o centro - n.º 25 – 18.04.2007

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DIRECTOR JORGE CASTILHO | Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia | Autorizado a circular em invólucro de plástico fechado (DE53742006MPC) ANO II N.º 25 (II série) De 18 de Abril a 1 de Maio de 2007 1 euro (iva incluído) Revolução de Abril foi há 33 anos Ofereça uma assinatura do “Centro” e ganhe uma obra de arte PÁG. 3 UMA PRENDA ORIGINAL Feira do Livro de Coimbra evoca Torga ABRE AMANHÃ INDEPENDENTE PÁG. 2 e 3 PÁG. 6 PÁG. 12 Revelações ‘bombásticas’ adiadas para hoje RESULTADO INÉDITO EM JOGO DE COIMBRA Vitória da Académica e do FC Porto no campeonato da solidariedade PÁG. 6 Revolução de Abril foi há 33 anos

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Page 1: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

DIRECTOR JORGE CASTILHO

| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |

Autorizado a circular em invólucro

de plástico fechado (DE53742006MPC)

ANO II N.º 25 (II série) De 18 de Abril a 1 de Maio de 2007 ��� 1 euro (iva incluído)

Revolução de Abril foi há 33 anos

Ofereçauma assinaturado “Centro”e ganhe umaobra de arte

PÁG. 3

UMA PRENDA ORIGINAL

Feirado Livrode Coimbraevoca Torga

ABRE AMANHÃ INDEPENDENTE

PÁG. 2 e 3

PÁG. 6PÁG. 12

Revelações‘bombásticas’adiadaspara hoje

RESULTADO INÉDITO EM JOGO DE COIMBRA

Vitória da Académica e do FC Portono campeonato da solidariedade

PÁG. 6

Revolução de Abril foi há 33 anos

Page 2: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

2 DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007

No sentido de proporcionar mais al-

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jornal, o “Centro” estabeleceu um

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a gente de todas as idades, pelo que este

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Penicheiro – trabalho original simboli-

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Tiragem: 10.000 exemplares

25 DE ABRIL

Imagens da Revolução de 25 de Abril de 1974

Quando as gerações mais novas

ignoram o que foi, com exactidão,

a Revolução de 25 de Abril de

1974, convém recordar a ousadia

dos militares que puseram termo,

sem derramamento de sangue

nem violência, uma Ditadura que

durante quase meio século isolou

Portugal do resto do Mundo,

roubando aos portugueses os mais

elementares direitos de cidadania

- a começar pela liberdade de

expressão.

Aqui se mostra (foto acima) um

dos heróis desse movimento de

jovens capitães (Salgueiro Maia,

já falecido), quando comandava,

no Largo do Carmo, as forças

que derrubaram o Regime. Um dos emblemáticos cartazes

pós-RevoluçãoO carro de combate (Chaimite) que retirou Marcelo Caetano, chefe do Governo

deposto, do Quartel do Carmo, onde se refugiara

Page 3: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

3DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007 COIMBRA

O jornal “Centro” tem uma alician-te proposta para si.

De facto, basta subscrever uma as-sinatura anual, por apenas 20 euros,para automaticamente ganhar uma va-liosa obra de arte.

Trata-se de um belíssimo trabalhoda autoria de Zé Penicheiro, expressa-mente concebido para o jornal “Cen-tro”, com o cunho bem característicodeste artista plástico – um dos maisprestigiados pintores portugueses, comreconhecimento mesmo a nível inter-nacional, estando representado em co-lecções espalhadas por vários pontosdo Mundo.

Neste trabalho, Zé Penicheiro, como seu traço peculiar e a inconfundívelutilização de uma invulgar paleta decores, criou uma obra que alia grandequalidade artística a um profundo sim-bolismo.

De facto, o artista, para representara Região Centro, concebeu uma flor,composta pelos seis distritos que inte-gram esta zona do País: Aveiro, Caste-lo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria eViseu.

Cada um destes distritos é represen-tado por um elemento (remetendo pararespectivo património histórico, arqui-tectónico ou natural).

A flor, assim composta desta formatão original, está a desabrochar, sim-bolizando o crescente desenvolvimen-

to desta Região Centro de Portugal, tãorica de potencialidades, de História, deCultura, de património arquitectónico, dedeslumbrantes paisagens (desde as prai-as magníficas até às serras verdejantes)e, ainda, de gente hospitaleira e traba-lhadora.

Não perca, pois, a oportunidade dereceber já, GRATUITAMENTE, estamagnífica obra de arte, que está repro-duzida na primeira página, mas que temdimensões bem maiores do que aquelasque ali apresenta (mais exactamente 50cm x 34 cm).

Para além desta oferta, passará a rece-

ber directamente em sua casa (ou no localque nos indicar), o jornal “Centro”, que omanterá sempre bem informado sobre oque de mais importante vai acontecendonesta Região, no País e no Mundo.

Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo, porAPENAS 20 EUROS!

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Jornal “Centro”

Rua da Sofia. 95 - 3.º3000–390 COIMBRA

Poderá também dirigir-nos o seu pe-dido de assinatura através de:

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O seu apoio é imprescindível paraque o “Centro” cresça e se desenvol-va, dando voz a esta Região.

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O 33.º aniversário da Revolução do25 de Abril vai ser assinalado em Co-imbra com diversas iniciativas.

Assim, no próprio dia 25 (quarta-fei-ra da próxima semana), no PavilhãoCentro de Portugal, efectua-se um co-lóquio subordinado ao tema “O Proces-so SAAL, o Movimento de Moradorese a Democracia Emergente”.

Organizado pela Imprensa da Uni-versidade de Coimbra e pelo Departa-mento de Arquitectura desta Universi-dade, inicia-se pelas 14,30 horas, e con-tará, na sessão de abertura, com as par-ticipações do Reitor, do Director da Im-prensa da Universidade e do Presiden-te da Câmara Municipal de Coimbra.

Segue-se uma mesa-redonda com Jor-ge Vilas, Mário Brochado Coelho, NunoPortas e Nuno Teotónio Pereira, mode-rada por José António Bandeirinha.

Pelas 17h15 nova mesa-redonda,com Alexandre Alves Costa, ÁlvaroSiza, Domingos Tavares, Gonçalo Byr-ne, Raul Hestnes Ferreira, e Sérgio Fer-nandez.

Comemorações dos 33 anos do 25 de AbrilÀs 19h15 será lançado o livro “O

Processo SAAL e a Arquitectura no25 de Abril de 1974”, da autoria deJosé António Bandeirinha, com apre-sentação de Alexandre Alves Costa.

COMEMORAÇÕESDA ASSOCIAÇÃO25 DE ABRIL

A Delegação Centro da “Associação25 de Abril” vai também assinalar os33 anos da Revolução de 1974 comdiversas iniciativas, que decorrerão no dia27 (sexta-feira), com o seguinte programa:

09H30 – 18H00, na Casa Municipalde Cultura de Coimbra (Rua PedroMonteiro), Colóquio: “Do «Império» àsComunidades”

A Guerra Colonial, a Luta de Liber-tação Nacional dos Povos Africanos dasex-colónias portuguesas e o colapso doEstado Novo; a Democracia, a cons-trução do Estado pós-colonial nos PA-LOP e os desafios da CPLP num con-texto de integração regional e de globa-

lização.09H30 - Conferência de abertura -

Luís Reis Torgal: “Muitas raças, umanação”, ou o mito de Portugal mul-tirracial no Estado Novo.

10H30 – 12H30: O colapso do regi-me. Moderador: Rui Bebiano. Tiago So-ares: O colonialismo: Uma visão afri-cana.. Coronel Carlos Matos Gomes:A Guerra Colonial e o 25 de Abril –A perspectiva de um combatente doExército Português e oficial do Mo-vimento das Forças Armadas.

A Luta de Libertação Nacional e aindependência dos Povos das ex-co-lónias africanas portuguesas (Feitoconvite à Embaixada da República Po-pular de Angola):

- Manuela Cruzeiro: Notícias do blo-queio: A contestação interna ao re-gime

15H00 – 17H00: Reencontros na li-berdade.

Moderador: Major-General PezaratCorreia

- Coronel David Matos Martelo: O

25 de Abri e o cessar-fogo em Áfri-ca. Julião Sousa: A construção do Es-tado pós-colonial nos PALOP.. Embai-xador Albertino Almeida: A CPLP: de-safios e potencialidades num contextode integração regional e de globali-zação.

17H15 - Conferência de encerramen-to por Amadeu Carvalho Homem: O 25de Abril, a tradição democrática emPortugal e o projecto de futuro.

Às 19 horas, no Restaurante Univer-sitário da Sereia, jantar convívio do 25de Abril (Inscrição prévia •10).

21H00 - Instituto Português da Ju-ventude: Visita à exposição “Cronolo-gia da Revolução”

21H30 – 24H00 - Auditório do Ins-tituto Português da Juventude (RuaPedro Monteiro): Espectáculo come-morativo do 25 de Abril. Organiza-ção do INATEL/Delegação de Coim-bra, em parceria com a Associação25 de Abril e o Instituto Portuguêsda Juventude.

CONFERÊNCIAS, DEBATES E ESPECTÁCULOS EM COIMBRA

Page 4: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

4 DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007REPORTAGEM

ANIMADO DEBATE SOBRE POLÍTICA CULTURAL

Presidente da Câmara de Coimbra

faz revelações e ouve críticasO Presidente da Câmara de Coimbra

revelou que estão bem encaminhadas asnegociações entre o Grupo Pestana e oMinistério da Defesa com vista à trans-formação do antigo quartel de Santa Cla-ra em Pousada. Referiu ainda que o pro-jecto de adaptação do Convento de S.Francisco a Centro de Congressos vaiavançar, depois de resolvidos os proble-mas das zonas de protecção.

Estas afirmações foram feita no de-corrrer de um animado debate promovi-do pelo Grupo da Cultura do Conselhoda Cidade de Coimbra, em que partici-param muitas dezenas de pessoas e emque diversos movimentos artísticos deCoimbra acusaram a autarquia local denão ter uma estratégia cultural e de nãoapostar na cultura como modelo de de-senvolvimento

As críticas foram contestadas peloPresidente da Câmara, que enunciou di-versas estruturas criadas pela autarquiapara a prática cultural.

“Coimbra 2007: Que política culturalautárquica?” era o tema do debate, em

que participaram representantes das for-ças políticas com assento na AssembleiaMunicipal, com excepção do PS, que nãocompareceu.

BAIXO MONDEGOEM 2.º LUGAR NO PAÍSEM TERMOS DE PRODUÇÃOCULTURAL

O representante da coligação “PorCoimbra “ (PDS-CDS-PPM), João Pau-lo Barbosa de Melo, citou uma investi-gação de que é co-autor, onde se chegaa uma conclusão surpreendente: em ter-mos de produção cultural e criatividade,a primeira região do País é a Grande Lis-boa, mas em segundo lugar surge a zona

do Baixo Mondego, e só depois o Gran-de Porto.

Apesar disso, este elemento do PSDalertou para as consequências negativasda deslocalização de diversos serviçospúblicos que até aqui funcionaram emCoimbra.

O reprsentante da CDU, Pinto Ân-gelo, lamentou que quase nada tivesseficado em Coimbra do ano em que acidade foi Capital Nacional da Cultu-ra, destacou o papel da AAC e orga-nismos autónomos para a actividadecultural, lamentou a quebra de apoiosao Teatro Académico Gil Vicente edefendeu que o velho Teatro SousaBastos, que está em ruínas, bem podiaser transformado na grande Casa daCultura da Cidade.

Quanto à representante do Bloco deEsquerda, Catarina Martins, afirmou quefazia “uma análise catastrófica” da polí-tica cultural da autarquia, tecendo durascríticas a diversas acções e omissões que,na sua perspectiva, têm vindo a ser pra-ticadas.

“CHUVA” DE CRÍTICASDO TEATRO À MÚSICA

Quando a palavra passou para a as-sistência, foram feitas diversas interven-ções críticas à acção cultural da autar-quia, algumas muito acaloradas.

Falta de apoios, de ligação e coopera-ção com o mundo artístico e incumpri-mento de protocolos foram algumas dascríticas feitas por representantes de mo-vimentos artísticos, desde a música aoteatro, em cerca de duas horas e meiade debate.

Desde a falta de instalações para oConservatório de Música até às queixasde diversos grupos teatrais (“Marione-te”, “Encerrado para Obras”, “MA-FIA”), passando pelo Cineclube “Fila K”e pelo “Jazz ao Centro”. Duramente cri-ticada ainda a política de demolições queestá a ser levada a cabo na Baixa deCoimbra, que alguns classificaram como“criminosa”, comparando-a à destruiçãoque o Estado Novo fez na Alta, nos anos40, para edificar as Faculdades da Uni-versidade.

Alvo principal da maior parte das crí-ticas, o Presidente da Câmara de Coim-bra, Carlos Encarnação, sublinhou quenos últimos quatro anos a autarquia cons-truiu uma série de estruturas, que repre-sentaram um investimento de oito mi-lhões de euros.

Aludiu à construção da Oficina Muni-cipal de Teatro e à do Teatro da Cercade São Bernardo, ao Centro de Artes Vi-suais, à adaptação do Museu dos Trans-portes à prática teatral.

Citou também a aquisição da casa dopoeta João José Cochofel, que tem já umprojecto para ser transformada em Casada Escrita. E referiu igualmente a com-pra da casa de Miguel Torga (cujo valio-so recheio foi oferecido pela filha, ClaraRocha), onde se iniciaram já as obraspara criação de uma Casa-Museu e de

um centro de estudos torguianos, sob adirecção de Cristina Robalo Cordeiro,Vice-Reitora da Universidade de Coim-bra.

”A autarquia tem tido a iniciativa decriar estruturas, mas não pode financiartodas”, sublinhou o autarca social-demo-crata, dizendo que a “a Câmara não podeser dona da política cultural”.

Carlos Encarnação denunciou ainda odesequilíbrio nos investimentos efectua-dos pelo Governo em Lisboa e Porto,comparativamente a Coimbra, afirman-do que a “Câmara não pode arcar comtodas as responsabilidades”.

”Acontece que a única casa de teatroconstruída em Coimbra pelo Governo foio Teatro Académico Gil Vicente, no an-terior regime. A democracia construiuzero infra-estruturas culturais em Coim-bra”, sublinhou o Presidente da autarquia

Durante o debate, o representante daCDU, Pinto Ângelo, exigiu que a autar-quia pague atempadamente os subsídiosatribuídos aos agentes culturais, que nãorecebem apoios financeiros há dois anos,e tenha uma atitude mais reivindicativaface ao poder central

Na plateia houve ainda quem acusas-se o presidente da autarquia de Coimbrade falta de um plano estratégico para aformação em dança e artes plásticas epara a consolidação de projectos profis-sionais

.Neste contexto, veio a debate a cons-trução do Conservatório, que anda a seradiado há alguns anos, tendo Carlos En-carnação garantido que a autarquia com-participa com metade do projecto, masque o Governo ainda não se decidiu

O detrimento de Coimbra a favor deGuimarães para Capital Europeia da Cul-tura em 2012 mereceu igualmente críti-cas dos representantes dos partidos po-líticos.

Ruidosamente contestado por algunsdos participantes,Carlos Encarnação dis-se que ”a Câmara esteve reunida com oGoverno e percebeu logo que a capitaleuropeia da cultura não vinha para Co-imbra, mas antes para Guimarães”, poiso intuito do Governo era ter um projectobarato.

Lamentando não ter mais tempo pararesponder a muitas outras questões, umavez que o debate já se prolongava muitopara lá do previsto, Carlos Encarnaçãosublinhou que mais cómodo teria sido fi-car em casa, não enfrentando as ques-tões, mas que está sempre disponível paraesclarecer os munícipes e defender eexplicar as políticas da autarquia.

Aproveitou, aliás, para lamentar a au-sência no debate do Delegado Regionalda Cultura do Centro.

Composição da mesa que presidiu ao debate

Aspecto parcial da assistência que lotou a sala da Casa da Cultura

Page 5: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

5DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007 COIMBRA

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“Protecção Civil e formas de colaboração

das Forças Armadas”

SEMINÁRIO AMANHÃ EM COIMBRA

O Governo Civil do Distrito de Coimbra

e a Brigada de Intervenção vão promover

amanhã (quinta-feira, dia 19) um seminário

subordinado ao tema “Protecção Civil e

formas de colaboração das Forças Arma-

das”. Segundo os organizadores, trata-

se de “uma iniciativa destinada aos agen-

tes de protecção civil e entidades com

especial dever de cooperação, tendo em

vista a respectiva sensibilização e infor-

mação visando uma nova forma de en-

carar a protecção e a segurança, de

acordo com a nova Lei de Bases da Pro-

tecção Civil”.

O seminário vai decorrer no Auditório

do Centro de Estudos e Formação Autár-

quica (C”EFA), em Coimbra, a partir das

10 horas, e conta com a participação de

vários especialistas nas questões relaciona-

das com a Protecção Civil e com o papel

desempenhado pelas Forças Armadas nes-

te contexto.

Presidirá à sessão de encerramento, pe-

las 16 horas, o Secretário de Estado e da

Administração Interna, Ascenso Simões.

