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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA NOVAS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS PARA ANTIGOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM Por: Lillian Auguste Bruns Carneiro Orientador Prof.ª Mary Sue Carvalho Pereira Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

NOVAS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS

PARA ANTIGOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

Por: Lillian Auguste Bruns Carneiro

Orientador

Prof.ª Mary Sue Carvalho Pereira

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

NOVAS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS

PARA ANTIGOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Tecnologia da Educação

Por: . Lillian Auguste Bruns Carneiro

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AGRADECIMENTOS

A minha família,

por suportarem minha ausência

durante tantos sábados.

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DEDICATÓRIA

Aos meus alunos, em especial ao

Vitor e ao Bernardo,

por terem compartilhado comigo

suas descobertas

"A toda hora rola uma estória

Que é preciso estar atento A todo instante rola um movimento

Que muda o rumo dos ventos Quem sabe remar não estranha

Vem chegando a luz de um novo dia O jeito é criar um novo samba Sem rasgar a velha fantasia."

(PAULINHO DA VIOLA, Rumo dos Ventos)

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RESUMO

O presente trabalho pretende apresentar, por meio do levantamento dos

planos de aula publicados pela revista Nova Escola no período de 2006 a

2011, as possibilidades do uso das tecnologias da informação e comunicação

como instrumentos favoráveis ao desenvolvimento cognitivo de alunos com

dificuldades de aprendizagem. Pretende verificar os benefícios específicos que

as crianças das diferentes classes sociais podem obter no emprego dessas

tecnologias como ferramenta didática capaz de promover a aprendizagem em

sua forma mais ampla.

As diferentes dificuldades específicas da aprendizagem e os transtornos

que causam no cotidiano escolar podem ser minimizados mediante ao uso das

tic's já incorporadas no dia a dia escolar. De acordo com Vitor da Fonseca-

Professor Catedrático, Universidade Técnica de Lisboa- , uma criança com

dificuldades de aprendizagem não é uma criança deficiente, já que possui um

perfil motor adequado, uma inteligência média, uma adequada visão e audição.

Desta forma, a análise dos planos de aula cuja metodologia baseia-se nas

TICs, buscará as propostas de interação e trocas interindividuais, como

propõe Vygotsky e que poderão vir a ser ferramentas essenciais para o

desenvolvimento cognitivo dos alunos com dificuldades específicas de

aprendizagem.

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METODOLOGIA

Este estudo pretende analisar planos de aula publicados na Revista

Nova Escola no período de 2006 a 2011 ( 5 anos) , tanto na sua versão

impressa quanto na sua versão virtual, especialmente aqueles que fazem uso

das TICs como ferramentas de aprendizagem. A escolha desse período

coincide com disponibilidade on line desses exemplares.

A abordagem do material selecionado será feita sob uma perspectiva

indutiva, pois pretende verificar a frequência com que as novas tecnologias da

informação e comunicação são empregadas como método de ensino de

diferentes conteúdos. e cuja fundamentação teórico-metodológica está

baseada na interação e trocas interindividuais, como propõe Vygotsky.

Na ação mediadora entre aluno-aluno e aluno-professor(a) será

observada a promoção da aprendizagem significativa, relacionando o sucesso

ou o fracasso escolar com os benefícios que as crianças com dificuldades de

aprendizagem obtém quando fazem uso das tic's.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - As diferentes dificuldades específicas da aprendizagem e o

transtornos que causam no cotidiano escolar 12

CAPÍTULO II - Desafios suscitados pelo uso das novas tecnologias como

ferramenta didática para a inserção dos alunos com transtornos específicos de

aprendizagem. 20

CAPÍTULO III – A Revista Nova Escola e a tecnologia da informação e

comunicação como ferramenta de ensino 27

CAPÍTULO IV – A importância da formação continuada de professores

mediante ao uso de novas tecnologias da informação e comunicação 38

CONCLUSÃO 45

BIBLIOGRAFIA CITADA 48

ÍNDICE 50

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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INTRODUÇÃO

As novas tecnologias da informação e comunicação (TIC), estão cada

vez mais inseridas na sociedade e o ambiente escolar deve fazer uso dessas

ferramentas como facilitadoras do processo educativo , promovendo, assim, a

inclusão, interação e ampliação das oportunidades de aprendizagem dos

diferentes alunos em suas diferentes necessidades. Essas tecnologias, quando

usadas no ambiente escolar, são ferramentas importantes para a promoção da

aprendizagem de alunos com diferentes características e habilidades. O

movimento mundial pela inclusão é uma ação política, cultural, social e

pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de

estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de

discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional

fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e

diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de

equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da

exclusão dentro e fora da escola.

A politica de educação inclusiva tem como objetivo oferecer educação

completa e de qualidade a todos os alunos.

De acordo com o Mec:

“A Secretaria de Educação Especial (Seesp) desenvolve

programas, projetos e ações a fim de implementar no país

a Política Nacional de Educação Especial. A partir da

nova política, os alunos considerados público-alvo da

educação especial são aqueles com deficiência,

transtornos globais de desenvolvimento e com altas

habilidades/superdotação.” ( http://portal.mec.gov.br, em

5 de maio de 2011)

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A Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001, institui as

diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica.

“Art. 3º Por educação especial, modalidade da educação

escolar, entende-se um processo educacional definido

por uma proposta pedagógica que assegure recursos e

serviços educacionais especiais, organizados

institucionalmente para apoiar, complementar,

suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços

educacionais comuns, de modo a garantir a educação

escolar e promover o desenvolvimento das

potencialidades dos educandos que apresentam

necessidades educacionais especiais, em todas as

etapas e modalidades da educação básica.”

A política de inclusão, atualmente em vigor, reconhece como aluno

especial aquele que apresenta deficiência, transtornos globais de

desenvolvimento e com altas habilidades/superdotação. Porém, é comum

observarmos nas classes escolares que o aluno diagnosticado com transtornos

específicos de desenvolvimento também necessita de atendimento

especializado, se desejamos garantir sua permanência e sucesso escolar.

Devido a uma formação restrita a domínio de conteúdos, o professor

tende a buscar uma homogeneidade educacional, colocando dentro de um

mesmo esquema classificatório todos os alunos de sua classe. Essa ação

acaba por ser reproduzida nos diferentes níveis educacionais, estabelecendo,

assim, um modelo pré-determinado de aprendizagem. Esse modelo costuma

excluir os alunos que necessitam de outras estratégias de ensino que

promovam verdadeiramente a sua aprendizagem.

A reorganização dos currículos e dos planejamentos educacionais com

o intuito de oferecer aos alunos com necessidades especiais as mesmas

oportunidades de aprendizagem deve se tornar um cenário bastante comum

nas escolas brasileiras. Esse novo desafio exige da professora uma formação

diferenciada e, sendo assim, é necessário buscar novos saberes para atualizar

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sua prática de ensino. Esses saberes provocarão quebras de paradigmas e

acenderão luzes sobre novos marcos teórico-metodológicos. As novas

tecnologias da informação e comunicação, quando usadas no ambiente

escolar, podem tornar-se ferramentas importantes para a promoção da

aprendizagem de alunos com diferentes características e habilidades.

Os cursos de capacitação de professores para a prática da Educação

Inclusiva oferecidos, sejam por meio das instituições públicas ou particulares

de ensino, procuram determinar os aspectos acadêmicos e pedagógicos que

fundamentam essa ação. Intencionam marcar de maneira definitiva a

necessidade da inclusão de todos os alunos. A opção por transformar as

novas tecnologias de comunicação em material didático surge como

possibilidade de atendimento e inclusão de alunos com necessidades

especiais. A medida em que aumenta a pesquisa sobre programas de

computador que auxiliam no alívio de alguns dos sintomas do déficit de

atenção e hiperatividade (TDAH) por meio de exercícios cujo objetivo é

estimular a memória, aumenta, também, a possibilidade de ampliar seu uso

para as classes regulares de alunos. Em algumas áreas metropolitanas, o

acesso às diferentes tecnologias é facilitado pelas ações do governo e pela

iniciativa privada. (www.baixadadigitalrj.com.br)(http://www.mec.gov.br /

noticias- do -site/).

Desta forma, esse estudo pretende verificar de que maneira as novas

tecnologias da informação e comunicação (TIC), já inseridas e ambientada no

contexto educacional, estão sendo usadas como ferramentas para a

promoção de práticas pedagógicas inclusivas e alternativas no atendimento de

alunos com necessidades específicas de aprendizagem.

Este estudo pretende analisar planos de aula publicados na Revista

Nova Escola no período de 2006 a 2011 ( 6 anos) , tanto na sua versão

impressa quanto na sua versão virtual, identificando aqueles que fazem uso

das TICs como ferramentas de aprendizagem. A abordagem do material

selecionado será feita sob uma perspectiva indutiva, pois pretende verificar a

frequência com que as novas tecnologias da informação e comunicação são

empregadas como método de ensino de diferentes conteúdos. e cuja

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fundamentação teórico-metodológica está baseada na interação e trocas

interindividuais, como propõe Vygotsky. Na ação mediadora entre aluno-aluno

e aluno-professor(a) será observada a promoção da aprendizagem

significativa, relacionando o sucesso ou o fracasso escolar com os benefícios

que as crianças com dificuldades de aprendizagem obtém quando fazem uso

das tic's.

