o centro - n.º 3 – 10.05.2006

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DIRECTOR JORGE CASTILHO ANO I N.º 3 (II série) De 10 a 24 de Maio de 2006 1 euro (IVA INCLUÍDO) CAFÉ TURISMO Doçaria Conventual do Lorvão Largo de Alberto Leitão n.º 3 / 3360 - 191 PENACOVA / Telefones: 239 476 267 e 918 225 214 Para que haja mais cidade e melhor cidadania PÁG. 3 COIMBRA EM CONGRESSO Uma instituição pobre mas bem governada PÁG. 16 e 17 AFIRMAM DIRIGENTES DA ACM DE COIMBRA ASSINE O “CENTRO” E GANHE OBRA DE ARTE Guitarras de Artur Paredes eram feitas em Lisboa PÁG. 4 e 5 TRÊS GERAÇÕES CUIDAM DA CANÇÃO DE COIMBRA “QUEIMA” INVADIU RUAS DE COIMBRA QUATRO EQUIPAS NA I LIGA Bola ao Centro! Faúlhas de arco-íris A bola não se vê. Mas entrou na baliza! Foi o segundo golo da Académica, a garantir a permanência entre os melhores do futebol nacional. A Naval conseguiu também manter-se à tona, para onde Beira Mar subiu e onde o União de Leiria bem se aguentou. Aveiro, Coimbra, Figueira da Foz e Leiria – a mesma Liga! PÁG. 3 PÁG. 15 PÁG. 10 a 13

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Versão integral da edição n.º 3 do quinzenário “O Centro”, que se publica em Coimbra. Director: Jorge Castilho. 10.05.2006. Não se esqueça de que pode ver o documento em ecrã inteiro, bastando para tal clicar na opção “full” que se encontra no canto inferior direito do ecrã onde visualiza os slides. Também pode descarregar o documento original. Deve clicar em “Download file”. É necessário que se registe primeiro no slideshare. O registo é gratuito. Para além de poderem ser úteis para o público em geral, estes documentos destinam-se a apoio dos alunos que frequentam as unidades curriculares de “Arte e Técnicas de Titular”, “Laboratório de Imprensa I” e “Laboratório de Imprensa II”, leccionadas por Dinis Manuel Alves no Instituto Superior Miguel Torga (www.ismt.pt). Para saber mais sobre a arte e as técnicas de titular na imprensa, assim como sobre a “Intertextualidade”, visite http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm (necessita de ter instalado o Java Runtime Environment), e www.youtube.com/discover747 Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa, www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ , http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm , http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ , http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html

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Page 1: O Centro - n.º 3 – 10.05.2006

DIRECTOR JORGE CASTILHO

ANO I N.º 3 (II série) De 10 a 24 de Maio de 2006 € 1 euro (IVA INCLUÍDO)

CAFÉ TURISMO Doçaria Conventual do LorvãoLargo de Alberto Leitão n.º 3 / 3360 - 191 PENACOVA / Telefones: 239 476 267 e 918 225 214

Para que haja mais cidade e melhor cidadania

PÁG. 3

COIMBRAEM CONGRESSO

Uma instituiçãopobre mas bemgovernada

PÁG. 16 e 17

AFIRMAM DIRIGENTESDA ACM DE COIMBRA

ASSINE O “CENTRO” E GANHE OBRA DE ARTE

Guitarras de ArturParedes eram feitas em Lisboa

PÁG. 4 e 5

TRÊS GERAÇÕES CUIDAMDA CANÇÃO DE COIMBRA

“QUEIMA” INVADIU RUAS DE COIMBRA

QUATRO EQUIPAS NA I LIGA

Bola ao Centro!

Faúlhas de arco-íris

A bola não se vê. Mas entrou na baliza! Foi o segundo golo da Académica, a garantir a permanência entre os melhores do futebol nacional. A Naval conseguiu também manter-se à tona,para onde Beira Mar subiu e onde o União de Leiriabem se aguentou. Aveiro, Coimbra, Figueira da Foz e Leiria – a mesma Liga!

PÁG. 3

PÁG. 15

PÁG. 10 a 13

Page 2: O Centro - n.º 3 – 10.05.2006

22 DE 10 A 24 DE MAIO DE 2006

EDITORIAL

Propriedade: AUDIMPRENSANIF: 501 863 109

Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho

Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930

Composição e montagem:AUDIMPRENSA - Rua da Sofia, 95, 3.º3000-390 Coimbra - Telefone: 239 854 150Fax: 239 854 154e-mail: [email protected]ão: CIC - CORAZEOliveira de Azeméis

Tiragem: 10.000 exemplares

Director: Jorge Castilho (Carteira Profissional n.º 99)

Timor Leste foi uma das causas quemais sensibilizou e mobilizou os por-tugueses, numa onda de solidariedadeque logrou alcançar o que parecia impos-sível: a independência. É, por isso, comtristeza e preocupação que se assiste aoque neste momento se passa naquele ter-ritório. Oxalá o bom senso venha aprevalecer!

Foi com satisfação que tomei conheci-mento de que em Espanha acabam denascer duas crias de lince ibérico, emcativeiro, o que permite acalentar a espe-rança de que se consiga salvar uma espé-cie quase extinta. Infelizmente, emPortugal há já muitos anos que não seavista qualquer exemplar desta espécie.

Mas, em contrapartida (e sem des-

respeito o escrevo) temos um "Lino ibéri-co"... Aclarando: o Ministro Mário Lino,falando em Espanha, assumiu-se comoiberista convicto. Por cá foi um coro deprotesto contra a "heresia" ministerial. Sóque a muitos dos que agora protestaramem público, já em privado se lhes ouviudefender que a solução para a crise dePortugal era arrendar o País aos espa-nhóis. E não deviam estar a brincar, poismuitos deles têm andado a fazer issomesmo, a retalho, de forma mais oumenos encapotada...

Apesar de não ser fervoroso adepto dofutebol, reconheço que ele deverá ser ofenómeno que mais interessa e preocupaa maioria da população portuguesa.

Sem querer entrar em complexas abor-dagens sociológicas, direi apenas queisso, como quase tudo, tem desvantagense conveniências.

Remetendo apenas para as últimas,terá de admitir-se que a Região marcouvitoriosos golos nessa actividadeeconómico-político-desportiva, pondo abola ao Centro para a próxima época. Ouseja, ter quatro clubes que vão disputar aI Liga é feito meritório no panorama lusi-

tano do pontapé na bola.Aveiro (com o Beira Mar), Coimbra

(com a Académica), Figueira da Foz (coma Naval 1.º de Maio) e Leiria (com oUnião), fazem jus a felicitações e aosvotos de que consigam bons resultados,pois tal será também benéfico contributopara dinamizar a economia do Centro doPaís e rendibilizar um pouco mais osmegalómanos investimentos que se fize-ram em estádios.

Como nesta edição se anuncia, vairealizar-se ainda este mês o II Congressopromovido pelo Conselho da Cidade deCoimbra.

O Conselho é constituído por um he-terogéneo conjunto de cidadãos preocu-pados com o desenvolvimento deCoimbra e sua Região e que, persistente-mente, vão analisando as questões maisdiversas de forma tão empenhada comodesinteressada, com sacrifício dos seustempos livres (e não raro da sua própriaactividade profissional), lançando alertase oferecendo contributos para um pro-gresso equilibrado e bem sustentado.

Infelizmente, a classe política (a queestá no poder, a que esteve e a queespera vir a estar...), pouca atenção con-cede a este grupo pioneiro, assim des-baratando (mais adequado seria dizerdesprezando...) esses generosos gestosde cidadania.

Notas soltas

Jorge Castilho

O Lions Club de Coimbra promoveno próximo sábado (dia 13) um deba-te sobre o tema “Tolerância”, em queparticipam Rodrigo Moita de Deus,Vasco Pinto de Magalhães (padre je-suíta) e José Manuel Leite (pastorevangélico). O debate, que decorre naCasa Municipal da Cultura de Coim-bra, com início às 09h30, será modera-do pelo jornalista Jorge Castilho.

A justificar esta iniciativa, referemos organizadores: “Estando já maiscalma a discussão acesa sobre as fa-migeradas caricaturas, chegou a altu-ra de debater a questão da tolerânciacom serenidade e mais profundida-de”.

“Lions” promovem debate sobre tolerância

NO PRÓXIMO SÁBADO,EM COIMBRA

Vai realizar-se em Coimbra, nopróximo dia 18, uma Mostra Regionalde Projectos destinados a promover aigualdade entre homens e mulheres.

A iniciativa decorre no Auditórioda CCDRC (Comissão de Coordena-ção e Desenvolvimento da RegiãoCentro).

Igualdade entre homens e mulheres

MOSTRA REGIONALEM COIMBRA

“Escutas telefónicas – o quotidiano”é o tema que será debatido hoje, a par-tir das 11h30, no salão nobre do Tribu-nal da Relação de Coimbra.

Trata-se de mais uma jornada pro-movida pela Secção Criminal do referi-do Tribunal, sob a égide da Presidênciada Relação, e que desta feita contarácom as intervenções de Pedro do Car-mo (Director Nacional Adjunto da Polí-cia Judiciária) e Fernanda Roberto (Juizde Instrução Criminal).

Escutas telefónicasDEBATE NA RELAÇÃO

A Federação Ibérica de Telespectado-res e Radiouviontes escolheu este ano adata de 10 de Maio como o “Dia sem Te-levisão” para Portugal e Espanha.

Aquele organismo (de que faz partea Associação Portuguesa de Consumi-dores de Media – AC Media), espera,com esta iniciativa, chamar a atençãopara a necessidade de se melhorar aqualidade da programação televisiva. Ateledependência é outra das preocupa-ções dos promotores, “principalmente

por causa das pessoas idosas e muitoisoladas”, como salienta Nuno de Cam-pos, Presidente da AC Media.

Em Espanha, o objectivo da campa-nha é alertar para o “telelixo”, enquan-to que em Portugal se pretende sobretu-do sublinhar o facto de se ver televisãosem qualquer atitude crítica. “Não éuma acção contra as televisões, masuma acção que pretende fazer reflectirsobre a necessidade de se criar um sen-tido crítico em relação à televisão” – re-

fere Nuno de Campos.Esta inicitiva ibérica é semelhante à

proposta pela TV Turnoff Network, quedecorreu nos Estados Unidos entre 24 e30 de Abril, “mas em vez de uma sema-na sem ver televisão, propõe-se apenasum dia”. O lema é “Um dia 10 sem vertelevisão”, sugerindo-se que os habi-tuais telespectadores passem o tempo afazer outras coisas, que provavelmenteacabarão por se revelar mais agradáveise construtivas.

Hoje diga não à televisãoAPELO DE ASSOCIAÇÕES DE ESPECTADORES

CONFRARIA “PANELA AO LUME”

Bem comer e bem fazerA Confraria Gastronómica “Panela ao

Lume” promoveu, em Coimbra, maisum dos seus jantares intitulados “No As-tória, com história”.

Trata-se de uma iniciativa que é aco-lhida no Hotel Astória, e que procura di-vulgar, entre os membros da Confraria econvidados, algumas das delícias gastro-nómicas das várias regiões do País, aomesmo tempo que serve para angariarfundos destinados a apoiar uma institui-ção.

Desta feita o gesto de solidariedade –como o classificou o Presidente da Con-fraria, Gonçalo Reis Torgal – foi para a

APPACDM de Coimbra (AssociaçãoPortuguesa de Pais e Amigos do Cida-dão Deficiente Mental).

Presentes diversas figuras conhecidasda cidade, nomeadamente alguns antigosjogadores da Académica, que se uniram àvolta das mesas, deliciando–se com umasopa de nabo e uma vitela à moda deGuimarães, complementadas com vinhosoferecidos pelas Caves Messias.

A Presidente da APPACDM, HelenaAlbuquerque, agradeceu a iniciativa, re-ferindo que a Associação presta apoio acerca de 800 deficientes na Região Cen-tro.

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COIMBRA 33DE 10 A 24 DE MAIO DE 2006

Nesta campanha de lançamento dojornal “Centro” temos uma aliciante pro-posta para os nossos leitores.

De facto, basta subscreverem uma assi-natura anual, por apenas 20 euros, paraautomaticamente ganharem uma valiosaobra de arte.

Trata–se de um belíssimo trabalho daautoria de Zé Penicheiro, expressamenteconcebido para o jornal “Centro”, com ocunho bem característico deste artistaplástico - um dos mais prestigiados pinto-res portugueses, com reconhecimentomesmo a nível internacional, estando re-presentado em colecções espalhadas porvários pontos do Mundo.

Neste trabalho, Zé Penicheiro, com oseu traço peculiar e a inconfundível utili-zação de uma invulgar paleta de cores,criou uma obra que alia grande qualida-de artística a um profundo simbolismo.

De facto, o artista, para representar aRegião Centro, concebeu uma flor, com-posta pelos seis distritos que integram es-ta zona do País: Aveiro, Castelo Branco,Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu.

Cada um destes distritos é representa-do por um elemento (remetendo para res-pectivo património histórico, arquitectó-

nico ou natural).A flor, assim composta desta forma tão

original, está a desabrochar, simbolizan-do o crescente desenvolvimento desta Re-gião Centro de Portugal, tão rica de po-tencialidades, de História, de Cultura, depatrimónio arquitectónico, de deslum-brantes paisagens (desde as praias mag-níficas até às serras verdejantes) e, ainda,de gente hospitaleira e trabalhadora.

Não perca, pois, a oportunidade de re-ceber já, GRATUITAMENTE, esta magní-fica obra de arte, que está reproduzida naprimeira página, mas que tem dimensõesbem maiores do que aquelas que ali apre-

senta (mais exactamente 50 cm x 34 cm).Para além desta oferta, passará a rece-

ber directamente em sua casa (ou no localque nos indicar), o jornal “Centro”, que omanterá sempre bem informado sobre oque de mais importante vai acontecendonesta Região, no País e no Mundo.

Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo, porAPENAS 20 EUROS!

Não perca esta campanha promocio-nal, e ASSINE JÁ o “Centro”.

Para tanto, basta cortar e preencher ocupão que abaixo publicamos, e enviá–lo,acompanhado do valor de 20 euros (depreferência em cheque passado em nome

de AUDIMPRENSA), para a seguintemorada:

Jornal “CENTRO”Rua da Sofia. 95 - 3º3000-390 COIMBRA

Poderá também dirigir-nos o seu pedi-do de assinatura através de:

- telefone 239 854 156- fax 239 854 154- ou para o seguinte endereçode e-mail:[email protected]

Para além da obra de arte que desde jálhe oferecemos, estamos a preparar mui-tas outras regalias para os nossos assinan-tes, pelo que os 20 euros da assinatura se-rão um excelente investimento.

O seu apoio é imprescindível para queo “Centro” cresça e se desenvolva, dandovoz a esta Região.

CONTAMOS CONSIGO!

APENAS 20 EUROS POR UMA ASSINATURA ANUAL!

Assine o jornal “Centro”e ganhe valiosa obra de arte

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Vai realizar-se nos próximos dias 20 e 21 do corrente mês de Maio o “II Congresso pela Cidade de Coimbra”, subordinado ao tema “Mais Cidade, Melhor Cidadania”.

Joana Martins

Promovido pelo Conselho da Cidadede Coimbra, o Congresso decorre no audi-tório da Faculdade de Economia (avenidaDias da Silva). São três as ideias estrutu-rantes que irão preencher o programa des-tes dois dias: “Ambiente e qualidade devida urbana”; “Emprego: inovação e re-cursos”; e “Governação e participação”.

Lurdes Cravo, Presidente do Concelhoda Cidade, explicou ao “Centro” que o te-ma escolhido para esta segunda ediçãodo Congresso se baseia nos “mecanismosda democracia participativa”. Procura-se,assim, “fomentar uma cidadania mais ac-tiva, antídoto contra a crescente distânciaentre cidadãos e eleitos” – sublinhou aPresidente deste organismo, pioneiro noPaís, que agrega representantes de diver-sas instituições da chamada sociedade ci-vil. É o futuro da cidade que se perspecti-vará nos dois dias de palestras, tendo co-mo pano de fundo um padrão de apro-fundamento da democracia.

A sessão de abertura, marcada para as10h00 do dia 20 (sábado) contará com aparticipação de José Reis, Professor da Fa-culdade de Economia de Coimbra, quevai abordar o tema “O que é uma cidade?Coimbra 2026”. Pelas 11h45 será a vez deMendes Baptista, assessor do Secretáriode Estado do Ambiente e Ordenamentodo Território, falar sobre “Coimbra: queambições para o séc. XXI?”.

