o centro - n.º 1 – 12.04.2006

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DIRECTOR JORGE CASTILHO De piloto da Força Aérea a arqueólogo subaquático PÁG. 4 e 5 Assine este jornal e ganhe valiosa obra de arte PÁG. 3 Ambiente responsável por maioria das doenças PÁG. 12 e 13 JORNALISTA DE COIMBRA NA BBC MASSANO CARDOSO ANO I N.º 1 (II série) De 12 a 25 de Abril de 2006 edição gratuita 1 euro (IVA INCLUÍDO) Doces conventuais x

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Versão integral da edição n.º 1 do quinzenário “O Centro”, que se publica em Coimbra. Director: Jorge Castilho. 12.04.2006. Não se esqueça de que pode ver o documento em ecrã inteiro, bastando para tal clicar na opção “full” que se encontra no canto inferior direito do ecrã onde visualiza os slides. Também pode descarregar o documento original. Deve clicar em “Download file”. É necessário que se registe primeiro no slideshare. O registo é gratuito. Para além de poderem ser úteis para o público em geral, estes documentos destinam-se a apoio dos alunos que frequentam as unidades curriculares de “Arte e Técnicas de Titular”, “Laboratório de Imprensa I” e “Laboratório de Imprensa II”, leccionadas por Dinis Manuel Alves no Instituto Superior Miguel Torga (www.ismt.pt). Para saber mais sobre a arte e as técnicas de titular na imprensa, assim como sobre a “Intertextualidade”, visite http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm (necessita de ter instalado o Java Runtime Environment), e www.youtube.com/discover747 Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa, www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ , http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm , http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ , http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html

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Page 1: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

DIRECTOR JORGE CASTILHO

De piloto da ForçaAérea a arqueólogo subaquático

PÁG. 4 e 5

Assine este jornal e ganhe valiosa obra de artePÁG. 3

Ambienteresponsávelpor maioriadas doenças

PÁG. 12 e 13

JORNALISTA DE COIMBRANA BBC

MASSANO CARDOSO

ANO I N.º 1 (II série) De 12 a 25 de Abril de 2006 edição gratuita 1 euro (IVA INCLUÍDO)

Doces conventuais

x

Page 2: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

O jornal “Centro” inicia hoje uma no-va série, uma nova vida.

Criado por mim há algunsanos, viveu sempre ofuscadopelo seu “irmão” mais velho, osemanário “Jornal de Coim-bra”, que fundei em 1987 e sepublicou, sob minha direcção,até 2004.

Por razões que me abstenhode comentar, o “Jornal deCoimbra” seguiu outro rumo...

Pois chegou a altura de recu-perar o testemunho que elesempre empunhou – e que de-masiado tempo deixei caídopor terra... – e de retomar amarcha inesperadamente inter-rompida.

Esse testemunho que reergoagora, foi sempre um símbolode liberdade, de independên-cia, de isenção – qualidadesunanimemente reconhecidasao “JC”.

São esses atributos que o“Centro” herda com legítimoorgulho, assumindo o compro-misso de fazer deles a arga-massa que ligará as palavras eas imagens com que se há-deconstruir cada edição.

Numa altura em que escas-seia o tempo para ler (e em quea leitura vai sendo atraiçoadapor outros prazeres, menos en-riquecedores mas mais apelativos...), pa-receu avisado encetar esta nova fase do“Centro” imprimindo-lhe uma periodi-

cidade quinzenal. Queremos, assim, darmais tempo ao espaço e menos espaçoao tempo. Ou seja, ocupar as páginas dojornal não com as notícias do dia-a-dia(tarefa que cabe, sobretudo, aos diários,às estações de rádio e de televisão), masantes com reportagens e entrevistas ori-ginais e com sínteses do que de mais im-portante se disse e se escreveu ao longoda quinzena.

Destarte, o leitor, que não tem tempopara se inteirar de tudo o que diariamen-te vai sendo divulgado pelos diversos

órgãos de comunicação social (e tambémna chamada “blogosfera”), encontraráno “Centro” uma resenha do que demais relevante foi vindo a lume – e quepoderá ir digerindo sem pressas, ao rit-mo que melhor lhe aprouver.

Quando se enfatiza a crise até à de-pressão, se exploram as desgraças até àsaturação e se glosam os escândalos atéà exaustão, queremos demonstrar que épossível produzir conteúdos jornalísti-cos de outra índole.

Não significa isto que pretendamosocultar a realidade sob grossas pincela-das cor-de-rosa. Desejamos, isso sim, esem recorrer a diáfanos disfarces, evi-

denciar que a paleta do quo-tidiano se não restringe àtristeza dos cinzentos e ne-gros, em monocromia an-gustiante, sulcada apenaspor escorrências de sangue.Vamos tentar ser um espe-lho da vida, mas reflectindomenos infelicidades e reve-lando mais coisas e maisgentes interessantes – semnunca fugir à denúncia doque está errado, outrossimao elogio do que tiver méri-to.

Contamos com o apoiodos leitores, razão de ser detodos os nossos esforços.Queremos conquistar umnúmero crescente, única for-ma de manter e melhorar es-te projecto, que nos temposque correm é empreitada derisco.

Para concretizar tão am-bicioso desiderato, investi-remos toda a nossa capaci-dade de trabalho, aliando aexperiência adquirida aolongo de décadas com a ge-nica de diversos jovens eminício da carreira, irmana-dos todos nós na paixão pe-lo jornalismo.

Não se antevê fácil o percurso. Mastambém por isso é mais estimulante odesafio!

22 12 A 25 DE ABRIL 2006

EDITORIAL

Regresso

Jorge Castilho

Na última edição do JC, Zé Penicheiro desejava-nos boaviagem e, premonitoriamente, breve regresso. A viagem foiatribulada... Mas estamos felizes por, finalmente, termosregressado!

ESTATUTOEDITORIAL

1. De acordo com o estipulado pelaLei de Imprensa, o “CENTRO” define--se como uma publicação periódica in-formativa que privilegiará a informa-ção geral, sem abdicar da informaçãoespecializada nas áreas em que tal sejustifique – e salvaguardando sempreum cariz não doutrinário.

2. O “CENTRO” obedecerá a crité-rios de verdadeiro pluralismo, comple-ta insenção e total apartidarismo, man-tendo intransigente independência re-lativamente a poderes ou grupos políti-cos, económicos, religiosos ou quais-quer outros.

3. O “CENTRO” pugnará pela digni-ficação da profissão, obedecendo aosprincípios éticos e deontológicos que aregem e comprometendo-se a respeitar,sob a responsabilidade do seu Director,a legislação que lhe é aplicável.

4. O “CENTRO” tem como objectivofundamental satisfazer o direito dos ci-dadãos a serem informados, procuran-do que o conteúdo de cada uma dassuas edições se paute pela honestidade,pelo equilíbrio e pela possível objectivi-dade.

5. O “CENTRO” procurará tambémnão descurar a função formativa que àImprensa compete, propondo-se veicu-lar a cultura nas suas diversas formas epromover o debate de ideias que consi-dera salutar para o enriquecimento daopinião pública.

Propriedade: AUDIMPRENSANIF: 501 863 109

Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho

Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930

Composição e montagem:AUDIMPRENSA - Rua da Sofia, 95, 3.º3000-390 Coimbra - Telefone: 239 854 150Fax: 239 854 154e-mail: [email protected]ão: CIC - CORAZEOliveira de Azeméis

Tiragem: 10.000 exemplares

Director: Jorge Castilho (Carteira Profissional n.º 99)

Page 3: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

Foi há 19 anos e por vezes pareceque foi ontem... Naquela minúsculasala da Rua Corpo de Deus, horas al-tas da madrugada, nascia o “Jornal deCoimbra”. Nem uma dúzia de pes-soas para ajudar a colar 20 mil etique-tas até o sol romper. Uma “directa”,claro. Não fosse terem já partido oFernando e o Rui, quase jurava que ti-nha sido ontem.

Hoje, o Jorge volta a apostar numnovo jornal. Cá estou – com menostempo, mas com tanto ou maior pra-zer do que então – a tentar ajudar. Poramizade ao Jorge, por amor aos jor-nais, por Coimbra.

Um jornal é um património colecti-vo. A riqueza de uma comunidadetambém se mede pela circulação deideias, pelos espaços de liberdade. Eestas páginas – nem poderia ser deoutra maneira – serão sempre espaçosde livre escrita. Por isso, o nascimentodeste novo título é também um mo-mento de afirmação da cidadania.

Há gente que, se pudesse, mandavaacabar com os jornais. Sei de alguns.Até já os vi sorrir quando um títuloou outro se viu obrigado a fechar as

portas. Sentem-se membros de umacasta superior, parece chegar-lhes o“Diário da República”. Ou nem isso.Coitados deles.

Há coisas que nãose discutem e umadelas é a liberdade –de pensar e agir, denoticiar e afirmar.Queremos que este“Centro” vingue.Sem subserviên-cias, pugnando –ao lado de outrosjornais que con-tinuam a esfor-çar-se por che-gar regular-mente aos lei-tores – poruma Regiãomais desen-volvida sobtodos os as-pectos.

E s t a r -mos aquis e r v et a m b é mpara di-zer aos

que não gostam dejornais que... têm mais um para ler, apartir de hoje. Em nome – também –da liberdade.

OPINIÃO 3312 A 25 DE ABRIL 2006

COIMBRA: R. Ferreira Borges, 42 – 2.º �239 822 419POMBAL: Av. Heróis do Ultramar, 52 �236 212 809

Edif. Avenida (junto ao hospital)

LEIRIA: C. Hospitalar de S. Francisco �244 819 300

Onde o lugarque ficou para lá desse tempo de estarmais além?

Onde o brilhardessa estrela que há na riqueza do marde ninguém?

Soltem de novo as amarras.Rasguem o mar que há-de vir.O tempo é das cigarras(mulheres de branco a sorrir).

Soltem o céu das gargantas.Soltem a terra da voz.Esse poema que cantasés tu, sou eu, somos nós.

(para uma composição musical de António Toscano)

PRAÇA DA REPÚBLICA

Nesta campanha de lançamento dojornal “Centro” temos uma alicianteproposta para os nossos leitores.

De facto, basta subscreverem umaassinatura anual, por apenas 20 euros,para automaticamente ganharem umavaliosa obra de arte.

Trata-se de um belíssimo trabalho daautoria de Zé Penicheiro, expressamen-te concebido para o jornal “Centro”,com o cunho bem característico desteartista plástico – um dos mais prestigia-dos pintores portugueses, com reconhe-cimento mesmo a nível internacional,estando representado em colecções es-palhadas por vários pontos do Mundo.

Neste trabalho, Zé Penicheiro, com oseu traço peculiar e a inconfundível uti-lização de uma invulgar paleta de co-res, criou uma obra que alia grande

qualidade artística a um profundo sim-bolismo.

De facto, o artista, para representar aRegião Centro, concebeu uma flor, com-posta pelos seis distritos que integramesta zona do País: Aveiro, Castelo Bran-co, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu.

Cada um destes distritos é represen-tado por um elemento (remetendo pararespectivo património histórico, arqui-tectónico ou natural).

A flor, assim composta desta formatão original, está a desabrochar, simbo-lizando o crescente desenvolvimentodesta Região Centro de Portugal, tão ri-ca de potencialidades, de História, deCultura, de património arquitectónico,de deslumbrantes paisagens (desde aspraias magníficas até às serras verde-jantes) e, ainda, de gente hospitaleira e

trabalhadora.Não perca, pois, a oportunidade de

receber, desde já, GRATUITAMENTE,esta magnífica obra de arte, que está re-produzida na primeira página, mas quetem dimensões bem maiores do queaquelas que ali apresenta (mais exacta-mente 50 cm x 34 cm).

Para além desta oferta, passará a re-ceber directamente em sua casa (ou nolocal que nos indicar), o jornal “Cen-tro”, que o manterá sempre bem infor-mado sobre o que de mais importantevai acontecendo nesta Região, no País eno Mundo.

Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo,por APENAS 20 EUROS!

Não perca esta campanha promocio-nal e ASSINE JÁ o “Centro”.

Para tanto, basta preencher o cupão

que vai na carta que segue dentro dojornal, e enviá-lo no sobrescrito queigualmente lhe remetemos (e que nãocarece de selo), acompanhado do valorde 20 euros (de preferência em chequepassado em nome de AUDIMPREN-SA).

Para além da obra de arte que desdejá lhe oferecemos, estamos a prepararmuitas outras regalias para os nossosassinantes, pelo que os 20 euros da assi-natura serão um excelente investimen-to.

O seu apoio é imprescindível paraque o “Centro” cresça e se desenvolva,dando voz a esta Região.

(No caso de não ter recebido a cartacom o envelope RSF, basta dirigir-nos oseu pedido através do telefone 239 854150, pelo fax 239 854 154, ou para a se-guinte morada:

AUDIMPRENSAJornal “Centro”

Rua da Sofia, 95 - 3.º3000-392 COIMBRA

Poderá ainda enviar-nos o seu pedi-do de assinatura para o e-mail:

[email protected]

Assine o jornal “Centro”e ganhe valiosa obra de arte

APENAS 20 EUROS POR UMA ASSINATURA ANUAL!

Carlos Carranca

Frátria

Em cima a primeira edição do Jornal de Coimbra,

publicada a 30 de Setembro de 1987

Mário MartinsJornalista

Outra vez... em liberdade

Page 4: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

12 A 25 DE ABRIL 200644 ENTREVISTA GONÇALO CARVALHO

Congratulamo-nos com aabertura deste novo jornal

Rua Visconde da Luz, 15 - Telef. 239 822 982

Galerias AvenidaLoja 001 R/C

(C/ Gabinete de Estética)Marcações:

Telef. 239 833 593

Gonçalo Carvalho nasceu em Faro,mas veio para Coimbra com apenas 3anos, uma vez que seu Pai, o Prof.Herculano de Carvalho, veio leccio-nar na Universidade de Coimbra.Gonçalo é um dos 9 filhos desse pres-tigiado catedrático de Linguística daFaculdade de Letras (falecido há cer-ca de cinco anos). Aqui foi crescendo,estudando, fazendo amigos, pratican-do desporto, com destaque para orugby na equipa da Académica, tendosido também um dos fundadores doClube de Rugby de Coimbra. Foi numtempo em que a Académica era umapotência nacional nesta modalidade,e Gonçalo de Carvalho integrou aequipa que participou no I Campeo-nato Nacional de Juniores (tendo co-mo treinador o professor José Brum).

Em 1967 decidiu ingressar na ForçaAérea, como voluntário. Estava-se emplena guerra colonial e Gonçalo deCarvalho foi enviado para o Leste deAngola, onde esteve dois anos comopiloto de T6 e Do27.

INÍCIO DO JORNALISMOEM LONDRES E BRUXELAS

Em 1971 regressa a Coimbra e à vi-da civil, então como delegado de in-formação médica na Zona Centro.

Mas essa actividade não o satisfaze motivos de ordem pessoal levam-noa partir para Londres em 1978, onde,depois de trabalhar num hotel emNotting Hill Gate, frequenta um cur-so de direcção e produção de televi-

são.Na altura em que frequenta esse

curso, numa escola do centro da capi-tal britânica, tem os primeiros contac-tos com a Secção Portuguesa da BBC,onde acaba por ingressar em finais de1979, assim iniciando a actividadejornalística. Para além disso, desen-volve trabalho, a partir de Londres,como correspondente dos jornais“Comércio do Porto” e “Gazeta dosDesportos” e ainda da RTP (progra-ma Rotações).

Avesso a rotinas, sempre insatisfei-to (e também por razões de ordempessoal), decide procurar novos hori-zontes noutra capital europeia. Destafeita o destino é Bruxelas, e é na capi-tal belga que continua a escrever parajornais (incluindo algumas colabora-ções para o Expresso), ao mesmo tem-po que faz trabalhos de tradução. Vol-ta a Londres, retorna a Bruxelas, ondevive durante três anos, e acaba por re-gressar a Portugal.

Em Lisboa trabalha na Rádio Re-nascença durante cerca de 8 anos, afazer os noticiários da madrugada.

Mas volta a sentir-se inadaptado:“Em Portugal sentia-me num bura-

co, onde me afundava de cada vezmais!”, confessa-nos.

Assim, decide partir novamentepara Londres, voltando ao posto deprodutor-jornalista pertencente aosquadros da BBC, fazendo programaspara os países africanos de expressãoportuguesa (função que ainda desem-penha actualmente).

MERGULHO NA HISTÓRIA

A par com o jornalismo e com ogosto pela música, Gonçalo Carvalhosente-se atraído pela História, pelaArqueologia, pela investigação sub-marina.

