revista tela viva 165 - outubro 2006

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MERCADO INTERNACIONAL Animação brasileira conquista espaço e fecha negócios no Canadá MIPCOM 2006 Globo oferece suas novelas como formatos para produção no exterior televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 15_#165_out2006 OPERACAO TURBINADA Fusão na TV a cabo cria novo cenário na competição pelo triple-play

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Revista Tela Viva 165 - outubro 2006

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Page 1: Revista Tela Viva 165 - outubro 2006

mercado internacionalAnimação brasileira conquista espaçoe fecha negócios no Canadá

mipcom 2006Globo oferece suas novelas como

formatos para produção no exterior

televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 15_#165_out2006

operacao turbinadaFusão na tV a cabo cria novo cenário na competição pelo triple-play

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(editorial)

Rubens GlasbergAndré MermelsteinSamuel PossebonManoel Fernandezotavio JardanovskiGislaine GasparVilma Pereira (Gerente), Gilberto taques (Assistente Financeiro)

Edianez Parente

Fernando Lauterjung

Daniele Frederico, Lizandra de Almeida (Colaboradora)

Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal)

Carlos Edmur Cason (Edição de Arte)Debora Harue torigoe (Assistente)Rubens Jardim (Produção Grá­fica)Geraldo José Nogueira (Editoração Eletrô­nica)

Ivaneti Longo (Assistente)

Marcelo Pressi

0800 0145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

[email protected]

(11) [email protected]

(11) [email protected]

Ipsis Grá­fica e Editora S.A.

Diretor e EditorDiretor EditorialDiretor Editorial

Diretor ComercialDiretor Financeiro

Gerente de Marketing e Circulação Administração

Editora de Programação e Conteúdo

Editor Tela Viva News

Redação

Sucursal Brasília

Arte

Departamento Comercial

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Central de Assinaturas

InternetE-mail

RedaçãoE-mail

PublicidadeE-mail

Impressão

o último mês foi agitado para a equipe de tELA VIVA, pela quan-tidade de eventos nacionais e internacionais. o resultado de todo esse esforço você confere nesta edição. Acompanhamos de perto o sucesso dos animadores brasileiros

no festival de ottawa, no Canadá­, onde o país foi destaque, inclusive no painel de abertura, e vimos como o caminho das co-produções vem se afinando entre os dois países.

Estivemos no Mipcom, em Cannes, na França, para seguir as tendên-cias do mercado mundial de conteúdos e ver como até potências como a Globo estão buscando novos modelos de negócio no cená­rio internacional.

Fomos ao Festival do Rio, participar de discussões que mostraram que o cinema brasileiro é viá­vel, mas precisa encontrar novas formas de se financiar e de ganhar o mercado internacional.

Finalmente, também no Rio, demos nosso primeiro passo em uma parceria internacional para a realização de eventos. A cooperação entre a editora Glasberg, que publica tELA VIVA, e a argentina Convergencia Latina concretizou-se no 1º Congresso Latino-americano de Satélites, que mostrou as novidades esperadas para este segmento no âmbito continental. É o primeiro de muitos eventos que realizaremos juntos, além de outros grandes eventos internacionais já­ promovidos por nossas publicações, e organizados pela empresa-irmã Converge Eventos, como o Mercado Internacional de televisão (MItV), o tela Viva Móvel e a feira e congresso da ABtA.

Está­ claro para todos que o caminho do crescimento da produção brasileira passa pelo mercado internacional. Isso vale para a tV aberta, para a publicidade, para a produção independente, para o cinema e para nós, que cobrimos todos estes setores.

onde estiver o Brasil, lá­ estaremos, trazendo e levando informações e ajudando ao má­ximo que o mercado se desenvolva.

André Mermelsteina n d r e @ t e l a v i v a . c o m . b r

Aqui, ali, em todo lugar

Tela Viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - Rua Sergipe, 401, Conj. 605,

CEP 01243-001. telefone: (11) 2123-2600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP.

Sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903.

Fone/Fax: (61) 3327-3755 Brasília, DFJornalista Responsável Rubens Glasberg (Mt 8.965)

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista,

sem autorização da Glasberg A.C.R. S/Aos artigos da Broadcast Engineering®

(www.broadcastengineering.com) e da Digital Content Producer são republicados sob licença da Prism Business

Media Inc. todos os direitos reservados.

IluSTRAção DE CAPA: CARLoS FERNANDES/GILMAR

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scanner 6figuras 12mercado 18Novelas ganham destaque no Mipcom como produto finalizado e como formato

no ar 24audiência 26making of 30programação 32BBC traz novidades aos compradores da América Latina

produção 34Produtores de animação brasileiros voltam de ottawa com parcerias para a realização de seus projetos

televisão 38Ministério da Cultura lidera o debate sobre o futuro da tV pública

artigo 42Jorge da Cunha Lima discute as oportuni-dades da tV pública na era digital

cinema 44Festival do Rio debate caminhos para o cinema brasileiro

evento 481° Congresso Latino-americano de Satélites mostra otimismo das operadoras em relação à tV digital

tecnologia 50o que deve ser considerado ao montar uma estrutura de controle mestre modular

upgrade 52agenda 54

Ano 15 _165_ out/06(índice)

Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá­-las a este espaço, procurando manter a má­xima fidelidade ao seu conteúdo.Envie suas críticas, comentá­rios e sugestões para [email protected].

Made in KoreaGostei de ler a reportagem

sobre o congresso Broadcast World Wide 2006, que aconteceu na Coréia (tELA VIVA 164). Acho que a experiência internacional pode ensinar muito aos brasileiros, que ainda estão engatin-hando na maneira de negociar as novas tecnologias.

talvez devêssemos prestar atenção nos exemplos estrangeiros, que mesmo tendo sido pioneiros, ainda não conseguiram definir os seus mod-elos de negócios.

Rodrigo Freitas, São Paulo

Conteúdo publicitárioRealmente, a publicidade como

conhecemos está­ mudando. Mais que isso, o público não aceita mais ser indu-zido a consumir. Associar marcas a pro-gramas de qualidade, como mostra a matéria “Conteúdo patrocinado” (tELA VIVA 164), parece ser o caminho para anunciantes e para produtores, que podem ter aí outra fonte de trabalhos. É só tomar cuidado para que os programas não virem puramente um grande compilado de merchandising.

Mariana Bianco, Rio de Janeiro

(cartas)

telavivanewswww.telaviva.com.br

Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

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TV por assinatura 14Net e Vivax unem forças e se preparam para brigar com as teles

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20 ANoS NA ESTRADAA �S, desenvolvedora de produtos e soluções de sistemas para o setor de

tecnologia broadcasting para o mercado da América Latina, comemora 20 anos em 2006. A empresa foi projetada pelo engenheiro Celso Schmidt que, junto aos sócios Marcus Anghinoni de Souza, João Carlos Silva Serres e Jorge Alberto Schmaedecke, formaram os quatro “S” que dão nome à empresa. Hoje, apenas Celso Schmidt e Geisa Maria Schmidt são responsá­veis pela 4S.

o primeiro produto criado, em 1986, foi um software para seqüenciador de Vts. um ano depois, em 1987, a empresa já­ trabalhava na produção de distribuidores de á­udio e vídeo.

Cães animadosDois cães apresentadores de um telejor-

nal chamam a atenção dos telespectadores sobre os riscos de doenças transmitidas por carrapatos, pulgas e mosquitos com a chegada do calor. Essa é a história contada no novo comercial de 15 segundos da Bay-er Max 3, que estreou em outubro. o filme foi dirigido por Paula Galacini e a animação por luiz Felippe Cavalcanti. A produção é da tamanduá­ Filmes, o desenvolvimento da ZGraph e cená­rio da Inutilia truncat 3D. Para colocar movimentos nos olhos e na boca dos cães, como se eles estivessem falando, foram utilizadas as técnicas morph, warp e tracking facial. A campanha conta com inserções na tV e no cinema, além de banners na Internet.

Em busca do oscaro longa-metragem ambientado no sertão nordestino nos anos 40 “Cinema,

Aspirinas e urubus”, de Marcelo Gomes, será­ o representante brasileiro para concorrer a uma das vagas da dis-puta ao oscar 2007 de melhor filme estrangeiro, da Academia de Artes Cinematográ­ficas de Hollywood.

A comissão de seleção foi presi-dida pelo secretá­rio do Audiovisual, orlando Senna, e composta ainda por Andrucha Waddington (cineasta); Car-olina kotscho (roteirista); Ilda Santiago (diretora de festival e distribuidora); Jorge Bodansky (cineasta, produtor e roteirista); Moisés Augusto (produtor);

Ricardo Miranda (editor); e Sandra Werneck (cineasta). A escolha do represent-ante do Brasil não garante, no entanto, a sua presença entre os finalistas do oscar — cabe à própria Academia de Hollywood selecionar quais serão os concorrentes na categoria.

NoVA CARAA MIxTV EStREou EM SEtEMBRo uMA NoVA IDENtIDADE VISuAL, CoM

NoVoS LoGotIPoS, VINHEtAS, tRILHAS E PRoGRAMAS. o PACotE GRáFICo FoI CRIADo E DESENVoLVIDo EM PARCERIA CoM A EQuIPE DA ENG9, DIRIGIDA PoR

ZECA MoSANER, E CoM A PARCERIA PuBLICIDADE, EMPRESA RESPoNSáVEL PELA EDIção E CoMERCIALIZAção DoS PRoGRAMAS DE VAREJo Do CANAL.

AS MuDANçAS tAMBÉM ENGLoBAM o CoNtEúDo, CoM A ENtRADA DE NoVoS APRESENtADoRES NA MIxtV VAREJo E A EStRÉIA DE uM NoVo PRoGRAMA EM SuA GRADE: “ESPAço A”, CoM MAtÉRIAS SoBRE NoVIDADES tECNoLóGICAS,

DESIGN E EStILo DE VIDA, CoM A APRESENtAção DE CÉSAR DE CAStRo.

o cinema brasileiro vai passar por 13 cidades européias até janeiro de 2007. É a 9ª edição do Festival Brasil Plural, mostra itinerante de cinema brasileiro na Europa, que percor-rerá­ Alemanha, áustria e Suíça, partindo de Munique.

Serão exibidos 15 curtas-metragens brasileiros, legenda-dos em alemão; uma seleção de cinco longas, sob a temá­tica “Diversidade e identidade”; e uma mostra de vídeos do programa “Revelando os Brasis”, promovido em comuni-dades com até 20 mil habitantes. Além das mostras, acontece o segundo “Brasil + Plural”, em Munique e Hamburgo, com

o objetivo de promover as iniciativas da sociedade civil orga-nizada tendo o audiovisual como ferramenta de educação, discussão e promoção da cidadania. Este ano, serão apresen-tados os vídeos da Escola Audiovisual Nós do Cinema, do Rio de Janeiro.

A novidade desta edição é o Brasil Plural Musik, que vai exibir, em parceria com a EMI, dois DVDs musicais: “Barul-hinho Bom”, de Marisa Monte, e “Fernanda Porto ao Vivo”, de Fernanda Porto. A organização é da Associação Cultural Polemika Brasil/Alemanha, com patrocínio da Petrobrá­s.

Cinema itinerante na Europa

A equipe da fabricante catarinense

longa pode representar o Brasil na disputa.

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Reconhecimento em direito audiovisualo escritório de advocacia Bitelli Advogados recebeu o prêmio “advogado mais admirado no setor de proprie-

dade intelectual”, em levantamento publicado no “Anuá­rio Aná­lise Advocacia — os Mais Admirados do Direito”. A publicação traz um levantamento, feito pela Editora Aná­lise em parceria com a revista eletrô­nica Consultor Jurídi-co, sobre o perfil dos escritórios de advocacia brasileiros e os advogados mais admirados pelas maiores empresas do País. o Anuá­rio criou uma categoria (Audiovisual) especialmente para o Bitelli Advogados, onde ele figura como único no ranking. Na categoria Comunicação Social, aparece ao lado de outro escritório.

PoR tRáS DA ANIMAçãoA TVE aposta mais uma vez na animação e estréia

em 28 de outubro o “Animania”, programa semanal de 30 minutos que abordará­ os bastidores da animação, além de exibir curtas-metragens e séries do gênero.

A idéia inicial, de fazer do programa uma janela para a animação, deu lugar a um programa apresentado por um boneco, chamado Zeca D2, com informações sobre os bastidores, as curiosidades e as novidades da anima-ção nacional e internacional. Entre os assuntos aborda-dos estarão técnicas de animação, visitas a laboratórios

e estúdios, e agenda dos eventos do gênero. Além disso, cada capítulo do programa deve exibir curtas de animação de até 15 minutos, nacionais ou estrangeiros.

TV paga cresce mais que outras mídias

A tV por assinatura foi a mídia que mais cresceu no primeiro semestre de 200� em relação ao desempenho do mesmo período no ano anterior, segundo o relatório Inter-Meios, coordenado pela Editora Meio & Mensagem. A mídia teve crescimento de 67,18%, com faturamento total com publicidade de R$ 245 milhões, ou 3,6% de share em relação ao total do bolo de publicidade no período (R$ 8,5 bilhões). Em segundo lugar, ficou o segmento de guias e listas, com 45% de crescimento.

A tV aberta aumentou seu faturamento em 17,76% em relação à primeira metade de 2005, chegando a R$ 5,1 bilhões nos seis primeiros meses do ano. A Copa do Mundo foi uma das responsá­veis pelo crescimento total do bolo em 16,8% no primeiro semestre.

o faturamento do setor de jornais foi de R$ 1,3 bilhão (12,8% do share, e crescimento de 8,3% em relação a 2005); o de revistas faturou R$ 662 milhões no primeiro semestre (share de 8%), com crescimento de 12,8%; e o segmento de internet faturou R$ 158 milhões, com crescimento de 31,8%, chegando a um share de 2%.

Produtora brasileira no Cazaquistão

A produtora gaúcha TGD Filmes fechou um contrato internacional para a produção de dois comerciais para agência Styx leo Burnett do Cazaquistão. os filmes fazem parte da campanha “Little Demons”, desenvolvida para o produto “Always”, da Procter&Gable. o primeiro comercial, dirigido por Rafael Ferretti e laís Dias, conta com uma mistura de animação 3D e captação em filme 16mm. A exibição acontece apenas no Cazaquistão. A produtora, que completa 20 anos em 2007, real-izou também dois comerciais para o Leumi´s Bank, cliente da McCann de Israel. Hoje, as produções in-ternacionais representam 20% de seu faturamento.

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Faturamento bruto por meio (cresci-mento em %)

de janeiro a junho de 2006 em relação ao mesmo período de 2005

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Filme da TGD: presença internacional.

Marcos Bitelli

Dez canais no celularA tV por assinatura chegou aos celulares da Claro. Desde o dia 2 de outu-

bro, os usuá­rios da operadora podem assistir ao vivo em seus celulares a programação de dez diferentes canais: A&E, Bloomberg television, Cartoon Network, CNN International, Discovery Móvel, ESPN Móvel, Fashion tV, the

History Channel, Maxx Esportes e Nickelodeon. o Idéias TV, como foi batizado, foi desenvolvido pela MobitV, que tem contrato internacional com a América Móvil, controladora da Claro.

o usuá­rio pode optar por três tipos de assinatura: diá­ria, semanal ou mensal. os preços são R$ 3,30, R$ 10 e R$ 30, respectivamente. A transmissão é feita

via streaming através da própria rede Edge da operadora celular. ou seja, além da assinatura, o usuá­rio ainda paga o tempo de conexão.

A primeira operadora a lançar um serviço de canais de tV via streaming no celular no Brasil foi a tIM, em outubro de 2004, com o tIM tV Access.

o boneco Zeca D2 apresenta os bastidores da animação.

Fonte: Pesquisa Inter-Meios

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Incentivo a eventos cinematográficosos eventos CineEsquemaNovo e 2º Pelotas Cine Vídeo foram os projetos es-

colhidos para receber o apoio da Fundação Cinema RS, através do Banco de Pro-jetos Fundacine, em uma iniciativa que tem como objetivo incentivar a produção de trabalhos independentes na á­rea cinematográ­fica como seminá­rios, mostras,

exposições, livros e catá­logos. o termo de cooperação foi

firmado entre o presidente da Fundacine, Cícero Aragon, e os coordenadores do CineEsque-maNovo, Gustavo Spolidoro, Jaqueline Beltrone e Morgana Rissinger; e do 2° Pelotas Cine Vídeo, Michael kerr e Miguel Mishuo.

o 2º Pelotas Cine Vídeo acontece entre 7 e 13 de maio de 2007, e terá­ palestras e oficinas para promover e divulgar a produção audiovisual

na cidade de Pelotas. Já­ o CineEsquemaNovo — Festival de Cinema de Porto Alegre terá­ exibição e debaterá­ a produção de curtas, médias e longas-metragens brasileiros que buscam novas linguagens e propostas audiovisuais. o evento acontece no início de março de 2007.

Cinco filmes em dois anosCom o objetivo de diluir os riscos de se fazer cinema no Brasil, a Conspira-

ção Filmes adotou a estratégia de produzir simultaneamente filmes de dife-rentes estilos, para diferentes públicos. Nos próximos dois anos, a produtora

pretende lançar cinco longas-metragens, sendo que quatro, entre os cinco projetos, têm parcerias inter-nacionais para a distribuição na América Latina.

os cinco longas-metragens anunciados são: “Podecrer!”, com direção de Arthur Fontes e lança-mento previsto para o 1º semestre de 2007; “Lar-gando o escritório”, com direção de Clá­udio torres, co-produção com a Miravista, distribuição no Brasil e na América Latina pela Buena Vista International, e lançamento previsto para o 2º semestre de 2007; “Era uma vez no Rio”, com direção de Breno Silveira, distribuição pela Columbia tristar Filmes do Brasil, e lançamento previsto para o 1º semestre de 2008; “A mulher invisível”, com direção e roteiro de Clá­udio torres, distribuição pela Warner Bros., e lançamento previsto para 2008; “Eu e meu guarda-chuva”, com direção de toni Vanzolini, distribuição pela Fox Films do Brasil, e lançamento previsto para 2008. o investimento total

em produção está­ estimado entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões.

TV por assinatura Além dos longas, a Conspiração também produz para o canal GNT uma

série de tV escrita e estrelada pela atriz Fernanda torres, com direção de Vi-cente kubrusly. “Minha estupidez” terá­ oito episódios de trinta minutos cada, que serão filmados durante o primeiro semestre do ano que vem. o lançamento da série está­ previsto para 2007.

História restauradaNo ano em que a indústria automobilística

brasileira completa 50 anos, a fabricante de autopeças Dana oferece apoio à restauração de 23 obras de Jean Manzon sobre o parque automotivo nacional, como parte de um projeto de comemoração de seus 60 anos no Brasil. os trabalhos de pesquisa, catalogação, manutenção, restauração e digitalização dos filmes e fotos de Jean Manzon estão sendo feitos pela Acervo Cultural Brasil (proprietá­ria da coleção) há­ cerca de dez anos. A Dana integra o grupo de empresas que apóia o projeto, com base na Lei Federal de Incentivo à Cultura.

