revista tela viva 107 - julho 2001

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www.telaviva.com.br Nº107 JULHO 2001 RACIONAMENTO NA PRODUÇÃO DE TV, CINEMA E PUBLICIDADE GOVERNO MEXE NA LEGISLAÇÃO DE RADIODIFUSÃO E DO AUDIOVISUAL

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Revista Tela Viva 107 - julho 2001

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Page 1: Revista Tela Viva  107 - julho 2001

www.telaviva.com.br

Nº107 julho 2001

RACIONAMENTO NA PRODUÇÃO

DE TV, CINEMA E PUBLICIDADE

GOVERNO MEXE NA LEGISLAÇÃO DE

RADIODIFUSÃO E DO AUDIOVISUAL

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w w w . t e l a v i v a . c o m . b r

Í N D I C E

Guia TEla VIVa

Fichas técnicas de comercia is

Edições anter iores da TEla VIVa

legis lação do audiovisual

Programação regional

BROADCAST & CABLE 2001

LEI DE RADIODIFUSÃO E

AUDIOVISUAL

SELVAGENS INOCENTES

AS MEDIDAS DAS PRODUTORAS E

EMISSORAS DE TV

CINE CEARá 2001

PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE E DO

IDIOMA NACIONAL

RIO GRANDE DO NORTE

JOTA XIS ÓRBITAS

IDê LACRETA

SCANNER� 4

CAPA� 12

LEGISLAÇÃO� 18

RACIONAMENTO� 20

PRODUÇÃO� 24

MAKING�OF� 26

CINEMA� 28

FIGURA� 30

CONTEÚDO� 32

PROGRAMAÇÃO�REGIONAL� 34

PUBLICIDADE� 38

FIQUE�POR�DENTRO� 41

AGENDA�� 42

E D I T O R I a l

A radiodifusão nacional, relegada por um bom tempo a atriz coadjuvante no palco das comu-nicações, reaparece em cena como prima dona. De repente, o Ministério das Comunicações, a Anatel, a Casa Civil e o Congresso resolveram jogar suas luzes sobre a veterana fonte de informação e entretenimento da maior parte da população brasileira. Todo mundo resolveu por a mão no segmento e a confusão está instalada. O ministro Pimenta da Veiga escreveu às pres-sas um roteiro para a peça que será represen-tada nos próximos anos. O demagógico projeto colocado em consulta pública é inconsistente e retrocede a práticas que deveriam ser abolidas do cenário, como o poder político de concessão de emissoras. Diante de um público perplexo com a ingerência governamental, a atitude do ministro pode ser interpretada como a criação de salvaguardas para que membros do atual elenco tenham condições de pleitear (ou trocar?) votos para 2002. A separação constitucional continua criando o clima de suspense da encenação inti-tulada “Quem manda na radiodifusão”, protago-nizada pelo Minicom e pela Anatel. A agência segue gerindo o processo de transição digital aos trancos e barrancos, pressionada politica-mente. A defesa pela produção e distribuição de conteúdo genuinamente nacional está virando fanatismo. A Casa Civil está concebendo uma xenofóbica Medida Provisória, em favor do cin-ema brasileiro, que está deixando radiodifusores, mercado publicitário, programadores e estúdios internacionais, além de operadoras de TV paga de cabelo em pé. A criação de uma política de incentivo à produção e distribuição de con-teúdo audiovisual, de defesa de valores culturais brasileiros (como a própria língua portuguesa) e de todas as formas de expressão regionais e locais é imperativa para qualquer país. Só que essa política não pode surgir de apenas meia dúzia de cabeças (mesmo que privilegiadas) e ser implantada através de uma canetada. Será que opiniões ou meros interesses pessoais de poucos devem prevalecer sobre o de milhões de brasileiros? A falta de projeto consistente de FHC e seus ministros está gerando peças desse nível, ilógicas e incoerentes. Tanto falamos na convergência tecnológica e de serviços para termos uma perspectiva promissora nas áreas de mídia e telecomunicações. Que tal um pouco de convergência governamental para não termos de assistir a espetáculos tão desconexos quanto os que o Planalto vem colocando em exibição?

Edylita Falgetano

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s c a n n e rPAGU EM VÍDEO

A partir da adaptação da obra de Lúcia Maria Teixeira Furlani, a musa modernista Patrícia Galvão - a Pagu - ganha um vídeo biográfico. Quem assina a direção é o crítico e professor de cinema Rudá de Andrade, filho de Pagu e Oswald de Andrade, em parceria com Marcelo Tassara. O vídeo é baseado no livro “Pagu: livre na imaginação, no espaço e no tempo”, que conta suas passagens pelo jornalismo, política, artes e literatura. Com uma produção espalhada pelos principais jornais de 1929 a 1962, quando faleceu vítima de câncer, Pagu tinha um espírito libertário que até hoje causa certa admiração e incômodo.

O vídeo foi lançado no Museu da Imagem e do Som de São Paulo em 25 de junho e tem texto e narração da própria autora do livro e contou com a parceria de produção da Universidade Santa Cecília (Unisanta), de Santos. Lúcia é professora e pesquisadora na área de Psicologia na Unisanta. As fotografias que aparecem no vídeo são de Araquém Alcântara. O filme já está selecionado para o Festival de Tróia, em Portugal, e se apresentará em todo o circuito nacional e internacional, além de ter despertado o interesse de emissoras de televisão.

PRODIGOFabiano Liporoni uniu-se ao time de diretores da Prodigo, comandada por Adriano Civita, Cao Quintas e Doca Cor-bett. Liporoni já trabalhou em diversas produtoras, entre elas a Salatini, EB e Espiral. Atuou também como produtor na MTV e TVA. Seu último trabalho foi na Lux Films, de onde saiu para assumir os desafios propostos pela Prodigo, onde além da direção de filmes pub-licitários, Liporoni já está finalizando a produção do curta “Watermellon”.

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JOrnaLIsMO enXUTOA produção do BandNews dispensa

o uso de fitas de vídeo. O núcleo do

canal de notícias da Bandeirantes,

incluído no line up da TVA, DirecTV

e NeoTV, é um vídeo servidor da

Leitch, com quatro canais de entrada

e quatro de play out, que recebe todo

o material enviado por satélite, agên-

cias internacionais e das fitas produ-

zidas localmente e tem capacidade de

armazenar 90 horas

(1,5 Tb). O sistema RAID-3 tem 90

discos, cada um com 50 Gb, e foi

usado pela Bandeirantes durante as

Olimpíadas 2000. Todo o ingresso de

material usa a infra-estrutura da Band.

O sinal de transmissão sobe pelo uplink

do Morumbi, em São Paulo, para o

Intelsat B3, digital em MPEG-2.

Três câmeras, duas fixas e uma no

trilho operada por controle remoto,

três ilhas de edição, um switcher de

estúdio e um master, e uma ilha de

efeitos gráficos, compõem a emissora,

instalada numa área de aproximada-

mente 200 m2, toda envidraçada. Sete

âncoras (o oitavo está sendo contrat-

ado) fazem o revezamento para veicu-

lar quatro jornais por hora, durante as

24 horas diárias de transmissão ao vivo

do canal. “Ao todo 65 pessoas inte-

gram as equipes formadas por jornal-

istas e técnicos”, explica Humberto

Candil, editor chefe do BandNews.

A montagem do canal e o treinamento

dos jornalistas e técnicos ocorreram

simultaneamente entre dezembro

passado e março deste ano, quando

o canal entrou no ar. “Como as fer-

ramentas são outras, as cabeças tam-

bém precisam mudar. Tem de haver

uma integração muito boa entre a

redação e a operação. E esse convívio

tem se mostrado saudável e muito

produtivo”, avalia sebastián Burone Lorente, gerente de planejamento de

engenharia da Rede Bandeirantes.

Como nada é estático, principalmente

em TV, Burone pretende implementar

o sistema incluindo a nova versão de

browser ENPS, que possibilita ao

jornalista visualizar na tela do PC o

material bruto a ser editado e pen-

sando em usar um servidor

RAID-1 para espelhamento. “Apenas

por pura segurança”, comenta o

engenheiro, com 41 anos de TV e

desde 1975 na Bandeirantes.

VInHeTasA Digigraph foi a responsável pela vinheta “BR no Cinema”, que faz parte do projeto de apoio ao Cinema Nacional da BR Petrobras. A produtora carioca já havia produzido duas outras vinhetas para a BR, para patrocínio de programas veiculados pelo Canal Brasil. Todas as três tiveram direção de Jean Benoir Crepon (JB).

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nOVeLaO SBT inicia a produção de “Píncara sonhadora”, a primeira novela em parceria com Televisa. Trinta textos (mexicanos ou não) da rede mexicana serão traduzidos e adaptados para serem gravados nas instalações do complexo da Anhangüera durante os cinco anos previstos no contrato. As novelas representam atualmente 12% do faturamento do SBT e a intenção do grupo liderado por Silvio Santos é chegar a 15%.

A novidade é um novo modelo de merchandising a ser comercializado pela emissora. Durante o intervalo comercial, uma “família” irá comentar os produtos e serviços evidenciados durante o capítulo da trama e fazer o “comercial”. Os personagens que irão interagir entre a cena e o break serão fixos e contratados pelo SBT, minimizando assim os custos de produção para o anunciante.

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s c a n n e rCOMANDADOS

Para expandir sua atuação no mercado broadcast e lançar a nova

linha de edição não-linear, utilizando o hardware VS 200, a 4S acaba de contratar Ricardo Chrispim. A equipe, que já contava com

o atendimento de Vania Lúcia Pauli, também foi reforçada com a entrada de Guilherme Ptelz. O comando da linha de frente da empresa catarinense é de Armando Moraes.

NOJOO filme “Nojo”, de Alexandre Dacosta, é o grande vencedor do mês de maio do Pulga - I Festival Permanente de Curtas pela Internet, da Cidade Internet. O filme, que venceu a terceira fase do mês, foi escolhido o melhor pelo cineasta e diretor da Mostra do Audiovisual Paulista, Francisco Cesar Filho, Chiquinho. O filme de Dacosta concorreu com mais três trabalhos: “Homens, mulheres, gays, lésbicas e os Beatles”, do gaúcho Michel Bruschi; “Supermegalooping”, de Frederick Montero, de Campinas; e “Carlitos no final do século XX - uma homenagem”, de Wilton Araújo e Francisco Caldas, mineiros de Juiz de Fora.

Em oito minutos filmados em Beta, “Nojo” conta como um hipocondríaco celibatário engole suas próprias secreções para tentar imunizar seu corpo. O filme ainda pode ser visto no www.cidadein-ternet.com.br/pulga. O internauta tam-bém já pode assistir e votar nos melhores curtas da segunda etapa do festival, onde estão participando exclusivamente os filmes da Mostra do Audiovisual Paulista.

PARCERIA DIGITAL A Silicon Graphics (SGI) e a Discreet estão reforçando acordo de parceria para o atendimento do mercado de mídia digital na América Latina. O acordo irá gerar negócios no segmento de entretenimento no Brasil e na América Latina. Com essa parceria as duas empresas pretendem abrir novas oportunidades de negócios para as áreas de digital asset management, pós-produção, servidores de vídeo e Internet/intranet streaming.

cOTOneTeO comercial “Cotonete” foi criado pela DM9DDB para a Telefônica. Com o filme, a empresa pretende mostrar o trabalho de seus funcionários na recuperação e modern-ização dos telefones públicos de São Paulo. A agência usou a higiene pós-banho dos ouvi-dos para ilustrar o conceito. Nele, um ator representa um funcionário da telefônica, que ao limpar os ouvidos após o banho, lembra-se de seu trabalho de manutenção dos orel-hões. O filme teve criação de Fábio Victória e direção de criação de Jáder Rossetto e Pedro Cappeletti. Produção da Cia de Cinema, finalização da Casablanca e trilha da Junk.

BaLanÇOA TV Globo teve um faturamento de US$ 237 milhões no primeiro trimestre de 2001, cerca de 9% a menos do que no mesmo período de 2000. Os números estão no balanço da holding Globopar referente aos três primeiros meses do ano. A queda da TV Globo é decorrente, segundo analistas de mercado, da desaceleração do mercado publicitário. Ainda assim, segundo a análise do Banc of America, é uma queda de faturamento menor do que de outras emissoras, como Bandeirantes (35%) e RBS (16%).

Ricardo, Guilherme, Vania e Armando

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s c a n n e rTUDO CERTOTrabalho foi o que não faltou nos dois últimos meses para Izabel Rezende, que coordenou o 22º Congresso Brasileiro da Abert, do 14º Congresso Estadual da Aesp e da 19ª Exposição Nacional de Equipamentos, realizados no Hotel Transamérica (SP) entre 11 e 13 de junho passado, e promovidos pela Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (Aesp). A assessora das Organizações Globo também é membro da Comissão de Marketing e Eventos da Abert e liderou toda a logística, inscrição de participantes, recepção de palestrantes, montagem da área de exposição, contratação de serviços etc. dos eventos. No final, uma só frase: “Deu certo!”.

O congresso teve mais de 900 inscrições de todo o Brasil e contou com as presenças dos ministros Pimenta da Veiga, das comunicações; Paulo Renato Souza, da educação; e Francisco Weffort, da cultura, dos governadores Geraldo Alckmin, de São Paulo e Anthony Garotinho, do Rio de Janeiro, do presidente da Anatel, Renato Guerreiro, além de diversos secretários de Estado e deputados.

FOCOAlexandre Gracce está no comando da Digiarte e-broad, nova empresa ligada à Line Up voltada à mídia digital. Segundo o diretor da empresa, “nascemos com a missão de ocupar uma lacuna do mercado, em streaming media”. “Queremos proporcionar uma solução para o cliente focando a comunicação corporativa incluindo a transmissão, captação, digitalização e distribuição de áudio e vídeo pela Internet ou uma Intranet.”

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PaTrOcInaDOresResponsável pela comercialização de publicidade na TV Cultura, a Connect TV Businesses fechou com a Peugeot um novo acordo comercial para a programação da emissora. O anunciante atrela sua marca ao programa dominical “Cartão verde”, apresentado por Flávio Prado. O pacote inclui o patrocínio no quadro “A imagem que não sai da cabeça”, que substitui o “Imagem da semana”. O contrato foi fechado para os meses de julho a setembro.

A Telefônica também renovou o patrocínio ao programa “Conversa afiada”, apresentado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim. A operadora de telefonia fixa alia sua marca à atração desde março de 2000.

BaIXO cUsTO

A Pinnacle Systems anunciou

o lançamento no mercado brasileiro

do DV200, sistema para edição e

captura de vídeo digital com recursos

profissionais que se destaca pelo baixo

custo. A solução inclui placa FireWire

de captura e a versão completa

do software Adobe Premiere 6.0 O

produto está sendo distribuído no

Brasil pela BraSoft/PiEditora desde a

primeira semana de junho.

esTÁDIO LOTaDOO filme “Futebol”, criado pela Carillo Pastore Euro RSCG para o lançamento do Peugeot 206 1.0 16V, foi filmado durante uma partida de futebol entre dois times fictícios. Para lotar o estádio, foram necessários mais de mil figurantes. O filme foi produzido pela Jodaf, com direção de João Daniel Tikhomiroff, tem trilha da Play it Again e finalização da Casablanca Finish House.

sUInGUe PraIanO A produtora JX Filmes assina a produção do primeiro clip do grupo de forró e reggae Peixelétrico. Roteiro e direção são compartilhados por Homero Olivetto e Marcus Vinicius Baldini. As filmagens foram realizadas em 16 mm, com a participação de cerca de 150 figurantes e o uso de três barcos. A locação é a Prainha Branca, aldeia de pescadores perto de Bertioga, no litoral norte de São Paulo.

Peixelétrico

ERRATANa edição 105 de Tela Viva, de maio de 2001, na matéria “Placas de captura: conversoras de sinais de vídeo” cita-se erroneamente a empresa Videomart como exclusiva representante da Matrox Video Products Group no Brasil. Entre outras empresas, a TekStation

Vídeo e Áudio Profissional Ltda também é representante autorizada da Matrox no Brasil.

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s c a n n e rBAGAGEMEunice Dornelles, que trabalhou na Central Globo de Comunicação durante 27 anos, acaba de integrar a equipe da RCL Comunicação e Idéias, dos sócios Rui Xavier e Leila Reis, onde atenderá toda a imprensa. “Mas não estarei limitada a um assunto especifico.”

Durante toda sua estada na TV Globo, Eunice, ganhou muitos amigos com sua simpatia ao tratar com a imprensa. Seu trabalho de maior destaque, segundo ela, foi um boletim diário da programação da emissora para imprensa e agências publicitárias. “Cuidava de toda a produção desse boletim, e começou a crescer tanto que tive de deixar a faculdade de filosofia no terceiro ano.” A RCL tem clientes como Ibope e Governo do Estado de Alagoas e ainda edita o Coisas do Comércio, com dicas para o comércio varejista, encartado em jornais de 51 municípios paulistas. Xavier não dispensa elogios à sua contratada. “Ela nos trará toda essa bagagem, e nosso trabalho conjunto crescerá muito mais.”

