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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - AVM PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM GESTÃO EM SAÚDE MEDICINA INTEGRATIVA NA SAÚDE DA MULHER ANA CLARA DUTRA DE OLIVEIRA Orientadora: Professora Fabiane Muniz Co-orientadora: Professora Giselle Böger Brand Rio de Janeiro 2016.2

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - AVM

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

EM GESTÃO EM SAÚDE

MEDICINA INTEGRATIVA NA SAÚDE DA MULHER

ANA CLARA DUTRA DE OLIVEIRA

Orientadora: Professora Fabiane Muniz

Co-orientadora: Professora Giselle Böger Brand

Rio de Janeiro 2016.2

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - AVM

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

EM GESTÃO EM SAÚDE

MEDICINA INTEGRATIVA NA SAÚDE DA MULHER

ANA CLARA DUTRA DE OLIVEIRA

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão em Saúde.

Orientadora: Professora Fabiane Muniz Co-orientadora: Professora Giselle Böger Brand

Rio de Janeiro 2016.2

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Dedico este trabalho à minha família, especialmente ao meu Pai, Êxie, e aos meus Filhos, Frederico e Maria Beatriz, que sempre me apoiaram nos meus estudos, e que me incentivaram nas horas difíceis, de desânimo е cansaço.

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Agradeço em primeiro lugar a Deus, pois sem Ele esta jornada não seria cumprida. Reitero meu profundo obrigado ao meu Pai, e aos meus filhos, por sempre se preocuparem com a produção e qualidade deste trabalho, e pela compreensão nos momentos em que minha atenção parecia não ter outro foco senão este.

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(...) É uma história para você escrever. Se eu soubesse escrever, eu escreveria, porque é uma história ótima, uma coisa que eu só acredito porque testemunhei. Então eu vim aqui para poder lhe contar essa história para você escrever. Quando é que você acha que vai poder escrever ela?

João Ubaldo Ribeiro – O escritor da cidade in Arte e ciência de roubar galinha.

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RESUMO

O presente trabalho possui como principal escopo trazer à tona às práticas que

permeiam a Medicina Integrativa e seus efeitos na Saúde da Mulher. Com base

nesta percepção buscar-se-á responder ao seguinte questionamento: “Seria a

Medicina Integrativa/Alternativa uma opção segura e eficaz na Saúde da

Mulher?”. Uma provável resposta a tal questionamento paira que, se utilizadas

em harmonia com a medicina tradicional, a medicina integrativa pode ser, sim,

eficaz no tratamento de sintomas secundários; bem como conceder à paciente

maior opção de tratamento aos sintomas. Para tal foram utilizadas como

tratamentos alternativos àqueles dispostos na Portaria 971 do Ministério da

Saúde – ao qual passa a reconhecer alguns procedimentos integrantes da

Medicina Alternativa e Complementar; trazendo, ainda, estudos e pesquisas que

visem responder ao quesito ora citado. Ao longo do primeiro capítulo foram

traçadas noções basilares da Medicina Tradicional, Alternativa e Complementar,

de modo a fornecer elementos para melhor compreensão de sua existência no

plano social. Complementar a este pensamento, no segundo capítulo, foram

abordados os modelos biopsicossocial e biomédico, demonstrando como este

se correlacionam com o processo de “adoecimento” do paciente. Por fim, no

terceiro capítulo, buscou-se demonstrar as principais práticas

integrativas/complementares e seus efeitos quando voltadas à Saúde da Mulher.

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METODOLOGIA

Será utilizada como metodologia básica a apreciação da literatura

nacional e internacional acerca dos temas que permeiam a relação entre a

Saúde da Mulher e as Práticas Populares de Saúde.

Ao longo do primeiro Capítulo utilizou-se textos basilares de Schelini

(2016), intitulado de “Homeopatia: uma reflexão sobre a prática integrativa”,

Quirke; Gaudiilière (2008), nos ditos de seu escrito “The era of biomedicine:

science, medicine, and public health in britain and france after the second world

war”, e Telesi Júnior (2016) em sua obra “Práticas integrativas e

complementares em saúde, uma nova eficácia para o SUS”. Justifica-se tal

escolha ora que estes, consoante aos ditos de Andrade e Costa (2010),

possuem como principal objetivo apresentar noções introdutórias de

integralidade e complementariedade.

Quando vislumbrado o tema acerca da transformação do modelo

biológico para o modelo biopsicossocial, tema este abordado ao longo do

Capítulo segundo desta obra, foram utilizados os estudos de Camargo Jr.

(2005), “A biomedicina”, Berquin (2010), “"Le modèle biopsychosocial :

beaucoup plus qu’un supplément d’empathie - revue médicale suisse”, e Borrell-

Carrió et al. (2004), “The biopsychosocial model 25 years later: principles,

practice, and scientific inquiry”. Tais estudos buscam deixar por derradeiro à

importância deste novo paradigma de análise do processo saúde-doença e, por

certo, como os fatores externos contribuem positiva e negativamente para

alcançar o bem-estar do paciente.

Valioso destacarmos que o Brasil não “importa” o modelo Flexneriano,

mas sim, acaba por beber na mesma fonte que seu criador, daí por

percebermos semelhanças entre as ideias postulados por Flexner e Teixeira.

No tocante à Saúde da Mulher propriamente dita, objeto cerne do

Capítulo terceiro, foram utilizados os bancos de dados PubMed, Medline,

BIREME e ScieLO pelos termos atinentes à cada prática integrativa estuda e

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pesquisas que, potencialmente, alcançassem o mesmo resultado. Tais dados

serão apresentados em forma qualitativa e quantitativa sem haver, entretanto, a

formulação de painéis gráficos.

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SUMÁRIO

SUMÁRIO .......................................................................................................... 5

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6

CAPÍTULO I - NOÇÕES ACERCA DA MEDICINA TRADICIONAL,

ALTERNATIVA E COMPLEMENTAR ............................................................... 8

1.1. Antropologia da medicina: uma abordagem história ................................... 8

1.2. Medicina Integrativa: fusão entre a Medicina Alternativa e Complementar 13

1.3. Aprovação da política nacional de Práticas Integrativas e Complementares

......................................................................................................................... 15

CAPÍTULO II - APLICAÇÃO DO MODELO BIOPSICOSSOCIAL NA

MEDICINA BRASILEIRA................................................................................. 18

2.1. Uso do modelo biopsicossocial em detrimento ao modelo biomédico

tradicional ......................................................................................................... 18

2.1.1. Do modelo biomédico............................................................................. 19

2.1.2 Do modelo biopsicossocial ...................................................................... 20

2.2. Da origem e dos conceitos de biomedicina ............................................... 23

2.3. Da confluência entre a medicina tradicional e a biomedicina no Brasil ..... 26

CAPÍTULO III - MULHER, POLÍTICA PÚBLICA E A MEDICINA

INTEGRATIVA ................................................................................................. 30

3.1. Mulher e a Política Pública ........................................................................ 30

3.2. Resultados da medicina integrativa na saúde da mulher .......................... 35

3.2.1 Medicina tradicional chinesa-acupuntura ............................................ 35

3.2.2 Homeopatia ......................................................................................... 38

3.2.3 Plantas medicinais e fitoterapia ........................................................... 41

3.2.4 Termalismo e crenoterapia .................................................................. 43

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 47

WEBGRAFIA .................................................................................................. 49

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INTRODUÇÃO

Tendo por certo que a Medicina Integrativa atualmente encontra

vantajoso ambiente para seu desenvolvimento, tendo Portaria autorizativa

própria, inclusive.

Buscaremos, dai, analisar quais as relações entre a Medicina Integrativa

e a Política de Atenção à Saúde da Mulher, ao qual restará por derradeira a

importância que estas possuem para o “empoderamento” da mulher de sua

própria Saúde.

Ao longo deste trabalho transcorreremos o caminhar que a Medicina

Integrativa percorreu até sua aceitação atual perante a sociedade e,

principalmente, para o Governo propriamente dito. Corolário a este dará ênfase

aos diálogos travados entre a Medicina Integrativa e a Saúde da Mulher ao

longo dos anos até o presente.

Desta feita contemplaremos, especificamente, a evolução da Medicina

Integrativa ao longo dos anos até alcançar a idade presente; bem como

evidenciar o processo de englobamento pela Medicina Tradicional de

procedimentos e fármacos advindos da Medicina Integrativa; e, por fim,

delimitar quais os procedimentos Integrativos mais utilizados pelas Mulheres a

fim de prevenir ou corrigir casos clínicos. Neste plano resumir-se-ão casos

clínicos e as consequências de seu uso, inclusive.

Por fim almejamos confirmar que o uso da Medicina Integrativa na

Saúde da Mulher traz efeitos positivos não apenas para a paciente, mas sim

para toda a comunidade.

Será abordado no Capítulo I, denominado de “Noções acerca da

medicina tradicional, alternativa e complementar”, uma busca historicista para

descrever como a sociedade se relaciona entre si e como os elementos sociais,

culturais e psicológicos são transmitidos entre as gerações.

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Neste Capítulo será abordado, ainda, acerca dos riscos legais que as

práticas integrativas sofrem e como a Resolução do Ministério da Saúde

auxiliou os profissionais a sair da marginalização legal. Não obstante a estes,

restará demonstrado os riscos que a má utilização ou prática por profissional

não qualificado podem trazer para a saúde do paciente.

No Capítulo II, ora denominado “Aplicação do modelo biopsicossocial na

medicina no Brasil”, no qual serão abordados, através de referencial teórico

voltado para o campo da filosofia e sociologia, os motivos que levaram a

criação do novo paradigma utilizado atualmente.

Será abordado, ainda no teor do Capítulo II, como o novo modelo

médico (“atualizado” pela visão do modelo biopsicossocial-integrativo) se

correlaciona com as práticas integrativas e os elementos que permeiam o

processo saúde-doença do paciente.

Por fim, no Capítulo III, sob o título de “Mulher, política pública e a

medicina integrativa”, analisar-se-á casos clínicos, bem como resultados

advindos de pesquisas já produzidas, que visem comprovar a eficácia das

práticas integrativas na saúde da mulher, bem como evidenciar os benefícios

que estas práticas podem trazer ao longo dos anos – na hipótese de tratar-se

de tratamento homeopático ou de longa duração.

