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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
DANO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
AUTOR
CLÁUDIA BARROSO DE OLIVEIRA AMARAL
ORIENTADOR
PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO
RIO DE JANEIRO 2015 DOCUMENTO P
ROTEGIDO P
ELA LE
I DE D
IREITO A
UTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
DANO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes – AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito e Processo do Trabalho. Por: Cláudia Barroso de Oliveira Amaral.
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Agradeço à Deus, o que seria de mim sem a fé que eu tenho nele. Aos meus pais, que sempre abrem mão dos seus sonhos para realizarem os meus. À minha irmã, que transborda de orgulho em todas as minhas conquistas.
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Dedico esses trabalho aos meus pais, Ana Maria e Evaldo, que sempre colocam meus sonhos em primeiro plano, que não medem esforços para me fazer feliz e que caminham junto comigo onde eu estiver para me amparar, aplaudir, abraçar ou simplesmente para mostrar que minhas escolhas nem sempre são fáceis, mas seja qual for, eles estarão ao meu lado para apoiar todas as decisões que eu tomar. Sem o apoio de vocês, essa tarefa seria impossível.
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RESUMO
O presente trabalho trata de um estudo sobre o dano moral nas relações trabalhistas, apresentando o seu conceito, evolução histórica e sua aplicação na legislação brasileira, bem como exemplos claros, práticos e vividos no cotidiano dos empregados, de forma sucinta, mas relevante. O dano moral oriundo do acidente de trabalho foi analisado de maneira mais abrangente, apresentando o seu conceito, espécie, caracterização e consequências jurídicas trazidas para o empregador que deu causa ao dano, além da sua responsabilidade civil em tais situações. O estudo trata ainda da ampliação da competência da Justiça do Trabalho em virtude da promulgação da Emenda Constitucional nº 45, de 2004. Apreciaram-se também a responsabilidade civil pelo dano moral trabalhista, os critérios para fixação do valor da indenização, a competência para julgar as ações e a jurisprudência sobre o assunto.
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METODOLOGIA
O presente trabalho constitui-se em uma descrição detalhada das
características jurídicas do fenômeno em estudo, do tratamento conferido a cada
uma delas pelo ordenamento jurídico nacional e de sua interpretação pela
doutrina especializada, tudo sob o ponto de vista específico do direito positivo
brasileiro.
Para tanto, o estudo que ora se apresenta foi levado a efeito a partir do
método da pesquisa bibliográfica, em que se buscou o conhecimento em diversos
tipos de publicações, como livros e artigos em jornais, revistas e outros periódicos
especializados, além de publicações oficiais da legislação e da jurisprudência.
Por outro lado, a pesquisa que resultou nesta monografia também foi
empreendida através do método dogmático, porque teve como marco referencial
e fundamento exclusivo a dogmática desenvolvida pelos estudiosos que já se
debruçaram sobre o tema anteriormente, e positivista, porque buscou apenas
identificar a realidade social em estudo e o tratamento jurídico a ela conferido, sob
o ponto de vista específico do direito positivo brasileiro.
Adicionalmente, o estudo que resultou neste trabalho identifica-se,
também, com o método da pesquisa aplicada, por pretender produzir
conhecimento para aplicação prática, assim como com o método da pesquisa
qualitativa, porque procurou entender a realidade a partir da interpretação e
qualificação dos fenômenos estudados; identifica-se, ainda, com a pesquisa
exploratória, porque buscou proporcionar maior conhecimento sobre a questão
proposta, além da pesquisa descritiva, porque visou a obtenção de um resultado
puramente descritivo, sem a pretensão de uma análise crítica do tema.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................... 9
CAPÍTULO I
DANO MORAL..................................................................................................... 10
1.1 – ORIGENS DO DANO MORAL.................................................................... 11
1.2 – DANO MORAL NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA...................................... 14
CAPÍTULO II
DANO MORAL NO DIREITO DO TRABALHO.................................................... 17
2.1 – DANO MORAL DECORRENTE DAS RELAÇÕES DE TRABALHO......... 18
2.2 – DANO MORAL NA FASE PRÉ-CONTRATUAL......................................... 19
2.3 – DANO MORAL NA FASE CONTRATUAL.................................................. 23
CAPÍTULO III
ACIDENTE DE TRABALHO................................................................................. 31
3.1 – DA AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO EM
VIRTUDE DA EMENDA CONSTITUCIONAL - Nº 45/2004................................. 31
3.2 – ESPÉCIE E CARACTERIZAÇÃO DO ACIDENTE DE
TRABALHO.......................................................................................................... 34
3.3 – CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS TRAZIDAS PELAS LESÕES
ACIDENTÁRIAS................................................................................................... 38
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3.4 - A RESPOSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR PELOS DANOS
DECORRENTES DO ACIDENTE DE TRABALHO.............................................. 39
CAPÍTULO IV
QUANTIFICAÇÃO DA INDENIZAÇÃO DO DANO MORAL................................ 45
CONCLUSÃO....................................................................................................... 48
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................... 51
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INTRODUÇÃO
Desde a antiguidade existia a ideia de dano e de reparação pelos efeitos
danosos causados por terceiros com características peculiares em cada parte do
mundo.
O instituto do dano, que incluía tanto o moral quanto o material, teve sua
nascente nos primórdios das civilizações, a partir daí, aperfeiçoou-se seu conceito
para chegar ao modelo do instituto que vigora nos atuais dias.
O Dano Moral oriundo das relações de trabalho, tanto diz respeito às
situações inerentes a prestação dos serviços do empregado ao seu empregador,
quanto às situações que compreendem a fase pré-contratual, contratual e pós-
contratual, cabendo destacar que podem ser sujeitos de tal dano o empregado e o
empregador.
É de conhecimento geral que atualmente os magistrados enfrentam a
árdua tarefa de mensurar o quantum indenizatório cabe as vítimas de lesões e
ofensas a direitos inerentes a sua personalidade na relação de trabalho causadas
por terceiros estranhas ao patrimônio, utilizando-se de critérios subjetivos, do seu
poder discricionário, tais como arbitramento, proporcionalidade, equidade etc.,
sem qualquer parâmetro legal para tanto.
Serão analisados diversos aspectos jurídicos relevantes ao dano moral
trabalhista, tais como a legitimidade da vítima para postular em juízo tal reparação
e a possibilidade da pessoa jurídica sofrer o dano moral; a questão, ainda
discutida, se a natureza jurídica do dano moral seria punitiva ou se poderia ser
enquadrada dentro da ciência do Direito; e a sua finalidade, em que se constará
que a maior parte da doutrina entende que é uma forma de compensar a vítima
pelo dano sofrido e punir o ofensor para desestimular a prática de atos danosos.
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CAPÍTULO I
DANO MORAL
Inicialmente, necessário se faz analisar a etimologia das palavras
DANO e MORAL.
DANO deriva do latim damnun, e, juridicamente, significa o prejuízo
causado, em virtude de ato de outrem, que venha a causar diminuição
patrimonial, seja no aspecto moral ou no aspecto material. Em suma, seria aquele
que causa prejuízo a outrem. MORAL, oriundo de morale, vem a ser o conjunto
de valores e regras, de condutas consideradas como válidas, quer de modo
absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.
Relaciona-se com a alma, a intimidade da pessoa, devendo ser analisada em seu
aspecto subjetivo, uma vez que cada indivíduo que integra a sociedade possui
seu foro íntimo.
Podemos dar inúmeras definições para dano moral. Uma delas, de
Savatier (2004), é a seguinte: “dano moral corresponde a todo o sofrimento
humano que resulta de uma perda pecuniária” (p.95). Outra, mais diretamente
relacionada com o dano moral, conforme Vólia Bomfim Cassar, é que:
“Dano moral é o resultado de uma ação, omissão ou
decorrente de uma atividade de risco que causa lesão ou
magoa bens ou direitos da pessoa, ligados à esfera jurídica
do sujeito de direito (pessoa física, pessoa jurídica,
coletividade etc.). É o que atinge o patrimônio ideal da
pessoa ou do sujeito de direito.” (CASSAR, Vólia Bomfim,
2009, p.734).
Cumpre obtemperar, todavia o que leciona Ana Alice Monteiro de Barros
(2013), “dano moral é o menoscabo sofrido por alguém ou por um grupo como
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consequência de ato ilícito ou atividade de risco desenvolvida por outrem capaz
de atingir direitos da personalidade e princípios axiológicos do direito,
independentemente de repercussão econômica” (p.513)
É sobremodo importante assinalar que o dano moral pode exercer
influência maléfica na vida particular e social do indivíduo, diminuindo ou
privando-o dos bens da vida, tais como à liberdade individual, paz, tranquilidade
de espírito, integridade física, integridade individual, dignidade, honra e que
podem ser classificados em dano que afeta parte social do patrimônio moral
(honra, reputação, etc.), dano moral que causa prejuízo patrimonial (deformidade,
cicatrizes, etc.) e o dano moral puro (dor, tristeza, etc.).
