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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A INCIDENCIA DO IPI SOBRE PRODUTOS IMPORTADOS Por: Vinicius da Cruz Conceição Orientadora Prof. Luciana Madeira Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A INCIDENCIA DO IPI SOBRE PRODUTOS IMPORTADOS

Por: Vinicius da Cruz Conceição

Orientadora

Prof. Luciana Madeira

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A INCIDENCIA DO IPI SOBRE PRODUTOS IMPORTADOS

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão em Planejamento Tributário

Por: . Vinicius da Cruz Conceição

AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho monográfico à Grasiele, esposa e companheira, pela paciência, compreensão e incentivo durante o curso e por colocar a numeração na monografia. Ao meu pai, pelo incentivo e orgulho pela minha decisão de estudar. A minha mãe pelas orações.

DEDICATÓRIA

Agradeço a Deus por tudo que a nós disponibiliza.

Agradeço ao Professor Flavio Vieira,

pela competente e profissional orientação.

E a todos que direta ou indiretamente

colaboraram para elaboração deste

trabalho e o êxito na atividade acadêmica

RESUMO

O Brasil tem como característica principal importar produtos já

prontos. Dentre os produtos mais importados em 2011, segundo dados

disponibilizados pela Secretaria do Comércio Exterior, estão os Combustíveis e

Lubrificantes, os equipamentos mecânicos, os equipamentos elétricos e

eletrônicos e os automóveis e partes. A presente pesquisa tem a finalidade de

verificar a identidade entre a isenção tributária e incidência do IPI na fase de

circulação dos produtos importados está de acordo com o comando

constitucional. O estudo reservado ao IPI, onde se apresenta o histórico do

tributo, os princípios constitucionais a ele aplicáveis e a hipótese de incidência,

em seus diversos aspectos. Finalizando com o posicionamento doutrinário e

jurisprudencial acerca do tema. E conclui -se que o IPI não poderá incidir na

saída do estabelecimento comercial, seja pela inconstitucionalidade da

equiparação, ou por ter ocorrido à incidência do IPI no despacho

aduaneiro, não haverá novamente, ante a ocorrência da bitributação.

.

METODOLOGIA

A metodologia neste trabalho tem a função de nortear os caminhos dos

empresários na incidência do IPI sobre as saídas de mercadorias importadas.O

presente trabalho será elaborado através de legalidade, posicionamento

doutrinário e jurisprudencial. A pesquisa bibliográfica tem como principal fonte

as publicações em legislações, livros, artigos e internet dos últimos 10 anos. Os

principais autores no posicionamento doutrinário pela constitucionalidade do IPI

nas saídas de mercadorias importadas estão Kiyoshi Harada (2006) e Hugo

de Brito Machado (2009). Agora no posicionamento doutrinário pela

inconstitucionalidade do IPI nas saídas de mercadorias importadas estão os

doutrinadores Leandro Paulsen ( 2008 ) e José Eduardo Tellini Toledo ( 2007 ).

É por isso que este trabalho consiste no começo de uma longa caminhada, ou

melhor, na continuação de uma longa caminhada, já iniciada por aqueles que

nos precederam. Partiremos da análise dos enunciados prescritivos constantes

do Texto Constitucional relevantes para o Subsistema Constitucional Tributário,

e, em específico, para o IPI.

SUMÁRIO

Introdução......................................................................................... 10 1.. Princípios Constitucionais e fontes do Direito Tributário ..........11 1.1 Princípios Constitucionais Tributários ......................................11 1.1.1 Princípio da legalidade tributaria..............................................12

1.1.2 Princípio da anterioridade tributaria.........................................13

1.1.3 Princípio da igualdade tributaria..............................................14 1.1.4 Princípio da irretroatividade da lei tributária............................15

1.1.5 Princípio da proibição do tributo com efeito de confisco.........16

1.1.6 Princípio da uniformidade geográfica......................................17

1.1.7 Princípio da capacidade contributiva......................................18

1.1.8 Princípio da não-discriminação tributária, baseada em

procedência ou destino..........................................................19 1.2 Fontes do Direito Tributário..................................................20

1.2.1 Constituição Federal e Emendas à Constituição...................22

1.2.2 Leis complementares.............................................................22

1.2.3 Leis ordinárias........................................................................23

1.2.4 Leis delegadas.......................................................................23

1.2.5 Medidas provisórias...............................................................24

2.. Imposto sobre produtos industrializado – IPI .........................25 2.1 Noções gerais e principais características..............................25 2.2 Origens constitucionais do IPI.................................................26 2.3 Incidência.................................................................................27

2.4 Não Incidência .........................................................................27 2.5 Não-Cumulatividade.................................................................28 2.6 Créditos básicos.......................................................................28 2.7 Seletividade..............................................................................30 2.8 Noventena................................................................................30 2.9 Imunidade..................................................................................31 2.10 Isenção....................................................................................31 2.11 Diferença entre isenção e produto sujeito à alíquota zero......31 2.12 Suspensão................................................................................32 2.13 Alíquotas..................................................................................32 2.14 Cálculo do imposto...................................................................33 2.15 Base de cálculo........................................................................33 2.16 Descontos.................................................................................33 2.17. Apuração, forma e prazo de recolhimento...............................34 2.18 Obrigações acessórias.............................................................34 3. A Inconstitucionalidade da incidência da IPI na saída de produtos importados nos estabelecimentos comerciais equiparados a industriais..................................................................35 3.1 Modalidades de importação........................................................35

3.2 Importação por conta própria.....................................................36

3.3 Importação por conta e ordem de terceiros...............................36

3.4 Importação por encomenda.......................................................37

3.5 A definição de contribuintes do IPI.............................................37

3.6 O Posicionamento Doutrinário e Jurisprudencial acerca do IPI na fase de circulação incidente sobre produtos importados nos estabelecimentos comerciais equiparados a industriais ........................................................................................................39

3.7 Posicionamento doutrinário pela constitucionalidade...........40 3.8 P osicionamento doutrinário pela inconstitucionalidade........40 3.9 Posicionamento jurisprudencial pela constitucionalidade .....41

3.10 Posicionamento jurisprudencial pela inconstitucionalidade..43

Conclusão.......................................................................................46 Referencias....................................................................................49

10

INTRODUÇÃO

O presente estudo monográfico deseja verificar se existe a

constitucionalidade ou inconstitucionalidade do IPI na saída de mercadorias

importadas dos estabelecimentos equiparados a industrial.

Desde que criado, muito já se discutiu sobre a incidência deste

imposto na importação de bens (IPI-Importação), sempre se argumentando se

esta hipótese de incidência seria ou não constitucional, devido ao bis in idem (

Hugo de Brito, 2009 ) que seria causado nesta operação pela já incidência do

Imposto de Importação (II).

A relevância no estudo deste tema está na necessidade de se

repensar a forma de tributação atualmente em vigor no país, tendo em vista as

possíveis distorções existentes entre a incidência tributária e a justiça fiscal e

para os contribuintes que suportam o ônus tributário, além de escassa

jurisprudência acerca do assunto.

Visando um melhor entendimento do tema, esta monografia foi

dividida em três capítulos, além da introdução e da conclusão.

No primeiro capítulo são apontados os principais Princípios

Constitucionais Tributários e fontes do Direito Tributário.

No segundo capitulo serão apontados o que é o IPI e suas principais

características.

No terceiro capítulo terminaremos com as modalidades de

importações e o posicionamento doutrinário e jurisprudencial que acerca do IPI

na fase de circulação incidente sobre produtos importados nos

estabelecimentos comerciais equiparados a industriais.