Em seus expostos será abordado, igualmente, acerca de quais métodos

podem substituir e quais devem ser utilizados juntos com os procedimentos

médicos tradicionais.

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CAPÍTULO I

NOÇÕES ACERCA DA MEDICINA TRADICIONAL, ALTERNATIVA E COMPLEMENTAR

Este capítulo tem como objetivo traçar noções introdutórias acerca da

medicina tradicional, alternativa e complementar; apresentando, assim, suas

diferenças, conceitos e contextualização frente a literatura nacional e

estrangeira.

Busca-se, igualmente, apresentar seus campos de atuação, principais

agentes motivadores e sua percepção no atual momento sociológico.

1.1. Antropologia da medicina: uma abordagem história

A medicina ocidental tem seu berço na Grécia antiga, Hipócrates de Cós

(460-377 a.C.), que traduziu pela primeira vez uma visão racional da medicina,

bem diferente da concepção mágico-religiosa antes descrita. O texto intitulado

“A doença sagrada” começa com a seguinte afirmação: “A doença chamada

sagrada não é, em minha opinião, mais divina ou mais sagrada que qualquer

outra doença; tem uma causa natural e sua origem supostamente divina reflete

a ignorância humana”. A causa natural de uma doença, para Hipócrites, era a

desorganização do indivíduo com o ambiente, sendo o primeiro a ter uma visão

epidemiológica do problema de saúde-enfermidade (SCLIAR, 2007).

Durante muito tempo, esta visão tradicional foi mantida. No século XVII,

Descartes estabeleceu os métodos para se pensar o corpo humano como

máquina, criando a dicotomia entre mente (uma concepção divina, fora do

alcance da ciência) e corpo (um organismo imperfeito que obedece as leis

mecânicas). De acordo com o autor, nesse esquema, a doença aparece

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como um distúrbio de um dos componentes da máquina humana passível de ser reparado pela intervenção de uma medicina que detivesse o conhecimento das leis que operam essa máquina. O corpo humano perdia assim seu caráter divino, intocável e a medicina agora viva no paradigma mecanicista (QUEIROZ, 1986).

A partir da Revolução Industrial, verificou-se uma ruptura fundamental

entre saúde e medicina. De acordo com o autor, essa ruptura permitiu cada vez

menos situar a doença entre a biografia individual e o mundo social. Além

disso, a partir de Pasteur e Koch, a medicina pensou ter se tornado uma

ciência natural que teria o poder de controlar todas as doenças pela descoberta

de antídotos específicos às suas causas específicas.

Soma-se esse poder da ciência, com o avanço da pesquisa e da

tecnologia, a medicina científica ocidental sofreu um processo de expansão

significativo a partir da segunda guerra mundial, consolidando um modelo

baseado numa sofisticação tecnológica sem precedentes. Esta sofisticação não

só aumentou seu poder de intervenção no corpo humano, como exigiu um

investimento maciço de capital, colocando o campo médico como uma área

onde se processa uma acumulação de capital das mais intensas.

No entanto, o paradigma mecanicista começou a sofrer paralelamente

ao aumento da proporção de doenças degenerativas tais como câncer,

doenças do coração, hipertensão arterial, doenças psiquiátricas entre outras,

que não se mostram tratáveis pela intervenção tecnológica baseada no modelo

unicausal de doenças. Autor disserta que muitos autores têm considerado não

só essas doenças mas também as infecciosas como de múltipla causalidade,

na qual corpo, mente e meio-ambiente (incluindo mas não limitado por

microorganismos exógenos) interagem para produzir a doença ou para curá-la.

Isso explicaria porque o ser humano traz com ele a maior parte dos germes

causadores de grande parte das doenças a maior parte do tempo, mas elas só

se manifestam quando a resistência a elas diminui ou quando a suscetibilidade

a elas aumenta, o que remete necessariamente às condições sociais que as

propiciam.

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Dentro deste cenário, o olhar biopsicossocial volta, vagarosamente, à

evidência. É importante buscar mais, olhar mais e necessariamente, ver além

da máquina (QUEIROZ, 1986).

Sendo assim, damos início ao nosso estudo com passagem do livro de

Andrade e Costa (2010), no qual definem que:

No campo dos cuidados em saúde, as noções de integral, integralidade ou complementar remetem a uma delicada discussão epistemológica sobre o alcance heurístico de tais categorias, e acerca de sua viabilidade enquanto instrumento metodológico para a condução desses cuidados em situações clínicas concretas.

Tal passagem consagra, essencialmente, toda a evolução teórica e

epistemológica que a medicina complementar e alternativa sofreu ao longo de

sua existência. Valioso ressalvar que, embora o fragmento acima tenha

assentado, oportunamente, a existência de discussão acerca do “alcance

heurístico”, o mesmo não apresenta a relação entre as práticas alternativas e a

sociedade per se.

Isto é, Andrade e Costa (2010) delimitam existir plano de relação entre

tais realidades sem haver, contudo, esclarecido como ocorre tal interação e o

que a legitima.

No Brasil nos deparamos, inicialmente, com os autores “folcloristas”, tais

como Cabral e Maynard Araújo, ambos citados na obra “Contribuições da

antropologia à medicina: uma revisão de estudos no Brasil” de Queiroz e

Canesqui (1986). Os autores compreendiam a medicina popular como práticas

intuitivas e rústicas, resultantes de uma difusão da medicina erudita trazida

pelos colonizadores, acrescidos do grande composto étnico que compunha a

população brasileira.

As ideias ora postuladas foram duramente atacadas por Bastide (1971,

apud QUEIROZ; CANESQUI, 1986, p. 142), uma vez que o autor pregava por

um tratamento mais rigoroso acerca das temáticas relativas à crua religiosa.

Importante destacar que Bastide, conforme aponta Queiroz e Canesqui (1986,

p. 142), não se destaca como agente postulador de teorias, destacando-se na

estruturação de campo mais técnico para o estudo da religiosidade na

Medicina. Neste sentido os autores assentam que Bastide proporcionou o

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aparecimento de um campo valioso de estudos no Brasil, estando este

exteriorizado na percepção da religiosidade popular – em especial àquelas

atinentes à medicina religiosa – dentro da medicina tradicional.

No estudo de Queiroz e Canesqui (1986, p. 142) fica evidenciado que,

até a década de 30, a medicina popular, no Brasil, era tida como uma “colcha

de retalhos”, na qual se apresentava unida por culturas passadas, desconexas

e com pouca, ou nenhuma interação sociológica entre elas. Ademais a esta

percepção, este campo da Medicina era também assimilado como integrante

do mundo tradicional, ao qual passava a englobar não apenas as práticas da

Medicina erudita, como também aquelas que possuíam como matriz as crenças

e práticas de cura.

Fernandes (1961) e Fontenelle (1959) apontam que este processo de

práticas de curandeirismo e crenças populares na medicina encontrava-se em

nítido declive, especialmente por não ser condizente com o atual cenário

histórico e social.

Isto faz sentido historicamente, pois Queiroz e Canesqui (1986, p. 145)

apontam que “é possível observar que o capitalismo progressivamente altera

os sistemas tradicionais de crenças e práticas de cura, destituindo-os de

legitimidade e marginalizando seus agentes”. Deste processo de destituição

faz-se nascer novos paradigmas e significados para as antigas práticas

desenvolvidas.

Por certo que a formulação de novo paradigma trás ao antigo modelo a

pesada realidade do esquecimento, sendo assim abolido em detrimento de

uma “nova percepção” da realidade. Bem verdade que tal abolição pode não se

concretizar, ora que sempre existirão àqueles que remontarão sua existência a

fim de pesquisa, porém sua presença perde força, tornando-se diminuta

perante a nova realidade.

Sahlins, em sua obra “Culture and practical reason”, a contrario sensu de

Oliveira (1983, apud QUEIROZ; CANESQUI, 1986, p. 146), entende que o

uso da medicina, tanto a erudita quanto a popular, não são utilizadas, à priori

devido a sua eficácia, mas sim pela cultura utilizada pela sociedade que a

emprega.

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Oliveira também tem suas ideias atacadas nos ditos de Illich, isto

porque, ao longo de seu texto intitulado “Medical Nemesis: the expropriation of

health”, o autor nota que, apesar de romantizada, esta teoria falha em trazer

elementos que a corroborem.

Brandão, em seu livro “Educação popular” publicado em 1984 (apud

QUEIROZ; CANESQUI. 1986, p. 146), entende que a medicina

complementar/alternativa e a medicina erudita não tem por objetivo disputar

território, uma vez que, enquanto que a primeira preocupa-se em produzir

novos saberes populares, a medicina erudita tenta justifica-los, demostrando

positiva ou negativamente seus resultados em uma larga aplicabilidade; isto é,

enquanto que o primeiro tem por foco a cultura popular, a segunda tem por

objetivo a reprodução dos resultados em larga-escala para que, assim, possa

traçar sua validade como tratamento.

Como dito anteriormente, a adesão da sociedade ocidental ao

capitalismo e consequentemente o foco da medicina no ambiente hospitalar

colaborou para a desvalorização das práticas populares. Atualmente, o cenário

se encontra um pouco mais propício às práticas. O retorno gradual à aceitação

das ideias da medicina complementar teve início com o surgimento do SUS e a

consequente descentralização da saúde do ambiente hospitalar, assim como a

valorização do conhecimento popular utilizando políticas públicas e educação

significativa para a população. Isto será discutido no próximo capitulo, mas se

compreende que atualmente, no Brasil, o ambiente de pesquisa não se

encontra rígido a um tipo de “sistema”, isto é, este compreende gama de

tratamentos – complementares e alternativos –, sem haver, contudo, distinção

entre eles (Barros e Nunes, 2006).

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1.2. Medicina Integrativa: fusão entre a Medicina Alternativa e

Complementar

Daremos início a este segmento do trabalho buscando traçar,

brevemente, uma linha do tempo e as principais características e definições

das Medicinas Alternativa e Complementar.

