dos estados, conhecido até hoje como

MONGERAL.

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

46 6

A partir daí, foram sendo criadas diversas sociedades, com a denominação de

"Caixas Mútuas de Pensões e Pecúlios", que admitiam sócios mediante pagamento de

módica taxa de inscrição e sob o compromisso de se cotizarem entre si no caso de

falecimento de um deles. Obtido um certo número de sócios, a sociedade passaria a

oferecer esses benefícios nos moldes do mutualismo puro.

As caixas tinham sempre entre si o seguinte aspecto: o princípio da igualdade

entre os participantes, para que se cumprisse o objetivo da mutualidade.

Com a proclamação da república, o Governo procurou incentivar o

movimento associativo, sem contudo estendê-lo às classes trabalhadoras e foi

sancionada a lei que regulava apenas a organização das associações que se

fundassem para fins religiosos , morais, científicos , artísticos ou de simples recreio,

nos termos do § 3º art. 72 da Constituição Federal de 1891. A partir daí, muitos

foram os Montepios e "Caixas" criados, desencadeando novas variáveis de benefícios

aos seus participantes.

Na época da primeira guerra mundial, houve um crescimento acelerado

dessas instituições, pois que as mesmas tinham a filosofia básica do princípio da

ajuda mútua e essa era a melhor forma de preservar as famílias dos militares que

partiam, a serviço, para a guerra. Daí a propriedade do Pecúlio em assegurar uma

garantia para a família do associado, em caso de sua morte, por qualquer causa.

Com o advento da Constituição Federal, em 1934, foi consagrada a

Previdência Social. Inserido no contexto dos benefícios, mais uma vez aparece o

Pecúlio, que, em matéria de acidentes do trabalho, é designado como a indenização

devida nos casos de invalidez ou morte do subscritor.

Já existindo de forma paralela à previdência social, o pecúlio se fortaleceu

mais ainda com a regulamentação da Pprevidência Pprivada ( Lei 6435, de 15.07.77),

que teve seu papel ampliado, cabendo-lhe instituir planos privados de pecúlio ou de

rendas, de benefícios complementares ou assemelhados aos de previdência social,

mmediante contribuição de seus participantes, dos respectivos empregadores ou de

ambos.

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

47 6

32.3 Previdência Privada – Fatos e tendênciasREVIDÊNCIA

PRIVADA - FATOS E TEND ÊNCIAS

Planos Coletivos de BenefíciosLANOS COLETI VOS DE

BENEFÍCIOS

O Consultor de Previdência Privada, Heitor Coelho Borges Rigueira,

defendeu a implantação dos planos coletivos de benefícios na previdência privada

aberta, cuja regulamentação depende de aprovação pelo Conselho Nacional de

Seguros Privados, através de uma resolução que estabeleça o seu disciplinamento

técnico-operacional.

Explicou que os planos coletivos são, na prática, planos de benefícios, em que

as empresas privadas participam juntamente com seus empregados contribuindo

(ambas as partes) para a formação de Fundos que geram benefícios suplementares

aos da previdência oficial. Esses planos contribuirão, efetivamente, para o

desenvolvimento do setor.

Disse também que os planos coletivos poderiam atrair as associações de

classe e os sindicatos, paralelamente com as empresas, permitindo que nos acordos

coletivos fossem incluídos benefícios previdenciários suplementando os garantidos

pela previdência oficial.

Os planos coletivos poderiam, inclusive, atrair o interesse de participantes

individuais, como autônomos e liberais, que a eles poderiam aderir para obter uma

suplementação de suas aposentadorias.

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

48 6

Com a implantação dos planos coletivos todos serão beneficiados, tanto as

empresas como os participantes e o próprio Governo. As empresas, pelo fato de

manter seus empregados mais tranquilostranqüilos com relação à segurança presente

e futura. Aos participantes, pois estariam satisfeitos em ver seus anseios de

tranquilidadetranqüilidade e de segurança garantidos pela previdência privada aberta

e, finalmente, quanto ao Governo, que teria recursos estáveis podendo direcioná-los

para investimentos produtivos geradores de empregos dinamizando,

consequentemente, a economia do País. (Jornal Monitor Mercantil de 18/01/1986. ).

