ldocumento protegido pela lei de direito autoral … · 10 os povos conquistados, que...

45
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ELISÃO E EVASÃO FISCAL Os limites do planejamento tributário Por: Renata Pinheiro Carneiro Orientador Prof. Mariana Monteiro Niterói 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Upload: doancong

Post on 11-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ELISÃO E EVASÃO FISCAL

Os limites do planejamento tributário

Por: Renata Pinheiro Carneiro

Orientador

Prof. Mariana Monteiro

Niterói

2015

DOCUM

ENTO

PROTEG

IDO P

ELA L

EI DE D

IREIT

O A

UTO

RAL

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

Page 2: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ELISÃO E EVASÃO FISCAL

Os limites do planejamento tributário

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Direito Público e Tributário

Por: Renata Pinheiro Carneiro

Page 3: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

3

AGRADECIMENTOS

Às amigas Mariana de Beauclair

Domingues de Oliveira e Ana Lucia

Pires dos Santos, pelo apoio constante

e amizade; aos mestres da

Universidade Candido Mendes e À Vez

do Mestre, pela contribuição em minha

formação.

Page 4: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

4

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, maiores incentivadores da

minha vida; e ao meu namorado, Sandor

Divenyi, pelo apoio, carinho e paciência.

Page 5: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

5

RESUMO

Ainda existe controvérsia em matéria tributária a respeito da elisão e

evasão fiscal. Um planejamento tributário deve envolver formas de tentar a

redução da carga tributária dentro dos limites legais.

O presente trabalho busca uma breve análise histórica da evolução do

tributo, concentrando a pesquisa nos conceitos da elisão, evasão e sua análise

dentro do planejamento tributário.

Page 6: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

6

METODOLOGIA

A presente monografia teve sua pesquisa bibliográfica baseada em

livros; artigos da Internet; artigos de revistas; leis esparsas; Códigos, em

especial nos livros de Ricardo Lobo Torres e Silvio Aparecido Crepaldi.

Page 7: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Breve histórico dos tributos 09

CAPÍTULO II - A Administração Tributária 19

CAPÍTULO III – Da elisão e da evasão fiscal 26

CAPÍTULO IV – Planejamento tributário e os limites da elisão 34

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 44

Page 8: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

8

INTRODUÇÃO

Vivemos em uma realidade em que é inviável pensar na existência

de um Estado sem a cobrança de tributos.

É através deles que o Estado se sustenta, fornecendo o necessário

para a vida em comunidade, pois não existiria a máquina estatal sem a

contraprestação que a sustentasse.

No entanto, com essa obrigação surge o questionamento se seria

possível deixar de pagar ou ao menos diminuir essa carga tributária.

É nesse cenário que surge o debate das questões que serão

apresentadas no atual estudo, que envolvem o planejamento tributário, assim

como seus limites.

E para entender os limites do planejamento, essencial é que se

entenda o que são os fenômenos da evasão fiscal e da elisão fiscal.

É o que trataremos a seguir.

Page 9: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

9

CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO DO TRIBUTO

O tributo, entendido de forma ampla, existe desde os primórdios da

humanidade, tendo seu início desde a época em que os homens passaram a

viver em grupos, por questões de sobrevivência.

Nesse primeiro momento, o tributo se caracterizava por presentes

oferecidos a guerreiros, deuses, faraós e líderes em geral; era uma forma

voluntária do mesmo.

No entanto, principalmente com as guerras e a relação dominante-

dominado que passava a surgir, houve uma modificação no tributo, que

passava de voluntário a compulsório, sendo uma das formas de subjugar o

vencido; é a partir dessa evolução que os povos dominados sofrem, inclusive

com a escravidão, enquanto os dominantes se fortalecem e com eles a ideia

primitiva de Estado.

1.1 – O tributo na Antiguidade

Já na Antiguidade, é possível encontrar referências à cobrança de

tributos em diversas sociedades, como Índia, China, Pérsia, Egito, Grécia e

Roma.

Como destaques desse período, temos que o Egito possuía uma

parte administrativa de seu império extremamente organizada, em que

impostos eram cobrados de camponeses na época das colheitas e o cargo de

escriba era de suma importância, por serem estes os responsáveis pelos

registros, inclusive dos tributos.

A Grécia, por sua vez, possuía em Atenas um Ministério das

Finanças, com a administração do tributo pelo Estado, que era cobrado de

todos aqueles que não fossem considerados cidadãos gregos.

Mas é de Roma a herança do sistema múltiplo de tributos. O Império

Romano teve seu crescimento pautado na cobrança de pesados tributos sobre

Page 10: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

10

os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos,

estradas e manutenção de seus exércitos, sendo interessante a origem do

termo “fisco”, até hoje utilizado (SECRETARIA DE FAZENDA, p. 15-16):

No latim, fiscus era o apelativo de um paneiro de pôr dinheiro, que consistia num cesto de junco ou vime, com asas e que, segundo o poeta romano Juvenal (60-140 dC), era sinônimo de tesouro do príncipe ou bolsinho imperial. Embora a palavra “fisco” coresponda hoje ao sujeito ativo da relação jurídico-tributária, vê-se que, historicamente, fiscus, em contraposição ao tesouro público, era o tesouro privado do imperador, donde veio a palavra “confisco”.

É inclusive da época do Império Romano a famosa frase “pecunia

non olet”, que justifica até hoje a cobrança de tributos mesmos de atos ilícitos.

Tito, filho do Imperador Vespasiano, questionou seu pai sobre a taxa por ele

instituída para cobrança ao utilizar mictórios públicos, ao que este o fez cheirar

uma moeda de ouro e replicou “non olet”, ou seja, o dinheiro não tem cheiro.

Assim, até hoje é o princípio que justifica a cobrança de impostos de atos

ilícitos, pois se assim não fosse, seria tratar de forma desigual o que teve

proveito econômico de forma ilícita em face daquele que o obteve de forma

lícita, e que dever pagar imposto.

1.2 – O tributo na Idade Média

Com a queda do Império Romano há uma ruptura do modelo antigo,

sendo a Idade Média caracterizada pela descentralização do poder em feudos,

por uma economia baseada na agricultura e no trabalho servil, além de uma

forte influência da Igreja Católica.

No feudalismo praticamente não existia mobilidade social, sendo

dividido em três estamentos: o clero, os nobres (senhores feudais) e os servos.

Nessa época, por conta da economia baseada na agricultura e praticamente

sem comércio, não era comum o dinheiro, sendo a forma usual o escambo.

Assim, os tributos da época eram usualmente devidos em trabalho e

entrega de parte da colheita ao nobre. Os principais exemplos dessas

obrigações dos servos para com os senhores feudais eram a corveia, a talha, a

Page 11: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

11

banalidade, a capitação, o dízimo, o censo, a taxa de justiça, a formariage, a

mão morta e a albergagem.

O restabelecimento do comércio, aliado à peste, à falta de

alimentos, a insurreições dos camponeses, ao estabelecimentos de exércitos

profissionais, levou ao declínio do feudalismo.

1.3 – O tributo na Era Moderna

A Era Moderna é caracterizada pela criação dos Estados Nacionais,

com fortalecimento da burguesia em virtude inicialmente do comércio

crescente nas feiras com especiarias, e após com as explorações em busca de

novas rotas comercias, tendo por consequência uma mudança no paradigma

da sociedade, que na era feudal era baseada na terra e na era moderna cada

vez mais no comércio.

O Estado absolutista, por sua vez, centralizava o poder na figura do

Rei, justificável por ser recebedor de um poder divino e superior, de acordo

com Jacques Bossuet, ou por ser fruto de um de acordo entre os homens,

conforme defendido por Hobbes.

Foi a era do mercantilismo, que tinha como base o metalismo (a

riqueza era medida pela quantidade de metais preciosos que possuía o

Estado) e por uma balança comercial favorável, em que se buscava exportar

mais do que importar. Também foi a época dos pactos coloniais (relação

metrópole-colônia) e dos monopólios comerciais (exclusividade de comércio

determinado de acordo com a vontade do rei).

