revista tela viva 127 - maio 2003
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Revista Tela Viva 127 - Maio 2003TRANSCRIPT
ano12nº127maio2003
naB 2003 mostraas tecnologias deprodução sem fitas
no mT produtoresse reúnem parafortalecer o cinema
nGT inaugura sede e promete novo canalpara o segundo semestre
acompanhe as notícias mais recentes do mercadowww.telaviva.com.br
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editorialPassados quatro meses, o governo Lula ainda não deu pistas sobre sua política para as comunicações de forma integrada. Como uma medida isolada, apenas anunciou que tanto as verbas de publicidade do governo e das estatais quanto os recursos des-tinados a patrocínios culturais seriam centralizados pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), do ministro Gushiken. Parece não perceber que os problemas são relacionados: a Ancine regulamenta um setor com poucas chances de viabilização sem a televisão; a TV e a mídia em geral estão em crise e precisam de verbas estatais de publicidade; as estatais bancam boa parte da produção cultural, especialmente a audiovisual; quem também banca esta atividade cultural são as leis de incentivo, que seguem as diretrizes da Ancine e do Ministério da Cultura.
Pelas diretrizes que começaram a ser divulgadas em abril, as estatais bancarão as atividades cult-urais seguindo os princípios do governo de inclusão social, combate à pobreza e democratiza-ção do acesso à cultura. São causas nobres, mas os meios para atingi-las podem ser perigo-sos. Alterar a lógica de uma indústria já estabelecida sem aviso prévio é um risco, ainda mais sem discutir com a indústria as conseqüências. Corre-se o risco de uma só ideologia ditar o conteúdo,
o que resulta num filme geralmente sem final feliz.Um outro aspecto da política de comunicação do governo é a distribuição das verbas públicas de pub-licidade. Os balões de ensaio soltados até agora mostram que, provavelmente, a Secom determinará que os gastos sejam proporcionais à audiência de cada veículo. É uma medida positiva, que ajudará a reequilibrar a perversa relação entre audiência e verba publicitária. Hoje, como se sabe, é possível a um grupo como a Globo ter 50% da audiência e 78% do mercado publicitário de TV. Por outro lado, se o governo vai gastar seus preciosos recursos com base na audiência, estará na prática reforçando uma situação em que alguns poucos veículos controlam na prática o que o brasileiro assiste ou lê. Ou seja, o governo não estará fazendo nada que crie mais concentração na mídia, mas também não fará nada contra. E existe ainda o risco de prejudicar veículos regionais ou setoriais, para os quais tais critérios não fazem o menor sentido. Ou seja, o critério de investir em publicidade baseado no custo por mil (leitores
ou telespectadores) não vale para veículos regionais ou especializados.Seria importante o governo pensar de forma mais ampla o mercado de comunicação, audiovisual in-cluído. A começar pela revisão da legislação de comunicação, para assegurar mecanismos que per-mitam a competição justa no mercado de TV, jornais e revistas. Incentivar outras mídias e tecnologias, criar mecanismos que permitam a entrada de novos grupos, eventualmente até um fundo setorial para a formação de talentos brasileiros são iniciativas que poderiam ser tomadas. Naturalmente, tudo isso só se materializará a médio ou longo prazo, mas os debates com a sociedade precisam começar agora.
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ano12nº127 maio2003
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CAPA 24
EVENTo 16As novidades tecnológicas da NAB 2003Fabricantes mostram como o disco óptico, o HD e o cartão de memória tomarão o lugar dos cassetes.
TELEViSÃo 28A gestação de uma nova emissoraCom nascimento previsto para o segundo semestre, a NGT promete um formato dife-renciado na programação educativa.
TECNoLogiA 32filme infantil com recursos virtuais
CASE 34menino maluquinho tridimensional
Produção de terceiros
Emissoras públicas e educativas abrem espaço para projetos independentes. Veja como elas selecionam as produções.
CiNEmA 36mato-grossenses em prol do audiovisual regional
Produtores do Centro-Oeste dão o primeiro passo para a criação de um núcleo a ser com-partilhado por todos os estados da região.
O personagem de Ziraldo protagonizará uma série animada de 16 episódios, produzida pela mineira Fábrica de Animação.
AudioViSuAL 38Espanha mantém as raízes
A regionalização da programação na TV espan-hola garante divulgação das diferentes culturas e abre espaço para novos canais.
A nova produção da TV Cultura, Warner Brothers e Moonshot Pictures, “Martelo de Vulcano”, foi captado em câmeras digitais.
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Fotos: marcos Vilas Boas/Divulgação (Carandiru) e Divulgação
Brasil em Cannes
Eduardo Valente é o primeiro diretor brasileiro a fazer dobradinha no Festival de Cinema de Cannes, que acontece de 14 a 25 de maio. Premiado em 2002 com “Um Sol Alaranjado”, o diretor agora vai apresentar a comédia “Castanho”. O curta foi selecionado para a Quinzena dos Realizadores, principal mostra paralela do festival. O longa “Filme de Amor”, de Julio Bressane, também participa da Quinzena. O curta-metragem “A Janela Aberta” (1), do premiado diretor Phillippe Barcinski, também foi selecionado para a competição oficial do festival. É o segundo curta brasileiro a concorrer à Palma de Ouro em 20 anos. O diretor está se preparan-do também para filmar seu primeiro longa, “Não por Acaso”, cujo roteiro foi premiado pelo Hubert Bals Fund com um aporte de Ä 10 mil. O filme terá produção da O2 Filmes e está pre-
visto para o segundo semestre de 2004. O longa-metragem “Carandiru” (2), de Hector Babenco, também foi selecionado para a competição oficial, ao lado de outros 20 filmes de 13 nacionalidades.
Eterna procura
O casal Bel Bechara e Sandro Serpa está finalizan-do seu terceiro curta-metragem, o primeiro roda-do em São Paulo. “Onde Quer que Você Esteja” (foto) conta a história de um programa de rádio que promove o encontro de pessoas com familia-res desaparecidos. O argumento surgiu a partir
de uma notí cia de jornal, que anunciava os serviços prestados por uma rádio colombiana com esse perfil. Bel e Sandro assinam a direção, a fotografia e a montagem. Os dois convidaram o maestro Júlio Medaglia para interpretar uma peça de Erik Satie, “Trois Gymnopédies”, que faz parte da trilha, e tam-bém Jards Macalé. O som direto é de João Godoy e a produção, de Emerson Jussiani e Paulão Costa.
Um pé no Rio...
A produtora de computação gráfica Digital21 começa a atender o mercado carioca de forma mais direta, a partir da inauguração de um novo escritório em Ipanema. O escritório será capitaneado por Michele Andrade, que trabalha em atendimento e é especializada na área. A Digital21, que tem como sócios Raul Dória, Clovis Mello e Rodolfo Patrocínio, está comemorando também a inclusão de seus trabalhos no novo rolo de demonstração da SoftImage. O DVD reúne trabalhos de empresas que usam o sistema XSI, software utilizado nas principais casas de efeitos e computação gráfica do mundo.
Possível fusão
A Casablanca e os EstúdiosMega estão negociando uma fusão, ainda sem prazo para ser concluída. O objetivo seria não apenas atender o mercado nacional, mas também trazer produções de outros países para o Brasil. Na avaliação de Patrick Siaretta, da TeleImage, a joint-venture estaria entre as três maiores finalizadoras do mundo.
Causa cinematográfica
O vereador paulistano Nabil Bonduki (PT) está encampando a discussão de diversos projetos de interesse do cine-ma paulistano. Um deles é a revisão da Lei Mendonça, que propõe a renúncia fiscal de IPTU e ISS para projetos cul-turais. Em sua nova versão, a lei pode incorporar a criação de um fundo muni-cipal de apoio à produção, antiga reivin-dicação da classe cinematográfica. O vereador também abraçou a causa dos cinemas de rua de São Paulo, que vêm enfrentando uma crise há vários anos, apesar do aumento no público dos cinemas. Bonduki propôs à Câmara um projeto que reduz a carga tributária de salas localizadas na rua ou em galerias (e não em shopping centers). O proje-to está em discussão na Câmara dos Vereadores e também pretende estabe-lecer uma cota de exibição de filmes nacionais.O projeto vem bem a calhar, num momen-to em que muitas pessoas do meio se mobilizam para evitar o fechamento do Cinearte, tradicional reduto de exibição de filmes de qualidade, localizado na avenida Paulista.
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Correndo atrás
A vida de um filme de curta-metragem está basea-da principalmente nos festivais de cinema no Brasil e no exterior. E são tantos que fica difícil conseguir inscrever o filme em todos. Para facilitar a vida do realizador, as produtoras Camila e Carol Ribas criaram a Agên cia MC2, que tem por objeti-vo alavancar a carreira dos curtas e acompanhar sua trajetória ao longo do calendário de festivais. Os realizadores se inscrevem em um pacote de festivais, podendo ainda escolher festivais temá-ticos ou específicos. A partir daí, a agência cria um paco te e cobra uma taxa que pode ser paga mensal-mente, como se fosse uma assinatura.
Programação regional
O projeto de lei da deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ) que estabelece critérios para a regionalização da programação na TV aberta e cria obrigações à programação das redes de TV paga vai ter uma tramitação mais complica-da do que parecia. O projeto ainda enfrentará muita oposição por parte das redes de TV. O projeto, aprovado pelas comissões da Câma-ra, ainda não conseguiu seguir ao Senado. Está na Comissão de Constituição e Justiça aguardando a redação final antes de mudar de casa. E já existem movimentações para que ele fique o máximo de tempo nessa situação. Paralelamente, a equipe da deputada Jandi-ra Feghali detectou o trabalho de parte da bancada evangélica junto a senadores para que o projeto seja alterado quando chegar ao Senado, o que faria com que o documento retornasse para a Câmara.
Novo endereço
A Arkham Produções, de Santo André, está em nova sede. No coquetel de inauguração, os diretores da pro-dutora Robson Raineri, José Roberto Rodrigues Esteves e João Sandro Augusto apresentaram as instalações do novo espaço, projetado e decorado pelo arquiteto e decorador Augdan de Oliveira Leite. A sede conta com uma infra-estrutura que inclui dois estúdios, sendo um fixo com 120 m2 e outro reversível.A produtora também anunciou que está produzindo um programa com o nome provisório de “Nômade”. Nele, um táxi nova-iorquino original, de 1949, percorre as prin-cipais casas noturnas da Grande São Paulo, mostrando o que acontece na noite paulistana.
Efeitos do estresse
O novo filme produzido pela Companhia de Cinema para o Mylanta Plus, da Pfizer, já está no ar. Criado pela JW Thompson, o comercial divulga as propriedades antiácidas do produto, de uma forma bem-humorada, e faz um alerta sobre os efeitos do estresse na saúde humana. Dirigido por Rodolfo Vanni, o filme mostra um médico auscultando a barriga de um rapaz. Ao mover o estetoscópio, sons típicos de confusões de trânsi-to — buzinas e gritaria — são potencializados. Paciente e médico trocam olhares, confirmando que o estresse é uma das prováveis causas de acidez estomacal. A criação é de Paulo Pereira e Dan Zecchinelli, que também assina a direção de criação com Marcelo Prista.
Concurso para documentários
O programa Biodiversidade Brasil de Documentário vai selecionar um projeto de docu-mentário de 52 minutos sobre temas relacionados à biodiver-sidade brasileira. O trabalho
escolhido receberá um prêmio de R$ 10 mil e um contrato de co-produção de R$ 200 mil. O programa é patrocinado pela TV Cultura, Natura e Ministério do Meio Ambiente, e o resul-tado será exibido no final do ano pela emissora educativa. As inscrições vão até 15 de maio. Todas as informações estão no site: www.biodiversidadebrasil.com.br.
Clipe de Marcelo D2
A JX Plural produziu o novo videoclipe de Marcelo D2, “Qual É”, que pode ser visto na MTV. “A pré-produção durou quase um mês e tudo saiu conforme planejado: fizemos as filmagens nas horas certas, seguindo a decupagem das cenas a serem realizadas, valoriza-mos muito a fotografia e o elemento humano”, conta Johnny Araújo, que dirigiu o videoclipe. Parte do clipe foi filmada nas ruas do subúrbio carioca de Madureira, no Rio de Janeiro, e a outra parte, numa boate de Copacabana, mostrando a noite da Zona Sul carioca. O filme homenageia a velha guarda do samba, misturando esse estilo com o movimento hip hop, que é a proposta do CD “À Procura da Batida Perfeita”, que sai com o selo da Sony Music.
Produção no shopping
A Videologia Comunicação inaugurou a TB2 Comunicação, um espaço com um estúdio e equipamentos para locação, voltado para produção de foto, cinema, vídeo e TV. Está localizado no shopping Interlar Interlagos, em São Paulo. Além do próprio estúdio com área de 120 m2 semi-blimpa-da, a TB2 também conta com estacionamento coberto gratuito, seguran-ça, lazer para os intervalos da produção e praça de alimentação.
