o centro - n.º 38 – 21.11.2007

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DIRECTOR JORGE CASTILHO | Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia | Autorizado a circular em invólucro de plástico fechado (DE53742006MPC) ANO II N.º 38 (II série) De 21 de Novembro a 4 de Dezembro de 2007 1 euro (iva incluído) Telef.: 239 854 150 Rua da Sofia, 95 - 3.º - 3000-390 COIMBRA Mulheres a fumar mais e homens menos TABACO SITE NA INTERNET PÁG. 16 MESTRE DE DIREITO MIGUEL TORGA PÁG. 4 PÁG. 11 Homenagens prosseguem em Coimbra e Lisboa A “Última Lição” de Figueiredo Dias EMENTAS ROMANAS E DAS TERRAS DE SICÓ PARA MARCAÇÕES: 969 453 735 Denuncie o que é difícil de usar A NATUREZA, A HISTÓRIA E A GASTRONOMIA ALIAM-SE PARA UMA EXPERIÊNCIA MEMORÁVEL EM CENÁRIO ÚNICO PÁG. 23 SANTA CLARA E SANTO ANTÓNIO DOS OLIVAIS Os milagres das Juntas O local ideal para almoços e jantares natalícios (condições especiais para grupos) PÁG. 12 e 13 Com pouco dinheiro, mas muito empenhamento e criatividade, Juntas de Freguesia fazem “milagres” em prol dos seus habitantes ESPECIALISTA ANALISA PARA O “CENTRO” O trágico mistério dos golfinhos PÁG. 15 em Coimbra para analisar situação da Justiça PGR Pinto Monteiro PÁG. 11

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Versão integral da edição n.º 38 do quinzenário “O Centro”, que se publica em Coimbra. Director: Jorge Castilho. 21.11.2007. Site do Instituto Superior Miguel Torga: www.ismt.pt Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa, www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ , http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm , http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ , http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html

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Page 1: O Centro - n.º 38 – 21.11.2007

DIRECTOR JORGE CASTILHO

| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |Autorizado a circular em invólucrode plástico fechado (DE53742006MPC)

ANO II N.º 38 (II série) De 21 de Novembro a 4 de Dezembro de 2007 � 1 euro (iva incluído)

Telef.: 239 854 150Rua da Sofia, 95 - 3.º - 3000-390 COIMBRA

Mulheresa fumar maise homensmenos

TABACO SITE NA INTERNET

PÁG. 16

MESTRE DE DIREITO MIGUEL TORGA

PÁG. 4PÁG. 11

Homenagensprosseguemem Coimbrae Lisboa

A “ÚltimaLição”de FigueiredoDias

EMENTAS ROMANAS E DAS TERRAS DE SICÓ PARA MARCAÇÕES: 969 453 735

Denuncieo que édifícilde usar

A NATUREZA, A HISTÓRIA E A GASTRONOMIA ALIAM-SE PARA UMA EXPERIÊNCIA MEMORÁVEL EM CENÁRIO ÚNICO

PÁG. 23

SANTA CLARA E SANTO ANTÓNIO DOS OLIVAIS

Os milagres das Juntas

O local ideal para almoços e jantares natalícios(condições especiais para grupos)

PÁG. 12 e 13Com pouco dinheiro, mas muito empenhamento e criatividade, Juntas de Freguesia fazem “milagres” em prol dos seus habitantes

ESPECIALISTA ANALISA PARA O “CENTRO”

O trágico mistériodos golfinhos PÁG. 15

emCoimbraparaanalisarsituaçãoda Justiça

PGR Pinto Monteiro

PÁG. 11

Page 2: O Centro - n.º 38 – 21.11.2007

2 DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007

Director: Jorge Castilho(Carteira Profissional n.º 99)

Propriedade: AudimprensaNif: 501 863 109

Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho

Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930

Composição e montagem: AudimprensaRua da Sofia, 95, 3.º - 3000-390 CoimbraTelefone: 239 854 150 - Fax: 239 854 154e-mail: [email protected]

Impressão: CORAZE - Oliveira de Azeméis

Depósito legal n.º 250930/06

Tiragem: 10.000 exemplares

OPINIÃO

Jorge [email protected]

No sentido de proporcionar mais al-guns benefícios aos assinantes destejornal, o “Centro” estabeleceu umacordo com a livraria on line“livrosnet.com”.

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Sempre que ocupo este espaço, procu-ro fazê-lo de forma construtiva, elogiandoo que julgo ter mérito, denunciando o queme parece errado, mas tentando fugir àcrítica pessoal.

Contudo, há momentos em que calar se-ria pactuar, seria engrossar ainda mais ogrupo dos que fingem que não sabem, nãoleram, não viram nem ouviram... apenasporque essa é a posição mais cómoda.

E há situações que exigem que se erga avoz, ou se alinhe a escrita, para denunciar anudez de quem tem a presunção de reinar(seja lá qual for o “reino”, a “república”, ouo “quintal” de que se julgam soberanos...).

Assim, e “com todo o respeito” – comodiria o ex-líder PoPular Manuel Monteiro...–, hoje sinto-me na obrigação de ensaiaruma crónica não de escárnio, mas de mal-dizer. Vamos a ela:

E começo com uma citação: “A Histó-ria é feita de patranhas e mentiras”.

Quem isto afirma (de acordo com no-tícia da agência LUSA), não é qualquerincréu ignorante – como aqueles que ain-da hoje sustentam que a chegada do Ho-mem à Lua nunca existiu, mais não sendodo que encenação americana num qual-quer estúdio “hollywoodesco”.

Bem pelo contrário, a afirmação é deJosé Hermano Saraiva, feita na passadaquarta-feira, na apresentação do livro querelata a história da Micas e de Salazar.Chama-se a obra “Os meus 35 anos comSalazar”, e será um relato de Maria da Con-ceição de Melo Rita (que terá vivido desdeos 6 anos com o ditador, que lhe chamava“Micas” e que a tratava como uma espéciede filha adoptiva), passado a escrito pelo jor-nalista Joaquim Vieira (não confundir comoutro Joaquim, o Furtado, autor de um notá-vel trabalho que a RTP está a exibir e a queme referirei mais á frente).

José Hermano Saraiva é conhecido emtodo o País como um bom comunicador (oque é verdade), através dos programas de

televisão em que nos relata a História deuma forma absolutamente original (maisexacto será dizer ficcional...), pondo emcausa a investigação de prestigiados his-toriadores e sustentando os seus “factoshistóricos” em “reconstituições” tãoexuberantes, tão ricas de pormenores, tãorecheadas de diálogos, que convencemos mais incautos, pois quase fazem crerque ele, sabe-se lá por que artes mági-cas, presenciou tudo o que diz ter-se pas-sado ao longo dos séculos (seguramentenem os protagonistas que Saraiva evo-ca, se voltassem do “Além”, seriam ca-pazes de descrições tão detalhadas...).

José Hermano Saraiva (que sempre seesquece de mencionar que foi Ministroda Educação da Ditadura e que, em 1969,mandou agredir e prender dezenas de es-tudantes de Coimbra, apenas porque ou-saram criticar o sistema de ensino) afir-mou também, na passada quarta-feira, que“o nome de Salazar será cada vez maiore quando se escrever a História, sobres-sairá a sua bondade”.

Por uma vez estou de acordo com JoséHermano Saraiva: a história (a de JoséHermano Saraiva, entenda-se...) é mes-mo “feita de patranhas e mentiras”!...

A RTP está a exibir uma excelente sériesobre a Guerra Colonial, da autoria de Joa-quim Furtado, onde se focam as diversasperspectivas desse conflito, se revelam ima-gens inéditas e se vêem e ouvem tocantesdepoimentos de vários protagonistas desselongo conflito – iniciado em 1961, em Ango-la, que depois alastrou para Moçambique epara a Guiné/Bissau, e que só terminariadepois da Revolução de Abril de 1974, coma independência das ex-colónias.

Este precioso documentário, para alémde denunciar algumas “patranhas e menti-ras” que a Ditadura salazarista propalava ede mostrar aspectos tenebrosos da guerra,as feridas abertas nas forças em confronto,tem ainda a virtude de alertar para a formainjusta como continuam a ser ignorados mi-lhares de homens que se viram forçados air combater em condições muito adversas,durante longos períodos (recordo que a

“comissão” nas colónias durava, no míni-mo, dois anos). Muitos desses homens re-gressaram marcados para o resto da vida,ou com mazelas no corpo, alguns, ou compesadelos na memória, a maioria, sem queaté hoje recebessem do País a atenção quemerecem. Uma dívida que continua por pa-gar a quantos se viram assim roubadosdos melhores anos da sua vida e lançadospara África, para uma guerra que a tantosdestroçou o futuro.

Em crónica publicada no jornal “Públi-co” no passado dia 6, Vasco Pulido Valentemanifesta-se contra a proibição de fumarem lugares públicos – que entrará em vigorem Portugal no dia 1 de Janeiro de 2008.

No estilo verrinoso que cultiva, VascoPulido Valente insurge-se contra “a rapidezcom que o fumador foi socialmente estig-matizado e o vício de fumar (há 20 anosnormal e aceitável) se tornou quase o queera antigamente uma blasfémia, uma pro-fanação ou uma heresia”. Considerando que“isto não anuncia nada de bom”, Vasco Pu-lido Valente justifica: “(...) porque fatalmen-te à campanha contra quem fuma se vaiseguir a campanha contra quem bebe e acampanha contra quem come o que nãodeve ou come demais”!... E acrescentaque “o poder do Estado para converter apopulaça ao objectivo tenebroso de ‘me-lhorar o homem’ é hoje ilimitado”.

Vasco Pulido Valente esquece um peque-no pormenor: o que cada um come ou bebe,só para si próprio acarreta consequências;mas o fumo do cigarro do vizinho do lado(no café, no restaurante, no local de traba-lho...), que somos obrigados a engolir, podeter em nós efeitos mortais. Veja-se o núme-ro de pessoas que nunca levaram um cigar-ro à boca e que morrem de cancro do pul-mão, provocado pelo fumo que foram ina-lando, involuntariamente, ao longo de anos,em nome da liberdade dos fumadores.

Vasco Pulido Valente chega ao ponto deafirmar que o “alemão perfeito” idealizadopor Hitler não andava muito longe “do per-feito espécime do Ocidente contemporâ-neo”. E sublinha, para quem se escandali-zar: “Não uso a palavra descuidadamente

(não uso , de resto, nenhuma palavra des-cuidadamente)”.

Uma afirmação que me tranquiliza, jáque Vasco Pulido Valente, no mesmo tex-to que estou a citar, afirma que se assistea esta situação anti-tabágica “sem um pro-testo sério em parte alguma”. Se é auto-crítica, estou inteiramente de acordo!...

Uma das mais extraordinárias notíciasdos últimos dias foi a da factura (superior a12.500 euros) que a Força Aérea apresen-tou por ter ido resgatar, de helicóptero, umpescador acometido de doença súbita emalto mar – o que, veio a saber-se, não foigesto único, mas antes será prática corren-te neste tipo de intervenção.

Esta insólita atitude fez-me lembrar o quesucedeu há quatro anos (em Novembro de2003), quando uma jornalista portuguesa foivítima de um percalço que lhe daria direito afigurar no Guiness. Maria João Ruela, envia-da especial da SIC para cobrir a guerrado Iraque, dez minutos depois de ter en-trado naquele País com outros jornalistas,num “todo-o-terreno”, foi atingida por umabala que fez ricochete na chapa da viatu-ra, disparada por assaltantes que preten-diam roubar os jornalistas.

Apesar de não ser um ferimento grave,mas apenas em incómoda zona anatómica,e de ter recebido (como ela própria afirmou)excelente tratamento num hospital da zona,o Governo português de então achou ade-quado mandar um luxuoso avião “Falcon”buscar a jornalista para a trazer de volta aPortugal (onde, aliás, foi recebida como he-roína, vá lá saber-se por que razão...). Nãotenho elementos para o afirmar, mas atre-vo-me a presumir que nenhuma facturaterá sido apresentada a Pinto Balsemão pelalonga viagem do dispendioso jacto.

(E já nem falo de alguns governantes queaproveitaram o “Falcon” e helicópteros daForça Aérea para viagens desnecessáriasou levando familiares e amigos a passearou a fazer compras na estranja...).

A comparação entre estes dois casos étão chocantemente óbvia, que dispensaquaisquer comentários – mas exige que pas-se a haver algum bom senso.

Mentiras, patranhas e falta de senso...

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3DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007

O jornal “Centro” tem uma alician-te proposta para si.

De facto, basta subscrever uma as-sinatura anual, por apenas 20 euros,para automaticamente ganhar uma va-liosa obra de arte.

Trata-se de um belíssimo trabalhoda autoria de Zé Penicheiro, expressa-mente concebido para o jornal “Cen-tro”, com o cunho bem característicodeste artista plástico – um dos maisprestigiados pintores portugueses, comreconhecimento mesmo a nível inter-nacional, estando representado em co-lecções espalhadas por vários pontosdo Mundo.

Neste trabalho, Zé Penicheiro, como seu traço peculiar e a inconfundívelutilização de uma invulgar paleta decores, criou uma obra que alia grandequalidade artística a um profundo sim-bolismo.

De facto, o artista, para representara Região Centro, concebeu uma flor,composta pelos seis distritos que inte-gram esta zona do País: Aveiro, Caste-lo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria eViseu.

Cada um destes distritos é represen-tado por um elemento (remetendo pararespectivo património histórico, arqui-tectónico ou natural).

A flor, assim composta desta formatão original, está a desabrochar, sim-bolizando o crescente desenvolvimen-

to desta Região Centro de Portugal, tãorica de potencialidades, de História, deCultura, de património arquitectónico, dedeslumbrantes paisagens (desde as prai-as magníficas até às serras verdejantes)e, ainda, de gente hospitaleira e traba-lhadora.

Não perca, pois, a oportunidade dereceber já, GRATUITAMENTE, estamagnífica obra de arte, que está repro-duzida na primeira página, mas que temdimensões bem maiores do que aquelasque ali apresenta (mais exactamente 50cm x 34 cm).

Para além desta oferta, passará a rece-

ber directamente em sua casa (ou no localque nos indicar), o jornal “Centro”, que omanterá sempre bem informado sobre oque de mais importante vai acontecendonesta Região, no País e no Mundo.

Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo, porAPENAS 20 EUROS!

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Para tanto, basta cortar e preencher ocupão que abaixo publicamos, e enviá-lo, acompanhado do valor de 20 euros(de preferência em cheque passado emnome de AUDIMPRENSA), para a se-guinte morada:

Jornal “Centro”Rua da Sofia. 95 - 3.º3000–390 COIMBRA

Poderá também dirigir-nos o seu pe-dido de assinatura através de:

� telefone 239 854 156� fax 239 854 154� ou para o seguinte endereço

de e-mail:[email protected]

Para além da obra de arte que desdejá lhe oferecemos, estamos a prepararmuitas outras regalias para os nossosassinantes, pelo que os 20 euros da as-sinatura serão um excelente investi-mento.

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COIMBRA

O Museu da Ciência da Universidade deCoimbra assinala o Dia Nacional da Cultu-ra Científica com diferentes eventos paraadultos e crianças. Já que o saber não ocu-pa lugar, miúdos e graúdos poderão apren-der mais sobre a ciência, até 24 de Novem-bro, nas instalações do antigo LaboratórioChimico.

A “Semana da Cultura Científica noMuseu da Ciência” começou ontem (ter-ça-feira) de manhã, com a apresentaçãodo livro “Descobre as Plantas!”, da auto-ria de Catarina Reis, Marisa Azul e Matil-de Azenha.

O Museu da Ciência promove vários ate-liers para alunos do pré-escolar, do 1.º, 2.º e3.º ciclo até dia 23, de manhã e à tarde (das10h00 às 11h30 e das 14h30 às 16h00).Mediante o pagamento de uma entrada de3 euros, que também permite visitar o Mu-seu, as crianças irão entrar no fantásticomundo das plantas (“PSI – Plantas Sob In-vestigação”) ou participar no “Neurónios,ao ataque”, um verdadeiro desafio à mente,ou, por exemplo, no “Pega e Salta”.

Amanhá (quinta-feira) de manhã, o ate-lier organizado é um pouco diferente, fazen-do descobrir a todos os presentes os segre-dos do som. Carlos Fiolhais, professor na

Museu da Ciência da UC celebra a cultura científica

UC, dinamiza a sessão em que é apresen-tada a obra: “Descobre o Som”, de CarlotaSimões e Constança Providência. O encontroconta com a presença das autoras do volu-me da Colecção Ciência a Brincar e convi-da os jovens a assistir a uma série de expe-riências sobre o som

UMA FESTA PARA TODOS

Não se esquecendo dos mais velhos, oMuseu da Ciência da UC propõe aos adul-tos diferentes iniciativas de entrada livre. Até23 de Novembro, sempre às 15h00, têm lu-gar as “Conversas com cientistas”, um mo-

mento de discussão e aprendizagem sobreos mais variados temas científicos (“Vídeovigilância nas auto-estradas portuguesas”,“Quando a memória nos atraiçoa” e “A cria-ção em Portugal de uma base de dados deperfis de ADN”).

Hoje (quarta-feira, dia 21), às 17h00, éainda lançado no Museu da Ciência o livro“As variedades da experiência científica.Uma visão pessoal da procura de Deus”,de Carl Sagan. Guilherme Valente, editor naGradiva, onde é publicada a obra, e CarlosFiolhais partilham com a assistência as opi-niões de Carl Sagan sobre as relações entrereligião e ciência.

É também no âmbito das celebrações doDia Nacional da Cultura Científica que vaiser apresentado amanhã (dia 22), no Anfi-teatro do Museu, o Centro Ciência Viva“Rómulo de Carvalho” (CCVRC). ManuelFiolhais, Presidente da Direcção do Institu-to de Investigação Interdisciplinar, dá inícioà sessão, pelas 15h00. João Paiva, JaimeCarvalho e Silva e Carlos Fiolhais, todosmembros da Comissão Instaladora doCCVRC, vão dar a conhecer, respectiva-mente, o Centro, o portal “O Mocho” danova instituição e o que foi a “Revolução

Rómulo de Carvalho”.

PORTAS ABERTAS

As actividades do Museu perseguem nosábado 24 de Novembro, Dia Nacional daCultura Científica, com ateliers gratuitospara crianças, de manhã (das 10h00 às11h30) e à tarde (15h00 – 16h30). “O MeuSistema Solar” explica ao público jovem asdiferentes características dos astros (a par-tir dos três anos), enquanto que uma segun-da oficina, “Uma Ideia Luminosa”, fará des-cobrir aos mais velhos (maiores de 11 anos)como acender uma luz, empilhando metaise pouco mais.

Às 11h30 de Sábado, quem não teve opor-tunidade de assistir ao lançamento do livro“Descobre as Plantas!”, da Colecção Ci-ência a Brincar, poderá participar nas de-monstrações que a professora Helena Frei-tas e as autoras da obra irão promover emtorno das actividades descritas no livro.

Uma vez que os ateliers organizados peloMuseu têm um número limitado de vagas,as pessoas interessadas deverão efectuaruma inscrição prévia por telefone, para o239 854 350.