Entre os temas em debate vão estar os

seguintes:

“O Sistema Integrado de Operações de

Socorro”; “A participação do Exército no

âmbito da Protecção Civil (Plano Lira, Vul-

cano, Aluvião, outros)”; “Bombeiros em

missões de Protecção Civil”; .”A actua-

ção do Grupo de Intervenção Protecção

e Socorro (GIPS) em missões de Protec-

ção Civil”; “Dos Riscos ao Planeamen-

to”; “Autoridade Nacional para a Proibi-

ção das Armas Químicas”; “As novas tec-

nologias em apoio às situações de emer-

gência”; “Planeamento de Emergência e

o risco tecnológico”.

Associação Académica de Coimbra

pede apoio a Alberto Martins

ERA O PRESIDENTE DA AAC EM 17 DE ABRIL DE 1969

A Associação Académica de Coim-

bra (AAC) pediu ontem (quarta-feira) ao

seu antigo presidente Alberto Martins,

líder parlamentar do PS, que interceda

junto do Governo em defesa dos direitos

dos estudantes.

Como o “Centro” referiu em desenvolvi-

da reportagem publicada na anterior edição,

há 38 anos, Alberto Martins, enquanto Pre-

sidente da Direcção-Geral da AAC tentou

interpelar o Presidente da República da di-

tadura, Américo Thomaz, na inauguração

do edifício das Matemáticas da Universida-

de de Coimbra, sobre assuntos que então

preocupavam os jovens universitários.A

palavra foi-lhe negada por Thomaz (depois

de inicialmente prometida) e o incidente cul-

minou na detenção de Alberto Martins pela

PIDE, desencadeando uma enorme vaga

de contestação que ficou conhecida por

Crise Académica de 69, com realização de

assembleias magnas pela AAC em que foi

decretado o Luto Académico, greve às au-

las e aos exames, num movimento que se

prolongou por vários meses (a “Queima das

Fitas” e outros festejos tradicionais da Aca-

demia estiveram mesmo suspensos por anos,

só sendo retomados depois do 25 de Abril)

”Trinta e oito anos depois da crise que se

iniciou a 17 de Abril de 1969, na qual o se-

nhor, enquanto presidente da Académica, teve

um papel central, volta a estar na agenda

política da AAC a autonomia universitária e,

em especial, a gestão democrática das insti-

tuições. Corajosamente, e com toda a justi-

ça, lutaram os estudantes da altura e a sua

direcção-geral pela presença dos estudantes

nos órgãos” da Universidade, refere a AAC,

numa carta aberta a Aberto Martins

”Corajosamente, lutaram os estudantes

da altura, e a sua direcção-geral, pela pre-

sença dos estudantes nos órgãos. Esta foi,

aliás, uma das grandes vitórias do movimento

estudantil e, graças a ela, hoje a Lei de Au-

tonomia consagra a paridade de eleitos como

vector fundamental do governo das univer-

sidades”, refere aquele documento.A AAC

considera “impossível deixar de ficar inqui-

eto quando o Governo do PS anuncia que

pretende diminuir a presença dos estudan-

tes nos órgãos, por recomendação do rela-

tório da OCDE”.”O mesmo relatório que

diz que os grandes problemas das universi-

dades portuguesas não estão ligados ao seu

governo e à sua gestão, o mesmo que diz

que estas estão claramente sub-financiadas”,

acentua. A Associação Académica “acre-

dita, como sempre acreditou, que uma

Lei de Autonomia deve conceder às uni-

versidade a oportunidade de se gover-

nar de forma independente de interes-

ses que não sejam aqueles defendidos

na sua missão e que esta deve ser geri-

da por aqueles que melhor a conhecem,

bem como os seus problemas: docentes,

funcionários e estudantes”.”Muito mu-

dou desde que o senhor dr. Alberto Mar-

tins foi presidente da AAC, mas temos a

certeza que os princípios e valores per-

manecem inalterados, tal como a inaba-

lável convicção que o fez levantar-se e

pedir a palavra ao então Presidente da

República, Américo Thomaz, acto pelo

qual foi preso”, acrescenta.

Recordando o papel que Alberto Martins

teve na Crise de 69, a AAC pede-lhe que,

“na qualidade de líder da bancada parlamen-

tar do PS, de novo se levante contra esta

ofensiva aos direitos por que tanto lutou” a

Academia de Coimbra.CSS.

Alberto Martins em 17 de Abril de 1969

Page 6: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

6 DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007REPORTAGEM

A Universidade Independente adiou

para hoje (quarta-feira), pelas 18 horas,

a conferência de imprensa que tinha

marcada para ontem, na qual prometia

“revelações bombásticas” sobre o pro-

cesso académico de José Sócrates.

Em comunicado, a universidade jus-

tificou a decisão com a impossibilida-

de “até à presente hora de cruzar da-

dos recolhidos” e de “obter novos da-

dos académicos de alunos da UnI”,

entre os quais os que se referem ao

primeiro-ministro, José Sócrates.

A UnI salienta ainda a sua “preocu-

pação em averiguar com o maior rigor

todas as declarações e certificados a

emitir por solicitação dos alunos”,

PROSSEGUE O “FOLHETIM” DA UNIVERSIDADE INDEPENDENTE

Conferência de imprensa “bombástica”foi adiada para hoje- RODRIGO SANTIAGO ADMITE DEIXAR CARGO DE VICE-REITOR

acrescentando que “a actual direcção

da SIDES não é alheia à urgência e

informação pública” quer dos procedi-

mentos em vigor na universidade, quer

das conclusões a que possa chegar.

O adiamento da conferência de im-

prensa é também justificado com o

“compromisso assumido no convite” ao

primeiro-ministro e ao ministro do En-

sino Superior, Mariano Gago, para es-

tarem presentes ou fazerem-se repre-

sentar.

Por tudo isto, a UnI tomou a deci-

são de adiar a conferência de impren-

sa para quarta-feira.

Sem fazer referência às declarações

“bombásticas” que estavam prometi-

das para a conferência de imprensa de

ontem, o documento acrescenta que

nessa ocasião será divulgado “o novo

projecto académico e pedagógico” e

confirmada a viabilidade da instituição.

No entanto, em declarações à Lusa, o

vice-reitor Rodrigo Santiago afirmou

que “esta equipa reitoral nunca teve

uma reunião para definir o projecto aca-

démico” da Universidade.

“Se houve, eu não fui convocado

para ela. Tudo o que sei da UnI é o

que leio na comunicação social”, la-

mentou, admitindo estar a ponderar

abandonar o cargo.

A assessora da UNI, Maria João

Barreto, afirmou segunda-feira que o

caso que envolve o processo acadé-

mico de José Sócrates seria clarifica-

do em definitivo numa conferência de

imprensa inicialmente marcada para

ontem, na qual seriam “feitas revela-

ções bombásticas” e divulgados alguns

dados que afirmou poderem “ser ines-

perados”.

Para esse encontro foram convida-

dos o primeiro-ministro e o ministro do

Ensino Superior.

A universidade anunciou sábado a

abertura de uma investigação interna,

na sequência da divulgação de diferen-

tes certificados de habilitações de José

Sócrates, que a UnI considerou pode-

rem ser forjados.

QUANDO O FUTEBOL PODE SER UMA FESTA

Vitória da Académica e do FC Portono campeonato da solidariedade

Vitória, empate ou derrota - eis os resultados possíveis no futebol.

Mas no passado domingo descobriu-se, em Coimbra, que pode haver um outro

desfecho: a vitória de todos.

Foi o que sucedeu com o apoio prestado pelas duas equipas aos jovens deficientes

da APPACDM, que viveram uma noite de sonho entrando em campo pela mão

de muitos dos seus ídolos.

Page 7: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

7DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007 REPORTAGEM

“Foi através de Luiz Arouca que Rui

Verde chegou à Universidade Indepen-

dente. Já tinham trabalhado juntos na

Universidade Autónoma. Tornaram-se

também sócios da empresa Esfera, que

detinha uma outra, detentora de quase

45% do capital da SIDES, a empresa que

controla a Universidade Independente.

O terceiro vértice do triângulo, Ama-

deu Lima Carvalho, foi também admi-

nistrador , para onde atraiu investidores

angolanos, com ligações ao Governo de

Luanda”.

O primeiro conflito entre os três acon-

tece em Março do ano passado, como

afirmou Amadeu Lima Carvalho:

AMADEU LIMA DE CARVALHO:

“Este episódio triste não deixa de ser

uma cópia do que se passou em Março

de 2006. Eu em 30 de Março de 2006

tinha sido reeleito director não executi-

Independente(mente)...Independentemente do conteúdo dos

próximos capítulos da “novela” da Uni-

versidade Independente, a verdade é que

tudo quanto até agora se viu e ouviu, das

mais diversas partes em presença, faz

supor que, em vez de um estabelecimento

de ensino superior funcionando de acor-

do com as normas, se tratava de uma

casa com muitos “reis” e muitos “ro-

ques”...

Até que se zangaram “as comadres”,

e lá começaram a surgir muitas “verda-

des” ou inverdades, e sobretudo uma teia

de interesses e de conflitos, que deixa-

ram o País de “boca aberta”, quando se

ouviram, de viva voz, as afirmações dos

principais protagonistas.

Vejamos como o caso foi noticiado na

televisão e algumas das espantosas de-

clarações que foram proferidas , atra-

vés das câmaras das televisões, antes da

intervenção das autoridades policiais e

judiciais - isto é, numa altura em que nas

instalações da Universidade se viam dois

grupos de seguranças, cada um deles de-

fendendo uma das facções:

vo, que eu nunca fui executivo. O Rui

Verde e o Arouca levaram os mesmos

capangas para a Universidade e corre-

ram comigo de lá!”.

LUIZ AROUCA:

“O nível de vida do Prof. Rui Verde

era uma coisa espantosa. As férias no

estrangeiro, os automóveis, os passeios

de iate, de barcos, duas casas na Expo,

duas casas no Sul de Espanha. De onde

é que vem este dinheiro todo?”

RUI VERDE:

“Eu de facto paguei a piscina do Rei-

tor, eu paguei a casa do filho onde mora

o Reitor – ou dei autorização, enquanto

administrador principal que sou da Uni-

versidade Independente há vários

anos…”

LUIZ AROUCA:

“Fui eu que paguei a biblioteca toda, o

edifício da biblioteca, que andava acima

de 10 mil contos, e foi exactamente esse

valor que depois se acordou servir para

pagar a minha… a piscina que eu man-

dei fazer na Moita”.

LUÍZ AROUCA:

“Eu não quero exagerar… Mas há

cerca de 17 processos-crime e no con-

junto há cerca de 40 processos de toda a

espécie. Está tudo documentado: as as-

sinaturas falsificadas, as promessas não

cumpridas, os cheques pseudo-desapa-

recidos”.

RUI VERDE:

“A única pessoa nesta triste história

que já foi condenada por conduta frau-

dulenta é o próprio Prof. Luiz Arouca”.

RUI VERDE:

“Acho que nunca vi um diamante, ti-

rando nos anéis… Isso é completamen-

te falso! Essa história é de loucos! Essa

história é de loucos… Nem sei que diga…

Acho que aí o Reitor se calhar enlou-

queceu”

AVALIADOR DE DIAMANTES:

“Viemos , de facto, avaliar um pseudo

lote de diamantes, que nem eram dia-

mantes, eram pedras falsas”.

LUIZ AROUCA:

“Nunca pactuei. Sempre que descor-

tinei – e já lá vão muitos anos –, as al-

drabices do Dr. Rui Verde, inclusive as

primeiras, que foram roubos, falsificações

de actas e obter do Banco Espírito San-

to, com bens da minha família, dois mi-

lhões de euros… que o Rui depois se

agarrou a mim a chorar pedindo para o

não meter na cadeia… e que eu disse…

e que se queria demitir de director finan-

ceiro… E eu disse-lhe: ‘Tem juízo, toda

a gente erra, o que tu fazes é … juizinho,

repões o dinheiro que tiraste e portas-te

com juízo’.

AMADEU LIMA DE CARVALHO

“Pessoalmente, Angola está do meu

lado! Estará sempre ao meu lado! E têm

vindo cá e têm estado comigo, com os

meus amigos, com os meus familiares, o

meu sogro, etc… Angola está e estará

sempre ao meu lado!”

RUI VERDE:

“Tenho aqui uma sentença – acho que

se chama sentença… – em que reco-

nhece que eu sou o accionista maioritá-

rio, que as acções são minhas”.

AMADEU LIMA CARVALHO:

“Não é a SIDES que é dona, sou eu

em nome pessoal. Esse senhor mente,

protegido pela mulher, que é uma juíza,

infelizmente, e que não passam os dois

de gatunos!”

RUI VERDE:

“Cheques no valor de 5,5 milhões de

euros, passados por Rui Verde, que diri-

am respeito a uma compra de acções que

Amadeu Lima de Carvalho tinha na SI-

DES”.

Anadeu Lima de Carvalho

Luiz Arouca

Rui Verde

Mais palavras para quê?!...

Page 8: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

8 DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007OPINIÃO

IDEIAS FEITAS SOBREA INTERIORIDADE

(…) Primeira ideia feita o litoral esta-

ria mais densificado de serviços de cui-

dados primários de saúde, logo oferece-

ria mais protecção à população; o interi-

or estaria mais a descoberto. Completa-

mente falso: os distritos do interior, so-

bretudo os junto da fronteira, são os que

dispõem de melhor relação médico de

família/população. Apenas Viseu (1656),

Vila Real (1627) e Bragança (1580) ul-

trapassam os clássicos 1500 habitantes

por médico de família. Todos os outros

do interior estão mais folgados: Guarda

(1459), Castelo Branco (1492), Portale-

gre (1415), Viana do Castelo (1435). No

outro extremo, temos os distritos do lito-

ral: Braga (1918), Porto (1952), Aveiro

(1842), Lisboa (1785), Setúbal (2227) e

Faro (1811).

Assim cai um mito o interior, nesta ma-

téria, não é discriminado, está privilegiado.

Correia de Campos (Ministro da Saúde)

JN 13/04/07

SE ATÉ AS ESQUADRASSENHOR!

(…) Li que um tipo invadiu a esqua-

dra da PSP em Vila Nova de Gaia e ba-

teu num polícia. O sindicato policial

(ASPP) reagiu logo: exigiu que se acau-

telasse “a segurança dos profissionais da

polícia dentro das próprias esquadras”.

Percebi: os polícias também deixaram de

ser quem eram. Termos perdido revolu-

cionários, já estou como o outro. Mas

quem policie, eu preferia que não se per-

desse completamente. Que tal a Securi-

tas a guardar as esquadras?

Ferreira Fernandes (jornalista)

DN 13/04/07

OTA(RIOS)

O recrudescimento do alarido em tor-

no do aeroporto da Ota a que se assistiu

nos últimos dias terá muitas explicações

técnicas, muita ciência pelo meio, muito

amor à Pátria, mas não deixa de ser uma

cruzada que trata a imensa legião que

não conhece nada de técnicas de cons-

trução de aeroportos como uma bando

de otários.

Vejamos: durante trinta anos discutiu-

se o futuro aeroporto de Lisboa. Há vá-

rios anos escolheu-se a Ota como o me-

lhor local. Com a concordância de uns e

a discordância de outros. Seja como for

arrancaram estudos e projectos, o pla-

neamento do País aceitou aquela deci-

são como boa e o futuro da mobilidade,

das plataformas logísticas (veja-se Cas-

tanheira do Ribatejo), as pontes, a reno-

vação viária têm sido pensadas a partir

dessa quase certeza. Que em 2005 o

Governo deu como definitiva.

Neste momento já não será fácil sa-

ber quanto se gastou na Ota. Desde os

estudos preliminares até agora, em que

já estão envolvidos centenas de profissi-

onais planeando, projectando, calculan-

do a futura obra assim como os impac-

tos desenvolvimentistas em toda a região,

seguramente o País gastou muitos mi-

lhões de euros.

De repente, como se não houvesse

uma história de trinta anos, surge um

estudo, que mais não faz do que recupe-

rar velhas hipóteses de trabalho e, aqui

d’el-rei!, a Ota é a desgraça de toda a

gente. (…)

Francisco Moita Flores

(Professor universitário)

CM 09/04/07

DIRECTAS NO CDS-PP

O Dr. Portas tem muitas possibilida-

des de ganhar, devido à sua capacidade

oratória e à sua capacidade de raciocí-

nio e de compreender os problemas. Tem

boa memória, boa dicção e, como está

no Parlamento, consegue fazer uma opo-

sição mais eficaz.

Rosado Fernandes

(Professor universitário)

Visão 05/04/07

A ESCRITA CONTINUA

Esta será a última crónica que publico no

DN após os dez anos de convívio semanal

com os seus leitores, iniciado em 1997. (…)

Foi anunciado que o DN vai ser remo-

delado e esta colaboração deixou de ser

considerada necessária. O que não é es-

tranho ao transformar um jornal. Não sei

se serão muitos os leitores que dela senti-

rão falta, mas posso garantir que deles,

desses leitores, dos seus e-mails, das car-

tas, das polémicas, das expressões de

concordância, sugestões, críticas que se

seguiam a cada dia que aqui se imprimiu

o que escrevi, de tudo isso sentirei falta.

Não tenho, naturalmente, qualquer

presunção de que tais escritos façam

particular falta ao futuro DN: mas espe-

ro que, entre saídas e entradas (a par e

passo com outras entretanto ocorridas

noutros jornais), não se perca definitiva-

mente a preocupação do pluralismo, não

desapareça a expressão de uma corren-

te de opinião e intervenção cívica e polí-

tica em que me integro, que é parte do

nosso País e parte do jornalismo portu-

guês. Tanto quanto combativa constru-

tora da democracia e da liberdade de

imprensa.

