o centro - n.º 8 – 19.07.2006

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“A luta dos professores vai ser muito dura” DIRECTOR JORGE CASTILHO DESPORTO Académica e Naval preparam-se para a Liga PÁG. 14 e 15 ESPINHAL Vila assinalou cem anos de História PÁG. 11 ASSINE O “CENTRO” E GANHE OBRA DE ARTE | Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia | Autorizado a circular em invólucro de plástico fechado Francisco Amaral João Caetano José d’Encarnação Mário Nunes PÁG. 12, 21 e 24 OPINIÃO PÁG. 6 e 7 PÁG. 4 e 5 PÁG. 8 ANO I N.º 8 (II série) De 19 de Julho a 1 de Agosto de 2006 € 1 euro (iva incluído) COMUNIDADE JUVENIL DE S. FRANCISCO DE ASSIS Muitas dezenas de crianças à espera de nova família EXEMPLAR INTEGRAÇÃO DE CIGANOS Solidariedade floresce no Bairro da Rosa MÁRIO NOGUEIRA CONTRA O PROJECTO DE REVISÃO DO ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE Assinantes do “Centro” com 10% de desconto na compra de livros PÁG. 2 e 3

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Versão integral da edição n.º 8 do quinzenário “O Centro”, que se publica em Coimbra. Director: Jorge Castilho. 19.07.2006. Não se esqueça de que pode ver o documento em ecrã inteiro, bastando para tal clicar na opção “full” que se encontra no canto inferior direito do ecrã onde visualiza os slides. Também pode descarregar o documento original. Deve clicar em “Download file”. É necessário que se registe primeiro no slideshare. O registo é gratuito. Para além de poderem ser úteis para o público em geral, estes documentos destinam-se a apoio dos alunos que frequentam as unidades curriculares de “Arte e Técnicas de Titular”, “Laboratório de Imprensa I” e “Laboratório de Imprensa II”, leccionadas por Dinis Manuel Alves no Instituto Superior Miguel Torga (www.ismt.pt). Para saber mais sobre a arte e as técnicas de titular na imprensa, assim como sobre a “Intertextualidade”, visite http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm (necessita de ter instalado o Java Runtime Environment), e www.youtube.com/discover747 Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa, www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ , http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm , http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ , http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html

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Page 1: O Centro - n.º 8 – 19.07.2006

“A lutados professoresvai ser muito dura”

DIRECTOR JJOORRGGEE CCAASSTTIILLHHOO

DESPORTO

Académicae Navalpreparam-separa a Liga

PÁG. 14 e 15

ESPINHAL

Vilaassinaloucem anosde História

PÁG. 11

ASSINE O “CENTRO”E GANHE OBRA DE ARTE

| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |Autorizado a circularem invólucro de plástico fechado

nnFrancisco AmaralnnJoão CaetanonnJosé d’EncarnaçãonnMário Nunes

PÁG. 12, 21 e 24

OPINIÃO

PÁG. 6 e 7

PÁG. 4 e 5

PÁG. 8

ANO I N.º 8 (II série) De 19 de Julho a 1 de Agosto de 2006 € 1 euro (iva incluído)

COMUNIDADE JUVENIL DE S. FRANCISCO DE ASSIS

Muitas dezenasde criançasà esperade nova família

EXEMPLAR INTEGRAÇÃO DE CIGANOS

Solidariedade floresceno Bairro da Rosa

MÁRIO NOGUEIRA CONTRA O PROJECTO DE REVISÃODO ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE

Assinantesdo “Centro”com 10%de descontona comprade livros

PÁG. 2 e 3

Page 2: O Centro - n.º 8 – 19.07.2006

22 DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

Director: Jorge Castilho(Carteira Profissional n.º 99)

Propriedade: AudimprensaNif: 501 863 109

Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho

Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930

Composição e montagem: Audimprensa -Rua da Sofia, 95, 3.º3000-390 Coimbra - Telefone: 239 854 150Fax: 239 854 154e-mail: [email protected]

Impressão: CIC - CORAZEOliveira de Azeméis

Tiragem: 10.000 exemplares

EEDDIITTOORRIIAALL

Procura-se famíliaque adopte quatro irmãos

A Vida é, muitas vezes, de uma extremaironia, que não raro tem laivos de enormeinjustiça e de profunda crueldade!

Aí está um exemplo:Enquanto há casais que durante anos vão

tentando, infrutiferamente e muitas vezescom grandes sacrifícios, concretizar o anseiode ser pais, há muitas crianças que – pelas ra-zões mais diversas, mas sempre muito infeli-zes… – não conseguem ter uma família, umlar onde cresçam com o carinho e o apoio deuns pais, biológicos ou adoptivos.

Injusto seria não reconhecer que há insti-tuições que tentam combater esta paradoxalrealidade, recebendo seres humanos quenunca sentiram o bafo da sorte e cujo sofri-

mento quase sempre é inversamente pro-porcional aos anos que levam de vida atri-bulada.

Destas instituições, umas funcionammelhor do que outras.

Nos últimos tempos, algumas têm sidoobjecto de desenvolvidas referências públi-cas, pelas piores razões.

Mas há as que raramente merecem aatenção dos meios de comunicação social,apesar de nelas se desenvolver trabalhodigno de elogios.

Entre elas, escolhemos hoje a Comu-nidade Juvenil de S. Francisco de Assis, quehá anos concretiza em Coimbra uma extraor-dinária obra, discreta mas exemplar – à se-melhança da sua fundadora e mentora,Teresa Granado.

Como se refere na entrevista que publi-camos nas páginas 6 e 7, Madre Teresa saiuda Ordem religiosa onde professara, “paraassim melhor poder servir a Deus”.

E se “servir a Deus” significar amar opróximo, então Teresa Granado atingiu es-se objectivo, só ao alcance de escassos seres

humanos que conseguem preocupar- -semais com os outros do que consigo pró-prios. Deixou de ser “Madre” para se tornarMãe de muitas dezenas de meninos e meni-nas que, ao longo dos anos, no meio do in-fortúnio, têm a sorte de nela encontrar umainesgotável fonte de carinho, à frente deuma instituição original em muitos aspec-tos, que assim tenta suprir a falta das famí-lias, destroçadas de múltiplas maneiras.

Entre mais de uma centena de crianças ejovens que a Comunidade alberga actual-mente (70 em Coimbra e 40 em Poiares),muitos estão à espera de que surja quemqueira integrá-los numa família estruturada,seja através da adopção, seja por via do“apadrinhamento” – caminho bem maissimples e sem peias burocráticas, que podetrazer imensa felicidade a quem acolhe e aquem é acolhido.

De tantas crianças e jovens que ali se en-contram, à espera que a Vida lhes concedaagora o que antes lhes roubou, atrevo-me adestacar um caso, na esperança de que al-guém queira aproveitar a oportunidade rara

de imenso conseguir enriquecer, em termoshumanos, de um dia para o outro.

Trata-se de quatro irmãos. Idades? Omais velho tem 12, o mais novo 5, os domeio 9 e 10 anos. Reincidente injustiça seriaa separação, depois de terem crescido jun-tos a partilhar sofrimento.

Movido pelo contagiante optimismo deTeresa Granado, atrevo-me a desejar que,entre os que fazem o favor de ler estas li-nhas, esteja alguém que não queira desper-diçar a possibilidade de um gesto que podeser gratificante como nenhum outro.

Se for o seu caso, pegue no telefone,ligue para o 239 826 351 e peça para falarcom a Madre Teresa.

Mas mesmo se achar que não tem condi-ções para aumentar a família, de formaassim tão substancial, súbita e inesperada,ligue também! Marque uma visita à Co-munidade, conheça Teresa Granado, torne--se padrinho ou madrinha de um ou maisdaqueles seres humanos tão carentes.

Verá que a sua vida passa a ter um novoe reconfortante estímulo!

Jorge [email protected]

“Estou arrependido!”Perante a enxurrada futebolística, come-

çou por passar quase despercebida a tragé-dia com que a vaga dos fogos florestaismarcou a sua chegada a Portugal.

Seis bombeiros mortos pelo fogo –cinco profissionais chilenos e um jovem vo-luntário português que terá tentado ir so-corrê-los.

Depois, no refluxo da onda do pontapéna bola, houve então tempo e espaço paradedicar à trágica ocorrência (chavão jorna-lístico quase obrigatório desde há décadas)e para ela se tentarem descobrir as causas.

De repente, começaram a circular as no-tícias pelas rádios e televisões. Fora “identi-ficado e preso o incendiário”. E o diárioque se arroga “líder de audiências” no País

titulou o desabafo do dito “incendiário”:“Estou arrependido!”. Acrescentavam asnotícias que o jovem fora ouvido em tribu-nal e de lá saíra com uma medida de coac-ção: TIR (que em termos rodoviários égrande camião, mas em sede judicial nãopassa da mais pequena das medidas cautela-res, o Termo de Identidade e Residência).

A verdade é que quem lesse o desabafo emletras tão grandes como negras, ficava com aideia de que o jovem “incendiário” confessavaarrependimento por ter usado “mão crimino-sa” (outro ingrediente quase obrigatório nonoticiário dos fogos estivais) para atear incên-dio com tão horrível desfecho…

O texto da notícia, contudo, esclarecia, eafinal era coisa bem diversa: o jovem estava

arrependido, isso sim, de ter ido trabalhar nofim-de-semana, exactamente na limpeza demato para prevenir incêndios. Em vez de irdivertir-se, optou pelo trabalho para amea-lhar uns euros. Na limpeza da mata, supervi-sionada, mesmo a seu lado, pelo engenheiroagrónomo proprietário do terreno, o jovemutilizava uma moto-serra. A dado momentoa máquina tocou numa pedra oculta pela ve-getação, provocando chispas que terão esta-do na origem do incêndio.

Tento imaginar o estado de espírito destejovem trabalhador (no sentido próprio dotermo, e não naqueloutro com que, não raro,dele abusam…) quando soube as terríveisconsequências das chamas que, de forma to-talmente involuntária, terá provocado.

É exercício irresolúvel, especialmente seao enunciado se acrescentar que o detive-ram e levaram a Tribunal, enquanto ao País(e até ao Mundo, através das agências noti-ciosas) era apresentado como incendiário,insinuando-se que cometera um crime quecustara a vida de seis pessoas.

Pena que alguns jornalistas pouco es-crupulosos, que para venderem jornaisfazem o mesmo à consciência, não tenhamum assomo de justa lucidez e escrevam(mesmo que não fosse na mesma páginanem com o mesmo destaque): “Estou ar-rependido!”...

Ficavam os leitores melhor esclarecidos,e esta nobre profissão de informar menospervertida.

No sentido de proporcionar mais algunsbenefícios aos assinantes deste jornal, o“Centro” acaba de estabelecer um acordocom a livraria on line “livrosnet” (ver ro-dapé na última página desta edição).

Para além do desconto, o assinante do“Centro” pode ainda fazer a encomendados livros de forma muito cómoda, semsair de casa, e nada terá a pagar de custos deenvio dos livros encomendados.

Numa altura em que se aproxima o iní-cio de um novo ano lectivo, e em que asfamílias gastam, em média, 200 euros emmaterial escolar por cada filho, este descon-

to que proporcionamos aos assinantes do“Centro” assume especial significado (istoé, só com o que poupa por um filho ficapago o valor anual da assinatura).

Mas este desconto não se cinge aosmanuais escolares. Antes abrange todos oslivros e produtos congéneres que estão àdisposição na livraria on line “livrosnet”.

Aproveite esta oportunidade, se já é assi-nante do “Centro”.

Caso ainda não seja, preencha o boletimque publicamos na página seguinte e envie-opara a morada que se indica.

Se não quiser ter esse trabalho, bastará

ligar para o 239 854 150 para fazer a suaassinatura, ou solicitá-la através do [email protected].

São apenas 20 euros por uma assinaturaanual – uma importância que certamenterecuperará logo na primeira encomenda delivros.

E, para além disso, como ao lado se in-dica, receberá ainda, de forma automática ecompletamente gratuita, uma valiosa obrade arte de Zé Penicheiro – trabalho originalsimbolizando os seis distritos da RegiãoCentro, especialmente concebido para estejornal pelo consagrado artista.

Assinantes do “Centro” com 10% de descontona compra de livros

Page 3: O Centro - n.º 8 – 19.07.2006

33DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

Nesta campanha de lançamento do jor-nal “Centro” temos uma aliciante propos-ta para os nossos leitores.

De facto, basta subscreverem uma assi-natura anual, por apenas 20 euros, para au-tomaticamente ganharem uma valiosa obrade arte.

Trata-se de um belíssimo trabalho daautoria de Zé Penicheiro, expressamenteconcebido para o jornal “Centro”, com ocunho bem característico deste artista plás-tico – um dos mais prestigiados pintoresportugueses, com reconhecimento mesmoa nível internacional, estando representadoem colecções espalhadas por vários pontosdo Mundo.

Neste trabalho, Zé Penicheiro, com oseu traço peculiar e a inconfundível utiliza-ção de uma invulgar paleta de cores, criouuma obra que alia grande qualidade artísti-ca a um profundo simbolismo.

De facto, o artista, para representar aRegião Centro, concebeu uma flor, com-posta pelos seis distritos que integram estazona do País: Aveiro, Castelo Branco,Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu.

Cada um destes distritos é representadopor um elemento (remetendo para respec-tivo património histórico, arquitectónicoou natural).

A flor, assim composta desta forma tãooriginal, está a desabrochar, simbolizandoo crescente desenvolvimento desta RegiãoCentro de Portugal, tão rica de potenciali-dades, de História, de Cultura, de patrimó-

nio arquitectónico, de deslumbrantes pai-sagens (desde as praias magníficas até àsserras verdejantes) e, ainda, de gente hos-pitaleira e trabalhadora.

Não perca, pois, a oportunidade de rece-ber já, GRATUITAMENTE, esta magní-fica obra de arte, que está reproduzida naprimeira página, mas que tem dimensõesbem maiores do que aquelas que ali apre-senta (mais exactamente 50 cm x 34 cm).

Para além desta oferta, passará a receberdirectamente em sua casa (ou no local quenos indicar), o jornal “Centro”, que o man-

terá sempre bem informado sobre o quede mais importante vai acontecendo nestaRegião, no País e no Mundo.

Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo, porAPENAS 20 EUROS!

Não perca esta campanha promocional,e ASSINE JÁ o “Centro”.

Para tanto, basta cortar e preencher ocupão que abaixo publicamos, e enviá-lo,acompanhado do valor de 20 euros (depreferência em cheque passado em nomede AUDIMPRENSA), para a seguintemorada:

Jornal “CENTRO”Rua da Sofia. 95 - 3.º3000–390 COIMBRA

Poderá também dirigir-nos o seu pedi-do de assinatura através de:

n telefone 239 854 156n fax 239 854 154n ou para o seguinte endereçode e-mail:[email protected]

Para além da obra de arte que desde já lheoferecemos, estamos a preparar muitas ou-tras regalias para os nossos assinantes, peloque os 20 euros da assinatura serão um ex-celente investimento.

O seu apoio é imprescindível para que o“Centro” cresça e se desenvolva, dandovoz a esta Região.

CONTAMOS CONSIGO!

APENAS 20 EUROS POR UMA ASSINATURA ANUAL!

Assine o jornal “Centro”e ganhe valiosa obra de arte

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CIMEIRA DA CPLP

“Saúde em português” entre as organizaçõesadmitidas como observadoras

A Cimeira da CPLP, que decorreu anteon-tem (segunda-feira) em Bissau, aprovou a ade-são de 18 organizações, que terão, a partir deagora, o estatuto de "observador consultivo",enquanto dois Estados, Guiné Equatorial eilhas Maurícias, ficam como "observadores as-sociados". A decisão foi ratificada na VICimeira de Chefes de Estado e de Governoda Comunidade de Países de LínguaPortuguesa (CPLP), depois do Conselho deMinistros da comunidade ter já aprovado aproposta na reunião de domingo.

Segundo a resolução, obtiveram o estatutode "observador consultivo" o Conselho Em-presarial da CPLP, Fórum da Juventude daCPLP, Fundação Calouste Gulbenkian,Fundação Luso-Americana para o Desenvolvi-mento (FLAD) e Associação dos ComitésOlímpicos de Língua Portuguesa.

Entraram também a Fundação para aDivulgação das Tecnologias de Informação,Fundação Bial, Assistência Médica Internacio-nal (AMI), Saúde em Português, Círculo deReflexão Lusófona, Fundação Luso-Brasileirae Academia Brasileira de Artes.

As restantes cinco organizações são a Asso-ciação das Misericórdias de Portugal, Universi-

dade Lusófona de Humanidades e Tecnologia,Fundação pata o Desenvolvimento da Comu-nidade, Associação das Universidades deLíngua Portuguesa e Comunidade Sindical dosPaíses de Língua Portuguesa.

Os estatutos de Observador Consultivo e deObservador Associado foram aprovados na Xreunião do Conselho de Ministros da CPLP, quedecorreu em Luanda a 19 e 20 de Julho de 2005.

Na cimeira foram também ratificados peloschefes de Estado e de Governo lusófonos osnomes dos Embaixadores de Boa Vontade daCPLP, num total de sete, três antigos chefes deEstado: Jorge Sampaio (Portugal), José Sarney(Brasil) e Joaquim Chissano (Moçambique).Um primeiro-ministro e um ministro, Fernan-do Van-Dunen (Angola) e Albertino Bragança(São Tomé e Príncipe) constam também dessalista, que inclui ainda o músico Martinho daVila (Brasil) e Gustavo Vaz da Conceição, pre-sidente da Federação Angolana de Basquetebole membro do Comité Olímpico de Angola.

Aprovada também foi a nomeação deAmélia Mingas, linguista angolana, como novapresidente do Instituto Internacional deLíngua Portuguesa (IILP), entidade com sedena Cidade da Praia (Cabo Verde) e que, até

agora era liderada pelo cabo-verdiano ManuelBrito Semedo.

Amélia Mingas, 60 anos, foi já directora doInstituto Nacional de Línguas do Ministério daCultura angolano e lecciona presentemente acadeira de Linguística Bantu no Instituto Supe-rior de Ciências de Educação da UniversidadeAgostinho Neto, em Luanda, onde já foi chefedo Sector de Língua Portuguesa.

