revista tela viva 114 - marco 2002

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www.telaviva.com.br Nº114 MARÇO 2002 O ESPAÇO DO CINEMA BRASILEIRO NA TELINHA A RECEITA DAS EMISSORAS DE TELEVISÃO PARA 2002

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Revista Tela Viva 114 - marco 2002

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Page 1: Revista Tela Viva 114 - marco 2002

www. te lav iva .com.br

Nº114MARÇO 2002

O ESPAÇO DO CINEMA

BRASILEIRO NA TELINHA

A RECEITA DAS EMISSORAS

DE TELEVISÃO PARA 2002

Page 2: Revista Tela Viva 114 - marco 2002

Não disponivel

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w w w . t e l a v i v a . c o m . b r

Í N D I C E

ï Gu ia TELA VIVA

ï F ichas técn icas de comerc ia i s

ï Ed ições an ter iores da TELA VIVA

ï Leg is lação do aud iov isua l

ï Programação reg iona l

SCANNER� �4

CAPA� 10

tElEviSão� �14

MAKiNG�oF� �18

CiNEMA� 22

lEGiSlAÇão� 26

tECNoloGiA� 32

FiquE�PoR�dENtRo� �36

AGENdA� �38

E D I T O R I A L

O segmento de produção tem excelentes condições de retornar seu crescimento este ano. As incertezas no cenário político são sempre um bom sinal para quem trabalha para divulgar a imagem alheia. E, trabalho não deve faltar. Haja maquiagem para esconder tanta falta de conteúdo. As gravações dos programas do Horário Eleitoral Gratuito para as eleições 2002 sempre conseguem agitar os mercados regionais e incrementar a venda de equipamentos de gravação e edição de VT. A possibilidade de pessoas jurídicas gerirem as concessões de rádio e TV e a regulamentação da participação de capital estrangeiro no broadcasting brasileiro é outro ponto favorável no cenário dos próximos meses. Obviamente o resultado não será imediato. Até que consigam se estruturar e estabelecer contatos para concretizar parcerias estratégicas, vai tempo. Por isso, as emissoras de TV prevêem um crescimento modesto no seu faturamento. E, ninguém fala em investimentos de grande porte para este período. Mas, se sair a definição do modelo brasileiro de DTV, a situação pode mudar nos últimos meses deste ano. Embora a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) prometa divulgar sua opção por um padrão no final deste semestre, poucos acreditam que isto irá realmente acontecer. Depois de tantos adiamentos é realmente para se desconfiar que no apagar das luzes do governo FHC, às vésperas das eleições, a agência reguladora tome uma decisão desse porte, onde interesses envolvidos é o que não falta. Mas, só esperando para ver. A tecnologia digital conseguiu equilibrar a qualidade de produção dos programas das diversas emissoras. A redução de custo dos equipamentos, principalmente de pós-produção, permite um acabamento decente de produções realizadas e exibidas em todo o nosso território. Foi-se o tempo do exclusivo “padrão Globo de qualidade”. Hoje há também capacitação fora da Vênus Platinada. E será essa maior difusão de recursos tecnológicos e de know-how de produção que poderá melhorar o estagnado mercado do broadcasting, assim que novos recursos forem injetados no setor.

Edylita Falgetano

FILMES BRASILEIROS NA TV

ELEIÇõES 2002

FATuRAMENTO EM 2002

NAB

TRANSFER BRASILEIRO

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HENFIL ANIMADO

O documentário “Henfil em profissão cartunista” é o terceiro da série de biografias dos grandes mestres dos quadrinhos e do cartum. Após retratar Will Eisner e Jerry Robinson, a produtora carioca Scriptorium, em parceria com a STV, produziu em vídeo digital a primeira obra no gênero sobre um cartunista brasileiro. Dirigido por Marisa Furtado de Oliveira, o documentário retrata, através da trajetória pessoal e profissional do artista, um importante período da história do Brasil, pois Henfil lutou ferozmente contra a ditadura militar driblando a censura e participou intensamente de campanhas a favor dos trabalhadores, da anistia e das eleições diretas para presidente. Graças aos apoios conseguidos junto ao Museu da Imagem e do Som do RJ e da Rádio Jornal do Brasil, a narração foi feita com a voz do próprio Henfil, cobrindo animações feitas sobre originais pesquisados no acervo de 15 mil desenhos pertencente ao filho do autor. A estréia está prevista para abril/maio na STV e já tem exibições programadas para 2003 e 2004 na TV Cultura SP.

A Alias|Wavefront anunciou o lançamento do plug-in Maya Real-Time Author (Maya RTA) para ser usado em conjunto com o software Macromedia Director 8.5 Shockwave Studio na criação de conteúdo 3D interativo para web e aplicações mul-timídia para o Macromedia

Shockwave Player. O Maya RTA foi desenvolvido com a tecnologia incorporada do Maya Shockwave 3D Export-er, lançado no ano passado. O plug-in permite que usuários trabalhem no Maya, criando sensores, ações e visualiza-dores interativos (câmeras 3D controláveis).

PLUG-IN

S c A N N E R

� T E L A V I V A m A r ç o D E 2 0 0 2

MEMÓRIAS DO CLAUSTRO

Quatro pessoas presas em um carro-forte durante um assalto repensam suas vidas e discutem a violência a que estão submetidas. Esse é o argumento do novo filme de Mário Diamante, diretor carioca premiado recentemente com o curta “Dama da noite”, cujas filmagens estavam previstas para os dez últimos dias de fevereiro, no município de Xerém.

Cerca de 90% do curta é passado dentro do carro-forte. Em função da limitação de espaço, Diamante optou por uma câmera Super-16, para posterior ampliação. O roteiro de “Carro-forte” foi premiado pelo Projeto Petrobrás de curta-metragem de 35 mm para sala de cinema.

TV1A TV1 contratou o publicitário André Cardoso Mota, que deixa a Full Jazz para ocupar o cargo de desenvolvedor, na equipe da Volkswagen. A produtora também reforçou seu atendimento, com a chegada de Nagib Nassif Filho, que vai atender Volkswagen, Saint-Gobain e Votorantim.

E-LEARNING O roteirista e professor Roman Bruni criou um site para levar mais longe seus conhecimentos sobre a arte de escrever histórias para o cinema. Ele oferece um workshop de roteiro no site www.conexao.net, no qual os interessados desenvolvem o conteúdo em seu próprio ritmo. Os inscritos recebem o livro “Roteiro de roteiro” em formato digital, um manual teórico-prático, com exercícios de texto para reforçar o poder de síntese e de descrição dos alunos.

GeeMário Diamante

Foto

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ulga

ção

SITE NOVOA Lew Lara colocou no ar

em fevereiro seu novo site,

criado pela Popcom, o braço

virtual do Grupo Prax. Além

de mostrar os clientes e

trabalhos, o site também

fornece uma panorâmica das

novas instalações da agência.

Tudo com muitos pop-ups.

TODA DIGITAL

A Rede Bahia investiu US$ 6 milhões para produzir em formato digital a partir de março. O objetivo é preparar o grupo, com seis emissoras de TV aberta, afiliadas à Rede Globo - TV Bahia, TV Santa Cruz, TV São Francisco, TV Oeste, TV Subaé e TV Sudoeste -, emissoras de rádio e uma empresa de soluções para Internet, para o processo de transmissão digital. Com a digitalização da produção, também estará disponível a interligação de todas as emissoras através de uma rede digital feita por fibra óptica.

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A Secretaria Municipal de cultura de São Paulo deve anunciar em breve um plano de emergência para o cinema paulistano. Serão lançados cinco editais de concurso, num total de R$ 2,44 milhões de recursos orçamentários investidos. Produção de longas-metragens e telefilmes (R$ 1,5 milhão divididos entre, no mínimo, cinco projetos, sendo que os longas terão prêmio de R$ 300 mil e os telefilmes de R$ 150 mil). Pelo menos um dos filmes deve ser para estreantes no formato. Os vencedores só poderão ter acesso

aos recursos após comprovarem captação de no mínimo 60% do orçamento total. Finalização de lon-gas e telefilmes (R$ 400 mil para, pelo menos, cinco projetos, sem valor fixo por vencedor). Produção de curtas (seis prêmios de R$ 40 mil cada). Produção de documentários para TV (dois prêmios de R$ 150 mil cada). E desenvolvimento de roteiro (cinco prêmios de R$ 30 mil cada). Os concorrentes devem necessariamente ter residência em São Paulo.

T E L A V I V A m A r ç o D E 2 0 0 2 �

S c A N N E RLONGA GAÚCHO

Continuam a soprar os ventos cinematográficos dos Pampas. No último dia 2 de fevereiro, começaram as filmagens de mais um longa gaúcho, confirmando o crescimento do cinema no Rio Grande do Sul. “Dansa” tem direção de André Arieta, roteiro de Bia Werther e do próprio Arieta, direção de fotografia de Juliano Lopes e direção de arte de Bia Werther, com produção do Cine 8 — Núcleo de Cinema Desconstrução. No elenco, estão Renata de Lélis, Zé Vítor Castiel e Neka Rodrigues. Uma jovem, filha de um pastor evangélico, procura a irmã em um prostíbulo no centro de Porto Alegre. A fase de captação de imagens (em 16 mm, Super-8 e Mini DV, para posterior ampliação para 35 mm) ocorre com apoio financeiro e suporte técnico de produtoras gaúchas, mineiras e cariocas.

LATITUDE NAS TELAS

O longa “Latitude zero”, de Toni Venturi, estréia no dia 8 de março em seis salas de São Paulo, Guarulhos e São José dos Campos, com várias promoções. Na data de estréia, Dia Internacional da Mulher, representantes do sexo feminino pagam meia. Além disso, ao longo da carreira do filme nas

salas, serão distribuídos 150 mil cupons nos jornais do CPC/UMES, co-produtor do filme. Os cupons dão direito ao estudante, além de pagar meia-entrada, levar um acompanhante grátis. Mais 40 mil flyers da mesma promoção serão

distribuídos em escolas e faculdades e outros 22 mil chegarão, via correio eletrônico, para o público jovem. A estréia no Rio de Janeiro ocorre em 12 de abril. Porto Alegre, Brasília e Belo Horizonte estão em negociação.

ROTEIROS PREMIADOSA Secretaria do Audiovisual divulgou os três vencedores do Concurso para o Desenvolvimento de Roteiros Cinematográficos, que integra o I Programa para o Desenvolvimento do Roteiro Cinematográfico. São eles “Eros agreste”, de Luiz Henrique Cardim; “Ao sul da fronteira”, de Rogério Brasil Ferrari; e “Cidade livre”, de Eduardo Eugênio Sigaud. Os roteiros con-correram com outros 157 trabalhos, todos inéditos, de longa-metragem e ficção. Cada um deles recebeu um prêmio de R$ 5 mil.