A escrita continua. Até sempre.

Ruben de Carvalho (jornalista)

DN 12/04/07

UM CENÁRIODE PREOCUPAÇÃO

(…) Em primeiro lugar, registe-se a

espantosa sentença do Supremo Tribu-

nal de Justiça, condenando o diário Pú-

blico ao pagamento de uma indemniza-

ção cível de 75 mil euros ao Sporting,

por ter divulgado uma notícia verdadeira

e comprovada sobre dívidas fiscais do

clube. O Supremo reconhece que a notí-

cia é verídica, mas considera a veraci-

dade irrelevante e entende que o clube

foi “lesado no seu bom-nome e reputa-

ção”. Não é necessário alongarmo-nos

para se perceber as gravíssimas conse-

quências desta decisão. Resta-nos con-

fiar no Tribunal Constitucional e no Tri-

bunal Europeu dos Direitos do Homem,

para que o jornal já anunciou recorrer.

Merece ainda registo a condenação

da Notícias Magazine, que sai aos do-

mingos com o DN e o JN, pelo juiz da 3.ª

Vara Cível de Lisboa. Aqui, está igual-

mente em causa uma notícia que o ma-

gistrado reconhece descrever “factos

verdadeiros” e de “interesse público”,

mas, por alguns trabalhos “violarem os

princípios da adequação e da proporcio-

nalidade”, o juiz obriga a revista ao pa-

gamento de uma indemnização de 15 mil

euros aos queixosos. Então, a verdade e

o interesse público não contam e são

sacrificados a favor de critérios exclusi-

vamente jornalísticos que o magistrado

entende definir?

As nuvens negras já não estão ape-

nas no horizonte. Em matéria de liberda-

de de expressão, já chove em Portugal.

Mário Bettencourt Resendes

(jornalista)

DN 12/04/07

O NOSSO DESTINO, TAC!

(…) Por outro lado, todos antevêem

que, se José Sócrates não conseguir de-

monstrar satisfatoriamente a impecabili-

dade do seu currículo académico e dos

títulos universitários que invoca, poderá

ficar constituído numa situação insusten-

tável de facto e de direito, ou numa sus-

peição tão adensada que o resultado se-

ria equivalente. E que, em qualquer des-

sas hipóteses, só lhe restaria o caminho

de se demitir, ou de ser demitido, das suas

funções.

A consequência seriam eleições an-

tecipadas, já que a substituição de Du-

rão Barroso por Santana Lopes em 2004,

sem dissolução nem consulta eleitoral,

veio a revelar-se um precedente pouco

feliz. E embora, por definição, os parti-

dos estejam sempre disponíveis e pron-

tos para a disputa de quaisquer eleições,

uma antecipação das legislativas para

este ano de 2007 naturalmente não con-

viria a ninguém...

Oxalá pois tudo fique esclarecido a

favor de Sócrates. Há muito tempo, um

primeiro-ministro, Sá Carneiro, violenta-

mente acossado pela esquerda na céle-

bre questão das suas hipotéticas dívidas

à banca, saiu claramente vencedor, tan-

to na televisão como nos tribunais. Para

já, Sócrates (que, ao contrário de Sá

Carneiro, geriu mal a situação) não é

acossado por acusações graves, mas por

um conjunto de perguntas legítimas a que

pode responder honestamente.

Mas, se não o fizer com clareza, nes-

te país um tanto ou quanto surrealista e

dado a inexplicáveis singularidades, ocor-

re-me que o Alexandre O’Neill, se fosse

vivo, murmuraria então com um brilho

irónico a faiscar-lhe por detrás dos ócu-

los de aro grosso, estes dois versos do

seu poema “Se...”, talvez substituindo nele

a palavra “rapariga” pela palavra “de-

mocracia”: “Se o engenheiro sempre não

era engenheiro / E a rapariga ficou com

uma engenhoca nos braços...”

Ah, o poema concluía com esta perti-

nente interrogação: “... Acaso o nosso

destino, tac!, vai mudar?”

Vasco Graça Moura (Escritor)

DN 11/04/07

CASOS DE ESCOLA

A controvérsia sobre o percurso aca-

démico do primeiro-ministro veio chamar

a atenção, mais uma vez, para a estreita

ligação que existe, em política, entre a

comunicação da mensagem e a substân-

cia da mensagem.

Em democracia, num processo de tipo

penal, quem acusa outrem tem o ónus

de provar a acusação. Na esfera da con-

trovérsia política, inverte-se o ónus da

prova: quem, sendo titular de um cargo

político, seja visado por uma acusação,

vê-se obrigado a vir provar a sua ino-

cência, porque, nestes casos, não estará

apenas em causa rebater factos ou insi-

nuações, mas também “varrer a testa-

da” quanto à credibilidade e honorabili-

dade pessoais. Ora, é neste ponto que

se passa da análise racional para a cria-

ção de uma convicção íntima no público/

julgador, que em larga medida depende

da própria forma da mensagem e do tem-

po escolhido para a fazer passar.

Neste contexto, a prestação televisi-

va do primeiro-ministro da passada quar-

ta-feira encontrou, em minha opinião, o

justo ponto de equilíbrio entre a resposta

às questões de facto e o afastamento das

suspeições, mesmo aceitando a incomo-

didade de ter que fazer a prova de um

“facto negativo”, ou seja, de que não ti-

nha beneficiado de nenhuma situação de

Page 9: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

9DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007 OPINIÃO

favor na conclusão da sua licenciatura.Foi convincente quanto ao fundo, since-ro no tom e contido no inegável sofri-mento pessoal que a situação decerto lheprovocou! (…)

António Vitorino (Jurista)DN 13/04/07

CARTA ABERTAA JOSÉ SÓCRATES

O sr. primeiro-ministro deixou arras-tar demasiado tempo um episódio quedeveria ter esclarecido assim que ele setornou público, seguindo aquele sábioprincípio de quem não deve não teme (ououtros semelhantes, como o da mulherde César). A sua vitimização como alvode uma campanha de assassínio de ca-rácter não só não o ajudou como enve-nenou ainda mais o clima de suspeiçãoque já pairava à sua volta. As canhes-tras tentativas de pressão de alguns dosseus assessores junto de certos mediapara impedir a difusão do folhetim, so-madas às sucessivas correcções do seucurrículo académico no site do Governo,só pioraram - só podiam ter piorado - ascoisas. E à medida que se iam conhe-cendo novos pormenores obscuros e pou-co compreensíveis do caso, a dificulda-de de explicar o que deveria ser trans-parente tornou-se ainda maior. Receio,por isso, que seja já tarde para uma ex-plicação que dissipe definitivamente asnuvens que se têm avolumado. (…)

Quando fui seu colega como deputa-do do PS, propus a realização de um de-bate entre políticos e jornalistas, ondecada uma das partes assumisse frontal-mente as suas razões e responsabilida-des respectivas. Talvez se tratasse deuma iniciativa ingénua, mas teria pelomenos o mérito de clarificar os campose separar as águas. Você e alguns dosseus amigos viram isso com maus olhos,porque, para si, há no jornalismo umanatureza pérfida que não pode ser dei-xada à rédea solta e tem de ser ferrea-mente enquadrada pelo poder político.Eu, que sempre combati o corporativis-mo jornalístico e a promiscuidade entreo poder político e os media, constato ago-ra que a sua incompreensão do papel docontrapoder jornalístico numa sociedadedemocrática não é estranha à súbita der-rapagem da sua agenda mediática. Es-pero, muito sinceramente, que tire con-clusões proveitosas desse facto. Seria útilpara si, para o seu Governo e para a saú-de da democracia portuguesa.

Vicente Jorge Silva (jornalista)DN 11/04/07

AS PRESSÕESDE SÓCRATES

(…) O que eu espero da EntidadeReguladora neste particular não é mui-to. Porque o ponto importante é a con-versa que terá tido Sócrates com um jor-nalista cinco ou seis vezes sobre estamatéria. Pode dizer-se que é importantesaber se os assessores tentaram impedir

que saísse... mas como José Sócratesnão vai ser ouvido pela Entidade Regu-ladora, nem por escrito, porque o presi-dente da Entidade Reguladora entendeuque era um espectáculo que não era jus-tificado... Eu acho que fazia sentido.

(…)Eu até admito que, subjectivamente,

ele não tenha querido pressionar, masobjectivamente quando um ministro mefala antes de eu vir para aqui fazer umprograma, ou a seguir, é obviamente parame convencer de alguma coisa. É umapressão. E é uma pressão tonta, porqueum primeiro-ministro não deve estar atelefonar quatro, cinco, seis vezes, parafalar com um jornalista sobre uma infor-mação que é pública, sobretudo quandoainda não falou publicamente dela. É ton-to, porque não deve ter esses contactos.Mas objectivamente são pressão. Mes-mo que na cabecinha dele não seja. Pres-sionou. E pressionou em privado antesde haver os esclarecimentos do gabine-te em público.

Marcelo Rebelo de Sousa

RTP 08/04/07

CARTA AO SR.PRIMEIRO-MINISTRO

Apesar de não ter votado em si, sintoque somos quase almas gémeas.

Não admira: temos muita coisa emcomum. Tal como o senhor, eu tambémnão sou engenheiro. (…)

Ricardo Araújo Pereira (Humorista)Visão 05/04/07

A BOA E A MÁVIDA ACADÉMICA

(…) O problema é, também aqui, ou-tro e inteiramente diferente - tem a vercom a interessantíssima ligação entreos dirigentes políticos, os partidos, e asuniversidades privadas que nasceramcomo cogumelos nos anos oitenta enoventa. Quem não se recorda dosnomes de políticos a quem nenhum

ponto do currículo recomenda especi-almente e que foram nomeados parapostos e cargos académicos de respon-sabilidade? Paulo Portas e SantanaLopes, por exemplo, passaram pelaModerna como directores de um cen-tro de sondagens. O que os fez mere-cer o cargo? Professores de jornalis-mo e de sociologia, de “relações inter-nacionais” e de “comunicação” multi-plicaram-se pelo país fora, sobretudonessas universidades que foram aben-çoadas por dirigentes políticos, até aíinacreditavelmente incultos ou, mesmo,semi-analfabetos. Era difícil, nessesquadros académicos, não encontrar umdirigente partidário, uma boa represen-tação de deputados ou um grupo de “es-pecialistas em ideias gerais”. O que ti-nham eles feito pelo ensino, pela car-reira académica, pela investigação,pela ciência, pelo conhecimento? Nada.Ao contrário de outros países, onde hápolíticos saídos da universidade e comum currículo aceitável e recomendá-vel, em Portugal fez-se o caminho aocontrário como havia poucos dirigen-tes políticos com um passado acadé-mico que os valorizasse, criavam-seuniversidades onde eles teriam assen-to. Estaria resolvido o problema do tí-tulo académico e garantida a influên-cia da universidade. Façam a lista dosdeputados, futuros ministros, secretá-rios de estado, líderes de partido ou detendência, que receberam esses títu-los ou que “ajudaram” a criar universi-dades. É numerosa. E dá conta de umsaudável regime de colaboração mul-tipartidária, registe-se.

E, pergunto, de novo o que fizeramesses cavalheiros e madamas peloprestígio da universidade? Pouco, quese saiba. Em Portugal, os dirigentespolíticos não lêem, não escrevem, nãoestudam, não investigam. Mas criamuniversidades e “fazem política”. Unscom os outros.

Francisco José Viegas (Escritor)JN 09/04/07

O AMANHÃ-QUE-PODEMOS-FAZER-HOJE

Afirmou recentemente o primeiro-mi-nistro que a educação era o único pro-blema estrutural do País. Parece haveraí certo exagero de ocasião, mas, se nãoé o único, é com certeza o problema nú-mero um. Porque dele (da forma comoo resolvermos, ou não) depende o Por-tugal dos próximos 30 anos.

Nesse campo - o da educação, espé-cie de amanhã-que-podemos-fazer-hoje -, o trabalho do Governo tem deixado mui-to a desejar. Para mal dos nossos peca-dos, presentes e futuros. Que nota dariaao Ministério da Educação: um médiomenos- -menos? Um sofrível mais? Ouuma simpática negativa tangencial? (…)

Num plano mais geral (na vista “emplanta”, digamos, da questão da educa-ção), deve a esquerda questionar-se se-riamente se, nos dias que correm, a ma-nutenção de um sistema de “igualdade”imposta não acaba por perpetuar dife-renças sócio-económicas de base - e se,tudo considerado, não seria mais justo ummodelo de maior autonomia e liberdade,que aumentasse as possibilidades de es-colha para todos.

Jacinto Lucas Pires (Escritor)DN 06/04/07

NOVOS DESAFIOSDA SEGURANÇA

(…) Neste modelo, quando o minis-tro António Costa jura que não haverá“uma polícia”, espera-se que não quei-ra dizer que existirão duas. Pior do queuma polícia única, feita dos restos “mo-dernizados” da PSP, e dos restos “civi-lizados” da GNR, é a existência de duaspolícias, com a mesma natureza e asmesmas competências, as mesmas es-truturas e as mesmas formações, asmesmas vocações e os mesmos estilos,apenas com uma ou duas penas no cha-péu uma, acomodando a tradição pura-mente civil dos últimos anos, a outra,encontrado lugar para generais das for-ças armadas.

Se em muitas áreas se está a pensarbem a defesa e a segurança, começandocom a necessidade de conciliar o fim dostribunais militares, com a necessidade deceleridade da justiça nos quartéis (para bemda função e dos arguidos), e acabando emformas mais racionais de locação de for-ças e material, já no campo do redesenhoda arquitectura “dual” PSP-GNR, temoque a confusão, embora bem-intenciona-da, seja maior do que a definição.

Mas trata-se de um projecto em cur-so, e deve dar-se o benefício da dúvida,suplementado de uma fiscalização rigo-rosa, de uma frequente análise de resul-tados, e do carreamento - pelo poder epela posição - de soluções equilibradas.

Que não dupliquem, que não compli-quem, que não fiquem a meio caminho.

Nuno Rogeiro (Comentador político)JN 13/04/07

Page 10: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

10 DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007A PÁGINA DO MÁRIOwww.apaginadomario.blogspot.com

[email protected]

Mário Martins

Guilherme Luís, massagista da Académica/OAF, vai ser homenageadono próximo sábado, em Coimbra.

A iniciativa, marcada para o estádio do Calhabé, inclui um jogo entre osveteranos da Académica e do U. Coimbra e almoço de confraternização.

Os convites, ao preço de 25 euros, podem ser adquiridos no QuiosqueSousa (Portagem), Associação de Futebol de Coimbra (Rua Ferreira Bor-ges), Junta de Freguesia dos Olivais, Clube da Comunicação Social deCoimbra (Rua Figueira da Foz) e Estádio Cidade de Coimbra.

Homem simples, competente, Guilherme Luís bem merece a homena-gem organizada pelo Clube da Comunicação Social de Coimbra.

(publicado no blogue em 4 de Abril)

Homenagem justa

RETRATO DO PAÍSO “site” da Rede Nacional de Expres-

sos está inacessível há pelo menos SEISdias!

(publicado em 16 de Abril)

COINCIDÊNCIASLembram-se como o FC Porto ganhou

à Académica nas Antas?Viram como o FC Porto ganhou on-

tem à Académica no Calhabé?(publicado em 15 de Abril)

BOA DISPOSIÇÃOSó alguns “actores políticos” me fa-

zem soltar umas boas gargalhadas.(publicado em 13 de Abril)

HOMENAGEM“Hoje, Luís Miranda Rocha, disseram-

me que tinhas morrido. Há séculos quenão sabia de ti...”

Um texto sentido (e com muito senti-do) do advogado José António Barrei-ros, a lembrar o Luís Miranda Rocha.

***Guardo do Luís uma boa impressão.Nunca fomos amigos na verdadeira

acepção do termo, mas quando nos en-contrávamos a conversa acontecia fluen-te. Sobre jornalismo, quase sempre. A úl-tima, há dois-três anos, foi sobre a Im-prensa e a Fé.

Mas hoje o que verdadeiramente in-teressa é homenagear o Luís.

Faço-o com o texto de José AntónioBarreiros, que me provocou aquela es-tranha sensação, rara, de estar a ler qual-quer coisa e sentir-me perfeitamenteidentificado com o ritmo, o conteúdo, assuposições/reflexões.

Confuso. Doloroso também.(publicado em 13 de Abril)

RECORD DE COMENTÁRIOSPor vezes, na blogosfera, surgem po-

lémicas sobre quem é mais visitado, ouquem tem mais comentários.

Quem tenha desses problemas, deveolhar para o blogue “Do Portugal Profun-do”, onde existe um “post” que - à hora aque escrevo - já tem 977 comentários!

Este blogue é aquele que, desde hádois anos, questiona as habilitações lite-rárias do primeiro-ministro.

(publicado em 13 de Abril)

ANDASTE EM QUANTOS?Quantos institutos e universidades fre-

quentaste até conseguir o diploma de li-cenciado?

Um?Dois?Três?Mais de três?

(publicado em 6 de Abril)

MAU DEMAISOntem, ao contrário do habitual, foi dia

de votações na Assembleia da República.Esta quarta-feira, não se poderá, por isso,repetir a cena triste do ano passado, quan-do dos 230 deputados, 79 faltaram à vota-ção em resultado de uma fuga massiva paragozarem férias antecipadas.

