revista tela viva 166 - novembro 2006

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TV POR ASSINATURA MSOs argentinas se opõem às teles,� mas canais vêem oportunidade ENTREVISTA Novo presidente da Abert conta como pretende reunir as emissoras televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 15_#166_nov2006 CAPITAL DE GIRO BNDES cria novas linhas para financiar o audiovisual, respeitando as particularidades do setor

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Revista Tela Viva 166 - Novembro 2006

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Page 1: Revista Tela Viva 166 - Novembro 2006

TV por assinaTuraMSOs argentinas se opõem às teles,�mas canais vêem oportunidade

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como pretende reunir as emissoras

televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 15_#166_nov2006

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(editorial)

Rubens GlasbergAndré MermelsteinSamuel PossebonManoel FernandezOtavio JardanovskiGislaine GasparVilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (Assistente Financeiro)

Edianez Parente

Fernando Lauterjung

Daniele Frederico, Lizandra de Almeida (Colaboradora)

Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal)

Carlos Edmur Cason (Edição de Arte)Debora Harue Torigoe (Assistente)Rubens Jardim (Produção Grá­fica)Geraldo José Nogueira (Editoração Eletrô­nica)

Ivaneti Longo (Assistente)

Marcelo Pressi

0800 0145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

[email protected]

(11) [email protected]

(11) [email protected]

Ipsis Grá­fica e Editora S.A.

Diretor e EditorDiretor EditorialDiretor Editorial

Diretor ComercialDiretor Financeiro

Gerente de Marketing e Circulação Administração

Editora de Programação e Conteúdo

Editor Tela Viva News

Redação

Sucursal Brasília

Arte

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PublicidadeE-mail

Impressão

Na semana do fechamento desta edição, no início de novembro, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, chorou emocionado ao ouvir de uma platéia de artistas gritos de “fica”, pedindo sua permanência à frente da pasta no segundo governo Lula.

Gil aparentemente ainda não tomou sua decisão (e nem Lula, que é quem decide o ministério, afinal). Mas cabe aqui fazer um balanço desta gestão do MinC.

O mínimo que se pode dizer é que nestes quatro anos houve um salto qualitativo na gestão da Cultura no que se refere à indústria do audiovi-sual. Após anos de estagnação política, surgiu um projeto para o setor, que teve tropeços, mas que se firmou e criou as bases para uma nova etapa de desenvolvimento, contemplando ao mesmo tempo as necessidades de criação de uma indústria e o incentivo às novas linguagens e manifestações.

Projetos como o Revelando os Brasis, os DocTV Brasil e Iberoamérica, os projetos de exportação de conteúdos da ABPI-TV e do Sicesp, o Documenta Brasil, os editais, o debate sobre a TV pública, os Pontos de Cultura são al-guns exemplos de programas bem-sucedidos. Mas o MinC também esteve no centro de todo o debate sobre a criação de uma indústria do audiovisual no país, que se reflete por exemplo nas novas linhas de financiamento do BNDES, matéria de capa desta edição.

O entendimento é que, a exemplo do que vem sendo dito sobre o Bolsa-Família, devem-se criar “portas de saída” para a produção, mecanismos que diminuam a dependência que os produtores têm do “dinheiro grá­tis” das leis de incentivo (que devem, claro, continuar existindo também).

Houve também momentos desastrosos, como a proposta da Ancinav, necessá­ria e que, embora bem intencionada, padeceu de dificuldades gi-gantescas na articulação política dentro do governo e com o empresariado de comunicação.

Cabe aqui fazer também uma nota sobre o trabalho da Ancine neste período. A agência conseguiu superar vá­rias de suas dificuldades (e ainda há­ muitas) e assumir um papel importante, propositivo, ao deixar de ser apenas um cartório para carimbar pedidos de incentivos fiscais para efetiva-mente atuar na regulação do setor, com emissão de normas sobre cota de tela, janelas de exibição, instituição do prêmio adicional de renda e outras medidas.

As deficiências ainda existem e são muitas. Mas somando prós e contras, o saldo é positivo. Se Gil fica ou não, ainda não sabemos. Mas o ministro pop já­ deixou plantados seus abacateiros.

André Mermelsteina n d r e @ t e l a v i v a . c o m . b r

Refazendeiro

Tela Viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - Rua Sergipe, 401, Conj. 605,

CEP 01243-001. Telefone: (11) 2123-2600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP.

Sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903.

Fone/Fax: (61) 3327-3755 Brasília, DFJornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965)

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista,

sem autorização da Glasberg A.C.R. S/AOs artigos da Broadcast Engineering®

(www.broadcastengineering.com) e da Digital Content Producer são republicados sob licença da Prism Business

Media Inc. Todos os direitos reservados.

IluSTRAção DE CAPA: RICARDO BARDAL

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figuras 12mercado 18Telefô­nica compra TVA e divide o setor de TV paga

tv por assinatura 22Também na Argentina, operadores temem a entrada das teles

no ar 28audiência 30entrevista 32Novo diretor da Abert, Daniel Pimentel Sla-viero busca a união na radiodifusão

making of 36programação 38Band e RTP co-produzem novela no Rio de Janeiro

evento 40Produtores franceses vêm ao Brasil em busca de novos negócios

tecnologia 42Como preparar os estúdios de jornalismo para o HDTV

upgrade 46agenda 50

Ano 15 _166_ nov/06(índice)

Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá­-las a este espaço, procurando manter a má­xima fidelidade ao seu conteúdo.Envie suas críticas, comentá­rios e sugestões para cartas@telaviva.

GuIA TElA VIVARecebemos hoje a edição de 2007

do GUIA TELA VIVA. Queria dar os para-béns a vocês da Editora Glasberg e a sua equipe, que têm editado esse guia tão importante e valioso para o nosso mercado. Parabéns pela iniciativa e pela execução!

Murilo Salles, diretor e produtor, Rio de Janeiro

REGulAMENTAçãoSou mestrando em Direito pela

Universidade de Ribeirão Preto (SP) e li o editorial na TELA VIVA de setembro de 2006. Parabéns pela matéria. Muito interessante!

Vocês souberam enfrentar o tema com imparcialidade e seriedade. A relevância da questão pede mesmo um debate amplo e dinâmico, para que a regulamentação do setor tenha legit-imidade e atenda às garantias constitu-cionais do pluralismo de idéias, do livre acesso à cultura e à informação, bem como da livre concorrência mercadológi-ca. Todos esses preceitos são funda-mentais e não podem ser ignorados sob nenhum pretexto.

Arthur Mendes lobo, Diamantino Advogados Associados, Ribeirão Preto,

SP

(cartas)

telavivanewswww.telaviva.com.br

Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

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Dinheiro na mão 14BNDES cria linha de crédito para o au-diovisual em condições baseadas na realidade do setor

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O mês de novembro é tradicionalmente a época do ano escolhida para estréias dos seriados estrangeiros na TV por assinatura no Brasil. O Warner Channel deu início à transmissão dos novos seriados e das temporadas mais recentes das séries já­ em exibição no dia 6. Entre as novas séries, destaque para “Justice”, “The Nine”, “The Class”, “Motes from the Underbelly”, “Men in Trees”, e as superproduções “Smith” (com o ator Ray Liotta) e “Blade” (baseada no longa-metragem) que, porém, não tiveram continuidade nos Estados Unidos. Entre os seriados que chegam em novas temporadas, os destaques vão para “The OC”, “Smallville”, “Supernatural” e a 13ª temporada do sucesso “ER”. O canal da Warner privilegia dos seriados, mantendo os longas-metragens para as noites de sexta-feira e sá­bado.

Além das séries, o Warner Channel inova em sua programa-ção visual e anuncia a exibição direto e ao vivo, em janeiro de 2007, do Golden Globe Awards, o prêmio concedido pela imp-

rensa estrangeira em Hollywood e que é tido como uma prévia do Oscar. A transmissão será­ comentada pelo crítico Rubens Ewald Filho.

Já­ o canal Sony, que estreou as suas novas séries e as novas temporadas no mesmo dia de novembro, apresentou oito atrações inéditas no Brasil, sendo três comédias (“Court-ing Alex”, “Til Death” e “30 Rock”), três dramas (“What About Brian”, “Falcon Beach”, e “In Justice”) e dois reality shows (“American Inventor” e “Top Chef”). O canal exibe também sete temporadas novas de suas séries já­ consagradas, como “C.S.I.”, “Everybody Hates Chris” e “Queer Eye for the Straight Guy”, mas os maiores sucessos do canal, como “Scrubs”, “Desperate Housewives” e “Grey’s Anatomy” terão suas estréias adiadas para 2007, com o objetivo de manter a seqüência das histórias, sem a repetição dos capítulos. O mesmo acontece com a série de sucesso “Lost”, exibida pelo AXN.

Cachorro virtualO DJ Cão, personagem conhecido da TV Rá Tim Bum,

voltou à grade do canal em novembro com um novo programa: o “Show do DJ Cão”. O personagem, antes um boneco de pano, ganhou uma versão animada em 3D. Cléber Marchetti é o responsá­vel pela computação grá­fica e a direção geral é de Mário Sérgio Cardoso.

No novo programa, o cachorro que já­ protagonizou os programas “Tá­ na Hora” e “Som na Caixa com DJ Cão”, apresenta um talk-show, no qual entrevista profissionais de diversas á­reas curiosas. O primeiro episódio contou com uma professora de origami. As entrevistas com os convidados são gravadas em suas próprias residências e depois colocadas em um telão no cená­rio do talk-show (feito também em computação grá­fica).

Produção orquestrada

A cerveja Bohemia conta com a apresen-tação de uma orques-tra sinfô­nica em seu segundo filme para a TV neste ano. O novo comercial, dirigi-do por Robério Braga, da

Maria Bonita Filmes, foi realizado por uma equipe de 150 pessoas, que trabalhou na construção da réplica de uma fabrica de cerveja. O filme se passa dentro de uma cervejaria artesanal onde um mes-tre-cervejeiro, como se fosse um maestro, prepara-se para reger a “orquestra” de produção da cerveja Bohemia. Os ingredientes são manipulados e selecionados ao som de música clá­ssica. No final, após a aprovação do mestre-cervejeiro, um bar é mostrado, onde os consumidores levantam a taça e brindam à obra-prima. A idéia é mostrar o cuidado com que cada ingrediente é tratado e selecionado para a produção da cerveja.

A campanha, criada pela DM9DDB, será­ veiculada no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campinas, Recife, Salvador, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Brasília e na segunda quinzena de novem-bro, em São Paulo.

Comercial da Bohêmia terá participação

de sinfônica

Personagem da TV Rá Tim Bum ganha versão em 3D

TEMPORADA DE ESTRéIAS

“Justice”“Til Death” “The Nine” “What About Brian”

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Imigrantes no FuturaA série “Passado a limpo”, da produtora paulista

Bossa Nova Films, venceu o pitching do canal Futura, e entra na grade do canal em 2007. O programa vai entrevistar famosos e anô­nimos a respeito de suas origens familiares, tornando públicas imagens do

acervo pessoal de suas famílias. Um outro tipo de imigração, o trá­fico de escravos no período colonial, também será­ abordado.

A série foi idealizada pelas diretoras Paula Cosenza, Gisela Camara e Tuca Paoli (foto). Pertencentes a um coletivo internacional de mulheres que

trabalham com comunicação, o Madremedia, as diretoras se conheceram na condição de imigrantes fora do Brasil, em Londres, na Inglaterra.

O programa tem participações na criação da TV Pingüim (animação), Palena Duran (historiadora), Macau (vídeo artista), e Trilha Original (música).

O segundo colocado, “De Cabo a Rabo”, da produtora Plano Geral, do Rio de Janeiro, poderá­ ser produzido em parceria com o

Canal Brasil. “Romarias”, da produtora Lumi, de Pernambuco, também está­ sendo analisado para participar na programação do canal.

ChINESES No PAN-AMERICANoA empresa chinesa ISB (International Sports Broadcast-

ing) foi contratada pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) para captar, produzir, coordenar e entregar os sinais internacionais de rá­dio e TV dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007.

Além da geração das imagens do Pan, a ISB — que também gerará­ as imagens dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 — será­ a responsá­vel pela produção de dois boletins diá­rios. De acordo com o COB, toda a cober-tura do Pan será­ feita em alta definição.

O contrato é misto: o valor de contratação dos serviços prestados pela ISB é de Ä 18,5 milhões (aproxi-madamente R$ 49,8 milhões) e o CO-Rio (Comitê Organiza-dor do Pan) fará­ ainda a contratação, no mercado brasileiro, de equipamentos e serviços necessá­rios à operação até um

limite de R$ 17,5 milhões. A contratação acontece após o processo de seleção, em

nível internacional, ter sido encerrado (no final de julho desde ano) por não ter tido proposta adequada ao seu regulamento geral, de acordo com a entidade.

Ainda de acordo com o COB, a avaliação de con-sultores internacionais concluiu que o limite orça-mentá­rio estipulado inicialmente para o processo de seleção, de R$ 54 milhões, era insuficiente para atender ao escopo de serviços e tecnologia exigidos: gerar imagens de todas as competições individuais ou por equipes em que forem definidas medalhas, além da

compilação de dois boletins diá­rios de 40 minutos cada. Do Brasil, já­ assinaram com o COB contrato de transmissão do Pan: Globo, Band e Record; SporTV, ESPN Brasil e BandSports; Sistema Globo de Rá­dio, Rá­dio Bandeirantes e Rá­dio Itatiaia.

Dez anos de notíciasPara comemorar os dez anos

do Jornal da Alterosa, noticiá­rio exi-bido pela afiliada do SBT em Minas Gerais, a TV Alterosa preparou chamadas institucionais de person-alidades mineiras durante toda a programação. Políti-cos, empresá­rios, artistas, músicos e representantes de entidades da sociedade civil dão depoimentos sobre a atuação do telejornal em sua primeira década no ar. Entre eles, o vice-presidente da Repúbli-ca, José Alencar; o governador de Minas Gerais, Aécio Neves; e o ministro das comu-nicações, Hélio Costa.FO

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helena Barone e André Vasconcelos, do Jornal da Alterosa 1ª edição

Programa ganha sósiaA idéia do Programa DocTV, organizado pelo

Ministério da Cultura para fomentar a produção de documentá­rios em parcerias com a TV pública,

foi parar na Colômbia. O Ministério de Cultura colombiano, em associação à Comisión Nacional de Televisión — CNTV, anunciou a criação de um

Programa DocTV Colô­mbia para 2007. O programa contará­ com nove concursos simultâneos, um para cada uma das regiões cobertas pelos oito canais de televisão pública colombiana, e um nono, exclusivo para Bogotá­. O lançamento dos concursos region-ais do DocTV Colô­mbia está­ previsto para maio de 2007. O orçamento dos projetos deve ser de até 50 milhões de pesos colombianos, algo em torno de US$ 22 mil. o DocTV brasileiro já­ havia gerado um programa semelhante envolvendo vá­rios países, o

DocTV Ibero-America.