Amélia Mingas terá à sua disposição um or-çamento de 148.500 euros, dotação que é umacontribuição obrigatória de todos os Estadosmembros - Portugal e Brasil com 44.550 euros,Angola com 22.275 euros, Cabo Verde com11.880 euros e Guiné-Bissau, São Tomé ePríncipe e Timor-Leste com 4.455 euros cada.

Fórum Luso-Asiáticoquer clarificação de Portugalsobre comunidade

O Fórum Luso-Asiático pediu a Portugalpara clarificar o que espera da Comunidadedos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e dosseus parceiros, tendo em conta os objectivosanunciados na defesa do Programa doGoverno.

Em comunicado alusivo ao décimo aniver-sário da criação da CPLP, o Fórum Luso-Asiático lembra que devido às anunciadas van-tagens da ligação preferencial aos países da co-munidade, o Governo português "abandonoua vertente do relacionamento com a RepúblicaPopular da China, logo que resolvida diploma-ticamente a questão de Macau, o que se reflec-te numa balança comercial crescentemente ne-gativa e desvantajosa para Portugal".

Nesse sentido, a nota, assinada pelo presi-dente do fórum, Arnaldo Gonçalves, refere tex-tualmente que "Portugal distraiu-se", já que "ou-tros dentro da CPLP aproveitaram esta oportu-nidade para reforçarem o seu relacionamentocom a China, tomando partido do manancial deoportunidades que a 3.ª maior economia domundo coloca no seu pujante crescimento".

O Fórum Luso-Asiático adianta ainda quea CPLP foi "durante parte significativa da suahistória um local de encontro, formal e regi-mental" dos países que a integram, "mas rara-mente foi o local onde se concertam estraté-gias de cooperação efectivas e vantajosas paratodas as partes, onde a vivacidade dos projec-tos suplantasse as declarações de amizade decircunstância".

Page 4: O Centro - n.º 8 – 19.07.2006

44 EENNTTRREEVVIISSTTAA DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

MÁRIO NOGUEIRA ERGUE A VOZ DOS PROFESSORES CONTRA O PROJECTO DE REVISÃO DO ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE APRESENTADO PELO GOVERNO

“A luta vai ser muito dura”O Ministério da Educaçãopretende avançar com a revisãodo Estatuo da Carreira Docente,firmemente defendida pela actualMinistra da Educação, Mariade Lurdes Rodrigues.Os professores “torcem o nariz”às propostas apresentadas e têmmarcado posição atravésdas diversas organizaçõessindicais representativas da classe.Uma das principais vozesque mais se tem feito ouviré a de Mário Nogueira,Coordenador do Sindicatodos Professores da Região Centro.Em conversa com o nosso jornalvoltou a manifestar-se contrao rumo que o Governo pretendedar à carreira dos professores

António José Ferreira

O Ministério da Educação pretenderever o Estatuto da Carreira Docente…

O projecto de Estatuto da CarreiraDocente que o Ministério da Educaçãoapresenta não é, ao contrário do que temsido dito pela Senhora Ministra, um docu-mento que vise promover a qualidade doensino ou reconhecer o mérito dos profes-sores. Não tem nada a ver com isso. Trata-se, isso sim, de um documento que tem umúnico objectivo, que é o de tornar barato osistema, com um número menor de profes-sores e com professores mais mal pagos emais instáveis do ponto de vista dos seusvínculos laborais.

Quais os principais pontos que con-testam nas propostas apresentadas?

O documento que nos é apresentadoprevê que mais de 80% dos professores, aofim de doze anos de serviço (e hoje são pre-cisos 40 para se chegar à aposentação) atin-ja um patamar que é cerca de metade do ac-tual topo da carreira docente, onde ficarãoquase toda a sua vida, ou seja cerca de 28anos sem qualquer perspectiva de desenvol-vimento de carreira. Prevê um sistema deavaliação anual que, com a complexidadecom que o Ministério o apresenta, irá colo-car as nossas escolas de “pantanas”.Imagine-se o que significa, todos os anos,entre Maio e Julho, ainda por cima nummomento em que os professores têm for-çosamente que estar mais concentrados noperíodo final do ano a nas avaliações, ter-mos cerca de 150 mil professores a seremavaliados, com exigências que necessaria-mente farão com que se perca muita daatenção e exigência fundamentais para otrabalho que desenvolvem com os seus alu-nos. Embora a Senhora Ministra diga queos professores não são bons, que não sãoatenciosos para os alunos, que não sãocompetentes até, o próprio Governo sabeque não é assim e então criou um sistemade avaliação do desempenho por cotas. Ou

seja, embora todos os professores de umadeterminada escola possam ter um desem-penho suficientemente positivo para quelhe seja atribuída classificação elevada, oMinistério diz que não pode ser assim e queapenas alguns vão poder ser classificadosdessa forma. Em suma, administrativamen-

te condiciona-se o acesso às classificaçõesmais elevadas. Por fim, tem outros aspectosque nada têm a ver com o desempenho,todos rejeitáveis, uma vez que de umaforma meramente administrativa se preten-de fazer com que os professores percamtempo de serviço. Como exemplo, aquiloque o Ministério nos propõe é que um pro-fessor por todos reconhecido como exce-lente profissional e que tenha um desempe-nho muito bom mas que por qualquer cir-cunstância da sua vida, um acidente ououtra, fique mais do que cinco dias em casa,com faltas justificadas, tem imediatamenteuma avaliação que vai implicar que o tempo

de serviço lhe seja cortado. Por exemplo,chegando a extremos, se uma professorativer um filho não é avaliada nesse ano, por-que está de licença de maternidade, e noano seguinte a avaliação conta para os doisanos. Sabendo nós que, muitas vezes, noprimeiro ano de vida dos filhos, as profes-

soras acabam por ter que faltar um poucomais do que é normal, sujeitando-se assim aobter avaliação negativa em dois anos con-secutivos, arriscando-se neste caso à expul-são da profissão. É este o projecto de revi-são que o Ministério nos apresenta…

Como se enquadram os novos profes-sores na proposta do Governo?

É um projecto medonho igualmentepara quem quer entrar na profissão. Umjovem tira o seu curso, que lhe dá a profis-sionalização, faz o seu estágio, exigente, ea seguir vem para a profissão. Se quiser sersó contratado, o Ministério não lhe exige

nada. Como lhe paga pouco, pode ficar oresto da vida nessas circunstâncias. Se qui-ser entrar no quadro tem que fazer umprova nacional de competência, como senão existisse um curso anterior; tem que sesujeitar a uma entrevista, não se sabe aindamuito bem feita por quem embora se partado princípio que haja um conjunto de ava-liadores; a seguir entra no quadro e faz umperíodo probatório de um ano, no fim es-tabiliza se obtiver a classificação de “regu-lar”, que corresponde a obter entre 5 e 6,9,numa escala de 1 a 10. Caso contrário éimediatamente exonerado e não pode con-tinuar na profissão. Portanto a precarieda-de é uma tónica marcante neste projectode estatuto, a dificuldade para entrar naprofissão é evidente e os mecanismos ad-ministrativos para avaliar negativamenteos professores estão em tudo o que é sítio,com especial incidência nos impedimentospara se chegar aos escalões mais elevadosda carreira, isto para além daquilo que jáestava negativo, nomeadamente as ques-tões da aposentação e que apenas reafir-mam o que já hoje existe que é a obrigaçãode os professores trabalharem até aos 65anos, com 40 anos de vida contributiva ecom pensões calculadas através de umafórmula que fará com que sejam extrema-mente baixas. Tudo isto está a indignarmuito a classe.

“…é muito importante irmos à discussão pública com outrasentidades, nomeadamente com o Ministério da Educação,porque não temos dúvida nenhuma que quando todosderem a cara e confrontarem posições, olhos nos olhos,será fácil desmontar estas propostas do Ministério”

Page 5: O Centro - n.º 8 – 19.07.2006

EENNTTRREEVVIISSTTAA 55DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE APRESENTADO PELO GOVERNO

dura”De que forma os professores vão

mostrar a discordância em relação aoprojecto de revisão proposto?

Foi criado na opinião pública um climafavorável a que estas propostas fossemapresentadas. Também propositadamente,o Ministério da Educação apenas fez a en-trega destes documentos no dia 29 de Maio(quando o deveria ter feito em Fevereiro),numa altura em que os professores jáandam no encerramento do ano lectivo,nos exames, etc, antes de irem de férias. Éeste o calendário do Ministério, apresenta-do em férias, com a tentativa de anular trêsmeses de negociação e procurar precipitá-ladepois em cerca de mês e meio, até final deOutubro. Claro que vamos contestar estaforma de trabalhar e já fizemos plenários,reuniões, já tivemos uma greve e uma mani-festação enorme de professores no dia 14de Junho. Posso dizer que a FENPROFaprovou já no Conselho Nacional um planode acção e de lutas que passa por iniciativasvárias, desde o luto na primeira semana deaulas; a afixação de faixas nas zonas das pa-rais, para que os professores, ainda que deférias, vão lembrando o que os espera quan-do regressarem; uma marcha nacional deprofessores e educadores marcada para odia 5 de Outubro (Dia Mundial dosProfessores), que é feriado em Portugal eno qual vamos dizer à Senhora Ministra queos professores até nos feriados lutam con-tra as políticas que estão a ser levadas acabo; e certamente teremos um conjuntogrande de greves e de outras acções fortes,que neste momento estão a unir todas asorganizações sindicais. A luta vai ser extre-mamente dura.

Quando os professores fazem greve écomum ouvir-se dizer que estão a preju-dicar os alunos…

Admito que sim. Quando há greve nostransportes prejudicam-se os utentes, quan-do há greve na saúde prejudicam-se os do-entes, quando há greve na Educação é na-tural que se prejudiquem os alunos. Mas aresponsabilidade de uma greve nunca éapenas de uma parte. Ou seja, se o poder

for dialogante, avançar por processos nego-ciais sérios e efectivos e se não quiser imporapenas as suas propostas, é evidente quenão há greves. Os professores quandofazem greves fazem-no com um grau deconsciência de tal maneira elevado, que sóraramente as fazem. Porque uma greve nãoé algo que os professores façam de ânimoleve ou por “dá cá aquela palha“. Porqueuma greve significa prescindir do salário epara quem não os tem muito elevados,como é o caso dos professores, é naturalque não seja fácil fazê-lo. Portanto quandose chega a uma greve é porque é a forma úl-tima de demonstrar o descontentamentoou de exigir a alteração do rumo que ooutro lado pretende traçar. Veja que esteano desenvolvemos um conjunto muitogrande de iniciativas, desde abaixo-assina-dos, concentrações, vigílias, etc, e greves fi-zeram-se duas, isto apesar do ataque siste-mático com que temos vindo a ser confron-tados. Greves que fizemos acompanhar deduas grandes manifestações em Lisboa, demodo a que não se pensasse que os profes-sores estavam a fazer greve com o objecti-vo de não trabalharem aqueles dois dias.

Mas o Ministério da Educação tem uma viamuito simples de evitar que haja greves, queé flexibilizar as suas posições e avançar comoutra revisão do Estatuto da CarreiraDocente. Porque nós não somos contra arevisão. Somos contra esta revisão. Nóspróprios apresentámos propostas, quer

para a avaliação, quer para a carreira, querpara a vinculação, quer para a contratação,quer para a aposentação, portanto sobretodas as matérias.

Têm previstas acções que tendampara a informação e sensibilização daopinião pública?

Temos tido um conjunto de iniciativasjunto da população, das associações de pais,dos alunos, de modo a fazermos o contra-ponto em relação à propaganda feita peloGoverno. No final do mês passado enviá-mos uma carta a todas as escolas e a todosos meios de Comunicação Social, disponi-bilizando o Sindicato para participarmosem debates, em reflexões, em discussões,fosse com quem fosse. Pensamos que esta éa melhor forma de se poder mostrar o quãoinjusto tem sido o discurso do Ministério equão negativas são as propostas apresenta-das. E não são só os professores que se vãodefrontar com elas, uma vez que vão segu-ramente ter reflexos no próprio ensino pelofacto de termos professores com muitomaior precariedade e instabilidade e compiores condições para o exercício da sua

profissão. E portanto neste momento, paranós, é muito importante irmos à discussãopública com outras entidades, nomeada-mente com o Ministério da Educação, por-que não temos dúvida nenhuma que quan-do todos derem a cara e confrontarem po-sições, olhos nos olhos, será fácil desmon-tar as propostas do Ministério.

Espera que haja abertura do Minis-tério para esse debate que o Sindicatopropõe?

Acho difícil. Gostava que houvesse essaabertura, mas acho muito difícil. Só quemnão conhece as pessoas que hoje ocupam ascadeiras do Ministério da Educação é quepoderia ter alguma expectativa que algumdia pudesse haver algum debate. A SenhoraMinistra e o Secretário de Estado ValterLemos são dois políticos que convivemmuito mal com a democracia e que enten-dem que aquilo que eles acham que deve serfeito é para ser feito. Sabem que existemleis e regras democráticas de debate e nego-ciação e então simulam processos quepodem dar ideia de que essas regras, pelomenos do ponto de vista meramente demo-crático, estão a ser respeitadas. Mas de factoassim não acontece. De Educação não têmgrande conhecimento, nem capacidade pararesolver os problemas, mas sabem o queestão lá a fazer. Têm como objectivos des-valorizar os profissionais da Educação e de-gradar as respostas educativas da escola pú-blica e, principalmente, tornar barato o sis-tema. Admito que há questões do ponto devista da gestão de recursos que podem sermelhoradas, mas o embaratecimento do sis-tema que está a ser feito não é a esse nívelmas sim da liquidação de respostas, impor-tantíssimas, que as escolas dão às popula-ções e muito especialmente às crianças eaos jovens.

No termo da entrevista lançámos a MárioNogueira o desafio de dirigir breves palavrasaos diversos intervenientes no processo daEducação.

Alunos: “Os alunos são a razão de ser danossa profissão. É costume dizer-se que senão houver professores não há escola, masse não houver alunos também não. As medi-das negativas que foram aprovadas em rela-ção aos professores têm reflexo essencial-mente nos alunos. E os professores, se exis-tem, é exactamente porque têm alunos epara conseguir que estes possam, na escola,adquirir conhecimentos mas também com-petências para a sua vida. E portanto o quetenho a dizer aos alunos é que devem ser exi-gentes em relação à qualidade do ensino,fundamental para o seu futuro enquanto ci-dadãos”.

Pais: “Os pais são parceiros importantís-simos e imprescindíveis no sistema educati-vo. Em muitos casos os alunos são aindamuito jovens e os pais têm um papel funda-mental a desempenhar nas escolas. E devemfazê-lo, naqueles que são os níveis de inter-venção em que devem estar envolvidos, no-meadamente nas decisões sobre questões defuncionamento das escolas, da forma como aprópria escola se organiza, das respostas so-ciais que as escolas devem ter. Outra coisa éaquilo que o Ministério da Educação querfazer dos pais, que é fiscais dos professores.Penso que os próprios pais já perceberamque não é esse o seu papel e que não é issoque querem. O apelo que faço aos pais é paraque venham à escola. É comum dizer-se queos professores não querem os pais nas esco-la. Isto é mentira! Pelo contrário, os professo-

res queixam-se de que os pais vão pouco àsescolas. É importante que participem mais,porque são parceiros insubstituíveis”.

Professores: “Que se mantenham muitounidos e que continuem a ser um exemplode profissionalismo, através do seu empe-nhamento e da sua dedicação à escola. Nãovou dizer que todos os professores são exce-lentes profissionais, mas a esmagadora mai-oria são-no com toda a certeza. E portantoo que apelo é para que todos continuem amostrar que, neste país, no que diz respeito àEducação, são os professores que têm razãoe não a Ministra da Educação”.

Ministra da Educação: “Que vá para osítio de onde veio. Provavelmente lá era boaprofissional, admito que sim, e portanto seestava a fazer bem onde estava não venhadestruir mais para o mundo da Educação. É

uma posição conhecida da FENPROF que aSenhora Ministra devia demitir-se e deixar aEducação para aqueles que sabem o que é aEducação e que têm alguma coisa de positi-vo a dizer e a fazer em relação à Educação.A Senhora Ministra não tem nada”.

Primeiro-Ministro: “O Senhor Primeiro-Ministro é o responsável político do Governoe muitas das medidas que hoje são tomadasna Educação decorrem de decisões políticassuperiores, tomadas a nível do Governo e doseu Conselho de Ministros. O SenhorPrimeiro-Ministro deveria estar mais atento eser conhecedor daqueles que são os grandesproblemas da Educação e, principalmente, tera capacidade democrática de ouvir aquelesque mais se envolvem no processo educativo.Que não são apenas os professores. Mas sãotambém, sem dúvida, os professores”.

MÁRIO NOGUEIRA LANÇA DESAFIO AOS ALUNOS

“Sejam exigentes”

“…a responsabilidade de uma greve nunca é apenas de umaparte. Ou seja, se o poder for dialogante, avançar porprocessos negociais sérios e efectivos e se não quiser imporapenas as suas propostas, é evidente que não há greves”

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COMUNIDADE JUVENIL DE S. FRANCISCO DE ASSIS É “A FAMÍLIA” PARA MAIS DE CEM CRIANÇAS E JOVENS

E é tão fácil dar ajuda a esta obra exemplar!A Comunidade Juvenilde S. Francisco de Assisé uma das mais notáveis obrasdo País no que toca ao apoioa crianças e jovens desfavorecidos.Apesar disso, é talvez maisconhecida no estrangeirodo que em Portugal, e lutacom grandes dificuldadespara conseguir proporcionaruma vida digna a mais de umacentena de crianças e jovensque ali foram parar pelas razõesmais diversas, mas que láencontraram um lar, uma família,uma Mãe. Chama-se TeresaGranado, durante muitos anospertenceu a uma ordem religiosa,e por isso há quem continuea chamar-lhe Madre Teresa.A sua vida é um exemplo de amorao próximo, de coragempara enfrentar as adversidadescom optimismo, sempre comum sorriso de esperança.O jornal “Centro” foi ouvi-lae aqui deixa, para alémde um testemunho comovente,um pedido de auxílio que bemmerece ter resposta adequada.