(Jornal Monitor Mercantil de 18/01/1986. ).

32.4

Previdência Social X Previdência PrivadaREVIDÊNCIA SOCIAL X

PREVIDÊNCIA PRIVADA

O mercado de Previdência Privada vem apresentando um crescimento médio

em torno de 40% a 50% ao ano, em nosso País. A tendência é de se ampliar ainda

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

49 6

mais este mercado, pois a população está cada vez mais consciente da necessidade de

suplementação de sua renda de aposentadoria.

O teto máximo da Previdência Social não chega a 10 salários mínimos, uma

vez que o Sistema Social foi criado para suprir as necessidades básicas dos

contribuintes, sem levar em conta o padrão de vida de cada pessoa.

Objetivo da Previdência Social: mManter os meios mínimos indispensáveis à

sobrevivência do segurado, após a sua saída do mercado de trabalho.

Na Previdência Social o regime financeiro de administração dos recursos é o

Regime de Repartição, o que significa dizer que a massa de trabalhadores ativos

contribui para que inativos (aposentados) recebam sua aposentadoria. Existe uma

grande defasagem nessa relação e, mantendo-se o ritmo atual, em breve teremos

menos de um contribuinte para cada aposentado.

A atual situação da Previdência Social deve-se ainda aos seguintes fatores:

• nossos aposentados estão vivendo mais (aumento da expectativa de vida), o

que significa pagar aposentadorias por mais tempo;

• as famílias estão limitando o número de filhos (redução da taxa de natalidade)

o que diminui, ano a ano, o número de pessoas que entram no mercado de

trabalho e contribuem com a Previdência;

• estamos deixando os nossos filhos como dependentes econômicos o maior

tempo possível, retardando sua entrada no mercado de trabalho; a economia

informal (trabalhadores sem registro em carteira) cresce a cada dia, assim

como o desemprego, impedindo o crescimento da massa contribuinte.

A Previdência Privada o regime financeiro de administração dos recursos é o

Regime Financeiro de Capitalização, ou seja, a contribuição de cada participante é

individualizada e aplicada no mercado financeiro em seu nome, sendo corrigida e

capitalizada conforme regras pré definidas e conhecidas no ato da contratação do

plano.

Objetivo da Previdência Privada: mManter os meios necessários à

manutenção do padrão de vida do segurador, após sua saída do mercado de trabalho

Page 50: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

50 6

Diante de todos estes fatos, fica fácil perceber que o melhor caminho para

garantir rendimentos futuros, capazes de manter a atual qualidade de vida do

trabalhador à época da aposentadoria, é ter uma renda complementar e o Plano de

Previdência Privada torna-se uma excelente alternativa.

32.5 Por Uma Cultura Providenciaria NacionalOR UMA

CULTURA PREVIDENCIÁRIA NACIONAL

Por uma Cultura Previdenciária dos autores Alexandre Garioli e Carlos

Alberto Nunes Cosenza da revista Case Studies – Revista Brasileira de Management

– ed. 18, o conceito de Previdência Privada nunca avançou tanto no Brasil como nos

últimos cinco anos. As reformas implementadas pelo Congresso Nacional, a partir do

Programa Nacional de Desestatização (PND), que evidenciou a necessidade de o país

garantir o próprio desenvolvimento, com a formação de sua poupança interna,

incentivaram o fortalecimento dos fundos de pensão.

Há 30 anos, o Brasil tinha uma visão distorcida sobre previdência privada,

haja vista a falta de credibilidade de algumas instituições que, raramente, cumpriam

com suas obrigações contratuais.

A concepção atual de previdência se baseou, durante décadas, na rigorosa

definição de que ao Estado tudo caberia, a partir do momento em que os

trabalhadores contribuíssem mensalmente com parcelas cada vez maiores de seus

salários. Outra concepção envelhecida que lançou por terra o nosso, até então, único

modelo previdenciário foi a de que o Brasil é um país jovem. Pois bem, nossos

jovens de ontem tornaram-se maduros, envelheceram e se aposentaram. Foram anos

e anos de trabalho duro. Na hora de gozar os benefícios desses anos deixados para

trás, no entanto, coube a triste constatação de que o padrão de vida desses brasileiros

Page 51: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

51 6

não seria mantido, pois a previdência pública acumulava, sem que a maioria

soubesse ou quisesse saber, déficit’s anuais superiores a R$ 1 bilhão.