Rómulo de Carvalho

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4 DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007CULTURA

“Quando o céu não é o limite…” -este o título do espectáculo de músicae teatro que a APPACDM (Associa-ção Portuguesa de Pais e Amigos doCidadão Deficiente Mental) de Coim-bra promove no próximo dia 7 de De-zembro (sexta-feira.)

Trata-se da adaptação do conto “Vi-cente”, extraído da obra de MiguelTorga intitulada “Bichos”.

O espectáculo decorrerá no TeatroPaulo Quintela (Faculdade de Letrasda Universidade de Coimbra), em duassessões (uma às 10 horas e outras às15 horas).

Participam elementos das Unidadesda APPACDM de S. Silvestre, da To-cha, de Arganil e de Montemor-o-Ve-lho, actuando os seguintes grupos: Re-bus Stare (Banda da APPACDM),Brinkasério (Grupo de Teatro de S. Sil-vestre), Grupo de Dança Contempo-rânea da Tocha.

De referir ainda a participação es-pecial de Lurdes Breda (monólogo e

NO DIA 7 DE DEZEMBRO, NO TEATRO PAULO QUINTELA (FACULDADE DE LETRAS)

Conto de Miguel Torga inspiraespectáculo da APPACDM de Coimbra

milhar de deficientes, para além deprestar serviços à comunidade atra-vés de várias empresas de inserção(limpeza, lavandaria, jardinagem, agri-cultura biológica e outras).

Debatendo-se com naturais dificul-dades, precisa do apoio de todos parapoder prosseguir e ampliar a sua me-ritória actividade.

Assim, é de esperar que a cidadede Coimbra aproveite mais esta inicia-tiva para melhor conhecer e auxiliar otrabalho da APPACDM, ao mesmotempo que assistirá a um espectáculomuito interessante, de homenagem aMiguel Torga.

Um espectáculo onde se demonstraque a deficiência não impede uma to-cante sensibilidade artística nos maisvariados domínios.

Pedido de informações e marcaçõesdeverão ser dirigidas ao Centro deActividades Ocupacionais (CAO) deS. Silvestre, através do telefone:

239 960 140.

adaptação do conto) e de Júlio Simões(actor convidado).

Recorde-se que a APPACDM de

Coimbra é uma instituição de solidarie-dade social que desenvolve um notá-vel trabalho de apoio a mais de meio

Miguel Torga

A estimulação artística pode con-tribuir para desenvolver capacidadesnas pessoas com várias tipos de defi-ciência, de acordo com estudos multi-disciplinares a apresentados no 1º Con-gresso Internacional sobre Arte, Cé-rebro e Linguagens, realizado há diasem Lisboa.

“Esta conferência é uma confluên-cia de várias áreas científicas, comoa neuropsicologia, arte-terapia, ciên-cias musicais e a linguística, a traba-lhar para os mesmos fins no campoda reabilitação e da educação”, refe-riu à Lusa Ana Monção, Investigado-ra Responsável do Grupo de Investi-gação do Centro de Linguística daUniversidade Nova de Lisboa.

Os investigadores que se dedicama descobrir e interpretar o cérebro,com o advento de uma nova discipli-

TEMA DE CONGRESSO EM LISBOA

Arte pode combater deficiênciana designada neuroestética, têm en-contrado ligações entre a arte e asneurociências.

“Tradicionalmente considera-se queo hemisfério esquerdo é o responsá-vel pela linguagem visual; no entantosabe-se que há pessoas onde a lingua-gem estética é administrada pelo he-misfério direito. O que nós queremosmostrar é que a estimulação e o de-senvolvimento da linguagem estéticapodem ajudar ou contribuir para ha-ver um desenvolvimento ou reabilita-ção das patologias da linguagem”,explicou Ana Monção.

“É neste sentido que o cérebro poderevelar quer as patologias quer as par-tes que podem ser desenvolvidas”,acrescentou.

A arte aparece assim como “umprocesso e um produto da integração

psicomotora, que é encarada comoum pilar essencial da aprendizagemnão verbal da criança e da sua espe-cialização hemisférica”, segundo Ví-tor da Fonseca, doutorado em Edu-cação Especial e colaborador do cen-tro de línguistica da UniversidadeNova de Lisboa.

A arte-terapia, encarada comouma forma de estimulação multisen-sorial é assim vista como um instru-mento de desenvolvimento de capa-cidades que facilitam a reabilitaçãoe a educação.

“As pessoas que participam na ex-posição arte & inclusão [patente du-rante os dois dias da conferência] sãotodas pessoas com graves problemasmotores e também pessoas que sãoambulatórios de hospitais psiquiátri-cos”, disse Ana Monção.

Na conferência, que decorreu naFundação Calouste Gulbenkian, foramapresentados resultados de investiga-ções iniciadas há cinco anos.

“Foram relatados vários estudos decaso com base teórica, mas tambémcasos que já têm uma fomentação prá-tica” disse Ana Monção.

Entre os vários investigadores par-ticipantes estavam Luca Tucini, neu-robiólogo da Universidade de Trieste(Itália), cuja intervenção partiiu dapergunta “o que pode a arte revelaracerca do cérebro?”, Joaquim Quin-tino-Aires, europsicólogo, psicólogoclínico e psicoterapeuta, e Dahlia Zai-del, professora catedrática de Psico-logia e Neurociência Comportamen-tal na Universidade da Califórnia, quese debruçaram sobre a ligação entrea arte e patologias da linguagem.

Page 5: O Centro - n.º 38 – 21.11.2007

5DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007 CULTURA

“Aqui, Diante de Mim” é otítulo do espectáculo de homena-gem a Miguel Torga, que vaiefectuar-se no Casino Estoril nopróximo sábado, dia 24.

Esta homenagem a Torga, pro-movida pela Associação dos An-tigos Estudantes de Coimbra emLisboa (a evocar também o 87.º

De toda a obra de Miguel Torga,“Bichos” terá sido a que mais adesãodesencadeou, segundo referiu Cristi-na Robalo Cordeiro na intervençãoque fez há dias na Quinta das Lágri-mas, numa sessão com a original de-signação de “Chá com Bichos”.

Foi a primeira das sessões denomi-nadas “Chá com lágrimas”, a mais re-cente criação da Fundação Inês deCastro, Edições MinervaCoimbra eHotel Quinta das Lágrimas. Uma ini-ciativa que, sempre subordinada a umtema, decorre nas primeiras quintas-feiras de cada mês, às 17.30, no refe-rido hotel.

Esta primeira tertúlia cultural e ar-tística, inspirada na poesia de Miguel

NA QUINTA DAS LÁGRIMAS

“Chá com Bichos” abriu tertúlia cultural

Torga, superou todas as expectativasda organização, uma vez que teve lo-tação esgotada.

Cristina Robalo Cordeiro, Directo-ra da Casa-Museu Miguel Torga, su-blinhou que “nas escolas, nos ateliersde pintura, nas oficinas de teatro, deescrita ou de música, “Bichos” foi re-escrito infinitas vezes”, acrescentan-do que o segredo do sucesso destescontos poderá residir no facto de que“se não deixam aprisionar em cate-gorias estéticas ou morais, mas antesse abrem ao imaginário de cada umde nós”.

A originalidade deste conjunto detextos de Miguel Torga reside assimnuma mistura de naturalismo e de re-

flexão ética, entendendo esta comoetologia, ciência do comportamentoanimal. “Os animais podem, se os es-cutarmos, ensinar-nos a estar no mun-do. Não são professores de moral, masmestres de vida: neles não existe bemnem mal, na ordem transcendente dosvalores, existem sim coisas boas ecoisas más, na ordem imanente dosafectos”. Caçador apaixonado, Mi-guel Torga transmite a sua simpatiapelos animais e submete homens eanimais ao mesmo mundo, à dor e àmorte.

Seguiu-se uma sessão de leitura depoesia de Miguel Torga por AurelinoCosta e o Grupo “Coimbra” —constituído por Ricardo Dias (guitar-

ra), Pedro Lopes (viola) e João Farinha(voz) —, interpretou alguns fados, en-tre os quais um com letra do escritor.

A 6 de Dezembro haverá novo en-contro, à mesma hora e no mesmo lo-cal. “O Natal ontem e hoje”, por FreiDomingues, é o tema da segunda ses-são, para a qual está já confirmada apresença do tenor Giovanni D´Amore,acompanhado ao piano por StefanoNanni.

“Chá com Inês” (a 10 de Janeiro),“Chá com Amor” (a 14 de Fevereiro)e “Chá com Música” (a 13 de Março)são os temas das sessões seguintes,numa iniciativa que conta com o apoioda Empresa Municipal de Turismo deCoimbra.

A Directora do Hotel, Teresa Lopes, Isabel Garcia apresentando a sessão,Meliço Silvestre e José Alberto Garcia

Cristina Robalo Cordeiro apresentando a sua comunicação,que mereceu grande aplauso das pessoas que lotavam a sala

aniversário da “Tomada da Bastilha”)conta com a participação de cerca deuma centena de alunos da Escola Pro-fissional de Teatro de Cascais, quevão recriar a vida de Torga (a escola,o seminário, o Brasil, Coimbra, a pri-são, a morte da mãe, a liberdade e asua relação com a Pátria) num espec-táculo dirigido por Carlos Carranca e

que inclui momentos cénicos de can-to, dança e poesia.

O espectáculo terá ainda a partici-pação especial de Marco Medeiros, aopiano, e de Luiz Goes, interpretandoa Canção de Coimbra.

Entre muitas outras entidades, de-verão estar presentes os Presidentesdas Câmaras Municipais de Coimbra,

Lisboa e Cascais.As inscrições podem ser fei-

tas para a Associação dos Anti-gos Estudantes de Coimbra emLisboa (AAECL), Rua AntónioPereira Carrilho, 5 - 1.º - 1000-104 Lisboa, ou pelo telefone 218494 197, pelo fax: 218 494 208ou para o e-mail [email protected]

NO PRÓXIMO, SÁBADO NO CASINO ESTORILEM INICIATIVA DA ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ESTUDANTES DE COIMBRA EM LISBOA

Espectáculo de homenagem a Miguel Torgacom cerca de uma centena de artistas

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6 DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007VIAGENS

Varela Pècurto

Nos tempos que correm poucos denós vão resistindo à pressa com quetudo se resolve. O tempo passava, de-pois correu, galopou, voou e agora ain-da voa, mas vai de foguetão.

O que era natural comunhão com anatureza, agora é desporto em váriasdisciplinas. As pessoas até podem te-

lefonar da casa-de-banho; mas quempensa no passado?

Nem no passado recente, quanto

mais no passado distante.Mas foi dele que viemos e quanto

de encanto tem. Como pode ser es-quecido?

Quanto mais remoto, mais o admiro.Analisar o avanço das civilizações

é sentir o avanço do Homem. A inteli-gência e a força combinadas, diligen-ciando descortinar as razões do fra-casso, sempre desejando mais e me-lhor, avançar rumo ao futuro, forjaramo Homem.

Os Hititas

Todos estes pensamentos me vieramà memória enquanto revia num álbumfotografias de um passeio à Turquia,ponto de encontro de civilizações quedeixaram marcas do que sabiam fazer,como viviam e quem eram.

De entre aliciantes temas de inte-resse que fotografei, sempre demoromais a passar as fotos dos objectosHititas que estão no Museu das Civi-lizações da Anatólia.

Civilização que não tenha passado

pela Península é pouco falada entre nós.Povo indo-europeu, fundou no II mi-

lénio a.C. um poderoso império naAnatólia Central, hoje coração da Tur-quia. Ali se manteve até ao séculoXIII a.C..

Só em 1893 se tornaram conheci-dos, com o início de escavações, masem 1905 os alemães deram um consi-derável contributo para sabermosmais, explorando o local onde se er-gueu a capital, Hatusa, cidade com

poderosas muralhas e que teve cincosantuários. Os homens ou eram livresou escravos, mas as mulheres tinhamposição destacada na sociedade.

Aceitaram a escrita cuneiforme, fa-zendo dela a oficial, embora os escri-bas escrevessem em várias outras etivesse sido criada, paralelamente àcuneiforme, a religiosa ornamental ba-seada em hieroglifos.

Apoderando-se da cultura local, oshititas fundaram o seu primeiro reinoe iniciaram a expansão. Mas indo lon-ge tornaram-se fracos e as sucessõesforam atribuladas. Foram contributopara o enfraquecimento dos impérios.

Parece que os anatólios descobri-

ram a metalurgia. Os hititas aprovei-taram-na e desenvolveram-na come-çando por fundir cobre. A sua alimen-tação era baseada em carne e cere-ais. Bebiam cerveja e vinho, este sóem festas. Assaltados por todos os

lados (Aqueus, Povos do Mar, Assíri-os e Frígios vindos do Cáucaso), Ha-tusa foi destruída. A sua civilização

ainda permaneceu entre os reinosneo-hitita, mas no 1.º milénio da nos-sa era desapareceu para sempre sobo jugo dos Assírios.

Deles ficaram os vestígios do Neo-lítico Bõgazkale, pedras gravadas, pe-ças em ouro, prata, ferro e cerâmica,algumas testemunhas de que entre oshititas estiveram artistas de boa cra-veira, e estão depositados no Museu

já referido, na capital turca, Ânkara(é assim que os turcos pronunciam apalavra).

Numa das avenidas desta cidade há

um monumento com o símbolo dos hi-titas. Só é pena que quase ao seu ladoesteja um cartaz da Coca-Cola...

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7DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007 CULTURA

No Museu da Água de Coimbra estápatente ao público uma original mostra,workshop/ exposição, que tem por título“A Nova Media Digital na Arte”, e é daautoria de Paula Rosa.

Até ao próximo dia 2 de Dezembro, épossível apreciar ali as mais vanguardis-tas tendências artísticas, que incluem autilização de meios digitais que revoluci-onam os clássicos conceitos da pintura,da fotografia e da instalação de arte.

Paula Rosa é considerada uma das

EXPOSIÇÃO NO MUSEU DA ÁGUA

Novas tendências da Arte

Um aspecto da original exposição da autoria de Paula Rosa

autoras digitais portuguesas de maiorprojecção. Na abertura deste workshop,a autora deu resposta às questões dosparticipantes e conduziu uma demonstra-ção daquilo que será a arte de amanhã.

A mostra digital pode ser visitadade terça-feira a domingo, entre as10H00 e as 13H00 e das 14H00 às18H00, no Museu da Água (instaladona antiga estação elevatória no Par-que Dr. Manuel Braga, na margemdireita do Mondego).

AMANHÃ, NA ALMEDINA ESTÁDIO (COIMBRA)

“A Bíblia contadapelos Sabores”

“A Bíblia contada pelos Sabores” é otítulo de uma obra original, da autoria deAlbano Lourenço (o único chefe de cozi-nha português distinguido com uma estrelaMichelin), que será apresentada amanhã(quinta-feira, dia 22 de Novembro), pelas21h00, na livraria Almedina Estádio, emCoimbra. O Padre José Tolentino, que de-safiou o cozinheiro a dar vida e a reunirnum livro essas “receitas bíblicas”, assu-me o papel de guia gastronómico nesteserão invulgar.

Quando se pergunta ao Chefe AlbanoLourenço qual a sua receita de eleiçãoentre as 41 criações gastronómicas apre-sentadas no livro “A Bíblia contada pelosSabores”, o autor hesita. “Todas as re-ceitas são de eleição”, remata. Após terponderado um pouco mais, acaba por es-colher as “Lentilhas com Azeitonas”, cujafotografia ilustra a capa da obra recente-mente publicada com a chancela da Assí-rio & Alvim.

O cozinheiro explica ainda que se tratade receitas e não de ementas, todas inspi-radas numa cozinha muito simples, de acor-do com a Bíblia, um texto fácil e perceptí-vel para todos os seus leitores. A Bíblia“descreve os copiosos bosques profanos eas ofertas alimentares sagradas, recria as-

cetismos e deleites, conta com a espo-rádica caça e os pastos cevados, comcomidas frugais de viagem e banqueteshá muito anunciados”, lembra a contra-capa do livro (imagem à esquerda).

Pegando em palavras soltas do textosagrado, Albano Lourenço deu asas à suaimaginação para associar os alimentos eervas utilizados então. “Esse conjunto dereceitas é uma reconstituição muito pes-soal do que as pessoas podiam comernessa altura. È apenas a minha formade ver a alimentação dessa época”, con-fia o cozinheiro. A carne de caça, o pei-xe, o cabrito, o funcho, o rabanete, o mele os frutos secos têm assim um lugar dedestaque nas novas criações de AlbanoLourenço.

Essa aventura culinária começa quan-do o Padre José Tolentino Mendonça, es-

pecialista em gastronomia bíblica, propõeao Chef Albano realizar um “jantar bíbli-co” na Quinta das Lágrimas. “O jantarnão se fez, mas a ideia ficou”, revela ochefe. “Passado algum tempo, após terconversado com a Assírio & Alvim, o pa-dre Tolentino sugeriu-me fazer um livrode receitas com frases próprias da Bí-blia”, acrescenta. Assim nasce “A Bí-blia contada pelos Sabores”, agora apre-sentada a todos os curiosos na AlmedinaEstádio.

Chefe Albano Lourenço

O livro de poesia “Variações sobre temade Vítor Matos e Sá: Invenção de Eros”, daautoria de Xavier Zarco e publicado pela“edium editores”, vai ser lançado amanhã(quinta-feira, dia 22), na Casa Municipal daCultura de Coimbra, pelas 18 horas, comapresentação a cargo do escritor AntónioVilhena.

Recorde-se que esta obra foi distingui-da com o “Prémio de Poesia Vítor Matose Sá – 2007”, pelo Conselho Científico daFaculdade de Letras da Universidade deCoimbra.

Xavier Zarco é o pseudónimo literário dePedro Manuel Martins Baptista (que inte-gra a equipa do jornal “Centro”), nascidoem Coimbra em 1968 e que tem as seguin-

tes obras publicadas: “O livro dos murmú-rios” (Palimage Editores, 1998); “O guar-dador das águas” (Prémio de Poesia VítorMatos e Sá – 2004), “O fogo A cinza” (Pré-mio de Poesia do Concurso Literário Ma-nuel Maria Barbosa du Bocage – 2005).

Em formato electrónico, pela Virtualbooks(Brasil) editou: “No rumor das águas”(2001); “Acordes de azul” (2002); “Pala-vras no vento” (2003); “In memoriam deJohn Lee Hooker” (2003); “Ordálio” (2004);“O ciclo do viandante” (2005); Stanley Wi-lliams (2006); “À beira do silêncio” (2006);“Afluentes do poema” (2006); “Trinta maisuma odes” (2007); “Divertimento poético”(2007); e pela ArcosOnline (Arcos de Val-devez): “Monte maior sobre o Mondego”,Menção Honrosa (Poesia) do Prémio Lite-rário Afonso Duarte - 2004, organizado pelaCâmara Municipal de Montemor-o-Velho.

Em DVD, encontra-se registrado: Hinode Santa Clara, Poema vencedor do Con-curso para a letra do Hino da Freguesia deSanta Clara, promovido pela Junta de Fre-guesia de Santa Clara, em 2004.

