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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Pessoas com necessidades especiais versus sociedade: o diferente também é igual. Por: Yara Azeredo Blanco Orientador Prof. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Pessoas com necessidades especiais versus sociedade: o

diferente também é igual.

Por: Yara Azeredo Blanco

Orientador

Prof. Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2015

DOCUM

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Pessoas com necessidades especiais versus sociedade: o

diferente também é igual.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Educação Especial e

Inclusiva.

Por:. Yara Azeredo Blanco

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha filha Simone e à

querida professora Mary Sue, pela

paciência e compreensão.

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DEDICATÓRIA

Dedico às pessoas com necessidades

especiais e seus familiares, que lutam

diuturnamente para superar suas

dificuldades.

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RESUMO

Este trabalho tem com objetivo demonstrar que existe uma

igualdade nas diferenças, pois todos nós apresentamos dificuldades de uma

ou outra forma.

Aqueles que são classificados como portadores de necessidades

especiais podem exercer dignamente sua cidadania e vida em sociedade,

participando das atividades escolares aprendendo e desenvolvendo suas

potencialidades, seja no trabalho ou nos esportes, em categorias distintas, mas

concernentes com suas habilidades físicas.

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METODOLOGIA

A monografia será baseada em pesquisa bibliográfica, que é

conceituada como sendo a investigação e estudo sistemático dos textos

impressos, com vistas à elaboração de repertórios gerais ou especializados e

que compreende as fases de pesquisa, transcrição, descrição e classificação.

Como fontes, serão utilizados livros, artigos de revista e internet

especializados e legislação pátria.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I -Os desafios da educação inclusiva 10

CAPÍTULO II - Barreiras encontradas por pessoas com necessidades

especiais 19

CAPÍTULO III—Inclusão de pessoas com necessidades especiais no mercado

de trabalho e Superação 27

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA 36

ÍNDICE 37

FOLHA DE AVALIAÇÃO 38

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INTRODUÇÃO

“Ninguém educa ninguém e ninguém se educa sozinho. Os homens se educam juntos na transformação do mundo”. FREIRE (1978).

Analisando profundamente a inclusão escolar, podemos perceber

que esse processo tem como pressuposto mobilizar a sociedade para que

tenha um novo olhar, considerando as diferenças humanas, partindo do

princípio de que a principal característica do ser humano é a pluralidade e não

a uniformidade.

Isso deve ser assumido por todos os profissionais da educação, da

saúde, familiares e pais de alunos especiais.

Há que se respeitar que cada ser humano é um universo particular

em suas necessidades e particularidades e é necessário que se ofereça

respostas a isso: é preciso um repensar sobre o processo pedagógico, uma

transformação da escola atual para que seja uma escola para todos.

Não basta que tenha vagas disponíveis nas escolas. A presença de

alunos com necessidades especiais somente não é suficiente, é necessário

participação dos mesmos nas atividades escolares aprendendo e

desenvolvendo suas potencialidades.

A Declaração de Salamanca, um dos principais documentos

mundiais que visam à inclusão social, orienta que as escolas se ajustem às

necessidades de todos os alunos, devendo acolher todas as crianças,

independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais,

emocionais, linguísticas ou outras.

Ao inserir um aluno com necessidades especiais, garantimos um

direito constitucional, pois a Constituição Federal de 1988 é a lei maior da

nossa sociedade política e garante a inclusão, bem como o Estatuto da

Criança e do Adolescente (1990), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

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(1996) e a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da

Educação Inclusiva (2008), fora resoluções e Portarias visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania.

O ato de incluir não é fácil, pois gera várias indagações e

questionamentos e o conceito de inclusão é recente em nossa cultura. Como

qualquer situação nova envolve adeptos e também críticos, a inclusão escolar

é fato e o reconhecimento e a valorização das diferenças precisam fazer parte

da realidade.

Inclusão é o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder

incluir em seus sistemas sociais gerais pessoa com necessidades especiais e,

simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade.

Incluir é trocar, entender, respeitar, valorizar, lutar contra a exclusão,

transpor barreiras que a sociedade criou para as pessoas, é oferecer o

desenvolvimento da autonomia por meio da colaboração de pensamentos e

formulação de juízo de valor de modo a poder decidir por si mesmo.

A educação inclusiva deve ser ambiente que aceite as minorias

sociais, independente de sua cor, classe, gênero, etnia ou limitações

individuais e deve atender ao princípio de aceitação de diferenças.

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CAPÍTULO I

OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A Educação é um direito de todos e deve ser orientada no sentido

do pleno desenvolvimento e fortalecimento da personalidade.

O respeito aos direitos e liberdade humana é o primeiro passo para

a construção da cidadania

Para se fazer uma inclusão de verdade garantindo a aprendizagem

de todos os alunos na escola regular é preciso fortalecer a formação de

professores,criar elo entre família, gestores e profissionais de saúde que

atendem as crianças com Necessidades Educacionais Especiais e investir em

materiais didáticos específicos.

A inclusão social de pessoas com necessidades especiais no Brasil

demorou muito a acontecer, segregando e dificultando o pleno

desenvolvimento dessas pessoas.

O sistema educacional brasileiro abrigava dois grupos: A Escola

regular e a Escola especial. Ou o aluno frequentava uma ou outra.

O nosso sistema educacional modificou-se na última década, tendo

uma proposta de inclusão em um único tipo de escola: a regular, que acolhe a

todos os alunos, apresenta recursos e meios adequados àqueles que

encontram barreiras para a aprendizagem.

Ela favorece a diversidade, pois considera que todos os alunos em

algum momento de suas vidas escolares podem apresentar necessidades

especiais.

Há, entretanto, tipos de necessidades que exigem uma atitude

educacional específica da escola porque interferem de maneira significativa no

processo de aprendizagem, daí se faz necessário a utilização de recursos e

apoio especializado para garantir a aprendizagem de todos os

A Educação inclusiva não significa negar as dificuldades dos

estudantes com problemas, pelo contrário significa educar todas as crianças

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num mesmo contexto escolar considerando essas dificuldades como

diversidade.

É essa variedade que pode ampliar a visão de mundo,a partir da

realidade social e desenvolver oportunidades de convivência a todas as

crianças. Promove oportunidade para atender as pessoas com necessidades

educacionais com ênfase nas competências, capacidades e potencialidades

dos educandos.

Se o aluno apresentar necessidades específicas decorrente de suas

características ou condições poderá requerer, além dos princípios comuns da

Educação na diversidade, recursos diferenciados identificados com

Necessidades Educacionais Especiais (NEE).