Os suados descontos mensais dos salários já não são suficientes para cobrir os

gastos com a verdadeira legião de aposentados e pensionistas que, com razão, agora

cobram do Estado o conforto prometido. E aí? Como diz o ditado: "Onde falta o pão,

todos brigam e ninguém tem razão". A soma de recursos arrecadados pela

Previdência não cobre os gastos da própria Previdência. O dinheiro que falta tem que

ser coberto pelo Tesouro Nacional. O Tesouro, por outro lado, tem que cobrir tais

gastos, sem pressionar por demais o déficit público o que levaria a três alternativas,

ambas cruéis: a) Cortar e remanejar recursos de outras áreas vitais – saúde e

educação – para cobrir os chamados "rombos".

b) Emitir moeda para cobrir o déficit.

c) Aumentar ainda mais a carga tributária das empresas e as alíquotas de contribuição

dos trabalhadores.

A primeira alternativa já vem sendo feita e todos sabem o que está

acontecendo com a educação pública brasileira. A segunda já foi adotada por

sucessivos governos, gerando a hiperinflação de triste memória para todos nós. A

terceira opção já não pode mais ser utilizada, pois não há mais margens para aumento

de alíquotas sobre o cidadão e muito menos a alternativa de se onerar ainda mais as

empresas, que têm que repassar custos aos preços dos seus produtos e, com isso,

perdem competitividade interna e no mercado internacional. Sobra, então, a realidade

dos baixos benefícios pagos hoje pela previdência pública, fazendo com que o

trabalhador não tenha garantido, na aposentadoria, proventos equivalentes às

contribuições de toda uma vida. Essa dura realidade está mudando a cultura

previdenciária brasileira. Hoje, a crescente massa trabalhadora busca na previdência

privada – seja ela complementar, aberta ou fechada – a garantia de um amanhã

seguro.

Se no Brasil o conceito de previdência privada só agora vem sendo

incentivado, em países como os Estados Unidos há muito se faz da previdência uma

das principais alavancas de desenvolvimento nos setores produtivo e de infra-

estrutura. O jovem norte-americano, ao ingressar no primeiro ano do curso elementar

já começa a ter consciência de que o Estado não tem como pagar bem pelos seus

Page 52: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

52 6

anos de trabalho, quando chegar a aposentadoria. O conceito de previdência

complementar nos EUA já se solidificou a tal ponto que mais de 40% da poupança

interna daquele país são montadas sobre os fundos de pensão. Não é preciso ir longe.

Os noticiários especializados, como o Jornal da Globo, entre outros, não raro

mostram os idosos norte-americanos frente a um computador, buscando aumentar

seus proventos obtidos em anos de contribuição para a previdência privada, nos

mercados de ações e, até mesmo, de investimentos de curto prazo e alto grau de

risco. Quem apostar que nós ainda estamos muito distantes desse quadro pode estar

perdendo a chance de embarcar num vagão VIP dessa década. Sem forçar muito a

memória, quem diria, há dez anos, que o Brasil estaria hoje entre as maiores

potências mundiais em negócio via Internet? Quando muitos apostavam numa linha

de telefonia fixa como investimento certo e seguro, alguns teimosos investiram tudo

nos falecidos – mas até então de ponta – cursos basics de informática e hoje, estes

mesmos teimosos são os detentores dos mais cobiçados sites nacionais de cultura,

entretenimento, negócios e informação. Trata-se de vidência? Claro que não. É a

prova cabal de que o talento a criatividade fazem a diferença.

Alexandre Franco Garioli é formado em Administração de Empresas pela

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com pós-graduação em Recursos

Humanos pelo IAG-Master da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

(PUC), e MBA em Fundo de Pensão pela Coppe-UFRJ.