Inéditos: “O livro do regresso” (Prémiode Poesia Raúl de Carvalho - 2005, promo-vido pela Câmara Municipal do Alvito); e“Nove ciclos para um poema”, (Prémio Li-terário da Lusofonia da Câmara Municipalde Bragança – 2007).

PREMIADO PELA FACULDADE DE LETRAS DA UC

Livro de poesia de Xavier Zarcoamanhã lançado em Coimbra

Xavier Zarco

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8 DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007OPINIÃO

O ACUSADOR ACUSADO

(...) O dr. Portas, acusado, agora, de in-comensurável vileza, sobressaltou-se, legiti-mamente, e diz-se inocente no propósito ecasto na matéria. No recolhimento do Cal-das declarou que o poderoso volume de fó-lios era constituído por notas pessoais e bre-ves anotações acerca do CDS-PP. O dr.Portas sempre apreciou anotar. N’O Inde-pendente anotava tudo o que representas-se malefícios para a República. Serviu-sedo adjectivo como de um aríete. Contorna-va, com lenta obstinação, a verdade dosfactos, se é que os factos contêm algumaverdade, a fim de preservar as públicasliberdades. O Independente foi leve, fres-co, farsante e bailarino. Diz quem sabeque o dr. Portas resguardou um feixe in-calculável de notas. A pecha nasceu, se-gundo se suspeita, no jornal. Acontece umporém: no jornal, quem pagava eram osproprietários; no ministério, somos nósquem esportula os euros.

Com timidez admito que o dr. Portas es-teja a preparar um livro cruel, um ensaioarrasador, um depoimento exaltante, um tes-temunho arrebatado, um memorial contun-dente ou um documento faiscante sobre aimbecilidade, a intriga, o desleixo, a ignorân-cia dos políticos portugueses – e para issoprecise de milhares de apontamentos.

Mas o varejo das coisas e dos outros oudas coisas dos outros quando começa nãoconsegue parar. A tineta do dr. Portas paraa anotação poderá ter um reverso mais con-denável do que o cândido exercício mne-mónico. Quem nos diz que ele próprio nãoestá anotado em outros ministérios?

Baptista Bastos (jornalista)DN 14/Novembro/07

O NÚMERO MÁGICO

(...) Ninguém perguntou a Portas por quese não limitou a levar as suas notas ou adigitalizá-las em casa. Ninguém pediu ao ex-ministro que disponibilizasse o produto dasua obra para que fosse comparado com osdocumentos que ficaram no ministério. Queesclarecesse se o fez à revelia do primeiro-ministro ou com o seu superior conhecimentoe consentimento. Se o fez para bem da pá-tria ou como seguro de vida, para poder fa-zer trocas com os seus inimigos políticos.Ninguém foi ao MD ver se por lá havia 61893 páginas de notas de Portas. Bem sabe-mos que os segredos do nosso Ministérioda Defesa (se excluirmos os processos deaquisição de submarinos, aeronaves e outro

material sofisticado cujos valores se ciframem muitos milhões) são segredos de Poli-chinelo. Não há quem os queira comprar.Nem espiões que possam ganhar a vidavendendo-os. Nunca inventámos armas se-cretas. Somos parceiros humildes e obedi-entes de quem, esporadicamente, nos pedeque engrossemos uma qualquer estatística.Não temos guerras desde que as colóniasse tornaram independentes. Enfeitamos asguerras dos outros, sempre com a bota aluzir e os metais a brilhar, o orgulho e ga-lhardia do pobrezinho que não tem mais nadapara oferecer. Os verdadeiros segredos doMinistério da Defesa estão a coberto dequalquer imprevidência, porque, na verda-de, nem sequer por lá passam. Estão blin-dados por lóbis, bancos e offshores. Semamadorismos. Nos circuitos oficiais tudo estáformalmente perfeito. Por isso, a questãoda fantástica resma de papel com 61 893folhas é apenas mais um sinal do nosso de-savergonhado miserabilismo ético-político.Um país onde qualquer fugaz passante porum gabinete ministerial pode digitalizar mi-lhares de documentos sem a indignação vi-gorosa e uníssona de toda a nação, sem umainvestigação oficial séria e exaustiva do quese passou, não passa de um gigantesco tea-tro do burlesco.

João Marques dos Santos (advogado)CM 16/Novembro/07

ACORDO ORTOGRÁFICO

(...) Acontece que nós não somos donosda nossa língua. Ela é mais falada fora dasnossas fronteiras do que em Portugal. Acon-tece que a maior parte das inovações, ras-gos de originalidade e de criatividade quetêm sido acrescentados à nossa Língua, têmchegado de fora - e do Brasil mais do quede outro lugar.

Infelizmente, chegámos a um momento,na história da nossa Língua, em que mantero fechamento e a inflexibilidade pode aca-bar por custar-nos caro no futuro (o Portu-guês é, actualmente, a quinta mais faladado mundo em termos absolutos - e a tercei-ra no Ocidente, atrás do Inglês e do Espa-nhol). Certamente que perderemos umaparte da nossa “excentricidade” linguística;mas é muito provável que ganhemos algu-ma vantagem na uniformização do padrãolinguístico ou ortográfico. Não é verdade queos “manuais escolares” e os “livros didácti-cos” passem a ser os mesmos nos três con-tinentes - mas se abrirmos esse corredor decomunicação entre as diferentes formas defalar e de escrever o Português, talvez pro-longuemos a sua vida e o horizonte da suaexistência. Cedendo aqui, ganhando ali,empatando mais tarde.

Francisco José Viegas (escritor)JN 13/Novembro/07

SERVIL ACULTURAÇÃO

O professor Jorge Miranda revelou queas reuniões do conselho científico da Facul-dade de Economia da Universidade Novade Lisboa decorrem em língua inglesa.

Sou a favor da internacionalização do

nosso ensino Superior. Até apoio a circuns-tância de algumas aulas poderem ser mi-nistradas noutro idioma, desde que enten-dível pela generalidade do público univer-sitário – designadamente quando se convi-da um especialista.

Mas nunca um órgão administrativo,como é o caso de um conselho científico,pode funcionar noutra língua que não a por-tuguesa. Assim manda a Constituição (art.11.º/3) e, sobretudo, a dose de bom sensode que nunca devemos prescindir.

Caso contrário, o uso do inglês afigura-se um deslumbramento injustificável. Jáagora, por que não reunirem em chinês? Oudeliberarem em árabe, ambas línguas comgrande preponderância económica, comosabemos?

Carlos Abreu Amorim(professor unversitário)

CM 16/Novembro/07

ESTRANHA FORMA DE VIDA

(...) A atitude de alguns responsáveis eu-ropeus que, por um lado, garantem com eu-foria ser o Tratado de Lisboa idêntico aoanterior no essencial, mas, por outro, aca-bam de descobrir, com impagável gravida-de, já não ser afinal precisa uma ratificaçãopor referendo nos seus países, configura umareserva mental que se aproxima perigosa-mente da fraude.

Ora, mesmo que se entenda ser diferen-te a natureza dos dois textos, o compromis-so eleitoral do PSD e do PS não perdeunenhum dos seus pressupostos, porque es-tes tinham necessariamente a ver com asubstância e não com a forma. E cumpri-lo,note-se, não é “fazer o referendo”, mas simcontribuir para justificar a sua necessidadejunto do Presidente da República.

Não conheço em Portugal quem aplau-da o tratado e tema o resultado da consultapopular. O “sim” ganharia sempre entre nós,mesmo dando de barato haver “soberanis-tas à direita e à esquerda que nunca se con-formaram com a integração”.

O PSD e o PS têm medo do referendona medida em que temem afrontar um pre-sidente da República que se julga não serentusiasta dele.

Mas seria preferível que o defendessemcom franqueza e aguardassem as razõeseventualmente contrárias, mas decerto muitoponderadas, de Cavaco Silva.

Por sua vez, o Governo e o PS têm medodos outros Estados membros. A presidên-cia portuguesa ou se comprometeu, no pla-no europeu, a não promover o referendo,por razões óbvias que interessam aos Esta-dos mais poderosos, ou submeteu-se, semmais, a essas razões.

Se se eximir ao que prometeu, o Gover-no terá de arcar com os custos de faltar amais uma promessa eleitoral e de viver coma suspeita de ter pactuado com outros go-vernos essa estranha e ambígua forma devida para um tratado que transformará pro-fundamente a União Europeia e as suas re-gras, sem que muitos dos seus cidadãos se-jam ouvidos.

Vasco Graça Moura (escritor)DN 14/Novembro/07

A CERA MOLE

(...) Analistas advertidos interrogam-se sobre se, superado o período de per-plexidades naturais que rodeiam a que-da de um regime longo e totalitário, oconceito estratégico que venha a conso-lidar-se orientará no sentido de uma Rús-sia europeísta, ou euro-asiática, ou emmovimento expansionista.

Por certo temos que o modelo democrá-tico do fim da História não tem mostradoencontrar ali terreno apropriado de consoli-dação que se assemelhe ao europeu, o queanima por vezes a uma atitude de respostamais inclinada a descobrir o eixo do mal doque a reconhecer a complexa variedade dascircunstâncias de cada povo.

Já parece de boa vontade, se não forapenas semântica de diplomacia pública,que politólogos russos falem de democra-cia dirigida, e responsáveis do Governoprefiram falar de democracia adaptada,segundo atentos observadores.

Mas talvez a prudência governativa eu-ropeia fosse mais bem dirigida no sentidode se preocupar mais com a consolidaçãoda fronteira amiga de uma Rússia em bus-ca do modelo político e do conceito estraté-gico de futuro, do que tentar influenciar, eaté orientar, a evolução interna de um paíscom o passado histórico de grande potên-cia, com um presente exigente de recon-ciliação com as memórias do regime quea dominou por um século, com os orgu-lhos que fazem parte da sua identidade.Um país como a Rússia não pode serolhado como a cera mole orientável poruma qualquer exterior concepção do fimda História, que mesmo no seu espaço deorigem vai tendo acidentes que convidamà revisão das premissas.

Se as várias revoluções no antigo espaçosoviético apelam à moderação no que res-peita ao modelo centro-periferia, as ques-tões estratégicas ocidentais que acordamlembranças da guerra fria não dispensam aexigência de razoabilidade na tentativa dereinventar a ordem internacional.

De facto, a restauração da confiança é oobjectivo e o valor que permitem distinguirentre os estadistas e os mal inspirados.

Adriano Moreira(professor universitário)

DN 13/Novembro/07

O SURDO REGRESSODA LEI DE SEPARAÇÃO

O Governo faz de sonso. O assunto ésério e as consequências graves, mas porrazões ideológicas o Executivo anda no“bate e foge”.

A 18 de Maio de 2004 foi assinada noVaticano a nova Concordata entre Portu-gal e a Santa Sé, aprovada pela Assem-bleia da República a 16 de Novembro (re-solução 74/2004). Desde então... nada. AConcordata tem de ser regulamentada poruma quantidade de diplomas complemen-tares e, enquanto não é, continuam em vi-gor as regulamentações da anterior Con-cordata de 1940. Mas o Governo finge-sedistraído e actua como se não existissem

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9DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007 OPINIÃO

regras. Os funcionários vão minando e agre-dindo e, quando os bispos reagem, o primei-ro-ministro acode pressuroso assegurandonão pretender uma questão religiosa.

A situação é compreensível e até nor-mal. Todos os países crentes têm sempreuma activa minoria anti-religiosa. O ateís-mo como a superstição são subprodutosextremos do mesmo tipo de sociedade. Ali-ás, muito do fervor e zelo que tantos anti-clericais põem na sua acção pode ser vistocomo manifestação de intensa fé mística.Por isso o mundo tem uma longa históriadeste tipo de embates, aliás profetizadospelo próprio Cristo. Mas em Portugal, cu-riosamente, ambos os lados aprenderam damaneira mais dura os enormes custos des-sa luta. Por isso hoje por cá o combate ésurdo e oculto.

Os católicos foram os primeiros a com-preender que a reacção violenta tem terrí-veis prejuízos. O miguelismo, que tentouresponder frontalmente à crescente ondajacobina, não só foi derrotado mas gerou alonga e degradante servidão da Igreja sobo jugo liberal na segunda metade de Oito-centos. Com a Lei de Separação da I Re-pública foi a vez de maçons e laicistas im-porem a sua vontade pela força, tentandoerradicar a oposição. O resultado foram48 anos de exílio e ditadura salazarista.Hoje, finalmente, ambos os lados aprende-ram que têm de viver juntos. Isso não im-pede que, em certos momentos políticos,os mais fervorosos tentem agredir o outrolado. O Governo Sócrates, talvez inspira-do pelas tolices de Zapatero, que brincacom o fogo aqui perto, tem-se revelado par-ticularmente virulento. (...)

João César das Neves(professor universitário)

DN 12/Novembro/07

AFINAL SEMPRE HÁUM PAÍS À VOLTA

(...) Já o disse uma vez e volto a dizer,porque quem me fascina tem de levar coma minha admiração: o programa Liga dosÚltimos, na RTP N, é – entre tudo o queos jornais, rádios e televisões me dão – olugar onde mais e melhor vejo gente. Defi-nição de gente: pegue-se em José CasteloBranco, é o contrário. Na Liga dos Últi-mos vi ontem a D. Alice, há 50 anos guar-da do campo do Ermesinde, de cuja cama,enquadrada por naperons, posso ver umabaliza. Basta levantar a persiana (empur-rando com os dedos, porque a correia nãofunciona). E, logo a seguir, ando à procurado cobrador das quotas do Fanhões. Fartodos sócios que não pagam, o sr. Valdemarfoi para a Costa de Caparica, deixando oclube desesperado. Todas as semanas, aLiga dos Últimos conta-me histórias des-tas e mostra-me gente. Dá-me a ideia deque tenho um país à volta.

Ferreira Fernandes (jornalista)DN 11/Novembro/07

O NOVO CICLO E O CIRCO

(...) O Orçamento valia bem um debatesério, com um início preocupado e digno.

Afinal, o contínuo aumento da carga fis-cal (mais 553 milhões de euros de impos-tos directos e 1395 milhões de euros deimpostos indirectos); a penalização de pen-sionistas e cidadãos portadores de defici-ência; a diminuição real do investimento (omontante a investir é praticamente igual aodo ano passado): indícios óbvios de desor-çamentação; pressupostos optimistas noque respeita ao crescimento e preço do pe-tróleo são questões sérias a merecer alter-nativa e debate.

É que há um País cansado, desanima-do, sem auto-estima nem desígnio.

Pois bem, dois homens reduziram o de-bate do Orçamento a um combate de vai-dades. Não resistiram, fizeram-se anunci-ar com bombos e por todo o lado espalha-ram a boa (má) nova.

O primeiro-ministro, como é habitual,não respondeu a nenhuma das questões quelhe foi colocada, num exercício pouco de-mocrático e distribuiu alguns – poucos –brioches (a extensão do direito à saúde oralgratuita, a PMA, a vacina do colo do útero,perfeito, importante, mas e os prometidoshospitais do Algarve e de Cascais?).

O líder parlamentar do PSD iniciou umnovo ciclo de derrotas, que interromperaem 2005 e às quais voltou com estrondo.

Não há novidade. Só o próprio teima emnão entender: não faltou sequer o habitualqueixume sobre uma desigualdade por to-dos conhecida e a toda a oposição aplicá-vel e que todos os líderes da oposição tam-bém sentem – do regimento da Assem-bleia – e que por si, em outro momento,motivaria também debate sério. No mais,ter só cinco minutos, no caso até foi umasorte.

Houve quem entendesse que era diver-tido; houve quem sentisse que era triste.Provavelmente o início do debate do Or-çamento foi um circo revisitado, onde o queera importante não podia acontecer, pelasqualidades intrínsecas dos protagonistas.

Só que o País precisa de projecto.

Paula Teixeira da CruzCM 8/Novembro/07

O FEITIÇO DO TEMPO

(...) Além de um sintoma ligeiramenteaflitivo do estado do regime, o muito ante-cipado confronto do primeiro-ministro comSantana resultou no despique entre doisentertainers fraquinhos, um ensaiadíssimo,o outro em roda livre rumo ao típico desas-tre. No primeiro dia, Santana ignorou o seupróprio relógio e gastou os cinco minutosdisponíveis sem proferir uma frase dignade integrar a acta. No segundo dia, igno-rou o relógio da AR e, em plena discussão,já saltitava no gabinete (alegadamente aatender telefonemas de felicitações) e noscorredores (comprovadamente a falar àstelevisões e a felicitar-se a si mesmo porter discursado sem cábula). À custa dasfatais trapalhadas, Santana conseguiu eclip-sar o verdadeiro apogeu cómico do debatee da cobertura do debate, protagonizadopor Teixeira dos Santos, quando prometeunão descer os impostos até 2010, peloscomentadores que logo lhe elogiaram a

recusa de eleitoralismos fáceis, e novamen-te por Teixeira dos Santos, quando escla-receu que, afinal, os impostos talvez des-çam para o ano. Consta que, pelo meio,Santana chamara “aldrabão” ao titular dasFinanças. Por azar, foi a pretexto de outroassunto qualquer. Descontados os exces-sos de linguagem, Santana, para usar o seulema, continua a ter razão antes do tempo.Depois vem o tempo, a razão perde-se eSantana também.

Alberto Gonçalves (sociólogo)DN 11/Novembro/07

DUELOS E OUTRAS CENAS

Sobrevoados por abutres (sedentos desangue), José Sócrates e Santana Lopesdisseram das boas, um ao outro. Não va-lerá a pena aqui entrar no jogo, aliás in-fantil, de saber quem puxou do passadoprimeiro.

O certo é que, em vez da necessáriabatalha em torno de propostas concretas,ideias de grande alcance, definição do queé o poder, e o contrapoder, tivemos distrac-ções pirotécnicas, agravadas pelas seque-las de uma guerra civil mal digerida, ou ina-cabada.

Um conselho, portanto, a Santana o es-tilo do novo líder da oposição parlamentar,pessoalíssimo e intransmissível, deve man-ter-se. Mas é preciso maturar a estratégia,e mostrar que não há aqui disputas ou afir-mações individuais, que se sobreponhamao essencial, a busca da verdade.

Segundo conselho, agora a Sócratesconvém deixar outras incarnações emcasa, antes de se partir para um debatede Estado. (...)

Nuno Rogeiro (comentador político)JN 9/Novembro/07

QUASE LHES PERDOOOS 80 MILHÕES

Não sei o que se passou exactamenteem Fátima em 1917. Sei que os “videntes”não viram Nossa Senhora no sentido donosso ver terreno, como quando vemos asplantas ou o céu ou as pessoas.

Embora se possa ser católico e não acre-ditar em Fátima - pude constatar que teó-logos estrangeiros eminentes, de visita aPortugal, não manifestaram interesse emir lá -, não me custa aceitar que tenha ha-vido aí uma experiência religiosa, mas, evi-dentemente, no horizonte de compreensãopróprio de crianças e no quadro de esque-mas de uma religiosidade popular. Assimse explica, por exemplo, que Nossa Senhoratenha “mostrado” os horrores do infernoaos pastorinhos, o que não é uma atitudeparticularmente maternal, quando se pen-sa em crianças de 10, 9 e 7 anos. Aí estáum exemplo de religião sacrificial e dolo-rista, como se transmitia nas pregações daaltura. Isto significa que o Evangelho é quedeve ser a medida crítica de Fátima e nãoo contrário.