Conclui-se, então, que o conceito de dano moral corresponde à lesão ao
direito subjetivo de alguém que não está ao alcance da esfera material,
patrimonial do indivíduo. Exprime sofrimento, ofensa à honra e dignidade do ser
humano.
1.1 – ORIGENS DO DANO MORAL
Desde os primórdios da civilização há indícios de que o homem sempre
teve grande preocupação em manter imaculada sua honra, dignidade e
reputação.
A ideia de privar um ser humano de sua honra soa como uma verdadeira
afronta, pois é o nosso bem maior, é o que nos dignifica.
Em todo momento lutamos para que ninguém invada nossa esfera íntima,
deturpe nossa imagem ou que de alguma maneira atinja nosso valores, essências
e princípios, quando o contrário acontece buscamos a reparação imediata do
dano moral sofrido.
O Direito Hebraico, na Bíblia Sagrada, principalmente no antigo
testamento, já trazia passagens em que se admitia a reparação ao dano moral,
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dentre elas a de Deuteronômio, Antigo Testamento, capítulo 22, versículos 13 a
19:
“Quando um homem tomar mulher e, entrando a ela, a
aborrecer, e lhe imputar cousas escandalosas, e contra ela
divulgar má fama, dizendo: Tomei esta mulher, e me cheguei
a ela, porém não a achei virem; Então o pai da moça e sua
mãe tomarão os sinais da virgindade da moça, e levarão
para fora aos anciãos da cidade, à porta:
E o pai da moça dirá aos anciãos: Eu dei a minha filha por
mulher a este homem, porém, ele a aborreceu; E eis que lhe
imputou cousas escandalosas, dizendo: Não achei virgem
tua filha; porém, eis aqui os sinais da virgindade de minha
filha; E estenderão o lençol diante dos anciãos da cidade.
Então os anciãos da mesma cidade tomarão aquele homem,
e o castigarão, e o condenarão em cem siclos de prata, e os
darão ao pai da moça; porquanto divulgou má fama sobre
uma virgem de Israel. E lhe será por mulher, em todos os
seus dias não a poderá despedir.”
Depreende-se dessa passagem da Bíblia que a imputação que denigre de
alguma maneira a honra do indivíduo deve ser imediatamente reparada, quer seja
de maneira pecuniária, quer seja, através de punições puramente morais.
Não podia ficar impune quem de má-fé, causasse tamanha vergonha ao
bom nome de uma família, desonrando sem razões aos valores que prezavam,
visto que na época esses valores eram considerados sagrados. Desrespeitá-los,
repercutia em punição, atualmente chamada de indenização por danos morais.
O Código de Hamurabi, surgido na Mesopotâmia, por volta de 2.000 anos
a. C, é considerado como o marco inicial da codificação de leis da civilização
antiga e da reparação dos danos extrapatrimoniais, preconizava em seus artigos
uma preocupação de conferir ao ofendido uma reparação congruente, sendo o
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causador do dano obrigado a indenizar o lesado, consoante ilustrado no artigo
abaixo:
“Art. 127: Se um homem livre estendeu um dedo contra uma
sacerdotisa, ou contra a esposa de um outro e não
comprovou, arrastarão ele diante do juiz e raspar-lhe-ão a
metade de seu cabelo”.
De tal Código extraiu-se o célebre axioma primitivo, “olho por olho, dente
por dente”, constituindo uma forma de reparação do dano, inserto no parágrafo
196 do Código em comento:
§ 196: “se um homem livre (awilum) fizer perder a vista ao
filho de um outro homem igualmente livre (outro awilum),
sofrerá a perda de um olho”.
A lei afirma que, se o agressor e agredido pertencem a mesma classe
social, seja aplicada a pena de talião: “olho por olho”.
A noção de reparação do dano encontrava-se notadamente neste Código,
já que as ofensas pessoais eram reparadas na mesma classe social, à custa de
ofensas idênticas. Todavia, o Código incluía ainda a reparação do dano através
de um valor pecuniário.
A imposição de uma pena econômica consistia na diminuição do
patrimônio do ofensor, proporcionando a vítima uma satisfação pecuniária.
Nesse sentido, o § 209 do Código de Hamurabi determinava que “se
homem livre (awilum) ferir o filho de outro homem livre (outro awilum) e, em
consequência disso, lhe sobrevier um aborto, pagar-lhe-á 10 siclos de prata pelo
aborto” – indenização a favor da vítima em valor pecuniário utilizado à época.
Já o Código de Manu, surgido na Índia entre 1800 e 1300 a.C., guardava
uma certa similitude com o Código de Hamurabi, também continha a previsão de
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uma reparação de dano quando ocorriam lesões. Porém, o que os diferenciavam,
era o fato de que enquanto no Código de Hamurabi a vítima ressarcia em razão
de outra lesão levada a efeito no lesionador (Lei do Talião), e também ao
pagamento em pecúnia, no de Manu era somente às expensas de um certo valor
pecuniário, arbitrado pelo legislador, não havendo espaço a Lei do Talião,
demonstrando-se, assim, a evolução entre os dois sistemas, já que o Código de
Manu não previa violência.
Em todas as civilizações esteve presente o entendimento de que a
criatura é livre e pode escolher praticar entre aquilo que é jurídico ou antijurídico
e, deste modo, dolosa ou culposamente violar o direito alheio, dando origem a um
novo direito, que se refere a reparação, ao ressarcimento do ofendido.
1.2 – DANO MORAL NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
A indenização por Danos Morais sempre existiu, porém ainda não havia
sido devidamente definida, a partir da Constituição da República Federativa do
Brasil, de 1988, tal definição foi expressa e vigora até os dias de hoje.
Tal Carta Magna, em seu artigo 5º, incisos V e X, garante a reparação de
dano, de qualquer natureza, sendo que a partir de sua promulgação, foram então,
reformadas as teses do dano extrapatrimonial.
Desta forma, essa Constituição, codificou de maneira clara a indenização
por dano material, dano à imagem, e ainda, a indenização por dano moral, “in
verbis”:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
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(...)
V: é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem.
(...)
X: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Na legislação brasileira o Dano Moral teve seu desenvolvimento ao longo
de diversas leis, que paulatinamente, foram reconhecendo a figura de reparação a
essa lesão.
Além disso, com o constante desenvolvimento social surgiram diversos
conflitos entre indivíduos, que extrapolavam a esfera patrimonial, alcançando
agora os direitos pessoais, tais como: dignidade, honra, intimidade, e demais
direitos da personalidade.
Resta claro, que desde os primórdios havia a reparação pela ofensa
moral, no entanto, no Brasil, apenas com a Constituição de 1988 é que o
legislador passou a valorar tal situação.
Isto posto, para amparar as vítimas desses danos, as legislações
começaram a introduzir uma reparação que não fosse restrita apenas ao dano
patrimonial, mas que também pudesse garantir o dano extrapatrimonial.
Insta salientar que embora o Código Civil de 1916, tenha traçado os
fundamentos da responsabilidade contratual em seus artigos 159 e 160, não
trouxe expressamente o instituto da responsabilidade civil.
Como consequência disso, sobreveio o Código Civil de 2002, tratando
com maior profundidade e clareza do tema da responsabilidade civil em seus
artigos 927 e seguintes.
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Ratificando este entendimento, o Superior Tribunal de Justiça consolidou
a súmula nº 37, surgindo assim, a possibilidade de cumular a indenização de
danos morais e patrimoniais pelo mesmo fato.
Sabe-se que o direito do trabalho confere especial dimensão à tutela da
personalidade do trabalhador, em virtude do caráter pessoal, subordinado,
habitual e oneroso da prestação de serviço.
Portanto, uma das finalidades fundamentais desse ramo do direito é
assegurar o respeito da dignidade do trabalhador, garantindo que nos casos em
que haja lesão no campo moral relacionado a ambiente de trabalho, este deve ser
sanado por essa justiça.
De toda sorte, inegável é, que a proteção ao direito personalíssimo do
trabalhador constitui um dos deveres do empregador, e, em consequência disso,
cabe a reparação ao dano moral trabalhista, sendo assim, torna-se óbvio que às
disposições constitucionais sobre a reparação do dano moral têm aplicação no
âmbito do direito do trabalho.
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CAPÍTULO II
DANO MORAL NO DIREITO DO TRABALHO
É de suma importância, ressaltar que, o dano moral não tem suas origens
no direito do trabalho. Assim, impende demonstrar que não existe o dano moral
trabalhista, comumente usado por doutrinadores e operadores do direito,
tampouco há de se falar em dano moral civil, penal ou administrativo.