RECONCILIAÇÃO DA URBECOM OS CIDADÃOS

No primeiro painel, sobre “Ambiente equalidade de vida urbana” (a iniciar pelas14,30 horas), “vai procurar reflectir-se, emtorno de Coimbra, sobre ambiente, dese-nho urbano, espaço público, cultura, saú-de e desporto, na perspectiva da reconci-liação da urbe com os cidadãos”. A intro-dução ao tema e a moderação será feitapor António Martins (da Comissão deCoordenação e Desenvolvimento daRegião Centro), estando previstas as se-guintes intervenções: “O espaço físico daCidade desde o Congresso de 2001”, porAntónio José Bandeirinha (Professor deArquitectura da Universidade de Coim-bra); “A Cultura em Coimbra – os desa-fios do presente”, por João Gouveia Mon-teiro (Pró-Reitor para a Cultura da Uni-versidade de Coimbra); “Envolvimento e

participação do cidadão da saúde”, porPedro Ferreira (Professor da Faculdadede Economia e Presidente do Observató-rio da Saúde).

O segundo painel, com início às 17h00,versará o “Emprego: inovação e recur-sos”. Segundo a organização, “perante aalarmante crise de emprego que a Cidadede Coimbra atravessa, é urgente entenderos mecanismos que garantam uma reva-lorização cultural, social e económica e lu-tar pela sua concretização em tempo útil”.

A introdução a esta temática, tal co-mo a moderação, vão estar a cargo dePedro Hespanha (Professor da Faculda-de de Economia de Coimbra), anun-ciando-se as seguintes intervenções:“Os desafios da inovação e o emprego”,por António Figueiredo (Professor daFaculdade de Economia do Porto); “Asindústrias tecnológicas em Coimbra”,por Teresa Mendes (Professora da Uni-versidade de Coimbra e Presidente doInstituto Pedro Nunes); “Um caso deinovação bem sucedido: a Critical Sof-tware”, por Gonçalo Quadros (respon-sável por esta empresa que tem sede emCoimbra e que conquistou invulgarprestígio internacional, trabalhandomesmo para a NASA); “Criação de ne-gócios e inclusão social”, por José Fer-reira (da Central Business).

DIREITO E DEVERDE PARTICIPAÇÃO ACTIVA

No domingo (dia 21), pelas 10h00,inicia.se o 3.º painel do Congresso, ver-sando “Governação e participação”, queé assim justificado pelos organizadores:“A reconhecida falência do sistema degovernação, alicerçado exclusivamentena representatividade partidária, exigeque os cidadãos assumam verdadeira-mente a importância do seu direito à in-formação e ao reconhecimento da parti-cipação activa, bem como o seu dever deexercer esse direito”. José Ferreira da Sil-va (da Ordem dos Advogados e da Re-pública do Direito) fará a introdução aotema, e a moderação do debate que seseguirá às seguintes intervenções: “Vo-luntariado e nova economia”, por Ro-que Amaro (do ISCTE); “Restaurar a de-mocracia... de que forma?”, por HelsoRibeiro (da Universidade deMontpellier); “A Agenda 21 nas Câma-ras Municipais de S. João da Madeira eSanto Tirso”, por Pedro Santos (ES-BUCP); “O Orçamento participativo emPalmela”, por António Mestre e LuísGuerreiro (CTOP – CMP).

A última sessão do Congresso inicia-sepelas 14h00, com a apresentação e vota-ção das propostas emanadas do Congres-so, assim como das respectivas metas ecalendarização.

Proceder-se-á depois à eleição dos ci-dadãos conselheiros para o quadriénio2006-2010.

Por último, pelas 16h30, a conferênciade encerramento pelo cidadão José Dias,que foi assessor do anterior Presidente daRepública Jorge Sampaio.

II CONGRESSO PELA CIDADE DE COIMBRA

Contra o afastamento entre cidadãos e eleitos

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DE 10 A 24 DE MAIO DE 200644 ENTREVISTA

Carlos Carranca

Não há guitarra sem guitarreiro.Falar da guitarra portuguesa, em

particular da guitarra de Coimbra,obriga-nos a nomear uma famíliaoriunda de Coimbrão (curiosa coinci-dência de nome, já que é uma localida-de no concelho de Leiria) e que há játrês gerações lhe dedica todo o seu ta-lento – a família Grácio.

Foi Gilberto Grácio, símbolo da 3.ªgeração, quem, numa tarde de cava-queira, na oficina das escadinhas daPonte Nova (Cacém), contou como oavô João iniciou uma obra que veio aatingir a notoriedade com os filhosJoaquim e João Pedro, para além doManuel, do Ulisses e do José.

Gilberto Grácio mostra-me uma fo-tografia tirada nos finais do séculoXIX: “O primeiro da esquerda, senta-do com a guitarra na mão, é o meuavô, João Pedro Grácio”.

João Pedro Grácio, por aquela data,deixa a sua terra e vai para a capital.Abre uma loja (oficina) de guitarras naRua da Boavista, 118.

Mais tarde, regressa a Coimbrão,mas como árvore transplantada. Jánão era dali e, no ano de 1918, instala--se definitivamente em Lisboa, defron-te da cadeia do Limoeiro, no Largo deS. Martinho.

JOVEM DE COIMBRACOM GUITARRA ASSINADAPOR CARLOS PAREDES

“Naquela altura – diz-nos GilbertoGrácio – só se fabricava um tipo deguitarras, com uma ligeira variante noPorto, que apenas se distinguia na vo-luta em cabeça de animal ou humana.As guitarras do Porto e de Lisboa nãoeram, nesse tempo, definidas.

Curiosamente, há muito pouco tem-po, uma rapariga, guitarrista de Coim-bra, trouxe à nossa oficina uma guitar-ra para eu arranjar e, qual não é o meuespanto, olho o rótulo da guitarra eera o rótulo do meu avô assinado peloCarlos Paredes. Estava na presença daprimeira guitarra feita pelo meu pai,em 1945”.

Gilberto conta um dos episódiosguardados na memória – o trabalho deseu pai na exploração do som da gui-tarra: “O meu pai trabalhou para o Ar-tur Paredes, ainda no Limoeiro. Quan-do o meu pai veio para o Cacém, o Ar-tur Paredes ficou cliente do meu tioJoaquim. No fim da vida, o Artur Pa-redes tinha seis guitarras – três feitaspelo pai e as restantes por mim”.

Gilberto não perde a corda à guitar-ra e dedilha-a. “Como disse, o meu paijá trabalhava para o Artur Paredes naoficina do meu avô e, mais tarde,quando o meu tio resolve montar umafábrica de cutelaria em Queluz e outrana Amadora (isto entre 45 e 50), o Ar-tur Paredes experimentou uma nova

A guitarra de GrácioUMA OFICINA COM MUITAS HISTÓRIAS PARA CONTAR

Gilberto Grácio dá forma a uma guitarra

Page 5: O Centro - n.º 3 – 10.05.2006

ENTREVISTA 55DE 10 A 24 DE MAIO DE 2006

guitarra feita pelo meu pai e comen-tou: ‘Eu julgava que o meu amigo Joãoestava a fazer guitarras de fanqueiro!’A partir daí, a sua relação com o meupai passou a ser tão estreita ao pontode pernoitar em minha casa, algumasvezes, para ir à caça com o meu pai.Aliás, uma das armas de meu pai foi oArtur Paredes quem lha vendeu”.

Gilberto Grácio continua desfiandoo rosário de memórias...

“A exigência de Artur Paredesquanto à guitarra era grande e elequeria uma escala mais afinada e umsom mais evoluído. O meu pai disse--lhe: ‘O senhor Paredes, lá no Banco(ele era funcionário bancário), veja láse há um engenheiro que faça uma es-cala mais afinada!’. Só que a escalanão pode ser feita por um “matemáti-co”: afina até ao quinto ponto, masdepois não afina [mostra-me um com-passo]. Tivemos que adaptar ferra-menta com bico de grafonola. Acertá-mos a escala. Ela teve que ser inventa-da. Ainda é segredo”.

GUITARRA CONTRARIAREGRAS DA ACÚSTICA

Aproveito a pausa do nosso amigoGrácio e avanço com uma provocação,afirmando que o Carlos Paredes diziaque a guitarra era um instrumentoanárquico e anarquizante.

“Pois é! – responde-me de pronto.Porque contraria todas as regras daacústica”.

Olho a oficina e pergunto-lhe háquanto tempo trabalha ali. “Foi nosfins da década de 40... Chegámos a sersete a trabalhar aqui. Eu comecei com12 anos. Nasci em 34, a 12 de Maio, nomesmo dia e no mesmo ano do Ma-nuel Alegre. O meu pai faleceu emMaio de 67, com 62 anos, e eu deitei--me às guitarras – fabricava violas,mas já conhecia todas as regras daguitarra”.

Um pormenor:

“Um dia fiz uma guitarra em mog-no para o Artur Paredes e o som delanão era tão agreste, era mais aveluda-do. Ele tocou, gostou muito e disse-–me: ‘Aquilo é um sino. É boa parame limpar os ouvidos!’”.

Olhando quase religiosamente paraa sua mesa de trabalho, afirma de se-guida, em tom de desabafo: “Sabe, há

uma idade que é a da sabedoria. E euentão pensei: ‘Porque é que eu nãohei-de produzir um som meu?’. Olhe,criei um instrumento para concerto, éo guitolão”.

Hoje, Gilberto Grácio vê reconheci-do todo o trabalho de uma vida. Agra-ciado pelo Presidente Sampaio com acomenda da Ordem de Mérito, pela

Câmara de Oeiras com a Medalha deOuro e pela Câmara de Sintra com aMedalha de Prata.

Actualmente, para além da sua ve-lha oficina, dirige a Escola-Oficina dePaço de Arcos (com o apoio da Câma-ra Municipal de Oeiras), onde os jo-vens aprendem a arte da construçãoda guitarra.

Foto de finais do séulo XIX: João Pedro Grácio, o avô de Gilberto, é o primeiro à esquerda, sentado

O pai de Gilberto, João Pedro Grácio Junior, na respectiva oficina, na década de 40

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DE 10 A 24 DE MAIO DE 200666 CITAÇÕES

O PESO DO ESTADO

O Estado absorve metade dos re-cursos gerados e no entanto os servi-ços que presta são de fraca qualidade,na saúde, na educação, na justiça. Opeso do Estado conduziu a uma cargafiscal que diminui a capacidade decompetição das empresas, afecta o in-vestimento privado e penaliza as fa-mílias.

Além disso, a burocracia administrati-va, mais do que incentivar e propiciar oempreendedorismo, tem em geral umaatitude de desconfiança e desconsidera-ção perante a iniciativa privada.

� Proença de CarvalhoDN 30 Abril 06

MÁRIO LINO“IBERISTA CONFESSO”

“Enquanto Espanha anda há mesesagitada pelos debates sobre os estatutosde autonomia ou se o Estado se des-membra e se ‘rompe’ como nação, o mi-nistro das Obras Públicas, Transportes eComunicações de Portugal, Mário Lino,confessou-se em Santiago profunda-mente ‘iberista’, convencido de que Es-panha e Portugal têm pela frente um fu-turo comum porque a sua história tam-bém é comum e a sua língua semelhan-te. (...) “Sou iberista confesso (...) Háunidade histórica e cultural e a Ibéria éuma realidade que persegue tanto oGoverno espanhol como o português’.”

� Faro de Vigo07/05/06

A DISCUTÍVELEFICÁCIA DO LÍDER

Um ano depois da eleição de Ribei-ro e Castro, é forçoso reconhecer que

esta liderança tem revelado insufi-ciências importantes. É discutível aeficácia do próprio líder quando falapara os portugueses, que parecem nãoentender muito bem a mensagem de-le. A agenda do partido tem sido mui-to confusa. Há uma reflexão a fazersobre as prioridades do CDS no com-bate político. E já não há pachorra pa-ra ver Ribeiro e Castro justificar siste-maticamente as suas insuficiências deafirmação externa com o funciona-mento do próprio partido, queixando--se de mim e de Telmo Correia, ou la-mentando que Paulo Portas não tenhaemigrado. Esperaríamos que valori-zasse aqueles que dão a cara pelo par-tido todos os dias em vez de fazer odiscurso de um presidente-Calimero.

� Pires de Limadeputado do CDS/PP

Entrevista ao DN - 01/05/06

MORALISMO A verdade é que vivemos um mora-

lismo legal mais asfixiante e petulanteque qualquer teocracia da Antiguidade.Os decretos ministeriais metem o narizem tudo, do brinde do bolo-rei aos ga-lheteiros nos restaurantes, dos coletesretrorreflectores nos carros aos locais depiquenique. Os menores detalhes da vi-da privada estão estatuídos em leis, có-digos, despachos. A grande parte dosdebates políticos da sociedade actualocupa-se, não de problemas públicos,mas da vida íntima. Num tempo que sejulga livre de dogmas e censuras, ogrande tema de partidos, deputados,portarias são os hábitos e costumes, oconforto e intimidade, os valores eopções. Não há paralelo na História pa-ra esta ditadura moral, nem sequer narepública florentina de Girolamo Savo-narola. Chegámos ao paroxismo de go-vernos, baseados em maiorias ocasio-nais, se acharem com direito a redefinirconceitos milenares, como casamento efamília, vida e morte.

� João César das NevesDN - 01/05/06

POR ONDE A DIPLOMACIAEUROPEIA?

Certamente que o problema ener-gético está longe de ser apenas euro-peu. Não é por acaso que o acesso àsfontes de energia tem determinadogrande parte da política internacionalamericana, por mais criticável que asua materialização seja; ainda durantea semana, atingiu níveis pouco habi-

tuais a denúncia pelo vice-presidenteamericano, a partir de um país euro-peu (Lituânia) e a propósito da ques-tão energética, da “chantagem de Vla-dimir Putin”.

Mas a questão é inevitável e passapor interrogar por onde anda a diplo-macia internacional europeia e quempode acusar, questionar e negociarpoliticamente em nome da União.Num momento em que a ratificaçãodo Tratado Constitucional passa portantas vicissitudes, importa esclarecerse os europeus não andam um poucodistraídos e se o estado do mundo nãoobrigará a menos ingenuidade e a umrenovado empenho na construção deuma Europa com verdadeiro peso po-lítico.

� Elisa Ferreira - eurodeputadaJN - 07/05/06

D. ANTÓNIO FERREIRA GOMES

Mas D. António Ferreira Gomesnão se limitou a reflectir sobre algunsdesígnios fundamentais do ConcílioVaticano II.

Ousou tocar questões melindrosas.A título de exemplo: dever-se-ia re-flectir sobre a actual disciplina daIgreja no tocante à confissão auricular– “Santo Agostinho nunca se confes-sou” – bem como repensar o processoda canonização dos santos; quanto àdiplomacia eclesiástica, lembrando atransparência do Evangelho – seja avossa palavra sim, sim, e não, não –, anorma desejável seria: “Tanta diplo-macia quanta seja necessária ou útil etão pouca quanta seja possível”; a re-forma da Cúria “será baldada se nãoincluir o desaparecimento da funçãocardinalícia”; o que se passou no casodo novo Estatuto da Opus Dei foi “umdos factos mais graves da História daIgreja” e dos mais infelizes.

� Anselmo Borges (Padre e professor de Filosofia)

DN - 07/05/06

O PERIGO ESPANHOL

“Portugal foi a única nação ibéricaque conseguiu ficar independente deMadrid. Mas – diz-se – o que os espa-nhóis não obtiveram no passado pelapolítica e pela força militar, estão a al-cançá-lo agora pela economia. As em-presas espanholas compram as nossasempresas, os produtos espanhóis inva-

dem os supermercados portugueses...O dinamismo económico do nosso úni-co país vizinho mete-nos medo.

Só que o perigo espanhol é o inverso:se a economia espanhola perder força (ehá sinais disso), Portugal será prejudi-cado.

� Francisco Sarsfield Cabral“Visão” de 04/05/06

CORRUPÇÃO SEM CONTROLO

“Nunca a lista de casos sob investi-gação foi tão extensa, nem se faloutanto de corrupção como agora. EmPortugal, país que, em rankings comoos do Instituto do Banco Mundial ouda ONG Transparência Internacionale Centro para a Integridade Pública,insiste em posicionar-se na cauda daUnião Europeia (a 15), o fenómenopropaga-se como uma infestação deratazanas de esgoto. Alimentado, ain-da por cima, pelo tal sentimento deimpunidade que vem da raridade decondenações em tribunal, sobretudono campo da chamada ‘grande cor-rupção’.

Quanto ao impacto do fenómenono País pode-se especular. SegundoDaniel Kaufmann, director do Institu-to do Banco Mundial, fez cálculos econcluiu que Portugal podia ter o ní-vel de desenvolvimento da Finlândiase melhorasse o seu índice de contro-lo da corrupção que, numa escala de 0a 100, se situava, em 2004, nos 86,7pontos”.