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CAPÍTULO I

As diferentes dificuldades específicas da aprendizagem e o transtornos que causam no cotidiano escolar

Usamos de maneira indiferenciada os termos dificuldades de

aprendizagem, distúrbios da aprendizagem e transtornos de aprendizagem.

Esse fenômeno específico da aprendizagem pode ser explicado por um

conjunto de teorias consistentes. A literatura sobre o assunto é bastante vasta

e fundamentada em concepções que, muitas vezes, são divergentes entre si.

Segundo Nutti,

A definição do que se considera como distúrbio,

transtorno, dificuldade e/ou problema de aprendizagem é

uma das mais inquietantes problemáticas para aqueles

que se atuam no diagnóstico, prevenção e reabilitação do

processo de aprendizagem, pois envolve uma vasta

literatura fundamentada em concepções nem sempre

coincidentes ou convergentes .(NUTTI, 2011)

A abordagem comportamental refere-se ao termo distúrbio de maneira

patológica. Existe uma problemática no organismo do sujeito e que pode ser

tratada a partir de um condicionamento operante (Skinner). Esse

condicionamento acontece por meio ações pedagógicas de reforço positivo. As

disfunções observadas no processamento das informações são passíveis de

tratamento. Melhor dizendo, é um distúrbio de aprendizagem aquilo que

obrigatoriamente remete a um problema ou a uma doença que acomete o

aluno em nível individual e orgânico (Nutti, 2011). Desta forma, baseando-se

no diagnóstico do distúrbio de aprendizagem, a intervenção indicada estaria

voltada para a melhoria da atenção, memória, da discriminação auditiva ou

visual, enfim, melhoria da habilidade que está prejudicada.

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A abordagem cognitivista está diretamente relacionada aos aspectos

da estrutura do pensamento e seu processo de elaboração, bem como do

modo como as pessoas percebem, aprendem, recordam e pensam sobre a

informação. Trata as dificuldades como problemas de aprendizagem e estão

relacionadas a defasagens de ordem pedagógicas como falhas no método de

ensino, atuação do professor, dificuldade em compreender novas culturas e

outras ações inerentes ao processo escolar. Piaget foi um dos principais

representantes dessa linha de pensamento. Segundo La Taille (19920, Piaget

não elaborou uma teoria da aprendizagem, mas sim uma teoria do

desenvolvimento mental. Esse desenvolvimento tende a seguir um esquema

de assimilação e acomodação. Ou seja: uma reestruturação da estrutura

cognitiva (esquemas de assimilação existentes) do indivíduo, o que resulta em

novos esquemas de assimilação mental.

Entendendo que desenvolvimento é um termo que abrange diferentes

fases da vida do ser humano, outro aspecto é imprescindível para o

entendimento dos fatores que influenciam direta e indiretamente a

aprendizagem do aluno: a maturação.

Definimos como maturação o processo de desenvolvimento biológico

que ocorre numa série de etapas e de forma semelhante. Ela inicia-se na vida

embrionária e vai até a morte. No instante em que o indivíduo estabelece

contato com o meio em que vive, inicia o processo de desenvolvimento das

suas habilidades e aptidões, de acordo com sua maturidade física, emocional,

menta e social.

Segundo Campos (1986, p.76) "O ambiente atua apenas no sentido de

propiciar condições para que a maturação se dê completamente, mas sozinho

nada poderá criar no indivíduo".

Há uma relação interdependente entre os diferentes processos pelos

quais a aprendizagem acontece. O processo cognitivo depende do afetivo que,

por sua vez, influi no psicológico estando este relacionado com o psicomotor

como o físico e o emocional. Todos são igualmente importantes e processam-

se simultaneamente.

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A abordagem psicanalista traz uma nova compreensão do

desenvolvimento afetivo do aluno. percebendo inabilidades ou dificuldades

como algo que está mais relacionado à problemas de ordem psicopedagógica

e/ou sócio - culturais, ou seja, o problema não está centrado apenas no aluno

(Nutti, 2011), mas a fatores internos do mundo do aluno como personalidade,

temperamento e conflitos emocionais. Melhor dizendo, a compreensão de

como esse aluno se relaciona com o mundo que o cerca e de que maneira ele

reage ao que acontece dentro do espaço escolar. Essa abordagem exige que

a professora reconheça no aluno a sua estrutura emocional e que as ações

diárias, sejam elas realizadas dentro ou fora da escola, interferem diretamente

no desempenho.

Segundo Rossini (2008) a criança pensa, sente e age e ao longo da vida

encontrando inúmeras oportunidades de desenvolver sua afetividade.

Entretanto, quando não são dadas condições para que seu emocional floresça

e ganhe espaço, a falta de afetividade leva à rejeição aos livros, à carência de

motivação para a aprendizagem, à ausência de vontade de crescer. Portanto,

é fundamental que a aprendizagem esteja conectada ao ato afetivo. Ela deve

ser gostosa e prazerosa, caso contrário a ação do ser humano como ser social

estará comprometida, sem expressão, sem força, sem vitalidade.

O desejo de aprender é inerente ao seu humano. Esse desejo de

conhecimento deve ser impulsionado e estimulado pelo professor, já que o

processo de aprendizado é desencadeado a partir da motivação, isto é, pelo

desejo de participar ou engajar-se na aprendizagem.

Seja qual for a teoria que ampara o diagnóstico da desabilidade da

aprendizagem apresentada por um determinado grupo de alunos, ela existe e

habita as classes do ensino fundamental e médio. Segundo a ABDA –

Associação Brasileira de Déficit de Atenção – esse problema afeta um pouco

mais de 10% da população mundial e costuma ser mais comum em meninos

do que em meninas.

Segundo Diament em seu ensaio sobre A Neurofisiologia da

Aprendizagem:

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“(7) a própria aprendizagem parece ser a resultante de

complexas operações neurofisiológicas e

neuropsicológicas e os mecanismos envolvidos, embora

não totalmente conhecidos, compreendem uma série de

fatores: a importância dos processos neurológicos, o

papel da atividade bioelétrica, a dependência de reações

bioquímicas, os arranjos moleculares nas células

nervosas e gliais, a eficiência sináptica, o metabolismo

proteico e assim por diante. (www. pediatrasaopaulo.usp.

br/upload/pdf/787.pdf Acessado em 18 de jul de

2011.p.83 )”

As áreas relacionadas com os processos emocionais ocupam territórios

bastantes grandes no encéfalo, destacando-se entre elas o hipotálamo, a área

pré-frontal e o sistema límbico. A maioria dessas áreas está relacionada com

a motivação, em especial com os processos motivacionais primários. Também

controlam o sistema nervoso autônomo, cuja participação é importante na

expressão das emoções. O cérebro límbico pode selecionar o que aprender de

uma experiência.

Segundo Relvas,

“aprender é um ato desejante e sua negação é o não

aprender. O desejo é movido pelo inconsciente, que

nesse momento do aprender ou não aprender responde

as informações libidinadas (negação, recusa, omissão,

rejeição etc.)”... (RELVAS, 2009, p. 59 )

Portanto, se o ambiente não é seguro, se o aluno sente medo ou está

apreensivo, se a situação lhe é desagradável enfim, se não despertamos em

seu cérebro o desejo de aprender, todo o esforço será em vão, já que não

exploraremos ao máximo o seu desempenho motor e a sua habilidade em

aprender, tanto numa atividade motora quanto numa informação intelectual. O

aluno, antes de aprender, precisa estar motivado para aprender.

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Branquinho, em publicação na página WebArtigos. Com1, cita Cunha e

Ferla (2002):

“Aprendizagem é uma modificação relativamente

duradoura do comportamento através de treino,

experiência e observação. Para que a aprendizagem

provoque uma efetiva mudança de comportamento e

amplie cada vez mais o potencial do educando, é

necessário que ele perceba a relação entre o que está

aprendendo e a sua vida, pois as pessoas aprendem de

maneiras diversas, conforme diferentes elementos.”

(Cunha e Ferla, 2002)

A capacidade de aprender está presente em todos os indivíduos,

restando ao educador propiciar a estimulação emocional do individuo com

aquilo que está sendo ensinado.

Segundo Relvas: A emoção está para o prazer assim como o prazer

está para o aprendizado, e a autoestima é a ferramenta que movimenta os

estímulos para gerar bons resultados. (2009, p.59)

Na sala de aula é comum encontrarmos alunos que apresentam

características marcantes de transtornos de aprendizagem. Como professores,

somos os primeiros a observá-las e cabe a nós sinalizarmos aos responsáveis,

solicitando uma avaliação multidisciplinar do aluno.

Observamos características acadêmicas comuns como, por exemplo2,

a) na leitura:

fluência média, difícil identificação das palavras; compreensão desigual; perde-

se na leitura frequentemente; precisa ler oralmente, não consegue ler

silenciosamente; esquece o que lê; tem baixo desempenho em trechos longos;

desempenho médio em trechos curtos; evita ler.

1 - http://www.artigos.com/artigos/humanas/educacao/o-processo-emocional-no-desenvolvimento-da-aprendizagem-2210/artigo/ Acessado em 18 de jul de 2011 2 Lista de pontos observáveis no desempenho do aluno que podem indicar tdah, de acordo com a

ABDA.