(...) Inaugurou-se no dia 13 de Outubroa igreja da Santíssima Trindade. Fui con-frontado com a pergunta do escândalo:

Como é possível gastar ali 70 milhões deeuros (80, com os acessos)? Não há tan-tos pobres? (É realmente uma vergonhanacional haver dois milhões de pobres –desses, 700 mil têm de (sobre)viver comseis euros por dia).

Costumo responder que se deveria sermais contido nos gastos. Como diz CarlosFiolhais, os portugueses gostam de conju-gar o verbo derrapar, e até em Fátima hou-ve derrapagem de 40 para 70-80 milhõesde euros.

Mas também não tenho uma visão mise-rabilista da existência. O Homem não vivesó de pão. Depois, quem pagou são os pe-regrinos, que têm direito a algum conforto.Que dizer do desperdício do excesso de es-tádios de futebol vazios?

Acima de tudo, foram convocados artis-tas de renome, nacionais e estrangeiros, e oque resultou é simplesmente belo. Agora,Fátima é um conjunto harmonioso no seutodo, que alguém já comparou a um barco.Ah!, aquele Cristo crucificado no interior daigreja, meio selvagem, fixando, de olhosabertos, cada um: ele é a mensagem de con-vocação para a Vida e a Liberdade; aquelaVirgem, finalmente uma jovem rapariga ai-rosa, de braços abertos acolhedores; aque-le grande painel do presbitério, símbolo daJerusalém Celeste: a esperança da Huma-nidade com Deus e a sua glória!

Jesus foi confrontado com o luxo de umalibra de perfume de nardo puro – o seu pre-ço correspondia a um ano de salário – queuma mulher lhe derramou sobre a cabeça.Os discípulos ficaram indignados: “Para quêeste desperdício? Podia vender-se por bompreço e dar-se o dinheiro aos pobres.” Je-sus respondeu que não faltariam oportuni-dades a quem lhes quisesse fazer bem.

A religião sem a beleza é inverdadeira. Semo gratuito – a graça –, é uma desgraça.

Anselmo Borges(padre e professor de Filosofia)

DN 10/Novembro/07

EDUCAR É CONTRARIAR

(...) Durante trinta anos, diabolizaram-se os valores da autoridade, do rigor, da exi-gência e da disciplina. O esforço e o mérito,factores que diferenciavam os melhores dospiores, foram tidos como uma ameaça à pu-reza dos dogmas da bondade natural e daigualdade.

O modelo educativo, objecto de sucessi-vas tentativas experimentalistas, foi-se re-duzindo à mais elementar expressão: umaeducação sem memória, métodos simplifi-cados, todo o esforço removido, um exces-so de especialização roubando qualquer pers-pectiva de conjunto, noções fragmentadassem referência a qualquer pano de fundo.O pensar, o exercício sistemático do racio-cínio, o ginasticar do cérebro como únicaforma de o fortalecer, tudo isso era contra-indicado: aborrecia os alunos, acentuava asdiferenças, revelava o potencial e o esforçode uns e o desinteresse ou incapacidade deoutros, o mérito e o demérito.

Maria José Nogueira Pinto (jurista)DN 8/Novembro/07

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10 DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007PUBLICIDADE

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11DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007 DIREITO

A situação da Justiça Penal em Portugalé o tema forte do jantar-debate que a “Re-pública do Direito” promove amanhã (quin-ta-feira), em Coimbra, com uma interven-ção de fundo a cargo do Procurador-Geralda República (PGR), conselheiro FernandoPinto Monteiro.

O jantar decorre no Hotel Quinta dasLágrimas, com início às 20 horas. De acor-do com o Presidente da “República do Di-reito”, o advogado José Augusto Ferreirada Silva, o PGR irá partilhar com os partici-pantes nesta iniciativa “as suas reflexõessobre a Justiça Penal em Portugal”.

Sublinhe-se que Fernando Pinto Mon-teiro Procurador-Geral da República anun-ciou no passado sábado, em Lisboa, que

“REPÚBLICA DO DIREITO” PROMOVE JANTAR-DEBATE EM COIMBRA

Procurador-Geral da República falada situação da Justiça em Portugal

O penalista Jorge Figueiredo Dias des-pede-se hoje (quarta-feira) de 47 anos deactividade docente na Faculdade de Direitode Coimbra com a “Última Aula”, dada peloseu primeiro discípulo e à qual não compa-recerá por impedimento da tradição.

A “Última Aula” será proferida por Ma-nuel da Costa Andrade, que dará voz aosagradecimentos da instituição pela dedica-ção e saber dessa figura destacada do Di-reito português e da ciência penal internaci-onal, que, por sua vez, já tinha dado conti-nuidade ao trabalho de outro grande vultoda penalística, Eduardo Correia.

“A sensação neste momento é excelen-te, ao fim de uma carreira longa de 47 anosininterruptos”, declarou à agência Lusa Fi-gueiredo Dias, confessando que “a únicacoisa que custa é não poder assistir à ‘Últi-ma Aula’” por a tradição não o permitir.

A última aula do professor jubilado nosentido próprio aconteceu em Junho, na dis-ciplina de Direito Penal, do 5º ano, que regia“há quatro ou cinco anos”.

Essa última aula coincidiu também coma reforma da licenciatura em Direito, com aeliminação do 5º ano e a estruturação emdois ciclos, de 4+1,5 anos, com o modelo deBolonha.

“Aliviei-me disso”, observou, frisando queos primeiros anos de qualquer reforma “sãosempre mais complexos”. Figueiredo Diasjubilou-se a 30 de Setembro, ao completaros 70 anos, e a Reforma de Bolonha entrouem vigor no dia seguinte, a 1 de Outubro.

Como também é prática da Faculdadede Direito não convidar docentes para alémdos 70 anos para leccionarem em cursos de

irá propor dentro de duas semanas altera-ções legislativas ao novo Código ProcessoPenal (CPP).

“Temos que viver com este código (...)O Ministério Público vai propor três ouquatro alterações legislativas. Não sei seserão possíveis”, salientou Fernando Pin-to Monteiro, que falava à imprensa no fi-nal de um Colóquio Sobre a Reforma doProcesso Penal, na Universidade Lusó-fona, em Lisboa.

Fernando Pinto Monteiro acrescentou tersolicitado aos procuradores distritais que lheenviem as propostas que considerem, des-tacando que “a mais relevante” das “trêsou quatro alterações legislativas” está rela-cionada com a grande criminalidade.

O PGR adiantou que vai propor que oactual prazo de três meses seja dilatado, casonão se tenha verificado uma prorrogação.

Fernando Pinto Monteiro acrescentou queno caso de ser necessária a colaboraçãocom instituições judiciais estrangeiras, o ar-ticulado do novo CPP é de molde a “nemhaver resposta, se souberem que o proces-so é público”.

Recorde-se que a entrada em vigor dosnovos CPP e Código Penal (CP), a 15 deSetembro passado, ficou marcada por algu-ma polémica, nomeadamente devido ao en-curtamento de prazos que o Ministério Pú-blico receia que dificulte o combate e o con-trolo da criminalidade.

Mas o Governo considera que o novo

CPP aprofunda as garantias processuais,dá maior protecção da vítima, simplificaactos e aperfeiçoa os regimes do segredode Justiça, das escutas telefónicas e daprisão preventiva.

O Ministério da Justiça assinou, entre-tanto, um contrato com o ObservatórioPermanente da Justiça Portuguesa, da Fa-culdade de Economia da Universidade deCoimbra, para a monitorização dos novosCódigos Penal e de Processo Penal.

O Observatório Permanente da Justi-ça Portuguesa, coordenado por Boaven-tura de Sousa Santos, apresentará relató-rios periódicos ao Governo sobre a apli-cação dos novos Códigos Penal e de Pro-cesso Penal.

UM DOS MAIS ILUSTRES MESTRES DA FACULDADE DE DIREITO DE COIMBRA

Tradição impede Figueiredo Diasde assistir hoje à sua “Última Aula”

mestrado ou doutoramento, o penalista vaidesenvolver uma das actividades de quegosta, dando aulas na Universidade Inter-nacional da Figueira da Foz e na pós-gradu-ação do Instituto de Direito Penal Económi-co e Europeu, onde é docente e presidentedo Conselho de Direcção desde a sua fun-dação, em 1996.

A actividade científica também vai ocu-par os seus dias. Há cerca de um mês pu-blicou uma nova edição da sua obra “Direi-to Penal - Parte Geral”, adaptada à realida-de legislativa actual, que teve lançamentosem Portugal e no Brasil.

Na sequência das reformas penais, Fi-gueiredo Dias vai dedicar-se também àelaboração de uma nova edição do Co-mentário Conimbricense do Código Pe-nal, obra de grande dimensão na qual é ocoordenador.

“Vou manter-me muito activo, enquantoa cabeça o permitir. Também gosto imen-so de dar aulas”, confessou à agênciaLusa.

Da sua carreira de 47 anos, FigueiredoDias recorda o seu doutoramento como“um momento fantástico”, no final dosanos 60, quando ainda era “bastante novo”para o que era comum na Faculdade.

“Foi um momento científico e pessoalde viragem”, na defesa da dissertação in-titulada “O Problema da Consciência daIlicitude em Direito Penal”. Realça quefoi dos derradeiros a ser examinado se-gundo um modelo de provas então em vi-gor, em que o candidato ao longo de oitodias era interpelado, não apenas na suaárea de estudo, mas em todas as áreas doDireito.

Ao longo da carreira foi também chama-do a colocar o seu saber ao serviço de acti-vidades para o Estado, e uma que recordacom mais intensidade é a presença na Co-missão Constitucional, de 1979 até à suaextinção em 1983, a convite do Presidenteda República de então, Ramalho Eanes.

“Tudo era política nessa altura. Tive-mos problemas complicadíssimos, masforam quatro anos excelentes”, salienta,realçando que se manteve nessa Comis-são presidida pelo General Melo Antunesaté à sua substituição pelo então criado

Tribunal Constitucional.Com a criação doTribunal Constitucional, Jorge FigueiredoDias foi sondado para ser o seu primeiropresidente, e hoje diz que teria aceite sevingasse a condição que colocou - que oTribunal Constitucional fosse instalado emCoimbra.

“A minha ideia era para dignificar aindamais a sua independência, pois não deveestar localizado na mesma cidade onde es-tão as instâncias políticas”, sustenta, dizen-do que seguia o modelo alemão, em que oseu tribunal constitucional está instalado napequena cidade de Karlsruhe e os restantesórgãos de soberania em Berlim.

Segundo Figueiredo Dias, Ramalho Ea-nes “estava convencido”, mas outras pres-sões impediram esse intento, que era tam-bém justificado com a “preciosidade daFaculdade de Direito”, a sua biblioteca,que chegou a ser considerada a quintamais importante do mundo na área jurídi-ca, e hoje continuará a ser a mais impor-tante das existentes em universidadeseuropeias.

Tendo participado em vários trabalhoslegislativos, é presidente da Comissão deReforma da Legislação Penal e ProcessualPenal Portuguesa (desde 1983). Sob a suapresidência foi elaborado o novo Código deProcesso Penal português (1987) e a Re-forma do Código Penal (1995).

Hoje confessa ser ainda cedo para sepronunciar sobre o impacto dessas refor-mas, e responde com silêncio ao ambientede polémica que tem envolvido os debatespúblicos sobre as alterações legislativas nestedomínio do Direito.

Jorge Figueiredo Dias

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12 DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007SANTA CLARA

Santa Clara a desenvolver-sedeixa de ser a margem esquecida

DEPOIS DE SÉCULO E MEIO A OLHAR PARA A UNIVERSIDADE...

Santa Clara é uma das 31 freguesiasde Coimbra e foi, durante, muitos anos,uma zona onde o progresso demoravamais a chegar, como se o Rio Mondegofosse um muro, em lugar de instrumentode ligação.

A verdade é que a situação se tem vindoa modificar e a freguesia de Santa Clara

passa agora por um surto de desenvolvi-mento nos mais diversos domínios,de talmodo que já não pode considerar-se comosendo “a outra margem”, no sentido de es-tar mais esquecida, mas antes uma mar-gem esquerda com mais pontes que a li-gam à margem direita do Mondego (a maisrecente das quais, a ponte pedonal Pedro eInês, é uma magnífica obra de arquitectura,que tem atraído especialistas de todo Mun-do que lhe não poupam elogios).

Santa Clara tem um rico património his-tórico e arquitectónico, cujos elementos maisvisíveis são o Convento de Santa Clara-a-Velha (onde se fizeram preciosos achadosarqueológicos), o Convento de Santa Cla-ra-a-Nova (onde se encontra o túmulo daRainha Santa Isabel, Padroeira de Coim-bra), cuja parte ocupada nas últimas déca-das pelos militares poderá vir a transfor-mar-se numa grande pousada.

Destaque merece também o Convento

de S. Francisco, onde avançam as obraspara que se transforme no Centro de Con-gressos de que Coimbra tanto carece.

O Estádio Universitário, a Praça da Can-ção, o Portugal dos Pequenitos, a Quinta dasLágrimas, são outras das estruturas queenriquecem a cidade de Coimbra e a suamargem esquerda (para onde está planea-da a construção da chamada “Cidade Judi-ciária”, com um novo Palácio da Justiça eoutras estruturas).

No próximo domingo, dia 25, a Fregue-sia de Santa Clara assinala 153 anos de exis-tência, razão pela qual o “Centro” foi ouviro Presidente da Junta de Freguesia, JoséSimão, que tem vindo a levar a cabo umtrabalho considerado muito meritório.

José Simão começou por recordar queem 1854 apenas existiam 9 freguesias emCoimbra, tendo sido nesse ano tomada adecisão de as transformar nas 31 freguesi-as que se mantêm até hoje.

Assim, a antiga freguesia S. Franciscoda Ponte deu lugar à actual Santa Clara,devido ao legado dos nomes dos monumen-tos existentes no local (nomeadamente osmosteiros de Santa Clara-a-Velha e de SantaClara-a-Nova).

CENTRO – Qual o programa das fes-tas para mais este aniversário?

José Simão – Vamos fazer um arraial noMercado das Almas para toda a população.Antes do almoço, vamos dar uma volta pelafreguesia com o nosso autocarro. A nossafreguesia é totalmente urbana, tem 1016hectares e confina com muitas outras fre-guesias da cidade. Acho que é importanteas pessoas conhecerem bem a sua fregue-sia e daí proporcionarmos este passeio.

CENTRO – Que problemas destaca nasua autarquia?

J. S. – Temos poucos problemas, masmuitas necessidades. Temos muitas neces-sidades de habitação social. Desde Salazar,nunca mais foi construída qualquer habita-ção social (1951). Demos um terreno parafazer um lar de idosos e agora cabe à Casado Pai edificar a casa.

CENTRO – A Junta vai apresentar al-guma novidade no aniversário?

J. S. – Vamos apresentar um novo aspi-rador urbano no dia de aniversário, que será

um bom contributo para melhor limpar asruas. Mas quero destacar que vamos terainda uma outra novidade muito interessan-te: uns quadros interactivos, que vamos apre-sentar nas escolas primárias, financiadosintegralmente pela Junta de Freguesia. Temimensas potencialidades e é o último gritotecnológico em termos educativos.

CENTRO – Que projectos tem emmãos?

J. S. - Vamos apresentar em breve umprojecto na área do Desporto, que consistenum parque desportivo sintético aberto, ondese podem praticar várias modalidades(como, por exemplo, o andebol, o ténis, ofutsal e o voleibol) e que orçará em cerca

de 80 mil euros. Este projecto será financi-ado em parte pelo departamento do Des-porto da Câmara Municipal de Coimbra enoutra pela Junta de Freguesia de SantaClara. Este espaço localiza-se no Vale Ro-sal e está prevista para Fevereiro a sua inau-guração.

CENTRO – A margem esquerda temtido muitas melhorias?

J. S. – Tem havido muitas obras que têmfeito Santa Clara crescer e evoluir. SantaClara é uma cidade nova. A margem es-querda tem sido preterida, mas eu não meposso queixar. O Programa Polis tem con-tribuído para a beleza de Santa Clara. Veja-

se a Ponte Pedro e Inês, a Praça da Can-ção, a Ponte Rainha Santa, o Fórum, as obrasjunto ao Convento de Santa Clara, enfimtantas melhorias que ajudaram a embelezara margem esquerda.

Para além disso, a Feira Popular, que temo orçamento de cerca de 100 mil euros, e éo maior evento da cidade de Coimbra, orga-nizado pela Junta de Freguesia de SantaClara, movimentando cerca de 60 a 70 milpessoas, durante 17 dias.

CENTRO – Toda esta animação namargem esquerda tem um lado negativo,pois muitas pessoas queixam-se do exces-so de barulho...

J. S. – As pessoas têm razão quanto ao

barulho. Não sou a favor dos horários prati-cados. Claro que também não sou radicalao ponto de dizer que se acabe com a Quei-ma das Fitas ou com a Latada na Praça daCanção. O que eu acho é que as festivida-des deviam terminar às 2 horas da manhã,horário que tinha sido licenciado pela Câ-mara Municipal de Coimbra. Os concertosdeviam começar mais cedo e acabar maiscedo. Tem que haver respeito pela cidade eos estudantes têm que ter mais civismo.Estou de acordo que se mantenha o local,mas deve haver mais respeito pelas pesso-as e pela cidade.

José Simão

O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha é uma preciosidade rara

Norberto Rodrigues

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13DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007 SANTO ANTÓNIO DOS OLIVAIS

A Freguesia de Santo António dosOlivais é não só a maior de Coimbra, mastambém uma das maiores do País, comuma população de dezenas de milhar depessoas.

Francisco Andrade, Presidente da Jun-ta de Freguesia dos Olivais, em entre-vista ao jornal CENTRO, referiu o pro-grama das festas do 153.º aniversário daJunta (que se comemora no próximo fim-

de-semana, dias 24 e 25 de Novembro),falou do trabalho realizado e desvendoualgumas das suas ambições e projectospara a autarquia que dirige.

Demonstrando grande dinamismo,mas simultaneamente preocupações hu-manistas perante uma realidade sócio-económica complexa, numa Freguesiaque se estende por montes e vales, porpaisagens urbanas e rurais, bastante he-terogéneas.

Embora não querendo privilegiar nin-guém, o Presidente da autarquia procu-ra apoiar os mais carenciados, os maissós, os mais idosos, mas sem nunca es-quecer os mais novos.

CENTRO – Qual a última actividadedesenvolvida pela Junta de Freguesia?

Francisco Andrade – Terminou recen-temente mias uma edição da nossa Fei-ra de Artesanato, começada há quatroanos com 17 expositores, depois com 21e agora já com 33. Houve um alarga-mento da tenda lateral e a necessidadede outro anexo. Procurámos divulgar epreservar o artesanato, mas não esque-cemos a componente lúdica, com umprograma de animação da Feira que con-templou a canção de Coimbra, o folclo-re, o ilusionismo e ainda dois filmes so-bre a Freguesia dos Olivais.

CENTRO – Que balanço faz?F.A. – Bastante positivo. Para além

de mais expositores, houve também umaumento do número de visitantes. Tive-mos centenas de pessoas por dia.