� Francisco Galope“Visão” de 04/05/06

FALTOU “TOQUE” DE AUTOCRÍTICA

Foi muito positivo, assim, que sobreesta matéria Cavaco Silva tenha feito o(bom) discurso que fez, no 25 de Abril.A desiguladade e a exclusão são a nos-sa pior chaga, foi aí que Abril menoschegou, e acredite-se ou não num PlanoNacional de Inclusão é positivo tudoquanto o Prfesidente faça para a ‘curar’.A sua intervenção, a que nem faltouuma citação de um dos mais belos poe-mas de Ruy Belo, seria ainda melhor,aliás, se tivesse um ‘toque’ de autocríti-ca pela parte da responbsabilidade quelhe cabe na actual situação, como pri-meiro-ministro durante dez anos.

� José Carlos de Vasconcelos“Visão” de 04/05/06

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Page 7: O Centro - n.º 3 – 10.05.2006

COIMBRA 77 DE 10 A 24 DE MAIO DE 2006

“Coimbra... Memórias doAcervo Municipal” é o título daexposição que abre amanhã(quinta-feira, dia 11) na Galeriade Exposições Temporárias doEdifício Chiado

A mostra reúne obras que, aolongo do último século, foram fi-cando dispersas por vários edifí-cios municipais e que “nuncachegaram, até à data, a ser objec-to de estudo e de divulgação jun-to do público”, como refere o De-partamento de Cultura da autar-quia, que acrescenta:

“Através de uma criteriosa se-lecção do acervo da Autarquia amostra apresenta trabalhos dos

melhores au-tores, dandovisibilidadea uma colec-ção cuja te-mática versamuito parti-cularmente acidade deCoimbra e a

sua vivência”.A exposição (que vai ser inau-

gurada amanhã às 18h00) estarápatente até 25 de Junho, de terça-feira a sexta-feira, das 11 às19h00; sábados, domingos e fe-riados, das 11 às 13 e das 14 às19h00.

Exposição originalno Edifício Chiado

Um dos mais prestigiadosgabinetes de arquitectura doPaís, com sede em Coimbra,celebrou há dias 25 anos. Refe-rimo-nos à “plarq”, que assi-

nalou o seu primeiro quartode século de existência comuma sessão solene no auditó-rio do campus da FundaçãoBissaya Barreto, em que parti-ciparam diversas e destacadasindividualidades. Ali foi tam-bém inaugurada uma exposi-ção que mostra alguns dosprincipais projectos desenvol-vidos pela Plarq, em váriospontos do País e além-frontei-ras. Entre os mais recentes eemblemáticos, destaque-se oEstádio Cidade de Coimbra.

A “plarq – estudos de ar-quitectura e urbanismo, lda”,foi fundada em 1981 pelosseus dois sócios-gerentes, ar-quitectos António José Mon-teiro e António Crespo Osório.A arquitectura, a engenharia,o planeamento urbanístico, osestudos de mercado e serviços

de avaliação de Imóveis, cons-tituem as principais activida-des da empresa, a par com ou-tras tarefas multidisciplinareso que vocaciona o gabinete

para a elaboração de estudos eprojectos nas mais diversasáreas temáticas.

Acompanhando os mais re-centes métodos de análise, es-tudo e representação gráfica,

bem como de apresentaçõesde trabalhos, a “plarq”, apoia-da numa equipa interna de es-pecialistas em computaçãográfica, desenvolve e apresen-ta, hoje em dia, todos os seusprojectos em 3 dimensões erealidade virtual.

Na área da Arquitectura, aPlarq tem uma vasta experiên-cia em diversas áreas progra-máticas, como por exemplo arecuperação e restauro deimóveis, a hotelaria, centrosde saúde, mercados, equipa-mentos desportivos, indus-triais e comerciais. A outro ní-vel de intervenção arquitectó-nica, no curriculum da plarqsurgem os planos de ordena-mento de território – lotea-mentos, planos de pormenor,planos de urbanização, entreoutros.

Trata-se, em suma, de umaempresa que prestigia Coim-bra – e que, por isso, bem jus-tifica esta referência.

Uma exposição que pretenderetratar a vida e obra de Agosti-nho da Silva é inaugurada hoje(quarta-feira, dia 10), pelas18h00, na Casa Municipal daCultura de Coimbra.

O certame, que poderá servisto até ao dia 4 de Junho, éuma forma do Departamento deCultura da Câmara Municipalde Coimbra se associar às come-morações do centenário do nas-cimento do filósofo.

Recorde-se que Agostinho daSilva nasceu no Porto, em 1906, efaleceu em Lisboa, em 1994.Doutorou-se em Filologia Clássi-ca pela Faculdade de Letras doPorto e esteve ligado ao movi-mento da Renascença Portugue-sa. A partir de 1944 fixou-se noBrasil, onde leccionou em váriasuniversidades, exercendo gran-de influência nos meios culturaisbrasileiros, “sobretudo, atravésde uma original concepção deum messianismo ecuménico, ba-seado numa análise das obras doPadre António Vieira e de Fer-nando Pessoa, na linha de umQuinto Império Universal e noculto do Espírito Santo, de quePortugal, o Brasil e as comunida-des de língua portuguesa seriama prefiguração” – como refereuma nota divulgada pelo Depar-

tamento de Cultura da autarquiade Coimbra, que acrescenta:

“Reflexão (1957), as Aproxi-mações (1960) e um FernandoPessoa (1959), estudo pioneirosobre este grande poeta da lín-gua portuguesa, são algumasdas suas obras que melhor di-vulgam o seu pensamento. Re-gressado a Portugal, ficaramfamosas as suas charlas televi-sivas que permitiram uma me-lhor projecção do seu pensa-mento junto do grande públi-co, bem assim como algunsdos seus últimos livros, no-meadamente, Educação dePortugal (1989)”.

EXPOSIÇÃO É HOJE INAUGURADA EM COIMBRA

“Agostinho da Silva: pensamento e acção”

“plarq”: 25 anos a arquitectar

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DE 10 A 24 DE MAIO DE 200688 MUNDO ANIMAL

Há um mês foi aqui referidopelo veterinário Salvador St.Aubyn Mascarenhas o lamen-tável caso de um canil em EiraPedrinha (Condeixa), ondemuitos cães se encontravam fe-chados e abandonados, de talforma que os que iam morren-do eram devorados pelos ou-

tros, que assim tenta-vam sobreviver.

De uma das pessoasque denunciou estadesumana situação re-cebemos uma enterne-cedora imagem acom-panhada do texto quea seguir transcreve-

mos:“Esta é a Rosinha. Uma ca-

dela sobrevivente do terrívelcaso de Eira Pedrinha, Condei-xa. Foi abandonada pelo “do-no” fora do canil onde ainda seencontram outros cães que,apesar de tudo, tiveram a sortede escapar ao pesadelo dos

seus iguais e ainda não foramlevados (e abatidos) pela edili-dade.

Os cães dentro do canil pre-cisam de quem os alimente eestime. Quem adoptar qual-quer um deles, terá um amigofiel e reconhecido para a vida.

Se não tivesse sido salva, aRosinha não teria muito maispara contar. Agora é alimenta-da e acarinhada por alguémque tenta fazer-lhe esquecer amaldade humana.

Vamos tentar repetir a histó-ria com os outros sobreviven-tes.

Contamos convosco paraajudar a passar a palavra. Bemhajam”.

O apelo aqui fica, esperandoque encontre eco junto de al-guns dos leitores do “Centro”.

Ainda o lamentável caso de Eira Pedrinha

Todos os anos, as ClínicasVeterinárias são inundadas,principalmente pela altura doVerão, por dezenas de cachor-ros desidratados, com vómitos,profusa diarreia hemorrágica eprofundamente magros e de-primidos. O diagnóstico faz-sepelos sintomas e também pelaanálise do sangue; mas tam-bém quase que “adivinhamos”só pelo cheiro fétido das fezeshemorrágicas: Parvovirose Ca-nina. Doença provocada porvírus (parvovírus) muito resis-tente, sendo um vírus muitopequeno (parvo em latim = pe-queno), comparado com os ou-tros vírus. Este parvovírus ata-ca os cachorros e infecta osseus intestinos e outros órgãosem que as células se encontramem rápida multiplicação. Algu-mas outras doenças podem mi-metizar os sintomas da parvo-virose tal como a Coronaviro-se, o Parasitismo Intestinal, eoutras, que deverão ser dife-renciadas pelo Médico Veteri-nário.

O vírus destrói as célulasque revestem a mucosa dos in-testinos e causa vómito e diar-reia muito intensas que namaior parte das vezes é san-guinolenta. Um grande núme-ro de partículas virais são li-bertadas nas fezes dos cães in-fectados e podem infectar ou-tros cachorros, especialmenteos que não foram vacinadosou que ainda não completa-ram o seu esquema vacinal. Operíodo de incubação dadoença é de 6 a 10 dias e o ani-mal infectado começa a liber-tar o vírus antes de manifestara doença; 3 a 5 dias depois deser infectado. Por isso um ani-mal ainda sem sintomas podeestar a infectar os outros ca-chorros e mesmo depois de re-cuperar da doença vai libertaro vírus durante cerca de 7 diaspara o seu meio ambiente.

Sabe-se que algumas raçassão mais predispostas à Parvo-virose canina, nomeadamenteo Rottweiler, o Doberman, oPit Bull, o Labrador e o PastorAlemão.

O tratamento dos cachorrosafectados consiste, essencial-mente, no combate à desidra-tação através de administraçãode líquidos com electrólitos,glicose e outros nutrientes porvia endovenosa (soro), dandotempo ao organismo de criardefesas para expulsar o vírusagressor. Além disso são utili-zados medicamentos para con-trolarem os vómitos e tambémpara aumentarem a protecçãoda mucosa intestinal que se en-contra lesada e antibióticos pa-

ra contrariarem as infecçõesoportunistas de bactérias quese aproveitam do organismocombalido pela doença. Nal-guns casos é necessário mesmouma transfusão de sangue pa-ra compensar as perdas do ani-mal pelos vómitos e dejecçõeshemorrágicas.

Pela nossa experiência te-mos observado que animaismuito jovens (até dois mesesde vida) e ainda sem nenhumavacinação, têm um prognósti-co muito reservado. Não sódevido à maior destruição damucosa gastrointestinal, mastambém porque nessa idadeoutras células do corpo aindasão alvo para o parvovírus,causando imunodeficiência emiocardites, além septicemia,problemas relacionados com acoagulação do sangue dentrodos vasos e dificuldades respi-ratórias agudas. Nesses casosa doença, infelizmente, poderáevoluir mesmo para a mortedo animal, devido ao colapsocirculatório e falência de vá-rios órgãos.

Sabe-se que a incidência dadoença decresce muito signifi-cativamente com a vacinação.Por isso, a única prevençãoeficaz consiste na vacinação ecuidados higio-sanitários cor-rectos com os cachorros, nãopermitindo que entrem emcontacto com as secreçõese/ou dejecções de outros cãesna rua, enquanto não tiveremcompletado a sua primo vaci-nação (que consiste em três ouquatro vacinações seguidascom o espaço de 2 a 4 semanasentre cada uma). Importantetambém é lavar as mãos,quando voltamos da rua, an-tes de fazermos festas ao nos-so cachorro, e já agora, troque-mos os sapatos por umas chi-nelas, porque podemos estar atrazer alguns vírus nas suassolas. O Parvovírus é muitoresistente e estável no ambien-te, mas pode ser destruído poruma solução composta por 1parte de lixívia diluída por 30partes de água.

Quantos mais cachorros fo-rem vacinados, menos cãesirão adoecer e portanto menosirão transmitir a doença. Se to-dos os donos fossem responsá-veis com os seus cachorros va-cinando-os, a endemia seriafacilmente controlada e estedrama anual não aconteceria.Sejamos donos responsáveis.

Salvador St. Aubyn MascarenhasMédico Veterinário

[email protected]

“Lardy” é um amigalhaço.Chamei-o e ele piscou-me o olhoque tem a malha negra. Ele é to-do branco, tem uma malha ne-gra em cima do olho esquerdo eé um bull terrier. Está deitado delado, em cima de uma mantaconfortável e no calor que o arcondicionado debita para a sala

de internamentos. O soro entra--lhe pela veia radial e dá-lhe vi-da. Chamo-o de novo e ele pis-ca-me o olho outra vez. Não re-sisto e abandono o computadorque se encontra a poucos metrosda sua jaula inox. Abro a porta epasso-lhe a mão pelo pêlo. Aba-na a cauda e faço-lhe festinhasna cabeça possante, sem tocar naenorme ferida que ele tem nolombo. Encosto a minha cabeçana dele e faz um som de mimo.O “Lardy” povoa a sala com o“Max” que é um cachorro dál-mata a recuperar de uma diar-reia hemorrágica e já abana acauda quando me aproximo de-le. A gatinha “Chica” ainda estáprostrada e o soro começa a re-por-lhe a elasticidade à pele, de-pois de uma diarreia lhe ter ex-

traído qua-se todos oslíquidos doseu frágilorganismoj u v e n i l .Hoje estoude preven-ção na clí-nica e a mi-nha noiteavança cal-ma com amúsica daRádio Uni-versidadeem fundo. Um manual da Bri-tish Small Animal VeterinaryAssociation (BSAVA) enche-mea retina quando não estou a tra-tar dos internados ou não res-pondo a algum telefonema deum dono aflito. “Wildlife Ca-sualties” é o título, e essa leituraleva-me numa viagem pelo tem-po em que eu era estudante. En-trei com o sonho de ser um“zoovet”, que se revelou impos-sível pela escassez de lugares nomercado nessa especialidade, epor conseguinte fui por outroscaminhos, que confesso, me rea-lizam também. Nessa altura eraa Escola Superior de MedicinaVeterinária, mas alguns senho-res devem ter achado que “Esco-la” era pouco digno. Eu habi-tuei-me a dizer que ia à “Escola”e mesmo com a mudança para“Faculdade”, continuei a dizer“Escola”, o que causava algumprurido nalguns colegas maispedantes (Os Senhores Douto-res). Surpreendeu-me alegre-mente o preâmbulo do livro como seguinte: “...veterinary sur-geons in the UK have a longstanding policy of treating wil-dlife casualties gratis...”, o querevela logo à partida a posturade um povo relativamente aos

animais, à natureza e à sua con-servação. Por aqui, eu e os meuscolegas ainda somos “loucos”(como diz o nosso amigo biólo-go) e nos disponibilizamos parair de madrugada, domingo, sá-bado, feriado, dia de Natal, atentar salvar algum animal sel-vagem e, como se diz aqui, “semdono”. Traz tristeza lembrar queestá intrínseca na cultura portu-guesa a tolerância aos atentadosao ambiente e à vida animal. Épena que a sociedade civil nãotenha a consciência da necessi-dade de preservarmos a nature-

za e do respeito pelas outras vi-das. “Lardy” pisca-me olho,“Max” abana a cauda e a “Chi-ca” por essas alturas já ronronacom as minhas carícias. A noiteainda é uma criança.

* Médico Veterinário

Salvador Mascarenhas *

Lardy, Max e Chica Parvovirose canina: um drama anual

Page 9: O Centro - n.º 3 – 10.05.2006

O senhor Presidente da Repúblicacentrou o seu discurso do “25 de Abril”no magno problema da exclusão social aqual atinge largas franjas da sociedadeportuguesa.

Fê-lo em momento altamente crucialda nossa vida colectiva onde as desigual-dades se acentuam e as dificuldades eco-nómicas batem à porta de um númerovertiginosamente acrescido de lares por-tugueses.

É caso para perguntarmos porqueexiste tanta exclusão social. A primeiraexplicação que nos surge é, naturalmen-te, económica.

Quanto a nós, o problema mergulhabem mais fundo e tem muito mais a vercom a natureza das relações que se foramestabelecendo inter–pessoas e inter–gru-pos, propiciadas e fomentadas pela crisede valores ora emergente na sociedadeportuguesa, a fragilização dos laços fa-miliares e da ancestral cultura da solida-riedade.

De pouco valerão as ajudas pecuniá-rias se nada for alterado no âmbito dasrelações, na apologia e adopção de novose tradicionais valores de cívica humani-dade e na relevância duma cultura hu-manizada de atenção pelo próximo.

Por outro lado, o fenómeno da exclu-são, para além dos factores exógenos aoexcluído, vulgarmente entendidos comosociológicos, tem muito a ver com ques-tões pessoais entre as quais avulta a au-

to–estima e a capacidade de reacção po-sitiva na busca individual de soluções.