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b) na linguagem escrita:

ideias criativas; problemas de planejamento e organização; não consegue

começar; caligrafia imatura; fraco em ortografia; velocidade lenta; produção

mínima. mecânica fraca (letra maiúscula/pontuação).

c) em matemática: altamente inconsistente; erros por desatenção; conceitos matemáticos

médio/forte; execução lenta com lápis/papel; lembrança fraca de fatos.

alinhamento numérico fraco.

d) habilidades de estudo e organização: perde coisas frequentemente; fraco

em anotações; esquece matérias e tarefas; fraco em priorizações e

planejamentos; má administração de tempo; tarefas incompletas; precisa de

esclarecimentos e lembretes frequentes.

Apesar e além do diagnóstico que possa vir a se confirmar ou não,

estamos diante de um desafio que requer nossa atenção – a dificuldade de

aprendizagem do aluno. Promover o desenvolvimento intelectual desse aluno é

a nossa meta como educadores. Sendo assim, conhecer as causas da

problemática apresentadas pelos aluno no seu processo de aprendizagem

facilita o seu diagnóstico e oferece condições para o replanejamento das

atividades. Afastar do diagnóstico as explicações simplistas como “preguiça”,

“falta de vontade”, “rebeldia”, são etapas importantes para a reflexão mais

profunda sobre as causas das dificuldades de aprendizagem.

Outros fatores também prejudicam a observação mais profunda do

processo de aprendizagem do aluno como o número excessivo de crianças por

turma; falta de tempo de estudo e atualização pedagógica, falta de encontros

pedagógicos entre professores e seus pares e com especialistas, bem como a

falta de material pedagógico necessário para desenvolver novas estratégias.

Esses fatores acabam refletindo na atuação da professora que se sente

frustrada por não conseguir atingir de maneira pelo menos satisfatória aquele

aluno especial.

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Ter clareza sobre as possíveis causas dos transtornos, reconhecer

suas características principais e expressões no dia a dia da criança traduz,

segundo Bossa (2011), um olhar diferenciado. Esse olhar diferenciado sobre o

desempenho do aluno possibilita diferenciar o que está sendo analisado.

Significa reconhecer a diferença entre uma dificuldade de leitura e troca de

fonemas de uma dificuldade em conservar números ou até mesmo uma escrita

imprecisa. O olhar diferencidado requer acuidade es relacionar cada ponto

observado com o seu possível encaminhamento para um diagnóstico preciso e

tratamento adequado.

A Organização Mundial da Saúde estabelece como transtornos da

aprendizagem as dificuldades que não estão relacionadas as disfunções do

corpo humano. Melhor dizendo, o transtorno está associado ao funcionamento

do organismo. Desta forma, a OMS entende que o transtorno pode se

estabelecer num organismo que, apesar de íntegro, não funciona

adequadamente. O cérebro do portador de um determinado transtorno não

estabelece

A observação desses transtornos pode acontecer, na escola, em

diferentes ambientes e por diferentes profissionais. É importante que essa

equipe multidisciplinar esteja em contato constante para que as suas

observações possam integrar-se e redesenhar esse sujeito observado. Em

seguida, a análise dessas diferentes situações do cotidiano escolar precisa de

referencial teórico consistente. A escolha da linha de trabalho vai depender da

demanda emergencial que o aluno apresenta, pois todas as crianças podem

aprender.

Apesar ou além das suas dificuldades, toda a criança é capaz de

aprender desde que receba atenção e tratamento adequando. Esse direito está

garantido na nossa Constituição Federal de 1988 e na Lei 9.394/94, além de

constar na legislação do Conselho Nacional de Educação o amplo amparo aos

alunos com dificuldades de aprendizagem. O quadro das dificuldades de

aprendizagem absorve uma diversidade de necessidades educacionais,

associadas a: problemas psicolinguísticos (dislexia e disfunções correlatas),

psicomotores, motores, cognitivos (atenção, concentração, percepção,

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memória) hiperatividade e ainda a fatores ambientais e socioeconômicos,

como as privações de caráter sociocultural e nutricional.

Em janeiro de 2008 foi entregue ao Sr. Ministro da Educação, um

documento elaborado pelo grupo de trabalho nomeado pela portaria ministerial

nº 948/2007 intitulado Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva

da Educação Básica. Esse documento teve, como objetivo principal, construir

as bases para a discussão acerca das políticas públicas promotoras de uma

educação de qualidade para todos os alunos (p.5/2008).

No mesmo ano, o Decreto Nº 6.571, de 17 de setembro afirma, em seu

parágrafo 2º: que O atendimento educacional especializado deve integrar a

proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família e ser

realizado em articulação com as demais políticas públicas. Já o artigo 3º

garante a formação continuada de professores para o atendimento educacional

especializado.

Por tanto, pode-se afirmar que o atendimento ao aluno com dificuldades

de aprendizagem, sejam elas da ordem global ou específica, está garantida

por lei e devemos todos nós, agentes de educação, nos prepararmos para

melhor receber esses alunos em nossas classes.

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CAPÍTULO II

Desafios suscitados pelo uso das novas tecnologias como

ferramenta didática para a inserção dos alunos com transtornos

específicos de aprendizagem.

O uso do termo novas tecnologias na Educação carece de definição.

Primeiramente teremos de definir de qual tecnologia estamos falando já que

cada uma delas ( a mecânica, a eletrônica, a hidráulica, a química, a

alimentícia e tantas outras) terá características próprias e singulares. As que

afetam mais proximamente a presente pesquisa está no ramo da eletrônica.

No entanto, os avanços da TI nos autorizam a buscar sucedâneos nos

sistemas neurais.

A característica principal da tecnologia eletrônica é a sua generalização

e penetrabilidade, pois se aplica ao controle de forma geral afetando todo o

espectro da ação social. Desta forma, as novas tecnologias causaram um

grande impacto sobre a Educação e, por conseguinte, na escola. Todos

concordam que não é mais possível ignorar o uso dessa nova tecnologia como

ferramenta audiovisual. Elas podem melhorar tremendamente a quantidade e a

qualidade da atividade escolar oferecida além de disseminar conhecimento e,

especialmente, promover novas relações entre professor-aluno e aluno-aluno.

Do ensino curricular mais tradicional às formas mais "alternativas" educar,

qualquer escola só tem a ganhar com a introdução de recursos advindos da

informática e da internet. Essas novas ferramentas têm contribuído

sobremaneira para uma total mudança nas práticas educacionais, não apenas

como mediadoras de conhecimento e informação, mas em outros tantos

aspectos. Seja na leitura, na forma da escrita e até como instrumento

complementar na sala de aula ou como estratégia na divulgação de

informação, essas novas tecnologias estão presentes no cotidiano da

sociedade e, por conseguinte, no cotidiano escolar. Enciclopédias, dicionários,

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livros, websites, imagens, animações, vídeos... São tantas as informações

disponíveis na internet, em variados formatos e fontes, que não é difícil se

perder entre as janelas abertas do navegador, em uma espécie de labirinto

digital. Nesse cenário, os novos modos de acessar e ler textos em enorme

quantidade e codificados em diferentes linguagens tornam-se um grande

desafio. As novas tecnologias estão presentes no ambiente de sala de aula,

ainda que seja no celular de um aluno, nos laboratórios, na secretaria escolar,

enfim, em cada um e em todos os ambientes educativos.

Apesar de toda essa contribuição, é certo que a Internet não é a solução

para todos os problemas que encontramos no nosso dia a dia. No papel de

ferramenta de apoio, ela não deve ser considerada como substituta de outras

práticas, como aquelas advindas do relacionamento interpessoal. O uso

proveitoso das TIC's depende de intermediações inteligentes e articuladas,

preestabelecidas para fornecer um ambiente de aprendizagem. Esse é o papel

do professor : oferecer aos alunos orientação para consultas e pesquisas,

aproveitando melhor a agilidade desse meio, uma das maiores vantagens das

informações disponíveis na rede mundial.

Segundo Lotito, (portal EducaRede)

“É necessário que o professor entenda a internet como

instrumento cognitivo e assuma o papel de estimular uma

ampla gama de aprendizagens, orientando os alunos a se

tornarem aptos a pesquisar, publicar e interagir na

internet com segurança, crítica e autonomia, dentro ou

fora da escola.” (LOTITO, 2011)

Até a pouco tempo atrás acreditava-se que ensinar a ler e a escrever

era uma tarefa que requeria muita prática e repetição. A prática pedagógica

baseada nessa crença fundamentava-se, basicamente, no oferecimento de

exercícios similares e constantes. Fomos ensinados a acreditar que a repetição

constante pode levar um aluno a ler e a escrever melhor. Nas aulas de

alfabetização, a reescritura de uma mesma palavra era considerada como

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exercício de fixação essencial para que houvesse o domínio completo dos

fonemas/letras que se desejava ensinar.

Com o advento da Informática Educativa, o computador passou a ser

visto como uma máquina de ensinar. Os programas autoinstrutivos passaram a

dominar as salas de informática e as atividades diretivas eram (e ainda são)

apreciadas como uma possibilidade de revisão e reforço escolar.