CAPITULO 1

1. Princípios Constitucionais e Fontes do Direito Tributário.

Neste primeiro capítulo, inicialmente será efetuada uma explanação

sobre os princípios constitucionais tributários, que define como serão cobrados

dos cidadãos os tributos e outras obrigações a ele relacionadas, para

gerar receita para o Estado. Tem como contraparte o direito tributário ou

orçamentário, que é o conjunto de normas jurídicas destinadas à

regulamentação do financiamento das atividades do Estado. Direito tributário e

direito fiscal estão ligados, por meio do direito financeiro, ao direito público.

1.1 – Princípios Constitucionais Tributários

Princípio é a regra básica implícita ou explícita que, por sua grande

generalidade, ocupa posição de destaque no ordenamento jurídico e, por isso,

vincula o entendimento e a boa aplicação, seja dos simples atos normativos,

seja dos próprios mandamentos constitucionais. Demonstra regra superior,

mesmo que não positivada, à qual devem se amoldar as disposições legais,

visto que os princípios indicam “direção” que deve ser tomada pelo exegeta ou

pelo legislador.

Sempre que houver uma dupla interpretação da norma ou uma

interpretação dúbia, deve-se recorrer aos princípios a fim de encontrarmos a

solução interpretativa.

Assim, fez-se necessário analisar os vários aspectos dos princípios

constitucionais tributários.

12

1.1.1 Princípio da legalidade tributaria

O princípio da legalidade consiste num dos fundamentos do Estado

Democrático de Direito. Notável conquista da humanidade, na medida em que

suprime da vontade do detentor do poder a fixação da obrigatoriedade das

condutas, não poderia deixar de estar presente no universo tributário. Neste

sentido, a obrigação do cidadão transferir parte de seu patrimônio para os

cofres do Poder Público não pode prescindir da edição da lei competente.

No campo tributário, o princípio da legalidade está consagrado no

art. 5º inciso II, da Constituição Federal de 1988 (CF/1988), este princípio

quer significar que ninguém é obrigado a recolher tributo sem que,

anteriormente, haja lei que traga sua definição. Por outro lado, tal princípio

guarda determinação de que é vedado às pessoas políticas criar tributos sem

lei anterior que os estabeleça, vale dizer, com previsão de sua hipótese de

incidência, sujeito ativo e passivo, base de cálculo e alíquota.

O principio da legalidade determina que só haverá cobrança,

instituição ou modificação de tributo quando houver a devida previsão legal

para isto. Não pode um decreto ou outro instrumento infra-legal o fazê-lo.

“Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados e aos Municípios:

I - Exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.'' Art 150 CF.

Vale ainda ressaltar, que a cobrança dos tributos deve ser feito por

atividade administrativa plenamente vinculada.

13

1.1.2 Princípio da anterioridade tributaria

Entende-se por princípio da não-surpresa do contribuinte a adoção

de uma técnica que permita o conhecimento antecipado da instituição ou

aumento de tributos. Assim, o sujeito passivo poderia realizar um planejamento

adequado de suas atividades econômicas levando em conta os ônus tributários

a serem experimentados no futuro.

Na CF/1988 o principio da anualidade está consagrado nos arts.

48, II; 165, §5º; e 166, de acordo com esse princípio, a lei que cria ou majora

(aumenta) determinado tributo, ao entrar em vigor, fica com sua eficácia

suspensa até o início do próximo exercício financeiro, quando, só então,

produzirá todos os seus efeitos próprios.

O princípio da anterioridade reafirma o princípio da segurança

jurídica, abrigando a idéia de que o contribuinte não deve ser tomado de

surpresa pelo fisco e, por outro lado, visa à possibilidade de preparação do

ente tributante para a correta cobrança do pretenso tributo.

Existem exceções ao princípio em estudo, as quais podem ser

encontradas no § 1.ºdo artigo 150 da Magna Carta, abaixo citados:

· imposto sobre a importação (art. 153, inciso I, da Constituição Federal);

· imposto sobre a exportação (art. 153, inciso II, da Constituição Federal);

· imposto sobre produtos industrializados (art 153, inc IV, Const Federal);

· imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro ( art 153 inc V, CF )

· imposto extraordinário lançado por motivo de guerra ( art. 154, inc II, CF )

14

1.1.3 Princípio da igualdade tributaria

Trata-se de outro princípio com raio de ação superior ao

universo tributário. Verdadeiro elemento conformador da ordem jurídica como

um todo, fixa a premissa de que todos são iguais perante a lei,

independentemente da riqueza ou prestígio destes.

A igualdade constitucional apresenta-se como uma norma geral de

proibição ao arbítrio, impedindo o legislador de adotar critérios políticos e

diferenciados na elaboração de normas, evitando que possa promover

discriminações.

Este princípio, como todos os outros, nem sempre será aplicado,

podendo ser relativizado de acordo com o caso concreto. Doutrina e

jurisprudência já assentam o princípio de que a igualdade jurídica consiste em

assegurar às pessoas de situações iguais os mesmos direitos, prerrogativas e

vantagens, com as obrigações correspondentes, o que significa "tratar

igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida em que eles se

desigualam" , visando sempre o equilíbrio entre todos.

No Direito Tributário, a isonomia ou igualdade tributária está prevista

no Art. 150, II da CF/88, segundo o qual "é vedado à União, aos Estados, ao

DF e aos Municípios instituir tratamento desigual entre contribuintes que se

encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de

ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da

denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos".

15

1.1.4 Princípio da irretroatividade da lei tributária O princípio da irretroatividade possui grande relevância e é um dos

princípios basilares que respaldam o exercício do poder de tributar, garantindo

os direitos dos contribuintes.

O princípio, especialmente no âmbito do Direito Tributário, é a regra

geral, significando que deve-se aplicar a lei vigente no momento da ocorrência

do fato gerador.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III - cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os

houver instituído ou aumentado;

Tratando-se, assim, de aumento de tributo, o princípio

da irretroatividade da lei deve ser cumprido rigorosamente, não sendo possível

em um Estado democrático de direito que se exija o pagamento de tributos

relativamente a atos jurídicos já realizados.

Existem “aparentes” exceções previstas no CTN: Art. 106 do CTN –

lei meramente interpretativa (lei que explica o conceito que já consta na

legislação e, por isso, pode retroagir) , sanção menor (para casos de sanções

não definitivamente julgados = não houve lançamento ou extinção. Apenas

para o caso de multa, se for para o caso de alíquota não retroage) Art. 144,

§único do CTN – Estabelece novos critérios para lançamento tributário.

Diante do exposto, resta patente a necessidade do exame vígil às leis

insertas no ordenamento pátrio, a fim de se resguardar, diuturnamente, os

princípios que regem a limitação ao poder de tributar, abrigando à

imprescindível segurança jurídica.

16

1.1.5 Princípio da proibição do tributo com efeito de confisco.

O princípio da vedação do confisco é previsto no sistema tributário

nacional como uma das limitações constitucionais ao poder de tributar.

Segundo a regra ínsita no art. 150, IV, da Constituição Federal,

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

O princípio da vedação ao confisco, em Direito Tributário, determina

que a imposição de um determinado tributo não pode ter por conseqüência o

desaparecimento total de um determinado bem. Em outras palavras, o valor de

uma exação deve ser razoável e observar a capacidade contributiva do sujeito

passivo. Tem-se como exemplos de condutas vedadas o tributo sobre

patrimônio que acarreta a inutilização de uma propriedade e o imposto sobre a

renda que impossibilite o sujeito passivo de auferi-la.

É, por exemplo, o entendimento de Machado (2009): “Tributo com

efeito de confisco é tributo que, por ser excessivamente oneroso, seja sentido

como penalidade. É que o tributo, sendo instrumento pelo qual o Estado obtém

os meios financeiros de que necessita para o desempenho de suas atividades,

não pode ser utilizado para destruir a fonte desses recursos.