VISITALuis Pinievsky, diretor da Orad, e Amir Shargal, da OradNet, uma joint-venture entre a Orad e a Intel, estiveram no Brasil para demonstrar os sistemas TOPlay e Cyberplay utilizados na transmissão de eventos esportivos por TV ou Internet. As apresentações paulistanas foram realizadas na sede da Videodata, que representa as empresas no Brasil, e contou a presença de profissionais de agências de publicidade e portais de Internet. No Rio, a apresentação foi feita na sede da Rede Globo.

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MerGULHO na reDeA AV Produções acaba de lançar seu novo website, agora com novo endereço (www.avproducoes.com). “O novo site se encaixa em uma estratégia maior de reposicionamento, juntamente com o novo logotipo, novos produtos e outras ações que ainda se encontram em desenvolvimento”, conta Celso Antunes, diretor de criação do escritório paulistano da produtora.

No site podem ser encontrados slideshows em flash e breves descrições de alguns dos trabalhos mais recentes realizados pela produtora. Também é possível fazer o download de uma apresentação em vídeo da produtora, no formato QuickTime. O website foi totalmente desenvolvimento com recursos internos. A equipe está se empenhando na produção de TV executiva, que tem entre os trabalhos a “TV Ponto Frio”, programa quinzenal veiculado em TV aberta.

PARA ADULTOSO Centro Técnico Audiovisual da Funarte (CTAv) está lançando em vídeo no Animamundi uma seleção de cinco curtas-metragens “para adultos” na coletânea Brasil em Curtas XIV: Animação para Maiores. A fita reúne alguns filmes premiados nos últimos anos, com temática “não recomendada para os baixinhos”. Os polêmicos “Deus é Pai” e “Os

idiotas mesmo”, do diretor Allan Sieber; “Almas em chamas” e “Amassa que elas gostam”, respectivamente de Arnaldo Galvão e Fernando Coster, que tratam do relacionamento homem-mulher com uma dose de erotismo; e “Os irmãos Williams”, de Ricardo Dantas, que parodia grupos musicais de gosto duvidoso.

“Almas em chamas”

As inscrições para o programa Rumos

Itaú Cultural Cinema e Vídeo

bateram um recorde este ano, com 540

projetos de 18 estados. Uma novidade

foi o apoio de canais de televisão,

principalmente o educativo TV Cultura

e o por assinatura GNT. Visando

justamente esse mercado, a maioria dos

projetos tem duração de 52 minutos. A

divulgação dos projetos selecionados

estava prevista para 3 de julho.

Em sua terceira edição, o programa

conta com a participação dos cineastas

Bruno Vianna e Francisco Cesar Filho

e dos programadores Paulo Biscaia

(Cinemateca de Curitiba), Alexandre

Veras (Espaço Alpendre, de Fortaleza)

e Roberto Moreira Cruz (Itaú Cultural

Belo Horizonte) em sua comissão

julgadora. Os projetos concorrem

em três categorias: Desenvolvimento

de Projetos (apoio à pesquisa e

formatação, no valor de até R$ 15 mil);

Produção (realização, até R$ 100 mil);

e Jovens Realizadores (para diretores

com até 25 anos de idade, até R$ 8 mil).

recOrDe

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s c a n n e r NO VALEFernando Moreira, diretor da Univap TV, que produz programas para a Rede Vida, TV Nova Canção e TV Setorial, afiliada à TVE Brasil, foi nomeado coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da Univap - Universidade Vale do Paraíba. “Nosso curso envolve cerca de 500 alunos e neste novo desafio procuraremos trazer a realidade do mercado para eles. Estamos investindo US$ 250 mil em um estúdio.” Também estão sendo comprados equipamentos digitais Sony e Philips para a produtora.

Fernando participou da Conferência Virtual Educa, em Madri, Espanha, onde apresentou o projeto do uso de novas tecnologias na Univap. O evento organizado pelo governo espanhol discutiu assuntos em torno da educação à distância e seu uso em universidades e centros de pesquisas.

A Univap TV, que contava com as jornalistas Celeste Marinho, Vânia Braz e Roberta Baldo, acaba de contratar outro profissional, Jaide de Menezes, que trabalhou nas áreas de engenharia e produção da TV Vanguarda, afiliada à TV Globo em São José

dos Campos (SP), e agora responde pela supervisão técnica da produtora.

O programa “Espaço Univap”, veiculado pela Rede Vida durante quatro anos, deu lugar ao “Vida e cidadania”, um programa com um formato diferente do anterior e que conta com apresentadores

estudantes do curso de comunicação da Universidade Vale do Paraíba. Também é produzido em parceria com a União Brasileira de Escritores (UBE), o “Página aberta”, um programa de literatura, além do “Qualidade empresarial” em parceria com a empresa Isonet, veiculado na TV Bandeirantes do Vale do Paraíba.

ParcerIa InTernacIOnaLA V Filmes, dos diretores e roteiristas Wiland Pinsdorf e de Rinaldo Lima, associou-se ao Caesar Photo Design, estúdio baseado em Los Angeles, nos EUA, com escritório também em Roma, na Itália. O primeiro trabalho em conjunto foi a produção do curta-metragem “Olhar deserto”, filmado em 35 mm no deserto de Mojave, na Califórnia. A captação foi feita em vídeo digital, em LA, e a edição e finalização em São Paulo. As peças foram aprovadas simultaneamente nos EUA e na Itália, através de arquivos QuickTime, enviados pela Internet.

A produtora paulistana foi a vencedora de dois prêmios Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) em sua versão 2001. Os prêmios foram nas categorias Vídeo de Comunicação Interna, com o institucional “Embraco global”, e Memória Empresarial, com documentário realizado para a Multibrás.

OrDeM na casaCom o objetivo de moralizar o mercado

das agências de modelo brasileiras,

que hoje exportam beldades

tupiniquins para o mundo inteiro, foi

criada a Associação Brasileira

das Agências de Manequins

e Modelos (Abamm). A associação

tem representantes das principais

agências internacionais atuantes no

Brasil e está desenvolvendo um projeto

de regulamentação do setor. Entre

as regras discutidas em encontro

realizado em São Paulo no início de

junho, estão a profissionalização

das agências, a implementação de

um código de ética, a criação de um

disque denúncia contra agenciadores

ilegais, um serviço de apoio jurídico às

modelos e uma central de informações.

A Start Desenhos Animados está

lançando o longa “O grilo feliz”, que

deve estrear nas salas de cinema

no dia 20 de julho. Esse é o primeiro

longa do diretor e animador Walbercy

Ribas, que teve a idéia de fazer o filme

em 1980 para seus filhos Juliana e

Rafael, na época com seis e quatro

anos respectivamente. As diversas

dificuldades encontradas pelo diretor

para a execução da obra - captação de

recursos, distribuição etc. - fizeram

com que as “crianças” pudessem tra-

balhar no filme. Juliana é a produtora

executiva e Rafael foi

o responsável pelas

cenas em computação

gráfica 3D e acompan-

hou a pós-produção

digital. O filme, com

82 minutos de duração,

foi criado com a ajuda de uma equipe de

70 ilustradores, intervaladores, cleaners

e coloristas. Os desenhos foram cria-

dos na prancheta e colorizados em

estações SGI com o software Toonz e

a pós-produção contou com os soft-

wares Alias, Marados e Maya.

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“O grilo feliz”

anIMaDO

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EmErson CalvEntE EEdylita FalgEtano

FeIra De neGÓcIOsFeIra De neGÓcIOs

A Tecnovídeo iniciou em 1999 uma parceria comercial com a Leitch através de seu escritório no Brasil. Em outubro de 2001, a Leitch adquiriu a DPS, empresa norte-americana na área de soluções em pós-produção. Segundo Sady Ros, gerente de marketing e vendas da Tecnovídeo, “2001 é o ano da solidificação da parceria Tecnovídeo com Leitch Technology”. Além da JVC, a Tecnovídeo irá promover a apresentação ao mercado brasileiro das soluções que a DPS mostrou na NAB deste ano. A solução de edição em tempo real dpsVelocity já vem sendo comercializada

e deverá ter um upgrade para a versão 7.6. Novas facilidades foram adicionadas, como a integração direta da time line com o DFX+ (Digital Fusion) da Eyeon, software de composição e efeitos. Além disso, também foi incorporado o SpruceUp, software de autoria em DVD, flexível e intuitivo. Para concorrer em mercados de maior desempenho, será mostrado o dpsQuattrus, que apresenta playback de quatro layers de vídeo simultaneamente - em qualquer combinação de vídeo com ou sem compressão - e seis streams de gráficos dinâmicos. Um módulo opcional Quad 3D DVE adiciona quatro

canais de efeitos 3D em tempo real. Outra novidade é o dpsNetStreamer. Ele pode produzir simultaneamente múltiplos streams em formatos RealNetworks, RealVideo, Microsoft Windows Media, QuickTime e, dependendo dos parâmetros utilizados, pode oferecer seis web streams simultâneos. Totalmente controlado remotamente com entradas e saídas flexíveis. Vídeo componente e composto, áudio (balanced/unbalanced) são standard. SDI, DV, AES/EBU e Embedded SDI áudio são opcionais. Com grande aplicação em eventos esportivos, será mostrado o dpsWhiplash2, solução para replay em slow motion, trabalhando

C A P A

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As últimas novidades sobre a TV digital e a escolha do padrão tecnológico de transmissão a ser adotado pelo País serão os principais temas do evento SET 2001 - Broadcast & Cable. De 1º a 3 de agosto próximo, o Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, será a sede do evento que integra a Feira de Tecnologia em Equipamentos e Serviços para Engenharia de Televisão e o 15º Congresso Técnico da SET - Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações, organizado pela Certame Eventos Promocionais. A realização do evento por dois anos consecutivos em São Paulo vem quebrar a tradição de realizá-lo alternadamente nesta cidade e no Rio de Janeiro. Em relação ao ano passado, o evento deve aumentar em pelo menos um terço a quantidade de expositores, que ocuparão uma área de 12 mil m2. A Certame calcula que o número de empresas expositoras chegue a 200, 50 a mais do que em 2000. As estimativas de público apontam para um número pelo menos igual ao de visitantes no

ano passado: cerca de dez mil pessoas. No 15º Congresso Técnico da SET, a tecnologia digital tanto para rádio quanto para TV promete dominar a maioria das palestras (veja box). Entretanto, o tema será abordado sob um prisma diferente dos anos anteriores. Como o grupo Abert/SET já indicou o ISDB-T como o padrão de DTV que considera mais adequado ao Brasil, as discussões deverão centrar-se no tema dos negócios no novo sistema. O SET 2001 analisará e delineará procedimentos de business, criação, distribuição e gerenciamento

de transmissão eletrônica de conteúdo multimídia, para os segmentos de mercado de Internet, indústria, rádio, TV aberta, telecomunicações, TV por assinatura e produção, integrados e interfaceados pela aplicação da tecnologia da TV digital.A maioria dos fornecedores e distribuidores pretende anunciar e demonstrar produtos baseados na tecnologia digital. Confira a seguir o que estará em destaque nos estandes da feira.

D i s cu s sõe s s ob re o mode lo

de negóc i o s pa ra TV d i g i t a l

t e rão de s t aque na B roadca s t

& Cab l e 2001 . Equ i pamen to s

pa ra a t ende r à s

ne ce s s i dade s de a t ua l i za ção

da s em i s so ra s é o que não

va i f a l t a r na expo s i ção .

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em baixa compressão (1.3:1). Esse produto, com duas unidades de rack, baseado em solução de hard disk, oferece um número ilimitado de pontos de entrada durante a gravação, que podem ser instantaneamente “chamados” ao toque de um botão, sem ter de rebobinar ou esperar. Permite gravar e reproduzir simultaneamente. A linha da JVC conta com uma câmera de estúdio com baixa taxa de utilização, para utilização em afiliadas das grandes redes, por exemplo. Até o surgimento da GY-DV550, essas emissoras deveriam comprar diferentes câmeras para estúdio e para captação externa. A GY-DV550, concebida na consagrada plataforma da GY-DV500, tem uma interface de 26 pinos que possibilita seu controle através de CCU (Camera Control Unit). Basta conectar o cabo. É possível ainda adicionar outros acessórios, como viewfinder de 4” e controles de zoom e foco. A GY-DV700W é o mais novo produto da linha Professional DV, oferecendo camcorder com processamento digital de 14 bits, três CCDs de 2/3” (3 x 480.000 pixels). Foi desenvolvida com relação de aspecto 16:9 nativo, podendo ser chaveada para o modo 4:3. “A possibilidade de captar em 16:9 faz desta câmera um atrativo para o crescente mercado de produção de cinema independente, o qual despertou fortemente com o sucesso do projeto ‘A bruxa de Blair’”, comenta Ros. Oferece ainda Full Auto White, Black Stretch, Genlock e LoLux. Outros produtos da linha D-9, 4:2:2 - 50 Mbs, serão demonstrados, como as câmeras DY-70, DY-90 e os VTs BR-D52/D92 e BR-D560/860. Entre os produtos da Alias|Wavefront, a Tecnovídeo anuncia a versão 4.0 do Maya, um dos principais softwares de animação 3D. O Maya ganha agora nova interface, facilidades de rendering e animação, tornando-se mais prático e completo. Entre os aprimoramentos, destaca-se o render, que apresenta aumento significativo de qualidade, além de ser aproximadamente 15% mais veloz em cenas “pesadas”, com retracing e uso de partículas. Novas ferramentas foram acrescentadas para animação não-linear, como por exemplo, criação de efeitos de musculatura e gordura corporal. O Paint Effects apresenta 35 novos brushes, pintando e renderizando. A versão 4.0 está disponível nas plataformas Windows, Linux, Irix, e agora em Mac OSX e permite ao usuário escolher entre as várias placas gráficas disponíveis no mercado.

Os produtos Sennheiser e Neumann serão expostos no estande da Eurobrás e da Debetec.

Alexandre Algranti, gerente para o Brasil da Sennheiser Electronic Corporation, tem uma boa expectativa para o evento deste ano. Entre os lançamentos da Sennheiser para a B&C 2001 está o microfone dinâmico MD 46 para jornalistas, com as seguintes características: padrão polar cardióide, resposta de freqüência entre 40 Hz e 18 kHz, cabo longo para melhor fixação do flag identificador da emissora, cápsula com sistema de amortecimento, corpo construído em liga de zinco extra-resistente e resposta de freqüência estendida. O transmissor plug on SKP 30 é outra novidade: extremamente robusto, potência de 30 MW, 1.280 freqüências, resposta de freqüência entre 60 Hz e 18 kHz, alimentação com bateria de 9 V, entrada de áudio balanceada eletronicamente, phantom power para uso com microfones condensador, botão mute, que silencia o microfone sem cortar a portadora e mostrador de carga da bateria com transmissão do aviso de baixa carga equipado com o sistema de redução HiDynPlus, compatível com receptores das séries 3000 e 5000. O lançamento da Neumann é o microfone condensador KMS 105, padrão polar supercardióide, resposta de freqüência entre 20 Hz e 20 kHz, spl máximo (0.5% THD) 145 dB SPL e voltagem de operação de 47 V. O KMS 105 está disponível com acabamento em preto fosco e prateado.

A Philips Broadcast foi recentemente comprada pela Thomson Multimedia, integrando a nova divisão Broadcast e Network Solutions. Para a B&C 2001, a Thomson trará ao Brasil a câmera LDK 6000HD, exibida na NAB deste ano. A LDK 6000HD é uma câmera muito leve, de alta definição, com CCDs de 2/3” com 9,2 milhões de pixels por CCD. Permite alternar entre formatos (1080I e 720P) ao toque de um botão, garantindo flexibilidade e liberdade. Outro destaque é a série de switchers DD35. A linha de produtos DD35 abrange desde o DD10, um switcher pequeno e compacto com um único M/E, até o DD35-4LX, com quatro bancos M/E. Todos os produtos têm as mesmas características operacionais e elétricas e são compatíveis entre si.

A Panasonic espera melhorar as vendas e está com uma nova estrutura no Brasil, com um laboratório para atender às revendas. De

acordo com Luis Sergio Correa, engenheiro da Panasonic, “iremos destacar a nossa linha de produtos DVCPRO50, direcionada a produtoras e emissoras na área de produção. Esperamos alavancar um volume de vendas maior, em relação ao ano passado”. Entre os produtos confirmados para exibição está o VTR de baixo custo AJ-D250, da série PV, com interface RS-232C, o VTR MiniDV AG-DV1000, com terminal IEEE 1394 Firewire e a digital camera/recorder AG-DVC200, com 800 linhas de resolução horizontal e CCD de 1/2” com 410 k pixels.

Segundo José Y. Ito, gerente comercial da área de broadcasting, “a NEC do Brasil vai mostrar o transmissor-receptor Série 3500 MKII”. Esse equipamento melhor se aplica em sistemas de interligação de média capacidade, conectando cidades ou vilas, ou como ramificação de um tronco principal. Pode ser utilizado também como tronco principal de média capacidade ou em backbone de telefonia móvel celular. Operando na faixa de 6 GHz a 8,5 GHz o equipamento tem sua unidade transmissora disponível nas versões indoor e outdoor possibilitando assim a sua instalação em locais onde as condições de espaço e ambiente são desfavoráveis.

