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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A CONTRIBUIÇÃO DO PEDAGOGO PARA A GESTÃO ACADÊMICA EM UMA UNIVERSIDADE CORPORATIVA ANILINDA DA FONSECACARDOZO DE BRITO ORIENTADOR MARCELO SALDANHA Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A CONTRIBUIÇÃO DO PEDAGOGO PARA A GESTÃO

ACADÊMICA EM UMA UNIVERSIDADE CORPORATIVA

ANILINDA DA FONSECACARDOZO DE BRITO

ORIENTADOR

MARCELO SALDANHA

Rio de Janeiro

2016 DOCUMENTO P

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Rio de Janeiro

2016

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em PEDAGOGIA EMPRESARIAL. Por: ANILINDA DA FONSECA CARDOZO DE BRITO

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Agradeço aos Professores Adelia Araújo e Marcelo Saldanha pelas sugestões e incentivo.

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A todos os parentes pelo carinho demonstrado em todos os momentos difíceis.

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“Já envelhecido, nosso mundo das comunicações está parindo, neste momento, uma sociedade pedagógica, a das nossas crianças, onde a formação contínua acompanhará pelo resto da vida, um trabalho cada vez mais raro.

As Universidades à distância, em toda parte e sempre presentes, substituirão os campi, guetos fechados para adolescentes ricos, campos de concentração do saber. Depois da humanidade agrária vem o homem econômico, industrial; avança uma era, nova, do conhecimento. Comeremos saber e relações, mais e melhor do que vivemos a transformação do solo e das coisas, que continuará automaticamente.”

Michel Serres. A Lenda dos Anjos. São Paulo: Aleph, 1995.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

METODOLOGIA 8

1 – CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA EDUCAÇÃO 9

1.1 – A importância da história da educação 9

1.2 – O conceito de educação 12

1.3 – Sobre a natureza da pedagogia 17

1.4 – A Pedagogia: novos campos de ações influenciando a sociedade 24

2 – EDUCAÇÃO CORPORATIVA EM DISCUSSÃO 27

2.1 – Reflexões sobre a história empresarial no Brasil 27

2.2 – Trabalho, Educação e Aprendizagem 36

2.3 – O conceito de educação corporativa 41

2.4 – A Contribuição do pedagogo em uma Universidade Corporativa 47

3 – CONCLUSÃO 52

4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54

5 – WEBGRAFIA 57

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INTRODUÇÃO

O grande desenvolvimento tecnológico ocorrido no mundo desde a modernidade

até nossos dias trouxe transformações sem precedentes no modo de vida da sociedade

em geral. O mundo globalizado estimulou uma competição acirrada em diversos nichos

de mercado. Dessa forma para atender as novas demandas de uma economia globalizada

as empresa precisam reorganizar o modelo de administração interna para obtenção de

resultados consistentes que ampliem seus negócios. Nesse contexto, o desenvolvimento

contínuo dos recursos humanos através de uma educação corporativa, sugere uma

estratégia para se adaptar as novas exigências do mundo globalizado. Assim, esse

trabalho desenvolve uma reflexão sobre a identidade da Pedagogia enquanto teoria e

prática da educação e seus entrelaces na interação entre trabalho, aprendizado e

educação. Entende-se assim a necessidade de um aprofundamento sobre a contribuição

do pedagogo para uma gestão acadêmica, dentro de empresas que privilegiam em sua

administração a criação de Universidades Corporativas.

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METODOLOGIA

Um estudo teórico sobre educação e pedagogia envolve antes de tudo a

conceituação do termo, mas sabemos que muito ainda resta verificar dentro deste campo

de estudo, principalmente porque buscamos estabelecer numa visão necessariamente

diacrônica as conexões entre educação e sociedade. E constatar a partir daí porque

atualmente as organizações empresariais abrem espaços para as inúmeras possibilidades

de atuação do profissional pedagogo.

Para isso foi necessário um resgate da história da Educação e da Pedagogia

através de autores como Franco Gambi e Maria Lucia de Arruda Aranha e outros, para

entendermos como foram surgindo as diferentes concepções de educação ao longo da

evolução histórica para a formação do homem comum.

Com o intuito de compreender melhor a influência da pedagogia na sociedade

atual foi necessário esclarecer o termo pedagogia desde a Paidéia grega como um saber

sofisticado e complexo relacionando esse saber com o campo de competência do

pedagogo, tendo em vista os objetivos de construção humana em cada universo de sua

atuação.

O próximo passo foi buscar respostas para o relacionamento entre pedagogia e

educação corporativa. Nessa direção tomamos como base a obra de Cardozo e Vainfas

(1997) sobre a história empresarial. Mesmo o tema encontrando-se atrelado a história

econômica, foi possível filtrar as consequências econômicas desde 1960 até 1990,

através de textos em sua maioria da web, para entender como essa herança precisou ser

redesenhada para políticas que permitissem ao país e a indústria continuarem a evoluir

no século XXI.

A partir dessa visão abordamos interação entre trabalho, educação e

aprendizagem procurando contextualizar esse inter-relacionamento dentro da sociedade

do conhecimento. Esse referencial foi à ponte de ligação para esclarecer a educação

corporativa e informar a criação de Universidades Corporativas no Brasil. Finalmente

introduzimos as possíveis formas de contribuição do pedagogo dentro das

Universidades no campo empresarial.

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1 – CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA EDUCAÇÃO.

1.1 – A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

Como introdução, podemos dizer que a história investiga e fornece explicações

sobre a vida social de nossos antepassados através dos tempos. Essas explicações nos

são fornecidas com base na quantidade de conhecimentos acumulados pelas gerações

anteriores, as quais possibilitaram mudanças substanciais para as gerações futuras

através da educação. Ela é um fenômeno próprio dos seres humanos, ela tem sua origem

na origem do homem, o qual através do tempo desenvolveu-se pelo intermédio da

educação, resultando daí a necessidade que ele tem em relatar e reconstruir seu passado,

transmitindo os conhecimentos acumulados para as futuras gerações.

Na verdade, o acúmulo de conhecimentos do homem foi um processo de

apropriação e de transformação da natureza de acordo com suas necessidades para

continuar existindo. Assim, ele procura meios para solucionar as dificuldades que

surgem da vida em sociedade. Suas ações e pensamentos somam-se e modificam-se ao

longo dos tempos. Nesse processo ele não permanece o mesmo, pois sua maneira de

pensar, agir e sentir não serão as mesmas: ele se autoproduz e produz a sua própria

cultura. Por isso ele é um ser histórico.

Com efeito, o termo cultura não é de fácil assimilação, ela é muito mais

abrangente do que uma ação de produção intelectual do homem. Ela controla, modifica

e condiciona uma sociedade a novos desafios, pois é uma ação continuada devendo ser

preservada. Segundo Romanelli:

...Os bens culturais conquistados exigem, sob pena de se perderem, que sejam

preservados. A continuidade do processo e a preservação dos bens estão

interligadas e fornecem a motivação básica para a comunicação interpessoal,

seja no sentido horizontal relativo aos membros de uma mesma geração, seja

no sentido vertical, referente à transmissão das conquistas de uma geração

para a outra. É por isso que a cultura não sobrevive a não ser no meio social.

o instrumento de que ela se utiliza para sobreviver será inevitavelmente

aquele que definirá o processo educativo. (O.O. Romanelli, 2005:21).

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A continuidade do processo de preservação dos bens culturais conquistados é

valida ao distinguirmos que as formas de manifestação da cultura, anônimas ou

explicitas, ao longo dos tempos redefiniram-se e aperfeiçoaram-se de forma peculiar em

cada grupo social, configurando-se em um verdadeiro processo de aprendizagem.

Supõem-se, então que a aprendizagem sociocultural já não são as mesmas do passado e,

de acordo com Lombardi:

Inevitavelmente, defrontamo-nos com o pensar histórico. A relação

entre cultura e aprendizagem supõe necessariamente a indiscutível

simultaneidade entre o individual e o social em sua consideração no tempo

diacrônico e sincrônico. O que denomino aprendizagens culturais significa

pensar sua dinâmica histórica, seus aspectos culturais do passado

conservados no presente; portanto, no que já não é passado, mas que segue

atuando de forma modificada neste tempo. Assim sendo, compreende uma

aprendizagem socialmente definida no tempo e apreendida por fatores

históricos que tanto são condicionados por uma estrutura sistêmica como por

suas manifestações volitivas, fruto, em um tempo social, das interações entre

aspectos objetivos e subjetivos que vêm produzindo relações capazes de

manter e modificar formas culturais existentes (J.C. Lombardi apud–

Casimiro; Magalhães; Lombardi, 2006:101).

Sendo assim, a história geral reconstrói o passado, decifrando os bens culturais,

as relações de poder embutidas nessa produção e as consequências resultantes dessas

relações em vários momentos históricos. O mais importante nessa reconstrução é evitar

posturas ingênuas de interpretação. É constatar que por trás dos fatos históricos existem

os pressupostos teóricos subentendidos nesse processo. É perceber a importância do

conhecimento histórico como forma de reorientar as ações futuras.

Na linha das considerações acima podemos situar a história da educação. Ela é

um acúmulo de muitas histórias, uma vez que o fenômeno educacional se desenvolve

dentro as relações que os “homens estabelecem para produzir sua existência”. (Aranha,

1996:19). Ela se insere no contexto histórico geral. É onde podemos observar que a

“forma como se organiza o poder também se relaciona diretamente com a organização

do ensino” (Romanelli, 2005:14). A educação não é um fenômeno neutro, ela sofre os

efeitos da ideologia, da economia, das representações, das imagens e valores. Logo, ela

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é uma história de relações sociais que possibilitam a construção e difusão de

conhecimentos e práticas em determinadas realidades concretas.

Portanto, a importância da história da educação encontra-se no entendimento de

que ela é um acúmulo de muitas histórias entrelaçadas ao longo do tempo. Então,

revisitar o passado significa se apropriar criticamente das diversas formas de vida e ler

as raízes mais antigas do ato de educar que nos fazem entender o presente e o sentido da

educação para a vida material. Significa também uma leitura de acontecimentos

anteriores e posteriores de determinadas realidades. É entender o conceito de educação

desde a antiguidade até a contemporaneidade.

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1.2 – O CONCEITO DE EDUCAÇÃO

Ao se pensar a educação seria importante considerar que não existe, por assim

dizer, sociedade em que a ação de educar não esteja presente. Da família à comunidade

essa ação existe livre, entre todos e reflete as visões de mundo desde as sociedades

tribais até aos nossos dias. Observa-se então um esforço dos adultos em treinar e educar

os jovens até que estes se tornem aptos para a vida independente. Esse processo, por

qualquer que seja a motivação de formação em determinada sociedade, significa a

necessidade, por parte das gerações mais velhas, não só de educar mais também de

socializar e transmitir conhecimentos as gerações mais novas.

Nesse sentido, a educação encontra-se entrelaçada com o social e o histórico e

desse entrelaçamento é que surgem as criações humanas, capazes de satisfazer

determinadas necessidades, transformando o mundo e aperfeiçoando os sujeitos. Essa

característica do ser humano em estado permanente de mudanças é mediada pela cultura

e informação. Por isso, a educação não é expressa apenas por um modelo ou por uma

forma única de ensinar, mas segundo Brandão,

A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos

sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura,

em sua sociedade. Formas de educação que produzem e praticam, para que

elas reproduzam, entre todos os que ensinam e aprendem, o saber que

atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do

trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia

que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a

de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre

os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria

educação habita, e desde onde ajuda a explicar – às vezes a ocultar, às vezes a

inculcar – de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem

(C.R. Brandão,1983:10).

Por isso, educar é ensinar, é modificar sujeitos, conduzindo de um estado a

outro. A educação não é apenas um simples mecanismo de transmissão de heranças dos

antepassados. Ela é também um meio para se moldar homens para exercer um papel em

determinado tipo de sociedade. Seguindo esse raciocínio, podemos retomar o tempo

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longo da história e registrar a visão de educação desde o mundo grego até a idade

contemporânea. Elas refletem uma prática educacional intencional que se legitima ao

determinar os fins a serem atingidos.