As obras restauradas, filmadas entre 1952 e 1974, fazem parte de um acervo cinematográ­fico de 752 documentá­rios de curta metragem (filmados entre 1952 e 1992), produzidos para serem exibidos em salas de cinema ou sob encomenda de empresas da época. Por isso, muitos filmes são inéditos para o grande público ou foram apresentados pela última vez há­ mais de 50 anos.

os filmes estão disponíveis para serem assistidos pela Internet, no site www.dana.com.br/historia. A empresa ainda doará­ cópias com acesso público a centros de documentação, museus, clubes de antigomobilismo e instituições voltadas à preservação da história dos transportes.

os títulos recuperados pelo projeto Dana-Mazon são: “A Luta pelo transporte em São Paulo”, “o Bandeirante de Hoje”, “uma Indústria que Lidera o Progresso”, “Brazil third Force in the Automotive Industry”, “técnica, Chave da Economia”, “Coluna Norte”, “Feiras”, “Na tradição de Santos-Dumont”, “Drama ao Amanhecer”, “Como Nasceu o Primeiro Carro Brasileiro”, “Venceu o Brasil”, “Indústria Automobilística”, “uma Indústria que Lidera o Progresso: a Linha de Montagem”, “Faz Parte da Vida Brasileira”, “De um Dia para o outro”, “o Caminho do Progresso”, “uma Visão Fantá­stica”, “A união Fez a Força”, “A Grande Escalada”, “Boa Viagem pelas Novas Estradas”, “É tempo de Construir”, “Nosso Pequeno 1800” e “o Investimento tecnológico”.

Gustavo Spolidoro (CineEsquemaNovo), Cícero Aragon (Presidente da Fundacine) e Michael Kerr (II Pelotas Cine Vídeo)

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Proporções gigantescasA produção do novo comercial da campanha da Nike na

China pela o2 Filmes tem tamanho proporcional às dimen-sões do país: são 1,5 mil figurantes, 60 atores secundá­rios, seis dias de filmagem em aproximadamente 20 locações (incluindo uma no está­dio nacional em xangai), e orça-

mento de uS$ 2 milhões. A direção é de Fernando Meirelles. A campanha, criada pela agência Wieden + kennedy, terá­ um filme de 60 segundos, um de 30 segundos e dois de 15 segundos, a serem filmados a partir de 19 de outubro com locações em xangai e Pequim. o filme “Jump” conta com a

participação do recordista mundial em corrida com obs-tá­culos Liu xiang, com o objetivo de mostrar aos chineses

o prazer de praticar esportes. No filme, Liu xiang corre uma prova e, ao transpor um obstá­culo, ele é substituído por

uma pessoa comum praticando esporte. Isso se repete até que não se vê mais o atleta correndo, mas

uma multidão de chineses fazendo esporte.

Estímulo à animação A TV Cultura deve lançar oficial-

mente no dia 28 de outubro, dia mundial da animação, o projeto “Es-túdio Cultura de Animação e Efeitos Visuais”, que tem como objetivo a

co-produção e a exibição de quatro animações nacionais, além de uma ação de estímulo ao desenvolvim-

ento de projetos. “Nossa idéia e fazer um arranjo produtivo que tenha a

colaboração da tV, mas que se apóie principalmente nos produtores

independentes”, diz o consultor da presidência da tV Cultura, Ivan Isola.

o projeto prevê a co-producão de quatro séries de animação ao ano, de 52 episódios de 11 minutos cada,

completando uma hora de programa-ção. As produções nacionais são a prioridade do projeto, mas as co-

produções com empresas estrangei-ras também serão aceitas.

Isola afirma também que, embora ainda não esteja formalizada, a inten-ção é que a tV faça um convênio com a Associação dos Produtores Indepen-dentes de televisão (ABPI-tV) para o desenvolvimento de dez séries, com o objetivo de dispor de uma linha de

produção de projetos com viés educa-tivo. “ter esses projetos em desen-

volvimento significa ter oportunidade de escolha”, diz Isola.

o valor do projeto está­ estimado em R$ 8 milhões, a serem captados.

Incentivo à qualidade cinematográ­fica

A Ancine lançou, a partir da Instrução Normativa 56 de 29 de setembro de 2006, o Programa de Incentivo à Qualidade do Cinema Brasileiro, um mecanis-mo de fomento à indústria cine-matográ­fica que concede apoio financeiro às empresas produto-ras em razão da premiação ou indicação de longas-metragens brasileiros, de produção inde-pendente, em festivais nacionais e internacionais.

Serão premiadas cinco obras lançadas no circuito de sa-las de exibição em 2003 e outras cinco obras lançadas em 2004 — cada uma com R$ 100 mil, totalizando R$ 1 milhão. os recursos deverão ser destinados obrigatoriamente ao desenvolvimento de projetos de produção de obra cinematográ­fica.

Podem concorrer produ-tores que receberam prêmios concedidos por júri oficial nas categorias de melhor filme e melhor direção, ou participaram com obras cinematográ­ficas na principal mostra competitiva dos festivais.

NoVoS CAMINHoSApós 16 anos na Net Films, Itagiba

Cobra montou a sua própria produtora, a Avatar. Com um formato enxuto, contando com 10 funcioná­rios, a produtora surgiu há­ cerca de um mês com o objetivo de criar produções com custos reduzidos, utilizando o suporte da tecnologia para garantir a qualidade dos trabalhos. Para isso, Itagiba criou, por exemplo, uma á­rea chamada Cine HD, que consiste em realizar a captação em HDVCam, com uma pos-terior correção de cores — realizada pela Inutilia truncat 3D. Além da captação, a idéia é que a parceria com a Inutilia truncat seja estendida também para a criação de cená­rios virtuais. A produtora também de-senvolve projetos em 30mm e 16mm, além de ter uma á­rea voltada para projetos de Internet, com a parceria da Pixel Comunica-ção Digital.

No momento, a produtora conta com os diretores Guga Sander, Marcelo Negri e Glaucia Nogueira.

Previewo novo longa-metragem de Cao

Hamburger, da o2 Filmes, “o Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, chega aos cinemas em 2 de novem-bro, mas já­ conta com um site intera-tivo (www.oano.com.br) para que os curiosos possam conhecer um pouco mais sobre o filme, assistir a trailers, ver fotos e escutar a trilha sonora. o filme é uma co-produção entre a Gullane Filmes e Fernando Meirelles, da o2 Filmes, e conta a história de um garoto cujos pais se separam dele nos anos 70 por terem de viver na clandestinidade.

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Cronograma da TV digital é definidoo Ministério das Comunicações divulgou, com 40 dias de atraso, a portaria com o cronograma para a implan-

tação da tV digital no País. o documento estabelece como data limite para apresentação do pedido do canal digi-tal relativo às geradoras de São Paulo o dia 29 de dezembro de 2006. Para as demais capitais, os pedidos podem ser feitos somente a partir de 29 de junho de 2007. Nesse intervalo de um ano, o Minicom acredita poder corrigir alguns pontos da implantação do modelo com base na experiência de São Paulo.

As datas má­ximas para que as geradoras das capitais solicitem o canal de transição são as seguintes:* 30 de novembro de 2007 - Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Rido de Janeiro e Salvador;* 31 de março de 2008 - Belém, Curitiba, Goiânia, Manaus, Porto Alegre e Recife;* 31 de julho de 2008 - Campo Grande, Cuiabá­, João Pessoa, Maceió, Natal, São Luiz e teresina; e* 30 de novembro de 2008 - Aracajú, Boa Vista, Florianópolis, Macapá­, Palmas, Porto Velho, Rio Branco e Vitória.

Demais localidades e retransmissoras Segundo a Portaria, as demais localidades devem, em princípio, obedecer o cronograma a seguir, mas, se-

gundo o ministro Hélio Costa, as geradoras que desejarem antecipar sua digitalização em função de sua capacid-ade econô­mica poderão solicitar a consignação do canal digital antecipadamente, desde que a cabeça de rede já­ esteja transmitindo sinais digitais de forma definitiva. Já­ as retransmissoras devem obedecer aos prazos a seguir e só podem solicitar a consignação se a geradora já­ estiver digitalizada:* De 1º de outubro de 2007 a 31 de março de 2009 - geradoras dos demais municípios brasileiros;* Até 30 de abril de 2009 - retransmissoras das capitais e do Distrito Federal; e* Até 30 de abril de 2011 - retransmissoras dos demais municípios.

Após a solicitação do canal de transição, as emissoras terão seis meses para a apresentação do projeto e 18 meses para a implantação efetiva. Com isso, pode-se dizer que no má­ximo no final de 2010 todas as capitais terão suas transmissões digitais iniciadas. o ministro Hélio Costa, contudo, acredita que todas as geradoras anteciparão o início de suas transmissões. o prazo má­ximo para o fim das transmissões analógicas é 29 de junho de 2016.

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NoVo HoRáRIo PARA CoNtEúDo JoVEMA Record, dando continuidade aos investimentos em teledramaturgia,

estreou em outubro a novela “Alta Estação”, que marca o início do terceiro horá­rio de novelas do canal, às 18h. A idéia é que a novela possa se estender para outras temporadas, com a renovação das histórias e do elenco.

A trama de Margareth Boury gira em torno de seis amigos, todos jovens entre 18 e 24 anos, que estudam na mesma universidade. Para isso, as gravações acontecem tanto em estúdio quanto na univerCidade, escola próxima ao complexo de dramaturgia da Record.

Dirigida por João Camargo e Régis Faria, “Alta Estação” conta com equipe de cerca de 110 pessoas, entre atores, produtores e técnicos. As gravações acontecem no RecNov, complexo de estúdios da Record no Rio de Janeiro. Segundo o diretor de teledramaturgia da emissora, Iran Silveira, o complexo terá­, a partir de janeiro de 2007, outros dois estúdios (já­ em construção) além dos cinco já­ existentes, totalizando sete estúdios em uma á­rea de 7.000 m2 dedicados à teledramaturgia da emissora.

No total, o complexo tem 200.000 m2 , mas a intenção é ampliar essa á­rea. “Estamos negociando um espaço de, no mínimo 500.000 m2 para a construção de cidade cenográ­fica”, diz Silveira.

Até o Japão, de bicicletaApós ser lançado

nos Estados unidos e na América Latina, o filme brasileiro “o Caminho das Nuvens”, dirigido por Vicente Amorim, foi lançado comercialmente no Japão. Com o título “oi Bicicleta” e leg-endas em japonês, o longa-metragem de ficção está­ sendo distribuído no mercado nipô­nico pela Space Sarou Co, do grupo Shin Nippon Films. A exibição do filme teve início no dia 14 de outubro, a partir da cidade de oizumi, com apoio das entidades kimobig e da Associação Internacio-nal de oizumi.

o longa-metragem havia sido apresentado ao público japonês em 2005, durante o Festival de Cinema Brasileiro de tokyo.

“o Caminho das Nuvens” narra a viagem empreendida por um casal e seus cinco filhos, que percorrem, de bicicleta, 3,2 km em busca de um emprego que lhes proporcione R$ 1 mil por mês. A produção é da LC Barreto, com co-produção da Miravista, Globo Filmes, Riofilme, Megacolor, Quanta e Lereby Produções.

Emissora investe no nicho adolescente.

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(figuras)

A ligação de José Augusto de Blasiis com o audiovisual começou quando ele tinha três anos de idade. Nessa

época, já­ assistia muitos filmes, a maioria deles legendado, porque não havia dublagem. Meus pais contam que eu já recontava a história dos filmes mesmo sem saber ler. A fissura pela imagem foi se intensificando na década de 60. Era um momento mágico da televisão, uma época que teve a TV como veículo, com os festivais de música e a disputa entre a bossa nova e a tropicália.

Pouco depois, seu interesse técnico começou a surgir. Na adolescência, na década de 70, usava um espelho para observar a imagem da tV, enquanto fazia ajustes na colorimetria. Eu não gostava do setup que vinha de fábrica, então corrigia mexendo nos ajustes na parte de trás do aparelho olhando o espelho. Em sua época de giná­sio, já­ usava recursos audiovisuais nos trabalhos de escola. Meu pai era fotógrafo amador e tinha equipamento de revelação e ampliação em casa, então comecei a fotografar também. Depois aprendi a editar som em casa, em equipamentos caseiros, e no colegial já entregava meus trabalhos em áudio.

Na hora de prestar vestibular, escolheu comunicações na uSP, pensando em optar por cinema, mas

não foi aprovado. o curso era genérico e concorridíssimo. No ano seguinte, prestou história, disciplina que mais gostava no colegial. Logo em seguida, arrumou um emprego na rá­dio escuta da Rá­dio Jovem Pan, em São Paulo. Mas passava mais tempo no estúdio, acompanhando as gravações, do que fazendo seu trabalho. Não durei muito, logo fui mandado embora. E essa foi só a primeira vez.

Resolveu então trabalhar em

Também me tornei gigolô intelectual de um grupo de senhoras que tinha entrado na universidade e queria indicação de bibliografia e aulas particulares. Decidido a terminar o curso, foi fazendo esse tipo de trabalho até se formar. Logo em seguida, foi trabalhar na Sketch Filmes, onde trabalhava seu amigo.

Dali, passou por três produtoras de animação e então foi para a CPu, primeira produtora de filmagens ao vivo em que trabalhou. Começou então a fase de frilas, e Zé Augusto passou pela Film, de Flavia Moraes, e pela então Zero 512, de Sérgio Amon, ainda no Rio Grande do Sul. Foram 12 anos de trabalho freelancer, mesmo período em que dei aulas nos cursos de propaganda e jornalismo da Metodista. Foi justamente nesse período que surgiram as primeiras finalizadoras e que os primeiros telecines chegaram ao Brasil em empresas prestadoras de serviços.

Em 1994, saiu da universidade. Era o começo da edição não-linear para cinema e fui chamado por Hugo Kovenski e Tata Amaral para ajudar na edição de “um Céu de Estrelas”. Virei então consultor de finalização de longas. Em 1999, foi chamado para projetar o laboratório MegaColor, e acabou contratado. Mudei de lado do balcão, virei vidraça. Mas foi ótimo, consegui convencê-los a investir no melhor e o padrão daqui acabou servindo também para as unidades da Argentina e do Chile.

Mais uma vez, foi demitido. E três dias depois, tinha sido contratado pela Casablanca. Ano passado, voltou outra vez para a universidade, para montar e coordenar o novo curso de cinema digital da Metodista. Depois de quase 12 anos novamente, um ex-aluno me convidou para dar uma palestra. Acabei sendo convidado para montar o curso e em menos de três meses tinha feito as ementas de todas as disciplinas. Sempre decidido a se aprofundar nos temas que estuda, Zé Augusto agora concilia os dois trabalhos e se empolga com o curso. Afinal, nunca deixou de ser professor.

(lIZANDRA DE AlMEIDA)

Doutor Honoris Causa

banco, enquanto terminava no curso. Ao mesmo tempo, começou a se envolver com o movimento de cinema Super-8, o que o aproximou do mercado de audiovisual. usava seus conhecimentos de edição de á­udio para trabalhar nos projetos dos colegas. Com isso, ficou amigo de uma pessoa que trabalhava numa produtora que fazia truca e animação para publicidade. Assim que foi demitido pela segunda vez — desta vez do banco — passou a dar aulas como professor substituto em supletivos.

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JoSé AuGuSTo DE BlASIIS

“Eu Não GoSTAVA Do SETuP DA TV DE CASA QuANDo ERA CRIANçA, ENTão MExIA NoS

AJuSTES Do APARElHo.”

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Novas no AvessoViviane Donegá (ex-tV Zero e Republika)

é a nova diretora de produção da PSEt Criações e Produções, responsá­vel pelo programa Avesso e pelo novo núcleo Avesso Corporativo, criado com o objetivo de oferecer soluções de comunica-ção interna para grandes empresas. Além dela, a produtora contratou Isabela Carvalho (ex-Pazetto) para reforçar a equipe de atendimento do Avesso Corporativo.

Com outro olharo programa “olhar Digital”, exibido pela

Rede tV e Play tV, está­ passando por mudan-ças editoriais e comerciais. Reinaldo Canto, que já­ fazia parte da equipe de edição, assume como editor-chefe do programa, e Décio Bittencourt chega como o novo dire-tor comercial. o jornalista Canto, que atua em tV e comunicação social há­ mais de 25 anos, pretende investir em reportagens que apresentem tecnologia como assunto cor-riqueiro e fascinante.

Diretor premiadoErnani Nunes é o novo diretor da Cine. Ele chega

à produtora após receber um prêmio do Festival de Nova York, com filme dirigido para o Hos-pital Mario Penna. o profissional começou sua carreira na Senti-mental Filme e, após uma temporada em Nova York, dirigiu duas produtoras cariocas.

Novidade na direçãoElisabetta Zenatti chega

à tV Bandeirantes para assumir o cargo de diretora executiva artística e de programação. Elisabetta tem passagens pela produtora G.A.t. na Alemanha e, desde 1997 no Brasil, passou pela Columbia tristar Interna-tional television Latin America, como diretora de produção, e em 2000 montou a produtora RGB Entertainment Brasil.

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Agência renovadaA A1 Brasil está­ cheia de novos profis-

sionais. Cristiane lindner (ex-thompson) é a nova gerente de planejamento da agência, Fernando lópez (ex-Agência Click, Euro e 10’ Minutos) é o novo gerente de projetos, e Fe-lipe Morais (ex-Lybra Comunicação, Publicis Brasil, toro e Navigators) chega para reforçar o departamento de mídia.

Reforço em atendimento e

produçãoA tamanduá­ Filmes

renova as equipes de atendimento e

produção com duas novas contratações:

Cássia Garcia (ex-Side Cinema) no atendimento, e Vanessa Galvão

(ex-Associados e Lux Filmes)

na coordenação de produção.

Reinaldo Décio

Fernando FelipeCristiane

PromoçãoHerbert Greco as-

sumiu a diretoria de marketing da Walt Disney Co. Brasil. Até então, ele ocupava o cargo de diretor de market-ing para tV na empresa, ficando à frente do mar-keting dos canais de tV por assinatura Dis-ney Channel e Jetix. o executivo também ocupou as funções de ge-rente sênior de market-ing para tV (the Disney Channel) e gerente sênior de mar-keting de produtos, para as marcas e segmentos da Disney.

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Assim na terra como no céuFusão entre Net e Vivax abre espaço para uma competição real com a telefô­nica e levanta questões sobre as conseqüências da concentração no mercado de tV por assinatura, principalmente para os programadores.