O estudante poderá beneficiar-se dos apoios de caráter

especializados com o ensino de linguagem e códigos específicos de

comunicação e sinalização, no caso da deficiência visual e auditiva, mediação

para o desenvolvimento de estratégias de pensamento, no caso da deficiência

intelectual, adaptações do material e do ambiente físico, no caso da deficiência

física, estratégias diferenciadas para adaptação e regulação do

comportamento no caso do transtorno global, ampliação dos recursos

educacionais e/ ou aceleração de conteúdos para altas habilidades.

As barreiras que podem impedir o acesso de alguns alunos ao

ensino e à convivência estão relacionados a diversos componentes e

dimensões de escolarização. Ocorrem também impedimentos na ação dos

educadores.

As mudanças são imprescindíveis, dentre elas a reestruturação

física com eliminação de barreiras arquitetônicas, introdução de recursos e

tecnologias assistidas; a oferta de profissionais do ensino especial, ainda em

número insuficiente.

Além da compreensão e incorporação desses serviços na escola

regular, são necessárias alternativas relacionadas à organização, ao

planejamento e à avaliação do ensino.

Qualquer adaptação não poderá constituir um plano paralelo,

segregado ou excludente.

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A escola regular, de maneira geral, não foi nem é planejada para

acolher a diversidade de indivíduos; mas para a padronização, para atingir os

objetivos educativos daqueles, que são considerados dentro do padrão da

“normalidade” ( IMBERNON.. 2000.apud MARTINS, 2006 pg17 ) .

Muitas escolas estão apenas recebendo alunos com necessidades

especiais, obedecendo à Lei nº 9394/96 ( LDB, art 4 º,III) que estabelece que o

atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência deve ser

realizado, preferencialmente, na rede regular de ensino ( BRASIL, 1996)

A Declaração de Salamanca, um dos principais documentos

mundiais que visa a inclusão social, orienta que as escolas se ajustem às

necessidades de todos os alunos: “As escolas devem acolher todas as

crianças, independentemente de suas condições físicas, sociais, emocionais,

linguísticas ou outras “ ( UNESCO, 1994).

A luta para o reconhecimento e aceitação de pessoas com

deficiências, caracterizadas por necessidades especiais é uma luta que vem ao

longo da história.

É comum, atualmente, presenciarmos debates, leis e defesas em

favor dessas pessoas, mas sabemos que nem sempre assim aconteceu.

Na Antiguidade, nas cidades gregas, como Atenas e Esparta, as

crianças com deficiências eram abandonadas nas montanhas. Já na Roma

Antiga, as mesmas eram jogadas nos rios. Assim as crianças com deficiências

vistas como inúteis pela sociedade da época e deveriam ficar longe de seus

olhos (CARDOSO 2003).

As épocas mudavam, mas o tratamento com as pessoas com

deficiências continuava quase os mesmos, ou muitas vezes mais cruéis.

Durante longo período da Idade Média essas pessoas eram associadas a

pecadores e a imagem do diabo sendo vítimas constante da Igreja Católica,

dos seus dogmas que inculcavam na população a crença de que não se

deveriam misturar com esses “ditos pecadores”, pois não eram pessoas

confiáveis.

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Na Idade Moderna, a situação teve significativa mudança, quando

se iniciou o atendimento às pessoas com deficiências, embora fosse mais

de caráter assistencial do que educacional.

Já agora no século XXI, o processo escolar e a Educação

Especial passam por grandes mudanças. Busca-se a valorização e a

inclusão das pessoas com deficiência no ambiente escolar e em outros

ambientes.

Na prática, ainda há falta de acesso aos meios regulares de

ensino. O Ensino Especial criado no século XIX para educar os “diferentes”,

de uma ou outra forma, os segregam ou excluem da sociedade e ainda no

século XX, mesmo negando, essa separação dos “normais” com a desculpa

de se ter certa especificidade, não contribui, na prática para que os mesmos

possam exercer seus direitos de cidadania.

Segundo Fontes (2005), a história da educação no Brasil foi

marcada pela exclusão. Desde a colonização os alunos eram diferenciados

de acordo com a classe social. As oportunidades eram para poucos e

somente a elite tinha acesso a uma escola de qualidade. Hoje, século XXI,

diante da realidade, a escola não pode continuar excluindo, negando o que

acontece ao seu redor, anulando as diferenças. A escola inclusiva não

escolhe ou diferencia, ela valoriza o ser e aprende a conviver, livre de

preconceitos.

A educação voltada para que se tenha uma cidadania global e

plena reconhecendo e valorizando as diferenças precisa assumir que seu

papel é ensinar valores e atitudes, sob o ponto de vista da ética no que se

refere a vida, ao ambiente e as relações humanas.

A falta de conhecimento da legislação e o preconceito induzem

ao erro reduzindo a inserção de alunos com algum tipo de necessidade

especial. Educar é viver junto, respeitando as diferenças na aceitação do

outro.

Nesse mesmo sentido, Manton (2003) ressalta que a escola

precisa muito deixar suas práticas excludentes e reconhecer finalmente que as

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pessoas não são categorizáveis sem discriminações, sem ensino à parte para

os mais e para os menos privilegiados.

A perspectiva é a de que a escola seja um espaço democrático

na qual a diversidade seja o lastro de igualdade e de oportunidade.

Compreender o aluno com suas características singulares é respeitá-lo como

pessoa que tem suas limitações. Mas tem seus pontos fortes. Cabe à escola

assegurar um processo educativo coerente às necessidades educacionais de

todos os seus alunos.

A escola inclusiva ainda tem um longo caminho a percorrer no

Brasil. Falar em educação de inclusão implica em se pensar numa escola onde

os alunos recebam oportunidades educacionais adequadas às suas

habilidades e necessidades; em pensar uma escola da qual todos fazem parte,

em que todos são aceitos, em que todos ajudam e são ajudados pelos

professores, pelos colegas e pelos membros da comunidade,

independentemente do talento, deficiência, origem socioeconômica ou cultural.

Uma escola de inclusão só existe na medida em que aceitarmos que é preciso

tirar proveito das diferenças.

Por enquanto a escola que temos é a da exclusão, da discriminação

dos deficientes, dos que não são deficientes, mas têm certas dificuldades de

aprendizagem, dos menos favorecidos social e culturalmente.

Stainbach (1999) observa que são vários os benefícios da inclusão:

benefícios para todos os alunos, na medida em que, nas salas de aula, todas

as crianças se enriquecem por terem oportunidade de aprender umas com as

outras, aprendem a cuidar umas das outras e a conquistar atitudes,

habilidades e valores necessários para a sociedade apoiar a inclusão de todos

os cidadãos; benefícios para todos os professores, na medida que eles têm a

oportunidade de planejar e conduzir a educação como parte de uma equipe

cooperativa, melhoram suas habilidades profissionais e a mantêm-se

informados das mudanças que ocorrem em suas áreas e garantem sua

participação nas tomadas de decisões; benefícios para toda a sociedade, na

medida que a razão mais importante do ensino inclusivo é o valor social da

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igualdade, pois que se ensina aos alunos que, apesar das diferenças, todos

têm direitos iguais.

