universidade candido mendes … candido mendes avm – faculdade integrada curso de pÓs-graduaÇÃo...

48
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS: REAPROVEITAR ANTES DE POLUIR RIO DE JANEIRO 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Upload: phamanh

Post on 08-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS

INTEGRADOS EM QSMS/SGI

SABRINA MIRANDA DE CASTRO

RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS:

REAPROVEITAR ANTES DE POLUIR

RIO DE JANEIRO

2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

SABRINA MIRANDA DE CASTRO

RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS:

REAPROVEITAR ANTES DE POLUIR

Monografia submetida ao Curso de Pós-Graduação em Gestão de Sistemas Integrados em QSMS/SGI da Universidade Candido Mendes – AVM Faculdade Integrada como requisito obrigatório para obtenção de grau. Orientador: Jorge Tadeu Vieira Lourenço

RIO DE JANEIRO

2016

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

Dedico e agradeço a Deus pela oportunidade de estar concluindo meu curso de pós-graduação e dedico esta monografia à minha família, em especial minha mãe, meu pai (in memorian) e minha avó (in memorian) pelo apoio durante minha vida.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

AGRADECIMENTOS

A minha mãe Sônia Rita que tanto amo, por todo amor, compreensão, dedicação, incentivo e apoio. Ao meu pai José Murilo e minha avó Marlene David, ambos in memorian, que Deus os levou, mas que estão em meu coração e lembranças para todo o sempre. Ao meu namorado Davi Waltz que entrou na minha vida meses após o início do curso, mas que faz cada dia ser único pelo simples fato de me encantar com um jeito sincero, doce e carinhoso. Ele participa da minha vida e estamos construindo a cada dia uma base de confiança, respeito, apoio e muito amor, principalmente nos meus momentos de estresse e introspecção. Aos professores e ao orientador que participaram do meu processo de aprendizado durante o período do curso. Obrigada a todos!

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

RESUMO

A destinação correta e consciente dos resíduos sólidos tem sido cada vez mais requisitada neste século devido a gravidade dos problemas ambientais. O presente estudo foi realizado com pesquisas bibliográficas de diversos autores que investigam o assunto, artigos e sites de internet sobre a referida. Nesta pesquisa foram abordados os meios existentes para o tratamento de materiais distintos que são gerados em diversas indústrias no Brasil. A construção civil é a maior geradora de resíduos sólidos e a destinação apropriada desse material é essencial para reduzir os impactos ambientais. Procedimentos existentes amenizam os impactos gerados pelo resíduo bruto, mas observa-se que em alguns desses processos o descarte ou incineração acaba gerando outros tipos de impactos ambientais fazendo com que seja reavaliado cada processo escolhido para o descarte de acordo com o tipo de material. Ao final desta investigação sobre o tema concluiu-se que é fundamental a sensibilização das instituições para que haja mudanças em suas ações e atividades para a implementação efetiva dos processos existentes, ou seja, o desenvolvimento sustentado para os resíduos sólidos.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10

1. O CAMINHO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS............................ 12

1.1. Resíduos sólidos e sua história................................................................. 13

1.2. Principais órgãos fiscalizadores do meio ambiente................................... 19

1.2.1. Ministério do Meio Ambiente................................................................... 19

1.2.2. Conselho Nacional do Meio Ambiente.................................................... 20

1.2.3. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis....................................................................................................... 23

1.2.4. Secretarias de Meio Ambiente................................................................ 24

1.3. Tipos de resíduos...................................................................................... 24

2. GESTÃO DE RESÍDUOS ............................................................................ 29

2.1. Gestão dos resíduos sólidos...................................................................... 29

2.1.1. Gestão integrada dos resíduos sólidos................................................... 30

2.2. Classificação dos resíduos sólidos............................................................ 31

2.2.1. Descarte de resíduos.............................................................................. 32

3. RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS.......................................................... 35

3.1. Tratamento dos resíduos sólidos............................................................... 35

3.1.1. Incineração............................................................................................. 35

3.1.2. Aterro industrial ...................................................................................... 36

3.1.2.1. Localização de aterros de resíduos industriais perigosos .................. 37

3.1.2.2. Impermeabilização inferior .................................................................. 37

3.1.2.3. Impermeabilização superior (cobertura final) ...................................... 39

3.1.3. Reciclagem de resíduos sólidos ............................................................ 39

3.1.3.1. Padronização de recipientes de materiais recicláveis ........................ 40

3.1.4. Demais processos de tratamentos de resíduos ..................................... 40

3.2. Destinação dos resíduos industriais da construção civil ........................... 42

3.2.1. Sustentabilidade na construção civil ...................................................... 43

3.2.2. Impacto ambiental da construção civil ................................................... 44

CONCLUSÃO................................................................................................... 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 50

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

10

INTRODUÇÃO

O manuseio dos resíduos sólidos industriais traz uma análise de como

pode ser difícil o processo adequado para cada tipo de produto. O trabalho com

os resíduos tem que ser elaborado de forma a atender desde a compra do

material até seu descarte final. A contribuição que as empresas e indústrias

geram faz para a sociedade e para o meio ambiente conceitos e exemplos de

como criar meios de preservação.

A avaliação feita para as existências destas dificuldades incluem dentre

outras fatores essenciais para a deficiência da implementação dos

procedimentos existentes e análise de novos meios de descarte.

Historicamente não havia uma diretriz para o descarte de resíduos sólidos, este

cenário começa a ganhar visibilidade com a Resolução 307, de 5 de julho de

2002, do Conselho Nacional de Meio Ambiente e o termo resíduos da

construção civil é mencionado e definido.

Destacamos também que em nosso país ainda há um grande abismo de

formação profissional. Para a área ambiental esta realidade não é diferente.

Profissionais se formam, mas não constituem bases sólidas teóricas e práticas

para desenvolver um projeto em que o debate sobre situações do meio

ambiente como um todo seja discutido e principalmente que ocorra a busca de

soluções criativas a partir de teorias existentes.

Os problemas enfrentados pelas empresas e indústrias referentes à

eliminação correta dos resíduos gerados em seus processos operacionais

demonstra que os profissionais precisam observar a importância desta

modalidade. Reorganizar os conteúdos e os contextos nos processos

ambientais é o primeiro passo para que se torne viável a prática de métodos

existentes para o descarte de resíduos. Estruturalmente as empresas não

estão em seu geral, preparadas para inserir discussões que agucem os

conceitos críticos dos profissionais e consequentemente visualizem de forma

interessante a maneira que os temas são abordados em reuniões sobre o

assunto.

A gestão de resíduos sólidos tem por objetivo auxiliar na

conscientização, criar novos modelos de comportamentos e oportunizar a

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

11

aquisição do saber, atitudes e habilidades para melhorias no aprendizado e

conservação do meio ambiente. A interatividade é fundamental na ampliação

do conhecimento. Nessa direção, a empresa toma para si um papel importante

de orientação das atuais e novas gerações, que com a formação de

pensamentos “aberto às indeterminações, às mudanças, à diversidade, à

possibilidade de construir e reconstruir num processo contínuo de novas

leituras e interpretações, configurando novas possibilidades de ação” (JACOBI,

2004, p. 29).

Na própria Agenda 21, documento importante e elaborado para fins do

cumprimento de objetivos voltados para o desenvolvimento e meio ambiente a

fim de preparar o mundo para os desafios dos próximos anos, relaciona a

importância que a educação tem para conscientização pública e a reorientação

do manuseio para o (desenvolvimento sustentável)1. O ensino mantém

fundamental importância na promoção do desenvolvimento sustentável e para

aumentar a capacidade da população na abordagem das questões

pertencentes ao meio ambiente e desenvolvimento.

Os profissionais atuantes neste processo se tornam fontes de referência

básica para a disseminação do conhecimento. Esta prática está sendo

realizada de forma que a sociedade e o meio ambiente ganhem documentos

que servem de orientação para o andamento das gestões existentes para os

resíduos sólidos.

Entender como realizar cada processo para criar um novo material, por

exemplo, através da reciclagem, ressalta interesse de profissionais e gera um

mercado paralelo financeiro aumentando a renda de algumas famílias. A atual

necessidade existente de uma reflexão sobre os desafios que estão colocados

para mudar as formas de reaproveitar/descartar os materiais residuais são

discussões pertinentes a diversos defensores do ambiente.

1 Desenvolvimento Sustentável: “no contexto da evolução das discussões relativas às contradições entre crescimento econômico e conservação da natureza” (MAZZETTO, C. Desenvolvimento Sustentável).

Conceito básico no Relatório Brundtland – “é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”.