O tributo é peça central na manutenção do Estado absolutista: é

através dele que o Rei mantinha suas regalias e daqueles à sua volta, às

custas da pobreza do resto da população, que arcava com altíssimos tributos.

Com o recolhimento de tributos, também se mantinha o exército

real, que tinha como função proteger o Estado assim como auxiliar a burguesia

nas explorações econômicas.

Page 12: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

12

A partir do século XVII, há uma mudança no pensamento vigente,

passando a se defender a existência de direitos individuais que deveriam ser

respeitados pelo rei. Conforme texto da Secretaria da Fazenda (p.19):

A partir do século XVII, há uma mudança de perspectiva: defender o indivíduo, limitando e controlando o poder do Estado. Nesse sentido, John Locke (1632-1704), filósofo considerado o precursor do Iluminismo e inspirador da Constituição Americana de 1787, vivendo na Inglaterra, em plena ebulição da Revolução Industrial, mostrou o homem como um ser dotado de direitos naturais inalienáveis frente ao Estado, motivo pelo qual, para Locke, o governo foi instituído entre os homens para preservação da propriedade (a vida, a liberdade e os bens materiais). Ele negava autoridade a qualquer agente político para usurpar os direitos naturais do indivíduo. Seus princípios dos direitos naturais, do governo limitado e do direito à resistência à tirania foram fonte da Revolução Francesa.

A Revolução Francesa é, inclusive, o fim do marco da Idade

Moderna, e resume o sentimento de insatisfação que aflorava entre à época

por conta dos tributos devidos pelo Terceiro Estado, no qual estava a cada vez

mais poderosa burguesia, e que veio a influenciar movimentos por toda

Europa.

Além da Revolução acima mencionada, sendo inclusive anteriores a

ela, estão as Revoluções Burguesas e a Revolução Americana, ícones da

decadência do Antigo Regime e início de um ideal de contrato social entre o

Estado e os indivíduos, com bases iluministas e em especial em Rousseau,

evoluindo do conceito jusnaturalista puro para teorias baseadas na razão.

1.4 – O tributo na atualidade

Desde a Revolução Francesa diversas mudanças ocorreram no

cenário internacional: as independências de diversas colônias, Guerras

Mundiais, o antagonismo dos regimes socialista e capitalista (Guerra Fria), o

desenvolvimento industrial, a consolidação do capitalismo e do regime

democrático, dentre muitos outros fatores.

É uma era de intensas transformações, com amplo desenvolvimento

tecnológico. A explosão da Internet e o fenômeno da globalização também

Page 13: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

13

influenciaram sobremaneira a forma como os Estados relacionam-se uns com

os outros, tendo impacto, obviamente, na relação com os tributos e sua

cobrança, tanto interna como externamente.

1.5 – A evolução histórica do tributo no Brasil

1.5.1 – O período colonial

A tributação nacional existe desde sua descoberta, de acordo com

leis fiscais provenientes da Coroa portuguesa, que condicionaram a extração

do pau-brasil a pagamento de tributos por parte dos extratores: era o quinto do

pau-brasil.

Nesse período inicial, Portugal ainda não se preocupava muito com

a ocupação do solo recém-descoberto, tendo em vista o lucrativo comércio de

especiarias. No entanto, o fim do monopólio do comércio de especiarias e a

preocupação com invasões ao Brasil levaram a então metrópole a buscar

soluções de ocupação do território de sua colônia.

Foi então estabelecida a divisão do litoral brasileiro em quinze

partes, que seriam doadas a particulares. Os tributos eram divididos em rendas

do Real Erário (Portugal) e rendas do donatário (capitão-mor e governador),

sendo que nesse período “não existia nenhuma organização fiscal e os tributos

eram pagos in natura ou em espécie, sendo enviados para

Portugal”(MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2013, p. 18).

Com a distância da metrópole para colônia, houve intensa

sonegação fiscal. Com a falência do sistema de capitanias hereditárias, a

Coroa estabeleceu um governo centralizado no país, chamado de Governo-

Geral, e com um Provedor-Mor para fiscalizar a arrecadação dos tributos. A

cobrança era feita pelos chamados rendeiros, e geralmente em espécie. Por

conta dos altos tributos, mesmo com retaliações violentas, a corrupção e o

contrabando marcaram o período.

O principal foco de exploração nesse período era a cana-de-açúcar,

que foi posteriormente substituída pela mineração. É nessa segunda fase que

Page 14: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

14

ocorre a famosa derrama, um imposto que cobrava a diferença devida pelos

mineradores junto à Coroa portuguesa, que deveriam alcançar o valor de 100

arrobas de ouro anuais com o quinto, imposto que recolhia 20% do ouro

extraído e que era remetido diretamente para Coroa Portuguesa.

Um importante momento ocorrido no século XVIII foi a Conjuração

Mineira, também conhecida como Inconfidência Mineira. Uma das principais

causas da revolta foi justamente a cobrança do quinto. À época, sob a ameaça

da derrama, os inconfidentes planejaram que, no dia da cobrança desta, fosse

anunciado o movimento. Como sabido, foram antes delatados e derrotados,

mas o movimento serviu de inspiração para independência, sendo símbolo de

resistência aos desmandes da Coroa portuguesa.

Com a invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão Bonaparte, a

família real foge para o Brasil, iniciando um novo período para na colônia, que

passa a gozar de uma certa autonomia. A abertura dos portos às nações

amigas, em 1808, leva a criação de novos impostos, e com a entrada de

produtos estrangeiros provenientes de países diversos da metrópole leva à

criação da primeira aduana brasileira.

1.5.2 – Os Reinados

Em 1822, o país se torna independente. No entanto, a

independência é apenas política, tendo a dependência econômica da Inglaterra

por conta do comércio entre este e o Brasil após a abertura dos portos. Assim,

mais uma vez, são instituídos uma série de impostos, com um regime

centralizador e que privilegiava a corte e seus agregados.

No primeiro Reinado, apesar das influências liberais da época, com

as revoluções francesa e americana, é criada em 1824 uma constituição

baseada na tripartição de poderes como proposta por Montesquieu, mas com a

instituição de algo totalmente anômalo, o Poder Moderador. Tal poder acabava

por neutralizar os demais, concentrando o poder de decisão apenas na figura

do rei. Com relação aos tributos, muito pouco mudou nessa época,

continuando a existir uma tributação excessiva, conforme era na época da

Page 15: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

15

colônia, com a diferença sendo que agora a receita permanecia em território

nacional.

O período regencial inicia-se com a abdicação do trono por D.

Pedrio I, em 1831. Nessa fase, também turbulenta, eclodem revoluções em

diferentes partes do Brasil, tendo algumas inclusive como estopim a cobrança

de tributos, a exemplo da Guerra dos Farrapos, que ia de encontro à cobrança

excessiva dos mesmos em relação às carnes e couro.

É nesse período também que, pela primeira vez, se tenta uma

divisão de receitas, existindo uma geral e uma das províncias, que eram

dotadas de alguma autonomia na instituição de tributos, desde que não fossem

de encontro ao poder geral.

O Segundo Reinado (1840-1889) é marcado pela abolição da

escravatura, pela proibição do tráfico de escravos e pela Guerra do Paraguai,

que levaram a mudanças significativas na estrutura tributária do país.

Nesse momento, permanece como base da receita a renda

proveniente da exportação, sendo criada a Tarifa Alves Branco, em 1844, para

tentar diminuir a importação e o déficit, tributando ferozmente produtos que

pudessem ser fabricados em território nacional.

No entanto, ainda faltava uma política que levasse em conta a

divisão de acordo com a capacidade econômica dos contribuintes e uma

repartição justa das receitas percebidas entre o poder geral e as províncias.