A inclusão reforça a prática de que as diferenças são aceitas e

respeitadas. Essa questão não é um direito que os alunos precisam conquistar.

Isto é discriminação. O ensino inclusivo é um direito básico e na escola

inclusiva a igualdade é respeitada e promovida como um valor na sociedade e

os resultados visíveis são os da paz social e os da cooperação. À escola

inclusiva cabe a superação das experiências e padrões do passado, ou seja,

da segregação e da desigualdade. A ideia tradicional de que pessoas

deficientes poderiam ser ajudadas em escolas e instituições especializadas,

ambientes socialmente segregados, só serviu para fortalecer os estigmas

sociais e a rejeição.

A inclusão genuína não significa a inserção de alunos com

deficiências em classes de ensino regular sem qualquer apoio para a

instituição escolar, para os professores ou alunos. A inclusão implica em

aparelhar adequadamente a escola com instrumentos, técnicas e

equipamentos especializados, em apoio aos professores e alunos.

É importante observar o pensamento de Bock (2007, p. 138), no que

se refere à mudança de atitudes: “Nossas atitudes podem ser modificadas a

partir de novas informações, novos afetos ou novos comportamentos ou

situações”.

Nesse sentido, faz-se extremamente necessário refletir sobre o

pensamento da autora, já que tanto governo, quanto escolas e professores

precisam de mudanças em suas atitudes, a partir de novas informações acerca

do tema em questão e do processo de inclusão, novos afetos pelos que

necessitam de cuidados especiais e novos comportamentos diante do desafio

da inclusão.

Há a perspectiva de a Educação Inclusiva ser compreendida como

aquela capaz de lidar com a diversidade do ser humano, pois é por meio dela

que pode-se promover a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos

aqueles que necessitam de cuidados especiais a partir da inserção dos

mesmos em salas de aula comuns, onde é possível atender a diversidade.

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Por outro lado, não se pode esquecer que para isso são

imprescindíveis mudanças na estrutura e no funcionamento das escolas, na

formação humana dos professores e nas relações entre a família e a escola. A

escola deve estar primeiramente disposta a aceitar mudanças a partir da

proposta de inclusão. E não só as de estrutura física. O processo de inclusão

não deve ter como objetivo tornar todos iguais, mas respeitar as diferenças.

Isto exige o esforço de professores capacitados e a utilização de

diferentes métodos para responder às diferentes necessidades, capacidades e

níveis de desenvolvimento individuais. O ensino integrado é algumas vezes

visto como um passo em direção à inclusão, no entanto sua maior limitação é

que se o sistema escolar se mantiver inalterado, apenas algumas crianças

serão integradas.

Para que tal processo aconteça satisfatoriamente, a escola deve

estar aberta ao diálogo e às relações com os professores, alunos, pais e

gestores, promovendo um ambiente favorável para a verdadeira formação do

ser humano, principalmente porque lida com aqueles que necessitam de

cuidados especiais, mas que apesar disso, podem transformar a si e à

realidade.

Por isso, é importante ressaltar que a visão que se tem de uma

pessoa que necessita de cuidados especiais, está impregnada de preconceitos

que permeiam o imaginário social. Ver no sujeito suas potencialidades é

requisito essencial para que o professor desempenhe uma prática pedagógica

inclusiva.

A interação e a comunicação entre as pessoas no contexto

educacional favorece a convivência em meio às diferenças como é

pensamento de Stainback: “A interação e a comunicação facilitadas ajudam o

desenvolvimento de amizades e o trabalho com os colegas. Os alunos

aprendem a ser sensíveis, a compreender, a respeitar e a crescer

confortavelmente com as diferenças e as semelhanças individuais entre seus

pares” (STAINBACK, 1999, p. 23).

Na perspectiva do autor acima mencionado, são analisados os

benefícios do processo de inclusão para todos os alunos, porque por meio dele

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a sensibilidade, a compreensão e o respeito, se tornam possíveis, apesar das

diferenças existentes entre todos.

A educação inclusiva ensina aos alunos o sentido da cooperação,

respeitando as diferenças e auxiliando os que precisam de cuidados especiais,

contribuindo para que os mesmos adquiram habilidades para a vida em

comunidade. Os professores por sua vez, também recebem vários benefícios

como se pode perceber através da fala do autor:

O primeiro benefício para os professores é a oportunidade de planejar e conduzir a educação como parte de uma equipe [...] a colaboração permite-lhes a consulta um ao outro e proporcionar-lhes apoio psicológico. Segundo, a colaboração e a consulta aos colegas ajudam os professores a melhorar suas habilidades profissionais. [...] O terceiro benefício para os professores, é que eles tomam conhecimento dos progressos na educação, conseguem antecipar as mudanças e participam do planejamento da vida escolar diária (STAINBACK, 1999, p. 25, 26).

Então, através da inclusão, os professores podem melhorar sua

prática educativa, mediante o trabalho em equipe, a troca de experiências e

saberes, podendo contar ainda, com um apoio psicológico, vinda dos colegas

de profissão. A educação inclusiva proporciona aos professores experiências

impar, que possibilitam seu crescimento profissional e pessoal.

Sem dúvida, a razão mais importante para o ensino inclusivo é o valor social da igualdade. Ensinamos os alunos através do exemplo de que, apesar das diferenças, todos nós temos direitos iguais. Quando as escolas incluem todos os alunos, a igualdade é respeitada e promovida como um valor na sociedade, com os resultados visíveis da paz social e da cooperação (STAINBACK, 1999, p. 26, 27).

Por meio do que diz Stainback (1999), conclui-se que a sociedade

recebe benefícios a partir da educação inclusiva, porque ela promove a

igualdade que favorece a paz social. Assim, fica evidente que sem mudança

de postura, que deve ser possibilitada desde a formação inicial, não há como

realizar a inclusão de maneira significativa.

Pode-se concluir assim, que a relação interpessoal entre todos os

envolvidos no processo de inclusão, precisa basear-se no princípio da empatia,

autenticidade e diálogo produzindo a verdadeira comunicação. Isso

proporciona ao educador condições favoráveis para colocar em prática

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atividades que realmente proporcionam a aprendizagem de seus alunos, sem

tensão.

