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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
ASSESSORIA DE IMPRENSA E GERENCIAMENTO DE CRISE
Por: Luciana Areas
Orientador
Prof.(a) Adélia
Rio de Janeiro
2007
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
ASSESSORIA DE IMPRENSA E GERENCIAMENTO DE CRISE
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Comunicação
Empresarial
Por: Luciana Areas
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RESUMO
À primeira vista, a expressão "gerenciamento de crise" carrega consigo
uma contradição semântica. Como gerenciar um fenômeno que desafia o
conceito do que é rotineiro e previsível? Atualmente, com a rapidez da
propagação das informações e a complexidade das relações globais, uma
crise pode prejudicar, abalar ou até mesmo destruir a imagem de uma
empresa, grupo ou instituição em pouco tempo, independente do seu grau de
credibilidade ou solidez. O trabalho de Gerenciamento de Crises busca
minimizar os impactos causados por situações que podem vir a prejudicar a
imagem da empresa. Além do serviço de Assessoria de Imprensa outras ações
são realizadas.
Empresas podem se deparar com uma crise de imagem a qualquer
momento, previsível ou não. Acidentes, fusões, boatos, entre outras
circunstâncias, são alguns acontecimentos para os quais nem sempre a
empresa está prevenida.
Atitudes e posicionamentos fazem a diferença no mercado e na
sociedade. Em uma época em que a velocidade da informação exige respostas
rápidas, a assessoria de imprensa tem a função de estruturar uma cultura de
comunicação para situações de risco. Gerenciamento de crise não é uma
prática isolada; é uma política constante.
Quem se prepara para uma crise não economiza apenas tempo e dinheiro;
deixa de perder posicionamento de mercado e ganha credibilidade.
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METODOLOGIA
Objeto de estudo: O trabalho da assessoria de imprensa na melhoria da
imagem de empresas em crise. O estudo será desenvolvido através de
pesquisa na internet, conhecimento adquirido em sala de aula e de
bibliografias e será dividido em três capítulos: Assessoria de Imprensa e
Gerenciamento de crises; Gerenciamento de crises: prevenção, administração
e reconstrução; um planejamento real.
O trabalho será desenvolvido através de pesquisas bibliográficas com intuito
de obter o conhecimento necessário para a solução do problema através da
busca de referências ao assunto e explicar as causas de um fenômeno
utilizando a observação.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - Assessoria de Imprensa e
Gerenciamento de Crises 10
CAPÍTULO II - Gerenciamento de Crises:
prevenção, administração e reconstrução 20
CAPÍTULO III – Um planejamento real 36
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43
BIBLIOGRAFIA CITADA 45
ÍNDICE 46
FOLHA DE AVALIAÇÃO 48
8
INTRODUÇÃO
É interessante observar a forma como as empresas enfrentam as situações
adversas que surgem. Desde a resposta dada às cartas de reclamação de
clientes, aos testes que encontram defeitos ou falhas em seus produtos até o
gerenciamento completo de uma crise.
Algumas vezes, nota-se um despreparo muito grande por parte das empresas
e se conclui que não está sendo dada a devida atenção a problemas que têm o
potencial de arranhar sua imagem ou reputação, quando não administrados de
forma adequada.
Isto reflete a pouca preocupação que as empresas dão a questões que podem
vir a ocorrer algum dia mas que não as afeta diretamente em seu cotidiano. É
a busca de resultados de curto prazo sobrepondo-se aos de longo prazo. Nota-
se esta atitude quando, por exemplo, são colocados no mercado produtos
cujos testes não foram totalmente realizados, mas que para ser o primeiro, são
lançados deixando as conseqüências para o futuro. Esta atitude subestima a
inteligência dos públicos uma vez que acredita que estes não perceberão as
falhas, entretanto, sofrerão os danos.
Existem empresas que são mais familiares aos planos de gerenciamento de
crises uma vez que seus produtos ou serviços afetam diretamente, por que não
dizer, fisicamente os públicos. O setor de transportes, principalmente
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transporte aéreo; alimentação; laboratórios farmacêuticos; indústrias que lidam
com fortes elementos químicos são alguns exemplos.
Este trabalho tem como objetivo mostrar a importância para os profissionais de
Comunicação em se antecipar aos fatos e elaborar um plano de
gerenciamento de crises tanto na própria empresa em que trabalham quanto
prestando assessoria. Ao mesmo tempo, visa mostrar para as empresas que
existe uma maneira delas estarem protegendo melhor sua reputação e que a
Assessoria de Imprensa desempenha um papel fundamental nesta tarefa.
Nos livros e artigos publicados sobre este assunto é freqüente a citação de
diversos cases de sucesso ou de fracasso no gerenciamento de crises.
Entretanto, não será muito enfocado estes cases neste trabalho, uma vez que
eles já foram amplamente divulgados, questionados e criticados. Por outro
lado, para que o discurso não fique apenas teórico, haverá uma parte do
trabalho que abordará apenas um plano de gerenciamento de crises. A
descrição sobre este plano está bastante sucinta, visto que uma das
características de um plano deste tipo é justamente sua confidencialidade.
10
CAPÍTULO I
ASSESSORIA DE IMPRENSA E
GERENCIAMENTO DE CRISES
“Quem sobrevive não é o mais forte ou o mais inteligente e sim quem melhor se adapta as mudanças" Charle Darwim
O Gerenciamento de Crise é uma ferramenta de comunicação que visa
identificar os pontos vulneráveis de uma empresa ou instituição. Em seguida,
traça-se um plano de comunicação preventivo.
O que acontece hoje é que, a partir de uma crise instalada, parte-se para o
gerenciamento dela. Ou seja, corre-se atrás do prejuízo. O que este trabalho
sugere é que as empresas façam uma radiografia de todas as áreas da
empresa para a detecção de eventuais focos problemáticos. A partir daí,
elaborar uma agenda preventiva – diferente da conhecida agenda positiva e do
gerenciamento pontual de crise.
Nada melhor para uma empresa do que ter respostas-padrão previamente
elaboradas, documentação reunida e porta-vozes exaustivamente treinados
para atender a mídia no caso de vazamento de informação indesejada ou do
envolvimento da empresa em um fato negativo – interno ou externo.
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1.1 – A importância de se preparar para uma crise
No momento atual os produtos se assemelharam muito e a marca, muitas
vezes, é fator de decisão no momento da compra de um produto ou escolha de
um serviço. A marca promove uma valorização no valor de mercado das
empresas, já que se tornou um diferencial competitivo diante de seus
concorrentes. O que está por trás da marca é toda a reputação de uma
empresa que foi construída no decorrer dos anos. A reputação representa a
percepção que o público tem da organização, suas atitudes favoráveis em
relação a ela e os atributos positivos associados a ela. Esta reputação é
formada por todos os contatos e relacionamentos que as empresas
estabeleceram com seus diversos públicos no que se refere à qualidade dos
produtos, cuidado com o meio ambiente, responsabilidade social, bom
atendimento, respeito pelos empregados, etc. Tudo isto acompanhado por
uma comunicação integrada (Relações Públicas, Propaganda, Marketing,
Assessoria de Imprensa, etc.) e planejada estrategicamente.
Segundo Philip Lesly (1999) em seu livro Fundamentos de Relações Públicas e
da Comunicação, a proeminência de um nome é encarada como sinal de
sucesso, já que a reputação num negócio raramente pode ser obtida sem
verdadeiras realizações. Portanto, é necessário que as empresas busquem
construir uma boa reputação e não meçam esforços para preservá-la e
protegê-la.
Com o avanço da tecnologia e a velocidade com que a informação e a
comunicação fluem atualmente ampliou-se a exposição das empresas, dos
produtos e das pessoas em nível mundial. Por este motivo, todos estão mais
vulneráveis aos olhos do público. Tanto no que se refere à divulgação de
informações sobre determinada empresa ou produto, quanto no alcance
geográfico destas informações.