1.5.3 – O período republicano

De acordo com Martuscelli (2010, p.4214):

A pressão no Brasil se deu muito mais em função da forma de cobrança de tributos do que efetivamente pela sua previsão legal. Não se pode olvidar que as primeiras constituições brasileiras não cuidaram devidamente da parte referente á tributação, tratando a cobrança de tributos como mera manifestação de tarefas administrativas e a fiscalização como pura manifestação de um Poder de polícia, muitas vezes amplificado pela própria feição centralizadora do Poder vigente. Gradativamente, as constituições passaram a prever um rol de

Page 16: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

16

direitos oponíveis ao Estado, previstos constitucionalmente, embora os direitos do cidadão-contribuinte sejam realidades ainda recentes na história constitucional brasileira.

A Constituição de 1891 em termos tributários trouxe as ideias do

federalismo para seu texto, com a separação das competências da União e

dos Estados. No entanto, ainda é possível a ocorrência da bitributação,

restando como garantia ao contribuinte apenas o princípio da legalidade,

inspirada nos ideais liberais da época.

A Constituição de 1934 trouxe pela primeira vez a capacidade ativa

para tributar dos municípios, até então inexistente. Outro importante marco foi

a prevalência dos tributos da União face aos criados pelos Estados, como

forma de atenuar a bitributação. Ademais, baseados nas ideias do pós-guerra

e em especial nas constituições alemã, mexicana e espanhola, foi inscrito de

forma inédita numa constituição nacional a limitação ao poder de tributar, com

vedações ao exercício de competência tributária.

A Constituição de 1937 foi fruto de um golpe que implementou o

Estado Novo. Nela, houve a prevalência de um sistema intervencionista do

Estado, tendo como consequência um retrocesso nas liberdades individuais e

nas limitações do Estado, com poucas garantias na área tributária e hipóteses

e limitações ao poder de tributar.

A Constituição de 1946, proveniente da volta da democracia

internamente e reflexo do pós-guerra, traz preocupações sociais e

descentraliza o poder, trazendo na área tributária o princípio da capacidade

contributiva, imunidades tributárias, além de uma melhor divisão das

competências, com redistribuição de algumas para os Municípios.

Como sabido, a democracia durou por pouco tempo; em 1964, foi

dado o Golpe Militar, e é nessa época, inclusive que há a elaboração do

Código Tributário Nacional, de 1966, finalmente se desvinculando do direito

financeiro.

Nas palavras de Ubaldo Cesar Balthazar:

Page 17: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

17

O CTN, neste aspecto, inovou, concedendo uma feição econômica às hipóteses de incidência tributárias. Vários outros aspectos positivos podem ser citados, trazidos pelo código. Este conferiu caráter nacional integrado ao sistema tributário, ofereceu racionalidade econômica aos tributos. Trouxe conceitos mais seguros às espécies tributárias (imposto, taxa e contribuição de melhoria), e atribuiu à tributação função importante de instrumento de política econômica. Não há dúvida de que o novo código provocou um aumento da arrecadação tributária. Apresentou também aspectos negativos, tais como o desequilíbrio financeiro entre o aumento de despesas e o aumento de receitas, com vários impostos mal administrados. Uma das piores consequências, talvez, foi o exagero do número de leis tributárias, ordinárias e regulamentares.

A Constituição de 1967, ao contrário da anterior, volta a ter caráter

extremamente centralizador, atendendo à ditadura instaurada à época. No

plano tributário, pela primeira vez em uma constituição nacional é reservado

um capítulo exclusivamente para o tributo, e como retrocesso, a União poderia

interferir em tributos de competência do Estado, conferindo isenções.

A Emenda Constitucional (EC) n. 1/69 manteve as tendências da

Constituição de 1967, não apresentando grandes modificações na área

tributária.

A grave crise financeira dos anos 70, os altos índices de

desemprego, a nova política neoliberal que surgia nos países estrangeiros e os

seguidos fracassos dos planos econômicos (Cruzado, Bresser e Verão) foram

alguns dos fatores que levaram à insatisfação popular, ao movimento “Diretas

Já”, e consequente queda da ditadura, tendo início o Estado de Direito

Democrático.

A Constituição de 1988 trouxe uma ampliação às limitações ao

poder de tributar, e dispôs em seu corpo as competências da União, dos

Estados e dos Municípios em matéria tributária.

No entanto, a distribuição dos impostos tal como feita foi alvo desde

o início de intensas críticas, pela quantidade e complicação dos destes. Assim,

desde a época de Fernando Collor uma reforma já era requerida, mas que

Page 18: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

18

acabava por ser adiada por contas das questões políticas e econômicas

enfrentadas naquele período.

Finalmente, em 2003, há a chamada reforma tributária, mas que

infelizmente deixou de lado propostas como a unificação de certos tributos (IPI,

ICMS e ISS seriam unificados sob a sigla IVA – imposto sobre valor agregado).

Por outro lado, trouxe o COSIP – contribuição para o custeio do serviço de

iluminação pública, e o princípio da noventena – os tributos criados devem

respeitar o espaço de 90 dias antes de sua cobrança.

Houve outras modificações, mas a de 2003 é, sem dúvida, a mais

importante na área tributária. No entanto, não trouxe grandes mudanças,

sendo ainda muito superficial; o sistema tributário atual ainda segue confuso e

injusto, sendo necessárias reformas para se adequar aos anseios de uma

tributação mais clara e eficiente.

Page 19: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

19

CAPÍTULO II

A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

A administração tributária é um ramo da administração pública. Seu

objeto é a atividade financeira, sendo responsável por um conjunto de ações

que visam garantir o cumprimento da legislação tributária, atuando na

fiscalização, arrecadação, cobrança de tributos e informações econômico-

fiscais.

É considerada atividade essencial ao funcionamento do Estado,

dispondo o art. 37, XVIII da Constituição Federal, que a administração

fazendária terá precedência na sua área de competência e jurisdição, frente

aos demais setores administrativos.

Será exercida por servidores de carreira específica e as

administrações dos diversos âmbitos deverão atuar de forma integrada,

inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais,

conforme determinado na Carta Magna.

De acordo com o Código Tributário Nacional, a administração

tributária compreende a fiscalização, a dívida ativa e as certidões negativas.

2.1 – Da fiscalização

A fiscalização se dará em face de pessoas naturais ou jurídicas,

contribuintes ou não, inclusive as que gozem de imunidade ou isenção

tributárias.

O Código Tributário especificamente determina que não terá

qualquer aplicação lei que tenha por objetivo excluir ou limitar o direito de

“examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos

comerciais ou fiscais dos comerciantes industriais ou produtores, ou da

obrigação destes de exibi-los” (art. 195, CTN).

Existem determinadas pessoas que tem a obrigação de prestar

informações com relação a atividades de terceiros, bens e negócios, desde

Page 20: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

20

que intimados por escrito, tendo em vista a peculiar posição que ocupam. São

eles: tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; bancos, caixas

bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras; empresas de

administração de bens; corretores, leiloeiros e despachantes oficiais;

inventariantes; síndicos, comissários e liquidatários; e quaisquer outras

entidades ou pessoas que a lei venha a designar, em razão de seu cargo,

ofício, função, ministério, atividade ou função.

A exceção a tal regra fica por conta das informações protegidas

legalmente e que devam ser mantidas em segredo em razão da profissão.

Para o cumprimento de suas obrigações, as administrações

fazendárias poderão requisitar auxílio de força policial.

É importante frisar que a fiscalização nada tem com a não-

incidência do tributo, seja por imunidade, seja por isenção. A fiscalização é

necessária, inclusive, para se averiguar se os requisitos para deferimento

dessas imunidades em sentido amplo estão presentes, por exemplo. A

Fazenda precisa ter o poder de averiguar as situações tanto de contribuintes

quanto de não contribuintes justamente para que se possa agir de forma

correta e legal com ambos, evitando distorções e irregularidades.

