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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A LITERATURA COMO FERRAMENTA NA ATUAÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA
Por: Tainá da Rocha Ludiosa Guimarães
Orientador
Prof. Vilson Sérgio
Rio de Janeiro
2015
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A LITERATURA COMO FERRAMENTA NA ATUAÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogo
Por: Tainá da Rocha Ludiosa Guimarães
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que em toda minha
vida esteve presente, me
encaminhando em tudo o que sempre
desejei. Ao meu esposo, pelo
companheirismo e compreensão nas
horas em que estive ausente. Aos
demais colaboradores que direta ou
indiretamente fizeram deste um
trabalho melhor através de suas
contribuições.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente ao
meu esforço em insistir e permanecer na
constante busca do conhecimento mesmo
com todas as adversidades da vida. Ao
meu filho Lucas Matheus, que é sempre
razão contínua do meu aperfeiçoamento
em todos os sentidos de minha plena
trajetória.
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A humildade das palavras nos faz
perceber o poder que elas têm para
construir ou destruir relações. A
humildade é tinta certa para que a
pintura da aprendizagem não saia
borrada. (Gabriel Chalita, 2014)
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RESUMO
A atual lei de Educação Brasileira – LDB 9.394/96 trouxe várias
mudanças no campo da educação básica, em especial a infantil, principalmente
no que tange a sua importância no desenvolvimento pleno e integral da criança
desde a mais tenra idade. As experiências propiciadas devem contribuir para
situações que produzam aprendizagens de relações interpessoais, de respeito
e confiança, suas diferenças individuais, sociais, econômicas e culturais. O
contato com a Literatura desde cedo, irá proporcionar a criança a oportunidade
de abordar questões do nosso tempo e também problemas universais,
inerentes ao ser humano.
A Psicopedagogia, através da Literatura existente, poderá abordar
assuntos e levantar hipóteses para a melhoria da qualidade do
desenvolvimento da criança que apresente algum indicador de dificuldade de
aprendizagem durante sua fase escolar. Nesse sentido, a finalidade deste
estudo é compreender a importância e como a Literatura Infantil poderá atuar
como ferramenta para o psicopedagogo em seu processo de intervenção com
crianças que apresentem alguma dificuldade de aprendizagem.
Um dos processos de intervenção que o psicopedagogo poderá utilizar
será o de introdução da Literatura no desenvolvimento da aprendizagem,
através de livros destinados à faixa etária, os quais poderão englobar situações
que visem o estímulo a fantasia, a criatividade e a capacidade crítica e reflexiva
das crianças.
Estudos têm demonstrado que o contato da criança com a literatura
poderá beneficiá-la, dentre as quais, irá permitir que ela fortaleça o seu auto-
conceito, que cresça em sua habilidade de ser flexível a novos
comportamentos que lhe parecem desagradáveis, como também colabora para
que sua imaginação e criatividade floresçam. Desta forma, as histórias têm
uma poderosa influência na educação das crianças e, fica inegável então, o
caráter pedagógico da Literatura, pois está constitui-se num recurso de ensino
na transmissão de conhecimentos e valores.
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METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica explicativa, que terá enfoque
metodológico histórico visando atender aos objetivos propostos no plano de
pesquisa, e, buscando nos autores citados, como Bossa (2011), que contribuiu
para um embasamento sobre a Psicopedagogia e Abramovich (2004) que
enriqueceu o estudo com análise de contos e histórias e suas contribuições na
educação. Também compuseram este trabalho as contribuições de Chalita,
educador atuante que menciona muito a importância do professor e a relação
de afeto em sala de aula que deve permear o trabalho para um
desenvolvimento intelectual saudável da criança. Através dessa rede teórica,
abriu-se uma gama de possibilidades que nos levam à reflexões sobre a
trajetória do assunto abordado.
Segundo as fontes de dados, será feita uma pesquisa teórica, ou seja, a
coleta de material escrito com informações e ideias que possibilite nos refletir e
encontrar respostas para as questões levantadas sobre o estudo.
Quanto ao procedimento de coleta de dados, será a bibliográfica, pois
esta possibilitará o alcance dos estudos teóricos desejados, já que fornecerá o
material necessário.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - História, situação e contribuições 12
da Literatura Infantil
1.1 - História e situação
1.2 – Contribuições
CAPÍTULO II - Traços históricos da Psicopedagogia 17
2.1 – Construção histórica
2.2 – Áreas de atuação do Psicopedagogo
2.3 – O Psicopedagogo na Instituição Escolar
CAPÍTULO III – A atuação da Literatura Infantil no 26
trabalho psicopedagógico
3.1 - O espaço escolar, o mundo da literatura e o
psicopedagogo
CONCLUSÃO 32
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 34
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INTRODUÇÃO
A Educação Infantil é o momento de iniciação da criança na vida
escolar e, portanto, de suma importância. É o primeiro contato na maioria das
vezes, da criança com um mundo cheio de novas descobertas e de novos
conhecimentos antes nunca explorados. É nela que começa se processar todo
desenvolvimento cognitivo, psicológico, sócio-emocional, físico e intelectual da
criança em uma esfera educacional.
Desta forma, os profissionais engajados na educação, que estão se
preparando ou aqueles que já estão regendo uma classe de educação infantil
devem conduzir seus olhares para uma forma ou um meio de atingirem seus
objetivos, levando para a sala de aula um mundo que talvez alguns conheçam
e outros não, mas que sem dúvida é bastante receptivo que é a Literatura
Infantil.
De acordo com a LDB 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional) que rege a educação brasileira, mudanças significativas ocorreram
no campo da educação infantil, inclusive ao defini - lá como primeira etapa da
educação básica, tendo como objetivo o desenvolvimento integral da criança
até os seis anos de idade em todos os seus aspectos (art. 29).
Hoje, as Creches, Pré-Escolas e EDIs (Espaço de Desenvolvimento
Infantil) são espaços de ações pedagógicas intencionais e sistemáticas que,
por isso tem impacto na Educação Básica.