Para completar, as pessoas estão mais conscientes de seus direitos e exigindo
das empresas, instituições, entidades e órgãos públicos posturas corretas.
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Com a criação do código de defesa do consumidor e o surgimento do
PROCOM, IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e outras
entidades do gênero, além das organizações não governamentais - ONGs -
com preocupações ambientais, sociais, raciais, etc. junto ao crescente
interesse da mídia em denunciar empresas que lesam seus consumidores,
estas estão sendo cada vez mais vigiadas e, portanto, estão mais vulneráveis
a enfrentar situações de crise.
Há uma frase que diz: uma vez perdida a reputação é muito difícil perdê-la
novamente. Infelizmente muitas organizações não pararam para pensar sobre
isso, inclusive grandes corporações que atuam globalmente. Talvez, devido ao
alto custo em se elaborar e manter um Plano de Gerenciamento de Crises,
muitas empresas não se preparam para enfrentar essas situações, deixando
para agir de improviso. No entanto, isto poderá levar a um arrependimento
futuro e o custo do planejamento antecipado, que a princípio parecia alto,
poderá representar nada se comparado aos gastos de uma crise mal
administrada, sem contar com os danos causados à reputação e à imagem da
organização. Se uma crise é mal administrada, a credibilidade e reputação da
empresa desaparecem rapidamente aos olhos do público.
Não se deve deixar para pensar o que fazer em um momento de crise quando
esta já estiver em curso.
“Muitos acidentes ou situações críticas ocorridos
no século XX mobilizaram a opinião pública e
abalaram a reputação de grandes empresas e
marcas famosas neles envolvidos, destruindo
anos de trabalho de construção de imagem
positiva. Afinal, turbulências mal administradas
podem mudar o rumo dos negócios”.
(Philip Lesly, 1999, p.14)
13
1.2 Assessoria de Imprensa na prevenção de crises
É preciso deixar claro que quando se opta por realizar um trabalho de
gerenciamento de crises sob a ótica da Assessoria de Comunicação, está se
falando da visão moderna desta área, ou seja, de uma comunicação simétrica
de duas mãos. Esta nomenclatura, simétrica de duas mãos, foi teorizada por
James E. Grunig e Todd Hunt (1984) no livro Managing Public Relations.
Os autores fizeram um estudo da evolução das Assessorias de Comunicação e
a dividiram em quatro modelos, que embora surgidos em épocas distintas,
continuam em uso até hoje. Várias empresas utilizam dois ou mais destes
modelos simultaneamente.
O primeiro modelo utiliza técnicas propagandísticas. É uma comunicação de
mão única visto que consiste em atrair a atenção da mídia com a intenção de
que esta noticie a empresa, sendo que a verdade completa não é essencial. É
conhecido por modelo de imprensa propaganda, de divulgação jornalística.
O segundo modelo utiliza técnicas jornalísticas e a diferença com o anterior é
que a verdade passa a ser importante. A comunicação continua sendo,
contudo, de mão única. É chamado de modelo de informação pública ou
difusão de informação.
O terceiro modelo faz uso de pesquisas e outros recursos de comunicação
para melhor conhecer o público e com isto criar mensagens persuasivas para
manipulá-lo. A organização é a única beneficiada neste modelo conhecido por
assimétrico de duas mãos.
O quarto e último modelo é a visão mais moderna da Assessoria de
Comunicação onde é levado em consideração o interesse dos públicos
juntamente com o da organização. Faz uso de pesquisas com a intenção de
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minimizar os conflitos e melhorar o contato com o público. É chamado de
simétrico de duas mãos.
Em função de suas características, o último modelo é o mais adequado para
resolver situações de crise, uma vez que busca harmonizar os interesses da
empresa e dos públicos, minimizando os efeitos negativos.
Indo de encontro ao modelo simétrico de duas mãos, Lesly (1999) afirma que a
assessoria de imprensa é um meio para que os desejos e interesses do
público sejam sentidos pelas instituições que atuam em nossa sociedade.
Interpreta e comunica aquilo que o público tem para dizer para as
organizações que, normalmente não seriam sensíveis a essas manifestações,
assim como comunica o que as organizações têm a dizer para o público.
Assessoria de Comunicação é um meio de se obter ajustes mútuos entre
instituições e grupos.
Lawrence Susskind e Patrick Field (1997), no livro Em crise com a opinião
pública, indicam que o único caminho para se administrar uma crise com
sucesso se dá por meio de uma abordagem que eles chamaram de Ganhos
Mútuos, ou seja, quando a empresa e o público saem ganhando após um
conflito. Nota-se, portanto, que a empresa só conseguirá evitar ou sair de uma
crise, com o mínimo de arranhões em sua reputação, se ela conhecer e
respeitar as necessidades e os valores dos públicos. Não precisa nem dizer
que para isto ocorrer é necessário que haja diálogo.
Uma vez que a percepção que o público tem dos acontecimentos ou ações
referentes a uma empresa, independente de ser em um momento de crise ou
não, são importantíssimos para os momentos de tomada de decisão, a
Assessoria de Comunicação, pela própria natureza de sua atividade, tem a
capacidade de suprir as necessidades de informação das empresas nestes
momentos.
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Todo contato positivo anterior que a empresa possuir com seus públicos
estratégicos será benéfico para as situações de crise já que o prestígio de uma
empresa é o que determina a receptividade de suas mensagens - fazendo com
que estas sejam mais ou menos eficazes que seus méritos intrínsecos possam
conseguir.
O trabalho de gerenciamento de crises envolve diversos departamentos,
setores ou áreas de uma empresa. Isto varia em função do tipo de crise que
aparece. Geralmente, o comitê de crises deve possuir membros dos setores de
comunicação (Comunicação Corporativa, Marketing, Assessoria de Imprensa,
Atendimento ao Cliente), jurídico, financeiro, segurança, das áreas técnicas
envolvidas na crise e, principalmente, da alta administração. Este grupo
multidisciplinar enriquece as discussões e impede que a atitude de uma área
atrapalhe ou dificulte o trabalho da outra.
O maior atrito se dá entre o departamento de comunicação e o departamento
jurídico uma vez que este atua no âmbito dos tribunais e aquele no da opinião
pública. Entretanto, quando existe um planejamento antecipado de prevenção
e gerenciamento de crises, estas questões devem ser amplamente discutidas
para estabelecer critérios e com isto evitar que um setor prejudique o trabalho
do outro. Eles devem somar esforços para preservar e proteger a reputação da
empresa. O enfoque deste trabalho é o papel da comunicação no
gerenciamento de crise cujas funções são, basicamente, o estabelecimento de
relacionamentos com os públicos estratégicos; mapeamento dos riscos;
identificação de situações de emergência, conflitos ou crise; monitoria da
percepção e atitudes dos públicos; gerenciamento da crise, avaliação dos
resultados e elaboração de novas campanhas de comunicação com o intuito
de fortalecer a imagem da empresa.
1.3 – Crise: definição, identificação e tipologia
Após toda esta contextualização sobre a utilização adequada da Assessoria de
Comunicação no gerenciamento de crise é importante que se explique qual o
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significado da palavra crise neste trabalho. Para John Birch (1993), autor do
livro Como sobreviver na crise, crise é um evento imprevisível, que,
potencialmente, provoca prejuízo significativo a uma organização ou empresa
e, logicamente, a seus empregados, produtos, condições financeiras, serviços
e à sua reputação.
Otto Lerbinger (1997), em seu livro The Crisis Manager, define crise como um
evento que traz ou tem potencial para trazer à organização uma futura ruptura
em sua lucratividade, seu crescimento e, possivelmente, sua própria
existência. Lerbinger menciona também a definição de crise dada por Charles
F. Hermann (1987): para que exista uma crise, é preciso que haja essas três
características: os administradores devem reconhecer a ameaça (ou risco) e
acreditar que ela possa impedir (retardar ou obstruir) as metas prioritárias da
organização, devem reconhecer a degeneração e irreparabilidade de uma
situação se eles não tomarem nenhuma ação e devem ser pegos de surpresa.