Paula Cosenza Gisela Camara Tuca Paoli

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TELEFILMES APOIADOS

A produção de telefilmes no Brasil ganha força com um acordo assinado entre a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e a Fundação Padre Anchieta (mantenedora da TV Cultura) para a realiza-ção de 13 projetos desse tipo. O Estado disponibilizará­ R$ 2,7 milhões, por meio do Programa de Ação Cultural, mas o projeto envolve R$ 5,4 milhões, já­ que a TV Cultura investirá­ ainda R$ 1,2 milhão em dinheiro e R$ 1,5 milhão em mídia e espaço na programação.

Os projetos serão escolhidos por meio de editais, que serão publicados e supervisionados pela emis-sora educativa. Ao todo, serão escolhidos 13 projetos de telefilmes com 48 minutos em formato de documentá­rio, que serão exibidos no programa “Janela Brasil”. Cada filme selecionado receberá­ R$ 300 mil, e deverá­ ter como tema “Brasil Invisível”, reproduzindo o que acontece no País e que não é veiculado pela grande mídia.

Versão internacionalCom o intuito de ser um contraponto às redes globais de notícias baseadas nos EUA, foi

lançado em 31 de outubro — com quase cinco meses de atraso em relação à data planejada origi-nalmente — a Al Jazeera Internacional, canal de notícias totalmente falado em inglês lançado pela

rede á­rabe. O canal será­ transmitido a partir de quatro centrais, além de dezenas de sucursais espalhadas pelo mundo. As sedes de transmissão são Doha (Catar), kuala

Lumpur (Malá­sia), Londres e Washington. Para 2007, a rede prepara um novo canal, só de docu-mentá­rios. No Brasil, o canal é distribuído às operadoras pela Multipole.

Esforço localFilmar o longa-metragem “A Antropóloga”, de Zeca Nunes

Pires, não foi tarefa fá­cil. As filmagens aconteceram quase total-mente na Costa da Lagoa, comunidade de pescadores da ilha de Santa Catarina, cujo acesso é feito apenas por barco. O filme, que narra a história de Malu, uma etnobotânica açori-ana que chega a Santa Catarina para pesquisar a utilização de ervas na medicina alternativa, foi produzido pela Mundo Imag-iná­rio, com co-produção da Casablanca/Teleimage, Quanta e Acqua-Fredda, e animações de érico Monteiro. No elenco, apenas Larissa Bracher, a Malu, é do Rio de Janeiro. Os outros atores são moradores da própria comunidade.

Desafio em plano-seqüêcia

A produtora gaúcha Clube do Silêncio e o dire-tor Gustavo Spolidoro par-ticipam de uma produção inusitada em Porto Alegre: o longa metragem “Ainda Orangotangos” será­ roda-do em uma única tomada, sem cortes. O filme é uma seqüência de pequenas histórias, vivenciadas por gente comum no ambi-ente urbano, baseado no livro de contos homô­nimo do escritor gaúcho Paulo Scott. A filmagem acontece em dezembro durante seis dias na região central da capital gaúcha.

A captação, em digital, será­ feita na proporção de uma tomada por dia (no total, serão seis toma-das, que devem totalizar os 85 minutos previstos para o filme).

Com produção executi-va de Camila Groch e Jaque-line Beltrame e produção do projeto de Cristiane Oliveira, o filme será­ realizado com R$ 1 milhão, valor oferecido como prêmio do Concurso de Baixo Orçamento do Ministério da Cultura.

A ToDo VAPoRA ESTAção � PRODUZIU A

CAMPANHA DA FABRAQUINTERO PARA A oNG CARPE DIEM, VOLTA-

DA AOS DEFICIENTES INTELEC-TUAIS. O FILME DE 30 SEGUNDOS MOSTRA OS BASTIDORES DE UM COMERCIAL, NO QUAL A EQUIPE

DE PRODUçãO é COMPOSTA POR DOIS PORTADORES DE DEFICIêN-CIA INTELECTUAL, INCLUSIVE O

DIRETOR DO COMERCIAL FICTíCIO. A IDéIA é REFORçAR A QUESTãO DA INCLUSãO DOS DEFICIENTES.

A CRIAçãO é DE AlExANDRE MANISCk E héRCulES FloR-

ENCE, COM DIREçãO DE CRIAçãO DE PASChoAl FABRA NETo. A

DIREçãO DO FILME é DE JoRGE SolARI.

Tchau, tchau, futebolCansada das obrigações contratuais, a Rede Record não se associará­ à Globo na

transmissão dos jogos de futebol dos campeonatos Brasileiro, Paulista, Copa do Brasil e Taça Sul-Americana, em 2007.

A razão alegada pela Record foi a obrigação contratual determinada pela Globo de exibir a mesma partida que ela aos domingos e não ter a melhor opção para os jogos das quartas-feiras. Segundo comunicado da Record à imprensa, “os índices registrados nas transmissões, em virtude desta imposição, comprometem os resultados de audiência desejados pela Record”. A emissora deve concentrar seus esforços em 2007 na transmissão dos jogos da Liga dos Campeões (futebol europeu) e na preparação e cobertura do Pan-2007.

“A Antropóloga”

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PREMIADo PElo MuNDo

A série “Um Menino Muito Malu-quinho”, produzida pela TVE Brasil, levou o prêmio de melhor produção para o público até 12 anos na 33º edição do Nhk Japan Prize. O prêmio foi recebido em 30 de outu-bro pela diretora geral da TVE, Rosa Crescente. A produção foi selecio-nada entre 55 programas de 27 países.

Além desse, a série já­ recebeu outros três prêmios — melhor média metragem de ficção, Signis da Associação Católica Mundial para a Comunicação, e público infantil —, na 15º Edição do Festival Internacional de Cinema para Crianças e Jovens, o Divercine, realizado em julho pas-sado em Montevidéu, no Uruguai.

“Um Menino Muito Maluquinho” também foi selecionado no Prix Jeunesse 2006, em Munique, na Alemanha; no Cineport 2006 — Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa, em Portugal; e no último Festival Internacional da Televisão, em Barcelona. De 10 de novembro a 10 de dezembro, a série participa do 4° Festival Inter-nacional de Cinema Infantil — Fici, em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

“Um Menino Muito Maluquinho” tem direção de César Rodrigues, roteiro de Anna Muylaert e adaptação para TV de Anna Muylaert e Cao Hamburger, com supervisão de conteúdo de Beth Carmona e Rosa Crescente, e é uma parceria com o Ministério da Cultura, Ministério da Educação, e patrocínio da Petrobras.

GESTãO DEMOCRáTICA

Três anos após a fusão entre a AD Videotech e a Line Up, que deu origem à AD Line, as duas empresas se separaram e voltaram a atuar indepen-dentemente.

A antiga AD Videotech passa agora a se chamar AD Digital. Segundo Carla Vicente, da AD Digital, a empresa passa agora a trabalhar de maneira mas focada no desenvolvimento de projetos.

Um dado interessante é que a AD Digital vem adotando novas prá­ticas de gestão que envolvem a participação de todos os funcioná­rios na tomada de decisões. “Até o nome da nova empresa e o logo foram escolhidos por votação”, conta Carla. Os funcioná­rios (chamados de co-gestores) decidirão inclusive como srá­ feita a participação nos lucros da empresa. “é um sistema que funciona bem, e cria um grande comprometimento das pessoas com a empresa”, comemora Carla.

“Maluquinho”, da TVE: primeiro lugar no Japão.

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Caom 18 anos, Lula Gonzaga botou o pé na estrada: pegou uma carona e se abalou até o Rio de Janeiro

atrá­s de um sonho ambicioso para um garoto que cresceu em um bairro humilde de Recife, irmão de outros cinco filhos de um barbeiro. Fui ao cinema pela primeira vez com 15 anos. Fiquei encantado com aquele mundo paralelo, as pessoas não morriam, não envelheciam. Decidi: ‘Vou fazer esse negócio aí’. Chegou no Rio sem ter onde ficar, só com o contato de um conhecido. Em pouco tempo, começou a vender livros, na tentativa de se aproximar dos lugares em que poderia conhecer alguém que o levasse para o mundo do cinema.

Vendia enciclopédias e um de seus pontos de venda era a Sursan, empresa de limpeza pública. Foi onde ele conheceu uma pessoa que o colocou em contato com uma das maiores produtoras do Rio. Fui trabalhar com desenho animado, entrei numa vaga de limpador de acetato. Como o lugar tinha turno da noite, pra mim foi ótimo. Eu morava num subúrbio, e comecei a dormir lá. Ainda ganhava o tíquete do jantar. Durante a noite, ficava estudando, aprendendo tudo o que era possível.

Em pouco tempo, pegou o traço e foi percorrendo todas as funções na á­rea de animação. Mas também queria trabalhar em filmagens ao vivo e soube de uma vaga na produtora dos irmãos Faria (incluindo o ator Reginaldo e o diretor Roberto). Era um filme com o Flavio Migliaccio, ‘Aventuras com Tio Maneco’ [1971]. A vaga era para motorista de kombi e lógico que eu topei na hora. Durante o filme, fui ficando amigo do Flavio e subindo de função, passei pela produção, pela cenografia, fiz tudo. Quando terminou, ele me pediu pra ficar com ele e durante um ano e meio ainda acompanhei a pós-produção do filme.

Nesse período, Lula produziu seu primeiro curta e ganhou todo o suporte do amigo para finalizá­-lo. Eu trabalhava com ele na Cooperativa Brasileira de Cinema, no

Nordeste. Para facilitar, Lula foi com Moreno para a então Iugoslá­via. Dali, foi estudar a animação de bonecos na então Tchecoslová­quia.

Na volta, queria ficar em Pernambuco, mas ia acabar no Rio novamente. Aí o prefeito de olinda me chamou para assumir a área de cinema na Prefeitura. olinda não tinha cinema e ele queria priorizar isso. Montamos um cinema de arte, o Cine Bajado, em homenagem a um artista plástico local, muito ligado ao cinema. lançávamos todos os curtas, passávamos filmes do mundo inteiro.

Foi lá­ que Lula organizou o primeiro Encontro Brasileiro de Animação, em 1987, dentro de um grande encontro cultural da cidade. Foi a primeira iniciativa do gênero, que inspirou o Anima Mundi. Assumiríamos o Cine olinda, uma construção antiga e abandonada. Mas mudou o prefeito.

Lula criou então um projeto de produção itinerante, com um estúdio móvel, patrocinado pelo Sesc. Andamos o Norte e o Nordeste todos, de Sergipe a Roraima. Tinha um acervo estruturado de filmes em 1�mm, que eu levava de ônibus para as escolas. Fazíamos filmes com desenho direto na película.

A experiência de oficinas e exibições populares começou nessa época e até hoje é uma das atividades principais de Lula. Hoje, seu projeto se transformou no Ponto de Cultura Cinema de Animação, instalado em Igaraçu (PE), parte do projeto Cultura Viva, do Ministério da Cultura. Ele trabalha com cerca de 30 jovens, ensinando-os a produzir filmes de animação e a defender o patrimô­nio histórico local. Fizemos vários filmetes com os personagens do folclore local, que vão do urso Maluco Beleza do Carnaval de olinda até Alceu Valença. Além da produção, ele também leva os filmes e a educação patrimonial para o circuito das cidades históricas pernambucanas.

(lIzANDRA DE AlMEIDA)

O professor de Igaraçu

Catumbi. Meu filme foi vendido para passar em sala de cinema, na época da lei do Curta, e ainda ganhei um dinheiro. Quis dividir com o Flavio, mas ele não aceitou.

Final da década de 1970, Lula começou a pensar em voltar para o Nordeste, com a idéia de montar um núcleo de produção de desenho animado na região. Imagine: o Nordeste é a região com maior quantidade de artesãos. Além disso, é um universo mágico, místico. Eu pensava no potencial de criação de empregos que o desenho poderia criar. Ele então apresentou um projeto de núcleo para a Embrafilme e foi contemplado, planejando produzir quatro

histórias. Lula foi atrá­s de novos talentos nas escolas públicas e armou o núcleo na ilha de Itamaracá­. Algum dia alguém leu os roteiros e o dinheiro nunca saiu. As histórias são atuais até hoje. A idéia do núcleo parou por aí.

Pouco depois, porém, o Governo Federal abriu inscrição para três bolsas de estudos de animação fora do País. Marcos Magalhães foi para o Canadá­. Lula e Antonio Moreno, professor da Universidade Federal Fluminense, foram para o Leste Europeu. Tinha dois pré-requisitos: ter curso superior e falar outro idioma. Eu não tinha nenhum dos dois, mas peguei a vaga do

lulA GoNzAGA

o NoRDESTE é uM uNIVERSo MáGI-Co. Eu PENSAVA

No PoTENCIAl QuE o DESENho PoDIA CRIAR.

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Multi-tarefaO roteirista, diretor e edi-

tor geral Bebeto Arantes foi contratado pela Mixer para atuar em todas as bandeiras da produtora. Arantes dirigiu, entre outros, os documen-tá­rios: “Recife/Sevilha — João Cabral de Melo Neto” e “TV — Quem Faz, Quem Vê”, sobre a história da televisão brasileira, e roteirizou as séries: “7 X Bossa Nova” e “Eco-Aventura: Amazô­nia” (finalista do Emmy Awards 2000). O profissional chega à Mixer após trabalhar nos últimos três anos na Giros Produções.

Brasileiro no júriO diretor de criação da

Datamida,FCBi, Marcelo Carnevale, será­ um dos jurados da 29ª edição do prêmio de marketing direto John Caples, que acontece no dia 13 de novembro, em Nova York. Participam do júri cerca de cem criativos de todo o mundo, sendo apenas dois da América Latina.