A Educação Infantil atua no processo de desenvolvimento da criança
em todas as dimensões humanas, propiciando que ela conheça e aprenda
sobre o mundo que a abraça com afeto através do prazer e/ou desprazer, que
pode ser apresentada por meio da fantasia, literatura, música, artes, das
ciências naturais e sociais e da matemática, possibilitando seu
desenvolvimento e crescimento.
A organização do trabalho pedagógico na educação infantil deve ser
orientada pelo principio básico de procurar proporcionar o desenvolvimento da
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autonomia, assim como gerar conceitos de cooperação e ajuda mútua,
portanto, faz-se a necessidade do psicopedagogo institucional atuando e
auxiliando os profissionais que estão ligados com esta construção, que não se
esgota na infância, mas necessita ser iniciada na educação infantil.
É durante essa fase de desenvolvimento da criança que a Literatura
Infantil, pode contribuir para a formação de habilidades e competências
cognitivas que poderão aguçar a criatividade e a curiosidade, despertar o gosto
pela leitura gerando a busca de autodescobertas, expandindo pensamentos,
trabalhando com o lúdico a fim de produzir uma maior aprendizagem.
A Literatura Infantil e, principalmente, os contos de fadas podem ser
decisivos para a formação da criança em relação a si mesma e ao mundo à
sua volta. Através dos personagens que envolvem condições de pessoas boas
e más, belas ou feias, poderosas ou fracas, a compreensão de certos valores
básicos da conduta humana ou do convívio social, vão sendo despertadas e
enraizadas nas crianças.
A Literatura pode abordar várias questões de nosso tempo e também
problemas universais, inerentes ao ser humano. Por isso, ela não deve ser
vista apenas como um veículo de manifestação de cultura, mas também de
ideologias que podem conscientizar as sociedades.
O psicopedagogo institucional irá orientar os educadores de maneira que
possam criar um ambiente livre, onde o principio pedagógico seja o respeito à
liberdade e a criatividade das crianças. Nesse ambiente, os pequenos devem
poder se locomover, ter atividades criativas que permitam sua auto-suficiência,
a desobediência e a agressividade, pois estas não devem ser coibidas e sim
orientadas de modo a alcançarem o sucesso.
A Educação Infantil vista através deste olhar possibilita à criança desde
cedo, criar o hábito da leitura e pensar de uma forma que futuramente, possa
torná-lo um leitor critico, culto e um cidadão melhor, conhecedor de suas
obrigações e contribuições.
À cerca de tudo o que foi mencionado, o presente estudo monográfico,
procura atender as necessidades das questões, através de uma revisão
literária que será abordada em três capítulos.
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No primeiro capítulo, trata-se da situação e contribuição da Literatura
nos processos de aprendizagem. No segundo capítulo, alguns autores como
Bossa, irão fundamentar o papel do psicopedagogo na Instituição Escolar e
para finalizarmos, no terceiro capítulo, a abordagem será a compreensão da
Literatura Infantil como ferramenta para auxiliar o psicopedagogo em
prevenções e intervenções de tratamentos de diagnósticos de problemas de
aprendizagem.
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CAPÍTULO I
HISTÓRIA, SITUAÇÃO E CONTRIBUIÇÕES DA LITERATURA
INFANTIL
1.1- História e situação
Estamos vivendo em um mundo que tem passado por diversas
transformações, daí os desequilíbrios sociais que ocorrem em nossa realidade
em todas as áreas e em especial na Educação.
Torna-se cada vez mais urgente renovarmos as idéias, refletindo sobre a
Educação e o Ensino que desejamos como princípios ordenadores da
sociedade, visando construir uma nova civilização com menos problemas e
mais perspectivas.
Diante disso, ainda temos que coordenar as transformações na área
Educacional em um contexto moderno e todo tecnológico de massa que
estamos vivendo na atual sociedade.
“O pós-modernismo invadiu o cotidiano com a tecnologia
eletrônica de massa e individual, visando a sua saturação
com informações, diversões e serviços. Na Era da
Informática, que é o tratamento computadorizado do
conhecimento e da informação, lidamos mais com os
signos do que com as coisas [...]” (COELHO,2000,p. 14)
Enfim, o modernismo invadiu o nosso contexto cultural e precisamos
com urgência resgatarmos a ausência de valores e de sentido para vida.
A Literatura Infantil ou Infanto – Juvenil, oferece uma forma rica e eficaz
de ler o mundo, auxiliando as crianças e os jovens a compreenderem a
realidade concreta e desafiante da vida em sociedade.
Compreender o espaço em que vivemos com seres e coisas sempre foi
condição básica do ser humano. Desde suas origens pré-históricas o homem
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procurou comunicar-se. A necessidade de imprimir suas expressões foi
registrada através dos tempos.
Sentindo essa necessidade de comunicar aos outros alguma experiência
ou ensinamento, o homem, com o surgimento do papel e da escrita começa a
registrá-los e o impulso de contar histórias vai nascendo e tornando-se uma
tradição.
Segundo Cunha (2004), em meados do século XVII e XVIII, começa a
difundir-se a Literatura Infantil, quando o mundo entende a criança como um
ser diferente do adulto, com características e necessidades especificas e
percebe-se então que sua educação deva ser distinta, especial.
Nesse contexto, grandes educadores como Comenius, Basedow,
Compe, Fenélon, entre outros, já influenciados e envolvidos com a educação
da criança assumem e evidenciam a ligação da Literatura Infantil com a
Pedagogia e criam uma literatura mais apropriada.
A literatura divulgada era herança dos grandes clássicos contados a
nobreza européia adulta, onde se difundiu. As lendas e os contos folclóricos
mais tarde deram origem aos contos de fadas que também eram muito
utilizados pelos mais velhos.
