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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NOS CASOS DE TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR Renata Batista dos Santos Sousa Orientador (a): Profª Ms Fátima Alves. Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NOS CASOS

DE TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR

Renata Batista dos Santos Sousa

Orientador (a): Profª Ms Fátima Alves.

Rio de Janeiro 2016

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NOS CASOS

DE TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicomotricidade. Por: Renata Batista

Rio de Janeiro 2016

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AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente a Deus pela oportunidade de vivenciar uma profissão tão maravilhosa que me permite conviver com crianças e adolescentes, onde posso transformar dificuldades em liberdade.

A todas as crianças e adolescentes que passam pelo meu consultório

transformando a minha atuação e o meu saber inspirando meu trabalho, as famílias que confiam no meu trabalho.

Aos meus colegas de curso pela troca de saberes e experiências, foi muito

bom fazer parte desse grupo. A minha professora e orientadora Fátima Alves, minha eterna gratidão por

tamanha entrega e por ensinar com tanto desejo, fazendo com que nós alunos também deseje o saber. Foi muito inspirador para mim ter convivido esse tempo de aprendizagem ao seu lado.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meu filho Felipe, que doa algumas horas de lazer e atenção para os estudos da mamãe, e por tamanha compreensão. Tão pequeno e tão sábio, como todas as crianças, esse menino é muito especial em minha vida e tem muito a me ensinar.

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RESUMO

O homem usa palavras e símbolos para se comunicar e o corpo para se

expressar, a linguagem do corpo é clara ela pode expressar angustias, prazer,

sofrimento, entre outros, o corpo não se cala, e a psicomotricidade dá voz a essa

linguagem. A psicomotricidade vem ganhando cada vez mais espaço de legitimidade

na sociedade, as práticas psicomotoras permitem ao individuo o autoconhecimento

do corpo para proporcionar a melhora em comportamentos e expressividade,

proporcionando o melhoramento de comportamentos indesejados e beneficiando a

criança e o adolescente através das técnicas que permitem ao indivíduo a busca por

melhor relacionamento social. O Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) é um

transtorno de comportamento que apresenta características de agressão,

destrutividade, e até de falta de expressividade do corpo, manifesta-se na infância e

adolescência, e gera muitas perturbações para o individuo e para a família. Por esse

motivo, é crescente a busca por profissionais de psicomotricidade para auxiliar na

terapia reabilitadora do TOD em casos de crianças e adolescentes que por

comportamento inadequado, são quase sempre excluídas do convívio social. Entre

as possibilidades terapêuticas para o Transtorno Opositivo Desafiador, a

psicomotricidade apresenta resultados eficientes para lidar com os tipos de

comportamentos destrutivos uma vez que a sua multidisciplinaridade acessa a

expressividade escondida no comportamento agressor, tornando possível a livre

expressão e o desenvolvimento psicomotor.

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METODOLOGIA

Para este trabalho investigaremos as principais características do

Transtorno Opositivo Desafiador e as possíveis metodologias de atuação da

psicomotricidade em ambiente terapêuticos no tratamento de crianças e

adolescentes diagnosticadas com tal transtorno comportamental.

Para fundamentar este trabalho, faremos uma revisão bibliográfica em

torno de pesquisas científicas sobre Transtorno Opositivo Desafiador,

investigaremos as metodologias de psicomotricidade que mais favorecem a melhor

qualidade de vida do indivíduo na busca pela inclusão social. Entre artigos científicos

e web sites sobre o tema, também será destaque nesta pesquisa a fundamentação

metodológica da linha dialética desenvolvimentista pautada em Wallon, Wygotsky, e

Victor da Fonseca, além das pesquisas bibliográficas de autores consagrados da

área.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................8

CAPÍTULO I: O TRANSTORNO OPOSITIVO DESAFIADOR ........................ 10

CAPÍTULO II: A PSICOMOTRICIDADE ............................................................ 17

CAPÍTULO III: A PSICOMOTRICIDADE E O TRASNTORNO OPISITIVO

DESAFIADOR: ESTRATÉGIAS PARA A TERAPIA NOS CASOS DE TOD..... 28

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................42

ÍNDICE.................................................................................................................45

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INTRODUÇÃO

Os transtornos comportamentais têm sido cada vez mais diagnosticados

com o avanço dos estudos da neurociência. As características do Transtorno

Opositivo Desafiador, tema escolhido para ser objeto de estudos desta monografia,

nos levam a um sujeito com bloqueios, com comportamentos que o impedem de ter

uma relação sustentável em sociedade, gerando padrões de comportamentos

destrutivos e causando o isolamento e afastamento da vida social das pessoas

diagnosticadas com o TOD. Ainda pouco estudado e muitas vezes subjugado, o

transtorno desafiador, como também é chamado, é um transtorno destrutivo, com

padrão de desobediência, desafio e comportamento hostil. As crianças e

adolescentes discutem excessivamente com adultos, não aceitando

responsabilidade por sua má conduta, e não reconhecendo a autoridades e

deliberadamente incomodam os outros. Por terem dificuldades em aceitar regras e

por perderem o controle facilmente, as crianças com TOD ou TDO1, tem o dobro de

probabilidades de gerar soluções agressivas para resolver problemas cotidianos,

geralmente elas respondem melhor quando são reguladas com trocas e

recompensas. Todavia, a psicomotricidade trabalha o corpo e a mente, portanto

encontramos nesta ciência mecanismos de intervenção para o TOD.

Neste estudo buscamos compreender a prática psicomotora para a

intervenção das pessoas com transtornos de comportamento, a fim de oferecer

subsídios para os tratamentos e fortalecer a prática da psicomotricidade nos casos

de transtornos comportamentais desafiador opositivo. Com o avanço das tecnologias

e ferramentas de rastreio, um diagnóstico vem sendo feito com mais assertividade e

frequência, trata-se do Transtorno Desafiador Opositivo, mais conhecido com TOD.

No primeiro capítulo trataremos das características e especificidades

deste transtorno, vamos descrever os padrões de comportamento das crianças e

adolescentes diagnosticadas com o TOD, identificar tais comportamentos para

delimitar o campo de atuação do psicomotricista. Traremos uma abordagem

1 A questão em torno da sigla e nomenclatura para este transtorno ainda não é unânime, sendo encontradas na literatura as

duas expressões TDO: Transtorno Desafiador de Oposição como no CID-10, ou, TOD conforme tradução de Transtorno

Opositivo Desafiante ou Desafiador.

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qualitativa sobre as comorbidade deste transtorno, os tratamentos disponíveis e os

estudos a respeito deste transtorno.

Com esses diagnósticos comportamentais, é crescente a busca por

profissionais que possam ajudar na reabilitação do individuo, buscando terapias

como caminhos para a melhora dos sintomas, sobre isso trataremos no segundo

capítulo, vamos conhecer algumas metodologias e definições da psicomotricidade.

No terceiro e último capitulo, vamos apontar as terapias psicomotoras,

avaliar as característica e abordagens possíveis para o tratamento destes

transtornos comportamentais.

Entendemos que certos acontecimentos podem influenciar nossos

comportamentos, e sobre esses não tomamos consciência ou sabemos a natureza,

neste sentido, a psicomotricidade pode agir no inconsciente para transformar o

comportamento inadequado e melhorar a relação desse sujeito em sua sociedade.

Percebemos que este transtorno ainda é desconhecido ou subjugado pela

sociedade, desta forma, os profissionais de psicomotricidade têm a chance de

explorar um campo de atuação, uma vez que as metodologias da psicomotricidade

favorecem a mudança do no comportamento a partir da integração corpo e mente.

Vamos ao final deste estudo, apontar estratégias disponíveis na terapia psicomotora

a fim de termos um parâmetro para os tratamentos comportamentais. Uma vez que

como ciência, a psicomotricidade vem unir conceitos para estruturar mente e corpo,

nesse sentido, apresenta mecanismos que influenciam no comportamento do

indivíduo. Concluímos assim, que a psicomotricidade dispõe de ferramentas

necessárias no acompanhamento e intervenção para as pessoas com transtornos

comportamentais.

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CAPÍTULO I

O Transtorno Opositivo Desafiador

Quando alguém é levado à terapia, não é somente

ele que precisa de ajuda e, sim, toda a estrutura

familiar. (Lou de Oliver)

Diariamente pais de crianças e adolescentes com mau comportamento ou

muito desobedientes recebem advertências e muitas vezes até são expulsos de

escolas. Algumas famílias, devido ao comportamento de seus filhos preferem o

isolamento social a ter que justificar o comportamento dos filhos, e essas famílias

também sofrem pela falta de um diagnóstico correto e de tratamento adequado para

lidarem com as situações comportamentais e os padrões de desobediência. No

consultório de terapia, os pais chegam em busca de solução para tal

comportamento, na esperança de melhorarem os resultados escolares de seus filhos

e de participação social saudável. Essas e outras descrições fazem parte da vida de

famílias que tem crianças diagnosticadas com o TOD: Transtorno Opositivo

Desafiador.

O Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) ou transtorno desafiador de

oposição (TDO) é um transtorno com características de desobediência, desafio

constante a figura de autoridade e comportamento hostil. No Brasil, a terminologia

para esse transtorno ainda não é unânime, sendo usado Transtorno de Oposição

Desafiante pelo Manual de Doenças Mentais (DSM) e Transtorno Desafiador de

Oposição pela classificação Internacional de Transtornos Mentais e de

Comportamentos da CID-10. Porém, em ambos ele é caracterizado como um

transtorno de conduta de desenvolvimento do padrão de comportamento antissocial.

No Brasil, os médicos e terapeutas usam mais comumente dois manuais

para definições e enquadramento de diagnósticos de transtornos mentais, são eles:

o Manual de Classificação Internacional de Transtornos Mentais e de

Comportamento da CID-10, e o Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos

Mentais (DSM-V) na sua ultima atualização. Eles servem de diretrizes para os testes

e avaliações diagnósticas.

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1.1 – Definições e Classificações a Respeito do TOD

Segundo a classificação internacional do CID-10, o transtorno

desafiador de oposição está incluído na categoria F91 de distúrbios de conduta, no

subgrupo F91.3 distúrbio desafiador e de oposição, no capítulo V referente a

transtornos mentais e de comportamento. Definindo assim este como um tipo de

conduta característica em crianças abaixo de 10 anos, definido pela presença de

comportamentos marcantes desafiador, desobediente e provocativo. Nesta

classificação requer então critérios globais para o F91, atestando que o

comportamento travesso e desobediente por si só não são suficientes para o

diagnóstico, considerando que os padrões de comportamentos do desafiador de

oposição podem ser um tipo menos grave do transtorno de Conduta. Neste caso,

segundo o CID-10, o que difere o transtorno de conduta do transtorno de oposição é

ausência de comportamentos que levam a violar leis e direitos dos outros, não

havendo roubos, crueldade, intimidação e agressões físicas a terceiros, neste caso,

a presença de um desses parâmetros exclui o diagnóstico em TOD.

Já no DSM-V a característica essencial do transtorno desafiante é o

padrão de humor raivoso e irritável, e o comportamento questionador ou vingativo,

podendo também ser diagnosticado no caso da ausência de características de

humor negativo, enquadra-se então os critérios 313.81. Porém, os sintomas de

humos influenciam no comportamento do individuo. O DSM destaca que os sintomas

deste transtorno podem ser limitados a apenas um ambiente, e geralmente em casa,

e mesmo nesses casos que são limítrofes para serem diagnosticados, os resultados

podem gerar muitos prejuízos no funcionamento social da família. Porém, nos casos

mais graves deste transtorno os sintomas vão se prevalecer em múltiplos ambientes.

Isso será um indicador de gravidade para este transtorno, sendo muito importante

avaliar os padrões de comportamentos em muitos ambientes sociais e

relacionamentos para fechar o diagnostico e direcionar para o tratamento.

É importante destacar que não estamos falando de momentos de raiva ou

de comportamentos furiosos que podem acontecer com qualquer criança, neste

caso, os comportamentos atrapalham a vida social e impedem que essa criança

tenha uma relação saudável seja na família, na escola, igreja ou quaisquer

ambientes que frequenta. Os padrões para diagnóstico deste transtorno devem ser

repetitivos e de prevalência por no mínimo seis meses de observações. Os

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profissionais que lidam com as crianças diagnosticadas devem ser treinados a não

revidarem qualquer comportamento raivoso e os pais devem ser treinados quanto ao

manejo social desta criança e como lidarem com os momentos raivosos.

1.2. - Critérios Diagnósticos

Os sintomas deste transtorno incluem conduta agressiva, desobediência,

problemas de relacionamentos entre outros comportamentos, para a avaliação é

necessário a observação direta e entrevistas com pais, professores e com a própria

criança, para observar a dinâmica comportamental. Destacamos ainda que “as

informações proporcionadas pelos colegas de classe são de particular importância

no que diz respeito a avaliação de problemas de relação a agressividade”.

(Sanchez-Cano, et al).

Como estamos tratando deste transtorno nas duas matrizes, vejamos no

quadro 1 as diretrizes diagnósticas de acordo com os manuais CID-10 e DSM-V,

levando em consideração os critérios de cada manual para o diagnóstico de

observação clínica.

Quadro 1- Comparativo dos critérios de avaliação diagnóstica segundo o (CID-10. 2008.

P.265) e o (DSM-V. 2013)

Critérios de Avaliação Diagnóstica

CID-10 DSM_V

É Negativista Critérios A

Padrão de humor

raivoso/irritável.

De

comportamento

questionador/des

afiante ou índole

vingativa.

Com frequencia perde a calma.

Tem comportamento hostil Com frequencia é sensível ou

facilmente incomodado.

É persistentemente

desafiador

Com frequencia é raivoso e

ressentido.

É provocativo

Frequentemente questiona

figuras de autoridade ou, no

caso de crianças e

adolescentes, adultos.

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Frequentemente e ativamente

desafia os pedidos ou normas

dos adultos

Frequentemente desafia

intencionalmente ou se recusa

a obedecer regras ou pedidos

de figuras de autoridade.

Deliberadamente aborrece

outras pessoas.

Frequentemente incomoda

deliberadamente outras

pessoas.

Tende a ser raivoso, furioso e

enfurecido.

Frequentemente culpa outros

por seus erros ou mau

comportamento.

Fica ressentido e se aborrece

com as pessoas facilmente.

Foi malvado ou vingativo pelo

menos duas vezes nos últimos

seis meses.

Culpa ou outros por seus

erros e dificuldades.

Critérios B

A perturbação no

comportamento está associada

a sofrimento para o indivíduo ou

para outros em seu contexto

social imediato ou causa

impactos negativos no

funcionamento social,

educacional, profissional ou

outras áreas importantes na

vida do indivíduo.

Tem baixa tolerância a

frustração.

Perde a paciência com

facilidade

Exibe nível excessivo de

grosseria e falta de

cooperação.

Geralmente os primeiros sintomas acontecem já na pré-escola. Os

sintomas devem ser presentes e acontecer em vários ambientes, neste caso a

ocorrência dos sintomas é justificado para a adequação do grau deste transtorno, é

fundamental também que se perceba a ocorrência em relação a outras pessoas, não

somente considerando este comportamento para uma só pessoa.

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1.3 - Outros Aspectos do TOD

O transtorno opositivo desafiador, embora esteja ligado ao transtorno de

conduta, também está relacionado ao transtorno de déficit de atenção com

hiperatividade, o TDAH. A literatura a respeito deste transtorno evidencia que pelo

menos em 50% dos casos de hiperatividade podem ocorrer comportamentos

sugestivos ao transtorno desafiador. As crianças com manifestações deste

transtorno estão espontaneamente vinculadas ao aparecimento de alguns

problemas na vida adulta, entre eles o comportamento antissocial, dificuldades no

controle de impulsos e abuso de substâncias, além de ansiedade e depressão.

Estudos comparativos concluíram que crianças com TDAH/TOD tem maior

dificuldades de moderação dos comportamentos em condições de inibição, ou seja,

maior dificuldade para controlar os impulsos inibitórios. Além disso, nota-se que elas

funcionam melhor quando estabelecido um sistema de recompensas, desta forma,

verifica-se o fator ambiental como regulador dos comportamentos desafiadores.

Quanto aos aspectos familiares e o funcionamento escolar podemos

destacar que:

“as crianças com TOD distinguiram-se dos controles clínicos por seus pais

terem uma maior prevalência de transtornos de personalidade antissocial e

de transtorno por abuso de substâncias. Em estudos comparando mães de

crianças em risco de TOD com mães de crianças com sintomas elevados de

TOD relataram que as mães de crianças com risco de TOD informaram mais

disfunção familiar, sentiam-se menos competentes como mães, sugeriram

menos soluções para os problemas comportamentais da criança,

demonstraram um enfoque menos assertivo no manejo do mau

comportamento da criança e relataram mais transtornos internalizastes do

que o fizeram as mães de crianças sem sintomas elevados de TOD”. (Serra-

Pinheiro et al, 2004. p.274)

Nota-se também que crianças com TOD têm maior dificuldade no relacionamento

com suas mães em comparação a outros tipos de transtornos. No caso de crianças

em idade pré-escolar a maior dificuldade é com os colegas de escola, além disso,

nesta idade o comportamento desafiador gera um déficit no desenvolvimento, até

pela natureza social do ser humano.

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1.4 – A relação do Transtorno de Conduta e do Transtorno Opositivo,

comportamento agressivo e antissocial na infância e adolescência.