Em 1989 iniciara a descoberta dofundo dos mares, como praticante doclube de mergulho da BBC. Trata-sede um clube filiado na BSAC (BritishSub-Aqua Club), e um dos mais pres-tigiados a nível mundial. Em Portu-gal fez parte do grupo que deu ori-gem ao CNANS (Centro Nacional deArqueologia Náutica e Subaquática),

JORNALISTA DE COIMBRA TRABALHA HÁ ANOS NA BBC (LONDRES)

De piloto da Força Aérea a arqueólogo subaquático

Gonçalo Carvalho ao microfone da BBC (Londres)

Mergulho arqueológico no rio Arade

Tem 59 anos de vida intensa e diversificada. Foi jogador de rugbyda Académica, piloto-aviador naguerra colonial em África, delegadode informação médica, tradutor, instrutor de mergulho e jornalista...Desde há vários anos trabalha emLondres, nos Serviços em língua portuguesa da BBC. Mas a sua grandepaixão é a arqueologia submarina,que poderá fazê-lo voltar a África...Aqui fica a síntese de uma informalconversa com Gonçalo Carvalho.

Jorge Castilho

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ENTREVISTA GONÇALO CARVALHO 5512 A 25 DE ABRIL 2006

tendo participado, com esse grupo, naescavação arqueológica no Tejo, frenteao Forte de São Julião da Barra (al-guns dos achados então feitos pude-ram ser apreciados no Pavilhão dePortugal na EXPO 98).

Ao longo dos anos foi acumulandoexperiências e qualificações. Fez in-cursões submarinas em países tão di-ferentes como Malta (onde tirou umcurso de instrutor de mergulho),Egipto, Quénia, Tailândia, nas Caraí-bas – e também em Portugal, nomea-damente em Quarteira e na foz do rioArade. Toda esta prática culminoucom a obtenção dos graus de “BSACAdvanced Diver” e de “Open WaterInstructor”.

Entretanto, à paixão pelo mergulhojuntou-se a da fotografia subaquática.

Paralelamente às descobertas que iafazendo, surgiu o desejo de querer“mergulhar” na História. Assim, ma-triculou-se na Universidade Nova deLisboa, onde tirou o curso de História,variante de Arqueologia, o que lhe deubases para tirar melhor partido da pai-xão pela arqueologia subaquática.

LONDRES MUDOU MUITOMAS É O CENTRO DO MUNDO

Gonçalo Carvalho passou em Lon-dres cerca de 16 anos da sua vida, pe-lo que se justifica questioná-lo sobre acapital do Reino Unido.

“Está hoje muito mudada! Só paradar um exemplo significativo: quandopara cá vim os polícias na rua anda-vam desarmados, hoje é frequente vê--los envergando coletes à prova de ba-

la e empunhando metralhadoras. Emtermos sociais, há hoje muitos proble-mas étnicos, manifestações de racis-mo que se têm vindo a acentuar.

Apesar disso, continuo a achar queLondres é o Centro do Mundo (poronde me movimento quase sempre debicicleta...). Londres tem uma enormeriqueza histórica e cultural, espanto-sos museus (onde permitem que se ti-rem fotografias, ao contrário do quesucede em Portugal...), excelentes bi-bliotecas e preciosos arquivos nacio-nais. E tem também, todos os dias,uma infinidade de espectáculos muitodiversos e outras manifestações cultu-rais relevantes. A única dificuldade éa escolha!”.

COIMBRA MODIFICOU-SEMAS ESTÁ MENOS SIMPÁTICA

Quanto a Coimbra, Gonçalo Carva-lho também acha a cidade muito dife-rente:

“Já quase não reconheço a ‘minha’Coimbra! Acho que a cidade mudoumuito. Mas está menos simpática... Écerto que algumas zonas estão maisagradáveis, mas as áreas mais antigaspioraram imenso, estão muito degra-dadas. E alguns arranjos foram infeli-zes. Dou, como exemplo, o da Igrejade Santa Cruz. Acho que ficou horrí-vel!”.

Mas também reconhece que há mu-danças positivas:

“A nova ponte – que nasceu Europa eagora é Rainha Santa – é muito bonita,embora com péssima sinalização”.

E remata:“Quando eu vivia em Coimbra qua-

se todos nos conhecíamos. Hoje a ci-dade cresceu e grande parte da suapopulação é flutuante, pelo que é na-tural que a vivência seja outra”.

JÁ COM UM NETOMAS ÁVIDO DO FUTURO

Gonçalo Carvalho tem dois filhos(um licenciado em História, que lec-ciona em Coimbra, outro que é licen-ciado em “gestão-marketing” e traba-lha em Lisboa).

E também é já avô (do André, comcerca de três anos) – um avô babado(dizemos nós!), como denuncia o bri-lho nos olhos quando fala nesse seuprimeiro neto.

Mas estás muito longe de pensarem reforma. Bem pelo contrário, o quese lhe nota é uma intensa avidez pelofuturo, por novas paragens e novasactividades.

Ele próprio o admite, confessando-nos:

“Neste momento estou a ‘tomar ba-lanço’ para me meter a fazer aqui emLondres um mestrado em Arqueolo-gia Marítima (Maritime Archaeology)e depois talvez gostasse de me mudarpara um país tropical. Por que não irviver, por exemplo, para Moçambi-que?”.

Um retorno à África que conheceuna juventude. Agora já não para so-brevoar esse espantoso continente aoscomandos de um avião de combate,mas antes para mergulhar, pacifica-mente, nas águas do Oceano Índico,nas suas pesquisas arqueológicas.

Um regresso ao futuro, em buscado passado!

Em Angola, pilotando um “caça” Harvard T6 da Força Aérea Portuguesa

Base Aérea de S. Jacinto (1971)

Entrevista a Carlos Lopes

De regresso à BBC

A fotografar no Mar Vermelho

Expedição no Mar Vermelho

A arte e o bom gosto cruzam gerações

Rua Ferreira Borges, 149 COIMBRA Escadas de São Tiago, 2

Page 6: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

POLÍTICA DE SAÚDE“Houve uma medida que me pare-

ceu extremamente positiva, que foi a re-forma dos cuidados de saúde primá-rios, com a criação das unidades de saú-de familiares. Isso, claro, se forem bemfiscalizadas e acompanhadas. Achoacertado que cada médico fique respon-sável por determinado número dedoentes. Já quanto à medicina hospita-lar, não tenho visto grande coisa”.

� Manuel Antunes(“Visão”, de 6 a 12 de Abril/2006)

MAIS FACILMENTESE MUDAM GOVERNANTES...

“Sabemos das necessidades de refor-mas, do ultrapassar alguns estrangula-mentos do sistema, da eliminação dosdesperdícios, da contenção nas despe-sas, do rigor da gestão, da racionalida-de dos processos, mas o modelo é viá-vel, serve a população, garante a nãodiscriminação na doença, permite o de-senvolvimento profissional de qualida-de e por isso merece todas as chancespossíveis.

Eis senão quando o senhor ministroda Saúde vem a público dizer que emfinais de Setembro, na solidão do seugabinete, pensou em alterar o financia-mento do sistema e criar formas diver-sas de acesso. Mais grave, até já tinhaum parecer de um perito constituciona-lista para esfarelar o argumento daconstitucionalidade. O segredar dassuas cogitações numa altura destas nãopode ser só inabilidade política, teme-mos que seja um pré-anúncio de umarealidade próxima. Somos justos e porisso acreditamos que não tem sido fácila sua vida à frente do Ministério daSaúde e louvamos mesmo alguma cora-gem com que tem gerido alguns dos-siers complicados. Não podemos é darde barato que o ministro não saiba queperante o quadro de alienação de umpilar mestre do nosso Estado social não

lhe bastava estar munido de um pare-cer de um qualquer perito. Ele sabe queninguém perdoava ao Partido Socialistaque um seu ministro fosse o coveiro doServiço Nacional de Saúde.

Não há défice, não há crise, não háainda ruptura financeira que justifi-quem alterar o direito ao bem-estar e àsaúde dos cidadãos, dando como falidoum serviço que está entranhado no mo-do de estar e de sentir do PS e da es-querda em geral.

Mais facilmente se mudam governan-tes do que se alteram fundamentos eprincípios de um colectivo como é estePS”.

� Reis MarquesMédico - Membro da Comissão

Nacional do PS(DN - 09/04/06)

FREITAS DO AMARAL“SUICIDA”

“Freitas do Amaral está no Governocomo um suicida na ponte 25 de Abril.Já se sabe que José Sócrates só lhe vaidar o empurrão quando ninguém esti-ver a olhar, por isso os jornalistas de-viam aceitar a missão patriótica de ig-norar o ministro dos Negócios Estran-geiros. Mas ele não deixa.

Perante uma crise que só aconteceunos jornais e nas televisões, vestiu o seumelhor sobretudo e foi para o Canadátentar entender uma coisa que já todaagente tinha percebido em Lisboa - queos canadianos têm uma generosa políti-ca de imigração e que os portuguesesilegais tinham invocado um patético es-tatuto de refugiados para tentar conti-nuar no País.

Quando chegou a Lisboa, Freitas doAmaral disse, com voz firme: “Quemnão tem condições para se legalizar temde sair”. Quando partiu, falava comoministro dos Negócios Estrangeirosportuguês; quando voltou, como se vê,falava como minitro dos Negócios Es-trangeiros canadiano. Vindo de quemvem, não se esperava outra coisa”.

� Editorial da revista “Sábado”(6 a 12 de Abril de 2006)

JUSTIÇA É A SAÚDEDO ESTADO

“Eu não vivo bem num país comagentes fracos. E compreendo que umGoverno fraco tenha de tornar frágeisas suas instituições. Mas a justiça é asaúde do Estado, o último reduto dadefesa de direitos e liberdades. Nãoposso deixar de fazer um juízo muitonegativo quando vejo que este Gover-

no, das primeiras iniciativas que teve,tentou obter a substituição do procura-dor-geral. Julgue-se o que se quiser dodr. Souto Moura, mas nunca se fez tan-to, nunca o País teve tanta investigaçãode situações que estava habituado aque não fossem investigadas”.

� Paula Teixeira da Cruz(Revista “Focus”)

EMIGRANTES NO CANADÁ

“Todo este episódio da expulsão deemigrantes ilegais portugueses do Ca-nadá é um triste retrato da nossa diplo-macia, do aparelho diplomático pro-priamente dito À actuação do MNE.Nem vale a pena perder muito tempocom este caso, tão evidente é o modoatrapalhado e negligente como foi con-duzido. O melhor é esquecê-lo rapida-mente”.

� José Pacheco Pereira(“Sábado” - 6 a 12 de Abril/2006)

UM NOVO PARADIGMA

A criação de postos de trabalho nu-ma economia de serviços é menos capi-tal intensiva, ou melhor, o esforço de in-vestimento situa-se sobretudo a mon-tante, no aparelho educacional, que temde ser muito melhorado. Mas, entretan-to, a valia da criação de novos postos detrabalho nos serviços, ainda que nãomuito qualificados, não é despicienda.Em muitos casos – o que é muito rele-vante numa economia carecida de re-cursos – exigirá investimentos por pos-to de trabalho bastante inferiores à cria-ção de oportunidades de emprego nosector industrial mais “clássico”.

Pensar nos termos de um novo para-digma que melhor aproveite as poten-cialidades que já temos não é uma pa-naceia milagrosa que tudo resolva, masrepresenta, sem dúvida, uma perspecti-va que não podemos desprezar na cons-trução de nosso futuro colectivo.”

� Rui Machete(DN - 09/04/06)

SEXTA-FEIRA SANTA“Quem nega Deus também é con-

frontado com a pergunta dilacerante domal. E é necessário tomar a sério o ateue a sua convicção. Ignacio Sotelo, o filó-sofo espanhol agnóstico, escreveu nu-ma troca de cartas com o teólogo Gon-zález Faus: “A vida é uma luta que, pormuito que nos esforcemos, está perdidaà partida - desapareceremos no nada eos verdugos continuarão a dominar - e,

no entanto, sustenta-nos a convicção deque não podemos abandonar o comba-te sem nos aniquilarmos a nós mesmos.Viver é lutar pela justiça, sabendo que abatalha está perdida à partida e que nãopodemos abandonar o combate.”

O crente que sabe o que quer dizer afé participa no mesmo combate pelajustiça. Mas ousa entregar-se confiada-mente ao Mistério último. A História domundo é um processo que ainda nãotransitou em julgado, e o crente confia,sem ingenuidade e convivendo com adúvida, em que o juízo definitivo seráde salvação para todos.

Na Sexta-Feira Santa histórica de hádois mil anos, Jesus, inocente e conde-nado como blasfemo e subversivo, mor-reu a rezar esta pergunta infinita: “MeuDeus, meu Deus, porque me abando-naste?” Mas as suas últimas palavrasforam de esperança confiada no Misté-rio da Bondade radical: “Pai, entrego- -me nas tuas mãos.”

� Anselmo Borges Padre e professor de Filosofia

(DN - 09/04/06)

A FRANÇA DOENTE?

“A França, acusada pela direita deser actualmente ‘o homem doente daEuropa’, é, pelo contrário, um país queresiste. Um dos únicos na Europa onde,com grande vitalidade, uma maioria deassalariados rejeita uma globalizaçãoselvagem que significa a tomada do po-der pela finança. E que entrega os cida-dãos às empresas, enquanto o Estadodaí lava as suas mãos. Esta modificaçãoradical da relação entre os poderes pú-blicos e a sociedade (o fim do ‘Estadoprotector’) é repugnante.

A solidariedade social constitui umacaracterística fundamental da identida-de francesa. Uma solidariedade que oCPE (Contrato de Primeiro Emprego)contribui para liquidar. Daí, mais umavez, a contestação. E a revolta.”

� Ignacio Ramonet(Le Monde Diplomatique - Abril/2006)

MOURINHO E A LIBERDADE

“Mourinho provém de uma culturaonde a imprensa e os jornalistas actuammuitas vezes como verdadeiros chefesde claque. Ele contou ao director de co-

12 A 25 DE ABRIL 200666 CITAÇÕES

Diadouro Joalheiros

Patrão Ramos, Lda.

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itações

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Page 7: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

CITAÇÕES 77 12 A 25 DE ABRIL 2006

Rua Ferreira Borges 102-112 116 - 3000-179 COIMBRATelef. 239 822 946 • Fax 239 842 686

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elFátimaCabeleireiros

Feminino - MasculinoGabinete de Estética

R. Visconde da Luz, 50 - 2.º - 3000-414 CoimbraTelef. 239 835 716

municação do Chelsea que uma vez,ainda em Portugal, conseguiu fazercom que um colunista fosse demitidopor causa das críticas constantes que fa-zia ao FC Porto. Talvez seja isto que o ir-rita no futebol inglês – a liberdade”.

� Martin Samuel(The Times)

VISITA DE SÓCRATESA ANGOLA

Já não existe a coutada do tempo co-lonial.

“As bonitas palavras pronunciadasdurante a visita do primeiro-ministroSócrates não fazem esquecer que o po-der político angolano não morre deamores por Portugal. A “visível ausên-cia de José Eduardo dos Santos na to-mada de posse de Cavaco Silva” foi jus-tamente lembrada por Helena Matos noPúblico há uma semana. E recorde-seainda a maneira intolerável como Má-rio Soares foi tratado pela “nomenclatu-ra” de Luanda.

Por outro lado, antes de Portugal terredescoberto Angola, outros já o fize-ram. Os chineses estão ali em força, dis-pondo de meios (financeiros, por exem-plo) que não estão ao nosso alcance. Eos brasileiros, que falam português, hámuito rivalizam com os empresáriosportugueses em Angola. Já não existepara nós a coutada protegida do tempocolonial”.

� Francisco Sarsfield Cabral(DN - 8 de Abril de 2006)

FERNANDO GIL“As reflexões de Fernando Gil inse-

rem–se, assumida ou implicitamente,no grande movimento que, no interiormesmo da Modernidade como «filoso-fia das luzes», ia desconstruindo o con-ceito de evidência como efeito do puroentendimento, deportando-a para asmargens de sombra que ela excluía co-mo condição da sua luminosidade onto-lógica. Não por acaso, Fernando Gil, nasua aproximação fenomenológica da«evidência», a descreve sob a forma de«ostenção», em suma, de excesso de lu-minosidade. E desta «ofuscação» do evi-dente, partilham – ao nível da intenção –não apenas a percepção ou conceito, masoutro tipo de evidências, entre elas aque-la de que a profecia pode acolher.”

� Eduardo Lourenço(Jornal de Letras - 30/03/06)

A CORRIDAAO OURO“A viagem de Sócrates a Angola com

um terço do PIB assemelhou-se à corri-

da ao ouro do Brasil. Os empresáriossão os novos bandeirantes. Uma via-gem mais importante para nós do quepara os angolanos. Antes de nós, já lá ti-nham estado Lula da Silva e a nomen-clatura chinesa. Para os angolanos, tan-to se lhes dá, desde que os negócios se-jam feitos em parceria. O dinheiro nãotem pátria.

José Sócrates foi criticado por não tertido uma palavra para com os direitoshumanos. Mas alguém tem dúvida deque os interesses económicos prevale-cem sobre a liberdade e a democracia?Angola está a crescer mais de 20 porcento ao ano. O desenvolvimento dospaíses não é igual ao desenvolvimentodos povos. Não haja ilusões”.