Com um estande duas vezes maior que no ano passado, a EVS Broadcast Equipment do Brasil apresentará muitas novidades no evento deste ano, além dos produtos LSM para replay e slow motion. Carl J. Christiaens, gerente geral da empresa, acrescenta: “A EVS assinou dois contratos com a ISB (International Sports Broadcasting) e a HBS (Host Broadcast Services) para fornecer as máquinas LSM para os Jogos Olímpicos de Inverno de Salt Lake City (19 máquinas) e para a Copa do Mundo de Futebol de 2002 (30 máquinas)”. O SportNet, uma solução em rede para produção externa em tempo real, é um dos produtos que estarão sendo apresentados na feira. Os servidores de replays LSM, com até seis canais, podem agora ser ligados em rede para formar um sistema de produção esportiva ou jornalística totalmente integrado. Qualquer clip gravado em qualquer máquina da rede fica disponível para todos os outros operadores da rede, sem nunca interromper a gravação. A interface física segue o formato padronizado SDTI, permitindo a utilização de cabos comuns BNC/75 ohm. O DVB-Assist, é um ambiente multicanal e multiuso para os servidores MPEG-2 DVB

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FeIra De neGÓcIOs

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da EVS. O DVB-Assist gerencia o vídeo e cria facilmente as grades diárias. É construído numa base multilingual e inclui aspectos administrativos como sistemas de arquivos, logging e gerenciamento de direitos de usuários. O AirBox, é um servidor de produção com automação integrada, combinando o controle de VTR, a edição de clips e o gerenciamento dos playlists. O Dispatcher/Insider, permite que as novas mídias sejam detectadas desde o momento que são importadas no servidor MPEG2-DVB e recodificadas para um formato bit rate baixo para navegação numa Intranet. Qualquer jornalista, editor ou apresentador pode então navegar entre todos os itens com qualquer PC a partir de qualquer ponto na Intranet. O DVB Delay 2000 é uma solução simples e econômica para aplicar um delay TS, seja SPTS ou MPTS, através de uma simples interface Windows NT, utilizando uma seleção de ferramentas avançadas como o MPTS Demultiplexing. Ideal para os operadores de cabo ou os providers de bouquets digitais que precisam aplicar um delay nos programas digitais para compensar as diferenças de horário ou criar um delay múltiplo para video-on-demand ou pay-per-view. O BOW, Browsable On-Air Witness, é um gravador único com discos rígidos para monitoração das emissões no ar com facilidades integradas para navegação HTML. Um número virtualmente ilimitado de BOWs podem ser conjugados para permitir uma monitoração multicanal contínua. O SuperSplit, é um gerador de display mosaico para canais Barker e informação. O suporte gráfico é estendido para 16 milhões de cores, e outras novidades incluem o Text Scrolling e o controle remoto por Internet. O FAR, o parceiro de aúdio da EVS, apresentará pela primeira vez no Brasil, uma seleção de seus últimos monitores broadcast profissionais: o AV-6, um monitor ativo 2-way de tamanho médio, que oferece alta sensibilidade e muita potência a um preço razoável e o subwoofer LBE 11A, desenvolvido para sistemas médios surround 5+1. A última geração de controle remoto FAR, o RC-U, também será apresentado.

A Exec Technology tem como foco principal a integração de sistemas e projetos tanto para broadcast quanto para os mercados de produtoras e finalizadoras. Além das parcerias com a Discreet, Thomsom Multimedia, SGI, Alias|Wavefront, a empresa assinou recentemente um contrato

para representar a Ascentis. Na área de edição e composição em HDTV o Smoke e o Flame estarão em demonstração editando compondo imagens em alta resolução em plataforma SGI Octane2. O Frost, para a construção de cenários virtuais e grafismos, permite a atualização em tempo real através de um banco de dados, como, por exemplo, em uma corrida em circuito oval onde é quase impossível, após as paradas nos boxes, saber a posição de um carro, quantas voltas ele já deu, onde se encontra no momento dentro do circuito. Como esses carros têm um aparelho tipo GPS, essas informações alimentam o sistema que, em tempo real, pode ser mostrada na tela da TV a critério do diretor de imagens. “Estaremos mostrando imagens e cenários já previamente contruídos”, conta Ayrton Stella, diretor da Exec. A versão 6 do software Edit e o gerenciador JobNet também têm presença garantida no estande da empresa. De hora em hora haverá apresentação do Smoke, Flame e Edit em um pequeno auditório para 15 pessoas aproximadamente. As demonstrações do Frost precisarão ser agendadas.

A Videodata estará apresentando soluções para gerenciamento e arquivamento de conteúdo digital para televisão e Internet. A versão mostrada na NAB 2001 do sistema de armazenamento centralizado aplicado para jornalismo do Grass Valley Group incluindo a integração do ProfileXP 1100 e do editor não-linear Vibrint; os distribuidores de vídeo digital Serie 8900 E Serie 2000 que podem ser controlados remotamente via web; e a tecnologia de codificação de vídeo para stream de Internet utilizada no Aqua, são alguns dos destaques do estande.A Ascential, ex-Informix, traz os recentes lançamentos do sistema Media360 integrado ao Virage, para gerenciamento de conteúdo e catalogação de mídia, incluindo a versão AudioLogger em português.A Harris Automation Solution, ex-Louth Automation, apresenta no Brasil o seu mais recente lançamento, o CLARO, um sistema de pequeno porte dedicado a pequenas e médias emissoras de TV. A Harris Automation mostra também as suas inovações aplicadas para o uso em sistemas automatizados de jornalismo.A Orad mostra a evolução de seus sistemas para uso em aplicações de interatividade com Internet, com principal destaque para o TOPlay para uso em esportes e o ClickAble Vídeo. Gráficos 3D em tempo real para programas ao vivo e esportes.

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Novas tecnologias apresentadas para uso de Cenários Virtuais em 2D e 3D com interatividade para Internet também são destaques garantidos na feira.A ADTEC, empresa dedicada para o mercado de cabo e MMDS, apresenta os seus mais recentes lançamentos de player MPEG-2 com saídas analógicas e digitais, que permitem inserção de programação e comerciais locais. Todo o controle de gerenciamento e transporte de mídia pode ser feito remotamente.A Image Vídeo traz pelo segundo ano consecutivo ao Brasil soluções de controle inteligente de monitoração de imagens para estúdios, central técnica e unidades móveis.A Broadata/Inviso apresenta os últimos lançamentos para transporte de vídeo, áudio e dados por fibra óptica.

A Debetec atua há dez anos no mercado brasileiro de broadcast e há cinco é representante exclusiva da Canon Broadcast no Brasil. Há dois anos implantou um laboratório óptico-eletrônico especializado para suporte técnico dos produtos da multinacional japonesa. Durante seu quinto ano consecutivo de participação na B&C estará dando suporte e fornecendo lentes para os estandes de empresas fabricantes de câmeras profissionais como Sony, Ikegami, Panasonic e Thomson. A principal novidade da Canon é a lente Digi Super 86, com zoom de 86 vezes e alcance de 1.600 mm, ideal para uso em estúdios, eventos especiais e esportivos. Fabricada no padrão high definition, com abertura de tela na proporção de 16:9, possibilita o uso no sistema convencional 4:3 através de um sistema de conversão Crossover além de sistema exclusivo Canon de estabilização de imagem. Outra atração é a linha de lentes HD, versão ENG e EFP e Cine Style (Eletronic Cinematography). Serão expostas também lentes SDTV e Pro-Vídeo bem como acessórios ópticos.Além das lentes alguns produtos de outras representações da empresa estarão no estande, como da Telemétrics, especialista em automação e robótica para câmeras, com a exibição do Televator, um pedestal de elevação provido de pan and tilt, comandados por sistema remoto, e que pode acomodar câmeras com teleprompters.Teleprompters profissionais e institucionais da Listec Vídeo, microfones da In Line e filtros e adaptadores para lentes profissionais completam a exibição.Neste ano, a Video Systems apresenta algumas novidades de suas representadas para o mercado

brasileiro. A mais nova câmera de HDTV da Hitachi, a SK3100P, tem características multipadrão e pode trabalhar com saídas analógica e digital, juntamente com a saída de HDTV, que pode ser comutada via software para os formatos 1080I ou 720P. As características técnicas são: CCDs de 2/3” com 2,2 milhões de pixels, 1.000 linhas de resolução em HDTV e 900 linhas em NTSC. Sensibilidade F8, DSP com processamento de 38 bits, conversor analógico digital de 12 bits, saída HD-SDI na cabeça da câmera, setup de controle separados para HDTV e SDTV. Ideal para produção em estúdio, externa e cobertura de eventos esportivos.A câmera SK555 para o formato SDTV é ideal para emissoras de médio e pequeno porte. Essa câmera tem como características técnicas: CCDs de 2/3” com 640.000 pixels, 850 linhas de resolução no formato 16:9 e 800 linhas no formato 4:3, sensibilidade F11, DSP com processamento de 20 bits a 30 bits, conversor analógico digital de 12 bits,ajustes de dyna-chroma, auto-knee, matriz linear e correção de cor a seis vetores, flesh tone masking, automatic flesh tone detail, special gamma, gray scale automatic setup, automatic shading e troca de filtro remota.A solução para transporte de vídeo da Barco via rede ATM é composta basicamente do encoder MPEG-2 chamado Pyxis, das interfaces ATM chamadas Alcor e do decoder MPEG-2 chamado Stellar. Essa solução tem como objetivo tornar mais eficiente a troca de informações entre as emissoras e suas afiliadas, além de ter um custo mais reduzido quando comparado aos sistemas de satélite.O equipamento para transporte de vídeo em redes de banda larga chamado iLynx tem capacidade de transportar até 16 canais STM1 (2,48 Gbps), com informações de vídeo, áudio, Internet, telefonia etc., através de uma única fibra óptica.A nova versão do Kaleido, sistema de multi-imagem da Miranda, é capaz de exibir até 16 imagens em uma única tela, podendo as interfaces de entrada serem de diferentes formatos, tais como: NTSC, SDI e SVGA. Além disso, tem under monitor display, tally e VU de áudio para cada uma das imagens exibidas. Também será apresentado o Kaleido-QC, que além de ter as mesmas características técnicas do Kaleido, integra equipamentos de medição como waveform

Engenhar ia Indúst r ia e Comérc io L tdaAven ida O legá r io Mac ie l , 231 Lo jas 101/104

Barra da Tijuca • Rio de Janeiro • RJ • 22621.200Te l . : ( 21 ) 493 .0125 • Fa x : ( 21 ) 493 .2595w w w . p h a s e n g e . c o m . b r • p h a s e @ p h a s e n g e . c o m . b r

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e vectorscope. Ideais para aplicação em salas de monitoração ou centrais técnicas.Estarão sendo mostradas as novas versões da série picolink, tais como conversores HDTV e transmissores de fibra óptica, além do novo frame para distribuidor de áudio e vídeo da Miranda chamado Densité, que pode integrar tanto placas de distribuição de SDTV como também de HDTV.O Duet-LE é o mais novo modelo de gerador de caracteres da Chyron. Baseado no sistema Windows NT, é capaz de realizar playback de textos e mensagens criadas em outros sistemas, além de ter interface de rede. Trabalha em tempo real, independente do processador do PC. Ideal para aplicações em estúdios de televisão.A nova versão de software do Affinity, da Àccom, unidade de edição não-linear sem compressão e com efeitos em tempo real (trabalha com DVE frame-based Abekas), sem necessidade de rendering para até cinco streams (vídeo, background, background+key, overlay,

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satélite, assim como operações de novas mídias.A �S trás novidades para as emissoras de TV. A primeira é o novo Servidor de Vídeo (VS 200) com acesso frontal para os discos rígidos e gravação nos formatos MJPEG ou DV/DVCAM, DVCPRO, DVCPRO50 e MPEG-2, com capacidade de nove HDs de 18 Gb ou 36 Gb ou seis HDs de 50 Gb ou 72 Gb, chegando

até 120 horas de armazenagem em qualidade broadcasting (8 Mbps). Outra novidade são os exibidores low cost para atender às emissoras que buscam preços mais acessíveis sem perder a qualidade de exibição.Ao lado do Digimaster, o sistema de automação e exibição de comerciais que incorpora a partir de uma única operação no master switcher, as funções auto-logo, PIP, relógio, fast insert e gerador de caracteres, estará sendo demonstrada a linha de editores não-lineares com integração total com os exibidores, o que possibilitará uma série de aplicações diferenciais dos editores tradicionais. A Sony irá apresentar os VTRs digitais da série HDW, que trabalham com mídias HDCAM, digital Betacam, MPEG IMX, Betacam SX e Betacam SP. Os VTRs contam com conversores de HD para SD e vice-versa. Na área de câmeras, a empresa mostrará a HDCAM HDW-750. Para captação em HD, a câmera pode fazer um down

s e T 2 0 0 1

PROGRAMAÇÃO PREL IM INAR1° de agosto09h00 às 11h00 Cerimônia de Abertura 11h30 às 13h30Painel: RádioTutorial: COFDM 15h00 às 17h00Tutorial: Rádio Tutorial: V/A Stream2 de agosto09h00 às 11h00Painel: Media Asset Management em TV Painel: Telecom - MO/Sat/FO Painel: Produção para Internet 11h30 às 13h30Painel Interativo: Media Asset Management em InternetPainel: RF para TV Tutorial: Produção em

HD e Cinema15h00 às17h00 Painel: Rádio Painel Interativo: Internet - Broadband Painel Interativo: Produção3 de agosto09h00 às 11h00Painel: TV Digital Painel: Rádio11h30 às 13h30Painel Interativo: TV DigitalPainel: Energia Painel: Produção em áudio Digital 15h00 às 17h00Painel: Interatividade Painel Interativo: Som do Carnaval: Trio Elétrico e Escolas de Samba

SET 2001 - Informações e InscriçõesTel.: (21) 2512-8747 - Fax: (21) 2294-2791 e-mail: [email protected] - site: www.set.com.br overlay+key) será apresentada no

estande da Video Systems.Para completar a exposição, sistemas da Encoda, empresa especializada em soluções para gerenciamento de bens que criam fluxos de trabalho integrados para todo tipo de instalação, tais como: estações simples, grupos broadcast, redes, operações multicanal para cabo e

conversion (com uso de um kit) e trabalha com sinal HD-SDI sem a necessidade de qualquer tipo de adaptador.Outro produto de destaque no estande da Sony é o servidor de vídeo MAV-70XGI, que trabalha baseado em MPEG-2 e comporta até 252 Gb nos discos RAID-3 e conta com seis slots I/O para placas opcionais.

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Não disponivel

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Edylita FalgEtano E samuEl PossEbon

LE I S CASU ÍST ICAS

O gove rno co l o ca em d i s c u s são a L e i de Rad iod i f u são e

e sboça uma l eg i s l a ção em f a vo r do c i nema nac i ona l .

A s dua s i n i c i a t i va s e s t ão s endo con s i de rada s po l êm i ca s e

ex t empo rânea s pe l a ma io r i a do s p ro f i s s i ona i s do me r cado .

O governo está tocando em diferentes esferas diferentes assuntos referentes às comunicações, e aparentemente estas esferas não estão se falando. TV digital, por exemplo, é algo que está sendo conduzido pela Anatel, mas o ministro das comunicações, Pimenta da Veiga, chama para si esta responsabilidade no projeto de Lei de Radiodifusão que está em consulta pública. Esse mesmo projeto de lei trata da questão do conteúdo e incentivo ao audiovisual nacional, e remete a questão para uma regulamentação posterior a ser elaborada pelo Ministério das Comunicações. Mas a Casa Civil con-duz justamente uma regulamentação sobre audiovisual e cinema, e ainda deve criar uma agência de cinema independente do Ministério da Cultura. Para não falar nas ações isoladas existentes no Congresso.O projeto que foi colocado em con-sulta pública no dia 21 de junho não tem quase nada de inovador (leia box). Está baseado na legislação vigente e, portanto, não considera a possibilidade de participação do capital estrangeiro na radiodi-fusão, que depende da alteração do Artigo n° 222 da Constituição. A

proposta revoga o Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei 4.117/62), Decreto-Lei 236/67, Lei 5.785/72, Lei 6.606/78, Lei 9.612/98, além de mexer na Lei Geral de Telecomunicações. O texto proposto por Pimenta da Veiga estabelece diversas diretrizes para a questão do conteúdo nacional. Pelo projeto, radiodifusão continua sendo um serviço diferente de teleco-municações e nenhuma responsabi-lidade sobre rádio e TV é passada à Anatel, a não ser a fiscalização. Os radiodifusores ainda estão estu-dando a proposta e preferem, por enquanto, não fazer comentários. Mas deixam claro que será muito difícil comentar a proposta, uma vez que os percentuais e condições de itens como a composição da grade de programação, por exemplo, serão estabelecidas poste-riormente, em regulamento comple-mentar do Minicom.Se o projeto de Pimenta passar, acaba a limitação do número de concessões que uma mesma pessoa física pode ter, ou melhor ninguém pode ter mais de uma emissora de televisão em uma mesma localidade (a regra não vale para rádio, onde há percentuais de controle de no máximo 20% dos canais disponíveis). Entre outros pontos que constam

do anteprojeto está a cargo do Minicom:• disciplinar as diretrizes de explo-

ração do serviço de radiodifusão digital (rádio e TV);

• elaborar o Plano de Distribuição de Canais para a migração do serviço analógico para o digital;

• definir os critérios de licitação. Destacam-se ainda pontos como:• a ausência de interferência nas

relações entre cabeças-de-rede e afiliadas de TV;

• dramaturgia nacional será obrigatória em rádio e TV;

• TVs educativas e rádios comuni-tárias continuam sendo distribuí-das conforme a vontade ou os interesses do ministro das comuni-cações e poderão ter receita pub-licitária em caráter institucional;

• o acesso à Internet será con-siderado serviço de valor adi-cionado ao serviço de radiodi-fusão, mas não especifica se o serviço poderá ser cobrado, já que radiodifusão, pela própria definição do texto de lei, é necessariamente gratuita;

O projeto de Pimenta para a Lei de Radiodifusão prevê quatro modalidades de outorgas de rádio e TV: as comerciais, as edu-cativas, as comunitárias (apenas rádios são contempladas nesta modalidade) e as institucionais. A novidade é a modalidade insti-tucional, que se destina às emis-soras de rádio e TV que poderão ser pleiteadas por órgãos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário nos âmbitos federal, estadual e municipal. É exigida a exibição de filmes e desenhos animados nacionais. Aliás, o projeto faz inúmeras men-ções à defesa dos interesses e conteúdo nacionais.

estado de a ler ta

Que o Brasil vive atualmente, pelo menos nas esferas políticas, uma onda de valorização do conteúdo nacional, isso não é novidade.

