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1 1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATU SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O MERCADO DE MEDICAMENTO FITOTERÁPICO BRASILEIRO Por: Liliane de A Araujo Fenta Orientador: Prof .Jorge Vieira Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O MERCADO DE MEDICAMENTO FITOTERÁPICO BRASILEIRO

Por: Liliane de A Araujo Fenta

Orientador:

Prof .Jorge Vieira

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O MERCADO DE FITOMEDICAMENTO FITOTERÁPICO BRASILEIRO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração de Empresas

Por. Jorge Vieira

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DEDICATÓRIA

Aos meus Pais ,conjugue ,irmã e queridos colegas de profissão que me insentivaram a concluir essa pós Graduação.

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RESUMO

É um Analise do mercado de medicamentos fitoterápicos e da sua

estrutura dentro da industria Farmacêutica verificando valores e seus

concorrentes.

As grandes empresas transnacionais, dominantes no mercado de

fitoterápicos, atuam de forma expressiva na área de vendas, promovendo

seus produtos junto à classe médica, criando barreiras à entrada e erguendo

um sólido monopólio de suas marcas.

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METODOLOGIA

Os métodos que levam ao trabalho proposto, como leitura de livros, jornais,

revistas, questionários.... e a resposta, após coleta de dados, pesquisa

bibliográfica, pesquisa de campo, observação do objeto de estudo, as

entrevistas, os questionários, etc. Contar passo a passo o processo de

produção da monografia. É importante incluir os créditos às instituições que

cederam o material ou que foram o objeto de observação e estudo

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................5

CAPÍTULO I - Dinâmica de micro e macro ambiente, tomando por base o

marketing de relacionamento.............................................................................07

CAPÍTULO II – Histórico/Marco Regulamento/Registro...................................10

2.1. O Histórico das plantas medicinais e medicamentos fitoterápico.................6

2.2. O Marco Regulamento para medicamentos fitoterápicos.............................9

2.3. O Registro de medicamentos fitoterápicos.................................................13

CAPÍTULO III - Referencial Teórico..................................................................28

3.1. Grau de Concentração................................................................................29

3.2. Barreiras à Entrada.....................................................................................29

3.3. Diferenciação do Produto...........................................................................29

3.4. Modelo Analítico.........................................................................................29

3.5. Operacionalização do Modelo....................................................................29

3.6. Fonte de Dados..........................................................................................31

3.7. Resultados e discussões............................................................................32

CAPÍTULO IV - Estrutura de mercado da indústria de medicamentos

fitoterápico do Brasil............................................................................................3

4.1. Quantidade e alocação de representantes.................................................34

4.2. Diferenciação dos produtos........................................................................36

4.3. Barreiras à Entrada.....................................................................................41

4.4. Desempenho das empresas atuantes no segmento de mercados

..................................44

CONCLUSÃO....................................................................................................48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................49

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INTRODUÇÃO

Biodiversidade se define como a variedade e variabilidade existente

entre os organismos vivos e as complexidades ecológicas nas quais eles

ocorrem. Os componentes da biodiversidade podem fornecer uma ampla gama

de produtos de importância econômica. Dentre eles destacam-se os

medicamentos fitoterápicos, originados dos recursos genéticos vegetais

(SIMÕES et. al., 2003).

O maior potencial econômico da biodiversidade está na descoberta de

novas drogas derivadas diretamente ou sintetizadas a partir de recursos

biológicos. O crescimento do mercado mundial de fitoterápicos é estimado em

10% a 20% ao ano e as principais razões que impulsionaram esse grande

crescimento nas últimas décadas foram: a valorização de uma vida de hábitos

mais saudáveis conseqüentemente, o consumo de produtos naturais

(EMBRAPA).

A descoberta de novos princípios ativos em plantas e a comprovação

científica da eficácia de medicamentos fitoterápicos, além do preço que por

muitas vezes é mais acessível à população se comparado o investimento feito

na pesquisa de medicamentos sintéticos que giram em torno de US$ 500

milhões, e de medicamentos fitoterápicos US$ 50 milhões, podendo ainda o

fitoterápico chegar ao mercado num tempo dez vezes menor, não fica difícil

entender por que cresce diariamente o interesse de empresas, grupos e países

desenvolvidos na biodiversidade dos países tropicais e subtropicais. A

Amazônia, que tem cerca de 50 mil espécies de plantas (20% de todas as

existentes no planeta e apenas aproximadamente 2% já estudadas), é um

grande alvo para ser fornecedora de matéria-prima na produção de antibióticos,

antiinflamatórios, diuréticos, analgésicos, laxantes, antidepressivos, anti-

hipertensivos, entre outros (EMBRAPA).

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De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 80%

da população mundial já utilizaram medicamentos fitoterápico, como alternativa

para cura de doenças.

Segundo projeções do Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais (IBPM),

o mercado de medicamentos fitoterápicos movimenta, em média, 500 milhões

de dólares por ano no Brasil. No mundo estima-se que o gasto com plantas

medicinais chegue à cifra de 27 bilhões de dólares (torno de 7% do mercado

mundial de medicamentos).

No Brasil, o aumento acentuado do consumo de fitoterápicos ocorre

basicamente pelos mesmos motivos do restante do mundo. Contudo, existe

atualmente um maior número de profissionais envolvidos nos mais diversos

trabalhos com plantas medicinais e/ou medicamentos fitoterápicos sejam na

pesquisa, fomento ou difusão.

Dentro desse contexto o presente estudo justifica-se pela pertinência,

atualidade e importância. Portanto é de suma importância o estudo sobre

medicamentos fitoterápicos, visto que o Brasil detém a maior biodiversidade do

planeta e que só explora 2% da mesma, e que por conta dessa baixa

exploração muita das vezes a população paga mais caro por medicamentos

pesquisados por laboratórios transnacionais, que pesquisam muito a mais a

biodiversidade brasileira do que os laboratórios nacionais.

Assim, o presente estudo consiste em discutir o tema “O Mercado de

Medicamentos Fitoterápico Brasileiro”. Que tem como problema a ser

pesquisado: A imensa biodiversidade brasileira estimularia investimentos de

empresários na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos fitoterápicos?

A partir disso o objetivo geral que se estabelece é:

• Identificar as variáveis de micro e macro ambiente que impactam o

mercado de fitoterápicos brasileiro;

Os objetivos específicos propostos foram:

• Difundir sobre a história, o marco regulatório e como ocorre o registro de

medicamentos fitoterápico no Brasil;

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• Analisar a estrutura da indústria de medicamentos fitoterápicos no Brasil

quanto o número de vendedores, diferenciação de produtos e barreiras

de entrada;

• Identificar as principais estratégias das empresas no segmento de

fitoterápicos e o desempenho do setor, no período de 2003 a 2006.

A partir dos objetivos gerais e específicos as hipóteses que se levantam neste

trabalho são:

1 O marketing de relacionamento como ferramenta para obtenção de

mercado.

2 O programa nacional de plantas medicinal e fitoterápico no estímulo a

laboratórios nacionais, na pesquisa e exploração da biodiversidade

brasileira.

3 A dificuldade dos novos entrantes em passar pelas etapas para obtenção

do registro de um novo medicamento fitoterápico, junto ao órgão

competente.

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CAPÍTULO I

DINÂMICA DE MICRO E MACROAMBIENTE, TOMANDO

POR BASE O MARKETING DE RELACIONAMENTO

A relação existente entre duas ou mais empresas que assumem a

rivalidade em razão de estarem atingindo o mesmo público-alvo e a mesma

necessidade e que se esforçam para se diferenciarem e, assim, conquistar e

manter seus clientes. Quando as ações de marketing que uma empresa

desenvolve, como o objetivo de diferenciar em relação aos concorrentes

(competidores), trazem resultados mais eficientes e eficazes para o negócio,

diz-se que a empresa tem uma alta taxa de competitividade.

Segundo Hooley, Saunders & Piercy (2001,p.13), “de forma simplificada,

o ambiente de marketing pode ser dividido em competitivo ( incluindo as

empresas, seus concorrentes imediatos e clientes) e macroambiente (o cenário

social, político, econômico mais amplo)”.