� Judite de Sousa(JN - 8 de Abril de 2006)

PETRÓLEO PAGAO Governo português está a negociar

com o seu homólogo angolano a possi-bilidade de os investimentos das em-presas portuguesas em Angola seremfinanciados, no âmbito da política deparcerias desejada pelos dois países,com petróleo angolano.

O ministro das Obras Públicas e Tele-comunicações, Mário Lino, revelou aoCM, em Luanda, que “a ideia é permitirque as obras efectuadas pelas empresasportuguesas sejam pagas em petróleopelo Estado angolano ao Estado portu-guês, que, por sua vez, pagará aos em-presários envolvidos em euros”.

(Correio da Manhã)

CONFIANÇA15 VEZES...

A visita de José Sócrates a Angolaacabou com uma singela conferência deimprensa, no Centro Cultural Portu-guês em Luanda. O primeiro–ministronão disse nada de novo mas pronun-ciou a palavra confiança 15 vezes! E nãoo fez por falta de recursos linguísticosou por estar muito cansado. Fê–lo por-que a viagem lhe correu bem, porque jánão havia nada de novo para dizer eporque, de facto, a sua visita inpirouconfiança.

Não sei se inspirou confiança a tudoe a todos, mas é certo que chegou a al-guns que contam muito: ao MPLA, nopoder desde 1975, a José Eduardo dosSantos, aos empresários portugueses,aos jornalistas (não é exagerado nemfaccioso dizer que a viagem correubem) e a muitos portugueses que segui-ram a visita.

� Ricardo Costa(SIC Notícias)

ÁLCOOL E NICOTINA“A coisa reza assim: saem notícias de

que o Governo quer baixar a taxa de al-coolemia permitida aos condutores eproibir o fumo em restaurantes, bares ediscotecas, e começa a gritaria dos pro-dutores de vinho, dos distribuidores debebidas e dos donos de bares e restau-rantes, ai jesus que nos querem arruinar,como é que um viciado em nicotina po-de, tadinho, aguentar duas horas senta-do a comer sem puxar do cigarro e sembaforar alegremente o prato do vizinho(que se não gosta fique em casa), comoimaginar um bar sem aquele smog quese entranha na roupa e no cabelo (e olhose pulmões) e só sai a lavagens de 90graus, como querem que a gente ganhe onosso se não deixam a malta andar aí aacelerar pelas auto-estradas com três co-pos de tintol no bucho mais um de aba-fado para digerir o cozido?

� Fernanda Câncio(DN - 8 de Abril de 2006)

MÚSICA E ARMAS

“O segredo estará, talvez, em conta-minar o produto, as melodias, as har-monias, as canções, com um vírus quedenuncie publicamente o ladrão inter-nauta, que o faça sofrer cólicas indizí-veis, que o deixe coberto de pústulas evarizes, que o enlouqueça e desorienteimpedindo-o de alcançar o prazer e afelicidade enfim, obrigá-lo a pagar co-mo na velha prostituição desprotegida,como no tempo da sífilis e do cancromole, enleando-o de culpa e autopuni-ção ao som das sirenes policiais.

Mas que, entretanto, esse ladrão sejafeliz. Como nós, por vezes, o somos...”

� Rui Reininho(JN - 08/04/06)

SALAZAR ACTOR

“Lisboa era outro mundo, em queouvia os discursos de Salazar com ummisto de rejeição do personagem e defascínio pelo seu talento de actor, o quemais tarde pude explorar quando traba-lhei no argumento dos Brandos costu-mes, do Seixas Santos, e mais tarde ain-da quando escrevi Vésperas de sombra.Embora o regime parecesse eterno, erapossível experimentar a liberdade quenasce da afirmação da revolta, comoquando estive no grupo que ocupou oPatriarcado, depois do fecho pela Pideda cooperativa católica Pragma (o pa-triarca era o Cerejeira, mas impediu quea polícia entrasse no espaço da Igrejapara desalojar os católicos a que mejuntei) – o que me deu, aí e nalgumas

outras situações, uma certa sensação deimunidade quanto ao perigo. Mas tinhasempre presente a sombra imensa queentão pairava sobre o país, sobretudodepois de voltar de Paris onde respira-ra o ar livre dessa cidade que adoptei, eque continuo a sentir como a minha se-gunda pátria.

Tentava não separar poesia e vida; epercorria os caminhos que ainda nãoeram imaginários nem artificiais dopoeta que me servia de modelo – Fer-nando Pessoa, a cuja mesa do Martinhome sentava com o Rui Diniz, antes deapanhar o barco para Cacilhas, cujoscais percorríamos com o António Sena,mais novo do que nós, com a sua má-quina que incansavelmente fotografavaa Lisboa desse tempo com um olharpessoal inconfundível”.

� Nuno Júdice - Autobiografia(Jornal de Letras - 30/03/06)

CENTENÁRIO DE BECKETT

“Em tempo de celebração dos 100anos que passam sobre o nascimento deSamuel Beckett, cabe perguntar comofoi possível concitar um tão amplo reco-nhecimento do seu valor artístico (euma aura pessoal de tão indiscutívelfascínio) quando o autor sempre reve-lou uma presença austera, exigente e to-talmente avessa à exposição mundana.Talvez que uma das respostas possíveisseja a extrema lucidez (e subtileza) comque soube entretecer três níveis com-plexos do entendimento da vida: umacultura profunda e uma (ainda que apa-rente) simplicidade no dizer, uma visãotrágica da vida e um sentido de humorsombrio (mas não agreste), a consciên-cia da solidão essencial do homem euma imensa (mas contida) compaixãopela fragilidade do ser humano.

CONTINUA >>

Page 8: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

12 A 25 DE ABRIL 200688 CITAÇÕES

Nascido numa sexta-feira santa, a 13de Abril de 1906, numa localidade – Fox-rock – a sul de Dublin, Beckett foi segu-ramente influenciado pela formação pro-testante da sua família, em termos da exi-gência e austeridade que adoptou em vi-da, bem como na interrogação que nãodeixa de colocar ao lugar do divino nomundo dos homens. Ainda que a sua sus-peita seja a de que esse divino não exista,de facto, a não ser no obsessivo desejo dohomem de, por ele, se julgar protegido doabsurdo da vida (como se verá em À Es-pera de Godot, 1952).

Um certo «ascetismo» que praticana vida e na obra não corresponde,porém, a uma obstinação para encon-trar soluções de fácil acalmia, ou parareclamar para si a possibilidade de re-solver as muitas perplexidades queatormentam o homem”.

� Maria Helena Serôdio(JL - 30/03/06)

CRISTÃOS DEVEMPARTICIPAR MAISNA VIDA POLÍTICA

“Não é preciso fundar nenhum parti-do cristão” porque “religião é uma coi-sa e política é outra” mas os cristãos“devem participar mais activamente napolítica”, disse à Agência ECCLESIATomás Oliveira Dias, Presidente da Co-missão Justiça e paz da diocese de Lei-ria-Fátima, organismo que realizou napassada semana (6 de Abril) um coló-quio sobre «Cidadania Activa». Estainiciativa contou a Presidente da Co-missão Nacional Justiça e Paz, ManuelaSilva, que falou “das dificuldades dahora actual: globalização, crise econó-mica, desemprego e a concorrência daseconomias do Oriente”.

O MISTÉRIO DAESTRADA DE SINTRA

“Polícias de trânsito asseguravam naRua D. Estefânia, em Lisboa, que as fil-magens nocturnas não captavam sonsde tubos de escape no enredo do ro-mance policial português. Estamos noséculo XIX, com cavalos, fins-de-sema-na em Sintra, infidelidades certas e ou-tros ingredientes queirosianos.

As filmagens continuavam até àsquatro da manhã, mas a equipa aindaparecia fresca. Vão apenas no quartodia de filmagens de O Mistério da Es-trada de Sintra, do realizador JorgePaixão da Costa, a estrear em Outu-bro, e ainda os esperam mais trinta etal dias de trabalho intenso.

Dois retratos de antigos directores do

Diário de Notícias, emprestados da nossagaleria, figuravam no décor da redacçãode 1870, reconstituída para as filmagens,numa moradia de época, conhecida hojecomo Casa dos Dias d’Água.

Eça de Queirós (Ivo Canelas) e Ra-malho Ortigão (António Pedro Cer-deira) conversam no gabinete do di-rector Eduardo Coelho (NicolauBreyner) sobre a publicação do folhe-tim que sairia durante três meses naspáginas do Diário de Notícias, naque-le Verão quente em que se avizinhavaa guerra franco–prussiana.

O filme não é uma adaptação dajunção dos folhetins que mais tardedariam o livro, para desgosto públicodos autores, mas inspira–se na tramae conta, sobretudo, o que se passouentre Eça de Queirós e Ramalho Orti-gão durante a complexa preparaçãode O Mistério da Estrada de Sintra.

“Já fui director de várias coisas,mas nunca tinha sido de um jornal”,brinca Nicolau Breyner com o DN.

(DN - 08/04/06)

PRECONCEITO CONTRAMUÇULMANOS

“O nível de preconceito e discrimina-ção contra as comunidades muçulmanasna Europa continua perigosamente ele-vado, o que pode levar a um ciclo vicio-so de isolamento, hostilidade e radicali-zação de jovens imigrantes – alertou napassada semana, em Viena, o observató-rio para o racismo da União Europeia.

Os países europeus têm leis suficien-tes para promover a integração mas es-tas não estão bem implementadas e asverdadeiras questões são evitadas, criti-cou Beate Winkler, responsável peloCentro europeu de monitorização do ra-cismo e xenofobia, num encontro deimãs europeus em Viena.

Os líderes muçulmanos europeus pre-sentes no encontro, organizado pelaÁustria durante a sua presidência daUnião Europeia, apoiaram o objectivoda integração das suas comunidades edo Islão na vida europeia. No entantoalertaram que para isso é preciso tempoe criatividade.

Winkler não avançou dados estatísti-cos mas afirmou que a sua agência vaipublicar em breve dois relatórios sobre a“Islamofobia” na Europa.

O encontro reuniu mais de cem imãsde toda a Europa para debater formas deintegrar melhor as suas comunidades navida europeia.

“Este é um momento crucial nas rela-ções interculturais e inter–religiosas naEuropa”, lembrou a comissária europeiapara os Negócios Estrangeiros, Benita

Ferrero–Waldner. “Na Europa vivem 20 milhões de

muçulmanos”, disse, negando a inevita-bilidade de conflitos. “O Islão é parte in-tegrante dos dias modernos na Europa,como o tem sido parte da sua História”,lembrou. O Islão é, actualmente, a se-gunda maior religião na maioria dos paí-ses europeus.

As relações com o Islão agravaram–sedepois dos ataques do 11 de Setembroem Nova Iorque, dos atentados em Ma-drid e do assassinato do holandês Theovan Gogh.

(Reuter’s)

BUSH ADMITE UTILIZAR ARMAATÓMICA

A administração de George W.Bush admite lançar bombardeamen-tos maciços contra o Irão, incluindonucleares, para destruir uma instala-ção suspeita de fabricar armas atómi-cas, afirma a revista New Yorker nasua edição datada de 17 de Abril.

Segundo a revista, Bush e outrosresponsáveis da Casa Branca conside-ram o presidente iraniano MahmudAhmadinejad como um Adolf Hitlerem potencial.

«É o nome que eles utilizam», es-creve o jornalista Seymour Hersh, au-tor do artigo, citando um antigo altoresponsável dos serviços secretos nor-te-americanos.

Um conselheiro do Pentágono afir-ma por seu turno, sob anonimato, que“a Casa Branca considera que a únicamaneira de resolver o problema é alte-rar a estrutura do poder no Irão, e is-so quer dizer a guerra”.

FOGUETE DE LÁGRIMAS

“Como são bonitas as mulheres queforam bonitas e nas quais a belezareaparece de súbito, num gesto, numolhar, num movimento de boca, emqualquer coisa difícil de definir queme atrai e enternece e onde a morte,de tão presente, dá ideia de se tornara combustão de vida de um foguetede lágrimas”.

� António Lobo Antunes(“Visão” - 6 a 12 de Abril/2006)

TELEGRÁFICAS

“Não gosto da expressão primeira–da-ma”(Maria Cavaco Silva, revista “Flash!”)

“Os portugueses vão ao psicólogo ouao psiquiatra quando estão à rasca ouporque se querem conhecer melhor”

(Joana Amaral Dias, revista “Única”)

“Não falo da minha sexualidade nemda minha conta bancária para não cau-sar invejas”

(Herman José, “jornal “24 Horas”)

“Que me dá a mim que uma criançanasça em território espanhol ou portu-guês, desde que nasça bem, sãzinha erodeada de todos os cuidados?”

(António Mega Ferreira, “Visão”)

“A ‘Judite’ tem de ser vista como a ar-ma do povo contra os polvos, senão ésupérflua”

(Nuno Rogeiro, “Sábado”)

“Até 2009, os partidos vão receber doEstado tanto quanto Bill Gates vai in-vestir em Portugal: 64 milhões de eu-ros”

(“Visão”)

“Acabo de saber que Margarida RebeloPinto pretende impedri a publicação deuma tese sobra a sua obra. Uma tese?Uma tese inteira? Sobre a sua ‘obra’? Aangústia invade-me”.

(Pedro Norton, “Visão”)

“O Governo está a fazer uma verdadei-ra ´revolução de papel´. Só falta passarpara a realidade as medidas e mudan-ças anunciadas...”(José Carlos de Vasconcelos, “Visão”)

Page 9: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

MUNDO ANIMAL 9912 A 25 DE ABRIL 2006

Nuno Pimenta

A Associação “AGIR pelos Animais”está a viver, para além dos problemas dafalta de meios materiais, uma situaçãomuito problemática, nomeadamente noCanil “Quinta da Moenda”, em Vila No-va de Poiares.

Fernanda Maria, uma das responsá-veis pela Associação, refere que a Câma-

ra Municipal de Vila Nova de Poiares,deu, no passado mês de Dezembro, umprazo máximo de 180 dias para que oscerca de 190 animais sejam retirados dolocal. Em resposta ao pedido da Autar-quia, a Associação AGIR pelos Animais,salienta que “está empenhada em obterespaços alternativos a curto prazo, demodo a que grande parte dos animaisseja realojada.”, pelo que agora se espera

mais uma vez a boa vontade da CâmaraMunicipal de Vila Nova de Poiares.

A “AGIR pelos Animais” é uma orga-nização sem fins lucrativos existentedesde 1995 e que se destaca, segundoFernanda Maria, “pelo seu esforço e sa-crifício pessoal, continuando o seu traba-lho totalmente voluntário”. Alimentos,medicamentos, novos sócios e voluntá-rios são as grandes necessidades daAGIR pelos Animais, que vive com no-tórias dificuldades financeiras e logísti-cas, contando com a disponibilidade dos

seus responsáveis e sócios. O auxílio desta Associação, é solicita-

do por pessoas e entidades de vários lo-cais do distrito de Coimbra, entre osquais, Cantanhede, Montemor–o–Velho,Penacova, Condeixa, Miranda do Corvo,Cernache, Mealhada, Coimbra e VilaNova de Poiares.

Se deseja dar o seu contributo à“AGIR pelos Animais”, pode contactaros responsáveis pela Associação, atravésdos números de telefone: 239 403 057 e96 545 0636.

AGIR com boa vontade

Nos últimos tempos temos assisti-do, através da comunicação social, auma série de denúncias de actoscovardes e cruéis contra animais inde-fesos. Por motivação fútil ou de alter-ação grave do foro patológico. Na zonade Coimbra, todos se lembram aindado grupo de estudantes que se empen-haram em atrair um cão que vadiavapelas ruas, sem casa, para dentro deum apartamento na Av. Elísio de Mou-ra, atraindo-o com comida, e levando-o de elevador e depois atirando-o pelavaranda, acabando por morrer em ago-nia depois de ter caído no tejadilho deum automóvel que se encontrava esta-cionado. Em Montemor-o-Velho, re-centemente, alguns jovens dedicaram--se a apanhar gatos domésticos, amis-tosos, que se deixam agarrar, atirando--os depois das ameias do castelo, fil-mando com os telemóveis o seu actodesumano para depois distribuíremvia sms, divulgando a sua acção.