“O Comportamento agressivo é próprio da espécie humana e apresenta

múltiplas configurações. Ele pode ser expresso pela via motora, através de

movimentos de ataque ou fuga; ou pela via emocional, com a experimentação de

sentimentos de raiva e de ódio; pela via somática, como a apresentação de

taquicardia, rosto ruborizado, além das demais reações autonômicas; pela via

cognitiva, através de crenças de conquistas sem que importem os meios, planos de

ação que envolve a manipulação do meio; e finalmente a via verbal, da qual o

indivíduo vai utilizar-se das palavras para expressar controle em relação aos outros”.

(FARIZ, MIAS, & MOURA apud. Barros et al. 2006).

Podemos, portanto, constatar que ao longo do processo de maturação a

criança e adolescentes podem exibir comportamentos agressivos e antissociais.

Porém, verificamos peculiaridades no comportamento do transtorno desafiador e do

transtorno de conduta em relação ao comportamento agressivo e antissocial. Essas

peculiaridades e persistência no comportamento é que vão definir o enquadramento

da criança e do adolescente no transtorno.

O desenvolvimento sócio-emocional é complexo e a construção das

habilidades sociais leva em conta a influencia do meio ambiente que esta criança

está inserida. Segundo Barros et al (2006), destaca que merece total atenção a

presença das mídias na formação dos comportamentos de crianças e jovens. Em

grande parte dos desenhos animados, a violência é mostrada como socialmente

aceitável ou como uma boa maneira de resolver problemas. Além disso, os

comportamentos agressivos obtêm ganhos imediatos e só são punidos ao final do

programa. Desse modo, dificulta-se a distinção daqueles comportamentos que são

eficazes para um bom relacionamento social, facilitando a identificação das crianças

com os vilões dos programas.

Outro fator relevante a ser destacado é o comportamento dos pais, que

muitas vezes não sabem dar limites aos filhos e são negligentes aos

comportamentos antissociais dos filhos, fazendo com que a criança entenda que

aquele comportamento é aceitável em qualquer ambiente social.

Comportamentos agressivos e desafiadores estão co-relacionados a

condutas de padrão antissocial. No caso do TOD o comportamento principal de

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oposição e desobediência, não significa que possa acontecer uma resposta mais

ativa da criança, ela pode simplesmente teimar e não responder ao solicitado, sem

que isso gere agressão física, o que e comum nos casos de transtorno de conduta.

Essa é uma das principais diferenciações entre esses transtornos, é que nos casos

de TOD, não existe a quebra de regras e leis sociais. Enquanto nos casos de

transtorno de conduta há violação das leis e regas sociais, violando inclusive os

direitos sociais dos outros. Neste caso, esses fatores excluem ou incluem o sujeito

no diagnóstico do transtorno opositivo desafiador e transtorno de conduta.

Patterson e colaboradores (apud, Pacheco et al. 2005) também

discutiram a relação entre esses transtornos através da hipótese da progressão dos

comportamentos típicos do transtorno desafiador opositivo (comportamento

negativista, desobediente, hostil), para comportamentos mais graves, característicos

do transtorno de conduta (conduta agressiva, furtos, fugas). Cabe assinalar que o

termo antissocial aplica-se neste caso a progressão de um quadro para outro. Neste

caso, o que favorece a evolução de um transtorno para o outro são as práticas

educativas e disciplinares sem eficácia, além do ambiente que propicie a ocorrência

de atos antissociais. Neste caso, ainda segundo Patterson et al, propõe que esse

padrão é adquirido na infância. Esses autores baseiam-se em uma perspectiva cuja

ênfase central é o papel da interação da criança com os membros da família é o

papel da interação da criança com os membros da família e com o grupo de pares.

Dentro desse enfoque tanto o comportamento pró-social, quanto o comportamento

desviante de uma criança são diretamente aprendido nas interações sociais,

particularmente com membros da família, esses vão se alterando a partir das

exigências ambientais e do desenvolvimento do indivíduo, conclui (Pacheco, 2005,

p. 57).

Sendo assim, diagnóstico clínico deve levar em consideração vários

fatores para determinar em qual transtorno a criança se enquadra, para que as

terapias e acompanhamentos sejam feitos de maneira mais eficaz, considerando as

relações familiares, interações sociais deste individuo.

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CAPÍTULO II

A Psicomotricidade

“Corpo de Pecado, corpo culpado, corpo vergonhoso, corpo que é preciso esconder. O corpo, este farrapo, que é necessário desprezar. Culpar o corpo, a sexualidade, o prazer corporal e, a partir daí, o prazer e geral. Resta em nós traços dessa impregnação cultural. Nos sentimos sempre mais ou menos culpados pelo prazer que nos permitimos”. André Lapierre, 2010.

Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem

através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo.

Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das

aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos

básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Baseia-se em um campo transdisciplinar

que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistêmicas entre o

psiquismo e a motricidade. Assim define a associação Brasileira de

Psicomotricidade.

Cauduro (2001) destaca que “o ser humano é essencialmente movimento

(movimento do coração, da circulação do sangue, dos órgãos internos, das ondas de

pensamento, etc) e este é realizado de uma maneira simbólica, expressa e, na

maioria das vezes inconsciente. É através destes movimentos que o ser humano se

relaciona, aprende sobre si mesmo, quem ele é e o que é capaz de fazer.” Para ela

podemos medir o progresso de uma criança através dos movimentos, de maneira

que ela deva vivenciar o maior número possível de movimentos que servirá de

degraus para a aquisição do domínio corporal mais consciente e harmonioso.

Segundo Zuttin, “a Psicomotricidade está relacionada à afetividade e a

personalidade, porque o individuo utiliza seu corpo para demonstrar o que sente

intencionando como expressividade íntima, além de tornar seu comportamento

significante.”

A psicomotricidade pode ser compreendida a partir de estudos do corpo

buscando abranger mecanismos corporais em resposta ao psiquismo, desta maneira

ela vem sendo conceituada dentro de um conjunto de expressões corporais, gestos

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e demonstrações motoras, geralmente não verbalizadas, porém muito simbólicas em

resposta emocional, despontando a partir daí sintomas corporais que a mente não

trabalhou e conseguiu resolve. A dinâmica da psicomotricidade vai trabalhar de

maneira integrada o corpo e a mente buscando emergir respostas favoráveis a

situações evocadas pelo sujeito com base no que precisa ser trabalhado, seja a

dificuldade de aprendizagem, seja a reabilitação motora, e até nas atividades físicas

e no esporte, em todos esses casos podemos aplicar a psicomotricidade e obter

resultados favoráveis que correspondem a essa ligação do corpo e da mente em

favor de uma resposta social positiva, uma vez que somos seres sociáveis e

precisamos desta interação positiva. Nesse sentido, conforme destaca Victor da

Fonseca:

A nossa visão de psicomotricidade toma em consideração tanto o

indivíduo, normal ou com deficiências, dificuldades ou desvantagens, como

um todo psicossomático ou psicocorporal único, original e evolutivo, onde as

funções da motricidade e da corporalidade são encaradas como

indissociáveis das funções afetivas, relacionais, lingüísticas e cognitivas, são

perspectivadas como a ação, o agir, o gesto, a conduta, a expressão

corporal, o comportamento e não meros movimentos, produtos finais,

respostas motoras ou exercícios físicos. A psicomotricidade toma em

consideração o contexto ecológico, sócio-histórico e cultural onde o indivíduo

está inserido, com a finalidade de gerar novos processos de facilitação e de

interação com os vários ecossistemas (microssistemas, mesossistemas,

exossistemas, e macrossistemas) de uma sociedade em mudança acelerada

e complexa, no sentido de a eles adaptar, com ajuda de estratégias

específicas de intervenção psicomotora. (Fonseca, p. 17, Apud Alves, 2016):

Por ter uma visão completa do sujeito, a psicomotricidade trabalha de forma

integrada as funções cognitivas, sócias, emocionais, simbólicas, psicolinguísticas e

motoras, com o objetivo de promover uma melhor ação social. Podemos relacionar a

psicomotricidade as linhas de atuação educativa, reeducativa, terapêutica,

relacional, aquática e ramain.

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2.1. Apanhado Histórico da Psicomotricidade

Historicamente o corpo foi negligenciado seja por questões filosóficas ou

religiosas. Somente a partir do no início do século XIX o corpo passa a ser estudado

de maneira a compreender as estruturas cerebrais na neurologia e posteriormente

pela psiquiatria na classificação de fatores patológicos, pois por muito tempo o

psiquismo e o mental foram um só e ainda hoje temos dificuldades em separar o que

é resposta da mente e das funções psíquicas. Conforme destaca André Lapierre

(2010), do ponto de vista científico e filosófico somente no século XX é que o

dualismo corpo-espítiro passa a ser posto em questão, quando Dupré cria o termo e

a noção de psicomotricidade, fazendo um paralelo entre o desenvolvimento motor e

o desenvolvimento intelectual.