Veremos então, que na Grécia dos tempos homéricos, a educação sofre a

influência cultural das epopeias desenvolvendo os jovens da elite para ser um nobre

guerreiro. Atenas formava o cidadão da pólis, buscando um desenvolvimento

intelectual para que o melhor indivíduo pudesse participar dos destinos da cidade.

Esparta privilegia uma educação severa, voltada para a formação militar. Logo, a

educação grega se desloca tanto para o preparo físico como para o debate intelectual

conforme as alterações ocorridas no tempo longo e espaço.

Em Roma, a educação original patriarcal, vai sofrer uma forte influência

helenista e a fusão entre essas duas culturas trazem o “bilinguismo”, forçando ao

aprendizado do latim e do grego. A educação romana visava ao aprendizado de técnicas

agrícolas, a preparação do guerreiro e a formação enciclopédica. Por ser uma sociedade

escravista, o conceito de educação romana desvaloriza o trabalho manual para

privilegiar a formação intelectual, aristocrática da elite dominante.

Durante o milênio que constituiu a Idade Média, a educação considerou um

modelo de homem a ser atingido ao mesmo tempo religioso e militar. Nesse período

predomina a visão teocêntrica, a de Deus como fundamento direcionando toda ação

educativa para a formação do Cristão. Por outro lado a Cavalaria dos castelos é uma

instituição da nobreza e sua formação envolve valores de defesa dos fracos e exaltação

da justiça. Esse período de mil anos é marcado pela desagregação da antiga ordem

grego-romana e pelo cristianismo direcionando a formação do homem medieval.

Assim, a Idade Média é uma época de mudanças, mas de muita importância e segundo

Cambi,

A Idade Média não é absolutamente a época do meio entre dois

momentos altos de desenvolvimento da civilização: o mundo antigo e o

mundo moderno. Foi sobretudo a época da formação da Europa cristã e da

gestação dos pré-requisitos do homem moderno (formação da consciência

individual; do empenho produtivo;da identidade supranacional etc.) como

também um modelo de sociedade orgânica marcada por forte espírito

comunitário e uma etapa da evolução de alguns saberes especializados como

a matemática ou a lógica, assim como uma fase histórica que se coagulou em

torno dos valores e dos princípios da religião, caracterizando de modo

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particular está longa época; conferindo-lhe conotações de dramaticidade e de

tensão, mas também aberturas proféticas e fragmentos utópicos que nos

apresentam uma imagem mais complexa e mais rica da Idade Média;e

também uma identidade mais próxima de nos e de nossa sensibilidade. (F.

Cambi, 1999:141).

Dessa forma, como a Idade Média foi um período de profundas transformações

culturais e de contradições, não houve um conceito de educação a ser seguido; apenas a

Igreja Católica utiliza o poder da fé como ferramenta de dominação. A educação

destina-se apenas para a salvação da alma, a vida eterna e a formação do cristão. Seus

efeitos direcionarão os rumos da educação do período renascentista e do homem

moderno.

Na idade moderna, ainda persistem as contradições decorrentes da ordem feudal

e ascensão da burguesia, com a implantação do capitalismo. Nesse momento, a

educação prioriza a formação do gentleman, do honnête homme, do cortesão, do homem

intelectual, “modelo de uma nobreza aburguesada”. Essas contradições se refletem no

processo educativo. Começa a se desenvolver uma mentalidade crítica e o resgate da

dimensão humana sob todos os aspectos. Surgem os conceitos de progresso; o

conhecimento e a razão tornam-se a questão central na Idade Moderna e a grande

inovação está ligada ao nascimento do “método científico, que terá consequências

profundas e duradouras”. (CAMBI, 1999:301). É nesse contexto social, econômico e

político que a educação assume a formação do homem intelectual, do cidadão, para

ostentar um papel decisivo na sociedade. Portanto, essa educação intelectual

caracterizada por uma reavaliação da cultura em todos os seus aspectos: cientifico e

técnico servirá de base para os outros modelos de educação das futuras gerações.

A época contemporânea nasce, em 1789, com a Revolução Francesa. Esse

evento inicia um processo de profundas transformações caracterizado “pela inquietação,

pela constante renovação, pela abertura para o futuro”. (CAMBI, 1999:377). Assim, os

acontecimentos que procedem à revolução irão marcar de forma intensa o inicio da

contemporaneidade até os dias de hoje.

Na linha das considerações acima, cabe observar que a contemporaneidade é a

época da industrialização, das revoluções, das transformações sociais e culturais, da

democracia, de intenso desenvolvimento tecnológico. Ela é também o momento de

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retomada da educação que só pode ser entendida dentro de determinado contexto

histórico. Por esse caminho Cambi afirma que:

A contemporaneidade é também a época da educação e de uma

educação social que dá substancia ao político (enquanto a política é governo

dos cidadãos), mas que também se reelabora segundo um novo modelo

teórico, que integra ciência e filosofia, experimentação e reflexão crítica, num

jogo complexo e sutil. (F. Cambi, 1999:381).

Na verdade, o intenso desenvolvimento da ciência e da tecnologia

transformaram rapidamente os estilos de vida das sociedades em todo globo terrestre.

Os transportes ultrarápidos, a robotização e automação das empresas, os satélites e a

informática, desencadearam a globalização da economia. Esse momento exige

profundas modificações na educação, justamente pela exigência de uma mão de obra

polivalente, criativa, de maior atividade intelectual, capacidade de iniciativa e adaptação

rápida às mudanças. Dentro dessa perspectiva segundo Brandão a educação,

... é uma prática social (como a saúde pública, a comunicação social,

o serviço militar) cujo o fim é o desenvolvimento do que na pessoa humana

pode ser apreendido entre os tipos de saber existentes em uma cultura, para a

formação de tipos de sujeitos, de acordo com as necessidades e exigências de

sua sociedade, em um momento da história próprio de seu desenvolvimento.

(C. R. Brandão,1983:73).

Diante desse desenvolvimento em que tudo muda em pouco tempo não há como

programar em longo prazo as necessidades da máquina social. Educar para o futuro não

significa prever as necessidades sociais, mas preparar o indivíduo para o imprevisível,

desenvolvendo a capacidade de resolver problemas, permitindo acesso as informações,

mediante uma “autoformatação controlada” (ARRUDA, 1989:240). Para Bertrand

Schwartz a educação deverá formar para “autonomia intelectual e para o pluralismo”

(B. Schwartz. Apud – Gadotti, 2003:284).

Portanto, falar em educação para a contemporaneidade não é fazer futurologia.

Significa analisar as diferentes concepções de educação ao longo da evolução da

histórica. Em cada época uma nova visão de mundo foi surgindo, delineando os

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conceitos educativos para a formação do homem comum. A época atual se caracteriza

pela valorização da iniciativa, da criatividade e em desenvolver sujeitos cada vez mais

globalizados, inovadores, informados e detentores de conhecimentos. Por esse caminho

surgem novas sistematizações teóricas que não excluem as experiências passadas no

campo educacional, mas trazem uma nova forma de desenvolver todas as

potencialidades humanas. Significa planejar e programar o ensinar. Então, é o momento

em que a educação se rende a pedagogia com os seus métodos, implantação de regras e

tempos, levando os sujeitos e grupos sociais a determinadas promoções.

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1.3 – SOBRE A NATUREZA DA PEDAGOGIA

Partindo do pressuposto que a educação só pode ser compreendida em

determinado contexto histórico, fica claro, a exigência de se pensar uma forma de

educar que satisfaça a sociedade contemporânea, marcada pela ciência e a tecnologia.

Essas conquistas provocaram mudanças no comportamento dos habitantes de todo o

globo terrestre e se refletem cada vez mais na educação. Nesse momento, nota-se uma

ampliação do conceito de educação e uma diversificação das práticas pedagógicas em

modalidades não formais, formais e em várias esferas da sociedade.

Por essa razão para iniciar o tema Pedagogia, seria importante uma noção geral

sobre a palavra “pedagogia”. A origem da palavra parte da ligação do grego antigo,

paidós significando “criança” e agodé indicando “condução”. Resgatando os vocábulos

para o idioma português criou-se a palavra pedagogia. Segundo Ghiraldelli (2012) na

Grécia antiga o paidagogo era o condutor de crianças. No mundo grego clássico ele era

o escravo que levava a criança até o local de ensino das primeiras letras e ao lugar onde

eram praticados os jogos e ginásticas. Saviani observa que a função do pedagogo foi

evoluindo e aos poucos não será somente a de um pajem de crianças:

Depois, esse escravo passou a ser o próprio educador. Os romanos,

percebendo o nível de cultura dos escravos gregos, confiavam a eles a

educação dos filhos. Essa é a etimologia da palavra. Do ponto de vista

semântico, o sentido alterou-se. No entanto, a paidéia entre os gregos não

significava apenas a infância, paidéia significava a cultura, os ideais da

cultura grega. Assim a palavra pedagogia, partindo de sua própria

etimologia, significa não apenas a condução da criança, mas a introdução da

criança na cultura (D.Saviani, 2008:75).

Considerando a noção de cultura, como tudo que o homem produz, constrói e

compartilha esses conhecimentos no seio de uma sociedade de geração para geração,

pode-se observar que com o tempo o sentido da palavra pedagogia se amplia para

indicar toda a teoria sobre educação. São os filósofos gregos que ao discutir os fins da

paidéia criaram os primeiros caminhos de uma ação pedagógica, processo pelo qual, o

homem se torna plenamente humano. A Grécia clássica foi o berço das primeiras teorias

educacionais e a pedagogia nascente possui uma abordagem metafísica, compreendida

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como um procedimento para o indivíduo “realizar suas potencialidades”, própria da

filosofia antiga. (ARRUDA, 1996:112). Assim, essa forma de educar se constitui como

um ponto de referência influenciando por séculos a cultura ocidental. Nas palavras de

Saviani é de grande importância em pedagogia clarear a noção de clássico:

O clássico não se confunde com o tradicional e também não se

opõe, necessariamente, ao moderno e muito menos ao atual. O clássico é

aquilo que se firmou como fundamental, como essencial. Pode, pois,

constituir-se num critério útil para a seleção dos conteúdos do trabalho

pedagógico. (D. Saviani, 2008:14).

Dessa forma, a ideia do senso comum é de que a pedagogia é uma forma de

ensinar; as pessoas estudam pedagogia apenas para informar melhor determinados

conteúdos, utilizando práticas de ensino. O pedagógico seria o metodológico, ensinar a

matéria utilizando técnicas de ensino. Então, “trabalho pedagógico seria o trabalho de

ensinar e o termo pedagogia estaria associado apenas ao ensino” (Libâneo, 2001:6). Por

esse caminho, o raciocínio é simples: para ser pedagogo e apenas ensinar, faz-se um

curso de Pedagogia, ou seja, um curso que prepara professores para ensinar crianças e

adultos. Podemos então, destacar um sentido mais intenso para expressão pedagogia

segundo Libâneo,

Conceber o curso de Pedagogia como destinado apenas à formação

de professores é, a meu ver uma ideia simplista e reducionista. A pedagogia

ocupa-se, de fato, da formação escolar de crianças, com processos

educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas antes disso ela tem um

significado bem mais amplo, bem mais globalizante. Ela é um campo de

conhecimentos; diz respeito ao estudo e à reflexão sistemática sobre o

fenômeno educativo, sobre as práticas educativas, para poder ser uma

instância orientadora do trabalho educativo. O didata alemão Schimied

Kowaarzik chama a pedagogia de ciência da e para a educação, portanto é a

teoria e a prática da educação. Tem um caráter ao mesmo tempo explicativo,

praxiológico e normativo da realidade educativa, pois investiga teoricamente

o fenômeno educativo, formula orientações para a prática a partir da própria

ação prática e propõe princípios e normas relacionadas aos fins e meios da

educação (J. C. Libâneo apud- S. G. Pimenta, 2002:63).