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

12

CAPÍTULO I

O CAMINHO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS

Os resíduos sólidos industriais são todos os resíduos no estado sólido

ou semissólido resultantes das atividades industriais, incluindo lodos e

determinados líquidos, cujas características tornem inviável seu lançamento na

rede pública de esgotos ou corpos d’água ou que exijam para isso soluções

técnicas e economicamente inviáveis. Ainda que os resíduos das atividades da

indústria da construção civil não estejam citados, estes estão inclusos nas

atividades industriais ou mesmo nas atividades de serviços.

Um meio considerado eficaz é explicar e exemplificar através da

educação e conscientização conforme ilustrado na Figura 1. Desde o momento

que o funcionário é admitido, a empresa deve passar todas as orientações

referentes ao descarte ou reaproveitamento dos resíduos gerados dentro da

indústria como um todo. A empresa que mantém este cronograma de

apresentação recebe o retorno através da economia de materiais que deixam

de ser desperdiçados durante a execução de uma obra. Através da

conscientização é possível aumentar o conceito ideário de (sustentabilidade)2

com acesso à informação e a educação ambiental, evoluindo positivamente os

resultados futuros para o meio ambiente.

Figura 1: Evolução - a solução está na educação (CAMBITO, 2007)

2 Sustentabilidade: “a capacidade do planeta sustentar as sociedades humanas e seu nível de consumo de materiais e energia” (MAZZETTO, C. Sustentabilidade).

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

13

Essa preocupação, de caráter mundial, começou a agravar as

consequências ambientais, com isso, fóruns, debates, reportagens, tratados

passaram a ganhar uma importância nas discussões referentes às ações que

são realizadas, por exemplo, nas indústrias e quais os impactos desta na

sociedade e no planeta.

1.1. Resíduos sólidos e sua história

As dificuldades encontradas na redução de resíduos industriais ainda

são grandes e históricas. A discussão sobre este campo nos faz refletir onde

podemos estar errando, seja em sua metodologia, nas empresas que não

promovem a devida importância não focando na redução e/ou reutilização dos

materiais, na coleta seletiva, em aterros adequados para a destinação dos

materiais ou mesmo na reciclagem dos materiais descartados.

O meio ambiente teve seus primeiros passos em pautas no século XIX

com Ernst Haeckel (1869) que propôs o vocábulo ‘ecologia’ para os estudos

das relações entre as espécies e seu ambiente. Na primeira metade do século

XX, em 1947, foi fundado na Suíça a International Union for Consevation of

Nature – IUCN, em português, União Internacional para a Conservação da

Natureza. Contudo, foi a partir do lançamento o livro ‘Primavera Silenciosa’ de

Rachel Carson (1962) nos Estados Unidos que menciona os efeitos do homem

sobre a Natureza que a Educação Ambiental passou a se tornar assunto

importante e de defesa, mas somente em 1965 que é utilizada efetivamente a

expressão Enviromental Education (Educação Ambiental) na Conferência de

Educação da Universidade de Keele, Grã-Bretanha.

No Brasil, a ideia de meio ambiente começou em 1808, ainda no século

XIX com a criação do Jardim Botânico no Rio de Janeiro. Durante os anos,

diversos decretos e entidades foram criadas voltadas para o meio ambiente.

Em 1988, com a Constituição República Federativa do Brasil que o Meio

Ambiente passou a ser destacado perante a sociedade, mas foi em 1992,

durante Rio ECO 92, realizado na cidade do Rio de Janeiro e que recebeu

diversas autoridades dos países pertencentes à Organização das Nações

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

14

Unidas – ONU que foram criados tratados, leis, núcleos, organizações e metas

para a mudança de comportamento da sociedade perante a natureza.

O tema resíduos sólidos ganha visibilidade com a Resolução 307, de 5

de julho de 2002, do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA e o

termo Resíduos da construção civil é definido:

São os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc, comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.

Porém, outra definição é utilizada para resíduos sólidos:

Resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (ABNT NBR 10004/2004; Resíduos sólidos - Classificação).

Os conceitos já demonstram como os resíduos sólidos são classificados

e como um plano deveria executar sua destinação correta. Contudo, em 1991,

antes mesmo da ECO 92, que é aprovado o Projeto de Lei 203 que dispõe

sobre acondicionamento, coleta, tratamento, transporte e destinação dos

resíduos de serviços de saúde. Em sequência, temos:

30 de junho de 1999

Proposição CONAMA 259 intitulada Diretrizes Técnicas para a Gestão de

Resíduos Sólidos. Aprovada pelo plenário do conselho, mas não chegou a ser

publicada.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

15

2001

Câmara dos Deputados cria e implementa Comissão Especial da Política

Nacional de Resíduos com o objetivo de apreciar as matérias contempladas

nos projetos de lei apensados ao Projeto de Lei 203/91 e formular uma

proposta substitutiva global. Com o encerramento da legislatura, a Comissão

foi extinta.

Realizado em Brasília o 1º Congresso Nacional dos Catadores de Materiais

Recicláveis, com 1.600 congressistas, entre catadores, técnicos e agentes

sociais de 17 estados. Eles promoveram a 1ª Marcha Nacional da População

de Rua, com 3.000 participantes.

2003

Em janeiro foi realizado, em Caxias do Sul, o I Congresso Latino-Americano de

Catadores, que propõe formação profissional, erradicação dos lixões,

responsabilização dos geradores de resíduos.

Presidente Lula institui Grupo de Trabalho Interministerial de Saneamento

Ambiental a fim de promover a integração das ações de saneamento

ambiental, no âmbito do governo federal. Grupo de Trabalho reestrutura o setor

de saneamento e resulta na criação do Programa Resíduos Sólidos Urbanos.

Realizada a I Conferência de Meio Ambiente.

2004

Ministério do Meio Ambiente – MMA promove grupos de discussões

interministeriais e de secretarias do ministério para elaboração de proposta

para a regulamentação dos resíduos sólidos.

Em agosto do mesmo ano, o CONAMA realiza o seminário ‘Contribuições à

Política Nacional de Resíduos Sólidos’ com objetivo de ouvir a sociedade e

formular nova proposta de projeto de lei, pois a Proposição CONAMA 259

estava defasada.

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

16

2005

Criado grupo interno na Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos

Humanos do MMA para consolidar contribuições do Seminário CONAMA, os

anteprojetos de lei existentes no Congresso Nacional e as contribuições dos

diversos atores envolvidos na gestão de resíduos sólidos.

Encaminhado anteprojeto de lei de ‘Política Nacional de Resíduos Sólidos’,

debatido com Ministérios das Cidades, da Saúde, mediante sua Fundação

Nacional de Saúde – Funasa, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior, do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome e da Fazenda.

Realizada II Conferência Nacional de Meio Ambiente, para consolidar

participação da sociedade na formulação de políticas ambientais. Um dos

temas prioritários são os resíduos sólidos.

Realizados seminários regionais de resíduos sólidos, promovidos pelo

CONAMA, MMA, Ministério das Cidades, Funasa, Caixa Econômica Federal e

ainda debates com a Confederação Nacional das Indústrias – CNI, Federação

das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, Associação Brasileira de

Engenharia Sanitária – ABES, Compromisso Empresarial para Reciclagem –

CEMPRE, e com outras entidades e organizações afins, tais como Fórum Lixo

& Cidadania e Comitê Interministerial de Inclusão Social dos Catadores de

Lixo.

Instituída nova Comissão Especial na Câmara dos Deputados.

2006

Aprovado relatório (deputado Ivo José) que trata do Projeto de Lei 203/91

acrescido da liberação da importação de pneus usados no Brasil.

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

17

2007

Executivo propõe, em setembro, o Projeto de Lei 1991. O projeto de lei da

Política Nacional de Resíduos Sólidos considerou o estilo de vida da sociedade

contemporânea, que aliado às estratégias de marketing do setor produtivo

levam a um consumo intensivo provocando uma série de impactos ambientais,

à saúde pública e sociais incompatíveis com o modelo de desenvolvimento

sustentado que se pretende implantar no Brasil.

O Projeto de Lei 1991/2007 apresenta forte interrelação com outros

instrumentos legais na esfera federal, tais como a Lei de Saneamento Básico

(Lei nº11.445/2007) e a Lei dos Consórcios Públicos (Lei nº11.107/1995), e seu

Decreto regulamentador (Decreto nº. 6.017/2007). De igual modo está

interrelacionado com as Políticas Nacionais de Meio Ambiente, de Educação

Ambiental, de Recursos Hídricos, de Saúde, Urbana, Industrial, Tecnológica e

de Comércio Exterior e as que promovam inclusão social.

Texto é finalizado e enviado à Casa Civil.

Constituído Grupo de Trabalho – GTRESID para analisar subemenda

substitutiva proposta pelo relator, deputado Arnaldo Jardim, que envolveu

reuniões com a Casa Civil.

2008

Realizadas audiências públicas, com contribuição da CNI, da representação de

setores interessados, do Movimento Nacional de Catadores de Materiais

Recicláveis e dos demais membros do GTRESID.