Francisco Valim, presidente da Net Serviços, dizia, quando Sky e DirectV estavam em processo de fusão, que as operadoras

via satélite estavam se consolidando, e que o mesmo deveria acontecer com as operadoras “terrestres” para que o mercado se tornasse mais forte. Pois bem. Em anúncio feito no dia 12 de outubro, a Net Serviços, maior opera-dora de cabo brasileira (que tem a Em-bratel e a Globo como controladoras), com quase 1,7 milhão de assinantes, avisou que vai se tornar acionista e possivelmente controladora da Vivax, segunda maior operadora de cabo, com cerca de 350 mil assinantes.

o anúncio pegou o mercado de surpresa. Afinal, no início do ano a Vivax abriu seu capital em bolsa e sinalizava desde então um caminho autô­nomo. Passada a surpresa inicial, percebe-se que há­ duas formas de analisar as conseqüências desta fusão. uma é pelo lado do mercado de tV paga em si, que tende a ficar mais concentrado, com menos empresas participando (ainda que não haja nenhuma alteração no quadro competitivo, já­ que as duas operadoras não se enfrentavam em nenhuma cidade a não ser em Santos/SP). A outra forma de ver a transação é pelo lado de que agora surge pelo menos uma empresa com tamanho suficiente para brigar de maneira mais ou menos equilibrada com uma grande empresa de telecomunicações. Indiscutivelmente, a Net Serviços ganhou muitas armas na disputa de mercado com a telefô­nica no Estado de São Paulo, onde a Vivax tem a maior parte (31) de suas operações.

Com a fusão, a Net se tornará­ uma operadora com cerca de dois milhões

Samuel Possebons a m u c a @ t e l a v i v a . c o m . b r

de assinantes de tV, em torno de 700 mil assinantes de banda larga, 8,4 milhões de domicílios cabeados, receita líquida semestral de R$ 1,06 bilhão (mais de R$ 2 bilhões por ano), EBItDA de R$ 306 milhões no semestre (mais de R$ 600 milhões ao ano) e margem EBItDA de 28,9%. terá­ quase 45% do mercado de tV paga no Brasil, cerca de 75% do mercado de tV a cabo especificamente, e 14% do mercado de brasileiro de banda larga.

A maior parte das operações da Vivax está­ no interior do Estado de São Paulo, o que daria à Net uma forte presença no mercado da telefô­nica. Só em São Paulo, a Net terá­ operações em 41 cidades (31 da Vivax mais 11 da própria Net, menos uma em Santos, onde as duas operam). Ao todo, a Net ficaria com operações em 78 cidades no Brasil.

Mas vale a pena dar uma olhada apenas no que representa a fusão para a briga direta com a telefô­nica em 43 cidades paulistas (em duas delas, a Vivax ainda não colocou em operação comercial plena). É bem menos do que as mais de 620 cidades em que a telefô­nica opera, mas representa o que o Estado tem de melhor. Estas 43 cidades contam com 22,8 milhões de habitantes, ou seja, 57% da cobertura da telefô­nica em todo o Estado. São 6,6 milhões de domicílios nas cidades que são servidas pela Net/Vivax, correspondentes a 58% da cobertura da telefô­nica em São Paulo. Destes domicílios, nas cidades em que a Net está­ ou estará­ com a compra da Vivax, 2,6 milhões são de classes A e B, com maior potencial de compra, portanto.

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Isso significa que a Net está­ ou estará­ em cidades onde a telefô­nica tem 66% dos seus domicílios A e B. As cidades cobertas pela Net/Vivax no Estado de São Paulo representam 20% do Índice Potencial de Consumo (IPC) do Brasil, segundo o Atlas Brasileiro de telecomunicações (publicado pela mesma editora de tELA VIVA), enquanto a telefô­nica, cobrindo praticamente todo o Estado de São Paulo (fora a á­rea da CtBC), pode chegar a no má­ximo 30% do IPC.

E não pá­ra por aí. olhando-se o Brasil inteiro, e não apenas o Estado de São Paulo, a Net Serviços/Vivax (e, portanto, a Embratel), tem um mercado potencial até maior do que o da telefô­nica. A operadora tem rede em cidades que somam 51 milhões de habitantes (contra 39 milhões da telefô­nica), 15 milhões de domicílios (contra 11,2 milhões da telefô­nica), sendo 5,6 milhões nas classes A e B (contra 3,9 milhões da telefô­nica) e, finalmente, chega a 44% do potencial de consumo nacional (contra 30% da telefô­nica). É claro que é preciso fazer a ressalva que a Net não tem rede atendendo a todos os domicílios das cidades cobertas, nem toda a rede que possui está­ preparada para serviços de voz e dados. Mas o filé mignon está­ atendido. Vale lembrar que a telefô­nica também tem algumas operações fora do Estado de São Paulo, mas são operações restritas, praticamente para clientes corporativos.

Competição difícilA vida da Net/Vivax não será­ fá­cil,

contudo. Em praticamente todas as cidades do Brasil onde a Net está­, há­ banda larga em ADSL ou em outras tecnologias. Isso acontece no Estado de São Paulo em 100% das cidades. todas as cidades atendidas pela Net e pela Vivax têm ADSL da telefô­nica (ou da CtBC), todas têm pelo menos três empresas de telefonia celular, já­ há­ 11,6 milhões de linhas fixas instaladas e as cidades têm teledensidade (linhas telefô­nicas fixas por habitante) média de 36%, contra 28% da média nacional.

de DtH que não vingou, mas tem a outorga. o crescimento da Net sobre o mercado da telefô­nica com a compra da Vivax pode ou não ser levado em consideração pela Anatel na aná­lise sobre a liberação da telefô­nica para se tornar um player do mercado de tV por assinatura via satélite. A Anatel não

havia se manifestado sobre o assunto até o fechamento desta edição.

A compra da Vivax pela Net, contudo, acontecerá­ em etapas. Na primeira, a Net fica minoritá­ria, com 36%. Após a aprovação da Anatel, ela assume o controle da empresa e depois promove a troca de todas as ações da Vivax por ações da Net. É um processo que ainda deve levar pelo menos seis meses, podendo chegar a nove, segundo Chris torto, presidente da Vivax. também é um processo que passará­ pelo Cade.

A Vivax tem hoje cerca de 110,4 milhões de ações no mercado, incluindo o que está­ em bolsa e o que está­ com seus acionistas. Como cada

uma destas ações foi avaliada ao equivalente a 0,5678 ação da Net,

e tomando-se por base que o valor da ação da Net na véspera

do anúncio da fusão, dia 11, fechou em cerca de R$ 21, é possível dizer que a Vivax foi

avaliada nesta operação em R$ 1,328 bilhão, fora a dívida,

A Net não esconde mais que a sua intenção é se fortalecer para a briga com as teles. Por trá­s desta estratégia está­, evidentemente, o desejo da Embratel, sua acionista, de conseguir competir nos mercados de telefonia local e banda larga. “Queremos trazer competição para onde a competição não existe, que é o mercado de voz e dados. Finalmente, podemos dizer que há­ uma empresa forte para isso”, declarou Francisco Valim, presidente da Net, ao anunciar a fusão com a Vivax. outro trunfo da operadora é a garantia da programação Globosat para os serviços de televisão, coisa que as teles ainda não têm, e provavelmente só terão a chance de negociar quando o imbróglio jurídico sobre a possibilidade ou não de entrada de concessioná­rias de telecomunicações no mercado de tV paga estiver resolvido.

A telefô­nica, como se recorda, tenta junto à Anatel conseguir uma licença para oferecer serviço de DtH. Começará­ pelo Estado de São Paulo. A Anatel está­ analisando cuidadosamente o pedido da telefô­nica, pois quer medir os impactos concorrenciais. Paralelamente, a telefô­nica toca seu projeto de DtH com a licença da Astralsat, uma operadora

“Queremos trazer competição para onde

a competição não existe, que é o mercado

de voz e dados. ”Francisco Valim, presidente

da Net Serviços

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DuElo DE GIGANTESCompare a cobertura das duas competidoras*

Habitantes Domicílios Domicílios A/B IPC**

Net + Vivax 51 milhões 15 milhões 5,6 milhões 44%

Telefônica** 39 milhões 11,2 milhões 3,9 milhões 30%

* Consideradas as cidades atendidas pelas operadoras em todo o país. Não significa que a rede de cada uma atinja a totalidade da população.

** Índice calculado pela empresa target que representa a participação de cada

localidade no consumo nacional de bens e serviços Fonte: Atlas Brasileiro de Comunicações

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de cerca de R$ 120 milhões, levando o total R$ 1,45 bilhão. Isso significa R$ 4,26 mil por assinante da Vivax, sem a dívida, ou R$ 4,64 mil com a dívida (ou uS$ 2,16 mil por assinante). Vale lembrar que quando abriu seu capital, em fevereiro, a Vivax valia cerca de R$ 980 milhões, e seu assinante valia cerca de R$ 3 mil, ou uS$ 1,36 mil, com o lote de ações negociadas a R$ 24,5. Hoje, o lote está­ na casa dos R$ 37. São contas apenas ilustrativas, evidentemente, já­ que a fusão se dá­ por troca de ações, não envolvendo dinheiro.

o que mudaMas se por um lado a fusão criou

uma empresa com reais condições de competir com a telefô­nica na oferta de serviços de voz, dados e vídeo, como já­ faz a Net em muitas cidades, por outro lado o mercado de tV por assinatura perdeu um player relevante. Ainda que só tivesse um pouco mais de 300 mil assinantes, a Vivax tinha um papel importante. Liderava um segmento da indústria novo, que vinha crescendo com bons resultados. Isso significa que o mercado de programação terá­ um participante a menos, assim como o mercado de equipamentos. A preocupação maior, ainda reser-vada a conversas informais, está­ entre aqueles programadores que com-petem diretamente com a Globosat, fornecedora de conteúdo nacional preferencial tanto da Net Serviços quanto do segundo maior operador do mercado, a Sky/DirectV.

também os programadores estrangeiros se preocupam, já­ que as conversas ficam restritas a poucos grupos, o que pode significar menor poder de barganha.

A associação NeotV, que represen-tava antes da fusão cerca de 900 mil assinantes, ficará­, quando a fusão for completada, com cerca de 600 mil. A associação emitiu uma posição oficial sobre a fusão, em que pondera o fato como positivo do ponto de vista do

única fusão maior que essa foi entre Globocabo e Multicanal, em 1997, mas ambas tinham a mesma pro-gramação).

Na á­rea de tecnologia, a Net Serviços e a Vivax não enfrentarão problemas para colocar suas redes para trabalhar de forma harmoniosa. “No ABC, por exemplo, estamos a um quilô­metro da rede da Net Serviços em São Paulo. Vai ser muito fá­cil integrar as duas estruturas”, diz Chris torto. Para a plataforma de dados, a Vivax trabalha com o padrão DoCSIS, o mesmo da Net, o que facilita as coisas. A Vivax ainda não adotou nenhuma tecnolo-gia de voz, o que é bom para a Net. E a digitalização da rede da Vivax está­ res-trita a Manaus. Nesse caso, a tecnologia é diferente da tecnologia da Net. Em Manaus, a plataforma é proprietá­ria, da Motorola. A Net adota DVB. Segundo torto, os planos de digitalização no interior de São Paulo ficam suspensos até que a fusão seja aprovada.

De qualquer maneira, o avanço da Net Serviços sobre a Vivax é um sinal de que a estratégia da maior opera-dora de cabo brasileira é realmente se consolidar para brigar no mercado de telecomunicações.

A estratégia da Net passa pela estraté-gia da Embratel, sua acionista, que por sua vez passa pela estratégia pan-re-gional da telmex, que disputa espaço com a telefô­nica em toda a América Latina. Confirmado esse caminho, será­ a primeira vez que uma empresa oriunda do setor de tV paga fará­ frente a uma incumbent de telecomu-nicações. Por outro lado, o mercado de tV por assinatura perde um player, o que aflige um setor importante, que é o de programação. São aspectos que precisam, ainda, ser melhor digeridos pelo mercado.

mercado, mas alerta para o risco de concentração. Na verdade. a NeotV está­ preo-cupada com o fato de ainda não ter conseguido fechar acordos de programação com a Globosat. o impasse, segundo observadores, é comercial. Para que a NeotV

tenha condições boas, precisa adotar um modelo semelhante ao que adotam hoje Net Serviços e Sky/DirectV, o que é com-plicado para a maior parte dos operadores. Isso significa que, no limite, a NeotV pode colocar contestações, junto ao Cade, para a aprovação da fusão entre Net Serviços e Vivax.

A Net Serviços negocia programação brasileira via Net Brasil, assim como a Sky/DirectV. Isso não significa que a programa-ção seja a mesma em todas as operações. Mas a filosofia da Vivax, que apostava em programações com cará­ter mais local e regionalizado, pode não prevalecer. o fato é que a Vivax tem índices operacionais iguais ou melhores do que a Net em muitas cidades. Segundo Valim ainda é cedo para dizer como será­ a fusão operacional entre as duas empresas, uma vez que isso depende da aprovação da Anatel. “As duas empresas têm formas muito parecidas de trabalhar.

Certamente os bons exemplos da Vivax serão aproveitados”.

Já­ está­ anunciado que a Vivax terá­ programação Globosat. “Até a aprova-ção da Anatel, contudo, tudo fica como está­”, diz Chris torto. o mercado teve, no passado, experiências traumá­ticas de mudanças de canais. uma delas foi vivida pela própria Net quando comprou a operação concorrente em Campinas. Houve duros protestos na cidade. Com o tempo, os problemas foram contornados. Agora, a mudança passa por 300 mil as-sinantes, o que seria a maior mudança de line-up da história da tV paga brasileira (a

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“Até a aprovação da Anatel, a programação fica como está­.”Chris Torto, da Vivax

A PREoCuPAção MAIoR ESTá ENTRE oS PRoGRAMADoRES QuE CoMPETEM DIRETAMENTE CoM A GloBoSAT.

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(mercado)

Está­ na hora da novela Mipcom 2006 mostra que há­ demanda mundial por dramaturgia na tV e Globo aproveita para lançar seu formato de novelas.

Que “Betty, a Feia” que nada! Já­ no seu primeiro dia, o Mipcom 2006, maior feira mundial de programação, que

aconteceu em outubro em Cannes, deu a indicação de qual pode ser o caminho para a produção brasileira ir atrá­s da parte que lhe cabe no cobiçado mercado global do audiovisual. Foram anunciados os finalistas ao prêmio Emmy Internacional, e o Brasil pela primeira vez foi indicado com cinco finalistas. E ainda que não levem nenhum troféu, só pelo fato de a Globo (com duas indicações) e a HBo brasileira (com outras duas) aparecerem como concorrentes com obras originais locais, faz o país marcar presença com roteiros próprios neste cená­rio á­vido por obras originais. Da Rede Globo foram indicados: em Comédia, o especial de final do ano exibido em 2005 “os Amadores”; e na categoria Série Dramá­-tica a telenovela “Sinhá­ Moça”. Já­ a HBo do Brasil foi indicada com suas duas produções locais: “Mandrake”, feito pela Conspiração Filmes, concorre na mesma categoria de “Sinhá­ Moça”; e “Filhos do Carnaval”, feito pela produtora o2, concorre em Minissérie/Filme para tV.

Mais do que nunca, a dramaturgia é o produto cuja demanda apresenta o maior crescimento, em todos os mercados. Embora os reality shows continuem com a sua fatia de mercado — vale lembrar que o quinto indicado do Brasil ao Emmy foi o “Big Brother Brasil 6” -, é a obra de ficção que mais aumenta a sua participação nas grades das emissoras na maioria dos países. tanto que um estudo divulgado no evento pelo consórcio de pesquisas Eurodata tV mostra que a demanda por ficção subiu 16% em emissoras dos países pesquisados neste primeiro

tendo inclusive criado uma rede dedicada a elas, a My Network tV. Esta é a opinião do executivo da emissora que está­ à frente das vendas internacionais da Globo, Ricardo Scalamandré.

A Globo parte agora, além das vendas tradicionais de seus produtos na íntegra, para o que chama de venda do formato novelas, o que aposta que dominará­ o mercado num futuro bem próximo. Mais do que simples compradores, a emissora agora busca parceiros para produção local. A Globo reestruturou seu departamento de

vendas e marketing internacionais, e vai envolver todas as unidades no Brasil, da á­rea artística à á­rea de produção, passando por cená­rios, figurinos etc, para a formatação e desenvolvimento destes produtos no mercado mundial, fornecendo todo o suporte de suas unidades. Scalamandré explica que as conversações seguem avançadas, principalmente com produtoras da Rússia,

Portugal e Estados unidos e que, em todo o processo, a Globo tem a vantagem de sua reconhecida alta qualidade de produção. o primeiro título do portfólio da casa que está­ sendo pensado para este formato, com cerca de 60 capítulos para uma hora de exibição diá­ria, é “Pai Herói”, novela de Janete Clair exibida no final dos anos 70 e que foi estrelada por Fabio Jr. Scalamandré estima que o custo local por capítulo, para um mercado sofisticado de tV como é o americano, deva ficar entre uS$ 300

Edianez Parente e André Mermelstein, de Cannes.e d i a n e z @ t e l a v i v a . c o m . b r e a n d r e @

t e l a v i v a . c o m . b r

semestre de 2006 (nos EuA e Europa), correspondendo ao gênero de maior crescimento na programação das emissoras de televisão, ainda que turbinado pelo sucesso dos seriados da tV americana, como “Lost”, “CSI” e “Desperate Housewives”.

Mas estes seriados não preenchem a demanda por produção local por país — ainda que na América Latina a Buena Vista International tenha licenciado “Desperate Housewives” para as redes abertas terem suas próprias versões locais sob a supervisão da detentora dos direitos.

Há­ mais de 20 anos a Globo vende suas novelas no mercado internacional; há­ cerca de dois anos também a Record começou a vender as suas com alguma escala. Mas é agora que o mercado internacional acordou para essa jóia da coroa das emissoras de tV, em especial da América Latina. Embora não tenha sido indicada ao Emmy Internacional (pode ser que ainda concorra à versão americana em 2007, nada é impossível), não dá­ para ignorar o sucesso de “Betty, a Feia” (“ugly Betty”), que virou seriado nos Estados unidos e vem angariando grande audiência no horá­rio nobre da ABC. o texto original colombiano está­ rodando o mundo, sempre em produções localizadas. Na Alemanha, “Betty” já­ não é tão feia e o texto perdeu um pouco de seu cunho latino e machista, mas o roteiro é o mesmo para um título que variou para algo como “Apaixonada em Berlim”.

Para a Globo, que há­ tantos anos vende suas novelas prontinhas para serem dubladas ou legendadas em países tão distantes quanto Indonésia ou Grécia, este “boom” mundial agora ocorre porque os americanos despertaram para o formato telenovelas,

Ricardo Scalamandré, da Globo: emissora busca parceiros para produção local de seus formatos

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mil e uS$ 500 mil. Para ele, o risco de se baratear demais uma produção local seria o de desmerecer o produto. A Globo também olha para além das novelas, e já­ customiza também o formato de “Globo Repórter” para a Latinoamericana tV — rede em espanhol presente no DtH nos EuA. “Não adianta, quem conhece seu mercado, em cada país, é o produtor local”, diz o diretor da Globo.

