revista tela viva 130 - agosto 2003

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ANO12130AGOSTO2003 MERCADO.................. 22 Os.novos.rumos.do.projeto. FilmBrazil.após.Cannes INCENTIVOS.............. 28 Reforma.tributária.. pode.comer.até.R$.170.. milhões.da.cultura AUDIOVISUAL........ 32 MinC.lança.primeiros.editais. para.produções.nacionais CASE................................. 34 Em.Porto.Alegre,.turma.da. Casa.só.quer.fazer.cinema Sempre na Tela Editorial. .............................................. .4 News. ................................................... 6 Scanner .............................................. .8 Upgrade. ...........................................12 Figuras ..............................................14 Making.of ........................................26 Agenda .............................................38 Acompanhe.as.notícias.. mais.recentes.do.mercado www.telaviva.com.br O peso dos impostos O peso dos impostos Tributação sobre importações de equipamentos estrangula o parque de produção no Brasil . pág..16

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Revista Tela Viva 130 - agosto 2003

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Page 1: Revista Tela Viva  130 - agosto 2003

ano12nº130agosto2003

Mercado................... 22os.novos.rumos.do.projeto.

FilmBrazil.após.Cannes

IncentIvos............... 28Reforma.tributária..

pode.comer.até.R$.170..

milhões.da.cultura

audIovIsual........ 32MinC.lança.primeiros.editais.

para.produções.nacionais

case.................................. 34Em.Porto.alegre,.turma.da.

Casa.só.quer.fazer.cinema

sempre na tela

Editorial................................................4

News.................................................... 6

Scanner................................................8

Upgrade............................................12

Figuras...............................................14

Making.of.........................................26

Agenda..............................................38

acompanhe.as.notícias..mais.recentes.do.mercadowww.telaviva.com.br

O peso dos impostosO peso dos impostos

Tributação sobre importações de equipamentos estrangula o parque de produção no Brasil . pág..16

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editorialEstá.sendo.organizado.neste.mês.de.agosto.um.importante.encontro.que.delin-

eará.a.ação.pela.redução.da.carga.tributária.sobre.a.importação.de.equipamentos.

de.produção.audiovisual..Em.uma.iniciativa.de.TELA VIVA,.reúnem-se.emissoras.

de.TV,.fornecedores.de.equipamentos,..

produtoras.independentes.de.TV,.publicidade.e.cinema.e.prestadores..

de.serviço.em.torno.de.um.objetivo.comum.

O.momento.é.crítico..Há.por.um.lado.o.estrangulamento.dos.investimentos,.

causado.pelo.alto.endividamento,.no.caso.das.empresas.de.radiodifusão,.e.pela.

queda.de.receitas.com.publicidade,.que.também.ameaça.as.produtoras.indepen-

dentes.e.por.conseqüência.toda.a.cadeia.de.fornecedores...

Por.outro.lado,.a.pressão.pela.renovação.e.expansão.do.parque.de.equipamentos,.

com.a.necessidade.crescente.da.digitalização.

Surge,.portanto,.a.necessidade.de.uma.ação.conjunta.que,.longe.de..

visar.prejuízos.à.arrecadação.estatal,.busca.sim.viabilizar.tanto.os..

investimentos.já.feitos.quanto.a.própria.continuidade.da.atividade.da..

produção.de.conteúdo.nacional.e.também.internacional.no.Brasil.

A.matéria.de.capa.desta.edição.ilustra.bem.o.problema,.talvez.um.dos.únicos.

consensos.entre.todos.os.diferentes.segmentos.da.indústria,.e.mostra.também.

como.uma.eventual.renúncia.fiscal.acabaria.por.redundar.em.vantagens.não.ape-

nas.para.a.sociedade,.mas.também.para.os.próprios.governos.estaduais.e.federal,.

cujos.ganhos.em.médio.prazo.seriam.ainda.maiores.que.uma.perda.de.receita.

atual..Além.disso,.há.benefícios.como.a.geração.de.empregos.e.a.manutenção.de.

uma.indústria.central.para.a.cultura.e.a.integração.nacionais.

E.para.reforçar.a.argumentação,.trazemos.ainda.uma.matéria.que.mostra..

como.as.produtoras.comerciais.pretendem.trabalhar.para.aumentar..

as.exportações.dos.serviços.brasileiros.

Em.resumo,.a.produção.audiovisual.é.hoje.uma.indústria.globalizada,.e.se.o.Brasil.

não.der.condições.à.sua.indústria.para.que.se.desenvolva.de.forma.saudável,.

talvez.acabe.pagando.um.preço.alto.em.perda.de.receitas,.inclusive.em.moeda.

forte,.de.empregos.e.de.conteúdo.local..É.hora.de.se.organizar.

Central de Assinaturas 0800.145022.das.8.às.19.horas.de.segunda.a.sexta-feira.|.Internet.www.telaviva.com.br.|[email protected]ção. (11). 3123-2600. . E-mail. [email protected]. |. Publicidade. (11). 3214-3747. E-mail. [email protected]. |. Tela Viva. é. uma. publicação. mensal. da..Editora Glasberg.-.Rua.sergipe,.401,.Conj..605,.CEP.01243-001..telefone:.(11).3123-2600.e.Fax:.(11).3257-5910..são.Paulo,.sP..|.Sucursal.sCn.-.Quadra.02,.sala.424.-.Bloco.B.-.Centro.Empresarial.Encol.CEP.70710-500..Fone/Fax:.(61).327-3755.Brasília,.DF.|.Jornalista Responsável.Rubens.glasberg.(Mt.8.965).|.Impressão.Ipsis.gráfica.e.Editora.s.a..|.não.é.permitida.a.reprodução.total.ou.parcial.das.matérias.publicadas.nesta.revista,.sem.autorização.da.glasberg.a.C.R..s/a

Diretor e Editor.Rubens.glasbergDiretor Editorial andré.MermelsteinDiretor Editorial.samuel.PossebonDiretor Comercial Manoel.FernandezDiretor Financeiro.otavio.JardanovskiGerente de Marketing e Circulação gislaine.gasparAdministração.Vilma.Pereira.(gerente),..gilberto.taques.(assistente.Financeiro)

Editora de Projetos Especiais sandra.Regina.da.silvaRedação.Lizandra.de.almeida,..Mônica.teixeira.e.Paulo.Boccato.(Colaboradores)Sucursal Brasília Carlos.Eduardo.Zanatta..(Chefe.da.sucursal),..Raquel.Ramos.(Repórter)

Editor Fernando.LauterjungWebmaster Marcelo.Pressi.Webdesign Claudia.g.I.P.

Arte .Claudia.g.I.P..(Edição.de.arte.e.Projeto.gráfico),..Douglas.turri.(assistente),.Rubens.Jardim.(Produção.gráfica),.geraldo.José.nogueira.(Editoração..eletrônica)..Ricardo.Bardal.(ilustração.de.capa).Depar.ta.men.to Comercial almir.Lopes.(gerente),.alexandre.gerdelmann.e.Cristiane.Perondi.(Contatos),..Ivaneti.Longo.(assistente)

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w w w . t e l a v i v a . c o m . b r

debate público [07/07]

O.Ministério.das.Comunicações.decidiu.dei-xar.aberta,.por.tempo.indeterminado,.a.con-sulta.pública.sobre.o.decreto.que.cria.o.gru-po.executivo.do.projeto.de.TV digital.(GET),.com.as.diretrizes.que.orientarão.as.pesquisas.para.um.padrão.brasileiro.e.a.exposição.dos.motivos..Na.verdade,.o.Minicom.não.chama.mais. de. consulta. pública,. mas. de. debate.público,.o.que.transfere.à.discussão.um.cará-ter.mais.informal.Outra.novidade. importante.é.que.o.assunto.passou.a.ser.tratado.pela.Secretaria.de.Comu-nicação.Eletrô­nica,.sob.a.batuta.de.Eugênio.Fraga,.e.deixou.de.ser.atribuição.de.Marcos.Dantas,. sub-secretário. de. Planejamento. do.Ministério.das.Comunicações.

Get [08/07]

A.SET (Socie­dade­ Brasile­ira de­ En­ge­­n­haria de­ Te­le­visão) entregou.ao.Ministé-rio.das.Comunicações.as.suas.contribuições.à.discussão.pública.sobre.a.minuta.de.decre-to. que. cria. o. GET.. O. que. a. SET. quer. é. ter.participação.ativa.no.grupo.O.Minicom.também.já.recebeu.os.comentá-rios.da.UneTV,.entidade.que.representa.o.SBT.e.a.Record,.e.que.também.pede.participação.como.entidade.representativa.no.GET.Entre. radiodifusores,. existe. o. sentimento.de. que. o. Minicom. quer. evitar. iniciar. neste.momento.a.discussão.sobre.TV.digital..Cha-ma. a. atenção. o. fato. de. a. consulta. pública.não.estar.seguindo.o.rito.formal..A.impressão.corrente. entre. radiodifusores. ouvidos. por.Tela.Viva.é.que.a.questão.da.TV.digital.não.é.para.sair.agora,.ou.é.para.sair.como.o.gover-no.quer,.sem.as.sugestões.públicas.

Get II [17/07]

O. Fórum. Nacional. para. a. Democratização.das. Comunicações. (FNDC). encaminhou. ao.Minicom. um. estudo. de. quase. 50. páginas.

embasando. seus. comentários. à. minuta. do.decreto.de.criação.do.GET..Entre.as.colocaçõ-es.do.Fórum,.algumas.se.destacam..Coloca-se.no.documento.que.o.Minicom.está.dando.pouca.atenção.à.importância.cultural.que.a.mudança. da. TV. para. uma. realidade. digital.trará..Também.quer.que.a.polí­tica de­ TV digital.dê.mais.ênfase.na.questão.da.produ-ção.independente.e.no.fomento.ao.audiovi-sual.nacional..Outros. pontos. enfatizados. pelo. Fórum. são.a. necessidade. de. um. melhor. tratamento. à.indústria.nacional.de.software,.que.não.es-taria.recebendo.a.atenção.devida.nas.propos-tas.do.Minicom..A.chance.de.aproveitar.a.TV.digital.para.a.criação.de.mais.competição.no.mercado.de.TV.é.vista.pelo.Fórum.como.uma.grande. oportunidade. não. aproveitada. pela.política.do.ministério.O.documento. enfatiza. ainda. a.necessidade.de. ver. a. TV.digital. de.maneira. abrangente,.incluindo.outras. tecnologias.de.distribuição.(cabo,.DTH.e.MMDS).e.a.necessidade.de.se.buscar.outras.formas.mais.eficientes.de.criar.interatividade.Mais.uma.vez,.o.FNDC.chama.a.atenção.para.a.necessidade.de.se.analisar.o.padrão.de.TV.desenvolvido.na.China.e.pede.maior.preocu-pação.com.outras.alternativas.que.envolvam.definições. diferentes. da. polarização. entre.definição. padrão. e. alta. definição. proposta.pelo.Minicom.Por.fim,.o.Fórum.pede.para.ser.parte.do.grupo.de.estudos.(GET).a.diferenciação.entre.o.que.serão.os.serviços.básicos.e.os.serviços.avança-dos.da.TV.digital.e.que.haja.um.debate.mais.amplo.e.aberto.da.questão.com.a.sociedade.

a ameaça do IcMs [15/07]

O.deputado.Severino.Cavalcanti.(PP/PE),.com..outros.deputados,.apresentou.uma.emenda.ao.projeto.da.reforma.tributária.isentando.do.pagamento.de.ICMS.as.empresas.de.radio­difu­são..Atualmente.o.imposto.não.é.pago,.mas.alguns.estados.reivindicam.a.cobrança.e.há.pressões.dentro.do.Confaz.para.que.ela.aconteça..O.deputado.lembra.que.na.Cons-

tituição.está.claro.que.a.prestação.onerosa.de.serviço.de.comunicação,.esta.sim.sujei-ta. ao. pagamento. de. ICMS,. e. o. serviço. de.radiodifusão.são.conceitos.distintos.e.exclu-dentes..O.deputado.também.argumenta.que.do.ponto.de.vista.econô­mico.a.cobrança.do.imposto. seria. prejudicial. às. empresas. de.radiodifusão..Além.disso,. lembra.o.deputa-do,.as.empresas.se.encontram.em.momento.de.transição.tecnológica,.o.que.exige.plane-jamento.de.seus.investimentos..

relató­rio preliminar [24/07]

Em.relatório.preliminar.sobre.o.texto.da.refor-ma.tributária,.o.deputado-relator.da.matéria.Virgílio. Guimarães. (PT/MG). resolveu. n­ão acatar. a. emenda. do. deputado. Severino.Cavalcanti. (PP/PE),. que. explicitava. que. o.setor. de. radiodifusão. não. deveria. pagar.o. ICMS.. Do. modo. com. que. foi. apresenta-do. o. relatório,. a. radiodifusão. não. aparece.nem.como.um.setor.sobre.o.qual.incidirá.o.imposto,.nem.como.setor. isento,. como.é.a.legislação.atual..Vale.lembrar.que.este.é.um.relatório. preliminar,. que. ainda. pode. sofrer.alterações.Serviços.de.comunicação.de.um.modo.geral,.inclusive.os.de.valor.adicionado.(como.Inter-net).estão.contemplados.no.texto.da.refor-ma.como.passíveis.de.cobrança.do.ICMS.

tv nos editais [10/07]

A.ABPI-TV.(associação.das.produtoras.inde-pendentes.de.TV). teve.uma. reunião. formal.com.a.Ancine.e.representantes.da.associa-ção.de.São.Paulo.e.do.Rio..Segundo.partici-pante.do.encontro,.o.objetivo.foi.melhorar.o.entendimento. de. ambas. as. partes. sobre. o.funcionamento.dos.mecanismos.de.cobran-ça.e.incentivo.da.agência.no.que.se.refere.à.produção.de.TV.Um.dos.temas.foi.a.au­sên­cia.da.produção.para. TV.nos. recentes. editais. para. fomento.de. projetos. submetidos. à. consulta. pública.pela.agência,.que.contemplam.apenas.proje-tos.para.cinema.

Acompanhe aqui as notícias que foram destaque no último mês no noticiário online Tela Viva News.

�tela vivaagosto.de.2003

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Em.essência,. os.produtores.procuram.mos-trar.que.muitas.das.normas.da.agência.têm.como.referência.a.produção.para.cinema,.e.que. a. produção. independente. de. TV. teria.que.ser.melhor.contemplada.

ancine no Minc [22/07]

O. ministro-chefe. da. Casa. Civil,. José. Dirceu,.encontrou-se. com. uma. comitiva. de. realiza-dores. cinematográficos.. Segundo. o. cineasta.Alain.Fresnot,.que.esteve.na.reunião,.Dirceu.prometeu. resolver. rapidamente. o. destino. da.Ancine,.num.prazo.de.duas.semanas..O.ministro.deu.a.impressão.a.seus.interlocutores.de.que.a.agência.deve.ficar.sob.o.guarda-chuva.do.Min­is­té­rio da Cu­ltu­ra.A. reunião. tinha. como. objetivo. entregar. ao.ministro.uma.carta.pedindo.a. volta.dos.R$.16..milhões. ao. orçamento. da. Ancine.. Mas,. em.uma.pré-reunião,.os.12.cineastas.que.partici-param. da. comitiva. resolveram. não. entregar.a. carta. e. aproveitar. a. situação. para. discutir.questões. . “menos. pontuais”.. De. qualquer.forma,. Dirceu. se. comprometeu. com. o. grupo.em. marcar. uma. reunião. com. o. ministro. da.