O cenário mercadológico atual deixa perceber que a concorrência não

está presente somente em “adversários” que atuam no mesmo mercado ou que

fabricam o mesmo produtos/serviços, mas também em diferentes nichos e

segmentos com produtos e serviços diferentes, mas que atendam a mesma

necessidade.

A concorrência representa apenas uma das

forças no ambiente em que a empresa opera

[...] o ambiente tarefa inclui os participantes

imediatos envolvidos na produção,

distribuição e promoção da oferta. Os

participantes principais são a empresa, os

fornecedores, os distribuidores, os

revendedores e os clientes-alvo [...] o

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ambiente geral é formado por seis

componentes: o ambiente demográfico,

ambiente econômico, ambiente natural (meio

ambiente), ambiente tecnológico, ambiente

político-legal e ambiente sociocultural

(KOTLER; KELLER, 2006,p.24).

A globalização dos mercados1 e a constante evolução tecnológica estão

proporcionando cada vez mais a diversificação dos produtos e serviços como o

objetivo de se diferenciarem. Dessa forma, os clientes estão mais exigentes,

seletivos e possuem ferramentas para verificar as propostas das empresas e

buscar ofertas de maior valor. Eles esperam que as empresas façam mais do

que informá-los ou satisfazê-los, que possam conquistá-los totalmente e, até

mesmo, exceder as suas expectativas.

Por isso, é importante uma maior interação junto aos seus clientes a fim

de agregar valores, gerando maior interação e relacionamento para uma

fidelização que pode resultar em um sucesso competitivo e sustentável do

negócio.

A fidelidade do cliente é o resultado real de

uma organização criando benefícios para um

cliente para que ele mantenha ou aumente

suas compras junto à organização. A

fidelidade do cliente é criada, quando ele se

torna defensor da organização, sem

incentivo para tal (BROWN,2001, p.53).

Para se obter a tão almejada fidelização e se destacar no mercado

competitivo, a empresa deve entregar, portanto, um alto valor para um cliente.

“Uma proposta de valor consiste em todo um conjunto de benefícios que a

empresa promete entregar; é mais do que o posicionamento central da oferta”

(KOTLER; KELLER, 2006, P.141).

1 Com os mercados na era da globalização – caracterizados por mudanças sociais, econômicas, tecnológicas e legais – percebemos que as empresas devem se antecipar às ações de marketing em relação aos seus competidores, buscando agregar valor ao cliente em todo o momento de contato.

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Aumentar o valor para o cliente significa cultivar um relacionamento de

longo prazo com ele e com os clientes em potencial. Toda a empresa deve se

mobilizar e “cuidar” do seu cliente.

Para tanto empresas que atuam em mercados competitivos devem

perceber a importância de se dar uma atenção maior ao atendimento e

melhorar o relacionamento, não apenas com o cliente, mas com toda a cadeia

de negócios (fornecedores, distribuidores, colaboradores, consumidores,

formadores de opinião, acionista etc.).

Comparando teoria e prática ainda existe um grande caminho a ser

percorrido. Muitas empresas têm o discurso de “foco no cliente”, mas o que se

percebe é que essa prática ainda não se disseminou na maioria das culturas

empresariais, ou por falta de conhecimento sobre a verdadeira estratégia de

relacionamento, e sobre tudo que envolve essa prática, ou por não acreditar na

sua eficiência e eficácia.

Fonte: ZENONE, Luiz Claudo (2010,p.4)

Segundo Samara (2005, p.2), compreender o consumidor é a função essencial

do marketing para que ele possa cumprir plenamente seus objetivos no

desenvolvimento da produção e na colocação no mercado de bens e serviços

apropriados e capazes de satisfazer as necessidades e desejos dos

consumidores, contribuindo, assim, efetivamente para o sucesso do negócio.

O consumidor determina seu comportamento a partir de suas

características pessoais e perfil e, por sua vez, é influenciado pelas relações

diretas que recebe pelos membros de sua família, seus amigos, colegas de

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trabalho, locais que freqüenta etc. Além disso, também recebe influências do

meio social, político, econômico e tecnológico (macroambiente) onde está

inserido na (figura 2).

Fonte: ZENONE, Luiz Claudo (2010,p.12)

O marketing de relacionamento é uma ferramenta que busca criar valor

pela intimidade com o cliente e tornar a oferta tão adequada, de modo que o

cliente prefira manter-se fiel à mesma empresa. Ou seja, a empresa conhece o

cliente tão profundamente, tornando desinteressante para ele buscar novos

fornecedores. Dessa forma, o cliente voluntariamente reduz as suas opções de

fornecedores.

Atualmente, a expressão marketing de relacionamento não é apenas

aplicada na relação entre a empresa e o cliente; é importante que esta visão e

estratégias sejam ampliados para toda a rede de relacionamentos que a

empresa tem, tanto internamente colaboradores como, também, externamente

com parceiros, fornecedores, intermediários, acionistas, formadores de opinião,

entre outros. Kotler Keller (2006) enfatizam a importância no investimento de

relacionamentos com os parceiros e colaboradores para um melhor resultado

no processo de relacionamento com o cliente:

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O marketing de relacionamento tem como meta construir

relacionamentos de longo prazo mutuamente satisfatórios com partes-

chave – clientes, fornecedores, distribuidores e outros parceiros de

marketing – a fim de conquistar ou manter negócios com elas. Ele

constrói fortes ligações econômicas, técnicas e sociais entre as partes...

O marketing – a fim de conquistar ou manter negócios com elas. Ele

constrói fortes ligações econômicas, técnicas e sociais entre as partes...

O marketing de relacionamento envolve cultivar o tipo certo de

relacionamento com o grupo certo. O marketing deve executar não só a

gestão de relacionamento com o cliente (customer relationship

management – CRM), como também a gestão do relacionamento com

os parceiros (partner relationship management – PRM), que se constitui

de quatro elementos principais: clientes, funcionários, parceiros de

marketing (canais, fornecedores, distribuidores, revendedores, agências)

e membros da comunidade financeira (acionistas, investidores,

analistas) (KOTLER; KELLER, 2006, p.16).

Segundo Borba e Campos (2003), o marketing de relacionamento não é

transações e sim novos conceitos e modelos de estratégia. É o gerenciamento

do conhecimento em relação aos clientes e parceiros, constituindo-se em

estratégia para identificar e personalizar o atendimento ao cliente. A fidelização

de clientes integra o processo filosófico do marketing de relacionamento e,

juntamente com o processo de parcerias estratégicas para a satisfação desta

clientela, constitui o eixo central da instrumentalização desse desafio de

conquistar e manter clientes.

ü O marketing de relacionamento funciona quando aquele que o

gerencia pode oferecer benefícios suficientes ao cliente para fazer

com que o produto valha a pena e o cliente responda

positivamente, portanto, trata-se de uma interação continua entre

comprador e vendedor, já que suas necessidades estão sendo

atendidas.

ü A visão de marketing baseada nas transações e, em que a venda

é o final do processo é transformada em uma visão focada no

cliente, em que a transação é o resultado de um esforço conjunto

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de toda a organização e parceiros na busca da satisfação do

cliente e a venda é apenas uma etapa intermediária, pois o

relacionamento é contínuo.

ü A empresa deverá estar disposta a mudar, começando pela

adequação do composto de marketing a partir da perspectiva do

cliente e integrando todas as áreas organizacionais ao redor do

cliente.

Através desse conceito podemos dar aos clientes individuais ou aos

grupos lógicos de clientes o valor que eles necessitam ou desejam,

utilizando a tecnologia de maneira adequada e através de toda a cadeia

de valor (elementos que participam do processo produtivo e comercial).

Gummensson (2005) enumera alguns tipos de relacionamentos

que precisam ser identificados e analisados:

ü Relacionamento empresa-cliente: Não podemos esquecer que

a principal atividade do marketing é estabelecer a relação de troca

entre a empresa e o cliente. Portanto, o relacionamento

fornecedor (empresa) e o cliente é o mais importante para o

marketing, pois se consolidará no principal valor para o negócio.