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CAPÍTULO II

BARREIRAS ENCONTRADAS POR PESSOAS

COM NECESSIDADES ESPECIAIS

“Mesmo quando tudo parece dissabor, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.” Cora Coralina

De acordo com a NBR 9050/2004, acessibilidade é definida como a

possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a

utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário,

equipamento urbano e elementos. E conceitua que, para ser “acessível”, o

espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento tem que

permitir o alcance, acionamento, uso e vivência por qualquer pessoa,

inclusive por aquelas com mobilidade reduzida. O termo “acessível” implica

tanto acessibilidade física como de comunicação.

Ainda conforme as definições da norma técnica, temos as barreiras

arquitetônicas, urbanísticas ou ambientais, que são qualquer elemento

natural, instalado ou edificado que impeça a aproximação, transferência ou

circulação no espaço, mobiliário ou equipamento urbano.

Pensando nestes conceitos, nos aprofundamos nas definições de

barreiras. O ambiente sócio-fisico é o principal gerador das dificuldades que

se impõe à livre circulação de indivíduos ou grupos. Tais empecilhos podem

ser físicos, comunicacionais, sociais e/ou atitudinais.

Barreira física ou arquitetônica: obstáculo para o uso adequado do

meio, geralmente originado pela morfologia de edifícios ou áreas urbanos.

Podemos citar como exemplo calçadas com degraus dificultando a circulação

de cadeirantes, portas estreitas, rampas com inclinação exagerada.

Barreira comunicacional: dificuldade gerada pela falta de

informações a respeito do local, em função dos sistemas de comunicação

disponíveis ou não em seu entorno, quer sejam visuais, inclusive em braile,

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lumínicos e/ou aditivos. São barreiras comunicacionais a falta de sinalização

urbana, deficiência nas sinalizações internas dos edifícios, ausência de

legendas e audiodescrição na TV, dentre outras.

Barreira social: relativa aos processos de inclusão e exclusão social

de grupos ou categorias de pessoas, especialmente no que se refere às

chamadas minorias como grupos étnicos, homossexuais, pessoas com

deficiência e outros.

Barreira atitudinal: gerada pelas atitudes e comportamento dos

indivíduos, impedindo o acesso de outras pessoas a algum local, quer isso

aconteça de modo intencional ou não. Carros estacionados na calçada que

impedem a passagem de pedestres, bloqueando o piso tátil direcional; uso

indevido de vagas reservadas para pessoas com deficiência ou mobilidade

reduzida; obstrução de rebaixamento de guia; os diversos tipos de

preconceito, desrespeito com idosos, dentre outros.

As barreiras atitudinais, porém, nem sempre são intencionais ou

percebidas. Por assim dizer, o maior problema das barreiras atitudinais está

em não as removermos, assim que são detectadas. Exemplos de algumas

dessas barreiras atitudinais são a utilização de rótulos, de adjetivações, de

substantivação da pessoa com deficiência como um todo deficiente, entre

outras.

Também constituem barreiras atitudinais na escola (ou em outros

espaços sociais) aquelas que se apresentam na forma de:

- Ignorância: desconhecer a potencialidade do aluno com

deficiência.

- Medo: Ter receio de receber a um aluno com deficiência, ou

mesmo a um outro profissional da Educação que apresente alguma

deficiência; temer em “fazer ou dizer a coisa errada” em torno de alguém com

uma deficiência.

-Rejeição: Recusar-se a interagir com a pessoa com deficiência, um

aluno, familiares deste ou outro operador da educação.

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-Percepção de menos valia: avaliação depreciativa da capacidade,

sentimento de que o aluno com deficiência não poderá ou só poderá em

parte.

-Inferioridade: Acreditar que o aluno com deficiência não

acompanhará os demais. Isso é incorrer num grave engano, pois todas as

pessoas apresentam ritmos de aprendizagem diferentes.

Assim sendo, ninguém acompanha ninguém; cada um faz seu

percurso singularmente, mesmo a proposta docente sendo coletiva e uma.

- Piedade: sentir-se pesaroso e ter atitudes protetoras em relação ao

aluno com deficiência. Estimular a classe a antecipar-se às pessoas com

deficiência, realizando as atividades por elas, atribuindo-lhes uma pseudo-

participação.

-Adoração do herói: Considerar um aluno como sendo “especial”,

“excepcional” ou “extraordinário”, simplesmente por superar uma deficiência

ou por fazer uma atividade escolar qualquer; elogiar exageradamente a

pessoa com deficiência pela mínima ação realizada na escola, como se

inusitada fosse sua capacidade de viver e interagir com o grupo e o ambiente.

- Exaltação do modelo: Usar a imagem do estudante com deficiência

como modelo de persistência e coragem diante dos demais.

- Percepção de incapacidade intelectual: Evitar a matrícula dos

alunos com deficiência na instituição escolar, não deixando que eles

demonstrem suas habilidades e competências. Achar que ter na sala de aula

um aluno com deficiência é um fato que atrapalhará o desenvolvimento de

toda a turma.

- Efeito de propagação (ou expansão): Supor que a deficiência de

um aluno afeta negativamente outros sentidos, habilidades ou traços da

personalidade. Por exemplo, achar que a pessoa com deficiência auditiva tem

também deficiência intelectual.

- Estereótipos: Pensar no aluno com deficiência comparando-o com

outros com mesma deficiência, construindo generalizações positivas e/ ou

negativas sobre as pessoas com deficiência.

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-Compensação: Acreditar que os alunos com deficiência devem ser

compensados de alguma forma; minimizar a intensidade das atividades

pedagógicas; achar que os alunos com deficiência devem receber vantagens.

- Negação: desconsiderar as deficiências do aluno como

dificuldades na aprendizagem.

- Substantivação da deficiência: Referir-se à falta de uma parte ou

sentido da pessoa como se a parte “faltante” fosse o todo. Ex: o deficiente

mental, o cego, o “perneta”, etc.. Essa barreira faz com que o aluno com

deficiência perca sua identidade em detrimento da deficiência, fragilizando

sua auto-estima e o desejo de aprender e estar na escola.

- Comparação: Comparar os alunos com e sem deficiência,

salientando aquilo que o aluno com deficiência ainda não alcançou em

relação ao aluno sem deficiência, colocando este em posição superior ao

primeiro. Na comparação, não se privilegiam os ganhos dos alunos, mas

ressaltam-se suas “falhas”, “ faltas” e ”deficiências”.

- Atitude de segregação: Acreditar que os alunos com deficiência só

poderão conviver com os de sua mesma faixa etária até um dado momento e

que para sua escolarização, elas deverão ser encaminhadas à escola

especial, com profissionais especializados.

- Adjetivação: Classificar a pessoa com deficiência como “lenta”,

“agressiva”, “dócil”, “difícil”, “aluno-problema”,etc. Essa adjetivação deteriora a

identidade dos alunos.