Fazenda,.Antonio.Palocci,.para.discutir.o.tema. Minc negocia criação da ancinav [24/07]Segundo. fonte. do. governo,. já. há. o. sinal.verde.da.Casa.Civil.para.que.a.Ancine.seja.transformada.em.uma.Agência.Nacional.do.Audiovisual. (Ancinav),. e. quem. está. nego-ciando.esta.mudança.é.o.Ministério.da.Cul-tura..Será.uma.agência.que.manterá.as.fun-ções.atuais.da.Ancine.e.que.também.terá.a.função.de.regular.e.fiscalizar.o.setor.au­dio­visu­al.como.um.todo,.inclusive.a.TV.A. solução. encontrada. pelo. governo. para.não.enfrentar.a.resistência.das.redes.aber-tas. é. não. mexer. com. a. relação. entre. as.empresas. privadas. que. prestam. o. serviço.de. radiodifusão.. Será. uma. agência. voltada.sobretudo.ao.fomento.e.preservação.do.con-teúdo.nacional.A.decisão.final.do.governo.sobre.a.vincula-ção.da.Ancine.deve.sair.dentro.de.15.dias,.segundo.a.mesma. fonte..Enquanto. isso,.o.Ministério.da.Cultura.tem.como.incumbên-cia.ouvir.os.diferentes.setores.da.socieda-de,. inclusive. as. redes. de. televisão,. para.discutir. as. condições. de. criação. da. Anci-

nav..As.reuniões.começaram.e.pelo.menos.a.Rede.Globo. já. foi.ouvida,.mas.as.outras.emissoras.também.o.serão.

contra o ecad.[10/07]

É. complicada. a. situação.dos. exibidores.de.cinema.nacionais.por.conta.da.taxa.paga.ao.ECAD.a.título.de.direitos.autorais..Represen-tantes. da. FNEEC. (Federação. Nacional. das.Empresas.Exibidoras.de.Cinema).e.da.Abraci-ne.(Associação.Brasileira.de.Cinemas).estive-ram.com.Gustavo.Dahl,.da.Ancine,.relatando.o. problema.. Os. exibidores. nacionais. foram.surpreendidos.por.uma.decisão.do.STJ.que.os.obriga.a.pagar.2,5% da re­ce­ita bru­ta.de.cada.filme.O.problema.é.que.algumas.salas.exibidoras.ligadas.a.grupos.internacionais.(comenta-se.que.apenas.o.Cinemark).ficaram.isentas.do.pagamento.do.ECAD,.o.que.criou.uma.situa-ção. de. desequilíbrio.. Tradicionalmente,. os.exibidores.nacionais.pagavam.0,5%.da.recei-ta.para.o.ECAD..Ao.que.tudo.indica,.a.Anci-ne.está.disposta.a.entrar.na.discussão.pelos.direitos.autorais.

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Fotos:.Divulgação

No saté­lite

A STV - Rede SescSenac de Televisão.abriu.em.julho.seu.sinal.no.satélite.Brasilsat.B3..Antes.o.sinal.era.codi-ficado,.com.acesso.permitido.apenas.para.operadoras.de.TV.paga..Com.a.mudança,.o.acesso.ao.sinal.da.STV.passa.a.ser.livre.em.todo.o.Brasil.tanto.para.operadoras.quanto.às.cerca.de.350.mil.parabólicas.com.receptores.digitais..Até.então.o.canal.estava.disponível.aos.assinantes.da.Net.São.Paulo,.Brasília.e.Rio.de.Janeiro.e.das.operadoras.de.DTH.Sky,.DirecTV.e.Tecsat.

Fusão

As. produtoras. Jodaf e Radar. criaram. a. Mixe­r.. As.empresas.ligadas.às.duas.produtoras.(que.incluem.ainda.a.Pizza.Filmes,.a.R..Digital.e.a.TNN).funcionarão.como.mar-cas.dentro.do.guarda-chuva.da.Mixer..João.Daniel.Tikho-miroff,.da.Jodaf,.assumirá.o.cargo.de.presidente.da.nova.empresa,. que. terá. inicialmente. 72. funcionários..Além.de.João.Daniel,.os.outros.sócios.são.Gil.Ribeiro.(diretor-execu-tivo),.Fábio.Ribeiro.(diretor.de.operações).e.Michel.Tikhomi-roff.(diretor.artístico)..Um.dos.projetos.desenvolvidos.pela.nova.empresa.é.o.TNN.(Travel.News.Network),.um.novo.canal.internacional.de.turismo.para.TV.por.assinatura.

Música e animação

O.clipe.“Segredos”,.pro-duzido. pelo. Estú­dio Con­se­qüên­cia,. do. Rio.de.Janeiro,.para.o.can-tor. Frejat,. vem. acumu-

lando.prêmios.desde.o.seu.lançamento,.em.2002..Eleito..melhor.clipe.pop.no.Video.Music.Brasil.do.ano.passado,.agora.foi.indicado.ao.Grammy.Latino.como.melhor.vídeo.musical.. Assinam. a. direção. Maurício. Vidal,. Renan. de..Moraes.e.Leo.Santos..

�tela vivaagosto.de.2003

Bob Esponja

Misturando. cenas. reais.com. animação,. está. no.ar. a. campanha. do. pico-lé.Bob.Esponja,.inspirado.no. famoso. personagem.de. desenho. animado.. O.filme,.feito.para.a.Kibon,.foi.criado.pela. McCann-Erick-son e.produzido.pela.O2 Filme­s,.com.direção.de.Fabrizia.Pinto..A.animação.ficou.a.cargo.da.Lobo Filmes..

A.AD Videotech e a Line Com,.duas. empresas. tradicionais. na. área.de. projetos. e. implantação. de. siste-mas. e. equipamentos. de. produção.audiovisual,. anunciaram. sua. fusão.em.uma.nova.empresa,.a.AD Line..A. nova. empresa. funciona. desde. o.dia.4.de.agosto.no.escritório.atual.da.AD.Videotech,.em.São.Paulo.O.ponto.de.partida.para.a.fusão, da. qual. cada. empresa. é. sócia. em.50%,.foi.a.complementaridade.entre.as.duas.companhias,.tanto.nos.ser-viços. prestados. quanto. na. visão.comercial.e.de.recursos.humanos,.explica.Carla.Vicente,.gerente.de.desenvolvimento.estratégico.da.nova.empresa..

A.AD.é.mais.focada.no.mercado.cha-mado.“pro”,.formado.principalmente.por.produtoras,.universidades.e.mer-cado. corporativo,. enquanto. a. Line-Com. tem. seu. forte. no. atendimento.ao.broadcast.As. duas. empresas. já. eram. dealers.autorizados.Sony,.mas.a.AD.também.representa. marcas. como. Pinnacle,.Apple. e. Avid,. enquanto. a. LineCom.oferece.equipamentos.Leitch.e.Tektro-nix,.mais.voltados.ao.broadcast..Com.a.fusão,.a.AD.Line.terá.condições.de.atender.tanto.a.área.de.câmeras,.swit-chers,. processadores. etc.. quanto. as.

necessidades.em.edição.não-linear,.efeitos.etc.

AD Line

A nova empresa fica sob a direção de Daniela H. Souza Machado, Nilson T. Fujisawa e Carla Vicente.

RetificaçãoA.tabela.“As.novas.regras.de.propriedade.nos.EUA”.saiu.incompleta.na.página.16.da.edição.de.julho/2003..Veja.a.tabela.completa.no.site.www.telaviva.com.br.

Page 9: Revista Tela Viva  130 - agosto 2003

Personagem virtual

Nos. dois. novos. filmes. de. Chamyto,. o. leite. fermentado. da.Nestlé,.o.Gênio,.personagem.da.marca.feito.em.animação,.interage.com.os.atores..Com.a.assinatura.“Faz.bem.gostar.de.Chamyto”,.os.comerciais. foram.criados.pela.Lowe­.com.produção. da Iô-Iô Filmes,. direção. de. Alex. Gabassi e.computação.gráfica.da.Vetor Zero.No. filme. “Bicicross”,. de. 30”,. a. idéia. de. proteção. que. o. novo.ingrediente.do.produto.(lactobacilos.vivos.fortis).oferece.é.res-

saltada.pela.introdução.da.persona-gem.“protetora”.Dona.Eugênia,.que.aparece.para.dar.conselhos.ao.filho,.o.Gênio..Já.o.filme.“Transformação”,.de.15”,.anuncia.o.novo.sabor.exclu-sivo.Tangerina.do. leite. fermentado.da. Nestlé.. No. comercial,. o. Gênio.sai.de.um.pote.de.Chamyto.e.espre-me.uma.tangerina,.transformando.o.sabor.do.produto.

Interpretações musicais

Acabaram. as. filmagens. do. curta-metragem. “Cirandar”,. produzido.pela.Havan­a Filme­s.e.dirigido.por.Sérgio.Glasberg..O.curta,.com.lan-çamento. previsto. para. setembro,.foi.captado.em.apenas.uma.diária..Com.fotografia.de.Alberto.Gracia-no,. o. filme. será. finalizado. digital-mente,.em.HD,.e.depois.transferi-do.para.película.novamente.O. curta. não. tem. diálogos,. apenas.a. trilha. sonora.. “São. imagens. de.suspense,.mas.o.que.vai.dar.o.tom.do.filme.é.a.trilha”,.explica.Glasberg..A.pós-produção.musical.está.a.cargo.da.produtora.de.áudio. Frie­n­ds,.que.fará.três.trilhas.musicais.distintas.para.o.filme,.compostas.pelos.maestros.PC.Bernardes,.Armando.Ferrante.e.Gustavo.Franco..“O.diretor.passou.o.filme.para.nós.sem.briefing,.para.que.pudéssemos.dar.nossa.própria.interpretação”,.conta.Bernardes..“Como.não.existe.diálogo,.carregar.na.cor.é.por.nossa.conta”,.completa.o.maestro.Após. a. composição. das. músicas,. será. escolhida. uma. das. interpretações,.

ou. até.mesmo.uma.mistura.das. três..O.acabamento. técnico.do.áudio. está.a.cargo.de.Marco.de.Cunto.Além.do.curta.“Cirandar”,.o.diretor.Sér-gio.Glasberg.tem.outro.trabalho.ligado.à.música..Trata-se.do.clipe.“Judas”,.do.rapper.Ferréz,.indicado.para.melhor clipe de rap.no.Video.Music.Brasil.2003,.da.MTV.

“Judas”

“Cirandar”

Nova marca

A.Alias|Wavefront.comemorou.20.anos.de.existência.anunciando.mudanças.na.marca..A.empresa.agora.passa.a.chamar-se.Alias..Além.do.nome,.a.desenvolvedora.do.software.de.anima-ção.3D.Maya.ganhou.um.novo.logoti-po.e.mudou.seu.site.para.o.endereço.www.alias.com.

Sede carioca

A.Acade­mia de­ Filme­s.terá.uma.nova.sede.no.Rio.de.Janeiro..A.casa,.com.mil. m2,. fica. no. bairro. de. Botafogo. e.está.recebendo.um.estúdio.e.salas.de.finalização.e.edição..Para.a.direção.de.cena,.foram.contratados.Tiago.Vianna.e.Rudá.Morcillo..A.dupla.já.produziu.filmes,. entre. outros,. para. Petrobrás,.MAM,.Pró-Matre.e.Portinare..Recen-temente,. a. unidade. carioca. também.contratou.Vera.Oliveira,.que.responde.pelo.atendimento.da.Academia.

Superprodução

A.cantora.Kelly.Key.prepara.seu.pri-meiro.DVD,.a.partir.das.gravações.feitas. no. show. que. aconteceu. em.final. de. julho. no. Canecão,. no. Rio.de. Janeiro.. A. direção. é. de. Karina.Ades,. que. coordenou. a. equipe. de.30.pessoas..As.imagens.foram.grava-das.por. quatro. câmeras. e. editadas.simultaneamente. em.uma.unidade.móvel.

Ao vivo

Allan.Sieber,.o.diretor.de.sucessos.de.animação. como. “Deus. é. Pai”. e. “Os.Idiotas.Mesmo”,.estréia.na.direção.de.um. curta-metragem. filmado. ao. vivo. “Jonas”.foi.filmado.no.Rio.de.Janei-ro.em.dois.dias,.e.conta.a.história.do.menino. homô­nimo,. que. é. obcecado.por.uma.foto.antiga.da.avó..

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Campanha internacional

A. Prodigo Films é. a. responsável. pela. produção. dos. oito. comerciais. da.nova.campanha.da.rede.de.hipermercados.Feira.Nova,.do.grupo.português.Jerô­-nimo.Martins..Os. filmes,.com.criação.da.agência.Upgrade,. serão.exibidos.até.o.final.do.ano.nas.TVs.portuguesas..A.direção.dos.filmes.ficou.por.conta.de.Caito.Ortiz..A.produtora.rodou.também.um.banco.de.imagens.de.produtos.para.o.cliente,.divididos.em.34.categorias,.que.serão.utilizados.nos.blocos.de.oferta,.e.a.assinatura.em.computação.gráfica.da.rede.de.hipermercados.Além.disso,.a.produtora.acaba.de.investir.R$.700.mil.na.reforma.de.suas.insta-lações.e.na.aquisição.de.equipamentos.para.a.legendagem.de.fitas..Com.o.equipamento.Screen.Subtitling,.é.possí-vel.criar.legendas.em.até.seis.idiomas.na.mesma.fita.beta.digital..Os.investimentos.são.fruto.do.estreitamento.das.relações.entre.a.produtora.e.o.canal.por.assinatu-ra.Eurochannel..A.Prodigo.é.responsável.pela.legendagem.e.transcodificação.dos.programas. exibidos. pelo. Eurochannel.em.toda.a.América.Latina.

Nova associação

Durante.a.edição.2003.do.Festival.Anima.Mundi.de.animação,.foi.fundada.a.Associação Brasile­i­ra de­ Cin­e­ma de­ An­imação.(ABCA)..A.iniciativa.partiu. do. animador. Marcelo. Marão,. vencedor.do.prêmio.de.melhor. filme.brasileiro.na. versão.carioca.do. festival,.com.a.produção.“Engolervi-lha”..A.intenção.é.organizar.a.categoria.que.vem.crescendo. bastante. nos. últimos. anos,. concen-trando-se.em.cinco.focos:.produção,.distribuição,.exibição,.formação.e.história.Todos.os.profissionais.ligados.à.área.de.anima-ção. podem. se. associar,. entrando. em. [email protected]. Laborató­rio

em Manaus

A.Philips,.a.Universidade.do.Estado.do.Amazonas. (UEA). e. a. Escola. Politéc-nica. da. Universidade. de. São. Paulo.(Poli-USP).criaram.o.Laborató­rio Philips da Amazônia.-.Instituto.de.Pesquisa.e.Desenvolvimento,.com.investimento. inicial. de. R$. 5. milhões..Segundo. o. diretor. do. laboratório,.Walter.Duran,.“certamente.o.laborató-rio. terá.participação.significativa.nos.estudos.nacionais”.O. laboratório. realizará. estudos. e.desenvolvimento.de.ferramentas.para.TV digital. interativa. baseadas. na.plataforma. DVB-MHP,. e. pesquisas.para. o. projeto. Cismundus,. que.visa.criar.um.ambiente.de.comunica-ção,.integrando.tecnologia.de.celula-res. GSM. e. TV. digital.. As. pesquisas.deste.segundo.núcleo.serão.feitas.em.parceria.com.a.TV.Cultura..

Cinema de rua

.Estreou. no. início. do. mês. o.Kinoplex. Itaim,. primeiro.empreendimento. dos. Cine-mas. Severiano. Ribeiro. na.capital. paulista.. Serão. seis.salas.de.projeção,.com.tecno-logia.digital,.e.uma.novidade:.as.salas.são.equipadas.com.o. sistema. de. som.THX,. criado. pelo. cineasta. americano. George.Lucas..O.Kinoplex.Itaim.será.equipado.com.projeção.digital.(segun-do.complexo.de.São.Paulo.com.a.tecnologia.implementada.pela.TeleImage),.sistema.de.som.Dolby.Digital.EX.e.o.THX.

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Não.disponivel

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12tela vivaagosto.de.2003

3ds max 6: Com o “virtual stuntman”, é possível simular movimentos humanos

baseados na ação da cena.

Novo 3D

A Dis­creet anunciou a s­exta vers­ão do s­oftware de animação 3D 3ds­ max. Segundo a empres­a, as­ novas­ funções­ e ferra­mentas­ do s­oftware foram des­envol­vidas­ após­ convers­as­ com as­ empres­as­ de criação de jogos­, efeitos­ vis­uais­ e produção de animação grá­fica. Entre as­ novidades­ es­tão a vis­ual­ização es­quemá­tica avançada, que permite um mel­hor gerenciamento de cenas­ compl­exas­; renderizador mental­ ray; ferramenta de col­orização vertex; ferramentas­ de vis­ual­ização e s­uporte às­ ferramentas­ de CAD da Autodes­k. Outra novidade incl­uí­da na nova vers­ão é o s­is­tema de fl­uência de partí­cul­as­, para criação de á­gua, s­erração, neve, gotas­, expl­os­ões­ a outros­ efeitos­.