Em toda a complexidade do fenóme-no, temos de colocar em primazia o fac-tor educativo. Em que medida a escola,entendida “latu senso” (instituição, en-volvimento sócio–cultural, media...) teminvestido, como lhe compete, na educa-ção para a cidadania? Não estaremos aformar seres egoístas, interesseiros e semconvicções cívicas e de moral humanis-ta?

Precisamos urgentemente de oporuma escola de valores a essa escola demercadores que grassa por aí e que tornaesta pobre humanidade mais impessoal,mais vítima dessa duro, gélido e selváti-co liberalismo materialista e hedonista.

Seguidamente, as políticas socio-eco-nómicas. Quando vemos um estado abú-lico e conivente num quadro sistemáticode distorções retributivas – fechando osolhos às escandalosas autopromoçõesdos quadro superiores das empresas eaos assaltos de chorudas reformas às cai-xas de pensões, às escandalosas e obscu-ras manifestações de riqueza de algunscidadãos... e regateando as migalhas comque acena aos mais desprotegidos, he-mos de concluir que ainda estamos mui-to longe dum verdadeiro estado social.

As políticas laborais surgem, obvia-mente, no centro de todo o processo. Aquestão do desemprego, quanto a nós,começa por ser filosófica.

É que ainda não houve um poder queconseguisse colocar no mesmo plano deimportância cívica, económica e jurídicaas prerrogativas empresariais e as labo-rais.

Esta crónica e inconsequente subalter-nização das segundas pelas primeiras é acausa profunda de toda essa polémica da

rentabilidade e competitividade, das fa-lências fraudulentas e dos despedimen-tos colectivos, das empresas fantasmas efugitivas...

Quando um empresário recruta umtrabalhador não compra um escravonem dá esmola a um indigente. Cele-bra, isso sim, um contrato com um ho-mem livre num país democrático emque cada parte se obriga a cumprir nãosó um determinado número de cláusu-las de natureza económica ao nível daqualidade das prestações mas, sobretu-do, ao nível das expectativas as quais,para ambas as partes, é mister se criemno sentido duma gestão séria, eficientee projectada no futuro e duma sadiacultura de empresa, de estabilidade eexcelência, pelo zelo e qualidade dasprestações laborais e participação insti-tucional e afectiva dos trabalhadores navida daquela. A empresa não é tão so-mente um instrumento para o empresá-rio obter lucros, mas uma instituiçãopropiciadora dum bem inestimável deprogresso, segurança, dignificação e in-serção e social – o trabalho. Há queatender com sensato equilíbrio às duasfaces da moeda. Muitas empresas de-caíram, faliram e ficaram a dever a estemundo e ao outro, ao estado, porquemarginalizaram os seus trabalhadores.

Vivemos uma grave crise económica esocial. O receituário que os eminentíssi-mos especialistas vão aduzindo fica–sepela rama. Aliviar linearmente o estado eas empresas dos seus excedentes, flexibi-lizar unilateralmente o vínculo laboral,deixar em roda livre as empresas decomportamento duvidoso... são mezi-nhas míopes e muito discutíveis.

Ou atacamo-la com seriedade, rigor eparcimoniosa humanidade ou continua-remos ad aeternum com a rica pobrezade uns poucos escandalosamente abor-nalados num miserável país de excluí-dos.

OPINIÃO 99DE 10 A 24 DE MAIO DE 2006

Li e reli o seu texto saudoso sobre aponte do Ervedal e gostaria de lhe acres-centar alguns esclarecimentos.

A velha ponte de madeira deveu a suaconstrução ao interesse do Doutor Antu-nes Varela (ministro da Justiça nos idosde 50 e 60, e recentemente falecido) juntode quem de direito, para assim facilitar atravessia para Figueira-e-Barros e para asherdades circundantes ao norte da ribei-ra. Se foi inspiração ou experiência para afutura ponte sobre o Tejo (inaugurada em

1966), é difícil concluir tal asserção – masque é muito semelhante, isso não tem dú-vida!

As “passadeiras” a que se refere, eramas antigas pedras de caminho pedonalque os romanos usavam para atravessaras linhas de água, pois por ali passava aantiga estrada que desde o século I ia deSevilha a Coimbra, atravessando o quesão hoje os campos e povoados de Juro-menha, Ervedal, Poço das Grandezas eMonte do Chafariz (em Benavila), Abran-

tes, Tomar e outros locais onde foram fi-cando restos e testemunhos desse tempo.

Na construção do próprio Conventode Avis, bem como em muitas casas eherdades senhoriais aparecidas no conce-lho no decurso da Segunda Dinastia, foialiás usada muita pedra do piso da estra-da romana, que assim viu o seu fimapressado, primeiro pela instalação darespectiva Ordem e mais tarde da dinas-tia de Avis (em cuja vigência muitos no-bres, que acompanhavam o rei nas suasestadias de repouso na região, ali adqui-riram propriedades e construíram gran-des casas rústicas).

Com toda a cordialidade

Manuel Grilo

Carlos Carranca

PRAÇA DA REPÚBLICA

CARTA ABERTA A VARELA PÈCURTO

Vem ao nosso encontroo velho caminheiro.

O rio Alva debrua-lhe o passeio.À sua volta a sombra de um poema– serras em cantilenaecoam o credo antigoouvido em comunhãona voz daquele amigoda serra do Marão.

Vem ao nosso encontroo velho caminheiro.

Só ele é daquie é de longe.Poeta-mongeque o chão duronomeou sorrià luz feliz dos seus mil anos.

Vem ao nosso encontroo velho caminheiro.

É o futuro!Deixemo-lo passar.Ele vai chegar primeiro.

FernandoValle no paísdo Maio

Lá fui, pois, atestar! Então se esta-va ali a dois passos!...

A fila na bomba, imensa. Só prati-camente carros com matrícula portu-guesa. A companhia vendedora docombustível era, por mero acaso, por-tuguesa também, mas, ali, vendiamuito mais barato do que do lado decá.

Pelas ruas e nas lojas, portugue-ses... E comentários: «Olha, com isto

poupámos 500 euros, já viste?». E tu-do numa admiração! Claro: os meuspadrinhos têm o grande supermerca-do ao lado de casa, mas há o mesmodo lado de lá, com preços muito maisbaixos... não hesitam! E já têm amigosque trabalham cá e compraram casalá: compensa!

Ayamonte, sexta-feira, 21 de Abrilpassado: um mar de portugueses àscompras!

José d’ Encarnação

Memórias alentejanas

A nossa rica pobreza

POIS...

Renato Ávila

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Em Maio Coimbra é, sobretudo,“Queima das Fitas”.

Não por acaso, a “Lusa Atenas” po-de continuar a intitular-se “CidadeUniversitária”, já que se mantémaquela onde os estudantes represen-tam uma maior percentagem da po-pulação.

Este ano essa realidade permaneceevidente, e ficou ontem bem demons-trada no cortejo que desfilou desde avelha Universidade (com os seus 716anos é uma das mais antigas do Mun-do) até à Baixa, ao longo de muitas emuitas horas.

BÊNÇÃO DAS PASTASE SERENATA

Mas voltemos um pouco atrás, aoprimeiro grande momento da Queimadas Fitas, que é sempre a Bênção dasPastas. A Sé Nova voltou a mostrar-semuito exígua para tantos estudantes eseus familiares, sendo elevado o nú-mero dos que tiveram de ficar cá fora

- para além do incómodo sentido pe-los que conseguiram lá entrar. Prova-velmente, será altura de encontrar umespaço alternativo para esta cerimó-nia.

Depois deste domingo de pendormais religioso, seguiram-se uns diasde preparação para os festejos pagãos.

A Serenata na Sé Velha voltou a ser“monumental”, com o Largo e ruasque para ele convergem totalmentecheias de estudantes trajando capa ebatina.

Apesar disso, muitos outros opta-ram por prescindir da serenata e can-tarem eles próprios noutros locais dacidade, especialmente na Praça da Re-pública e restaurantes da Baixa.

As noites têm sido, sobretudo, mar-cadas pelos espectáculos na Praça daCanção (não por acaso começarampor lhe chamara “Queimódromo”),com uma abertura internacional deMelanie C., seguida de muitos outrosgrupos portugueses, de géneros bemdiversos.

Mas mais do que a música, ali con-tinua a imperar o álcool – e talvez ain-da outras substâncias menos reco-mendáveis, a fazer fé nos relatos dequem ali andou todos os dias.

Sarau, Baile de Gala, Garraiada –cumpriram-se a preceito.

CERVEJA IMPEROUNO CORTEJO

Regressando ao “prato mais forte”da “Queima das Fitas” de Coimbra -que é sempre o Cortejo, e que ontem

foi bafejado pelo bom tempo.A abrir, como de costume, alguns anti-

gos alunos, “velhos doutores” a matarsaudades.

Depois o infindável desfile de cerca de90 carros alegóricos, em quantidade quevai aumentando a cada ano que passa.

Um festival de cor e alegria, que nãoraro subiu aos excessos, especialmente noque respeita ao consumo de bebidas al-coólicas.

A cerveja aí ganhou, por larga vanta-gem, e não foram poucos os que tiveramde “desertar” do desfile e ser transporta-

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A “Queima” invadiu Coimbra

Page 11: O Centro - n.º 3 – 10.05.2006

dos aos Hospitais para receber tratamen-to adequado.

Já lá vai o tempo em que o vinho, espe-cialmente o espumante, era quem reina-va...

Também como já vai sendo um inde-sejável hábito, não foram só fitas a ar-

der nesta “Queima”. As flores de papelde alguns carros foram consumidas porchamas ateadas involuntariamente oulançadas por indivíduos sem escrúpu-los.

CRIATIVIDADETAMBÉM EM CRISE

O cortejo da Queima vai crescendo,mas a criatividade não acompanha essemovimento.

Ontem voltou a verificar-se falta de ins-

piração, nem tanto na construção dos car-ros (alguns dos quais foram bem concebi-dos), mas especialmente nos cartazes queos complementam.

Acrítica social, que era apanágio destes

cortejos da Queima, praticamente desapa-receu.

No avanço do desfile era patente algu-ma desorganização.

E até mesmo as canções e refrões maistradicionais estão em vias de extinção.

Como exemplo, nos dois carros que

abriam o desfile (um de Medicina e outrode Direito) entoava-se exactamente amesma frase: “Coimbra é minha, Coim-bra é minha e há-de ser!”.

E não temos dúvidas que será, quanto

mais não seja nas memórias que conse-guirem conservar-se - isto é, as que o*lcool não dissipou...

Mas mais eloquentes do que as pala-vras, aqui ficam as imagens do cortejo, aque assistiram milhares de pessoas, queaguentaram muitas horas a fio ao longo

dos passeios para ver passar os carros co-loridos e respectivos ocupantes quasetodos bem bebidos.

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Page 12: O Centro - n.º 3 – 10.05.2006

DE 10 A 24 DE MAIO DE 20061122 QUEIMA DAS FITAS

Page 13: O Centro - n.º 3 – 10.05.2006

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Page 14: O Centro - n.º 3 – 10.05.2006

DE 10 A 24 DE MAIO DE 20061144 A PÁGINA DO MÁRIO apaginadomario.blogspot.com [email protected]

No dia 10 de Abril, José Pacheco Pe-reira (JPP) esteve em Coimbra e escre-veu no seu blog um texto intitulado“Lendo o ‘Le Monde Diplomatique’, juntoao Mondego, num dia cinzento, ao lado dobarco ‘Basófias’”. Só.

Entre outras coisas, revelou-nos estapreciosidade: “Sempre achei que deviahaver algo de muito errado numa cida-de em que os estudantes gostam de an-dar vestidos à padre. Passam alguns, ne-gros e poeirentos”.

Em homenagem à capacidade obser-vadora de JPP, publica-se uma imagemcaptada sexta-feira ao fim da tarde naFeira do Livro.

Sem mais palavras.Espero que goste.

No blog com o mesmo nome destapágina, recebemos a seguinte men-sagem:

“Um filósofo defendeu um dia que todo oargumentador que se preze deve problemati-zar em torno de três momentos: investigação,análise e divulgação. Deixando de lado a di-vulgação (da qual somos exemplo aqui), a in-vestigação e análise podem ser entendidas co-mo a capacidade de indagar, decompor e ex-plicar a realidade que nos circunda, para sepoderem expor conclusões ou hipóteses comalgum rigor. Lamentar uma situação não ésuficiente.

Quando se divulga com espanto que umamedalha foi conquistada pelo judoca conim-bricense João Neto – que nasceu, reside, estu-da e treina em Coimbra – em representaçãoda ACM de uma cidade que não a sua (naqual está inscrito), convém investigar e ana-lisar as causas que terão levado a tão bizarracircunstância.

Por que razão é preciso investigar, anali-sar e só depois divulgar? Certamente porquejá na Antiguidade os gregos sabiam que háuma grande diferença entre ter opiniões epossuir conhecimento. Podemos ter opiniõescorrectas simplesmente por sorte, ou entãopor fé, mas elas não constituem “saber”, por

carecerem de fundamento racional. Quandoo nosso objectivo é conhecer com seriedade,não nos podemos ficar no nível declarativo,devemos antes pesquisar, destrinçar e aí sim,manifestar. Os acemistas agradecemos pro-fundamente que assim seja feito.

Graciano Marques(Secretário-Geral da ACM de Coimbra)”

Na última edição publiquei umabreve nota sobre o facto do judoca co-nimbricense João Neto (medalha deouro na “Taça do Mundo”) estar inscri-to na ACM de Torres Novas, no distri-to de Santarém. A informação é correc-ta.

Terminei o texto (reproduzido ao la-do) com um simples comentário: “Omeu lamento”.

Como não devo ter sido claro, de-senvolvo a ideia: o que fica para a his-

tória, nos registos oficiais, é uma me-dalha de ouro conquistada por um em-blema do Ribatejo. E este facto nadaacrescenta ao prestígio do desporto deCoimbra.

Quanto aos motivos da situação doatleta, quem melhor do que a ACM pa-ra os explicar? É pena que não o tenhafeito. Mas o jornal estará sempre aber-to ao esclarecimento. Como se escre-veu no n.º 1 do “Centro”, estas pági-nas são espaços de liberdade.

Postal de Coimbradedicado a JPP

ACM cá e lá:lamentar não é suficiente

Valeua penaAí está a Queima das Fitasem ambiente de alegria.Já houve temposem que não foi assim.

Depois do 25 de Abril,a “nomenclatura” que se instalouno poder decretou que as tradiçõesacadémicas eram fascistas. E o fadotambém. Os sons de Coimbraafastados da rádio.

Tempos de luta.Vestir a capa-e-batinaera meio caminho andado paraa agressão cobarde, numa qualqueresquina da Alta. Ou para, ao entrarna sala de aula, ouvir exclamar que“hoje, temos um corvo cá dentro”.Ou ver o carro do cortejo incendiadoao chegar à Praça.

As primeiras serenatas forammanifestações de resistência.Apesar das garrafas de vidro lançadas para o meio da multidão.Estar ali era fundamental.Cantava-se (gritava-se!),a uma só voz, a parte finalda “Trova do vento que passa”.

Coimbra, amordaçada no seu maisprofundo sentir, saiu à rua e fezda Semana Académica de 1979e da Queima das Fitas de 1980dois momentos grandiosos – únicos.Como já tinha sucedido, aliás,com o regresso do fado à escadariada Sé Velha em 1978, pelas mãosde Pinho Brojo e António Portugal,dois socialistas corajosos.

Hoje a tradição percorre o caminhonatural do que está enraizadono coração da comunidade.Alegro-me com a alegria da festa,emociono-me com a felicidadedos jovens e de quem os acompanha.Sinto uma grande paz interior,misturada com algum orgulhopor ter participado nessas lutas.

(Ainda na semana passada,na Sé Nova, o Eduardo Nunesdisse ter encontrado nos arquivosuma foto de 1979, do “Baile de Gala”no Pavilhão dos Olivais.Prometeu guardá-la, prometiir buscá-la um dia destes...).

Não voltei a usar capa-e-batinadepois de 1980.Mas continua guardada,pronta a vestir.

Mário Martins

MENSAGEM ENVIADA PARA O BLOG

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António José Ferreira

O União de Coimbra desceu à 3.ª Divi-são Nacional. Ao cabo de uma época des-gastante, ao longo da qual os conhecidosproblemas financeiros que afectam o clu-be acabaram por chegar à equipa sénior,os comandados de António Cortesão nãoatingiram a manutenção, principal objec-tivo estabelecido para a temporada queagora finda.

Em conversa com o “Centro”, FábioPereira não escondeu a frustração peladescida de divisão, mas começou por en-fatizar que “no plano pessoal acabou porcorrer bem porque joguei em posiçõesque ‘desconhecia’, mas que agora tiveoportunidade de experimentar e de saberque sou capaz de as ‘fazer’ sem proble-mas. Além disso, esta época serviu tam-bém para ganhar experiência no futebolsénior, até porque a 2.ª Divisão tem joga-dores que já passaram no principal esca-lão do futebol português e jogar contraeles foi muito importante”.

