o centro - n.º 36 – 24.10.2007

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DIRECTOR JORGE CASTILHO | Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia | Autorizado a circular em invólucro de plástico fechado (DE53742006MPC) ANO II N.º 36 (II série) De 24 de Outubro a 6 de Novembro de 2007 1 euro (iva incluído) Telef.: 239 854 150 Rua da Sofia, 95 - 3.º - 3000-390 COIMBRA Festa das Latas anima Coimbra A PARTIR DE AMANHÃ EM JANTAR-DEBATE PÁG. 11 NO SÁBADO NOS OLIVAIS PÁG. 12 PÁG. 13 Feira de Artesanato merece visita Feira do Mel da castanha e da noz em Coimbra EMENTAS ROMANAS E DAS TERRAS DE SICÓ PARA MARCAÇÕES: 969 453 735 Associação 25 de Abril assinalou 25 anos A NATUREZA, A HISTÓRIA E A GASTRONOMIA ALIAM-SE PARA UMA EXPERIÊNCIA MEMORÁVEL EM CENÁRIO ÚNICO PÁG. 7 QUEBRADA A HEGEMONIA DE LISBOA E PORTO NO ENSINO SECUNDÁRIO Duas Escolas de Coimbra entre as 5 melhores do País PÁG. 3 A Escola Secundária de Infanta D. Maria, em primeiro lugar, e a Escola Secundária de José Falcão, em quinto lugar, quebraram este ano a hegemonia de Lisboa e do Porto no que concerne aos melhores estabelecimentos de ensino do País Aluna da Escola de Hotelaria de Coimbra ganha 2.º Prémio em Concurso Europeu ONTEM NO PARLAMENTO EUROPEU Sócrates elogia Fausto Correia PÁG. 4 e 5 PÁG. 15

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Page 1: O Centro - n.º 36 – 24.10.2007

DIRECTOR JORGE CASTILHO

| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |Autorizado a circular em invólucrode plástico fechado (DE53742006MPC)

ANO II N.º 36 (II série) De 24 de Outubro a 6 de Novembro de 2007 � 1 euro (iva incluído)

Telef.: 239 854 150Rua da Sofia, 95 - 3.º - 3000-390 COIMBRA

Festadas LatasanimaCoimbra

A PARTIR DE AMANHÃ EM JANTAR-DEBATE

PÁG. 11

NO SÁBADO NOS OLIVAIS

PÁG. 12PÁG. 13

FeiradeArtesanatomerece visita

Feira do Melda castanhae da nozem Coimbra

EMENTAS ROMANAS E DAS TERRAS DE SICÓ

PARA MARCAÇÕES: 969 453 735

Associação25 de Abrilassinalou25 anos

A NATUREZA, A HISTÓRIA E A GASTRONOMIA ALIAM-SEPARA UMA EXPERIÊNCIA MEMORÁVEL EM CENÁRIO ÚNICO

PÁG. 7

QUEBRADA A HEGEMONIA DE LISBOA E PORTO NO ENSINO SECUNDÁRIO

Duas Escolas de Coimbraentre as 5 melhores do País

PÁG. 3

A Escola Secundária de Infanta D. Maria, em primeiro lugar, e a Escola Secundáriade José Falcão, em quinto lugar, quebraram este ano a hegemonia de Lisboae do Porto no que concerne aos melhores estabelecimentos de ensino do País

Aluna da Escolade Hotelariade Coimbraganha2.º Prémioem ConcursoEuropeu

ONTEM NO PARLAMENTO EUROPEU

SócrateselogiaFaustoCorreia

PÁG. 4 e 5PÁG. 15

Page 2: O Centro - n.º 36 – 24.10.2007

2 DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007

Director: Jorge Castilho(Carteira Profissional n.º 99)

Propriedade: AudimprensaNif: 501 863 109

Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho

Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930

Composição e montagem: AudimprensaRua da Sofia, 95, 3.º - 3000-390 CoimbraTelefone: 239 854 150 - Fax: 239 854 154e-mail: [email protected]

Impressão: CORAZE - Oliveira de Azeméis

Depósito legal n.º 250930/06

Tiragem: 10.000 exemplares

OPINIÃO

Jorge [email protected]

Na generalidade dos meios de comu-nicação social, a mais citada frase (?!)dos últimos dias foi a do Primeiro Minis-tro, José Sócrates, para o Presidente daComissão Europeia, Durão Barroso, notermo da conferência de imprensa emque anunciaram ter-se conseguido, final-mente, o acordo dos 27 para o futuroTratado da União Europeia.

“Porreiro, pá! Porreiro!” – exclamouSócrates (esquecendo os intrometidosmicrofones ligados), enquanto abraçavaDurão, ambos visivelmente eufóricos,depois de minutos antes terem festeja-do, com umas “flûtes de champagne” (oumelhor, taças de vinho espumante natu-ral), o feito acabado de alcançar.

Sócrates não se cansou de repetirque Lisboa é “porto seguro” para aEuropa. O que talvez seja adequadametáfora, atendendo a que, aparente-mente, na capital do antigo Impériocolonial se superaram divergências queduravam há anos (embora avisado sejaque, antes de se deitarem os foguetes,se espere pela ratificação do acordopor cada um dos 27...).

Mas, mais importante do que assumir-se como “marina da Europa”, será quePortugal é porto seguro para os portu-gueses, ou antes mar encarpelado e trai-çoeiro, com dissimulados recifes a ame-açar os cidadãos incautos?

A avaliar por muitas situações que sevão sucedendo dia após dia, qual delas amais insólita, a resposta a esta questãopende para a última hipótese.

A seguir refiro alguns exemplos:

Notícias não desmentidas afirmamque o BCP, um dos mais conceituadosbancos privados portugueses, perdooudívidas de milhões de euros, algumas dasquais relativas a empréstimos concedi-dos a um dos filhos do seu principal res-ponsável, Jardim Gonçalves.

É só o “nacional-porreirismo”ou está (quase) tudo doido?

Enquanto isso, um qualquer honesto eesforçado chefe de família que, pelo factode ter ficado no desemprego (o que, in-felizmente, todos os dias sucede a maisuns milhares de portugueses), se atraseno pagamento de escassas centenas deeuros de um empréstimo, imediatamen-te se vê coagido a pagar depressa e comjuros, caso contrário vê ser penhorado olar por que tanto lutou, tendo de arranjaroutra maneira de alojar a família a quemal consegue matar a fome.

Foi conhecido mais um episódioda tragicomédia que é o sector das“juntas médicas” que decide quais ostrabalhadores da função pública queestão em condições de continuar a “daro corpo ao manifesto”. Neste casomais uma professora que padece dedoença oncológica, na situação vertenteum cancro na língua que a obrigou já aintervenções cirúrgicas e que lhe tor-na muito penoso o uso da fala. Pois,por incrível que possa parecer, os “es-pecialistas” que a examinaram enten-deram que ela tinha condições paracontinuar a dar aulas!

Isto num País onde há milhares de in-divíduos (de ambos os sexos) que, em-bora gozem de perfeita saúde, tiveramdireito a reformas douradas, alguns semterem sequer meio século de idade, pelosimples facto de se terem “dedicado àcausa pública” durante meia dúzia deanos! E em certos casos tal “dedicação”consistiu em servirem-se mais a si pró-prios e aos parentes e amigos do que aquem lhes paga, que somos todos nós,cidadãos contribuintes.

A ex-Provedora da Casa Pia ,Catalina Pestana, em entrevista ao se-manário “Sol”, afirma que prosse-guem os abusos na Casa Pia e que asredes de pedófilos continuam ali aactuar. Sugere que os novos instru-mentos legislativos foram feitos àmedida para atenuar as eventuais con-denações de algumas figuras públicas.E insinua que deixou de acreditar nainocência de um político envolvido noprocesso.

É certo que a actual dirigente da CasaPia vem a público rejeitar essas acusa-ções da sua antecessora. E as autori-dades responsáveis dizem que vão in-vestigar.

Mas se houver fundamento nas afir-mações de Catalina Pestana, que cre-dibilidade resta a algumas das nossasinstituições?

O Procurador Geral da República(PGR) dá uma entrevista desassombra-da ao mesmo semanário, onde refere a

existência de situações altamente preo-cupantes. Entre elas, a de que o Minis-tério Público não é a estrutura hierarqui-zada que a lei define, mas antes “umpoder feudal”, onde “há o conde, o vis-conde, a marquesa e o duque”. Fernan-do Pinto Monteiro queixa-se de não tercontrolo sobre as polícias. E confessasuspeitar de que o seu próprio telemóvelestá sob escuta!

Por ordem de quem? Com que objec-tivo? E se até o PGR está a ser clandes-tinamente escutado, o que se passarácom outras figuras de relevo no apare-lho do Estado – até mesmo, quiçá, o Pre-sidente da República? Quem ordena asescutas, quem as faz, qual o destino doque é registado dessa forma ilegal?

Veremos as explicações que vão serarranjadas...

O Director Nacional da Polícia Ju-diciária demitiu o inspector que coorde-nava a investigação do “Caso Maddie”,alegadamente por ele ter criticado a po-lícia inglesa.

A PJ é acusada de não facultar infor-mações sobre o evoluir do caso, assimfomentando as especulações mais oumenos fantasiosas de alguma comunica-ção social.

A verdade é que os novos respon-sáveis pela investigação terão posto emcausa a forma algo caótica como elaestava a ser conduzida antes, dando ra-zão às críticas britânicas. Todos estesmeses volvidos, investigadores portu-gueses vão voltar ao Reino Unido paraouvir novamente os amigos do casalMcCann.

Ora se as críticas à investigação sãofundamentadas, como foi possível queeste assunto (que até meteu o Papa e oPrimeiro Ministro inglês a pedir explica-ções ao chefe do Governo português) setivesse arrastado por tanto tempo e quesó um desabafo do responsável condu-zisse a novo rumo do inquérito?

Enquanto isso, o Director Nacional daPJ, que se recusa a falar do assunto emPortugal, presta declarações ao jornalespanhol “El Pais”, onde alude à novafase da investigação e ao rumo mais pro-vável que ela deverá seguir!...

E por falar em polícia, e para ter-minar, quero aludir ao que se passa emCoimbra, na Baixa da cidade, porexemplo na Rua da Sofia, no prédioonde este jornal tem sede, onde fre-quentemente trabalho madrugada adi-ante – como agora, no momento emque escrevo estas linhas.

Tal como foi amplamente noticiado pelacomunicaçõa oscial, este edifício e algunsdos que ficam próximos voltaram a ser

alvo de assaltantes há escassos dias.Desta feita, porém, dois advogados

que trabalham aqui ao lado ouviram obarulho, viram o arrombamento de umaloja, telefonaram para a PSP e ficaram aaguardar a chegada do carro-patrulha.Como este demorasse, e antes que osassaltantes terminassem o “trabalho” efossem à sua vida (impunemente, comoquase sempre sucede), voltaram a ligar,e de novo lhes foi garantido que um car-ro-patrulha estava a caminho.

A verdade é que, segundo os advoga-dos, os assaltantes se foram embora cal-mamente, sem que qualquer polícia tives-se aparecido.

A PSP garante que não, que lá foi umcarro-patrulha passados 10 minutos, masque os agentes não notaram nada deanormal!...

Portanto, ou os advogados estariam amentir (o que não faz qualquer sentido!),ou quem mente é a PSP – o que é grave.

Mas igualmente muito grave se-ria estar a PSP a falar verdade e terido uma patrulha ao local sem seaperceber dos assaltos em curso – oque denotaria uma inadmissível emuito preocupante incompetência!

Recorde-se, a propósito, que no iní-cio deste mês, o Presidente da Agên-cia de Promoção da Baixa da Cidade(APBC) reuniu com o Comandante daPSP de Coimbra, na sequência das mui-tas queixas de comerciantes desta zonaque têm sido lesados por assaltos du-rante a noite.

Após a reunião, Armindo Gaspar afir-mou à Agência Lusa:

“O senhor comandante está atento aoproblema e empenhadíssimo em resol-vê-lo. Vai delinear uma estratégia paraminimizar a situação”.

Quero crer que a estratégia delinea-da não seja a que agora foi posta emprática...

E se os assaltantes usarem de violên-cia quando forem surpreendidos?

Quem protege os bens e os cidadãosque alertam a polícia, se esta só aparecemuitas horas volvidas?

Será que as pessoas que vão insistin-do em viver e trabalhar na Baixa de Co-imbra têm de ir para outros lados parase sentirem seguras?

Perante os factos que acimamenciono (e só não refiro mais porqueseria cansativo), apetece-me glosar otriunfal comentário de Sócrates, concluin-do que o nosso País é “porreiro” – ouseja, que aqui continua a reinar o “nacio-nal-porreirismo”!

Mas não posso deixar de questionar,como Santana Lopes, se em Portugalnão estará (quase) tudo doido...

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3DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007

O jornal “Centro” tem uma alician-te proposta para si.

De facto, basta subscrever uma as-sinatura anual, por apenas 20 euros,para automaticamente ganhar uma va-liosa obra de arte.

Trata-se de um belíssimo trabalhoda autoria de Zé Penicheiro, expressa-mente concebido para o jornal “Cen-tro”, com o cunho bem característicodeste artista plástico – um dos maisprestigiados pintores portugueses, comreconhecimento mesmo a nível inter-nacional, estando representado em co-lecções espalhadas por vários pontosdo Mundo.

Neste trabalho, Zé Penicheiro, como seu traço peculiar e a inconfundívelutilização de uma invulgar paleta decores, criou uma obra que alia grandequalidade artística a um profundo sim-bolismo.

De facto, o artista, para representara Região Centro, concebeu uma flor,composta pelos seis distritos que inte-gram esta zona do País: Aveiro, Caste-lo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria eViseu.

Cada um destes distritos é represen-tado por um elemento (remetendo pararespectivo património histórico, arqui-tectónico ou natural).

A flor, assim composta desta formatão original, está a desabrochar, sim-bolizando o crescente desenvolvimen-

to desta Região Centro de Portugal, tãorica de potencialidades, de História, deCultura, de património arquitectónico, dedeslumbrantes paisagens (desde as prai-as magníficas até às serras verdejantes)e, ainda, de gente hospitaleira e traba-lhadora.

Não perca, pois, a oportunidade dereceber já, GRATUITAMENTE, estamagnífica obra de arte, que está repro-duzida na primeira página, mas que temdimensões bem maiores do que aquelasque ali apresenta (mais exactamente 50cm x 34 cm).

Para além desta oferta, passará a rece-

ber directamente em sua casa (ou no localque nos indicar), o jornal “Centro”, que omanterá sempre bem informado sobre oque de mais importante vai acontecendonesta Região, no País e no Mundo.

Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo, porAPENAS 20 EUROS!

Não perca esta campanha promocio-nal, e ASSINE JÁ o “Centro”.

Para tanto, basta cortar e preencher ocupão que abaixo publicamos, e enviá-lo, acompanhado do valor de 20 euros(de preferência em cheque passado emnome de AUDIMPRENSA), para a se-guinte morada:

Jornal “Centro”Rua da Sofia. 95 - 3.º3000–390 COIMBRA

Poderá também dirigir-nos o seu pe-dido de assinatura através de:

� telefone 239 854 156� fax 239 854 154� ou para o seguinte endereço

de e-mail:[email protected]

Para além da obra de arte que desdejá lhe oferecemos, estamos a prepararmuitas outras regalias para os nossosassinantes, pelo que os 20 euros da as-sinatura serão um excelente investi-mento.

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PATRIMÓNIO

Zé Penicheiro expõeem Coimbra

No ano em que completa meio século de pintura, Zé Penicheiroestá a expor em Coimbra alguns dos seus trabalhos.“O colorido de uma canção” é o título escolhido pelo reputadoartista neste regresso à cidade que tanto ama.O certame pode ser visitado, até ao próximo dia 31,na Casa-Museu Bissaya Barreto (junto aos Arcos do Jardim).A não perder!

Duas Escolasde Coimbraentre as 5 melhoresdo País

Coimbra intrometeu-se este ano na lis-ta das cinco escolas públicas que obtive-ram as melhores médias na primeira fasedos exames nacionais do secundário, umatabela partilhada exclusivamente em2006 por Lisboa e Porto.

A Escola Secundária Infanta DonaMaria, em Coimbra, surge em primeirolugar entre os estabelecimentos de ensi-no públicos melhor classificados nos exa-mes nacionais, com uma média de 13,36valores (numa escala de zero a 20 valo-res) e 591 provas realizadas.

No total das 608 escolas públicas eprivadas onde foram realizados os exa-mes, obrigatórios para a conclusão dosecundário, este estabelecimento surgena décima posição, mas em sexto quan-do analisados os estabelecimentos que

realizaram mais de 100 provas.A segunda escola pública com melhor

prestação nos exames nacionais é a Se-cundária Filipa de Vilhena, no Porto, com12,57 valores de média num total de 607provas realizadas.

No terceiro lugar entre os estabeleci-mentos de ensino públicos e na 20ª posi-ção da ordenação geral surge a Secun-dária Dona Filipa de Lencastre, em Lis-boa, com 12,3 valores de média entre as507 provas realizadas, seguida da Secun-dária Garcia de Orta, no Porto, com umamédia de 12,16 valores, mas em mais demil exames.

A Secundária José Falcão, em Coim-bra, fecha o lote das melhores públicas,com uma média de 12,14 valores em 403exames efectuados.

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4 DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007NACIONAL

ponto . por . ponto

Por Sertório Pinho Martins

O tema-PSD saiu já da agenda, por-que o congresso de Torres Vedras riscoudo mapa o espalhafato das ‘directas’, elá mais para a frente, quando se abrir omelão, se verá se tem bicho ou se é mes-mo doce à medida do gosto e da fome doportuga anónimo. Uma coisa foi visível:aquilo estava tudo previsto ao milímetroe cada actor fez o papel que lhe cabia nocenário montado por quem sabe de políti-ca a potes. Não é concebível ÂngeloCorreia prestar-se a ser segunda-escolhade quem durante as directas se pôs ao ladode Marques Mendes (parecia que estavaatrás da porta do pavilhão à espera do “nãomanuelino”, para gritar “senão, p’ra mim,senão p’ra mim!”); também não é ‘nor-mal’ um presidente eleito há escassas duassemanas (depois de ter dito alto e bom somque Manuela Ferreira Leite andou a tiraro tapete ao agora ex-lider) correr para opalco e convidá-la para continuar comomatriarca do partido; nem é politicamenteaconselhável arrastar-se com bonomia umtabu de listas partidárias, depois de nalgunsjantares e noutros encontros de sótão seter cozinhado em lume brando a marchade um congresso… que não podia ter ou-tro desfecho.