ü Relacionamento fornecedor-cliente-concorrente: na medida

em que na maioria dos mercados a empresa não está sozinha, ou

seja, não é o único fornecedor para uma determinada

necessidade, esta relação deve ser da mesma forma levada em

conta. Em diversos casos, o cliente não apenas se relaciona com

uma empresa, mas, também, direta ou indiretamente, com as

demais que atuam no mercado. A competição é um ingrediente

central em mercados competitivos e o cliente se beneficia da

melhoria na oferta e, portanto, “alimenta” essa competição,

ampliando seu relacionamento com todos os competidores.

ü Relacionamento empresa-canais de distribuição: com exceção

das empresas que atuam no sistema de vendas diretas (que se

torna um relacionamento à parte), os canais de distribuição

contribuem com a estratégia da empresa, principalmente, por

oferecer a conveniência de compra para o cliente. O canal de

distribuição física (distribuidor, atacadista e varejista) é onde as

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principais interações com o cliente final (consumidor) acontecem.

Muitas organizações apenas se relacionam com o consumidor

através de seus canais de distribuição e, portanto, consistem

numa rede de relacionamentos estratégica.

ü Relacionamento interno (empresa-colaboradores): A força de

uma instituição está na forma com que as pessoas que pertencem

a ela se relacionam entre si. O trabalho em equipe e as

estratégias conjuntas é que possibilitará uma empresa atender ao

mercado da forma mais adequada. Os relacionamentos internos

bem administrados transferem para o mercado externo o valor

agregado que poderá se transformar em vantagem competitiva.

ü Relacionamento com a sociedade: Os relacionamentos “não

comercial” com o setor público e com os cidadãos (público em

geral), também devem ser considerados. Os cidadãos são

formadores de opinião e o poder público interfere através das

políticas públicas nas atividades comerciais das empresas.

ü Outros relacionamentos: Além dos relacionamentos

apresentados, temos que considerar o relacionamento com o

cliente do cliente; o relacionamento com clientes insatisfeitos; o

relacionamento através de alianças entre empresas no mercado

com o objetivo de inibir a competição e criar uma economia de

mercado; o relacionamento com a mídia de massa como forma de

influenciar a opinião pública; entre outros.

A análise e interpretação dos diversos tipos de relacionamento dentro do

contexto do negócio devem formar a base das ações de marketing de

relacionamento. A empresa deve definir quais serão as informações

necessárias para cada um destes relacionamentos e determinar as estratégias

e acompanhamento necessários.

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CAPÍTULO II

HISTÓRICO/ MARCO REGULAMENTO/ REGISTRO

2.1 O Histórico das Plantas Medicinais e Medicamentos

Fitoterápicos

As plantas estão inseridas na civilização humana desde seus ancestrais

na forma de: alimentos, vestuários, habitação, combustível, como instrumento

para manifestação artística e religiosas e como elemento restaurador da saúde

(LOBOSCO,2005);

O descobrimento das propriedades curativas das plantas foi, no início e

digno de intuição observando-se animais que, quando doentes, buscavam nas

ervas cura para suas afecções (ABIFISA, 2009).

As civilizações ocidentais antigas, os primeiros registros datam de 1500

a.C. quando foi escrito o manuscrito egípcio “Papiro Ebers”, considerando um

dos mais importantes livros da cultura médica. A partir desse manuscrito o

velho mundo tomou ciência de uma farmacopéia egípcia contendo diversas

espécies vegetais (ODY, 1993).

Assim que o Brasil foi descoberto, os tratamentos a base de plantas

reinava praticamente sozinho, não havendo vacinas nem os medicamentos

sintéticos, que só apareceram no final do século XIX.

No Brasil, a história da utilização de plantas, no tratamento de doenças,

apresenta influências da cultura africana, indígena e européia. A partir deste

conhecimento, até o século XX, se fazia grande uso das plantas medicinais

para a cura de inúmeras doenças, sendo esta prática uma tradição que foi

sendo transmitida ao longo dos tempos. No entanto, com o advento da

industrialização, da urbanização e o avanço da tecnologia no que diz respeito à

elaboração de fármacos sintéticos, houve aumento por parte da população da

utilização destes medicamentos, deixando-se de lado o conhecimento

tradicional das plantas medicinais, que foram vistas como atraso tecnológico,

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levando, em parte,à substituição da prática de sua utilização na medicina

caseira (LORENZI; MATOS, 2002)

A indústria farmacêutica na década de 50, após a segunda guerra

mundial, percebe um crescimento industrial em países do terceiro mundo e

acompanhando esse movimento mundial se desenvolveu no Brasil, se

interessando no lucro e assim os medicamentos sintéticos conquistaram, lugar

na terapêutica mudando inteiramente a forma de tratar doenças.

A partir do século XIX a humanidade se depara

perplexa diante do diverso e inesgotável arsenal

terapêutico, presente nas ditas plantas medicinais. A

descoberta de substâncias ativas, que em estado

natural ou após sofrerem processos de

transformação química, possuem atividade

farmacológica, muitas vezes já confirmadas pelo uso

popular e comprovadas cientificamente.Neste

momento passaram a gerar interesse e incentivos

institucionais e governamentais. (MIGUEL;

MIGUEL,2004 p.13).

A procura por medicamentos fitoterápicos vem crescendo mundialmente,

nos países desenvolvidos como alternativa mais saudável e menos danosa.

Em países em desenvolvimento, como resultante do não acesso aos

medicamentos alopáticos (FREITAS, 2007).

O medicamento fitoterápico é definido como:

Medicamento obtido empregando-se

exclusivamente matérias-primas ativas

vegetais. É caracterizado pelo conhecimento

da eficácia e dos riscos de seu uso, assim

como pela reprodutibilidade e constância de

sua qualidade. Sua eficácia e segurança é

validada através de levantamentos etno-

farmacológicos de utilização, documentações

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tecno-científicas em publicações ou ensaios

clínicos fase 3.

Não se considera medicamento

fitoterápico aquele que, na sua composição,

inclua substâncias ativas isoladas, de

qualquer origem, nem as associações destas

com extratos vegetais.

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006 p. 46).

2.2 Marco Regulátorio para os Medicamentos Fitoterápicos

A Organização Mundial de Saúde – OMS na década de 70 criou o

programa de medicina tradicional. De acordo com Saad e Almeida (2009), a

medicina integrativa é a combinação de tratamentos pela medicina

convencional e pelas terapias complementares para as quais haja evidências

científicas sobre sua segurança e eficácia. Terapias complementares são as

práticas que não são consideradas atualmente parte da medicina convencional.

O propósito deste programa era formular políticas para este setor. Desde então

a OMS vem incitando os Estados – Membros a estabelecerem e

implementarem políticas públicas para o uso racional e integrada da Medicina

Tradicional/Medicina Complementar/Alternativa – MT/MCA nos sistemas de

atenção à saúde, bem como, para o desenvolvimento de estudos científicos

que tragam um melhor conhecimento de sua segurança. Eficácia, qualidade,

uso racional e acesso.

A criação do Sistema Único de Saúde – SUS iniciou-se uma maior

abordagem sobre a prática da Medicina Tradicional e a criação de uma política

para o setor. Os estados e os municípios, a partir da descentralização,

ganharam independência, e passaram a definir suas próprias políticas e ações

na área da saúde. Nesta mesma década, vários foram os acontecimentos que

fortaleceram as Práticas integrativas e Complementares, que para o Ministério

da Saúde, compreendem o universo de abordagens denominado pela OMS de

Medicina Tradicional e Complementar/Alternativa – MT/MCA no sistema de

saúde do Brasil, a qual dentre estas práticas inclui-se a fitoterapia. A partir

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dessa época o interesse popular e institucional, no Brasil, vem aumentando

afim de fortalecer a fitoterapia no SUS.

No Brasil, o marco começou com a 8ª Conferência Nacional de Saúde –

CNS, que aconteceu em 1986, considerada um marco para a oferta das

Práticas Integrativas e Complementares no sistema de saúde do Brasil. Após a

conferência foi criada a Resolução do CIPLAN nº 8/88, esta regulamentou a

implantação da fitoterapia nos serviços de saúde e criaram procedimentos e

rotinas relativas à sua prática nas unidades assistenciais médicas;

Em 1990, a Lei n 8080, ficou instituída que o dever do estado de garantir

a saúde consistiria na formulação e execução de políticas econômicas e sociais

que propusessem a redução de riscos de doenças de outros agravos e ainda

no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário

às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. Na

atuação do SUS, a formulação de política de medicamentos de interesse para

a saúde teria como propósito garantir a necessária segurança eficácia e

qualidade dos medicamentos, a promoção do uso racional e o acesso da

população àqueles considerados essenciais.