Essas três características da crise refletem estas descrições: subtaneidade,
incerteza e falta de tempo.
O Institute for Crisis Management, consultoria americana especializada em
crises, classifica crise como: uma ruptura empresarial significante que estimula
grande cobertura da mídia. O resultado do exame minucioso feito pelo público
afetará as operações normais da organização podendo ter um impacto político,
legal, financeiro ou governamental nos negócios.
Nota-se, com estas definições, que as empresas podem ser afetadas por
crises que têm o potencial de desestruturar suas operações, diminuir suas
vendas, criar problemas com o governo, desmotivar os empregados, obrigar o
pagamento de indenizações milionárias, enfim, prejudicar a empresa de
diversos modos. Isto terá reflexo na percepção dos públicos prioritários em
relação à empresa e consequentemente abalará sua reputação e credibilidade.
Até aqui, nos referimos ao termo crise de uma maneira ampla, entretanto, para
a elaboração de um plano de gerenciamento de crises é conveniente
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segmentá-la. Existem diversas categorias de crise. Robert Wakefield, em sua
palestra proferida no III Fórum Ibero Americano de Relações Públicas,
realizado em Porto Alegre, em outubro de 1999, fez referência a
pesquisadores que dividem os tipos de crise entre naturais e administrativas.
As crises administrativas podem ser evitadas, entretanto, representam 70%
das crises enfrentadas pelas empresas.
O Institute for Crisis Management divide os tipos de crise enfrentados pelas
empresas em quatro. São eles: atos de Deus, problemas mecânicos, erros
humanos e decisões ou indecisões administrativas. Lerbinger (1997) divide a
crise em sete tipos dentro de três categorias: crises do mundo físico - crises
naturais e crises tecnológicas - crises de clima humano - crises de confronto,
crises de malevolência e crises de distorção de valores administrativos - e
crises de falha administrativa - crises de decepção e crises de má
administração.
Crises naturais são fenômenos da natureza, ou seja, é a vontade de Deus se
manifestando e não há culpa humana. São aceitas como fatalidades. Por
exemplo, furacão, tornado, terremoto, inundações, etc.
Crises tecnológicas são crises causadas pelo homem uma vez que é resultado
da manipulação dos recursos presentes em seu ambiente. Existe várias
discussões sobre o avanço da tecnologia uma vez que esta pode representar
um risco que não existia, por exemplo, as usinas nucleares, os implantes de
silicone, etc. Nestes casos é necessário fazer um exame de custo-benefício,
ou seja, esta nova tecnologia pode até gerar um risco a mais, entretanto, trará
muitos benefícios para a sociedade. As empresas são culpadas e
responsabilizadas por este tipo de crise.
Crises de confronto são crises que envolvem a atuação grupos civis,
organizações não governamentais, movimentos ambientalistas e de
consumidores, enfim grupos organizados que se reúnem para lutar pelos
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interesses que defendem. Dentre as suas ações está a vigilância das
empresas. Quando encontram alguma atividade que não lhes agrada em uma
empresa eles a pressionam a agir da maneira que julgam adequada. Esta
pressão se dá por meio da imprensa uma vez que esta é a forma mais rápida e
eficaz para mobilizar a opinião pública. Além do mais, estes grupos aproveitam
destas oportunidades de espaço na imprensa para se promoverem.
Crises de malevolência ocorrem quando grupos, indivíduos e até mesmo
empresas concorrentes usam de atividades ilícitas ou de pura maldade para
causar danos à imagem de uma empresa. Terrorismo, atentado, falsificação,
boatos, mentiras e rumores são alguns tipos de ataque neste tipo de crise.
Crises de distorção de valores administrativos ocorrem quando a empresa se
preocupa com o interesse de um de seus públicos em detrimento dos demais.
Todos sabemos que cada público tem o seu interesse em particular e muitas
vezes, o que é bom para um é ruim para outro, por exemplo, acionistas que
querem aumentar o lucro mesmo causando a demissão de vários empregados
e corte de benefícios. Neste caso, enquanto a administração satisfaz a vontade
de um público, causa grande insatisfação no outro e, com isso, gera uma crise.
Crises de decepção se originam quando há uma diferença entre o produto ou
serviço que a empresa anuncia e o que ele realmente é. Não se pode criar
uma expectativa no público que não seja suprida pela empresa. Os casos mais
graves são aqueles que causam danos à saúde do público.
Crises de má administração são caracterizadas pelos atos ilegais ou imorais
feitos pelos indivíduos que tem a função de administrar a empresa. Ocorre
quando os diretores da empresa vêem seus nomes envolvidos em fraudes,
subornos, roubos, etc.
Nota-se que há várias maneiras de classificar os tipos de crise que atingem a
empresa. A divisão feita por Lerbinger (1997) parece ser a mais adequada,
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pois possibilita enxergar a crise de uma maneira mais específica. Elas foram
geradas de formas distintas a sua identificação detalhada permite a utilização
de ações mais adequadas para enfrentá-las.
As crises podem atingir a empresa de duas maneiras: anunciadas, ou seja,
situações que tem potencial de gerar uma crise e que a empresa conhece
previamente a data de seu início. Na maioria das vezes, é ela própria quem
gera este conflito. Por exemplo, fechamento de uma fábrica, demissão em
massa de funcionários, greves, fusões e aquisições de empresas, etc. Já as
não anunciadas são as que pegam a empresa de surpresa, por exemplo,
explosão de uma fábrica, contaminação em produtos alimentícios, etc.
No primeiro caso, a área de Relações Públicas e as demais áreas envolvidas
começam a agir com antecedência para tentar minimizar os efeitos negativos
em situações que a empresa conhece a data de início do conflito. O segundo
caso requer tomadas de decisões rápidas. Nestes momentos, o plano de
gerenciamento de crise terá a sua maior utilidade uma vez que economiza
muito tempo nos procedimentos que já foram previamente pensados,
planejados, elaborados e testados.
Justo Villafañe (1993) menciona em seu texto uma divisão feita por J.
Carrascosa dividindo a crise em três fases: a fase aguda, caracterizada pela
pressão dos veículos de informação e de espetacularização da informação. É
bastante variável podendo oscilar entre algumas horas e várias semanas. A
fase crônica, a empresa tem que enfrentar as conseqüências jurídicas,
administrativas, corporativas, etc., provocadas pelo conflito. A fase de
recuperação, a companhia deve restabelecer o equilíbrio anterior à crise.
Com isto, percebe-se que o plano de gerenciamento de crises engloba vários
aspectos e é preciso analisá-lo por diversos pontos. Para conseguir obter um
resultado satisfatório é importante ter estes conhecimentos para saber situar a
crise nos tipos e fases acima descritos.
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CAPÍTULO II
GERENCIAMENTO DE CRISES: PREVENÇÃO,
ADMINISTRAÇÃO E RECONSTRUÇÃO
2.1 Prevenção: o melhor remédio para uma situação de crise
É cada vez mais freqüente a divulgação de conflitos ou notícias negativas na
mídia envolvendo o nome de grandes empresas. Isso ocorre porque estas
empresas estão mais vulneráveis a situações de risco, já que os grupos civis
organizados as utilizam para gerar notícia em causa própria. Em razão da sua
constante exposição na mídia, esses grupos sabem que algo ruim envolvendo
o nome de uma empresa, marca ou produto conhecido, gera muito mais
impacto na opinião pública e recebe maior destaque da imprensa.