Márcia Arzileiro

Centro (C) – Quantas crianças e jo-vens estão alojados na Comunidade deS. Francisco de Assis?

Teresa Granado (TG) – Aqui emCoimbra temos 70; na Comunidade de VilaNova de Poiares temos 40. Estamos no li-mite, infelizmente não temos condiçõespara receber mais ninguém.

C – E qual é a variação de idades?TG – O mais velho tem 22 anos, mora

aqui desde pequenino. É engraçado, porque

ele veio para cá muito doente. Não movia asmãos, tinha-as hirtas. Andou em médicos,fez exames, andou em hospitais, mas nuncalhe diagnosticaram nada. Ninguém sabia oque ele tinha. De um dia para o outro ficoubom! É um rapaz muito inteligente.

O mais novo tem 5 anos. Apareceu aquide madrugada, acompanhado da polícia edos 3 irmãos. Vinham todos negros naspernas. Eram agredidos pelo padrasto, emfrente da mãe.

C – Como estão eles agora?TG – São crianças muito debilitadas emo-

cionalmente. Mas com uma enorme capaci-dade de perdoar. Ainda ontem o pequenitome disse: “Pensas que a minha mãe não mevem buscar? Ela vem!”. Eu respondi-lhe:“Tenho a certeza que a tua mãe está a pensarem ti neste momento”. Apesar do que sofreu,ainda consegue amar e perdoar a mãe.

C – Os pais das crianças costumamvir visitá-las?

TG – De início sim. Aparecem uma,duas, três vezes. Mas com o passar dotempo não voltam a aparecer.

MUITAS CRIANÇASPARA ADOPTAROU APADRINHAR

C – E essas crianças, uma vez que ospais acabam por as abandonar definiti-vamente, podem ser adoptadas?

Maria Teresa Granado nasceu na Covilhã, a29 de Março de 1929.

Filha de pai médico e de mãe que toca pianoe harpa, vivia sem dificuldades, em casa nadalhe faltava.

Mas os seus pais sempre a educaram nosentido da solidariedade, da entreajuda, da par-tilha.

No terceiro ano do liceu abandonou a terranatal para prosseguir os estudos em Lisboa.

Concluiu o antigo 7.º ano (actual 12º). Maistarde tirou o curso de Assistente Social emCoimbra.

Foi uma adolescente normal, namorou, so-nhou casar, ter filhos.

Mas não se conseguia imaginar fechada

numa casa, com um marido e dois ou três fi-lhos.

Chegou a confessar à mãe que se não casas-se queria ter “doze filhos, vezes doze, vezesdoze...”

Por isso, aos 21 anos, já com o curso deAssistente Social, entregou-se à vida religiosa,passou a servir a Deus a aos outros.

Fez trabalho missionário em França du-rante dois anos, onde entrou para a congre-gação das Franciscanas missionárias deMaria.

De seguida rumou para Itália, onde perma-neceu dois anos, trabalhando nos bairros po-bres de Roma.

Mais tarde, em Macau (onde permaneceu

seis anos), concretizou um sonho antigo. Sem-pre teve paixão pela cultura chinesa. Abriu a es-cola de enfermagem e humanizou a prisão deMacau.

A prisão em Macau era um sítio muito duro,e a Madre Teresa sentiu necessidade de dar aosreclusos um aspecto de ser humano com dig-nidade. Assim, ensinou-os a fazer a barba, atomar banho regularmente, a cortar as unhas –enfim, a sentirem-se melhor consigo própriose com os outros.

Em 1962 regressa a Portugal comoDirectora do Instituto de Serviço Social, ondeesteve doze anos.

Mais tarde ajuda os filhos dos emigran-tes a estudar. E é aí que surge o projecto

da Comunidade de S. Francisco de Assis,onde está até hoje.

Uma vida dedicada a ajudar os outros, a ser-vir a Deus com uma dedicação tão forte que seviu obrigada a largar a vida na InstituiçãoReligiosa.

Porque andar na rua a pedir para os pobres,vaguear até altas horas pela rua com os pobres,não era visto com bons olhos pela Igreja.

Mas Teresa Granado nunca perdeu de vistaos seus objectivos. Oficialmente deixou de serMadre, mas continuou a ser Mãe de muitas de-zenas de filhos – uma prole que aumenta cadaano que passa.

Enfim, saiu da Igreja para melhor poderservir a Deus e amar o próximo.

Uma vida dedicada aos outros

Teresa Granado: o sorriso da esperança

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DE CEM CRIANÇAS E JOVENS

a esta obra exemplar!TG – Todas as crianças chegam aqui

através de ordem do tribunal. E só vão paraa adopção se também houver ordem do tri-bunal. É um processo difícil. Podem ter fa-mília que os queira adoptar, o tribunal podeachar que os pais biológicos possam vir areunir condições para os voltar a educar.Existem vários factores para a adopção.

C – Existem aqui crianças para adop-ção neste momento?

TG – Sim. Temos quatro crianças paraadopção. São irmãos. Mas para eles não vaiser fácil. Já são crescidos. Têm doze, dez,nove e cinco anos. É muito difícil surgiremfamílias que queiram adoptar estas crianças.As pessoas procuram crianças pequeninas,de preferência bebés.

C – Existe alguma medida para queas crianças mais velhas consigam vir ater uma família?

TG – Penso que está para ser aprovadauma lei que permitirá que qualquer famíliapossa dar um lar a uma criança. No entan-to não são adoptadas, são acolhidas poressa família a tempo inteiro.

C – Em que consiste essa lei?TG – Esta é uma forma de combater as

carências afectivas e emocionais dos jovens.O Estado está a pensar dar cerca de 400-450 euros às famílias que acolherem crian-ças em casa. É claro que se for aprovada alei, vamos precisar de tomar muita atençãoa esta medida. As famílias têm de ser muitobem estudadas, porque a oferta de dinheiropode trazer interesses apenas materiais, e oque interessa aqui é o interesse afectivo pelacriança.

BONS RESULTADOSESCOLARES ONDE SABEROUVIR É UMA REGRA

C – Como se integram os Jovens aquina Comunidade? Têm muitas dificulda-des de integração?

TG – A escola é o maior factor de inte-gração. Convivem com outras crianças, é omomento em que são iguais, ou que estãonuma situação de igualdade. Mas é semprecomplicada a fase da adaptação. Mesmosendo mal tratados e violentados, não éfácil fazer rupturas, mesmo que seja paramelhor. Não é fácil abandonar os amigos,os colegas de escola, os vizinhos. De repen-te estão sem ninguém, tudo é novo e desco-nhecido para eles.

C – Existe alguma forma especialpara lidar com essa situação?

TG – Nós também os integramos aquina Comunidade. Saber ouvir é fundamen-tal. É mais importante do que saber falar.Nós precisamos de os ouvir. Para além doslaços afectivos que eles precisam, o despor-to é algo integrante. Temos aqui várias acti-vidades lúdicas e desportivas. Temos umgrupo de dança; um brasileiro que ensinacapoeira de 15 em 15 dias. Temos um con-tador de histórias. Joga-se futebol, basque-te.

C – A Comunidade tem algum proto-colo com clubes desportivos?

TG - Sim. Temos um grupo de alunosque joga futebol na Académica. Todos os

jovens praticam natação nas PiscinasMunicipais; conseguimos isso através daCâmara Municipal de Coimbra. Mas, paraalém do desporto há outras actividades,como a música. Há um grupo de alunas queaprende a tocar instrumentos de sopro noBairro da Rosa; outro grupo aprende atocar cavaquinho em Santa Clara. Fora asactividades escolares que são muitas. O es-tudo ocupa-os muito tempo.

C - Os jovens aqui na comunidadetêm aproveitamento escolar?

TG – Sim. Cerca de 94% deles tem bomaproveitamento. Todos estudam, seja emescolas gerais ou profissionais.

HÁ MUITAS FORMASDE APOIAR ESTA FAMÍLIATÃO NUMEROSA

C – De que apoios dispõe para man-ter a Comunidade?

TG – O Estado dá 350 euros mensaispor cada criança. Desse dinheiro pagamosa todo o nosso pessoal, incluindo os psicó-logos. Temos duas psicólogas; uma atempo inteiro e outra apenas uma vez porsemana. Temos cerca de 20 pessoas a tra-balhar aqui na Fundação. E estamos a pre-cisar de mais; pelo menos uns dois ou trêsanimadores sócio-culturais. Mas não temosdinheiro para os contratar. Aliás, depois depagarmos ao pessoal pouco dinheiro sobrepara tudo o resto, que é muita coisa: água,luz, gás. Tudo o que se faz numa casa nor-mal. Só que nesta casa vivem mais de 70pessoas!

C – Mas para além do que vem doEstado, a Comunidade não recebeoutro tipo de auxílios?

TG – Sim. Temos cerca de 150 sóciosque pagam uma quota anual de 5 euros,podem dar mais se quiserem e puderem.Geralmente quem ajuda são os da classemédia e da pobre. Ajudam no que podem:em roupa, brinquedos, livros, comida, etc.

C – As ajudas recebidas não são, por-tanto, suficientes…

TG – Dá para viver... Mas era muito im-portante sensibilizar as pessoas para queajudassem mais, para serem solidárias. Euapelo principalmente às pessoas mais abas-tadas para que ajudem estas crianças.Podem fazer o lugar de padrinhos, de ami-gos; podem estabelecer uma relação que senão limite ao apoio financeiro. É funda-mental que as crianças sintam que alguém,fora da Instituição, pensa nelas, se preocu-pa com elas. Eu apelo a quem pode paraapadrinhar uma criança. Pode, por exem-plo, dar uma bolsa mensal para a ajuda nosestudos. Mas também telefonar para sabercomo correm as coisas; estabelecer umcontacto de proximidade que é fundamen-tal para os jovens.

C – Quais são as maiores carências?TG – A comunidade precisa de coisas

básicas. O leite, por exemplo, é um bem es-sencial, toda a ajuda de leite é muito agrade-cida. O Continente fornece leite para VilaNova de Poiares, o Jumbo e a Makro tam-bém ajudam a Fundação. O ano passado oJumbo ofereceu uma piscina às crianças e

jovens da comunidade. O pão é outro ali-mento essencial. Há uns tempos atrásenchi-me de coragem e fui pedir ajuda àsgrandes pastelarias de Coimbra, como aVénus e a Vasco da Gama. Agora fazem en-trega directa de pão, todos os dias, e com opão acabam por vir os bolos do dia anteri-or. É uma grande ajuda.

É MUITO FÁCIL FAZERCHEGAR AS AJUDAS

C – Quem quiser ajudar, como podefazer chegar apoios à Fundação?

TG – Qualquer pessoa pode vir entregaro que quiser aqui à Comunidade. Para alémdisso, podem tornar-se sócios e pagar aquota anual. Quem quiser ajudar financeira-mente, nós fornecemos o número da nossaconta para que façam os depósitos. Bastaque nos telefonem para o número 239 826351. Ou seja, existem muitas formas de aju-dar e nós, em nome das crianças, todasagradecemos.

C - Existem voluntários a trabalharna Instituição?

TG – Sim. E de várias nacionalidades.Neste momento temos 3 portugueses quese ocupam com actividades lúdicas com osjovens. Uma italiana, que está a fazer umlivro com histórias escritas pelas crianças.Temos ainda um grupo de espanholas e emSetembro vêm duas alemãs. Mas todas aspessoas que quiserem ajudar serão aquiacolhidas com alegria.

C – Neste período de Verão, ondepassam as crianças as férias?

TG – Em anos anteriores já aconteceualgumas empresas oferecerem viagens. Umgrupo de jovens foi à Suiça, numa experiên-cia muito enriquecedora - conheceram umaoutra cultura, diferentes costumes, outraslínguas. Todos os anos um grupo de espa-nhois vem apara a comunidade em Agostoe leva um grupo de jovens de férias, paracolónias. E também há famílias que levamalgumas das nossas crianças quando vão deférias.

C – A concluir, quer deixar algumapelo especial em prol da Comunidadede S. Francisco de Assis?

TG – O meu apelo vai para o Estado. Osjovens que estão nesta instituição são unsheróis. São corajosos, enfrentaram as agru-ras da vida e venceram. Estudam, muitoschegam a concluir licenciaturas, mas depoisnão encontram trabalho. Contudo, estes jo-vens que vieram do nada, sem ninguém,com carências afectivas, emocionais e soci-ais, não se entregaram à fraqueza, não dei-xaram de lutar. Por isso, estes jovens devi-am ter tanto ou mais apoio que os toxico-dependentes. Não se pense que estou con-tra a ajuda dada aos toxicodependentes.Mas entendo que estes jovens também po-diam ter escolhido esse caminho, pois avida deles não foi fácil. Mas eles não se en-tregaram. Lutaram e venceram! Mereciamter mais apoios na integração no mundo dotrabalho e na vida social.

Desde criança que a Madre Teresa(como muitos continuam a tratá-la) temum fascínio pelas prisões.

Sendo uma pessoa que preza a liberda-de, fazia-lhe impressão ver os homenspresos.

Quando tinha sete anos de idade, pas-sava pela cadeia a caminho da escola, co-meço a parar junto às grades e a cantarpara os presos.

Este gesto tornou-se tão repetitivoque passaram a permitir que a pequenitavisitasse os presos.

Eles contavam-lhe histórias e ela ten-tava animá-los.

Até que, certo dia, um colega do pai aviu e foi contar aos pais que a filha anda-va de volta dos presos.

Os pais não lhe ralharam. Explicaramque nem todas as pessoas eram tão boascomo ela pensava.

A partir desse dia deixou de ir à cadeia.Mas, e porque mais cedo ou mais tarde

os sonhos se cruzam com a vida, a Madrevoltou à cadeia enquanto esteve emMacau.

O que a chamou para passar para alémdas grades foi um português que estavapreso, desanimado, sem coragem e comvontade de morrer. A Madre começou a vi-sitá-lo, tentou encontrar maneiras de ele seocupar e ganhar de novo entusiasmo pelavida. Descobriu que ele tinha muito jeitopara escultura. Conseguiu autorização paralevar madeira e um canivete para dentro dacela. E o português começou a fazer Cristosperfeitos em madeira. Esperou 12 anos porum julgamento, em que viria a ser absolvido.

Ainda na cadeia de Macau, a Madreconseguiu tirar os presos da cela para as-sistirem a filmes numa grande sala. E,como noutro local se refere, conseguiuque neles despertasse a auto-estima, no-meadamente através dos hábitos de higi-ene pessoal. Pequenos pormenores, masque ali fizeram toda a diferença.

O segredo para uma amizade tão ricaera simples: nunca perguntava por queestavam ali, nunca pretendeu julgar osseus actos.

Apenas quis ajudá-los. E até os piorescriminosos se mostraram reconhecidos!

Levar liberdadeàs prisões

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EXEMPLAR EXPERIÊNCIA DE ENSINO E INTEGRAÇÃO DE FAMÍLIAS CIGANAS

Solidariedade floresceno Bairro da RosaMárcia Arzileiro

Recentemente, uma festa multicultural,no Bairro da Rosa, em Coimbra, marcou oencerramento do ano lectivo recorrente.

Esta festa foi um projecto conjunto dosprofessores e alunos, maioritariamente deetnia cigana.

Foram exibidas danças ciganas, levadas apalco por meninas da etnia; muita músicacigana cantada ao vivo por ciganos adultosque agora terminaram o 6º ano de escolari-dade, no Centro Comunitário de S. José, noBairro da Rosa.

De salientar este exemplo de aberturacultural do povo cigano à cultura não ciga-na.

De facto, a cultura cigana, de uma formageral, não privilegia a educação escolar. Maseste é um costume que está a mudar no seiodesta comunidade, pois os ciganos já nãoquerem só aprender a ler e a escrever o mí-nimo e essencial, querem mais.

A prova do querer saber mais está no

grupo de alunos adultos que conseguiramconcluir agora o 6.º ano.

E este desejo de saber mais está a passarde pais para filhos, já que estes alunos adul-tos mostram vontade de que os seus des-cendentes prossigam os estudos. “Eu nãoconsigo ir mais longe, mas os meus filhosvão. Os meus filhos vão ser doutores!” -afirma António, um cigano encantado coma descoberta do mundo escolar.

Como dissemos atrás, o povo ciganoestá aberto a novas experiências e a novasculturas. Nesta festa, para além da apresen-tação de espectáculos tradicionais da etnia,o fado de Lisboa saiu à rua pela voz deSevera, uma menina de etnia cigana. E mui-tas outras adolescentes dançaram ao somde Shakira e de outros ritmos quentes.

O entusiasmo dos finalistas era bem evi-dente, embora alguns lamentassem já, comalguma tristeza, ter chegado o fim das aulas.

A isso não será alheio o facto de a rela-ção professor-aluno ir mais além do ensinarletras, fazer contas ou ensinar a História dePortugal. Esta relação inclui amizade, felici-dade e gratidão de ambas as partes, comodemonstra esta eloquente afirmação deuma professora dos adultos: “Não fui só euque ensinei, vocês também me ensinarammuitas coisas!”.

UMA CONVIVÊNCIANEM SEMPRE FÁCIL

Deve dizer-se que a convivência entre ci-ganos e não ciganos raramente é fácil, nor-malmente com culpas para ambas as partes.

A verdade é que os ciganos, por seremuma minoria com usos e costumes muitopróprios, normalmente têm de travar umabatalha para serem bem aceites no mundodos não ciganos.

Muitos ciganos revoltam-se por não osolharem de frente como a outro qualquercidadão.

E isto aplica-se a quase todos os aspec-tos da vida social, seja na escola, seja na rua,onde quase sempre são temidos e muitas

vezes sem razão, porque são pessoas tãopacíficas como quaisquer outras.

Gouveia Monteiro, Vereador da CâmaraMunicipal de Coimbra, esteve presentenesta festa.

O vereador tem desenvolvido trabalhorigoroso neste Bairro Social, com diversasiniciativas que têm sido muito bem aceites,principalmente pelos ciganos.

O projecto de aulas para adultos foi im-plementado por ele e aceite pela comuni-dade.

Gouveia Monteiro deixou alguns votosde felicidade aos finalistas, e a vontade defazer mais e melhor: “Nós vamos fazertudo para que consigam continuar os vos-sos estudos. E para que tenham pleno êxitono vosso futuro”, afirmou o vereador.

A festa terminou com professores e alu-nos a dançar ao ritmo da salsa, merengue,tango e milonga.

Entretanto, foi distribuído por todos ospresentes um exemplar do Jornal “A Liber-

dade” – um interessante projecto realizadopelos alunos adultos e pelas professoras.

Ficou no ar a vontade de continuar comeste projecto, em que crianças e adultos fo-ram alunos interessados e em que professo-res ensinaram empenhadamente e tiveram ahumildade de também saber aprender.

Um exemplo de que a convivência é pos-sível e de que nunca é tarde para aprender.

No fundo, há esperança de que se aceitemas diferenças e que se respeitem as tradições.

Como escreveu o poeta cigano VittorioMayer Pasqualle Spatzo:

“Nasce-se cigano.Agrada-nos caminhar sobre as estrelas.Contam-se estranhas histórias sobre ciganos.Diz-se que lemos nas estrelas e quepossuímos o filtro do amor.As pessoas não acreditam nas coisas que nãosabem explicar.Nós, pelo contrário, não procuramos explicaras coisas em que acreditamos.”

Jorge Gouveia Monteiro deixou votos de felicidade para os finalistas

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RREEGGIIÃÃOO CCEENNTTRROO 99DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

PAULO JÚLIO DIVULGOU PROJECTOS DE PROMOÇÃO DO CONCELHO

Pela afirmaçãode Penela

Foi um concelho jovem,virado para o futuro, quese apresentou aos jornalistasna Sala VIP do EstádioCidade de Coimbra.Em causa estava a apresentaçãodo DVD promocionaldo Município de Penelae do Fim-de-semanada Juventude

António José Ferreira

Paulo Canha foi o primeiro a usarda palavra, agradecendo a Penela e aopresidente Paulo Júlio e frisando que“a CIC é uma mostra económica de

toda a região”. De imediato passou apalavra ao edil de Penela, que retribu-iu os agradecimentos e elogiou aDirecção da ACIC por “trazer o cer-tame para o Estádio Cidade deCoimbra” e sobretudo “por transfor-má-lo numa feira de todo o distrito enão apenas de Coimbra”.

O Presidente da Câmara Municipalde Penela centrou-se de seguida nosdois principais assuntos que motivarama Conferência de Imprensa. Primeiro aapresentação do DVD promocional doMunicípio, iniciativa que assenta no es-forço da autarquia para a promoção eafirmação de Penela no contexto regio-nal e nacional e que pretende realçartodo o património histórico e natural e,principalmente, as pessoas do concelho.

No pequeno filme lá estão, de facto, aspessoas, nomeadamente a juventude,bem como os principais pontos deatracção e actividades das gentes da regi-ão e que bem fazem jus ao lema “Umdestino… de portas abertas“: os cam-pos, a flora, a feira medieval, a vila roma-na, o castelo, o queijo, o mel, os vinhos,etc; depois, a apresentação do Fim-de-semana da Juventude, que Penela vai re-ceber de 28 a 30 do mês corrente, con-forme programa que apresentamosnesta mesma página. Organizado emparceria pela Câmara Municipal e pelaempresa Alliance Productions, esteevento está orçado em cerca de 20.000euros e vai ser promovido em todo opaís, esperando-se que atraia a Penelacerca de dois milhares de jovens.

Sexta-feira (28/07)• Jantar da Juventude de Penela• Concerto - Squeeze Theeze Pleeze: grupo que está em

“tour” de promoção do novo álbum, intitulado “Flatline”, edita-do em 31 de Outubro de 2005. Neste momento o single“HiHello (my name is Joe)” é um dos temas com maior rotaçãona telenovela “Morangos com Açúcar”, bem como na Antena 3e Best Rock FM. O vídeo-clip do single roda com alguma fre-quência no MTV Portugal, tendo entrado directamente para a 3ªposição dos vídeos mais pedidos.

• Dj Miguel Assumpção (Rock Mix): começou em 1992como Dj da discoteca Down’s, no Estoril. Em 2004 foi nomea-do para o Melhor Dj Pop/Rock, pela Portugalnight. De entre asdezenas de casas por onde passou sobressaem Locomia(Algarve), Kadoc (Algarve), Coconuts (Cascais), Dock’s (Lisboa),Queens (Lisboa), Rock Line (Lisboa), SnooBar (São Pedro deMuel) e Kremlin (Lisboa).

Sábado (29/07)• Actividades Culturais: exposições• Actividades Radicais: escalada, rapel e canyonning• Actividades para crianças: workshop de pintura (pinta a tua

t-shirt) e contos infantis• Luca Ricci (Itália): Dj e produtor italiano, é um talento a ser

observado. O seu som e estilo fazem dele uma preferência nosclubs de todo o mundo. A sua música leva o público numa via-gem que liga o espírito ao corpo, tendo por guia as batidas fortes.

• Lady B (Espanha): é uma das mais respeitadas dj’s espanho-las. Com uma forma muito própria de tocar, que muitos consi-deram quente e envolvente, procura sempre mostrar sonoridadesnovas e futuristas. Actualmente tem residências nas casas VipSpace e Bliss, em Vigo. Volta a Portugal para mais uma sessão anão perder, desta vez em Penela.

• Jiggy: tem no techno e no house a sua base de trabalho, mis-turando inteligentemente as novas influências dos demais estilosmusicais que vão surgindo. Habituado a tocar nas multidões, emcenários como castelos e conventos, esta vai ser, com certeza,mais uma noite trepidante.

• Tozé Diogo: é um dos mais carismáticos divulgadores dasmais modernas expressões da música de dança no nosso país. Oseu nome significa sempre busca pela novidade, não impondo li-mites aos seus sets que, além de serem caracterizados pela elegân-cia, nunca perdem o sentido do espaço onde são inseridos.

• Augustto: desde muito novo se sentiu atraído pela DanceScene, tendo trocado em 2002 as pistas de dança pela cabine, ac-tuando desde então como freelancer. Possuidor de um estilo elec-trónico muito próprio, onde predominam os grooves envolven-tes e fortes basslines, tem vindo a adquirir um gosto musical maisrequintado e inovador.

• Hugo Barbosa (Vj): pioneiro no movimento Vj português,realizou diversas apresentações e instalações vídeo e trabalhoucom músicos, coreógrafos, actores, realizadores e artistas visuais.Desde 1999 tem mantido uma presença residente no ClubLuxfragil, em Lisboa, um dos mais destacados Vision Bar domundo, onde teve o privilégio de trabalhar com alguns dos mai-ores nomes da arte do Djing nacional.

• Johnny Def (Mc): já com mais de 12 anos de carreira, esteartista foi pioneiro e único nas funções que desempenha, sendoconsiderado por muitos como uma lenda das nossas pistas dedança. Do seu currículo constam dezenas de Dj’s e artistas detopo a nível mundial, sendo a qualidade do seu trabalho inegávele inquestionável.

• Animação Kings e Queens: contando já com alguns anos deexperiência, estes animadores levam às festas um espírito de di-versão sem igual e preenchem as noites com momentos inesque-cíveis. Um grupo sem fronteiras que já marcou presença emgrandes eventos como a festa de encerramento da Expo 98, oYorn Sound System, Atlantic Beats, Dance in Douro e ElektroParade, entre muitos outros.

• Animação Mató le Freak• Special Decor

Domingo (30/07)• Actividades Culturais: exposições• Actividades Radicais: escalada e rapel• Actividades para crianças: caça ao tesouro no castelo

PROGRAMA

Emídio Domingues, Paulo Canha, Paulo Júlio e Hugo Paula presidiram à cerimónia

Paulo Júlio brindou os convidados com vinhos da região de Penela

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1100 RREEGGIIÃÃOO CCEENNTTRROO DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

Jorge Pereira recebeu o “Centro”no edifício-sede da Juntade Freguesia do Espinhal,no qual funcionam igualmenteos Correios e o Posto Médico.O Presidente da autarquiacongratulou-se pelo centenárioda vila e chamou a atenção paraalguns dos problemas que o seuexecutivo pretende resolver

António José Ferreira

Quatro anos como Secretário da CâmaraMunicipal de Penela e outros tantos da Juntade Freguesia do Espinhal, deram a JorgePereira o traquejo necessário para o trabalhoque hoje desenvolve no comando da autar-quia. Trata-se de um desafio que aceitou por-que “a ligação à terra é muito forte”, emborareconheça ser “muito complicado” gerir todasas situações que vão surgindo e que procuraconciliar com a vida profissional. “A nossaárea de intervenção é muito grande, com mui-tos lugares espalhados pela freguesia“, infor-mou, frisando que o trabalho se torna possívelporque é desenvolvido com igual empenha-mento por todo o elenco da Junta deFreguesia e porque existe um bom relaciona-mento institucional com a Câmara Municipalde Penela.

Neste momento a Junta de Freguesia doEspinhal tem seis funcionários, o que “nos so-brecarrega um pouco em termos de despesa. Enão somos a Junta que mais recebe de FEF.Foram-nos atribuídas mais competências mas

em termos de transferências ficámos pratica-mente na mesma. Apenas nos aumentaram 900euros. Dizem que somos a Junta mais rica, por-que de facto temos um património muito ele-vado e que nos dá alguma independência. Sópara se ter uma ideia posso dizer que temos umorçamento de cerca de 200.000 euros, sendocerca de 47% gerados pela própria Junta. Astransferências do Estado e da Câmara repre-sentam pouco mais de metade do total”.

Os problemas e dificuldades são os nor-mais de uma Junta de Freguesia, elegendoJorge Pereira “as limitações que o PDM está aimpor à construção. Neste momento nãotemos zonas de expansão. Não podemos cres-cer, apesar de o Espinhal poder proporcionarexcelente qualidade de vida. Os únicos terre-nos disponíveis para construção são algumasquintas brasonadas, que as famílias natural-mente não vendem para esse fim”. Como ex-celente exemplo da forma como o Espinhalpoderia atrair novos habitantes, através daconstrução, Jorge Pereira aponta “a Quinta daCerca. Foi um êxito! Vivem cá pessoas oriun-das do Porto, de Chaves, de Coimbra, etc, queaqui fixaram habitação, mas já não há umúnico lote para ser vendido e não temos outraszonas onde possam ser construídas novas ur-banizações. É um dos graves problemas quetemos”. Além de não poder atrair novos habi-tantes, o Espinhal debate-se com “a desertifi-cação dos lugares da Serra, que têm tendênciaa desaparecer. A população é muito idosa enos últimos anos fomos das freguesias quemais gente perdeu“.

Em contraponto dos idosos, que procura re-solver através de uma relação muito próximacom os habitantes, Jorge Pereira dá conta de que

os jovens da vila não são esqueci-dos. O desporto não abunda, masa Junta procura apoiar outras acti-vidades igualmente viradas para ajuventude, desenvolvendo parce-rias com a Associação de Jovens,com a Associação de MoradoresQuinta da Cerca e com o Grupode Teatro: “Dentro das nossas limi-tações e possibilidades apoiamostodas as actividades. Os jovens doEspinhal só não têm mais da Junta por-que também não têm mais iniciativas.Há alguns sempre prontos anovos projectos e ideias,mas a maior parteestão mais no seu‘canto’ e não sepreocupamm u i t oc o m

a comunidade.Ao nível da cultura,

por exemplo, temos de-senvolvido diversas ini-ciativas, mas são quasesempre os mesmos queaparecem”.

A terminar, Jorge Pereira chamou a atençãopara três questões prementes para a populaçãodo Espinhal: “Estou preocupado porque estão aser encerradas algumas unidades de saúde. O

nosso posto médico serve cercade 700 utentes, em especial gen-tes da serra que já têm alguma di-ficuldade em se deslocar, e se for

fechado vão ter que ir paraPenela para o Centro de Saúde;a requalificação da estrada 347,

que faz a ligação a Castanheirade Pêra, é uma obra extrema-

mente importante; finalmentegostaríamos de ter

melhorestrans-

por-tes

p ú -bl icos

pois aa c t u a l

oferta de car-reiras deixa muito

a desejar”. Problemas que uma Junta não poderesolver por si só, apenas “chamar a atenção.Estamos sempre do lado da população mas háquestões que não podemos ser nós a resolver di-rectamente“, concluiu Jorge Pereira.

JORGE PEREIRA DESTACA QUALIDADE DE VIDA NA VILA DO ESPINHAL

“Não podemos crescer”

A vila do Espinhal tem cerca de 1400 ha-bitantes. Região acolhedora, tem nas poten-cialidades turísticas um dos principais moti-vos de atracção. Entre outros, são locais a

visitar as Piscinas Naturais da Louçainha, oS. João do Deserto, a Cascata da Pedra daFerida (que vai ser alvo de um projecto derequalificação, elaborado por arquitectos

paisagísticos, que manterá os traços originaisno que respeita a carreiros, moinhos, etc), aIgreja Matriz e vários solares brasonados(que acolhem exposições, conferências, etc).

A festa alta da vila, em honra de NossaSenhora da Piedade, está marcada para 26de Agosto, prolongando-se na semana se-guinte com a Feira do Mel.

Vila centenária e rica em património

Cascata da Pedra da Ferida Piscinas naturais da Louçainha

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RREEGGIIÃÃOO CCEENNTTRROO 1111DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

AJF “Cem anos de história, de passado,de pessoas, de sentimentos,de emoções. E de futuro”.Esta frase de Paulo Júlio,presidente da Câmara Municipalde Penela, define bem a vilado Espinhal e o vasto programacomemorativo do centenário.Entre outros momentos,merecem destaque a sessãosolene, presidida por Jaime Gama,Presidente da Assembleiada República, o lançamentodo livro comemorativodo centenário, da autoriade Mário Nunes, a recriaçãoda entrega do foral, interpretadapelas gentes da região, o jantardo centenário, que juntouespinhalenses e convidados,a inauguração da iluminaçãodo calvário e a actuaçãodo grupo de fados da AssociaçãoMenina e Moça.

ESPINHAL COMEMOROU CENTENÁRIO DE ELEVAÇÃO A VILA

Cem anos de história

O grupo de espinhalenses que fez a recriação da entrega do foral

Jaime Gama presidiu à cerimónia Paulo Júlio no uso da palavra Oliveira Gonçalves abriu os discursos

Jorge Pereira discursou sobre o futuroFernando Antunes no meio da assistência presente na sessão solene

Mário Nunes e Fernando Antunes A Associação Menina e Moça cantou os parabéns à vila do Espinhal

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1122 RREEGGIIÃÃOO CCEENNTTRROO DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

JJUUNNTTAA DDEE FFRREEGGUUEESSIIAA DDOO EESSPPIINNHHAALL

O prazer da natureza

Mário Nunes

Comemoram-se 100 anos da elevação doEspinhal a Vila. Um acontecimento importan-te para os espinhalenses, para uma Vila com800 anos de História.

A data regista um momento de bairrismoporque permite conciliar à sua volta todosaqueles que nutrem pela Vila do Espinhal umsentimento de orgulho, um factor de vaidadee uma afirmação de identidade cultural.Permite olhar o passado e reconhecer que em100 anos muito se alterou na Vila e na fregue-sia. Por isso, auscultar a história, memorizar asvidas dos nossos antepassados, reconhecer oempenho e dedicação de centenas e tributargratidão àqueles que nos permitem, hoje, vivere comemorar a data, corresponde fazer umaprofunda reflexão e continuar a efeméride, ca-minhando, sonhando com uma Vila maior,mais próspera, deveras solidária, intensamentecultural e repleta da qualidade de vida que ohomem deseja e exige.

Terra antiga, possui o primeiro documentode autenticidade como povoação datado de1219, logo com 800 anos de História.Contudo, analisando à luz da realidade os ves-tígios romanos encontrados, a estrada paraBobadela e norte da Península, a estrada que o

Imperador Júlio César utilizou, e que passavano Espinhal, bem como a passagem de exér-citos, de monarcas e de outras personalidadespela Vila desde a ocupação romana do País,podemos sonhar da existência da localidadehá mais séculos.

Depois da investigação ao documento de1219, outros se seguiram nos séculos seguin-tes, testemunho de que o aglomerado se ex-pandiu e aumentou a população. O factor re-ligioso, o comércio, a nobreza e a vertentemilitar afirmaram o Espinhal como uma dasmelhores localidades do concelho e da regi-ão.

O Conde de Andeiro, D. João I, de Castela,D. Nuno Álvares Pereira, D. João I, as OrdensReligiosas e outros acontecimentos de notóriavalia, levaram ao adágio, do século XV: três al-deias tem Portugal, Fundão, Condeixa eEspinhal. Também a riqueza mineral fez criara manufactura de fundição, em 1527, por D.Manuel I, para alimentar as actividades daCoroa na campanha dos Descobrimentos. Adimensão do Espinhal ampliou-se tanto que,em 1644, a “aldeia parece Vila”. O comércioatinge tal grandeza que se criou o mercado se-manal, que atrai as gentes das serranias e luga-res vizinhos e de Penela e os soldados da guar-nição das praças da Beira.

Ilustres personalidades se fixaram na terra,das famílias Velásquez, Sarmentos, Abreus,Bacelares, Colaços, Arnauts, Quintanilhas,Sousas, Meneses e Barretos.

O património monumental instala-se com aIgreja Matriz, a maior do concelho, as capelas,as ermidas e as fontes. Filhos das ilustres famí-lias vão ocupar altos cargos religiosos, políticos,sociais, médicos, universitários, da justiça, querno País, quer no estrangeiro e colónias.

A população aumentou para 422 fogos emais de mil habitantes em 1798.

D. Maria I vincou a importância cultural esocial, ao criar a escola de ler, escrever e con-tar e nomeou um professor de gramática lati-na. Este benefício possibilitou o ensino a mui-tas crianças, e delas saiu uma das primeirasmulheres portuguesas a frequentar a Universi-dade de Coimbra, D. Palmira Filipe.

As invasões francesas fizeram os seusestragos com alguns generais a fixarem alios seus exércitos e a ocupar os palácios no-bres e a queimar, matar e destruir. Voltou apaz. E as figuras gradas da Nação voltarama frequentar a terra, exemplo do Duque deSaldanha, Gonçalves Crespo, Maria AmáliaVaz de Carvalho, D. Fernando II, D. JoãoVI e outras altas individualidades. E, destapresença surge a proposta ao Rei, e este

concede-lhe, em 16 de Julho de 1906, o tí-tulo de Vila.

O progresso acentuou-se através do patri-mónio, do comércio, das artes e das letras.Vieram a electricidade, os Correios, os tran-sportes, os médicos, os jardins-de-infância, osaneamento, a água ao domicílio, a filarmóni-ca engrandeceu-se, as festas e romarias, as es-tradas, os edifícios culturais, a Casa deBeneficência, os bairros e a conservação docentro histórico e de outras áreas do progres-so, sem esquecer o património natural tãobem descrito por Eugénio de Castro: “sempreque vejo a paisagem do Espinhal, sinto queestá aqui o coração de Portugal”. A Vila doEspinhal dimensionou-se a lugar de destaqueno panorama concelhio, regional e nacional.

As comemorações da elevação a Vila, gran-diosas, iniciaram-se em 23 de Junho e prolon-garam-se até 16 do corrente, com um progra-ma rico e diversificado, estruturado na cultura,no social, no recreativo e na inauguração de al-guns empreendimentos, exemplo, da ilumina-ção do complexo do Calvário – escadaria,largo e capela.

A Vila do Espinhal está em festa e orgulha-se de comemorar, em grandeza e dignidade,um acontecimento que consolidou o seu pres-tígio e ancestralidade.

Vila do Espinhal: vila centenária

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PPUUBBLLIICCIIDDAADDEE 1133DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

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1144 DDEESSPPOORRTTOO DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

ACADÉMICA APRESENTOU-SE À CIDADE NO CENTRO COMERCIAL DOLCE VITA

Com os olhos na Europa

O Centro Comercial Dolce Vita,contíguo ao Estádio Cidadede Coimbra, foi o palco escolhidopara a apresentação da equipade futebol sénior da AssociaçãoAcadémica de Coimbra//Organismo Autónomode Futebol, versão 2006/2007.Nove reforços e um treinadorambicioso fazem ter esperançanuma época que não termineem “aflição”, como temacontecido nos últimos anos

Nos clubes onde tem vindo a trabalhar, otreinador Manuel Machado tem alcançadosempre bons resultados, nos dois últimosdeixando Vitória de Guimarães e Nacionalda Madeira com presença garantida nascompetições europeias. Foi esse percurso vi-torioso, precisamente, bem como o bom tra-balho realizado, aos mais diversos níveis, quelevou a Direcção da AAC/OAF a dar-lhe ocomando da equipa para a temporada que se

avizinha. E que faz pensar em caminhosbem mais ambiciosos em relação aos quetêm vindo a ser trilhados pelos “pardalitosdo Choupal” nas temporadas anteriores. Ooptimismo é tal que o presidente JoséEduardo Simões aponta para a conquista deum título nacional entre 2007 e 2009, con-fessando que gostaria de voltar a ver o em-blema dos estudantes a lutar por uma finalda Taça de Portugal.

Manuel Machado, coadjuvado por JoséAugusto, Zé Nando e Goran Zivanovic, vaiter à disposição um plantel igualmente ambi-cioso, mesclando experiência e juventude, eque dá garantias de discussão da vitória do-mingo após domingo. Da época passada tran-sitam os guarda-redes Eduardo e PedroRoma; os defesas Danilo, Vítor Vinha e NunoLuís; os médios Roberto Brum, FilipeTeixeira, Dionattan, Fernando, Sarmento, Ito,Nuno Piloto e N’Doye; e os avançadosGelson e Fausto. Reforçam o conjunto o guar-da-redes Douglas (Coritiba); os defesas Kaká(Grémio Jaciara), Gonçalo (Tourizense),Medeiros (Guimarães), Lino (Juventude deCaxias) e Litos (Málaga); os médios Alexandre

(Corinthians Alagoano), Hélder Barbosa(Porto), Raul Estevez (Boca Juniors) e PauloSérgio (Moreirense); e finalmente o avançadoNestor Alvarez (Dínamo Tolima).

Jogos de preparação

Para já, a Académica tem previstos dozejogos de preparação, destacando-se os doisque vão decorrer no Estádio Cidade deCoimbra, frente à Real Sociedad (dia 8 deAgosto, às 21 horas) e ao Boavista (dia 16de Agosto, às 20 horas). Outros encontrosparticulares: com o Beira Mar, hoje, às 18horas, em Avanca; com o Paços de Ferreira,dia 22/07, às 18 horas, em Tábua; com oLeixões, dia 26/07, às 18 horas, emQuiaios; com o Penafiel, dia 29/07, às20h30, em Penafiel; com o Nacional, dia2/08, às 18 horas, em Rio Maior; com oFeirense, dia 5/08, às 18 horas, em Vila daFeira; com a Naval, dia 9/08, às 21 horas,em Gouveia; participação num torneio tri-angular em Alcobaça, no dia 12 de Agosto;finalmente com o Tourizense, no dia19/08, às 18 horas, em Touriz.

1.ª (27/08) Jornada 16.ª (28/01)

V. Setúbal - AcadémicaBenfica - Gil VicenteSporting - BoavistaMarítimo - NacionalSp. Braga - P. FerreiraBeira Mar - AvesPorto - U. LeiriaNaval - E. Amadora

2.ª (10/09) Jornada 17.ª (04/02)

Académica - NavalGil Vicente - V. SetúbalBoavista - BenficaNacional - SportingP. Ferreira - MarítimoAves - Sp. BragaU. Leiria - Beira MarE. Amadora - Porto

3.ª (17/09) Jornada 18.ª 18/02)

Académica - Gil VicenteV. Setúbal - BoavistaBenfica - NacionalSporting - P. FerreiraMarítimo - AvesSp. Braga - U. LeiriaBeira Mar - E. AmadoraNaval - Porto

4.ª (24/09) Jornada 19.ª (25/02)

Gil Vicente - NavalBoavista - AcadémicaNacional - V. SetúbalP. Ferreira - BenficaAves - SportingU. Leiria - MarítimoE. Amadora - Sp. BragaPorto - Beira Mar

5.ª (01/10) Jornada 20.ª (04/03)

Gil Vicente - BoavistaAcadémica - Nacional V. Setúbal - P. FerreiraBenfica - AvesSporting - U. LeiriaMarítimo - E. AmadoraSp. Braga - PortoNaval - Beira Mar

6.ª (15/10) Jornada 21.ª (11/03)

Boavista - NavalNacional - Gil VicenteP. Ferreira - AcadémicaAves - V. SetúbalU. Leiria - BenficaE. Amadora - SportingPorto - MarítimoBeira Mar - Sp. Braga

7.ª (22/10) Jornada 22.ª (18/03)

Boavista - NacionalGil Vicente - P. ferreiraAcadémica - AvesV. Setúbal - U. LeiriaBenfica - E. AmadoraSporting - PortoMarítimo - Beira MarNaval - Sp. Braga

LIGA BWIN.COM

Época2006/2007

FUTEBOL

Manuel Machado

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DDEESSPPOORRTTOO 1155DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

8.ª (29/10) Jornada 23.ª (01/04)

Nacional - NavalP. Ferreira - BoavistaAves - Gil VicenteU. Leiria - AcadémicaE. Amadora - V. SetúbalPorto - BenficaBeira Mar - SportingSp. Braga - Marítimo

9.ª (05/11) Jornada 24.ª (07/04)

Nacional - P. FerreiraBoavista - AvesGil Vicente - U. LeiriaAcadémica - E. AmadoraV. Setúbal - PortoBenfica - Beira MarSporting - Sp. BragaNaval - Marítimo

10ª (19/11) Jornada 25.ª (15/04)

P. Ferreira - NavalAves - NacionalU. Leiria - BoavistaE. Amadora - Gil VicentePorto - AcadémicaBeira Mar - V. SetúbalSp. Braga - BenficaMarítimo - Sporting

11.ª (26/11) Jornada 26.ª (22/04)

P. Ferreira - AvesNacional - U. LeiriaBoavista - E. AmadoraGil Vicente - PortoAcadémica - Beira MarV. Setúbal - Sp. BragaBenfica - MarítimoNaval - Sporting

12.ª (03/12) Jornada 27.ª (29/04)

Aves - NavalU. Leiria - P. FerreiraE. Amadora - NacionalPorto - BoavistaBeira Mar - Gil VicenteSp. Braga - AcadémicaMarítimo - V. SetúbalSporting - Benfica

13.ª (10/12) Jornada 28.ª (06/05)

Aves - U. LeiriaP. Ferreira - E. AmadoraNacional - PortoBoavista - Beira MarGil Vicente - Sp. BragaAcadémica - MarítimoV. Setúbal - SportingNaval - Benfica

14.ª (17/12) Jornada 29.ª (13/05)

Naval - U. LeiriaE. Amadora - AvesPorto - P. FerreiraBeira Mar - NacionalSp. Braga - BoavistaMarítimo - Gil VicenteSporting - AcadémicaBenfica - V. Setúbal

15.ª (14/01) Jornada 30.ª (20/05)

U. Leiria - E. AmadoraAves - PortoP. Ferreira - Beira MarNacional - Sp. BragaBoavista - MarítimoGil Vicente - SportingAcadémica - BenficaV. Setúbal - Naval

NAVAL NÃO QUER SOFRER COMO NA ÉPOCA PASSADA

Plantel para a tranquilidade

A Naval 1º de Maio apresentou-secom nove caras novas, que visamo reforço do grupo de trabalhopara encarar a nova épocacom mais tranquilidadeem relação à anterior.O comando técnico continuaentregue a Rogério Gonçalves

Tal como a Académica, também a Navalvai “atacar” a próxima temporada com oprincipal objectivo de garantir atempada-mente a manutenção, de modo a não “so-frer” como no campeonato que terminouhá cerca de dois meses (recorde-se que osfigueirenses estavam despromovidos acerca de oito minutos do fim do jogo der-radeiro, disputado em Penafiel). As princi-pais apostas para atingir tal desiderato pas-sam pela continuidade de Rogério Gon-çalves, treinador querido pelas gentes daNaval, pelos feitos que tem conseguido aoserviço do clube, nomeadamente a subidade divisão, há dois anos, e a manutenção, naépoca passada, e pela contratação de oito

reforços para posições importantes para aevolução da equipa, procurando torná-lamais equilibrada e competitiva (que chegamao clube juntamente com Pesquina, que es-tava emprestado ao Sporting de Pombal).Da época passada transitam Taborda, Fer-nando, China, Carlitos, Gilmar, Bruno Fo-gaça, Sufrim, Lito, Fajardo, Tiago Fraga,Cazarine, Wilson Júnior, Saulo, Solimar,Pedro Santos e Léo Guerra. São reforçosJoão Cardoso, Mário Sérgio, Éder Silva, Ores-tes, Banjai, Tony, Pimenta, Pesquina e Nei.

Na apresentação da equipa, realizada nasemana passada nas instalações do CasinoFigueira, treinador e presidente da Navalderam conta do optimismo com que enca-ram o campeonato que se avizinha, estandoambos a trabalhar no sentido de promovero reforço do plantel com mais dois jogado-res, que deverão vir do Brasil.

Ajustes no plantel

Curiosamente, apesar de os responsáveisnavalistas estarem ainda a ultimar o reforçodo plantel, o facto de terem chegado nove

reforços e poucos jogadores terem saído doclube elevaram para trinta o número de at-letas à disposição de Rogério Gonçalves, si-tuação que obrigou a ajustes no grupo detrabalho. Assim, por decisão conjunta daequipa técnica e da Direcção, que agoratenta encontrar solução para o futuro dosatletas, Rui Miguel, João Mendes, Aurélio eÉder Richartz não seguiram para o estágioque está a decorrer em Nelas. A situação dobrasileiro Saulo também estava ainda inde-finida, no dia da apresentação do plantel,mas foi entretanto regularizada numa reuni-ão realizada entre o jogador e presidente.

Pedro Falcão de saída

De saída está Pedro Falcão, até há poucotempo Director Desportivo da Naval.Sobre este assunto, o “homem-forte” dofutebol navalista, Aprígio Santos, frisou que“ninguém tem lugar vitalício na Naval.Existem coisas estruturadas neste clube quedevem ser cumpridas. Vamos reflectir sobreessa situação durante o estágio e depois to-maremos uma atitude”. Rogério Gonçalves

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1166 DDEESSPPOORRTTOO DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

DESPORTO E EDUCAÇÃO COMPLEMENTAM-SE

Cantanhede aposta fortemente no basquetebolReconhecer o interesse do desportona vida quotidiana das pessoasé hoje uma constante. Afinal,são muitas as vantagens da suaprática continuada, comoo poderiam afirmar diversosespecialistas na área da saúde.Poucas são, no entanto,as pessoas que passamdas palavras aos actos e optampor fazer da prática desportivauma actividade habitual. Porfalta de tempo, de meiosou por mero sedentarismo.Em Cantanhede, porém, tem-setrabalhado no sentidode contrariar esta tendência.O município desenvolve umaconsiderável acção nodesenvolvimento do desportoe, particularmente,do basquetebol

Flávia Diniz

O fomento do basquetebol é uma dasmais actuais apostas do concelho de Can-tanhede na área do desporto, tendo sido as-sinado, em Março último, um protocoloentre o município, a Federação Portuguesade Basquetebol (FPB) e a Associação deBasquetebol de Coimbra (ABC), com vistaà concretização desse mesmo objectivo. Nodocumento ficou estabelecida a implemen-tação do Projecto de Desenvolvimento doBasquetebol do Concelho de Cantanhede,no âmbito do qual se têm realizado diversasactividades, das quais se destacam o V Tor-neio Internacional de Minibasquete e umClinic Internacional, ou acção de formaçãopara treinadores da modalidade. Realizadosno final do passado mês de Junho, ambosos eventos tiveram uma expressão significa-tiva, levando à cidade 16 equipas de basque-tebol – um número quatro vezes superiorao de edições anteriores –, e alguns dosmais reputados especialistas nacionais e in-ternacionais da modalidade.

De acordo com Diogo AmorosoLopes, coordenador técnico de basquete-bol do município, este protocolo “é im-portante para todos”, na medida em que

qualquer dos intervenientes “retém bene-fícios”.

Diogo Lopes tem 63 anos e joga basque-tebol desde os 10. Reformado aquando daidealização do projecto Basquetebol paraTodos – Cantanhede/2000, foi convidadopelo município para o integrar e dinamizar.É o que tem feito desde então. Tendo sidodesignado pelo autarca João Moura como a“alma mater” do projecto, Amoroso Lopesprefere atribuir o mérito da iniciativa àCâmara Municipal de Cantanhede, suamentora: “Eu só tive de o encaminhar, coma minha experiência, da maneira que acheimelhor”. “Inicialmente, fiz o levantamentoda situação desportiva do concelho e, pos-teriormente, em função dos elementos re-colhidos, dei formação” – conta. Comofactor catalisador do sucesso do projecto,há ainda a mencionar as colectividades, que,na sua opinião, a ele aderiram com recepti-vidade.

Também Raul Cruz, presidente do clubeCDCPAS de Venda Nova, considera que “ainiciativa do município é de louvar”, acrescen-tando que “deve continuar”, pois “se aCâmara não apoiar os clubes de basquetebol,estes não têm meios e acabam por desapare-cer, restando apenas o futebol”. Uma opiniãocom a qual Diogo Lopes decerto concordaria.

Recorde-se que a Câmara Municipal deCantanhede equipou as freguesias com asinfra-estruturas necessárias à realização doprojecto, disponibilizando instalações des-portivas e material.

A FPB, por sua vez, tem a cargo o inves-timento na formação dos técnicos locais,garantindo o enquadramento técnico dosnúcleos de minibasquete e dos clubes doconcelho de Cantanhede.

Na autarquia existem já 7 clubes. Nãoobstante, Diogo Amoroso Lopes quer con-tinuar a criar núcleos, tendo estabelecidotrês metas para o ano que vem: aumentar os

7 clubes para 10, criando 3 novas colectivi-dades nas freguesias de Ançã, Tocha eVilamar.

De acordo com o coordenador técnico,o balanço do projecto é, até agora, positivo,pelo que o trabalho vai continuar: “Todosnós, quando abraçamos um projecto, pro-curamos dar o nosso melhor”. Fá-lo, pois,não só como uma ocupação do seu tempolivre, mas porque gosta e acredita poderatingir os seus objectivos.

Como ele, também os treinadores, mui-tos ainda jovens, estudando na Preparatóriaou na Secundária, dão aulas por gosto pes-soal, sem receber nenhuma recompensa fi-nanceira em troca.

O desporto enquantoinstrumento pedagógico

Desporto e educação parecem, afinal,estar interligados, confrontados os testemu-

BASQUETEBOL

Diogo Amoroso Lopes

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DDEESSPPOORRTTOO 1177DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

no basquetebol

nhos de quem trabalha directamente comas crianças. Com efeito, a prática desportivaajuda a desenvolver não só a capacidade fí-sica e motora, mas também a social e cog-nitiva, como afirma Diogo AmorosoLopes: “O basquetebol aumenta o poder deconcentração e obriga os miúdos a organi-zarem-se, a se auto-disciplinarem”.

Também Rui Ferreira, treinador e pro-fessor de Educação Física, garante quequando começou a trabalhar com as crian-ças, elas “não tinham regras de socialização,mas depois adquiriram-nas”. De citar aindaRaul Cruz, que, como Presidente de umaAssociação de Pais, diz que “os pais, hojeem dia, não têm muito tempo para educaras crianças”, pelo que a prática de um des-porto colectivo as ajuda na aquisição de re-gras de comportamento.

Por seu lado, Dalila Salvador, professoraprimária, corrobora esta ideia, contando ahistória de um aluno seu que tinha muitasdificuldades e que, depois de se integrarnuma equipa de basquetebol, se tornou“mais disciplinado, aberto e sociável”.