- Particularização: Afirmar, de maneira restrita, que o aluno com

deficiência está progredindo à sua maneira, do seu jeito, achar que uma

pessoa com deficiência só aprenderá com outra com a mesma deficiência.

- Baixa expectativa: Acreditar que os alunos com deficiência devem

realizar apenas atividades mecânicas, exercícios repetitivos; prever que o

aluno com deficiência não conseguirá interagir numa sala regular. Muitos

professores passam toda a vida propondo exercícios de cópia, repetição. Isso

não ajuda o aluno a descobrir suas inteligências, competências e habilidades

múltiplas.

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- Generalização: Generalizar aspectos positivos ou negativos de um

aluno com deficiência em relação a outro com a mesma deficiência,

imaginando que ambos terão os mesmos avanços, dificuldades e habilidades

no processo educacional.

- Padronização: Fazer comentários sobre o desenvolvimento dos

alunos, agrupando-os em torno da deficiência; conduzir os alunos com

deficiência às atividades mais simples, de baixa habilidade, ajustando os

padrões ou ainda, esperar que um aluno com deficiência aprecie a

oportunidade de apenas estar na escola (achando que, para esse aluno,

basta a integração quando, de fato, o que lhe é devido é a inclusão).

- Assistencialismo e Superproteção: impedir que os alunos com

deficiência experimentem suas próprias estratégias de aprendizagem,

temendo que eles fracassem; não deixar que os alunos com deficiência

explorem os espaços físicos da escola, por medo que se machuquem; não

avaliar o aluno pelo seu desenvolvimento, receando que ele se sinta frustrado

com alguma avaliação menos positiva.

- As barreiras atitudinais podem ser baseadas em preconceitos

explícitos ou a eles dar origem com vimos, elas aparecem em nossa

linguagem, tanto quanto em nossas ações ou omissões.

Logo muitas ações aparentemente sem importância nutrem, no dia a

dia, as barreiras atitudinais; por exemplo,quando se acredita que só as

pessoas que têm amigos, parentes ou mesmo alunos com deficiência é que

devem buscar a inclusão (essa ideia, além fortalecer as barreiras de atitude,

constitui um conceito equivocado de inclusão, pois o ato de incluir não se

refere apenas às pessoas com deficiência, mas a todos os grupos

vulneráveis, a todas as pessoas, enfim, a toda a sociedade. O objetivo não é

restringir, mas acolher a singularidade de cada indivíduo. Daí é que muito de

nós já estão engajados no processo de transformação social mesmo porque

desejamos uma sociedade mais humana).

A suposição do professor de que ter um aluno com deficiência é

uma providência divina para que ele possa praticar o bem e a ética constitui

igualmente uma barreira atitudinal. Nessa linha, alguns professores

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manifestam a crença de que a pior coisa que pode acontecer a um estudante

é nascer com deficiência. Na verdade, uma das piores coisas que pode

acontecer a um aluno é não ser visto como sujeito social, pessoa humana

que tem conhecimentos preexistentes, expectativas, sonhos, desejos.

As pessoas não são iguais, logo, as diferenças existentes entre as

várias manifestações de deficiência não podem ser niveladas de uma só

maneira, principalmente, por baixo. Desconsiderar a singularidade de cada

aluno é uma barreira atitudinal que interfere na aprendizagem do estudante.

Quanto ao professor, cabe a ele ficar alerta para que essas

barreiras não sejam estimuladas ou nutridas como seu próprio exemplo, uma

vez que muitas outras barreiras atitudinais podem vir a ser praticadas na

própria escola.

Para evitá-las, é fundamental que nos atentemos para o nosso

próprio comportamento e sentimentos em relação ao aluno que apresenta

deficiência.

As barreiras atitudinais, por vezes estão entrelaçadas de tal maneira

que se confundem, confundindo inclusive o professor. Porém isso não pode

nem deve servir de argumento para manutenção de preconceitos e

discriminação de alunos, contra os mesmos ou contra quem quer que seja.

Saber identificar as barreiras atitudinais, será de grande valia para

que se possa erradicar ou, pelo menos minimizar o processo de exclusão

social, pois assim poderemos procurar e encontrar meios para que haja uma

real transformação coletiva e individual.

As barreiras atitudinais na verdade, se materializam nas atitudes de

cada pessoa porque não há como explicitar e classificar todas as suas

formas. É esse o nosso desafio, pois queremos a inclusão voltada na

educação e sociedade.

A fala de alguns profissionais da educação e saúde assim como a

de alguns pais e de estudantes sem deficiência, manifesta a forma de

exclusão quando designam um aluno como “especial” se referindo aos

mesmos como o ”down”, o “surdo”, o “agressivo”, o “retardado”, o “doido”.

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Essa atitude leva o aluno com deficiência a uma situação de

segregação, fortalecendo o preconceito e a marginalização da pessoa com

deficiência, sustentando o modelo de educação especial. No contexto

escolar.

Nos ambientes destinados aos alunos rotulados como “especiais”

(nas escolas especiais) além dos ambientes de escolas regulares, públicas

ou privadas encontramos componentes que ainda conservam as barreiras

atitudinais. Sustentando-se em bases científicas, filosóficas, históricas e/ou

populares, essas “escolas especiais” sustentam seus preconceitos e/ou

barreiras no argumento dos defensores das tais “escolas especiais”, de que

são ações em prol do “melhor para a pessoa com deficiência”.

Esse “melhor para a pessoa com deficiência”, contudo, tem sido

usado para justificar manifestações explícitas dessas barreiras que chegam a

ser abomináveis de tão danosas..Se as bases históricas e científicas tentam

explicar o porquê dessas barreiras hoje vivenciadas, contudo não servem de

justificativa.

Os argumentos de que “sempre foi assim”, “é difícil de mudar”, são

descabidos quando se pretende, de fato, construir uma escola para todos, se

reconhecermos que “TODOS” não permite exceção.

O temor desse reconhecimento e do que ele significa, certamente

explicam o porquê de tanta resistência para transformar a escola excludente

dos dias de hoje em uma escola inclusiva já.

Ao explicarmos uma barreira atitudinal damos argumentos que

explicam uma situação que deu origem a determinado comportamento da

sociedade em relação à pessoa com deficiência. No entanto, esse

comportamento não se justifica.

As afirmações do tipo “é compreensível que a sociedade haja dessa

forma”, “sempre foi assim”, ou “os alunos com deficiência não acompanham o

programa” só vêm maquiar uma atitude negativa diante dessas pessoas.

Justificativas desse tipo, portanto, apenas nutrem o comodismo, o

conformismo, a inércia social que sustenta a existência das salas especiais,

que focalizam a deficiência em detrimento da essência humana.