O 3ds­ max tem l­ançamento previs­to para o úl­timo trimes­tre do ano. O preço s­ugerido nos­ EUA é de US$ 3.495 e upgra­de por US$ 795.www.discreet.com.br

Áudio na Adobe

A Adobe anunciou o l­ançamento do s­oftware Adobe Audition, para edição de á­udio mul­ti­track. Conhecido antes­ como Cool­ Edit Pro, o produto foi com­prado pel­a Adobe, da Syntril­l­ium Soft­ware, em maio de 2003. O s­oftware roda em pl­ataforma Windows­, faz mixagem de á­udio, edição, mas­terização e pro­ces­s­amento de efeitos­, pode importar mais­ de 45 efeitos­ DSP e mixar até 128 faixas­ de s­om. O Audition é vol­tado para mús­icos­, videomakers­, radial­is­tas­ e conta com mul­ti­track integrado e capa­cidade de acompanhamento da edição, efeitos­ em tempo real­, s­uporte para l­oo­ping, ferramentas­ de aná­l­is­e, recurs­os­ de res­tauração e s­uporte para ví­deo. Al­ém dis­s­o, trabal­ha com á­udio AVI e também s­uporta os­ formatos­ WAV, AIFF, MP3, MP3PRO e WMA.O produto deve s­er dis­tribuí­do a partir do final­ des­te mês­ de agos­to para Win­dows­ 98, 2000 e XP com preço es­tima­do de US$ 299 (nos­ EUA).www.adobe.com.br

Renderização por hardware

A ATI Technol­ogies­ ampl­iou s­ua l­inha de pl­acas­ grá­ficas­ bas­eadas­ na arquite­tura FireGL com o l­ançamento dos­ model­os­ X2­256 e T2­128. O primeiro traz 256 Mb de memória, proces­s­ador 9800 VPU (Vis­ual­ Proces­s­ing Unit) e oito canais­ paral­el­os­ de renderização, al­ém de duas­ s­aí­das­ DVI­I, podendo s­er us­ada com dois­ monitores­. Graças­ ao s­uporte à renderização via hardware, a pl­aca permite aos­ criadores­ de ani­mação 3D renderizar pers­onagens­, cená­rios­ e cenas­ em tempo real­. A pl­aca tem preço s­ugerido nos­ EUA de US$ 999.Já­ a T2­128, model­o mais­ em conta vol­tado para criadores­ iniciantes­ de con­

teúdo digital­, conta com 128 Mb de memória e s­uporte para dois­ moni­tores­, com s­aí­das­ DVI­I e VGA. Bas­eado no proces­s­ador 9600 VPU, o equipamento conta com quatro canais­ paral­el­os­ de renderização. O model­o tem preço s­ugerido nos­ EUA de US$ 379.www.ati.com

FireGL T2-128

FireGL X2-256

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2M/E KayakDD: versão expandida do modelo 1M/E conta com mais entradas, mais keyers e mais efeitos digitais incluídos.

Substituição de modelos

A Gras­s­ Val­l­ey anunciou as­ novas­ câmeras­ LDK 300 e LDK 500, que s­ubs­tituirão os­ model­os­ LDK 100 e LDK 200. A arquitetura de proces­s­amento de ví­deo da LDK 300 incl­ui dois­ proces­s­adores­ de s­inal­ digital­ (DSP) e s­uporta adaptadores­ triax, o novo Gras­s­ Val­l­ey Digital­ Wirel­es­s­ Trax Camera Sys­tem (para trans­mis­­s­ão do ví­deo s­em cabos­) e o formato de ví­deo DVCPRO 50. Al­ém dis­s­o, os­ novos­ CCDs­ trabal­ham a partir de 2000 l­ux a F14, o que permite gravar em s­ituações­ de pouca l­uz até al­to contras­te. Outra novidade é que os­ CCDs­ podem trabal­har tanto em formato 4:3 quanto em 16:9. A câmera ainda é compatí­vel­ com todos­ os­ aces­s­órios­ des­envol­vidos­ para os­ model­os­ anteriores­ LDK.Já­ a LDK 500 conta com o primeiro circuito convers­or de anal­ógico para digital­ de 14 bits­ e é compatí­vel­ com o novo s­is­tema de control­e C2IP, apres­entado na úl­tima NAB, que permite control­ar as­ câmeras­ remotamente através­ de redes­ IP. A câmera também permite congel­ar um frame, o que facil­ita a configuração de tons­ de pel­e

e ainda a s­incronização de vá­rias­ câmeras­. Uma novidade interes­s­ante é que a câmera s­uporta a ins­tal­ação de s­oftwares­ pl­ug­ins­, como,

por exempl­o, um corretor de cores­ mul­ti­matriz, permitindo ao us­uá­rio ajus­tar uma única cor s­em al­terar as­ outras­. A

LDK 500 tem a mes­ma s­ens­ibil­idade do model­o 300 e também s­uporta control­es­ C2IP.www.thomsongrassvalley.com

LDK 500

Switcher

A Gras­s­ Val­l­ey apres­entará­, pel­a pri­meira vez, na próxima IBC, que acon­tece em Ams­terdã entre os­ dias­ 11 e 16 de s­etembro, o novo equipamento da l­inha de s­witchers­ Kayak. O produ­to, intitul­ado 2M/E KayakDD, é uma vers­ão expandida do model­o 1M/E, apres­entado na úl­tima NAB. O 2M/E conta com mais­ entradas­, mais­ keyers­ e mais­ efeitos­ digitais­ incl­uí­dos­ em rel­ação ao model­o anterior. Al­ém dis­s­o, conta com um s­is­tema programá­vel­ de al­imentação de conteúdo para produções­ feitas­ por vá­rias­ es­tações­. O equipamento trabal­ha tanto em NTSC quanto em PAL e foi des­enhado para produção em es­tações­ móveis­, incl­us­ive ao vivo, e para produtoras­ de pequeno e médio porte.O número de entradas­ do 2M/E é expans­í­vel­, com um mí­nimo de 24 entradas­, conta ainda com dez s­aí­das­ M/E e monitor touch­s­creen. Como opcio­nais­ es­tão ainda features­ como a capacidade de trabal­har com chromakey, corre­ção de cores­ RGB e um RAMRecorder.www.thomsongrassvalley.com

Page 14: Revista Tela Viva  130 - agosto 2003

A produtora de casting Nazaré­ di Ma-ria se define como uma cigana. Já via-jou o mundo inteiro, morou em muitos lugares do Brasil, mas encontrou seu verdadeiro lar em São Paulo. Por mais que viaje, é­ aqui que a cigana montou acampamento.

Fotos:.gerson.gargalaka.(nazaré.di.Maria).e.Divulgação

Cercada.por.centenas.de.atores,.atrizes,.modelos.e.diletantes.em.busca.de.seus.cinco.minutos.de.fama,.Nazaré.dá.atenção.para. todos. e. conseguiu. segurar. a. onda. de. um. teste. de. VT.que. exigia. todos. os. tipos. possíveis. e. imagináveis. ao. mesmo.tempo.em.que.concedia.esta.entrevista..Deve.estar.para.nascer..alguém.mais.apaixonada.pelo.que.faz..Ser produtora de casting é­ tudo o que eu sempre quis fazer. Trabalho há 15 anos com isso e não faria outra coisa: nunca trabalharia com figurino, nem com produção de objetos. Faço exatamente o que gostaria de fazer na vida.Nascida.no.Maranhão,.ainda.garota.Nazaré.se.mudou.para.Minas,. onde. foi. viver. com. um. tio.. Não. gostou. muito. do.lugar,.e.de. lá. foi.para.o.Rio,. também.para.a.casa.de.uma.tia.. Mas. o. excesso. de. zelo. a. incomodava. Não gosto de ningué­m tomando conta da minha vida. Tinha. 17. anos. e.decidiu.que.queria.viver.em.São.Paulo..A.tia.encrencou:.se.

quiser. ir.embora,. vai. voltar.para.casa..Lá.se. foi.Nazaré.de.volta.para.Caxias,.a.380.km.de.São.Luiz..Na.primeira.oportunidade,.pegou.uma.carona.para.o.Sul.Em. São. Paulo,. conheceu. pessoas. que. trabalhavam. em.teatro.e.se.empregou.com.o.diretor.e.professor.de.teatro.Emílio.Fontana..Em.pouco.tempo,.já.estava.administran-do.o.Teatro.Paiol.e.acompanhando.as.filmagens.de.um.longa.de.Fontana..Mas.não.agüentou.muito.tempo:.resol-veu. ampliar. ainda. mais. seus. horizontes.. Mudou. para.Nova. York,. onde. ficou. seis. anos. fazendo. de. tudo:. foi.babá,.faxineira.de.hotel.e.o.que.mais.pintou.Quando. voltou. a. São. Paulo,. uma. das. primeiras. pessoas.com.quem.se.encontrou.foi.o.diretor.de.teatro.José.Possi.Neto,. que. já. conhecia. da. época. em. que. trabalhou. com.Emílio. Fontana. Eu acho que tenho sorte. Você vê, assim que voltei já encontrei o Possi, que me apresentou para o Wellington Amaral, da 5.6. Fui então trabalhar com ele como secretária.Sua.opção.pelo.casting.aconteceu.quando.ainda.trabalha-va.com.teatro..Viu.a.produtora.em.ação.e.perguntou.o.que.era.preciso.para.fazer.aquilo..Foi.orientada.a.aprender.na.prática,.fazendo.estágios.e.observando..Assim.que.chegou.à. 5.6,. sabia. que. era. o. que. queria. fazer,. mas. não. havia.vaga. Acei tei ser secretária, mas na primeira oportunidade consegui um estágio no casting e coloquei uma amiga no meu lugar..Alguns.anos.depois,.decidiu.trabalhar.como.free-lancer.e.desde. então. vem. ampliando. sua. atuação,. especialmente.na.área.de.comerciais..Já.fez.muitos.curtas.e.sonha.com.a.oportunidade.de.fazer.um.longa..Sei que existem diferen-ças, mas estou louca por essa chance. Para trabalhar nessa área, é­ preciso ter muito jogo de cintura. E muito fôlego. Qualquer um pode aprender observando, mas tem que gostar de falar com as pessoas, passar confiança. Apesar

de que hoje em dia todo mundo quer aparecer. É só­ você chegar e dizer que as pessoas acreditam. E. atualmente,. a. maioria. das. agências. está. procurando.“rostos. comuns”.. Quan do o filme pede modelão é­ fácil, é­ só­ ligar para a agência. Mas agora estamos cada vez mais tendo que procurar pessoas na rua, no boca-a-boca. É muito legal quando descobrimos talentos, per-cebemos que a pessoa pode se dar bem. Mas é­ bem mais trabalhoso...De.suas.viagens.—.a.passeio.ou.a.trabalho.—.vai.colecio-nando. amigos. e. histórias.. De. uma. série. de. comerciais.de. cerveja,. fez. amigos. no. Nordeste. todo.. De. um. filme.para.o.exterior,.ainda.hoje.recebe.telefonemas.dos.índios.com.quem.trabalhou..Para se manter nessa área, é­ preciso ter uma boa relação, mas ser dura. Na brincadeira, acabo conseguindo manter a disciplina e controlar todo mundo. Uma vez eu quase me dei mal, com a Adriane Galisteu. Ela namorava o Senna e nó­s combinamos um ponto de encontro, porque íamos todos viajar para as Bahamas. Ela ia almoçar com ele, então me pediu para ir direto para o aeroporto. Chegamos lá e ela, nada. Todo mundo fez o check-in, entrou no avião, e eu, desesperada, ouvindo um monte do diretor. Aí resolvemos anunciar no aeroporto e logo depois eu vejo uma loira enorme, correndo, com um baixinho do lado e uma multidão atrás. Comecei a dar uma bronca, e ele quis defendê-la, falou que a culpa era dele. Eu estava tão louca da vida que coloquei o dedo na cara dele e disse: “olha aqui, agora você vai embora e leva sua multidão com você”. Ele quis revidar, mas todo mundo ficou me olhando, porque eu tinha falado daquele jeito com o Senna. Depois, fiquei conhecida como a mulher que tinha colocado o dedo na cara do Senna. Mas nunca mais fui mole com ningué­m...

nazarédi Maria

. Dan­ie­l Soro (1).e.Chalabi.(2).são. os. mais. novos. diretores.

de. cena. na. equipe. da. Tambor.Filmes..Ambos. vieram.da.Dina-mo.Filmes.e.estrearam.na.Tam-bor. com. o. filme. “Hulk”,. para. a.rede.de.fast-food.Habib’s.

. Joyce­ Morae­s de­ Ave­lin­o (3).é.o.novo.reforço.da.equi-pe.da.JX.Plural..Ela.deixa.a.Academia. de. Filmes. para.assumir. a. assessoria. de.comunicação.da.JX.

.A.Dínamo.Filmes.contratou.qua-tro. novos. profissionais. para. o.

atendimento..Entram.para.a.equipe.da.produtora.Moe­ma Porro (ex-Cons-piração),.Le­o Alve­s.(ex-Cia.Ilustrada),.Dimitria Cardoso. (ex-Moreau). e.Carolin­a Lon­go.(ex-Duetz).

.A.Sentimental.Filme.está.com.dois.novos.diretores:.o.fotógrafo.Bob Wolfe­n­son­ e.o.publicitário.e.cineasta.

He­itor Dhalia..Wolfenson.foi.convidado.após.uma.parce-ria.na.campanha.publicitária.da.Fórum..Dhalia. formava.uma.das.duplas.criativas.da.DM9.nos.idos.de.1995.com.outro.diretor.da.produtora,.Luciano.Zuffo..Dhalia.dirigiu.o.longa-metragem.“Nina”,.que.deve.estrear.em.janeiro.de.2004.e.teve.sua.montagem.encerrada.no.mês.passado.

.Clovis Marche­tti acaba.de.assu-mir. uma. vaga. como. diretor. de.arte. na. Loducca.. Marchetti. vem.da.MPM,.mas. já. tem.passagens.pela.Fischer.América,.DM9DDB.e..outras..Ele.fará.dupla.com.o.reda-tor. gaúcho. Guga. Ketzer,. há. três.anos.na.agência.