CENTRO – Agora que se aproxima

A MAIOR FREGUESIA DE COIMBRA E UMA DAS MAIORES DO PAÍS

Santo António dos Olivais festeja aniversárioprivilegiando o convívio

mais um aniversário da Junta, quer le-vantar o véu sobre o que se irá passarde especial?

F.A. – No primeiro dia (sábado, dia24), vai haver um concurso de pesca in-ter-colectividades, no Rio Mondego, comum almoço, às 14 horas.

No dia 25, haverá uma largada depombos às 10:00, no largo dos Olivais.Logo a seguir, às 10:30, serão colocadosdesafios: aderir a um grupo de caminhei-ros ou a um passeio de bicicleta (e quecada um que vier traga um amigo tam-bém). À tarde, pelas 16:00, teremos ummagusto, com música ao vivo para queas pessoas se divirtam.

Às 20:00, será feita uma visita ao Cen-tro de Estudos de Santo António, segui-da da exibição de um filme no Pavilhãodo Olivais Futebol Clube e entrega desubsídios às colectividades da Freguesia.

CENTRO – Para além das feiras edas festas, que outras actividades da Jun-ta de Freguesia gostaria de destacar?

F.A. – Preocupamo-nos especialmen-te com a população sénior e que está só,daí que tenhamos criado actividades paramelhorar o seu bem-estar físico e psico-lógico, como as aulas de Chi Kung e TaiChi, com 150 praticantes, enquanto nahidroginástica temos 140. Para além dis-so, temos ainda Dança de Salão. E énossa intenção criar um grupo de teatro.

CENTRO – E essa população menosjovem adere às iniciativas?

F. A. – Só para dar um exemplo, noúltimo passeio levámos cerca de 130 ido-sos até Viana do Castelo. Houve pesso-as que me disseram que só saíram deCoimbra com as excursões dos Olivais.Há imensas pessoas com problemas desolidão. A terapia do convívio é funda-mental e a qualidade de vida melhoroucom este tipo de iniciativas.

CENTRO – Sei que a Junta é tam-bém pioneira em Coimbra nos festejoscarnavalescos. Como vai ser o próximo?

F. A. – De facto, não há em Coimbrafestejos de Carnaval como os nossos.Vamos organizar um terceiro corso car-navalesco e vamos exibir o filme dos quejá fizemos. A intenção é sensibilizar aspessoas a aderir de cada vez mais a es-tes momentos de alegria e convívio.

CENTRO – Além do Carnaval, tam-bém festejam os Santos Populares?

F.A. – As marchas populares são tam-bém um êxito e esperamos reforçar ain-da mais esse sucesso. Mas não foi sóem Junho, nos Santos Populares, que ti-vemos êxito. Em Agosto promovemos asNoites de Verão, com grupos polacos,mexicanos, alentejanos e o público foimuito entusiasta. Continuamos a pensarque as pessoas devem estar no centro

das atenções e a Junta é uma casa querepresenta uma fuga à solidão. Por isso,no próximo mês vamos levar a cabo a

Francisco Andrade

organização do Cabaz de Natal, que tal-vez ajude alguns a serem mais felizes.

Norberto Rodrigues

Imagem de uma das aulas de ginástica oriental

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14 DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007

* Professor e Dirigente do SPRC/FENPROF

João Louceiro *

GREVE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Justa e necessária!

“Sócrates clonounos seus ministrosuma atitude messiânica.Para eles,primeiro-ministroe seus subordinados,a negociaçãoé uma formalidadea inscreverem preâmbulosda legislaçãoque, sem consensos,vão fabricando.”

Os sindicatos dos trabalhadores da Ad-ministração Pública convocaram GreveGeral para dia 30 de Novembro. Todos osque entendem que a democracia tem na in-tervenção dos trabalhadores um eixo fun-damental, compreenderão a necessidadedeste importante momento de luta.

Os sindicatos estiveram e estarão pre-sentes em negociações, defendendo prin-cípios, apresentando propostas e procu-rando soluções. Prosseguem, aliás, esseesforço em defesa dos legítimos interes-ses dos trabalhadores que representam eem defesa de serviços que são interessesmaiores de todos os portugueses. Pode-mos testemunhá-lo!

Sócrates clonou nos seus ministros umaatitude messiânica. Para eles, primeiro-mi-nistro e seus subordinados, a negociação éuma formalidade a inscrever em preâmbu-los da legislação que, sem consensos, vãofabricando. Toca-os um autismo que lhesfaz crer serem os únicos sérios, responsá-veis, capazes, apesar deste Portugal quepõem em sofrimento.

Nas vésperas da manifestação que le-vou duzentos mil trabalhadores a Lisboa,Sócrates dava a ideia de que, atendendo aoque já tinha espremido, acautelaria uma re-visão salarial diferente dos anos anteriores.Incomodado com a manifestação, propagan-deava a mentira de que era chegada a horade dar outro rumo às coisas.

O seu ministro Teixeira dos Santos apre-sentou-se nas reuniões com os sindicatoscom um valor: 2,1% de aumento salarial em2008. Para se perceber para além da opa-cidade da demagogia é preciso ter presentealguns dados:

- os trabalhadores da Administração Pú-blica perderam cerca de 10% (!) do poderde compra dos salários nos últimos anos,resultado de revisões salariais sempre aquémda inflação e de outras medidas como o “con-gelamento de carreiras”;

- o Governo martela uma previsão de2,1% de inflação para o próximo ano, comofez nos anteriores em que forjou valores

sempre ultrapassados mas que serviam para“justificar” aumentos salariais penosamen-te insuficientes;

- na previsão do Governo acreditam (?)os seus alquimistas e os seus apaniguados:a Comissão Europeia e o FMI apontam va-lores mais altos e basta reter alguns sinaiscomo o custo do barril do petróleo ou a anun-ciada explosão de preços dos cereais e assuas consequências em muitos bens alimen-tares essenciais para perceber a falácia;

- o Governo diz que não pode mais mas,se atentarmos no Orçamento de Estado para

2008, verificamos que o “não poder” resul-ta das opções políticas que protegem privi-légios em detrimento dos trabalhadores e doestímulo da economia do país (1780 milhõesde euros para benefícios fiscais no offsho-re da Madeira; quase 200 milhões para en-comendar estudos, pareceres, projectos econsultadorias);

- os valores dos aumentos salariais naAdministração Pública são referência paraas negociações nos outros sectores, indu-zindo depressão salarial para todos os ou-tros trabalhadores.

Os sindicatos, durante as negociações,alteraram, na busca de soluções, as suasreivindicações de aumentos. Iriam até maislonge na flexibilização das suas propostas,desde que fosse garantida uma revisão sa-larial minimamente digna com alguma re-posição do poder de compra. Face à pro-messa de Sócrates, sugeriram que, então, oGoverno se comprometesse a reabrir nego-ciações, caso a sua previsão de inflação serevelasse errada.

Teixeira dos Santos chegou à mesa denegociações com um valor. Saiu das nego-ciações com o mesmo valor. Voltou a de-monstrar que partilha este entendimentosobranceiro das negociações.

Na Greve convocada não estão em cau-sa apenas decisivas matérias de vencimen-tos. Mas estas são um paradigma da arro-gância, da prepotência e do baixíssimo nívelde consciência democrática de quem go-verna. E este é mais um dos motivos rele-vantes para dizermos que a Greve Geral daAdministração Pública de dia 30 é justa enecessária. Cabe aos trabalhadores dar-lhea dimensão que o Governo merece e que opaís exige!

Alunos de cursos profissionais do secundáriovão ter subsídio de alimentação

Todos os alunos dos cursos profissionaisdo ensino secundário público e privado vãobeneficiar, já a partir de Janeiro, de subsídi-os de alimentação e transporte, estando ain-da a ser estudada a atribuição de um apoiodurante os estágios curriculares.

“Até ao final do mês vão ser conheci-dos os regulamentos e a nossa expectativaé que os alunos possam beneficiar dessesapoios já a partir de Janeiro”, afirmou aministra da Educação, Maria de LurdesRodrigues, na passada sexta-feira, à saídada comissão parlamentar de Orçamento eFinanças, onde foi discutida a dotação or-çamental do sector.

Num debate muito morno na Assembleiada República, a oposição uniu-se para acu-sar o Governo de desinvestir na Educação,ao contrário do que sugere a “propaganda”do Executivo socialista.

“Este orçamento não reflecte em nadaas campanhas de propaganda do Governo,

que insistem em mostrar-nos um país quenão existe”, criticou o comunista Miguel Ti-ago, numa opinião partilhada pela deputadado Bloco de Esquerda Ana Drago, que acu-sou o PS de “anunciar uma segunda lua-de-mel com a Educação”, apesar de “o inves-timento ser zero”.

Na resposta, Maria de Lurdes Rodriguesafirmou que se trata de um “orçamento decontrolo da despesa pública, na continua-ção dos orçamentos anteriores, mas semprejuízo dos investimentos prioritários”.

O programa e-escolas, que prevê a atri-buição de computadores portáteis com In-ternet de banda larga a professores e alu-nos, foi um dos temas do debate, com osdeputados da oposição a questionarem aministra sobre a razão pela qual não estãocontemplados os docentes e estudantes dosestabelecimentos de ensino privados.

A responsável explicou que os mesmossó não estão ainda abrangidos por “dificul-

dades técnicas” relacionadas com a inexis-tência de uma base de dados com informa-ção sobre as escolas privadas, garantindoque, numa segunda fase, todos vão benefi-ciar deste programa, incluindo os docentescontratados.

“O fundo não acabará e o objectivo épermitir a generalização dos computadoresa todos. O facto de se ter começado pelasescolas públicas tem a ver com razões téc-nicas e não significa que os outros profes-sores e alunos fiquem de fora”, assegurou aministra, no final da comissão.

Também o quadro de mobilidade especi-al da Função Pública esteve no centro dadiscussão parlamentar, levando a ministra agarantir, em resposta a uma interpelação doCDS-PP, que “neste orçamento não há ne-nhuma previsão de diminuição do númerode professores a contratar”, nem “a expec-tativa de colocar um professor no quadrode mobilidade.

EDUCAÇÃO/ENSINO

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15DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007 MUNDO ANIMAL

Há uns anos que dedico uma parte daminha arte (medicina veterinária) a aju-dar a Sociedade Portuguesa de Vida Sel-vagem, em Portugal, a recuperar cetá-ceos arrojados vivos nas costas portu-guesas e por isso não me passou indife-rente uma notícia brutal no meu país deorigem: arrojamento massivo de cetáce-os na ilha da Boavista, Cabo Verde, nodomingo passado, perecendo 265 (duzen-tos e sessenta e cinco) animais, apesardas tentativas desesperadas das autori-dades marítimas e dos populares. Hoje(terça-feira) mais 70 arrojaram e cami-nham para o mesmo fim. Ao largo dacosta, testemunha a bióloga Ivete Del-gado, um grupo de cerca de 400 animaisem aparente desorientação arrisca-se aomesmo destino.

Não houve informação de qual seriaa espécie envolvida, mas pelo elevadonúmero de animais não há dúvida que setrata de uma espécie com uma estruturasocial muito gregária (de uma forma en-tendível por todos, significa isto que têmligações sociais muito intensas, como oscarneiros num rebanho).

Investigando a história recente dosarrojamentos em Cabo Verde, descobri-mos que em 2003 mais de cem animaispertencentes à espécie Peponocepha-la electra (Golfinho de Cabeça de Me-lão ou Orca Anã) arrojaram na ilha de-serta de Santa Luzia e quase todos mor-reram; e que em 2004, na localidade deSinagoga, em Santo Antão, arrojaramalguns animais desta espécie; no dia 27de Outubro de 2005, nove animais damesma espécie arrojaram na Baía daMudeira, na ilha do Sal, onde foram so-corridos pelos populares e autoridadesmarítimas, que nesse caso ainda conse-guiram salvar sete animais. Habitando aságuas de Cabo Verde esta é a única es-pécie conhecida que tem uma organiza-

CENTENAS A MORRER EM PRAIAS DE CABO VERDE

A tragédia dos golfinhosSalvador St.AubynMascarenhasMédico Veteriná[email protected]

ção social tão fortemente gregária parase observarem grupos tão numerosos, porisso é muito provável que os arrojamen-tos ocorridos na ilha da Boavista tenhamsido de Golfinhos de Cabeça de Melão.

Os Golfinhos de Cabeça de Melão ouOrca Anã (Peponocephala electra) sãogeralmente de águas profundas. Alimen-tam-se de lulas e pequenos peixes, e vi-vem nas zonas de água quente. Os ma-chos normalmente medem 2,5 mt e asfêmeas 2,43 mt e o peso máximo obser-vado foi de 275 kg. Ao nascer medemcerca de 1 mt e atingem o tamanho má-ximo aos 13-14 anos. O tempo de gesta-ção ainda é uma incógnita. São encon-trados em grandes grupos, de 100 a 500indivíduos, sendo que já foi observado umgrupo de cerca de 2 mil golfinhos.

Alguns arrojamentos em massa deGolfinhos de Cabeça de Melão têm ocor-rido em vários países do mundo banha-dos por águas tropicais, nomeadamenteno Japão e no Brasil, tendo sido motivode estudos aturados. Nalguns casos al-guns animais estavam altamente parasi-tados ao nível do ouvido médio e interno

por um parasita Nasitrema sp, que teriadestruído o 8º nervo cranial, com a con-sequente perda da habilidade de nave-gação acústica (sonar), resultando emdesorientação e arrojamento. E como sãoespécies altamente gregárias, se os líde-res forem de encontro à praia o resto dogrupo vai segui-los, como já tem sidoobservado nos casos em que o golfinholíder está doente e arroja, arrastando oresto do grupo que se encontra saudá-vel. E as ligações sociais são tão inten-sas que por vezes todo o esforço parasalvar os golfinhos é em vão, como temacontecido em diversos arrojamentoscom as Baleia Piloto ( Globicephalasp.), uma espécie também altamentegregária.

Outras causas têm sido apontadas,nomeadamente a utilização de sonaresde baixa frequência pela marinha duran-te exercícios, havendo uma relação di-recta entre estes e a ocorrência de arro-jamentos em massa, como sucedeu a 4de Julho na baía de Hanalei, no Hawai,onde houve um arrojamento em massade Golfinho de Cabeça de Melão, um dia

depois do início dos exercícios militares.Voltemos à Boavista, à Cabo Ver-

de. Na notícia que li diziam que todosos animais já tinham sido enterradosno local. Será que recolheram amos-tras e sangue para estudo a posterio-ri? Foram necropsiados alguns animaisem busca de lesões? Um dado impor-tante também é saber qual é a percen-tagem de machos e fêmeas arrojados,porque alguns estudos apontam casoscom relação de 2 fêmeas para 1 ma-cho (Perryman et al. 1994).

O que se passa nas nossas águas?Haverá alguma actividade marinha de-senvolvida naquela zona que as autori-dades não tenham conhecimento? Umarrojamento de tão grandes proporçõesnecessita, como é óbvio, de uma investi-gação rigorosa, por todas as razões emais alguma. Neste momento que esta-mos à procura de saber o que aconte-ceu, todas as perguntas deverão ser fei-tas, senão corremos o risco de nunca en-contrar nenhuma resposta.

Penso que esta é a altura ideal parareflectirmos sobre os mamíferos mari-nhos em Cabo Verde, uma reflexão quedeveria englobar todos os que quisessemcontribuir com o seu quinhão de conhe-cimento, já que hoje as distâncias sãoanuladas pela tecnologia. É preciso darmais ênfase ao estudo dos cetáceos emCabo Verde, uma das grandes riquezasdos mares deste país, porque para con-servar é preciso conhecer – além dasimplicações a nível internacional de quetal conhecimento traria.

E, já agora, por que não criar um gru-po multidisciplinar permanente para oestudo dos arrojamentos dos cetáceos emCabo Verde? E, mais ambicioso ainda;um centro de recuperação para animaisarrojados e o seu estudo?

Labor omnia vincit improbus.

Impressionante imagem de um arrojamento de elevado número de golfinhos

“AGIR PELOS ANIMAIS” CRIOU BLOGUE

Quem quer um(a) companheiro(a)?Com o objectivo de encontrar uma casa – e donos responsáveis –, que

possam acolher algum dos muitos gatos que estão alojados na Casa dosGatos (em Coimbra), ou na casa de alguns voluntários da AssociaçãoAgir pelos Animais, foi criado um blogue, cujo endereço é o seguinte:

http://casadgatos.blogspot.com/

Os gatos anunciados no blogue estão há semanas, meses, alguns háquase 2 anos, na Casa dos Gatos e nas casas dos voluntários FAT (Famí-lia de Acolhimento Temporário), à espera de uma oportunidade.

Assim, os responsáveis por esta iniciativa estão a divulgar esta cam-panha, solicitando que mesmo os que não estão interessados numa possí-

vel adopção, ou apadrinhamento de algum dos gatos, divulguem a exis-tência deste blogue junto dos seus contactos. Referem que “qualquerajuda nesse sentido é muito bem vinda”, mas sublinham:

“Qualquer gato só é entregue para adopção após verificação das con-dições dos interessados, para uma adopção responsável. Esta medida énecessária para garantir a futura segurança e bem estar do animal”.

Mais nformações podem ser obtidas nos seguintes sítios:

http://agirpelosanimais.planetaclix.pt/index_pt.html

http://www.agirpelosanimais.blogspot.com/

Page 16: O Centro - n.º 38 – 21.11.2007

16 DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007SAÚDE

O Dia Nacional do Não Fumador assi-nalou-se no passado sábado, para alertarpara os malefícios do tabaco, consideradopela Organização Mundial de Saúde a prin-cipal causa de morte evitável em todo oPlaneta.

Em Portugal, os inquéritos nacionais desaúde, de 1998 e 2005, mostram que, noshomens, o hábito de fumar desceu de 32,8por cento para 31 por cento, enquanto nomesmo período as mulheres fumadorasaumentaram de 9,5 por cento para 10,3 porcento.

Verificou-se também que o tabagismo éum problema maior na metade mais jovemda população portuguesa, com a taxa defumadores a aumentar entre os adolescen-tes com 13 e 14 anos.

Na percentagem mais velha da popula-ção masculina também é claro o aumentodo número de ex-fumadores, sugerindo quea maturidade e o aparecimento de doenças

Mais mulheres e menos homensviciados no tabaco

do tabaco levam muitos fumadores a aban-donar o vício.

Estima-se que cerca de 55 por cento dosdois milhões de fumadores existentes emPortugal queira deixar de fumar.

Na Europa, cerca de 700 mil pessoasmorrem anualmente devido a doenças rela-cionadas com o tabaco.

No âmbito do Dia Nacional do Não Fu-mador, um grupo de médicos de várias es-pecialidades anunciou sexta-feira que vaicriar uma “Liga Contra o Tabagismo” paraajudar quem pretende deixar de fumar e“reflectir sobre os aspectos positivos da novalei do tabaco”.

Reunindo médicos de várias especialida-des - pneumologia, cardiologia e clínica ge-ral -, este “movimento”, que pretende ser“de âmbito nacional”, procura reunir pes-soas “com responsabilidade” para “alertaro público sobre os malefícios do tabaco”,afirmou à Agência Lusa Vítor Gil, mentor

da ideia e Director do Serviço de Cardiolo-gia do Hospital Amadora-Sintra.

“Confrontar as empresas a criar espa-ços para fumadores”, enviar “uma mensa-gem aos mais novos, nomeadamente os alu-nos nos estabelecimentos de ensino”, e “sen-sibilizar quem trabalha e se desloca aos es-tabelecimentos de saúde para aí não fumar”são os primeiros objectivos deste grupo demédicos, explicou o cardiologista.

O Manifesto e a Liga surgem na sequên-cia da nova lei do tabaco que, para o mentordo projecto, “é uma lei boa e positiva” que“não marginaliza os fumadores e propõe hi-póteses de tratamento”.

A nova lei do tabaco, que entra em vigorno primeiro dia de 2008, vai proibir o fumoem vários locais fechados, designadamenteem locais de trabalho, de atendimento di-recto ao público, nos estabelecimentos ondesejam prestados cuidados de saúde, nas áre-as de serviço e postos de abastecimento de

combustíveis e nos parques de estaciona-mento cobertos.

Será também proibido fumar nos trans-portes públicos e nos estabelecimentos derestauração ou de bebidas, incluindo os quepossuam salas ou espaços destinados à dan-ça.

A nova legislação prevê também, em to-dos os centros de saúde integrados no Ser-viço Nacional de Saúde e nos serviços hos-pitalares públicos, a criação de consultasespecializadas de apoio aos fumadores quepretendam deixar de fumar.

Para assinalar o Dia do Não Fumador, aDelegação Centro da Fundação Portugue-sa de Cardiologia promoveu uma originalactividade de sensibilização no Centro Co-mercial Dolce Vita: troca de cigarros pormaçãs.

Uma mensagem simbólica, a que muitosaderiram, esperando-se que influenciemuitos ainda fumadores.

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Portugal é o quarto país da EuropaOcidental que mais casos novos de in-fecções por VIH diagnosticou em2006, segundo o relatório anual do Pro-grama das Nações Unidas sobre adoença.

No topo da lista surge o Reino Uni-do, com 8.925 novas infecções de VIHdetectadas no ano passado.

Aliás, o Reino Unido mantém-secomo um dos países da Europa Cen-tral e Ocidental onde o VIH/sida temmais prevalência, tendo os novos ca-sos da doença duplicado de 2001 para2006.

Este aumento deve-se essencial-mente às novas infecções entre os ho-mens com relações homossexuais e aum aumento do diagnóstico de mulhe-res e homens heterossexuais que con-traíram o vírus em países com eleva-dos níveis de prevalência da doença,sobretudo na África sub-saariana enas Caraíbas.

Na Europa Ocidental, França é o

Sida: Portugalé o quarto paísda Europa Ocidentalcom mais casosdiagnosticados

país que se segue ao Reino Unido, com5.750 novos casos diagnosticados em2006.

Depois surge a Alemanha com2.718 casos e Portugal com 2.162 no-vas infecções por VIH.

Segundo o relatório da Onusida,apenas algumas regiões de Espanhae de Itália contribuem para estes cál-culos reportando os dados.

Em todos os outros países da Euro-pa Ocidental o número de novos di-agnósticos é menor e as novas infec-ções apenas excedem as mil na Ho-landa.

Na Europa Ocidental, o VIH étransmitido essencialmente devido arelações sexuais desprotegidas e tam-bém por uso de equipamento conta-minado entre consumidores de drogainjectável.

No entanto, a ONU refere que estaúltima causa tem pouca representa-ção, com excepção para dois países:Portugal e Espanha.

A Orquestra Clássica do Centro, numaco-organização com o Governo Civil deCoimbra e a Câmara Municipal da Lousã,promove no próximo fim de semana (dias24 e 25 de Novembro), no Mélia Palácio daLousã, uma iniciativa designada por“Conc(s)ertos à Indiferença”, integrada nascomemorações do Ano Europeu da Igual-dade de Oportunidades para Todos.

O programa é o seguinte: sábado, - 21h30

– Concerto pelo Quarteto de Cordas daOCC e conferência pelo dr. Fernando No-bre, Presidente da AMI, intitulada “Direitoà Diferença / Não à Indiferença”.

Domingo, 17 h , Concerto pelo Coro dosAntigos Orfeonistas da Universidade deCoimbra e pela Orquestra Clássica do Cen-tro, sob direcção do maestro Virgílio Ca-seiro.

A entrada é gratuita.

Concerto solidário na Lousã

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17DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007 SAÚDE

MassanoCardoso

Três dias após a Tomada da Bastilha,o rei Luís XVI acedeu ao pedido de JeanSylvain Bailly, maire de Paris, para sedirigir à cidade a fim de saudar o novomunicípio. Precedido de Lafayette, pro-ponente da combinação das três cores,

vermelho e azul enquadrando o brancomonárquico, aceitou a fita tricolor comosímbolo dos franceses a pedido de Bai-lly. Colocou-a ao redor do chapéu, pas-

“La Cocarde Tricolore”mos constatar inúmeras pessoas e gru-pos que se arvoram de uma pretensasuperioridade intelectual, cultural, social,política ou moral.

Evidentemente que muitos revelamcapacidades intelectuais e culturais su-periores aos demais, fruto de vários

factores e circunstâncias. São fonte dealguma auto-satisfação? Sem sombra dedúvida! Mas para se sentirem completostêm que as colocar ao serviço da comuni-dade revelando humildade e consciênciacívica. Chauvinismo intelectual? Não!

Outros, com base numa pretensa he-rança genética, denotam uma superiori-dade não justificável, porque a nobreza decarácter não se mede pela qualidade dosgenes, mas sim pela qualidade dos princí-pios adquiridos base da verdadeira nobreza

sando a constituir o emblema nacionalda França, com todos os significadossubsequentes.

Na comédia francesa, La CocardeTricolore, dos irmãos Cogniard, a per-sonagem Chauvin interpreta um papel depatriotismo exagerado. Daqui a designa-

ção de chauvinismo para descrever acrença de que “as propriedades do paísa que se pertence são as melhores sobqualquer aspecto a raiar a mitomania”.

Hoje em dia o conceito de chauvinis-mo não se aplica apenas à pretensa su-perioridade de um povo sobre outro. As-sentando em falsas premissas utiliza ar-gumentos sentimentais em vez da razãoporque é muito mais fácil convencer comos primeiros.

Se olharmos ao nosso redor podere-

social. Chauvinismo social? Não!Há os que professam de forma pato-

lógica a superioridade da sua ideologiapolítica, como se houvesse alguma ca-paz de representar a verdade e a purezaabsolutas. Incapazes de aceitar as boasideias que possam provir de todos osquadrantes acabam por prejudicar a so-ciedade. Não ao chauvinismo político!

Também há os que pretensamente seconsideram superiores em termos mo-rais, julgando, apreciando, denunciando,caluniando, sempre em nome de algo oude princípios em que sentimentos precon-ceituosos se sobrepõem à razão e à rea-lidade do factos. Incapazes de discerni-rem correctamente destroem almas quetão ansiosamente pretendem salvar.

As lágrimas vertidas durante as lon-gas noites são testemunhas da dor daalma que arrefece perante o brilho dosol. A perfídia mata. Chauvinismo mo-ral? Nunca!

Luís XVI

Mónica Bettencourt Dias recebe hojePrémio Crioestaminal 2007

A cientista portuguesa Mónica Betten-court Dias recebe hoje (quarta-feira) o Pré-mio Crioestaminal em Investigação Biomé-dica 2007 pela identificação de moléculasque contribuem para a formação dos cen-trossomas, um trabalho com implicações nodiagnóstico da infertilidade e do cancro.

“O trabalho de investigação [de MónicaBettencourt Dias] revela informações im-portantes sobre a estrutura das células res-ponsável pela infertilidade e pelo cancro, algoinédito no panorama científico”, consideraem comunicado a Associação Viver a Ci-ência, que atribui o prémio.

A investigadora identificou as moléculasque contribuem para a formação e funçãodos centrossomas, que são as estruturas queregulam o esqueleto e a multiplicação dasnossas células.

Cada uma das células do corpo humano

tem apenas um centrossoma, mas em ca-sos de doenças, como o cancro, há frequen-temente muitos mais, apresentando umaestrutura alterada.

O trabalho da investigadora, publicado emprestigiadas revistas como a “Nature”, a“Science” e a “Current Biology”, avançouno conhecimento das moléculas envolvidasna formação e função dos centrossomas epermite diagnosticar de forma precoce seelas apresentam alguma alteração associa-da a alguma patologia.

Este prémio para o incentivo do desen-volvimento de investigação em Portugal, novalor de 20 mil euros, é o terceiro que ajovem cientista do Instituto Gulbenkian deCiência, em Oeiras, recebe nas últimas se-manas.

Na passada semana, a cientista foi aprimeira da Península Ibérica a receber o

Prémio Europeu Eppendorf pelos seus es-tudos na área da multiplicação celular, umprémio atribuído anualmente a jovens ci-entistas europeus com trabalhos na áreada biomedicina.

Recebeu ainda o Prémio Pfizer de In-vestigação Básica 2007, no valor de 20 mileuros, em conjunto com a investigadora AnaRodrigues Martins, pelo projecto de investi-gação “Revisiting the role of the mother

centriole biogenesis”, desenvolvido em co-laboração com as Universidades de Cam-bridge e de Siena.

No ano passado, o prémio o PrémioCrioestaminal em Investigação Biomé-dica distinguiu o jovem investigador Hel-der Maiato, do Instituto de Biologia Mo-lecular e Celular do Porto, por um pro-jecto relacionado com a compreensão damultiplicação celular.

Page 18: O Centro - n.º 38 – 21.11.2007

18 DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007A PÁGINA DO MÁ[email protected]

Mário Martins

SELECÇÃO EM LEIRIA

CITAÇÃO«O Sócrates? É de uma pavorosa

mediocridade. Pior: é um homem que temuma linha de pensamento convencional.Que assenta em todos os lugares-comunsdeste tempo e reproduz de uma maneiratosca esses mesmos lugares-comuns.»

(Vasco Pulido Valente, “Única”;publicado em 19/11)

AOS PARES, EM VISEU...Dois dirigentes e dois árbitros

detidos - Dois dirigentes desportivos edois árbitros foram detidos ontem à noi-te em flagrante delito quando se prepa-ravam para transaccionar dinheiro emTondela e Castro Daire, disse hoje àagência Lusa o comandante da PSP deViseu.

Segundo o comandante Almeida Cam-pos, o comando de Viseu da PSP rece-beu a denúncia de que “iria haver tran-sacção de dinheiro entre dirigentes des-portivos e árbitros”, tendo de imediatomontado uma operação.

Os agentes policiais encontraram-nos“na altura em que os dirigentes desporti-vos passavam o dinheiro para os árbi-tros”, fora dos carros, próximo de Ton-dela e de Castro Daire, contou.

Almeida Campos disse ainda à Lusaque o árbitro detido em Tondela “tinha aesposa dentro do carro, que foi com elereceber o dinheiro e só não foi detida porse encontrar grávida”.

O primeiro interrogatório judicial dossuspeitos está marcado para hoje de ma-nhã, nas comarcas de Tondela e de Cas-tro Daire.

(in “Record on-line”;publicado em 16/11)

NEM TUDO É MAUA Académica foi a equipa mais bem

comportada do mês de Outubro noranking mensal do Sindicato de Joga-dores para o prémio “Fair Play Colecti-vo”, divulgado esta sexta-feira, numperíodo em que, com as interrupçõespara os jogo da Taça da Liga e da Se-lecção Nacional, se contaram apenasduas jornadas.

Os estudantes, com um empate noRestelo (0-0) e uma derrota em casa di-ante do F.C. Porto (0-1), passaram incó-lumes, sem verem um único cartão nosjogos da 7.ª e 8.ª jornadas.

(in “Mais futebol”)Parabéns!

(publicado em 16/11)

AAC/OAF:10 MILHÕES DE PASSIVO

A direcção da Académica/OAF, pre-sidida por José Eduardo Simões, vai apre-sentar hoje, em Assembleia Geral, umpassivo na ordem dos 10 milhões euros,

PRELIMINARES«Olhó cachecol do jogo! 5 euros!».O cachecol do jogo tem o nome do estádio, a data e é metade de uma equipa e

metade da outra.«Queijadas de Sintra!».O cachecol do jogo deve ser comprado no final e não antes. E porquê?... Por uma

razão simples: depois do jogo, o preço baixa, por vezes para metade.Ontem à noite, porém, o preço já estava esmagado duas horas antes do jogo, tal

era a quantidade de vendedores ambulantes em Leiria.Logo à frente, nos parques de estacionamento, uma autêntica floresta de publici-

dade. A maioria da qual da responsabilidade da TBZ, a anunciar o Académica-Benfica do próximo fim-de-semana. Um exagero!

Mas também autocolantes e marcadores de livros a alertar para o número devítimas mortais nas estradas portuguesas. Já no estádio, o “jornal da selecção” e abandeirinha da TMN.NAS BANCADAS

Um frio de rachar. No final o termómetro do carro assinalava 4 graus.(Pior, pior, estava a temperatura em Pombal: 1 grau).Muita gente nas bancadas, uma parte do estádio ainda por concluir, três anos

depois do Euro’2004. Originalidades portuguesas.Nelly Furtado continua a dar “Força” à selecção portuguesa e os espectadores

continuam a bater palmas a compasso. Desta feita também para enganar o frio.O estádio tem 23.888 lugares sentados e cobertos, entraram nos portões 22.048

pessoas; ou seja, ficaram 1.840 cadeiras vazias. Ainda é alguma coisa.O JOGO

Fracote. Portugal poderia ter marcado aos 3 minutos (Simão rematou à trave),mas acabou por marcar a 3 minutos do intervalo, por Hugo Almeida.

Pelo meio, uma actuação medíocre, como o público fez questão de salientar comduas enormes assobiadelas, aos 81 e 83 minutos, quando a selecção portuguesa (8.ªmelhor selecção a nível mundial) defendia a vantagem conseguida frente à “podero-sa” Arménia (82.ª classificada do “ranking” da FIFA)!

Mas as assobiadelas, ainda que pouco perceptíveis, começaram antes do jogo.Foi na altura da apresentação das equipas. Dois nomes da equipa portuguesa mere-ceram alguns assobios, o que é invulgar.

Quem foram eles? – perguntará algum leitor deste espaço.Vão ter uma surpresa: Pepe e… Scolari.

O REGRESSOEm Agosto, aquando da final da Supertaça, demorei quase uma hora a entrar na

auto-estrada em Leiria, no final do jogo.Como “gato escaldado de água fria tem medo”, ontem optei por fazer o percurso

Leiria-Pombal pela EN 1. Depois, entrei na auto-estrada, parei na área de serviço(informaram-me que a chegada à auto-estrada, afinal, tinha sido rápida) e cheguei aCoimbra 55 minutos depois de ter entrado no automóvel na zona do estádio emLeiria. Nada mau.

Afinal, a única “nota negra” da noite foi a exibição da equipa portuguesa.AS MINHAS EQUIPAS

Foi um sábado vitorioso, já que as minhas equipas venceram.À tarde, em Fala, os juniores do Vigor derrotaram o Portomosense por 2-0, num

jogo de qualidade mediana.À noite, a selecção portuguesa venceu a Arménia por 1-0, num jogo bem pior –

técnica, táctica e espectacularmente.Há sábados assim. (publicado em 18/11)

Um outro olhar sobre o Estádio de Leiria...

relativo à época 2006/07.O passivo que a direcção da Aca-

démica vai apresentar hoje em Assem-bleia Geral é de 10.780,662,72 euros,relativo ao final da época 2006/07. Umvalor que à primeira vista reduz emmais de dois milhões de euros o déficedos estudantes, uma vez que no fechodas contas em Junho de 2006 o valorcifrava-se em 12.123.383.70. Porém,José Eduardo Simões, presidente daAcadémica, alertou nessa altura queem Setembro de 2006, com as verbasentretanto recebidas (provenientes davenda do jogador Marcel e de receitasda SportTV e da Repsol), o valor dopassivo baixaria cerca de quatro mi-lhões de euros, ou seja, estabilizaria nosoito milhões.

Nesse sentido, e numa assembleiageral efectuada em meados de Abril, adirecção apresentou um documento queconfirmava que o passivo tinha diminu-ído para 8.552.814.35 euros, em Dezem-bro de 2006. Desta forma, feitas as con-tas aumentou em seis meses mais dedois milhões de euros. (...) O futebolprofissional representa, segundo o do-cumento, 81 por cento dos custos, en-quanto a formação recebe esta tempo-rada uma verba ligeiramente superior a251 mil euros, mais 10 por cento do queem 2006/07.

(Ricardo Busano,no “Diário de Coimbra” de hoje;

publicado em 15/11)

PORTUGAL SOCIALISTAHá três vezes mais empresas dispos-

tas a sair de PortugalEstudo da Ernst & Young revela que

20% dos empresários têm a intenção dedeslocalizar a produção. Dados de Bru-xelas mostram que Portugal já é mais po-bre do que a Estónia.

(in “Diário Económico”)BREVE COMENTÁRIO – Eis

mais uma razão para José Sócrates es-tar satisfeito... Coitados de nós.

(publicado em 15/11)

JORNALISMO«”Não cometam o erro de ver os

factos através do buraco da fechadu-ra”, dizia aos colegas mais jovens, re-comendando-lhes a leitura da impren-sa internacional. Era, aliás, o que fa-zia enquanto saboreava o café damanhã. Tinha uma visão cosmopolitadas notícias e gostava de acentuar aimportância da memória nas redac-ções - convicto de que um jornalismosem memória está longe de servir osleitores.»

Acabo de encontrar este excerto no“Diário de Notícias”.

Estou 100% de acordo.(publicado em 14/11)

RESPOSTA AO MINISTROO ministro da Administração Interna

gabou o trabalho do Governo, mas háfogos por controlar em Novembro!

Se ele tem esperado uns diazitos...(publicado em 8/11)

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19DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007 CULTURA

“Dura Lex – Retratos da Justiça Por-tuguesa” é o título do novo livro de Antó-nio Marinho e Pinto, editado pela Miner-vaCoimbra e recentemente lançado, comapresentação de José Faria e Costa, Pro-fessor da Faculdade de Direito da Uni-versidade de Coimbra.

Segundo o apresentante, António Mari-nho e Pinto faz uso de uma “prosa directade defesa intransigente naquilo em que crê,mas também, indiscutivelmente, pedaços debom Direito”.

Entre esses “pedaços”, Faria Costa real-çou a “noção fundamental de que o Direitoé uma ordem de paz, uma ordem normativade pacificação” e a “ausência da percep-ção do real por parte da Lei e da percepçãodo real constante por parte do Juiz”.

Salientou ainda o facto de Marinho e Pin-to fazer da honra o centro nuclear que “estápara lá das dimensões ideológicas, que estápara lá da dimensão religiosa, que está paralá daquilo que é o bom nome”. E acres-centou: “Este é um bom Direito. Porquenós podemos acrescentar bom nome, po-demos perder bom nome, mas não pode-mos acrescentar honra, nem ninguém nosacrescenta honra”.