Carlos Alberto Nunes Cosenza é PhD pela Cambridge University (UK) e professor

emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É também coordenador do

projeto MBA Previdência Privada pela Coppe-UFRJ

32.6 AsS ArapucasRAPUCAS DaDA Previdência

PrivadaREVIDÊNC IA PRIVADA

Page 53: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

53 6

Para Henrique Brandão, poucos segmentos do mercado segurador têm o

potencial de crescimento da Previdência Privada Complementar.

Os estudos mostram que se há 3,5 milhões de pessoas contribuindo para

algum tipo de plano atualmente, há outros 12 milhões de brasileiros que são

segurados em potencial aguardando uma oportunidade de entrar para este seleto

clube. Afinal, os números não mentem: 60% das pessoas economicamente ativas ou

seja, que trabalham não têm nenhum tipo de plano de previdência.

A força do setor é tanta que em apenas um ano (janeiro a novembro de 2000,

comparado ao mesmo período do ano anterior) a receita das entidades de Previdência

Privada cresceu 43,7%. Juntas, as empresas do setor chegaram ao final do ano

passado com um crédito de R$ 16 bilhões, enquanto no início do Plano Real era de

R$ 2 bilhões.

Estes dados, que são da ANAPP – Associação Nacional de Previdência

Privada e da SUSEP – Superintendência de Seguros Privados, por si só seriam

suficientes para levar os dirigentes de qualquer país a tratar a carteira com a

seriedade que ela merece. Mas no Brasil não é bem assim. Apesar de não contribuir

em nada com o setor, o governo se acha dono dos recursos que somam as reservas da

Previdência Privada e trata com absoluto descaso o elo mais importante desta

corrente: o segurado.

A situação não é mais lamentável ainda porque as pessoas não sabem das

artimanhas que os contratos de Previdência Privada têm e também não são

informadas de que, numa hora de necessidade, podem ficar por último na fila do

recebimento. E, pior, podem ficar sem ver a cor do dinheiro que aplicaram na

esperança de dias melhores e mais seguros no futuro.

Que a verdade seja dita. Nenhum dos agentes envolvidos na comercialização

deste tipo de produto age de maneira correta na hora de fechar um contrato: nem as

seguradoras, nem os corretores. As informações verdadeiras ficam escondidas atrás

das condições gerais da apólice. Ou seja, vende-se gato por lebre, vende-se um

produto que não se sabe se será entregue ao final. E o consumidor só se dá conta de

que foi lesado na sua boa fé quando há um problema e aí já é tarde.

Page 54: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

54 6

Há arapucas na Previdência Privada. E é necessária uma mudança radical

nesta situação, para bem do próprio governo. O segurado tem o direito sagrado de

saber para onde vai e como será usado o dinheiro dele. É legítimo, é democrático, é

direito constitucional do cidadão. Chega de autoritarismo

Henrique Brandão, membro titular do CNSP – Conselho Nacional de Seguros

Privados e Presidente do SINCOR-RJ – Sindicato dos Corretores de Seguros do Rio

de Janeiro e da ASSURÊ Corretora de Seguros

Page 55: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

55 6

4 CONCLUSÕESÃO

Este trabalho, visa mostrar que os modelos puros de previdência social

(repartição e capitalização) são incapazes de garantir uma aposentadoria digna, aos

trabalhadores do setor publico e privado brasileiro, pois as maiorias dos segurados

aposentados, são praticamente obrigados a continuar trabalhando após a sua

aposentadoria, para atenuarem os seus problemas de sobrevivência.

Ao considerar que diversos são os pontos carentes de alteração, afirmar que o

debate sobre a reforma da previdência social está no início, não é irreal. Irreal é o

sistema previdenciário brasileiro que mantém características tão onerosas para a

população como um todo, seja nas altas alíquotas incidentes sobre a mão-de-obra

formal, ou no péssimo serviço que fornece aos seus beneficiários.

É evidente que os constantes déficits, da previdência social, barram o

crescimento e o desenvolvimento econômico brasileiro, devido ao fato do governo

gastar recursos e a poupança do setor público e privado para a sua cobertura, ao invés

de investir em áreas sociais problemáticas, como a saúde, educação e pesquisas, entre

outras.