Este ano, o Presidente da Assembleiaficou livre de embaraços.

Não terá de voltar a requerer justifica-ções de faltas aos colegas nem se veráobrigado a marcar, outra vez, dezenas defaltas injustificadas e menos ainda a recu-sar algumas justificações por falta de fun-damento.

Mas Gama sai de novo a perder, ao mos-trar-se incapaz de evitar, pelo segundo anoconsecutivo, o desprestígio da instituição aque preside. Para que não se repetisse avergonha do ano passado, com a sala pra-ticamente vazia, e para que não se voltas-se a ouvir nos media a vozearia contra abagunça parlamentar, este ano, a Confe-rência de Líderes decidiu antecipar numdia as votações.

Ficou salva a honra do convento? Nãoficou.

Foi mais um tiro no pé de uma classepolítica altamente desprestigiada. O estra-tagema vem apenas confirmar o que setemia: incapazes de impor disciplina e deimpedir a repetição do desastre, os líderesparlamentares optaram por facilitar a fuga,antecipando a previsível repetição da es-candaleira.

É caso para dizer, que é mau demais,mas é verdade.

(texto de Graça Franco, jornalis-

ta da Rádio Renascença, divulgado

esta manhã na “página 1”; publica-

do em 4 de Abril)

PIADA- Onde é que tu estavas? - pergunta a

mãe à menininha.- No quarto, a brincar aos médicos

com o Joãozinho. Ele era o médico e eua doente.

A mãe dá um grito e um salto da ca-deira.

- Aos médicos!?!- Médicos da Caixa, mãe... Ele nem

me atendeu!(enviada pela amiga habitual;

publicada em 3 de Abril)

CHEIO?... QUASE-CHEIO?...A reunião acabou cedo.Ainda pensei ficar para o jogo, mas

como tinha lido nos jornais que os bilhe-tes deveriam esgotar hoje de manhã, nemsequer atravessei a estrada.

(Aliás, ontem à noite já não era possí-vel comprar o bilhete “on-line”).

Convenci-me que a lotação estariaesgotada.

Regressei a Coimbra.Sento-me no sofá e ouço na televisão

que ficaram 10 mil bilhetes por vender.É assim o futebol à portuguesa...(Já a FPF tem por hábito dizer que “a

lotação está quase esgotada”, “vai es-gotar”, “está quase-quase”, “já há pou-cos bilhetes”, etc., etc... Chego aos es-

tádios e, por vezes, há grandes clareirasnas bancadas.)

(publicado em 12 de Abril)

BRILHANTE!Costumo almoçar entre as 12h00 e as

13h00.Hoje decidi não ir ao restaurante e co-

mer apenas umas peças de fruta.Fiquei por aqui e liguei o televisor.Tive sorte. Acabo de assistir a uma ver-

dadeira lição de António Marinho, a propó-sito do “Caso Esmeralda/Ana Filipa”.

Brilhante!(publicado em 11 de Abril)

RETRATO DO PAÍSDívida do Metro do Porto sobe 800

mil euros por dia - O passivo da Metrodo Porto (MP) atingiu no final do anopassado 1.811 milhões de euros, mais19,1% que o registado no ano preceden-te. Em termos absolutos, cresceu quasemais 300 milhões em 2006, à média dequase 800 mil euros por dia (160 mil con-tos diários, na moeda antiga).

(in “Jornal de Negócios”; publi-

cado em 11 de Abril)

LAPSO“Lapso” na data da licenciatura,

diz gabinete de Sócrates - O gabine-te do primeiro-ministro classifica de“lapso” o facto da biografia oficial deJosé Sócrates incluir já em 1993 a li-cenciatura em Engenharia Civil, quesó veio a obter três anos mais tarde.

Um “lapso”. É desta forma que ogabinete do primeiro-ministro comen-ta o facto da biografia oficial de JoséSócrates incluir já em 1993 a licenci-atura em Engenharia Civil, que só veioa obter em 1996.

A informação consta da biografiaoficial da Assembleia da República,que entretanto já revelou que se li-mita a reproduzir as informações dis-ponibilizadas pelos deputados.

O gabinete de José Sócrates dizainda que o “lapso” é atribuível ape-nas aos serviços do grupo parlamen-tar ou aos serviços da Assembleia daRepública.

(notícia da TSF;

publicado em 11 de Abril)

Page 11: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

11DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007LIVROS

É preciso pararmos um momento a ouviro silêncio. Nesse espaço povoado, teremosde saber marcar encontro com as coisasmaiores, vestirmos lenta e suavemente cadauma das palavras escutadas, os sons cor-porizados de alguns mistérios, a inquietaçãoe a paz do reencontro com as formas maiselevadas da criação artística.

De um lado um poeta, voz contida e ator-mentada na incessante busca da exactidão,cinzelando, palavra a palavra, em crescimen-to com e contra o silêncio e as sombras, opoema, corpo definitivo para a vivificantefruição do prazer.

Do outro, uma guitarra geracional e ím-par, corpo intemporal em gritos de um so-nambulismo vigil, inquieta respiração do gé-nio que fulgurava na lira de Orfeu.

Humanizados, fundem-se num tempoúnico a voz do poeta e os acordes multifor-mes da guitarra, ganham dimensão e ele-vam-se ao mais alto patamar do refazerontológico, batem contra o tempo, revelam-se no refinamento solitário e nu, cingidos àprópria realidade. É o Homem revelado,messias de todas as esperanças redento-ras, porque só os que encontram a Arte po-dem ser redimidos.

Felizes os que sabem ouvir os choros quepela noite ferem os momentos e ficam sen-tados à porta do sonho, com a luz em sofri-mento, presos dos mistérios e silêncios, aouvir uma guitarra sobre o pranto.

Não uma guitarra qualquer, um qualquerdedilhar trilhado de melancolias de noites desuor e bafio, de desencontros amorosos, dejogo de cartas marcadas nas esquinas sus-peitas da noite.

Mas a outra, a que ganhou um outro cor-po e outra voz para subir em noites estela-res às janelas de todo o desassossego, aguitarra de Coimbra, com outros olhares,outros sorrisos, pauta multímoda de signose registos cromáticos projectados contra otempo e o silêncio, Artur guardando ciosa-mente o Graal das harmonias universais.

Herdeiro do génio, reinventando todos ospossíveis, Carlos, com asas nos dedos, levadefinitivamente o ouro e o mistério da cria-ção ao altar supremo da Arte, numa forma

A PROPÓSITO DO LIVRO DE CARLOS CARRANCA “7 POEMAS PARA CARLOS PAREDES”

As palavras possíveissingular de nos fazer ouvir a reinvenção daguitarra, corpo onde acordam sonoridadescoimbrãs metamorfoseadas em refinamen-to aristocrático de um universalismo semtempo e sem lugar.

Desta dinastia dos Paredes, Artur e Car-los, príncipes desse reino poderoso e tan-gencial ao absoluto da criação, há em Car-los uma voz outra, humaníssima e perscru-tadora, que passa de leve nos corredores dosonho para com mãos de semeador chegarao indizível dos sons, numa celebração deguitarra longínqua que toca por dentro dosmuros as palavras esquecidas do Passado.

Quem não souber ouvir essas sonorida-des, quem não souber transportá-las paradentro de si e guardá-las em celebraçãoeucarística, ou nunca passou em Coimbra otempo de todos os encantamentos ou tem aalma fechada à secreta beleza que viaja ointerior das coisas superiores e íntimas. Emtal deserto, cairá irremediavelmente conde-nado ao dissonante vazio de não saber queexiste e porque existe.

O que tento dizer-vos, do que vos falo,franzido de terror porque nada ou pouco sesabe dizer do que se sente, é de um objectorigoroso de criação poética que sobreviveda inteligência e sensibilidade de CarlosCarranca, manifesto poético que pareceedificado em meditações jansenistas, quenão acolhe porém a mais leve concessão,por isso hipostasia a beleza como categoriaestética e nos aproxima, como leitores, doculto particular e silencioso das mais eleva-das concelebrações da liturgia sensorial eda meditação ascética:

Pela noite secreta um som nos liberta...Senhora, nossa senhora Guitarra se-

dutora!É a guitarra de Carlos Paredes, canto

maternal que nos acolhe e chama, ancora-douro de todas as tormentas, inesgotável seiode todas as fomes, que o poeta nos oferececomo quem reza os salmos de um destinoportuguês, bordão de peregrino, vidente enosso, Pascoaes visionário a tanger os mis-térios da nossa condição, ser povo e seruniversal, com a missão de destinar ao mun-do, nos sons impossíveis de um instrumento

plebeu, a voz de um país por dedilhar, feitode memórias e viagens, que Carlos Carran-ca, na exactidão do poema, afastando né-voas e esconjurando fantasmas, dimensio-na à escala redentora, quinto império da vozde um povo no corpo-coração-encordoadoe na boca circular de madrepérola, o braçoencimado por uma lágrima de marfim, gui-tarra cúmplice, guitarra mulher possuída emêxtase murmurante.

Quebradas todas as grilhetas, solta gritosprometaicos que roubam o fogo sagrado damesa dos deuses, liberta corcéis de prazerou raiva, ou simplesmente derrama sorrisostomados de brisas primaveris, também aLiberdade em manifesto gritado aos quatroventos da utopia, guitarra cravo de Abril aconvocar-nos para a festiva soberania doPovo, finalmente senhor do seu destino:

Ó guitarra lusitana!Ó harpa das loucas correrias!salgado mar das fantasias...É a voz do Povo que te chama!Redentora e fraternal,és tu quem anunciaa hora da alegriade ser de novoo Povo, o Rei de Portugal.Sete poemas, um só poema, corpo saído

da persistência cinzelada que percorre apoética de Carlos Carranca, palavras exac-

tas no lugar exacto, que ficam dentro de nóse nos aguardam, nos guardam e se demo-ram para essa experiência maior do saberviver e criar em cio, que, no dizer de Rilke,era o caminho a percorrer, o atingível a per-seguir. Sete poemas, um poema, a ler e re-ler incessante, penosamente, porque nadavale a pena se é fácil. Se o belo é o difícil,como diz Platão, saibamos merecê-lo nabusca da perfeição que percorre os poe-mas deste livro.

Figueiredo Sobral não ilustra os poemas.Não é um sublinhar, é um corpo-a-corpo.Anda com eles por dentro dos gestos e avan-ça na harmonia das formas e das cores todaa complementaridade que torna o livro umobjecto-manifesto de Beleza.

Descontem e esqueçam tudo o que vosdisse. Não vim apresentar um livro. Vimpresentear-me e se me permitirem presen-tear-vos com o gesto despretensioso deapontá-lo.

De um lado o discurso poético, do outroo discurso pictórico. Ligados como uma tran-ça de mulher em sagração de Primavera.

Convido-vos para a valsa lenta que há-de demorar-se em nós como recordaçãoteimosa que o tempo não pode apagar.Ouçam a guitarra desse génio evocadonos poemas, sintam-lhe o corpo apetecí-vel revelado nas pinturas de FigueiredoSobral.

Leiam e olhem demoradamente. Procu-rem de novo uma e outra vez. Cada objec-to, na sua multiplicidade unificável, será sem-pre outro e sempre novo. Partilhem os poe-mas e as pinturas, rosa a rosa, demorem naboca o gosto de ambos, vinho e pão consa-grados para a epifania dos sentidos, tam-bém para o recolhimento, para a plena frui-ção deste belo e raro objecto que é o livro-lareira em torno do qual aquecemos hoje asmãos e confortamos as almas, neste frater-nal encontro com a Poesia, espectáculo deexactidão.

José Henrique Dias

(professor jubilado da U.N.L. ePresidente do Conselho Científico

do Instituto Superior Miguel Torga)

“Tchuba na Desert”

“Tchuba na Desert” é o título de umaantologia de contos de escitores de CaboVerde, organizada por Francisco Fontes(jornalista que durante 4 anos trabalhou emCabo Verde como correspondente daAgência Lusa).

A obra foi apresentada há dias em Coim-

bra, no TAGV, por Pires Laranjeira, Pro-fessor da Faculdade de Letras da Univer-sidade de Coimbra, que sublinhou a suaimportância, até porque há décadas nãoera editado nenhum trabalho deste tipo.

Na sessão participaram, entre outros, oCônsul Honorário de Cabo Verde, Jorge

Veiga, o Presidente da Associação de Es-tudantes de Cabo Verde, e o Presidente daAssociação “Saúde em Português”, quepromoveu a edição, cuja venda se destinaa conseguir fundos para um projecto detelemedicina entre o Hospital Pediátrico

de Coimbra e o Hospital do Mindelo.Depois das palavras de Francisco Fon-

tes, a justificar os critérios da selecção doscontos, ouviram-se algumas mornas inter-pretadas por caboverdianos que se encon-tam a estudar em Coimbra.

Page 12: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

12 DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007FEIRA DO LIVRO

Desde amanhã e até 6 de Maio, vai

funcionar na Praça da República a Feira

do Livro de Coimbra. A edição deste ano

decorre sob o signo de Miguel Torga,

como foi ontem anunciado pela organi-

zação, que assim pretende evocar e ho-

menagear o escritor no centenário do seu

nascimento.

A abertura da Feira está marcada para

as 17 horas de amanhã (quinta-feira, dia

19), com um concerto pelo Quarteto de

Cordas da Orquestra Clássica do Centro

A Feira vai funcionar no seguinte ho-

rário: dias de semana - das 15h00 às

23h00; sábados e véspera de feriados -

das 15h00 às 24h00

Participam neste evento 17 Livrarias

de Coimbra ou editoras, sócios da Arcá-

dia (com estabelecimento ou represen-

tação na cidade de Coimbra, tendo em

conta os termos dos Estatutos da Asso-

ciação), que representam 200 Editoras

devidamente identificadas e muitas ou-

tras estrangeiras não especificadas e,

ainda, dois pavilhões com fundos edito-

riais nacionais e estrangeiros a preços

muito mais económicos.

Como sempre, todos os livros à venda

no espaço têm um preço muito convidativo.

ABRE AMANHÃ A FEIRA DO LIVRO DE COIMBRA

Sob o signo de Miguel Torga

A Feira está instalada numa tenda gi-

gante (com uma área de ocupação de

2.000 m2), com 41 módulos que acolhem

os diversos expositores.

No centro da tenda existe uma área

para apresentação de comunicações e

para sessões de autógrafos.

A organização sublinhou que a Feira

constitui um momento ideal, não só, para

o contacto com os livros, mas também

para encontrar amigos que se não viam

há muito tempo.

E, de facto, a Feira do Livro assume-

se não só como relevante manifestação

cultural, mas ainda como um aconteci-

mento social que aproxima as pessoas.

Ainda por cima, no recinto da Feira

existe um espaço destinado ao convívio,

onnde os Cafés FEB presenteiam os vi-

sitantes, ano após ano, com café de ele-

vada qualidade.

QUESTÕES FINANCEIRAS

De acordo com a organização, o or-

çamento previsto para este ano era de

cerca de 84 mil euros.

Pretendia-se receber os expositores

gratuitamente. Contudo, lamentam os or-

ganizadores, mais uma vez não foi pos-

sível concretizar esse desejo, pois a ver-

ba atribuída ficou muito aquém do pre-

visto.

Considerando a crise financeira que

se vive, a Direcção da Arcádia, “não

sabendo fazer omeletas sem ovos, e ten-

do um orçamento demasiado magro, pôs

em marcha o evento possível, mas com

dignidade”.

PROGRAMA CULTURAL

Para além das sessões de autógrafos

e do diálogo com escritores, está previs-

to que decorram outras iniciativas cultu-

rais e de lazer.

Do programa de animação fazem tam-

bém parte as seguintes iniciativas:

Dia 21 de Abril - a partir das 15h00

MOSTRA DE DOÇARIA REGI-

ONAL pelos seguintes grupos:

Grupo Etnográfico Cantares e Dan-

ças de Assafarge

Grupo Etnográfico da Região de Coimbra

Grupo Folclórico Camponeses de Vila

Nova

Grupo Folclórico Camponeses do

Mondego - Ribeira de Frades

Grupo Folclórico e Etnográfico As

Tecedeiras de Almalaguês

Grupo Folclórico e Etnográfico de

Trouxemil

Grupo Folclórico e Etnográfico do

Brinca - Eiras

Grupo Regional Danças e Cantares do

Mondego

Rancho Típico de Vila Nova

Dia 21 de Abril - 17h00

Actuação do Grupo Folclórico Cam-

poneses de Vila Nova

Dia 23 de Abril - 21h30

(Dia Mundial do Livro)

OFICINA DE POESIA declama

poemas de Miguel Torga.

Também o INATEL - Delegação de

Coimbra: apoia a Feira, através do pa-

gamento da participação de alguns gru-

pos musicais e outros espectáculos, en-

tre os quais os seguintes:

Dia 21 de Abril - 21h30

Grupo de música ligeira “Só Música”

da Associação Cultural e Recreativa de

Coimbra

Dia 28 de Abril - 17h30

Luís Rodrigues (Ilusionista)

Dia 4 de Maio - 21h30

Grupo de música tradicional “Os ve-

lhos amigos”

Dia 6 de Maio - 17h00

Tuna Juvenil do Areeiro.