Segundo a Associação Brasileira de Psicomotricidade (ABP), órgão que

busca regulamentação desta profissão e que representa os profissionais no Brasil, o

termo psicomotricidade surge no século XX a partir da necessidade médica nas

áreas de neurologia, por necessidade de compreender as estruturas cerebrais e

nomear as zonas do córtex cerebral situadas nas regiões motoras. Com o avanço

das descobertas nesta área, verifica-se que existem diferentes disfunções graves

sem que isto esteja diretamente ligado a alguma lesão cerebral, ou que esta lesão

esteja claramente localizada. A partir daí, descobre-se distúrbios da atividade

gestual, da atividade práxica. Desta maneira, o esquema antes utilizado para

determinar todos os sintomas correspondentes à lesão focal, já não podia explicar

alguns fenômenos patológicos. A partir da necessidade médica em encontrar áreas

que explique esses fenômenos patológicos, se nomeia, pela primeira vez, a palavra

PSICOMOTRICIDADE, no ano de 1870. Porém, ainda as primeiras pesquisas desta

área do campo psicomotor, correspondem ao enfoque neurológico. Somente em

1909, Dupré, um neuropsiquiatra, que vem a ser de fundamental importância para o

campo psicomotor, afirma a independência da debilidade motora de um correlato

neurológico, ele quem introduz os primeiros estudos sobre a debilidade motora,

dando um passo muito importante para a psicomotricidade, e para a relação do

corpo e da mente.

Henry Wallon, em 1925, destina-se ao estudo do movimento humano,

relacionando o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do

indivíduo. A matéria prima dos estudos de Wallon foram às observações das

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crianças doentes, casos de retardo, epilepsias, anomalias psicomotoras em geral,

material que seria apresentado na obra L’enfant turbulent. Nesta publicação trás a

descrição das primeiras etapas do desenvolvimento psicomotor: os estágios

impulsivo, emocional, sensório motor e projetivo, para depois apresentar as

síndromes psicomotoras. O grande eixo da obra de Wallon é a motricidade humana,

conforme destaca Heloysa Dantas (1992), Wallon não dissocia a motricidade do

funcionamento da pessoa, neste caso, motor é sempre psicomotor:

Wallon busca os órgãos do movimento: a musculatura e as

estruturas cerebrais responsáveis pela sua organização. Na atividade

muscular identifica duas funções: cinética, ou, clônica, e postural, ou tônica.

A primeira responde pelo movimento visível, pela mudança deposição do

corpo ou de segmentos do corpo no espaço, a segunda, pela manutenção

da posição assumida (atitude), e pela mímica a primeira é a atividade do

músculo em movimento; a segunda, a do músculo parado. (Dantas, 1992. p.

37)

Os estudos clínicos das síndromes psicomotoras destacados por Wallon

influenciou por muitas décadas a investigação sobre as questões de crianças com

patologias, sua obra abriu precedentes em várias áreas sendo a psiquiatria,

psicologia, pedagogia, além da educação física.

Wallon impulsionou os estudos na área de reeducação psicomotora, com

isso, em 1935 Edouard Guilmain, médico neurologista, desenvolve a sua concepção

de testes, um exame psicomotor para fins de diagnóstico, de indicação da

terapêutica e de prognóstico, tornando-se uma das primeiras orientações

metodológicas sobre reeducação psicomotora com base nas obras de Wallon.

Foi Julian de Ajuriaguerra, em 1947, que redefiniu os conceitos de debilidade

motora, considerando-a como uma síndrome em suas particularidades. Foi

Ajuriaguerra que esclarece os transtornos psicomotores, enfatizando que oscilam

entre neurológicos e psiquiátricos, a partir destas contribuições, a psicomotricidade

para a se diferenciar de outras disciplinas, adquirindo sua própria especificidade e

autonomia.

De acordo com a associação brasileira de psicomotricidade, foi na década de

70 que diferentes autores passaram a definir a psicomotricidade como uma

motricidade de relação. A partir desta década, passa a ser delimitada uma diferença

entre uma postura reeducativa e uma terapêutica que, ao despreocupar-se da

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21

técnica instrumentalista e ao ocupar-se do "corpo de um sujeito" vai dando

progressivamente, maior importância à relação, à afetividade e ao emocional. Nesta

mesma década, muitos trabalhos influenciados por Wallon surgem na área da

educação psicomotora entre eles, Picq e Vayer, Le Bouch, Lapierre e Aucouturier,

Defortaine, Ramain, entre outros. Também influencia estudos nas áreas da

psicologia do desenvolvimento influenciando trabalhos e estudos importantes no

campo terapêutico, entre eles, Soubiran e Mazo.

Destacando a importância de Wallon para a psicomotricidade, Ajuriaguerra

aperfeiçoou e desenvolveu uma intensa atividade científica quando publicou

trabalhos sobre o tônus e com isso desenvolveu métodos de relaxamento, tornando-

se um psiquiatra infantil de referência mundial. Com isso, Ajuriaguerra consolidou os

princípios e bases da psicomotricidade. A partir daí Hécaen púbica obras de

aprofundamento científico dos conceitos em psicomotricidade.

Fonseca (2012) destaca que o conceito de psicomotricidade ganhou assim a

expressão significativa, uma vez que traduz a solidariedade profunda e original entre

a atividade psíquica e a atividade motora. Para ele, a psicomotricidade é hoje

concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação

inteligível entre a criança e o meio, e tem instrumento privilegiado por meio do qual a

consciência se forma e materializa.

A partir daí não só na França, mas em outros países da Europa passam a

divulgar estudos da área, pesquisadores americanos, autores soviéticos e tantos

outros movimentos a que viria colaborar com o aprofundamento dos estudos na área

da psicomotricidade.

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22

2.2 O Perfil do Psicomotricista

Antes de falar do perfil profissional precisamos situar a área de atuação, que

na psicomotricidade acontece desde a concepção até a terceira idade. O trabalho do

psicomotricista busca compreender as necessidades de adaptação sensoriais,

sociais, comportamentais e de crescimento pessoal. A prática psicomotora poderá

acontecer de forma Individual ou em grupo, de acordo com as necessidades e com o

planejamento feito a partir de uma prévia avaliação.

Com base na área de atuação e na prática psicomotora, conforme define a

Associação Brasileira de Psicomotricidade, “o psicomotricista é o profissional que

age na interface saúde, educação e cultura, avaliando, prevenindo, cuidando e

pesquisando o indivíduo na relação com o ambiente e processos de

desenvolvimento, tendo por objetivo atuar nas dimensões do esquema e da imagem

corporal em conformidade com o movimento, a afetividade e a cognição.”

Quanto a área de atuação, podemos destacar que a psicomotricidade

acontece onde se faz necessário trabalhar as questões corporais, nesse sentido,

existe espaço para o trabalho psicomotor nas áreas educacional, institucional e

clínica, podendo desdobrar seu eixo de atendimentos conforme mostra o quadro

abaixo:

Quadro 2: Áreas de Atuação da Psicomotricidade. (Fonte: Autoria Própria)

Escolas

Educação Infantil: vai contribuir de

maneira significativa para a formação e

estruturação do esquema corporal,

permitindo tomada de consciência do seu

corpo e das possibilidades de se

expressar por meio desse corpo,

localizando-se no tempo e no espaço. É

neste período que a criança tem seu maior

potencial de aprendizado, sendo

necessário fazer as estimulações

necessárias para o conhecimento de seu

corpo em resposta as situações

emocionais que vai vivenciar.

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23

Escolas

(COTINUAÇÃO)

Ensino Fundamental: neste período as

crianças passam pelo aprendizado da

leitura, pela transição entre o concreto e o

abstrato, pela aquisição dos conceitos

matemáticos. Neste caso a

psicomotricidade vai desenvolver as

possibilidades de criação e imaginação da

criança e trabalhar a maneira de aquisição

intelectual.

Ensino Médio: neste período, na fase

adolescente, é um momento de escolhas,

onde as situações do corpo muitas vezes

são negligenciadas principalmente em

relação à cultura social envolvida. Neste

estágio do desenvolvimento, a

psicomotricidade colabora para o processo

de aprendizado favorecendo os aspectos

físicos, mentais, emocionais e sociais

deste indivíduo. Trabalhar principalmente

a expressão corporal.

Instituições e clínicas de atendimento a

Educação inclusiva.

Por ser vista como uma ação integrada, a

psicomotricidade pode favorecer a

expressão corporal de pessoas com

necessidades especiais, além de trabalhar

integralmente corpo e mente, de maneira

a internalizar suas dificuldades superando

seus limites.

Hospitais

Neste caso o psicomotricista pode atuar

em UTI, ambulatórios, enfermarias e

brinquedotecas, tomando favor dos

recursos da psicomotricidade em prol do

desenvolvimento favorável do

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24

hospitalizado.