As crises enfrentadas por empresas, tanto no país, quanto no exterior, contam
com a diferença de que, na modernidade, a internet permite que as pessoas
comuns tenham acesso a informações de qualquer lugar do planeta. Soma-se
a isto a utilização pela imprensa de informações geradas por agências
internacionais de notícias e a televisão a cabo com seus diversos canais
estrangeiros, qualquer fato que atinja uma empresa, um produto ou uma marca
são amplamente divulgados por todo o mundo instantaneamente. Portanto, as
empresas que estão presentes em diversos países vêem seus riscos
ampliados já que um problema ocorrido em um país poderá trazer
conseqüência em outro, necessitando estar preparadas para administrar
conflitos que não lhes esteja atingindo diretamente. Recentemente, o caso da
Coca-Cola na Bélgica provocou, de imediato, ações da Assessoria de
Imprensa da empresa. Na manhã seguinte os assessores de comunicação já
estavam dando entrevistas nas rádios a fim de esclarecer a opinião pública.
Empresas com imagem e marcas globais devem estar preparadas globalmente
para defendê-las.
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Segundo John Birch (1993), a melhor estratégia para a elaboração de um
plano preventivo é construir, passo a passo, o planejamento, montando um
time especializado, formado por profissionais das áreas jurídica, financeira, de
pessoal, de operações, de marketing, de relações públicas, entre as mais
importantes; alocar um espaço físico adequado para a reunião desta equipe de
modo rápido e eficiente, pois esse local precisa ter todos os equipamentos de
comunicação e demais ferramentas de trabalho para os profissionais que vão
gerenciar o problema; avaliar todos os potenciais riscos, preparando planos
para cada um deles; elaborar um manual de crises, onde é possível encontrar
com facilidade os procedimentos a ser adotados pelas partes responsáveis;
simular situações; e, principalmente, buscar boa vontade, aliança e apoio dos
mais diversos segmentos onde a empresa atua, como governo, associações
comunitárias, funcionários, associações de classe, sindicatos, imprensa,
grupos de interesses especiais, enfim todos os que possam dizer que a
empresa não é má só por ter sofrido algum problema. É muito importante que
joguemos o balde em busca de apoio e que ele volte com algum conteúdo.
O texto acima sintetiza o planejamento antecipado de gerenciamento de crises.
De modo geral os caminhos estão descritos. É preciso que os profissionais de
Assessoria de Imprensa transmitam para a alta administração a importância
deste planejamento e com isto consigam apoio e suporte para fazer que este
plano se torne realidade. A alta administração deve estar integrada neste
planejamento uma vez que é ela quem autoriza o que deverá ser feito, o que
poderá ser divulgado e, em muitos casos, será ela própria quem representará a
empresa perante os públicos.
Lerbinger (1997) classifica esta fase como pré-crise ou plano de contingência.
Ela se caracteriza pela elaboração do plano, escolha e treinamento da equipe,
definição do espaço que será o centro de comunicação de crise, identificação
de todos os riscos potenciais e áreas de vulnerabilidade, estabelecimento das
fronteiras da crise e escolha de um responsável para dar o alerta, listagem dos
públicos prioritários, preparação da lista de jornalistas e das informações para
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entregar à imprensa, escolha e treinamento de porta-vozes. É preciso saber
com antecedência quem será o responsável por decidir quais as informações
que poderão ser divulgadas e tornadas públicas.
Um dos canais de comunicação da empresa que tem grande potencial de
detectar problemas e, portanto, alertar sobre uma situação de crise é o Serviço
de Atendimento ao Consumidor - SAC. Este é o lugar em que os consumidores
têm a oportunidade de fazer suas reclamações, críticas e informam a empresa
sobre alguma falha que encontraram nos produtos. É preciso instruir os
atendentes para que eles identifiquem as informações importantes e delicadas
e a transmitam para o diretor desta área que deverá fazer parte do comitê de
gerenciamento de crises da empresa. Este profissional saberá medir o
potencial desta informação e tomar a decisão necessária.
2.1.1 Riscos: mapeamento e auditorias
O Moderno Dicionário da Língua Portuguesa Michaelis define risco como a
possibilidade de perigo incerto, mas previsível, que ameaça de dano a pessoa
ou coisa. Transpondo para este trabalho, risco significa a possibilidade de
perigo incerto, mas previsível, que ameaça de dano a um produto, uma marca,
uma pessoa ou uma empresa. A palavra previsível é um estímulo à elaboração
de um plano de gerenciamento de crise.
A maneira correta de se avaliar quais são os riscos que uma empresa corre, é
a auditoria de riscos. Esta auditoria pode ser realizada pelo departamento de
comunicação da empresa, por uma assessoria externa ou ambos. A vantagem
do departamento interno é que ele conhece muito bem a empresa e seus
públicos. Por outro lado, a assessoria externa possui know how em
gerenciamento de crises. Então, quando os dois atuam conjuntamente a
chance de se produzir um plano melhor elaborado e eficiente é maior.
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Em ambos os casos é preciso uma análise nas áreas, operações e produtos
da empresa. Os dados são coletados de diversas fontes: por meio de
conversas com diretores ou pessoas chaves da empresa para identificar quais
são os pontos que eles julgam críticos; pela análise do clipping da empresa e
avaliar o teor das notícias; pela leitura de textos produzidos sobre o tema crise;
por meio de conversas com os diversos públicos que interagem com a
empresa, principalmente os públicos estratégicos.
Após o levantamento dos riscos que a empresa corre e da vulnerabilidade de
suas áreas, é preciso identificar os riscos com maior probabilidade de
ocorrência e os que têm potencial para causar maiores danos à empresa. Esta
informação é bastante útil para conhecer o tamanho e a gravidade do
problema que a empresa terá que enfrentar.
A imaginação ou projeção de cenários favoráveis ao desencadeamento de
uma crise e do cenário da situação de crise propriamente dita são bastante
úteis. O Assessor de Imprensa que coordenar um plano desse tipo deverá ter
análise crítica, bom conhecimento do negócio, ser realista, sem preconceitos e
entender muito bem o público para poder prever suas reações.
Dependendo da área de atividade da empresa, é pertinente estar visitando
periodicamente a página da internet de organizações, associações ou grupos
organizados que estão constantemente promovendo manifestações contra
empresas ou simplesmente se interessam por assuntos relacionados aos
produtos ou operações da área de atividade da empresa. Nestes sites, o
profissional de Assessoria de Comunicação estará conhecendo um pouco mais
esta entidade e quais são os seus princípios, metas, crenças, objetivos, etc.
Tentar estabelecer um canal de diálogo também é positivo. Estas são as
formas mais eficientes de se conhecer os interesses desses grupos e procurar
harmonizar estes interesses com os da organização. Com isto será possível
minimizar e até evitar conflitos.
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Existem riscos inerentes a cada setor de atividade. Por exemplo, empresas
aéreas correm o risco de que um de seus aviões caia. Empresas alimentícias
ou farmacêuticas correm o risco de que pessoas tenham problemas após a
ingestão de seus produtos. Empresas químicas correm o risco de causar
danos ao meio ambiente e às pessoas. Empresas automotivas correm o risco
de produzir carros com defeitos que possam causar acidentes, etc. Estes são
os riscos mais óbvios, entretanto, uma auditoria bem feita aponta outros riscos
e áreas vulneráveis, proporcionando um melhor preparo para enfrentar as
ameaças.
2.1.2 – A vulnerabilidade da empresa
Um dos modos de se avaliar a vulnerabilidade da empresa frente aos riscos é
fazer uma auto-análise. O método mais prático são os questionários que se
encontram em diversos artigos, manuais ou livros sobre este tema. Segue
abaixo um exemplo de questionário que foi elaborado por James E.
Lukaszewski (1989), cuja intenção é evitar que empresas se tornem vítimas de
planos mal elaborados. Este questionário é dirigido a empresas que têm
potencial de causar danos ao meio ambiente, uma vez que se inspirou no caso
de vazamento de petróleo em um navio da Exxon ocorrido no Alasca,
entretanto, há perguntas que servem para qualquer tipo de empresa e outras
que podem ser adaptadas.