De acordo com Fernandes (2003) :

“Ao analisar as possibilidades de introduzir os recursos

computacionais nas práticas educacionais, com o objetivo

de transformar o processo ensino-aprendizagem , é

preciso delinear uma base conceitual que, por um lado.

represente um movimento de integração entre diferentes

teorias e, por outro, possa conduzir a compreensão do

fenômeno educativo em sua multiplicidade e concretude.”

(Fernandes, 2003)

Considerado o panorama educacional dentro da perspectiva das

abordagens pedagógicas apresentadas no capítulo anterior, dispomos de

teorias de aprendizagem que nos possibilitam ampliar o que consideramos

como formas de aprender, conforme as competências e habilidades

individuais.

Uma atividade significativa precisa ser desafiadora. Esse desafio

proposto deve ser possível de ser realizado e gerar conhecimento útil para o

aluno. Deve respeitar as etapas do seu desenvolvimento natural que, de

acordo com a teoria piagetiana, passe de um estágio de desenvolvimento a

outro mais significativo. A resistência inicial oferecida pelo aprendente deve

modificar-se a fim de acomodar o novo conhecimento.

Algumas escolas dispõem de laboratórios de informática. O uso desse

laboratório pela professora da classe dependerá de qual a relação que esta

estabelece com aquele. A equipe de professores costuma desenvolver visões

distintas para o uso do laboratório de informática educativa. São algumas

delas: a) a professora resiste ao trabalho realizado no laboratório de

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informática, pois não quer se envolver com esta atividade, b) a professora

aceita de bom grado esse trabalho mas não consegue estabelecer uma

proximidade com aquilo que está trabalhando na classe, c) acontece uma

pequena integração entre a professora da classe com a equipe de informática,

podendo vir até a traçar juntos algumas atividades em comum e, finalmente, d)

a professora conduz seus alunos aos computadores e desenvolve atividades

em conjunto com a equipe de informática que estão inseridas no projeto

pedagógico da escola.

Devido ao distanciamento que algumas professoras ainda mantém

dessa ferramenta tecnológica, a oportunidade de trabalhar outra perspectiva

de atendimento com alunos com dificuldade de aprendizagem acaba ficando

para trás.

Segundo Weiss,

“Observamos casos de crianças com baixo rendimento

escolar que, diante do computador, mostram-se mais

participativas e interessadas. Outras, ditas hiperativas na

sala de aula, comportam-se com mais tranquilidade na

sala de informática. Há também situações opostas, com

incidentes de súbita agressividade com a máquina, ou

dificuldades específicas que se revelam e/ou intensificam

a partir dessa experiência.” (Weiss,1998)

O aluno com dificuldades específicas de aprendizagem, quando

atendido em consultórios psicopedagógicos, costuma utilizar ferramentas

tecnológicas como computadores e softwares, com o objetivo de proporcionar

atividades outras que sejam significativas e que promovam ação terapêutica

sobre distúrbios específicos. Weiss (2010) recomenta, inclusive, que o

terapeuta tenha uma midiateca variada a fim de cobrir um leque expressivo de

demanda psicopedagógica. Transportar essas experiências para a sala de aula

é possível e se ajusta às políticas de inclusão já que pretendem oferecer outras

formas de ensinar e aprender.

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A proposta do uso da informática como ferramenta de ensino-

aprendizagem vem apresentando-se cada vez mais próxima da realidade da

sala de aula. O uso de ambientes virtuais de aprendizagem como ferramenta e

recurso para dar continuidade ao atendimento de alunos com déficit de

atenção é cada vez mais possível.

De acordo com Weiss (1998), a intervenção psicopedagógica, com uso

da Informática, facilitaria a construção do conhecimento, pois:

− desenvolve o raciocínio lógico;

− desenvolve a sequência lógico-temporal

− aumenta a flexibilidade do pensamento

− aumenta a organização na realização de tarefas

− possibilidade de lidar com diferentes exigências temporais

− melhora a autoestima

Para que o ambiente virtual desenvolvido seja próximo do que acontece

na sala de aula, é preciso que a professora elabore atividades possíveis e

semelhantes àquelas que foram trabalhadas no grupo. A preparação do

material que servirá ao aluno precisa ser elaborado por uma equipe

multidisciplinar. Sem a presença desses especialistas, o aluno acabará por

recriar os mesmos erros cometidos na sala de aula . Essa elaboração exigirá

disponibilidade de todos, além de competência para desenvolver atividades

que verdadeiramente atendam esses alunos.

Mais uma vez, a possibilidade de capacitação à distância apresenta-se

como solução para essa questão. Com certeza, os meios tecnológicos

oferecem melhores condições para que a professora possa interagir com seus

alunos e atuar nas comunidades virtuais. A inovação na educação está no

reconhecimento de que o aluno com dificuldades de aprendizagem pode

usufruir de um outro ambiente para dar continuidade as suas tarefas. De

acordo com Dutra (2006) esse entendimento do campo de ação da educação

especial envolverá um amplo processo de mudanças para a implantação de

sistemas educacionais inclusivos, revertendo as propostas convencionais de

criar programas especiais para atender, de forma segregada, alunos com

necessidades educacionais especiais passando a inserir os gestores públicos

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e os profissionais da educação na “elaboração de políticas para todos, que

contemplem a diversidade humana.” (p.3)

Moran (1995) afirma que o fascínio que as novas tecnologias

despertam, especialmente nos professores, está na facilidade do seu uso.

Somos seduzidos por esse meio eletrônico e envolvidos numa espiral que

sugere grandes mudanças, induzindo a um consumismo devorador e

pernicioso.

Segundo Moran,

“É maravilhoso crescer, evoluir, comunicar-se plenamente

com tantas tecnologias de apoio. É frustrante, por outro

lado, constatar que muitos só utilizam essas tecnologias

nas suas dimensões mais superficiais, alienantes ou

autoritárias. O re-encantamento, em grande parte, vai

depender de nós.” (MORAN, 1995)

Para Rezende (2000), o uso das novas tecnologias não terão o poder de

acrescentar nada de novo se não vierem amparadas por uma nova proposta

metodológica. Essa proposta deve estar embasada pelo profundo

conhecimento de como o ensino pode proporcionar um aprendizado efetivo e

duradouro. Essa prática deve promover a transformação da informação em

conhecimento.

Rezende afirma que:

“Se as novas tecnologias não implicam novas práticas

pedagógicas nem vice-versa, aparentemente

poderíamos dizer que não há relação entre essas duas

instâncias. Entretanto, isso não é necessariamente

verdade, se considerarmos que o uso das novas

tecnologias pode contribuir para novas práticas

pedagógicas desde que seja baseado em novas

concepções de conhecimento, de aluno, de professor,

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transformando uma série de elementos que compõem o

processo de ensino-aprendizagem.” (REZENDE, 2000)

Desta forma, assumir a inclusão como política social e educativa está

sobremaneira relacionada a questão de vencer o preconceito, seja o

preconceito da diversidade social, a diferença, logo, o preconceito cultural.

Lidar com essa questão exigirá rupturas, transgressões e superações. Exigirá a

busca de alternativas pedagógicas diferenciadas e o cuidado em não

transformá-las em práticas excludentes ou ditas especiais.

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CAPÍTULO III

A Revista Nova Escola e as tecnologias da informação e

comunicação (TIC's) como ferramentas de ensinos

A educação inclusiva é hoje tema recorrente nos debates sobre o

ensino do país. O princípio constitucional de igualdade de condições de

acesso e permanência na escola nunca foi tão discutido. Esse debate vem

impondo a urgência de se reverter os velhos conceitos de normalidade e

padrões de aprendizagem. Pode-se admitir que já existe uma certa definição

em relação à atuação, na perspectiva inclusiva, do professor de ensino

comum e à do professor de educação especial. Novos valores como cidadania;

acesso universal e a garantia do direito de todas as crianças, jovens e adultos

a educação e a participação nos diferentes espaços da estrutura social são

alguns, entre outros. Em obediência aos preceitos da Declaração de

Salamanca (Unesco,1994) e da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (Lei Federal 9394 96), as crianças com necessidades educacionais

especiais devem ser escolarizadas em classes comuns do ensino regular.

Publicações diversas vêm ocupando não só as prateleiras das livrarias

como invadiram as bancas de jornais em busca de professores interessados

em atualizar seus conhecimentos e marcarem presença nesse debate nacional

por uma educação de qualidade. Para este trabalho, escolhemos a publicação

Revista Nova Escola.

A Revista Nova Escola é uma revista mensal, de caráter pedagógico,

destinada a professores e editada pela Editora Abril, sem fins lucrativos. Seu

editor atual é o Sr. Prof. Gabriel Pillar Grossi que conta com o apoio de uma

equipe editorial com nomes importantes no quadro da educação brasileira. A

revista conta com apoio institucional do governo federal, que permite sua

venda a baixo preço e distribuição para a rede escolar. Até o ano de 1996

publicava nove exemplares ao ano e, a partir de 1997, passaram a ser dez

edições anuais. A primeira edição, publicada a 25 anos, chegou às bancas de

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jornal com o tema “acesso escolar”. Essa edição mostrava que havia mais de 5

milhões de crianças fora da escola, já naquela época.