Assim, “a pedagogia é um campo do conhecimento que se ocupa do estudo

sistemático da educação – do ato educativo, da prática educativa como componente

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integrante da atividade humana” (Libâneo, 2001:6). É um evento da vida em sociedade,

resultante das relações sociais. A sociedade molda os indivíduos através da educação

como um mecanismo de manutenção da coletividade humana. A pedagogia diz respeito

a uma investigação sobre o fenômeno educativo na busca de uma abordagem dialética

da educação. Isso significa definir-se como uma solicitação orientadora do trabalho

educativo. A pedagogia não se refere somente aos métodos utilizados no ensino formal,

mas a um conjunto de práticas educativas, as quais, ocorrerem em várias modalidades

como: escola, meios de comunicação, política ou trabalho. Então, convém admitir que a

relação entre elas será intensa não podendo ser reduzida. Desse modo, educação seria o

ensino e pedagogia os métodos de ensino. Nesse caso, convém uma explicação sobre o

que é a educação ou a prática educativa:

Educação compreende o conjunto dos processos, influências,

estruturas, ações, que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e

grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado

contexto de relações entre grupos e classes sociais, visando à formação do ser

humano. A educação é assim uma prática humana, uma prática social, que

modifica os seres humanos nos seus estados físicos, mentais, espirituais

culturais, que dá uma configuração à nossa existência humana individual e

grupal (J. C. Libâneo apud – S. G. Pimenta, 2002:64).

A educação, como foi dito, é um processo de desenvolvimento integral do

homem em sua capacidade física, intelectual e moral. Ela visa não só a formação de

habilidades, mas também o caráter e a personalidade social. Entendemos então, que a

educação é uma prática social que desenvolve as características de humanização plena

nos sujeitos humanos. Sendo assim, de acordo com Dermeval Saviani (D. Saviani apud

– Arruda, 1996:51), a educação é “um processo que se caracteriza por uma atividade

mediadora no seio da prática social global”. Essa prática social seria o ponto de partida

e de chegada da ação pedagógica e a substância dessa mediação seriam os saberes, os

modos de ação, as técnicas, as atitudes e os valores. Esse conteúdo é a cultura em sua

natureza duradoura que se transforma em patrimônio do ser humano. Do ponto de vista

de Libâneo:

Trata-se, pois de entender a pedagogia como prática cultural, forma

de trabalho cultural, que envolve uma prática intencional de produção e

internalização de significados. É esse caráter de mediação cultural que

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explica as várias educações, suas modalidades e instituições, entre elas a

educação escolar. Também daí decorrem as várias projeções do educativo em

projetos nacionais, regionais, locais, que expressam intenções e ações logo

materializadas nos currículos. (J.C.Libâneo apud – S.G.Pimenta, 2002:65).

Considerando então, a pedagogia como uma prática intencional de produção e

internalização de significados construído pelos homens em determinada época é

possível uma busca para ir além dessa visão e penetrar nas redes de relações complexas

que permeiam o contexto educativo. Então, McLaren propõe investigar de que modo,

as formas sociais (e culturais) existentes encorajam, rompem,

aleijam, deslocam, diluem, marginalizam, tornam possíveis ou sustentam

capacidades humanas diferentes que aumentem as possibilidades dos

indivíduos de viver em um mundo e em sociedade verdadeiramente

democrática e afirmadora de vida. (P. McLaren apud – R.M. Fleuri,

2003:84).

É dentro desse universo complexo que a educação é perpassada por múltiplas

relações de padrões culturais diferentes. Essas relações tecem uma teia de significações

que se estabelecem na relação entre grupos sociais antagônicos e interesses divergentes.

Consequentemente, esses interesses se dividem, prevalecendo á exploração de uns sobre

aos outros. Nessa ordem, a educação só poderá ser crítica, pois é utilizada como um

“instrumento de preservação de privilégios usufruídos por poucos” (SAVIANI, 2005:

PREFÁCIO: 6º ED.). Assim, superar essa ordem significa modificar essas relações e

atingir a humanização plena.

Nesse contexto, a pedagogia se confronta com um fenômeno educativo

conflituoso na sociedade em que vivemos. A pedagogia expressa finalidades

sociopolíticas, ou seja, ela investiga técnicas e materiais direcionados para uma ação

educativa intencional, a partir de um projeto de gestão social. Por essa razão, uma de

suas características é organizar metodologias para a transmissão de saberes e modos de

ação que alcancem os objetivos educacionais desejáveis em função do desenvolvimento

humano.

Nesse sentido, o ato pedagógico poderá ser definido como uma atividade

sistemática de interação entre seres sociais, que se configura numa ação exercida sobre

sujeitos e grupos, com a finalidade de provocar mudanças eficazes, formando elementos

ativos dentro da sociedade de acordo com a concepção de homem e sociedade

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desejáveis. Nesse ponto, vale utilizar o discurso de Libâneo para realçar o caráter

pedagógico:

O processo educativo se viabiliza, portanto, como prática social

precisamente por ser dirigido pedagogicamente Em outras palavras, é o

caráter pedagógico que introduz o elemento diferencial nos processos

educativos que se manifestam em situações históricas e sociais concretas.

Precisamente pelo fato de a prática educativa se desenvolver no seio de

relações entre grupos e classes sociais é que é ressaltada a mediação

pedagógica para determinar finalidades sociopolíticas e formas de

intervenção organizativa e metodológica do ato educativo. (J.C. Libâneo

apud– S.C.Pimenta,2002: 66).

Por outro lado, as formas de intervenção organizativas do processo educacional

em instituições formais, deixam sobressair um equívoco de identificação entre ação

pedagógica e ação didática no ato educativo. A ação pedagógica e a didática encontram-

se inter-relacionadas mais conceitualmente são distintas. A didática é a parte da

pedagogia que utiliza estratégias de ensino em todos os seus aspectos práticos e

operacionais. Podendo ser definido como; a “técnica de estimular, dirigir e encaminhar

no percurso da aprendizagem a formação do homem”. (AGUAYO apud – C. PILLETI,

2004:43). O trabalho didático é uma técnica educativa e se situa entre o filosófico e o

científico, ou seja, entre o que deve ser e o que é, articulando o ideal ao real.

Em outras palavras, o trabalho pedagógico, a partir de conhecimentos

científicos, filosóficos e técnicos, tem condições para postular e intervir de forma

consciente nos elementos do ato educativo, e ser uma ciência integradora mediante

contribuições das demais ciências, por isso, ela é um campo de estudos com identidade

e problemáticas próprias. Para Libâneo,

Seu campo compreende os elementos da ação educativa e sua

contextualização, tais como o aluno enquanto sujeito do processo de

socialização e aprendizagem os agentes de formação (inclusive a escola e o

professor), as situações concretas em que se dão os processos formativos

(inclusive o ensino), o saber como objeto de transmissão/ assimilação, o

contexto socioinstitucional das instituições (inclusive as escolas e salas de

aula). Resumidamente, o objetivo do pedagógico se configura na relação

entre os elementos da prática educativa: o sujeito que se educa, o educador, o

saber e os contextos em que ocorrem. (J.C. Libâneo, 2001: 10-11).

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Essa é a razão por que a pedagogia torna-se um saber sofisticado e complexo em

função da construção humana. Pelo fato de ser um saber sofisticado, podemos relacionar

o campo de competência do pedagogo á prática educativa, tendo em vista os objetivos

de formação humana em cada universo de atuação. Por esse caminho, “o trabalho do

pedagogo escolar e o extra-escolar” é uma ação científica, pois necessita de uma

compreensão maior dos fenômenos da vida em sociedade. (LIBÂNEO, 2001:13).

Compreende-se então, que devido a essa abrangência o “fazer pedagógico é

inevitavelmente um fazer investigativo” (FRANCO, 2002).

Assim, a pedagogia é um campo ativo na pesquisa sobre sua própria teoria,

tornando-se bem sucedida em sua autoprojeção. Isso significa dizer que a cada

momento será necessário restabelecer um novo caminho para o ato pedagógico, em

função do tempo histórico. “As novas realidades estão exigindo um entendimento

ampliado das práticas educativas e, por consequência, da pedagogia” (PIMENTA,

2002:27).

Contudo, ao analisarmos rapidamente essas realidades visualizamos um clima

de constante ebulição resultantes do desenvolvimento humano. Ela sugere a necessidade

de inovações nos processos formativos e educativos, como também outras orientações

político-cultural. Esses problemas desafiam a pedagogia a buscar caminhos capazes de

lidar com indagações como ecologia e exploração da natureza; aumento de etnias em

diversos países e o multiculturalismo. A violência urbana como um problema mundial e

social. E por fim a globalização mudando o cenário mundial e os paradigmas

transformando a própria vida em sociedade.

Uma maneira específica de lidar com esse desafio é efetuar uma obra de

acompanhamento e interpretação ativa que só a educação poderá desenvolver, mas que

não poderá perder o seu foco principal: o homem. É evidente que a prática pedagógica

não oferece uma solução radical para os problemas futuros, mas tem condições de

encontrar possibilidades para a construção de ações mais definidas, ao lado de novos

atores sociais, políticos e educacionais. Convém destacar que essas ações não terão

sentido se a educação “não conservar o fim que foi o seu desde o início da sociedade, ou

seja, a humanização de toda a geração sucessiva”.

Portando, por mais difícil que seja concretizar essa humanização, “a tradição

cultural, intelectual e pedagógica, no seu aspecto mais genuíno e mais alto”, deve seguir

seu curso, continuando “a viver e a agir como o paradigma de desenvolvimento da

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humanidade, ainda que se adaptando a condições profundamente novas” (CAMBI,

1999: 643).

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1.4 – A PEDAGOGIA: NOVOS CAMPOS DE AÇÃO INFLUENCIANDO A SOCIEDADE

Neste momento histórico ninguém pode duvidar da intensidade das

transformações que a humanidade vivenciou ao longo dos tempos. Elas expandiram de

tal forma o progresso material e tecnológico, nos colocando frente a realidades

desafiadoras. Essas realidades são um novo momento social e exigem uma ampliação

no conceito de educação e em consequência a diversificação da ação pedagógica em

varias modalidades de educação informais, não-formais, e formais. Desta maneira, não

há dúvidas que hoje a pedagogia, como uma área de estudos específicos está em alta nos

meios profissionais, políticos, universitários, sindicais, empresariais, nos meios de

comunicação e nos movimentos da sociedade civil. Nas palavras de Libâneo (2001)

“estamos diante de uma sociedade genuinamente pedagógica”.

Ora, basta um olhar na História e veremos o poder pedagógico se acentuando

ao longo dos tempos diante das inúmeras transformações ocorridas nas sociedades.

Assim, o aparecimento da paidéia grega, possibilitou através do intercambio de

mensagens otimizadas, que a informação sucedesse a transformação e ao conhecimento.

Não seria de se estranhar “que a sociedade da comunicação se tornasse, mais

recentemente, mas também repentinamente, uma sociedade pedagógica”, ao possibilitar

o acesso á novos conhecimentos, diante das inúmeras tecnologias de comunicação de

massa, ocorrendo, não só através das palavras, mas também através da hipermídia. (M.

SERRES).

A pedagogia encontra-se em constante expansão na sociedade do conhecimento.

Diariamente assistimos mensagens educativas em programações televisivas sobre

educação ambiental, política e saúde. Há práticas pedagógicas em jornais, rádio,

material didático, propagandas, elaboração de jogos, fabricação de brinquedos, em

supervisão de trabalhos técnicos, na orientação de estagiários para formação

profissional, nas academias de educação física e na informática. Libâneo acrescenta

outros espaços Do exercício de práticas pedagógicas,

Na esfera dos serviços públicos estatais, são disseminadas várias

práticas pedagógicas assistentes sociais, agentes de saúde, agentes de

promoção social nas comunidades, etc. Os programas sociais de medicina,

informação sanitária, orientação sexual, recreação, cultivo do corpo, assim

como práticas pedagógicas em presídios, projetos culturais são ampliados.