Ainda neste contexto, Diogo AmorosoLopes aproveita para sublinhar o facto de oprincipal intuito da sua formação de bas-quetebol não ser apenas competir, no senti-do material e egoísta do termo, mas apren-der a jogar com desportivismo e “fair play”.Por fim, diz sentir-se motivado pelos co-mentários satisfeitos dos pais relativamenteà sua “filosofia do desporto”.

BREVES

CNAC em destaqueMaria Miguel Veloso foi a grande

vencedora do Campeonato Regional deVerão de Infantis, em Natação. A nada-dora do CNAC/Matobra sagrou-secampeã nas oito provas em que partici-pou. Em termos colectivos o CNAC//Matobra foi o clube com mais campe-ões regionais (28), logo seguido daSociedade Columbófila de Cantanhede(9), Académica de Coimbra (7), GinásioFigueirense (6), Gouveia (3), Norton deMatos (2) e Paião (1).

Três títulos nacionaisDecorreu em Montemor-o-Velho o

Campeonato de Verão de Veteranos, emRemo. Em prova estiveram 256 atletasde 17 clubes de todo o país, entre osquais Académica, Ginásio e Naval. Foino double scull que as formações dodistrito de Coimbra alcançaram os me-lhores resultados, conseguindo três títu-los nacionais, por Pedro Oliveira eAntónio Neves, da Associação Acadé-mica de Coimbra, e pela dupla Rute Cos-ta e Teresa Cardoso, do Ginásio Fi-gueirense.

Costa e Nora eleitoForam recentemente eleitos os novos

dirigentes da Secção de Basquetebol daAssociação Académica de Coimbra:Direcção - Joaquim Costa e Nora (Pre-sidente); Sónia Freitas (Tesoureira); Ma-ria José Ferreira (Secretária); MárioCosta (Vogal Administrativo); JorgeMartins (Vogal para a Formação Mas-culina); Maria do Carmo Rebelo (Vogalpara a Formação Feminina); José Al-berto Francisco (Vogal para a Com-petição); Ana Paula Amaro, Maria deFátima Coimbra e Daniela Diogo (Vo-gais); Andreia Marques, José Gonçalves,Joana Serôdio, João Moreira e FernandoSousa (Vogais Universitários). Mesa doPlenário - Lino Gonçalves (Presidente);José Luís Gonçalves e Jorge ManuelBaptista (Secretários).

Três reforçosApesar de alguma indefinição, que re-

sulta dos problemas financeiros que sedebatem sobre o clube, os responsáveispelo União de Coimbra procuram “ar-rumar a casa” e, paulatinamente, vãoconstruindo o plantel que vai “atacar” o“Nacional” da 3ª Divisão na temporada2006/2007. Para já estão certos três re-forços, que estarão a partir de 31 deJulho, data do início dos trabalhos, àsordens do treinador António Cortesão:os guarda-redes Mikael (ex. Anadia) eMárcio (ex. Ançã) e o médio direitoDavid Costa (ex. Tourizense).

A apresentação aos sócios está mar-cada para o dia 23 de Agosto, noEstádio Municipal Sérgio Conceição,sendo a equipa sénior do União deCoimbra apadrinhada pela congéneredo Sporting de Pombal.

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1188 DDEESSPPOORRTTOO DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

2.º CAMPO DE TREINO DA ABC FOI UM ÊXITO

Basquetebole diversãoUm êxito! Duas palavrassobejamente utilizadas pelosparticipantes para definiro 2º Campo de Treinoda Associação de Basquetebolde Coimbra. Segundoos responsáveis, trata-sede uma experiência a repetir

António José Ferreira

O Coordenador Técnico do 2º Campo deTreino da Associação de Basquetebol deCoimbra, João Pedro Gonçalves, disse em con-versa com o “Centro” que “os principais objec-tivos foram cumpridos. Baseavam-se em conci-liar o trabalho técnico e táctico, complementan-do o que é feito nos clubes e conjugando-o coma vertente social”. O técnico figueirense lembraque “nesta altura da época já existe algum des-gaste e os ’miúdos’ estão um pouco cansadosmas, mesmo assim, conseguimos, numa sema-na, realizar quase o equivalente a um mês de tra-balho nos clubes, acrescentando assim mais al-guns treinos aos participantes”. Para o trabalhorealizado em muito contribuiu “o ambienteentre treinadores e atletas, que é impecável, bemcomo todas as condições desejáveis para a reali-zação do Campo”. Os aspectos da motivação,que por vezes se perdem ao longo de umaépoca, estiveram em alta ao longo dos cinco diasdo evento, para o que contribuíram, por exem-plo, as “visitas“ feitas por Joana Santos, JoséCosta e Elvis Évora, muito apreciadas pelos jo-vens atletas. Segundo João Pedro Gonçalves, a“vertente social e de diversão foi fundamentalpara esse aspecto. Por vezes, nos clubes, porpressão dos pais, dos directores e dos treinado-res, tende-se para uma estrutura muito competi-tiva. Aqui optamos por um trabalho mais rela-xado, com alguma brincadeira, embora clara-mente se trabalhe basquete a sério”.

Em termos técnicos, a Direcção do Campooptou “por manter a filosofia do programa‘Passo a Passo’ e do trabalho das SelecçõesDistritais, que reside mais na leitura de jogo e emenquadrar todos os elementos técnicos traba-lhados em situações de jogo. Daí termos umagrande parte do Campo em competição de 1x1,3x3, 4x4 e de lançamentos em competição, demodo a enquadrar o máximo possível o traba-

lho que desenvolvemos em ambiente de jogo”.Trabalhar com cerca de 70 atletas não estava

previsto, mas “acabámos por acolher todosaqueles que mostraram interesse em participar.Isto é sobretudo para eles e tudo o que poder-mos fazer é positivo. Requer mais organização ealgum esforço extra por parte dos treinadores,mas tudo foi superado e correu muito bem”.

“Já vamos no segundo ano, vê-se que as pes-soas estão a aderir cada vez mais, o que nos dáforça para continuar”, conclui João PedroGonçalves.

BASQUETEBOL

Convívio giro“Foi um bocado cansativo

porque tivemos quatro horasde treino por dia. Aprendi al-gumas coisas novas, porexemplo lançar de gancho. Eaperfeiçoei o lançamento. Foia primeira vez que estivenum campo. O convívio é gi-ro e fiz alguns amigos. Querovir mais vezes”.

Nota máxima “Gostei do trabalho que fi-

zemos, diferente em relaçãoao que estamos habituados.Houve algumas lesões, entreas quais a minha, que me im-pediu de continuar a treinar.Outro ponto negativo foi ter-mos que trabalhar cinco horaspor dia, o que se torna umpouco cansativo. O convívio émuito bom. Se pudesse avaliaro campo dava nota máxima”.

Muito produtivo“Correu tudo bem e foi

muito produtivo. Foi o pri-meiro ano que vim e adorei.Para o ano, se houver, estoucá outra vez. Os treinadoressão espectaculares e criamosmuitas amizades, até compessoas em relação às quaisnão tínhamos uma opiniãomuito boa. A nível técnico etáctico melhorámos muito”

A visita de José Costa foi muito apreciada pelos participantes

O grupo de treinadores responsáveis pelo Campo de Treino

TreinadoresIsabel Lemos (Directora Técnica Regional),João Pedro Gonçalves Coordenador Té-cnico), João Pedro Lourenço, Leonor Silva,Filipe Rama, Renata Guisantes, Tiago Sá,Teresa Cadete, João Matos, Ricardo Aires,Rafaela Santos e Nuno Marques

Apoio LogísticoLara LemosPaulo Cordeiro e Sr. Artur Caetano

ApoiosCâmara Municipal de Coimbra, FederaçãoPortuguesa de Basquetebol, Desporto Es-colar, Sportzone, Espectro, Compal, LongaVida, Dan Cake, Ourivesaria Catarino,Escola Alice Gouveia, Escola Sec. AvelarBrotero, CASPAE nº10.

PRÉMIOS

Two BallManuel Maurício e Joana Santos Madalena Alves e Vasco Silva Henrique Branco e Laura Mendes

1x1Diogo Gaspar Jaime Fernandes João Costa

3x3 Marta Fernandes, Ana Carvalhal, ManuelMaurício, João Ferrer;Teresa Maia, Nuno Bóia, João Nunes,Maria João;Joana Ferreira, Francisco Mendes, JoãoDionísio, Guilherme Sequeira.

Controlo e Manejo de Bola Jaime Fernandes João Nunes Francisco Mendes

Torneio 4x4 Beatriz Rodrigues, Maria Santos, Vasco Sil-va, João Costa, Joana almeida, Roy Silva,Ana Machado, Susana Moreira, João Nu-nes, Sofia Lemos, Telmo Carvalho, Hen-rique Branco

Melhor jogador Ana Teresa Maia João Ferrer João Dionísio

Melhor colega Nuno Bóia Ana Machado Francisco Mendes

Catarina AmaroAcadémica

Bernardo MenesesAcadémica

Joana SantosPT Coimbra

João Pedro Gonçalves

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PROCESSODE IMBECILIZAÇÃO

“A escola que temos não exige a muitosjovens qualquer aproveitamento útil ouqualquer respeito da disciplina. Passa otempo a pôr-lhes pó de talco e a mudar-lhesas fraldas até aos 17 anos.

Entretanto mostra-lhes com toda a soli-citude que eles não precisam de aprendernada, enquanto a televisão e outros entrete-nimentos tratam de submetê-los a um pro-cesso contínuo de imbecilização.

Se, na adolescência, se habituam a drogar-se, a roubar, a agredir ou a cometer outroscrimes, o sistema trata-os com a benignidadeque a brandura dos nossos costumes consi-dera adequadas à sua idade e lava-lhes ternu-rentamente o rabinho com água de colónia.

Ficam cientes de que podem fazer tudoo que lhes der na real gana na mais gloriosadas impunidades.

Não são enquadrados por autoridade de ne-nhuma espécie na família, nem na escola, nem nasociedade, e assim atingem a maioridade.

Deixou de haver serviço militar obriga-tório, o que também concorre para quecheguem à idade adulta sem qualquer espé-cie de aprendizagem disciplinada ou denoção cívica.

Vão para a universidade mal sabendo lere escrever e muitas vezes sem sequer co-nhecerem as quatro operações. Saem delasem proveito palpável.

Entretanto, habituam-se a passar a noiteem discotecas e noutros proficientes locaisde aquisição interdisciplinar do conheci-mento, até às cinco ou seis da manhã.

Como não aprenderam nada digno dessenome e não têm referências identitárias,nem capacidade de elaboração intelectual,nem competência profissional, a sua contri-buição visível para o progresso do país con-siste no suculento gáudio de colocaremPortugal no fim de todas as tabelas.”

u VVaassccoo GGrraaççaa MMoouurraaDN 05/JUL/06

MÁQUINA TRITURADORA“Um terceiro ponto, a meu ver o princi-

pal, tem a ver com a educação. O PSD jácomeçou a abordá-lo mas há-de ir muitomais longe. Não obstante os méritos queninguém nega à ministra da pasta, os víciosda máquina trituradora do sistema de ensi-no são tão obstinadamente recorrentes queo empenhamento dela acabará por soço-brar nesses obstáculos. O PSD, que partilhacom o PS graves responsabilidades políticaspela situação degradadíssima a que se che-gou, terá de propor já reformas sérias, pro-fundas e urgentes. Será essa a melhor formade se redimir das culpas em que incorreuno passado e de contribuir para erradicar o“eduquês”, o politicamente correcto e asmais patetices cretinas com que, em nomedas ciências da educação e de outras indi-

gestas matérias, a escola em Portugal temvindo a ser insensatamente destruída.”

u VVaassccoo GGrraaççaa MMoouurraaDN 12/JUL/06

PRÉMIOS E ISENÇÕES I“Era sabido que consoante a classifica-

ção das selecções a FIFA pagaria valoresavultados em dinheiro aos principais prota-gonistas do Mundial. Em minha modestaopinião, a FIFA não fez mais do que a suaobrigação. Organiza um Mundial de futebolprofissional, obtém réditos elevadíssimosnas bilheteiras dos estádios, nos direitos te-levisivos e publicitários inerentes, mal anda-ríamos se os biliões angariados não rever-tessem também para os ‘artistas’ que estive-ram no palco a garantir o espectáculo.Assim, a Federação Portuguesa de Futebolveio para casa com os bolsos cheios e o quelhe compete fazer é obviamente dividir umaparte dessa receita com os jogadores etodos os profissionais que integraram aSelecção. Mas, meus senhores, não há ne-nhuma razão que justifique o pedido deisenção fiscal apresentado pela Federação.

Diz a Federação que os art.os 5.º e 12.º doCódigo do IRS prevêem a concessão de be-nefícios fiscais aos atletas que alcancem luga-res de destaque em grandes provas. Julgo queo legislador e portanto o espírito da lei se re-ferem às chamadas modalidades pobrescomo o atletismo e outras onde às vezes osatletas têm quase de pagar para participaremnos certames internacionais. Acho que a ex-tensão ao futebol constitui uma situação in-compreensível. Os jogadores devem receberos seus prémios e deduzir o IRS correspon-dente porque o tempo das isenções semrazão de ser e das fugas aos impostos já pas-sou. Um dia, os próprios jogadores vão tirarbenefícios deste exercício de cidadania. Estalógica do ‘salve-se enquanto é tempo’, quepaira em muitos espíritos, tem de acabar por-que Portugal já não é um País para caçadoresfurtivos e oportunistas.”

u EEmmííddiioo RRaannggeellCM 15/JUL/06

PRÉMIOS E ISENÇÕES II“O pedido da FPF para que se isente os

jogadores da Selecção de pagarem IRS sobreo prémio que receberam pela participação noMundial tem cobertura legal. Exige a lei aclassificação relevante numa prova de reco-nhecido prestígio. Mesmo figuras comoLobo Xavier e Jorge Coelho interpretarammal a lei fiscal. Será que o Campeonato doMundo não é uma prova de reconhecidoprestígio? E o que dizer das frequentes isen-ções que o Estado confere à Banca?”

u RRuuii RRaannggeell ((jjuuiizz ee iirrmmããoo ddee EEmmííddiioo RRaannggeell))CM 16/JUL/06

GAULESES E LUSITANOS“Há quem diga que, no futebol, há escor-

regadelas freudianas, onde pessoas e paísesdizem o que verdadeiramente pensam unssobre os outros. A ser assim, há já quem de-seje repetir os ajustes de contas de PaivaCouceiro com a Imprensa britânica, antesem Moçambique, agora algures, e outrosque queiram tirar desforço de um longo rolde humilhações, com Junot, Soult, Massena,e agora os analistas da bola do hexágono.

Sob hinos semelhantes, pesados, guerrei-ros (anti-alemão, no caso francês, anti-in-glês, no caso de “A Portuguesa”), as selec-ções alinharam com estilos de jogo seme-lhantes, e um largo tributo às diásporas, ex-colónias e miscigenação. Ganhou a França,

como podia ter ganho Portugal. Ou, se qui-serem, e dado que o futebol é um sadiojogo tribal, ganharam os gauleses, comopodiam ter triunfado os lusitanos.”

u NNuunnoo RRooggeeiirrooJN 07JUL/06

VENHA O REFERENDO“Todos os que, à esquerda e à direita, se

opõem à criminalização das mulheres queabortam só podem defender à alteração àlei. Bem ou mal, houve um referendo e vaihaver outro, não obstante os anteriores tro-peções presidenciais. A prioridade só podeser a efectiva e duradoura alteração à lei. Emais nenhuma outra.

Estas mulheres abortaram em 1997 eforam condenadas agora. Tivesse esta ques-tão sido resolvida, como já deveria ter sido, eestes processos fundamentalistas teriam sidoevitados. Mais um que seja, é de mais. Venhao referendo, mesmo que seja já tão tarde.”

u JJooaannaa AAmmaarraall DDiiaassDN 10 JUL06

TERRORISMO GLOBAL“O desânimo das sociedades civis em rela-

ção à eficácia das lideranças e das políticas pú-blicas nos espaços ocidentais parece não con-sentir muita atenção esperançada nos pedidosde consenso entre os responsáveis pelas deci-sões. Modelações semânticas são ensaiadasno sentido de provocar algum movimentodas águas paradas, governos e oposições ape-lam ocasionalmente a responsabilidadestransversais, mas o efeito na mudança dos pa-radigmas não é sensível na vida habitual.

É por isso digna de registo a transposi-ção da fatigada proposta para as relaçõesdas sociedades civis, cada vez mais acentu-adamente transfronteiriças e transnacionais,uma iniciativa que parece guiada pela débilluz que, no fundo do túnel, anuncia a espe-rança de conseguir uma nova dinâmica dereorganização da governança mundial.Entre as muitas causas desta movimentaçãode várias entidades representativas e legiti-madas pela liberdade responsável dos priva-dos, o terrorismo global avulta como peri-go cimeiro.”

u AAddrriiaannoo MMoorreeiirraaDN 11/JUL/06

JOGO DE MÁSCARAS“Não creio que valha a pena aprofundar

agora o jogo de máscaras que levou Freitasdo Amaral ao Governo do PS presidido porJosé Sócrates. Como declarei na altura, ofacto de ter assumido a pasta dos Estran-geiros prefigurava um movimento para sercandidatável à presidência da República noespaço do centro-esquerda. E afirmei aoJornal de Notícias, em Março de 2005, quea vontade reformadora que o catedrático deDireito Administrativo invocava para justi-ficar a sua entrada num executivo do PSseria mais utilmente aplicadas noutra pastasmais carecidas desse élan. Antevia a mano-bra das presidenciais, é certo, mas tambémsabia que Freitas do Amaral já não caberianas Necessidades, 25 anos depois de por láter passado a primeira vez.”

u JJoosséé MMeeddeeiirrooss FFeerrrreeiirraaDN 11 JUL 06

OOPPIINNIIÃÃOO 1199DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

itações

Page 20: O Centro - n.º 8 – 19.07.2006

2200 RREEPPOORRTTAAGGEEMM DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

EXPOFACIC CONSOLIDA-SE COMO A MAIOR FEIRA DA REGIÃO CENTRO

Cantanhede é uma festaÉ já depois de amanhã(sexta-feira, dia 21) que abrea XVI edição da Expofacic- Feira Agrícola, Comerciale Industrial de Cantanhede.Consolidando a sua posiçãode maior Feira da Região Centro,e uma das maiores do País,a Expofacic, que se prolongaaté ao próximo dia 30, englobamais de meio milhar de “stands”,e conta com um programade animação de invulgar qualidade,dando assim forte contributopara que Cantanhede seja umafesta a atrair muitos milharesde pessoas. Entre as diversasatracções do cartaz contam-se,vindos do estrangeiro, IveteSangalo e os Simple Minds,e dos portugueses nomes tãofamosos como os Xutose Pontapés, Rui Veloso,Marco Paulo e vários outros,para satisfazer todos os gostos

Flávia Diniz

Faltam apenas dois dias para o início daXVI Expofacic, que decorrerá, tal como nosanos anteriores, no Parque Expo-desportivode S. Mateus, em Cantanhede. Ali se ultimamos preparativos para que a feira corra deacordo com as expectativas criadas. Numavisita guiada ao recinto do certame, na pas-sada segunda-feira, dia 10, dedicada somen-te à comunicação social, o Presidente daComissão Executiva da Expofacic, AntónioPinheiro, afirmou estar “tudo a postos”, gra-ças a “uma equipa com larga experiência notrabalho”. Optimista, a referida Comissãopretende “ultrapassar os valores do ano pas-sado”, em que a feira recebeu cerca de 350mil visitantes, e “projectar-se no futuro”.

Apresentando uma programação diversi-ficada, com vista a satisfazer os diferentespúblicos, a Expofacic exibe este ano, comocabeças de cartaz, a brasileira Ivete Sangaloe os britânicos Simple Minds, para além deoutros artistas do panorama musical portu-guês, nomeadamente os The Gift, os Xutos

& Pontapés, os Santos & Pecadores, osD’Zrt, Tony Carreira, Boss AC, Marco Pau-lo e Rui Veloso.

Mas a XVI Feira Agrícola, Comercial eIndustrial de Cantanhede não se limita aosconcertos. Organizado pela Câmara Muni-cipal e INOVA-Empresa Municipal, oevento conta também com a participaçãodos principais agentes económicos e sócio-culturais do concelho, e ainda com umgrande número de empresas nacionais.

Com efeito, à semelhança de anos anterio-res, a XVI Expofacic terá um espaço dedica-do ao comércio, indústria e serviços, com apresença de empresas de referência; um sec-tor dedicado ao automóvel e um sector agrí-cola. Estarão também presentes as escolas, as19 freguesias do concelho e expositores deartesanato nacionais e internacionais, assimcomo as tasquinhas com gastronomia regio-nal, onde se poderão apreciar alguns dos me-lhores pratos típicos da Gândara e da Bair-

rada, bem como os vinhos de Cantanhede.Haverá ainda espaço para uma Feira Populare uma área infanto-juvenil.

MODIFICAÇÕESE NOVIDADES

Como novidades da edição deste ano,destacam-se os espectáculos de karaoke nopalco II, junto das tasquinhas, algo que “irácriar alguma atractividade naquela zona”,conforme explica António Alves,Presidente do Conselho de Administraçãoda INOVA-EM.

Na visita dos jornalistas, fez referênciatambém a alterações logísticas, que “vão re-sultar”, garante. A título de exemplo, logo naentrada os visitantes terão oportunidade deter uma visão mais alargada do certame, algoque não acontecia em edições anteriores de-vido a uma espécie de “tampão” que ali exis-tia. Foi também criada uma nova bilheteira

junto ao Mercado Municipal, de maneira alevar as pessoas a passar pela zona industriale agrícola – este ano com um espaço verde–, e a secretaria adoptou nova localização. Oobjectivo é fazer com que as pessoas “não fi-quem apenas direccionadas para a zona dastasquinhas”, explicou António Alves.

Em frente ao Parque Expo-desportivo,serão colocadas as bandeiras representati-vas das 19 freguesias do concelho, uma vezque todas elas participam no evento.

De realçar ainda um circuito interno detelevisão, através do qual vão ser exibidasentrevistas, em directo e de forma contínua,a expositores, a visitantes e à própria orga-nização.

Os visitantes serão também convidados apreencher um breve inquérito, criado com ointuito de “ouvir opiniões, recolher suges-tões e avaliar”, pois, segundo António Alves,as pessoas são “a parte mais importante dafeira e o seu contributo é fundamental”.

Considerada como o maior evento eco-nómico e festivo da Região Centro e umdos maiores do país, estatuto que imprime“uma grande responsabilidade” à comissãoorganizativa, a Expofacic ocupa uma áreatotal de 7 hectares e exibe 517 stands (maisseis do que no ano anterior). António Alvesestima que o orçamento ronde cerca de ummilhão e 100 mil euros.

BILHETES COM SAÍDA

De acordo com o presidente da INOVA,os bilhetes “estão a vender-se em bomritmo”. “Esperamos ter casa cheia”, conti-nua, “como, aliás, é normal na Expofacic”.

Os ingressos podem ser obtidos nos pos-tos de turismo do Concelho de Cantanhede,Coimbra, Aveiro, Águeda, Estarreja, Ílhavo,Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro eCosta Nova, nas lojas FNAC de Lisboa,Porto e Coimbra, na INOVA-EM e, ainda,nas lojas do Intermarché de Cantanhede,Mealhada e Oliveira do Bairro.

A entrada diária tem um preço social de2,5 euros, com excepção de 21 e 29 deJulho, dias em que actuam Ivete Sangalo eos Simple Minds, respectivamente. Nestasdatas o bilhete custará 10 euros.

Os que pretendem visitar a XVI Expo-facic durante os 10 dias da feira, devemoptar por adquirir um bilhete único por 35euros.

Três litros de água de coco natural não in-dustrializada, uma bandeja com 60 unidadesde salgados, passas, castanhas, amêndoas,entre outros aperitivos, foram os pedidos (algocaprichosos) efectuados por Ivete Sangalo àcomissão organizativa da Expofacic.

Mas se a extravagância da cantora brasi-leira apela já aos sentidos dos mais humil-des, o que fará a dos Simple Minds. Ogrupo britânico não poupou nas exigên-cias, elaborando com ousadia uma lista de

pratos que transbordam excentricidade.Amoras frescas, uma selecção de diversosaperitivos (amêndoas, nozes, castanhas decaju, entre outros), uma bandeja cheia desandes vegetarianas e, para acabar emgrande, uma refeição japonesa quente nofinal do espectáculo.

Petiscos à parte, a banda solicitou aindaà organização dois grupos de geradores de200 KDA, para completar a sua aparelha-gem de som.

Cabeças de cartaz dão que fazerà organização da Expofacic

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OOPPIINNIIÃÃOO 2211DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

Durante a campanha para as eleições le-gislativas portuguesas de 2005, quando per-guntaram a Agustina Bessa-Luís as razõesque a levavam a apoiar publicamente oPartido Social-Democrata, ela respondeuque se tratava não apenas de um apoio pes-soal ao “candidato” a primeiro-ministroPedro Santana Lopes (e, só depois, de umapoio institucional ao partido), como tam-bém, em reconhecimento da novidade dostempos, do apoio a uma pessoa comum.Sem pôr em causa a Constituição portugue-sa, Agustina Bessa-Luís aceitou, indirecta-mente, a coexistência de uma nova práticaconstitucional com o aparecimento inédito,no palco político português, do paradigmado homem comum.

Estando fora da política partidária,Agustina Bessa-Luís percorreu sempre apolítica com a intuição de quem antes demais se liga às pessoas. Essa é a razão porque a autora de A Sibila, em trinta anos dedemocracia portuguesa, apoiou, em elei-ções sucessivas, independentemente da na-tureza destas, personalidades de diversosquadrantes ideológicos, desde RamalhoEanes e Sá Carneiro, em 1980, numa alturaem que ambos se digladiavam politicamen-te e defendiam projectos constitucionais di-ferentes para Portugal, até Cavaco Silva, em2006, passando por Freitas do Amaral, em1986, e Jorge Sampaio, em 1996, neste últi-mo caso expressamente contra CavacoSilva, por não ter concordado com a formacomo este então geriu, em relação aos seuscorreligionários de partido, a apresentaçãoda sua candidatura presidencial. Noto o

facto de me referir ao que Agustina Bessa-Luís disse em 2006, não em 1996, o que dáao seu argumento, desde logo pela sua ou-sadia, muito maior força.

Na sua famosa História da LiteraturaPortuguesa, Óscar Lopes escreveu o se-guinte sobre Agustina Bessa-Luís: “A voca-ção de facto excepcional de AgustinaBessa-Luís não é a do romance como figu-ração de um mundo social, psíquica ou es-teticamente coeso, mas a de colher momen-tos de surpreendente microrrigor e irradia-ção instrutiva, quer em percepções objecti-vas, quer em vivências interpessoais, querem formas de sabedoria ancestral que, pre-cisamente, ponham em causa qualquerforma de ordem ou inteligibilidade aceite;tudo nela aponta para um “amor” que étranscendente a valores ou a evidênciasconsagradas, e que parece um dom peculiarde gineceu ou de intimidade feminina”. Porseu turno, Silvina Rodrigues Lopes escre-veu o seguinte em Aprendizagem do Incer-to: “Toda a obra de Agustina Bessa-Luís éanimada por um movimento de resistênciaà dissolução da singularidade do indivíduonuma humanidade cinzenta, mecânica, semsegredos nem expectativas. Daí que um dosseus motivos recorrentes seja o da comuni-cação e informação objectivantes que fazemparte de uma vertigem da nossa época pelaqual (…) todas as coisas e nós próprios nau-fragamos num estado de indiferença. Énuma recusa da instrumentalização da lin-guagem que se originam, portanto, nos ro-mances de Agustina Bessa-Luís, relações es-pecíficas entre o dizer do pensamento e odizer da arte que, morando nas montanhasmais separadas, infinitamente se encontram”.

Que movimentos inspirados conduzemhoje a Europa, no campo das relações polí-ticas, sociais e económicas? Por que se falatanto de espaços cinzentos e por que razãoas notícias são cinzentas? Como compreen-der que, na passagem das estações do ano,em contra-maré com o clima (ou talvez

nem tanto…), se anuncie, repetidamente, ofraco crescimento das economias e as bai-xas expectativas dos agentes económicos?Como compreender as variações de análisedas entidades de supervisão e de regulaçãodos mercados económicos e financeiros,que chegam a confessar a sua incapacidadede previsão? Como compreender que,tendo os governos percebido o que se exigefazer, com a perfeita contrição do medo atestemunhar o enlace social, a execução daspolíticas fique aquém das expectativas?

Será que a mudança do clima é alarde oupropaganda? Não me estou a desviar deAgustina, ao contrário do que se poderiajulgar. E nem sequer estou a falar do climana sua acepção ambiental, social ou moral.Estou a falar de meteorologia, do tempoque faz todos os dias. Parece que o mautempo acontece porque tem de acontecer,ao mesmo tempo que o défice das contaspúblicas é o que não teria sido, se não esti-vesse a ser feito o que ainda não se conclu-iu. A verdade é que, salvo o que informamalguns contos fantásticos e algumas históri-as infantis, ainda não se descobriu a máqui-na do tempo, capaz de fazer sol na festaanual da cidade e de fazer chover sobre osfogos, também eles anuais.

Quando hoje vejo as pessoas a acotove-larem-se para aplaudirem o chefe e melhorse servirem e este a dizer que só ele é quesabe, apetece-me tirar a gravata em sinal deprotesto. Em Portugal, o totalitarismo ab-soluto do Estado partidário criou sempreum país silencioso, sem influência na vidasocial e pública. Receio que seja para aí quecaminhamos, porque pensar pela própriacabeça não está na moda. Um dia disseAgustina de si própria: “Eu não sou justa,ajuízo as coisas. Eu e a justiça somos puracoincidência; o facto de isto se repetir faztalvez o prodígio, mas não a certeza”. Eutambém não tenho a certeza de que ama-nhã não vai fazer muito calor e de que nãovoltarei a tirar a gravata.

Agustinae o estado do tempo

João [email protected]

POIS... Desabafava a Inês, briosa professora doensino básico, num sms:

«Estuporada esta profissão, de profes-sor!».

12 de Julho do ano da graça de 2006.Briosa, a Inês. De uma dedicação ex-

trema aos seus estudantes. Nenhuma faltade respeito, porque gosta do que está a lec-cionar, transmite entusiasmo, tem brilhonos olhos.

De há uns meses a esta parte, o brilho

começou a esmorecer. Veio pesada neblinadas bandas da 5 de Outubro. De genteque, se calhar, nunca esteve diante de umaturma.

E o país viu a reportagem televisiva dosprofessores achincalhados até mais não.Impotentes. Da 5 de Outubro parece quegarantiram tratar-se de excepções. Raras.

O país sabe que não.Cai, pesada, a neblina pelas bandas da 5

de Outubro…

Joséd’Encarnação

João PauloSimões

FILATELICAMENTE

Notas TécnicasCunho – Designa-se por cunho a peça

geralmente gravada, que se destina à im-pressão de um selo.

Para os selos de relevo do Continente,de elevada tiragem, foi necessário abrirmais do que um cunho da mesma taxa. Asdiferenças entre esses cunhos, reconheci-das nos selos por eles impressos, revestem-se da maior importância para os coleccio-nadores, aos quais se abre, por esta via, vas-tíssimo campo para estudo, especializaçãodas suas colecções, muitas das vezes pelaaquisição apenas de exemplares a preçosreduzidos.

Goma – Têm-se usado várias quantida-des de goma nos selos de Portugal e ex-Colónias. A actual fobia que se está a veri-ficar por parte de certos coleccionadoresem adquirir selos novos sem charneira, temfeito aparecer no mercado inúmeras sériesmelhor ou pior regomadas. Recomenda-se,por isso, o maior cuidado na verificação dascaracterísticas da cola de cada selo, nomea-damente a sua cor, espessura, uniformida-de, estalados naturais, etc.

Denteado – Os denteados mais cor-rentes são de três tipos: de linha, de penteou de grade. Os de linha são feitos por fer-ramenta constituída por uma única fiada decortante – linha – que vai picotando uma auma, todas as linhas e colunas de selos queconstituem a folha, deixando cortados irre-gularmente os cantos de cada selo. Isto nãoacontece com os outros dois tipos, em queos quatro cantos ficam sempre cortados demaneira idêntica. Com efeito, a ferramentade pente tem, para além de uma fiada decortantes, um conjunto de outras dispostasperpendicularmente – pente – que perfu-ram uma carreira de selos em três dos seuslados. Descendo sucessivamente de carrei-ra em carreira, fica toda a folha picotada. Aferramenta mais completa é constituídapor uma quadrícula de cortantes – grade –que numa só descida perfura toda a folha.

Estabeleceu-se internacionalmente quea medida de um denteado se exprime pelonúmero de dentes existentes num compri-mento de dois centímetros. Assim, quandose diz que o denteado de um selo é 12, éporque tem 12 dentes por cada 2 cm decomprimento. Assim, D. 12 indica que oselo tem a medida igual nos quatro lados.D. 12 x 11 ½ , o selo é denteado 12 no topoe na base e 11 ½ em ambos os lados. D. 12a 14, os selos têm várias medidas de dente-ado compreendidas entre 12 e 14.

(In: Catálogo de selos postais 2004 pág. 8)

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É já no próximo sábado, dia 22 de Julho,que vai ter lugar a edição 2006 do “FestivalLisboa Soundz”. Depois de no ano passadonos ter brindado com bandas como os FranzFerdinand e os Mogwai, este ano apresentaum cartaz verdadeiramente “arrasador”, em

que se destacam: os She Wants Revenge, osDirty Pretty Things e os The Strokes - assu-mindo-se assim este cartaz como sério candi-dato ao melhor deste Verão em Portugal.

Os She Wants Revenge fazem a sua es-treia em palcos portugueses depois deterem “aquecido” as audiências da digres-

são americana dos Depeche Mode. Estesrapazes de Los Angeles fizeram uso do seupassado musical, em que o vocalista e gui-tarrista, Justin Warfield, era “rapper” e obaixista e teclista, Adam “12” Bravin, eraum conhecido dj, assíduo nas festas dasmaiores estrelas da NBA e de Puff Daddy.De todo este “cocktail sonoro” resulta umasonoridade em que os finais dos anos 70 e80 e bandas como os Joy Division assumemum papel preponderante.

Nascidos das “cinzas” dos Libertines,mas sem Pete Doherty (que, após a mal su-cedida experiência com os Babyshambles seencontra em Portugal na fase final de umtratamento de desintoxicação e a iniciar agravação do seu primeiro trabalho a solo,como noticiou o semanário britânico “New

Musical Express”), os Dirty Pretty Thingssão a mais recente “coqueluche” do rockbritânico, acabando de editar o seu registode estreia, “Waterloo to Anywhere”, quetem sido muito elogiado pela crítica. O pri-meiro “single” retirado deste álbum, “BangBang You´re Dead”, chegou mesmo a rele-gar os Franz Ferdinand para o segundoposto dos top’s de vendas.

Desde a edição do seu disco de estreia, “IsThis It” em 2001, que os Strokes eram abanda que eu mais ansiava ver ao vivo. Essavontade ganhou consistência com a edição de“Room On Fire” no final do ano de 2003.Mas é na digressão de promoção do seu maisrecente trabalho de originais, “First Impres-

sions of Earth”, que a banda liderada porJulian Casablancas vem finalmente a Portugal.Claramente influenciados por Buddy Holly,Television e os Velvet Underground, mas so-

bretudo pelo punk rock, os Strokes são osprincipais responsáveis pelo renascimento dorock n’roll conjugando influências do movi-mento punk, naquilo que muitos designaramde movimento “pós punk”.

Um dos temas que mais tenho ouvidonos últimos tempos é a “cover” dos Vita-minsforyou para “No Cars Go” dos cana-dianos Arcade Fire, alterando por comple-to a sua estrutura original, conseguindo um“produto” marcadamente electrónico que,quanto a mim, suplanta o original.