A Revista Nova Escola tem cumprido o papel de trazer artigos e

opiniões que contribuem para aquilo que é o fundamental na vida de cada

educador: pensar a educação, refletir o seu tempo e buscar a formação como

um processo contínuo alicerçado nos avanços alcançados no campo da

pedagogia, da sociologia, do direito e demais áreas do conhecimento, bem

como nos saberes produzidos na experiência de cada projeto pedagógico e de

cada comunidade.

Hoje, a revista possui um site na internet: www.novaescola.org.br e de

fácil acesso. Sua página virtual é bastante agradável e de simples utilização,

sendo bastante intuitiva. Há possibilidade de fazer download da maioria dos

artigos e conteúdos publicados. Jogos interativos podem ser baixados

diretamente para o computador, o que facilita sua aplicação na sala de aula já

que não necessitam estar on line para serem usados.

A escolha da análise dos planos de aula publicados pela da Revista

Nova Escola , justifica-se pela penetração que alcançou ao longo dos seus 25

anos de publicação. Ela é distribuída pelo Ministério da Educação, por meio do

FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação) para todas as redes

de escolas públicas do país.

Bem próximo ao que Moran, (1995) nos desafia a fazer –

reencantamento com as novas tecnologias – a Revista Nova escola propõe o

uso de diferentes formas de abordar conteúdos programáticos, transformando

a sala de aula num local investigativo e desafiador. Desta forma, abrem-se as

possibilidades de incluir diferentes alunos em diferentes momentos de

aprendizagem tornando-a mais significativa e mais abrangente.

Os artigos publicados até o momento, procuram dar conta de uma

variedade de assuntos e, incluída nessa preocupação, está a questão do uso

das TIC's como ferramenta pedagógica. Corroborando essa ideia, temos o

artigo publicado eletronicamente em 2009, titulado Um guia sobre o uso de

tecnologias em sala de aula , de Amanda Polato. O artigo trata sobre a diversidade

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de aparatos eletrônicos que o professor tem disponível, bom como quando - e

como - as novas ferramentas são imprescindíveis para uma turma avançar.

Segundo Polato (2009),

Por ser relativamente nova, a relação entre a tecnologia e a escola ainda é bastante confusa e conflituosa. NOVA ESCOLA quer ajudar a pôr ordem na bagunça buscando respostas a duas questões cruciais. A primeira delas: quando usar a tecnologia em sala de aula? A segunda: como utilizar esses novos recursos?

Então, quando usar a tecnologia em sala de aula? Podemos usar a

tecnologia flexibilizando a sua aplicação em favor dos alunos com problemas

de aprendizagem? E mais: como utilizar as TIC's na perspectiva de explorar

as trocas qualitativas no ambiente de aprendizagem sem cair no erro de buscar

apenas recursos que pretendam apenas transformar a aula numa

apresentação agradável de conteúdos?

Segundo Battro,

“A tecnologia por si mesma não representa garantia de

reestruturações lógicas, ainda que possa desempenhar

importante apelo quanto à motivação. Sua importância

maior consiste em que se possam utilizar o computador

como amplificador da cognição e como integrador

sociocultural. “ (1997)

Para responder a essas perguntas, escolhemos artigos e proposições

de planos de aula onde o uso das TIC's se destacam como ferramenta de

aprendizagem. A pesquisa se deteve nos artigos e planos de aula publicados

na sua versão impressa e virtuais, no período de 2006 a 2011, período

disponível no portal, de acordo com a palavra-chave tecnologias e mídias .

O primeiro plano de aula que trazemos para análise foi proposto pela

professora Simone aos alunos da 4ª série da escola Egon Schaden, em

Francisco Morato (SP), e publicado na NE edição 189 de 2006. Seu plano de

aula foi analisado por Paola Gentile, comentarista da Revista Nova Escola. O

título da matéria/atividade é: Liguem a TV: vamos estudar!

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Segundo Gentile, (2006)

Ela usa ação, imagens e sons especialmente

selecionados para prender a atenção da garotada. Ajuda

na formação de memórias de longa duração. É capaz de

desenvolver a imaginação dos jovens, e as histórias que

ela conta são tema de conversas e debates acalorados

entre eles. E tem mais: os alunos certamente

permanecem de olhos grudados nela em tempo igual ou

superior ao que ficam na escola. Dá para desprezar uma

ferramenta pedagógica com essas características? (2006)

Neste comentário, observamos a valorização da TV como mídia

educativa e o impacto positivo que ela pode causar nos educandos quando

usada de maneira acertiva e não apenas como um passatempo sem função

pedagógica.

A tecnologia televisiva está se reconfigurando cada vez mais. Segundo

Gentile,

“Com a profusão de canais abertos e por assinatura, a

televisão oferece programas para todas as faixas etárias.

Noticiários, novelas, minisséries, seriados, talk shows,

documentários, programas de auditório, desenhos

animados, filmes, clipes... Eles podem ser usados para

introduzir conteúdos, aprofundá-los ou ilustrá-los ou para

debates sobre comportamento e ética.” (2006)

O coordenador pedagógico do Colégio Pentágono, em São Paulo.

Carlos Nascimento Júnior , também comenta o uso da TV como recurso

pedagógico importante nos dias atuais, dentro da proposição da professora

Simone. A crítica negativa a programação das TV abertas começa a cair por

terra, já que, com o advento da TV por assinatura, os canais abertos tiveram

que reconfigurar sua grade de programação e questionar a qualidade da

mesma.

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Outro material selecionado para análise pertence ao professor de artes

Carlos Augusto Cabral Arouca, publicado na NE edição 190 de 2006. Sua

proposta de trabalho com tecnologia dentro da sala de aula utiliza as antigas

radionovelas e fotonovelas e propõem o confronto dessa linguagens com o que

está sendo produzido hoje em dia.

De acordo com o professor Arouca,

“Quem, hoje em dia, conseguiria acompanhar uma novela

pelo rádio? E o que dizer das célebres fotonovelas, com

seus personagens fazendo caras e bocas para convencer

o leitor? Vai saber se, no futuro, essas mídias não

ressurgirão por um motivo qualquer.” (2006)

Estudando essas duas linguagens, ele criou o projeto Mídias

Adormecidas, e durante um ano envolveu os alunos da Escola da Vila, em São

Paulo. O projeto prevê algo simples e divertido: analisar a fotonovela e a

radionovela e reproduzi-las, utilizando outras linguagens, como a dramaturgia,

histórias em quadrinhos e cinema. Um olhar psicopedagógico percebe que,

para os alunos com dificuldades de aprendizagem, a representação de papéis

diferentes é um estímulo a sua capacidade de adaptar-se a situações

diferentes. Quando interpreta outros personagens, o aluno é capaz de projetar

suas dificuldades e buscar resolvê-las fora do próprio corpo que a retém. Além

de conhecer velhas e novas linguagens artísticas, o aluno tem a oportunidade

de ser mais observador das suas dificuldades e buscar outras formas de

adaptar-se a elas.

Na NE edição 192, 2006, quem nos dá a atividade pedagógica é a

professora Nara Lúcia Nonato, coordenadora de projetos da Fundação Roberto

Marinho, em São Paulo. Ela sugere algumas atividades a serem desenvolvidas

no Museu da Língua Portuguesa, inaugurado em março de 2006 em São

Paulo. O espaço escolhido para o museu foi a Estação da Luz. Todo o projeto

é voltado para a exploração multissensorial do nosso idioma. Para análise,

destacamos algumas das atividades sugeridas para os alunos do 1º segmento

do Ensino Fundamental:

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1- Descobrir as palavras e os objetos "escondidos" na Árvore da

Língua, assim como clicar nos micros dos totens, onde pode ser

explorado o significado e a origem das palavras. No Beco, a

brincadeira é formar novos termos com as sílabas projetadas e usar

a criatividade para inventar palavras.

2- Estimular os alunos do 1º ao 5º ano a elaborar textos e

ilustrações sobre o que viram e ouviram durante a visita,

comparando o linguajar usado nos vídeos da Grande Galeria com o

da Praça da Língua, estimulando assim a formulação de hipóteses

sobre a diferença entre a língua escrita e a falada.

O espaço cultural onde a atividade realiza-se é repleto de tecnologias

inovadoras e interativas e, desta forma, os alunos portadores de dificuldades

de aprendizagem poderão desenvolver suas habilidades de maneira mais

produtiva.

À partir de 2007, as publicações da NE começam a incorporar

experiências inclusivas. A seção Especial em Matemática da edição 200 -

março 2007, trás o artigo Usar números do cotidiano das crianças contribui

com a aprendizagem . A matéria é apresentada também via portal e

acompanha um vídeo ilustrativo. Há comentários de como adaptar a aula para

aqueles que possuem dificuldades múltiplas.

Segundo Janaina Castro, autora da matéria,

“A diversidade no desenvolvimento de pessoas com

deficiência intelectual é tão abrangente quanto as suas

possibilidades de trabalho. Para estudar o sistema de

numeração decimal com alunos com deficiência

intelectual, é essencial considerar o que ele já conhece

acerca dos numerais e respeitar o ritmo de aprendizagem

dele. Se necessário, antecipe ou repita as atividades

propostas e retome os conteúdos já trabalhados, inclusive

no contra turno, com auxílio do AEE e da família, que

pode ajudar na contextualização dos números, uma vez

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que é importante que o aprendizado faça sentido na vida

fora da escola.” (2007)

Na sua versão on line, a seção Encarte Especial – edições 202, 203 de

2007 trazem atividades na matemática apresentadas com outros recursos

além do artigo comentado, como filmes e jogos educativos que podem ser

baixados direto para o computador.