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A diretora Paola Siqueira (1), ex-Conspiração e Dueto, e a profissional de atendimento Tina Ramos
(2) são as mais novas contrata-das da JX Plural. Paola, que já dirigiu comerciais para Caixa Econômica, Becel Pró-Active, TimMaxitel, Santander e Grende-ne Rouge, passou por várias funções de produção antes de se tornar diretora, incluindo figurino, assistên-cia de direção e direção de arte. Já Tina Ramos foi RTV da DM9 e passou pelas produtoras 5.6 e Cia.
Ilustrada, entre outras. No Rio de Janeiro, trabalhou na ProVarejo, CBBA, J. W. Thompson e Young & Rubican.
Há cinco anos no Rio de Janeiro, a paulista-na Lucia Novaes começou a integrar o time
da produtora carioca TV Zero, de Roberto Ber-liner. Lucia vem da Mr. Magoo, onde dirigia comerciais. Agora, além dos filmes publicitá-rios, ela vai participar de produções cinemato-gráficas, filão que a TV Zero vem explorando nos últimos anos. Na área de documentá-rios, está captando recursos para um longa-metragem sobre a artista plástica Lygia Clark, que será desmembra-do em dois programas de TV.
Fotos: Gerson Gargalaka (Carlos Ebert) e Divulgação
No meio do segundo ano de arquitetura, foi inaugurada em São Paulo a escola de cinema da Faculdade São Luís. Na mesma hora, decidiu mudar de curso. Estudou com pessoas que fariam história no cinema, como os diretores Carlos Reichenbach, Ana Carolina e Paulo Rufino. Entre os professores, estavam o crítico Paulo Emílio Salles Gomes, os poetas Décio Pignatari e Mário Chamie, o cineasta Luiz Sérgio Person. Mas o curso não empolgou. A turma queria sair produzindo e os dois primeiros anos eram teóricos. O grupo reagiu saindo à rua com uma câmera 8 mm, produzindo vários documentários e ficções. Como estudava à noite, Ebert trabalhava durante o dia em uma pequena editora, onde fazia de tudo: de revisão a fotografia. Até
A vontade de trabalhar em cinema veio cedo, mas na época a porta de entrada para a ativi-dade ficava um pouco escondida. meio por falta de opção, o carioca Carlos Ebert acabou prestando arquitetura. Entrou na então univer-sidade do Brasil — hoje universidade federal do Rio de Janeiro —, onde encontrou muita gente que também gostava de cinema. o grupo reativou o cineclube da ufRJ e a convivência estimulou a produção de alguns trabalhos, especialmente documentários. Ebert chegou a dirigir um “docudrama”, rodado no litoral do Espírito Santo, sobre os pescadores da região.
que encontrou na rua um excolega de arquitetura, Luiz Alberto Reis, membro do grupo de cinéfilos da UFRJ. Reis também tinha sido inoculado com o vírus do cinema e largara um sólido emprego num banco para trabalhar na Difilm, a distribuidora do Cinema Novo. Passou a dividir um apartamento com Reis, que estava se instalando em São Paulo. Alu ga mos um apartamento na Vila Buarque, que era o reduto dos cineastas e artistas, alguma coisa parecida com o que hoje é a Vila madalena. Em pouco tempo, estava trabalhando para a Difilm, refazendo negativos e recuperando fotos dos filmes do Cinema Novo. Então o apartamento ganhou um novo morador: o crítico Rogério Sganzerla, que passava todo o tempo livre obcecado em escrever o roteiro de seu primeiro longa, “O Bandido da Luz Vermelha” [1969].Quando o roteiro ficou pronto, Sganzerla chamou Ebert para fazer a direção de fotografia. A essa altura, Ebert já estava totalmente envolvido com o cinema, trabalhando em filmes institucionais e outras
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o Rio. Já tinha feito alguma coisa em publicidade em São paulo e, então, voltei aos comerciais. Acho que um técnico não pode abrir mão do cinema comercial, porque é a área que proporciona o acesso aos equipamentos de ponta.Na volta, também fez vários documentários, inclusive um dirigi-do pelo orlando Senna, sobre a estrada de Carajás, e “deus é um fogo” [1985], de geraldo Sarno, sobre a Teologia da Libertação. Também voltei ao longa, e fotografei “o Rei da Vela” [1983], do Zé Celso.Desde o início da carreira, sempre esteve por perto do documentário, mas faz questão de não se especializar. Na minha atividade, se especializar é dar um tiro no pé. Tento ser o oposto do especialista, que é o compreensivista, aquele que conhece o todo.Até hoje, seu trabalho em “O Bandido da Luz Vermelha” rende frutos. muitos diretores novos chegam até mim por causa do filme e gosto muito dessa experiência, de trabalhar com gente que tem um frescor no olhar. Acho que o cinema tem uma convivência muito democrática, independente da idade e do tipo de trabalho. No set, o boy e o diretor comem na mesma mesa, a mesma comida.Sempre dedicado à pesquisa da tecnologia, Ebert se confessa um entusiasta do cinema digital. É irreversível. Não sou saudosis-ta, acho que a técnica tem que estar a serviço das idéias. Acho que a captação digital trouxe de volta um pouco da espontaneidade de filmes como “o Bandido...”, porque abre a possibilidade de se trabalhar com uma equipe míni-ma. No documentário, então, é fundamental.No meio de todos os projetos cinematográficos que abraça, Ebert também dá cursos e é um dos grandes responsáveis pelo sucesso da Associação Brasileira de Cinematografia (ABC), que reúne mais de cem diretores de fotografia de todo o País e do exterior. Fundada em 1999, a ABC premia anualmente os melhores profissionais da área e realiza a Semana ABC, um encontro de confraternização e troca de experiências. Nosso objetivo é o de influenciar positivamente a atividade como um todo, estimular a reciclagem e a formação e promover a descentrali-zação da produção.
O brasileiro Eduardo Gurman participou da produção dos efei-tos especiais do filme “Matrix Reloaded”. Ao concluir seu mestrado na AFI (American Film Institute), em Los Angeles, Gurman foi convidado a integrar a equipe do estúdio responsável por toda a parte de Motion Capture do filme, o Spectrum Studios.
Ricardo Corte Real acaba de assu-mir a diretoria comercial da produto-
ra paulistana Made.
O diretor Wiland Pinsdorf, após fechar a V Filmes, abriu sua nova produtora, a Canvas. A idéia do diretor era abrir uma casa com estrutura pequena, para fazer “poucos trabalhos bem cuidados, sem linha de pro-dução industrial”. Entusiasta da tecnologia digital, Pinsdorf quer trabalhar cada vez mais com câmeras HD. Além da nova pro-dutora, Pinsdorf está se dedican-do à finalização do documentá-rio “A Serra Esquecida”, sobre a Serra de Itatiaia. O vídeo está sendo produzido há quatro anos e documenta pesquisas feitas pela USP na região.
O produtor executivo Mario Nakamura inaugu-
rou no Rio de Janeiro a Cinerama Brasilis. Locali-zada no bairro do Humai-tá, a produtora representa os diretores Janaina Guer-ra, Marcos Felipe Delfino e Ricardo de Miranda. Também fazem parte da equipe as profissionais de atendimento Aline Miran-
da (ex-Momento Filmes e Digigraph) e Fernanda Mar-tins (ex-Salles e DPZ).
produções, além da fotografia still. A identificação cultural e estética com Sganzerla era forte, mas as circunstâncias de produção eram precárias. No início, a equipe toda, incluindo os atores, se resumia a cinco pessoas. Durante mais de uma semana o filme foi rodado sem produtor. Depois que grande parte das externas tinha sido rodada, Ebert foi sincero: achou que não daria conta do recado nas internas. Convidaram então o diretor de fotografia Peter Overbeck, profissional experiente da Vera Cruz, que vestiu a camisa. Ebert continuou operando a câmera e inventou todo tipo de traquitanas para fazer os movimentos. Acho que isso contribuiu para a linguagem frenética do filme, mas também o resultado deve muito à montagem de Silvio Reinoldi e à foto-grafia do peter.O filme foi um sucesso, abrindo todas as portas. Com 23 anos, Ebert começou a ser convidado para fotografar vários longas. Mas acabou cedendo ao que chama de “canto da sereia”. Partiu para a direção. Em 1970, finalizou “A República da Traição”, uma paródia à autoridade brasileira, ambientada no país fictício de Maraguaya. o filme foi censurado e foi o que mais demorou para ser liberado. Che-guei a ser chamado em Brasília para depor. Houve algumas exi-bições em sessões proibidas, com esquemas de sair correndo com a cópia no final.A censura não trouxe só problemas políticos, mas financeiros. Tinha pedido empréstimo em banco, fiquei mal. Resolvi dar um tempo. O cinema começava a resvalar na pornochanchada, então Ebert voltou à fotografia still. Trabalhou em revistas da Editora Três, até que se cansou de vez da ditadura. Até pra fazer foto de mulher nua estava complicado. Só podia sair um seio e não podiam aparecer os pelos pubianos. As modelos estavam virando contorcionistas e a gente parecia fotógrafo de ioga.Em 1975 resolveu se autoexilar e mudouse com a mulher, Rita, para um sítio em Extrema, no Sul de Minas. Trabalhou como professor do curso normal, abriu um restaurante, plantou uma horta. Sem pre tive uma ligação muito forte com o ensi-no, toda a minha família era de professores. Até hoje gosto e acho que é uma oportunidade para estudar, pesquisar, coisas que eu adoro. Depois de um tempo, porém, o vírus do cinema voltou a se manifestar. Com um casal de gêmeos recémnascido, Ebert e Rita optaram por voltar para a civilização. Não sei porque decidimos ir para
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Discreet lança corretor de coresO principal lançamento da Discreet na NAB deste ano foi o corretor de cores Lustre, baseado em hardware nãoproprietário. Desenvolvido em parceria com a empresa húngara Colorfront, o Lustre trabalha com manipulação logaritma e linear de cores, tem entradas e saídas de vídeo SD e HD (incluindo varredura progressiva) e suporta os padrões de telecine Cineon e DPX. O sistema permite trabalhar em tempo real com telecines 2K com processamento de vídeo componente de 16 bits, sendo que, não trabalhando em tempo real, pode alcançar uma resolução de mais de 4K. Além disso, o Lustre é modular, podendo ter estações master e assistente.O produto deve ser distribuído a partir de setembro e custa a partir de US$ 300 mil, variando conforme a configuração do hardware.A Discreet também anunciou em Las Vegas que o gerador de efeitos Combustion está mais barato. O software, que custava US$ 4 mil na versão 2.0, ganhou uma nova versão (2.1) e custa agora US$ 1.999. A estratégia da empresa é buscar os usuários de softwares de baixo custo, como o Adobe After Effects.www.discreet.com
Três em umA Boris FX lançou o sistema integrado de composição 3D, titling 3D e efeitos Boris Red 3 GL. Usando aceleração de hardware OpenGL, o novo software conta com animação de títulos; mais de 30 novos filtros, incluindo o Lens Flare, Light Zoom, Film Grain e Wire Removal; colorização vetorial; rotoscopia; motion tracking e estabilização de imagens; filtros de tempo; e sistema de partículas 3D. Além disso, importa arquivos Photoshop e Ilustrator mantendo as layers e é capaz de renderizar para QuickTime, AVI e Flash.O Boris Red 3 GL deve ser distribuído neste terceiro trimestre e tem preço sugerido nos EUA de US$ 1.595.www.borisfx.com
Vídeo em tempo realEntre as novidades apresentadas pela Matrox na NAB está a placa Matrox RTX/100 Xtreme. O equipamento conta com uma extensa lista de novos efeitos 2D e 3D em tempo real e o novo Xtreme preview, que garante a visualização e o controle do posicionamento e timing dos elementos de seus projetos. A placa também conta com filtro pan/scan, para conversão entre os aspectos 16:9 e 4:3 em tempo real, e captura e codifica em MPEG2 em tempo real para autoração de DVDs.A Matrox RTX/100 Xtreme estará em seus distribuidores, inclusive no Brasil, a partir de junho deste ano.www.matrox.com
Leitch apresenta plataforma NEOO carrochefe da Leitch na NAB 2003 foi a plataforma NEO, que permite a incorporação de diversas funções de processamento de imagens em uma única placa, economizando espaço e abrindo caminho para aplicações avançadas. Pode ser usada, por exemplo, uma nova placa com HD que grava até quatro horas de material em compressão 10:1 ou duas horas em 4:1. “É uma alternativa ao uso do VT em aplicações como esportes”, exemplifica Ariel Sardiñas, diretor de marketing da Leitch Latin America.O fabricante apresentou também o VR Ingest Manager, sistema que gerencia a gravação simultânea de diversos feeds de satélite, controlando servidores, routers, VTs e amplificadores. O equipamento interligase ao sistema de edição online de notícias da Leitch, que funciona com todas as imagens centralizadas em um único servidor. Através de um canal de fibre channel de 2 Gbps, cada estação tem acesso ao material em apenas três segundos.
