revista tela viva 171- maio 2007

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ENTREVISTA EXCLUSIVA Franklin Martins fala sobre verbas do governo e a nova TV pública EVENTOS A cobertura completa da NAB, da NCTA Cable 2007 e do MipTV, em Cannes televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 16_#171_mai2007 TV À LA CARTE Serviços de vídeo sob demanda proliferam na banda larga. Falta saber que modelos serão vencedores.

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Revista Tela Viva 171 - maio de 2007

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Page 1: Revista Tela Viva 171- Maio 2007

EntrEvista ExclusivaFranklin Martins fala sobre verbasdo governo e a nova TV pública

EvEntosA cobertura completa da NAB, da NCTA

Cable 2007 e do MipTV, em Cannes

televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 16_#171_mai2007

TV à la carTeServiços de vídeo sob demanda proliferam na banda larga. Falta saber que modelos serão vencedores.

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(editorial)

Rubens GlasbergAndré MermelsteinSamuel PossebonManoel FernandezOtavio JardanovskiLeonardo Pinto Silva

Edianez Parente

Fernando Lauterjung

Daniele Frederico Lizandra de Almeida (Colaboradora)

Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal)

Carlos Edmur Cason (Direção de Arte)Debora Harue Torigoe (Assistente)Rubens Jardim (Produção Grá­fica)Geraldo José Nogueira (Editoração Eletrô­nica)

Roberto Pires (Gerente de Negócios)Patricia Linger (Gerente de Negócios)ivaneti Longo (Assistente)

Gislaine Gaspar

Vilma Pereira (Gerente) Gilberto Taques (Assistente Financeiro)

Marcelo Pressi

0800 0145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

[email protected]

(11) [email protected]

(11) [email protected]

ipsis Grá­fica e Editora S.A.

PresidenteDiretor EditorialDiretor Editorial

Diretor comercialDiretor Financeiro

Diretor de Marketing

Editora de Programação e conteúdo

Editor tela viva news

redação

sucursal Brasília

arte

Departamento comercial

Gerente de Marketing e circulação

administração

Webmaster

central de assinaturas

internetE-mail

redaçãoE-mail

PublicidadeE-mail

impressão

Chegou a época do Forum Brasil - Mercado internacional de Tele-visão, evento anual promovido por Tela Viva há­ oito anos, inicial-mente apenas como um seminá­rio, mas que desde 2006 ganhou características de mercado, com atividades como screenings,

pitching e networking.O crescimento é visível. Se em 2006 tivemos 12 participantes internacio-

nais, este ano serão mais de 40 estrangeiros no evento, entre canais de televisão aberta e por assinatura, distribuidores, produtores e jornalistas, além dos principais executivos dos canais brasileiros. Durante dois dias o público poderá­ travar contato com estes profissionais, apresentar projetos de produção, comprar e vender programas, conhecer e se informar mais sobre o mercado, brasileiro, latino-americano e internacional.

No dia 29, véspera do evento, o Forum presta uma homenagem à rede norte-americana de língua hispânica Telemundo, do grupo NBC/Universal, uma das maiores difusoras da cultura (leia-se programação) latina nos EUA. A cúpula da emissora, incluindo seu presidente, Don Browne, vem ao Brasil para a homenagem. É uma forma de mostrar que queremos estar cada vez mais presentes em telas mundo afora, assim como chamar a atenção para o Brasil enquanto pólo gerador de conteúdos de qualidade.

O Forum acontece em um momento oportuno. O Brasil começa a ter uma estrutura que pode finalmente desenvolver no país uma indústria sustentá­vel de audiovisual. A somatória dos programas de financiamento do BNDES com as leis de incentivo, a chegada da TV digital terrestre, a entrada de novos players na TV por assinatura, a formatação de uma nova TV pública nacional, calcada na produção independente, são fatores que devem gerar um grande volume de produção no próximo ano.

O mercado internacional não pode ficar fora destes planos de cresci-mento. É preciso que governo, emissoras de TV e produtores apostem nisso, entendendo as peculiaridades deste mercado, seus prazos, suas condições, para que participem dele como players consistentes. A simpatia, as paisa-gens e o talento brasileiros seduzem o mundo, mas não bastam para entrar de vez no negócio. É preciso trabalho, conhecimento e persistência, além de um compromisso e um envolvimento entre todas as partes da cadeia de produção no Brasil.

sErviÇo: 8º Forum Brasil - Mercado internacional de televisão. 30 e 31 de maio de 2007. centro de Exposições Frei caneca, são Paulo. informações: www.forumbrasiltv.com.br.

André Mermelsteina n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

integração global

tela viva é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 605,

CEP 01243-001. Telefone: (11) 2123-2600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP.

sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903.

Fone/Fax: (61) 3327-3755 Brasília, DFJornalista responsável Rubens Glasberg (MT 8.965)

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista,

sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A

ilustraÇão DE caPa: RiCARDO BARDAL

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Os modelos da TV 2.0 18Como o vídeo pela banda larga quer con-quistar o mercado

Scanner 8Figuras 14Mercado internacional 22As novidades do MipTV em Cannes

Evento 28NCTA debate novos modelos de receita

No Ar 30Audiência 32NAB 2007 34Broadcasters à vontade no mundo digital

Política 40A arrancada do Fórum da TV Pública

Entrevista 44Franklin Martins e a nova comunicação do governo federal

Making of 50Mercado 52As profissões em alta nas produtoras

Produção 58O desafio de fazer vídeo para a internet

Televisão 64TV Cultura lança núcleo infantil

Operação 66TV a cabo de Mossoró conquista assin-ante com canal local

Upgrade 68Agenda 70

Ano 16 _171_ mai/07(índice)

tela viva edita as cartas recebidas, para adequá­-las a este espaço, procu-rando manter a má­xima fidelidade ao seu conteúdo.Envie suas críticas, comentá­rios e sugestões para cartas.telaviva@

aDEus Como mostrou matéria de capa da edição de abril (Tela Viva 170), as TVs comerciais e a indústria fabricante estão preparados para transição digital. Mas como as emissoras educativas, principal-mente fora do Rio de Janeiro e de São Paulo, vão bancar esta transição. Será­ que daremos adeus apenas ao Bombril, ou também às emissoras não comerciais? Mariângela costa Mattos, curitiba

GiGantE aMEaÇaDa Que a Globo é líder absoluta de mercado, todos sabem. Não seria necessá­rio reafirmar isto ao mercado, como mostrou a matéria na edição de abril (Tela Viva 170). Todavia, a atitude do mais poderoso grupo de comunicação do Brasil mostra o temor despertado por um concorrente que não se contenta com o segundo lugar. Um concorrente que, assim como a própria Globo, busca tanto o poder político quanto o faturamento. Marcos assumpção, estudante, são Paulo

(cartas)

telavivanewswww.telaviva.com.br

Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

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DE rouPa novaCom o objetivo de dar uma nova cara ao canal rural e ainda

inaugurar o portfólio da n/idéias, empresa formada para detectar oportunidades na criação de conteúdo e construção de grandes marcas, Nizan Guanaes, da agência África, assumiu o desafio de reformular a programação visual do canal. Para tal tarefa, ele convi-dou a produtora de animação oca Filmes.

Foram três meses de trabalho, com a produção de 80 peças, entre vinhetas de abertura e encerramento de program-as, lay-out, chamadas e peças grá­ficas em movimento. Segundo a produtora executiva da Oca Filmes, ana Paula catarino, a identidade do canal foi sendo delimitada conforme o trabalho foi realizado. “Além do conteúdo de agronegócios e tecnologia, queríamos mostrar que temos orgulho do Brasil, por ser uma terra rica em recursos”.

Guilherme alvernaz, diretor de arte e animação do projeto, diz que a principal mudança foi a modernização visual do canal. Cada segmento (jornalismo, entreteni-mento, agrobusiness etc) passou a ser definido a partir de uma gama de cores. “Antes o verde era muito utilizado. Agora, trabal-hamos o verde em tons mais densos, e também o azul, o ocre e o laranja”.

A maior parte do trabalho foi feita em motion graphics, com alguns trabalhos em 3D e 2D. “Tínhamos conhecimento de motion graphics, mas não era a nossa especialidade”, diz Alvernaz. “Apren-demos ‘na marra’ para esse trabalho”. A equipe da N/idéias contou com ucho carvalho (diretor de arte) e Flávia Faugeres (vice-presi-

iNVESTiMENTO EM CiNEMAA tGD Filmes comprou casa de 1924 tombada pelo patrimô­nio

histórico, em Porto Alegre (RS), com o objetivo de transformá­-la no instituto nt de cinema e cultura. A idéia é que a casa abrigue work-

shops na á­rea do audiovisual, tenha uma sala de exibição digital voltada a filmes de arte e brasileiros e abra espaço para discussões sobre conteúdo e produção. “Queremos que produtores, clientes e agências discutam publicidade, cinema e conteúdo”, diz roberto turquenitch, diretor da TGD. “Tentaremos envolver outras produtoras no projeto e preparar os jovens para esse mercado”.

A restauração foi feita sem a utilização de leis de incentivo, mas a produtora busca apoio para dar início às atividades do instituto, que deve dar início às suas atividades em setembro.

“Tiozões” conquistam a webEm seu terceiro comercial para a TV, a campanha criada

pela tBWa\Brasil para o Sentra, que busca mostrar que o novo sedã de luxo da Nissan “não tem cara de tiozão”, tem mostrado fô­lego em suas ações na internet. A banda fictícia “The Uncles” conquistou a simpatia do público, que tem visitado o site da banda (www.theun-cles.com.br), o site institu-cional da empresa — cujo

número de visitas quintuplicou — e procurado pelo vídeo no You Tube. Desde o lançamento da campanha, foram registrados mais de 107 mil acessos ao filme da campanha no You Tube e mais de 31 mil acessos ao clipe-tema “Será­ Que é Pra Mim”, do “The Uncles”. No site da banda, são mais de 38 mil downloads, entre músicas e vídeos.

Para a terceira fase da campanha, a agência planeja a extensão das ações virais de internet e um vídeo em Wap, para download.

tv na telinha do celularA toing, provedora de serviços de valor adicionado

para celular, anunciou o lançamento da ToingTV, um serviço de streaming de canais de tv para celular com pro-gramação 24 horas. Estão disponíveis inicialmente — em cará­ter experimental e gratuito — seis canais: YoGospel (música gospel), Mk Publicitá­ (música gospel), Deck Disc (música em geral), Planet Sex (conteúdo erótico), Furacão 2000 (funk) e Mundo Canibal (animações). A princípio, esses canais transmitem conteúdo que já­ estava disponível em seus acervos, mas futuramente criarão programas es-pecialmente para a mídia celular. A ToingTV é acessível por qualquer celular com capacidade de streaming de vídeo em qualquer operadora. Basta acessar o endereço wap.toingtv.com.br.

Em uma segunda fase do serviço, que deve começar no segundo semestre, a Toing pretende cobrar uma assinatura mensal por canal, projetada em torno de R$ 2/mês.

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Estréia do ProcultO primeiro contrato de financiamento do Programa

de Apoio à Cadeia Audiovisual (Procult) foi assinado em 24 de abril, entre o BnDEs e a Quanta, no valor de R$ 7

milhões. O valor será­ usado para que a empresa termine a construção de um complexo cinematográ­fico na Vila Leopoldina, em São Paulo. Os recursos investidos pelo

banco equivalem a 43% do valor total do projeto, que está­ sendo construído em uma á­rea de 13 mil metros quadra-

dos e terá­ 9 mil metros quadrados de á­rea construída, quando acabado. O Procult conta com orçamento de R$

175 milhões para investimento em produção, distribuição e comercialização, exibição e serviços de infra-estrutura,

até o final de 2008.

“the uncles”

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intErcâMBio Brasil-ÁFrica Do sul

Com o objetivo de oferecer serviços tanto no Brasil quanto na África do Sul e potencializar o inter-câmbio de produções entre os dois países, a Bossa nova Films fechou uma parceria com a produto-ra focada em production service Moonlighting, sediada na África do Sul. O acordo visa ampliar a presença das duas produtoras na Europa, América Latina e América do Norte.

A idéia é que a Bossa Nova possa auxiliar os clientes da Moonlighting interessados em filmar no Brasil e os clientes da produtora brasileira possam filmar na África do Sul, no Chile ou na Romênia (unidades da produtora) com o suporte da Moonlighting.

A relação entre as duas produtoras teve início em 2006, quando a Bossa Nova ofereceu serviços de production service para a sul-africana para as filmagens de um comercial para a Whirlpool, em Foz de iguaçú. Segundo irma “Jimmy” Palma, sócia e produtora execu-tiva da Bossa Nova Films para o mercado internacional, já­ existem projetos em orçamento tanto de clientes da Moonlightining interessados em filmar no Brasil quanto de clientes da Bossa Nova Films que pretendem filmar no Chile ou na África do Sul.

Produção a bordoPara realizar o documentá­rio “Histórias do rio negro”, a

equipe da academia de Filmes percorreu 1,1 mil quilô­metros a bordo de um barco pelo rio que dá­ nome ao filme. Com direção de luciano cury, o documentá­rio mostra o médico Drauzio Varella entrevistando personagens que habitam a região entre as cidades de São Gabriel da Cachoeira e Manaus. Eles contam histórias de suas vidas e de seu imaginá­rio, com trilha sonora original de César Camargo Mariano.

“Histórias do Rio Negro” entra em cartaz em 1° junho em São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus.

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intervalos artísticos

A tv cultura convida seus telespectadores a visitar uma galeria de artes virtual durante os intervalos de sua programação. As chamadas da TV ganharam um novo conceito, desenvolvido em 3D, de inovação, moderni-

dade, tecnologia, cultura e arte. Cada um dos programas — adultos e infantis — está­ alocado em uma das 14 salas temá­ticas, que incluem “Cin-ema”, “Jornalismo”, “Música”, “infantil” e “Meio Ambiente”. Nos espaços, que lembram uma galeria de arte, serão apresentadas as chamadas para os próximos programas, os serviços e as novidades da programação. O trabalho de criação e desenvolvim-ento do projeto, apresentado em proporções reais de tamanho e espaço, foi feito por uma equipe de 14 videografistas, sob a coordenação de Fernanda Chamlian.

O projeto possui ainda uma linguagem pensada para a interação com outras mídias, como a internet. Segundo o diretor de arte responsá­vel pelo projeto, Michael ukstin, a idéia é transmitir o espírito artístico que rege os trabalhos da emissora.

novo sloGan aPós três DécaDasCom dois novos filmes e ações em diferentes mídias, a caloi aposta em um novo conceito

e lança sua campanha com uma nova assinatura. “Caloi. Movimentando a vida” é criada para substituir o mote de sucesso “Não esqueça minha Caloi”, lançada na década de 70.

A campanha, criada pela FabraQuintero, com direção de criação de Paschoal Fabra Neto, reforça o posicionamento da empresa em estimular e apoiar crianças e adultos na busca de uma vida saudá­vel por meio da atividade física.

Os filmes mostram imagens de crianças e adultos em momentos de lazer. Em um deles, um garoto narra de forma imaginativa um passeio de bicicleta: a rua da padaria se transforma em uma selva, e a rampa do parque, em uma montanha russa. No outro filme, os papéis entre pais e filhos se invertem, e a clá­ssica cena do pai ou mãe ensinando o filho a andar de bicicle-ta, acontece ao contrá­rio. Filhos aparecem ensinando seus pais. A produção é da corporação Fantástica, com direção de Marlon klug e Carlão Busato.

BRASiLEiROS NO CAMBOJA

Um documentário de média-metragem sobre o Camboja, produzido por brasileiros, estreou mundialmente em maio. Trata-se de “Grassroots”, uma produção rodada de forma independente no sudeste asiá­tico em 2005 por uma equipe de realizadores brasileiros. O documentá­rio realiza um retrato intimista de quatro jovens moradores de Phnom Penh, capital do Camboja, e, ao mesmo tempo, resgata o processo histórico do país, que sofreu genocídio durante o regime khmer Vermelho nos anos 1970 e enfrentou décadas de guerra civil. A direção é de andre Ferezini, da Biokam Produções, com produção executiva de Marcelo Godoy.

Novas mídias, nova empresaDepois de lançar a Margarida Flores e Filmes,

voltada para a produção publicitá­ria, e destinar à academia de Filmes apenas a produção de con-

teúdo, o Grupo Academia prepara o lançamento de uma nova marca.

Trata-se de uma empresa de novas mídias, indepen-dente da Margarida.

Originada a partir de uma divisão da produtora, a nova empresa terá­ trabalhos de conteúdo para as novas mídias, que vão desde sites até games.

Segundo o sócio Paulo Schmidt, a unidade estará­ preparada para lidar com as tecnologias que o

mundo digital oferece. “Queremos profissionalizar a produção de conteúdo digital, tendo a

internet como base”, conta.

Pintura em HDPara divulgar a coleção de livros Grandes

Mestres da Pintura, a Folha de s. Paulo conta com campanha criada pela Africa e filmes produzidos pela cine. Os comerciais, com direção de Fernando Andrade, foram produzidos em HD, visando uma maior integração entre as imagens captadas e as animações eletrô­nicas — realizadas pela Digital 21.

A criação é de Nizan Guanaes, Joanna Monteiro Soares e Sibely Silveira.

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SÉRiES DAS ANTiGASA Paramount tv colocou no mercado o box de

DVDs de duas séries de sucesso dos anos 70 e 90, respectivamente: “Havaí 5.0” — a primeira temporada — e “Twin Peaks” — a segunda temporada. A primeira temporada de “Twin Peaks”, exibida pela TV Globo, deixou a pergunta “quem matou Laura Palmer?” em suspenso. Agora os fãs poderão conferir a resposta no DVD da segunda temporada.

Esses são os primeiros lançamentos entre cerca de oito novas séries a serem colocadas no mercado pela Paramount TV, divisão da Paramount Brasil para a distribuição de séries em DVD. Entre os lançamentos futuros, estão séries como “Melrose Place” e “Beverly Hills 90210”.

Da senzala para os Estados unidos

A record, através do seu departamento de vendas inter-nacionais, conseguiu emplacar sua primeira novela em uma rede de TV dentro dos Estados Unidos. “A Escrava isaura” (“La Esclava isaura”), de 168 capítulos, foi negociada em versão dublada em espanhol para a telemun-do, emissora focada no público de língua hispana daquele país. Esta produção marcou a recente retomada da Record no gênero da dramaturgia.

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DVD no fornoA Maria Bonita coisas, recém-lançada no mercado,

está­ preparando o DVD do cantor e compositor Betto Luck, criador da banda da noite paulista soulGang. A divisão da produtora Maria Bonita Filmes é respon-sá­vel pela produção do show, que acontece nos Estúdios Quanta, em São Paulo, e pela captação para o DVD. A direção geral é de MC Fernandes, com direção de imagem Daniel dos Santos.

uM BilHão EM MíDia

Após 14 meses desde a última atualização, a secom (Secretaria de Comunicação do Governo Federal) tornou transparentes, em abril, os números de investimento em mídia do Poder Executivo. No total, foi gasto R$ 1,015 bi em 2006 (em 2005 foram R$ 963 milhões). Em relação a 2005, as quedas mais significativas de investimento foram nos veículos jornal e revistas, com perdas de quase 20% para cada um dos setores. Entre os que ganharam mais investi-mentos estão a internet e o rá­dio, também com aproxima-damente 20% mais inves-timentos cada um. A mídia outdoor foi a que teve maior alavancagem de gastos: mais do que o dobro, saltando de R$ 6,4 milhões em 2005, para R$ 16 milhões no ano passado. Os gastos do Executivo Federal com publicidade em televisão apresentaram o menor índice de crescimento, ficando em R$ 628 milhões ao longo de 2006, contra R$ 581,8 milhões em 2005. Os valores não incluem publicidade legal, gastos com produção e patrocínio.

invEstiMEnto EM MíDia —

GovErno FEDEraltotal GEralAdministração Direta (todos os órgãos) + indireta (todas as empre-sas) (EM R$ MiLHõES)

Meios 2005 2006internet 13,829 16,036Jornal 119,304 96,803Outdoor 6,482 16,036Rá­dio 96,085 115,705Revista 105,369 81,806Televisão 581,810 628,147

Outros 40,100 61,237Total geral 962,982 1.015,773

(Base de dados fornecida pelo iAP - instituto para Acompanha-mento da Publicidade)Os números foram arredondados

Barulheira por água abaixoO barulho da tubulação do prédio é um empecilho na hora da

compra de um apartamento. Para mostrar a linha Amanco SilentiumR PVC, que se propõe a reduzir os ruídos nas tubulações de esgoto, a

DM9DDB criou uma campanha bem-humorada, que tem no comer-cial de TV seu carro-chefe. O filme mostra um toboágua

gigante, pelo qual escorregam ícones associados ao barulho, como um tocador de bumbo, um personagem tocando uma tuba, despertador, sirene e um megafone.

Além disso, o comercial conta com animação 3D para que o telespectador possa ver a planta hidrá­ulica de um

prédio de apartamentos com o sistema em questão. A produção é da Delicatessen Filmes, com direção de

Gustavo Leme, e efeitos da casablanca. A criação da campanha é de Augusto Moya e Fabio Saboya.

OCEANO ADENTRO Com cenas de mais de 30 países,

quatro continentes e três oceanos, o longa-metragem da família Schürmann “O Mundo em Duas Voltas” estreou em 27 de abril em circuito nacional. As filmagens ti-veram início em 1997, quando a família se lançou ao mar para uma volta ao mundo, seguindo a rota do capitão português Fernão de Magalhães.

Com produção dos schürmann e da Gullane Filmes, o filme contou com um tra-balho desafiador de finalização, feito pela Teleimage. O primeiro desafio enfrentado foi pesquisar os sons do mar. A equipe, que nunca tinha velejado antes, pesquisou sons de mar de arquivo, juntou com os gravados pelo diretor David schürmann e ainda realizou um passeio de veleiro em um final de semana para gravar mais alguns sons — o caminhar dos pés em cima do veleiro, as cordas puxadas, o movimento das velas e do vento.

O segundo desafio foi incluir uma animação sobre a viagem de Fernão de Magalhães, resultando em duas histórias paralelas: uma que se passa há­ 500 anos e a outra nos dias de hoje. A animação foi feita pelo francês Laurent Cardon.

“o Mundo em Duas voltas”“o Mundo em Duas voltas”

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(figuras)

Depois de três anos cursando a faculdade de arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),

Letícia Ramos decidiu se dedicar ao cin-ema e ao vídeo. Para isso, mudou-se para São Paulo e entrou em cinema na FAAP. As duas escolhas, porém, nunca foram excludentes. acho que arquitetura é um dos cursos que mais abre possibilidades. na faculdade tínhamos fotografia, cál-culo, física, projeto. Foi lá que comecei a fazer vídeos e filmes super-8, então decidi fazer cinema. Fundamental ter vindo mais velha, se tivesse menos idade não seria assim. achava tudo importante, aproveitei muito mais a faculdade.