L E G I S L A Ç Ã O

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A novidade é que a TAP (asso-ciação dos programadores da América Latina) e a MPAA (Motion Picture Association of America) resolveram entrar na briga. Em cartas enviadas às principais autoridades brasileiras (minis-tros da Cultura, Comunicações, Casa Civil, Desenvolvimento e Fazenda), ao embaixador do Brasil em Washington e ao órgão de comércio norte-americano, a USTR, os canais pagos internacionais e os grandes estúdios manifestam preocupação com a forma com que o governo vem tratando a política de audiovisual, pedem para serem ouvidos nos debates sobre o assunto e ameaçam, se não forem ouvidos, sair do Brasil, parar de vender pro-gramação aqui e ainda recorrer à Organização Mundial do Comércio.Toda essa movimentação é porque o governo brasileiro elabora na Casa Civil um conjunto de regras para a política do audiovisual no

País. O foco central do governo é a indústria cinematográfica, mas outros setores serão afetados. Ninguém sabe ao certo como serão as medidas, que devem sair por medida provisória até o final de julho. O projeto é mantido em segredo pelo governo e não é colocado em consulta pública. Mas para bancar o incentivo ao cinema e ao audiovisual nacional o governo acena com a criação de uma agência nacional de cinema e de um fundo que seria sustentado pelo aumento das taxas existentes de importação de conteúdo estrangeiro, taxação sobre conteúdo via satélite e taxação de publicidade produzida no exterior e exibida no Brasil. Além

disso, haveria um percentual imposto por lei de horas dedicadas pelas operadoras de TV paga ao conteúdo nacional e os radiodifusores precisari-am reinvestir parte de sua receita em produção cinematográfica. São alguns dos pontos que, comenta-se, estariam no pacote, e são estes pontos que os pro-gramadores e estúdios temem.Quem está assessorando o governo, mas apenas para dar opiniões sobre pontos isolados, é o Gedic (Grupo de Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica). O Gedic não é um órgão oficial e, portanto, apenas pessoas convidadas podem participar. A TAP pleiteia, justamente, ser ouvida sobre o assunto.

PRAZOO texto da Lei de Radiodifusão fica em consulta pública até 20 de julho. A íntegra pode ser acessada pelo site do Minicom (www.mc.gov.br) ou no endereço www.paytv.com.br/arquivos/lei_radio.pdf.

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lizandra dE almEida

IDÉIAS NA PENUMBRARac i onamen to de ene rg i a

e l é t r i c a começa a a f e t a r

p rodução de c i nema e

pub l i c i dade . A s em i s so ra s de TV

ado tam med ida s pa ra r eduz i r o

con sumo s em a f e t a r a p rodução

e a t r an sm i s são de p rog ramas .

O ano começou bem para a produção de filmes publicitários e nada indicava que seria ruim para a produção brasileira de cinema. Mas a crise energética está trazendo um sabor amargo, con-hecido de muita gente do mercado audiovisual. Um gosto parecido com o de tantas crises econômicas, de falta de incentivo, de descaso e esquecimento.No caso da produção comercial, o mercado estagnou a partir de junho. Em relação ao cinema, o problema é um pouco diferente. As restrições impostas aos pedidos de ligações tem-

porárias, que os produtores chamam de festivas, podem comprometer muitas produções, especialmente de curtas-metragens.A solução, em muitos casos, vem do aluguel de geradores. Até agora, as empresas que alugam esse tipo de equipamento viram seus pedidos aumentarem. A Quanta, por exem-plo, está com as reservas de locação de geradores esgotadas até agosto. “Fomos solicitados por bancos, indústrias, organizadores de shows e eventos. Mas preferimos não alugar, para privilegiar nossos clientes de cinema”, explica a diretora da empre-sa, Edina Fujii. A Quanta tem 18 geradores, divididos entre suas filiais de São Paulo e Rio, e todos estão comprometidos. Diante da incerteza, o FestRio reservou um equi-pamento de setembro a novembro, conta Edina. Segundo ela, a empresa preferiu não investir em novos equi-pamentos, pois decidiu manter seus preços. “Achamos que o investimento não valeria a pena. Algumas empre-sas que fornecem geradores para todos os tipos de cliente realmente

sobretaxaram o valor do aluguel, o que deu margem a investimentos, mas nós preferimos não aumentar.”Na Loc.All, outra locadora de equi-pamentos, a quantidade de pedidos também cresceu, especialmente para as áreas de eventos, cinema e TV. A empresa conta com quatro equipamen-tos, com potência máxima de 90 kVA.

estagnação

Para Edina Fujii, porém, a demanda por geradores não é a principal preocupa-ção. “O movimento de produção de comerciais é que caiu assustadoramente depois do anúncio do apagão”, afirma. Ingrid Raszl, coordenadora de produção da JotaXis Filmes, concorda. “Não chegamos a ter trabalhos cancelados, mas houve uma boa freada no último mês. Também temos de levar em conta que isso aconteceu às vésperas do Festival de Cannes, quan-do normalmente a produção cai um pouco, mas acredito que essa crise está contribuindo. É uma pena, o primeiro semestre foi ótimo”, lamenta. João Daniel Tikhomiroff, sócio da Jodaf, também viu a quantidade de orçamentos cair no mês passado. Ele conta que já cos-tuma usar geradores em suas produções e que este custo faz parte de seus orçamen-tos. Mas acredita que as agências este-jam repensando suas verbas de mídia, o que está se refletindo na quantidade de produção. Na área de cinema, as implicações da crise de energia são muitas e de dife-rentes naturezas. Em geral, filmagens na rua exigem a solicitação de ligações provisórias de energia, que agora estão mais restritas (veja box). Além do custo extra imposto sobre as próprias ligações, outras produções podem necessitar de geradores, o que deve inflacionar ainda mais o orçamento. Mas há complicações ainda maiores.O diretor Milton José Bíscaro Jr. está enfrentando dificuldades para viabilizar o curta-metragem “A brincadeira” em função do raciona-mento. Isso porque a principal locação

R A C I O N A M E N T O

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do filme é a montanha russa de um parque de diversões. “Solicitamos o apoio do parque, mas ao fazerem a conta de quanto gastariam para ligar o brinquedo para as filmagens, em um dia fora de seu programa normal, concluíram que o consumo excederia a meta imposta pelo gov-erno”, explica. “E o consumo da montanha russa exige uma potência de 720 kVA, muito acima da carga da maioria dos geradores”, completa.O filme está sendo produzido com recursos do Prêmio Estímulo de Curta-Metragem, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Diante das dificuldades, as filma-gens foram adiadas de julho para agosto, quando o consumo do parque é menor, mas ainda não estão confirmadas, já que não se sabe o que virá em termos de rac-ionamento. Na pior das hipóteses, a produção pode pedir uma amplia-ção de prazo. “Nosso cronograma atual garante que o filme estará pronto no prazo exigido pela secre-taria, marcado para novembro deste ano. Mas se tivermos de esperar o fim do racionamento para começar a filmar, vamos precisar de um pouco mais de tempo”, acredita.Para o produtor executivo Fabiano Gullane, o racionamento pode “furar” qualquer planejamento de produção. “Uma produção de cin-ema já é complicada normalmente. Muita gente vai deixar de autori-zar a filmagem para não exceder a meta. Os prédios de escritórios, por exemplo, já estão trabalhando com várias luzes apagadas, deix-ando elevadores desligados. Certamente uma filmagem preju-dicaria sua cota.”Sem contar o custo adicional que o aluguel de um gerador pode ter. “Para muitas produções, a única saída será contratar um gerador. Mas em produções de baixo orça-mento, esse fator pode aumentar os custos”, afirma Gullane. As emis-soras de televisão estão se armando contra o racionamento e a maioria das medidas adotadas é impercep-

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tível para quem está do outro lado da telinha. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), em carta ao ministro das comunicações no mês passado, manifestou sua preocupação com o fato de a maioria dos transmisso-res de rádios e TVs em todo o País dependerem exclusivamente da rede pública de energia. As emissoras são proibidas por lei de cortar o sinal ou reduzir a potência irradiada, de modo que a necessidade de economia ou a falta de energia pode ser compli-cada para o setor. Durante o 22º Congresso Brasileiro da Abert e o 14º Congresso Estadual da Aesp, realizado no Hotel Transamérica (SP) entre 11 e 13 de junho, promovidos pela Abert e a Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (Aesp), o presidente da Anatel, Renato Guerreiro, anunciou a permissão para a redução de até 30% da potência de transmissão para diminuir o consumo de energia elétrica, para que as empresas pos-sam alcançar as metas previstas nas

normas do racionamento de energia. A medida beneficia especialmente as pequenas emissoras, que normal-mente não dispõem de geradores. Segundo Guerreiro, a redução de potência deve afetar pouco a cober-tura das emissoras, com diminuições do alcance de sinais de apenas 3% a 9% nas áreas limítrofes. Os horários de redução serão de escolha das emissoras. Além disso, a Abert fez um pedido formal ao Ministério das Comunicações solicitando que as emissoras, princi-palmente de pequeno porte, possam reduzir o tempo de programação em determinados horários, para melhor se adequarem às regras do racionamento, e ainda firmou um convênio com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a realização de seminários com profissionais de radiodifusão com o objetivo de prepará-los para lidar e retransmitir informações relativas

c O M O F I c a M O s e V e n T O s

A primeira determinação do governo em relação aos pedidos de fornecimento provisório, que se aplicam tanto à produção audiovisual quanto a shows e circos, foi de cancelamento total. Diante das pressões, a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica - já conhecida como Ministério do Apagão - retrocedeu e estabeleceu parâmetros, que estão presentes na Resolução nº 6 de 23 de maio de 2001. A partir dessa resolução, ficou definido que ligações provisórias não podem exceder 75 kVA. Segundo o ouvidor da Eletropaulo, Wanderley Aparecido Campos, mesmo solicitando o teto máximo, o consumo não deve exceder 80%. Ou seja, o produtor paga por 75 kVA mas só leva 60. Quem ultrapassa, pode ser multado. Além disso, os produtores também estão sob o sistema de metas. Devem apresentar os pedidos das últimas três solicitações de energia para estabelecer sua meta de consumo. E só poderão consumir 80% dessa meta, que tem de estar abaixo dos 75 kVA. A resolução determina que, caso o produtor não consiga recuperar esse histórico, o consumo será calculado com base em outras solicitações semelhantes.

TRANSMISSÃO ECONÔMICAEdylita FalgEtano*

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ao racionamento de energia elétrica.

mudança de háb i to

Outra preocupação dos broadcast-ers e também dos operadores de TV paga é que seus telespecta-dores deixem de assistir televisão em função do racionamento de energia. Um aparelho de televisão consome em média 14,4 kWh/mês. Individualmente, parece quase nada, porém, ao multiplicarmos por aproximadamente 50 milhões de televisores, esse número passa a ser significativo. Em muitas residências o hábito de deixar ligados vários televisores ao mesmo tempo já foi extinto para se adaptar ao novo cotidiano onde um watt vale ouro.Segundo Dora Câmara, diretora comercial do Ibope, “os hábitos estão mudando, as pessoas estão aprendendo a utilizar melhor a energia”. O instituto divulgou uma pesquisa sobre o comportamento do público durante o racionamento. Os números apontam que o hábito de ligar a televisão logo cedo está sendo sacrificado e desde o início do racionamento de energia houve uma redução de 10% de audiência na televisão, nos períodos matutino e vespertino. No horário nobre não houve alterações significativas.As emissoras estão aguardando os números oficiais do primeiro mês do racionamento para negociar uma forma de compensação para os anunciantes. Entretanto não acredi-tam que haverá uma diminuição de inserções devido à crise energética e estimam que os telespectadores irão privilegiar o período da noite e passarão a assistir aos programas em grupos e não individualmente como acontece hoje nas classes A e B. “A televisão é um meio de entre-tenimento muito acessível, pes-soalmente, não acredito que esses números deverão cair mais. O que as pessoas poderiam fazer, já fiz-eram”, avalia Dora.O problema da transmissão dos jogos noturnos de futebol já foi

resolvido. Caso vingasse a alter-ação inicialmente proposta para o horário vespertino as emisso-ras teriam de rever os planos de patrocínio previamente vendidos, em função do valor de uma inserção vespertina ser muito inferior à de

uma noturna. “Os geradores são de responsabilidade dos estádios, que já estão providenciando a estrutura necessária”, explica o diretor técnico da RedeTV!, Wagner Victória.

al inhamento

A TV Globo montou um Grupo de Gestão de Energia para identifi-car e implementar medidas para a redução do consumo e elaborar um plano de trabalho para se alinhar às medidas definidas pelo Conselho Nacional de Política Energética do Governo Federal, de forma a não afetar a programação da emissora.Até o final do mês de maio, as primeiras medidas adotadas pela TV Globo visando a racionaliza-ção do uso de energia já apre-sentam resultados importantes e a meta atualmente definida per-manecerá em vigor até o final do ano. O grupo está iniciando estu-do para geração de créditos, nos endereços contingenciados (que têm gerador), que seriam eventu-almente utilizados nos meses mais quentes, e com maior dificuldade para atingir as metas.No Grupo Bandeirantes (TV Bandeirantes, Canal 21, BandNews

e emissoras de rádio) todos os fun-cionários estão participando de um programa de treinamento, composto de vídeos e palestras, para que haja a maior economia de energia elé-trica possível nas instalações durante os turnos de trabalho. “Esperamos com essa campanha de reeducação interna reduzir em 30% o nível atual de consumo”, acredita Ricardo Dias Pereira, vice-presidente administra-tivo e financeiro da Band. Para atender ao programa de racio-namento de energia anunciado pelo governo, a Fundação Cásper Líbero - mantenedora da TV Gazeta, Gazeta FM e jornal A Gazeta Esportiva, além da Faculdade Cásper Líbero - tomou medidas para reduzir do consumo em sua sede da Avenida Paulista. Foi montado um plano de infra-estru-tura, dando atendimento a todos os veículos através de geradores com capacidade para suprir as priori-dades de produção e programação, além de uma redução de 25% na iluminação de algumas áreas do edifício como corredores e escadas, e a eliminação do uso de ar-condi-cionado e aquecedores. Na Rede Gazeta os funcionários estão sendo orientados a descerem dos 3º e 2º andares para o térreo uti-lizando as escadas. Nos endereços mais críticos da Rede Globo, as ações iniciais - que envolveram o uso de aparelhos de ar-condicionado, redução de iluminação, uso de elevadores e geradores, entre outras - já resul-taram na redução nos níveis de consumo em todos os prédios. O consumo projetado para junho, em relação ao consumo do mês de abril deste ano, indica queda de 30% na emissora carioca; 24% no prédio da Lopes Quintas (Rio); 32% no prédio da Jardim Botânico (Rio); 16% no Sumaré (Rio); 43% no prédio da Pacheco Leão; 46% no prédio da J. Carlos; e 34% na sede paulistana. O trabalho de acompanhamento do nível de consumo está sendo real-izado duas vezes por semana em cada endereço.

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R A C I O N A M E N T O

As emissoras estão aguardando os números oficiais do Ibope do primeiro mês do racionamento para negociar uma forma de compensação para os anunciantes.

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para suprir toda a demanda de energia elétrica e térmica do com-plexo, hoje estimada em 4,5 MVA. No Jardim Botânico, dis-põe de 1,4 MVA em grupo diesel e a sede da empresa em São Paulo de mais 2 MVA também em grupo diesel. Outro grupo die-sel com capacidade de 0,5 MVA atende ao consumo do Sumaré para a distribuição do sinal para todo o Brasil. Outros centros de gravação estão sendo equipados com geradores alugados para não interromper as atividades essenciais de produção.Segundo a assessoria de imprensa da TV Record, nenhum projeto da emissora será adiado por conta da crise energética, tudo continuará como antes. Diariamente, há dois anos, a emissora paulista trabalha com geradores próprios, no período das 17h30 às 20h30, pro-porcionando uma economia sig-nificativa ao sistema.Em caso da falta de energia da rua, o Complexo Anhangüera, onde pulsa o SBT, poderá con-tinuar funcionando por dois dias, através dos seus três geradores a diesel, importados da Irlanda. A energia produzida seria suficiente para abastecer uma cidade com 25 mil habitantes.