Recebi nos últimos dias mais umadenúncia de maus-tratos a cães. Queestariam num barracão num sítio deEira Pedrinha, em Condeixa-a-Nova, efui investigar o assunto. Quandocheguei lá, deparei-me com o horrívelespectáculo de cinco cachorros encer-rados dentro de uma jaula cheia deexcrementos, sem luz, sem comida,sem água, com recipientes imundosque raramente terão visto água oucomida. A mais terrível e macabra real-idade foi constatar que os famintos

animais teriam já comido pelo menostrês colegas de cativeiro, o que con-segui identificar pelas ossadas queestavam dentro do comedouro. Estesterão perecido devido à fome e à sede.Relatos dos vizinhos informaram-meque regularmente os animais morreme o dono do barracão atira os corpospara as proximidades, onde se vãodesfazendo ao sol. Contactei a GNR,que acorreu ao local, bem como oMédico Veterinário camarário, que mederam todo o apoio que a lei lhes per-mite. Entretanto o dono do "canil"

chegou e foi identificado pela GNR deCondeixa-a-Nova. Interpelei-o acercados maus-tratos a que ele tem submeti-do esses animais e a resposta dele foique sabia que estavam mal mas quenão podia fazer mais. E quando lheperguntei se sabia que se tinham ali-mentado dos corpos de outros cães,porque ele não os tinha retirado quan-do morreram, disse que como estavammortos já não havia nada a fazer. E quese soubesse que íamos lá teria postoum cadeado à entrada do barracão. Asrespostas são tão chocantes como o

quadro com que deparámos. Alguns destes actos, pelo seu medi-

atismo, foram rapidamente resolvidospelas autoridades. Outros nem porisso. No caso de Condeixa, e porque alei ou a burocracia vigente assim odita, pasme-se, mas o senhor que prati-cou o acto desumano ainda detém oscachorros em parte incerta, apesar dejá ter retirado os animais da sua mis-erável cela. Quem é que nos garanteque não vai repetir a ignóbil façanha?No passado, ele terá sido avisado dasmás condições a que sujeitava os ani-mais e em pouco tempo terá retornadoao mesmo. Os vizinhos revoltam-secom a passividade do mundo peranteestes factos e eles próprios sentem-seameaçados, raramente prestam algu-ma declaração.

Estes actos deverão ser punidos deforma exemplar para que não se repi-tam, para que se altere a ideia de quese pode maltratar os animais impune-mente.

Presos num tugúrio miserável,alguns cachorros experimentam, aindasem terem sequer mudado os dentes, atriste realidade deste país, onde, infe-lizmente, se aceitam, por motivos cul-turais os maus tratos aos animais.Onde é normal pavonearem-se pelasauto-estradas os caçadores ufanos comos animais mortos dependurados nosseus jipes. Onde a tourada é aindaestranhamente acarinhada e defendidapelas elites. E onde até, recentemente,se estreou um reality show, numa tele-visão nacional, um circo com animais,quando neste momento a tendênciados países mais evoluídos é a deproibir circos com animais, coroando aactual posição da sociedade portugue-sa relativamente aos direitos dos ani-mais.

Os animais, silenciosos, sem a Lei aadvogar de modo útil a sua causa,morrem de fome e de sede, sem nen-huma culpa do pecado dos homens.

* Médico Veterinário 1824 OMV

[email protected]

Crónica de um país que maltrata os animais

SalvadorMascarenhas *

Page 10: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

12 A 25 DE ABRIL 20061100 REPORTAGEM LINGUAGEM GESTUAL

Sindicato dos Bancários do Centro

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A Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) abriu este anouma nova licenciatura em Língua Gestual Portuguesa (LGP), a primeiraem Portugal a formar professores de Língua Gestual. Para MadalenaBaptista, esta licenciatura vem responder a uma crescente procura deprofissionais devidamente formadosna área, bem como a uma exigência social de igualdade de oportunidadespara todos os cidadãos.

Rita Delille

O QUE É QUE LEVOU À CRIAÇÃO DO CURSO

DE LGP?– Desde 1997 que sou responsável

por cursos livres de LGP aqui na ESEC e,desde então, passaram por estes cursomais de mil alunos, o que nos deu umapercepção da procura que esta licencia-tura podia ter. Em termos gerais, a LGPcomeça a ter um grande reconhecimentoe há uma grande motivação para a suaaprendizagem.

Outro motivo que levou à criação docurso foi o facto de estarmos a receber naESEC muitos alunos surdos para os cur-so de professores e, tendo eles algumasdificuldades no processo de aprendiza-gem e os professores algumas dificulda-des no método de ensino, considerámosque este curso poderia dar uma respostamais eficaz a esta procura de docência.ALGUMAS PESSOAS PODEM ESTRANHAR

UMA LICENCIATURA DE CINCO ANOS EM

LGP...– O curso faz todo o sentido atenden-

do ao reconhecimento, na própria cons-tituição portuguesa, da LGP enquantoprimeira língua de pleno estatuto, tão ri-ca e complexa como qualquer outra.

E, como actualmente existe uma pro-posta de integração da LGP nos currícu-los escolares, torna-se importante a for-mação de profissionais nesta área.

Neste sentido, como é necessário parao ensino de qualquer língua os professo-res possuírem uma licenciatura, issotambém se justifica neste caso.JÁ HÁ ALGUMA LICENCIATURA NESTA ÁREA

EM PORTUGAL?

– Existem já dois cursos superiores deintérpretes de LGP, uma licenciatura emSetúbal e um bacharelato na ESE do Por-to. Contudo, este curso distingue-se porser a primeira licenciatura de professoresde LGP. A QUEM SE DIRIGE ESTE CURSO?

– O curso tem duas vertentes, umapara formar professores e outra para for-mar intérpretes. Assim, é um curso quepretende absorver tanto a comunidadesurda como a ouvinte. Em termos práti-cos houve grande procura por parte dasduas, embora actualmente apenas exis-tam dois alunos surdos a frequentar ocurso. Isto porque o curso só foi aprova-do pelo ministério tardiamente e os 40formadores de LGP que queriam tirar ocurso não tiveram oportunidade de fa-zer a prova específica. Neste momentoestá em negociação com o ministério daciência e tecnologia e ensino superior aentrada destes alunos no próximo ano.Por parte da comunidade ouvinte a pro-cura foi enorme com cerca de 270 candi-daturas.NÃO EXISTE UM CERTO RECEIO POR PARTE

DA COMUNIDADE SURDA DE QUE OS LICEN-CIADOS OUVINTES DESTE CURSO TIREM LU-GAR AOS FORMADORES SURDOS DE LGP?

– Não se pretende que estes professo-res de LGP vão tirar lugar aos formado-res de LGP que se encontram a trabalharnas Unidades de Apoio ao Aluno Surdo,pois consideramos ser muito importantepara a criança surda o contacto com ummodelo de professor surdo. Pretende-se,sim, divulgar, expandir e efectuar cadavez mais estudos linguísticos na área da

LGP que permitam um enriquecimentoe um estudo aprofundado da LGP, sen-do que os ouvintes podem dar um enor-me contributo.MAS, COMO FOI A RECEPTIVIDADE DA CO-MUNIDADE SURDA À PROPOSTA DESTE NO-VO CURSO?

– Quando pensaram que era umaoportunidade para que todos os forma-dores tivessem acesso à licenciatura, vi-ram este curso como uma forma de dig-nificação da LGP e da sua profissão. Noentanto, como expliquei anteriormente,o curso só foi tardiamente aprovado enão houve possibilidade de quarentaformadores entrarem já este ano no cur-so. Existe neste momento algum descon-tentamento em relação as contingênciasimpostas pelo ministério (da ciência etecnologia e ensino superior). COMO EXPLICA O PLANO CURRICULAR DO

CURSO EM FUNÇÃO DAS ESPECIFICIDADES

DA PRÓPRIA LG?– O plano curricular do curso integra

vertentes importantes para a formaçãode qualquer professor na área da psico-logia e da pedagogia. No que diz respei-to à língua propriamente dita, tem umavertente virada para a didáctica, linguís-tica e para as áreas da expressão corpo-ral, que é uma área essencial já que o usoda LG pressupõe uma enorme expressi-vidade a nível facial e de todo o corpo.Contempla ainda aspectos relacionadoscom a cultura e identidade surda. QUAL É A SUA POSIÇÃO PESSOAL, TAMBÉM

ENQUANTO ESPECIALISTA NA ÁREA, QUAN-TO À NECESSIDADE DA CRIANÇA SURDA

ADOPTAR A LG COMO LÍNGUA MÃE?– A LG é a língua natural das crianças

surdas. Deve-lhes ser dado um acessoprecoce a esta para que possam adquirirespontaneamente a sua língua natural.Só assim estarão em igualdade de cir-cunstâncias com as crianças ouvintes. Sefor adoptado o método oralista, onde ascrianças surdas são “forçadas” a adoptara Língua portuguesa oral como primeiralíngua, estas chegam aos doze anos comum nível de linguagem equivalente acrianças de quatro. Isto após um proces-so muito moroso e penoso de aprendiza-gem.EM TERMOS PRÁTICOS, COMO ESTÁ DIFUN-

DIDA ESTA PERSPECTIVA NA SOCIEDADE

PORTUGUESA?– Actualmente, a filosofia educativa

do bilinguismo já se encontra bastantedisseminada na nossa sociedade. Ogrande problema é que noventa e cincopor cento das crianças surdas são filhasde pais ouvintes e como tal estes não têmconhecimentos de LGP. Para além disto,também o diagnóstico da surdez é aindamuito demorado. Às vezes a surdez só édiagnosticada quando a criança já temum ano. Por outro lado, nem sempre éfácil para os pais aceitarem a surdez dofilho e procurarem que este tenha con-tacto com outros adultos ou crianças sur-das.COMO É QUE ESTA LICENCIATURA PODE

AJUDAR NUMA MAIOR CONSCIENCIALIZA-ÇÃO DA COMUNIDADE OUVINTE NO QUE

DIZ RESPEITO À SURDEZ E NUMA MAIOR

APROXIMAÇÃO ENTRE ESTA E A COMUNIDA-DE SURDA?

– As pessoas começam a interrogar-sepelo facto de existir uma licenciaturanesta área e automaticamente é dado umpeso maior e real ao assunto. Pelo factode ser um curso também dirigido a ou-vintes eles vão funcionar como desmul-tiplicadores do que vai aqui ser aprendi-do, o que vai permitir que se espalheuma consciência mais lúcida sobre o as-sunto.

Estes ouvintes podem contribuir paraum estudo linguístico da LGP e assimformar uma maior consciência social àvolta de um assunto que ainda esta pou-co explorado. Ainda há muitos cépticosque acham que este curso não faz muitosentido, mas isso só demonstra que, porparte dessas pessoas, não há a dignifica-ção da LG como uma verdadeira língua.

��DICIONÁRIO DE SURDEZ

LÍNGUA GESTUAL – A Federação Mundial de Surdos publicou em 1993 um estudo sobre o status das línguas ges-

tuais em diferentes países que começa com uma definição do que é a LG:

“A LG é uma linguagem visual gestual baseada no uso das mãos, olhos, cara, boca e corpo. Um alfabeto manual

pode ser utilizado juntamente com a LG. A LG representa a resposta das pessoas surdas à experiência da surdez

profunda. (...) Ela proporciona às pessoas surdas a oportunidade de se expressarem e, desta forma, de desenvol-

verem o seu potencial por completo, possibilidade que a linguagem oral não lhes dá.”

A LG não é internacional. Cada país tem a sua própria LG. Para além disto, a LG possui variantes étnicas, regio-

nais e sociais (tal como o calão). Em Portugal, a CS possui também uma língua própria reconhecida a nível cons-

titucional (artigo 79, alínea h) pela Comissão para o Reconhecimento e Protecção da Língua Gestual Portuguesa

de 1997.

BILINGUISMO – É uma filosofia educativa que permite o acesso pela criança, o mais precocemente possível, a duas

línguas: a LGP a língua portuguesa na modalidade oral. Para os especialistas, o ensino da língua oral deve ser

ensinada ao Surdo como língua estrangeira. Primeiro devem ser proporcionadas todas as experiências linguísti-

cas na primeira língua dos surdos, a língua gestual.

COMUNIDADE SURDA (CS) – Quando falamos da CS devemos compreender que, não só nem todas as pessoas sur-

das a compõem, como há também ouvintes que a integram. A pertença à comunidade surda é determinada não

por uma característica física, mas acima de tudo, por traços culturais e linguísticos, por sentimentos de pertença

e identidade e, acima de tudo, pelo orgulho em ser Surdo.

Licenciatura inédita no País

Para além de um percurso acadé-mico permanentemente ligado àsquestões da surdez, com mestrado edoutoramento nesta área, MadalenaBaptista é actualmente Vice-Presi-dente do Conselho Directivo da Es-cola Superior de Educação de Coim-bra (ESEC) e a responsável pela li-cenciatura em LGP.

Page 11: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

Atins é uma pequena aldeia depescadores no estado do Maranhão.Uma das características do lugar é ofacto de se situar exactamente onde orio Preguiças se encontra com o mar.Mas, a verdadeira magia do pequenopovoado é ser a principal entrada noParque Nacional dos Lençóis Mara-nhenses, uma extensão de dunas elagoas com cerca de 270 km, um ver-dadeiro paraíso natural a perder devista.

Olhamos para trás, para a frente oupara qualquer um dos lados e vere-mos apenas lençóis brancos de areia e,ocasionalmente, pedaços de águaextraordinariamente azul. São aslagoas que, infelizmente, não existemtodo o ano.

Há cerca de quatro lagoas quenunca secam, as restantes surgementre Maio e Outubro, a estação mais

chuvosa. As próprias dunas movem-se a cada segundo ao sabor do vento,

numa média de 20 metros por ano.Embora a paisagem seja, aparente-mente, demasiado igual, é extra-ordinário pensar como nada per-manece na mesma.

Nos Lençóis vivem comunidadesde pescadores considerados nóma-das.

Isto porque durante a época daschuvas, em que o rio fica cheio,moram em cabanas feitas de palha deburiti (uma espécie de palmeira) evivem principalmente da pesca.

Quando chega o Verão e tudo ficaseco, os peixes quase desaparecem eestes pescadores rumam a outrossítios e dedicam-se à agricultura.

O parque pode ser percorrido a pécom a ajuda de um guia – e estaexperiência, será provavelmenteúnica, quer pela beleza do lugar, pelapaz que aqui se encontra, quer pelasimpatia e simplicidade desconcer-tante do “povo das areias”.

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Um mundo mágico feito de areia

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As dunas brancas formam uma paisagem que se assemelha a um lençol

Lagoa do Rancho – uma das que permanece com água durante o ano inteiro

Page 12: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

12 A 25 DE ABRIL 20061122 SAÚDE ENTREVISTA

João Paulo Henriques

Massano Cardoso assumiu o cargode Provedor do Ambiente e Qualidadede Vida de Coimbra, depois de CarlosEncarnação ter sido eleito para o segun-do mandato como Presidente da Câma-ra Municipal de Coimbra. O sucessorde Helena Freitas garante que tem pre-parado “um conjunto de iniciativas pa-ra avaliar o que se passa na cidade”,que vão desde a qualidade do ar até aotratamento dos esgotos sem esquecer apoluição electromagnética.

A realização de um questionário paraavaliar o grau de satisfação e as preocu-pações ambientais da população deCoimbra vai permitir ao Provedor to-mar conhecimento concreto da realida-de e responder aos pedidos dos muníci-pes. Para já, Massano Cardoso, que pre-tende “amplificar e intensificar” aspreocupações da população, tem a“percepção que os conimbricenses sepreocupam, de facto, com o meio am-biente”, mas, acrescenta, “faltam os nú-meros para ajudar a perceber se é real”.

Segundo o Professor catedrático daFaculdade de Medicina da Universida-de de Coimbra, o problema do ambien-te é “muito complexo”, lamentando que

as perspectivas não sejam animadoras ereconhecendo que grande parte da pa-tologia humana está relacionada com oambiente. “O comportamento assumi-do por cada um de nós é um contributoimportante para o aparecimento damaior parte das patologias. Depois, es-se mesmo contributo, no colectivo, po-de provocar alterações ambientais”, re-força.

A nível mundial, as questões relacio-nadas com a saúde lideram a lista depreocupações dos diferentes povos.

“Qualquer ser humano quer ser saudá-vel”, conta Massano Cardoso, referindo,contudo, que “as pessoas querem saúde,mas, muitas vezes, fazem todos os pos-síveis para não a ter”. E dá exemplos:“Os hábitos alimentares, os comporta-mentos, as pessoas que fumam e não fa-zem exercício físico, as que se expõem adeterminados factores de poluição”.

“Qualquer ser humano querMASSANO CARDOSO DIZ QUE O AMBIENTE É RESPONSÁVEL PELA MAIOR PARTE DAS PATOLOGIAS

A questão da gripe das aves anda naordem do dia e todos falam do assunto.Massano Cardoso recorda que “estasepidemias sempre existiram”, subli-nhando tratar–se de “uma fatalidadebiológica, que faz parte da evolução”.Contrariamente ao que acontecia nopassado, nos dias de hoje sabemos, de-vido aos conhecimentos científicos eepidemiológicos, prever “atempada-mente o que poderá acontecer num fu-turo mais ou menos distante”.

A ignorância deu lugar ao conheci-mento, o que faz com que o ser huma-no “sinta um certo mal estar e fiquepreocupado”. Questionado sobre a gra-vidade da gripe das aves, o epidemio-logista está convencido que “as coisasnão são tão graves como se pinta”, des-tacando que o problema surge porque“as pessoas quando se apercebem do

que poderá acontecer entram em an-gústia e sentem medo, provocados pe-lo conhecimento”. Sentimentos que po-dem ser bons, uma vez que “preparamemocionalmente as pessoas para rece-berem as instruções adequadas parapoderem controlar as coisas”.