O que os vincula ao instituto do direito aplicado é a sua reparação, ou
seja, a reparação do dano causado é que será pena, administrativa ou civil. No
caso do dano moral ter ocorrido dentro das relações de trabalho, então dir-se-á
que a reparação pelo dano causado será trabalhista, e a competência para
processar e julgar será da Justiça do Trabalho, como veremos mais adiante.
O direito do trabalho, assim como os demais ramos do direito, visa a paz
social e, de forma contundente, visa disciplinar às relações de trabalho, aplicando
o conjunto de princípios e normas legais que objetivam a garantia dos interesses
individuais e coletivos dos trabalhadores, propiciando, assim, a segurança jurídica
e o respeito à dignidade da classe.
Afinal, o direito do trabalho é marcado ainda nos tempos modernos pela
sua peculiar característica, que é a hipossuficiência do empregado e sua maior
proteção em face da problemática existente entre o capital e o trabalho.
Nessa esteira de pensamentos, é oportuno transcrever o que diz Vasques
Vialard (apud Sanches, 1997, p.41):
“Se em algum âmbito de direito o conceito de dano moral pode ter alguma
aplicação é, precisamente, no do trabalho. A razão de subordinação a que está
sujeito o trabalhador na satisfação de seu débito leva a que a atuação da outra
parte, que dirige esta atividade humana, possa menoscabar a faculdade de atuar
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que diminui ou até frustra totalmente a satisfação de um interesse não
patrimonial.”
Desse modo, resta claro que nas relações de trabalho existe a
possibilidade de sofrer danos, ou até em causá-los, afinal, empregado e
empregador convivem habitualmente e desta convivência podem surgir alguns
conflitos.
2.1 – DANO MORAL DECORRENTE DAS RELAÇÕES DE TRABALHO
É sabido que ao empregador cabe o poder de direção da empresa, poder
ao qual estão subordinados os empregados. Esse poder diretivo decorre da
própria definição de empregador expressa no art. 2º da CLT que estabelece a
este, dirigir a prestação pessoal do serviço.
O empregado, ao subordinar-se ao poder patronal, abstem-se de algumas
de suas liberdades, devendo atender às ordens advindas de seu patrão. Oportuno
esclarecer que a subordinação ora narrada, encontra-se respaldada legalmente,
no art. 3º da CLT, o qual estabelece que o empregado fica sob a dependência do
empregador.
Essa dependência não é meramente econômica, trata-se também, do
poder de direção, comando, além do poder de fiscalizar e o poder disciplinar que
o empregador exerce sobre seu funcionário, a chamada subordinação jurídica.
Porém, em que pese tal subordinação existir e ser requisito caracterizador do
contrato de trabalho, tanto trabalhador como empregador devem pautar pela
respeitabilidade nas relações de trabalho, e ainda, pela dignidade moral
recíproca.
Imperioso salientar, contudo, que o Dano Moral Trabalhista pode ocorrer
tanto por ato lesivo praticado por um dos integrantes da relação de trabalho, seja
empregado, seja empregador, como também por força de uma alteração do
contrato de trabalho.
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Na prática, quando o poder de direção do empregador nas relações
laborais, extrapola os limites da razoabilidade e ofende a ética e a moral do
trabalhador, dá ensejo à busca da reparação dos seus direitos, a fim de delimitar
o poder empresarial e compensar os danos oriundos daquele contrato de
trabalho.
Nesse contexto, a prevalência do direito fundamental a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem do trabalhador devem ser resguardados, tendo por
princípio a dignidade da pessoa humana.
Em que pese não ser objeto deste estudo, vale destacar que o dano
moral oriundo da relação laboral também pode ser causado pelo empregado ao
empregador, algumas vezes de pequena monta, inerentes ao próprio risco da
atividade, uma vez que a pessoa jurídica possui patrimônio imaterial passível de
ser maculado por atos de seus funcionários.
2.2 – DANO MORAL NA FASE PRÉ-CONTRATUAL
O dano moral, na fase pré-contratual, é aquele compreendido no período
que antecede o contrato de trabalho, ou seja, ocorre antes da contratação, isto é,
o ofendido ainda não possui vínculo direto com o empregador. A lesão nesta fase
dar-se-á antes da assinatura do contrato de trabalho: análise de currículos, exame
psicotécnico, durante o processo de seleção.
O Tribunal Regional do Trabalho da 1º Região, conforme acórdãos
colacionados, confirma este entendimento já pacificado na doutrina de que o
trabalhador tem direito a indenização na fase pré-contratual, pois mesmo antes do
contrato de trabalho assinado, o empregador deve agir com lealdade e boa-fé
objetiva com o indivíduo poderá ser contratado.
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Recurso ordinário. Indenização por dano moral. Fase pré-
contratual. Responsabilidade civil do empregador. A
responsabilidade civil do empregador não está adstrita ao
período contratual. Na qualidade de promitente, ele também
pode ser responsabilizado pelo período que antecede a
formalização do contrato. É que tanto o empregado quanto o
empregador, ao firmarem um contrato de trabalho, ou até
mesmo durante as tratativas anteriores à sua efetivação,
estão obrigados a guardar os princípios de probidade e boa-
fé, a teor do que estabelece o artigo 422 do Código Civil de
2002. Espera-se que ambas as partes contratantes orientem
sua conduta com lealdade e considerações mútuas,
inserindo-se aí o dever de informação. Surge a
responsabilidade pré-contratual de indenizar, quando o
empregador cria a convicção de que o negócio se realizaria
de forma válida e, após convocar o futuro empregado,
verifica a impossibilidade de sua contratação e sequer lhe
comunica o fato. (Acórdão do processo nº 00814-2008-058-
01-00-1 – RO – TRT1 – relator: Desembargador Federal do
Trabalho Flávio Ernesto Rodrigues Silva)
O referido acórdão traz o caso de um homem que foi aprovado no
processo seletivo feito pela ré, que em seguida solicitou seu comparecimento na
sede da reclamada para confirmação de seu endereço e que permanecesse na
sede para assumir o cargo, aguardando apenas uma convocação por parte da ré.
Depois que o reclamante realizou todos os trâmites burocráticos exigidos pela
empresa para sua contratação, acabou por não ser contratado. A reclamada
alegou que o autor não foi contratado em virtude de não ter havido abertura de
vagas, mas não informou desta impossibilidade ao reclamante e deixou-o na
expectativa de ser efetivamente contratado.
Esse tipo de atitude no entendimento da doutrina e do Tribunal do
Trabalho da 1º Região configura dano moral ao reclamante, devendo a reclamada
pagar indenização pelo dano causado.
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Pode-se citar como outro exemplo clássico de dano moral na fase pré
contratual o uso do detector de mentiras (polígrafo) para verificar se o candidato
diz a verdade durante a entrevista de admissão. Por óbvio, isso é inaceitável,
nenhuma pessoa deve passar por qualquer constrangimento para obtenção de
um cargo em determinada empresa, enseja sobremaneira a reparação pelo dano
moral sofrido, ainda que na fase pré-contratual.
Senão vejamos:
Uso de polígrafo na admissão e durante o contrato de
trabalho. Dano moral configurado. A utilização do polígrafo é
ato injustificável, invasivo e violador dos direitos
fundamentais do empregado. Quando o empregador obriga
seu empregado a se submeter ao polígrafo excede os limites
de atuação de seu poder diretivo e agride a dignidade do
trabalhador, expondo a honra e intimidade deste e
submetendo-o a constrangimento injustificado, apto a
ensejar a reparação pelos danos morais causados por essa
conduta. (TRT1 – processo nº 00011254920105010050 –
RO – Relator Desembargador Federal do Trabalho José
Antônio Teixeira da Silva).
Insta salientar, ainda que, a CLT proíbe em seu Art. 373-A da CLT a
natureza discriminatória de qualquer avaliação, quando da admissão /
manutenção do trabalhador na empresa. Tanto assim, que citou "estado de
gravidez" juntamente com razões de "sexo, idade, cor", etc., senão vejamos:
Art. 373-A da CLT: "Ressalvadas as disposições legais
destinadas a corrigir as distorções que afetam o acesso da
mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades
estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado:
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II - recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do
trabalho em razão de sexo, idade, cor, situação familiar
ou estado de gravidez, salvo quando a natureza da atividade
seja notória e publicamente incompatível."
Na mesma linha vem o Art. 2 da Lei 9029 / 1995, que assim coloca:
"Constituem crime as seguintes práticas discriminatórias: I - a exigência de teste, exame, perícia, laudo, atestado,
declaração ou qualquer outro procedimento relativo à
esterilização ou a estado de gravidez.
Pena: detenção de um a dois anos e multa."
Entendimento majoritário também no sentido da proibição das empresas
em exigir exame de sangue do funcionário para sua contratação, a fim de
averiguar se o mesmo é portador do vírus da AIDS.
Súmula nº 443 do TST
Dispensa discriminatória. Presunção. Empregado portador
de doença grave. Estigma ou preconceito. Direito à
reintegração. - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26
e 27.09.2012
Presume-se discriminatória a despedida de empregado
portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite
estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem
direito à reintegração no emprego.
