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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A Importância do Planejamento de Aula no Ensino Superior Por: André Luis Ricote dos Santos Orientador Prof. Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A Importância do Planejamento de Aula no Ensino Superior

Por: André Luis Ricote dos Santos

Orientador

Prof. Marcelo Saldanha

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A Importância do Planejamento de Aula no Ensino Superior

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Docência do

Ensino Superior...

Por: André Luis Ricote dos Santos

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AGRADECIMENTOS

....aos meus colegas de curso que me

ajudaram durante todo o período, e aos

Professores pela grande contribuição

que levo comigo.

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DEDICATÓRIA

.....Dedico a minha família pelo apoio

neste novo desafio que é poder me

desenvolver como um Professor, pela

paciência e amor.

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RESUMO

O trabalho que segue visa avaliar o cenário atual Universitário, entender

o papel do Planejamento e para quem é importante e as práticas de

Planejamento.

O ponto central visa trabalhar com a visão atual de Mercado para as

Universidades, onde temos hoje uma grande variedade de cursos, com forte

demanda de novos profissionais com capacitação técnica no assunto, mas

sem o completo preparo pedagógico e didático.

O que foi possível observar que o Planejamento é imprescindível, não

só para o aluno, mas para o professor e as Universidades, logo o caminho sim

é que os profissionais busquem se capacitar e trabalhar nas técnicas

disponíveis de como transmitir o conhecimento.

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METODOLOGIA

Neste trabalho a metodologia envolvida se baseou no estudo de livros,

revistas e artigos, para poder buscar opinião teórica sobre o Planejamento de

Aula. Este momento foi bastante importante por ser de uma área bastante

distinta do meio acadêmico, me ajudou a entender e me aproximar do assunto

e passar inclusive a entender a importância do meu próprio desenvolvimento

neste tema, para meu futuro. Trabalhei também com avaliações feita a

Professores (IAVM) e Alunos (IAVM, Ibmec, FGV), quanto a uma visão mais

prática sentida pela correta ou incorreta aplicação e preparação de um

programa de Aula, bem como entender as principais oportunidades deixadas

pela falta de um Planejamento.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - O momento da Universidade Atual 11

CAPÍTULO II - A quem interessa o Planejamento 24

CAPÍTULO III – O Plano de aula 27

CONCLUSÃO 32

ANEXOS 33

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 47

BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) 48

FOLHA DE AVALIAÇÃO 49

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INTRODUÇÃO

O tema desta monografia sobre o Planejamento de Aula no Ensino

Superior. A ideia principal do trabalho é entender a importância do Plano de

Aula no Ensino Superior. Estamos vivendo um momento de forte abertura de

cursos Superiores e de uma grande quantidade de Instituições, onde a

demanda por Professores tem se tornado grande, mas a qualificação não

consegue atender na mesma velocidade. Desta forma muitos profissionais com

forte conhecimento técnico têm assumido salas de aula, mas sem didática e

sem a preocupação com o Planejamento.

Portanto este trabalho busca entender a real importância do Plano de

Aula, como preparar o Professor a entender como montar e principalmente

avaliar se os conteúdos estão atendendo as rápidas necessidades de

mudança que o Mercado vem exercendo sobre as Instituições de Ensino.

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CAPÍTULO I

O MOMENTO DA UNIVERSIDADE ATUAL

1.1 – Uma visão Geral

No momento político atual, a sociedade brasileira colocou as

universidades públicas na pauta das transformações institucionais necessárias

para assegurar o futuro da autonomia do país na produção de ciência e

tecnologia. Trata-se de uma mudança imperativa, pois, no Brasil, é dentro das

universidades e dos centros de pesquisa públicos que se realiza a maior parte

das investigações e do desenvolvimento tecnológico. Ninguém duvida

de que o maior insumo da riqueza mundial hoje é a produção de

conhecimento.

O mundo da ciência e tecnologia mudou muito nos últimos 30 anos,

contribuindo para inúmeras transformações na economia, na vida social e no

campo cultural. Os grandes avanços atuais foram construídos a partir dos

acelerados passos dados pela tecnociência da informação, da comunicação,

da informática e da biotecnologia. As transformações tecnológicas são hoje

uma espécie de frontispício da pós-modernidade. As mudanças provocadas

pela ciência e tecnologia foram de tal ordem que muitos autores começaram

a chamar o momento atual, primeiro, de sociedade da informação; depois, de

sociedade do conhecimento, e hoje já se usa falar em sociedade aprendente,

acentuando-se o caráter mutante e dinâmico dos produtos científicos.

Tudo isso afeta as instituições de ensino e pesquisa, cujas necessidades de

transformações não podem ser saciadas apenas com ajustes de percurso. Não

se trata de reviravolta passageira: essas transformações não têm retorno e

tendem a se acelerar.

Um diagnóstico é necessário. No caso das instituições públicas, vivencia-se

uma redução do papel do Estado na economia, o que leva a uma queda dos

recursos destinados a custeio e a pessoal. E ao mesmo tempo, observa-se o

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crescimento dos dois outros lados das instituições-esteios do mundo moderno

e pós-moderno: mercado e sociedade civil, inclusive na produção de C&T. O

incremento da sociedade civil sem fins lucrativos é geométrico. Esse nicho

social já movimenta hoje cerca de um bilhão de dólares na economia brasileira.

Cada vez mais se exercita uma diferenciação entre o que é público e o que é

estatal e se promove uma aproximação maior, em todo o mundo, entre

empresas privadas, ONGs e entidades públicas.

Para o enfrentamento das mudanças, as instituições de ensino e pesquisa

criadas no modelo da sociedade industrial evidenciam muitas defasagens:

a) faltam instâncias específicas de gestão voltadas para o avanço do

conhecimento e de sua aplicação;

b) faltam metas institucionais claras e que atinjam e incorporem cada um e a

totalidade de seus membros;

c) inexistem incentivos para transformações mais ousadas;

d) permanece a rigidez departamental que atua por controle de processos, de

forma burocrática, tendendo a reproduzir pessoas e a valorizar formas de

conhecimento fragmentadas;

e) domina a política do pequeno poder, sobretudo do democratismo.

A condição pós-moderna da ciência e tecnologia exige novas modalidades de

organização do trabalho fundadas na autonomia, criatividade e

responsabilização dos atores; na flexibilidade de funções; em formas abertas

de identificação de demandas sociais e de incorporação dos demandantes no

ciclo de produção e na maleabilidade das formas organizativas.

No momento em que o governo e as próprias instituições universitárias estão

convocados a produzir mudanças institucionais, os autores e colaboradores de

Ciência & Saúde Coletiva precisam mobilizar sua criatividade, contribuir e

ousar!

Podemos dar inúmeras definições para motivação. Uma delas, de

Berelson & Steiner (1964), é a seguinte: “ Motivação é um estado interno que

dá energia, torna ativo ou move o organismo, dirigindo ou canalizando o

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comportamento em direção a objetivos ” (p.89). Outra, mais diretamente

relacionada com a motivação no trabalho, conforme Heckhausen, diz que:

“ Motivação é o empenho de aumentar ou manter tão alto

quanto possível a capacidade de um indivíduo, a fim de

que este possa alcançar excelência na execução das

atividades das quais dependam o sucesso ou o fracasso

da organização a que pertence ” (HECKHAUSEN, 1967,

p.32).

1.2 - Situação Atual da Universidade Brasileira

Neste momento, a universidade brasileira, além da sua permanente

crise interna de geração de novos conhecimentos, de superar o velho e fazer

nascer o novo a partir do velho, se depara com uma crise no relacionamento

com a sociedade externa e, neste caso, de relacionamento com o governo,

particularmente com o governo federal. Esse relacionamento não tem sido

pacífico nos últimos tempos. De um lado existe o lobby privatista, poderoso e

que não tem uma visão muito nítida de qual é a sua função, a função da

instituição particular de ensino no país. Do outro lado, tem a própria

universidade pública, que às vezes sofre de crise de identidade, com alguns

dos seus segmentos não conseguindo perceber qual é a sua função. Neste

contexto, marcado por um momento de impasse e de decisão, como é o

momento das eleições, é preciso refletir sobre como nós estamos e o que nos

espera. Estamos numa situação difícil. Num país em que nos últimos meses do

ano não conseguimos ainda ter um orçamento, é claro que todos os

procedimentos administrativos, incluindo aí os processos internos da

universidade, passam por uma crise sem precedentes. Por outro lado, as

expectativas de mudanças, que se vislumbram no horizonte, não são muito

claras nem muito nítidas em relação ao conceito que temos da missão e da

função da universidade. Dentre as grandes críticas que vêm sendo feitas ao

sistema de universidades públicas, temos que eliminar aquelas ridiculamente

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equivocadas, do tipo "cálculo do custo do aluno", que não levam em

consideração coisas tipicamente brasileiras, como o fato de que aposentados e

pensionistas entram no custo atual das universidades públicas, o que não

acontece no setor privado. Colocadas de lado essas críticas superficiais,

veiculadas caricatamente pela mídia, existe uma crítica persistente e contínua

a respeito dos desníveis nas universidades públicas brasileiras, que são

agrupadas em dois grandes blocos e assim comparadas. De um lado, situam

as grandes universidades, como a Universidade de São Paulo, Universidade

Federal de Minas Gerais, Universidade do Rio de Janeiro, e mesmo

instituições pequenas como a Escola Paulista de Medicina e a própria

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, como instituições que têm

indiscutível qualidade. Do outro lado, as demais instituições espalhadas ao

longo do país, que não conseguem atingir esse grau de excelência, ou não

conseguem sequer manter áreas de excelência dentro de suas estruturas. A

solução simplista que vem sendo apontada, inclusive em programas de

governo, é de um rigoroso corte de verbas nestas instituições. Aqui se levanta

a questão básica de novo. Qual é a função da universidade pública? Por que o

Governo Federal cria uma universidade em cada estado da federação?