Saúde Mental

Nos espaços de atendimento a saúde

mental ou assistência psicossocial, a

psicomotricidade poderá trabalhar a mente

e corpo, buscando a atividades que

provoquem a manifestação do corpo e do

movimento como meios de

expressividade.

Gerontopsicomotricidade

(terceira idade)

Nesta fase da vida, busca-se maior

qualidade de vida e a psicomotricidade

trabalha favorecendo a reabilitação nos

casos de perdas psicomotoras do

processo de envelhecimento favorece a

autoestima e a autoconfiança. Trabalha

nos casos de doenças degenerativas,

características deste processo.

Empresarial

Na atuação empresarial o psicomotricista

busca favorecer o desenvolvimento social,

e mental do funcionário, visando o

relacionamento da equipe.

Esportes

Neste caso, professores de educação

física, em escolas ou academias, podem

favorecer seus trabalhos com os princípios

da psicomotricidade. Além disso,

treinadores de times (podemos falar em

futebol, voleibol, basquete, ginásticas,

esportes aquáticos) seja qual esporte for,

beneficiará sua equipe a partir do

momento que se utiliza desses preceitos

para que os atletas conheçam seu corpo

em busca de alto rendimento.

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25

2.3 Linhas de Abordagens da Psicomotricidade no Brasil.

Se ajudarmos a criança a se converter em um ser de

comunicação, de expressão e de criação, estaremos lhe oferecendo

maiores oportunidades para alcançar a capacidade de tomar distância

de suas emoções e de seus fantasmas mais profundos, favorecendo

seu desenvolvimento harmônico tanto corporal como afetivo. (Pilar

Arnaiz Sánchez, 2003)

2.3.1. Atuação Educativa, Reeducativa e Terapêutica:

Para entender a psicomotricidade é preciso compreender que este é um

trabalho interdisciplinar, ou seja, sua abordagem cientifica tem por objetivo unir

áreas de conhecimento, estimulando a compreensão e articulação de

conhecimentos. Nesse sentido, vai articular conceitos em busca da ação

psicomotora usando estratégias que visam solucionar determinados problemas, por

isso, pode ser trabalhada na forma de uma ação educativa, reeducativa ou

terapêutica. No caso da ação educativa na psicomotricidade, podemos

compreender como a ação baseada no movimento consciente de aperfeiçoamento

de uma conduta global da criança. Na reeducação psicomotora, abordamos desde

a concepção a mais tenra idade, prevenindo, mas também atuando de forma

terapêutica. Já na Terapia Psicomotora, a ação do profissional se dá de maneira a

desenvolver um planejamento buscando melhorar o desempenho corporal integrado

com o cognitivo, visando através das atividades psicomotoras de abordagens

emocionais, para que o objetivo da consciência corporal se dê de maneira que o

sujeito possa se sentir mais confiante.

2.3.2. Psicomotricidade Aquática: Nesta modalidade lança recursos lúdicos

como forma de abordagem, favorecendo a autodescoberta e promovendo a

criatividade e a espontaneidade através da vivência aquática. Foi reconhecida em

1998, fundada por Jocian Machado Bueno. É reconhecida como linha de abordagem

em muitos países americanos, latinos e europeus.

A psicomotricidade aquática busca realizar ações para melhorar o

autoconhecimento, a relação com a água e com os objetos utilizados na terapia.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM DOCUMENTO …

26

Esta linha utiliza meios de experimentação corporal múltipla e variada dentro da

água, através de vivências simbólicas e da comunicação.

Os conteúdos básicos para a psicomotricidade aquática são a ambientação

ao meio líquido, das neurociências, da neuropsicologia, psicanálise e biomecânica

do movimento.

2.3.3. Psicomotricidade Relacional: depois de muitos anos de parceria com

Bernard Aucouturier, André Lapierre escolhe seguir seu caminho que o conduz para

a psicomotricidade relacional. Nesta modalidade coloca em ênfase a relação com o

outro e suas projeções, simbolismos e fantasias. Com a ajuda a filha Anne Lapierre

continua sua pesquisa em psicomotricidade relacional, ainda sem pretensão de que

venha se tornar terapia, procurando aí formação pessoal dos psicomotricistas.

A psicomotricidade relacional tem como objetivo atuar sobre fatores

psicoafetivos que são adquiridos em geral na infância, pois podem estar diretamente

ligados a dificuldades de adaptação a regras e convívio social. É uma prática que

busca autodescoberta.

Nesta modalidade a criança vivencia através do lúdico o que se passa em seu

mundo interior, e não se faz necessário a expressão verbal. É possível expressar

desejos, necessidades e dificuldades através do brincar.

A psicomotricidade relacional busca estímulos para o ajuste positivo de

distúrbios comportamentais, sociais e cognitivos. Ela incentiva o aprendizado,

desperta o desejo de aprender e melhora a produtividade da criança, ajudando a

superar medos, prevenindo dificuldades de expressividade motoras e verbais. Nesta

modalidade são valorizados a personalidade da criança e o que ela tem de positivo

para expressar, buscando um caminho de autonomia.

2.3.4. Psicomotricidade Ramain-Thiers:

Esta modalidade foi fundada no Brasil em 1992. Também conhecida como

sociopsicomotricidade, é uma metodologia que trabalha o emocional do movimento

humano, tem a psicanálise e a terapia de grupo como base cientifica. Segundo,

Solange Thiers, o objetivo geral da formação é capacitar profissionais graduados

nas áreas de Saúde de Educação aos exercícios da Sociopsicomotricidade. Além

disso, busca formar grupos terapeutas através da psicomotricidade. Instrumentalizar

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o profissional ao exercício da Metodologia com crianças, adolescente e adulto.

Habilitar o profissional ao exercício da sociopsicomotricidade nas áreas

clínica, social, institucional, empresarial. Nesta modalidade, é harmonizada a

vivencia sócio-psicomotora, buscando as manifestações psíquicas para as

demandas corporais.

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CAPÍTULO III

A PSICOMOTRICIDADE E O TRASNTORNO OPISITIVO DESAFIADOR:

ESTRATÉGIAS PARA A TERAPIA NOS CASOS DE TOD.

Não é a afetividade nem a disciplina sozinhas que

determinam o comportamento dos filhos ou dos estudantes, mas

sim a sua combinação dialética; quer a afetividade sem

disciplina, quer a disciplina sem afetividade, ambas têm efeito

negativos no desenvolvimento dos seres inexperientes. (Victor

da Fonseca, 2015)

Relato de Experiência

O caminho do diagnóstico na psicopedagogia passa por algumas etapas,

entre elas, necessita da aceitação dos pais e do acolhimento da escola. Os pais

precisam se abrir e serem muito sinceros nos informes, do contrário, estão

mascarando a realidade e até impossibilitando o real diagnóstico e uma possível

intervenção correta do caso. E foi assim que aconteceu com o caso deste relato,

este caso pautou escolha pelo tema, pois já havia sido tratado de outras crianças

com TOD, porém as técnicas e estudos que eram estudava na especialização

ajudaram bastante para obter sucesso neste acompanhamento. Por questões éticas

vamos ocultar o nome da criança, vamos tratar desse caso nomeando por *V, uma

criança de 9 anos que ainda não havia sido alfabetizada e que trazia consigo muita

história de reprovação familiar e social.

Neste caso foi exatamente assim que aconteceu, o pai nunca compareceu ao

consultório, a única vez que pôde-se falar com ele ao telefone, tendo sido muito

ríspido e muito distante, sem se aprofundar dos assuntos primordiais para o bom

andamento do acompanhamento do *V. A mãe de *V sempre que o trazia, o deixava

e ia passear no calçadão, sempre que voltada tinha muitas sacolas de compras,

poucas vezes aceitou participar das atividades e pouco falava sobre o

comportamento dele em casa ou queixas da escola. Na verdade a queixa inicial era

a dificuldade para aprender a ler, direcionar o diagnóstico para o transtorno opositivo

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desafiador foi uma questão de observação do comportamento desta criança e de

tudo que ele produzia ou se recusava a produzir no consultório.

No primeiro atendimento, que chamamos triagem, a mãe falava da queixa da

dificuldade em alfabetizar, omitindo a parte mais importante deste caso, por isso, a

psicomotricidade foi importante para emergir o que realmente necessitava ser

trabalhado neste menino, sobre o comportamento ela só afirmava que era muito

difícil aceitar as dificuldades dele e falava muito do irmão que é muito mais

desenvolvido que ele (palavras da mãe). Esse perfil de família não favorece a

criança com TOD, os pais devem estar engajados e serem participativos no

treinamento, além disso, é preciso reparar o seu próprio comportamento em

detrimento da melhora de seu filho. Neste caso nada disso acontecia, as nossas

sessões seguiram e começamos a introduzir alguns métodos da psicomotricidade

para trabalhar o corpo, este corpo que chegava tão endurecido, tão agressivo e

agredido. As sessões eram divididas em conceitos de psicomotricidade e

psicopedagogia, se bem que, uma ciência está para a outra, trabalhávamos

cognitivo e o corporal, a psicopedagogia e a psicomotricidade são duas ciências

possíveis na terapia dos casos de TOD.

Figura 1: técnica projetiva. Escolhemos da esquerda para a direita de cima para baixo, as projeções

de vinculo com a família, a casa, a escola e o aniversário.

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E assim demos seguimento ao acompanhamento, certa vez, enquanto

brincávamos, depois de um acerto no jogo fiz umas cócegas, foi daí que ele falou

que nunca havia recebido cócegas e por isso não gostava de rir, vimos naquela

resposta não só um desafio, mas também o pedido para continuar, e isso foi feito,

coloco-me a fazer cócegas nele, e ele me desafiava a fazer nos pés, na cabeça e na

barriga, ficamos ali naquela brincadeira de fazer cócegas e isso nos aproximou.

Como o *V era um menino muito introvertido, buscava também uma abordagem que

ela pudesse projetar os seus desejos e bloqueios, nesse sentido, era pedido para

que fizesse desenhos, porém *V se recusava a registrar os desenhos no papel, ele

só aceitava fazer desenhos no vidro da minha mesa ou no quadro, lugares onde ele

sábio que nada ficaria registrado, uma vez que seria possível apagar. Com isso,

usamos então técnicas artísticas e introduzo os desenhos de pintura com tintas, o

traço forte era marcante na projeção artística de *V. outro fato recorrente ao

comportamento de *V, é que sempre que usava os bonecos ele vinha com muita

agressão, falava ali das ofensas que ele recebia, seja na escola ou em casa, até

aquele momento ele não se sentia parte de lugar algum.

Figura 2: Mostro de ataque, de um dos jogos que *V criava, com regras que permitiam que

ele ganhasse sempre. Quase sempre tinham nomes e eram demônios, assim denominados por ele.

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É importante dizer que ele foi devidamente direcionado para o

acompanhamento com uma psicóloga para que pudesse trabalhar as questões que

surgiam. Neste caso, este relato se faz importante para situar a maneira como

chegamos ao diagnóstico de TOD, a mãe de *V não havia falado na anamnese que

ele tinha este diagnóstico, somente depois de abordarmos este assunto é que ela

falou deste diagnóstico e contou sobre a agressividade daquela criança. A partir dali

foi muito mais fácil trabalhar, não que precisasse que ela me falasse de diagnósticos

dele, mas que, do momento que ela aceita falar sobre o assunto, fica mais fácil

trabalhar e abordar os temas necessários para o entendimento de uma melhora.

Figura 3: Neste desenho *V tentava reproduzir alguns trabalhos de arte que ficam expostos

na parede. Por não conseguir, ele transforma o objetivo inicial em outra coisa, mas ainda tem um

bloqueio para pedir ajuda.

Muitas sessões foram acontecendo com base nas abordagens da

psicomotricidade, trabalhamos o corpo em busca de reconhecimento cognitivo,

estava ali dando àquela criança a permissão de ser e de se reconhecer alguém que

busca fazer parte social. Depois de algumas sessões seus gestos agressivos e o

comportamento na escola já tinham melhorado, com mais alguns meses ele

caminhava para a aquisição do sistema alfabético, já se aventurava em juntar

sílabas.

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Figura 4: atividade cognitiva de discriminação visual. Observe que neste caso, a escrita é

marcada pela força e tentativa de esconder o erro. Nos casos da discriminação visual, vemos que

mesmo nesta idade *V ainda tem dificuldades na discriminação visual. O que demanda um trabalho

de motricidade óculo-manual.

Percorremos um caminho de muitas curvas até chegar ao objetivo final,

tivemos que trabalhar o corpo, o cognitivo, a agressividade, a empatia, enfim,

trabalhamos comportamentos característicos do TOD, a cada abordagem *V reagia

de maneira muito positiva ele chegava cada vez mais motivado a participar dos

atendimentos, queria sempre mostrar o que fazia para a mãe e ela por sua vez já

havia compreendido que o carinho era parte do tratamento. Até que na sexta pela

manhã ele chegou com uma novidade, ele trazia um gibi e queria mostrar algo,

chegou feliz e começou a ler o gibi, que delícia foi viver aquele momento, esses

resultados são como um presente, e no caso de *V, ver conseguir atingir o objetivo e

feliz por aquilo também é uma sensação de dever cumprido, tivemos ainda muitas

outras sessões e os conceitos da psicomotricidade foram fundamentais para ajudar

no processo de autoconhecimento de *V, algum tempo depois ele teve alta

terapêutica e seu comportamento já era outro menino.

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Figura 5: desenho feito depois de brincar com a mãe no túnel sensorial e nas almofadas

distribuídas pelo consultório, a partir daí ele já consegue expressar melhor seus sentimentos. A mãe

é flor, o menino voa, quase que já indicado que percebe que é possível conseguir, que é possível

superar suas dificuldades. Neste caso, a própria dificuldade no relacionamento dos dois começa a ser

superada.

Assim como *V, tantos outros casos já haviam passado pelo consultório, a

diferença foi que este foi um desafio que se iniciou com a especialização em

psicomotricidade, e que justifica o desejo de mostrar o quanto nós especialistas em

psicomotricidade, em geral temos como buscar dentro desta ciência mecanismos

para o acompanhamento terapêutico na reeducação psicomotora, o caso *V é capaz

de modificar o olhar sobre a psicomotricidade e a atuação para os casos de

transtorno opositivo desafiador e outros comportamentos agressivos.

3.1 O Trabalho da Psicomotricidade no Transtorno Opositivo Desafiador.

O trabalho na psicomotricidade tem relação com a expressão corporal, com o

agir e reagir do corpo, tanto o terapeuta quanto a criança, nos casos de TOD, estão

diretamente envolvidos em um movimento de transformar o corpo em busca de uma

melhora da expressão corporal a fim de modificar os comportamentos agressivos

deste transtorno. É importante trabalhar o corpo, pois ele reage ao que a mente está

bloqueando e impedindo a relação social ou impedindo o aprendizado, se bem que

relações sociais também são aprendidas, como bem vimos no capítulo 1, os

transtornos de condutas passamos por um empobrecimento das relações sociais e

das relações que se constroem socialmente. Neste caso, aprender a aprender,

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34

também é uma necessidade desenvolve com a expressão corporal, conhecer o

corpo, saber das suas limitações, entender suas expressões é fundamental para o

aprendizado, por isso a psicomotricidade é tão importantes nas escolas desde muito

cedo, desde que a criança este a inserido nestes espaços. Conforme destaca

Fátima Alves:

A psicomotricidade é representada pela ação e pelo pensamento em

uma inter-relação do corpo e do psíquico. É a evolução da espécie humana e

da fundamentação cultural, analisando o comportamento e a aprendizagem

da criança por meio de ações e estímulos. Essas ações são compostas de

um conjunto de atividades desempenhadas para satisfazer às necessidades

de um ser por meio de seu corpo em movimento e, assim, adquirindo funções

essenciais para sua formação motora, emocional e cognitiva. (Alves, 2016, p.

120)

Buscando fomentar tudo que vimos até o momento em relação ao corpo e ao

comportamento de crianças com transtorno desafiador opositivo, vamos destacar

algumas abordagens que já foram trabalhadas e que podem dar certo nos casos de

crianças diagnosticadas com esse transtorno, lembrando que cada caso é um caso

e as observações do terapeuta devem se depositar às necessidades individuais de

cada criança e adolescente. Seja na abordagem relacional desenvolvido através do

trabalho de André Lapierre e Bernard Aucouturier, ou da sociopsicomotricidade pelo

do trabalho Ramain-Thiers, podemos destacar que o importante e que o sujeito se

percebe parte integrante da sociedade e importante nesta engrenagem, nos casos

de crianças e adolescentes com o transtorno desafiador opositivo, elas não se

permitem fazer parte integrante,uma vez que o próprio convívio social é muito

machucado. Com isso, precisamos fazer referencia ao vínculo (substantivo masculino:

aquilo que ata, liga, vincula (duas ou mais coisas), neste caso vamos destacar o vínculo emocional,

que é fundamental para o resultado nos trabalhos da psicomotricidade, o vínculo é um conceito

da psicologia que tem relação da noção de papel, do status e da comunicação do

sujeito com o objeto. Pichon-Rivière (1998) destaca que no vínculo existe um

movimento harmônico dos integrantes em relação ao objeto, neste caso o aparelho

psíquico de comporta de maneira totalitária em que as partes têm uma utilidade

particular, por isso é tão importante destacar a importância do vinculo as atividades

desenvolvidas na psicomotricidade. A criança está neste momento fragmentada,

necessita criar vínculo para se encontrar e de conectar, para conectar corpo e

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35

mente. Por esse motivo o profissional precisa compreender antes mesmo de

escolher a sua linha de atuação o seu papel neste jogo,

É preciso pensar sempre que o que se apresenta ao sujeito

investigado na primeira aproximação é como uma prancha de um teste. Por

essa razão, o emergente dessa investigação, nesse momento, terá

características particulares, conforme a experiência e o tipo de personalidade

de cada um. Isso também acontece com o observador. Quer dizer que se cria

uma situação de interação entre o observador e o observado. As respostas

sucessivas são influenciadas pelo tipo de contato que o investigador realiza

com o outro. Quer dizer que tudo deve ser considerado em função da unidade

de relação criada entre o sujeito e o objeto. Entre ambos cria-se uma situação

de comunicação e interação, verbal e não-verbal, que modifica

permanentemente o campo de trabalho. Possivelmente, quem introduz o

elemento mais importante é aquele que investiga, em razão da atitude que

assume diante do paciente. Deste modo, cria-se entre ambos uma situação

de contato. (Pichon-Rivière. 1998, p. 73)