SALA DIGITALA rede de salas de cinema UCI, em parceria com a Teleim-age, vai inaugurar a primeira sala de cinema digital de São Paulo. Com patrocínio da Intel, a sala ficará no complexo da UCI no Shoping Jardim Sul. Essa será a segunda sala brasileira de cinema digital, a primeira, fruto da mesma parceria, já está funcionando desde de dezembro passado no Rio de Janeiro.

MAIS TATOOSNovas e divertidas tatuagens saíram à caça de uma Brahma gelada no novo filme da cerveja. Agora são vári-os desenhos que fogem dos cor-pos de seus donos para chegar a um rapaz que toma cerveja em um quiosque. O filme, que faz parte da campanha “Refresca até pensamento”, é criação da F/Nazca, com produção da Zero Filmes e da Lobo Filmes. Um motoqueiro, um pirata, um samurai e muitas outras tatuagens se acotovelam no quiosque para garantir seu gole, até que uma morena fatal abre caminho e toma tudo, deixando os sedentos com cara de bobos.

NOVO PREMIO EM SÃO PAULO

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S c A N N E RMUDANÇAS NA

RECORDA Rede Record começou o ano reestruturando seus departamentos para encarar as exigências tecnológicas e de conteúdo do setor. Luciano Callegari assume a Superintendência Artística e de Programação da emissora. Afastado há três anos do mercado de TV, o ex-braço direito de Silvio Santos já vinha sendo consultado pela Record há algum tempo e só agora aceitou o desafio.

Além disso, a emissora anunciou a criação da Vice-Presidência Corporativa, comandada por Roberto Franco, que já desempenhava funções institucionais, operacionais e executivas como vice-presidente executivo. Sua missão é a de expandir as fronteiras da emissora, reforçando seu posicionamento estratégico e aprofundando as discussões sobre TV digital, política de produção de conteúdo nacional e internacionalização dos produtos, entre outros temas.

A Vice-Presidência Executiva ficou a cargo de Dennis Munhoz, que também participava do processo decisório na atual gestão. A ele caberá dar continuidade à administração da emissora nos moldes atuais. Com a subdivisão de tarefas, a Vice-Presidência de Munhoz passa a se concentrar mais nas questões operacionais.

SIMPLICIDADEFernando Waisberg está às voltas com o lançamento de novos cenários virtuais no seu SimpleSet.com. Os newsrooms (jornalismo e esportes) vêm complementar a linha desses produtos, que podem ser comprados através de cartão de crédito internacional, com o download feito diretamente do site. Além do www.simpleset.com, existe a versão em português do site, o www.simpleset.com.br.

� T E L A V I V A m A r ç o D E 2 0 0 2

A Agência Nacional de Telecomunicações

(Anatel) está realizando licitação para

contratar um escritório de advocacia

que prestará consultoria e analisará

contrapartidas econômicas com a

implantação da TV digital. Concorrem ao

cargo, com propostas de custo oscilando

entre R$ 575 mil e R$ 825 mil, três

escritórios.

O Conselho Diretor da Anatel aprovou o

novo Plano Básico de TV, RTV e TVA, que

agora passa a contemplar 11.485 canais.

No plano foram incluídos 3.109 novos

canais, sendo que 3.020 são do plano

básico de TV e 89 do plano básico de

RTV. Dos mais de 11 mil canais do Plano

Básico, 4.987 estão outorgados da seguinte

maneira: 366 para TV, 4.596 para RTV e 25

para TVA. Essas concessões de TVA (Serviço

Especial de TV por Assinatura em UHF, que

não deve ser confundido com

a operadora homônima) foram renovadas

ano passado e começam

a vencer a partir de 2003.

O superintendente de comunicação de

massa da Anatel, Ara Minassian, disse

que a agência estuda o que fazer com as

concessões de TVA e que uma solução

possível seria a migração para o futuro

Serviço de Comunicação de Massa de TV

Paga (SCEMa).

Ara Minassian afirmou que o Plano Básico

foi feito levando em conta os canais que

serão utilizados na implantação da TV

digital. Minassian explicou que esses

canais não constam do plano divulgado,

justamente porque estão reservados.

LUZESA Lumatek está com lançamentos

em seu novo endereço, no bairro do

Ipiranga, em São Paulo. Entre os

novos produtos estão a linha de

luminárias de luz fria para estúdios

de TV e cinema fabricados no Brasil

com tecnologia Dexel Lighting para

duas, quatro e seis lâmpadas de 55 W,

dimmerizáveis analógicas ou digitais

e também não dimmerizáveis. Outra

novidade são as luminárias Power

Flo para lâmpadas compactas de 55

W e para lâmpadas fluorescentes

F40T12 e F20T12, também nas versões

dimmerizáveis analógicas, digitais

e não dimmerizáveis.

PACOTÃOA Apple lançou em fevereiro a nova

versão de seu software de edição

não-linear, o Final Cut 3. O pacote

já vem com effects e tem, segundo

a fabricante, arquitetura aberta,

ou seja, aceita scripts de plug-ins

externos. O preço ao mercado é de

cerca de R$ 2,7 mil, mas a Apple

garante uma promoção para quem

já comprou o Final Cut 2. Quem

adquiriu o software após novembro

do ano passado ganha a nova

versão de graça. E quem já tinha o

programa antes disso pode fazer um

upgrade por apenas R$ 600. Além

do software, o usuário recebe um

manual com mais de mil páginas. Um

verdadeiro “pacotão” da Apple.

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S c A N N E RREDE DE

EMISSORASAfastado temporariamente da televisão desde a extinção da TV Litoral, de Santos, Arthur Ankerkrone articula a Rede Meridional de Rádio e Televisão. O projeto pretende reunir emissoras com forte identificação regional e que antes trabalhavam sozinhas para ganhar uma fatia do mercado. A intenção é criar um sistema de assessoria de marketing, visando a comercialização conjunta e a captação de programas.

VOLTOUGuilherme Stoliar volta a dar expediente no SBT, agora como superintendente comercial da rede de seu tio Silvio Santos. Após um afastamento de três anos dedicando-se a projetos próprios (TV Alphaville, InterAir e uma “filial” da ESPM em Alphaville), Stoliar tem a missão de atrair mais anunciantes para os domínios da Anhangüera. Mas um projeto ainda ocupa sua mente: a transmissão de aulas da ESPM via TV por assinatura.

DE RIBEIRÃO PRETO PARA...

Depois de ser exibido em alguns dos principais festivais brasileiros, o novo filme de Marcelo Masagão, “Nem gravata nem honra”, chega às telas via Ribeirão Preto. Sua estréia estava prevista para 1º de março na cidade do interior paulista, seguindo para o Rio de Janeiro e São Paulo. O filme discute as diferenças entre homens e mulheres, com ação e romance, na pequena cidade de Cunha, no Vale do Paraíba. Assim que o filme ficou pronto, foi exibido para os entrevistados, que deram seu depoimento. Esse material também foi acrescentado à montagem final.

T E L A V I V A m A r ç o D E 2 0 0 2

A regulamentação para o funcionamento da Agência Nacional de Cinema (Ancine), criada por medida provisória em setembro do ano passado, saiu às vésperas do Carnaval, estabelecendo quadro de funcionários e regimento interno. A verba de funcionamento para 2002 será de R$ 365 mil, o que vai permitir contratar 80 pessoas. A sede da Ancine será o antigo prédio da Cacex, na Candelária, no Rio de Janeiro.

Com a oficialização da Ancine, começa também a cobrança da Contribuição para o Desenvolvimento do Cinema (Condecine), a taxa sobre remessas ao exterior relativas à exploração ou importação de obras audiovisuais. As empresas que optarem por produzir no Brasil, utilizando parte de seu Imposto de Renda, estão isentas da taxa, que é de 11% sobre o total das remessas. Os operadores de TV paga só poderão distribuir no Brasil as obras regularizadas.

OFIcIALIZADA

AS ÁGUAS VÃO ROLARA briga entre os antigos

proprietários da Rede Manchete

e os controladores da TV Omega,

que administra a Rede TV!,

continua rolando e já mudou

de instância. Agora, o pedido

de falência feito por Pedro Jack

Kapeller (Jaquito) será julgado

pelo Superior Tribunal de Justiça

em Brasília. Antes, estava na

jurisdição de São Paulo.

A pendenga começou quando

Jaquito pediu a falência da Rede

TV!, alegando que as parcelas

acordadas não tinham sido pagas.

Outra questão em discussão

é o pagamento atrasado dos

funcionários da Manchete que,

segundo Jaquito, teria ficado a

cargo da nova emissora. No meio

disso tudo, os mais ansiosos são os

antigos funcionários, que ainda não

viram a cor da indenização.

UNIÃOA Raccord Produções anuncia sua fusão com a Momento Digital. A idéia é unir o know-how da Momento em finalização ao da Raccord na área de produção para atuar no segmento publicitário. No casting de diretores da MR, nome adotado pela parceria, estão Rosane Svartman, Mauro Farias, Paulo Caldas, Lírio Ferreira, Stella Rizzo e Fábio Gavião. A atuação em publicidade não impede a Raccord de continuar seus projetos no segmento cinematográfico.

SEVERIANO RIBEIRO EM SPO grupo exibidor Severiano Ribeiro estréia

em São Paulo com uma nova marca de

cinemas. Serão os Kinoplex, que seguem o

padrão dos multiplex. As primeiras 15 salas

serão inauguradas no shopping Parque Dom

Pedro, em Campinas, neste mês. Ao todo, as

salas abrigarão quatro mil pessoas. O grupo

investiu R$ 15 milhões no projeto, com

financiamento do BNDES.

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Não disponivel

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Edylita FalgEtano E FErnando lautErjung

A NAB 2002 não p r ome te

mos t r a r nenhuma i nova ção

t e c no l óg i c a que r e vo l u c i one

o b r oad ca s t i ng . Upg rade s e

i n c o r po ra ç ão de novo s r e c u r s o s

pa ra a s t r an sm i s sõe s em HDTV

s e rão mos t r ado s du ran t e a

f e i r a . o de s t aque f i c a pa ra o

c i n ema d i g i t a l .