Entendemos que a resposta está na abordagem inicial que nós fizemos na

comparação com a África. Se não tivermos em cada unidade, em cada local,

em cada área geográfica, uma instituição especializada no processo de gerar e

transmitir conhecimento, fundamentada na formação da consciência crítica

sobre a própria sociedade onde ela se insere, nós não alcançaremos o

desenvolvimento qualitativo que se espera para a sociedade brasileira no seu

conjunto. Se as universidades mais novas, se as universidades de áreas mais

pobres, hoje ainda não atingiram excelência, ou não conseguem manter áreas

de excelência dentro da sua estrutura, é necessário que se faça um esforço

adicional para superar essas deficiências. Não é cortando verbas que se

consegue isso, mas sim implementando programas, estabelecendo redes

universitárias e melhorando as condições de financiamento. Nós acreditamos

que para o desenvolvimento da sociedade brasileira, com justiça social, com

qualidade, desenvolvimento da sociedade para a sociedade, as universidades

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públicas têm um papel preponderante. Em todas as regiões geográficas, em

todos os estados brasileiros, é imperativo que as universidades tenham um

mínimo de áreas de excelência. A luta que tem que se travar é para melhorar

estas instituições, para desenvolvê-las, estabelecendo redes nacionais, troca

de professores, processos de avaliação... A universidade pública brasileira já

está envolvida no processo de avaliação. Não uma avaliação como se vê

abordada pela imprensa e em programas de governo, uma avaliação para

punir. A universidade brasileira precisa de uma avaliação que mostre direções,

que aponte novos caminhos, que seja o instrumento das mudanças que devem

ser feitas dentro da própria instituição universitária. Uma avaliação que faça

com que a universidade exerça a função precípua de fermento social, de

elemento crítico, de propulsor para o desenvolvimento da sociedade.

Desenvolvimento no seu sentido mais nobre, no seu verdadeiro sentido.

Desenvolvimento qualitativo da sociedade, eliminando as desigualdades, as

áreas de injustiça, a dominação por estamentos, caminhando na direção de

uma sociedade mais justa que é a aspiração de todos nós.

1.3 - Avaliação Externa do MEC para as Universidades

A avaliação das instituições de ensino superior é um tema da maior

atualidade e importância não só no Brasil como em todo o mundo. Neste

documento é feita uma breve análise dos caminhos que vem sendo trilhados

por dois importantes atores deste processo: a Universidade, como

representante mais credenciada do sistema de ensino superior do país e o

Ministério de Educação e do Desporto ( MEC), através da sua Secretaria de

Educação Superior (SESu) e órgãos de apoio , como representante das

políticas governamentais para este mesmo sistema.

Em um primeiro momento, antecedendo a questão, procura-se dar uma visão

de como as universidades deslancharam experiências institucionais de

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avaliação, nas décadas de 80 e 90, chegando à proposta conjunta de um

Programa Nacional de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras - o

PAIUB, depois encampado pelo MEC.

Em seguida, será a vez de centrar o foco de análise na descrição e análise das

estratégias que vem sendo desenvolvidas pelo MEC no sentido de definir uma

política de avaliação externa para o sistema como um todo, com enfoque

específico no Programa de Avaliação do Ensino de Graduação através do

Exame Nacional de Cursos e da Avaliação das Condições de Oferta de Cursos

de Graduação.

Após analisar esse Programa, que vem sendo implantados nos últimos quatro

anos, através de questões técnicas - qual objeto?, quem avalia ?, com que

instrumentos?, quando? - e de questões de sentido - avaliar para que?, para

quem?, para tomar que gênero de decisão?, qual a utilidade? - , são evantadas

algumas propostas no sentido de estabelecer um processo de convivência

entre os atores da avaliação, enfocados neste documento, que possibilite a

construção de uma verdadeira cultura de avaliação no sistema

de ensino superior.

1.4- Formações dos Professores

As universidades tem crescido e o número de cadeiras também. Novos

cursos e demandas por profissionais com capacitações específicas tem

surgido, mas e a formação deste profissional? Esta conseguindo exercer o

papel de professor com a capacitação e didática correta? Tomando como base

uma discussão sobre licenciaturas pela UFRGS, nos leva a uma interessante

discussão sobre a construção da formação de professores. Esta construção

nos levou a investigar a história dos cursos de formação de professores da

instituição, para conhecer melhor as estruturas que dão sustentação ao

momento atual, e com isto visou-se fundamentar o planejamento dos próximos

passos da proposta de formação de professores para a educação básica,

necessariamente fundamentada em inovações na pedagogia universitária. A

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coerência na simetria invertida na formação de professores. Quando usamos o

conceito de simetria invertida, estamos trabalhando com a definição oficial na

qual se entende que a preparação do professor tem duas peculiaridades muito

especiais: a primeira é de que ele aprende a profissão no lugar similar em que

vai atuar, e a segunda é de que se trata de uma situação invertida. Logo, esta

situação sugere que deve haver coerência entre o que se faz na formação e o

que dele se espera como profissional. (Parecer CNE/CP 009/2001 Título 1.2.1

– A simetria invertida) A formação de professores para a hoje chamada

educação básica, na UFRGS3, tem uma larga tradição, de mais de sete

décadas. Vamos relatar excertos da pesquisa sobre esta história: na década

de 1930 foi criada a Faculdade de Educação, Ciências e Letras (Decreto n.

6.194 de 30 de março de 1936). No Decreto da sua criação consta que a

instalação dos cursos se faria progressivamente, de acordo com as

necessidades do Ensino. Esta Faculdade era composta por cursos com

duração de três anos: Matemática; Ciências Químicas; Ciências Físicas;

História Natural; Educação; Geografia e História; Filologia.

Afirmou o Reitor de então, Professor Aurélio de Lima Py:

“(...) Temos a firme resolução de instalar a Faculdade de Educação, Filosofia,

Ciências e Letras porque constitui a base cultural da Universidade e propicia a

formação de professores”.

A Universidade de Porto Alegre passou em 1947a denominar-se Universidade

do Rio Grande do Sul (URGS) com a incorporação das Faculdades de Direito e

Odontologia de Pelotas (desincorporada em 1960) e a Faculdade de Farmácia

de Santa Maria (desincorporada em 1969). A Universidade foi federalizada

Para elevação e moralização do ensino secundário. Vivemos uma época em

que qualquer cidadão sem credenciais, surge e se intitula professor disto ou

daquilo, pretendendo nortear e preparar a mocidade para alcançar os graus

doirados dos cursos superiores. ”

A preocupação do Reitor de 1930 ainda se faz presente nos dias atuais.

Mesmo decorridas sete décadas e meia, a educação brasileira ainda não

resolveu seu dilema de formação de professores para a educação básica, e

em particular para as etapas do segundo ciclo do fundamental e para o ensino

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médio, isto é, aqueles docentes que irão trabalhar com os jovens que estão

entrando ou já estão na adolescência, ou ainda com alunos adultos.

As análises de ofertas de vagas para os cursos de formação de professores

em licenciaturas, nas IES públicas e privadas indicam um expressivo aumento

no número destas, porém constata-se igualmente que, justamente nas

licenciaturas, está o maior número de vagas não preenchidas, especialmente

em instituições privadas e, caso utilizado, um aumentado número de

desistências durante os cursos.