A vida das populações não pode, se-gundo Massano Cardoso, ser afectada.Ainda assim, considera fundamentalque se siga um conjunto de regras defi-nidas em devido tempo com o objecti-vo de minorar o problema. “As pessoasterão de saber como andar nos trans-portes, a quem se devem dirigir, osprincípios de higiene banais que todosdeveríamos cultivar, mas, agora, deforma mais reforçada, ter reserva dealimentos, água e medicamentos paraduas semanas”. Regras simples e ba-nais, mas fundamentais.

Gripe das aves provoca angústia do conhecimento

“As pessoas querem saúde,mas, muitas vezes, fazem todos os possíveis para não a ter”

Massano Cardoso

Page 13: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

ser saudável”

SAÚDE 113312 A 25 DE ABRIL 2006

PERFIL

Salvador Massano Cardoso nas-ceu há 55 anos, em Santa CombaDão. Licenciado pela Faculdade deMedicina da Universidade de Coim-bra (UC) em 1975, o actual Provedordo Ambiente e Qualidade de Vidade Coimbra doutorou–se na área daHigiene e Medicina Social. Profes-sor catedrático de Epidemiologia eMedicina Preventiva da Faculdadede Medicina da UC, representou aCâmara de Coimbra na ComissãoCientífica Independente (incumbi-da pelo primeiro Governo de Antó-nio Guterres de acompanhar o pro-cesso tendente ao tratamento do lixotóxico mediante queima em cimen-teiras) e foi deputado à Assembleiada República pelo PSD. É presiden-te da Assembleia Municipal de San-ta Comba Dão.

Joana Martins

Partindo do êxito alcançado no anopassado, a Escola Superior de Tecnolo-gia da Saúde de Coimbra organizou asegunda edição da Semana das Ciên-cias Aplicadas na Saúde. A iniciativa,que pertence à Associação de Estudan-tes da Escola, tinha como objectivosprincipais a realização de rastreios e deacções de sensibilização.

Altino Cunha, membro da Associa-ção de Estudantes da Escola, sublinhaque outro dos objectivos da iniciativapassava por dar a conhecer a Escola Su-perior de Saúde, os seus cursos e o pró-prio Instituto Politécnico. O jovem afir-ma que, em Coimbra, a Escola de Saúdeé vista como parte integrante da Escolade Enfermagem. Reitera por isso, a im-portância de dar uma imagem da Esco-la como independente, de forma a estaganhar raízes na cidade. Assim se justi-fica o facto de este evento não ser orga-nizado em conjunto com outras escolas.

A Semana da Saúde, que o ano passa-do recebeu cerca de 20 mil visitantes,contou este ano com um leque mais di-versificado de rastreios, nomeadamentea nível da radiologia, e com palestrasque abordaram um maior número detemáticas. Tal como refere Altino Cu-nha, pretendeu-se “ir ao encontro dasnecessidades da comunidade, tentandodiversificar o leque de abrangência dainiciativa”.

Ao nível da gestão de recursos, o jo-vem estudante explica que esta foi com-plicada, na medida em que se trata deuma organização que conta com um or-çamento de cerca de 30 mil euros.

Altino Cunha reafirma a importânciados apoios e patrocínios. Contaramcom a ajuda do Banco Totta, a nível fi-nanceiro, do Instituto Politécnico deCoimbra, da própria Escola e da Câma-ra Municipal, a nível logístico. Para adivulgação da iniciativa os estudantes

privilegiaram os meios de comunicaçãosocial e o Canal de Universidades e Po-litécnicos que divulga em todas as esco-las eventos organizados pelos estudan-tes.

Análises Clínicas, Audiologia, Car-diopneumologia, Farmácia, Fisiotera-pia, Radiologia e Saúde Ambiental sãoos sete cursos existentes na Escola, osquais estiveram representados em stan-ds de atendimento à comunidade.

Este ano os estudantes tiveram me-nor adesão do que no ano anterior, fac-to a que não foi alheio o mau tempo quese fez sentir durante o fim-de-semana,altura em que esperavam, como é habi-tual, receber um maior número de pes-soas. Ainda assim, Altino Cunha consi-dera bem sucedida a iniciativa e apontajá uma terceira edição a realizar-se nopróximo ano.

Estudantes repetemacções de rastreio

ESCOLA DE SAÚDE DE COIMBRA

“As mudanças constantes em tornoda saúde causam transtorno e apreen-são e levantam problemas, mas isso fazparte da evolução”, reconhece o epide-miologista, antes de lembrar que “anti-gamente, as coisas para mudar demo-ravam décadas, mas, agora, numa dé-cada é provável que mudem mais queuma vez”. Massano Cardoso parte doprincípio que “as decisões políticas sãotomadas no sentido de melhorar, mas,por vezes, não vão ao encontro das ne-cessidades de todos”.

Docente das cadeiras de Introduçãoà Saúde Comunitária e Epidemiologiae Medicina Preventiva, mostra-se agra-dado pelo facto da prevenção ter ganhoadeptos nas últimas décadas e se tertornado indispensável. Ainda assim,não esconde que a estrutura dos cursosde Medicina é sempre vista numa pers-pectiva curativa e com o pensamentono tratamento das doenças, acrescen-tando que “dentro da área da preven-ção queremos evitar que as pessoasadoeçam”.

As pessoas têm uma ideia errada dostress, uma vez que o relacionam sem-pre com coisas negativas. Esta é a opi-nião de Massano Cardoso, que afirmaque “o stress é bom e só é mau quandoultrapassa determinados valores, semantém durante muito tempo e comuma carga intensa”, referindo, ainda,que “os problemas relacionados com otrabalho são as principais fontes destress”.

Tendo sido, e continuando a ser, umdos rostos visíveis da contestação à co--incineração, Massano Cardoso enten-de que “já há pouco para dizer”. A par-tir deste momento, trata-se de “umadecisão política” pelo que o Governotem “toda a legitimidade para fazer oque entender”. Massano Cardoso dizque “as responsabilidades têm de serassumidas”, pedindo ao executivo deJosé Sócrates para não esconder “os ris-cos para as populações que vivem emredor dos locais onde vão ser queima-dos os resíduos”.

Page 14: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

12 A 25 DE ABRIL 20061144 SAÚDE

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A Crioestaminal é um empresa inovadora, criada por um grupo de jovens, que rapidamente conquistougrande êxito no País, de tal forma que está já a preparar a expansão para Espanha, como revela Raúl Santos, seu Director-Geral, na entrevista que concedeu ao “Centro”.

Paula Cardoso Almeida

QUE RETRATO SE PODE FAZER, NESTE MO-MENTO, DA SAÚDE EM PORTUGAL?

– A saúde não estará hoje tão doentecomo esteve até há algum tempo atrás. As

medidas que foram tomadas pelo actualexecutivo estão a ir no bom sentido, desig-nadamente no que diz respeito à humani-zação das instituições, à diminuição daslistas de espera e ao combate a alguns lob-bies e/ou interesses instalados no sector.Parece-me positivo que se faça frente a al-guns dos actores do mercado da saúde –que não gostaria de especificar – e quetêm vindo a prejudicar os serviços presta-dos à comunidade. No entanto, avaliandoo sector no geral, creio que há sinais demelhoria a vários níveis.

NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA ÁREA DA

SAÚDE, A CRIOESTAMINAL CONTINUA A SER,

APESAR DE TER NASCIDO HÁ PERTO DE TRÊS

ANOS, UMA NOVIDADE.– É uma entidade que está a desenvol-

ver uma área relativamente recente, a Bio-medicina, na qual esperamos vir a seruma referência. A Crioestaminal é pionei-ra em Portugal no isolamento e criopre-servação de células estaminais do sanguedo cordão umbilical. O objectivo da nossaempresa de biotecnologia é posicionar-sena área da medicina preventiva, o que noslevou a diversificar os nossos serviços pa-ra a área do diagnóstico clínico em que es-tamos a entrar actualmente.

NESSE SENTIDO, QUAIS SÃO AS VOSSAS

NOVAS APOSTAS?– Para já, estamos a construir no Bio-

cant – Parque de Transferência de Tecno-logia de Cantanhede, dois laboratórios,um dos quais se destina à criopreservaçãode células estaminais. No outro, serãoprestados diversos serviços na área dodiagnóstico médico e será feita investiga-ção com vista a alargar o leque de aplica-ções terapêuticas das células estaminais.

A INVESTIGAÇÃO É, PORTANTO, UMA

ÁREA ESTRATÉGICA PARA A CRIOESTAMINAL?– Claro. Neste momento, temos três

novos projectos, desenvolvidos em parce-ria com entidades de referência do siste-ma científico e tecnológico nacional, comoo Instituto de Medicina Molecular de Lis-boa e o Centro de Neurociências de Coim-bra. Em fase de candidatura, submetida àAgência de Inovação, está também umprojecto, realizado em parceria com a Clí-nica Universitária de Genética da Univer-sidade de Coimbra, direccionado para odiagnóstico pré-natal, cujo propósito é de-tectar doenças no bebé ainda no útero damãe. É um projecto de grande importân-cia, com que avançaremos mesmo que acandidatura não seja aprovada. Temostambém submetido um projecto europeu,resultado de uma colaboração com o Prof.Rui Reis, da Universidade do Minho. Estaaposta na Investigação é e continuará aser uma aposta estratégica para a Crioes-taminal, dada a formação dos seus res-ponsáveis. Como tal, estamos a fazer no-vas apostas na perspectiva de continuar-mos a crescer.

QUAIS SÃO AS METAS PARA ESTE ANO?– Crescer. Desde que iniciámos a acti-

vidade, em Junho de 2003, mais de 10 milpais já aderiram ao nosso serviço. É umindicador bastante positivo, que gostaría-mos de ver aumentado, este ano, entre 5 a10 por cento. Acreditamos, além disso,que podemos incrementar as vendas, de-signadamente para o mercado espanhol.A internacionalização é outro dos nossosobjectivos. Já estabelecemos contactos nosentido de arranjar representantes nomercado espanhol, nomeadamente emMadrid e Barcelona.

Crioestaminal cresce e estende-se a Espanha

INVULGAR ÊXITO DE JOVEM EMPRESA NA ÁREA DA BIOMEDICINA

A equipa da Crioestaminal Raúl Santos

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Servir o doente com segurança, eficá-cia, racionalidade e eficiência é o pontofulcral do Sistema de Gestão Integrada doCircuito do Medicamento (SGICM), emfuncionamento nos Hospitais da Univer-sidade de Coimbra (HUC) desde 2000. Éum sistema informático centrado nodoente e no medicamento.

O circuito interliga, dentro dos HUC,todos os profissionais de saúde, em tornodos interesses do doente. Sistema pioneiroe inovador, não só em Portugal como tam-bém na Europa, o SGICM permite assegu-rar a prescrição, distribuição, administra-ção, facturação, selecção da molécula e dofornecedor, aquisição e armazenamentodo medicamento.

A ideia partiu dos Serviços Farmacêuti-cos dos HUC, contou com a ajuda de ou-tros serviços do hospital e a ferramenta foiconcretizada tecnologicamente pela Com-panhia Portuguesa de Computadores,Healthcare Solutions, em 1999. O circuitodo medicamento está, hoje em dia, dispo-nível em mais de 90% dos HUC, encon-trando–se em fase de expansão para asconsultas externas. O que faz deste siste-ma um projecto único é o facto de os siste-mas existentes em hospitais, mesmo a ní-vel europeu, funcionarem em termos dedepartamentos e não numa lógica do hos-pital como um conjunto.

Falamos de um hospital que possui1600 camas, onde a média de doentes in-ternados por dia chega aos 1290. Desde aimplementação deste sistema que passoua haver “maior agilização e um nível deinformação compatível com todas as ne-cessidades do hospital”, sublinha OdeteIsabel, Directora dos Serviços Farmacêuti-cos do hospital. Assim, o sistema assumeespecial importância na medida em queveio reduzir as taxas de erros de medica-ção. A interacção entre todos os profissio-nais dos HUC, através do SGICM, veio di-minuir erros de transcrição, problemas delegibilidade, abreviaturas inadequadas,prescrições incompletas ou ambíguas.

Através desta ferramenta de trabalho o

médico acede, pelo sistema, à ficha dequalquer doente do hospital, podendodesta forma efectuar uma prescrição in-formatizada. Assim, tem a possibilidadede seleccionar as doses do medicamentoa ser administrado, os horários e a fre-quência, informação que chega online àFarmácia do hospital. De uma formaabrangente, o SGIMC engloba o acesso àsvárias vertentes do circuito do medica-mento. “O sistema trouxe muitas vanta-gens”, refere Odete Isabel. Veio melhorara “qualidade da assistência medicamen-tosa aos doentes, eliminar erros com me-dicamentos” e proporcionou ainda umamelhor “gestão dos recursos humanos ematérias”, sublinha a Directora.

O sistema engloba o historial clínicodo doente, alergias a medicamentos, a te-rapêutica que está a ser utilizada e todasas informações úteis ao seu tratamento.Assim, a partir do momento em que odoente dá entrada no hospital, toda equalquer acção que os profissionais desaúde exerçam sobre ele fica registada nosistema. O médico, a partir do seu com-putador, tem acesso às análises, à tera-pêutica, etc, podendo mesmo fazer onli-ne a carta de alta do doente. Existe, porisso, “uma racionalização de tempo e derecursos”, tal como afirma Odete Isabel.Registe–se, contudo, que está asseguradaa confidencialidade destes dados, umavez que eles só estão acessíveis aos pro-fissionais de saúde obrigados a garantiressa confidencialidade.

As vantagens que o sistema trouxe aosHUC são inegáveis, sobretudo do pontode vista da racionalização de recursos edos erros de medicação. Por cada erro as-sim evitado, o hospital poupa em médiacerca de 5 mil euros. Tal como refere o es-tudo do Journal of the American MedicalAssociation, a implementação da prescri-ção online pode reduzir em cerca de 55%os erros com medicamentos.

O sistema já está a ser instalado em ou-tros hospitais do país e Odete Isabel acre-dita que ele será “uma grande ajuda parasolucionar os graves problemas relaciona-dos com o uso racional do medicamento”.

Circuito de medicamentos onlineSISTEMA PIONEIRO NA EUROPA NOS HOSPITAIS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Odete Isabel, Directora dos Serviços Farmacêuticos dos HUC

Page 16: O Centro - n.º 1 – 12.04.2006

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directora técnica: Capitolina Maria de Figueiredo F. Pinho

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Propriedade e Direcção Técnica: Leonor M.ª Gaspar C. M. A. Coragem

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Telef. 239 822 605 – Av. João das Reagras, 132 – 3040-256 COIMBRA

"Matrix" – Clínica de Saúde, Estéticae Acupunctura – é este o nome de umcentro médico e de bem-estar, abertohá cerca de dois anos em Coimbra.Este espaço não pretende ser mais doque uma simples clínica médica, antesum local mais abrangente, onde sepode encontrar uma série de especiali-dades, no sentido da melhoria daqualidade de vida das pessoas. Emdeclarações ao “Centro”, Tropa deSousa, Director Clínico da "Matrix",disse tratar-se de um "centro médicoonde existe uma estreita e intimacolaboração entre a medicina ociden-tal e a oriental" – o mesmo será dizer,entre a medicina dita convencional e aalternativa.

A "Matrix" visa proporcionar a cadacliente uma solução personalizada,assente em diferentes métodos tera-pêuticos, adequados a cada caso, cujoobjectivo é "promover o bem-estar dapessoa a nível físico e psíquico". Meioscomo "a medicina convencional, acu-punctura, mesoterapia, osteopatia etratamentos de estética vão aliar-se nobem-estar, por dentro e por fora dapessoa", refere Tropa de Sousa, acres-centando: "A mais-valia da clínica é ternum único sítio reunidas as duasmedicinas e uma outra vertente que éa estética".

Na área da medicina convencional,a "Matrix" disponibiliza especiali-dades como clínica geral, ginecologia,dermatologia, nutricionismo, cirurgiageral (pequena cirurgia no campo daestética) e ainda laboratório de análi-ses clínicas com recolhas diárias.

Contudo, o leque de opções dis-ponibilizado pela clínica vai maisalém, para as medicinas orientais. Avalência médica de acupunctura, quepode ser conjugada com mesoterapia eosteopatia, é outro dos pontos fortesdeste espaço, onde também podem ser

realizados os mais avançados trata-mentos estéticos com especialistas. Deacordo com Tropa de Sousa, médicoque se dedica à acupunctura há 24anos, "especificamente 50 % do queaqui faço está subjacente à acupunc-tura". A grande vantagem é que com"a acupunctura consigo prescindirmuitas vezes do uso de medicamentose também muitas dos doentes queaqui vêm já passaram por muitosmédicos sem resultados práticos echegam aqui e ficam bem", sublinha.