Para o êxito pessoal que constituiu a“estreia” nos seniores, o jovem unionistalembra e agradece “o apoio que tive doscolegas mais experientes, em todos os as-pectos. É um grupo bastante bom e queteve no bom espírito o mais importantepara, apesar de tudo, conseguirmos lutar

até à penúltima jornada”.Em termos colectivos reconhece que o

desfecho “foi frustrante porque descemosde divisão e isso não agrada a ninguém.Bem merecíamos a manutenção porquedepois de sete meses sem receber pensoque era um prémio mais do que justo pa-ra este grupo de trabalho, que sempredeu o máximo e lutou até aos limites pa-ra conseguir o que todos queríamos, queera não levar o União de volta à 3.ª Divi-são”.

Os adeptos do União sempre foram

conhecidos por dedicar grande carinhoàs equipas do clube, de todos os escalões.No entender de Fábio Pereira, no entanto,esse apoio “arrefeceu um pouco, pois jánão se vê tanta gente no pelado da Arre-gaça a assistir aos jogos. Nos seniorestambém não, neste caso porque a maiorparte da massa associativa do clube é ido-sa e torna-se muito difícil assistir aos jo-gos em Taveiro”.

Sobre o futuro imediato, ainda não temquaisquer novidades, até porque o Uniãopassa por reajustamentos a nível directi-vo, mas confessa que tem “ambições bas-tante elevadas” e que quer “singrar no fu-tebol”. A médio prazo espera que o seufuturo passe “por clubes de maior dimen-são e que lutem por objectivos diferen-tes”, não querendo isto dizer que “des-considere o União, bem pelo contrário,mas quero algo mais para a minha carrei-ra, se possível jogar em divisões mais ele-vadas”. A 1.ª Liga e a selecção nacionalsão metas que não coloca de lado, embo-ra saiba ter de “lutar e batalhar muito”.

A concluir, Fábio Pereira desejou que oUnião consiga levar por diante o projectode requalificação da Arregaça, obra queconsidera “importantíssima” e sem aqual não “há futuro para o clube. OUnião precisa de ultrapassar os gravesproblemas financeiros e com esta obrapoderá saldar as dívidas que tem com asvárias entidades e depois, então sim, teros apoios e patrocínios que sempre tevepara levar o clube para a frente, como to-dos esperamos”.

DESPORTO 1155DE 10 A 24 DE MAIO DE 2006

Houve festa no Estádio Cidade de Coimbra! Apesar de ter acabado a época em “aflição”, a Académicagarantiu a manutenção na 1.ª Liga e foi vitoriada pela comunidade estudantil e pelos conimbricensesem geral

Bruno Garrido

Como já vem sendo hábito, a lutafoi até à última jornada. Depois de ter

concluído a prova no 14.º posto, o ob-jectivo foi cumprido, não obstante odiscurso dos responsáveis academis-tas no defeso apontar para mais altosvoos.

A notável ponta final que a Acadé-mica realizou na época transacta, aocumprir 12 jogos sem conhecer o saboramargo da derrota, transformou, dealguma maneira, o habitual discurso eos horizontes dos responsáveis pelofutebol da AAC-OAF. O presidente,

José Eduardo Simões, afirmou aquan-do da apresentação do plantel2005/2006: “Ambição e capacidade detrabalho existem e, com inteligência,vamos até onde eles quiserem. O ob-jectivo é fazer bastante melhor do quena segunda volta da época passada”.

A continuidade das pedras mais in-fluentes, em especial do promissorcentral José Castro, muitíssimo cobiça-do e que vai agora representar o Atlé-tico de Madrid, bem como da equipa

técnica, levariam a crer que a época se-ria tranquila. No entanto, nem os go-los de Marcel, contratado no defeso eposteriormente emprestado ao Benficana reabertura do mercado, permitiramaos academistas respirar livremente.

O técnico Nelo Vingada justificouos sobressaltos deste final de campeo-nato com as lesões que assolaram oplantel ao longo da prova, uma vezque jogadores como Paulo Adriano,Dionattan, Nuno Luís e Danilo estive-ram muito tempo impedidos de dar oseu contributo à equipa. Com o finalda temporada, encerrou-se o ciclo deVingada na AAC, sendo Manuel Ma-chado o provável sucessor.

Objectivo cumpridoACADÉMICA GARANTE MANUTENÇÃO PERTO DO FIM

Futebol durante a Queima

No jogo que carimbou a permanênciada Académica, foram cerca de 26 mil osespectadores que se deslocaram ao Está-dio Cidade de Coimbra. E muitos foramaqueles que assistiram à partida trajadosa rigor, incentivando a equipa do princí-pio ao fim.

O ambiente foi de grande emoção, cul-minado com o golo do empate, apontadopor Joeano. No final, estudantes e não es-tudantes abandonaram o recinto com umsorriso de “orelha a orelha”. Afinal aBriosa tinha conseguido a manutenção.

Naval tambémfestejou

Assim como a Académica, também aNaval 1.º de Maio sofreu até à última pa-ra permanecer na 1.ª Liga, com a curiosi-dade de o golo da tranquilidade ter sidoapontado quase em simultâneo com odos “estudantes”. Depois de um cam-peonato sofrido, a sobrevivência foi ca-rimbada em Penafiel, com um triunfopor 0-1. No primeiro ano entre os “gran-des”, a turma figueirense alcançou oprincipal desiderato: consolidar o seu es-tatuto de equipa da 1ª Liga.

FÁBIO PEREIRA FRISA QUE O UNIÃO NUNCA DESISTIU

“Merecíamos a manutenção”

Foi assim que o artista plásticoVictor Costa viu a permanência daAcadémica na I Liga e a descida doVitória de Guimarães. Contas anti-gas...

Page 16: O Centro - n.º 3 – 10.05.2006

Pelo edifício-sede da ACM (Associa-ção Cristã da Mocidade) de Coimbrapassam semanalmente mais de ummilhar de pessoas! Norberto Canha e Graciano Marques, respectivamentePresidente e Secretário-Geral da associação, falaram ao “Centro” sobretoda esta actividade e da “máquina”organizativa em que assenta

António José Ferreira

Norberto Canha preside à Direcçãoda ACM desde 1991. Durante este pe-ríodo, bem como em toda a história dainstituição, orgulha-se de poder afir-mar que “nunca houve grandes pro-blemas. É com grande alegria que po-demos dizer que nunca nos constouque houvesse cá qualquer drogado”.Esta constatação e a verificação de que,embora “com necessidade de modifi-car alguma coisa”, os princípios que le-varam ao nascimento do MovimentoAcemista “são imutáveis”, defendeque “as ACMs ou instituições seme-lhantes deveriam estar mais difundi-das pelo país. A problemática da ju-ventude não se resolve com encontrosfugazes de pessoas, grande parte delassábias, mas que não têm a experiênciade lidar com as crianças e com os ado-lescentes”. Em concreto sobre o mode-lo utilizado pela ACM Coimbra, queconsidera o mais adequado, NorbertoCanha conta que “damos grande liber-dade a cada uma das secções. Quase sóintervimos na apresentação de contas,de modo a cumprirmos tudo o que es-tá determinado em termos legais, masem tudo o resto damos total liberdadede actuação, desde que dentro daque-les princípios que defendem a educa-ção da juventude no respeito por todasas religiões e por todos os cidadãos. Anão ser assim, isto transformava–senuma ‘fábrica’ de empregos e a sobre-vivência da instituição estaria em cau-sa”. A talhe de foice, o Presidente daACM avança que “alguma legislaçãoque vai surgindo e que impõe determi-nadas regras, serve provavelmentemais para colocar professores de Edu-cação Física acabados de formar doque propriamente para atender às difi-culdades das instituições, que são co-muns”.

Sobre as dificuldade próprias demanter a “porta aberta” com tão inten-sa actividade, Norberto Canha lembraque instituições como a ACM “só po-dem funcionar se não tiverem encargosadicionais. De outra forma não é possí-vel. Não recebemos nada do Governo ea Câmara dá um quantitativo quasedesprezível para o funcionamento dassecções, embora eu reconheça que nãopode dar mais. Na cidade institui-se

um pouco a ideia de que a ACM é umainstituição rica e nós também não temosmuito jeito para andar com a pasta dasesmolas a pedir. Mas a ACM não é rica!É uma instituição pobre mas bem go-vernada e que faz todos os possíveis pa-ra ser auto-suficiente e para não estardependente da versatilidade comporta-

mental dos políticos”. Definindo o edifício-sede da ACM

como “um ponto de encontro”, onde acultura e o desporto contribuem para aformação integral das centenas de jo-vens envolvidos, dá conta de um dosprincipais sonhos que deseja ver con-cretizado: “Gostaríamos de construir o

que designámos por ‘Centro das TrêsIdades’. Hoje as gerações estão separa-das, parecendo haver um muro entreelas. Dou este exemplo: noutros tem-pos, quando um professor universitáriose jubilava, mantinha sempre o seu ga-binete para poder trabalhar. Hoje, aspessoas quando se reformam ficam sempoder transmitir alguma coisa que ain-da não tiveram oportunidade de trans-mitir. O Centro que gostaríamos de edi-ficar reforçaria o convívio entre gera-ções, que já existe na sede actual, e en-volveria três vertentes: permitiria quecada uma das pessoas idosas tivesse oseu apartamento, a preço simbólicouma vez que, por morte, reverteria a fa-vor da própria instituição; teria um‘criançário’, onde os pais deixariam osfilhos para poderem tratar dos mais va-riados assuntos, nem que fosse parairem ao cinema; finalmente, um com-plexo desportivo, cujas instalações po-deriam ser utilizadas pelos mais idosos,pelas crianças e por todas as secções daACM”.

Norberto Canha passou depois a pa-lavra a Graciano Marques (cujo depoi-mento publicamos ao lado), não semantes o definir como “um exemplo deprofissionalismo, isenção, lealdade, em-penhamento e amor à ACM. É uma fi-gura marcante do desporto de Coimbrae que deve ser tomado como referênciaentre dirigentes, jornalistas e leitores,que apreciam mais o estrondo da notí-cia e da mentira do que a verdade dosfactos e de quem trabalha sem eco”.

DE 10 A 24 DE MAIO DE 20061166 DESPORTO

NORBERTO CANHA CONTRARIA A IDEIA DE QUE A ACM É UMA INSTITUIÇÃO RICA

“É uma instituição pobre mas bem governada”

O Movimento Acemista existe hojeem 90 países e tem cerca de 24 milhõesde associados. Teve origem em Londres,nas primeiras décadas do século XIX,em plena Industrialização, pretendendodar resposta aos problemas socio–eco-nómicos e culturais decorrentes daqueleprocesso renovador e à galopante de-gradação da juventude. Com base nosvalores transmitidos pela Bíblia, GeorgeWilliams deitou mãos à obra e fundou aYMCA - ACM, em 1844, sendo um dosprincipais impulsionadores da Confe-rência de Paris, fundamental para a con-solidação do movimento acemista emtodo o mundo e da luta em prol dos jo-vens e da dignidade humana.

Este movimento chegou anos depoisa Portugal, primeiro ao Porto, em 1894,depois a Lisboa, em 1898. Em Coimbrasurgiu em 1914, como Federação deAcadémicos, mais tarde, em 1918 (data aque correspondeu também a inaugura-

ção do actual edifício sede, projectadopor Raul Lino), como Associação Cristãde Estudantes, e finalmente com a de-signação de Associação Cristã da Moci-dade, filiada nas Associações Nacional eMundial das ACMs .

Ao longo de mais de 90 anos de his-tória, foram muitas as personalidadesque passaram pela ACM Coimbra. En-tre outras, figuram no quadro de honrada colectividade os nomes de AlmeidaSantos, Veiga Simão, Carlos Gonsalves,Escobar, Alberto Gomes, Carlos Fausti-no, José Cid, José Carvalho, Aniceto Si-mões, Arnaldo Abrantes, Joaquim Melo,Juciano Seruca, Aurélio Quintanilha,Jorge de Brito, Antero de Seabra, Antó-nio Paulo Menano, Octávio Rêgo Costa,José Carlos Moreira, Armindo AbreuBrandão, Belisário Pimenta, VitorinoNemésio, Maximino Correia, Antóniode Sousa, João Farinha, Umberto deAraújo, Vítor de Matos, Mota Pinto e

Lucas Pires. Pelo dirigismo da ACMpassaram igualmente figuras bem co-nhecidas da cidade e do país, casos deAssis Pacheco, Miranda Veloso, Ramosde Carvalho, Horácio Pinto, AntónioPortugal, Agostinho Caeiro, AntónioSantos Monteiro, Armando Alves Mi-guel, Juvenal Marques, Maria da Con-ceição Lobato Guimarães, Augusto Ma-rini Castanheira, Caseiro Alves, LevyAbrantes, António Fernandes Cardoso eJorge Anjinho (todos eles já falecidos).

Actualmente a ACM de Coimbra épresidida por Norberto Canha e temcerca de 2000 associados. Pelo edifíciosede, renovado na sequência do incên-dio de que foi alvo em 1997, oferecen-do agora mais e melhores condiçõesde trabalho, passam semanalmentemais de um milhar de pessoas, entu-siastas de todas as modalidades e dis-ciplinas oferecidas pela ACM: aikido,ballet, capoeira, damas, danças de sa-lão, ginástica, grupo coral, heróis damúsica, hidroginástica, iniciação mu-sical, judo, jujitsu, karaté, kendo, nata-ção, pesca, tai-chi, ténis de mesa, tem--chi-tessen e voleibol

Em prol dos jovens

Graciano Marques e Norberto Canha falam sobre a ACM Coimbra

MAIS DE 1.000 UTENTE POR SEMANA

Page 17: O Centro - n.º 3 – 10.05.2006

DESPORTO 1177DE 10 A 24 DE MAIO DE 2006

João Pedro Música

Aprendemos muitas coisas

“Vim para a ACM porque a minhaavó queria que um dos netos aprendes-se música e tocasse um instrumento.Quando entrei gostei e continuei. Tocoflauta, xilofone e cavaquinho. O am-biente aqui é giro porque convivemostodos uns com os outros. Alguns ami-gos já conhecia da escola e outros co-nheci aqui. A importância da ACM pa-ra nós? Essa pergunta já é mais difícilde responder. Mas vou tentar. É impor-tante porque aprendemos muitas coisase a tocar os instrumentos de que gosta-mos”.

Eduardo Silva Judo

Gosto do Judo

“Eu gosto do Judo. É um desportoindividual, mas sempre que lutamos te-mos o apoio de toda a gente. Ando cáhá muito tempo e cada vez gosto mais.Há bastantes torneios e eu gosto muitode competir. A ACM é um clube muitobom. Tem atletas importantes, a AnaSousa, o João Neto e outros, e já tevemuitos êxitos. Fiquei muito contentecom a medalha de ouro do João Neto equando o vi dei-lhe logo os parabéns.Para a ACM também foi muito bom”.

Helena Lemos Ginástica

Espírito de entreajuda

“Pratico ginástica na ACM há 5anos e tenho notado grande evolução.

Já temos nível para participar em pro-vas distritais e nacionais, obtendoclassificações dignas de referência.Prevejo continuação da evolução e aformação de excelentes atletas. Noque toca à ACM, penso que um aspec-to muito positivo é o relacionamentoatleta-atleta e atleta-treinador. Esteselos promovem o bom ambiente, umamaior motivação, gosto pela modali-dade e espírito de entreajuda. Os no-vos atletas são sempre recebidos deforma calorosa. Aconselho vivamenteesta modalidade e a virem-nos conhe-cer na ACM”.

Rafael Pedra Ténis de Mesa

Muito simpáticos

“Comecei aos 12 anos de idade, jáum pouco tarde, mas ainda fui a tem-po. Obtive bons resultados e, ainda naMadeira, participei no Centro de Trei-no de Alto Rendimento. Entretantovim estudar Direito para Coimbra ena ACM foram muito simpáticos emme acolherem. É positivo para asduas partes, porque eles aumentam onível de treino e eu tenho a possibili-dade de treinar. O ambiente é muitoagradável. Conjuga várias modalida-des e há um bom entendimento entretodos”.

Carmen Cavalcanti Aikido

Ambiente muito bom

“O Aikido é uma óptima disciplina.Como não há competição e o combate é‘contra’ nós próprios, pode-se começarem qualquer idade. Para o indivíduo éuma arte marcial importante porqueenvolve a disciplina e o alívio do stress.Em relação à ACM o que me parecemais importante salientar é o ambienteque se vive, que possibilita uma maiorconcentração, fundamental no caso doAikido. É um espaço que alia a activi-dade desportiva com lugares de conví-vio e que proporciona um ambienterealmente muito bom”.

