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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - UCAM PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL FACULDADE INTEGRADA AVM O ART. 475-J DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E A SUA APLICAÇÃO NO NOVO CENÁRIO JURÍDICO BRASILEIRO Por Brunno Vinicius da Silva Macedo Orientador: Prof. Jean Alves Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - UCAM

PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL

FACULDADE INTEGRADA AVM

O ART. 475-J DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E A SUA

APLICAÇÃO NO NOVO CENÁRIO JURÍDICO BRASILEIRO

Por Brunno Vinicius da Silva Macedo

Orientador: Prof. Jean Alves

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - UCAM

PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL

FACULDADE INTEGRADA AVM

O ART. 475-J DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E A SUA

APLICAÇÃO NO NOVO CENÁRIO JURÍDICO BRASILEIRO

Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista em Direito Processual Civil - Universidade Candido Mendes Por Brunno Vinicius da Silva Macedo

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RESUMO

Este trabalho traz a nova dimensão processual advinda com o art. 475-

J, que foi acrescentado ao diploma processual civil pela lei 11.232/05, que

transformou o processo de conhecimento e o de execução em um único

processo.

A execução, por este ângulo, passaria a ser apenas mais um incidente

processual dentro do processo de conhecimento, iniciando-se uma nova

modalidade de execução: o cumprimento da sentença,

O art. 475-J ora estudado trouxe uma nova forma coercitiva, a fim de

que o devedor condenado a pagamento de quantia certa ou já fixada em fase

de liquidação de sentença efetuasse o adimplemento do seu débito, essa

medida coercitiva foi à fixação de uma multa no importe de 10% sobre o valor

da condenação àqueles que não cumprirem a sentença no prazo estipulado

por lei de quinze dias.

Todavia, muito ainda vem sendo discutido sobre tal inovação

principalmente no que tange ao termo inicial para a contagem desse prazo e a

aplicabilidade ou não da multa a certos casos específicos.

Ainda tendo em vista a sincretização processual a questão do cabimento

ou não dos honorários advocatícios no importe de 10 % sobre o valor discutido.

Ocorre que o legislador foi omisso quanto à contagem do termo a quo

acima noticiado e ao cabimento dos honorários advocatícios.

Esse trabalho vem com o condão de expor não apenas o novo instituto

criado por tal lei, como também as posições que vem sendo adotadas tanto

pela jurisprudência quanto pela doutrina para resolver os impasses deixados

pela mesma.

Palavras-Chave: Art. 475-J. Termo inicial da multa. Honorários.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ________________________________________________________________________ 05

CAPÍTULO I - NOTÍCIA HISTÓRICA _________________________________________________ 06 07

CAPÍTULO II - DO ART 475 – J DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ______________ 09 16

CAPÍTULO III - DO PAGAMENTO PARCIAL ______________________________ 22

CAPÍTULO IV - DA PENHORA _________________________________________ 23

CAPÍTULO V - DA IMPUGNAÇÃO ______________________________________ 25

CAPÍTULO VI - DOS HONORÁRIOS ADVOCATICIOS SOBRE A FASE DE

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA _______________________________________ 27

CAPÍTULO VIII - DA APLICAÇÃO DO ART. 475-J NA ESFERA

TRABALHISTA _________________________________________________________________ 31

CAPÍTULO VIII - CONSIDERAÇÕES FINAIS ________________________________________ 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________________ 41

ÍNDICE ________________________________________________________________________________ 44

FOLHA DE AVALIAÇÃO _____________________________________________________________ 45

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INTRODUÇÃO

Com o objetivo de acelerar o até então processo de execução por

quantia certa contra devedor solvente fundado em título judicial, surge em

2005 a lei 11.232, que introduziu no Código Civil a fase de cumprimento de

sentença.

O autor, ao formular o pedido inicial no processo de conhecimento,

já exerce em toda sua plenitude a sua ação pela qual postula do Estado que

lhe seja entregue o bem da vida a que considera até então ter direito.

O réu, portanto, é citado para a fase de conhecimento, incluindo-se

nessa as fases recursais, para a eventual fase de apuração do quantum

debeatur, e para a fase final de preparação e atuação dos meios executórios.

Ao ajuizar a peça inicial na qual é formulado o seu pedido e rogando

ao Estado a tutela jurisdicional, desde logo já esta sendo exercido

integralmente toda a pretensão que lhe assiste, qual seja, a de ver seu direito

reconhecido, quantificado e cumprido. A ação é única, tornando-se

desnecessária cogitar teóricos desdobramentos.

Após o advento da lei 11.232/05, a ação de conhecimento não mais

se exaure com a sentença de procedência condenatória, mas prossegue na

mesma ação até o a final satisfação do demandante.

Assim, na sentença condenatória por quantia liquida ou após esta

ter sido liquidada, o novo art. 475-J do CPC, expressamente alerta para o

tempus iudicati de quinze dias, concedidos para que o réu cumpra

voluntariamente sua obrigação e em caso de inadimplemento desta aplica-se a

multa no percentual de 10 % sobre o montante da condenação.

Esta norma legal revela e concretiza uma nova sistemática, a do

sincretismo processual, ou seja, cognição mais execução no mesmo processo,

pela qual a sentença condenatória passou a ser dotada de atuante e imediata

eficácia mandamental, e no descumprimento desta é imediata a eficácia

executiva.

CAPÍTULO I

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NOTÍCIA HISTÓRICA

O processo em Roma, no período da cognítio extra ordinem,

caracterizou-se pelo desaparecimento de sua divisão em duas fases, perdendo

o anterior caráter contratual e privado para assumir caráter público, e o

magistrado estatal passou a presidi-lo do começo ao fim.

A execução já desde muito recaia sobre o patrimônio do devedor e

não mais sobre a sua pessoa como ocorrera anteriormente à lei Poetelia

Papiria, porém a actio iudicanti continuou sendo o instrumento para o litigante

vitorioso pleitear a execução da sentença. O Direito romano nunca concebeu a

sentença como titulo executivo, e assim a actio iudicati, embora já sem motivos

para a dicotomia, persistiu até o final do Império.

A conciliação surgiu após o Século XI, com o ressurgimento do

estudo do Direito romano. Os jurisperitos da Idade Média lograram eficiente

compromisso entre as duas correntes da herança romana. Mantiveram, nesse

início, como desnecessária a procedência da cognição ampla e de uma

sentença condenatória, mas possibilitaram a execução da sentença per

officium iudicis, sem a necessidade de uma nova e autônoma demanda.

No Direito brasileiro, pelo consagrado no sistema do CPC de 1973,

o credor insatisfeito tinha necessariamente que recorrer duas vezes a justiça a

fim de ter seu direito garantido e cumprido, primeiramente para que o Judiciário

reconhecesse e acertasse seu direito, e, se vitorioso no processo de

conhecimento, deveria iniciar nova demanda, com base na sentença e rogando

a prática dos atos executivos.

A sistemática do Código Buzaid, levava a demora e formalismos

desnecessários, no qual o jurisdicionado apesar de vitorioso no processo de

conhecimento e após ter seu direito reconhecido, ainda tinha que dar inicio a

outro processo, se quisesse ver o seu direito garantido no processo de

conhecimento devidamente cumprido.

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Com o advento da lei 11.232/051, a sentença condenatória passou a

revestir-se de imediata eficácia executiva, autoriza por si só o emprego a

simples requerimento da parte credora, dos meios executivos necessários à

sua satisfação sem que seja necessário o ajuizamento de outro processo.

1.1 Da exposição de motivos para a criação da lei 11.232/05

Tratou-se de proposta originária do Anteprojeto de Lei elaborado

pelo Instituto Brasileiro de Direito Processual, e encaminhado a Presidência da

República pelo então Ministro Márcio Thomaz Bastos, com objetivo de alterar

dispositivos do Código de Processo Civil, atinente ao cumprimento da sentença

que condenava ao pagamento de quantia certa, para possibilitar que a

execução da sentença ocorresse na mesma relação processual cognitiva.

Dessa forma, após o contraditório no processo de conhecimento, ,

vencidos os sucessivos recursos, sofridos os prejuízos decorrentes da demora,

o demandante lograva obter finalmente a prestação jurisdicional definitiva,

contudo, caso não houvesse cumprimento espontâneo da sentença, teria o

exequente que iniciar uma nova fase, com outro processo, agora para

execução daquele titulo judicial, efetuando uma nova citação, sujeitando-se à

contrariedade do executado mediante ‘embargos’, com sentença e a

possibilidade de novos recursos.