Questionário:
1. Quem falará pela companhia? Esta pessoa tem falado recentemente? Ela
está pronta para falar hoje?
2. Quem é o porta-voz reserva?
3. Quais são as oito vulnerabilidades críticas da organização no momento? Há
planos de reação e respostas prontas para elas?
4. Quais são os riscos extremos que estas vulnerabilidades representam para
a comunidade, para o meio ambiente e para os empregados?
5. Quais remediações estão prontas para o caso de ocorrência de um evento
extremamente ruim?
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6. Quais são os seus planos de eliminação de emissão de água e ar poluídos,
você estará pronto para anunciar este plano antes que seja forçado?
7. Qual equipe e recursos externos estão posicionados e prontos para
administrar problemas ambientais relacionados à sua companhia?
8. Você está preparado para enfrentar a oposição organizada?
9. Você está preparado para uma ação do Conselho de Defesa do Meio
Ambiente quando você violar suas permissões?
10. Quais são suas mensagens iniciais para a vizinhança e para a imprensa
caso ocorra algum problema ou acidente?
11. Você realmente explorou suas piores vulnerabilidades ao extremo?
12. Quais compromissos específicos o principal diretor da empresa fez para
estar preparado?
13. Você está pronto para se aproveitar da oportunidade que surge em um
momento de crise quando o governo se afasta, a imprensa se afasta e os
ambientalistas se afastam para ver se você pode controlar o problema?
14. Você identificou indivíduos chave para tomar a dianteira e lhes deu
absoluta autoridade para tomarem todas as medidas necessárias para
solucionar o problema? Quem são os seus reservas?
15. A sua indústria está preparada para ajudá-lo em um evento que você
cause um grande problema?
16. Você identificou, organizou e treinou seu público para ajudá-los a salvar
sua reputação, credibilidade e mercado em tempos de problemas?
17. Você está preparado para a guerra?
18. Como está preparado o “general” que liderará a sua “tropa” quando o
problema chegar? Quando ele deverá entrar em campo?
19. Com qual freqüência você testa as partes de comunicação e operacionais
de seu plano de gerenciamento de crises?
20. Você avaliou cuidadosamente o custo de uma visibilidade não planejada no
seu processo de análise de riscos?
Após a realização da auditoria de riscos e vulnerabilidades é que o plano
deverá ser elaborado, resultando na produção de um manual. As cópias
26
deverão ser numeradas e entregues às pessoas-chave do comitê de crises. O
sigilo é importantíssimo, uma vez que se trata de um plano detalhado cuja
função é proteger a reputação da empresa. A função do manual é de
direcionar as ações da empresa em momentos críticos.
No entanto, não é pelo fato de possuir um plano de administração de crises
que uma empresa está livre de qualquer dano ou arranhão à sua reputação, ou
de perdas de mercado e faturamento. As empresas que não prevêem crises
tendem a fracassar em termos de habilidade para reagir a elas. Mas a simples
existência de um plano não é, de modo algum, garantia de que tal plano será
executado com eficiência. Ou seja, é preciso ter um plano que seja eficiente.
Também não é pelo fato de que a empresa não tenha um plano de crise que
ela irá fracassar. A própria Johnson & Johnson quando gerenciou a crise
envolvendo o seu produto Tylenol - um case que é benchmark - não tinha um
plano estabelecido. Entretanto, era respeitadíssima em termos de reputação.
Sua missão e valores estavam bem incorporados à cultura empresarial,
principalmente nos profissionais que gerenciaram o problema. Não foram
medidos esforços para proteger o consumidor. As ações foram corretas e a
comunicação eficiente.
A vantagem do plano preventivo é que ele elimina a improvisação nas decisões
a serem tomadas nos momentos críticos, visto que existe um manual a ser
seguido que é resultado de todo um trabalho realizado antecipadamente com
tranqüilidade e critério, além de ter sido simulado e testado por diversas vezes.
É bom frisar que o plano de contingências é um plano que está em constante
aprimoramento, sendo conveniente a sua revisão e atualização regularmente.
2.2 Administrando uma crise já instalada
Quando o plano de contingências não conseguir frear a crise antes dela tornar-
se pública, então, será necessário executar o trabalho de maneira rápida e
transparente e possuir um plano de gerenciamento de crises previamente
27
elaborado será extremamente útil pois permitirá considerar diversas soluções
possíveis, prevendo seu impacto. A pior reação nestes momentos é o silêncio.
O “nada a declarar” é a própria declaração de culpa, e num momento desses,
a empresa não pode se dar ao luxo de deixar de ser fonte de informação. Uma
organização deve informar ao público da maneira mais rápida e completa
possível sobre uma ocorrência prejudicial, a fim de acalmar os nervos, acabar
com os boatos e restaurar a confiança. A informação correta nestes momentos
é crucial para minimizar os efeitos negativos e preservar a imagem da
empresa. Tudo o que uma organização consegue quando se esquiva a
perguntas é assegurar que seu ponto de vista não seja apresentado, ou que
outra pessoa o apresente - alguém que não tem em mente o melhor interesse
da companhia.
Cada crise é uma crise, e, portanto, deve ser gerenciada de maneira distinta. A
proposta deste trabalho não é ser um manual detalhado que mostra passo - a -
passo o que dever ser feito. Para isso existem diversas publicações e
profissionais especializados no mercado, mas sim apresentar as bases de um
plano de gerenciamento de crises.
Ao soar o alerta de uma crise, a primeira ação é a convocação dos membros
de Comitê de Gerenciamento de Crise para a formação do “quartel general, o
famoso QG”. Cada pessoa deverá executar as ações para as quais está
designada e que foi treinada. Deve haver uma folha, cartão ou constar no
próprio manual de crise o nome e telefone dos membros deste comitê. É
necessário localizar estas pessoas num curto período de tempo. O tempo é um
fator crucial nestes momentos.
É imprescindível identificar quais os públicos prioritários na ocasião e, então,
estabelecer uma comunicação com eles. Exemplos destes públicos são as
vítimas, seus familiares, os empregados, a imprensa, a comunidade, os
acionistas, o governo, etc. Tudo irá depender do tipo de crise.
28
Embora a resposta da comunicação varie de acordo com os cenários
específicos, as comunicações de curto e longo prazo bem-sucedidas resultam
da seguinte classificação de prioridade dos públicos: público prioritário 1 – os
diretamente afetados, vítimas intencionais ou não intencionais; público
prioritário 2 – empregados (às vezes eles também são vítimas); público
prioritário 3 – os indiretamente afetados (vizinhos, amigos, familiares, parentes,
consumidores, fornecedores, governo, etc); público prioritário 4 – a mídia e
outros canais de comunicação externa. As emergências requerem quase
sempre uma atividade de comunicação simultânea nas áreas prioritárias, mas
a ordem é importante.
A maioria dos textos sobre gerenciamento de crise coloca os empregados e a
imprensa como públicos a serem cuidadosamente trabalhados em termos de
comunicação, embora todos os públicos prioritários mereçam o máximo de
atenção possível, principalmente as vítimas e seus familiares. A imprensa
porque é formadora de opinião e interfere na percepção dos demais públicos e
os empregados porque são direta ou indiretamente afetados por tudo o que
acontece na empresa, além de serem um canal multiplicador de informações,
para o bem ou para o mal, e serem constantemente assediados pela imprensa.
Toda informação dada por um empregado de qualquer nível hierárquico,
compromete a empresa. Nestas condições é fundamental controlar o pequeno
número que falará em nome da empresa e paralelamente difundir informações
satisfatórias para o resto dos funcionários a fim de evitar a propagação de
rumores.