Logo no primeiro semestre, con-seguiu um trabalho na á­rea de publici-dade, com a diretora também gaúcha Dainara Toffoli. Fui chamada para fazer uma pesquisa, depois para ser segunda assistente de direção e logo para ser primeira assistente. Mas era inviá­vel conciliar o trabalho de assistente de direção com a faculdade. Fiquei sabendo então que a tatiana, irmã da Dainara, que é montadora, precisava de um assistente de montagem. aí com-ecei a montar e foquei minha carreira nisso.

Na faculdade de arquitetura, já­ montava seus exercícios de super-8 com

tesourinha e Durex, e também editando de vídeo para vídeo. Já que já estava trabalhando na área, aproveitei para fazer tudo o que podia na faculdade, da forma mais livre e experimental possível. Na graduação começou um de seus pro-jetos paralelos, que ganhará­ a forma de exposição no final do ano. Como projeto de conclusão de curso, projetou e con-struiu uma câmera pinhole, com a qual capturou imagens da cidade. Mais uma vez, uniu os conhecimentos e o interesse

lEtícia raMos

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Pelo buraco do alfinete

tou o vídeo “Estufa”, em que capturam imagens de fumaças coloridas dentro de uma estufa. O projeto, chamado FazendaRoqueRamos, grava interven-ções com fumaça colorida em ambi-entes naturais, transformando-os em vídeos intrigantes.

O trabalho como montadora cresceu e diversificou. Letícia e Tatiana hoje dividem um espaço na Lapa, em São Paulo, chamado Elá­stica Filmes, onde mantém seu equipamento de montagem e fazem projetos paralelos. a finalização é mais eficiente quando feita em digital, mas os efeitos são lim-itados. Então tento buscar um pouco do analógico na captação. acho muito importante manter esses trabalhos em paralelo, fazer trabalhos pessoais, porque isso dá um efeito diferente, tem uma influência sobre o trabalho do dia-a-dia. algumas imagens que consegui com a pinhole podem até ser reproduzidas digitalmente — mas nunca teria visto isso antes se não fosse dessa forma.

(lizanDra DE alMEiDa)

por arquitetura e urbanismo com as imagens. a câmera tem 24 buracos paralelos e horizon-tes, então imprime ao mesmo tempo em 24 fotogramas. cada exposição leva 30 minutos e o resultado são visões parecidas mas de ângu-los diferentes.

A câmera, que tem dimensões de 1,5m por 1,5m, gerou diversos exercícios, que foram ajudando a aperfeiçoá­-la. Os últimos resul-tados vão gerar um curta de ficção científica sobre a cidade, além da exposição que con-tará­ todo o processo de produção — tanto da câmera quanto do filme. todo o processo foi

documentado, desde os primeiros desenhos que fiz da câmera. o projeto foi concluído no último fim de semana de abril, no Dia internacional da Pinhole. Fragmentos dos exercícios estão em exibição no itaú Cultural, em São Paulo, na mostra instantâneos Seqüenciais.

Outro projeto, que ela desenvolve com o gaúcho Luiz Roque Filho, foi exibido em março na Tate Gallery, em Londres. Ao lado de outros 14 videoartistas brasileiros, entre eles Carlos Nader e Tadeu Jungle, a dupla apresen-

Acho muito importAnte fAzer trAbAlhos pessoAis, porque isso tem umA influênciA sobre o trAbAlho do diA-A-diA.

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conteúdo sob nova direção

Giuliano cedroni, ex-diretor de redação da revista Trip, foi contratado pela Prodigo Films para dirigir o novo departamento de conteúdo da produtora, com foco em televisão e cinema. Ele terá­ como objetivo coor-

denar e desenvolver os projetos de conteúdo já­ existentes na produtora, além de trazer novos projetos para a casa. Além seu trabalho na Trip, Cedroni também acumula ex-periências no audiovisual. Foi ele quem assinou a pesquisa e o roteiro do documentá­rio “Motoboys - Vida Loca”, da Prodigo; roteirizou um documentá­rio sobre a turnê de Caetano Veloso para cinema, a pedido do diretor Fernando Andrade (da Cine); e coordenou a adaptação da coleção de livros “Camisa 13” para as telas, criando os argumentos para uma série de documentá­rios. Atualmente, Cedroni co-roteiriza o longa de ficção “Estação Liberdade”, ao lado de Caíto Ortiz, também da Prodigo.

Made in usaJoão Paulo schlittler, o “Johnny”,

chega à Maria Bonita Coisas — divisão da Maria Bonita Filmes para conteúdo, entre-tenimento e novas mídias — para atuar na á­rea de produção de conteúdo grá­fico. Arquiteto e mestre em telecomunicação interativa, Johnny atua há­ 19 anos na á­rea de criação e produção de identidade visual para televisão e mídias interativas.

O profissional trabalhou nos Estados Unidos nos últimos 12 anos, em empresas como a HBO, como diretor de design (onde se dedicou à á­rea de efeitos visuais e animação), e na Discovery Com-munications, como diretor de criação.Uma das funções de Johnny na Maria Bonita Coisas será­ a realização de trabalhos em motion design para filmes publicitá­rios. Nessa á­rea, o profissional recebeu prêmios como New York Festivals, BDA (Broadcast Designers Association), CTAM (Cable & Telecommunications Association for Marketing) e Revista iD.

ampliação do quadroA TGD Filmes, que recente-

mente investiu na ampliação de suas instalações, agora aumenta também o seu quadro de fun-cioná­rios. Foram contratados Elise de castro Hilman (ex-Otto Desenhos Animados) para a á­rea de animação, Horácio icochea villaconta (ex-Escala) para o atendimento e Flaiton teixeira (ex-Rá­dio Gaúcha/RBS) para á­rea financeira. Além desses, chega à TGD o diretor cinematográ­fico Gustavo Fogaça. Guffo, como é conhecido, é formado em cinema pela Facultad de Cinematografia de Eliseo Subiela, de Buenos Aires, e tem experiência em direção de comerciais, clipes, documentá­rios e curtas.

Promoções na distribuiçãoalessandra Pontes foi promovida

ao cargo de diretora de distribuição da Viacom Networks Brasil, distribuidora dos canais Nickelodeon,Vh1, MTV Hits, MTV Jams e Vh1 Soul. Alessandra, que atua na empresa desde 2005, exerceu até então o cargo de gerente sênior de distribuição. Antes da Viacom, ela passou pela TAP Latin America/ABPTA, da qual foi diretora executiva; pela Sky, onde atuou como gerente de relacio-

namento com o cliente; e pela Net Brasil, como coordenadora de marketing. Além de Alessandra, rogério Francis também foi promovido: ele passa a responder como gerente de distribuição. Desde 2002 na empresa (na época MTV Networks América Latina), Francis já­ passou pelos cargos de planejador de vendas e executivo de vendas. O profissional também trabalhou na Net Brasil, onde exerceu o cargo de analista financeiro durante cinco anos.

agência contrataCom a expectativa de crescer 35%

em 2006, a TBWA\BR expande seus negócios e contrata três novos profissionais de gerência. Entre as contratações está­ luciane sarraf (ex-Vivo e American Express), que chega para assumir o cargo de gerente de marketing, recém-criado na agência. Além de Luciane, foram contrata-dos Marcello Binda (ex-Ogilvy e Africa), para a gerência de mídia; o diretor de arte Daniel Kenji Matsumoto (ex-G2 e Synapsys); e thaysa azevedo

(ex-Borghiehr/Lowe) para atuar no departamento de planejamento.

reestruturação em contratações A agência digital Sinc

está­ cheia de novidades. Com a reestruturação de seu departamento de cria-ção, a agência promoveu Fabio Pierro à direção de criação e rodrigo zanin à direção de arte. Pierro, ex-coordenador de criação, atua há­ cinco anos na em-presa. No novo cargo, ele passa a liderar projetos para clientes como FEMSA, TiM, Dufry e Abril. Zanin, na Sinc há­ um ano, está­ envolvido com trabal-hos para TiM e FEMSA.Além dos novos diretores, a Sinc cresce com a contratação do coordenador de criação Demian Grull (ex-Globo.com), da revisora Bruna arantes (ex-Reuters), e da assessora de comunicação corporativa renata tripoli (ex-Hotel Transamérica).

Foco no atendimentoluciana ribeiro (ex-Agência Click e Casa-

blanca) é a nova diretora de contas da Dat-amidia. Com experiência em planejamento estratégico, gerenciamento de campanhas, atendimento a clientes e gestão de projetos de alta complexidade, ela chega à agência para cuidar do atendimento da Motorola América Latina.

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Flaiton teixeira

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reconhecimento internacional

O diretor de filmes e presidente do grupo Mixer, João Daniel tikhomiroff, e Marcello serpa, sócio e VP de criação da Almap BBDO, são os dois únicos brasileiros escolhidos para a seleção da edição comemora-tiva da inglesa Shots Magazine “100 Top Creatives Minds Of The

World”. A edição especial da revista, lançada em comemoração aos 17 anos do veículo, apontou os 50 criativos e os 50 diretores de filmes que mais se destacaram nesses anos em todo o mundo. Ao lado de Tikhomiroff e Serpa, estão nomes como Spike Jonze (da MJZ Films), indicado ao Oscar de melhor diretor pelo filme “Quero Ser John Malkovich”, em 2000; e Michel Gondry (Partizan), diretor do filme “Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças”.

Marketing e publicidade reforçados

Como parte de sua estratégia para intensificar suas ações comerciais em São Paulo e no Rio de Janeiro, a TVA reforça a sua equipe de marketing com a contrata-ção da gerente alessandra Barcala em São Paulo. Em 13 anos de atuação em marketing e comunicação, Alessandra re-spondeu durante nove anos pela gerência de marketing da Rede Telecine. Além de Alessandra, carla Pires e amauri villanova foram promovidos em São Paulo. Carla assume a gerência comercial de publici-

dade, respondendo pelo relacionamento com agências pequenas e diretas. Villanova passa a atender a carteira de grandes agências e clientes.

No Rio, rogério Ponce de leon foi contratado para a recém-criada gerên-cia de publicidade na cidade, que tem o objetivo de auxiliar no crescimento da TVA no Estado. Além de passagens pelas revistas Exame e Veja - desde 1999 ele mantém uma empresa de comercialização que atende alguns títulos da Editora Abril, além da própria TVA.

( figuras )

novo diretor de contasA DM9DDB conta com

um novo diretor de contas. raf Fayad foi contratado pela agência para atender os clientes Terra, Fedex, Sadia e Henkel. O diretor vem da W/Brasil, após passagem pela McCann-Erickson.

Mídia renovadaMarta de Moraes é a nova

diretora de mídia da Giacometti Propaganda e Arquitetura de Marca. Ela chega à empresa com a prioridade de trazer inovação aos clientes em tendências e oportunidades de mídia. Sua experiência profissional inclui passagens pelas empresas Neogama/BBH, Calia Assump-ção, DM9 e editoras Globo, Símbolo e Abril.

Produção de eventosMarisa Gobis é a nova

contratada da agência de co-municação e eventos Miksom. Marisa chega para reforçar a equipe de produção da Gen-eral Motors, após atuar como coordenadora de eventos da Bauducco por seis anos, além de atender empresas como Gra-diente, Philco, LG, Banco itaú, Epson, Vivo, Banco Santander, Votorantin, Ericson, Editora Abril, EMS e Hyundai.

Novo somA produtora de á­udio Comando S contratou cássia Garcia para o atendi-

mento e lourenço schmidt para a produção da casa. Cá­ssia, ex-Tamanduá­ Filmes, chega à produtora com o objetivo de dar mais foco ao atendimento e à prospecção de clientes, enquanto Schmidt foi contratado para completar a á­rea de criação. O produtor participou da produção de discos para selos gaúchos e artistas independentes, além de ter em seu cur-rículo mais de mil trilhas e jingles.

novidade no comercialO executivo Marcelo Pacheco é o novo diretor comer-

cial da Disney & ESPN Media Networks no Brasil. O executivo passa a comandar a equipe responsá­vel pela comercialização dos canais ESPN, ESPN Brasil, Disney e Jetix, dos sites dos canais, além de ser co-responsá­vel pela comercialização do projeto Rá­dio Eldorado ESPN. Pacheco chega à empresa após sete anos no Grupo Abril, onde ocupou, a partir de 2005, o cargo de diretor nacional de vendas do núcleo que engloba as revistas Exame, Você S.A. e Grupo iNFO. Antes, atuou como ger-ente de desenvolvimento de negócios, diretor de e-commerce e diretor de publicidade de internet, TVA e revista Bravo!. Além do Grupo Abril, Marcelo tem passa-gem pelo Unibanco, onde ocupou o cargo de gerente de internet de 1997 a 1999.

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Marcello serpaJoão Daniel tikhomiroff

alessandra Barcala

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É hora da TV 2.0?Tecnologia já­ permite a distribuição direta de conteúdos on-demand aos espectadores. Resta saber em que medida os negócios acompanharão a evolução das plataformas.

André Mermelstein, de Cannesa n d r e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Na outra ponta, há­ sites que vão no oposto do mainstream, como o recém-lançado JoiningTheDots, site britânico de download de documen-tá­rios independentes da Mercury Media, que tem investimentos do diá­rio “The independent”.

É um fenô­meno típico da teoria do long tail (“cauda longa”): quanto mais conteúdos disponíveis, mais as pes-soas irão consumi-los, desde os mais populares aos mais segmentados. E todos têm seu espaço na cont-abilidade, uma vez que a tecnologia elimina os gargalos e corta os custos da distribuição.

Modelos opostosNo último dia 10 de maio, cinco

empresas, entre as quais gigantes da mídia tradicional como CBS e Viacom, investiram US$ 45 milhões naquele que promete ser uma das grandes estrelas da TV 2.0: o serviço Joost, criado pelos inventores do Skype.

Nem sempre a tecnologia e os negócios caminham juntos. Acontece com freqüência de uma tec-nologia ser tão avançada

para uma época que não há­ aplica-ções para ela. Em outros casos, como no da telefonia via satélite, a tecnolo-gia amadureceu quando os negócios haviam mudado tanto que ela já­ não era necessá­ria.

Mas quando há­ o casamento entre uma demanda de mercado e uma tecnologia que a atenda, a mistura pode ser dinamite. Foi o que aconte-ceu com o vídeo-cassete na década de 80. Ele possibilitou a criação de um novo business, envolvendo estúdios, distribuidoras, locadoras, varejistas e a indústria eletro-eletrô­nica.

Este business pode estar amea-çado hoje pela chamada TV 2.0: con-teúdos entregues via banda larga, sob demanda, com recursos interativos, diretamente na casa do usuá­rio. Em todos os grandes eventos da indústria de TV no mundo, como Natpe, Mip, NCTA Cable (ver matéria nessa edição) e outros, é o assunto da vez. Todos querem saber como se beneficiarão desta plataforma, ou pelo menos como minimizar as perdas trazidas por ela.

O que existe hoje pode ser uma nova bolha, parecida com aquela que na década de 90 fez surgir centenas de sites e serviços “revolucioná­rios” na internet, na maioria dos quais apenas enriqueceu quem soube vender suas ações e tirar o time de campo antes do colapso.

Muito do que se vê surgir hoje certamente não se sustentará­, mas as-sim como aconteceu com a internet, é desta bolha que sairão serviços que podem mudar a forma como se dis-

tribuem conteúdos audiovisuais no mundo. A preocupação das empresas tradicionais do setor é que não aconteça com elas o que aconteceu com a indústria da música, que ainda está­ tentando ver a placa do camin-hão que a atropelou.

Alguns formatos parecem estar no caminho certo. É o caso do mais famoso destes serviços, o iTunes, da Apple. O serviço reuniu filmes e os seriados mais populares da TV americana, como “Heroes”, “Lost” ou “The Office”, e já­ teve números expressivos de vendas. A iTunes Store tem em catá­logo cinco milhões de músicas, 350 programas de televisão e mais de 400 filmes. Suas vendas no primeiro trimestre deste ano acu-mulavam mais de 2,5 bilhões de músicas, 50 milhões de programas de TV e mais de 1,3 milhões de filmes. Para piorar a situação das emissoras de TV e locadoras de DVD, a Apple lançou há­ um mês o Apple TV, que permite exibir todo este conteúdo na tela da TV, em alta definição, com controle remoto. Ou seja: isto é televisão, e não mais uma brincadeira para nerds...

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Além do investimento, a CBS fornecerá­ mais de 2 mil horas de conteúdos para o serviço. A Viacom também proverá­ conteúdos baseados em seus canais (como MTV e Nickelodeon).

O modelo do Joost prevê distri-buição gratuita de conteúdos on-de-mand para os usuá­rios, com receitas vindas da venda de espaços publicitá­ri-os. É um modelo muito parecido com o da TV comercial, exceto pela interface, totalmente interativa e com conteúdos sob demanda, que o usuá­rio assiste na hora que quiser.

A tecnologia de transmissão mistura o streaming a partir de servidores próprios com técnicas de transmissão peer-to-peer, na qual cada usuá­rio é ao mesmo tempo um servidor de conteúdo para outros usuá­rios, criando uma rede que acelera a transferência de dados, criando uma experiência próxima à da TV.

Fazer uma televisão melhor para os anunciantes, produtores de conteúdos e usuá­rios. Esta é a missão do Joost, nas palavras de seu chief creative officer, Henrik Werdelin, que participou em abril do MipTV, mercado internacional de conteúdos para TV em Cannes, na França.

Melhor para os produtores, que ganham uma plataforma para distribuir e “monetizar” seus conteúdos. Melhor para os anunciantes, porque chegam a um público muito mais qualificado, com os anúncios sendo direcionados exata-mente para o target, sem dispersão. E melhor para os usuá­rios, que ganham opções de conteúdo, interatividade, recursos avançados de navegação e ferramentas criativas, como um guia de programação editá­vel. Resta saber se esse mundo novo acontecerá­ de forma tão suave quanto prevêem estes visioná­rios. O problema da banda, por exemplo, é um obstá­culo. Não só os pro-vedores de conteúdo vêm tendo gastos cada vez maiores com suas conexões, como também as empresas de cabo, preocupadas com a possível concor-rência dos conteúdos online, vêm, nos EUA principalmente, restringindo a circulação dos serviços de vídeo digitais

com o filme guardado no computador e pode vê-lo quando quiser.

Entre os primeiros títulos nacionais nego-ciados estão os longas de ficção “Boleiros 2 - Vencedores e Vencidos” e “Vida de Menina”; e os documentá­rios “A Pessoa é Para o que Nasce”, “Caparaó” e “Latitude Zero”. Há­ também o boliviano “Dí Buen Dia a Papa”. Cu-

riosamente, os filmes não podem ser vistos pelos espectadores brasileiros, por uma questão de direitos territo-riais. O modelo com a distribuidora é de revenue share (divisão de receitas). Ou seja, de cada dólar faturado pela Jaman, uma parte fica com o serviço e uma parte vai para a distribuidora, que chegou mesmo a receber um mínimo garantido pela venda.

Um detalhe importante destas plataformas é que, além de abrirem a possibilidade de se distribuir con-teúdos muito mais diversificados do que se vê na TV convencional, trazem incorporados recursos

em suas redes de banda larga, prejudicando a experiência do usuá­rio.

Brasil na redeA distribuidora de con-

teúdo brasileira Elo Audiovisual fechou uma parceria com o Joost para a criação de canais com programação brasileira e latino-americana. O primeiro canal, anunciado durante o MipTV, em Cannes, tem programação resultante de uma parceria entre a Elo e a Trama. Trata-se do Brazilian Music Channel, que contará­ com estilos musicais brasileiros de todos os tipos, com artistas como Elis Regina, Gal Costa, Tom Zé, César Camargo Mariano, entre outros. Além do canal, a Elo será­ a parceira estratégica do Joost para vendas de publicidade na América Latina.

Uma das pioneiras na exploração destas novas plataformas, a Elo também já­ negociou conteúdos com o serviço Jaman, que usa um modelo totalmente diferente. No Jaman não há­ publicidade; os conteúdos são pagos pelo usuá­rio, que pode optar por um modelo de locação, no qual paga me-nos, mas tem uma semana para assistir ao conteúdo; ou compra, no qual o usuá­rio fica

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MErcaDo FraGMEntaDo, PuBliciDaDE iDEMNo exterior, a publicidade é um campo onde já­ se vêem mudanças importantes com a entrada das

novas plataformas e a fragmentação das mídias. Thomas Strearath, diretor da OgilvyOne da Alemanha, afirmou em painel do MipTV que os próprios clientes estão pedindo novos formatos, porque com a mídia tradicional já­ não conseguem o mesmo impacto. “A receita da agência está­ crescendo hoje em á­reas como o marketing direto e o marketing digital, e muito menos em mass media. Clientes como Zara, por exemplo, não anunciam mais”, disse..

O fenô­meno da fragmentação das mídias é percebido também por Eric Schrier, do canal FX na Alemanha: “Ainda não sentimos queda na audiência, mas sabemos que nos EUA ela está­ migrando cada vez mais para o TiVo (DVR)”, conta, explicando que este público assiste menos aos comerciais. A percepção geral é que a era dos “hits” está­ acabando, dando lugar a uma audiência mais segmen-tada. “Talvez em poucos anos 50% das pessoas ainda assistam à TV da forma convencional, mas a outra metade mudará­”, disse Schrier. “Na Alemanha não há­ mais hits, grandes audiências, só para alguns eventos ao vivo. As pessoas vão para a internet, os games. Um jogo como ‘Warcraft’ tem mais audiência que ‘Desperate Housewives’”.

O FX vem fazendo ações que se aproveitam das novas mídias para gerar negócios. Com a Pontiac, por exemplo, criou uma campanha envolvendo internet, um concurso e uma série do canal. O canal também cria “promosodes”, episódios promocionais de suas séries, vinculados à marca de um patrocinador, que coloca para download gratuito, gerando um efeito viral e atraindo a audiência. A nova temporada de “The Shield”, por exemplo, foi lançada com um clipe no site Bud.TV, da cerveja Budweiser.

A internet também permite novos formatos além dos conhecidos 30 segundos. “O conteúdo é rei, mas o mais relevante é a... relevância”, brincou Strearath, explicando que se o conteúdo for importante para o público, ele será­ assistido. Um exemplo foi a campanha feita para os cosméticos Dove, que teve um vídeo de 3 minutos distribuído na internet, que se espalhou pela própria ação dos internautas.

Henrik Werdelin, do Joost: uma tv melhor para o público, produtores e anunciantes.

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do que se vê na TV convencional, trazem incorporados recursos da web 2.0, como comen-tá­rios e recomendações dos usuá­rios. São, assim, espécies de comuni-dades, onde prevalecem os gostos e vontades do espectador, e não e um diretor de programação.