Superada essa nova fase, o credor poderia finalmente executar o

titulo obtido, com a expropriação do bem penhorado, o que não raro,

propiciava mais incidentes e agravos.

Havia portanto, uma via crucis a ser percorrida entre a acepção da

lesão do direito subjetivo e a sua restauração.

Para sanar tal demora, tornou-se necessário a adoção de uma

sistemática mais célere, menos onerosa e mais eficiente às execuções de

1 BRASIL, Lei 11.232 de 22 de dezembro de 2005. Brasília, DF, Senado, 2005.

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sentença que condenavam ao pagamento de quantia certa, tal seja a

lei11.232/05.

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CAPÍTULO II

DO ART 475 – J DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

O art. 475-J, incluído ao Código de Processo Civil pela lei 11.232/05,

transformou o então processo de execução apartado do processo de

conhecimento em mais uma fase processual dentro do mesmo processo, a

essa nova fase deu-se o nome de Cumprimento de Sentença.

Com a inclusão desse novo artigo o texto da lei ficou da seguinte forma:

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia

certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze

dias, o montante da condenação será acrescido de multa no

percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e

observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á

mandado de penhora e avaliação.

§ 1º Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o

executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na

falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por

mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo,

no prazo de quinze dias.

§ 2º Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por

depender de conhecimentos especializados, o juiz, de imediato,

nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega do

laudo.

§ 3º O exeqüente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo

os bens a serem penhorados.

§ 4º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste

artigo, a multa de dez por cento incidirá sobre o restante.

§ 5º Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o

juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu

desarquivamento a pedido da parte.2

2 BRASIL. Código de Processo Civil (1973). CPC de 11 de janeiro de 1973. Brasília, DF, Senado, 1973.

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O então devedor de sentença condenatória por quantia líquida ou já

liquidada, desde que não contenha nenhuma condição suspensiva, será

intimado para que no prazo de quinze dias cumpra a obrigação.

Passado o prazo, passará a incidir uma multa de 10% sobre o valor da

condenação, multa esta que será revertida em favor do credor, tendo em vista

que ele é o maior prejudicado pela demora no pagamento.

Outrossim, de acordo com o § 4º, do art. 475-J do CPC, caso seja

efetuado este pagamento de forma parcial, a multa incidirá apenas sobre

restante. Esta medida esta incluída à caráter coercitivo e com natureza jurídica

de sanção civil pecuniária.

Todavia, em que pese a eficiência buscada pelo legislador, foi silente

quanto a termo a quo da contagem dos quinze dias para aplicação da

respectiva multa, gerando com isso grande discussão doutrinária.

Em caso de inadimplemento da obrigação poderá o credor por sua

iniciativa dar prosseguimento ao cumprimento de sentença, por meio de

simples petição, na qual deverá conter planilha de cálculos atualizada do

montante da condenação.

Em seu requerimento, segundo o § 3 º do art. 475- J do CPC, poderá

ainda o credor indicar bens do devedor a serem penhorados.

A avaliação do bem penhorado é de competência do oficial de justiça,

caso este não possa proceder a avaliação por tratar-se de conhecimento

especializado, o juiz de imediato nomeará avaliador, apontando-lhe breve

prazo para a entrega do laudo, conforme delimita o art. 475 –J §2 do CPC.

Outrossim, conforme redação do §1º do art. 475-J do CPC, existe a

como regra a possibilidade de o executado ser intimado do auto de penhora e

de avaliação na pessoa de seu advogado, observando-se o disposto nos arts.

236 e 237 do CPC, o que significa que a intimação deve ser pela imprensa

oficial e só excepcionalmente pelo correio ou pessoalmente ao advogado.

Caso o executado queira opor-se a execução, deverá oferecer

impugnação, no prazo de 15 dias contados da intimação da penhora.

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Se dentro do prazo de seis meses o credor quedar-se inerte, conforme

o § 5º do art. 475-J do Código Processual Cível, o juiz mandará arquivar os

autos sem prejuízo de futuro desarquivamento a pedido da parte.

2.1 Contraditório diferido

Detalhe importante é que o devedor não é mais citado e sim

intimado, tendo em vista a continuidade do processo, como também não é

instado a se manifestar sobre a execução propriamente dita e sim a

prontamente pagar o débito. É basicamente, mutatis mutandis, o mesmo

procedimento utilizado na ação monitória, o contraditório até existe, mas é

diferido, jogado para momento posterior. Contraditório diferido nada mais é do

que aquele que se realiza, na mesma relação processual, em momento

posterior à efetivação de dada medida contra quem se deve dar a possibilidade

de participar posteriormente.

2.1.2 A multa do art. 475 –J do CPC

Consoante já mencionado neste trabalho, entre os instrumentos

destinados a cumprir os desígnios da nova lei, encontra-se a multa de 10%

incidente sobre o montante da condenação, desde que esta não seja satisfeita

dentro do prazo previsto, qual seja, quinze dias.

A multa em tela, não deixa de incidir se o devedor resolve, em vez

de cumprir a sentença, indicar bens à penhora com a finalidade de impugnar o

julgado, desde que tal indicação seja feita posteriormente ao prazo estipulado

pela lei de quinze dias.

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Tal multa foi fixada pela lei em percentual que não é volumoso,

porém tão pouco ínfimo, na medida que a décima parte da condenação pode

por si, no caso concreto, representar quantia expressiva.

Nossa constituição veda o bis in idem, ou seja, o fato de um mesmo

comportamento ser sancionado mais de uma vez com a mesma finalidade.

Desta feita, para que a multa seja aplicada juntamente com outra sanção sobre

o mesmo fato, é necessário que as mesmas exerçam funções distintas.

Eminente ressaltar que existem processualistas que divergem a

respeito da natureza jurídica da multa, os defensores mais expressivos desta

corrente são Cássio Scarpinella Bueno3 e Alexandre Freitas Câmara4. Para

esta corrente a multa teria clara natureza coercitiva, visando incutir no espírito

do devedor que as decisões jurisdicionais devem ser cumpridas e acatadas de

imediato, sem delongas, sem hesitações, na medida em que elas surtam seus

regulares efeitos, exercendo assim uma pressão psicológica e financeira sobre

o devedor.

Para uma segunda corrente, a multa teria natureza jurídica punitiva

por descumprimento processual do devedor que não paga tempestivamente o

montante fixado na condenação, essa corrente é defendida por Tereza Arruda

Alvin Wambier.5

A multa será revertida em favor do credor exeqüente, o maior

prejudicado pela demora no pagamento.

Todavia, o prazo estipulado na norma em questão tem sido alvo de

grandes discussões na doutrina, mormente quanto ao seu marco inicial, no

sentido de saber, pontualmente, a partir de que momento é a multa

plenamente cabível.

Por esta razão, no tópico a seguir, nos concentraremos em tema de

tão tortuoso debate, visando apontar as principais correntes acerca do

assunto.

3 BUENO, Cássio Scarpinella. Aspectos polêmicos da nova execução. Nova variações sobre a multa do art. 475-J do CPC. São Paulo: RT, v. 4, 2008. 4 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. Rio de Janeiro: Lúmen Júris. V. 2, 2008. 5 WAMBIER, Teresa Arruda Alvin. Aspectos polêmicos da Nova execução. São Paulo: RT, v3, 2006.

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2.1.3 O termo inicial do prazo de quinze dias

A respeito do termo a quo para o pagamento voluntário da

condenação, tem-se gerado diversas divergências doutrinárias, algumas das

quais aqui serão expostas.

Em primeiro destaca-se a corrente na qual aceitam a orientação de

que o prazo de quinze dias se inicia tão somente da data da exigibilidade da

sentença, orientação esta adotada pelo STJ :

Eminentes colegas, insurge-se a agravante quanto à aplicação da

multa prevista no artigo 475-J, do Código de Processo Civil,

dispositivo introduzido pela Lei 11.232/05, e que possui a seguinte

redação:

475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa

ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o

montante da condenação será acrescido de multa no percentual de

dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto

no artigo 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora

e avaliação.