2.2.1 A percepção é o que realmente importa
Nos momentos críticos, o que realmente importa é a percepção do público. A
percepção importa mais que os fatos. Segundo Robin Cohn (1996), em seu
texto Learning from crisis: as the curtain rises a menos que uma pessoa tenha
um conhecimento mais abrangente sobre um acontecimento, nossa percepção
se baseia no que vemos e ouvimos na imprensa. Ver e ouvir são as palavras-
chave neste contexto. As empresas estarão em uma situação vantajosa se o
29
que o público vir e ouvir for informado diretamente por ela. Daí a importância
da empresa ser fonte de informação para a imprensa.
Cohn afirma também que as pessoas não julgam os “mocinhos” da história
pelos erros cometidos, mas pela forma como o concertam. Os “bandidos” por
outro lado, negarão problemas e não admitirão erros. A opinião é formada no
âmbito do mocinho e bandido, pois a percepção é simplista e independe do
problema.
Portanto, pesquisas que revelam a percepção que o público está tendo sobre a
crise é de suma importância para direcionar as mensagens e ações da
empresa. Monitorar as notícias, conhecer os rumores e boatos é essencial
para a execução deste trabalho.
Administração de crises com sucesso depende da compreensão do drama da
crise. Isto requer uma resposta poderosa que apele para a emoção. Há vários
casos de companhias que internamente gerenciaram a crise de uma maneira
adequada, mas receberam publicidade negativa e não agradaram a opinião
pública porque suas ações não foram transmitidas externamente. A resposta
de crise tem uma fórmula: a gerência deve agir rapidamente, localizar com
precisão o problema, explicar como ele aconteceu, concertá-lo e mostrar como
ele não ocorrerá novamente. Lembre-se ver e ouvir. Mostre para o seu público
o seu lado da história.
As mensagens para os públicos prioritários devem ser cuidadosamente
elaboradas e na medida do possível já estarem prontas, necessitando apenas
de adaptações. As mensagens somadas às atitudes geram uma força muito
poderosa que age diretamente na percepção dos públicos frente à situação de
crise. Portanto, é preciso agir corretamente, ser transparente e comunicar
eficazmente.
30
2.2.2 A importância da imprensa
É preciso ser realista. Notícia ruim vende e a imprensa possui um interesse
muito grande em divulgá-las. Esse é um fato que existe e, gostemos ou não,
precisamos aprender a conviver com ele. Estar em estado de alerta é
fundamental para não ser pego de surpresa. Quando as empresas realizam
ações positivas, é raro que a imprensa mencione seu nome ou sua marca, ela
usa termos genéricos para identificar quem promoveu a ação, por exemplo,
uma rede de supermercados, uma cadeia de hotéis, uma empresa do setor de
alimentação, etc. Por outro lado, quando surge algum fato negativo, o nome da
empresa é citado com todas as letras e muitas vezes ocupa a manchete da
notícia e espaços de destaque como capa de revista ou primeira página de
jornal.
Para guardar a reputação e a credibilidade de suas companhias, os
administradores devem estar conscientes do papel da imprensa que
indiscutivelmente tem o poder de construir e destruir reputações, e este poder
dobra durante um período de crise. A imprensa tem atração por crises porque
ela faz parte dos cinco “Cs” que definem a notícia: catástrofes, crises, conflitos,
crime e corrupção. As notícias ruins vendem e o público espera que a
imprensa sirva de “cão de guarda” para alertá-los dos perigos iminentes.
A imprensa não deve ser vista como inimiga. É preciso saber medir até onde
ela atrapalha e até onde ela ajuda. Até onde representa um risco para a
imagem da empresa e até onde pode se transformar em oportunidade de
divulgação. Não se deve sonegar informações à imprensa, pelo contrário, ela
deve ser considerada como parceira na divulgação dos fatos. Momentos de
grande exposição na mídia pode ser uma grande oportunidade para a empresa
divulgar sua missão, seus valores, processos de trabalho, etc.
31
A melhor atitude que a empresa pode tomar em uma situação de crise é ser
pró-ativa, ou seja, tomar a iniciativa de enfrentar situações potencialmente
embaraçosas ou prejudiciais e procurar passar para a imprensa todas as
informações que ela necessite e que a empresa julgar pertinente. Com isto, ela
estará tendo o papel principal fonte de informação.
Enquanto o primeiro instinto durante uma crise for defensivo, no intuito de
esconder qualquer comentário negativo da imprensa, o resultado pode vir a ser
mais prejudicial do que o diálogo aberto. Ao calar-se durante as horas cruciais
após uma crise, os executivos estarão entregando o controle da empresa. Ao
invés de neutralizar o ataque da opinião pública, a companhia que não
oferecer informações pode ser considerada culpada das acusações.
Geralmente, empresas que possuem um bom trabalho de comunicação,
quando enfrentam momentos críticos se saem muito bem. A maior vantagem
nestes momentos é justamente o bom relacionamento anterior com a
imprensa. O estabelecimento de uma relacionamento de confiança e
credibilidade é fundamental. Uma companhia pode sair praticamente ilesa de
um desastre potencial - e até conquistar mais respeito do que antes - desde
que direcione a atenção da mídia a seu favor, em lugar de tentar fugir de
perguntas inevitáveis.
Os profissionais de comunicação conhecem as necessidades de informação
dos jornalistas e por isso é possível prever quais as perguntas que estes farão
à empresa. Este roteiro é conhecido pelo nome de Questions & Answers -
Q&A. Nele devem constar todos os tipos de perguntas que podem surgir em
entrevistas e a elaboração de suas respostas. Os executivos e porta-vozes
devem passar por um media training. É condição sine qua non que eles
estejam bem preparados, do contrário, o resultado poderá ser o inverso.
Não bastam as respostas por escrito, respostas visuais representam forças
poderosas e de grande emoção. A essência das respostas é a mensagem, é
32
imprescindível que as mensagens divulgadas pela empresa em momentos de
crise sejam cuidadosamente elaboradas e dirigidas aos públicos estratégicos.
Ravelle Brickman (1989), em seu texto Don´t get mad... Get even: how to
respond the media when the news is bad, apresenta um guia simples que
consiste em não ficar bravo com o jornalista ou veículo de comunicação, é bom
lembrar que ele está fazendo o seu trabalho. Ser breve nas respostas,
principalmente para a televisão, pois o espaço da mídia é limitado e as
respostas editadas. Não repetir o negativo. Responder a pergunta de maneira
direta, não se esqueça que o jornalista é uma pessoa informada e sabe muito
bem quando estão dando voltas na respostas e quinto, pensar no público, tudo
o que ele quer, gostaria ou precisa saber.
É conveniente deixar preparado kits para entregar à imprensa em momentos
de crise. Estes kits deverão conter os dados corporativos da empresa
atualizados, fotos das fábricas, vídeos sobre o processo de fabricação de
produtos, etc. Enfim, dados que a imprensa necessita, mas que se não
estiverem prontos demandarão certo tempo em consegui-los e tempo é
justamente o que há de mais precioso nestes momentos.
2.2.3 Internet: grande aliada
A internet tornou-se uma das maiores aliadas da comunicação em momentos
de crise já que é um meio de divulgação de informações da empresa que não
passa por nenhum filtro, ou seja, a informação está disponível da maneira
como a empresa elaborou. Entretanto, antes da internet servir de instrumento
de divulgação de informação da empresa para seus públicos, ela deve ser
usada como instrumento de busca de informação.
As associações, institutos, grupos organizados, entidades, etc. mais ativos
possuem uma página na internet. Nela constam quais são os seus princípios,
valores, missão, visão, objetivos, campanhas, vitórias, dentre outras coisas. É
possível identificar quais destes grupos têm o potencial de atingir a
organização por meio do conhecimento de quais são as suas lutas. Estas
33
visitas devem ser feitas periodicamente e monitoradas, principalmente, em
épocas de crise, pois eles divulgam suas mensagens por meio destes sites,
sem falar, é claro, das crises de confronto que geralmente são provocadas por
estes grupos. Os chat rooms também precisam ser monitorados nestas
situações.