Nesse sentido o tributo não pode ser antieconômico, vale dizer, não

pode inviabilizar o desenvolvimento de atividades econômicas geradoras de

riqueza, ou promotoras da circulação desta”

Configura-se, do mesmo modo que outros princípios tributários,

uma limitação ao poder de tributar do Estado, e que, por conseguinte,

estabelece uma garantia fundamental ao sujeito passivo.

.

17

1.1.6 Princípio da uniformidade geográfica

O Princípio da Uniformidade Geográfica, também denominado

Princípio da Uniformidade Tributária, encontra guarida no art. 151, inciso I, c/c

art. 19, inciso III, in fine, ambos da CF/88, tendo sido inserido no Ordenamento

Jurídico como ratificador do Princípio da Isonomia, vez que seu regramento

impõe à União a necessidade de instituição de tributos federais de maneira

uniforme em todo o território nacional, sem embargo da observância do pacto

federativo.

Dessa forma, temos que o tributo federal deve gozar da mesma

alíquota em todo o território brasileiro, reforçando o postulado da defesa da

identidade das alíquotas. Significa, portanto, que um eventual aumento de

alíquotas atinge o País em sua inteireza, sob pena de se ferir o Princípio

Constitucional da Uniformidade Geográfica, verdadeiro corolário do Princípio do

Federalismo de Equilíbrio, em vigor no Brasil como núcleo imodificável, salvo o

Poder Constituinte Originário, e também conhecido por cláusula pétrea, cujo

teor se encontra no art. 60, § 4°, I, da CF/88.

Assim, busca-se a paridade entre as entidades que integram a

nossa República Federativa, vedada a sua hierarquização. É dizer, os Estados-

membros são parificados, e jamais hierarquizados, de modo que o Princípio da

Uniformidade Tributária não derroga o Princípio Federativo, mas, ao contrário,

corrobora-o.

Entretanto, deve ser lembrada que fica mantida a ressalva prevista

no próprio art. 151, I, da CF/88, que permite à União a expressa concessão de

incentivos regionais, destinados a promover benefícios que visem ao equilíbrio

do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões de nosso País,

com base no fato de que situações desuniformes não podem ser tratadas de

maneira igualitária.

18

1.1.7 Princípio da capacidade contributiva

O Princípio da Capacidade Contributiva é o princípio jurídico que

orienta a instituição de tributos impondo a observância da capacidade do

contribuinte de recolher aos cofres públicos.

A capacidade contributiva a ser aferida é a capacidade subjetiva do

contribuinte, a real aptidão de determinada pessoa para recolher ao Fisco.

Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão

graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultando à

administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses

objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o

patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Tal arrecadação ocorre para que atenda os valores da economia

relevantes para a atividade do Estado. Assim, a capacidade contributiva possui

caráter proeminente entre as demandas da tributação.

Importante destacar que a capacidade contributiva é um principio pelo

qual a tributação ao exigir recolhimentos destinados as despesas publica, o

faça respeitando as condições de contribuir, aptidão econômica dos

contribuintes e em especial as desigualdades individuais dos tributados,

instituindo os impostos de acordo com as possibilidades financeiras de cada

classe, a fim de que o objetivo principal de custar a maquina estatal seja

alcançado, e repassado a todos de forma igualitária.

O tributo é uma necessidade vital de um Estado, condicionador de

manutenção de políticas públicas, de sua própria existência.

19

1.1.8 Princípio da não-discriminação tributária, baseada em

procedência ou destino.

Normalmente chamado de princípio da não discriminação tributária

em razão da origem ou do destino dos bens e serviços, traz nesta intitulação o

próprio significado da norma insculpida no artigo 152 da Carta Magna de 1988,

dispondo que “é vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios

estabelecer diferença tributária entre os bens e serviços, de qualquer natureza,

em razão de sua procedência ou destino”

Sua denominação é auto-explicativa e leva ao entendimento que os

Estados, os Municípios e o Distrito Federal não podem tributar mais

severamente ou mais brandamente em razão da procedência ou destino dos

bens e serviços de qualquer natureza.

Assim, esses intuitos maiores, como de desenvolvimento e de

redução das desigualdades entre regiões, justificam a aplicação do fator

discriminatório, dando ensejo à abertura de exceções a este princípio. Portanto,

embora excepcionado, este princípio representa o ânimo constitucional de

manter a paridade de condições entre os entes federados, equilibrando as

regiões menos avantajadas com aquelas mais favorecidas social e

economicamente.

Cuida-se tal princípio de coibir instituição de privilégio em favor de

bens e serviços produzidos no Estado ou Município tributante ou de vedação

de discrímen contra os bens e serviços produzidos fora dos limites territoriais

da entidade tributante.

Conclui-se da norma constitucional que a procedência e o destino de

bens não é elemento idôneo para a manipulação de alíquotas ou base de

cálculos pelos entes tributantes.

20

1.2 Fontes do Direito Tributario

O Direito possui fontes que dão origem as regras jurídicas. Sendo

assim o Direito Tributário também possui fontes para a criação de suas

normas, que serão fonte formais e as fontes reais. As fontes reais constituem

suportes fáticos das imposições tributárias e são denominadas como fato de

incidência, fatos oponíveis ou hipóteses de incidência. As fontes formais

constituem o conjunto de normas que compõe o Direito Tributário, e se

dividindo em fontes principais e fontes acessórias. As fontes principais do

Direito Tributário são as leis, os tratados e convenções internacionais, os

decretos, as medidas provisórias, os convênios interestaduais ICMS e as

resoluções do Congresso.

Todavia, quando o vocábulo fonte é utilizado sob a ótica jurídica,

adquire sentido próprio e peculiar, significando o nascedouro, o palco originário

das regras norteadoras de determinado instituto.

O substantivo fonte pode denotar vários sentidos, dependendo da

acepção que se lhe atribui. Comumente, poderíamos entendê-lo como "aquilo

que origina ou produz; origem, causa; procedência, proveniência"

A expressão "fontes do direito", segundo Moraes (1996) , é empregada

com o significado de "ponto originário de onde provém ou nasce a norma

jurídica", sendo expressão sinônima de "causas de nascimento do direito",

correspondendo, pois aos processos de criação das normas jurídica

Em sentido comum, é da fonte que nasce a água. Juridicamente, é

dela (fonte) que brota o direito.

21

1.2.1 Constituição Federal e Emendas à Constituição

Constituição Federal é um conjunto de normas do governo, que

pode ser ou não codificada como um documento escrito, que enumera e limita

os poderes e funções de uma entidade política. Essas regras formam, ou seja,

constituem, o que a entidade é. No caso dos países (denominação coloquial

de Estado soberano) e das regiões autônomas dos países, o termo refere-se

especificamente a uma Constituição que define a política

fundamental, princípios políticos, e estabelece a estrutura, procedimentos,

poderes e direitos, de um governo. Ao limitar o alcance do próprio governo, a

maioria das constituições garantem certos direitos para as pessoas. O

termo Constituição pode ser aplicado a qualquer sistema global de leis que

definem o funcionamento de um governo, incluindo várias constituições

históricas não-codificadas que existiam antes do desenvolvimento de

modernas constituições

Emenda constitucional é uma modificação da constituição de

um Estado, resultando em mudanças pontuais do texto constitucional, as

quais são restritas a determinadas matérias, não podendo, apenas, ter como

objeto a abolição das chamadas cláusulas pétreas.

É relevante destacar que até então, os processos de mudança

constitucional eram geralmente marcados por violência e grandes mudanças

políticas, muitas vezes ocorrendo em meio a revoluções e guerras civis entre

os que pretendiam mudar uma constituição e os que queriam mantê-la. Assim,

a primeira vantagem da Emenda Constitucional seria a de permitir mudanças

institucionais dentro dos trâmites legais e mantendo a ordem legal. Outra

vantagem é o fato de que a Emenda Constitucional pode mudar apenas um

parágrafo, tópico ou tema da Constituição, sem a necessidade de se convocar

uma nova Constituinte.