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Nova gerênciaA agência A1 Brasil contratou uma nova gerente de

contas: karen Steuer. Ela chega para atender os clientes HSBC, Bridgestone, Hotel Transamérica, Bayer e Philips. Antes da A1 Brasil, karen passou pela 5.6 Filmes e W/Bra-sil Publicidade.

Projetos de webA Navigators Comunicação

e Marketing contratou Stela Garcia para fortalecer a sua equipe de web. A nova gerente de projetos chega para dar suporte ao atendimento de novas demandas dos clientes da empresa. Entre os principais projetos que vai atender estão Brasilprev e Procomex. Stela já­ atuou como programadora de mídia e coordenadora de conteúdo no hpG e no Ig, além de ser vice-presidente da Abraweb (Associação Brasileira de Webdesigners).

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Em busca do desenvolvimentoBNDES lança crédito para o setor audiovisual. Quatro linhas de financiamento prometem promover o desenvolvimento da indústria, mas exigem um mercado mais maduro como contrapartida.

O tão prometido choque de capitalismo na indústria audiovisual parece estar mais próximo. A diretoria

do BNDES aprovou a criação do ProCult (Programa de Apoio à Cadeia Produtiva do Audiovisual), com linhas de financiamento no valor de R$ 175 milhões. Trata-se de uma novidade importante para um setor que se mantém calcado em leis de incentivo fiscal e apresenta grandes dificuldades para levantar investimentos na distribuição, exibição e infra-estrutura. E, o mais importante, não se tratam de investimentos a fundo perdido, como acontece com os mecanismos das leis de incentivo, exigindo, portanto, a estruturação e profissionalização das empresas do setor. “Mais que o lucro, o BNDES busca com o programa o desenvolvimento do setor, e a melhor forma de investir no desenvolvimento é através de reembolsá­veis”, diz Sérgio Sá­ Leitão, assessor da presidência do banco para assuntos de cultura. Vale destacar, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econô­mica Aplicada (IPEA), o conjunto do setor respondeu em 2004 por 5% dos empregos formais do país.

O programa do BNDES procura atender a todas as á­reas da cadeia do audiovisual, contando com quatro linhas de financiamento, voltadas à produção, à comercialização, à infra-estrutura e à exibição. Poderão ser beneficiá­rias dos recursos produtoras brasileiras independentes, distribuidoras nacionais independentes, exibidores que atuem no território nacional e empresas prestadoras de serviço de infra-

Fernando Lauterjungf e r n a n d o @ t e l a v i v a . c o m . b r

estrutura, como aluguel de equipamentos, finalização, edição, pós-produção.

As novas linhas adaptam-se às necessidades e possibilidades do setor, mantido o foco essencial na mitigação do risco de crédito. Não apenas as taxas de juros, mas também as garantias aceitas pelo BNDES foram desenhadas especificamente para o setor audiovisual, caracterizado pelas intangibilidades dos seus ativos. Por exemplo, as garantias podem ser com base em recebíveis, numa variante do modelo de project finance. Assim, poderão ser aceitos como garantias contratos de pré-venda de direitos de distribuição de filmes, de investimento via mecanismos de incentivo fiscal, penhor de receitas de bilheterias — no caso de salas de cinema —, entre outros. O adiantamento de

recebíveis, lembra Sá­ Leitão, é uma das formas de financiamento mais usadas na produção na Europa e nos Estados Unidos. “é uma indústria peculiar. Temos de considerar como garantias reais os recebíveis”, explica. “Também, é claro, vamos trabalhar com composições formadas por recebíveis mais as garantias reais.” Como garantias reais, podem ser considerados catá­logos de filmes, por exemplo.

Além da diferenciação no trato das garantias, o programa permite o acesso direto dos tomadores ao BNDES para operações a partir de R$ 1 milhão. O padrão é de, no mínimo, R$ 10 milhões. Valores abaixo desta quantia teriam que ser financiadas através de outros

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agentes financeiros, acarretando em spreads maiores. As taxas de juros adotadas são formadas pela TJLP (6,85%) acrescidas de um spread que pode variar de 1,8% a 3,8% ao ano, de acordo com a classificação de risco do financiamento. O prazo para o pagamento é de oito anos, incluindo a carência, que é negociá­vel. Além disso, a dívida pode ser saldada em uma única parcela.

Produção e comercializaçãoA linha de financiamento para

a produção é destinada exclusivamente a projetos de produção independente e os tomadores podem ser produtoras independentes ou ainda empresas de comercialização de conteúdo, como programadoras de canais e distribuidoras, contanto que o valor financiado seja destinado a produções independentes. Seria difícil prever produtoras recorrendo à linha. Mas, com a aceitação de recebíveis como garantia, o cená­rio previsto muda radicalmente. “Muitas vezes, os produtores conseguem contratos com distribuidoras ou programadoras internacionais para receber quando o filme for entregue. Nestes casos as produtoras precisam, de alguma forma, buscar um adiantamento”, explica Sérgio Sá­ Leitão. Com o contrato firmado em mãos, as produtoras têm um recebível como garantia. A possibilidade de quitar a dívida em uma única parcela é particularmente interessante para estes casos, já­ que, uma vez pronto o filme, a produtora receberá­ o valor para saldar o financiamento.

Já­ a linha voltada à comercialização, podendo atender qualquer tipo de empresa que distribua e comercialize produtos audiovisuais, mostra-se a mais versá­til e, provavelmente, a que tenha maior sucesso em uma meta desenvolvimentista. “Esta linha foi criada da forma ‘mais solta’ possível, vislumbrando novos modelos de negócio, diferentes formas de

advertisement). Mas o mais interessante é que o financiamento pode ser usado na aquisição de títulos, prontos ou em produção, brasileiros ou não. Explica-se: a idéia é fortalecer as empresas distribuidoras, que, ao terem financiamento para compra de títulos inclusive internacionais, conseguem trabalhar com uma carteira de produtos

mais forte e rentá­vel. “Além disso, ao ter acesso ao filme estrangeiro, as distribuidoras independentes também terão acesso ao Artigo 3º da Lei do Audiovisual”. Vale lembrar, trata-se do mecanismo que permite que as distribuidoras abatam parte do imposto recolhido sobre a remessa de valores ao exterior para investimento em produções independentes.

Outro modelo que esta linha contempla é a venda de produções brasileiras no exterior.

Infra-estrutura e exibiçãoA terceira linha pode ser usada

para o financiamento de toda sorte de despesas das empresas de infra-estrutura, incluindo equipamentos. Podem ser tomadores locadores de equipamentos, finalizadoras, produtoras, comercializadoras etc. “O mercado já­ trabalha tomando toda a sua capacidade de produção. No mês de setembro, era difícil encontrar um estúdio livre no Rio de Janeiro ou em São Paulo”, diz Sá­ Leitão.

Dentro desta linha está­ o projeto que a Quanta desenvolve para a conclusão e finalização dos estúdios que construiu na Vila Leopoldina, em São Paulo. Para Edina Fujii, da Quanta, o governo sempre teve os olhos voltados para a realização de obras audiovisuais, deixando o setor de infra-estrutura sem acesso ao financiamento. “O BNDES está­ tendo olhos para a infra-estrutura de base, com condições adequadas para um mercado que não apresenta

comercialização”, explica o assessor da presidência do BNDES. Poderão ser contempladas, por exemplo, programadoras que queiram explorar novos serviços, como IPTV, ou ainda empresas que vendam conteúdo audiovisual pela Internet, através de download do conteúdo.

Os recursos desta linha podem ser usados para montar a infra-estrutura técnica de uma distribuidora (no caso de empresa especializada em venda de conteúdo pela Internet, o financiamento poderia ser usado na aquisição de servidores, por exemplo), nos custo de comercialização dos filmes (o chamado P&A, da expressão em inglês print and

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“é uma indústria pecliar. Temos de considerar os

recebíveis como garatias reais.”

Sérgio Sá leitão, do BNDES

TAMBéM PARA A TV DIGITAl

Em agosto, durante o Congresso da SET, em São Paulo, o BNDES confirmou que havia estudos sobre linhas de financiamento para a transição para a TV digital, e que entre eles ha-viam estudos para financiamento da produção de TV. “Em princípio, o BNDES não vê prob-lemas”, disse então Alan Fischler, responsá­vel pelo setor de telecomunicações e comunicação do banco estatal.

Ao que tudo indica, ainda este ano o BNDES finalizará­ o projeto para financiamento das emissoras de radiodifusão no processo de tran-sição para a TV digital. Ainda não é certo, con-tudo, se a linha terá­ um valor pré-definido ou se será­ aberta. Já­ se sabe que não serão mudadas as regras do BNDES em relação a garantias e pré-condições para obtenção dos recursos. Ou seja, será­ necessá­rio às emissoras interessadas comprovar gestões estruturadas e balanços auditados, além de garantias materiais. é quase certo que o financiamento à produção de con-teúdo será­ incluído, e é muito prová­vel que haja clá­usulas que incentivem uma migração mais acelerada para a TV digital. (SAMuEl PoSSEBoN)

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faturamento grandioso. Não somos a Volkswagen”, diz. Para ela, a linha de financiamento apresenta “um passo para dar suporte à realização do audiovisual”.

Vale explicar, o projeto inclui a construção e preparação de um conjunto de estúdios amparados por vá­rias empresas de infra-estrutura. A idéia é baratear o custo de produção, na medida em que junta em um único lugar toda a infra-es-trutura, contando com locadoras de equipamentos de iluminação, movi-mento de câmera, câmera, cather-ing etc. “é possível cortar o número de diá­rias de uma produção pela metade. Além disso, a produtora só pagará­ pelos equipamentos que efetivamente usar”, explica Edina.

O custo total do projeto, tocado por uma holding formada pela própria Quanta, a Motion, a Feeling Eventos e a Hollywood, é de R$ 15 milhões. E é este o valor buscado junto ao BNDES.

O BNDES já­ havia apresentado uma linha de crédito para o setor de exibição em 2004. A linha apresen-tada no novo pacote conta com al-gumas mudanças que se mostraram necessá­rias no período. A linha pode ser usada na con-strução, reforma e atualização das salas de cinema. Uma novidade é que agora também poderá­ ser usada

Além da linha de financiamento, o BNDES também estudará­ o investi-mento no setor através da aquisição de participação nas empresas.

Sérgio Sá­ Leitão diz que o banco, entre julho e setembro, analisou empresas para fazer investimentos, seja por financiamento, seja através da aquisição de cotas. “As conversas avançaram em cerca de 20 empre-sas, sendo que temos dez operações em processo, das quais três devem ser anunciadas até o final deste ano”.

O programa do BNDES, ao qual foram destinados R$ 175 milhões, vai até o dia 31 de dezembro de 2008. “Mas o valor e o prazo podem ser ampliados, conforme a demanda do setor”, adianta Sérgio Sá­ Leitão.

por fabricantes de equipamentos espe-cíficos para salas de cinema. Mas o mais importante é em relação às garantias, já­ que agora os exibidores podem apresen-tar a própria bilheteria como se fosse um recebível.

ProfissionalizaçãoSegundo Sérgio Sá­ Leitão, o maior

temor do BNDES em relação a um pro-grama voltado ao audiovisual era em relação à baixa capacitação para a gestão de negócios. “Com exceção das emissoras e programadoras, não havia uma gestão profissional, mas o setor está­ evoluindo e podemos encontrar empresas profis-sionais até mesmo no elo mais frá­gil do setor: a produção”, diz, justificando que algumas produtoras já­ buscam formas de variar sua formação de carteiras de produtos e serviços.

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EDITAl 200�O BNDES anunciou no final de outubro a lista dos 20 filmes escolhidos no pro-

cesso de Seleção Pública de Projetos Cinematográ­ficos de 2006. Para o apoio deste ano, foram destinados R$ 12,8 milhões para longas dos gêneros ficção, animação e documentá­rio, nas categorias produção e finalização. São R$ 2,8 milhões a mais que no ano passado. Segundo nota do banco, um dos fatores que mais influenciaram na escolha foi o potencial de público para os filmes e sua perspectiva de desempenho no mercado.

Foram inscritos 166 projetos, e os membros externos da Comissão de Seleção escolheram 30 filmes. Os responsá­veis pelos projetos finalistas fizeram então uma exposição oral dos projetos à comissão, que selecionou os 20 contemplados. O banco destaca ainda que, entre os selecionados, 16 têm distribuição assegurada e os outros quatro têm cartas de intenção de distribuidores.

Foram contemplados com R$ 1 milhão filmes de alto orçamento da categoria produção, dos gêneros animação e ficção. Filmes inscritos na categoria finalização, filmes da categoria produção que sejam do gênero documentá­rio e filmes da mesma categoria que sejam do gênero ficção e com orçamento mais baixo rece-beram apoio de R$ 400 mil.

o ministro da Cultura, Gilberto Gil, e o presidente do BNDES, Demian Fiocca.

Edina Fujii, da Quanta, e orlando Senna, do MinC: projeto de R$ 15 milhões em infra-estrutura.

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Trincheiras abertasCom a compra da TVA pela Telefô­nica, mercado de TV por assinatura se torna o principal palco de uma batalha que terá­ em lados opostos os dois maiores grupos de mídia do Brasil e os dois maiores grupos de telecomunicações estrangeiros que operam no País.

Para quem pensava que o agitado ano da TV por assinatura já­ havia mostrado todas as suas movimentações em

setembro, com a compra da Vivax pela Net Serviços, um capítulo novo surgiu no final de outubro: a TVA foi comprada pela gigante Telefô­nica. Não se pode dizer que seja um fato inesperado, mas talvez tenha sido o mais significativo em termos políticos.

Até aqui, a Embratel, sócia da Net Serviços, reinava sozinha no mercado de TV paga. A Net parecia ser a única que tinha uma verdadeira disposição empresarial de levar adiante os planos de oferecer serviços de TV paga, banda larga e telefonia. A Telefô­nica, que até então flertava com tecnologias como DTH e IPTV, negociou com o grupo Abril a fusão com a TVA. Será­ uma manobra lenta, que depende de aprovações regulatórias. Em síntese, a Telefô­nica assume as operações de MMDS e, no caso da operação de cabo da cidade de São Paulo, fica com 19,9%, até que a legislação permita uma ampliação desse percentual. Nas demais operações de cabo, também serão observados os limites legais. Para o grupo Abril, além da possibilidade de embolsar uma quantidade significativa de dinheiro (a TVA foi avaliada em cerca de R$ 1 bilhão), ficou ainda o acordo para a produção de conteúdo para a Telefô­nica, o que marca a volta do grupo

Net Serviços é, por óbvio, a briga da Embratel/Telmex, que busca se consolidar na disputa pelo mercado local de telecomunicações.