O gênero literário tem grande impulso com os colecionadores de
histórias Perrault e depois os irmãos Grimm que divulgam essas histórias
folclóricas e apresentam uma infinidade de contos.
No caminho percorrido, à procura de uma literatura adequada para a
infância e juventude, grandes autores vão nascendo e permanecem
eternizados nos dias atuais como: Andersen, Carlo Collodi, Amicis, Chales
Dikens, Ferenc Molnar entre outros.
No Brasil, esse processo chega um pouco mais tarde e torna-se uma
reprodução do que já existia. Inicialmente a Literatura Infantil foi adaptada de
produções portuguesas e mais tarde ela toma impulso através de Monteiro
Lobato, com uma vasta obra, de gêneros diversificados e com personagens
eternizados do tão famoso e adorado Sítio do Pica Pau Amarelo.
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Lobato sempre explorou muito bem o folclore brasileiro e também soube
adaptar grandes clássicos como Peter Pan e Pinóquio, mas sua maior
contribuição está acerca do caminho que auxiliou muitos escritores de talento a
trilharem, sobretudo nesta área.
O aparecimento dos primeiros livros escritos para crianças chega ao
final do século XX, e proporciona um acervo respeitável de diversas obras e de
ótima qualidade, atraindo ainda mais as novas gerações de crianças.
1.2 – Contribuições
Ao longo dos anos, já ouvimos falar da importância da literatura, de
como ela pode auxiliar os mecanismos de aprendizagem, mas pouco ou quase
nada se tem feito para auxiliar essa questão nas instituições educacionais.
Possibilitar o desenvolvimento e crescimento das crianças significa
educar e cuidar, isto é, estas ações acontecem de forma indissociável e inclui
atender a todas as necessidades infantis sejam elas físicas, emocionais,
cognitivas ou sociais, dando a elas real possibilidade de aprendizagem.
“Todo ser humano é sujeito de aprendizagem. Em todos
os lugares e em todas as etapas da vida é possível
aprender alguma coisa. A sala de aula não é o único
espaço em que a aprendizagem acontece. Entretanto, a
sala de aula é um espaço privilegiado para esse
aprendizado.” (CHALITA, 2014, p. 22)
Por ser privilegiada a sala de aula, devemos propiciar esses momentos
de aprendizagem. O brincar é o principal modo de expressão da infância. É
uma linguagem, na qual a criança aprende e se desenvolve, explora o mundo,
amplia sua percepção sobre si mesma e os outros, organiza seus
pensamentos, trabalha suas emoções, sua capacidade de iniciativa e de criar e
se apropriar da cultura.
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Nesse contexto, as brincadeiras de faz de conta iniciadas com as
crianças irão funcionar como primeiro cenário para imitarem a vida e também
transformá-la, baseada no desenvolvimento da imaginação e interpretação da
realidade, sem ser ilusão ou mentira.
Por meio do faz de conta as crianças vivenciam concretamente a
elaboração e negociação de regras de convivência, ao mesmo tempo em que
desenvolvem importantes habilidades, trabalham também alguns valores de
suas comunidades e vivenciam formas de ser e pensar do grupo social em que
está inserida.
Antes de aprender a ler, a criança precisa fazer uma ideia do que seja a
leitura. Através dos contos de fadas, das fábulas, de histórias bíblicas, de
poemas e até de histórias inventadas por pais e professores, a criança começa
a despertar para o interesse de conhecer que objeto é aquele que lhe traz
encantamento e deslumbra a todos os que ouvem, proporcionando-lhe
tamanha emoção.
A criança precisa atribuir sentido a leitura e aproximar-se dela. A
educação infantil poderá proporcionar esse acontecimento de maneira lúdica. A
Aproximação com a leitura não precisa ser necessariamente complexa, embora
está seja uma atividade cognitiva de tamanha complexidade não há
inconvenientes em responder aos questionamentos e curiosidades sobre este
código que é a leitura.
“Aprende-se a ler vendo outras pessoas lerem, prestando
atenção às leituras que fazem para si, tentando ler,
experimentando e errando, em um processo cujo
resultado inicial será seguramente menos convencional
do que o esperado, mas não muito diferente do que se
produz com outras aprendizagens.” (GALLART, ano 2, p.
49)
A citação nos esclarece que a leitura tem um lugar na etapa da
Educação Infantil, lugar este que a equipe escolar juntamente com o
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psicopedagogo institucional, deverá torná-la concreta através de suas
propostas educativas, possuindo desde já atividades que fomentem o prazer da
leitura.
Logicamente o psicopedagogo deverá se prontificar de que as atividades
que se deseja iniciar nessa fase em que as crianças se encontram da
educação infantil, que é reconhecida de 0 a 6 anos, devem ser pertinentes aos
seus interesses.
Sendo introduzido desta maneira, a Literatura irá desenvolver na criança
a noção de leitura, consolidando a linguagem que variará de acordo com o grau
de complexidade de cada história, influenciando diretamente na formação de
bons leitores, enriquecendo o vocabulário que está sendo construído nesta
fase e fortalecendo os laços e vínculos emocionais que se perpetuará durante
sua vida escolar.
Por isso, é preciso dar à criança a possibilidade de conviver com os
livros desde a mais tenra idade. Não só com livro objeto, mas também com o
texto do livro, a história, mesmo que lida em voz alta por um adulto.
A criança pequena já deve ter livros entre seus brinquedos, eles devem
ser um brinquedo como qualquer outro, sempre ao alcance das crianças no
momento que desejarem. É claro que alguns cuidados no manuseio devem ser
recomendados, contudo o livro não deve ser mitificado como algo precioso e
por isso intocável. Ele é precioso e por isso deve ser manuseado à vontade,
pois seu valor reside no que possa transmitir como mensagem proporcionando
um divertimento ou lazer. Um livro que nunca sai da estante, que mantém seu
aspecto de novo, evidentemente não esta cumprindo sua função.