Neste cená­rio, a concorrência promete ser acirrada. Afinal, o mercado asiá­tico, um rico comprador de telenovelas, começa a querer produções próprias. os produtores da Coréia, por exemplo, se uniram para produções de alta qualidade e estão comprando textos latinos para consumo local. As produtoras de Singapura aproveita-ram o Mipcom para alardear as vantagens de se produzir na região.

A Record, que vem ampliando significativamente seu faturamento seguindo a receita do bolo da

de circulação. A emissora comemora no momento o interesse de novos clientes internacionais pelos seus produtos prontos. Canadá­, Grécia e Israel chegaram com maior solidez ao estande da emissora no Mipcom. Delmar Andrade, diretor das vendas

Globo — ou seja, investe em novelas de alta qualidade — ainda espera crescer nas vendas tradicionais ao mercado internacional. Mesmo porque, entende que a compra de roteiros originais latinos para adaptação local significa o fim de um produto no mercado, pois tira o texto

o serviço de tV por assinatura via rede ADSL (IPtV) da telefónica na Espanha, o Imagenio, está­ buscando conteúdos para sua oferta de VoD (video-on-demand), especialmente documentá­rios, séries e programas de lifestyle. Mas faz uma ressalva: devem ser falados ou dublados em espanhol, pois a Ima-genio não produz nada e nem mesmo faz a dublagem do material. um dado interessante é que a empresa não trabalha no modelo de revenue sharing. Ela prefere comprar o conteúdo. Hoje o Imagenio oferece cerca de 450 títulos, sendo cem lançamentos, contou a tELA VIVA Joaquin Garcia orbea, diretor de VoD e PPV do serviço espanhol.

o Imagenio adotará­ a tecnologia de compressão MPEG-4 a partir do próximo ano. o objetivo principal não é simplesmente aumentar a oferta de canais, mas sim permitir que o serviço seja usado em mais de um televisor na casa do assinante (ponto extra), o que não é possível hoje com o MPEG-2, segundo orbea. o MPEG-4 também permitirá­ aumentar o alcance das redes, uma vez que hoje o serviço é recebido com boa qualidade apenas por domicílios em um raio pouco maior que um quilô­metro a partir da central telefô­nica.

IMAGENIo BuSCA PRoDuçõES EM ESPANHol

Joaquin Garcia orbea

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(mercado)

Fala-se muito que fenô­menos da Internet como o Youtube mudaram a relação dos clientes em relação ao consumo de

conteúdo, uma vez que os próprios usuá­rios estariam criando vídeos. Mas as grandes marcas ainda entendem que só quem oferece produtos de qualidade, inéditos e com “brand” tem chances de obter receitas nas novas plataformas. De maneiras diferentes mas buscando levar ao consumidor conteúdos por encomen-da, algumas majors do conteúdo detalharam suas estratégias para as novas mídias.

A Disney/ABC partiu para novas plataformas com modelos diferentes para cada uma; a ESPN corre atrá­s dos fãs dos esportes, a MGM acha que o segredo do negócio é a produção independente e a NBC universal acredita que o segredo é segmentar.

Ao perceber que os consumidores passaram a querer os produtos da marca Disney/ABC on demand, a empresa decidiu ingressar nas novas plataformas. Assim, a ABC vendeu 12,8 milhões de episódios de seus seriados de tV na loja virtual itunes (cada um custa uS$ 1,99, livre de comerciais). o sucesso se repetiu na Internet. Dois meses depois de disponibilizar na web (para visualização no PC) os capítulos de seus seriados como “Desperate Housewives” e “Lost”, apenas 24 horas após sua estréia na tV aberta, foram assistidos 5,7 milhões de

Musical”, por exemplo, que está­ no canal de tV e também em episódios na web, mantém a venda mensal de dois milhões de DVDs nos Estados unidos.

CelularA presidenta da rede ABC/Disney

adiantou o acordo que seria anunciado logo depois para fornecimento de conteúdos para o serviço de telefonia móvel orange, da France telecom, vá­lido para setes países da Europa. São pacotes de 65 a 120 minutos de programação de atrações da marca Disney.

A Disney estima que o conteúdo movimentará­ cerca de uS$ 27 bilhões em 2010. “Estamos produzindo especifi-camente para os telefones móveis”, explicou a executiva, ao exibir exemplos de programetes feitos pelo elenco da série “Lost”. Para a ESPN, o celular é um bom negócio enquanto plataforma de distribuição de seus conteúdos, e não como um serviço em si. A empresa desistiu de seu serviço de telefonia celular Mobile ESPN (nos EuA) em setembro, sete meses após seu lançamento, porque as vendas estavam abaixo do esperado — foram somente 30 mil, quando se esperavam pelo menos dez vezes mais. A operadora funcionava no modelo de operadora virtual (MVNo), utilizando a rede de outras operadoras. A explicação foi dada por George Bodenheimer, presidente da ESPN, Inc., em sua conferência. o executivo, cujo cargo abrange também a presidência da ABC Sports e a co-direção da Disney Media Networks, traçou na sua apresentação um pouco da trajetória do canal, criado

capítulos na Internet. o streaming é gratuito, mas neste caso cada episódio conta com um patrocinador; o internauta assiste ao comer-cial antes do episódio. E há­ um detalhe: a estréia na Internet não fez diminuir o ritmo de vendas de conteúdos para iPods. “A expe-riência que temos disso tudo é que o acesso online é adicional, e não alternativo”, afirmou Anne Sweeney, co-chair da Disney Media Networks e presidenta da Disney/ABC tele-vision Group. Ela foi a primeira palestrante no Mipcom e falou a um auditório lotado sobre a estratégia multiplataforma do grupo, que foi classificada na época de seu anúncio como

sendo “um tiro no pé”.Anne Sweeney disse que

a empresa está­ aprendendo constantemente a lidar com o novo consumidor de todas as mídias. “Descobrimos que há­ diferentes maneiras de chegar ao cliente e o nosso negócio tem de ir ao encontro das necessidades do usuá­rio”. A ABC perfilou quem compra episódios no itunes e descobriu que o usuá­rio tem, em média, 29 anos de idade, curso superior e alto poder de consumo. Ainda, quem assiste

ao episódio gratuito na Internet o faz por ter perdido a exibição na tV aberta. também, 87% do público lembra-se dos anunciantes, sendo que 84% deles aceitaram assistir ao comercial antes do capítulo. “olhamos a todas as plataformas com muito cuidado, sem deixar que um meio canibalize o outro”, afirmou Anne. De acordo com ela, a principal renda vem da tV aberta e não se quer perder isso. Anne Sweeney explicou que o mesmo modelo foi lançado com sucesso para o Disney Channel. o sucesso “High School

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Majors exploram as novas mídias

internacionais da emissora, conta que, “com a novela ‘Bicho do Mato’” (“Savage”, no título em inglês), pulamos para um patamar ainda mais alto, tendo chegado a um mercado mais sofisticado”.

Resta à produção independente brasileira também aproveitar esta

brecha no mercado. A novelinha “Floribela”, por exemplo, co-produzida pela RGB e a Bandeirantes, foi para o Disney Channel. A Fox tem comprado novelas para o seu canal feminino na América Latina Fox Life — a primeira foi a antiga “Meu Pé de Laranja Lima” — e, vale a pena lembrar, investiu alto na em “Avassaladoras”, a série para a tV. A

própria Record comprou da Fox uma novela. A produção é uma adaptação de um original cubano e é estrelada pela atriz Bo Derek (do filme “Mulher Nota 10”). São 65 capítulos, com 45 minutos cada, e o contrato prevê exibição no horá­rio noturno.

Anne Sweeney, da Disney/ABC: acesso online é adicional, e não alternativo.

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Mais uma vez, os produtores inde-pendentes brasileiros marcaram presença em Cannes através do estande guarda-chuva da ABPI-tV, sob a marca Brazilian tV Producers.

A produtora de animação tV Pingüim assinou no evento um acordo para exibição da série “Peixonauta” pelo canal Discovery kids para toda a América Latina e possivelmente para os EuA. A série terá­ 52 episódios de 11 minutos cada e será­ co-produzida com a canadense Nelvana.

A produtora Canal Azul fechou acordo de co-produção com a alemã ContexttV para um documentá­rio em alta definição (HD) sobre os dez anos da reabertura do Atol de Bikini à visitação pública. A produtora foi a primeira a registrar a reabertura, em

1996, por conta de uma autorização especial do governo das ilhas Marshall. À época, a matéria foi exibida no “Fantá­stico” e no GNt. Agora, o documentá­rio (batizado de “Bikini Wildlife”) mostrará­ a recu-peração da vida marinha no local, destruída após os testes nucleares norte-americanos na década de 40. Na Alemanha, o filme será­ exibido pelo canal Arte. A produtora ficará­ com os direitos de distribuição para a América Latina.

A Canal Azul também produz, desta vez para o National Geographic,

um documentá­rio em dez episódios sobre a viagem de Che Guevara pela América Latina (retratada de forma ficcional no filme “Diá­rios de Motocicleta”). A produtora foi selecionada pelo canal em uma concorrência internacional. o projeto, chamado provisoriamente de “In Search of Che”, está­ sendo feito em co-produção com a tVE (Rio de Janeiro). A idéia é mostrar os lugares por onde o revolucioná­rio passou, seus personagens, e comparar a situa-ção de hoje com a da época da jornada.

Prêmiotambém foram anunciados no Mipcom

os quatro projetos selecionados pelo fundo de desenvolvimento de co-produções Brasil-Canadá­. Cada um receberá­ 25 mil dólares canadenses para desenvolvimento. Ao todo,

foram submetidos 17 projetos, necessariamente envolvendo uma produ-tora de cada país. Foram selecionados:

“8 Ways to a Better World”, produzido pela uM Filmes e CinéGroup; “A Fistfull of Dollars: the New Immigrants”, produzido pela telenews

e pela Amerimage-Spectra; “Rodeo Nation”, produzido pela bananeira Filmes e Joe Media Group e; “Les Enfants de la Liberation”, produzido pela olhar Imaginá­rio

e pela Altau tutti Frutti.

PRESENçA INDEPENDENTE

Jaques Bensimon (National Film Board), Paulo Ricci e Fernando Dias (ABPI-TV), Tom Perlmutter (National Film Board) e Samuel Barrichello (MinC) no anúncio dos projetos selecionados pelo fundo Brasil-Canadá.

(mercado)

em 1979, apresentando o videotape da transmissão inaugural da rede. A ESPN Brasil foi citada com destaque na apresentação do executivo sobre a presença do canal em 31 países. Ele afirmou ainda que a empresa primordialmente continua a prover seus conteúdos aos fãs de esportes, qualquer que seja a plataforma, inclusive celular, mas não como administradora da rede. “Decidimos mudar nossa estratégia (em relação à ESPN Mobile) para ampliar o modelo de crescimento de nossa marca no mundo todo”. Sobre a entrada das teles no negócio de vídeo na América latina e Brasil, o presidente da ESPN contou a tELA VIVA que, tal como tem feito no mercado norte-americano, a programadora conversa com as empresas de telecomunicações para expandir seus produtos a todas as mídias diferentes que surgirem, além de tV, celular, rá­dio, internet, revista

a sua origem”, afirmou Sloan. Segundo ele, o estúdio optou estrategicamente por delegar outras tarefas, como por exemplo, a própria produção dos filmes, aos estúdios independentes, cujas estruturas e agilidade ganham terreno diante da grandiosidade das majors. o executivo destacou o fato de que quatro dos cinco últimos vencedores do oscar vieram de produtoras independentes. “o nosso novo modelo é fazer filmes com maior rentabilidade e, ao economizar, colocamos mais qualidade no conteúdo”, afirmou o executivo. Na nova configuração do estúdio, a MGM partiu para as parcerias. Finalmente, a presidenta da Mídias digitais e desenvolvimento de mercado da NBC universal, Beth Comstock, ressaltou que, mais do que multiplataforma, o novo mundo digital está­ cada vez mais segmentado. Neste aspecto, ela acredita que a fórmula a seguir no mundo digital é a mesma trilhada há­ 20 anos, quando os canais da tV a cabo perceberam que tinham de procurar nichos específicos. Para ela, este é o modelo a ser seguido.

etc. “Vemos com cada uma das mídias como e quando deve funcionar em relação a cada evento nosso”, afirma Bodenheimer. “Produzimos hoje coisas que não existiam há­ um ano, por exemplo”, diz, citando os conteúdos feitos para podcast. “Quando uma oportunidade aparece estamos de portas abertas”, completou.

No caso do cinema, o modelo tem de mudar. “os grandes estúdios de cinema

estão quebrados, e cada vez ganham menos. Quem disse isso foi o chairman e CEo da MGM, Harry Sloan. A afirmação foi feita em painel do Mipcom sobre os novos tempos para a lendá­ria grife cinematográ­fica, simbolizada pelo leão rugindo, que foi adquirida pelos estúdios Sony e que desde então vem promovendo muitas mudanças no seu modelo de atuação. Entre outras, a MGM optou por se focar na distribuição theatrical (nas salas de exibição) de seus longas e também no marketing. “A MGM assumiu toda a sua distribuição theatrical, pois só assim controlará­ o conteúdo desde

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George Bodenheimer, da ESPN

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Edianez Parentee d i a n e z @ t e l a v i v a . c o m . b r

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Mais RondonA Memória Civelli, a Barra Filmes

e a produtora Casablanca estão lançando um grande projeto sobre a vida e trajetória do Marechal Rondon. trata-se do Projeto Rondon, formado por: uma minissérie para a tV, dois longas, um documentá­rio e um CD-Rom. A Memória Civelli explica que tem os direitos de imagem e som de voz do marechal. tais direitos, explicam os seus detentores, foram concedidos, com exclusividade, pelos 20 netos de Rondon.

Warner com o SBT até 2013 o SBt já­ antecipou a renovação do seu contrato

com a Warner, que venceria no início de 2007, este-ndendo a compra de longas-metragens, seriados e desenhos por mais cinco anos. Assim, a emissora de Silvio Santos garante seus preciosos pontos de audiên-cia ante a concorrência com seu bloco de animação, os blockbusters para horá­rio nobre, como as continu-ações de “Homem-Aranha”, “Batman” e “Harry Potter”, e também os seriados — que são comprados e nem sempre são exibidos. “Nip/tuck”, por exemplo, exibido pelo canal por assinatura Fox, é um dos seriados no rol do SBt, mas sem espaço na grade, ao menos até agora.

ultraman repaginadoAstro de seriado “trash” exibido no final

dos anos 70 e nos 80 na tV brasileira, “ultra-man” foi um dos hits do Mipcom, em Cannes.

A tsubayra Productions, do Japão, no quadra-gésimo aniversá­rio da série, licencia toda uma linha de produtos baseadas na atração. “ultra-

man” estreou em 1966, teve 15 temporadas e conta com versões repaginadas do herói,

que enfrenta uma infinidade de monstros intergalá­cticos.

RuMo AoS 300A REDE tV! ESPERA FECHAR o ANo CoM 20% DE CRESCIMENto

EM RELAção A 2005, o QuE LEVARIA A EMISSoRA A uM FAtuRAMENto DE APRoxIMADAMENtE R$ 300 MILHõES. DE ACoRDo CoM o SEu

VICE-PRESIDENtE, MARCELo DE CARVALHo, o PRIMEIRo SEMEStRE DA REDE tV! APRESENtou uMA VARIAção PoSItIVA EM 30% EM RELAção

Ao MESMo PERÍoDo Do ANo PASSADo. A REDE tV! CoNtA CoM EMISSo-RAS PRóPRIAS EM São PAuLo, RIo DE JANEIRo,

RECIFE, FoRtALEZA E BELo HoRIZoNtE.

SEM ouTDooRS Lei municipal que entra em vigor

no início de 2007 tira das ruas de São Paulo outdoors e publicidade em fachadas laterais de prédios. Com isso, muitos canais, principalmente da tV paga, deixam de utilizar esta mídia, que vinha sendo bastante utilizada na capital paulista para promover séries e filmes, entre eles os canais HBo, telecine, Warner Channel, universal Channel e Discovery. o telecine, por exemplo, parece seguir com a estraté-gia enquanto dá­. Em outubro, a atração do mês “Madagascar” (foto) substituiu os cartazes que antes exibiam “Star Wars”. Já­ a Fox decidiu não mais utilizar este meio para suas campanhas de rua na cidade.

Amas desesperadas“Amas de Casa Desesperadas” é o

nome da versão local para a América Latina da série de tV “Desperate

Housewives”, licenciada para algu-mas redes de tV aberta da região

(entre elas, a brasileira Rede tV!) pela Buena Vista Intl. tV e produzida pela

Pol-ka. Na Argentina, a exibição é da Artear, e o elenco é formado por

atrizes conhecidas do público local.

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? VoCê SABIA QuE:

ouM CANAL VoLtADo Ao uNI-VERSo DoS GAMES É o PRIMEIRo DA LIStA No CRoNoGRAMA DE LANçAMENtoS DE NoVoS CANAIS DE tV Do GRuPo ABRIL EM 2007? na família Marinho (dona do grupo Globo) desfez-se de mais de um dos seus ativos, com a venda de sua participação no braço para Portugal da editora Som livre? um grupo local comprou a empresa, que em nada muda a constituição da gravadora Som livre no Brasil. oo SALáRIo DE SuMNER. M. RED-StoNE, PRESIDENtE E ACIoNIStA CoNtRoLADoR DA VIACoM NoS EuA, FoI REDuZIDo A uS$ 1MIL-Hão? A REDução VISA ADEQuAR SuA REMuNERAção À PERFoR-MANCE FINANCEIRA DA GIGANtE DE MÍDIA, E INCLuI AINDA uM CoRtE DE QuASE uS$ 3 MILHõES No SEu BôNuS PoR MEtAS.na Igreja Católica ganha um canal para broadband? A WBBS, da Suíça, fez um contrato com a agência de notícias RoME report, especializada na Igreja Católica e baseada em Roma, para um canal online (www.romere-ports.com)

A TV ABERTA SEGuE HoJE o CAMINHo DA CloNAGEM, DA ‘CoMoDITIZAção’. FAlTA uM

PouCo DE CRIATIVIDADE; PRECISAMoS DE MAIS PlAN

JADoRES NAS TVs.José Bonifá­cio de oliveira Sobrinho, o Boni,

em painel no Maxi Mídia 06

CADê?MAIS uMA DA SÉRIE

“CoMPRou E Não ExIBE”. QuANDo E oNDE SERá QuE A GLoBo VAI ExIBIR o SERIADo

“PRISoN BREAk”, SuCESSo Do CANAL Fox E Já NA SuA SEGuNDA tEMPoRADA? o

INÍCIo Do PRóxIMo ANo Já EStá CoMPRoMEtIDo CoM oS SERIADoS “24 HoRAS” E

EM SEGuIR, CoM A SEGuNDA tEMPoRADA DE “LoSt”. o

PRoGRAMA É uM SuCESSo EM DIVERSoS PAÍSES. CADA

uM DoS EPISóDIoS DA SÉRIE, EStRELADA PELoS GALãS

WENtWoRtH MILLER E DoMI-NIC PuRCELL, EStá oRçADo

EM uS$ 2,6 MILHõES.