Finalmente, a empresa destaca o Agile Vision, solução de baixo custo para HDTV que integra router, servidor, gerenciamento de logotipos e procesa
dores em uma única caixa. Voltado para pequenas emissoras, tem um preço estimado em US$ 200 mil.
www.leitch.com
Fotos: Divulgação e arquivo (Discreet, Leitch e Tandberg)
Autoração de DVDA Adobe apresentou na NAB, em Las Vegas, a aplicação de autoração de DVD Encore DVD, que pode trabalhar integrada ao Photoshop, ao Premiere e ao After Effects. O software conta com uma série de botões de navegação e menus prédesenhados e permite usar backgrounds still ou em movimento, que podem ser importados de arquivos AVI diretamente do After Effects. Além disso, conta com uma biblioteca de palettes customizáveis que permite ao autor salvar seus botões e backgrounds preferidos para uso futuro. A definição de capítulos pode ser criada automaticamente através do reconhecimento de marcações feitas no Premiere.
Cada disco pode contar com até oito trilhas de áudio, para dublagem em diferentes idiomas, e até 32 trilhas de legenda. Antes de queimar um DVD, o usuário pode visualizar o projeto na janela de preview, garantindo a integridade de navegação e do próprio vídeo.O software é compatível com qualquer formato de gravação de discos, incluindo DVDR/RW,
DVD+R/RW e DVDRAM, e conta ainda com um codificador embutido que converte os arquivos de vídeo em arquivos MPEG2 e os de áudio, em arquivos Dolby Digital.O preço do produto nos EUA é US$ 549. www.adobe.com
Editor sem hardware dedicadoA Incite demonstrou na feira seu novo software de edição Incite Editor 3.0. Desenvolvido para edição de vídeo, de áudio, efeitos em tempo real, composição e finalização, o Incite Editor trabalha em ambientes de rede, possibilitando que produtores, artistas gráficos e de efeitos, editores de vídeo e de áudio compartilhem um mesmo projeto.Além desse editor, a Incite apresentou o Incite Remote Producer. Tratase de uma aplicação de edição nãolinear independente de hardware, que pode ser usada virtualmente em qualquer lugar para préprodução ou produção completa. O Remote Producer edita proxy files offline para criar seqüências para finalização posterior. Além disso, mesmo sem um hardware dedicado, permite o uso de efeitos sofisticados usando filtros e plugins.www.inciteonline.com
Sem compressão no Final CutA AJA Video Systems apresentou o Io, o primeiro equipamento FireWire de captura de vídeo sem compressão e em tempo real para o Final Cut Pro 4. O produto trabalha com vídeo analógico componente e composto e vídeo digital SDI, além de áudio analógico e digital com entradas ópticas e para equipamentos de controle RS422. O Io pode ser usado com Power PCs G4 ou PowerBooks G4 e ainda ser montado no mesmo rack dos Xserve e Xserve RAID, da Apple.www.aja.com
Switchers compactos A Snell & Wilcox levou à NAB sua nova linha SwitchPack, formada por três switchers SD ultracompactos destinados a transmissões ao vivo e para uso em espaços reduzidos. A versão completa, SwitchPack 16, inclui um frame de 1 RU com painel de controle, 16 entradas e cinco keyers. Estão disponíveis ainda as versões SwitchPack 8 (oito entradas e três keyers) e SwitchPack 4 (quatro entradas e um keyer). Outra novidade é o switcher HD3060, desenhado para produções ao vivo em HDTV. O switcher tem 64 entradas, expansível para 128, e 12 keyers, trabalhando em todos os formatos HD. Um detalhe importante: o equipamento pode ser alternado instantaneamente para trabalhar com HD ou SD. A S&W é representada no Brasil pela Tacnet, do Rio de Janeiro.www.snellwilcox.com
Substituto à fitaA Laird Telemedia levou para a NAB o CapDiv. Tratase de um gravador miniatura de vídeo DV em disco rígido. Como ele, através da porta FireWire, podese gravar o conteúdo captado em camcorders DV diretamente no disco rígido, poupando o tempo de captura de conteúdo pela ilha de edição. O equipamento pode ser usado como um VTR, graças a um painel com controles de reprodução, gravação e pause, ou como um HD comum. Quando usado como VTR, o CapDiv; grava o conteúdo em formato DV, quando usado como HDD, faz uma conversão automática
para o formato AVI.Acompanha o produto um pacote com carregador e bateria com capacidade de seis horas de trabalho, além de cabos FireWire com terminal para quatro e seis pinos. O gravador portátil custa nos EUA US$ 1.295, na versão com 40 Gb (para 3,3 horas de gravação) e US$ 1.595 na versão 60 Gb (para 4,5 horas de gravação).www.lairdtelemedia.com
Revival em plataforma Generation QA Quantel e a Da Vinci anunciaram durante a NAB que o sistema de restauração de filmes Revival agora trabalhará nas ilhas Generation Q (iQ e eQ). O Revival, da Da Vinci, usa algoritmos para identificar e remover defeitos como riscos, poeira, bolor etc. Agora a solução pode buscar o material a ser restaurado diretamente do ambiente Generation Q, fazer as alterações e devolver os frames ao espaço de trabalho Quantel.Além do anúncio conjunto, a Da Vinci também divulgou que já está distribuindo o Revival Color Correction. Tratase de uma ferramenta opcional que dá ao Revival a possibilidade de fazer correções na degradação de cores decorrente da idade e manuseio e arma
zenamento malfeitos. O Revival Color Correction é compatível com qualquer resolução, podendo trabalhar em SD e HD ou mesmo com dados.
www.davsys.comwww.quantel.com
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Encoder Windows Media 9Um dos lançamentos mais originais da Tandberg para a NAB 2003 foi um encoder na plataforma Windows Media 9. Na realidade tratase de um modelo já existente da empresa ao qual foi adicionado o Media 9, que supera o MPEG2 e está em estágio mais avançado de evolução que o MPEG4, explica Carlos Capellão, da Phase, representante da Tandberg no Brasil. A empresa apresentou também o novo encoder MPEG2 para HDTV E5780, desenvolvido a partir da plataforma do E5720, ou seja, os encoders E5720 podem fazer um upgrade de SD para HDTV com a troca de um módulo. O E5780 oferece taxas de transmissão de até 90 Mbps. Entre as novidades da empresa estão também uma nova placa para o fly away Voyager E5740 que permite transmitir, juntamente com a imagem, canais de voz (telefone) e dados.www.tandbergtv.com
Microondas digital A BMS apresentou na feira seu sistema de microondas digital com modulação COFDM, usado pela Globo na transmissão do último Carnaval, que agora teve seu custo reduzido, segundo a Tacnet, distribuidora do equipamento no Brasil. O sistema é composto por um frame de 1 RU que pode ter de um a quatro encoders MPEG2, mais um modulador e um multiplexador.www.bms-inc.com
Asset management O lançamento da BBC Technology para a NAB deste ano foi o gerenciador de conteúdo e fluxo de trabalho Colledia. A empresa traz ao mercado quatro diferentes versões da solução, todas baseadas na plataforma Colledia Workflow. São elas a Colledia for Sports, Colledia for News, Colledia for Production e a Colledia Control, antes comercializada como Broadcast Network Control System (BNCS).Os produtos são voltados para os mercados de broadcast, grandes produtoras e outros segmentos que manipulem grandes volumes de conteúdo audiovisual. Todos trabalham com formatos e padrões difundidos no mercado, como AAF, MOS, SMEF, SNMP, MXF e MPEG.www.bbctechnology.com
Revival em plataforma Generation QA Quantel e a Da Vinci anunciaram durante a NAB que o sistema de restauração de filmes Revival agora trabalhará nas ilhas Generation Q (iQ e eQ). O Revival, da Da Vinci, usa algoritmos para identificar e remover defeitos como riscos, poeira, bolor etc. Agora a solução pode buscar o material a ser restaurado diretamente do ambiente Generation Q, fazer as alterações e devolver os frames ao espaço de trabalho Quantel.Além do anúncio conjunto, a Da Vinci também divulgou que já está distribuindo o Revival Color Correction. Tratase de uma ferramenta opcional que dá ao Revival a possibilidade de fazer correções na degradação de cores decorrente da idade e manuseio e arma
zenamento malfeitos. O Revival Color Correction é compatível com qualquer resolução, podendo trabalhar em SD e HD ou mesmo com dados.
www.davsys.comwww.quantel.com
Não disponivel
16tela vivamaio de 2003
evento
C
O começo do fim da fita
Com a TV digital avançando ainda em banhomaria nos EUA, a maior novidade da NAB 2003 acabou ficando com sistemas que apontam uma nova tendência em captação e edição de material. Em comum, todos implicam em algum momento na aposentadoria das fitas magnéticas, utilizadas desde o surgimento dos primeiros videotapes na década de 50.
A Sony foi a campeã do barulho, com o lançamento de sua linha de câmeras e VTs baseados na gravação em discos ópticos com tecnologia de laser azul (Blue Ray).
As duas camcorders e três VTs da nova família gravam e lêem as informações de vídeo digital em discos ópticos acondicionados em cartuchos especiais de alta resistência. Cada disco tem capacidade de armazenar 23 Gb de informação, ou 90 minutos de vídeo digital, e pode ser reutilizado cerca de mil vezes. O custo estimado da mídia gira em torno de US$ 30 e sua duração é calculada em mais de 30 anos pelo fabricante.
Entre as vantagens da nova tecnologia apontadas pela Sony, a mais importante relacionada pelo vicepresidente sênior da área de broadcast da Sony, Stephen Jacobs, durante apresentação na feira, é a economia gerada na hora da edição/pósprodução do material. Isto porque, além de o material já estar totalmente digitalizado, o acesso às diversas tomadas gravadas é nãolinear, ou seja, não é necessário procurar as cenas na fita, como nos sistemas atuais. Podese escolher e acessar imediatamente qualquer cena através de um menu, como se faz, por exemplo, em um DVD. Além disso, o material pode ser transmitido para outros equipamentos a uma velocidade de até 50 vezes o tempo real. Assim, um vídeo de cinco minutos
pode ser transferido em praticamente cinco segundos. Com a informação de vídeo seguem também os metadados, informações diversas sobre o momento e as condições da captação, que funcionam como um indexador do conteúdo armazenado, ajudando mais ainda em sua localização e no seu processamento.
ESTRELAS DA NAB 2003, DiSCOS óPTiCOS,
CARTõES DE GRAVAçãO E HDS ACOPLáVEiS
PROMETEM SuBSTiTuiR O CASSETE COM
VANTAGENS. CONFiRA TAMBéM AS NOViDADES
DA MAiOR FEiRA DE BROADCAST DO MuNDO.
Luiz padilha, da Sony, anunciou um acordo com a TV Record envolvendo a aquisição de equipamentos com a novíssi-ma tecnologia de discos ópticos, além de uma série de equipamentos em fitas da linha imX e monitores. A rede brasileira comprou 17 camcorders e 28 VTRs. No det-alhe, camcorder com entrada para disco.
>>Estado sólidoA Panasonic, por sua vez, anunciou estar desenvolvendo um novo sistema de gravação baseado em chips de memória. O anúncio, claramente em resposta ao
lançamento da nova mídia da Sony, aconteceu em entrevista reservada e após o fechamento da feira. A empresa diz estar desenvolvendo uma linha de produtos com gravação baseada em cartões de memória tipo Flash, com previsão de lançamento para a próxima NAB, em 2004. A tecnologia consiste em juntar quatro cartões de memória SD (Secure Digital) em um cartão PCMCIA, que é usado como mídia de gravação em câmeras e decks (ou laptops).
A gravação em cartões de memória traz algumas vantagens, como maior velocidade no acesso e na transferência de conteúdo, durabilidade, economia de energia e menor manutenção, já que não são necessários dispositivos mecânicos para controlar a mídia. Contudo, a capacidade desses cartões ainda é relativamente pequena. Atualmente, o cartão SD com maior capacidade no mercado conta com 512 Mb, totalizando 2 Gb para o cartão completo proposto pela fabricante japonesa. Segundo a Panasonic, atualmente já é possível fazer cartões SD de 1 Gb, o que daria a cada cartão PCMCIA uma capacidade para gravação de 18 minutos de material DVCPro ou nove minutos de material DVCPro 50.
A Panasonic defende que o preço da mídia SD diminui rapidamente, na mesma proporção em que sua capacidade de armazenamento aumenta. Isso porque esse tipo de mídia é muito usado em produtos como câmeras fotográficas digitais e reprodutores de música digit
O começo do fim da fitaandrémermelstein | fernandolau ter jung
de Las Vegas
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Sundeep Jinsi, da grass Valley/ Thomson brinca com modelo do novo m-Series. o gravador tem a interface de um VT comum, mas conta com quatro canais independentes. o detalhe é o controle total pela tela touch screen. o m-Series grava em qualquer formato de vídeo e funciona com qualquer mídia removív-el, de Cd a cartões flash.
Takashi ishii, da panasonic, demonstra a nova tecnologia de gravação em cartões pCmCiA. o cartão é inserido diretamente no laptop para edição. No detalhe, protótipos de decks de
gravação e reprodução.
1� evento maio de 2003
tal. Com isso, segundo a fabricante, o preço de lançamento das mídias deve ser baixo e sua evolução (no que diz respeito à capacidade) já estaria garantida. A empresa espera que em 2006, por exemplo, já existam cartões SD de 16 Gb.