As opções do usuá­rio não param aí. O Babelgum, portal em desenvolvimento no Re-ino Unido, tem como objetivo carregar dezenas de canais próprios, segmenta-dos. O portal ainda está­ em fase beta, mas participou com estande próprio no MipTV 2007. De acordo com o seu fundador, Silvio Scaglia, a diferença em relação aos demais é que todo o conteúdo será­ profissional, adquirido de múltiplas produtoras de conteúdos — das de grande porte às menores. O Babelgum, tal como o Joost, será­ peer-to-peer, e seu conteúdo será­ todo transmitido em streaming — não sendo possível a realização de down-

em entrevista a TELA ViVA durante o evento. Por enquanto, a maior parte dos conteúdos só está­ disponível para os EUA, mas BianRosa quer abrir as portas para conteúdos de e para todo o mundo.

A rede conta com servidores próprios e com toda a base de clien-tes, que funcionam também como servidores locais de arquivos. BianRosa define o Vuze como uma plataforma aberta, onde qualquer um pode disponibilizar seus conteúdos, inclusive em HD, pagos ou gratuitos.

Os detentores de conteúdos podem mandar suas produções à Azu-reus que, após o clearance dos direitos, coloca à disposição de todos para download. Se for um conteúdo pago, a empresa cobra do usuá­rio e repassa uma parte ao detentor dos direitos. Mas muitos conteúdos são gratuitos, oferecidos para divulgar um filme ou um programa de TV.

A plataforma Vuze já­ foi instalada por 140 milhões de pessoas, e há­ cerca de 15 milhões de usuá­rios ativos diá­rios. “Nossos usuá­rios representam o futuro do consumidor de mídia, que quer conteúdos on-demand, em alta definição, com facilidade de busca e de uso”, afirmou BianRosa.

conteúdo do usuárioMesmo os portais que trabalham

com o conteúdo gerado pelo usuá­rio (user generated content, ou UGC), como o YouTube, terão cada vez mais conteúdos qualificados para atrair audiência.

Patrick Walker, diretor de parcerias de vídeo do Google (dono do You-Tube), lembrou durante o MipTV que há­ dois anos este serviço sequer existia, e que as plataforma estão crescendo em alta velocidade, mudando não só a TV, mas a sociedade.

Para ele, a mídia passará­ por um processo darwiniano, e quem não se adaptar à nova realidade corre risco de desaparecer. Ele ressaltou a força que as comunidades de usuá­rios estão ganhando, e lembrou que o YouTube não é apenas um portal de conteúdos de usuá­rios, mas uma plataforma ab-

load sem conhecimentos mais sofisticados. Scaglia disse du-rante apresentação no MipTV que já­ adquiriu milhares de horas de produção e que a base de remuneração será­ de US$ 5 a cada mil espectadores. “O ideal é atingirmos 100 mil horas de programação. Quanto mais usuá­rios tiver-mos, mais vídeos teremos’’, afirmou. O portal será­ de acesso gratuito e seu modelo de negócios prevê a venda

de publicidade. O fundador do portal disse ainda que os canais serão definidos pelo potencial de cada público-alvo, e que haverá­ tantos canais quanto surja demanda para eles. Quem também está­ à cata de conteúdos é o Vuze, serviço criado por um conhecido site de download de arquivos tipo “torrent”, usados principalmente para cópias “não muito legais” de conteúdos da TV, o Azureus.

“Todos vêm ao Mip com um foco es-pecífico. O meu é mais complicado: quero ver tudo, de todas as partes do mundo”, definiu o CEO da Azureus, Gilles BianRosa,

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“tEMos QuE Estar lÁ”Dona de um dos mais importantes acervos de filmes do planeta, a MGM acordou tarde para a

era do conteúdo digital. Apenas em meados do ano passado criou uma divisão de mídia digital, co-mandada por Douglas A. Lee, vice-presidente executivo mundial de mídias digitais do grupo. TELA ViVA conversou com Lee durante o MipTV 2007, em Cannes, França.

tela viva - vocês colocaram diversos conteúdos para venda direta ao usuário no itunes, da apple. Esta receita já representa alguma coisa para a MGM?

lee - O business de distribuição online ainda é insignificante para a empresa em termos de receita.

Em quanto tempo você acha que esta receita representará, digamos, 20% ou 30% do seu faturamento?

Não há­ qualquer previsão de quando as receitas serão importantes. Em cinco anos o cená­rio pode mudar muito; a banda larga está­ se expandindo rapidamente. Hoje é impossível afirmar qualquer coisa. Não sabemos quanto vamos ganhar, mas sabemos que temos que estar lá­.

vocês pretendem ficar apenas no itunes ou oferecer seus conteúdos também em outros serviços?

A MGM quer deixar seus conteúdos disponíveis em todas as platafor-mas digitais possíveis. Nossa estratégia é de não-exclusividade e de estar presentes em toda a parte. Hoje o iTunes é a plataforma que funciona melhor para nós, mas este mercado ainda não justifica a exclusividade. Em algum momento, conforme isso evolua, alguém pode começar a bancar contratos de exclusividade.

é possível oferecer pela banda larga o acervo de filmes da MGM?Estamos digitalizando todo o acervo, e a idéia é oferecer os conteúdos online. O problema são

os direitos, que no caso dos filmes e shows mais antigos não prevêem esta forma de distribuição e têm que ser renegociados.Temos uma equipe de advogados trabalhando 24 horas por dia para fazer o “clearance” destes direitos.

Gilles Bianrosa, da vuze: “queremos todos os conteúdos.”

Douglas lee, da MGM

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conFira a DiFErEnÇa EntrE alGuns sErviÇos DE BroaDBanD viDEo sErviÇo MoDElo ForMato sitE

Joost Gratuito para o usuá­rio, Streaming on demand, www.joost.com (ainda bancado pela venda com funcionalidades em beta, acesso somente de publicidade de DVD (pausa, a alguns usuá­rios cadastrados) retrocesso etc).

Jaman Sem publicidade, o Download, com www.jaman.com (é usuá­rio compra ou aluga exibição em um player necessá­rio baixar a interface os filmes por uma semana proprietá­rio. de download e o player)

Babelgum Gratuito para o usuá­rio, Streaming em player www.babelgum.com bancado pela venda próprio. (em beta) de publicidade

vuze (azureus) Conteúdos pagos Download, com www.vuze.com (é e gratuitos. exibição em qualquer necessá­rio baixar a interface player aberto. de download)

Joining Conteúdos pagos Download www.joiningthedots.com (por enquanto apenas para usuá­rios no Reino Unido)

itunes Conteúdos pagos Download, com exibição www.itunes.com (é necessá­rio em qualquer player baixar a interface de aberto. download. Não vende para usuá­rios no Brasil)

erta onde empresas podem veicular seu conteúdos.

O clube de futebol Chelsea, por exemplo, criou um canal no YouTube para se comunicar e receber vídeos de torcedores. A resposta foi imediata e hoje o canal veicula um milhão de vídeos por dia, sendo que os melhores acabam sendo transmitidos pela própria TV do clube.

(colaBorou EDianEz ParEntE)

theDots

tela do Babelgum: modelo baseado em publicidade.

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(mercado internacional)

MipTV mostra corrida dos conteúdos Na feira anual de programação de televisão, produtores e emissoras mostram que estão atentos aos multiformatos.

O conteúdo audiovisual tem de correr para acom-panhar a velocidade com que correm todas as novas mídias. Prova disso

está­ no grande mercado internacional de conteúdo de televisão, o MipTV, feira anual que acontece em Cannes, na França. Nos estandes, situados em corredores por onde circulam milhares de profissionais do mundo todo em busca de atrações para suas emis-soras, pululam formatos e ofertas de programas que se adaptem aos novos tempos da TV: game shows, programas com interatividade, formatos que gerem derivações na internet e celular etc. Até as boas e velhas “pega-dinhas”, programetes baseados nos fla-gras captados por câmeras escondidas, são oferecidas como possibilidade para as diversos formatos de telas. Não por acaso, a Globo reviveu para o mercado internacional o “Você Decide”, uma idéia do século passado que se mostra adequada no atual ambiente multi-plataforma.

Nos seminá­rios — que reúnem executivos top de empresas dos Estados Unidos e Europa, na sua maioria -, as discussões também mostram a evolução acelerada dos temas. Por exemplo, no MipTV 2006, o YouTube nem foi mencionado — pensava-se ainda que o MySpace (site norte-americano de relaciona-mentos) ditaria as regras do conteúdo auto-proposto pelos internautas. Um ano depois, a discussão nem é mais o YouTube, mas sim os tantos outros portais de vídeos que chegam para tentar suplantá­-lo (leia matéria sobre as novas plataformas à pá­g. 18).

tecerá­ no segundo semestre deste ano, além de outros eventos de menor porte, como o Hot Docs, que aconte-ceu em Toronto, Canadá­, na semana subseqüente ao MipTV. Desta forma, em Cannes, o Brasil foi representado com estandes basica-mente pela Globo e pela Record, que tradicionalmente comercializam suas novelas e outros programas neste mercado.

Atenta à procura por conteúdos que possibilitem interação com as de-mais mídias, a Globo TV international, á­rea de vendas da emissora para o mercado externo, lançou no evento

a venda do formato de uma de suas propriedades que fez muito sucesso ao longos dos anos 90: o “Você Decide” (ou “it’s Your Call”, no mercado internacional). O programa foi apresentado durante sessão de screenings da emissora aos clientes e possíveis compra-

Edianez Parente, de Cannese d i a n e z @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

BrasileirosA itá­lia “tirou” a bola que no ano

anterior fora do Brasil. Tal como já­ fizeram produtores de outros países no passado, os italianos tiveram neste ano direito a sessões especiais dos seminá­rios dedicadas a suas produções, além de distribuírem farto catá­logo impresso aos participantes. Também, o espaço que fora ocupado em edições anteriores pelos produtores inde-pendentes brasileiros neste ano ficou vazio.

A ABPi-TV (Assoc. Brasileira dos Produ-tores independentes de TV) optou por não participar do MipTV, escolhendo apenas o Mipcom, evento equivalente que acon-

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Estande da rede record no pavilhão de exposição.

além dos formatos consagrados, feira de cannes viu a proliferação de produções multiplataforma.

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(mercado internacional)

principalmente do mercado latino, dos textos das novelas da emissora para produção local, mas até aqui a Record não contempla a venda de seus roteiros. Emissoras de TV da Ásia demonstraram interesse na novela “Vidas Opostas” - atração das 22h no Brasil que tem sido marcada por conteúdo realista, de ação e de violência.

Na ausência das produtoras brasileiras em peso, a paulistana Flamma se destacou sozinha: chegou ao MipTV 2007 com uma co-produção na prateleira pronta para o mercado internacional. Trata-se da animação em 2D “Sea Princess”, feita em parceria com as produto-ras Southern Star (da Austrá­lia) e Neptuno Films (Espanha). A história é baseada em uma idéia original do brasileiro Fabio Yabu, que já­ lançou as personagens em livro infanto-juvenil e em site infantil. O criador é sócio-diretor da Flamma, ao lado de Reynaldo Marchezini, CEO da produ-tora. São 52 episódios de 12 minutos cada, e a série tem orçamento de US$ 280 mil para cada 30 minutos de produção. De acordo com Marchezi-ni, a produtora brasileira entrou com a idéia original, ficando a viabilização e execução do projeto a cargo das produtoras associadas. À Flamma, que detém o controle editorial do projeto, caberá­ a negociação da atra-ção para o Brasil e América Latina. Na Espanha, a distribuição será­ da Nep-tuno e todo o mercado internacional restante ficará­ com a Southern Star. O canal kika, da Alemanha; e a Seven Network, da Austrá­lia, já­ compraram o produto. Reynaldo Marchezini, com ampla experiência no mercado de licenciamento e distribuição, diz

“Hoje é Dia de Maria”, de forte apelo visual e cheia de referências da cultura e folclore brasileiros.

A Record, além de participar como expositora do MipTV, pela primeira vez também inscreveu seus documentá­rios no MipDoc, mercado que antecede a feira de programação de Cannes e que é voltado exclusivamente a documentá­rios. Neste evento, a emissora inscreveu seus pacotes dos programas “Repórter Record, “Selvagem ao Extremo’’ e “Raio X da Aventura”. De acordo com o diretor de vendas internacionais da Record, Delmar de Andrade, houve 77 empre-sas interessadas nos produtos documentais da emissora - o mais visitado foi o “Raio- X da

Aventura”. Das telenovelas, que seguem como o principal produ-to em exposição da emissora, o

novo lançamento, “Luz do Sol” (“Sunshine”) foi apresentada ao mercado internacional.

Segundo Andrade, tem havido grande procura,

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sessão de screenings da emissora aos clientes e possíveis compradores, num evento que reuniu 120 pessoas num dos auditórios do Palais des Festivals, em Cannes. Raphael Corrêa Netto, diretor de vendas da Globo TV international, e Flá­vio Garcia da Rocha, diretor de conteúdo internacional, explicam que o conceito do programa está­ ainda mais atual, dadas todas as novas possibilidades de participação do público na escolha para os finais dos dilemas propostos ao longo da at-ração. Quando a Globo exibiu o “Você Decide”, toda votação era feita por telefone; o programa, inclusive, já­ foi exportado no passado. Os argumentos dos episódios que foram desenvolvi-dos pela Globo quando da exibição do programa podem ou não ser agregados na negociação para o “it’s Your Call”, que abrange basicamente o conceito da atração. Flá­vio Garcia da Rocha explica que a Globo faz um trabalho de recuperação dos produtos que já­ saíram do ar, para que se faça o devido acompanhamento quando de seu lançamento no exterior. “É como fazer um novo produto, pois ele tem de ser apresentado a um novo pú-blico. Avaliamos todos os seus pontos e aspectos para que ele seja adequado a uma determinada grade”, explica o diretor de conteúdo internacional da Globo. Já­ Raphael Corrêa Netto relata que o cliente da emissora não chega para comprar um produto isolada-mente, vem, sim, em busca de uma continuidade: “O relacionamento vai além da simples compra e venda”. A novela “Pá­ginas da Vida” foi lançada no MipTV e, de acordo com os dire-tores da á­rea internacional da Globo, foi muito bem recebida. Os depoimen-tos reais no final da trama de Manoel Carlos estão incluídos no pacote. Em Portugal, a rede SiC, parceira da Globo, optou por produzir depoimentos localmente.

Ainda, a Globo ofereceu ao mer-cado as séries especiais “Cidade dos Homens” (já­ vendida até aqui para 60 países), “Carandiru — a Série” (em início de comercialização) e também

Flávio Garcia da rocha, diretor de conteúdo internacional da Globo: emissora recupera seus produtos para o mercado externo; no detalhe, lançamentos da Globo no Miptv.

seqüência da animação “sea Princess”, da brasileira Flamma, co-produção internacional do Brasil à venda no mercado.

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(mercado internacional)

A Endemol internacional está­ à venda — a Telefónica espanhola já­ manifestou sua intenção de

se desfazer da parte majoritá­ria que detém da empresa, e candidatos a compradores não faltam, a começar pelo próprio Jon de Mol, o criador da Endemol e “pai” do formato “Big Brother”. No entanto, a Globo já­ tratou de renovar seu contrato para perman-ecer sócia na joint-venture brasileira, a Endemol Globo. O contrato vale por mais cinco anos. A sociedade entre as empresas garante à emissora brasileira prioridade de escolha nos formatos da Endemol.

Segundo a diretora geral da Endemol Globo, Carla Affonso, que esteve no MipTV, há­ algumas inova-ções em relação ao contrato anterior. A Endemol Globo fornece formatos também para outras redes brasileiras — a negociação mais recente foi com o SBT, com o game show “Topa ou Não Topa”, apresentado por Silvio San-tos. Na temporada 2007, o programa do Faustão trará­ no segundo semestre um quadro com formato assinado pela joint-venture brasileira, o “Circo das Celebridades”.

A produtora é francesa, mas o dono, brasileiro. A Toile Production, de Antô­nio d’Avila, fechou com a francesa Calt international a compra do formato do programete “Câmera Café”. O programa está­ atualmente no horá­rio nobre da TV francesa e o acordo inicial foi de 700 episódios, que têm a duração de 3,5 minutos cada um. Na TV france-sa, são exibidos por dia dois episódios, num programa de sete minutos. Para a

ponto de encontro no dia-a-dia dos profissionais de uma empresa. Os per-sonagens, - que serão interpretados por artistas brasileiros — são os típicos des-tas repartições: a secretá­ria, o executivo, os diretores; todos comentando diante do cafezinho e de forma politicamente incorreta as situações do dia-a-dia. O programa já­ foi vendido pela Calt para 35 países.

Dona de formatos produzidos no Brasil, como “Ídolos” (do SBT) e “O Aprendiz” (da Record), entre outros, a Fremantle Media também vende pro-gramas prontos para emissoras abertas e fechadas do Brasil. Por meio de sua unidade de vendas para a América Latina, a Fremantle fechou vendas de alguns documentá­rios para a Record e também programação para a Ban-deirantes. A Record comprou docu-mentá­rios da série “Naked Science” e especiais sobre animais de Nigel Mar-ven, como “Penguins” e a curiosa “Ugly Animals”. Destacam-se ainda entre as compras da Record uma série sobre a extin- ção dos dinossauros e um

documentá­rio a respeito do ditador cubano Fidel Castro: “638 Maneiras de Matar Castro” (“638 Ways to kill Castro”). De acordo com Sheila Aguirre, vice-presi-denta de vendas da Fremantle para a América Latina e

mercado hispânico dos EUA, trata-se de um mercado que vem se ampliando a cada ano. A empresa também é uma das grandes fornece-doras de programação para os canais pan-region-ais da TV por assinatura

(como o People+Arts, por exemplo) e nacionais — o GNT já­ renovou as tem-poradas dos programas de receitas de Jamie Oliver. A Bandeirantes comprou duas séries do personagem Mr. Bean: uma com o ator Rowan Atkinson e uma de animação com o personagem.

(colaBorou anDré MErMElstEin)

versão que a produtora quer colocar no SBT, serão reunidos vá­rios episódios num único programa, para duração de 26 minutos. De acordo com a Calt e a Toile, o SBT começa a exibir a atração em setembro deste ano, diariamente.

A comédia “Câmera Café” se passa diante da má­quina de café de um escritório,

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o produto. Reynaldo Marchezini, com ampla experiência no mercado de licenciamento e distribuição, diz que o licenciamento dos produtos derivados de “Sea Princess” será­ o próximo passo.

No MipTV, a Flamma - que não se define como uma produtora de ani-

mação - também prospectava parceiros para mais uma idéia original: a animação pré-escolar “Flying with Popo” — que tem como personagem principal uma pipa.

Outro brasileiro presente à feira era Eduardo Csasznik, da Amazon Mídia. O empresá­rio, radicado em Manaus, oferecia

as produções internacionais chegam ao mercado brasileiro, como um documentário sobre Fidel castro para a record, “câmera café” adaptado para o sBt e o novo Jamie oliver para o Gnt.

Na onda dos hits internacionaisFO

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(evento)

Novas mídias, velhas receitasGigantes da mídia tradicional tentam entender seus papéis no mundo digital durante a NCTA Cable 2007, maior evento de TV a cabo dos EUA. Apostam no vídeo sob demanda como contraposição ao YouTube e dizem que publicidade continuará­ pagando a conta do conteúdo de qualidade.

Os grandes grupos de mídia dos EUA sempre tiveram uma relação muito próxima com a TV a cabo. A maior parte

deles, como Time Warner, Viacom, News Corp., Turner e Disney sempre tiveram presença forte nesse setor, seja como programadores, seja como operadores. E em uma época em que grandes grupos de mídia da era da internet, como Google e Yahoo, avançam sobre o território da mídia tradicional, sobretudo desenvolvendo novas formas de entrega de vídeo e buscando receitas publicitá­rias, seria natural que os grupos tradicionais se refugiassem justamente na TV paga. Foi o que se viu durante a NCTA Cable 2007, o maior evento da indústria de TV a cabo dos EUA, que aconteceu em Las Vegas no início do mês. Foi uma grande sessão de aná­lise coletiva das grandes empresas de comunicação do mundo, todas tentando ver o seu papel no mundo digital.

Jeffrey Bewkes, presidente da Time Warner inc., um dos maiores grupos de mídia do mundo, fechou o evento dando a mensagem que sintetiza o que aconteceu. “O que veremos nos próximos anos é mais conteúdo entregue sob demanda e financiado por publicidade nas redes disponíveis”.

A “onda” tec-nológica do momento nos EUA é o vídeo sob demanda (VOD), visto como a resposta ad-equada a coisas como YouTube, MySpace, Apple TV, Joost, Vudu e outros “novatos”

antes de serviços digitais já­ tem DVR (gravador digital).

Mas os grupos de comunicação tradicionais também apostam que são eles quem darão “profissionalimo” ao conteúdo disponível na internet e em meios digitais.

“Ainda é muito pouco em termos de receita para nós, comparado com o que as outras indústrias proporcio-nam, mas é óbvio que é algo de muito potencial”, disse Richard Parsons, CEO da Time Warner inc, referindo-se à dis-tribuição de conteúdos pela internet.

“As oportunidades desse novo mundo são muitas, mas os riscos também. Pirataria e preservação dos modelos de negócio viá­veis são os principais problemas”, disse Peter Chernin, CEO da News Corp.

Parsons, da Time Warner, comen-tou a entrada de grandes grupos de comunicação no mercado de novas mídias. “A gente demora um pouco para aprender a coordenar os movi-mentos nesse novo ambiente. É como uma criança aprendendo a andar. Mas depois que isso acontece, temos potencial de levar as inovações a um outro patamar”. Também falando

Samuel Possebon, de Las Vegass a m u c a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

que chegaram ao mercado de vídeo revolucionando a forma de ver televisão. Aposta-se que a publicidade pagará­ os conteúdos sob demanda, e que a entrega de conteúdos on-demand pelas redes de cabo é uma boa resposta ao conteúdo entregue pela internet. “Convenhamos, YouTube nada mais é do que vídeo sob demanda, e isso as operadoras de cabo fazem, mas com conteúdo de melhor qualidade. E assim como o Google, as op-eradoras de cabo sabem quem é que está­ assistindo o conteúdo, onde e quando. Então, podem tirar igual proveito do potencial publicitá­rio da internet”, disse Bewkes.

Nos EUA, ao final de 2006, havia 32 milhões de usuá­rios de cabo com serviços digitais, de um total de 65 milhões de usuá­rios de TV a cabo. Este semestre os EUA chegarão à marca de um serviço digital disponível, por redes de cabo, em 100% dos domicílios atendi-dos pelas redes (o que significa que todas as operadoras já­ têm serviços digitais). Em cerca de 85% dos lares servidos por TV a cabo, há­ serviço de vídeo sob demanda disponível e quase 25% dos assin-Peter chernin,

presidente da news corp.

Brian roberts, cEo da comcast, demon-strando o “wideband”.