2009

Em junho, uma minuta do Relatório Final foi apresentada para receber

contribuições adicionais.

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

18

2010

No dia 11 de março, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou em votação

simbólica um substitutivo ao Projeto de Lei 203/91, do Senado, que institui a

Política Nacional de Resíduos Sólidos e impõe obrigações aos empresários,

aos governos e aos cidadãos no gerenciamento dos resíduos. Depois o projeto

seguiu para o Senado. Foi analisado em quatro comissões e no dia 7 de julho

foi aprovado em plenário.

No dia 2 de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia no

Palácio do Itamaraty, sancionou a lei que cria a Política Nacional de Resíduos

Sólidos.

No dia 3 é publicada no Diário Oficial da União a Lei nº 12.305 que institui a

Política Nacional de Resíduos Sólidos e dá outras providências.

No dia 23 de dezembro é publicado no Diário Oficial da União o Decreto nº

7.404, que regulamenta a Lei no12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a

Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política

Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos

Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências.

Também no dia 23 é publicado o Decreto nº 7405, que institui o Programa Pró-

Catador, denomina Comitê Interministerial para Inclusão Social e Econômica

dos Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis o Comitê Interministerial

da Inclusão Social de Catadores de Lixo criado pelo Decreto de 11 de

setembro de 2003, dispõe sobre sua organização e funcionamento, e dá outras

providências.

Os conceitos associados aos resíduos sólidos são decorrentes de diferentes

visões de mundo que foram constituídos ao longo da história e do conceito

inerente à prática. Governantes, empresas, sociedade e meio ambiente sofrem

com as consequências geradas pela destinação inapropriada dos resíduos

gerados. As dificuldades transcorrem por diversos setores de: orçamentos,

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

19

estruturas, motivação, capacitação e compreensão da estrutura para

desenvolvê-la de forma adequada para cada setor. Para as empresas, uma

norma que auxilia na organização e nos processos da instituição é a ABNT

NBR ISO 14001 – Sistema de gestão ambiental – Requisitos com orientações

para uso, datada com seu primeiro lançamento em 1996, que tem como

objetivo permitir a uma organização desenvolver e implementar uma política e

objetivos que levem em conta os requisitos legais e outros requisitos por ela

subscritos e informações referentes aos aspectos ambientais significativos.

1.2. Principais órgãos fiscalizadores do meio ambiente

1.2.1. Ministério do Meio Ambiente

O Ministério do Meio Ambiente, criado em novembro de 1992, tem como

missão promover a adoção de princípios e estratégias para o conhecimento, a

proteção e a recuperação do meio ambiente, o uso sustentável dos recursos

naturais, a valorização dos serviços ambientais e a inserção do

desenvolvimento sustentável na formulação e na implementação de políticas

públicas, de forma transversal e compartilhada, participativa e democrática, em

todos os níveis e instâncias de governo e sociedade.

A Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, que dispõe sobre a organização

da presidência da República e dos ministérios, constituiu como área de

competência do Ministério do Meio Ambiente os seguintes assuntos:

I. política nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos;

II. política de preservação, conservação e utilização sustentável de

ecossistemas, e biodiversidade e florestas;

III. proposição de estratégias, mecanismos e instrumentos econômicos e

sociais para a melhoria da qualidade ambiental e o uso sustentável dos

recursos naturais;

IV. políticas para a integração do meio ambiente e produção;

V. políticas e programas ambientais para a Amazônia Legal;

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

20

VI. zoneamento ecológico-econômico.

1.2.2. Conselho Nacional do Meio Ambiente

O Conselho Nacional do Meio Ambiente é o órgão consultivo e

deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, foi instituído

pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,

regulamentada pelo Decreto 99.274/90.

O CONAMA é composto por Plenário, CIPAM, Grupos

Assessores, Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. O Conselho é presidido

pelo Ministro do Meio Ambiente e sua Secretaria Executiva é exercida pelo

Secretário-Executivo do MMA.

O Conselho é um colegiado representativo de cinco setores, a saber:

órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade

civil. Compõem o Plenário:

o Ministro de Estado do Meio Ambiente, que o presidirá;

o Secretário-Executivo do Ministério do Meio Ambiente, que será o seu

Secretário-Executivo;

um representante do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis – IBAMA;

um representante da Agência Nacional de Águas – ANA;

um representante de cada um dos Ministérios, das Secretarias da

Presidência da República e dos Comandos Militares do Ministério da

Defesa, indicados pelos respectivos titulares;

um representante de cada um dos Governos Estaduais e do Distrito

Federal, indicados pelos respectivos governadores;

oito representantes dos Governos Municipais que possuam órgão

ambiental estruturado e Conselho de Meio Ambiente com caráter

deliberativo, sendo:

um representante de cada região geográfica do País;

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

21

um representante da Associação Nacional de Municípios e Meio

Ambiente – ANAMMA;

dois representantes de entidades municipalistas de âmbito nacional;

vinte e dois representantes de entidades de trabalhadores e da

sociedade civil.

As Câmaras Técnicas são instâncias encarregadas de desenvolver,

examinar e relatar ao Plenário as matérias de sua competência. O Regimento

Interno prevê a existência de 11 Câmaras Técnicas, compostas por 10

Conselheiros, que elegem um Presidente, um Vice-presidente e um Relator. Os

Grupos de Trabalho são criados por tempo determinado para analisar, estudar

e apresentar propostas sobre matérias de sua competência.

O CONAMA reúne-se ordinariamente a cada 3 meses no Distrito

Federal, podendo realizar Reuniões Extraordinárias fora do Distrito Federal,

sempre que convocada pelo seu Presidente, por iniciativa própria ou a

requerimento de pelo menos 2/3 dos seus membros.

É da competência do CONAMA:

estabelecer, mediante proposta do IBAMA, dos demais órgãos

integrantes do SISNAMA e de Conselheiros do CONAMA, normas e

critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente

poluidoras, a ser concedido pela União, pelos Estados, pelo Distrito

Federal e Municípios e supervisionado pelo referido Instituto;

determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das

alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos

públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e

municipais, bem como às entidades privadas, informações, notadamente

as indispensáveis à apreciação de Estudos Prévios de Impacto

Ambiental e respectivos Relatórios, no caso de obras ou atividades de

significativa degradação ambiental, em especial nas áreas consideradas

patrimônio nacional;

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

22

decidir, por meio da Câmara Especial Recursal – CER, em última

instância administrativa, em grau de recurso, sobre as multas e outras

penalidades impostas pelo IBAMA;

determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de

benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou

condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de

financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da

poluição causada por veículos automotores, aeronaves e embarcações,

mediante audiência dos Ministérios competentes;

estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à

manutenção da qualidade do meio ambiente, com vistas ao uso racional

dos recursos ambientais, principalmente os hídricos;

estabelecer os critérios técnicos para a declaração de áreas críticas,

saturadas ou em vias de saturação;

acompanhar a implementação do Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza – SNUC conforme disposto no inciso I do art.

6 o da Lei 9.985, de 18 de julho de 2000;

estabelecer sistemática de monitoramento, avaliação e cumprimento das

normas ambientais;

incentivar a criação, a estruturação e o fortalecimento institucional dos

Conselhos Estaduais e Municipais de Meio Ambiente e gestão de

recursos ambientais e dos Comitês de Bacia Hidrográfica;

avaliar regularmente a implementação e a execução da política e

normas ambientais do País, estabelecendo sistemas de indicadores;

recomendar ao órgão ambiental competente a elaboração do Relatório

de Qualidade Ambiental, previsto no inciso X do art. 9 o da Lei 6.938, de

1981;

estabelecer sistema de divulgação de seus trabalhos;

promover a integração dos órgãos colegiados de meio ambiente;

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

23

elaborar, aprovar e acompanhar a implementação da Agenda Nacional

do Meio Ambiente, a ser proposta aos órgãos e às entidades do

SISNAMA, sob a forma de recomendação;

deliberar, sob a forma de resoluções, proposições, recomendações e

moções, visando o cumprimento dos objetivos da Política Nacional de

Meio Ambiente;

elaborar o seu regimento interno.

1.2.3. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente

do Brasil. As principais funções e atribuições são:

Atua em território nacional com poder de polícia ambiental;

Executa ações de meio ambiente que fazem parte das políticas

nacionais;

Atua na área de licenciamento ambiental;

Faz o controle de qualidade ambiental;

Fiscaliza e autoriza a utilização de recursos naturais;

Faz o controle e monitoramente ambiental;

Edita normas e padrões de qualidade ambiental;

Realiza e executa campanhas educacionais voltadas para a preservação

do meio ambiente;

Elabora sistemas de informações relacionadas ao meio ambiente.