Multishow FMChega em novembro a Multishow FM, ca-

nal de rá­dio online com streaming e também conteúdos de á­udio offline. É só mais uma novidade do canal da Globosat voltado ao público jovem, que também reformula seu

website para transformá­-lo num grande portal de entretenimento para além da música

— também comportamento e humor vão ganhar espaço na web. No canal de tV, estréia

em novembro a nova programação visiual do canal, feita pelo estúdio nova-iorquino

Shigo Design. As novidades não param por aí. Wilson Cunha, o diretor do canal, esteve no

Mipcom garimpando novidades para a grade do Multishow.

Peixão“A onda azul veio com ferocidade de causar inveja

a qualquer frenesi de tubarões”. Eis um trecho do livro de Lawrence Wahba, que descreve o pânico e terror enfrentados por ele e seus companheiros acostumado às grandes feras do mar. Só que o fato se deu longe da á­gua: foi do lado de fora de um está­dio de futebol antes de uma partida entre o “Peixe” (o Santos F.C.) e o time do Cruzeiro. Esta é apenas uma das tantas aventuras descritas pelo cinegrafista submarino e produtor de documentá­rios no seu recém-lançado livro “Dez Anos em Busca dos Grandes tubarões” (Ed. Nobel, 160 pá­g.).

ERRAtAEm referência à nota publicada sobre a desatualização do site da tV Bandei-

rantes, a emissora esclarece que o banner da Copa da Alemanha foi tirado do ar tão logo a seleção brasileira foi eliminada da competição. A Band informa que a equipe de seu site realiza diversas atualizações diá­rias, em cará­ter 24x7. Por um problema técnico no servidor central desta editora, imagens antigas - como a que foi publicada na edição 164 de tELA VIVA - ficaram armazenadas de forma desatualizada.

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Em agosto, entre os assinantes de tV paga com 18 anos ou mais, os canais tNt, Mul-tishow, SportV, universal

Channel e Globonews foram os que apresentaram, nesta ordem, o melhor alcance diá­rio médio, dentre todos os canais aferidos pelo Ibope Mídia. À exceção da tNt, canal da turner Broadcasting System, os colocados da segunda à quinta posição pertecem à programadora brasileira Globosat.

o levantamento considera o total de indivíduos de 18 anos ou mais com tV por assinatura nas seguintes praças: Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Distrito Federal (universo = 4.380.200 indivíduos), apresentando um alcance diá­rio médio de 56,1% ou 2,4 milhões de pessoas/dia e um tempo médio diá­rio de audiência de duas horas e 16 minutos.

Já­ entre o público infanto-juve-

(audiência - TV paga)

*universo 4.380.200 indivíduos *universo 938.600 mil indivíduos

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Acima de 18 anos* (Das 6h às 5h59)

De 4 a 17 anos* (Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo MédioTotal canais pagos 60,3 572 2:10:19Cartoon Network 26,0 247 0:52:01Nickelodeon 18,5 176 0:36:56Discovery Kids 14,3 136 1:01:23TNT 13,2 125 0:29:01Multishow 12,7 120 0:28:46Jetix 11,9 112 0:41:18Disney Channel 8,3 79 0:50:29SporTV 8,2 77 0:27:55Boomerang 7,7 73 0:32:47Discovery 7,4 70 0:18:45Fox 6,8 65 0:19:48AxN 6,4 61 0:15:45universal Channel 6,1 58 0:19:20Warner Channel 5,8 55 0:16:04National Geographic 5,5 53 0:14:53Sony 5,5 52 0:17:23Telecine Premium 5,4 51 0:28:40SporTV 2 5,2 49 0:15:49People + Arts 5,0 47 0:17:00HBo 4,4 42 0:21:56

AlcAnce e tempo méDio Diário

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Quatro canais da Globosat estão no “top 5”

nil, ao longo do dia, os canais com maior alcance médio diá­rio foram, nesta ordem: Cartoon Network, Nickelodeon, Discovery kids, tNt e Multishow. o levantamento considera as mesmas praças citadas acima (universo = 938,6 mil indivíduos), e o total

dos canais por assinatura canais tiveram um alcance diá­rio médio de 60,3%, ou 572.000 pessoas por dia, com um tempo médio diá­rio de audiência de 2 horas e dez minutos.

(EDIANEZ PARENTE)

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Acima, André Trigueiro no “Jornal das Dez”, da Globo News e, ao lado,

Fernando Meirelles, no programa “Diretores latinos”, da TNT.

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo MédioTotal canais pagos 56,1 2.450 2:16:57TNT 16,0 699 0:30:40Multishow 12,0 525 0:19:22SporTV 11,5 500 0:42:25universal Channel 11,3 495 0:30:14Globonews 10,9 476 0:33:01AxN 10,2 446 0:22:15Discovery 10,0 435 0:24:06Warner Channel 9,7 423 0:25:30National Geographic 8,9 390 0:19:57Fox 8,6 378 0:20:03Sony 8,6 374 0:24:06Cartoon Network 8,3 364 0:28:50GNT 7,6 331 0:19:09Telecine Premium 7,0 305 0:27:29SporTV 2 6,8 297 0:20:31People + Arts 6,7 294 0:18:16Nickelodeon 6,6 289 0:27:16HBo 6,6 288 0:31:27Discovery Kids 5,8 252 0:46:36Telecine Pipoca 5,4 234 0:34:52

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(making of )Lizandra de Almeida

l i z a n d r a @ t e l a v i v a . c o m . b r

fichA técnicA

Produto promoção Dia das CriançasAgência AvantProdutora Animaking e Boreal FilmesDireção Paolo Conti e Gui SpechtFotografia André ModugnoMontagem Edu MenezesTrilha IdeaMix ProduçõesPós-produção Boreal Filmes

um mini-Sebastian, feito de massa de modelar, apresenta a nova promoção de uma

grande rede de magazine para o Dia das Crianças. o filme foi produzido a partir da associação entre duas produtoras, a Animaking, especializada em desenhos animados, e a Boreal, que cuidou da parte ao vivo e também da pós-produção. “Foi o boneco mais sofisticado que já­ produzimos”, afirma Paolo Conti, da Animaking. “o boneco foi preparado inclusive para fazer movimentos que simulassem a fala, mas isso não foi usado.”

o filme divulga uma das maiores promoções já­ feitas pelo magazine, que está­ distribuindo peças grá­tis e brindes para as crianças. A cada duas peças compradas, o consumidor ganha uma raspadinha, e em todas elas há­ algum brinde, que vai de pirulito a brinquedos. Na compra de quatro peças de roupa, além das duas

raspadinhas, o consumidor ainda leva a de menor valor de graça.

toda a identidade visual do material grá­fico da promoção foi criada em con-junto com as produtoras do filme. A produção começou com a gravação, em estúdio, do ator Sebastian. “Grava-mos os trejeitos e movimentos típicos do personagem para usar como referên-cia na criação do boneco e, depois, na animação”, explica Paolo. A partir daí, foi construída a estrutura do boneco, poste-riormente recoberta de massa. todos os elementos animados foram feitos ao vivo, com massa de modelar. São principalmente letras que formam as palavras-chave da promoção e os números.

Além disso, as crianças que interagem com o boneco foram filmadas ao vivo e os fundos e composições foram criados pela Boreal. “também procuramos inovar na filmagem das crianças, usando alguns movimentos de câmera diferentes”, ex-

Promoção de massinha

plica Edu Menezes, da Boreal. Em certo momento, há­ uma cena em que as crianças vão se alternando como se estivessem em uma roda. “Fizemos um movimento de câmera de 180º, gravando as crianças de frente e atrá­s. Em vez de usarmos uma composição 2D, filmamos assim para que a imagem fosse totalmente 3D”, completa.

Personagem Sebastian foi animado em stop-motion e composto com cenas de crianças ao vivo.

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Com uma campanha de dez filmes, todos eles criados, dirigi-dos e produzidos pela equipe

da Digital 21, a Estrela voltou à mídia para o Dia das Crianças. Seguindo uma linha única de arte, adaptada apenas segundo a idade do público consumi-dor de cada linha de brinquedos, o processo todo foi desenvolvido na produtora.

Segundo o diretor Rodolfo Patrocínio, a produtora sugeriu que os filmes não fossem simplesmente pack-shot ou demonstrativos, mas que mostrassem as crianças realmente brincando. Ao todo, foram realiza-das três diá­rias em estúdio, com 12 crianças entre 4 e 9 anos e os diversos produtos, muitos deles lançamentos. os filmes foram todos concluídos em 30 dias.

“todos os filmes têm imagens de crianças filmadas ao vivo, interferên-cias grá­ficas e animações”, explica o diretor. “Recebemos o briefing de cada um dos produtos, com as característi-cas e público de cada um, e fizemos uma ampla pesquisa nos canais in-fantis para conhecer o universo visual com o qual as crianças estão acostumadas. Foi a partir daí que construímos os cená­rios.”

Avalanche de brinquedos

Com a proibição de animar os brinquedos, equipe focou a atenção no cenário.

todos os filmes abrem com a imagem de um carrossel em animação, que se transforma no logo da Estrela. Cada cená­rio foi criado de acordo com as idéias do roteiro e as possibilidades lúdicas de cada brinquedo. Para isso, a equipe da produtora teve que vivenciar os próprios produtos. “os rapazes tiveram um desafio a parte. tiveram que liberar seu lado criativo para os brinquedos de meninas, que eram a maio-ria”, diverte-se Rodolfo.

Diferente dos filmes anteriores

— nos quais era possível modelar os brinquedos em 3D e animá­-los como se fossem reais — este ano, com a proibição legal de movimentos que não fossem dos produtos, o mundo da fantasia se concentrou nos cená­rios, que ganharam toda a atenção. As crianças e os produtos foram captados em fundo chromak-ey e todos os cená­rios foram criados em pós-produção, com a equipe de Motion Design. o Flame foi usado no recorte e nas composições. “No filme ‘Fá­brica de ursinhos’ usamos tam-bém a técnica de stop motion para a cena do ursinho enchendo, que faz parecer que ele está­ animado, e não filmado em play”, completa.

fichA técnicA

Cliente Brinquedos EstrelaProdutora Digital 21Direção Rodolfo PatrocinioAssistente de Natasha Preciosodireção Atendimento Roberta tilkian e Debora

GarciaDiretor de Claudio Leonifotografia Composição e Digital 21finalização Produtora Comando Sde áudio

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(programação)

BBC aposta nos formatosNo seu encontro BBC Showcase, para a América Latina, a programadora mostrou a mais de 200 clientes seus novos produtos.

A BBC Worldwide Américas, braço comercial da rede pública britânica, realizou em setembro no Rio de Janeiro

um encontro de vendas de seus programas disponíveis para as redes de tV da América Latina, o BBC Showcase. trata-se do terceiro encontro do gênero que a emissora promove no continente, e o segundo que traz para a capital fluminense. o encontro configura-se na versão pan-regional do grande evento anual que a BBC promove em Londres para seus principais clientes no mundo e a intenção da empresa é continuá­-lo.

Em três dias, foram apresentados a mais de 200 compradores os documentá­rios de natureza e história natural, muitos feitos em parceria com a Discovery, Animal Planet e NHk (no caso de documentá­rios em HDtV); produções de animação para crianças de vá­rias idades, programação de esportes e também os novos formatos para adaptação local — estes últimos, aliá­s, se configuram na grande aposta da BBC para seus clientes. No Brasil, a compra do formato de “Dancing with the Stars” pelo SBt, que virou “Bailando por um Sonho”, dá­ uma visibilidade extra a esta mais recente investida da poderosa rede britânica. Vale lembrar que o próprio Silvio Santos comprou o programa, em contrato fechado no começo deste ano em Las Vegas (EuA). No entanto, pouco depois a Globo, numa atitude que pouco tem a ver com sua linha costumeira, acabou por fazer uma cópia no quadro “Dança dos Famosos”,

mercado na região que, segundo ele, é favorá­vel. Mark Young, diretor de vendas globais de tV da BBC, também esteve no Rio de Janeiro. “A América Latina é um mercado dos mais importantes no nosso negócio, há­ uma grande demanda pelos nossos programas e é onde esperamos crescer muito nos próximos anos”, afirma o executivo,

para quem uma grande vantagem do nosso mercado em termos de documentá­rios seria a boa aceitação local pelas legendas — em outros países, a necessidade de dublagem acomete praticamente todos os programas.

Na linha dos formatos, a empresa quer competir de igual para igual com os atuais líderes do segmento, Endemol e Freemantle. Assim, estiveram no Rio os criativos Wayne Garvie, diretor de Conteúdo e Distribuição; e Paul telegdy, diretor de produção para a América Latina. A dupla prevê sucesso com um novo programa, “You’re the one that We Want”, que foi negociado com a NBC nos Estados unidos. o título do programa foi tirado da famosa trilha sonora do longa-metragem “Grease”. A BBC Worldwide também espera poder desenvolver programas locais, com idéias originais e parceiros da região — em especial, broadcaster locais. Para o público infanto-juvenil, há­ entre os formatos da BBC um novo programa que trata da polêmica questão da alimentação dos jovens, repleta de junk food.

(EDIANEZ PARENTE, Do RIo DE JANEIRo)

no programa do Faustão. Só depois de um bom tempo no ar, quando o programa já­ tinha atingindo a devida repercussão, foi substituído pelo formato de “Dança no Gelo”, devidamente licenciado de outra fornecedora. A BBC soube de tudo isso, mas não se manifestou especificamente sobre isto no evento, uma vez que o programa baseado no seu formato já­ saiu do ar no “Faustão”.

Clientes Estiveram presentes compradores

de programação de emissoras do Brasil, uruguai, Equador, México e Argentina, além de canais de língua hispana nos Estados unidos. No Rio de Janeiro, os clientes tiveram contato com o portfólio de atrações da BBC, em apresentações em auditórios e em exibições individuais nas cabines de “screenings”. A Rede Bandeirantes, como patrocinadora, e a tV Cultura, como apoiadora, foram algumas das parceiras da BBC. A emissora trouxe para o encontro todo seu staff de vendas internacionais, bem como diretores responsá­veis pelo desenvolvimento de novos programas e formatos — esta é uma das maiores apostas da BBC, que tem uma série de atrações do gênero prontas para serem customizadas para a América Latina. o formato “Dancing with

the Stars”, por exemplo, já­ foi adquirido no Chile (pela tVN), Argentina (Channel 11), além do Brasil (SBt).

Jose Sanchez, diretor de vendas de televisão da BBC Worldwide para a América Latina, vê com muito otimismo o

Mark Young

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Wayne Garvie e Paul Telegdy

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(produção)

Animação em altaProdutores brasileiros participam do ottawa International Animation Festival, arrancam elogios dos estrangeiros e trazem para casa acordos de co-produção.

Com projetos elaborados, capacidade de levantar recursos e muita criatividade, os produtores

brasileiros de animação têm obtido importantes conquistas mundo afora quando o assunto é co-produção. o sucesso dessas investidas pô­de ser notado durante o 30° ottawa International Animation Festival, evento de animação que reuniu artistas, produtores e exibidores de animação entre os dias 20 e 24 de setembro na capital canadense.

A delegação brasileira no festival — que contou com representantes de dez produtoras, tVE, tV Cultura e ABPI-tV — aproveitou o evento para realizar encontros com produtores e exibidores canadenses, em busca de parcerias não só para os projetos nacionais, como para os estrangeiros. o Brasil foi também o país-foco da television Animation Conference (tac), uma série de painéis e debates sobre o mercado de animação. o primeiro painel da conferência, com o tema “Co-producing with Brazil”, contou com a presença de produtores internacionais das empresas Nelvana Limited, Galakids e Breakthrough Animation, além dos brasileiros Fernando Dias, da ABPI-tV; Beth Carmona, da tVE; Célia Catunda, da tV Pingüim; e André Breitman, da 2DLab.

Durante o debate, foram demonstradas as vantagens de se produzir em parceria com o Brasil, as diferenças entre os modelos de negócios e as dificuldades encontradas em co-produções entre os dois países.

Entre os entraves para a co-produção, um dos principais — e que pode ser notado em praticamente todos os acordos realizados até o momento — é a diferença no modelo

exibidor na televisão canadense.o curioso é que, em alguns casos,

a lentidão e a burocracia normalmente observadas no processo de captação brasileiro são superadas, enquanto a busca por um parceiro exibidor no Canadá­ acaba atrasando a produção.

A co-produção da animação “Peixonauta” (em inglês “Fishtronaut”) entre a brasileira tV Pingüim e a canadense Nelvana Limited é um exemplo de acordo que está­ em curso há­ um ano e meio e que ainda não conseguiu um parceiro exibidor no Canadá­. Assim, buscando formas de agilizar o processo e viabilizar a produção, a produtora brasileira fechou um acordo com a Discovery kids para a exibição da série pelo canal, para toda a América Latina e possivelmente para os Estados unidos. “Peixonauta” deve entrar na grade do canal no início de 2008 na América Latina e no final de 2008 nos EuA. Segundo kiko Mistrorigo, da tV Pingüim, a idéia da co-produção com os canadenses continua valendo, mas como o acordo com a Discovery kids delimita prazos, a proporção canadense na produção pode mudar.

Daniele Frederico, de Ottawa.d a n i e l e @ t e l a v i v a . c o m . b r

de captação dos dois países. Enquanto no Brasil é possível, por meio de leis de incentivo, como a Lei Rouanet, captar recursos para um programa que pode acabar não sendo exibido, a primeira contrapartida para que uma co-produção canadense seja iniciada é que a parceria com um exibidor esteja garantida. Por isso, alguns produtores brasileiros que fecharam acordos com canadenses ainda não conseguiram começar as suas produções. É o que acontece, por exemplo, com a co-produção “Mundo da Criança”, entre a brasileira 2D Lab e a canadense Gala kids, que ainda não conta com o parceiro

o FESTIVAlAlém da television Animation Confer-

ence, das palestras e workshops realizados, o 30° ottawa International Animation Festival contou com uma feira de animação, na qual estiveram presentes produtoras e escolas, com o objetivo de atrair animadores, além de ses-sões de longas e curtas-metragens competiti-vas e não-competitivas. Guilherme Marcondes foi o único brasileiro a concorrer na categoria competitiva, com o curta “tyger”. Entre as sessões não-competitivas, aconteceu nos dias 22 e 23 uma exibição dedicada às animações brasileiras, promovida pela ABPI-tV.