22

1.2.2 Leis complementares A lei complementar é uma lei que tem, como propósito,

complementar, explicar e adicionar algo à constituição. A lei complementar

diferencia-se da lei ordinária desde o quorum para sua formação. A lei ordinária

exige apenas maioria simples de votos para ser aceita; já a lei complementar

exige maioria absoluta. Na verdade, não há hierarquia entre lei ordinária e lei

complementar; o que há são campos de atuação diversos. Segundo

jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não existe tal hierarquia, mas

o Superior Tribunal de Justiça acha que existe, justamente por causa da

diferença entre os quorum, sendo a lei complementar hierarquicamente

superior à lei ordinária (baseia-se na regra da pirâmide de Kelsen sobre a

hierarquia das leis).

As leis complementares constituem um tipo de leis que não ostentam a

rigidez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam a revogação por

força de qualquer lei ordinária superveniente. Com a instituição de lei

complementar buscou o constituinte resguardar certas matérias de caráter

paraconstitucional contra mudanças céleres ou apressadas, sem lhes imprimir

uma rigidez exagerada, que dificultaria sua modificação.

A lei complementar deve ser aprovada pela maioria absoluta de cada

uma das Casas do Congresso (Constituição, art. 69)

A principal lei complementar que dispõe de matéria tributária é a Lei

nº. 5172 de 1966, o Código Tributário Nacional. Este tem a eficácia de lei

complementar, pois versa de assunto reservado, podendo ser revogado por

diploma de mesma natureza.

A lei comlementar simplesmente é a que complementa a constituição

federal, que trata de algum assunto constante na C.F.

23

1.2.3 Leis ordinárias

A lei ordinária é um ato normativo primário e contém, em regra,

normas gerais e abstratas. Embora as leis sejam definidas, normalmente, pela

generalidade e abstração ("lei material"), estas contêm, não raramente, normas

singulares ("lei formal" ou "ato normativo de efeitos concretos").

No Brasil podem ser considerados exemplos de lei formal: – Lei

orçamentária anual (Constituição, art. 165, § 5o); – Leis que autorizam a

criação de empresas públicas, sociedades de economia mista, autarquias e

fundações (Constituição, art. 37, XIX).

O STF tinha firmado entendimento de que os atos normativos de

efeitos concretos, por não terem o conteúdo material de ato normativo, não se

sujeitam ao controle abstrato de constitucionalidade. Entretanto, o

posicionamento dessa Corte sofreu modificações em meados do ano de 2008,

quando passou a admitir o exercício do controle de constitucionalidade de leis

de efeitos concretos.

1.2.4 Leis delegadas

A Lei Delegada (vide artigos 59, IV e 68 da Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988) é um ato normativo elaborado pelo

chefe do poder executivo no âmbito federal, estadual e municipal, com a

solicitação ao Congresso Nacional (art. 68, caput, Constituição Federal 1988),

relatando o assunto que se irá legislar. O chefe do executivo solicita a

autorização, e o poder legislativo fixa o conteúdo e os termos de seu exercício.

Depois de criada a lei pelo chefe do executivo, ela é remetida ao legislativo

para avaliação e aprovação. Considerando que os limites foram respeitados e

que a lei é conveniente, o legislativo a aprova, contudo, essa norma entra no

24

sistema jurídico na qualidade de lei ordinária. As leis delegadas não admitem

emendas.

Algumas matérias não podem ser objeto de delegação, não podendo versar

sobre atos de competência exclusiva do Congresso Nacional acerca de matéria

reservada à lei complementar, nem a legislação sobre planos plurianuais,

diretrizes orçamentárias e orçamentos, entre outros.

O assunto é abordado nos artigos 59 e 68 da Constituição Federal. Atualmente

temos apenas 13 leis delegadas. A última foi editada em 1992.

1.2.5 Medidas provisórias

A medida provisória (MP) é um ato unipessoal do presidente da

República, com força imediata de lei, sem a participação do Poder Legislativo,

que somente será chamado a discuti-la e aprová-la em momento posterior. O

pressuposto da MP, de acordo com o artigo 62 da Constituição Federal

é urgência e relevância, cumulativamente. Nem sempre o Executivo respeita

esse critério de relevância e urgência quando edita uma MP.

As medidas provisórias vigorarão por sessenta dias, prorrogáveis

por mais 60, quando passam a trancar a pauta do Congresso e precisam ser

apreciadas.

A medida pode ser reeditada, porém a Constituição Federal proíbe a

reedição de uma medida provisória, na mesma sessão legislativa,

expressamente rejeitada no Congresso Nacional, ou que tenha perdido sua

eficácia por decurso de prazo, podendo ser adotada novamente na sessão

legislativa seguinte e no capitulo seguinte será abordado os aspectos

relacionados especificamente ao IPI.

25

CAPITULO 2 2. Imposto sobre produtos industrializados - IPI

O Imposto sobre Produtos Industrializados, cuja sigla é IPI, é

um imposto federal, ou seja, somente a União pode instituí-lo ou modificá-lo,

sobre produtos industrializados no Brasil. Está previsto no art. 153, IV,

da Constituição Federal.

Suas disposições estão descritas através do Decreto nº 7.212, de 15

de junho de 2010, que regulamenta a cobrança, fiscalização, arrecadação e

administração do Imposto sobre Produtos Industrializados.

2.1 Noções gerais e principais características

O IPI é imposto por homologação. O contribuinte escritura seus livros

de entrada e de saída dos produtos, anotando como crédito o valor do IPI

relativo às entradas de matérias-primas e insumos e, como débito, o relativo às

saídas de produtos.

As normas tributárias que regem o IPI cometem aos contribuintes do

imposto o dever de antecipar o seu pagamento sem prévio exame da

autoridade administrativa. Isto ocorre rotineiramente ao final do período de

apuração do imposto quando, do confronto entre os créditos e débitos do

período, resulta saldo devedor. Neste caso, agindo de conformidade com a

legislação, o contribuinte procede ao recolhimento do imposto, por intermédio

do Documento de Arrecadação de Receitas Federais - DARF e o informa na

Declaração de Créditos e Débitos Tributários Federais – DCTF.

26

Dos 100% apurados com o IPI, 43% fica com a União, 21,5% com o

Fundo de Participação dos Estados, 22,5% com o Fundo de Participação dos

Municípios.

2.2 Origens constitucionais do IPI

O Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI surgiu com a

Emenda Constitucional nº 18, de 01 de dezembro de 1965, resultando da fusão

de dois outros impostos até então existentes: o Imposto sobre Consumo de

Mercadorias e o Imposto de Indústria e Profissões.

A primeira regulamentação ocorreu com o Decreto n° 149 de 1842 e

se limitava ao consumo de aguardente. Por ser um imposto de arrecadação

fácil, outros produtos foram sendo gradativamente incluídos. O fumo foi o

primeiro produto a ser inserido com a expedição do Decreto nº. 746, de 26 de

fevereiro de 1886. Em seguida outros produtos como fósforos, outras bebidas

alcoólicas, velas, calçados, especialidades farmacêuticas, vinagre, conservas,

cartas de jogar, charque, sal. Destarte, havia um imposto para cada produto o

que levou a expedição de um regulamento único para todos os impostos de

consumo através do Decreto nº 3.622, de 25 de maio de 1900.

Outras transformações ainda ocorreram culminando com a Emenda

Constitucional nº. 18, de 01.12.1965, que criou pela primeira vez no Brasil um

sistema tributário harmonizado.

Outro ponto de extrema importância se deu com o advento da Lei

9.779/99 que criou o que conhecemos hoje como Crédito Básico do IPI.