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CAPÍTULO II
TRAÇOS HISTÓRICOS DA PSICOPEDAGOGIA
2.1 – Construção histórica
A Psicopedagogia no Brasil vem calcando seu caminho através da
história à cerca de alguns longos anos, com um corpo teórico bastante
diversificado e consistente em suas pesquisas. Contudo, ainda estamos em
constante construção, pois o espaço do Psicopedagogo e sua
profissionalização, ainda precisam ser regulamentados e devem ser elaborados
a partir de uma delimitação do seu campo de estudo e de sua atuação.
A formação do Psicopedagogo no Brasil é feita através de cursos de
graduação e pós-graduação lato-sensu. Soa recebidos alunos de diversas
áreas como: Pedagogia, Fonoaudiologia, Psicologia, Filosofia e Professores
licenciados de um modo geral e devido à diversidade de profissionais que
procuram os cursos de pós-graduação, podemos identificar a natureza
multidisciplinar da área em questão.
A Psicopedagogia no Brasil cresceu e vem sendo alicerçada, através de
contribuições literárias advindas da Argentina, país no qual devido a
proximidade e a facilidade da língua tem influenciado com ideias, a pratica
adotada em nosso território.
A vasta extensão de referências bibliográficas, de autores argentinos,
como Sara Paín, Jorge Visca e Alicia Fernández, são obras que constituem o
corpo teórico próprio da Psicopedagogia e fundamentam os cursos oferecidos
hoje na atualidade em nosso país.
“A Psicopedagogia não nasceu aqui tampouco na
Argentina. Investigando a literatura sobre o tema,
podemos verificar que a preocupação com os problemas
de aprendizagem teve origem na Europa, ainda no século
XIX” (BOSSA, 2011, p. 56)
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De acordo com Bossa, a preocupação com os problemas de
aprendizagem, que é o objeto do campo investigativo da Psicopedagogia,
surge na sociedade à partir do momento que a escolaridade adquire uma
função e um papel distinto.
“Quanto mais raro o saber, mais ele vale. A escola, ponto
de sustentação de ideário liberal, por teoricamente
garantir a igualdade de oportunidades para a aquisição do
conhecimento e do desenvolvimento, vai confirmar a
crença de que as diferenças individuais seriam as
responsáveis pelo fracasso escolar e pelas desigualdades
sociais.” (BOSSA, 2011, p.56)
Nessa ordem, o avanço tecnológico e as teorias evolucionistas de
estudiosos como Darwin vão surgindo e profundas mudanças vão ocorrendo
consequentemente, as ideias e teorias da literatura européia, principalmente
francesa, vão delinear um caminho influenciador sobre a Psicopedagogia na
Argentina , que por sua vez chega à prática brasileira.
Nesse caminho, a psicopedagoga francesa Janine Mery, agrega
considerações a Psicopedagogia, assim como os trabalhos de George Mauco
que foi o fundador do primeiro Centro-Médico Psicopedagógico na França do
qual se tem conhecimento, que percebeu a importância da articulação entre
Medicina, Psicologia, Psicanálise e Pedagogia afim de solucionar problemas de
comportamento e aprendizagem.
Segundo Janine Mery (1995), vários educadores dedicaram se a tarefa
de encontrar um método que levasse a solucionar os problemas de
aprendizagem em crianças com distúrbios. Pestalozzi, Rousseau, Seguin entre
outros foram pioneiros na tentativa de tratamentos para tais problemas,
tentativas essas que no fim do século XIX, surge também Maria Montessori,
psiquiatra italiana, que criou um método de aprendizagem que hoje estende-se
por várias escolas, cuja a principal preocupação está na vontade e na
alfabetização, seu método utiliza a estimulação dos órgãos dos sentidos,
portanto sendo classificado como sensorial.
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A partir do século XX, surgem os primeiros centros de reeducação para
crianças delinquentes surge. Isso vai crescendo e tomando outras formas, e na
França surgem os primeiros centros de orientação educacional infantil, voltadas
para os problemas de aprendizagem, com equipes com diversas
especialidades como médicos, psicólogos, educadores e assistentes sociais.
“A crença de que os problemas de aprendizagem eram causados por
fatores orgânicos perdurou por muitos anos e determinou a forma de
tratamento dada à questão do fracasso escolar até bem recentemente.”
(BOSSA, 2011, p.76)
Por muito tempo então, os problemas de aprendizagem foram vistos
como sendo de ordem orgânica. No Brasil, não foi diferente, na década de 70,
era difundida a ideia que esses problemas advinham de disfunções
neurológicas não detectáveis e, portanto rotulou-se durante um bom tempo as
crianças com o chamado DCM – Disfunção Cerebral Mínima.
No Brasil, esse rótulo foi bastante utilizado o que auxiliava a camuflar a
situação do sistema de ensino do nosso país, precário, que perdura aos dias
atuais e outros termos posteriormente também foram sendo incorporados como
dislexia, disritmia a fim de traduzir os problemas d aprendizagem.
Como menciona Bossa, temos que nos remeter historicamente que as
preocupações com os problemas de aprendizagem sempre foram estudados e
tratados inicialmente por médicos, e que ainda hoje, principalmente em nosso
país, a atitude primordial de pais e educadores seja encaminhar essa criança
com dificuldades de aprendizagem a um profissional da área da saúde e cabe
a esse profissional orientar as famílias a cerca de suas preocupações.
Vários autores começam a difundir suas pesquisas nas questões do
fracasso escolar. Entre as décadas de 70 e 90, muito material teórico de
autores renomes, irá consolidar as problemáticas da aprendizagem. Dentre
eles, Bossa cita Cecília Azevedo L Collares e Maria Helena de S. Patto, que
foram autoras, entre outros, que discursam o descaso com a educação do
nosso país e abordam a questão do fracasso escolar sob o ponto de vista de
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fatores sociopolíticos e das condições de vida de boa parte da população
escolar do Brasil.