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em defesa dos grandes grupos de comunicação, Chernin foi categórico: “As empresas de conteúdo e aplica-ções para novas mídias continuarão surgindo, mas continuará­ havendo consolidações e os grandes vão ficar ainda maiores”, ponderou o CEO da News Corp.

“No passado, os distribuidores tradicionais, como as operadoras de cabo, ficavam meio reticentes quando viam nossos conteúdos na internet, mas hoje todo mundo está­ acos-tumado e não acha ruim”, disse George Bodenheimer, co-chairman da Disney e presidente da ESPN.

Aliá­s, nos EUA o flerte dos tradi-cionais produtores de conteúdo com os novos meios tem despertado um certo mal estar com os “antigos” dis-tribuidores desse conteúdo, como as empresas de cabo.

Coleman Breland, vice-presiden-te de vendas e marketing da Turner, tentou definir a situação. “É o que eu chamo de síndrome da banda de rock. Nós programadores e os operadores de cabo começamos jun-tos, alcançamos o sucesso, e agora chegamos em um ponto da nossa convivência em que queremos ex-perimentar coisas novas, mas ainda assim continuaremos juntos”. Ele explica que não foram os programa-dores que criaram coisas como o YouTube ou a distribuição de con-teúdo pelo celular. “Mas já­ que essas coisas estão aí, vamos experimentar, assim como os operadores estão experimentando coisas que nem sempre nos agradam, como DVRs”.

Banda extra-largaEnquanto grupos de

comunicação tradicionais e operadoras de cabo discu-tem seu papel no mundo digital, o único fato con-creto é que a banda larga é que está­ determinando essa revolução na mídia, e sem dúvida o cabo tem, pelo menos nos EUA, um papel fundamental nesse

ele disse que ainda não há­ previsão, pelo menos por parte da Comcast, de levar a tecnologia para o usuá­rio. “É algo que requer investimento, então faremos no futuro, quando houver demanda”. Mas ele ressaltou que o salto de velocidade que se espera para a internet abrirá­ possibilidades para aplicações inimaginá­veis hoje. E isso amplificará­, ainda mais, os efeitos que a TV tradicional já­ vem sentindo com a chegada das mídias digitais.

“Há­ dez anos, não existia Google, YouTube, Yahoo!, a Amazon não tinha aberto em bolsa. O fato é que nós está­vamos aqui há­ dez anos e demos as ferramentas para que to-das estas empresas se desenvolves-sem”, disse Roberts.

cená­rio.Já­ se começa a falar, agora, na era do

“wideband”, ou seja, a segunda geração da banda larga. Brian Roberts, CEO da Comcast, que na NCTA de 1996 havia feito a demon-stração do potencial da primeira geração de cable modems, reviveu a experiência na apresentação de uma plataforma DOCSiS 3.0 (padrão de transmissão de dados para TV a cabo desenvolvido pela indústria dos EUA através do CableLabs). Se hoje, com o DOCSiS 2.0 as velocidades comercialmente disponíveis chegam ao má­ximo de 50 Mbps, com a terceira geração da tecnologia, o que se tem são patamares na casa dos 150 Mbps. Na demonstração realizada, um arquivo de 3 Gb foi transferido em pouco mais de três minutos. “O que acabamos de passar em três minutos e quarenta segun-dos é o volume de dados que um domicílio médio leva um mês para consumir”, disse Roberts. Em conferência com a imprensa,

Discussão soBrE coMPEtiÇão, taMBéM nos EuaSe no Brasil ainda se aguarda uma discussão regulatória sobre a chegada das teles ao mercado

de TV paga, nos EUA a briga se dá­ no mesmo tipo de arena, mas com uma posição surpreendente-mente explícita do agente regulador (no caso, a FCC). kevin Martin, chairman da agência reguladora

norte-americana, foi muito enfá­tico ao falar para uma palestra de milhares de operadores de cabo dos EUA, na abertura da Cable 2007. “A política que eu sigo é em favor da indús-tria de cabo, quando isso significa fomentar a entrada do cabo onde ela será­ competitiva, como é o caso da internet e do mercado de voz. Mas também é uma política ruim para o operador de cabo quando ele é o dominante e quando outras empresas querem entrar para competir no mercado de vídeo”. Dito assim foi uma boa forma de azedar ainda mais as relações entre a FCC e os operadores de cabo dos EUA, que estão trocando farpas ultimamente. Ainda que Martin tenha reconhecido o trabalho fundamental das empresas de cabo em investir para expandir o mercado de banda larga, ele não se furtou a tocar nos temas polêmicos. “Eu tenho TV digital, dois DVRs, três pontos de TV por assinatura, acesso banda larga e uma rede Wi-Fi na minha casa, tudo contratado de uma operadora de cabo”, disse Martin, para tentar diminuir a antipatia da platéia. “Mas eu quero que as operadoras de cabo não me obriguem a contratar um canal para eu ter outro, e quero que elas ofereçam aos seus assinantes os conteúdos gratuitos que as emissoras de TV aberta estiverem criando e oferecendo”, disse, entrando em duas polêmicas ao mesmo tempo:

a venda de conteúdos à la carte (canal a canal) e a compulsoriedade da distribuição dos conteúdos de multiprogramação das emissoras de TV aberta. São dois assuntos que a indústria do cabo evita discutir há­ pelo menos cinco anos.assinantes ao todo.

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DiGital avanÇa no BrasilSe as projeções dos dois principais operadores de TV paga terrestre no Brasil estiverem corretas

em relação ao volume de caixas digitais (set-tops) instaladas até o final do ano (um milhão para a Net Serviços e 300 mil para a TVA), é possível que haja, ao final de 2007, nada menos do que 2,8 milhões de set-tops digitais na TV por assinatura brasileira.

Vale lembrar que será­ no final do ano que as emissoras de TV aberta da cidade de São Paulo começarão as transmissões de seus sinais digitais e que os primeiros equipamentos serão vendidos no mercado. O DTH da Sky tem perto de 1,3 milhão de assinantes digitais. Net e TVA esperam ter, somadas, mais 1,3 milhão de caixas instaladas (o que inclui pontos extras). Existem ainda mais alguns operadores de MMDS com plataformas digitais, que somados devem chegar ao final do ano com um pouco menos de 100 mil assinantes; e a Telefô­nica e a Tecsat, cujos DTHs já­ somam hoje mais de 100 mil assinantes digitais. O mercado de TV paga deve fechar 2007 com 5 milhões de assinantes ao todo.

Kevin Martin, presidente da

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Edianez Parentee d i a n e z @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

A TV ajuda no combate ao isolamento e à solidão

das pessoas.DE José sErra, GovErnaDor DE s. Paulo,

EM Discurso Escrito.

Curiosidade de “O Sócio”Basta dar uma olhada rá­pida nos concorren-

tes para sócio de Roberto Justus em “O Aprendiz 4: o Sócio” para ver que a maior parte dos candidatos é de São Paulo. Embora a emissora tenha aberto a seleção em nível nacional, o estado domina em número de par-ticipantes. Dos 16 selecionados para o reality, 11 deles nasceram ou residem em São Paulo. Os demais concorrentes nasceram ou vivem no Paraná­, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Ou seja: não houve projetos adequados ao programa vindo de candidatos das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

PérolasFoi concorrida a inauguração da nova sede administrativa e

comercial da TV Globo em São Paulo, em 26 de abril último. O edifício Jornalista Roberto Marinho fica ao lado dos estúdios e do jornalismo da emissora, na região do Brooklyn. O irmãos Marinho estiveram na cerimô­nia, que reuniu a cúpula da emissora em São Paulo e Rio de Janeiro, além das estrelas do jornalismo. O discurso foi do presidente das Organizações Globo, Roberto irineu Marinho.

Publicitá­rios — entre eles, Roberto Justus, atual astro da Record e também presidente de agência — prestigiaram a cerimô­nia. Mas os políticos, como é de praxe, soltaram algumas pérolas no evento:

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Copa América dá­ giro de 180°

Mal acabaram os campeona-tos regionais e os motores se ligam para o Brasileirão. Mas além da Copa do Brasil e Libertadores, ambas em andamento, haverá­ em junho outro evento importante. Trata-se da Copa América, evento da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) com as seleções da região que será­ disputada em junho e julho na Venezu-ela. Será­ a prova de fogo para o selecionado do técnico Dunga. O interesse mundial é grande: o torneio já­ foi vendido pela Traffic, que tem os di-reitos internacionais para fora das Américas e para o Brasil, para 180 países; o faturamento destas negociações corresponde a 50% mais em relação à última Copa América, de 2004 — foi quando o atacante Adriano brilhou na seleção brasileira. No Brasil, Globo e Band terão a Copa América. Para a TV por assinatura, ainda havia negociações em curso até o fechamento desta edição.

São Paulo sempre teve um pouco de ciúmes de a Globo ter

nascido no Rio de Janeiro!DE GilBErto KassaB, PrEFEito DE s. Paulo,

EM Discurso DE iMProviso.

José serra, roberto irineu Marinho e Gilberto Kassab inauguram prédio da Globo.

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? você saBia QuE:

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n o cineasta John Waters apresenta a série de 13 episódios “love You to Death”? o programa, distribuído internacionalmente pela Fremantle Media, dramatiza histórias reais de casamentos que acabaram em assassinatos.

o o canal The History Channel já­ apresenta ao mercado internacional uma versão toda produzida em alta definição, o History Channel HD? A DirecTV dos Estados Unidos será­ a primeira a colocar no line-up, em setembro. Em seguida, será­ a vez do A&E HD, que também entrará­ na DirecTV dos EUA.

no reality show “the Janice Dickinson Modeling”, sucesso do canal norte-americano voltado ao público feminino oxygen, vem para o Brasil? a série apresentada pela empresária de modelos foi parar na Globosat — e a atração é a cara do canal Gnt.

oDocumentá­rios do canal National Geographic e séries como “CSi” estarão no Joost? O site terá­ também um guia eletrô­nico de programação.

n a embaixada da suécia é a primeira representação diplomática presente no second life? aliás, o criador do second life tem ele mesmo seu alter-ego no mundo virtual. Pode procurar: Philip linden.

Mais local aindaEmbora ainda não con-

firme oficialmente, a HBO fará­, sim, as segundas edições das megaproduções exibidas no Brasil em 2005 e em 2006. Tratam-se das continuações de minisséries nacionais: “Mandrake 2” e “Filhos do Carnaval 2”. Ambas virão após a nova produção, dirigida por karim Aïnouz e a cargo da Gullane Filmes, que será­ ambientada em São Paulo.

DOCUMENTALO SBT anda investindo

alto no projeto de Ana Paula Padrão para seu programa na emissora. Depois que a âncora deixou o telejornalismo diá­rio para atuar numa atração semanal voltada a especiais, a emissora tem ajudado a compor os seus episódios. Por exemplo, o SBT busca e com-pra no mercado internacional documentá­rios de qualidade para o programa.

É o número de episó-dios do novo programa de viagens do Multishow, o “Vai Pra Onde?”. Apresen-tado por Bruno de Luca, o “reality trip” percorre localidades do Brasil e América Latina no melhor estilo “mochileiro”, ou seja, viajando bem e barato.

celebridade Robert Ray, cirurgião

plá­stico nascido no Brasil e naturalizado norte-ameri-cano e protagonista do programa “Dr. 90210”, do canal E!, teve tratamento de astro na sua passagem pelo Brasil, no início de maio. Ele trouxe para as gravações de cirurgias reparadoras com pessoas carentes sua equipe ameri-cana de TV, com suporte local da paulistana SP Tele-film. O cirurgião operou na cidade de São Sebastião, em programas que estarão na quinta temporada do programa, que estréia em setembro nos EUA. No Brasil, em junho, chega a quarta temporada.

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robert ray

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Levantamento do ibope Telereport sobre a audiência dos canais de TV por assinatura no mês de março mostra uma disputa acirrada

entre os canais Warner, Universal, SporTV, AXN e GloboNews no alcance médio diá­rio ao longo do mês entre o público acima de 18 em todas as praças onde há­ medição de audiência na TV paga (Grande S. Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Distrito Federal = 4,9 milhões de indivíduos).

A liderança do mês foi do Multishow (17% de alcance) — com o auge do programa “Big Brother Brasil 7”, que o canal exibiu ao vivo após a exibição na TV aberta e também em flashes ao longo da programação. Em segundo lugar, vem o canal de filmes TNT (com 15% de alcance), historicamente o líder em alcance nesta faixa de público entre todos os canais no alcance médio do mês. A partir do canal terceiro colocado no

(audiência - TV paga)

*universo 4.921.400 indivíduos *universo 1.044.600 mil indivíduos

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Acima de 18 anos* (Das 6h às 5h59)

De 4 a 17 anos* (Das 6h às 5h59)

alcance (%) indivíduos (mil) tempo Médiototal canais Paytv 59,0 616 2:18:45cartoon network 25,6 267 1:00:00nickelodeon 17,5 183 0:42:11Multishow 16,4 172 0:26:33Discovery Kids 14,7 153 0:55:59Disney channel 12,4 129 1:04:40tnt 11,3 118 0:23:32Jetix 9,3 97 0:44:12sportv 8,4 87 0:25:52telecine Pipoca 7,4 77 0:29:19Fox 7,0 73 0:25:28Warner channel 6,7 70 0:15:47telecine Premium 6,3 66 0:20:48Discovery 6,2 64 0:21:07Boomerang 5,8 60 0:27:53axn 5,5 57 0:16:57HBo 5,5 57 0:29:44universal channel 5,0 53 0:18:08sony 4,6 48 0:15:58Globo news 4,6 48 0:13:11telecine action 4,5 47 0:16:27

AlcAnce e Tempo méDio Diário

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Disputa pelo terceiro lugar é acirrada

ranking, a disputa é acirrada, com o Warner Channel (com 10,6%) levando vantagem milimétrica sobre o Universal Channel (10,5%), que por sua vez tem encostado em si o SporTV (10,4%), que está­ colado no AXN (10,3%), que, por sua vez, é seguido muito

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de perto pela GloboNews (10,2%). “Mais do que mostrar equilíbrio

entre os canais, este comportamento mostra a diversidade da TV por assinatura brasileira, vista por este comportamento de três gêneros diferentes emparelhados”, avalia Ubiratan Macedo, gerente de pesquisas e informações dos canais da Sony Pictures Television no Brasil. Ele destaca que a programação de uma forma geral não é “autofá­gica”, havendo distribuição pelos diversos segmentos, o que reforça a própria vocação da TV por assinatura, que é oferecer opções.

Já­ na faixa de público que vai de 4 a 17 anos, nas mesmas praças citadas acima (Universo = 1 milhão de indivíduos), os canais Cartoon Network, Nickelodeon e Multishow foram os que apresentaram o melhor alcance diá­rio médio no mês.

(EDianEz ParEntE)

o seriado “smallville”, atra-ção do Warner channel.

alcance (%) indivíduos (mil) tempo Médiototal canais Paytv 53,7 2.645 2:16:38Multishow 17,1 841 0:21:26tnt 15,0 738 0:28:35Warner channel 10,6 521 0:27:26universal channel 10,5 518 0:30:43sportv 10,4 513 0:32:09axn 10,3 507 0:26:21Globo news 10,2 502 0:27:15Discovery 9,8 482 0:19:57Fox 9,7 477 0:19:44cartoon network 8,9 436 0:30:07sony 8,5 416 0:25:31telecine Premium 7,9 390 0:23:04national Geographic 7,9 390 0:17:17Gnt 7,6 372 0:18:27telecine Pipoca 7,5 368 0:25:30People & arts 7,0 346 0:16:30sportv 2 6,6 323 0:18:07nickelodeon 6,3 312 0:23:23Discovery Kids 6,0 294 0:49:33telecine action 5,9 290 0:22:45

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(nab 2007)

Momento de parceriasFeira da NAB marca pelo amadurecimento nas relações entre produtores de conteúdo e novas mídias.

Desde 2001 a tradicional feira dos broadcasters norte-americanos, a NAB, apresenta a distribuição em multiplataformas

como tendência. Em 2006, a tendência já­ era tratada como realidade, mas ainda como novidade, pelo presidente da NAB, David Rehr, que afirmou que o sinal dos radiodifusores “precisa ir para todos os lugares, para todos os espectadores e para todos os dispositivos”. Em 2007 o tema passou a ser encarado com maior naturalidade pelo setor, e o sinal dos radiodifusores já­ estava em todos os lugares, mostrando o início da maturidade no relacionamento entre antigas e novas mídias. A euforia passou, deixando o entusiasmo de alguns e o pavor de outros na história, e trazendo novas fontes de receita para ajudar a sustentar o conteúdo.

O fato de as novas tecnologias de distribuição estarem no cotidiano dos radiodifusores e de qualquer produtor de conteúdo não deixa de trazer acaloradas discussões sobre direitos autorais e sobre a divisão das receitas nas novas plataformas. Todavia, as disputas que envolvem o direito autoral, a remuneração e a exploração das janelas também já­

veiculada no YouTube, Schmidt afirmou que ela não perderia o direitos autorais, embora talvez perdesse o controle sobre a obra, admitiu. Todavia, o CEO do Google encorajou os produtores a colocarem seus conteúdos na internet e “testemunhar como o processo se desenrola”. Para ele, embora o conteúdo possa ser copiado, em última instância, construiria-se um público

significativamente maior, beneficiando o produtor em longo prazo.

Segundo David Eun, vice-presidente da empresa para parcerias de conteúdo, a visão que o Google tem do conteúdo em vídeo é diferente da dos radiodifusores. “Quando pensamos sobre vídeo, vemos uma cultura dirigido ao clipe”, afirmou. Além disso, segundo ele, a estratégia da empresa continua a mesma, “organizar a informação disponível no mundo e torná­-la acessível”. “Nós queremos pensar além das pá­ginas web, e ir atrá­s de outros tipos de

Fernando Lauterjungf e r n a n d o @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

fazem parte do cotidiano do mercado audiovisual, e, embora as disputas sejam constantes, ambos os lados aprenderam a trocar informações. Um dos painéis de maior destaque no evento dos radiodifusores norte-americanos foi o de Eric Schmidt, CEO do Google, que apresentou o que acredita ser o novo modelo de produção e distribuição de conteúdo: “o novo modelo terá­ de dar ao usuá­rio maior poder, esta é a verdade fundamental”. Como exemplo deste novo modelo, Schmidt citou, obviamente, o YouTube, empresa que foi adquirida pelo Google. O executivo aproveitou para acalmar o ânimo dos radiodifusores, que vêm com preocupação o avanço do Google na mídia eletrô­nica. “O Google produzirá­ espaços mais direcionados, que farão o negócio da publicidade crescer. Não estaremos roubando receita da televisão”. Ele enfatizou ainda que a gigante da internet busca uma política e parcerias, na qual a internet e a radiodifusão podem expandir sua base de anunciantes e, assim, aumentar receitas.

Questionado por uma produtora da platéia que tinha receio de perder os direitos autorais de sua obra caso ela fosse

Eric schmidt, do Google, quer trazer novos clientes à publicidade sem ter que bri-gar com outras mídias.

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informação”. Para ele, “outros tipos de informação” significa vídeo.

Blake krikorian, um dos fundadores e CEO da Sling Media, afirmou que quando o espectador quer acessar um conteúdo de sua escolha, não é papel da indústria tentar barrá­-lo. “A audiência com horá­rio marcado está­ morta”, afirmou categoricamente. A Sling Media é a fabricante do Slingbox, que permite que as pessoas assistam o conteúdo de sua televisão por assinatura à distância, em um computador. O equipamento é oferecido no Brasil pela TVA, como um serviço adicional para seus assinantes. krikorian afirmou que sua empresa, assim como os fabricantes de DVRs, que permitem gravar o conteúdo para assistir no momento desejá­vel, sofreram ameaças da indústria produtora de conteúdo, preocupada em perder receitas. “Temos de ter cuidado para não usar o direito autoral para defender modelos de negócios, mas proteger o conteúdo”, disse. Segundo ele, tecnologias como a oferecida por sua empresa podem beneficiar os broadcasters, ao transformar qualquer laptop em um aparelho de televisão. O executivo da Sling Media diz ainda que qualquer alternativa a permitir que os espectadores possam acessar o conteúdo em qualquer momento e lugar só fomentará­ a pirataria. “A alternativa é levar as pessoas a roubar o conteúdo e a compartilhar o conteúdo, e ninguém fará­ dinheiro com isso”.

tv digitalEsta foi a penúltima NAB antes

do switch-off (desligamento) do sinal analógico na televisão terrestre norte-americana, que está­ marcado para 17 de fevereiro de 2009. E, aparentemente, a data não será­ adiada. Atualmente, mais de 1,2 mil emissoras

nipo-brasileiro. Os integrantes de uma missão brasileira que foi ao Japão para manter as negociações em torno do padrão de TV digital voltaram para o Brasil com uma escala em Las Vegas, durante a feira. A grande novidade trazida do oriente é que Brasil e Japão irão harmonizar os padrões iSDB e iSDTV. isso significa que o padrão será­ o mesmo, embora com implementações diferentes nos dois países. Assim, MPEG-2 e MPEG-4, por exemplo, fazem parte do padrão, permitindo que cada país opte por implantar um dos dois. O mesmo já­ acontece nos outros padrões (o DVB tem diferentes implementações na inglaterra, Alemanha, Austrá­lia etc.). A expectativa é que isso facilite a internacionalização do padrão. “Vamos deixar de lado o iSDB e o iSDTV, adotando um padrão ‘nipo-brasileiro’, que pode vir a ser ‘nipo-brasileiro-argentino’, por exemplo”, explicou o presidente da SET e do Fórum iSDTV, Roberto Franco, que fez parte da missão brasileira ao Japão.

Franco deixou claro que a intenção é difundir o padrão, pelo menos na vizinhança. “Qualquer país da América do Sul que não adotar o padrão brasileiro estará­ fazendo burrice”. Segundo ele, os países que ainda não fecharam com um padrão internacional estão “esperando uma oferta”, e o Brasil, em conjunto com o Japão, tem condições de fazer uma boa oferta na região, incluindo transferência de tecnologia, intercâmbio para formação profissional e até a inclusão das necessidades locais de cada país no padrão.

Até mesmo a concorrência afirmou que existem possibilidades para o padrão nipo-brasileiro. Todavia, o Brasil precisa ser rá­pido para poder se destacar na disputa pela difusão de seu padrão na América do Sul, seja ele o iSDTV, seja ele o “nipo-brasileiro” ou ainda o iSDB puro. A afirmação foi de Peter

transmitem digitalmente nos EUA, mas apenas 28% das casas estão equipadas com receptores digitais. Já­ foram vendidos 35 milhões de monitores HDTV nos país, e a expectativa é que mais 16 milhões sejam vendidos este ano.