* Colaborou Felipe Catão

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Adicionalmente, no Rio, nos endereços Jardim Botânico, Lopes Quintas e casas satélites o serviço de limpeza noturna foi transferido para o horário diurno e foi extinto o terceiro turno e orga-nizadas folgas nos fins de semana. Em breve, elevadores, salas e microcom-putadores receberão adesivos indi-cando como economizar energia nestes locais de trabalho.As áreas técnicas (estúdios, redações, ilhas de edição etc.) da Rede Globo já começaram a implantar medidas de racionalização, que englobaram o desligamento de monitores/luz fora dos horários dos jornais, desligamento dos equipamentos do sistema de TV não essenciais no período noturno, adequação da iluminação cênica de programas e operação dos sistemas e aparelhos de ar-condicionado, via gerador, em períodos determinados durante a semana.Na Rede TV! as gravações dos pro-gramas estão sendo remanejadas para fora dos horários de pico, de acordo com informações do diretor técnico da emissora, Wagner Victória.No plano de economia de energia da Rede Gazeta, elaborado por Ângela Esther de Oliveira, superintendente patrimonial, em situações emergen-ciais, contarão com toda a equipe de segurança e o auxilio dos bom-beiros, além de estarem disponibi-lizado dois veículos para uma eventual prestação de socorro aos

freqüentadores do edifício.As torres da transmissão da TV Bandeirantes e do prédio da TV Gazeta, na Av. Paulista, tiveram suas iluminações decorativas desligadas mantendo somente a sinalização aeronáutica sacrificando o visual que

se tornou cartão-postal da capital paulista. Com 212 metros de altura, a torre da TV Bandeirantes é a maior da América Latina. “Esse é um ato emblemático e simbólico do grupo, de incentivo ao uso racional de ener-gia”, afirma Dias.

geração própr ia

Na Globo, desde o início deste ano, está em funcionamento a Central de Co-geração de Energia a Gás na Central Globo de Produção, em Jacarepaguá, com capacidade

Racionalização do uso de energia elétrica nas áreas administrativas e técnicas, somada à geração própria, garantem a produção e a transmissão de sinal das emissoras.

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môniCa tEixEira

Uma co ra j o sa i n i c i a t i va

de p rodução i ndependen t e

co l o cou no a r do cana l l o ca l

da Ne t em Po r t o A l eg re uma

nove l a de 26 cap í t u l o s

ex i b i do s s emana lmen t e .

Quinhentos atores e figurantes, explosivos, cavalos, motoqueiros, aviões e índios... tudo isto numa produção independente feita com pouco dinheiro em Porto Alegre. Assim começou a novela “Selvagens inocentes”. Uma abertura apoteótica que daria o que falar nos próximos 26 capítulos. A produção que estreou no dia 28 de outubro do ano passado, e foi exibida pelo Canal 20 da Net da capital gaúcha, vangloria-se de ser a “primeira telenovela totalmente gaú-cha, produzida e representada por atores do Rio Grande do Sul”.Mas antes do primeiro capítulo, é bom lembrar a abertura não menos

marcante. Ao som de um canbombe uruguaio chamado “Sinfonia de tam-bores”, bailarinos dançam, gesticulam encaram a câmera. Mulheres saem da água com roupas colantes e coloridas que fazem lembrar aquela velha aber-tura do “Fantástico”, da Rede Globo.O sotaque latino dessa produção não se restringe à trilha sonora da aber-tura. O idealizador da novela é um uruguaio que vive no Brasil há 21 anos. Juan Carlos Sosa foi convidado a criar uma central de TV na PUC de Porto Alegre, mas veio para cá com outro sonho na cabeça: fazer cinema.A maior dificuldade era encontrar bons atores. “Nas novelas da Globo tem quatro ou cinco atores bons, 12 médios e o resto é o resto”, dispara Sosa. Aliás, criticas não faltam em seu discurso. Resolveu, então, formar atores. Há dez anos criou um curso que ensina a atuar em televisão que deu origem a uma escola. Hoje, o Instituto de Ciências e Artes do Brasil, em Porto Alegre, ocupa uma bela casa numa rua sossegada e tem cerca de 200 alunos.Alguns dos pupilos do mestre

Sosa já fizeram ou fazem parte do elenco global. Ele se lembra de uma seleção de atores para “Malhação”. De duas mil concorrentes, quatro seriam selecionadas. “Nós levamos três. E as três foram escolhidas. Este prestígio atrai pessoas de todos os lugares para estudar aqui”.Com atores formados por ele, surgiu então a idéia de fazer uma tele-novela.Eles montaram uma cooperativa e cada integrante passou a ser um ator-produtor. Na prática, os atores participam de tudo, inclusive da busca de patrocínio. “O cinema começou assim”, argumenta Sosa.

jogo de c intura

As gravações de “Selvagens inocen-tes” começaram em novembro de 1999. Quando estreou, em outubro de 2000, só dois capítulos estavam editados. Mas todo sábado, à uma da tarde, o telespectador sabia que poderia contar com as novas cenas do drama urbano com fortes doses de crítica social.Cada capítulo da novela, com 55 minutos de duração, custou R$ 5 mil. Como? Com uma equipe técnica de apenas cinco pessoas, uma única câmera, apartamentos de atores usados como locação e muito jogo de cintura. Darci Thomassim, assistente de direção, lembra-se de muitas dificul-dades: uma cena gravada em uma floricultura que, de tão pequena, mal tinha espaço para o cinegraf-ista; de uma sala cheia de espelhos onde toda a equipe teve de ficar abaixada durante a gravação para não aparecer o reflexo no espelho. Quando as gravações eram na rua, os vizinhos sempre colaboravam, cedendo tomadas. Para a cena de abertura, feita no alto de um morro em Porto Alegre, foi preciso esticar 300 m de cabo morro acima para levar energia ao set. “Mas a cena que deu mais trabalho foi numa rua sem saída. Nós pedimos autorização para usar a fachada de um prédio como escritório de um personagem.

P R O D U Ç Ã O

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seLVaGens InOcenTes

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Depois de tudo montado, descobri-mos que a rua não era sem saída e que por ali passava até ônibus.” A gravação foi feita mesmo assim, ora a equipe parava o trânsito para rodar a cena, ora a cena parava para o trânsito passar.Apesar das adversidades, cada capítulo foi gravado em uma semana.Para quem está acostumado às novelas da Globo e acha que tudo o que foge à estética global é trash, então este é o caso de “Selvagens inocentes”. Apesar das dificuldades técnicas e da pouca experiência dos atores, criticar seria destruir uma iniciativa pioneira e de muita coragem.A interpretação, às vezes exagerada, teatral, assemelha-se à das novelas mexicanas exibidas pelo SBT. Mas Sosa nega qualquer influência e despreza o tom negativo que se dá a essas produções. Ele expõe o seu conhecimento sobre a história da televisão dizendo que os textos de “Irmãos Coragem” e de “O direito de nascer” eram mexicanos.

desdobramentos

Apesar da falta de recursos, algumas cenas são bem produzidas, com boa iluminação e até recursos de ima-gem bem criativos.Sosa gosta de destacar o conteúdo, a crítica social implícita em cada diálogo dos personagens. Tudo escrito por ele mesmo, como por exemplo, uma cena em que o mordomo vê a patroa desmaiada na banheira e, pensando que ela estivesse morta, cai em prantos dizendo: “Eu pre-ciso de alguém a quem servir”. “O reflexo é enorme na sociedade”, diz o diretor. Depois da exibição de um novo capí-tulo, eles recebiam cerca de 300 telefonemas de telespectadores. O site da novela (www.selvagensinocentes.com.br) recebe 1,5 mil visitas mensais. A novela acabou, mas o trabalho não. “Não estarei satisfeito nunca. Mas estou orgulhosíssimo disto. Quando eu dizia que ia fazer uma novela, as pessoas diziam que eu estava louco.”

O telespectador pode, agora, rever os melhores momentos num programa de variedades feito pela mesma equipe chamado “Ser ou não ser”.Sosa prepara a reedição de “Selvagens inocentes” para ser exibida em um canal aberto que ainda não pode ser divulgado. E já escreve a segunda telenovela, “Inveja e luxúria”, uma co-produção com o Uruguai, com 40 capítulos, atores brasileiros contra-cenando com uruguaios, falada em espanhol e em português, que deve estrear até o final do ano. “Estamos trabalhando para fazer um pólo do Mercosul”. E para o futuro, o dire-tor afirma que já tem acordos com a Alemanha, para uma novela sobre a chegada dos alemães ao Rio Grande do Sul, e também com Portugal, para a quarta telenovela.Os sonhos de Juan Carlos Sosa não param por aí. Ele quer construir uma cidade cenográfica em Viamão, na Grande Porto Alegre, cidade que foi a primeira capital do estado, e onde o cenário urbano é rico em prédios históricos. Há negociações em anda-mento com a prefeitura para a doação da área onde serão con-struídos um estúdio com capacidade para 30 cenários, restaurantes, dois dormitórios com capacidade para 150 pessoas cada e depósitos. “Queremos descentralizar a produção”, diz Thomassin. “E se não descentralizar-mos, que pelo menos se crie uma identidade.” “E com recursos próprios”, complementa Sosa. “Sem receber recursos do governo e das leis de incentivo, que são mentirosas.”- “Devemos nos conformar com o que somos?”, diz um per-sonagem no último capítulo de “Selvagens inocentes”.- “Isso nunca”, responde o outro. E conclui: “Devemos abrir a boca sempre e nos inconformar-mos com as injustiças. Se não alcançamos tudo que lutamos, nossa consciên-cia fica tranqüila. Pronta para lutar por outros son-hos, outras utopias”. Assim terminou “Selvagens inocentes”.

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Muitos espectadores podem até imaginar que a barata do filme de Mizuno foi construída em computação gráfica. Afinal, ensinar truques para uma bara-ta parece não ser tarefa fácil, mesmo para os mais experi-entes treinadores de animais. O efeito, porém, não deixa

dúvidas: o bicho é tão nojento quanto na vida real. Para divulgar o novo sistema de absorção do impacto incorporado pelos tênis Mizuno, a equipe de criação pensou em uma solução bem simples. Um praticante de Cooper corre pelas ruas

da cidade quando depara com a tal cucaracha. Calçado com o produto, tenta matar o inseto várias vezes, mas não consegue. Por fim, disposto a exterminar de vez a barata, o homem descalça o tênis e pisa fundo, de meia mesmo. O filme criado por Wilson

Mateos e Itagiba Lages foi indicado como preferido do público e do júri orga-nizado pela Casablanca na festa “Cannes Predictions”, realizada às vésperas do Festival de Cannes deste ano e estava entre os sele-cionados pelo festival.

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( making of ) Lizandra de Almeida

Nojo Real

Segundo Wilson Mateos, a criação

se baseou em um estudo que revela

que quando uma pessoa corre, seu pé

recebe um impacto três vezes maior

do que o normal. “A criação partiu

justamente para o exagero inverso, criando uma pessoa cujo corpo simples-

mente não tem impacto por causa do produto”, explica. “Assim, consegui-

mos demonstrar o benefício do produto.”

O redator revela que este novo filme ainda se inclui na campanha da

marca, sempre realizada com filmes em preto e branco, mas começa

a abrir espaço para um novo posicionamento. “O foco da Mizuno sem-

pre foi o atleta, o esportista de alto nível. A estratégia era mostrar quem

estava no topo para chegar a quem corre na rua. Agora, a partir de pes-

quisas, concluímos que podemos trabalhar com pessoas comuns nos film-

es. Mas para não sermos abruptos demais, resolvemos manter essa linha

de filmes, sem diálogo, em preto e branco, com a mesma sofisticação dos

anteriores.” A campanha começou, na verdade,

com outro filme, cujo personagem é um cão

que sofre para acompanhar o pique do dono.

“Para mim, o filme tem uma grande idéia, que con-

segue demonstrar o produto e não simples-

mente fazer uma piadinha”, acredita o diretor

João Daniel Tikhomiroff. “Alguns filmes são

lembrados, mas o espectador nunca conseg-

ue identificar a piada com o produto.”

BaraTaClienteAlpargatasProdutoMizuno WaveAgênciaAlmap BBDODireção de criaçãoMarcello Serpa e Eugênio MohallemCriaçãoWilson Mateos e Itagiba LagesProduçãoJodafDireçãoJoão Daniel TikhomiroffFotografiaLeonardo CrescentiProdução ExecutivaSergio TikhomiroffMontagemZeca Sadeck e LucasTrilhaSax So FunnyEfeitos 3DLuiz Adriano Frare CarvalhoFinalizaçãoCasablanca

f i c h a t é c n i c a

N A L I N H A

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O realismo do inseto foi

conseguido a partir de

um modelo mais sim-

plificado, que já tinha

sido desenvolvido pela

equipe da Casablanca.

“Era um esboço para ser

visto de longe”, explica

Luiz Adriano Frare Car-

valho, responsável pelos

efeitos 3D. A partir daí,

Luiz Adriano começou

a pesquisar em livros e

vídeos, para ver a tex-

tura e os movimentos

do asqueroso inseto. “A

barata tem seis patas e isso faz com que ande

de um jeito específico. Além disso, tem pêlos em

alguns lugares das patas. Tentamos fazer o mais

próximo possível da realidade e chegamos até a

escanear uma asa de verdade”, conta.

Só que tanto realismo poderia enojar demais

o público, acredita Mateos. Por isso, a agência

preferiu dar uma simplificada no bicho, evitando

aquele aspecto tão peculiar. “Chegamos a um

resultado muito próximo do real, criando uma

barata grande e cascuda. Os movimentos também

davam um ar mais nojento ainda, porque para

andar, a barata se ergue sobre as patas. Depois,

quando pára, ela agacha. É claro que isso não é

fácil de ver normalmente, mas na cena ao nível do

chão isso ficava claro”, lembra Luiz Adriano.

Além da preocupação com estômagos fracos, a

criação também se preocupou em não criar um

inseto que pudesse ser visto como um person-

agem, algo lúdico ou que despertasse simpatia.

“A barata não poderia ser o herói do filme, afi-

nal ela morre no final.”

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Para viabilizar a idéia, o filme exigiu

recursos de computação gráfica e

alguns cuidados de produção. Em

primeiro lugar, o uso de um negativo

contrastado, para garantir a quali-

dade da imagem filmada em cor e

descolorida no telecine. Na hora

da filmagem, explica João Daniel,

foi preciso estabelecer pontos de

motion tracking na imagem para que

depois a barata pudesse ser apli-

cada. “Desenhamos tudo no shooting

board e discutimos com a equipe

de computação para garantir que

os movimentos estavam de acordo.

Em um dos planos, tínhamos um

close da barata, por isso tivemos de

nos preocupar com a proporção dos

elementos em cena. Colocamos um

objeto de tamanho semelhante no

chão, como referência”, conta.

Algumas tomadas foram feitas em

ângulo próximo ao chão e para isso a

câmera foi acoplada a um quadrici-

clo, movimentado sobre pneus e não

sobre trilhos. “Às vezes usamos uma

cameracar para fazer planos frontais

em movimento, mas neste caso o

personagem estava em uma posição

mais difícil”, comenta o diretor.

P R O P O R Ç Ã O

P R E O C U P A Ç Õ E S

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Paulo boCCato

Fe s t i va l ago ra t em compe t i ção

nac i ona l de l onga s e

ex i b i çõe s i t i n e ran t e s .

O Cine Ceará está de cara nova. Em sua 11ª edição, realizada em Fortaleza entre os dias 22 e 28 de junho, um dos mais importantes festivais de cinema e vídeo do País contou, pela primeira vez, com uma competição de longas-metragens restrita aos filmes brasileiros. Desde 1997, o evento, que começou em 1991 como uma mostra de vídeos locais, vinha abrigando uma competição internacional de longas que, a partir de agora, deixa de existir. “Sentimos que o formato anterior não dava conta da diversi-dade de cinematografias internacio-nais apresentadas e que deveríamos nos voltar com mais força para o cinema brasileiro”, explica o cineas-ta Wolney Oliveira, diretor da Casa Amarela Eusélio de Oliveira, ligada à Universidade Federal do Ceará e uma das promotoras do festival. A parte internacional transformou-se em uma mostra retrospectiva dedi-

cada a cinematografias pouco conheci-das no país - este ano, o tema é Cuba; no próximo, será o Peru. A mudança de perfil reflete uma grande transformação na política audiovisual do estado nordestino. Em 1997, o cin-ema brasileiro vivia um momento de euforia, com o auge do que se chamou “a retomada”, e o Ceará era um dos principais focos deste sentimento. Na ocasião, o estado lançou um plano ambicioso de tornar-se o maior centro de formação e produção audiovisual da América Latina.

mess ian ismo

O projeto do Instituto Dragão do Mar, uma escola de cinema estruturada como poucas no Brasil; o lançamento do Pólo de Cinema do Ceará, que pretendia atrair grandes produções de todo o País e viabilizar mais de uma dezena de longas-metragens anual-mente; e a criação da Lei Estadual de Incentivo à Cultura faziam parte desse projeto, no qual o Cine Ceará funcionava como vitrine. Badalado, o evento reunia a nata dos produ-tores, cineastas e atores brasileiros, de olho nas benesses do novo pólo, que tinha uma face mais ligada ao turismo do que à cultura.