Os argumentos colocados pela Net são os mesmos defendidos pela ABTA, que por sua vez já­ se manifestou em duas ocasiões formalmente junto à Anatel: quando pediu à agência que não permita que a Telemar adquira a WayTV e;

quando pediu que a Anatel não dê uma

licença de DTH para a Telefô­nica. Ambas as manifestações datam de setembro deste ano. A ABTA destaca as questões concorrenciais, colocadas pela Net, e traz ainda argumentos jurídicos, alegando que a Lei do Cabo fecha o mercado para concessioná­rias de telecomunicações, o que também está­ no contrato de concessão das teles fixas (clá­usula 14.1). Ou seja, o mercado de TV a cabo é restrito a empresas que não sejam concessioná­rias de telecom, por essa interpretação.

Há­ controvérsias, contudo, que serão decididas pela Anatel, mas apenas em 2007, como já­ anunciou a

Samuel Possebons a m u c a @ p a y t v . c o m . b r

ao mercado programador de canais de TV paga.

Seria mais uma negociação tranqüila, se não fosse um detalhe: entrou em rota de colisão com a estratégia da Net Serviços, da DirecTV/Sky e da própria ABTA. O resultado: Abril e Telefô­nica, sócias da TVA, de um lado; Globo e Telmex (acionistas da Net) e News (da DirecTV/Sky) de outro, em um movimento de oposição que talvez nunca tenha sido visto na história da TV por assinatura no Brasil.

AlinhamentoPara entender os argumentos de

parte a parte: a Net Serviços defende abertamente que o governo restrinja o mercado de TV por assinatura, excluindo dele as concessioná­rias de telefonia local. A Net tem uma estratégia clara de oferta

de serviços combinados de vídeo, dados e voz, e acredita que, ao ter algo que as teles não têm (vídeo), trará­ para si e para o setor uma vantagem competitiva frente ao que chama de “monopólio das fixas”. A briga da

“Teremos um duopólio no Brasil (Net e Sky), sendo que a Globo é sócia e fornece programação para as duas.”leila loria, da TVA

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própria agência. Até lá­, nem a Telemar estará­ autorizada a comprar a WayTV, nem a Telefô­nica terá­ sua licença de DTH, muito menos poderá­ concluir a compra da TVA.

Dois interessesO problema é que esta

posição é incompatível com a possibilidade de que a Telefô­nica entre no mercado de TV por assinatura comprando a TVA. Ou pelo menos, comprando a TVA em São Paulo, onde ela atua como concessioná­ria de telefonia.

Foi diante desse impasse que se deu uma significativa divisão de interesses no setor de TV paga. é uma guerra geopolítica, entre TVA/Telefô­nica e Net/Embratel. Como tem interesse de resguardar seu mercado, a DirecTV/Sky também é contra. As demais operadoras de cabo, como querem ser vendidas (ou para a Net ou para alguma tele) evitam falar alto. Os programadores, que querem vender para todos, também não entram na polêmica.

“Para que haja equilíbrio no mercado de telecomunicações como um todo, é preciso que haja um desequilíbrio, que se chama TV por assinatura. é ela que vai fazer o mercado de banda larga e voz ficar mais equilibrado”, diz Francisco Valim, presidente da Net Serviços. Ele lembra que, no passado, o próprio governo criou uma situação de desequilíbrio para impulsionar o mercado de telefonia móvel ao desequilibrar a VU-M (interconexão da rede móvel, que favorece as empresas de telefonia celular).

Especificamente no caso da TVA, que vendeu suas operações para a Telefô­nica, Valim disse que há­ artifícios para a concretização da operação. “Não dá­ para querer separar, em São Paulo, a operação de MMDS e a operação de cabo. é uma coisa só.” Para o executivo da Net, a TVA poderia ter inclusive procurado uma tele para fazer o negócio, desde que não a tele monopolista no mercado. “Não teria problema algum tentar vender a operação de São Paulo para a Telemar ou para a Brasil

em defesa da Telmex, uma empresa monopolista no mundo todo, que está­ comprando tudo no Brasil e que está­ com esse falso discurso de combate ao monopólio”, diz Leila Loria, diretora superintendente da operadora. “Quando a Sky e a DirecTV anunciaram a fusão, a Net disse que se os operadores do céu estavam se unindo, o mesmo precisava acontecer

com os da terra. Só que eles querem ser os únicos operadores da terra. Vamos ter um duopólio no mercado de TV paga do Brasil, sendo que a Globo é sócia das duas empresas operadoras e fornece a programação das duas”, diz Loria.

O resumo da confusão é o seguinte: enquanto o mercado de TV por assinatura ferveu em 2006 com a fusão entre DirecTV e Sky, a abertura em bolsa com estrondoso sucesso

da Vivax e, posteriormente a sua fusão com a Net Serviços e, agora, a aquisição da TVA pela Telefô­nica, abre-se uma frente de batalha monumental para 2007. As teles virão com tudo, e haverá­ reação. De lados opostos estão os dois maiores grupos de mídia do Brasil, Globo (com

o reforço da News Corp) e Abril. De lados opostos também estão duas das maiores teles estrangeiras operando no Brasil: Telmex e Telefô­nica. No horizonte, decisões complicadas a serem tomadas pela Anatel e pelo Cade. E no meio do campo de batalha, o setor de TV por assinatura. O ano que vem promete!

Telecom, ou a operação do Rio para aTelefô­nica”.

José Fernandes Pauletti, presidente da Abrafix, associação que representa

as teles fixas, não pensa assim, evidentemente. “Coloca-se o mercado de voz como um monopólio, mas é preciso separar as coisas antes de fazer tal afirmação. Há­ o mercado de longa distância, que é competitivo, e há­ o mercado de voz nas redes móveis, que hoje têm a maior parte dos acessos e competem diretamente com as fixas. E mesmo no mercado fixo, temos que excluir das contas todos aqueles assinantes que são atendidos pelas operadoras nos mercados onde ninguém mais se interessa, onde só a incumbent é opção, por conta da universalização prevista na regulamentação”, diz. Segundo Pauletti, hoje só existe um grupo econô­mico que pode atuar em todos os mercados, que é a Telmex. “Não tem problema nenhum eles poderem disputar voz, dados, celular e TV paga. Mas por que só eles?”.

A TVA, que agora precisa defender a sua negociação com a Telefô­nica, está­ igualmente agressiva. “Chega a ser ridículo o papel da ABTA

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“Para que haja equilíbrio no mercado de telecomunicções como um todo, é preciso que haja um desequilíbrio, que se chama TV por assinatura.”Francisco Valim, da Net

“Não tem problema nenhum eles

(Telmex) poderem disputar voz, dados,

celular e TV paga. Mas por que

só eles?”José Fernandes Pauletti,

da Abrafix

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Canais latinos querem o BrasilProgramadoras presentes na Jornadas 2006, em Buenos Aires, esperam que entrada da Telefô­nica na TV por assinatura lhes abra as portas no mercado brasileiro.

A operadora de telecom — líder nas linhas fixas e móveis no mercado argentino — sequer estava presente

como expositora, mas só se falava na Telefónica na Jornadas 2006. Trata-se do evento da indústria da TV a cabo da Argentina, que aconteceu no final de outubro e começo de novembro em Buenos Aires.

Lá­, tal como cá­ (leia reportagem à pá­g. 18), a indústria da TV por assinatura marca posição veementemente contrá­ria à entrada das teles no negócio. A ATVC, associação argentina das operadores de TV paga e organizadora da feira, pediu já­ na cerimô­nia de abertura do evento, diante das autoridades do setor, rigor na aplicação da legislação, de modo que as gigantes das telecomunicações não ofereçam serviço de vídeo e não sejam tratadas como radiodifusores naquele país. Embora a TV paga na Argentina tenha índice de penetração de primeiro mundo (60%, com 70% de homes-passed), os operadores discordam de qualquer alteração na legislação que permita o ingresso deste novo player, chamado o tempo todo de “monopolista”.

Acontece que ecoa por sobre todo o continente a rá­pida expansão do serviço de DTH da Telefónica no Chile. O serviço chegou recentemente para competir com a operadora de cabo VTR, que oferece triple-play (vídeo, voz e dados), e já­ conta com quase 70 mil clientes adquiridos em menos de três meses, ao conjugar o serviço de telefone, TV por assinatura e Internet banda larga. Naquele país, a oferta de um pacote bá­sico de aproximadamente US$ 20 vem sendo considerada pelos programadores como uma opção que

ocorre exatamente devido à maciça penetração da TV paga entre a população. A disputa se dá­ num cená­rio totalmente diferente do brasileiro, onde menos de 3% do share de publicidade vai para os canais por assinatura. Hugo Canessa, presidente da Cadissa (Câmara Argentina de Distribuidores de Señales Satelitales), representando os canais de TV, reforçou a importância da indústria local de conteúdo, que se firma também como produtora e exportadora, e reclamou a campanha que há­ contra a publicidade na televisão por assinatura - os programadores de TV paga enfrentam um forte movimento, encabeçado pela TV aberta, para tirar a publicidade dos canais por assinatura. As autoridades sinalizam para uma regulamentação sem perseguição no trato dessa questão, visão combatida pelos canais pagos por acreditarem ser este um assunto meramente comercial.

CanaisDo ponto de vista do mercado

pan-regional, as programadoras

Edianez Parente, de Buenos Airese d i a n e z @ t e l a v i v a . c o m . b r

favorece o crescimento do mercado, e não sua canibalização.

FeiraA Jornadas é o grande evento do

mercado de TV paga da Argentina. Perdera força principalmente com a crise cambial de 2001. Mas desde o ano passado retoma aos poucos seu posto de importante ponto de encontro entre programadores que atuam em nível pan-regional junto aos seus clientes de vá­rios países latinos.

O presidente da ATVC, Walter Burzaco, afirmou no evento, entre outras coisas, que a convergência tem servido como desculpa para empresas invadirem e depreciarem a concorrência. “As empresas de telefonia não podem ser radiodifusoras, por ser esta uma função social”. Disse também que a penetração no cabo na Argentina é maior do que da telefonia e que ela será­ a melhor rede para levar Internet para toda a população. “Além de tudo, somos uma indústria totalmente nacional”, destacou.

Naquele mercado, entretanto, há­ uma disputa acirrada dentro da própria indústria. O duelo se passa entre os canais da TV por assinatura e os broadcasters, e >>

Inauguração da Jornadas 0�: Walter Burzaco (ATVC); Daniel Scioli,

vice-presidente da Argentina; e Jorge Telerman, prefeito de Buenos Aires.

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americanas presentes na feira se mostravam muito otimistas com a eminente entrada da Telefónica no segmento de TV paga na América do Sul. Oito entre dez programadores ouvidos por TELA VIVA disseram que já­ fecharam ou estão em negociações avançadas para entrar no line-up da operadora, que estreou no mercado chileno e agora também ingressa no Peru e Colô­mbia. Todos dizem, em especial os canais pan-regionais produzidos na própria América Latina e que ainda não conseguiram espaço para entrar nas operadoras do Brasil, que vêem a gigante da telefonia como a grande porta de entrada para o mercado brasileiro. Embora existam outras dificuldades naturais - todos os canais têm em comum a barreira do idioma, os traços de suas culturas locais e o fato de a TV brasileira ser de uma qualidade inquestioná­vel -, num primeiro momento elas são vistas como superá­veis se houver ao menos uma garantia de distribuição no mercado nacional.

Uma grande programadora pan-regional, como a Claxson, por exemplo, vê a entradas das teles no mercado com bons olhos. A programadora tem canais bá­sicos e os canais adultos, que são essenciais no avanço da digitalização — as operadoras de cabo da Argentina são as últimas grandes do continente a digitalizar suas redes, com promessa de início do processo pelas maiores, como a Cablevision/ Multicanal (agora uma só empresa), no começo de 2007. Juan Carlos Balassanian, gerente de vendas da Claxson para a região Sul (que abrange o mercado brasileiro), diz não achar que os programadores estejam sofrendo canibalização com a entrada destes novos players no mercado. A Claxson fechou com a Telefónica para as operações no Chile, Peru e Colô­mbia.

A Bloomberg Television, canal sobre o mercado financeiro com presença pan-regional, mantém conversações com as teles, afirma a executiva Claudia Wagner, que cuida da região e fica baseada em Nova York. O canal já­ tem contratos de streaming de vídeo com diversas operadoras de

no segmento de vídeo.Nesta seara de novos players no

mercado brasileiro, chama a atenção, ainda, o número de novos canais pan-regionais programados em países como Colô­mbia e Venezuela, que despontam no cená­rio como importantes produtores de conteúdo para o continente e como alternativas aos programadores pan-regionais de canais norte-americanos. São novos canais segmentados, para nichos como turismo, humor, público feminino e religião. Body Channel e Humor Channel, da Colô­mbia, e Sun Channel Tourism TV, da Venezuela, são alguns dos exemplos. Há­ também inúmeros canais religiosos (na maioria católicos).

Do BrasilNo espaço da feira — marcada por

estandes padronizados em módulos, para cerca de 70 expositores no centro de convenções de um grande hotel - um canal brasileiro em exposição atraía a curiosidade dos visitantes: a TV Brasil - Canal Integración, produzida pela Radiobrá­s e voltada para a América Latina. O canal de difusão nacional pan-regional está­ aberto no satélite, é gratuito e bilíngüe (português e espanhol) e, no evento, conseguiu fechar 20 autorizações para pequenos e médios operadores de países como Argentina e Peru.

telefonia móvel na região. A Sparrowhank (do canal Hallmark) tem um cronograma de lançamentos de canais e serviços para o próximo ano e já­ está­ na operação da Telefô­nica no Chile.