Usando uma câmera AGDVX100, os engenheiros da Panasonic gravaram um vídeo da entrevista coletiva em cartões de memória, demonstrando o resultado para os jornalistas ao final da reunião. Além disso, a empresa mostrou alguns protótipos. Entre eles, estavam uma câmera para o público amador; uma câmera para ENG, com cinco portas para cartões PCMCIA; e dois modelos de players/gravadores.
Outra tecnologia, que não é nova, também fez presença na NAB e se mostra como alternativa à fita, principalmente à medida que a capacidade de armazenamento aumenta e os custos caem: a gravação em hard disks (HDs) acoplados diretamente às camcorders. No estande da JVC podiase ver uma câmera G4DV500 com um disco Firestore acoplado, que pode ser de 20 Gb ou 40 Gb, garantindo 90 ou 180 minutos de gravação, respectivamente.
As mudanças não ficam restritas às câmeras. No armazenamento, gerenciamento e reprodução de material a tendência se confirma. Um bom exemplo é o MSeries, da Grass Valley, um servidor que funciona como um VT (aliás quatro, porque gerencia quatro canais simultâneos), e pode ser usado para edição, gravação e reprodução diretamente do disco rígido.
Nenhum fabricante se arrisca a prever o fim das velhas fitas magnéticas. E nem podem, pois o parque tecnológico e o acervo já implantados ainda perdurarão por décadas. Prova é que nenhum deles sequer cogita parar de fabricar equipamentos baseados em tapes. Mas o disparo foi dado, e as novas tecnologias devem começar a ganhar o campo em pouco tempo a partir de agora.
LançamentosAlém do disco óptico, a Sony apresentou na NAB uma gama de novos produtos A nova camcorder DXCD50 veio para substituir a DXCD35. O design foi pensado para dar mais equilíbrio ao equipamento, facilitando o trabalho dos cameramen. A câmera tem CCD de 1 Mpixel com
900 linhas em formato 4:3. Outra novidade é a incorporação de um leitor de Memory Stick, que permite a gravação dos settings da câmera e até o transporte de settings para outra unidade. Outro lançamento é a câmera de alta definição para estúdio HDC910, com sensibilidade de F10 em 2000 lux. Acompanham o lançamento os novos players HDTV J Series (JH1 e JH3), ambos com conexão i.Link (IEEE 1394). Os players têm saídas nos formatos HDSDI, SDI e XGA, podendo ser ligados a um monitor de computador. Ambos têm capacidade de fazer 32 pull down incorporada e custam US$ 12,2 mil (JH1) e US$ 22 mil (JH3, que também trabalha em 24P).
Também foi apresentada a nova linha HDCam SR, VTRs multiformato
de alta resolução que podem gravar tanto em 4:4:4 quanto em 4:2:2. Os players reproduzem HDCam com data rate de 440 Mbps em MPEG4 e compressão 2,7:1. O sistema usa uma nova fita da Sony, a SRW5000, que grava até 150 minutos (grande) ou 50 minutos (pequena) em 24P ou 124 minutos (grande) e 40 minutos (pequena) em 60i. Também foi apresentado o SRW1, gravador de campo com capacidade de dual link, ou seja, gravação em dois canais simultâneos, que pode ser usado por exemplo para filmagens em 3D.
Na linha de câmeras para cinema digital, a família CineAlta ganha a HDC F950, que permite captação em 4:4:4 com padrão MPEG4. A câmera, de apenas 6,5 kg, é ligada por fibra óptica à CCU ou a um VT ou disco de gravação. Em termos de qualidade fotográfica, a F950 melhorou sua latitude em um stop em modo
progressivo e ganhou um sistema de simulação de curva de gamma. O custo estimado do equipamento é de US$ 100 mil (cabeça) e US$ 45 mil (CCU), com disponibilidade apenas no segundo semestre. Também foi lançada uma versão sem o view finder, um pouco mais
barata.
TV digitalMesmo com desempenho
abaixo do esperado nos EUA, a TV digital ainda foi um tema quente na NAB deste ano.
Modelos de negócios, tecnologias e interatividade estavam em pauta em Las Vegas.
No tradicional evento de café da manhã da SET na NAB, o SET e Trinta, alguns broadcasters internacionais discutiram a TV digital no mundo.
Carlos Capellão, da phase, e uma das câmeras ikegami lançadas na NAB. A Hd60W tem CCd AiT, equivalente ao fiT mas com preço menor, e relação S/N de 67 dB. A empresa lançou também a Hdk79EX, câmera Hd compacta e de baixo consumo.
A JVC apresentou a camcorder HdTV com gravação em mini dV (no detalhe). Compacta, sai por menos de uS$ 4 mil, conta Sady Ros, da Tecnovídeo. A nova linha g4-dV5000 (foto maior) trabalha com mini dV e dV standard e pode ser acoplada a um Hdd que vai direto à edição.
>>
Joe Flaherty, da CBS, disse acreditar que o advento do cinema digital é revolucionário para os broadcasters. Para Flaherty, a projeção digital de cinema dá um fim ao “monopólio da indústria cinematográfica” e traz uma nova oportunidade de negócios para os radiodifusores. Segundo ele, quando uma sala de projeção instala um projetor digital, a sala passa a ter uma série de novas aplicações, como projeção de eventos esportivos. Outra oportunidade vislumbrada por Flaherty para os radiodifusores é a distribuição de comerciais para as salas de cinema, que, segundo ele, veiculam material de qualidade ruim por causa da deterioração da película.
Quanto à escolha de um padrão de TV digital, Flaherty acredita que o mais importante é não demorar na escolha. Segundo ele, os fabricantes não estão mais investindo em desenvolvimento de equipamentos analógicos e nem mesmo digitais em definição standard, tornando ultrapassada qualquer atualização das redes ainda analógicas. “Entre todos os padrões, meu conselho é que vocês escolham qualquer
um logo”, brincou o veterano da CBS com os engenheiros brasileiros presentes ao evento da SET.
Sobre a interatividade na TV, Hugo Gaggione, da Sony, disse não se tratar de uma “killer application”. Segundo ele, a maioria das pessoas está mais interessada em receber informações passivamente e a interatividade só é interessante para as novas gerações. Mesmo para os mais
jovens, Gaggione não vê uma maneira de lucrar com a interatividade. “Não é possível transmitir jogos tão bons quanto os dos videogames e não há como colocar publicidade no meio de um jogo”. Peter Smith, da NBC, concordou. De acordo com ele, por enquanto, a principal atração da TV digital é mesmo a alta definição. “Existem novas aplicações a serem exploradas, mas o que leva as pessoas a substituírem seus
futuro: na Leitch, protótipo, não disponível comercialmente, de switcher contro-lado por uma tela touch screen, em lugar da botoneira convencional (esq.). Na panasonic, sistema que controla todos os dispositivos de mídia dentro de uma residência (dir.). os terminais acessam todo o conteúdo de um servidor central.
20 evento maio de 2003
televisores é o HDTV”, argumenta.
TecnologiasNo debate “TV Digital no Mundo”, durante o congresso da NAB, Justin Mitchell, da rede britânica BBC, apresentou o conceito tecnológico de recepção diversificada. Segundo ele, testes na Inglaterra mostram que, ao se usar duas ou mais antenas no mesmo aparelho receptor, podese ter um ganho de 3 dB, em média, na qualidade do sinal. Com isso, os problemas de multipercurso são reduzidos, sendo possível ter uma recepção perfeita mesmo em áreas que não recebam o sinal direto de uma antena de transmissão. O que acontece é que cada uma das antenas receptoras pode pegar sinais fracos de um mesmo canal que foram refletidos em diferentes obstáculos (prédios, acidentes geográficos etc.), sendo que o receiver se encarrega de unir todas as recepções. Os testes da BBC foram feitos usando duas antenas instaladas a uma distância de cerca de 1,5 metro uma da outra. De acordo com Mitchell, isso encareceria em cerca de US$ 15 o settop box.
Uma demonstração interessante foi a da transmissão móvel e fixa feita pela Microsoft. Receptores instalados no estande da empresa recebiam o sinal Windows Media
9 de uma emissora de Las Vegas, usando o padrão ATSC, e ainda via satélite, com o padrão DVB. Além disso, uma van circulou pela cidade recebendo o sinal WM9, usando a modulação VSB, do ATSC.
Já o consórcio DVB anunciou no evento que as aplicações de interatividade para TV desenvolvidas no padrão MHP serão universais. O que acontece, segundo Peter MacAvock, diretor executivo do DVB, é que o consórcio europeu e o CableLabs, que define os padrões para TV por assinatura digital nos EUA, desenvolveram em conjunto a especificação GEM (Globally Executable MHP), para ser usada pela indústria de TV
a cabo. Segundo MacAvock, o CableLabs e o ATSC estão trabalhando para que as especificações para aplicações interativas para a TV a cabo e TV aberta terrestre sejam compatíveis e, ainda de acordo com o executivo do DVB, todo o trabalho está sendo desenvolvido a partir do GEM. Dessa maneira, os aplicativos MHP também funcionariam no padrão de TV digital ATSC.
MacAvock afirmou ainda que o Dibeg, que define o padrão japonês ISDB, também optou por dar suporte ao MHP. “Assim, será possível escrever aplicativos interativos para rodar em qualquer um dos sistemas disponíveis atualmente”, garante MacAvock.
Roberto franco, presidente da SET; Carmen gonzález-Sanfeliu, da panAmSat; francisco perrota, da Star one; e Liliana Nakonechnyj,
da Rede globo, durante os debates sobre a TV digital no SET eTrinta.
AA Avid apresentou na NAB uma nova família de soluções de edição. Não se trata apenas de novos produtos, mas da reformulação de toda a linha Avid. Todos os produtos partem de um mesmo princípio: são soluções baseadas em hardware com software escalável. Usando computadores difundidos no mercado (tanto PC quanto Mac), a nova família conta com um hardware proprietário externo responsável por garantir uma boa performance em processamento de áudio e vídeo.
Chamada de DNA (Digital Non linear Accelerator), a nova família de produtos, segundo o presidente e CEO
da empresa, David Krall, marca “um novo capítulo na história da Avid”. Foi a maneira encontrada pela empresa para garantir que suas soluções trabalhem em tempo real, qualquer que seja o computador usado como estação gráfica. Tratase de uma série de equipamentos, cada um voltado para diferentes soluções da Avid, que trabalham conectados à porta FireWire (IEEE 1394) das estações gráficas. Assim, ainda são usados os discosrígidos e removíveis e os processadores das estações gráficas, além das placas de áudio e vídeo. Somente as entradas e saídas de áudio e vídeo ficam localizadas nos
equipamentos DNA.Foram apresentados os três primei
ros produtos DNA, que começam a ser comercializados neste mês de maio. O primeiro deles é o XPress Pro Mojo, que roda tanto em Mac quanto em PC e usa como suporte o hardware Mojo, que pode ou não ser usado. Voltado para o mercado semiprofissional e profissional de baixo custo, a solução veio para bater de frente com o Final Cut Pro, da Apple, que vem tomando espaço nesse mercado. O software trabalha apenas com material DV e o equipamento conta com entradas e saídas para vídeo analógico e é respon
A nova geração da Avid
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sável pelo processamento. Além disso, é portátil (um pouco menor que um notebook) e pode ser usado tanto em laptops quanto em desktops.
O software traz como novidades um corretor automático de cores, também usado nos outros lançamentos da Avid; suporte à câmera AGDVX100 da Panasonic, que grava em 24p; e um pacote de plugins e softwares de terceiros, como Digidesign e Boris. A solução tem preço sugerido nos EUA de US$ 1,695 mil para o software, e o mesmo preço para o hardware. A diferença de usar o XPress Pro sem o Mojo é que apenas o preview é em tempo real.
AdrenalineOutra novidade apresentada pela Avid foi o novo Media Composer Adrenaline, que roda tanto em Mac quanto PC e usa como suporte o hardware Adrenaline,
que garante o processamento em tempo real de áudio e vídeo, incluindo 3D. A solução de edição e composição trabalha com até cinco streams de vídeo em SD (standard definition) ou oito streams na resolução draft. Além disso, pode ser expandido para trabalhar em HD, bastando fazer um upgrade no equipamento (ainda não disponível).
O software agora conta com um corretor de cores semelhante ao do Symphony, renderização para transições tridimensionais em tempo real e pode trabalhar com diferentes resoluções e formatos no mesmo timeline.
O diretor de negócios da Crosspoint, Celso Penteado, espera que essa seja a solução mais comercializada no Brasil. “É a solução mais adequada à maioria das emissoras e produtoras e até para finalizadoras, onde pode ser usado como um sistema offline.” O preço sugerido nos EUA do pacote integrado, composto por uma estação gráfica, software e o hardware Adrenaline, é de US$ 50 mil.
dS NitrisCom previsão para distribuição para setembro deste ano, a Avid demonstrou o também produto DNA voltado para o mercado de finalizadoras e pósprodutoras: o Avid DS Nitris. Rodando apenas em PC, a solução usa como suporte o hardware Nitris (que, segundo a empresa, tem capacidade de processamento equivalente à de 30 processadores Pentium 4). Este é o único produto da famí
lia DNA que não usa a placa FireWire para conversar com a estação, exigindo uma placa proprietária para exercer esta função.