Assim, pode-se dizer que o questionamento sobre o estado de saúde
também se inclui como ato discriminatório, sendo passível de reparação por
danos morais.
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2.3 – DANO MORAL NA FASE CONTRATUAL
Durante a vigência do contrato de trabalho, não é comum que o
empregado ajuíze uma ação em face de seu empregador, eis que fica com receio
de ser dispensado ou sofrer represálias pelo empregador.
Segundo critérios de conveniência e oportunidade a empresa pode
despedir o empregado, mas não pode se utilizar da despedida por justa causa ou
sem justa causa para acobertar um ato discriminatório.
Os tribunais admitem que os atos preconceituosos que geram o direito do
empregado ter seu dano reparado sejam aqueles que coloquem o empregado em
situações vexatórias, degradantes de humilhação e, que ofendem a sua dignidade
e honra.
Porém, os trabalhadores, muitas vezes, sofrem calados os danos morais,
justamente pelo medo de perder o emprego, e assim, não conseguir sustentar a si
e a sua família.
O dano moral na fase contratual acontece quando o empregador deixa de
cumprir com uma ou várias das obrigações estabelecidas no contrato de trabalho,
porém, vale ressaltar que nem todo descumprimento enseja dano moral, pois a
reparação pode ser o pagamento de uma verba trabalhista correspondente.
Sabe-se que o dano moral na esfera contratual pode ocorrer de diversas
formas, por exemplo, através de revistas pessoais, assédio sexual e moral,
acidentes de trabalho, rebaixamento de cargo, discriminação, ou ainda, através
da dispensa do emprego (por injúria, calúnia, ou difamação, ou, indireta).
O dano pode ser infringido quando o empregador deixa de cumprir certas
obrigações derivadas do contrato de trabalho, tais como, higiene e segurança do
trabalho e de respeito a personalidade e dignidade do trabalhador.
Além disso, versa as alíneas do artigo 483 da CLT, “in verbis”:
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Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o
contrato e pleitear a devida indenização quando:
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças,
defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao
contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores
hierárquicos com rigor excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou
pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no
fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de
outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça
ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos
salários.
§ 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos
serviços ou rescindir o contrato, quando tiver de
desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a
continuação do serviço.
§ 2º - No caso de morte do empregador constituído em
empresa individual, é facultado ao empregado rescindir o
contrato de trabalho.
§ 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o
empregado pleitear a rescisão de seu contrato de trabalho e
o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo
ou não no serviço até final decisão do processo.
25
Ao analisarmos o que dispõe o art. 2º caput, parte final da CLT, que versa
sobre às condições de fiscalizar o serviço que o empregado presta ao
empregador, deve-se observar que essa fiscalização não pode ser arbitrária, ou
de maneira que venha a interferir na privacidade e intimidade do empregado.
Vale ressaltar que é permitida a revista, no entanto, alguns critérios
devem ser adotados para que não gere nenhum constrangimento ao empregado.
A revista deve ser realizada de maneira discreta, impessoal, moderada,
de acordo com a razoabilidade e feita por pessoas do mesmo sexo.
De igual modo, o empregado não pode instalar câmeras em banheiros
para filmar os empregados.
Neste diapasão, Súmula nº 16 do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª
Região:
Revista íntima. Dano moral. Limites dos poderes de direção
e fiscalização. Violação à honra e à intimidade do
trabalhador. Princípio da dignidade da pessoa humana (art.
1º, inciso, CF). Cabe reparação por dano moral, por ferir o
princípio da dignidade da pessoa humana, o ato patronal
consubstanciado em revistas íntimas de trabalhadores de
qualquer sexo, incluindo a vigilância por meio de câmeras
instaladas em banheiros e vestiários.
Objetiva-se, a seguir, ilustrar o assunto, tornando-o mais concreto e
demonstrando com alguns exemplos importantes como é grande a possibilidade
de ocorrer tais eventos danosos, dando uma ênfase maior, em especial, ao
acidente de trabalho.
2.3.1 - Dano moral na dispensa sem justa causa
26
Facultado é ao empregador, dispensar seu funcionário sem justa causa,
pois tal direito lhe é garantido na própria Consolidação das Leis do Trabalho,
constituindo um poder potestativo a rescisão do contrato de trabalho de forma
imotivada, devendo em contrapartida liquidar todas as verbas rescisórias.
O que, de fato, ensejaria a reparação pelo dano moral oriundo de uma
dispensa sem justa causa seria o fato desta vir acompanhada de um vazamento
no ambiente de trabalho de informações, ou, situações que ponham em dúvida a
conduta do empregado, sua integridade, reputação, idoneidade. Quando há uma
simulação do verdadeiro motivo do rompimento do contrato, como por exemplo o
caso de discriminação ao funcionário soropositivo.
2.3.2 - Dano moral – portadores do vírus HIV
Outro motivo ensejador do dano moral é o caso da dispensa sem justa
causa de um trabalhador vítima do vírus da AIDS.
Neste caso, deve estar comprovado que a causa determinante da
rescisão contratual foi ter a empresa tomado conhecimento da referida doença,
pois a AIDS não se transmite com mera convivência com os portadores do vírus e
o fato do funcionário se encontrar contaminado não configura motivo para não
contratação, demissão ou rescisão do contrato de trabalho, devendo o obreiro
quando prejudicado, solicitar indenização por danos morais e materiais, além da
reintegração no emprego, caso haja a divulgação indevida de sua condição de
soropositivo, com base no artigo 5º, incisos V e X da Constituição Federal.
Entendimento majoritário também no sentido da proibição das empresas
em exigir exame de sangue do funcionário para sua contratação, a fim de
averiguar se o mesmo é portador do vírus da AIDS.
Súmula nº 443 do TST
27
Dispensa discriminatória. Presunção. Empregado portador
de doença grave. Estigma ou preconceito. Direito à
reintegração - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26
e 27.09.2012
Presume-se discriminatória a despedida de empregado
portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite
estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem
direito à reintegração no emprego.
Frisa-se que o dano moral, neste caso, emerge em função do
constrangimento e discriminação sofridos pelo motivo do funcionário ser
soropositivo e tal motivo deu causa a demissão, ferindo sua honra e moral.
2.3.3 - Dano moral por assédio sexual ou por assédio moral
Tema de especial interesse na doutrina, Pamplona Filho conceitua o
assédio sexual como sendo “toda conduta de natureza sexual não desejada que,
embora repelida pelo destinatário, é continuadamente reiterada, cerceando-lhe a
liberdade sexual”.
Apesar de muito comum nas relações de trabalho, a maioria das vítimas
não denuncia o fato às autoridades, por motivos diversos.
Sendo a liberdade sexual diretamente ligada ao direito a intimidade e a
vida privada, relaciona-se, inicialmente, com a integridade física, sendo esta
considerada o direito à vida e o direito ao próprio corpo. No entanto, está
diretamente ligada à integridade moral, uma vez que diz respeito à vontade mais
recôndita do ser humano, envolvendo, ainda, diversos fatores morais e culturais
próprios do indivíduo.
Para que o assédio sexual seja configurado, é necessário que o
comportamento seja incômodo e repelido. Só o repúdio manifesto a uma
28
solicitação sexual ou a oposição declarada a uma atitude sexual ofensiva pode
justificar uma ação judicial.
Já o assédio moral é caracterizado como a situação em que uma pessoa
ou grupo de pessoas exercem uma violência psicológica extrema, de forma
sistemática e frequente e durante um tempo prolongado sobre outra pessoa, com
o objetivo de destruir as redes de comunicação da vítima, sua reputação,
perturbar o exercício de seus trabalhos e, por fim, conseguir que esse
empregado, acabe deixando o emprego.
Alguns dos elementos básicos que compõem o assédio moral são: a
intensidade da violência psicológica; o prolongamento no tempo, ou seja, a
continuidade; o objetivo de causar um dano psíquico ou moral ao empregado,
dano psíquico o qual tem natureza patológica. Suas consequências são
desastrosas e atinge de forma diferente cada pessoa que sofre o dano, podendo
repercutir tanto no âmbito físico, como no psíquico: choros, medo de trabalhar,
palpitações, angústia, temor, e, muitas vezes, até mesmo a tentativa de suicídio.
E acaba por redundar em pedido de demissão, afastamento, ou dificuldade de se
relacionar com as pessoas.
Assim, sempre que essa liberdade é violada, nasce para a vítima o direito
de reparação por eventual dano.
2.3.4 - Dano moral por monitoramento de mensagens eletrônicas
O avanço da tecnologia, em especial nos meios de comunicação, acabou
se tornando uma fonte de controle absoluto de monitoramento das pessoas.
Atualmente, através de aparelhos celulares, pode-se monitorar até a última
visualização do indivíduo com a utilização de determinados aplicativos.