TV Caracol International (da Colô­mbia), Telefe International (Argentina) e até os sinais da Televisa Networks (México) engrossam a lista das programadoras que almejam ingressar no line-up de alguma operadora brasileira. Exceção fica por conta da Artear, também da Argentina. A programadora já­ descartava qualquer tentativa de ingresso na indústria da TV por assinatura no Brasil. Se for via Telefónica, então, nem pensar: a programadora pertence ao grupo Clarín, dono das operadoras de cabo Cablevision/Multicanal e que se opõe frontalmente à nova entrante

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uMA JANElA PARA Co-PRoDuçõES

A ABPI TV (Associação Brasileira das Produtoras Independentes de TV) fez pela primeira vez uma missão à

Jornadas. NSet, Dharma, Synapse e Pródigo estiveram no evento para um primeiro contato e reuniões com canais e produtoras locais a fim de estabelecer acordos para co-produções, vendas e parceiras. As produtoras brasileiras têm recebido sinalização de interesse por mui-tas das grandes programadoras da Argentina. Entre elas, a Claxson, a Telefe (que tem o canal Telefe International), a Pramer (canais como o Film&Arts), Action Group e a produtora argen-tina Cuatro Cabezas mantêm conversações com os associados da ABPI-TV.

Estandes na Jornadas 200�; evento aconteceu no centro de

convenções do Sheraton.

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ESTILO BRASILEIRO O canal Discovery Travel & Living incluiu

alguns destinos brasileiros no seu programa “Top Five”, que vai atrá­s do que há­ de bom e melhor na arte do viver bem. O programa, exibido nas noites de quinta-feira, aborda, entre outras, paisagens de Búzios/RJ; Fer-nando de Noronha/PE e Ilhabela/SP (foto). A capital paulista ganha destaque com seus restaurantes, casas noturnas e a rua Oscar Freire. A série é assinada pela argentina Cuatro Cabezas, e é apresentada por um ator - também argentino.

é QuANTo o CANAl ShoPTouR PRoJETA DE CRESCIMENTo EM RElAção

A 2005. NESTE ANo, o CANAl INVESTIu uS$ 1,3 MIlhão EM TECNoloGIA, AléM DE

TER PRoFISSIoNAlIzADo SuA GESTão.

MARCA Do lEão O canal MGM garantiu para o próximo ano a janela de canal bá­sico

dos filmes do estúdio que leva como logomarca o lendá­rio leão da Metro. Assim, o canal exibe, ao longo de 2007 o sucesso “Million Dollar Baby”. “Be Cool”, com John Travolta e Uma Thurman, também estréia no próximo ano na grade do canal.

TV no IG O IG (Internet Group) é o portal

brasileiro que se mostra mais atento às novidades no segmento audiovisual. Executivas da á­rea de conteúdo do site têm participado dos mercados internacionais, como o Mipcom, em Cannes, e de encontros dos canais internacionais com clientes, sempre em busca de mais atrações em vídeo para o seu serviço de banda larga. O portal já­ oferece conteúdo pago do

Cartoon Network (foto). O IG anunciou que bateu a casa do primeiro milhão de assinantes do seu serviço de provisão de acesso broadband, e figura hoje como o segundo maior do segmento no Brasil, atrá­s do Terra.

Nossa Senhora Um novo canal aberto religioso começa a se

expandir, e aproveita o furor causado pela visita que o Papa Bento XVI faz ao Brasil em 2007. Tra-

ta-se da TV Aparecida, no ar na cidade-sede da famosa Basílica de Nossa Senhora de Aparecida, na região do Vale do Paraíba, no Estado de S. Paulo, desde setembro de 2005. O canal chega na sintonia do canal 36 UHF em São Paulo e no 54 UHF no Rio, além de estar em outras cidades menores. A geradora está­ em nome da Funda-ção Nossa Senhora Aparecida, gerida pelos Missioná­rios Redentoristas do Santuá­rio.

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Família HallmarkA Sparrowhawk Channels, programadora do canal de filmes Hallmark

Channel (recentemente incluído no line-up da Sky), lança para a América Latina no primeiro trimestre de 2007 novos canais. Entre eles está­ o infantil kids Co., além do Movie 24, só de filmes de ação e direcionado ao público masculino, e que já­ existe na BSkyB, no Reino Unidos. Ainda, será­ lançado o TxT Big, serviço de oferta de conteúdos MMS (Multimedia Mes-sage Services) para celulares.

“Million Dollar Baby”, no MGM.

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T E L A V I V A • N O V 2 0 0 6 • 29

? VoCê SABIA QuE:nA ABPI-TV (Associação Brasileira das Pro-gramadores Independentes de Televisão) já conta com �� empresas em seu quadro de integrantes? oA PEQUENA COSETTE (FOTO), DE “OS MISERáVEIS” (LES MISéRABLES), VIROU ESTRELA DE ANIMê (DESEN-HO ANIMADO JAPONêS)? O CLáSSICO FRANCêS DE VICTOR HUGO FOI UM DOS DESTAQUES NO úLTIMO MIPCOM EM CANNES, PELA NIPPON NIMATION/FUJI TV. A MINISSéRIE TEM 52 EPISóDIOS DE MEIA HORA CADA. no badalado seriado “lost” não faz assim tanto sucesso em alguns países? Na TV ab-erta espanhola, por exemplo, anda tão mal de audiência que se cogita sua mudança

na grade para o horário da madrugada.oEM DEZEMBRO, A NICk FES-

TEJA SEUS DEZ ANOS NA AMéRICA LATINA? NA úLTIMA SEMANA DO

ANO, O CANAL PROMOVE UMA PROGRAMAçãO

COMEMORATIVA, COM ESPECIAIS DE “OS ANJINHOS” (FOTO), ENTRE OUTROS. AINDA, SERãO REA-PRESENTADOS OS

PRIMEIROS EPISóDIOS DE ALGUMAS SéRIES DO

CA- NAL DE DEZ ANOS ATRáS.oMichael Jackson volta a se apre-sentar num prêmio musical? Será no World Music Award 200�, em londres. o MGM mostra a festa, dia 10 de dezembro.

EM TERRA DE CEGoSERãO DIVIDIDAS ENTRE SãO PAULO E TORONTO, ENTRE JULHO E

SETEMBRO DE 2007, AS FILMAGENS DA VERSãO CINEMATOGRáFICA DE “ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA”, NOVO LONGA DO DIRETOR FERNANDO MEIRELLES, BASEADO NA OBRA DE JOSé SARAMAGO. TRATA-SE DE

UMA CO-PRODUçãO ENTRE BRASIL, CANADá E JAPãO E O ROTEIRO é ASSINADO PELO CANADENSE DON MCkELLAR. O ELENCO AINDA é MANTIDO EM SUSPENSE E, EMBORA A PRODUçãO ESTEJA ORçADA ENTRE US$ 25 MILHõES E

US$ 30 MILHõES, A IDéIA é, DE ACORDO COM MEIRELLES, MANTER-SE COMO UMA PRODUçãO INDEPENDENTE, SEM

PARTICIPAçãO DOS GRANDES ESTúDIOS.

Sopa de letrinhasA TElA Do CANAl DE INFoRMAçõES FINANCEIRAS BlooMBERG TElE-

VISIoN MuDou. AGoRA, há MAIoR ESPAço DEDICADo Ao VíDEo. TAMBéM NoS FINAIS DE SEMANA, QuANDo

oS MERCADoS ESTão FEChADoS, o VíDEo PREENChE A MAIoR PARTE DA TElA (DIR.).

Sinal do Warner Está­ no planos do Warner Channel ter uma programa-

ção diferenciada em diversos países na América Latina — atualmente, o sinal de vídeo é único em nível pan-regional. A informação é de Wilma Maciel, diretora de programação do canal para a região. De acordo com ela, à medida em que o mercado cresça, será­ possível programar canais em separado para as diversas regiões, segundo as preferências de cada audiência. No entanto, não há­ ainda nenhuma data à vista. Produção de séries nacionais para o canal tam-bém não é assunto para o momento, segundo ela.

Cinema na TV Luciano Moura, o diretor do episódio de estréia do seriado em cinco capítu-

los “Antô­nia”, que a O2 faz para a Rede Globo baseado em filme de Tata Amaral, também dirigiu outra minissérie para TV. Ele assina um dos capítulos de “Filhos do Carnaval”, produção da O2 para a HBO, minissérie que é um dos cinco concor-rentes do Brasil ao Emmy Internacional neste ano. Sobre “Antô­nia”, o diretor conta que o maior trunfo é a produção ser toda feita por gente de cinema, com lingua-gem cinematográ­fica e “timing” de TV. Cada episódio de “Antô­nia” consumiu seis diá­rias de filmagens, e suas locações foram na Vila Brasilândia, periferia paulistana.

“os Miseráveis”

“Antônia”

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Em setembro, entre o público adulto com TV por assinatura, quatro canais da Globosat ficaram entre os cinco mais

assistidos do segmento, tal como ocorrera em agosto, com a TNT mais uma vez ocupando o primeiro lugar. No entanto, com o aquecimento do noticiá­rio político no mês anterior à eleições, observa-se uma alternância nas colocações, com a ascensão da GloboNews que no mês anterior havia ficado no quinto lugar entre os canais de maior alcance (aqueles pelos quais passaram por mais de um minuto o maior número de indivíduos). Multishow, Universal Channel e SporTV completam a lista, que vem seguida de perto pelos canais Discovery e AXN.

O levantamento é feito pelo Ibope Mídia e considera o total de indivíduos de 18 anos ou mais com

(audiência - TV paga)

*universo 4.367.400 indivíduos *universo 951.400 mil indivíduos

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Acima de 18 anos* (Das 6h às 5h59)

De 4 a 17 anos* (Das 6h às 5h59)

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio

Total canais pagos 60,9 581 2:23:55

Cartoon Network 27,9 266 0:59:45

Nickelodeon 21,2 202 0:43:19

Multishow 15,2 145 0:27:41

TNT 15,0 143 0:33:58

Discovery kids 14,5 138 0:54:30

SporTV 9,1 87 0:27:21

Disney Channel 8,9 85 0:49:42

Jetix 8,5 81 0:36:13

Boomerang 7,7 73 0:33:11

Discovery 7,2 69 0:20:42

Telecine Premium 7,0 67 0:33:27

Warner Channel 6,8 65 0:17:23

Fox 6,6 63 0:18:42

AxN 6,5 62 0:13:14

universal Channel 6,2 59 0:19:12

Telecine Pipoca 6,0 57 0:36:19

Sony 6,0 57 0:16:07

SporTV 2 5,8 55 0:18:46

National Geographic 5,3 51 0:15:28

People + Arts 5,3 51 0:17:46

AlcAnce e tempo méDio Diário

30 • T E L A V I V A • N O V 2 0 0 6

GloboNews sobe entre os canais de maior alcance

TV por assinatura nas seguintes praças: Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte

e Distrito Federal (num total de 4,3 milhões indivíduos). Entre este público, o alcance diá­rio médio foi de 56,9%, ou 2,4 milhões de pessoas/dia, com um tempo médio diá­rio de audiência de duas horas e 28 minutos.

Já­ entre o público infanto-juvenil, numa faixa que vai de 4 a 17 anos nas mesmas praças, os canais Cartoon Network, Nickelodeon e Multishow foram os que apresentaram o melhor alcance diá­rio médio no mês, seguidos por TNT e Discovery kids. Para esta audiência (951 mil indivíduos), os canais da TV por assinatura tiveram um alcance diá­rio médio de 60,9%, ou 581 mil pessoas por dia, além de um tempo médio diá­rio de audiência de duas horas e 23 minutos.

(EDIANEz PARENTE)

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Transmissão do Mundial de Basquete, em setembro no SporTV.

Alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo Médio Total canais pagos 56,9 2.482 2:28:34

TNT 17,4 758 0:35:01

Multishow 12,9 561 0:19:31

GloboNews 12,2 533 0:33:54

SporTV 12,1 526 0:39:28

universal Channel 11,0 480 0:30:44

Discovery 10,7 467 0:24:05

AxN 10,6 465 0:22:06

Warner Channel 10,4 453 0:24:27

National Geographic 9,6 417 0:20:01

Cartoon Network 9,4 411 0:34:39

Sony 9,0 391 0:21:36

Fox 8,7 381 0:18:06

Telecine Premium 8,5 372 0:30:27

GNT 8,0 349 0:20:05

SporTV 2 7,7 337 0:27:09

People + Arts 7,5 328 0:18:43

Telecine Pipoca 7,5 326 0:39:21

Nickelodeon 7,0 306 0:27:59

hBo 6,6 287 0:30:03

Telecine Action 6,0 263 0:26:52

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Não disponivel

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32 • T E L A V I V A • N O V 2 0 0 6

(entrevista)

Em busca da união Novo presidente da Abert fala da missão de reagrupar as redes de televisão e fortalecer a associa-ção nas discussões ainda por vir, como a de uma Lei Geral de Comunicação.

A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rá­dio e Televisão) passou por mudanças siginificativas em 2006,

quando ganhou um novo estatuto e uma nova diretoria. Enfraquecida há­ alguns anos após uma clara divisão nos interesses das cinco grandes redes comerciais de televisão, a associação viu quatro cabeças-de-rede se desligarem, permanecendo então apenas a Rede Globo e afiliadas regionais. Para reverter a situação, e animados com o clima de união surgido dos debates sobre a TV digital, dos quais os broadcasters despontaram como os grandes favorecidos, os radiodifusores criaram um novo estatuto e elegeram como presidente Daniel Pimentel Slaviero, ligado ao grupo Paulo Pimentel, afiliado ao SBT no estado do Paraná­. Com as mudanças, SBT e Record já­ acenam com o retorno à casa.

Os novos objetivos para a Abert são atuar em defesa de seus associados na discussão do marco regulatório para o setor de comunica-ção; garantir o retorno das redes que deixaram a entidade e implantar uma diretoria executiva, que será­ respon-sá­vel pela gestão da associação. Nesta entrevista, o novo presidente conta como os radiodifusores enfrentarão este desafio.

TElA VIVA - é possível reagrupar as cabeças-de-rede em uma única associação?

DANIEl PIMENTEl SlAVIERo - Acho que sim, e estamos trabalhando bastante para que isso ocorra. A (discussão sobre a)

Dentro do estatuto, prevemos que a Abert deve ser um fórum de questões institucionais. Em hipótese alguma a Abert deve ser um fórum de questões comerciais, ou estará­ fadada ao fracasso. Dentro das questões institucionais, atuará­ apenas em questões nas quais haja interesse comum. Onde não houver consenso, a Abert, estatutariamente, não pode se manifestar, e cada emissora defenderá­ seu interesse individualmente. Esse é um dos grandes ativos do novo estatuto e da nova governança.