Acrescento que o acima citado depoimento do Reitor Py toca em um foco

preocupante permitido pela atual legislação brasileira: a ocupação das vagas

de professor da

Educação Básica por profissionais de outras áreas que, hoje ainda, exercem a

função docente com precária qualificação pedagógica.

Como nos mostram claramente as pesquisas, a qualificação do corpo docente

é condição primeira para a melhoria da educação de uma nação.

Retornando à história das licenciaturas da UFRGS, aprendemos que, na

década de 1940, os Cursos da Faculdade de Filosofia, por sua vez, tinham

duração de 3 anos, exceto o Curso de Didática, com duração de 1 ano. Como

não havia distinção entre Bacharelado e Licenciatura, conferia-se o título de

licenciado àqueles alunos que realizassem mais um ano de estudo, referente

ao Curso de Didática, após a conclusão do seu Curso configurando, para a

formação docente, o clássico sistema 3+1: em 4 de dezembro de 1950, a partir

da Lei n. 1254, passando a denominar-se Universidade Federal do Rio Grande

do Sul (UFRGS) somente em1965 através da Lei n. 4759, de agosto de 1965 4

Universidade de Porto Alegre. Anuário de 1938. Porto Alegre: Imprensa Oficial,

pág. 6. 5 Lei 9394/96 , art. 63, inciso II

“Não visa a Faculdade apenas à alta cultura e a ciência desinteressada. Tem,

como objetivo imediato e pragmático, a formação do nosso corpo de

professores, particularmente os do Ensino Normal e Secundário.”

Um aspecto daqueles cursos merece destaque por suas implicações até os

dias atuais: a perspectiva de que a construção da identidade profissional vai se

dar no somatório do perfeito domínio dos conteúdos específicos da

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especialidade, acrescido de preparo básico em metodologias e técnicas

pedagógicas, enfatizando a qualificação através da posse do saber da

especialidade. Isto evidencia a dicotomia entre a formação da especialidade e

a formação pedagógica dos futuros professores. Este modelo baseia-se no que

convencionamos chamar de racionalidade técnico/instrumental, ainda

prevalece em algumas universidades europeias. Opõe-se a esta visão

tradicional de profissionalização a busca atual de formar os professores dentro

de uma racionalidade prático/reflexiva.

Segundo Tardif: “Exige-se, cada vez mais, que os professores se tornem

profissionais da pedagogia, capazes de lidar com os inúmeros desafios

suscitados pela escolarização de massa em todos os níveis do sistema de

ensino” ( p.114-5, 2003). Nesta o trabalho de docente é visto como espaço de

um profissional autônomo, reflexivo, criativo e capaz de tomar decisões sobre

sua ação pedagógica; o mesmo é sujeito que percebe a ação pedagógica

como complexa, singular, instável; entendo-a como conflitiva, onde estão

imersos seus valores, inseguranças, etc., sem descuidar do conhecimento da

sua área específica.

No modelo adotado nos primórdios da formação de professores pela UFRGS a

parte pedagógica era acessória, como evidenciamos, e respondia à lógica

descrita na qual para ser bom professor bastava o alicerce firme dos

conteúdos da especialidade.

O princípio da simetria invertida era absolutamente respeitado, uma vez que os

professores formadores destes licenciados eram (e ainda o são) mormente

UNIVERSIDADE de Porto Alegre. Faculdade de Filosofia. Relatório 1942-

43/1944.

7 Este assunto mereceu aprofundamento em nosso trabalho : Krahe, E.D. As

reformas na estrutura curricular de licenciaturas na década de 90 : um estudo

de caso comparativo: UFRGS (Brasil) e UMCE (Chile). Porto Alegre : UFRGS,

2001. Tese (doutorado) pesquisadores, especialistas em suas respectivas

áreas. Havia e há ênfase nos conteúdos da especialidade acrescidos de um

verniz pedagógico; dito de outra forma, peso maior nos currículos das

disciplinas específicas, e como bem apontado nos trabalhos de Bernstein, isto

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revela maior valor dado a esta área, em detrimento da formação da identidade

do profissional professor. É importante repetir que nas licenciaturas da

UFRGS, desde a década de 1940 até a Reforma Universitária nos anos 1970,

os currículos eram baseados na racionalidade técnica/instrumental.

Basicamente o sistema 3+1 se fez continuamente presente em todas as

modificações curriculares e este persistiu, após este período, somente

começando a apresentar mudanças a partir da década de 1990, através de

discussões e experiências vivenciadas na Universidade com o Fórum das

Licenciaturas e especialmente após a promulgação da LDBEN/96 e

Resoluções dela decorrentes. Como analisado em KRAHE (2000), o sistema

de formação de professores no Brasil vivia uma séria crise, espelhada nas

Licenciaturas na entrada dos anos 1990. Os sinais externos eram passíveis de

serem identificados ao verificar-se o índice de procura nos vestibulares pelas

carreiras de formação de professores. O problema da baixa procura pelos

cursos de Licenciaturas foi de maior espectro, causando preocupações nas

mais diversas esferas ligadas à educação em todo o Brasil. Conforme já

descrito neste artigo, a baixa procura por estes cursos é fato ainda corrente.

Esses dados efetivamente não causam surpresa para as pessoas que

estudam as questões ligadas à educação, mas trouxe preocupações.

Repetindo o afirmado no estudo de Santos (1996), o relatório do Instituto de

Matemática assim se expressa:

Isso ocorre devido ao desprestígio da profissão de professor,

sem status social e mal remunerada. Os jovens com talentos para a

Matemática, com poucas exceções, não sonham em serem professores de 1º e

2º grau (1995, p. 10). Frente a esta realidade, e às discussões resultantes nas

esferas acadêmicas e governamentais, o Ministério da Educação, em 1999,

enviou às instituições formadoras de educadores um documento chamado

“Subsídios para a Elaboração de Propostas de Diretrizes Curriculares Gerais

para as Licenciaturas”, como contribuição às Licenciaturas na sua caminhada

de repensar os currículos à luz dos artigos da então nova LDB (Lei 9.394/96).

Delineia-se aí uma proposta que vai afetar, em princípio, toda a dinâmica das

salas de aula destes cursos, logo o papel dos professores formadores e sua

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pedagogia. O texto veicula proposições correntes no que se referia a

inovações na formação de professores: aproximação precoce às escolas como

local do futuro trabalho, pesquisa como A nova legislação, seus documentos

explicativos, as reflexões teóricas dos especialistas em educação

fundamentados na constatação da fragilidade e inoperância do sistema vigente

indicaram a necessária mudança nos padrões da formação de professores em

nível superior. A incoerência da simetria invertida: a difícil mudança de

racionalidade na Pedagogia Universitária Propomos aprofundar as discussões

acima indicadas quanto às mudanças ocorridas nos últimos anos e a

preocupação com a formação de professores para a educação básica

brasileira bem como inovações que tem ocorrido nas universidades e a

decorrente modificação na Pedagogia Universitária. Na última década esta é a

perspectiva objeto de nossos estudos. Popkewitz (1992, p.49) descreve que as

reformas atuais “das instituições de formação de professores constituem uma

excelente oportunidade para tomar consciência das estruturas intelectuais,

sociais, culturais e econômicas subjacentes ao ensino.” Nossas pesquisas nos

indicam como cada vez mais evidente o fato de que vivemos um momento

importante de transição entre as duas racionalidades descritas. As

investigações, voltadas inicialmente para currículos, não deixam de apontar

para as dificuldades da inovação. Assim, “No caso dos docentes universitários,

quanto mais os processos de ensinar e aprender não são objeto de formação

inicial, mais intensa parece ser a reprodução cultural.”(CUNHA 2006, p.260).,

Ainda hoje o docente universitário, e o que trabalha nas licenciaturas não

costuma ser exceção, é em grande medida o especialista/pesquisador , na

maioria das vezes sem formação pedagógica. Lemos em diversos autores que

têm fundamentado nossas discussões o mesmo sentimento que se faz

presente nos achados de nossas pesquisas e no que sentimos realizando

nossos trabalhos em salas de aula: “os educadores dos futuros professores

também agonizam com as incertezas que os confundem na prática diária.”

(KINCHELOE, p.44,1997). A constatação desta falta de formação pedagógica

no trabalho com o ensino superior não é exclusiva da Pedagogia Universitária

brasileira.

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Este sentimento de dúvidas é característica deste momento de transição no

qual estamos trabalhando. Nós professores universitários somos, em grande

número, ou até maioria ainda, frutos de uma educação baseada na

racionalidade técnico/ instrumental.