Por isso, seja em qual abordagem o profissional escolha seguir é importante

que ele tenha consciência do vínculo e da relação com o paciente. Que este

profissional perceba a importância da afetividade na ajuda deste sujeito na

construção da sua relação entre corpo e mente.

Como o trabalho da psicomotricidade passa também pela afetividade, nos

casos de transtorno opositivo desafiador é preciso entender que nem sempre esse

vínculo é positivo, pois essas crianças e adolescentes vem de uma família que

também de mostra sem estrutura para lidar com as situações que esse transtorno

coloca, desta maneira é fundamental que a família também seja objeto de

observação e trabalho, na verdade, é primordial que a família seja trabalhada de

maneira a compreender os comportamentos esperados para o processo.

3.2 A Psicomotricidade Relacional e a intervenção no transtorno

Opositivo Desafiador.

Na abordagem relacional podemos destacar o trabalho de incentivo ao

aprendizado, na busca por despertar o desejo em aprender e melhorar a

produtividade da criança, auxiliando a superar medos, dificuldades e na autoestima.

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No caso do TOD, ajuda a lidar com os conflitos internos da mente, na aceitação de

limites e a trabalhar as frustrações vividas. André Lapierre sugere uma intervenção

indireta junto aos pais e junto a criança deixar que fique livre para viver o simbólico

diante dos materiais dispostos nas sessões.

A intervenção direta junto à criança é desejável e possível e tem por

objetivo permitir que ela exprima suas carências e seus conflitos no plano

relacional. Com efeito, à medida que descobre o mundo dos objetos, a

criança descobre também o mundo dos outros, com deus desejos, suas

proibições, suas seduções, sua agressividade, seus próprios desejos, suas

próprias angústias, suas próprias ambivalências, podendo então estruturar

pouco a pouco os modos de ação e de reação que lhe serão pessoais. Todas

as crianças são confrontadas com esse problema. Algumas o resolvem

melhor que outras, o que faz com que cada uma vá construir sua

personalidade mais ou menos normal ou mais ou menos patológica. Isto

depende da qualidade e da clareza das relações que ela terá podido

estabelecer com seu ambiente, seus pais e também todos os adultos com os

quais vai ter uma relação continua. (Lapierre, 2010. P.195)

Neste caso, será através do lúdico que poderemos revelar, de forma mais

natural possível, o que se passa na cabeça da criança, em seu mundo particular.

Podemos permitir a partir desta intervenção que elas expressem seus desejos,

necessidades e dificuldades, ao passo que elas não se dão conta desta intervenção,

uma vez que estão fazendo o que mais gostam brincar. O psicomotricista deve

valorizar o brincar, para as crianças isso é coisa séria, pois é brincando que elas

estruturam seu aparelho psíquico, que aprendem a simbolizar. Neste sentido, o

brincar por si só já é uma terapia.

O uso de materiais para a intervenção na psicomotricidade relacional passa

pela diversidade de exploração, uma vez que determinados objetos servirão de

material para trabalhar o simbólico na criança com transtorno e nos casos de

agressividade. Lapierre sugere que se coloque a disposição da criança diferentes

tipos de objetos e se observe a forma como elas o utilizam.

Para delimitar o trabalho feito com pessoas com o Transtorno Opositivo

Desafiador, vamos delimitar algumas sugestões pautadas na literatura da

psicomotricidade relacional, de acordo com os objetivos a serem trabalhados para

este transtorno, com esse perfil de crianças e adolescentes.

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37

Materiais utilizados nas intervenções:

• Sala ampla e livre de estímulos visuais: solicitar que entrem descalços

e permitir que fique a vontade para explorar o ambiente.

• Música: de melodia simples, pode-se encorajar a criança que dance

que se movimente de acordo com a melodia, trabalhar ritmo.

• Objetos, tais como: Bambolês, cordas, bolas, balões (tipo de

festas/bexigas).

• Papeis e telas para pinturas.

• Materiais de pintura: Lápis de cor e tintas de cores variadas, pinceis,

porém é importante que se tenha liberdade inclusive para usar o

próprio corpo como instrumento, por exemplo, as mãos e os pés.

• Brinquedos: neste caso, devem ser variados e deixar que o simbólico

floresça, não existirá separação de brinquedos por gênero e a

intervenção deve ser o mais leve possível, de maneira que deixa a

criança livre para explorar. Podemos usar bonecas, carrinhos,

casinhas, panelinhas, bonecos de heróis e princesas, personagens

para fantoches, entre outros, tudo que a criança possa simbolizar, além

de jogos de estratégias e blocos de montar.

• Materiais recicláveis: neste caso para deixar livre a possibilidade de

construção do próprio jogo, latas, potes, palitos de picolés, algodão.

Jornais, entre outros.

• Livros e gibis devem ser deixados a disposição para que se faça uso

de imaginação e contagem de histórias.

• Almofadas, tecidos, lenços, malhas: neste caso, a utilização destes

materiais se faz importante na exploração do próprio corpo como

instrumento de intervenção.

A utilização de matérias na abordagem relacional é infinita, uma vez que se faz uso

do simbólico para fazer a intervenção necessária. Lembramos que, o profissional

deve estar atento a necessidade da criança e do adolescente, não existe uma

receita que funcione para todos, pois as reações podem ser variadas.

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38

3.3 A Psicomotricidade Ramain-Thiers e a Intervenção no transtorno

Opositivo Desafiador.

O importante no processo terapêutico Sóciopsicomotricista é a

expressividade. Essa é uma técnica grupal que utiliza os fundamentos da

psicomotricidade para uma melhor mobilização psíquica, buscando a afetividade e a

interação. Por isso, em trabalhos com adolescentes com o transtorno opositivo

desafiador também se mostra muito positiva, uma vez que busca resultados

psicossociais positivos.

Através de três pilares, o trabalho corporal, o trabalho manual e a

verbalização, a psicomotricidade Ramain-Thiers busca através da vivencia grupal os

instrumentos de mobilização psíquica e a afetividade do sujeito. A dinâmica desta

terapia busca compreender o sujeito com um todo, um ser complexo que é

composto pelo psiquismo, por ação e por suas relações sociais.

Quanto aos materias utilizados neste tipo de terapia, por se tratar de

expressão, de expressividade, os materiais disponíveis na terapia devem possibilitar

a expressão e corporeidade, a expressividade para produzir materiais que possam

servir de analise e interpretação do socioterapeuta. Estes podem ser: tecidos de

várias estampas e lisos; cordões e linhas; materiais plásticos; papéis de diferentes

tipos, cores e tamanhos; tintas; argila, hidrocor e lápis de cor; sucatas em geral.

Os materiais devem proporcionar a produção de peças que expressem os

sentimentos do adolescente. Conforme destaca Fátima Alves:

Não se deve esquecer que tudo produz atividade, induz a mudanças,

enriquece e fortalece as habilidades motoras, que muitas vezes achamos que

não existe. Mostro a cada pessoa sua importância. Procuro conhecer seu

processo individual e ajudo o seu desenvolvimento. existe um respeito à

individualidade, a capacidade pessoal e com isto possibilito a liberdade de

seus movimentos, permitindo sua energia. Fátima Alves (para coleção Vitral,

volume IV)

É muito importante respeitar a individualidade do sujeito, mesmo trabalhando

em grupo, e nos casos de trabalho com adolescentes, é importante fazer com que

este se perceba parte deste grupo.