A notícia é boa para o Brasil, que, segundo o consultor e

ex-presidente da SMPTE Edward Hobson, que participou do SET e Trinta, evento da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão promovido durante a NAB, pode se beneficiar da escala atingida com a venda global de monitores. “Hoje, as telas 16x9 são predominantes nas lojas e os preços estão caindo. Os monitores LCD tiveram queda de preço de 50% em apenas um ano”. O engenheiro americano deu ainda outras dicas aos brasileiros para a transição, lembrando que a difusão da TV digital não cabe apenas aos radiodifusores. Para Hobson, os pontos de venda precisam aprender a vender os novos televisores. Segundo ele, uma grande rede de eletroeletrô­nicos dos Estados Unidos costuma veicular filmes a partir de VHS nos monitores que estão na vitrine. “Quem compraria uma TV com aquela qualidade?”, questiona.

Os radiodifusores brasileiros participaram com uma comitiva de peso no evento. Cerca de 1,2 mil brasileiros foram à feira este ano, segundo a SET. A delegação brasileira foi a maior internacional presente na feira. As emissoras, principalmente as de São Paulo, que serão as primeiras a transmitir o sinal digital, estavam se preparando para a novidade. As emissoras que ainda não haviam comprado estavam buscando as opções de transmissores digitais.

Desta vez, os brasileiros se destacaram no evento também por oferecer uma nova tecnologia: o padrão

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“a audiência com horário marcado está morta”, diz Blake Krikorian, da sling Media.

“vamos deixar de lado o isDB e o isDtv, adotando um padrão

‘nipo-brasileiro’”, diz roberto Franco, da sEt.

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(nab 2007)

MacAvock, diretor executivo do DVB Project. O executivo do padrão europeu de TV digital disse que a Argentina e o Chile estão muito propensos a aceitar o DVB, e não vai ser fá­cil mudar esta tendência. O que o Brasil tem na manga, segundo MacAvock, é que “o DVB é tão flexível que preocupa os broadcasters”. Para ele, esta característica fez com que o padrão fosse recusado pelos radiodifusores brasileiros e pode causar a mesma reação nos países vizinhos.

Roberto Franco concorda que não há­ muito tempo, visto que Chile e Argentina aceitaram apenas adiar a decisão para ouvir a proposta brasileira.

MobilidadeA mobilidade na transmissão

terrestre, tão defendida pelos radiodifusores brasileiros desde o início dos testes dos padrões internacionais no país, tornou-se uma demanda dos radiodifusores em todo o mundo, inclusive nos países que já­ entraram na digitalização do sinal. Nos Estados Unidos os radiodifusores estão recebendo ofertas de soluções que prometem fazer a transmissão para dispositivos móveis no sinal de TV terrestre. São duas tecnologias que competem para entrar no padrão ATSC, uma oferecida pela Harris e LG, e outra pela Samsung e Rohde & Schwarz. Ambas procuram resolver o ponto fraco no modelo americano de TV digital.

O DVB também deve contar com soluções de transmissão aberta para dispositivos móveis. Segundo o diretor do DVB Project, Peter MacAvock, os lugares nos quais a recepção móvel e portá­til fez mais sucesso são Coréia e Taiwan, que adotaram uma transmissão gratuita, “free-to-air”. Todavia, segundo ele, outros países que adotaram o free-to-air estão encontrando dificuldades em convencer o público a comprar telefones móveis significativamente mais caros, ou as operadoras de telecom a subsidiar os aparelhos com

jornalismo. Pelo menos duas das maiores emissoras visitaram os estandes da NAB, em Las Vegas, a procura de soluções para produção de jornalismo em HD. O investimento deve ser feito para uso, em um primeiro momento, principalmente na captação dos jogos de futebol.

Entre as grandes novidades anunciadas estava a entrada da Apple na indústria de soluções para a radiodifusão. Com seu editor Final Cut Pro já­ bem difundido no meio, a empresa de Steve Jobs lançou agora o Final Cut Server. Trata-se de uma aplicação para servidores que trabalha de forma integrada ao Final Cut Pro. A nova solução, para gerenciamento do conteúdo e workflow automatizado para pós-produção e radiodifusão, coloca a Apple como uma concorrente de empresas como a Avid.

Também chamou a atenção o início do uso de gravação em memória em estado sólido pela Sony. Como era de se esperar, a fabricante anunciou que adotará­ a gravação em memória em estado sólido em seus equipamentos, usando cartões ExpressCard, com especificação SxS.

A ikegami Tsushinki Co. e a Toshiba Corp. anunciaram no evento o desenvolvimento de novos produtos. Em um primeiro momento, serão lançados quatro produtos a partir da parceria entre as duas fabricantes do broadcast: GFPAk, uma mídia de armazenamento baseada em memória em estado sólido; uma nova camcorder baseada nesta mídia; e dois modelos de gravadores de vídeo.

recepção gratuita.O DVB trabalha na

especificação do DVB-T2, uma evolução do padrão terrestre atual que deverá­ oferecer multiprogramação em alta definição e transmissão para dispositivos portá­teis e móveis.

Eric Schmidt, do Google, diz que os dispositivos móveis serão o DVD da nova geração. “Em cinco anos, nós teremos dez vezes mais capacidade nos telefones móveis”, afirmou, lembrando que “descobrir como colocar seu conteúdo em dispositivos móveis é o próximo grande desafio”.

infra-estruturaNo que se refere à tecnologia, tema

central do evento, a alta definição também deixou de ser uma questão. Atualmente, praticamente todos os fabricantes ou desenvolvedores trabalham com soluções multiformato. Quando não são capazes de trabalhar com qualquer resolução, permitem um upgrade para o HD muito simples, muitas vezes por software, ou então com a adição de uma placa ao equipamento.

Justamente por isso, a alta definição não era o tema central entre os fabricantes e desenvolvedores, que tentavam se destacar no gerenciamento de conteúdo e em workflow para produção. Entre os fabricantes, a expectativa para o mercado nacional era com a venda de soluções de

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(política)

TVs públicas apontam demandas ao governoCom a conclusão do i Fórum Nacional das TVs Públicas, setor pede financiamento e modelo de gestão que garantam independência, além de produção regional e independente.

O i Fórum Nacional das TVs Públicas, realizado pelo Ministério da Cul-tura e a Casa Civil da Presidência da Repúbli-

ca, chegou ao final com uma série de demandas ao governo e a promessa do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins de que as discussões da série de even-tos serão levadas em consideração na construção da TV pública nacional (leia entrevista exclusiva à pá­gina 44). O evento, que aconteceu entre os dias 8 e 11 de maio, em Brasília, reuniu representantes do governo, das TVs educativas, universitá­rias, comunitá­rias e legislativas, além de produtores independentes. Trata-se de uma grande vitória de quem nunca conseguiu de forma adequada produzir em conjunto uma discussão tão longa e transparente sobre o tema “comunicação”. Ao final, a Carta de Brasília, entregue ao presidente Lula abordou diversos problemas que afe-tam o setor, apontando caminhos.

Um dos pontos da carta, como não poderia deixar de ser, é a afirma-ção de que as TVs públicas precisam ser independentes, democrá­ti-cas e apartidá­rias. E, para isso, é fundamental encontrar formas de financiamento que permitam esta independência. Além disso, o modelo de gestão deve tirar do Palá­cio do Planalto (“de qualquer palá­cio”, como ponderou Franklin Martins) o centro das decisões sobre a televisão. isto se daria, segundo o ministro, por meio da criação de conselhos não muito grandes, para

O deputado Julio Semeghini (PSDB/SP), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e informá­tica da Câ-mara dos Deputa-dos, levantou uma alternativa bem mais polêmica para o financiamento: a criação de um fun-do que conte com fontes do próprio setor da radiodi-fusão, nos moldes do que acontece com as telecomuni-cações, que contam com um fundo (nunca utilizado) para a universaliza-ção dos serviços, o Fust. “Parte dos recursos deste fundo poderão, ou deverão, vir do próprio setor, através de contri-

buições cobradas pelas outorgas da radiodifusão comercial”, defendeu.

obstáculos regulatóriosPara a criação da TV Pública Na-

cional encomendada pelo presidente Lula, alguns pontos terão que ser alterados na regulamentação vigente, até para fundir a Radiobrá­s e a TVE, duas instituições federais atuando no campo público da televisão. A forma como isso se dará­ ainda não está­

que sejam “representativos e ao mesmo tempo operacionais”. No que se refere ao financiamento, a solução apontada não só pelo ministro mas por vá­rios partici-pantes do debate é a busca por múltiplas fontes de financiamento. Entre elas pode-riam estar a própria União, doações e pa-trocínio institucional, mas sem a venda de inserção publicitá­ria, o que desvirtuaria o cará­ter de TV pública, segundo Martins.

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o presidente lula e o ministro Gilberto Gil no encerramento do

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(política)

ainda não está­ definida, podendo ser por projeto de lei ou medida provisória. O presidente Lula propô­s discutir imediatamente com o con-selho de governo, do qual participam os presidentes dos partidos da base, a forma de encaminhamento.

Já­ o ministro Franklin Martins apontou sua preferência por uma MP, que, segundo ele, seria enviada ao Congresso dentro de no má­ximo 60 dias. Para o ministro, uma MP deve agilizar o processo e permitiria que emissora entrasse no ar em São Paulo, já­ digitalmente, no dia 2 de dezembro, ao mesmo tempo em que as redes comerciais.

Para a preparação da tal MP, ou projeto de lei, o governo deve terminar as discussões sobre os diversos pontos do modelo até o final deste mês.

rede nacionalUm ponto importante tocado pela

carta resultante das discussões é que a TV Pública Nacional deve contemplar pontos da Constituição como a progra-mação regional e a produção indepen-dente, além de ampliar e fortalecer de forma horizontal as redes já­ existentes.

Para isto, a idéia apontada por Franklin Martins é no sentido da construção de uma rede nacional, podendo usar as emissoras atuais. Ao mesmo tempo, o governo federal pretende encontrar formas de ajudar estas emissoras a fazer o processo de transição digital. Para que isso acon-teça, as emissoras estaduais deverão adotar o mesmo modelo de gestão da TV nacional. Se isso não acontecer, evidentemente que o governo terá­ um canal retransmissor da Rede Nacional nas principais cidades daquele Estado. Aparentemente, o maior desafio neste sentido é na negociação com as emissoras existentes. “Vai exigir muita dedicação na busca de valorizar as grandes convergências e minimizar as pequenas divergências”.

A atual relação das emissoras do campo público com a produção inde-pendente acabaram gerando algumas provocações. Fernando Dias, presiden-te da ABPi-TV, associação que reúne

outros canais públicos”, explicou André Barbosa, assessor especial da Casa Civil. Assim, poderiam carregar o sinal de canais comunitá­rios e universitá­rios.

Assim, atender-se-á­ uma demanda do documento das TVs públicas: que os canais públicos criados pela Lei do Cabo possam ser contemplados no processo de migração digital passando a operar em rede aberta terrestre. Para o governo federal ocupar, sem incluir os canais existentes, os quatro canais a que tem direito de acordo com o de-creto de implementação da TV digital, deve levar até quatro anos. A idéia é constituir um primeiro canal, que será­ um canal geral, não-especializado, que terá­ jornalismo, educação, cultura, cidadania, programação infantil, filmes etc. No segundo momento, será­ plane-jado o canal da educação. “Mas isso será­ feito aos poucos. Pode levar dois, três ou quadro anos. E só depois disso é que serão constituídos os demais canais. Não temos bala na agulha para produzir quatro canais imediatamente”, avisa Franklin Martins.

continuidadeEmbora não tenha “resolvido” to-

dos os temas referentes à comunicação social no País, o evento teve o mérito de reunir entidades, setores e governo em torno de metas comuns, gerando um debate único na história nacional. No encerramento do evento, após a leitura da Carta de Brasília por Jorge Cunha Lima, presidente da Abepec, o presidente Lula brincou: “Jorginho, você não deveria ter vergonha de dizer que pela primeira vez nesse país que se produziu um documento dessa magnitude”.

Também no encerramento, o minis-tro Gilberto Gil (Cultura) sugeriu que as entidades que participaram do Fórum proponham ao Ministério da Cultura a sua continuidade para dar prossegui-mento à discussão.

carlos EDuarDo zanatta E FErnanDo lautErJunG, DE Brasília

produtores independentes de televisão, afirmou que a TV pública chegou tardiamen-te e copiando em parte o modelo das TVs comerciais, adotando a verticalização do modelo de negócios. “A TV pública é nossa maior parceira e maior concorrente”, pro-vocou o presidente da ABPi-TV, destacando não apenas a verticalização da produção, mas também a concorrência entre TVs educativas e produtoras independentes na busca por investimentos.

Mais de uma vez, Franklin Martins res-saltou a importância da produção inde-pendente na grade da TV Pública. Segundo ele, a nova emissora deve ter de quatro a cinco horas para a veiculação de produção independente na rede nacional. Além disso, Martins diz que deve ser criado um fundo

para financiar a produção independente. Todavia, não explicou se será­ um fundo específico para as produções para a nova TV, ou o próprio Fundo Setorial do Audiovisual, atualmente em gestação.

MultiprogramaçãoO documento final do i Fórum

Nacional de TVs Públicas abordou ainda a importância da multiprogramação como modelo estratégico para que as TVs públicas realizem sua missão. Os debates no evento apontaram para a adoção de um operador de rede para transmitir os canais públicos digitais. Além disso, a alternância entre mul-tiprogramação e alta definição também é defendida.

Se o operador será­ público ou privado, é algo a ser discutido. Caso a medida real-mente seja adotada, o número de trans-missões feitas por um operador de rede não serão pequenas, já­ que, segundo o superintendente de comunicação de massa da Anatel, Ara Apkar Minassian, as educa-tivas representam um terço das geradoras existentes no país. Os quatro canais públicos criados no decreto 5.820/06, que implanta o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre, “são da União e podem abrigar

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a tv PúBlica nacional DEvE tEr DE Quatro a

cinco Horas DiÁrias DE ProDuÇão inDEPEnDEntE.

rEDE contarÁ coM tvs PúBlicas DE toDo o País.

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(entrevista)

De comentarista a comentadoO novo ministro da Comunicação Social do governo federal fala (e dá­ o que falar) sobre a TV pública e a relação do governo com a mídia.

A chegada do jornalista Franklin Martins ao gov-erno federal, na posição de ministro da Comunica-ção Social, trouxe à tona

debates importantes sobre a relação do governo com a mídia e as agências de publicidade.

Ajudou também a aquecer o de-bate sobre a criação da rede pública de TV, que já­ vinha sendo trabal-hada pelo Ministério da Cultura, e anunciada pelo ministro Hélio Costa (Comunicações), sem que se tivesse ainda muita idéia de como será­ esta televisão.

Nesta entrevista exclusiva, conce-dida em Brasília, Martins, que deixou de molho uma carreira bem-sucedida como comentarista político, explica com clareza e uma segurança sur-preendente para alguém há­ tão pou-co tempo no cargo, alguns aspectos importantes desta nova proposta de televisão pública, sem medo de expor as questões ainda não definidas. E de-ixa claro que o governo pretende ser transparente na relação com a midia, seja através de seus investimentos em publicidade, seja em sua estratégia de comunicação.

tela viva — como a secom atua na área de comunicações, liberando recursos e produzindo conteúdo, o senhor avalia que exista alguma dis-torção ou concentração no mercado de comunicações que precise ser cor-rigida com a intervenção do Estado?

FM — A pergunta dá­ a impressão que caberia ao estado determinar o tamanho que cada grupo deve ter. Eu acho que é preciso ter certas molduras gerais, mas quem define o tamanho de cada grupo na sociedade é a socie-dade, não é o Estado.

as classes de A a E durante muito tempo. Há­ uma tendência para a existência de emissoras focadas nas á­reas A e B e outras nas á­reas D e E.

sem mencionar as novas tecnolo-gias...

Novas tecnologias que promovem necessariamente um aumento da competição. Já­ em relação à mídia impressa, o cená­rio é um pouco diferente, pois passou por um pro-cesso de concentração nos últimos 30 a 40 anos. Quando eu era garoto no Rio de Janeiro, existiam seguramente uns 20 jornais diá­rios. Hoje há­ apenas quatro ou cinco. isso significa que a indústria de informação se tornou tão pesada, com custos tão elevados que uma tiragem de 30 a 40 mil exem-plares não é suficiente para manter um órgão. Então, jornais como Última Hora, Diá­rio de Notícias, Diá­rio Carioca, Diá­rio da Noite, Correio da Manhã, Luta Democrá­tica, A Notícia... tudo isso foi desaparecendo porque não se mantém mais. Então nas grandes cidades ficaram apenas os jornalões e o surgimento de uma imprensa de cará­ter popular, que é um fenô­meno recente, que a meu ver está­ muito ligado ao crescimento da classe C, mas de um modo geral pertencente aos mesmos grupos que tem o jornalão dirigido para a classe A/B. Sem dúvida, existe um processo de concen-tração na mídia impressa. A circulação dos grandes jornais no Brasil caiu ou está­ estagnada. Em com-pensação em todas as grandes capitais surgiram um ou dois jornais populares a preço de centavos. Há­ um processo de concentração e re-acomodação.

no primeiro mandado do presidente lula, o ministro Gushiken

Samuel Possebon e Carlos Eduardo Zanatta, de Brasílias a m u c a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r | z a n a t t a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

o senhor considera o mercado de comunicações concentrado?

É evidente que ele tem uma concent-ração, mas nos últimos anos, esta concen-tração está­ aumentando ou diminuindo? Eu acho que está­ se desconcentrando. Observando, por exemplo, o mercado de televisão aberta. Eu acho que há­ 20 anos era um mercado mais concentrado. Hoje há­ uma disputa maior, com novos atores. E isso de forma alguma é fruto de uma ação de governo. É resultado de uma tendência à pluralidade da sociedade brasileira que está­ se tornando mais heterogênea, mais diversificada, e por isso é muito difícil ter uma programação de televisão que atinja

Franklin Martins

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reorganizou as verbas publicitárias de maneira a distribui-las de acordo com a audiência do veículo. é a mídia técnica. com a entrada de uma rede pública, que não disputa mercado, mas disputa audiência, a mídia técnica vai continuar?

Sob o ponto de vista da mídia (publicidade) do governo, o critério para alocação de mídia é técnico. isso significa que a grosso modo, cada jornal ou grande rede tem uma participação compatível com a sua participação na audiência, evitando um processo natural de concentração que o mercado impõe, o famoso BV, que acaba sendo um instrumento para fazer com as agências concentrem a publicidade nos principais órgãos e produzindo distorções que levam a um deter-minado órgão ter uma participação

na verba publicitá­ria em geral acima de sua audiência real. Ao mesmo tempo, o governo procura estimular a competição.

Há uma preocupação de fortalecer grupos independentes ou alternati-vos?

Não cabe ao governo estar plantando, regando ou colhendo órgãos e ao mesmo tempo criando problemas para outros órgãos. O que o governo precisa fazer com sua publicidade é se comunicar. Tem que utilizar isso sob critérios técnicos. Ao mesmo tempo há­ uma definição do governo de procurar regionalizar sua publicidade, o que faz com que a publicidade do governo chegue em órgãos que nunca viram aquilo. isso se dá­ porque a comunicação regional provou que para determinado tipo de campanha tem um efeito muito mais forte. Por exemplo, uma cam-panha para convocar a população

como é que a sociedade vai acom-panhar este processo de forma a que tudo seja transparente?

Na parte de cultura, exceto em coi-sas muito pequenas, é tudo por edital. Tem uma comissão que julga. É claro que sempre pode aparecer alguém que contesta: “acho que houve...(algum problema)” mas faz parte do processo de licitação.

a discussão é que como são as diretorias de marketing das empresas que decidem sobre as verbas, vão investir no que acham que vai dar melhor resultado para a empresa, e esse ponto de vista não combina com os interessados que não foram contemplados...

Na á­rea de cinema essa crítica não procede. Dizer que o filme escolhido foi o que dará­ melhor resultado para a empresa... não. Tem certas coisas gerais e certos critérios.

um outro elemento que gostaría-mos de comentar é a introdução da rede pública como mais uma variável no mercado de comunicação para corrigir ou não alguma distorção. se o governo está querendo isso, é porque vê alguma coisa que precisa ser corrigida. imagina-se que esteja relacionado à questão do conteúdo...

A avaliação que se tem é a seguinte: é necessá­ria uma rede pública de televisão forte no Brasil. Está­ previsto na Constituição. Ex-istem uma série de tevês públicas, mas não chegaram a formar uma rede que consolide uma programa-ção, um público, que atraia, que exista nacionalmente, e que em função disso seja de fato um instru-mento de qualificação da televisão no Brasil. É um arquipélago. São ilhotas separadas, muitas vezes tocadas com a maior abnegação por algumas pessoas, em empresas geralmente sucateadas, com rarís-simas exceções, mas que formaram

para controlar o processo de execução do PAC. Trata-se de uma questão nitidamente regional.

a coordenação destas campanhas segue centralizada?

Depende. A maioria dos ministérios tem verbas de publicidade. Saúde e Edu-cação, por exemplo, têm grandes verbas, os demais tem pequenas verbas. A Secom, em princípio, fará­ uma supervisão, poderá­ discutir as campanhas. Mas a iniciativa de-verá­ ser dos próprios ministérios. A Secom funciona como um certo guarda-chuva, mas não é ela que toca o processo.

E as estatais?Pois é, 90% das chamadas verbas de

publicidade do governo são das estatais. Não são do governo. São empresas que disputam o mercado. O Ouro Card do Banco do Brasil tem que disputar com os

demais cartões. A Secom não fica dizendo o que é que eles têm que fazer. É apenas uma supervisão para que sejam mantidos os princípios bá­sicos. Trata-se de uma disputa de mercado.

incluindo os patrocínios institucionais?incluindo tudo, o patrocínio do vô­lei,

do basquete etc. Filmes, por exemplo é sempre por edital. Não há­ o que mudar. Só se você encontrar alguma coisa que não se justifique, mas tem que ser razoá­vel. Há­ pouco tempo, a Petrobrá­s, por meio da Liguigá­s, que está­ entrando no mercado do Rio de Janeiro, trouxe a proposta de patrocínio do Botafogo. Tudo bem. Foi aprovado porque tinha um valor compatív-el com o tamanho da torcida do Botafogo, comparado com a do Flamengo... Como flamenguista doente, jamais na minha vida imaginei aprovar alguma coisa que aju-dasse o Botafogo, de modo que isso é uma prova do nosso espírito republicano... Com um enorme peso no coração, eu fechei os olhos e deixei pra lá­...

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“não caBE ao GovErno Estar PlantanDo, rEGanDo ou colHEnDo órGãos E ao

MEsMo tEMPo crianDo ProBlEMas Para outros órGãos.”