Na edição seguinte – 204 – até a última divulgada em 2007, não

observamos outras referências ao uso da tecnologia como instrumento

pedagógico, porém há diferentes planos de aula que fazem proposições para

alunos especiais.

Em 2008, a edição 213, apresenta o projeto Imagens para ler: fotografia,

cinema e análises audiovisuais, de autoria do professor arte-educador Rogério

Andrade Bettoni. O professor desenvolveu um projeto didático para as turmas

de 7ª e 8ª séries do Instituto Efigênia Vidigal, em BH, com o objetivo de

mostrar aos alunos a relação das imagens com o entretenimento. Com a sua

intervenção, os jovens passaram a encarar o vídeo e a fotografia como

possibilidades de construção de conhecimento, tanto por meio dos exercícios

críticos para a interpretação das mensagens visuais quanto pela criação

artística. A interação entre a classe, segundo Marisa Szpigel, selecionadora do

Prêmio Victor Civita Educador Nota 10 , foi outro destaque. Os trabalhos

práticos foram realizados em grupo, e houve troca de produções para todos

experimentarem várias possibilidades de interpretação das imagens.

Essa proposição de aula não traz explícita as ações de inclusão para os

alunos com dificuldades de aprendizagem, mas observa-se, no descrever da

ação do professor e dos alunos, a possibilidade de se promover aprendizagem

significativa para grupos diferentes. Porém, é preciso que haja um olhar

refinado daquele que se propõem a praticar essa experiência às diferentes

habilidades dos alunos.

Na língua inglesa encontramos algumas proposições de aulas baseadas

no uso das TIC's e que também foram merecedoras do prêmio Victor Civita

Educador Nota 10, promovido pela Revista Nova Escola. É o caso do plano de

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aula Idioma que vem da web publicado pela professora Débora Lisiane

Carneiro Tura, da EEEB Dom Pedro I, em Quevedos , RS. Segundo a

reportagem, para apresentar o inglês à 5ª série, ela desenvolveu um projeto

em que o idioma é ensinado com base na leitura e escrita de textos para blogs

(páginas pessoais usadas para divulgar características de seus autores). Seu

objetivo era apresentar o inglês aos alunos começando com a leitura de blogs

variados para criar familiaridade com o gênero . A seguir, veio a proposta de

escrita na internet, primeiro na forma de blogs coletivos, em que todos

trabalhavam juntos, somando saberes para construir os textos. Depois, quando

a turma já demonstrava mais segurança, Débora incentivou a produção de

blogs individuais e colaborativos, com os alunos redigindo os próprios textos e

comentando os dos colegas.

A atividade desenvolvida pela professora Débora aproxima-se

sobremaneira da proposição de Vygotsky , baseada na interação e trocas

interindividuais de saveres. Apesar do plano de aula proposto não destacar

explicitamente adaptações para os alunos com dificuldades de aprendizagem,

é facil observar de que maneira promover a integração desses alunos.

A edição 223 de 2009 traz uma reportagem especial sobre o uso das

tecnologias em diferentes disciplinas, intitulado Um guia sobre o uso das

tecnologias na sala de aula. A reportagem apresenta algumas possibilidades

do uso das TIC's em disciplinas como Língua Portuguesa, Matemática,

Geografia, História, Ciências e Artes. De grande auxílio para quem procura

opções nessa nova modalidade, o recurso é excelente, sendo possível

adaptações para os alunos com dificuldades de aprendizagem.

A edição de 224 de 2009 apresenta uma seção especial sobre Inclusão;

Nessa seção, há depoimento de professoras que trabalham com alunos

especiais e a descrição das estratégias de trabalho requerem apoio externo

como salas de recursos.

A edição 228 de 2009 traz uma seção especial chamado Tecnologia na

aula . Nessa seção há a descrição de atividades realizadas tendo como base

as Tic's. É o caso do acordo feito entre a professora Karla Emanuella Veloso

Pinto, de Lavras, com a Universidade Federal de Lavras (Ufla). Esse acordo

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resultou na criação de um ambiente virtual de estudo de Geografia para seus

alunos do Centro Educacional NDE UFLA. Segundo a reportagem, a

elaboração da ferramenta, acessada de casa pela garotada, foi feita

previamente e permitiu a seleção de sites, além da criação de fóruns, sobre os

conteúdos.

Outro exemplo de atividade envolvendo as TIC's apresentada nessa

seção chama-se Cálculos no papel e na tela , idealizada pela professora

Daniela Mazoco, de São Paulo. Seu objetivo era fazer seus alunos da EMEF

Professor Athayr da Silva Rosa aprenderem o conceito de média aritmética por

meio da investigação do consumo médio de água dos habitantes da cidade. A

ideia surgiu em um curso de formação continuada realizado em 2008 e uma

das etapas do projeto previa o uso do programa Excel para agilizar a

realização dos cálculos.

Há, também o projeto Software para ensinar música da professora

Áudrea da Costa Martins, de Porto Alegre. Seu projeto pretendia a composição

musical e, para isso, recorreu ao suporte tecnológico da escola. Seus alunos

puderam aprender, por exemplo, a operação básica de um software de edição

de som. Enquanto ela usava o programa num laptop, eles acompanhavam

num telão - tudo dentro da sala de aula.

A edição 229 de 2010 nos convida a entrar no mundo da web a fim de

executarmos o tão famoso “dever de casa”. Para a professora Karla

Emanuella Veloso Pinto, a lição de casa poderia ser feita de uma maneira

bastante original (e acessível): usou a internet para definir e acompanhar as

tarefas de Geografia propostas por ela aos seus alunos. A tarefa deve ser feita

com o auxílio de ferramentas da web e compartilhada entre todos os alunos. O

plano de ação mostra-se rico e promete excelentes resultados já que viabiliza

trocas constantes e promove o desenvolvimento do grupo como uma célula

única, sem excluir aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem.

A edição 232 de 2010 nos oferece um panorama sobre o uso da

ferramenta computacional pelos alunos da pré-escola, especificamente das

crianças do Jardim de Infância Municipal Doutor Luiz Silveira, em Piraí, no Rio

de Janeiro. Segundo a reportagem, a tecnologia foi incorporada de forma

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natural ao processo de ensino e aprendizagem, de modo que hoje o

computador tem status de material básico de ensino. O plano de aula

exemplificado pela reportagem trata da apreciação de uma obra de arte,

projetada aos alunos pela professora. A imagem é explorada e os alunos são

instigados a falar sobre as cores e formas percebidas. Na sequência,

passaram a outra atividade: pesquisaram imagens de animais da fauna

brasileira com a orientação das professoras, usando seu notebook com acesso

à internet. Essa é uma atividade claramente participativa, envolvendo as

teorias educacionais mais atuais e garantindo a exploração artística de todos,

inclusive dos alunos com dificuldades de aprendizagem.

A NOVA ESCOLA Edição 240 2011 trás a proposta da produção de

registros geográficos a partir dafotografia. O plano de aula pretende estimular

os estudantes a afinar o olhar e interpretar melhor a paisagem do entorno. Em

tempos de tecnologia cada vez mais acessível, manusear a máquina

fotográfica tornou-se uma coisa banal. Por isso, os alunos recebem aulas

sobre como explorar mais essa tecnologia. Para a turma de 9º ano da EEFM

Professor Arruda, em Sobral, Fortaleza, a exeriência ganhou dimensões

interdisciplinares e, no comando da professora Maria Níceas Oliveira França,

pode-se compartilhar diferentes olhares sobre a mesma realidade.

Carlos Arouca, professor da Escola Vera Cruz, em São Paulo, é o

responsável pelo plano de aula publicado na Edição 241 de 2011 que propõe

um passeio virtual pelos museus através do Google Art Project, mais um site

de acervos online. Como essa ferramenta garantiu-se a oportunidade de

apreciar criações de Pablo Picasso (1871-1973), Paul Cézanne (1839-1906) e

Tarsila do Amaral (1886-1973) com apenas alguns cliques. Utilizando as várias

ferramentas oferecidas pelo programa, as crianças podem conhecer as obras

em detalhes, a ponto de observarem coisas que a olho nu passariam

despercebidas. Desta forma, a troca de impressões e o estímulo a

verbalização de diferentes pontos de vista sobre a mesma obra de arte é uma

excelente ferramenta de estímulo a todos os alunos, principalmente àqueles

com dificuldades de aprendizagem e que necessitam de estímulos frequentes

para a observação de detalhes.

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A NOVA ESCOLA Edição 242 de 2011 trás a proposta do uso do twitter

como ferramenta para ensinar a síntese da coesão textual. Segundo o artigo,

uma das primeiras pesquisas sobre a possibilidade de usar o twitter como

ferramenta didática foi publicado pelas pesquisadoras Mirta Castedo e Natalia

Zuazo, da Universidade Nacional de La Plata, na Argentina. Em Culturas

Escritas y Escuela: Viejas e Nuevas Diversidades, elas mostram como o

Twitter permite trabalhar com versões reduzidas de notícias e de contos. A

proposição foi aceita pelos alunos do Celégio Pedro II, Unidade do Engenho

Novo e desenvolvida nas aulas da língua portuguesa. A atividade foi feita em

parceria com os alunos do 6º ao 9º ano. Bem ao exemplo da teoria sócio

interacionista, o que vale aqui é a integração de todos com o uso de uma

ferramenta comum.