A legislação também ampara os contribuintes, na medida em que as

informações obtidas pelos órgãos fazendários não podem ser divulgadas,

sendo excetuados apenas os casos de requisição de autoridade judiciária,

solicitação de autoridade administrativa, desde que dentro de um processo

administrativo. A outra exceção fica por conta da troca de informações entre as

fazendas públicas dos entes da federação e entre a União e Estados

estrangeiros, conforme disposto no artigo 199 e seu parágrafo único do Código

Tributário Nacional.

Uma vez verificada a ilicitude, será lançado o auto de infração. De

acordo com Silvio Aparecido Crepaldi (2012, p. 34):

No auto de infração, deparamo-nos com dois atos: um, de lançamento, exigindo o tributo devido; outro, de aplicação de penalidade, pela circunstância do sujeito passivo não ter

Page 21: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

21

recolhido, em tempo hábil, a quantia pretendida pela Fazenda. Dá-se a conjunção num único instrumento material, sugerindo até possibilidades híbridas. Mera aparência. Não deixam de ser duas normas jurídicas distintas postas por expedientes que, por motivos de comodidade administrativa, estão reunidos no mesmo suporte físico. Pela frequência que ocorrem essas conjunções, falam, alguns, em “auto de infração” no sentido largo (dois atos no mesmo instrumento) e “auto de infração” stricto sensu, para denotar a peça portadora de norma individual e concreta de aplicação de penalidade a quem cometeu ilícito tributário. O auto de infração é um ato administrativo porque corresponde a uma manifestação objetiva da vontade do Estado, enquanto parte diretamente interessada em uma relação jurídica.

2.2 – Da dívida ativa

Uma vez não efetuado o pagamento no prazo fixado do crédito

tributário, será constituída a dívida ativa tributária. A certidão de dívida ativa é

um título formal, que conterá os mesmos elementos do termo de inscrição, a

saber, o nome do devedor e dos corresponsáveis, assim como seu domicílio

ou residência, quando possível; a quantia devida e a maneira de calcular os

juros de mora acrescidos; a origem e natureza do crédito, mencionada

especificamente a disposição de lei em que foi fundado; a data em que foi

inscrita; e o número do processo administrativo de que se originar o crédito,

quando for o caso, tudo sob pena de nulidade.

Como os atos de império em geral da Administração, a dívida ativa

goza de presunção de legalidade, legitimidade e veracidade, podendo a

mesma ser contestada mediante prova inequívoca, uma vez que se trata de

uma presunção relativa.

Podem ser inscritos em dívida ativa os crédito de natureza tributário

e não tributária. No âmbito federal, a inscrição será feita pela Procuradoria

Geral da Fazenda Nacional, sendo de competência da Secretaria da Receita

Federal do Brasil encaminhar os créditos tributários não pagos para fins de

inscrição.

Page 22: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

22

A Lei nº 11.457/2007, que trata da administração tributária federal,

transformou a Secretaria da Receita Federal em Secretaria da Receita Federal

do Brasil, ficando extinta a Secretaria da Receita Previdenciária do Ministério

da Previdência Social.

Desta forma, passaram a atuar em conjunto no que diz respeito à

contribuição social relativa ao Regime Geral de Previdência Social a Receita e

o INSS.

No entanto, é atribuição privativa do cargo de auditor fiscal da

Receita Federal constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de

contribuições, além de outras descritas na supramencionada lei, assim como

executar os procedimentos de fiscalização das atividades e operações das

entidades fechadas de previdência complementar e dos fundos e entidades

dos regimes próprios de previdência social.

No exercício de seus deveres, os auditores, como representantes do

Estado, têm o poder-dever de praticar atos como apreensão e guarda de livros,

documentos, materiais, equipamentos e assemelhados; examinar registros

contábeis, não sendo aplicáveis as restrições contidas no Código Civil, regra

inscrita inclusive no próprio diploma, em seu art. 1.193; lavrar ou propor a

lavratura de auto de infração; aplicar ou propor aplicar penalidade

administrativa ao responsável por infração objeto de processo administrativo

decorrente de ação fiscal, representação, denúncia ou outras situações que

venham a ser previstas em lei.

Uma vez extraída a certidão de dívida ativa, o procurador da

Fazenda Nacional dará início a uma ação de execução fiscal, protocolando a

petição inicial, que será instruída com a certidão de dívida ativa.

Uma vez recebida a inicial, o executado será citado para pagar a

dívida, no prazo de cinco dias, assim como os juros, multa de mora e encargos

constantes na certidão de dívida ativa ou garantir a execução.

O despacho do juiz interrompe a execução. Assim, o executado

possui as seguintes opções: efetuar o depósito em dinheiro, à ordem do Juízo

Page 23: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

23

em estabelecimento oficial de crédito; oferecer fiança bancária ou seguro

garantia; nomear bens à penhora ou indicar bens de terceiros oferecidos por

estes e aceitos pela Fazenda Pública, com a ressalva de que é indispensável o

consentimento expresso do cônjuge nas duas últimas hipóteses.

Uma outra opção para o executado é pagar a parcela da dívida que

julgar incontroversa e garantir a execução do saldo devedor.

Não ocorrendo o pagamento nem a garantia da execução, o juiz

determinará a penhora dos bens do executado, obedecida a ordem disposta na

Lei nº 6.830/1980, em seu artigo 11.

Uma vez garantida a execução, o executado disporá de 30 dias para

opor embargos.

Não opostos embargos ou sendo estes rejeitados, a ação

prosseguirá o curso conforme o tipo de garantia prestada; não tendo sido

prestada qualquer garantia, será feita a execução forçada pelo Juízo.

Se ainda assim não forem localizados bens do executado ou ele

próprio, a ação será suspensa, não correndo prazo de prescrição.

Após o prazo de um ano, permanecendo a situação acima descrita,

os autos serão arquivados.

No processo de execução fiscal é expressa a previsão da prescrição

intercorrente, que será reconhecida de ofício, se da decisão que ordenar o

arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, desde que ouvida a

Fazenda Pública.

2.3 – Da certidão negativa

O Código Tributário Nacional traz em seus artigos 205 a 208

certidões de comprovação da regularidade fiscal. Podem ser negativas,

positivas ou positivas com efeito de negativas.

A lei pode exigir que a prova da quitação de determinado tributo seja

feita por certidão negativa, que conterá as informações essenciais do

Page 24: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

24

requerente, seu domicílio, e ramo de negócio ou atividade, assim como o

período a que se refere o pedido. Desta feita, podem existir situações em que

será requerido do contribuinte um documento, qual seja, a certidão, que

atestará que o mesmo não possui débitos, no caso, com a Fazenda. Existem

outras certidões negativas, como a trabalhista, que são exigidas inclusive

quando da licitação, para que se comprove a idoneidade da empresa

participante.

É um importante instrumento de controle dos atos, pois é preciso

lembrar, mais uma vez, que são os tributos que suportam toda a estrutura do

Estado. Quando contribuintes não cumprem suas obrigações e estão com

débito com a Fazenda é, ou deveria ser, um ônus de toda a sociedade, que

arcará de outras formas para pagar o que seria utilizado com aquele valor

faltante aos cofres. Pensando em apenas um contribuinte, pode ser uma

quantia insignificante, mas em quantidade, é passível de causar desajustes

expressivos. A certidão negativa, quando exigida, é uma forma de ao menos

garantir àqueles que cumprem sua obrigação corretamente um tratamento

diferenciado dos que não o cumprem. Válido frisar que não somente o Poder

Público pode exigir tal certidão, mas o próprio contribuinte em situações de seu

interesse.

Além da possibilidade de expedição de certidão negativa, há

também a certidão positiva com efeitos de negativa. Esta seria cabível na

existência de créditos não vencidos; em curso de cobrança executiva em que

haja uma garantia, ou seja, que tenha sido efetivada a penhora; ou nos casos

em que a exigibilidade esteja suspensa. São hipóteses em que existe o crédito,

mas que, devido ao determinado em lei, ainda não são exigíveis.