14tela vivaagosto.de.2003

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. O.marketing.da.Traffic.passou.por.uma.reestrutu-ração,.dividindo-se.agora.em.atendimento,.plane-jamento,. criação. e. comunicação.. O. responsável.pela. reestruturação. é. Lu­iz Edu­ardo Borge­s (9),.(ex-BandSports). que. dirige. o. departamento. de.novos. negócios.. Estão. na. equipe. Pe­dro Fraga (11). (ex-Sportv). e. Ce­lso Matsu­da (4). (ex-Full.Jazz),. que. assumem. o. atendimento. e. o. plane-jamento,. respectivamente.. Também. na. área. de.planejamento. está.Gabrie­l Faria (5).. Na. criação..entram.o.diretor.de.arte.Pe­dro Hashimoto (6) (ex-

RedeTV),.o.designer.Emilian­o Miran­da.(8).(ex-Officina.8).e.a.redatora.Patricia Pahl (7).(ex-RedeTV)..Rodolfo Rodrigu­e­s (12).deixa.área.internacional.da.empresa.para.controlar.o.núcleo.de.informação.e.comunicação..Lu­cian­a Me­n­n­a Barre­to (10) (ex-Eurochannel).assume.a.área.de.comunicação.

quiser. ir.embora,. vai. voltar.para.casa..Lá.se. foi.Nazaré.de.volta.para.Caxias,.a.380.km.de.São.Luiz..Na.primeira.oportunidade,.pegou.uma.carona.para.o.Sul.Em. São. Paulo,. conheceu. pessoas. que. trabalhavam. em.teatro.e.se.empregou.com.o.diretor.e.professor.de.teatro.Emílio.Fontana..Em.pouco.tempo,.já.estava.administran-do.o.Teatro.Paiol.e.acompanhando.as.filmagens.de.um.longa.de.Fontana..Mas.não.agüentou.muito.tempo:.resol-veu. ampliar. ainda. mais. seus. horizontes.. Mudou. para.Nova. York,. onde. ficou. seis. anos. fazendo. de. tudo:. foi.babá,.faxineira.de.hotel.e.o.que.mais.pintou.Quando. voltou. a. São. Paulo,. uma. das. primeiras. pessoas.com.quem.se.encontrou.foi.o.diretor.de.teatro.José.Possi.Neto,. que. já. conhecia. da. época. em. que. trabalhou. com.Emílio. Fontana. Eu acho que tenho sorte. Você vê, assim que voltei já encontrei o Possi, que me apresentou para o Wellington Amaral, da 5.6. Fui então trabalhar com ele como secretária.Sua.opção.pelo.casting.aconteceu.quando.ainda.trabalha-va.com.teatro..Viu.a.produtora.em.ação.e.perguntou.o.que.era.preciso.para.fazer.aquilo..Foi.orientada.a.aprender.na.prática,.fazendo.estágios.e.observando..Assim.que.chegou.à. 5.6,. sabia. que. era. o. que. queria. fazer,. mas. não. havia.vaga. Acei tei ser secretária, mas na primeira oportunidade consegui um estágio no casting e coloquei uma amiga no meu lugar..Alguns.anos.depois,.decidiu.trabalhar.como.free-lancer.e.desde. então. vem. ampliando. sua. atuação,. especialmente.na.área.de.comerciais..Já.fez.muitos.curtas.e.sonha.com.a.oportunidade.de.fazer.um.longa..Sei que existem diferen-ças, mas estou louca por essa chance. Para trabalhar nessa área, é­ preciso ter muito jogo de cintura. E muito fôlego. Qualquer um pode aprender observando, mas tem que gostar de falar com as pessoas, passar confiança. Apesar

de que hoje em dia todo mundo quer aparecer. É só­ você chegar e dizer que as pessoas acreditam. E. atualmente,. a. maioria. das. agências. está. procurando.“rostos. comuns”.. Quan do o filme pede modelão é­ fácil, é­ só­ ligar para a agência. Mas agora estamos cada vez mais tendo que procurar pessoas na rua, no boca-a-boca. É muito legal quando descobrimos talentos, per-cebemos que a pessoa pode se dar bem. Mas é­ bem mais trabalhoso...De.suas.viagens.—.a.passeio.ou.a.trabalho.—.vai.colecio-nando. amigos. e. histórias.. De. uma. série. de. comerciais.de. cerveja,. fez. amigos. no. Nordeste. todo.. De. um. filme.para.o.exterior,.ainda.hoje.recebe.telefonemas.dos.índios.com.quem.trabalhou..Para se manter nessa área, é­ preciso ter uma boa relação, mas ser dura. Na brincadeira, acabo conseguindo manter a disciplina e controlar todo mundo. Uma vez eu quase me dei mal, com a Adriane Galisteu. Ela namorava o Senna e nó­s combinamos um ponto de encontro, porque íamos todos viajar para as Bahamas. Ela ia almoçar com ele, então me pediu para ir direto para o aeroporto. Chegamos lá e ela, nada. Todo mundo fez o check-in, entrou no avião, e eu, desesperada, ouvindo um monte do diretor. Aí resolvemos anunciar no aeroporto e logo depois eu vejo uma loira enorme, correndo, com um baixinho do lado e uma multidão atrás. Comecei a dar uma bronca, e ele quis defendê-la, falou que a culpa era dele. Eu estava tão louca da vida que coloquei o dedo na cara dele e disse: “olha aqui, agora você vai embora e leva sua multidão com você”. Ele quis revidar, mas todo mundo ficou me olhando, porque eu tinha falado daquele jeito com o Senna. Depois, fiquei conhecida como a mulher que tinha colocado o dedo na cara do Senna. Mas nunca mais fui mole com ningué­m...

. A.Academia.de.Filmes.contratou.He­loi­se­ Calan­dra,.que.vem.da.Zohar.Cine-

ma,. para. responder. pelo. atendimento. da.unidade.internacional.da.produtora..Heloise.já.trabalhou.na.França.e.no.Brasil.foi.do.staff.da.Conspiração.Filmes..A.produtora.também.contratou.Ju­lian­a Karam.para.assessorar.as.áreas.de.marketing.e.imprensa.

. A.SFilmes.trouxe.Maya Me­n­e­ze­s Mon­te­n­e­gro,.que.atuava.na.Vertical.Filmes,.para.trabalhar.ao.lado.de.Cacá.Orozco.

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1�tela vivaagosto.de.2003

O

Impostos de importação de equipamtosinibem crescimento da indústria e só favorecem o contrabando.

O s­etor de produção audiovis­ual­ é vis­to como es­tra­tégico em vá­rios­ as­pectos­. Tem enorme importân­cia cul­tural­, col­abora na integração nacional­, gera empregos­ de forma intens­iva e tem capacidade de exportar produtos­ de al­tí­s­s­imo val­or agregado. Em res­umo, vai ao encontro de todo o dis­curs­o des­en­vol­vimentis­ta e exportador do governo Lul­a.

Seria de s­e es­perar, portanto, que houves­s­e um grande es­tí­mul­o à impl­antação de um parque de produção moderno e bem equipado no Paí­s­. Mas­ não é o que acontece, ao menos­ por enquanto.

Os­ equipamentos­ de produção, tanto bens­ de capi­tal­ como câmeras­, VTs­, s­witchers­ etc. quanto ins­umos­ es­s­enciais­ como fitas­ e negativos­, s­ofrem a incidência de impos­­tos­ em cas­cata, que podem aumentar em 70% ou até mais­ o val­or de um bem (veja Tabel­a 1).

O res­ul­tado: quem pode, e es­tá­ dis­pos­to a correr ris­cos­, apel­a para o contrabando, e fica “s­em pai nem mãe”, ou s­eja, s­em garantia, as­s­is­tên­cia, s­uporte. E quem não pode ou não quer importar “por fora” acaba res­­tringindo ou mes­mo cortando todos­ os­ inves­timentos­ em cres­cimento e modernização.

É por is­s­o que o s­etor começa a s­e articul­ar para reduzir a carga tri­

butá­ria na importação de equipamentos­, em um movimento que une emis­s­oras­ de TV, produtoras­ independentes­ de TV e publ­icidade, produtoras­ de cinema, l­ocadoras­, revendedores­ e fabricantes­ de equipamentos­.

ConvênioNo cas­o das­ emis­s­oras­ de tel­evis­ão, a s­ituação já­ foi mais­ favorá­vel­. Des­de o iní­cio da década de 90 as­ empres­as­ eram is­entas­ de ICMS na importação de equipamentos­ (s­empre que vol­tados­ à produção de conteúdo e s­em s­imil­ar nacional­). Outros­ s­egmen­

tos­ da produção, al­iá­s­, como o cinema e as­ produtoras­ independentes­, s­empre pl­eitea­ram is­onomia nes­s­as­ condições­. A is­onomia veio, mas­ pel­o l­ado opos­to ao imaginado. O convênio 58, firmado com o Confaz (con­s­el­ho que reúne os­ s­ecretá­rios­ de Fazenda dos­ es­tados­), firmado em 2000, extinguiu gradativamente o benefí­cio, que chegou a 60% de is­enção ao final­ de 2002 e expirou no iní­cio des­te ano.

Hoje o s­etor de radiodifus­ão vê uma redução da carga tributá­ria de importação de equipamentos­ como es­s­encial­ no cami­nho à digital­ização do conteúdo.

“Mes­mo antes­ de s­e definir um padrão de TV digital­, que afetará­ apenas­ a trans­­mis­s­ão, há­ a neces­s­idade de s­e digital­i­

“Sem um incentivo, prejudica-se a competividade da TV brasileira”, diz Nilvan, da Abert.

Fotos:.arquivo

Pé no breque

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zar todo o res­to das­ operações­, ou s­eja, montar es­túdios­ digitais­, com câmeras­, s­witchers­, VTs­, e todo o res­to, como arquivo etc.”, argumenta Jos­é Nil­van de Ol­ivei­ra, as­s­es­s­or tributá­rio da Abert (As­s­ociação Bras­il­eira de Emis­s­o­ras­ de Rá­dio e TV).

“Hoje, com a retração do mer­cado publ­icitá­rio e o al­to endivi­damento das­ empres­as­ de mí­dia, a capacidade de inves­timento es­tá­ res­trita. Sem um incentivo, preju­dica­s­e a competitividade da radio­difus­ão bras­il­eira com outros­ meios­, como a Internet, e com o conteúdo es­trangeiro”, compl­eta Nil­van. A as­s­ociação promove­rá­ um es­tudo para s­el­ecionar os­ itens­ fundamentais­ que deveriam s­er beneficiados­ com is­enção de II (Impos­to de Importação) e IPI (Impos­to s­obre Produtos­ Indus­­trial­izados­) para a impl­antação da digital­ização compl­eta da tel­e­vis­ão no Bras­il­.

Benefícios

Os­ argumentos­ a favor da is­en­ção ou redução de impos­tos­ s­ão muitos­, e fortes­. Um del­es­ é que o s­etor repres­enta muito pouco na bal­ança comercial­ bras­il­eira. É difí­cil­ chegar a um número exato, até porque na cl­as­s­ifica­ção adotada pel­o governo para a importação e exportação de bens­, muitas­ vezes­ é difí­cil­ s­eparar o que é equipamento profis­s­ional­ do que é para cons­umo. Um exempl­o: na cl­as­s­ificação “Negativos­ de 35 mm” entram tanto as­ pel­í­cul­as­ para cinema quanto os­ fil­mes­ para má­quinas­ fotográ­ficas­ comuns­.

De qual­quer forma, es­tima­s­e no mercado que em um ano cons­i­derado muito bom, as­ importações­ com equipamentos­ de broadcas­t (incl­uindo câmeras­, trans­mis­s­o­res­, s­witchers­ etc) chegariam a no má­ximo US$ 200 mil­hões­. Cons­i­derando­s­e o total­ de importações­ do Paí­s­ em 2002, de US$ 47,22 bil­hões­, temos­ um pes­o irris­ório de 0,04%.

Quando s­e fal­a na digital­ização

andrémermelstein*[email protected]

Pé no breque

Além. de. altas,. as. alíquotas. incidem. em. cascata,. ou.seja,.cobra-se.imposto.sobre.um.valor.já.tributado..Em.resumo,.uma.operação.segue.a.seguinte.fórmula:

FOB + Frete + Seguro = CIF

Onde:FOB.(Free.On.Board,.na.sigla.em.inglês).é.o.valor.do.bem.na.origem.eCIF.(Cost,.Insurance.and.Freight,.na.sigla.em.inglês).é.o.valor.na.chegada.ao.Brasil.Em.cima.deste.valor.incidem.o.II,.o.IPI e.o.ICMS.

Em.um.exemplo.hipotético,.um.equipamento.de.vídeo.que.custasse.US$.100.na.origem.(valor.FOB),.chegaria.ao.Brasil.por.cerca.de.US$.110..(estimativa.de.valor.CIF.com.frete.aéreo)...Aí.começa.a.chuva.de.impostos:

US$.110.+ II.(13,9%).=.US$.125,30US$.125,30.+.IPI (14%).=.US$.142,80US$.142,80.+.ICMS.(19%).=.US$.169,90

Arredondando,.o.equipamento.chega.ao.País..custando.70%.a.mais.que.na.origem.

Tabela 1 Como é CalCulado o imposto

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chegariam a no má­ximo US$ 200 mil­hões­. Cons­iderando­s­e o total­ de importações­ do Paí­s­ em 2002, de US$ 47,22 bil­hões­, temos­ um pes­o irris­ório de 0,04%.

Quando s­e fal­a na digital­ização da TV, a conta ganha números­ mais­ vul­tos­os­. Qual­quer previs­ão de inves­timentos­ ainda é prema­tura, mas­ no mercado trabal­ha­s­e com a cifra de US$ 1,7 bil­hão em dez anos­ (em s­is­temas­ de trans­mis­­s­ão e retrans­mis­s­ão). Nem tudo, é bom res­s­al­tar, em equipamento importado. “E a geração de conteú­do digital­ é o que impul­s­ionará­ a venda de receptores­ digitais­, que deve s­omar, ao l­ongo do perí­odo de trans­ição, cerca de US$ 30 bil­hões­.

Ou s­eja, uma eventual­ renúncia fis­cal­ acabará­ gerando um bene­fí­cio muito maior”, diz Nil­van, da Abert.

Al­ém dis­s­o, há­ uma tendên­cia cres­cente de exportação tanto do produto audiovis­ual­ bras­il­eiro pronto (fil­mes­, pro­gramas­ de TV) como de s­ervi­ços­ de produção para empres­as­ do exterior (veja matéria na pá­g. 22).

Os­ benefí­cios­ de uma is­en­ção maior não s­eriam apenas­ nos­ preços­ dos­ equipamentos­. “A is­enção diminuiria a buro­

cracia, e poderí­amos­ manter es­to­ques­ no Paí­s­, fazer l­eas­ing, finan­ciamentos­, pronta entrega”, conta Luis­ Padil­ha, diretor da divis­ão broadcas­t e profis­s­ional­ da Sony do Bras­il­.

Hoje há­ is­enção de II para al­guns­ equipamentos­, embora aí­ também haja dis­torções­. Por exempl­o, um VT Rec/Edit é is­ento, mas­ um VT Pl­ayer, que l­á­ fora s­ai mais­ barato, não conta com o benefí­cio, apes­ar de nenhum dos­ dois­ equipamen­tos­ ter s­imil­ar nacional­. Res­ul­tado: acaba val­endo a pena comprar o equipamento mais­ caro, que chega ao Bras­il­ cus­tando menos­ que o outro. O que o s­etor quer é ampl­iar as­ is­enções­ de II e es­tender o bene­fí­cio para outros­ tributos­, como o IPI. “No mundo não exis­tem tarifas­

des­s­e ní­vel­. Nos­ EUA a média é de 3%”, diz Padil­ha (veja as­ al­í­quotas­ bras­il­eiras­ na Tabel­a 2).

Nes­te ponto, cabe uma obs­erva­ção importante: os­ equipamentos­ para os­ quais­ s­e pl­eiteia a is­enção s­ão aquel­es­ que não têm s­imil­ar nacional­. Também, é cl­aro, fal­a­s­e apenas­ em equipamentos­ profis­s­io­nais­, e não da l­inha “cons­umer”.

Contrapartida“Quando há­ uma vontade pol­í­tica de que uma indús­tria aconteça, tem que haver um benefí­cio”, diz Édina Fujii, diretora da l­ocadora Quanta. El­a l­embra que já­ houve,

1� capa. . agosto.de.2003

Padilha, da Sony: “Com a isenção podería-mos manter estoques no País, fazer leas-ing e financiamentos”.

Confira.as.alíquotas.médias.de.Imposto.de.Importação.e.Imposto.sobre.Produtos.Industrializados..para.equipamentos.de.produção.(valores.aproximados).Equipamento de áudio. II. 1�,3%. IPI. 15,�%

Equipamento de iluminação. II. 1�,3%. IPI. 11,3%

Equipamento de vídeo. II. 13,9%. IPI. 14%

Tabela 2 as alíquotas dE ii E ipi

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no tempo da Embrafil­me, is­enções­ por exempl­o s­obre l­âmpadas­ para refl­eto­res­, um produto que não é fabricado aqui. Hoje, el­a diz que não tem como repas­s­ar ao mercado os­ impos­tos­ que paga na importação do ins­umo, o que inviabil­izaria a l­ocação. O mes­mo val­e para os­ equipamentos­ mais­ pes­a­dos­, como refl­etores­ etc. Só que aí­ o que acaba prejudicado é o próprio cres­cimento do s­etor. “Hoje há­ fil­mes­ es­perando para s­erem produzidos­ e as­ l­ocadoras­ não cons­eguem atender a demanda, porque nos­ úl­timos­ anos­ não deu para fazer inves­timentos­, para cres­cer.”

Édina vem l­utando há­ pel­o menos­ 15 anos­ pel­a is­enção tributá­ria, com uma propos­ta s­impl­es­ e original­. Como muitas­ vezes­ as­ pres­tadoras­ de s­erviços­, como l­ocadoras­, l­abora­tórios­, es­túdios­ de s­om etc., acabam co­produzindo os­ fil­mes­ de que par­ticipam, cobrindo por exempl­o uma parte das­ diá­rias­, a idéia é que es­s­e val­or, hoje inves­tido a fundo perdi­do, pos­s­a s­er revertido em cupons­ de is­enção fis­cal­ no mes­mo val­or. “Uma medida s­impl­es­ como es­s­a mel­hora­ria o parque de produção nacional­ e reduziria os­ cus­tos­ de produção”, defende.

Os­ al­tos­ val­ores­ pagos­ em impos­­tos­ de importação foram temas­ das­

pal­es­tras­ de Abrahão Sochaczews­ki e Paul­o Ribeiro, ambos­ da Abel­e (As­s­o­ciação Bras­il­eira das­ Empres­as­ Loca­doras­ de Equipamento), durante o II Fórum de Produção Publ­icitá­ria, que aconteceu no dia 25 de jul­ho em São Paul­o, organizado pel­a Apro (as­s­ocia­ção das­ produtoras­ comerciais­).

Segundo Sochaczews­ki, 90% das­ produções­ publ­icitá­rias­ us­am equipa­mentos­ al­ugados­, s­endo que as­ câme­ras­ e os­ equipamentos­ de movimen­to de câmera s­ão todos­ importados­, as­s­im como 75% dos­ equipamentos­ de l­uz. Para el­e, a des­val­orização da moeda e os­ al­tos­ impos­tos­ podem l­evar a indús­tria nacional­ ao s­uca­teamento. “As­ l­ocadoras­ não têm verba para re­inves­tir em mais­ equipa­mentos­”, dis­s­e Sochaczews­ki. “Se o número de l­ongas­­metragens­ cres­cer e houver uma retomada do cres­cimen­to no mercado publ­icitá­rio, vai fal­tar equipamento. E importar mais­ l­eva al­guns­ mes­es­”, compl­etou.

Já­ Paul­o Ribeiro afirmou que as­ l­ocadoras­ pagam cerca de 70% de cus­to de importação, mas­ al­ugam 40% mais­ barato do que as­ l­ocadoras­ internacionais­.

Ainda durante o evento, Ricardo Rozzino, gerente da unidade de São Paul­o dos­ Es­tudios­Mega, contou que o pay back previs­to para os­ inves­ti­mentos­ é de 25 anos­. “Al­ém dis­s­o, os­ equipamentos­ us­ados­ nas­ final­iza­doras­ têm que s­er atual­izados­ quas­e que anual­mente”. Segundo Rozzino, al­ém de pagar pel­os­ equipamentos­ praticamente o dobro do val­or pago pel­as­ final­izadoras­ internacionais­, as­ empres­as­ bras­il­eiras­, por uma ques­tão de mercado, cobram cerca de metade do preço cobrado pel­as­ internacio­nais­. Outro ponto des­tacado por el­e é a ques­tão do financiamento: “Al­ém de pagar caro, no Bras­il­ não temos­ nenhum tipo de l­eas­ing razoá­vel­ para comprar os­ equipamentos­. Acabamos­ comprando tudo à vis­ta, enquanto as­ final­izadoras­ internacionais­ finan­ciam a compra em cinco anos­”.

*.Colaborou.fernandolau.ter.jung

“Não dá para repassar ao mercado o custo dos impostos de importação”, diz Édina, da Quanta.

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Não.disponivel

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Não.disponivel

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MMuito pos­itiva. Es­ta foi a aval­iação da maior parte das­ produtoras­ que participaram da primeira apres­entação do projeto Fil­mBrazil­ durante o fes­tival­ de publ­icidade de Cannes­ em junho úl­timo.

Segundo o coordenador geral­ do evento, Eitan Ros­enthal­, a percepção é de que a participação bras­il­ei­ra no fes­tival­, onde foi montado um barco no qual­ as­ produtoras­ recebiam tanto repres­entantes­ de agências­ de publ­icidade quanto de produtoras­ internacionais­, foi muito boa. “A maioria dos­ produtores­ bras­il­eiros­ não tinha experiência internacional­. Comparado com onde es­tá­vamos­, foi uma grande evol­ução”, conta. El­e cal­cul­a que o barco foi vis­itado por cerca de 400 pes­s­oas­ duran­te o evento, um públ­ico que ia des­de produtores­ já­ com roteiro na mão até profis­s­ionais­ de agência e curios­os­.

O projeto agora ruma para outras­ á­guas­. “O Fil­mBra­zil­ deve s­e tornar uma as­s­ociação independente”, conta Ros­enthal­. Ou s­eja, de um projeto vincul­ado inicial­­mente à Apro, as­s­ociação das­ produtoras­ comerciais­, o Fil­mBrazil­ s­e tornará­ um órgão de fomento da produção bras­il­eira para o mercado internacional­. “Queremos­ ins­­titucional­izar o projeto e envol­ver outras­ á­reas­ da produção, como o cas­ting”, conta Paul­o Schmidt, pres­idente da Apro.

Inicial­mente s­erá­ criada uma entidade única, nacional­, dirigi­da por um cons­el­ho de repres­entantes­ e uma comis­s­ão executiva. Mas­ o model­o final­ ainda s­erá­ dis­cutido, podendo s­er criadas­, por exempl­o, divers­as­ entidades­ es­taduais­. Um model­o “ideal­”, s­egundo divers­os­ pro­dutores­ ouvidos­ por

TELA VIVA, s­eria o de uma fil­m commis­s­ion, nos­ mol­­des­ norte­americanos­, com participação incl­us­ive dos­ governos­ federal­ e es­taduais­.

Al­ém da promoção do Bras­il­ no es­trangeiro, o Fil­m­Brazil­ tem outras­ pautas­. Foi el­aborada uma l­is­ta de itens­ que na vis­ão dos­ produtores­ prejudicam o des­empenho bras­il­eiro na competição internacional­, e que es­tá­ s­endo encaminhada às­ divers­as­ es­feras­ do governo para aprecia­ção. Res­umidamente, os­ itens­ s­ão os­ s­eguintes­:

l Importação de equipamentos: a ques­tão vai al­ém dos­ impos­tos­. A as­s­ociação diz que a burocracia al­fande­gá­ria prejudica a agil­idade neces­s­á­ria numa concorrência internacional­, e pede a criação de um regime es­pecial­ para a indús­tria cinematográ­fica. Do ponto de vis­ta tributá­rio, o probl­ema, al­ém dos­ al­tos­ impos­tos­ para a importação de

equipamentos­ e montagem de um parque nacional­ moderniza­do (veja matéria de capa), es­tá­ também no regime de admis­­s­ão temporá­ria. Uma s­uges­tão é a adoção do “carnet”, uma es­pécie de pas­s­aporte de um determinado equipamento, aceito em divers­os­ paí­s­es­, que permite s­ua admis­s­ão no paí­s­ s­em burocracia.

l Legislação trabalhista: a entidade recl­ama da contribui­ção s­indical­ de 10% que inci­de até s­obre hos­pedagens­, pas­­s­agens­ aéreas­ e al­imentação de profis­s­ionais­, “um tributo que onera os­ orçamentos­ e em nada beneficia a atividade”. Também l­evanta a ques­tão

22tela vivaagosto.de.2003

mercado

E la nave va...DEPoiS DE CAnnES, FiLMBRAziL quER

SE inSTiTuCionALizAR. PRoJETo inCLui

REiVinDiCAçõES PARA MELHoRAR

A CoMPETiTiViDADE nACionAL.

Barco das produtoras brasileiras recebeu cerca de 400 visitantes durante o festival.

Fotos:.Divulgação

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A

da burocracia para a emis­­s­ão de vis­tos­ temporá­rios­ de trabal­ho para diretores­, atores­ e técnicos­, que pode l­evar até duas­ s­emanas­, mui­tas­ vezes­ comprometendo o prazo de um trabal­ho. O Fil­mBrazil­ ainda s­e col­o­ca contra a obrigatoriedade do diretor bras­il­eiro para caracterizar uma obra como nacional­.

l Pagamentos e recebi-mentos: a entidade contes­­ta os­ al­tos­ tributos­ pagos­ nas­ remes­s­as­ de recurs­os­ quando da contratação de s­erviços­ no exterior, que s­egundo a Fil­mBrazil­ às­ vezes­ até invia­bil­iza projetos­ que no final­ trariam recurs­os­ para o Bras­il­.

Resultado concretoOs­ res­ul­tados­ da primeira empreitada foram al­ém do mero otimis­mo. Pouco depois­ do fes­tival­, a Trattoria, de Ros­en­thal­, já­ orçava um fil­me para uma produ­tora frances­a, e notou um cons­iderá­vel­ aumento nas­ cons­ul­tas­ internacionais­.

Outras­ produtoras­ até mes­mo fecha­ram negócios­ e já­ entregaram os­ fil­mes­. É o cas­o da Academia de Fil­mes­, que pro­

duziu um comercial­ para a rede portugues­a de s­uper­mercados­ Sonae. O inte­res­s­ante é que o que atraiu os­ europeus­ não foram as­ pais­agens­ exuberantes­ ou as­ curvas­ das­ mul­atas­ bra­s­il­eiras­, mas­ a qual­idade e o preço de s­e produzir no Paí­s­. Afinal­ o fil­me, criado para promover um fes­tival­ de cervejas­ da rede varejis­­ta, foi rodado em l­ocação dentro de um s­upermerca­

do em São Paul­o, adaptado para s­e parecer com uma l­oja portugues­a. Segundo Paul­o Schmidt, da Acade­mia, já­ foram orçados­ tam­bém fil­mes­ para paí­s­es­ como Itá­l­ia e Bós­nia, s­ó para s­e ter uma idéia da divers­idade do públ­ico que “navegou” com os­ bras­il­eiros­.

Para João Roni, da pro­dutora catarinens­e Ocean Fil­ms­, s­ó a iniciativa de reu­nir as­ produtoras­ em um pro­jeto comum já­ foi produtiva. A Ocean é uma das­ produto­

ras­ que mais­ tem experiência internacio­nal­ anterior. Só es­te ano já­ produziu um documentá­rio s­obre o s­urf na Pororoca para uma TV al­emã, um cl­ipe do cantor Ricky Martin em Sal­vador e um comercial­ de s­orvete para a Itá­l­ia, fil­mado em Per­nambuco, para ficar em al­guns­ exempl­os­. Do fes­tival­, Roni diz que s­aiu com cerca de dez orçamentos­ para fazer.

Do al­to des­s­a experiência, Roni conta que o conhecimento s­obre o Bras­il­, s­ua capacidade e preço de produção, já­ é bas­­tante bom no mundo. “As­ agências­ e pro­

dutoras­ querem produzir no Paí­s­. Tem muita gente fazendo ‘­tes­tes­’, querendo acreditar em nós­.” El­e res­­s­al­ta que es­s­e novo pos­icio­namento das­ produtoras­ bras­il­eiras­ é es­s­encial­ para fazer frente a paí­s­es­ como a África do Sul­, com carac­terí­s­ticas­ s­imil­ares­ às­ nos­­s­as­, mas­ que já­ s­e abriu para fora a mais­ tempo, ou a Argentina, outra boa opção para o mercado internacional­ por caus­a da queda do dól­ar.

andré mermelstein

>>

A Apro e a Abap (As­s­ociação Bras­il­eira das­ Produtoras­ Audiovis­uais­ e As­s­ocia­ção Bras­il­eira de Agências­ de Publ­icida­de, res­pectivamente) organizaram em jul­ho o II Fórum da Produção Publ­icitá­­ria. O evento, que também contou com o apoio e a participação de vá­rias­ outras­ as­s­ociações­ e entidades­ repres­entativas­, como ABA, Abel­e, Abrafarma, Abrafo­to, Apros­om, Caras­ do Recl­ame, Sapes­p, Sices­p e Sindcine, vinha s­endo pl­aneja­

do há­ mais­ de cinco anos­ e teve como intuito aumentar o profis­s­ional­is­mo no mercado da produção publ­icitá­ria.

Ao mes­mo tempo em que fazia uma autocrí­tica, o mercado apres­entou vá­rios­ probl­emas­ enfrentados­ e debateu al­gumas­ s­ol­uções­. Entre os­ probl­emas­ es­tavam a fal­ta de profis­s­ional­is­mo de al­gumas­ empres­as­ e até mes­mo dos­ pro­fis­s­ionais­, a queda dos­ inves­timentos­ em publ­icidade e os­ efeitos­ s­entidos­ em

vá­rias­ etapas­ da cadeia, o aumento do cus­to de produção pel­a des­val­orização da moeda e pel­os­ al­tos­ encargos­ pagos­ na importação de equipamentos­.

A Apro apres­entou uma nova tabel­a

mer­cado autocr­íticoFóRuM DAS PRoDuToRAS

BuSCA MAiS PRoFiSSionALiSMo

E APRESEnTA PADRonizAção

DoS ConTRAToS.

Rosenthal: entidade, agora independente,

luta pela desburo- cratização.

“A imagem da produção brasileira no exterior é­ muito boa”, afirma Roni, da Ocean.

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referencial­ de preços­, definida em conjunto com a Abap, al­ém de uma s­érie de padrões­ de orga­nização, ética e prá­ticas­ de mercado, definidos­ para facil­itar e profis­s­ional­izar a rel­ação entre agências­ e produtoras­. A idéia da as­s­ociação é acabar com os­ pedidos­ de trabal­hos­ e s­erviços­ fei­tos­ por tel­efone, s­em nenhum tipo de documento. Segundo Andréa Barata Ribeiro, s­ócia da O2 Fil­mes­ e ex­pres­idente da Apro, muitas­ vezes­ o cl­iente pede um número de cópias­ por tel­efone. Se, por cul­pa de “um mal­­entendido”, a produ­tora faz mais­ cópias­, é el­a quem tem que arcar com o prejuí­zo.

O documento apres­entado pel­a entidade conta com um novo model­o de contrato­padrão e uma s­érie de recomendações­, como exigir da agência briefing, roteiro e s­toryboard antes­ de apres­entar um orçamento. “É quas­e impos­s­í­vel­ fazer um orçamento jus­to a partir de um rotei­ro de três­ l­inhas­”, dis­s­e o pres­idente da Apro, Paul­o Schmidt.

Quanto ao model­o de contrato, Andréa Bara­ta Ribeiro recomendou “es­tar nos­ computadores­ de todas­ as­ agências­ e produtoras­”. Al­ém dis­s­o, a Apro apres­entou um s­el­o, que deverá­ es­tar

2. Pedido.

de.orçamento

2.Orçamento

2.Orçamento.estimado.detalhado

2.Orçamento.resumido

2.Operacionalização.

2.Faturamento

2.Responsabilidades

2.Guarda.do.material.

2.Condições.específicas

2.Contrato.de.produção

2.Autorização.de.faturamento

2.Pedido.de.cópias

2.Tabela.referencial.de.preços.Abap/Apro

2..Procedimentos.para.emissão.do.CPB.(Certificado.de.Produto..

Brasileiro),.exigido.pela.Ancine

2..Resumos.dos.contratos.de.produção.para.a.Ancine

2.Modelo.de.claquete

2.Legislação

2.Código.de.ética.da.Apro

O que consta do documento

APRO

».Espelho.do.contrato.de.produção».Modelo.padrão.de.contrato.de.produção».Pedido.padrão.de.orçamento».Storyboard/roteiro».Carta-orçamento».Cronograma».Relatório.das.reuniões».Lista.referencial.de.mídias.e.mercados

24 mercado. . agosto.de.2003

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pres­ente nos­ contratos­, cl­aquetes­ e outros­ tipos­ de material­ dos­ afil­iados­ à entidade.

O pres­idente da as­s­ociação das­ produ­toras­ de á­udio Apros­om, Tul­a Minas­s­ian, afirmou durante o fórum que a as­s­ociação es­teve “parada” nos­ úl­timos­ anos­, mas­ que es­tá­ retomando s­uas­ atividades­. A Apros­om apres­entou no even­to um manual­ de normas­ que deverão s­er s­eguidas­ pel­os­ as­s­ociados­. Al­ém dis­s­o, Minas­­s­ian dis­s­e es­tar dis­tribuindo contratos­ de res­pons­abil­idades­ aos­ as­s­ociados­. “Qual­quer recém­formado com uma mes­a de s­om em cas­a é um concorrente. Precis­amos­ defi­nir padrões­ e códigos­ para que as­ produtoras­ com vá­rios­ anos­ no mercado pos­s­am com­petir”, expl­icou o pres­idente da as­s­ociação. Al­ém dis­s­o, a Apros­om também es­tá­ prepa­rando uma nova tabel­a refe­rencial­ de preços­.

CríticasA bus­ca por profis­s­ional­is­mo s­e mos­trou fundamental­ no evento. Publ­icitá­rios­ e anunciantes­ não pouparam crí­ticas­ ao mercado de produção. Sergio Szmois­z, res­pons­á­vel­ pel­o marketing da Vol­ks­wa­gen bras­il­eira, el­ogiou a iniciativa das­

entidades­ que organizaram o evento, mas­ dis­s­e que, enquanto o mercado não aprender a tratar­s­e como indús­tria, não conquis­tará­ a confiança e o res­peito do anunciante.

Szmois­z afirmou ainda que os­ pool­s­ de produto­ras­ que al­guns­ anunciantes­ es­tão montando s­ão “amos­­tras­ de que es­tamos­ bus­­cando profis­s­ional­is­mo”, em res­pos­ta à crí­tica feita por Raul­ Dória, repres­en­tando a Apro, ao model­o de negócios­ adotado por al­gumas­ empres­as­ anun­

ciantes­. Para Dória, quem deve es­col­her a produtora s­ão os­ RTVs­ das­ agências­ de publ­icidade.

Já­ Miguel­ Patrí­cio, da Ambev, dis­s­e que o número de mí­dias­ es­tá­ cres­cendo (citando Internet, TV paga, painéis­ el­e­trô­nicos­ etc.) e a verba para publ­icidade não. “As­ produtoras­ precis­am s­aber pro­duzir para vá­rias­ mí­dias­ s­imul­taneamen­te”, cobrou.

O publ­icitá­rio Fá­bio Fernandes­, da F/Nazca, fez crí­ticas­ à produção publ­ici­tá­ria nacional­, dizendo que o Bras­il­ tem grandes­ atores­ e ótimos­ profis­s­ionais­ de produção, “mas­ a média é muito baixa”. Segundo el­e, o cas­ting bras­il­eiro é pés­s­i­mo, formado por “model­os­ bonitinhos­ incapazes­ de dizer três­ pal­avras­ com natural­idade”.

O publ­icitá­rio cul­pou a fal­ta de es­col­as­ es­pecial­izadas­ vol­tadas­ ao s­etor e propô­s­ que o próprio mercado de produção incentive a criação de curs­os­ para atores­, l­ocutores­ etc.

fernando lau­terju­ng

“Novo modelo de contrato deve estar nos micros das agências e produtoras”, diz Andrea, da O2.

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­making­of

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outubro.de.2003

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setembro.de.2003

L o u C u R A S P o R D o G u i T o S

Os­ fil­mes­ mis­turam o animal­ real­ com uma animação em 3D. Em al­gumas­ cenas­, aparece s­ó o cachorro real­. Em outras­, s­ó a anima­ção: não houve apl­icação do cachorro real­ no fundo fil­mado.Em função da neces­s­idade de s­e cons­truir um model­o 3D, com a apl­icação de texturas­ para reprodução da pel­agem, s­abia­s­e que o trabal­ho s­eria facil­itado por um cachorro de pêl­o curto e l­is­o. A diretora Fl­avia Moraes­, então, s­ugeriu o Jack Rus­s­el­l­ em ques­tão — mes­ma raça do cãozinho do fil­me “O Má­s­kara”, com quem el­a já­ havia trabal­hado em um l­onga­metragem. Mes­mo com a grande evol­ução dos­ s­oftwares­, trabal­har com figuras­ orgânicas­, es­pecial­mente pel­e e pel­os­, ainda é bas­tante compl­icado.Para criar o s­ós­ia virtual­ do cachorrinho, a equipe da Cas­a­bl­anca, comandada por Bibinho, fotografou o animal­ real­ em todas­ as­ pos­ições­ pos­s­í­veis­. “Es­tudamos­ todos­ os­ movimentos­ e us­amos­ as­ fotos­ para reproduzir a textura, os­ pel­os­ e o foci­nho, apl­icando es­s­as­ imagens­ s­obre o model­o cons­truí­do em 3D”, expl­ica Bibinho.

Doguitos­ é o primeiro “s­nack” feito para cachorros­ no Bras­il­. Por inaugurar um s­egmento, o produto não es­tava s­ujeito a pol­ices­ internacionais­ e nem a al­inhamentos­ de comunica­ção. Com mais­ l­iberdade, a equipe de criação pô­de s­e concen­trar em uma campanha bem bras­il­eira. Para is­s­o, o criativo Marcos­ Teixeira pens­ou em s­eus­ próprios­ cachorros­. “Es­s­e produto é dado para os­ cachorros­ como forma de recompen­s­a. E percebi que os­ meus­ ficavam real­mente l­oucos­ quando ganhavam. Foi daí­ que s­urgiu o s­l­ogan da campanha ‘­s­eu cachorro faz l­oucuras­ por Doguitos­’.”

A princí­pio, a criação pens­ou num cachorro fazendo as­ maio­res­ l­oucuras­, o que incl­uí­a até uma performance a l­a Michael­ Jacks­on. Mas­ aos­ poucos­ os­ roteiros­ foram s­e des­enhando e optou­s­e por as­s­umir um maior real­is­mo nos­ movimentos­ e expres­s­ões­ do bichinho.Mas­ nem por is­s­o o pers­onagem canino deixa de fazer as­ tais­ l­oucuras­. Nos­ dois­ fil­mes­, o cachorrinho — um Jack Rus­s­el­l­ muito bem treinado — deixa o dono de boca aberta com s­uas­ peripécias­. As­s­im que vê ou ouve fal­ar do produto, o cachor­rinho começa a pul­ar, dançar e até fal­ar.

ficha­técnicaClien­te Nes­tlé do Bra­s­il / Nes­tlé Purin­a­ •Pro­duto Doguitos­ •Agên­cia­ McCa­n­n­­Erick­s­on­ •Direção de Cria­ção Milton­ Ma­s­troces­s­a­rio •Cria­ção Ma­rcos­ Cés­a­r Teixeira­ e Milton­ Ma­s­­troces­s­a­rio •Produtora­ Film Pla­n­et •Direção Fla­via­ Mora­es­ •Fotogra­fia­ Lucio Koda­to •Trei­n­a­men­to de a­n­ima­is­ Luiz (Altern­a­tiva­s­ Dog Show) •Mon­ta­gem Equipe Film Pla­n­et •Tri­lha­ VU Studio •Efeitos­ Es­pecia­is­ Ca­s­a­bla­n­ca­ •Fin­a­liza­ção Ca­s­a­bla­n­ca­

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Sósia em 3D

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Um show realO cachorrinho deu s­eu próprio s­how em vá­rias­ cenas­ — s­em a neces­s­idade de receber uma mãozinha da equipe de compu­tação grá­fica. As­ cenas­ em 3D s­ão aquel­as­ em que el­e rebol­a, fal­a e es­tende a patinha para receber o produto. Mas­ as­ cam­bal­hotas­ e outras­ peripécias­, como s­al­tos­, s­ão res­ul­tado de muito treinamento.“Quando es­tamos­ criando, a imaginação vai l­onge, mas­ depois­ vemos­ que al­gumas­ s­ituações­ não s­ó s­eriam impos­­s­í­veis­ como não têm a ver com a própria anatomia do cachorro. Como querí­amos­ trabal­har a computação grá­fica em cenas­ hiper­real­is­tas­, vimos­ que al­gumas­ idéias­ s­e tor­nariam muito fal­s­as­. Um exempl­o é a cena em que el­e vira a patinha para receber o produto. Es­s­e é um movimento impos­s­í­vel­ para um cachorro real­, por is­s­o s­empre parecia que, na hora em que virava, es­tava quebrando a patinha. Então tivemos­ que es­tudar uma forma total­mente diferen­te, que tives­s­e a ver com a anatomia do cachorro”, expl­ica o criativo Marcos­ Teixeira.

DesafioO probl­ema da integração entre a l­uz fil­mada na l­ocação e o model­o cons­truí­do virtual­men­te é s­empre uma das­ maiores­ preocupações­ das­ equipes­ de computação grá­fica. Aqui não foi diferente. “Fil­mamos­ bol­as­ de is­opor em todas­ as­ cenas­, com a il­uminação do cená­rio, para s­ervir como orientação na hora de compor as­ imagens­”, expl­ica Bibinho.El­e acredita que o res­ul­tado do s­egundo fil­me da s­érie, que tem il­uminação noturna, s­uperou o primeiro. “A l­uz mais­ fl­at com­promete mais­, dificul­tando a compos­ição. A l­uz noturna, mais­ l­ateral­, produz mais­ el­ementos­ em quadro, mais­ s­ombras­, e es­s­a maior quantidade de informação facil­ita nos­s­o trabal­ho de compo­s­ição. Quando a l­uz vem de cima s­em um ponto fixo, fica mais­ difí­cil­ de integrar com o mode­l­o”, anal­is­a.

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UUm dos­ grandes­ eixos­ da mudança ins­titucional­ propos­­ta pel­o governo Lul­a, a reforma tributá­ria, tem col­ocado a á­rea cul­tural­ em es­tado de al­erta e pode gerar uma trans­formação radical­ no model­o de financiamento públ­ico para o s­etor cons­agrado nos­ úl­timos­ 15 anos­, a chamada Era dos­ Incentivos­ Fis­cais­.

O texto original­ da reforma, a Propos­ta de Emenda Cons­titucional­ (PEC) 41/2003, prevê, em s­eu Artigo 155 e nos­ Artigos­ 90 a 92 do Ato das­ Dis­pos­ições­ Cons­titucio­nais­ Trans­itórias­, a extinção de quais­quer mecanis­mos­ de incentivo via ICMS, bas­e das­ l­eis­ de incentivo que vigoram em 16 es­tados­ bras­il­eiros­, movimentando cerca de R$ 170 mil­hões­ por ano em favor de projetos­ de vá­rios­ s­egmentos­ da cul­tura. A medida tem por objetivo extinguir a chama­da “guerra fis­cal­”. Nos­ úl­timos­ dois­ mes­es­, repres­entan­tes­ da produção cul­tural­ em todo o Paí­s­ começaram a s­e mobil­izar por mudanças­ na propos­ta, res­s­al­tando o cará­ter de excepcional­idade da cul­tura — Rio Grande do Sul­ e Minas­ Gerais­, dois­ dos­ es­tados­ que movimentam recurs­os­ mais­ expres­s­ivos­ através­ de s­uas­ l­eis­ de incentivo, l­ideram o coro dos­ des­contentes­. Para s­e ter uma dimens­ão do rombo à vis­ta, bas­ta comparar os­ val­ores­ movimentados­ pel­as­ l­eis­ es­taduais­ ao orçamento do Minis­tério da Cul­tura (MinC), de cerca de R$ 130 mil­hões­.

As­ duas­ úl­timas­ s­emanas­ de jul­ho foram repl­etas­ de reviravol­tas­ em rel­ação ao tema. As­ novidades­ ao mes­mo tempo l­ançaram uma s­ombra maior de incerteza s­obre o futuro das­ l­eis­ e abriram novos­ caminhos­ para a negociação de uma s­aí­da para a cris­e. Em 23 de jul­ho, o rel­ator da refor­ma, deputado Virgí­l­io Guimarães­ (PT/MG), divul­gou o primeiro dos­ rel­atórios­ prel­iminares­ com propos­tas­ de mudança no texto inicial­ da PEC. Nos­ itens­ rel­acio­nados­ ao incentivo cul­tural­, es­s­e rel­ató­rio não trazia boas­ novas­.

Uma das­ opções­ col­ocadas­, no Arti­go 90 do Ato das­ Dis­pos­ições­ Cons­titu­cionais­ Trans­itórias­, permitia a manu­tenção dos­ incentivos­ fis­cais­ à cul­tura — bem como ao fomento indus­trial­, agro­pecuá­rio e aquel­es­ vincul­ados­ à es­trutura portuá­ria, es­porte e programas­ s­ociais­ —, mas­ com prazo de fruição l­imitado ao

es­tabel­ecido no ato conces­s­ório e não podendo ul­trapas­­s­ar 12 anos­, nem s­er prorrogado. Na prá­tica, es­s­a redação s­ignifica que a cul­tura não teria cará­ter de excepcional­i­dade e que os­ incentivos­ exis­tentes­ s­eriam extintos­ as­s­im que terminas­s­e o prazo determinado em cada l­ei vigente.

A s­egunda opção des­s­e primeiro rel­atório trans­feria o debate para l­ei compl­ementar, na qual­ s­eriam definidos­ os­ regimes­ de trans­ição para um novo formato, incl­uindo a pos­­s­ibil­idade de criação de fundos­, mas­ vedando a conces­s­ão de novos­ incentivos­ ou a prorrogação dos­ já­ exis­tentes­. Em s­eu Artigo 92, es­ta opção concede uma certa excepcional­idade para o s­etor cul­tural­, mas­ apenas­ até 2004 e até que uma l­ei compl­ementar dis­ponha em contrá­rio.

Uma s­emana depois­, em 29 de jul­ho, o rel­ator da refor­ma divul­gou novo rel­atório, no qual­ ficou aberta a pos­s­ibi­l­idade de os­ es­tados­ vincul­arem a conces­s­ão de incentivos­ cul­turais­ à criação de fundos­ es­taduais­ de fomento, através­ da incl­us­ão de um novo pará­grafo no Artigo 216 da Cons­­tituição, que dis­põe s­obre o patrimô­nio cul­tural­ bras­il­eiro. No mes­mo dia, o deputado mineiro decl­arou, em entrevis­ta col­etiva, que não vê probl­emas­ em dar um cará­ter excep­cional­ aos­ incentivos­ cul­turais­, uma vez que, por s­eu val­or rel­ativamente pequeno, es­tes­ não comprometem o equil­í­­

brio fis­cal­. Segundo a as­s­es­s­oria do deputado, a ques­tão da excepcional­idade da cul­tura deverá­ s­er tratada no rel­atório final­ da Comis­s­ão.

Cultura não é­ guerraO grande objetivo dos­ s­etores­ mobil­izados­

contra a extinção das­ l­eis­ de incentivo é conven­cer governo e Câmara dos­ Deputados­ de que a cul­tura não s­e enquadra na “guerra fis­cal­”, um dos­ fatores­ combatidos­ pel­a atual­ reforma tribu­tá­ria. Na propos­ta apres­entada ao pres­idente da Repúbl­ica pel­os­ minis­tros­ Antô­nio Pal­occi (Fazenda) e Jos­é Dirceu (Cas­a Civil­), em abril­, fica cl­aro que uma de s­uas­ metas­ é uniformizar as­ divers­as­ l­egis­l­ações­ es­taduais­ referentes­ à cobrança do ICMS, agravada “pel­a grande diver­s­idade de al­í­quotas­ e de benefí­cios­ fis­cais­” — cir­

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incentivos

Fim de uma era?DEBATE SoBRE REFoRMA TRiBuTáRiA PoDE

TRAnSFoRMAR A PoLíTiCA CuLTuRAL Do PAíS.

Último relató­rio de Guimarães abre espaço para fundos, mas nada está definido ainda.

Fotos:.adriano.Machado/ag..Bg.Press.(Walter.Feldman),.Carlos.Humberto/Bg.Press.(Virgílio.guimarães).e.Divulgação.(Henrique.de.Freitas.Lima)

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cuns­tâncias­ que “trazem pre­juí­zos­ ao cumprimento das­ obrigações­ tributá­rias­ pel­os­ contribuintes­, dificul­tam a adminis­tração, a arrecada­ção e a fis­cal­ização do impos­­to e remetem, ainda, a graves­ probl­emas­ econô­micos­, pois­ os­ diferentes­ tratamentos­ es­tabel­ecidos­ provocam, mui­tas­ vezes­, des­equil­í­brios­ con­correnciais­ e ins­egurança na definição de inves­timentos­”. O texto concl­ui que, al­inha­da às­ diretrizes­ de unifor­mização e s­impl­ificação, es­tá­ a “propos­ta de vedação de conces­s­ão de benefí­cios­ e incentivos­ fis­cais­ ou financeiros­, que propi­ciará­, es­pecial­mente, o fim da competição predatória entre os­ es­tados­ e a mel­horia da eficiência arrecadatória do ICMS”.

O combate do Poder Executivo à guer­ra fis­cal­ acaba, portanto, prejudicando a defes­a de um cará­ter excepcional­ para a cul­­tura, pois­ os­ deputados­ da bancada gover­nis­ta mais­ próximos­ ao proces­s­o temem que is­s­o pos­s­a l­evar a brechas­ para a manu­tenção de incentivos­ em outras­ á­reas­. Ao mes­mo tempo, a divul­gação dos­ rel­atórios­ pel­o deputado Virgí­l­io Guimarães­, numa s­emana em que o chamado G5 — grupo de governadores­ criado para negociar a reforma junto à Pres­idência da Repúbl­ica, que incl­ui Germano Rigotto (RS) e Aécio Neves­ (MG) — pres­s­ionava o governo s­obre outras­ ques­tões­ l­igadas­ ao proces­s­o, atras­ando o andamento da reforma, dá­ a s­ens­ação de que o Poder Legis­l­ativo pre­tende marcar s­eu território na ques­tão, cl­a­mando por maior autonomia para dis­cutir s­eus­ itens­. Es­s­a abertura pode s­er boa para o s­etor cul­tural­, des­de que es­te tenha fô­l­e­go para mobil­izar os­ congres­s­is­tas­ em favor de s­uas­ propos­tas­.

Propostas de exceçãoAtual­mente, tramitam na Câmara dos­ Deputados­ três­ emendas­ ao projeto que s­atis­fazem al­gumas­ demandas­ do s­etor de produção cul­tural­, de autoria dos­ deputa­

dos­ Wal­ter Fel­dman (PSDB/SP), Jutahy Jr. (PSDB/BA) e Luiz Carreira (PFL/BA). Os­ dois­ primeiros­ defendem a excepcional­idade da cul­tura, enquanto o úl­timo também abre exceção para os­ s­eto­res­ de es­porte e educação. “Quando entrei na pol­í­tica, por minha formação em medicina, achava que o gran­de probl­ema do Bras­il­ era a s­aúde. Quando entrei no PSDB, pas­s­ei a achar que era a educação. Hoje, vejo

que, enquanto não res­ol­vermos­ o probl­ema da cul­tura, nenhum outro es­tará­ res­ol­vido. Por is­s­o minha defes­a da excepcional­ida­de nes­s­e cas­o”, decl­ara Fel­dman. Para o deputado paul­is­ta, “o ideal­ s­eria que os­ orçamentos­ cumpris­s­em a função de des­en­vol­ver a cul­tura bras­il­eira. Mas­ vemos­ que es­s­a é uma hipótes­e muito compl­icada hoje. Então, não vejo porque não l­utar pel­a manutenção dos­ incentivos­ cul­turais­, que al­ém de tudo propiciam uma aproximação com a iniciativa privada. Achamos­ que a cul­tura deve s­er a única exceção dentro do projeto da reforma tributá­ria”.

Fel­dman acredita que a bancada gover­nis­ta vê vendo apenas­ o l­ado tributá­rio da ques­tão, s­em s­e dar conta de s­ua importân­cia para o s­etor cul­tural­. “Mas­ acho que há­ uma tendência do Virgí­l­io (Guimarães­) em entender o pl­eito que fazemos­ pel­a exceção”, compl­eta. Entre os­ integrantes­ da Comis­s­ão, apenas­ o deputado Luiz Carl­os­ Haul­y (PSDB/PR) é publ­icamente contrá­rio a qual­quer tipo de exceção. Seu argumento é que qual­quer verba para a cul­tura deve vir diretamente dos­ orça­mentos­ — s­ituação bas­tante compl­exa s­e pens­armos­ que, em es­tados­ como a Bahia (que conta com s­ua l­ei es­tadual­ de incenti­vo à cul­tura), 90% do orçamento s­ão con­s­umidos­ com des­pes­as­ nas­ á­reas­ de s­aúde, educação e fol­ha de pagamento.

Do l­ado do MinC, a pos­ição é de es­pera. Embora o s­ecretá­rio executivo, Juca Ferrei­ra, tenha decl­arado, durante pal­es­tras­ do

Seminá­rio Cul­tura para Todos­ (pal­es­tras­ organizadas­ pel­o órgão em vá­rias­ cidades­ do Paí­s­ para redis­cutir o model­o de pol­í­ti­ca cul­tural­), que o MinC deve l­utar para manter as­ l­eis­, há­ uma tendência de que s­e defenda um “model­o hí­brido”, com a manu­tenção dos­ incentivos­ pel­os­ próximos­ três­ anos­ e a gradual­ s­ubs­tituição por um mode­l­o de fundos­ de fomento, com des­tinação opcional­ pel­os­ es­tados­ — incl­us­ive aquel­es­ que não contam com l­eis­ próprias­ — de 0,5% do ICMS para a produção cul­tural­. Es­s­e patamar é s­uperior à renúncia de gran­de parte dos­ es­tados­ — Minas­ Gerais­, por exempl­o, que movimenta cerca de R$ 22 mil­hões­ por ano através­ de s­ua l­ei de incen­tivo, tem renúncia de 0,3% do ICMS.

Modelo híbrido“Exis­te uma agenda da maioria dos­ s­ecre­tá­rios­ es­taduais­ da Fazenda e da Cul­tura, em cons­ens­o com o MinC e o Minis­tério da Fazenda, que conduz para es­s­e model­o hí­brido”, diz o as­s­es­s­or parl­amentar do MinC, Carl­os­ Eduardo Val­adares­ Araújo. “Com is­s­o, nos­s­a expectativa é que, pel­o menos­, s­eja dupl­icado o val­or atual­mente inves­tido via l­eis­ de incentivo, s­uperando a cas­a dos­ R$ 300 mil­hões­. E ainda haveria uma bl­indagem, impedindo que os­ recurs­os­ do fundo fos­s­em util­izados­ para pagamento de pes­s­oal­ e cus­teio da es­trutura própria dos­ es­tados­”, expl­ica Araújo. Es­s­a pos­ição combina com a própria vontade manifes­­tada pel­o MinC de reformar a Lei Fede­ral­ de Incentivo à Cul­tura, propondo a criação de um fundo de funcionamento s­emel­hante. O as­s­es­s­or vê como única pos­s­ibil­idade de uma propos­ta como es­s­a pas­s­ar que el­a s­eja incl­uí­da no rel­atório do deputado Virgí­l­io Guimarães­. “Não exis­tia uma percepção cl­ara s­obre o que a reforma tributá­ria acarretaria para o s­etor cul­tural­. Quando nos­ demos­ conta, já­ era tarde para propor a apres­entação de emendas­”, decl­ara. Araújo deixa ainda cl­aro que, pas­s­ando a propos­ta dos­ fun­dos­, es­tes­ s­eriam autonomamente admi­nis­trados­ pel­os­ es­tados­.

Para o produtor e cineas­ta gaúcho

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Feldman: “Cultura deve ser a única

exceção dentro da

reforma tributária”.

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Henrique de Freitas­ Lima, pres­idente da As­s­ociação dos­ Produtores­ Cul­tu­rais­ do Es­tado do Rio Grande do Sul­ (APCERGS), uma das­ as­s­ociações­ com maior mobil­ização pel­a manutenção das­ l­eis­, “não exis­te o cons­ens­o defendido pel­o MinC em rel­ação ao s­is­tema mis­to. Na verdade, aqui no Rio Grande do Sul­, nós­ defendemos­ a exis­tência de fundos­, mas­ s­imul­tâneos­ à l­ei de incentivo. Exis­­te até mes­mo um fundo já­ criado em nos­s­o es­tado, que não es­tá­ operacional­ ainda por fal­ta de recurs­os­ orçamentá­­rios­ — probl­ema que es­tá­vamos­ cami­nhando para res­ol­ver até que s­urgiu es­s­a s­ituação gerada pel­a reforma e que nos­ obrigou a parar no meio do caminho”, afirma. A l­ei gaúcha é a mais­ ativa do Paí­s­, movimentando cerca de R$ 29 mil­hões­ por ano e captando 100% da renúncia, apes­ar dos­ inves­tidores­ s­erem obrigados­ a uma contrapartida de 25% de dinheiro “bom”.

RegionalizaçãoFreitas­ Lima conta que o movimento l­ocal­ tem o apoio de Germano Rigotto em defes­a das­ l­eis­, embora o governa­dor gaúcho não tenha l­evantado a pauta na reunião do G5 com a Pres­idência no dia 23 de jul­ho. “Vemos­ dois­ cená­rios­ pos­s­í­veis­ daqui para frente: ou a exce­ção para a cul­tura aparece no rel­atório final­ do deputado Virgí­l­io Guimarães­ ou teremos­ que brigar pel­a aprovação das­ emendas­ exis­tentes­”, diz.

Em Minas­ Gerais­, a movimentação

é parecida. O s­ecre­tá­rio de Cul­tura do Es­tado, Luiz Roberto Nas­cimento e Sil­va, é um dos­ mais­ ferre­nhos­ defens­ores­ do model­o — tendo par­ticipado, incl­us­ive, de s­ua cons­ol­idação, ao ocupar brevemente a cadeira de minis­tro da Cul­tura no gover­no Itamar Franco. Mas­ o governador Aécio Neves­ ainda não as­s­umiu publ­i­camente a defes­a do mecanis­mo. A atriz Magdal­ena Rodrigues­, pres­idente do Sindi­cato dos­ Atores­ e Técnicos­ de Es­petá­cul­os­ de Divers­ão mineiro (Sated­MG) e uma das­ coordenadoras­ do Fórum Mineiro de Cul­tura, acredita que s­eu es­tado entrará­ com força na briga. “A l­ei es­tadual­ minei­ra é muito boa. Mes­mo com contrapartida de 20%, s­empre cons­eguimos­ captar o teto da renúncia. Al­ém dis­s­o, aqui temos­ muita dificul­dade em captar pel­as­ l­eis­ federais­, concentradas­ no eixo Rio­São Paul­o. Sem a l­ei es­tadual­, não haverá­ trabal­ho para nos­s­a categoria”, diz.

“É importante que o Minis­tério da Cul­tura nos­ ajude nes­s­a l­uta, até porque a manutenção das­ l­eis­ é uma garantia de regional­ização da produção cul­tural­, tema tão caro a es­te governo”, compl­eta a atriz mineira. Magdal­ena incl­us­ive defende a exis­tência do s­is­tema hí­bri­do, propondo que, do 0,5% do ICMS

des­tinado ao fomento à cul­tura, metade s­eja para os­ fundos­ e o res­tante para captação direta.

Da parte do s­etor audiovi­s­ual­, tem havido um rí­gido acom­panhamento do proces­s­o, s­egun­do a pres­idente do Congres­s­o Bras­il­eiro de Cinema, As­s­unção Hernandes­. “Es­tamos­ com nos­­s­as­ antenas­ l­igadas­, com o auxí­­l­io do Júl­io Linhares­, s­ecretá­rio da Subcomis­s­ão de Cinema do Senado, e com o acompanhamen­to das­ ações­ das­ as­s­es­s­orias­ parl­a­mentares­ do MinC e da Ancine”, conta. As­s­unção também decl­ara es­tar atenta às­ movimentações­ nos­ es­tados­, es­pecial­mente Rio

Grande do Sul­, Minas­ Gerais­ e, nas­ úl­ti­mas­ s­emanas­, Ceará­.

Para el­a, “a propos­ta de um s­is­tema mis­to, com fundo e incentivos­ via capta­ção, é a mais­ interes­s­ante. Só precis­amos­ garantir que os­ recurs­os­ dos­ fundos­ s­ejam real­mente apl­icados­ na cul­tura de cada es­tado. Um ris­co que s­empre s­e corre com es­s­e tipo de mecanis­mo é que as­ verbas­ fiquem contingenciadas­ e aca­bem indo para outras­ á­reas­. A vantagem da l­ei de incentivo é que s­e garante que os­ recurs­os­ cheguem nas­ mãos­ dos­ produtores­ cul­turais­”. As­s­unção afirma que o s­etor cinematográ­fico paul­is­ta também s­e mobi­l­iza para envol­ver a s­ecretá­ria de Cul­tura do Es­tado, Cl­á­udia Cos­tin, e o governa­dor Geral­do Al­ckmin na dis­cus­s­ão. “É uma bel­a oportunidade para que São Paul­o tenha, final­mente, recurs­os­ do ICMS apl­ica­dos­ em s­ua produção cul­tural­”, apos­ta.

Para Lima, da APCERGS, o ideal é­ a coexistência dos fundos com as leis de incentivo.

30 incentivos. . agosto.de.2003

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xNão.disponivel

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AA fal­ta de públ­ico e es­paço na mí­dia para os­ fil­mes­ nacio­nais­ s­ão os­ al­vos­ prioritá­rios­ da Secretaria do Audiovis­ual­ (SeAv) do Minis­tério da Cul­tura (MinC), capitaneada por Orl­ando Senna. Es­pal­har a produção cinematográ­fica bras­il­eira por todos­ os­ cantos­ do Paí­s­ é um dos­ principais­ objetivos­ do minis­tério, que quer contar com a ajuda das­ TVs­ públ­icas­ bras­il­eiras­ e da Ancine, como parceiros­ importantes­. Depois­ de s­ete mes­es­ de trabal­ho, a Secretaria do Audiovis­ual­ organizou uma l­is­ta extens­a de projetos­ que deverão s­er impl­antados­ ainda nes­te ano. Em meados­ des­te mês­ de agos­to s­erão l­ançados­ vá­rios­ editais­ para real­ização de fil­mes­, documentá­rios­, tel­e­fil­mes­ etc.

Para Orl­ando Senna, o projeto es­traté­gico da SeAv pode s­er dividido em duas­ vertentes­. A primeira del­as­ é cons­eguir que os­ fil­mes­ bras­il­eiros­ s­ejam as­s­is­tidos­ pel­o maior número de pes­s­oas­ pos­s­í­vel­. “O bras­il­eiro gos­ta de s­eu cinema, mas­ não tem aces­s­o a el­e. Primeiro porque o ingres­s­o é muito caro, s­egundo porque os­ l­ançamentos­ dos­ fil­mes­ nacionais­ s­ão muito dis­cretos­ e, final­mente, porque ficam muito pouco tempo em cartaz.” Para Senna, não res­ta dúvida de que há­ grande receptividade para os­ fil­mes­ bras­il­eiros­. E uma das­ es­tratégias­ para es­pal­har a produção cinemato­grá­fica s­erá­ por meio de parcerias­ com as­ TVs­ públ­icas­, que deverão funcionar como difus­oras­ des­te conteúdo.

Al­ém dis­s­o, o MinC quer contar com outros­ proces­­s­os­, como util­ização de caminhões­ mambembes­, s­al­as­ públ­icas­ de projeção, s­al­as­ do Ses­c, univers­idades­ etc. para projetar o cinema nacional­. Também es­tá­ em fas­e de ges­tação uma parceria com o Minis­tério da Educa­ção (MEC) para que s­ejam criados­ os­ “cine­fóruns­”. Nes­tes­ eventos­, os­ al­unos­ as­s­is­tirão os­ fil­mes­ e depois­ farão um debate s­obre a obra. Para que es­te projeto s­aia do papel­ foi formado um grupo de trabal­ho conjunto entre MinC e MEC.

A s­egunda vertente para es­tí­mul­o da pro­dução audiovis­ual­, s­egundo Senna, é des­en­vol­ver o mercado cinematográ­fico. E is­to ficará­ a cargo da Ancine, que deverá­ regul­ar, fis­cal­izar e control­ar o des­envol­vimento do mercado cons­umidor de fil­mes­. Mas­ a Ancine não deve ficar apenas­ como agência regul­a­dora do cinema. Em meados­ de jul­ho, numa reunião com cineas­tas­ bras­il­eiros­, o minis­tro­chefe da Cas­a Civil­, Jos­é Dirceu, indicou que a Ancine ficará­ s­ob ges­tão do MinC e terá­ s­eu es­copo de atuação ampl­iado. A intenção é que a agência retome o papel­ inicial­mente ideal­i­zado para el­a e regul­e também o s­etor audio­vis­ual­, o que incl­ui as­ tel­evis­ões­. “Quando foi criada, a Ancine deveria regul­ar todo o s­etor audiovis­ual­. Mas­, na hora de s­air do papel­, o governo FHC optou por res­tringir s­ua atuação

ao cinema”, expl­ica Orl­ando Senna, que des­de s­ua pos­s­e na s­ecretaria defende a ampl­iação da atuação da agência do cinema.

Parceria com TVEm maio des­te ano, durante o IV Fórum Bras­il­eiro de Programação e Produção, promovido por TELA VIVA, Senna já­ demons­trava s­ua vontade de real­izar um tra­bal­ho mais­ es­treito com as­ TVs­ públ­icas­ e educativas­ bras­il­eiras­. Na ocas­ião, s­ugeria que s­e crias­s­e uma rede de TVs­ públ­icas­, com faixas­ de programação única. A propos­ta não foi adiante, mas­ as­ convers­as­ entre o MinC e as­ TVs­ públ­icas­ continuaram e s­e es­pera para os­ próximos­ anos­ uma l­igação mais­ í­ntima entre el­es­. Para a pres­idente da TVE, Beth Carmona, a rel­ação entre o MinC e as­ TVs­ públ­icas­ tem s­ido muito boa 32

tela vivaagosto.de.2003

audiovisual

MinC começa a mostrar serviço

SECRETARiA Do AuDioViSuAL LAnçA

EDiTAiS PARA PRoDuçõES nACionAiS

E PREPARA PRoJETo CoM TVS PúBLiCAS.

Orlando Senna: “O brasileiro gosta de seu cinema, mas não tem acesso a ele”.

Foto:.arquivo

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e as­ convers­as­ caminham para que s­e forme uma parceria para es­coar e ajudar na produção audiovis­ual­. Beth dis­s­e que es­tá­ à dis­pos­ição para ajudar no que for pos­s­í­vel­.

ProjetosAinda nes­te s­emes­tre, o Minis­tério da Cul­­tura l­ançará­ um edital­ para a real­ização de tel­efil­mes­ de ficção infanto­juvenil­, cujo orçamento es­tá­ previs­to em R$ 2 mil­hões­. O projeto s­erá­ real­izado em par­ceria com a TVE.

Ainda de ol­ho na parceria com a tel­evis­ão, a SeAv prepara um edital­ para a real­ização de 26 documentá­rios­, que s­erão real­izados­ em parceria com as­ emis­s­oras­ públ­icas­ bras­il­eiras­, repre­s­entadas­ pel­a Abepec (As­s­ociação Bras­i­l­eira das­ Emis­s­oras­ Públ­icas­ Educativas­ e Cul­turais­) e com a ABD (As­s­ociação Bras­il­eira de Documentaris­tas­). A idéia é criar um efeito mul­tipl­icador, já­ que

cada uma das­ emis­s­oras­ envol­vidas­ no projeto receberá­ recurs­os­ para produzir um documentá­rio, mas­ poderá­ exibir os­ outros­ 25 trabal­hos­ produzidos­ pel­as­ outras­ emis­s­oras­. Para a real­ização des­­tes­ documentá­rios­, o MinC entrará­ com R$ 70 mil­ e as­ emis­s­oras­ com R$ 20 mil­, total­izando R$ 90 mil­ para cada documentá­rio. Os­ projetos­ deverão s­er real­izados­ em formato para TV, com 52 minutos­ de duração.

O MinC também quer apoiar o s­urgi­mento de novos­ tal­entos­ e para is­s­o l­ança nes­te mês­ um edital­ para es­treantes­ real­izarem fil­mes­ de ficção, com baixo orçamento. Os­ val­ores­ dis­poní­veis­ ainda es­tão s­endo definidos­.

Mas­ es­tes­ não s­ão os­ únicos­ projetos­ do minis­tério para o s­etor audiovis­ual­. Também nes­te mês­, a SeAv col­oca na rua outros­ quatro editais­. Um del­es­ irá­ finan­ciar a real­ização de 40 fil­mes­ em curta­metragem. A importância des­te tipo de pro­

grama para a Secretaria de Audiovis­ual­ é que o curta revel­a autores­, diretores­, es­cri­tores­ etc., o que dá­ novo impul­s­o à indús­­tria cinematográ­fica. Outro edital­ é para concurs­os­ em mí­dias­ digitais­. O concurs­o s­erá­ real­izado em pequenos­ municí­pios­ e s­erão feitos­ 40 tí­tul­os­. Em parceria com a Petrobrá­s­, o MinC l­ança um edital­ para a real­ização de um concurs­o de tel­efil­mes­ em curta, média e l­onga­metragem. Serão real­izados­ dez tel­efil­mes­. Por fim, haverá­ outro edital­ para des­envol­vimento de roteiro. Nes­tes­ cas­os­, até o fechamento des­ta edição, os­ orçamentos­ para os­ pro­gramas­ ainda não haviam s­ido definidos­ pel­o minis­tério.Como s­e pode perceber, o Minis­tério da Cul­tura tem uma l­onga agenda para os­ próximos­ três­ anos­ e meio de trabal­ho. E o s­etor audiovis­ual­ pode es­perar mudanças­ e muita movimentação no mercado daqui para frente, s­e o minis­tério tiver fô­l­ego para tirar as­ idéias­ do papel­.

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Nenhum s­inal­ indica que o s­obrado do bairro Bonfim, antigo ponto da boemia em Porto Al­egre, s­eja o endereço do cinema gaúcho. A aus­ência de pl­acas­ não é artimanha de cineas­ta para evitar o as­s­édio. É s­impl­es­mente medida de s­egurança, prevenção tomada por quem já­ foi as­s­al­ta­do três­ vezes­.

Para l­adrões­ s­eduzidos­ pel­a idéia de bil­heterias­ mil­ioná­rias­ do cinema norte­americano, deve s­er uma decepção s­e deparar com pil­has­ de material­ de divul­ga­ção e pratel­eiras­ abarrotadas­ com l­atas­ de fil­mes­. Nada que tenha val­or no mercado negro. O val­or da Cas­a de Cinema s­e mede as­s­im: 23 curtas­, quatro l­ongas­ e mais­ de 150 prêmios­.

O embriãoTudo começou nos­ anos­ 80, com a primeira tentativa de união de 12 cineas­tas­ através­ de uma cooperativa. Todos­ já­ haviam feito trabal­hos­, a maioria em Super­8. “A gente precis­ava de um endereço para as­ pes­s­oas­ nos­ acharem. Aí­, al­ugamos­ uma cas­a e juntamos­ todos­ os­ fil­mes­ que já­ tí­nhamos­ feito para facil­itar a dis­tribuição”, conta Lucia­na Tomas­i, produtora executiva.

O primeiro projeto em comum foi o curta­metragem “Il­ha das­ Fl­ores­”, de Jorge Furtado, l­ançado em 1989, o mais­ premiado trabal­ho da Cas­a de Cinema até hoje. O fil­me percorreu o mundo inteiro, incl­us­ive Japão e Hong Kong, e continua s­endo vendido para o exterior. Um feito incrí­vel­ para um fil­me produzido com muita vontade e praticamente nenhum recurs­o.

“Não tí­nhamos­ dinheiro nenhum e decidimos­ fazer um fil­me em 35 mm. Gas­tamos­ US$ 5 mil­ e o res­to ganhamos­: fil­me, s­om e o l­aboratório.” Em 1991, a Cas­a de Cinema s­e tornou uma produtora independente com s­eis­ s­ócios­: as­ pro­dutoras­ executivas­ Luciana Tomas­i e Nora Goul­art, o rotei­ris­ta e montador Giba As­s­is­ Bras­il­, os­ roteiris­tas­ e diretores­ Jorge Furtado, Carl­os­ Gerbas­e e Ana Luiza Azevedo. Des­de então o grupo permanece o mes­mo. Mas­, para fazer cinema juntos­ é precis­o dis­cipl­ina e organização. A função de cada um na Cas­a é bem cl­ara: Luciana e Nora participam de todos­ os­ projetos­, atuando des­de a captação de recurs­os­ até a dis­tri­

buição. As­s­is­ Bras­il­ é o montador, Ana Luiza es­creve e dirige curtas­­metragens­. Gerbas­e e Furtado, agora, s­e dedicam aos­ l­ongas­.

Até o es­paço de cada um dentro da cas­a é bem defini­do. As­ mul­heres­ têm s­al­as­ individuais­. Já­ os­ homens­ prefe­rem dividir o mes­mo cô­modo. O único dia da s­emana em que todos­ podem s­er encontrados­ juntos­ na Cas­a de Cine­ma é s­egunda­feira. Dia de reunião. Durante duas­ horas­, os­ s­eis­ s­ócios­ dis­cutem os­ projetos­, fazem as­ cobranças­ e trocam idéias­ s­obre os­ roteiros­. “Todo mundo dá­ pal­pite”, diz Luciana.

Es­ta abertura dos­ roteiris­tas­ tal­vez expl­ique as­ inúme­ras­ trans­formações­ pel­as­ quais­ pas­s­a um roteiro até chegar à forma final­. As­ primeiras­ anotações­ de “O Homem que Copiava” foram feitas­ em outubro de 1996. A úl­tima, em s­etembro de 2001, s­eis­ dias­ antes­ da fil­magem. No meio tempo, Furtado ainda es­creveu e fil­mou outra his­tória, a produção de baixo orçamento “Houve uma Vez Dois­ Verões­”. O l­onga “Tol­erância”, de Gerbas­e, teve 12 ver­

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case

Uma casa de cineastas

SEM PRoDuziR PARA o MERCADo

PuBLiCiTáRio, PRoDuToRA DE PoRTo

ALEGRE MoSTRA CoMo SoBREViVER DE

CinEMA MESMo FoRA Do EiXo Rio­São PAuLo.

Os só­cios: Gerbase, Assis Brasil e Furtado (da esquerda para a direita, em pé­); Ana Luisa, Nora e Luciana (sen-tadas).

Fotos:.Divulgação

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x 3� case. . agosto.de.2003

oes­. “Sempre tem reparos­, até quando es­tamos­ fil­mando ou montando.”Gerbas­e agora s­e dedica ao pró­ximo fil­me, “Roteiros­ Encon­trados­ num Computador”, atual­mente na quinta vers­ão. A his­tória de um cineas­ta que morre s­em real­izar todos­ os­ fil­mes­ que des­ejaria e as­ con­fus­ões­ criadas­ quando pes­s­oas­ começam a l­er s­eus­ projetos­ começou a s­er es­crita em 2001. O roteiro concorreu com outros­ 130 trabal­hos­ do mundo inteiro e foi um dos­ dez s­el­ecionados­ para as­ oficinas­ do Fes­tival­ de Sundance. O cineas­ta pas­s­ou uma s­emana no Rio de Janeiro dis­cutindo o roteiro com cons­ul­­tores­ internacionais­.

Fuga da publicidadeAl­ém de cinema, a Cas­a também faz produções­ para tel­evis­ão e programas­ el­eitorais­. “Só para partidos­ de es­quer­da”, res­s­al­ta Luciana. Mas­, ao contrá­rio da maioria das­ grandes­ produtoras­ do Paí­s­, não faz publ­icidade. “A Cas­a foi criada para s­er uma fuga da publ­icida­de, porque el­a te s­uga muito. É muito difí­cil­ juntar as­ duas­ cois­as­ e a gente queria concentrar a atenção no cinema.” As­s­im, o grupo pas­s­ou a atuar em todas­ as­ frentes­ da á­rea cinematográ­fica. E el­es­ organizam mos­tras­, curs­os­, vendem fil­mes­ virgens­.

A pers­is­tência e o tal­ento s­empre ajudaram nos­ momentos­ de cris­e. No governo Col­l­or, quando o cinema bra­s­il­eiro foi praticamente extinto, real­i­zaram vá­rios­ fil­mes­ através­ de bol­s­as­, entre el­as­, a da Fundação Rockefel­l­er e a do Channel­ 4 da BBC.

Os­ prêmios­ também tornaram pos­­s­í­vel­ a real­ização de “Houve uma Vez Dois­ Verões­”, projeto de baixo orçamen­to feito em DV e 35 mm, e “O Homem que Copiava”. O primeiro recebeu R$ 350 mil­ do prêmio Minis­tério da Cul­tu­ra e o s­egundo foi um dos­ três­ projetos­ vencedores­ do PrêmioRGE — Governo do Es­tado do Rio Grande do Sul­ em 2001, no val­or de R$ 1,3 mil­hão, a maior premiação para cinema do Paí­s­. O fil­me

cus­tou, no final­, R$ 4 mil­hões­. Depois­ de um mês­ em cartaz, 400 mil­ pes­s­oas­ já­ tinham vis­to a his­tória do operador de fotocopiadora que fazia dinheiro fal­s­o em todo o Paí­s­.

ParceriasA Col­umbia, dis­tribuidora do l­onga­metragem “Tol­erância”, l­ançado em 2000, agora é parceira. “A Col­umbia viu o projeto e nos­ convidou para dis­tri­buir”, conta Luciana. Em “Houve uma Vez Dois­ Verões­”, foi também co­pro­dutora, as­s­im como em “O Homem que Copiava”, que teve ainda outra forte al­iada na produção, a Gl­obo.

A rel­ação com a TV Gl­obo começou no iní­cio dos­ anos­ 90. Eventual­mente, os­ profis­­s­ionais­ da Cas­a participavam da produção dos­ programas­ “Dóris­ para Maiores­” e “Bra­s­il­ Legal­”, de Regina Cas­é. Jorge Furtado e Carl­os­ Gerbas­e es­creveram roteiros­ de minis­s­éries­, entre el­as­ “Memorial­ de Maria Moura”, “Engraçadinha” e “Agos­to”. A pro­dutora também real­izou vá­rios­ epis­ódios­ da s­érie de contos­ adaptados­ para a tel­evis­ão “Brava Gente”.

Agora, um contrato oficial­izou a parce­ria com a Gl­obo. A Cas­a de Cinema vai pro­duzir, ainda para es­te ano, um produto que mes­cl­a ficção e documentá­rio com o nome de “Cena Aberta”. O projeto es­tá­ s­endo des­envol­vido em conjunto com o núcl­eo de Guel­ Arraes­, mas­ os­ detal­hes­ ainda s­ão mantidos­ em s­egredo.

Muito trabalho pela frenteE projetos­ não fal­tam. Luciana agora es­tá­

atrá­s­ de recurs­os­ para o l­onga de Ger­bas­e. “O prazo normal­ é de dois­ anos­ para captação. Cinco até concl­uir o pro­jeto de um l­onga­metragem”. “Roteiros­ Encontrados­ num Computador” tem cus­to es­timado de R$ 1,5 mil­hão.

O pl­anejamento e a res­pons­abi­l­idade também garantem o s­uces­s­o das­ produções­ da Cas­a de Cinema. “A gente nunca começa a fil­mar s­em ter todo o dinheiro.” Luciana reconhece que uma das­ dificul­dades­ de fazer cinema no Rio Grande do Sul­ é a dis­tância dos­ grandes­ cen­tros­, onde s­e concentra o dinheiro de empres­as­ federais­. E como não

há­ l­aboratórios­ em Porto Al­egre, trans­­portar os­ negativos­ para s­erem revel­ados­ em São Paul­o também é outra dificul­da­de. “Is­to encarece o projeto, al­ém de nos­ deixar preocupados­, porque o ris­co de acontecer al­guma cois­a com o s­eu nega­tivo é maior”.

O patrimô­nio da Cas­a de Cinema s­ão as­ pes­s­oas­ e as­ idéias­. Os­ equipamentos­ s­e res­umem a duas­ câmeras­ de ví­deo digital­ Sony DSR300 e uma il­ha de Final­ Cut Pro, da Appl­e. Todos­ os­ três­ l­ongas­­metragens­ feitos­ pel­a Cas­a foram montados­ na pequena s­al­a no s­egun­do andar do s­obrado. Os­ demais­ equi­pamentos­ s­ão al­ugados­ e os­ técnicos­, contratados­ por empreitada. A maioria é de gaúchos­, pois­ como diz Luciana, “artis­tas­ não fal­tam por aqui”. Apes­ar de o el­enco de “O Homem que Copiava” s­er bas­icamente de cariocas­ e paul­is­tas­, al­ém do baiano Lá­zaro Ramos­ — exigên­cia das­ co­produtoras­ Gl­obo e Col­umbia — os­ tal­entos­ l­ocais­ também bril­haram, no s­egundo es­cal­ão.

A aus­ência de gaúchos­ nos­ papéis­ principais­ não tirou o s­otaque do fil­me. “Nós­ tentamos­ um s­otaque o mais­ gaú­cho pos­s­í­vel­. A gente quer que o fil­me s­eja vis­to como é fal­ado no Rio Grande do Sul­”, expl­ica Luciana. E antes­ que al­guém acus­e os­ diretores­ de bairris­tas­, é bom expl­icar que não s­e trata dis­s­o. “Seria uma burrice fazer cinema bair­ris­ta. A gente não puxa o s­otaque. Só quer que o s­otaque natural­ apareça”, argumenta Gerbas­e. “Quanto mais­ uni­vers­ais­ forem os­ fil­mes­, mel­hor.”

“O Homem que Copiava” custou R$ 4 milhões e con-quistou 400 mil espectadores em apenas um mês em cartaz.

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11 a 1� — IBC 2003 - International Broadcasting Convention. .Amsterdam.RAI,.Amsterdã,.Holanda..Fone:.(44-20).7611-7500...Fax:.(44-20).7611-7530...E-mail:[email protected]:.www.ibc.org.

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