Segundo Schöhn:

“Na perspectiva da racionalidade técnica (...) um profissional competente está

sempre preocupado com problemas instrumentais(...)Nesta visão a

competência profissional consiste na aplicação de teorias e técnicas derivadas

da pesquisa sistemática, preferencialmente científica, à solução de problemas

instrumentais da prática” (p.37,2000)

O século XX apresentou na dinâmica da sociedade, logo, nos programas de

formação de professores, a coexistência de duas racionalidades, nas quais os

currículos científicos, instrumentais/técnicos e as ideias pedagógicas

progressistas estão em contínua interação (Popkewitz, 1994). Assim, neste

início de século XXI, enfrentamos o difícil momento de mudança de

racionalidades, e em especial nos cursos de formação de professores. A

racionalidade técnica não apresentou os resultados que dela se esperavam em

décadas passadas; e menos ainda está respondendo às novas demandas da

contemporaneidade, repleta de desafios apresentados pelas novas

tecnologias, pela avalanche de informações instantâneas, pelas inovadoras

maneiras de relacionamentos e comunicações tornados disponíveis a uma

expressiva parcela da população, em especial, aos jovens que estão

frequentando as escolas e universidades.

As dificuldades inerentes às propostas de inovação de currículos evidenciam

diversas barreiras que se configuram como: a da falta de clareza a respeito das

funções que cada professor terá na nova ordem; a falta de capacidades e

conhecimentos necessários à implantação da nova proposta; e a terceira diz

respeito aos materiais e equipamentos necessários e, finalmente, constitui

também barreira uma série de dispositivos organizativos existentes antes da

introdução da inovação e que lhe são incompatíveis (Stenhouse,1988).

Considerando-se as dificuldades descritas, é possível concluir que o sistema

atual deestrutura da maioria das Universidades brasileiras, divididas em

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departamentos, continua fomentando a fragmentação e o isolamento das

disciplinas e dos professores, criando barreiras à integração,

consequentemente fortalecendo currículos técnico/instrumentais.

A existência de uma defasagem entre as discussões acadêmicas acerca de

propostas inovadoras nos diversos campos da Educação e a prática, nas salas

universitárias, ao lado da questão estrutural é aspecto fundamental que ainda

merece ser nomeado quando discutimos as dificuldades de mudanças.

Esta defasagem é ligada muito fortemente à questão do tempo. Enfatizamos o

longo período necessário para que se desenvolva e consolide uma proposta

inovadora nos currículos. É difícil e irreal imaginar e exigir que reformas

profundas, implicando mudanças paradigmáticas, ocorram no curto espaço de

alguns poucos anos. (Popkewitz,1994). Os modelos de formação de

professores, em uma nova racionalidade, propostos por diversos autores como

os já citados Stenhouse, Popkewitz, Kincheloe, e mais recentemente

Hargreaves, Tardif, Schön, sem deixar de mencionar nosso grande referencial

Paulo Freire, apontam todos na direção da construção de profissionais

reflexivos, comprometidos, dotados de uma razão que vai ser concebida em

função de um enfoque argumentativo e deliberativo, e não apenas cognitivo

(TARDIF, 2002). Vemos como imprescindível que o conjunto dos alunos com o

professor desenvolva atividades que gerem momentos de reflexão na e sobre

a ação (Schön, 2000), bem como a procura/construção individual e coletiva

dos alunos dos saberes necessários à sua formação, tendo o professor como

guia/mediador para que a mudança aconteça na Pedagogia Universitária, em

especial na formação de professores em licenciaturas.

Assim, abandonando a racionalidade técnico/instrumental e assumindo a

prático/reflexiva será possível a concretização do ideal de formação de

profissionais da educação autônomos, críticos e reflexivos. Estes futuros

educadores tendo vivenciado uma formação na perspectiva prático/reflexiva,

ainda hoje considerada inovadora, tenderão a multiplicar estas atitudes e

ações com as gerações vindouras as quais caberá a eles educar.

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CAPÍTULO Il

A QUEM INTERESSA O PLANEJAMENTO

2.1 - Universidade e o Professor

A Universidade, conforme podemos observar vem buscando estar

cada vez mais próxima das necessidades do Mercado, preparando um

curriculum que busque preparar os alunos para o Mercado.

Mas com a grande gama de novos cursos e cada vez mais alunos

buscando as Universidades, surgem uma forte necessidade de novos

Professores, com maior conhecimento técnico sobre determinados

assuntos e menor preparação didática. Desta forma um bom

Planejamento. Este se inicia na reunião de toda a equipe os Diretores,

buscando alinhar o conceito Pedagógico da instituição, o

direcionamento que a Universidade que ter para as cadeiras e os

alunos, linhas de pesquisa e atualmente no direcionamento comercial

que a Universidade quer se apresentar.

A troca de informações entre os Professores é fundamental para

dar coerência ä aprendizagem ao longo do curso. Para evitar a repetição

de conteúdos e a busca da atualização, é necessário que os

professores da mesma disciplina saibam até onde o colega conseguiu

desenvolver, novas experiências com diferentes conhecimentos, para

então poder desenvolver o que será abordado.

Ao se desenvolver temas a serem trabalhados, é preciso distribui-

los durantes os meses, desenvolvendo para todo o peridodo ou em

partes, buscando avaliações do andamento.

Depois de desenvolver “o que” e o “quando” será trabalhado, é

preciso estabelecer “o como” e cada professor decide que estratégias

pedagógicas irá empregar. Não há uma forma correta, mas o ideal é que

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o produto resulte em uma proposta que estabeleça um cronograma com

os alunos e todos se responsabilizem por cumpri-lo.

Muito importante hoje é a criação dentro de sala de atividades

habituais que estimulem a leitura e o desenvolvimento do assunto

também com informações de jornais, revistas e artigos. Esses conjuntos

de ações visam o conhecimento de conteúdos mais específicos.

Um dos momentos mais importantes do planejamento para

professores são as primeiras aulas, pois neste momento será

desenvolvida a relação entre professores e alunos.

Além de ser uma ferramenta pedagógica imprescindível, o

planejamento também promove a utilização mais eficiente dos recursos

e do tempo. Quando todos os professores decidem o que vão fazer e

quando, fica mais fácil organizar os espaços e recursos comuns.

2.2 - Alunos

O aluno hoje é um dos maiores beneficiados com um bom

Planejamento, pois no momento da universidade ele esta investindo

recursos financeiros e pessoais (tempo), onde inicia com uma

expectativa muito forte do que terá de retorno, senda não só de

aprendizado, mas para muitos de um futuro.

Muitas vezes o aluno inicia um curso com pouca informação

sobre o que o curso realmente se propõe, mas busca principalmente no

início, entender o quanto o mesmo atende ao que precisa. Para este

processo o Planejamento é fundamental, pois permite que o aluno

possa ter a real noção do que o aguarda e o que precisa também fazer

para conseguir ter a maior amplitude nas informações que recebidas.

Outro ponto importante é o planejamento mais próximo de uma

dinâmica criativa de aprendizado e próxima a realidade do Mercado,

sem perder o conceito teórico e didático.

A pontualidade com que se trabalha frente ao plano, se mostra

hoje um dos grandes fatores de sucesso de um Planejamento. O

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professor tem um grande desafio de conseguir, planejar, apresentar,

cumprir o plano dentro do que foi planejado, conseguindo levar a

informação e permitir que os alunos estejam alinhados com a

informação, trazendo casos, textos artigos, mas sempre dentro do

escopo desenvolvido no Plano.

Dentro do dia a dia um grande perigo é o tempo, pois os tempos

de aula são cada vez menores por matéria, mas o assunto tem ficado

cada vez mais importantes e amplos para debate. Esse debate é uma

grande armadilha para que o plano não seja feito em sua totalidade e no

final fique a sensação de que ficou faltando algo a ser passado. Esse

ponto vai fortemente de encontro com a credibilidade do professor e da

instituição.

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CAPÍTULO Ill

O PLANO DE AULA

3.1 – Planejamento

O planejamento é a etapa mais importante do projeto pedagógico,

porque é nela que as metas são articuladas às estratégias e ambas são

ajustadas às possibilidades reais. Existem três tipos de planejamento: o plano

da instituição, o plano de ensino e a sequência ou projeto didático. O primeiro

traz orientações gerais que vinculam os objetivos da escola ao sistema

educacional mais amplo. O plano de ensino se divide em tópicos que definem

metas, conteúdos e estratégias metodológicas de um período letivo. A

sequência didática é a previsão de conteúdo de um conjunto de aulas e o

projeto um trabalho mais longo e complexo.

O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação

da atividade do professor, que articula o que acontece dentro da escola com o

contexto em que ela se insere. Trata-se de um processo de reflexão crítica a

respeito das ações e opções ao alcance do professor. Por isso a ideias de

planejar preciso estar sempre presente e fazer parte de todas as atividades —

senão prevalecerão rumos estabelecidos em contextos estranhos à escola

e/ou ao professor.