E continua: "O papel da acupunc-tura tem duas vertentes: uma física, noalívio de sintomas de patologias comoreumatismo, artrose, dor ciática eosteoarticular, por exemplo, e outra

energética, uma vez que muitaspatologias se ficam a dever a uma mádistribuição da energia a nível corpo-ral". As duas medicinas "complemen-tam-se e muitas vezes a solução poderesidir na medicina convencional, nasoutras técnicas terapêuticas, ou numaconjugação de ambas".

Para além da acupunctura, a"Matrix" disponibiliza ainda outrasespecialidades orientais como: a os-teopatia, a massagem "reiki" (queenvolve a estimulação das correntessinergéticas das pessoas), a cromote-rapia, a ozonoterapia (terapêuticausada em situações de artroses, inter-venção sobre hérnias discais, celulite emesmo no controlo da fibromialgia) e

a mesoterapia. E relação a esta últimaterapêutica, Tropa de Sousa sublinhaque "é utilizada, quer do ponto devista estético, quer seja do ponto devista da reumatologia". Na estética éusada em situações de emagrecimen-to, celulites, controlo de peso; e nocampo físico "complementa terapias,tratamentos que são feitos a pessoasque não podem tomar anti-infla-matórios por via oral".

Na estética, a "Matrix" disponibi-liza, para além de duas esteticistas edois médicos creditados, o laser"IPLS" ou "luz pulsada", utilizado notratamento de patologias como apsoríase, lesões vasculares ou mesmoem depilações.

Tropa de Sousa realça que o "IPLSnão é bem um laser, funciona com amesma filosofia dos lasers e obtémresultados semelhantes, mas sem osefeitos secundários deste, ou seja,despigmentação e queimaduras". OIPLS, apesar de não ser tão específicocomo o laser, "oferece maior margemde segurança, funcionando em maisfrentes", realça. A correcção de rugas -através de implantes, "bottox", "pee-lings" químicos com ácidos, dermo-abrasão ou tratamentos médicos derosto e corpo, a remoção de varizes ea correcção de pequenas anomaliasfísicas, desde que não implique anes-tesia, são outras competências dis-poníveis na clínica.

A "Matrix" conta com uma equipade pessoal devidamente qualificadoem todas as áreas acima referidas. Asconsultas e tratamentos funcionamentre as 8 horas da manhã e a meia--noite, sempre por marcação.

Para os interessados, a clínica"Matrix" fica situada na UrbanizaçãoQuinta das Lágrimas, lote 24, r/c, emSanta Clara, com o telefone 934 466644.

CLÍNICA MATRIX: DIFERENTE ESPAÇO DE SAÚDE EM COIMBRA

Medicinas ocidental e orientalaliadas no combate à doença

Tropa de Sousa, director clínico da "Matrix"

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Quem percorrer a estrada entre Avis eCasa Branca, outrora lamacenta e hojealcatroada, a meio da distância entre es-tas duas localidades, surge-lhe, primei-ro, uma dessas altas chaminés das in-dústrias, a lembrar a grande actividadeque ali exisitiu – lagares de azeite, vinhoe uma fábrica de moagem. Depois vê-sea frondosa e altaneira copa de um pi-nheiro manso que meu Pai mandouplantar para fazer jus ao nome da Quin-ta (do Pinheiro).

Respirando bons ares e alimentadocom o que agora chamam de produtosbiológicos, fui crescendo saudável na-quele ambiente que mantinha um certobucolismo.

Com a chegada da obrigatoriedadeescolar, conhecendo as primeiras letras,ensinadas por minha Mãe, mudei-mepara Ervedal, uns 4 km mais a norte.Aqui vivi as peripécias comuns a todasas crianças.

Algumas delas evidenciaram-se, deque são exemplo as escapadelas à aper-tada vigilância de minha Avó Angélica.Iludi-la para ir até à Ribeira Grande eramuito emocionante para mim

O nome deste curso de água aindahoje é controverso porque, grande, sóno Inverno. Por este motivo e outros, amaioria chama-lhe Ribeira de Avis –coerentemente, diga-se, pois já em 1512,no foral manuelino, assim foi baptizada.

Com este ou outro nome, no meutempo de faz de conta pouco me deviaimportar. O que desejava mais do quetudo nos dias em que o calor apertavaera nadar. Deliciava-me também com osestranhos odores ribeirinhos que me ro-deavam de mistura com a fragrânciadas flores silvestres das margens.

(Ainda hoje as recordações dessepassado estão bem vivas na minha me-mória, contrariamente às relativas aoperíodo da minha vida profissional. Es-tes dias foram tão preenchidos, que,não raro, trabalhava 24 horas seguidas.Ainda assim, lembro-me bem das qua-tro vezes em que corri perigo de vidanas reportagens para a RTP e em outrasocasiões, pois fotografava para quatrojornais diários e três desportivos. Re-cordo também a espiritualidade que vi-vi durante a tarde em que me foi auto-

rizado romper a clausura do Carmelode Coimbra para fotografar com vista àedição de um livro que se vende naportaria do convento. Nele se mostraum pouco da vida de recolhimento edevoção do Carmelo, a que pertenceu aIrmã Lúcia, cuja memória a CâmaraMunicipal de Coimbra homenageou,dando o seu nome a uma artéria da ci-dade).

Durante o Inverno não deixava de irà Ribeira para ver as cheias, prática quecontinuei em Coimbra. Aqui, sempreque podia deslocava-me até ao Rio, não

como o meu vizinho Torga, “a ver cor-rer, serenas, as águas do Mondego”,mas sim as vastas áreas inundadas, osremoinhos (1) e os garotos à “pesca” daslaranjas.

Voltemos à minha Ribeira.Certo dia de grande cheia, assisti a

um episódio que muito me impressio-nou e memorizei ao pormenor, já lá vãomais de setenta anos.

Sempre que a água não corresse maisalta do que as “passadeiras” (pedrascom cerca de um metro de altura, cortetosco, colocadas a intervalos de um pas-so), era fácil atravessar o caudal.

Mas naquele dia a poesia dos camposmarginais desaparecera e os esguios sal-

gueiros mal se viam. Só os chouposmais velhos sobressaíam naquele “mar”insólito, raramente visto.

Na margem direita surgiu um traba-lhador disposto a arriscar a travessiapara evitar percorrer uns quantos qui-lómetros até à ponte a montante, quelhe permitiria não correr perigo. Calcu-lando a posição das “passadeiras”, por-que as não via, iniciou o avanço, no quefoi bem sucedido até ultrapassar meta-de da distância que o separava da outramargem, onde um grupo de adultos ealguns garotos seguiam o desenrolar da

patética cena, que mais parecia ficção.Entontecido pelo movimento daságuas, deu um passo errado, deitandotodo o esforço e coragem a perder. E láfoi arrastado pelo turbilhão barrento.

Para sorte sua, de entre os angustia-dos que presenciavam a cena, vários ho-mens se destacaram em rápida acção desocorro. Correndo ao longo da margemmais livre de infestantes, estenderam aoinfeliz um galho comprido quando elese aproximou o suficiente para o alcan-çar, pois, como lhe foi possível, tinha na-dado na tentativa de chegar a terra.

Esta comunhão de esforços – do aci-dentado e dos salvadores – teve o êxitoque todos desejavam.

Ao sair da água, ignorando as silvasque o picavam e rasgavam o corpo, an-te o pasmo geral, carregava ainda aoombro o alforge com o “avio”, ondenem a almotolia e a “corna” das azeito-nas faltavam.

Nada de semelhante se repetiu nemrepetirá porque as “passadeiras” já nãoexistem. A Ribeira até perdeu “persona-lidade” porque foi absorvida pela Barra-gem do Maranhão. No local está umaponte metálica que, antes, foi de madei-ra, mas de composição igual, um protó-tipo da que já foi chamada “Salazar” e

agora é “25 de Abril”.Terá sido ali que a primeira grande

ponte de Lisboa foi ensaiada? Constaque sim.

(1) Actualmente as cheias do Mondegosão raras, desde que se construíram as bar-ragens da Raiva, Aguieira e Fronhas. Masàs vezes ainda há percalços, como sucedeu hádias, quando o Mondego “devorou” uma boaparcela do chamado Parque Verde, na mar-gem direita.

(Esta crónica é uma adaptação doexcerto do livro intitulado “Ervedal”,

da autoria de Varela Pècurto)

APONTAMENTO 117712 A 25 DE ABRIL 2006

Origem da Ponte 25 de Abril?

Varela PècurtoRepórter fotográfico

Pode ter sido esta ponte a que serviu de teste à que hoje tem o nome de 25 de Abril em Lisboa

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12 A 25 DE ABRIL 20061188 MEMÓRIAS

Foi há quase 22 anos o que aconteceu oque relato nesta pequena história. É umadas muitas do rol da minha vida profis-sional como fotojornalista, mas tem umsabor especial que me faz lembrar delafrequentemente.

Estávamos no início do Verão de 1984,um ano daqueles em que ainda não se fa-lava em silly season embora a falta de no-tícias nas redacções fosse um flagelo àépoca.

A meio da tarde, o telefone tocou naantiga redacção da Avenida Fernão deMagalhães, onde os jornalistas estavampreparados para o que desse e viesse.Atendi a chamada e era o director do«JN», Sérgio de Andrade. Imaginei quealgo de grave se passasse, por ser o pró-prio a ligar e passei o auscultador ao coor-denador Jorge Castilho. Terminado o tele-fonema, o caso foi comunicado a todos oselementos da redacção – como era hábitosalutar, aliás. Havia uma informação, se-gundo a qual uma “maré negra” avança-va sobre a Figueira da Foz, às portas daPraia da Claridade, onde estava a iniciar--se a época balnear.

Os meios disponíveis eram (são sem-pre...) escassos; apenas havia uma carri-nha Toyota Corola para transporte e dis-tribuição de jornais. Ainda não existiam oIP3 nem a A14 e, ir à Figueira da Foz, nãoera coisa para pouco tempo, tomando aEN-111. Por outro lado, o envio de fotos,se as houvesse interessantes, obrigaria adividir a distância Coimbra-Porto a meio,com um motorista da sede do meu diário,com o qual me encontraria para os lados

de Águeda, já noite dentro, por carênciade meios de envio das imagens e paraeconomia de tempo.

O tema era forte, fortíssimo mesmo e oJorge Castilho tinha feito sentir ao direc-tor que a coisa não seria assim tão fácilàquela hora. Aproveitou para salientar osparcos meios existentes na redacção, re-matando: “E agora como é que vamos,

sem meios, fazer o trabalho na Figueira?”.Respondeu-lhe o Sérgio de Andrade, coma autoridade nossa conhecida: “Vão deavião, de helicóptero ou de foguetão! –quero lá saber! Mas vão!”.

O coordenador da redacção de Coim-bra tomou uma atitude. “Pois bem! Va-mos de avião para a Figueira, como man-dou o director!”.

Seguiu o jornalista João Bravo (já fale-cido) por via terrestre, enquanto JorgeCastilho e eu iríamos de avião até à costaatlântica, na mira da grande reportagemsobre a “maré negra”. Contactado o Aeró-dromo de Cernache disseram que nosaprontavam um avião se conseguíssemosum piloto para o tripular. Descobrimosque o nosso aeronauta estava a enfeitar oaltar da Igreja do Carmo e tivemos de odesviar dos afazeres religiosos para nos irtransportar até à orla marítima figueiren-se.

Lá descolámos no pequeno Cessna, ru-mo à costa e, ao sobrevoar a zona da Lei-rosa, constatámos uma verdadeira tragé-dia: grandes vagas sucessivas de fuel em-batiam violentamente nas ondas de espu-ma branca do mar, na área de rebentação,elevando a mancha negra, espessa e vis-cosa a alguns metros de altura.

Do nosso ângulo de observação privi-legiado, a uma centena de metros de alti-tude, fomos colhendo imagens com a ve-lhinha câmara fotográfica “Canon ftb”.Ao longo de cerca de dez quilómetros deextensão, um espectáculo chocante que o«JN» plasmou na sua primeira página dodia seguinte.

Tratou-se de um “acidente” numa fá-brica de celulose, cujas causas e dimensãoreal os responsáveis minimizavam juntodo jornalista João Bravo, que os visitou.Explicações concretas só surgiram quan-do este meu camarada chamou um admi-nistrador a uma janela para lhe mostrarque uma equipa de reportagem estava asobrevoar e a fotografar aquele território,a fim de se conhecer a origem, gravidadee extensão do problema – o jornal atacavaem duas frentes.

A partir daqui tudo se alterou e as jus-tificações apareceram em catadupa, poisentenderam que seria bem pior o silêncio,quando o jornal estava em campo atécom meios aéreos!

Depois do trabalho feito, instalou-seem nós um espírito de “dever cumprido”

e de orgulho pelo desempenho destaexemplar reportagem em que o interessepúblico era por demais evidente. Isto,sim, era jornalismo!

À noite, fui contactado pelo nosso pilo-to que, algo preocupado, pedia–me quenão saíssem as fotos no jornal, devido apressões que tinha recebido duma entida-de que lhe assegurava umas quantas ho-ras de voo na vigilância contra os fogosflorestais, contribuindo para manter o seubrevet de pilotagem. Claro que tal era im-possível e o caso foi a “manchete” do jor-nal de 5 de Julho de 1984 e não consta quea ameaça do corte nas horas de voo do pi-

loto se concretizasse.Vai longe esse tempo e a forma como

alguns entendem actualmente o fotojor-nalismo e o jornalismo lato sensu. É qua-se tudo diferente, quer no modo de actuar

quer no resultado. O “saber fazer” deu lu-gar ao “fazer saber”; este substituiu aque-le, em vez de darem as mãos com vanta-gem para todos, das várias gerações dejornalistas em todos os meios de comuni-cação social. Perdeu-se aquele “romantis-mo” inerente ao modo de fazer jornalis-mo, substituindo-se pelo pragmatismo da“ditadura gráfica” (mas não apenas isso),que impõe fotos ao alto quando as melho-res imagens são ao baixo (ou vice-versa) ede padrões ou critérios gráficos e edito-riais de interesse duvidoso para o leitor.Isto acontece devido à inexperiência dealguns, certamente bem formados teori-camente, mas aos quais falta a tarimbaque só o tempo e a designada osmose re-dactorial proporcionam.

Tudo mudou, naturalmente. O fotojor-nalismo evoluiu imenso, graças, sobretu-do, ao acelerado desenvolvimento tecno-lógico, o que obrigou os fotojornalistas aadaptarem-se às recentes técnicas e às no-vas realidades sociais, designadamenteno recurso à formação. Mas não está aaproveitar-se essas melhorias. Salvo algu-mas excepções, o “fotojornalismo de cau-sas” de interesse público está arredadodas páginas dos jornais. Paradoxalmente,a nossa actividade é mais restritiva naqualidade, quando os campos de acçãoforam alargados. Tentando chegar a “tu-do”, porque hoje é mais difícil distinguiro que é importante para ser notícia ou re-portagem, a tendência é para a banaliza-ção do fotojornalismo, aproximando-o dasimples ilustração e pouco mais - na gíriachamamos “tapar buracos”.

Reflecte–se pouco acerca da profissãoque, em função do seu estatuto de “infor-mar, contextualizar, oferecer conhecimen-to, formar, esclarecer ou marcar pontos devista, ‘opinar’ através de fotografias deacontecimentos e da cobertura de assun-tos de [real] interesse jornalístico”, surge-–nos hoje mais fútil que útil do que háuma vintena de anos. Basta atentar nossuplementos de fim-de-semana, cada vezmais “cor-de-rosa”, profusamente ilustra-dos com fotografias do jet-set de copo namão, páginas essas que um camarada delides jura-me a pés juntos, serem essen-ciais para a sobrevivência dos jornais. Se-rá o triunfo deste fotojornalismo light?

Sim. Sinto a nostalgia do tempo emque trabalhávamos fotojornalismo “pu-ro e duro” apesar das enormes dificulda-des logísticas de toda a ordem, a pensar

nos leitores – e só neles. Há muito tempoque não ouço da boca de alguém, ex-pressões como esta: “Você e o seu jornalmudaram a minha vida, que estava derastos”.

Uma imagem,mil sentimentos

ATRÁS DA CÂMARA FOTOGRÁFICA...

Manuel CorreiaFotojornalista do JN

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A PÁGINA DO MÁRIO 119912 A 25 DE ABRIL 2006

Hoje em dia, pode acompanhar os jogos da Académica em directo em qualquer ponto do planeta. Basta que tenha um computador e uma ligação à internet. Foi assim que “vi” o polémico Académica-Naval.

Faltava um quarto de hora. Liguei ocomputador, fui à procura da Rádio Uni-versidade de Coimbra (www.ruc. pt) e aemissão on-line lá estava, com excelentequalidade. Depois procurei a página dos“Pardalitos do Choupal” (http://pardali-tosdochoupal.blogspot.com) e o comen-tário do jogo em directo era prometido.Não precisava de mais nada para “ver” ojogo. E assim foi.