Não se aprofundando muito neste tópico, cabe ressaltar que, no âmbito
das relações de trabalho, o empregador é capaz de controlar a atuação do seu
empregado através do uso da internet, já que existem diversos programas que
29
permitem a identificação dos sites acessados pelo funcionário, o tempo gasto em
sites que não possuem qualquer relação com a atividade que exerce na empresa,
e, ainda, verificar o conteúdo dos e-mails de seus funcionários.
Sobre este tema, ainda há posições contrastantes na doutrina, tendo em
vista que alguns doutrinadores entendem que deve prevalecer o direito a
intimidade e a vida privada do empregado, sob a justificativa de que o e-mail está
protegido pelo mesmo sigilo das cartas fechadas, face ao disposto no art. 5º,
inciso XII da Constituição Federal/88, que declara que “é inviolável o sigilo da
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal [...]. Os que assim pensam defendem que, por analogia, há vedação à
quebra do sigilo dessa correspondência sem autorização judicial.
Com entendimento diverso, podemos destacar que embora o empregado
possua o direito à inviolabilidade de sua correspondência, garantido
constitucionalmente (art. 5º, inciso XII), ao empregador também é garantido o
direito de propriedade, previsto no art. 5º, inciso XXII da Constituição Federal, e,
ainda, cabe a ele direção e fiscalização do trabalho desenvolvido pelo
empregado, o que o autorizaria rastrear e verificar o conteúdo dos e-mails
transmitidos e recebidos e os sites acessados pelos empregados. Defendem,
também, que no ambiente de trabalho o empregado está submetido ao poder de
controle, ou seja, que o patrão fiscaliza suas atividades. Em verdade, ambos
tratam-se de direitos fundamentais, garantidos constitucionalmente, não podendo
o direito a inviolabilidade de correspondência suprimir o direito à propriedade.
Entende-se que ocorrendo o rastreamento patronal indevido de e-mails e
sites acessados pelos empregados, há violação da intimidade e da privacidade do
trabalhador, podendo dar origem ao dano moral. Ressalte-se que, caso o
empregado tenha assinado cláusula contratual autorizando que a empresa
acesse e rastreie seus e-mails e sites, tal anuência seria inválida. Isso porque o
empregado estaria tentando abrir mão de sua intimidade, que constitui direito de
personalidade, o qual tem como característica maior o fato de ser intransmissível
e irrenunciável, nos termos do art. 11 do Código Civil/02.
30
Há, ainda, outros casos de dano moral nas relações contratuais, como por
exemplo: atos discriminatórios, informações desabonadoras, revistas íntimas,
situações vexatórias, calúnia e difamação.
31
CAPÍTULO III
ACIDENTE DE TRABALHO
Embora seja mais um exemplo prático e bastante comum de reparação
por Dano Moral oriundo do contrato de trabalho, ou seja, na fase contratual,
entendeu-se mais didático abordá-lo de forma isolada, a fim de que pudesse
explorar melhor as suas características, requisitos, formas, conceito, bem como a
competência da Justiça do Trabalho para julgar essas ações.
3.1 DA AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO EM
VIRTUDE DA EMENDA CONSTITUCIONAL - Nº 45/2004
Hoje, indiscutível é a competência da Justiça do Trabalho para
processar e julgar as ações oriundas das relações de trabalho, que, por sua vez,
é expressão mais abrangente que relação de emprego, que só é regida pela CLT.
Cabe ressaltar que, relação de trabalho corresponde a qualquer vínculo
jurídico (relação de emprego, relação de trabalho autônomo, eventual, avulso,
voluntário e relação institucional) por meio do qual uma pessoa natural executa
obra ou serviços para outrem, mediante o pagamento de uma contraprestação.
Com o advento da Emenda Constitucional nº 45, de 2004, a
competência da Justiça do Trabalho se alargou de forma significativa, alterando o
disposto no art. 114 da CF/88.
Art. 114 - Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
(Alterado pela EC-000.045-2004)
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os
entes de direito público externo e da administração pública
32
direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;
II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos,
entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e
empregadores;
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas
data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à
sua jurisdição;
V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição
trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o";
VI - as ações de indenização por dano moral ou
patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;
VII - as ações relativas às penalidades administrativas
impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização
das relações de trabalho;
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais
previstas no art. 195, I, "a", e II, e seus acréscimos legais,
decorrentes das sentenças que proferir;
IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho,
na forma da lei.
§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão
eleger árbitros.
§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação
coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum
acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica,
podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas
33
as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem
como as convencionadas anteriormente.
§ 3º - Em caso de greve em atividade essencial, com
possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério
Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo,
competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.
Nota-se que a redação do inciso VI do art. 114, transcrito acima, não fala
expressamente em acidente de trabalho, mencionando somente indenizações
decorrentes da relação de trabalho; entretanto, ao intérprete, cabe abranger tal
possibilidade, sendo critério exclusivo adotado pelo texto constitucional estar o
dano vinculado a uma relação de emprego.
Assim, a Justiça do Trabalho apreciará os danos morais e patrimoniais,
que decorrem da relação de trabalho.
Transcreveremos, a seguir, os enunciados do C.TST e a Súmula
Vinculante que tratam do assunto em cotejo:
Súmula nº 392 do TST.
Dano moral. Competência da Justiça do Trabalho
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 327 da SBDI-1)
- Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. Nos termos do art.
114 da CF/1988, a Justiça do Trabalho é competente para
dirimir controvérsias referentes à indenização por dano
moral, quando decorrente da relação de trabalho. (ex-OJ nº
327 da SBDI-1 - DJ 09.12.2003).
Súmula Vinculante 22 do STF.
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar
as ações de indenização por danos morais e patrimoniais
34
decorrentes de acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda
não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando
da promulgação da Emenda Constitucional no 45/2004.
E, ainda, imprescindível é, destacar, a seguir, o entendimento do Tribunal
Superior do Trabalho:
Acidente de trabalho – Ação de reparação de dano físico –
Competência da Justiça do Trabalho. Sendo distinta a ação
acidentária ajuizada contra o INSS (CF, art. 109, I, § 3º) e a
ação indenizatória decorrente de acidente de trabalho (CF,
art. 7º, XXVIII), e considerando que o Empregado somente
poderia, em tese, sofrer acidente de trabalho no exercício da
sua profissão, ou seja, estando vinculado contratualmente a
um Empregador, não há como se afastar a competência
material desta Especializada para julgar ação de
indenização por dano físico, nomeadamente porque é
pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que a
Justiça do Trabalho detém competência material para julgar
ação de reparação por dano moral. São danos
ontologicamente idênticos, porquanto derivam da mesma
matriz - a relação de trabalho. Daí a inafastabilidade da
competência desta Especializada. Revista conhecida e não
provida.
3.2 – ESPÉCIE E CARACTERIZAÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO
O acidente de trabalho pode ser conceituado da seguinte forma: aquele
que aconteceu no ambiente de trabalho, pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional ao empregado, que
35
resulte na morte, perda ou redução, seja ela permanente ou temporária, da
capacidade do empregado ao trabalho.
No Brasil, o acidente de trabalho e a doença ocupacional foram
disciplinados em diversos dispositivos legais. A legislação acidentária (Lei nº
8.213/91), em seu art. 19, conceituou apenas o chamado acidente-tipo (ou
acidente-típico):
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo
exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo
exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso
VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade
para o trabalho.
Assim, o acidente típico é aquele sofrido pelo empregado em decorrência
do exercício de trabalho a serviço da empresa.
Para se ter uma definição mais próxima do chamado acidente típico,
devemos nos socorrer dos estudiosos do tema. Entre eles, destacamos pelo
menos três com notório saber jurídico a respeito da matéria. Mozart Victor
Russomano (RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários à Consolidação das Leis
da Previdência Social. 2 ed. Curitiba: Juruá, 1997, p.395), ao tentar defini-lo,
afirma que “O acidente de trabalho, pois, é um acontecimento em geral súbito,
violento e fortuito, vinculado ao serviço prestado a outrem pela vítima que lhe
determina lesão corporal”, enquanto Claudio Brandão (BRANDÃO,
Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. 1 ed. São
Paulo: LTr, 2006, p.137) sustenta que “é o evento único, subitâneo, imprevisto,
bem configurado no espaço e no tempo e de consequências geralmente
imediatas. Não é de sua essência a violência. Infortúnios laborais há que, sem
provocarem alarde ou impacto, redundam em danos graves e até fatais meses ou
anos depois de sua ocorrência”, ao passo que, Raimundo Simão de Melo (MELO,
Raimundo Simão de. Responsabilidade objetiva e inversão da prova nos
36
acidentes de Trabalho. Revista LTr, v.70, n.01, jan. de 2006, pp.23-25) ao
conceituá-lo, afirma que “macrotrauma ou acidente típico é o que ocorre de forma
instantânea e atinge o trabalhador de súbito, causando-lhe gravame
consubstanciado numa incapacidade parcial ou total (transitória ou definitiva) para
o trabalho, com dano lesivo à saúde física ou psíquica, podendo ainda resultar na
morte do trabalhador”.