No Relatório da 10ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1996,

duas questões consideradas importantes para o setor de fitoterápicos, recebem

destaque – a incorporação no SUS, em todo o País, das práticas de saúde

como a fitoterapia, acupuntura e homeopatia, contemplando as terapias

alternativas e práticas populares, e – o dever do Ministério da Saúde de

incentivar a fitoterapia na assistência farmacêutica pública e elaborar

normas para sua utilização.

Cria-se a Portaria nº 3916/98, que aprova a Política Nacional de

Medicamentos esta constitui que o apoio às pesquisas que visem ao

aproveitamento do potencial terapêutico da flora e fauna nacionais deverá ser

continuado e expandido. Em 2003, o relatório do Seminário Nacional de

Plantas Medicinais, Fitoterápicos e Assistência Farmacêutica, recomenda

associar ao Sistema Único de Saúde o uso de plantas medicinais e

medicamentos fitoterápicos. Nesse mesmo ano, surgi o Relatório da 12ª

Conferência Nacional de Saúde, que aponta a necessidade de investimentos

na pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para produção de medicamentos

homeopáticos e de flora brasileira.

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A Resolução nº 338/04, do Conselho Nacional de Saúde aprova a

Política Nacional de Assistência Farmacêutica, esta resolução define e pactua

ações inter-setoriais que apontem à utilização das plantas medicinais e de

medicamentos fitoterápicos no processo de atenção à saúde, com respeito aos

conhecimentos tradicionais incorporados, com embasamento científico, com

adoção de políticas de geração de emprego e renda, com qualificação e

fixação de produtores, envolvimento dos trabalhadores em saúde no processo

de incorporação dessa opção terapêutica e baseada no incentivo à produção

nacional, com a utilização da biodiversidade existente no País.

Em 17 de fevereiro de 2005, a partir de um Decreto Presidencial, é

criado o Grupo de Trabalho para elaboração da Política Nacional de Plantas

Medicinais e Fitoterápicas.

No ano de 2006 é publicada em 03 de maio a Política Nacional de

Práticas Integrativas e Complementares com o objetivo, para o setor de Plantas

Medicinais e Fitoterapia, garantir à população brasileira o acesso ao uso

racional das plantas medicinais, promovendo o uso da biodiversidade, o

desenvolvimento da cadeia produtiva e a sustentabilidade da indústria nacional.

Em 2006 com o Decreto nº 5.813 de 2006, aprovam-se a Política

Nacional de Plantas Medicinal e Fitoterápico - PNPMF com objetivos como:

ü Ampliar as opções terapêuticas aos usuários, com garantia de

acesso a plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à fitoterapia

com segurança, eficácia e qualidade, na perspectiva da integralidade da

atenção à saúde, considerando o conhecimento tradicional sobre plantas

medicinais;

ü Construir o marco regulatório para produção, distribuição e uso de

plantas medicinais e fitoterápicas a partir dos modelos e experiências

existentes no Brasil e em outros países;

ü Promover pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e inovações

para este setor nas diversas fases da cadeia produtiva;

ü Promover o desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas

e o fortalecimento da indústria farmacêutica nacional neste campo;

ü Promover o uso sustentável da biodiversidade e a repartição dos

benefícios decorrentes do acesso aos recursos genéticos de plantas medicinais

e ao conhecimento tradicional associado.

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A Portaria interministerial nº 2.960 de 2008, aprovou o Programa

Nacional de Plantas Medicinal e Fitoterápico, esta com o objetivo de garantir à

população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinal e

fitoterápico, no entanto, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o

desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional e cria o Comitê

Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, com caráter consultivo e

deliberativo com a atribuição de monitorar e avaliar o Programa Nacional de

Plantas Medicinal e Fitoterápico.

Em 2010, foi criada a RDC nº10 que dispõe sobre a notificação de

drogas vegetais junto à ANVISA e que apenas algumas drogas vegetais, ou

seja, produtos de uso episódico, oral ou tópico, para o alívio sintomático das

doenças para o preparo de infusões, decocções e macerações, são de venda

isenta de prescrição médica destinados ao consumidor final e ainda, que sua

efetividade encontra-se amparada no uso tradicional e na revisão de dados

disponíveis em literatura relacionada ao tema. Isso exclui qualquer droga

vegetal na forma de cápsula, tintura, comprimido, extrato, xarope, entre outros.

Observa-se na Linha do Tempo que a regulamentação dos

medicamentos fitoterápicos vem se desenvolvendo com passar dos anos e

junto com ele novas leis e regulamentações vão surgindo, figura 1.

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2.3 O Registro de Medicamentos Fitoterápicos

No Brasil, o principal órgão responsável pela regulamentação de plantas

medicinais e seus derivados é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária –

ANVISA, autarquia do Ministério da Saúde, que tem como papel garantir a

segurança de produtos e serviços.

À indústria de medicamentos fitoterápicos percebe-se que o mercado

sofre com a estrutura de mercado, a assimetria de informação e ainda as

barreiras institucionais do setor. Estas barreiras são derivadas das normas e

critérios para produção e comercialização do país.

Para um medicamento fitoterápico poder ser comercializado é

necessário: a comprovação da eficiência terapêutica, da qualidade, tanto da

matéria prima utilizada quanto o produto final, e estudos de toxicidade que

definam o grau de risco do produto (FREITAS,2007).

Entende-se por qualidade o conjunto de

critérios que caracterizam tanto a matéria-

prima quanto o produto final para o qual se

destina o medicamento. A eficácia é dada

pela comprovação, através de ensaios

farmacológicos pré-clínicos e clínicos, dos

efeitos biológicos preconizados, dado os

recursos terapêuticos. A segurança é

determinada pelos ensaios que comprovam

a ausência de efeitos tóxicos, bem como

pela inexistência de contaminantes nocivos à

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saúde (metais pesados, agrotóxicos,

microorganismos e seus produtos e produtos

de degradação) (FARIAS, FREITAS, 2007 p.

15).

Para tanto para obtenção de registro de um medicamento fitoterápico de

acordo com os padrões requeridos pela legislação é necessária a realização de

diferentes testes para validação, a fim de garantir a segurança no uso, eficácia

na utilização e qualidade do produto.

As empresas de pequeno porte têm o custo para a realização de

validação de um medicamento uma barreira, pois o suprimento de estudos

sobre a eficácia e toxicidade, para a maior parte das plantas medicinais

nativas, é insuficiente.

Sendo este mercado de medicamentos

fitoterápicos composto por produtos sem

validação, em termos de qualidade, eficácia

segurança no uso, comercializados

conjuntamente a produtos certificados, com

elevado valor agregado, considerando,

ainda, a grande assimetria de informações,

característica da indústria de medicamentos,

à classe dispensadora resta a possibilidade

do descrédito, da desconfiança a esses

produtos, relegando-os a segunda posição em

tratamentos de doenças, classificando-os

ainda como produtos de terapia alternativa.

(FREITAS, 2007, p. 18)

Em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares

no Sistema Único de Saúde (SUS) propôs a inclusão das plantas medicinais e

fitoterapia no SUS. Essa inclusão deverá ser feita a partir da elaboração de

uma lista de oferta dos medicamentos disponibilizados pelo SUS. Atualmente,

com o objetivo de subsidiar a futura lista, foi publicada uma lista preliminar de

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espécies que são de interesse do SUS, trata-se da Relação Nacional de

Plantas Medicinais e de Fitoterápicos (RENISUS)2. Conforme tabela 3.

Uma característica para o investimento no desenvolvimento de novos

medicamentos fitoterápicos, de acordo com alguns autores, é o fato de que

este seria muito menos custoso do que o desenvolvimento de um novo

medicamento sintético. O fato de as plantas que dão origem aos medicamentos

terem seus efeitos conhecidos “através do uso” pelas comunidades tradicionais

parece ser a justificativa mais utilizada por estes autores. Isto significa um

ponto de partida mais seguro para a pesquisa e o menor dispêndio de recursos

em busca de um novo medicamento em potencial (HASENCLEVER, 2009).