Graciano Marques está ligado àACM há mais de 50 anos. “O que metrouxe para cá foi o desporto”, contouao “Centro”, explicando que “durantealgum tempo havia a ideia de que a en-tão ACE, por se tratar de uma associa-ção cristã, não deveria entrar em com-petições desportivas. Por isso criámos oGrupo Desportivo Salatinas, até que sechegou à conclusão de que a ACE tam-bém poderia ter desporto e fomos inte-grados na associação. Depois ajudei natransição da ACE para ACM e no finaldos anos 50 colaborei na organizaçãodos Torneios da Primavera, que consti-tuíram a primeira grande ‘pedrada nocharco’ no desporto conimbricense”.

Secretário-geral desde 1973, Gracia-no Marques tem um conhecimento pro-fundo sobre a colectividade e explicaque “a associação engloba diversos de-partamentos, divididos em secções nocaso do desporto federado. Cada umdos departamentos tem um represen-tante da Direcção da ACM e depoisagregam outros elementos. As secçõessão nomeadas pela Direcção, por pro-

posta dos departamentos, e com grandeentusiasmo e puro amadorismo dão vi-da ao trabalho que procuram desenvol-ver”. A já aludida autonomia das sec-ções, que acontece principalmente nasque se dedicam ao campo desportivo,obriga a que a “máquina” da ACM es-teja bem montada e oleada: “Todos osfrequentadores da ACM são sócios dacolectividade, individuais, familiaresou colectivos e além disso pagam umamensalidade referente à modalidadeque frequentam. Nas modalidades des-portivas, essa mensalidade reverte a fa-vor da respectiva secção, que faz toda agestão, prestando depois contas àACM. Nas secções não-federadas, ascontas são geridas directamente pelaACM em colaboração com o director dedepartamento”.

A intensa actividade da ACM passapelo edifício-sede, antigo mas alvo defrequentes remodelações: “Depois doincêndio de 1997 fizemos grandes obrasde reparação e, pontualmente, vai so-frendo pequenos melhoramentos. Eraimpossível manter-se tal como estava”.

“O que me trouxe foi o desporto”

Com a relativa importância que têm,em muitos casos, os resultados despor-tivos são no entanto um espelho do tra-balho realizado e motivo de orgulhopara aqueles que a ele se dedicaram.Nesse contexto, a medalha de ouro ga-nha por João Neto, na Taça do Mundode Judo, foi motivo de júbilo para todosos acemistas. Convidado a pronunciar--se sobre este feito, Norberto Canhaafirmou não gostar de “particularizarnada nem ninguém”, mas adiantou quea medalha do João Neto “serve comoexemplo. Quando há querer e há deter-

minação de uma pessoa, é perfeitamen-te possível associar a prática desportivade alto nível com a actividade escolar. Eo João Neto está quase a concluir o cur-so de Farmácia. Temos a satisfação deter aqui muitos indivíduos que são es-tudantes universitários e tenho a certe-za que quando forem para a vida pro-fissional serão melhores profissionaisque os outros, porque se habituaram aconviver, a lidar com as pessoas, a res-peitar e a conquistar, pela sua conduta,o respeito de todos. E esta é a partemais importante”.

GRACIANO MARQUES É SECRETÁRIO-GERAL DESDE 1973

MEDALHA DE OURO DE JOÃO NETO É MOTIVO DE ORGULHO

Ouro da casa

Page 18: O Centro - n.º 3 – 10.05.2006

António José Ferreira

Dez jogos, dez vitórias! Foi este o saldoda participação da equipa de Juniores Fe-mininos do Olivais na zona norte da TaçaNacional, que lhe garantiu o primeiro lu-gar na série e o consequente apuramentopara a fase final nacional, agendada parao próximo fim-de-semana. A expectativaé elevada, a motivação também, tantomais que, neste escalão, é a primeira vezque o clube vai estar presente num mo-mento de grande decisão.

A “Final 4” é organizada pela Associa-

ção de Basquetebol de Vila Real, em par-ceria com a Federação Portuguesa deBasquetebol, e vai ter por palco o Pavi-lhão Municipal de Alijó, de acordo com oseguinte calendário: sábado, Oli-vais/União Micaelense (15h00) e CABMadeira/Zona Alta (17h00); domingo, 3.ºe 4.º lugares (09h30) e Final (11h30).

O União Micaelense, adversário doOlivais na meia-final, viaja dos Açores,onde conquistou o primeiro lugar noCampeonato Distrital da Associação deBasquetebol de S. Miguel. Os outros doiscontendores chegam à “Final 4” fruto dos

seguintes resultados: o CAB venceu o“Distrital” da Associação de Basquetebolda Madeira, ao passo que o Zona Alta(Torres Novas) se classificou em terceirolugar na Campeonato Distrital da Asso-ciação de Basquetebol de Santarém e, de-pois, em primeiro na zona sul da TaçaNacional.

Para “atacar” a conquista da Taça Na-cional, o Olivais vai fazer deslocar a se-

guinte comitiva, naturalmente entre ou-tros dirigentes e simpatizantes da equipae do clube: Ângela Peça, Rita Gonçalves(capitã), Marta Sousa, Elisa Silva, JoanaCosta, Sara Albuquerque, Paula Santos,Filipa Freitas, Teresa Maia, Andreia Perei-ra, Patrícia Leal e Patrícia Jesus (jogado-ras); Bruno Santos (treinador); João Paulo(seccionista); Carlos Gonçalves (director);Paulo Cortesão (fisioterapeuta).

DE 10 A 24 DE MAIO DE 20061188 DESPORTO

A Escola Superior Agrária de Coimbra(ESAC) abalançou-se ao basebol. No primeiro treino, realizado há cercade duas semanas, estiveram presentesdoze elementos ligados ao novo Núcleo de Basebol

António José Ferreira

Eram 18h20 do dia 27 de Abril de 2006quando a Agrária Basebol deu a “tacada”de saída. Romeu Gerardo (Presidente),Fernanda Vieira (Vice-Presidente), Elisa-bete Pinheiro (1.º Secretário), Lara Ferrei-ra (Tesoureira), Sérgio Medeiros (Treina-dor), Filipe Jorge (Professor de EducaçãoFísica); Ana Correia, Patrícia Cortês, Pa-trícia Jordão, João Ramos, Pedro Azedo eMarco Breda (Alunos) – foram estes os“doze magníficos” que estiveram presen-tes no primeiro treino e que ficam directa-mente ligados ao “arranque” do basebolna Escola Superior Agrária de Coimbra(ESAC). No segundo treino, a que o

“Centro” assistiu, o grupo aumentou,pois apresentaram-se seis caras novas:Miguel Lourenço, André Almeida, PedroPalos, Luís Santos, Dina Cardoso e C. Me-landa.

Romeu Gerardo, Presidente da Agrá-ria Basebol, explicou ao nosso jornal que“o campo relvado da Escola SuperiorAgrária de Coimbra oferece óptimas con-dições para a prática do basebol. Houveuma proposta para a prática desta novamodalidade e, através da Associação deEstudantes, foi possível proporcioná-laaos alunos da ESAC e demais comuni-dade do Instituto Politécnico de Coim-bra (IPC)”. A recepção ao basebol, prati-camente desconhecido no nosso país, foi“bastante positiva. Apesar de no primei-ro treino terem aparecido apenas seisalunos, podemos dar-nos por muito sa-tisfeitos pois este projecto é a médio oulongo prazo”, frisa Romeu Gerardo, queespera que esta modalidade “se mante-nha na ESAC por muito tempo” e que si-

ga “o exemplo do rugby, que se tem re-velado como óptimo modelo desporti-vo. Vamos tentar divulgar o basebol omais possível, sobretudo através das no-vas tecnologias”. Nesse sentido, a pági-na da Agrária Basebol é já uma realida-de, em www.agrariabasebol.com.sa-po.pt, contendo, entre outros motivos deinteresse, vídeos dos treinos efectuadosdurante a semana. Outras formas de di-vulgação da modalidade junto da comu-nidade do IPC, prossegue o Presidentedo Núcleo de Basebol, poderão ser “adistribuição de uma Newsletter com in-formações do núcleo e da própria moda-lidade e, porventura, a realização de ac-ções de formação e palestras sobre base-bol”.

A “luz verde” da Associação de Estu-dantes da ESAC foi decisiva para o nas-cimento do basebol na Escola Agrária.No futuro, de modo a que o Núcleo deBasebol possa crescer e implantar–se de-finitivamente, outro tipo de contributosserão fundamentais. Para Romeu Gerar-do, no entanto, e porque “estamos aindano início, a questão dos apoios ainda nãofoi abordada por esta Direcção. Mas po-demos adiantar que o primeiro grandeapoio vem do Japão, fruto da ajuda doProf. Kikuchi (docente da ESAC). Atra-vés dele conseguimos o contacto de umaempresa japonesa, que nos vai facultaralgum material desportivo”.

Os 12 magníficos

JUNIORES FEMININOS DO OLIVAIS DISPUTAM “FINAL 4”

BASEBOL NA B JÁ É UMA REALIDADE

Venha a Taça

TREINOS ÀS QUARTAS E QUINTAS–FEIRAS

A PARTIR DAS 17H45

Venham mais dozeRomeu Gerardo é o Presidente doNúcleo de Basebol da ESAC, coadju-vado por Fernanda Gerardo (Vice--Presidente), Elisabete Pinheiro (1.ºSecretário) e Lara Ferreira (Tesourei-ra). O comando técnico está a cargodo Prof. Filipe Jorge (dinamizador damodalidade nas escolas EB 2,3 daLousã e EB 2,3 de Ferrer Correia – Mi-randa do Corvo) e Sérgio Medeiros(introdutor do basebol na cidade deCoimbra e antigo treinador do Nú-cleo de Basebol da Associação Acadé-mica de Coimbra), responsáveis pe-las sessões de treino, agendadas paraas quartas e quintas-feiras, entre as17h45 e as 19h15, no campo relvado

da ESAC.O objectivo dos dirigentes da AgráriaBasebol é constituir uma equipa sé-nior masculina e outra feminina, a mé-dio prazo, pelo que se mantêm abertasas inscrições a todos aqueles que quei-ram iniciar-se na modalidade.

No segundo treino, o grupo de trabalho apresentou seis caras novas

Romeu Gerardo

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O empate em Santo Tirso, no próximosábado, garante a subida de divisão aos Juniores do União de Coimbra. O grupo de trabalho acredita na conquista daquele objectivo

António José Ferreira

Só falta um ponto! Com nove pontos,fruto de três vitórias caseiras sobre oMaia, o Tirsense e o Penafiel, o União deCoimbra está a um passo de regressar à 1.ªDivisão do Campeonato Nacional de Ju-niores, bastando um empate na desloca-ção a Santo Tirso (sábado, às 16h00). Àpartida para a última jornada, um dos ce-nários possíveis é Maia e União ficaremcom o mesmo número de pontos (9), peloque mesmo em caso de derrota o grupode trabalho liderado por Rui Carlos pode-rá atingir aquele desiderato, embora nestecaso dependente do “goal-average”.

Já no passado sábado, frente ao Maia,o empate teria sido suficiente para que osjovens da Arregaça fizessem a festa. Queesteve bem perto de acontecer. Num jogoa que o “Centro” assistiu, no “sintético”do campo de treinos do Complexo Des-portivo da Maia, o União teve o “pássa-ro” na mão até bem perto do derradeiroapito, mas nos últimos minutos não foicapaz de suster o ímpeto dos maiatos, aquem só a vitória interessava para semanterem na “corrida”.

Como convinha, a equipa de Coimbraprocurou imprimir ao jogo uma toadamorna, fria mesmo em alguns momen-tos. O “nulo” registado ao intervalo justi-ficava a estratégia delineada, mantendo--se o cariz dos acontecimentos no regres-so dos balneários. Os donos da casa “fa-ziam pela vida”, tentando “acelerar” oritmo de jogo e chegaram à vantagemsensivelmente a meio do segundo tempo.O União “tremeu”, passou por momen-tos de desorientação, mas, muito tranqui-lo, o treinador Rui Carlos introduziu alte-rações no “miolo” do terreno, com a en-trada de Celso, e conseguiu serenar aoânimos dentro do campo. “Só falta umgolo. Vamos acreditar”, insistiu calma-mente, mensagem que os jogadores

transmitiram uns aos outros. E pouco de-pois foi a explosão de alegria. Numa joga-da de insistência pelo lado direito, Celsofez um centro de “morte” que a cabeça deVasco transformou em golo. Logo a se-guir, pela esquerda, depois de “fugir” atrês adversários, Yannick optou pelo re-mate quando podia ter solicitado Vasco,sozinho em frente à baliza, desperdiçan-do assim a oportunidade de “matar” o jo-go. O pior veio depois, perto dos “noven-ta”, com o mesmo protagonista: Yannick.Numa iniciativa individual foi “carrega-do” duas vezes mas manteve a posse da

bola e insistiu, não tendo a “ratice” de sedeixar cair. O árbitro deixou jogar. Poucodepois, já o jogo tinha seguido para o la-do contrário do campo, o unionista rece-beu ordem de expulsão, por protestosque terá dirigido ao árbitro auxiliar (pro-testos que manteve já depois de ter aban-donado as quatro linhas). O União já vi-nha perdendo o controlo do jogo e a par-tir daqui o comando das operações per-tenceu totalmente ao Maia, que acaboupor chegar ao triunfo já nos “descontos”,através de um remate de fora da área trai-çoeiro para o guarda–redes Miguel.

DESPORTO 1199DE 10 A 24 DE MAIO DE 2006

Primeiro plano: Costa (Delegado), Ivo, Vasco, Alex, Yannick, Moita, Luís Pedro, Felício e Diogo; Segundo plano:Rui Carlos (Treinador), Miro (Massagista), Luxo, Romeu Matoso, André, Celso, João Miguel, Breda, Pisco, JoãoPedro, João Guilherme (Capitão), Miguel Valença e Borges (Seccionista)

JUNIORES DO U. COIMBRA A UM PONTA DA SUBIDA

No final do jogo o “Centro” ouviu o“capitão” João Guilherme, que se mos-trou desapontado pelo facto de a equi-pa ter deixado fugir a subida tão pertodo fim. Mas, ao mesmo tempo, confian-te de que o objectivo será alcançado emSanto Tirso. Sobre a partida da Maia re-conheceu que “foi um jogo difícil, comotodos os outros. O Maia entrou com ‘tu-do’, porque para eles só a vitória inte-ressava, e nós tentámos acalmar o jogonos primeiros minutos para depois par-tirmos para o contra-ataque”. Tambémpara João Guilherme a expulsão deYannick “foi o momento do jogo. A par-tir daí eles meteram mais homens nafrente e nós, infelizmente, não tivemosa ‘estrelinha da sorte’, que é sempreprecisa, para aguentarmos o resultado esofremos o golo no último minuto”.

A decisão ficou assim para a últimajornada. O “capitão” do União crê que“a equipa vai viver esta semana nor-malmente, como todos as outras, a tra-balhar e a pensar unicamente na vitóriaem Santo Tirso, que nos vai dar a possi-bilidade de subir á 1.ª Divisão”. Não semostrando intimidado por jogar forade casa, porque “temos capacidade pa-ra nos adaptarmos a qualquer tipo de

campo”, refor-ça que “vamosjogar para ga-nhar, porqueas equipas quejogam para oempate per-dem quasesempre”.

A subida aoescalão máxi-

mo do futebol júnior é apontada porJoão Guilherme como “extremamenteimportante, tanto para o clube comopara os jogadores. Para o clube porqueganha estatuto e visibilidade e para osjogadores porque vêem o esforço re-compensado e, para o ano, têm a possi-bilidade de jogar numa competiçãomais elevada. E para quem gosta depraticar futebol, isso é importante”.Além de tudo, a subida de divisão seria“um bom prémio e teria muito mais va-lor, devido às dificuldades que o Uniãoatravessa. Não tendo as condições detrabalho que todos desejávamos, umaeventual subida só vinha realçar a qua-lidade, a motivação e a união de todo ogrupo de trabalho, incluindo treinadore dirigentes”, concluiu João Guilherme.

CAPITÃO JOÃO GUILHERME ACREDITA

“Vamos para ganhar”

Proibido perder

Com organização da Associação deRemo da Beira Litoral e da AssociaçãoAcadémica de Coimbra, disputou-se napassado sábado, em Coimbra, a final doTorneio de Escolas 2005/2006.