A NAB 2002 começa no dia 8 de abril, em Las Vegas (EUA). Enquanto os argu-mentos prós e contras sobre proprie-dade cruzada dos meios de comunica-ção são levantados para alimentarem as discussões do setor, empresas ini-ciam seus preparativos para apresentar ao mundo novos produtos e soluções para produzir, transmitir, captar e armazenar conteúdo audiovisual. A organização da NAB 2002 estima que 117 mil visitantes devam circular pelos 79 mil metros quadrados da área de exposições que abriga mais de 900 exi-bidores. Mas é provável que a queda no número de participantes verificada no ano passado (veja quadro) seja agra-vada pelo impacto que os ataques ter-roristas de 11 de setembro do ano pas-sado ainda provocam e pela recessão nos Estados Unidos.

A rígida legislação da Federal Communications Commission (FCC) para evitar monopólio, principalmente de informação, nos Estados Unidos sofreu um duro golpe no final do mês passado. Um tribunal de apelações federal derrubou as regras que proi-biam uma empresa de ser, ao mesmo tempo, proprietária de uma emissora de TV e de uma rede de TV a cabo no mesmo mercado. Caiu também a imposição de uma única empresa poder alcançar, no máximo, 35% dos lares norte-americanos. A decisão ben-eficia as grandes corporações de mídia do país, como a AOL Time Warner e a Walt Disney Company.Richard Parsons, CEO da AOL Time Warner, vai falar durante a cerimônia de abertura da feira, no dia 8. Segundo nota divulgada pela NAB, o presidente da associação, Edward O. Fritts, escol-heu Parsons por ele “ter grande visão no sempre mutável mundo de entre-tenimento, televisão e Internet”.No painel “The Regulatory Face-off” serão discutidos, por membros da FCC e da National Telecommunications and Information Administration (NTIA), temas relacionados à regula-mentação de radiodifusão. A idéia do painel é esclarecer o público sobre TV e rádio digital, propriedade e oportuni-dades de emprego.Novas mídias e, principalmente, a con-vergência entre elas é o que vai dar o

tom dos painéis durante a NAB.O vice-presidente de marketing da BMW James L. MacDowell vai falar no “NAB Xstream Expectations: Opportunities & Challenges for Streaming Media” sobre o sucesso dos curtas produzidos pela monta-dora para distribuição na Internet. MacDowell conseguiu alavancar as vendas de automóveis com os filmes, todos centrados no luxuoso carro. Os cinco curtas foram dirigidos por dire-tores renomados, como Guy Ritchie.O diretor da ing3.org (Tha National Informatics Institute), Jack Powers, vai falar no “Creating Content for Anyone, Anywhere and Any Device” sobre como os computadores estão envolvidos e melhorando a maneira como os usuários escolhem, assistem e interagem com áudio e vídeo na web.

div isão de espaço

A recém-construída área de exposição no Las Vegas Convention Center (LVCC), de 28 mil metros quadrados, foi incorporada à feira, que além do Sands Expo Center ainda ocupará neste ano parte do Hotel Venetian.Broadcasters e redes de cabo norte-americanos estão reduzindo custos e montando estratégias para que seus executivos e engenheiros consigam otimizar o tempo dispendido para visi-

C A P A

T E L A V I V A m A r ç o D E 2 0 0 21 0

OTIMIZAÇÃO DE REcURSOS

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tar os estandes e conferir os lançamen-tos dos fabricantes de equipamentos e assistir às palestras e workshops que acontecem paralela-mente à exposição.No Brasil, a situação não é diferente. As emissoras estão selecionando a dedo aqueles que devem arrumar as malas para embarcar rumo ao deserto do Estado de Nevada. A indefinição do padrão de DTV, o valor do dólar em relação ao real e a situação econômica dos grupos de mídia são fatores que deixarão muita gente sem ver a pro-fusão de luzes da Strip este ano. Algumas novas áreas foram criadas para dividir expositores em seus segmentos. O Interactive Living @ NAB 2002, no South Hall do LVCC, pretende mostrar como os consumidores usam a mídia eletrônica. Serão exibidas soluções para PDAs (computadores de mão), TV inter-ativa, redes domésticas e cinema.A Digital Cinema Product Area, instalada no South Hall do LVCC, apresentará empresas provedoras de produtos e soluções para cinema digital. Esse espa-ço contará, principalmente, com produ-tos para salas de cinema, com empresas como Christie, Pioneer, Dolby e QuVis.O Digital Media Theater contará com tecnologias de mídia eletrônica como transmissão ao vivo, video-on-demand e hospedagem de vídeo digital. Outra novidade é a Digital Cinema Summit que através de duas sessões diárias pretende fornecer informações sobre a novas tecnologias digitais direcionadas à indústria cinematográfica.Este ano a NAB contará com um work-shop de produção de vídeo digital. O workshop será ministrado por profission-ais do DVPA (Digital Video Professionals Association) e contará com sessões de “how to”, que explicam passo-a-passo as dúvidas dos participantes, técnicas de iluminação, áudio digital e codificação e compressão para a web e para DVD. O workshop acontecerá na Digital Production Solutions Area, onde estarão também muitos dos expositores da área DV e pós-produção.A integração entre os Estados Unidos e o Reino Unido ultrapassa este ano as fronteiras da guerra contra o terror-ismo. No South Hall do LVCC será mon-

tado o UK Pavilion, destinado aos fabri-cantes de equipamentos e empresas de hardware e software especializadas em mídia eletrônica do reino de Elizabeth II.O Mobile Media Exhibits, no North Hall do LVCC, mostrará as tecnologias das transmissões externas para jornalismo e esportes e uplinks móveis para satélites.O Advanced Television Systems Committee (ATSC) e a Consumer Electronics Association (CEA) reeditarão a DTV Store, em mais uma tentativa de mostrar ao público os produtos de con-sumo para DTV disponíveis no mercado, a programação e as oportunidades de serviços possibilitadas pela transmissão over-the-air.

expos ição

Os objetos de desejo dos broadcasters norte-americanos são os sistemas de asset management e armazenamento e as ilhas de edição não-linear, antes res-tritas às pós-produtoras. Equipamentos de produção em HDTV também estão na lista de compras.Embora os equipamentos de produção independam do padrão de transmissão, as emissoras de TV brasileiras não se sen-tem motivadas a realizar investimentos nesta área. Como o dinheiro anda curto, preferem esperar a definição da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)

para aplicar seus parcos recursos em transmissores digitais, switcheres e antenas que deverão funcionar durante o período de migração do sistema.A Hitachi mostrará as câmeras portáteis de alta resolução SK-3100P e SK-3300P. A SK-3100P conta com um CCD de 2,2 milhões de pixels IT (Interline Transfer) e trabalha com saídas simultâneas em HD 1080I e 480I, com saída 720P opcional. A SK-3300P também trabalha com vários padrões de saída e conta com CCD de 2,2 milhões de pixels FIT (Frame Interline Transfer).Também será mostrada a câmera con-versível 16:9/4:3 SK-555, com CCD NTSC IT (Interline Transfer). A câmera trabalha com resolução hori-zontal de 850 linhas. A JVC contará em seu estande com a câmera GY-DV300. Portátil e com qualidade broadcast, a câmera tem uma novidade: o adaptador KA-DV300, que possibilta transmitir o vídeo captado para a Internet em tempo real. Na área de projetores, a JVC mostrará o DLA-G150CL, que trabalha com imagens com qualidade próxima à da película. O projetor foi desenvolvido para uso profissional, mas, graças ao design, pode ser usado em home theaters.Neste início de mês a Sony reunirá seus representantes ao redor do mundo para apresentar o slogan para a NAB 2002 e as diretrizes da empresa. Mas, continuando com a expansão de seus produtos MPEG, a Sony mostrará a câmera 525/59.94 MPEG IMX, MSW-900. Para a área de HD, a Sony mostrará a HDW-730 HDCAM, que trabalha no padrão 1920 x 1080 CIF (Common Image Format), conta com CCD de 2/3 de polegada com 1920 x 1080 pixels de resolução e um Memory Stick para gra-var as configurações do operador.A Panasonic ainda não divulgou seus lançamentos para esta NAB. Mas além da linha DVCPRO, as convertibles cam-eras, com cartões que podem ser insta-lados para adequá-las às necessidades específicas de cada usuário, prometem ser uma das atrações. O baixo custo e o desempenho mesmo em condições de baixíssima luminosidade permitem seu uso em aplicações tanto em recin-

T E L A V I V A m A r ç o D E 2 0 0 2 1 1

Uma exposição com câmeras antigas de TV deve chamar a atenção no estande da IEEE Broadcast Technology Society, no lobby do Las Vegas Convention Center. Os equipamentos fazem parte do acervo particular de Chuck Pharis, que vem colecionando equipamentos de rádio e TV nos últimos 35 anos, e já conta com mais de 80 câmeras de TV em seu “estoque”.

cURIOSIDADE

NAB 98 104.805 NAB 99 106.372 NAB 2000 115.484 NAB 2001 113.363 NAB 2002 117.000*

VISITANTES

* Estimativa

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tos fechados quanto em áreas externas. A Globo está utilizando essas câmeras da Panasonic na casa do “Big Brother Brasil”, como os demais países onde foram realiza-dos os programas da Endemol.

so luções

O foco da Miranda nesta NAB é a apresentação de soluções para transmissão multicanal. Uma das novidades é o master control para inserção de logos e marcas em HDTV para a linha de produtos Oxtel, adequado para o período de migração, que pode ser configurado como um insertor básico e gradual-mente expandido para incluir inser-ção EAS, input switching, AB mix-ing, still store, inserção de texto, armazenagem e inserção de áudio, automação de controle, entre out-ros recursos.A Avid irá apresentar a terceira versão do Avid Xpress DV. Uma solução portátil para edição de vídeo que oferece mais de 100 efeitos em tempo real custom-izáveis e múltiplos streams. O Xpress DV 3 está disponível para a plataforma Windows e contará com uma versão para Macintosh em meados do ano.A Quantel lança uma linha de novos produtos gráficos. No topo da lista está uma nova plataforma,

Quantel’s Resolution Co-existent, que pode trabalhar nas estações Quantel e em PCs, com menor performance. Uma nova geração de ferramentas complementa a plata-forma. Baseada no Paintbox, mas totalmente reescrito e com novas ferramentas. Com a nova tecnologia Resolution Co-exis-tent, qualquer material de qualquer resolução pode ser misturado e sair em qualquer formato. Uma série de plug-ins também foi lançada para o iQ e para os novos produtos gráficos. A série conta com 17 plug-ins de efeitos e transição: Bubble, Pack, Bulge, Burn, Tunnel,