Embora a Psicopedagogia tenha sido iniciada por médicos, sendo assim,
clínica, houve um aprofundamento e um compromisso com os profissionais que
começaram as se envolver na busca de um aspecto preventivo e, portanto,
juntamente com a escola promover melhorias para essas crianças.
A história da Psicopedagogia no Brasil começa a se desenhar neste
período, cursos sendo criados por todo o país, e em Porto Alegre , mais um
argentino faz sua contribuição, famoso foniatra e neurologista, Dr. Quirós,
publica vários livros relacionados à linguagem e à aprendizagem.
Outro marco histórico está no 1º Encontro de Psicopedagogos em São
Paulo, que movimentou inúmeros trabalhos e amadureceu outras
organizações, difundindo assim vários encontros e cursos de aperfeiçoamento
com enfoque psicopedagógico.
Essa nova abordagem vai se estendendo, e no início da década de 90,
os cursos de especialização em Psicopedagogia, lato sensu, vão se
multiplicando e a demanda cresce favorecendo tanto instituições estatais
quanto as particulares.
Ressaltamos a preocupação que esse crescimento provocou, mediante
a história da educação brasileira nas últimas décadas. O grande interesse pela
Psicopedagogia torna importante a preocupação nas formações oferecidas
pelas instituições. Lembramos que o compromisso da área específica é de
contribuir para a compreensão do processo de aprendizagem, identificando os
fatores que podem favorecer esse processo, com vistas a uma intervenção.
Nesse sentido, a preocupação com a formação deve ser evidenciada e
ter grande importância. Sendo assim, não podemos de salientar um órgão de
classe e de referência nacional para os psicopedagogos a ABPp – Associação
Brasileira de Psicopedagogia que tem sido responsável por organizar e difundir
em âmbito nacional publicações e preocupações com tendências na área.
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A Associação tem o objetivo de tornar conhecido o campo de atuação
profissional do psicopedagogo que ainda não está totalmente definido. A ABPp
é um elo de interlocução formado por profissionais preocupados com o
reconhecimento da profissão.
A Psicopedagogia tem como objeto de estudo o processo de
aprendizagem e suas dificuldades, sendo assim, desde o seu início, sempre
englobou várias áreas do conhecimento a fim de através dessa integração,
atender aos anseios e minimizar as dificuldades.
Por seu caráter interdisciplinar, a Psicopedagogia encontra e agrega
vários profissionais, o que dificulta a construção de sua própria identidade
gerando discussões à cerca para regulamentar a profissão.
Atualmente, existe um Projeto de Lei que regulamenta a profissão do
Psicopedagogo que está na Comissão de Constituição para ser aprovado. Hoje
existe a Lei n° 10.891 de 20 de setembro de 2001, que “autoriza o poder
Executivo a implantar assistência psicológica e psicopedagógica em todos os
estabelecimentos de ensino básico público, com o objetivo de diagnosticar e
prevenir problemas de aprendizagem.”
Em face de tudo isso, a profissão do Psicopedagogo tem amparo legal
no Código Brasileiro de Ocupação, isto quer dizer que já existe a ocupação de
Psicopedagogo, contudo, não é suficiente, precisamos da regulamentação.
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2.2 – Áreas de atuação do Psicopedagogo
O Psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, tanto de forma
preventiva quanto terapêutica, utilizando estratégias sempre objetivando se
ocupar dos problemas que envolvem a compreensão dos processos de
desenvolvimento e das aprendizagens humanas.
Desta forma, pode atuar tanto na Saúde como na Educação, já que o
seu saber visa compreender as variadas dimensões da aprendizagem humana.
Pode trabalhar com crianças hospitalizadas tentando integrá-las no processo
de aprendizagem, sempre em parceria com equipes multidisciplinares das
instituições hospitalares, tais como psicólogos, assistentes sociais, médicos e
enfermeiros.
Também no campo empresarial, pode contribuir com as relações,
visando à melhoria da qualidade dessas relações inter e intrapessoais dos
indivíduos que ali atuam.
Numa linha preventiva, o psicopedagogo institucional tem a função de
desempenhar uma prática docente, envolvendo-se em capacitações de
profissionais da educação, atuando dentro de escolas. Nessa função
preventiva, o psicopedagogo irá investigar possíveis perturbações no processo
de aprendizagem, deverá promover orientações metodológicas de acordo com
o campo atuante e as características dos grupos, participar da dinâmica das
relações da comunidade educativa a fim de favorecer a integração e a troca
contínua de forma individual ou em grupo.
Pensando na forma terapêutica, o psicopedagogo trata das dificuldades
de aprendizagem, estabelecendo um diagnóstico, para desenvolver técnicas
remediativas, orientando pais e professores se possível, mantendo contato com
a equipe multidisciplinar de diversas especialidades como psicólogos,
psicomotricistas, fonoaudiologistas entre outros, que se faz necessária, pois as
dificuldades muitas vezes, são multifatoriais em suas origens e o seu
tratamento terá eficácia e sucesso apropriando-se de variados conhecimentos.
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2.3 – O Psicopedagogo na Instituição Escolar
As instituições de ensino atualmente, tem se encontrado cada vez mais
preocupadas com os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem.
Em sua maioria já não sabem o que fazer com as crianças que não aprendem
de acordo com os processos considerados “normais” e consequentemente não
possuem uma forma de intervenção que seja capaz de contribuir para a
superação dos problemas.
“A aprendizagem na escola, na atualidade chega a uma
situação de barbárie. Há, portanto, um significativo
adoecimento das crianças, uma vez que o conteúdo de
aprendizagem se apresenta como figura, em detrimento
das relações formadas no ambiente escolar.”
(FERNANDES, 2013, p.31)
Diante disso, fica claro a importância como já mencionado neste
trabalho, do psicopedagogo atuante na instituição escolar e do seu papel
significativo.