Em síntese, refere que somente se aplicaria este comando legal se

fossem intimados seus procuradores para realizar o pagamento, o

que inocorreu na hipótese. Refere, ainda, ter solicitado guia para

realizar o depósito, que o fez de forma espontânea.

Muito respeitando os entendimentos em contrário, tenho que não

assiste razão à agravante.

A questão que se discute no presente recurso foi muito bem

analisada pela eminente Desembargadora Marilene Bonzanini

Bernardi, quando do julgamento do agravo de instrumento nº

70018090605. Peço vênia para transcrever, em parte, a decisão

monocrática por ela lançada:

[...]

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Consoante a nova sistemática do CPC, prevista no art. 475-J, e

seus parágrafos, o devedor, condenado ao pagamento de quantia

certa, terá 15 dias para efetuar o pagamento. Não efetuando, o

montante da condenação será acrescido de multa no percentual de

10%. Isto ocorre independentemente de intimação do devedor para

pagamento, fluindo o prazo da intimação da publicação da

sentença.6

Há uma variante desta corrente que prevê o seguinte: o termo de

que trata o artigo 475 – J do Código de Processo Civil se inicia da data em que

for intimado o advogado da parte da prolação da sentença ou acórdão, sendo,

portanto, simultâneo ao prazo recursal.

A segunda corrente compartilha de entendimento semelhante a

corrente anterior, porém, no entendimento desta, o prazo quinzenal deve fluir

automaticamente a partir do trânsito em julgado da condenação, mas com a

exceção de que a multa não será exigível em execução provisória. Um dos

mais célebres defensores desta corrente é Humberto Theodoro Jr.7, para quem

o cumprimento espontâneo pelo devedor corre independentemente de

intimação, porém a partir do trânsito em julgado da sentença, pois é neste

momento que esta se torna exigível.

Não obstante as linhas defendidas anteriormente, existe ainda uma

terceira corrente a qual é defendida por diversos processualistas para os quais

o termo inicial para o prazo quinzenal, seria a data que o advogado venha a

ser intimado para cumprir a sentença ou acórdão, neste segundo caso os

autos retornariam ao juízo de origem e a intimação do advogado se daria por

meio de despacho do teor “cumpra-se o v. acórdão”.

Finalmente, existem processualistas que sustentam a necessidade da

intimação pessoal do devedor condenado, a fim de que tenha inicio o prazo

para o pagamento voluntário do montante condenatório. O maior argumento é

6 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. RESP 954.859/RS. 3ª Turma, rel. Min. Gomes de Barros, j. 16.08.2007. 7 THEODORO JÚNIOR, Humberto. As novas reformas do código de processo cível. Rio de Janeiro: Forense, 2006 p. 92.

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que se trata de ato da parte, de ato material de cumprimento da obrigação,

devendo pois, o réu ser previamente advertido quanto a conseqüência negativa

do descumprimento da obrigação.

Athos Gusmão Carneiro, sobre o assunto, assim escreveu, sintetizando,

inclusive, o que foi até então explanado:

A respeito do termo a quo do prazo para pagamento voluntário, é

possível relacionar muitas correntes doutrinárias:

A) Em primeiro, os que aceitam a orientação (por nós preconizada)

de que o prazo de quinze dias simplesmente corre da data da

exigibilidade da sentença, orientação já adotada pelo STJ no REsp.

954.859 [...]

B) Uma segunda corrente comunga do mesmo entendimento, de

que o prazo quinzenal deva correr automaticamente a partir do

trânsito em julgado da condenação, mas com a restrição de que

não será a multa exigível em execução provisória [...] Nesta

corrente, alguns todavia sugerem que em se tratando de execução

provisória, o prazo venha a correr da data da intimação do

executado sobre tal execução [...]

C) São diversos os processualistas para os quais o termo a quo do

prazo de quinze dias será a data em que o advogado do réu venha

a ser intimado para cumprir a sentença (se desta não houve

recurso) ou acórdão, pressupondo-se neste segundo caso o retorno

dos autos ao juízo de origem e a intimação do advogado do usual

despacho ‘cumpra-se o v. acórdão’ [...]

D) Por fim, aqueles processualistas que sustentam a necessidade

da ‘intimação pessoal’ do devedor condenado (até, para alguns,

com a exigência de mandado intimatório), a fim de que tenha início

o prazo para o pagamento voluntário do montante da condenação

[...] O argumento maior é o que se cuida de ato da parte, de ato

material de cumprimento da obrigação, devendo pois ser o réu

‘previamente advertido quanto à consequência negativa do

descumprimento da obrigação.8

8 R. Trib. Reg. Fed. 4ª Reg. Porto Alegre, a. 20, n. 72, p.15-62, 2009

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Em tempo, é importante ainda ressaltar que, para o Professor Alexandre

Freitas Câmara, embora a intimação deva ser feita pessoalmente ao devedor,

tendo em vista ser diligência da parte, em exceção ao princípio do impulso

oficial do juízo, deve o ato ser produzido nos termos do artigo 238, § único do

Código de Processo Civil.

Assim, de acordo também com a redação do artigo 475 - R do CPC, a

intimação seria enviada ao endereço do executado indicado nos autos,

considerando-se intimado, ainda que não localizado, se não informou ao

judiciário quanto à mudança de endereço ocorrida.

Outrossim, se faz necessário destacar que, em recente julgamento, o

STJ definiu alguns parâmetros necessários para a ocorrência do disposto no

artigo 475-J, senão vejamos:

Min. Humberto Gomes de Barros, no Recurso Especial n° 940.274/MS

“a) alguns entendem que a multa apenas incide, após o retorno dos autos ao juízo da execução, quando o juiz lançar o tradicional despacho de CUMPRA-SE;

b) para outros, além do cumpra-se, é necessária a intimação pessoal do devedor;

c) outra parte dos intérpretes considera a multa devida logo após o trânsito em julgado (REsp 954.859/RS, de minha relatoria na Terceira Turma).”

O entendimento constante na alínea “c”, defendido pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), vinha ganhando força neste tribunal, de modo que o prazo de quinze dias previsto no art. 475-J do CPC teria início automático a partir do trânsito em julgado da decisão, independentemente de qualquer intimação, e.g., AI 953.570/RJ e REsp 1.039.232/RS. Todavia, no próprio STJ, órgão responsável pela interpretação das leis federais, não se podia falar em consenso.

Os principais argumentos contra essa corrente jurisprudencial são: i) as dificuldades para a certificação do trânsito em julgado das decisões proferidas pelos órgãos jurisdicionais; ii) e o imperativo de garantir ao devedor o devido processo legal e a segurança jurídica.

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Recentemente, no julgamento do REsp 940.274/MS, a Quarta Turma, discordando da linha de pensamento desenvolvida pela Terceira Turma, entendeu que, para ter início o prazo de pagamento, fazem-se necessários três requisitos: i) baixa dos autos; ii) requerimento do credor; iii) e intimação na pessoa do advogado do devedor.

Essa anarquia interpretativa tinha que, de fato, ter um fim, pois maléfica não só ao jurisdicionado, mas ao próprio poder judicante. Nesse intere, com o fito de uniformizar a jurisprudência do STJ, a matéria foi levada à Corte Especial, órgão máximo deste tribunal, presidido pelo Presidente do Tribunal e composto pelos 15 ministros mais antigos, conforme previsão do art. 11 do Regimento interno do STJ.

O entendimento que prevaleceu, ao qual nos vinculamos, foi o defendido pela Quarta Turma. Eis a ementa:

“PROCESSUAL CIVIL. LEI N. 11.232, DE 23.12.2005. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA. JUÍZO COMPETENTE. ART. 475-P, INCISO II, E PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. TERMO INICIAL DO PRAZO DE 15 DIAS. INTIMAÇÃO NA PESSOA DO ADVOGADO PELA PUBLICAÇÃO NA IMPRENSA OFICIAL. ART. 475-J DO CPC. MULTA. JUROS COMPENSATÓRIOS. INEXIGIBILIDADE.

1. O cumprimento da sentença não se efetiva de forma automática, ou seja, logo após o trânsito em julgado da decisão. De acordo com o art. 475-J combinado com os arts. 475-B e 614, II, todos do CPC, cabe ao credor o exercício de atos para o regular cumprimento da decisão condenatória, especialmente requerer ao juízo que dê ciência ao devedor sobre o montante apurado, consoante memória de cálculo discriminada e atualizada.