2 A RENISUS é uma lista de espécies vegetais de interesse do Sistema Único de Saúde, com a intenção de promover o desenvolvimento de pesquisas sobre estas espécies, que comprovem a eficácia e segurança de sua utilização, e, também, o desenvolvimento de sua cadeia produtiva. A observação do resultado dessas ações levará à criação da RENAFITO (lista de plantas e fitoterápicos a serem disponibilizados pelo SUS), seguindo o modelo da RENAME (Relação nacional de medicamentos essenciais).

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

O modelo teórico a ser utilizado na análise da estrutura e padrão de

concorrência da indústria de fitoterápicos é o de organização industrial, ou seja,

o modelo de Estrutura – Conduta - Desempenho (ECD), que melhor se adapta

ao estudo da dinâmica dos mercados. O modelo ECD é amplamente utilizado

na análise econômica de Organização Industrial, sendo a principal base da

análise de mercados e da intervenção do Estado nos mercados (regulação de

mercados específicos e regulação antitruste). Em essência, consiste na

concepção de que existe uma cadeia de causalidade partindo da estrutura de

mercado (basicamente, as condições técnicas e produtivas, de um lado – o da

“oferta” -, e de substituição dos produtos, do outro - o da “demanda”), através

da conduta das empresas (seu comportamento, inclusive estratégico),

implicando no desempenho (ou performance) tanto das empresas quanto do

mercado (em termos de preços, crescimento, eficiência produtiva).

A estrutura de mercado refere-se às características da organização do

mercado que determina o nível da competição e da formação de preços, e que

no curto prazo mantém-se relativamente estáveis. As condutas referem-se às

formas pelas quais as firmas se adaptam ou se ajustam aos mercados em que

operam. Refere-se a decisões de concorrência via preço, e decisões de

estratégias extra-preço, tais como políticas de promoção de vendas e de

pesquisas e desenvolvimento, bem como o grau de articulação entre as firmas

do setor para a determinação das estratégias (políticas) a serem adotadas. O

desempenho, por sua vez, compreende os resultados econômicos gerados

pela indústria, em termos de eficiência técnica e alocativa, processo

tecnológico, emprego e eqüidade (BRAGA, 1985).

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O modelo ECD baseia-se na proposição de que alguns elementos

chaves da estrutura do mercado determinam a conduta e o desempenho das

empresas. Evidencia a forma como atributos da estrutura dos mercados

influenciam a conduta e o desempenho das empresas nos mercados. O

modelo prevê, por exemplo, que a redução no número de vendedores facilita a

coordenação entre as empresas e elevam a probabilidade de que os preços

praticados no interior desse mercado sejam elevados (SANTACRUZ, 2001).

3.1 GRAU DE CONCENTRAÇÃO

No mercado de concorrência perfeita a indústria atomizada é definida

pelo pequeno tamanho relativo e grande número de firmas, onde a produção se

expande até o ponto em que custo marginal iguala-se ao preço, e no equilíbrio

de longo prazo o lucro resultante não excede o lucro normal. No monopólio, o

vendedor define o preço que maximiza os lucros mediante variações do volume

de produção, com preços mais elevados correspondendo a baixo volume de

produção e lucro normal. Já o oligopólio apresenta uma rivalidade típica entre

as firmas. Em face da dimensão destas empresas os ajustamentos de posição

por elas realizados podem afetar os preços ou o volume de vendas das demais

firmas da indústria, tornando complexa a decisão preço-produção com a

necessidade de se antecipar a reação das concorrentes.

3.2 BARREIRAS À ENTRADA

São, no conceito de Bain, quaisquer vantagens mantidas pelas firmas da

indústria sobre as que potencialmente poderiam entrar no mercado. Para

Stigler, citado por BRAGA (1985:23), seria o custo de produzir qualquer nível

de produção, que precisa ser suportado pela empresa que quer se inserir no

mercado.

3.3 DIFERENCIAÇÃO DE PRODUTO

O grau de diferenciação de produto refere-se à forma em que os

consumidores diferenciam ou têm preferências específicas entre os produtos

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das várias firmas que compõem a indústria em análise. A diferenciação do

produto amplia as opções de políticas de vendas e de conduta para as firmas,

e afeta o caráter e a intensidade da competição entre as firmas estabelecidas,

bem como eleva o nível de barreiras à entrada na indústria. A diferenciação do

produto implica em investimentos em propaganda e outros gastos

promocionais para expansão da demanda.

Existe uma interdependência entre as estratégias adotadas pelas firmas

individualmente na indústria, de forma que a cada ação corresponde uma

reação. As firmas estabelecem suas táticas, mas reagem frente às decisões

das concorrentes no mercado, promovendo o equilíbrio de mercado.

Conduta de mercado, assim, refere-se às políticas adotadas pelas

empresas que interferem na participação dos seus produtos no mercado,

afetando as firmas rivais.

3.4 Modelo Analítico

No presente trabalho, o modelo Estrutra-Conduta-Desempenho utilizado

nos estudos de Organização Industrial, como ponto de partida para a

determinação da estrutura atual do mercado de fitoterápicos e também para

avaliação de variáveis de conduta da indústria de medicamentos fitoterápicos,

do Brasil.

Na Figura 3, apresenta-se esquematicamente, o modelo empírico de

organização industrial a ser abordado.

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3.5 OPERACIONALIZAÇÃO DO MODELO

O mercado de medicamentos fitoterápicos foi determinado com base nas

informações de produtos comercializados de novembro de 2003 a outubro de

2006. Basearam-se na determinação do número e tamanho dos

representantes, vendedores de medicamentos fitoterápicos, quanto à

localização e participação das empresas no mercado. Aos produtos, evidencia-

se a diferenciação, inerente ao setor, determinando-se os principais

medicamentos por marca, por planta e por indicação terapêutica. Discutiu-se,

ainda, as principais barreiras à entrada, peculiares ao setor.

As variáveis de conduta analisadas referem-se às estratégias adotadas

para comercialização dos produtos, análise qualitativa das estratégias de

preços e certificação de registro junto ao Ministério da Saúde.

Esta pesquisa experimental o experimento se realiza depois dos fatos,

ou seja, analisam-se os fatos que se desenvolveram naturalmente

possibilitando inferências sobre a realidade (GIL,1996). O presente trabalho

refere-se a este tipo de pesquisa caracterizando ainda como pesquisa

descritiva da realidade.

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3.6 FONTE DE DADOS

A coleta de dados do trabalho foi realizada com base em dados

primários. Para o corte em nível de produtos, foram utilizados os dados do

Mercado Farmacêutico Brasileiro Pharmaceutical Brazil_PMB3, de

responsabilidade da empresa de auditoria IMS HEALTH que fornece as

informações sobre unidades vendidas e faturamento, em reais e em dólares,

evolução mensal, acumulado por ano e nos últimos 12 meses por

apresentação em comercialização no mercado brasileiro. A indústria

farmacêutica embasa parte de suas decisões nos dados apresentados pelo

IMS, com 95% de representatividade sobre as vendas reais do canal farmácia.

Os dados da auditoria fazem referência à amostragem sobre o total das

vendas das distribuidoras às farmácias e drogarias do país. Estima-se que

cobriria 76,7% do mercado farmacêutico, cabendo os restantes 23,3% as

vendas a hospitais e outros canais;

A determinação dos produtos classificados como fitoterápicos foram

utilizados as informações contidas nos bancos de dados DATAVISA da

ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), i-Helps, da empresa Option

Line e presentes no DEF (Dicionário de Especialidades Farmacêuticas).

As apresentações foram selecionadas tomando-se como base os

bancos de dados SIVS e Option Line a partir dos seguintes critérios:

ü Considera-se fitoterápico os produtos cujo nome fazia referência à

nomenclatura botânica, e mesmo nome popular de planta, produtos

derivados de plantas (Gingko Biloba, Tintura de Belladona, etc.).

Excluídos os produtos nestas condições que traziam ainda em sua

composição moléculas isoladas por não se enquadrarem no conceito de

fitoterápicos dado pela legislação.

ü Foram considerados os produtos registrados em algum momento, a

partir de 1985. Entre estes, os revalidados, em situação regular no

mercado, aqueles cujo registro caducou e outros com registro

cancelado.