Os relatos da RUC têm piada, espíritoacadémico, irreverência coimbrã. Por ve-zes, até em excesso. Já não os sintonizavadesde a época passada, mas desta feita ascoisas estiveram equilibradas, com o re-lato de João Quaresma (apresentado co-mo “mago da comunicação social”) e asintervenções do repórter de pista JoséCarlos Barreto. Vale a pena ouvi-los, sa-bem do que falam. Dou apenas umexemplo: ainda antes do jogo começar,um eles disse que “os adeptos vão perce-ber que a Académica queria ir buscar Li-to e não Fernando ao Moreirense”. E nãoé verdade que o “navalista” Lito foi mes-mo um dos melhores em campo, en-quanto o “académico” Fernando nadafez digno de registo?!

Começa o jogo. Joeano marcou aos 4minutos, de cabeça, após cruzamento deN’Doye, e logo o homem da pista pediu:“Por favor, prof. Nelo Vingada, não tire oJoeano”. Percebeu-se a ironia. O brasilei-ro continuou em campo e aos 27 minutosmarcou outra vez (2-0): lançamento lon-go de Zé Castro para Filipe Teixeira, cru-zamento e novo tento de cabeça. E veio ocomentário mordaz: “O Benfica teve umerro de casting”. Aliás, minutos antes, otema já tinha sido aflorado: “O Marcel foicom o Benfica a Barcelona para ver se ar-ranjava uma camisola, mas parece quenão teve sorte...”.

Entratanto, na página dos “Pardali-tos”, as jogadas eram descritas minuto aminuto e alguns comentários de ciber-nautas iam surgindo. Numa coisa, am-bos estavam de acordo (os “Pardalitos” ea RUC): o resultado da Académica erabem melhor do que a exibição. “Incrível,100% de eficácia para o ataque da Acadé-mica. Agora não se esqueçam de fazer amesma borrada da semana passada...”,ditava João Lemos, o repórter-pardalitono estádio, para o Nuno que, doente emcasa e impedido de sair, colocava on-lineas informações que lhe chegavam, sem-pre no mesmo minuto. É assim a “rede”.

Veio o golo da Naval (2-1, por Lito, aos33) que deixou muitas dúvidas tanto narádio como no blog. (E também a mim, à

noite, na televisão). Logo a seguir, cartãoamarelo para o guarda-redes da Acadé-mica, por “queimar tempo”. E os comen-tários: “Comportamento completamenteidiota” (RUC); “Começamos cedo”(blog). Hugo Alcântara também não es-capa às críticas: “Não teria sido melhorpagar o que José António queria? HugoAlcântara tem feito uma época péssima!”(RUC).

A Académica estava a vencer mas aNaval dominava. “Eu não quero dizer is-to... Mas só dá Naval”, leio no blog. “Ca-da cruzamento da Naval parece um pe-nalty”, ouço na rádio.

Chega o intervalo. “A Académica, seestá a vencer por 2-1, tem de agradecerao Joeano, pois a equipa tem estado mui-to nervosa! Luciano e Fernando estãomuito desinspirados, Hugo Alcântaradesconcentrado e a Académica terá deacalmar para conseguir matar o jogo na2.ª parte” é a síntese do blog. A RUC játocara nesse aspecto: “Irritante é a atitu-de do Luciano e do Fernando; perdem abola e não fazem nada para a recuperar”.O blog conseguira publicar 44 linhas derelato e já registava 19 comentários deutilizadores!

Começa a 2.ª parte. “AAcadémica es-tá melhor, mais concentrada, mais tran-quila, depois de uma 1.ª parte muitocinzenta”, resume a RUC. Mas é porpouco tempo. Nuno Piloto é expulsoaos 53 minutos. No blog, um utilizadorinforma: “É a primeira expulsão da car-reira, incluindo os escalões de forma-ção!”. Fica-se a saber mais. A Navalpressiona. “Que sufoco, meu Deus!”,escreve o blog. “Estou com muito maupressentimento. A Académica deixoude jogar futebol depois da expulsão”,diz João Quaresma.

Adivinhava-se o golo figueirense. Quesurgiu aos 66 minutos: 2-2. “Golo da Na-val, com Alcântara e Dani muito mal ba-

tidos... Já se estava à espera! Saulo com-pletamente sozinho”, escreve-se no blog.E logo o coentário: “Incrível... segundojogo consecutivo em que não se conse-gue segurar uma vantagem!”. Na RUCos comentários são semelhantes. Masvão mais além: “Pedro Roma tirava (de-fendia) à vontade”. Opiniões.

O jogo arrasta-se e chega o período decompensação: irão jogar-se mais 4 minu-tos. Entretanto, a Académica já tinha no-ve (Andrade expulso aos 87). E acabarámesmo com oito jogadores em campo,depois da expulsão de Joeano aos 93. Otécnico Nelo Vingada também já tinha si-do expulso nessa altura.

No blog: “Final muito triste no EstádioCidade de Coimbra. (...) Cartão amareloa N’Doye por protestos. Está tudo de ca-beça perdida! (...) Remate de Joeano... iaser golo! Desviado para canto! Cartãovermelho a Joano! Era canto e o árbitromarcou pontapé de baliza... e expulsouJoeano! (...) Tá tudo perdido! Grandeconfusão... Já entram pessoas dentro dotartan. Grande confusão no estádio! Hámuitas pessoas a quererem invadir o rel-vado, com o ‘banco’ da Académica todoexpulso! É uma verdadeira vergonha! Oárbitro acaba o jogo! Que revolta!”.

“A Naval fez um bom jogo e não temnada a ver [com isto]”, comenta a RUC.Mas parece que o árbitro não esteve nadabem. “O primeiro cartão a Nuno Piloto éinjusto. O vermelho a Andrade é dispa-rate”, sentencia a rádio. E sendo assim, aAcadémica – que já sentia dificuldadesfrente à Naval desde o início do jogo –viu-se metida num colete de forças bemmaior na parte final do desafio.

Concluído o desafio, no blog regista-vam-se 54 linhas de relato e 42 comentá-rios. Ou seja: muita gente ligada, destaforma, ao que se passava no “Cidade deCoimbra”. Mas delicioso, delicioso mes-mo, foi o comentário da RUC quandoum espectador saltou a vedação: “É umapartida de futebol interactiva, há um es-pectador no tartan”.

Foi uma tarde bem passada, longe doestádio, a “ver” a Académica jogar.

PS – Se quiser ver os golos, em vídeo, vá ahttp://futebol.sapo.pt. Única condição:aceder através de uma ligação internet dogrupo PT. (Segunda-feira. Acabo de ver meiadúzia de vezes o lance do 1.º golo da Naval. Édifícil tirar uma conclusão, mas parece que odefesa-direito da Académica, lá do outro lado,coloca em jogo Lito. Parece...)

“Dispensado” Joeanomarcou duas vezes

ACADÉMICA-NAVAL AO VIVO MAS À DISTÂNCIA

apaginadomario.blogspot.com [email protected]

Esta página é experimental em todos os sentidos. Começa pelo suporte físico:

pode lê-la aqui ou na internet. Depois, oconteúdo não está pré-formatado; tanto sepode falar de Desporto (como é o caso des-ta semana) como de Política, da cidade co-mo da região, das novas tecnologias como

da Comunicação Social. De uma área sóou de várias ao mesmo tempo, porque

a vida também não é compartimentada. Por outro lado, este espaço assume-se

como interactivo; através do blog ou de e-mail, aceita a colaboração dos leitores.

Finalmente, e como o próprio nome indica,esta é também uma página pessoal. Se ela

conseguir ser “a minha página” de muitosleitores, o objectivo estará cumprido.

Mário Martins

Tem 37 anos etudo indica queserá o jogadormais velho a dis-putar o “Mun-dial” da Alema-nha, dentro dedois meses. Rus-sel Latapy, deTrinidad e Toba-go, começou na Académica a aventu-ra europeia. Bom jogador, prosseguiua carreira no Boavista e FC Porto. De-pois, o salto para a Escócia, onde de-fendeu as cores do Hibernian, Glas-gow Rangers e Dundee United. Ago-ra, ainda no futebol escocês, está noFalkri, onde é jogador-treinador.

Latapy vai ao “Mundial”

Gosto do futebol em directo naTVI. Aliás, para mim, a TVI serve pa-ra isso mesmo: para ver a bola – sóquando há futebol é que carrego no“4” do telecomando. As transmissõessão dinâmicas, o João Querido Manhacontinua em grande. Mas nem tudosão rosas, percebi esta semana. Porcausa do Académica-Naval, decidiver o “Domingo Desportivo” delese... nunca mais! Começou era quase 1da manhã de segunda-feira, à 1h20iniciaram a análise do Sporting-FCPorto que terminara há mais de 26horas(!!!). Já passava da 1h30 quandomostraram os quatro golos do Calha-bé. Só os golos. Não volto a ficar acor-dado.

TVI: bom e mau

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Mário Martins

Simpatizo com vários clu-bes e até sou sócio de umamão-cheia deles. Mas equipas– aquilo que considero verda-deiras paixões – só tenho duas.Uma é antiga: a selecção na-cional. A outra é mais recente:a equipa onde joga o meu fi-lho.

Nos últimos oito anos, sópor duas vezes é que não vi jo-gar esta última, porque me en-contrava fora de Portugal. Sá-bado ou domingo, seja dia dechuva ou sol, o jogo perto oulonge, de manhã ou tarde, façoos possíveis e impossíveis pornão perder um jogo. E lá estou.Pelo jogo... e pelo que se segue(mas isso são contas para ou-tra ocasião).

Esta época, a minha equipaveste de verde-e-branco: os ju-venis do Vigor (na foto). Bem

acompanhada e acarinhada, arapaziada tem feito a níveldesportivo uma época interes-sante: venceu a Série B, está adisputar a Fase Final do cam-peonato distrital. E tudo aindapode acontecer...

Começaram por perder naFigueira da Foz, com a Naval(0-1), empataram em Fala como Marialvas (3-3), foram per-der a Touriz (0-1) e venceramcom facilidade o Esperança (3--2) no último sábado. As duasderrotas e o empate poderiamter sido vitórias e faltam aindaseis jogos. Por isso, tudo aindaé possível.

Darei conta do que for suce-dendo.

Quanto à paixão antiga, jáestá tudo tratado: no dia 11 deJunho, se Deus quiser, lá esta-rei com o Manuel Arnaut emColónia, para o Portugal-An-gola. Às 21h00 em ponto.

12 A 25 DE ABRIL 20062200 DESPORTO

Joana Martins

Vinte e um anos após ter sido criada,a claque da Associação Académica deCoimbra (AAC) continua a gritar pelaBriosa com a garra de adeptos fervoro-sos que vivem o futebol moderno compaixão e emoção. A Mancha Negra éum hobby levado pelos seus adeptoscom toda a seriedade. Definem-se co-mo uma claque não mercantilista, jáque todos os lucros que obtêm sãoaplicados em prol do clube, tal comorefere Tiago “Carraça”, Presidente da“Mancha”.

A claque conta com algum apoio porparte da TBZ, empresa gestora do Es-tádio Cidade de Coimbra. Assim, emcada jornada, a empresa disponibilizadeterminado número de bilhetes a bai-

xo preço, os quais a “Mancha” se en-carrega de taxar e vender, como formade reverterem a seu favor os lucros ge-rados. Para além desta fonte de apoio,a claque apenas retira alguns dividen-dos da venda de merchandising daBriosa (cachecóis, camisolas, etc).

Com 2.041 sócios inscritos, dosquais cerca de mil são pagantes, aMancha Negra junta em média, numjogo de futebol, perto de 500 adeptosnos desafios em casa e cerca de 100nos jogos que se realizam fora. JoãoPais, Vice-Presidente da claque, escla-rece que a Mancha Negra “não funcio-na só em dias de jogo”.

Pelo contrário, a rotina e o trabalhodesenvolvido pela claque no dia-a-diatêm o seu reflexo durante o desafioem que os adeptos, em uníssono, gri-

tam e sofrem pelo seu clube.“A Mancha Negra não procura

apóstolos”, sublinha o Vice-Presidente,mas antes abre as portas da claque atodos aqueles que sentem a Académi-ca. A divulgação é feita através da im-prensa e dos jogos, sobretudo em iní-cio e final de época, e também juntodas escolas secundárias. Pedro Ferrão,líder da bancada da Mancha, refereque são muito poucos os estudantes deCoimbra, originários de outros pontosdo país, que fazem parte da claque. Osapoiantes da Briosa são, sobretudo,oriundos de Coimbra e pertencem aescalões etários muito diversos.

O boom de adeptos da Mancha Ne-gra deu-se quando a Académica subiuà I Liga, há cerca de três anos. Passa-ram a barreira dos mil sócios e aumen-taram o número de adeptos em campoa torcer pela Briosa. O Presidente daclaque afirma que “Coimbra é madras-ta em relação à Académica” e que foi

com a subida de divisão que as pes-soas se começaram a interessar maispelo clube da sua cidade e a compare-cer em maior número nos jogos.

Conhecida como uma claque quenão cessa o apoio à sua equipa duran-te todo o jogo, as vozes da “Mancha”erguem-se no início da partida e nãose calam perante resultados desfavo-ráveis. O apoio é incondicional. PedroFerrão exerce a função de speaker e,em jogo, é ele quem dá o mote paramúsicas de apoio e frases de incentivoà equipa. Ferrão considera que “é cadavez mais complicado puxar pelosadeptos, sobretudo nos jogos em ca-sa”. O ‘speaker’ da Mancha Negra re-força que o espírito da claque é muitodiferente nos jogos em Coimbra e nosjogos fora, pois nestes últimos osadeptos parecem aderir com maior fa-cilidade aos incentivos gritados porFerrão durante todo o jogo.

Com um CD lançado e um livro jáeditado, em comemoração dos 20 anosda claque, a Mancha Negra soma e se-gue, tanto nos adeptos que se lhe vãojuntando, como no número cada vezmaior de pessoas que comparece aosjogos da Briosa. Criam as músicas deapoio ao clube em conjunto, duranteas viagens rumo aos jogos da Acadé-mica, e partilham, mais do que a pai-xão pelo futebol, a essência do clubeque os uniu.

“Mancha Negra”:uma claque sem mácula

Vitória natural em casaA MINHA EQUIPA

DUAS DÉCADAS DE APOIO INCONDICIONAL À ACADÉMICA

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Terminou 2005 sem que ninguém ti-vesse reparado, ou querido reparar, quese passou uma década sobre o Congres-so da Académica, realizado a 1 de Abrilde 1995, no auditório da Reitoria daUniversidade de Coimbra.

Tive a honra de fazer parte da comis-são executiva desse Congresso, presidi-da por essa grande figura humana quedeu pelo nome de Paulo Cardoso e queintegrou, igualmente, o também já fale-cido Jorge Anjinho, Vítor Campos, Fre-derico Valido, Luís Agostinho – essemesmo, o actual director desportivo daBriosa – e Fernando Pompeu. Congres-so que nasceu de uma proposta da Ca-sa da Académica em Lisboa e do parti-cular empenho posto na sua realizaçãopelo embaixador José Fernandes Fafe.

Se agora invoco a data é porque julgoque as conclusões da assembleia, quereuniu mais de meio milhar de acadé-

micos, mantêm uma impressionante ac-tualidade. Lamentavelmente, talvez. Seassim não fosse, era sinal de que a Brio-sa tinha atingido um estádio superiorde desenvolvimento.

Retenho, apenas, três das 13 princi-pais conclusões do Congresso – confor-me relatório entregue à direcção da ins-tituição pela comissão executiva. Nãoporque a maioria das restantes não seconserve, igualmente, actual. Mas por-que o espaço é limitado e há priorida-des que devem ser claras.

A primeira dessas conclusões, nãopor acaso o ponto 1 do documento, res-peita à regulamentação do estatuto doatleta-estudante. Francamente – o quetambém não deixa de ser revelador dedeficiências na política de comunicação– não sei em que pé se encontra o assun-to. Sei, apenas, que a própria comissãoexecutiva do Congresso elaborou umprimeiro projecto sobre a matéria, oqual foi, posteriormente, adaptado peladirecção liderada por Campos Coroa.Como sei das resistências desde semprecolocadas pelos representantes dos pro-fessores no Senado universitário, a co-meçar pelo responsável de uma comis-são de trabalho que chegou a ser no-

meada, salvo erro, pelo reitor Rui Alar-cão. Mas não seria boa altura para repe-garmos a questão?