2. Na hipótese em que o trânsito em julgado da sentença condenatória com força de executiva (sentença executiva) ocorrer em sede de instância recursal (STF, STJ, TJ E TRF), após a baixa dos autos à Comarca de origem e a aposição do "cumpra-se" pelo juiz de primeiro grau, o devedor haverá de ser intimado na pessoa do seu advogado, por publicação na imprensa oficial, para efetuar o pagamento no prazo de quinze dias, a partir de quando, caso não o efetue, passará a incidir sobre o montante da condenação, a multa de 10% (dez por cento) prevista no art. 475-J, caput, do Código de Processo Civil.

3. O juízo competente para o cumprimento da sentença em execução por quantia certa será aquele em que se processou a causa no Primeiro Grau de Jurisdição (art. 475-P, II, do CPC), ou em uma das opções que o credor poderá fazer a escolha, na

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forma do seu parágrafo único – local onde se encontram os bens sujeitos à expropriação ou o atual domicílio do executado.

4. Os juros compensatórios não são exigíveis ante a inexistência do prévio ajuste e a ausência de fixação na sentença.

5. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.” (REsp 940274/MS, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/04/2010, DJe 31/05/2010)

Ressalte-se que, apesar de não possuir efeito vinculante, estando os demais órgãos componentes do Poder Judiciário “livres” para decidir de forma diversa, essa decisão da Corte Especial, pelo menos no âmbito do STJ, encerra parcialmente, a polêmica em torno do termo inicial para contagem do prazo de 15 dias para cumprimento de sentença.

2.1.4 Intimação a representado pela Defensoria Pública

No tocante ao assistido pela Defensoria Publica, há divergência no que

tange a sua intimação pessoal para cumprimento do que dispõe o art. 475-J,

pois, há entendimento de que a intimação do defensor público não supre a

intimação da parte, para a estipulação do termo a quo ou para a constituição

da mora do devedor.

Faz-se necessário que a intimação para fins do art. 475-J do CPC se

faça diretamente ao assistido e não pela simples remessa dos autos ao

defensor publico. Já há consolidado entendimento no sentido de que no

tocante a atos privativos da parte, a intimação do defensor não prescinde da

intimação pessoal do assistido.

Concluí-se, pois, que a intimação do devedor para pagamento do

débito em quinze dias deve ser pessoal quando a sua representação

processual estiver a cargo da Defensoria Publica ou órgão estatal equivalente,

não se trata de prerrogativa, mas de respeito ao principio da razoabilidade e da

proporcionalidade, verificado porque nesse caso a parte malgrado reconhecida

qualidade dos serviços prestados por tais órgãos públicos, não terá escolhido

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seu patrono e tão pouco estabelecido com ele relação de estrita confiança

como ocorre na constituição voluntária de advogado.

2.1.5 Da inaplicabilidade da multa

A multa de 10% prevista no art. 475 –J, não se aplica às execuções

contra a Fazenda Pública, pois essa não foi modifica pela lei 11.232/05,

continuando sendo necessária a demanda autônoma. Até porque sendo

devedora a Fazenda, esta não poderia cumprir com a obrigação dentro do

prazo previsto de quinze dias, eis que é necessária a expedição de precatórios,

com pagamento sujeito a observação de ordem cronológica.

Quando a créditos alimentícios, o executado é intimado a pagar no

prazo de três dias ou justificar porque não o fez. Não realizado o pagamento a

lei admite que o executado ofereça defesa dentro do mesmo modulo

processual executivo. Portanto, não havendo o adimplemento, nem se

admitindo a escusa do executado, deverá o juiz decretar sua prisão civil.

Outrossim, deve-se atentar que nos termos da súmula de nº 655 STF:

A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em favor dos créditos

de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se

a isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes

de condenações de outra natureza.9

2.1.6 Divergência da aplicabilidade da multa de 10% na

execução provisória

9 BRASIL. Superior Tribunal Federal. Súmula n. 655. Brasília. 9/10/2003.

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Há ainda grande discussão a respeito da possibilidade da

aplicabilidade da multa do art. 475-j no que se refere à execução provisória de

sentença.

Em sede doutrinária há dois entendimentos quanto à aplicabilidade ou

não, da respectiva multa:

Aqueles que defendem a não aplicabilidade, dentre os quais Nelson

Nery Jr, José Maria Rosa Tesheiner. Esse entendimento parte do pressuposto

de haver uma incompatibilidade, pois seria exigido do devedor o pagamento de

condenação na qual ele esteja inconformado, penalizando-o ainda com uma

multa de 10%, partindo ainda do precedente que o devedor de execução

provisória, não realiza o pagamento do débito com a imediata transferência de

titularidade do montante, mas apenas efetua o depósito a fim de garantir o

juízo, observando ainda que a multa visa estimular o pagamento definitivo do

credor e não apenas a garantia, razão pela qual não seria aplicável, tendo em

vista que o prazo para adimplemento só entraria em curso após o trânsito em

julgado da sentença condenatória.

Acrescenta ainda o Professor Humberto Theodoro Junior, que

execução provisória é faculdade do credor, podendo este exigi-la ou não.

Desta forma, o devedor em momento algum poderia ser compelido a pagar

com imposição de multa uma obrigação que ainda não é definitiva. Caso

exigida o cumprimento da execução provisória e o devedor viesse a pagá-la,

só incidiria multa após o trânsito em julgado da sentença condenatória, e

ainda, somente se após tal evento contrariasse o executado o prazo de quinze

dias estipulado pelo artigo 475-J do Código de Processo Civil.

Em oposição ao entendimento anteriormente exposto, há os que

defendem o fato de ser possível a aplicação da multa nas execuções

provisórias desde que não haja recurso com possibilidade de efeito

suspensivo. Para estes a multa é exigível desde que a decisão contenha

executoriedade, o que ocorre com o trânsito em julgado ou com a interposição

de recurso sem efeito suspensivo, desta forma, o prazo de quinze dias fluiria a

partir do momento em que a sentença ou acórdão tornassem exeqüíveis.

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Defensor desta corrente, Cássio Scarpinella Bueno ensina que a

execução provisória não é suficiente para obstar o cabimento da multa, pois o

titulo estável possuiria a mesma eficácia do que já transitou em julgado,

devendo assim a execução provisória seguir o modelo da definitiva, iniciando -

se e com prazo de quinze dias para pagamento, sob pena de aplicação da

multa do artigo ora discorrido

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CAPÍTULO III

DO PAGAMENTO PARCIAL

Na hipótese em que ocorrer o deposito judicial do montante

executado, será considerado cumprimento voluntário da condenação. Caso

torne-se necessário a pratica de atos executivos para pleitear qualquer

diferença sobre o valor depositado, a multa incidirá apenas proporcionalmente

ao valor que ainda se é discutido, considerando-se o disposto no § 4º, do art.

475 – J do CPC, a respeito deste tema entende Nelson Nery Junior :

[...] o devedor pode efetuar o pagamento parcial da quantia devida,

seja porque assim o quis ou pode, seja porque entende que exista

excesso de execução. Em principio, a multa de dez por cento recai

apenas sobre a parte do quantum debeatur que não foi paga.

Dizemos em principio, porque o executado pode impugnar o

cumprimento de sentença, alegando que pagou parte porque o

resto não era devido, vale dizer, alegando que existe excesso de

execução e se procedente a impugnação, a multa que havia

incidido sobre a parte não paga restará sem efeito e por isso, será

cancelada [...]10

A dispensa da incidência da multa dependerá exclusivamente da

concordância do credor com o valor depositado. Caso haja o deposito

espontâneo e este tenha sido realizado no prazo legal de quinze dias, e o

credor tenha concordado com o montante depositado, nada há que se falar em

multa, porém, ainda que o depósito seja tempestivo, se o credor discordar com

o valor ora depositado, alegando ainda existir diferença sobre o crédito, a

multa de 10% incidirá apenas sobre o valor dessa diferença pleiteada.