Rodrigues Neto et al. (2009) delimita, sinteticamente, que estas

medicinas inteiram um complexo conjunto de “diversos sistemas, práticas e

produtos médicos e de atenção à saúde que não se consideram atualmente

parte da medicina convencional”; porém tal definição não nos permite perceber

com clareza a integração destas com a Medicina Tradicional.

No campo da Medicina Alternativa faz-se vantajoso seccionarmos sua

compreensão em três planos que entendimento, sendo eles:

i. Científico ou Oficial. A Medicina Alternativa (MA) quanto Ciência é

compreendida como “correlata” da Ciência Médica propriamente

dita, isto é, a MA não seria um sistema próprio, mas sim métodos

alternativos de alcançar o diagnóstico para a intervenção da

Medicina Tradicional.

ii. Antítese. Neste viés a MA atua como sistema próprio e

independente, ao qual objetiva a reformulação/substituição do

modelo oficial (Medicina Tradicional). Este ainda se caracteriza por

propor reformas no modelo de gestão/assistência médica.

iii. Novos Sistemas Terapêuticos. Este modelo busca se desligar do

modelo biomédico, permanecendo, entretanto, com a missão de

substituir os modelos tradicionais de tratamento.

Oportuno destacarmos que a Medicina Alternativa, na concepção de

trazer novos sistemas terapêuticos, fora reconhecida pelos governos como

tratamentos eficazes para determinadas enfermidades.

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A Medicina Complementar (MC), entretanto, possui “nascimento”

bastante diferenciado da MA. Esta era entendida como análoga ao

procedimento científico emergente na primeira metade do Séc. XX. A

complementaridade tem sua origem semântica no campo da física, onde

estudos apontavam que os elétrons possuíam características que eram

complementares em energia e matéria. Este pensamento, ainda com origem

estritamente científica, “permaneceu orientando” o Brasil durante a década de

80, causando uma má interpretação do significado de Medicina Complementar.

Por consequência da interpretação adstrita ao pensamento científico,

foram criadas duas concepções formais para a MC. A primeira compreende a

Medicina Complementar como sistema novo e moderno da Medicina

Alternativa, ao qual abarca práticas e técnicas anteriormente não reconhecidas

de forma oficial; Noutro plano, há a “transformação” do conceito original para

configurar um macro sistema: o Sistema Integrativo.

Entendemos baseado em vernáculo pátrio e no Princípio da

Complementaridade (princípio em física que originou o termo), que a segunda

concepção da Medicina Complementar, à qual dá origem ao Sistema

Integrativo, é a mais correta.

Uma vez não ser o objetivo principal deste trabalho a distinção

minuciosa acerca da Medicina Alternativa e Complementar (MAC),

enquadraremos ambas sob a nomenclatura de Medicina Integrativa (MI),

fazendo breve diferenciações quando oportuno.

Andrade e Costa (2010) delimitam a Medicina Integrativa como sendo:

[...] as abordagens da saúde e da doença, da diagnose, dos tratamentos terapêuticos e das doutrinas que lhes dão suporte concebem o ser humano como ser integral, não identificando barreiras entre mente, corpo e espírito, ao contrário do que faz a medicina convencional [...] Esse campo de saberes e cuidados desenha um quadro extremamente múltiplo e sincrético, articulando um número crescente de métodos diagnóstico-terapêuticos. [...] Esse amplo acervo de cuidados terapêuticos abriga ainda recursos como terapias nutricionais, disciplinas corporais, diversas modalidades de massoterapia, práticas xamânicas e estilos de vida associados ao naturalismo e à ecologia [...].

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Tal caracterização inaugura o paradigma bioenergético – privilegiando a

“visão do todo”, rompendo com o modelo Newtoniano-cartesiano, ao qual

adotava primazia pela qualidade epistemológica com os parâmetros da

medicina científica.

1.3. Aprovação da política nacional de Práticas Integrativas e

Complementares

Orientada pela valoração de fatos sociais, nasce a Política Nacional de

Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC).

A formulação PNPIC é galgada nos artigos 198, II da Constituição

Federal de 1988 e no parágrafo único do artigo 3.º da Lei 8.080/90. Em ambas

as legislações há a primazia pela integralidade da atenção como diretriz e a

promoção de ações destinadas a garantir às pessoas e a coletividade

condições de bem-estar físico, mental e social, como fatores determinantes e

condicionantes da saúde.

Neste sentido o Ministério da Saúde editou em 03 de Maio de 2006 a

Portaria de n.º 971, que teve como principal objetivo aprovar a Política Nacional

de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Sob a premissa de

englobamento das Práticas Integrativas e Complementares pelo Ministério da

Saúde, a Portaria reconheceu as seguintes práticas:

i. Acupuntura, compreendendo as práticas corporais complementares

que se constituem em ações de promoção e recuperação da saúde

e prevenção de doenças, inclusive;

ii. Homeopatia, abarcando ações no campo da prevenção de

agravos, promoção e recuperação da saúde;

iii. Fitoterapia, caracterizado pelo uso de plantas medicinais em suas

diferentes formas farmacêuticas e que tal abordagem incentiva o

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desenvolvimento comunitário, a solidariedade e a participação

social;

iv. Termalismo Social/Crenoterapia, abordagem de indicação e uso de

águas minerais de maneira complementar aos demais tratamentos

de saúde.

Destacamos que a própria legislação reconhece que determinadas

práticas serão estritamente complementares (ex.: Crenoterapia), enquanto que

outras poderão atuar tanto na forma complementar quanto de forma alternativa

(ex.: homeopatia).

Inegável o avanço que a Portaria trouxe para o País, entretanto,

segundo posicionamento do Conselho Regional de Medicina do Estado da

Paraíba (2006), Conselho Regional de Farmácia de Pernambuco (2012),

Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (2006a, 2006b),

Conselho Regional de Medicina do Maranhão (2006), Conselho Regional de

Medicina do Estado do Paraná (2006), e da Associação Médica Brasileira, a

prática das atividades descritas na Portaria, quando realizadas sem a devida

instrumentalização e avaliação crítica, podem trazer danos irreparáveis à saúde

do paciente que se submete ao tratamento.

O Conselho Regional de Medicina do Estado da Paraíba (2006) aponta

que, dentre os principais riscos do uso da Portaria, é de introduzir o paciente

em um processo de experimentação sem evidências ora que apresentam, em

regra, baixos custos para sua realização. Não obstante ao fato econômico,

pairam, igualmente, os critérios de capacitação e segurança acerca do

tratamento.

Conforme será abordado em capítulo futuro, antes de haver a prescrição

ou a realização em larga escala de determinado tratamento médico, este sofreu

diversas avaliações a fim de torna-lo seguro de utilização. Porém, quando

vislumbramos os procedimentos descritos pela Portaria, não notamos uma

atenção desta em delimitar quais seriam os profissionais aptos para sua

prática.

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Ademais à Portaria, às práticas de Medicina Alternativa não regulada

trazem, sobremaneira, riscos à saúde da coletividade, ora que são realizadas

sem quaisquer parâmetros regulatórios.

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CAPÍTULO II

APLICAÇÃO DO MODELO BIOPSICOSSOCIAL NA MEDICINA BRASILEIRA

2.1. Uso do modelo biopsicossocial em detrimento ao modelo

biomédico tradicional

Vencidas as etapas iniciais que demonstram a existência de uma

medicina que integra e permeia o bojo da medicina tradicional, buscaremos

abordar, neste capítulo, acerca da criação do novo paradigma biomédico e

como este guarda relação com a abordagem social do processo saúde-doença.

Oportunamente ressalvamos que, ao utilizar o termo “biomedicina” neste

capítulo, não se referencia ao conceito ligado à medicina; em outros termos,

pacífico com os ditos da Universidade Estadual de Londrina (2000), não se

compreende, neste momento, ser a biomedicina àquele ramo da ciência

médica que busca abarcar os processos e mecanismos atinentes ao corpo

humano, bem como sua relação com a ciência biomédica; ou seja, quando nos

referirmos à “biomedicina” não guardamos relação com o referido ramo, mas

sim nos limitamos aos conceitos a seguir apresentados.

Para analisarmos a formulação deste novo paradigma, dividimos este

em dois planos. O primeiro, ora denominado modelo biomédico, e outro,

denominado modelo biopsicossocial. Ambos serão abordados objetivando

quatro esferas específicas, sendo elas: campo de atuação – no qual será dada

especial atenção ao público-alvo e elementos utilizados para sua formulação –,

utilização/campo de incidência, críticas/falhas do modelo, vantagens/benefícios

do modelo. Importante ressalvarmos que este seccionamento visa, unicamente,

uma melhor apresentação dos elementos que compõe os modelos estudados,

isto é, não há, efetivamente, estratificação entre seus elementos teóricos.

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2.1.1. Do modelo biomédico

Para abordarmos o conceito do modelo biomédico devemos,

preliminarmente, compreendermos o cenário que motivou sua elaboração.

O modelo biomédico teve sua principal influência no modelo mecanicista

de Descartes, como já citado anteriormente. Sendo assim, esta abordagem

acerca da doença firma-se como herança de cerca de três séculos, desde seu

surgimento “o método cartesiano tornou-se o paradigma dominante da ciência

e o universo passou a ser concebido como um sistema mecânico, consistindo

em objetos separados que, por sua vez, foram reduzidos a seus menores

elementos materiais” (KOIFMAN, 2001, p. 51).

Observa Koifman (2001) que durante o século XIX, o aprendizado da

anatomia clínica não se fazia pela observação da vida, tampouco dos corpos

doentes, mas sim em corpos mortos. Elabora a autora, ainda que, “a saúde

passou a ser vista como ausência de doença e a cura passou a significar a

eliminação dos sintomas”.

O nascimento do modelo biomédico encontrou especial ambiente para

se firmar como principal método de avaliação do processo saúde-doença, ora

que este fora fortemente influenciado pelos pensamentos cartesianos

(KOIFMAN, 2001, p. 52), tendo perpetuado como unânime através de certa

“dominação teórica do galenismo e o conservadorismo das corporações

médicas” (CAMARGO JR., 2005, p. 179).

O médico, lançando mão deste modelo, acaba por se preocupar

sobremaneira com seu desempenho técnico. Camargo Jr. (2005) aponta que,

desta forma, o profissional exalta uma visão analítico-mecanicista e anátomo-

clínica, compreendendo apenas os elementos da lesão e das doenças.