A apresentação da Feira do Livro 2007, que ontem decorreu na Casa Municipal

da Cultura de Coimbra

Page 13: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

13DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007PUBLICIDADE

Page 14: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

14 DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007EDUCAÇÃO / ENSINO

Tem início amanhã, em Lisboa, o 9ºCongresso Nacional dos Professores(FENPROF). Vão estar em discussão oestado actual da Educação e o aprofun-damento da intervenção dos professorese educadores na afirmação da sua pro-fissão e de um modelo de Educação cen-trado na defesa da Escola Pública, Inclu-siva e de Qualidade Para Todos. Emmomento tão difícil para a Educação epara o País, o Congresso assume umaimportância que transcende o espaço pro-fissional docente.

Nas últimas décadas, os sucessivosgovernos, ora de um partido, ora do ou-tro, debitaram um discurso de alegadaprioridade à Educação. Das declaraçõesde paixão às juras sobre a sua importân-cia, nenhum assumiu perante os portugue-ses a secundarização para que outrosobjectivos, muito menos determinantespara o desenvolvimento do país e bem-estar dos seus cidadãos, atiraram esco-las, crianças e alunos, população careci-da de qualificações, todo um povo que éo grande destinatário dos sucessos e in-sucessos do sistema educativo.

A Educação é um aspecto fundamen-tal, decisivo, estruturante, de qualquerverdadeiro modelo de desenvolvimento.Modelo de desenvolvimento sério, claro,e não o que, há bem pouco tempo, o mi-

Dar MESMO prioridade

à Educação!João Louceiro * nistro da Economia apresentava a empre-

sários chineses. Para quem vende lá foratrabalhadores mal pagos e pouco reivin-dicativos, a Educação nunca é uma prio-ridade!

Já em resultado de tais políticas, Por-tugal chegou ao 25 de Abril com um sis-tema educativo dramaticamente atrasa-do. O parolismo com que o actual primei-ro-ministro pretendeu, por várias vezes,comparar êxitos do sistema finlandês comdeficiências do nosso, é mais um episódiode ocultação da realidade que os gover-nos não conseguiram ou não quiseramtransformar.

Roberto Carneiro, ministro da Educa-ção nos tempos de Cavaco Silva, dizia sernecessário um esforço superior a 7% doPIB para superar o atraso. Mas os go-vernos reduziram o esforço para valoresque, hoje, são metade daquela meta. Oactual governo, apoiado pela sua maioriaparlamentar, decidiu para 2007 um cortede mais 4,5% nas verbas para o Ministé-rio da Educação. O Governo estabeleceas suas verdadeiras prioridades ao apon-tar uma diminuição de 343,5 milhões(!) deeuros em gastos com salários na área daEducação. Resulta daqui um eixo princi-pal das opções políticas que nada tem aver com a melhoria das escolas e, de umaforma geral, do sistema educativo.

Claro que o Governo e o seu Ministé-rio da Educação (que o do Ensino Supe-

rior tem primado pela inexistência, comexcepção da defesa do diploma académi-co de Sócrates) vão anunciando, em jeitode fogo de artifício, mediáticas medidas.As opções decisivas, essas, estão no en-caixe do desinvestimento referido. É esteo verdadeiro programa político da Educa-ção do Governo do sr. Sócrates.

É por isto mesmo que o que se tempassado no mandato da ministra LurdesRodrigues é de impensável conflitualida-de e afronta em relação aos professores.Na essência, o seu programa não temmais horizonte que a constrangedora can-ga da redução do défice das contas públi-cas, sejam quais forem os danos causa-dos ao desenvolvimento do país e ao bem-estar dos seus cidadãos. Resulta daquiuma permanente actuação também con-tra os professores. E com um Governocontra os professores, a Educação nãopode melhorar!

“Dar MESMO prioridade à Educa-ção” é o lema do 9º Congresso dos Pro-fessores. De lá sairão importantes pro-postas; não as que o Governo quereria.Serão outras, que fariam com que a Edu-cação fosse MESMO prioridade. Em re-lação ao querer do Governo, sairá, porcerto, a vontade de prosseguir a luta con-tra o rumo neoliberal com que Sócratesquer formatar o país.

* Dirigente do SPRC

O Governo aprovou na passada se-mana, na generalidade, uma proposta quealtera o estatuto do aluno dos ensinosBásico e Secundário com o objectivo dereforçar a autoridade disciplinar dos pro-fessores e das direcções de escolas.

Segundo a Ministra da Educação, o es-tatuto do aluno actualmente em vigor é de2002, mas “ao fim de quatro anos de vi-gência revelou-se insuficiente para resol-ver os problemas disciplinares nas escolas,sobretudo devido à sua excessiva burocra-tização” ao nível de procedimentos.

Quando a nova lei entrar em vigor, aministra da Educação referiu que “amaior parte das medidas disciplinarespassa a ser aplicada com autonomia deavaliação e decisão por parte dos pro-fessores e órgãos de gestão da escola”.

O diploma prevê que “passa a ser daresponsabilidade dos conselhos executi-vos das escolas a decisão final sobre to-das as medidas disciplinares, com excep-ção das medidas de transferência ouexpulsão, cuja aplicação deverá envol-ver também as direcções regionais de

educação”. A proposta “obriga à toma-da de medidas correctivas preventivassempre que os alunos ultrapassem injus-tificadamente um terço do númerode faltas possíveis”.

“Haverá também uma maior frequên-cia da transmissão aos encarregados deeducação sobre as faltas injustificadasdadas pelos seus educandos” e, por ou-tro lado, “passará a existir uma obrigato-riedade de prestação de exame para osalunos que ultrapassem o limite das fal-tas injustificadas”, referiu a ministra daEducação.

De acordo com Maria de Lurdes Ro-drigues, o conjunto de medidas “visa pre-venir os efeitos das faltas injustificadas”.

“Pretendemos aumentar o envolvi-mento e a responsabilização dos encar-regados de educação nas matérias dis-ciplinares, designadamente ao nível dodever de assiduidade dos alunos”, frisou,dizendo que aumentará a frequência comque serão chamados à escola, “mas tam-bém no que respeita à aplicação de me-didas correctivas”.

Reforço do controlodas faltas dos alunos

NOVO ESTATUTO APROVADO PELO GOVERNO

Uma exposição sobre a crise aca-démica de 1969, inaugurada ontem (dia17), no Museu Académico, é um dospontos altos deste mês do programadas comemorações dos 120 anos daAssociação Académica de Coimbra(AAC), que decorre até Novembro.

Iniciados a 24 de Março, Dia do Es-tudante, os festejos dos 120 anos daAAC incluem o lançamento de umarevista comemorativa desta data his-tórica, que marcou o início da crise aca-démica de 1969, e a apresentação doscerca de 120 nomes que integram acomissão de honra das comemorações.

Para o dia em que se comemora o33º aniversário da “Revolução dos Cra-vos” estão previstas, entre outras ac-ções, um debate sobre “A Academiade Coimbra e o 25 de Abril” e um sa-rau de poemas e canções na Bibliote-ca Joanina da Universidade.

Entre 22 e 26 de Maio, os estudan-tes de Coimbra evocam o centenárioda primeira grande greve académica(em 1907), com exposições, colóquios,debates, lançamento de livros.

Os 120 anos

da AAC

Page 15: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

15DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007 SAÚDE

Massano

Cardoso

Hoje li um resumo sobre o papel dossuplementos vitamínicos que me fez re-cuar muitos anos e recordar o compor-tamento de um tio.

Antes de contar as suas histórias, con-vém afirmar que o uso de suplementosvitamínicos é um “perigo”, já que aumentaa mortalidade. A análise de 68 estudosclínicos, envolvendo mais de 250.000pessoas, demonstrou um risco acresci-do, nada despiciendo, ao ponto do autorconcluir pela total ausência de benefíci-os por parte dos suplementos. Claro queos produtores vieram a terreiro, afirman-do que as pessoas morrem mais, não porcausa das vitaminas, mas por serem maisdoentes. O autor do trabalho retorquiu,afirmando que setenta por cento erampessoas saudáveis. Aliás, esta técnicanão é nova. Recordo que a indústria dotabaco afirmou durante muito tempo(nem sei se ainda continua) que não ha-via provas científicas dos malefícios dotabaco, porque nunca tinha sido feito umestudo experimental sobre a matéria. Ouseja, obrigar pessoas a fumar versus não

“Ai que eu vou morrer!”fumadores, como se fosse uma experi-ência animal! De facto nunca foi reali-zado, nem será, como é óbvio.

Voltando ao meu tio, recordo uma pes-soa magra, com fácies esquálida, usan-do uns óculos com lentes rectangulares,e muito grossas, voz metálica e ar aris-tocrático. Quando ia a sua casa, em Lis-boa, tinha de ter maneiras, cuidado coma linguagem, sentar com aprumo à mesa,olhando ao redor para saber quando po-deria começar a comer. Duas coisas mechamavam sempre a atenção: o ritual deesmigalhar as pedrinhas de sal com afaca, colocando um montinho à frente dospratos, junto dos talheres de sobremesa,e, depois, com uma minúscula colher decafé, ia retirando pequenas quantidades,introduzindo-as na boca; e as cápsulas edrageias de várias cores, no lado direito,em fila indiana. À medida que comia,retirava uma, depois outra e ainda outrae outra. Não percebia bem aquilo tudo.

Mas à medida que ia crescendo co-mecei a verificar que só “sabia” falar dedoenças, perguntando se lá pela terrafulano ou sicrano ainda eram vivos. Opior é que eu não sabia quem eram astais pessoas, mas como insistia, de vezem quando dizia que achava que o ditotinha morrido. Era um tormento quandolhe dizia isso. Ficava em pulgas e muito

admirado dizendo: “O quê! O F. já mor-reu? Não me digas, ai que a seguir soueu!”. E zás, lá enfiava mais uma dra-geia. Acabei, com o tempo, e à medidaque ia crescendo, por verificar que setratava de um genuíno hipocondríaco comcrises de agorafobia. Tinha que aguen-tar, pachorrentamente, palestras sobre asvirtudes das suas vitaminas que “mama-va” a um ritmo avassalador com o ob-jectivo de prolongar a vida e evitar asdoenças.

Quando entrei para a Faculdade deMedicina é que as coisas se complica-ram, e logo no primeiro ano, pensandoque já dominava a ciência hipocrática,fazia perguntas e mais perguntas verda-deiramente embaraçadoras, ficando im-paciente com as minhas pobres e estúpi-das respostas. Lá ia fazendo das tripasconhecimentos compatíveis com o con-teúdo das mesmas! E engolia as respos-tas com uma sofreguidão semelhante àsmúltiplas e coloridas vitaminas. Então,quando cheguei ao quinto ano deveriapensar que eu era o mais ilustre e expe-rimentado médico deste mundo.

Com a mania de que deveria ter umaneurisma, levou-me, um dia em que tivede ir à capital, a passear pelos arredoresde Lisboa, num passeio que poderia tersido muito agradável, já que desconhe-

cia aquela zona. Para um agorafóbico,retirar o carro da garagem e fazer umaviagem destas é obra. Lembro-me doslugares por onde passei, dos quais des-taco Colares, Sintra e outras localidades.Durante todo o périplo, o “chato” do tiobombardeou-me com tantas e tantas per-guntas, às quais tinha que respondercomo se fosse um experimentado cirur-gião cardiotorácico.

Mas as vitaminas e as suas virtudesvinham sempre ao de cima, como se fossepanaceia para todos os males, e paraprovar lá ia retirando uma atrás de ou-tra, enfiando-as pela goela abaixo. A suafezada levou-o inclusive a obter uma re-presentação qualquer em que não falta-va a geleia real.

Se na altura soubesse destes efeitos,era capaz de lhe atormentar a paciênciadizendo: “Oh tio! Então não é que seconcluiu que os suplementos vitamínicosencurtam a vida?!”. Claro que dizer istono meio da serra não seria uma boa ideia.Estou mesmo a vê-lo, com ar meio es-gazeado, a travar bruscamente o carro,soltar o seu riso característico, e dizendo“Ai que eu vou morrer!!”. Por acaso ain-da viveu mais alguns anos, mas se sou-besse deste estudo era capaz de ter idomesmo mais cedo, “provando” que asvitaminas encurtam a existência...

Mais de metade dos doentes com de-pressão apresentam sintomas físicos,mas só em 10 por cento dos casos é queos médicos levam em consideração es-tes sintomas para diagnosticarem a do-ença, segundo um estudo divulgado on-tem (terça-feira).

Os dados deste estudo apresentadosexta-feira numa acção de formaçãocom jornalistas, mas com embargo dedivulgação até ontem, mostra que osmédicos se baseiam sobretudo nos sin-tomas emocionais para diagnosticar umadepressão, subvalorizando os físicos. Oestudo do psiquiatra João Miguel Perei-ra, do Hospital de Santa Maria, em Lis-boa, foi realizado entre 10 de Abril e 02de Junho de 2006 e consistiu num ques-tionário a 250 médicos - 150 clínicos ge-rais e 100 psiquiatras - com o objectivoanalisar o nível do conhecimento dosmédicos sobre a depressão e, especial-mente, a relevância dada aos sintomasfísicos da doença.

De acordo com este trabalho, apre-sentado ontem no Chile, num congressointernacional de Psiquiatria, o sintomamais comum para o diagnóstico da do-ença é a tristeza (em 76,4 por cento doscasos), seguido da perda de prazer (47,2por cento) e do sentimento de impotên-cia e culpa (41,6 por cento dos casos).

Entre os sintomas físicos mais preva-lecentes nos doentes com depressão des-tacam-se as dores de cabeça (4,19 porcento), seguidas das dores generalizadas(3,36 por cento), das lombares (2,64 porcento) e das abdominais (2,8 por cento).

Outro dado mostra que nos pacientesdiagnosticados, 47,43 por cento dos ca-sos apresentavam mais sintomas emoci-onais, 17,72 por cento mais sintomas fí-sicos e 34,84 por cento, ambos.

Apesar de 55,7 por cento dos doentesterem queixas físicas, estes só são con-siderados para o diagnóstico da doençaem 10 por cento dos casos, sendo maisvalorizados pelos médicos psiquiatras (13por cento) do que pelos clínicos gerais(8 por cento).

Contudo, o trabalho realizado pelo psi-quiatra João Miguel Pereira, em colabo-ração com mais três médicos, revela que83,2 por cento dos médicos acreditam quequando estão a tratar os sintomas emoci-onais estão também a resolver os físicos.

A maioria dos médicos inquiridos, 74,9por cento, concorda também que os seuspacientes atingirão a remissão da doen-ça se forem tratados ambos os sintomas,físicos e emocionais.

Ainda no que se relaciona com a des-trinça dos sintomas, 51,3 por cento dosmédicos não prescreve uma terapêutica

diferente por haver sintomas físicos, en-quanto 48,7 por cento o fazem.

No período em análise, para a execu-ção deste trabalho, uma média de 22,8por cento dos doentes que estavam a sertratados sofria de depressão, sendo que80,5 por cento apresentavam um diag-nóstico pré-existente e 19,5 por centoeram casos novos.

A maioria dos doentes, 43,1 por centoestava a ser seguido por psiquiatras e 13,5por cento por médicos de clínica geral.

Este estudo concluiu, tal como outros,que há mais casos de depressão diag-nosticados em mulheres do que em ho-mens - 69 por cento e 31 por cento, res-pectivamente.

Ainda na caracterização do perfil dosdoentes com depressão, este trabalhomostra que a classe etária entre os 30 eos 50 anos é onde se situa a maior partedos casos, 43,5 por cento

Sintomas físicos da depressão

subavaliados pela maioria dos médicos

Chocolate

mais eficaz

que os beijos

Comer chocolate estimula mais ocoração e a mente do que o acto debeijar, revela um estudo liderado peloneurofisiologista britânico DavidLewis, que monitorizou as reacçõesde 12 voluntários na faixa etária dos20 anos. Segundo um artigo anteon-tem citado pela imprensa britânica, oantigo investigador da Universidadede Sussex registou maior actividadeno cérebro e coração quando os vo-luntários consumiram chocolate pre-to do que ao beijar os seus parceirosromânticos.”Estes resultados surpre-enderam-nos e intrigaram-nos verda-deiramente”, referiu David Lewis,explicando que os valores referentesao coração eram esperados devidoàs substâncias altamente estimulan-tes do chocolate. ”Mas os poderososefeitos na mente foi algo que nenhumde nós antecipou”, concluiu Lewis,que actualmente dirige o organismode investigação privado “Mind Lab”.

O estudo indicou que quando ochocolate começa a derreter na boca,todas as regiões do cérebro recebemum estímulo muito mais intenso e lon-go do que o registado durante o beijo.

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16 DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007CULTURA

José

d’Encarnação

João Lourenço Roque, professor ca-tedrático de História da Universidade deCoimbra, publicou nos últimos três anostrês finos livros de poemas, na editoraPalimage, de Viseu: Prisma Só do Olhar

(Junho 2004), O Eco da Voz (Maio 2005),Margem Inquieta (Dezembro 2006).

De meia centena de páginas cada,nem isso, eloquente capa sugestiva a re-produzir um quadro abstracto, assumem-se, aparentemente, de leitura rápida efugaz. Não são. Nem o podem ser. Quepoucas linhas gravadas em página bran-ca guardam – sempre! – grito, dor, pai-xão, sentinela aguenta, veículo denso deemoções contidas, a colher-nos na inti-midade, a desvendar intimidades, a enle-ar-nos nas caprichosas teias da efeme-ridade da vida...

Amores vividos, amores rasgados…Em Prisma Só do Olhar, por exem-

plo, a paisagem de Pedro Calapez é con-vite a mergulhar em mundos feitos deluz e de sombra, mistério… Na 44ª pági-na, a última, «Se tu soubesses / tantas

Três livros para um Autor

feridas abertas / esta ferida que dói» – eo Poeta dobra-se sobre si mesmo e nósdobramo-nos com ele, na impossibilida-de de lhe sararmos as feridas, pois na«velha casa» as janelas estão «fechadassobre o passado» e se há «rosas bran-cas» e «velas acesas», a alma está «do-rida» e as muralhas o que sugerem é…

silêncio (p. 39). Houve ‘«amor no meiodas vinhas» (p. 10), sim, com «bagos desol nos seios desprendidos»… mas essaenorme volúpia é capaz de apenas ser«trovas de um amor ausente».

Vive de silêncios O Eco da Voz, o«silêncio das palavras adiadas».

A capa de Margem Inquieta vive, por

seu turno, do negro e dos cinzentos, numemaranhado de riscos, onde te procurase vagueias: «só veredas atalhos na mi-nha alma / à espera de um conto de na-tal» (p. 20).

Palavras doridas, sem dúvida – que ador traz a redenção!

Poemas para meditar.

Exposição de pintura

de Helena Cardoso

NA ESCOLA SECUNDÁRIA JOSÉ FALCÃO

Helena Cardoso (ao centro) com colegas, na inauguração da mostra

Foi inaugurada há dias, no átrio daEscola Secundária de José Falcão, emCoimbra, uma exposição de pintura deMaria Helena Cardoso, a convite daAssociação dos Antigos Alunos, Profes-sores e Funcionários daquele estabele-cimento de ensino.

O conjunto das obras, com caracte-rísticas diversas, foi uma bela surpresapara quem não conhecia ainda os traba-lhos artísticos de Helena Cardoso.

Professora aposentada de Biologia /Geologia, Helena Cardoso sentiu-se “fas-cinada pelo jogo das cores desde os tem-pos de meninice”.

Usando lápis, aguarelas, guaches eoutras tintas, foi produzindo trabalhos di-versificados, cuja elaboração constituía“um entretenimento de pleno prazer e umdesafio permanente à criatividade”.

A pintuta a óleo surgiu mais recentemen-te, e embora autodidacta, aperfeiçoou a suatécnica com a pintora Jacqueline Moys.

Segundo afirma, a sua pintura “pre-tende ser uma homenagem à Natureza,nas suas cores, nas suas formas e na sualuminosidade”.

Depois de uma exposição colectiva,esta é a segunda mostra individual, es-perando-se que outras se sigam.

A Albuquerque e Lima mantém, du-rante o corrente mês de Abril, na suaGaleria de Exposições Temporárias,(situada na ua. Gil Vicente, nº 86 A,em Coimbra), uma exposição colec-tiva de alguns dos seus artistas resi-dentes e de colaboradores habituais(nomeadamente pintura de A. Mame-

de, Ânia Cinara e Marina Ribeiro).Esta mostra pode ser visitada de

segunda a quinta-feira, da parte damanhã, entre as 10h30 e as 13 horase, da parte da tarde entre as 15h30 eas 20 horas. Aos sábados e domin-gos a referida exposição está abertaao público entre as 15 e as 20 horas.

Pintura na GaleriaAlbuquerque e Lima

A Associação Comercial e In-dustrial de Coimbra, em parceriacom a Escola Universitária de Ar-tes de Coimbra, realiza o Show

Windows 2007, Concurso de Mon-tras em que participam estabeleci-mentos do comércio independenteda Cidade. Grupos de alunos daEUAC, supervisionados por desig-ners / vitrinistas seniores são osresponsáveis por tornarem mais

ACIC E EUAC PROMOVEM

CONCURSO DE MONTRAS EM COIMBRA

Show Windows 2007apelativa a montra dos estabele-cimentos comerciais.

Esta acção inicia-se hoje (quar-ta-feira, dia 18 de Abril), com umWorkshop na ACIC, às 14h00 e naquinta-feira é realizada a execu-ção de montras.

Os projectistas das montras aconcurso são avaliados por um júricomposto pelas instituições par-ceiras neste projecto.

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17DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007 CULTURA

Renato de Santa Clara

Pensavam os eruditos e literatos deCamilo, que a sua vida amorosa estavaescrita e era um livro aberto. Existemmesmo publicações e estudos aprofun-dados sobre o tema “As Mulheres naVida de Camilo”. Pois enganaram-serotundamente!... O génio de Camilo e asua vida amorosa, estão ainda envoltosem mistérios, com facetas que merecemser estudadas e aprofundadas pelos seuscultores e estudiosos.

Vem isto a propósito de um recenteestudo, dado à estampa, que envolvedois Famalicenses – os Drs. Sebastiãode Carvalho, Advogado, Poeta e ho-mem das letras já falecido; e seu so-brinho-neto Nuno Fonseca de Carva-lho, também Advogado em V. N. de Fa-malicão. O trabalho de investigação epesquisa pertence a Manuel TavaresTeles, um portuense ferrenho, bibliófi-lo e apaixonado pela vida e obra deCamilo, que nos traz a lume o resulta-do de cerca de cinco anos de investi-gações intensas sobre “OS MANUS-CRITOS GERTRUDES – …diárioíntimo e cartas de amor de Gertru-des da Costa Lobo a Camilo CasteloBranco”, da editora Guerra & Paz,apresentado em Lisboa em 30 de Ja-neiro último. O espólio em causa este-ve em estudos intensos, por Jesuítas eespecialistas camilianos (Centro de Es-tudos Camilianos, Direcção da Casa deCamilo em V.N.F. e não só), durantecerca de 35 anos, mas vicissitudes vá-rias não permitiram que viessem a lumeas suas conclusões, em tempo consi-derado razoável. Por ser de interessehistórico para cultura e literatura Por-tuguesa, deste vulto da nossa Literatu-ra, passo a transcrever partes da suaIntrodução, que explica o contextogeral deste “mistério”, e documentos,neste estudo aprofundado, a que serecomenda vivamente uma leitura aten-ta das suas quase 400 páginas. Nelese faz uma análise cuidada de um pen-sar feminino culto e erudito, pela penade uma ilustre Portuense que na se-gunda metade do Séc. XIX se apaixo-nou vivamente pelo nosso Camilo, aquem dedica este diário e estas cartasde amor, tudo no mais secreto “misté-rio” de envolvência sentimental. A qua-lidade dos seus escritos é de tal formaapurada, que o próprio Camilo lhe apro-veitou partes substanciais para o seuromance Memória de GuilhermeAmaral. Mais misterioso ainda, é ofacto de Camilo ter mantido estes do-cumentos totalmente escondidos num“falso” junto à sua cama e totalmenteocultos do conhecimento de Ana Plá-cido, durante os muitos anos que viveuem Ceide. Vamos dar a palavra ao

Autor do trabalho:...........

Num exemplar de O Primeiro de Ja-neiro de 17 de Março de 1925 – Comoatracção principal, com direito a cha-mada na primeira página, apresenta-va um extenso artigo assinado Sebas-tião de Carvalho, nome que me nãoera inteiramente desconhecido por fi-gurar no cabeçalho da Nova Alvora-da, revista de Famalicão…

No corpo do artigo, inti-tulado As amorosas deCamilo, o autor dava notada existência de um conjun-to de manuscritos inéditosque possuía, consistindo emcartas de amor e num diá-rio íntimo feminino, come-çando por lhes esclarecer aproveniência para depois osdescrever e comentar, rela-cionando-os com um “mis-tério amoroso” que teriaenvolvido uma inominadamulher e Camilo CasteloBranco. Após evocar a“casa de S. Miguel de Cei-de onde Camilo e D. AnaPlácido se refugiaram de-pois da morte de PinheiroAlves”, Sebastião de Car-valho revelava:

No segundo andar,num “falso” que existiajunto ao leito de Camilo,no seu quarto de cama,entre poeirentos objectos,mutilados e inúteis, foramencontrados depois damorte de Ana Plácido,embrulhados num papelpardo, um diário amoro-so e alguns fragmentosde cartas dirigidas a Ca-milo, que para ali haviam sido atira-dos. Os cadernos desse diário de pai-xão estiveram na mão de Camilo queos ordenou com alíneas a), b), c), etc.e onde ele deixou, firmado pelo seupróprio punho, o traço que nos reve-la o mistério amoroso que o envolveude 1850 a 1857.

Apesar de o coleccionador as não re-ferir, facilmente se adivinham as circuns-tâncias que levaram estes papéis a via-jar desde o “falso” na parede do quartoonde Camilo dormira, até ao santuárioda sua biblioteca. As conhecidas dificul-dades de subsistência dos descendentesdo Romancista levaram o filho mais novo,Nuno Castelo Branco, e, após a suamorte, Rosa Correia, a mãe dos seus fi-lhos, a vender a amadores camilianos –numerosa e agressiva tribo de predado-

res que não deixaria de crescer até 1925–, livros e manuscritos, mobiliário, recor-dações e objectos pessoais; ora, se le-varmos em conta que Sebastião de Car-valho, quando jovem advogado recém-formado, em 1895, fazia imprimir a NovaAlvorada na Tipografia Minerva, a mes-ma onde O Leme de Nuno CasteloBranco era composto, e que, em 1913,já em mais madura idade, colaborou nasegunda série deste periódico quando eleera dirigido por dois netos de Camilo,

verificamos que se encontrou, duranteum longo período, em contacto próximocom a família de Ceide, o que lhe terápermitido adquirir as peças que sobre-modo o seduzissem e, dado o seu perfilde literato, não surpreende que a esco-lha tenha privilegiado os manuscritos.

É razoável supor que Sebastião deCarvalho tenha acalentado o projecto depublicação de um texto mais ambiciosodo que este que escreveu para O Pri-meiro de Janeiro…

Sebastião de Carvalho terá adquiridoos manuscritos entre 1895, ano em queforam encontrados no “falso” que des-creve, e 1913, pois data de 31 de Maiodeste ano, um pequeno artigo, de títuloO último romântico, que publicou nasegunda série d`O Leme, no qual faz trêscurtas citações do diário. Já, em Junhode 1909, publicara n`O Primeiro de Ja-

neiro, umas notas, citando textos queconstam na sua colecção, mas nada in-cluindo do diário e da correspondênciade Gertrudes da Costa Lobo.

...........

Assim condicionado, Sebastião deCarvalho quase se limitou a transcreveros trechos de Camilo citados nas cartase no “diário de paixão”, entremeando-oscom a prosa feminina que os enquadra-va e lhes fornecia o contexto, e, mesmo

nos escasso comentários quese permitiu, não se aventuroua grandes especulações, pro-curando apenas sugerir a re-lação que lhe pareceu existirentre Ana Plácido, que acre-ditava ser a autora do diário edas cartas, e Augusta, a pro-tagonista do romance de Ca-milo Onde está a felicida-de? que seria uma ficciona-da transposição dela. No en-tanto, e apesar da parcimóniadescritiva do autor, o artigo ésuficientemente sugestivo parapermitir imaginar que os ma-nuscritos que o motivaram po-deriam ser não só interessan-tíssimos em si mesmos, masaté reveladores de episódiosignorados pelos biógrafos ca-milianos, episódios centrais, aconfirmar-se a atribuição daautoria a Ana Plácido.

Em certo passo, ao afirmarque as “cartas eram assinadascom o suposto e feio nome –Gertrudes”, Sebastião deCarvalho trouxe-me à memó-ria o inventário de um espólioonde este nome de mulher eracitado, texto que, recordava eu,me despertara uma intensa cu-riosidade quando, alguns anosantes o lera nas páginas do

Boletim da Casa de Camilo. Efecti-vamente lá fui reencontrar, no númerode Dezembro de 1983, o artigo em cau-sa, de título Um importante espólio ca-miliano, no qual o padre Manuel Simões,director do periódico, nos descreve a vas-ta e variada colecção que Sebastião deCarvalho conservou, conjunto que incluíanão só os documentos que tinham moti-vado o artigo d`O Primeiro de Janei-ro, mas muitos outros, entre os quaispoesias autografas de Camilo, lista decitações compiladas por Ana Plácido,desenhos de Jorge Camilo, o filho loucodo casal, pequenos recitativos em versode Nuno, folhas garatujadas com frasesavulsas, enfim… o género de coisas quese esperaria encontrar espalhadas pelasgavetas da casa de Camilo.

(Continua na próxima edição)

“Revolução” na vida amorosade Camilo Castelo Branco. Novos amores!... (I)

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18 DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007CULTURA

Foi há dias apresentado, na sede doClube da Comunicação Social de Coim-bra, o livro do nosso colaborador VarelaPècurto, intitulado “Ervedal”.

Como noticiámos em anterior edição,trata-se de uma luxuosa publicação so-bre aquela freguesia alentejana ondeVarela Pècurto nasceu

Recorde-se que o lançamento da obradecorreu recentemente no Ervedal, nasede da Fundação-Arquivo Paes Teles,e nela estiveram presentes diversas in-dividualidades (como oportunamente re-ferimos)

Entre elas o Presidente da Càmara deAvis, Manuel Libério Coelho e o Presi-dente da Junta de Freguesia de Ervedal,Paulo Guedes Freixo.De salientar que aolivro foi reconhecida tanta qualidade, queVarela Pècurto foi considerado como “OAutor do Mês” pela Biblioteca Munici-pal de Avis..

Desta feita a apresentação realizou--se em Coimbra, e a ela compareceramtambém dezenas de pessoas, entre asquais o representante do GovernadorCivil de Coimbra, o Presidente da Re-gião de Turismo do Centro, o Vereadorda Cultura da Câmara Municipal de Co-imbra e os Presidentes das Juntas deFreguesia de Santa Cruz, de Santa Cla-ra e de S. Bartolomeu.

Quando deixei a localidade onde nas-ci era tão criança que a mudança nãome afectou. Pelo contrário, porque mi-nha irmã já estava em Évora e a minhapartida enchia-me de satisfação: regres-sava à sua companhia.

Os anos passaram e eis que duro gol-pe me atinge, ao perdê-la para sempre.

A partir dessa data trágica as recor-dações dos poucos anos que passámosem Ervedal do Alto Alentejo começarama ocupar o meu pensamento.

Fiz então algumas viagens à minha terranatal e com o correr do tempo os apelos aessas deslocações foram sendo mais for-tes – e a tal ponto que germinou em mima ideia de oferecer algo a Ervedal.

Com fracas disponibilidades financei-ras, o mais lógico seria recorrer à mi-nha profissão – e foi isso que decidi.Comecei a fotografar o que me agra-

Varela Pècurto

Sonho realizado

dava, mesmo sem ter ainda um planobem definido.

Muito mais tarde concluí que a opçãoque tomei tinha sido a mais adequada.Possuía agora uma razoável colecção dastradições locais, panorâmicas e registos

dos trabalhos locais, alguns hoje ultrapas-sados e substituídos por novas técnicas.

O aproveitamento deste espólio sópodia ter uma aplicação: ser reunido emlivro, com texto relacionado com as gra-vuras, juntando informações que alguns

conhecem, mas estão dispersas. Nistotive apoio da Junta de Freguesia.

Para deixar a obra mais actualizada,ante a impossibilidade actual de me des-locar de casa por tempo dilatado, recorria familiares e a outros amadores de fo-tografia.

Já publiquei antes o livro “Penacova”,que me valeu alguma experiência e, maisdo que tudo, a alegria por ter criado algoque se pode partilhar.

Com o livro “Ervedal” a alegria dapartilha repetiu-se.

Porém, durante as pesquisas queefectuei na Biblioteca Geral da Univer-sidade de Coimbra, fui tomado por gran-de emoção ao ler, pela primeira vez, onome de Ervedal em documentos anti-quíssimos.

A emoção que então senti, tão ines-perada como autêntica, essa é só minha;não a reparto porque resultou de um so-nho meu, que realizei.

Este livro é o primeiro que se publicatendo Ervedal como tema.

APRESENTADO NO CLUBE DA COMUNICAÇÃO SOCIAL DE COIMBRA

Livro de Varela Pècurto foi pretexto

para homenagem ao autor

Depois do Presidente do Clube da Co-municação Social de Coimbra, Braga daCruz, ter saudado o Autor e todos os pre-sentes, tomou a palavra o Vereador Má-rio Nunes, para uma detalhada apresen-tação da obra, que elogiou de forma ca-lorosa. Sublinhou, nomeadamente, queVarela Pècurto confirmava, naquele li-

vro, as suas raras qualidades como fotó-grafo, mas revelava também ser um in-vestigador muito empenhado, redigindoum texto de invulgar valia, quer em ter-mos históricos, quer no aspecto literário,conseguindo uma obra de grande belezaestética e de muita importância para adivulgação de Ervedal.

Usaram também da palavra o Presi-dente da Junta de Freguesia de SantaCruz, o Presidente da Região de Turis-mo do Centro, Pedro Machado, e o re-presentante do Governador Civil, JorgeCosme, todos eles tecendo rasgados elo-gios a Varela Pècurto, que consideraramcomo um fotógrafo de elevadíssima cra-veira, que muito prestigiava a terra ondenasceu, mas também a cidade de Coim-bra, onde vive há mais de meio século, aRegião Centro e o próprio País.

Varela Pècurto agradeceu, emociona-do, as intervenções elogiosas, historian-do depois as origens da obra e as dificul-dades que teve de vencer para a levar abom termo, mas também o prazer e ahonra que sentiu por ter conseguido, as-sim, concretizar um sonho antigo (leia--se, a propósito, o texto de sua autoriaque abaixo se publica).

No decorrer da cerimónia, o dirigentedo Clube Américo Santos entregou aVarela Pècurto um valioso conjunto deobras jurídicas que pertenceram a Antu-nes Varela (que foi Ministro da Justiça eque era também natural de Ervedal),numa oferta pessoal que vai enriquecero espólio da Biblioteca da Fundação-Ar-quivo Paes Teles.

Houve ainda lugar para declamaçãode poemas e confraternização.

O Vereador da Cultura, Varela Pècurto, o representante do Governador Civil de

Coimbra, o Presidente da Região de Turismo do Centro e o Presidente da Junta

de Freguesia de Santa Cruz

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19DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007 TELEVISÃO

PÚBLICA FRACÇÃO

Francisco Amaral

[email protected]

Não foi pela televisão, mas sim pelarádio, que a Revolução começou.

Mas se as senhas e o comunicadodo Movimento das Forças Armadas(MFA) foram transmitidos pela rádio(Emissores Associados de Lisboa e

Rádio Renascença), foi a televisãoque deu ao País a certeza da vitóriado movimento.

Os estúdios da RTP em Lisboa fo-

ram tomados pelas forças revoltosasàs 3 da manhã do dia 25 de Abril. Maso governo de Marcelo Caetano sabiaque se a RTP passasse a emitir sob ocontrolo do MFA, rapidamente a po-pulação acreditaria que a sua quedaera irreversível. Assim, tentou desvi-ar a emissão para o Porto e controlaros emissores que, persistentemente,nada de novo emitiam.

Estava assim o País meio infor-mado pela rádio dos acontecimentosem Lisboa e, confusos, todos os quenão viviam na capital iam sabendonovidades através de telefonemasde familiares e amigos. A televisãoera pois o meio de comunicação quefaltava para legitimar a informaçãoque corria: um golpe militar derru-

O telejornal da Revoluçãobara a ditadura.

Com a revolução em curso, o paísansiava por saber o que se passavaao certo. Muitos milhares ligaram osseus televisores, mas nada havia paraver que os satisfizesse. É que, esque-cidamente, o controlo sobre o emis-sor de Monsanto havia escapado àstropas do MFA, e sem emissor... nadafeito.

Enquanto na RTP se tentava sabero que se passava em Monsanto, ecomo actuar, era notório que esta si-tuação não tinha sido conveniente-mente pensada. Se assim fosse, a RTPpoderia ter estado “no ar” muito an-

tes. Bastaria, para isso, que o Portoutilizasse os retransmissores de todoo país. Assim, pelas 12h e 45m, quan-do se quis pôr o noticiário do MFA “noar”, tal não aconteceu, como aliás jáse esperava. É que não havia manei-ra de Monsanto difundir a emissão.Assim, o que foi para o ar foi uma

notícia difundida a partir dos estúdiosdo Porto, a indicar uma edição do “Te-lejornal2” para as 13h e 45.

A emissão da “Hora do Almoço”,que era para arrancar, falhou. Em vezdo que era esperado, tudo começoucom 5 minutos de écran a negro, de-

pois uma mira técnica e seguidamen-te um filme-interlúdio; seguiram-sedois episódios de séries da época,“Judy em Perigo” e “Daktari”, e quan-do se aguardava o “Telejornal” veio a

série “Viver no Campo”. Depois, bom,depois vieram diapositivos com belasvistas da cidade do Porto... Durantetodo o início da tarde se procuraramresolver os problemas, mas seria sódepois das 18h que a situação se nor-malizaria.

Nos estúdios da RTP corria o ru-mor de que os pára-quedistas iriam serlargados sobre Monsanto e receava-se pelo que pudesse então suceder,quer aos colegas de trabalho quer aomaterial técnico. Assim, um apelo foiemitido do Lumiar para Monsanto, emtom dramático. Então, enfrentandoalguns riscos, os operadores em Mon-santo surpreenderam uma distracçãodo controlador que havia retirado e es-condido uma válvula, e os circuitos foramfinalmente comutados para o Lumiar.Eram 17h e 54m quando o sinal dos estú-dios de Lisboa entrou “no ar”.

Foi pelas 18h e 41m. que a mira debarras saiu do “ar”, “entrou” o reló-gio da Omega e então, finalmente, o“Telejornal”. Fialho Gouveia e Fernan-do Balsinha leram os comunicados doMFA, enfatizando os apelos à sereni-dade de todos e a disponibilidade dosmédicos.

Às 21h. e 30m. já se haviam pas-sado os momentos de maior tensão ea emissão que foi para o “ar” do “Te-lejornal” mostrou um Fialho Gouveiae um Fernando Balsinha como nuncavistos.

Do formalismo do fato e gravata se-guido até à véspera, surgiram nos

Fernando Balsinha

Fialho Gouveia

Junta de Salvação Nacional: Rosa

Coutinho, Pinheiro de Azevedo, Costa

Gomes, António de Spínola, Silvério

Marques e Galvão de Melo

Estúdio de onde foram divulgadas

as primeiras imagens da Junta

de Salvação Nacional

écrans dois jornalistas em mangas decamisa, absorvidos por aquele mo-mento único de informar algo que porcerto sentiam iria ficar na História dePortugal. Até na realização as coisasmudavam, com planos que mostravamtodo o estúdio, com câmaras e tudo -algo nunca antes visto.

Pode parecer bizarro dar-se impor-tância a este facto, mas a enorme di-ferença do ambiente em que decor-reu aquele Telejornal (e boa parte dainformação, durante algum tempo, dalipara a frente), foi, de facto, o sinalirrefutável de que muita coisa estavaem mudança. Fialho Gouveia chegoumesmo a aparecer de cigarro na mãoenquanto lia as notícias. O especta-dor sentia que a informação estava empermanente actualização e a emissãoda RTP passou a rolar numa espéciede antena aberta, algo impossível atéaquele momento.

Quando, já a noite ia avançada, à

01h23, a então chamada Junta de Sal-vação Nacional foi apresentada nosécrans, é de forma hábil que a reali-zação actua. Ao rever essas imagens,surpreende o efeito de surpresa que orealizador utiliza. Em directo, com avoz de José Fialho Gouveia em off, acâmara vai mostrando um a um os mi-litares que compõem a Junta. Os pla-nos individuais são médios e o planode conjunto fixa-se apenas quando oGeneral Spínola acaba de ler uma pro-clamação ao País.

Naquele momento sabia-se muitopouco do que iria acontecer. Não foipreciso esperar muito. A televisão iriamostrar, dali para a frente, uma reali-dade em constante mudança, sendoela própria um factor e reflexo dessamudança.

Depois do écrã a negro, a mira

técnica... e a ansiedade de quem

estava nos estúdios, semelhante

à dos telespectadores que aguardavam

por imagens dos acontecimentos

Após a incerteza, o ritmo frenético

dos acontecimentos e da forma de

os relatar ao público telespectador

Page 20: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

20 DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007

Um passeio junto ao mar é sempreagradável. Quando o dia é de Sol, o Cal-çadão da Figueira da Foz enche-se degente a fazer desporto, a passear ou sim-plesmente a desfrutar o local.

Num destes domingos, os presentestiveram a oportunidade de fazer uma vi-agem no tempo. O senhor Alberto, com73 anos, montou a sua centenária má-quina fotográfica, bem diferente daque-la que eu utilizei para fazer esta crónica.Com um apelativo cavalinho, que fazparte integrante do cenário, as criançasque iam passando desejavam logo agar-rar-se aquela simpática figura de madei-ra. É uma imagem recorrente para o Sr.Alberto, que abraçou esta arte há 60anos. Por isso, além de fotógrafo é tam-bém o mecânico desta obra de arte, dasua relíquia.

Foram muitos os que passaram, masforam poucos os que tiraram a fotogra-

Viagem ao passado

José Soares

fia a preto-e-branco, envolta num já gastocoração ou num outro tema. Tudo de-pendia do cliente, que pagava oito eurospor foto. Quem tirasse duas, então “só”pagava seis euros por cada uma.

Numa altura em que cada vez maissomos absorvidos pelas novas tecnolo-gias, é agradável ver ao vivo como setrabalhava antigamente. É curioso, nemque seja em termos históricos.

Ainda continuando o estudo doaproveitamento dos selos de D. Luíscom sobrecarga “1893 PROVISÓ-RIO”, foram sobrecarregados 30000 selos de 5 reis preto, 28 000 de10 reis verde, 38 872 selos de 20 reisrosa, 28 000 de 25 reis lilás, 30 000de 52 reis azul e 28 000 selos de 80reis laranja.

Para este ultimo aproveitamentoe tendo em vista as taxas mais ne-cessárias, além da sobretaxa “1893PROVISÓRIO” foram sobretaxa-dos 28.000 selos com 20 reis sobre25 reis lilás, 28 000 selos com 50 reissobre 80 reis amarelo laranja e 28000 selos com 75 reis sobre 80 reisamarelo laranja.

A emissão de sobrecargas “PRO-VISÓRIO” que era destinada a cir-cular nos anos de 1892 e 1893, foipor decreto, autorizada a circular atéDezembro de 1894.

(In: Selos de Portugal álbum I deCarlos Kullberg)

O exemplar abaixo representado,não é da minha colecção. Possui umerro.

1892-1893– Selosde 1871 a 1887com sobrecarga“PROVISÓRIO”

O erro na Filatelia será um temaa tratar nesta rubrica – talvez nopróximo número – uma vez que aimagem aqui mencionada, me fazparar com o seguimento das emis-sões do Catálogo de Selos PostaisPortugueses e focar este aspectoimportante da História da Filatelia.

Se o Leitor atento observar bemesta imagem, verá que a palavra“PROVISÓRIO” está ligeiramen-te desfocada…

(continua)

João Paulo

Simões

FILATELICAMENTE

CULTURA

“João Chagas e Veiga Simões, doissímbolos da diplomacia portuguesa” foio tema abordado por Noémia MalvaNovais e Lina Alves Madeira, em ses-são que decorreu na Livraria Bertrand(“Dolce Vita”), em parceria com a Li-vraria Minerva.

As palestrantes aludiram às corren-tes contrárias surgidas quando se deci-dia se Portugal devia ou não participarna I Guerra Mundial, com os belicistas asustentarem que em causa estava a so-brevivência da Nação, o reforço do pres-tígio internacional da República, a ame-aça espanhola e a defesa do patrimóniocolonial português – há muito ameaça-do, especialmente, pela avidez da Ingla-terra e da Alemanha. Segundo as inves-tigadoras, João Chagas assumiu-se comoum dos defensores mais radicais da par-ticipação portuguesa na Guerra, pelo que,no momento da partilha dos benefíciosentre os participantes no conflito, sobre-vive, através dele, a memória de um Por-tugal injustiçado, porém, em certa medi-da, co-responsável por essa injustiça.

Mais tarde, Veiga Simões, foi obser-vador atento do que se passava na Ale-manha, tendo deixado um conjunto denarrações e reflexões polémicas ou iró-nicas sobre os grandes acontecimentospolíticos, militares e diplomáticos daque-le país, que só um homem com algumafastamento conseguiria escrever. Au-tor de uma reflexão crítica em relação

Palestra evocaJoão Chagas e Veiga Simões

DOIS SÍMBOLOS DA DIPLOMACIA PORTUGUESA

ao nazismo absolutamente notável, Vei-ga Simões percebeu toda a lógica donazismo, assistiu à sua evolução e àstransformações sociais e políticas que oacompanharam, relatando-as semprecom um notável cuidado diplomático.

Noémia Malva Novais é autora do li-vro “João Chagas. A diplomacia e a Guer-ra”, das Edições MinervaCoimbra, no qualaborda a problemática da participação dePortugal na Guerra que assolou a Europaentre 1914 e 1918, bem como na Confe-rência da Paz que, entre Janeiro e Junhode 1919, decorreu em Paris. Orientadopela acção de João Chagas, ao tempo di-plomata em Paris, o leitor é conduzido pelo

curso da História Contemporânea de Por-tugal, da Europa e do Mundo, como seassistisse ao filme dos acontecimentosmais marcantes da época.

Lina Alves Madeira é autora do livro”Correspondência de um diplomata noIII Reich. Veiga Simões: ministro acre-ditado em Berlim de 1933 a 1940” quereproduz uma série seleccionada de car-tas diplomáticas, escritas por Veiga Si-mões entre 5 de Setembro de 1933 e 16de Maio de 1939, aos sucessivos minis-tros dos Negócios Estrangeiros – JoséCaeiro da Mata, Armindo Monteiro e aopróprio Salazar, que interinamente assu-miu o cargo.

Lina Alves Madeira, Isabel Garcia e Noémia Malva Novais

Page 21: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

21DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007 OPINIÃO

Renato Ávila

Com pompa e circunstância, o SenhorPrimeiro-Ministro anunciou no Parlamen-to que o défice ficaria em três ponto três,tudo levando a crer que, já no próximoano, não seria ultrapassada a fasquiaimposta pela União Europeia. Um hino àsua excelsa governação!

Sócrates estava feliz. Sobranceiro. Asreformas estarão a ser um sucesso.

Nós, humildes e anónimos cidadãos,perguntamos: – Por que preço?

Já não falamos do que é descontado amais no nosso vencimento, das demasi-as que temos de pagar na bomba da ga-solina e nas contas da água e da energia,nos títulos de transporte...

Falamos, isso sim, do elevado preço que,pelas portas da educação, da saúde, dajustiça, e não só, nos estará a ser cobra-do. Não propriamente o preço financeiromas o da supressão de bens e serviçosfundamentais no desenvolvimento, segu-rança e qualidade de vida dos cidadãos,especialmente os mais isolados e despro-tegidos. O preço da desertificação.

O que se está a passar nas redes es-colar, de cuidados de saúde, consular, dos

Por que preço?tribunais... revela uma gritante falta desensibilidade e de respeito para com aspopulações mais desfavorecidas.

A orçamentista concepção de serviçopúblico, elevada ao expoente máximo,parece ter ultrapassado as fronteiras doque se entenderia por justo e razoável.O frenético e desavisado encerramentode escolas, maternidades, serviços mé-dicos de apoio permanente, de consula-dos..., o que se promete para os tribu-nais, sem atender a situações particula-res de afastamento e isolamento, vemtornando cada vez mais difícil a vida dosportugueses do interior, dos meios ruraise além fronteiras.

O serviço público não pode medir-seem economicistas relações per capita epor outros mimos estatísticos, mas naprevenção estratégica das melhores res-postas às necessidades básicas dos ci-dadãos. O que vimos constatando apre-senta-se claramente como puro negóciode números.

Sabemos bem que não é possível terum médico a cada esquina, uma escolaem cada casal, uma maternidade e umtribunal em cada concelho, um consula-do em cada cidade. Mas também conhe-cemos bem de perto as dores e os peri-gos de vida que se passam na distância,

dos que nascem e morrem pelo cami-nho, das horas que se gastam nos trans-portes e nas congestionadas urgênciasdos hospitais e em outros serviços; quãoviolento é obrigar uma criança a levan-tar-se manhã cerrada para, desconfor-tavelmente, deslocar-se a estranha es-cola a dezenas de quilómetros e só re-gressar ao fim da tarde.

Estamos absolutamente convencidosde que, se os senhores governantes edemais políticos da nossa praça tivessemexperimentado tamanhos receios e agru-ras e tamanho desconforto, não teriamido tão longe.

Três dúzias de SAP’s só no centro dopaís! É obra!

O estado avassaladoramente liberalque esta maioria está a caucionar pare-ce não ter limites. Nem sequer os limitesfronteiriços na assistência médica. Nemsequer os limites de projecção e dignida-de nacional na politica consular. Nem oslimites da democracia e eficiência da jus-tiça. Nem os limites do decoro na entre-ga do terreno e da função pública assis-tencial à iniciativa privada.

É este o preço. O preço de tantas eestranhas “perfomances”. O duro preçoque temos de pagar.

Preço tanto mais oneroso e revoltan-

te quando o Tribunal de Contas denun-cia o escandaloso regabofe de algumasautarquias em sumptuosos gastos e pró-digos expedientes de criação de empre-sas propiciadoras de principescas remu-nerações e desaforadas mordomias.

Preço tanto mais injusto quando omesmo Tribunal dá conta das estranhasnomeações e desproporcionados proven-tos de duvidosa gente que inunda aschancelarias e os dinheiros que nelas seesfumam sem uma cabal explicação con-tabilística.

Dá-nos a impressão de que existemsectores da sociedade, do próprio esta-do, que este libertou do ónus que todosestamos a suportar, tal a insolência daostentação. Dá-nos a impressão de queos digníssimos eleitos do povo dele seesqueceram quando se colocam à mar-gem de tais abusos e ao sancionam como voto ou com o silêncio a injusta friezadas medidas.

Quando o Chefe do Governo se van-gloriava na AR da extraordinária apro-ximação dos três por cento, não houveum, um só deputado, que tivesse a hom-bridade e a coragem de, ao menos,questionar:

– Por que preço?Eles lá sabem porquê!...