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Ano a ano aumenta o número de congressos, simpósios, seminários. São

desenvolvidas, em todo o lugar, iniciativas de formação continuada nas

escolas, nas indústrias. As empresas reconhecem a necessidade de formação

geral como requisito para enfrentamento da intelectualização do processo

produtivo. (J. C. Libâneo, 2001:4–5).

Contudo, mesmo encontrando ações pedagógicas abrangendo toda a sociedade,

segundo Ricardo (2012), estamos em pleno processo de regulamentação da profissão de

pedagogo e ainda que se encontre em andamento, a sua presença é imprescindível em

empresas de consultoria em educação e nas equipes governamentais encarregadas de

elaborar e executar estudos, programas e projetos educacionais (Projeto de lei n° 4.746,

de 1988). A lei define ainda as atividades que podem ser executadas pelo Pedagogo,

artigo 2°:

– elaboração, planejamento, implementação, coordenação, acompanhamento,

supervisão, e avaliação de estudos, planos, programas e projetos relacionados

aos processos educativos escolares e não escolares, à gestão educacional no

âmbito dos sistemas de ensino e de empresas de qualquer setor econômico, e à

formulação de políticas públicas na área de educação;

– desempenho, nos sistemas de ensino, das funções do pedagógico à docência,

como administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação

educacional;

– ensino de disciplina pedagógicas e afins nos cursos de formação de

professores;

– desenvolvimento de novas tecnologias educacionais nas diversas áreas do

conhecimento;

– recrutamento, seleção e elaboração de programas de treinamento e projetos

técnico-educacionais em instituições de diversa natureza. (E.J.RICARDO,

2012:19).

Nesse quadro, o CBO – Classificação Brasileira de Ocupações, instituída

por portaria ministerial nº 397, de 9 de outubro de 2002, define- se como,

O documento que reconhece, nomeia e codifica os títulos e descreve as

características das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. Sua

atualização e modernização se devem às profundas mudanças ocorridas no

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cenário cultural, econômico e social do País nos últimos anos implicando

alterações estruturais no mercado de trabalho. (CBO, 2002:0)

A ocupação do pedagogo encontra-se definida na família 2324, como

Programadores, Avaliadores e Orientadores de ensino, mas sua ação depende do

currículo de sua graduação. Assim, de acordo com o CBO, os pedagogos poderão atuar

como coordenador pedagógico, pedagogo, professor de técnicas e recursos audiovisuais,

psicopedagogo e supervisor de ensino. Ele também esclarece as competências pessoais

para assumir responsabilidades tanto nas esferas formais como as informais. Com isso

os campos de atuação profissional do pedagogo vão se abrindo dentro da sociedade.

Tudo isso não é tão simples quanto parece, pois não poderemos deixar de

relacionar a ligação existente entre economia e educação. A globalização da economia

não é um modismo, é uma realidade que impõe seus desafios, representando uma nova

organização da economia e da sociedade. Nesse aspecto, as organizações defrontam-se

com os riscos futuros, mas também com portunidades. Muitas empresas adotam

iniciativas voltadas para a capacidade de aprender e inovar, investindo em seus recursos

humanos.

Nesse sentido, a criação da educação corporativa nas empresas significa uma

estratégia transformadora das atividades econômicas e sociais. No Brasil essa medida é

uma realidade e a inserção do pedagogo nessa condição é necessária exatamente porque

a pedagogia envolve intervenção humana e, portanto, sua contribuição para uma gestão

acadêmica pode ser um expressivo reforço para uma formação contínua.

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2 – EDUCAÇÃO CORPORATIVA EM DISCUSSÃO 2.1– REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA EMPRESARIAL NO BRASIL

Ao se pensar em historia empresarial entendemos que é um ramo de

investigação da historiografia contemporânea atrelada á conjuntura econômico-social.

Sua linha de pesquisa está voltada para a história de determinada organização, ou seja, o

início de suas atividades, a finalidade da atividade e o desenvolvimento dessas

atividades. Engloba as transformações sucedidas nessas organizações a partir da atuação

dos empresários e de seus colaboradores, permitindo a criação da sua própria

identidade.

A história de empresas encontra-se intrinsecamente ligada à história econômica

e se constitui através do relacionamento entre as duas. É uma área disciplinar de grande

importância, mas ainda pouco desenvolvida no campo teórico e nas pesquisas

empíricas. Diante desse quadro, o que sobressai é o relato de acontecimentos passados

com base em documentações próprias, objetivando somente a divulgação da empresa de

forma isolada, desvinculadas da sua relação com a sociedade. Daí concluir a pobreza

dos estudos realizados pelos seus representantes.

Sendo assim, o próprio ritmo das pesquisas históricas em determinado momento

estabeleceu limites para a compreensão das atividades empresariais. Essas atividades de

“longa duração” atravessaram os mundos e as sociedades e a nova dinâmica social

caracterizada pelas mudanças nas visões de mundo toma como base de pesquisas as

empresas e o empresariado (BRAUDEL, 1990:14).

Para uma clareza maior, Lobo nos adverte que o início do século XX, é

fundamental para observações neste campo:

Os historiadores da atividade empresarial consideram a primeira

década deste século como o inicio do desenvolvimento da pesquisa neste

campo. Jean Baptiste Say é geralmente aceito como um dos pioneiros, ao

definir o empresário como um organizador e coordenador de fatores de

produção que compra, combina e vende. Em 1912, Joseph Schumpeter

atribuía ao empresário o papel de inovador, de produtor do progresso técnico,

de motor das transformações. Ciro Flamarion Cardozo salienta que

Schumpeter partiu da crítica do caráter estático da economia política clássica.

Em 1914, Henri Pirenne propunha a tese de que a cada período da história

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econômica corresponde um grupo diferente de capitalistas e, ao se

transformarem as condições econômicas, parte dos capitalistas não se adapta,

enquanto outra parte aceita as mudança e trabalha no mesmo sentido delas.

Pirenne relativiza, portanto, o poder de inovação dos empresários. (E.L.Lobo

apud — C.F.Cardoso, 1997:217).

A história dos negócios começou a ser desenvolvida nos Estados Unidos com a

formação, em 1926, da Business History Society e o lançamento do Journal of

Economic Business History, em 1928, na figura de N.S.B.Gras. A linha de pesquisa

desse grupo caracterizava-se pelo estudo isolado de empresas sem integrá-las ao

contexto socioeconômico mais amplo. Em 1944, Arthur Harrison Cole fundou o Centro

de História Empresarial na Universidade de Havard com uma perspectiva um pouco

diferente, o foco seria estudar as empresas inseridas na história social. Talcot Parsons,

por exemplo, foi muito influente na formação teórica deste centro, suas pesquisas

dariam ênfase “à capacidade gerencial e ao prestígio social de acordo com o

reconhecimento pela sociedade da importância dos status ocupados pelos indivíduos”.

Joseph Shumpeter uniu-se a esse grupo contribuindo com a teoria do ciclo econômico,

mostrando que a economia mundial alterna momentos de equilíbrio e de expansão, os

chamados ciclos. É o surgimento de alguma inovação tecnológica que rompe esse

equilíbrio, levando a passagem de um ciclo para o outro. Ciro Flamarion Cardoso

identifica um ponto comum e central nas ideias desse grupo: “a noção de que a vida

econômica é imprevisível, reagindo contra o determinismo social”. (E. L. Lobo apud —

C.F.Cardoso, 1997:218).

Segundo Lobo (1997) na França e na Inglaterra a história dos negócios inicia

suas pesquisas somente na década de 1950, também colocando a história das empresas

numa perspectiva social, porém o empresariado é analisado pelo par de termos

“estrutura e conjuntura”, dentro dos ciclos econômicos de curta e longa duração. Na

França, as pesquisas tiveram uma grande influência do marxismo apoiado na visão

macro econômica em função da École des Annales tratar a história empresarial dentro

da visão de síntese global social.

“Mudou o mundo, mudou a história”, mudaram os debates acadêmicos com a

entrada em cena, a partir dos anos 70, da chamada Nova História, caracterizada pela

introdução de novos objetos de investigação, além de uma revisão de interpretação da

documentação tradicional. De acordo com essa corrente a empresa passou a ser

estudada como unidade de produção de bens, de serviços influenciando de forma

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significativa a evolução da sociedade. As novas interpretações deram origem a

diferentes iniciativas de administradores e gestores que passam a utilizar as pesquisas

históricas como ferramenta de suporte para obtenção de um conhecimento aprofundado

da empresa e assim desenvolver projetos multidisciplinares para setores estratégicos da

organização. (PESAVENTO, 2005:16).

No Brasil os primeiros trabalhos sobre a área empresarial surgem na década

de 60 e seguiam as tendências despontadas nos Estados Unidos e na Europa. A

produção histórica empresarial, ainda é um campo de estudos extremamente recente e

pouco difundido. Esse atraso na produção dos estudos sobre o desenvolvimento das

empresas brasileiras decorre de uma industrialização tardia e da falta de preservação de

documentos, aliada a postura de empresários e administradores, dificultando o acesso

aos arquivos das organizações. Assim, o relato de histórias empresariais ficou limitado a

engrandecer os feitos do passado ou narrar as dificuldades dos anos iniciais em

determinados períodos específicos, como se fosse um relato de fatos isolados sobre o

que foi construído nas empresas sem uma relação como esse construído se desdobrou no

desenvolvimento. Nesse sentido, Lobo aponta que:

Inicialmente a produção sobre história empresarial ou era uma

decorrência de estudos gerais sobre dependência, industrialização, bolsa de

valores, ou era monografia sem perspectiva geral, voltada para administração

interna da unidade de produção ou para exaltação do fundador da empresa.

(E.L. Lobo, apud – C.F. Ccardozo e R. Vainfas (orgs),1997:223).

Verifica-se, então, uma tendência baseada no pressuposto de que a empresa

fosse um tema menor, anulando a compreensão das peculiaridades existentes em seu

interior. Nessa linha de pensamento, Lobo expressa um alerta sobre o estudo de

empresas desvinculado do contexto socioeconômico:

Segundo Ciro Flamarion Cardoso, seria preciso reformular o

conceito de empresa e sua utilização em história. Tomado genericamente tal

conceito refere-se a uma unidade de produção, lócus institucional de

combinação de fatores de produção numa sociedade determinada. A unidade

de produção deverá ser analisada estudando a estrutura social em que se

insere e, afirma o mesmo autor, é necessário considerar as relações internas

entre o sistema econômico de uma sociedade e sua estrutura social como

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único modo de evitar uma generalização da racionalidade capitalista. (E.L.

Lobo apud C.F.Cardozo e R. Vainfas (orgs), 1997:218).

As empresas são parte da sociedade e encontram-se vinculadas ao contexto

socioeconômico, por isso, não podem ser analisadas sem considerar as articulações

entre as relações sociais e as práticas empresariais. Nesse quadro, as empresas são

“agentes sociais que integram o processo de desenvolvimento humano”, influenciando

de forma significativa a evolução da sociedade. (SOUZA, 2010:36).

Na década de 60, pouco a pouco essa evolução foi sendo sentida, no processo de

modernização remanescente do ciclo de desenvolvimento Getúlio Vargas. Criou-se uma

base considerável com “a implantação de uma série de indústrias, de natureza estatal,

produtoras de insumos básicos e de infraestruturas de energia e transportes”. Assim,

foram propiciadas as condições para fundação de empresas de capital estrangeiro

(produtoras de bens de consumo e bens de produção), que importavam os processos de

produção, através de máquinas, equipamentos, manuais com procedimentos técnicos e

treinamento de pessoal no exterior. Entretanto, segundo o IPEA (2010), registraram-se

dificuldades severas provenientes das desproporções entre a estrutura da demanda e a

capacidade produtiva nacional.

A tecnologia agrícola utilizada era de baixíssima produtividade, não

acompanhando o desenvolvimento industrial. No segmento de comercio e serviços a

“intensidade tecnológica era extremamente reduzida e o nível de qualificação da mão de

obra era bastante baixo”. Dessa forma, os anos 60 foram reconhecidos como uma

década de mudanças estruturais, mas que de certo modo afirmaram a moderna

organização da empresa no Brasil.(IPEA, 2010:54).

Nessa época, aparece um trabalho de pesquisa sobre a empresa familiar: “Conde

Matarazzo, o Empresário e a Empresa”. Esse trabalho, com uma visão mais de acordo

com a nova situação, não se limitou a inserir a biografia de um empresário no contexto

socioeconômico para analisar o desenvolvimento industrial brasileiro, mas inaugurar

uma forma original de estudar o empresariado nacional e ao mesmo tempo redefinir as

interpretações sobre a moderna trajetória das empresas em São Paulo

(CARDOSO,1997:227). Outros estudos também marcaram época: Empresários e

Administradores no Brasil, de Luis Carlos Bresser e Empresário Industrial e

Desenvolvimento Econômico no Brasil, um dos livros mais importantes de Fernando

Henrique Cardoso.

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Nos anos 70, verifica-se uma ampliação da história empresarial brasileira. Nesse

período as linhas de pesquisa sofre a influência da Nova História, da Escola Norte-

Americana e os diversos trabalhos desenvolvidos por outros “grupos, portadores de

novas questões e interesses” (PESAVENTO, 2005). De acordo com Almir Pita Freitas

(1997), as linhas de pesquisa são: o contexto socioeconômico; os estudos de casos

procurando desvendar as estratégias dos empresários; as ações do Estado; e a do

empresariado através dos órgãos de classe.

Enquanto as pesquisas no espaço organizacional aumentavam, a imagem de

crescimento industrial colocava o Brasil entre as potências mundiais. “Parecia que tudo

no país alcançava índices jamais vistos ou previstos”, a cada momento surgiam novos

desafios provocados pelo “milagre econômico”. O “milagre brasileiro” da década de 70

foi sustentado pelas atividades produtivas de empresas multinacionais e pelas linhas de

crédito disponibilizadas por instituições financeiras estrangeiras. O milagre econômico

estimulou três ramos produtivos: as empresas privadas brasileiras, as multinacionais e

as estatais. (BNDS,1983). No posicionamento de Pinto:

As empresas privadas brasileiras dedicavam-se aos ramos de

trabalho-intensivos, com maquinário de baixa complexidade tecnológica,

baixos salários e extensa utilização de força de trabalho em indústrias têxteis,

processamento de alimentos e produção de bens de consumo não duráveis;

As empresas multinacionais se dedicavam principalmente ao ramo

capital-intensivo, de alta complexidade tecnológica do maquinário e com

numero menor força de trabalho. Os trabalhadores desse setor eram mais

produtivos, devido a uma qualificação maior que era necessária para operar

com os equipamentos de produção, o que garantia também um salário maior.

As multinacionais dedicavam-se á produção de automóveis, eletrodomésticos

e meios de produção destinados tanto a outras empresas quanto aos

consumidores, abastecendo neste último caso o mercado de consumo de bens

duráveis.

Já as empresas estatais ficaram responsáveis pelos investimentos

nas indústrias de base, setor que se convencionou chamar á época de

“indústrias necessárias á manutenção da segurança nacional”. Abarcando as

empresas de produção de energia elétrica, indústria pesada, telecomunicações

e indústria bélica. Além disso, era responsabilidade do Estado investir na

criação das condições gerais de produção, necessárias á industrialização,

como redes de transporte e sistema de educação. (T.S.PINTO).

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Como vimos, na década de 70, o Brasil “viveu uma época de ouro”, comandado

pelo “milagre econômico” de intensas atividades empresariais, dentro de um regime

autoritário. Entretanto, a expansão e internacionalização da economia brasileira

provocaram um enorme aumento da dívida externa e dependência do capital estrangeiro.

A época de ouro gerou consequências que se tornaram motivos de alarme para os

próximos períodos (IRB:1).

Nos anos 80, a história empresarial continuava a se inspirar na Nova História,

mas traçar as linhas gerais dessa experiência implica selecionar, dados, fatos, datas,

dificultado em função da própria cultura da não preservação de documentos. O

historiador seleciona aspectos da realidade, atento à precariedade e aos preconceitos

presentes na documentação analisada “tendo em vista não uma recuperação do passado

em sua integridade, mais sim seus momentos críticos, que auxiliam a compreender de

forma coerente” o passado da sociedade brasileira. (PRIORI, 2001:393).

Sendo assim, a década de 80 foi um momento crítico da nossa história e ficou

conhecido como a “década perdida” da economia. O resultado desta retração foi a

estagnação do crescimento econômico que se projetou até a década de 1990. A crise do

“milagre econômico” acarretou enormes dificuldades para o mercado de trabalho. As

empresas enfrentavam um contexto de alta inflação e crédito escasso. O desemprego

oscilava com a economia: se a economia crescia as oportunidades de emprego cresciam

ou vice-versa (SABÓIA, 1986).

A crise econômica não impediu a absorção da mão de obra no mercado de

trabalho, mas levou as empresas a uma reestruturação administrativa como

consequência das transformações nos mercados mundiais. Nessa fase, notam-se grandes

modificações nas organizações em função da revolução tecnológica, das novas

exigências do mercado consumidor e as inovações na postura de comunicação

institucional. Surge uma nova forma de administrar as áreas estratégicas das empresas

como marketing, recursos humanos e comunicação.

Nessa fase, apesar do crescimento negativo, teve início no Brasil o processo de

transição democrática pelo fim do regime militar. Sobre a redemocratização Aquino

conclui que:

Fatores conjunturais e estruturais contribuíram para as mudanças

econômicas, políticas e sociais então ocorridas. O modelo político-militar

revelou-se incapaz de resolver os problemas colocados pela nova economia

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mundial globalizada, como a necessidade da formação de mega blocos

econômicos e o controle de mercado pelos grandes monopólios. Ao mesmo

tempo, os grandes empresários tomaram consciência do esgotamento do

modelo de Estado patrimonialista e da necessidade de abolir barreiras

protecionistas e abrir a economia à nova estratégia neoliberal. O controle do

aparelho burocrático de Estado pelos governos, onde predomina a corrupção,

tornou-se um empecilho às novas tendências de liberdade econômica

reivindicadas pelo capital industrial e financeiro. (Aquino; Jesus; Oscar,

2004:449).

O Brasil voltou a ser uma democracia, o mercado se abriu para a concorrência

estrangeira, mas, segundo Hobsbawm (1995:404) “a tragédia histórica da década de 80,

foi a de que a produção agora dispensava visivelmente seres humanos mais rapidamente

do que a economia de mercado gerava novos empregos para eles”.

Sendo assim, a busca da historicidade no espaço organizacional se reflete no

entendimento dos acontecimentos e os fenômenos de determinado contexto. Mas

conhecer o movimento desses acontecimentos tem uma importância histórica

fundamental, tornando-se uma condição para não cairmos em anacronismo e

entendermos as heranças que são deixadas de uma década para outra. Então, admitir os

aspectos econômicos negativos da década de 1980 sugere uma condição para que na

década de 1990, essa herança possa ser redesenhada em políticas que permitam ao país

e a indústria continuarem a evoluir.

Esse movimento fica visível na década de 1990, marcada pelas mudanças

estruturais da economia brasileira – abertura comercial, estabilização monetária e

privatizações. No entanto, na visão de Moreira a mudança de regime teve o mérito de

mostrar a atuação da economia brasileira, mas

... deixou exposta a baixa competitividade da empresa nacional.

Esse estado de coisas, no entanto. Esse estado de coisas, no entanto, não foi

causado pelo novo regime, que apenas o herdou. As causas dessa deficiência

devem ser buscadas nas décadas de proteção incondicional. A abertura teve o

mérito de mostrar que o único caminho de sobrevivência possível é o da

redução de custos, da especialização, dos ganhos de escala da modernização

dos produtos e da ida ao mercado externo em busca de novos mercados e

insumos. Esse é o único caminho que pode dar a tese da “superioridade da

empresa nacional” alguma chance de ser comprovada. (M.M.Moreira, apud–

BNDES, 1999:371).

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Nos anos 90, segundo Souza (2010), o campo de estudos da história empresarial

fortaleceu-se com a Conferência Internacional de História de Empresas e com a

publicação desde 1998, da revista História Econômica & História de Empresas pela

Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE) e Associação

Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJ).

O lançamento do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade, lançado no

Brasil interferiu de forma negativa na investigação histórica empresarial. Baseado no

“modelo de gestão japonês e norte-americano, seria uma forma de inovações

organizacionais, mas a implantação do modelo de gestão 5S, sem as devidas

considerações, resultou no descarte de inúmeros documentos e objetos” (SOUZA,

2010).

Apresenta-se então uma falta de consciência do valor da documentação

empresarial e a necessidade de preservação da memória. Por outro lado, surgem as

preocupações para o destino dos acervos públicos de empresas estatais envolvidas em

processos de privatização. O patrimônio histórico brasileiro ressalta a importância

desses acervos por estarem ligados à história, ao desenvolvimento de cidades e às áreas

das Ciências Humanas e Exatas; portanto, a própria memória do país.

Seguindo um pouco mais, no inicio do século XXI, surge um movimento de

valorizar a memória empresarial. Algumas empresas brasileiras e multinacionais

sediadas no Brasil passaram a fazer investimentos em projetos de história empresarial

com o objetivo de resgatar sua memória e revelar o papel desempenhado por elas na

sociedade e na economia contemporânea.

A conciliação da empresa com a história também revela um resgate ou revisão

de valores decorrentes de questões mercadológicas ou processos de transformações

como incorporação ou fusão de empresas. Dessa forma, a empresa possui uma trajetória

de vida e a conciliação entre as duas pode significar desenvolver uma visão de empresa

dentro do contexto brasileiro ou ainda uma ferramenta auxiliar na tomada de decisão e

planejamento de estratégias.

Contudo, esperamos encontrar um Brasil bem mais amadurecido, depois de

atravessar momentos complicados desde 1960. As empresas ainda enfrentam velhos

gargalos como infraestrutura deficiente, mão de obra pouco qualificada e uma carga

tributária altíssima. Como diz Ioshpe (2012:129), “não temos um projeto de país e a

educação é desconectada de qualquer visão macro. Não é percebida como uma

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ferramenta estratégica para o desenvolvimento, mas como um fim em si mesmo, como

direito do cidadão e ponto”.

Na realidade, o final do século XX e o inicio do XXI, as empresas brasileiras

estão enfrentando um ambiente caracterizado pela imprevisibilidade, inovação

tecnológica e uma enorme velocidade nos campos do conhecimento. O processo de

globalização, na medida em que ampliou os mercados, levou as empresas a uma

concorrência não apenas no Brasil, mas no mundo. O surgimento desse novo ambiente

concorrencial exige alterações nas estruturas organizacionais internas para coordenar

suas ações alinhadas a um planejamento estratégico, com a finalidade de encontrar um

diferencial que as faça sobressair.

Cabe ressaltar então, uma análise do ponto de vista estratégico, o

desenvolvimento do ativo humano seria uma forma diferenciada de desempenho

competitivo. Tudo isso porque estamos vivendo na era do conhecimento. As empresas

entenderam que ao investir em seus funcionários estarão assegurando a retenção de seu

quadro e contribuindo para incorporação de conhecimentos tácitos, levando a excelência

de um desempenho empresarial.

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2.2 – TRABALHO, EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM

Desde o final do século XX, as empresas brasileiras começaram a visualizar os

impactos que a globalização traria na sociedade, na política e na economia. Hoje temos

clareza, da extensão desses impactos e as mudanças que eles exigem no mundo

empresarial. Cada inovação técnica exigirá um modelo de produção. No futuro, a

atuação da empresa tradicional no mercado globalizado será cada dia mais difícil, pois

os modelos de gestão conservadores não terão tanta validade. As empresas do século

XXI para se tornarem competitivas em qualquer mercado, necessitam modificar a

estrutura organizacional interna, reavaliando o processo de trabalho, as pessoas que nela

trabalham e seu desenvolvimento, os serviços e a forma de conduzir os negócios. Uma

das saídas para se adaptarem a esse cenário seria investir nos campos da educação e da

tecnologia.

Na época atual, não cabem os modelos de empresas do século XX, com uma

gestão conservadora, baseada em princípios organizacionais que hoje se mostram

obsoletos. Na opinião de Gonçalves (1997), princípios organizacionais como:

hierarquia, especialização funcional, pagamento proporcional à posição hierárquica,

amplitude de controle, divisão do trabalho, unidade de comando, disciplina, cadeia de

comando e comunicação formal em papel, tornaram-se insuficientes para responder a

rapidez das transformações do mundo contemporâneo. Em determinado momento eles

foram importantes ao permitir uma eficiência na produção de determinados bens

materiais, certa estabilidade nos resultados em escalas cada vez maiores e além do mais,

serviram de modelo organizacional durante décadas, mesmo impedindo a circulação de

conhecimentos, a aprendizagem mútua e até mesmo a autonomia do trabalhador.

Essa configuração de empresa não atende a atual sociedade do conhecimento,

tanto do ponto de vista da estrutura organizacional como da gestão de pessoas e

negócios. Então a solução reside em modificar o sistema de empresas tradicionais para

organizações, rápidas, holistas e flexíveis da nova era do conhecimento e informação.

(JAPIASSU e MARCONDES, 1996:130).

Sendo assim, é importante reestruturar as organizações partindo da criação de

ações direcionadas para suas necessidades, aliadas a uma visão não apenas para o

presente, mas para o futuro da empresa. Com isso um novo esquema redefinirá o

processo de produção e organizará o trabalho para adapta-lo à tecnologia atual.

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Para Gonçalves (1997), a tendência organizacional atual se baseia em novos

princípios como a alocação dinâmica de recursos em tempo real, uma comunicação

ponto a ponto, planejamento e organização do trabalho em times e projetos,

monitoração de desempenho por resultados e dissolução das fronteiras orgânicas.

Assim, esse redesenhar poderá evoluir para um estilo de gestão mais participativo dos

elementos chaves da empresa.

Dessa forma, Gonçalves (1997) visualiza a necessidade de estruturar as

empresas com determinadas características mais comuns das novas organizações. As

empresas teriam poucos empregados e em consequência menor número de níveis

hierárquicos e quadro de pessoal muito mais ajustado. Um modelo organizacional

baseado em processos, redistribuição de tarefas, recolocação de pessoal, incluindo o uso

intenso da terceirização e o desenvolvimento de uma estruturação muito mais dinâmica.

Assim, as mudanças nas relações entre organizações, pessoas e trabalho

acontecerão rapidamente. O exemplo mais visível para Drucker (2012:45) é a

“terceirização”, em que uma organização, hospital ou entidade do governo transfere

uma atividade inteira para uma empresa independente especializada nesse tipo de

trabalho. Cada vez mais as organizações terceirizaram todo o trabalho de “suporte” em

vez do trabalho que gera “receita”, e todas as atividades que não ofereçam

oportunidades de carreiras.

Segundo Robbins (2009) as organizações estão em estado de fluxo. No passado

os funcionários eram indicados para um grupo específico de trabalho e essa colocação

era relativamente contínua. Essa previsibilidade foi substituída por grupos temporários

de pessoas de diferentes departamentos, com outros saberes para atender às

necessidades sempre mutantes do trabalho. Na atual dimensão, a nova forma de

trabalhar e o avanço tecnológico pressupõem a circulação de dados, informações e a

disseminação do conhecimento.

Analisando então as características das novas organizações propostas por

Gonçalves podemos entender que na medida em que a estruturação dinâmica se

desenvolve, a área de gestão de recursos humanos terá certa dificuldade para

administrar essas inovações. Podem surgir entraves que retardem esse desenvolvimento,

mas, na opinião de Drucker a organização moderna é desestabilizadora:

Ela deve ser organizada para inovação, e a inovação, como afirmou

o grande economista austríaco-americano Joseph Schumpeter, é “destruição

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criativa”. E ela deve ser organizada para o abandono sistemático de tudo o

que for estabelecido, costumeiro, familiar e confortável, mesmo que isso seja

um produto, serviço ou processo, um conjunto de habilidades, relações

humanas e sociais ou a própria organização. Em suma, ela deve ser

organizada para mudanças constantes. (P.Drucker, 2012:54).

Fazendo um paralelo entre inovação e mudanças, fica claro como os conceitos

são importantes no processo de reestruturação das organizações, mas para que seja bem

sucedido antes seria preciso conhecer as demandas do ambiente interno e externo e

depois desenvolver claramente os resultados a serem alcançados.

Nesse ponto as empresas contemporâneas segundo Gonçalves (1997),

precisaram produzir em organizações virtuais, pressupondo o emprego de tecnologias e

uso de novas tecnologias, realização de trabalho em ambiente de rede, em grupo e

células de produção como um modo normal de operação.

Nesse ambiente os trabalhadores para terem sucesso em suas tarefas precisam

se atualizar constantemente, adotar novos comportamentos e aprender a trabalhar em

grupos de forma eficaz. Peter Drucker (2012) enfatiza que o futuro das organizações e

nações depende, cada vez mais, de sua capacidade de aprender coletiva e

comprovadamente dos trabalhadores do conhecimento.

No ambiente global de organizações interconectadas, os trabalhadores do

conhecimento, cada dia serão mais valorizados nas empresas pela capacidade de

construir o conhecimento coletivamente. Lévy chama atenção para a importância do

coletivo atualmente:

Quanto melhor os grupos conseguem se constituir em coletivos

inteligentes, em sujeitos cognitivos, abertos, capazes de iniciativa, de

imaginação e de reação rápidas, melhor asseguram seu sucesso no ambiente

altamente competitivo que é o nosso. Nossa relação material com o mundo se

mantém por meio de uma infraestrutura epistêmica e de software: instituições

de educação e formação, circuitos de comunicação, tecnologias intelectuais

com apoio digital, atualização e difusão contínua dos savoir-faire...Tudo

repousa, a longo prazo, na flexibilidade e na vitalidade de nossas redes de

produção, comércio e troca de saberes (P.Lévi, 2015:19).

Na visão de Correia (2006) uma ação que se centre apenas na mudança

tecnológicas é insuficiente. Verdadeiramente decisivo é o desafio complementar das

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competências, isto é, a capacidade de conseguir criar talentos tecnologicamente

inovadores a tal ponto que façam a diferença competitiva.

Para que esse modelo funcione adequadamente, será necessário mudar a

mentalidade da força de trabalho pautada ainda na sociedade industrial para a sociedade

do conhecimento e aprendizagem. Essa transição não será automática e nem mesmo

fácil. Ela significa desafiar mentalidades anacrônicas. Requer altos investimentos em

educação e ações educacionais direcionadas ao trabalhador. As empresas

compreenderam que o saber tornou-se um diferencial competitivo. Como diz Michael

Serres, o saber tornou-se a nova infraestrutura (M. SERRES apud – P. LEVI, 2015:20).

Como se vê, são muitas as preocupações das empresas para terem sucesso nesse

mercado globalizado e de constantes revoluções tecnológicas. As organizações

perceberam o impacto que os investimentos em educação fazem no trabalhador. A cada

dia as empresas adotam algum modelo de educação corporativa para apoiar o

desenvolvimento pessoal e elevar o nível profissional de seus colaboradores. Portanto,

na sociedade do conhecimento, o foco é aprender. A educação corporativa como

estratégia de competitividade e aprendizagem contínua revela a interação entre trabalho,

educação e aprendizagem.

De fato, não é casual que as empresas reconheçam a necessidade de uma

formação mais completa para o enfrentamento de um novo tipo de economia,

caracterizada pela internacionalização dos negócios organizacionais e principalmente

pelas inovações tecnológicas no campo da informação e da biotecnologia. Essas

inovações levam a introdução, no processo produtivo de novos sistemas de organização

do trabalho e mudanças no perfil profissional para o enfrentamento de um mundo em

que as mudanças e não a permanência é a regra.

A cada minuto surge uma inovação capaz de mudar a vida da sociedade. Cada

vez mais são requeridas novas habilidades, capacidade de atenção, criatividade,

abstração e flexibilidade no comportamento profissional. Tudo isso são novas questões

para a pedagogia e implica uma reavaliação nos processos de aprendizagem e a

atualização do educador, capaz de enfrentar as incertezas ligadas ao conhecimento.

Essas questões terminam afetando ao sistema de ensino e emerge um interesse novo de

através aprendizagem requalificar o profissional e resgatar a importância dos recursos

humanos,

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Nesse contexto, de forma cada vez mais intensa, vigorosa e

avassaladora, o talento humano – aquele que não pode ser substituído por um

algoritmo, ou, em última análise, por uma máquina – torna-se o mais vital

dos recursos. É assim que os talentos criativos, capazes de conceber

inovações, vão se tornar mais do que nunca os mais disputados dos talentos.

(R. Neves, 2009: 15).

Nesta perspectiva, cada vez mais as empresas procuram qualificar elas mesmas

seus trabalhadores. Isso é um processo de educação continuada ao longo de toda a vida

profissional. Por esse caminho a “educação profissional se desloca das escolas

tradicionais para ser realizada nas empresas e organizações produtivas” (NEVES, 2009:

26).

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2.3 – O CONCEITO DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA

Um olhar para a história da humanidade mostra, que as mudanças sempre

existiram, mas jamais com essa velocidade, assistida desde o século XX. O volume das

transformações nas tecnologias trouxeram várias consequências diretas na vida

cotidiana, nos meios de comunicação, no espaço geográfico, na cultura, na política e

principalmente no mundo empresarial. Para enfrentar as incertezas de cada dia, as

empresas se esforçam para promover a evolução do conhecimento, atitudes, habilidades

e competências de seus recursos humanos através da educação. A educação corporativa

então se torna uma estratégia para aumentar a força competitiva das empresas e

contribuir para o crescimento profissional dos colaboradores.

De um modo geral, a área que mais sofre modificações nas empresas é a de

recursos humanos. Verificamos então, que há poucas décadas atrás recursos humanos

era apenas associada com as rotinas de um contrato de trabalho e do departamento de

pessoal, mas desde então, as mudanças foram tantas que surgiu uma evolução nessa

abordagem. No passado o treinamento era apenas um meio para preparar os novos

empregados para desempenhar as funções de cargo específico. Com o tempo o conceito

de treinamento passou a significar um meio para aperfeiçoar a experiência individual no

cargo. Depois as organizações perceberam que por esse modelo também haveria a

possibilidade de desenvolvimento das pessoas. Então, Chiavenato esclarece e

complementa a evolução dessa abordagem,

Modernamente, o treinamento é considerado um meio de

desenvolver competências nas pessoas para que se tornem mais produtivas,

criativas e inovadoras, a fim de contribuir melhor para os objetivos

organizacionais e se tornarem cada vez mais valiosas. Assim, o treinamento é

uma fonte de lucratividade ao permitir que as pessoas contribuam

efetivamente para os resultados do negócio. Nesses termos, o treinamento é

uma maneira eficaz de agregar valor às pessoas, à organização e aos clientes.

Ele enriquece o patrimônio humano das organizações. É o responsável pela

formação do capital intelectual das organizações. (I. Chiavenato, 2010:367).

O treinamento é um processo educativo de curto prazo para atingir os objetivos

organizacionais imediatos, mas para Ricardo (2012) as organizações entenderam que o

treinamento, com suas especificidades, já não é mais suficiente e atualmente um novo

movimento começa a substituir esses treinamentos por planejamentos de educação

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permanente. Na verdade, o que se espera construir é o hábito de aprendizagem continua

para favorecer o desenvolvimento de novas competências e capacitação de pessoas em

longo prazo. Nesse caso trata-se de extrair informações estratégicas e investir em

conhecimentos relacionados à empresa.

Como Peter Senge (2007) defende, a organização que aprende é aquela que

cultiva o comprometimento e a capacidade de aprender em todos os níveis, criando as

condições de adaptação contínua às mudanças, valendo-se de cinco processos

fundamentais da aprendizagem, tais como: modelos mentais, domínio ou maestria

pessoal, visão compartilhada e aprendizagem em equipe. Então, a educação corporativa

torna-se uma opção de construção do conhecimento através das interações sociais nas

empresas. (P. SENGE apud – O.B. RODRIGUES, 2007).

Assim sendo, a educação corporativa, segundo Ramal (2012:81) tem como

missão propiciar o aprendizado contínuo, oferecendo soluções de aprendizagem e

compartilhamento de conhecimentos e atuando no sentido de que todos na organização

tenham qualificações necessárias e adequadas para sustentar os objetivos empresariais.

Nesse sentido, o trabalho de educação corporativa, não é muito simples quanto

parece, pois engloba, tempo, objetivos, recursos e alinhamento com o ramo de negócios

da empresa, ou seja, todo o processo produtivo da empresa. Além disso, a globalidade e

o acesso ilimitado a um enorme volume de informações muitas vezes impede as

empresas de relacionar rapidamente quais os caminhos serão utilizados para o

desenvolvimento de estratégias. Segundo Freitas e Moscarola (2002:2) seria preciso

estruturar o desestruturado e desestruturar o que parece tão preciso. Cada vez mais será

necessário saber “ler” as informações que o mercado, os clientes, os concorrentes e

outros atores importantes do ambiente externo e interno estão realmente necessitando,

ainda que o digam de forma indireta.

Lévi (2015:20) propõe que as organizações devem se abrir a uma circulação

contínua e constantemente renovada de especialidades científicas, técnicas, sociais ou

mesmo estéticas. E complementa ao observar que se essa renovação diminuir seu ritmo,

a organização ou empresa corre o risco de esclerose e, logo, de morte.

Então, a educação corporativa deverá abranger os profissionais internos e os

clientes externos. Para Ricardo (2012:9) os professores (dinamizadores ou

multiplicadores) podem ser os próprios funcionários, consultores externos ou

professores universitários. O importante é o envolvimento das lideranças de forma clara

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e prática nesse sistema. Essa representação poderá ajudar a alargar o roteiro de

competências para torná-las coerentes com as renovações ou inovações da organização.

Na prática esta característica de desenvolvimento é essencial para diferenciá-la

dos treinamentos tradicionais, utilizados apenas para sanar deficiências específicas de

um determinado cargo. Morais escreve,

Que a educação corporativa é mais do que treinamento empresarial

ou qualificação de mão de obra, é uma prática coordenada de gestão de

pessoas e de conhecimentos, tendo como orientação a estratégia de longo

prazo de uma organização, onde a validade do conhecimento, cada vez mais,

tem prazo reduzido não podendo mais de depender das instituições de ensino

para desenvolver seus colaboradores. Por está razão, nascerão as

universidades corporativas, com o objetivo de controlar o processo

continuado de aprendizagem dos colaboradores. (M.V.G.Morais, 2011: 66-67

apud – C.O. Silva.2014:4).

Para Drucker (2012:195) a educação formal necessária para o trabalho do

conhecimento é a educação que só pode ser adquirida na escola e mediante a

escolaridade formal. Cada vez mais o conhecimento, e principalmente conhecimento

avançado, será adquirido muito depois da idade de escolaridade formal e talvez por

processos educacionais que não se encontram na escola tradicional – por exemplo, na

educação continuada sistemática oferecida no emprego.

Por essa linha de raciocínio a aplicação do conhecimento seria específica de

determinadas áreas e as pessoas precisariam de uma base de conhecimentos variados

para um desempenho de qualidade. Essa base poderia ser adquirida através de

conhecimentos tácitos ou explicito que circulam nas organizações. De acordo com

Pereira,

O conhecimento tácito é difícil de ser articulado na linguagem

formal, é um tipo de conhecimento muito importante. É o conhecimento

pessoal incorporado à experiência individual e envolve fatores intangíveis

como, por exemplo, crenças pessoais, perspectivas, sistema de valor, insights,

instituições, emoções, habilidades. É considerado como uma fonte importante

de competitividade entre as organizações. O conhecimento tácito pode ser

transmitido, principalmente, a partir do exemplo da convivência, por estar

profundamente enraizado na ação. O conhecimento explicito é o que pode ser

articulado na linguagem formal, inclusive em afirmações gramaticais,

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expressões matemáticas especificações, manuais, facilmente transmitido,

sistematizado e comunicado. Ele pode ser transmitido formal e facilmente

entre os indivíduos. Esse foi o modo dominante de conhecimento na tradição

filosófica ocidental. Na verdade conhecimento explícito é informação. Os

conhecimentos tácito e explicito são unidades estruturais básicas que se

complementam e a interação entre eles é a principal dinâmica da criação do

conhecimento na organização de negócios. (M.M. Pereira, AVM: 58-59).

Observa-se então que as organizações contemporâneas procuram formas de

converter esses conhecimentos em aprendizagem que sejam eficazes nas atividades

profissionais. Para implementar esse processo de educação muitas empresas criaram

suas universidades corporativas. Sendo assim, educação corporativa representa uma

evolução na forma de ensino do trabalhador. De acordo com Ricardo (2012) no Brasil

algumas empresas adotam alguns conceitos de educação corporativa, e não criam

estruturas de universidades corporativas ou adotam tecnologias para educação a

distância.

De qualquer forma desde a década de 1990 assistimos no Brasil uma expansão

de empresas introduzindo a educação corporativa em seus espaços e segundo Eboli

(2006) são casos de sucesso.

• SABESP – UES-Universidade Empresarial Sabesp (2000 - água e saneamento)

• SADIA – UNI S Universidade Sadia (2003 - alimentos)

• CARREFOUR – Instituto de Formação Carrefour (2000 - comércio varejista)

• LOJAS RENNER – Universidade Renner (2002 - comércio varejista)

• REDE BAHIA – Unirede Bahia (2001 - comunicação e gráfica)

• ALCATEL – Alcatel University (1998 - eletroeletrônica)

• SIEMENS – Siemens Management Lerning (1998 - eletroeletrônica)

• ELEKTRO – Centro de Excelência Elektro (2001 - energia elétrica)

• BANK BOSTON – Boston School (1999 - financeiro)

• BNDS – Universidade BNDS (2002 - financeiro)

• CAIXA – Universidade Corporativa Caixa (2001 - financeiro)

• REAL-ABN Amro – Academia ABN Amro (2001 - financeiro)

• VISA do BRASIL – Universidade VISA (2001 – financeiro)

• NATURA – ECN Educação Corporativa Natura (2002 – higiene)

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• CVRD – Valer Universidade vale (2003 – mineração e siderurgia)

• AMIL (SAÚDE) – Amil Universidade Corporativa (2002 – serviços)

• CORREIOS – Unico Universidade Corporativa Correios (2002 - serviços)

• WOLKSWAGEN – AutoUni-UC da VW Brasil (2002 - veículos e peças)

• BANCO DO BRASIL – Universidade Corporativa Banco do Brasil (2002 -

financeiro)

• MICROSIGA – Educação Corporativa Microsiga (2000 – tecnologia e

informação)

Seria importante, comentar a pesquisa de Otranto (2008) sobre as universidades

corporativas. No Brasil, a primeira empresa a ter um campus da universidade

corporativa foi a Accor (hotelaria), criada em 1992, Campinas, São Paulo. Foi a

segunda a nascer (depois da sede francesa), das atuais 15 universidades corporativas da

empresa existentes no mundo. Em 2002, a Accor fez parcerias com o Centro Federal de

Educação Tecnológica de Minas Gerais e criou seu programa de pós-graduação lato

sensu, reconhecido pelo Ministério da Educação.

Otranto (2008) chama atenção, para alguns exemplos de empresas que firmaram

parcerias com universidades públicas para criar as suas universidades. Uma delas é a

Sadia que oferece um MBA de gestão empresarial, reconhecido pelo MEC, em parceria

com a Unicamp. A UniMetrô, Universidade corporativa do Metrô, montada em 1999,

atualmente oferece MBA a seus funcionários em convênio com a Universidade de São

Paulo (USP). A Universidade Embratel associou-se a Faculdades Ibmec, a Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UERJ) e a Escola Superior de Propaganda e Marketing

(ESPM).

De acordo com Chiavenato (2010) na Universidade do Hambúrguer, da rede

McDonald’s, situada em Alphaville, perto de São Paulo, os gerentes passam por um

treinamento no laboratório de alimentos. Aprendem tudo sobre o funcionamento das

máquinas e os tempos de fritura dos alimentos. Obtendo uma visão global das operações

da loja. A Brahma optou pela Universidade Corporativa quando verificou o quanto

gastava em treinamento e quanto esse investimento proporcionava de retorno à empresa.

Ricardo (2012:7) afirma que as pesquisas realizadas demonstram o crescimento dos

investimentos na educação do trabalhador. A Associação Brasileira de Treinamento e

Desenvolvimento e a Mudanças Organizacionais e Treinamento (MOT) publicaram

uma pesquisa, revelando que instituições com 200 até 500 funcionários investem em

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processos de educação continuada, dedicando em média 148 horas anuais a cada

empregado em programas de pós-graduação, MBAs internos e cursos de média duração.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, pela Secretária

de Articulação Tecnológica, em 2006 também concretizou alguns estudos nesse campo,

Os resultados sinalizaram o crescimento da educação corporativa

naquele momento, no Brasil, com aproximadamente 100 Universidades

Corporativas (Aguiar, 2006). Éboli, hoje já sinaliza a existência de 250 UCs

em nosso país (Veja, 2009). Em 2007, produzimos um novo relatório de

pesquisa para o MDIC/STI onde constavam as iniciativas de organização de

projetos pedagógicos para o setor de energia elétrica e os avanços em torno

da certificação do trabalhador na União Europeia (A.C.Aguiar, 2006 e Veja,

2009 apud– E.J.Ricardo, 2012:8).

Portanto, fundamentada na ideia de Silva e Santos (2014:7) as organizações que

possuem universidades corporativas estão criando um futuro, pois elas preparam o

indivíduo para um mercado em constantes mudanças e atuam em dois pontos

importantes: o tempo de produzir e o tempo de aprender. Para Ricardo (2012) o desafio

das UCs ou de qualquer unidade de educação corporativa é unir negócios e educação a

uma visão crítica e reflexiva do ato pedagógico e da aprendizagem.

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2.4 – A CONTRIBUIÇÃO DO PEDAGOGO EM UMA UNIVERSIDADE CORPORATIVA.

Muitas empresas estão adotando projetos de Universidades Corporativas para o

desenvolvimento de competências, habilidades, atitudes, e conhecimentos que

possibilitem uma mudança qualitativa nos recursos humanos. Como a pedagogia tem

por objetivo a educação e a prática educativa, é nessa realidade que surge a figura do

pedagogo empresarial, profissional com diversos conhecimentos e competências para

atuar nessa área. Sua contribuição pode ser muito importante ao buscar práticas

educativas que promovam conhecimentos e aprendizagens na organização.

A Universidade Corporativa na verdade não é uma universidade como temos

informação, mas a nova denominação de centros estratégicos de educação corporativa

para criar uma cultura de aprendizagem e garantir o desenvolvimento profissional e

individual de seus recursos humanos. De acordo com Otranto (2008) o termo é criação

de Jeane Meister, presidente da Corporate University Xchage, empresa americana

responsável por consultoria em educação corporativa. Meister define desta forma

universidade corporativa,

É um guarda chuva estratégico para o desenvolvimento e a educação

de funcionários clientes e fornecedores, buscando otimizar as estratégias

organizacionais, além de um laboratório de aprendizagem para organização

de um polo permanente ( J. Meister,1999:8 apud – C.R. Otranto, 2008:2).

A partir dessas considerações podemos percebe que a implantação de

Universidades Corporativas não foi por acaso. Elas surgem pela própria evolução da

história econômica empresarial, que em cada época trouxe determinadas necessidades

com características próprias, surgidas da expansão econômica.

A sociedade industrial necessitava apenas de trabalhadores passivos, executor de

ordens para produzir. Atualmente o trabalhador precisa ser criativo para produzir com

qualidade. De acordo com Candinha (2008) o homem precisa querer crescer, aprimorar-

se, desenvolver-se, pois nas palavras de Alvin Toffer,

Os novos meios de produção não se encontram mais na maciça

maquinaria da era das chaminés. Eles estão, em vez disso, estalando no

interior do crânio do empregado, onde a sociedade irá encontrar a mais

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importante fonte individual de riqueza e poder futuros. (A.Tofler apud – I.

Lopez(org.), 2008:27).

Observa-se então que a sociedade da informação necessita de profissionais

polivalente, audaciosos, criativos, com visão global do mundo e da empresa, postura

ética, e além do mais querer aprender. Por isso o interesse das empresas em colocar em

prática uma aprendizagem permanente para a capacitação e formação técnica, com

conteúdos específicos do ramo de seus negócios e para as exigências de um mercado

globalizado.

Diante desse cenário, as empresas implantam Universidades Corporativas para

investir no desenvolvimento humano e solicitam o apoio da Pedagogia para desenvolver

e qualificar os recursos humanos em todos os seus aspectos intelectual, social e afetivo,

através da contribuição dos saberes do profissional pedagogo.

É importante analisar que um projeto de educação corporativa possui diversas

complexidades, uma vez que os trabalhadores estarão participando de várias atividades

em que os níveis de conhecimentos são variados e exige ações para ampliação desses

conhecimentos e, portanto a presença de profissionais especializados. Mesmo

identificando que o pedagogo tem a possibilidade de trabalhar em diversas áreas,

Candinha (2008:33), esclarece ser o departamento de recursos humanos a área em que o

pedagogo deve atuar para contribuir com as mudanças de comportamento necessárias

para tornar as organizações mais humanizadas.

De acordo com CBO (2002), o pedagogo para atuar em sua ocupação necessita

ter competências pessoais próprias para sua função, devendo assumir responsabilidades

e postura ética, compreender o contexto de sua atuação, respeitar as diversidades, criar

espaços para o exercício da diversidade, respeitar a autonomia do educador, criar clima

favorável de trabalho, demonstrar capacidade de observação, trabalhar em equipe,

administrar conflitos, coordenar reuniões, dimensionar os problemas, respeitar

alteridade, estimular a solidariedade, a criatividade, o senso de justiça, o senso crítico, o

respeito mútuo, os valores estéticos, a cooperação, desenvolver a autoestima, se

autoavaliar, demonstrar pró-atividade, versatilidade e flexibilidade.

Sem dúvida, o próprio conceito de competência mereceria longas discussões,

para se entender o movimento da profissão em sua área de atuação. Logo, associando os

saberes da experiência com os da ação Perrenoud (2000:14), esclarece que a noção de

competência designará uma capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para

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enfrentar um tipo de situação, mas essa mobilização só é pertinente em cada situação

singular e em analogia com outras situações encontradas.

Levando-se em conta a diversidade de competências anteriormente descritas,

não há como negar serem elas a promoverem a real contribuição do pedagogo para uma

gestão acadêmica construída de uma situação de trabalho à outra. Acrescenta-se ao

exposto as palavras de Candinha (2008) que o pedagogo deve se ocupar em delinear

frentes em que ocorra o desenvolvimento humano dos profissionais procurando

favorecer uma aprendizagem significativa e o aperfeiçoamento de novas competências

que atendam ao mercado de trabalho.

Sem dúvida, favorecer uma aprendizagem significativa seria a contribuição

básica do pedagogo dentro de uma Universidade Corporativa, mas para isso ocorrer

deve ser levado em consideração o processo de planejar, facilitar e avaliar a

aprendizagem.

Sendo assim, facilitar situações de aprendizagem é agir como mediador

possibilitando a construção e reconstrução do conhecimento, pois cria novas relações

entre eles. Dessa maneira Tébar explica,

A mediação tem o objetivo de construir habilidades no sujeito, a fim

de promover sua plena autonomia. A mediação parte de um princípio

antropológico positivo e é a crença da potencialização e da perfectibilidade

de todo ser humano. A genética não deu a última palavra. A força da

mediação lança por terra todos os determinismos no campo do

desenvolvimento do ser humano. Assim, devemos entender a mediação como

uma posição humanizadora, positiva construtiva e pontencializadora no

complexo mundo da relação educativa. (L.Tébar, 2011:74).

Por outro lado, seria importante destacar a ação mediadora do pedagogo dentro

das organizações quando o intercambio de informações entram em desacordo no grupo.

Segundo Robbins (2009), o conflito, é um processo que engloba um escopo de

divergências desde os atos explícitos e violentos até as formas mais sutis de desacordo.

A ação mediadora seria uma ponte para sustentar um nível mínimo constante de

contestação, o suficiente para manter o grupo ativo, autocrítico e criativo.

Nesse sentido torna-se essencial avaliar a aprendizagem dentro da própria

função da pedagogia empresarial, preocupada com a transformação do comportamento

do colaborador. Nesse caso a avaliação, deverá ser um instrumento para a verificação do

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que foi feito e ao mesmo tempo programar novos rumos. Tébar nos mostra a sua

reflexão sobre a função da avaliação da aprendizagem,

Avaliar não é medir nem comprovar, nem ao menos controlar os

resultados de uma ação orientada a uma dada finalidade. Avaliar é um

processo de diálogo, acumulação de informação, compreensão holística de

toda a organização educativa. O aluno não pode continuar sendo o único

avaliado no processo educativo. A avaliação é uma empresa inacabada, pois,

a todo momento, os novos resultados orientam a significação dos anteriores.

(L. Tébar, 2011:475).

Esses princípios pressupõem que a avaliação deve ser vista no sentido de

melhoria para os colaboradores, na medida em que se articula com o planejamento de

aprendizagem. Contudo seria adequado sublinhar a falta de interesse do colaborador em

realmente aprender. Nesse caso a prática de uma avaliação em seu sentido pleno, de

aprendizagem para o desenvolvimento não funcionaria, ou seja, será uma mera

verificação de resultados.

Cabe ao pedagogo então utilizar seu amadurecimento pedagógico para

conquistar a confiança e o comprometimento de toda a organização e na medida em que

for possível utilizar os próprios recursos humanos para incentivar a aprendizagem. Por

isso, na opinião de Eboli (2005), a educação corporativa deve permear toda a cultura

organizacional e fazer parte do cotidiano da organização, e o papel das lideranças é

crucial nesse sentido.

Reconhecendo então as diferenças individuais existentes nas organizações,

entendemos que o trabalho do pedagogo não será muito fácil. Neves (2009) explica que

uma organização precisa de dois tipos de indivíduos: os jogadores e os inovadores, mas

em proporções corretas. Porém, existem os céticos, indivíduos sem entusiasmo para

realizar coisas novas. Para eles tudo é velho e assim será sempre. Esses são uma ameaça

para o sucesso de uma organização, pois podem impedir de fato o trabalho em equipe. O

talento do pedagogo será identificar rapidamente esses indivíduos e criar estratégias que

neutralizem esses comportamentos.

Portanto, o entendimento dos comportamentos humanos é a principal

contribuição do pedagogo dentro de uma Universidade Corporativa para formação

constante de pessoas. Então, é importante reconhecer que toda empresa em sua

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caminhada, possuí as suas histórias e culturas, as quais caracterizam o comportamento

do grupo e favorecem a obtenção de enormes resultados.

Na opinião de Ribeiro (2010) sendo o pedagogo empresarial o articulador de

interesses, torna-se ele mesmo, um líder na dinâmica organizacional. Assim, ocupar seu

espaço de líder implica reconhecer que as relações interpessoais sugerem o trato com

diferentes tipos humanos, e, consequentemente, de lideranças (todas elas legítimas), mas

também reconhecer o peso dessas lideranças dentro do grupo, influenciado o conjunto

de contribuições do pedagogo para desenvolver o potencial humano.

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3 – CONCLUSÃO

Verificamos que a história investiga e fornece explicações sobre a vida social de

nossos antepassados através dos tempos, transmitindo para as futuras gerações os

conhecimentos acumulados por meio da educação e assim reorientar as ações futuras.

Nessas condições podemos situar a evolução da história da educação, o conceito de

pedagogia e a história empresarial.

Conferimos então, que essa evolução é um acúmulo de muitas histórias inseridas

no contexto histórico geral da humanidade. Por esse esboço averiguamos que a

educação não é um fenômeno neutro, ela sofre os efeitos da ideologia, da economia, das

representações, das imagens e valores, mas possibilitam a construção e difusão de

conhecimentos e práticas em determinadas realidades concretas.

Sendo assim, observamos na virada do século XIX para o XX os primeiros

sinais de mudanças de paradigmas dentro dos campos de pesquisas das ciências

humanas, devido à entrada em cena de novos grupos sociais e com eles outras

estratégias para a economia, a política, a cultura e principalmente os meios de

comunicação de massa.

Em consequência, no início do século XXI, podemos constatar que o avanço do

fenômeno da globalização, introduziu transformações tecnológicas c exigiram

profundas modificações na sociedade e investimentos em educação. Visualizamos uma

ampliação no conceito de educação e uma diversificação das práticas pedagógicas em

modalidades formais, não formais e em várias esferas da sociedade, induzindo os

comportamentos humanos a novas aprendizagens culturais importantes para a sociedade

do conhecimento. Nessa nova ordem mundial, o conhecimento e a informação

tornaram-se uma estratégia de competição e lucro econômico entre as empresas.

Analisando a relação entre educação e economia, conferimos que as

organizações empresariais do século XXI para enfrentar a internacionalização da

economia necessitaram modificar a estrutura organizacional interna, reavaliando o

processo de trabalho, os recursos humanos, os serviços e a forma de conduzir os

negócios. Uma das saídas para se adaptarem a esse cenário seria investir nos campos da

educação e da tecnologia, buscando uma formação intensa no perfil profissional de seus

colaboradores para cada vez mais se tornarem competitivas.

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Observamos que nesse novo contexto, o foco é aprender. A educação

corporativa como estratégia de competitividade e aprendizagem de longo prazo revela

um modelo de aprendizagem contínua para que as pessoas aprendam a trabalhar em

grupo, cooperando entre si, para gerar soluções inovadoras nos problemas

organizacionais.

Diante desse cenário, notamos a criação de Universidades Corporativas trazendo

propostas de formação profissional no trabalho e o apoio da Pedagogia para o

desenvolvimento dos recursos humanos em todos os seus aspectos intelectual, social e

afetivo. Assim, compreendemos que através da contribuição dos saberes do profissional

pedagogo ocorreriam as mudanças de comportamento necessárias para tornar as

organizações mais humanizadas.

Evidentemente, a explanação do tema educação corporativa que foram

apresentadas merece um aprofundamento posterior exatamente pela riqueza teórica e o

seu refugio na história geral, recolhendo em si diversos conceitos dos campos

econômico, cognitivos e cultural. Esse aprofundamento poderá proporcionar uma base

para “as relações reais que caracterizam a educação, como um fenômeno” político-

cultural concreto (SAVIANI, 2013), guardando em seu interior a especificidade da

pedagogia. Então, essa reflexão poderá abrir novos caminhos para o pedagogo atuar

com os diversos sujeitos que compõem o tecido social.

Portanto, ao acompanhar a diacronia dos tempos e a realidade do século XXI,

este trabalho monográfico deixa em aberto mais um aprofundamento educacional que

nos remete ao “Mito da Caverna: Platão (SÉCULO VIII a.C) viu a maioria da

humanidade condenada a viver nas sombras” ao tomá-las como verdadeiras, justamente

por ser muito doloroso chegar ao conhecimento. Mas, atualmente ao fazer uma

comparação com os homens da caverna de Platão e a Pedagogia Empresarial, que outras

contribuições seriam necessárias ao pedagogo para influenciar em diversos sujeitos

atitudes mais humanas, se esse sujeito epistemológico carrega consigo ideias

anacrônicas?

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