Escrevi aqui há duas semanas queÂngelo Correia era o novo patriarca doPPD-PSD – e Manuela Ferreira Leitesó se deu conta disso quando Luís FilipeMenezes a encostou à parede: aceitar eraprestar-se a ser a bandeira branca do tan-dem Ângelo-Santana-Menezes, e recu-sar (como o fez) foi sair para sempre dalinha da frente do partido que com Cava-co Silva ajudara a subir ao sétimo céu dacena partidária.

São Tomé dos Santos de PinhoE o desfecho do congresso dos soci-

ais-democratas põe também no arame oespaço de manobra do PR, se quiser lámais para diante emendar a mão a JoséSócrates e invocar que a governação doPS está a pôr em causa o bom funciona-mento das instituições democráticas(Sampaio não se ensaiou). Se o fizer, vaichamar ao acto eleitoral o novo triunvira-to do PSD, depois de os seus fiéis dentrodo aparelho terem debandado ou sosso-brado ingenuamente na voragem das ‘di-rectas’?... Grande molho de bróculos oDr. Marques Mendes arranjou com o seusonho de se legitimar pelo voto das ba-ses! Provou apenas – e pese embora asua honestidade e simpatia pessoal – quenos tempos que correm é um político inú-til. E terminado o requiem por cavaquis-tas, mendistas, sarmentistas, barrosistase outros ‘istas’ do passado, que não maisvoltarão ao palco do poder (quem tira ago-ra de lá o trio maravilha?), regressemosentão aos dias iguais e cinzentos de tro-peções em catadupa, que não mudamdesde que me recordo das últimas pro-messas eleitorais que alguém cumpriu.

E como a lista é longa!!! Carlos Césardisse para quem o quis ouvir que o País égovernado por directores-gerais, e presu-me-se portanto que os respectivos minis-tros são pagos para lhes marcar as faltasao serviço e no fim do ano avaliar os res-pectivos desempenhos – e ninguém o des-mentiu até hoje. Catalina Pestana denun-ciou que a revisão das leis penais foi feitaà medida do desenrolar do processo Casa-Pia e está-se a esquecer do que sucedeua Teresa Costa Macedo quando levantouo primeiro dedo sobre o assunto. O líder

do CDS deu um baile a Rui Pereira natelevisão (estatal, como convém), mastudo aquilo cheirou a dejá-vu e a ence-nação barata: o ministro não se soubedefender, entrou morno e saiu meio-tos-tado, mas isso não o beliscou nem lhe ti-rou o sono, porque logo a seguir mandoualegremente arquivar um processo porinconclusividade de alegada invasão dapolícia numa sede sindical onde se alinha-vavam protestos de professores contrauma qualquer medida do governo. Neminteressa qual era a medida, porque os sin-dicatos repartem com todos os governosos dias-de-sim e os dias-de-não: o queimporta é que dois agentes da autoridadefizeram um desvio na sua passeata derotina e foram calmamente sacar uns tan-tos panfletos e cartazes de que convinhasaber previamente o conteúdo. E o minis-tro mandou arquivar! Alguém ainda serecorda o que aconteceu a Richard Ni-xon quando mandou tão só espiar umasede do partido democrata, num lendário‘caso Watergate’ do século passado? Masentre nós, ciosos que somos dos nossospergaminhos e bons hábitos, amanhã es-tará tudo esquecido!

E para quê pôr em causa essa tradi-ção? Interessa, isso sim, é olhar para ofuturo e ter a esperança de que não sevolte a repetir! E aí está o Orçamento-2008 para nos alegrar a alma e encher abarriga de esperança. Aquela pen salva-dora que o Sr. ministro dos Santos entre-gou a um Jaime Gama sorridente (salvé aexcepção, para quem vem desempenhan-do o seu cargo sempre de cenho carrega-do – e faz bem, porque as tropas de S.Bento julgam que ser deputado é arras-

tar-se pelos corredores da Assembleia eesperar que passem os anos necessáriospara a reformazinha cair de madura), poisa penzinha é nem mais nem menos que onosso destino para o ano que vem. E de-pois?... – perguntarão. Depois “nada”, anão ser que: a ‘despesa’ (com a fatia pú-blica à cabeça) continua à rédea solta,havendo alegadamente especialistas re-nomados que falam num agravamento dedois mil milhões de euros entre 2005 e 2007(ena, tanto assim?) e também ninguémdesmente; os reformados vão dar maisalgum para as ‘despesas confidenciais’deste Orçamento; o PRACE era anunci-ado como vinho abençoado de uma mila-grosa miniaturização da função pública evirou zurrapa de uva mijona; o desempre-go trepou em 2007, passou a Espanhapara trás (no desemprego, claro!) e pro-mete em 2008 não nos deixar envergo-nhados no ranking dos 27 da UE; o cres-cimento económico esmaeceu de orgulhopara bravata e agora é só prudência as-sustada (Cavaco já disse que não querpassinhos medrosos e exige que se cum-pram as promessas eleitorais); a econo-mia grita por socorro e o responsável go-vernamental do sector fala por metáforasgraciosas ou actua em cenários virtuaisque duram o tempo de um qualquer golpede asa.

E quem, no meio de todo este frene-sim, não apela para São Tomé (“ver paracrer!”), à espera de um rasgo de perdãoceleste que nos relance no caminho daluz e na salvação do futuro ? Valha-nosSão Tomé dos Santos de Pinho Cavaco eVieira da Silva de Pinto e Sousa! Senão,quem valerá? Sim, quem?

O primeiro-ministro José Sócrates,presidente em exercício do Conselho daUE, evocou ontem (terça-feira), em Es-trasburgo, a memória do eurodeputadoFausto Correia, falecido em Bruxelas a9 de Outubro, recordando as “qualida-des humanas” de “um amigo de longadata”.

Antecedendo a sua intervenção nohemiciclo para dar conta à assembleiados resultados da Cimeira de Lisboa dasemana passada, Sócrates fez questãode lembrar Fausto Correia, afirmandoque o seu desaparecimento prematuroconstituiu “uma grande perda para oParlamento Europeu, para o Partido So-cialista português” e, pessoalmente, aperda de “um amigo de longa data”.

Recordando que Fausto Correia era“um homem de grandes qualidades polí-ticas e humanas, sempre devotado aosnobres ideais europeus”, o primeiro-mi-nistro destacou as qualidades humanas

José Sócrates rende homenagem do eurodeputado, de “generosidade, com-panheirismo e tolerância”.

Eleito para o Parlamento Europeu em2004, Fausto Correia faleceu em Bruxe-las a 9 de Outubro, aos 55 anos, vítimade paragem cardíaca.

Natural de Coimbra, Fausto Correia,foi deputado pelo PS e secretário de Es-tado da Administração Pública, dos As-suntos Parlamentares, Adjunto do Minis-tro de Estado e Adjunto do Primeiro-Mi-nistro.

Antigo presidente da AssociaçãoAcadémica de Coimbra - OrganismoAutónomo de Futebol, licenciado emDireito, repartiu a vida entre a carreirade jornalista e de político, tendo sidochefe da delegação da ANOP em Co-imbra e administrador da RDP e daLusa.

O lugar de Fausto Correia na dele-gação do PS ao Parlamento Europeu foiocupado por Armando França, que já

participa na sessão plenária que decor-re em Estrasburgo.

FAUSTO CORREIANA TOPONÍMIA DE COIMBRA

Na sessão de anteontem (segunda-feira) da Câmara Municipal de Coim-bra foi aprovada. Por unanimidade,uma proposta do Presidente Carlos En-carnação, no sentido da Comissão deToponímia atribuir o nome de FaustoCorreia a uma rua nobre da cidade queele tanto amou e pela qual tanto sebateu.

Entretanto, está a circular um abai-xo-assinado, entre amigos de FaustoCorreia, no sentido de que o seu nomeseja atribuído a uma rua que fique pró-ximo do local que ele frequentava re-gularmente, a tertúlia no Café Trianon(na praceta que fica ao fundo da Ala-meda Calouste Gulbenkian).

GENEROSIDADEE FRATERNIDADEENALTECIDAS NO FUNERAL

A generosidade e fraternidade deFausto Correia, a sua dedicação à Re-pública, à democracia e a Coimbra fo-ram qualidades destacadas no funeral doeurodeputado socialista, que juntou mi-lhares de pessoas.

“Quando se diz ‘amigo’ é o mesmoque dizer Fausto, Fausto é sinónimo de‘amigo’. Quando se diz Fausto, diz-setambém Coimbra. Quando se diz Faus-to, diz-se República e democracia”, afir-mou o Vice-Presidente da Assembleiada República, Manuel Alegre.

Ao enaltecer o sentido de solidarie-dade e fraternidade de uma pessoa “in-capaz de fazer inimigos”, Manuel Ale-gre realçou que Fausto Correia era “umhomem cujo nome rima com a palavra‘amigo’”.

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5DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007 NACIONAL

Xavier Zarco (o pseudónimo literáriode Pedro Baptista, que faz parte da equi-pa do jornal “Centro”), acaba de rece-ber mais uma prestigiante distinção: o 1.ºPrémio Literário da Lusofonia da Câma-ra Municipal de Bragança.

O prémio galardoou o livro de poesiaintitulado “Nove ciclos para um poema”.

Na cerimónia de entrega, que decor-reu na Câmara Municipal de Bragança,Xavier Zarco ouviu rasgados elogios pelasua obra.

Ao agradecer, referiu, a dado passo:“Não é todos os dias que um Poeta

pode adir ao seu curriculum uma distin-ção que advém de um certame que es-tava aberto à participação de todo omundo lusófono.

Mas mais me satisfaz quanto ao gé-nero literário que surgiu como vencedordeste evento: a Poesia, essa arte tantasvezes mal amada pelo circuito comerci-al, aliás tal como afirmei no Porto, nopassado dia vinte e nove, aquando daapresentação do meu último livro: “Vari-ações sobre tema de Vítor Matos e Sá:Invenção de Eros”, e aqui, perante V.Exas, reforço essa mesma ideia porquedizem que a Poesia não se vende e, comotal, se recusa ou oculta, talvez para ga-rante e confirmação da frase feita, mas

MAIS UMA PRESTIGIANTE DISTINÇÃO

Xavier Zarco ganha Prémio Literário da Lusofoniaatribuído pela Câmara de Bragança

que é, na minha opinião, a arte que me-lhor traduz a alma dos povos.

Por isso, convictamente afirmo quemesmo que não tivesse sido esta minhaobra a distinguida, ficaria feliz sabendoque neste concurso multidisciplinar aPoesia se realçara.

Uma palavra, também, a esta organi-

zação, aos Colóquios Anuais da Lusofo-nia: que o sétimo e o centésimo demons-trem da vitalidade da Língua Portugue-sa, com ou sem acordos ortográficos.Esta língua que nos une, não nos apartapela diversidade, antes nos enriquece.

Para finalizar, gostaria de desejar aeste meu livro que seja um válido e no-

bre instrumento para a divulgação deBragança e dos Colóquios Anuais daLusofonia e que se transforme, de facto,numa mais valia para a Poesia que brotaem Língua Portuguesa.”

Sobre o livro galardoado, “Nove ci-clos para um poema”, afirma-nos Xa-vier Zarco:

“Nove ciclos simbolicamente repre-sentam Angola, Brasil, Cabo Verde, Ga-liza, Guiné Bissau, Moçambique, Portu-gal, São Tomé e Príncipe e Timor LoroSae, anunciando-se através das vozes dosseus poetas, cujos versos epigrafam cadaum dos ciclos. Os nomes dos Poetas queme inspiraram para esta aventura que,no fundo, pretende ser uma singela ho-menagem ao Mundo Lusófono, são:Agostinho Neto, Carlos Drummond deAndrade, Corsino Fortes, Xavier Seoa-ne, Julião Soares Sousa, José Craveiri-nha, Herberto Helder, Alda Espírito Santoe Xanana Gusmão”.

Recorde-se que Xavier Zarco aindarecentemente foi distinguido com outroprestigiado galardão: o Prémio de Poe-sia Vítor Matos e Sá - 2007, concedidopelo Conselho Científico da Faculdadede Letras da Universidade de Coimbraao seu livro “Variações sobre tema deVítor Matos e Sá: Invenção de Eros”.

Xavier Zarco agradecendo o Prémio da Lusofonia durante a sessãoque decorreu em Bragança

a Fausto Correia em Estrasburgo“Tinhas um sonho que está hoje con-

cretizado: querias Coimbra e Coimbraestá contigo agora e para sempre”, dis-se o escritor e histórico do PS.

A par com António Arnaut e Rui deAlarcão, Manuel Alegre fez o elogio fú-nebre de Fausto Correia no funeral dodirigente socialista, em que comparece-ram o primeiro-ministro e líder do PS,José Sócrates, e o antigo Presidente daRepública Jorge Sampaio.

“As pessoas valem pelo que fazem,mas valem sobretudo pela herança mo-ral que deixam”, salientou o fundadordo PS António Arnaut, ao vincar oexemplo de generosidade e fraternida-de de Fausto Correia e a sua capacida-de de se relacionar com todos, indepen-dentemente da sua “sensibilidade polí-tica ou social”.

No funeral, em que participaram inú-meros dirigentes, governantes e figurassocialistas e em que também compare-ceu o antigo primeiro-ministro social-de-mocrata Pedro Santana Lopes, o ex-rei-tor da Universidade de Coimbra (UC)Rui de Alarcão caracterizou Fausto Cor-reia como “um cidadão exemplar e umdemocrata por convicção” que, imbuído

de um “profundo sentido de justiça e deserviço”, exercia a actividade políticaaliando a razão à emoção.

Ao intervir em nome da maçonariaportuguesa e do Grande Oriente Lusita-no (GOL), António Reis descreveuFausto Correia como “um grande cida-dão europeu” e “um homem de fraterni-dade, tolerante e justo”.

“Deste muito à maçonaria portugue-sa, à tua Pátria, à Europa”, salientou ogrão-mestre do GOL.

Numa cerimónia carregada deemoção, o Coro dos Antigos Orfeo-nistas da Universidade de Coimbrainterpretou a peça sacra “O VosOmnes”, de Raposo Marques, emhomenagem ao seu sócio honorárioagora desaparecido.

“Era um amigo, com as letras to-das”, disse Santana Lopes no final dacerimónia fúnebre.

As exéquias do antigo jornalista e de-legado da ANOP na região Centro in-cluíram ainda uma missa de corpo pre-sente no pavilhão da Académica - OAF,tendo o eurodeputado ficado sepultadono jazigo de família no cemitério de San-to António dos Olivais.

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6 DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007OPINIÃO

Monteiro Valente*

* Major-General

Em artigo recente, intitulado “A im-plosão partidária”, publicado no DN de24 de Setembro último, Manuel MariaCarrilho analisa, entre outros aspectos,“as ameaças que pairam sobre o siste-ma partidário”, em “contínua degrada-ção”, que empurram “o descrédito par-tidário para limiares que podem ser ver-dadeiramente implosivos”, apontandocomo razões para a situação, designa-damente, o “bloqueador vazio que sevive no interior dos partidos, que se tor-naram cada vez mais em organizaçõesde eleitos sobretudo preocupados coma eleição seguinte”.

A análise de Manuel Maria Carrilhonão traz grandes novidades. Idêntica ar-gumentação tem sido produzida por ou-tros analistas políticos, denunciando a ten-dência para o afastamento crescente dospartidos relativamente aos cidadãos epara a sua transformação em organiza-ções fechadas de «elites» políticas, quaisnovas «aristocracias electivas», como jáalguns lhes chamam. Entre nós, esta ten-

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“República dos Cidadãos”vs “Aristocracia de Notáveis”dência tem raízes históricas, que convirátalvez analisar pelas suas funestas con-sequências no passado e para que se nãorepitam no presente.

Podemos remontar as origens desteprocesso ao Liberalismo, período duran-te o qual a atribuição de honras nobili-

árquicas à burguesia enriquecida levouà criação de uma autêntica nova «aris-tocracia burguesa». Na primeira meta-de do século XIX, foi com os governosconservadores e autoritários de CostaCabral (1842-46 e 1849-51) – um dos«Bravos do Mindelo» e «Setembrista»!– que mais profusamente se recorreu àconcessão de títulos de visconde e ba-

rão, precisamente àqueles em que maisse apoiou politicamente. De origens hu-mildes, ele próprio foi feito conde em1845, tornando-se no «cabeça-de-tur-co» dos barões. E na segunda metadedo século, especialmente nos anos de1868 a 1876, correspondentes a um novo

cabralismo sem Costa Cabral, essa ten-dência voltaria a acentuar-se, coincidin-do com a recuperação da estrutura eco-nómico-social anterior.

Implantada a República, logo em 1910foi decretada a extinção dos títulos nobili-árquicos. Mas rapidamente os senadoresse transformaram numa forma particularde «aristocracia republicana», com o Se-nado a representar um papel semelhanteao da Câmara dos Pares nos últimos anosda Monarquia Liberal. Aliás, exceptuan-do obviamente a natureza diferente dosregimes, em muitos aspectos essenciais aI República não seria mais do que umacontinuação dos últimos anos da Monar-quia. Nos anos vinte, a ânsia de dominara vida política levou o próprio Partido De-mocrático – que foi três vezes Governodesde 1922, detendo desde então a maio-ria das Câmaras (desde 1925 com maio-ria absoluta) e fazendo eleger isolado onovo Presidente da República, transfor-mando-se numa espécie de «ditadura dopartido único», como era acusado – a en-redar-se em processos corruptores decaptação de votos, fomentando o apare-cimento de uma «aristocracia clientelar»aliada às forças vivas e aos grandes inte-resses económicos. Foi paradigma destatendência o próprio líder do partido, Antó-nio Maria da Silva – curiosamente um re-volucionário do 31 de Janeiro e do 5 deOutubro! Não surpreende assim que, em28 de Maio de 1926, um ano após haverconseguido a maioria absoluta no Con-gresso, quase ninguém se haja batido adefender o Governo contra o pronuncia-mento militar.

Depois de Abril, todos se lembrarão ain-da de «D.Mário I». E talvez não tenha

sido por mera coincidência que a ideia pe-regrina da criação de um novo senado hajapartido de políticos da sua «corte». Nosnossos dias, assiste-se à emergência deuma «aristocracia de notáveis» - novosricos políticos, administradores, especula-dores, banqueiros, frequentemente man-comunados uns com os outros – intransi-gentes defensores da estabilidade políticapara garantir a liberdade efectiva das suasoperações financeiras, como no Libera-lismo e na I República.

O que de comum existe entre todasestas novas formas de «aristocracias»com a velha aristocracia titulada do pas-sado é, sobretudo, a protecção garanti-da pelo Estado, com escandalosos pro-ventos, em muitos casos associados aesquemas de corrupção, a mentalidadeconservadora e arrogante, a vivênciasocial diferenciada e isolada dos cida-dãos, o estilo de vida provocadoramen-te ostentatório e perdulário, indiferenteà sorte dos outros, e esquemas de enri-quecimento verdadeiramente predado-res da riqueza nacional, sem reprodu-ção efectiva no desenvolvimento dopaís. No passado as consequências fo-ram dramáticas, no primeiro caso evo-luindo para políticas ditatoriais (cabra-lismo) e lutas civis (revolta da Maria daFonte), e no segundo terminando em gol-pe de Estado e na longa ditadura a queo 25 de Abril pôs termo.

Manuel Maria Carrilho defende que asolução para a crise partidária passa poruma «Nova República», o que traz imedia-tamente à memória Sidónio Pais e os equí-vocos de muitos republicanos com a sua«República Nova». Será mera coincidên-cia a ideia defendida por Villaverde Ca-bral, e a fazer o seu caminho, de formaçãode um «partido de Belém», qual novo «Par-tido Presidencialista» de Sidónio? Sempreas mesmas tentações, os mesmos!

O país não necessita de qualquer «NovaRepública»! A solução da crise não passapor fórmulas estafadas, de trágicos resul-tados no passado. O que é preciso é reto-mar o projecto da «República de Abril»,da «República dos Cidadãos». Porque estaé a autêntica República! Que a sua me-mória inspire e mobilize os Portuguesesna busca de soluções para a crise quemina a democracia.

O país não necessita de qualquer «Nova República»! Asolução da crise não passa por fórmulas estafadas, detrágicos resultados no passado. O que é preciso é reto-mar o projecto da «República de Abril», da «Repúblicados Cidadãos».

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7DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007 COIMBRA

Comemorou-se no passado domingo(dia 21 de Outubro) o 25 º aniversário daAssociação 25 de Abril, data em que secompletaram 25 anos sobre a sua cons-tituição oficial.

A cerimónia principal decorreu em Lis-boa, com uma sessão na sede da Asso-ciação.

Com idêntico objectivo, a sua Dele-gação do Centro promoveu ontem (ter-ça-feira, dAia 23), em Coimbra (no Ho-tel D. Inês), um jantar de confraterniza-ção e debate, “alargado a todos os cida-dãos que se identificam com o espíritolibertador do 25 de Abril” – como nosreferiu a organização.

À hora a que encerramos esta ediçãoo jantar não se havia ainda iniciado, mascontava-se com a presença do Presidenteda Direcção da Associação, coronel Vas-co Lourenço.

Para depois do jantar estava previstoum debate sobre a Associação 25 deAbril e o seu contributo para a democra-

25 º ANIVERSÁRIO DA ASSOCIAÇÃO 25 DE ABRIL

Vasco Lourenço em Coimbraem debate sobre a Revolução

cia, em torno do tema geral “RetomarAbril”, debate “que se pretende seja deavaliação e prospectiva” – como salien-taram os promotores.

Fundada em 21 de Outubro de 1982por oficiais das Forças Armadas, a As-sociação 25 de Abril, desde o início, abriu

a qualidade de sócios efectivos aos res-tantes militares profissionais “e aos ci-dadãos não militares, que se identifiquemcom os ideais do 25 de Abril, pretenden-do assim constituir um espaço de salutarconvivência cívica, tendo como principaisobjectivos a consagração e divulgação,no domínio cultural, do espírito do movi-mento libertador de 25 de Abril e a defe-sa e pedagogia dos valores democráti-cos, especialmente junto das novas ge-rações” – referem os seus responsáveis,acrescentando:

“Para manter viva a memória da efe-méride, a Associação organiza anualmen-te diversas cerimónias e outros actosevocativos e comemorativos do 25 deAbril, promove a realização de seminá-rios, colóquios, exposições, contactos comas escolas, visitas e outras iniciativas deidêntica natureza, e a recolha, conserva-ção e tratamento de material informati-vo e documental para a história do 25 deAbril e do processo histórico que o pre-

A propósito da comemoração do 25º aniversário, o “Centro” ouviu o Pre-sidente da Delegação de Coimbra,major-general Augusto Monteiro Va-lente, que começou por nos referir:

“A celebração dos 25 anos da As-sociação não é animada por qualquerespírito passadista. Pretende-se apro-veitá-la para reflectir sobre o papel daAssociação no aprofundamento da de-mocracia, no passado e no presente,na perspectiva de que o passado nãodeve paralisar o presente, mas deveajudá-lo a ser diferente na fidelidadeaos valores democráticos e novo noprogresso”.

E continuou:“A ambição da Associação tem sido

a de contribuir com a vivência demo-crática dos seus associados para umamais acertada resposta aos desafiosque se colocam àqueles que no pre-sente se interessam pela construçãode um futuro de prosperidade para oPaís em liberdade e em democracia enuma perspectiva de igualdade e coe-são social. Para que o futuro se cons-trua com todos e para todos os Portu-gueses, evitando repetir erros do pas-sado, alguns deles bem trágicos”.

Monteiro Valente questionou depois:

“Não nos move qualquer espírito passadista”- subinha o Presidente da Delegação de Coimbra

“Será que continua a haver um es-paço para a Associação na sociedadeportuguesa? Estarão os seus objecti-vos já esgotados? Valerá a pena con-tinuar? Estas são algumas das ques-tões a que importa dar resposta. Acre-dito que a Associação é uma institui-ção de referência na sociedade por-tuguesa. A situação crítica que o paísatravessa mostra que só no quadro dosvalores de Abril os problemas que afli-gem os Portugueses terão resposta.Daí o tema escolhido para o debate:«Retomar Abril»”.

No meu ponto de vista é imperiosocontinuar. É necessário insistir nos va-lores fundamentais de Abril, da liber-dade e da cidadania. O que o país pre-cisa é de mais intervenção dos cida-dãos, mais exigência democrática,mais debate crítico”. A Associação 25de Abril deverá contribuir para esseobjectivo.

Diversos analistas têm vindo a cha-mar a atenção para a imperiosa ne-cessidade de reflexão sobre a criseque mina actualmente o sistema de-mocrático, seja ao nível dos partidos,seja ao nível da participação dos ci-dadãos na vida política. Está efecti-vamente instalada uma crise de cre-

dibilidade do sistema e de confiançados cidadãos, mais grave que a pró-pria crise económica, até porque estaé uma consequência daquela e não ocontrário, no meu ponto de vista.

A Associação 25 de Abril tem vin-do a chamar a atenção para a urgên-cia desse debate, e ela própria de-senvolveu já iniciativas nesse senti-do, a mais importante das quais foi arealização do «I Congresso da De-mocracia»”.

E Monteiro Valente concluiu: “Estou certo que a Associação

nunca aceitará vir a transformar-senum mero elemento decorativo de umademocracia formal para, uma vez porano, ornamentar as galerias do Parla-mento e receber saudações hipócri-tas e palmas de circunstância em ri-tuais comemorativistas, muito menosvir a caucionar políticas de subversãoda matriz democrática e social deAbril”.

cedeu e se lhe seguiu”.O programa da celebração do 25 º ani-

versário da Associação irá prolongar-seaté ao mês de Outubro de 2008, estandodesde já previstas, entre outros eventos,as seguintes iniciativas:

· Realização de uma «Feira do Li-vro de Abril», na sede da Associação,entre 26 de Novembro e 14 de Dezem-bro, com debates sobre o tema “25 deAbril – Liberdade e Cidadania”.

· Organização de um debate alar-gado, coincidindo com a AssembleiaGeral da Associação, sobre o tema “As-sociação 25 de Abril, que futuro?”.

· Organização de um seminário so-bre o tema “Democracia, Liberdade, Se-gurança”.

· Realização de um grande espec-táculo público, no Coliseu de Lisboa, dehomenagem às “Vozes de Abril”.

· Exposição do acervo artístico daAssociação 25 de Abril.

· Edição de medalhas e logótipos.

Vasco Lourenço

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8 DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007OPINIÃO

O DOM DE LUCIANOMUSTAFA

Machismo obsoleto” e atentado con-tra “o princípio da igualdade entre mulhe-res e homens”, assim como contra “a sen-sibilidade social”. Foi com estes argumen-tos que um juiz espanhol condenou em2004 o imã egípcio Mohamed KamalMustafa, que residia e trabalhava emFuengirola, a um ano e três meses de pri-são e à multa de 2160 euros. Em causaestava a autoria de um livro, publicado em1997 por este considerado “sábio do is-lão” licenciado em “lei islâmica”, em quese descrevia o homem como “senhor dolar” e se explicava como bater nas mu-lheres. “As pancadas devem ser dadasem sítios precisos do corpo, como os pése as mãos, com uma vara fina e flexívelpara que não fiquem cicatrizes nem he-matomas”; “não devem ser fortes porqueo objectivo é o de causar um sofrimentopsicológico e não humilhar ou maltratarfisicamente”. A ideia, afinal, seria causar“um simples sofrimento simbólico que nãoseja excessivo”.

A sentença, resultante de queixa devárias associações de mulheres, correumundo. O imã, de 42 anos, passou 20 diasna prisão, vendo a pena comutada sobcondição de frequentar um curso de seismeses sobre a Constituição espanhola ea Declaração Universal dos Direitos Hu-manos. A Federação das Entidades Mu-çulmanas e a Comissão Islâmica caste-lhanas vieram, publicamente, certificar quenem o Alcorão, “ou outro texto sagradodo islão incentivam qualquer tipo de vio-lência sexista”, mas Mustafa continuouimã de Fuengirola - e, ironia das ironias,abriu este ano um centro de “aconselha-mento familiar” em Ceuta.

“É assim o islão”, diz a “opinião públi-ca” em Espanha, como em Portugal, como desdém com que se tratam as religiõesminoritárias. Coisas “bárbaras”, de “bár-baros” - muito muito diferentes das opi-niões de Luciano Guerra, reitor do San-tuário de Fátima, sobre a violência do-méstica. “Há o indivíduo que bate namulher todas as semanas e há o indiví-duo que dá um soco na mulher de trêsem três anos (...). Eu, pelo menos, seestivesse na parte da mulher que tivesseum marido que a amava verdadeiramenteno resto do tempo, achava que não [erarazão para divórcio]. Evidentemente queera um abuso, mas não era um abuso degravidade suficiente para deixar um ho-

mem que a amava.” Reveladas à revis-ta NS de 6 de Outubro, estas palavrasdo prelado não suscitaram até agoraqualquer reacção pública nem das asso-ciações nem das instituições que no Paíszelam pela igualdade de género. Nemtão-pouco da hierarquia da confissão naqual Luciano Guerra ocupa lugar de des-taque. Passada a inauguração oficial danova igreja do complexo onde impera,passadas as mil reportagens e as cente-nas de entrevistas e até alguns comuni-cados e não havendo notícia de uma li-nha, uma declaração sobre o assunto,deve poder-se dizer, ao 13.º dia, que aLuciano Guerra foi concedido o dom dedizer alto e em letra de imprensa aquiloque os seus superiores pensam.

Fernanda CâncioDN 19/Outubro/2007

TRÊS E MEIA

De repente, numa tarde outonal de2007, em Torres Vedras, reabriu-se aquerela constitucional em Portugal. Po-deria começar assim uma crónica sobrea intervenção do novo líder do PSD noXXX Congresso daquele partido no pas-sado fim-de-semana.

Confesso que não esperava que o dr.Luís Filipe Menezes escolhesse o temaconstitucional como bandeira da sua novaliderança. Não há no País um clamor poruma reforma constitucional, nem me pa-rece razoável que se leve a débito daConstituição de 1976, sobretudo após arevisão constitucional de 1989, as difi-culdades com que o País se confronta.

Mas adiante, cada um é livre de esco-lher as bandeiras que quer para se afir-mar. E decerto a iniciativa do novo líderdo PSD terá calado fundo no coraçãodo dr. Alberto João Jardim que, reivindi-cando desde sempre uma nova Consti-tuição, deixou no fim-de-semana passa-do de ser o último dos moicanos...

Tanto mais que a proposta do novo lí-der do PSD não se ficou por uma tímidarevisão constitucional. Trata-se de reivin-dicar mesmo uma Constituição inteiramen-te nova. Moderna e que reforce as condi-ções de governabilidade. Só que apresen-tada assim a nova Constituição, não sediz muito quanto ao seu conteúdo.

Normalmente uma Constituição andaassociada a um regime. A Constituição de1976 está associada ao regime democráti-co instaurado com o 25 de Abril de 1974.O seu processo de depuração arrastou-sepor 13 anos, passando pela reforma do sis-tema político em 1982 e pela reforma daorganização económica em 1989. Depoisdesta evolução haverá decerto ainda nor-mas muito datadas, mas inegavelmente otexto em vigor corresponde a um pactopolítico em que participaram ao longo dotempo todos os partidos com maior oumenor assiduidade e adesão.

Uma nova Constituição aponta parauma refundação do regime democráti-co. Estaríamos assim a passar da III paraa IV República. Convenhamos que parauma proposta de tamanha ambição e al-cance as justificações apresentadas fo-

ram parcas e não fundamentadas.Mas seria errado considerar esta pro-

posta como uma tirada típica dos arre-batamentos de um discurso de congressopartidário.

Porque o orador não se eximiu a darexemplos daquilo em que a “nova” Re-pública diferiria da actual.

(...) Para quem queria fundar uma“nova” República, convenhamos quehouve pouco cuidado nos detalhes. Ounão será mesmo uma IV República, masantes uma República três e meia?

António Vitorino (jurista)DN 19/Outubro/2007

REGIONALIZAÇÃO:O ETERNO PRETEXTO?

(...) Tenho um conhecimento próximoe uma relação bastante cordial com onovo líder do maior partido da oposiçãoe presidente da Câmara Municipal deGaia, no quadro dos quais sempre dei poradquirido que a regionalização - assentena consideração de cinco regiões noContinente e entendida como métodopara melhor administrar o País e paraminorar o declínio das regiões mais po-bres (Norte em particular) - estava en-tre as suas convicções mais profundas.Julgo mesmo que alguns dos seus sim-patizantes e alguns dos seus detractoresincluíram na definição do seu sentido devoto a ideia de que a regionalização eraum dos traços essenciais da agenda po-lítica que traria; note-se, por exemplo, queum dos seus apoiantes da primeira horae actual vice-presidente é o algarvioMendes Bota, personalidade cujo prota-gonismo ressurgiu recentemente na vidapolítica ao iniciar um movimento cívicodestinado a acelerar o processo de cria-ção das ditas cinco regiões...

O discurso que ouvimos a Luís FilipeMenezes teve a sua dose de estranheza.Muito prudente e quase mansamente,referiu a necessidade de descentralizar,reorganizar e desburocratizar a Adminis-tração (quem discorda?), voltou a admi-tir a hipótese de tornar a eleição dos pre-sidentes das CCDR’s dependente dascâmaras municipais (como fez errada-mente Miguel Relvas) e informou que vaiconsultar o Partido (as bases?) sobre abondade da regionalização... Simultane-amente, e satisfazendo o seu vice-presi-dente algarvio, trouxe uma ideia novanem todo o Continente tem de ter regi-ões ao mesmo tempo. Será que a Terraé redonda e andamos em círculo, que a“aragem do centralismo” se instalou emTorres Vedras, que o líder ainda receiadesagradar a certos “barões” ou que, emalguma declaração recente que ignoro,ele reviu as suas convicções? Ou seráque Menezes apenas procura um cami-nho de unidade para as fazer valer e as-sim também corresponder ao regionalis-mo fundamentado de Miguel Cadilhe,Valente de Oliveira e muitos outros? (...)

Elisa Ferreira (eurodeputada)JN 21/Outubro/2007

DUAS MANEIRAS DE FALARDA CONSTITUIÇÃO

Não sei bem quantos portugueses co-nhecem a nossa Constituição ou que idei-as têm. Se em 2007 fizéssemos um in-quérito para testar o “sentimento” cons-titucional do País, a que resultados che-garíamos? Imagino, para começar, queuma maioria silenciosa responderia “nãosei” e sem se incomodar muito por isso.Outros talvez dissessem que a Consti-tuição foi aprovada em 1976 e revistadepois umas quantas vezes. Outros decerteza que associariam a Constituiçãoao 25 de Abril. Outros falariam do seuconteúdo: a lei fundamental do Reino, alei que define os nossos direitos básicos.No fim, iríamos provavelmente concluirque o grosso dos portugueses é sobretu-do indiferente à Constituição. Nem or-gulhosos, nem críticos: só indiferentes.

Admito, por isso, que muita gente te-nha ficado alarmada com o discurso fi-nal de Luís Filipe Menezes no últimoCongresso do PSD. Indiferentes à Cons-tituição? Como? Segundo o edil de Gaia,Portugal tem um problema. Melhor: Por-tugal tem dois problemas. O primeiro é aConstituição caduca que temos e o líderdo PSD avisou que irá mandatar o grupoparlamentar do PSD para fazer umanova. O segundo é o Tribunal Constitu-cional e Menezes quer o controlo daconstitucionalidade nas mãos do Supre-mo Tribunal de Justiça. Devo dizer quenão se percebe este ataque de Menezesao Tribunal Constitucional, um órgão queexiste em quase todos os países da Eu-ropa e com o qual não nos temos dadomal por cá. É um disparate achar que oTribunal Constitucional tem actuado es-trategicamente contra os políticos e con-tra certas políticas. Há certamente mui-ta coisa a debater ou a alterar (para aque-les que trabalham na área, não acham ovalor das custas no Tribunal Constituci-onal uma exorbitância?). Infelizmente,estudamos e discutimos pouco. (...)

Pedro Lomba (jurista)DN 18/Outubro/2007

POPULISMO

Por causa da vitória do dr. Menezesnas directas do PSD, esse enigmáticotermo “populismo” voltou à ribalta.

O dr. Pacheco Pereira reclamou aautoria, sem referir que a sua própriarelevância foi também inventada por si.

O dr. Marcelo Rebelo de Sousa re-clamou a precedência da sua utilização,sem referir que ele próprio mergulhou nasua substância e não morreu por causadisso, apesar do estado em que se en-contrava o rio Tejo.

O dr. Marques Mendes reclamou umaproverbial diferença, sem referir que aténuma recente viagem à Madeira pecoupor palavras e actos para desculpar asomissões anteriores.

Tal como no futebol, há jogadores fei-tos pelos jornais e na política há políticosinventados pela Comunicação Social,

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9DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007 OPINIÃO

também existem terminologias fabrica-das por uma minoria de comentadores.

Este termo populismo é feito de umcasamento espúrio entre a inveja pura edura e a incompetência mole e gelatino-sa. Nove em cada dez políticos ou pseu-do-intelectuais que usam o termo comconotação supostamente pejorativa têmmãozinhas de sapo, detestam comidasfortes e tiveram a primeira experiênciasexual muito depois de se tornar mes-tres em Platão, Heidegger ou Marx.

Teóricos da democracia, esta gente,no fundo, abomina-a. Só porque não écapaz de controlar os seus resultados.Sempre que um opinion-maker se revelana prática um opinion-failure, há umavaidade que estala dentro da sua cabe-ça. Sem remédio!

Só há uma divisão possível entre estepessoal os que tentaram concorrer a elei-ções e os que, mais sabedores, nuncaarriscaram tal. A regra é de que nuncavencem e a minha convicção é de quenunca vencerão. Aceito apostas!

Numa democracia, a competência dopensamento mede-se mais pela sua po-pularidade do que pela sua superior subs-tância. Embora tenham relutância em oconfessar, Marcelos e Pachecos, Men-des e quejandos, na verdade, admiram oconsulado salazarista, onde quem detin-ha a suposta competência não estavaobrigada a disputar o poder.

Do alto da sua cátedra na RTP e dofundo da sua poltrona da Marmeleira(sabe-se lá se oriunda dos destroços dassedes do CDS assaltadas a seguir ao 25de Abril de 74...) Marcelo e Pachecousam a liberdade que a democracia lhesdá para pôr em causa os seus valores.Para eles o povo só decide bem quandodecide como eles gostariam que decidis-se. E isto apenas e só porque ninguémlhes autoriza que sejam eles a decidir emnome do povo. (...)

Manuel Serrão (empresário)JN 17/Outubro/2007

MENEZES: LOGO SE VERÁ

Cada um de nós é a causa de ummomento. Estou em crer que Luís FilipeMenezes aproveitou o seu momento parase transformar na causa de si próprio. Onovo presidente do PSD quer reunificaro partido (uma impossibilidade), escre-ver outra Constituição (um disparate),extinguir o Tribunal Constitucional (ou-tro), remover injustiças sociais e alargara flexibilização (uma contradição), en-frentar José Sócrates e reduzir a subni-trato o PS (uma temeridade). Menezesmanifestou outras intenções, diversas edispersas, no magno discurso de TorresVedras. (...) Menezes quis fazer uma“frente ampla” entre as “sensibilidades”do PSD. Irritou toda a gente. O que, ri-gorosamente, não é nada mau. Porém, averdade, nestes casos, é sempre elusi-va. A hostilidade de certa direita e a per-plexidade de certa esquerda talvez pro-cedam dessa irritação. Até hoje, as con-sequências políticas da ascensão de Luís

Filipe Menezes a presidente do PSD nãoforam analisadas. O labéu de “populis-ta” é escasso para definir o contorno ide-ológico do homem. “Populista” porquese dirige às “bases”? Porque faz promes-sas avantajadas e de duvidoso cumpri-mento? Porque o seu discurso repreen-de o desperdício social, e é beligerante eapologético? Qual dos dirigentes no ac-tivo, ou desactivado, está impune destespecados?

Agora, aquela certa direita e aquelacerta esquerda têm de se acautelar. Ede reflectir sobre o discurso de Mene-zes, descrente de teorias infalíveis, des-confiado dos condestáveis. Pelos prece-dentes, o provável é que do interior dopartido surjam os grandes ardis e as maishábeis armadilhas. Se limparmos a su-perfície “ideológica” do PSD reparare-mos que o conteúdo resulta de um fenó-meno de operações de empréstimo, mor-domias e trocas de favores, muito co-mum, desde o século XIX, nos partidosda “regeneração”. Sá Carneiro criou umproblema, cuja solução não impendia,apenas, dele. Menezes, como os anteri-ores presidentes, vai dirigir um implacá-vel concentrado de interesses, e precisade mais do que uma proposta moral parasuperar os escolhos. (...)

Baptista Bastos (escritor)DN 17/Outubro/2007

OS DIREITOS DOS INDÍGENAS

As sucessivas intervenções da ONUe das agências especializadas sobre aigualdade de direitos do todos os povos epessoas, e sobre a autodeterminação, nãoconseguiram fazer desaparecer duas re-alidades que contrariam os afirmadosdireitos e valores: são os povos mudos eos povos dispensáveis.

Os primeiros integram uma categoriade minorias políticas submetidas pelassoberanias que em regra lhes ocuparamterritórios e recursos, destruindo as suasorganizações tradicionais de governança;os segundos são objecto de violência dopoder dominante em termos de a situa-ção configurar o crime de genocídio, umaprática que a lei penal e a intervenção ju-dicial internacionais não conseguiram eli-minar. A política da descolonização, e aregulamentação dos direitos das minori-as, orientaram no sentido de os povos in-dígenas ficarem incluídos numa específi-ca categoria de expropriados dos seusterritórios e organizações políticas, sobre-viventes residuais do avanço de invaso-res que assumem a soberania, adensam opovoamento limitadamente compatívelcom a partilha de direitos sobre os recur-sos naturais pelos antigos senhores da ter-ra, cujos restos dificilmente conseguem aassimilação, ou a sobrevivência dos seusmodelos culturais históricos.

Todo o continente americano foi tea-tro deste drama, que todavia tem réplicaem muitas outras latitudes, mas ali per-sistem manchas que apelam dramatica-mente à efectiva aplicação e respeitopela igualdade de direitos que os textos

da ONU consagram, e de que a inter-venção antiga e específica do BIT [Bu-reau Internacional du Travail] se ocupoucom persistência tendo muito em vistaos regimes de trabalho discriminatórios.

Mantém-se como referência incontor-nável do drama desses indígenas a his-tória da extinção, praticamente total, dospeles-vermelhas que ocupavam o terri-tório dos actuais Estados Unidos daAmérica. (...)

Adriano Moreira (prof. universitário)DN 16/Outubro/2007

ORDEM E ACESSO

O ministro da Saúde prometeu aumen-tar as vagas nos cursos de Medicina elogo a Ordem do ramo saltou aos griti-nhos de aflição. À Ordem, claro, nãopreocupa que a instrução dos seus futu-ros membros esteja bloqueada ao ensinoprivado e limitada a umas poucas uni-versidades públicas, com absurdas no-tas de acesso. Nem que o arranjo obri-gue muitos cidadãos nacionais a estudarno estrangeiro e a consequente escas-sez de pessoal clínico obrigue à importa-ção de profissionais estrangeiros ou dei-xe a população à míngua.

As preocupações da Ordem são ou-tras. O seu bastonário avisou que a pro-posta de Correia de Campos equivale a“mandar as pessoas (leia-se os médicos)para o desemprego”, e um país atónitosuspendeu a respiração. O nosso ensinosuperior, designação mais ou menos eu-femística, manda directa e anualmentemilhares de advogados, engenheiros, psi-cólogos, matemáticos, informáticos, ar-quitectos e biólogos para o desempregosem que daí advenham grandes como-ções, excepto para os próprios.

Os jovens médicos, porém, devem serpoupados de um trauma idêntico sobpena, suponho, de um alarme social deproporções inimagináveis. Nunca se viuum cardiologista a vender electrodomés-ticos. À cautela, é melhor não ver. Àcautela, é melhor que a tutela e o SNSprossigam em sossego a sua primordialtarefa: empregar licenciados em Medi-cina. A alternativa pode revelar-se de-masiado terrível para todos nós, e a Or-dem, tantas vezes acusada de corporati-vismo, no fundo só quer a nossa saúde.

Alberto Gonçalves (sociólogo)DN 14/Outubro/2007

COMPAIXÃOPELA HUMANIDADE

Já foi dito o suficiente sobre a não re-cepção do Dalai Lama pelo Governo por-tuguês. Quem não sabia ficou a saber que,afinal, os direitos humanos podem ficarsubordinados aos interesses e negócios. Éa isso que se chama Realpolitik.

De qualquer modo, o Dalai Lama pôdefazer passar o essencial da sua mensagem.

Importante foi o encontro que reuniumuçulmanos, budistas, cristãos, judeus, hin-dus e baha’is na mesquita de Lisboa. “Afi-

nal, somos todos membros da mesma fa-mília: a Humanidade”, disse o muçulmanoAbdool Vakil. Apesar de termos diferen-tes filosofias e religiões, “todos partilhamosa mesma prática de amor, compaixão eperdão”, afirmou o Dalai Lama. “Cada umadas nossas tradições faz parte do nossomundo”, confirmou o padre católico PeterStilwell. O presidente da Comissão da Li-berdade Religiosa, Mário Soares, confes-sou que tem dúvidas e por isso se confes-sa agnóstico, afirmando, no entanto, querespeita a liberdade religiosa, que “é a maisimportante, sobretudo no mundo de hoje”,e saudou o Dalai Lama, sublinhando a sua“impressionante espiritualidade” e o seu tra-balho a favor da paz no mundo.

No Pavilhão Atlântico, o Dalai Lamalembrou precisamente que tinha sido a pri-meira vez que tivera um encontro inter-religioso numa mesquita.

Desenvolveu então o tema da sua con-ferência: “O Poder do Bom Coração”.Começou por constatar o enorme desen-volvimento exterior. Mas os seres huma-nos são mais felizes? Não basta a técnica.A inteligência não é suficiente para trazera felicidade: uma inteligência aguçada nodesenvolvimento da tecnologia, se esque-cer o coração e a compaixão, pode atévoltar-se contra a Humanidade. A tecno-logia, sem emoções positivas e os valoreshumanos interiores, corre o risco de con-duzir ao pior. Chegou, pois, o tempo de umaeducação para a ética do bom coração: umaética secular para os valores humanos, querespeite religiosos e não crentes. (...)

Anselmo Borges(padre e professor universitário)

DN 13/Outubro/2007

VIOLAÇÕES

Ao código de ética, ao da estrada, pior,ao da rua. O que pensará o simples indí-gena que morre de medo da multa e daconsequente lentidão dos tribunais quelhe liberta facínoras e conspícuos abu-sadores e vê passar, a uma estonteantevelocidade contemporânea e sob escol-ta policial, os líderes dos 27 ou lá quan-tos são ou somos?

E saber que estamos não só sob es-cuta, mas também debaixo dos olharesporventura reprovadores dos mais insig-nes bisbilhoteiros, paparazzi e repórteresque reproduzem a nossa portugalidadesuave Tintim por tintim...

Como é que a gente, nós, claro, se de-fende sem ser como os arménios que sa-biamente apedrejavam os ralis do cimoda montanha... Mais avisados são os nos-sos vizinhos berberes que se riem dasmedidas de protecção das dunas queaquele anúncio parece sugerir daqui parao futuro, o Dacar vai ser corrido a péporque isto de proteger a velha Europa eir acelerar para o meio dos escorpiões elagartos dos outros não parece correcto;assim teríamos hipótese de chamar maisvezes Vanessa à nossa menina. (...)

Rui Reininho (músico)JN 20/Outubro/2007

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10 DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007PUBLICIDADE

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11DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007 FESTA DAS LATAS

Festa das Latas anima CoimbraCoimbra volta a animar-se com fes-

tejos académicos ao longo dos próxi-mos dias. Trata-se da tradicional “Fes-ta das Latas”, que marca a recepçãoaos novos estudantes e proporcionadiversão aos que já deixaram de sercaloiros.

Com as praxes académicas aparen-temente mais moderadas este ano(pelo menos ainda não foram denun-ciados abusos ou excessos ndesejá-veis), tudo se conjuga para que a ci-dade volte a ser, por uns das, sobretu-do animada pelos estudantes, numacelebração só ultrapassada pela“Queima das Fitas”.

Como sempre, os pontos altos sãoos mais significativos em termos detradições académicas: a serenata deabertura, amanhã à noite, e o cortejovulgarmente conhecido por “Latada”,na próxima terça-feira.

A seguir transcrevemos um texto alu-sivo à origem desta festa, publicandotambém o programa dos espectáculos.

AS LATADASNO COMEÇO DO ANO

No século XX, no período dos anos40/50, cada Faculdade começava a fa-zer a sua latada ou cortejo de impo-sição de insígnias no princípio do ano.

As insígnioas – o grelo dos quarta-nistas e as fitas dos quintanistas –eram postas no dia da respectiva la-tada às 10 horas da manhã, e podiamser usadas até à hora do toque matu-tino da cabra no dia do cortejo daQueima das Fitas. As insígnias já ti-nham sido ostentadas no ano transac-to, no dia do cortejo da Queima dasFitas e no dia seguinte a este.

As latadas consistem num desfilepedestre, da Alta para a Baixa, e nelese integram os novos grelados, comas pastas ornamentadas de nabos, cu-jas cabeças vão dando de roer aos ca-loiros, os novos fitados, e os caloi-ros, estes transportando inúmeros le-treiros ou cartazes humorísticos, comcríticas, designadamente à vida aca-démica e à política, e arrastando latasatadas às pernas.

Guido de Monterey, pseudónimo deJosé Augusto de Sousa Ferreira, des-creveu-nos uma latada de Direito:

«Ao despontar da madrugada, es-tralejaram os foguetes. E os zabum-bas e os gaiteiros atordoavam o ar.

O cortejo, formado na Associação

Académica, veio para a rua, da parteda tarde. Já, muito antes, inúmeros es-tudantes, futricas e o sempre agra-dável japão pejavam os passeios devárias artérias. E, em especial, os daAvenida Sá da Bandeira e da RuaFerreira Borges.

Os gaiteiros, e os zabumbas abri-am a marcha. Após eles os caloirosvinham ridiculamente tatuados. Ves-tiam pijamas ou enrolavam-se em len-çóis. Seguravam dísticos, tocos devassouras, chifres. E um sem númerode trastes e de velharias.

No meio dos caloiros, caminhavam,solenes e vagarosos, os doutores. Os-tentavam as insígnias. Fumavam, comrequebros, o seu charuto. E despeja-vam a cinza num bacio que o caloiroimpedido segurava com místico res-peito. Alguns doutores molhavam aboca com uns goles de carrascão.

No meio do cortejo, um pipo bojudoseguia num carrinho puxado por umacaterva de caloiros.

Ao cair da tarde, os derradeiros fo-guetes subiram ao ar. E os gaiteirosretiravam-se, bamboleantes, curvadosao peso do vinho».

Actualmente, a latada é comum atodas as Faculdades. Às 10 horas, nopátio da Universidade, os doutores co-locam as insígnias – grelo e fitas –nas suas pastas, e rumam para a Bai-

xa. Os novos grelados passam, então,pelo Mercado D. Pedro V, onde ad-qurem viçosos nabos. E quartanistase quintanistas fazem as fotografias dapraxe aos pés da estátua de JoaquimAntónio de Aguiar, o mata-frades.

À tarde, a concentração para a la-tada faz-se no Largo da Feira, fron-teiro à Sé Nova.

In Lamy, Alberto Sousa, - A Acade-mia de Coimbra (1537-1990), Rei dosLivros, Lisboa, 1990, pág. 462-463

PROGRAMADA LATADA 2007

Quinta-feira, 25Sarau Académico

Sexta-feira, 26David FonsecaThe Gift

Tuna de Medicina

Sábado, 27Papas na LínguaPedro KhimaIrmãos VerdadesChauffeur NavarrusEstudantina

Domingo, 28Blasted MechanismSqueeze Theeze PleezeThe CynicalsIn Vino Veritas

Segunda-feira, 29Xutos e PontapésJosé Cid & Big BandFan-Farra Académica de Coimbra

Terça-feira, 30Quim BarreirosLeonel NunesOrxestra Pitagórica

Quarta-feira, 31GentlemanOrishasGary “Nesta” PineAs Fans

Nota: O preço do bilhete geral éde •33. Os bilhetes pontuais podemser adquiridos a partir de hoje (dia24), no recinto ou na sala de estudoda AAC (14h às 19h e 21h às 24h).

Locais de venda dos bilhetes gerais:sala de estudo da AAC (14h às 19h e21h às 24h), Largo D. Dinis (14h às19h), Sala de Convívio do DEI (14hàs 19h), FEUC (14h às 19h).

CONCURSO DE BANDAS

Em cada noite (à excepção de sá-bado), uma banda vai actuar durantemeia-hora. A banda vencedora do con-curso dará um concerto completo naúltima noite. As participantes são: Si-deways, Mindweep, A raiz, Prana, Fi-tacola, Antius e Daphaz.

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12 DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007FEIRA DE ARTESANATO/OLIVAIS

Está a decorrer no Largo dos Oli-vais, até ao próximo domingo, dia 28,uma Feira de Astesanato que contacom dezenas de expositores, paraalém de incluir um vasto programa deanimação musical e cultural.

Trata-se de uma iniciativa da Juntade Freguesia de Santo António dos Oli-vais, cujo Presidente, Francisco An-drade, deu conta ao jornal “Centro”da enorme adesão a esta nova ediçãodo certame, na senda do sucesso dasrealizadas nos anos anteriores.

De tal forma que houve necessida-de de ampliar substancialmente a ten-da instalada no Largo dos Olivais, demolde a poder albergar todos os quequiseram participar no certame.

Ali se encontam mais de três deze-nas de expositores, em áreas muito di-versas, alguns deles trabalhando aovivo no próprio recinto da Feira, o quetorna a mostra ainda mais aliciante.

UMA FEIRA MUITODIVERSIFICADA

Entre os produtos que ali podem ser

PROMOVIDA PELA JUNTA DE FREGUESIA DE SANTO ANTÓNIO DOS OLIVAIS (COIMBRA)

Feira de Artesanato com dezenas de expositorese muita animação cultural

adquiridos, contam-se os seguintes:pintura em diversos suportes, entre osquais tecidos; quadros feitos com ca-sulos de bichos da seda, casca de ce-bola e alho, pevides; velas em cera dediversas formas e com aplicações va-riadas; rendas e bordados manuais;costura artesanal; esculturas em ma-deira; bijuteria diversa, bordados emponto de cruz; trabalhos decorativosem feltro e em lã; quadros em madei-ra e em vidro, trabalhos em estanho,tecelagem de Almalaguês; flores desabonete; cestaria em jornal; tanoa-ria; artesanato urbano; minerais e fós-seis; objectos de porcelana.

De registar que há ainda doçariaregional e mel.

VASTO PROGRAMADE ANIMAÇÃONA MAIOR FREGUESIADE COIMBRA

Como nos referiu Francisco Andra-de, o programa de animação é diver-sificado, e vai desde a actuação degrupos musicais e folclóricos, até àexibição de filmes sobre a intensa ac-tividade desenvolvida pela Junta deFreguesia.

(Ver o programa que se publica aolado).

Deve salientar-se que a Freguesiae Santo António dos Olivais é a maiorde Coimbra e uma das maiores e mais

populosas do País.Ocupa uma área de perto de dois

mil hectares, que abrange zonas ur-banas e zonas rurais, e onde vive umapopulação estimada em cerca de 60mil pessoas.

A Junta de Freguesia, como subli-nhou o seu Presidente, tem procura-do dar resposta adequada à multipli-cidade de problemas que surgem numterritório tão vasto e tão populoso, fa-zendo “milagres” para conseguir teruma equipa diversificada de trabalha-dores e um conjunto de equipamentosconsiderável, ao mesmo tempo queproporciona actividades de cultura elazer para os habitantes.

DA HIDROGINÁSTICAAOS PASSEIOS PELO PAÍS

Refira-se, como exemplo, que a Jun-ta de Freguesia dos Olivais tem 145praticantes na hidroginástica (sob ori-entação de profissionais, como todasas outras actividades), no Complexode Piscinas junto ao Estádio Cidadede Coimbra.

Mas proporciona também aulas deactividades físicas orientais, como ochikung e o tai shi, cada uma delascom cerca de centena e meia de alu-nos de todas as idades.

O mais extraordinário é que todasestas actividades são gratuitas, talcomo o são as excursões a vários pon-tos do País que a Junta de Freguesiados Olivais promove.

Na mais recente, a Viana do Cas-telo, participaram cerca de 350 habi-tantes da freguesia.

ACTIVIDADES FUTURASJÁ EM PREPARAÇÃO

O dinamismo do Presidente da Juntade Santo António dos Olivais é unani-memente reconhecido, e pode medir-se pelas acções mais do que pelas pa-lavras.

Assim, está já preparar as come-morações dos 153 anos da Freguesia,que se completam no próximo mês deNovembro.

Igualmente está já programada umaacção de Cantares de Natal, com re-putados grupos.

Do mesmo modo que estão a ser jáorganizados os programas para o Car-naval (com um desfile no Bairro Nor-ton de Matos), as Marchas de SantoAntónio (que desfilarão no Vale dasFlores) e as Noites de Verão (que nopróximo ano irão ter a participação dediversos grupos nacionais e estrangei-ros).

Francisco Andrade

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13DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007 FEIRA DO MEL, CASTANHA E NOZ

A Baixa de Coimbra(mais concretamente as RuasFerreira Borges e Viscondeda Luz) vai ser palco, no próximosábado (dia 27), da 10.ª FeiraDistrital do Mel Certificadoda Serra da Lousã, da Castanhae da Noz

Trata-se de uma iniciativa que seassumiu já como uma tradição em Co-imbra, nesta época do ano, uma vezque ali podem ser adquiridos produtosde grande qualidade, devidamente cer-tificados, e a preços mais acessíveis(uma vez que, em muitos casos, sãoali vendidos pelos próprios produtores,sem a margem de comercialização dosintermediários.

MEL, CASTANHA E NOZDE GRANDE QUALIDADEE A PREÇOS MAIS BAIXOS

A feira oferece não só um produtocaracterístico desta zona, que é o melda Serra da Lousã, mas ainda a cas-tanha e a noz, tão apreciadas nestaaltura do ano, e bem marcantes nacultura e da gastronomia regional.

Como foi referido em conferênciade imprensa realizada ontem (terça-

NA BAIXA DE COIMBRA NO PRÓXIMO SÁBADO (DIA 27)

10.ª Feira Distritaldo Mel Certificado da Serra da Lousãda Castanha e da Noz

feira) no Governo Civil de Coimbra(que apoia a iniciativa), é uma opor-tunidade dos produtores da região semostrarem e comercializarem o seuproduto, pondo em relevo à excelentequalidade do mel da Serra da Lousã,com características únicas graças àflora da serra onde predomina a urze ea flor de castanheiro, conferindo ao meldesta região um tom âmbar escuro”.

E acrescentaram:“Queremos também realçar a ne-

cessidade de uma produção cada vezmais empenhada na qualidade do pro-duto final”.

Sublinhe-se que adesão dos produ-tores é significativa, estando já inscri-tos, até agora, cerca de meia centenade apicultores.

Esta 10.ª edição mantém o figurinohabitual, apostando na centralidadedas ruas Ferreira Borges e Viscondeda Luz, onde a afluência de público ésignificativa, e na qualidade do pro-duto, que por si só justifica uma visitaà feira.

IMPORTÂNCIA DA “DOPMEL SERRA DA LOUSÔ

A Denominação de Origem Prote-gida (DOP) foi atribuída em 1994,

abarcando os concelhos de Lousã,Arganil, Castanheira de Pêra, Figuei-ró dos Vinhos, Góis, Miranda do Cor-vo, Pampilhosa da Serra, PedrógãoGrande, Penela e Vila Nova de Poia-res. A aposta na qualidade e credibili-dade do produto tem sido assumidapela maior parte dos apicultores, queprocuram cada vez mais a certifica-ção do seu mel, como forma de com-bater a concorrência feita por outrospaíses. O Governo Civil de Coimbraacredita que “a certificação dos pro-dutos endógenos é o caminho certo eseguro para o sucesso da nossa gas-tronomia e dos nossos produtores”.

PESO ECONÓMICO DO MELNO DISTRITO DE COIMBRA

A apicultura é uma actividade com

algum peso no Distrito de Coimbra,dado que são vários os concelhos(sete) onde existem condições para aprodução do mel e, consequentemen-te, apicultores. Refira-se que a áreade produção compreende 10 conce-lhos do Pinhal Interior, sendo sete dodistrito de Coimbra e três do distritode Leiria.

Segundo dados disponibilizados pelaLousãmel – Cooperativa Agrícola dosApicultores e Concelhos Limítrofes,C.R.L., (que é uma das entidades par-ceira neste certame), foram regista-dos 108 pedidos DOP , com um totalde 4.500 colmeias certificadas, a quecorresponde uma produção de cercade 40 toneladas de mel.

Este ano registou-se um acréscimode produção de mel, na ordem dos75% em relação ao ano passado.

Organização: Governo Civil de CoimbraPatrocínio: Região Turismo do CentroColaboração:Lousamel – Cooperativa Agrícola dos Apicultores da Lousã e Concelhos

Limítrofes, C.R.L.Câmara Municipal de CoimbraDirecção Regional de Agricultura e Pescas do CentroAPBC da Baixa de CoimbraEscola de Hotelaria e Turismo de Coimbra

PROGRAMA DA FEIRA08h00 – Recepção aos Apicultores10h30 – Desfile e actuação da Filarmónica 15 de AgostoAlfarelense - Soure11h30 – Desfile e actuação do Grupo Etnográfico Cantarese Danças de Assafarge - Coimbra12h00 – Prova do Mel com Sessão Comemorativada X Feira Distrital do Mel, nas Galerias Almedina.14h30 – Desfile e actuação do Rancho Etnográfico Floresdas Cortes – Semide – Miranda do Corvo15h30 – Desfile e actuação do Grupo Folclórico D’Alegriade Vila Meã - Carregal do Sal16h30 – Desfile e actuação do Grupo Etnográficoda Casa do Povo de Souselas-Coimbra18h00 – Encerramento da Feira

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14 DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007EDUCAÇÃO / ENSINO

* Professor,Dirigente do SPRC/FENPROF

Luís Lobo *

De entre um conjunto de matérias quesão de negociação obrigatória do gover-no com os sindicatos, encontram-se algu-mas que têm sido objecto de grande de-bate público e que provocam grande apre-ensão entre os trabalhadores da adminis-tração pública. Estão dentro desta cate-goria as que se referem à revisão anualdos salários e restantes abonos. Lembrarque a intervenção dos trabalhadores, noexercício legítimo dos seus direitos sindi-cais e de cidadania, se impõe cada vezcom mais premência nunca é demais.

Seguem-se três apontamentos sobreas negociações de matéria relativa à ad-ministração pública.

1. Previsões macro-económicasdo governo

Na reunião realizada com a Frente Co-mum, no passado dia 16 de Outubro, oGoverno anunciou, no domínio da políticaorçamental, previsões mais favoráveis, secomparadas com 2005, para o défice epara a dívida pública, em 2007, (3,6% e64,4%, respectivamente, previsão em2005 — 3% e 61,4%, respectivamente,resultados em 2007).

Também para o governo a evolução po-sitiva (embora lenta) das taxas de cresci-mento da economia portuguesa, prevendo1,8% para 2007 e 2,2% para 2008 (veio apúblico a previsão do FMI, de 1,8% para2008, com a continuação do afastamentoda média dos países da UE).

Para sustentar a continuação de umapolítica a que chamou de rigor orçamental,

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Trabalhadores continuarãoa pagar a crise!Teixeira dos Santos insistiu na manutençãoda mesma política de contenção e de re-tracção do rendimento dos trabalhadores edas famílias, para dizer que tinham valido apena os esforços impostos aos trabalhado-res da Administração Pública, designada-mente no âmbito da política salarial.

2. Proposta salarial mantém DECLÍ-NIO DO PODER DE COMPRA

Da parte do governo voltámos a ouvirpedidos para mais esforços dos portugue-ses para equilibrarem as contas públicas e oanúncio de um aumento salarial global de2,1% quando a média na contratação co-lectiva se situa nos 3%.

Reafirmou que a base da actualizaçãoé a taxa de inflação, assentando as “com-pensações remuneratórias” na atribuiçãode prémios que reconhecerão a maior “de-dicação, mérito ou desempenho”. A injus-tiça destes prémios, porque exclui a maio-ria dos trabalhadores de excelente desem-penho profissional, é utilizada, assim, parafazer passar a ideia de que o actual gover-no premeia e reconhece o mérito dos tra-balhadores. Uma falácia que serve ape-nas interesses de controlo do défice, maisuma vez à custa dos trabalhadores, dos seussalários e de mais e mais sacrifícios paraas suas famílias. Para o governo, a injusti-ça dos prémios acresce à chamada “fac-tura salarial” – logo, apesar de o montantepara prémios não ser para todos, contacomo custos salariais, distorcendo o valorda massa salarial global.

Entendemos, então, que 2,1% de au-

mento na massa salarial corresponde a umaestagnação salarial sem sentido, em anode retoma económica, e exigimos que oesforço dos trabalhadores seja compensa-do com maior participação nos ganhos deprodutividade.

Por outro lado, o aumento dos impostospara os trabalhadores aposentados corres-ponde a um ataque imoral da parte do go-verno, prosseguindo, por essa via o seu ata-que às condições de vida de quem deu, noexercício de um função pública e social doEstado, o melhor de si ao país.

3. Proposta da Frente Comum deprotecção no desemprego será consa-grada em lei

Finalmente, depois da FENPROF, doTribunal Constitucional, da Assembleia daRepública e do Senhor Provedor de Justiçaterem insistido na ilegalidade e na imorali-dade da manutenção de trabalhadores (daadministração pública) sem direito ao subsí-dio de desemprego, o governo anunciou queesta reivindicação, em particular dos docen-tes do ensino superior, seja consagrada emlei já para 2008, sendo que se prevê o en-cerramento do processo negocial sobre estamatéria no dia 31 de Outubro.

Durante o próximo mês realizar-se-ãodiversas reuniões com o governo, fechan-do-se em Novembro toda a matéria relativaa salários e pensões. A atenção e espíritocritico com que tal deve ser acompanhadoimpõe-se neste momento, certos, porém, quemais sacrifícios serão pedidos.

ATÉ FINAL DO CORRENTE ANO LECTIVO

Cinco milhões de euros para integrartodas as escolas na rede de bibliotecas

Todas as escolas públicas do ensino bá-sico estarão integradas na rede de bibliote-cas escolares no final deste ano lectivo, oque implicará um investimento de cinco mi-lhões de euros, anunciou anteontem (segun-da-feira) o primeiro-ministro, JoséSócrates.Na apresentação do balanço doPlano Nacional de Leitura (PNL), que de-correu na Gulbenkian, em Lisboa, José Só-crates definiu metas para 2007/2008, afir-mando que “no fim deste ano lectivo a redede bibliotecas escolares abrangerá toda arede de escolas públicas básicas, e os in-vestimentos necessários serão de cinco mi-lhões de euros”.

O primeiro-ministro especificou que oMinistério da Educação vai investir 1,5 mi-lhões de euros no apetrechamento de bibli-otecas com livros, e que as autarquias in-vestirão outros 1,5 milhões de euros para omesmo fim.

Quanto a objectivos, o governante afir-mou que vai ser concluída a rede de biblio-

tecas nas escolas básicas, com a constru-ção das 130 que faltam.

“No fim do ano lectivo todas as escolassede de agrupamento estarão apetrechadase nos novos centros escolares a valênciacentro de recursos e biblioteca vai ser obri-gatória”, acrescentou.

No que respeita às escolas secundárias,nas quais o Governo pretende igualmenteconsolidar a rede, José Sócrates afirmouserem 17 os estabelecimentos de ensino queainda não têm bibliotecas renovadas.

Fazendo um balanço do PNL, o primei-ro-ministro considerou que a rede de biblio-tecas “é um programa bem sucedido”, quenão se limita às instalações, contando tam-bém com “professores dedicados e activi-dades pedagógicas”.

Envolvendo escolas de todos os níveisde ensino, nos últimos 10 anos foram cri-adas 1.880 bibliotecas, 847 no primeirociclo e 1.033 nas restantes, tendo sido in-vestidos 33,5 milhões em recurso técni-

cos e docentes.José Sócrates sublinhou ainda que, no

âmbito da rede de bibliotecas, trabalhamactualmente em todo o país nos serviçoscentrais 12 técnicos e 32 professores, e noensino básico e secundário 347 professoresa tempo inteiro.

Quanto a investimentos, o chefe do Go-verno, disse que no ano lectivo 2006/2007foram aplicados 1,5 milhões de euros emlivros para as bibliotecas e que a FundaçãoCalouste Gulbenkian contribuiu com 150 mileuros.

A propósito do Dia Internacional da Bi-blioteca Escolar, que hoje se assinala, JoséSócrates destacou a importância destas in-fra-estruturas.

“Enriquecem os recursos disponíveis daescola e favorecem o acesso de todos aoslivros e à leitura, a escola fica mais comple-ta e serve melhor os alunos e, se forem or-ganizadas segundo um padrão nacional, re-duzem as desigualdades e as assimetrias”.

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15DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007 EDUCAÇÃO/ENSINO

Associação Empresarial da Guardajá deu equivalências a 1.420 adultos

O secretário de Estado da Educaçãoconsiderou o NERGA (Associação Em-presarial da Região da Guarda) “um bomexemplo” a nível nacional em matéria decertificação de competências, tendo jáatribuído diplomas a 1.420 adultos.

Valter Lemos esteve no passado sá-bado (dia 20) na Guarda na cerimóniade entrega de 432 certificados de adul-tos com equivalência ao 9º ano, atribuí-dos pelo Centro Novas Oportunidades(CNO) que funciona na instituição.

Desde a sua abertura, em 2001, oCNO já certificou 1.420 alunos com oensino básico e tem 459 em processo decertificação.

Em relação à certificação do ensinosecundário, com a atribuição da equiva-lência ao 12º ano, o CNO tem nestemomento 1.546 adultos inscritos e 174em processo de certificação.

O governante, disse durante a cerimó-nia de entrega de certificados, que é oexemplo do NERGA “que dá a certeza”que o Governo está a “conseguir o ob-jectivo” de aumentar a qualificação es-colar dos portugueses.

Adiantou que, no final de 2007, o Go-

verno espera que estejam certificados 100mil adultos, em todo o país, com as com-petências do ensino básico e secundário.

Acrescentou que nos vários Centros deNovas Oportunidades existentes a nívelnacional estão inscritos 250 mil adultos.

“Temos a obrigação estrita de organi-zar o sistema e de dar vazão a esta von-tade”, afirmou.

Valter Lemos recordou que é objecti-vo do Governo que, até 2010, possam serqualificados um milhão de adultos emtodo o país, no âmbito do programa No-vas Oportunidades.

Outra das apostas está relacionadacom a população estudantil, asseguran-do que, em relação aos mais novos, oobjectivo passa por garantir que os alu-nos “não saiam da escola sem terem asua oportunidade”.

Recordou que quando o primeiro-mi-nistro, José Sócrates, tomou posse, ga-rantiu que “o principal objectivo do Go-verno seria a qualificação escolar e pro-fissional dos portugueses”.

Valter Lemos sublinhou que Portugalé “o país da Europa com menores taxasde qualificação”, observando que “du-

rante muitos anos, pensava-se que re-solvíamos o problema esperando que otempo passasse”.

“Era bom que isso tivesse acontecido,mas não é verdade, porque o nosso sis-tema educativo não foi eficaz e deixoumuita gente para trás”, disse.

Para “corrigir” a situação, foi criadoo programa Novas Oportunidades que,considerou será “uma nova oportunida-de para os adultos poderem qualificar-se, já que, anteriormente, não tiveramuma oportunidade”.

Adiantou que o próximo Quadro deReferência Estratégica (QREN) terá umprograma operacional para qualificar o“potencial humano” e que Portugal iráprocurar obter verbas para “conseguirmaiores qualificações para a população”.

Antes da cerimónia de entrega de 432certificados de adultos com equivalên-cia ao 9º ano, decorreu outra sessão, pre-sidida pelo secretário de Estado Adjun-to, da Indústria e Inovação, Castro Guer-ra, que consistiu na entrega de 150 com-putadores a adultos, ao abrigo do pro-grama e.oportunidade.

Castro Guerra referiu na sua interven-

GOVERNO QUER CERTIFICAR UM MILHÃO ATÉ 2010

ção que Portugal seria, hoje, um país di-ferente “se tivesse a sua população maisqualificada”.

“Temos população activa que não sabeler nem escrever. Como é que se podedescodificar este mundo tão complexo,com uma lente tão precisa que é a lenteda ignorância?”, questionou.

Referiu que Portugal tem “apenas 20por cento da população com ensino se-cundário” e que a faixa etária entre os 15e os 65 anos “apenas 15 por cento da po-pulação activa tem o ensino secundário”.

Numa comparação com países maisavançados, referiu: “É como se estivés-semos numa guerra em que no lado delá há oficiais e sargentos mais bem pre-parados”.

Tendo em conta esta realidade, o se-cretário de Estado Adjunto, da Indústriae da Inovação, afirmou que “qualificaros portugueses é a prioridade das priori-dades”.

“Qualificações e crescimento econó-mico estão intimamente ligados. Investirnas qualificações compensa, porque aspessoas têm novas oportunidades e o ren-dimento cresce”, disse Castro Guerra.

Ana Filipa Faria, aluna de Escola deHotelaria e Turismo de Coimbra(EHTC), conquistou uma honrosa Me-dalha de Prata em Concurso Europeude Bar realizado em Itália na passadasemana.

Foi na localidade italiana de JesoloLido, Veneza, que decorreram, de 16 a20 de Outubro, os XX Encontros da As-sociação Europeia de Escolas de Hote-laria e Turismo, envolvendo um total de140 escolas de 32 países, com cerca de650 jovens alunos participantes.

Estes encontros e respectivas activi-dades – seminários, visitas profissionais,exposições e concursos de formação –são já considerados os mais importan-tes a nível europeu, pelo número de di-ferentes países, escolas e alunos que osintegram.

A AEHT – Associação Europeia deEscolas de Hotelaria e Turismo foi fun-dada em 1988 e tem como associadascerca de 400 escolas, representando 40países da Europa.

A comitiva portuguesa era compos-ta por quatro escolas do Turismo dePortugal, I.P., a saber: Escola de Ho-telaria e Turismo de Coimbra (cujaDirectora, Ana Paula Pais, chefiou o

Aluna da Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbravence Medalha de Prata em Concurso Europeu de Bar

grupo), Escola de Hotelaria eTurismo de Santa Maria da Fei-ra, Escola de Hotelaria e Turis-mo do Fundão e Escola de Ho-telaria e Turismo de Portimão.Mais duas escolas portuguesasse juntaram, com alunos a con-curso, neste caso representandoa Região Autónoma da Madeira– Escola Profissional de Hotela-ria e Turismo da Madeira (Fun-chal), e a Região Autónoma dosAçores – Escola de FormaçãoTurística e Hoteleira dos Açores(Ponta Delgada).

Foram nove os alunos a con-curso em representação das Es-colas do Turismo de Portugal,I.P., estatuto alcançado por ven-cerem as respectivas provas na-cionais que se realizaram no iní-cio deste mês na Escola de Ho-telaria e Turismo de Coimbra.Estes alunos portugueses com-petiram, com os seus colegas eu-ropeus, nos seguintes concursos:Cozinha, Pastelaria, Serviço deRestaurante, Flamejados, Bar,Turismo, Recepção e GestãoHoteleira.

Para além do excelente desem-penho que todos os alunos portu-gueses demonstraram – cumpri-mento de horários, apresentação,postura, conhecimentos e desen-voltura técnica – a delegação por-tuguesa trouxe para o nosso paísuma Medalha de Prata, pelo 2º lu-gar no Concurso de Bar que a alu-na Ana Filipa Faria, do 2º Ano doCurso de Restaurante/Bar da Es-cola de Hotelaria e Turismo deCoimbra, obteve entre 57 concor-rentes. Ana Filipa Faria tem 21anos, cumpridos durante a estadiaem Itália, ingressou na Escola deHotelaria e Turismo de Coimbrano ano lectivo passado e é naturalde Famalicão, Anadia.

É já tradição a “subida ao pó-dio” de alunos portugueses nestacompetição, depois da medalha deouro de serviço de restaurante em2004, da medalha de bronze de re-cepção em 2005 e da medalha debronze de pastelaria em 2006, re-ferindo apenas as últimas quatroedições destes encontros europeus.

Ana Filipa Fariacom o troféu conquistado

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16 DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007CULTURA

Na Galeria Verney (Oeiras), decorreu hádias uma sessão cultural dedicada a CarlosCarranca.

Com a sala repleta de amigos e admira-dores de Carlos Carranca, assistiu-se a aum recital em que participaram Luiz Goes,Augusto Camacho, António Toscano(viola),Alexandre Bateiras, Carlos Couceiro; Teo-tónio Xavier (guitarras), Francisco Viana eArnaldo (guitarra e viola dos “Pardalitos doMondego”) e “Mar Tambor”.

A sessão principiou com uma interven-ção do homenageado, intitulada “Frátria ouA Mais Humana das Obras”, que a seguirtranscrevemos:

“O que a Vida tem de melhor, é o factode ser breve na eternidade que deixamosnos outros. Nela há qualquer coisa que nosescapa, desde o nosso corpo como objectoda nossa representação, até ele se tornarvontade e através dele entrarmos em rela-ção com a Natureza. O meu corpo passa aser a Natureza em mim.

Mas nós somos sempre mais do queconhecemos e os nossos versos vão paraalém daquilo que sabemos, daquilo que es-crevemos.

A vontade, como essência de tudo (ou afalta dela) é a responsável (irresponsável)da nossa miséria, da miséria humana.

A Morte, essa, não está em parte algu-ma – ela existe na Natureza que se renova.

Toda a palavra sobre a Morte é do do-mínio do imaginário, mas como todo o ima-ginário, está cheio do conteúdo da Vida,sobretudo do que da Vida nos escapa. Elaprocura uma resposta para a solidão onto-lógica radical, singular, condenada a sonharo sonho, que é como quem diz, condenadaà inconsistência do sonho.

Pensar na Vida como ela é, é pensá-lacom a Morte; é sentir, é sentir-se, é falarde si-mesmo, conviver, é entender-secom os outros, sem subjugar ninguém noscaminhos da razão.

O que desejamos verdadeiramente? To-car o coração das coisas.

Como afirmou, um dia, Unamuno:“Nas entranhas do presente buscar aeternidade viva.”

É, pois, trágico para quem vive em cons-tante procura da essência das coisas assis-tir, impotente, à dura realidade de uma Pá-tria a afastar-se da essência e a perder-sena imitação e na vulgaridade utilitária. Por-que não há nada que mais nos degrade doque esta entrega a idolatria da técnica e doconsumismo de massas, onde a preocupa-ção dominante do negócio e a intensidadefrenética da Vida aniquilam toda a inquieta-ção espiritual.

Agitar, inquietar, libertar, essa foi é e seráa eterna missão da Poesia.

HOMENAGEM A CARLOS CARRANCA NA “GALERIA VERNEY” (OEIRAS)

“Neste lugar sem portas:a poesia, o canto e a Guitarra”

Interrogo-me, frequentes vezes, se nãoestará a Poesia mais próxima da magia doque da literatura. Ora, o Poeta não é umliterato, é um mágico, sendo na dimensãotransfiguradora da realidade que o Poeta secumpre, e não no acervo de obras consulta-das ou na profusão de autores citados. Nãoé citando os criadores que o Poeta existe, éexistindo que o Poeta é.

Vivemos num tempo em que os dis-cursos soam a oco. Vivemos num tempode múltiplas palavras sem sentido, usadasnos comércios diários dos interesses; pa-lavras que se usam e deitam fora, pala-vras sem peso específico, sem leveza, emsuma, sem valor.

Porque a Poesia passa pelo ritmo enca-deado das palavras, e porque ele, o ritmo,assenta na originalidade com que as junta-mos ou separamos, é que, ao confrontar-mo-nos com a palavra poética, nos reen-contramos com a originalidade, com o valorda palavra, a oração do silêncio – onde ne-nhum silêncio é já possível – o de alguémque procura a palavra perdida e o seu lugarno homem – o mundo como adjectivo : as-seado, purificado, limpo.

Ao entrarmos na obra poética, penetra-mos na Vida que se afasta da razão sem adispensar, e se aproxima da pura sensibili-dade. A Poesia com as palavras refaz sen-tidos, dá-lhes outra coloração, transforma-as sem as deformar.

Há na Poesia uma conciliação da disci-

plina com a liberdade, não mistura poemacom ideias, elas estão lá, mas são a Poe-sia. Não cede à facilidade, não transigecom a rima, dá-se numa entrega contida,lúcida, solitária. São palavras depuradaspela sua nudez. São palavras recolhidasem si-mesmas.

Há na Poesia uma dimensão espiritual,direi mesmo, religiosa, que entra em nós ese recolhe – é a nossa voz que ressoa e nosacorda na transparência da voz do Poeta.

Na ética e na religião, a questão essenci-al é saber se o homem se redime a si-mes-mo, ou se será redimido por outro; se a suaobrigação é quebrar as suas grilhetas ou,agrilhoado, ir quebrar as grilhetas alheias.

A Poesia tenta, pela palavra, libertar-nosdo ruído que aprisiona e, em função do ou-tro, libertá-lo, religando-o à palavra perdida,

no aperfeiçoamento do mundo.No princípio era o Verbo.Todas as coisas foram feitas pela pala-

vra, a palavra desocultadora do mundo, daVida, da beleza.

Sabemos que a Morte é a mentira e averdade é a Vida. Mas também sabemosque a única verdade objectiva é a Morteporque a Vida é um conjunto de mentirasque nos serve de consolo.

Mas o Poeta sabe, também, que a pala-vra vence a Morte e que é a palavra poéti-ca a mais humana das obras”.

No âmbito do recital, Carlos Carrancadeclamou algunas das suas poesias.

Na Galeria tem também estado patenteao público uma exposição das diversas obrasda autoria de Carlos Carranca.

Carlos Carranca declamando alguns dos seus poemas

Aspecto da exposição

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17DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007 SAÚDE

MassanoCardoso

A esperança de vida constitui, a parde muitos outros, um bom indicador dodesenvolvimento de uma comunidade.

Quando Cristo andava pela terra, aesperança de vida rondava os 30 anosmantendo-se praticamente inalterável atémeados do século XIX, período em quecomeçou a aumentar, atingindo os 40anos no princípio do século XX. Desdeentão, nos povos mais desenvolvidos, temsofrido um aumento substancial aproxi-mando-se dos 80 anos contrastando comos mais pobres. A diferença actual entreos dois mundos é da ordem dos 30 anos!Enquanto nos mais ricos a esperança devida aumentou sete anos desde 1970-75,nos mais desfavorecidos, caso dos po-vos subsaarianos, o aumento foi apenasde quatro meses!

As causas destas diferenças são co-nhecidas, originando a criação de umnovo síndroma, a “síndroma de status”,sinónimo de desigualdades sociais.

Acontece que esta síndroma não se ve-rifica somente entre os países mais ricos eos mais pobres. Também, dentro do mesmopaís, é possível encontrá-la. Há mais de 25anos, no famoso estudo Whitehall, o epide-miologista britânico, Professor Marmot, ti-nha chegado à conclusão de que o risco de

morrer era quatro vezes superior nas ca-madas sociais mais baixas face às classesmais elevadas.

Adoecer e morrer prematuramentetêm a ver com as condições socioeco-nómicas, as quais estão associadas àpobreza, às más condições alimentares,às deficientes condições das habitações,às atitudes e comportamentos face aosdiferentes tipos de factores de risco.

Durante muito tempo chamou-me a

“Sindroma de status”...

atenção o facto de muitos, mas mesmomuitos, filósofos e “homens do pensa-mento” desfrutarem longas vidas, ape-sar das épocas em que se notabilizaramnão serem profícuas em elevadas espe-ranças de vida! O contraste é tão fla-grante que acabei por admitir que a me-lhor maneira de atingir idades provectasera dedicar a vida ao “pensamento e àreflexão”. Quase que me apeteceu cha-mar de “efeito do filósofo” a este fenó-meno de longevidade.

Mas tem que haver razões para istotudo. De facto, passar a vida a fazer o

que se quer não é para qualquer um, in-felizmente. É preciso “empoderamento”!

O “empoderamento” (em inglês: em-powerment) “é utilizado para designar um

Michael Marmot mostrando umgráfico do seu “Estudo de Whitehall”

processo contínuo que fortalece a auto-confiança dos grupos populacionais des-favorecidos, os capacita para a articula-ção de seus interesses e para a partici-pação na comunidade e que lhes facilitao acesso aos recursos disponíveis e ocontrolo sobre estes”.

Há vários tipos de “empoderamento”.Um deles tem a ver com as necessida-des materiais, permitindo, por exemplo,adquirir alimentos ou roupa para as cri-anças. Se não conseguirem não têm ca-pacitação. A par deste tipo, outro, de ori-gem psico-social, permite o controlo dassuas vidas e, por fim, destacamos aindaum terceiro tipo, o empoderamento poli-tico, ou seja, ter “voz activa”.

Um pais como o nosso, em que doismilhões de pessoas vivem na pobreza, logodesprovidas de “empoderamento econó-mico”, a que podemos associar ausênciade “controlo das suas vidas” (neste casoserão muito mais dos que os dois milhões),e a dificuldade em usar a “voz” por moti-vos variados, “explica” muito da patolo-gia que infelizmente grassa por aí.

Os responsáveis governamentais “es-

quecem-se” das chamadas terapêuticaspolíticas, descurando o campo da medi-cina social tão bem desenhado há maisde 150 anos por Virchow. O enfoquedado às medidas curativas, embora úteis,sem sombra de dúvida, não consegue irao cerne da questão. As desigualdadessociais que estão na base da “síndromade status” têm que ser tomadas em con-sideração, de outro modo continuaremosa adoecer e a morrer de forma desigualimpedindo o desfrutar de algo semelhanteao “efeito do filósofo”, mas com saúde...

A hipocrisia entre ricos e pobres

Rudolf Virchow

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18 DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007A PÁGINA DO MÁ[email protected]

Mário Martins

Hoje, ao procurar uns documentos, apareceu-me o prospecto da última bata-lha política (e da última vitória) de Fausto Correia.

A fotografia reflecte o Fausto tal como irei recordá-lo.Publico-a como sentida homenagem a quem viveu grande parte da vida no

quarteirão formado pelas ruas Adelino Veiga e das Padeiras, onde eu próprionasci e vivi durante duas décadas e meia.

Era ali que o pai tinha uma loja, foi ali que ele abriu as delegações do “Repú-blica”, da “Luta”, da ANOP e o seu primeiro escritório de advogado, num 1.ºandar mesmo ao lado do “Combinado”.

Na última conversa falámos sobre os tempos da juventude. E sobre a “PensãoVictória” e Friúmes, uma pequena aldeia do concelho de Penacova onde passeigrande parte da infância e onde ele tinha amigos.

Falámos ainda do primeiro jogo do Clube Académico de Coimbra, um desafiode juniores, de manhã, no Calhabé, em que os jogadores conimbricenses entra-ram em campo com o emblema da AAC tapado por adesivos.

Falámos de tanta coisa – eu, ele e o “Zé Ladrão”.Ficou tanta coisa por dizer.PS - Nos dois momentos mais tristes da minha vida (as mortes do meu pai e

da minha irmã), o Fausto não deixou de telefonar e enviar uma palavra de con-forto. No primeiro, era membro do Governo; no segundo, eurodeputado. Nãofalhou, disse “Presente!”. Outros há que, sem “voarem” metade do que ele“voou”, rapidamente se transformam em “pavões” e esquecem as origens. [Jáuma vez alguém me pediu para não escrever que os pais eram agricultores...] OFausto foi diferente e, por isso, tenho a certeza que perdurará na nossa memória,porque é impossível esquecer quem nunca nos esqueceu. E esta será a maiorhomenagem que Coimbra lhe poderá prestar.

(Continua sem aparecer a foto do grupo de teatro do Liceu D. João III, tiradaem Maio de 1965. É uma daquelas fotos que, volta e meia, desaparecem, paraaparecerem quando menos se espera...)

* * * * * *

Numa “mailing-list” ligada à Académica/OAF, escrevi ontem o seguinte:O Fausto era amigo desde os bancos do Liceu D. João III, onde partilhámos o

gosto pelo teatro.A taberna do pai dele, que tinha sempre dois sacos cheios de rolhas à porta, era

nas traseiras da minha casa. Ele na Rua Adelino Veiga, eu na Rua das Padeiras.Estivemos juntos pela última vez no dia 10 de Junho, numa festa do... União

de Coimbra, onde esteve como “amigo do clube” [e do Júlio Ramos]. Logo quelhe foi possível, saltou da mesa da presidência e veio para a mesa onde meencontrava com o José Vítor.

Disso dei testemunho no blogue:http://apaginadomario.blogspot.com/2007/06/memrias.html

* * * * * *

Alguém que não conheço, enviou para o endereço de correio da “Página” aseguinte mensagem:

«Visito regularmente o seu blog. Como fala da Pensão Vitória e de Friúmessugiro que, a propósito da morte do Fausto Correia, visite o blog do Mário Olivei-ra, filho do Sr. Silvério, antigo dono da Pensão Vitória e natural de Friúmes. Oendereço do blog: framianes.blogspot.com».

Fui lá. É o blogue de um grande amigo do Fausto, de quem aliás falámos na últimaconversa. Tão amigo que publica a foto do Fausto no dia da comunhão solene.

(publicado em 10/10)

HOMENAGEM SENTIDA

SÓCRATES, BARROSO E...PORTUGAL

O sucesso europeu é evidente.Prova-se, mais uma vez, que os por-

tugueses são óptimos quando trabalhamlá (ou para) fora.

Os problemas surgem quando os por-tugueses se ocupam dos assuntos dePortugal.

(publicado em 19/10)

FÁTIMA, ONTEM E HOJEVale a pena perder uns minutos e as-

sistir ao “diaporama” realizado pelo“Público”.

Trata-se de um olhar diferente sobreo fenómeno religioso na Cova da Iria.

Vá ao blogue e clique no “link”.(publicado em 18/10)

LUIZ NO SEU MELHOR«Depois de irmos atestar a Espanha,

estudar para Espanha, trabalhar em Es-panha, parir em Espanha, só nos faltamesmo é pormos lá o nosso dinheiro asalvo.»

Luis Carvalho, no “Instante Fatal”,num texto intitulado “BCP: Meu Deusao que eu cheguei!”.

(publicado em 18/10)

E NÓS, POR CÁ?O grande título do “Libération” de

hoje não deixa margem para dúvidas:“Os franceses querem os ‘media’ inde-pendentes!”.

A explicação vem logo ao lado: “62%dos franceses pensam que televisões, rá-dios e jornais estão submetidas ao poderpolítico”.

E nós, por cá, em Portugal, como va-mos de liberdade de Imprensa?

(publicado em 18/10)

AS ESTRANHAS CONTASDA INFLAÇÃO

Inflação prevista pelo Governo para2008: 2,1%

AUMENTOS REAISElectricidade: 2,9%Taxa de radiotelevisão: 5%(Este texto será actualizado sem-

pre que novos aumentos sejam anun-ciados)

(publicado em 16/10)

BLOGUE BEM DISPOSTO«Santana avança para a liderança par-

lamentar e Ferreira Leite recusa a pre-sidência da mesa. Como é óbvio, são 2pesadas derrotas para Menezes.»

Uma cobertura bem disposta doCongresso do PSD, no blogue “31 daArmada”.

(publicado em 15/10)

LUFADA DE AR FRESCO (*)«Menezes prometeu renovar e cum-

priu. Trouxe uma lufada de ar fresco aosórgãos eleitos do PSD: Ângelo Correia(na presidência da mesa do congresso),Mota Amaral (na presidência do conse-lho nacional), Luís Fontoura, Rui Gomesda Silva, Zita Seabra, Fernando Seara,Mendes Bota e Duarte Lima (os vice-presidentes da comissão política) com-provam que este objectivo foi plenamenteatingido. Como diria Gabriel Alves, 100por cento de eficácia.»

(*) retirado do blogue “Câmara Cor-porativa”, na primeira visita. Não resisti.

(publicado em 15/10)

ANÁLISE POLÍTICADE LUIZ CARVALHO

Apenas dois excertos, para aguçaro apetite...

O primeiro:«Não tenhamos memória curta por

favor. Lembremo-nos do seu superAudi da Câmara, da sua arrogância, dePortas e Bagão Félix e Morais Sarmen-to. E o cromo Rui Gomes da Silva, ointeligente ministro que deu a barraca-da com Marcelo? Please!!! Um poucode refresh! Um pouco mais de decên-cia e já agora de competência.

O que Cavaco Silva dirá destePSD? O pior imagino.»

O segundo:«O novo líder devia ter dado o sinal

inequívoco que o PSD falhado, falido,tinha terminado. Não. Pôs o Lopes aseu lado e caiu no ridículo a convidarLeite para Presidente do Congresso.Levou tampa depois de se ter ajoe-lhado à Santa Padroeira. Fracasso.»

Para ler na íntegra no blogue “Ins-tante fatal”.

(publicado em 15/10)

E AINDA... O CONGRESSODO PSD

«A imagem que fica do congresso doPSD é Pedro Santana Lopes a entrar ea sair, a cochichar com Menezes, a hesi-tar entre falar e não falar – mas semprea falar – e, finalmente, os seus homensem força na entourage do líder».

João Gonçalves, no blogue “Portu-gal dos Pequeninos”, onde pode ler vári-os textos sobre o PSD e sobre as ceri-mónias dos últimos dias em Fátima.

(publicado em 15/10)

CONGRESSO DO PSDNão há nada como ler uma opinião

diferente daquela que nos trazem as rá-dios, as televisões e os jornais.

«A última vez que tinha ido a TorresVedras tinha sido ao Carnaval. Hoje vol-tei para ir ao Congresso do PSD. Estavamenos animado do que o Carnaval, me-nos aguerrido do que nos tempos idos.Há por ali muita contenção».

É Luiz Carvalho, o foto-jornalista doExpresso, no seu “Instante fatal”.

(publicado em 14/10)

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19DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007 DESPORTO

Telma Monteiro contribuiu para otítulo nacional de equipas senioresfemininas alcançado, em Coimbra,pelo Benfica/Construções Norte-Sul. As formações da cidadedo Mondego não se devemenvergonhar dos lugaresem que terminaram

As bancadas do Pavilhão Multiusos deCoimbra encheram-se para ver em ac-ção os judocas no Campeonato Nacionalde Equipas Esperanças e Seniores. A pre-sença de Telma Monteiro, vice-campeãdo Mundo, em representação do Benfi-ca/Construções Norte-Sul, serviu de in-centivo ao público, que, no final, não deuo tempo por mal empregue, uma vez quese assistiram a excelentes combates.

A Associação Distrital de Judo de Co-imbra (ADJC) mereceu, uma vez mais,as felicitações pela organização da pro-va, que integra o calendário da Federa-ção Portuguesa de Judo (FPJ). No Cam-peonato Nacional de Equipas Esperanças,que contou com a presença de 13 equi-pas e terminou com o triunfo do Judo Clubede Lisboa, a Académica, única equipa daADJC presente, foi 7.ª classificada.

O Judo Clube de Coimbra (JCC) aca-bou por ser das equipas seniores mascu-linas inscritas na ADJC a que obteve

CAMPEONATO NACIONAL DE EQUIPAS ESPERANÇAS E SENIORES

Judo promove Coimbracom jornada espectacular

melhor registo, tendo em conta o núme-ro de participantes. A formação de Coim-bra terminou no 7.º lugar, alcançando omelhor resultado de equipas fora de Lis-boa, excepção feita ao Judo Clube dePonta Delgada, que foi 5.º classificado.

Jorge Fernandes, pai e filho, entraramna competição, contribuindo para o 7.ºposto obtido entre 14 equipas. O JCCperdeu com as Oficinas de S. José, equi-

pa que se sagrou campeã nacional. Naluta pelo combate que dava acesso à dis-puta do 3.º lugar, a formação de Coim-bra saiu derrotada pela UniversidadeLusófona.

Nas equipas seniores femininas, aAcadémica foi a última classificada. Comquatro equipas em prova, as academis-tas não foram além do 4.º lugar. Umaprova que consagrou o Benfica/Constru-

ções Norte-Sul, formação liderada porTelma Monteiro, que, assim, conquistou otítulo de campeão nacional de equipas,após ganhar os três encontros disputados.

«A prova correu muito bem e foi umagrande prova», reconheceu Jorge Fernan-des, presidente da ADJC, sublinhando que«Coimbra provou, de novo, que é a capi-tal do judo em Portugal», antes de lamen-tar que, em 2008, a prova de equipas te-nha de se «realizar em Lisboa». A ausên-cia de um representante da autarquia deCoimbra não passou despercebida.

«As pessoas lamentaram que, numaprova tão importante, não tenha estadoninguém da câmara», revelou Jorge Fer-nandes, que, no entanto, agradeceu aspresenças de Rui Costa (presidente doConselho Desportivo da cidade) e deAmândio Santos (vice-presidente doConselho Directivo da Faculdade de Ci-ências do Desporto e Educação Físicada Universidade de Coimbra). O mestreKiyoshi Kobayashi também não faltou.

Entretanto, com vista ao apuramentopara o Campeonato da Europa de sub-23, a FPJ convocou, uma vez mais, Fili-pe Reis e Jorge Fernandes para compe-tirem no XVII Troféu Internacional Ci-dade de Girona, em França, agendadopara o próximo dia 28 de Outubro. O trei-nador nacional Michel Almeida acompa-nhará a comitiva.

Os judocas de Coimbra tiveram excelente comportamento

A equipa da Agrária de Coimbra con-quistou o Campeonato Nacional de Soft-bol, disputado no único campo de Base-bol do País, no Complexo Desportivo deAbrantes.

Das 3 equipas inscritas na FederaçãoPortuguesa de Basebol e Softbol, apenas aAgrária Softbol de Coimbra e Lobas deAbrantes participaram na prova, uma vezque a equipa do Paz de Oliveira de Aze-meis desistiu da competição.

Por tal motivo, a prova teve de ser rea-justada para as duas equipas concorrentes,tendo-se realizado 3 jogos.

No dia 13 de Outubro, de manhã, acon-teceu o primeiro jogo, tendo a equipa daAgrária ganho por 21- 5. À tarde, as “Char-ruas” ganharam novamente às Lobas por17 - 4, conquistando assim, o troféu do Cam-peonato Nacional de Softbol Feminino.

O terceiro jogo disputou-se no dia seguin-te, tendo as Lobas ganho por 12 a 11

Agrária de Coimbra conquistaCampeonato Nacional de Softbol Feminino

A equipa da Agrária de Coimbra conquistou o Campeonato Nacional de Softbol

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20 DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007ASTROLOGIA

Jorge Côrte Real *

* Jurista

Plutão

Plutão é o planeta mais afastado doSol. Foi descoberto em 1930. Possuiuma órbita muito excêntrica – sendo,por este facto, o mais lento em tornodo Zodíaco, demorando 248 anos acompletar uma volta. É o terceiro pla-neta transcendental. Como permane-ce muitos anos em cada signo (entre12 a 32 anos), marca uma geração quesó se altera quando ele volta a transi-tar para outro signo. Representa o im-pulso para a transformação e rege-neração.

Plutão, recentemente excluído pe-los astrónomos do grupo dos planetas,não desapareceu por esse facto da As-trologia. Já foi dito que Plutão repre-senta a oitava superior de Marte.Como este, está relacionado com aacção, com a energia, mas desta vezcom a energia ao nível psicológico. Écom esta energia que ele derrota aordem instituída, para implantar umaordem nova. É demorado, leva tem-po, mas opera transformações profun-das e inexoráveis.

Ele é o representante do impulso paraas reformas, e também da destruiçãodaquilo que está a mais ou que já nãointeressa. Foi descoberto ao mesmo tem-po que a energia nuclear, motivo peloqual muitos astrólogos relacionam a suaacção com a desintegração do átomo, ecom a era atómica.

Estes astros lentos, têm muito inte-resse quando analisados os seus trân-

sitos sobre os nossos planetas natais.Assim, quando vemos Urano a transi-tar no nosso Sol ou no nosso ascen-dente, vamos sentir muito a necessi-dade e o impulso para a mudança,agindo como se sentíssemos a nossaindependência ameaçada. Tudo irámudar se quisermos. Urano muda tudoquanto não está solidamente consoli-dado, e transforma as ligações queestão sólidas.

Os trânsitos de Neptuno, como já foidito, se bem relacionados, ajudam aodesenvolvimento espiritual. De contrá-rio, favorecem a tendência para fugirà realidade.

Os trânsitos de Plutão sobre o Sol

e sobre o ascendente, determinam fre-quentemente que nos 13, ou mais anosseguintes, ocorram transformações eregenerações profundas nas nossasvidas, dependendo dos sectores envol-vidos.

Este ciclo está concluído. Porém nãoUma imagem que compara o tamanho do planeta Terra (em primeiro plano)com o do pequeno Plutão /no canto superior esquerdo)

Plutão representado numa pintura de 1592 da autoria do artista italianoAgostino Carracci (Galeria Estense, Modena, Itália)

Uma representação das camadas que devem constituir Plutão

queria despedir-me sem vos alertarpara as mudanças que o planeta Ura-no no signo de Peixes tem operado emPortugal.

Portugal tem o Sol a 17º de Peixes,e o ascendente no início de Câncer.

Urano entrou em Peixes em 2003, eirá sair em 2011. Neste período, astransformações em Portugal, começa-ram a ser muitas e rápidas – e vãocontinuar a sê-lo, independentemente

do governo que estiver no poder.Permitam-me, porém, chamar es-

pecialmente a vossa atenção para osacontecimentos que irão ocorrer emPortugal, num período que começa em2008 e se prolongará até Fevereiro de2011.

Desejando-vos um bom Outono, des-peço-me até breve.

Clyde Tombaugh, um astrónomoamador a quem é atribuída adescoberta de Plutão

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21DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007 OPINIÃO

Renato Ávila

João PauloSimões

FILATELICAMENTE

Joséd’Encarnação

POIS...POIS...POIS...POIS...POIS...

Contradições

4º Centenáriodo Descobrimentodo Caminho Marítimopara a Índia

Na sua recente intervenção, no âm-bito das comemorações do 5 de Ou-tubro, o Presidente da República pro-curou realçar o importante papel dosdocentes no enriquecimento da esco-la e na elevação do nível cultural e dequalificação dos portugueses, em es-pecial das novas gerações. Deu es-pecial ênfase à necessidade de serrespeitada e acarinhada a figura doprofessor.

Não tem sido, todavia, esse o en-tendimento do Primeiro-Ministro quan-do, logo no início do mandato, varreua praça apresentando a classe docen-te, perante a opinião pública, comouma corporação de altos privilegiadosque ganham muito e trabalham pou-co, debitando-lhes a maior quota dasresponsabilidades pelas maleitas donosso ensino.

Não tem sido, ainda, esse o pontode vista da Ministra da Educação erespectivos Secretários de Estado comas permanentes tropelias na organi-zação da escola, sem ouvir os profes-sores, na imposição dum novo Esta-tuto da Carreira Docente altamentegravoso e no qual se não vislumbraum mínimo de respeito pela figura e

papel do docente.Paradoxalmente, é o próprio PR

que, de quando em vez, tece elogios àdeslocada e inconsequente actuaçãodo Ministério.

O Primeiro-Ministro, visivelmenteafectado da típica e protocolar amné-

sia política, esqueceu-se do que dissee do que fez contra os professores e,quiçá, para não ficar tão mal na foto-grafia, vem agora dizer-nos que osprofessores são os maiores, que nãoestá contra eles mas contra os sindi-catos. Ora os sindicatos são legítimasrepresentações de classe, parceirosocial e negocial constitucionalmenteconsagrado.

Acontece que o Governo nunca osentendeu como parceiros, outrossimcomo interesseiros. E os professoresrepetidamente vêm manifestando oseu descontentamento perante a au-tista teimosia, o declarado revanchis-mo do Ministério. A própria Ministrareconhece que perdeu os professoresmas que, em contrapartida, ganhou os

pais dos alunos.A Senhora Ministra não esteve lá

para ouvir o PR.Os sindicatos, como legítimas re-

presentações da classe, têm, por suavez, o rigoroso dever de também de-fenderem a imagem e o prestígio dos

professores. Quando a sua luta sepauta pela justeza e solidez dos argu-mentos, pelo civismo, pelo respeitopelas pessoas e pelas instituições, pelasisudez e contenção das suas atitudes,impõe-se a força do seu prestígio.

Quando, como frequentementevem acontecendo, se entra pelo rui-doso folclore das esperas aos gover-nantes e, quando em vez, na presen-ça dos educandos, se vaia, se apupa,se injuria, não se faz jus ao respeito eao carinho, lança-se a imagem no al-catrão da rua e o prestígio pelas sar-jetas. A classe dos professores nuncaesteve, não está nem deverá estarvocacionada para subscrever tão tris-tes espectáculos de “caça de espera”.A classe dos professores, pelo seu

múnus e projecção social, jamais sepoderá rever em organizações e em di-rigentes que se servem de tais proce-dimentos para fazer valer as suas ra-zões, por mais justas que sejam elas. Éprecisamente nesta confusão, nesteabandalhar de comportamentos quesurgem os equívocos, as estranhas einqualificáveis acometidas dos que têmuma distorcida visão da democracia eum sentido autocrático do poder.

Há contradições e perplexidadesem demasia

Contradições do Supremo Magistra-do da Nação ao falar tão judiciosamen-te dos professores e ao alinhar numapolítica educativa virada contra eles.Será que o PR já compreendeu o logroda acção educativa do governo?

Contradições de um Chefe do Gover-no e dum Ministério que parece come-çarem a entender que, sem os profes-sores, o ensino, o sucesso e o combateao abandono não vão a lado algum.

Contradições dos que, dizendo-serepresentantes e defensores dos inte-resses dos docentes, os subvertem emlutas que não são as suas, com atitu-des que os não prestigiam.

São contradições a mais num pro-cesso que se deseja escorreito e fe-cundo, democrático e mobilizador – aeducação.

A João trabalha na empresa vaipara duas décadas. Sempre lhe re-conheci méritos sobejos de dedica-ção, pontualidade, espírito de servi-ço. Envergou sempre aquela “cami-sola”, num sorriso, numa vontadeenorme de ser útil.

Telefonei-lhe, há dias, e senti-lhedesânimo na voz, umas reticências…Só depois de verificar que não havianinguém no gabinete ao lado é queme informou:

– Tenho um novo chefe. Chegouaqui como se, até agora, a empresanunca tivesse singrado pelo caminhocerto. «Ele é que sabe, ele é que veminovar!».

E a João baixou os braços. Cum-pre escrupulosamente o horário efaz escrupulosamente o que lhemandam e como lhe mandam. De-serta, todos os dias, pelo fim-de--semana que tarda.

Foi-nos ensinado na Primária, pelomenos aos mais antigos, que quemdescobriu o caminho marítimo para aÍndia, foi Vasco da Gama.

Reinava D. Manuel, quando as nausS. Gabriel, Bérrio e S. Miguel, sob ocomando de Vasco da Gama, partiramdo Tejo rumo àquele país das especi-arias. A viagem foi tormentosa, lutan-do os Portugueses contra a Nature-za. Seguiram toda a costa Africanaque já era conhecida, até ao Cabo daBoa Esperança. Chegaram a Melindea 15 de Abril, tendo sido muito bemrecebidos pelo Xeque que lhes deu umpiloto que conduziu a armada até Cal-cutá onde chegaram a 24 de Maio.

Estava assim descoberto o caminhomarítimo para a Índia depois de umaviagem de dez meses e meio.

Aí chegados, os Portugueses quetraziam consigo armas e outras mer-cadorias, estabeleceram trocas co-

merciais com este povo. Vieram daÍndia as especiarias que ainda hoje uti-lizamos na nossa alimentação.

Esta série, composta de oito selos,foi desenhada por Roque Gameiro,Manuel Pedro de Faria Luna, Silves-tre Correia Belém, João Vaz, José JúlioGonçalves Coelho e João Ribeiro Cris-

tino da Silva. Circulou de 1 de Abril a30 de Junho de 1898, em papel ponti-nhado leve, em losangos e denteado13 ½ a 16 de linha.

Aqui representado, está o selo de 5reis que faz parte da minha colecçãoe que ilustra a partida das naus do Tejoa caminho da Índia.

Paradoxalmente, é o próprio PR que,de quando em vez, tece elogios à deslocadae inconsequente actuação do Ministério

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22 DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007MÚSICA

Distorções

José Miguel [email protected]

Há cerca de dois anos conheci uma ban-da sueca da qual gostei imenso logo à pri-meira audição. Trata-se dos Shout Out Lou-ds, que nesse ano editavam o seu disco deestreia e com um título bem curioso: “HowlHowl Gaff Gaff”. Neste disco, estes rapa-zes de Estocolmo mostram uma banda quepratica uma sonoridade marcadamente

O músico Henry Grimes actua emCoimbra no próximo dia 2 de Novem-bro, com a formação Sublime Com-munication, no âmbito da programa-ção da segunda parte do festival Jazzao Centro.

No concerto, Henry Grimes (con-trabaixo e violino) vai ser acompanha-do pelo projecto Sublime Communi-cation, que conta com NewmanTaylor Baker na bateria e AndrewLamb nos saxofones e flauta.

Considerado “uma figura ímpar”deste género musical, Henry Grimesapresenta a formação que, em 2004,

DE 1 A 3 DE NOVEMBRO NO SALÃO BRAZIL

Festival Jazz ao Centrotraz grandes músicos a Coimbra

foi votada como “best jazz trio of theyear” pela New York Press.

Divulgada anteontem (segunda-fei-ra) em conferência de imprensa naCasa Municipal da Cultura, a progra-mação da 2ª parte do Jazz ao Centro- Encontros de Jazz de Coimbra/2007anuncia, para 3 de Novembro, um es-pectáculo de Elliott Sharp a solo.

Músico experimental, Elliot Sharpapresenta em Coimbra o seu “projec-to de reconversão para guitarra acús-tica das partituras de TheloniousMonk, um dos grandes ícones do jazze o mais aclamado pianista deste gé-

nero musical”.O cartaz desta segunda parte do

Jazz ao Centro - Encontros Internaci-onais de Jazz de Coimbra arranca a 1de Novembro com um concerto da ZéEduardo Unit, com Jesus Santandreu(saxofone tenor), Bruno Pedroso (ba-teria) e Zé Eduardo (contrabaixo).

Esta formação liderada pelo músi-co Zé Eduardo apresenta, durante ostrês dias do festival, o seu projecto “Ajazzar nos cartoons”.

Os espectáculos do Jazz ao Centrorealizam-se no Salão Brazil, na Baixada cidade, e são transmitidos em di-

recto pela Rádio Universidade deCoimbra.

Esta segunda parte do festival, or-ganizado pela Câmara Municipal deCoimbra e pelo JACC - Jazz ao Cen-tro Clube, não contou, segundo a or-ganização, com o apoio do Ministérioda Cultura.

De registar o persistente trabalhode divulgação que vem sendo feitopelo JACC - Jazz ao Centro Clube,que tem conseguido trazer a Coimbra,e a outros pontos do País, alguns dosmais conceituados compositores e in-térpretes do mundo do jazz.

PARA SABER MAIS:

www.shoutoutlouds.comwww.soulwax.comwww.2manydjs.free.fr

Shout Out Louds “Howl Howl GaffGaff” (Capitol)Shout Out Louds “Our Ill Wills” (BudFox)Soulwax “Most Of The Remixes...”(EMI)2 Many Dj´s “Radio Soulwax Live: GetYer Yo Yo´s Out (Live) “ (Waxed SoulRecords)

rock, como fica bem patente em temascomo “Seagull”, “Shut Your Eyes”, “100 De-grees”, “There´s Nothing”, “Please PleasePlease” ou o fenomenal “The Comeback”.Volvidos dois anos, e depois de uma fantás-tica actuação no Festival de Paredes deCoura na edição de 2006, editaram este ano“Our Ill Wills”, um disco onde estão maispatentes as suas influências do rock dos anos80, sobretudo dos The Cure de Robert Smi-th. Há dois temas que sobressaiem nestenovo registo. São eles: “Tonight I Have ToLive It”, o tema que abre o disco, e, ainda“Impossible”, que tem um travo mais latino,que, aparentamente, nada teria a ver com ouniverso sonoro dos Shout Out Louds, masque acaba por encaixar na perfeição.

Acaba de ser editado “Most Of TheRemixes...”, uma compilação que reúne asmelhores remisturas dos belgas Soulwax (abanda que inclui nas suas fileiras os irmãosStephen e David Dewaele), que reúne trin-ta e quatro temas, em dois cd’s, numa au-têntica parada de estrelas, que vai desde osGossip, aos Lcd Soundsystem, não esque-cendo os Muse, os Daft Punk, nem a “vete-

rana” Kylie Minogue e, muito menos, “Mr.Entertainment”, Robbie Williams. Há umpormenor que não passa despercebido aopúblico, que é o facto de a capa ser umaexplicação para o facto de algumas mixesnão estarem incluídas nesta compilação, al-gumas delas bem bizarras. É mesmo a nãoperder. Os irmãos Dewaele quando actu-am em formato dj-set dão pelo nome de 2

Many Dj’s, sobre os quais já escrevi aquivárias vezes e são uma das duplas de dj’sque mais admiro. Pois bem, descobri há diasno Amazon, um dj-set gravado ao vivo em2006 intitulado “Radio Soulwax Live: GetYer Yo Yo’s Out (Live)”, que recomendovivamente e é a sugestão da semana.

Shout Out Louds

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23DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007 INTERNET

IDEIAS DIGITAIS

Inês AmaralDocente do Instituto Superior Miguel Torga

GLIFFY

SPRESENT

FLASHEARTH

XTIMELINE

A Web 2.0 trouxe uma explosão de aplicativos dis-poníveis na rede alternativos aos tradicionais softwa-res de desktop. O Gliffy é uma dessas ferramentasque permite fazer diagramas, fluxos e outros dese-nhos através do browser. Para além das vantagensevidentes, permite a colaboração entre vários utiliza-dores, que podem trabalhar no mesmo diagrama emlocais geograficamente remotos.

O Gliffy permite exportar os desenhos criados emformato vectorial ou gráfico, permitindo a integraçãocom outros programas sem perder as característicasiniciais. Por outro lado, o Gliffy permite que os docu-mentos sejam publicados de forma simples em múlti-plos suportes, como blogs ou wikis. O tipo de docu-mentos que é possível criar com esta aplicação sãovariados: desde de diagramas de fluxo a protótiposde interfaces, plantas arquitectónicas, diagramas deredes outros desenhos mais simples. O único senão éo facto de só ser gratuito para os três desenhos. Paracontinuar a utilizar o Gliffy é preciso pagar. Ou entãodescarregar para o computador a versão desktop, masa sua vantagem é precisamente ser um aplicativoonline. E por isso mesmo, vale a pena o investimento.

GLIFFYendereço: http://www.gliffy.com/categoria: software

O Spresent é uma ferramenta online para criarapresentações e slideshows«, que utiliza flash mas quenão obriga a que o utilizador o saiba utilizar. Atravésdesta aplicação é possível trabalhar directamente nobrowser, reunindo todas as vantagens do PowerPoint.

É possível guardar os ficheiros online, na nossa con-ta, para que possam ser acedidos a partir de qualquerponto e de qualquer computador. As ferramentas pos-síveis de utilizar são simples e intuitivas, apresentando

inovações gráficas no que diz respeito a este tipo deaplicações. O dinamismo do flash introduz uma ima-gem mais profissional nas apresentações, sem o utiliza-dor ter de saber utilizar o programa. O serviço é gratui-to e também tem à disposição uma versão desktop.

SPRESENTendereço: http://www.spresent.com/categoria: software

CLEVR

Criar timelines pode ser um exercício interessante,independentemente do propósito. Os serviços que oXTimeline propõe são simples: explorar, criar e parti-lhar linhas cronológicas, de tudo o que é temática. Asferramentas para criar os cronogramas são graficamen-te apelativas e a aplicação é gratuita.

O XTimeline requer um registo prévio e a partir daíqualquer utilizador pode criar cronogramas. É possívelguardá-los de forma privada, partilhá-los com um gru-po de utilizadores específicos ou de forma global. Damesma forma, as timelines podem ser criadas indivi-dualmente ou em grupo, numa perspectiva colaborati-va. Os projectos realizados são categorizados e podemser discutidos se activarmos essa opção. Temos aindaa possibilidade de incluir o cronograma desenvolvidoem sites, através do código disponibilizado mas com oserviço de alojamento no servidor do XTimeline.

XTIMELINEendereço: http://www.xtimeline.com/categoria: software

O CleVR é um aplicativo online que permite criarfotografias panorâmicas. O slogan deste site é easyway of creating and sharing panoramic photos, eefectivamente é verdade. O serviço permite criar foto-grafias panorâmicas que depois podem ser impressas,publicadas na rede ou guardadas no nosso computador,da mesma forma que é possível guardá-las no CleVRe partilhá-las com todos os outros utilizadores.

A grande vantagem desta aplicação centra-se no factode normalmente serem necessários programas especí-ficos para criarem este tipo de trabalho, para além deser igualmente um requerimento o domínio de determi-nadas ferramentas. Com o CleVR qualquer utilizadorpode criar fotografias panorâmicas mesmo sem saberutilizar as ferramentas digitais necessárias, fazendo oupload para o sistema das imagens, que as coloca numa

perspectiva de panorâmica.

CLEVRendereço: http://www.clevr.com/categoria: software

JAY CUT

O Flashearth é uma espécie de Google Earth, masexclusivamente no browser. Tem também a vantagemde ir muito além do Google, já que consegue ser maisrápido, faz rotações no navegador, e utiliza a informaçãodo Microsoft VE, Yahoo! Maps e do sistema da Nasa.Convém visitar o site com a maior brevidade possível, jáque o utilizador é logo aviso que o Flashearth utilizaestes sistemas sem autorização oficial, o que nos faz pre-ver que não deverá estar online por muito tempo.

A utilização do sistema é muito simples: para definiro local que se pretende visionar basta clicar e arrastara imagem. Também é possível ajustar directamente ascoordenadas exactas, o zoom e proceder a rotações daimagem que está visível. Ter uma fotografia aérea danossa casa passa a ser algo perfeitamente simples, àdistância de dois ou três cliques.

FLASHEARTHendereço: http://www.flashearth.com/categoria: software

O Jay Cut é um editor de vídeo online que permiteque o utilizador edite e partilhe vídeos na rede. É possí-vel criar vídeos e slideshows de forma inteiramentegratuita. Por outro lado, uma das grandes vantagens étambém a possibilidade de fazer uploads ilimitados. Osefeitos possíveis são muito variáveis, o que torna estesistema muito atractivo.

A interface deste aplicativo online é muito simples,para além de ser possível aceder à conta de utilizador apartir de qualquer parte já que o serviço funciona viabrowser, requerendo apenas uma ligação à Internet. Épossível guardar os projectos para continuar a sua edi-ção mais tarde ou partilhá-los em espaços como o You-Tube ou weblogs.

JAY CUTendereço: http://jaycut.com/categoria: software

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24 DE 24 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2007TELEVISÃO

PÚBLICA FRACÇÃO

Francisco [email protected]

EXPECTATIVASE NOVAS ESPERANÇAS

Esta semana é posto em discussão pú-blica o novo contrato de concessão deserviço público de televisão. Luís Mar-ques, administrador da RTP, adiantou queem 2008 a oferta de canais da RTP podecrescer, já que o novo contrato para oserviço público “abre a possibilidade deter mais dois canais”, um dedicado aoconhecimento e outro ao ensino.

A revelação, verdadeiramente sur-preendente, foi feita à margem da con-ferência “Evolução do Serviço Públi-co de Televisão”, integrada na come-

moração do 50º aniversário da RTP. Nasessão de abertura da conferência, oministro dos Assuntos Parlamentares,Augusto Santos Silva, adiantou que “anova Lei da Televisão permite que aRTP lance dois novos canais” e queesta possibilidade estará prevista nonovo contrato de concessão que entra-rá em vigor a 1 de Janeiro de 2008.

Cria-se assim uma enorme expecta-tiva. Um canal dedicado ao Conheci-mento? Outro ao Ensino? A RTP pode,finalmente, dar um salto de gigante na-quilo que deve ser considerado o Servi-ço Público de Televisão. Mas, e aquivem sempre o “mas” que ensombra estepaís tão ensolarado, como e quando sedesenvolverão estes canais? Quem osproduzirá? Como serão distribuídos? Ocentralismo de que a RTP tem dadomostras tenderá a manter-se?

Expectativas e novas esperanças quetêm que ser muito bem geridas, não seaceitando protelações que possam reme-ter para mais tarde a efectiva criaçãodos referidos canais.

É certo que o momento é de desespe-ro. A evolução das novas formas de dis-tribuição de conteúdos e a interactivida-de obrigam a saltos em frente, rápidos,firmes e certeiros, para que o novo pú-blico em crescimento não se despeça tãodepressa dos, chamados, media tradici-onais. Mas mesmo assim, dois novoscanais de televisão, um dedicado ao Co-nhecimento e outro ao Ensino, constitu-em, nos tempos que correm, uma verda-deira notícia, abrindo portas a grandesexpectativas. Aguardemos.

A GUERRA

A RTP-1 tem os seus momentos de

óbvio Serviço Público. Não concordocom a ideia de que a Direcção de Pro-gramas não teve medo em apostar emformatos de entretenimento de quali-dade de forma a agarrar audiências.

“Dança Comigo” e “Operação Tri-unfo” sofrem, ou sofreram, dos mes-mos desvios que outras tantas produ-

ções dos canais privados. Não está emcausa o entretenimento, que parecesempre ser um espantalho agitado poralguns detractores da Televisão. Tra-ta-se da forma de como esse entrete-nimento é feito, de quem participa e,acima de tudo, de quem articula o es-pectáculo – produtores, guionistas, rea-lizadores e apresentadores.

O grande problema do entreteni-mento em televisão está na ideia deque para ser entretenimento tem deser básico, vazio e, muitas vezes até,

imbecil.A história do entretenimento em te-

levisão está cheia de exemplos destes.Mas, e é preciso não o esquecer, háigualmente um par de bons exemplosem que um pequeno nada fez toda adiferença. Um apresentador criativo enão pateta, uma realização em sinto-nia com o conteúdo, uma atmosfera queapenas se consegue com os ingredien-tes genuínos e nunca com produtosfalsos.

Às vezes, muito raras vezes, encon-traram-se todas estas componentesem doses certíssimas que produziramcriações geniais que agarraram o“grande público” (quando ele aindaexistia...). “Zip-Zip”, “A visita da Cor-nélia” e alguns dos momentos dos pri-meiros 15 anos de actividade de Her-man José, foram momentos históricosdo entretenimento da televisão emPortugal.

De nada vale dizer que os progra-mas de entretenimento na actual RTPforam cedências mínimas para nãoafastar audiências. Elas, as tais dosmilhões, ainda se ficam sem disparar otelecomando quando se dão com pro-

gramas como “A guerra”. A estreia dotrabalho de Joaquim Furtado captou 3milhões de espectadores, o que sómostra que quando a RTP quer, faz eobtém resultados.

“A guerra” é uma série sobre a Guer-ra Colonial, que utiliza imagens de ar-quivo e registos actuais, incluindo mui-tos depoimentos dos protagonistas queestiveram dos dois lados do confronto.

Uma série trabalhosa, possivelmen-te cara, mas que aproveita, provavel-mente, a última possibilidade de regis-tar a história contada por quem a vi-veu. Cá e lá.

“A guerra” só agora começou e vaiter que ser escrutinada ao longo dospróximos episódios. Trata-se de ummaterial altamente sensível, movendo-se perigosamente perto de feridas malcuradas ou não curadas de todo.

Este trabalho de longo fôlego de Jo-

aquim Furtado, o homem da voz da ma-drugada de Abril, pode contribuir parauma maior compreensão do que se pas-sou e até para esclarecer as novas ge-

rações que nada sabem do “ontem”.Mas pode igualmente reacender cha-mas que, não há muito tempo, queima-

ram demasiado os corações.Se a RTP se dedicasse seriamente

a ampliar o leque deste tipo de traba-lhos, estaria no caminho certo para aefectiva prestação de um serviço pú-blico de qualidade. Quem sabe se, deentre as forças que sempre se defron-tam nas tomadas das decisões, nãoemerge um novo caminho para RTP ?

Há uma outra série, esta de ficção,em exibição na RTP aos domingos ànoite – “Conta-me como foi” – queembora parta de um formato comum atelevisões estrangeiras, faz uma re-constituição muito cuidada de parte davida portuguesa no final dos anos 60do século XX.

Sinais positivos para ampliar? Queos canais do Conhecimento e do Ensi-no cheguem depressa!