Da esq. para a dir.: Fernando Dias (ABPI-TV), Célia Catunda (TV Pingüim), Patricia Burns (Nelvana limited), André Breitman (2D lab), louis Fournier (Galakids) e Beth Carmona

(TVE): produtores e exibidores discutem co-produção entre Brasil e Canadá.

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“Se não conseguirmos o parceiro exibidor no Canadá­, fazemos um novo arranjo de produção. Podemos, por exemplo, fazer toda a produção e eles a distribuição”, afirma.

Segundo a VP de produção internacional da Nelvana Limited, Patricia Burns, embora o processo seja às vezes frustrante, é muito raro que um programa como esse aconteça rapidamente. As dificuldades vão desde o alinhamento à marca do canal até o orçamento que a parceira pode oferecer. “Ficamos interessados quando soubemos que os brasileiros podem trazer dinheiro para a produção também”, diz Patricia.

Louis Fournier, da Gala kids, diz que o mercado canadense está­ mudando e que a operação não é mais uma “venda fá­cil”, ou seja, é preciso trabalhar muito um projeto antes de apresentá­-lo. Ele dá­ a dica. “Embora um approach global seja importante, o ideal é buscar primeiro o mercado do Brasil e do Canadá­ para depois expandir”.

Ainda que o modelo de negócios ainda não esteja definido para a co-produção entre os dois países, parece

olhar estrangeiroEnquanto para os brasileiros o

que mais chama a atenção em uma co-produção com os canadenses é a experiência deles em animação e a possibilidade de encontrar financiamento, para os canadenses o que mais parece impressionar são a criatividade e a paixão com a qual os brasileiros trabalham. “Estive no Brasil durante o Anima Mundi e fiquei impressionado com o espírito de coletividade da comunidade de produção brasileira”, diz o produtor executivo da Breakthrough Animation, kevin Gillis, moderador do painel “Co-producing with Brazil”.

Heather kenyon, diretora sênior de animação original do Cartoon Network, também diz ter ficado impressionada com a qualidade dos projetos brasileiros. “Você pode ensinar alguém a desenhar, mas é difícil fazer com que uma animação seja sensível e encantadora”, diz.

Para que uma produtora do Brasil consiga emplacar uma animação no exterior, porém, a associação a uma outra produtora torna-se de grande importância. “Se o Brasil tiver duas ou três co-produções com empresas estrangeiras em andamento, isso coloca o País no mapa”, diz.

haver um consenso de que o modelo ideal não será­ o brasileiro ou o canadense, mas sim uma mistura dos dois. “A idéia é criar um modelo novo, com aquilo que podemos trazer para o projeto que é o talento e o dinheiro brasileiros”, diz André Breitman, da 2D Lab. Ele conta ainda que embora haja empecilhos, a experiência da co-produção não tem sido frustrante sob nenhum aspecto. “Estar aqui hoje requer um alinhamento de planetas”, brinca. “temos que aproveitar a chance de aprender com a experiência deles”.

“Nós podemos financiar 100% de um projeto, desde que nos seja apresentada uma boa idéia e bons personagens”.Heather Kenyon, do Cartoon Network >>

Television Animation Conference: Brasil foi o foco do primeiro painel do evento.

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(produção)

Segundo Heather, conseguir emplacar uma animação em um canal como o Cartoon Network, que estréia de três a cinco novos programas ao ano, não e uma tarefa fá­cil. Ela diz que de todos os projetos recebidos, apenas cerca de 20% são interessantes e são analisados pelo canal. Realizar um acordo imediato, sem mudanças no projeto original, é ainda mais complicado: de cada 800 projetos recebidos, dois ou três são escolhidos dessa maneira. Ela explica que, no final das contas, tudo depende de uma boa idéia. “Nós podemos financiar 100% de um projeto, desde que nos seja apresen-tada uma boa idéia e bons personagens”, conta Heather, que levou para a sede do canal nos Estados unidos três ou quatro projetos brasileiros que achou interessantes para uma aná­lise mais detalhada.

Resultado positivoPara os produtores brasileiros

presentes no ottawa International Animation Festival, os resultados das reuniões realizadas com produtores e exibidores canadenses foram, de um modo geral, extremamente positi-vos. A television Animation Confer-ence possibilitou que os brasileiros tivessem contato com as principais empresas produtoras canadenses e

há­ de se fazer um trabalho no Brasil para que nossos projetos possam ser levados a sério lá­ fora. “temos que tentar resolver a nossa falha estrutural, já­ que no Brasil, exceto pelas tVs públi-cas, não temos parceiros exibidores locais”.

Entre acordos fechados durante o Festival de ottawa e outros projetos em andamento estão as séries de animação “Riff Raff”, entre Radar tV Mixer e Cite-Amerique; “Peixonauta”, entre tV Pingüim e Nelvana Limited; “Magnitika”, entre tV Pingüim e VivaVision; “Mundo da Criança”, entre 2D Lab e Galakids; “Sapo xulé”, entre Cinema Animadores (com parceria da brasileira Spectra Mídia) e FRV; e “Para Dar um Jeito no Mundo”, entre um Filmes e CinéGroupe (com direção do brasileiro residente no Canadá­ Daniel Schorr). Há­ também um acordo de desenvolvimento do longa de anima-ção “o Natal de Walter”, baseado em uma série exibida no Canadá­, entre a produtora canadense Image Corp e a brasileira Glaz Entertainment.

apresentassem os seus projetos a cada um deles.

Para Mayra Lucas, da Glaz, a caracter-ística mais interessante do encontro é que a tac é um evento no qual os participantes têm um contato mais próximo e mais aber-to em relação a novas idéias. “Ao contrá­rio de mercados maiores, a tac é um lugar para a troca de idéias, para encontrar possíveis parceiros”, diz.

Arnaldo Galvão, da um Filmes, diz ainda que o evento teve resultados muito positivos, e que o Brasil tem no Canadá­ um parceiro disposto a escutar as nossas idéias. Para que acordos sejam fechados, porém,

Além da animação para a televisão, discutida principal-mente durante a television Animation Conference, também estiveram presentes com destaque no

ottawa International Animation Festival palestras, debates e workshops sobre a animação feita para outras mídias que não a televisão ou o cinema.

os jogos, tanto para vídeo-game, quanto para com-putador, mostram-se importantes para o escoamento da produção da animação. A importância atribuída a eles pô­de ser notada, por exemplo, durante o workshop realizado com os realizadores do filme e do jogo da nova produção da Dis-ney, “Meet the Robinsons”, com lançamento previsto para março de 2007. A produção do filme para os cinemas tem acontecido simultaneamente à produção do jogo oficial. Se-gundo Jeff Bunker, da Buena Vista Games, esse é um aspecto que faz com que as equipes técnicas do filme e do jogo possam interagir e melhorar tanto um produto quanto o outro. Essa interação é possível por um sistema que permite aos desenvolvedores do jogo ter acesso à última versão do

filme, diariamente. “Colocamos no jogo cenas que ficaram de fora do filme, e pudemos explorar mais os personagens”, diz.

Além dos jogos, a animação encontra espaço ilimitado na Internet. o sucesso do gênero nesse meio pô­de ser con-ferido durante palestra com Evan Spiridellis, idealizador do site JibJab, que adquiriu visibilidade com paródias animadas sobre os presidenciá­veis George W. Bush e John kerry duran-te as eleições norte-americanas de 2004. Ele afirma que hoje, para ganhar dinheiro com a sua produção, que é exibida gratuitamente na Internet, a estratégia que utiliza consiste em vender DVDs com o conteúdo, veicular comerciais de 15 segundos antes dos vídeos, disponibilizar alguns vídeos para download pagos, inserir banners no site e fazer acordos para a distribuição do conteúdo no celular. Ele lembra que é importante sempre incluir o logotipo da empresa nas produções. “Seja sempre o dono de seu trab-alho”, diz. “Para construir a sua marca, você não pode abrir mão de seus direitos”.

“Sapo xulé”, “Riff Raff” e “Peixonauta”: co-produções em andamento com empresas canadenses.

NoVAS PlATAFoRMAS

“Meet the Robinsons”: nova animação da Disney é

produzida simultaneamente ao jogo do filme

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(televisão)

MinC promove debate sobre o futuro da tV públicaEm iniciativa inédita, ministério lidera as discussões sobre o modelo que o País deve adotar na era digital.

o Ministério da Cultura, através da Secretaria do Audiovisual, decidiu capitanear uma ampla

discussão sobre as questões centrais da televisão pública no Brasil, motivado, entre outras coisas, pelas possibilidades abertas pela digitalização da tV aberta.

os debates culminarão com um fórum, a ser realizado em Brasília nos dias 17 a 20 de dezembro deste ano, e que foi anunciado pelo ministro Gilberto Gil durante o 1º Seminá­rio Internacional de tV Pública, que aconteceu na tV Cultura, em São Paulo, em meados de setembro.

Segundo Gil, com o advento da comunicação digital, é preciso um novo modelo de produção cultural para a tV pública, “um modelo federativo, nacional”. Ele ressaltou a importância da tV na formação cultural dos brasileiros. “A tV se universalizou no Brasil antes da educação e da leitura. o brasileiro foi alfabetizado pelo audiovisual”.

o fórum, disse Gil, será­ articulado pelo MinC e pela Casa Civil, com participação de outros ministérios e do parlamento. Entre os temas, o fortalecimento dos conteúdos brasileiros, a produção independente, a formação de talentos e de público, a infra-estrutura tecnológica e o financiamento das tVs públicas. Finalmente, Gil disse que deve haver uma revisão dos aspectos jurídicos, uma vez que o marco legal do setor, datado de 1967, estaria obsoleto. “Discutiremos o marco regulatório, queiram ou não queiram alguns

o Congresso”, vaticinou o secretá­rio. “No caso da tV digital, não é possível que seja dado tudo para o poder monopolista”, completou Andrade.

A presidente da tVE, Beth Carmona, disse que a teorização sobre a tV pública no Brasil já­ estava madura, e que agora é hora de cuidar da prá­tica, do dia-a-dia. “Nosso trabalho hoje na tVE é de pura reconstrução de estruturas detonadas”, contou.

Política permanenteSegundo Mario Borghnet,

assessor especial do ministro, o fórum é decorrência de uma política de aproximação entre o MinC, as produtoras independentes e a televisão, que acontece desde o início do atual mandato. “E dentro deste quadro, a tV pública despontou como uma parceira natural”, ressalta.

Ele lembra que desde o início desta aproximação, em 2003, o diá­logo com a tV pública foi centrado na questão da produção, com ênfase na produção independente, política que gerou programas como o Doc tV (que depois evoluiu para o Doc tV Iberoamérica, no nível internacional), os editais dos programas Curta Criança e Curta Animação, entre outras iniciativas. Esta experiência culminou no Documenta Brasil, programa que integrou pela primeira vez o governo, as produtoras e a tV comercial (no caso, o SBt).

No entanto, continua Borghnet, viu-se que havia questões a se resolver além da programação, como a questão do financiamento das

poucos”, completou o ministro, lembrando que a atual legislação do setor data de 1967, e que já­ estaria obsoleta.

No mesmo evento, o secretá­rio de Cultura do Estado de São Paulo, João Batista de Andrade, lembrou seu passado de repórter da tV Cultura na época de Vladimir Herzog e Fernando Pacheco Jordão, para reforçar a idéia de que a tV pública tem um papel de independência na geração de informação. “o governo precisa agir para valorizar a tV pública, pois o poder da tV comercial é imenso e contaminou

>>

CoNFIRA oS EIxoS TEMáTICoS Do DEBATE• Missão e finalidade da TV pública• Configuração jurídica e institucional• legislação e marcos regulatórios• Programação e modelos de negócio• Tecnologia e infra-estrutura• Migração digital• Financiamento• Relações internacionais

“Discutiremos o marco regu-latório, queiram ou não quei-ram alguns poucos”.Gilberto Gil, ministro da Cultura

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(televisão)

públicas, seu enquadramento jurídico-legal, suas relações internacionais. Questões que cresceram em importância quando se começou o debate sobre a implantação da tV digital, após a escolha do padrão do SBtVD. A discussão da migração das tVs públicas para o sistema digital é, inclusive, atribuição do Ministério da Cultura no Comitê de Desenvolvimento do SBtVD.

Tema interministerialA relação das tVs públicas

com o governo é muito difusa. Na verdade, as determinações a respeito destas entidades passam hoje por oito ministérios (incluindo Cultura, Educação, Justiça, Comunicações, Relações Exteriores e Ciência e tecnologia). Muitas vezes, explica Borghnet, não há­ entre estes órgãos um entendimento comum sobre as questões que envolvem as tVs públicas. Partindo desta necessidade de maior integração, o MinC sugeriu à Casa Civil e à Presidência da República que se realizasse este processo de debates, cujo objetivo é traçar recomendações para um plano de desenvolvimento do setor. um dado importante é que neste bolo chamado “tV pública”, incluiu-se não apenas as tVs educativas e culturais (representadas pela Abepec), mas também outros canais de interesse público, como as tVs universitá­rias, as comunitá­rias e os canais legislativos (tV Câmara, tV Senado, tVs de assembléias estaduais, etc).

Além dos oito ministérios, serão convidados a participar do debate representantes do Congresso e da sociedade civil.

o fórum em dezembro será­ apenas o á­pice de um processo que na verdade já­ está­ em andamento. o MinC vem realizando reuniões com representantes de todos os segmentos para fazer o que chama de “diagnósticos setoriais”. Foi elaborado um roteiro de perguntas para realizar um mapeamento do setor. Destas reuniões sairá­ um caderno de

lei de educação, que regulará­ o setor, está­ para ser aprovada até o fim do ano. Enquanto isso, o canal depende de parcerias.

uma rede latino-americana de educação usando o satélite Amazonas, da Hispamar, foi a proposta apresentada por Hector Berná­l, do instituto ILCE, do México. o ILCE é uma entidade nacional que há­ 50 anos trabalha no desenvolvimento de tecnologias educacionais. A rede LatinSat é um projeto baseado na rede Edusat, uma rede de 12 canais educativos administrados pelo ILCE, que já­ alcança outros países (no final de setembro estrearia na Nicará­gua).

talvez um dos casos mais interessantes seja o da rede norte-americana HItN, canal educativo falado em espanhol, voltado ao público latino dos EuA, uma “minoria” de 40 milhões de pessoas, segundo o diretor do canal, José Rodriguez.

Criada em 1983, a rede tem licenças (e portanto espectro) em mais de 80 cidades. Estas licenças estão virando fonte de recursos ao serem alugadas (nos termos da lei norte-americana, que permite estas transações) a operadoras de WiMax, o serviço de acesso banda larga metropolitano sem fio. Além disso, a HItN será­ a operadora de serviços educativos para esses provedores de acesso. uma solução criativa, mas muito distante da nossa realidade.

ANDRé MERMElSTEIN

debates, um documento com os principais pontos a serem discutidos, divididos em oito eixos temá­ticos (veja box).

No fórum (que terá­ também participação internacional, por exemplo de países do Mercosul), as recomendações serão tabuladas em um conjunto de medidas, de ações concretas, que serão depois encaminhadas de vá­rias maneiras (via regulamentação, projetos de lei etc).

Visão internacionalo seminá­rio internacional promovido

pela tV Cultura em parceria com a BBC em São Paulo, onde o projeto do MinC foi anunciado, reuniu representantes de emissoras da Argentina, EuA, Portugal, França, áustria, México e Inglaterra para analisar o papel da tV pública em diversos países e estudar casos de sucesso.

um exemplo veio da vizinha Argentina. o canal Encuentro mostrou um interessante caso de integração entre a tV e a Internet, com a veiculação de conteúdos gerados pelos próprios usuá­rios do canal. um dos programas, “Filmando mi Pais”, por exemplo, é feito com imagens criadas por crianças da escola.

Mas os argentinos também se queixam da falta de um marco legal para o financiamento dos canais públicos, conta Mateo Gomez ortega, do Encuentro. A nova

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Rodriguez, da HITN: parceria com provedores WiMax.

ortega, do Encuentro: falta marco legal na Argentina.

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(artigo)

tela viva, digital e públicaA transição para o processo digital da televisão brasileira aumenta ainda mais a responsabilidade das emissoras de televisão no que diz respeito aos conteúdos de suas programações.

de qualidade, baseada em três segmentos fundamentais: educação, cultura e informação, e uma opção complementar, a programação infantil.

Contudo, o que a televisão digital possibilita à televisão pública é a transmissão simultânea de uma multiprogramação que horizontalize a oferta de conteúdos. Isso é difícil para a televisão comercial que, subordinada aos interesses do mercado, expresso pela audiência, prefere uma programação vertical capaz de abranger todo o público ao mesmo tempo e o tempo todo. Aliá­s, a baixa de nível dessa programação comercial não deriva da incapacidade de produzir programas de alta qualidade, mas da necessidade de satisfazer essa audiência universal. todos nós sabemos que, na televisão

comercial, o produto que se vende não é a programação, mas a audiência. Já­ na televisão pública o que se passa para a sociedade é a programação.

Diversidadeuma programação

diversificada permitirá­ não apenas o uso de um acervo digitalmente estocado, como uma emissão didá­tica desses conteúdos. Chamemos isso de televisão educativa, café filosófico ou mesmo de educação à distância. o que importa é que essa educação transformada em programa de televisão e dirigida a um público

Jorge da Cunha Lima*c a r t a s @ t e l a v i v a . c o m . b r

A evolução radical dos parâmetros tecnológicos ocorridos na história sempre propiciou

avanços incríveis na cultura e na própria civilização. Gutenberg virou as pá­ginas da história desde que nos ensinou a imprimi-las. todos os conhecimentos da antiguidade clá­ssica e mesmo da idade média estavam confinados em manuscritos guardados a sete chaves nos conventos e mosteiros. o acesso a todo esse conhecimento mudou o mundo e deu início ao que a história chamou de Renascimento. Isto propiciou os avanços científicos, filosóficos e literá­rios de todos os períodos posteriores. Até o surgimento da radiodifusão, da televisão e posteriormente da internet, o papel impresso foi rei. Entre o papel e a radiodifusão insinuou-se com grande prestigio a tela de cinema, cuja hegemonia durou quase um século, constituindo-se numa afirmação ideológica e estética sem precedentes. Hoje, a tela da televisão ainda é hegemô­nica, mas com uma grande possibilidade de integrar-se na plataforma da internet. Isso será­ tanto mais possível quanto mais cedo se instale a televisão digital no Brasil.

É indiscutível que a implantação do sistema digital possibilitará­ principalmente às televisões públicas a plena realização de sua missão, que é promover a formação crítica do telespectador para a cidadania. Essa formação evidentemente será­ feita através de uma programação

*Presidente da Abepec (Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas

e Culturais) e presidente do Conselho Curador da tV Cultura.