O IBAMA é de extrema importância para a preservação e manutenção

do Meio Ambiente no Brasil. Ele atua de forma eficiente para a preservação de

nossas matas, florestas, rios, fauna e recursos naturais diversos.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

24

1.2.4. Secretarias de Meio Ambiente

As secretarias são órgãos fiscalizadores locais, seja no âmbito estadual

ou municipal, elas possuem autonomia para minimizar os impactos gerados

pelo uso indevido dos recursos naturais. As secretarias possuem como

funções:

Receber, avaliar a procedência das solicitações, encaminhá-las aos

responsáveis ou áreas competentes para devido atendimento,

acompanhar as providências tomadas, cobrar soluções, dar o devido

retorno ao interessado de forma breve e desburocratizada bem como

agilizar mudanças nos procedimentos quando pertinentes;

Desenvolver gestões junto aos dirigentes das unidades da pasta a fim de

que as demandas apresentadas sejam adequadamente examinadas,

atendidas, encaminhadas ou respondidas;

Sugerir ao Secretário do Meio Ambiente a realização de estudos, a

adoção de medidas ou a expedição de recomendações, visando à

regularidade e ao aperfeiçoamento das atividades do órgão e entidades

vinculadas.

Há diversas entidades fiscalizadoras e regulamentadoras do meio

ambiente, nos níveis governamentais, particulares e Organizações não

governamentais – ONG que atuam na prevenção do meio ambiente

abrangendo todo território nacional, incluindo as fiscalizações em empresas,

indústrias, fazendas, empreiteiras etc.

1.3. Tipos de resíduos

Os resíduos sólidos podem ser classificados em lixo comum ou

domiciliar, público e especiais. O resíduo comum é formado por lixos

provenientes das residências, dos prédios públicos, do comércio e das escolas.

Seu principal componente é a matéria orgânica. Faz parte também desse lixo

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

25

uma grande variedade de materiais recicláveis, entre eles, o papel, o papelão,

os plásticos, as latinhas.

Resíduos gerados no lixo público são o resultado dos trabalhos da

limpeza urbana de ruas e praças, entre eles, as folhas e galhos e o lixo

recolhido dos córregos, rios, lagos. Já os resíduos especiais são aqueles

provenientes do lixo gerado na construção civil, chamados de entulhos, os

resíduos biológicos, químicos ou rejeitos radioativos, provenientes de

equipamentos usados no serviço de saúde e o lixo industrial formado por

resíduos corrosivos, inflamáveis, tóxicos.

A Lei 12.305 de Política Nacional de Resíduos Sólidos disciplina a

gestão de resíduos sólidos, determina as diretrizes relativas à gestão integrada

e o gerenciamento dos resíduos sólidos, fazendo distinção entre o lixo que

pode ser reciclado ou reaproveitado e o lixo perigoso, aquele que é rejeitado.

O local mais adequado para a destinação dos resíduos sólidos é o aterro

sanitário, onde o lixo é depositado de forma planejada. Outra porção do lixo é

destinada aos aterros controlados, com critérios menos rígidos, mas com

procedimentos obrigatórios. Já os lixões são os maiores vilões da saúde

ambiental e humana. São compostos originados de material animal ou vegetal,

que tenham em suas composições componentes biológicos dessa origem.

Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com a origem,

tipo, composição química e periculosidade.

Origem dos Materiais

Resíduo Hospitalar ou de Serviços de Saúde: qualquer resto proveniente de

hospitais e serviços de saúde como pronto-socorro, enfermarias, laboratórios

de análises clínicas, farmácias, etc. Geralmente é constituído de seringas,

agulhas, curativos e outros materiais que podem apresentar algum tipo de

contaminação por agentes patogênicos (causadores de doenças).

Resíduo Domiciliar: são aqueles gerados nas residências e sua composição é

bastante variável sendo influenciada por fatores como localização geográfica e

renda familiar. Porém, nesse tipo de resíduo podem ser encontrados restos de

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

26

alimentos, resíduos sanitários (papel higiênico, por exemplo), papel, plástico,

vidro, etc. Materiais como: pilhas e baterias, cloro, água sanitária,

medicamentos vencidos, querosene, solventes, devem ter descarte apropriado

de acordo com o tipo de material.

Resíduo Agrícola: são aqueles gerados pelas atividades agropecuárias

(cultivos, criações de animais, beneficiamento, processamento). Podem ser

compostos por embalagens de defensivos agrícolas, restos orgânicos (palhas,

cascas, estrume, animais mortos, bagaços) e produtos veterinários.

Resíduo Comercial: são aqueles produzidos pelo comércio em geral. A maior

parte é constituída por materiais recicláveis como papel e papelão,

principalmente de embalagens, e plásticos, mas também podem conter restos

sanitários e orgânicos.

Resíduo Industrial: são originados dos processos industriais. Possuem

composição bastante diversificada e uma grande quantidade desses rejeitos é

considerada perigosa. Podem ser constituídos por escórias (impurezas

resultantes da fundição do ferro), cinzas, lodos, óleos, plásticos, papel,

borrachas.

Resíduo da construção civil: quase 100% destes resíduos podem ser

reaproveitados embora isso não ocorra na maioria das situações por falta de

informação. Os entulhos são compostos por: restos de demolição (madeiras,

tijolos, cimento, rebocos, metais, etc.), de obras e solos de escavações

diversas.

Resíduo Público ou de Varrição: é aquele recolhido nas vias públicas, galerias,

áreas de realização de feiras e outros locais públicos. Sua composição é muito

variada dependendo do local e da situação onde é recolhido, mas podem

conter: folhas de árvores, galhos e grama, animais mortos, papel, plástico,

restos de alimentos.

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

27

Resíduos Sólidos Urbanos: é o nome usado para denominar o conjunto de

todos os tipos de resíduos gerados nas cidades e coletados pelo serviço

municipal (domiciliar, de varrição, comercial e, em alguns casos, entulhos).

Resíduos de Portos, Aeroportos e Terminais Rodoviários e Ferroviários: o lixo

coletado nesses locais é tratado como “resíduo séptico”, pois pode conter

agentes causadores de doenças trazidas de outros países. Os resíduos que

não apresentam esse risco de contaminação podem ser tratados como lixo

domiciliar.

Resíduo de Mineração: podem ser constituídos de solo

removido, metais pesados, restos e lascas de pedras.

Tipo de Descarte

Resíduo Reciclável: papel, plástico, metal, alumínio, vidro.

Resíduo Não Reciclável ou Rejeito: resíduos que não são recicláveis, ou

resíduos recicláveis contaminados.

Composição Química dos Materiais

Orgânicos: restos de alimentos, folhas, grama, animais mortos, esterco, papel,

madeira, etc. Alguns compostos orgânicos podem ser tóxicos e são

classificados Poluentes Orgânicos Persistentes – POP e Poluentes Orgânicos

Não Persistentes.

Poluentes Orgânicos Persistentes: hidrocarbonetos de elevado peso

molecular, clorados e aromáticos, alguns pesticidas. Estes compostos

orgânicos são tão perigosos que foi criada uma norma internacional para seu

controle denominada ‘Convenção de Estocolmo’.

Poluentes Orgânicos Não Persistentes: óleos, solventes de baixo peso

molecular, alguns pesticidas biodegradáveis e a maioria dos detergentes.

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

28

Inorgânicos: vidros, plásticos, borrachas.

Periculosidade dos Materiais

A classificação foi definida pela ABNT NBR 10004:2004 da seguinte

forma:

Resíduos Perigosos (Classe I): são aqueles que por suas características

podem apresentar riscos para a sociedade ou para o meio ambiente. São

considerados perigosos também os que apresentem uma das seguintes

características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou

patogenicidade. Os resíduos que recebem esta classificação requerem

cuidados especiais de destinação.

Resíduos Não Perigosos (Classe II): não apresentam nenhuma das

características acima, podem ainda ser classificados em dois subtipos:

Classe II A – não inertes: apresentam algumas das características:

biodegradabilidade, combustibilidade e solubilidade em água.

Classe II B – inertes: quando submetidos ao contato com água destilada

ou desionizada, à temperatura ambiente, não tiverem nenhum de seus

constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de

potabilidade da água, com exceção da cor, turbidez, dureza e sabor, itens

dispostos no anexo G da norma ABNT NBR 10004:2004.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

29

CAPÍTULO II

GESTÃO DE RESÍDUOS

2.1. Gestão dos resíduos sólidos

A Gestão de Resíduos Sólidos – GRS é um conjunto de atitudes

(comportamentos, procedimentos, propósitos) que apresentam como objetivo

principal, a eliminação dos impactos ambientais negativos, associados à

produção e à destinação do lixo. Na ausência do gerenciamento de resíduos

sólidos, a produção e a destinação do lixo podem conduzir aos seguintes

problemas, entre vários outros: contaminação do solo com fungos e bactérias;

contaminação das águas de chuva e do lençol freático; aumento da população

de ratos, baratas e moscas, disseminadores de doenças diversas; aumento dos

custos de produtos e serviços; entupimento das redes de drenagem das águas

de chuva; assoreamento dos córregos e dos cursos d’água; incêndios de largas

proporções e difícil combate; destruição da camada de ozônio etc.