Lens, Cone, Magic Crystal, Water Distortion, Kaleidoscope, Blur, Lens Flare, Nova, Mosaic, Ripple, Wave, Crash Zoom, Directional Blur, Wind, Whirl Pinch, Glass Tile, Trail e Dissolve. O novo Editbox 9 também será apresentado na feira, com mudanças nas ferramentas de edição, gerencia-mento de áudio e composição em multilayer. A Philips vai mostrar o VeonStudio 5.0, uma solução para criação de conteúdo multimídia com tecnologia MPEG-4. O software oferece ferra-mentas para criação de conteúdo para TV interativa e dispositivos móveis e conta com um preview “what you see is what you get”, que mostra o con-teúdo exatamente como ele será visto após a distribuição.A Encoda mostrará na feira de Las Vegas o novo sistema de automação DAL Channel Manager D-Series, que agora pode trabalhar com operações multicanal. A empresa também con-tará com o Verifier, que monitora os sinais transmitidos e envia um alarme em casos críticos. A Fuijinom vai apresentar as novas lentes A13x6.3E e A13x6.3, com mag-nificação de 13x. Ambas são desen-hadas para câmeras de 2/3 polegadas. A série de lentes HDTV Cine Styles, desenvolvidas para câmeras HD, con-tará com os modelos XA87x9.3ESM e XA87x13.2ESM, que oferecem zoom de até 87vezes.

c A p A

T E L A V I V A m A r ç o D E 2 0 0 21 2

A Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) programou dois pacotes para a NAB 2002 com passagens de ida e volta e hospedagem no Hotel Excalibur (em apartamento duplo):

Pacote A - de 06/04/02 a 13/04/02 - US$ 1,100.00 (+ taxa de embarque)

Pacote B - de 06/04/02 a 11/04/02 - US$ 1,034.00 (+ taxa de embarque), sendo US$ 295.00 de entrada e o saldo dividido em dez vezes no cartão de crédito.

PAcOTE

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Não disponivel

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T V s d e s l i g a d a s

0

O gráfico abaixo mostra a evolução dos índices de audiência por emissoras desde 1997, com o parâmetro do total de televisores ligados em cada período em porcentagem.

lizandra dE almEida

. . . tem medo de água f r ia .

Essa é a máxima das

emissoras de te lev isão

para este ano quando

o assunto é rece i ta

pub l ic i tá r ia em função

das surpresas enf rentadas

pe lo setor em 2001 .

Diante das tragédias políticas e econômicas do ano passado, as grandes emissoras brasileiras de televisão estão levando ao pé da letra esse velho ditado. Globo, Bandeirantes e Record são unânimes em afirmar que suas previsões de faturamento para 2002, mesmo sendo ano de Copa do Mundo, oscilam em torno de conservadores 5%, em relação a 2001. O SBT não se pronunciou até o fechamento desta edição.Tamanha cautela tem razão de ser. Enquanto o crescimento médio da receita publicitária da mídia televisiva foi de 25% em 2000, no ano passado os números oscilaram entre 3% e 4%. Diante do crescimento extraordinário de 2000, as previsões do mercado para o ano passado foram bastante otimistas. E todas as emissoras plane-

jaram seus investimentos com base no alto astral da virada do milênio.Mas quando chegou o segundo semestre, veio o balde de água fria. E de uma vez só: apagão, atentado nos Estados Unidos, crise na Argentina. Com isso, o faturamento ficou aquém das expec-tativas. Mesmo assim, não houve retração no mercado. Apenas um aumento de receita menor do que o esperado.O superintendente comercial da Rede Globo, Octávio Florisbal, argumenta que é preciso ter sempre em mente que o ano de 2000 foi excepcional, principal-mente em função dos investimentos em Internet.

Mas uma visão histórica mais abrangente mostra que o crescimen-to médio em tempos de Plano Real tem sido bem mais modesto.Segundo Florisbal, entre 1996 e 1998, logo depois do lançamento do Plano Real, houve um crescimento expressivo da receita publicitária, devido à ampliação da base de consumidores, produto do fim da inflação. Em 1998 e 1999, o mer-cado começou a se estabilizar, apre-sentando crescimento médio anual em torno de 8%. Em 2000, veio o boom. E, em 2001, a tragédia. “Mas se formos analisar os números de 2001 em relação aos anos anteriores, veremos que a situação não foi tão ruim”, acredita. No caso da Rede Globo, significou um aumento de receita de 4%. “O impacto maior foi sentido porque fizemos previsões com base em um ano muito favorável e fomos pegos de surpresa”, afirma. Para este ano, a emissora prevê um aumento de receita em torno de 5%, mas admite que vislumbra a pos-sibilidade de o resultado chegar a 7%. “Nosso grande gol seria chegar a 10%”, arrisca.

T E L E V I S Ã O

T E L A V I V A m A r ç o D E 2 0 0 21 �

Font

e: C

GM

/DIM

/DP

-SP

Bandeirante

Rede TV

Record

SBT

Globo

Total ligados

0 20 30 40 50 60

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A Rede Record assume a mesma postura cautelosa. Para o gerente de marketing, Adelino de Oliveira, os números também devem chegar à casa dos 5%. Mas ele lembra que a emissora apresentou crescimento importante em 2001, apesar da crise. “Nossa base de cálculo é um pouco diferente, pois crescemos 20% no ano passado em relação a 2000”, explica. “Atribuímos esse crescimento à nossa entrada no esporte, exibindo a Fórmula Indy, e também devido à ampliação de nossa grade. Entrávamos no ar às 8h00 e agora começamos às 7h30; à noite, estendemos até a 1h00.”Apesar dos cuidados, a Record começou o ano com grandes mudan-ças administrativas e uma delas — a contratação de Luciano Callegari como superintendente artístico e de programação — deve ter grande impacto sobre a grade, o que pode reverter em receita. “Nem sempre conseguimos mudar rápido a pro-gramação. Dependemos de talentos e de investimentos. Mas sem dúvida haverá mudanças”, pondera Oliveira.Na Rede Bandeirantes, o crescimento nominal também é estimado em 5%, segundo o diretor comercial Daruiz Paranhos. A emissora paulistana cresceu 3,5% em 2001 em relação a 2000, resultado considerado sat-isfatório e atribuído a um esforço maior do departamento comercial. “A primeira grande surpresa do ano passado, na verdade, foi a alta do dólar, em março. Imaginando o impacto disso sobre as grandes empresas, criamos um programa de vendas destinado a atender empresas menores, áreas do comércio que não seriam afetadas diretamente pelo problema”, analisa.

copa e e le ições

O ano de 2002, porém, traz dois fatores atípicos que podem influir no caixa das emissoras: a Copa do Mundo e as eleições para quase todos os cargos, executivos e legislativos. Apesar dos horários ortodoxos dos jogos da Copa no

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Extremo Oriente, marcados para 3h30, 6h30 e 8h00, o grande evento movimenta muito mais do que os patrocínios para as partidas. “Várias indústrias criam promoções que são divulgadas na TV, o comércio tam-bém faz concursos. Os investimen-tos publicitários na Copa do Mundo estão estimados em R$ 500 milhões, dos quais 70% são canalizados para a televisão aberta”, afirma Florisbal. Com isso, a participação da TV aberta no bolo publicitário, que se mantém anualmente em torno de 56% a 57%, pode chegar a 59% este ano.A exclusividade de transmissão dos jogos é da Rede Globo, mas as demais redes também se beneficiam das ações de marketing de relac-ionamento voltadas para a Copa e sempre criam programação esporti-va especial nestas ocasiões, o que atrai anunciantes. O mesmo acontece em relação às eleições. Apesar de os horários eleitorais gratuitos “comerem” uma hora de programação mais meia hora de breaks comerciais, Daruiz Paranhos, da Band, acredita que as perdas podem ser revertidas com uma boa cobertura jornalística da corrida presidencial. “Não fizemos a conta se haverá prejuízo, mas teremos uma intensa programação

cobrindo as eleições”, afirma.Adelino de Oliveira, da Record, tam-bém não acredita que as eleições interfiram negativamente na receita da emissora. “Historicamente, os anos eleitorais têm sido bons para o mercado publicitário. Talvez porque, em anos eleitorais, o gov-erno costuma flexibilizar um pouco as coisas”, acredita. “De qualquer forma, uma coisa é certa: nunca existiram dois anos ruins seguidos.”A Rede Globo, porém, não engole com tanta facilidade a campanha eleitoral obrigatória. “Sem dúvida, o horário eleitoral afeta negativa-mente a audiência, especialmente a da faixa que chamamos de segunda linha de shows, ou seja, os program-as que normalmente começam às 23 horas”, avalia Florisbal. “A program-ação da noite é toda atrasada, então o ‘Programa do Jô’, por exemplo, vai começar depois da meia-noite, horário em que o número de televisores ligados cai bastante.” Para resumir, Florisbal traça um gráfico do comportamento da receita ao longo de todo esse ano, por trimestre: “Acredito que o primeiro trimestre será parecido com o primeiro do ano passado. No segundo, devemos ter um aumento de receita em torno

de 30% (sempre em relação ao mesmo período do ano passado), por causa da Copa do Mundo. Com as eleições, o terceiro trimestre tam-bém deve repetir o do ano passado, quando aconte-ceu a queda das torres gêmeas, ou um pouco acima, cerca de 5%. E o último deve ser uns 10% maior”, analisa.

fatores internos

Para Octávio Florisbal, superinten-dente comercial da Rede Globo, além dos fatores externos — como a crise das economias argentina e norte-americana — o cenário econômico interno do País também vem comprometendo a receita publicitária das redes ao longo dos últimos anos. “O crescimento do consumo interno tem sido pequeno e a massa salarial dos brasileiros vem decrescendo”, afirma. Florisbal cita dados do Dieese e do IBGE para confirmar suas análises: “De 2000 para 2001, a massa salarial caiu 8%. Desde 1998, foram 20%”.O resultado dessa retração no con-sumo pode ser visto claramente nos intervalos comerciais, acredita Florisbal. “Os setores de primeira necessidade eram os que mais investiam, mas hoje estão paralisa-dos, pois não podem aumentar os preços. E, como sua margem ficou muito reduzida, não podem investir em publicidade. É por isso que estão todos migrando para o ponto de venda, com ações direcionadas e mais baratas”, avalia.Grandes marcas e produtos que disputavam o consumidor na tele-visão praticamente deixaram de anunciar. “É o caso das margarinas, maioneses, molhos de tomate e enlatados em geral, no caso dos ali-mentos. Também sumiram os filmes de creme dental, sabonete, xampu e desodorantes, no segmento de higiene pessoal, e muitos outros.”