No primeiro lugar de cada prova clas-sificaram–se os seguintes atletas: EscalãoO Feminino - Maria Monteiro (Galitos);Escalão 1 Feminino - Inês Silva (GinásioFigueirense); Escalão 1 Masculino - JoãoVelhinho (Galitos); Escalão 2 Feminino -Patrícia Baptista (Ginásio Figueirense);Escalão 2 Masculino - André Gonçalves(Académica de Coimbra); Escalão 2 Mas-culino - João Santos (Colectividade Po-pular de Cacia); Escalão 3 Masculino -Diogo Maia (Académica de Coimbra);Escalão 3 Masculino - José Machado eAntónio Silva (Naval); Escalão 4 Femini-no - Liliana Serôdio (Académica deCoimbra); Escalão 4 Masculino - DiogoTomé (Académica de Coimbra).

Nas águas do Mondego

REMO

A Associação de Voleibol de Coimbravai levar a efeito mais um curso de árbi-tros estagiários.

Com prelecção de António Sobral, Ce-sário Rama e Fernando Rodrigues, estaacção de formação vai decorrer no Colé-gio de Cernache, nos próximos dias 13,14, 20 e 21 de Maio, e incidirá sobre os se-guintes temas: organização e regulamen-tação da Federação Portuguesa de Volei-bol; evolução histórica do jogo e das re-gras; técnica de arbitragem; elementostécnico/tácticos do voleibol; regras ofi-ciais; função do árbitro; prática.

Podem candidatar-se os indivíduosque preencham os seguintes requisitos:tenham 18 anos completos, ou 16 anos in-completos, se devidamente autorizadospelos pais ou representante legal, à datada realização do curso; possuam, pelomenos, a escolaridade obrigatória; pos-suam a necessária aptidão psicossomáti-ca; tenham bom comportamento moral,civil e desportivo.

Os candidatos terão de proceder aopreenchimento da respectiva ficha de ins-crição, acompanhada de duas fotografiasactualizadas. Mais informações poderãoser adquiridas através do telefone 239717 011, do e-mail [email protected] ouainda do sítio da internet www.avcoim-bra.org.

Curso de árbitros

VOLEIBOL

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DE 10 A 24 DE MAIO DE 20062200 INFORMAÇÃO EMPRESARIAL

Empresas de móveis da Região Centrode Portugal acabam de ser distinguidas,em Espanha, com os prestigiados pré-mios “Mobis”.

Numa noite mágica, em Madrid, comapresentação do ilusionista Luís de Ma-tos, decorreu a cerimónia de entrega dosreferidos galardões, em que participoutambém o Secretário de Estado do Co-mércio, Serviços e Defesa do Consumi-dor, Fernando Serrasqueiro.

Manuel Gonçalves, Administradordas lojas “O Móvel”, de Condeixa, e“Tendências”, de Pombal, foi distinguidopela terceira vez com o prémio “MobisEmpresário de Comércio”. Recebeuigualmente o “Mobis Loja” pela “O Mó-vel” de Condeixa, ex aequo com outraprestigiada empresa da Região Centro: a

Catarino Mobiliário. Prémio semelhantefoi ainda atribuído à Antarte.

Na sexta edição dos citados prémios,o júri deliberou distinguir estas empre-sas tendo em conta critérios como aexistência ou não de marca própria, apercentagem de produtos nacionaisvendidos, a existência de certificadosde qualidade e de gabinetes de decora-ção e ainda a produtividade. Do conce-lho de Cantanhede encontravam-seainda entre os finalistas Luís Salgado(Empresário de Indústria) e a Stoffus(nas categorias de Fabricante de Estofo– óptica de Produto e de Empresa).

Do concelho de Tábua, a Aquinos, aClimax (que tem uma unidade fabril emTábua e a sede em Sintra) e o empresárioCarlos Aquino foram premiados com o

Mobis Fabricante de Estofos na óptica deEmpresa, Colchões e Empresário Indús-tria, respectivamente. Em cada uma dascategorias registou-se mais de um vence-dor. À Aquinos juntou-se ainda a Anarice a Induflex; para além da Climax foi ain-da premiada a Futurocol e os empresá-rios Joaquim Louro Pereira e Rui Mouti-nho foram igualmente distinguidos como Mobis Empresário de Indústria.

A Brasão, com uma unidade fabril emMira, recebeu o Prémio Mobis na catego-ria de Fabricante de Mobiliário Clássico.Esta é a primeira vez que a empresa deMira recebe o Prémio Mobis, desta feitaex aequo com a Ambitat Móveis e aAtrium.

No total, cerca de cinco dezenas deempresas e homens de negócios portu-

gueses foram distinguidos pelo seu de-sempenho, numa cerimónia destinada apremiar quem mais se destacou no sectordo mobiliário na Península Ibérica du-rante 2005.

O mobiliário português conquista as-sim, pela qualidade, os mercados inter-nacionais, sendo de sublinhar que o sec-tor exporta mais de metade (51,6 por cen-to) do que produz, contribuindo para oequilíbrio da balança comercial portu-guesa.

Isso mesmo foi sublinhado por Fer-nando Serrasqueiro, que destacou o factode Espanha ser já o segundo mercado dedestino das nossas exportações de mobi-liário, tendo vindo a crescer nos últimosanos. E acrescentou: “Trata-se de um sec-tor que representa cerca de 2,6 por centodas exportações portuguesas, e fá-lo dan-do corpo a uma imagem qualificada emoderna de Portugal”.

Mobiliário português conquista Espanha

Joana Martins

Acompanhamento de crianças e ido-sos, serviços de lavandaria e aluguer deequipamentos são os novos serviçosque a empresa EmCasa – Serviços deApoio Domésticos e Empresarial, apre-sentou no passado dia 28 de Abril. Oprojecto, que nasceu há dois anos, vêagora expandidas as suas áreas de ac-tuação, que já incluíam serviços domés-ticos e de refeições, assim como activi-dades empresariais.

A EmCasa presta agora serviços, noque respeita aos utentes mais idosos, de

acompanhamentos em quaisquer deslo-cações, prestação de cuidados ao domi-cílio, higiene diária, ajuda nas tarefasdomésticas e aluguer de equipamentos,tais como cadeiras de rodas, camas emuletas. Os novos serviços da empresapassam também pelo acompanhamentode crianças, até aos 12 anos. Proporcio-na assim aos pais os serviços de profis-sionais que cuidam dos filhos, na pró-pria casa, 24 horas por dia.

Tal como refere Borges Duarte, res-ponsável da EmCasa, o que levou à

criação destes novos serviços, sobretu-do no que respeita ao acompanhamen-to de idosos, foi o facto de as institui-ções estarem “lotadas e sem capacidadede resposta”. Assim se justifica o factode os serviços a idosos, juntamente comas actividades domésticas, serem osmais procurados, afirma Borges Duarte.

Com cerca de uma centena de clien-tes, a empresa, com sede em Coimbra,planeia agora a criação de um franchi-sing com uma delegação em cada capi-tal de distrito. Tenciona ainda alargar afrota automóvel, de forma a respondermais prontamente às requisições de ser-viços.

EmCasa cria novos serviços de apoio

Abriu no recém-inaugurado Fo-rum Coimbra uma loja FNAC, em ce-rimónia apadrinhada pelo escritorMário Cláudio e pelo fadista Cama-né.

Trata-se da nona loja em Portugaldo grupo francês, e uma das cerca decentena e meia instaladas neste novonovo megacentro comercial, que tematraído multidões nos primeiros diasde funcionamento.

No espaço café da nova megaloja(tem uma área de 1834 m2), está pa-tente uma exposição de fotos deGeorge Rodger sobre a II GuerraMundial.

Os responsáveis da FNAC anun-ciaram que ali vão decorrer regular-mente concertos gratuitos e outrasiniciativas culturais, estando previs-tos para o local de três centenas de

eventos por ano.Na festa de abertura da loja estive-

ram, entre outras entidades, o Presi-dente da Câmara Municipal, CarlosEncarnação, e o Presidente da As-sembleia Municipal, Manuel Porto,com a curiosidade de este último aliter reencontrado o seu colega de cur-so Mário Cláudio (que se licenciouem Coimbra, pela Faculdade de Di-reito).

Na festa recordaram-se episódiosdesses tempos de estudantes e ou-viu-se Camané cantar o fado como sóele sabe. Em informal conversa com o“Centro”, Camané confessou-nosapreciar muito a canção coimbrã e re-velou que está mesmo entusiasmadocom alguns poemas de EdmundoBettencourt que se propõe vir a gra-var em disco.

Fnac abre loja em CoimbraPREVISTOS 300 EVENTOS CULTURAIS POR ANO

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APONTAMENTO 2211DE 10 A 24 DE MAIO DE 2006

Ao longo das últimas décadas Coim-bra tem sido brindada com numerososeventos relacionados com fotografia,mais do que em qualquer outra localida-de do País.

Uns com mais impacto, mas todos agarantir certezas.

Exposições de iniciados e dos que játêm créditos firmados, conferências, de-bates, projecções e programas destinadosaos mais jovens, são puras demostraçõesde vitalidade e actualização só possíveisporque também são continuidade bemapoida. Salientem-se os Encontros de Fo-tografia, a Casa da Cultura, livrarias, ga-lerias a disponibilizarema as salas, tal co-mo alguns hotéis e mais recentemente emrestaurantes “serve-se arte à mesa”.

No Museu da Física, que já nos habi-tuou a iniciativas que muito o prestigiam,esteve uma exposição intitulada “Passa-do ao Espelho”, orientada pelo Prof. An-tónio Pedro Vicente e Dr. Alixandre Ra-mires, de reconhecida competência.

Para perpetuar as características poucocomuns da exposição, publicaram um ca-tálogo que foi apresentado na Anfiteatrodo Museu. O Presidente da Câmara Mu-nicipal esteve presente e na sua interven-ção disse que encarou a exposição e o ca-tálogo como um passo para colocarCoimbra nomapa da fo-tografia emPortugal.

E s t o uabsuluta-mente certode que afrase, ditac o n v i c t a -mente, éhonesta.

Mas osenhor Pre-sidente énovo e,por tanto ,q u a n d oC o i m b r afoi de factocolocada notal mapa, omenino queera entãoCarlos En-c a r n a ç a onão tinhaidade parase interes-sar por es-tas questões de que continuou desligadodepois da sua formatura. Iniciou uma ac-tividade absorvente, bem diferente, quemuito lhe enriqueceu o currículo político.Seu pai, esse sim, nessa época lidou mui-to com fotografias de Coimbra em expo-sições e muitas promoveu com outros te-

mas, nunca mais repetidas desde quepartiu para o Norte, onde continuou acti-vo.

O Grupo Câmara viveu deboas vontades -que muitas vezeseram sacrifício.Reuniu e delibe-rou em cafés dacidade e quandoteve sede os pri-meiros móveis fo-ram caixotes, demadeira exótica,diga-se, porqueagora são de cartãoreciclado. Mas foicrescendo e tornou--se maior.

No seguimentodo Grémio Portu-guês de Fotografia,Lisboa (aqui grémioé sinónimo de grupode carolas), que foi opioneiro das exposi-ções internacionais, oGrupo Câmara ini-ciou-se com exposi-ções nacionais, depoisluso-espanholas, luso-–hispano–brasileiras epor fim internacionais.

Publicou um bole-tim, simples folha A4 que acabou por seruma espécie de revista, capa com gravu-ra, conselhos e artigos técnicos, mais gra-vuras, resultados e calendários de exposi-ções, etc, etc.

O Grupo Câma-ra formava com oFoto-Club 6x6 deLisboa e a Associa-ção Fotográfica doPorto o trio que ga-rantia a projecçãodas respectivas ci-dades e do país emtodo o Mundo, acu-mulando destin-ções tão honrosasque Portugal pas-sou a ser considera-do nação de 1.º pla-no na fotografia.

Este contagiantesucesso deu origema vários núcleos de-dicados à fotogra-fia, uns puros asso-ciações, como a As-sociação de Évora;outros eram agre-gados a clubes, co-mo o Galitos deAveiro, Bancos, Te-lecomunicações,Companhia Nacio-nal de Navegação

de Lisboa, Companhia União Fabril doBarreiro, câmaras municipais, bombeiros,escolas e uma série infindável de comis-sões de festas, etc.faziam parte desta lon-ga lista.

Cm associados em todo o País, ilhas eAngola, o conjunto que mais se destacava

vivia em Coimbra e três desses elementoseram médicos. Alguns contruíram tele--objectivas ou alteraram

as suas má-quinas. Todosimprimiamas suas am-pliações etão bem co-mo o melhori m p re s s o rprofissional.

Eram tãobons teóri-cos comop r á t i c o s .Deste sa-ber e doprest íg ioc o n s e -q u e n t eCoimbrac o l h e uboa parte.

C o m oc u r i o s i -dade refi-ra–se quea l g u n ss ó c i o schegara-ma a re-

ceber cor-respondência do estrangeiro, em cujos osendereços constava apenaso nome do destinatário e apalavra Coimbra.

As encomendas nemsempre circularam livre-mente, sendo censuradas,especialmente as vindasdos países com governoscomunistas.

Dávamos muito que fa-zer aos correios e as exi-gências que a Alfândegado Porto nos tentou im-por só terminaram quan-do, recorrendo a “cu-nhas”, o Grupo Câmarapediu a abertura de umaalfândega em Coimbra.

Em 1958 mais de 30países estiveram repre-sentados em Coimbra.No ano seguinte foramrecebidas 1453 fotogra-fias para serem subme-tidas a um júri que actuava segundoas recomendações da The PhotographicSociety of America.

Assim se proporcionava a Combra e aquem vinha propositadamente de longe,oportunidade de serem vistos excepcio-nais lotes de fotografias, artisticas emgrande formato e variadíssimo aspectográfico, a que não era estranho o factodesses autores viverem espalhados pelos5 continentes.

Mas sem subsídios e com receitas fra-cas, não foi possível sobreviver.

Nas 3 gravuras que se publicam te-mos:

1) Capa de um dos primeiros boletinsdo Grupo Câmara, reproduzindo um di-ploma austríaco, prémio atribuído à re-

messa colectiva de 1950. Tem impresso onome de Coimbra.

2) Reprodução de um documento vin-do da Sociedade Fluminense, Brasil, cele-brando e agradecendo a remessa enviadapelo Grupo Câmara, constituída por foto-grafias de Coimbra e do País. Reprodu-ção de mais um diploma austríaco – ondese pode ver a palavra Coimbra.

3) Capa do catálogo da IV ExposiçãoInternacional – 1959 – comemorativa doX aniversário do Grupo Câmara. Além deCoimbra, esteve em Évora, Aveiro, Cal-das da Rainha e Porto.

Por tudo isto que descrevo ao correr dapena e pelo muito que falta referir, o se-nhor Presidente pode ter a certeza de queCoimbra foi colocada não só no mapa dafotografia em Portugal mas também noMundo, há mais de 50 anos.

Apreciei e louvo (se mo permite) a in-tenção da frase. Ao contrário de V. Exª,que gosta de fotografia e colabora emprogramas sérios que a dignificam, nemtodos os Presidentes que tiveram assentona nossa Câmara se comportaram digna-mente.

Lembro aqui o excesso de um deles.Houve um ano em que a exposição te-

ve lugar no Salão Nobre da Câmara,Foi combinado a exposição estar aber-

ta sábados e domingos, porque haviaquem aproveitasse o fim-de-semana paraa visitar.

Pois chegado o primeiro domingo, oPresidente or-

d e n o uque fe-chassema porta.Ante on o s s oprotesto,mandoureabri-la.Mas man-dou tam-bém virum enge-nheiro dosS e r v i ç o sMunicipa-lizados pa-ra verificaras caracte-rísticas dasl â m p a d a sdos lustresdo Salão, pa-

ra depois contabilizar a luz gasta duranteo tempo de abertura da exposição... eapresentar-nos a conta...

Que os continuadores do Grupo Câ-mara não faltem no futuro, como não fal-taram até hoje e com excelentes iniciati-vas, como a exposição no Museu da Físi-ca.

Com um feliz argumento, termino in-formando, com inexcedível satisfação, eem primeira mão, que o Museu de ArteContemporânea de Lisboa (Museu doChiado), procede nesta data à recolha defotografias do grupo de fotógrafos quepôs Coimbra no mapa mundial da foto-grafia há 50 anos, destinadas a integra-rem a colecção deste Museu.

A propósito de uma frase

Varela Pècurto

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DE 10 A 24 DE MAIO DE 20062222 MÚSICA

Depois de na quinzena passada terescrito sobre um registo discográficomarcadamente dançável, nesta voudestacar o novíssimo registo discográfi-co dos norte-americanos Elefant de Die-go Garcia, “The Black Magic Show”.