Completa o autor dizendo que, “o fenômeno biológico é explicado pela

química e pela física. Não parece haver espaço, portanto, dentro dessa

estrutura, para as questões sociais, psicológicas e para as dimensões

comportamentais das doenças” (CAMARGO JR., 2005, p. 179).

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Porém não apenas de crítica é feito o modelo biomédico, uma vez que

foi através dele e de seus postulados de observação e quantificação

organizadas, que a medicina científica moderna se estruturou e firmou seus

primeiros passos (CAMARGO JR., 2005; KOIFMAN, 2001; WADE; HALLIGAN,

2004).

O modelo biomédico ainda é fortemente visto na sociedade,

principalmente quando história, literatura, filosofia saíram das grades

educacionais dos estudantes de medicina, já que pouco podiam acrescentar

para os mesmos agora que as novas descobertas acontecem em métodos

efetivamente científicos. Autor complementa que ao deixar de se apoiar nas

ciências humanas para se sustentar essencialmente nas ciências exatas e

biológicas e no estudo atento e sistemático do comportamento físico-químico

dos órgãos, tecidos e células, a medicina se torna pouco reflexiva. Autor ainda

argumenta que tal teoria da ciência, bastante em voga nos nossos dias, já vem

sendo combatida e criticada desde a virada do século por filósofos como

Gaston Bachelar e, mais recentemente, Thomas Kuhn, mas parece não ter sido

o suficientemente absorvida pela maioria dos médicos e cientistas da saúde

contemporâneos, que continuam demasiadamente entusiasmados com as

novas perspectivas da ciência (GALLIAN, 2000).

2.1.2 Do modelo biopsicossocial

O termo “modelo biopiscossocial” foi inaugurado por George L. Engel em

seu trabalho “The need for a new medical model: a challange for biomedicine”,

publicado em 1977, o modelo biopsicossocial tem por premissa máxima a

percepção dos elementos sociais, psicológicos e biológicos no processo saúde-

doença (BORRELL-CARRIÓ et al, 2004, p. 576–7). Tal modelo rompe com o

paradigma do modelo biomédico, ora que este postulava apenas a primazia

pelos elementos somáticos (ENGEL,1980, p. 130) exteriorizados pelo paciente

em sua visita médica.

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É valido recordar que embora este modelo soasse como algo novo, a

medicina ocidental originalmente era condizente com estes critérios. De acordo

com Gallian (2000), a medicina ocidental originalmente era uma ciência

essencialmente humanística e seu sistema teórico partia de uma visão

holística, que compreendia o homem como um ser dotado de corpo e espírito.

Dentro desta visão, era claro que as causas das doenças deveriam ser

buscadas não apenas na estrutura do enfermo (órgão, membro, sistema) mas

também que outros dados fossem levados em consideração, como ambientais,

culturais, sociológicos, familiares, psicológicos e espirituais. Foram as

descobertas tecnológicas e científicas que afastaram os médicos desses

valores e o voltaram para o modelo biomédico. Gallian (2000) complementa

que

(...) Todo esse processo de supervalorização das ciências biológicas, da super-especialização e dos meios tecnológicos, que acompanharam o desenvolvimento da medicina nestas últimas décadas, trouxe como conseqüência mais visível, a “desumanização” do médico. Um sujeito que foi se transformando cada vez mais em um técnico, um especialista, profundo conhecedor de exames complexos, precisos e especializados, porém, em muitos casos, ignorante dos aspectos humanos presentes no paciente que assiste. E isso, não apenas por força das exigências de uma formação cada vez mais especializada, mas também em função das transformações nas condições sociais de trabalho que tenderam a proletarizar o médico, restringindo barbaramente a disponibilidade deste para o contato com o paciente, assim como para a reflexão e formação mais abrangente. (GALLIAN, 2000).

Reis (1999, p. 416) aponta que o modelo biopsicossocial visa, senão

que, vencer o antigo paradigma de limitação do campo médico, isto é, para o

autor não seria possível seccionar o processo saúde-doença em um campo

biológico e outro social. Esta compreensão pode ser depreendida dos escritos

de Engel (1980), ora que, para haver uma correta aplicação de tratamento

médico, não poderá o profissional ficar adstrito aos sintomas manifestados.

Deverá, portanto, considerar os elementos sociais, psicológicos e biológicos,

para que haja aplicação de tratamento adequado ao caso concreto.

Para Camargo Jr. (2005, p. 179) fica evidente que “a dominação teórica

do galenismo e o conservadorismo das corporações médicas garantiram uma

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sobrevivência considerável das visões medievais sobre a saúde e a doença”,

criando uma visão analítico-mecanicista, dando campo propenso ao

firmamento de uma medicina originada a partir de uma anátomo-clínica voltada

para a bio, assim compreendendo as lesões e as doenças.

Segundo Lieber (1998, p. 99),

A análise interacionista decorre do neo-positivismo. A dependência causal é substituída por uma interdependência funcional. Presume-se que as partes num arranjo social não são tipicamente independentes, mas mutuamente inter-relacionadas, numa rede estática de dependências recíprocas. Consequentemente, a rigor, não se pode falar de ‘causas’, mas de ‘interações’. O interacionismo tem princípios calcados na física e, portanto, pressupõe um sistema fechado sob equilíbrio mecânico. Sob uma equação funcional, a ordem é eterna, sem possibilidade de se indicar a natureza das mudanças numa ordem mutável e sem possibilidade de evidência da relevância de um fator sobre outro.

Em harmonia com os ensinos de Lieber (1998, p. 99) e Reis (1999, p.

416), seria seguro sintetizar o modelo biomédico através de algumas

características, sendo elas a exteriorização dualística; a hierarquização entre

os critérios – assim entendida sendo a relação entre os elementos extrínsecos

e intrínsecos aos sintomas; confluência entre os elementos; e, especialmente,

a independência entre estes elementos.

Em outro plano observamos a existência da metateoria integradora, ou

dialética. Nesta abordagem há, conforme leciona Reis (1999, p. 416) e

Vandenberghe (2013, p. 22), ao contrário da interacionista, a percepção que os

elementos sociais, psicológicos e biológicos perfazem um todo, dinâmico e, por

certo, mais completo que seus elementos individuais.

Desta forma, no modelo dialético, os elementos seriam ponderados em

igualdade de importância, rompendo-se, desta forma, com a valoração de certa

hierarquia piramidal entre o elemento biológico e os demais.

Baseando-se nesta perspectiva rompe-se quaisquer laços

remanescentes com o modelo biomédico que sucedera os pensamentos de

Engel (1980). Assim afasta-se a interpretação seccionada das características

que permeiam o modelo biopsicossocial, isto é, os critérios social, psicológico e

social são interpretados como unidade singular e indivisível no caso concreto.

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Firmamos, por consequência lógica dos modelos apresentados, ser o

modelo biopsicossocial, o mais adequado para a análise do quadro do

processo saúde-doença como um todo, ora que, dando primazia pelos

sintomas exaltados pelo paciente, o profissional é capaz de tratar, ainda que

momentaneamente, das enfermidades que afligem o paciente.

Por certo que a psicologia e os elementos sociais integram importante

papel no estudo do caso clínico, porém, ao contrário dos elementos biológicos,

estes não podem – salvando pontuais exceções – serem “tratados” de forma

emergencial em curto prazo, demandando, assim, tempo e esforços que muitas

das vezes fogem a alçada do profissional e do paciente em questão. Firmam-

se, então, como déficits de programas estaduais e abismos sociais.

O modelo ora apresentado guarda estrita relação com o tema abordado,

pois resta demonstrado que, apensar de haver a apreciação de elementos

externos à bio do paciente, ainda é este o critério mais valioso para a

promoção de tratamentos médicos. E, por consequência desta exteriorização

dualista estratificada, precisa os fundamentos que “legitimam” a medicina

tradicional a afastar a aplicação da medicina integrativa e alternativa, assim

como a manter o modelo biomédico ainda em funcionamento.

2.2. Da origem e dos conceitos de biomedicina

Neste momento serão abordadas as noções de biomedicina como ramo

da ciência médica. Tal conceituação faz-se importante uma vez que é através

desta que a Medicina tradicional começa a valorar os elementos extrínsecos ao

paciente.

Como já anotado em nossos estudos, utilizamos o conceito de

biomedicina traçado pela Universidade Estadual de Londrina (2000), que assim

o entende como ramo da “ciência que estuda a Biologia Humana, todos os

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processos e mecanismos que regulam o funcionamento do organismo humano,

suas alterações e formas de abordagem dos diferentes ramos das Ciências

Biomédicas”. Assim, Campos (2006) aponta que o objetivo precípuo da

biomedicina é, senão que, a “formação de profissionais para atuar como

docentes e pesquisadores científicos nas áreas de ciências básicas, e com

conhecimento suficientes para auxiliar pesquisas nas áreas de ciências

aplicadas”.

Porém, para compreendermos como a biomedicina se relaciona com a

medicina tradicional, devemos traçar três pontos estruturais. O primeiro,

estruturado através de uma visão historicista, buscará apresentar a origem da

biomedicina no Brasil e no Mundo; no segundo será traçado um conceito geral

acerca do termo “biomedicina”; e, por fim, serão demonstrados alguns

elementos que compõe a biomedicina e como estes se correlacionam com a

sociedade.

No Brasil a Biomedicina teve origem em 1966, na Escola Paulista de

Medicina, sob a denominação “curso de ciências biomédicas” ou, como era

formalmente conhecido, “Ciências Biomédicas Modalidade Médica”, passando

a ser regulamentado em 1979 através da Lei 6.684, de 03 de setembro de

1979, ao qual passa a “regulamenta as profissões de Biólogo e de Biomédico,

cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Biologia e Biomedicina, e

dá outras providências”.

O Conselho Regional de Biomedicina 3a região (2006) aponta que, até

1982, os profissionais das categorias de biólogos e biomédicos atuavam sob a

mesma regulamentação, situação esta que fora modificada com o advento da

Lei 7.017 de 30 de agosto de 1982, ao qual dispõe “sobre o desmembramento

dos Conselhos Federal e Regionais de Biomedicina e de Biologia”.