A implantação do sistema digital possi-

bilitará­ principalmente às televisões públicas a plena realização de

sua missão.

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necessitado desse tipo de formação vai finalmente se transformar num instrumento eletrô­nico de formação do público mais carente de conhecimento.

A programação infantil poderá­ ocupar o tempo todo da programa-ção de um canal aberto e, principal-mente, gratuito. Hoje, só os canais pagos podem oferecer programação infantil numa grade de 24 horas.

uma programação artística e cultural, capaz de divulgar os pro-dutos não consagrados no mercado comercial da arte, será­ um instru-mento fundamental para o reconhe-cimento das identidades, tanto nacionais como de outros países.

A informação, entendida como jornalismo público, disporá­ do tempo necessá­rio para que o acontecimento tenha um tratamento analítico. Hoje, pela velocidade imposta aos telejornais,

o que se transmite é o espetá­culo da notícia, e não a compreensão do acontecimento. um canal informativo pode oferecer aná­lises, debates, documentá­rios que aprofundem a realidade.

E isso tudo poderá­ ainda ser completado por um canal generalista, que ofereça todos esses conteúdos para um público adulto capaz de com-preender a acompanhar uma dinâmica menos analítica dos acontecimentos e das produções televisivas.

É claro que isso tudo só será­ possível num sistema digital que possibilite o uso do transponder para a multiprogramação. E, mais do que tudo isso, se houver condições financeiras, intelectuais e artísticas para a produção de conteúdos de alto nível.

É equivocado achar que todas as televisões são públicas pelo fato de que são concessões do poder público. A televisão comercial tem finalidade

lucrativa. Deve, necessariamente obedecer às leis do mercado para sobreviver. Sua programação é baseada no entretenimento, desde a dramaturgia até o telejornalismo. A televisão comercial se dirige ao consumidor. A televisão pública não tem finalidade lucrativa. Fala para o cidadão e não para o consumidor. tem compromissos com a sociedade, o que a obriga a uma produção e divulgação de conteúdos para públicos diversificados.

temos a convicção de que o gosto é uma questão de oferta e não de demanda. Assim acreditamos que a partir da televisão digital a televisão pública poderá­ oferecer o que há­ de melhor para um universo de audiência e não para uma audiência universal.

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(cinema)

Para onde vamos?Festival do Rio reúne importantes nomes do cinema mundial para apontar problemas e soluções para a indústria brasileira.

Entre os dias 25 de setembro e 3 de outubro o Rio de Janeiro foi a capital do cinema no Brasil, com a realização do Festival

do Rio, acompanhado da rodada de palestras e debates RioSeminars.

As formas de financiamento foram um dos temas mais quentes do evento. No painel “Fundos de investimento no setor audiovisual”, foram apresentadas as realidades internacionais. Steve Mangel, presidente da IFG Completion Bond Company, destacou como solução para produtores a pré-venda da produção. Para ele, esta é a melhor forma de trazer garantias para o filme, facilitando o financiamento por parte dos bancos. Mangel explicou que a pré-venda pode ser fechada com até 40% do valor da produção, trazendo garantias para conseguir financiamento com uma taxa de juro relativamente baixa.

Steven krone, presidente e Coo da Village Roadshow Pictures, detectou que no Brasil ainda é necessá­rio “criar a cultura de ir ao cinema”. todavia, afirmou que existem possibilidades de conseguir financiamento nos Estados unidos para filmes brasileiros, contanto que sejam filmes com orçamentos reduzidos, “o que não interfere necessariamente na qualidade das produções resultantes”. A diretora do Festival do Rio e sócia da produtora total Entertainment Walkiria Barbosa lembrou no debate que “o cinema brasileiro ainda é focado no mercado interno”, afirmando que “também precisamos exportar, já­ temos maturidade suficiente”.

Em evento que aconteceu paralelamente ao festival, a Rio Bravo Investimentos anunciou que investirá­ na distribuição internacional de filmes

antes de entrar na fase de produção. “É um risco maior entrar em um projeto que está­ no roteiro, mas trata-se de um filme que já­ tem uma estrutura de distribuição internacional”, explica Pedro Coelho de Magalhães, da Rio Bravo. Segundo Christian de Castro, produtor de “Federal”, o investimento de uma instituição financeira brasileira, além do aporte de recursos, traz mais credibilidade e garantia para os investidores internacionais.

Fabiano Gullane, da produtora Gullane Filmes, responsá­vel por “o Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, admite que o dinheiro dos Funcines é “mais caro” que o dinheiro arrecadado através de mecanismos de incentivo como o Artigo 1º da Lei do Audiovisual ou a Lei Rouanet. “o custo para o produtor é compatível com o do Artigo 3º da Lei do Audiovisual”, diz. Por outro lado, os fundos podem trazer vantagens para o produtor. “o foco é o ataque ao mercado internacional, o que seria mais difícil sem a ajuda da Rio Bravo”, diz Gullane.

Exibiçãoo mercado de exibição também

foi tema de discussões. Reunidos, Art Filmes, Box Cinemas, Cinemark, Grupo Estação, Grupo Severiano Ribeiro e uCI abordaram um tema recorrente

no meio: a meia-entrada para estudantes. A maioria não é contra, mas acredita que é necessá­rio “moralizar” o processo de venda de carteiras de estudante, para garantir que o benefício vá­ apenas para quem realmente tem direito.

outra questão

através do RB Cinema I, fundo (Funcine) gerido pela administradora de recursos. Para isso, foi contratada ká­tia Machado, que tem experiência na produção e na venda internacional de filmes. Segundo thierry Peronne, gestor do fundo na Rio Bravo, a idéia é criar uma empresa, que receberá­ investimentos do Funcine, mas que poderá­ ter outros sócios. A distribuidora fará­ a venda internacional não apenas dos títulos que recebem investimentos da Rio Bravo. o RB Cinema I deve anunciar em breve investimentos em outros dois projetos de produção. Além disso, a Rio Bravo vem negociando para investir em distribuidoras. A idéia é investir em empresas de distribuição, e não apenas da distribuição de alguns títulos.

o fundo, que acaba de completar um ano, já­ investiu na produção de quatro projetos: “o Maior Amor do Mundo”, de Cacá­ Diegues; “o Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, de Cao Hamburguer; “Querô­”, de Carlos Cortez; e “Federal”, de Erik de Castro. Este último, ainda em filmagem, foi o primeiro projeto que recebeu investimento do fundo

“Se o governo regular a distribuição, criando

‘janelas artificiais’, o público vai burlar a

regra através da pirataria, acarretando

em prejuízos para todo o setor”.

Bob Pisano, da MPA

Fernando Lauterjungf e r n a n d o @ t e l a v i v a . c o m . b r

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Não disponivel

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(cinema)

apontada no festival foi a exibição digital. Segundo David tames, do Massachusetts Institute technology, há­ um público grande para filmes de nicho, mas falta um modelo de negócios para viabilizar a distribuição deste conteúdo.

Para Fá­bio Lima, diretor operacional da Rain Network, isso é possível com o aumento do volume de títulos em cartaz nos complexos cinematográ­ficos. “Ao ter acesso a mais títulos, o consumo migra do ‘hit’ para o nicho e o nível de satisfação do consumidor tende a aumentar”, defende. Mas, para ele, isso só seria possível com a exibição e distribuição digital de filmes. Lima citou os números de distribuição no Brasil em 2005: 60% dos títulos lançados foram independentes, mas representaram apenas 14% do market share da bilheteria. “o filme de nicho não consegue fazer uma grande bilheteria no primeiro fim-de-semana para justificar sua permanência nas salas por mais tempo, e acaba saindo de cartaz. Ele precisaria ficar mais tempo em exibição para atingir todo o seu público”, afirma. Por isso, em sua opinião, a exibição digital é tão importante, já­ que permite uma programação mais flexível nas salas de cinema. ou seja, não dependendo do custo da película, é possível manter um filme em cartaz por um período mais longo, mas com horá­rios mais restritos de exibição. Lima citou o exemplo de um complexo com seis salas no Rio de Janeiro que, durante

distribuição, criando ‘janelas artificiais’, o público vai burlar a regra através da pirataria, acarretando em prejuízos para todo o setor”, defendeu.

Pisano fez questão de não atacar o mercado ilegal brasileiro isoladamente. Para ele, a pirataria hoje é fruto de uma ação criminosa global. “A pirataria não tem fronteiras. um filme pode ser gravado com uma pequena câmera em uma sala de cinema na Rússia e, em 24 horas, estar a venda na China com o á­udio substituído”, afirmou.

Ainda durante o evento, a MPA América Latina e a Egeda, entidade que administra os direitos de produtores audiovisuais da Espanha, anunciaram uma aliança de cooperação no combate à pirataria. A Egeda conta com parcerias para atuar em vá­rios países da América Latina, entre eles Peru, Equador, Colô­mbia e uruguai. Com a parceria, as duas associações se comprometem a trabalhar em conjunto na campanha para combater a pirataria nos países da região criando um comitê de trabalho e um fundo para financiar ações antipirataria.

Após o evento, a MPA anunciou que entregaria, durante o Showeast, evento internacional do setor cinematográ­fico que acontece no final de outubro, nos EuA, o Primeiro Prêmio de Combate à Pirataria. o vencedor é o brasileiro Luiz Paulo teles Ferreira Barreto, presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP). A MPA anunciou ainda que o prêmio passará­ a ser oferecido anualmente a uma autoridade pública de um país da América Latina. Em tempo: a CNCP realizou projetos para combater a pirataria no Brasil. um dos mais importantes foi a elaboração do Plano de 99 Pontos — uma lista de objetivos com o propósito de criar esforços para reforçar as leis e apoiar as instituições jurídicas no combate à pirataria.

De acordo com um estudo desenvolvido pela MPA, a indústria audiovisual no Brasil perdeu uS$ 120 milhões em 2005 com a pirataria.

um mês, manteve blockbusters em cinco salas, com uma sala dedicada para cada título.

A sexta sala, que foi a que teve a melhor ocupação no período (37% dos lugares ocupados, bem acima da média nacional de 25%), exibia intercaladamente quatro filmes pequenos.

Piratariao presidente da MPA (Movie Picture

Association), entidade que representa os interesses dos seis maiores estúdios norte-americanos, Bob Pisano, veio ao Brasil especialmente para falar sobre a pirataria no meio audiovisual, e aproveitou para “cutucar” as iniciativas na Ancine para regular o tempo de exclusividade nas diferentes janelas de distribuição das obras cinematográ­ficas. Pisano afirmou que “desde o início da indústria cinematográ­fica, distribuidores e produtores decidiram o que vai ser lançado em cada janela e quando”. usou a pirataria para defender a ausência de regulamentação nas janelas. Para ele, desde o início das transmissões de sinal televisivo, o cinema vem ganhando novas janelas. Mas a pirataria, que teria surgido a partir da criação do vídeo-cassete, só ganhou corpo a partir da digitalização dos conteúdos. “Na época do VCR era possível fazer cópias, mas com perda de qualidade. A digitalização mudou isso”, explicou. Além disso, a Internet também mudou a forma como as pessoas acessam o conteúdo. “os mais jovens não querem mais que digam o que eles podem assistir e quando”, defendeu. Sua conclusão é que quando um produto é lançado, em qualquer que seja a janela, ele passa a estar disponível para quem quiser vê-lo, “legalmente ou ilegalmente”. “Se o governo regular a

o longa “Federal”, de Erik de Castro (na foto, segurado por Selton Mello, Michael Madsen e Riccelli), foi o primeiro a receber investimentos do Funcine da Rio Bravo ainda em pré-produção, o que deu credibilidade no mercado internacional.

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Foto

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(evento)

Sede por satélitesNo 1º Congresso Latino-americano de Satélites, promovido por tela Viva, telefô­nica e Globo mostr-aram como crescerá­ a demanda por capacidade para projetos de DtH e tV digital

As operadoras de satélite na América Latina estão otimistas. Depois de vá­rios anos amargando

uma queda de preços em razão de uma forte competição no setor, elas vislumbram um aumento de receita para um futuro próximo. Entre os fatores para isso estão novos projetos envolvendo transmissão de vídeo, como a operação de DtH da telefô­nica e a transmissão em alta definição (HDtV) da Rede Globo. o tema foi discutido durante o 1º Congresso Latino-americano de Satélites, realizado em setembro pelas revistas teletime, tELA VIVA e Convergência Latina e organizado pela Converge Eventos.

A entrada da telefô­nica no mercado de tV por assinatura faz parte de uma nova postura estratégica internacional da companhia: “Queremos passar a liderar as inovações, não mais segui-las”, disse o diretor de desenvolvimento de negócios da telefô­nica no Brasil, Gilberto Sotto-Mayor, presente no evento. o objetivo da operadora é ter uma operação de DtH pan-regional na América Latina, começando por cinco países: Peru, Chile, Colô­mbia, Brasil e Argentina. Sua expectativa é de alcançar um milhão de usuá­rios de tV por assinatura em 2007. Esse número inclui os 450 mil clientes da operadora peruana Cable Magic, que pertence à telefô­nica e está­ há­ muitos anos no mercado. A companhia já­ iniciou a oferta de DtH no Chile e no Peru. No Brasil e na Colô­mbia o lançamento acontece este ano e na Argentina, somente em 2007.

países. Há­ um headend de backup no Brasil, que também será­ utilizado para a distribuição de conteúdos locais. A central de atendimento ao assinante ficará­ no Brasil, assim como o data center da operação brasileira. No Brasil, o serviço se restringirá­ inicialmente ao Estado de São Paulo, mas a empresa analisa a possibilidade de expandir para o resto do Brasil.

Sotto-Mayor entende que a operadora está­ bem preparada para atuar na oferta de tV por assinatura na América Latina devido à forte presença de seu provedor terra e de seu serviço de banda larga Speedy na região. o terra está­ em 15 países da América Latina e tem 1,7 milhão de clientes. o Speedy, por sua vez, tem 2,7 milhões de assinantes no continente. “Somos a maior plataforma de distribuição de conteúdo na América Latina”, afirmou. Ele ressaltou, contudo, que a telefô­nica não pretende produzir conteúdo. A empresa encara as operações de DtH e de IPtV como sendo o mesmo serviço (tV por assinatura), mas através de plataformas diferentes. o conteúdo

Fernando Paiva, do Rio de Janeirof e r n a n d o . p a i v a @ t e l e t i m e . c o m . b r

Para a oferta de DtH, a telefô­nica contratou capacidade no satélite Amazonas, da Hispamar, empresa controlada pela telemar e pela Hispasat. Sotto-Mayor não revelou quantos transponders serão utilizados. Mas disse que a demanda por banda satelital para o serviço é “gigantesca”. o headend está­ localizado no Peru e atenderá­ aos cinco

RECEITA No SEToR DE SATé-lITES PoR APlICAção (EM uS$ MIlHõES/2005-2010*)

Vídeo Dados Voz outros Total

Fonte: NSR Global Assessment of Satellite Demand- Agosto de 2005.

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Evento reuniu profissionais ligados à área de satélites de toda a América latina.

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deve ser comprado pela unidade telefô­nica Contenidos, sediada na Espanha. A diferença é que na IPtV haverá­ alguns serviços de valor agregado, como time shifting, video-on-demand e interatividade.

A respeito dos questionamentos regulatórios contra a operação de DtH da telefô­nica levantados pela ABtA, Sotto-Mayor entende que não há­ qualquer restrição. “No caso do DtH, não existe absolutamente nenhum impedimento legal”, afirmou. A operadora pediu uma licença de DtH à Anatel e paralelamente firmou uma parceria com a Astralsat, empresa que já­ detém a outorga.

Praticamente todos os players internacionais de programação estão fechados com a telefô­nica na América Latina e o mesmo acontecerá­ com o Brasil assim que for dada uma solução regulatória, disse o diretor da telefô­nica. No caso dos canais abertos, o executivo lembrou que existem negociações e que hoje quase todos os canais abertos estão disponíveis na Internet.

Globo A palestra do gerente do

departamento de projetos de transmissão digital da tV Globo, Paulo Henrique Castro, também encheu de esperança as operadoras de satélite. Ele prevê que a distribuição de um sinal de tV digital de alta definição (HDtV) irá­ demandar a contratação de mais capacidade satelital pelas emissoras de tV. Será­ preciso comprar mais capacidade tanto para a distribuição da cabeça de rede para as afiliadas quanto para a transmissão de eventos, como jogos de futebol. Na opinião do executivo, se for para zelar pela melhor qualidade possível, seria preciso alugar um transponder inteiro usando tecnologia DVB-S2 e compressão 4:2:2 para a transmissão de HDtV. “Mas pode ser que contratemos menos que isso”, acrescentou, lembrando que esta é uma decisão que não caberá­ a ele

em SDtV. Por uma razão simples: não haveria disposição dos anunciantes em gastar mais dinheiro com propaganda em novos canais. o executivo acredita que o HDtV se tornará­ padrão no Brasil no futuro, tal como aconteceu com a tV em cores. “Hoje ninguém entra numa loja e pede uma tV colorida. Pede apenas uma tV. No futuro, ninguém vai entrar numa loja e pedir uma tV de alta definição. Isso será­ padrão”, comparou. Ele prevê que, tal como o telefone celular, os preços das tVs de alta definição cairão com o aumento da escala de produção. “Daqui a oito anos uma tV standard no Brasil estará­ custando mais do que uma tV de alta definição nos EuA, por causa da escala”, afirmou

CrescimentoAplicações de vídeo representam

hoje quase 70% da receita mundial do setor de satélites. E a tendência é continuar crescendo. De acordo com pesquisa feita pela NSR Global Assessment of Satellite Demand e apresentada durante o congresso pelo diretor regional da Intelsat no Brasil, Manoel Almeida, o faturamento oriundo de aplicações de vídeo aumentará­ em média 3,8% ao ano no mundo inteiro em cinco anos, passando de uS$ 4,26 bilhões em 2005 para uS$ 5,12 bilhões em 2010.

Na América Latina a origem da receita é mais equilibrada. Vídeo representa 43% do faturamento; enquanto serviços prestados para operadoras de telecomunicações respondem por 32%; e serviços de banda larga, 25%. Mas a tendência é de que com o aumento do número de operadoras de DtH e o início da transmissão em HDtV a participação do segmento de vídeo aumente.

tomar. um transponder inteiro equivale a 36 MHz. Hoje, a Globo usa 18 MHz para a distribuição em SDtV.

A transmissão da Globo em HDtV deve começar pelos programas do horá­rio nobre. Portanto, a contratação de mais capacidade satelital será­ pontual, inicialmente. “Não poderemos contratar de imediato um transponder por 24 horas para usar por apenas 2 horas por dia”, explicou. Simultaneamente, a transmissão analógica continuará­ acontecendo, em um canal separado. Segundo Castro, a Globo prefere transmitir um único canal em alta definição do que criar vá­rios canais novos

“No futuro, ninguém vai en-trar numa loja e pedir uma tV de alta definição. Isso será­ padrão”.Paulo Henrique Castro, da TV Globo

“Não existe nenhum impedi-mento legal para prestarmos serviço de DtH”.Gilberto Sotto-Mayor, da Telefónica

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(tecnologia)

HD/SD sob controle trabalhar em HD será­ tão fundamental quanto em SD e, na multidefinição, plataformas modulares podem ser a saída para evitar “o barato que custa caro”.