Para José Cerchi Fusari, da Faculdade de Educação da Universidade de São

Paulo, não há ensino sem planejamento. "Se a escola é o lugar onde por

excelência se lida com o conhecimento, não podemos agir só com base no

improviso", diz. "Ensinar requer intencionalidade e sistematização." O poder de

improvisação é sempre necessário, mas não pode ser considerada regra.

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3.2 - Trabalho coletivo

Planejar é um ato coletivo que envolve a troca de informações entre

professores, direção, coordenadores, funcionários e pais. Isso não quer dizer

que o produto final venha a ser um documento complicado. Ao contrário, ele

deve ser simples, funcional e flexível.

E não adianta elaborar o planejamento tendo em mente apenas alunos ideais.

Avalie o que sua turma já sabe e o que ainda precisa aprender. Só assim você

poderá planejar com base em necessidades reais de aprendizagem.

Esteja aberto para acolher o aluno e suas circunstâncias. E, é claro, para

aprender com os próprios erros e caminhar junto com a classe.

Planejar requer:

• Pesquisar sempre;

• Ser criativo na elaboração da aula;

• Estabelecer prioridades e limites;

• Estar aberto para acolher o aluno e sua realidade;

• Ser flexível para replanejar sempre que necessário.

Leve sempre em conta:

• As características e necessidades de aprendizagem dos alunos;

• Os objetivos educacionais da escola e seu projeto pedagógico;

• O conteúdo de cada série;

• Os objetivos e seu compromisso pessoal com o ensino;

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• As condições objetivas de trabalho.

Com base nisso, defina:

• O que vai ensinar;

• Como vai ensinar;

• Quando vai ensinar;

3.3 – Como fazer da rotina uma aliada

Prever, passo a passo, as tarefas a desempenhar dentro e fora da classe ajuda a obter os resultados esperados. Os alunos agradecem. Preparar cada aula, organizar o material didático, levantar diferentes recursos para ensinar um conteúdo e cuidar da ambientação da sala - sem abrir mão da formação continuada. São muitas as atividades que constroem o dia-a-dia do professor. Orquestrar todas com maestria é a chave para atingir os objetivos. A rotina é fundamental para garantir o bom andamento das atividades Segue algumas das práticas mais eficazes para criar uma rotina que ajude a melhorar o desempenho da turma: Ter um jeito próprio de se organizar Não existe certo ou errado quando se fala em rotina profissional. Cada professor precisa descobrir as ferramentas que melhor se encaixam ao seu estilo de trabalho. Pode ser um bloco do tipo agenda, um caderno tradicional ou um arquivo de computador. Planejar com antecedência Separar o material didático previsto para ser usado na semana seguinte e reservar um dia para rever o roteiro de atividades é sempre bom para garantir que nenhum detalhe seja esquecido. Reservar espaço para estudar Manter-se atualizado, tanto em relação aos conteúdos quanto à prática de sala de aula, é fundamental. Você pode fazer um mestrado, uma especialização ou apenas estabelecer uma rotina de estudos em casa (com muitos livros e pesquisa via internet). O que vale é crescer sempre.

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Organizar o espaço As atividades previstas para o dia serão desenvolvidas individualmente ou em grupos? Prever a melhor maneira de ambientar a sala de aula é o primeiro passo. Compartilhar o planejamento "Contar aos alunos o que será feito ao longo do dia é importante por dois motivos. Em primeiro lugar, porque eles ficam mais confortáveis, sem aquela euforia de 'o que será que vem agora?'. Depois, porque faz com que saiam da postura passiva de quem está sempre aguardando um comando", explica Karen Elizabete Nodari, coordenadora do núcleo de Orientação e Psicologia Educacional do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Definir as tarefas Cada conteúdo exige um tipo de atividade. Enquanto os alunos produzem textos ou resolvem problemas, uma boa dica é circular pela sala, acompanhando a evolução de cada um. Se você decide passar um filme, por exemplo, é essencial preparar um pequeno roteiro para a turma, com pontos a ser observados. Prever atividades extras Nem tudo sai conforme o previsto, certo? Portanto, ter na manga algumas tarefas capazes de envolver a turma é sempre bom. No dia-a-dia, isso vale também para aqueles alunos que sempre terminam tudo antes dos outros - mas não podem ser deixados de lado. Antecipar a aula seguinte Encerrar o dia informando o que será realizado no dia seguinte é uma ótima estratégia porque gera uma expectativa positiva e permite que os alunos se preparem melhor ao compreender que há continuidade no processo educativo. Trocar ideias na escola Reuniões com os colegas, a coordenação pedagógica e a direção são fundamentais para revisar o planejamento e encaminhar as questões mais relevantes. Pensar grande

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É preciso ter uma visão de conjunto para poder planejar a rotina diária,. Mecanismos de registro ajudam muito nesse sentido. Alguns preferem escrever, outros preferem fazer esquemas. Só não pode mesmo é fazer tudo de cabeça.

CONCLUSÃO

O Planejamento de Aula é extremamente importante e deve ser aplicado

por cada Professor em seu desenvolvimento na transmissão de conhecimento.

Existe hoje uma dificuldade muito grande devido a falta de preparo do

profissional, falta de direcionamento da Universidade e principalmente pela

falta de atualização.

Outro ponto importante é entender a expectativa do estudante, pois este

busca o curso universitário não apenas para obter o diploma, mas para se

preparar frente a uma nova profissão e realidades vivas no Mercado. Logo é

muito importante que o professor se atualize e busque atualizar a forma como

será apresentada a matéria.

O caminho determinado é que o professor busque seu

desenvolvimento didático, entenda a matéria que se propôs a ensinar, busque

se atualizar com o que existe de mais atual e então se prepare e planeje para

o período de aula.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Conteúdo de Internet;

Anexo 2 >> Entrevista - Internet;

Anexo 3 >> Entrevista - Revista;

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ANEXO 1

INTERNET

http://jbonline.terra.com.br/ JB Online

Universidades investem em projetos sustentáveis 19 March, 2008 - 10:34h Délcio Rocha

Em tempos de preocupação com a preservação ambiental, as soluções

sustentáveis entram em pauta como uma alternativa a produtos que, hoje em

dia, agridem o meio ambiente. Atentas a essa demanda, as universidades

brasileiras investem na pesquisa de produtos e serviços e tecnologias

ecologicamente corretas.

Móveis obtidos através de matérias-primas que seriam descartadas, agredindo

a natureza; residências que utilizam tecnologias que geram energia

sustentável; além de projetos de certificação ambientais, são algumas das

soluções apresentadas para conter o avanço do aquecimento global e

promover um melhor aproveitamento dos recursos naturais.

Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a busca de uma resposta

ao desperdício de energia levou à participação acadêmica no projeto da "Casa

Eficiente", que se destaca pelas soluções criativas para o uso racional dos

recursos naturais. Construída em parceria com a Eletrobrás e Eletrosul em

Florianópolis, ela foi projetada nos mínimos detalhes, seguindo os conceitos de

eficiência energética, adequação climática e uso racional da água.

"A casa tem células fotovoltaicas (que captam luz solar de dia e a aproveitam à

noite), além de aquecimento natural dos ambientes internos (climatizados

através de canos com água nos quartos)", explicou o coordenador do projeto,

Roberto Lamberts, do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da

Universidade Federal de Santa Catarina (LabEEE/UFSC).

Com área útil aproximada de 206 m2, ideal para uma família de quatro

pessoas, a casa está aberta à visitação no pátio da Eletrosul, com o objetivo

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de incentivar o desenvolvimento de soluções inovadoras e eficientes na

construção civil com menor impacto ambiental. Porém, o protótipo - que custou

R$ R$ 477.227,40 - ainda não foi disseminado no mercado.

"O preço pode ser elevado neste momento, mas acredito que daqui a cinco

anos o mercado vai baratear essas tecnologias, especialmente a fotovoltaica.

Vai depender de iniciativas governamentais, como leis de incentivo para o

mercado se consolidar", acredita Lamberts.

Etiquetas para eficiência energética de prédios - Outro projeto em andamento

na UFSC é a classificação de edifícios quanto ao nível de eficiência energética

por etiquetas - de 'A' (mais eficiente) a 'E' (menos eficiente). A regulamentação

dos prédios segue três requisitos principais: sistema de iluminação, de

condicionamento de ar e desempenho térmico da envoltória do prédio.