A solução, que já sai de fábrica com suporte para vídeo HD, edita e finaliza vídeo 10 bits em alta definição e sem compressão, podendo fazer dois streams de vídeo HD simultaneamente ou oito streams de vídeo SD, sempre sem compressão. Além disso, conversa com o Media Composer.
Segundo Celso Penteado, a Avid deve fazer em meados do ano um evento para demonstrar o Avid DS Nitris no Brasil. O preço sugerido nos EUA é de US$ 145 mil.
o sistema de edição dV de baixo custo Xpress pro, quando usado com o hardware proprietário mojo (foto), pode editar e dar
saída em tempo real.
o novo sistema de edição e finalização media Composer Adrenaline, que roda em pC e mac, e terá ainda um upgrade para trabalhar em HdTV.
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maio de 2003
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Como as emissoras públicas e educativas selecionam os projetos independentes que vão ao ar.
Produção independente para televisão no Brasil não é mais um “bicho estranho”. Mais e mais se vê as emissoras comerciais abrindo suas portas para programas feitos “fora de casa”, sejam coproduções ou programas prontos. “Durante todo o tempo em que trabalhei tanto em TVs públicas quanto comerciais sempre houve produção independente. E essa produção vem evoluindo, hoje há um grande número de bons produtores”, conta Beth Carmona, que assumiu há cerca de três meses a presidência da Acerp, organização mantenedora da TVE e da rádio do MEC. Idarni Martinez, chefe do departamento de programação da TV Cultura, concorda: “O relacionamento da TV com os produtores nacionais é maior que no passado, e acho que vai aumentar ainda mais”.
Neste momento, vale a pena conhecer melhor a experiência dos que há mais tempo, e de forma mais intensa, lidam com o mercado independente e, principalmente, veiculam esta produção: as TVs públicas e de caráter educativo.
“As emissoras públicas e educativas têm uma vocação, faz parte da sua missão desenvolver o mercado, tanto na formação de gente quanto na abertura para novos formatos, novas idéias”, explica Beth Carmona. “Para buscar mais variedade, mais ousadia,
somos obrigados a recorrer à produção independente, que é menos viciada”, completa.
“Damos um espaço à produção nacional que não existe nas emissoras comerciais”, conta Martinez. “Exibimos filmes brasileiros no ‘Cine Brasil’, tivemos o programa ‘PICTV’, que coproduziu diversos filmes, exibimos curtas nacionais no ‘Zoom’ e temos diversos programas de linha feitos por independentes”, afirma.
A STV Rede SescSenac de Televisão procura trabalhar como “um canal difusor do que acontece no mercado, ao mesmo tempo em que ajuda a viabilizar projetos”, segundo o diretor de programação Robson Moreira. A rede, mesmo com um orçamento reduzido, veicula um documentário inédito por semana. A maioria é produção independente e, em alguns casos, coprodução com a TV Cultura. “Até o ano 2000, nós tínhamos um núcleo de produção de documentários. Mas o custo de uma estrutura fixa era muito alto”, conta Moreira.
A NGT, emissora educativa que está sendo montada em São Paulo (leia matéria à pág. 28), deve inaugurar sua programação no segundo semestre com 16 horas diárias, produzindo inicial
Qualidade terceirizada
Beth Carmona: “os programas têm que ser ade-quados à filosofia da emisso-ra e têm que compor com a nossa grade”.
Foto: arquivo
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mente a maior parte de seu conteúdo, explica o diretor geral, Ricardo Rangel. “Mas no futuro teremos também produções independentes”, diz. “Estamos abertos a receber as propostas. Todo projeto bem montado é bemvindo, desde que respeite nosso conceito, de programação sem violência, voltada à família”, completa.
CompatibilidadeMas essa abertura não se dá de qualquer forma. “Os programas têm que ser adequados à filosofia da emissora e têm que compor com a nossa grade”, diz Beth Carmona.
Adequação parece ser a palavrachave. As emissoras e os canais de TV paga recebem dezenas de projetos por mês, alguns bem formatados, com pilotos ou até programas completos, outros apenas no papel ou nem isso.
“Antes de mais nada, o programa
tem que ser focado na linha da TV. Se alguém quiser trazer um ‘The Most Amazing Videos’ é melhor nem vir”, afirma Martinez. “Fora isso, não existe restrição”, completa. Mas ele explica que alguns critérios são importantes, como por exemplo o programa não concorrer com outros que já existam na grade. Ele diz também que quanto mais definido o projeto, maiores as chances de exibição. “Tem gente que chega só com a idéia, é difícil avaliar.” É claro que trazer o projeto já com uma proposta de patrocínio também ajuda.
Beth Carmona explica que a produção independente entra de forma complementar na grade, suprindo um conteúdo que falta na programação. “Não adianta me trazerem dez programas sobre meioambiente”, exemplifica. “Não somos uma mera distribuidora de conteúdo. Temos uma grade, uma linha, e os programas que exibimos têm que se adequar a ela”, completa. E também avisa aos “pretendentes” que não adianta apenas ter uma ótima idéia. “No mínimo a pessoa tem que mandar um texto detalhando o projeto”, diz. Mesmo assim, Beth conta que quase nunca um programa é usado do jeito que chega à TV, sempre são necessárias adaptações à linguagem da televisão.
modelosAs emissoras são bombardeadas quase diariamente com ofertas de programas, alguns vindos até de profissionais da própria TV.
Martinez explica que há duas formas de um programa entrar na grade. Há projetos que vêm de fora e são oferecidos à Cultura e há temas que são pedidos pela direção da TV e que o departamento de programação tem que encontrar no mercado. “Nesse caso a maioria das compras é feita no exterior. Não há no Brasil uma oferta de programação sobre natureza, por exemplo, como a da BBC, que às vezes precisamos. Ou programas sobre os grandes mestres da pintura.” Nesses casos, revela, a TV acaba pagando até mais do que quando
Qualidade terceirizada
A TV Cultura tem vários programas independentes de linha, como “Expedições” e “Saúde Brasil”.
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adquire uma produção local, por questões de mercado.
Nem sempre a veiculação de programas independentes na TV envolve a compra do material. Aliás, no caso das públicas, este modelo parece ser a exceção. O mais comum é haver acordos de coprodução, permuta e até “escambo”, na definição de alguns diretores.
A TV Cultura, por exemplo, abriga em sua grade vários programas independentes de linha, ou seja, exibidos em uma base regular dentro da grade, como o “Expedições”, da RW, de Paula Saldanha e Roberto Werneck; “Conexão Roberto D’Ávila”, produzido pelo próprio apresentador; e “Saúde Brasil”, da Águila. O acordo da TV com cada um deles é diferente, explica Idarni Martinez.
O “Saúde Brasil” já chega à TV com os custos cobertos por associações médicas e empresas ligadas à área de saúde que patrocinam o programa. Já o “Conexão” funciona em um modelo de divisão de receitas: Roberto D’Ávila tem direito a comercializar duas cotas de patrocínio, e a TV tem outras duas. A Cultura também não desembolsa nada por “Expedições”, cuja viabilidade é garantida pela própria produtora, e a TV ainda tem a possibilidade de comercializar patrocínios.
“Tem gente que vem com um documentário pronto. Outras vezes é um
projeto embrionário que precisa de nossas imagens de arquivo. Aí podemos, por exemplo, fazer uma permuta: cedemos o material e depois exibimos o programa”, conta Martinez. Em resumo, ele diz que procura sempre que possível evitar o desembolso de “papelmoeda”, buscando formas interessantes tanto para a TV quanto para
o produtor, que acaba tendo acesso a recursos como estúdios ou material de arquivo e ainda tem seu material exibido. A Cultura também aposta bastante nas coproduções, que podem muitas vezes envolver o uso de instalações da emissora, como estúdios. Exemplos de coprodução são os programas “Arte e Matemática” e “Gema Brasil”.
Na TVE, explica Beth Carmona, também convivem vários modelos, de coprodução a aquisição. Mas a dirigente lembra que “nada é de graça, manter a TV no ar custa muito. Então mesmo um programa que chega para mim sem desembolso tem um custo para ser veiculado”.
Segundo Robson Moreira, a STV não costuma fazer coprodução, pois não tem interesse em lucrar na venda de conteúdo para outros canais ou outros meios de distribuição. “Fazemos questão apenas de ter a primeira exibição e manter a produção no acervo da TV, para futuras exibições. Mas não exigimos exclusividade na veiculação do conteúdo”, explica Moreira. Além disso, a rede também exige a presença de seu logotipo nas produções em que é parceira.
No caso dos documentários, Moreira diz que não costuma encomendar trabalhos junto às produtoras. Todo o conteúdo é selecionado entre os projetos enviados para a rede por produtores independentes. Após a seleção, o canal estuda de que maneira pode viabilizar cada documentário, o que varia para cada filme conforme o estágio dos trabalhos de produção. “Para documentários pron
tos, geralmente apenas compramos o direito de exibição, em outros casos, optamos por virar parceiros do projeto. Aí começamos a negociar com os produtores”, explica o diretor de programação.
Na maioria dos casos, a rede entra como parceira financiando uma fase da produção, como a finalização ou a captação, por exemplo. Além disso, para projetos que tenham um orçamento “proibitivo”, mas que sejam de interesse da rede, Moreira dá ao produtor uma carta de garantia de exibição da produção por parte do canal. “Com a carta em mãos, fica mais fácil para o produtor captar
recursos para realizar o filme.”Outro espaço aberto pela rede para
produções independentes é o programa “Visões do Mundo”. Nele, podem ser veiculadas produções inéditas ou não, sendo que geralmente não são. “Para esse espaço, a princípio, não há uma relação comercial entre a rede e o produtor. Normalmente o produtor tem interesse na veiculação, para dar visibilidade ao seu trabalho”, conta Moreira.
Toda a programação da rede Sesc Senac é terceirizada, sendo que a rede conta, atualmente, com cinco produtoras contratadas: Documenta, Video In, Pólo de Imagens, Intermezzo e Franmi. O conteúdo é definido e encomendado pela própria rede, que, antes do início da captação, reúnese com a produtora a fim de discutir a pauta. “Qualquer alteração na pauta parte da rede ou, pelo menos, tem que ser discutida com a rede”, completa Moreira. Resumindo, as produtoras terceirizadas são responsáveis apenas pelos trabalhos de produção, sendo que a idealização e criação do conteúdo cabem à rede.
andremermelstein fernandolauterjung
A NgT começa apenas com produção própria. “mas estamos abertos a propostas” diz Ricardo Rangel.
“fazemos questão apenas de ter a primeira exibição. mas não exigimos exclusividade na veiculação.”Robson moreira, da STV
Não disponivel
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televisão
A
Uma emissoradiferente
A região metropolitana de São Paulo ganhará no segundo semestre de 2003 uma nova emissora educativa, que nasce com idéias e propostas bastante originais. A NGT (Nova Geração de Televisão) é uma iniciativa pessoal do empresário Manoel Costa, dono da empresa Mectrônica, fabricante de antenas e outros equipamentos para radiodifusão.
Não é de hoje que Costa fez o salto de fornecedor para operador de televisão. O empresário opera há cerca de oito anos a UniTV, retransmissora do sinal da TVE em Osasco, na Grande São Paulo. Tratase de uma emissora mista, que há cerca de dois anos Costa conseguiu transformar em geradora, e que agora será usada para transmitir o sinal da NGT. A emissora deve entrar no ar no segundo semestre deste ano (“entre 1º de julho e 31 de dezembro”, brinca Costa), inicialmente com 16 horas diárias de programação. A proprietária da concessão é a Fundação de Fátima, presidida por Costa.
A motivação, segundo o empresário, é a pouca oferta de programação de qualidade na televisão aberta. Ele convidou o exdiretor comercial e de novos negócios da Rede Mulher, Ricardo Rangel, para ser o diretor geral da empreitada, responsável por montar a equipe e a grade de programação.
Para a grade estão sendo criados programas infantis, de variedades e jornalismo. “Mas um jornalismo diferenciado, sem um engravatado atrás de uma mesa”, afirma Mirian Stahl, vicepresidente da NGT. Ela conta que o jornalismo e a programação em geral serão adequados ao público de cada horário. Assim, na parte da manhã
haverá um jornal feito em linguagem mais infantil, e à tarde para um público jovem. O jornalista James Capelli será o diretor desta área na nova emissora.
Mirian explica que a idéia é não ter programas com mais de 45 minutos de duração, em uma grade que ofereça sempre uma alternativa à programação atual. “Por exemplo, na hora da novela podemos ter um programa sobre a terceira idade, na hora do Ratinho, um documentário, e assim por diante.”
“Queremos fazer uma TV para a família, pegando todas as faixas de idade. Vamos tentar fazer a TV de forma inteligente, trabalhada, com muita atenção para o lado plástico, muita beleza e dinamismo”, diz Ricardo Rangel. “Queremos fazer, por exemplo, breaks comerciais diferentes, que sejam às vezes mais interessantes até que o próprio programa”, explica.