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Esses ambientes segregados e segregadores, sejam em escolas

especiais ou em ambientes sociais nas escolas, não é uma justificativa

racional, ética, moral ou científica.

Há diversas formas de exclusão, seja no ambiente social seja no

âmbito escolar pelo obstáculo e impedimento ao acesso e ingresso da

pessoa com deficiência porque pais, gestores e professores acreditam que a

mesma deve permanecer em ambientes especializados.

Independentemente do tipo de barreira, ela deve ser identificada

para enfrentá-la como um desafio que enfrentamos com coragem e muita

determinação.

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CAPÍTULO III

INCLUSÃO DE PESSOAS COM NECESSIDADES

ESPECIAIS NO MERCADO DE TRABALHO E

SUPERAÇÃO

Nem todas as pessoas são iguais. Existe certo grupo que apresenta

algumas limitações ou falta de habilidade na realização de uma atividade se

comparada ao desempenho da média de um total de pessoas. A esse grupo

dá-se o nome de portadores de necessidades especiais (PNES).

Mesmo com algumas habilidades reduzidas deve-se apoiar a

inclusão das pessoas com deficiência na sociedade e no mercado de trabalho.

Elas apresentar potenciais e desenvolver um talento tanto quanto as pessoas

que não são consideradas deficientes.

Incluí-las não é fácil. Na sociedade, as pessoas e as empresas, às

vezes, mesmo que não intencionalmente, são um pouco preconceituosas.

Muitos acreditam que incluir pessoas deficientes principalmente no mercado de

trabalho, pode vir a gerar muitos problemas, pois consideram que essas

pessoas são incapazes de trabalhar, desenvolver e pensar direito, portanto,

passam a ser consideradas pessoas que podem causar prejuízos pois não dão

bom rendimento.

Baseado neste preconceito existente e também para amenizar o

problema de que algumas empresas não empregam pessoas deficientes,

foram criadas leis de proteção ao deficiente.

Estas leis não visam somente diluir o preconceito existente, mas

também facilitar a inclusão dessas pessoas na sociedade.

De acordo com o art. 93 da lei 8.213 de 24 e julho e 1991 (Plano de

Benefícios de Previdência Social), Portaria do Ministério da Previdência e

Assistência Social (MPAS) fica instituída a obrigatoriedade da reserva de

postos em empresas privada a portadores de deficiências de acordo com os

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seguintes percentuais: “a empresa com 100 (cem) ou mais empregados está

obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus

cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência,

habilitadas, na seguinte proporção: até 200 empregados – 2%; de 201 a 500

empregados – 3%; de 501 a 1000 empregados – 4%; de 1001 em diante –

5%”.

A lei já está em vigor e as autoridades (Ministério Público do

Trabalho, Ministério da Justiça, Ministério da Previdência e Assistência Social e

Ministério do Trabalho e Emprego) têm a responsabilidade de zelar pelo seu

cumprimento.

A preocupação das instituições em manter e passar para a

sociedade uma imagem de empresa cidadã está relacionada com o processo

de recrutamento de uma força de trabalho mais diversificada, e também de

cumprimento da legislação em vigor, que exige que as empresas possuam um

quadro funcional diversificado. Recrutar uma força de trabalho diversificada

não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas uma necessidade.

Ainda existem muitas empresas que resistem ao emprego da

minoria, principalmente no caso de portadores de necessidades especiais.

Pode-se atribuir esta resistência à falta de preparo e de programas de

incentivo à recolocação desta parte da população.

Existem milhares de portadores aguardando por uma oportunidade

de colocação profissional, graças à legislação e à constante fiscalização. As

organizações têm colaborado efetivamente para esta recolocação, algumas

abrem processo seletivos paralelos e não discriminatórios para que não haja

constrangimento e exposição dos candidatos, assim como utilizam parâmetros

diferenciados para a seleção.

A inclusão da pessoa com necessidades especiais no mercado de

trabalho não pode mais ser considerada um problema individual do portador e

de sua família. Ao incluir uma pessoa com necessidade especial, a sociedade

estará proporcionando a ela uma razão para lutar e amenizar os problemas

enfrentados por sua deficiência. Essa é uma maneira de estar reconhecendo-a

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e lhe dar oportunidades iguais no mercado de trabalho tão competitivo nos dias

de hoje.

Muitos problemas que afligem a vida das pessoas com

necessidades especiais têm origem na sociedade. Uma parte da redução da

capacidade de andar, pensar, aprender, falar ou ver está ligada às limitações

que possuem, mas uma boa parte decorre das barreiras que lhes são

impostas pelo meio social.

Isso é fácil de ser observado, basta atentar para o fato de que, em

muitos casos, a pessoa deixa de ser deficiente no momento em que a

sociedade lhe proporciona condições adequadas, é o caso de um cadeirante,

por exemplo, que para se locomover na escola e no trabalho, necessita de

providências no transporte e na arquitetura como uma simples rampa de

acesso.

A inserção e a retenção de pessoas com necessidades especiais no

mercado regular de trabalho dependem basicamente de três providências:

preparo da pessoa com necessidade especial; educação do empregador e

disposição de boas políticas públicas.

Para enfrentar as dificuldades atuais de identificar e recrutar

pessoas qualificadas, as empresas brasileiras terão que se envolver com

programas de educação e treinamento dos candidatos.

As empresas, por sua vez, devem primar pelo respeito ao princípio

constitucional do valor social do trabalho e da livre iniciativa, para que se

implementem a cidadania plena e a dignidade do trabalhador com ou sem

deficiência (art. 1º e 170 da CF/88).

Nesse aspecto, a contratação de pessoas com deficiência deve ser

vista como qualquer outra, eis que se espera do trabalhador nessas condições

profissionalismo, dedicação, assiduidade, enfim, atributos ínsitos a qualquer

empregado. Não se quer assistencialismo, e sim oportunidades.

O fato de a Constituição Federal afirmar de que todos são iguais

perante a lei não é excludente da medida afirmativa de que se cuida. Trata-se

de materializar a igualdade real entre as pessoas a partir do pensamento de

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que a verdadeira igualdade consiste em se tratar igualmente os iguais e

desigualmente os desiguais, na justa medida da desigualdade.

As políticas internacionais de incentivo ao trabalho das pessoas

com deficiência envolvem providências que vão desde a reserva obrigatória de

vagas até incentivos fiscais e contribuições empresariais em favor de fundos

públicos destinados ao custeio de programas de formação profissional, no

âmbito público e privado.

No Brasil há duas normas internacionais devidamente ratificadas, o

que lhes confere status de leis nacionais, que são a Convenção nº 159/83 da

OIT e a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de

Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, também

conhecida como Convenção da Guatemala, que foi promulgada pelo Decreto

nº 3.956, de 8 de outubro de 2001. Ambas conceituam deficiência, para fins de

proteção legal, como uma limitação física, mental, sensorial ou múltipla, que

incapacite a pessoa para o exercício de atividades normais da vida e que, em

razão dessa incapacitação, a pessoa tenha dificuldades de inserção social.