10 Nery Junior, Nelson, Código de Processo Civil Comentado, 2006, São Paulo, RT, Pág. 642.

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CAPÍTULO IV

DA PENHORA

Caso o devedor, intimado a efetuar o pagamento do débito no prazo

de 15 dias, assim não o fizer, além de incidir a multa de 10%, o credor, através

de petição simples com memória de cálculos indicando o montante atualizado

da condenação, poderá apontar bens do devedor a ser penhorados.

Tal requerimento deverá ser apresentado pelo credor no prazo de seis

meses, ultrapassado esse prazo sem nenhuma manifestação, os autos serão

arquivados, porém, poderá ao credor a qualquer tempo requerer o seu

desarquivamento e prosseguir com a execução.

Não é reconhecida ao executado a faculdade de indicar bens a

penhora, e sim do exeqüente, todavia o juiz em atendimento aos princípios da

máxima efetividade e da menor onerosidade, dependendo do caso, poderá

determinar que a penhora recaia sobre bem indicado pelo executado e não

pelo exeqüente.

Ultimada a penhora, será realizada a avaliação do bem penhorado. Tal

avaliação caberá à oficial de justiça que, se não tiver conhecimento especifico

para fazê-la, informará ao juiz do respectivo impedimento. Neste sentido, em

conformidade com o § 2º, do art. 475- J do CPC, nomeará o magistrado, de

imediato, avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega do laudo.

Efetivada penhora e avaliação, o devedor será intimado para

querendo, impugnar à execução, no prazo de quinze dias.

Cássio Scarpinella Bueno verifica o caso com o seguinte

posicionamento:

A regra determina as formas pelas quais a intimação do devedor

será feita. Pela letra do dispositivo, o devedor será intimado de

imediato na pessoa de seu advogado, observando-se o disposto

nos arts. 236 e 237, o que significa dizer que, em regra a intimação

é feita pela imprensa oficial e só excepcionalmente pelo correio ou

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pessoalmente ao advogado. Pelo que a própria lei dispõe, a

intimação deve se dar na pessoa do advogado. Abolida a

necessidade de uma nova citação para um novo processo, não teria

sentido nenhum para que se desse ciência doa atos executivos, isto

é, dos atos praticados com vistas ao cumprimento da sentença ao

devedor pessoalmente. Esta alternativa é prevista pela lei só na

hipótese lá prevista, mais justificável: o devedor terá ciência

daqueles atos quando não houver advogado seu representando-o

nos autos do processo jurisdicional,. E, mesmo nestes casos,

importe notar, não se trata de citação, porque não há mais, em se

tratando de títulos executivos judiciais, um novo processo; apenas

uma nova fase ou etapa do anterior, agora voltada à pratica de atos

jurisdicionais tendentes a realização concreta do quanto

reconhecido o título. Trata-se em qualquer caso, de mera

intimação.11

A intimação da penhora será realizada na pessoa do advogado

constituído nos autos por meio do Diário Oficial, ou caso não haja patrono

constituído será realizada pessoalmente.

O devedor poderá ainda requerer a substituição do bem penhorado

por outro bem, ou dinheiro, capaz de garantir a execução, fazendo com que

esta seja realizada de forma menos gravosa para o mesmo.

11 BUENO, Cassio Scarpinella. A nova etapa da reforma do Código de Processo Civil. Vol. I. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. P. 78

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CAPÍTULO V

A IMPUGNAÇÃO

O devedor após ser intimado para efetuar o pagamento da

condenação no prazo de quinze dias, caso não o faça, além de incidir a multa

de 10%, poderá ter bens penhorados a requerimento do credor, a fim de que

seja cumprida a obrigação.

Tornando-se necessária a penhora, será expedido mandado de

penhora e avaliação, e do auto de penhora e avaliação, o devedor será

intimado, para querendo, oferecer impugnação no prazo de quinze dias,

contados a partir da juntada nos autos do mandado de intimação do termo ou

do auto de penhora.

A impugnação é apenas um incidente processual que será examinado

em momento próprio, dentro dos mesmos autos do processo principal. Em

regra não suspende o andamento processual executivo, porém o juiz poderá

atribuir efeito suspensivo caso estejam presentes o fumus boni iuris e o

periculum in mora.

Em conformidade com o art. 475-L do Código de Processo Civil, a

impugnação poderá versar apenas sobre:

I- à sentença falta ou nulidade da citação, se o processo ocorreu a

revelia;

II- inexigibilidade do título;

III- penhora incorreta ou avaliação errônea;

IV- ilegitimidade das partes;

V- excesso de execução;

VI- qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da

obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou

prescrição, desde que superveniente;

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Faz-se importante constar que as alegações de incompetência,

impedimento ou suspeição incidentes na execução, não serão combatidas por

meio de impugnação e sim por exceção.

Incumbe ainda ressaltar que o ato judicial que resolve a impugnação

possui natureza de decisão interlocutória, sendo, portanto, atacado por agravo

de instrumento, porém caso o juiz julgue a impugnação extinguindo a mesma,

estaremos diante de uma decisão com natureza de sentença a qual deverá ser

impugnada por apelação.

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CAPÍTULO VI

DOS HONORÁRIOS ADVOCATICIOS SOBRE A FASE DE

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

Com a inovação da lei 11.232/2005, o processo de execução, ora

transformado em apenas uma fase dentro de um processo único, passou

a se chamar cumprimento de sentença.

Críticas a parte, certo que não só quanto ao termo a quo do prazo de

que trata o artigo 475 – J do CPC, também em relação à possibilidade de

honorários advocatícios, nesta nova fase, manteve-se silente o legislador.

Desde então, diversos posicionamentos foram publicados, entre

eles, destacamos os seguintes:

Para o professor Humberto Theodoro Junior:

As despesas processuais do cumprimento da sentença,

naturalmente correm por conta do executado, como consectário do

inadimplemento. Não há, porém, como imputar-lhe nova verba

advocatícia, uma vez que não há mais uma ação distinta para

executar a sentença. Tudo se passa sumariamente como simples

fase do próprio procedimento condenatório. E sendo mero estagio

do processo já existente, não se lhe aplica a sanção do art. 20 do

CPC, mesmo quando se verifique o incidente da impugnação (art.

475-L), sujeita-se este a mera decisão interlocutória (art. 475-M §3),

situação a que não se amolda a regra sucumbêncial do art. 20, cuja

aplicação sempre pressupõe sentença [...] Assim, o § 4 do art. 20 ,

que fala em honorários nas “execuções embargos ou não”, ficou

aos casos dos títulos extrajudiciais, visto que , após a lei

11.232/2005, não há ação de execução de título judicial e tampouco

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ação de embargos do devedor.12

Há por certo, outros doutrinadores que sustentam não haver

havido qualquer modificação no que diz respeito à possibilidade de

arbitramento dos honorários advocatícios, ainda que a execução de

sentença tenha deixado de ser tratado como processo autônomo.

Todavia, mesmo para esses os honorários não devem incidir quando o

devedor cumpre espontaneamente a obrigação no prazo de 15 dias

previsto no art. 475-J do CPC. Veja-se nesse sentido, o entendimento da

Cassio Scarpinella Bueno:

Considerando que já não há mais, pela sistemática da lei nº

11232/2005, propriamente um processo de execução, teria havido

derrogação do art. 20, § 4 nestes casos? Será que é

voluntariamente o julgado, na forma do caput do art. 475-J, arbitrar

(novo) honorários para renumerar o profissional pelas atividades

destinadas (forçado) da sentença que tem inicio?

Minha resposta a estas questões é no sentido de que são devidas

honorários advocatícios para a fase ou etapa de execução- assim

entendidas executivas que terão inicio, a pedido do exeqüente,

esgotado in albis o prazo a que se refere o caput do art. 475-J –

sem prejuízo de uma eventual (e muito provável) condenação

anterior nesta verba como forma de remuneração do advogado na

fase ou etapa de conhecimento.

[...]