Bossa menciona que a intencionalidade da psicopedagogia institucional
está na sua própria atuação, pois, como psicopedagogos construímos o
conhecimento do sujeito, que no momento, esta agregado a instituição com sua
filosofia, valores e ideologias.
O psicopedagogo institucional, como um profissional qualificado, na área
educacional, visa assistencializar professores e demais profissionais para a
melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem.
Através de técnicas e métodos, o psicopedagogo possibilita intervenções
visando à solução de problemas de aprendizagem juntamente com a equipe
gestora, buscando a mobilização no espaço escolar para a construção
adequada desta aprendizagem sempre elegendo metodologias que sejam
facilitadoras do processo.
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“O trabalho psicopedagógico, portanto, pelo visto, pode e
deve ser pensado a partir da instituição escolar, a qual
cumpre uma importante função social: a de socializar os
conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento
cognitivo e a construção de regras de conduta, dentro de
um projeto social mais amplo. A escola, afinal, é
responsável por grande parte da aprendizagem do ser
humano.” (BOSSA, 2011, p.141)
Considerando o exposto, o psicopedagogo institucional deve esta
preparado para auxiliar os educadores realizando atendimentos pedagógicos
individualizados, contribuindo para a compreensão de problemas na sala de
aula, permitindo ao docente alternativas de ação bem como participando dos
relatos através de observação, dos distúrbios de aprendizagem de alunos.
As escolas enfrentam um grande desafio: lidar com as dificuldades de
aprendizagem e ao mesmo tempo traçar uma proposta de intervenção que seja
capaz de contribuir para a superação dos problemas de aprendizagem das
crianças. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio
ambiente. Por esse motivo, o professor e o aluno, não são os únicos
protagonistas desta história, nesse caminho, estão também o núcleo familiar e
outros membros da comunidade que vão interferir no processo de
aprendizagem.
O psicopedagogo junto ao professor irá exercer sua habilidade de
mediador das construções de aprendizagem. Mediar é intervir para promover
mudanças. Uma criança só aprende se ela tem o desejo de aprender. E para
isso é importante que os pais contribuam para que ela desperte esse desejo.
“A criança ingressa na escola com um desenvolvimento
construído a partir do intercâmbio com o meio familiar e
social, o qual pode ter funcionado tanto como facilitador
quanto como inibidor no processo de desenvolvimento
afetivo-intelectual.” (BOSSA, 2011, p.144)
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Através dessa reflexão, entendemos que o psicopedagogo também tem
o papel de se propor a incluir os pais no processo, por intermédio de reuniões,
possibilitando o acompanhamento do trabalho realizado e dando uma
ocupação nesse contexto aos pais, para que não sejam somente espectadores,
e assumam a posição de parceiros junto ao processo.
Dessa forma, acreditamos que o trabalho do psicopedagogo quando
encontra consonância e parcerias na escola, pode promover efeitos muito
positivos para a minimização das dificuldades que emergem no contexto
escolar, apesar de representar um constante desafio, pois requer o
envolvimento de toda a equipe, e um desejo permanente de mudanças, para
que as transformações de fato ocorram.
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CAPÍTULO III
A ATUAÇÃO DA LITERATURA INFANTIL NO TRABALHO
PSICOPEDAGÓGICO
3.1 – O espaço escolar, o mundo da literatura e o psicopedagogo
Quando falamos de aprendizagem, podemos afirmar que todo esse
processo começa desde o ventre da progenitora, através de estímulos
auditivos e sensoriais que vão ocorrendo durante a gestação.
Após o nascimento, o indivíduo passa a fazer parte de uma instituição
social organizada – a família – e depois, ao longo da vida, integra outras
instituições. Nessa interação vai se construindo uma teia de saberes, onde os
membros da sociedade são parceiros e contribuem cada um com seus
conhecimentos, suas práticas, valores e crenças. O processo de construção
então começa a se da a partir desse momento e se intensifica, quando o
indivíduo integra a escola.
Segundo Abramovich (1997), querer saber de tudo o que acontece ao
seu redor, do processo de construção da vida em geral e da sua própria em
particular, faz parte da curiosidade natural da criança. Saber sobre seu corpo,
sua sexualidade, seus problemas de crescimento, suas relações com os outros
são temas de frequentes perguntas que precisam de respostas convincentes e
capazes de serem entendidas por essas crianças que muitas vezes podem ter
ainda algum tipo de limitação na compreensão da linguagem, mas, que quando
respondidas de forma doce, gentil e realista podem saciar e aguçar a
curiosidade delas.
As crianças dessa geração estão sempre fazendo interrogações sobre
suas dúvidas, tristezas, dificuldades, conflitos e até sobre suas descobertas
para poderem compreender melhor todo o processo de crescimento que estão
sofrendo, é claro que muitas não fazem ideia do motivo de tal curiosidade. E
atender tamanha curiosidade requer uma experiência e vivencia da própria
criança com todo tipo de emoções que reflitam o seu cotidiano familiar, escolar
ou em sociedade.
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Portanto, a questão é saber como abordar os temas sem fugir das
questões principais, ou seja, utilizando um meio de explicá-las que as leve a
pensar, elaborar, identificar, discordar e criticar os assuntos pelos quais tenham
interesse, sempre tendo em mente que valores agregamos a essas questões e
como transferimos para nossas vidas esses ensinamentos.
Os valores conduzem o nosso comportamento e geralmente são
demonstrados através de nossas ações. Atualmente, nossa sociedade enfrenta
sérios problemas decorrentes de fatores econômicos, sociais e culturais. Mas,
sem dúvida, o mais grave é a crescente onda de novos e duvidosos conceitos,
que passamos a vivenciar em detrimento de valores tradicionalmente aceitos
até o momento.
A literatura então nos dará o suporte para explanarmos qualquer
assunto, mas a literatura a qual nos referimos não são aquelas encontradas
somente nos livros didáticos ou para-didáticos que por diversas vezes são
exigidos pelas escolas por transmitirem conteúdo do currículo, mas sim, os de
histórias, de contos de fadas entre outros gêneros que abordam por diversas
vezes problemas que as crianças podem esta atravessando ou que as
interessem.