Menos de meia década depois, o quadro é outro, mas não se pode dizer que não aponte caminhos positivos para o cinema do estado.“O projeto anterior era uma utopia. É claro que o Ceará não tinha e não tem condições de tornar-se o maior centro produtor da América Latina. Todo mundo queria fazer um filme aqui, por motivos óbvios: os produ-tores vinham, traziam sua equipe, rodavam três seqüências e pegavam R$ 800 mil em recursos locais. Só que deixavam muito pouco em contrapartida”, analisa o cineasta Rosemberg Cariry, cujo último longa, o documentário “Juazeiro, a Nova Jerusalém”, foi exibido na abertura do 11º Cine Ceará. “Não se trata de xenofobia, mas sinto que, naquela época, o cinema cearense ficava em segundo plano”, compara. Oliveira, um dos articuladores da política cinematográfica local, faz a autocrítica. “Eu apostei no Pólo de Cinema como possibilidade de cria-ção de uma indústria e defendi que os filmes de outros estados vies-sem para cá como forma de abrir o mercado local. Mas percebi que, no Brasil, é muito difícil falar em indústria e mercado. A experiência foi positiva - no mínimo, gerou vários filmes interessantes e o Instituto Dragão do Mar continua funcionando bem - mas acho que, atualmente, os recursos estão sendo muito melhor aplicados, fortalecen-do a cinematografia local, tanto em formação profissional, quanto em produção e difusão”, raciocina.

v i ta l idade

No festival atual, a produção cea-rense ocupa um espaço privilegia-do: com um longa-metragem (fora de competição), quatro curtas e quatro vídeos em competição, 39 curtas e vídeos recentes na mostra “Olhar do Ceará”, além de uma retrospectiva com 11 trabal-hos em vários formatos, produzi-dos entre 1984 e 1999. “Após São Paulo e Rio de Janeiro, o Ceará

C I N E M A

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cIne cearÁ GanHa nOVO FOrMaTO

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rivaliza com os gaúchos como centro de produção audiovisual”, aposta Oliveira. O longa “Juazeiro, a Nova Jerusalém” documenta a cultura dos romeiros da região nordestina, centrada na figura do Padre Cícero. O diretor Cariry conta que teve a idéia para o filme em 1987, após a realização de “O caldeirão de Santa Cruz do Deserto”, para dar con-tinuidade a uma tetralogia sobre a religiosidade no Nordeste - que o cineasta pretende completar com “Pelos caminhos de Conselheiro” e “Padre Mestre Ibiapina”. A captação de imagens começou em 1989 e foi feita em grande parte com recursos próprios, mesclando vários formatos: Super-8, 16 mm, 35 mm, VHS, S-VHS, U-Matic, Beta, DV, ima-gens de arquivo e até fotos lambe-lambe trabalhadas digitalmente. Custou, no total, cerca de US$ 100 mil. “É uma produção totalmente doméstica. Só a transferência para película foi feita em São Paulo (nos EstúdiosMega). Acho que é um dos longas mais baratos já feitos, mas houve um tempo aqui no Ceará em que esse tipo de trabalho não inter-essava”, diz Cariry. A finalização foi possível graças a aportes de recursos do MinC, de uma fundação francesa e da Secretaria de Cultura do Estado. Cariry, que em 1996 realizou “Corisco e Dadá”, prepara agora as filmagens de seu próximo longa de ficção, “Nas escadarias do palá-cio”, que começa a ser rodado em agosto. É a história de Lua Cambará, matriarca escravagista que imperou no sertão dos Inhamuns no final do século XIX. Com orçamento de R$ 1,5 milhão, dos quais R$ 700 mil já foram captados, o filme terá Dirá Paes, Chico Diaz, Nelson Xavier e Via Negromonte no elenco. É um dos dois longas cearenses realizados em 2001 - o outro, “As tentações de Seu Sebastião”, de José Araújo, diretor do premiado “Sertão das memórias”, está sendo finalizado em Nova York. Além disso, Wolney Oliveira pre-

para o lançamento de “Milagre em Juazeiro” (1998), já exibido comer-cialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, em outras cidades do País, e capta recursos para “Minerva é nome de mulher”, a ser rodado em 2002.

aposta no fu turo

Alguns curtas e vídeos cearenses exi-bidos na Mostra Competitiva Nacional (“Maracatu Fortaleza”, de Petrus Cariry, e “O prisioneiro”, de Eric Laurence, na categoria Vídeo; “Guerra dos bárbaros”, de Júlia Manta; “Patativa”, de Ítalo Maia; e “Adeus Praia de Iracema”, de Iziane Mascarenhas, na categoria Curtas) são resultado de um concurso estadual para a produção instituído no ano passado. O Prêmio Ceará de Cinema e Vídeo está sendo repetido este ano e contemplará dez projetos de vídeo com R$ 15 mil, dez dias de equipamento Beta e 150 horas de edição linear para cada um; dois curtas de ficção em 35 mm, com R$ 70 mil cada; e dois curtas de animação e dois documentários, com R$ 50 mil cada. Na parte de formação profissional, o Ceará ganha, em agosto, novos equipamentos para o Núcleo de Cinema de Animação da Casa Amarela. No setor de difusão, está prevista a inauguração do Cine Benjamin Abrahão, sala comercial com 160 lugares e características de cineclube, e o lançamento do projeto Cinema Pé na Estrada, de exibições itinerantes. O projeto dá continuidade a outra importante mudança implementada pelo Cine Ceará: as mostras Cinema nos Bairros e Cinema no Interior, que leva filmes brasileiros a populações que normalmente não têm acesso às salas. “Essas mostras foram cria-das porque vimos que restringir o Festival ao Cine São Luiz, com seus 1,2 mil lugares, era muito pouco. Queríamos que o festival chegasse ao maior número possível de cea-renses”, conclui Oliveira.

c I n e M e I r OUm dos convidados do Cine Ceará atende pela alcunha de Zé Sozinho. José Raimundo Cavalcanti vive no pequeno município de Caririaçu, próximo a Juazeiro do Norte, e dedica-se, desde 1970, a exibir longas pelas cidades do Sertão nordestino com seu pequeno projetor 16 mm. “Compro as cópias em Fortaleza ou Recife e saio exibindo. Já criei cinco filhos vivendo assim. Eu vi meu primeiro filme em 1954 e decidi que queria trabalhar com isso. Eu amo o cinema”, diz Zé Sozinho. O apelido surgiu porque o “cinemeiro” (ou “romeiro de cinema”, como ele diz) não trabalha com assistente: leva seu projetor nos braços, de carro ou no lombo de burros. “Já andei dez quilômetros com o projetor na cabeça para fazer uma sessão”, conta. Ele chega nas cidades, aluga um lugar qualquer - pode ser até uma igreja - e cobra ingressos pelas sessões, “sempre lotadas”. Os gêneros exibidos são populares: filmes de kung-fu, bang-bang à italiana, faroestes brasileiros, filmes “de porrada” americanos e longas do cantor gaúcho Teixeirinha, que foram grande sucesso nos cinemas do País nos anos 70. “Só Mazzaropi que eu não passo. Exibi uma vez um filme em que ele trabalhava numa carrocinha e um bêbado queria quebrar o projetor porque não gostou de ver um filme cheio de cachorros. Aí decidi não passar mais nada desse camarada”, recorda. Mas Zé do Caixão - aliás, homenageado no Cine Ceará com uma retrospectiva - é sucesso certo. “Já mostrei ‘À meia-noite levarei sua alma’ 864 vezes. Eu contei”, garante. Quando repete muito um filme, Zé Sozinho costuma ir mudando o título, “para não cansar”. O longa de Zé do Caixão, por exemplo, já foi mostrado numa capela, no interior da Paraíba, em plena Quinta-Feira da Paixão, com o sugestivo nome “O homem que morreu porque comeu carne crua na Sexta-Feira da Paixão”.

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O ritmo e a música sempre estiveram presentes na vida da montadora Idê Lacreta. O que ela não podia imagi-

nar, quando terminou a faculdade de Ciências Sociais, é que os movimen-tos da dança a conduziriam para a montagem cinematográfica.Idê nasceu em São Paulo e ainda na faculdade resolveu retomar seus estudos de música e dança, que a levaram a dar aulas para crianças em uma escola de arte.Logo que se formou, decidiu morar no Rio de Janeiro e, para ampliar o trabalho que desenvolvia com as crianças, resolveu usar imagens para falar de conceitos e narrar histórias. O vídeo ainda não estava disseminado, mas Idê conseguiu uma câmera Super-8 e, com a ajuda de um amigo, fotógrafo, começou a filmar o primeiro episódio de uma série sobre os quatro elementos. No último momento, meu amigo

precisou viajar. Ele tinha ficado de fazer a montagem comigo e eu fiquei com um monte de rolinhos de filme, uma coladeira e um editor Super-8. Resolvi ir em frente. O editor tinha um visor míni-mo, acho que de uns 14 por 12 centímetros, e a velocidade era conseguida manualmente, por uma pequena manivela. Rodava, olhava onde queria fazer o corte, cortava, emen-dava com o durex próprio, que já vinha com as perfurações. Era preciso acertar os bura-quinhos do durex com os bura-quinhos da película e - imag-ine - aqueles micropedacinhos de filme na minha mão, que eu testava de vez em quando em um projetor, iam se transfor-mando em alguma coisa com dinâmica própria. A partir dessa primeira experiên-

cia, Idê descobriu que ali havia alguma coisa de que gostava muito. Quando eu saí da faculdade, ape-sar de pensar em me especializar em Antropologia, sabia que não era esta a carreira que queria seguir. Mas nunca pensei em ser montadora, era uma atividade que mal conhecia. Acredito que um pouco da noção de ritmo veio justamente da minha experiência com a dança, com a música.

Com um pé na montagem - Nessa época, a irmã de Idê, Rose Lacreta, começava o processo de montagem do longa que tinha dirigido, “Encarnação”. O montador era Gilberto Santeiro, com quem Idê conseguiu uma vaga de assistente de montagem. Foi o primeiro de uma série de trabalhos. Daí em diante, ela viria a montar com Mair Tavares, Amauri Alves e Eduardo Escorel. Corria a década de 70 e Idê passou a

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QUEBRA-CABEÇAS EM MOVIMENTOID LACRETA:ID LACRETA:

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montar trabalhos da Mapa Filmes [produtora de Zelito Vianna] e da L.C. Barreto. Até aquela fase, os diálogos do cinema brasileiro eram sempre dublados. Nessa época, porém, os produtores começavam a se preocupar mais com a quali-dade do áudio. A partir de “Dona Flor e seus dois maridos” [1976], de Bruno Barreto, o produtor Luiz Carlos Barreto decidiu adotar o som direto e convidou a editora de som francesa Emanuelle Castro para vir ao Brasil. Na época, Idê trabalhou com ela. Toda a experiência que adquiriu foi prática. Tive a oportunidade de trabalhar com ótimos mon-tadores e diretores, minhas principais noções de montagem aprendi com eles. Não eram só procedimentos técnicos ou o método de trabalho, mas também o prazer da busca e o objetivo de fazer o melhor pos-sível, para que, no final, hou-vesse poucos erros.Dois trabalhos de assistência de montagem que marcaram sua car-reira foram “A lira do delírio”, de Walter Lima Jr. [1978], montado por Mair Tavares, e “Cabra marcado para morrer”, de Eduardo Coutinho [1984], com montagem de Eduardo Escorel. Em ambos, entrou no final do processo, mas a experiência criativa proporcionada por esses trabalhos ficou para sempre.Depois começaram suas próprias montagens, que incluíram “Cabaret mineiro” [1981], de Carlos Eduardo Prates Correia, seu primeiro longa. O filme arrebatou os principais prêmios do 9º Festival do Cinema Brasileiro de Gramado, incluindo o de melhor montagem. Também recebeu os Kikitos de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator para Nelson Dantas, Melhor Fotografia para Murilo Salles, Melhor Trilha sonora para Tavinho Moura e Melhor Atriz Coadjuvante para Tânia Alves. A parceria com Prates con-tinuou em “Noites do sertão” [1984], que também levou o prêmio de Melhor Montagem na 12ª edição do

Festival de Gramado, entre outros.Nessa época, Idê decidiu voltar a morar em São Paulo. Ao chegar, montou “A hora da estrela”, de Suzana Amaral [1985], um dos marcos da cinematografia nacio-nal. O filme recebeu mais de dez prêmios no Festival de Brasília de 1985, incluindo Melhor Montagem e os prêmios da Crítica e do Júri Popular.Mas na segunda metade da déca-da de 1980, início dos anos 1990, o cinema brasileiro tinha pouca ou nenhuma produção. Com a devastadora passagem de Collor pela Presidência, trab-alhei na assessoria especial de cinema da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e depois integrei a equi-pe da área de cinema do MIS [Museu da Imagem e do Som], produzindo com outros profis-sionais de cinema, sob a coor-denação de Zita Carvalhosa, algumas mostras e festivais. Enquanto isso, montava um ou outro curta-metragem.

Da moviola para o Avid - Em 1996, Idê foi convidada para montar “Um céu de estrelas”, primeiro longa de Tata Amaral e um dos primeiros a utilizar a montagem digital. Com a chegada do Avid, os montadores tiveram de se adaptar à tecnologia, que exigia uma nova organização. Naquela época, Idê ainda não operava o Avid, mas depois fez questão de aprender. Em vários momentos do tra-balho, tenho necessidade de estar em uma relação direta com o filme, checando meus tempos e minhas percepções, fazendo eu mesma os cortes do filme, como no tempo da moviola. A montagem, para mim, está diretamente ligada à emoção, então é muito mais difícil racionalizar antes para poder passar para um operador executar.Além das mudanças impostas

ao montador, o trabalho do assistente de montagem também ficou bem diferente. Para mim, o assistente de monta-gem hoje tem quase o perfil de um finalizador. Ele tem de conhecer a linguagem do computador e também precisa entender as indexações que se estabelecem entre a câmera, a claquete e o som desde a filmagem. Isso porque ele acompanha desde a preparação do negativo para a telecinagem até o carregamento do computador, assegurando que todos os procedimentos técnicos estejam corretos. Porque a montagem que fazemos no computador é completa-mente virtual, e no final do processo tem de ser transferida para os nega-tivos de imagem e de som.Se surgiram complexidades com as novas tecnologias, também não deixaram de apa-recer facilidades. Desde que o material do filme esteja bem organizado, o clicar de um botão permite acessar qualquer sobra ou plano do filme, sem falar na enorme agilidade com que você pode experimen-tar diferentes opções de corte ou mesmo de articulações na estrutura do filme. Além do acesso mais rápido a todo o material bruto, outra vantagem do novo processo é o enriquecimento do áudio. Com a edição digital, o som ganhou em qualidade e riqueza. O principal problema da atuação do mon-tador atualmente, para Idê, não é mais a questão técnica ou tecnológica, mas a maneira como este profissional está inserido nos novos processos de realização de um filme. Difícil, hoje em dia, é conseguir assegurar o tempo de reflexão e maturação que um bom trabalho de montagem exige. Como diz uma amiga, também montadora, ‘cada vez mais os filmes têm a finalização que podem ter, e não a que deveriam ter’.De qualquer maneira, o momento atual, para Idê, é de renovação. A chegada de novos equipamentos digitais de baixo custo e qualidade cada vez melhor estão tornando o processo de montagem ainda mais fácil e acessível. Esses equi-pamentos estão promovendo uma democratização dos meios de produção e do fazer cin-ematográfico, o que possibilita a revelação de novos talentos em todas as áreas.

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A va lo r i za ção do con t eúdo

nac i ona l e a i n va são do

p rodu to e s t r ange i r o f o ram

t emas d i s c u t i do s em s em i ná r i o

em São Pau l o .