27

2.3 Incidência

O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e

estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência

do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI). O campo de incidência do

imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados

na Tipi, observadas as disposições contidas nas respectivas notas

complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (não-

tributado).

Portanto, a empresa que efetuar qualquer modalidade de

industrialização deverá verificar na Tipi qual a alíquota correspondente e

efetuar o enquadramento fiscal de seu produto. Esse enquadramento caberá

ao profissional que está diretamente ligado ao setor produtivo da empresa, e,

mesmo assim, orientamos, por cautela, a formulação de consulta específica de

classificação fiscal junto à Secretaria da Receita Federal da jurisdição do

contribuinte a fim de que seja confirmado pelo órgão o correto enquadramento.

2.4 Não Incidencia

Não podem ser tributados de IPI os produtos constantes da Tipi que

estejam com a sigla NT, bem como nos casos em que o contribuinte não

realize uma das modalidades de industrialização.

O art. 5º do RIPI/2010 dispõe sobre as operações que não são

consideradas industrialização, a exemplo da confecção de vestuário, por

encomenda direta do consumidor ou do usuário, em oficina ou na residência do

confeccionador.

28

2.5 Não-Cumulatividade

O IPI tem como característica a não cumulatividade, compensando-

se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores.

Portanto, o contribuinte do IPI poderá creditar-se do imposto da

operação anterior desde que a saída do produto acabado seja tributada ou, se

não tributada, exista previsão de manutenção de crédito.

2.6 Créditos básicos

A empresa industrial ou equiparada a industrial poderá creditar-se

dos bens de produção adquiridos para fabricação ou revenda de seus

produtos, exceto os casos em que o produto final esteja previsto na Tipi como

NT ou se trate de produto imune.

Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados

poderão creditar-se dos seguintes créditos básicos:

a) do imposto relativo a matéria-prima (MP), produto intermediário (PI) e

matéria de embalagem (ME) adquiridos para emprego na industrialização de

produtos tributados, incluindo-se, entre as matérias primas e os produtos

intermediários, aqueles que, embora não integrem ao novo produto, forem

consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os

bens do Ativo Permanente;

b) do imposto relativo a MP, PI e ME remetidos a terceiros para

industrialização sob encomenda sem transitar pelo estabelecimento adquirente;

29

c) do imposto relativo a MP, PI e ME recebidos de terceiros para

industrialização de produtos por encomenda, quando estiver destacado ou

indicado na nota fiscal;

d) do imposto destacado em nota fiscal relativa a produtos industrializados

por encomenda, recebidos do estabelecimento que os industrializou em

operação que dê direito ao crédito;

e) do imposto pago no desembaraço aduaneiro;

f) do imposto mencionado na nota fiscal que acompanhar produtos de

procedência estrangeira, diretamente da repartição que os liberou, para

estabelecimento, mesmo que exclusivamente varejista, do próprio importador;

g) do imposto relativo a bens de produção recebidos por comerciantes

equiparados a industriais;

h) do imposto relativo aos produtos recebidos pelos estabelecimentos

equiparados a industriais que, na saída daqueles, estejam sujeitos ao imposto,

nos demais casos não compreendidos nas letras "a" a "g";

i) do imposto pago sobre produtos adquiridos com imunidade, isenção ou

suspensão, quando descumprida a condição em operação que dê direito ao

crédito; e

j) do imposto destacado nas notas fiscais relativas a entregas ou

transferências simbólicas do produto permitidas no RIPI/2010 .

Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados

poderão, ainda, creditar-se do imposto relativo a MP, PI e ME adquiridos de

comerciante atacadista não contribuinte, calculado pelo adquirente, mediante

30

aplicação da alíquota a que estiver sujeito o produto sobre cinqüenta por cento

do seu valor, constante da respectiva nota fiscal.

As aquisições de produtos de estabelecimentos optantes pelo

Simples Nacional de que trata o art. 177 do RIPI/2010 , não ensejam aos

adquirentes o direito à fruição de crédito do imposto relativo a matéria prima,

produto intermediário e material de embalagem.

2.7 Seletividade

A seletividade é uma das características do IPI. Sendo assim, em

função da essencialidade do produto, o imposto deve ter uma tributação menor

para os produtos necessários e maior para os produtos supérfluos, por isso

existe na legislação uma variação de alíquotas que depende do tipo de

produto.

2.8 Noventena

A Constituição Federal/1988 , em seu art. 150, III, "b", prevê que o

IPI não está sujeito ao princípio da anterioridade, ou seja, à vedação de sua

cobrança ou do seu aumento no mesmo exercício financeiro em que tenha sido

publicada a lei que o instituiu ou o aumentou.

Desse modo, o aumento de alíquotas efetuado por meio de lei ou

decreto do Poder Executivo e a inclusão de novos produtos no campo de

incidência do IPI somente poderão entrar em vigor depois de decorridos 90

dias da data da publicação do respectivo ato, ainda que dentro do mesmo

exercício financeiro da referida publicação.

31

2.9 Imunidade

São imunes de IPI:

a) livros, jornais periódicos e o papel destinado a sua impressão;

b) os produtos industrializados destinados ao exterior;

c) o ouro, quando definido em lei como Ativo Financeiro ou

instrumento cambial;

d) a energia elétrica, os derivados de petróleo, os combustíveis e os

minerais do País.

2.10. Isenção

A tributação do IPI se dá de acordo com a classificação fiscal do

produto que se encontra na TIPI, pelo critério da essencialidade da mercadoria.

O fato gerador ocorre na saída da mercadoria do estabelecimento

industrial ou equiparado a industrial.

No entanto, pelo instituto da isenção, a operação que deveria ser

tributada passa a não ser porque o legislador prevê, para determinados

produtos ou operações, a isenção do pagamento do imposto. Dizemos então,

que a isenção é uma exclusão do crédito tributário.

2.11 Diferença entre isenção e produto sujeito à alíquota zero

A isenção é um favor fiscal em que ocorre a dispensa do pagamento

do imposto, por força da legislação, de um produto sujeito a sua incidência.

Quando é atribuída a alíquota zero a determinado produto, a Secretaria da

32

Receita Federal, através do Parecer Normativo CST nº 149/1974 , considera

tais produtos tributados, mas com alíquotas reduzidas a zero, mesmo que na

prática não ocorra a tributação do imposto.

2.12. Suspensão

A suspensão é um instituto previsto no RIPI/2010 que tem por

objetivo transferir o momento, bem como, em alguns casos, diversificar a

responsabilidade do pagamento a outro contribuinte que tenha vínculo com a

operação. Ocorre a suspensão do IPI nos casos previstos nos arts. 43 a 48 do

RIPI/2010 , sendo alguns deles facultativos, cabendo ao contribuinte a escolha

ou não pela tributação no momento em que realizar a operação.

2.13. Alíquotas

A alíquota pode ser conceituada como sendo o percentual ou o valor

fixo que será aplicado sobre a base de cálculo para a apuração do valor de um

tributo.

Conforme já mencionado anteriormente, cada produto tem sua

classificação fiscal e sua alíquota prevista na TIPI.

Ressaltamos que existem produtos que possuem alíquotas ad

valorem ou específicas, dentre eles bebidas, cigarros, chocolates etc., que não

representam um percentual, mas sim um valor fixo, de acordo com a unidade

ou a quantidade de produto.

33

2.14. Cálculo do imposto

O IPI é calculado por fora, ao contrário do ICMS, que é calculado por

dentro, por isso o IPI deve ser somado ao total da nota fiscal.

O cálculo deverá ser feito sobre o valor da operação, somado todos

os encargos cobrados do destinatário, como, por exemplo, frete, seguros, juros

e demais obrigações acessórias, aplicando-se a alíquota correspondente.