Se o Brasil não alterar o atual sistema de previdência social, corre um sério

risco de quebra, porque com déficits cada vez maiores e com um já alto índice de

endividamento público, existem apenas duas opções; a primeira é o corte de

Page 56: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

56 6

benefícios dos aposentados, sendo esta opção pouco provável, devido à já baixa

renda dos aposentados e a segunda seria a de aumentar ainda mais o endividamento

público, ou o aumento da emissão de títulos da dívida pública ou de moeda, tendo

como resultados de curto prazo, o crescimento dos índices de inflação e a perda real

dos salários, devido ao imposto inflacionário.

Pretende-se que os aspectos abordados neste trabalho contribuam de alguma

forma para as pesquisas nesta área e que sirva como referência para futuras propostas

de um novo modelo de previdência social para o Brasil.

Para finalizar, é importante lembrar que as entidades de previdência privada

são um dos maiores interessados na privatização de qualquer parte da previdência

social, pois teriam segurados revertidos para a sua carteira. Aliado ao regime de

capitalização, este aumento de participantes faria crescer a poupança interna do país,

que é de indiscutível importância para a estabilidade econômica. Além disso a

reforma da previdência social impulsionaria o crescimento da previdência privada e

reduziria a sobrecarga da previdência oficial, que atualmente é sinônimo de baixas

aposentadorias e ineficiência.

Page 57: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

57 6

5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁAFICAS

CONSULTADA

Fundos de Investimentos Banco Bradesco S/A

Jornal O Globo – Caderno Economia 20/11/20001

Manual de Planos Previdenciaarios da Bradesco Vida e Previdência

Planos Previdenciarios da Bradesco Vida e Previdência

Revista Conjuntura Econômica - Ed. FGV, nº 01, Vol. 56, janeiro/2002

Revista Conjuntura Econômica - Ed. FGV, nº 06, Vol. 56, junho/2002

Revista Conjuntura Econômica - Ed. FGV, nº 09, Vol. 55, setembro/2001

Revista Conjuntura Econômica - Ed. FGV, nº 10, Vol. 55, outubro/2001

Revista Conjuntura Econômica - Ed. FGV, nº 11, Vol. 55, novembro/2001

Revista Você S/A – Ed. Abril, nº 28, ano 3, outubro/2000

Suplemento Especial – Tributos e Contribuições Federais – IOB

Internet - Sites

www.estado.com.br Jornal O Estado de São Paulo

www.investimentos-e.com.br

Jornal do Comercio www.anapp.com.br

ANAPP - Associação Nacional de Previdência Privada

Page 58: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

58 6

www.susep.gov.br

SUSEP - Superintendência de Seguros Privados - Ministério da Fazenda www.abrapp.org.br

ABRAPP - Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada www.mpas.gov.br

MPAS - Ministério da Previdência e Assistência Social

www.bb.com.br Banco do Brasil S/A

www.brasilprdescoe.com.br

Banco do BrasilBradesco S/A

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I (Raízes Históricas) 9

1.1 – Previdência Social no Brasil 11

1.2 - Fator de Estabilidade Social 13

1.3 - Instrumento Fortalecedor da Economia 15

1.4 - Abrangência da Lei 16

1.5 - Previdência Social Hoje 18

1.6 - Os desafios do novo Governo com a Previdência 19

1.7 - O Déficit da Previdência Social 20

1.8 - As Causas do Déficit da Previdência Social 24

1.9 Relação de Segurado / Aposentado no Brasil 25

1.10 Propostas de Reformulação da Previdência Social 27

1.11 Como foram feitas as Reformas nos sistemas de

Page 59: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … FRANCO FERREIRA.pdf · 1 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto a vez do mestre previdÊncia social

59 6

Previdência no restante do Mundo? 28

2 CAPÍTULO II– A Previdência Privada aberta 30

2.1 - Perspectivas 30

2.2 - Previdência Privada no Brasil 31

2.3 - Previdência Privada – Fatos e Tendências 33

2.4 - Previdência Social X Previdência Privada 34

2.5 - Por uma Cultura Providenciaria Nacional 35

2.6 - As Arapucas da Previdência Privada 38

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ÍNDICE 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Título da Monografia: PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

Autor: ALESSANDRA FRANCO FERREIRA

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final: