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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE DESENVOLVIMENTO DA IDÉIA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS E O COMPROMETIMENTO DOS RECURSOS HUMANOS Por: Adriana da Silva Moço Orientador Prof. Nelson José Veiga de Magalhães Rio de Janeiro 2005 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DESENVOLVIMENTO DA IDÉIA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS

EMPRESAS E O COMPROMETIMENTO DOS RECURSOS HUMANOS

Por: Adriana da Silva Moço

Orientador

Prof. Nelson José Veiga de Magalhães

Rio de Janeiro

2005

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

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DESENVOLVIMENTO DA IDÉIA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS

EMPRESAS E O COMPROMETIMENTO DOS RECURSOS HUMANOS

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão

em Recursos Humanos.

Por: . Adriana da Silva Moço

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AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos a todas as pessoas que me auxiliaram no decorrer do meu curso.

Pessoas que me deram a mão em momentos difíceis

Pessoas que me incentivaram a seguir em frente, apesar das adversidades. Pessoas que foram meus olhos e ouvidos nas minhas ausências

Pessoas que me fizeram correr e fazer milagre com o tempo - escasso tempo Pessoas que me ensinaram a conhecer o mundo e saber que podemos

melhorá-lo Pessoas que me encantaram com suas aulas maravilhosas Pessoas que duvidaram que eu fizesse parte da estatística

Obrigada mãe sem você o que seria de mim?!!!

E acima de todos os agradecimentos, meu muito obrigada a DEUS por todos os meus momentos.

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RESUMO

O trabalho monográfico aqui apresentado procura fazer uma pequena

abordagem sobre a importância e ascensão da responsabilidade social

empresarial e analisar a estratégia de ação do setor de Recursos Humanos das

empresas socialmente comprometidas. Através da análise de conceitos como

Sociedade Civil, Estado, Ética e qualidade de vida. Ao final encontra-se análise

de caso envolvendo a empresa de calçados analisada que serve de

exemplificação dos pontos mostrados.

Ao desenvolvimento da idéia de Responsabilidade social nas empresas é

dada ênfase na transformação do conceito de qualidade total e de como a

filosofia das empresas está mudando em prol de um desenvolvimento sustentável

dentro da própria organização que transformou seu enfoque que antes era

apenas no lucro para uma maior preocupação com a qualidade de vida dos seus

colaboradores.

Abordando, portanto, como as empresas estão se comprometendo tanto

com o público interno como com o público externo usando a ética.

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SUMÁRIO

Introdução .................................................................................. 06

Capítulo I –

Desenvolvimento de idéias de Responsabilidade Social

das empresas ...................................................................... 09

Capítulo II –

Responsabilidade social corporativa – O que é?.............. 12

Capítulo III – Público alvo ........................................................................ 20 Conclusão .................................................................................... 23 Bibliografia .................................................................................. 25 Anexos ......................................................................................... 27 Índices ......................................................................................... 33

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INTRODUÇÃO

O assunto que será abordado neste trabalho tem seu destaque na

responsabilidade Social corporativa tendo como tema a ética e a

responsabilidade social desenvolvidas pelos Recursos Humanos e sua estratégia

de ação. O problema abordado será o modo como as organizações

desenvolvem suas ações em benefício de seus colaboradores utilizando o

conceito de responsabilidade social.

A responsabilidade social tem deixado de ser uma opção para as

empresas e tem se convertido em uma questão estratégica. No entanto, torna-se

cada vez mais complicado sair da teoria e dar início a prática. A relação com o

meio e as empresas tem uma importância fundamental diante desse cenário que

envolve a definição de qualidade de vida dos funcionários e da comunidade que

os rodeia.

Para desempenhar este papel se faz necessário seguir alguns passos.

Inicialmente tomar consciência da realidade da empresa. Em seguida entender o

conceito de responsabilidade social analisando o compromisso com a qualidade

de vida. Segundo Alice Tepper Marlin do Conselho de Prioridades Econômicas -

2001, “no ambiente dos negócios de hoje, a velocidade do transporte e das

comunicações têm aumentado, e os custos, caído de forma dramática...”

Cidadania Corporativa; Mcintosh, Leipzinger, Jones, Coleman; pág.IX; Editora

Qualimax

A atuação social das organizações não se limita a ações filantrópicas para

um determinado público. Atualmente engloba além dessas ações, as relações

com os s funcionários, fornecedores, clientes, ambientes e comunidade,

influenciando explicitamente no planejamento da gestão estratégica.

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Ao RH caberá saber como desenvolver as ações de forma estratégica

levando em consideração a realidade e os prazos resolvendo a questão benefício

para ambos: funcionário e empresa.

A hipótese deste trabalho gira em torno do aumento da preocupação com a

ética e responsabilidade social no mundo corporativo, contudo, ainda é conceito

pouco desenvolvido. São poucas as empresas certificadas pela AS 8000, norma

que certifica as empresas do ponto de vista do exercício da ética e da

responsabilidade social.

Com isso as organizações passaram a utilizar a responsabilidade social

como peça publicitária passando a divulgar suas políticas sociais e sua conduta

ética. Nesse jogo corporativo de normas e políticas internas surge uma nova

visão de qualidade de vida onde a empresa se vê “obrigada”a olhar para seus

funcionários.

Este estudo servirá para analisar os benefícios que a responsabilidade

social proporciona aos funcionários e como o RH desenvolve essas prioridades

que se tornam quase que obrigatórias traçando uma visão estratégica onde dois

objetivos são claros a “aparência da organização” e o “bem-estar dos

funcionários”.

Conteúdo dos capítulos

No capítulo 1 será abordado o desenvolvimento da idéia de

responsabilidade social nas empresas, contextualizando o tema sob a ótica da

ética empresarial.

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No capítulo 2 dando continuidade, será analisada a responsabilidade

corporativa dando ênfase na mudança do papel da empresa perante seus

colaboradores.

O capítulo 3 descreverá o publico assistido pelas empresas e suas

ações agora com a nomenclatura de cidadania corporativa.

Na conclusão será analisado o desafio que está se tornando realidade

perante as empresas socialmente responsáveis.

O anexo trata de um trabalho realizado por uma importante empresa de

calçados que servirá de exemplo para a consolidação dos assuntos propostos no

trabalho em questão.

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CAPÍTULO I

Desenvolvimento da idéia de responsabilidades social

das empresas

A mudança é eminente e clara, neste capítulo analisaremos o contexto que

engloba a gestão transformadora das organizações enfocando o papel seu

papel sociopolítico na perspectiva da responsabilidade social. Segundo Gilson

Karkotli a responsabilidade social que a organização tem por obrigação pode ser

identificada através de múltiplos aspectos. Desde a Revolução Industrial, a vida

do homem, no mundo capitalista em particular, tem girado em torno de uma

estrutura a qual se denomina empresa.

A prática da responsabilidade social nas empresas é uma tendência que

vem crescendo ao longo dos anos. Tal tendência pode ser considerada como

consequência das transformações do final do século ao mesmo tempo em que

surge como parte das soluções dos complexos problemas que estão sendo

gerados por essas mesmas transformações. Esse trabalho pretende fazer

considerações acerca do conceito de responsabilidade social corporativa

analisando a estratégia de ação do setor de Recursos Humanos, através de

pesquisa bibliográfica com uma breve análise de caso onde encontramos o

desenvolvimento de um projeto preocupado com a qualidade de vida da

sociedade ligada a uma grande empresa a de Calçados. A análise será feita a

partir de material enviado pela área de Recursos Humanos da empresa.

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A Responsabilidade Social tem deixado de ser hoje uma opção para as

empresas e se tem convertido em uma questão de visão estratégica. Existe

atualmente uma enorme pressão sobre a qualidade em relação com o meio e as

Empresas e seus líderes têm papel fundamental diante deste cenário que envolve

a definição da qualidade de vida de seus funcionários e da comunidade que os

rodeia.

Se a empresa, como espaço social, produz e reproduz esses valores, ela

se torna importante em qualquer processo de mudança de perspectiva das

pessoas; tanto das que nela convivem e participam, quanto daquelas com as

quais essas pessoas se relacionam. Assim, quanto mais empresas tenham

preocupações éticas mais a sociedade na qual essas empresas estejam

inseridas tenderão a melhorar no sentido de constituir um espaço agradável onde

as pessoas vivam realizadas, seguras e felizes.

Qualquer organização, independente do setor, atividade, tamanho, ou lugar,

tem liberdade para se instalar, se desenvolver e prosperar. Porém, tem em

contrapartida a obrigação de atuar como co-responsável pelo desenvolvimento e

bem-estar dos seus colaboradores e da comunidade na qual se encontra

inserida.

A empresa é responsável pelo relacionamento interno e externo da

organização. O ambiente, algumas vezes referenciado como meio ambiente,

meio externo, divide-se em interno e externo.(Karkotli & Aragão, 2004). Os

empregados e dirigentes estão inseridos no ambiente interno, no entanto, tais

grupos são claramente distinguidos pelo tipo de atividade que cada um

desempenha. Se por um lado cabe aos empregados as atividades da empresa

de modo que lhes sejam asseguradas salários justos e segurança no emprego,

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os dirigentes tem como responsabilidade a definição de políticas, objetivos e

metas, além da tomada de decisão, a postura ética sendo esses elementos

totalmente indispensáveis para garantir a operacionalidade e a sobrevivência da

organização.

A empresa responsável, engajada no seu ambiente é vista como uma

instituição sociopolítica, estando assim, inserida na comunidade em que atua.

Em outros tempos bastava que seus objetivos fossem aumento de produtividade

e dos lucros. Hoje sua realidade engloba muito mais do que os interesses dos

proprietários, dirigentes e trabalhadores. O que importa, também, são suas

ações quanto a qualidade de seus produtores e as conseqüências de sua

utilização, o padrão dos serviços prestados, a proteção e preservação do meio

ambiente e suas atividades quanto ao bem estar da comunidade (Karkotli &

Aragão, 2004).

Em um mundo globalizado onde temos o desenvolvimento de novas

tecnologias entre elas a de produção , da informação, e da comunicação quem

assume um papel de destaque é a responsabilidade social das organizações.

Mudando, inclusive, o enfoque antes centrado apenas no lucro. Passa a ser

importante, também obter formas de promover o bem-estar da sociedade como

um todo. Para maior credibilidade uma prática corriqueira entre as grandes

empresas brasileiras é a criação de institutos e fundações com a finalidade de

profissionalizar os investimentos sociais para a comunidade externa.

O desenvolvimento do conceito de Responsabilidade Social traz a tona uma

outra vertente que á a gestão da qualidade total (TQM) que está cada vez mais

ligada ao planejamento dos negócios da empresa. (Karkotli & Aragão, 2004). Tal

filosofia tem como objetivo a melhoria gradativa e continuada da produtividade de

cada setor da empresa utilizando todos os recursos financeiros e humanos

possíveis.

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CAPÍTULO II

Responsabilidade social corporativa – O que é?

2.1 – O que sabemos por empresa responsável.

Neste capítulo veremos que no que tange à dimensão organizacional, as

empresas praticam políticas de valorização da força de trabalho, traduzidas por

sistemas de avaliação de desempenho justos e honestos, por sistemas de

premiação e reconhecimento e por programas permanentes de educação e

treinamento. Segundo Alice Tepper Marlin, “a globalização impele importantes

desafios ao gerente de hoje. São necessárias abordagens globais que reflitam o

contexto local. Tornando-se melhores cidadãos corporativos, empresas podem

abordar questões tanto globais quanto locais ao mesmo tempo em que se

conectam de formas diferentes a consumidores, investidores e funcionários...” Os

resultados se refletem na qualidade, produtividade e competitividade da

empresa. É nesse momento que surgem novas idéias de modelos e sistemas de

gestão onde práticas avançadas de administração são exigidas para adaptar as

empresas à economia globalizada (Mcintosh, Leipziger, Jones, Coleman;

Cidadania Corporativa, Ed. Qualymark Ltda – 2001 – p. 11)

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Na dimensão social a empresa contribui para o fortalecimento da

sociedade e a construção da cidadania, participando de projetos comunitários,

de parcerias educacionais e programas de conservação de patrimônios públicos.

Aqui tem início a atuação dos programas aplicados pelo setor de recursos

humanos da empresa pois, na maioria das vezes, a organização utiliza seus

colaboradores para a prática do voluntariado.

A empresa socialmente responsável atua também na política trabalhando

de forma articulada com outras organizações, e contribuindo na identificação de

políticas públicas eficazes, na promoção do desenvolvimento e na construção da

cidadania. Esse esforço é voltado para a elaboração de normas fiscais e

institucionais destinadas a eliminar obstáculos ao investimento responsável, para

a geração de oportunidades de trabalho para todos, para os programas de

qualidade e produtividade dos setores público e privado, e, sobretudo, para a

auto-sustentação desses programas.

Karkotli & Aragão identificam alguns aspectos da responsabilidade social

corporativa com destaque em gerar valores para seus agentes internos, sejam

eles proprietários, investidores ou colaboradores, para que, em primeiro lugar se

justifiquem os recursos financeiros, humanos e materiais utilizados pelo

empreendimento; gerar valores para a sociedade; prestar informações

confiáveis; promover comunicação eficaz e transparente para com colaboradores

e agentes externos; recolher tributos devidos; racionalizar a utilização de recursos

naturais e adotar medidas de proteção e preservação do meio ambiente;

incentivar a participação de dirigentes e colaboradores, enquanto cidadãos., na

solução de problemas da comunidade; formar parcerias com outros organismos,

de governo e da sociedade civil, para identificar deficiências e promover o

desenvolvimento da comunidade onde está instalada.

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Essa mudança de paradigma não é nova. De acordo com a Teoria das

Organizações, as empresas são concebidas como importantes agentes de

promoção do desenvolvimento econômico e do avanço tecnológico, que estão

transformando rapidamente o nosso mundo numa aldeia global nos locais em que

o Estado não consegue cumprir o papel que lhe cabe. Com a crescente

interdependência de todos, o bem-estar da humanidade depende cada vez mais

de uma ação cooperativa em nível local e mundial. como diz Mcintosh, em

Cidadania Corporativa, Ed. Qualymark Ltda – 2001 – p. 38. Ao adicionar às

suas competências básicas um comportamento ético e socialmente responsável,

as organizações adquirem o respeito das pessoas e comunidades que são

impactadas por suas atividades, sendo gratificadas com o reconhecimento e

engajamento de seus clientes, em função da imagem que têm perante estes.

Ainda que o novo modelo pode representar uma mudança de paradigma, apesar

de estarmos falando de uma evolução radical, em vez de uma revolução.

2.2 – A Ética e a Responsabilidade Social

A responsabilidade social nas empresas é um misto de consciência e

competência onde seus objetivos estão ligados diretamente ao bem estar da

sociedade. Isso proporciona um trabalho real em que é possível e necessária a

inclusão de todas as forças da sociedade. Ter responsabilidade social é

incorporar valores éticos ao processo de decisões nos negócios, cumprir a

legislação e respeitar as pessoas, as comunidades e o meio ambiente. A

divulgação eficiente dos princípios adotados e das práticas socialmente

responsáveis da empresa serve ao duplo propósito de beneficiar a própria

empresa e de contribuir para a construção de uma sociedade melhor. A atuação

social das empresas já não se limita a ações filantrópicas eventuais para um

público específico. Agora, além destas ações, o conceito de Responsabilidade

Social inclusive todas as relações com funcionários, fornecedores, clientes,

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ambiente e comunidade, influindo de forma explícita no planejamento da gestão

estratégica (Mcintosh, Leipziger, Jones, Coleman; Cidadania Corporativa, Ed.

Qualymark Ltda – 2001 – p. 42).

O crescente aumento da complexidade dos negócios – fruto da

globalização e da velocidade dos avanços tecnológicos e das informações –

continua exigindo dos empresários novas formas de realizar suas transações,

além da busca por diferenciais competitivos e investimentos em novos processos

de gestão. Para responder a esse crescente desafio, governos, empresas e a

sociedade estão organizando-se a fim de encontrar soluções para um

desenvolvimento sustentável, englobando os aspectos econômicos, sociais e

ambientais. A sociedade brasileira também vem passando por um profundo

processo de reorganização nos últimos anos. O país está tomando consciência

de que o Estado é insuficiente para promover as soluções necessárias para os

problemas sociais, o que vem gerando, entre pessoas e empresas, uma maior

reflexão sobre o exercício da cidadania, avaliando seus problemas mais sérios e

descobrindo alternativas e soluções.

A sociedade está acostumada a ver as empresas como organismos

exclusivamente econômicos, onde seu único objetivo é produzir bens e serviços,

gerar empregos e distribuir lucros aos sócios e acionistas. Mas, como elas

utilizam recursos pertencentes a toda sociedade, elas possuem também uma

dimensão social. Assim, seu papel deve ser ampliado, adotando novas práticas

gerenciais que privilegiem não só o êxito dos negócios, como também os

aspectos sociais, ambiental e humano.

“Responsabilidade social corporativa é o comprometimento permanente dos empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando, simultaneamente, a qualidade de vida do seus empregados e de suas famílias, da comunidade e da sociedade como um todo.” (compilado site Instituto Ethos – www.ethos.org.br)

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É a mais “delicada dimensão” do desenvolvimento sustentável, calcada em

valores fundamentais da vida em sociedade, tais quais os direitos humanos, os

direitos dos empregados, a proteção ambiental, o envolvimento comunitário, a

relação com fornecedores, o monitoramento e avaliação de desempenho e os

direitos dos grupos de interesse. Portanto, é natural que se conclua que a

responsabilidade social corporativa permeia os três pilares do desenvolvimento

sustentável, englobando tanto a dimensão social como a economia e o ambiental.

Assim, é certo dizer que uma empresa que se pretenda competitiva em um

mundo globalizado deve satisfação não apenas aos acionistas, mas também à

sociedade representada pelos diferentes grupos de interesses, envolvendo uma

verdadeira cadeia, da qual fazem parte as associações de moradores, ongs,

grupos religiosos, legisladores, governo, empregados, fornecedores e

consumidores, entre outros.

Conceituar globalização torna-se essencial, mesmo tendo vários autores

que tratam de forma diferente o termo. Se formos levar em consideração as

mudanças permanentes do mundo atual e no que se tornou a humanidade, nesse

momento sem distância que impeça o indivíduo de executar tarefas seja onde for

e como for, “... a globalização pode ser definida como a intensificação das

relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal

maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a

muitas milhas de distância e vice-versa...” GIDDENS, Anthony. As conseqüências

da pós-modernidade. São Paulo: Unesp, 1997, p. 69

A globalização é um fator de transformação “... a transformação local é tanto

uma parte da globalização quanto a extensão lateral das conexões sociais

através do tempo e do espaço...” GIDDENS, Anthony. As conseqüências da pós-

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modernidade. São Paulo: Unesp, 1997, p. 70. Se for assim que a globalização

está inserida em nossas vidas, também atuação crescente dos membros e

organizações representantes da sociedade civil estimula o surgimento da

responsabilidade social empresarial, pois cada vez mais os empresários notam

a necessidade de uma maior preocupação com o social, e por outro lado, a

própria sociedade passa a aprovar tal atitude retornando com o consumo de

produtos ligados a essas empresas.

Analisando pesquisas e reportagens a respeito podem observar que Brasil

se destaca como uma promissora área para o desenvolvimento de atividades

voluntárias. Educação, Saúde e Segurança encabeçam a lista das áreas que

mais recebem pessoas comprometidas em estabelecer melhores condições de

vida e sobrevivência entre as diferentes camadas da sociedade. A crescente

participação das empresas e projetos voluntários auxilia nesse desenvolvimento

fazendo com que cada vez mais líderes voluntários que atua em empresas

engajadas em projetos sociais. É certo que as organizações empresariais trazem

em si o grande potencial de mudar e melhorar o ambiente social, devido à sua

riqueza acumulada. Por isso a proliferação de terminologias ligadas a este fim:

cidadania empresarial, filantropia estratégica, solidariedade corporativa e a

própria responsabilidade social.

Cabe aqui alguma conceituação. A cidadania empresarial diz respeito a

uma atitude ativa que as entidades privadas devem ter diante dos vários

problemas existentes na comunidade à qual pertencem. As corporações têm

responsabilidades semelhantes a um indivíduo com uma relação de direitos e

deveres no seu âmbito de relações. Já o termo solidariedade remete à idéia de

que a qualidade de vida da sociedade, depende do grau com o qual cada um de

seus integrantes se preocupa com o bem-estar de seu próximo. A filantropia é a

ação ou a atitude daqueles que são solidários, onde o termo solidariedade, vem

a ser mais do que caridade ou doação, pois traz em seu interior a idéia de

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reciprocidade de uns para com os outros, em direitos e obrigações.

IOSCHPE,Evelin et al., 3ª setor. Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro:

Paz e Terra, 1997 p.25

Sabemos que as empresas têm como objetivo principal a obtenção de

lucro. No entanto, atualmente vem se notando a presença de uma filosofia de

participação e um maior senso de responsabilidade social. Se, por um lado,

existe todo o esforço voltado para a obtenção de lucro, cumprindo por si só sua

função social, por outro, surge a idéia oposta onde a responsabilidade social

teria que ir além do lucro se preocupando com o desejo da sociedade.

Ainda há um grande confronto entre essas idéias. Alguns estudiosos

acham que as empresas não se encontram em posição de saber o que é melhor

para todos os interesses, e que a partir do momento que começarem a se

preocupar com as questões sociais haverá uma diminuição nos lucros e na oferta

de serviços econômicos que constituem, segundo sua visão, missão social de

uma empresa privada. Ocorre que tais argumentos se enfraquecem quando são

confrontados com análises mais profundas como a que diz que a

responsabilidade social é considerada quase como uma “obrigação” onde as

empresas e todos que nela trabalham, deveriam se portar de forma socialmente

responsável, mesmo que isso resultasse em despesas, pois a ação social em si

seria moralmente correta. É certo que apesar dessa tendência ser cada vez

maior no meio empresarial deve-se levar em consideração o fato de que algumas

empresas, apesar de conscientes de seu papel social, entram por uma linha dita

“instrumental” onde consideram haver uma relação de ganhos para a organização

que sabe aliar comprometimento social à sua performance econômica. Seria

uma forma de melhorar a reputação da empresa adquirindo vantagens no

mercado globalizado. Como o estudo de Gilson Karkottli e Sueli Duarte Aragão

em Responsabilidade Social,2004, o que na verdade deve ser observado

observar é que as organizações privadas não se transformaram em empresas

filantrópicas, o que seria um erro dizer, levando-se em consideração o mundo

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cada vez mais competitivo em que vivemos. A busca do lucro sempre será seu

objetivo maior, no entanto, as empresas tendem a ter atitudes socialmente

responsáveis durante o processo de obtenção dos lucros, e não após consegui-

los. São empresas de sucesso sustentado que participam significativamente em

seu mercados e foram feitas para ter uma maior durabilidade. Atualmente uma

organização ética ganha confiança no mercado. Revista Exame – Guia de Boa

Cidadania Corporativa. SãoPaulo: Editora Abril, 2003

Vale dizer que não há responsabilidade social sem ética. Não adianta uma

empresa, por um lado pagar mal seus funcionários, pagar propinas a fiscais do

governo, e, por outro, desenvolver programas junto à entidades sociais da

comunidade. Gilson Karkotli diz em Responsabilidade Social, 2004, que é

preciso que haja coerência nas atitudes empresariais. Ter responsabilidade

social é incorporar valores éticos ao processo de decisões nos negócios, cumprir

a legislação e respeitar as pessoas, as comunidades e o meio ambiente. A

divulgação eficiente dos princípios adotados e das práticas socialmente

responsáveis da empresa serve ao duplo propósito de beneficiar a própria

empresa destacando-a aos olhos do consumidor e aumentando sua capacidade

de contribuir para a construção de uma sociedade melhor.

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CAPÍTULO III

Público Alvo

Este capítulo descreve o público alvo da nova cidadania corporativa que

segundo Mcintosh está se desenvolvendo como uma das conseqüências da

globalização. O apóio que as empresas dão à comunidade pode ser definido em

respeito e proteção ao meio ambiente; em investimentos nas áreas de

educação, saúde, cultura e lazer; promoção de atividades que incentivem e

auxiliem a erradicação da pobreza, de miséria e da violência; apoio a projetos

sociais em andamento e colaboração para a criação de mecanismos de auto

sustentabilidade desses projetos. É normal vermos empresas que se preocupam

com o impacto social de cada ação ou projeto por ela apoiados, e que tenham

alguma ligação ou afinidade, com os objetivos e a missão da empresa. Para se

tornarem socialmente responsáveis, elas assumem, dentre outras coisas,

compromissos com a comunidade. É a empresa que diz onde e como irá

participar e apoiar a comunidade.

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“Todas as organizações devem ser econômicas, seja qual for a origem da receita, da venda de automóveis ou jornais, de doações à caridade ou de fundos governamentais centrais/locais, elas devem se manter viáveis e operar dentro do seu contrato social. Todas as organizações devem divulgar prestações de contas certificadas, regidas por critérios acordados..”. . (Mcintosh, Leipziger, Jones, Coleman; Cidadania Corporativa, Ed. Qualymark Ltda – 2001 – p. 43

A criação de institutos e fundações está se tornando uma atividade comum

entre as grandes empresas brasileiras. Como conseqüência da proliferação da

idéia de “empresa-cidadã” surgem organizações que percebem o valor da

responsabilidade social na gestão da empresa. Para orientar as empresas na

constituição e organização dessas atividades, existe Instituto Ethos que é “uma

associação sem fins lucrativos, que visa mobilizar sensibilizar e ajudar as

empresas a gerirem seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-

as parceiras na construção de uma sociedade mais próspera e justa...” (Instituto

Ethos). Segundo o próprio Instituto Ethos a empresa se associando contribui para

a promoção e disseminação de práticas empresariais socialmente responsáveis,

ajudando a sociedade a alcançar um desenvolvimento social, econômico e

ambiental sustentável. Além disso, entre outras vantagens, a empresa passa a ter

acesso, através do Instituto Ethos, a informações atualizadas sobre ações

empresariais socialmente responsáveis e terá a oportunidade de participar de

seminários e encontros que promovem trocas de experiência.