A transição da definição padrão de 525/625 linhas para a alta definição com 720/1080 linhas segue seu

caminho, alavancada pela constante queda nos preços dos equipamentos HD para todas as fases da cadeia de produção e distribuição. Na ponta produtiva, as linhas de equipamentos HDV permitem a captação em 720p e 1080i em 16:9 com preços de equipamentos voltados ao mercado prosumer. Na ponta final, do telespectador, televisores de LCD com tela grande brigam pela atenção dos consumidores nas lojas varejistas.

os fabricantes de equipamentos broadcast migraram do hardware dedicado para o software. A antiga abordagem, baseada em hardware, conferiu maior confiabilidade aos equipamentos, mas com preços significativamente mais altos e pouca flexibilidade.

Equipamentos baseados em software, inicialmente, parecem mais atrativos. Eles combinam preço baixo e alta flexibilidade. todavia, são tão confiá­veis quanto a plataforma sobre a qual funcionam.

Se estas plataformas são baseadas em uma engenharia desenvolvida para aplicações múltiplas (como, por exemplo, o onipresente computador pessoal sob controle do Microsoft Windows), o desenvolvedor do software não pode honestamente declarar total controle sobre o produto final.

Há­ uma terceira opção: firmware baseado em “field-programmable gate arrays” (FPGAs). um único chip FPGA pode desempenhar muitas das funções associadas ao processador do computador. A flexibilidade e o baixo

A partir deste fundamento, um processo totalmente novo pode ser mapeado, baseado em módulo por módulo, para incorporar cada função adicional desejada.

Você também pode achar vantajoso mapear o caminho do processo em toda a sua empresa. É uma forma poderosa de identificar os pontos fortes e fracos de qualquer estrutura organizacional.

Modularidade é uma característica valorosa para as estações de tV atuais. todo engenheiro planeja e monta a planta com design modular, mas nem sempre leva as vantagens da modularidade até o usuá­rio final.

um sistema de controle mestre com multidefinição deveria ser, na maneira ideal, escalá­vel de um simples switcher SDI A/B para até um modelo completo combinando mixagem, DVE, inserção de texto, logo e relógio, ao combinar diferentes módulos. Isto torna todo o sistema flexível e configurá­vel para as necessidades individuais do cliente. Igualmente importante, deveria ser facilmente reconfigurá­vel para acomodar canais extras ou para trocar o ambiente operacional, como adicionar uma automação mais sofisticada, por exemplo.

Algumas questões são estratégicas para você considerar quando planejar um sistema de controle mestre multidefinição. Começando com considerações sobre switching de á­udio e vídeo, parte-se para as opções de automação, á­udio adicional, voice over, keying e geração de logo animado e está­tico. Redundância de energia também

Martin Moorec a r t a s @ t e l a v i v a . c o m . b r

custo dos FPGAs permitem que produtos dedicados sejam desenvolvidos quase tão facilmente quanto softwares, enquanto mantém controle rígido da estabilidade da plataforma que operam.

Como comprar: pense modulartransformar generalidades técnicas em

um plano de compras específico pode ser mais adequado após um estudo de todo o processo operacional, e mapeando todo o seu sistema da aquisição à exibição. Este tipo de exercício claramente identifica pontos de falha e mostra até onde um sistema pode ser expandido sem ter de ser temporariamente desligado e tirado do ar.

Copyright Broadcast Engineering 2006

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deve ser considerada, junto com monitoramento de á­udio, interface de troca de arquivos, sistemas de controle manuais e motorizados etc.

o raciocínio modular não necessariamente significa que você está­ obrigado a implementar uma solução modular. todavia, a força de uma abordagem modular está­ na facilidade com que um sistema pode ser reescalado para satisfazer o aumento de demandas, ou então modificado para atender uma exigência que não foi antecipada.

Engrenando para o 1080pAs mais importantes decisões

em uma estrutura multidefinição são em quais pontos aumentar ou diminuir a definição e onde operar em duas definições. Não esqueça de considerar como o processo resultante pode impactar na operação se algum módulo ou elo da corrente falhar.

Com o aumento da probabilidade do 1080p tornar-se o padrão global de produção, um integrador de sistemas ou engenheiro de emissora cauteloso pode querer estruturar todo o sistema de controle mestre para operar em 1080p e deixar todo o processamento para diminuir a definição imediatamente antes da exibição. um sistema modular bem desenhado deve permitir que a equipe técnica tome este tipo de decisão, ao invés de limitá­-los pela rigidez do hardware predefinido.

Suítes de apresentação multicanal precisam ter um rá­pido e eficiente controle sobre os logotipos de canais, incluindo a habilidade de manejar grá­ficos animados e está­ticos. tenha certeza que a tecnologia que você escolheu para sua emissora pode acomodar as necessidade atuais e futuras.

A exibição de dois sinais espremidos na tela pode ser outra ferramenta poderosa de apresentação. Considere se sua aplicação precisa de exibição em tempo real de picture-in-picture e

16:9 de cristal líquido e plasma estão vendendo bem. todavia, monitores 4:3 inevitavelmente se manterão comuns por muitos anos. Isto significa que você terá­ de manipular diferentes proporções de aspecto e ainda poder verificar se o programa de tV pode ser visto ambas as proporções de tela em cada um de seus canais de transmissão.

Marcadores com as diferentes proporções de tela podem ser exibidos no monitor de alimentação de vídeo, sem serem visíveis na saída para o transmissor.

Normalmente estes marcadores incluem:• as á­reas seguras para exibição tanto

para a ação (filme em si) quanto para os títulos (todo o lettering);

• marcadores de centro de tela;• cursores horizontal e vertical

móveis;• indicação de coordenadas;• diferentes caixas de aspecto

de tela.Pré-configurações de proporção

de tela devem ser selecioná­veis para todos os filmes e formatos de produção de tV para 4:3.

um futuro “multidefinição”Produtores de conteúdo, pós-

produtoras e radiodifusores na Europa, Índia, América Latina e Sudoeste da ásia estão seguindo a liderança estado-unidense em apresentar serviços em alta definição. A transição não será­ uma conversão direta do SD para o HD, mas, ao invés disto, uma expansão para a multidefinição, atendendo as demandas de sites de vídeo, assim como radiodifusores terrestres e por satélite baseados em 525i, 625i, 720p e 1080i.

Multidefinição será­ um padrão exigido na radiodifusão pelo resto desta década e, prova-velmente, em anos ainda mais distantes. Planeje corretamente agora e a transição será­ mais fá­cil para você e sua equipe.

imagens espremidas em uma única tela. Você precisa de efeitos de redimensio-namento vertical e horizontal? Enquanto uma abordagem modular é flexível, é melhor planejar agora suas necessidades derradeiras, para que você esteja pronto quando estas necessidades chegarem.

Possibilidade de controle externoA habilidade de controlar

equipamentos broadcast a partir de um computador externo é particularmente vital no caso de um switcher de controle mestre. Idealmente, o sistema deveria permitir uma checagem completa de sua “saúde” com reparação automá­tica de algum parâmetro mal ajustado. Recursos para “logar” no ambiente também deveriam ser incorporados para auxiliar a integração com sistemas de automação de outros fabricantes/integradores.

Sistemas de busca de erros baseados em IP são cada vez mais considerados bá­sicos pelos integradores de sistemas. Significa que um engenheiro pode verificar de módulos individuais à rede inteira a partir de uma localidade remota.

um objetivo de longo prazo desta tecnologia é a habilidade de monitorar o sistema todo automaticamente usando ferramentas de detecção de falhas em parâmetros operacionais chave. Elas podem então disparar um canal de stand-by ou requisitar uma atuação humana.

Manter a integridade do sinal talvez seja tão essencial na produção em alta definição quanto na definição standard. Na verdade, pode ser considerado até mais importante, visto a facilidade com que a audiência na alta definição pode perceber artimanhas nas imagens quando assistindo em televisores maiores.

Isto normalmente exige processamento 10-bit na correção deste sinal, permitindo que o operador do controle mestre tenha garantias de que o nível do sinal de saída da estação chegue igual no transmissor. Entre as qualidades a considerar está­ o ajuste independente do software e do hardware, além do controle independente de ganho de luminosidade e chroma e contraste.

As mais novas gerações de televisores

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progressiva, mantendo assim a resolução e os detalhes da imagem original. Além disso, o vídeo captado a partir de varredura progressiva pode ser executado em qualquer camcorder e VtR da linha HDV profissional da Sony, além de poder ser editado com as soluções mais difundidas no mercado, como as da Adobe, Apple, Avid, Canopus e da própria Sony.

Ainda no quesito “film-look”, a Sony aperfeiçoou as funções Cinematone

Gamma e Cinematone Color, que ajudam a otimizar as configurações de cor da camcorder para proporcionar um visual semelhante ao da película.

As lentes da camcorder são da tradicional parceira da Sony, a CarlZeiss. Com zoom de 20 vezes, a lente Vario-Sonnar t tem abertura má­xima de F2.8 em seu ângulo mais fechado.

o equipamento tem ainda um monitor de cristal líquido de 3,5 polegadas. Conta também com saída HDMI e pode capturar imagens still a 1,2 megapixel.

A camcorder pode gravar também em formato DVCAM, conta com conectores xLR e com a tecnologia “tC link”, para

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(upgrade)

Progressivo e em discoSony mantém sua aposta na tecnologia HDV com novos lançamentos.

A Sony anunciou, no final de setembro, uma nova camcorder para sua linha

profissional HDV, a HVR-V1N, capaz de gravar em 24 e 30P. Ainda, a fabricante japonesa lançou o HVR-DR60, uma unidade portá­til de gravação em disco rígido, dando maior flexibilidade à produção de vídeo. A aposta na tecnologia HDV parece ter rendido bons frutos à Sony, que estima ter vendido cerca de 91 mil unidades desde o lançamento da linha, em janeiro de 2005.

A nova camcorder conta com três sensores “ClearVid” CMoS, que garantem a captação em 1080 linhas. Em conjunto com um processador proprietá­rio da fabricante, o Enhanced Imaging Processor (EIP), os sensores proporcionam alta sensibilidade e baixo ruído. Segundo a Sony, a tecnologia de sensores CMoS erradica o smear na imagem e pode capturar as imagens até quatro vezes mais rá­pido, proporcionando um slow motion mais suave.

Além de captar no formato HDV 1080/60i, a HVR-V1N suporta varredura progressiva em 24 e 30 quadros por segundo, ideal para produção de baixo orçamento que exija um visual mais próximo ao da película. Ao contrá­rio do que acontece com a maorira das camcorders que trabalham com a tecnologia “progressive-look”, a partir de imagens interpoladas de uma captura com varredura entrelaçada, o novo equipamento pode capturar nativamente em varredura

sincronização de time code entre múltiplas câmeras.

Gravação em discoo outro lançamento da Sony,

que pode ser usado com a nova camcorder HVR-V1N, é uma unidade de gravação em disco rígido, a HVR-DR60. o equipamento pode gravar nos formatos HDV/DVCAM/DV a partir das camcorders das famílias HDV e DVCAM

da Sony, através da porta i.Link (IEEE 1394).

Com capacidade para 60 GB, a unidade

pesa apenas 230 gramas e pode trabalhar

na modalidade vídeo ou computador. Na primeira, o usuá­rio pode optar entre três modos de gravação: Synchro, Follow e Self. No modo

Synchro, a gravação é simultânea (e com o mesmo

time code) à gravação em fita, obedecendo o comando REC

da camcorder. No modo Follow, a HVR-DR60 monitora o estado da câmera: quando percebe que ela está­ gravando em fita, começa a gravar também no disco rígido, ficando com time code próximo ao da fita. Este modo é usado em camcorders que não contam com comando externo de REC. No modo Self, a gravação é ininterrupta, sem relação com a gravação em fita.

Na modalidade computador, a unidade é usada para tranferir o conteúdo para uma ilha de edição, com velocidade que pode ser de até três vezes o tempo real.

A HVR-V1N e a unidade HVR-DR60 chegam ao mercado brasileiro em novembro, com preço sugerido de uS$ 4,8 mil e uS$ 1,8 mil, respectivamente.

A HVR-V1N usa sensores CMoS para captar em varre-dura progressiva.

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Visando o crescimento do mer-cado de estações móveis com câmeras ENG para aplicação em

estúdios, assim como unidades para produção em externa de pequeno porte, a Fujinon apresentou neste mês de outubro a lente HD compacta para estúdio xA22x7BES. trata-se de uma lente leve, do tipo box, mas com qualidade óptica superior à das lentes ENG. Além disso, combina o zoom e a performance de foco de uma lente de estúdio de maior porte.

Com zoom de 7 mm a 154 mm, a nova lente, perfeita para estúdios pequenos e ambientes “apertados”, conta com abertura que começa em F0,8. o equipamento conta com

cinto para ajuste de zoom e foco, ao invés de ajuste por alavanca, proporcionando uma operação mais precisa. Por ficar interna em uma caixa, é praticamente livre de ruídos. A ponta frontal da caixa da lente pode ser removida para que o teleprompter possa ser posicionado mais próximo à lente, podendo, assim, ser usada com espelhos menores.

A xA22x7BES conta com controle de foco de 14-bit (16-bit opcional), com in-terface para controles robotizados, e trabalha

com filtros de 127 mm.Assim como acontece com as len-

tes maiores para estúdio, o novo mod-elo conta com indicação por Led para zoom e íris no lado de fora da caixa da

lente. Além disso, graças ao seu tamanho e peso, a lente não exige o uso de suporte, embora conte com um suporte facil-mente montá­vel para tripés ENG,

pedestais de estúdio e sistemas robóticos.

Pequena notá­vel

Servidores da EVS agora dão suporte ao codec Avid DNxHD.

Fujinon lança lente para produção em estúdio com câmeras ENG.

A fabricante belga EVS anunciou em setembro

que, “para ir ao encon-tro ao crescimento e às necessidades da indús-tria de radiodifusão”, a compressão Avid DNxHD agora pode ser codificada e decodificada nativamente no servidor de produção e de exi-bição xt[2]. o codec, criado pela Avid para aperfeiçoar a edição não-linear e a finalização de conteúdo HD sem compressão, traz aos servidores da EVS a possibilidade de acesso direto a clipes em ambientes de produção ao vivo e “near live”, como acontece na produção esportiva e de notí-cias. Segundo a fabricante, o xt[2] é o primeiro servidor de produção a oferecer tal interoperabilidade com o formato da Avid, e, com isso, permite aos radiodifusores o acesso a diferen-tes ferramentas em uma plataforma aberta. Além do formato DNxHD, o servidor da EVS suporta vá­rios

codecs, como MJPEG, MPEG2 I-Frame, IMx, xDCAM, P2.

Com a novidade, o processo de trans-ferência entre os servidores e sistemas de pós-produção da Avid, como o Media Composer e o Adrenaline, não exigirá­ mais o trabalho de codificação e decodi-ficação. Além de aumentar a agilidade da transferência de arquivos, o processo garante que não haverá­ perda de qualidade no vídeo.

Interoperabilidade Lançamento ecológico

No final deste mês de outu-bro, a SGI deve anunciar dois novos servidores para

armazenamento em rede: o Infinit-eStorage NAS 4550 e o SGI Infinit-eStorage NAS 4050. Ao contrá­rio do que acontece nas soluções de armazenamento, os dois novos ser-vidores podem ser instalados em uma rede em questão de minutos. Além do mercado de produção e finalização de vídeo, ambos os modelos são voltados também para as á­reas de pesquisas cientí-ficas, engenharia, biotecnologia entre outras. os servidores, adequados para empresas que precisam aumentar sua capacidade de arma-zenamento em pouco tempo, seguem as diretrizes RoHS, criadas pela união Européia para restringir o uso de algumas substâncias ecológicamente incor-retas na fabricação de produtos

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ouTuBRo2� a 2� Festival Fuse Movies 200�, Su-zano, SP. tel: (11) 4726-1644. E-mail: [email protected]. Web: www.fusemovies.com.br

20 a 2/11 Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, São Paulo, SP. tel.: (11) 3141-2548. E-mail: [email protected]. Web: www.mostra.org.

Até dia 31 Inscrições para a �ª Mostra do Filme livre - MFl, que aceita filmes de todas as épocas, gêneros, for-matos e durações. tel.: (21) 2539-7016. E-mail: [email protected]. Web: www.mostradofilmelivre.com

NoVEMBRo1° a 8 AFM — American Film Market, Santa Monica, Califórnia, EuA. tel.: (1-310) 446-1000. E-mail: [email protected]. Web: www.ifta-online.org.

3 a � Mostra do Filme livre, Belo Hori-zonte, MG. tel.: (21) 2527-4609. E-mail: [email protected].

Web: www.mostradofilmelivre.com

10 a 1� Amazonas Film Festival - 3º Mundial do Filme de Aventura, Manaus, AM. tel.: (92) 3232-7797. Web: www.amazonasfilmfestival.am.gov.br 15 a 18 Cine Amazônia — Festival de Cinema e Vídeo Ambiental, Porto Velho, Ro. Web: www.cineamazonia.com

1� a 23 5º Ecocine - Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, São Paulo, SP. tel.: (12) 3892-1439/4186. Web: www.ecocine.com.brFestival de Brasília do Cinema Brasileiro, Brasília, DF. tel.: (61) 3325-7777/6212/6215. E-mail: [email protected].

DEZEMBRo1° a � Mostra Amazônica do Filme Et-nográfico, Manaus, Amazonas. tel.: (92) 3647-4380. E-mail: [email protected]. Web: www.mostraetnografica.ufam.edu.br

5 a 15 Festival Internacional del Nuevo Cine latinoamericano, Havana, Cuba.

Web: www.habanafilmfestival.com

JANEIRo/200�18 a 28 Sundance Film Festival, Park City, EuA. tel.: (801) 328-3456. E-mail: [email protected]. Web: www.sundance.org.

1� a 18 Natpe 200�. Hotel Mandalay Bay Resort, Las Vegas, EuA. tel.: (1-310) 453-4440. E-mail: [email protected]. Web: www.natpe.org.2� e 28 Festival Internacional de Pro-gramas Audiovisuais — Fipa, Biarritz, França. tel.: (33-1) 4489-9999. E-mail: [email protected]. Web: www.fipa.tm.fr.

2� a 31 RealScreen Summit, Washington DC, EuA. Web: www.realscreensummit.com

FEVEREIRo8 a 18 Festival Internacional de Berlim, Berlim, Alemanha. tel.: (49-30) 259-200. E-mail: [email protected]. Web: www.berlinale.de.

(agenda)

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