A gestão de resíduos sólidos pode diminuir, e em alguns casos evitar,

esses impactos negativos, propiciando níveis crescentes de qualidade de vida,

saúde pública e bem estar social, além de gerar uma redução das despesas de

recuperação das áreas degradadas, da água, dos lençóis freáticos e do ar

poluídos, possibilitando a aplicação desses mesmos recursos (econômicos) em

outras áreas de interesse da população. Além disso, a GRS aplicada às

indústrias e às fábricas reduz os custos de produção, possibilitando a

recuperação de matérias-primas, aproveitáveis no processo de fabricação, ou

comercializáveis para terceiros.

A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos é

bastante atual e contém instrumentos importantes para permitir o avanço

necessário do país no enfrentamento dos principais problemas ambientais,

sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.

A prevenção e a redução na geração de resíduos visam como proposta a

prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para

propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos e a

destinação ambientalmente adequada dos rejeitos e manter uma

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

30

responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes,

importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de

manejo dos resíduos sólidos urbanos e embalagens pós-consumo e pós-

consumo.

A criação de metas importantes para a eliminação dos lixões e instituir

instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, microregional,

intermunicipal e metropolitano e municipal; essas ações ajudam a atingir metas

do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que era de alcançar o índice de

reciclagem de resíduos de 20% em 2015.

Segundo dados de 2008 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística – IBGE, por meio da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico –

PNSB, 99,96% dos municípios brasileiros têm serviços de manejo de Resíduos

Sólidos, mas 50,75% deles dispõem seus resíduos em vazadouros; 22,54% em

aterros controlados; 27,68% em aterros sanitários. Esses mesmos dados

apontam que 3,79% dos municípios têm unidade de compostagem de resíduos

orgânicos; 11,56% têm unidade de triagem de resíduos recicláveis; e 0,61%

têm unidade de tratamento por incineração. A prática desse descarte

inadequado provoca sérias e danosas consequências à saúde pública e ao

meio ambiente e associa-se ao triste quadro socioeconômico de um grande

número de famílias que, excluídas socialmente, sobrevivem dos ainda

existentes lixões de onde retiram os materiais recicláveis que comercializam.

2.1.1. Gestão integrada dos resíduos sólidos

A Gestão Integrada de Resíduos Sólidos inclui todas as ações voltadas

à busca de soluções para os resíduos sólidos, incluindo os planos nacional,

estaduais, microrregionais, intermunicipais, municipais e os de gerenciamento.

Os planos de gestão sob responsabilidade dos entes federados – governos

federal, estaduais e municipais – devem tratar de questões como coleta

seletiva, reciclagem, inclusão social e participação da sociedade civil.

A gestão integrada envolve também os resíduos de serviços de saúde,

da construção civil, de mineração, de portos, aeroportos e fronteiras, industriais

e agrossilvopastoris.

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

31

A gestão integrada de resíduos sólidos é um conjunto de metodologias

com vista na redução não só da produção e eliminação de resíduos, como do

melhor acompanhamento durante todo o seu ciclo produtivo. Tem como

finalidade reduzir a produção de resíduos na origem, gerir a produção dos

mesmos no sentido de atingir um equilíbrio entre a necessidade de produção

de resíduos, e o seu impacto ambiental.

A redução na origem ou redução na fonte é o objetivo de um conjunto de

políticas e estratégias que visam a uma mudança na concepção,

transformação, movimentação ou utilização de produtos ou substâncias, com o

intuito de reduzir a quantidade de matérias primas ou subprodutos, diminuindo

assim quer a necessidade de exploração de recursos naturais, como a redução

de resíduos intermédios ou a toxicidade dos mesmos.

2.2. Classificação dos resíduos sólidos

A classificação dos resíduos sólidos acontece de acordo com a Norma

ABNT NBR 10004:2004, conforme Figura 2, os resíduos sólidos industriais são

classificados nas seguintes classes:

a) Resíduos de Classe I – Perigosos: resíduos que, em função de suas

propriedades físico-químicas e infectocontagiosas, podem apresentar risco à

saúde pública e ao meio ambiente. Devem apresentar ao menos uma das

seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade

e patogenicidade;

b) Resíduos de Classe II - Não Inertes: aqueles que não se enquadram

nas classificações de resíduos classe I ou classe III. Apresentam propriedades

tais como: combustibilidade, biodegrabilidade ou solubilidade em água;

c) Resíduos de Classe III – Inertes: quaisquer resíduos que submetidos

a um contato estático ou dinâmico com água, não tenham nenhum de seus

componentes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de

potabilidade de água. Estão definidos pelo Anexo H da Norma ABNT NBR

10004:2004.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

32

Figura 2: NBR 10004:2004 – Caracterização e classificação de resíduos (BR DISTRIBUIDORA,

2005)

2.2.1. Descarte de resíduos

Um dos grandes desafios dos municípios está diretamente ligado à

gestão dos resíduos sólidos. Temas como a implementação de aterros

sanitários, a desativação de lixões e o trabalho de coleta seletiva solidária,

entre outros, fazem parte da PNRS, discutida durante a 1ª Conferência Livre de

Meio Ambiente das Agendas 21 Locais do Estado do Rio de Janeiro.

Organizado pelos Fóruns Locais, o evento teve como principal objetivo a

discussão de meios efetivos de aplicação da PNRS.

A Conferência foi dividida em quatro eixos temáticos: produção e

consumo sustentáveis; impactos ambientais; geração de emprego, trabalho e

renda e, por fim, educação ambiental. Sendo este último reconhecido como

um de seus principais instrumentos da PNRS. Diante da importância do tema, o

descarte de resíduos sólidos realizado na fonte diminui a geração de

montantes de lixos que não podem ser reaproveitados ou reciclados pelo

descarte incorreto do material.

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

33

Separe as garrafas PET para reciclagem: Entregar as garrafas PET para

reciclagem reduz lixo e gera empregos no país. O Brasil joga fora

metade das garrafas e nossas indústrias importam PET;

Lojas de celular recebem baterias velhas para reciclagem: Quase 180

milhões de baterias de celular são descartadas todos os anos no Brasil.

São 11 mil toneladas de lixo tóxico que deveria ser reciclado. Portanto

entregue a bateria velha na loja;

Baterias piratas têm mais mercúrio: Baterias piratas para celular duram

menos e podem conter dez vezes mais mercúrio que as baterias

vendidas legalmente no Brasil. O mercúrio é um dos metais mais tóxicos

que existem e ataca gravemente o sistema nervoso. Evitar as piratas é

bom para o seu bolso e mais ainda para sua saúde e a do planeta, já

que 60% do lixo brasileiro vão para lixões onde mercúrio destas pilhas

vai poluir o solo e o lençol de água;

Não jogue óleo usado na pia: Óleo usado é reciclável. Vira emprego e

renda em entidades que produzem sabão com ele. Uma única lata de 1

litro de óleo usado, despejada na pia, além de entupir o encanamento,

pode contaminar até 18 mil litros d’água, quase dois caminhões pipa.

Veja o local mais próximo onde entregar óleo usado para reciclar;

Prefira produtos não embalados e sem isopor: Embalagens tipo

‘caixinha-dentro-de-saquinho-dentro-da-sacola-e-do-sacolão’ geram

muito lixo;

Leve sacola retornável ao fazer compras: Saco plástico chega a 40%

das embalagens jogadas no lixo e leva mais de 100 anos para se

decompor;

Reciclar produtos diminui o lixo: De cada dez caminhões de lixo

recolhido no Brasil, apenas um vai para reciclagem. Escolher produtos

com menos embalagens e enviar tudo que puder para reciclagem

ajudam a reduzir a montanha de lixo;

Recicle suas pilhas: O Brasil joga fora 1 bilhão de pilhas usadas

anualmente. Se fossem recicladas, seriam recuperadas mil toneladas de

zinco e 1.500 toneladas de manganês, minerais usados na correção de

solos para agricultura;

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

34

Recicle latinhas de alumínio: Uma latinha de alumínio feita a partir de

minério virgem gasta 20 vezes mais energia elétrica para ser produzida

do que uma latinha feita de alumínio reciclado. Portanto, recicle as

latinhas, assim você evita a extração de mais minério e, ao mesmo

tempo, economiza energia;

Recicle o plástico e ajude na educação da cidade: A coleta urbana

domiciliar, só em São Paulo, recolhe anualmente mais de 600 mil

toneladas de plástico. Se não for reciclado, esse material acaba

despejado nos aterros sanitários usados pela cidade, fazendo lotar mais

cedo o espaço disponível para descarte e obrigando o governo a

construir novos aterros.