Para muitos, os Elefant não passamde uns ilustres desconhecidos, mas,quanto a mim, estamos perante um dosmais promissores projectos do rock ac-tual. Formados em 2002 em Nova Ior-que pela mão do “frontman” DiegoGarcia (que sempre ambicionou teruma carreira no mundo da música),juntamente com o guitarrista Mod, obaixista Jeff Berrall e o baterista KevinMcAdams, foi no ano de 2003, que con-seguiram o seu primeiro contrato disco-gráfico com a independente Kemado.Meses depois, chega aos escaparates

“Sunlight Makes Me Paranoid”, doqual se destacam “Tonight Let’s Dance”e o tema que dá nome ao álbum. Em2006, vê a luz do dia o há já muitoaguardado segundo longa duração,“The Black Magic Show”, que em nadabelisca as expectativas criadas em redordo novo trabalho dos Elefant, mostran-do que a banda está sólida e que a con-sistência deste disco, não é obra do aca-so, sendo difícil de identificar o melhore o pior deste registo, dada a homoge-neidade qualitativa do mesmo. Há te-mas mais calmos como “My Apology”,mas, também, há lugar para temas mais“agressivos” como “Uh Oh Hello”, oumesmo “Lolita”, que serviu de singlede apresentação. É um disco que reco-mendo a todos.

*****Um dos problemas com que se vão

deparar todos os que lêem este espaçoserá a dificuldade em encontrar muitosdos discos sobre os quais vos escrevo,mas, na grande maioria dos casos, aúnica solução será o recurso às discote-cas virtuais, não só as que disponibili-zam os mesmos em formato digital – re-comendo o “iTunes” – ou encomendar

os cd’s pretendidos na internet, nomea-damente via Amazon (www.ama-zon.co.uk ou www.amazon.com).

*****Na passada sexta-feira, dia 5 de

Maio, estive a pôr discos numa das ten-das das “Noites do Parque da Queimadas Fitas 2006” e, graças ao apoio de to-dos os que ali se encontravam, foi umanoite memorável, que jamais esquece-rei. É por noites como esta que não sepode dizer que o rock está fora de mo-

da ou morto. “Let’s Rock N´Roll”.

PARA SABER MAIS:

www.elefantweb.comwww.theblackmagicshow.comou “Sunlight Makes Me Paranoid” (Kemado)“The Black Magic Show”(Kemado)

[email protected]

Distorções

José Miguel Nora

A partir de hoje o “Centro” dá a conhecer bandas e grupos da regiãode Coimbra, dos mais variados estilos e registos. Começamos pelos Cynicals

Nuno Cardoso

O rock pode ser melódico, pode ser ás-pero, pode ser independente, pode ser FMe, pelos vistos, também pode ser “Cynico”.

Os Cynicals são mais uma da recentefornada de bandas que apareceram nosúltimos anos na cidade, formados em Ou-tubro 2004 com elementos oriundos devários projectos que, pelos mais variadosmotivos, não viram a luz do dia. Como di-

zem no seu sítio na Internet “juntaram-separa preencher a lacuna do rock britânico,ao invés do americanizado das bandas vi-zinhas”.

Com um som que tem como influênciaprincipal o rock britânico da década de 60,sendo a versão da música “I Feel Fine”,dos Beatles, o exemplo mais notório, mastambém com a onda revivalista “pós--punk” que se vive desde inicio da déca-da. Letras com um tom satírico e cínico fa-zem retratos do dia a dia, de amores de-sencontrados, de tudo o que influencia avida de um jovem adulto. Já com umamão cheia de concertos, tanto em Coim-bra como noutros pontos do país, com

uma maqueta já gravada e que ficou no13.º lugar no “Top das Maquetas de 2005”do programa “Santos da Casa”, da RUC,preparam-se agora para “dar um pulo”até ao outro lado da fronteira, para a par-ticipação num concurso de bandas na Co-runha.

Estes são os seis Cynicals: Jmacias(voz), Jrebola (guitarra), Du’Arte (tecla-dos), Pedro Pita (baixo), Joana Rebola (co-ros e pandeireta) e Ricardo Cardoso (bate-ria).

Os Cynicals podem ser visitados naweb em thecynicals.com.sapo.pt e no sí-tio do myspace www.myspace.com/so-muchadoaboutnothing.

O rock também pode ser cínicoTHE CYNICALS

Page 23: O Centro - n.º 3 – 10.05.2006

No ciberespaço, à espera de um dono, moram ani-mais de estimação virtuais para todos os gostos e fei-tios: verdes, amarelos, azuis e vermelhos, tímidos, sim-páticos, birrentos, meigos... A comunidade Neopets al-berga mais de 53 espécies diferentes de pets para se-rem adoptados. Este é um popular jogo de simulaçãoonde os donos (os neopianos) têm de interagir e tratardos seus neopets. Em troca, recebem pontos. Aideia foide Adam Powell e Donna Williams, que depressa ven-deram a Neopets a Doug Dohring. Actualmente, o siteconta com mais de 70 milhões de utilizadores regista-dos.

Nesta “loja” de animais, os utilizadores que qui-serem adoptar um neopet podem escolher a raça,cor, passatempos preferidos e a personalidade. Aatenção e os cuidados a prestar a um animal de es-timação desta comunidade implicam jogar jogos co-mo quebra-cabeças, passear em lugares como o“mundo das fadas” ou a “ilha dos mistério”, fre-quentar restaurantes diversos com ementas apetito-sas. Neste mundo virtual, tudo se paga com neo-pontos. Os utilizadores que não tiverem moedasneopianas suficientes podem contar com a ajuda ca-ridosa da Fada da Sopa, a responsável pela “Cozi-nha do Sopão” – a sopa dos pobres da Neopets.

endereço: www.neopets.comcategoria: comunidades virtuais

O Destakes é um agregador de notícias portu-guês que permite reunir num só site o que está emdestaque nos media. É um projecto útil e interessan-te, semelhante a um serviço de clipping. As fontesde informação seleccionadas são os única e exclusi-vamente órgãos de comunicação social portugue-ses.

Este indexador categoriza a informação em gru-pos temáticos – imprensa, negócios, tecnologia, mo-

tores, cultura e desporto, e foge ao recorrente sensa-cionalismo. O site disponibiliza algumas funciona-lidades muito interessantes como o destaque daspalavras mais recorrentes nas notícias do momento,a possibilidade de consultar notícias através do te-lemóvel ou através dos feeds RSS (listas de actuali-zação de conteúdos de sites a que se pode acedersem ter de navegar nestes). De “destakar” ainda osdossiers especiais de temas quentes da actualidade.

Links relacionados: http://quiosque.aeiou.ptQuiosque - indexador de notícias do portalAEIOUwww.onlinenewspapers.comOnline Newspapers - directório de jornais mun-dialwww.newseum.org/todaysfrontpagesToday’s Front Pages - manchetes 475 jornais de 44países

endereço: www.destakes.comcategoria: informação

O Livro Amarelo na Net é um portal para os con-sumidores portugueses. O objectivo é “contribuirpara elevar a qualidade da prestação de serviços edos produtos e artigos comercializados ao dispordo cidadão consumidor em Portugal”.

Este espaço pretende um espaço de partilha e,por isso, um verdadeiro repositório de más expe-riências de consumidores com o intuito de denun-ciar e alertar para a qualidade de serviços e produ-tos à venda em Portugal. O site ainda está a dar osprimeiros passos.

Links relacionados: www.queixas.co.pt Queixas, o portal do consumidor

endereço: www.livroamarelo.netcategoria: serviços

Uma das principais missões da organização am-biental internacional Greenpeace é proteger osoceanos. Neste sentido, equipas de activistas pas-sam meses no mar com o objectivo de chamar aatenção para problemas como a poluição dos ocea-nos e as espécies em vias de extinção. O weblog De-fending Our Oceans permite acompanhar o traba-lho dessas equipas.

O weblog é um verdadeiro diário de bordo dos

activistas de mais de 20 nacionalidades diferentesque navegam nos mares do mundo em dois navios.Histórias de vida de gente dedicada a uma causapara ler num blog que apresenta vários links, comoum que pretende cativar os utilizadores para se tor-narem activistas ou até uma ligação para a Univer-sidade dos Açores.

Links relacionados: www.greenpeace.orgGreenpeacehttp://oceans.greenpeace.org/ensite da campanha “Defending Our Oceans” daGreenpeace

endereço:http://weblog.greenpeace.org/oceandefenderscategoria: activismo, ambiente

O projecto TIO – Terceira Idade Online foi criadoem 1999, no âmbito do Ano Internacional das Pes-soas Idosas. O objectivo é fomentar a utilização dasnovas tecnologias na terceira idade, no sentido depromover qualidade de vida.

Neste espaço, com informações e conteúdos total-mente dedicados a um público-alvo “sénior”, é tam-bém possível trocar experiências, colocar dúvidas, di-vulgar trabalhos, promover actividades. Este espaço,para além de se dirigir à terceira idade, tem tambémconteúdos dedicados a familiares e profissionais quelidam com idosos.

endereço: www.projectotio.netcategoria: sociedade, tecnologia

A Queima das Fitas da cidade de Coimbra che-gou à rede. Aqui é possível consultar o programa,que se estende muito para além das tradicionais“Noites do Parque” com eventos desportivos a de-correrem até 22 de Maio.

As “Noites do Parque”, o Baile de Gala e o CháDançante, informações sobre os bilhetes e patroci-nadores, fotografias, o cartaz, o histórico da Quei-ma das Fitas coimbrã são conteúdos à disposiçãodos cibernautas neste espaço online.

Links relacionados: www.aac.uc.ptAssociação Académica de Coimbra

endereço: www.queimadasfitas.orgcategoria: lazer, universidades

NEOPETS

DESTAKES

LIVRO AMARELO NA NET

DEFENDING OUR OCEANS

TIO

QUEIMA DAS FITAS 2006

INTERNET 2233DE 10 A 24 DE MAIO DE 2006

Inês Amaral Docente do Instituto Superior Miguel Torga

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DE 10 A 24 DE MAIO DE 20062244 TELEVISÃO

PÚBLICA FRACÇÃO

Francisco Amaral Docente da ESEC

Sem recorrermos ao cabo, em Portu-gal ficamo–nos por quatro canais de te-levisão distribuídos por via aérea. É na2:, da RTP, que se encontram habitual-mente alternativas ao mainstream tele-visivo nacional. Embora com algumaderiva horária, já que não cumpre ashoras previamente anunciadas, e, ulti-mamente, com inconsistências notóriasquanto ao rumo do canal, é de facto na2: que é ainda possível ver algo paraalém do mais do mesmo que chega a ca-sa dos pobrezinhos quenão têm acesso à televi-são por cabo.

Num destes sábados à noite, daquelaforma inesperada com que se encon-tram as coisas na 2:, “Ângulo morto – aSecretária de Hitler”, um documentárioaustríaco de André Heller e OthmarSchmieder, irrompeu com a força não sódo tema, mas também da forma.

Traudl Junge, a última secretária deAdolf Hitler, é o centro do filme. A suacara, a sua voz, são os únicos elementosconcretos do filme. Junge trabalhou pa-ra o ditador desde 1942 e cumpriu tare-fas como a redacção de seu testamento,pouco antes dele se suicidar no bunkerde Berlim, quando os alemães deram aguerra como perdida.

A capacidade de observação de Jun-ge é enorme, já que através do que con-ta oferece uma imagem de Hitler quenão é monstruosa, mas que o diminuidrasticamente, já que o apresenta como“um pequeno burguês, quase idiota ebanal na sua maldade”.

Heller e Schmieder filmaram dez ho-ras de conversas com Junge, sendo queuma hora e meia estão no filme, pen-sando colocar o resto à disposição doshistoriadores. No início, ainda conside-raram a ideia de publicar a totalidadeda entrevista na Internet, mas desisti-ram para evitar que grupos de extremadireita se apoderassem do material.

O que Junge viu e ouviu durante oseu trabalho com Hitler, convertê-la-ia,mais tarde, numa determinada oponen-te ao nacional-socialismo, levando-a a

arrepender-se pela sua ingenuidade eignorância, ao ter sentido simpatia pelohomem mais odiado do século XX.

O documentário foi realizado, inten-cionalmente, de uma forma minimalis-ta. Os autores do filme renunciaram aqualquer recurso espectacular. No filmenão são mostradas nem imagens de ar-quivo, nem encenações. Não há músicaou sequer movimentos de câmara.

A obra, filmada apenas com uma câ-mara e com som captado por um únicomicrofone, consiste “apenas” numa lon-ga entrevista com Junge e em algunsprimeiros planos da entrevistada olhan-do para si mesma durante uma projec-ção das primeiras conversas.

O filme não faz revelações históricas,mas sim uma visão única da atmosferada cúpula do governo alemão nobunker de Hitler. Sobretudo, nos dias fi-nais.

Trata-se de uma avassaladora descri-ção, num monólogo que se poderiaimaginar enfadonho, mas que agarra oespectador de forma irresistível. O tom,muitas vezes quase à beira do transe,sente-se verdadeiro. Através da voz eda expressão daquela mulher, vemostudo o que não nos é mostrado. No mo-mento em que Traudl Junge, exausta,pede para fazer um intervalo, os reali-zadores optam por contar de forma es-crita, sobre écran negro, a vida da “se-cretária de Hitler” depois da guerra. Oespectador aproveita também para re-cuperar.

“Ângulo morto”, na 2:, foi mais umexemplo da absoluta necessidade deum canal público alternativo.

Quem sabe ... sabeFoi este o título do primeiro concurso

de êxito na televisão portuguesa. Numaépoca em que ter um televisor em casaera quase um luxo, os telespectadoreseram frequentemente “televizinhos”.Gente que passava o serão em casa dovizinho que tinha receptor.

Muitos cafés e associações recreati-vas também optaram pela aquisição dofascinante aparelho, o que levava a quenas noites com programas de sucessoesses recintos se enchessem. Invariavel-mente, nas noites de concurso, o inte-resse era redobrado.

Nesses primórdios da televisão emPortugal, Coimbra esteve bem repre-sentada nos concursos. Pelo menos doisconimbricences foram longe nas com-petições em que entraram. Um funcio-nário de uma conhecida farmácia e umprofessor metodólogo de Ciências noLiceu D. João III, o Dr. Guilherme Pi-mentel, tornaram-se figuras de desta-que ao responder acertadamente às per-guntas que lhes foram sendo colocadas.

Num tempo em que o analfabetismoreinava, estes concursos acabavam porser formas de transmitir conhecimen-tos. Os prémios estavam longe “destesmagníficos automóveis”, que mais tar-de haviam de surgir. Ficavam-se pelosprosaicos, mas apetecidos, televisores“Shaublorenz”, umas batedeiras eléctri-cas e outras tantas máquinas de bar-bear.

Seja com que prémios for, os concur-sos continuam a exercer um grande fas-cínio sobre o público. A RTP, com fre-quência, chega a embrulhar o Telejornalda hora do jantar, com dois concursos.

Um antes e outro depois.Estes são exemplos bem concretos

de que nem os concursos, em televi-são, são inocentes. A sua actual desig-nação de game-show, já diz alguma coi-sa sobre o assunto. Do ponto de vistada implicação emotiva, existe poucadiferença entre o suspense que provo-ca, por exemplo, ver se o concorrentesabe ou não o preço de um produto e oque provoca ver se sabe ou não a capi-tal de um país ou a data de um aconte-cimento histórico. No entanto, do pon-to de vista ideológico, a diferença égrande. Ao premiar monetariamente oconhecimento do preço dos produtos,está-se a potencializar o consumo co-mo valor. Isto é, passa-se da transfe-rência emotiva à ideológica. Quer di-zer, a partir do aparentemente neutroentretenimento dos concursos, ofere-ce-se uma visão do mundo, são enalte-cidos alguns valores, defende-se umamaneira de compreender a vida e asrelações humanas.

Para além da mecânica do concurso,

torna-se fundamental que o apresenta-dor faça cumprir as suas regras. Não sóo regulamento, mas os objectivos. Nahistória da televisão portuguesa, váriosapresentadores se destacaram. Um de-les, Artur Agostinho, nos primitivostempos em que quase tudo era em di-recto, teve de resistir a teimosias de par-ticipantes que tanto insistiam na exis-tência de um instrumento musical cha-mado jaxofone, como barafustavam (ede que maneira) perante o facto de umlivro (vejam lá, um livro!) como Os Lu-síadas, ter mais do que quatro cantoscomo todos os outros...

Actualmente, este trabalho está en-tregue, imaginem porquê, a actores derevista no desemprego ou a figuras inó-cuas, sem carisma, próximas, quer físicaquer comportamental, do suposto es-pectador médio de televisão.

“Todo o jogo é a representação mais oumenos afastada da perda de si mesmo paraganhar mais, para ser mais.“ (P. Babin)Talvez assim possamos compreendermelhor.

Ângulomorto