A partir dos conceitos acima, pode-se extrair os requisitos necessários
para caracterização do acidente típico:
Evento danoso: os efeitos danosos normalmente são imediatos e o evento é
perfeitamente identificável;
Decorrente do exercício do trabalho a serviço da empresa: é necessário que
entre a atividade do empregado e o acidente haja uma relação de causa e
efeito, também chamada de nexo causal;
Que provoca lesão corporal ou perturbação funcional: é da essência do
conceito de acidente do trabalho que haja lesão corporal ou perturbação
funcional. Quando ocorre um evento sem que haja lesão ou perturbação
física ou mental do trabalhador, não haverá, tecnicamente, acidente do
trabalho;
Que causa a morte ou a perda da capacidade para o trabalho: além da lesão
ou perturbação funcional, é necessário, para completar o conceito de
acidente do trabalho, que o evento acarrete a morte, ou a perda ou a
redução, permanente ou temporária da capacidade para o trabalho.
O acidente de trabalho, em sentido amplo, abrange todas as doenças
profissionais e as doenças do trabalho, conforme prescreve o art. 20:
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do
artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:
37
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou
desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a
determinada atividade e constante da respectiva relação
elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência
Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou
desencadeada em função de condições especiais em que o
trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
constante da relação mencionada no inciso I.
No entanto, a legislação traz ainda outras hipóteses que se equiparam ao
acidente típico para os efeitos legais, que não se encaixam no conceito legal, tais
como: enfermidades decorrentes do trabalho; acidentes ou doenças provenientes
de causas diversas, conjugando fatores do trabalho e extra laborais (concausas);
acidentes ocorridos no local do trabalho, mas que não possuem ligação direta
com o exercício da atividade profissional; acidentes ocorridos fora do local da
prestação dos serviços, mas com vínculo direto ou indireto com o cumprimento do
contrato de trabalho e acidentes ocorridos no trajeto de ida ou volta da residência
para o local de trabalho.
Sabe-se que as lesões acidentárias podem causar dano moral ao obreiro,
seja pela dor física sofrida, seja pela dor psicológica injustamente provocada.
Ademais, podem causar também os mesmos efeitos, as doenças
ocupacionais e as doenças profissionais, a depender do seu grau de incidência. A
intensidade das dores sofridas podem acontecer de diversas maneiras: imediata,
episódica, ou permanente. Portanto, passível de compensação, por dano moral.
3.3 – CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS TRAZIDAS PELAS LESÕES
ACIDENTÁRIAS
38
As lesões acidentárias podem causar perdas patrimoniais significativas ao
trabalhador, além de danos morais.
Primeiramente, no que diz respeito as perdas patrimoniais, podemos
destacar os próprios gastos implementados para a recuperação do empregado,
além disso, devemos observar que o acidente de trabalho pode produzir
restrições relevantes ou até mesmo a inviabilização da atividade laborativa do
empregado, de acordo com a gravidade da lesão sofrida. Tais perdas patrimoniais
traduzem o dano material, que não é objeto desse estudo.
Com efeito, podem causar dano moral ao trabalhador, que consiste em
toda dor física ou psicológica, provocada injustamente por uma pessoa, levando-
o, muitas vezes, ao afastamento do seu trabalho. Em especial nesse tópico,
abordaremos somente o dano moral oriundo do acidente de trabalho.
O Decreto legislativo nº 3.724 de 15 de janeiro de 1919 foi a primeira lei
acidentária a tratar do acidente de trabalho mais diretamente, inclusive
assegurando ao trabalhador direito de indenização.
A Constituição Federal em seu art. 7º, XXVIII, assegura a todos os
trabalhadores o direito ao seguro de acidente do trabalho, bem como, uma
indenização ao encargo do empregador quando este acidente incorrer em dolo ou
culpa.
Atualmente, as previsões das regras sobre o acidente de trabalho estão
na lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, nos artigos 19 e 23, bem como no Decreto
nº 3.048, de 6 de maio de 1999.
Uma das consequências jurídicas que o acidente do trabalho pode gerar
ao empregador é a responsabilidade deste, durante os primeiros 15 dias de
afastamento do seu empregado, em arcar com todas as obrigações empregatícias
nesse período, e, ainda, deverá arcar com toda a assistência em relação ao
tratamento médico que o mesmo deverá receber, inclusive arcando com suas
despesas médicas e hospitalares, se for o caso.
39
Outra importante consequência jurídica para o empregado é o dever de
indenizar pelos danos morais, materiais e até mesmo estéticos da vítima. Tal
situação denomina-se responsabilidade civil do empregador, que estudaremos a
seguir.
O dano moral sofrido pelo empregado nessa hipótese será de
responsabilidade da empresa quando decorrente do dolo ou culpa do
empregador. Tal disposição encontra fundamento no art. 7º, inciso XXVII, da
Constituição Federal. Portanto, havendo acidente de trabalho ou doença
ocupacional profissional decorrente das atividades laborais, uma vez comprovada
a conduta dolosa ou culposa do empregador, este responderá pelos danos
morais, se houver.
3.4 - A RESPOSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR PELOS DANOS
DECORRENTES DO ACIDENTE DE TRABALHO
Conforme já abordado no presente estudo, a indenização devida pelo
empregador, decorrente dos danos oriundos de acidente do trabalho, tem como
finalidade principal a reparação integral dos danos causados pelo acidente.
A indenização, prevista no art. 7º, XXVIII da CF encontra-se fundada na
responsabilidade civil do empregador, o que torna primordial, criterioso estudo
desse instituto, a fim de que se possa apontar qual a espécie de responsabilidade
civil mais adequada a ser aplicada nos casos de acidente do trabalho.
XXVIII — seguro contra acidente de trabalho, a cargo do
empregador, sem excluir a indenização a que este está
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
A responsabilidade civil pode ser definida de forma singela como o dever
de reparar um dano causado a outrem, a fim de se restabelecer o equilíbrio no
patrimônio (seja material ou moral) do lesado.
40
O art. 927 do Código Civil dispõe sobre a principal diretriz
infraconstitucional relativa à responsabilidade civil do causador de um dano, a
qual se aplica também à responsabilidade civil por danos morais trabalhistas:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
Outros artigos encontram-se traçados nos artigos 186 e 187 do mesmo
Diploma Legal:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente mora, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.
Esclarecedora é a doutrina de Sergio Cavalieri Filho ao lecionar que:
“A teoria do risco profissional sustenta que o dever de
indenizar tem lugar sempre que o fato prejudicial é uma
decorrência da atividade ou profissão do lesado. Foi ela
desenvolvida especificamente para justificar a reparação dos
acidentes ocorridos com os empregados no trabalho ou por
ocasião dele, independentemente de culpa do empregador”.
(CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade
41
Civil. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. p. 144) – grifos
nossos.
Assim, entende-se que a responsabilidade do empregador se configura
em virtude da mencionada teoria do risco profissional, quando o acidente ocorre
durante a prestação do serviço em benefício do empregador, devendo ser
responsabilizado pelos riscos inerentes a sua atividade, e tal responsabilidade é
chamada de responsabilidade objetiva.
Neste sentido, a Súmula n. 25 do TRT da 1ª Região:
Acidente do trabalho. Dano moral. Teoria do risco. Quando a
atividade exercida pelo empregador implicar, por sua própria
natureza, risco acentuado para o empregado, a obrigação
patronal de indenizar o dano moral decorrente de acidente
do trabalho depende, exclusivamente, da comprovação do
dano e do nexo de causalidade com o trabalho
desenvolvido. Art. 927 do Código Civil.
No mesmo entendimento, recentes decisões do nosso Tribunal Regional
do Trabalho/RJ, ratificando o estudo acima:
Dano moral decorrente de acidente de trabalho. Aplicação
ao preceito contido no art. 927 do CCB. Responsabilidade
objetiva do empregador. Pertinência. (processo nº. 0144900-
03.2005.5.01.0017 – RTOrd – Acórdão 9ª Turma – Relatora:
Juíza do Trabalho Convocada Claudia de Souza Gomes
Freire – 12/4/2011)
Acidente de trabalho. Danos morais e materiais. Risco da
atividade empresarial. Responsabilidade civil objetiva. A
responsabilidade civil do Réu, quanto ao pagamento de
indenização por dano moral em decorrência de acidente de
trabalho, é objetiva, segundo a inteligência dos artigos 200,
III, e 225, § 3º, da CRFB/1988; do artigo 14, § 1º, da Lei nº
42
6.938/1981, e do artigo 927, do Código Civil. (processo n.