3 O Phamaceutical Market Brazil- PMB tem como principal objetivo proporcionar um perfil estatístico “comercial” completo de produtos farmacêuticos do mercado brasileiro. É um estudo continuo na forma de pesquisa, onde o registro da base das informações é feito por meio de microfilmagem das notas fiscais na farmácia – compras diretas (laboratório/farmácia) e compras indiretas (Distribuidor – atacadista//farmácia)

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ü Aceitos como fitoterápicos os produtos classificados pelo DATAVISA

como: *Produtos Naturais, *Produtos Naturais Associados, *Produtos

Naturais Simples, *Medicamento fitoterápico Tradiocional, *Medicamento

Fioterápico Novo. Para aqueles registrados como isentos (RDC nº23)

foram consideradas como fitoterápicos os classificados como:

*Fitoterápicos Simples, *Fitoterápicos Associados e Compostos.

ü Na determinação dos medicamentos fitoterápicos constantes do DEF

(Dicionário de Especialidades Farmacêuticas) foram considerados

aqueles compostos por plantas ou derivados, sem a presença de

moléculas isoladas, bem como aqueles já classificados como

fitoterápicos pela referência.

3.7 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A descrição de um mercado é baseada no número e tamanho de

compradores e vendedores/representantes, nas características do produto, no

nível de barreiras à entrada e no acesso à informações existente no mercado.

4. ESTRUTURA DE MERCADO DA INDÚSTRIA DE

FITOTERÁPICOS DO BRASIL

Este capítulo discorre sobre as principais variáveis da estrutura de

mercado de fitoterápicos no país, representantes, principais produtos,

diferenciação dos produtos, por marcas e por plantas, descreve também o

efeito das principais barreiras à entrada do setor.

Observa-se o mercado baseado nas características do produto, no nível

de barreiras à entrada e no acesso à informação existente no mercado. Os

principais elementos de mercado do segmento da indústria de medicamentos

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fitoterápicos do país. Segundo CAVES (1977) tais elementos podem ser

definidos como todas as características economicamente significativas de um

mercado que afetam o comportamento de firmas nas indústrias que suprem o

mercado em questão. Baseando-se nas informações do IMS (2003-2006) para

os últimos 12 meses, com o corte anual em outubro, determina-se a dimensão

do mercado de fitoterápicos no país.

No ano de 2006, foram identificados 103 laboratórios com a

comercialização de 367 medicamentos fitoterápicos para 529 produtos

analisados, referentes a 53 classes terapêuticas. Grandes partes do total de

apresentações identificadas encontram-se registros ou referência a estes nos

bancos de dados utilizados. São registros de renovação, produtos isentos, de

transferência de titularidade a outro laboratório, bem como publicações

referentes a registros caducados.

Aproximadamente 30% das apresentações comercializadas em 2003

não foram encontrados os correspondentes registros. Foram identificados 100

laboratórios com a comercialização de 398 medicamentos referentes a 60

classes terapêuticas.

Estima-se que o total de medicamentos comercializados em 2003, 226

caracterizava-se como monodrogas e 172 como associações de medicamentos

a base de plantas. Em 2006, o quadro se altera e 238 medicamentos

classificados como monodrogas são comercializados em conjunto a 129

associações medicamentosas. Expressiva e esperada queda de 25% do total

de associações de medicamentos comercializados no período, considerando

que a legislação atual privilegia os registros de monodrogas.

Falando em faturamento o segmento de medicamentos fitoterápicos

brasileiros faturou, no período de novembro de 2003 a outubro de 2006, R$

1.840.228.655 com a venda de 122.696.549 unidades farmacêuticas, ou

embalagens de medicamentos, conforme tabela 1.

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4.1 QUANTIDADE E ALOCAÇÃO DE REPRESENTANTES

Os resultados evidenciaram a maior participação do pólo industrial de São

Paulo, que concentra 51% das indústrias produtoras de medicamentos

fitoterápicos do país. Apresenta-se com significativa importância a região

sudeste, por comportar 85% das indústrias produtoras de fitoterápicas.

O total de empresas produtoras de fitoterápicos determinados pela pesquisa

foi de 103 para o ano de 2006. Deste total 4,85%, ou seja, 5 empresas,

detinham 52,3% do faturamento do segmento e 7 empresas, ou 6,85% do total

de empresas atuantes no setor, comercializaram 50,7% do total de

apresentações de fitoterápicos, em 2006. Olhando a tabela 2, as 20 maiores

empresas neste ano venderam aproximadamente quatrocentos e sessenta

milhões de reais, valor equivalente a 84,7% do total faturado pelo segmento. O

laboratório de maior representatividade é o Altana Pharma, de capital alemão,

seguido pelos laboratórios Farmasa e Marjan. Os demais laboratórios (83)

dividiram 15,3% restantes das vendas, o que indica, portanto, a possibilidade

de mercados concentrados por empresa, no segmento de fitoterápicos no país.

Entendido classe terapêutica como a indicação terapêutica na qual o

medicamento foi registrado e para qual, normalmente, é prescrito, temos

diferentes medicamentos classificados como anti-hipertensivos, antiulcerosos,

antiespasmódico e anticolinérgico, entre outros.

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O total do mercado de fitoterápicos determinou-se a participação das 53

classes terapêuticas de 2006. Os dados indicam uma grande concentração. De

acordo com a Tabela 3, 10 classes correspondem 83% das vendas em reais e

79% em unidades, aproximadamente. A figura 2 evidência as alterações no

ranking por classe quando na análise sobre as vendas em termos de

faturamento em relação às vendas em quantidades, ou unidades. Portanto, os

produtos indicados para vasoterapia, em vendas, ficaram na terceira posição

do ranking detendo 12,8% do mercado, passando a quinta posição em termos

de unidades vendidas, com 7% do mercado.

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Às cinco classes apresentadas na Tabela 4 correspondem 63,73% do

mercado de fitoterápicos, em reais. Para tais classes foram identificados 101

produtos. Calculou-se o market share por produto em cada uma das cinco

classes relacionadas, bem como o market share por planta. Os dados indicam

que se reproduz no mercado de fitoterápicos a concentração tanto em nível de

produto quanto em nível de planta, em termos de classe terapêutica, conforme

tabela 4 e 5.

4.2 DIFERENCIAÇÃO DOS PRODUTOS

O mercado farmacêutico possui significativo grau de diferenciação. A

diferenciação do produto é garantida através dos investidores em P&D e em

propaganda e marketing. As campanhas promocionais realizadas pela indústria

junto aos médicos garantem à lealdade a marca, considerada, inclusive como

importante barreira à entrada de novas firmas. A forma de apresentação dos

medicamentos, a forma farmacêutica: cápsulas, comprimidos, solução oral,

solução injetável, etc./ embalagens impressas da mesma forma, diferenciação

a tais produtos.

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O segmento baseia-se no fato de o demandante final do produto

remédio, não possuir conhecimento relativo à substituição entre dois produtos

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(exceção feita ao produto classificado como genérico cuja troca com seu

referência é garantida pelo órgão regulamentador no momento de certificação).

Assim a decisão sobre a demanda cabe a quem prescreve o medicamento, o

médico e não ao consumidor final. O mercado farmacêutico para todos os

produtos farmoquímicos, ou fitoterápicos, “de modo geral, quem consome não

é quem decide sobre os medicamentos, quem decide não paga (parcial ou

integralmente) quem paga às vezes é um terceiro, como é o caso quando os

medicamentos são cobertos por seguros públicos ou privados” (REGO,2000).

Especificamente no segmento de fitoterápicos, suas características

estruturais terminaram por ocasionar alterações na conduta, com a

reformulação e mesmo implementação de normatização específica para o

segmento, visando a garantia e proteção à saúde da população.

Os medicamentos fitoterápicos são aqueles elaborados a partir de

plantas medicinais ou derivados destas que tem emprego com fins

terapêuticos, alicerçados no conhecimento popular ou no conhecimento

científico (SHENKEL ET AL., 2002). As plantas medicinais são utilizadas na

medicina popular e na produção de medicamentos sob as seguintes formas:

a) Como fornecedora de substâncias ativas isoladas – refere-se ao

desenvolvimento de substâncias ativas de plantas como protótipos de

fármacos, para a indústria de síntese.

b) Como extratos purificados ou selecionados centrados em específicos

grupos de substâncias;

c) Como extratos totais padronizados em relação a uma substância, um

grupo de substâncias ou uma especificação determinada;

d) Como droga4, íntegra, rasurada ou moída, destinada à preparação

extemporânea de infusos ou chás.