“Durante os breaks, teremos ‘pílulas’ de um minuto, um minuto e meio sobre mitologia, história da arte etc., tudo em animação. Teremos mascotes feitos em 3D para cada tema, como o ‘Barriga Cheia’, que falará de soluções para o Fome Zero, ou o ‘Kyoto’, sobre ecologia.”
Estudantes“O nome ‘Nova Geração’ não é por acaso”, conta Manoel Costa. Ele explica que a proposta da emissora é usar sempre que possível estudantes e
NGT TERá PROGRAMAçãO EDuCATiVA
FEiTA COM CuSTOS BAiXOS E
MãO-DE-OBRA uNiVERSiTáRiA.
mirian Stahl e manoel Costa apostam na mescla entre estudantes e profissionais experientes
Fotos: Divulgação
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novos talentos na montagem da programação. Assim, os jornais serão feitos por estudantes de jornalismo, coordenados, claro, por profissionais experientes. Programas sobre turismo podem ter a participação de estudantes da área, e assim por diante.
Mas Costa conta também com uma equipe profissional multidisciplinar. Os diferentes núcleos serão coordenados pelo professor Mauro, com consultoria de Jacob Klintovitz. O núcleo de ficção, dramaturgia, infantis e documentários fica a cargo de Fernando Gomes, exTV Cultura. André Ribeiro cuidará dos esportes e Emídio Fernandes será o responsável pelos programas de variedades.
Mirian Stahl conta que a proposta tem despertado interesse em agências e anunciantes, que muitas vezes, segundo ela, têm verba para anunciar, mas não o fazem porque não encontram na TV uma programação à qual queiram vincular suas marcas.
Custo baixoO equipamento para a emissora já está praticamente todo comprado, conta Costa. Mas até nisso a NGT vem com uma visão inova
dora. Todo o equipamento será baseado na plataforma DV aberta. “Fui o primeiro (na UniTV) a usar câmeras DV em televisão no Brasil, logo que foram lançadas. Comprei as primeiras na NAB e a Sony nem tinha para entregar”, lembra Costa. Ele explica que consegue por o jornal da UniTV no ar usando apenas duas pessoas, com câmeras DV de controle remoto. Esse é o modelo que quer trazer para a NGT. “Vamos começar controlando bem os cus
tos operacionais”, diz. Costa tem dois estúdios funcionando no bairro da Saúde, em São Paulo. Os equipamentos de um deles serão transferidos para as equipes de externa e o estúdio receberá equipamentos novos, bem como outros três na nova sede da emissora no bairro do Butantã (veja box).
Para o armazenamento de material, outra novidade. Nada de fitas, mas também não serão usados servidores. “Faremos o arquivo em DVD, que é uma mídia
excelente e de baixo custo”, conta Costa. Para a transmissão, a NGT comprou na Itália um transmissor Tecnosystem de 20 kW todo em estado sólido, já pronto para transmissões digitais, bastando para isso a troca do modulador.
Costa não se contenta com pouco. O
projeto da NGT se desenvolve, nos planos dele, para uma emissora internacional. “Viajo muito e sei que o Brasil tem uma péssima imagem no exterior. Quero distribuir o canal via satélite para o mundo todo, para difundir a cultura brasileira.” Ousado? “Sou ousado mesmo. Não penso baixo, eu penso alto”, resume Manoel Costa.
andrémermelstein
ESpAçO 48
As propostas da NGT são originais em vários aspectos, como empregar estudantes para as funções princi-pais ou produzir tudo em MiniDV. Para não fugir do espírito, a inaugura-ção da sede da emissora no Butantã, em São Paulo, também foi bastante incomum. Toda a decoração da casa foi permutada com cerca de cem “novos talentos” do design e da deco-ração, que produziram mais de 70 ambientes, dos banheiros aos jardins. Os trabalhos serão posteriormente exibidos em um programa sobre o assunto. O Espaço 48, batizado com o número do canal em UHF, foi lan-çado em 23 de abril com uma festa, seguida por uma exposição aberta ao público, que pode visitar a casa e até adquirir algumas obras.
Ricardo Rangel: “até os breaks trarão informa- ções ao espectador”.
makingofC A M i N H O S P A R A L E L O SDe um lado estava o montador e diretor Sérgio Glasberg, que decidiu fazer por sua conta um videoclipe a partir de um roteiro que tinha criado. De outro estava o escritor e compositor de rap Ferrez, que finalizava as letras para seu primeiro CD. Por uma casualidade do destino, os dois se encontraram e descobriram que haviam escrito a mesma história.Sérgio já havia captado as imagens que mostravam uma história de traição entre companheiros de crime. As imagens foram rodadas em vários bairros de São Paulo, incluindo uma
favela na Zona Oeste e cenas no Centro Velho. E Ferrez concluía a letra da última música do CD, sobre um caso real que tinha acontecido com um amigo seu do Capão Redondo. Do encontro resultou a estréia de Sérgio na direção e o primeiro clipe de Ferrez. “Às vezes acho que Deus tem dó da gente e resolve te dar uma boiada. De repente surge um cara firmeza que te ajuda e que faz um lance que tem tudo a ver”, comenta o rapper.Depois que decidiu bancar a produção do clipe, Sérgio recrutou um grupo de amigos e começou a marato
na de pedidos de apoio. O diretor de fotografia Alberto Graciano abraçou o projeto e entrou com sua câmera Bolex 16 mm. Da produtora Cinema Centro, Sérgio conseguiu uma câmera 35 mm emprestada, 15 latas de negativo 35 mm e cinco 16 mm, e também o estúdio para a filmagem das cenas de dança. Reuniu também uma equipe de produção e as atrizes Maria João Abujamra e Alice Braga, além da dançarina afro Maria Olívia e de cerca de 40 figurantes. A telecinagem e a finalização também foram fruto da parceria com as empresas.
30tela vivamaio de 2003
Na falta de um grande parque de luz, o diretor de fotografia procurou otimizar ao máximo os recursos de negativo e finalização. Como havia bastante negativo, apesar de muitas latas estarem vencidas,
Graciano começou testando cada uma das latas e determinando as possíveis alterações na emulsão em função do prazo de validade. “Por ser um clipe, sabíamos que existia a possibilidade de abusar um pouco
da fotografia, mas eu precisava conhecer exatamente os limites do negativo”, conta.Para aproveitar todo o negativo, Graciano usou todos os recursos: trabalhou com superexposição em algumas cenas, em outras pulou a etapa do branqueador no laboratório. Como havia uma dife
rença de tonalidade e pouca luz, a cor final acabou sendo definida no telecine. “Puxamos mais para o verde, mas praticamente não tivemos nenhum problema. As imagens imprimiram bem e aproveitamos todo o material”, completa.O fotógrafo também trabalhou com um novo negativo da Fuji, o Reala 500D, de 500 ASA, indicado para cenas escuras, que segurou bastante nas internas. “Na cena em que o personagem principal está dentro do quarto, só tínhamos um ponto de luz. E a imagem ficou muito boa”, diz Sérgio.
Otimização total
C A M i N H O S P A R A L E L O S
fichatécnicaArtista Ferrez e Ratão • Rotei ro
Ferrez e Sérgio Glasberg • Dire
ção Sérgio Glasberg • Foto gra
f ia Alberto Graciano • Pro du ção
Israel Basso • Cas t ing Veridia
na Bressane • Figu r i no Jul iana
Costa • Mon ta gem Sérgio Glas
berg e Fel ippe Brauer • Tele ci ne
EstudiosMega e Casablanca
A maioria das imagens foi captada em 35 mm, com velocidade mais rápida, mas as cenas em movimento e as externas noturnas foram feitas com a Bolex, na mão. Algumas cenas externas documentais foram gravadas pela cidade com uma câmera Super8, mas a maioria das pessoas que aparece faz parte do
casting do clipe.A intenção do diretor foi a de interferir o menos possível nas atitudes dos personagens, trabalhando em muitas cenas com pessoas da comunidade. “Tentei não deixar a câmera muito perto para não intimidar e conseguir captar uma atitude normal das pessoas”, afirma Sérgio. “E aproveitamos todas as situações que surgiram, inclusive a chuva. Estávamos na favela quando começou a chover e inventamos um plano para aproveitar o momento.”
Mínimo de interferências
No elenco, Sérgio preferiu trabalhar com pessoas comuns. As duas atrizes interpretaram a atendente do bar e uma das prostitutas, que entra no carro com o protagonista. Mas ele próprio e seus comparsas não são atores.A história é intercalada por imagens do próprio Ferrez, que aparece em casa, escrevendo à máquina. Ele aparece como ele mesmo se define: um cronista da realidade da
periferia. As cenas foram gravadas mais tarde, para complementar o clipe e personalizar um pouco o trabalho.Imagens da dançarina Maria Olívia pontuam algumas cenas, acrescentando dramaticidade aos momentos mais tensos da música.
Periferia
32tela vivamaio de 2003
tecnologia
C
Universo infanto-virtual
Com o uso de um parque tecnológico de ponta e muita técnica, TV Cultura, Warner Brothers e Moonshot Pictures (braço da TeleImage voltado para produção de filmes) são as responsáveis pelo mais novo longametragem inspirado na série “Castelo RáTimBum”, o “Martelo de Vulcano”. O filme, dirigido por Eliana Fonseca e previsto para ser lançado em outubro, foi todo rodado em câmeras digitais, usando a técnica já aprendida e desenvolvida na TeleImage na produção de “Xuxa e os Duendes”, e agora, na pósprodução e finalização, está ganhando uma série de efeitos especiais, personagens e cenários produzidos no computador.
Para unir o virtual ao real, a equipe técnica teve de escolher cuidadosamente os equipamentos que seriam usados na captação e ainda estudar todos os movimentos. Todo captado em 24 fps (quadros por segundo), o longa foi rodado usando três câmeras: uma Sony CineAlta, uma Panasonic Varicam e ainda uma Panasonic MiniDV AGDVX100, esta última para gravar o pontodevista de um dos personagens, o Micróbio, que aparece sempre com uma câmera nas mãos. Com isso, ganhouse agilidade, já que a montagem começava sempre no dia seguinte à captação.
Segundo Marcelo Siqueira, supervisor de efeitos especiais da TeleImage, a câmera principal foi a CineAlta, “mas, em algumas cenas, precisávamos de uma câmera capaz de gravar em velocidade variável. Optamos então pela Varicam, que pode gravar em até 60 fps”. As diferenças nas imagens das duas câmeras foram acertadas na “setagem” delas, “para não aumentar o trabalho na correção de cores e ainda dar maior conforto ao fotógrafo”, explica Siqueira. O responsável pela configuração foi o engenheiro de câmeras Samuel Kobayash.
O filme foi quase todo rodado à noite ou em cenário escuro, o que também exigiu maior cuidado na setagem da câmera e na iluminação. “As câmeras digitais só
CAPTANDO EM CâMERAS HD, TV CuLTuRA,
WARNER BROTHERS E MOONSHOT PiCTuRES
PRODuzEM FiLME iNFANTiL uNiNDO
PERSONAGENS E CENáRiOS REAiS E ViRTuAiS.
A cena filmada em chroma key...
... e uma enorme co-bra coral em 3D...
... são “casadas” na pós-produção.
Fotos: Divulgação
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suportam quatro stops, se passar disso, denuncia que é vídeo”, explica Siqueira. Para resolver a iluminação, foram usados mais de 300 kg de equipamentos de luz. Além disso, o fato de o filme ser em formato cinemascope anamórfico também pautou a fotografia.
fundamentalPara o diretor de conteúdo da TeleImage, Roberto d’Avila, o uso do 3D foi fundamental na produção do filme. “Todos os planos abertos da ilha onde se passa à história, por exemplo, foram feitos no computador.” No total, o 3D foi usado em cerca de 30 minutos do longametragem. Para isso, a equipe de efeitos especiais do filme é formada por 20 profissionais.
Além dos planos abertos, algumas cenas com personagens mais caricatos, como a libélula Polca, interpretada por Bárbara Paz, foram realizadas em computação gráfica. Assim, os personagens podiam voar sem usar cabos,
diminuindo o risco de deixar alguma traquitana aparente. “Isso seria muito difícil com um ator pouco caracterizado”, explica Siqueira.
Numa das cenas mais interessantes, o que parece ser uma árvore se mostra na verdade uma cobra coral gigante, que agarra um dos personagens pelo pé. Nesse caso, foi usado um cenário verde quadriculado na filmagem do personagem, assim o operador pôde contar com vários pontos de referência para dar profundidade ao cenário 3D. Isso foi necessário porque a câmera se movimentava e a câmera virtual precisava fazer exatamente o mesmo movimento. Além da grade no chromakey, foi feito um mapa de luz do estúdio, passado depois para o computador para garantir a integração das imagens reais e virtuais.
planejamentoSegundo o CEO da TeleImage, Patrick Siaretta, o filme só foi viável por causa do planejamento feito antes da grava
ção. “Só pudemos chegar a um bom resultado, porque participamos de todas as etapas do filme, inclusive do roteiro”, explica. “Casar” as filmagens com as imagens virtuais ficou a cargo de Marcelo Siqueira, que planejou e acompanhou todas as filmagens. Assim, todas as cenas eram gravadas já pensando na pósprodução.