0142200-32.2008.5.01.0055 – RO - Acórdão 5ª Turma –
Relator: Desembargador Rogério Lucas Martins –
3/12/2012).
Lesão decorrente de acidente de trabalho. Dano moral
configurado. Risco da atividade empresarial.
Responsabilidade civil objetiva. A responsabilidade civil do
empregador, quanto ao pagamento das indenizações por
dano moral e estético, é objetiva, segundo a inteligência dos
artigos 200, III e 225, § 3º, da CRFB/1988; 14, § 1º, da Lei nº
6.938/1981 e 927, do Código Civil. Recurso a que se dá
parcial provimento. (processo n. 0341900-52.2005.5.01.0262
– RTOrd – Acórdão 9ª Turma – Relatora: Juíza do Trabalho
Convocada Claudia de Souza Gomes Freire – 8/6/2011)
Acidente de trabalho – Dano moral - Não cabe, na hipótese,
discutir a culpa do empregador e, sequer, a culpa exclusiva
da vítima, já que a responsabilidade no caso é objetiva,
pautada na teoria do risco integral. (PROCESSO: 0133000-
22.2009.5.01.0263 – RTOrd - Acórdão 2ª Turma – Relator:
Desembargador Federal do Trabalho Valmir de Araujo
Carvalho – 7/3/2012)
Dano moral – Acidente do trabalho. A teor da segunda parte
do parágrafo único do art.927 do CCB, é objetiva a
responsabilidade da empresa para indenização por danos
morais, bastando a prova do dano e do nexo causal.
(processo nº. 0031900-59.2008.5.01.0004 – RTOrd -
Acórdão 2ª Turma – Relator: Desembargador do Trabalho
Valmir de Araújo Carvalho – 29/10/2012)
Muitos já são os julgados recentes do Colendo Tribunal Superior do
Trabalho que aplicam a responsabilidade objetiva, conforme se pode observar
das ementas abaixo transcritas:
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Recurso de revista. Acidente do trabalho. Responsabilidade
objetiva do empregador. Teoria do risco da atividade.
Exegese que se extrai do caput do artigo 7° da CF C/C os
artigos 2° da CLT E 927, Parágrafo único, do CC. Esta Corte
tem entendido que o artigo 7°, XXVIII, da Constituição
Federal, ao consagrar a teoria da responsabilidade subjetiva,
por dolo ou culpa do empregador, não obsta a aplicação da
teoria da responsabilidade objetiva às lides trabalhistas,
mormente quando a atividade desenvolvida pelo
empregador pressupõe a existência de risco potencial à
integridade física e psíquica do trabalhador e o acidente
ocorreu na vigência do novo Código Civil. Efetivamente, o
artigo 7° da Constituição da República, ao elencar o rol de
direitos mínimos assegurados aos trabalhadores, não exclui
a possibilidade de que outros venham a ser reconhecidos
pelo ordenamento jurídico infraconstitucional, tendo em mira
que o próprio caput do mencionado artigo autoriza ao
intérprete a identificação de outros direitos, com o objetivo
da melhoria da condição social do trabalhador. De outra
parte, a teoria do risco da atividade empresarial sempre
esteve contemplada no artigo 2° da CLT, e o Código Civil de
2002, no parágrafo único do artigo 927, reconheceu,
expressamente, a responsabilidade objetiva para a
reparação do dano causado a terceiros. No caso dos autos,
não há dúvida quanto ao risco imanente à atividade
empresarial da produção de açúcar e álcool, e o trabalhador,
na condição de faxineiro de moendas, sofreu acidente do
trabalho que ocasionou-lhe graves lesões corporais e,
posteriormente, a morte, sendo devida a seus familiares a
reparação correspondente, em razão dos danos morais e
materiais que sofreram. Recurso de revista conhecido e
parcialmente provido. (BRASIL, 2010)
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Acidente de trabalho. Indenização por danos morais e
materiais. Responsabilidade objetiva. A análise dos pleitos
relativos à indenização por danos morais e materiais em
virtude de acidente do trabalho se faz também à luz da
responsabilidade objetiva, bastando a comprovação, de
acordo com a teoria do risco da atividade, do dano e do nexo
de causalidade entre este e a atividade desempenhada pela
vítima. Na espécie, conforme consignado no acórdão
regional, restaram demonstrados o dano e o nexo causal, de
modo que há de responder a reclamada pelo pagamento da
indenização correspondente [...] (BRASIL, 2009)
Por fim, insta salientar em que pese haver entendimentos divergentes
quanto a responsabilidade civil do empregador oriundo do acidente de trabalho,
sob alegação de se fazer necessário a prova da culpa grave do empregador ao
praticar o ato ou omissão, tal entendimento vem a cada dia sendo mais
corroborado pelos nossos Tribunais em sentido contrário, se posicionando pela
aplicação da responsabilidade objetiva do empregador pelos danos decorrentes
de acidente do trabalho.
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CAPÍTULO IV
QUANTIFICAÇÃO DA INDENIZAÇÃO DO DANO MORAL
Segundo Vólia Bomfim, “como o dano moral não tem medida pecuniária,
necessária a fixação por arbitramento, dentro do prudente critério do julgador –
950 CC (Cassar, Vólia Bomfim, Direito do Trabalho – 3ª. Ed. – Niterói, pág. 739)
É de se verificar que, os critérios adotados para fixação do quantum
debeatum, é pessoal, subjetivo do juiz, onde cada caso representará uma
indenização pecuniária de acordo com a intensidade do ato, a situação
econômica do ofensor e do ofendido, devendo ser levado em consideração.
Há de ser ressaltado que já se encontra pacificado na jurisprudência a
plena cumulatividade das indenizações por dano material e moral. Nesse sentido,
o Superior Tribunal de Justiça já editou a Súmula nº 37:
São cumuláveis as indenizações por dano material e dano
moral oriundos do mesmo fato.
Apesar de cumuláveis as indenizações por dano material e moral, os
critérios para fixação de ambas são distintos.
O valor da indenização por dano material é estabelecido mediante a
aferição da efetiva perda patrimonial ocorrida à vítima.
Já o valor da indenização por dano moral, não pode ser avaliado por esse
enfoque, tendo em vista que não há como mensurar o tamanho da dor, do
constrangimento, da vergonha, da preocupação, da intimidação etc.
No dano moral, o valor a ser pleiteado não tem propriamente o caráter
pecuniário, mas sim, educativo, uma maneira de inibir que o agressor pratique
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novamente aquele ato que gerou o dano, ou seja, atua mais como um caráter
punitivo, repressivo.
Não se pode olvidar que essa indenização tem objetivos pedagógicos, ou
seja, evitar que o réu incorra no mesmo ato novamente, visando desestimular ou
inibir a prática de situações semelhantes.
Indubitável é que o juiz deve, por conseguinte, ter bom senso na fixação
da indenização, não podendo ser arbitrado de forma exagerada, para que venha a
ensejar o enriquecimento sem causa do ofendido, mas apenas compensar ou
reparar o dano por ele causado, como também não deve ser de proporção tão
irrisória que se torne insignificante para o autor do fato.
Segundo Lima Teixeira (Sussekind, Arnaldo; MARANHÃO, Délio;
VIANNA, Segadas; TEIXEIRA, op. Cit., p. 633-638), “devem estar presentes os
seguintes requisitos:
• Extensão do fato socialmente;
• Permanência temporal (demora no sofrimento);
• Intensidade do ato (venal, doloso, culposo, abusivo);
• Antecedentes do agente;
• Capacidade econômica do agressor e do ofendido;
• Razoabilidade;
• Indenização não tem finalidade de enriquecer o ofendido, e sim de
pena exemplar do agressor.”
A jurisprudência adotou a mesma orientação, em recentes decisões:
Recurso de revista. Dano moral. Indenização. Valor. critérios
para arbitramento. A indenização por dano moral guarda
conteúdo de interesse público. O valor fixado deve observar
a extensão do dano sofrido, o grau de comprometimento dos
envolvidos no evento, os perfis financeiros do autor do ilícito
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e da vítima, além de aspectos secundários pertinentes a
cada caso. Incumbe ao juiz fixá-lo com prudência, bom
senso e razoabilidade. Recurso de revista não conhecido.
(TST - RR: 21557920125080107 , Relator: Alberto Luiz
Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento:
29/10/2014, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT
31/10/2014)
Recurso ordinário. Dano moral. Valor da indenização. O
arbitramento do valor da indenização por dano moral deve
levar em consideração o grau de responsabilidade de quem
se acha obrigado a indenizar, bem como o prejuízo,
propriamente dito, causado ao empregado, tendo a
finalidade de compensar o dano sofrido pela vítima e impor
pena de caráter coercitivo e pedagógico ao empregador,
sendo vedado o enriquecimento sem causa. Provimento, em
parte, para reduzir a indenização arbitrada na origem.