2.15 Base de cálculo

Conforme já mencionado no tópico anterior, a base de cálculo do IPI

é o valor da operação somado às despesas acessórias (frete, seguro, juros),

que são aquelas realizadas pelo estabelecimento industrial ou equiparado, ou

por eles cobradas dos destinatários, com vinculação aos produtos tributados

pela saída.

2.16. Descontos

Ao contrário da legislação do ICMS, os descontos incondicionais

fazem parte da base de cálculo do IPI, logo, não podem ser deduzidos do valor

da operação os descontos, as diferenças ou os abatimentos concedidos a

qualquer título, ainda que incondicionalmente.

34

2.17 Apuração, forma e prazo de recolhimento

O IPI é apurado mensalmente. Cada atividade possui um código de

receita, e é com base nesse código que deverá ser preenchido o Documento

de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), que é o documento de

arrecadação do IPI.

O prazo de recolhimento desse imposto varia de acordo com o

código de receita atribuído à empresa.

2.18 Obrigações acessórias

As informações relativas ao IPI são prestadas na Declaração de

Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), voltada à informação de

tributos federais na qual o IPI está incluso.

O Pedido Eletrônico de Restituição ou Ressarcimento e da

Declaração de Compensação (PER/DCOMP) é um documento entregue pelos

contribuintes do IPI que tenham acumulado, no final de cada trimestre, saldo

credor e que pretendam pagar, com esse saldo, outros tributos de natureza

federal.

No próximo capitulo será abordado a inconstitucionalidade do IPI

incidente sobre produtos importados, na saída dos estabelecimentos

comerciais equiparados a industriais, analisando a doutrina e a

jurisprudência nacional.

35

CAPITULO 3

3. A Inconstitucionalidade da incidência do IPI na saída de produtos

importados nos estabelecimentos comercias equiparados a industriais. Neste Capitulo vamos a ambiguidade em responder se é

inconstitucional o IPI incidir sobre a saída de produtos importados, dos

estabelecimentos equiparados a industriais.

Desde que criado, muito já se discutiu sobre a incidência deste

imposto na importação de bens (IPI-Importação), sempre se argumentando

se esta hipótese de incidência seria ou não constitucional, devido ao bis in

idem que seria causado nesta operação pela já incidência do Imposto de

Importação (II).

Essa argüição, todavia, sempre foi rechaçada pela melhor

doutrina, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Superior Tribunal

deJustiça (STJ), sob o contra-argumento de que a Constituição nunca vedou

o bis in idem (a dupla ou múltipla tributação de um mesmo fato gerador pela

mesma Pessoa Jurídica de Direito Público), mas apenas a bitributação

(cobrança de tributos pertencentes a diferentes pessoas jurídicas, sobre um

mesmo fato gerador).

3.1 Modalidades de Importação O objetivo deste capitulo é trazer uma visão geral sobre como a

importação funciona no Brasil, um panorama de suas diferentes modalidades,

de suas características e dos requisitos para habilitação no Sistema Integrado

de Comércio Exterior (SISCOMEX).

36

3.2 Importação por conta própria Consiste na operação em que a empresa importadora adquire

mercadorias do exterior, fazendo-a em seu nome e sendo responsável pelo

fechamento e liquidação do contrato de câmbio com recursos próprios, para,

em seguida, vendê-las no mercado interno.

Nessa sistemática, a transmissão da propriedade das mercadorias

importadas dá-se entre fornecedor e importador, e, em momento subseqüente,

tem-se nova transmissão da titularidade, que passa do importador para o

adquirente nacional. Neste caso há, efetivamente, dois contratos de compra e

venda: (I) um, entre o fornecedor estrangeiro e a empresa importadora; (II)

outro, entre esta e a pessoa brasileira que adquire a mercadoria mediante

transação interna.

3.3 Importação por conta e ordem de terceiros É um serviço prestado por uma empresa – a importadora –, a qual

promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadorias

adquiridas por outra empresa – a adquirente –, em razão de contrato

previamente firmado, que pode compreender ainda a prestação de outros

serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de

cotação de preços e a intermediação comercial (art. 1º da IN SRF nº 225/02 e

art. 12, § 1°, I, da IN SRF nº 247/02).

37

3.4 Importação por encomenda É aquela em que uma empresa adquire mercadorias no exterior

com recursos próprios e promove o seu despacho aduaneiro de importação, a

fim de revendê-las, posteriormente, a uma empresa encomendante

previamente determinada, em razão de contrato entre a importadora e a

encomendante, cujo objeto deve compreender, pelo menos, o prazo ou as

operações pactuadas (art. 2º, § 1º, I, da IN SRF nº 634/06)..

3.5. A definição de contribuintes do IPI

Cogita-se do tratamento tributário relativo ao Imposto sobre

Produtos Industrializados - IPI, para as operações de importação direta ou

indireta (através de tradings) de mercadorias com "MARCA PROPRIA" e na

importação direta de mercadorias diversas sem essa característica,

especialmente quanto à definição da base de calculo do citado imposto, quer

no desembaraço aduaneiro, quer nas transferencias para estabelecimentos da

mesma empresa (varejistas), a partir da existência de apenas um CD (Centro

de Distribuição) como importador, equiparado a industrial.

Inicialmente, cumpre ressaltar que a Lei nº 11.281, de 20 de

fevereiro de 2006, equipara a industrial os estabelecimentos que adquirem

produtos importados por encomenda ou por sua conta e ordem, como segue:

Art. 13. Equiparam-se a estabelecimento industrial os estabelecimentos,

atacadistas ou varejistas, que adquirirem produtos de procedência estrangeira,

importados por encomenda ou por sua conta e ordem, por intermédio de

pessoa jurídica importadora.

38

Até a edição da referida lei, era entendimento da Receita Federal

que, no caso de importação por encomenda, o contribuinte do IPI era quem

executasse a importação, e não o encomendante - Decisão nº 45, de

05/02/1999, da SRRF da 7ª Região Fiscal, assim ementada:

ASSUNTO: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI

EMENTA: IMPORTAÇÃO REALIZADA POR ENCOMENDA. DEFINIÇÃO DO

CONTRIBUINTE. EQUIPARAÇÃO A INDUSTRIAL. O IPI é um imposto sobre a

produção e a circulação, cuja definição legal do fato gerador ressalta o critério

da saída física do produto, não importando, em regra, quem detém a

propriedade da mercadoria. No desembaraço aduaneiro de mercadoria

importada por empresa em nome próprio, mediante encomenda de outra, a

contribuinte do imposto é a executora, e não a encomendante. A executora,

quando da entrada do produto importado em seu estabelecimento, tem direito a

creditar-se do imposto por ela pago no desembaraço, eis que se equipara a

industrial quando da saída do respectivo produto em destino ao

estabelecimento da em presa encomendante.

Por sua vez, o Regulamento do IPI, aprovado pelo Decreto nº

7212/2010, equipara a industrial:

I - os estabelecimentos importadores de produtos de procedência estrangeira,

que derem saída a esses produtos;

II - os estabelecimentos, ainda que varejistas, que receberem, para

comercialização, diretamente da repartição que os liberou, produtos importados

por outro estabelecimento da mesma firma;

III - as filiais e demais estabelecimentos que exercerem o comércio de produtos

importados, industrializados ou mandados industrializar por outro

estabelecimento do mesmo contribuinte, salvo se aqueles operarem

exclusivamente na venda a varejo e não estiverem enquadrados na hipótese

do inciso anterior;

39

A primeira inferência que se retira, é no sentido de que, fazendo-

se a importação, direta ou indiretamente (por encomenda ou por conta e

ordem), de mercadoria com marca própria ou com marca de terceiros, será

contribuinte do IPI, na qualidade de equiparado a industrial, o estabelecimento

que promover a importação, isto é, no caso concreto, o CD.