Finalmente, existe a certidão positiva, que é aquela destinada

justamente a certificar a existência de créditos não pagos.

O Código Tributário Nacional, no entanto, prevê exceção à regra da

exigência de certidões negativas quando se tratar de prática de ato

indispensável para enfrentar a caducidade do direito, respondendo, porém, os

Page 25: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

25

participantes do ato pelo tributo devido, juros de mora e penalidades cabíveis,

exceto as infrações cuja responsabilidade seja pessoal ao infrator.

No caso de certidão negativa expedida com dolo ou fraude, com

erro contra a Fazenda Pública, o servidor que a expedir será pessoalmente

responsável pelo crédito tributário e juros de mora existentes.

Tudo tratado no presente capítulo a respeito da administração

tributária e suas formas de atuação tem por finalidade o cumprimento da

obrigação de fazer, qual seja, o adimplemento do tributo, de preferência, de

forma voluntária. A arrecadação é o fim principal, tanto que o pagamento

muitas vezes impede a continuidade até mesmo de uma ação penal,

dependendo do momento em que ocorra.

Page 26: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

26

CAPÍTULO III

DA ELISÃO E DA EVASÃO FISCAL

O direito tributário pátrio é notadamente complexo e extremamente

árduo e custoso. Isso se deve ao processo evolutivo do Estado, que, de

modelo liberal e não-interventivo, foi sendo desenvolvido para atender as

demandas da sociedade, passando pelo modelo do bem-estar social, a um

menos interventivo e mais regulador, até o modelo atual, que parece tentar

voltar a um intervencionismo estatal forte.

O preço de uma atuação direta do Estado nos diferentes setores é

dividido por toda a sociedade, através dos tributos. No entanto, especialmente

nos casos de empresas, a carga é muitas vezes insustentável.

Assim, dentro do contexto econômico, legal e social surge a figura

da elisão e da evasão fiscal.

Antes de adentrar nos diferentes conceitos e o que acarreta cada

um, é preciso tratar brevemente sobre o sistema tributário nacional.

3.1 – O sistema tributário nacional

O Estado, na atualidade, é responsável por uma série de obrigações

para com seus cidadãos – segurança, saúde, educação, previdência social,

entre outros. Isto tem um custo, que será dividido entre a sociedade: é o

tributo.

De acordo com o art. 3º do Código Tributário Nacional:

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Temos, desta forma, que o tributo tem a função essencial de

garantir recursos para o funcionamento do Estado, em uma atividade

plenamente vinculada, ou seja, não há margem para discricionariedade,

Page 27: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

27

devendo ser seguido o disposto em lei, outro requisito essencial e sem o qual

não poderá ser o tributo exigido.

Existe uma série de princípios constitucionais relacionados ao direito

tributário, sendo o da legalidade a base do sistema.

Em direito tributário, é proibido exigir ou aumentar tributos sem lei

que o estabeleça. Isso leva a outro princípio, o da anterioridade. Este princípio

procura evitar que o contribuinte seja surpreendido com a instituição do tributo,

sendo esta dividida em duas: uma impede que sejam cobrados tributos no

mesmo exercício financeiro em que instituído o mesmo, e outra estabelece um

prazo mínimo de noventa dias da publicação para que seja exigido o tributo.

A noventena (anterioridade nonagesimal) passou a ser exigida por

conta de uma manobra que estava sendo efetivada para burlar o princípio da

anterioridade: criavam-se leis no último dia do exercício financeiro (que

coincide com o ano civil), e cobrava-se o tributo no exercício seguinte; assim,

com o princípio da anterioridade nonagesimal, passou a ser necessário não só

o exercício financeiro seguinte, mas também o prazo de noventa dias para

exigência do mesmo.

Também relacionado aos princípios supramencionados, está o da

irretroatividade, que proíbe a cobrança tributos em relação a fatos geradores

ocorridos antes de sua instituição ou aumento.

Importante lembrar que as leis interpretativas retroagem, assim

como no caso de atos não definitivamente julgados que não sejam mais

considerados infrações, que comine penalidade menos severa ou que não seja

mais contrário à exigência de ação ou omissão, desde que não sido

fraudulento e não tenha implicado falta de pagamento de tributo, conforme

hipóteses previstas no art. 106 do Código Tributário Nacional.

Um princípio geral do direito e também aplicado na área tributária é

o da igualdade, que proíbe tratamento desigual a contribuintes que estejam na

mesma situação. Intimamente ligado a tal princípio, há o da capacidade

contributiva, que tem por objetivo uma igualdade real, observando sempre que

possível a capacidade econômica do contribuinte.

Page 28: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

28

O princípio da não-cumulatividade é também muito mencionado, e

significa que se deve compensar em cada operação o montante cobrado na

operação anterior.

Estes são apenas alguns dos princípios existentes na Carta Magna.

Há diversos outros expressos na Constituição, como o não confisco, a não

limitação ao tráfego de pessoas e bens, transparência, uniformidade

geográfica e não discriminação em razão da procedência ou do destino.

Todos eles servem para proteger o contribuinte frente ao Estado,

uma vez que este se encontra, via de regra, em uma posição de superioridade

face ao indivíduo, já que representa o interesse da coletividade, o que,

usualmente, se sobrepõe ao interesse particular.

No entanto, é preciso que existam freios a esse poder, para que se

evitem exageros e que se justifiquem pelo mero interesse público. Assim, os

princípios constitucionais vêm para preservar o contribuinte face a possíveis

arbitrariedades do Estado soberano.

Com relação à tipologia, os tributos, de acordo com a Constituição e

o Código Tributário Nacional, seriam divididos em três diferentes espécies:

impostos, taxas e contribuições de melhoria.

Não obstante, a doutrina majoritária defende a teoria pentapartida,

que além das espécies acima mencionadas, também inclui os empréstimos

compulsórios e as contribuições lato sensu. Isso se deve pelo motivo de que a

própria Constituição traz diferentes tipos tributários, como, por exemplo, a

contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública e a contribuição

de intervenção no domínio econômico.

A Carta Magna traz, ainda, a separação dos tributos entre os

diversos entes federativos, assim como a repartição das receitas, em respeito

ao pacto federativo.

Por fim, o Código Tributário Nacional é lei de normas gerais em

matéria tributária. Quando da sua edição, foi concebido como lei ordinária.

Tendo em vista a Constituição exigir para esse fim a edição de lei

complementar, e tendo em vista a teoria da recepção, foi o Código recebido

como lei ordinária com status de lei complementar.

Page 29: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

29

3.2 – Da elisão fiscal

A elisão fiscal é uma forma legal de reduzir a carga tributária, sendo

totalmente lícita.

De acordo com Silvio Aparecido Crepaldi (2012, p. 95):

Pressupõe a licitude do comportamento do contribuinte. É uma forma honesta de evitar a submissão a uma hipótese tributária desfavorável. É um conjunto de atos adotados por um contribuinte, autorizados ou não proibidos pela lei, visando uma carga fiscal menor, mesmo quando esse comportamento prejudica o Tesouro. Consiste na economia lícita de tributos, deixando-se de fazer determinadas operações ou realizando-as da forma menos onerosa possível para o contribuinte. Trata-se de ação perfeitamente lícita, de planejamento tributário ou economia fiscal. Configura-se em um planejamento que utiliza métodos legais para diminuir o peso da carga tributária em um determinado orçamento. Respeitando o ordenamento jurídico, o administrador faz escolhas prévias (antes dos eventos que sofrerão agravo fiscal) que permitem minorar o impacto tributário nos gastos do ente administrado.

A elisão pode se dar através da própria lei, ou por lacunas

existentes no corpo da lei.