A diversidade cultural brasileira e o papel da televisão na preservação da identidade e da língua nacional foram os temas que se destacaram no 22º Congresso Brasileiro da Abert e o 14º Congresso Estadual da Aesp, realizado no Hotel Transamérica (SP) entre os dias 11 e 13 de junho. O deputado federal Aloízio Mercadante (PT-SP) traçou um para-lelo histórico para chamar atenção sobre a importância de se preser-var a produção cultural do País. “O Brasil foi batizado a partir do nome do primeiro de seus produtos que foi explorado pelos colonizadores. Brasileiros eram aqueles que vinham para retirar o pau-brasil e vendê-lo para os países europeus. Nós nos chamamos pelo nome daqueles que primeiro exploraram nossas riquezas. A despeito disso, construímos uma identidade ao longo dos últimos cinco séculos e temos de cuidar para que

ela não seja atropelada pela revolução científico-tecnológica que acontece nos meios de comunicação.” Mercadante declarou-se preocupado com os desafios tecnológicos que vêm pela frente. “A obrigatoriedade constitucional da propriedade de brasileiros sobre os veículos de comunicação cairá por terra com o advento da banda larga”, lembrou. Isso porque os meios de transmissão de dados não estão enquadrados na restrição legal. “Temos de equilibrar modernização e regulamentação, pois não havendo esta última, muitos de nossos radiodifusores desapa-recerão”, advertiu. Mercadante propõe que sejam cria-dos órgãos de gestão para a maté-ria, buscando “valorizar e induzir a produção nacional, buscando também sua inserção no mercado internacional”, e adiantou que está encaminhando projeto de lei no qual propõe a obrigatoriedade da participação de brasileiros não só na propriedade de veículos de comuni-cação mas também na parte editorial das emissoras. A intenção é proteger a indústria nacional de comunicação da concorrência de canais, rádios e outras mídias totalmente produzidas no exterior e apenas transmitidas ao

Brasil. “É preciso haver reciprocidade. Se eles querem entrar aqui tem de se abrir também para a nossa produção.”Essa proposta encontra o projeto de constituição de um Conselho de Comunicação Social já em discussão, que também cuidaria do controle de conteúdos abusivos. “Sobre essa questão, existe a alternativa do Conselho, mas também acho que o setor deve buscar a auto-regulamen-tação, a exemplo do que já ocorre, com sucesso, no mercado publici-tário - através do Conar (Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária)”, afirmou o deputado.O Ministro da Educação, Paulo Renato Souza ressaltou que “temos de pensar a radiodifusão como o instrumento mais forte de preserva-ção de nossa cultura, aqui e lá fora. Internamente, temos estabelecido ações concretas nas áreas de TV edu-cativa e educação através do rádio. Para o mercado exterior, devemos ter em mente que a cultura brasileira tem valores que o mundo todo procura hoje e, portanto, temos de explorar isso com uma técnica apurada e um conteúdo nosso”.

tecno log ias

O ministro vê de forma otimista a chegada das novas tecnologias - cita o exemplo da Internet. Entre suas pro-postas, estão a criação de escolas téc-nicas na área de radiodifusão, com a parceria da Abert, com cursos de nível médio para a formação profissional de pessoal especializado em produção audiovisual e o maior envolvimento nos acordos internacionais envolvendo a área cultural. Paulo Renato acredita que o conteúdo produzido no Brasil tem excelente qualidade e é apreciado no exterior. “O Brasil esteve pouco envolvido nas discussões de acordos internacionais no setor. Precisamos participar mais, garantindo a reciproci-dade das decisões”, concluiu. O comunicador Marcelo Tas comemora que, em meio a tantos neologismos criados pela chegada de novas tecnologias, uma velha palavra esteja, como nunca, na

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PRODUTO BRASILEIRO

FErnando lautErjung*

C O N T E Ú D O

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moda: conteúdo. “Os veículos estão finalmente descobrindo que o conteúdo brasileiro dá certo, mas parece que as pessoas continuam duvidando disso. Tendemos a esquecer rapidamente exemplos positivos, como o que tem ocor-rido na emissora onde trabalho, a TV Cultura, que, mudando o con-ceito de uma TV oficialesca para um canal que aposta no conteúdo nacional de qualidade, cresceu muito e ganhou grande respeit-abilidade”, diz Tas, que participou da produção do “Castelo Rá-Tim-Bum”, para a TV Cultura.Tas acredita que não há motivo para temer as novas tecnologias, encara-das pelo apresentador do “Vitrine” como exemplos de democratização, não apenas do acesso ao recebimen-to da informação, mas também à sua divulgação. “Tivemos, recentemente, um exemplo muito interessante: um internauta que coleciona discursos de políticos descobriu que o discurso de renúncia do ex-senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) era plá-gio de um feito por Afonso Arinos na década de 50. Ele colocou isso na rede e, no dia seguinte, todos os principais veículos do País noticia-vam o fato”, afirmou Tas.

id ioma nac iona l

O ministro da cultura, Francisco Weffort, declarou-se “preocupado com a predominância do caráter econômico e empresarial na escolha dos conteúdos veiculados pela radiodifusão brasileira”, centrando seu discurso na defesa do idioma

nacional. “Se queremos assegurar a produção nacional, temos de garan-tir, pelo menos, que o nosso idioma seja tratado de forma construtiva pelos veículos”, declarou, sem citar exemplos. Ressaltou, no entanto, que é contrário a qualquer controle oficial sobre a questão.O abuso de estrangeirismos e a falta de atenção dada à língua portuguesa pelos meios de comunicação são os temas do projeto de lei do depu-tado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que visa preservar o idioma brasileiro através de uma fiscalização e de punições aos abusos cometidos pela mídia em produtos informativos (programas jornalísticos). Rebelo considera importantíssima a influência da radiodifusão na forma-ção dos brasileiros e por isso defende que tais meios eliminem o emprego de palavras estrangeiras que tenham equivalentes em português. O pro-jeto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e falta ser aprovado no Senado para entrar em vigor. O presidente da Academia Brasileira de Letras, Arnaldo Niskier, vê com bons olhos o projeto do deputado Aldo Rebelo. “Há momentos que pedem uma linguagem coloquial ou culta, mas em momento algum precisamos adotar estrangeirismos”, diz Niskier. “Há falta de seriedade na comunicação do rádio e da TV, os maiores comunicadores no País”, cutucou o presidente da ABL. E sug-eriu que “a Abert deveria elaborar código sobre a língua portuguesa”.

* colaboraram Paulo Boccato e Andrea Manna

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F r e n T e s U P r a P a r T I D Á r I a

Os deputados federais Luiz Piauhylino (PSDB-PE), Eduardo Campos (PSB-PE) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP), respectivamente coordenadores das frentes de Apoio à Cultura Popular Brasileira, Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural Brasileiro e Defesa da Língua Portuguesa, estão requerendo ao deputado Aécio Neves (PSDB-MG), presidente da Câmara dos Deputados, autorização para a realização, nos dias 28 e 29 de agosto próximo, de um seminário para “desenvolver e articular ações de defesa da identidade e cultura brasileiras”.

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Paulo boCCato

P r O G r a M a Ç ã O r e G I O n a L

O Rio Grande do Norte tem 2,6 milhões de habitantes, divididos em 166 municípios. A capital, Natal, concentra cerca de 700 mil habitantes, as quatro geradoras potiguares ligadas às grandes redes nacionais de

televisão e a TV Universitária, gerida pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. No total, o estado tem aproximadamente 600 mil domicílios com TV e um Índice de Potencial de Consumo (IPC) de 1,193%.

TV CABUGI (Nata l , cana l 11 )

Afiliada da Globo, a TV Cabugi foi criada em 1987. Antes disso, o sinal da rede chegava ao Rio Grande do Norte por link terrestre a partir da geradora de Recife. A área de alcance da emissora é de 144 municípios, com um total de 2,59 milhões de habitantes, sendo 2,43 milhões de telespectadores potenciais. São 591 mil domicílios com TV e um IPC de 1,014%. Na região coberta estão cidades como Mossoró, onde há uma unidade com departamen-tos comercial e de telejornalismo, Parnamirim, Ceará-Mirim, São Gonçalo do Amarante, Caicó, Macaíba, Açu, Currais Novos e João Câmara.A grade fixa de programas locais é formada pelos tele-jornais da praça (“Bom dia RN” e duas edições do “RN TV”), pelo “Globo esporte” e pelos semanais “Cabugi comunidade” e “Santa Missa em seu lar”, veiculados aos domingos. Mas a emissora exibe também programas especiais nas temporadas do Carnatal (novembro/dezem-bro) e nas festas juninas - no último mês de junho, foram três programas, sendo um totalmente local e outros dois em parceria com as afiliadas da Globo na Bahia e no Maranhão, sempre veiculados nas noites de domingo (após o “Sai de baixo”) e nas tardes de sábado, no horário optativo. Nessas ocasiões, flashes ao vivo são transmitidos ao longo de toda a programação.

TV PONTANEGRA(Nata l ,cana13)

A TV Ponta Negra é afiliada do SBT desde sua funda-ção, em 1987. Sua área de cobertura atual inclui 116 municípios, com um total de 1,94 milhão de habitantes. Só na Grande Natal, são 163 mil domicílios com TV atingidos pela emissora. Há uma retransmissora da Ponta Negra em Mossoró, com programação idêntica à da capital potiguar. A programação local é fortemente centrada no telejor-nalismo ao vivo, com os programas “Patrulha policial”, no estilo “Cidade alerta”; “60 minutos”, mistura de revista eletrônica de variedades com jornalismo comunitário; “Jornal do dia” e “Jornal do SBT”, ambos no estilo hard news, mais tradicionais. Nos finais de semana, o canal investe no entretenimento, com os programas “Mais”, de auditório, com competições entre escolas, games e apre-sentação de artistas; “Top mix”, com a cobertura das fes-tas e baladas voltadas para o público jovem; e “Sala VIP”, de colunismo social. Apenas um programa de produção independente compõe a grade local, o “TV cooperativa”.

TV POTENGI (Nata l , cana l 03 )

A TV Potengi está no ar desde 1990 como afiliada da Bandeirantes. Em sua área de cobertura, estão situados municípios como Parnamirim, Ceará-Mirim, São Gonçalo do Amarante, Macaíba e João Câmara. No total, são 1,57 milhão de habitantes, com 355 mil domicílios com TV, 72 municípios e IPC de 0,765%.Sua programação local é dividida em dois núcleos: telejornalismo e projetos especiais. No primeiro, estão programas da grade fixa em vários estilos, como o matinal “Abrindo o jogo”, de entrevistas voltadas prin-cipalmente para as questões políticas; o “Barra pesada”, de tom sensacionalista; o “Linha dura”, que alinhava notícias, variedades, apresentações de artistas e jor-nalismo comunitário; e o “Acontece”, na linha mais tradicional. Além disso, o núcleo cuida do semanal

TV caBUGIProgramas Dias de exibição HorárioBom dia RN Seg-sex 6h45 a 7h15RN TV - 1ª edição Seg-sáb 11h50 a 12h40Globo esporte - bloco local Seg-sáb 12h40 a 12h45RN TV - 2ª edição Seg-sáb 18h50 a 19h10Santa Missa em seu lar Domingo 6h00 a 7h00Cabugi comunidade Domingo 7h00 a 8h00

TV POnTa neGraProgramas Dias de exibição HorárioPatrulha policial Seg-sex 11h30 a 12h0060 minutos Seg-sex 12h00 a 13h00Jornal do dia Seg-sex 13h00 a 13h40Jornal do SBT Seg-sex 19h00 a 19h15TV cooperativa Sábado 10h40 a 11h40Mais Sábado 12h30 a 13h30Top mix Sábado 13h30 a 14h00Sala VIP Sábado 14h00 a 14h30

rIO GranDe DO nOrTe

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“Empresas & empresários”, direcionado ao mundo dos negócios. A grade do núcleo de projetos especiais é mais flexível - seu único programa fixo, o “Garagem”, que apresenta bandas locais, entrevistas, clips e shows, eventualmente dá lugar a programas de temporada. O primeiro a surgir nessa linha foi o “Viva verão”, formatado em conjunto com uma série de eventos pro-movidos no estado pelo departamento de marketing da emissora. Exibido nos meses de janeiro e fevereiro, o “Viva verão” conta com veiculações diárias durante a semana e um resumo aos sábados - justamente no horário do “Garagem”. Traz, a cada edição, a cobertura de eventos gravados em diferentes praias do estado, com shows, competições esportivas, apresentações culturais e jogos. Um dos eventos esportivos gerados pelo “Viva verão”, o rali “Trilha do sol”, ganhou um programa especial próprio com o mesmo nome, divi-dido em quatro etapas: em junho, julho, setembro e novembro. Esse programa é exibido aos sábados e domingos e, na semana que precede sua realização, conta com boletins diários de 15 minutos. No período junino e no mês de novembro, o “Garagem” pára de novo: entram, respectivamente, os especiais “Rela bucho” e “De olho na folia”, ambos seguindo também o esquema de edições diárias nos dias de semana. Esse último, transmitido dos shoppings da cidade,

com reportagens, shows, competições entre bandas e dicas para curtir o Carnatal, também pode ser visto, como o “Viva verão”, no site www.nataltem.com.br. O núcleo ainda cuida da produção de flashes ao vivo durante o período carnavalesco. Seu conceito é trabalhar uma linguagem mais informal, com a participação de profissionais recém-saídos das facul-dades de comunicação.

TV POTenGIProgramas Dias de exibição HorárioAbrindo o jogo Seg-sex 7h00 a 8h00Barra pesada Seg-sex 12h30 a 13h30Linha dura Seg-sex 13h30 a 15h00Acontece Seg-sex 19h00 a 19h30Empresas & empresários Segunda 22h00 a 22h30Garagem Sábado 11h00 a 12h00Viva verão Seg-sex 13h30 a 13h45 (janeiro e fevereiro) Sábado 11h00 a 12h00Trilha do sol (uma semana, nos meses Seg-sex 13h30 a 13h45 de junho, julho, setembro e novembro) Sábado 19h00 a 19h30 Domingo 20h00 a 20h30Rela bucho (só em junho) Seg-sex 13h30 a 13h45 Sábado 11h00 a 12h00De olho na folia Seg-sex 13h30 a 13h45 (só em novembro) Sábado 11h00 a 12h00

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TV TROPICAL(Nata l ,cana l08)

A emissora surgiu em 1987 como afiliada da extinta Manchete. Em 1998, passou para a Rede Record. Seu sinal alcança 1,69 milhão de habitantes espalhados por 51 municípios, entre os quais estão Mossoró, Parnamirim,

Ceará-Mirim, São Gonçalo do Amarante, Caicó, Açu e Currais Novos. São 382 mil domicílios com TV e Índice de Potencial de Consumo de 0,856%.A Tropical tem sete programas locais em sua grade fixa, todos de produção própria. No departamento de jornalismo, estão o sensacionalista “Caso de polícia”; o comunitário “Natal alerta”; o “Tropical comunidade”, que, com entrevistas e debates, faz um balanço crítico dos problemas da região; e as duas edições diárias do telejornal “Tropical notícias”. Completam a grade o “Programa Toinho Silveira”, que mescla colunismo social a quadros sobre arquitetura e design, saúde, moda e beleza, e a agenda cultural “Poucas & boas”, apresentada pela drag queen Danuza D’Sales.

TV UNIVERSITÁRIA (Nata l ,cana l05)

A TV Universitária é a mais antiga emissora potiguar, estan-do no ar desde 1972. Ligada ao Ministério da Educação e Universidade Federal do Rio Grande do Norte, alcança atualmente 90% do estado, com retransmissoras em diversas cidades do interior, entre as quais Mossoró e Caicó. Seus programas locais são o telejornal diário “TVU notícias”; o semanal “TVU esporte”; o “Grandes temas”, programa de debates voltado para política, cidades e atualidades em geral; o “Por dentro do campus”, que mostra as realizações dos professores da UFRN; o “Clip ciência”, sobre educação; e o “Projeto seis e meia”, que exibe shows gravados em teatros da capital, realizados em convênio com o governo do estado.

TV TrOPIcaLProgramas Dias de exibição HorárioCaso de polícia Seg-sex 12h00 a 12h25Natal alerta Seg-sex 12h25 a 12h40 Sábado 11h25 a 11h45Tropical notícias - 1ª edição Seg-sex 12h40 a 13h10 Sábado 12h30 a 13h00Tropical comunidade Seg-sex 13h10 a 13h40 Sábado 11h45 a 12h30Poucas & boas Seg-sex 13h40 a 13h45Programa Toinho Silveira Seg-sex 13h45 a 14h00 Sábado 10h45 a 11h25Tropical notícias - 2ª edição Seg-sáb 18h50 a 19h10

TV UnIVersITÁrIaProgramas Dias de exibição HorárioPor dentro do campus Seg-sex 12h00 a 12h30TVU notícias Seg-sex 18h30 a 19h00Clip ciência Segunda 19h00 a 19h05 Quarta 11h55 a 12h00TVU esporte Segunda 19h05 a 20h00Grandes temas Segunda 20h30 a 22h00Projeto seis e meia Sábado 18h30 a 19h30

GeraDOras rIO GranDe DO nOrTe

CIDADE EMISSORA CABEÇA-DE-REDE CANALNatal Potengi Bandeirantes 03Natal Universitária Educativa 05Natal Tropical Record 08Natal Cabugi Globo 11Natal Ponta Negra SBT 13

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lEtíCia dE Castro

A p ropo s t a da Jo t a X i s Ó rb i t a s

é de senvo l ve r um t r aba l ho

pecu l i a r na á r ea de pe squ i sa

e ca s t i ng . A s p r i n c i p a i s

d i f e r e n ç a s e m r e l a ç ã o à s

p r o d u t o r a s t r a d i c i o n a i s d e

c a s t i n g e s t ã o n o p r o c e s s o e n a

i n t e n ç ã o d o t r a b a l h o .

Há dez anos teve início a parceria entre a diretora Paula Trabulsi, sócia de Júlio Xavier na Jota Xis Filmes, e o produtor Roberto Straub. A campanha era a do sabonete Dove e Paula queria um filme diferente, que trouxesse o testemunho de consumidoras sobre o produto que chegava ao mercado. Para garantir credibilidade ao filme, nada de atores ou depoimentos forjados. A equipe saiu à procura de mulheres comuns, donas de casa, trabalhadoras, profissionais liberais, enfim, todo tipo de mulher que pudesse acrescentar um testemunho sobre o produto.Para o árduo trabalho de encontrar as mulheres, reais e expressivas, que garantissem a credibilidade da campanha, foi chamado Roberto Straub, então consultor de empresas

na área de treinamento. “Sempre lidei com gente, me interessei pelas histórias que as pessoas tinham para contar. A Paula já conhecia o meu trabalho, por isso me chamou para a campanha de Dove”, lembra Straub, que realizou todas as entrevistas com as mul-heres no processo de seleção para o comercial.A partir desse trabalho, o então consultor Roberto Straub começou a freqüentar com mais assiduidade o mundo da publicidade, desenvol-vendo um trabalho peculiar na área de casting, nunca realizado antes no Brasil. “Eu não faço castings conven-cionais, com os tradicionais testes de VT impessoais. Passamos por um enorme processo de trabalho antes de chegarmos ao vídeo”, comenta.Cada pessoa que grava depoi-mentos durante a fase de seleção de um comercial comandado por Straub passa antes por pelo menos duas entrevistas, ou melhor, con-versas informais. “O primeiro con-tato é por telefone. Conversamos com a pessoa, para conhecermos melhor seus interesses, seu perfil. Depois é marcado um encontro, geralmente aqui na produtora, com mais uma conversa informal.

Só depois vamos para a frente da câmera, quando a pessoa já está descontraída e nós já conquistamos sua confiança”, explica Straub.

em órb i ta

Ao longo de seus dez anos na publicidade, Straub especializou-se em filmes testemunhais, com a participação de pessoas comuns ou atores desconhecidos. Dove, Omo, Natura, sabonetes Shield e o sabão Vanish foram alguns dos clientes que solicitaram esse novo método de trabalho, que culminou com o lançamento de uma nova produtora parceira da Jota Xis, a Órbitas. “Eu estava precisando de uma estrutura maior para desenvolver esse trabal-ho, por isso a parceria veio na hora certa”, comenta o produtor.Lançada oficialmente ao mercado no último dia 18 de maio, a Jota Xis Órbitas desenvolve um trabalho independente das outras parceiras (Jota Xis Filmes, Jota Xis Gama, Jota Xis +), podendo trabalhar em campanhas realizadas por outras produtoras. “A tendência é que trabalhemos mais com os diretores da casa, com quem já temos afini-dades, mas se acontecer de alguma

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P U B L I C I D A D E

CASTING CERTINHO

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agência solicitar nosso trabalho para outra produtora, não haverá problema nenhum”, diz Straub, que nos últimos dez anos fez uma única campanha para outra produtora, a da Natura para a Made to Create.Ao lado de Straub nessa empreitada estão outras três produtoras de cast-ing: Beth Lopes e Suely Straub (irmã de Roberto), donas da Retrato Real, e Vera Podboy Monfort. Com o crescimento da demanda de trabalho, elas ficaram responsáveis pela execução das entrevistas durante toda a fase de seleção, enquanto Straub fica apenas coordenando os tra-balhos e fazendo a intermediação com a agência e os clientes. A cada novo trabalho a equipe aumenta, tendo às vezes oito produtores participando do processo. Os mais jovens e inexperi-entes ficam responsáveis geralmente pelos contatos telefônicos, deixando o vídeo para Vera, Suely e Beth.As principais diferenças da Órbitas para os castings tradicionais estão no processo e na intenção do trabalho. Quando realizam casting, os produ-tores estão menos preocupados com a aparência e muito mais ligados no comportamento e estilo de vida dos candidatos. As pessoas emprestam suas experiências e testemunhos para as campanhas publicitárias. O proces-so de casting acaba dando subsídios para a formatação do filme e até da campanha como um todo.Ao longo de seus dez anos de estrada, Straub reuniu uma agenda com cerca de 15 mil telefones. Todas as pessoas contatadas para as campanhas che-gam através de alguma indicação, o que facilita o contato. “Nós contamos muito com a boa vontade das pessoas, porque ninguém recebe nada durante o processo de pesquisa ou de seleção para o filme. Só recebem cachê os sele-cionados. Por isso temos muito cuidado e dedicamos uma atenção especial para aqueles que se dispõem a participar”, afirma Vera Monfort, que largou sua carreira de administradora de empresas há três anos para trabalhar com Straub. “Eu ficava superfrustrada em não poder ficar amiga dos clientes, adoro conversar e conhecer as pessoas. Por

isso eu resolvi mudar”, comenta.

grande v i rada

O trabalho desenvolvido por Roberto Straub e Paula Trabulsi começou a mudar em 1999, com a campanha para o sabonete Dove Light, destinado a adolescentes. “Fomos chamados ainda na fase de criação para desen-volver uma pesquisa entre o público-alvo do produto. Não havia um brief-ing de como seria o filme e o meu trabalho foi o que acabou orientando a agência no desenvolvimento da campanha”, comenta Straub.Durante sete meses de trabalho, envolvendo centenas de entrevistas e bate-papos por telefone, pessoal-mente e gravados, a equipe coman-dada por Roberto Straub percebeu que as garotas (o público-alvo do produto) estavam mais preocupadas com o efeito que o uso do sabonete causaria nos seus respectivos namo-rados. “Nós escolhemos um grupo de garotas e conversamos com quase todas as pessoas ligadas a elas: mães, amigas, mas notamos que quem real-mente importava eram os namora-dos”, afirma o produtor.As garotas usaram o produto durante uma semana, sem contar aos namo-rados. Eles foram orientados a prestar atenção nas meninas, sem saber o que havia de novo. “Todos perce-beram que havia algo com a pele delas, estava mais macia etc. Então nós usamos esses testemunhos para compor o filme”, explica Straub.Essa foi a primeira campanha para a qual Roberto Straub foi chamado ainda na fase de criação. O tra-balho foi tão bem-sucedido que agora o produtor está sendo recru-tado para trabalhar ainda na fase de desenvolvimento de produtos. Só no ano passado, ele coordenou três pesquisas voltadas para o desenvolvimento do produto.“Desde o início, nós dávamos subsí-dios para as agências desenvolverem ou redirecionarem as campanhas, mas nem sempre nossas sugestões eram aceitas. Hoje temos total liber-dade com a equipe que nos contrata

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e geralmente conseguimos par-ticipar do processo de criação”, observa Straub.Desde 98 Roberto Straub vive entre São Paulo e outro países da América Latina, como Chile, México e Argentina. O sucesso das campanhas brasileiras de Dove foi tamanho que a agência respon-sável, a Standard Ogilvy, passou a recrutar os trabalhos de casting também para esses países.A diretora Paula Trabulsi sempre fez as campanhas de Dove em toda a América Latina, mas até 98 o cast-ing era realizado em cada país, da maneira tradicional. Uma equipe saía às ruas com uma câmera de vídeo, abordava as pessoas, fazia rápidas ent-revistas e, para as mais interessantes, entregava o produto para um teste. Uma semana depois essas pessoas eram chamadas para uma entrevista mais aprofundada, gravada em estúdio e, a partir dessa etapa, eram escolhi-dos os protagonistas da campanha.

A evolução do trabalho de Straub no Brasil chamou a atenção da agência, que solicitou a ele que passasse a coordenar o casting também nesses outros países. Foram cerca de dois meses em cada país procurando pes-soas com o perfil adequado para dar continuidade a seu trabalho. Hoje, há entre cinco e sete pessoas em cada país desenvolvendo o mesmo trabalho que é feito no Brasil, tudo sob a supervisão de Straub. “A cada nova campanha, eu viajo para acompanhar tudo de perto”, comenta. Nos últimos dois anos, ele coordenou pelo menos duas campanhas em cada país, todas da marca Dove. “É muito importante ter uma equipe formada em cada país, porque eles me mostram as particularidades de cada cultura,

o que é fundamental para o desen-volvimento desse trabalho.”Mas não é só pela América Latina que Straub está ampliando seu hori-zonte. Além da publicidade, o produ-tor tem desenvolvido trabalhos em outras áreas, como o terceiro setor e documentários. Em 1999, ele e sua equipe realizaram um vídeo para a ONG (organização não-governamen-tal) Gestão para Organizações da Sociedade Civil (Gesc), que treina profissionais de entidades sociais. “Nós fomos atrás das pessoas que já tinham passado pelo curso para saber como essa experiência havia mudado a vida deles”, comenta Straub. Agora, a equipe da Órbitas está desenvol-vendo, em parceria com os diretores da JX Filmes, uma série de documen-tários sobre qualidade de vida.

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para produzir o casting de testemunhais em outros países, é importante ter uma equipe local que conheça as particularidades culturais.

Quem lê TELA VIVA... ... E você que não lê.

Notou a diferença? Então, assine.0800 145022 www.telaviva.com.br [email protected]

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Quem lê TELA VIVA... ... E você que não lê.

Notou a diferença? Então, assine.0800 145022 www.telaviva.com.br [email protected]

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F I Q U E P O R D E N T R O

Considerado um dos mais importantes festivais do gênero em todo o mundo, o 12º�Festival�Internacional�de�Curtas-Metragens�de�São�Paulo inaugura este ano as Oficinas Kinoforum de Realização e Produção Audiovisual, que vão levar à periferia de São Paulo filmes e oficinas de captação e edição em vídeo. Com início marcado para 6 de julho, as oficinas serão realizadas no Centro Cultural Monte Azul (zona sul), Espaço Cultural Cohab Raposo Tavares (zona oeste) e Casa de Cultura da Freguesia do Ó (zona norte), nesta ordem. As inscrições para as oficinas que acontecerão no Centro Cultural Monte Azul e no Espaço Cultural da Cohab Raposo Tavares já estão encerradas. As inscrições para as oficinas da Casa de

MIX� BRASIL

Até o dia 6 de setembro, a organização do Mix�Brasil�2001�-�9o�Festival�da�Diversidade�Sexual está recebendo inscrições de filmes e vídeos que tratem da diversidade sexual. O festival acontece de 13 a 25 de novembro em São Paulo e depois segue em turnê por outras cidades. Entre elas, Brasília já está confirmada e em fase de confirmação estão Buenos Aires, Rio de Janeiro, Búzios, Porto Alegre e Salvador. O regulamento completo e outras informações estão no site do Mix Brasil - www.mixbrasil.com.br

TUDO� EM� COMPUTAÇÃO� GRÁFICADe 12 a 17 de agosto, acontece em Los Angeles a 28a edição do Siggraph, Conferência Internacional de Computação Gráfica e Técnicas Interativas. Este ano, a conferência será chefiada por Lynn Pocock, do Instituto de Tecnologia de Nova York e estará sediada no Los Angeles Convention Center. A previsão é de 40 mil participantes. A exposição comercial acontece de 14 a 16 de agosto.

A programação inclui a apresentação de trabalhos, painéis, cursos, projetos e aplicações, em diversos programas e atividades. Entre eles, há a Art Gallery, um espaço para a exibição de peças artísticas digitais. Outro destaque é o Festival de Animação por Computador 2001, mostra de filmes e vídeos com recursos inovadores de computação gráfica. Vários debates discutem filmes consagrados à luz da tecnologia. É o caso da sessão especial “2001 em 2001: como um filme completamente analógico inspirou a revolução digital”, na qual veteranos da indústria cinematográfica vão discutir a obra de Stanley Kubrick. A ampla programação está disponível no site http://helios.siggraph.org/s2001/ e as inscrições podem ser feitas pelo telefone (1-312) 321-6830.

BRASIL� E� ALEMANHAO Instituto Goethe São Paulo e a Levine Film realizarão, entre os dias 29 e 31 de outubro no Instituto Goethe de São Paulo, o Encontro�para��Co-produções�Brasil-Alemanha. O objetivo é discutir as possibilidades oferecidas pelo novo acordo Brasil-Alemanha de co-produções na área do audiovisual e identificar projetos que nele se enquadrem. Durante o encontro será apresentado o acordo e serão avaliados e discutidos os projetos previamente enviados dos interessados em co-produção. O interesse é por longas-metragens e documentários, tanto para o cinema quanto para a televisão, preferencialmente, projetos que enfoquem temas contemporâneos e locais para o público internacional. Os interessados em co-produção podem enviar, até o dia 1º de agosto, seus projetos para a Levine Film, que se encarregará de encaminhá-lo para Berlim, para uma primeira apreciação. Os projetos devem ser enviados em inglês com as seguintes documentos: conteúdo e descrição do projeto (uma página), curriculum vitae do diretor e da firma de produção, plano de financiamento incluindo o valor da verba de co-produção pretendida, fact sheet (budget, key people), apresentação do status do projeto (roteiro, confirmação de financiamento e de distribuição).

Levine�Film��Rua Antonina, 207 - 01255-010 - São Paulo - SP. E-mail: [email protected]. Tel.: (11) 3864-7263 Fax: (11) 3868-4413. Internet: www.levinefilm.comGoethe�Institut�SP�� Rua Lisboa, 974 - 05413 - São Paulo - SP.E-mail: [email protected].

PERIFERIA� NO� CURTACultura da Freguesia do Ó e Centro Cultural São Paulo acontecerão respectivamente entre os dias 23 e 27 de julho e 6 e 15 de agosto. Cada oficina receberá até 20 inscritos, com idade entre 17 e 25 anos. Os participantes desenvolverão argumentos e terão aulas práticas sobre a utilização de câmeras digitais, edição e finalização. Os melhores trabalhos serão selecionados para exibição nos centros culturais. A Associação�Cultural�Kinoforum, que organiza o festival e as oficinas, nomeará uma comissão julgadora para selecionar trabalhos a serem exibidos durante o evento, que acontece entre os dias 23 de agosto a 1º de setembro. Mais informações no site www.kinoforum.org ou pelo telefax (11) 3062-9601.

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a G e n D aJ U L H O

23 a 27 Curso: “Especialização em Vídeo Produção”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: [email protected].

23 a 30 Curso: “Edição Linear c/ GC e Efeitos”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: [email protected].

25 a 29 IV Anima Mundi (São Paulo) - Festival Internacional de Cinema de Animação. E-mail: [email protected]. Internet: www.animamundi.com.br.

31 a 3/8 Curso: “After Effects”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: [email protected].

a G O s T O

1 a 3 SET/Abert - Broadcast & Cable 2001. Centro de Exposições Imigrantes - São Paulo - SP. Fone: (21) 524-2229. E-mail: b&[email protected]. Internet: www.broadcastcable.com.br.

06 a 21 Curso: “Edição em 3 máquinas - Beta”. Centro de Comunicação e Artes do Senac - SP, São Paulo, SP. Fone: (11) 3872-6722.

7 a 10 Curso: “Adobe Premiere 5.1”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (11) 5573-4069. E-mail: [email protected].

12 a 17 Siggraph 2001. Los Angeles Convention Center, Los Angeles, California. 401 North Michigan Avenue - Chicago - USA - 60611. Fone: (1-312) 644-6610.

Fax: (1-312) 245-1083.

E-mail: [email protected].

Internet: www.siggraph.org.

13 a 17 Curso: “Básico de Iluminação”.

Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo,

SP. Fone: (11) 5573-4069.

E-mail: [email protected].

13 a 17 Curso: “Adobe Premiere 5.1”.

Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo,

SP. Fone: (11) 5573-4069.

E-mail: [email protected].

13 a 30 Curso: “Produção para TV/

Vídeo”. Centro de Comunicação e Artes

do Senac - SP, São Paulo, SP.

Fone: (11) 3872-6722.

23 a 01/09 XII Festival Internacional

de Curtas Metragens de São Paulo.

R. Simão Álvares, 784/2 - São Paulo - SP

- 05417-020. Telefax: (11) 3062-9601.

E-mail: [email protected].

Internet: www.kinoforum.org.

s e T e M B r O

14 a 18 IBC 2001. RAI Centre,

Amsterdam, Holanda. Fone: (44-20) 7611-

7500. Fax: (44-20) 7611-7530. E-mail:

[email protected]. Internet: www.ibc.org.

19 a 21/10 XIII Videobrasil - Festival

Internacional de Arte Eletrônica.

R. Fernandes de Abreu, 31 11º andar

04543-070 - São Paulo - SP.

Fone: (11) 3845-8454. Fax: (11) 3849-2377.

E-mail: [email protected].

Internet: www.videobrasil.org.br.

Filiada à Associação Nacional

Diretor e editor: Rubens Glasberg

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editora Geral: Edylita Falgetano

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Paulo Boccato

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(Produção Gráfica), Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica)

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Jornalista responsável Rubens Glasberg (MT 8.965)

Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização

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OUTUBRO

02 a 07 - Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá. R. Marechal Cenóbio da Costa, 215 - Cuiabá - MT - 78045-530. Fone: (65) 624-0709 / 623-1443.

NOVEMBRO

20 a 27 - Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Setor Cultural Norte - Via N2 Anexo ao Teatro Nacional Cláudio Santoro - Brasília - DF - 70070-200. Telefax: (61) 325-7777.

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