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

35

CAPÍTULO III

RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS

3.1. Tratamento dos resíduos sólidos

É comum proceder no tratamento de resíduos industriais com vistas à

sua reutilização ou pelo menos à sua inertização. Dada à diversidade destes

resíduos, não existe um processo de tratamento pré-estabelecido, havendo

sempre a necessidade de realizar pesquisas e desenvolvimento de processos

economicamente viáveis.

3.1.1. Incineração

A incineração é um processo de queima controlada na presença de

oxigênio, no qual os materiais à base de carbono são reduzidos a gases e

materiais inertes com geração de calor. Esse processo permite a redução em

volume e peso dos resíduos sólidos em cerca de 60 a 90%. Normalmente, o

excesso de oxigênio empregado na incineração é de 10 a 25% acima das

necessidades de queima dos resíduos.

Um incinerador é um equipamento composto por duas câmaras de

combustão, onde na primeira câmara os resíduos sólidos e líquidos são

queimados à temperatura variando entre 800 e 1.000 °C. Na segunda câmara,

os gases provenientes da combustão inicial são queimados a temperaturas da

ordem de 1.200 a 1.400 °C. Os gases da combustão secundária são

rapidamente resfriados para evitar a recomposição das extensas cadeias

orgânicas tóxicas e em seguida tratados em lavadores, ciclones ou

precipitadores eletrostáticos, antes de serem lançados na atmosfera através de

uma chaminé.

Como a temperatura de queima dos resíduos não é suficiente para

volatilizar os metais, estes se misturam às cinzas, podendo ser posteriormente

separados destas e recuperados para comercialização.

Para os resíduos tóxicos contendo cloro, fósforo ou enxofre, além da

necessidade de maior permanência dos gases na câmara, são necessários

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

36

sofisticados sistemas de tratamento para que estes possam ser lançados na

atmosfera.

Já os resíduos compostos apenas por átomos de carbono, hidrogênio e

oxigênio necessitam somente um sistema eficiente de remoção do material

particulado expelido juntamente com os gases da combustão.

Existem diversos tipos de fornos de incineração. Os mais comuns são os

de grelha fixa, de leito móvel e o rotativo.

As grandes vantagens de um incinerador são:

garantia da eficiência de tratamento, quando em perfeitas condições de

funcionamento;

redução substancial do volume de resíduos a ser disposto, cerca de

95%.

As principais desvantagens de um incinerador são:

custo operacional e de manutenção elevado;

manutenção difícil, exigindo trabalho constante de limpeza no sistema de

alimentação de combustível auxiliar, exceto se for utilizado gás natural;

elevado risco de contaminação do ar devido a geração dioxinas da

queima de materiais clorados;

risco de contaminação do ar pela emissão de materiais particulados;

elevado custo de tratamento dos efluentes gasosos e líquidos (águas de

arrefecimento das escórias e de lavagem de fumos.

3.1.2. Aterro industrial

É uma alternativa de destinação de resíduos industriais, que se utiliza de

técnicas que permitem a disposição controlada destes resíduos no solo, sem

causar danos ou riscos à saúde pública, e minimizando os impactos

ambientais.

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

37

Essa técnica consiste em confinar os resíduos industriais na menor área

e volume possíveis, cobrindo-os com uma camada de material inerte na

conclusão de cada jornada de trabalho ou intervalos menores, caso necessário.

Os aterros industriais são classificados nas classes I, II ou III, conforme

a periculosidade dos resíduos a serem dispostos. Os aterros Classe I podem

receber resíduos industriais perigosos; os Classe II, resíduos não-inertes; e os

Classe III, somente resíduos inertes.

Célula é módulo de um aterro industrial que contempla isoladamente

todas as etapas de construção, operação e controle exigidas para um aterro

industrial.

3.1.2.1. Localização de aterros de resíduos industriais perigosos

As localizações deverão ser selecionadas, preferencialmente, áreas

naturalmente impermeáveis para construção de aterros de resíduos industriais.

Estas áreas se caracterizam pelo baixo grau de saturação, pela relativa

profundidade do lençol freático e pela predominância, no subsolo, de material

argiloso.

Não é possível instalar aterros industriais em áreas inundáveis, de

recarga de aquíferos, em áreas de proteção de mananciais, mangues e habitat

de espécies protegidas, ecossistemas de áreas frágeis ou em todas aquelas

definidas como de preservação ambiental permanente, conforme legislação em

vigor.

Deverão ser respeitadas as distâncias mínimas estabelecidas em norma,

a corpos d'água, núcleos urbanos, rodovias e ferrovias, quando da escolha da

área do aterro. A construção de aterros em áreas cujas dimensões não

possibilitem uma vida útil para o aterro igual ou superior a 20 (vinte) anos, não

deverá ser executada.

3.1.2.2. Impermeabilização inferior

Os aterros industriais deverão possuir sistema duplo de

impermeabilização inferior composto de manta sintética sobreposta a uma

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

38

cama de argila compactada, de forma a alcançar coeficiente de permeabilidade

menor ou igual a 1,0 x 10-7 cm/s, com espessura mínima de 60 centímetros,

devendo ser mantida uma distância mínima de 2 metros entre a superfície

inferior do aterro e o nível mais alto do lençol freático.

Sobre o material sintético deverá ser assentada uma camada de terra

com espessura mínima de 50 centímetros. Na escolha da manta sintética a ser

aplicada, deverão ser observados os seguintes aspectos:

resistência química aos resíduos a serem dispostos, assim como o

envelhecimento à ozona, à radiação, à ultra violeta e aos

microorganismos, essas características devem ser comprovadas através

de ensaios de laboratório;

resistência à intempéries para suportar os ciclos de umidecimento;

secagem;

resistência a tração, flexibilidade e alongamento, suficiente para suportar

os esforços de instalação e de operação;

resistência à laceração, abrasão e punção de qualquer material

pontiagudo ou cortante que possa estar presente nos resíduos;

facilidade para execução de emendas e reparos em campo, em

quaisquer circunstâncias.

O sistema duplo de impermeabilização deverá ser construído de modo a

evitar rupturas devido a pressões hidrostáticas e hidrogeológicas, condições

climáticas, tensões da instalação, da impermeabilidade ou aquelas originárias

da operação diária.

O sistema duplo de impermeabilização deverá ser assentado sobre uma

base ou fundação capaz de suportá-lo, bem como resistir aos gradientes de

pressão acima e abaixo da impermeabilização de forma a evitar sua ruptura por

assentamento com pressão ou levantamento do aterro.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

39

3.1.2.3. Impermeabilização superior (cobertura final)

Quando do fechamento de cada célula de um aterro industrial, a

impermeabilização superior a ser aplicada deverá garantir que a taxa de

infiltração na área seja tão pequena quanto possível. Desta forma, esta

impermeabilização deverá ser no mínimo tão eficaz quanto o sistema de

impermeabilização inferior empregado.

O sistema de impermeabilização superior deverá compreender das

seguintes camadas, de cima para baixo:

1. camada de solo original de 60 (sessenta) centímetros, para garantir o

recobrimento com vegetação nativa de raízes não axiais;

2. camada drenante de 25 (vinte e cinco) centímetros de espessura, com

coeficiente de permeabilidade maior ou igual a 1,0x10-3cm/s;

3. manta sintética com a mesma especificação utilizada no sistema de

impermeabilização inferior;

4. camada de argila compactada de 50 (cinqüenta) centímetros de

espessura, com coeficiente de permeabilidade menor ou igual a 1,0 x

10-7cm/s.

3.1.3. Reciclagem de resíduos sólidos

A reciclagem em geral trata de transformar os resíduos em matéria-

prima, gerando economias no processo industrial. Isto exige grandes

investimentos com retorno imprevisível, já que é limitado o repasse dessas

aplicações no preço do produto, mas esse risco reduz na medida em que o

desenvolvimento tecnológico abre caminhos mais seguros e econômicos para

o aproveitamento desses materiais.

Para incentivar a reciclagem e a recuperação dos resíduos, alguns

estados possuem bolsas de resíduos, que são publicações periódicas,

gratuitas, onde a indústria coloca os seus resíduos à venda ou para doação.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

40

3.1.3.1. Padronização de recipientes de materiais recicláveis

O CONAMA publicou no dia 19 de junho de 2001, no Diário Oficial – DO,

a Resolução nº 275, de 25 de abril de 2001, que define as cores que são

utilizadas nos recipientes de materiais recicláveis conforme é ilustrado na

Figura 3. O objetivo da decisão é estabelecer um padrão nacional de cores e

adequá-lo aos padrões internacionais.