Os estabelecimentos varejistas (lojas), que receberem as

mercadorias em transferência para venda, não serão equiparados a industrial

e, nesta condição, não revestirão a qualidade de contribuintes do IPI.

A equiparação de estabelecimento varejista a industrial somente

ocorre nas hipóteses indicadas nos itens I, II e III do artigo 9º do RIPI/2002, aos

quais não se subsumem as situações hipotéticas narradas na consulta.

Por outro lado, é de se considerar que, em se tratando de

mercadoria com marca própria, a importação, ainda que indireta, feita por

terceiro, é presumida pelo Fisco como sendo concretizada por encomenda ou

por conta e ordem do detentor da marca, pois não se cogita que um importador

(trading) possa importar para venda mercadoria com a marca própria de uma

empresa, a menos que tal marca seja normalmente comercializada por

terceiros

3.6. O posicionamento doutrinário e jurisprudencial acerca do IPI na fase

de circulação incidente sobre produtos importados nos estabelecimentos

comerciais equiparados a industriais

Como a matéria possui diversas interpretações entre os

doutrinadores como também tem sido no poder judiciário, expomos a seguir

a discussão entre o doutrinário e pelo jurisprudencial.

40

3.7 O posicionamento doutrinário pela constitucionalidade

O doutrinador Harada (2006), o non bis in idem ou a bitributação

econômica não é inconstitucional, do contrário o PIS e a COFINS não poderiam

subsistir simultaneamente. Nada impede de o mesmo ente tributante tributar

duas vezes o mesmo fato considerado. Só a bitributação jurídica que é

inconstitucional por implicar violação do princípio constitucional da

discriminação de rendas tributárias

O doutrinador Machado (2009), que diagnosticou que não se

cuida de bitributação, mas, na verdade, de bis in idem, o que não configura

inconstitucionalidade alguma, pois as exações, leiam-se IPI e imposto de

importação, pertencem à competência tributária da mesma pessoa política, a

União

A doutrinadora Figueiredo (2003), 'o IPI é um imposto sobre o

produto industrializado, e não sobre a industrialização em si. O elemento

central da hipótese de incidência é a existência de um produto industrializado,

não importando se essa industrialização ocorreu dentro ou fora do país.

Portanto, entendemos que, para efeitos de tributação pelo IPI, é irrelevante o

fato da industrialização não ter ocorrido dentro do território brasileiro (...). O IPI

não está incidindo sobre a importação, mas sobre o produto. Ou seja, o núcleo

material essencial da hipótese de incidência do IPI é o produto industrializado

em si, e não a operação de industrialização.

3 .8 O posicionamento doutrinário pela inconstitucionalidade

O doutrinador Paulsen (2008), quando afirma que não se tem mais

um simples imposto sobre consumo, como constava da Constituição de 1946,

mas um imposto sobre operações com produtos industrializados, que grava a

produção.

41

O doutrinador Melo (2007), reputia inconstitucional a incidência do IPI

na importação de produto estrangeiro. O momento da entrada do produto

estrangeiro industrializado no país somente deverá incidir o Imposto de

Importação, pois este fato concretiza apenas a hipótese normativa do Imposto

Alfadegário.

O doutrinador Toledo (2006), expõe, considerando que a hipótese de

incidência do IPI é “resultado” de uma operação (processo) de industrialização,

não são necessários grandes esforços para se concluir que na operação de

importação somente poderia ocorrer a incidência desse imposto se o bem

ingressado em território nacional fosse decorrente de algum ato industrial

praticado no território brasileiro.

Dessa forma, a “importação” de produtos industrializados em nada se

adequa ao conceito constitucional de “produto industrializado”, já que o produto

importado não foi objeto de qualquer processo de industrialização em território

nacional.

3.9 O posicionamento jurisprudencial pela constitucionalidade

O juiz Leonardo La Bradbury, da 1ª Vara Federal de Cascavel, citou

o voto do desembargador Otávio Roberto Pamplona, da 2ª. Turma do TRF-4,

proferido nos autos da ação 2003.72.00.008427-6. ‘‘Não há falar bis in idem na

incidência de IPI quando a empresa importadora, equiparada a industrial,

promove a saída do produto do estabelecimento, ainda que já tenha recolhido

imposto por ocasião do desembaraço aduaneiro, haja vista constituírem

hipóteses de incidência distintas, relativas a diferentes fases da cadeia

econômica.’’

42

Para finalizar, o juiz registrou que exigir o IPI no desembaraço

aduaneiro não coloca o importador em posição de desvantagem em relação ao

produtor ou comerciante de itens nacionais, que, supostamente, pagaria o

tributo apenas uma vez. ‘‘Ao contrário, essa exigência busca justamente

conferir tratamento isonômico ao produtor nacional e ao importador que

revende os produtos importados no mercado interno, protegendo a indústria

nacional da invasão de produtos estrangeiros produzidos sem a incidência de

tributos similares’’, encerrou.

Neste sentido cito o Recurso Especial 1247788/SC – DJe

24/10/2013 e o Recurso Especial 1385952/SC – DJe 11/09/2013 ao analisar a

questão recentemente, a jurisprudência do STJ firmou o entendimento no

sentido de que os produtos importados estão sujeitos à incidência do IPI no

momento do despacho aduaneiro e que há uma nova incidência de IPI na

operação de revenda (saída do estabelecimento importador), pois se tratam de

fatos geradores distintos.

Segundo o STJ, não tem consistência o argumento de que

somente quem participa do processo de industrialização é contribuinte do IPI, e

tampouco o argumento de que cada incidência do IPI deve estar ligada a uma

nova operação de industrialização.

Além disso, o art. 51, II, do CTN, menciona que “contribuinte do

imposto é o industrial ou quem a lei a ele equiparar”. Por outro lado, o art. 4º, I,

da Lei n 4.502/64 que trata do IPI, equipara os importadores a estabelecimento

produtor.

Em vista disso, o STJ entendeu que não há qualquer ilegalidade na

exigência de IPI na saída de produtos importados do estabelecimento do

importador, pois o importador é equiparado a estabelecimento industrial pelo

art. 4º, I, da Lei n. 4.502/64, c/c o art. 51, II, do CTN.

43

O STJ também ressaltou que a exigência do IPI duas vezes – na

importação e na revenda – não implica em “bis in idem”, dupla tributação ou

bitributação, porque a lei aponta dois fatos geradores distintos: (i) o

desembaraço aduaneiro decorrente da importação que incide sobre o preço de

compra/importação; e (ii) a saída do produto industrializado do estabelecimento

importador equiparado a estabelecimento produtor que incide sobre o preço da

revenda.

Além disso, o fato de o nome do tributo ser denominado “Imposto

sobre Produtos Industrializados” não significa que seu fato gerador esteja

necessariamente atrelado a uma imediata operação de industrialização. A

circunstância de o tributo incidir sobre o produto industrializado significa

somente que é necessário e importante que a operação de industrialização em

algum momento tenha ocorrido, pois a circulação que se tributa é de um

produto industrializado.

Finalmente, o STJ consignou que não há oneração excessiva da

cadeia tributária, visto que a importadora acumula o crédito do IPI pago no

desembaraço aduaneiro para ser utilizado como abatimento do IPI a ser pago

na saída do produto do estabelecimento importador.

3 .10 O posicionamento jurisprudencial pela inconstitucionalidade

O que existem são acórdãos condenando a cobrança do IPI no

desembaraço aduaneiro, porque nesse caso há incidência do imposto de

importação, ferindo o princípio da bitributação. Vejamos as ementas abaixo:

44

Ementa - Tributário. Empresa importadora. Fato gerador do IPI.

Desembaraço aduaneiro. Comerciante de produtos importados.