T E L A V I V A m A r ç o D E 2 0 0 21 �

T E L E V I s ã o

Dentro do faturamento das emissoras, a receita proveniente das afiliadas vem engordando o bolo publicitário. No caso da Globo, desde o início do Plano Real a participação das 108 exibidoras tem se mantido entre 21% e 23%, dependendo do aquecimento da economia. Octávio Florisbal espera que a média se repita este ano, apesar de admitir que a mídia nacional (que ele chama de net) deve ter participação maior nas vendas por causa da Copa.Na Rede Record, a participação das

afiliadas aumentou no ano passado, mas o resultado não será repetido necessariamente este ano. “Em 2001, notamos que a audiência e a receita caíram mais nos grandes centros urbanos, que parecem ser mais afetados por problemas como alta do dólar e conflitos internacionais”, acredita Adelino de Oliveira. Para Daruiz Paranhos, a participação das afiliadas deve seguir a estimativa feita para a toda a Rede Bandeirantes. Na emissora, São Paulo e afiliadas costumam

p a r t i c i p a ç ã o d a s a f i l i a d a s

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Não disponivel

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T E L A V I V A m A r ç o D E 2 0 0 21 �

Lizandra de Almeida( making of )Explosão de coresOs dois novos sabores do refrigerante Fanta são

o mote da nova campanha do refrigerante, que

aproveita para relembrar o espectador dos sabores

já no mercado. Maçã e citrus, uva e laranja se

transformam em cores vibrantes para atender ao

slogan “Fanta libera sabores”. No primeiro filme da

campanha, o tema é um casamento ao ar livre. O

noivo aguarda no altar quando chegam não uma,

mas quatro noivas, cada uma vestida na cor de

um dos sabores de Fanta.

Mas é no segundo filme, “Elefantes”, que está a

verdadeira graça da campanha. Com uma combinação

precisa de cenas ao vivo e efeitos especiais, o filme

tem segredos que a telinha não mostra.

Para filmar os elefantes que representam

os quatro sabores de Fanta, o diretor Oscar

Rodrigues Alves usou um só animal, a elefanta

Bambi, que foi quadruplicada e colorizada na

computação gráfica. Mas o animal realmente

percorreu as ruas do centro de São Paulo,

caminhando calmamente pelo Pátio do

Colégio. “Filmamos no domingo, mas tínhamos

de fazer com que parecesse

um dia normal”, explica.

O filme começa com uma moça limpando

uma vidraça. No vidro, há o reflexo de dois

elefantes, sutilmente apresentados. A moça

sorri e continua limpando e observando. A

cena então corta para dois garotos skatistas.

Um dos garotos vê os elefantes chegando e se

espanta, mas o outro nem

se abala. Quem já conhece

os novos sabores de Fanta,

explica o diretor, já viu

aqueles elefantes outra vez.

Quando o garoto olha de

novo, começam a aparecer

os elefantes, explodindo em cores. Depois de

um passeio pelo local, o elefante verde toma a

Fanta Citrus do garoto.

O filme foi ambientado no centro de São

Paulo pois a intenção da agência era a de

usar uma arquitetura pesada e

em tons de cinza, para realçar

as cores dos elefantes. No

casamento do filme “Noivas”, os

convidados também vestem tons

pastéis pelo mesmo motivo.

O local encontrado revelou-se realmente

perfeito para o filme. “A campanha

impressa, que foi desenvolvida antes, já tinha

umas portas de aço no fundo. Conseguimos

encontrar a mesma referência na locação.

Só tivemos de pichar as portas com tinta

lavável, para seguir o que já tinha sido feito

na mídia impressa,” comenta.

L O C A Ç Ã O

P A S S E I O

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T E L A V I V A m A r ç o D E 2 0 0 2 1 9

Em três cenas foi usada a composição

de vários layers de imagens. A

primeira é a da moça na janela,

filmada em um cenário montado

na própria locação. A cena da moça

foi composta com

a imagem de um

elefante andando

em frente ao Pátio

do Colégio e a

outra tomada do

mesmo elefante,

em posição diferente. Na montagem,

o fundo escuro gerado pelo elefante

foi colocado de modo a aumentar o

contraste sobre o rosto da moça.

Na cena em que o garoto vê os

quatro elefantes chegando foram

necessários 11 layers para compor

a imagem. Em primeiro lugar, foram

filmadas as portas de aço que dão o

pano de fundo. Depois, uma pessoa

passando. Em seguida, o elefante

passando pela primeira vez. Em

outra tomada as pombas. A partir

daí, foram várias outras tomadas de

elefante e pessoas passando.

O grande show dos elefantes, a cena

em que os quatro passam em frente

à câmera em uma tomada de baixo

para cima, também

exigiu vários layers.

“Pensei em montá-los

passando pelas laterais

da câmera, mas

quando a Bambi cruzou

a frente da câmera e

mostrou aquela barriga imensa, vi

que poderíamos fazer de outro jeito.”

A pintura de cada elefante foi feita

em rotoscopia, frame a frame.

“Poderíamos ter filmado os elefantes

em estúdio, mas não queria dar uma

noção mentirosa”, explica.

“Em todos os momentos, fizemos

tomadas com o elefante em planos

diferentes em relação à câmera

para que pudessem se sobrepor e

aumentar o realismo”, comenta o

diretor.

T E X T U R A R E A L

ClienteRacofarmaAgênciaMcCann Erickson RioDireção de CriaçãoLuiz NogueiraProdutoraAcademia de FilmesDireçãoOscar Rodrigues AlvesFotografiaLucio KodatoFigurinoAlessandra BerrielDireção de ArteMarcos SachsMontagemRogério Ferreira AlvesEfeitos EspeciaisMarcus Tornovsky (Academia de Filmes)FinalizaçãoCésar SoaresTrilhaDr. DD

f i c h a t é c n i c a

Na cena final, surge apenas uma imensa

tromba verde, que retira a garrafa das mãos

do garoto. “Não tínhamos certeza de que

a Bambi faria o truque. Por precaução,

mandamos fazer um mock-up, que poderia

substituir a tromba em uma emergência. Mas

não foi preciso”, conta Oscar.

Na verdade, a aliá gostou do refrigerante e foi

buscar a garrafa por conta própria. O diretor

ressalta a importância do garoto, que atuou com

naturalidade diante da elefanta. Por causa da

eventual falta dessa cena, o diretor de criação,

Luiz Nogueira, propôs

um final alternativo, em

que aparecesse apenas

o rosto do garoto sendo

soprado, como se a aliá

tivesse dado um de seus

gritos característicos

bem na cara dele.

P R E C A U Ç Õ E S

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Paulo Boccato

LONGE DE cASAO c inema bras i le i ro

cont inua so f rendo para

chegar nas te l inhas de

TV.

Já virou tradição. Toda primeira semana do ano, a Rede Globo exibe uma série de filmes brasileiros de longa-metragem, na faixa das 22 horas, numa sessão batizada de “Festival Nacional”. Invariavelmente, a iniciativa abre o debate sobre a aceitação popular do cinema do País na TV aberta. Os índices do Ibope mostram que filme brasileiro é bom de público, sim. Das seis produções nacionais que a Globo veiculou entre os últimos dias 1º e 6 de janeiro, cinco bateram o grande fantasma da emissora, o SBT. Mas uma semana ainda é muito pouco. Nas outras 51 semanas do ano, o cinema brasileiro continua, com raras exceções, bem longe das telinhas de seu próprio país. Entre as quatro grandes redes brasileiras (Globo, SBT, Record e Bandeirantes), só a primeira e a última exibiram o formato em 2001. A

Globo, com o tal “Festival Nacional” e eventuais exibições em uma das faixas de filme que mantém em sua grade; a Band, com a faixa semanal “Sala Brasil”. O SBT, apesar de contar com o maior número de filmes em sua grade entre as quatro (foram mais de 900, em 2001), não programou filmes brasileiros. Nenhum de seus filmes, aliás, apareceu com destaque na audiência. São, em sua maior parte,reservados a faixas menos nobres. Isso não significa que a emissora de Sílvio Santos ignore completamente o mundo além das paredes de um auditório. O SBT investiu R$ 5 milhões no lançamento em cinema (mais licenciamento de produtos) do longa-metragem de animação argentino “A tartaruga Manuelita”, de Manuel García Ferré, no último mês de janeiro. A quantia investida deve receber um considerável reforço durante 2002, quando, segundo o diretor administrativo da rede, Rodrigo Marti (em nota divulgada para o lançamento da animação), o SBT pretende intensificar sua participação nos

setores de co-produção e distribuição cinematográficas. “Além de uma programação inovadora, buscamos atingir o nosso público também através de outras mídias. E o cinema é uma das estratégias do SBT para isso”, afirma. Se a estratégia prevê investimentos no cinema brasileiro, a emissora silencia: os planos do SBT para o cinema permanecem sigilosos.

ontem e ho je

A segunda emissora com maior número de filmes em sua grade é a Globo: foram cerca de 800, em 2001, ocupando principalmente os horários vespertinos e a madrugada. Os brasileiros não chegam a 5% desse total. Mas, tomando por base os números do Ibope para o último “Festival Nacional”, são os que alcançam melhores resultados. “O auto da Compadecida”, de Guel Arraes, produção da casa exibida em 1º de janeiro, bateu fácil o oscarizado “Los Angeles - cidade proibida”, de Curtis Hanson, exibido no mesmo horário no SBT: 37 x 8 pontos no Ibope. Nos outros dias da semana, a Globo só perdeu no domingo, quando o “Show do milhão” fez 12 pontos, contra 9 de “Villa-Lobos, uma vida de paixão”, de Zelito Viana. Há informações de que, pelos resultados de audiência conquistados, a Globo pretende realizar um novo “Festival Nacional” ainda este ano. Por outro lado, o grupo de Roberto Marinho continua reforçando seu caixa com filmes brasileiros, assinando, através da Globo Filmes, os maiores sucessos de público das salas de cinema brasileiras nos últimos dois anos, em filmes como “Xuxa e os duendes”, de Paulo Sérgio Almeida & Rogério Gomes; “Xuxa pop star”, de Paulo Sérgio Almeida & Tizuka Yamazaki; “A partilha”, de Daniel Filho, e “O auto da Compadecida”.A Bandeirantes exibiu cerca de 750 filmes em 2001. Neste último ano, era a única rede que ainda baseava fortemente sua faixa das 22 horas na

C I N E M A

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exibição de filmes de longa-metragem, com sessões fixas como “Cine Band Premium”, “Sessão Kickboxer”, “Sábado no Cinema”, “Cine Sinistro” e “Sala Brasil”, esta dedicada exclusivamente ao produto nacional. Em conseqüência desse perfil, os filmes têm ocupado constantemente as primeiras posições entre os mais assistidos da emissora, segundo o Ibope. A média de audiência varia entre 3 e 5 pontos. Os filmes mostrados pela emissora paulista são, em sua maioria, produções dos anos 70 e 80, de custo de aquisição mais baixo e que, embora exibidas exaustivamente, continuam a render resultados razoáveis de audiência. Apesar disso, comenta-se que a Band, em sua nova grade, deve extinguir a faixa de filmes em horário nobre, nacionais ou estrangeiros. A estratégia seria colocar seriados nesses horários, como uma forma de dar maior flexibilidade à programação noturna.

leque de opções

Entre as quatro grandes redes, a Record é a que abre menos espaço para a veiculação de longas: são pouco mais de 200 anualmente. Nenhum brasileiro. As informações não são precisas, mas o último longa nacional, segundo a própria emissora, deve ter sido exibido nos anos 80, na então popular faixa “Sala Especial”. A assessoria de comunicação da Record afirma que “embora reconheçamos a qualidade dos filmes brasileiros recentes, não nos são oferecidos pacotes que se enquadrem ao caráter familiar de nossa programação. A maioria dos bons filmes é negociada com outras emissoras e não temos interesse em exibir o que sobra. O que falta são os distribuidores nos ofertarem pacotes de filmes a preços com os quais possamos competir”. Tereza Trautman, sócia da Conceito A em Audiovisual, distribuidora que atua no mercado de TV, contesta a informação: “O interesse deles não tem chegado até a questão de preços. O diretor presidente da RioFilme,

embaixador Arnaldo Carrilho, esteve recentemente em visita à TV Record, em São Paulo, e nos empenhamos em tentar abrir um espaço na grade de programação para filme brasileiro, mas não houve continuidade neste interesse”, diz. A empresa de Tereza é co-distribuidora dos títulos da Riofilme para TV e conta com mais de 100 filmes disponíveis em carteira no momento, com outros 50 que ficarão disponíveis daqui a um ano. “Dá perfeitamente para uma emissora abrir espaço na grade de programação tendo garantia de poder exibir semanalmente um filme inédito. Inclusive nos dispusemos a trabalhar com lei de incentivo. Mas nem assim”, afirma Tereza.

cic los h is tór icos

Em termos proporcionais, a TV Cultura, de São Paulo, é uma das emissoras brasileiras abertas com a maior parcela de participação nacional em sua grade. Embora o canal não exiba muitos longas (pouco mais de 100 por ano), metade são brasileiros. Muitos deles, verdadeiras pérolas dos anos 40 a 60, reunidos no programa denominado “Cine Brasil”. Além disso, a TV Cultura abre espaço para produções de curta duração do País no semanal “Zoom” e a diversos documentários de produção independente. A atuação da emissora em parceria com o cinema se estende ao programa de co-produção PIC-TV, que, desde 1996, participou financeiramente de 48 filmes, com investimento de R$ 31,4 milhões (o custo total dos filmes, completado com recursos de outras fontes, chega a R$ 113 milhões). Desse total, 25 filmes já chegaram às salas de cinema e 12 foram veiculados pela emissora. A liberação de novos recursos do PIC-TV está interrompida desde o início de 2001, mas deve voltar em breve. “Somos a única emissora a manter uma sessão fixa de filmes brasileiros há mais de dez anos”, diz o diretor de programação da TV Cultura, Walter Silveira.

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Uma das razões para a constância é que a emissora tem a preocupação de colocar o cinema brasileiro em perspectiva histórica, com a exibição de ciclos dedicados a produtoras, atores, movimentos etc. Mas Silveira considera as dificuldades que o cinema tem em desempenhar um papel central nas grades das emissoras. “Como o cinema brasileiro sofre com altos e baixos em sua produção, em alguns anos chegando perto de zero, é possível que, se as emissoras decidissem que o filme brasileiro seria sua principal atração, o repertório se esgotasse rapidamente”, opina.Silveira lembra ainda outras dificuldades: a falta de conservação e o preconceito das emissoras contra filmes P&B.

a conta , por favor

O preço de venda é outra discussão. Existe um senso comum de que a TV aberta brasileira paga mal pelos filmes. O preço médio de licenciamento de um longa de lançamento recente fica entre US$ 12 mil e US$ 30 mil. Para produções mais antigas, têm sido pagos de US$ 4 mil a US$ 8 mil. Esse patamar coloca o Brasil atrás de Alemanha, França, Itália e Austrália (veja tabela na página ao lado). É importante destacar que os valores das tabelas referem-se aos preços que esses países pagam para filmes brasileiros (ou para estrangeiros em

geral, exceto norte-americanos) e não para títulos de seus próprios países. Antônio Urano, consultor de marketing internacional e sócio do Grupo Novo de Cinema e TV, distribuidora com experiência internacional no setor, ressalta, no entanto, as dificuldades desse mercado, especialmente no caso da TV aberta: “Podemos dizer que é na TV européia que o cinema brasileiro tem sua transmissão com um mínimo de regularidade, mas num volume ainda muito distante do que seria desejável”.

bons resu l tados

Pode-se discutir a questão do preço de venda, mas a relação custo/benefício conta a favor do filme brasileiro: dificilmente um programa com custo inferior a R$ 80 mil conquista índices de audiência superiores a 20 pontos, como ocorreu no caso dos últimos longas transmitidos pela Globo. Além disso, o sucesso nas bilheterias conta muito na hora de negociar.

A produtora Mariza Leão, da Morena Filmes, por exemplo, vendeu “Guerra de Canudos” (1997), de Sérgio Rezende, por uma cifra inédita (não revelada) na época. “O filme vinha impulsionado pelo sucesso no cinema - 660 mil espectadores, o maior público nacional daquele ano - e, como tinha quase três horas de duração, pensamos em um formato diferente: exibi-lo, na TV aberta, em quatro episódios. A experiência deu certo e conquistamos mais de 20 pontos de audiência, na faixa após 22 horas, o que é excelente”, conta. “Se você olhar friamente, a grande maioria dos filmes brasileiros, cuja performance em salas de cinema tenha sido de média para cima, tem sido exibida na televisão.”Clélia Bessa, da Raccord, produtora de “Como ser solteiro”, parte do mesmo princípio: “Venda para TV nunca foi dissociada de minha atividade principal, que é produzir filmes. Quando eu trabalhava na distribuidora Synapse, vendemos uma série de pacotes para a Manchete e a Bandeirantes. Desde então, consigo negociar os filmes que produzo”. Clélia conta que a negociação de preço de venda normalmente passa pelos produtores do filme, mas, na hora de fechar o negócio, a participação da distribuidora é fundamental. Filmes que contam com uma distribuidora internacional geralmente entram em outro patamar

c I N E m A

ESTIMATIVA DO NúMERO DE FILMES EXIBIDOS EM 2001

Bandeirantes 750Cultura 100Globo 800Record 200SBT 900

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de negócios. Um exemplo é “Bossa Nova”, de Bruno Barreto, recém-adquirido pela Globo. Co-produzido pela Columbia, o filme entrou no pacote de títulos internacionais negociado pela major com a emissora. Outro formato interessante é a pré-venda. O sucesso de público de “Pequeno dicionário amoroso” (1997), nos cinemas e na TV, motivou o diretor de programação da Globo, Roberto Buzzoni, a procurar a diretora Sandra Werneck durante a finalização de seu longa seguinte, “Amores possíveis” (2000), já interessado na compra. “Nós fechamos a venda antes da entrada

em cartaz, o que me proporcionou negociá-la em troca de mídia para o lançamento em salas”, conta Sandra, que foi convidada por Daniel Filho para dirigir a cinebiografia de Cazuza, em pré-produção pela Globo Filmes, que deve ser rodada a partir de maio. Mas é raro o interesse partir da rede. “Normalmente, oferecemos a carteira de filmes disponíveis ao diretor de programação ou ao Departamento de Aquisição das emissoras e aguardamos a manifestação de interesse”, explica Tereza Trautman.

fa l ta de regulamentação

Para a produtora Assunção Hernandez, que tem em seu currículo um dos filmes mais exibidos e vistos na TV brasileira, “O homem que virou suco” (1981), de João Batista de Andrade, a questão vai além de regras de mercado. “Não há problema de preço, já que estamos abertos a vender os filmes e o que é pago dá resultado de público superior à média das faixas horárias. Também não falta oferta. Os programadores não podem se prender só a filmes recentes, há toda uma história de filmes brasileiros”, contesta. Para Sandra Werneck, “televisão é uma coisa muito complicada. Eu gostaria que tivesse mais uma semana por ano de cinema brasileiro, mas muitas vezes é difícil encaixar

filmes de linguagem mais alternativa. Mas estou otimista, acho que temos uma série de novas produções chegando, com condições de agradar a audiência”.Assunção concorda que nem todos os filmes podem ou devem ser exibidos em horário nobre, mas questiona que nem em outros horários há espaço suficiente. “O que falta é regulamentação. Concessões públicas, como as TVs abertas, têm de dar uma contrapartida ao público como em todo país democrático. O cinema brasileiro não pode ficar reduzido, em sua maior parte, a um canal pago”, opina. Para Tereza Trautman, falta o hábito. “Muitas vezes, você tem de negociar com o diretor de programação, que está sempre com milhões de coisas na cabeça. Então a aquisição é negociada pelo Departamento de Pesquisa Internacional e até o contrato que enviam é o padrão de programa internacional, que inclusive prevê dublagem. E esta falta de hábito é um contra-senso, porque não há disponível programação mais barata e principalmente com os índices de audiência que conseguimos. Temos visto que é mais fácil as emissoras enviarem agentes de compras para feiras e eventos internacionais, atrás de programação internacional, do que responderem a fax, telefone ou e-mail de oferta de filme brasileiro”, conclui.

PREÇOS DE REFERêNcIA DE VENDAS DE LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS POR PAíS

Alemanha — US$ 30 mil a US$ 100 mil França — US$ 30 mil a US$ 70 milItália — US$ 25 mil a US$ 60 milAustrália — US$ 4 mil a 60 milBrasil — US$ 4 mil a US$ 30 milEspanha — US$ 7 mil a US$ 25 milMéxico — US$ 1,5 mil a US$ 20 milArgentina — US$ 500 a US$ 15 milPortugal — US$ 2 mil a US$ 12 milÁfrica do Sul — US$ 5 mil a US$ 8 milHolanda — US$ 5 mil a US$ 8 milSuiça — US$ 2,5 mil a US$ 8 milÍndia — US$ 200 a US$ 5 milCuba — US$ 50 a US$ 100

Fonte: Grupo Novo de Cinema e TV

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Εδψλιτα ΦαλγΕτανο

ELEIÇÕES 2002 O T r i b u n a l S u p e r i o r E l e i t o r a l

e x p e d i r á a s i n s t r u ç õ e s

r e l a t i v a s à p r o d u ç ã o e

v e i c u l a ç ã o d o s p r o g r a m a s e

p r o p a g a n d a s g r a t u i t a s p a r a a s

e l e i ç õ e s d e 2 0 0 2 n e s t e m ê s .

Em ano de eleição as emissoras brasileiras de televisão se vêem às voltas com uma série de restrições para não infringir a legislação estabelecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e complementada pelos tribunais regionais eleitorais. A propaganda eleitoral, inclusive pela Internet e outros meios eletrônicos de comunicação, somente será permitida a partir de 6 de julho deste ano (Lei n° 9.504/97, art. 36, caput), mas a partir de 1° de julho (leia box na página 28) os departamentos de jornalismo das emissoras já deverão passar a cumprir as determinações do TSE, que de certa forma engessam as matérias produzidas e veiculadas regional e nacionalmente. Diferentemente das eleições de 2000 (de caráter estritamente local), as eleições deste ano têm âmbito nacional e regional, quando serão votados os candidatos a presidente da República, governadores, senadores (dois por Estado), deputados federais e estaduais. Desta forma, as emissoras deverão formar pools

para exibir regionalmente o Horário Eleitoral Gratuito. Em Goiás, por exemplo, desde a década de 70 a TV Anhanguera (afiliada da Rede Globo) e a Rádio CBN/Anhanguera, empresas da Organização Jaime Câmara, têm sido as geradoras de TV e rádio da propaganda eleitoral gratuita. “Este ano ainda não tivemos reunião com os associados da Agoert (Associação Goiana de Emissoras de Rádio e TV), o que torna prematura qualquer previsão, pois apesar da legislação vigente propor o rodízio na geração dos programas, cada TRE poderá decidir com os representantes das empresas (convocados através de comunicado oficial) a emissora ou emissoras responsáveis pela geração dos programas”, explica João Braz Borges, diretor executivo da Agoert e diretor geral de operações da TV Anhanguera.No Estado de São Paulo, tradicionalmente, é feito um rodízio entre as emissoras que cobrem 100% do território paulista, para assegurar que todos os telespectadores assistam aos programas produzidos pelos partidos ou coligações.

enquadramento

Na imprensa escrita é permitida a veiculação de propaganda eleitoral paga até mesmo no dia da eleição e a divulgação de opinião favorável a

candidato, partido ou coligação não caracteriza propaganda. Mas a televisão se vê às voltas com uma série de proibições. Candidatos nanicos devem ter o mesmo espaço que os demais, dificultando, inclusive, a realização de debates.Para prevenir que suas afiliadas “pisem na bola”, as cabeças-de-rede já começaram a preparar instruções gerais para evitar o corte de sinal das emissoras regionais. Não é raro essas concessões estarem em mãos de políticos e, nestes casos, o cuidado deve ser redobrado. A assessoria de comunicação da Rede Globo informou que dará a esta eleição o mesmo tratamento dispensado à de 2000. A Central Globo de Jornalismo (CGJ) irá suspender até o final da eleição o quadro dos telejornais locais no qual a comunidade discute os problemas comunitários diretamente com prefeitos e autoridades municipais, para não transformá-lo em palanque. O site com acesso restrito e codificado criado em 2000, com informações para dirimir dúvidas das 113 emissoras da rede, deverá ser reeditado.Nas eleições de 1996, 1998 e 2000, a Agoert coordenou um trabalho junto a seus afiliados, oferecendo seminários, assessoria jurídica e técnica. “Esse trabalho gerou um relacionamento respeitoso e profissional de ambas as partes (emissoras e TRE). Como resultado, nestes três últimos pleitos, nenhuma advertência ou punição foi dada a emissoras de rádio e televisão no Estado de Goiás”, orgulha-se Borges.

obr igações

O Horário Eleitoral Gratuito deverá obrigatoriamente ser transmitido pelas emissoras de televisão que operam em VHF e UHF e pelos canais de televisão por assinatura sob a responsabilidade do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das assembléias legislativas e da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou das câmaras municipais entre 20 de agosto e 3 de outubro.Além disso, durante esse período as emissoras de TV e os canais por assinatura acima referidos deverão destinar 30 minutos diários, inclusive aos domingos,

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ao longo de sua programação entre 8h00 e 24h00 para a veiculação da propaganda eleitoral gratuita, a serem usados em inserções de 15, 30 ou 60 segundos, a critério de cada partido ou coligação. O TSE tem direito ainda de requisitar às emissoras de rádio e televisão espaço para divulgação de seus comunicados, boletins e instruções ao eleitorado.Os canais de TV por assinatura não podem veicular qualquer propaganda eleitoral (salvo a retransmissão integral do horário eleitoral gratuito), nem realizar debates entre os postulantes a quaisquer cargos.Se houver segundo turno, as emissoras de televisão terão de reservar, a partir de 48 horas da proclamação dos resultados do primeiro turno pelo respectivo tribunal e até 25 de outubro, horário destinado à divulgação da propaganda eleitoral gratuita, dividido em dois períodos diários de 20 minutos para cada eleição, inclusive aos domingos. O tempo diário reservado às inserções será de 30 minutos diários, sendo 15 minutos para a campanha de presidente e 15 minutos para a campanha de

governador. Se não houver segundo turno para uma dessas eleições, o tempo será integralmente destinado à eleição subsistente. O TSE e os TREs efetuarão, até 18 de agosto, o sorteio para a escolha da ordem de veiculação da propaganda de cada partido ou coligação e convocarão os partidos políticos e a representação das emissoras de televisão para elaborarem os planos de mídia.As emissoras deverão transmitir o horário gratuito de acordo com os mapas de mídia apresentados pelos responsáveis dos partidos ou coligações até as 14h00 da véspera de

sua veiculação, nos dias úteis. Para as transmissões previstas para sábados, domingos e segundas-feiras, os mapas deverão ser apresentados até as 14h00 da sexta-feira anterior à exibição. No caso do descumprimento desses prazos, as emissoras não terão responsabilidade por qualquer equívoco na transmissão. Os partidos ou coligações deverão entregar as fitas para a exibição dos programas gratuitos à geradora até três horas antes de sua transmissão. As fitas da propaganda gratuita devem estar na geradora com 12 horas de antecedência de sua exibição.As emissoras de até 1 kW de potência deverão manter em arquivo as gravações dos programas gratuitos pelo prazo de 20 dias após sua exibição. Para as demais emissoras esse prazo é de 30 dias.

di re i tos

As emissoras podem realizar debates entre os candidatos às eleições majoritárias (presidente e governador) e proporcionais (senadores,

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L E g I s L A ç ã o

De acordo com a Resolução nº 20.890, de 9 de outubro de 2001, do TSE, a partir de 1º DE JULHO é vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e noticiário (Lei n.º 9.504, de 1997, art. 45, I a VI):

I — Transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, imagens de realização de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de natureza eleitoral em que seja possível identificar o entrevistado ou em que haja manipulação de dados;

II — usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação, ou produzir ou veicular programa com esse efeito;

III - veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou representantes;

IV — dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação;

V - veicular ou divulgar filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro

programa com alusão ou crítica a candidato, partido político, mesmo que dissimuladamente, exceto programas jornalísticos ou debates políticos;

VI — divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em convenção, ainda quando preexistente, inclusive se coincidente com o nome de candidato ou com o nome que deverá constar da urna eletrônica.

Também a partir de 1º de julho não será mais veiculada a propaganda partidária gratuita, prevista na Lei n.º 9.096, de 1995, e nem é permitido qualquer tipo de propaganda política paga no rádio e na televisão (Lei n.º 9.504, de 1997, art. 36, § 2º).

A partir de 1° DE AGOSTO é vedado às emissoras de rádio e televisão transmitir programa apresentado ou comentado por candidato escolhido em convenção (Lei n.º 9.504, de 1887, art. 45, § 1º).

20 DE AGOSTO: Início do período da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão (Lei n.º 9.504, de 1997, art. 47, “caput”).

3 DE OUTUBRO: Último dia do prazo para divulgação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão (Lei n.º 9.504, de 1997, art. 47, “caput”) e também último dia do prazo para realização de debates (Resolução TSE n.º 20.374, de 20/10/1998).

6 DE OUTUBRO: Dia das eleições. Depois das 17h, emissão de boletim de urna e início da apuração e da totalização dos resultados.

O início do período de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão relativo ao segundo turno inicia-se após 48 horas da proclamação dos resultados do primeiro turno pelo respectivo tribunal (Lei n.º 9.504, de 1997, art. 49, “caput”).

25 DE OUTUBRO: Último dia do prazo para a divulgação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão (Lei n.º 9.504, de 1997, art. 49, “caput”) e também último dia do prazo para realização de debates (Resolução TSE n.º 20.374, de 2/10/1998).

27 DE OUTUBRO: Dia da eleição em segundo turno. Depois das 17h, emissão do boletim de urna e início da apuração e da totalização dos resultados.

C A L E N D Á R I O E L E I T O R A L

Todas as disposições do TSE também se aplicam aos sites e portais mantidos pelas empresas de comunicação social na Internet e demais redes destinadas à prestação de serviços de telecomunicações de valor adicionado, inclusive provedores da Internet (Lei n° 9.504/97, art. 45, § 3°).

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deputados federais ou estaduais) desde que cumpram as regras estabelecidas pela Lei n° 9.504/97. O descumprimento das normas pode causar a interrupção do sinal da emissora por 24 horas, obrigando a infratora a exibir a cada 15 minutos a informação que está fora do ar por desobediência à lei eleitoral. As emissoras de rádio e televisão terão direito a compensação fiscal pela cessão do tempo destinado ao horário gratuito.

produção

Embora todos os programas e propagandas gratuitas tenham de ser gravados, as eleições deste ano não provocam a mesma demanda de produção como as para prefeito e vereadores. Mas, mesmo assim, não há como negar um aumento no volume de trabalho das produtoras regionais para a realização dos programas.Algumas normas devem ser

observadas para evitar tropeços daqueles que estarão envolvidos com os candidatos.A propaganda só pode ser feita em língua nacional e, de acordo com o texto da lei, não deve “empregar meios publicitários destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais” (Código Eleitoral, art. 242, caput).As fitas, tanto dos programas quanto da propaganda, deverão ter uma claquete identificando: nome do partido ou da coligação, título ou número do filme a ser veiculado, duração do filme, dias e faixas de veiculação, nome e assinatura do credenciado pelos partidos ou pelas coligações para a entrega.Na propaganda gratuita é proibida a realização de gravações externas, montagens ou trucagens, computação gráfica, desenhos animados e efeitos especiais.

pesqu isas

As pesquisas de opinião pública

relativas aos candidatos e às eleições de 2002 podem ser divulgadas a qualquer tempo, inclusive no dia das eleições. Os veículos que publicarem a pesquisa, obrigatoriamente, terão de informar o período da realização da coleta de dados e as respectivas margens de erro assim como o nome de quem contratou a pesquisa e do responsável pela entidade ou empresa que a realizou.Em 2000, a CGJ determinou que as emissoras divulgassem resultados de pelo menos dois diferentes institutos de pesquisas. Além dos números apurados pelo Ibope, o segundo saiu de um grupo de institutos credenciados pela área de pesquisa da Rede Globo, que são Vox Populi, Data Folha e dois institutos regionais, um do Rio Grande do Sul (UFRGS) e outro de Goiás (Cerpes). Para este ano, a Globo ainda não informou quais serão as diretrizes para a divulgação de resultados de pesquisas.As demais cabeças-de-rede foram contatadas, mas não se manifestaram até o fechamento desta edição de Tela Viva quanto à postura que adotarão durante o período eleitoral.

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transfer�nacional

E m p r e s a c a r i o c a d e s e n v o l v e

t e c n o l o g i a b r a s i l e i r a p a r a

s i s t e m a d e t r a n s f e r ê n c i a d e

i m a g e n s d i g i t a i s p a r a p e l í c u l a .

Há mais uma opção no mercado brasileiro para serviços de transfer. A empresa carioca Kinetoon desen-volveu um sistema que permite transferência de imagens digitais para película 35 mm com resolução de até 2K. Resultado de uma associação entre Sérgio Arena, Ana Rita Nemer e Telmo Carvalho, três profissionais com grande experiência no ramo de animação e de créditos para cinema, a Kinetoon surgiu para atuar justamente nestas áreas, pesquisando novas tec-nologias para realizar estes serviços. “Nós tínhamos um desejo comum: produzir filmes de animação. Com o passar do tempo, começamos a fazer alguns testes de transfer, até então kinescopia, no intuito de viabilizar financeiramente essas produções. Chegamos a um excelente resultado, com uma ótima resolução óptica”, conta Arena.

O método surgido ficaria restrito aos serviços tradicionais da empresa não fosse a proposta do laboratório Labocine, que os convenceu a utilizá-lo também para cenas de live action: “O Ronaldo Câmara, da Labo, nos chamou e fez a proposta para que começássemos a testar live action, já que as imagens gráficas nós havíamos resolvido. Aí surgiu a parceria com a Labocine (e também com o Cinema Laboratórios, de São Paulo)”, lembra Arena. A idéia de que seria possível trabalhar nessa nova área veio após os resultados conseguidos com os créditos do longa “O casamento de Louise”, de Betse de Paula, que mis-turam grafismos e imagens reais. Atualmente, para live action, o laboratório entra com toda a preparação do material (desen-trelaçamento, pull-down etc.) e a Kinetoon cuida da parte de transfer-ência. O processo é o mesmo uti-lizado para quem trabalha com film recorders do tipo Solitaire. O labo-ratório entrega as imagens digitaliza-das e a transferência é feita por um sistema desenvolvido pela Kinetoon que é um híbrido entre o film recorder e o funcionamento dos tubos de raios catódicos (CRT — Catode Ray Tube). A

impressão no negativo é feita por feixes luminosos, com tempo de trabalho de cerca de um pé por minuto (aproxima-damente 90 segundos de material por hora). “Para chegar aos resultados que temos hoje, estudamos vários processos e não acreditávamos que justamente este pudesse dar certo. Em termos de quali-dade de impressão no negativo, achá-vamos que nada superava a truca, mas fomos favoravelmente surpreen-didos”, explica Arena. Ajudou muito o conhecimento que os três sócios têm dos processos tradicionais, inclusive, muito da mecânica de funcionamento quadro a quadro das antiga câmeras Mitchell, ainda as melhores neste item, é usada nesse trabalho.

impor tânc ia da t ruca

Arena tem grande experiência na área. Começou a freqüentar sets de filmagem profissionalmente no filme “Quilombo”, de Cacá Diegues, fazendo estágio em efeitos especiais com uma equipe francesa. Anos depois, foi para a França trabalhar por um período em Paris com essa mesma equipe, lá entrando em contato direto com a trucagem óptica e, conseqüentemente, com animação em stop motion. Ao retornar ao Brasil, começou a trabal-har com truca. “Fui ficando cada vez mais envolvido com filmagem quadro a quadro e animação em geral, que é por onde, na essência, passam as técnicas de efeitos especiais”, recorda. “Didaticamente, conhecer truca é fundamental para quem quer trabalhar com animação. Todos os programas de computador desenvolvidos para anima-ção têm essas metodologias tradiciona-is por base. Por isso, nossa experiência facilitou o trabalho.Para os serviços de créditos, Arena comemora as inúmeras vantagens do sistema. “O grande lance é a rapidez, praticidade e precisão. A qualidade, antes só alcançada com a truca, é igual, pois os arquivos digitais são transferi-dos para a película sem perda e com alta resolução. A flicagem e o foco duvidoso que antes existiam no pro-

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cesso de transfer foram resolvidos e não existem mais”, diz. Pelo méto-do tradicional, a feitura de créditos demanda fotolito, gráfica e pesados equipamentos de trucagem. Quem conhece um table-top sabe que não é o tipo de equipamento que se pode colocar em qualquer sala. Além disso, exige uma série de parâmetros analógicos, como cál-culos precisos de tempo, no caso dos rotativos, e precisão milimé-trica na fotografia. “Em crédito, na maneira tradicional, não fun-ciona trabalhar com a latitude do negativo. Assim, qualquer vacilo significa perda de leitura”, explica Arena. Além de baratear os custos, o trabalho em suporte digital tam-bém abre novas possibilidades estéticas, não só em termos de design, mas também nas cores. “Há cores que o computador nos oferece que, pelos métodos ópti-cos, jamais seriam conseguidas. Não há gelatina que resolva”,

conta o sócio da Kinetoon.

animação 3D

No setor de animação, a Kinetoon começa a preparar uma estrutura para filmagem de animação 3D com câmeras Mitchell 35 mm, inter-valômetro e outros equipamentos que, apesar de existirem há muito tempo, continuam sendo os instru-mentos de ponta para o formato. “Agora estamos montando também um estúdio para 3D. É bom que fique claro que 3D, neste caso, não se refere aos formatos digitais, mas a métodos tradicionais como anima-ção de massinha”, esclarece. “Esses equipamentos são de difícil acesso hoje”, diz Arena, que destaca o apoio de profissionais como Sérgio Sanz, Roberto Farias, Ruth Albuquerque, Zelito Viana e Riva Farias na estruturação da empresa.A Kinetoon já realizou os proces-sos de transfer para 35 mm dos filmes “Nosferato”, de Ivan Cardoso;

“Dias de Nietzsche em Turim”, de Júlio Bressane; “Coruja”, de Márcia Derraik & Simplício Neto; “Vídeo sobre tela”, de Marcos de Brito; “Meu compadre Zé Kéti”, de Nelson Pereira dos Santos; “Ismael e Adalgisa”, de Malu de Martino; e “Glauces, estudo de um rosto”, de Joel Pizzini.Em transfer de animação, fez “Os idiotas mesmo” e “Onde andará Petrucio Felker?”, de Allan Sieber; “Guerra dos bár-baros”, de Júlia Manta; “Suco de tomate”, de Bia Werther, entre outros. No momento, Ana Rita Nemer está fazendo os créditos iniciais e finais do longa “Príncipe”, de Ugo Giorgetti, e Telmo Carvalho finaliza seu curta de animação “Em busca da cor”. Arena conduz um projeto de criação de um banco de imagens quadro a quadro do Rio de Janeiro.

Paulo Boccato

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A G E N D A

M A R Ç O

13 e 14 III Seminário Internet em Alta Velocidade - A Hora do Mercado Residencial e SoHo - Converge Eventos. Câmara Americana de Comércio - AMCHAM, São Paulo. Fone: (11) 3120-2351. Fax: (11) 3120 5485. E-mail: [email protected]. Internet: www.convergeeventos.com.br.

23 a 04/05 Seminário de Roteiro Audiovisual - Cinusp/Educine. Cinusp, São Paulo. Fone: (11) 3091-3152. Internet: www.educine.com.br.

27 a 27/04 Seminário de Roteiro Audiovisual - Cinusp/Educine. Ceuma, São Paulo. Fone: (11) 3091-3152. Internet: www.educine.com.br.

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06 a 11 NAB 2002. Las Vegas Convention Center, Las Vegas, EUA. Fone: (1-800) 342-2460. Fax: (1-202) 775-2146. E-mail: [email protected]. Internet: www.nab.org.

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Educine. Ceuma, São Paulo. Fone: (11) 3091-3152.

Internet: www.educine.com.br.

11 a 22/06 Seminário de Direção Audiovisual - Cinusp/

Educine. Cinusp,

São Paulo. Fone: (11) 3091-3152.

Internet: www.educine.com.br.

J U N H O

10 a 28 Curso: “Realização e Roteiro”. Escuela Internacional

de Cine y TV, Cuba. Informações no Projeto Proarte Brasil.

Fone: (22) 2629-1493.

E-mail: [email protected].

10 a 28 Curso: “Teoria e Prática da Montagem

Cinematográfica”. Escuela Internacional de Cine y TV, Cuba.

Informações no Projeto Proarte Brasil. Fone: (22) 2629-1493.

E-mail: [email protected].

19 a 21 “VI Congresso Mineiro de Radiodifusão” e “VI Feira

Nacional de Rádio, Televisão, Equipamentos e

Novas Tecnologias”. Minascentro, Belo Horizonte, MG.

Telefax: (31) 3274-5700.

E-mail: [email protected].

Internet: www.amirt.com.br.

J U L H O

01 a 12 Curso: “Roteiro Cinematográfico”. Escuela

Internacional

de Cine y TV, Cuba. Informações

no Projeto Proarte Brasil.

Fone: (22) 2629-1493.

E-mail: [email protected].

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