Devemos deixar claro que há­ um ambiente receptivo, tanto por parte do SBT quanto da Record. Eles têm a percepção dessa necessidade (de trabalhar conjuntamente) e das mudanças na Abert.

Centenas de emissoras estão em situação irregular. Sob o ponto de vista da Abert, é correto que essas emissoras recebam o canal de transição para a TV digital sem estar regularizadas?

O que nós entendemos, e o Ministério das Comunicações não definiu claramente, é que o ministério pode e deve exigir as mesmas condições a que nós já­ nos submetemos, que são questões de renovação de outorga, mudanças de sócios e outros pré-requisitos que já­ atendemos normalmente. Nós entendemos como um processo normal que estes mesmos documentos fiscais e tributá­rios sejam demandados. Já­ é um processo no qual o radiodifusor está­ acostumado, ou não conseguiria renovar concessão ou fazer uma mudança societá­ria.

TV digital mostrou, de forma cabal, que nós temos interesses comuns. Achamos que quando trabalhamos unidos, em prol de objetivos comuns, nossa chance de lograr sucesso é maior. Por outro lado, a Abert sofreu um processo de re-estruturação, fez a lição de casa. Nós mudamos o estatuto. Estamos criando um processo de governança corporativa interna para que ela esteja preparada para enfrentar os novos desafios.

Alguns temas ainda são polêmicos entre os radiodifusores, como a disputa por direitos esportivos, por exemplo. Eles podem ser debatidos dentro da associação?

Daniel Pimentel Slaviero

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Qual é a visão da Abert em relação à expansão do mercado através da multiprogramação?

A entidade não vê o radiodifusor fazendo multiprogramação. Embora seja uma questão de deliberação interna em cada empresa, o que nós enxergamos é o radiodifusor, seja na televisão, seja no rá­dio, aproveitando o má­ximo do espectro e da tecnologia para a alta definição, no caso da televisão, e a transmissão 5.1 no caso do rá­dio. Nós entendemos que o radiodifusor vai caminhar por este caminho porque a diferença de qualidade entre o analógico e a alta definição é brutal, e este será­ um ativo propulsor da penetração da TV e do rá­dio digital no Brasil.

Quanto à questão dos novos players, é um processo natural. Nós defendemos o que está­ na Constituição, ou seja, que radiodifusão é radiodifusão e que outros meios são telecomunicações. O radiodifusor tem as suas obrigações constitucionais: levar informação, entretenimento, integração nacional; além de ter que ser brasileiro nato e outras restrições.

A digitalização vai demandar um investimento muito grande. As emissoras, principalmente as afiliadas, têm condições de bancar? A Abert espera um apoio governamental, como isenção de impostos ou investimentos do

Nós também temos trabalhado, e o governo tem se mostrado muito disposto, na questão do financiamento, seja através do BNDES, seja através de qualquer outro banco público. O que pleiteamos, neste caso, são condições de mercado. Nós não queremos absolutamente nada fora das prá­ticas normais do BNDES e de qualquer outro banco público.

o decreto cria uma rede pública, com quatro canais dedicados ao governo. Como a Abert vê isso?

Vemos com bons olhos. Um dos motivos que levaram a radiodifusão a defender o padrão japonês é que ele permitiria a utilização dos canais 60 a 69. Nós achamos que o ministro Hélio Costa e o governo estão muito corretos e no caminho certo para a inclusão social e a divulgação das ações governamentais disponibilizando os quatro canais.

o presidente lula, em um dos últimos debates da campanha presidencial, voltou a falar na democratização das comunicações. Qual será a atuação da Abert em relação à eventual discussão de uma lei de comunicação?

O setor não sabe ao certo o que o presidente Lula quis dizer com “redemocratização” dos

BNDES?O investimento realmente é alto, tanto

para a televisão quanto para o rá­dio. Mas será­ um processo gradual, começando pelos grandes centros, como estabelece o decreto. Isto é fundamental para que haja ganho de escala. é condição sine qua non que comece pelos grandes centros e vá­ decantando. De qualquer forma, é absolutamente necessá­rio que o radiodifusor faça a transição, porque o rá­dio e a televisão, a última em processo de implantação e o rá­dio um pouco mais atrasado, são os únicos meios que ainda não entraram na era digital. Queremos equiparação de condição de jogo, porque

o diferencial sempre estará­ no conteúdo.Quanto às questões governamentais,

temos trabalhado junto ao Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendá­ria), e o ministro (Hélio Costa) tem demonstrado esta disposição, para que nós tenhamos uma redução de impostos. O que nós estamos pedindo é que, num prazo de três anos, haja uma redução de ICMS de R$ 600 milhões. No entanto, a contrapartida nestes três anos é a movimentação de R$ 2,8 bilhões. O governo não abre mão de receita, ele apóia e estimula a implantação de uma nova tecnologia que vai gerar renda e produção para o País inteiro.

“A ABERT ATuARá APENAS NAS QuESTõES NAS QuAIS

houVER CoNSENSo.”

>>

Page 34: Revista Tela Viva 166 - Novembro 2006

(entrevista)

democrá­ticos que existem no País. São mais de 5 mil empresá­rios, brasileiros natos, que são proprietá­rios. Não se pode dizer que é um meio no qual haja concentração. Nós vemos com bons olhos a discussão sobre o marco regulatório, achamos que é necessá­rio. As tecnologias avançaram e as leis precisam evoluir com elas. Mas sempre defenderemos arduamente que radiodifusão é radiodifusão e telecomunicação é telecomunicação. Tem que haver uma diferenciação clara e isso tem que ser mantido no marco regulatório.

há espaço no mercado para mais emissoras comerciais?

Acho que é uma questão do conteúdo, da capacidade e competência na geração de conteúdo. Não vejo condições de sustentação publicitá­ria de mais uma rede. Atualmente, já­ é uma briga entre o meio TV e os novos meios. Acho difícil sustentar mais alguma rede nacional. No médio prazo, vejo dificuldade até na sustentação das cinco redes atuais. Não acho que elas vão acabar, mas cada uma vai ter que se adequar à sua participação no mercado.

Como a Abert vê a produção de conteúdo regional e, mais especificamente, o projeto de lei da deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ) para regionalização da programação? o mercado publicitário pode bancar o investimento local?

A programação regional é muito importante no desenvolvimento da sociedade brasileira e na valorização da cultura local. Tanto que nós, radiodifusores, já­ fazemos vá­rias horas de programação local diariamente. Como exemplo, nosso grupo, que é afiliado ao SBT aqui no Paraná­ (Grupo Paulo Pimentel), produz em média 2h10 de programação regional

um processo de preparação dos produtores independentes para que possam fazer televisão.

A Abert tem uma posição bem clara em relação às diferenças entre radiodifusão e telecomunicação. Mas como a associação vê a entrada das operadoras de telecom na TV por assinatura?

O assunto ainda não foi discutido internamente, não há­ uma posição definida. Mas entendo como adequado o modelo norte-americano, no qual pode ser feita a distribuição por qualquer tecnologia, mas que se preserve o radiodifusor local. Que seja local-to-local.

Seria como o must-carry na lei do Cabo?

Exatamente. Mas vale lembrar que a Abert não tem uma posição fechada sobre isso, o assunto precisa ser mais discutido internamente.

Como poderíamos resumir a missão do novo mandato na Abert?

é a preservação da radiodifusão livre, aberta e gratuita, com todas as características e restrições. E a defesa nos princípios e valores que sempre nos nortearam, com ênfase na liberdade de expressão.

FERNANDo lAuTERJuNG, DE CuRITIBA

por dia. No caso do projeto de lei da deputada, ele era completamente inconstitucional. Não se pode obrigar as emissoras a produzir um volume de horas de programação local, ainda mais tendo que parte desta programação ser produzida por terceiros. Televisão não é assim, precisa de toda uma capacitação para se fazer o conteúdo. Mais que isso, não adianta forçar programação local em prime time. Nestes horá­rios, só se viabiliza programação de qualidade se for nacional. Não há­ como fazer uma novela de qualidade só para o Paraná­, nem para o Sul inteiro. Tem que ser nacional.

Como a Abert vê a produção independente? é possível que ela ocupe mais espaço nas grades de programação das redes?

Já­ existem vá­rios casos, em todas as redes, de produções associadas a produtores locais. é perfeitamente possível, desde que o produtor independente tenha a necessá­ria competência para produzir conteúdo. Vemos com bons olhos, mas é necessá­rio

3� • T E L A V I V A • N O V 2 0 0 6

“A RADIoDIFuSão é uM DoS MEIoS MAIS DEMoCRáTICoS Do PAíS. São MAIS DE 5 MIl

EMPRESáRIoS.”

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(making of )Lizandra de Almeida

l i z a n d r a @ t e l a v i v a . c o m . b r

fichA técnicA

Cliente O Boticá­rioProduto Lilly EssenceAgência AlmapProdutora Margarida Flores e FilmesDireção Christiano MetriDir. de fotografia André ModugnoDireção de arte Clá­udia AzevedoFigurino ká­tia Gimenez Montagem Rogério AlvesPós-produção Tribbo Post e efeitos Trilha Dr. DD

Ao som de uma trilha de inspiração francesa, vá­rios homens ficam enredados em

ramos de lírios conforme passa uma mulher que exala a fragrância do novo perfume Lilly Essence, d’O Boticá­rio. Por divulgar não só um perfume, mas um processo de produção mais elaborado, o filme exigia muita suavidade e refinamento.

Por isso, a idéia era reproduzir um clima europeu, o que exigiu da produção um trabalho intenso de direção de arte em um trecho do Centro de São Paulo. “Fui seduzido pelo prédio principal que aparece no fundo, mas precisamos interferir em cerca de dez fachadas, mais para esconder do que para mudar. Como trabalho com muito poucas cores em meus filmes, quis tirar letreiros e placas que davam uma salada de cores desagradá­vel. Também revestimos a banca de jornal com outro material e escondemos alguns estabelecimentos que apareciam no fundo”, conta o diretor Christiano Metri.

O grande desafio do filme era a interação entre os atores e a animação 3D dos ramos de lírios, que crescem em torno dos homens, prendendo-os a elementos do cená­rio. “Criamos uma estrutura de fios de ná­ilon por dentro das roupas, acionada à distância. Conforme a

cena se desenrolava, o mecanismo era detonado e os fios começavam a se mover muito lentamente. Isso foi feito para haver uma resposta do tecido, orientando a animação”, continua o diretor.

“Construímos no set um mock-up do caule com flores reais aplicadas, que também foi usado como referência. Tínhamos lá­ o ‘homem-planta’, uma pessoa que era amarrada com esse ramo antes de cada cena. Eu filmava o ‘homem-planta’ a cada momento, para ter uma referência de luz e perspectiva, além de orientar na criação da textura das flores”, conta Metri.

A parte mais trabalhosa do processo, segundo ele, foram os testes de animação para verificar a velocidade do crescimento das plantas, evitando que a imagem lembrasse a de um filme de terror. Todas as imagens foram captadas com steady-cam.

Flores envolventes

“Apesar de os protagonistas serem homens, o público do filme é feminino, então também encomendamos uma trilha que tivesse a suavidade necessá­ria. A trilha composta pela equipe do Dudu Marote foi muito feliz, porque conseguiu não só criar a música, mas também a locução com um sotaque francês compreensível”, diz o diretor.

O casting é encabeçado pela modelo Michela Cruz, que foi trazida da Europa para o filme. “Não a conhecia pessoalmente, mas já­ tinha visto sua foto em revistas como sósia da Angelina Jolie. Além de ser muito bonita, ela foi muito produtiva, muito fá­cil de dirigir. Os atores tinham aparências muito diferentes entre si, mas não havia uma preocupação em tipos étnicos no briefing inicial. O ator chinês foi escolhido por acaso.”

Para criar um clima europeu, o Centro de São Paulo foi retocado digitalmente. Animação das flores passa a idéia de suavidade do produto.

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Pela primeira vez na mídia, a Fundação Telefô­nica escolheu um tom emocional para divulgar

o trabalho que vem realizando há­ sete anos no Brasil. A fundação trabalha em parceria com ONGs que atuam junto a crianças e adolescentes, visando principalmente a inclusão digital e a educação.

O primeiro filme conta a história de karina, uma menina que trabal-hava como empregada doméstica em regime semi-escravo até os sete anos. Aos 12, descobriu que sua situação era ilegal e foi tirada da casa, começando assim a estudar. Seu sonho era con-hecer o mundo e tornar-se aeromoça. Hoje adolescente, karina viaja nos livros e já­ se prepara para realizar seus sonhos.

O filme foi todo criado em anima-ção pela equipe da Tribbo Post. Com um minuto e meio de duração, conta a história da menina por meio de me-tá­foras. Ela está­ presa a uma bola de ferro junto ao tanque de lavar roupas e, ao seu lado, borboletas estão presas em uma gaiola e um calendá­rio mostra um céu azul distante de sua realidade. A menina é levada então pelas bolhas de sabão que saem do tanque, mas uma mão de bruxa fura a bolha e ela é salva pelo livro, que a

Viagem humana

Campanha da Fundação Telefônica foi pensada para cross media, com o filme em 3D e um hotsite na web.

conduz em uma viagem pelo mundo. A animação foi toda feita em 3D, com

a modelagem tanto de personagens como de cená­rios. “Fizemos um longo processo de pesquisa de referências, mas não usa-mos material de arquivo, tudo foi criado. A produção também foi feita pensando no material de mídia impressa”, explica André Pulcino, da Tribbo.

Outro grande trunfo do filme é a trilha

sonora, interpretada por Luciana Mello, e que pode ser baixada do site. Toda a campanha está­ baseada nesse cross media, remetendo às ações de Internet. No final do filme, a assinatura mostra apenas o nome da Fundação Telefô­nica e o endereço www.ofuturocomoeusemprequis.com.br. O endereço leva a um hotsite criado para contar as histórias dos persona-gens e o trabalho da fundação, que dá­ acesso ao filme.