Nesse diapasão está o Decreto nº 3.298/99, cuja redação foi atualizada após

longas discussões no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de

Deficiência (CONADE), pelo Decreto nº 5.926/04.

Logo, há que ser atendida a norma regulamentar, sob pena de o

trabalhador não ser computado para fim de cota. Assim, pessoas com visão

monocular, surdez em um ouvido, com deficiência mental leve, ou deficiência

física que não implique impossibilidade de execução normal das atividades do

corpo, não são consideradas hábeis ao fim de que se trata. Pessoas

reabilitadas, por sua vez, são aquelas que se submeteram a programas oficiais

de recuperação da atividade laboral, perdida em decorrência de infortúnio. A

que se atestar tal condição por documentos públicos oficiais, expedidos pelo

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ou órgãos que exerçam função por

ele delegada.

Considera-se pessoa com deficiência habilitada aquela que concluiu

curso de educação profissional de nível básico, técnico ou tecnológico, ou

curso superior, com certificação ou diplomação expedida por instituição pública

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ou privada, legalmente credenciada pelo Ministério da Edu cação ou órgão

equivalente, ou aquela com certificado de conclusão de processo de

habilitação ou reabilitação profissional fornecido pelo INSS. Considera-se,

também, pessoa portadora de deficiência habilitada aquela que, não tendo se

submetido a processo de habilitação ou reabilitação, esteja capacitada para o

exercício da função (art. 36, §§ 2º e 3º, do Decreto nº 3.298/99).

Entende-se por reabilitada a pessoa que passou por processo

orientado a possibilitar que adquira a partir da identificação de suas

potencialidades laborativas, o nível suficiente de desenvolvimento profissional

para reingresso no mercado de trabalho e participação na vida comunitária

(Decreto nº 3.298/99, art. 31). A reabilitação torna a pessoa novamente capaz

de desempenhar suas funções ou outras diferentes das que exercia, se estas

forem adequadas e compatíveis com a sua limitação.

A maior dificuldade das empresas reside no seu desconhecimento a

respeito da questão da deficiência, reconhecendo suas possibilidades e

limitações. Essa situação gera medo, insegurança e preconceito e pode

inviabilizar o processo de inclusão. Para superar essa limitação, a empresa

buscará apoio junto às entidades e escolas de pessoas com deficiência que

detêm acúmulo de conhecimento a respeito da matéria e podem se constituir

em importantes parceiras desse processo. Nesse sentido, é proverbial o lema

do Ano Internacional das Pessoas com Deficiência em 2004: “Nada sobre nós

sem nós”.

As condições gerais de vida, as relações, processo e organização

do trabalho são elementos fundamentais na preservação da saúde dos

trabalhadores ou na gênese de seu adoecimento.

O trabalho decente, preconizado pela OIT, é direito de todos,

incluindo a segurança e a saúde. A prática do trabalho decente é o meio mais

eficaz de romper com o ciclo da marginalização, pobreza e exclusão social,

especialmente das pessoas com deficiência, as quais necessitam de ações

afirmativas para sua adequada inclusão e manutenção no mercado de

trabalho, contribuindo de forma significativa para a economia nacional e

reduzindo o nível geral de pobreza.

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A empresa deverá providenciar a adequação dos meios e recursos

para o bom desempenho do trabalho, considerando suas limitações. Os apoios

especiais são elementos (orientação, supervisão e ajudas técnicas, dentre

outros) que auxiliam ou permitem compensar uma ou mais limitações

funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de deficiência,

de modo a superar as barreiras da mobilidade e da comunicação,

possibilitando a plena utilização de suas capacidades em condições de

normalidade (Instrução Normativa nº 20/01, da Secretaria de Inspeção do

Trabalho/MTE).

Como exemplos de apoios especiais temos: as tecnologias de

acesso ao computador e à Internet para pessoas com deficiência visual e

motora, sintetizadores de voz, livros falados, sinalização e alarmes sonoros e

luminosos, folheadores eletrônicos para tetraplégicos, serviço de impressão em

Braille, serviço de mensagem e vibracall em telefones para deficientes

auditivos, banheiros adaptados para cadeirantes, corrimão nas paredes para

facilitar a locomoção de deficientes visuais, etc.

Muita gente em vez de reclamar de tudo, de suas deficiências,

adotam uma postura positiva ativa em busca da superação de obstáculos e

dos próprios limites.

Pessoas com esse perfil poderão ser encontradas em atividades

esportivas, são atletas, são vencedores e medalistas olímpicos exercendo

funções de contato direto com o público mostrando que suas deficiências não

impecilho para estarem exercendo seus direitos de cidadania, seja em

esportes ou trabalho remunerado.

Citamos alguns como o triatleta e surfista Paulo Eduardo Chieffi

Aagaard, o Pauê. Ele foi um dos primeiros alunos do Projeto Superação e

graças a este envolvimento conseguiu atingir destaque no meio esportivo

adaptado e ganhar reconhecimento nacional e internacional. Ele perdeu parte

das duas pernas em um acidente em 2000, quando foi atropelado por um trem

em São Vicente. Pauê se transformou em um ícone do esporte adaptado

conquistando títulos e notoriedade em sua categoria. Participou do festival de

natação na piscina da unidade Vila Mathias da Unimente em 2009.

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Outro exemplo de superação e a brasileira Claudia dos Santos,

atleta do clube Pinheiros e da Seleção Brasileira Paralímpica de Remo.

Claudia adquiriu deficiência em 2000, após ser atropelada quando

saia de seu trabalho. Um carro que além de passar por cima de sua perna, não

parou para lhe prestar socorro. Ficou trinta e sete dias na UTI em coma.Depois

mais três meses na cama do hospital e em tres anos e meio passoupor treze

cirurgias. Acabou se tornando uma deficiente, mas apesar de não ter uma das

pernas, faz tudo sozinha, No início teve dificuldades com transportes públicos

por não serem adaptados. Ela não ficou parada e através de sessões

fisioterápicas para reabilitação, seguiu seu novo desafio: começou a nadar e a

partir daí foi convidada para conhecer o esporte paralímpico. Participou de um

evento de Remo com muito treino, cirurgias, cinco anos foi necessário para se

recuperar. Começou a remar em 2007 e após 8 meses de treinamento, se

tornou campeã mundial e melhor atleta de remo paralímpico. Classificou o

Brasil para a olimpíada de 2012.