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(entrevista)

muitas vezes tocadas com a maior abnegação por algumas pes-soas, em empresas geralmente su-cateadas, com raríssimas exceções, mas que formaram uma cultura de TV pública no Brasil, o que é uma coisa importante. O Fórum Nacional de TV Pública é um exemplo disso, pois a á­rea tem o que dizer, está­ dizendo e tem como contribuir. A decisão do governo federal de constituir essa rede tem a ver com o momento. Se não con-struir agora, na passagem para a TV digital, não constrói mais. E aí nós teremos o modelo onde não existirá­ a TV pública. A idéia é partir do que já­ existe, com o menor gasto pos-sível, constituir a TV pública a partir de um núcleo formado pelas tevês e instituições ligadas ao governo central, mas que vai tentar construir uma rede agregando as tevês edu-cativas, culturais, universitá­rias que existem no Brasil. Agregando em torno da construção da programa-ção comum, e ao mesmo tempo agregando através de um processo de requalificação e reequipamento dessas emissoras.

como isso funcionaria?Chegaríamos a uma emissora de

um determinado Estado e faríamos uma parceria com ela de modo que a empresa tivesse acesso a recursos que permitiriam que ela se reequi-passe, já­ entrando na fase digital. Mas como contrapartida ela teria que migrar para o sistema público, porque muitas dessas emissoras não têm controle público. Quem manda é o governador, o palá­cio, o reitor, etc. A idéia é ir construindo isso, agregando o que já­ existe em um processo que certamente será­ muito complexo porque estas emissoras são muito variadas. Uma coisa é a TV Cultura de São Paulo, que tem uma tradição de TV pública consolidada. Com problemas e com críticas, mas consolidada. Outra coisa é a TV de um Estado que tem um orçamen-to de R$ 130 mil.

ismo local, como é de um modo geral na rede. Serão programas que podem ser feitos de forma conjunta com mais flexibilidade. Quando se marcha para uma grade única com espaços ou janelas determinados para a produção local, espaços para produção inde-pendente ou produções conjuntas entre as diversas emissoras, é preciso ter uma espinha dorsal. Ou então não será­ televisão.

se o governo está tentando resolver esse problema da produção independente, da produção regional, alternativa, pode-se supor que ao en-comendar este projeto, o diagnóstico do presidente lula tenha sido...

Há­ muitas coisas que deveriam ex-istir na TV e que não há­. Por exemplo: há­ pouquíssimos programas de músi-ca na nossa televisão. E a música é uma manifestação fortíssima de nossa cultura. São poucos os programas que mostram choro, modinhas, música do Nordeste, música sertaneja. Devíamos ter isso. São poucas as exibições de filmes brasileiros. Quando aparece, é uma raridade. Faltam documentá­rios sobre o Brasil. Há­ algumas reporta-gens, mas é muito pouco. E mais que isso. O debate dos grandes temas nacio-

vocês conseguiram mapear o tamanho desse arquipélago?

São vinte e poucas tevês. A maioria delas integradas na Abepec (associação das TV educativas). Há­ algumas tevês universitá­rias que também são públicas, mas não estão na Abepec e que poderão participar. Estar na Abepec não é o critério para participar. No fundo será­ uma decisão de cada emissora.

é um modelo parecido com o das redes privadas, com uma cabeça de rede que ofe-rece uma programação com determinado número de horas e as afiliadas que incluem produção local?

Não. Eu não acho que o modelo seja ex-atamente como o da TV comercial por não ser de cima para baixo. Vai haver interação. Em primeiro lugar vamos partir de alguma coisa, mas haverá­ produção de muitos lugares. E não apenas na hora do jornal-

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“a DEcisão Do GovErno FEDEral DE constituir

Essa rEDE tEM a vEr coM o MoMEnto. sE não con-

struir aGora, na PassaGEM

Para a tv DiGital, não constrói Mais.”

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nais, são pouquíssimos os programas que tratam disso. Qualquer coisa: etanol. Na outra semana, reservas indígenas. Uma outra coisa que eu cito sempre: não há­ um programa so-bre a África no Brasil. É inacreditá­vel, pois 30% da nossa população veio da África e nós vivemos de costas para a África. Nenhuma rede de televisão do Brasil tem um correspondente na África. isso acontece porque a lógica do mercado não exige isso. Apenas reproduz o esquema anterior. Mas, não tenha dúvida: se a rede de TV pública colocar correspondente na África, em algum tempo, as redes privadas estarão entendendo que isso é bom, porque vai ajudar a formar um telespectador mais crítico, mais exigente e mais plural. Ou seja, nossa avaliação é que existe muita coisa que deveria estar na TV, pois somos um povo televisivo em que o espaço público da tevê é fundamental na formação das percepções nacionais.

nessa formatação da televisão há uma série de problemas, mas há dois centrais que se não forem resolvidos, não será possível dar perenidade ao projeto: o primeiro é o financiamento. o outro problema é a gestão indepen-dente, ou seja, a garantia de não ficar ao sabor do governante de plantão. como é que isso está sendo pensado?

Eu diria que há­ mais um problema do qual eu já­ falei que é o modelo de rede. Em relação ao modelo de gestão eu acho que é preciso camin-har para algo em que, embora seja o governo a indicar a direção da rede, devem existir mecanismos de gestão que garantam que não é o governo a decidir sobre o dia-a-dia. Aí existem modelos variados, mas todos eles têm alguma coisa que garanta que a condução da tevê pública, em última instância, está­ em algo que tem auto-nomia em relação ao governo, uma certa independência, mandato, não pode ser substituído... Por exemplo, a TV Cultura tem um modelo, com 45 conselheiros, que até eu acho um exagero, com metade do governo e metade da sociedade. Aliá­s, eu não sei

para o Ministério da Educação com os telecursos etc.

E o financiamento?Esta é uma discussão que tam-

bém não está­ fechada, mas algu-mas questões devem ser previstas. Primeiro: dotação orçamentá­ria. Será­ uma forma. Segundo: prestação de serviços. Por exemplo, o Senai pode pedir um serviço determinado.

Mas aí, como prestadora de serviço, não vai competir com as produtoras privadas?

Tudo bem, e qual é o problema? O problema da TV Pública não é que ela não pode entrar onde está­ a inicia-tiva privada. Ela fará­ uma TV de cará­ter público. De um modo geral deverá­ ser uma prestação de serviços contratada por órgãos de governo. Mas eu não sou fechado em relação a isso.

E a terceira fonte de financiamen-to, qual seria?

Patrocínio, é lógico. Eu sou contra propaganda porque ela introduz a lógica comercial de fazer o apelo emocional e depois colocar o teu programa a serviço daquilo, captar em função disso. O que vale é o apoio, a associação de imagem. Por exemplo: eu falava do programa da África. A Petrobrá­s ou a Odebrechet, que são grandes empresas brasileiras que atuam na África, podem querer asso-ciar sua imagem a um programa deste tipo. E outra coisa são as doações, apesar de não existir no Brasil este tipo de cultura, ao contrá­rio dos Estados Unidos. E finalmente, acho que deve ser discutida a possibilidade de utilizar alguns fundos, tipo Fust (Fundo de Un-versalização das Telecomunicações), ou coisa parecida.

como o Fistel, que tem uma parte que vai para a ancine.

É, o Fistel e mesmo o Fust, por que não?

E outros fundos, em que as emis-soras comerciais contribuam?

Essa discussão sobre o ponto

se essa divisão paritá­ria é a mais adequada. Talvez seja bom ter um pouco menos de governo. Na BBC é menos governo e mais sociedade. Tem que ser um modelo com controle público. E isso vale não apenas para o Governo Federal, vai ter que valer para as emisso-ras estaduais... não pode ser o palá­cio do governador que mande nela.

como será reproduzido esse modelo nas afiliadas?

Qual é a forma de reproduzir isso? Deve haver um estrutura central que atraia e ajude a fazer essa conversão. isso é um pouco a programação, é um pouco o movimento de TV pública e é também o movimento de equipar esta emissora. Evidentemente que só entra num pro-grama do tipo TV pública para equipar a tevê quem estiver praticando um modelo de gestão pública. Quem quiser adotar um outro modelo é livre, mas aí é por conta dele.

o que fazer com a montanha de tele-visões que estão na mão de políticos e de fundações privadas?

Acho isso um problemão. Deveria haver um órgão competente para fiscalizar isso. Eu não vou me meter nessa seara. Mas pode haver algumas destas tevês que quei-ram migrar também para a nova rede.

Mas elas recebem sinal da tvE e da tv cultura.

Algumas recebem, outras não...

Há educativas que até transmitem sinal das tevês comerciais...

Se estas empresas quiserem retrans-mitir o sinal da TV pública, tudo bem, mas para entrar em um programa de reequipar a televisão vai ter que migrar para outra forma. Acho difícil que alguém que tenha um viés comercial não vá­ topar.

o embrião disso será a radiobrás?Será­ basicamente a Radiobrá­s e a TVE,

com a fusão da TVE Rio com a TVE do Maranhão. A Radiobrá­s deve continuar prestando serviços de comunicação para o governo. Mas aí é uma divisão de prestação de serviços e ela será­ remunerada por isso. Da mesma forma que a TVE presta serviço

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E outros fundos, em que as emis-soras comerciais contribuam?

Essa discussão sobre o ponto de vista teórico deve ser levantada, mas não acho que exista espaço político para isso. Não é por aí que vamos começar esta discussão. O que estou querendo dizer é que não há­ uma definição sobre isso. O que existe é a concepção de que há­ um leque que começa com o orça-mento e tem outras opções.

E como é que vocês pretendem encaminhar formalmente este pro-jeto? como testar esses modelos? será encaminhado ao congresso para que seja discutido, ou não precisa?

isso não está­ definido. Mas de qualquer forma haverá­ uma discussão muito forte com o Congres-so sobre o assunto.

até porque o conceito de tv pública não existe na legislação infra-constitucional....

Mas existem interpretações de que não é preciso nenhuma lei no Congresso. isso pode ser feito por de-creto. Eu não acho isso politicamente conveniente. Seria preciso fazer uma discussão com o Congresso, mas sem paralisar o processo de construção da República. É uma questão de inter-pretação em que eu não gostaria de tomar posição.

Mas há um problema intrínseco do setor de telecomunicações, do ponto de vista do Estado, que é a fragmen-tação de órgãos. tem o Ministério das comunicações cuidando de uma série de assuntos, especialmente as outor-gas; o Ministério da cultura cuidando de outros aspectos; o Ministério da Justiça com a classificação indicativa e também a secom com suas incum-bências, além da anatel e da ancine. a coordenação de tudo isso vai ficar a cargo de quem?

A coordenação em última instân-cia é do presidente da República. O Ministério das Comunicações não vai coordenar este tipo de atividade, embora tenha que participar de uma

você tem uma opinião pessoal sobre isso?

É um assunto que ainda vai ren-der. Não está­ maduro. Há­ o problema de garantir conteúdo nacional na produção e isso é crucial, e ao mesmo tempo há­ uma revolução tecnológica que tende a atropelar isso. Não há­ dúvida que será­ necessá­rio rediscutir a legislação atual. De qualquer forma eu acho que temos que garantir o conteúdo nacional. A forma de garan-tir isso é que é minha dúvida. Não faz sentido um jornalismo produzido em Miami, como aliá­s, já­ tivemos.

vocês já estão projetando rádio e internet também nesse modelo?

isso é algo que terá­ que ser discu-tido.

uma experiência das agências que é muito positiva é semanalmente chamar a imprensa especializada para um breefing sobre os temas da semana. não seria uma boa idéia fazer isso em todos os órgãos do governo?

Este é realmente um dos prob-lemas que nós temos. Cada comu-nicação dos órgãos de governo é diferente. Teoricamente a Secom deveria fazer esta coordenação e sua qualificação. Na verdade a Secom ficou reduzida a cuidar de propagan-da. Eu estou montando uma equipe para fazer um seminá­rio em junho, e depois fazer um outro em dois meses para começar a discutir isso, para fazer com que todos joguem no mesmo time e não cada um para um lado. Temos que discutir “N” questões, desde os sites, pois cada um tem uma filosofia, até atitudes diante da imp-rensa: uns são mais defensivos, outros são mais proativos. A maioria não tem nenhum plano de crise: estoura uma crise em uma á­rea e eles ficam perdidos.

discussão destas. Tanto o governo quanto a sociedade terão que discutir e rediscutir, repactuar toda esta questão. Aliá­s, a con-vergência de mídia impõe uma rediscussão disso aí. Vai continuar no modelo atual? O que vai mudar? Como é que vai combinar a produção com a disseminação de conteú-do. São discussões atuais. Existem hoje na Câmara três projetos sobre o assunto: o do deputado Paulo Bornhausen, que pretende abrir para que as teles possam produzir conteúdo; tem o projeto do deputado Nelson Marquezelli, que pretende manter fechada esta possibilidade; e o projeto dos deputados Walter Pinheiro e Paulo Teixeira fazendo uma mediação sobre o assunto. isso é sintoma de que a discussão está­ aberta e que vai ter que ocorrer.

“DEvEM Existir MEcanisMos DE GEstão

QuE GarantaM QuE não é o GovErno a DEciDir soBrE o

Dia-a-Dia.”

(entrevista)

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(making of )Lizandra de Almeida

l i z a n d r a @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Um desenho de produção bas-tante enxuto e uma equipe afinada viabilizaram,

em duas diá­rias, o novo filme da Unimed-BH, produzido pela Alterosa Cinevídeo, de Belo Horizonte. O filme mostra mãe e filho tomando café. A mãe sai para o trabalho e logo em seguida o menino percebe que ela esqueceu um pedaço de barbante em cima da mesa.

Ele pega o barbante e sai atrá­s dela, de bicicleta e depois de ô­ni-bus, até chegar a um belo prédio de escritórios, onde os dois se reencon-tram. A locução em off explica que com o produto Saúde Sempre, da Unimed-BH, você nunca mais vai esquecer de si mesmo e de sua saúde, aludindo ao ícone do barbante amarrado no dedo como lembrete.

A câmera acompanha o menino o tempo todo, em diversas locações por Belo Horizonte. Foram usadas duas câmeras de 16 mm, para facili-tar o trabalho. Uma Aaton com len-tes Ultra Prime e outra Arri, antiga, usada na Segunda Guerra Mundial, para captar planos de detalhe. “É uma câmera bem pequena e robus-ta. Enquanto fotógrafo e maquinista posicionavam a luz e as traquitanas, a gente aproveitava para ir filmando detalhes”, explica o diretor Thales Bahia.

O casting foi selecionado em três frentes, uma em São Paulo, outra no Rio e outra em Minas. O menino Leonardo Pires, de São Paulo, foi una-nimidade na hora da escolha. “Logo que vimos, percebemos a presença e a intimidade que ele tem com a câmera, uma coisa difícil de encontrar. E ele também se deu muito bem com a atriz que faria a mãe. Na filmagem também foi impecá­vel, porque a jor-nada foi pesada. Escolhemos locações muito

Produção enxuta

Filme da alterosa cinevídeo para a unimed-BH: externas exigiram improviso de produção; cenas do menino na bicicleta foram captadas por operador de stedycam sobre uma prancha.

distantes, que exigiam muito deslocamen-to da equipe. E ele teve que andar muito de bicicleta, foi um verdadeiro herói”, afirma o diretor.

Todas as imagens da casa, que simu-lam o momento do café-da-manhã, foram filmadas à noite. “Usamos uma estrutura grande de rebatedores e butterflies, explo-rando a latitude da película. Optamos por uma solução fotográ­fica para evitar mais uma diá­ria”, diz Bahia.

Nas externas, as cenas que mostram o menino andando de bicicleta foram captadas por um operador de steadycam sobre uma pran-cha, em um carro. “Se tivéssemos mais tempo teríamos usado um crane car, mas improvisamos uma prancha e um steady que resolveram o problema da captação dos detalhes. A câmera quase lambe a roda da bicicleta.”

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fichA TécnicA

cliente Unimed-BHProduto Saúde Sempreagência Lá­pis RaroDir. de criação Carla Madeiracriação Juliana Sampaio, Dan-

iel de Jesus e Cristina Cortez

Produtora Alterosa CinevídeoDireção Thales Bahia e

Lucas GontijoDir. de fotografia Juarez PavelacPós-produção Alterosa Cinevídeotrilha Oitava

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Diretor brasileiro, dupla de El Salvador radicada em Los Angeles, música que mistura

rap e cumbia, o ritmo típico dos guetos de Argentina, Colô­mbia, Peru, Chile e Caribe. O clipe globalizado da banda Crooked Stilo mostra os irmãos Victor e Johnny invadindo a casa de uma típica família americana, acompanhados de algumas garotas. O som começa a rolar e as pessoas vão chegando para a festa. A casa fica lotada de rappers e garotas de biquíni. Aos poucos, a mãe, o pai e a filha acabam também aderindo ao ritmo. Enquanto isso, a dupla avalia as melhores performances de dança, sen-tada em um trono típico dos gangsta rappers norte-americanos.

As filmagens aconteceram em Los

Angeles, em estúdio e locação. O diretor Wiland Pinsdorf, que já­ tinha trabalhado para a produtora norte-americana, foi filmar lá­. “No primeiro dia, filmamos os artistas em fundo verde, no estúdio, para depois aplicarmos cenas do centro de Los Angeles no fundo. No outro dia, filmamos em locação com todo o elenco. Nas cenas em locação, foi utilizada uma grua com cam-remote, que tem uma cabeça eletrô­nica controlada por joystick”, conta o diretor.

As imagens foram captadas em Super-16 e telecinadas nos Estados Unidos em High Definition (HD). “Trouxemos as imagens num drive e montamos aqui em HD, no Final Cut. O material filmado em fundo verde foi composto e sofreu tratamento de imagem no Combustion e no After Effects. Todo o sistema de edição está­ interligado por fibra

ótica, para que a transferência seja feita rapidamente, e o armazenamento é feito em discos de alta capacidade.”

As filmagens foram acompanha-das pela MTV Latin America, que fez uma reportagem sobre os bastidores da produção.

Mistura de origens

o uso mist

fichA TécnicA

artista Crooked Stilo (Victor and Johnny López)

Gravadora Fonovisa RecordsProdutora/filme Canvas 24p Filmes (BRA) e

Modern Visual (USA)Direção Wiland Pinsdorf e Jason

PiresDir. de fotografia Wiland PinsdorfDireção de arte Jason PiresProd. Executiva Marioly PiresMontagem Chang ZuhPós-produção Canvas 24p

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clipe da banda crooked stilo foi realizado com a participação de profissionais de todo o continente americano.

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(mercado)

Profissionais que valem ouroConteúdo e novas mídias abrem as portas das produtoras para profissionais de diferentes formações; empresas exigem bagagem cultural reforçada.

C om o aquecimento do mercado publicitá­rio em 2006, após um 2005 desastroso para a á­rea, as produtoras publici-

tá­rias que ainda não haviam abra-çado o conteúdo viram o momento oportuno para investir seus recursos em outros setores que não apenas a produção de comerciais para a tele-visão. Foram formados departamen-tos de conteúdos, novas mídias, e uma série de outras definições para englobar tudo aquilo que não era o filme publicitá­rio tradicional.

Dentro desse contexto, as produtoras passaram a precisar de profissionais diferenciados, que pudessem contribuir com essas novas produções, fossem elas longas-me-tragens, programas para a TV, vídeos para a internet, programetes diferen-ciados para as marcas ou aplicativos para celular.

Ainda que o grande volume de trabalho continue sendo para a pub-licidade convencional, é a produção desse conteúdo diferenciado e para diferentes mídias que tem aberto as portas das produtoras para as profissões novas e para as pouco valo-rizadas no mercado publicitá­rio.

Um dos profissionais mais procu-rados pelo mercado atualmente são os roteiristas. Com o desaparecimento da indústria cinematográ­fica brasileira durante anos, a formação de novos roteiristas praticamente não acon-teceu. Hoje, com o aquecimento do mercado de conteúdo, a procura por

foi a de dramaturgia da produtora, absorvendo principalmente roteiristas e produtores executivos.

A Maria Bonita Coisas, divisão da Maria Bonita Filmes para conteúdo, entretenimento e novas mídias, foi a responsá­vel pela duplicação do número de funcioná­rios contratados pela produtora. Considerando que o conteúdo exige uma estrutura fixa, a produtora contratou cerca de 15 pessoas (hoje há­ 25 funcioná­rios na produtora no total) para á­reas como produção executiva e criação. Se-gundo Dudu Venturi, sócio da produ-tora, além de gerar uma necessidade de profissionais como roteiristas e produtores executivos, o conteúdo mostrou a importância de profission-ais especializados. “O advogado especializado em audio-visual está­ em falta hoje, e ele é uma peça chave na produção de projetos”, pondera.

surfar a nova ondaO conteúdo não foi o único respon-

sá­vel pelo crescimento das produtoras e pelas contratações diferenciadas. Com os avanços das novas tecnologias e com a TV digital despontando no Brasil, as produtoras estão cada vez mais interessadas em profissionais

capazes de lidar com as novas tecnologias, plataformas e formatos. A Digital 21, por exemplo, passou por um processo de mudança de perfil (de uma produtora de efeitos e animação para uma produtora de conteúdo), o que demandou um aumento de 15% a 20% em seu quadro de funcioná­rios. Com o foco da empresa

Daniele Fredericod a n i e l e @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

roteiristas aumentou e não há­ profissionais experientes em número suficiente para absorver a demanda. “O mercado de roteiristas, que já­ é escasso, ainda se concentra nos grupos de tele-visão, assim como acontece com o elenco de primeira linha”, analisa Gil Ribeiro, da Mixer.

O diretor conta que no ano de 2006 a Mixer não teve aumento no seu quadro de funcioná­rios, que hoje conta com 255 contratados. No en-tanto, a á­rea que mais cresceu e demandou contratações

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“O mercado de roteiristas, que já­ é escasso, ainda se concentra nos grupos de televisão, assim como

acontece com o elenco de primeira linha”Gil ribeiro, da Mixer

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(mercado)

roteiristas jovens e fazemos work-shops para encontrar talentos”, diz Gil Ribeiro. No elenco, a produtora faz um trabalho junto a agências de casting e núcleos de teatro para encontrar uma nova safra de profissionais. A produ-tora conta com um departamento de elenco específico para esse trabalho, formado por quatro pessoas.

De olho na bagagemEm um mercado extremamente

competitivo, ter conhecimentos técnicos tornou-se um pré-requisito, mas não necessariamente um dife-rencial. O que as produtoras buscam são profissionais que possam trazer, além do conhecimento específico inerente à sua função, uma forma-ção cultural e artística que agregue valor ao trabalho. “É importante fazer cursos de técnica, fotografia, edição e montagem, que complementam a formação universitá­ria. O bom profissional precisa conhecer todas as etapas de produção e trazer ex-periência de vida para o trabalho”, diz Roberto Turquenitch, da TGD Filmes de Porto Alegre, produtora que pas-sou por uma reformulação em 2006 com investimentos em infra-estrutura, equipamentos e profissionais, com o aumento de cerca de 30% em seu quadro funcional. Uma das atividades que mais cresceu na TGD foi a de

production service, o que leva Turquenitch a buscar profissionais que falem línguas estrangei-ras. “Procuramos profis-sionais que dominem as ferramentas bá­sicas, como a informá­tica e o inglês”, diz.Pedro Lazzarini, presidente do Sindicato dos Trabal-hadores na indústria Cinematográ­fica (Sind-cine) do Estado de São

sobre a nova mídia”, diz Paulo Schmidt, do Grupo Academia. Outra á­rea da produtora que cresceu foi a de pós-produção, que passou de 12 profis-sionais para 31. Dentro desse departamento, encontram-se

mais profissionais escassos no mercado. “No Brasil temos carência de profissional de 3D, supervisor de efeitos digitais e finalizadores”, diz Schmidt.

Andrea Barata Ribeiro, da O2 Filmes, acredita que a dificuldade não é encontrar profissionais que trabalhem bem para diferentes plataformas, mas sim encontrar pessoas que saibam cobrar de maneira adequada. “A questão é que os profis-sionais que trabalham para a publicidade tradicional cobram um custo incompatível com a mídia internet”, exemplifica. “Essa é uma grande porta de entrada para os novos profissionais”.

Para completar a formação dos profis-sionais e moldá­-los para atender as suas necessidades, as produtoras têm realizado workshops e treinamentos “dentro de casa”. A Estação 8, por exemplo, traz profis-sionais de fora do país para oferecer cursos a sua equipe de pós-produção. “Temos buscado profissionalizar o funcioná­rio den-tro da produtora”, diz a sócia Sandra Jonas. A pós-produção tem sido a á­rea respon-sá­vel pelo maior número de contratações na Estação 8. “Esse profissional precisa entender de tecnologia e ser polivalente”, diz.

Com o aumento da de-manda por roteiristas e atores para a sua á­rea de dramaturgia, a Mixer tem investido na forma-ção de um time próprio desses profissionais. “Convidamos

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o que demandou um aumento de 15% a 20% em seu quadro de funcioná­rios. Com o foco da empresa em produção de novos formatos e a inclusão de trabalhos em live action em sua gama de serviços, a produtora passou a buscar profissionais com conhecimento mais amplo de novas mídias, como a internet — á­rea para qual a demanda por filmes aumentou 15%. “Para essa á­rea, não contratamos profissionais de produção, mas sim de web design, que são os webmov designers”, diz o diretor da Digital 21, Rodolfo Patrocinio. “Nosso profissional precisa ter conhecimento sobre flash, pá­ginas, compressão e servidores”. Com as atividades da produtora focadas 60% em trabalhos publicitá­rios e 40% em conteúdo (aplicativos para celular, jogos, DVDs de shows, seriados para a TV, produções para ambiente corporativo e outros), os profissionais procurados são aqueles que tem total domínio das mídias. “Estar antenado com as novidades e ter conhecimento das novas mídias sempre foram carac-terísticas procuradas nos profissionais. Hoje, esse conhecimento é pré-requi-sito”, diz.

E não apenas as produtoras de efeitos têm procurado por profissionais que saibam lidar com os diferentes meios e plataformas. A Margarida Flores e Filmes, que promete ampliar a sua atuação na á­rea de conteúdos de novas mídias também atribui a esse segmento o seu maior crescimento em número de funcioná­rios. O núcleo de novas mídias, que começou com quatro funcioná­rios fixos, já­ conta com 22 profissionais. “Contratamos profissionais de internet para essa á­rea da produtora, os quais chamamos de ‘profetas’, pois com eles aprendemos

“Contratamos profissionais de internet, os quais chamamos de ‘profetas’, pois eles nos ensinam sobre a nova mídia.”Paulo schmidt, do Grupo academia

“Os profissionais que trabalham para a publicidade tradicional cobram um custo

incompatível com a mídia internet. Essa é uma grande porta de entrada para novos profissionais.”

andrea Barata ribeiro, da o2 Filmes >>

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como a informá­tica e o inglês”, diz.Pedro Lazzarini, presidente do Sindi-cato dos Trabalhadores na indústria Cinematográ­fica (Sindcine) do Estado de São Paulo, atenta para o fato de que com as novas tecnologias, os novos profissionais não têm se preo-cupado com a sua formação cultural. “Antes, um montador era um profis-sional criado no cinema, que montava o filme na moviola. Essa nova geração edita o filme em computador, sem precisar do conhecimento sobre cinema. Esses profissionais não são montadores, são operadores de vídeo”, diz.

Para ser um bom profissional técnico, portanto, não basta conhecer bem a função, é preciso adquirir uma formação artística e cultural sólida sobre a á­rea. “A primeira caracter-ística que todo profissional deve ter é bagagem cultural. Um montador que trabalha com cinema e não vê filmes entra na função despreparado, sem referenciais. É preciso ter senso crítico”, diz Paulo Schmidt.

Formação cultural, conhecimen-tos de novas mídias e plataformas, talento, experiência e o total domínio de sua própria função são alguns dos pré-requisitos bá­sicos para que um profissional ingresse e permaneça no mercado de produção audiovisual. Ter visão estratégica do negócio e con-hecimentos que vão além da própria

cachês em valores mais altos do que o mercado pede. Talvez o caso mais característico dessa situação seja o dos diretores de fotografia, cuja escassez é apontada por diversas produtoras de audiovisual. Pedro Lazzarini diz ainda que não faltam diretores de fotografia, mas sim bons profissionais. “Os melhores profis-sionais acabam cobrando um preço exorbitante”, diz. Além do diretor de fotografia, quando há­ aumento no número de produções, o mercado sente a escassez de outros profis-sionais como produtores de locação, de figurino e de casting (com visão de descoberta de novos talentos); assistentes de direção; diretores de arte; montadores; sound designers; mixadores; artistas grá­ficos; maquia-dores; continuistas; line producers; e técnicos em geral.

Segundo Pedro Lazzarini são pou-cos os profissionais realmente escas-sos. O que acontece é uma distorção de mercado. “Não falta, está­ caro. O mercado se tornou um chamariz de salá­rios altos”, diz.

O presidente do sindicato diz que pretende realizar uma pes-quisa para mensurar o mercado de produção, tanto publicitá­ria, quanto cinematográ­fica. Entre os resultados, espera-se obter o número de em-pregos gerados (quantificar quantos profissionais de cada tipo foram empregados), salá­rios, número de filmes e outros. O primeiro passo do Sindcine para corrigir as deficiências do mercado foi a criação de cursos para a formação de técnicos, assis-

tentes. São oferecidos cursos de assistente de direção, continuista, elétrica, câmera, produção e maquiná­ria. O sindicato realiza também cursos para roteiristas.

função, são diferenciais para os “profission-ais do futuro” nesta á­rea. “As pessoas procuram uma profissão, mas o futuro precisará­ de profissionais multi-funcionais. O que procuramos hoje são profissionais multiuso e multimídias”, diz Rodolfo Patrocinio.

Gil Ribeiro, da Mixer, acredita que a profissão do futuro ainda não foi criada. “Acredito que serão os integradores, ou seja, profissionais capazes de criar forma-tos, maneiras de usar as multiplataformas e domínio da interatividade, não só com o público, mas entre as plataformas”, conclui.

sempre em alta, sempre em faltaHá­ certas profissões que parecem

estar sempre em falta no mer-cado. Não porque não existam profissionais em quantidade suficiente, mas porque apenas poucos deles são considerados “muito bons” pelas produtoras. E esses acabam por definir os

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canais liGaDosNão são apenas as produtoras que estão em

crescimento e em busca de profissionais ante-nados. As emissoras também se preparam para trabalhar com as mudanças impostas pelas no-vas mídias e plataformas. Para a Rede Globo, por exemplo, o profissional do futuro é aquele “multi-mídia e multiplataformas”, que tenha visão geral dos meios e conhecimentos em internet, edição, produção de conteúdo etc. “Hoje, as mídias dialogam entre si e o usuá­rio interage cada vez mais. Com o avanço desta tendência, mudarão substancialmente os modos de instrução, de trabalho, de comunicação e de entretenimento. O profissional de comunicação e do audiovisual terá­ de ter flexibilidade: conhecer as peculiari-dades de cada mídia, como produzir conteúdo para cada uma delas e, ao mesmo tempo, como usá­-las de forma integrada, não só entre si, mas também com o usuá­rio”, afirma a Central Globo de Comunicação.

A emissora teve em 2006 um crescimento de 9,1% no número de profissionais de produção em relação a 2005. No total, foram 228 contrata-dos na á­rea de produção, com destaque para os profissionais artísticos, de á­reas como cenografia, figurino e iluminação.

“Temos buscado profissionalizar o funcioná­rio dentro da produtora.”sandra Jonas, da Estação 8

“O bom profissional precisa conhecer todas as etapas de produção e trazer experiência

de vida para o trabalho.”roberto turquenitch, da tGD Filmes

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(produção)

Luz, câmera e conexãoA nova safra de vídeos feitos exclusivamente para a internet demonstra a preocupação das produtoras com a nova mídia, mas o aspecto “complementar” do meio ainda dificulta as negociações.

Com o aumento do número de usuá­rios de banda larga e a melhoria na qualidade de transmissão de dados, a internet finalmente tor-

nou-se atrativa e viá­vel para agências, produtoras e anunciantes que alme-javam a utilização de um meio audio-visual realmente interativo. As cam-panhas criadas com foco em internet, com direito a vídeos, música e opções para que o internauta interaja com as histórias, têm feito com que as produto-ras se deparem com um novo desafio: a produção de vídeos exclusivamente para o meio digital. As produtoras tem tido que aprender a trabalhar com as possibilidades que essa mídia oferece, enfrentar as dificul-dades técnicas e artísticas apresenta-das por ela, encontrar profissionais capazes de trabalhar com o vídeo tão bem quanto o fazem com o 35mm tradicionalmente usado na publicidade e ainda encontrar maneiras de lucrar com a produção para uma nova mídia cujos modelos de negócio ainda são desconhecidos.

Ainda que essa produção pareça ser a mesma para a TV, as diferenças aparecem já­ no momento da negocia-ção entre agências e produtoras, cujo relacionamento deve ser muito mais próximo para os trabalhos online. Para a produtora não basta ter

“Um dos pontos de maior dificuldade é que esses vídeos não são como filmes para a TV de 30 segundos. São pílulas organizadas pelas escolhas do usuá­rio, e por isso o roteiro não é linear”, explica Sochaczweski.

Rodrigo Meirelles, da O2 Digital — divisão da O2 Filmes para novas mídias —, acredita que essa dificuldade é um desafio positivo para as agên-cias. “Com a interatividade, cria-se um ‘problema bom’ de roteiro: você tem que conseguir montar um filme com as escolhas dos usuá­rios”, diz. Entre os trabalhos online realizados pela produ-tora, estão a campanha do Fiat idea Adventure, com 16 filmes feitos para a internet, e o “Dicioná­rio de Emília”, conjunto de pílulas baseadas em uma personagem do seriado “Antô­nia”, pro-duzido pela O2 Filmes para a Globo.

Embora a quantidade de filmes pareça exagerada, é preciso lembrar que ela não será­ vista em sua totalidade pelos usuá­rios. O site da Pepsi Max, que contou com animação feita pela Digital 21, por exemplo, tinha para cada pergunta feita no site três pos-sibilidades de resposta e portanto um vídeo diferente para cada uma delas. “Produzimos dez minutos de conteúdo, mas o usuá­rio só vê cinco. Os minutos restantes são outras pos-sibilidades de resposta”, diz Rodolfo Patrocinio, diretor da Digital 21.

limitaçõesComo a internet não exige cap-

tação em película, as produtoras têm gravado para a internet em HD. O que por um lado barateia a produção, por outro traz uma série de dificuldades técnicas e profissionais às produtoras que se propõe a trabalhar com o meio digital.

A primeira está­ em trabalhar com

apenas um roteiro enviado pela agência para a execução do filme, como acontece com os comerciais para a TV. Ela precisa pensar no formato final da peça, que contará­ com outras informações visuais além de sua produção. “O vídeo é apenas mais um elemento do site. Ele terá­ de concorrer com todas as outras informações que estarão colocadas na mesma tela”, diz Alon Sochac-zewski, da agência interativa Sinc. O diretor foi responsá­vel pela campanha on-line da Bavaria Premium, que contou com o uso de comercial de televisão para convidar as pessoas a visitarem o site.

o usuário faz a históriaEntender a produção para a internet

exige a compreensão de seu principal atributo: a interatividade. A possibilidade de oferecer ao usuá­rio a opção de montar as suas próprias histórias, assistir aos vídeos de acordo com as suas necessidades, é um atra-tivo desse novo meio, ao mesmo tempo em que enlouquece os produtores e diretores: com as vá­rias opções de escolha, multiplica-se também o número de vídeos. Para a campanha da Bavaria Premium, por exem-plo, foram feitos 40 filmes, em duas diá­rias.

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“Estamos passando por um momento de transformação, com a migração de uma parte da verba antes

destinada à TV para a internet.”

alon sochaczewski, da sinc

campanha da Bavaria Premium: inter-nautas são convidados a escrever as suas teorias e ver alguns dos 40 vídeos feitos especialmente para a campanha online.

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(produção)

vídeo, plataforma menos utilizada na publicidade tradicional. O segundo problema tem a ver com as limitações técnicas do próprio meio, como a transmissão dos dados e a compressão das imagens.

Para que o vídeo tenha boa qualidade e sua transmissão não seja prejudicada, as produtoras sugerem algumas dicas: a não utilização de cores “pesadas”, como o vermelho, que influenciam na compressão; gravação com a câmera parada, sem movimentos bruscos, já­ que na hora do streaming o movimento pode sair “rasgado”; ilumi-nação leve, evitando ruídos na imagem; ângulos mais fechados, já­ que a tela é muito pequena; entre outras.

Há­, no entanto, profissionais que acreditam que embora o vídeo tenha as suas limitações, as dificuldades apresentadas pela plataforma e pela in-ternet não são exatamente problemas insolúveis.

Quando o assunto é a angulação de câmera, por exemplo, Rodrigo Meirelles não acredita que os vídeos feitos pela internet devam ter apenas ângulos fechados. “A imagem no computador é menor do que aquela exibida na tela da televisão, porém a distância entre dos olhos do usuá­rio e a tela também é diferente: são cerca de 30 centímetros do computador, enquanto da televisão ele se senta a alguns metros”, afirma.

Ele acredita ainda que essas dificul-dades estão diretamente ligadas à evolução da velocidade de transmissão e da internet como um todo. “É uma questão de tempo para que as limita-ções técnicas tendam a desaparecer”, diz.

encontrou uma produtora que pudesse entregar o trabalho, então escolheu o diretor familiarizado com tecnologia Lui Tilson, e ele reuniu a equipe de sua produtora First World. “O digital exige conhecimentos digitais. Às vezes não encontramos diretores de fotografia, por exemplo, capazes de trabalhar em HDV”, diz.

Meirelles conta o caso da cam-panha do Fiat idea Adventure, na qual o carro e o vestido da personagem eram vermelhos. “O fotógrafo con-seguiu um resultado de qualidade, pois sabia trabalhar com vídeo”.

O diretor da Estação 8, Cesar Netto, responsá­vel pelos filmes da campanha online do novo vô­o da Tam para Milão — que conta com vídeos interativos e ações virais — acredita que uma das principais dificuldades está­ em encon-trar profissionais que pensem de forma integrada com o site. “A direção de arte, por exemplo, tem de se preocupar com o vídeo e também com o site, para que haja harmonia. A participação do criador do site no processo é fundamental”, diz o diretor da Estação 8.

“show me the money”Produzir um vídeo para a inter-

net não é muito mais barato do que produzir um filme de 30 segundos para a televisão. Embora o vídeo seja mais

barato do que a película, o staff, a produção e a finalização ainda custam o mesmo, independente da plataforma. isso talvez não seria um problema se a internet fosse consid-erada a mídia principal da campanha. No entanto, com a internet na posição de mídia complemen-tar, os anunciantes não

Há­ ainda uma liberdade estética na inter-net que não existe na televisão. Sites como o You Tube, onde são veiculadas produções amadoras, têm mudado a aceitação do público em relação à imagem recebida. “A internet aceita de tudo. Há­ uma liberdade de conteúdo e estética na linguagem que permite que o movimento fique rasgado, por exemplo. A estética da internet já­ está­ na ca-beça das pessoas”, defende Rodrigo Moreira, da Jerefilmes, responsá­vel pela direção dos quase 15 filmes da campanha da Epson na internet, sendo que dois também foram para a televisão. “Na gravação, meu cuidado foi garantir que o vídeo havia captado todas as informações corretamente. Do mais, não tive pudor”, diz.

Para superar as peculiaridades do meio, no entanto, é necessá­rio encontrar bons profissionais, que saibam lidar não apenas com o 35mm convencionalmente usado na publicidade, mas também com a plataforma digital. E essa ainda é uma dificuldade para as agências e produtoras. Alon Sochaczewski conta que para o trabalho da Bavaria Premium, não

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“É uma questão de tempo para que as limitações técnicas tendam a desaparecer”rodrigo Meirelles, da o2 Digital

vídeo da campanha do Fiat idea adventure: a cor vermelha, considerada “pesada”, pôde ser usada, pois o fotógrafo sabia trabalhar com a plataforma.

site feito pela Digital 21 para a Pepsi Max: filme foi produzido em 3D com o cuidado de deixar a imagem leve.

“Economizo nas produções para a

internet porque tenho profissionais

multifunção e muito criativos.”

rodolfo Patrocinio, da Digital 21 >>

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(produção)

verbas que costumam destinar à produção para a TV. “Estamos passando por um momento de transformação, em que os clientes estão ensaiando os primeiros movimentos de sua verba, com a migração de uma parte antes destinada à TV para a internet”, diz o diretor da Sinc, Sochaczewski.

Flá­vio Machado, da Bono Pepper, empresa que oferece soluções de vídeo interativo, acredita que é uma questão de ponderar os objetivos e as mídias disponíveis. “A internet tem o foco no público alvo, enquanto na TV há­ muita dispersão. Na TV a veicu-lação é cara, enquanto na internet é barata, possi-bilitando um aumento de freqüência”, diz o diretor da empresa, que nasceu com objetivos puramente tecnológicos e tornou-se produtora por não conseguir parceiros nessa á­rea, dispostos a realizar trabalhos de vídeo-mail.

Um dos cases de sucesso na internet é o da campanha internacional da BMW, que soube aproveitar o baixo custo de mídia da internet e redirecionar a verba para a produção. Diretores de cinema consagrados foram convidados a filmar curtas-metragens que tivessem o carro da marca em sua história. “Com custo de mídia praticamente nulo, a verba de produção não precisa ser menor do que a destinada para filmes de TV”, diz Rodrigo Moreira, da Jerefilmes.

Enquanto a internet for considerada uma mídia complementar, no entanto, será­ difícil mensurar o preço que os vídeos devem custar. “No caso da tele-visão, se há­ uma verba de 10 milhões, sabe-se que 10%, por exemplo, será­ usado para produzir o filme. Na internet, onde não existe o valor de mídia, você acaba sem ter este parâmetro”, diz Rodolfo Patrocinio, da Digital 21.

Com verbas mais enxutas que as destinadas à produção para a TV, e com mais vídeos para produzir, as produto-ras encontram meios alternativos para atingir os objetivos e satisfazer o bolso

filmes se utilizei apenas uma diá­ria, por exemplo”. Segundo Sandra, é possível baratear custos com algumas medidas simples, que vão desde a captação até os investimentos em pós-produção. “Encontrar custo benefício nisso envolve utilizar câmeras mais simples e formatos de baixo custo, conversar com agên-cias e clientes, procurar profissionais dispostos a negociar seus cachês em troca dessa experiência e investir em tecnologia internamente para absorver possíveis gastos de pós-produção”, diz.

Os investimentos feitos em tec-nologia e em profissionais específicos para o novo meio também fazem par-te da estratégia da Digital 21. “Tenho uma equipe específica para internet. É como se a minha ‘seleção brasileira’ estivesse focada em filmes para a TV, e a ‘seleção do time B’ trabalhasse exclusivamente para a internet”, compara. Ele diz ainda que em uma produção para cinema, por exemplo, ele mobiliza cerca de 42 profissionais, enquanto para a internet, este número não passa de 12. “Consigo fazer isso porque tenho profissionais que fazem produção, conhecem os diferentes formatos e entendem das bandas. E isso me gera economia: profissionais multifunção e muito criativos”.

Com dificuldade para lucrar e sem o prestígio reservado à televisão, por que produtoras e agências con-tinuam investindo em produção para a internet?

Segundo Rodrigo Meirelles, a O2 Digital, que é um departamento sub-sidiado pela produtora, pois ainda não consegue gerar lucro sozinho, é uma aposta da O2 para o futuro.

Sandra Jonas da Estação 8 conta que embora a margem de lucro seja menor, as produções para a inter-net são um investimento da produ-tora. “Produzir para a internet é tentar quebrar paradigmas da publicidade convencional”, diz. “O negócio vale a pena quando se olha para o futuro”, conclui.

(DaniElE FrEDErico)

do cliente. O principal fator para a redução dos custos de uma produção para a internet ainda é a diferença de plataforma. “Ao produzir em vídeo, reduzo 25%

dos custos”, diz Patrocinio. A possibilidade de fazer uma série de

comerciais — que seria impensá­vel na TV — é outro atrativo da internet, que também barateia os custos de produção. “Para a internet podemos produzir uma quantidade de filmes maior, sermos mais assertivos e ainda sai mais barato”, diz Machado.A gravação dos 40 vídeos da Bavaria Premium, por exemplo, foi feita em dois dias, somando 20 horas de gravação. Da mesma forma, os quase 20 vídeos feitos para a Epson (sendo dois para a TV) pela Jerefilmes foram feitos em cerca de oito dias. Os 16 vídeos da cam-panha do Fiat idea Adventura, da O2 Digital foram realizados em 4 dias, somando 12 minutos de gravação. “É um modelo que se espelha no cinema de certa forma. A decu-pagem é mais parecida com a de cinema de do que com a de publicidade”, diz Meirelles. “A internet mais do que super produções, exige super idéias. Grandes idéias, mas com execução simples”.

Sandra Jonas, da Estação 8, produ-tora responsá­vel pelos filmes feitos para a campanha do novo vô­o da Tam para Milão, acredita que as regras não precisam ser tão engessadas. “Não é preciso cobrar por dois

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“A participação do criador do site no processo é fundamental.”cesar netto, da Estação 8

campanha do novo vôo da tam, feita pela Estação 8: além de site, foram criadas peças de marketing viral.

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(televisão)

infantil em escala industrialTV Cultura consolida suas produções para crianças em um núcleo especial e investe em séries consagradas como “Vila Sésamo” e a versão animada do “Castelo Rá­-Tim-Bum”.

A TV Cultura inaugurou no dia 25 de abril, na sede da emissora, em São Paulo, o Núcleo de Produção infantil

Tatiana Belinky, batizado em hom-enagem à escritora de livros infantis e pioneira dos programas para crianças na TV.

O núcleo terá­ cerca de cem funcioná­rios dedicados a abastecer permanentemente a programação infantil da Cultura e de seu canal por assinatura TV Rá­-Tim-Bum. Os programas produzidos também visarão o mercado internacional, explica o diretor de programação, Mauro Garcia. O orçamento previsto é de R$ 10 milhões, para produzir 400 horas de programação ainda este ano. O diretor afirma que muita coisa será­ feita com produção independente, sobretudo para a TV Rá­-Tim-Bum. “Hoje analisamos os projetos à medida em que chegam a nós, mas

livros infantis consagrados, a versão em animação do castelo Rá­-Tim-Bum e, principalmente, a volta da série “Vila Sésamo”, grande sucesso na década de 70 da própria Cultura, exibido posteriormente na Globo. A nova versão ganha um personagem desenvolvido só para o Brasil, a ga-rota Bebel, e terá­ também o pá­ssaro Garibaldo, sucesso na versão brasileira. Os bonecos serão confeccionados pela Sesame Work-shop em Nova York, detentora da

com o núcleo nós devemos sistematizar o trabalho com a produção independente”, afirmou. E deu um recado aos produtores: “Só recebemos projetos de animação, mas quase nada de dramaturgia para crianças”.

GaribaldoEntre as atrações para este ano estão

programas já­ em produção como o “Cocoricó” e também novidades, como a volta do desenhista Daniel Azulay, um programa de animação feita em cima de

tv no GiBiA Cultura Marcas (braço de licenciamento da emissora) e a Editora Globo assinaram

no dia 13 de abril um acordo de licenciamento de marcas e personagens da Cultura, que a Globo transformará­ em história em quadrinhos, livros educativos, diá­rios e outros produtos infantis. Segundo Ricardo Fiuza, diretor da Cultura Marcas, esta divisão tem perspectiva de crescer 40% este ano.

A editora passa a ter licença sobre os produtos atuais da emissora e todos aqueles produzidos nos próximos cinco anos, prazo do contrato. A primeira marca a ser trabalhada será­ o “Cocoricó”, carro-chefe da linha infantil da Cultura, que ganha revista em quadrinhos e liv-ros, na primeira fase. Em seguida, virão as marcas “Simão”, “Mila & Co.” e “Brasilianos”. Os primei-ros livros e revistas estão previstos para abril deste ano, mas o lançamento será­ feito oficialmente na Bienal do livro, em outubro.

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franquia.Para Jennifer Monier-Williams, VP

da Sesame Workshop, que participou do lançamento por videoconferên-cia, trazer “Vila Sésamo” de volta ao Brasil era um sonho pessoal. “O Brasil é importante na história da Sesame, foi o primeiro acordo internacio-nal que tivemos. E o país tem uma grande necessidade de conteúdos educativos. Nosso objetivo é melho-rar a vida das crianças através da TV, e o Brasil tem uma grande penetra-ção de televisão”, disse no evento.

Ao todo serão 17 produções novas, de gêneros variados (anima-ção, dramaturgia, bonecos etc). As atrações começam a estrear a partir

das férias de meio de ano no Brasil (julho). “Vila Sésamo” deve estrear em outubro.

Produções mais complexas, como o “Cas-telo” em animação, devem ficar prontas apenas no próximo ano.

Haverá­ ainda a estréia do programa “Pequenos Cientistas”, que ensina ciência de forma divertida para o público infantil; a retomada da série “Mundo da Lua”, total-mente atualizada; as novas temporadas do “Baú de Histórias”, que contará­ com a ajuda de instrumentos musicais para contar histórias, e das peças infantis do “Teatro Rá­-Tim-Bum”. O núcleo também desenvolverá­ novas séries de animação exclusivas da TV Rá­-Tim-Bum, como “Ecoturistinhas”, “Que Tipo de Criança Você É”, “Simão, Mila” e “Brasilianos”.

(anDré MErMElstEin)

novo PrEsiDEntE

O jornalista Paulo Markun foi eleito no último dia 7 de maio para a presidên-cia da Fundação Padre Anchieta, man-tenedora da TV Cultura. Markun teve seu nome ratificado após votação favorá­vel de 38 dos 41 conselheiros do Conselho Curador da fundação. O conselho tam-bém reconduziu Jorge da Cunha Lima ao cargo de presidente do conselho, aprovou a indicação do empresá­rio Luiz Fernando Furquim como conselheiro e contou com a posse de cinco novos conselheiros — Eugênio Bucci, Gustavo ioschpe, Luiz Gonzaga Belluzzo, Matinas Suzuki Jr. e Rubens Barbosa.

Paulo Markun, que atualmente dirige e apresenta o programa “Roda Viva”, assume a presidência da emissora no dia 14 de junho, para um mandato de três anos, em substituição a Marcos Mendonça, que ocupa o cargo desde 2004.

Marcos amazonas, tatiana Belinky, o boneco Júlio, Marcos Mendonça e Mauro Garcia no lança-mento do núcleo.FO

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(operação)

Audiência cativaA operadora de cabo de Mossoró, no Rio Grande do Norte, aposta no conteúdo local para conquistar seus assinantes.

A primeira e a última im-pressão sobre a pequena operadora de TV a cabo na segunda maior cidade do Rio Grande do Norte

(230 mil habitantes) é a mesma: um primor. impressiona como tudo possa funcionar debaixo de uma tempera-tura adequada apenas para evaporar a á­gua nas salinas. Apesar de ser essa imensa retorta, Mossoró é uma cidade com tradições culturais fortíssimas e muito ciosa de sua identidade. Há­ quatro anos em operação comercial, na primeira semana de abril, a TV a Cabo Mossoró inaugurou no seu canal local, um noticiá­rio diá­rio e ao vivo com 30 minutos de duração. “É o programa que faltava para completar o canal e aumentar ainda mais sua credibilidade diante da população da cidade”, comemora Milton Marques, proprietá­rio da empresa. Atualmente reitor da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, psiquiatra e profes-sor, Milton Marques divide a empresa com sua esposa, a assistente social e administradora, Zilene Marques, que efetivamente dirige a operadora.

apenas sob o ponto de vista econô­mi-co o carro chefe da operadora, mas o diferencial de programação que permite à empresa concorrer com os sistemas de DTH. Uma outra razão do sucesso é o permanente intercâmbio da empresa com os demais veículos de comunicações, especialmente rá­dio e jornal da cidade. De alguma forma, os quatro diá­rios editados em Mossoró (três matutinos e um vespertino) tem algum tipo de troca com a empresa, além dos jornalistas independentes com presença garantida na pro-gramação do canal local. Nas noites de domingo, durante uma hora, dois jornalistas da Gazeta do Oeste entrev-istam uma personalidade. O programa é exibido simultanea-mente por uma das FMs locais e a transcrição da entrevista é publicada no jornal. Na verdade, o intercâmbio ideológico não se dá­ apenas com as á­reas de comunicação, mas com os diversos segmentos da universidade, das igrejas, das associações da socie-dade civil como um todo. E finalmente, acredito que se deva atribuir parcela do sucesso da TCM ao fato da famí-lia Marques, mesmo estando em uma cidade nordestina tradicional, é partidariamente independente na política: “Não foi por falta de insistência de diversos partidos”, lembra Zilene Marques, “mas graças a Deus, Milton nunca entrou na política”, conclui.

Mossoró na tvHá­ muito que se sabe que além

de ser apaixonado por televisão como poucos no mundo, o brasileiro adora ver na tevê a sua realidade e até mesmo ele próprio: “eu queria ter uma televisão para falar com a cidade”, afirma Milton Marques, “daí que priorizamos o canal local que

Apesar de também atuar empresarialmente na á­rea de saúde, o professor Milton, como é conhecido, foi fundador de cinco emis-soras de rá­dio no interior do Estado, e ainda mantém participação em uma delas. “Quando surgiu a idéia da TV a cabo para Mossoró eu me interessei, e acabei gan-hando a licitação, que custou R$ 450 mil, com a desistência de um dos concorrentes que estava investindo milhões em diversas cidades do Nordeste”, conta.

A rede bidirecional de 750 MHz com 100 km de fibras e 200 km de cabos coaxiais atinge 18 mil domicílios divididos em nove células que atendem um total de 3,4 mil assinantes ativos. A previsão é chegar a 18 células até 2012, para atender 100% da á­rea urbana e operar com 20 mil assinantes. Com este tamanho e especialmente com o po-tencial econô­mico demonstrado pelo canal local, a operadora tornou-se auto-sustentá­v-el, inclusive em relação aos investimentos necessá­rios para a ampliação da rede: “Eu calculo que já­ investi uns R$ 2 milhões na TCM”, avalia Milton Marques. A empresa conta com 110 trabalhadores, entre próprios e terceirizados.

Com a ausência de uma geradora de televisão local, o canal local da TCM é, não

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Jornal diário e ao vivo: credibilidade.

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hoje é a cara da cidade”. O canal local transmite programação própria de 8 da manhã às 22:30, sendo pelo menos cinco horas ao vivo. O restante do tempo é preenchido com programa-ção da Band News. Para dirigir o canal local, a TCM “importou” de São Paulo a jornalista Regina Cunha, que já­ havia trabalhado em diversas emissoras como jornalista e produtora: “Eu tinha chegado da inglaterra onde havia estu-dado e estagiado e tinha uma proposta de trabalho muito interessante para voltar àquele país. Fui apresentada aos Marques e topei a proposta de dar ap-enas uma consultoria para o TCM 10, o canal local da empresa. Daí, fui ficando e ficando, e sabe Deus até quando eu vou estar por aqui”. Para Regina Cunha, a existência do canal local da operado-ra é o sinal da credibilidade da empresa diante do povo de Mossoró. “Tenho a impressão que o comerciante pensa que vale a pena investir neste canal porque ele se vê na TV, não apenas ele como pessoa, mas a realidade de sua gente passa nessa televisão. No caso do jornal diá­rio, há­ seis meses já­ havia um anunciante pedindo para reservar espaço para ele no programa.” No ano passado, uma das idéias de Regina Cunha para promover a inserção social da TV na realidade local, o programa “Minha Escola na TV”, ficou em segun-do lugar no Prêmio Operador Cidadão promovido pela Associação Neo TV. Para este ano, a TCM vai envolver-se na campanha para a reforma de um asilo mantido pela igreja Católica, reforma orçada em cerca de R$ 500 mil. Além da qualidade do sinal, a programação vi-sual do canal local é de alta qualidade, todas as vinhetas são produzidas na própria empresa.

Na opinião de Regina Cunha, para funcionar adequadamente, o canal local deve ser auto-sustentá­vel, e por isso, a grade de programação está­ em evolução permanente. Ainda de acordo com a diretora do canal, no começo, a idéia foi trazer para os pro-gramas que já­ existiam, especialmente o “Manhã TCM”, pessoas que tivessem algum poder de decisão nas empresas

Marques se mantém atento ao desen-volvimento do mercado. Afinal, foi neste negócio que ele colocou boa parte dos recursos da família. Diante das novidades convergentes e das possíveis alterações no marco legal, Milton Marques observa que o momento é delicado: “é como se olhá­ssemos para as nuvens. A cada dia elas têm um contorno diferente. Não se pode desligar um momento sequer da realidade”, aconselha. “Eu sei que não presto um serviço com tanta diversidade como pode prestar um DTH ligado a uma operadora estrangeira, mas sei também que a atenção ao usuá­rio que eu tenho, eles nunca serão capazes de oferecer. Vai daí a importância que o canal local tem para nós da TCM”, explica. Segundo Milton Marques, a rede da operadora está­ preparada para oferecer novos serviços, especialmente a banda larga, construída utilizando a cada momento a tecnologia mais avançada disponível, mas a partir de

um modelo de custo-benefício adequa-do. Na verdade, o empresá­rio potiguar tem muito mais dúvidas do que certe-zas diante de uma possível entrada de grandes competidores como as “teles” no mercado de televisão por assinatura: “isso pode acontecer como os supermercados. De repente chega um destes grandes empórios aí e me diz: ‘bote seu preço’. Se eu resistir, ele entra com um serviço com um preço que eu não posso acompan-har, e como é que eu fico? Daí pode ser que tenha que vender por preço nenhum. Alguma coisa tem que ser feita para evitar que as teles possam arrasar o mercado de televisão por assinatura”.

carlos EDuarDo zanatta, DE Mossoró, rn(o Jornalista viaJou a convitE Da oPEraDora)

por elas controladas ou representadas: “Aos poucos, estas pessoas tornaram-se mais do que anunciantes. São nossos parceiros”. Na verdade, existem diversos modelos para viabilizar os programas. As variações são estabelecidas a partir das fases da produção de um programa, desde a idéia inicial até a comercialização do espaço quando o programa vai ao ar. Cada uma destas fases pode ser de responsabilidade de terceiros

ou da TCM. Além disso, pode ser uma ativi-dade remunerada ou voluntá­ria (quando se enquadra na á­rea da responsabilidade so-cial). E há­ ainda espaço para modelos que misturam um pouco de tudo, como por exemplo, uso de equipamentos da TCM para gravação ou para a edição de um pro-grama originalmente de terceiros, ou um programa totalmente sob a responsabili-dade de terceiros (que paga integralmente à TCM pelo horá­rio veiculando os comer-ciais que trouxer) mas que é apresentado ao vivo a partir do estúdio da operadora. O canal tem dois programas de variedades ao vivo, dois programas de entrevistas, um programa para comercialização de produ-tos (“Shop 10”), programas religiosos católi-cos e evangélicos, programas esportivos, um programa de vaquejada e a exibição nas noites de domingo de um dos jogos do campeonato estadual de futebol ou de outra modalidade esportiva disponível.

E o futuro?Mesmo possuindo uma operadora

auto-sustentada e com possibilidades de crescimento reais, o empresá­rio Milton

Professor Milton Marques, zilene Marques e neto Queiroz.

o canal local é o QuE DiFErEncia a oPEraDora DE sEu único concorrEntE, o DtH.

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(upgrade - nab 2007)

nova suíte traz o color, corretor de cor que quer brigar com concorrentes como o Da vinci.

Com lançamento do Final Cut Pro, a Apple conseguiu não só se manter no mercado de edição

e pós-produção, mas aumentar sua presença nas produtoras e finalizado-ras de vídeo e cinema. Vale lembrar, quando a Microsoft adquiriu a Softim-age (mais tarde vendida para a Avid), conseguiu fazer melhorias e adap-tações importantes em seu sistema operacional para que ele fosse mais adequado às plataformas de vídeo, fazendo com que vá­rios desenvolve-dores e fabricantes parceiros da Apple lançassem soluções também para a plataforma “Wintel”. Com uma política agressiva de preço, pelo menos no que se refere ao software, a Apple con-seguiu fazer com que o Final Cut Pro se tornasse o queridinho de editores em todo o mundo.

A empresa de Steve Jobs deu mais um passo na conquista do mercado de cinema e vídeo, apresentando soluções de custo relativamente baixo, caso seja somado ao valor do software o hardware necessá­rio para uma boa performance. Na última NAB, que aconteceu entre os dias 14 e 19

de abril, em Las Vegas, a Apple lançou a nova versão da suíte Final Cut Studio. Em um evento para cerca de seis mil pessoas, a empresa conseguiu arrancar aplausos da platéia ao apresentar, além de novas funções a soluções já­ existentes, um novo codec de vídeo e um corretor de cor.

O novo codec, chamado ProRes 422 é capaz , segundo a fabricante, de trab-alhar com material HD sem compressão de cor, usando a banda de arquivos SD. O codec usa um formato 10-bit 4:2:2, e já­ foi abraçado pela Sony, Panasonic e RED (fabricante que vem desenvolvendo uma câmera que promete reduzir significativa-mente os custos das câmeras para cinema digital). Outra grande novidade do Final Cut Pro 6 é a possibilidade de trabalhar com qualquer resolução, formato, aspecto e frame rate em uma mesma timeline, sem

a necessidade de conversões. Conforme demonstrado pela empresa, para trabal-har com multiformatos e resoluções no software, basta arrastar os clipes para a timeline.

O novo software para correção de cor, chamado Color, promete elevar o potencial da Apple para concorrer com as caríssimas soluções de finalização. A solução não apenas traz a maioria das ferramentas que compõem os aplicativos concorrentes, mas também algumas inovações que facilitam o processo de correção.

A suíte já­ está­ no mercado, custan-do US$ 1,3 mil. O upgrade para usuá­rio da versão anterior sairá­ por US$ 499.

Avanço da Apple FO

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Parceria estratégica

O lançamento da Apple não teria o mesmo peso se não tivesse com parceira a Aja Video Systems, que lançou um produto complementar à nova suíte Final Cut Studio 2, o io HD.

Trata-se de um hardware que trabalha nativamente com o codec ProRes 422, conecta-se à porta FireWire, e conta com entradas e saídas para VTRs e portas SD-SDi e HD-SDi; vídeo componente; composto; S-video; HDMi, com dois canais de á­udio; oito canais de á­udio SDi, assim como AES/EBU; quatro canais analógicos de á­udio XLR e dois RCA; entre outras. Embora não seja tão pequeno quanto um laptop, o equipamento é portá­til, podendo ser usado para trab-alhar com um Mac Book Pro, o notebook da Apple.

io HD leva portas analógicas e digitais ao Final cut studio 2.

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sony revela a nova linha xDcaM, como a camcorder Ex, com gravação em cartões.

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A praticidade do LCD, com tamanho compacto e facilmente adaptá­vel a infra-estruturas como unidades móveis, encon-trou a qualidade de imagem dos monitores CRT.

A Sony apresentou na NAB, em Las Vegas, a nova geração de seus monitores profissionais com um primeiro modelo, o BVM-L230 LCD. Com 22,5’’, o monitor usa um novo sistema de retro-ilumina-ção e painel LCD capaz de exibir 1.024 níveis de cinza, tornando-o ideal para aplicações high-end de monitoração, como cinema digital, intermediação digital, telecine etc.

Em demonstração lado a lado com os monitores CRT, o novo modelo da Sony impressionava até mesmo olhos mais treinados no estande da fabricante japonesa no evento. O equipamento conta com resolução full HD (1920 x 1080 com varredura progressi-va), e retro-alimentação por LEDs. O monitor oferece vá­rias formas de comunicação, incluindo DVi-D, HD-SDi/SDi SDi, composto, Y/C, RGB/YPBPR/XYZ, e dual-link HD-SDi.

A Sony desenvolve outros modelos baseados na mesma tecno-logia, com diferentes tamanhos. Este primeiro tem preço sugerido de US$ 25 mil.

(FErnanDo lautErJunG)

A Sony apresentou nesta NAB a evolução da linha sem fita XDCAM com novos projetos. Entre os futuros produtos estão a camcorder PDW-F355, o deck PDW-

F75 e o drive externo PDW-U1. Todos usarão o disco Blu-Ray da Sony, sendo que a camcorder e o deck serão multiformato, com CCDs progressivos de 2/3 de polegada com resolução 1920 x 1080, bit-rate de 50 Mb/s, e gravação nativa em 1080 e 720. Ambos suportarão mídias single e dual-layer. A fabricante deixou claro que os novos modelos, baseados em MPEG 4:2:2, suportarão a mesma mídia, metadados e formato de arquivos já­ usados nos equipamentos atuais da família XDCAM.

Memória flash A empresa também revelou uma camcorder com gravação

em memória em estado sólido, a XDCAM EX. O equipamento usará­ a tecnologia de cartões de memória SxS. Esta será­, segun-do a fabricante, a evolução natural de sua família de tecnologia sem fitas. O equipamento será­ baseado em compressão MPEG-2, com três chips de captação de meia polegada, que deverão poder trabalhar em 1080/60i e 720/60P, mas com gravação em 1080/50i/30P/25P/24P e 720/50P. A camcorder também terá­ funções de quick e slow motion.

Equipada com dois slots para cartões de memória, poderá­ gravar cerca de 120 minutos de conteúdo em cartões de 16 GB cada.

A fabricante anunciou ainda parcerias para garantir a interoperabilidade com os ambientes de produção. Entre os

Evolução do XDCAM

parceiros estão Adobe, Apple, Canopus, Dayang, Main Concept, New Auto, Sobey, além da própria Sony com as soluções Vegas e XPRi NS.

LCD chega à maturidade

nova linha de monitores lcD faz frente aos antigos crt para high-end.

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Maio24 a 31 14° Festival de cinema e vídeo de

cuiabá — Fronteiras. Cuiabá­, MT.

Tel.: (65) 3624-5331.

E-mail: [email protected]

Web: www.cinemaevideocuiaba.org

29 a 1°/6 4ª Mostra competitiva de

vídeos do interior. Ribeirão Preto, SP.

Tel: (16) 3625-3600. E-mail: festival@sao-

paulofilmcommission.com.br Web: www.

saopaulofilmcommission.com.br

30 e 31 8º Fórum Brasil - Mercado

internacional de televisão. Frei Caneca

Convention Center, São Paulo, SP.

Tel: (11) 3120-2351.

E-mail: [email protected]

Web: www.forumbrasiltv.com.br

JunHo1° a 8 11° Florianópolis audiovisual Mer-

cosul — FaM. Florianópolis, SC.

Tel.: (48) 3222-2776.

Web: www.panvision.com.br

1° a 8 17° cine ceará - Festival ibero-americano de cinema. Fortaleza, CE. Tel.: (85) 3366-7772. E-mail: [email protected] Web: www.cineceara.com.br

1° a 9 10° Festival de cinema Brasileiro de Miami. Miami, EUA. Web: www.brazilian-filmfestival.com

10 a 13 Banff World television Festival. Banff, Canadá­. Tel: (1-403) 678-1216. E-mail: [email protected] Web: www.bwtvf.com

11 a 17 Guarnicê de cine-vídeo. São Luís, MA. inscrições até 31/03. Tel.: (98) 3231-2887. E-mail: [email protected]

12 a 24 cinesul 2007. Rio de Janeiro, RJ. Web: www.cinesul.com.br

17 a 23 cannes lions, Palais de Festivals. Cannes, França. Tel: (44-20) 7239-3400. Web: www.canneslions.com

26 a 29 sunny side of the Doc. La Ro-chelle, França. Tel.: (33-1) 7735-5301. E-mail: [email protected]. Web: www.sunnysideofthedoc.com

29 a 8/7 anima Mundi — Festival inter-nacional de animação do Brasil. Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2543-8860. E-mail: [email protected]. Web: www.animamundi.com.br

JulHo11 a 15 anima Mundi São Paulo, SP. Tel.: (11) 3159-1323. E-mail: [email protected]. Web: www.animamundi.com.br

20 a 26 9º Festival internacional de curtas de Belo Horizonte. Belo Horizonte, MG. Tel.: (31) 3291-0524. Web: www.festivaldecurtasbh.com.br

aGosto7 a 9 aBta 2007. iTM-Expo, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3120-2351. E-mail: [email protected]. Web: www.convergecom.com.br

(agenda)

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