Ato contínuo, em 28 de junho de 1983 fora publicado o Decreto nº

88.439, no qual veio regular, especificamente, a profissão do biomédico, tal

como dispõe seu preâmbulo e artigo primeiro. Porém, no mesmo dispositivo

legal, em seu Capítulo XI (Das disposições gerais), o profissional

regulamentado pela lei encontrava, no artigo 50, entrave para a prática de suas

atribuições profissional.

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O entrave que o artigo 50 pregava era galgado na premissa de que

apenas seria possível “realizar análises clínico-laboratoriais” (primeira parte do

artigo) quando houvesse a comprovação de “realização de disciplinas

indispensáveis ao exercício dessa atividade” (segunda parte do artigo), isto é, o

profissional biomédico formado era obrigado a comprovar sua competência

através de documento, não havendo, portanto, credibilidade tácita por sua

formação.

Tal situação fora levada ao Supremo Tribunal Federal, no qual assentou

nos autos da Representação 1256-5 DF de 20 de novembro de 1985 que:

Decisão: Julgou-se procedente a Representação e declarou-se a inconstitucionalidade: I) da expressão "atuais" e das expressões "bem como os diplomados que ingressarem nesse curso em vestibular até julho de 1983", todas contidas no art. 1º. da Lei 6686 de 11 de setembro de 1979, na redação que lhe deu o art. 1º. da Lei 7135 de 26 de outubro de 1983; II ) do artigo 2º. da Lei 7135 de 26 de outubro de 1983. Decisão unânime. [G.N]

Através da Ação Declaratória de Inconstitucionalidade recebida e

acolhida pelo Egrégio Tribunal, o Senado Federal promulgou a Resolução nº

86 de junho de 1986, na qual versa, em seu único artigo, que:

Artigo Único - E suspensa, por inconstitucionalidade, nos termos do artigo 42, inciso VII, da Constituição Federal e, em face da decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, proferida em sessão plenária de 20 de novembro de 1985, nos autos da Representação nº 1256-5, do Direito Federal, a execução da expressão atuais e das expressões bem como os diplomados que ingressarem nesse curso em vestibular realizado até julho de 1983, todas contidas no artigo 1º. da Lei nº 6686, de 11 de setembro de 1979, da redação que lhe deu o artigo 1º. da Lei nº 7135, de 26 de outubro de 1983 e a execução do artigo 2º. desta última Lei.

Da referida sentença, restou-se positiva a pretensão acerca da

institucionalidade que, de certo modo, tolhia o direito do exercício profissional

pelo biomédico e biólogo. Desta forma, o Conselho Federal de Biomedicina

(2014) indica que ficou consolido o direito do biomédico “de exercer as análises

clínico-laboratoriais, que passava a ser fiscalizado pelos Conselhos Federal

(CFBM) e Regionais de Biomedicina (CRBM)”.

Notamos que são diversos os conceitos que concernem à biomedicina.

Todos, porém, resgatam a ideia do conceito originalmente proposto por Dorlan

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(1923, apud Quirke; Gaudiilière, 2008, p. 445), em que diz ser a biomedicina a

“medicina clínica baseada nos princípios da psicologia e bioquímica”.

Utilizaremos as definições elaboradas por diversos dicionários

internacionais para que, enfim, possamos estruturar um conceito apto a

englobar a gama da biomedicina. Assim, para o dicionário Collins o termo deve

ser assim entendido como o estudo das ervas medicinais; dispõe os dicionários

MacMillan, Merriam-Webster e Oxford que biomedicina deve ser entendida

como sendo os princípios da biologia e bioquímica aplicadas na prática da

medicina.

Quirke e Gaudiilière (2008) indicam que o próprio termo da biomedicina

foi profundamente influenciado pelas diferentes culturas científicas que

moldaram a medicina ocidental desde o final do século XIX; de tal forma que

estas alterações demonstram com clareza a iteração entre ciência, medicina e

a saúde pública.

Ou seja, o conceito de biomedicina não pode ser visto unicamente como

sendo a mera aplicação da bioquímica na medicina, tampouco como avaliação

dos elementos psicológicos que revestem a realidade do paciente.

Entendemos, assim, ser necessário realizar um “acréscimo” na definição

de Dorlan, sem haver, contudo, sua exclusão. Definimos, portanto,

biomedicina, como sendo o ramo da ciência médica que objetiva a aplicação da

medicina baseada nos princípios da psicologia, bioquímica e da saúde pública

de modo geral.

Notamos, enfim, que a biomedicina como ramo da ciência, estrutura-se a

partir de um modelo biopsicossocial, através da metateoria interacionista, ao

passo que pondera os elementos biológicos, sociais e psicológicos e integra-os

em único plano.

2.3. Da confluência entre a medicina tradicional e a biomedicina

no Brasil

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Percebendo os ditos anteriores, vemos que a biomedicina e a medicina

no Brasil se interligam através do modelo biopsicossocial-integrativo, ora que

ambas reconhecem a importância dos elementos sociais e psicológicos no

processo saúde-doença.

Enquanto que, na biomedicina, o modelo biopsicossocial sempre servira

de alicerce para sua constituição e atuação, na medicina tradicional este

somente fora reconhecido através dos escritos de Engel.

Porém, dizermos apenas que a medicina “importou” a percepção dos

elementos psicológicos e sociais para sua atuação seria, no mínimo,

descuidado, uma vez que

Segundo Vieira (1991), os livros acadêmicos recomendam ao profissional que deixe os pacientes expressarem livremente suas moléstias, pois aí se fundamentaria o estabelecimento de uma relação médico-paciente em “clima de simpatia e confiança” (Surós apud Vieira, 1991). Mas, logo a seguir, esse autor salienta: ‘Sempre que possível, a anamnese deve vir animada de uma orientação ou intenção diagnóstica, omitindo detalhes sem interesse’, para que não se torne ‘um trabalho dispersivo de diagnóstico’ (KOIFMAN, 2001, p. 53).

Ou seja, a percepção destes elementos externos eram, sim, conhecidos

pelos profissionais da área médica, porém, para evitarem o risco de ‘um

trabalho dispersivo de diagnóstico’, optavam por ignora-los no momento de

analisarem a doença do paciente. Koifman (2001, p. 53) aponta que a

formação médica torna o profissional distante dos desejos do paciente, a tal

ponto de ignorar o “dono do ‘corpo que está sendo tratado’”, em detrimento dos

procedimentos realizados. Tal comportamento leva, não raramente, a cometer

erros, justamente por considerar-se o “dono do saber” e não aquilatar as

considerações e ponderações feitas pelo “dono do corpo”.

Notamos, desta forma, apenas uma “dedicação” maior aos elementos,

saindo de um modelo biomédico – que percebe, ocasionalmente, os elementos

externos, sem, entretanto, qualifica-los no processo saúde-doença –,

direcionando-se a um modelo que não apenas perceba tais elementos, como

também que os quantifique.

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A percepção do modelo biopsicossocial como predominante em nossa

medicina não limita-se a uma abordagem ontológica, esta expressa-se em

diversas propostas e pressupostos remodelados pelo Brasil.

No campo legal vemos a criação da Portaria 971 do Ministério da Saúde.

Esta traz rol exaustivo de práticas, antes consideradas meramente culturais,

como métodos eficazes e reconhecidos de tratamento.

Tais práticas relacionam-se ao elemento “social”, ora que, muito embora

já tivesse grande aceitação pela sociedade brasileira – como no caso de

Homeopatia, Fitoterapia e Crenoterapia –, bem como por outras sociedades –

como é o caso da Acupuntura –, não eram reconhecidas pelo Ministério da

Saúde. Seu não reconhecimento fazia com que seus praticantes não

recebessem suporte em caso de má administração ou “erros médicos” – isto é,

erros que lhes fugiam ao controle.

Importa ressalvarmos que o Brasil, por não ter incorporado plenamente

os ensinamentos do Relatório Flexner na estruturação de seus cursos médicos,

nunca deixara de considerar que os elementos sociais possuíam, sim,

interferência no quadro clínico.

O Relatório em questão, elaborado em 1910 por Abraham Flexner,

situou-se, historicamente, entre a medicina tradicionalíssima – que pregava

uma abordagem estritamente mecanicista e biológica – e a biomedicina

moderna. Observa-se tal assertiva ao analisarmos que, para Flexner,

O medico não deve adquirir conhecimento científico sozinho, ou ponderar somente sua própria cultura. Ele também deve ser familiar com os problemas humanos, capaz de entender o sofrimento da pessoa e suas necessidades, senti-los com amor e empatia, para merecer o respeito e a confiança que eles podem depositar nele (...). (KEMP; EDLER, 2004, p. 9).

Almeida Filho (2010, p. 22–42) aponta em igual sentido, de tal forma que

[As ciências médicas] fornecem de fato os instrumentos essenciais básicos da formação médica, mas esse instrumental mínimo pouco pode além de servir como mínimo profissional permanente e, ainda assim, instrumentalmente inadequado. O médico lida de fato com duas categorias. Química, física e biologia o capacitam a apreender um desses conjuntos. Ele precisa de uma perspectiva diferente e um aparato apreciativo para lidar com o outro, elementos mais sutis. Preparação

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específica nesta direção é muito mais difícil; deve-se confiar no requisito insight e simpatia numa experiência cultural variada e ampla.

Desta forma para Almeida Filho (2010) o profissional médico não deve

mais limitar-se aos critérios biológico-mecanicista, ora que sua função não mais

encontra-se adstrita à estes, assumindo, assim, uma faceta social e preventiva

em detrimento da antiga vertentes individualista e curativa.

Anísio Teixeira (1928-9, apud ALMEIDA FILHO, 2014, p. 25–39),

coadunando com o pensamento de Flexner, estabelece que

está claro que se sabe que o aprender se fará mais eficiente se ensinarmos como se estivéssemos levando o aprendiz a descobrir. Também se sabe que ensinar hoje é ensinar a aprender. Sabe-se ainda que não se deve ensinar pela informação, mas levando o aluno a apreender a ‘estrutura’ do saber que estiver estudando.