Desta forma, não cumprido o julgado tal qual constante da

condenação (o título executivo judicial), o devedor, já executado,

pagará o total daquele valor acrescido da multa de 10%.. e

12 THEODORO JÚNIOR, Humberto. As novas reformas do Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 92.

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honorários de advogado que serão devidos, sem prejuízo de outros

já arbitrados, pelo trabalho desempenhado pelo profissional na fase

ou etapa de conhecimento, pelas atividades que serão, a partir

daquele instante, necessárias ao cumprimento forçado ou

simplesmente, a execução do julgado[...] O que revela destacar,

apenas é que com a lei n 11.232/2005, a incidência da nova verba

pressupõe o esgotamento do prazo legal para cumprimento

voluntários da condenação.13

Compreende-se tal ponto de vista, porque a fixação de honorários

advocatícios é uma obrigação legal que decorre da sucumbência, e,

portanto, está atrelada a idéia de sanção imposta à parte vencida, que

impôs resistência indevida à pretensão da outra. Logo, como a fixação de

honorários se relaciona diretamente a injustificada resistência à

pretensão de alguém, e considerando o art. 475-J do CPC como

espontâneo o pagamento feito no prazo de 15 dias a partir da intimação

para cumprimento da obrigação, tem-se que nenhuma verba honorária

pode ser exigida ao devedor nesse período, ainda que se considere

como possível o novo arbitramento para essa fase do procedimento.

Já segundo entendimento do STJ, assim deve ser encarado o tema:

Processual Civil. Agravo regimental. Agravo de instrumento.

Prequestionamento. Ausência. Súmulas 282 e 356 STF.

Cumprimento da

Sentença. Honorários advocatícios. Possibilidade.

1 - Consoante entendimento pacificado pela Corte Especial deste

Superior Tribunal de Justiça, é cabível o arbitramento de honorários

advocatícios na fase de cumprimento da sentença com base no art.

20, § 4º, do Código de Processo Civil.

2- Ressente-se o recurso especial do devido prequestionamento

que tange à matéria relativa ao descumprimento de ordem judicial,

13 BUENO, Cassio Scarpinella. A nova etapa da reforma do Código de Processo Civil. Vol. I. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 97.

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apta a ensejar a incidência das astreintes, efetivamente não

debatida pelo Tribunal a quo sob o enfoque que lhe dá o recorrente,

o que faz incidir a censura das Súmulas 282 e 356 do Supremo

Tribunal Federal.14

Conforme o art. 20 § 4º do CPC, expressamente afirma, haverá a

fixação de honorários nas execuções, nos casos em que o devedor depois de

intimado a efetuar o pagamento, assim não o faça, devendo o advogado do

exequente requerer a execução atuando desta forma na execução, conforme

salienta o artigo anteriormente mencionado, sendo portanto nesta situação

cabível tais honorários.

14 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Ag 1078114/RS. 4ª Turma, rel. Min. Fenando Gonçalves, RS, 12.05.2009, DJe 25/05/2009.

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CAPÍTULO VII

Da aplicação do art. 475-J na esfera trabalhista

A recente alteração no codex processual civil gerou uma relevantissima

discussão. A contenda gira em delimitar a aplicação da multa prevista no art.

475-J do CPC em outra searas processuais, como a exemplo, a trabalhista.

Tal alteração veio à baila para densificar os valiosos princípios da

efetividade e da duração razoável do processo (Lex Fundamentalis, artigo 5°,

inciso LXXVIII [01] – EC 45/2004).

Agora, a resposta ao questionamento consignado alhures, no particular

do processo do trabalho, vai exigir do operador jurídico um requintado

manuseio das famosas disposições celetistas que tratam da comunicação

entre fontes normativas diversas: os sempre citados artigos 76915 e 889 16.

Conforme prevê o artigo 769 da CLT, o direito processual comum será

aplicado na esfera trabalhista de forma subsidiária, no que for compatível com

as normas previstas no título X da consolidação, e, destaca-se, em caso de

omissão. Assim, é necessário destacar que, o artigo 880 da CLT prevê que

intimado o devedor do crédito homologado terá 48 (quarenta e oito) horas para

quitá-lo ou garantir a execução, sob pena de penhora.

Assim, observando por uma ótica positivista, tem-se que não há

recepcionalidade da norma prevista no Código de Processo Civil à esfera

processual trabalhista, por existir norma especifica. A discussão gira em

identificar a norma mais benéfica a parte exeqüente. Enquanto a norma

prevista na CLT reza que intimado o devedor do crédito homologado terá 48

horas para quitá-lo ou garantir a execução, sob pena de penhora, o artigo

previsto no CPC institui que o devedor tem 15 para efetuar o pagamento, sob

pena de multa no patamar de 10% sobre o valor da condenação. Assim, o

mérito da contenda esta que, independente da multa prevista no artigo 475-J

15 CLT, artigo 769: "Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título". 16 CLT, artigo 889: "Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal".

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do CPC, é facultado ao credor, o pedido de penhora. Sobre esse ponto,

poderia haver a sincronização entre a legislação comum e a trabalhista.

7.1 A Visão Dos Tribunais e da Doutrina

Os doutrinadores mais conservadores posicionam-se pela

inaplicabilidade da multa de 10% diante da sistemática incompatível do artigo

880 da CLT.

Assim afirmam que não há omissão, visto que, a CLT contém disposição

clara e expressa sobre o tema. Assim aduz Manoel Antônio Texeira Filho que:

“Inexistindo omissão, nenhum intérprete estará autorizado

a perquirir sobre a mencionada compatibilidade.” (2006, p.

275).

Portanto, para os doutrinadores mais conservadores, a omissão significa

lacuna normativa com a ausência completa de regulamentação pela CLT.

Nesse sentido temos a posição do professor da USP Estevão Mallet que

afirma:

“O art. 880, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho, não se

refere, porém, a nenhum acréscimo para a hipótese de não

satisfação voluntária do crédito exeqüendo, o que leva a afastar-

se a aplicação subsidiária da regra do art. 475-J, do Código de

Processo Civil. Solução diversa, ainda que desejável, do ponto de

vista teórico, depende de reforma legislativa.” (2006, p. 670)

Necessário deixar consignado que para esses doutrinadores, a

aplicação da multa de 10% gera efetividade e é desejável para a celeridade

dos provimentos judiciais em que, tem-se como maioria dos litigantes no pólo

ativo, o proletariado, que buscam crédito de natureza eminentemente

alimentar, necessitando da prestação jurisdicional eficaz. Por outro lado

também defendem que a hermenêutica do magistrado ao aplicar tal preceito

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seria viciada por desatendimento ao pressuposto da omissão, devendo-se

esperar por reforma legislativa, sob pena de violação ao devido processo legal

e à segurança jurídica.

As terceira, sexta, sétima e oitava turmas do TST tem se posicionado

em seus acórdãos pela não aplicabilidade com fundamento na referida

corrente e seus doutrinadores, como se vê:

RECURSO DE REVISTA - MULTA DO ART. 475-J DO CPC

INCOMPATIBILIDADE COM O PROCESSO DO TRABALHO -

REGRA PRÓPRIA COM PRAZO REDUZIDO – MEDIDA

COERCITIVA NO PROCESSO TRABALHO DIFERENCIADA DO

PROCESSO CIVIL.

O art. 475-J do CPC determina que o devedor que, no prazo de

quinze dias, não tiver efetuado o pagamento da dívida, tenha

acrescido multa de 10% sobre o valor da execução e, a

requerimento do credor, mandado de penhora e avaliação. A

decisão que determina a incidência de multa do art. 475-J do

CPC, em processo trabalhista, viola o art. 889 da CLT, na medida

em que a aplicação do processo civil, subsidiariamente, apenas é

possível quando houver omissão da CLT, seguindo,

primeiramente, a linha traçada pela Lei de Execução fiscal, para

apenas após fazer incidir o CPC. Ainda assim, deve ser

compatível a regra contida no processo civil com a norma

trabalhista, nos termos do art. 769 da CLT, o que não ocorre no

caso de cominação de multa no prazo de quinze dias, quando o

art. 880 da CLT determina a execução em 48 horas, sob pena de

penhora, não de multa. Recurso de revista conhecido e provido

para afastar a multa do art. 475-J do CPC (TST-RR-668/2006-

005-13-40.6, Rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DJ de

28/03/08).

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Entretanto, a elucidação da controvérsia está longe de ser pacífica no

egrégio tribunal, até porque os tribunais regionais do trabalho, em sua grande

maioria, têm considerado válida a aplicação do art. 475-J à execução

trabalhista. Em primeira instância, também nota-se a aplicação da norma no

sentido de tornar mais efetiva, célere e simplificada a entrega da prestação

jurisdicional aos trabalhadores.