Na elisão decorrente de lei, ela própria leva a uma economia de

tributos. São os casos de incentivos fiscais, por exemplo. Para citar algumas

leis, existem: Lei 12.249/2010, que institui o regime especial de incentivos para

o desenvolvimento de infraestrutura da indústria petrolífera nas regiões Norte,

Nordeste e Centro-Oeste, além de outros; Lei 11.438/2006, que dispõe sobre

incentivos e benefícios para fomentar as atividades de caráter desportivo; Lei

11.770/2008, que criou o programa Empresa Cidadã, destinado à prorrogação

de licença-maternidade mediante concessão de incentivo fiscal.

Já as lacunas são hipóteses em que o contribuinte adequa seus

negócios de uma forma que tenha um menor ônus tributário, mas dentro da

legalidade.

De acordo com Ricardo Lobo Torres (2013, p. 15), existem diversas

correntes teóricas na interpretação do direito tributário que levam a diferentes

entendimentos sobre a elisão.

Page 30: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

30

Para a corrente positivista normativista e conceptualista, a elisão, se

estiver baseada em lei (legalidade estrita), será sempre válida

Já a corrente positivista sociológica e historicista defende o extremo

oposto, em que a elisão seria ilícita e seria forma de abuso de direito dentro da

área tributária.

Por fim, a corrente intermediária, da jurisprudência de valores e do

pós-positivismo defendem a licitude da elisão como forma de planejamento

tributário, sendo apenas a elisão abusiva e o planejamento inconsistente

ilícitos.

A elisão ilícita seria aquela que tem aparência de se encontrar na

legalidade, mas que em verdade não corresponderia ao conteúdo do negócio

jurídico correspondente; seria o abuso de direito.

De acordo com o Código Civil, o abuso de direito ocorre quando o

indivíduo excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico

ou social, boa-fé ou bons costumes, ao exercer seu direito.

Na área tributária, a Lei Complementar nº 104, de 2001,

acrescentou ao artigo 116 o parágrafo único, que dispõe que os atos ou

negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do

fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação

tributária poderão ser desconsiderados pela autoridade administrativa. É a

chamada norma antielisiva.

Uma das críticas é de que se trata de uma norma genérica, em

oposição à tipicidade fechada e legalidade, princípios das leis tributárias.

Fato é que tanto a norma do Código Civil quanto do Código

Tributário vêm ao encontro da realidade global atual, que enfatiza o retorno de

valores como ética e moral ao direito, após os desastrosos exemplos do

positivismo puro do passado. Não basta que esteja revestido de forma legal, é

preciso que também que esteja adequado aos valores que devem reger todas

as relações jurídicas vigentes.

Page 31: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

31

3.3 – Da evasão fiscal

É notório que no Brasil que a carga tributária afeta, em especial, o

setor produtivo. Suas altas taxas são o motivo de muitas falências levando à

evasão fiscal.

A evasão é forma ilícita para se evitar o pagamento de tributos. É a

prática de atos dolosos, fraudulentos ou simulados e que levam ao não

pagamento do tributo.

Um elemento diferenciador da elisão fiscal da evasão é justamente

o elemento temporal.

A evasão se dá após o fato gerador; são atos e omissões voltados

para a descaracterização desse fato, como forma de pagar menos do que o

realmente devido.

Já a elisão, ocorre antes do fato gerador, e procura-se evitar a

ocorrência do mesmo ou, uma vez ocorrido, que seja de uma forma mais

benéfica ao contribuinte.

Um exemplo básico de sonegação e, portanto, de evasão fiscal, é a

não emissão de notas fiscais. Aliás, interessante decisão do STJ a respeito da

exibição de documentos, no AgRg no AREsp 539934/TO, de 18/11/2014:

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.AÇÃO DEEXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS FISCAIS NÃO OBRIGATÓRIOS. DOCUMENTOSEXISTENTES. ART. 195 CTN. FINALIDADE DE APURAR REGULARIDADE FISCAL. OBRIGAÇÃO DO CONTRIBUINTE. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Por força do que disposto no art. 195, do CTN, o contribuinte, ainda que não seja obrigado a produzir todos os documentos que possui, quando estes são perqueridos pelo Fisco, tem o dever de apresentá-los, sendo eles obrigatórios ou não, visto que pela sua análise é possível verificar irregularidades e até mesmo eventual evasão fiscal. 2. No caso, conforme exposto no acórdão recorrido, "não houve negativa por parte da empresa embargante, de que tal documento existia, agravado ao fato de que, em outra oportunidade, já fora apresentado o mesmo documento". Assim, não pode a ora agravante eximir-se do dever de

Page 32: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

32

apresentar a documentação em seu poder, tendo em vista sua obrigação legal de contribuir com a fiscalização tributária. 3. Agravo regimental não provido.

Na jurisprudência existem diversos julgados sobre o tema. Outro

exemplo interessante envolve a evasão fiscal e o princípio da insignificância,

no RHC 41752/PR, julgado em 07/04/2014:

PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. DESCAMINHO. INSIGNIFICÂNCIA. PARÂMETRO. MÍNIMO LEGAL PARA A EXECUÇÃO FISCAL. ARTIGO 20 DA LEI 10.522/02. REITERAÇÃO DELITIVA. SOMA DOS DÉBITOS CONSOLIDADOS NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS. PARÁGRAFO 4º DA NORMA. INSTRUÇÃO DO FEITO. DEFICIÊNCIA. APRECIAÇÃO COMPROMETIDA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Em sede de crime de descaminho, em que o bem jurídico tutelado é a ordem tributária, a irrisória lesão ao Fisco conduz à própria atipicidade material da conduta. 2. Definindo o parâmetro de quantia irrisória para fins de aplicação do princípio da insignificância em sede de descaminho, a Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial Representativo de Controvérsia nº 1.112.748/TO, pacificou o entendimento no sentido de que o valor do tributo elidido a ser considerado é aquele de R$ 10.000,00 (dez mil reais) previsto no artigo 20 da Lei nº 10.522/02. 3. Nos casos de 'reiteração delitiva', não há como excluir a tipicidade material à vista do valor da evasão fiscal de cada apreensão, representação fiscal ou auto de infração, considerados isoladamente, devendo ser considerada, para os fins do parâmetro legal, a soma dos débitos consolidados nos últimos cinco anos, nos termos do parágrafo 4º da norma. 4. Em restando devidamente comprovada a existência de outros processos administrativo-fiscais contra o mesmo devedor, não há de se afirmar, ab initio, a atipicidade material da conduta com base no princípio da insignificância se, em virtude da reiteração, houver efetiva lesão ao bem jurídico tutelado, a ordem tributária, considerada a soma dos débitos consolidados nos últimos cinco anos, superior a dez mil reais. 5. Não tendo sido carreado aos autos a informação do somatório das ilusões fiscais, tem-se clara hipótese de incidência do ônus objetivo da prova, pelo qual, diante de situação em que há insuficiência/inexistência de elemento da prova, passa-se a perquirir sobre o ônus da prova subjetivo, ou seja, a quem caberia a produção da prova pré-constituída do constrangimento ilegal. Tocando ao impetrante/recorrente tal incumbência, com a insuficiência probatória, a este recai a desvantagem processual. 6. Recurso improvido.

Page 33: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

33

Percebe-se, desta forma, que a evasão, em sua diferentes formas, é

abolida no direito pátrio, e que é totalmente diversa do fenômeno da elisão

fiscal, prática cada vez mais disseminada no mundo empresarial.

Page 34: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

34

CAPÍTULO IV

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E OS LIMITES DA ELISÃO

Já vimos no presente trabalho que a elisão é forma lícita de reduzir

a carga tributária.

Principalmente em relação às empresas, a carga tributária pátria se

mostra extremamente onerosa e confusa.

No cenário atual, é essencial que as empresas desenvolvam um

planejamento tributário, para que maximizem seu lucro e evitem gastos

desnecessários.

O princípio basilar na estrutura jurídico-normativa é o de que

ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei.

É o princípio da legalidade, constante no artigo 5º da Carta Magna, o que para

os particulares significa que somente por lei podem os indivíduos ter seus

direitos restringidos.