PARA SABER MAIS:- http://www.musicanocoracao.com- http://www.thestrokes.com/- http://www.dirtyprettythingsband.com- http://www.shewantsrevenge.com

- The Strokes - “Is This It” (Rough Trade)- The Strokes – “Room on Fire” (RoughTrade)- The Strokes – “First Impressions ofEarth” (Rough Trade)- Dirty Pretty Things – “Waterloo toAnywhere” (Mercury)- She Wants Revenge – “She WantsRevenge” (Geffen) - Vitaminsforyou – “Desolé MonsieurSoleil”

2222 MMÚÚSSIICCAA DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

Distorções

José Miguel [email protected]

José Cid está de volta à edição discográfi-ca com “Baladas da minha vida”, editadopela Farol, após cinco anos de ausência enuma altura de “redescoberta pelos mais jo-vens”, como disse à Lusa o cantor.

O álbum, no mercado esta semana, incluidois inéditos - “O melhor tempo da minhavida” e “Café contigo” - e revisita êxitos,como “Balada para Dona Inês”, “Na cabanajunto à praia”, “20 anos” ou “Ontem, hoje eamanhã”.

“Não gravava um disco só meu há maisde cinco anos, o último foi em 2001 com osQuinta do Bill, o Paulo de Carvalho,Vitorino e o Waldemar Bastos, um disco quepassou despercebido”, disse o cantor.

“Baladas da minha vida” foi gravado oano passado “de forma acústica e sem recur-so a computadores, com a minha voz que éa de sempre, mas diferente de onde a colo-cava nos anos 1970 e 1980”, explicou.

Cid afirmou que foi “redescoberto” pelosmais novos, e que hoje “até se podem diver-tir” com a sua música, “mas ouvem-na”.

O cantor recusou recentemente participarno Festival Sudoeste, “pois não garantia ascondições para que apreciassem” a sua mú-sica.

“Se fossem outras as condições teria acei-tado, num final de tarde e que estivesse empalco com outros músicos”, disse.

Os dois espectáculos realizados noMaxime, em Abril, esgotaram. Aliás a corri-da aos ingressos do primeiro obrigou aquelacasa nocturna lisboeta a realizar um segundoespectáculo.

A imprensa salientou que Cid “conseguiuarrastar um mar de gente eufórica a umvelho cabaré da Praça da Alegria”.

As críticas do cantor vão para “as rádiosque não passam a música portuguesa” já que“a crítica musical evaporou-se e hoje é ine-xistente”.

José Cid, 63 anos, está de volta com as ba-ladas que mais gosta, a selecção das cançõesfoi sua, aguardando com “expectativa” oacolhimento do público.

O cantor popular afirma-se “ciente” doque faz e não esquece que há cerca de 30anos levou de vencida Elton John noFestival de Tóquio.

Para este Verão, José Cid tem agendadoum conjunto de espectáculos com a sua

banda, “em várias localidades do país, comum registo de público diferente do FestivalSudoeste, mas também vibrante e jovem”.

O álbum reúne 19 temas, gravados denovo, entre eles, “São salvador do mundo”,“Sonhador”, “O poeta, o pintor, o músico”,uma homenagem a Federico García Lorca,ou “Verdes trigais em flor”, mas não a can-ção com que venceu o Festival RTP de 1980,“Um grande, grande amor”.

SEXTA-FEIRA À NOITE NA FNAC

“Trio Mediterrain”actua em Coimbra

O Trio Mediterrain, um agrupamentode câmara de que faz parte o violoncelistaportuguês Bruno Borralhinho, apresentaentre os dias 20 e 22 em Portugal o seuCD de estreia, com obras de João PedroOliveira, Nuno Corte-Real, Vasco Men-donça e Sérgio Azevedo.

As obras gravadas serão executadaspelo Trio em estreia absoluta, e na presen-ça dos quatro compositores, em apresen-tações agendadas para as FNAC deLisboa (Colombo,dia 20, às 19:30),Coimbra (dia 21, às 18.30), Vila Nova deGaia (dia 22, às 16:00) e Porto (dia 22,18:00).

Como assinalou à Lusa Bruno Bor-ralhinho, o disco, edição da etiqueta austrí-aca CCR (Classic Concert Records), este-ve para ser gravado em Portugal, mas,porque “os apoios não surgiram a tem-po”, acabou por o ser em Berlim, emMaio.

O Trio, composto, além do violoncelis-ta português, pela clarinetista catalã LauraRuiz Ferreres e pela pianista francesa KimBarber, conta com apoios de instituiçõescomo o Instituto Camões, embaixadaportuguesa na Alemanha, Fundação Ca-louste Gulbenkian e Caixa Geral de De-pósitos.

A viver na Alemanha há seis anos,Borralhinho é violoncelista da Ópera esta-tal de Berlim mas, “a partir de Setembro”,transitará para a Orquestra filarmónica deDresden.

Laura Ferreres é primeira clarinetista daKomischeoper (Ópera cómica) de Berlime Kim Barber actua associada a diversasformações musicais.

O Trio realizou concertos e participouem festivais de música em Portugal, Ale-manha, Itália e Brasil, entre outros países.

NOVO DISCO SAI ESTA SEMANA

José Cid regressa com baladas

Dirty Pretty Things

She Wants Revenge

The Strokes

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A plataforma Flickr é um serviço de partilha de imagensque permite aos utilizadores criar fotoblogs (weblog cujoconteúdo principal são fotografias), apresentando algumasferramentas de edição das imagens, sistema de comentá-rios, apontamento de notas directamente nas imagens, ca-tegorização de fotografias, tagging das imagens, estatísticas,grupos de discussão.

Apesar da ideia não ser nova e de existirem vários servi-ços semelhantes na rede, o Flickr destaca-se pela positiva:oferece contas gratuitas, serviços pagos e uma interactivi-dade exemplar na Internet. A plataforma, que foi compra-da pelo Yahoo em 2005, destaca-se também pela quantida-de e variedade de grupos de discussão.

Flickrendereço: http://www.flickr.com | categoria: comuni-

dades virtuais, fotografia

Desde o início de Julho que o Diário da República (DR)está online. A nova versão foi inaugurada pelo Governocom vista à desburocratização do Estado e enquadra-se noâmbito do Programa Legislar Melhor, com o propósito depermitir que cidadãos e empresas acedam aos seus conteú-dos gratuitamente. A partir de 2007, o DR existirá em ex-clusivo na web, já que a versão em papel vai desaparecer nofinal deste ano.

O site do DR permite pesquisar, consultar os arquivos,fazer cópias de edições, aceder aos contratos públicos e aosacórdãos do Supremo Tribunal Administrativo. Na páginahá ainda uma ligação para cidadãos com necessidades espe-ciais. No entanto, para beneficiarem do acesso gratuito,devem contactar previamente o Secretariado Nacional paraa Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência. Agestão do site do Diário da República está a cargo da

Imprensa Nacional – Casa da Moeda e a página terá valorjurídico e oficial idêntico à versão em papel.

Links relacionados: http://www.sta.mj.pt/ – Supremo Tribunal Administrativohttp://www.snripd.pt/ - Secretariado Nacional para a

Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiênciahttp://www.incm.pt/ - Imprensa Nacional – Casa da

Moeda

Diário da República electrónicoendereço: http://www.dre.pt | categoria: serviço público

O Words Without Borders propõe uma viagem pelomundo através da literatura dos quatro cantos do planeta.No site estão disponíveis excertos e obras completas de di-versos autores internacionais, traduzidas para inglês poruma equipa de escritores, tradutores e editores.

As obras disponibilizadas normalmente não são traduzi-das para inglês e estão divididas por continente e por géne-ro. O Worlds Without Borders materializa a metáfora da“aldeia global” dando a conhecer na rede outros mundos,culturas e pensamentos.

Words Without Bordersendereço: http://www.wordswithoutborders.org/ |

categoria: literatura

«Um blogue sobre quem fica e quem parte, sobre as saudadesque se sentem e as decisões que se tomam, sobre Berlim e Lisboa,Lisboa em Berlim, Berlim em Lisboa. Das bolas de Berlim em sipouco se fala. As de cá não prestam e o Muro caiu a 9 deNovembro de 1989.» É assim o weblog Bolas de Berlim, assina-do por Polliejean a partir da capital alemã. Há dois anos na rede,o Bolas de Berlim é um blog sobre a vida de todos os dias da au-tora em terras germânicas. Polliejean mantém também um fotob-log, em alemão e português, com imagens de Berlim.

Links relacionados: http://www.dreiviertel-acht.blogspot.com/– dreiviertel

achtBolas de Berlim

endereço: http://bloguiejean.blogspot.com | categoria:weblogs

O site permite o acesso gratuito a vários manuscritosque compõem os arquivos de Albert Einstein, depositadosna Universidade Hebraica de Jerusalém. Em EinsteinArchives Online os utilizadores podem navegar por docu-mentos que descrevem algumas das teorias postuladas pelofísico, como a teoria da relatividade – pela qual recebeu em1921 o Prémio Nobel.

A página contém uma base de dados de mais de três mildocumentos manuscritos digitalizados e classificados. Sãoartigos (alguns publicados, outros inéditos), rascunhos ecadernos com anotações científicas. Estão também dispo-níveis diários de viagens e documentos pessoais, textos po-líticos que colocam em evidência a sua luta pela causa ju-daíca e a sua actividade política. Há também uma galeria deimagens, vídeos e documentos multimédia. O site disponi-biliza ainda um mapa do site, com a apresentação de todoo material disponível e uma área de pesquisa pelos arquivosde Einstein.

Einstein Archives Onlineendereço: http://www.alberteinstein.info/ | categoria:

ciência

Como é que as “coisas” funcionam? Este site explicatudo. Objectos, processos e mecanismos das mais diversasáreas são explicados neste site, até os fenómenos naturais.Por exemplo, no How Stuff Works podemos ficar a sabercomo é que funciona o ar condicionado ou o que provocaum tremor de terra.

O site é bastante interactivo, estando dividido por sec-ções e oferecendo fóruns de variadíssimos temas. Há aindasondagens e destaques para os artigos e as pesquisas maispopulares, factos e citações do dia. Nos últimos dias, sob acategoria “Good Will” e o tema “How the United NationsWorks”, o site pergunta aos seus utilizadores o que devemfazer os Estados Unidos para ajudar a resolver a crise noMédio Oriente com a guerra declarada entre Israel eLíbano.

How Stuff Worksendereço: http://www.howstuffworks.com/ | catego-

ria: gadgets

IINNTTEERRNNEETT 2233DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

IDEIAS DIGITAIS

Inês AmaralDocente do InstitutoSuperior Miguel Torga

FLICKR

HOW STUFF WORKS

WORDS WITHOUT BORDERS

BOLAS DE BERLIM

EINSTEIN ARCHOVES ONLINE

DIÁRIO DA REPÚBLICA ELECTRÓNICO

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Câmara claraO título de um livro de Roland Barthes –

“Câmara clara” – é agora utilizado para sedesignar o recente magazine da Dois: sobrea actividade cultural, os seus actores e pro-tagonistas, os acontecimentos e os projec-tos.

Um programa semanal (sextas-feiras às22.30, com repetição aos sábados depoisdas duas da tarde), que veio substituir oMagazine que, diariamente, garantia a infor-mação sobre essa coisa incómoda para osmedia que é a actividade cultural.

Estes programas de informação culturalna RTP, estão marcados indelevelmentepelo “Acontece” que Carlos Pinto Coelho

dirigiu durante largos anos no canal 2. Apósa chegada do governo de Durão Barroso edas polémicas à volta da política para o sec-tor audiovisual do Estado, o fim do“Acontece” está ligado à célebre afirmaçãodo então ministro Morais Sarmento: “O di-nheiro que a RTP gasta com o Acontece,dava para proporcionar uma volta aomundo a todos os seus espectadores.”

O recado estava dado: o programa émuito caro e é visto por pouca gente. A po-lémica arrastou-se durante umas semanas,mas o Acontece acabou mesmo. Depois, onoticiário cultural diário da Dois: passou aMagazine apresentado por Anabela MotaRibeiro. Saltou de horário em horário, nãose fixou e daí não se ter imposto. O quererobter resultados rápidos com programasdeste tipo é uma expectativa sempre falha-da. É preciso tempo e Anabela MotaRibeiro saltou tantas vezes de “sítio”, queos interessados acabaram por não saberonde encontrá-la.

Fosse como fosse, e houve erros eviden-tes como marcar dias da semana para cadaárea de expressão, o Magazine era sóbrio,equilibrado, procurando noticiar o que sevai fazendo por todo o país. Claro que amaioria das peças apresentadas se referiama eventos em Lisboa ou, quanto muito, noPorto, mas este é um problema mais vastopara as possibilidades do Magazine.

O Magazine terminou o seu percurso naDois: remetido para um horário que muitasvezes ultrapassava a uma da manhã. Umprograma quase minimalista em estúdio,sentia-se mal amado.

Com a entrada do novo director daDois:, o noticiário cultural passou a desen-volver-se num pequeno período do final doJornal das 22. Mas era necessário manter,

pelo menos, um espaço de atenção àCultura. Assim nasceu “Câmara clara”, napior noite da semana para quem tem porhábito frequentar espectáculos e outroseventos culturais – a de sexta-feira.

Ora “Câmara clara” optou, já agora paramarcar a diferença em relação aos seus an-tecessores, por um registo completamentediferente. Desde logo pelo estilo de apre-sentação. Paula Moura Pinheiro, ausentedos écrans há um bom par de anos, acumu-la o cargo de sub-directora da Dois: com ade apresentadora de “Câmara clara”. Emvez da postura sóbria de Anabela MotaRibeiro ou do cabotinismo mal disfarçadode Carlos Pinto Coelho, Paula surge esfuzi-ante, agitada, numa verdadeira mensagempróxima do “estão a ver como um progra-ma sobre Cultura pode não ser aborreci-do?”.

Lá que “Câmara clara” tem um conjuntode colaboradores brilhantes (em especialRicardo Saló), é inegável. Que possui meiosem estúdio que vão muito para além do ha-bitual (incluindo público), também é verda-de. Resta porém uma dolorosa dúvida: seráque o programa convida quem convida poros seus responsáveis julgarem esses convi-dados como os mais interessantes para fala-

rem sobre o assunto em debate, ou aquelesconvidados estão a ser utilizados para cha-mar audiências? No último programa,sobre “o riso”, Ricardo Araújo Pereira eAna Bola foram os convidados. Ricardo é,sem dúvida, o expoente máximo do “risoportuguês” actual. Ana Bola, que para alémda série “A mulher do sr. Ministro”, tem vi-vido na sombra de Herman José, está longede ser uma comediante de topo, embora selhe reconheça uma louvável atitude de jogarbem com os equívocos do mainstream.

Há qualquer coisa de falso em “Câmaraclara”. Pelo meio das conversas leves àmesa do estúdio, os responsáveis sentem anecessidade de introduzir peças “sérias”.Por exemplo, no programa sobre o “riso”,Luísa Costa Gomes foi chamada a intervirpara falar sobre o “riso” na literatura“séria” portuguesa.

Assim, a “Câmara” está ainda poucoclara.

As interrogações sobre os caminhos daDois: mantêm-se. O que está em causa?Um canal de serviço público e ainda por

cima alternativo? Ou um canal de serviçopúblico ainda mal definido para quem osmapas de audiências contam muito?Inclino-me para esta segunda hipótese, se

não, o que estariam a fazer Marta Crawford,“estrela do ABCSexo” da TVI, PedroRamos, em descarada publicidade à sua ca-deia de bares “Amo.te”, mais uma daquelasmodelos-actizes (Liliana?) que nada diz dejeito, todos juntos na “Revolta dos pastéisde nata”?

Diversos

Desta vez vai de férias, mas anunciou oregresso logo para a primeira semana deSetembro. Ao contrário do ano passado,“O eixo do mal” da SIC-Notícias, tem ga-rantida a “rentrée”. Embora revelem cansa-ço e alguma falta de inspiração nos últimosprogramas, os “maus” já conquistaram umpúblico certo e a SIC não facilita.

Ainda a SIC-Notícias, seguindo a fórmu-la de captação de audiências, num dos últi-mos Jornais de Sábado, entregou, certeiros,20 minutos consecutivos de desgraças, aci-dentes, catástrofes e até de meros faits-di-vers sociais, como a fuga de uma casa deacolhimento (em regime aberto!) de umajovem adolescente.

Por fim, está na altura de se observarcom mais cuidado os espaços de opiniãodas televisões portuguesas. Cada um dá aopinião que entender. Resta saber se todosos sectores de opinião têm o mesmo trata-mento. Eu adianto a resposta: não têm.Embora seja um território incómodo poronde passar, tentarei aqui, proximamente,sem detector, mostrar onde estão as minase várias armadilhas.

2244 TTEELLEEVVIISS ÃÃOO DE 19 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2006

PÚBLICA FRACÇÃO

Francisco AmaralDocente da ESEC

Urbanização da Quinta das Lágrimas, lote 24 R/CSanta Clara, 3020-092 CoimbraTelf. 239 440 395-Fax. 239 440 396Telm. 919 992 020 / 964 566 954 / 933 573 579

TROPA DE SOUSAClínica Geral

Medicina EstéticaAcupuntura

VIRGÍLIO CARDOSOGinecologia / Obstetrícia

LUÍSA MARTINSKromoterapia

Florais de Bach

RENATA MARGALHOPsicologia Clínica

LUÍS MIGUEL PIRESTerapia Ocupacional

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NUNO CARVALHOHipnoterapeuta

JOÃO CALHAUNutricionista

CRISTINA FERREIRAGINECOLOGIA / OBSTETRÍCIA

Laser Yag Vascular (Varizes)

Laser de Depilação definitiva

Laser de Luz Pulsada (Trat. Estética)

Endermologia (LPG)

Pressoterapia

Ozonoterapia (Trat. por Ozono)

Dermo Abrasão (Limpeza de Pele)

Mesoterapia

Implantes para Rugas (Biopolímeros)

Tratamentos por Esteticista

PEDRO SERRAPODOLOGISTA

MARIA TERESA PAISMEDICINA DENTÁRIA

TÂNIA SOUSAESTETICISTA

PAULO SOUSAMASSAGISTA

FERNANDO KUNZOPERADOR LASER