O segundo filme, ainda em produção, terá­ trilha interpretada por Toni Garrido. Cada um deles terá­ um estilo diferente de animação, de acordo com a história a ser contada.

fichA técnicA

Agência Y&RAnunciante Fundação Telefô­nicaProduto InstitucionalDir. de criação Tomá­s Lorente e Alexan-

dre LucasProdutora Tribbo PostDireção Equipe TribboMontagem e Equipe Tribbofinalização Produtora S de Sambade som Produtor som Daniel Galli e Filipe TrielliMaestro Dimi kireeff

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(programação)

Ligados pela História e pela co-produçãoTV Bandeirantes e RTP, de Portugal, se unem para a realização de novela de época.

Após a experiência com a reprise de “Mandacaru”, que rendeu à Bandeirantes média de quatro pontos no Ibope, a

emissora lança em novembro a novela “Paixões Proibidas”, no horá­rio das 22h, como continuação de seu processo de retomar a teledramaturgia.

A novela de época, baseada em três contos do escritor português Camilo Castelo Branco, seria apenas mais uma novela realizada por uma emissora brasileira, se não fosse por uma particularidade: “Paixões Proibidas” é uma co-produção entre a TV Bandeirantes e a Rá­dio e Televisão Portuguesa (RTP) por meio da produtora NBP, também de Portugal. A direção geral da novela é de Igná­cio Coqueiro, enquanto a direção por parte da RTP ficou a cargo de Virgílio Castelo que também atua na trama. O texto é de Aimar Labaki.

As conversas entre a NBP e a Band para a realização de uma co-produção começaram em 2004, quando a emissora brasileira exibiu as novelas “Olhos d’á­gua” e “Morangos com Açúcar” e o seriado “Olá­, Pai”, todas produções da NBP . Coube à NBP a associação entre a RTP e a Bandeirantes para a viabilização do projeto de “Paixões Proibidas”, que teve início há­ um ano, com o objetivo de criar uma novela que pudesse agradar ao público dos dois países.

Embora tenha financiamento da RTP e da Band, a produção propriamente dita fica a cargo da emissora brasileira e da NBP (que produz entre cinco e sete produtos de dramaturgia para o mercado português

RTP acreditam que o lançamento no país deva acontecer apenas em janeiro, como forma de comemorar os 50 anos da emissora portuguesa, completados em 2007. “Isso nos dá­ tempo para preparar uma campanha forte em Portugal”, diz Santos.

A escolha pelo Brasil deve-se, entre outras razões ao fato de Portugal transmitir novelas brasileiras há­ décadas. “Há­ mais de 30 anos os portugueses assistem às novelas brasileiras. Além de podermos aprender com a experiência brasileira, os portugueses identificam-se facilmente com o sotaque do Brasil”, diz Santos, que ressaltou que a novela não será­ dublada. Nuno Santos afirma que a distribuição também será­ feita em parceria, com foco nos mercados da América do Sul e Central.

Embora a equipe tenha gravado durante 15 dias em locações em Portugal (Lisboa, Coimbra, Montemor-o-Velho e Valada do Ribatejo), a maior parte das cenas será­ gravada aqui. Além das locações no Rio de

Daniele Fredericod a n i e l e @ t e l a v i v a . c o m . b r

no momento), já­ que, diferentemente das emissoras brasileiras, a portuguesa não tem estrutura própria de produção.

A novela conta com uma equipe de 130 pessoas, sendo seis profissionais portugueses (todos diretores de determinadas á­reas da produtora NBP). Além destes, há­ nove atores portugueses fixos na trama. Segundo Antonio Parente, presidente da NBP, uma das maiores dificuldades da produção foi selecionar o elenco, especialmente no Brasil, onde, segundo o executivo, os atores já­ são contratados por outras emissoras.

Segundo Nuno Santos, diretor de programas da RTP, a escolha do elenco, a aprovação do roteiro, e todas as decisões são realizadas em conjunto. A única diferença entre Brasil e Portugal é a data de exibição. Enquanto no Brasil a novela estréia em 14 de novembro, em Portugal ainda não há­ data determinada para a estréia. Os executivos da

Equipe de “Paixões Proibidas” grava em Portugal: novela é uma co-produção entre emis-sora brasileira e portuguesa.

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Janeiro, as gravações acontecem nos estúdios do Gabinal alugados pela Band, que totalizam 2.600 m2 (são três estúdios de 1.200, 900 e 500 m2) e na colô­nia Juliano Moreira, região que ainda preserva características do Brasil do século XIX. Ali, a emissora utiliza as fachadas das construções, além de cená­rios especialmente construídos para a novela — que no total somam 3.000 m2. Tanto o estúdio quanto a cidade cenográ­fica estão localizados no bairro de Jacarepaguá­, Rio de Janeiro. Juca Silveira, diretor de programação da Band, lembra que a emissora ainda analisa os resultados de suas novelas, antes de investir na compra de estúdios e cidade cenográ­fica no Rio de Janeiro, como as suas concorrentes já­ fizeram. “Não vamos rasgar dinheiro. Vamos esperar resultados concretos para avançar”, afirma. O custo total da novela é de aproximadamente R$ 26 milhões.

A produção também utiliza a computação grá­fica, a partir de

“O Livro Negro do Padre Dinis”. A novela, de 160 capítulos, se passa em 1805, em Portugal (em Lisboa e Coimbra) e nas cidades de Vila de Resende e Rio de Janeiro.

A escolha pelo horá­rio das 22h para veicular “Paixões Proibidas”, segundo a Band, foi baseado na grade das concorrentes, cujas novelas terminam exatamente neste horá­rio.

A emissora nega que o horá­rio tenha site escolhido por causa das cenas de sexo da novela, em destaque na trama. Marcelo Parada, vice-presidente do grupo Bandeirantes, admite que a concorrência não será­ fá­cil, mas vê vantagens na teledramaturgia que vão além da audiência. “O mercado de novelas está­ congestionado, mas acreditamos na dramaturgia como forma de fidelizar o telespectador”, conclui.

uma parceria com o Centro de Pesquisa VisionLab, da PUC do Rio de Janeiro. O trabalho é utilizado em cenas gravadas em locações, como o Centro do Rio de Janeiro, Baía de Guanabara e Lisboa, que passam por uma limpeza para a retirada de fios, prédios, carros, e outras interferências modernas.

O texto é uma adaptação de três obras: “Amor de Perdição”, “Mistérios de Lisboa” e

Cidade cenográfica da TV Bandeirantes no Rio de Janeiro: produção marca a retomada da teledramaturgia da emissora.

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(evento)

A invasão dos “Bleus”Rio de Janeiro acolhe em dezembro encontro inédito de negócios entre produtores franceses e empresas brasileiras.

Os “Azuis” estão chegando, mas desta vez ninguém precisa temer a turma de Zidane, Henry e cia. Pelo

contrá­rio, neste jogo a idéia é que os dois lados ganhem.

Uma delegação de 28 produtoras, distribuidoras e canais de TV franceses vem ao Brasil para um encontro nos dias 11 e 12 de dezembro, no Rio de Janeiro, para fazer negócios com canais de TV e produtores nacionais. Ao todo são mais de 30 profissionais, capitaneados pela TVFI (TV France International), associação de produtores e distribuidores independentes.

A delegação vem ao País trazendo uma grande oferta de programas em todos os gêneros: animação, ficção, documentá­rios e game shows. A maior parte das empresas participantes traz na mala produções prontas para aquisição, mas há­ também produtores interessados na busca de parceiros para co-produção. “Muitos já­ trabalharam inclusive com parceiros brasileiros”, conta Mathieu Bejot, presidente da associação.

Ele cita produtores que já­ trabalharam com o Brasil com alguma regularidade, como Yves Billon, Zarafa, Manuel Catteau e Zed. A Gedeon, uma das principais produtoras francesas, está­ produzindo seu próximo filme com o Brasil, e durante o

o executivo. “Os negócios realmente começaram a aparecer novamente na região, e para nós é importante vir pessoalmente e encontrar os parceiros”, completa Bejot.

Confira as empresas participantes e seus representantes:

2001 Audiovisuel — Bastien GaveAB International Distribution — Julien LerouxAdventure line Productions — Arnaud RenardArte — Emmanuelle Erbsman Calt International — Sandrine Frantz, Isabelle AzoulayCarrere Group D.A. — Guilhène IopCelluloid Dreams — Alessandro RajaCNDP-Scérén — Nathalie Giboire-Labid Europe Images/M5 — Cristina MoyaFilms a Trois — Martin de la FouchardièreFilms Distribution — Didar DomehriFuturikon — David Harrison Gédéon Programmes — Stéphane Millière — Jean-Pierre SaireINA- Sophie Villette, Nicole Leconte la huit — Sabine MoisanMarathon International — Isabelle AghinaMédiamétrie-Eurodata — Alexandre CallayMk2- Mathilde HenrotMuses Productions — Charles Mamanomnitem Communication — Jérémy PierardProductions Tony Comiti — Alain DebosSND-M� DA — Gregory ChambetTaffy Entertainment — Marie CongéTélé Images — Catherine Couriat Terranoa — Bertrand LossignolTF1 international — Dimitri Stephanides zarafa Films — Yves Billon zED — Céline Payot

ANDRé MERMElSTEIN

evento no Rio lançará­ no País o filme “The White Planet”.

Na programação do evento está­ uma mesa sobre co-produção, promovida em conjunto com a ABPI-TV, a associação brasileira de produtores independentes de TV.

Para Bejot, o objetivo dos franceses é ganhar mais proximidade com o mercado

latino-americano. “Nós fizemos um showcase da produção francesa em Miami durante alguns anos, mas achamos que faria mais sentido ir diretamente aos mercados mais importantes para nós na região, como o Brasil, a Argentina, o Chile e a Colô­mbia, para ficar só em alguns”, conta

local: Hotel Sofitel, Rio de JaneiroData: 11 a 13 de dezembroPúblico-alvo: canais de TV, distribuidores, editores de DVD, novas mídias, agências de publicidadeInformações: [email protected]

Segunda, 11/1213h - 14h30 Almoço15h - 18h Painel de co-produção Brasil-França18h Screening de trailers franceses19h Coquetel

Terça, 12/1210h - 13h Reuniões individuais13h - 2h30 Almoço14h30 - 18h Reuniões individuais19h Recepção na residência do cô­nsul

geral da França

Quarta, 13/1210h -13h15 Reuniões individuais13h15 - 15h Almoço

PRoGRAMA

“Os negócios voltaram a aparecer na região.”

Mathieu Bejot, da TV France International

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(tecnologia)

Cuidados na construção de cená­rios HDEspecialistas dão dicas sobre o que considerar na montagem de sets para jornalismo na transição para a alta definição.

Muitas emissoras nos EUA vêm investindo em trans-missores digitais e equipa-mentos de produção HD

(alta definição). Agora, os radiodifusores estão virando sua atenção para os estú-dios de jornalismo, que estão ficando maiores e mais bonitos, contando com bancadas está­ticas e ambientes com múltiplas á­reas de atividade para os apresentadores. Até mesmo a news-room, a redação, com suas mesas des-organizadas e atividade frenética, está­ ganhando o direito de ir ao ar.

A necessidade por novos sets na indústria é potencialmente enorme, já­ que cerca de apenas 10% das estações nos grandes mercados já­ converteram a produção local de jornalismo para HD.

Nos mercado menores, os cená­rios desenhados para a proporção 16:9 são quase inexistentes. Isto porque novos cená­rios não são baratos. Um cená­rio novo para produção HD custa de US$ 100 mil a US$ 650 mil. Claro, pintando o cená­rio e adicionando nova iluminação e alguns materiais menos caros podem chegar a preços tão baixos quanto US$ 30 mil ou US$ 50 mil.

PlanejamentoO processo de desenho e constru-

ção de novos cená­rios de notícias leva entre três e seis meses, começando por um modelo virtual.

Muitas emissoras querem cená­rios que sejam HD-ready, o que significa que a composição do design, a qualidade da construção e os móveis serão criados para imagens mais precisas e aspecto

“ombro a ombro”. Mas com o formato HD 16:9, a bancada precisa ser mais larga, com os apresentadores sentando com uma mais distância seis a oito polegadas maior. Isto deixa espaço para grá­ficos posicionados sobre os ombros dos apresentadores.

A noção de um único apresentador ou âncora está­ mudando rapidamente. A tendência é colocar repórteres no newsroom em uma mesa ou em um púlpito próximo a uma tela eletrô­nica para ler matérias no ar. As bancadas dos âncoras apresentam um desenho mais leve e moderno, encorajando o âncora a levantar-se e mover-se pelo estúdio.

Algumas vezes, conquistar esta atmosfera pode levar a abolir a bancada de vez. Ainda, o design de estúdios HD é mais do que simplesmente criar ambientes mais largos. Emissoras estão adicionando grafismo HD, tecnologia de cená­rio virtual, telas eletrô­nicas e mobí-lias esteticamente mais interessantes.

Michael Grotticellic a r t a s @ t e l a v i v a . c o m . b r

mais aberto. Mesmo que as emissoras ainda não transmitam em HD, devem planejar o cená­rio para uma realidade que contemple dois aspectos de cena (16:9 e 4:3). Mack McLaughlin, fundador, CEO e diretor criativo do FX Group, de Ocoee, Flórida, diz que as emissoras devem se planejar para ainda usar o enquadramento 4:3 por mais cinco anos.

layoutOs cená­rios mais largos construídos para

HD 16:9 permitem que os departamentos de jornalismo ofereçam tomadas mais abertas com câmeras montadas no teto. Isto faz com que o cená­rio pareça mais espaçoso, o que tem se mostrado como um apelo desejado pelos telespectadores em alguns estudos, de acordo com Graham Blyth, presidente da Blyth Design, de Nova York.

O mais importante aspecto para HD são os apresentadores, diz George Andrus, con-sultor sênior de design para o Express Group, em San Diego. No formato padrão 4:3, diz Andrus, o time do noticiá­rio geralmente senta

Copyright Broadcast Engineering 2006

Emissoras buscam cenários hD-ready, em aspecto 1�:9 e cores vibrantes.

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MeteorologiaA previsão do tempo é um grande

alavancador de audiência para noticiá­-rios, então centros de meteorologia mais atraentes estão se tornando norma em muitos mercados. Sempre que uma emissora faz um upgrade em seu siste-ma de computadores de meteorologia, o visual do on-air de toda o noticiá­rio é afetado, tornando o planejamento cuidadoso muito importante.