A concluir, o mestre de Direito referiuque “Dura Lex – Retratos da Justiça Por-tuguesa” é “um conjunto de formulações de

NOVO LIVRO DE ANTÓNIO MARINHO E PINTO

“Dura Lex – Retratos da Justiça Portuguesa”

enorme equilíbrio e de enorme sensibilida-de, mas sempre com um desafrontamentoe coragem de uma cidadania completa”.

Por seu turno, António Marinho e Pintosalientou que o livro assenta em duas ideiascentrais. “A Justiça, entendo-a como umbem demasiado importante para ser deixa-do ao cuidado exclusivo dos tribunais, dosmagistrados, dos juristas em geral. Esta ideia

de Justiça que eu defendo é uma ideia trans-versal na cultura, nos valores, em todos osdomínios da vida humana e não só no Direi-to. Nós devemos ser justos em tudo”. Des-de logo devemos ser justos “connosco pró-prios” para, então, criar “uma sociedademais justa”.

A outra ideia subjacente ao livro, segun-do o autor, é a de que “se a Justiça funcio-

nar mal, nada funcionará bem na nossa so-ciedade. Porque ela constitui a última ins-tância de regulação da vida social”.

Conhecido pela sua actividade em prolda defesa dos Direitos Humanos — actu-almente é membro da Secção Portuguesada Amnistia Internacional — Marinho ePinto defende também na obra que “a pri-meira exigência do Direito é o respeitoabsoluto pela pessoa humana. Não haveráDireito onde faltar ou estiver diminuídoesse dever de respeito”. E que o Direito sefunda “na liberdade e não na autoridade.Só os homens livres podem ser sujeitos edestinatários do Direito”.

António Marinho e Pinto é advogado,jornalista e professor auxiliar convidadoda Faculdade de Letras da Universidadede Coimbra, na Licenciatura em Jornalis-mo. Enquanto advogado foi membro doConselho Geral da Ordem dos Advoga-dos, presidente da Comissão de DireitosHumanos e Patrono Formador. Volta ago-ra a ser candidato a Bastonário para o trié-nio 2007-2010.

No domínio da sua actuação cívica,António Marinho e Pinto foi dirigente daAssociação Académica de Coimbra an-tes do 25 de Abril, preso político e mem-bro da Comissão Nacional para a Liber-dade de Informação.

Marinho e Pinto, Faria e Costa e Isabel Garcia

“Portugal-Alemanha: Me-mórias e imaginários” é o tí-tulo de uma obra coordena-da por Maria Manuela Gou-veia Delille, cujo primeiro vo-lume (Da Idade Média ao Sé-culo XVIII), acaba de ser pu-blicado.

Trata-se de uma ediçãoconjunta da MinervaCoimbrae do Centro Interuniversitá-rio de Estudos Germanísticos,cujo prefácio é também daautoria de Manuela Delille(Professora da Faculdade de Letras da Uni-versidade de Coimbra).

A obra resulta de um ciclo de conferên-cias na referida Faculdade, no âmbito doprojecto de investigação “Relações Literá-rias e Culturais Luso-Alemãs. Estudos deRecepção e de Hermenêutica Intercultural”do CIEG (Centro Interuniversitário de Es-tudos Germanísticos). Este 1.º volume reú-ne 15 textos “em que memórias históricasalternam ou se fundem com representaçõesficcionais do Outro”.

No Prefácio, afirma Manuela Delille, adado passo:

“Com esta publicação pretende-se con-tribuir para a escrita, em grande parte ainda

RELAÇÕES PORTUGAL-ALEMANHA

Obra evoca “Memóriase imaginários”

em construção, da históriadas relações literárias e cul-turais luso-alemãs, históriaessa que não nos permite cairem binarismos fáceis ou sim-plistas, mas que exige, muitoparticularmente pela distân-cia geográfica a que os doispaíses se encontram e peladiferença linguística, umaconstante atenção ao con-texto europeu mais vasto emque as ditas relações ou con-tactos surgiram, se transmi-

tiram e desenvolveram.Cada um dos investigadores convidados

a participar no ciclo escolheu livremente otema, procurando, dentro dos objectivos pro-postos, trazer um contributo próprio, frutodas suas pesquisas e do seu saber. São porisso pedras díspares as aqui reunidas, mastodas elas, de modo inevitavelmente diver-so – umas reconstituindo ou esclarecendofactos e memórias históricas, outras con-centrando-se em representações ficcionaisou ficcionalizadas –, me parecem vir preen-cher algumas das muitas lacunas ainda exis-tentes na história dos contactos havidos en-tre Portugal e a Alemanha”.

O 2.º volume focará os séc. XIX e XX.

Romance de António Arnautvais ser apresentado em Lisboa e Porto

“Rio de Sombras” é o tí-tulo do romance do antigoministro do PS António Ar-naut, lançado em Coimbra napassada semana, e que ques-tiona em que medida a ac-ção político-partidária seráainda “compatível com a li-sura de carácter” e com aética.

“Há ainda na política lu-gar para a ética, como que-ria Hegel, ou apenas para aastúcia, como ensinou Maqui-avel? E, se for este o caso, como parecepelo número cada vez maior dos seus discí-pulos, devem as pessoas sérias afastar-seda vida partidária, como acto de protesto,ou afrontar as labaredas em que se podemqueimar?”, pergunta o autor, numa introdu-ção ao livro.

Editado pela Coimbra Editora, “Rio deSombras” desvenda, através do narradore personagem principal, o médico AfonsoMendonça, “alguns dos meandros da po-lítica portuguesa”, especialmente entre1968 e 1988.

Na nota introdutória, Arnaut esclareceque o livro “dá testemunho de um tempocontraditório e bicéfalo, ora promissor, oraangustiante, em que as águas límpidas dosonho de Abril se transmudaram no lodo dodesencanto, embora reste ainda uma nesga

de esperança”.Afonso Mendonça exer-

ce medicina na imagináriaaldeia de Bouça do Rei, al-gures nas terras beirãs imor-talizadas por Aquilino Ribei-ro no livro “Quando os Lo-bos Uivam”, o que constituihomenagem a este escritor.

Tal como o autor, tambémo Afonso foi deputado à As-sembleia da República.

“O autor viveu os aconte-cimentos que lhe servem de

matéria diegética, mas, ao contrário do quefez Velasquez nas ‘Meninas’, não se pintouno quadro. Por isso o livro só é autobiográ-fico na medida em que todo o escritor seescreve a si próprio e à sua circunstância”,afirma.

António Arnaut admitiu que o romance“vai incomodar os que se julguem nele re-tratados”.

“Estou preparado para todas as reac-ções. Sempre me bati por causas e nuncacedi ao politicamente correcto”, sublinha.

O livro (que em Coimbra foi apresenta-do por Ana Paula Arnaut, filha do escritor eProfessora da Faculdade de Letras), vai serapresentado em Lisboadepois de amanhã(sexta-feira, dia 23), por Almeida Santos, ea 6 de Dezembro no Porto, pelo advogadoMiguel Veiga.

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20 DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007ASTROLOGIA

* Jurista

Jorge Côrte Real *

ASTROLOGIA, COMO FUNCIONA

Os Aspectos

(continua na próxima edição)

(II)

(continuação da edição anterior)

ASPECTOS PRINCIPAIS

Sextil é o aspecto que dois ou maisastros formam quando separados en-tre si por 60º. Traduz harmonia, faci-lidade no equilíbrio das energias que

os astros envolvidos representam. Pa-lavra-chave: oportunidade. Este as-pecto é, geralmente, mais dinâmicoque o trígono, porque relaciona pla-netas em signos compatíveis, confereao sujeito uma grande dinâmica fun-cional e adaptativa, favorecendo e fle-xibilizando o indivíduo para novas ex-periências. Denota capacidade deadaptação e empreendedorismo.

Trígono, ou trino, é o aspecto quedois ou mais astros formam quandoseparados entre si por 120º. Relacio-na planetas em signos do mesmo ele-mento. Palavra-chave: energia perfei-ta. Traduz harmonia e talento no con-trolo das energias que os astros en-volvidos representam. Este é um as-pecto fluido, mas pouco dinâmico, queimpele o indivíduo para uma certa in-dolência, demonstra mais o modo deser que o de fazer, porque o indivíduotem consciência de que aquilo, pouco,que faz, faz perfeito. Talvez seja poreste facto que se ouve frequentemen-te dizer que aqueles que se mexemmenos são os que pensam mais, sen-

do invariavelmente mais criativos e in-teligentes do que os mais activos. Quemtem a felicidade de possuir um grandetrígono na carta natal, ou seja, três as-tros a 120º, resolve sozinho todos osproblemas relacionados com as energi-as representadas por aqueles astros.

Oposição é o aspecto que dois oumais astros formam quando separa-dos entre si por 180º. Significa confli-

to de relacionamento por oposição dosfactores psicológicos representadospelos planetas. Frequentemente inde-cisão, dificuldade no desenvolvimen-to da tomada de decisão ou mesmocontradição no controlo das energiasque os astros envolvidos representam.Como funciona a oposição, na práti-ca? Aqui o indivíduo, por hipótese,quando se trata de ir para férias, nun-ca sabe bem se lhe agradará mais irpara a praia, para o campo, ou viajar.E qualquer que seja a opção que tomearrepender-se-á quase sempre.

Quadratura é o aspecto que doisou mais astros formam quando sepa-rados entre si por 90º. Significa ten-são na utilização ou relacionamentodas energias que os astros envolvidosrepresentam. É sentido pelo indivíduocomo um conflito interior. É o aspec-to mais difícil de controlar. Mas tam-bém é o aspecto mais dinâmico de to-dos. Palavra-chave: o desafio cons-tante. E o próprio sente-se impelido ainteragir com aquelas energias até queas domine harmoniosamente, pelo es-

forço de conquista e de transforma-ção. E aqui a astrologia pode ajudarmuito a pessoa a vencer a limitaçãoou constrangimento que a aflige. Cum-pre esclarecer que nem tudo é mauna quadratura e na oposição. É fre-quente encontrar nos mapas astroló-gicos de grandes mestres da espiritu-alidade muitas quadraturas e oposi-ções. Apenas dá muito mais trabalho

lidar com estas do que com trígono ousextis, que frequentemente enchem acarta de indivíduos a quem aparente-mente nada falta, mas sentem pregui-ça quando se trata de ajudar os outros.

Como funciona a quadratura, naprática? É fácil entender. Quando oindivíduo, sem saber porquê, cora efica inibido ao interagir com alguémdo sexo oposto que lhe agrada, ouquando se sente constrangido parafalar em público sabendo que tem algoútil para transmitir ao auditório, oupara repreender um filho que entendemerecer censura, ou para conduzirautomóvel quando tem absoluta ne-cessidade de o fazer, etc.

O indivíduo sente que deve actuar,pretende fazê-lo, mas por razões quedesconhece inibe-se a tal ponto que,se for pressionado, reage mal, poden-do desistir daquilo que tanto ambicio-na. Ou lutar e vencer.

Sinastria ou compatibilidade en-tre pessoas é o ramo da astrologia queestuda os aspectos comparados dosmapas de duas pessoas. É realizada

com base nos aspectos formados pe-los astros pessoais de um (Sol e Lua)com os do outro, quando se trata deum casal. Porque para o trabalho in-telectual deverão ser tidos em consi-deração os aspectos de Sol e Mercú-rio. Para trabalho manual, os de Sol eMarte. Para acções de beneficênciaou de assistência social, os de Sol eVénus de ambos, etc.

Os aspectos constituem o fulcro daastrologia. São importantíssimos. Co-nhecê-los é dominar 60% desta ciên-cia. Foi a previsão feita sete anos an-tes pelos Reis Magos, sacerdotes doculto de Marduc, de uma conjunção,ou alinhamento de astros com a Terra– no caso, Júpiter com Saturno naconstelação de Peixes –, que os con-duziu a Jesus.

Tanto os magos brancos como osmagos negros não ignoram os aspec-tos astrológicos. Bastará referir queos aspectos lunares, os quais corren-temente denominamos fases, mais nãosão do que conjunções (Nova), oposi-ções (Cheia) e quadraturas (Quartos)da Lua com o Sol.

Penitenciando-me pela simplicidadedeste trabalho, relembro que o objecti-vo é apenas a divulgação da astrologiacomo ciência e não o seu ensino.

Voltaremos, na próxima edição,para vermos como funcionam as ca-sas astrológicas. Até breve.

O Sol A Lua

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21DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007 OPINIÃO

Renato Ávila

João PauloSimões

FILATELICAMENTE

Joséd’Encarnação

POIS...POIS...POIS...POIS...POIS...

De acordo com um parecer jurídi-co interpretativo do artigo 81º do Es-tatuto da Carreira Docente Universi-tário – que, como se sabe, tem maisde cinco lustros… – os docentes apo-sentados não podem continuar a daroficialmente apoio, por exemplo, emactividades lectivas de cursos pós-li-cenciatura, porque o nº 3 desse artigosó faz referência aos docentes jubila-dos, ou seja, aqueles que se aposenta-ram por limite de idade (70 anos).

A explicação é muito simples parao autor do parecer: aposentar-se equi-vale a divorciar-se, a pessoa sai por-que quer quebrar o vínculo; jubilar-seé… uma fatalidade!

E divórcio, em seu entender, só podeser litigioso, de relações cortadas, nãoqueremos saber mais de ti.

A discussão, no Parlamento, dum fami-gerado estatuto do aluno tem dado azo auma série de manipulações e de estultas ca-valgadas de aproveitamento político.

De repente, a nata dos astrais inquilinosdo Palácio das Cortes virou-se para a edu-cação como se ela, por artes mágicas, setivesse tornado, tão só, na árvore das pata-cas, melhor, dos dividendos políticos. E váde opinar e, claro está, de zurzir no governo.

Podemos discordar da política educativado actual executivo; será, todavia, dum tre-mendo cinismo que os parlamentares, emvez de assumirem as suas responsabilida-des, se armem em impolutos e zelosos juí-zes repentinamente regressados de longín-quo planeta.

Nos trinta e tal anos desta terceira repú-blica o Parlamento assistiu impávido e sere-no a toda uma sucessão de tropelias dossucessivos governos: abolição do ensino téc-nico-profissional, o consequente afunilamen-to do sistema em direcção às portas da uni-versidade e a inconcebível e nefasta priva-ção do aparelho produtivo dos técnicos ab-solutamente necessários ao seu desenvol-vimento; extinção das escolas dos magisté-rios primário e infantil, sem qualquer preo-cupação séria e consistente de assegurarefectiva e qualificada substituição, associa-da ao esvaziamento pedagógico dos estági-os e decorrente degradação da formaçãoinicial e contínua dos professores; minimi-zação dos programas e o abastardamentoda avaliação com a correspondente queda

Extraterrestres?no facilitismo pedagógico; o estalar da vio-lência e a frequente agressão aos professo-res quer por parte dos alunos e familiaresquer até por persecutórias intervenções dahierarquia; o gratuito e desbragado ataquefeito aos docentes e aos seus sindicatos pelogoverno, nomeadamente o primeiro-minis-tro e ministra da educação, o qual culminoucom a autocrática publicação de um novo egravoso estatuto da carreira docente; o ca-ótico encerramento de muitas escolas semter em atenção os problemas do desloca-mento e desenraizamento dos alunos, emespecial os dos primeiros anos de escolari-dade; as atabalhoadas e inconsequentes al-terações na organização dos currículos, ho-rários e actividades; a forma altamente du-vidosa como está a ser resolvido o proble-ma do insucesso e do abandono escolar...

O Parlamento aprovou uma Lei de Ba-ses do Sistema Educativo e jamais fiscali-zou, como lhe competia, o seu desenvolvi-mento e aplicação, muito menos se impor-tou com a sua substituição por uma outraque viesse dar um novo sentido e organiza-ção à escola.

A Assembleia da República foi assistin-do a tudo isto e muito mais, como, por exem-plo, a forma como o ministério tem sido ge-rido durante tantos anos, tempo em que aproliferação de titulares foi nota dominante,completamente alheios, na sua grande mai-oria, aos reais problemas da educação e daescola, sendo de lamentar só agora vir a ter-reiro por causa de um normativo que maisnão será do que estranho preciosismo naverdadeira dimensão duma consistente eeficaz organização escolar.

Estamos no buraco não porque os alunos

sejam cábulas, faltistas ou mal educados;estamos sim porque durante todos estes anostemos andado decididamente a brincar àsescolas.

E não tenhamos ilusões: ou esta genteque legisla, decide e manda deixa de rodri-guinhos, jogos políticos e outros entreteni-mentos experimentais, toma juízo e arrega-ça as mangas para trabalhar a sério ou, doburaco, cairemos no abismo.

É mister que se comece pela exigência:só passará quem souber. Que se procure aexcelência: – haveremos de ser dos melho-res. Que se definam competências: – seráde atingir o melhor de que se é capaz. Quese faça jus ao pragmatismo: – dar primaziaàquilo que, como povo e como país, preci-samos de ser, de saber e de saber fazer emcada momento presente e no futuro. Quese consagre a inclusão: – todos somos dife-rentes, mas todos seremos capazes.

Que se formem os professores que te-mos e os que hão-de vir elevando-os a altosníveis de dignidade e consciência cívica eprofissional e de excelência científica e pe-dagógica.

Que se definam currículos assentes emprogramas e actividades necessariamenteabrangentes e permanentemente adaptáveis,balizados, contudo, por níveis de rigor no seudesenvolvimento e execução e em estraté-gias de avaliação de pendor formativo, cla-ras, credíveis e responsabilizantes.

Que se transforme profundamente a ar-quitectura filosófica e física da escola. Estanão poderá continuar a ser uma estruturamonolítica onde predominantemente se dãoaulas e, muito menos, uma instituição públi-ca de solidariedade social que é aquilo que

ela também parece ser neste momento.A escola tem de ser, sobretudo, um lugar

onde se convive para aprender através dosmeios, técnicas e recursos mais diversifica-dos. Com zelo e empenhamento, com gos-to, com trabalho e disciplina. Com prazer.

Na sua organização, os factores espaçoe tempo, objectivos e conteúdos, tarefas,recursos humanos e materiais deverão serharmoniosamente integrados em função dasaprendizagens, das propostas dos alunos,alicerçados no projecto da escola no qualtodos – docentes, discentes e auxiliares edu-cativos são chamados a participar.

Uma escola que visará, necessariamen-te, um “produto” – um cidadão de matrizportuguesa capaz de ser feliz e de competire de enriquecer a sociedade em que é mis-ter integrar-se.

Deixemo-nos de “rankings”, dessa cap-ciosa “marketinização”, dessa estulta mer-cantilização do ensino. Quem nos asseguraque um cidadão saído duma erma e caren-ciada escola do interior profundo não pode-rá ser bem mais útil à sociedade do que umeminentíssimo crânio artilhado de selectassabedorias num desses colégios de topo?

Os cidadãos não se medem apenas pe-los níveis de QI e de graduação académica,pelo saldo do banco ou pelo estrondo dabadalação mediática. Há toda uma culturae uma pedagogia de valores que é urgenteimplementar.