O software Geogebra é apresentado na edição 244 de 2011 pela própria

equipe da revista Nova Escola. Segundo a revista, as construções geométricas

que podem ser movimentadas e alteradas e ainda assim retornar à posição e à

forma iniciais, são uma das vantagens desse programa de computador.

Destaca, também, que é interessante que os estudantes usem o Geogebra

para resolver questões em duplas e que seja permitido deixar os alunos

experimentarem as opções do Geogebra a fim de escolher a mais apropriada.

Aprender as principais características do gênero online travel guide e

desenvolver as capacidades de linguagem necessárias para ler e produzir

textos desse gênero, a edição 247 de 2011nos apresenta uma forma de

explorar essa ferramenta para o estudo da língua estrangeira. Essa proposição

veio da professora do Centro de Língua Estrangeira Moderna (Celem),

Marileuza Miquelante, que produz materiais didáticos para escolas estaduais

de cidades do Paraná. A proposta explora os diferentes guias turísticos on line

e prevê outros desdobramentos, tanto na área de história como em geografia.

Desta forma concluímos a análise dos planos de aula que procuram

integrar conteúdo e tecnologia e que favorecem a participação dos alunos com

dificuldades de aprendizagem.

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CAPÍTULO IV

A importância da formação continuada de professores mediante ao

uso de novas tecnologias da informação e comunicação

Mil Novecentos e Oitenta e Quatro ou 1984 é o clássico romance de

George Orwell cujo objetivo era ser uma metáfora sobre o poder e as

sociedades modernas.

Os livros de ficção científica não têm, como missão, prever o futuro,

mas, talvez, mostrar as possibilidades da mente humana. Neste sentido,1984 é

o tipo de literatura que torna-se referência todas as vezes que tirania ameaça

a sociedade. Desta forma, a entrada da tecnologia na escola, por vezes,

assume a imagem de tirano e acaba assombrando aqueles que não a

compreendem e a dominam.

A era da informação requer profunda revisão do sistema educativo. Sua

tarefa é formar as novas gerações, respeitando a sua natureza e tendo

consciência de suas necessidades, que estão mudando, e a escola não pode

ignorar isso.

Nos últimos anos, com o advento da tecnologia e do acesso a

informação, elevou-se sobremaneira o nível cultural da população, expondo

imensos desiquilíbrios existentes entre as diversas culturas do nosso país.

Desda forma, os conteúdos do conhecimento mudaram, alterando

irreversivelmente os quadros de referência sobre os quais se moldava a

relação entre escolhas políticas e escolares.

Diante dessa nova organização cultural, a educação deve exigir

renovação para todos os segmentos de ensino; para as modalidades de

construção de conhecimento e promover a reorganização do pensamento

institucionalizado. Deve buscar, também, elementos que constituam-se como

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vasos comunicantes entre a vida e a escola, um entrar e sair cíclico durante

todas as etapas de ensino-aprendizagem.

Segundo Lollini,

O mundo da tecnologia e da informação nos fornece

antenas, aprimora os nossos sentidos, permite-nos viver

em um bem-estar com que os nossos antepassados não

ousaram sonhar. Um único luxo, porém, não nos é

permitido: interromper os nossos processos de

aprendizagem, subtrair-nos à informação

permanente.(p.16, 1991)

A reorganização dos serviços de atendimento educacional

especializado com o intuito de oferecer aos alunos com necessidades

especiais a oportunidade de complementação pedagógica é um cenário

bastante comum nas escolas brasileiras. Esse novo desafio exige da

professora uma formação diferenciada e, sendo assim, é necessário buscar

novos saberes para atualizar sua prática de ensino. Esses saberes provocarão

quebras de paradigmas e acenderão luzes sobre novos marcos teórico-

metodológicos.

O contato dos professores com as novas tecnologias da informação e

comunicação é pequeno, podendo passar ao largo do seu cotidiano. Muitos

têm acesso ao computador somente quando vão digitar documentos

acadêmicos e nisso resume-se a interação do professor com as tecnologias.

Em algumas escolas o envolvimento do professor com as novas tecnologias é

precário e alguns ainda se mantém afastados da realidade virtual. Tornar os

recursos computacionais em ferramenta pedagógica requer, no mínimo, o

domínio deles.

A marginalização dos docentes em relação às novas tecnologias pode

ser explicada de diferentes formas: desilusão com a carreira o que leva a falta

de estímulo para investir seu tempo em qualquer coisa ligada a educação; falta

de tempo, pois precisa atender várias escolas em diferentes turnos; falta de

estrutura econômica para arcar com as despesas em informática; não vê

significado em manter relações dentro das redes sociais virtuais; baixa

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autoestima o que o leva a pensar que não será capaz de aprender mais nada;

e outras mais. Há, também, o receio de que essas tecnologias venham

substituí-lo nos bancos escolares.

Parafraseando J. W. Goethe, “antes do compromisso, há hesitação, a

oportunidade de recuar, a ineficácia permanente.” Essa sensação de que a

tecnologia é algo que veio para substituir a ação do professor é nossa

conhecida. A esse sentimento, vem a reação mais comum: adiar o

aprendizado do uso desse instrumento como ferramenta didática. Experiências

indicam que o adiamento do momento de enfrentar as tic's como instrumentos

pedagógicos é frustante e prejudicial. Essas tecnologias podem parecer, num

olhar absolutamente superficial, semimágico e esotérico, mas o desejo de por-

lhes as mãos e descobrir como funciona é mais forte.

Seja qual for a razão, esse distanciamento acaba por promover

dificuldades de comunicação entre os docentes e discentes, repercutindo

sobre o desinteresse dos jovens por uma escola que já não tem o que lhes

dizer. A inserção de computadores no ambiente escolar deve ocorrer com a

capacitação de professores para o seu uso agregando valor a sua interação

com essa tecnologia.

Mudar a estrutura da sala de aula significa mudar a forma como a

professora encara esse espaço de trabalho e de produção de conhecimento.

Santos afirma que as barreiras encontradas para o pleno desenvolvimento dos

alunos são erguidas pelo desconhecimento , tanto por parte da Escola como

de seus professores, das necessidades especiais desses aprendentes e

aponta para três dimensões onde essas barreiras se apoiam. São elas : da

cultura, da política e da prática da inclusão (Santos, 2005).

Em seu trabalho, Santos propõe a ressignificação da formação de

professores para o desenvolvimento de culturas políticas e práticas de

inclusão.(Santos, 2005) Mas, e os professores que já foram formados num

espaço acadêmico onde as práticas de inclusão não eram sua proposta de

formação?

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À partir de 2004 o MEC vem oferecendo capacitação profissional para

atendimento de alunos especiais. Essa capacitação acontece nas modalidades

presencial e semipresencial.

De acordo com o que foi anunciado pelo MEC, no ano de 2008, o

governo federal lançou o Sistema Nacional de Formação dos Profissionais da

Educação Básica para, segundo Lucineia Ramos/Notícias MS,

para promover a capacitação continuada dos professores

de todas as unidades da Federação. O principal objetivo

do Sistema Nacional é melhorar a qualidade da

educação, investindo na qualificação do corpo docente da

educação básica de todos os Estados brasileiros. 3

Em última visita feita por esta pesquisa à Plataforma Freire

(08/12/2011)4 localizamos a notícia sobre a última chamada para a inscrição de

professores da educação básica em cursos de extensão ou aperfeiçoamento.

Segundo a notícia, são mais de 86 mil vagas em cursos das mais variadas

áreas, que vão desde o ensino de artes e educação física até formação de

mediadores de leitura na biodiversidade. Todos os estados têm cursos

disponíveis, cuja inscrição é feita pela Plataforma Freire.

Recursos para a capacitação de professores nas mais diferentes áreas

do conhecimento existem e estão sendo disponibilizados por meio da internet.

Um exemplo é o curso Mídias na Educação , um programa de educação a

distância, com estrutura modular, que visa proporcionar formação continuada

para o uso pedagógico das diferentes tecnologias da informação e da

comunicação – TV e vídeo, informática, rádio e impresso. O público-alvo

prioritário são os professores da educação básica. De acordo com o Mec, o

programa vem sendo desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância

(Seed), em parceria com secretarias de educação e universidades públicas –

responsáveis pela produção, oferta e certificação dos módulos e pela seleção

e capacitação de tutores.

3 Educação on line: Lucineia Ramos/Notícias MS/Acessado em: 12/08/08

4 http://portal.mec.gov.br Mec/Plataforma Freire. Acessado em 08/12/1011

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Fazer uso intensivo das novas tecnologias da informação e

comunicação como mediadoras e organizadoras do processo de aprendizagem

por si só não operam mudanças. Elas servirão de ferramenta a serviço do

reforço do aprendizado tradicional ou servirão para apoiar uma atividade

contextualizada. Tudo dependerá da capacitação da professora, da sua

formação reflexiva , do lugar que ocupa a avaliação em sua prática

pedagógica e do seu potencial de mudança. Dependerá, também, do

compromisso social da escola com sua inclusão digital . Nesse contexto,

ganha relevância a noção de letramento digital, tanto do aluno quanto da

professora, entendido como o desenvolvimento do conjunto de habilidades e

competências necessárias para valer-se das tecnologias digitais em seus

diversos usos em nossa vida social.