Desta forma, existindo meios menos onerosos, não cabe ao Estado

exigir que o contribuinte cumpra a obrigação da forma mais dispendiosa. Essa

exigência iria de encontro, inclusive, ao princípio da razoabilidade.

O direito tributário é regido pela tipicidade fechada, ou seja, assim

como no direito penal, o tributo precisa estar descrito na lei para que possa ser

exigido, não existindo a figura de tributos genéricos.

Como anteriormente analisado, a elisão pode estar expressamente

descrita em leis, como no caso dos incentivos fiscais, ou se dar através de

lacunas desta. Para a corrente majoritária, a elisão sempre se dará de forma

lícita, ficando a exceção por conta de Ricardo Lobo Torres(2013, p. 8-10), que

faz distinção entre elisão lícita e ilícita, assim como evasão lícita e ilícita.

Para o ilustre doutrinador, a evasão lícita e a elisão precedem a

ocorrência do fato gerador. A evasão lícita seria simplesmente evitar a prática

do ato antes de ocorrido o fato gerador, não chegando este a se formar; já a

evasão ilícita seria a “economia de imposto obtida pela prática de um ato

Page 35: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

35

revestido de forma jurídica que não se subsume na descrição abstrata da lei ou

no seu espírito.”

À respeito da elisão e do planejamento tributário dispõe Silvio

Aparecido Crepaldi (2012, p. 62):

Basicamente, o planejamento tributário se apresenta em duas fases: . inclui a coleta de informações, o estudo das variáveis e elaboração de um relatório de planejamento tributário, contendo as alternativas aplicáveis, bem como seus efeitos fiscais e financeiros. Esse relatório ou memorando servirá como um registro das ideias a serem levadas para discussão e aprovação dos responsáveis; . contempla a implementação das alternativas aprovadas pelos responsáveis da empresa. Compreende todas as ações de coordenação e elaboração dos atos necessários para que se atinja o benefício legal.

O planejamento tributário está intimamente ligado a uma boa gestão

por parte dos administradores.

As empresas possuem uma série de exigências para seu

funcionamento de acordo com a lei, inclusive o controle através de diversos

livros, como o livro diário e o livro razão.

Alguns livros são obrigatórios e exigidos quando da fiscalização

estatal, outros são opcionais. No entanto, mais do que uma obrigação jurídica,

a existência e correta manutenção de tais livros é uma forma organizacional da

empresa, que definitivamente ajudará em um bom controle por parte dos

administradores.

O planejamento ajuda a maximizar os ganhos, o que no mercado

atual é de vital importância para que se mantenha a competitividade.

São diversos os tributos que podem ser solvidos de uma forma

menos onerosa para as empresas, como o imposto de renda de pessoa

jurídica, PIS, COFINS, IPI, ISS, ICMS, INSS, dependendo do regime adotado

por cada empresa. Obviamente, cada tipo diferente de regime importará uma

limitação diferente.

Page 36: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

36

Um exemplo é o Simples Nacional, que traz uma maior facilidade no

pagamento dos tributos e alíquotas relativamente mais baixas, mas que, por

outro lado, impõe uma série de restrições para que a empresa possa ser

enquadrada como microempresa ou empresa de pequeno porte.

Apesar de muito se falar em planejamento tributário das empresas,

também é possível um planejamento para o contribuinte pessoa física. O

imposto de renda pode ser feito na forma completa ou simplificada, pode

deduzir despesas médicas, odontológicas, planos de saúde, assim como é

possível a declaração conjunta ou em separado com o dependente, enfim, são

diversas as formas lícitas de se pagar o tributo, sendo que algumas trarão mais

benefícios do que outras, assim como no caso das empresas.

Outro tributo em que também é necessário um planejamento para

que se tenha menos ônus para o particular é na previdência privada, na qual

há diversas opções, não só para aposentadoria, mas também como

investimento.

Por fim, um exemplo de julgado envolvendo o tema elisão fiscal, no

STJ, HC 104170/ES, de 11/05/2010:

HABEAS CORPUS PREVENTIVO. CRIME TRIBUTÁRIO (ART. 1o., II, C/C O ART. 12, I DA LEI 8.137/90 C/C O ART. 71 DO CPB). ACÓRDÃO DO TRF. ÓRGÃO COMPOSTO MAJORITARIAMENTE POR JUÍZES FEDERAIS CONVOCADOS NA FORMA DO ART. 4o. DA LEI 9.788/90 E RES. 210 DO CJF. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. PRECEDENTES DA 3A. SEÇÃO DESTA CORTE. DENÚNCIA OFERTADA E RECEBIDA ANTES DA CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. PARECER DO MPF PELA CONCESSÃO DA ORDEM. ORDEM CONCEDIDA, PARA TRANCAR A AÇÃO PENAL 2007.50.01.007199-6, FICANDO SUSPENSO O PRAZO PRESCRICIONAL ATÉ O ENCERRAMENTO DEFINITIVO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. 1. Em que pese o pedido do douto representante do Parquet Federal para instauração de incidente de inconstitucionalidade do art. 4o. da Lei 9.788/99, o fato é que a 3a. Seção desta Corte, apreciando a referida tese, entendeu pela inexistência de nulidade dos julgamentos realizados por Turmas compostas majoritariamente por Juízes Federais convocados com base na referida norma, ausente violação ao princípio do Juiz Natural.

Page 37: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

37

2. Segundo orientação pacífica desta Corte e do colendo STF, antes de constituído definitivamente o crédito tributário, não há justa causa para a instauração de Inquérito Policial ou Ação Penal com base no art. 1o. da Lei 8.137/90, tendo em vista que os delitos ali tipificados são materiais ou de resultado, isto é, somente se consumam com a ocorrência concreta do resultado previsto abstratamente (redução ou elisão do tributo). 3. Devidamente comprovada nos autos a ausência de lançamento definitivo do crédito tributário, é de rigor o trancamento da Ação Penal, com a respectiva suspensão do prazo prescricional. 4. Ordem concedida, para trancar a Ação Penal 2007.50.01.007199-6, ficando suspenso o prazo prescricional até o encerramento definitivo do processo administrativo fiscal.

Page 38: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

38

CONCLUSÃO

É base do sistema democrático de direito, que envolva a garantia

por parte do Estado de prestação de serviços em diversas áreas, a tributação.

A máquina estatal não poderia funcionar se não fosse pela contribuição de

todos, afinal, sem o suporte financeiro o aparato estatal não teria como

funcionar; seria inviável instalar escolas, arcar com a remuneração de

servidores, criar autarquias, agências reguladoras, empresas estatais, enfim, o

Estado não existiria.

Isso não significa que toda e qualquer cobrança seja incontestável.

A carga tributária nacional é extremamente custosa, e muitas das vezes

significa a falência de uma empresa.

É nesse contexto que surge o planejamento tributário. Através dele,

empresas podem buscar melhores formas de arcar com os ônus tributários e

maximizar seus lucros.

A figura da elisão não só é válida e lícita, mas é uma obrigação de

um administrador consciente e compasso com a realidade. Procurar a melhor

forma de arcar com a carga tributária é uma das formas de ter uma economia

saudável, que definitivamente influenciará nos diversos setores produtivos da

mesma.

O planejamento tributário da pessoa física também é uma forma

saudável de manter as finanças em dia. É sabido o quanto pode fazer

diferença um abatimento em um imposto de renda, por exemplo. Levando-se

em consideração que além dos impostos é preciso arcar com estudos, saúde,

financiamentos, enfim, todo um custo de vida, também para o indivíduo um

bom planejamento tributário pode ser a diferença para se ter uma economia ao

fim de um determinado período.

Se por um lado, é lícito que os contribuintes procurem formas

menos onerosas de arcar com seus custos, também não se pode conceber

que o Estado tenha que arcar com diversos deveres sem uma contraprestação.