As cores padronizadas são:

Figura 3: Coleta seletiva de resíduos – Código de cores para os recipientes (BR

DISTRIBUIDORA, 2003)

3.1.4. Demais processos de tratamento de resíduos

Há outros processos para o tratamento de resíduos sólidos que ajudam

a minimizar o material gerado nas indústrias de diversos segmentos. São

alguns deles:

neutralização, para resíduos com características ácidas ou alcalinas;

secagem ou mescla, que é a mistura de resíduos com alto teor de

umidade com outros resíduos secos ou com materiais inertes, como

serragem;

encapsulamento, que consiste em revestir os resíduos com uma camada

de resina sintética impermeável e de baixíssimo índice de lixiviação;

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

41

incorporação, onde os resíduos são agregados à massa de concreto ou

de cerâmica em uma quantidade tal que não prejudique o meio ambiente

ou ainda que possam ser acrescentados a materiais combustíveis sem

gerar gases prejudiciais ao meio ambiente após a queima.

O tratamento para os resíduos deve ser previamente aprovado pelos

órgãos de meio ambiente e, se envolver casos particulares, por outras

autoridades, também, como no caso de resíduos com agrotóxicos (Ministério

da Agricultura – MA) e resíduos de Serviços de Saúde e ambulatórios

(Ministério da Saúde – MS).

Nas atividades que envolvem produtos químicos o processo de

tratamento é diferenciado, conforme a seguir:

Tratamento Biológico: usado para efluentes contaminados com produtos

químicos, com tratamentos biológicos onde microorganismos metabolizam as

substâncias, resultando em produtos inócuos ao meio ambiente e às pessoas.

Às vezes são antecedidos, nas Estações de Tratamento – ET, por processos

físicos e químicos. Seu custo é menor que o dos tratamentos térmicos;

Tratamento térmico: usado para resíduos sólidos com poder calorífico residual

atraente ou com possibilidade de contribuir para a melhora da qualidade do

cimento em cujo forno entrou o resíduo. Pode ser por incineração ou por

coprocessamento. Para os efluentes líquidos contaminados, esta pode ser a

única rota viável se a Demanda Química de Oxigênio – DQO do efluente for

demais elevada e ameaçar a biota da ET.

A empresa que conduz o tratamento fica obrigada a emitir, para cada

lote tratado, um Certificado de Destinação do Resíduo, que o gerador deve

guardar em seus registros.

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

42

3.2. Destinação dos resíduos industriais da construção civil

A gestão e manejo de resíduos da construção civil e demolição estão

disciplinados, desde 2002, pela Resolução 307 do CONAMA. As legislações

recentes, que regram o saneamento básico e definem a política nacional para

os resíduos sólidos incorporam as diretrizes gerais desta resolução e

posicionam suas definições no arcabouço regratório do saneamento e gestão

do conjunto dos resíduos.

A Resolução de número 307, de 5 de julho de 2002, do CONAMA

estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da

construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os

impactos ambientais. O CONAMA é o órgão consultivo e deliberativo do

SISNAMA e foi instituído pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política

Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/90.

A Classificação dos Resíduos da Construção Civil no Brasil se dá

através da Resolução de número 307 da seguinte forma:

Resolução CONAMA 307 Art. 3°: Os resíduos da construção civil deverão ser

classificados, para efeito desta Resolução, da seguinte forma:

I – Classe A – são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais

como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de

outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:

componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc),

argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em

concreto (blocos, tubos, meios-fios etc) produzidas nos canteiros de obras;

II – Classe B – são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:

plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

43

III – Classe C – são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas

tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua

reciclagem ou recuperação;

IV – Classe D – são resíduos perigosos oriundos do processo de construção,

tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou

prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas

radiológicas, instalações industriais e outros bem como telhas e demais objetos

e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

3.2.1. Sustentabilidade na construção civil

A atividade da construção civil tem grande impacto sobre o meio

ambiente em razão do consumo de recursos naturais ou extração de jazidas;

do consumo de energia elétrica nas fases de extração, transformação,

fabricação, transporte e aplicação; da geração de resíduos decorrentes de

perdas, desperdício e demolições, bem como do desmatamento e de

alterações no relevo. Na análise sobre as características das ‘cidades

sustentáveis’ brasileiras, a indústria da construção foi indicada como um setor a

ser aperfeiçoado.

Um estudo promovido pelo International Council for Research and

Innovation in Building and Construction – CIB, que gerou a ‘Agenda 21 para a

Construção Sustentável’, também indica a indústria da construção civil como

elemento de grande importância na questão da sustentabilidade. No nível

urbano, as vantagens da construção sustentável são significativas. Os estudos

sobre indicadores de sustentabilidade urbana com a finalidade de identificar os

progressos atingidos; demonstrando que esforços de recuperação ou

renovação do ambiente construído, em grandes projetos urbanos, geralmente

são seguidos por valorização imobiliária, o que é um indicador do aumento da

qualidade de vida e crescimento da atividade econômica em geral, com a

atração de capitais e negócios externos (KARPINSK, 2009).

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

44

3.2.2. Impacto ambiental da construção civil

Conforme Pinto (1992), a enorme quantidade de resíduos produzida pela

indústria da construção civil tem sido causadora de problemas urbanos, sociais

e econômicos. O gerenciamento desses resíduos torna-se mais complicado

quanto a quantidade produzida.

O conjunto de processos que acompanha a construção civil acaba por

fazer parte de importantes impactos ambientais que degradam

significativamente a qualidade de vida do ambiente urbano. Estima-se que a

cadeia de ações da construção civil seja responsável pelo consumo de 20 a

50% de todos os recursos naturais disponíveis, renováveis e não-renováveis.

Para avaliar o nível de impacto causado ao meio ambiente com a disposição de

resíduos de construção e demolição, pode-se lançar mão da avaliação da

hierarquia da disposição de resíduos apresentada na Figura 4, de acordo com

Leite (2001), apresentada da seguinte forma:

Figura 4 – Hierarquia da disposição de resíduos de construção e demolição (LEITE,

2001)

a redução da geração de resíduos: mostra-se como a alternativa mais

eficaz para a diminuição do impacto ambiental, além de ser a melhor

alternativa do ponto de vista econômico;

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

45

a reutilização dos resíduos: uma simples movimentação de materiais de

uma aplicação para outra, decisão utilizada com o mínimo de

processamento e energia;

a reciclagem dos resíduos: a transformação destes em novos produtos;

a compostagem dos resíduos: consiste basicamente na transformação

da parte orgânica em húmus para o tratamento do solo;

a incineração dos resíduos: pode extrair energia dos materiais sem gerar

substâncias tóxicas, quando é cuidadosamente operacionalizada;

o aterramento dos resíduos: quando não há mais o que se aproveitar

dos resíduos.

Conforme Pinto (1999), no processo construtivo o alto índice de perdas

do setor é a principal causa do entulho gerado, embora nem toda perda se

transforme efetivamente em resíduo, pois uma parte acaba ficando na própria

obra.

A questão das perdas em processos construtivos vem sendo tratada de

forma intensa no Brasil. A classificação adotada partiu do conceito das sete

perdas de Shingo (1981), que foi adaptada para a construção civil, na qual são

identificadas:

1. Perdas por superprodução: referem-se às perdas que ocorrem por causa

da produção em quantidades superiores às necessárias, como, por

exemplo, produção de argamassa em quantidade superior à necessária

para um dia de trabalho, excesso de espessura de lajes de concreto

armado.

2. Perdas por espera: relacionadas com a sincronização e o nivelamento

do fluxo de materiais e as atividades dos trabalhadores, podem envolver

tanto perdas de mão-de-obra quanto de equipamentos, como, por

exemplo, paradas nos serviços originadas por falta de disponibilidade de

equipamentos ou de materiais.

3. Perdas por transporte: estão associadas ao manuseio excessivo ou

inadequado dos materiais e componentes em razão de uma má

programação das atividades ou de um layout ineficiente, como, por

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

46

exemplo, tempo excessivo despendido no transporte em virtude de

grandes distâncias entre os estoques e o guincho, quebra de materiais

pelo seu duplo manuseio ou uso de equipamento de transporte

inadequado.

4. Perdas no processamento em si: têm origem na própria natureza das

atividades do processo ou na sua execução inadequada; decorrem da

falta de procedimentos padronizados e da ineficiência nos métodos de

trabalho, da falta de treinamento da mão-de-obra ou de deficiências no

detalhamento e construtividade dos projetos. São exemplos deste tipo

de perdas: quebra de paredes rebocadas para viabilizar a execução das

instalações, quebra manual de blocos em razão da falta de meios-

blocos.

5. Perdas nos estoques: estão associadas à existência de estoques

excessivos, em virtude da programação inadequada na entrega dos

materiais ou de erros no orçamento, podendo gerar situações de falta de

locais adequados para a deposição; também decorrem da falta de

cuidados no armazenamento dos materiais. Podem resultar tanto em

perdas de materiais quanto de capital como, por exemplo, custo

financeiro dos estoques, deterioração do cimento por causa do

armazenamento em contato com o solo e/ou em pilhas muito altas.