Desta forma, cada leitura a ser feita deve ser capaz não só de transmitir
conteúdos, embora estes muitas vezes sejam priorizados e o marco inicial de
tudo, mas sim, de nos ensinar algo novo e essencial ao nosso crescimento e
amadurecimento.
Uma obra literária é composta por vários elementos, tais como: matéria
e forma, estrutura narrativa, linhas ou tendências, gêneros e categorias entre
outros. A leitura de textos literários acrescenta significado à vida da criança,
estimulando a autoestima e valorizando o emocional, na apropriação do sentido
e na transferência simbólica de identificação, a partir do texto.
“É ouvindo histórias que se pode sentir (também)
emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação,
o bem estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a
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tranqüilidade, e tantas outras mais e viver profundamente
tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve –
com toda amplitude, significância e verdade que cada
uma delas fez (ou não) brotar...Pois ouvir, sentir e
enxergar com os olhos do imaginário.” (ABAMOVICH,
2004, p.17)
Há unanimidade em torno do fato de que ouvir muitas histórias é
importante para a formação de qualquer criança. Pode ser dito que esse é o
inicio da aprendizagem para ser um leitor porque permite que a criança
desenvolva um esquema de texto narrativo.
Como toda a arte, a literatura privilegia um domínio do conhecimento
normalmente ignorado pelo ensino tradicional: o domínio afetivo. Por esse
motivo, deve ser oportunizado à criança o encontro com o texto literário através
da descoberta do prazer e da beleza.
“Muitas crianças e adolescentes não aprendem e
recebem conceitos de menos inteligentes, quando, na
verdade, estão afetivamente carentes. Afinal, nossa
inteligência não só agrega aspectos cognitivos mas
também emocional.” (CUNHA, 2010, p.22)
A pessoa é um ser em constante relação. Essa relação é estabelecida
consigo mesma e com os outros, na tentativa de satisfazer as próprias
necessidades, amadurecer e realizar-se. O processo de construção de um
relacionamento não acontece de forma mágica.
A consciência desse complexo processo não pode ser adquirida através
do estudo de conceitos teóricos, mas de uma vivência que seja capaz de
modificar a mentalidade, criando uma nova forma de conceber e vivenciar, na
prática cotidiana uma nova postura que se refere às relações interpessoais no
ambiente escolar.
Chalita (2014) menciona que o “primeiro trabalho a ser feito com o
professor na sua relação afetiva é com ele mesmo. É no universo intrapessoal
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que se constrói o interpessoal. Ninguém dá o que não tem. O professor tem de
ser terno com ele mesmo, preparando-se para as vicissitudes que a profissão
e a vida oferecem.” (p.67)
No ambiente escolar, a acolhida torna-se uma habilidade fundamental
dentro das relações humanas, uma vez que o outro terá sentimentos positivos
para com o grupo e o ambiente de trabalho.
Vivemos em relação com as outras pessoas, nas diversas esferas de
nossa vida, cada uma com maneiras diferentes de perceber, de interpretar o
que está ao seu redor. Saber lidar com elas é uma arte necessária ao sucesso
de qualquer atividade humana.
O psicopedagogo, através dessa visão utilizando o afetivo no ambiente
escolar, irá articular as atividades literárias de forma que contemplem um
ambiente de efetiva participação.
O profissional que tece sua relação no diálogo, abrindo mão algumas
vezes das relações mecânicas, poderá verificar o crescimento como um todo
do indivíduo e da escola, num espaço onde o ser humano é engrandecido e a
dignidade da vida resgatada, no sentido mais profundo da existência humana:
o equilíbrio entre a razão e o afetivo.
Torna-se, portanto, clara a necessidade das pessoas possuírem
princípios que norteiem suas vidas para serem capazes de firmar relações
construtivas com os que as cercam.
Um princípio fundamental é acreditar que as pessoas são inerentemente
boas, fato que possibilita a construção de um relacionamento pautado sobre as
realidades da harmonia e do conflito, do desejo de ser melhor e de como
somos, respeitando cada um dentro de sua individualidade e de sua busca de
construir e construir-se.
“No processo educativo em que a gente ensina a ser
melhor, em que a gente ensina gente a ter dignidade, a
ter um conhecimento que amplie os horizontes e possa
transformar o mundo, a heterogeneidade tem de ser
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respeitada. Insisto nessa ideia de que a educação
transforma o mundo: o mundo de um país, o mundo de
uma cidade, o mundo de uma família, o mundo de uma
pessoa.” (CHALITA, 2014, p.79)
Nessa concepção, oferecendo uma visão original da realidade, a
literatura permite que a criança possa preencher lacunas resultantes de sua
ainda pequena e escassa experiência existencial, nas classes de Educação
Infantil. Através dos livros de gravuras com pequenos textos, da história oral,
da leitura de histórias e poesias, das cantigas de roda, das lendas e fábulas, a
criança vivencia as aventuras ainda não vividas na realidade.
O convívio com o texto literário resulta num alargamento de horizontes,
no descortinar de uma realidade possível, numa reestruturação de sua leitura
de mundo. Vendo as gravuras de um livro ou ouvindo uma história, a criança
pode criar seu próprio mundo, povoando-o de sonhos e fantasias, mas, ao
mesmo tempo, insere-se no nosso mundo de adultos e no seu mundo infantil.
O psicopedagogo com esse conhecimento poderá aplicar essa prática em sua
intervenção.
A literatura oferece alimento à criatividade e ao imaginário e oportuniza a
criança o conhecimento de si mesmo, do mundo que a cerca, do seu ambiente
de vida e lhe permite, então, estabelecer as relações tão importantes e
necessárias entre o real e o não-real.