Um erro médico durante o nascimento ocasionou falta de

coordenação motora em Pedro Augusto Santos Lima que só conseguiu andar

pela primeira vez aos cinco anos de idade com muita dificuldade. Um atraso

acentuado, uma criança normalmente começa a andar até os dois anos.

Aos 22 anos, além das barreiras impostas para qualquer indivíduo

que carrega esse tipo de deficiência, o jovem também enfrentou entraves para

estudar , entre eles o preconceito, o mais duro em sua opinião. “ Sempre tive

dificuldades, e várias escolas não me aceitaram por não saber trabalhar com

pessoas deficientes por preconceito, contou”

Como não consegue escrever, Pedro expõe ter passado por

diversos constrangimentos para adquirir conhecimento. “Tinha quelevar

máquina de escrever, mas os colegas diziam que o barulho incomodava”.

Pedia que algum colega usasse carbono, mas eles diziam que manchava os

cadernos. Por isso tive que me superar dia após dia. Aprendia ser ouvinte e,

principalmente, a decorar explicou ao ressaltar ainda a importância do apoio da

família para a superação. Finalmente recebeu a notícia que ele classifica com

resultado de um grande empreendimento, de um enorme esforço. O estudante

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foi aprovado no vestibular do curso de Biocombustíveis do Instituto Federal de

Educação Ciências e Tecnologia da Bahia (IFBa) após realização de uma

prova oral, em que superou diversos candidatos que não apresentavam

nenhum tipo de dificuldade física.

“ Gostaria de gritar por todas as pessoas que sofrem pelo

preconceito, despreparo da infraestrutura com um todo”. Frisar o despreparo

das instituições públicas e fazer apelo para melhor capacitação dos

profissionais ligados à educação nesse país.

Precisamos de acessibilidade nas escolas, nos órgãos públicos, Vou

tentar um lap top e gravador diz com ar de felicidade. “ Não importa o que você

tenha, supere-se”acredite.

Também Jady Vieira deficiente visual foi aprovada entre os 10

primeiros candidatos na Faculdade Federal do Amazonas.

Marcos Vasconcelos de 26 anos, guiava uma moto quando após ser

assaltado levou 4 tiros em São Bernardo do Campo, SP, que o tornou

paraplégico e achava impossível aceitar sua deficiência. Os seis meses de

fisioterapia introduziram atividades físicas que mudou o seu modo de pensar.

A recuperação de Marquinhos começou a progredir em seu encontro

com o esporte e aí ele começou a dar a volta por cima.

A prática desportiva começou a ser levada a sério por Marquinho

que escolheu o Basquete e jogou no Clube dos Paraplégicos por 4 anos.

Após se dedicou a prática de esgrima e logo se apaixonou pelo

Tênis. Hoje é o sexto melhor tenista do ranking Nacional de Tênis Paralímpico,

joga por todo Brasil e é o atual campeão do BH Tennis Open.

O Brasil tem conseguido destaque nas últimas edições dos jogos

paralímpicos. O país estreou em 1976 e conquistou sua primeira medalha na

edição seguinte. Em 2008,pela primeira vez encerrou uma edição entre os dez

primeiros no quadro de medalhas, ficando em nono lugar com 47 medalhas.

Os nadadores Clodoaldo Silva e Daniel Dias e os corredores Lucas

Prado, Ádria Santos e Terezinha Guilherme são alguns dos destaques

paraesportivos do país.

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CONCLUSÃO

A educação inclusiva é uma prática para todos. Porém a construção

de uma sociedade inclusiva vai além da teoria. A sua importância está

relacionada ao respeito às diferenças.

Somos diferentes uns dos outros, eis o ponto que nos torna iguais!

A inclusão escolar é uma realidade que vai além de uma simples

matrícula em escola regular, exige um novo olhar dos legisladores, da

sociedade, dos gestores e professores comprometidos, valorizando as

diferenças e visando uma educação voltada para a igualdade.

Vários documentos foram criados, porém os direitos ainda não são

efetivos. Várias barreiras impedem a concretização da inclusão, sejam elas

atitudinais ou físicas.

O tratamento dispensado às pessoas com deficiência foi de

exclusão e abandono pautados no preconceito e discriminação que até hoje

dificultam o processo de inclusão.

Desta forma, o objetivo maior é discutir a construção de uma escola

inclusiva e fundamentar nossas reflexões sobre a inclusão.

Observa-se que a inclusão carece de recursos destinados à

organização, à capacitação profissional e, principalmente, falta maior incentivo

a valores como solidariedade e aceitação, imprescindíveis nas relações

humanas e fundamentais para a realização de um trabalho educacional de

qualidade para a formação de uma sociedade melhor com igualdade e justiça

para todos.

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BIBLIOGRAFIA

________Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9394, de 20 de dezembro de 1996. ________Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. A Inclusão das Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho. Disponível em http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812CCDAEDE012CD0A2B79F70B3/inclusao_pessoas_defi12_07.pdf. Acesso em 01 maio 2015. BAPTISTA, Claudio Roberto. MACHADO, Adriana Marcondes (et.al). Inclusão e escolarização: Múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006. CARDOSO, Marilene da Silva. Aspectos históricos da educação especial: da exclusão à inclusão. Uma longa caminhada. FOLKIS, Adriane Branco. Inclusão, ainda um desafio na educação. Disponível em http://www.pedagobrasil.com.br/pedagogia/inclusaoaindaumdesafio.htm. Acesso em 23 abril 2015. Jornalismoesporte.blogspot.com.br/2012/superacao-do-atleta-com necessidades.html MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. portal.anhembi.br/nossos-sites./jornalismo/jovens-com-necessidades-especiais- encontram-segredos-da-superacao-a-esportes SILVA, Maria Quitéria Santos da. VILELA, Maria Cristiana da Silva. OLIVEIRA, Bráz da Silva. O Professor e a Educação Inclusiva: Desafios e Perspectivas. Disponível em http://www.eduvalesl.edu.br/site/edicao/edicao-119.pdf. Acesso em 23 abril 2015. SOUZA, Eldinea Gonçalves. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: IGUALDADE NA DIFERENÇA. Disponível em: http://www.unijales.edu.br/unijales/arquivos/28022012094602_242.pdf. Acesso em: 30 mar 2015 www.bahianoticias.com.br/noticia/09/69-portador-de-necessidade-especial-da- exemplo-de-superacao-a-ser-aprovado-em-vestibular-html. .

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I -Os desafios da educação inclusiva 10

CAPÍTULO II - Barreiras encontradas por pessoas com necessidades

especiais 19

CAPÍTULO III—Inclusão de pessoas com necessidades especiais no mercado

de trabalho e Superação 27

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA 36

ÍNDICE 37

FOLHA DE AVALIAÇÃO 38