As maiores assessorias de Comunicação oferecem um serviço chamado Crisis
Preparation & Response - CPR. É um plano de prevenção de crises que utiliza
bastante os recursos da internet. A ação principal é a criação de um Dark Site
que consiste num manual de crises on line e num banco de dados de
imprensa. Suas vantagens são a atualização em tempo real e acesso mundial
protegido por senhas na intranet e na internet e nele constam: position papers,
press release, plantas de fábricas e unidades, lista de contatos, vídeo
digitalizado, fotos e procedimentos. É conveniente preparar um canal de crises
para inserção de materiais conforme necessidade.
O site deve ser colocado no ar contendo informações importantes para o
público e a sua divulgação deve ser feita em mecanismos de buscas da
internet, links, e-mail, Assessoria de Imprensa e Propaganda. O e-mail, além
de divulgar o site, também pode servir para divulgar informações aos públicos
prioritários, junto com telefone, fax e mala-direta para pessoas que não
possuem este recurso.
2.2.4 Informe publicitário versus propaganda
O informe publicitário veiculado nos principais jornais, revistas e canais de
televisão são bastante utilizados em situações de crise. São espaços
publicitários comprados pela empresa nos quais ela transmite sua mensagem
sem o filtro dos jornalistas. Esta é uma forma de atingir a grande massa. Seu
texto deve ser claro, objetivo e, se possível, curto, visando esclarecer os
principais pontos da crise para minimizar os efeitos negativos. É interessante
divulgar nestes anúncios um número de telefone gratuito e o endereço
eletrônico da empresa para que os públicos possam esclarecer suas dúvidas e
34
interagir diretamente com a empresa. Com isto, a mensagem será transmitida
sem filtros.
Em certos casos é conveniente suspender a propaganda comercial da
empresa, as companhias aéreas fazem isto quando ocorre a queda de um
avião, por exemplo, ou, dependendo do tipo de crise, é possível veicular uma
propaganda institucional mostrando como a empresa enxerga a sua atividade,
a Monsanto está veiculando uma propaganda deste tipo enquanto diversos
grupos organizados como o Greenpeace a ataca em função de suas pesquisas
e comercialização de alimentos trangênicos.
2.3 Avaliando e reconstruindo a reputação
Após terminado o período agudo da crise, ou seja, quando as operações da
empresa estiverem de volta à normalidade, é imprescindível realizar uma
pesquisa junto aos públicos de interesse e também junto ao público em geral
para saber o quanto foi afetada sua imagem ou reputação.
Com estes dados, a empresa deverá reestruturar suas operações e direcionar
suas ações de comunicação com o objetivo de reconstruir sua reputação,
reconquistar seu espaço e reposicionar seu produto. Enfim, pelo menos ocupar
o espaço que possuía antes da crise. A função deste planejamento é fortalecer
e melhorar a reputação da empresa. Todas as empresas e pessoas são
passíveis de erro. As empresas que forem capaz de assumir suas falhas,
consertar seus erros e surpreender seus públicos gozarão de um respeito
maior, pois serão também reconhecidas como responsáveis nos momentos
adversos.
O trabalho de reconstrução não exigirá nada além do que um bom
planejamento estratégico de comunicação. A realização de uma pesquisa é
fundamental para se conhecer a real percepção que os diferentes públicos têm
sobre a empresa no momento e, então, iniciar o planejamento e implantar as
ações. Os esforços da comunicação (Relações Públicas, Propaganda,
35
Assessoria de Imprensa, Marketing, etc.) devem ser somados para conquistar
os objetivos pretendidos pela empresa.
Paralelamente deve ser feito todo o registro de como esta crise foi
administrada, avaliando as ações tomadas e analisando o que realmente deu
resultado, quais ações foram benéficas e quais não foram, o que ocorreu
conforme o esperado e o que fugiu do controle da empresa. Com estes dados,
o plano de gerenciamento e crises deve ser revisto e atualizado. É interessante
também dialogar com pessoas da área que analisaram a situação do ponto de
vista externo e com isso contribuir ainda mais para o aprimoramento desta
área.
36
CAPÍTULO III
UM PLANEJAMENTO REAL
Para sair do discurso teórico e aproximar o conteúdo deste trabalho à
realidade, apresento uma visão geral de um plano que efetivamente existe,
mas que por razões de confidencialidade estará exposto sucintamente. Ao
contrário do que freqüentemente é lido sobre cases de gerenciamento de crise,
o foco principal desta análise não é detalhar como uma empresa administrou
uma crise, mas a maneira como a empresa trabalha antecipadamente, ou seja,
se prepara para estes momentos.
3.1 Playcenter: segurança é prevenção
Para mostrar que este plano é viável a qualquer tipo de empresa, este
planejamento deixa as áreas mais óbvias como transporte, alimentação,
laboratórios farmacêuticos, usinas nucleares, etc. para abordar uma empresa
do setor do entretenimento. O estudo mostra duas grandes crises envolvendo
empresas do setor do show business, para citá-las foram a morte de três
pessoas dentro de um cinema no Morumbi Shopping e a polêmica gerada no
show de inauguração da maior casa de shows da América Latina, o Credicard
Hall, quando o cantor João Gilberto criticou o som da local.
A empresa escolhida foi o Grupo Playcenter que é o maior grupo empresarial
do setor de entretenimento da América Latina, que além do Playcenter São
Paulo, possui o Playcenter Pernambuco e inaugurou o Hopi Hari na região de
Vinhedo - São Paulo. Possui ainda, 41 centros de diversões eletrônicas
Playland entre próprios, sociedades e franquias, no Brasil e na Argentina. Além
de 16 unidades de boliches eletrônicos. Entretanto, o enfoque maior será dado
no plano existente no Playcenter São Paulo embora eles sigam os mesmos
princípios e critérios.
37
Os parques de diversão estão inseridos no setor do entretenimento, ou seja, é
um local onde os freqüentadores buscam alegria, fantasia, descontração e,
acima de tudo, diversão. A expectativa é muito alta em relação a estes parques
e, portanto, a decepção pode gerar transtornos na mesma intensidade. Vale
lembrar, que a presença de crianças e jovens desacompanhados de seus pais,
em excursões escolares é bastante alta nestes locais.
Antes de existir um Plano de Comunicação de Crises, existe um Plano de
Emergência cuja função principal é a segurança dos freqüentadores do
parque. O objetivo do Plano de Emergência é prevenir, controlar, atuar e
eliminar situações de emergência, determinando papéis, responsabilidades e
ações dos envolvidos. O Grupo define situações de emergência como toda
situação que foge à normalidade de sua operação e que pode provocar lesões,
danos materiais ou prejuízos de qualquer ordem.
Precedendo a comunicação está a ação propriamente dita, e, para dizer a
verdade, não há comunicação que se sustente sem uma ação eficaz.
Entretanto, se a comunicação não for eficiente em momentos de crise, os
problemas poderão aumentar e todos os esforços da empresa em controlar e
contornar uma situação poderão não ser percebidos pelo público e trazerem
danos à organização do mesmo jeito, mesmo que operacionalmente tudo
tenha sido feito da maneira adequada. É preciso agir e comunicar.
Dentro do Plano de Emergência do Playcenter existe um Manual de
Administração da Comunicação em Situações de Crise. Já os Centros Indoor
possuem um plano chamado Administração de Crise Operacional que também
contém uma parte de Administração da Comunicação em Situações de Crise.
A coordenação da elaboração dos manuais de comunicação ficou com a
profissional de Relações Públicas da empresa, Ester Alvarenga. Já a
elaboração do Plano de Emergência como um todo contou com a experiência
do grupo na operação de parques de diversão e foi feito um benchmark com as
grandes empresas de diversão do mundo, consultorias internacionais de
entretenimento, companhias aéreas, International Association of Amusement
Parks and Attractions (IAAPA), entre outras.