I - O fato gerador do IPI, nos termos do artigo 46 do CTN, ocorre

alternativamente na saída do produto do estabelecimento; no desembaraço

aduaneiro ou na arrematação em leilão.

II - Tratando-se de empresa importadora o fato gerador ocorre no desembaraço

aduaneiro, não sendo viável nova cobrança do IPI na saída do produto quando

de sua comercialização, ante a vedação ao fenômeno da bitributação." (AC nº

5011683-79.2010.404.7200, TRF4, Rel.Juiz Federal Carlos Cevi, j. em 31-01-

2012).

Ementa - Tributário Empresa importadora. Fato gerador do IPI. Desembaraço

aduaneiro.

I - O fato gerador do IPI, nos termos do artigo 46 do CTN, ocorre

alternativamente na saída do produto do estabelecimento; no embaraço

aduaneiro ou na arrematação em leilão.

II - tratando-se de empresa importadora o fato gerador ocorre no desembaraço

aduaneiro, não sendo viável nova cobrança do IPI na saída do produto quando

de sua comercialização, ante a vedação ao fenômeno da bitributação.

III - Recurso especial provido." (Resp nº 841.269/BA, Rel.Ministro Francisco

Falcão, Primeira Turma, julgado em28-11-2006, DJ 14-12-2006, p. 298)

45

Emenda Tributário. Empresa importadora. Fato gerador do IPI.Desembaraço

aduaneiro.

I - O fato gerador do IPI, nos termos do art. 46 do CTN,ocorre alternativamente

na saída do produto do estabelecimento; no desembaraço aduaneiro ou na

arrematação em leilão.

II - tratando-se de empresa importadora o fato gerador ocorre no desembaraço

aduaneiro, não sendo viável nova cobrança do IPI na saída do produto quando

de sua comercialização,ante a vedação ao fenômeno da bitributação." (TRF4,

AC0010443-77.2009.404.7200, Segunda Turma, Rel. Juiz Federal Luciane

Amaral Corrêa Munch, D.E. 15-7-2010).

Analisamos que quanto aos doutrinadores estamos bastante

divididos, parte defende que ocorre somente o bis in idem, o que não configura

inconstitucionalidade são eles Doutrinador Harada, Doutrinador Machado e a

Doutrinadora Figueiredo e outra parte defende que ocorre a bitributação já que

o produto importado não foi objeto de qualquer processo de industrialização em

território nacional que são os eles Doutrinador Paulsen, Doutrinador Melo e

Doutrinador Toledo.

Quanto ao posicionamento jurisprudencial, poucos casos foram julgados

pela constitucionalidade no recurso especial 846.667-RJ sendo o Relator o

Ministro Humberto Martins afirmando que ocorre somente o bis in idem, cujo o

entendimento é pela constitucionalidade, quanto ao posicionamento pela

inconstitucionalidade é quase nula existindo somente acórdãos.

46

CONCLUSÃO

O presente estudo monográfico teve como objetivo verificar se existe

a constitucionalidade ou inconstitucionalidade do IPI na saída de mercadorias

importadas dos estabelecimentos equiparados a industrial

O IPI, Imposto sobre Produtos Industrializados é um dos muitos

tributos que incidem sobre as importações brasileiras. Trata-se tributo federal,

de caráter seletivo, tendo suas alíquotas determinadas pelo governo em

função da essencialidade dos produtos, podendo ser alterada em condições

especiais, a qualquer tempo, respeitando os princípios tributários aplicados a

sua espécie, em especial, o da não cumulatividade.

No que tange à incidência do IPI nas operações

de importação (artigo 46, inciso II do CTN), o fato gerador é o desembaraço da

mercadoria. Nesta condição a legislação brasileira não tributa uma

industrialização efetivada no território nacional, mas no exterior. Tal condição

objetiva a proteção da indústria nacional, quando equipara o importador a um

industrial nacional contribuinte do IPI.

A incidência do IPI nas importações é absolutamente legal e até

mesmo razoável sob o ponto de vista do interesse de qualquer governo para

promover o desenvolvimento da indústria doméstica.

O ponto questionável é a incidência do referido tributo nas operações

de saídas subsequentes a importação, tendo inclusive, os tribunais de várias

regiões, decidindo em favor dos contribuintes que levam seus pleitos a

apreciação do Poder Judiciário.

O produto industrializado, segundo o artigo 3o do Regulamento do IPI

(Decreto 7212/2010) é aquele resultante de qualquer operação de

industrialização, mesmo incompleta, parcial ou intermediária. Caracteriza

(artigo 4o) a industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o

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funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o

aperfeiçoe para consumo.

Diante do conceito de industrialização definido pela própria

legislação, salienta-se, de forma bastante abrangente, quando se analisa a

obrigatoriedade do recolhimento do IPI na etapa seguinte a importação, ou

seja, quando o importador promove a saída das mercadorias de seu

estabelecimento, verifica-se inaplicável.

Ainda que a cobrança do IPI nas operações subsequentes a

importação venha sendo exigida pelo fisco e paga pelos contribuinte ao longo

dos anos, tal exigência é contrária a própria legislação aplicável ao tributo uma

vez que o fato gerador, segundo o CTN, ocorre alternativamente na saída do

produto do estabelecimento, no desembaraço aduaneiro ou na arrematação em

leilão.

Quando o CTN define o importador como contribuinte do IPI e o

equipara ao industrial brasileiro (inciso II, artigo 51), esta condição deve ser

analisada de forma combinada com os demais elementos que concretizam o

fato gerador, sob pena de afronta ao principio tributário que veda a dupla

tributação.

A simples saída dos produtos importados do estabelecimento do

importador, agora comerciante, cujo IPI já foi recolhido no momento do

desembaraço aduaneiro, não traz os elementos caracterizadores de um

processo produtivo.

A regra matriz do IPI, definida pelo CTN prevê as incidências de

forma alternativa e nem poderia ser diferente sob pena de ferir o principio do

direito tributário que veda a dupla tributação. Não podendo por Decreto do

Poder Executivo (Regulamento do IPI) ter esta regra ampliada, alcançado o

mesmo contribuinte duas vezes, sem que haja uma nova condição jurídica

fiscal que justifique.

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Um número significativo de importadores brasileiros promovem suas

importações e posteriormente sua comercialização sem que haja qualquer

processo produtivo que justifique a nova incidência do tributo sob o mesmo

produto cujo IPI incidiu no momento do desembaraço aduaneiro.

Porem no dia 11/06/2014 finalmente depois de decisões

controvertidas, acabou a divergência acerca da isenção do Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI) na revenda de mercadorias importadas que não

sofrem processo de industrialização com o julgamento dos embargos de

divergência no STJ favorecendo os importadores nesta dura briga com o Fisco.

Isso porque o STJ liberou os importadores de pagarem o IPI na

comercialização de mercadorias importadas. Com um placar de cinco votos a

três, os ministros consideraram que a cobrança configuraria bitributação.

O tema foi levado em embargos de divergência para a pauta na quarta-feira

(11/6) à 1ª Seção do STJ - que tem por objetivo unificar a jurisprudência - por

meio de cinco processos. São ações de importadores que foram autuados por

não recolhimento de IPI sobre a revenda de mercadoria ou entraram na Justiça

preventivamente.

Assim compreendido que de forma acertada agiu o STJ, pois evidente

que há bitributação, abrindo novamente o precedente para que os importadores

busquem a isenção e restituição dos valores pagos de forma indevida.

Sendo assim, nos casos em que os produtos importado, já chegam ao

país com o processo de industrialização finalizado, sendo apenas

revendidos/repassados no mercado nacional, sem quaisquer modificações,

deve a empresa buscar a tutela jurisdicional para declarar a inexigibilidade da

nova cobrança bem com o restituição dos valores recolhidos indevidamente

nos últimos 5 anos, tendo em vista a ocorrência de bitributação.

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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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