"Já regulamentamos motores elétricos, lâmpadas fluorescentes compactas,

refrigeradores e aquecedores. Agora, seguindo a Lei 10295, da eficiência

energética, estamos trabalhando em conjunto com vários ministérios e

universidades pela certificação das edificações, para que se estabeleça limites

no consumo energético", ressaltou o presidente do Comitê Gestor de

Indicadores e Níveis de Eficiência Energética, Paulo Leonelli, do MME.

Um prédio comercial receberá "A" se utilizar aquecimento solar de água, com

coletor e reservatório térmico que também tenham recebido a classificação

máxima de eficiência. E se o edifício possuir mais de um elevador, deverá ser

apresentado um controle inteligente de tráfego, que evite o desperdício de

energia. A princípio, a adesão dos prédios às etiquetas será voluntária, mas a

idéia é que se torne obrigatória em todos os prédios do país em construção

"até meados do ano que vem", segundo Leonelli.

"Nos Estados Unidos e na Europa os prédios são obrigados a apresentar o

selo de compromisso ambiental para os compradores. No Brasil, será uma

questão de tempo para o mercado", disse.

Para Lamberts, consultor do grupo de trabalho do projeto, o momento é

propício para implantar soluções sustentáveis para a construção civil. "O

consumo energético nos prédios é grande. Precisamos correr para colocar

esse projeto em prática porque o país está em desenvolvimento, e vai

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consumir cada vez mais energia. Espero que tenhamos uma trajetória de

crescimento, em termos de consumo de energia, diferente do resto do mundo."

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ANEXO 2

INTERNET - Entrevista

http://jbonline.terra.com.br/ JB On Line Público: Os entrevistados ocupam ou ocuparam cargos na alta direção da UFRRJ

No contexto das ideologias ou políticas de desenvolvimento há um argumento

central de que a universidade tem sua função centrada na formação de

técnicos e a sua pesquisa voltada para a geração e adequação de tecnologias.

Essa concepção tem sido cunhada por seus críticos como a de uma

universidade tecnicista, onde as questões da ética, da moral, política ou da

cultura, são consideradas exteriores ao fazer acadêmico. Qual a sua posição?

Tal visão não tem nos afastado dos problemas comunitários?

Roberto José Moreira - Não há como conceber o fazer universitário

contemporâneo sem ter a função central nucleada na formação de técnicos e

na pesquisa voltada para a geração e adequação de tecnologias. Há uma

divisão do trabalho social que requer esta especialização do ensino e da

pesquisa. Quando critico a universidade tecnicista estou falando daquela

universidade que tira do saber superior o estudo sobre a sociedade em que ela

se insere. Neste sentido ficam de fora do saber tecnicista as questões da ética,

da moral, da política e da cultura. Esta visão tem nos afastado dos problemas

da comunidade. Já argumentei sobre isto. Quero avançar procurando mostrar

como temos a possibilidade de intervir neste processo, no interior do campo do

saber acadêmico.

Em primeiro lugar, podemos estatuir uma universidade que não tenha apenas

lugar para o conhecimento técnico, mas envolva também o estudo e a prática

das artes, da filosofia, da religião e das ciências sociais.

Não importa qual seja o campo de ensino, os processos sociais e acadêmicos

constroem uma noção do que seja um especialista em cada campo. Isto se

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configura nos currículos mínimos. O currículo mínimo visa a garantir esta

noção de uma capacitação mínima para responder (ter responsabilidade) a

uma ação que venha a desempenhar no futuro. Esta discussão é organizada

em nível nacional. A definição do currículo mínimo pode sofrer influências de

cada uma das universidades existentes, não é, no entanto uma decisão

autônoma. Requer um debate nacional. Mesmo respeitando o currículo

mínimo, ela tem um campo de ação e de competência, portanto, de

responsabilidade: evitar repetições, transmitir o conteúdo do conhecimento aí

previsto e, a meu ver, criticá-lo e relativizá-lo. A crítica e a relativização do

conhecimento não têm sido garantidas. A tendência tem sido a de afirmar que

este conhecimento é a verdade. A crítica não deve ser só do conteúdo da

profissão, mas também da metodologia das ciências, das regras de

pensamento, do raciocínio lógico que está aí impregnado. Eu diria que este

procedimento, por si só, garante a formação de um profissional capaz e crítico

do conhecimento do seu campo específico. Este currículo, por ser obriga-tório

a todos os alunos, pode ser organizado de forma seriada. Há uma

homogeneização das turmas quanto ao conteúdo, maior eficiência no ensino,

evita-se a superlotação de turmas. Vejo também algumas vantagens

pedagógicas na organização seriada: como consistência de grupos de estudos

e aproveitamento de alunos tutores, formais ou informais.

Respeitado o currículo mínimo e garantida a sua qualidade, sobra ainda um

espaço de carga horária que a universidade pode e deve adicionar, para definir

seu currículo pleno. A decisão sobre esta carga horária adicional é autonomia

da universidade. Aqui é o campo onde ela pode definir a especificidade do

profissional que ela forma. Pode responder à pergunta: qual é o profissional

que queremos formar? A universidade tem liberdade e autonomia para definir

este espaço segundo uma política acadêmica própria. Digamos, para facilitar a

exposição, que o currículo pleno terá, por exemplo, 30% a mais do que o

currículo mínimo. Os 30% adicionados podem ser preenchidos com uma

multiplicidade de conteúdos e de objetivos. O objetivo central é o

conhecimento crítico da sociedade. Este espaço da carga horária pode ser

organizado em uma multiplicidade de formas: por disciplinas individualizadas;

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conjuntos de disciplinas sobre um só campo temático, ou outras. Este campo

deve ser eletivo, visando atender às individualidades de interesses e

indagações dos aluno. Para garantir acesso na grade horária, por exemplo, o

currículo mínimo pode ser oferecido nas segundas, terças e quartas-feiras, e

as optativas, nas quintas e sextas, ou qualquer outro arranjo. Esta

concentração pode facilitar a organização do tempo de pesquisa dos

professores.

O conteúdo e os objetivos destes 30% da carga horária podem incluir

conteúdos dos mais variados, tais como, filosofia da ciência, modernidade e

pós-modernidade, cultura brasileira, visões de Brasil, relações sociais: de

trabalho, de família; de produção, multimídia e comunicação, práticas

esportivas e artísticas, dinâmicas econômica, social e política, integração

latino-americana e Mercosul, história brasileira (agrária, econômica, política ou

cultural), história da ciência; pensamento científico; história da universidade e

da profissão; sociologia do conhecimento; sociedade e profissões; movimentos

sociais; estudos do campo religioso; cultura popular; cultura e técnicas

alternativas.

Este proceder acadêmico no ensino certamente aproximará o profissional das

questões da sociedade. Vejo espaço para a ação: o que falta é vontade

política, não das instâncias dirigentes, em particular, mas da comunidade

acadêmica, em geral.

Um dos princípios presentes na discussão sobre a universidade brasileira

refere-se à indissociabilidade entre ensino e pesquisa, princípio esse

consagrado nos contratos de trabalho dos docentes em regime de dedicação

exclusiva. Nesse sentido, a contribuição do professor na formação do

estudante seria plena apenas se exercesse, paralelamente, alguma atividade

de pesquisa. A própria avaliação da carreira docente, com freqüência, tem sido

centralizada na primazia da pesquisa. Um possível contraponto a essa visão

poderia se apoiar na necessária adequação das atividades de docência, de

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pesquisa e de administração acadêmica às potencialidades e vocação de cada

profissional, bem como a uma hoje necessária divisão de trabalho no fazer

acadêmico que justificaria uma especialização interna. O(a) senhor(a) poderia

comentar a afirmação de que todo professor universitário deve ser um

pesquisador?

Hugo E. Barbosa de Rezende - Concordo plenamente com os que postulam a

tese de que é essencial na universidade brasileira a indissociabilidade do

ensino, pesquisa, extensão, incluindo administração acadêmica. Entretanto,

esta visão não deve ser individual e sim departamental. Não acredito em se

exigir pesquisa de quem não tem aptidão para tanto, pois todos sabemos que

os resultados seriam medíocres. Mas também não concordo que no âmbito do

Departamento coexistam professores que fazem ensino e pesquisa, outros

ensino e extensão, trabalhando muito mais do que os que se dedicam apenas

ao ensino, quando os salários são iguais para todos.

Por isto, sempre defendi o plano departamental detalhado, minucioso,

democraticamente discutido e cumprido. Também defendi, quando possível, a

pós-graduação lato e stricto sensu como meta departamental. Nesse contexto,

a missão e as tarefas de cada um ficam definidas e equilibradas. E assim

concordo com os autores das questões quanto à adequação das atividades de

docência, pesquisa, extensão e administração acadêmica. É justo que os que

não se dedicam à pesquisa tenham, por exemplo, carga de aulas maior, ou

então atividade compensatória na extensão ou na administração.