38
É importante frisar que o grupo possui uma área de comunicação atuante e
com bom relacionamento com a imprensa, o que é uma vantagem para os
momentos críticos. A área de Assessoria de Imprensa da unidade do negócio é
que será responsável pelo contato com a imprensa, pois possui a listagem de
todos os jornalistas conforme a área de abrangência do acontecimento.
Em momentos críticos, a princípio o porta voz é o Diretor do Negócio, exceto
quando os assuntos forem extremamente técnicos. Os diretores das Unidades
de Negócio já participaram de programas de media training e a empresa
realiza anualmente programas de treinamento. O Presidente assume o
controle da crise e é o porta-voz na ausência do Diretor do Negócio e do
Gerente Geral do Parque. No caso de necessidade de coletiva de imprensa,
existe uma sala de imprensa predeterminada nos parques. Nos Centros Indoor
é sugerida a utilização de uma sala de reuniões do Shopping.
A empresa acompanha tudo o que acontece no mundo sobre a ocorrência de
crises em parques de diversão, desde o acontecimento do fato, a condução da
crise, o clipping - impresso e eletrônico, os comentários da IAAPA, etc.
É importante citar a missão da empresa, pois nela está contida a diretriz que
rege todas as atividades da empresa que tem atuado fortemente em
programas preventivos e se preocupa com a segurança de seus visitantes.
O compromisso do Grupo Playcenter é com o visitante, a sua emoção e a sua
segurança. A empresa se preocupa em surpreender o cliente, superando sua
expectativa com criatividade, qualidade e carinho. E o seu retorno é a melhor
retribuição que a empresa pode ter.
O Plano de Emergência é composto dos seguintes grupos:
O Grupo de Gerenciamento de Emergências (GGE) é composto por Líderes de
Grupo, o líder do GGE é o diretor de Negócios Parques e na sua ausência o
Gerente Geral do Parque. A Assessoria Jurídica atua junto ao líder do GGE e
dá suporte aos grupos que são divididos em três:
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Grupo Gente: integrado pela Gerência de Recursos Humanos (líder), Serviço
Social e Benefícios, Departamento Pessoal e Ambulatório Médico;
Grupo Informação: integrado pela Gerência de Comunicação Corporativa
(líder), Serviço de Atendimento ao Cliente, Gerência de Marketing e Vendas e
Assessoria de Imprensa da Unidade de Negócio;
Grupo Operação: integrado pela Gerência de Segurança do Trabalho (líder) e
outras Gerências envolvidas.
Para o parque, o público prioritário em um incidente é a vítima, seus familiares
e acompanhantes no momento. Esta prioridade é totalmente correta uma vez
que a vítima é quem sofre o maior dano. Vale lembrar, que as pessoas direta
ou indiretamente ligadas a acidentes, ou seja, as testemunhas, são assediadas
pela imprensa e também se tornam fontes de informação. Portanto, o
tratamento dispensados a estas pessoas é bastante delicado uma vez que a
empresa pode ser acusada também de omissão de socorro ou descaso com a
vítima. As pessoas nestas situações já possuem uma predisposição negativa
em relação à empresa e sentimentos como raiva e ódio se extravasam com
declarações bastante agressivas e emocionais, muitas vezes acompanhadas
de lágrimas. Estas imagens marcam fortemente a opinião pública.
Este plano é atualizado freqüentemente e o parque possui um mapeamento de
seus riscos e vulnerabilidades que por razões de confidencialidade não podem
ser apresentadas neste trabalho. De acorso com o Grupo, este plano já foi
utilizado quando houve excesso de público no Playcenter São Paulo,
provocando o fechamento dos portões e com um telefonema anônimo de
ameaça de bomba num shopping onde se localiza um Centro Indoor. Segundo
a empresa, o resultado foi positivo porque as pessoas já estavam preparadas
para conduzir a situação e cada integrante da equipe sabia qual era o seu
papel. A divisão em três grupos foi eficiente, pois gerou agilidade nas tomadas
de decisões do coordenador geral da equipe. Os incidentes ocorreram em um
final de semana e o modelo de cartão com os telefones de todos os
integrantes da equipe foi extremamente útil.
40
Este exemplo real serve para mostrar a aplicabilidade do plano de
gerenciamento de crises em uma empresa. O que está nos livros não é
diferente do que é praticado no mercado. Isto ocorre, já que este tema se
desenvolve à medida em que analisa os gerenciamentos de crises excelentes
e catastróficos que ocorrem constantemente. A observação, nestes casos, é
um grande aprendizado.
41
CONCLUSÃO
O tema gerenciamento de crise é muito pouco explorado e discutido no Brasil,
mas está crescendo gradativamente. Como a maioria de outras técnicas e
instrumentos de Relações Públicas que são utilizados no Brasil e que surgiram
em outros países, principalmente nos Estados Unidos, este é mais um que se
encontra em um estágio mais evoluído por lá.
Existem diferenças e semelhanças na condução do gerenciamento de crises
em cada país uma vez que as realidades sociais, econômicas, políticas e
culturais são distintas. Por exemplo, nos Estados Unidos a sociedade civil é
muito mais ativa - existem milhares de grupos civis organizados - e reivindicam
mais pelos seus direitos, a imprensa age como um “cão de guarda” e o sistema
judiciário é muito mais punitivo que no Brasil. Ou seja, as empresas de lá estão
mais suscetíveis a certos tipos de crise que as daqui. Entretanto, com a
penetração crescente da internet, a troca de informações é cada vez mais
rápida e constante. Cada vez mais o cidadão brasileiro está mais informado e
reivindicante.
A competição entre as empresa, marcas e produtos é muito grande e a
reputação ou imagem destes três itens é um fator diferencial vantajoso para os
que estão em posição de destaque. As empresas investem tempo, tecnologia,
capital, recursos físicos e humanos para construir sua reputação. No entanto, o
que levou anos para ser construído pode ser destruído do dia para a noite.
Para minimizar os efeitos negativos que uma crise tem potencial de causar
danos a uma empresa e com isso lhe causar grandes prejuízos, tanto em
faturamento quanto em imagem, o planejamento de gerenciamento de crises
serve de suporte para que os profissionais ajam com menos improvisação e
mais fundamentação. Não se pode confiar no improviso quando se trata de
tudo o que uma empresa conquistou. Existe um planejamento para proteger a
42
empresa e este trabalho contou sobre ele até aqui. Só basta querer
implementá-lo.
As Assessorias de Imprensa, pela sua própria natureza, desempenham um
papel chave no gerenciamento de crises uma vez que ela faz a ponte entre a
empresa e seus públicos, conhece quais são os interesses de cada um e
busca harmonizá-los. Sabemos que a harmonia é o oposto do conflito e este é
justamente o primeiro sintoma de uma crise.
43
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
(Assessoria de Imprensa e gerenciamento de crises) 10
1.1 – A importância de se preparar para uma crise 11
1.2 – Assessoria de Imprensa na prevenção de crises 13
1.3 – Crise: definição, identificação e tipologia 15
CAPÍTULO II
(Gerenciamento de crises: prevenção, administração
e reconstrução) 20
2.1 – Prevenção: o melhor remédio para
uma situação de crise 20
2.1.1 – Riscos: mapeamento e auditorias 22
2.1.2 – A vulnerabilidade da empresa 24
2.2 – Administrando uma crise já instalada 26
2.2.1 – A percepção e o que realmente importa 28
2.2.2 – A importância da imprensa 30
2.2.3 – Internet: grande aliada 32
2.2.4 – Informe publicitário versus propaganda 33
2.3 – Avaliando e reconstruindo a reputação 34
CAPÍTULO III
(Um planejamento real) 36
3.1 – Playcenter: segurança é prevenção 36