Ao apresentar, no passado mês de Fe-vereiro, a nova estratégia de segurança esaúde no trabalho (SST)1, a ComissãoEuropeia congratulou-se com os bons re-sultados obtidos nos últimos anos no com-bate aos acidentes e doenças profissio-nais e aponta novas perspectivas paramelhorar a protecção da saúde e segu-rança dos trabalhadores europeus propon-do para o futuro, até 2012, uma reduçãode 25% dos acidentes por 100.000 traba-lhadores ao nível dos 27 Estados.

Com efeito, de 2002 a 2004 os aci-dentes de trabalho mortais diminuíram17%, enquanto que os acidentes que de-ram origem a baixa de mais de três diasdiminuíram 24%. Sobre as doenças pro-

ACIDENTES DE TRABALHO

Comissão Europeia reconhece bonsresultados e aponta novas metas

Cerca de 28% dos trabalhadores

europeus declaram sofrer

de problemas de saúde causados

ou agravados pelo trabalho; em

média 35% dos trabalhadores

pensam que o trabalho coloca

em risco a sua saúde.

A Comissão Europeia pretende

reduzir os acidentes de trabalho

em 25% até 2012, após os bons

resultados dos últimos anos.

fissionais o documento não fornece qual-quer informação estatística.

Todavia, a Comissão avisa que, apesardestes progressos, “numerosos trabalha-dores europeus continuam a pensar que asua saúde e segurança serão ameaçadaspelo trabalho” salientando que uns sofremmais do que outros. Assim, certas cate-gorias de trabalhadores como os jovens,os trabalhadores precários e os migran-tes permanecem particularmente expos-tos aos riscos profissionais.

Alguns sectores de actividade aindasão especialmente perigosos, como oscasos da construção, agricultura, trans-portes e pescas, entre outros. As peque-nas e médias empresas continuam a pre-ocupar, na medida em que não é fácilpromover sistemas de protecção e pro-moção da saúde e segurança dos traba-lhadores naquelas unidades.

Esta situação explica que, em cadaano, cerca de 350.000 trabalhadores se-jam obrigados a mudar de emprego de-vido a um acidente, enquanto 300.000sofrem de invalidez permanente, fican-do 15.000 definitivamente afastados domercado de trabalho.

Embora sem avançar grandes medi-das, o documento da Comissão não es-quece certos tipos de doenças profissio-

nais que estão em desenvolvimento devi-do ao ritmo das inovações e mudanças notrabalho e ao desenvolvimento de novosfactores de risco, como é o caso das le-sões músculo-esqueléticas, da violência notrabalho e do assédio sexual e moral.

Para os próximos cinco anos a Co-missão quer garantir, antes de mais, quea legislação existente seja melhorada eque a mesma se aplique de forma maisefectiva, não descuidando a situação es-pecial das PME’s, e se avance na identi-ficação e avaliação de novos riscos po-tenciais para a saúde e segurança dostrabalhadores.

As prioridades no que respeita à in-vestigação devem ir para as questõespsicossociais, lesões músculo-esqueléti-cas, substâncias perigosas e para o apro-fundamento dos riscos para a reprodu-ção, não esquecendo a gestão da segu-rança e saúde.

Nessa linha a Comissão encoraja osEstados Membros a estabelecerem es-tratégias nacionais onde seja contempla-da a sensibilização, a formação e parti-cipação dos trabalhadores nas empresas,em colaboração com os parceiros soci-ais e com a Agência Europeia para aSegurança e Saúde no Trabalho.

A Confederação Europeia de Sindica-

tos (CES) reagiu de imediato a este im-portante documento da Comissão Euro-peia. Aquela Organização reclama o ne-cessário relançamento da política euro-peia de SST com medidas concretas,especialmente para a prevenção das le-sões músculo-esqueléticas e do cancrode origem profissional.

Em Portugal, para além da notícia emalguns meios de comunicação social enos Sítios Internet do Instituto para aSegurança, Higiene e Saúde no Traba-lho e da Inspecção-geral do Trabalho,ainda não se conhece qualquer posiçãodos Parceiros Sociais.

No entanto, o documento agora publi-cado vai balizar, nos próximos anos, aspolíticas no domínio da SST. Eis uma ra-zão essencial para o mesmo ser lido aten-tamente por todos os que desenvolvemqualquer actividade relacionada com aprevenção dos riscos profissionais, no-meadamente associações empresariais esindicais.

* Técnico do ISHST

1 Melhorar a qualidade e a produtividade

no trabalho: estratégia comunitária 2007-2012

– Comunicação da Comissão ao Conselho

e ao Parlamento Europeu.

http://ec.europa.eu/employment_social/emplweb/

news/news_en.cfm?id=209

António Brandão

Guedes *

Page 22: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

22 DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007MÚSICA

Distorções

José Miguel Nora

[email protected]

Depois de na quinzena passado ter es-

crito sobre os Digitalism, é confirmada a

sua presença no Festival Creamfields

Lisboa, a 19 de Maio, no Parque do Bela

Vista, onde se tem realizado o Rock In

Rio. Mas há mais novidades no que toca

a concertos no nosso país, a começar pela

confirmação do regresso dos Arctic

Monkeys, mais propriamente a 18 de

Julho, no Coliseu de Lisboa. Local onde

estarão, também, mas a 20 de Junho, os

Velvet Revolver. White Stripes a 9 de

Junho no Oeiras Alive!, e as Gossip e Tv

On The Rádio com actuação agendada

para 5 de Julho, são as últimas confir-

mações do cartaz do Super Bock Super

Rock´07. Ao invés acaba de ser anunci-

ada a primeira banda da edição deste ano

do Festival de Paredes de Coura, os bra-

sileiros Cansei de Ser Sexy, após terem

esgotado duas noites no Lux. Para quem

viu, como eu, é mesmo a não perder.

De há uns tempos descobri um site na

Internet, que poderia ser apenas mais um

daqueles sites em que se conhecem pes-

soas, mas este é especialmente vocaci-

onado para as artes e para cada um pro-

mover as suas qualidades artísticas, sendo

que a música é o denominador comum

em quase todas elas. Decidi registar-me

no My Space e comecei a descobrir as

vantagens de interagir com alguns dos

autores das músicas que costumo ouvir,

assim como fazer o download de alguns

dos temas que estes artistas disponibili-

zam nos seus “spaces”, com destaque

para o novíssimo “Sunset Beach” dos

Teenagers. Foi à conta deste site que

conheci uma banda, os Under Electric

Light, de que já tinha ouvido falar, mas

sem qualquer edição discográfica no

mercado europeu, porque, afinal de con-

tas, só têm no seu currículo a edição de

dois EP´s, que presumo serem edição de

autor, respectivamente: “Never See The

Light” e “Blue”. E é precisamente este

último que adquiri e adoro, sobretudo

pelos temas:”Night Out” e “The City”.

Pode ser uma surpresa para muitos, mas

para mim não foi assim tão grande, por-

que se enquadra na perfeição numa nova

vaga de bandas da cena musical canadi-

ana, como os The Stills, que em 2004 lan-

çaram “Logic Will Break Your Heart”,

que, ainda hoje, é um dos meus discos

preferidos. De destacar, também, a ce-

leridade e a postura da banda na respos-

ta aos mails que lhes enviei, mostrando

uma humildade e, sobretudo, espanto de

saber que já eram conhecidos em Portu-

gal.

O My Space é uma importante ferra-

menta na promoção de novas bandas, tal

como o You Tube, que bandas como os

Arctic Monkeys ou os Clap Your Hands

Say Yeah, tão bem souberam utilizar.

Por fim, ficam as sugestões de “Come

Alive” dos The Glass, na versão Rinôçé-

rôse e “Ice Cream” do australiano Mus-

cles, e, ainda, uma festa, que terá lugar

no próximo dia 24 de Abril no Jardim

Botânico em Coimbra, que serve de meio

de angariação de fundos para a Bússola,

em que eu serei o dj de serviço. Apare-

çam!

PARA SABER MAIS:

www.musicanocoracao.pt

www.everythingisnew.pt

www.creamfields.sapo.pt

www.paredesdecoura.com

www.canseidesersexy.com.br

www.myspace.com

www.myspace.com/theteenagers

www.myspace.com/underelectriclight

www.myspace.com/theglass

www.myspace.com/muscles

Cansei de Ser Sexy

Muscles

Under Electric Light

O “Jazz ao Centro Clube” comemo-

ra o seu quarto aniversário no próximo

sábado, dia 21, em Coimbra, com um

concerto pela Orquestra de Jazz de Ma-

tosinhos, tendo como solista convida-

do o saxofonista norte-americano

Mark Turner.

O espectáculo decorre no Salão Bra-

zil (na Baixa de Coimbra), com início

às 22 horas.

Recorde-se que o “Jazz ao Centro

Clube” tem desenvolvido uma notável

actividade ao longo destes quatro anos,

NO PRÓXIMO SÁBADO EM COIMBRA

Concerto de aniversáriodo “Jazz ao Centro”

incluindo a publicação da única revis-

ta de jazz editada em Portugal e um

festival itinerante por todo o País.

Entretanto, está agendada para 31

de Maio e 1 e 2 de Junho a primeira

parte dos Encontros Internacionais de

Jazz de Coimbra, com organização do

Jazz ao Centro Clube. O programa

cobre várias tendências do jazz actu-

al, com Baldo Martinez Grupo, Carlos

Bica Azul, Evan Parker com John

Edwards e Chris Corsano e Steve

Lehman Quartet, entre outros.

George Michael actuaem Coimbra a 12 de Maio

O músico britânico George Michael

actua no dia 12 de Maio no Estádio Cida-

de de Coimbra, iniciando em Portugal uma

digressão europeia que inclui 25 espectá-

culos em diversos países.

Esta é a primeira vez que o artista

“pop”, acompanhado de oito músicos, can-

ta em Portugal, coincidindo com a come-

moração dos 25 anos da sua carreira.

O espectáculo é promovido pela em-

presa Ritmos e Blues, que em 2003 pro-

duziu o concerto dos Rolling Stones, com

que o município de Coimbra inaugurou o

estádio, e é apoiado pela Câmara Muni-

cipal, pela TBZ (empresa concessionária

do estádio) e pela Associação Académi-

ca de Coimbra, que está a celebrar 120

anos de existência.

George Michael, de 44 anos, vendeu

até hoje 80 milhões de álbuns.

“Nabucco” de Verdina Figueira da Foz

PELA ÓPERA ESTATAL DA BULGÁRIA

A ópera “Nabucco”, de Giuseppe Verdi,

vai ser levada à cena no próximo dia 30,

pelas 21,30 horas, no Centro de Artes e

Espectáculos da Figueira da Foz, pela com-

panhia “State Opera of Bulgaria”.

“Nabucco” é uma ópera em quatro ac-

tos com música do compositor Giuseppe

Verdi e libreto de Temistocle Solera, basea-

da no Antigo Testamento e na obra “Nabu-

chodonosor”, de Francis Cornue e Anicète

Bourgeois. Foi estreada em 9 de Março de

1842, no La Scala de Milão. Esta ópera foi

o primeiro êxito importante de Verdi, quer

devido às qualidades musicais da obra, quer

à associação que o público fazia entre a his-

tória do povo israelita (a acção decorre em

Jerusalém e na Babilónia no ano 560 A.C.)

e as ambições nacionalistas da época.

A companhia “State Opera of Bulgaria”

conta desde a sua formação, em 2001, com

os corpos estáveis das óperas estatais búl-

garas, orquestras e coros de larga tradição

e sólida formação musical, juntando-se so-

listas do país e um importante conjunto de

cantores estrangeiros, num total de 150 ele-

mentos.

Page 23: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

23DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007 INTERNET

IDEIAS DIGITAIS

Inês Amaral

Docente do Instituto Superior Miguel Torga

GENI

PIXENATE

IMAGECHEF WIKISEEK

BIBLIOFEIRA

DO SOMETHING

O site Geni é uma rede social que permite aos utili-zadores fazerem a sua árvore genealógica. Neste es-paço é possível representar graficamente dados impor-tantes, como datas de nascimento e/ou óbito de paren-tes mais antigos. No site é também possível fazer uploadde fotografias para ilustrar os “ramos” da árvore ge-nealógica.

A aplicação permite ainda contactar familiares paracompletarem dados que o utilizador não saiba. É tambémpossível imprimir a árvore e fazer com que o esquemaseja apresentado sob a forma de texto explicativo.

GENI

endereço: http://www.geni.comcategoria: lazer

Pixenate é um editor de fotografias online, muitoútil para quem precisa de fazer pequenas correcçõescom urgência ou para utilizadores que não têm conhe-cimentos de software mais avançados. È simples deutilizar e permite efectuar pequenos ajustes com a fer-ramenta crop (cortar), ao nível de contraste, satura-ção, cores.

O Pixenate permite ainda corrigir os olhos verme-lhos das fotografias, branquear as imagens, transfor-má-las para sépia, rodá-las e redimensioná-las. É pos-sível guardar as imagens no disco, fazer upload direc-tamente para uma conta do Flickr ou guardá-la no ser-vidor do Pixenate para, posteriormente, a enviar paraaplicações como o MySpace ou o Bebo. Mediante umpagamento, é possível instalar o Pixenate no servidordo cliente.

PIXENATE

endereço: http://www.pixenate.comcategoria: fotografia

Os avatares são a representação visual dos utiliza-dores nas redes sociais. Seja no MySpace, no Mes-senger, no Second Life ou no Entropia Universe, osmembros participantes são reconhecidos pelos seusavatares, que se assumem como identidades alterna-tivas ou, pelo menos, uma forma de visualização doutilizador.

O ImageChef ajuda os utilizadores que não domi-nam softwares como o Gimp ou o Photoshop a criaravatares para as redes sociais em que participam. Cla-ro que não avatares em 3D, mas já é uma ajuda. E seráinteressante explorar as imagens disponíveis e, em pou-cos passos, manipulá-las e criar a sua imagem online.Há imagens estáticas e animadas de várias categorias.Depois de personalizada, é possível fazer o downloadda imagem. Para criar avatares para o Messenger, háuma área específica.

IMAGECHEF

endereço: http://www.imagechef.comcategoria: imagens

O Do Something é um site que promove o acti-vismo. Como? Assim: «Encourages young people

to create their own vision for making a differen-

ce in their community and provides them with the

resources and support needed». (encorajar os jo-vens a criarem a sua própria visão para fazer a di-ferença na sua comunidade e facultar-lhes todas asfonts e suportes de que necessitam).

Uma ideia original e útil que contempla váriascausas globais e locais, que necessitam de apoio.O objectivo promover o activismo social e apro-veitar a web para sensibilizar pessoas, organizá-las em grupos, promover projectos e, sobretudo,ajudar o próximo.

DO SOMETHING

endereço: http://www.dosomething.org/categoria: activismo

O WikiSeek é uma ferramenta que permite pes-quisar de forma mais eficaz na Wikipedia. Trata-se de um importante instrumento para os utiliza-dores da maior enciclopédia online e colaborativa.Para além de ajudar a encontrar termos específi-cos, o WikiSeek pesquisa também nos links re-ferenciados em cada página – ou seja, fontes esites relacionados.

A apresentação dos resultados inclui uma “tagcloud” (a tradução será uma espécie de nuvem depalavras-chave), que contém as principais tags dosresultados. Há ainda a distinção entre os resulta-dos da Wikipedia e os resultados obtidos nos linksexternos. Os lucros que o WikiSeek obtém coma publicidade são, na maioria, doados para a Wiki-pedia com o objectivo de ajudar a manter a maiorenciclopédia livre.

WIKISEEK

endereço: http://www.wikiseek.com/categoria: wikis

A Bibliofeira é um site de grande utilidade paraquem lê e para quem gosta de ler. «Porque há-de dei-

xar os livros que já leu a ganhar pó, quando os

pode vender e comprar novos?» é o mote deste es-paço, que permite a qualquer pessoa colocar anúnciospara vender livros.

Livros técnicos dos quais já não se precisa, li-vros repetidos que nunca se chegou a trocar, livrosque foram oferecidos e que não pretende ler, livrosque já foram lidos e que agora só ocupam espa-ços… os motivos para utilizar o Bibliofeira paraanunciar a venda de livros podem ser variados. Epara comprar livros neste espaço também não fal-tam pretextos. Um site a seguir pelos amantes daleitura.

BIBLIOFEIRA

endereço: http://www.bibliofeira.com/categoria: livros, comércio

Page 24: O Centro - n.º 25 – 18.04.2007

24 DE 18 DE ABRIL A 01 DE MAIO DE 2007EVOCAÇÃO

“Lisboa Capital República Popular”. Era por esta ordem, simbólica e provocadora, que alguns ardinas apregoavam, durante o regime de Salazar e Caetano, os quatrojornais diários que se publicavam à tarde em Portugal. Até que veio a Revolução de 1974 e esses vespertinos (tal como todos os outros jornais), puderam publicar-se,pela primeira vez em muitas décadas, sem passarem previamente pela Censura, que cortava tudo o que lhe parecesse incómodo para a política obscurantista vigente.Apesar de muito prestigiados e com grande implantação, todos estes títulos entraram em crise que levou, em épocas diferentes, ao seu encerramento.Em evocação e homenagem a esses saudosos jornais, reproduzimos as suas primeiras páginas de 25 de Abril de 1974, com as notícias, ainda pouco claras, sobre o queestava a passar-se no País, mas com uma característica inédita, sublinhada no “República”: “ESTE JORNAL NÃO FOI VISADO POR QUALQUER COMISSÃO DE CENSURA”.