O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA) avalia desde 1999 a

atuação de empresas privadas em ações sociais. A pesquisadora Anna Maria

Medeiros realizou uma pesquisa sobre o envolvimento social das empresas

privadas. Sua análise passou pelos aspectos éticos onde ela cita a importância

do comprometimento da empresa com os resultados de sua atuação a longo

prazo. Em sua pesquisa foi feito um levantamento de todas as empresas

privadas utilizando-se do cadastro do Ministério do Trabalho, através da RAIS –

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Relação Anual de Informações Sociais. Com base nesse cadastro foram feitas

amostras com representatividade estatística em relação às empresas por porte,

setor de atividade e localização. A amostra contou com cerca de 1800 empresas

de cada uma das regiões do país, representando todo o universo das empresas

privadas formalizadas com um ou mais empregados. Foi constatado que em

relação às comunidades, os empresários tendem a focalizar populações mais

carentes. Muitas vezes as beneficiadas são as comunidades vizinhas das

empresas. Na medida em que crescem, as empresas voltam suas ações sociais

para a educação. Quanto ao pensamento dos empresários em relação à questão

social foi observado que este pensamento está relacionado à questão

humanitária, melhorar a relação com a comunidade vizinha e a imagem da

empresa e aumentar a satisfação dos funcionários. Tais considerações levam a

crer que a responsabilidade social está cada vez mais presente no

desenvolvimento das corporações a ponto de observarmos projetos de educação

ambiental, ao mesmo tempo em que se procura minimizar os riscos para a

natureza no processo produtivo. Ou ainda, defender os direitos das crianças e

convencer fornecedores a erradicar o trabalho infantil. (IPEA, Informe –2002)

Como exemplo, pode ser citado o projeto desenvolvido pelo grupo

SERASA, empresa de análise e informações que desenvolve projetos na área de

responsabilidade social voltada para o bem estar da sociedade. Conta com a

participação de cerca de 40% dos integrantes da empresa e contribui para mais

de 50 instituições assistenciais. Seus projetos estão ligados a trabalhos

realizados no campo do provimento de alimentação, vestuário, higiene,

medicamentos, teto e conforto para crianças, idosos e famílias carentes de

instituições idôneas e respeitadas. Exemplificando suas ações podemos citar

alguns projetos:. Qualidade de vida de um empresa de crédito – a empresa

promove diversos programas e ações voltados à saúde, bem estar e satisfação

pessoal;. Patrocínios culturais – apoio a diversificadas iniciativas culturais;.

Formação de profissionais especializados; Bancos de talentos, Associação viva

o Centro, patrocinando a preservação e revitalização do centro Histórico de São

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Paulo, Formação para o Prêmio Nacional da qualidade; Palestras e Seminários

entre outros.

No anexo, o exemplo da Empresa de Calçados será analisado em detalhe,

buscando mostrar como os elementos comentados anteriormente se expressam

concretamente no trabalho desta empresa.

CONCLUSÃO

Atualmente os fatores que englobam o trabalho da sociedade civil em prol

da sociedade são variados. Seja na parte econômica, política e social são

apresentados projetos que viabilizam uma melhora nas necessidades dos

indivíduos. O que possibilita uma melhor adaptação ao contexto globalizado atual

é certo, no entanto, que ainda há muito por fazer.

O apoio empresarial à comunidade vem em forma de proteção do meio

ambiente, na promoção de atividades que incentivem a erradicação da pobreza,

da violência e da miséria, em investimentos nas áreas de educação, saúde,

cultura e lazer. As empresas ainda dão apoio e colaboração à projetos em

andamento promovendo a auto sustentabilidade dos mesmos.

O desafio das empresas que querem ser mais participativas e socialmente

responsável vem a reboque da busca de reconhecimento no mercado. Isso é

observado claramente. Mas é observado também que há uma preocupação em

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desenvolver mecanismos de interação democrática com seus parceiros.

Parceiros aqui são tanto os empresários e acionistas, como os funcionários e

seus familiares. Apesar de haver necessidade de ampliar as ações que

viabilizam um diálogo mais direto entre a sociedade civil e as empresas. As

empresas levam muito em conta o impacto social e que esses projetos tenham

alguma ligação ou afinidade com os objetivos e a missão da empresa. Esse

ponto foi observado até mesmo no bem sucedido projeto da Azaléia. Mesmo

assim, a presença de institutos e fundações nesse processo prova que a busca

pela profissionalização é uma constante no meio empresarial que atualmente

está voltado para o desenvolvimento de um futuro com mais oportunidades e

chances de escolha.

A responsabilidade social corporativa tende a ser uma parceria com o

governo e ainda com entidades do 3º setor. O potencial dessa união possibilita o

benefício das empresas privadas que têm condições econômicas de viabilizarem

o fortalecimento do cumprimento da verdadeira cidadania.

A responsabilidade social surge como uma espécie de “salvação”, mesmo

que em longo prazo. Pois a forte concentração de renda, de desigualdade social

e até mesmo do desequilíbrio ecológico está levando a humanidade a refletir

sobre seu futuro. Alguns fatores são essenciais para esse amadurecimento,

porque a empresa, embora tenha grande poder, tem uma baixa possibilidade de

ação social para produzir, sozinha, resultados que mudem positivamente o

mundo. O consumidor, o executivo, o líder de opinião, o governo e a mídia é que

impulsionam as empresas a direcionarem suas ações e atividades.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BAUMAN, Zygmunt. O Mal-Estar da Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1996. DAGNINO, Evelina. Sociedade Civil e Estados Públicos. São Paulo: Paz e Terra, 2002. GIDDENS, Anthony. As Conseqüências da Pós Modernidade. São Paulo: Unesp, 1997. MCINTOSH, Leipzinger, Jones, Coleman. Cidadania Corporativa.: Qualitymark Editora Ltda, 2001. IOSCHPE, Evelyn et al., 3º Setor: Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. VIEIRA, Liszt. Os Argonautas da Cidadania – A Sociedade Civil na Globalização. Rio de Janeiro. Record, 2001.

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FESTER, Antonio Carlos Ribeiro. Direitos Humanos um debate necessário. São Paulo: Brasiliense, 1989. KARKOTLI, Gilson; ARAGÃO, Sueli Duarte. Responsabilidade Social. Rio de Janeiro: Vozes, 2004. FROES, César; NETO, Francisco Paulo Melo. Responsabilidade Social e Cidadania Empresarial: a administração do terceiro setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. DIREITO ESTADO E SOCIEDADE nº 17, Pontifícia Universidade Católica. Rio de Janeiro, 2000. INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA, Rio de Janeiro, 2000. EXAME. Guia de Boa Cidadania Corporativa. São Paulo: Editora Abril, 2002. INSTITUTO ETHOS. Os novos Desafios da Responsabilidade Social Empresarial

TORRES, C. "Responsabilidade social e transparência". In: Orçamento e democracia. nº10, ano VI, Rio de Janeiro: Ibase, 1998.

Webgrafia: www.ethos.org.br www.terceirosetor.com.br www.rits.org.br www.ibase.org.br

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ANEXOS

Índice de anexos

O estudo a seguir foi extraído do setor de recursos humanos de um

conhecida empresa de calçados. Tal estudo poderá ilustrar o que vem a ser oi

desenvolvimento de programas ligados a responsabilidade social e o setor de

recursos humanos.

Anexo 1 >> Programa Construindo o futuro

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ANEXO 1

Estudo de Caso empresa de Calçados referenciado no texto

“ Construindo o Futuro ”

A Empresa Calçados é uma empresa onde é representada a ética como

sua estratégia de negócio. “A boa relação da empresa com seus funcionários é,

na verdade, muito mais que uma questão de justiça. É uma questão de

resultados. Nos últimos três anos não houve nenhum acidente grave nas fábricas,

e os afastamentos por motivos de saúde caíram 75%. Funcionários saudáveis,

com mais escolaridade e tranquilos em relação aos filhos estão menos sujeitos a

acidentes, produzem mais e são mais felizes...” (Exame: Guia de Boa Cidadania

Corporativa. São Paulo: Editora Abril, 2002 p.12)

Preocupado com a propagação da responsabilidade social, o grupo

vem desenvolvendo projetos de capacitação que auxiliem no desenvolvimento

dos seus funcionários e colaboradores. Aqui teremos um exemplo típico de

atuação social dentro dos limites da empresa. Preocupados com seus

funcionários e familiares a quem chama de “colaboradores”, a Empresa de

calçados trabalha para atingir seu principal objetivo – a construção de uma

relação capital-trabalho transparente. Sem dúvida um projeto modelo que se

tornou referência dentro da área de Recursos Humanos. Nossa proposta não é

analisá-lo criticamente e sim descrevê-lo juntamente com os resultados

alcançados.

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Qual é a idéia?

O projeto tem como base a filosofia da empresa:

"Trabalhar com Visão de Crescimento sendo Justo, Honesto e Humilde".

Objetivos:

- Estabelecer uma verdadeira parceria entre Capital-Trabalho / Empresa-

Funcionários.

- Desenvolver uma política empresarial-industrial com sistemas e métodos

inovados. O fim das esteiras. É a implantação das atividades em pequenos

grupos; é o trabalho humanizado, uns com os outros, cooperação, consenso

e união.

- Desenvolver uma política social, consistente, coerente e justa.

- Promover os colaboradores sob o prisma de três óticas: como pessoas,

como profissionais e como cidadãos.

- Praticar de fato a gestão participativa, através de Comissões e

Subcomissões, constituídas de representantes de todos os setores da

empresa.

- Garantir a participação dos resultados.

- Motivar os colaboradores para um comprometimento e engajamento pessoal

e profissional no sentido da melhoria contínua quanto à Qualidade e

Produtividade.

- Constituir-se num pilar de sustentação do Programa de Qualidade e Produtividade - . (Compilado do Balanço Social 2001 Calçados S.A.)