Graças ao planejamento, todas as cenas foram gravadas em quatro semanas, com duas equipes, o que garantiu nove horas de trabalho por dia. Para a pósprodução e finalização, Siqueira previa cerca de 160 dias de trabalho, reduzidos para dois meses graças às várias equipes, responsáveis por diferentes etapas de trabalho.
Segundo Siaretta, o filme custou R$ 2,5 milhões e a Moonshot entrou na coprodução com o trabalho de efeitos. “O custo desses efeitos seria de cerca de R$ 2 milhões.”
fernando lau ter jung
UUm ideal e uma paixão comuns uniram os profissionais de computação gráfica André Valle, Jeanne O. Santos e Jane de Oliveira. Os três combinaram a vontade de criar um produto infantil educativo com o amor pelo desenho animado e pela computação gráfica 3D. O resultado é uma série animada do Menino Maluquinho, o famoso personagem de Ziraldo, que pela primeira vez assume feições tridimensionais.
O projeto começou há cerca de dois anos, quando os três se reuniram para formar a Fábrica de Animação, uma produtora de computação gráfica que atua no mercado publicitário de Belo Horizonte. A partir do desejo comum de criar uma série educativa, o grupo decidiu investir tempo e dinheiro no Maluquinho. “Sempre fui apaixonada pelo personagem, pois cresci na década de 80 lendo os livros e histórias”, conta Jeanne, a diretora de arte do projeto. “E além disso achamos que é um personagem fantástico, uma criança inteligente, esperta e engraçada, um típico menino brasileiro”, completa.
Para André Valle, o projeto vai na contramão dos desenhos exibidos atualmente na TV, especialmente os japoneses. E é justamente essa a proposta da produtora. “Estamos todos trabalhando pela paz e os desenhos são repletos de violência, com temas totalmente fora de propósito, como a defesa da honra”, argumenta. “Não queremos fazer desenhos que remetam à violência, então achamos que o Maluquinho seria perfeito para o projeto.” Além de suas características brasileiras, o personagem de Ziraldo ainda tem uma “mineiridade” que tem tudo a ver com o grupo.
Uma vez estabelecidos os contatos com o autor, a produtora começou a buscar parcerias para desenvolver o piloto. Uma delas foi com a Alias|Wavefront e com a representante da software house no Brasil, a Tecnovídeo. A parceria permitiu que a Fábrica de Animação utilizasse o software Maya sem custo durante a criação do piloto. A partir dessa estrutura, Jeanne, André e a equipe da produtora começaram a modelar os bonecos.
No piloto, aparecem só o Maluquinho e sua amiga
Carolina. Mas sua estrutura já deve servir de base para os demais personagens, que vão participar dos 16 episódios que a série deve ter quando estiver totalmente pronta. As histórias são adaptações dos quadrinhos do personagem, escolhidas pela Fábrica de Animação a partir de uma préseleção de Ziraldo e sua equipe.
Volume e modelagemPara chegar à versão final do Maluquinho em 3D, Jeanne trabalhou em diversos modelos, que foram submetidos à aprovação de Ziraldo. Apesar de empolgado com a idéia do projeto, o autor não imaginava como seu personagem ficaria quando adquirisse volume. As idas e vindas até chegar ao resultado final foram muitas. “A diferença poderia ser muito grande em relação ao original 2D, por isso fomos trabalhando até conseguir um boneco que mantivesse as características que todo mundo poderia reconhecer”, 34
tela vivamaio de 2003
case
Com toda a lucidez
A PRODuTORA MiNEiRA FáBRiCA DE
ANiMAçãO iNVESTE NA PRODuçãO DE uMA
SéRiE EM 3D COM O PERSONAGEM MENiNO
MALuQuiNHO, DE ziRALDO.
Fotos: Divulgação
menino maluquinho e sua amiga Carolina (ao lado)
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explica Jeanne. Ao modelar o rosto, por exemplo, o nariz foi construído em 3D, mas os olhos e a boca, apesar de terem volume, foram mantidos mais próximos do original em 2D.
“Quando se faz um desenho em 2D, cada cena é feita individualmente, então a perspectiva e a relação de tamanho dos elementos entre si é corrigida caso a caso. Mas na computação gráfica 3D é preciso construir um modelo que seja o mais perfeito possível, porque ele tem de funcionar em todas as posições. O tamanho dos braços, por exemplo, não muda: é o mesmo braço, mas tem que ter a aparência correta de qualquer ângulo. A vantagem da computação gráfica, porém, é que não precisamos desenhar cenaacena. Podemos criar um banco de movimentos a partir do esqueleto pronto, e usálos na edição”, analisa André.
Pensando nos episódios futuros e nesse acervo de estruturas, a equipe fez uma modelagem bastante detalhada. “A estrutura do modelo é semelhante à do esqueleto humano. Quanto mais movimentos criamos e quanto mais detalhada é a estrutura, mais fácil fica o trabalho lá na frente. Para não dar problemas depois, temos que tentar prever tudo antes”, diz Jeanne.
Ao mesmo tempo em que a equipe de arte produzia o piloto, a produtora Jane de Oliveira começou as negociações com patrocinadores e exibidores. A captação de recursos vem não só das leis de incentivo, mas também de acordos diretos, e já está praticamente acertada para que a produção comece no segundo semestre
deste ano. André prevê o prazo de um ano para finalizar os 16 episódios, de quatro minutos cada. Com isso, a estréia deve ocorrer no final de 2004 ou início de 2005.
Equipe mineiraAssim que o processo for iniciado, a produtora deve contratar cerca de 25 profissionais, para todas as atividades. Inicialmente, o grupo pensa em reunir pessoas de Belo Horizonte. Segundo André, o mercado local já dispõe de profissionais de animação suficientes para integrar a equipe e a idéia é incentivar o desenvolvimento regional da produção. “Assim como na animação convencional, a produção de um projeto de computação gráfica também permite a divisão de tarefas. Vamos precisar de iluminadores — que fazem toda a diferença em um trabalho como esse —, texturadores, modeladores, animadores, compositores... Sem contar os profissionais de som, que entram depois para fazer a trilha e a dublagem”, explica Jeanne. “Mas vamos fazer um treinamento com toda a equipe antes do início, para todo o mundo se entender.”
Além dos equipamentos de computação gráfica, a intenção é investir em um sensor de movimentos, para ajudar na captura das informações que vão orientar a movimentação dos bonecos. “Pretendemos investir nesse equipamento — que talvez seja o primeiro do Brasil — porque agiliza demais o trabalho”, analisa André. Esse investimento oscila entre US$ 50 mil e US$ 100 mil. Assim como o piloto, o trabalho deve ser todo desenvolvido no Maya.
Quanto mais detalhada é a estrutura...
... mais fácil ficará o trabalho futuro.
OO 10º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá aconteceu no mês passado trazendo à tona a necessidade de os produtores regionais de audiovisual unirem forças, ao mesmo tempo em que vislumbram grandes possibilidades mercadológicas. Essa expectativa é justamente por estar para ir à votação no Senado o projeto de lei da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ), que regulamenta o dispositivo constitucional (Artigo 221 da Constituição Federal de 1988) e que determina a obrigatoriedade da exibição de 30% de produção regional no horário nobre das emissoras de radiodifusão, canais de TV por assinatura e telecomunicações.
Diante disso, enquanto o teatro da Universidade Federal de Mato Grosso exibia vídeos, curtas, médias e longasmetragens nacionais, que concorriam às premiações do festival, nos bastidores começava a se formar a
conscientização dos produtores da região CentroOeste. Para promover o encontro de todos os interessados no assunto, Luiz Borges, promotor do festival, reuniu vários produtores regionais com Alexandre Luis César, secretário do Desenvolvimento do CentroOeste, do Ministério da Integração Nacional, de Ciro Gomes. Com a função clara de buscar iniciativas para desenvolver a região, essa secretaria ficará atenta ao que poderá beneficiar os estados, através de produção audiovisual na região, informou César na reunião.
cinema
União de forças pela produção local
PRODuTORES DA REGiãO
CENTRO-OESTE QuEREM ESTAR
PREPARADOS PARA uMA NOVA
FASE DO MERCADO.
VÍdEo melhor Vídeo“Sonetos” (Curitiba), de Eduardo Bag-gio e Carlos Rocha, uma representação poético-audiovisual dos sonetos do poeta Avelino de Araújo.melhor documentário“Filhos da Cidade” (São Paulo), de Bruno Mitih Viana; e “Taquaril - Uma Comunidade em (Re)Construção” (Belo Horizonte), de José Geraldo Oliveira.prêmio Especial do Júri“Armadilha para Turista” (São Paulo), de Alexandre Camargo; e “Suite Assad” (São Paulo), de Joel Pizzini.Júri popular“Suite Assad”.
CuRTA-mETRAgEm melhor filme“Clandestinos” (Belo Horizonte), de Patrí-
cia Moran, documentário sobre os sonhos, ideais, equívocos e medos dos jovens brasileiros no final dos anos 60. melhor roteiro“Tudo Dominado” (Rio de Janeiro), de Bruno Vianna. melhor direção“Terminal” (São Paulo), de Leo Cadaval. melhor direção de arte“O Encontro” (Curitiba), de Marcos Jorge. melhor fotografia“O Fusca” (São Paulo), de Flávio Frederico. Melhor atorLui Strassburger, de “O Encontro”.Júri popular“O Lobisomem e o Coronel” (Brasí-lia), de Elvis Kleber e Ítalo Cajuei-ro.
venCeDores Do festivAl De CuiAbÁ
“Sonetos”
“Clandestinos”
36tela vivamaio de 2003
Fotos: Divulgação
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“A idéia é criar um elo entre os produtores”, conta Assunção Hernandes, presidente do Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), que esteve presente à reunião com Alexandre César. Contando com a beleza cenográfica natural da região, agora os participantes desse primeiro encontro se comprometeram a fazer levantamentos, uma espécie de inventário, do que cada estado tem, em termos de infraestrutura, equipamentos, espaços para produção, para preservação, cursos, oficinas etc. Depois disso, o objetivo é criar um núcleo regional para ser compartilhado.
Assunção diz que essa iniciativa é um embrião para se criar estratégias para fortalecer e desenvolver o audiovisual regional. “Já fizemos isso na região Sul e estamos preparando um encontro no Norte e Nordeste para o segundo semestre deste ano”, afirma a presidente do CBC, completando que estão previstos encontros periódicos com os produtores. A próxima dessas reuniões
setoriais está prevista para a segunda quinzena deste mês de maio, em Florianópolis, durante a Assembléia do CBC, que reúne atualmente 43 entidades.
Na telaParalelamente a essa mobilização política em torno do audiovisual, o Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá transcorreu de forma tranqüila. E pelo menos um fator provou que realmente é necessário que os produtores do CentroOeste façam algo para fortalecer as produções em seus estados: entre os selecionados de todas as categorias, havia apenas um vídeo (“A Santa”, de Luis Fernando Wilke) de Cuiabá, o qual não contou com patrocínios. Como esperado, a grande maioria das produções era das regiões Sudeste e Sul. As categorias vídeo, curta e médiametragem foram analisadas por um júri profissional, enquanto o júri popular deu seu voto a essas e mais à de longametragem.
sandrareginasilvade Cuiabá
venCeDores Do festivAl De CuiAbÁ
mÉdiA-mETRAgEm melhor filme“Ismael e Adalgisa” (Rio de Janeiro), de Malú de Martino, sobre o pintor e filósofo Ismael Nery e sua esposa, a poetisa, escritora e jornalista Adal-gisa Nery.prêmio Especial do Júri“Glauces” (São Paulo), de Joel Pizzini.Júri popular“Ismael e Adalgisa”.
LoNgA-mETRAgEmJúri popular“Separações” (Rio de Janeiro), de Domingos Oliveira, comédia românti-ca que analisa as fases de uma sepa-ração amorosa: a negação, a negocia-ção, a revolta e a aceitação.
“Separações”
“ismael e Adalgisa”
3�tela vivamaio de 2003
audiovisual
B
O ganho da Espanha com a regionalização
Buscando uma solução para fomentar a produção audiovisual regional, uma decisão política na Espanha levou ao surgimento de oito canais ligados às diferentes comunidades autônomas (são 11 no total). Juntando esforços, os canais conseguiram garantir uma produção de qualidade e ainda vendem programas para outros canais nacionais.
Neste contexto surgiu a Forta (Federación de Televisiones Autonómicas), formada pelas emissoras Empresa Pública de Rádio e Televisão da Andaluzia, Corporação Catalã de Rádio e Televisão, Rádio e Televisão Madri, Entidade Pública Radiotelevisão Valenciana, Companhia de Rádio Televisão da Galícia, Euskal Irrati Telebista (País Basco), Televisão Autonômica das Canárias e Televisão Autonômica de CastillaLa Mancha. A federação estabelece continuamente acordos de coprodução em um esforço para consolidar uma produção de qualidade com diminuição de custos. Isto se consegue através do envio de equipes interautônomas (interestaduais ou intermunicipais no caso brasileiro) reduzidas a operações especiais e através do intercâmbio de notícias.
uMA DECiSãO POLíTiCA ASSEGuROu ESPAçO
PARA AS CuLTuRAS REGiONAiS E LEVOu AO
SuRGiMENTO DE OiTO CANAiS LiGADOS àS
DiFERENTES COMuNiDADES AuTôNOMAS.