Almeida Filho (2014) nota que, consoante aos ditos anteriores, ambos os

autores pregam o conceito de uma “educação para toda a vida” aos

profissionais da área médica; isto é, estes não mais devem limitar sua

interpretação para os sintomas manifestados no processo saúde-doença,

devem, igualmente, perceber àqueles que perfazem o cotidiano do paciente.

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CAPÍTULO III

MULHER, POLÍTICA PÚBLICA E A MEDICINA INTEGRATIVA

3.1. Mulher e a Política Pública

De acordo com Scott (1989) o gênero, como elemento constitutivo das

relações sociais entre homens e mulheres, é “uma construção social e

histórica, construído e alimentado com base em símbolos, normas e

instituições que definem modelos de masculinidade e feminilidade e padrões de

comportamento aceitáveis ou não para homens e mulheres”. Desta forma, o

gênero delimita campos de atuação para cada sexo, dá suporte à elaboração

de leis e suas formas de aplicação e uma construção social sobreposta a um

corpo sexuado.

Hera (1995), argumenta que na maioria das sociedades, as relações de

gênero são desiguais. Além disso, a autora complementa que desequilíbrios de

gênero se refletem nas leis, políticas e práticas sociais, assim como nas

identidades, atitudes e comportamentos das pessoas. A mesma afirma que as

desigualdades de gênero tendem a aprofundar outras desigualdades sociais e

a discriminação de classe, raça, casta, idade, orientação sexual, etnia,

deficiência, língua ou religião, dentre outras.

Pensando na organização social das relações de gênero, homens e

mulheres tem diferentes graus de exposição e tipos de adoecimento e morte.

Compreendendo-se isto, é imprescindível a incorporação da perspectiva de

gênero na análise do perfil epidemiológico e no planejamento de ações de

saúde, que tenham como objetivo promover a melhoria das condições de vida,

a igualdade e os direitos de cidadania da mulher.

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Além disso, as mulheres são a maioria da população brasileira (50,77%)

e as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de

frequentar os serviços de saúde para seu próprio atendimento, comumente são

cuidadoras não só da família, mas de outras pessoas de convívio próximo,

sendo assim frequentemente, acompanhantes. De acordo com este documento

do ministério público, as mulheres vivem mais do que os homens, porém

adoecem mais frequentemente, e a vulnerabilidade feminina frente a certas

doenças e causas de morte está mais relacionada com a situação de

discriminação na sociedade do que com fatores biológicos.

Ao falar sobre o conceito de saúde da mulher e a sua história nas

políticas públicas, podemos ver uma transição entre uma abordagem restrita e

antiquada, biológica e anatômica, que visa apenas a função reprodutiva

feminina, e uma visão biopsicossocial mais ampla e atual, que interage com as

dimensões que a cercam (COELHO, 2003).

No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de

saúde nas primeiras décadas do século XX, com o foco nesta primeira visão,

com as demandas relativas à maternidade através de programas materno-

infantis, elaborados nas décadas de 30, 50 e 70. Com a consolidação do

capitalismo, as condições de vida das mulheres começaram a mudar, indo em

oposição com a prescrição do papel exclusivamente doméstico. As mulheres

começam a demandar acesso à educação e a se engajar nos debates políticos,

além de se empoderar cada vez mais (SARAIVA, 2015). Assim, a ampliação do

conceito de saúde que resultou na transição do modelo antigo ao atual foi fruto

das reivindicações do movimento de mulheres, que vem participando da

promoção da saúde da mulher em todos os níveis (GIFFIN, 1991). No domínio

do movimento feminista brasileiro, esses programas eram duramente criticados

pela perspectiva reducionista com que tratavam a mulher, que tinha acesso a

alguns cuidados de saúde no ciclo gravídico-puerperal, ficando sem assistência

na maior parte de sua vida. Desta forma, o movimento trouxe para discussão

as desigualdades nas condições de vida e nas relações entre os homens e as

mulheres, os problemas associados à sexualidade e à reprodução, as

dificuldades relacionadas à anticoncepção e à prevenção de doenças

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sexualmente transmissíveis, assim como a sobrecarga de trabalho das

mulheres, responsáveis pelo trabalho doméstico e de criação dos filhos.

Sendo assim, em 1984, a mulher brasileira começou a ser assistida pelo

Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que garantia

assistência à mulher em clínica ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério,

no climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de colo de útero e de

mama, mas ainda deixava lacunas como atenção ao climatério/menopausa;

queixas ginecológicas; infertilidade e reprodução assistida; saúde da mulher na

adolescência; doenças crônico-degenerativas; saúde ocupacional; saúde

mental, entre outras.

Em 2004, dentro deste contexto, pensando na necessidade de olhar

mais cuidadosamente para a saúde da mulher, o Ministério da Saúde elaborou

e publicou o documento “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da

Mulher – Princípios e Diretrizes” a ser aplicado em todo território nacional a

partir da data. O documento teve como principais objetivos:

Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro; contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de qualquer espécie; e ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde. (SUS)

E determinou diversas ações e programas que compartilhassem da

visão biopsicossocial e suprissem os domínios que envolvem ser Mulher. A

humanização no atendimento é especialmente importante, tendo em vista que

uma atenção integral só pode ser possível quando o sujeito tem a autonomia e

o protagonismo estimulados e é estabelecida a corresponsabilidade entre

profissional e indivíduo sobre o processo de saúde-doença.

As práticas integrativas e complementares (PIC) buscam estimular os

mecanismos naturais de prevenção de agravos e promoção da saúde por meio

de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no

desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o

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meio ambiente e a sociedade. Compreendendo-se que o processo de produção

em saúde é complexo e depende de condições biopsicossociais e de valores

culturais, incluir as PIC de maneira humanizada e integral, é favorecer a

reflexão dos sujeitos em relação à sua saúde e condição de vida. Ou seja, um

cuidado que promove o resgate pelo indivíduo da sua capacidade natural de

autopromoção de saúde é um cuidado humanizado (Schveitzer et al., 2012)

Os métodos terapêuticos não convencionais são práticas milenares

utilizadas por diversos povos e culturas no cuidado, manutenção e recuperação

da saúde (Rodrigues Borges et al., 2011).

Muito antes de receberem este nome, as práticas integrativas e

complementares e seu olhar holístico já eram íntimos da figura feminina. Na

Europa Medieval a mulher era associada à feitiçaria, pois quando ainda eram

escassos os médicos, geralmente as mulheres que realizavam curas; quando

as universidades começaram a formar médicos, essas “curandeiras” foram

demonizadas, associando suas práticas de cura a poderes mágicos conferidos

por forças malignas. No Brasil-colônia, não era diferente. Com a escassez de

médicos, as mulheres tendiam a cuidar de seus próprios corpos para prevenir

doenças e estes cuidados naturalmente provinham de saberes milenares. Ao

utilizar ervas, banhos e rezas, para seu tratamento, estas mulheres passavam

a ser vistas como feiticeiras (Vieira et al., 2011).

O olhar holístico que utilizavam se perdeu no modelo biomédico em que

a sociedade adentrou. O abuso desse modelo gera sérias implicações no

contexto da saúde da mulher, principalmente durante o ciclo grávido-puerperal,

que deixa de ser natural, fisiológico e familiar para se tornar, a partir da

segunda metade do século XX, um procedimento puramente médico, sob a

lógica intervencionista e institucional.

Entendendo a necessidade de busca por outros modelos com enfoque

na visão holística e integrada do ser, com estratégias terapêuticas

diferenciadas, centradas na visão mais globalizante, valorizando o autocuidado

e o uso de recursos mais simples, baratos e seguros, as práticas integrativas e

complementares (PICs) se inserem no modelo assistencial holístico,

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34

estabelecendo o equilíbrio entre a ciência, tecnologia e a humanização

(Rodrigues Borges et al., 2011).

Outra questão interessante que justifica a busca pelas PICS é que com a

inserção da mulher no mercado de trabalho, esta vem se tornando uma parte

cada vez mais essencial da mão-de-obra e frequentemente, vem se

constituindo na principal fonte de renda familiar. No entanto, ela continua a ser

a principal responsável pelos trabalhos domésticos, desempenhando seu papel

de esposa, mãe, educadora e cuidadora. Além disso, há pressões impostas às

mulheres. Desta forma, a mulher passa por um processo de sofrimento e

aumento do adoecimento, apresentado muitas vezes sob queixas de dores

difusas e problemas emocionais, que dificilmente são avaliadas, diagnosticadas

ou sequer vistas pelo modelo biomédico. Desta forma, um modelo com outra

perspectiva se fez necessário (SCOTT, 1989).

Isso faz sentido quando Sousa e Vieira (2005) e Neto et al. (2009, apud

CESÁRIO, Andresa Luciana Faria. Práticas Integrativas e Complementares

(PIC): Uma revisão de literatura. 2012. 27 f. Monografia (Especialização) -

Curso de Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família,

Universidade Federal de Minas Gerais, Lagoa Santa, 2012)observaram que as

mulheres buscam estas práticas com maior frequência que os homens,

correspondendo a cerca de 87% do total da demanda.

As práticas integrativas se enquadram na atenção à saúde da mulher

com muitos fins. Rodrigues Borges et al. (2011) sugere que são úteis

principalmente nas propostas de humanização da assistência ao parto e

nascimento, baseando-se participação ativa da mulher no processo,

envolvendo o suporte emocional e social das mulheres no exercício da

autonomia e cidadania femininas. Já Coelho e Porto (2009) (apud CESÁRIO,

Andresa Luciana Faria. Práticas Integrativas e Complementares (PIC): Uma

revisão de literatura. 2012. 27 f. Monografia (Especialização) - Curso de Curso

de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, Universidade

Federal de Minas Gerais, Lagoa Santa, 2012) sugerem as PIC como opção

terapêutica no tratamento dos sintomas climatéricos das mulheres. No entanto,

são muitas as áreas de atuação em que as PICS podem ajudar a saúde

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feminina. Foi com interesse neste aspecto que este estudo optou por buscar

em bases de dados científicas como as PICS vem sendo utilizadas pela

população feminina.

3.2. Resultados da medicina integrativa na saúde da mulher

Nesta seção daremos especial enfoque aos resultados clínicos que

puderam ser quantificados ao longo de artigos científicos.