A literatura possibilita especialmente à criança uma leitura em vários
níveis: o sensorial – através dos aspectos exteriores do livro (tamanho,
espessura, capa, tipo de letra, forma, cor, ilustração, textura); o emocional –
pelos sentimentos que a leitura provoca, pelo gostar ou não do que lê ou ouve,
pela reordenação do mundo subjetivo; o racional – pela reflexão a que conduz,
oportunizando a construção do conhecimento e a reordenação do mundo
objetivo.
Como fonte de prazer, estímulo à criatividade, enriquecimento de
experiências, desenvolvimento da percepção entre texto e contexto e das
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dimensões afetiva e social do conhecimento, a literatura se constitui fator de
impulso à aprendizagem.
Diariamente, as crianças devem ter a oportunidade de ouvir e ter contato
com os livros e as histórias escolhidas que, ao serem lidas ou contadas,
propiciarão a formação do conceito individual, e depois coletivo, dos temas
abordados e ainda servirem de base para discussões e questionamentos,
ativando a criatividade e seu leque de opções para elaboração dos trabalhos e
construções posteriores.
O trabalho psicopedagógico faz a mediação entre a realidade da criança
com irreal do conto, buscando a reconciliação da criança consigo mesmo e
com as aprendizagens culturais, através do simbólico presente na narrativa,
facilitando o acesso ao desejo e ao prazer de aprender.
A arte de contar histórias na escola estabelece um vínculo entre aquele
que ouve, permitindo que a emoção provocada pela história entre em
comunicação com as crianças.
A aquisição da leitura perde seu valor quando o que se aprendeu, ou o
que se lê não acrescenta nada de importante à nossa vida. É a busca
incansável do significado que já, na mais tenra idade, a criança deve aprender,
à medida que se desenvolve, a se entender melhor, no auto-conhecimento,
identificando-se com as situações, para poder relacionar-se melhor com outro e
com o conhecimento atingindo o significante de forma significativa.
A criança esta exposta à sociedade em que vive e assim sujeita a
aprender a enfrentar a realidade com as condições que lhe são próprias, desde
que seus recursos interiores o permitam. De modo que suas emoções,
imaginação e intelecto se ajudem e se aprimorem mutuamente.
Finalizando, vale lembrar que tudo que mencionamos servirá de efetivo
trabalho preventivo juntamente com o psicopedagogo, orientando as diversas
estratégias que podem promover o desenvolvimento das crianças observando
a sua especificidade e importância e com a qual o professor poderá enriquecer
o trabalho realizado com as crianças.
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CONCLUSÃO
Estamos vivendo em um mundo que tem passado por diversas
transformações e consequentemente o influxo dessas forças comandam as
sociedades. Daí os desequilíbrios sociais que ocorrem em nossa realidade em
todas as áreas e em especial na Educação.
Por isso, torna-se cada vez mais urgente renovarmos as ideias,
refletindo sobre a Educação e o ensino que desejamos como princípios
ordenadores da sociedade, visando construir uma nova civilização.
Refletindo sobre isso, a escola passa a ser vista sobre outros olhares,
não mais somente como mera reprodutora de saberes, os quais muitas vezes
não estão sendo absorvidos por conta das adversidades encontradas. Daí
nasce o Psicopedagogo e a necessidade de meios de intervenção.
A Psicopedagogia surgiu da necessidade de melhor compreensão do
processo de aprendizagem, comprometido com a transformação da realidade
escolar, na medida em que possibilita, mediante dinâmicas de sala de aula,
contemplar a interdisciplinaridade, juntamente com outros profissionais da
escola. O psicopedagogo estimula o desenvolvimento de relações
interpessoais, o estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de
ensino compatíveis com as mais recentes concepções a respeito desse
processo. Procura envolver a equipe escolar, ajudando-a a ampliar o olhar em
torno da criança e das circunstâncias de produção do conhecimento, ajudando
a criança a superar os obstáculos que se interpõem ao pleno domínio das
ferramentas necessárias a leitura do mundo.
Por isso, nesse mundo permeável onde a cada passo as coisas mudam
de lugar, o Psicopedagogo através da Literatura Infantil, poderá trilhar um
caminho que oferece uma forma rica e eficaz de ler o mundo, que auxilia as
crianças e os jovens a compreenderem mais suavemente a vida em sociedade.
O ser humano continua passando pelos mesmos problemas que sempre
o afligiram e através da Literatura, o psicopedagogo poderá abordar várias
questões do nosso tempo e também problemas universais.
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A aprendizagem humana é determinada pela interação entre o indivíduo
e o meio, da qual participam os aspectos biológicos, psicológicos e sociais.
Dentro dos aspectos biológicos, a criança apresenta uma série de
características que lhe permitem, ou não, o desenvolvimento de
conhecimentos. As características psicológicas são conseqüentes da história
individual, de interações com o ambiente e com a família, o que influenciará as
experiências futuras.
Nesse contexto, o psicopedagogo deve saber interpretar e estar
inteirado com essas mudanças para poder agir e colaborar, preocupando-se
com o que as experiências de aprendizagem sejam prazerosas e, sobretudo,
que promovam o desenvolvimento.
Portanto, a psicopedagogia, pode fazer um trabalho entre os muitos
profissionais, visando à descoberta e o desenvolvimento das capacidades da
criança, bem como pode contribuir juntamente com a Literatura, que as
crianças sejam capazes de olhar esse mundo em que vivem de saber
interpretá-lo e de nele ter condições de interferir com segurança e
competência. Assim, o psicopedagogo não só contribuirá com o
desenvolvimento da criança, como também contribuirá com a evolução de um
mundo que melhore as condições de vida da maioria da humanidade.
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AGRADECIMENTOSSUMÁRIOCAPÍTULO II - Traços históricos da Psicopedagogia17CAPÍTULO III – A atuação da Literatura Infantil no 26trabalho psicopedagógicoCONCLUSÃO32BIBLIOGRAFIA CONSULTADA34