De acordo com os Parâmetros Nacionais Curriculares para a Formação

de Professores da Educação Básica,

“Com abordagens que vão na contramão do

desenvolvimento tecnológico da sociedade

contemporânea, os cursos raramente preparam os

professores para atuarem como fonte e referência dos

significados que seus alunos precisam imprimir ao

conteúdo da mídia. Presos às formas tradicionais de

interação face a face, na sala de aula real, os cursos de

formação ainda não sabem como preparar professores

que vão exercer o magistério nas próximas duas décadas,

quando a mediação da tecnologia vai ampliar e

diversificar as formas de interagir e compartilhar, em

tempos e espaços nunca antes imaginados” PARECER

CNE/CP 9/2001

Reforçando o pensamento de que há necessidade de mudar as ações

pedagógicas lembramos de Emília Ferreiro, (1999) quando diz que:

“A escola, sempre depositária de mudanças que ocorrem

fora de suas fronteiras, deve pelo menos tomar

consciência da defasagem entre o que ensina e o que se

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pratica fora de suas fronteiras. Não é possível que

continue privilegiando a cópia, oficio de monges

medievais — como protótipo de escrita, na época da

Xerox & Cia. Não é possível que continue privilegiando a

leitura em voz alta de textos desconhecidos (mera

oralização com escassa compreensão) na era da leitura

veloz e da necessidade de aprender a escolher a

"informação" pertinente dentro do fluxo de mensagens

impressas que chegam de forma desordenada, caótica e

invasora (p. 62)”

Desta forma, cabe a professora entender as tic's como instrumento de

pesquisa e lazer, estimulando a aprendizagem reflexiva dos alunos,

oferecendo condições de interagirem nesse ambiente com segurança e

autonomia. Atingir tal objetivo pressupõe que, antes de ensinar o aluno a

manipular novas tecnologias, o professor precisa tornar-se aluno e aprender a

aprender com elas. Só assim poderá entender seu processo e desenvolver

suas próprias teorias de aprendizagem.

Segundo Nóvoa, "a produção de práticas educativas eficazes só surge

de uma reflexão da experiência pessoal partilhada entre os colegas" (2001).

Melhor dizendo, manter-se atualizado sobre as novas tecnologias

desenvolvendo práticas mais eficazes e eficientes, são alguns dos desafios

que esperam pela professora. Buscar o equilíbrio entre a inovação e a tradição

é uma tarefa difícil. Por meio de atualizações pedagógicas, a professora terá

oportunidade de validar ou não os paradigmas que constituíram-se durante a

sua formação e prática educativa.

De acordo com Nóvoa, a mudança na maneira de ensinar tem de ser

feita com consistência e baseada em práticas de várias gerações. As

oportunidades de atualização pedagógica são muitas. A professora precisa

estar aberta às novidades e em busca de diferentes métodos de trabalho, mas

sempre partindo de uma análise individual e coletiva das práticas. Desta forma

iremos combater a mera reprodução de práticas de ensino, sem espírito crítico

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ou esforço de mudança. É preciso estar aberto às novidades e procurar

diferentes métodos de trabalho, mas sempre partindo de uma análise individual

e coletiva das práticas. O aprender contínuo é essencial em nossa profissão.

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CONCLUSÃO

Hoje, para o nosso país, as exigências e oportunidades relacionadas às

tecnologias são muitas. Planos assistenciais com o objetivo de elevar a

qualidade de vida dos brasileiros vêm sendo desenvolvidos e, com isso, a

expectativa de ascendência social e financeira torna-se cada vez mais real.

A exemplo de outros países que investem na educação de suas

crianças, jovens e até mesmo na educação dos adultos, devemos investir

numa relação mais próxima entre professores e alunos promovendo um

atendimento personalizado às necessidades deles. O mais importante é

garantir que todo aluno tenha acesso ao ensino e à tecnologia de forma

igualitária, pois todos têm chances de avançar. Para lidar com isso, é

essencial pensar em maneiras de desenvolver nas escolas as habilidades que

os alunos precisarão para enfrentar na construção da sociedade da próxima

década. Devemos incluir na nossa prática o hábito de pensar criticamente, a

capacidade para resolver problemas e de tomar decisões. Devemos nos

esmerar em valorizar a boa comunicação e a disposição para o trabalho

colaborativo

Precisamos entender que, valendo-nos da tecnologia para estabelecer

uma metodologia diferente, é possível construir um novo tipo de relação com o

aluno, muito mais personalizado. A tecnologia nos permite especializar o

trabalho individual e em grupo de maneira mais eficaz. Sendo assim, a didática

que embasa o trabalho deve estabelecer metas que estejam integradas às

competências e habilidades que se desejam alcançar.

Não é possível fazer as mudanças necessárias se cada profissional

continuar pensando individualmente. O advento da Internet propiciou o

surgimento de novas formas de produção e organização do conhecimento.

Porém, frequentemente, essas formas de produção e organização aliado ao

estágio de desenvolvimento em que o aluno se encontra, não são levados em

conta no momento de análise e desenvolvimento de ambientes virtuais/digitais

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de aprendizagem Dominar as tic's, especialmente a da internet, é um ponto

importante e que precisa de atenção. Não basta deixar que os alunos usem a

tecnologia em sala de aula. É preciso dominá-la para atribuir novo significado a

esse uso.

Algumas experiências de sucesso mostram que professores que adotam

as tic's em sala de aula constroem relações interpessoais muito mais

motivadoras e são capazes de ir além da sua prática pedagógica para

aprender cada vez mais sobre as dificuldades de aprendizagem dos alunos. O

alunos diagnosticados com algum tipo de deficiência, precisam de uma

flexibilização da aula para que suas necessidades particulares sejam

atendidas. As tic's, quando utilizadas em classe, possibilitam o acesso a

materiais de todo o mundo. Mas não basta dar liberdade para que a turma

explore tudo isso. É fundamental guiar o aluno nesse processo, ensinando-o a

usar as informações, a tirar conclusões com base nelas, definir o que é

prioritário em cada caso. O computador, quando usado com todos da classe

pode vir a torna-se um recurso valioso, principalmente no desenvolvimento da

independência do processo de aprendizagem, na memorização de conteúdo

de forma prazerosa, na identificação dos próprios erros através de corretor

ortográfico e a possibilidade de corrigir sozinho. Os textos digitados na tela do

computador ganham vida, pois dão significado real ao que o aluno está

pensando. As ferramentas disponíveis no momento da utilização de recursos

básicos do Office, por exemplo, desperta a atenção na medida e velocidade

necessária àqueles que precisam de diferentes meios para se comunicar.

Desta forma é possível observar quando um aluno com dificuldades de

aprendizagem passa a ter vontade de adquirir os conhecimentos acadêmicos,

passa a assumir de maneira mais segura seu papel ocupacional, além de

desenvolver uma melhora no desempenho no processo de aprendizagem.

De acordo com Vitor da Fonseca (2007), devemos empregar o modelo

equilátero de ensino, no qual o professor, além de dominar o currículo e sua

organização, “também leva em consideração as características do potencial de

aprendizagem, a diversidade e a heterogeneidade do perfil cognitivo (áreas

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fortes e fracas) dos seus alunos.” Desta forma, estaremos minimizando as

dificuldades de aprendizagem e o insucesso escolar.

Segundo Nóvoa,

“Qualquer mecanismo pensado para guiar e controlar as

tecnologias precisa envolver o professor e os gestores da

escola. As disciplinas não podem mais ser vistas de modo

individual. Devem se relacionar intimamente. Isso precisa

estar previsto no currículo.” (2001)

O desafio dos educadores está em transformar a aprendizagem

baseada na transmissão da informação em construção e reconstrução do

conhecimento numa espiral contínua. A questão fundamental é pensar de

maneira interdisciplinar. Dessa forma, estaremos possibilitando a

aprendizagem do alunos de maneira mais abrangente ao mesmo tempo que o

mantemos trabalhando em diversos conteúdos ao mesmo tempo. Para isso é

necessário que os professores dominem as habilidades exigidas dos alunos,

como pensamento crítico, capacidade de resolver problemas e de tomar

decisões, boa comunicação e disposição para o trabalho colaborativo.

Esses momentos só serão formadores se forem objeto de um esforço

de reflexão permanente. Incluir os alunos com dificuldades de aprendizagem

na nova realidade digital significa possibilitar sua inclusão digital/social.

Significa praticar a cidadania.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

As diferentes dificuldades específicas da aprendizagem e o transtornos que causam no cotidiano escolar 12 CAPÍTULO II - Desafios suscitados pelo uso das novas tecnologias como

ferramenta didática para a inserção dos alunos com transtornos específicos de

aprendizagem. 20

CAPÍTULO III – A Revista Nova Escola e a tecnologia da informação e

comunicação como ferramenta de ensino 27

CAPÍTULO IV – A importância da formação continuada de professores

mediante ao uso de novas tecnologias da informação e comunicação 38

CONCLUSÃO 45

BIBLIOGRAFIA CITADA 48

ÍNDICE 50

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