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O adolescente, ao contrário da criança, em função da própria

necessidade de separação, já tem condições de escolher. Neste

desligamento fatalmente irá defrontar-se com seus medos, inseguranças e

desencantos, pois toda escolha implica na perda. Além disso, é difícil

reconhecer o seu verdadeiro desejo, pois afinal, este parece estar sempre

imiscuído no desejo do outro. O outro influencia, direciona, muitas vezes até

decide pelo sujeito. Em uma luta sem tréguas, o adolescente expressa o

temor de avançar, de crescer, pois o manter-se atrelado ao desejo do Outro,

preserva o sujeito do medo inerente da perda do amor. A práxis da

Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers tem como seu principal pilar o corpo

simbólico, com um lugar de inscrição do desejo, cuja expressão psicomotora

representa uma via de representação pulsional possibilitadora da

aproximação com o objeto perdido. O ato de criar, para Ramain-Thiers, visa a

emergência do conflito psíquico em diferentes níveis simbólicos, como

possibilidade de resignificação. (Garritano, 2009)

As propostas da sociopsicomotricidade favorecem o trabalho de crianças e

adolescentes por envolver o sujeito no processo, neste caso, o sociopsicoterapeuta

também tem noções de psicanálise, o que favorece a observação e o olhar do

sujeito diante de suas produções. A proposta de produção e expressividade vai

permitir a criança e ao adolescente, este que já vem muito machucado pela exclusão

social, vivenciar situações cotidianas, onde a sua criatividade vai trabalhar pelo

afastamento daquele motivo que o torna tão engessado. A verbalização das suas

produções permite trabalhar suas questões e compreender-se como sujeito parte de

um grupo e se permitir ser parte importante e valorizada. Esse processo de criação e

reconhecimento de produção permite ao sujeito o reconhecimento de suas

limitações e identificação de suas potencialidades. É importante destacar que essas

técnicas precisam de formação específica, que geralmente levam em torno de dois

anos e meio, para conhecimento e aprofundamento das técnicas necessárias para o

direcionamento das dinâmicas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Baseado nos estudos realizados podemos evidenciar a importância da

psicomotricidade para a intervenção nos casos de Transtorno Opositivo Desafiador

(TOD). Este que é um transtorno com características de desobediência, desafio

constante a figura de autoridade e comportamento hostil. A característica essencial

do transtorno desafiante é o padrão de humor raivoso e irritável, todas essas

características são possíveis de serem trabalhados no campo da psicomotricidade

com objetivo de melhorar o comportamento desta criança e adolescente.

O desenvolvimento sócio-emocional é complexo e a construção das habilidades

sociais leva em conta a influência do meio ambiente que esta criança está inserida.

A psicomotricidade está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a

origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas, sendo sustentada por três

conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Desta maneira está

ciência favorece o acompanhamento dos casos em que a criança ou adolescente

está diagnosticado com o TOD. A psicomotricidade vai sendo assim, definida e

compreendida a partir dos estudos do corpo buscando os mecanismos de respostas

corporais em relação ao inconsciente. Desta maneira, a psicomotricidade vem sendo

cotado dentro de um conjunto de expressões corporais, gestos e demonstrações

motoras, onde geralmente o individuo não consegue verbalizadas questões que

perturbam a sua mente e influenciam em seu comportamento. Sendo uma resposta

emocional, fazendo emergir a partir daí sintomas corporais que a mente não

trabalhou e conseguiu resolve sozinho, e que geralmente gera doenças corporais.

Compreendemos assim, que a psicomotricidade é fundamental para tratar esses

casos, que por sua característica de cuidar do corpo e de trabalhar

interdisciplinadamente corpo e mente, é indicado para os sintomas das pessoas

diagnosticadas com o transtorno desafiador opositivo.

Vimos às diferentes áreas de atuação da psicomotricidade, e entendemos que ainda

é preciso lutar pelo reconhecimento da categoria, destacamos também que a

atuação deve estar pautada em estudos e formações específicas de acordo com o

perfil do terapeuta, a psicomotricidade ainda passa pelo movimento de

reconhecimento, e delimitar sua atuação é importante para fortalecer esta ciência

tão importante para o desenvolvimento do individuo.

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Como vimos no caso relatado, a psicomotricidade favorece o individuo, libertando de

prisões da mente o do corpo que tanto geram em nossa sociedade ainda doente.

Ainda é preciso muito estudo e fortalecimento da categoria em busca de identidade

cultural da psicomotricidade, porém, todos os estudos já dão conta de sua

importância no que diz respeito a intervenção dos casos de comportamentos

agressivos, má conduta e pelo próprio transtorno desafiador opositivo, que tanto é

subjugado pela sociedade.

Finalizamos com as palavras de Lapierre e Aucouturier que em sua obra A

Simbologia do Movimento nos diz que toda pedagogia que não se renova,

esclerosa-se rapidamente, e as inovações cedo se perdem numa rotina mais ou

menos disfarçada, na segurança do já feito, na facilidade do previsto, que

justamente protegem da inovação.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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43

Garritano, Eliana Julia de Barros. Adolescência, Violência, a cultura do corpo e a práxis Ramain-Thier. Artigo para edições Vitrais. 2009. Edições ABRT. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.ramain-thiers-sociopsicomotricidade.com/vitrais59/adolescencia.htm GAUY, Fabiana Vieira; ROCHA, Marina Monzani da. Manifestação clínica, modelos de classificação e fatores de risco/proteção para psicopatologias na infância e adolescência. Temas psicol., Ribeirão Preto , v. 22, n. 4, p. 783-793, dez. 2014 . Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141389X2014000400009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 18 nov. 2016. Lapierre, André; Aucouturier, Bernard. A simbologia do Movimento: psicomotricidade e educação. Porto alegre: Artes Medicas, 1986. Lapierre, André. A educação Psicomotora na escola Maternal. São Paulo: Editora Manole, 1986. Lapierre, André. Da psicomotricidade Relacional à Análise Corporal da relação. 1 ed. Curitiba: Ed.UFPR, 2010. La Taille, Yves de; Oliveira, Maria Kohl de; Dantas, Heloisa. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas e discussão. São Paulo: Summus, 1992 Pacheco, Janaína. Alvarenga, Patrícia; Reppold,Caroline; Piccinini, Cesar Augusto; & Hutz, Claudio Simon. Estabilidade do Comportamento Anti-social na Transição da Infância para a Adolescência: Uma Perspectiva Desenvolvimentista. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2005, 18(1), pp.55-61 Piaget, Jean. A Epistemologia genética. Petrópolis: Editora Vozes, 1972 Pichon-Rivière, Enrique. Teoria do Vínculo. 6ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998 Sánchez, Pilar anaiz; Martinéz, Marte Rabadán; Peñalver, Iolanda Vives. A Psicomotricidade na Educação Infantil. Porto algre: Artmed, 2003. SERRA-PINHEIRO, Maria Antonia et al . Transtorno desafiador de oposição: uma revisão de correlatos neurobiológicos e ambientais, comorbidade, tratamento e prognóstico. Rev. Bras. Psiquiatria., São Paulo , v. 26, n. 4, p. 273-276, Dec. 2004. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462004000400013&lng=en&nrm=iso>. access on 18 Nov. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462004000400013. Winnicott. D.W. O Brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago editora, 1975

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ÍNDICE

CAPA ......................................................................................................................1

FOLHA DE ROSTO ................................................................................................2

AGRADECIMENTOS .............................................................................................3

DEDICATÓRIA .......................................................................................................4

RESUMO ................................................................................................................5

METODOLOGIA ....................................................................................................6

SUMÁRIO ..............................................................................................................7

INTRODUÇÃO: ....................................................................................................8

Capítulo I: O Transtorno Opositivo Desafiador.................................................. 10

1.1 – Definições e Classificações a respeito do TOD........................ 11

1.2 - Critérios Diagnósticos..................................................................12

1.3 - Outros aspectos do TOD ......................................................... 14

1.4 – A relação do Transtorno de Conduta e do Transtorno Opositivo,

comportamento agressivo e antissocial na infância e adolescência....................15

CAPÍTULO II: A Psicomotricidade ..................................................................... 17

2.1. Apanhado Histórico da Psicomotricidade ...........................................19

2.2 O Perfil do Psicomotricista ................................................................ 22

2.3 Linhas de Abordagens da Psicomotricidade no Brasil....................... 25

2.3.1. Atuação Educativa, Reeducativa e Terapêutica:

2.3.2. Psicomotricidade Aquática

2.3.3. Psicomotricidade Relacional ................................................26

2.3.4. Psicomotricidade Raiman-Thiers

CAPÍTULO III: A Psicomotricidade e o Transtorno opositivo desafiador: Estratégias

para terapia nos casos de TOD......................................................................... 28

3.1 O Trabalho da Psicomotricidade no Transtorno Opositivo

Desafiador...........................................................................................................33

3.2 A Psicomotricidade Relacional e a intervenção no transtorno Opositivo

Desafiador. .........................................................................................................35

3.3 A Psicomotricidade Ramain-Thiers e a intervenção no transtorno Opositivo

Desafiador. .........................................................................................................38

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................42

ÍNDICE.................................................................................................................45

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