Segundo uma pesquisa interna realizada, na empresa, em 1991, na qual

todos os funcionários participaram, as maiores reivindicações, em ordem de

prioridade foram:

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Saúde, Habitação, Educação, Transporte e Segurança. Neste sentido, a Diretoria

da Empresa solicitou ao Setor de Recursos Humanos que fossem elaborados

Planos e Programas que atendessem às expectativas.

Foram criados: O Plano de Saúde Integral - , que atende do dente, da

lente até ponte de safena - portanto, saúde integral, a todos os funcionários e

filhos até 10 anos de idade.

A Empresa de calçados já construiu 334 casas populares, e, novamente

está planejando seu Plano de Habitação.

A Educação é uma das ferramentas essenciais do Projeto.

A Educação atende desde o Berçário até a Universidade. No Centro

Pré-Escolar, chamado de Creche, são atendidas crianças de 0 a 6 anos. Neste

momento são 720 crianças.

“Educação das gestantes. Às gestantes é dado um Curso onde as

futuras mães aprendem noções básicas de profilaxia de doenças infantis,

cuidados durante a gravidez, como alimentar, tratar e educar adequadamente

seus filhos. Também, durante o curso, confeccionam o enxoval de seu filho”.

No Centro de Desenvolvimento Vocacional - os filhos de funcionários, de

7 a 15 anos, recebem educação complementar à da escola formal. Teatro,

Música, Biblioteca, Laboratório, Oficinas, Artesanato, Educação Ambiental e

Educação Física e Esportes.

No Centro de Desenvolvimento Profissional - filhos de funcionários e da

comunidade, de 15 a 17 anos, recebem Educação Profissional no Curso Básico -

Multioperacional de Calçados.

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O Curso tem caráter teórico-prático. De 2ª às 5ª-feiras, os alunos

recebem formação profissional nas operações básicas em corte, costura e

montagem. Sextas-feiras, aulas de Português, Matemática, Estudos Sociais,

Ética e Cidadania, bem como, cursos básicos de Micro Informática. Sua duração

é de um ano.

Para resgatar e promover a Educação Geral de seus funcionários foram

criados os Cursos Supletivos de 1º e 2º Graus. São 750 funcionários que

freqüentam estes cursos. Os cursos têm autorização oficial de funcionamento,

por parte do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul. Agora

também, funcionam os Cursos Técnicos, em nível de 2º Grau em Artes Gráficas,

Química, Calçados, Eletromecânica, Processamento de Dados, Contabilidade e

Administração. Todos os cursos têm uma disciplina em comum: Organização

Empresarial Moderna - onde os alunos são familiarizados com os novos sistemas

e métodos de trabalho bem como com a Ética e a Filosofia da empresa.

Funcionários que desejam freqüentar Cursos Superiores recebem um

financiamento de 80% de duas disciplinas, por semestre. Em caso de

aprovação, o financiamento se transforma em doação. Existe ainda o Centro de

Idiomas - : Inglês, Espanhol. Centro de Introdução à Informática - .

O Projeto Pró Educar recebeu o Prêmio Nacional do Ministério de

Educação, Qualidade do Trabalho e Educação de Jovens e Adultos.

Diariamente, milhares de funcionários são transportados por frota própria de

ônibus e outras empresas contratadas para tal fim.

Quanto à Segurança, a empresa desenvolveu programas de Educação e

Treinamento através da CIPA, Medicina e Engenharia de Segurança do Trabalho.

O Pro-Sol e o TPM - Quebra zero-máquina e quebra zero-homem, vem atingindo

resultados altamente satisfatórios.

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Recentemente foi criado o Clube dos Aposentados, com o o objetivo de

assegurar o vínculo com a empresa, conferindo segurança, apoio e

reconhecimento àqueles que deram o melhor de si para o sucesso da empresa.

Através do Plano de Qualidade e Produtividade os funcionários

participam dos resultados da empresa.

A empresa não produz calçados infantis, mas, por diversos anos, a Empresa

patrocinou o "Criança-Esperança" da UNICEF e da Rede Globo.

Temos uma consciência clara de que cada criança brasileira é uma

Possibilidade e Esperança.

Todos nós devemos apostar nisto. Embora promoções não resolvam,

elas, ao menos, movem e comovem. Esperamos que mobilizem para

as necessárias mudanças estruturais.

A diretriz do Diretor Presidente, Nestor Herculano de Paula, "Tem

Gente atrás da Máquina" está sendo perseguida.

O que se busca é a humanização vertical do Ser Humano, de sua

Qualidade como pessoa, profissional e cidadão.

Lembrando que a Qualidade do produto é o resultado destas três

premissas citadas. Qualidade de VIDA INTEGRAL. Esta é a meta para

todos - Empresa, Funcionário, Cliente, Comunidade e País.

O Futuro é de quem acredita e faz!

ERNEST SARLET

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ÍNDICE

Introdução 06

Capítulo I –

Desenvolvimento de idéias de Responsabilidade Social

das empresas 09

Capítulo II –

Responsabilidade social corporativa – O que é? 12

2.1 O que sabemos por empresa responsável 12 2.2 A ética e a responsabilidade social 14 Capítulo III – Público alvo 20 Conclusão 23 Bibliografia 25 Anexos 27 Índice 33

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