Sem ela, para que servirá um estatuto doaluno? Será que não há algo de mais impor-tante na educação susceptível de preocu-par os digníssimos deputados da nação? Seráque continuarão a ser extraterrestres nestemaltratado planeta da educação?

Há, na nossa Terra, várias trans-formações sociais e políticas ao lon-go dos tempos. É com essas trans-formações que os países melhoram assuas condições – ou pioram, depen-dendo das situações.

Portugal não é excepção à regra.Tem tido as suas transformações so-ciais e políticas que se reflectem noquotidiano de cada um.

Vejamos, por exemplo, o que acon-teceu em 1910.

Portugal encontrava-se numa gra-ve crise social. Enquanto os Monar-cas Soberanos viviam abastadamen-te, a multidão que vivia mal começoua organizar-se de forma a derrubar aMonarquia e instaurar um regime re-publicano no País. Influenciados pelaEspanha e França – países que, já des-

República

de 1868 e 1870, respectivamente,eram republicanos.

O movimento republicano gerou-seno seio de uma geração de universi-tários politicamente desenvolvidos.Constituíam o Cenáculo, onde orga-nizavam conferências, todas elas comum forte cariz democrático.

Assim, na noite de 3 para 4 de Ou-tubro de 1910, surgiu a revolução es-perada há muito tempo para pôr ter-mo à Monarquia. O Exército e a Ma-rinha uniram-se às organizações re-volucionárias do partido republicano,

tentando impor o novo regime. D.Manuel fugiu para o exílio e nos Pa-ços do Concelho, a 5 de Outubro, foiproclamada a República.

Em relação à Filatelia, também hou-ve mudanças. Os selos que circula-vam na época, com a efígie de D.Manuel e de D. Carlos, passaram alevar uma sobrecarga “República” ehouve emissões que não chegaram acircular sem a referida sobrecarga.Veja-se o exemplo abaixo, de um selode 50 reis de D. Manuel com a sobre-carga “República” a vermelho.

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22 DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007MÚSICA

Distorções

José Miguel [email protected]

O Coro dos Professores de Coimbra,sob a direcção de Avelino RodriguesCorreia, dá um concerto hoje (quarta-feira, dia 21,), pelas 21,30 horas, na CasaMunicipal da Cultura de Coimbra, noâmbito das comemorações do Centená-rio do Nascimento de Monsenhor Nu-nes Pereira (que decorrem até ao próxi-mo dia 2 de Dezembro).

O Coro de Professores de Coimbraé uma Associação de Cultura e Re-creio sem fins lucrativos fundada em1980, sendo constituído por cerca de50 elementos e tendo como principais

HOJE À NOITE,NA CASA DA CULTURA DE COIMBRA

Coro dos Professores de Coimbracanta em homenagema Monsenhor Nunes Pereira

objectivos formar, desenvolver, divul-gar a música coral e conviver. Cres-ceu, alargou os seus horizontes musi-cais e criou outro grupo, o de MúsicaTradicional.

O repertório de Música Coral é rico evariado, constituído por peças de diver-sos autores, desde o século XIII até aosnossos dias, enquanto no âmbito da Mú-sica Tradicional apresenta canções po-pulares da Região de Coimbra, com en-quadramento etnográfico através dos tra-jes, utensílios e outros artefactos usadosem vivências passadas.

Fausto edita dupla colectâneacom “18 canções de amore uma de ressentido protesto”

O músico Fausto Bordalo Dias editaesta semana “18 canções de amor e maisuma de ressentido protesto”, uma duplacolectânea temática que recupera temasde alguns dos mais importantes álbunsdo compositor português.

Com a chancela da Sony/BMG, o du-plo disco apresenta 19 canções, entre asquais “Rosalinda”, “Foi por ela”, “Tenhoum fraquinho por ti” e “Todo este céu”.

O alinhamento deste duplo disco apre-senta as melhores canções de amor re-tiradas, por exemplo, dos álbuns concep-tuais “Por este rio acima” (1982) e “Cró-nicas da terra ardente” (1994), integran-tes de um trilogia temática dedicada às

Descobertas e à diáspora portuguesa.De “A preto e branco”, álbum de 1989

que reúne as canções que Fausto com-pôs quando viveu em Angola, foram es-colhidas “Namoro”, “Apenas” e “Cartadum contratado”, o tema de “ressentidoprotesto” que se junta às 18 canções deamor.

Já do último álbum de originais, “Ópe-ra mágica do cantor maldito”, de 2003,Fausto escolheu os temas “E tão só o ver-de dos teus olhos” e “A ouro e prata”.

Fausto Bordalo Dias, que em 2008completa 60 anos, é um dos mais criati-vos e renovadores da música tradicionalportuguesa.

Foi em 2000 que descobri uma ban-da islandesa que marcava pela dife-rença em diversos aspectos. Em pri-meiro lugar, saltava à vista o facto decantarem na sua língua materna, o is-landês, e, por vezes, usarem, mesmo,alguns dialectos locais; e, em segun-do lugar, porque praticavam uma so-noridade que apesar de ter traços mais“rock”, não era nada “pop”, e muitomenos electrónica, mas que se podedefinir como algo “indie”. Os SigurRós de seu nome, juntaram- seem1994, ainda que numa versão inici-al se tenham apresentado como umtrio formado por: Jon Thor Birghisson(voz), Georg Holm (baixo) e Agust(bateria). Foi a três que lançaram oprimeiro disco, “Von” (que significaEsperança), no ano de 1997, mas numregisto ainda muito crú e sem a exce-lência do que apresentam nos dias dehoje. Já com Kjartan Sveinsson nosteclados editaram “Agaetis Byrjun”(Bom Início), o disco que os catapul-tou para o estrelato e para os restan-

tes mercados musicais, onde o sema-nário britânico New Musical Expressassumiu uma excepcional importância,sobretudo por força de temas como“Svefn G Englar”, que foi o “single domês” em Setembro de 1999, não es-quecendo “Ny Batteri” ou, mesmo“Violar Vil Til Loftarasa”. Logo apósa saída de Agust, rapidamente substi-tuído na bateria por Orri Páll DyRá-son, começaram a trabalhar num ter-

ceiro trabalho de originais, que viria aver a luz do dia em 2002, ainda que,com um título bizarro, “( )”, e com aparticularidade das suas faixas esta-rem órfãs de nome - entre as quais sedestacam as primeiras cinco. Já em2005 lançam o fantástico “Takk”(Obrigado), que é um dos meus dis-

cos preferidos e a pretexto do qualfizeram uma digressão pela Europa,na qual os vi em concerto pela primei-ra vez. Ainda na ressaca deste últimotrabalho editaram recentemente,“Hvarf – Heim”, que junta “2 E.P.´s”num só, o primeiro “Hvarf” (Desapa-recido) reúne cinco temas nunca edi-

tados, mas que a banda costuma to-car ao vivo, incluindo o single “Hljó-malind”. Ao passo que “Heim” (Casa)reúne versões acústicas de alguns dosseus temas, gravadas ao vivo na suaterra natal entre 2006 e 2007. Aacompanhar esta edição está “Hei-ma”, um documentário editado numduplo DVD, que reúne uma série deimagens registadas na digressão quepromoveu “Takk” em terras islande-

sas no ano de 2006 e, que, na ediçãoespecial inclui, também, um livro de116 páginas com imagens dessa mes-ma digressão.

Para o fim, a sugestão do novíssi-mo dos Squeeze Theeze Pleeze,“One Life Is Not Enough”, do qualdestaco a quarta faixa: “1974”, mashá outros motivos de interesse nestenovo trabalho de originais desta ban-da de Cantanhede.

PARA SABER MAIS:www.sigur-ros.co.ukwww.squeezetheezepleeze.com

Sigur Rós “Von” (EMI)Sigur Rós “Agaetis Byrjun” (EMI)Sigur Rós “( )” (EMI)Sigur Rós “Takk” (EMI)Sigur Rós “Hvarf - Heim” (EMI)Sigur Rós “Heima” (EMI)Squeeze Theeze Pleeze “One Life IsNot Enough” (Farol Música)

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23DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007 INTERNET

IDEIAS DIGITAIS

Inês AmaralDocente do Instituto Superior Miguel Torga

A MIS 95 AÑOS

MUSEU DA HISTÓRIA DO COMPUTADOR

WIKIRAGE

DIFÍCIL DE USAR

CONTRA STREAMBEATBULLYING

A 23 de Dezembro de 2006, no dia em que MariaAmélia festejou 95 anos, o seu neto ofereceu-lhe umaprenda invulgar: um weblog. Desde essa data que aavó galega bloga na web sobre o que lhe vai na alma.

Será a mais velha blogger do mundo? Possivelmen-te. Mas é também a vencedora do melhor blog escritoem espanhol, nos BoBs 2007 (os óscares da blogosfe-ra). Quem visitar A mis 95 años encontra pensamen-tos actuais preenchidos com a experiência de uma vida,links para os sites favoritos de Maria Amélia, vídeos esons da avó blogger, pormenores da vida quotidiana eregistos de vivências passadas. Maria Amélia, na pri-meira pessoa, com a preciosa ajuda de um neto que umdia quis oferecer uma prenda diferente.

A MIS 95 AÑOSendereço: http://amis95.blogspot.comcategoria: weblogs

O Museu da História do Computador é um siteimprescindível para todos os que querem compreendera evolução rumo à Sociedade da Informação que vive-mos actualmente. É certo que falamos de uma históriarecente, mas recheada de importantes contributos paraa sociedade mundial, a todos os níveis.

No site do Museu da História do Computador épossível ver mais de um importante acervo, que actual-mente está na sede física deste espaço, em SiliconValley. Quem visitar este site, que está online desde1996, pode visitar virtualmente várias exposições, pes-quisar pelas peças documentadas no museu ou obser-var detalhadamente a colecção. O propósito do site é

permitir conhecer a história das pessoas através da his-tória do computador. Um espaço didáctico a visitar.

MUSEU DA HISTÓRIA DO COMPUTADORendereço: http://www.computerhistory.org/categoria: informática, História

A propósito do Dia Mundal da Usabilidade, que secomemorou no passado 8 de Novembro, a AssociaçãoPortuguesa de Profissionais de Usabilidade (APPU)lançou na rede um site que pretende permitir a partilhade queixas de produtos e serviços de difícil utilização.O Difícil de Usar vai estar na rede até ao final do mêsde Novembro e qualquer pessoa pode contribuir.

Depois da queixa indexada ao site, a APPU encar-rega-se de fazer chegar a informação às empresas res-ponsáveis. Os protestos podem ser apresentados rela-tivamente a bens e serviços materiais ou imateriais (vir-tuais, portanto). O objectivo é alertar consumidores eempresas para a necessidade de pensar a usabilidade.Para enviar um protesto basta preencher o formuláriopresente no site.

DIFÍCIL DE USARendereço: http://dificildeusar.usabilidade.org/categoria: usabilidade

O ContraStream é um site comunitário cujo tema émúsica independente. O objectivo é serem os utilizado-res a orientarem a comunidade para determinados ar-tistas, promovendo-os e destacando-os como músicoscom qualidade. Qualquer pessoa se pode registar e co-laborar neste site, votando em álbuns listados ou pro-pondo novos autores.

De certa forma, a ideia é fugir à onda comercial damúsica na web e promover um espaço de interacçãocom vista a destacar artistas independentes com quali-dade, ajudando a divulgar o seu trabalho e, ao mesmotempo, incentivando a comunidade a colaborar no in-centivo a músicos que se destacam por se apresenta-rem completamente fora do domínio das editoras.

CONTRASTREAMendereço: http://contrastream.com/categoria: música

A Wikipédia é um dos maiores fenómenos da webno século XXI e uma das grandes marcas da Web2.0, a Internet colaborativa. Esta definição, por sisó, explica a quantidade de ferramentas que têmvindo a surgir em torno da Wikipédia. Claro que amaioria pouco interesse terá, mas vale a pena re-ferir algumas. É o caso do Wikirage.

O Wikirage é uma ferramenta que permite aoutilizador consultar uma listagem com os termosmais editados na Wikipédia por categorias tempo-rais: última hora, seis horas, três dias ou um mês.Este serviço existe para entradas escritas em qua-tro línguas: inglês, francês, alemão e japonês. Tra-ta-se de uma ferramenta diferente, que nos permi-te compreender as tendências da rede, já que aWikipédia (a par do Google) será o que de maispróximo este espaço infinito e acêntrico terá comocentro nevrálgico.

WIKIRAGEendereço: http://www.wikirage.com/categoria: wikipédia

O BeatBullying é um canal criado pelo YouTube,em parceria com a instituição de beneficência Beat-bullying, contra o “cyberbullying”. Mas, afinal, o queé isso? “Cyberbullying” significa a intimidação atra-vés de dispositivos de novas tecnologias. Via email,SMS, etc.

A iniciativa insere-se no âmbito da semana contra o“bullying”, lançada pela instituição de beneficência, etraduz a prevenção de um fenómeno com grande ex-pressão mas pouco reconhecido pela sua gravidade. Aideia do YouTube foi fazer chegar aos mais jovens (as-sim como pais e educadores) uma mensagem de alertae ensinar formas de defesa, através de um meio deexpressão cada vez mais utilizado pelas camadas maisnovas da sociedade – assombradas por este fenómenosem rosto e sem nome.

BEATBULLYINGendereço: http://youtube.com/beatbullyingcategoria: sociedade

Page 24: O Centro - n.º 38 – 21.11.2007

24 DE 21 DE NOVEMBRO A 4 DE DEZEMBRO DE 2007TELEVISÃO

PÚBLICA FRACÇÃO

Francisco [email protected]

RTP – DE VOLTA

A frase que corre é esta: “Demitir,custe o que custar”.

Refiro-me ao muito comentadocaso do processo disciplinar levanta-do ao jornalista José Rodrigues dosSantos. O apresentador doTelejornal deu uma entrevis-ta à revista Pública, queacompanha a edição domi-nical do diário “O Público”,e, pelo meio, recuperou a in-gerência da Administraçãoda RTP no caso da corres-pondente em Madrid, quetendo ficado em quarto lu-gar no concurso interno re-alizado, acabou por ser a no-meada pela Administração.

O caso, que na altura le-vou ao pedido de demissãode Rodrigues dos Santos daDirecção de Informação daRTP, aconteceu já vai paraquatro anos, mas a Adminis-tração já era esta. Talveznão fosse bem esta, pois an-tes do final do mandato (emDezembro), o Governo re-solveu nomear o até agorapresidente, Almerindo Mar-ques, para presidente das jápolémicas Estradas de Por-tugal. Assim, rapidamente.

Sempre me confundiu esta capaci-dade que algumas pessoas têm de ge-rir seja o que for. Almerindo Marquesjá esteve na Banca, na Administra-ção Escolar, enquanto secretário deEstado, depois veio a RTP e agora asestradas. Mas, para lá deste porme-nor, a forma como tudo se tem pas-sado é, no mínimo, inquietante.

A reacção da Administração àsafirmações de Rodrigues dos Santos,acabou por lançar as maiores descon-fianças sobre a sua efectiva ingerên-cia nas competências editoriais. Emvez de uma atitude ponderada, a Ad-ministração reagiu à velha maneira(que se julgava ultrapassada) de Al-merindo Marques: intempestivamen-te e implacável.

O que verdadeiramente espantanesta história, é que Rodrigues dosSantos não é propriamente acusadode mentir sobre a conduta da Admi-nistração. A grande acusação que ali-cerça o processo com destino ao des-pedimento é... o incumprimento de ho-rários.

Uma atitude que corresponde aomais baixo que existe nos expedien-tes para se tentar chegar ao que sequer. “Já que é difícil pegar-lhe poroutro lado, arranje-se aí qualquer coi-

sa que sirva como acusação... e depreferência algo a que o público adi-ra”.

Por outro lado, o Conselho de Re-dacção da RTP solidarizou-se com ojornalista e exigiu a retirada do pro-cesso disciplinar. E mais, pediu que aactual Direcção de Informação tomas-se posição sobre o caso. No momen-to em que escrevo ainda não encon-trei nenhuma tomada de posição, masera bom que se soubesse o que pen-sam os quatro elementos que com-põem actualmente aquela direcção.Do que dirão, ou não, se poderão tirar

conclusões sobre o seu grau, aliássempre muito defendido, de indepen-dência.

Este assunto tem feito correr muitatinta. Há quem defenda Rodrigues dosSantos com os mais diversos argumen-tos. Alguns deles não me parecem ternada a ver com o assunto. É compe-tente? O público dá-lhe crédito enquan-to apresentador do Telejornal? Funci-ona bem também como repórter? Foio primeiro a doutorar-se na área? Tudoisto pode ser verdade, mas nada distoestá em causa. O que motiva o espan-to e a revolta, é o facto de se tentardespedir um jornalista por ter dito a ver-dade. Incómoda, mas a verdade.

POR OUTROS LADOS– A CONVERGÊNCIA

Enquanto a RTP anda entretida como seu mal-estar interno, e embora játenha avançado muito na área multi-média, o certo é que por todo o ladoas transformações se dão cada vezmais em direcção ao que se designa,genericamente, por convergência.

Por exemplo, os jornalistas da SICvão passar a redigir primeiro as notí-cias para o suporte online, para de-pois fazerem as peças que passam na

televisão. Os profissionais da estaçãode Carnaxide deixam assim de estarligados a um só suporte, passando atrabalhar simultaneamente para vári-

as plataformas, sendo que SIC, SICNotícias e SIC Online passam a usu-fruir do contributo de todos os jorna-listas da redacção. A maior diferençavai ocorrer no online, que passa deuma equipa de sete pessoas para umpotencial de mais de 100 jornalistas.Ricardo Costa, director-adjunto de in-formação da SIC, é da opinião de que“uma redacção multimédia é muitomais inteligente do ponto de vista denegócio”. É importante que se diga que,para além do ponto de vista económi-co, este é um caminho irreversível.

A estratégia vai ainda mais longe,uma vez que, progressivamente, a te-levisão da Impresa vai também distri-buir telemóveis 3G com câmara de fil-mar a jornalistas da redacção, paraque estes possam recolher e enviar fi-cheiros que poderão uma vez mais serutilizados em qualquer um dos supor-tes. O objectivo é dar mais valor a

cada uma das plataformas.No início desta semana, a SIC apre-

sentou-se também de estúdios remo-delados, tendo ido para o ar o renova-do Jornal da Noite, agora com umadupla de pivôs: Clara de Sousa e Ro-drigo Guedes de Carvalho.

BBC TAMBÉM MUDA

A BBC, uma das mais respeitadasmas também uma das mais ‘pesadas’estruturas de produção informativa domundo, acaba igualmente de anunciaruma mudança de fundo na forma comose organiza para desempenhar tal ta-refa.

Em vez de três áreas autónomas deprodução orientadas para os meios –Radio News, News Interactive e TVNews – a BBC passa agora a adop-tar uma estrutura baseada no tipo deproduto que disponibiliza. Assim, pas-sará a organizar-se entre a “Multime-dia Newsroom”, para assegurar a pro-dução de informação em fluxo contí-nuo, e a “Multimedia Programmes”,para garantir a criação de conteúdosinformativos que são já, por direitopróprio, quase que “marcas” autóno-mas, como por exemplo o World atOne, Newsnight ou Panorama.

Perante isto, acreditem: não é umamoda!