6. Perdas no movimento: decorrem da realização de movimentos

desnecessários por parte dos trabalhadores durante a execução das

suas atividades e podem ser geradas por frentes de trabalho afastadas e

de difícil acesso; falta de estudo de layout do canteiro e do posto de

trabalho; falta de equipamentos adequados etc. São exemplos deste tipo

de perda tempo excessivo de movimentação entre postos de trabalho

por causa da falta de programação de uma sequência adequada de

atividades e esforço excessivo do trabalhador em função de condições

ergonômicas desfavoráveis.

7. Perdas pela elaboração de produtos defeituosos: ocorrem quando são

fabricados produtos que não atendem aos requisitos de qualidade

especificados; geralmente, originam-se da ausência de integração entre

o projeto e a execução, das deficiências do planejamento e controle do

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

47

processo produtivo, da utilização de materiais defeituosos e da falta de

treinamento dos operários. Resultam em retrabalhos ou em redução do

desempenho do produto final, como, por exemplo, falhas nas

impermeabilizações e pinturas, descolamento de azulejos.

É considerada como perda a quantidade de material sobreutilizada em

relação às especificações técnicas ou às especificações de projeto, podendo

ficar incorporada ao serviço ou transformar-se em resíduo. Dentre os tipos de

perdas, quatro são destacadas por gerarem resíduos de construção civil: perda

por transporte, processamento em si, estoque e elaboração de produtos

defeituosos.

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

48

CONCLUSÃO

Com esta pesquisa ficou evidente a importância da gestão dos resíduos

sólidos nas empresas, tanto para a responsabilização como para a

conscientização. Ficou evidenciado que a já existe processos de descarte

consciente dos resíduos gerados nas indústrias e na construção civil. Foi

também observado que apesar dos avanços o Brasil ainda enfrenta desafios

metodológicos e conceituais que ainda tratam de forma fragmentada

diminuindo a abrangência que os processos podem atingir.

Portanto, é preciso ainda que a indústria se veja como agente de

mudança e que por isso precisa compreender que a gestão de resíduos não se

processa apenas com a aquisição de maquinários, mas também através da

mudança de comportamento e aquisição de novos valores e conceitos. Assim,

já não basta que conscientize, pois já não basta ao homem conhecer os

problemas ambientais, é preciso que se consiga preparar o homem para agir,

intervir e analisar as situações degradantes às quais o meio ambiente tem sido

submetido.

É fundamental que se construa pessoas ativas, participativas e

conscientes nas empresas e que a ação do homem na natureza é recíproca. E

para isto é importante que se melhore as aplicações das políticas públicas

educacionais tornando necessário o investimento na formação dos

profissionais para que estes tendam a desenvolver mudanças para um estilo de

vida sustentável e repassem isso para a sociedade.

Este processo de mudança ocorre tanto dentro da empresa quanto em

instituições preocupadas com o ensino ambiental. A sociedade torna-se

participativa quando conhece para que ‘serve’ a preocupação com a destinação

de resíduos no meio ambiente. Quando se consegue transmitir a importância

que a conscientização, sustentabilidade e ações de desenvolvimento

sustentável impactam na comunidade empresarial e na comunidade local ao

redor dos muros é mais fácil assimilar o interesse pelo problema.

Apesar dos avanços e da importância, é um tema que ainda tem muito a

ser explorado e que por isso está longe de se esgotar a necessidade e

prioridade em pesquisas que estimulem e tragam novos horizontes para suprir

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

49

a carência existente e que serão enriquecedoras na discussão tão importante

para a preservação ambiental.

A dedicação de profissionais da área ambiental é essencial para quebrar

esta barreira que abstratamente pode existir. A gestão de resíduos sólidos é

um tema relativamente fácil de ser abordado, pois estamos inseridos no

ambiente e ele está diariamente em nossas rotinas. Todavia, somente um

estudo interdisciplinar pode compreender a complexidade ambiental. É preciso

inovar na ética dos sujeitos para um novo olhar das técnicas, da produção

econômica e das relações sociais. Esta transição é um pensamento

contemporâneo permitindo uma visão globalizada, mas a mediação tem por

obrigação revelar a subjetividade dos processos. A dimensão ambiental deve

estar presente nas diversas áreas da empresa, respeitando as organizações,

os objetivos e as necessidades das múltiplas relações.

As opções que assumimos em nossos atos cotidianos sempre implicam

na escolha de valores e interesses. O crescimento e difusão do descarte

consciente de materiais é extremamente importante para podermos dar

condições melhores de vida às futuras gerações. Muitos dos empecilhos que

ocorrem durante as propostas poderiam ser amenizados com as práticas de

que passe de um tema transversal para uma importância maior do tema com a

conscientização dos profissionais colaboradores do ambiente

empresarial/industrial.

Esta pesquisa demonstra o quanto estamos engatinhando perante os

processos de gestão de resíduos sólidos. O governo criou Resoluções e há

normas específicas para orientação no assunto que mantém uma diretriz para

que as empresas utilizem como base.

A gestão de resíduos sólidos ainda é considerada muito recente, seu campo de

estudo ainda é tímido, setores ainda precisam ser explorados e questionados

para criar meios que possam melhorar os processos existentes como um todo

e investimentos para novas tecnologias para que desta forma desempenhe

conscientemente o papel do ser humano no meio ambiente ao qual está

inserido, utilizando de maneira racional os recursos que são oferecidos

diariamente pela natureza e mantendo o pensamento ‘reaproveitar antes de

poluir’.

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT NBR ISO 10004. Resíduos sólidos – Classificação. Rio de janeiro, 2004. ABNT NBR ISO 14001. Sistemas da gestão ambiental – Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro, 2004. AGENDA 21. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Câmara dos Deputados. Brasília, Cap. 36, p. 429-439, 1995. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Cap. IV, Meio Ambiente, 1988. _______. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro, IBGE, 2008. _______. Manual de Orientação: Projeto Político Pedagógico Aplicado a Centros de Educação Ambiental e a Salas Verdes. Brasília, MMA, 2005. _______. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/>. Acesso em: 10 dez. 2015. BR DISTRIBUIDORA. Coleta seletiva de resíduos – Código de cores para os recipientes. Disponível em: <http://www.br.com.br>. Acesso em: 10 fev. 2016. _________________. NBR 10004:2004 – Caracterização e classificação de resíduos. Disponível em: <http://www.br.com.br>. Acesso em: 20 jan. 2016. CAMBITO. Evolução - a solução está na educação. Disponível em: <http://www.cambito.com.br>. Acesso em: 05 dez. 2015. PORTAL RESÍDUOS SÓLIDOS. Classificação dos resíduos da construção civil no Brasil. Disponível em: <http://www.portalresiduossolidos.com>. Acesso em: 01 fev. 2016. CARVALHO, l.; GUIMARÃES, M.; LEME, T.; LOUREIRO, C.; PASSOS, L.; SATO, M.; Caminhos da Educação Ambiental: da forma à ação. Campinas, Papirus, 2006. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. O Prêmio Nobel: Ideias Mudando o Mundo. Rio de Janeiro, FGV, 2014. GUIMARÃES, M. A Dimensão Ambiental na Educação. Campinas, Papirus, 1995.

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES … CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS EM QSMS/SGI SABRINA MIRANDA DE CASTRO RESÍDUOS

51

JACOBI, P. Educação Ambiental, Cidadania e Sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa. Brasília, n.118, p.189-205, mar 2003. KARPINSK, Luisete Andreis. Gestão diferenciada de resíduos da construção civil: uma abordagem ambiental. Porto Alegre, ediPUCRS, 2009. LEITE, B. M. Avaliação de propriedades mecânicas de concretos produzidos com agregados reciclados de resíduos de construção e demolição. Tese (Doutorado em Construção Civil). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001. LOPES, L. A Crise Ambiental é um Problema do Conhecimento. Rio de Janeiro, JB Ecológico, p. 14-17, mai. 2007. PINTO, T. P. Entulho de construção: problema urbano que pode gerar soluções. São Paulo. Construção, 1992. __________. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da construção urbana. 1999. Tese (Doutorado em Engenharia) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999. PIRES, P. A. G. Educação Ambiental: Seus Propósitos, Suas Práticas na Elaboração do Projeto Político Pedagógico - Um Estudo de Caso em Governador Valadares/MG. Governador Valadares, UNIVALE, 2007. PORTO-GONÇALVES, C. W. A Globalização da Natureza e a Natureza da Globalização. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2006. REIGOTA, M. Verde Cotidiano: O Meio Ambiente em Discussão. Rio de Janeiro, DPeA, 1999. SHINGO, S. A study of Toyota production system from an industrial engineering viewpoint. Tóquio: Japan Management Association, 1981.