O que se deseja, finalmente, é que as responsabilidades definidas no Plano

Departamental sejam divididas, que os relatórios individuais ao final dos

períodos sejam verdadeiros, honestos e que a produção possa ser medida e a

avaliação procedida.

Em um departamento com atividade de pós-graduação, existe forçosamente

um ambiente de pesquisa muito forte, o que justifica o professor que apenas

ensina. Pois, neste contexto, pode o mesmo se atualizar mais facilmente,

dedicar-se em tempo integral ao preparo das aulas com riqueza de literatura

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(revistas, livros, relatórios, teses, etc.). Igualmente para a extensão. Para a

administração acadêmica é essencial a existência de pessoas que tenham

estas aptidões, haja vista a necessidade de coordenar, gerenciar, preparar

projetos, relatórios ao mesmo tempo em que preparam para galgar cargos

administrativos mais altos que exigem aptidão, competência, dedicação, para

que a universidade possa estar presente onde for necessário e assim se

desenvolver.

Infelizmente, a realidade é bem outra do que aqui se defende. Temos os

núcleos de excelência, mas a maior parte dos departamentos da universidade

necessitam com urgência de se adequarem à realidade que, mais cedo ou

mais tarde, lhe será cobrada pela sociedade.

Assim, por exemplo, os departamentos deveriam ser chefiados somente por

professores qualificados e com produção científica reconhecida. Todos os

departamentos, com massa crítica mínima necessária, deveriam organizar

cursos lato sensu, como fase inicial para o mestrado.

Assim também, obrigatoriamente (como previsto nos documentos legais)

deveriam ter seus planos departamentais elaborados com base nas linhas de

pesquisas, originárias dos planos individuais de trabalho. Neste plano,

deveriam constar ainda, o planejamento atual e futuro, do ensino, pesquisa e,

se possível, da extensão. Detalhado no que diz respeito às disciplinas de

graduação, programas (que deveriam ser do conhecimento dos alunos e

supervisionados no seu cumprimento integral pelo chefe e conselhos

superiores). Rigoroso nas exigências para atender os pedidos de qualificação

docente bem como no preenchimento das vagas existentes ou a existir.

Legislar em favor dos competentes, regularizando consultorias, patentes,

atividades dentro da universidade que resultariam em melhoria salarial,

estimulando a competição em benefício da Instituição.

Enfim, estas e muitas outras questões que deixo de listar para não me alongar

em demasia.

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Ora, é sobejamente conhecido que o obstáculo é o corporativismo, a

incompetência, a acomodação, a farsa dos que falam mas não querem

qualquer modificação do vigente. A proteção a qualquer preço do status quo.

"O chefe hoje sou, eu amanhã meu colega". Dar conta à sociedade da

dedicação exclusiva, nem pensar. Pesquisa? Extensão? (absolutamente

inexistente). E, o que é pior, zelam com esmero pelo "faz de conta que ensino

e o estudante faz de conta que aprende". O pacto da incompetência e da

ignorância. Programas não cumpridos, aulas mal dadas, pesquisa medíocre e

nunca publicada, ausência no campus e para outros, infelizmente após 8 ou 9

anos de pós-graduação, retornam, se acomodam, e caem no lugar comum.

E para completar, quando surge uma vaga, articulam-se para preencher com

candidatos afinados com a ideologia política ou então optam pelos

subservientes que entram para servir, incompetentes, que jamais gerarão

qualquer fruto. Para tanto, não se intimidam em brigar, argumentar e criar

todos os entraves quando vêem aparecer candidatos qualificados e de notória

capacidade. Convidar estrangeiros, e para muitos, fazer pós-doutorado ou

simples intercâmbio científico, nem pensar. Nesse quadro, avaliação é tudo o

que não desejam. Reclamam de sua ausência, mas conspiram contra ela.

Por tudo isto, é essencial um bom plano departamental bem avaliado e,

quando possível, a existência da pós-graduação. Hoje, esta é avaliada. Força a

pesquisa, exige dos envolvidos cuidar do prestígio individual e coletivo. Faz

com que se preocupem com qualidade, qualificação, produção científica.

Finalmente, por meio dos obrigatórios relatórios, atualizam-se os currículos,

informam-se os pares em nível nacional, dá-se à sociedade a satisfação

imperativa e ao país o desenvolvimento científico e tecnológico esperado.

A crise, se existente ainda para estes grupos, será por conta de outros

problemas igualmente importantes, tais como, mais recursos financeiros,

melhores orçamentos, mais bolsas, novos recursos humanos, melhores

salários para a cabeça ficar livre para o pensar. Mas, na essência, para que

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isto aconteça é preciso amor à profissão escolhida e à instituição a que se

dedica.

*

José Antônio de Souza Veiga - O princípio da indissociabilidade entre o

ensino, a pesquisa e a extensão, na maioria das oportunidades, tem sido

interpretado de forma pequena; isto é, um só indivíduo, o professor, que, para

alcançar tal status teria que ter desenvolvido suas aptidões o suficiente para

atuar com desenvoltura e excelência em atividades tão complexas e

extremamente dependentes de características natas.

Recentemente, observou-se a inclusão das atividades da administração

universitária ao conjunto da indissociabilidade.

Todo professor universitário tem, antes de tudo, um compromisso social, o de

atuar com competência. Para que isto ocorra deverá utilizar o limite de sua

capacidade dentro de sua aptidão. É óbvio que a missão da universidade não

pode ser cumprida com a dissociação do ensino, da pesquisa e da extensão,

mas sim com trabalho conjunto, interdisciplinar, abrangente e inter-relacionado,

evidentemente em equipe e não em uma só pessoa.

Cabe ainda uma reflexão sobre o quarto ambiente de atuação do professor

universitário. As atividades de administração universitária devem ser exercidas

com a visão de facilitar a plena execução das atividades de ensino, pesquisa e

extensão.

Há que se entender que a administração universitária é o suporte para o eficaz

cumprimento da missão universitária. O clímax da carreira docente é a

titularidade e o reconhecimento pela comunidade científica e sociedade, e não

a ocupação de função administrativa.

*

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Manlio Silvestre Fernandes - O professor não tem que ser obrigatoriamente

um pesquisador ou, pelo menos, não tem que ser obrigatoriamente um

pesquisador durante todo o período de sua atividade acadêmica. Achamos que

todo professor, durante algum tempo da sua vida acadêmica, deve exercer

alguma atividade de pesquisa. Isto nos remete a uma abordagem feita pelo

prêmio Nobel de Ciência, Albert Saint Gyorgi, que disse: "A ciência

contemporânea vive apoiada em duas colunas fundamentais: os instrumentos,

que a ciência cria e usa, e a ética de fazer ciência". O processo individualizado

de treinamento orientador-orientado, além do conhecimento em si, do uso das

técnicas e dos instrumentos, envolve, sem dúvida alguma, a exposição do

pesquisador em formação ao processo ético, que é fundamental na instituição

universitária. Além disso, o processo de pesquisa científica permite ao

professor o domínio de um método, de uma maneira de pensar, que é

extremamente importante na sociedade contemporânea. Isso significa que

parte dos professores universitários, uma vez iniciadas suas atividades de

pesquisa, pode manter por toda a vida o mesmo ritmo e a mesma dedicação,

porque tem vocação, qualificação e condições especiais para isso. Outros

professores, ao longo da carreira, podem ter um envolvimento maior em

atividades de ensino, de extensão, ou podem se envolver em atividades

administrativas, que são secundárias dentro da universidade, mas nem por

isso deixam de ser importantes. O essencial, na nossa opinião, é que em

algum momento, particularmente no inicio da formação acadêmica, o professor

esteja envolvido no processo de geração de conhecimento, dentro do sistema

universitário. Alguém já disse que a universidade não ensina e pesquisa, ela só

ensina porque pesquisa. Os próprios legisladores colocaram na nossa lei

fundamental, na nossa lei maior, que "a missão da universidade é pesquisa,

ensino e extensão", nessa ordem. Achamos que é de fundamental importância

para a formação e desenvolvimento da ética no interior da universidade, que o

professor passe pelo aprendizado do processo de geração de conhecimento.

Esse é um processo individual, feito entre orientador e orientado, entre mestre

e discípulo, caracterizando que ciência e ética estão intimamente ligadas.