As possibilidades b,c e d referem-se ao desenvolvimento de medicamentos

fitoterápicos.

4 Segundo OLIVEIRA et.al. (1991), chama-se drogas a todo vegetal ou animal ou, ainda, a uma parte ou órgão destes seres ou produtos derivados diretamente deles e que, após sofrerem processo de coleta, preparo e conservação, possuam composição e propriedades tais, que possibilitem o seu uso como forma bruta de medicamento ou como necessidade farmacêutica, sendo, pois, matéria sem vida que sofreu alguma transformação para servir de base para medicamento.

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Em termos tecnológicos, entre estas possibilidades geradoras de um

fitomedicamento. O que significa dizer que tal segmento caracteriza-se pela

diferenciação de produtos.

Com respaldo do mercado, e sendo impulsionado, pela legislação

sanitária para o segmento vem sinalizando uma nova estratégica para a

produção de produtos fitoterápicos através dos extratos parciais,

caracterizados por maior valor tecnológico agregado e pela constância de

qualidade, através da padronização, e com indicações clinicamente

comprovadas.

O segmento de fitoterápicos como está inserido no mercado

farmacêutico possui as mesmas características mercadológicas que os

derivados de síntese química, principalmente no tocante à diferenciação de

produtos. A assimetria de informações aliada à separação das decisões sobre

prescrição, consumo e financiamento também caracteriza o setor.

Elucidando a estrutura do mercado em termos de diferenciação de

produtos, determinou-se a participação de todos os 367 medicamentos

fitoterápicos em comercialização no ano de 2006. Os 20 principais

medicamentos fitoterápicos são responsáveis por 67,44% das vendas, em valor

do segmento, como exibe a Tabela 6. O que permite concluir que, há

concentração de mercado também em nível de produto, dado que coube aos

demais fitoterápicos apenas 32,5% do total faturado em 2006.

Refere-se às vendas em unidades, da mesma forma identifica-se

concentração, mesmo que em menor escala, conforme Tabela7.

Aproximadamente 63% do mercado em unidades referem-se 20 produtos

apenas.

Observa-se o produto Tebonin, da empresa Altana Pharma detém o

quarto lugar em vendas em reais, passando ao 14º quando considera as

vendas em unidades, ou as quantidades vendidas, como um preço médio de

R$ 40,18. O que pode ser explicado pelo elevado preço médio deste produto

no mercado. Na primeira posição, tanto em quantidade quanto em faturamento,

situa-se o produto Tamarine, da empresa Farmasa, de capital nacional, com

preço médio de R$ 25,71.

As principais monodrogas e as associações do mercado, evidenciando

os maiores mercados, por planta. Considerando o total do mercado, em valor

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de vendas, 43,9% corresponde a monodrogas com participação igual ou

superior a 1%, conforme retratado na Figura 2. A parcela relativa às

associações equivale a 36,7% do mercado.

Observa-se a predominância da planta Ginkgo Biloba, base dos

produtos que participam com 17,7% do mercado. Inseridos neste total

diferentes produtos derivados da planta, sob distintas formas farmacêuticas,

tais como: extratos secos, extratos parciais, etc.

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Quantificou-se as principais monodrogas e as associações do mercado,

evidenciando os maiores mercados, por planta. Considerando o total do

mercado, em valor de vendas, 28,3% corresponde a monodrogas. Do total

deste mercado cabe observar a predominância da planta Ginkgo biloba, vem

como diferentes produtos derivados da planta, sob distintas formas

farmacêuticas, tais como: extratos secos, extratos parciais, entre outros.

4.3 BARREIRAS À ENTRADA

A diferenciação dos produtos a indústria farmacêutica termina por gerar

estruturas monopolistas e oligopolistas, em nível de produto ou classe

terapêutica, principalmente, o que significa afirmar que se torna comum a

obtenção de ganhos extras com taxas de capital superiores a média dos

demais setores da economia. Fato tal termina por suscitar na tentativa de

realocação de capital em direção ao setor farmacêutico, com a criação ou

reforço de dificuldades, barreiras à entrada destas novas empresas por parte

daquelas já estabelecidas.

SYLOS-LABINI (1966) e FRENKEL et.al. (1978) classificam o setor

farmacêutico como um oligopólio diferenciado, caracterizando-o a partir das

seguintes variáveis.

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a) Grande diferenciação de produtos;

b) Baixa concentração técnica (a concentração econômica é elevada

em termos de mercado terapêutico, ou indicação terapêutica, como

efeito dos gastos de promoção utilizados para garantir a preferência

dos consumidores;

c) Relativa fragilidade das barreiras à entrada, dada a inexistência de

barreiras tecnológicas e de escala, o que implica na formação de

diferentes tamanho de plantas das empresas.

Segundo SANTOS (2001), as economias de escala são importantes a

partir do momento em que o porte da empresa garante os investimentos em

P&D e em marketing, dado que a indústria farmacêutica de fitoterápicos não

produz em larga escala. Da mesma forma, as economias de escopo se tornam

relevantes, pois se caracterizam pela ampla utilização de plantas

multipropósitos, ou seja, um grande número de produtos utiliza os mesmos

equipamentos fixos e máquinas. Como exemplo, etapas de fabricação de um

produto indicado para hipertensão e outro para Hiperplasia Prostática Benigna

podem ocorrer na mesma linha de produção.

Tais características levaram à criação de barreiras derivadas de escalas

comerciais, relacionadas com os gastos de publicidade e propaganda e

barreiras institucionais, por meio de patentes e das exigências de normatização

do setor.

No mercado de fitoterápicos os investimentos em P&D são ainda

incipientes e restritos a reduzido número de empresas. As informações

referentes ao total de capital requerido como investimento no setor é ainda

inconsciente.

A barreira institucional tem-se, da mesma forma, as normas e critérios

para produção e comercialização de medicamentos fitoterápicos no país.

Baseado no modelo europeu, os requisitos para obtenção do registro como

medicamentos fitoterápicos referem-se à comprovação da eficácia terapêutica,

da qualidade, tanto da matéria-prima utilizada quanto do produto final, e

estudos de toxicidade que definam o grau de risco do produto.

Segundo FARIAS (2001), entende-se por qualidade o conjunto de

critérios que caracterizam tanto a matéria-prima quanto o produto final para o

qual se destina o medicamento. A eficácia é dada pela comprovação, através

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de ensaios farmacológicos pré-clínicos e clínicos, dos efeitos biológicos

preconizados, dado os recursos terapêuticos. A segurança é determinada pelos

ensaios que comprovam a ausência de efeitos tóxicos, bem como pela

inexistência de contaminantes nocivos á saúde (metais, pesados, agrotóxicos,

microorganismos e seus produtos de degradação).

As empresas de pequeno porte, a validação de um medicamento

fitoterápico se torna uma barreira, devido o custo de realização e a

impossibilidade, ou dificuldade, de acesso a estudos de eficácia para grande

número de produtos sem validação, comercializados. O suprimento de estudos

relativos, tanto a eficácia quanto a toxicidade, para a grande maioria das

plantas medicinais nativas, de origem nacional, é insuficiente no momento e a

realização destes estudos refere-se ao médio e longo prazo. Os imperativos

preconizados pela legislação brasileira para fitoterápicos surgem como barreira

institucional qualitativa no contexto atual.

A estrutura de custos de um determinado produto os investimentos em

marketing e propaganda são os que possuem maior participação. O segmento

fitoterápico estima-se que os gastos com marketing por produto, correspondam

a 24% do valor das vendas líquidas deste, em média. Os gastos com vendas

(propaganda, equipe de promotores e capacitação) correspondem a 12% do

total por produto.