MULTA LEGAL. 10%. ART. 475-J DO CPC. APLICÁVEL NA

SEARA LABORAL.

A multa capitulada no art. 475-J do CPC tem plena incidência na

esfera laboral, por que o que se busca na execução trabalhista é

verba alimentar, sendo a multa em questão mais um meio

coercitivo ao pagamento da obrigação pelo devedor, que vem ao

encontro do princípio da celeridade, elevado ao patamar

constitucional. Assim, todo e qualquer dispositivo legal que venha

a abreviar o cumprimento da decisão deve ser adotado pelo

Judiciário Trabalhista, ainda mais quando a CLT, em seu art. 769

admite a aplicação subsidiária de dispositivo do Processo Civil no

Direito do Trabalho (TRT 23ª Região, RO 00244.2006.005.23.00-

2, Desembargadora Leila Calvo)

Estes julgadores, mais compassivos às necessidades de evolução do

processo do trabalho, aplicam o art. 475-J de acordo com a visão doutrinária

que admite a compatibilidade e efetividade como ponto mais importante da

aplicação subsidiária. Considerando que o processo trabalhista existe como

autônomo para garantir prestação jurisdicional mais célere e simplificada ao

obreiro, tendo por obrigação, em todos seus pontos, ser igualmente ou mais

efetivo que o processo civil para que esteja em concordância com seus

próprios princípios instituidores.

Sobre o tema, lição elucidativa do mestre José Carlos Arouca:

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“Sendo assim, constituiria prática anti-social e discriminatória dar

proteção maior ao credor civil que supostamente atua em

igualdade de condições com o devedor. Quer dizer, numa ação

patrimonial, o devedor nem será intimado para cumprir a decisão

que o condenou a pagar uma indenização, já que conhecedor de

seu débito, sofrendo, desde logo a penhora em seus bens, da

qual se dará notícia a seu advogado e mais, negligenciando de

seu dever por mais de quinze dias, será apenado com multa de

10% sobre o montante da condenação. No processo trabalhista,

porém, ainda que a pretensão se reduza a salários, a execução

não será simples etapa de um processo, mas um novo processo

e o empregador ou exempregador, mesmo em se tratando de

acordo descumprido, será citado pessoalmente para pagamento

da dívida, que será singela, com juros de 1% ao mês.” (2006, p.

11)

A maioria da doutrina processual trabalhista vê-se bastante aberta às

reformas do processo civil, aplicando-as ao processo laboral no cabível. Sobre

a atuação do juiz trabalhista perante essas normas é lição magistral a de Jorge

Luiz Souto Maior:

Quando alguém diz que foram formuladas mudanças no Código

de Processo Civil, o processualista trabalhista deve indagar: -

alguma das inovações traz benefício à efetividade do processo do

trabalho, para fins de melhor fazer valer os direitos trabalhistas?

Se a resposta for negativa, ou até o contrário, que representa a

criação de uma formalidade capaz de gerar algum óbice a este

propósito, deve-se concluir sem medo de estar errado: - então,

não é preciso nem dizer quais foram as alterações! (2006, p. 921)

Vale salientar que o juiz do trabalho passa então por esta

atividade construtiva e integradora, sem que as normas do

Código de Processo Civil lhe vinculem automaticamente, visto

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que, passarão pelo filtro axiológico trabalhista (MAIOR, 2006, p.

920).

A utilização do CPC subsidiariamente ao processo do trabalho não

causa insegurança jurídica, nem violação ao devido processo legal ante a

previsão expressa da CLT neste sentido. Assim aduz o magistrado trabalhista

Mauro Schiavi:

[...]o Juiz do Trabalho, aplicando o CPC, não está criando regras,

está apenas aplicando uma regra processual legislada mais

efetiva que a CLT e é sabido que a lei é de conhecimento geral

(art. 3º, LICC). Se há regras expressas processuais no CPC que

são compatíveis com os princípios do processo do trabalho,

pensamos não haver violação do devido processo legal. Além

disso, as regras do CPC observam o devido processo legal e

também os princípios do Direito Processual do Trabalho. (2008, p.

274)

Para essa corrente, seria nesse segmento o adequar da aplicação do

art. 475-J do CPC, pois ele institui um procedimento extremamente eficaz, que

dispensa citação ao executado, aplica a multa coercitiva de 10% e põe fim à

nomeação de bens pelo executado, medida que só gera demora e

inefetividade, substituindo-a pela imediata penhora e avaliação (CHAVES,

2006, p. 59). Nesse sentido, a utilização do art. 475-J, aliada ao depósito

recursal e a irrecorribilidade das decisões interlocutórias, formariam uma forte

medida de distribuição do ônus da demora do processo, que anteriormente

ficava apenas com o jurisdicionado.

Outrossim, diante da divergência que circunda o presente tema,

necessário se faz, trazer a baila recente posicionamento do TST:

“A Seção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do

Trabalho, venceu a tese do relator dos embargos, ministro Brito Pereira, no

sentido da incompatibilidade da norma.

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Explicou o relator, o artigo 769 da CLT só permite a aplicação

subsidiária da norma processual civil no processo do trabalho quando houver

omissão da legislação sobre o tema e compatibilidade das normas. Assim, na

medida em que a CLT tem dispositivos específicos para tratar de liquidação e

execução de sentença (artigos 876 a 892), a aplicação do artigo 475-J, nessas

situações, afronta o comando do artigo celetista.

O relator reconheceu a angústia do juiz do trabalho, em especial no

momento da execução, para assegurar a efetivação da sentença e a

celeridade da tramitação processual, e ainda garantir o devido processo legal

às partes. Contudo, na opinião do ministro Brito Pereira, as normas em

questão são incompatíveis. Enquanto a regra do artigo 475-J do CPC fixa

prazo de 15 dias para o executado saldar a dívida sob pena de ter que pagar

multa de dez por cento sobre a quantia da condenação, o artigo 880 da CLT

impõe prazo de 48 horas para que o executado pague o débito ou garanta a

execução, sob pena de penhora.

Para o ministro relator Brito Pereira, a aplicação da multa de 10% em

caso de não pagamento em 48 horas contraria os dois dispositivos legais,

porque promove, por um lado, a redução do prazo de quitação do débito

previsto no CPC e, por outro, acrescenta sanção inexistente na CLT. Mesmo

se o julgador fixar prazo de 15 dias para pagar o débito sob pena de receber

multa, estará ampliando o prazo celetista de 48 horas, sem amparo legal. Por

todas essas razões, afirmou o ministro, a falta de pagamento da quantia em

execução pelo devedor deve seguir as orientações do próprio processo do

trabalho.

Durante o julgamento, o ministro Vieira de Mello Filho apresentou voto

divergente do relator, por entender que as normas celetistas quanto ao

cumprimento da decisão final por parte do devedor não tratam,

especificamente, da aplicação de penalidade – condição que atende ao

primeiro requisito do artigo 769 da CLT no que diz respeito à necessidade de

omissão da legislação trabalhista para autorizar a utilização subsidiária das

regras do processo comum. De acordo com o ministro, o silêncio do legislador,

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ao deixar de criar penalidade específica no âmbito do processo do trabalho,

constitui mero esquecimento.

Em relação ao segundo requisito mencionado no artigo 769 da CLT – a

compatibilidade entre as normas –, o ministro Vieira também considera

atendido, pois acredita que a aplicação da regra do artigo 475-J do CPC agiliza

o cumprimento das decisões judiciais transitadas em julgado. O ministro ainda

chamou a atenção para o fato de que o TST se utiliza da legislação processual

civil para aplicar multas com o objetivo de impedir atos processuais

protelatórios que retardam o desfecho da causa.

Citou, como exemplo, a aplicação da multa prevista no parágrafo único

do artigo 538 do CPC nos casos de embargos de declaração protelatórios,

ainda que o artigo 897-A da CLT trate das hipóteses de cabimento dos

embargos de declaração, sem se referir a qualquer tipo de penalidade. Desse

modo, diante da semelhança entre as situações debatidas, o ministro defendeu

a aplicação, no processo do trabalho, da multa do artigo 475-J do CPC. Apesar

de minoritária, essa interpretação foi acompanhada pelos ministros Lelio

Bentes Corrêa, Rosa Maria Weber, Augusto César de Carvalho e o juiz

convocado Flávio Portinho Sirangelo.