(TRT-1 - RO: 00000620220125010023 RJ , Relator: Nelson
Tomaz Braga, Data de Julgamento: 02/04/2014, Sexta
Turma, Data de Publicação: 15/04/2014)
Feitas as considerações supra e ainda com base na doutrina, verifica-se
que a fixação do valor da indenização por dano moral deve ter como objetivo
alcançar um montante alto e suficiente para garantir a punição do agente, com
caráter educativo, mas não o suficiente alto para gerar o enriquecimento indevido
da vítima.
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CONCLUSÃO
Em face de todo o exposto supra, entende-se ter sido abordado os
principais aspectos sobre o Dano Moral nas Relações de Trabalho, buscando
informações atualizadas, práticas e interessantes sobre o assunto, dando
relevante ênfase no que se refere às indenizações oriundas do acidente de
trabalho.
Ante a vasta abrangência do tema, iniciou-se a sua abordagem tratando
de conceituar o que é dano e o que é moral, para posteriormente unir as palavras
e apresentar o conceito do dano moral à luz de alguns doutrinadores. Na
oportunidade, dissertou-se sobre a evolução histórica do dano moral, ressaltando
os aspectos mais marcantes, estudando-se, consequentemente, a sua aplicação
na legislação brasileira.
Nota-se que desde os primórdios o homem já reconhecia o dano moral
bem como sua reparação, mesmo que esta fosse realizada de forma grotesca,
muitas das vezes injusta e desumana, mas que com o passar do tempo, foram se
aprimorando.
Atualmente, entendimento unânime é de que a reparação do dano moral
é amplamente aceita no ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que os direitos
da personalidade, direito a honra, a vida privada, a intimidade são garantidos
constitucionalmente.
Por conseguinte, adentrou-se mais afundo no Dano Moral Trabalhista, de
forma minuciosa, já que tema deste estudo.
Discorreu-se sobre o dano moral decorrente das relações de trabalho,
merecendo destaque a prevalência de que o direito fundamental a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem do trabalhador devem ser respeitados, tendo
por princípio a dignidade da pessoa humana, mas ressaltando que o dano moral
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oriundo da relação laboral também pode ser causado pelo empregado ao
empregador, algumas vezes de pequena monta, inerentes ao próprio risco da
atividade, uma vez que a pessoa jurídica possui patrimônio imaterial passível de
ser maculado por atos de seus funcionários.
O dano moral também pode ocorrer na fase pré contratual, ou seja,
causado antes da contratação, como por exemplo no caso do empregador exigir
do funcionário, no momento de sua admissão, um exame de sangue para
comprovar não ser soropositivo ou, ainda, submeter o funcionário a um detector
de mentiras no momento que realiza a entrevista admissional.
Já na fase contratual, relevou-se diversas situações em que pode ocorrer
o dano moral, como por exemplo, na dispensa sem justa causa, no empregado
vítima de AIDS, assédio sexual ou moral, monitoramento de mensagens
eletrônicas, atos discriminatórios, informações desabonadoras, as revistas
íntimas, situações vexatórias, calúnia e difamação e o acidente de trabalho.
Com uma maior ênfase, dissertou-se sobre o acidente de trabalho,
apresentando o seu conceito como sendo aquele que aconteceu no ambiente de
trabalho, pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional ao empregado, que resulte na morte, perda ou
redução, seja ela permanente ou temporária, da capacidade do empregado ao
trabalho.
Insta salientar que, embora o direito comum seja aplicado de forma
subsidiária na Justiça do Trabalho, já é matéria pacificada que a competência
para apreciar e julgar o dano moral derivado da relação de trabalho é desta
Justiça Especializada, uma vez que a Constituição Federal de 1988, após a a
Emenda Constitucional nº 45, de 2004, conferiu à Justiça do Trabalho
competência para processar e julgar as ações decorrentes dessas relações.
Assim, foi abordado um tópico específico para o estudo da ampliação da
competência da Justiça do Trabalho em virtude da EC 45/2004.
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No mesmo contexto, apresentou-se as consequências jurídicas trazidas
pelas lesões acidentárias, discorrendo de forma sucinta, mas relevante, sobre a
responsabilidade civil do empregador perante esta situação, sempre
apresentando recentes entendimentos jurisprudenciais sobre o assunto no sentido
de que a responsabilidade do empregador se configure em virtude da mencionada
teoria do risco profissional, quando o acidente ocorre durante a prestação do
serviço em benefício do empregador, devendo ser responsabilizado pelos riscos
inerentes a sua atividade, a chamada responsabilidade objetiva.
Já no que diz respeito a quantificação da reparação em pecúnia, um dos
problemas mais enfrentados pelo judiciário e que não há previsão legal, a
majoritária corrente jurisprudencial é no sentido de que a questão deve ser
equacionada de acordo com o arbítrio do juiz, ou seja, de forma subjetiva,
devendo ser respeitado a extensão do dano, a situação econômica da vítima e do
autor, o local e as circunstancias que ocorreram os fatos, a razoabilidade, e,
principalmente, atentar ao fato de que o quantum indenizatório não deve ser
irrisório, mas também não pode dar causa a um enriquecimento ilícito por parte do
ofendido, devendo buscar sempre uma reparação justa e proporcional ao dano
efetivamente causado, objetivando um caráter pedagógico ao ofensor.
Enfim, através desse estudo, foram abordados os principais aspectos
relativos ao dano moral trabalhista. Desta forma, julga-se estar contribuindo para
a luta pela dignidade dos trabalhadores no Brasil.
51
BIBLIOGRAFIA
Cf. CAVALIERI FILHO, Programa de Responsabilidade Civil. 5. ed. São Paulo:
Malheiros, 2004, p.95.
CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do Trabalho. 3. ed. Niterói: Impetus, 2009.
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho, 5. ed., Niterói: Impetus, 2011
BARROS, Alice Monteiro de, Curso de Direito do Trabalho. 9. Ed. São Paulo: LTr,
2013
PAIVA, Rodrigo Cambará Arantes Garcia de; GUSMÃO, Xerxes. A Reparação do
Dano Moral nas Relações de Trabalho, São Paulo: LTr, 2008.
MARTINS, Sergio Pinto. Dano moral decorrente do contrato de trabalho, 3. ed.,
São Paulo: Atlas, 2012.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Atualizado até a
Emenda Constitucional nº.88
FERREIRA NETO, Francisco. Direito do Trabalho. 58 edição. Editor Lúmen
Juris.2010.
MELO, Nehemias Domingos. Dano moral trabalhista, Doutrina e Jurisprudência,
2. ed., São Paulo: Atlas, 2012.
SHIAVI, Mauro. Ações de reparação por danos morais decorrentes da relação de
trabalho, 3. ed., LTR, 2009.
BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre o Planos de
Benefícios da Previdência Social. Atualizado até Lei nº 13.135, de 2015.
52
BRASIL. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
Atualizado até Lei nº 13.105, de 2015
BRASIL. Decreto-lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação
das Leis do Trabalho. Atualizado até Lei nº 13.015 de 2014.
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ÍNDICE
RESUMO............................................................................................................... 5
METODOLOGIA.................................................................................................... 6
SUMÁRIO.............................................................................................................. 7
INTRODUÇÃO....................................................................................................... 9
CAPÍTULO I
DANO MORAL......................................................................................................10
1.1 – ORIGENS DO DANO MORAL.................................................................... 11
1.2 – DANO MORAL NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA...................................... 14
CAPÍTULO II
DANO MORAL NO DIREITO DO TRABALHO.................................................... 17
2.1 – DANO MORAL DECORRENTE DAS RELAÇÕES DE TRABALHO.......... 18
2.2 – DANO MORAL NA FASE PRÉ-CONTRATUAL......................................... 19
2.3 – DANO MORAL NA FASE CONTRATUAL.................................................. 23
2.3.1 - Dano moral na dispensa sem justa causa............................................. 26
2.3.2 - Dano moral – portadores do vírus HIV.................................................. 26
2.3.3 - Dano Moral por Assédio Sexual ou por Assédio Moral....................... 27
2.3.4 - Dano Moral por monitoramento de mensagens Eletrônicas............... 28
CAPÍTULO III
ACIDENTE DE TRABALHO................................................................................. 31
3.1 – DA AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO EM
VIRTUDE DA EMENDA CONSTITUCIONAL - Nº 45/2004................................. 31
3.2 – ESPÉCIE E CARACTERIZAÇÃO DO ACIDENTE DE
TRABALHO.......................................................................................................... 34
3.3 – CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS TRAZIDAS PELAS LESÕES
ACIDENTÁRIAS................................................................................................... 38
3.4 - A RESPOSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR PELOS DANOS
DECORRENTES DO ACIDENTE DE TRABALHO.............................................. 39
CAPÍTULO IV
QUANTIFICAÇÃO DA INDENIZAÇÃO DO DANO MORAL ............................... 45
CONCLUSÃO....................................................................................................... 48
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................... 51