A necessidade de elevadas somas de capital para promoção destes

constitui-se, portanto, em barreira à entrada de novos produtos, a exclusão de

empresas não detentoras de capital suficiente para os investimentos iniciais e

manutenção dos gastos em promoção de vendas. Interessante ressaltar a

grande dinâmica do setor de promoção de vendas no setor farmacêutico, com

a utilização de métodos modernos e bem elaborados de atuação promotores

junto aos pontos de venda, e representantes junto à classe médica, o que

dificulta sobremaneira a entrada de novos produtos e empresas neste

mercado, garantindo a concentração de determinados produtos, em termos de

classes terapêuticas por longos períodos de tempo. Este aspecto gera o

chamado monopólio das marcas, sendo uma reconhecida barreira à entrada de

novos produtos.

As grandes empresas transnacionais, dominantes no mercado de

fitoterápicos, atuam de forma expressiva na promoção de vendas, promovendo

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seus produtos junto à classe médica, criando barreiras à entrada por meio do

estabelecimento de monopólio de suas marcas.

4.4 DESEMPRENHO DAS EMPRESAS ATUANTES NO

SEGMENTOS DE MERCADO

O mercado de fitoterápicos, com o respaldo da legislação sanitária para

este segmento, vem sinalizando para uma nova estratégia de produção com o

uso dos extratos parciais, caracterizados por um maior valor tecnológico

agregado e pela constância de qualidade, por meio de padronização e com

indicações clinicamente comprovadas. O que significa dizer que um

crescimento das monodrogas no contexto do mercado de fitomedicamentos era

esperado e terminou por se concretizar.

O total de medicamentos comercializados em 2003, 226 caracterizavam-

se como monodrogas e 172 como associações de medicamentos a base de

plantas. Em 2006, o quadro se altera e 238 medicamentos classificados como

monodrogas são comercializados em conjunto a 129 associações

medicamentosas. Expressiva e esperada queda de 25% do total de

associações de medicamentos comercializados no período, considerando que

a legislação atual privilegia os registros de monodrogas.

Apresenta-se nas figuras 5 e 6, por vendas em reais e por unidades

vendidas, respectivamente, a participação das plantas no total de vendas de

produtos classificados como monodrogas;

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O desempenho do setor pode também ser medido por intermédio das

variações no tamanho do mercado. Desta forma, o segmento de fitoterápicos

brasileiro faturou, no período de Novembro de 2003 a outubro de 2006, R$

1.840.228,655 com a venda de 122.696.549 unidades farmacêuticas, ou

embalagens de medicamentos, conforme a tabela 9.

As figuras 7 e 8 descrevem o crescimento do setor no tocante ao total de

vendas anuais no período, em valores reais e em unidades de vendas,

respectivamente.

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Analisando os dados, coube o mercado de fitoterápicos a venda de

31.834,435 unidades ao canal farmácia no ano de 2006, respondendo por

2,42% da quantidade de unidades totais de medicamentos vendidos no ano

(1.468.714.258).

Em reais, ocorre uma queda na participação fitoterápica no total do

mercado farmacêutico que passa 2,59% para 2,51%, no período de 2003 a

2006, o que pode ser visualizado a partir da Tabela 10.

A figura 9 apresenta uma análise comparativa entre as participações de

vendas de medicamentos fitoterápicos no total do mercado, sob as óticas de

vendas em reais (ou faturamento) e unidades vendidas (ou quantidades de

embalagens comercializadas) ao canal farmácia no período em tela.

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CONCLUSÃO

Analisando o desempenho e crescimento de mercados deve-se

considerar a existência de falhas de mercado. No caso específico da indústria

de medicamentos fitoterápicos considera-se a estrutura de mercado, a

assimetria de informação e ainda as barreiras institucionais inerentes ao setor.

Barreiras derivadas das normas e critérios para produção e

comercialização de medicamentos no país.

Baseados no modelo europeu, os requisitos para obtenção do registro

de medicamentos fitoterápico são a comprovação da eficácia terapêutica, da

qualidade, tanto da matéria-prima utilizada quanto do produto final, e estudos

de toxicidade que definam o grau de risco do produto - RDC n.º 84, de 2004.

Para a obtenção de registro de um medicamento fitoterápico, dentro dos

padrões requeridos pela legislação, se faz necessária a realização de

diferentes testes de validação deste produto para garantir a segurança no uso,

eficácia na utilização e qualidade do produto.

Para empresas de pequeno porte, a validação pode representar uma

barreira, dado o custo de realização desses testes, além da impossibilidade, ou

dificuldade, de acesso a estudos de eficácia para grande numero de produtos

sem validação, comercializados. O suprimento de estudos relativos, tanto à

eficácia quanto à toxicidade, para a grande maioria das plantas medicinais

nativas, de origem nacional, é insuficiente no momento, e a realização desses

estudos refere-se ao médio e longo prazo. Os imperativos preconizados

pela legislação brasileira para fitoterápicos surgem como barreira institucional

qualitativa no contexto atual.

A necessidade de elevadas somas de capital para promoção dos

produtos constitui-se, portanto, em barreira à entrada de novos produtos, em

função da exclusão de empresas não detentoras de capital suficiente para os

investimentos iniciais e manutenção dos gastos em promoção de vendas.

As grandes empresas transnacionais, dominantes no mercado de

fitoterápicos, atuam de forma expressiva na área de vendas, promovendo

seus produtos junto à classe médica, criando barreiras à entrada e erguendo

um sólido monopólio de suas marcas.

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A demanda por medicamentos à base de plantas vem crescendo

mundialmente. A ampliação do consumo levou a normatização do setor com

implementação e constante revisão de normas técnicas para a produção e

comercialização de medicamentos, visando garantir a segurança no uso,

eficácia terapêutica aliada à qualidade do produto.

As exigências advindas da regulação técnica, por intermédio da

publicação da RDC n.º 17, em 2000 e pela RDC nº84, em 2004, levaram à

ilegalidade um considerável número de produtos em comercialização no país.

Empresas atuantes no mercado há mais de trinta anos, comercializando em

todo o país centenas de produtos se depararam com a possibilidade de

revalidação de registros para apenas 30 ou 35% do total de seu mix de

produtos. A referida norma direcionada ao segmento, permite certificação a

produtos que consigam comprovar a eficácia terapêutica da planta, ou derivado

de planta para o qual se pleiteie registro, além de exigir comprovação do grau

de toxicidade do produto. Exige, ainda, a validação dos processos de produção

destes de forma a garantir a qualidade do produto final.

A certificação, desta forma, passa a criar uma barreira técnica, pois

vários produtos comercializados no país não possuem estudos de

comprovação de eficácia e de toxicidade.

A legislação prevê, em seu anexo, a possibilidade de registro para

determinadas plantas como medicamento fitoterápico tradicional, cujo uso

estaria alicerçado na tradição popular, sem evidências, conhecidas ou

informadas, de risco à saúde do usuário, sendo a eficácia validada através de

levantamentos etnofarmacológicos de utilização e outras documentações

tecnocientíficas.

Está possibilidade, contudo, não exclui a obrigatoriedade do certificado

de Boas Práticas de fabricação, que valida processos de produção, bem como

não soluciona a maior parte dos problemas de impossibilidade de registros, já

que vários medicamentos não se encaixariam na possibilidade apresentada.

Há de se ressaltar, entretanto, que, sendo este mercado de medicamentos

fitoterápicos composto por produtos sem validação, em termos de qualidade,

eficácia e segurança no uso, comercializados conjuntamente a produtos

certificados, com elevado valor agregado, considerando, ainda, a grande

assimetria de informações, característica da indústria de medicamentos, à

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classe dispensadora resta a possibilidade do descrédito, da desconfiança a

esses produtos, relegando-os a segunda posição em tratamentos de doenças,

classificando-os ainda como produtos de terapia alternativa.

Apresenta-se, pois, como prioritários os estudos relativos as alterações

verificadas no mercado como derivados de alterações no marco regulatório. A

validação dos produtos fitoterápicos apresenta-se como fundamental na

garantia de viabilidade de crescimento do setor.

Mudanças profundas estruturais, contudo, ocorreram no mercado com a

retirada de vários produtos no mercado, com a inserção de novos produtos a

preços mais elevados. Uma maior concentração em nível de produto e

principalmente por planta também ocorreu como conseqüência de maiores

facilidades de registro para monodrogas e plantas exóticas que possuem

validação com base em estudos internacionais.

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