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A questão da diversificação e da especialização interna não se contrapõe ao

que nós temos dito. Nada impede que, em algum momento da carreira

universitária, o professor se especialize em atividades de extensão ou se

dedique com maior ênfase ao processo administrativo. É essencial que no

desenvolvimento de sua carreira, em algum momento, ele tenha tido a

oportunidade de fazer parte desse processo de geração de conhecimento, que

é fundamental na formação do espírito da universidade. Não serve de desculpa

para ninguém, que a necessidade de fazer extensão ou de se envolver em

administração, ou mesmo dar aulas, seja justificativa para que um professor

universitário nunca passe pela experiência de gerar conhecimento. Um

pesquisador da Capes disse, numa reunião na Rural, que, consultados os

clientes da universidade, empresas ou instituições que contratam os

profissionais da universidade, sobre que tipo de profissional eles queriam que a

universidade produzisse, foi respondido que não queriam profissional treinado,

eles queriam profissional treinável. Nessa opinião um pouco crua dos clientes,

está colocada uma posição fundamental que a universidade deve ter. Nós não

queremos formar um profissional somente capaz de simplesmente exercer

uma técnica que seja adequada à sua atividade profissional. Nós queremos

formar um profissional com ampla visão de sua área de conhecimento, que

tenha formação científica que lhe permita tomar decisões, definir opções e

corrigir rumos. Que seja capaz de perceber, de forma mais abrangente, o que

é a sua área e em que direção ela caminha, sabendo interpretar que direções

ela precisa ter. Nós não queremos formar um profissional que se torne

obsoleto a cada nova mudança de processo tecnológico. Para isso é

necessário que tenhamos uma universidade com uma área básica fundamental

geradora de conhecimentos importantes. É necessário que o aluno tenha

contato com o processo de geração de conhecimento na sua fonte, desde

suas formas mais básicas. Além disso, como nós pretendemos formar um

profissional capaz para o exercício da cidadania, é necessário que, além do

conhecimento da sua técnica, o egresso da universidade tenha tido contato

com todas as outras áreas de conhecimento humano. Isso permite que ele seja

capaz de observar e agir criticamente junto à sociedade aonde vai se inserir

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como profissional, exercendo a sua cidadania no conjunto da própria

sociedade.

ANEXO 3

Entrevista

Revista Nova Escola

Entrevistado: Marcos Rosa

O melhor jeito de atrair os estudantes

Montar um planejamento compromissado com o projeto pedagógico e a

proposta curricular é o caminho para dar sentido às aulas

"Quanto mais genério o planejamento, mais vazio, pois o que serve para

qualquer situação é só um exercício burocrático."

Foto: Marcos Rosa

O planejamento da construção de um prédio só faz sentido com um projeto

arquitetônico, que por sua vez depende de uma proposta de uso (ele pode virar

moradia, hotel ou escritório, por exemplo). Da mesma forma, cada hotel tem

um projeto diferente em função do terreno disponível e do público previsto para

ocupá-lo. Numa analogia simples, fica fácil entender por que um planejamento

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de ensino não se sustenta sem um projeto pedagógico capaz de tornar

realidade a proposta curricular - tomando por base as condições reais dos

alunos.

Isso fica difícil quando a rotatividade de professores é endêmica e se torna

impossível quando não há registros que orientem a continuidade formativa. Por

isso, é essencial fugir das repetitivas listas de tópicos para as séries e

disciplinas. Afinal, quanto mais genérico o planejamento, mais vazio e inútil ele

é, pois o que serve para qualquer situação não passa de exercício burocrático,

nunca é trabalho educacional.

Se uma rede pública propõe que Geografia e Ciências tratem da degradação

ambiental numa determinada série, alunos de uma periferia metropolitana,

defasados no letramento, podem fazer observações do saneamento urbano

com registros que reforcem o exercício da escrita. Já os estudantes que são de

famílias de agricultores atraídas por trabalho sazonal e temporário nas

colheitas podem ser estimulados por suas escolas a observar a contaminação

de solos e rios e, assim, valorizar sua eComo fazer da rotina uma aliada

Além de adaptar o currículo às circunstâncias e à realidade locais, planejar é

organizar e dimensionar atividades que garantam que todos avancem e

coordenar os recursos existentes e o tempo disponível. Dependendo das

possibilidades, jovens podem ser convidados a promover o julgamento ético de

uma atitude discutível, num chat via internet ou numa roda de papo ao vivo. Do

mesmo modo, o que em certas escolas pode ser aprendido nos laboratórios,

em outras tem de ser feito na forma de demonstrações em classe ou

investigações fora dos muros escolares. Também os momentos de avaliar (e

as maneiras mais eficazes de comprovar a evolução das turmas, de

preferência ao longo do processo e não apenas com provas formais) devem

ser planejados conforme as condições específicas.

Uma questão que poderia ter aberto este texto, eu lanço agora como um

fechamento: a quem interessa o planejamento? É claro que interessa ao

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professor (para organizar seu trabalho cotidiano) e aos gestores escolares

(para implementar o projeto pedagógico definido pela equipe), mas, quando ele

é bom, tem como ótimo efeito colateral a criação de programas de ensino que

atraem os alunos e suas famílias - pois, se queremos responsabilidades

partilhadas, precisamos informar a proposta, o projeto e o programa.

Se os próprios professores se sentem isolados, como se estivessem de

passagem por aquele lugar, ou se o que se espera deles é que façam um

plano igual ao das outras escolas em que lecionam (e cujos projetos

pedagógicos ignoram), nesse caso não há sequer como criar expectativas

sobre o destino dessa equipe. Só mesmo com um milagre para escapar do

rebaixamento...

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CANDAU, V. M. A didática em questão. 28 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

___________ . Rumo a uma nova didática. 18 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008

GALVÃO, Zélia. MANSUR, Olívia. Plano Pedagógico das escolas. Revista

Hífen. RJ: 1999.

GANDIN, Danilo. A prática do planejamento participativo. Petrópolis: Vozes,

1999.

_____________ . Planejamento participativo na escola. SP: Loyola, 2002.

_____________ .Temas para um projeto político-pedagógico. Petrópolis:

Vozes, 2000.

_____________ . Escola e transformação social. Petrópolis: Vozes,1998.

_____________. Planejamento como prática educativa. SP: Loyola, 1994.

MENEGOLLA, Maximiliano. SANT’ANNA, Ilza Martins. Por planejar Como

Planejar? Currículo – Área – Aula . Petrópolis: Vozes,1999.

PIMENTA, SELMA G.; ANASTASIOU, Léa das Graças C. Docência do ensino

superior. SãoPaulo Cortez, 2002

PILETTI, Claudino. Didática Geral. SP: Ática, 2000.

TOSI, Maia Raineldes. Didática geral: um olhar para o futuro. 2. ed. Campinas,

SP: Alínea.2001.

_______________________, Planejamento: projeto de ensino aprendizagem e

projeto político pedagógico. 15. ed. São Paulo: Libertad, 2006.

VELZEN, Boudewijn Van. Os planos de ação para o novo ano. Revista Nova

Escola. : >SP: 1998.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

1 - Ciudad de la Habana-Cuba: Centro de estudos para el Perfeccionamiento

de la Educación Superior. U. de la Habana, 1992.

2 - DEMO, Pedro. Educar Pela Pesquisa. Campinas: Autores Associados,

1996.

3 - ARMAS, Ramón; TORRES-CUEVAS, Eduardo; BALLESTER, Ana Cairo.

Historia de La Universidad de La Habana. Havana, Editorial de Ciências

Sociales, 1984.

4 - Ciranda do Meio Ambiente. Concepção e coordenação. Rio de Janeiro:

Memória Futura, 1991.

5 - ARMAS, Ramón; TORRES-CUEVAS, Eduardo; BALLESTER, Ana Cairo.

Historia de La Universidad de La Habana. Havana, Editorial de Ciencias

Sociales, 1984.

6 - BEVILAQUA, Clovis. Direito das Sucessões. RJ: Ed. Rio, 1978.

7 - Comissão do Senado Federal. Educação, o desafio do ano 2000. Anais de

Seminário, Brasília-DF: 1991, 270 p.

8 - LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1991.

9 - MACHIAVELLI, Nicoló Di Bernardo. El Princepi. Tradución de GRASSI,

Roberto. 17ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994.

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10 - ERBOLATO, Mário L. Técnicas em Codificação Jornalística. 5ª ed., São

Paulo: editora Ática, 1991, 256 p.

11 – www.vezdomestre.com.br. Pedagogia Inclusiva. 1-4, 2004

12 – CARVALHO, Vilson Sérgio. Pedagogia Inclusiva.

www.vezdomestre.com.br , 1-4, 2004

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: A Importância do Planejamento de Aula no Ensino Superior

Autor: André Luis Ricote dos Santos

Data da entrega: 22 de agosto de 2010

Avaliado por: Prof Marcelo Saldanah

Conceito: