revista tela viva 150 - junho 2005

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ENTREVISTA Como José Moniz, da TVI, bateu as novelas globais em Portugal MERCADO A busca de espaço das produtoras independentes televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 14_#150_junho2005 DESAFIOS À FRENTE Emissoras debatem como enfrentar os obstáculos da convergência VI FÓRUM BRASIL DE PROGRAMAÇÃO E PRODUÇÃO VI FÓRUM BRASIL DE PROGRAMAÇÃO E PRODUÇÃO

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Revista Tela Viva 150 - junho 2005

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Page 1: Revista Tela Viva 150 - junho 2005

entrevistaComo José Moniz, da tvi, bateu as novelas globais em Portugal

MerCaDOa busca de espaço das produtoras independentes

televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 14_#150_junho2005

DesafiOs à frenteEmissoras debatem como enfrentar os obstáculos da convergência

vi fóruM Brasil De PrOgraMaçãO e PrODuçãOvi fóruM Brasil De PrOgraMaçãO e PrODuçãO

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T e l a V i V a • j u n 2 0 0 5 • �

(editorial)

Rubens GlasbergAndré MermelsteinSamuel PossebonManoel FernandezOtavio JardanovskiGislaine GasparVilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (Assistente Financeiro)

Sandra Regina da Silva

Fernando Lauterjung

Lizandra de Almeida (Colaboradora)

Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal)

Carlos Edmur Cason (Edição de Arte)Rubens Jardim (Produção Gráfica)Geraldo José Nogueira (Editoração Eletrô­nica)

Almir Lopes (Gerente), Ivaneti Longo (Assistente)

Marcelo Pressi

0800 145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

[email protected]

(11) [email protected]

(11) [email protected]

Ipsis Gráfica e Editora S.A.

Diretor e editorDiretor editorialDiretor editorial

Diretor ComercialDiretor financeiro

gerente de Marketing e Circulação administração

editora de Projetos especiais

editor tela viva news

redação

sucursal Brasília

arte

Departamento Comercial

Webmaster

Central de assinaturas

internete-mail

redaçãoe-mail

Publicidadee-mail

impressão

O tema do conteúdo nacional vem sendo foco de manifestações desde o ano passado, e ecoou em alguns eventos recentes, com diferentes significados.

No início de junho, como mostra matéria nesta edição, o Brasil ganhou um braço do movimento Coalizão pela Diversidade Cultural, presente em 25 países e que une os mercados audiovisual, fonográfico e editorial. O objetivo é ratificar uma convenção internacional que exclui os chamados bens culturais das negociações internacionais de mercadorias em geral. Ou, nas entrelinhas, protege (“fecha”, para os neoliberais) os mercados nacionais da voracidade da indústria do entretenimento norte-americana.Outro movimento, com discurso semelhante mas intenções um tanto diferentes, vem dos radiodifusores, como se viu no VI Fórum Brasil de Programação e Produção, promovido por TELA VIVA no início de junho em São Paulo, quando, em uma rara ocasião, os principais executivos das maiores redes sentaram-se juntos para discutir o tema. O inimigo neste caso são as empresas de telecomunicações, com poder econô­mico infinitamente maior que o das televisões, e que estão vendo suas receitas com os serviços tradicionais de voz diminuírem ano após ano. Finalmente, como também foi manifestado no Fórum, há a intenção do governo de ressuscitar a Lei de Comunicação Eletrô­nica, que em tese traria maior equilíbrio nas relações entre os diferentes elos da cadeia de produção e distribuição de conteúdos. Resta saber se agora, com toda a crise política detonada pelo deputado Roberto Jefferson, e com um ano eleitoral à frente, o governo vai mexer nesse vespeiro.Em resumo, quando se fala em proteção de conteúdo, deve-se tomar cuidado. Dependendo de quem fala, o discurso pode ser muito diferente. Há que se identificar quem quer realmente discutir o tema, ou quem, como o personagem de Lampedusa, acha que tudo deve mudar para continuar exatamente como sempre foi.

Com essa edição completamos 150 números de TELA VIVA, e a comemoração tem um sabor especial: no último dia 9 de junho fomos agraciados com o Ouro no Prêmio Anatec de Mídia Segmentada, categoria Projeto Gráfico. A revista Pay-TV, também editada pela Glasberg, levou o Bronze na mesma categoria. É um reconhecimento do trabalho de uma equipe que acredita e gosta do que faz.

por André Mermelsteina n d r e @ t e l a v i v a . c o m . b r

Olho no conteúdo

tela viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - Rua Sergipe, 401, Conj. 605,

CEP 01243-001. Telefone: (11) 2123-2600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP.

sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903.

Fone/Fax: (61) 327-3755 Brasília, DFJornalista responsável Rubens Glasberg (MT 8.965)

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista,

sem autorização da Glasberg A.C.R. S/AOs artigos da Broadcast engineering®

(www.broadcastengineering.com), da Millimeter® (www.millimeter.com) e da video systems®

(www.videosystems.com) são republicados sob licença da Primedia Business Magazines & Media Inc.

Todos os direitos são reservados pela Primedia Inc.

ilustraçãO De CaPa: RICARDO BARDHAL

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ano 14 _150_ mai/05

scanner 6figuras 14mercado 20Independentes em busca de espaço

entrevista 22Como Moniz reergueu a TVI em Portugal

artigo 28Mudanças na TV, por Adilson Pontes Malta

produção 32O reality italiano da Endemol no Brasil

making of 34case 36Twister faz seu primeiro longa de animação

política 38Brasil ganha Coalizão para a Diversidade Cultural

equipamentos 40Avaliação da câmera HDV da Sony

upgrade 44agenda 46

(índice)

telavivanewswww.telaviva.com.br

acompanhe as notícias mais recentes do mercado

Desafio digital 16Broadcast se defende das ameaças da convergência

tela viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo.Envie suas críticas, comentários e sugestões para [email protected].

Parabéns pela boa matéria sobre as iniciativas das universidades na montagem de estruturas de rádio e TV. A visibilidade que ela permite à TV universitária é muito importante para nós. Fico às ordens para o que for preciso na nossa área.

gabriel Priolli, tv PuC

Se a gente reclama quando a coisa é ruim, temos que ter a mesma postura ao elogiar o que é bom, não é verdade? Portanto, eu jamais poderia deixar passar em branco a oportunidade de parabenizá-los pela competência com a qual vocês organizaram o VI Fórum Brasil de Programação e Produção. Somente com muita credibilidade (eu sei como é difícil conquistar o nosso espaço, pois editei uma revista por seis anos) se consegue reunir, de uma só vez, pessoas com o gabarito como o daquelas que ali estavam. Parabéns mesmo! Vocês merecem!

Daniele Monteiro, jornalista e apresentadora

Somente esta semana tive oportunidade de ver a revista e fui surpreendido com a capa (“Fronteiras expandidas”, maio 2005) - uma surpresa muito agradável, for sure!Do início ao fim, os pontos colocados e mencionados relatam bem nosso mercado para este tipo de produto. Acredito também que as produtoras rela-cionadas representam bem nosso mercado, que hoje representa uma grande parte da produção de filmes publicitários na cidade do Rio de Janeiro.

alex Mehedff, Jodaf Mixer

(cartas)

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Centrum voltaO multivitamínico Centrum marcou

neste mês sua volta à mídia televisiva, em campanha dirigida por Georgia

Guerra-Peixe, da Made to Create. O comercial mostra a busca

do homem urbano por sua “25ª hora”.

A Made utilizou 13 locações em vários pontos de São Paulo, uma equipe de 50 técnicos e cerca de

70 atores e figurantes. Intitulado “Ato de

Consciência” e com versões de 30” e 15” o filme teve veiculação nacional. A criação foi de Lusa Silvestre e Romolo Megda, da McCann-Erickson, para o cliente Wyeth-Whitehall.

Casa do BaúO Baú da Felicidade está com

campanha nova (apenas no sBt e afiliadas) para anunciar a promoção nacional “Festival da Casa Própria”. A proposta do comercial é desta-

car aos consumidores do Carnê de Mercadorias a facilidade com que

podem adquirir o produto, por meio de diferentes e práticos canais de venda presentes em todo o país.

Para isso, os filmes de 15” e 30” con-taram com mais de 80 figurantes

na produção. O clima descontraído do comercial se completa com um jingle e com um slogan que chama a atenção do público com a men-sagem: “Todo domingo, o Baú dá casa!”. A criação é de Christiane

Santana, com direção de criação de Wlademir Flor e direção dos filmes

de Hélio D’Andréa.

secretário na tv CulturaO Secretário de Educação do Estado de São Paulo, gabriel Chalita, estreou na

TV Cultura no comando do “Arena de Idéias”. O programa é gravado e tem como convidados fixos os escritores Ruth Rocha e Rubem Alves. A cada semana haverá, ainda, um convidado para discutir temas como educação à distância, esportes, arte-educação, meio ambiente, ética, saúde, trabalho e consumo.

técnica hollywoodiana

A RPM Produtora trouxe para o Brasil o Motion Capture, equipamento que capta movimentos em tempo real, através de processos ópticos, para serem aplicados em personagens animados. A tecnologia foi usada para ajudar a criar filmes como “Matrix”, “O Expresso Polar”, “Pelé Eterno” entre vários outros. Sua aplicação vai desde filmes publicitários e cinematográficos até games de última geração.

A produtora investiu R$ 1 milhão na aquisição do equipamento e pretende montar um birô­ de serviços para produ-toras de filmes e games e agências de publicidade no Brasil e no exterior. Se-gundo a RPM, o Brasil será o 3º país fora dos EuA a possuir um birô­ de Motion Capture. Hoje só Canadá e Taiwan pos-suem empresas com serviços similares.

reestruturação da anatelO conselho diretor da Anatel aprovou os nomes que ocuparão as dez superin-

tendências que serão criadas com a reestruturação da agência. Apenas dois superin-tendentes atuais foram aproveitados, e apenas um gerente foi promovido. A grande surpresa foi a exclusão do nome de Jarbas Valente, superintendente de serviços privados e um dos funcionários da Anatel mais cotados para assumir uma das novas posições. Ao que tudo indica, o conselheiro José Leite não conseguiu implementar seu projeto de colocar nomes experientes do próprio quadro da Anatel. Muitos dos nomes escolhidos pelo conselho são de fora ou, se já estão na agência, não têm fun-ções gerenciais. Assumem as superintendências os seguintes nomes:

• gestão do Modelo regulatório - Milton Almeida Canabrava• gestão econômica da Prestação - Ivo da Costa Prado• licitação, Habilitação e licenciamento - Dirceu Baraviera• Controle de Obrigações - Luiz Antô­nio Vale Moura• relações com Prestadoras - Amâncio Fernandes Pulcherio• gestão interna - Marcelo Andrade Pimenta• administrativo-financeira - Hamilton Alvadia• Defesa dos Direitos dos usuários - Nilberto Diniz Miranda• recursos escassos - Marcos Bafutto• fiscalização - Ara Apkar Minassian

CheinhaA animadora britânica Joanna

Quinn é a responsável pela logomarca do 13º anima Mundi, festival interna-cional de cinema de animação, que acontece este ano de 8 a 17 de julho no Rio e de 20 a 24 de julho em São Paulo. A gordinha que ilustra todo o material do festival é a simpática Beryl, personagem do primeiro filme de Quinn. Mais informações sobre o festival estão disponíveis no site www.animamundi.com.br.

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COnteúDO aMBiental

O DOCuMENTáRIO DE MÉDIA-METRA-GEM “A MORTE LENTA PELO AMIANTO”

(“ASBESTOS, A SLOW DEATH”), DA CINEAS-TA FRANCESA SyLVIE DELEuLE, LEVOu

O TROFÉu CORA CORALINA DE MELHOR FILME DO VII FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA E VíDEO AMBIENTAL, QuE

TERMINOu DIA 5 DE JuNHO EM GOIáS. O DOCuMENTáRIO TRAçA uM HISTóRICO

DA LuTA CONTRA A uTILIZAçãO DO MIN-ERAL CANCERíGENO EM VáRIOS PAíSES,

INCLuINDO O BRASIL.“A MORTE LENTA PELO AMIANTO”

RECEBEu uM PRêMIO DE R$ 50 MIL E FOI uM DOS 835 FILMES INSCRITOS NO FESTI-VAL INTERNACIONAL DE CINEMA E VíDEO

AMBIENTAL. DESSE TOTAL, 31 FORAM SELECIONADOS PARA A MOSTRA E 11

FORAM OS FINALISTAS.O FILME FOI APRESENTADO EM MEIO

A FORTES PRESSõES CONTRáRIAS VINDAS DO LOBBy DO AMIANTO, REPRESENTADO

PELO DEPuTADO FEDERAL RONALDO CAIADO (PFL-GO). NO DOCuMENTáRIO DE SyLVIE DELEuE, CAIADO RECONHECE TER RECEBIDO DINHEIRO DA INDúSTRIA PARA

SuA CAMPANHA ELEITORAL.

Metrópole global Para recriar a cidade chinesa de

Xangai, cenário do novo comercial do HSBC, a Cine utilizou o centro de São Paulo como locação, mais exatamente o Largo do Café. O desafio foi produzir o clima da cidade oriental no filme, que possui em sua arquitetura os esti-los clássico e moderno. Para dar mais realismo ao ambiente, foram afixados cartazes, banners e painéis com moti-vos chineses. Em outra parte, a tecno-logia 3D foi utilizada para dar veracid-ade às cenas. Para isso foi necessário um longo trabalho de pesquisa e de direção de arte, além de vários atores de origem chinesa.

No filme, intitulado “Ensaio — pode entrar que o mundo é seu”, uma mulher está em seu quarto se prepa-rando para viajar. Ela ensaia uma frase aparentemente estranha em frente ao espelho: “Tchim wan Premier jung xim dzai na er?”. Em seguida, aparece no centro de Xangai, dirige-se a uma banca de jornal e repete a frase em mandarim, que sig-nifica “Onde fica a agência Premier”. um homem aponta para o HSBC. As imagens digitais foram produzidas pela Digital 21 e a criação é da JWT.

traquitana nacional Para divulgar que está acabando

com sua taxa de cartão de crédito, a Caixa resolveu criar um bicho papão que come tarifas. Para filmar o mon-stro, o diretor luiz ferré, da produtora Cine, teve que construir um boneco com mais de dois metros de altura, todo guiado por controle remoto. Só a cabeça pesa 8 kg. O problema foi na hora de cobri-lo com uma plumagem. Para tal façanha, o diretor precisou de 360 perucas, todas importadas da Coréia, feitas de um fio especial que não traz nenhuma interferência nas ondas na hora de manipulá-lo. Mesmo com as perucas importadas, o boneco custou 50% mais barato do que se fosse feito por uma produtora de efei-tos especiais em Los Angeles.

reserva CulturalA Avenida Paulista, centro financeiro de São Paulo, ganhou com novo complexo de cinemas de

quatro salas, no prédio da Fundação Cásper Líbero. Trata-se do Reserva Cultural, do empresário francês Jean-Thomas Bernardini (foto), que também preside a distribuidora imovision. O novo complexo terá projeções em película e digitais, estas realizadas em parceria com a Rain Network Cinema Digital, que amplia assim sua rede para 87 salas em todo Brasil.O complexo com capacidade para 600 pessoas terá ainda a Boulangerie Pain de France, que servirá refeições rápidas com um toque francês; o Deck-café com vista para a mais paulistana das avenidas e computadores com acesso à web; uma sala VIP para comportar as equipes de filmes que estejam sendo exibidos em pré-estréia e convidados da casa; um espaço cultural, com livros, revistas, CDs, venda de DVDs, entre outros; e lobby multimídia, com monitores de plasma e projetor de alta definição que exibirão entrevistas, trailers de filmes, imagens de making of e outras novidades do mundo do cinema.

Consulta onlineA ancine adotou um novo sistema de consulta, que está disponível em seu

site. Trata-se de uma ferramenta de consulta a obras por número de referência, que permitirá que as emissoras de televisão, assim como veiculadores de quais-quer outros mercados, possam verificar previamente se o número de referên-cia informado pertence realmente àquela obra, e é referente àquele mercado, eliminando a possibilidade de virem a ser chamados ao eventual pagamento do tributo em regime de solidariedade.

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Movimentos desordenadosA O2 filmes assina o documentário “Ginga”, co-produ-

zido com a Nike e a Wieden + Kennedy Entertainment. O filme conta com os jogadores Robinho, do Santos, e Falcão, da Seleção Brasileira de Futsal, e mais cinco personagens/jogadores em seis cidades mostrando a marca registrada do brasileiro nos campos de futebol. Ginga, segundo o dicionário Koogan Larousse, são movimentos contorcidos e meio desor-denados, típicos dos malandros; ação. Em campo, é a marca do futebol brasileiro. Mostrar isso em imagens foi o desafio proposto pela Nike e pela Wieden + Kennedy Entertainment.

O documentário é uma das ferramentas que integra o programa da empresa de material esportivo na apresentação mundial do conceito de mesmo nome. O lançamento da marca e toda a base e estratégia conceituais foram desen-volvidas pela Wieden + Kennedy Entertainment.

Na fase anterior à execução, foi feita uma pesquisa, que durou seis meses, para responder à pergunta feita pela Nike à O2 Filmes: Por que os brasileiros são os melhores joga-dores de futebol do mundo? Durante essa fase, a equipe estudou e analisou jovens jogadores em 12 cidades nos es-tados do Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas, Bahia e Santa Catarina. O filme levou sete meses para ser concluído e tem duração de cerca de uma hora. Para conseguir abordagens distintas e variadas no documentário, sem fugir à unicidade natural conferida pelo roteiro, a O2 Filmes optou por escalar três diretores: Hank levine, Marcelo Machado e tocha alves.

Na realização do documentário, foram usados equipa-mentos simples e leves, assim como equipes reduzidas que permitissem a abordagem do tema de forma mais direta. Nas filmagens, foram utilizadas duas câmeras Panasonic 24P e uma 16 mm Bolex. A montagem foi feita com o Final Cut.

“Ginga” ainda não tem data marcada para ser exibido comercialmente, mas a O2 deverá vendê-lo ao mercado inter-nacional. Os direitos de exibição do filme serão comercializa-dos junto a distribuidoras estrangeiras que se encarregarão de negociar sua veiculação em emissoras de televisão assim como sua venda em DVD.

reality esportivoProjeto da Nike em parceria com a Band, o reality show

“Joga 10” vai oferecer ao vencedor um estágio de 15 dias na categoria sub-15 de um clube patrocinado pela Nike do Brasil, além de um ano de material esportivo fornecido pela multinacional. O processo de seleção começou em abril, quando Zagallo anunciou em rede nacional pela Band que procurava um legítimo camisa 10. Em poucos dias, cerca de 40 mil adolescentes de todo o Brasil tenta-ram se inscrever para o reality. No entanto, apenas cerca de 4 mil preenchiam os requisitos básicos para seguir adi-ante e participar da pré-seleção realizada no Parque São Jorge, em São Paulo. O reality show “Joga 10” é produzido pela rgB.

Cabra-Cega no papelFoi lançado, pela Coleção Aplauso, da Imprensa

Oficial, o livro “Cabra-Cega: o caminho do filme”. O livro oferece aos aficionados pela sétima arte uma ferramenta de pesquisa e aprendizado, analisando todo o processo de produção do longa “Cabra-Cega”, desde o roteiro de Di Moretti até uma análise cena a cena de toni venturi e ricardo Kauffman.

uma década conectadaEm 31 de maio de 1995 foi criado o CGI (Comitê Gestor

da Internet) e editada a Norma 04, que regulamentava o mercado e abria para a iniciativa privada o provimento de acesso à Internet. Era o que faltava para o número de domínios registrados no Brasil saltar de sete para 800 mil e posicionar o país hoje como um dos líderes mundiais na rede. Toda essa história está registrada em um documen-tário produzido pela Canvas 24p para o CGI.br. O filme entrevista verdadeiras lendas da internet brasileira, como o pesquisador Demi Getschko (fez na Fapesp a primeira conexão do Brasil com os EuA, em 1988) e Antô­nio Tava-res (fundou a BBS Dialdata e mais tarde tornou-se um dos primeiros provedores de acesso no país). O filme tem a direção de Wiland Pinsdorf, fotografia de Eduardo Ruiz e produção-executiva de Simone Esser.

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investimento em digitalizaçãoA TV1 Vídeo, unidade de negócios da tv1 Comunicação

e Marketing, realizou uma série de investimentos em tecnologia com a compra de novos equipamentos de edição, pós-produção e finalização. uma das principais novidades é a integração digital de todas os recursos de pós-produção, o que inclui as quatro ilhas de edição Avid, a sonorização e a finalização. A TV1 Vídeo ligou todo o cabeamento de áudio e vídeo a uma matriz digital. A copiagem também passa a ser totalmente digital. Além disso, uma nova sonorização com sistema Pro-Tools foi criada, o que dobra a capacidade produtiva, gera maior rapidez e responde com qualidade à demanda das ilhas de edição. Foram montadas também duas novas ilhas de edição, para ampliar a capacidade em autoração de DVD e digitalização de vídeo. uma das seis ilhas de edição foi ampliada para receber os clientes com mais conforto durante o acompanhamento do desenvolvimento dos projetos.

nOvOs MerCaDOsA APRO E A APEX-BRASIL

(AGêNCIA DE PROMOçãO DE EXPORTAçõES DE INVESTIMENTOS) ASSINARAM EM JuNHO uM ACORDO QuE VISA AMPLIAR A VENDA DE SERBIçOS DE PRODuçãO NO MERCADO INTERNACIONAL. SEGuNDO A PRESIDENTE DA APRO, LEyLA FERNANDES (FOTO), O PROJETO LEVARá AS PRODuTORAS PARA FEIRAS INTERNACIONAIS, SEMPRE TRABALHANDO A MARCA FILM BRAZIL. PARA ISSO, SERãO INVESTIDOS POuCO MAIS DE R$ 2 MILHõES, SENDO QuE A APEX É RESPONSáVEL POR 50%. AS METAS DO PROJETO, QuE TERá AINDA uM PROGRAMA DE FORMAçãO, SãO ELEVAR O FATuRAMENTO DAS EMPRESAS ASSOCIADAS PARA us$ 12 MilHões EM uM ANO E AuMENTAR O NúMERO DE EMPREGOS NO SETOR EM 10%.

Faturamento globalA Globo divulgou, no começo de junho, seus

resultados referentes ao primeiro trimestre do ano. O grupo faturou, como um todo, R$ 1,315 bilhão no

período de janeiro a março, o que significa 6,5% a mais em relação ao mesmo período de 2004. O resultado final líquido positivo foi de R$ 457,5 milhões, principalmente graças aos ganhos financeiros decorrentes da venda e das mudanças de participação na Net Serviços.

A TV Globo (que envolve Globo.com) teve receita líquida de R$ 842,8 milhões no trimestre, o que representa um aumento de 14,9% em relação ao mesmo período de 2004. As vendas totais de publicidade foram de R$ 1,029 bilhão, contra R$ 882 milhões no mesmo período de 2004. Os custos operacionais e despesas foram de R$ 597,8 milhões (aumento de 12,7%), dos quais R$ 436,17 milhões foram com engenharia, produção, jornalismo e direitos. O EBITDA foi de R$ 136 milhões no primeiro trimestre. Vale notar que a TV Globo tem compromissos assumidos de pagamentos de direitos esportivos no valor de R$ 1,3 bilhão, com vigência até 2014. Este ano, a empresa já realizou vendas referentes a estes direitos no total de R$ 300 milhões. O lucro da TV no primeiro trimestre foi de R$ 83 milhões.

Em termos de audiência média, a TV Globo registrou no primeiro trimestre 53%, contra 57% no último trimestre de 2004. A variação, diz a Globo, é sazonal e está compatível com outros anos. No prime time, a audiência média foi de 60%, contra 63% no final do ano passado. Considerados os últimos 12 meses, a audiência média da Globo é de 55% e no horário nobre é de 62%.

reestruturação corporativaO grupo Globo anunciou, também no início de junho,

sua nova estrutura corporativa. A holding Globopar deixa de existir como uma empresa autô­noma. TV Globo, Globopar e a Globo.com serão agora uma única empresa (na prática, houve uma fusão de Globopar com TV Globo, que já englobava a Globo.com), e a Globosat, a Som Livre, a Editora Globo e a Globo Cochrane (gráfica) serão subsidiárias integrais desta nova empresa. Estas subsidiárias seguem com a mesma administração atual. A instância deliberativa mais alta do grupo é o Conselho de Administração, formado pelos três irmãos: Roberto Irineu Marinho (presidente executivo), João Roberto Marinho (vice-presidente editorial) e José Roberto Marinho (vice-presidente de responsabilidade social).

Foi criada a diretoria de gestão corporativa, sob a responsabilidade de Jorge Nóbrega, que terá como missão coordenar as diferentes áreas funcionais do grupo (finanças, controle, planejamento, contabilidade, jurídico, recursos humanos). Esta diretoria promoverá o alinhamento corporativo e das unidades de negócio. “Fará, além disso, o acompanhamento do desempenho dos negócios”, diz o comunicado do grupo.

A TV Globo segue sob a direção geral de Octávio Florisbal, que se reportará ao Conselho Administrativo

e à presidência executiva, assim como Jorge Nóbrega, que acumulará ainda a função de

diretor de mídias segmentadas (o que inclui Globosat, Globo.com, Editora

Globo, Globo Cochrane, Som Livre e Sistema Globo de Rádio).

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(figuras)

À frente de uma equipe de mais de 60 pessoas, Crizólito Pinheiro é muito mais do que supervisor

de confecção dos figurinos da Rede Globo. Ele é um mestre, responsável pelo ensino do ofício de alfaiate para todos que estão sob sua supervisão e também de centenas de pessoas que já passaram pelo departamento e que hoje têm seus próprios negócios.

Crizólito chegou à TV Globo, no Rio, há 33 anos, vindo do Acre. Foi lá que viu televisão pela primeira vez — em sua terra, nunca tinha assistido. Aos 17 anos, seguia os passos do irmão mais velho, que já estudava no Rio. Sem experiência profissional, conhecia a alfaiataria porque tinha decidido aprender para fazer as próprias roupas. tinha dez irmãos e era o do meio, estava cansado de herdar as roupas dos outros.

Convidado pelo contra-mestre Pedro Oliveira, começou a trabalhar no figurino da novela “O Bem-Amado”, primeira novela em cores da TV. nessa época nós ainda não sabíamos lidar com as cores, não sabíamos o que ficaria saturado na tela. Cada roupa era testada na hora, na base da tentativa e erro. a gente não sabia que não dava para usar branco total, e até hoje, com toda a

tecnologia, tem muita peça que tem de ser tingida com chá, para dar o ‘branco off-light’.

O departamento é responsável pela produção de todos os figurinos da dramaturgia da emissora, especialmente os de época. nas novelas mais atuais, o pessoal do figurino compra muita roupa pronta, mas todas as roupas dos seriados e novelas de época saem daqui. Orgulhoso de seu posto e de sua

Chris, como é conhecido na emissora.Feitas sob medida para cada

ator, as peças têm um acabamento impecável. A produção começa cerca de dois meses antes da estréia do programa, mas a dinâmica das novelas, às vezes, exige sacrifícios de última hora. Para a novela “América”, atualmente no ar, parte da equipe teve de produzir em menos de 24 horas dois vestidos de noiva para a personagem Sol, vivida por Débora Secco. Como ela tiraria o vestido em cena, o acabamento interno tinha de ser perfeito. nosso pesadelo é a folha colorida. Quando chega uma folha colorida, é um adendo no script da novela e aí começa a correria.

Sempre determinando metas mais altas para seu departamento, Chris já conseguiu contratar um funcionário deficiente auditivo. Agora quer abrir vagas para deficientes físicos. Quero dar um incentivo. Minha idéia é abrir entre três e seis vagas.

lizanDra De alMeiDa

Agulha, linha e altos ideais

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profissão, Crizólito acredita que precisa retribuir o privilégio que teve e, por isso, se dedica a ensinar e formar aprendizes. Todos os dias, ele chega mais cedo para suas tarefas educativas. O ofício de alfaiate está em extinção, não dá para pegar ninguém pronto. ainda mais porque aqui a gente faz as coisas como eram feitas na época, o que exige muita pesquisa tanto dos modelos quanto do modo de confeccionar. aproveito a estrutura da emissora para ensinar quem quer

aprender e assim aprender mais com eles também. Hoje em dia, quem trabalha em fábrica é operador de máquina. ninguém tem chance de fazer a peça completa, como fazemos aqui.

ávido leitor de livros de filosofia, seu método de ensino obriga os alunos a quebrar a cabeça. O negócio é tirar a preguiça mental. Entre seus aprendizes, está o filho de um antigo aluno, e uma professora de francês, que decidiu mudar de ramo e se tornou uma das “alfaiatas” de

“não sabíamos como lidar com a tv em cores, cada roupa era testada na hora.”

CrizólitO PinHeirO

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Maria Clara na Academia

A executiva Maria Clara Fernandez é a mais nova contratada da Academia de Cultura, do Grupo Academia. Faz parte de seu currículo pas-sagens pelo Estúdio Abertura, Estúdios Mega e Rede Globo. Maria Clara deverá atuar para firmar e expandir a atuação da produtora no mercado de entretenimento, prospectan-do novos negócios e ainda trabalhar nos produtos da casa que já se encontram em andamento, como o primeiro longa-metragem da produ-tora, “Histórias do Rio Negro”, de Luciano Cury, com apre-sentação de Dráuzio Varella; o documentário, “Titãs - O Filme”, de Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves; e o filme “O Pugilista”, de Hugo Prata.

Gringo no RioA produtora carioca

Giros integrou à sua equipe o diretor alemão Sylvestre Campe, esquiador, escalador, surfista e mergulhador, e especialista em registrar reality shows e documentários de ação. Campe trabalha há mais de dez anos como diretor e diretor de fotografia para canais de televisão europeus e americanos. Também já realizou documentários para canais brasileiros. Sua carreira na televisão inclui a direção de fotografia da série “The Amazing Race”. Recentemente, Campe recebeu o prêmio de melhor diretor de fotografia de comerciais da ABC/Associação Brasileira de Cinematografia.

Posse na Ancine

Tomaram posse no dia 30 de junho os dois novos diretores da Ancine: Nilson Rodrigues e Manoel Rangel (foto). Em seu discurso, Rodrigues sugeriu a criação de um novo plano de desenvolvimento do cinema brasileiro, que conte com a participação não somente do governo federal, mas também de municípios e estados da federa-ção. Rangel, por sua vez, afirmou em seu discurso que o papel da Ancine é garantir a autosustentabilidade do cinema brasileiro e a isonomia competitiva para as produções nacionais.

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Todos os departamentosA RPM Produtora reforçou sua área de atendimento. As

novas contratadas são Renata Pivato,ex-Combinado Filmes, e Fernanda Coutinho, ex-Imais9. A produtora aumentou ainda sua equipe com a contratação de Regis Gomes, ex-FGV e RGA, para a área de planejamento, e Olavo Braz, ex-Szabo, para o departamento de animação 3D.

Reforço na RepublikaA Republika Filmes amplia o

atendimento com a chegada de Mário Peixoto, ex-Movie&Art, que assume a produção executiva, e Doca Sander, ex-O2 Filmes. Em seu segundo ano de vida, a produtora está em conversações com novos diretores para completar o casting da casa, que conta também com Gustavo Leme.

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A TV sob pressãoOs desafios que se colocam à televisão na era digital ameaçam mudar o modelo de negócios atual e abrir espaço para que demandas históricas venham à tona.

Ao norte, o radiodifusor brasileiro vê a chegada (ainda que distante) da TV digital. Ao mesmo tempo em que ela traz o sonho

da alta definição, da era binária, ela traz a ameaça de mudança no modelo de negócios da própria TV. Ao sul, vê chegarem as empresas de telecomunicações, galopando sobre as novas tecnologias, criando novos produtos, colocando conteúdo audiovisual em seus serviços. Para leste, o que se vê são os chamados setores excluídos, produtores independentes, demandas regionais, cineastas, rádios comunitárias, setores que reivindicam mudanças no mercado de televisão para permitir acesso a quem não tem vez. E do oeste vem o governo, com uma proposta de reestruturação da legislação existente, de criar um marco regulatório novo para a TV. Para qualquer lado que olhe, o radiodifusor brasileiro percebe que algo vai acontecer.

Esse quadro tem ficado a cada dia mais evidente. Há pelo menos dois anos cada um desses tópicos é tema de preocupação para quem faz televisão no Brasil. A diferença é que, agora, tudo está acontecendo ao mesmo tempo, com mais força, com mais pressão. E mesmo quando algumas discussões ferventes esfriaram, como foi o caso do debate da Ancinav, mesmo assim as outras pressões se mantêm. Será que chegou o momento em que a TV terá que encarar

da Accenture Henrique Washington, o setor de televisão brasileiro, somado, é um pouco maior em faturamento do que a metade da menor das três teles fixas brasileiras, a Brasil Telecom.

A televisão não tem o dinheiro das teles, mas tem dois outros patrimô­nios, que nenhuma plataforma tem: a audiência e a força política. E é nisso que elas se apóiam na defesa de território. Pela reflexão das emissoras de TV, a audiência é decorrência da entrega de conteúdo nacional, gratuito e de qualidade, algo que nenhuma empresa de telecomunicações faz ainda. Dizem também que as empresas de telecomunicações, em sua maioria estrangeiras, não têm o compromisso da TV com os valores nacionais, com a língua. Daí vem o segundo patrimô­nio da televisão: o poder político. Está claro que os radiodifusores se armam para a batalha. Projetos como o do

por Samuel Possebon*s a m u c a @ p a y t v . c o m . b r

mudanças? O modelo de negócios da televisão aberta no Brasil está ameaçado? As novas tecnologias digitais representam um problema ou uma oportunidade para os radiodifusores? As perguntas são muitas, as respostas ainda são limitadas, mas o tema nunca esteve tão em pauta.

Tanto é que na abertura do VI Fórum Brasil de Programação e Produção, organizado por TELAVIVA no final de maio, quatro das principais redes de TV brasileira (Globo, SBT, Record e

Bandeirantes) mostravam preocupação com todos estes temas.

Naturalmente, o receio mais iminente é o das teles. Como lembrou o consultor

“vivemos de publicidade, as teles de tarifas. O governo deve levar isso em conta.”Octávio florisbal, da Rede Globo

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senador Maguito Vilela (PMDB/GO), de mudar a Constituição para proibir estrangeiros de prestarem comunicação social, são apenas uma parte da estratégia, pelo menos das emissoras afiliadas da Abert, como a Globo, que apóiam a proposta.

“Nosso setor vive de publicidade e entrega informação e entretenimento gratuitos. As teles vivem de tarifas. Quando o governo começar a discutir uma Lei Geral de Comunicação, terá que levar esse cenário em conta”, diz Octávio Florisbal, diretor geral da TV Globo. Johnny Saad, presidente do grupo Bandeirantes, vai na mesma linha de reflexão. “Somos a única alternativa de distribuição de entretenimento e informação gratuita e acho que a evolução tecnológica não tem nada a ver com isso. Entendo que as teles estejam buscando uma mudança no marco regulatório para poderem fazer o mesmo, mas terão que respeitar o modelo já colocado”, diz. Ambos participaram do Fórum, assim como Guilherme Stoliar, do SBT, e Alexandre Raposo, presidente da Record, que lembraram que a TV aberta desempenha um papel social para o Brasil, e é importante garantir que empresas de TV aberta não sejam prejudicadas pelas empresas de telecomunicações.

A lógica das teles é simples, explica Washington, da Accenture: elas investiram nos últimos dez anos uS$ 2 trilhões em todo o mundo em melhoria de suas redes, e estes investimentos ainda não se pagaram. Como a tecnologia permite que os serviços convirjam, elas não vão perder essa oportunidade. Além disso, o próprio negócio delas está ameaçado pelo surgimento de tecnologias baseadas em IP, como o tráfego de voz, e é fundamental encontrar alternativas de negócio. André Bianchi, diretor de desenvolvimento de negócios

seus anunciantes e aos poucos vão roubá-los todos”.

Outro problema para as emissoras de TV é o próprio modelo de negócios baseado em publicidade. É um modelo de grande risco, pois depende intimamente do desempenho econô­mico do país. É um modelo concentrador, já que a lógica do máximo retorno, das bonificações e da eficiência do investimento faz com que, por exemplo, a Globo abocanhe sozinha quase 80% dos recursos disponíveis, mesmo que não tenha a mesma parcela em audiência. Mas é um modelo para o qual ainda não se encontrou substituto à altura. A Bandeirantes, por exemplo, tenta investir em programação segmentada, mas aí sofre com a falta de canais de distribuição. Johnny Saad, presidente do grupo, defende abertamente garantias de que a concentração dos meios de distribuição não limite o espaço para os produtores nacionais de conteúdo. “Os meios estão se concentrando. A Net foi vendida para uma tele, a Telmex. A Sky e a DirecTV têm o mesmo sócio, estrangeiro. Quem vai garantir que esses grupos estrangeiros darão espaço para a distribuição de conteúdo nacional? Quem vai garantir que os grupos

da Telemar, discutiu com as TVs, e deixou claro: é claro que existem regras que precisam ser respeitadas e limites, mas não se pode impedir uma empresa de

telecomunicações de entregar outros serviços. A visão da Telemar, pelo menos, é de separação entre infra-estrutura e conteúdo. “Nós não queremos produzir a programação”.

Mas a promessa de convergência é futura. Hoje, ela é para poucos. Pelo menos no caso brasileiro, onde a distribuição de renda só perde em desigualdade para a de Serra Leoa, esse ainda é um fator de tranqüilidade para as empresas de TV. “Há no Brasil mais TVs do que geladeiras. Não é de um dia para o outro que se muda essa relação”, pondera o consultor da Accenture. De qualquer maneira, os radiodifusores preferem levar mais em conta conselhos como o dado recentemente pelo senador Hélio Costa (PMDB/MG) em audiência no Senado: “vocês tomem cuidado com estes senhores das celulares. Transmitindo os programas de televisão na telinha do celular, eles vão aprender a conhecer os >>

“somos a única alternativa de entretenimento gratuita.”Johnny saad, da Bandeirantes

exPOsiçãO De nOviDaDesParalelamente ao Fórum, algumas empresas demonstravam novidades em peque-

nos estandes, instalados estrategicamente ao lado de onde eram servidos os coffee-breaks aos participantes do evento. A Programasom, por exemplo, estava presente para divulgar o lançamento de seu estúdio virtual para locação, previsto para até agosto deste ano. O estúdio virtual será a grande novidade para locações externas, com cenário criado em computação gráfica. “Estamos escolhendo o equipamento”, avisa Mario Luiz Santi, diretor da empresa. De acordo com ele, o equipamento do cenário virtual custa hoje menos de um décimo que há cinco anos, o que permite agora que o setor tenha acesso a essa nova tecnologia a preços mais atraentes.

uma solução também barata estava sendo demonstrada no estande da Seegma. Trata-se de uma ilha de gerador de caracteres (GC) para televisão da Compix Media. Com um custo de cerca de R$ 10 mil para o computador mais placa, o computador permite trabalhar em até SDI, com opções componente e y/C (S-Vídeo). Além do GC, a empresa expô­s a ilha de edição Liquid 6.0, que chegou ao Brasil em dezembro de 2004 e que edita em componente sem compressão, em DVCam, DVPro e em HC.

Conteúdo era o assunto mostrado no estande do Itaú Cultural. Destaque para a série “Brasil 3x4”, composto por cinco documentários de 26 minutos cada, selecionados no programa Rumos Cinema e Vídeo 2003. A série estreou na TV Cultura e, em seguida, foi exibida em canais públicos educativos, comunitários e universitários. Além desse pro-grama, o instituto divulgava o lançamento do “Toca Brasil”, uma série de dez DVDs com a nova MPB, marcado para o segundo semestre.

sanDra regina Da silva

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brasileiros poderão usar estes meios de distribuição?”.

tv digitalO problema do

modelo de negócios é, aliás, o desafio da TV digital. O CPqD foi ao Fórum Brasil de Programação e Produção e expô­s sua visão, detalhada e técnica, de como os diferentes modelos de TV digital resultariam em diferentes impactos na cadeia de valor. A visão do centro de pesquisa, modelos mais convergentes de TV digital, com serviços mais diferenciados, permitem a atuação de mais agentes na cadeia econô­mica, mais produtores de conteúdo, provedores de softwares para interatividade. A televisão aberta defende mudanças menos sensíveis. Quer apenas a garantia da alta definição, por entender que assim será o padrão da imagem no futuro, e a possibilidade de mobilidade quando for o caso. A TV aberta quer poucas mudanças porque não quer mudar o modelo de negócios. Roberto Franco, presidente da SET (Sociedade de Engenharia de Televisão) resume: “a maior parte da base instalada de antenas parabólicas no Brasil foi instalada por famílias de classe C e D em uma época em que o custo de compra e instalação era superior a uS$ 1 mil. É por isso que temos certeza de que a TV digital de alta definição será viável, mas não dá para querer impor um outro modelo de negócios”.

Adilson Pontes Malta, consultor da Virtual Properties, fez duras críticas ao modelo existente hoje para exploração de serviços de radiodifusão. Segundo ele, os custos de programação da Globo só são compatíveis com os mais de 80% da verba publicitária abocanhada pela rede (leia artigo à página 28).

Malta também criticou duramente o modelo atual de exploração comercial da TV brasileira. “Vamos ser francos. O problema de comercialização

da TV aberta é sério e não deve ser reproduzido na TV digital. Esse modelo em que se vende todos os eventos no começo do ano é cô­modo, as comissões e bonificações são

rapidamente embolsadas e nada diferente acontece. Isso tem que mudar”, disse o executivo, para quem a busca de um modelo de televisão regionalizado e menos centrado nas grandes redes nacionais é também prioridade.

O publicitário Luiz Grottera, da TBWA/BR, lembra que a questão “quem vai pagar a conta” da transição da TV analógica para digital aberta é irrelevante. “Alguém vai pagar”. Segundo ele, o mercado é muito mais forte do que se imagina e vai atropelar todos os estudos e previsões. Grottera lembrou que entre 40% e 45% das verbas de marketing das empresas são aplicadas em ações non-advertisement e que a mídia, com a TV digital, terá uma oportunidade de buscar essa verba.

novas regrasO outro desafio para as TVs é o

regulatório, e esse parece inevitável. André Barbosa, assessor da Casa Civil que está na dianteira do processo de reestruturação normativa do setor de comunicação, foi enfático ao afirmar que todos os contratos serão mantidos e que a radiodifusão será respeitada na elaboração da nova lei. “Os radiodifusores, há 83 anos (contando o rádio) vêm produzindo e mantendo a cultura nacional. Em qualquer discussão, daremos toda a atenção à manutenção destes empresários”, afirmou. Já Manoel Rangel, ex-assessor

do MinC e hoje diretor da Ancine, que tem atuado fortemente na elaboração destas novas regras, foi mais longe: “O progresso é inexorável. Temos que decidir se vamos esperar o fato consumado ou se vamos agir antes que ele aconteça”, completou.

Questionado sobre a disposição da Globo em aceitar o debate de uma nova legislação para atender inclusive as demandas dos radiodifusores, Evandro Guimarães, vice-presidente de relações institucionais da emissora, deixou claro o problema: “Se for para abrir mão do nosso modelo, de poder oferecer um serviço gratuito, para toda a população, como é a radiodifusão hoje, a resposta é não”, afirmou, deixando claro que a TV está aberta a discutir um pacto se não houver esta ameaça.

O que fica claro quando se olha a questão dos novos desafios da televisão é que eles são muitos. Há ainda, por exemplo, as demandas dos grupos regionais, que querem mais autonomia em relação às cabeças de rede para poderem produzir e vender, ainda que mantenham seus contratos de afiliação. TV Alterosa (Minas) e TV Atalaia (Sergipe) foram algumas das emissoras que se manifestaram abertamente a favor de regras que permitam mais liberdade para empresas locais dentro do modelo de afiliação. A TV enfrenta hoje também demandas externas por espaço para a produção independente, demandas essas que são observadas pelas teles, que buscam conteúdos. Enfrentam também demandas dos cineastas,

que querem mais filmes na TV. Mas ao mesmo tempo querem proteção de um mercado conquistado. Desfazer esse emaranhado de demandas e necessida-des é o desafio da televisão para o futuro.

*COlaBOraraM anDré MerMelstein,

eDianez Parente e fernanDO lauterJung.

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“não queremos produzir, mas não podem nos impedir de entregar outros serviços.”andré Bianchi, da Telemar

“Daremos toda a atenção

à manutenção destes empresários.”

andré Barbosa, da Casa Civil

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(mercado)

Espaço independenteDo mercado regional ao internacional, o VI Fórum Brasil discutiu a produção independente, os resultados das experiências já realizadas e a dificuldade de entendimento entre cinema e TV.

A produção independente foi tema de quase todos os painéis do VI Fórum Brasil. Desde os principais executivos das

maiores redes de televisão do País até produtores apresentaram seus problemas, expectativas e opiniões em relação ao tema.

Os executivos da Globo, Band e SBT defenderam abertamente o modelo verticalizado da indústria televisiva no Brasil, enquanto a Record foi a única rede a apresentar vontade de abrir mais a sua grade para a produção independente. Segundo Octávio Florisbal, diretor geral da TV Globo, o modelo verticalizado, no qual a emissora cabeça-de-rede controla desde a produção até o final da cadeia de distribuição com suas afiliadas, é o que possibilita manter a qualidade e a audiência da programação. “E é esta qualidade que garante que, mesmo na TV paga, 70% ou mais do share de audiência ainda seja dos canais abertos”, apontou. Mesmo assim, Florisbal citou alguns exemplos de terceirização na emissora, como os Telecursos, programas da área de jornalismo, como o “Globo Ciência” e o “Auto Esporte”, e na área de entretenimento, como “Cidade dos Homens” e a nova minissérie “Carandiru — Outras Histórias”. Mesmo tendo comemorado o sucesso da minissérie “Cidade dos Homens”, produzida pela O2 Filmes, Florisbal disse que as produções na área do entretenimento são testes, mesmo assim prevê o crescimento da participação da produção independente na grade

é mais barata que a produção própria e que a Record pretende investir cada vez mais na compra ou contratação de produção. Quanto aos estúdios comprados no Rio de Janeiro para produção de novelas, Raposo diz que, especificamente no caso desse tipo de produção, as experiências com independentes não foram boas.

realidade internacionalO diretor geral da emissora TVI,

de Portugal, José Eduardo Moniz, relembrou no evento que terceirizar a maior parte da produção foi a chave para a sobrevivência da emissora, que produz apenas o jornalismo e alguns programas de linha (veja entrevista à pág. 22)

O mercado internacional para a produção independente, ao que tudo indica, abriu sua portas também para os produtores brasileiros. Durante o Fórum, a Associação Brasileira de Produtores Independentes de TV (ABPI-TV) apresentou alguns resultados de seu projeto de exportação de produção e de busca de co-produção no mercado internacional, o Brazilian TV Producers. Feito em parceria com o Ministério da Cultura, o Sebrae e a Apex, o projeto permitiu a exportação de uS$ 8,84 milhões até agora. Os compradores ou co-produtores estão distribuídos em 54% na América do Norte, 36% na Europa e 8% na América do Sul, com resultados menores nos outros continentes. Segundo Fernando Dias, vice-presidente da ABPI-TV, a associação fará em breve uma missão comercial para a China, procurando abrir mais portas para os produtores brasileiros.

Ainda no evento, outro mercado se mostrou interessado na produção brasileira: o Canadá. Joanne Leduc,

da Redaçãoc a r t a s @ t e l a v i v a . c o m . b r

da Globo. “No futuro, deve haver também parcerias com produtoras de cinema para a produção de filmes para a televisão. Mas queremos ter os mesmos estímulos que a área de distribuição de cinema tem”, disse. Guilherme Stoliar, do SBT, também defendeu a verticalização na televisão.

“Só nós (os radiodifusores) sabemos produzir para o nosso público”, afirmou. Johnny Saad, da Bandeirantes, buscou outro argumento para a verticalização. Segundo ele, isso se deve à realidade fiscal no Brasil. “A horizontalização, com várias empresas

participando do processo e pagando impostos sobre cada fase do processo, inviabilizaria as produções”, afirmou.

Alexandre Raposo, presidente da Rede Record, lembrou que a qualidade cai se as redes se vêem obrigadas a cortar demais os custos na área de produção. E é justamente por isso que a produção independente é mais vantajosa, na opinião do executivo. Raposo diz que a produção independente

Cadu, da globo filmes, relatou evolução na relação com cinema, mas produtores ainda cobram marco regulatório.

“investiremos mais na contratação de produção”alexandre raposo, da Record

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diretora do National Board of Canada, do Ministério da Cultura daquele país, foi enfática: “Estamos procurando parceiros para co-produzir”. O pré-requisito é que a produção tenha enfoque educativo. Considerando como aliado o acordo existente entre Brasil e Canadá nesse setor, é bom também saber que o NFB produz e comercializa nacional e internacionalmente documentários e desenhos animados principalmente, além de filmes que não seriam bancados por investimentos privados. Mas ela lembra que legislação canadense é bastante severa e protecionista. Por isso, para uma produção estrangeira ser incorporada ao mercado canadense, precisa ser co-produção, ou ter produtor, ou diretor, ou equipe canadense.

regionalizaçãoO tema da produção regional

foi dos mais quentes no VI evento. Representantes da TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas, e da RBS, afiliada da Globo no Sul do Brasil, mostraram desempenhos altamente positivos do ponto de vista comercial de suas respectivas iniciativas de produção local. Mas o polêmica veio justamente em relação à produção independente, quando o jornalista e produtor Paulo Markun lembrou que os casos de sucesso em experiências regionais só são possíveis às emissoras porque elas são as detentoras dos meios. “A produção regional independente é algo que não tem condições de se viabilizar e não vai ter enquanto não houver uma regulamentação específica”, disse, citando o projeto da deputada Jandira Feghali (PC do B/RJ) que, segundo ele, foi aprovado com grandes dificuldades e resistência dos radiodifusores na Câmara, depois de mais de uma década de tramitação, e está no rumo de ser enterrado

sobre a parceria da Globo com cineastas independentes e ainda algumas ações tomadas pela emissora após uma série de reuniões realizadas com diversos

cineastas. Entre estas ações, está o quadro do “Fantástico” que exibe trailers de cinco minutos de documentários nacionais inéditos.

O presidente do Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), Geraldo Moraes, cobrou um marco regulatório para o setor audiovisual. Sobre o que foi mostrado por Cadu, Moraes afirmou que “temos várias experiências boas de produções de cinema feitas em conjunto com a TV, mas

a relação entre cinema e TV continua como sempre”. Para ele, a parceria da Globo e agora de outras redes com o cinema não isenta a sociedade de rediscutir toda a política audiovisual. “Precisamos reformular a nossa definição de audiovisual, o que implica um marco regulatório”, complementou o presidente do CBC. “Concordo que é necessário regulamentar as novas mídias que ameaçam a televisão, mas as TVs precisam entender que também é necessária uma regulamentação protegendo o cinema”, disse o presidente do CBC. Moraes afirmou ainda que apenas uma pequena parte da população tem acesso ao cinema. “Trata-se de um feudo formado por apenas 7% da população”, disse. “A culpa não é nossa (dos cineastas) e nem da Globo, mas sim de um mercado audiovisual que precisa ser repensado”.

Cadu rebateu que, “quando falam em conteúdo audiovisual, se referem sempre ao cinema”. “A Globo exibe 83% de sua programação de conteúdo audiovisual brasileiro”, disse. “Falar em marco regulatório quando isso significa taxar um serviço gratuito (a TV aberta) em prol de um conteúdo pago (o cinema) ou criar cotas para o cinema nacional em um veículo inadequado, nós somos contra”.

pelo Senado Federal. “O interesse dos radiodifusores está prevalecendo. Com isso, a produção regional independente perde sua melhor chance”.

relação conturbadaO Fórum também

trouxe à tona mais uma vez a discussão em torno da parceria do cinema com a TV. O tema já é discutido a longa data e culminou, em 2002, na criação da Ancine, voltando à pauta política no ano passado, com as discussões em torno da criação da Ancinav, e prometia continuar com os debates a respeito da Lei Geral de Comunicação, que deve congelar no atual cenário político. Por enquanto, a televisão se nega a discutir a criação de cotas de tela para o cinema ou ser taxada em prol do cinema. Por outro lado, o cinema cobra um marco regulatório para corrigir ou diminuir as distorções no setor audiovisual.

Os radiodifusores fizeram duras críticas ao cinema nacional. Raposo, da Record, ironizou, dizendo que os bancos brasileiros é que deveriam financiar o cinema. “Eles têm dinheiro para isso”, disse. Já Guilherme Stoliar, conselheiro do SBT, foi ainda mais duro, atacando a qualidade do cinema brasileiro. “Os que criticam os programas

populares da TV são os que aplaudem a exportação da nossa miséria com filmes como ‘Carandiru’ ou aquele outro sobre a favela no Rio”, criticou.

Cláudio Petraglia, da Band Filmes, afirmou que existe um sentimento de que a TV tem um débito com o cinema. “O que não é verdade, a TV brasileira é herdeira direta do rádio, e não do cinema”, disse. Petraglia não criticou a qualidade dos filmes, mas atacou o despreparo do setor em desenvolver seus produtos.

“O nível dos projetos que recebemos é muito baixo, muito mal formatados”, explicou.

Carlos Eduardo (Cadu) Rodrigues, da Globo Filmes, mostrou vários números

Joanne leduc, do national film Board: Canadá está aberto à co-produção.

Markun diz que produção regional perde chances com a falta de regulamentação.

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(entrevista)

Competição à portuguesaProdução independente, reality shows e controle de custos foram a chave da TVI para quebrar a hegemonia da SIC, parceira prioritária da Globo em Portugal.

O modelo de televisão no Brasil todos conhecem: empresas privadas, com o mercado de TV concentrado na

hegemonia da TV Globo há pelo menos 35 anos. As demais redes, como certa vez enunciou José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ficam com as migalhas que sobram. É um mercado em que há pouco espaço para a produção independente, onde é difícil quebrar o círculo estabelecido em que talentos, competências e qualidade se concentram onde está a verba publicitária e a verba publicitária se concentra onde estão os talentos, competências e qualidade, ou seja, na TV Globo. Em Portugal, a Globo também é forte, em parceria com a SIC, graças às suas novelas. Mas lá o mercado se reequilibrou depois que a TVI conseguiu emparelhar a briga pela audiência. Como? É isso que conta José Eduardo Moniz, diretor geral da rede, nessa entrevista exclusiva à revista TELA VIVA. Ele esteve no Brasil participando do VI Fórum Brasil de Programação e Produção, realizado no final de maio em São Paulo.

tela viva - Como era o mercado de tv em Portugal antes da tvi?

JOsé eDuarDO MOniz - A TVI entrou no mercado em 1993 com base em uma concessão do governo, que permitiu a entrada de canais privados. Com isso, naquela época, o mercado de televisão em Portugal se agitou, forçando um remanejamento global de audiência, anunciantes... Os primeiros meses de televisão privada foram dramáticos, mesmo para a SIC, que veio associada à TV Globo. Era pequena a audiência, pequeno

Media Capital, assumiu o controle da TVI e montou um plano de atuação extremamente espartano, em que os orçamentos eram pequenos e em que buscávamos orientar nossos esforços de programação para targets específicos. Ganhamos dois pontos de audiência em 1998, mais dois pontos em 1999, e em 2000 é que houve a principal mudança, e naquela ocasião tínhamos 17%, isso conseguido com custo muito baixo, pois nós investíamos em programação o que éramos capazes de obter.

Que mudança foi essa?Foi uma revolução no mercado de

televisão em que passamos a dividir a liderança do mercado com a SIC. Ela veio precedida de um grande estudo de mercado em que detectamos o que o mercado português precisava. Nosso controlador era um grupo de

por Samuel Possebons a m u c a @ p a y t v . c o m . b r

o retorno publicitário, tudo era ruim, até porque havia pouco conteúdo da TV Globo na SIC, já que grande parte das novelas ainda estava na estatal RTP.

A TVI nunca teve vida fácil porque, inspirada na Igreja Católica, tinha muitas limitações em sua programação, e a sua organização era de difícil gestão, e com um conjunto de limitações éticas e morais que impediam a competição com os demais canais. A lógica do mercado português só mudou quando a Globo passou a colocar todo o seu conteúdo na SIC. Isso alterou o quadro, a SIC passou ao primeiro lugar e essa situação se manteve até 2001. Ainda hoje a SIC tem novelas em grande peso na sua grade de programação.

e a tvi, passa a participar do mercado quando?

Enquanto isso, a TVI tinha muita dificuldade de se firmar no mercado, estava falida. Em 1998 este grupo atual, o

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José eduardo Moniz

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mídia de pequeno porte, com alguns jornais e algumas rádios naquela ocasião. Hoje é muito maior, é um grupo cotado em bolsa desde o ano passado, mas no começo não era. Então precisávamos conhecer melhor o mercado de televisão. A pesquisa mostrou os caminhos para os quais deveríamos ir, mostrou, sobretudo, que o mercado português estava à espera, estava maduro para uma mudança, queria algo de diferente, não necessariamente novo. Isso pautou a nossa linha estratégica. Decidimos que não precisávamos ser pequenos, poderíamos brigar com o líder, que havia oportunidades, desde que se tenha criatividade. Decidimos que era necessário apostar em jornalismo, em informação, e o estudo mostrou que para isso deveríamos brigar com as demais redes no mesmo horário, e não ficar evitando a competição. Apostamos também na ficção, mas com personalidade portuguesa. O interessante é que optamos por manter controle total sobre o jornalismo, produzindo quase tudo em nossas próprias instalações, mas a parte de dramaturgia, que demanda investimentos em estúdios, cenários, atores, escritores e uma série de funções específicas, nós terceirizamos, para manter os custos sob controle.

a pesquisa chegou a mostrar alguma rejeição às novelas brasileiras em Portugal?

Não, de jeito nenhum. O que as pessoas pediam era mais de Portugal em suas histórias, mais artistas portugueses. O que fizemos foi dar a eles o que eles nunca tiveram a oportunidade de ver, que era a transmissão continuada de histórias portuguesas, com atores portugueses. Isso resultou em um grande sucesso, mas a nossa verdadeira janela de crescimento foi o “Big Brother”. Este programa era inédito na TV portuguesa e teve um imenso sucesso, o que nos permitiu atingir a

liderança e levantar a audiência dos outros programas. A audiência do programa chegou a mais de 50%, e a SIC foi a rede que mais sofreu, até porque nós optamos por tornar o “Big Brother” um programa diário de três horas, com muitas entradas ao longo do dia, então o impacto foi sentido sobre toda a grade. O que diferencia a nossa experiência de outros países é que montamos essa operação com extrema racionalidade financeira, com os custos sob rigoroso controle. A equipe de produção tanto do “Big Brother” como dos nossos outros programas sempre trabalham com a consciência de um orçamento curto, e eles só recebem investimentos se o programa tiver sucesso, faturar mais.

racionalizar demasiadamente os custos não prejudicou a qualidade?

Não, porque nós começamos nosso crescimento investindo apenas no horário nobre. É lá que concentrávamos nossos

esforços, era aquela faixa de horário que interessava e recebia os recursos. Com o sucesso dos programas, fomos aos poucos expandindo os horários sobre os quais investíamos.

Só agora, por exemplo, é que começamos a investir nos horários matutinos. A nossa sorte é que os resultados apareceram em muito pouco tempo, e isso logo se refletiu em market share. Nós temos cerca de 35% de audiência e 42% do mercado publicitário, enquanto a SIC tem algo como 32% de audiência e 39%, 40% de mercado.

a tvi buscou alguma forma diferente das concorrentes na venda de publicidade?

Não fizemos nada novo, mas fomos pelos caminhos alternativos. Mais patrocínios, mais merchandising, mais ações específicas. Isso foi um caminho mostrado pelo estudo. Não é que o modelo tradicional esteja esgotado, mas para conseguir a diferença, tem que ter algo que os outros não ofereçam.

ainda hoje a grade de vocês é baseada em realities, dramaturgia e telejornalismo?

Sim, e hoje nós ainda ampliamos

“Decidimos que não precisávamos ser

pequenos, poderíamos brigar com o líder.”

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(entrevista)

cinema, onde colocamos os filmes estrangeiros, e recentemente começamos a investir em esportes, que era o diferencial da RTP. Desde 2004 temos os direitos da Liga Portuguesa, colocando um jogo por semana a princípio. Foi um passo necessário porque a SIC, com a programação da Globo, sempre se manteve muito forte, muito competitiva, e porque a própria RTP criava alguns problemas em alguns horários, já que ela é que costumava transmitir os programas esportivos. Embora seja um produto caro, o esporte se paga, e isso foi importante, porque não é possível manter produtos não rentáveis na grade.

vocês pegaram custos de direitos já em patamares mais baixos, não?

Sim, mas ainda assim é algo muito caro. Só que investir em esportes traz um importante benefício, que é trazer o público masculino. Como nossa aposta era em dramaturgia, o público tendia a ser formado predominantemente por mulheres.

em esportes vocês também optaram por uma estrutura terceirizada?

Em parte sim, a estrutura de transmissões, de produção, essa é terceirizada. Mantemos apenas a estrutura de reportagem e informação conosco.

De que maneira terceirizar a produção torna os custos menores?

Não precisamos fazer os maiores investimentos em equipamentos, estúdios, no caso dos programas com atores, não precisamos manter os contratos com o elenco. É o melhor caminho para quem quer manter os custos bem controlados. Hoje a TVI é uma das empresas mais rentáveis.

e o jornalismo?Esse tem que ser próprio,

porque é a sua opinião que está ali. Nossa opção foi fazer o jornalismo mais dinâmico, mais independente, mais crítico. Mas

recursos para o esforço de produção a que eles se comprometeram. A gestão segue sendo independente. De qualquer maneira, 70% da nossa produção é independente, e isso é muito acima do que a legislação portuguesa exige, que é de 10%.

Quem decide o conteúdo dessa produção independente?

É uma estrada de duas vias, nós pedimos o que queremos, eles propõem, e os desejos se ajustam.

existe algum tipo de controle do governo sobre o estilo da programação, para evitar que ela seja mais popularesca ou apelativa?

Existem princípios que têm que ser seguidos, princípios de cidadania, mas não existe um controle mais agressivo. Mas há padrões morais que nos orientam, sempre.

vocês chegaram a usar no marketing de vocês o argumento de que programação globo é estrangeira, e a de vocês não?

Naturalmente, procuramos identificar o nosso marketing com os portugueses, tanto que nosso slogan é “uma TV feita por si”, mas nunca colocamos isso de maneira xenófoba, até porque a Globo é muito querida e respeitada. E também porque nós também exportamos programas para outros países. Mas o fato é que temos um país para mostrar e histórias para contar, e essa foi a nossa proposta desde o começo e nosso diferencial em relação à SIC. Lembre-se que a própria SIC e a Globo tentaram se aproximar de nosso país com atores portugueses nas novelas, ou capítulos gravados em Portugal, por exemplo.

vocês chegaram a exibir novelas latinas?

Sim, algumas novelas venezuelanas, mexicanas e

mesmo no jornalismo nós temos alguns prestadores terceirizados, principalmente os correspondentes em regiões do país onde não mantemos escritórios.

Como é o modelo de negócios com os produtores terceirizados?

Nós definimos primeiro que tipo de programas precisaríamos: humor, dramaturgia, reality show, game shows. Queríamos que tivessem a cara portuguesa, e fomos ao mercado para ver quem se candidatava a oferecer boas idéias. Recebemos as propostas, as idéias, muitos

vieram com propostas de séries, que são uma tradição em Portugal. Nós pagamos os produtos que elas nos entregam. Os produtores não têm responsabilidade na venda de um modo geral, essa é nossa responsabilidade, mas há casos em que fazemos isso em conjunto, pois muitos programas chegam com patrocinadores por trás. A mesma coisa no caso de merchandising. Somos parceiros nas músicas, editamos os CDs dos programas, e também temos parcerias em outros subprodutos. No caso dos programas de jogos, das séries, dos talk-shows, optamos por diversificar muito nossos parceiros fornecedores, até para que idéias novas surgissem. No caso das novelas, temos uma só fornecedora, para manter a identidade, o elenco, e porque os investimentos e os riscos para quem produz são muito maiores.

são todos produtores independentes?Sim, com exceção da produtora

que faz a parte de dramaturgia, onde o nosso investidor, Media Capital, acabou adquirindo uma participação para garantir

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“(a produção independente) é

o melhor caminho para manter os

custos controlados.”

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(entrevista)

espanholas entraram na nossa grade, mas isso não acontece mais. Hoje quase todos os roteiros são originais portugueses. Mas fazemos a adaptação de alguns roteiros estrangeiros também. Temos nesse momento o programa do João Kleber, brasileiro, que está no ar, mas nós o produzimos e ele concorre com a novela da Globo no mesmo horário. Estamos atentos ao que acontece no Brasil e estamos abertos a parcerias, mas nosso foco são produções portuguesas.

Hoje o mercado português é mais equilibrado?

Sem dúvida, ele é mais aguerrido, mais dinâmico, briga-se mais pela liderança, ninguém é dono da

Como a tvi aproveita o surgimento de tecnologias digitais?

Estamos envolvidos principalmente com a TV digital terrestre, vamos fazer um teste em Lisboa, e o concurso para as licenças deve ser aberto até o final do ano, com as transmissões comerciais previstas para o ano que vem. As outras tecnologias como banda larga e celular são trabalhadas pela área específica chamada IOL, que estuda todas estas oportunidades. São áreas novas e, portanto, exigem investimentos para o futuro, e por isso precisamos nos organizar. Mas temos a noção que melhor do quem ninguém, quem ditará o que acontecerá é o mercado, não é algo que se decida entre quatro paredes. Portanto, a questão dos custos e das receitas é sempre fundamental. Também estamos nos preparando para produzir alguns canais para TV por cabo, e dependemos apenas de algumas questões comerciais com a TV Cabo.

opinião e da audiência. E isso é bom para o telespectador. O mercado de produção, de publicidade, de empregos é beneficiado com essa disputa.

Como é para uma televisão trabalhar com o capital aberto em bolsa?

Quem está cotado é a Media Capital, controladora da TVI, mas isso traz mais recursos e nos faz trabalhar com um modelo de gestão mais rigoroso, mais profissional. Hoje a TV é modelo de rentabilidade na Europa.

“temos um país para mostrar e histórias

para contar. é o nosso diferencial.”

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(artigo)

TV digital: quem paga a conta?empresa, entre outras conseqüências.

O SBT, que atua na maior parte do tempo como um canal de vendas de produtos do Grupo Silvio Santos, tem uma programação ciclotímica pouco comprometida com os hábitos dos telespectadores e o mercado publicitário.

A Record vem investindo pesado em busca de uma melhor qualificação de audiência e de anunciantes, subsidiada com fundos de suas outras atividades. A Rede Bandeirantes poucas vezes tentou investir na liderança do mercado. Nos início dos anos 90 come-çou a construir uma identidade com conteúdos de notícias e esportes. Inex-plicavelmente jogou tudo por terra.

A Rede TV é uma incógnita, assim com como a CNT. Sem comentários.

só para grandesAs grandes redes nacionais

praticam percentuais de programação nacional elevadíssimos e impossibilitam o crescimento do bolo publicitário por limitar o acesso de pequenos e médios anunciantes, que não podem pagar os preços das tabelas nacionais.

As grandes redes têm tido reforços de receitas publicitárias em função das guerras da Internet (1999), operadoras de telefonia, bancos, celulares e, mais recentemente, a das cervejas. Na base de anunciantes estão as mesmas, montadoras, os setores de artigos esportivos, alimentos, bebidas; todos clientes de grande porte.

Enquanto isso, no total da verba de comunicação o volume de promoção (“no advertising”) vem crescendo e supera o de publicidade em muitos milhões de dólares.

O fato é que os médios e pequenos anunciantes não têm dinheiro para fazer campanhas na Rede Globo e pouco se interessam em anunciar na

por Adilson Pontes Malta*a p m a l t a @ s u p e r i g . c o m . b r

O tema deste artigo nos leva ao raciocínio de que se alguém pagar a conta estará tudo resolvido. Na prática, não é bem assim.

Atualmente são raras as empresas de mídia de sucesso no país.

O sonho, a aventura e a paixão por idéias são saudáveis, só que nós no Brasil precisamos reaprender como lançar tecnologias, plataformas e serviços de forma que se transformem em negócios com consistência econô­mica.

Para saber quem paga a conta é preciso lembrar que existem aspectos circunstanci-ais que dificultam a resposta. No caso da te-levisão aberta atual, como ponto de partida, temos um quadro que se mantém há anos e que é pouco animador nesse sentido.

A verba de publicidade em dólares americanos em 2004 foi inferior à de 1996; e contabiliza apenas uS$ 4,7 bilhões. Tudo bem que ocorreu a valorização do dólar, mas como os direitos esportivos, jornalís-ticos e os conteúdos enlatados são pagos em verde, pouca coisa mudou na prática no contexto da televisão. A verdade é que esses uS$ 4,7 bilhões representam pouco mais da metade do faturamento da menor empresa de telecomunicações operando no país, no mesmo ano.

uma simples análise das principais redes brasileiras de TV aberta e por assinatura revela uma a situação muito complicada.

Temos a Rede Globo como um indis-cutível exemplo de sucesso e competência, mas comprometida com o pagamento das dívidas do grupo contraídas nos anos 90. Os seus custos atuais de produção e de direitos são elevadíssimos. Ela hoje abocanha aproximadamente 80% da verba publicitária e tem um “share” de audiência de cerca de 50%. uma queda de 80% para 50%, o que seria a remuneração normal de mercado, exigiria uma drástica redução de custos, com impacto sobre a audiência e até mesmo poderia provocar a venda de parte da

*Consultor da área de broadcast, diretor da Virtual Properties.

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outras redes. Partem para o rádio, revistas, jornais e para investimentos em promoção como eventos, “sample”, cuponagem, mala direta, “trading”, sorteios, brindes etc.

A televisão por assinatura, como negócio, continua enxugando gelo. Cresceram um pouco a participação publicitária e a base de assinantes. Cabe ressaltar que em termos de qualidade houve um avanço significativo. O GNT, Multishow e Futura poderiam ser canais abertos, com mais atratividade que muitos do mercado.

A televisão a cabo digital veio ainda mais cara do que a analógica e com uma qualidade técnica que deixa muito a desejar do que se espera dessa tecnologia. uma amostragem da tecnologia que pouco contribuirá para estimular a venda de receptores ou set tops para o futuro telespectador da TV digital terrestre.

A banda C, o sinal de televisão por satélite analógico aberto, é uma realidade que as redes nem comentam. São estimados cerca de 15 milhões de pontos de recepção que interferem nas coberturas terrestres e trazem um enorme descrédito para o reduzidíssimo mercado de pequenos e médios anunciantes locais e regionais. Os atlas de comercialização das grandes redes apresentam coberturas magníficas das suas afiliadas e retransmissoras sem mostrar o enorme impacto das parabólicas com sinal nacional.

Demoramos tanto a implantar a TV digital que as empresas de telecomunicações agora se apresentam como concorrentes na distribuição de conteúdos audiovisuais, sem qualquer regulamentação, obrigações ou exigências governamentais.

Para completar os radiodifusores estão divididos em três associações: Abert, Abra e Abratel, justamente quando o governo, através da Casa Civil, anuncia a elaboração participativa do projeto de Lei da Comunicação Social.

novo modeloEntão, está tudo perdido? É claro que

não. Precisamos, entretanto, atacar os problemas da televisão brasileira e evitar

que a TV digital retrate a difícil situação da atual televisão aberta.

Para isso temos que resolver a questão da distribuição de conteúdos, aumentando as participações das afiliadas nas programações regionais e locais, abrindo esses mercados para a produção de conteúdos e formatos locais e regionais, embarcando os médios e pequenos anunciantes no bolo publicitário e criando oportunidades de emprego para milhares de profissionais.

Investir e fortalecer a produção independente, que tem um enorme potencial para produzir conteúdos de

qualidade, com menores custos Vejam o nosso cinema e o potencial da garotada que está saindo das universidades, ou os que estão há anos em busca de uma oportunidade no negócio de televisão.

É importante aumentar o número de telespectadores que assistem os programas, trabalhando a ponta da distribuição, co-produzindo, vendendo ou trocando produtos com parceiros e distribuindo no mercado internacional.

É imprescindível olhar com cuidado a polêmica questão dos direitos adquiridos, evitando simplesmente transferir automaticamente quem tem outorgas de geradoras e retransmissoras analógicas para o espectro da televisão digital. Ceder mais quatro canais ou um de HDTV para certas redes ou emissoras atuais irá agravar o quadro atual, onde só a Globo, pela sua competência, consegue ter um negócio consistente.

É preciso estabelecer um critério que priorize a competência e a capacidade econô­mica das redes e emissoras

que irão para a TV digital, dando oportunidade a novos investidores que agreguem valores à televisão, com competência artística e técnica, com projetos economicamente viáveis.

É claro que não precisamos resolver tudo o que proponho para implantar a televisão digital no Brasil. Alguns pontos, como a questão do aumento das programações regional e local, serão resolvidos naturalmente, por não haver outra saída. A banda C poderá ser eliminada com a nova tecnologia digital, se não esperarmos, por acomodação, o “switch off” dos canais analógicos. A união dos radiodifusores em uma só entidade é uma questão facílima de resolver.

Precisamos nos conscientizar de que o dinheiro é curto não só para implantar a TV digital. Ele já é curto hoje em dia. Não podemos simplesmente transportar a situação atual para a era digital com os mesmos problemas, agravados pela amortização de novos investimentos, aumentos de custos operacionais de produção e de operação de outros canais.

Também não adianta acreditarmos que a televisão digital e de alta definição terá trajetória similar à da transição da TV monocromática para a em cores, cujo apelo era quase irresistível. É importante lembrar que naquela época o mercado publicitário tinha grande interesse na transição como meio para atrair novos anunciantes, mostrando as cores dos alimentos, cosméticos, automóveis, embalagens e milhares de produtos. Havia espaço no mercado publicitário, que nem de longe estava saturado.

É preciso prover a atratividade pela TV digital com novos conteúdos, e formatos desenvolvidos com criati-vidade, talento, competência artística, técnica e de gestão, criando negócios economicamente consistentes.

Caso contrário, levaremos para o espectro da TV digital todas as emissoras e redes inexpressivas, descapitalizadas e suportadas por empresas que considero como almas penadas, que vagam pelo éter nos negócios de televisão no Brasil. Desse modo não haverá quem pague a conta de um poço sem fundo.

(artigo)

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(produção)

Brasil realidadeEndemol italiana produz reality show no País, em busca de cenários diferenciados. Na equipe de produção, cerca de um terço dos funcionários são brasileiros.

O mercado publicitário parece não ser o único a ter apelo para trazer produções internacionais para

o Brasil. A Endemol produziu entre março e maio deste ano, em Itaipava, na serra carioca, o reality show “La Fattoria”, para a TV italiana Canale 5, do grupo Mediaset. A produção usou um misto de profissionais brasileiros e italianos e boa parte dos equipamentos foi trazida da Itália. A produção é da Endemol Itália, com o apoio da brasileira Endemol Globo.

Trata-se do formato original da Endemol “The Farm”, que já foi produzido para TVs da França, Inglaterra, Portugal, Itália, Suécia, Noruega, Grécia, Hungria, Estô­nia, Lituânia e Letô­nia. O programa reúne em uma fazenda celebridades que precisam “se virar” não apenas com os afazeres da casa, mas também para conseguir alimento. As celebridades

veio da Itália, com exceção da iluminação. Na equipe de produção, 150 pessoas, um terço de brasileiros, que ficaram hospedadas em hotéis em Itaipava. Os equipamentos tiveram que vir de fora não apenas pela questão do padrão (Pal-N), mas também porque muitos desses equipamentos não existem para locação no Brasil. Basicamente, são os mesmos usados na produção do “Big Brother Brasil”.

Na fazenda, a antiga casa do caseiro foi reformada para abrigar a produção, formada por modernos swtichers, monitores, controles remotos para câmeras. Tudo isso foi montado em uma sala usando racks improvisados, construídos de sarrafos de madeira. Da parte italiana, 90% dos profissionais trabalharam também na produção do “Big Brother” para a Itália e outros países. Também foi montado um refeitório, usando toldos, onde eram servidos almoço e jantar da equipe de produção. Durante as refeições, ouvia-se tanto a língua italiana quanta a portuguesa, e quase nada em inglês. Os profissionais das duas nacionalidades costumam se comunicar sempre em sua língua natal e, ao que parece, não têm dificuldades em compreender seu interlocutor.

Todos os profissionais da criação do programa também ficaram no Brasil, já que dependiam da “oferta local” para desenvolver jogos e trabalhos para os participantes do reality show.

A pré-produção começou em janeiro, conta Carla Affonso, diretora geral da Endemol Globo, que já estuda a possibilidade de trazer novas produções internacionais para o Brasil. No início, foi necessário

por Fernando Lauterjungf e r n a n d o @ t e l a v i v a . c o m . b r

têm que plantar e colher verduras e legumes, criar e matar frangos, tirar leite de cabras etc. Semanalmente, um participante é escolhido como líder, e muda-se para a casa grande, levando consigo um escolhido para fazer as tarefas dessa casa.

O grande apelo para produzir a versão italiana no Brasil não foi apenas o custo da mão de obra, mas a “marca Brasil”, que está na moda na Europa. Segundo o diretor criativo do programa, Andrea Palazzo, a intenção era fazer um reality show mais “tropical”. Outro país onde se pensou em produzir o programa foi a áfrica do Sul, que já tem mais experiência em trabalhar com produtoras européias. “Mas escolhemos o Brasil, pela diferença de fuso”, conta Palazzo. Graças a essa diferença, as entradas diárias ao vivo, feitas durante a noite na Itália, mostravam a paisagem exuberante da região, já que aqui ainda era dia.

Os equipamentos usados para a transmissão foram locados aqui no Brasil, enquanto quase toda a parte de produção

Participantes do “la fattoria” têm que plantar e cuidar dos animais.

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escolher a fazenda, a equipe brasileira e montar toda a infra-estrutura para receber os italianos.

Marca BrasilO Brasil foi usado como uma

marca para o programa, que apresentou costumes locais para o público italiano. Dois apresentadores ancoravam o programa, um em um estúdio na Itália e outro do Brasil. Este último costumava aparecer sempre com uma arara em seu ombro. Os concorrentes participaram de jogos ou tiveram de trabalhar em locais inusitados para o público italiano. Visitaram cachoeiras e fizeram provas de arborismo. Em determinados momentos, foram levados a outras fazendas da região para aprender a cultura local. “Eles aprenderam a preparar mandioca, cortar cana para fazer cachaça,

viver uma semana em um hotel luxuoso no Rio de Janeiro, os participantes ganharam o que deveria ser uma festa tropical, para marcar sua entrada no estilo de vida simples. Mas o tempo não ajudou e a chuva acabou encharcando os trajes de gala dos jogadores.

Com uma audiência diária média de cerca de 23%, o programa chegou a alcançar 30%, “em dia de jogo de futebol”, comemora Giorgio Girelli, project manager do programa. “O ‘La Fattoria’ apresentou índices melhores que os do ‘Big Brother’ na Itália”, conta. Segundo Girelli, o mote do programa é fazer celebridades trabalharem como se fossem “pessoas comuns”. Mas, para ele, “o Brasil é uma marca que ajuda a alavancar a audiência”. Isso porque apresenta cenas pitorescas para o público italiano.

colher banana e café”, conta Palazzo. O logotipo do programa é uma típica baiana, com um turbante na cabeça.

Para suas tarefas cotidianas, os participantes contaram com um “capataz” brasileiro, que ensinou-os a cultivar as plantas e tratar os animais.

Ainda no início do programa, após

Carla affonso entre giorgio girelli e andrea Palazzo. endemol globo deu apoio para a endemol itália produzir no Brasil.

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Numa campanha feita há muitos anos, a Sadia anunciava que para reconhecer seu presunto

bastava ver seu nome escrito em alto relevo. um menino de olhos vendados passava o dedo sobre o presunto para confirmar. A idéia foi retomada agora, para dizer que o presunto Sadia não tem concorrente à altura. Mãe e filha vão à padaria e pedem presunto ao balconista. um presunto concorrente sofre uma mutação e começam a aparecer as letras de Sadia em alto relevo sobre sua superfície. Mas no lugar do S surge um ç, e logo as duas percebem que o presunto tentava se passar pelo Sadia. Advertido, o balconista responde: “Não liga, não. É inveja”.

“Na hora que aparece cada letra, o presunto se mexe. Então precisava ser engraçado sem ser nojento. Essa era uma das grandes preocupações do cliente”, explica o diretor Rodolfo Vanni. “Para isso, um aspecto fundamental foi a trilha. No primeiro filme, era tocada no piano,

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(making of )por Lizandra de Almeida

l i z a n d r a @ t e l a v i v a . c o m . b r

trilha foi fundamental para que o movimento do presento sausasse um efeito divertido, sem causar aversão.

Invejoso e analfabetopor Nelson Ayres. usamos cordas agora e os ruídos ficaram ótimos”, diz.

As atenções se concentraram na produção dos efeitos no presunto. Em primeiro lugar, a equipe de efeitos especiais trabalhou com fotos do produto e de produtos concorrentes. “usamos esse material cru como base para fazer os teste de animação. Quando chegamos a uma conclusão do estilo e do tempo de animação, fomos para as filmagens”, afirma Alex Doss, responsável pela computação gráfica na finalizadora Tribbo.

Alex acompanhou as filmagens e o material de referência filmado foi usado na montagem para determinar a duração completa do filme. “Isso foi ótimo para nós, porque editamos a animação no tempo exato do filme”, conta. “É fundamental participar da filmagem, porque com isso conseguimos ver a luz usada e depois reproduzi-la. Quando isso não acontece, o trabalho manual é muito maior.”

Para ressaltar o relevo das letras, foi preciso usar um efeito chamado occlusion. “As letras não aparecem muito

bem no vídeo, porque o relevo é pequeno e não dá muito contraste. Então usamos esse efeito com dois reflexos, um focado e outro desfocado, para realçar o volume.” A animação da peça de presunto foi feita com o efeito rigging, que funciona como se fosse uma estrutura física de animação, por dentro da peça.

Cliente Sadia Produto Presunto Dir. de Criação Carlos Silvério e Francesc Petit Criação Fernando Rodrigues e Mariana D’Horta Produtora Cia de Cinema Direção Rodolfo Vanni fotografia Ralph Strellow Dir. de arte Alexandre Toro Montagem Zequinha efeitos e finaliz. Tribbo an. da vinheta Laruccia Animação & Efeitos trilha Play It Again

ficha técnica

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A nova campanha da Telemar, composta por quatro filmes, usa recursos de documentário para

divulgar o código 31 como uma forma de aproximar pessoas. “Estamos resgatando o objetivo básico do telefone e do código de interurbano, que é colocar em contato duas pessoas distantes. O mercado atual vive uma guerra de tarifas, mas nós tentamos ser o mais simples possível e centrar a campanha no vínculo entre as pessoas”, afirma o diretor de criação da campanha, André Lima.

Os filmes podem ser simples — cada um deles mostra o reencontro entre pessoas que estão separadas pela distância — mas a produção, nem tanto. No primeiro filme, um rapaz afastado do pai há mais de 30 anos é levado pela produção para encontrá-lo, no interior de Pernambuco. O momento do reen-contro é documentado ao vivo, sem direito a take dois. “Fizemos realmente um documentário e sabíamos que só tínhamos uma chance de captar a imagem ideal. Por isso os filmes fogem da estética do comercial, que é sempre mais limpa. Isso seria inviável. Então decidimos assumir a linguagem documental”, continua André.

Foram usadas três câmeras 16mm, sendo uma Bolex, de mão, para dar mais agilidade. Para chegar a cada um dos destinos, a equipe usou carro, barco, avião e helicóptero. Apresentados pela

atriz Dira Paes, os filmes contaram com uma equipe de 14 pessoas, incluindo o diretor de criação. Sua presença foi fundamental, pois o texto era escrito quase na hora, de acordo com os desdobramentos do documentário. A equipe viajou acompanhada de uma uTI móvel, para prevenir problemas decorrentes da emoção do encontro. Afinal, só os

em tom de documentário, comercial da telemar mostra situações reais de pessoas que se reaproximaram.

Reencontros ao vivo

anunciante Telemar Norte Leste Produto Código 31 agência NBS Dir. de criação Pedro Feyer e André Lima Criação André Lima, Rynaldo Gondim, Pedro Feyer e José Luiz VazProdutora Conspiração Filmes Direção Breno Silveira fotografia Dudu Miranda figurino Tatiana Rodrigues Maquiagem Tabira Montagem Eduardo Hartung finalizador Bianca Barbato trilha Voicez

ficha técnica

visitantes sabiam que reencontrariam seus parentes. Os visitados eram avisados que receberiam uma equipe de filmagem, mas sem que o real propósito fosse revelado. Mas ninguém passou mal.

O trabalho começou com a pesquisa feita pela Conspiração Filmes no Rio de Janeiro. Trinta e oito pessoas foram testadas, todas elas com histórias de separação de pessoas queridas. Definidos os personagens cariocas, restou à equipe buscar seus parentes perdidos. “Não escolhemos só pessoas afastadas há muito tempo, porque a idéia é que o reencontro é sempre uma alegria”, diz André. “Essa campanha só podia ser feita no Brasil, pois é típica de um país grande, com condições econô­micas pouco favoráveis que provocam um fluxo migratório interno intenso.”

P&B das antigasPara as cenas em preto e branco do comercial

“Simpatias”, do Shopping Morumbi, o diretor Sergio Glasberg foi atrás de uma tecnologia antiga para obter o efeito desejado. Ele usou uma câmera de cinema Bolex, movida a corda. O resto do filme foi rodado em Super 16. No filme veiculado para o Dia dos Namorados, pessoas fazem simpatias para conquistar ou manter seus amantes. O filme pode ser visto no site da produtora: www.sfilmes.com.

anunciante Shopping Morumbi Produto Dia dos Namorados agência AGE Produtora SFilmes Direção Sérgio Glasberg fotografia Fê Oliveira Direção Larissa Bogsande arte Produção Juliana Ponte trilha Play it Again finalização Cinema/Tribbo Post

ficha técnica

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(case)

Vocação para o cinemaCom uma equipe fixa de animação, a Twister — produtora de computação gráfica associada ao laboratório LaboCine — pretende instituir uma verdadeira indústria de desenho animado no Brasil.

Em um anexo especialmente construído, uma equipe de 50 pessoas trabalha em dois turnos para produzir um longa-metragem de

animação. Primeira investida da Xuxa Produções nessa área, a equipe foi montada para viabilizar o filme protagonizado pela personagem Xuxinha. A iniciativa faz parte da associação entre a produtora de efeitos especiais Twister e o laboratório cinematográfico LaboCine, ambos do Rio de Janeiro, que acaba de completar um ano. E a previsão é a de que o filme esteja pronto em setembro. Sergio Schmid, um dos sócios da Twister, espera que outros projetos possam ser realizados a partir dessa estrutura. “Nossa intenção é manter toda a equipe. Já temos duas propostas em análise e, se tudo for aprovado, vamos continuar produzindo um longa de animação por ano. Com mais um turno, talvez dê até para produzir dois”, prevê.

A idéia de levar à tela grande uma produção animada surgiu em 1998, quando a Twister acabava de fazer seu primeiro trabalho de computação gráfica para ficção, no filme “Villa-Lobos — uma Vida de Paixão”, de Zelito Vianna. “A Diller Produções queria fazer um longa de animação, mas na época estimamos cinco anos de produção e uma equipe de 200 a 300 pessoas, para fazer no processo tradicional”, explica Schmid.

Naquele momento, a idéia era inviável. Na mesma época em que Twister e LaboCine se associaram, em 2004, Schmid conheceu Clewerson Saremba, animador que já tinha passado pela Globo e trazia uma ampla bagagem em animação 2D. “Começamos a fazer alguns testes,

“Não criamos um núcleo para produzir um filme a cada dez anos. Queremos aperfeiçoar nosso nível técnico para criar um produto viável e rentável. Queremos investidores, e investidores querem retorno financeiro. Essa história de que o importante é botar na lata não cola aqui”, brinca.

autodidatismoVislumbrando a perspectiva

de manter a equipe de animação trabalhando, a LaboCine encampou o projeto e construiu o anexo hoje ocupado por esse departamento. Com as paredes forradas de fotogramas saídos do storyboard, as equipes trabalham seqüência a seqüência, desenhando os personagens, cenários e dando acabamento, em um processo industrial.

Não foi fácil, porém, montar a equipe. Ainda não existem cursos que formem profissionais exclusivos de animação. Dos 200 entrevistados pela Twister, a maioria não tem curso superior ou ainda não o concluiu. Quem tem graduação vem de artes plásticas ou publicidade. “A maior parte das pessoas é autodidata. Tem o software em casa e aprende por conta própria”, afirma Schmid. Para montar a equipe, dois critérios foram fundamentais: além do talento, era preciso que a pessoa estivesse disposta a executar tarefas específicas e ter produtividade. “Esse é um trabalho muito autoral e nós não quisemos criar especialistas. Todos podem fazer todas as funções, até para evitar que a equipe fique desfalcada. Conseguimos uma qualidade que, quando se troca de animador, não se vê a diferença. Mas nem todos os talentos conseguem se

misturando 2D e 3D. Como somos sócios da Renato Aragão Produções nos personagens de animação do ‘Programa do Didi’, pensamos em usá-los para esse teste. Mas, conversando com o [produtor] Diller Trindade, ele sugeriu que fizéssemos com a Xuxinha, pois um longa de animação já estava nos planos da produtora.”

Clewerson já era um dos animadores da Xuxinha na Globo, o que facilitou ainda mais o processo. “Conseguimos que o teste fosse transferido para película aqui na Labo, então já pudemos conferir o resultado final”, diz Schmid. O teste animou Trindade, que já começou a preparar o projeto para captação de recursos. A estimativa da Twister era a de concluir o projeto em um ano, e o cronograma está sendo cumprido. Depois de seis meses do teste, o material começava a ser produzido.

Clewerson saremba e sergio schmid com xuxinha, personagem do primeiro longada produtora.

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submeter a esse processo industrial, então tentamos contrabalançar isso. Não foi muito fácil.”

Para muitos, ter a chance de

faz parte da equipe, mora aqui na Vila Isabel numa pensão. Esse é o sonho de muita gente, não só do pessoal novo, mas também de gente mais velha”, diz Schmid.

Como a LaboCine montou a estrutura especialmente para o filme, tornou-se sócia do projeto. Assim, a equipe participou de todo o processo, desde a elaboração do roteiro. Enquanto as imagens são finalizadas, a Diller Produções já se encarrega da criação da trilha e da dublagem dos personagens. O filme é indicado para crianças em torno de 12 anos e a história tem aventuras e personagens masculinos, para atrair também a atenção dos meninos. Xuxinha, a personagem que já aparece nos programas de televisão, é o anjo da guarda do garoto Guto, que protagoniza as aventuras.

lizanDra De alMeiDa

trabalhar em uma estrutura profissional é um sonho. “um cara de São Paulo veio aqui e disse que queria trabalhar no projeto, de qualquer jeito. Fizemos um teste e ele hoje

traBalHOs COMPleMentaresNa virada de 2002 para 2003, os sócios

da Twister — Sergio Schmid e Gil Josquim — discutiam as perspectivas da empresa para o futuro. Especializada em computação grá-fica, a empresa fundada em 1993 trabalhava com comerciais e já tinha no currículo efeitos especiais para diversos longas-metragens. “Tínhamos crescido muito para os padrões do Rio, mas não conseguíamos entrar no mercado de São Paulo. Nosso dilema era se devíamos enxugar, crescer mais, vender ou procurar uma sociedade”, conta Schmid.

Foi quando a LaboCine demonstrou seu interesse em uma parceria que ampliasse os serviços prestados pelo laboratório. O namoro começou e, algum tempo depois, fechava-se a sociedade. “A Twister mantém sua vida independente e tem a Labo como sócia de sua estrutura. Criamos a área digital da Labo, a exemplo das produtoras de efeito existentes no exterior.”

Os equipamentos da produtora são baseados em PC e estão centralizados em

uma única central técnica, projetada para otimizar a capacidade das máquinas. Todas as máquinas estão ligadas, inclusive os Avid. “Assim temos mais segurança e colocamos todas as máquinas na temperatura adequada. Muitos clientes que acompanhavam a edição reclamavam do frio da sala. Agora as salas não precisam ser tão refrigeradas”, diz.

As estações podem trabalhar juntas e a apresentação dos trabalhos pode ser feita em todas as estações, que buscam as imagens no mesmo servidor. “Temos uma lan share que distribui a velocidade de processamento das máquinas, de acordo com a necessidade de cada trabalho. E um sistema de segurança que espelha em backup todos os trabalhos, diariamente. A empresa é toda cabeada em fibra ótica.”

Com a associação, tanto o laboratório como a produtora de efeitos puderam am-pliar seu espectro de serviços, focando cada vez mais no cinema. Só o laboratório produz 200 cópias de filmes por dia.

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(política)

Cultura não é sojaBrasil ganha entidade para defender convenção da unesco que pretende diferenciar os bens culturais dos produtos negociados internacionalmente.

No início de junho, a unesco realizou a última reunião preparatória antes de sua assembléia no mês de outubro, para elaborar

o documento-base da Convenção pela Diversidade Cultural. TELA VIVA conversou por telefone com Robert Falon, vice-presidente da Coalizão para a Diversidade Cultural do Canadá, presente à reunião, que explicou que o tema central do documento é a desvinculação dos bens culturais, como livros, filmes ou discos, das negociações comerciais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Não só isso: a convenção pretende garantir também que países, sobretudo os de maior poder econô­mico, como os EuA, não usem uma negociação sobre aço, por exemplo, para exigir de um deter-minado país uma maior abertura no mercado editorial ou audiovisual.

A reunião contou com 550 del-egados de 135 países, e assistiu a um embate entre dois blocos, um notada-mente liderado pelos EuA, com o apoio em maior ou menor escala de Aus-trália, Japão, Israel, Argentina, México e Turquia, e outro capitaneado pela França e pela união Européia, com o apoio do Brasil, Canadá, China, áfrica do Sul e índia. Os norte-americanos pressionam por uma maior liberalização e pela negociação dos bens culturais no âmbito da OMC, sem diferenciação dos outros produtos.

“É a primeira vez que se tenta estab-elecer no direito internacional que bens culturais não são mercadorias como carros ou computadores”, conta Falon. “Os EuA jogaram pesado, mandaram seus melhores negociadores da OMC, em Genebra, fizeram emendas a todos os artigos. Seu objetivo era transformar

a convenção (que tem poder normativo) em uma simples resolução”, revelou.

Como cartada final do encontro, os EuA publicaram no último dia uma carta na qual questionavam a legitimidade de todo o pro-cesso e até a jurisdição da unesco para de-liberar sobre o tema. Também propuseram, sem êxito, que o Artigo 20 do documento, que trata justamente da relação da conven-ção com os órgãos de comércio interna-cionais, fosse rediscutida na conferência de outubro. “Acredito que eles tentarão formar um grupo de uns 20 países para reabrir o debate sobre o Artigo 20 ou para convencer mais de um terço dos países a não aprovar a convenção”, conta Falon. O documento precisa da aprovação de dois terços dos 198 países-membros da unesco.

BrasilEnquanto isso, foi criada no dia 7 de

junho em Florianópolis a Coalizão Brasileira pela Diversidade Cultural (CBDC), durante o Seminário sobre Diversidade Cultural e a

Convenção da unesco, promovido pelo Congresso Brasileiro de Cinema (CBC) e o 9º Florianópolis Audiovisual Mercosul — FAM. O seminário teve a participa-ção de vários especialistas do país e do exterior, entre eles o próprio Robert Pilon, Nemésio Juarez, da coalizão argentina e Paulo Slachevsky, do Chile. Já existentes em 24 países (o Brasil é o 25º), as Coal-izões pela Diversidade Cultural reúnem entidades e profissionais das indústrias audiovisual, fonográfica e editorial e hoje seu objetivo principal é comprometer os estados membros da unesco a assinar a Convenção.

A CBDC foi formada com a partici-pação do CBC, da uBC (união Brasileira de Compositores), da Amar/ Sombras (Associação de Maestros, Arranjadores e Regentes /Sociedade dos Músicos Brasileiros), e da Libre (Liga Brasileira de Editores). Foi eleita uma Comissão Ex-ecutiva formada pelo cineasta Geraldo Moraes, o compositor Marcus Vinicius, a editora Marta Martins e a produtora Débora Peters. A primeira tarefa desta comissão será buscar a adesão de outras entidades e de profissionais dos diver-sos segmentos da produção cultural e artística.

Segundo Geraldo Moraes o objetivo das coalizões, é pressionar os governos de cada país a assinarem a convenção da unesco em outubro. Falon lembra que, além da assinatura em outubro, as coalizões devem pressionar para que cada país também ratifique posterior-mente a resolução, o que dá a ela o caráter normativo.

“Há pressa na aprovação e sobre-tudo na ratificação, pois os acordos comerciais já estão sendo feitos. É uma corrida”, conclui.

anDré MerMelstein

geraldo Moraes, do CBC, é o representante do audiovisual na coalizão brasileira.

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(equipamento)

HVR-Z1 em análise Os diferenciais do modelo profissional da câmera HDV da Sony.

A HVR-Z1, câmera HDV da divisão Broadcast & Professional Systems da Sony, é praticamente igual à HDR-FX1, modelo

de consumo da marca japonesa. No entanto, a Sony lista pelo menos 40 características especiais do modelo profissional, comercializado por uS$ 6 mil no mercado norte-americano. É claro que não vou entrar em todas elas (que podem ser lidas no site news.sel.sony.com/pressrelease/5331, em inglês). Ao invés disso, baseado em minha experiência com a câmera, prefiro listar um punhado de recursos que trazem boas soluções para problemas de captação. Também detalharei algumas características que não me pareceram particularmente úteis.

A camcorder HVR-Z1 tem em comum com a câmera “consumer” HDR-FX1 a forma e o formato de captação (1080i HDV), mas apresenta alguns recursos profissionais importantes, como o controle da entrada de áudio.

À parte seus conectores de áudio XLR, o recurso que mais distingue a versão profissional da consumidor é a possibilidade de selecionar o modo de gravação entre os modos Região 50 e Região 60. O modo Região 50 é compatível com PAL DV/DVCAM, 1080i50 e CineFrame 25. O modo Região 60 funciona com NTSC DV/DVCAM, 1080i60 e CineFrame 24 e CineFrame 30.

Em adição ao par de XLRs, a Z1 oferece alimentação Phantom de +48V e ajustes via menu que permitem limitar o nível de entrada de +12dB a -18dB. Este recurso permite, por exemplo, que se acople qualquer microfone à Z1. As vantagens são duas. Primeiro, previne uma entrada de áudio

de auto ajuste de exposição (AE) pareceram 100% eficientes em evitar “estouros” na imagem. Eu realmente adorei a possibilidade de confiar tanto na Z1 quanto FX1 para gravar sem a ocorrência de horríveis áreas brancas na tela.

A Z1 inclui um modo Black Stretch (veja a linha vermelha no gráfico), que altera o gamma normal de vídeo (curva azul) para prover um detalhe de sombra com meio-tons levemente mais acentuados. Eu acho que você vai querer manter este recurso ligado, por que embora a Z1 e a FX1 são causem superexposição do vídeo, elas por outro lado parecem causar um sub-exposição. Embora o Stretch possa ser usado também com qualquer uma das duas opções de gamma Cinematone, não se pode perceber nenhuma diferença nesse caso.

Os recursos Cinematone são funções de gamma que amenizam o brilho dos meio-tons na imagem. O Cinematone 2 (rosa, no gráfico) é o mesmo oferecido na FX1, enquanto o

Steve Mullenc a r t a s @ t e l a v i v a . c o m . b r

sobrecarregada antes do controle de ganho. E permite que o controle manual ou automático de ganho seja feito sempre em um nível otimizado. O limitador de áudio da Z1 pareceu muito efetivo, especialmente quando se grava nas ruas de Nova york.

A Z1 também tem a função peaking, que cria contornos em uma área selecionada da imagem para ajudar no foco manual. A cor do contorno pode ser definida entre branco, amarelo ou vermelho. Mas este recurso não pareceu muito útil. Imagine por exemplo que você queira fazer o foco em dois personagens. um segura uma faca e o outro não. Quando em foco, a faca afiada aparecerá com um belo contorno vermelho. No entanto, os olhos, narizes, boca e orelhas do outro personagem não terão os contornos vermelhos. Mais ainda: o modo especial de magnificação da imagem não pode ser usado durante a gravação. Assim, tive que confiar no auto-focus (AF) e no One-Push AF (quando em modo manual). Talvez por causa da alta definição, o auto-focus é extremamente acurado.

O conversor A/D de 14-bit faz a digitalização do sinal dos três CCDs, e o sinal digital é então processado por um DXP de 14-bit. Ambos os recursos e mais um sistema

Copyright Video Systems 2005

Hvr-z1: semelhante ao modelo consumer, mas com recursos típicos de

uma câmera profissional.

MesMO MODelO, nOMes Diferentes

No Brasil e em toda a América Latina a câmera HDV profissional da Sony é comercializada com o nome HVR-Z1N, enquanto nos EuA O modelo chama-se HVR-Z1u. Tecnicamente, são exatamente iguais. A denominação diferente é um recurso da Sony para controlar a distribuição dos produtos entre os diferentes países.

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(equipamentos)

Cinematone 1 provê uma curva de gamma (azul claro) que achata os meio-tons um pouco menos que o Cinematone 2. Eu achei que ambos os recursos levaram os detalhes das sombras para o preto, reduzindo desnecessariamente a latitude, que já estava três stops abaixo do que eu realmente precisava. Assim, eu provavelmente não usaria o modo Cinematone no campo.

exposição controladaDos recursos ajustáveis por menu,

o AE Speed (velocidade do controle de exposição) é meu favorito absoluto. O AE é regulável para uma área definida da imagem, e seu único problema real é se alguma coisa causar uma flutuação momentânea na luz que incide na lente. Ajustando a resposta para Slow, eu podia mover minha mão em frente à câmera sem perder o ajuste do brilho geral da imagem. É claro que uma mudança de iluminação em uma cena real seria assimilada muito facilmente com esse recurso.

Em linhas gerais, eu obtive a melhor imagem sempre com a exposição nem totalmente aberta e nem totalmente fechada. Você pode adicionar ganho para manter a íris maior que, digamos, f/3.6. usando o menu Iris Limit, você pode evitar que a abertura fique abaixo de f/4, f/6.8 ou f/11.

Claro, você pode acionar um dos dois filtros ND para evitar a redução da abertura. No entanto, a única forma de saber qual ou quais filtros estão ativos é observar a minúscula legenda “1” ou “2”, seguida do símbolo ND. Seria melhor se o display mostrasse diretamente o ajuste (1/6 ou 1/32).

Como a gravação em modo Região 60 em um país da região 50 causa um batimento de 10 Hz por causa da iluminação artificial, a solução é lembrar de usar a velocidade de obturador apropriada, de 1/60 ou 1/100. A Sony oferece, desde a época da Handycam Hi-8, um Flicker Filter, que atenua este efeito.

Se você é como eu, muda o tempo todo entre o visor de LCD e o viewfinder. A Z1 traz a opção de deixar

os dois ligados. Você também pode alternar o viewfinder entre P&B e cor.

DesconfortoNo geral, tanto a parte óptica quanto

a eletrô­nica da Z1 são de primeira. No entanto, o mesmo não se aplica à ergonomia dos controles. Quando se muda do modo automático para o manual, espera-se que os controles sejam de manuseio simples e rápido. Não é assim. Para ajustar o ganho, por exemplo, é preciso primeiro lembrar-se de apertar o botão Gain. Depois, usar o botão de três posições para ajustar o ganho desejado.

Precisa ajustar a correção de cores rapidamente? Pressione o botão White Balance, mude a chave para A ou B, e então mantenha pressionado o botão WHT BAL - uma operação com três passos. Aliás, se a camcorder estiver em modo Auto ou Hold, serão quatro passos.

A velocidade do obturador foi outro obstáculo. No geral, se quer uma velocidade de obturador compatível com o frame rate que se está usando, mas ao menos que você se lembre de pressionar o botão Shutter Speed, a velocidade ficará oscilando livremente.

uma função no menu permite escolher formatos preset (pré-programados) de temperatura de cor exterior entre 3500 Kelvin e 5800 K, em degraus de 500 K. Em

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Ponto fraco é a ergonomia dos controles.

gravações internas, o White Balance manual é o mais preciso, mas não muito agradável. O preset Interior esquentou bem os tons de pele, mas como efeito colateral as outras cores ficaram menos precisas. Nada disso me surpreendeu, porque sempre achei a colorimetria da Sony mais propensa a um padrão de 9300 K que um de 5600 K. Isso leva a uma imagem mais fria, com o que parece um componente amarelo mais fraco, que impede tons marrons mais intensos.

Experimentei várias configurações dos controles de nível de cor e nitidez (sharpness). Não consegui chegar ao nível de saturação ao qual estou acostumado com algumas câmeras HDCAM. Reduzir a nitidez para abaixo do default 12 pareceu apenas suavizar a imagem. Com a HVR-Z1, eu captei a mesma cena, rica em detalhes (um menu de restaurante), usando DV e HDV. Com o HDV podia-se praticamente ler os itens do menu. Com o DV não foi possível ler nada.

Se seu plano é captar em HDV e usar o downconverter embutido para dar saída em DV, eu recomendo fortemente a Z1. A câmera tem uma área demarcada em aspecto 4:3 no viewfinder e no LCD, e quando exporta para DV a câmera dá a saída na imagem centralizada. Ou seja, se você enqua-drou as cenas na área demarcada em 4:3, terá no final um enquadramento perfeito na saída em SD.

Tanto a HDR-FX1 quanto a HVR-Z1 satisfazem a necessidade de quem usa DV e quer ir para o mundo HD. Mas se você precisa de uma série de úteis recursos profissionais, a Z1 é a escolha óbvia para produzir em 1080i.

Curvas De gaMMa

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Grass Valley em novos nichos

A Grass Valley anunciou no último mês o lançamento do Turbo iDDR (Intel-ligent Digital Disk Recorder). Trata-se de um VT / servidor de vídeo baseado em hard disk (HDD) voltado principalmente para os mercados corporativo, institucio-nal, universitário e religioso. Com preços a partir de Ä 7,995 (cerca de uS$ 10 mil), o Turbo iDDR arma-zena de 10 a 40 horas de vídeo, dependendo da taxa utilizada (10 horas a 25 Mbps ou 40 horas a 4 Mbps), e pode funcionar como três VTs simultaneamente, gravando e reproduzindo clipes e múltiplos formatos, inclusive HDTV (são dois canais de playback e um de gravação, que podem trabalhar ao mesmo tempo). O controle pode ser feito por uma tela touchscreen ou conectando-se um monitor, teclado e mouse ao aparelho.

A maior vantagem do equipamento é a flexibilidade. Pode ser usado como VT ou como servidor, em ambientes internos ou

externos. O material gravado em campo pode ser pré-editado no próprio equipamento a caminho da central de produção. Ele também pode ser integrado à maior parte dos sistemas de edição não-linear existentes. O Turbo iDDR aceita conteúdos gerados tanto em Mac quanto em PC, como aqruivos QuickTime, Windows Media Video, inclusive WMV HD, MPEG-2 e vários for-matos de arquivos still. Também oferece várias portas

de saída, incluindo DVI, Gigabit Eth-ernet e FireWire, além de conexão com mídias removíveis, como CD-ROM e DVD, memory sticks e outros dispositivos uSB externos. Para o áudio há saídas analógica e digital S/PDIF. O produto estará disponível no segundo semestre.

ParceriaEste é o primeiro produto

lançado a partir de uma parceria da Grass Valley com a Iomega, desenvolvedora de tecnologias de armazenamento. Segundo a Grass Valley, a parceria é um passo estratégico para atuar com novas plataformas de gravação, por conta das limitações apresentadas pelas fitas cassete. Pelo acordo, a Grass Valley integrará a tecnologia Iomega REV, de discos removíveis, em um série de equipamentos, começando pela linha Pro Line, voltada ao mercado ProAV. As mídias usadas na tecnologia REV aproximadamente uS$ 60 e comportam até duas horas de vídeo a 25 Mbps.

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(upgrade)

O Kahuna permite a operação simultânea tanto em sD quanto em HD sem a necessidade de “boot”.

turbo iDDr: misto de vt e servidor voltado ao mercado insti-tucional e corporativo.

SD e HD em caixa únicaApresentado pela primeira vez na NAB, que aconteceu em abril, o

switcher de produção Kahuna, da Snell& Wilcox, já foi encomendado por radiodifusores de todo o mundo. O equipamento recebeu quatro prêmios no evento, incluindo o Television Broadcast Top Innovation Award. O Kahuna é o primeiro switcher de produção a oferecer opera-ção simultânea em SD e HD no mesmo mainframe e com o mesmo painel de controle. O equipamento pode trabalhar somente em SD ou somente HD ou ainda no modo multiformato. É importante destacar que a mudança no modo de operação não exige “rebootar” o equipamento. No modo multiformato SD/HD, os usuários do Kahuna pode usar uma alimentação SD (alimentado por uma câmera, gráficos ou material de arquivo) sem a necessidade de passar por um equipamento de “upconversion”.

O switcher permite também alocar o bancos de mix/effects (M/Es) para uso somente em fontes de vídeo SD ou HD ou ainda juntar tudo em uma única M/E. Opcionalmente, o equipamento conta ainda com DVE (Digital Vídeo Effects) 3D interno. O equipamento tem quatro M/Es e até oito canais de 3D DVE. Cada banco M/E conta com quatro corretores para luma, linear, e chroma; cinco geradores de transição e corretor de cores RGB. O equipamento pode trabalhar com até 24 imegens separadas tanto SD quanto HD, que podem ser manipuladas de forma independente.

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Resposta ágilA ViewSonic lançou dois monitores de cristal líquido,

que, segundo a empresa, alcançam a mais alta velocidade de resposta de vídeo do mercado. Com tempos de resposta de 4 milisegundos, os monitores são os VX924, de 19 pole-gadas, e o VX724, de 17 polegadas. Os monitores oferecem desempenho até oito vezes mais rápido que os disponíveis no mercado. Os novos modelos são os primeiros a incor-porar as tecnologias proprietárias da ViewSonic Dynamic Structure e Amplified Impulse, para a aceleração da resposta de vídeo, e que suportam faixas de até 250 quadros por segundo para toda a escala de cores.

Ambos os modelos apresentam a nova tecnologia Clear-Motiv, com 4 ms de resposta de vídeo para imagens com qualidade de visualização televisiva digital HD; alimentação para sinais DVI e VGA; resolução de 1280x1024 e visual-ização XtremeView com ângulos extremos de até 160°. O VX724, de 17 polegadas, apresenta alto brilho, de 300 nits e 500:1 de proporção de contraste, enquanto o VX924, de 19 polegadas, apresenta brilho de 270 nits e 550:1 de propor-ção de contraste.

Com tempo de resposta de 4 milisegundos, monitor promete desempenho oito vezes mais rápido que os concorrentes.

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(agenda)> JunHO1� a 23 2�º guarnicê de Cinema. São Luís, MA. Inscrições até 31 de março. E-mail: [email protected]. Web: www.festivalguarnice.ufma.br.

23 a 2� 49° Painel telebrasil. Costa do Sauípe, BA. Tel.: (21) 2266-9150. E-mail: [email protected]. Web: www.scae.com.br/telebrasil/.

> JulHO8 a 1� anima Mundi - festival inter-nacional de Cinema de animação. Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2543-8860 / 2541-7499. E-mail: [email protected]. Web: www.animamundi.com.br.

20 Prazo final para inscrições no 1º Indie Screenplay Brazil Contest, que selecionará o melhor roteiro de curta-metragem, oferecendo ao vencedor o prêmio de R$ 10 mil

em orçamento para produção. O resul-tado será divulgado no site site www.isbrazil.com no dia 20 de setembro.

20 a 24 anima Mundi - festival interna-cional de Cinema de animação. São Paulo, SP. Tel.: (21) 2543-8860 / 2541-7499. E-mail: [email protected]. Web: www.animamundi.com.br.

21 a 23 �º festival internacional de Curtas de Belo Horizonte. Belo Horizonte, MG. Tel.: (31) 3291-0524 / 3291-1856. Web: www.festivaldecurtasbh.com.br.

> agOstO 2 a 4 — aBta 2005. O maior evento de tv por assinatura da américa latina. ITM-Expo, São Paulo, SP. Tel: (11) 3120-2351. E-mail: [email protected]. Web: www.convergeeventos.com.br.

15 a 28 - festival de gramado - Cinema latino e Brasileiro. Gramado, RS.

Tel.: (54) 286-9533. E-mail: [email protected]. Web: ww.festcinegramado.com.br.

24 a 2� 2º Prix Jeunesse iberoamericano. Santiago, Chile. Informações no Midiativ - Centro Brasileiro de Mídia para Crianças e Adolescentes. Tel.: (11) 3864-1239. E-mail: [email protected]. Web: site www.midiativa.tv.

24 a 1º/9 indie 2005 - Mostra de Cinema Mundial. Belo Horizonte, MG. Tel: (31) 3296-8042 / 3293-1582. E-mail: [email protected]. Web: www.zetafilmes.com.br/indie. Inscrições até o dia 27 de junho.

25 a 3/9 festival internacional de Curtas Metragens de são Paulo. São Paulo, SP. Tel.: (11) 3034-5538. E-mail: [email protected]. Web: www.kinoforum.org.

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