Além disso, vendem programas de sua produção para outros canais nacionais integrantes da Federación de Asociaciones de Productores Audiovisuales Españoles, como Canal Plus, TVE e Tele 5, que os compram a um preço bastante reduzido se comparado aos custos de produção de programas semelhantes no canal nacional. O custo de um talk show de 60 minutos, por exemplo, pode chegar a Ä12 mil por capítulo em uma televisão autônoma, e a Ä30 mil em uma televisão nacional. Já um concurso ou um reality show pode custar Ä50 mil na Euskal Telebista e Ä400 mil em uma televisão nacional.
Ritmo diferenciadoA maioria das emissoras regionais na Espanha optou por gêneros televisivos ligados ao entretenimento e que lhes permitisse um método industrial de produção de programas. Uma vez que um programa já está criado, desenvolvido e vendido, pensase no próximo programa que vai ao ar.
Este método de trabalho exige uma agilidade no processo que difere da produção de documentários ou filmes de ficção, que exigem mais tempo e uma maneira de produzir, financiar e vender diferente.
Na área de documentários, há uma tendência para a espetacularização dos temas, com um ritmo mais rápido do que os documentários feitos pela BBC de Londres, por exemplo.
Este formato visa claramente atrair mais espectadores e, obviamente, são produzidos com orçamentos mais baixos do que os documentários da
BBC. “Não posso fazer um documentário que custe Ä500 mil e depois ele ser exibido em uma cadeia de TV que o transmita às duas da tarde. Tenho que fazer um produto que tenha um encaixe em uma cadeia concreta, num horário concreto e para um tipo de público determinado. Assim saberei quanto posso investir”, diz Juan Carlos Villameriel, diretor da Associação de Produtores Bascos.
O tom regional em produções internacionais também é uma tendência na Espanha. Em documentários de paisagens naturais ou humanas,
vêm sendo feitas pequenas alterações, tornando mais local o material, utilizando, por exemplo, parte das imagens do documentário internacional com imagens locais que sirvam para envolver o espectador e aproximálo da sua realidade.
financiamento e protecionismoAs ajudas governamentais para a indústria audiovisual nas comunidades autônomas da Espanha, como Catalunha, Galícia e País Basco, seguem diretrizes do pontodevista cultural. São beneficiadas as empre
alessandrameleirode Bilbao
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iNDEpENDENTE
Uma boa referência quando o assunto é produção regionalizada e como se apre-sentam as relações de produção dentre as distintas TVs autônomas e emisso-ras nacionais é a 3 Koma 93. Trata-se de uma produtora independente com sede em Bilbao que trabalha exclusiva-mente com programas para televisão e tem como nicho de mercado programas de entretenimento (talk shows, sitcoms, documentários, concursos, filmes, séries para TV e reality shows).O trânsito de idéias para o desenvolvi-mento de projetos televisivos flui neste caso em duas direções: os programas tanto são desenvolvidos pela própria produtora, que depois os propõe para as emissoras nacionais e autônomas, quan-to as emissoras encomendam algum tipo de produto mais concreto para ser desenvolvido. Como não têm equipa-mentos técnicos, utilizam os fornecidos pela emissora de TV regional ou alugam quando necessário.O trânsito de programas entre os canais autônomos e entre os autônomos e as emissoras nacionais é intenso: alguns produtos televisivos com grande suces-so local podem cruzar fronteiras, che-
gando a uma emissora de outra parte do país que opera em outra língua. É o caso de um talk-show desenvolvido pela 3 Koma 93 e veiculado na Euskal Telebisa. O sucesso de público fez com que seu formato fosse “exportado” para duas outras televisões autônomas e, em cada comunida-de, passasse por adaptações que o permi-tisse refletir aspectos sócio-culturais locais, tornando-se um produto específico.Assim como este programa, que se desdo-brou em três com o mesmo nome, outras co-produções exibidas no canal são resultado de parcerias com outras televisões de Madri e de Barcelona.
sas produtoras cujos projetos televisivos (filmes para TV, séries de ficção e animação ou documentários para televisão) sejam realizados no idioma da província e que tenham por tema, desenvolvimento ou localização a comunidade autônoma.Algumas comunidades ainda exigem que as equipes técnica e artística sejam residentes na comunidade em questão e que certo percentual da gravação ou filmagem realizese na comunidade (25% no caso da Galícia, por exemplo).
Outro modelo europeu do protecionismo é uma diretriz do Conselho Europeu Televisión Sin Fronteras que determina a obrigação de que as emissoras televisivas na Espanha incluam em sua programação um mínimo de 51% de produção européia e, dentro desta porcentagem, um mínimo de 10% de produção independente.
O Televisión Sin Fronteras também introduziu uma importante mudança ao dispor que poderão ser consideradas obras européias aquelas obras que forem produzidas nos acordos bilaterais celebrados entre os países membros da EU e terceiros países, sempre que o valor maior do custo total seja aplicado por coprodutores da comunidade.
Desta maneira se favorece de uma forma muito importante a exploração televisiva na Europa daquelas obras que tiverem sido coproduzidas entre produtores da comunidade européia.
Este ponto tem uma especial repercussão para o caso da Espanha, já que se pode aproveitar este aspecto para favorecer a exploração televisiva de longasmetragens ou filmes para tele
“Esta es mi gente” é produzido pela 3 koma 93 e exibido pela Euskal Telebista
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visiva na Europa daquelas obras que tiverem sido coproduzidas entre produtores da comunidade européia.
Este ponto tem uma especial repercussão para o caso da Espanha, já que se pode aproveitar este aspecto para favorecer a exploração televisiva de longasmetragens ou filmes para televisão que tiverem sido coproduzidos com participação espanhola.
NacionalismoTodas as televisões públicas são controladas por poderes públicos, ou seja, por partidos políticos concretos em um momento concreto. O diretor geral da Euskal Telebista, a televisão pública basca, é nomeado pelo Parlamento Basco, ou seja, se há maioria de um partido político, este partido irá nomear alguém que lhe interesse.
O tema do extremo nacionalismo na Espanha sempre foi notícia na imprensa internacional. “Existe um problema com que temos que conviver em nossa sociedade: os nacionalis
tas e os nãonacionalistas. Neste momento os nacionalistas estão no poder no País Basco, então é claro que isto é refletido na televisão”, diz Juan Carlos Villameriel.
Além do castelhano, coexistem no País Basco, Catalunha e Galícia idiomas próprios como o euskera, o catalão e o galego, respectivamente. Esses idiomas são minoritários e correm o risco de se perder caso os governos autônomos não estabeleçam medidas políticas positivas de manutenção da identidade cultural local.
Nesse sentido podemos afirmar que há algo mais além da idéia de nação e o sentimento de nacionalismo entre os habitantes das províncias autônomas que transcendem o fato de pertencerem a uma comunidade estável e historicamente formada por um idioma, território e vida econômica, refletidos em modos culturais. E isto transparece nas medidas adotadas por todos os governos autônomos.
O governo basco, com seu programa de governo inteiramente voltado para esta identidade regional, optou
por sustentar duas emissoras de televisão: a TV 1, que emite integralmente em euskera e uma emissora que transmite integralmente em castelhano, a Euskal Telebista. As duas são generalistas, com programações abertas, plurais, mas apresentam diferenças importantes.
Uma das medidas adotadas, evidentemente uma decisão política para fomentar o uso de euskera nas próximas gerações, é determinar que toda a programação infantil na TV 1 seja exclusivamente em euskera. Essa decisão permite que as crianças, mais permeáveis à assimilação de novas línguas e culturas, possam ter contato tanto com o euskera, quanto com o castelhano.
Outra decisão política é que as partidas de futebol, que contam com grande número de espectadores, sejam transmitidas também na língua basca.
Os canais regionais não têm menos espectadores em relação aos nacionais; a percepção da sociedade basca sobre sua televisão se encontra em um índice 9 de confiabilidade (em um máximo de 10); a TV1 apresenta os telejornais de maior audiência no País Basco. 40 audiovisual
maio de 2003
Não disponivel
MAIO
07 a 13 — Xii Cine Ceará - Festival Nacional de Cinema e Vídeo. Fones: (85) 288-7771. E-mail: [email protected]. Internet: www.festivalcineceara.com.br.
12 a 30 — Curso: Fotografia Cinematográfico. Escuela Internacional de Cine y TV, Cuba. Informações no Projeto Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620. E-mail: [email protected] / [email protected].
14 a 19 — Vii Festival de Cinema, Vídeo e Dcine de Curitiba. Fone: (41) 336-1539. Internet: ww.araucariaproducoes.com.br. E-mail: [email protected].
20 a 30 — Vii Florianópolis Audiovisual Mercosul - FAM 2003. Florianópolis. Fone: (48) 237-9634 / 223-7343. E-mail: [email protected]. Internet: www.panvision.com.br.
2� a 0�/06 — Viii Festival Brasileiro de Cinema Universitário Niterói, Rio de Janeiro. Fone: (21) 2613-5651. Fax: (21) 3826-1173. E-mail: [email protected]. Internet: www.festivaluniversitario.cjb.net.
29 — 2º Festival internacional de Cinema de Santa Cruz. Fone: (1-415) 846-5866. Fax: (1-415) 826-0878. Internet: www.santacruzfilmfestival.com.
30 a 03/06 — iii CURTA-SE - Festival Luso-Brasileiro de Curtas Metragens de Sergipe Aracaju. Fone: (79) 243-5933. Internet: www.infon-et.com.br/curtase.
31 a 0�/06 — Vii Brazilian Film Festival of Miami, EUA. Telefax: (21) 2510-3454 / 2510-3608. E-mail: [email protected]. Internet: www.brazilianfilmfestival.com.
JUNHO
02 a 20 — Curso: Realização e Roteiro. Escuela Internacional de Cine y TV, Cuba. Informações no Projeto Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620. E-mail: [email protected] / [email protected].
30 a 1�/07 — Curso: Fotografia Cinematográfica. Escuela Internacional de Cine y TV, Cuba. Informações no Projeto Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620. E-mail: [email protected] / [email protected].
30 a 1�/07 — Curso: Realização de Documentários. Escuela Internacional de Cine y TV, Cuba. Informações no Projeto Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620. E-mail: [email protected] / [email protected].
(Oportunidade de finalizar)Até o dia 30 de junho, as produções bra-sileiras filmadas e sem recursos para fina-lização podem se inscrever para partici-par do encontro Cinema em Construção, parte do Festival Internacional de Cinema de Donostia-San Sebastián, em parceria com o Rencontres Cinemas d’Amerique Latine, festival de Toulouse, na França. A idéia é exibir o material filmado para um júri especializado, que pode facilitar o processo de pós-produção. Ao todo, serão pré-selecionados oito filmes latino-americanos e espanhóis. O festival acon-tece nos dias 23 e 24 de setembro. Informações: www.sansebastianfestival.ya.com, www.cinelatino.free.fr e www.cin-eencontruccion.com
(Inscrição de curtas)Estão abertas as inscrições para o 14º Festival Internacional de Curtas-metra-gens de São Paulo, que acontece de 28 de agosto a 6 de setembro. Os filmes brasileiros podem se inscrever até 30 de junho. O festival reúne mais de cem film-es nacionais recentes, em duas mostras: o Panorama Brasil, com uma seleção a partir de cerca de 200 filmes inscritos anualmente, e o Cinema em Curso, que privilegia a produção das escolas de cin-ema do País.
JULHO
07 a 1� — Curso: Roteiro
Cinematográfico. Escuela
Internacional de Cine y TV, Cuba.
Informações no Projeto Proarte Brasil.
Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620.
E-mail: [email protected] / patriciamar-
22 a 31 — Curso: Edição Digital em Avid. Escuela Internacional de Cine
y TV, Cuba. Informações no Projeto
Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 /
9217-1620. E-mail: [email protected] /
27 a 31 — SiGGRApH 2003. San
Diego Convention Center, San Diego,
USA. Fone: (1- 719) 599-3734.
E-mail: [email protected].
Internet: www.siggraph.org.
SETEMBRO
3 a 5 — SET 2003 - Rio de
Janeiro. Pavilhão de Congressos
do Riocentro, Rio de Janeiro.
Fone: (21) 2512-8747.
E-mail [email protected].
11 a 16 — iBC 2003 - international Broadcasting Convention. Amsterdam
RAI, Amsterdã, Holanda. Fone: (44-20)
7611-7500. Fax: (44-20) 7611-7530.
E-mail: [email protected].
Internet: www.ibc.org.
15 a 17/10 — Curso: Oficina Avançada de Roteiro. Escuela
Internacional de Cine y TV, Cuba.
Informações no Projeto Proarte Brasil.
Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620.
E-mail: [email protected] / patriciamar-
22 a 31 — Curso: Teoria e prática da Montagem Cinematográfica. Escuela Internacional de Cine y TV,
Cuba. Informações no Projeto Proarte
Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-
1620.
E-mail: [email protected] / patriciamar-
Não disponivel
Não disponivel