Uma segunda conclusão reporta–seao investimento prioritário na forma-ção de jogadores. Tenho dificuldadeem avaliar o esforço feito neste domí-nio – lá estão, outra vez, as deficiên-cias na circulação de informação... Ereconheço que a integração na equipaprincipal de atletas como Pedro Roma,Eduardo, Zé Castro, Nuno Piloto, Sar-mento, Vítor Vinha e Rui Miguel – to-dos formados na Briosa – alguma coi-sa há-de traduzir. Mas creio que ne-nhum académico se sente confortávelcom a impressionante quantidade dejogadores estrangeiros que integram ogrupo. Se a isto adicionarmos, paranão irmos mais longe, as deficientescondições de treino proporcionadasaos nossos escalões jovens, o constan-te saltitar de campo para campo a queestes são sujeitos em dia de jogo emcasa (?) e problemas como os relativosà inscrição de Sarmento ou como osque levaram à perda de pontos numencontro de iniciados, por falta de po-liciamento, então certamente concor-daremos que muito está, ainda, por fa-

zer. E os resultados que os “miúdos”da Briosa, apesar de tudo isto, têm al-cançado, não podem deixar de ser umincentivo especial a que se faça.

A terceira e última conclusão estáintimamente ligada, ainda que não só,a esta segunda. Prende-se ela com acriação da chamada Academia “Brio-sa XXI”. Durante a pretérita campa-nha eleitoral, não houve quem não aconsiderasse absolutamente prioritá-ria. O presidente eleito, José EduardoSimões, afirmou que contava tê-la afuncionar em Fevereiro de 2005. Seique o objectivo final não é fácil deatingir e sei, também, que os traba-lhos têm sido prejudicados por algunsactos de vandalismo vindos do exte-rior. Mas, do meu ponto de vista, ébom que não se perca a ideia de que aAcademia é cada vez mais necessária.Por tudo quanto atrás fica dito e peloque a concorrência, cada vez mais fe-roz, todos os dias se encarrega de nosrecordar.

(*) - adaptação de um texto publicado na edição de Dezembro

do jornal “Tertúlia Académica”, editado pela Casa da Académica

em Lisboa

DESPORTO 221112 A 25 DE ABRIL 2006

A actualidade de um Congresso

João MesquitaJornalista

Entre os dias 14 e 24 do próximo mêsde Junho vai decorrer em Coimbra o XXCampeonato do Mundo de GinásticaAcrobática e a 4.ª Competição Interna-cional por Grupos de Idade.

Trata–se de uma realização de gran-de importância para a promoção da gi-nástica e para a divulgação de Coimbraa nível internacional.

O Campeonato contará com cerca de800 participantes repesentando 30 paí-ses, que irão mostrando as suas capaci-dades ao longo das 14 sessões marcadaspara os oito dias da competição, que seespera venha a ser presenciada por cer-ca de 30 mil pessoas.

A cerimónia de abertura do Campeo-

nato do Mundo está marcada para anoite de 14 de Junho.

Este Campeonato Mundial é organi-zado pela Federação Internacional deGinástica, com o apoio da AssociaçãoAcadémica de Coimbra.

GINÁSTICA NA RUA

Durante o Campeonato do Mundovão decorrer, em diversos locais deCoimbra, acções de sensibilização paraa ginástica, com demonstrações de fit-ness e formação para os que queiramexperimentar ginástica de lazer. BodyCombat, Aeróbica, Body Balance, Ma-nutenção e Step são algumas das moda-

lidades que estarão na rua.A Aministração Regional de Saúde

do Centro colabora nestas actividadesatravés de um conjunto de técnicos eequipamento que vão proceder à reali-zação de diversos rastreios.

VOLUNTÁRIOS

Para um projecto desta envergaduracorrer da melhor forma é indispensávelo contributo dos Voluntários. Por isso aorganização apela a todos quantos quei-ram exercer essa meritória actividade,podendo inscrever–se no site do Institu-to Português da Juventude:

www.voluntariadojovem.pt

Campeonato do Mundo de Ginástica Acrobática

EM COIMBRA, DE 14 A 20 DE JUNHO

OPINIÃO

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12 A 25 DE ABRIL 20062222 INTERNET

O weblog da artista RosaPomar é um espaço de culto demães e amantes de “handcraf-ted”. A Ervilha Cor de Rosachama-se assim por causa dafilha da autora: “estando aindaa Elvira na minha barriga, aLúcia (surpreendida com a es-colha do nome) previu que nabrincadeira lhe chamariam Er-vilha”. Online desde 2001, oweblog mistura posts sobre avida da sua autora com ilustra-ções e bonecos de pano criadospela própria.

A Ervilha Cor de Rosa sur-giu da necessidade de alargaro primeiro blog da autora:um diário de viagem feito apartir de Nova Iorque. Hoje,é uma espécie de ponto deencontro de pessoas que par-tilham os mesmos interessesde Rosa Pomar. E foi o gran-de impulsionador para umanova vertente profissional daautora: criação de bonecos depano “handmade” e origi-nais. As imagens começarama surgir no weblog mostran-do os bonecos que a “blog-ger” fazia para a filha. E rapi-damente os “posts” (entra-das) iam ficando inundadosde comentários. Havia quemencoraja-se e quem quisessecomprar. De todo a parte domundo. E a partir daí surgiua loja virtual e, mais recente-mente, um espaço temporá-rio de venda ao público (emLisboa) com outras duas ar-tistas e “bloggers” – Ana Ven-tura (http://papeisportodo-lado.blogspot.com/) e HildaPortela (http://planetahil-da.blogspot.com).

Links relacionados:http://homepage.mac.com/rosapomar/dolls/index.html Rosa Pomar bonecos de autorhttp://www.flickr.com/groups/rosa_hilda_ana/imagens do espaço comercialtemporário

endereço:http://ervilhas.weblog.com.ptcategoria:blogs

O Movimento 560 é um pro-jecto na Web coordenado porum grupo de jovens indepen-dentes com o objectivo de valo-rizar os produtos de origemportuguesa. E como? Explican-do aos consumidores comoidentificar produtos nacionaisatravés do código de barras edos rótulos. Exemplo: os códi-gos que começam com a se-quência númerica “560” indi-cam produtos portugueses.

O grupo quer alertar osconsumidores para o facto deque ao comprarem produtosestrangeiros, em detrimentoda produção nacional, estão alesar a economia portuguesa.Os mentores do projecto –três jovens universitários dasáreas de Engenharia Informá-tica e Gestão, assumem que osite tem um importante papelna sociedade civil e garantemque o Movimento 560 se vaimanter activo. Em tempos decrise, a mensagem vai passan-do. A ideia não é apelar aosentimento nacionalista, masincentivar os consumidores auma atitude mais responsávelperante os produtos e marcasde origem portuguesa.

Links relacionados:http://560.adamastor.org/forum/Fórum do Movimento 560

endereço:http://560.adamastor.org/categoria:sociedade

A Cidade da Malta é um siteeducativo e divertido para osmais novos. E, antes de tudo,uma página web segura paraas crianças.

Este espaço foi criado noâmbito do projecto “Aveiro Di-gital” – em 1999, e é a primeiracomunidade virtual infantilportuguesa.

Num cenário futurista, acriatividade e o espírito críticosão estimulados através de ac-tividades didácticas, cursos epassatempos.

O Postcrossing é um fenóme-no de sucesso mundial, que uti-liza a tecnologia para criar umarede de troca de postais via cor-reio tradicional. Este projecto éportuguês: nasceu em Braga e oseu autor é Paulo Magalhães –um estudante de Engenharia deSistemas e Informática da Uni-versidade do Minho. A ideiasurgiu por influência de outrossites como o Bookcrossing(www.bookcrossing.com) e o1000journals (www.1000jour-nals.com).

Este é um sistema simplesque utiliza a Internet como pla-taforma de comunicação nomundo real. Cada utilizadorque se inscreve adquire o direi-to a enviar um ou vários postaispara outros membros da comu-nidade. O país de origem é sem-pre diferente do destinatário, oque faz com que os postais, lite-ralmente, corram o mundo.Quando o destinatário recebeum postal deve registá-lo no si-te e, assim, a aplicação segue oseu percurso e apresenta taxasde sucesso e mapas estatísticos.A comunidade já tem mais de15 mil membros, de 158 países,e já trocou mais de 88 mil pos-tais. Na lista de “postcrossers”,os primeiros lugares pertencemaos portugueses, norte-ameri-canos, britânicos, finlandeses ealemães. Estados Unidos, Ale-manha, Finlândia e Portugal en-cabeçam a lista dos países commais postais enviados.

Links relacionados:http://forum.postcrossing.com/Fórum oficial do site Postcros-singhttp://www.postcrossing.atFórum de discussão não oficialde “postcrossers”http://www.flickr.com/groups/postcrossingGrupo para colocar as fotogra-fias dos postais trocados

endereço:www.postcrossing.comcategoria:comunidades virtuais

Nesta cidade especialmentefeita para crianças, há bairros,uma escola, um parlamento,um parque de jogos, uma bi-blioteca, um zoológico, umaestação de correios e muita di-versão.

Os utilizadores participamactivamente na comunidade,assumindo responsabilidadesao nível político, social e pro-fissional. Como no mundoreal, os cidadãos da Cidade daMalta têm direitos e deveres.O site é indicado para criançasdos 6 aos 14 anos e é visitadopor jovens utilizadores de lín-gua portuguesa espalhadospelo mundo.

Links relacionados:http://www.aveiro-digital.pt/Aveiro Digital

endereço:http://www.cidadedamalta.ptcategoria: educação, infantil

Um dos mais antigos web-logs portugueses, o PontoMedia é uma referência nablogosfera portuguesa e in-dispensável para os maisatentos ao universo dos me-dia. Da responsabilidade dojornalista e docente da Uni-versidade de Coimbra Antó-nio Granado, este espaçoapresenta de segunda a sex-ta–feira pistas e ligações “pa-ra artigos interessantes e paraestórias de jornalismo e jor-nalistas”. Ao sábado, as me-lhores entradas da semanasão publicadas numa colunana secção de Media do jornal“Público”.

O Ponto Media apresentauma análise pessoal da actua-lidade mediática e incide so-bre jornalismo, tecnologia e oensino da Comunicação. Nu-ma lógica típica de interacti-vidade, António Granado re-mete os seus leitores paralinks com pistas e referênciasa assuntos relativos à temáti-ca do seu weblog. O “sumo”da informação está no “post”,quem quiser saber mais teráde seguir o link. O blog foidistinguido em 2004 como o“Melhor blogue jornalísticoem língua portuguesa”, atri-buído por um júri no âmbitodo Deutsche Welle Interna-tional Weblog Awards. Gra-

nado é também co–autor dolivro “Weblogs: Diário deBordo”.

Links relacionados:http://www.publico.pt/jornal Público

endereço: http://ciberjornalismo.com/pontomedia/categorias:media, tecnologia

O site Dias de Coimbrareúne fotografias de pessoasde Coimbra, da autoria deAntónio Costa Pinto e DinisManuel Alves. O projectonasceu em Janeiro de 2000porque os autores conside-ram que há “espaço para ou-tros olhares, para a gente semestória publicável, para agente cuja estória de vida énão ter estória para contar.Gente que faz Coimbra tam-bém, se calhar mais que osoutros que açambarcam asmanchetes e nem gostam dedeixar as breves para os de-mais”.

O projecto resultou em mi-lhares de fotografias, que es-tiveram já em exposição. Aprimeira série de exposiçõesintitula-se Dias de Coimbra ena galeria do site as fotogra-fias estão divididas em váriostópicos, retratando as gentesdo concelho: “do Trabalho”,“do “Remanso”, “da Folia”,“da Dor”, “e do Amor”, “emCoimbra”. Algumas das ima-gens são acompanhadas compoemas de Isabel Cristina Pi-res, José António Franco, Ma-nuel Alegre e Vasco Pereirada Costa. Os textos introdu-tórios são da autoria de Antó-nio Pedro Pita, MadalenaAlarcão e Teresa Alegre Por-tugal. Deste projecto fazemparte ainda mais três sites on-de se apresentam as restantesexposições.

Links relacionados:http://www.pontom.pt/redor “Ao redor de Coimbra”http://www.pontom.pt/mercado “Mercado D. Pedro V”http://www.pontom.pt/redor2 “Ao Redor de Coimbra II”

endereço:http://www.pontom.pt/diasdecoimbra/categorias: fotografia, Coimbra

Inês Amaral (docente do Instituto Superior Miguel Torga)

IDEIAS DIGITAIS

POSTCROSSING ERVILHA COR DE ROSA

CIDADE DA MALTA

MOVIMENTO 560

PONTO MEDIA

DIAS DE COIMBRA

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PUBLICIDADE 223312 A 25 DE ABRIL 2006

por Portugal.Aliámos a experiência e solidez de um grupo internacional,líder na sua área, ao maior e mais moderno complexo industrialfarmacêutico português.

Escolhemos Portugal para ser o centro mundial de desenvolvimentoe produção de medicamentos injectáveis da Fresenius Kabi.

Apostámos na qualidade, competência e formação dos nossosprofissionais. Acreditámos no seu apoio.

Em Portugal, com portugueses, para o mundo.

Soprauma boa nova,

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Aquilo que se vê na televisão são produtos. Tudo éproduzido com o objectivo de ser recebido pelo teles-pectador da maneira mais próxima ao que foi previa-mente pensado. Sejam programas de entretenimentoou de informação, nada se passa ao acaso. Desde logoporque a televisão é um meio caro, o mais caro doschamados meios de comunicação, mas também por-que tem um valor intrínseco, directamente relaciona-do com o impacto junto do público.

Para o comum dos telespectadores, a ideia da tele-visão ser umas vezes uma representação da realidade,outras (muitas), a construção de uma outra realidade,é uma ideia difícil de aceitar. Os espectadores não têmacesso ao essencial da criação televisiva. O mais a quepodem aspirar será aos vulgarizados “making–of”,transformados, também eles, em novos produtos que

se destinam a promover o produto base a que se refe-rem. Isto é, não há volta a dar. A televisão é, tal comoo cinema, pura manipulação, só que, luta desespera-damente para não o parecer.

Para além das diferenças de linguagem a que a es-cala dos écrans obriga, a televisão possui uma armapoderosa em confronto com o cinema: o directo. E éprecisamente no directo que se baseia a convicção deque a televisão é verdadeira e o cinema são “estórias”.

É verdade que o público está longe dos primórdiosda televisão e já não acredita na veracidade do “direc-to” de uma forma tão inocente. Só que, os processosde realizar “directos” em televisão continuam (e con-tinuarão) desconhecidos. Por isso, o fascínio, a atrac-ção, que as estações sabem muito bem explorar ao co-locar no topo do écran a palavra “directo”.

“Directo” é a palavra-chave, por exemplo, para astransmissões desportivas. O futebol, em particular,que estendeu a sua área de negócios à televisão, viveintensamente da imprevisibilidade. É a essência do jo-go e, devia ser, o objectivo das transmissões. Do cam-peonato português, da SuperLiga como lhe resolve-ram chamar os markteers da bola, ou do “Brasileiri-nho”, como talvez fosse mais adequado à realidade,não se pode esperar essa imprevisibilidade.

Realizar uma transmissão de um jogo de futebol éuma tarefa complicada. Nos tempos que correm, onúmero de câmaras é consideravelmente vasto e aspossibilidades técnicas permitem uma série muitogrande de opções. Ora talvez por que a maioria dosjogos é de baixa qualidade, as realizações “à portu-guesa” especializaram-se em autênticos exercícios demalabarismo. Os jogos são monótonos? Os jogadorespassam mais tempo no chão do que em pé? Então, háque salvar o espectáculo. É necessário criar uma outrarealidade, manter o espectador atento, convencê-lo deque valer a pena ver e, claro, pagar para ver. Ingre-dientes para o falso doce? Variados. Grandes planosobsessivos de tudo o que rebola no chão agarrado auma perna. Pormenores de esgares de dor simulada.Longos planos dos treinadores, que passaram a saber

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gerir muito bem esta exposição excessiva. Repetições.Muitas repetições, de um, dois, três, quatro, cinco oumesmo seis pontos-de-vista diferentes. Câmara lenta.Frenesim na utilização das câmaras ao ponto de lhesperder o controlo. Pormenores. Muitos pormenores.

Se é certo que a televisão é um meio propício aosgrandes planos, por outro lado o futebol é um despor-to colectivo e a televisão vai-se encarregando de gerar(e gerir?) um jogo de individualidades que, depois,sabiamente aproveita para outros produtos.

Assim sendo, não há quase imprevisibilidade algu-ma. Se aprendermos a ver futebol na televisão portu-

guesa, saberemos antecipadamente tudo o que vaiacontecer. Existem verdadeiras planificações para tra-tar uma realidade que supostamente seria imprevisí-vel. Seria legítimo se fossem defesas estratégicas paragarantir a fluidez da narrativa. Mas não. São autênti-cos estereótipos que se repetem e retiram alma ao pro-duto.

E se a verdadeira alma do futebol são os golos, atéeles estão em perigo, tal a necessidade (e incapacida-de) de cumprir regras que não se encaixam no jogodas imprevisibilidades. A lição do “golo perdido” dePortugal frente à Holanda, no Europeu de 2004, ain-da não foi completamente assimilada.

“Directos” indeferidosPÚBLICA FRACÇÃO

Francisco Amaral Docente da ESEC