Foram utilizadas as plataformas BIREME (http://bvsalud.org/), SciELO

(http://www.scielo.br/) e PubMed (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed) como

bancos de artigos eletrônicos reconhecidos e válidos. Valioso destacar que

foram utilizados termos em vernáculo pátrio (português) e estrangeiro (inglês)

nas pesquisas realizadas nos bancos, ora que estes fazem busca em outros

sistemas, tal como Medline e Lilacs.

Os resultados foram obtidos adicionando, quando oportuno eliminar

resultados dúbios e objetivando mais correlação ao tema, os booleanos “and” e

“or” disponíveis em cada plataforma1. Excluíram-se, assim, resultados diversos

daqueles atinentes à Saúde da Mulher.

Para melhor apresentação dos artigos, seus objetivos e resultados,

serão apresentados, ao final de breve exposição da metodologia utilizada na

pesquisa, tabela contendo o tipo de estudo, amostragem – quando existente,

objetivo, resultado e considerações finais elaboradas pelos autores do

artigo/pesquisa.

3.2.1 Medicina tradicional chinesa-acupuntura

1 Para maiores informações carca da utilização dos booleanos e/ou dos termos pesquisados,

cf. Medicina tradicional chinesa-acupuntura; Homeopatia; Plantas medicinais e fitoterapia; Termalismo social/Crenoterapia.

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36

Fora realizado levantamento bibliográfico de artigos científicos que

objetivaram, em seus estudos, a análise de bibliografia nacional e estrangeira;

e artigos orientados à percepção de análise de casos concretos. Para tal

utilizou-se o termo “acupuntura/acupuncture” e “mulher/women”, lançando mão

dos modificadores booleanos “and” e “or” nas bases de artigos eletrônicos.

Das pesquisas foram retornados, respectivamente, 19.309, 135 e 25.359

resultados para artigos eletrônicos, artigos de editoriais impressos – ora

transformados em formato digital, pesquisas e obras publicadas – tendo estas,

por vez, se correlacionando ao tema sem haver, contudo, abordagem

“investigatória” deste.

Autor Tipo de

estudo e n

Objetivo Resultado Conclusão

Garcia-Vivas et al. (2016)

Estudo de observação de 37 mulheres acima do peso ou obesas.

Este estudo objetivou evidencias as mudanças no tecido adiposo que poderiam esclarecer os efeitos da ACET com moxabustão.

Os parâmetros bioquímicos foram afetados. Foram observadas modificações no tecido adiposo, demonstrando que o uso da homeopatia auxilia no controle do metabolismo.

Os efeitos da ACET com moxabustão sobre o peso corporal e resistência à insulina foram associados com a regulação dos eventos bioquímicos que atingem a obesidade.

Kung et al. (2016)

Estudo controlado com 74 mulheres, pré e pós-menopausa entre 56 e 66 anos.

Produzir variações nos batimentos cardíacos em pacientes pré e pós período de menopauas utilizando yin/yang.

N/D. Os resultados apontam para possível integração entre a Biomedicina e a Medicina Chinesa (yin/yang) utilizando sinais psicobiológicos.

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37

Lima; Foletto (2013).

Revisão sistemática na base de dados Medline, pelo método P.I.C.O.

Descrever as técnicas de acupuntura aplicadas para alívio de ondas de calor decorrentes do período do climatério.

Estudos analisados indicam alívio dos sintomas para ondas de calor nas variantes severidade (média 50%) e frequência (média 45%).

Estudos sugerem que a prática da acupuntura é segura e eficaz para amenizar ondas de calor.

Mental; Promotion (2014).

Estudo experimental, misto, randomizado, prospectivo, utilizando amostra de 30 mulheres.

Avaliar o efeito da acupuntura na ansiedade em mulheres no climatério e nos sintomas psicofísicos relacionados à síndrome climatérica

A acupuntura reduziu significativamente a HAMA no grupo AP e grupo AV, com melhora dos sintomas relacionados à síndrome climatérica tanto no AP.

O uso da acupuntura na redução da ansiedade no climatério e dos sintomas relacionados à síndrome climatérica foi eficaz.

Schlegel et al. (2016).

Análise retrospectiva dos efeitos da Medicina Alternativa e Complementar.

O proposito deste estudo foi avaliar os potenciais efeitos da acupuntura na dor e ansiedade em mulheres grávidas.

Todos os índices de dor e ansiedade diminuíram após as terapias; Houve redução de 78.9% no índice dor e 83% no índice de ansiedade após o uso da acupuntura.

Percebida diminuição de 84.5% a 61.4% na escala de dor; e de 91% a 70.9% na escala de ansiedade.

Tabela 1. Síntese de artigos e pesquisas levantadas – Acupuntura.

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38

3.2.2 Homeopatia

Para o levantamento das pesquisas que evidenciam a utilização da

homeopatia como tratamentos substitutivos ou integrativos à medicina

tradicional foram pesquisados os termos “homeopatia/homeopathy” e

“mulher/women” nos bancos de artigos eletrônicos. Buscando maior

abrangência foram utilizados os conectores booleanos “and” e “or”.

Desta pesquisa foram retornados 170 resultados na plataforma

PubMed2, 42 na plataforma BIREME e zero resultados na plataforma SciELO.

Evidenciamos, entretanto, que, dos resultados apresentados, a plataforma

PubMED não retornou nenhum artigo em língua nacional (português), enquanto

que a plataforma SciELO retornou 14 artigos (33.3%) em vernáculo pátrio.

Tal observação faz-se de valia quando defronte a outras práticas

integrativas, tais como a fitoterapia e a crenoterapia, ora que estas

apresentaram, nas buscas realizadas, pouco ou nenhum material em

português.

Autor Tipo de

estudo e n

Objetivo Resultado Conclusão

Bordet et al. (2008).

Estudo observado, aberto, multinacional, pragmático e não comparativo.

Avaliação da homeopatia para tratamento das “ondas de calor” e qualidade de vida pós-menopausa.

Redução ou desaparecimento dos sintomas em 90% das mulheres participantes. Bem como diminuição do desconforto diário anteriormente existente.

Os resultados deste estudo sugerem que o tratamento homeopático é eficaz para o controle das ondas de calor menstruais.

2 Nesta plataforma referenciou-se, inda, o termo “heopathic” em conjunto com o termo

“women”, retornando, assim, 207 resultados.

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39

Oliveira et al. (2013).

Foram estudos grupo de mulheres sobreviventes de câncer de mama.

Avaliar se a Paullinia cupana diminui a quantidade e intensidade das ondas de calor em mulheres sobreviventes ao câncer da mama.

Um total de 18 pacientes fez uso do tratamento com Paullinia cupana. Dos 15 pacientes que terminaram a pesquisa, 10 tiveram redução de mais de 50% na intensidade das ondas de calor.

Houve redução em ambos os grupos estudados, tanto na quantidade, quanto na intensidade das ondas de calor.

Buhling et al. (2014).

Questionário preenchido por 9785 mulheres alemãs entre 45 e 60 anos.

Demonstrar a prevalência do uso da Medicina Complementar no alívio dos sintomas da menopausa.

Mais da metade (56%) das mulheres responderam utilizar práticas homeopáticas (14.9% de forma exclusiva e 73.7% de forma cumulada com outra prática integrativa) de alguma forma no tratamento dos sintomas.

O uso das práticas integrativas em conjunto, ou não, com a medicina tradicional, traz resultados positivos no tratamento dos sintomas da menopausa.

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40

Orellana Alvarellos et al. (2010).

Estudo de caso, com grupo de 90 pacientes com câncer de mama que sofrem de dores agudas, apesar do uso de analgésicos.

Demonstrar a validade da prescrição de tratamentos homeopáticos em detrimento de medicamentos tradicionais.

Todos os pacientes apresentaram redução do nível médio de dor (de 7.6 para 2.4). Apesar de não apresentar valores idênticos ao tratamento com injeção (Traumeel), quando cumulado o tratamento homeopático com mudança de hábitos, seu resultado encontra-se em perspectivas favoráveis de aplicação.

Este estudo de caso representou uma primeira abordagem positiva para o uso de homeopatia para o alívio de dor em pacientes com câncer de mama.

Teixeira (2002).

Análise de caso clínico controlado.

Apresentar as vantagens do uso da Homeopatia em detrimento ao TRH.

Restou, através de estudo clínico, demostrada a eficiência do uso da Homeopatia em detrimento do TRH. Ainda neste plano observou-se sua eficácia não apenas na diminuição do climatério, como também de distúrbios de osteoporose do grupo estudado.

No caso clínico apresentado procurou-se demonstrar a possibilidade de tratamento dos distúrbios do climatério por meio da terapêutica homeopática, inclusive a osteoporose.

Tabela 2. Síntese de artigos e pesquisas levantadas – Homeopatia.

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41

3.2.3 Plantas medicinais e fitoterapia

Quando pesquisado pelo termo “fitoterapia/phytotherapy” 3 nos bancos

de pesquisa, notamos, nitidamente, deficiência em encontrar literatura que

defenda a utilização da fitoterapia na Saúde da Mulher. Nas plataformas

BIREME e PubMED foram encontrados, respectivamente, 128 e 1.355

resultados, entretanto, na plataforma SciELO não foram encontrados nenhum

resultado para a pesquisa.

Paralelo a tal resultado, observamos que os resultados encontrados nas

plataformas eram, em sua maioria, artigos em literatura estrangeira. Existindo,

assim, poucos artigos em língua portuguesa que se dediquem prioritariamente

ao tema.

Autor Tipo de

estudo e n

Objetivo Resultado Conclusão

Charaf et al. (2015).

Percepção da realidade de 412 mulheres pré e pós-gestação.

Determinar a associação das Práticas Integrativas antes da gestação.

A Medicina Complementar e Integrativa foi utilizado por 8.3% das mulheres que comparecerem aos exames obstétricos. Aproximadamente metade (55.8%) das mulheres fizeram uso de ervas medicinais e medicamentos alternativos ao terem ciência de sua gestação.

Medicina Complementar e Alternativa e seu uso por mulheres pré-gestação é significativo. O uso destas parece ser fenômeno consistente.

Oliveira et Foram Avaliar se a Um total de 18 Houve redução

3 A busca contou, ainda, com a utilização dos termos “mulher/women” como elementos

conectivos a fim de restringir o campo de incidência da pesquisa.

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42

Autor Tipo de

estudo e n

Objetivo Resultado Conclusão

al. (2015). estudos grupo de mulheres sobreviventes de câncer de mama.

Paullinia cupana diminui a quantidade e intensidade das ondas de calor em mulheres sobreviventes ao câncer da mama.

pacientes fez uso do tratamento com Paullinia cupana. Dos 15 pacientes que terminaram a pesquisa, 10 tiveram redução de mais de 50% na intensidade das ondas de calor.

em ambos os grupos estudados, tanto na quantidade, quanto na intensidade das ondas de calor.

Frawley et al. (2016).

Estudo experimental, misto, randomizado.

Analisar a aceitação do uso de práticas integrativas e complementares por mulheres grávidas durante seu período gestacional.

Percebeu-se que 34.5% das mulheres participantes utilizavam plantas medicinais durante a gravidez. Em igual sentido vê-se que, do total de mulheres grávidas participantes, 42% acreditam que as práticas integrativas são mais saudáveis que as naturais e, do total, 27% acreditam que as práticas integrativas dão maior controle da gravidez por parte da mulher.

Este estudo representa os primeiros resultados em nível nacional acerca do comportamento das mulheres frente ao uso de ervas medicinais, aromatoterapia e homeopatia durante a gravidez.

Pallivalappila et al. (2013).

Revisão bibliográfica primária e secundária.

Realizar revisão sistemática em literatura primária (2008-13), acerca do uso da MIC por

Restou-se demonstrado que, ao longo dos 2.549 artigos encontrados, haviam erros que

Apesar da falta de eficácia e segurança, as Práticas Integrativas e Complementare

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43

Autor Tipo de

estudo e n

Objetivo Resultado Conclusão

mulheres durante a gestação.

impediam uma validade da pesquisa, tal como não-conceituação das práticas integrativas e complementares – bem como sua diferenciação.

s apresentaram aumento ao redor do mundo.

Tabela 3. Síntese de artigos e pesquisas levantadas – Plantas medicinais e fitoterapia.

3.2.4 Termalismo e crenoterapia

Os termos “balneoterapia”, “hidroterapia” e “termalismo social” foram

pesquisados, cumulativamente ou não, nas bases de dados BIREME, PubMED

e SciELO. A pesquisa destes termos justifica-se pela compreensão destes no

contexto da crenoterapia.

Assim, tendo por certo que a crenoterapia compreende o uso de águas

como tratamento integrativo e complementar à medicina tradicional, esta

encontra-se exteriorizada em outras práticas, tais como a hidroterapia,

balneoterapia, termalismo, spa-terapia e a crenoterapia propriamente dita.

A tabela abaixo busca demonstrar os resultados retornados para cada

termo pesquisado nos bancos de artigos eletrônicos.

BIREME PubMED SciELO

Balneoterapia 27 263 10

Hidroterapia e Mulher

1 * 8

Crenoterapia 30 * *

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44

Tabela 3. Termos pesquisados acerca de Crenoterapia4.

Desta sorte, a tabela a seguir contém os principais artigos retornados

das buscas. Convém esclarecer que, na coluna “Tipo de estudo e n”, poderá

ser apresentado, ainda, a área específica do artigo pesquisado.

Autor Tipo de

estudo e n

Objetivo Resultado Conclusão

Piazza et al. (2008).

Estudo experimental.

Os objetivos do estudo foram avaliar o efeito de um programa de exercícios hidrocinesioterapêuticos e a pressão arterial em mulheres hipertensas.

Apesar de não haver alterações significativas sobre a aptidão cardiorrespiratória das participantes, foram apresentadas melhoras na redução dos níveis de PA.

O meio aquático se apresenta como alternativa segura e atraente em pacientes portadores de hipertensão arterial.

Mesquita-Ferrari et al. (2008).

Análise clínica controlada com oito mulheres.

Avaliar o efeito da hidroterapia na sintomatologia e qualidade de vida de portadores de Artrite reumatoide.

Após o tratamento (10 sessões) foi possível verificar redução da rigidez matinal, e da dor, além da qualidade do sono.

O protocolo apresentado possibilitou melhora na qualidade de vida relacionada à saúde, redução dos sintomas de dor e rigidez matinal.

Letellier et al. (2014)

Estudo randomizado e controlado com 25 mulheres.

Avaliar a eficiência da cumulação do ALT (aqua lymphatic therapy) e exercícios domésticos em relação a

Ao final do estudo observou-se que não houve alteração do volume dos linfedemas dos grupos. Aumento da força nos braços foi

A condução de estudo em larga escala é factível. O grupo ALT apresentou significativa melhora a partir da 12ª semana de tratamento.

4 (*) Informação não disponível ou insuficiente para análise quantitativa.

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45

Autor Tipo de

estudo e n

Objetivo Resultado Conclusão

tratamentos exclusivamente domésticos para redução da deficiência do braço em pacientes com câncer de mama.

observado em ambos os grupos. Melhora do bem-estar foi observado apenas no grupo ALT. Apenas o grupo ALT apresentou melhora na escala de dor o.

O grupo ALT não apresentou aumento do linfedema, situação esta que enseja entendimento favorável a sua utilização.

Luz; Lima (2011).

Revisão de artigos científicos colhidos em base de dados. Área específica: hidroterapia.

Apresentar revisão bibliográfica a fim de verificar e avaliar os benefícios dos recursos fisioterapêuticos no tratamento e na prevenção do linfedema pós-masctectomia.

Ficou percebido que a hidroterapia, bem como a drenagem linfática manual e o uso de cuidados gerais são efetivas para o tratamento de linfedema.

Ainda sendo a fisioterapia o procedimento mais utilizado, conclui-se que o uso da hidroterapia é, igualmente, eficaz no tratamento.

Herrera Santos et al. (2016)

Análise de casos clínicos.

Apresentar a validade do uso de práticas bioenergéticas (acupuntura, hidroterapia, dentre outras) no tratamento da síndrome de Asherman.

Todas as pacientes apresentaram melhoras clínicas, pois reestabeleceram o fluxo menstrual e da gestação, situação esta que comprova a eficácia do tratamento aplicado.

Restou-se evidenciado que o uso das práticas bioenergéticas encontra validade clínica no tratamento da síndrome de Asherman.

Vaccarezza; Vitale (2010)

Revisão literária e bibliográfica.

Demonstrar que o uso da crenoterapia encontra respaldo em evidências científicas, e não meras “práticas

Estudos recentes se debruçaram sobre o uso da crenoterapia com metodologias atuais para aplicações clínicas. Além

A crenoterapia, ora entendida como tratamento “cientificizado”, pode ser utilizada, tal como qualquer

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46

Autor Tipo de

estudo e n

Objetivo Resultado Conclusão

reiteradas”. destes, deve ser considerado que muitas águas auxiliam para a limpeza dos tecidos e células durante o tratamento.

outro tratamento, sem haver, contudo, contraindicações em sede medicamentosa.

Tabela 4. Síntese de artigos e pesquisas levantadas – Termalismo social/Crenoterapia.

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47

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de buscar evidência na literatura acerca da utilização da

Medicina Complementar e Alternativa na Saúde da Mulher objetivou promover

maior conhecimento do assunto, visando proporcionar por meio da informação,

resultados que comprovem sua eficiência e também facilitar a tomada de

decisão/tratamento, pelos profissionais de saúde e, em especial, pelas

pacientes.

Fora realizada extensa pesquisa nos bancos de artigos eletrônicos

BIREME, PubMED e SciELO; bem como livros, artigos e referenciais cruzados

disponíveis em livros impressos e digitais. Foram realizadas pesquisas

contendo termos específicos de cada prática integrativa reconhecida pelo

Governo Brasileiro na Portaria 956 do Ministério da Saúde. Tais valores foram,

para melhor apresentação dos valores, alimentados em tabela dedicada a cada

uma das Práticas Integrativas.

Da análise dos referenciais de artigos retornados, buscou-se restar

comprovada a validade, funcionalidade e segurança para aplicabilidade da

Medicina Complementar e Alternativa na Saúde da Mulher, ora ter sido esta

demonstrada em diversos campos de aplicação.

Os materiais teóricos extraídos de compêndios, livros e revistas

buscaram, por sua vez, proporcionar embasamento teórico/científico para sua

aplicação, bem como demonstrar e, quando oportuno, refutar os quesitos

levantados que impediriam, em teoria, a aplicação destas na Saúde da Mulher.

Pode-se observar, ainda que, apesar de haverem duras críticas quanto a

sua aplicação – especialmente quando se tangencia práticas mais holísticas,

tais como a fitoterapia e a crenoteraipia –, segurança e validade; diversos

artigos transparecem sua validade científica.

Assim o método qualitativo foi o mais utilizado nas referidas pesquisas e

os resultados mais prevalentes identificam que as Práticas Integrativas e

Complementares possuem eficácia nítida e buscam não apenas maior conforto

para as pacientes, como também buscam oferecer maior controle à mulher de

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48

seu corpo e dispor de tratamentos que não envolvam, exclusivamente,

medicamentos comerciais.

As considerações desses capítulos apontam para a necessidade de

aceitação da existência das Práticas Integrativas e Complementares como

elemento que permeia a realidade das mulheres e, por certo, são dispostas por

estas como ferramentas paliativas, complementares ou alternativas em

detrimento de tratamentos convencionais.

Buscou-se ao longo deste trabalho identificar que tais procedimentos

não devem ser visto com “maus olhos” pelos profissionais, mas sim observados

com atenção especial, ora que se correlacionam não apenas com a saúde no

ponto de vista biológico, mas também com a realidade que a paciente vive,

suas culturas e história.

Acredita-se que esta pesquisa tenha explicitado, por meio da análise de

revisão bibliográfica, teórica e por amostragem, evidências científicas para

prática condizente com o desejo da paciente em ter maior controle de seu

corpo, assim exterioriza pela utilização da Medicina Complementar e

Integrativa.

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