O Express Group recentemente desenhou um novo cená­rio para a previsão de tempo para a kNXV-TV, de Phoenix, no Arizona. O novo cená­rio HD apresenta múltiplos ambientes ao redor do estúdio de onde o repórter pode apresentar. Dois monitores de 50 polegadas e um DLP atuam como fundo. E a emissora adicionou novos grá­ficos em alta resolução para se preparar para transmissões em HD.

MateriaisMateriais físicos usados em cená­rios

HD não são diferentes daqueles apresentados em cená­rios SD, diz Mark karlen, representante sênior da Broadcast Design International em Carlsbad, Califórnia. Laminados de madeira ainda são usados, mas também uma grande variedade de superfícies texturizadas, Plexiglas, acrílico e metal.

A diferença principal de design entre cená­rios HD e SD está­ na atenção dada aos detalhes, como as sombras do mobiliá­rio. A qualidade da construção é fundamental, segundo karlen.

Emissoras não podem simplesmente recondicionar os cená­rios para HD, diz Blyth. Câmeras analógicas podem esconder ou minimizar falhas para que elas não se tornem chamativas. Mas em HD tudo pode ser chamativo.

Dan Devlin, diretor de criação do Devlin Design Group em Breckinridge, Colorado, concorda. As tolerâncias são muito mais justas, e o custo de novos cená­rios é bem mais alto do que costumava ser, diz. O contraste também é importante, e a textura e os padrões podem afetar um estúdio.

Outra consideração é o material que você usa. “Se você gastar dinheiro em bons materiais, isto se refletirá­ na tela”,

também usa luz fluorescente e incan-descente para preencher o fundo.

Adicionar lâmpadas RGB, capazes de variar as cores, podem dar maior flexibilidade. Estas lâmpadas especiais ajudam a ajustar o “humor” que se quer dar à cena significativamente. Vermelho pode ser usado na apresentação de um furo, enquanto azul pode funcionar para uma matéria sobre bem estar.

Cores brilhantes e saturadas são usadas algumas vezes, dependendo da visão que a emissora tem da sua marca e da direção de marketing. A Broadcast Design International recentemente entregou o novo estúdio e newsroom para o “CBS Evening News with katie Couric”, em Nova York. O cená­rio multiambiente foi desenhado exclusivamente para HD e inclui componentes mais largos, refletindo uma composição exclusiva para 16:9, cores mais vibrantes e lâmpadas estrategicamente posicionadas no grid e na bancada do âncora para compensar a imagem HD mais vívida. O HD reflete de forma vibrante, mesmo quando se usa tons pastéis, diz karlen.

Para fazer um cená­rio “saltar” à tela, Blyth gosta de usar metal e materiais reflexivos para adicionar claridade. No passado, as câmeras não podiam lidar com superfícies reflexivas, lembra ele.

ConclusãoAs emissoras esperam manter um

cená­rio por cinco a sete anos. Com a urgência da transição HD e orçamentos limitados, novos cená­rios precisam ser flexíveis sem parecer temporá­rios.

O design precisa ser versá­til, e, com muitas emissoras usando câmeras robotizadas e sistemas automatizados, o cená­rio precisa acomodar as futuras bem como as já­ existentes tecnologias. Muitas vezes, o movimento de câmera, as locações e a proximidade não parecem combinar, e isso é afetado pela tecnologia, iluminação e espaço. Dar a liberdade para que o apresenta-dor se movimente pode ser bom, mas freqüentemente trabalha contra os benefícios de novas tecnologias como as câmeras robotizadas que foram tão adotadas nos últimos anos.

diz Andrus. As câmeras estão cada vez mais precisas, então você tem que ser mais cuida-doso com o que coloca no fundo do cená­rio. Profundidade de campo também é crucial.

De acordo com Andrus, é tendência colocar mais profundidade entre o fundo e o apresentador, sem sacrificar a posição da câmera. Isso ajuda a suavizar os elementos do fundo, como monitores que poderiam distrair os telespectadores. Usar tecidos crus, como

algodão ou linho, e vidro jateado pode ser uma outra forma de resolver, diz ele.

Já­ McLaughlin cria um senso de profundidade em seu projetos ao usar Plexiglas ou vidro jateado como difusores da imagem impressa ao fundo. O FX Group completou recentemente um novo cená­rio para a WFTV-TV em Orlando, Flórida. O cená­rio inclui dois sistemas de projeção HD que servem como ponto focal do noticiá­rio. Isto permite ao time da emissora mudar o visual de acordo com a matéria apresentada.

Cor e iluminaçãoA tendência, diz McLaughlin, é incorporar

maior volume de lâmpadas, mas com menor potência que a usada no SD. Uma combina-ção de lâmpadas soft e incandescentes pode criar o visual desejado.

A iluminação suave é comumente usada para iluminar a frente do apresentador, já­ que este tipo de iluminação é mais confortá­vel para o âncora, dispersando menos força e calor, além de durar mais no cená­rio. Devlin

(tecnologia)

A QuAlIDADE DAS CâMERAS hD FAz CoM QuE o

CuSTo DoS ESTúDIoS TAMBéM AuMENTE.

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(upgrade)

A Grass Valley apresentou na última IBC, em setembro, a nova câmera LDk 8000.

O equipamento conta com processa-mento de sinal digital de 24-bits, suportando qualquer formato atual de alta definição, além dos formatos ainda por vir 1080/50p ou 60p, mostrando-se uma câmera que pode evoluir e trabalhar com novas plataformas. A câmera conta com uma nova geração do CCD HD-DPM+, que, em conjunto com o proces-samento de sinal mais avançado em relação aos equipamentos prede-cessores, consegue captar imagens brilhantes e limpas. Entretanto, para

não prejudicar os proprietá­rios do modelo LDk 6000 HD (que, segundo o fabricante, conta com uma base instalada de mais 1,5 mil unidades), a imagem da LDk 8000 pode ter as mesmas características do modelo anterior, permitindo que os dois modelos sejam usados juntos na produção.

O novo modelo conta com conexões

padrão triax e fibra, podendo ser usado nas infra-estruturas existentes. Conta ainda com suporte a um novo sistema de fibra para taxas maiores de transferência. Quando usada nesta nova modalidade de rede, a câmera “ganha” recursos que seriam impos-síveis de ser usados nas estruturas at-uais, como escaneamento progressivo rá­pido e super slow motion. Segundo a Grass Valley, essa nova estrutura baseada em fibra contará­ com distri-buição de imagens em Ethernet 10 Gb.

O preço FOB do equipamento é de US$ 116,6 mil.

A Sony lançou um switcher de produção SD de menor custo com benefícios para expandir sua linha de pa-cotes completos de estúdio. Este novo modelo substi-

tui o já­ conhecido DFS- 700A e foi desenvolvido como uma ferramen- ta para eventos ao vivo, estúdios de produção de pequena escala e suítes de ed-ição. Trata-se de um switcher DME de ta-manho peque- no e valor médio de US$ 39,6 mil, que oferece variedade de funções e versatilidade. Equipado com oito entradas e saídas SD-SDI, o produto pode ser, de acordo com a necessidade do usuá­rio, ampliado para até 16 portas, através da utilização de placas de expansão opcionais. Conta com seis keyers (todos capazes de executar chroma-keying), frame memory e uma unidade DME 3D de seis canais.

Com um painel de controle compacto, o switcher permite operação intuitiva, mesmo oferecendo ao usuá­rio a possibili-dade de criar efeitos complexos, contando com centenas de padrões de efeitos pré-estabelecidos.

Switcher compacto

Autoração azulA Avid anunciou

no mês de outubro a

versão 5.6 do Studio Toolkit, que trará­ algumas melhorias para aplicações como o Avid 3D, a Avid FX, e o Avid DVD by Sonic. Trata-se da primeira solução multiformato a trabalhar simultaneamente na autoração de DVDs e de discos Blu-ray. Com o formato criado pela Sony, o Studio Toolkit permitirá­ a gravação e reprodução de vídeo em alta resolução e permitirá­ a autoração em projetos com cerca de cinco vezes a capacidade de um DVD tradicional (25 GB em um disco com uma única layer).

Além disso, a nova versão do software da Avid conta com mais de 1,5 mil templates de títulos, efeitos e transições. A solução pode ser usada em conjunto com qualquer sistema da família Media Composer, assim como com o Avid Xpress Pro ou o Avid NewsCutter. Outras novidades são o plug-in AVX 2, para renderização de cor em 16-bit; e a nova ferramenta de pintura para pequenas correções e rotoscopia. Já­ disponível, o Avid Studio Toolkit 5.6 custa US$ 1.995,00 FOB.

lDk �000: nova geração de CCDs.

Novo Studio Toolkit faz autoração para discos Blu-ray.

Novo equipa-mento da Sony pode chegar a 1� entradas e saídas.

Pronta para novos formatosFO

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A fabricante Fast Forward Video já­ está­ distribuindo o NDT-200, um DVR portá­til apresentado

na última NAB. O equipamento é compacto e grava em um disco rígido removível de 2,5 polegadas, apre-sentando-se como um formato de gravação compacto para aplicação em locações remotas. A interface no gravador é formada por por um touch-pad e alguns botões semel-hantes aos de um VCR. Além disso, o controle também pode ser feito por um PC ou um controlador de VTR externo.

Os clipes de vídeo podem ser gra-vados em QuickTime ou em formato de vídeo seguro FFV. A compressão pode ser entre 4:1 e 30:1. A especificação do equipamento

O grande destaque é que o DVR grava em cartões Compact Flash, de memória em estado sólido, gravando entre quatro e 20 minutos por GB, dependendo da compressão. A alimentação se dá­ por duas baterias tamanho AA.

é para gravação full-frame e full-motion CCIR-601 com espaçamento de cor 4:2:2.

O NDT-200 conta ainda com dois canais de á­udio e jog scan, assim como saída e entrada analógica composta e S-Video. O conteúdo gravado pode ser transferido para um sistema PC ou Mac através da porta USB 2.0 ou removendo-se o disco rígido e insta-lando-o no computador. O equipamento está­ disponível com preço FOB de US$ 1.495,00.

Outro lançamento da Fast Forward é o Mini DVR Pro. Pequeno o suficiente para caber na palma da mão, o equipamento usa o codec Motion-JPEG para gravar em resolução standard (com 500 linhas) com compressão que pode variar de 4:1 a 20:1.

DVR portá­til

Efeitos avançadosA AutoDesk apresentou

no início de novembro a primeira extensão de

ferramentas de criação para o software Autodesk Toxik 2007, contendo recursos de transformação, filtragem e distorção de imagem. O software de criação de efeitos visuais oferece ferramentas de composição 2D e 3D, colaboração integrada e capacidade de manipular com facilidade imagens de alta resolução e high-dynamic range (HDR).

Disponibilizado somente para assinantes da Autodesk, a primeira extensão do Toxik 2007 oferece um novo recurso de transformação 2D, além da ferramenta de transformação 3D já­ presente no software. Esse recurso se baseia em diferentes técnicas de filtragem que permitem mover, dimensionar

e girar uma imagem, sempre mantendo um nível superior de precisão.

Outros recursos de destaque na extensão são as ferramentas de deformação de imagem e comparação. A deformação de imagem (Lens Distort) permite que os profissionais corrijam ou simulem deformações em um clipe. Assim, é possível remover ou ajustar rapidamente a deformação de imagem já­ vinda da filmagem, como também aplicar deformação de imagem em camadas geradas por computador. Além disso, foi incluído no Toxik o recurso Comparison, do sistema de efeitos visuais Autodesk Flame. Esse recurso permite sobrepor imagens e examinar facilmente os resultados no contexto de quadros de referência.

A Autodesk Toxik 2007 Extension 1 já­ pode ser encomendada pelos assinantes. O Autodesk Toxik 2007 pode ser adquirido em licenças individuais pelo preço de US$ 6,5 mil

NDT 200: solução para gravação em disco rígido.

Ferramenta lens Distort permite distorcer ou corrigir imagens.

FOB, sem incluir a assinatura. A assinatura pode ser adquirida por US$1,2 mil FOB.

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NoVEMBRo

17 a 23 5º Ecocine - Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, São Paulo, SP. Tel.: (12) 3892-1439/4186. Web: www.ecocine.com.br

21 a 2� Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Brasília, DF. Tel.: (61) 3325-7777/6212/6215. E-mail: [email protected]. Web: www.sc.df.gov.br.

DEzEMBRo

1° a 7 Mostra Amazônica do Filme Etnográfico, Manaus, Amazonas. Tel.: (92) 3647-4380. E-mail: [email protected]. Web: www.mostraetnografica.ufam.edu.br

� a 7 Cinecien - Festival de Cine e Vídeo Científico do Mercosul, Rio de Janeiro, RJ. Web: www.recyt.org/cinecien

5 a 15 Festival Internacional del Nuevo Cine latinoamericano, Havana, Cuba. Web: www.habanafilmfestival.com

11 a 13 Encontro TV France International, Hotel Sofitel, Rio de Janeiro, RJ.E-mail: [email protected]

JANEIRo 2007

1� a 2� Sundance Film Festival, Park City, EUA. Tel.: (801) 328-3456. E-mail: [email protected]. Web: www.sundance.org.

15 a 1� Natpe 2007. Hotel Mandalay Bay Resort, Las Vegas, EUA. Tel.: (1-310) 453-4440. E-mail: [email protected]. Web: www.natpe.org.

27 e 2� Festival Internacional de Programas Audiovisuais — Fipa, Biarritz, França. Tel.: (33-1) 4489-9999.

E-mail: [email protected]. Web: www.fipa.tm.fr.

29 a 31 RealScreen Summit, Renaissance Hotel, Washington DC, EUA. Web: www.realscreensummit.com

FEVEREIRo 2007

� a 1� Festival Internacional de Berlim, Berlim, Alemanha. Tel.: (49-30) 259-200. E-mail: [email protected]. Web: www.berlinale.de.

27 a 1°/3 Andina link 2007, Cartagena, Colô­mbia. Tel.: (571) 482-1717. E-mail: [email protected]. Web: www.andinalink.com

MARço 2007

2 a � �° Festival de Cinema de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP. Tel: (16) 3625-3600. E-mail: [email protected]. Web: www.saopaulofilmcommission.com.br.

(agenda)

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