Page 39: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

39

Assim, a evasão jamais será aceita, pois uma vez surgido o fato gerador, é

necessário que o contribuinte arque com sua obrigação tributária, de forma que

o Estado, por sua vez, possa arcar com a manutenção do mesmo em prol de

toda a coletividade.

O estudo da elisão e da evasão é complexo, mas necessário, sendo

o planejamento tributário, atualmente, primordial para a sobrevivência das

empresas no mercado e uma das melhores ferramentas de gestão. Ter um

administrador que conheça as nuances do direito tributário pode ser a

diferença entre prosperar ou falir.

Ademais, para os indivíduos também é de vital importância. Na

realidade atual, com acesso a Internet para maioria das pessoas, é possível se

informar melhor e ter mais consciência de como administrar seus próprios

gastos.

O esperado é que, em um futuro próximo, seja feita uma verdadeira

reforma tributária no ordenamento pátrio, facilitando o entendimento das

incidências dos tributos.

O planejamento tributário, qualquer que seja o regime, sempre será

necessário. No entanto, considerando o grau de complexidade e, muitas vezes,

de confusão com que são cobrados os tributos brasileiros, é de se dizer que

essa ferramenta é, nos dias de hoje, essencial para saúde financeira seja de

uma empresa, seja de um particular.

Page 40: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

40

BIBLIOGRAFIA

Administração tributária. Disponível em:

http://www.portaltributario.com.br/tributario/adminstracaotributaria.htm. Acesso

em: 20/01/2015.

Administração tributária. Disponível em:

http://www.abrasil.gov.br/avalppa/site/content/av_prog/02/02/prog0202.htm.

Acesso em: 20/01/2015.

BALTHAZAR, Ubaldo Cesar. História do Tributo no Brasil. Florianópolis:

Fundação Boiteux, 2005.

BARAU, Victor. O Sistema Tributário Nacional. Disponível em:

http://www.escoladegoverno.org.br/artigos/1734-o-sistema-tributario-nacional.

Acesso em: 26/01/2015.

BASTOS, Roseli Quaresma. Elisão e evasão fiscal: os limites do planejamento

tributário. Disponível em: http://www.ambito-

juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8325.

Acesso em: 27/01/2015.

BRIENZA, Gabriel. Panorama histórico dos tributos. Disponível em:

http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5088. Acesso em: 23/12/2014.

CALDEIRA, Carla. O Quinto e a Derrama. Disponível em:

http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/o-quinto-e-a-derrama/. Acesso

em: 23/12/2014.

CASTRO, Aldemario Araujo. Normal geral antielisiva (art. 116, parágrafo único

do CTN): constitucionalidade e outros aspectos relevantes. Disponível em:

http://www.aldemario.adv.br/nga.pdf. Acesso em: 28/01/2015.

Page 41: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

41

CREPALDI, Silvio Aparecido. Planejamento tributário. São Paulo: Saraiva,

2012.

FERRAZ, Roberto. Liberdade e Tributação: a questão do bem comum.

Disponível em: http://www.hottopos.com/convenit4/ferraz.htm. Acesso em:

23/12/2014.

História do sistema tributário brasileiro. Disponível em:

http://www.economiabr.net/economia/7_historico_sistema_tributario.html.

Acesso em: 23/12/2014.

MARTUSCELLI, Pablo Dutra. Para uma compreensão histórica do sistema

tributário nacional de 1988. Disponível em:

http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/fortaleza/3117.pdf. Acesso

em: 23/12/2014.

MEDEIROS, Saulo. Breve histórico dos tributos. Disponível em:

http://www.juristas.com.br/informacao/artigos/breve-historico-dos-

tributos/1656/. Acesso em: 22/12/2014.

MINISTÉRIO DA FAZENDA. Escola de Administração Fazendária. Programa

Nacional de Educação Fiscal – PNEF. Função social dos tributos. 5ª Ed.

Brasília: ESAF, 2013.

MORAIS, Roberto Rodrigues de. Princípios constitucionais tributários vigentes

no Brasil. Disponível em:

http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8219/Principios-constitucionais-

tributarios-vigentes-no-Brasil. Acesso em: 26/01/2015.

NUNES, Allan Titonelli. O poder da fiscalização tributária e a nova ordem

constitucional. Disponível em: http://www.sinprofaz.org.br/artigos/o-poder-da-

fiscalizacao-tributaria-e-a-nova-ordem-constitucional. Acesso em: 20/012015.

Page 42: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

42

PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO FISCAL. Sistema tributário nacional.

Disponível em:

http://conscienciafiscal.mt.gov.br/arquivos/A_681fa59a93a7a2efa97c50f43e33b

662Caderno_3_Versao_2009.pdf. Acesso em: 23/12/2014.

ROCHA, João Gabriel Laprovitera. O direito natural na idade moderna e a

filosofia do contrato social na obra de Rousseau. Disponível em:

http://www.tce.ce.gov.br/component/jdownloads/finish/299-revista-controle-

volume-x-n-1-jan-jun-2012/1768-artigo-17-o-direito-natural-na-idade-moderna-

e-a-filosofia-do-contrato-social-na-obra-de-rousseau?Itemid=0. Acesso em:

23/12/2014.

SECRETARIA DE FAZENDA. Tributo à História. Disponível em:

http://www.nre.seed.pr.gov.br/doisvizinhos/arquivos/File/origem_do_tributo.pdf.

Acesso em: 23/12/2014.

SILVA, Carla Caroline de Oliveira. Breve análise acerca da Administração

Tributária Brasileira. Disponível em:

http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,breve-analise-acerca-da-

administracao-tributaria-brasileira,35222.html. Acesso em: 20/01/2015.

SILVA, Mauricio Alvarez da. Somos explorados tributariamente desde as

épocas mais remotas. Disponível em:

http://www.portaltributario.com.br/artigos/historiaexploracao.htm. Acesso em:

22/12/2014.

SOUZA, Marcus Vinícius Saavedra Guimarães de. Elisão e evasão fiscal.

Disponível em: http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=636.

Acesso em: 27/01/2015.

TAVARES, Andréa Vasconcelos Bragato. Da certeza, liquidez e exigibilidade

da certidão de dívida ativa. Disponível em: http://ambito-

Page 43: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

43

juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14051&revista_ca

derno=26. Acesso em: 21/01/2015.

Toda Matéria. Disponível em: http://www.todamateria.com.br/idade-moderna/.

Acesso em: 23/12/2014.

TORRES, Ricardo Lobo. Planejamento Tributário: elisão abusiva e evasão

fiscal. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

ULHOA, Daniel da Silva. A norma geral antielisão. Parágrafo único do art. 116

do CTN. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/5692/a-norma-geral-antielisao-

paragrafo-unico-do-artigo-116-do-ctn. Acesso em: 28/01/2015.

WIKIPEDIA. Feudalismo. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Feudalismo. Acesso em: 23/12/2014.

_________. Pecunia non olet. Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pecunia_non_olet. Acesso em: 23/12/2014.

Page 44: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

44

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO DOS TRIBUTOS 9

1.1 – O tributo na Antiguidade 9

1.2 – O tributo na Idade Média 10

1.3 – O tributo na Era Moderna 11

1.4 – O tributo na atualidade 12

1.5 – A evolução histórica do tributo no Brasil 13

1.5.1 – O período colonial 13

1.5.2 – Os Reinados 14

1.5.3 – O período republicano 15

CAPÍTULO II

A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA 19

2.1 – Da fiscalização 19

2.2 – Da dívida ativa 21

2.3 – Da certidão negativa 23

CAPÍTULO III

DA ELISÃO E DA EVASÃO FISCAL 26

3.1 – O sistema tributário nacional 26

3.2 – Da elisão fiscal 29

3.3 – Da evasão fiscal 31

CAPÍTULO IV

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E OS LIMITES DA ELISÃO 34

Page 45: LDOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL … · 10 os povos conquistados, que possibilitaram a construção de aquedutos, estradas e manutenção de seus exércitos, sendo

45

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 44