Em reforço à tese vencedora do relator, o ministro João Oreste Dalazen,

vice-presidente do TST, argumentou que a aplicação do artigo 475-J do CPC

contribui para retardar a satisfação do crédito trabalhista, uma vez que abre

espaço às partes para apresentação de outros recursos, por exemplo, em

torno da própria aplicabilidade da norma.

O vice-presidente sustentou que as normas são incompatíveis e

conflitam entre si quando se observam as diferenças de prazos e

procedimentos previstos (para o artigo 475-J, o devedor tem 15 dias para

quitar a dívida sob pena de ter que pagar multa de 10%, e para o artigo 880 da

CLT, tem 48 horas para pagar a dívida ou garantir a execução, sob pena de

penhora). Isso significa que a CLT permite ao devedor garantir a execução, já

o CPC determina o imediato pagamento da dívida sob pena de receber uma

sanção.

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A exigência de citação, nessa fase processual, nos termos da norma

celetista, em comparação com a ausência de citação no processo comum foi

outro ponto de incompatibilidade entre as normas destacado pelo ministro

Dalazen. Por fim, ele lembrou que a nova redação do artigo 880 da CLT (que

impõe prazo de 48 horas para o devedor saldar a dívida ou garantir a

execução, sob pena de penhora) é recente (ano 2007), e mesmo assim o

legislador não se referiu à possibilidade de aplicação da multa do artigo 475-J.

O resultado prático do julgamento é que a SDI-1 excluiu da condenação

do Tijuca Tênis Clube a multa prevista no artigo 475-J do CPC, como havia

sido pedido pela parte e negado na Terceira Turma do TST. (E-RR-38300-

47.2005.5.01.0052)"”.17

17Sítio do TST, noticia, notícia postada em 07/07/2010 - link: http://ext02.tst.gov.br/pls/no01/NO_NOTICIASNOVO.Exibe_Noticia?p_cod_area_noticia=ASCS&p_cod_noticia=10970

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CAPÍTULO VIII

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A lei 11.232/2005 trouxe inúmeras mudanças ao procedimento

executivo brasileiro.

Diversas inovações foram trazidas por tal lei, dentre a mais marcante,

o sincretismo processual, na qual a ação de execução passou a ser apenas

mais uma fase dentro da ação de conhecimento, buscando-se assim a

economia processual, como também a maior celeridade e eficiência do

processo quanto à prestação jurisdicional.

A fase de Cumprimento de Sentença foi a grande inovação trazida por

tal lei, graças a mesma foi possível uma prestação jurisdicional mais sucinta,

tal inovação trouxe consigo diversos novos institutos, dentre os mais

marcantes podemos aqui destacar a multa de 10 % sobre o valor da

condenação que passou a ser imposta àqueles que não cumprirem dentro do

prazo estipulado de quinze dias.

Com tal tema veio também a grande discussão sobre o termo inicial

para a contagem deste prazo, a fim de delimitar quando se começava a aplicar

a multa, tal tema amplamente esboçado neste trabalho com os diversos

entendimentos.

Fato é que as inovações trazidas com a criação do art. 475- J do

Código de Processo Civil trouxeram por assim dizer uma maior agilidade para

aquisição do direito resguardado pelo processo de conhecimento, o que foi

uma grande evolução do direito brasileiro, que em seu passado um individuo

passava anos para ter seu direito reconhecido pela lei e mais tantos e tantos

anos a fim de obter a contra prestação jurisdicional a que tinha garantido na

ação de conhecimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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THEODORO JÚNIOR, Humberto. As novas reformas do código de processo cível. Rio de Janeiro: Forense, 2006. AROUCA, José Carlos. Novo Processo Civil e o Velho Processo Trabalhista. Revista LTr, v. 71, n.5, p. 544-548, mai. 2007. ASSIS, Araken de. Cumprimento da Sentença. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,2009. CARNEIRO, Athos Gusmão. O Princípio sentença habet paratam executionem e a multa do art. 475-J do CPC. Revista de Processo, São Paulo, v. 164, p. 135-149, out. 2008. CHAVES, Luciano Athayde. A recente reforma no processo comum e seus reflexos no direito judiciário do trabalho. São Paulo: LTr, 2006. CHAVES, Luciano Athayde. As Lacunas no Direito Processual do Trabalho. In: CHAVES, Luciano Athayde (Organizador). Direito Processual do Trabalho: Reforma e Efetividade. São Paulo: LTr, 2007. CORDEIRO, Wolney de Macedo. Da releitura do método de aplicação subsidiária das normas de Direito Processual Comum ao Processo do Trabalho. In: CHAVES, Luciano Athayde (Organizador). Direito Processual do Trabalho: Reforma e Efetividade. São Paulo: LTr, 2007. DINIZ, Maria Helena. As Lacunas no Direito. 6. Ed. São Paulo: Saraiva, 2000. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 6. ed. São Paulo: LTr, 2007. GENERH, Fabiana Pacheco. A aplicação da multa do art. 475-J do CPC e seus reflexos no Processo do Trabalho – uma análise principiológica. Revista LTr, v. 72, n.4, p. 451-457, abr. 2008. MALLET, Estêvão. O Processo do Trabalho e as recentes modificações no Código de Processo Civil. Revista LTr, v. 70, n.6, p. 668-675, jun. 2006. MAIOR, Jorge Luiz Souto. Reflexos das alterações do Código de Processo Civil no Processo do Trabalho. Revista LTr, v. 70, n.8, p. 920-930, ago. 2006. MARINONI, Luiz Guilherme e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil, comentado artigo por artigo. São Paulo: RT, 2008. PRATA, Marcelo Rodrigues. A multa do art. 475-J do Código de Processo Civil e sua aplicabilidade no Processo Trabalhista. Revista LTr, v. 72, n.7, p. 795-804, jul. 2008. SCHIAVI, Mauro. Novas reflexões sobre a aplicação do art. 475-J do CPC ao Processo do Trabalho à luz da recente jurisprudência do TST. Revista LTr, v. 72, n.3, p. 271-276, mar. 2008.

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TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. As novas leis alterantes do Processo Civil e sua repercussão no Processo do Trabalho. Revista LTr, v. 70, n.3, p. 274-299, mar. 2006.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ___________________________________________________________________ 02

RESUMO _____________________________________________________________________________ 03

SUMÁRIO _____________________________________________________________________________ 04

INTRODUÇÃO ________________________________________________________________________ 05

CAPÍTULO I - NOTÍCIA HISTÓRICA _________________________________________________ 06

1.1 Da exposição de motivos para a criação da lei 11.232/05 ______________ 07

CAPÍTULO II - DO ART 475 – J DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ______________ 09

2.1 Contraditório diferido ........................................................................................................... 11

2.1.2 A multa do art. 475 –J do CPC ______________________________________ 11

2.1.3 O termo inicial do prazo de quinze dias _______________________ 13

2.1.4 Intimação a representado pela Defensoria Pública ______________ 18

2.1.5 Da inaplicabilidade da multa ________________________________ 19

2.1.6 Divergência da aplicabilidade da multa de 10% na execução

provisória. ________________________________________________________ 19

CAPÍTULO III - DO PAGAMENTO PARCIAL ______________________________ 22

CAPÍTULO IV - DA PENHORA _________________________________________ 23

CAPÍTULO V - DA IMPUGNAÇÃO ______________________________________ 25

CAPÍTULO VI - DOS HONORÁRIOS ADVOCATICIOS SOBRE A FASE DE

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA _______________________________________ 27

CAPÍTULO VIII - DA APLICAÇÃO DO ART. 475-J NA ESFERA

TRABALHISTA _________________________________________________________________ 31

7.1 A Visão Dos Tribunais e da Doutrina ....................................................................32

CAPÍTULO VIII - CONSIDERAÇÕES FINAIS ________________________________________ 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________________ 41

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes - UCAM

Titulo da Monografia: O ART. 475-J DO CÓDIGO DE PROCESSO

CIVIL E A SUA APLICAÇÃO NO NOVO CENÁRIO JURÍDICO

BRASILEIRO

Autor: Brunno Vinicius da Silva Macedo

Data da Entrega:

Avaliado por: Jean Alves Conceito: