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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS FOLCLÓRICOS: DESENVOLVENDO AS FUNÇÕES PSICOMOTORAS Danielle Chaves Valle ORIENTADOR: Profa. Me. Fátima Alves Rio de Janeiro, RJ 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS FOLCLÓRICOS:

DESENVOLVENDO AS FUNÇÕES PSICOMOTORAS

Danielle Chaves Valle

ORIENTADOR:

Profa. Me. Fátima Alves

Rio de Janeiro, RJ 2016

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicomotricidade. Por: Danielle Chaves Valle

BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS FOLCLÓRICOS:

DESENVOLVENDO AS FUNÇÕES PSICOMOTORAS

Rio de Janeiro, RJ 2016

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AGRADECIMENTOS

Aos meus professores que me inspiram e alunos

que me motivam.

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DEDICATÓRIA

Dedico à minha mãe Bernadete, à minha

madrinha Aladyr e ao meu marido Carlos que

compreendeu a minha ausência.

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RESUMO

O objetivo de pesquisar inicialmente acerca da importância das

brincadeiras para as crianças, mas também para todo e qualquer indivíduo se

relaciona com o fato de que observo no meu dia a dia o quanto as pessoas se

expressam através da ludicidade, se relaciona ao fato de que o corpo é

trabalhado através dos jogos e durante o manuseio dos brinquedos. As

brincadeiras tradicionais são, geralmente, passadas através da oralidade em

contato com outras pessoas e isto já configura um dado relevante para a

discussão e classificação dentro do que pode ser incluído no Folclore, assim

como todos os movimentos ensinados para a realização do ato lúdico,

envolvendo também o faz de conta, utilizando brinquedos (ou qualquer objeto)

são, igualmente, importantes para o desenvolvimento das funções

psicomotoras. A Psicomotricidade constitui um capítulo primordial para a

compreensão de que os movimentos requisitados no ato de brincar com ou

sem brinquedos são importantes para a aquisição e desenvolvimento das

funções psicomotoras, uma vez que pular, correr, lançar, acertar alvo, e tantas

outras ações exigem concentração, trabalho em grupo, percepção espacial,

temporal e assim em diante.

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METODOLOGIA

A metodologia adotada para a confecção deste material constitui em

pesquisas sobre os assuntos abordados em livros e artigos científicos. O curso

de Psicomotricidade apresentou uma disciplina denominada Prática de Jogos

Psicomotores, nas aulas o professor conduziu inúmeras atividades dinâmicas e

ao final das mesmas ele listou as funções psicomotoras trabalhadas nas

brincadeiras. Observar os meus alunos durante esses doze anos de magistério

e a necessidade de brincar, movimentar o corpo sempre presente, vivenciar as

brincadeiras e reconhecer as funções psicomotoras me estimulou a tratar do

assunto, me aprofundar não com o intuito de elucidar questionamentos, mas

sim de iniciar o olhar acadêmico sobre algo que é inerente ao ser humano,

fazemos com naturalidade, mas que traz benefícios relevantes para o bom

desenvolvimento de todo e qualquer indivíduo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

O Brincar 10

CAPÍTULO II

Brincadeiras tradicionais e brinquedos folclóricos 23

CAPÍTULO III

Psicomotricidade: as funções psicomotoras presentes no brincar 33

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA 45

ÍNDICE 56

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INTRODUÇÃO

Tudo que é considerado popular, tradicional, faz parte do Folclore

cuja origem da palavra, conceituação e importância, iremos conferir mais a

frente. E como tudo que é passado de geração em geração, a veracidade,

validade, perpetuação, confiança e o que mais se referir ao sucesso e

reconhecimento da cultura, irá depender do veículo, meio pelo qual os

conhecimentos são (e serão) transmitidos. Posto que com o progresso dos

meios de comunicação, os humanos mudam a sua forma de entrar em contato

uns com os outros e essa transformação irá interferir diretamente no “produto

final” que será a consolidação de toda uma “bagagem” cultural.

Contudo, quando criança, todos temos necessidades primitivas;

me refiro a primitivas no sentido de apresentarmos características típicas de

cada fase da infância que independem de raça, condição social, influência

externa, até chegarmos na fase da adolescência, o ato de brincar é prioritário,

pois com o avanço da idade, o crescimento intelectual e etc, as

responsabilidades vão surgindo e então o brincar se torna esquecido.

Quando pequenos, o lúdico é tão natural que imaginamos,

facilmente, ser um castelo, uma simples cadeira com um pano em cima,

fazemos um carro de uma caixa de papelão, rolamos na grama, encontramos

formas conhecidas em sombras, nuvens, corremos e corremos mais ainda se

estivermos disputando uma prenda, mesmo que ela seja imaginária. Não

precisa de muita coisa para brincar e nem a idade é estipulada, para isso é

primordial que o espírito sinta sede das meninices da infância. Nos dias de

hoje, mesmo com a invasão dos brinquedos eletrônicos, vídeo game, jogos

computadorizados, bonecas (quase autossuficientes, pois choram, falam, se

mexem, emitem vários sons e até expressão facial que beiram a realidade), a

criança em certo momento, busca o contato com a bola, ou com qualquer outro

brinquedo ou brincadeira que exijam movimento corporal e interação com

outras crianças.

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Compreender o papel da brincadeira dentro das suas

modalidades é importante para estar ciente acerca das funções

desempenhadas, estímulos provocados e quais são as intenções que estamos

suscitando ao propormos movimentos mesmo que para criança brincar seja

simplesmente brincar. Os brinquedos possuem os mais diversos significados

se verificarmos os desejos que levam os seres humanos a possuírem um

objeto, ora eles podem funcionar como elementos decorativos, ora podem

saciar o desejo de alguém deter coleções, preencher carência sentimental ou

entreter. Seja qual for o motivo pelo qual se manipula um brinquedo, manipular

em si significa colocar em prática atividades psicomotoras relevantes para o

bom desenvolvimento de qualquer indivíduo.

Este trabalho consiste em discursar sobre a importância da

ludicidade que as brincadeiras tradicionais trazem, brincadeiras de roda,

esconde-esconde, piques são alguns exemplos de atividades onde as crianças

exercem papeis, fazem de conta que são policiais e daqui a pouco são

bandidos, são mocinhas em apuros a espera de um herói, e assim, no campo

da imaginação experimentam personagens, colocam uma lente de aumento

naquilo que desejam ser ou como já pensam ser; com os brinquedos

estabelecem vínculos e junto a eles atuam dentro das brincadeiras, assumem

uma realidade vivida onde estão inseridas projetando questões internas.

É pelo importante papel educativo que a brincadeira assume, por

ser indispensável à alma e por tantos outros predicados, que o tema trabalhado

é Brinquedos e Brincadeiras tradicionais que estão inseridos no campo do

folclore, trazendo denominações, classificações, tipos e as funções

psicomotoras.

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CAPÍTULO I

O BRINCAR

O título da monografia se refere às brincadeiras e brinquedos

folclóricos, antes de aprofundar a discussão sobre os benefícios do brincar,

tanto quanto da importância do manuseio dos brinquedos, vamos analisar a

bagagem que traz o termo ‘folclórico’. De fato, o que observamos atualmente

há uma avalanche de lançamentos de instrumentos tecnológicos voltados para

o entretenimento, as novidades no mercado são incontáveis se formos

comparar que a combinação infinita existente de cores, luzes, formas, texturas,

movimentos e temas. Contudo, a estimulação provocada pelos tradicionais

objetos que as crianças usavam para brincar ainda fazem parte do universo

infantil e cumprem os mesmos papeis desempenhados pelos eletrônicos, uma

bola de couro rola tanto quanto uma bola colorida, com guizos e com efeitos

luminosos. Os elementos que fazem parte do Folclore, como as brincadeiras e

outras definições serão exploradas a seguir, pois tudo o que faz parte daquilo

que consideramos pertencer à nossa cultura nos identifica, nos traz

personalidade e unidade.

Inicialmente, conta a história que o arqueólogo inglês, Willian John

Thoms, com o codinome de Ambrose Merton, publicou em meados do século

XIX um texto onde propõe a palavra “Folk-lore” para designar as “Antiguidades

Populares” ou “literatura popular”. Thoms teve como objetivo batizar estudos

que vinham desde tempos imemoriais, mas que alavancaram no fim do século

XVIII.

Sobre Folclore, alguns psicólogos julgam como uma ciência

psicológica, uma vez que que buscava revelar a alma coletiva dos povos. A

palavra Demopsicologia foi criada por Giuseppe Pitré, um antropólogo italiano

vivido no século XIX, para denominar o estudo da vida moral material e

espiritual dos povos civilizados, não civilizados e dos selvagens, portanto,

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incluindo o Folclore. O Folclore estuda a mentalidade coletiva, seguindo os

princípios da Psicologia Social. Entre nós, o historiador João Ribeiro chegou a

essas conclusões, interpretando o Folclore como uma psicologia étnica, uma

pesquisa no inconsciente dos povos, feita e refeita secularmente. Não há quem

negue a inter-relação entre a Psicologia e o Folclore, o fenômeno folclórico é

cultural e apenas a psicologia não o explica, pois necessita conhecer as

condições do comportamento que só a Antropologia nos dará. Assim como

qualquer movimento do homem é provocado por uma intenção, emoção e suas

inteligências, o Folclore por ser constituído por costumes, festas tradicionais,

brincadeiras, etc, é um campo de estudos de elementos inerentes aos homens,

sua psique, motricidade e sentimentos.

A brincadeira tradicional infantil é uma das manifestações folclóricas,

baseada na forma como o povo se expressa, sobretudo, por ser transmitida

através da oralidade, é considerada como parte da cultura popular. Neste

sentido, a brincadeira tradicional sendo uma prática que perdurou, se tornou,

obviamente, parte do folclore. De acordo como o historiador citado

anteriormente, sendo o folclore uma manifestação também associada ao fator

psicológico, podemos concluir que as brincadeiras foram transmitidas durante a

prática das mesmas, que os brinquedos só permaneceram em seus formatos

porque o povo trabalhou para que isso se concretizasse, houve, portanto, um

fazer considerado significativo, assim como as festas que são celebradas ano

após ano mantendo as mesmas características.

Quando as brincadeiras são passadas oralmente elas vão sendo

passadas de geração em geração, a brincadeira está sempre em processo de

transformação, incrementando criações anônimas das gerações surgidas ao

longo dos tempos, porém mantendo a identidade. Não se tem conhecimento

quanto a origem da amarelinha, do pião, das parlendas. Seus criadores são

anônimos. Há a ciência apenas que provêm de práticas não mais realizadas

por adultos, de fragmentos de romances, poesias, mitos e rituais religiosos.

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Pensamos as brincadeiras tradicionais infantis como parte

integrante da cultura lúdica. Ela é transmitida expressando valores e diferentes

concepções. Diante das transformações sociais, do advento da televisão e dos

brinquedos eletrônicos, da falta de tempo, dos problemas que atribulam a vida

dos adultos, percebemos a ausência das brincadeiras habitualmente praticadas

pelos nossos avós nos lares sendo apenas resgatadas na escola ou por

motivos pontuais, como festas que são comemoradas não em todo Brasil,

existem regiões que respeitam a manutenção da cultura. São algumas

comemorações: Carnaval, Festa Junina, Festa do Divino, Folia de Reis e

Bumba-meu-boi.

Seja qual for a festa folclórica, é evidente que as pessoas que

participam se vestem com outras roupas, diferentes daquelas que usam

normalmente, fazem maquiagem até quase parecerem outras

pessoas...personagens. Essa manifestação coletiva que leva um grande

número de indivíduos já passados até da adolescência a usarem fantasias é

impulsionada pela vontade de encenar outro papel, se libertar das amarras

sociais, viverem o lúdico por alguns momentos. As festas folclóricas nos trazem

o lúdico como arma contra a realidade e sobre o lúdico, o autor Luís da Câmara

Cascudo no Dicionário do Folclore Brasileiro (2000), define:

O conceito se aplica a uma classificação do folclore, integrada por brincadeiras e brinquedos tradicionais, de natureza infantil ou não, que constituem elementos da cultura popular. Desse conjunto de objetos e de manifestações a eles relacionados decorrem os primeiros contatos do ser humano com a cultura de seu povo; daí sua importância como elementos de identificação cultural e instrumentos de socialização, educação e aprendizado. Luís Fernando Vieira, em sua obra A Lúdica no Folclore, publicada em 1988, faz uma avaliação da importância dos objetos lúdicos, como o pião, o bodoque, o estilingue, as contas e pedras, além de vários outros, produzidos durante longos anos por seus próprios usuários e que, com o passar do tempo, perderam algumas de suas antigas características em decorrência da industrialização.

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A importância da ludicidade para a constituição do ser humano é

percebida e documentada há tempos, desde que ele passou a ser objeto de

estudo na história a fim de se compreender as suas ações e sentimentos. Os

instrumentos usados em prol da sobrevivência também são usados para

entreter, citemos novamente o estilingue, pois ele tanto podia ser usado como

arma para caçar animais com o objetivo de consumo, quanto pode ser usado

em brincadeiras de acertar alvo, assim como é o caso do arco e flecha, que

constitui uma modalidade de olimpíadas. Ou seja, o uso de objetos e das

brincadeiras estão presentes nos seres humanos há tanto tempo quanto o

instinto de sobrevivência é presente, instinto esse que foi crucial para o

desenvolvimento da raça humana. Contudo, as brincadeiras e o uso dos

brinquedos começaram a possuir significados diferentes, o jogo também surgiu

e cada um tem seu papel.

No jogo as relações são diferenciadas das brincadeiras, brincar nem

sempre necessita do uso do brinquedo, estar manuseando um brinquedo não

significa estar brincando em todas as vezes, sendo assim, é imprescindível

definir jogo, brincadeira e tipos de brinquedos para que se compreendam as

intenções.

1.1- Brincadeira e Brinquedo:

Os elementos que fazem parte da cultura, entre elas o Folclore, nos

traz conhecimentos que preservam características que identificam cada povo,

localização, e associada à localização temos o clima da região, a forma como

esse local foi construído, se é mais urbano ou campestre, enfim, todos esses

fatores e mais as influências da tecnologia conspiram para a manutenção dos

costumes, com isso, percebemos que os jogos, as brincadeiras e os

brinquedos se modificam.

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As crianças de regiões do interior que tem mais contato com a

natureza obtém mais oportunidade de desenvolver brincadeiras com bolinha de

gude, pipa, ou qualquer outra cuja proximidade com a terra e árvores, pois a

presença desses elementos suscita desejo de conexão com o que há de

primitivo internamente, já os indivíduos cuja infância é vivida em condomínios

entre prédios praticam outras atividades lúdicas cercadas por grades, no chão

duro e impenetrável de cimento, às vezes disputando espaço com os carros e

muitas vezes a interação se faz por meio os aparelhos eletrônicos. Mesmo

havendo essa diferença relevante, é preciso salientar que a criatividade,

imaginação e a vontade de externar sentimentos, ações através da brincadeira

é inerente a todos os seres humanos.

A simulação que a criança se insere em um faz-de-conta ou representando personagens da sua realidade representam a promoção do desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, uma vez que ela elabora diálogos, ações, se envolve com outras crianças e adultos e estabelece vínculos. “O termo simbólico, representativo, imaginativo, fantástico, de simulação, de ficção ou faz-de-conta podem ser vistos como sinônimos, desde que sejam empregados para descrever o mesmo fenômeno” (KISHIMOTO, 2002).

Voltando ao conceito de Câmara Cascudo sobre o lúdico, o ser

humano, através da brincadeira tem seu primeiro contato com a cultura de seu

povo, obviamente que esse contato inicialmente é restringido à família e às

experiências que a criança tem com as pessoas de seu convívio, e mesmo que

ela não tenha a consciência, outros fatores para o seu bom desenvolvimento

estão em foco, como a socialização, a educação e o aprendizado. Mais a

diante iremos verificar que a boa condução da socialização, uma educação

para a humanidade depende da forma como o adulto vai estimular as funções

psicomotoras. O adulto, portanto, por meio de um processo de duplo benefício

se envolve em ações que vão fazer com que ele reviva conceitos, incorpore

memória de sua infância.

O material intitulado “Brincar para todos” organizado por Mara O. de

Campos Siaulyz, como o apoio do Ministério da Educação, Secretaria de

Educação Especial no ano de 2005, apresenta uma perspectiva inclusiva e

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democrática do Brincar, enumera os benefícios e desmistifica a concepção de

que existem barreiras para um bom desenvolvimento, pois o conhecimento é,

antes de tudo, impulsionado pela vontade, pelo querer, e por isso, o conteúdo é

de fácil acesso e com linguagem simples para pais e educadores. Destaco o

conteúdo presente já no prefácio onde afirma sobre a importância de que para

um jogo, e incluo a brincadeira em geral, ser educativo é preciso que seja

orientado de maneira cuidadosa e consciente, e sendo estas duas qualidades

encaradas de forma relativa, perceber as necessidades da criança e conhecer

as características do crescimento são importantes.

A autora Mara Siaulys dedica o manual Brincar para todos às

pessoas sem deficiências, aos indivíduos cegos e aos deficientes visuais, que

por serem desprovidos de um dos sentidos podem carregar alguma dificuldade

de aprendizagem ou até mesmo apresentarem outras deficiências sensoriais

como a surdez e/ou a física, seja qual for a necessidade das pessoas, todos,

como o próprio título diz, podem se beneficiar deste material, uma vez que,

segundo ela afirma:

“A brincadeira é a vida da criança e uma forma gostosa para ela movimentar-se e ser independente. Brincando, a criança desenvolve os sentidos, adquire habilidades para usar as mãos e o corpo, reconhece objetos e suas características, textura, forma, tamanho, cor e som. Brincando, a criança entra em contato com o ambiente, relaciona-se com o outro, desenvolve o físico, a mente, a auto-estima, a afetividade, torna-se ativa e curiosa. ”

A brincadeira é um instrumento lúdico, onde a criança movimenta

seu corpo, e ao movimentar esse corpo ela ganha espaço e aprende seus

limites, coloca em prática a socialização e através do lidar com o outro ela

reage de acordo com os sentimentos, a criança que aprender a externá-los

com liberdade também pode aprender a receber melhor do mundo as

decepções, saber perder um jogo pode fazer com que aquele pequeno sujeito

se torne um adulto que sabe lidar bem com as frustrações, trabalha a sua

autoestima, esta autoestima é também construída em um processo de

aceitação dos papeis desenvolvidos e em perceber, mesmo que durante uma

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atividade lúdica, que podemos reverter situações e fazer com que o bem vença

o mal, que talvez mesmo fazendo parte de uma sociedade individualista e que

massacra com excesso de realidade, você pode se tornar resiliente e bons

princípios.

Como já foi dito, referindo-me ao Folclore, o ambiente em que a

criança vive vai influenciar suas atitudes, não é raro ver uma criança que vive

em comunidade violenta brincar de polícia e bandido recriando cenas vivida,

assim como meninas abastadas, por vezes, sentam-se ao redor de uma mesa

finamente decorada e fazem de conta que são damas da alta sociedade

tomando chazinho, uma cena muito vista, igualmente, entre as crianças é a

necessidade que elas possuem em correr, simplesmente correr, subir em

grandes, relevos onde se equilibram, e quando vencem os limites que acham

ter em seu corpo, ficam alegres, assim como lutar com o vento, com a espada

imaginária, jogar com os amigos ou até mesmo sozinho no vídeo game geram

prazer e a curiosidade do que está por vir é continuamente aguçada.

1.2- Aspectos físicos e psicológicos proporcionados pelo

Brincar:

O prazer estimulado por momentos lúdicos e que muitas vezes são

praticados por movimentos físicos também é explicado pela neurociência. No

livro Fundamentos Biológicos da Educação a autora, Marta Pires Relvas, indica

como recursos para que os professores atuem com mais eficácia no processo

de aprendizagem, entre outros o de tornar as aulas mais atrativas “Criar letra

para música, versinhos rimados, frases engraçadas, etc, que levam a

memorização”. Ou seja, a fixação de informações se dá, não somente pelo fato

do indivíduo trazer consigo uma informação à qual a nova irá se conectar, mas

sim, se aquele novo dado lhe for prazeroso, chamar a atenção.

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Esse interesse ocorre porque ao nos depararmos com uma situação

agradável que nos faz sorrir se inicia uma sequência de reações fisiológicas, o

cérebro libera a serotonina. Quanto à aprendizagem, ao interagirmos de forma

lúdica as tensões sociais se amenizam, o brincar, o faz de conta que produzem

risos, ligações emocionais positivas ativam o sistema cardiovascular, a partir

daí a pressão arterial aumenta, há a elevação do oxigênio no sangue, uma vez

que abdômen e diafragma se contraem durante o riso. O humor se eleva, todo

sistema fisiológico reage positivamente, a tensão muscular diminui e até a

imunidade melhora. Uma pessoa saudável aprende melhor do que aquela com

saúde debilitada. E se durante o momento de adquirir conteúdos na sala de

aula o indivíduo exercer uma atividade dinâmica, o exercício físico libera a

endorfina. A endorfina liberada no exercício físico durante a brincadeira

(dinâmica), portanto, é considerada o hormônio do prazer e brincar nos traz

essa sensação, ela relaxa o organismo, alivia as dores, melhora a memória, há

estudos que comprovam que até podem curar doenças.

A produção dos hormônios citados acima auxilia na prevenção da

depressão e na recuperação da autoestima, isto quer dizer que, brincar tem

influência direta nos estados psicológicos. O brincar em qualquer fase da vida é

prazeroso e envolve conceitos internos, externa conteúdos do inconsciente.

A afirmação de que o jogo de fantasia surgidos na infância

proporciona a observação dos devaneios presentes na vida adulta está contida

na fala de muitos estudiosos e teóricos, Kishimoto destacou: Luria (1932),

Piaget (1971), Freud (1976) e Vygotsky (1984). O valor simbólico que o ser

humano tem a capacidade de empregar em suas ações vai acompanhá-lo por

toda a vida, há sim o ápice entre os dois e quatro anos de idade, porém, como

relata o último teórico citado “(...) a criança pequena não tem a capacidade de

esperar, cria um mundo ilusório, onde os desejos irrealizáveis podem ser

realizados” (KISHIMOTO, 2002, P.61), com isso, vemos adolescentes e adultos

impulsionados pelo sentimento de prazer imediato fazendo o uso da internet

para fantasiar serem outras pessoas, terem oura vida, contudo, a proporção

desse desejo de “brincar” acarreta em consequências sem medidas, se formos

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analisar que, assim como qualquer jogo simbólico coletivo, outras pessoas

podem participar das brincadeiras, todavia agora sem conhecerem as regras.

Esses jogos simbólicos com a presença de vários participantes, onde cada

movimento pode desencadear atos complexos, não mais cumprem o papel

comprometido somente com o desenvolvimento da psicomotricidade

individualmente, estes jogos não tradicionais praticados através da tecnologia

fogem do conceito daquilo que é passado oralmente, olhos nos olhos, de

geração em geração no contato afetuoso.

As brincadeiras tradicionais e os brinquedos de origem folclórica,

assim como a palavra “jogo” são conceituados da seguinte maneira no

dicionário do Folclore Brasileiro, edição do ano de 2000:

- Brincadeira: ato voltado para diversão, praticado ou não com

acompanhamento de melodia ou movimentos coreografados.

- Brinquedo: objeto fabricado mesmo que de forma artesanal ou

qualquer material que tem como objetivo entreter.

- Jogo: a expressão compreende, de forma limitada, apenas o jogo

de cartas, de gamão, truco ou qualquer outra forma de brincar contendo regras,

que pode ser realizado em grupo ou individual. Como sinônimo de brincadeira

infantil, o autor cita: jogo ginástico, que trabalha o sistema cardiorrespiratório,

motor, cita a amarelinha como exemplo, porém existem outros.

A partir daí, conclui-se que quando as crianças brincam utilizando os

brinquedos ou participam de brincadeiras populares, com o objetivo de

entretenimento, uma série de elementos socioculturais estão assegurados, pois

passa a existir uma participação mais presente das crianças e adultos em um

sistema de ideias, sentimentos e valores comuns, pois se estamos nos

referindo não só ao simples brincar, mas de cantigas tradicionais, objetos

fabricados de maneira artesanal, estamos nos situando dentro de um contexto

onde a sociedade vive e como ela atua . A ludicidade promove:

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• a interação e cooperação;

• estimulação em competições;

• valorização e respeito das regras sociais existentes na herança cultural;

• desenvolvimento do espírito de liderança; a identificação com o bem

comum dos grupos.

Povos antigos consideravam os brinquedos como objetos

carregados de crenças e religiosidade. Um exemplo disto, é que entre os

gregos e romanos, os brinquedos das crianças, eram oferecidos aos deuses,

depois de adultas. Hoje em dia a relação dos adultos com os brinquedos está

voltada para prazer de colecionar, há relatos de domínio público que revelam

que bonecas são usadas com o objetivo de satisfação sexual. As bonecas das

meninas em idade de se casar, que é relativo em se tratando de época e

cultura, eram consagradas à Vênus e a Diana, ou aos deuses da fertilidade,

para que suas proprietárias pudessem gerar filhos. Os materiais ao longo dos

anos foram se modificando, os brinquedos eram bem simples na Idade média,

muitos eram feitos em cerâmica ou vidro. Durante o Renascimento, as

concepções de estética se refinaram. Com o Barroco surgem as “lanternas

mágicas”, que eram jogos de sombras chinesas e os soldadinhos de estanho.

As brincadeiras também eram, e são, uma forma de refletir a

situação social vivida pelas pessoas, um exemplo foi que durante a Revolução

Francesa fabricação de pequenas guilhotinas alavancou, as crianças

brincavam de decapitar bonecos.

O desenvolvimento industrial foi notável no progresso da sociedade

que estava utilizando máquinas cada vez com mais potência nos processos

industriais. A fabricação em série dos brinquedos no século XIX ganhou

espaço. Novos materiais são usados como a borracha e o papel marche. E no

século XX, os sintéticos, brinquedos com movimento, e os plásticos invadem o

mercado e uma nova tendência reflete-se como a dos brinquedos educativos,

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pedagógicos. Ou seja, o desenvolvimento da sociedade em vários aspectos,

filosófico, de crenças, industrial, populacional, etc influenciaram diretamente na

fabricação dos brinquedos, conduzindo, portanto, novas formas de brincar, de

movimentar o corpo, não usei a palavra ‘evolução’ da humanidade, pois como

mostra Maria Montessori, para o indivíduo se desenvolver não é necessário

que ele use a infinidade de eletrônicos que vemos hoje em dia, pelo contrário, a

super estimulação desde cedo por luzes, cores e movimentos sem o contato

com texturas diferentes da lisa da tela do computador nos faz retroceder, a

economia de movimentos necessários para atuar nos jogos virtuais nos

enrijece.

Reportamo-nos ao tempo em que era mais valorizado o processo de

construção e reconstrução de brinquedos e das brincadeiras, onde o mais

importante não era o resultado final, aquele pronto e acabado, a imagem do

quebra-cabeça concluída, a casinha montada, criar um forte, mas sim o desafio

de encaixar as peças, a criatividade em procurar objetos para arrumar a

casinha parecia-nos mais interessante do que a brincadeira em si na casinha,

socializar com os colegas na rua e imaginar quem seria o dono do forte e quem

seria o monstro a atacar eram, digo mais uma vez, o processo em si era o que

provocava o sistema de recompensa. O “durante” trabalhava a imaginação, os

sentidos, as percepções, a memória, as experiências, a criança cria símbolos

para o mundo a sua volta, “A simbolização através dos objetos funciona como

pré-condição para o aparecimento do jogo de papeis propriamente dito”.

(KISHIMOTO, 2000).

Os educadores e psicólogos atestam que os brinquedos não

necessitam de serem caros para satisfazer uma criança. Se o brinquedo tem

alto valor monetário serve apenas para afirmação dos pais e familiares de

mostrar status e boa situação econômica, sob este parâmetro, os brinquedos

folclóricos – pião, perna de pau, pandorga, etc - atendem de forma mais

completa às necessidades das crianças. Desde a sua fácil confecção até seu

descompromisso manuseio.

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Não sabemos com exatidão a idade do primeiro brinquedo,

entretanto, pode-se afirmar que a boneca é o objeto mais antigo de brincar que

a humanidade tem conhecimento. A boneca como objeto sempre sob os

cuidados da figura feminina. A sociedade impõe às mulheres, desde que

nascem, o papel único e exclusivo de serem mães, e para despertar já cedo

esse sentimento, as próprias mães dão às crianças uma boneca, e outros

brinquedos que remetem a função da mulher como dona de casa, e aos

meninos é oferecida uma grande variedade de brinquedos dinâmicos, de ação,

considerados ativamente mais interessantes de serem manuseados.

Essa prática vai determinar uma série de comportamentos e de

movimentos que doutrinam as mulheres, segregam papeis, delegam tarefas,

endurecem conceitos sobre os gêneros e isto tudo provoca uma outra série de

fatores sociais, psicológicos e afetivos enquadrados, que perpetuam

pensamentos preconceituosos. Essa atitude de restrição do “brincar de

boneca” somente às meninas é de caráter machista, pois acreditamos que se

os meninos brincarem com as bonecas, terão um desvio futuro no

comportamento sexual, perderão a dita masculinidade, virilidade, as mulheres

ficam com o papel cuidar dos filhos, os homens acabam se desvencilhando das

responsabilidades nos afazeres domésticos, o que gera para eles também uma

série de limitações motoras, dependência social, embotamento psicológico,

pois essa padronização errônea de comportamentos surgidos nas brincadeiras

da infância, vai criar um adulto limitado. A brincadeira, portanto, deve estar livre

de preconceitos, o que provoca o pensamento por parte da sociedade.

O principal motivo da ocorrência do furto do lúdico na infância, talvez

seja o fato de considerar a criança como um adulto em miniatura como ocorria

na Idade Medieval, cuja finalidade única seria a sua preparação para o futuro.

Porém, o imediatismo infantil sobre o mundo não se prende à preparação

sistemática para o futuro, isso é característica do adulto, ela na realidade vive o

presente, o agora, vive o sentimento de imortalidade. Assim, torna-se

necessário entender a criança como produtora de cultura, oportunizando à ela

tempo e espaço necessários para essa produção, assegurando-lhe o direito de

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brincar, possibilitando diversificadas vivências e contribuindo para sua

formação como ser humano participante da sociedade em que vive. Embora se

fale em entender a criança como "criança" e não como "adulto em potencial", o

que se observa é que a instrumentalização da infância vem acontecendo

frequentemente, desrespeitando a faixa etária da criança e afastando cada vez

mais o brincar e a ludicidade de sua prática diária, sendo a escola um dos

contribuintes dessa instrumentalização.

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CAPÍTULO II

BRINCADEIRAS TRADICIONAIS E BRINQUEDOS

FOLCLÓRICOS

A brincadeira faz parte do desenvolvimento do homem, assim como

é espontâneo a produção de sons experimentando posições dos lábios e

soltando o ar, a criança de forma inconsciente brinca, pois esta sorri às vezes

com movimentos que para nós adultos são considerados sem importância.

Brincando ela socializa com o mundo, pois o brincar é universal, ressignifica

ações, promovendo o crescimento, reorganiza estruturas psíquicas, uma vez

que proporciona a comunicação com seu interior e com os outros.

O ser humano apresenta características herdadas dos seus

ancestrais, dados arquetípicos que vão definir a personalidade de cada um, o

Folclore, como já foi dito, é passado de geração em geração, e de uma forma

natural nós agregamos em nosso dia a dia valores advindos de um

inconsciente coletivo, cultural, os ditos e crenças populares, como não passar

debaixo de escada acreditando que poderá dar azar, pronunciar “quem com

ferro fere, com ferro será ferido” perante uma situação cabível, são dois

exemplos que ilustram a nossa capacidade de termos fé naquilo que não

vemos, e ter fé em qualquer ocasião é tão protetivo quanto evitar de passar

debaixo de escadas cuja manutenção da estrutura não temos o conhecimento

ou ter a consciência de que há uma punição na mesma medida para aquele

que cometeu a infração, é também acreditar em uma “justiça” (o que

igualmente nos impede de fazer o mal). Com isto, temos a convicção de que as

brincadeiras são praticadas de forma natural, como tantas outras ações

naturais, inconscientes são importantes em todo desdobramento do

desenvolvimento de todo e qualquer indivíduo, existem outros objetivos

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envolvidos, por mais que ainda hajam pessoas que não encarem a brincadeira

com “seriedade”, não reconhecem nela o poder de desenvolver as funções

psicomotoras, inibir ou proibir que a criança brinque é uma agressão à natueza

humana.

Está presente no Estatuto da Criança e do Adolescente, no artigo

16, inciso IV o direito ao brincar, entre outros que a liberdade compreende,

como a prática de esportes e divertir-se, pois a proposta é fazer com que a

criança se desenvolva em condições favoráveis. Observando isto e a

necessidade real das mesmas de extravazarem energia correndo, pulando,

jogando, fingindo ser policial ou bandido, mãe e dona de casa, percebemos

que o mundo real, com todos os preconceitos, divisão injusta de tarefas por

gênero, problemas sociais, vem à tona no faz-de-conta, manipulando um

brinquedo ou nas regras dos jogos. Portanto, é através das atividades lúdicas

que podemos trabalhar conceitos, movimentos, papeis, indicando caminhos

saudáveis para a construção de um ser social, é onde notamos o reflexo das

experiências vividas. As brincadeiras folclóricas cantadas trazem suavidade,

sensibilidade, ritmos; os jogos com suas regras traduzem coerência, igualdade,

sem citar o desenvolvimento cognitivo implícito; manusear os brinquedos

tradicionais suscitam afetividade, socialização, imitação, imaginação,

criatividade, a criança atua a apartir dos conteúdos internalizados.

O folclorista Câmara Cascudo define brincadeira como

“entretenimento, acompanhado ou não de melodia ou coreografia”, neste

capítulo vamos conferir algumas brincadeiras de roda, cujo costume passado

por nossos ancestrais seria a formação de uma roda para executar a atividade,

assim como nas danças medievais. Seria a formação em roda uma “regra” para

a brincadeira cantada, as letras relembram a doçura e inocência de uma

infância já quase perdida. Já os jogos de cartas, de tabuleiro, etc, são

materializados em suportes, fazem uso de objetos, e possuem sistemas de

regras, e pertencem à um contexto social múltiplo e que possui linguagem

própria.

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Voltando à definição referente ao brinquedo no Dicionário do

Folclore Brasileiro, consta ser ele um objeto cuja função é entreter, de fato, a

peteca, o pião, bolinha de gude, barangandão, bilboquê, bambolê, ioiô, pipa,

diabolô, estilingue, fantoche, boneca, carrinho e corda, são objetos que

divertem as crianças, contudo, são também instrumentos que desenvolvem a

afetividade, motricidade fina e global, lateralidade, percepção espacial,

temporal, promovem a esquematização corporal, conduzem a obtenção da

imagem corporal, e representam proporcionalmente a oportunidade de

metamorfose de sentimentos e emoções, fotografando a realidade e

transformando o corpo estático em possibilidades. “O brinquedo aparece como

um pedaço de cultura colocado ao alcance da crinça. É seu parceiro na

brincadeira. A manipulação do brinquedo leva a criança à ação e à

representação, a agir e a imaginar.” (KISHIMOTO, 2002, p.68) Ou seja, uma

pipa no céu, pode ser um pássaro muito raro que nos observa, uma boneca

pode incorporar qualquer parentesco, um pião, mesmo sendo um objeto que

roda em seu próprio eixo, pode ser o astro de um campeonato importante, com

direito à premiação, mas um vídeo game, sempre será um vídeo game, por

mais que ele apresente efeitos sonoros e visuais de última geração, o fato é

que mesmo nos dias de hoje, os brinquedos tradicionais ocupam as prateleiras

das lojas, repaginados, assim como os desenhos animados digitalmente

revivem cantigas de roda.

O simbolismo lúdico é evidente nas canções das brincadeiras de

roda, uma vez que o sujeito teatraliza, incorpora personagens com falas “o anel

que tu me deste era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas era pouco e

se acabou” e os movimentos são significativos “por isso diga adeus e vá

embora” (sai da roda), este fragmento da Ciranda, cirandinha evoca a relação

social afetiva, expressa uma maturidade associada ao sentimento amor. Outras

brincadeiras estabelecem compromisso com o desenvolvimento cognitivo,

como “O gato comeu” cuja variação é “Toucinho/Toicinho”, ambas cantigas

propõem o pensamento sequencial, o primeiro esquematiza a imagem corporal

e a música da segunda que pode ser considerada como desdobramento do

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questionamento “cadê o toucinho que estava aqui?”, apontando para mão, traz

perguntas que trabalham o pensamento associativo lógico.

É correto afirmar que as brincadeiras de pique pega e suas

variações: pique alto, pique baixo, pique cola, pique corrente, pique fruta, pique

parede, pique alerta, e outros, exigem agilidade, coordenação motora ampla,

coordenção visomotora, estratégia, cooperação, uma vez que são atividades

de muita ação, e, portanto, o pensamento para não ser pego ou para a criança

se libertar deve surgir rapidamente, o tempo de resposta para as questões nas

brincadeiras onde a velocidade é a habilidade principal é diferente para os

jogos de tabuleiro, neles os participantes possuem o momento para refletir e

agir com a peça corretamente, ou o único jogador pode se deleitar por horas,

dias até completar a imagem do quebra-cabeça, jogo da memória ou nos jogos

de cartas.

Algumas brincadeiras exigem duas ou mais pessoas, não que isto

seja uma regra, porém, para que a atividade aconteça é necessário a presença

de um equilíbrio, da troca, do companheirismo, é o caso do telefone-sem-fio,

cuja conversa se dá entre pessoas dispostas a manterem um diálogo, outras

brincadeiras são: bingo, cama de gato, carniça, chicotinho queimado, cabo-de-

guerra, adedanha. Em outras, o número mínimo para o entretenimento é de

três participantes, são tais: Mamãe, posso ir?, Seu Lobo, Um homem bateu em

minha porta, O mestre mandou, Morto-vivo, dança da cadeira, Batatinha frita,

Cabra-cega, Queimada, Coelhinho sai da toca, Uni-duni-tê.

“Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de as crianças, desde muito cedo poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação.” (REVISTA ELETRÔNICA SABERES DA EDUCAÇÃO, 2013, apud BRASIL, 1998, v. 2, p. 22)

O denominador comum entre as brincadeiras citadas anteriormente

e outras como: Boca de forno, A Barata, A Canoa virou, A Linda Rosa,

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Caranguejo, E sou pobre, pobre, Fui no Itororó, Marcha Soldado, Trem Maluco,

Se esta rua fosse minha e Terezinha de Jesus são as músicas que ditam o

ritmo da roda, que coreografam movimentos e fazem com que os participantes

assumam personagens. Quando a criança entoa versos que rimam

perguntando “Vão fazer tudo o que seu Mestre mandar?” e espera a resposta

para solicitar uma prenda, ela está se colocando com autonomia em uma

brincadeira cooperativa, a aprtir do pedido ela provoca ações que vão se

desencadear. Ao provocar risadas no refrão da música “A barata diz que tem

sete saias de filó. É mentira da barata, ela tem é uma só” a criança atua e faz

gestos que correspondem à história, ou seja, ao mesmo tempo que a cognição

é trabalhada, os movimentos e também a afetividade são colocados em prática,

uma vez que cada um assume o papel que lhe aprecia mais e encena

sentimentos.

Outras brincadeiras cantadas usam o pronome pessoal “eu” no

sentido de, na verdade, descentralizar a atenção, pois todos cantam “Fui no

Itororó beber água e não achei...” ou “Eu sou pobre, pobre, pobre, de marré

decí” e “Se esta rua fosse minha eu mandava ladrilhar com pedrinhas de

brilhantes”, contudo, assim como nos jogos, há regras para as ações, ora uma

criança permanece no centro e contracena com outra. As música e regras se

encontram no Anexo II, onde poderemos verificar de forma intrínseca as

funções lúdicas e educativas.

2.1- Modalidades das brincadeiras e brinquedos tradicionais:

Por funções desempenhadas nas brincadeiras e pelos brinquedos

tradicionais, KISHIMOTO em sua obra Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a

Educação, ressalta que existem modalidades e que estudos sobre o

desenvolvimento infantil levaram à construção de objetos lúdicos de

entretenimento que poderiam estimular a percepção tátil com texturas, formas,

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tamanhos, densidades diferentes, essas características somadas às cores e

luzes estimulam a percepção visual, por serem constituídos de materiais

diferentes e produzirem sons, a percepção auditiva seria estimulada, além

disso “carrinhos munidos de pinos que se encaixam para desenvolver a

coordenação motora, parlendas para expressão da linguagem, brincadeiras

envolvendo músicas, danças, expressão motora, gráfica e simbólica” (p.36) são

presentes nos Brinquedos Educativos (jogo educativo).

Por brinquedo educativo entendemos ser aquele que transforma um

interesse espontâneo infantil numa aquisição metódica de conhecimentos e de

destreza. Tem o poder de transformar brincadeira em aprendizagem.

Os brinquedos e jogos citados na tabela no Anexo I demostram a

diversidade de funções psicomotoras desenvolvidas através da ludicidade,

além da estimulação da interação social a intenção pedagógica de se aplicar

atividades que permitem a potencialização e exploração do conhecimento,

utilizando brinquedos como: bolinha de gude, quebra cabeça, cama de gato e

cinco marias, também se trabalha a capacidade de estratégia, pois os

movimentos que dão continuidade ao processo devem ser feitos a partir de um

raciocínio lógico. Já outros brinquedos citados, tais como: boneca, cavalo de

pau, carrinhos, fantoche, soldado e ladrão, e telefone sem fio, fazem parte de

outra modalidade, a do Faz-de-conta, pois com eles a criança expressa seu

conteúdo interno, é “também conhecida como simbólica, de representação de

papeis ou sociodramática, é a que deixa mais evidente a presença da situação

imaginária” (KISHIMOTO, p. 39).

As brincadeiras tradicionais infantis, outra modalidade, descreve

aquelas que são ainda praticadas por terem sido passadas de geração em

geração através da oralidade, sem termos o conhecimento de seu surgimento,

e aquelas que mesmo possuindo o histórico de seu advento, mas porém

conservam a tradicionalidade (estrutura inicial) e universalidade, em ambos os

casos a cultura infantil é mantida e garantem a presença do lúdico somando ao

desenvolvimento psicomotor que é proporcionado por meio dos movimentos de

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bater com a palma da mão na peteca visando enviar aos outros componentes

da brincadeira, ou pulando nos quadrados da amarelinha, mirando em um alvo

com esilingue, empinando a pipa, lançando ao céu o barangandão ou deixando

cair o ioiô, fazendo girar o pião e o diabolô, girando junto com bambolê criando

dificuldades colocados mais peças, levantando algum pé, passando de um

braço ao outro, acertando a bola na lata ou no palito com o bilboquê,

interpretando expressões faciais no passa anel.

Para compreendermos o significado e a origem dos jogos

tradicionais infantis, é preciso que se faça uma investigação das raízes

folclóricas responsáveis pelo seu surgimento. Sobre os brinquedos cujo

surgimento temos o conhecimento, podemos citar a pipa. Este brinquedo tem a

sua procedência e função descritas por Câmara Cascudo no Dicionário do

Folclore Brasileiro “Os portgueses trouxeram o papagaio do oriente (Japão e

China), (...). Dois séculos antes de Cristo, o general chinês Han-Sin utilizava o

papagaio para enviar as notícias a uma praça sitiada” (p. 477).

As Brincadeiras de construção são aquelas praticadas com materiais

voltados para o desenvolvimento da coordenação motora fina e habilidades

sensoriais, são blocos para serem empilhados, peças para serem encaixadas.

A obra escolhida para conceituar as funções desempenhadas pelos brinquedos

e brincadeiras, pertencente ao autor Kishimoto, relata que essas brincadeiras

não servem somente para manipular sem intenção os tijolinhos, mas também

cumprem um papel simbólico, pois ajudam a construir cenários imaginários,

cenários que são de fantasia. É importante firmar a relação com o mundo real e

seu valor educativo, sociointerativo e afetivo, pois a criança representa aquilo

que lhe é relevante sentimentalmente.

O jogo ou a brincadeira são atividades essencialmente coletivas, já o

brinquedo é individual, quer dizer, essas condições não são obrigatórias,

somente obedecem a uma lógica de que para se brincar com o brinquedo, a

existência de parceiros fica a critério do praticante, da imaginação criativa e até

mesmo das regras momentâneas e subjetivas. Existem outras formas de

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classificação dos brinquedos, brincadeiras e jogos, contudo, sendo o enfoque a

seguir a Psicomotricidade desenvolvida através da prática e do manuseios dos

objetos, foi necessário nos reter no autor citado nos trechos destacados.

No Anexo I estão presentes os piques, são jogos de muita ação que

solicitam movimentos específicos aos participantes, são eles: pique alto, pique

baixo, bento frade, o veado, corre corre cotia, chicote queimado, quatro cantos,

busca três, correr. As brincadeiras em que se é obrigado a correr, já está

subentendido o fator de competitividade: de “quem chegar primeiro alcança” ou

“quem conseguir pegar o outro irá ganhar” e “quem achar, primeiro, o objeto

escondido é o vencedor”; concluindo: as brincadeiras de correr são assim

chamadas porque há um objetivo em “correr”, não se busca velocidade sem

motivo, competir, cumprir uma tarefa em um determinado tempo (curto),

raciocinar rapidamente para solucionar um problema, verificar a resposta do

corpo ao se pedir um movimento são alguns motivos válidos verificados.

2.2- Jogos:

No Anexo I há um quadro onde destacamos os seguintes jogos:

dominó, jogo da velha, dama, resta um, jogo da memória, jogos de cartas e

jogo da memória. No entanto, no Dicionário do Folclore Brasileiro de Câmara

Cascudo, são descritos outros jogos: jogo da macaca ( também conhecido

como academia, sapata, jogo do homem ou amarelinha), jogo da mora

(porrinha), jogo das pedrinhas (cinco marias), jogo de argolinhas, jogo de

baralho (jogos de cartas com variações nas regras), jogo de boccia (ou bocha),

jogo de dados, jogo de malhas, jogo do bicho, jogo do gamão, jogo do mico,

jogo do osso e truco. As brincadeiras recebem nomes diferentes nos Estados

do Brasil, e até mesmo em regiôes próximas, os jogos também variam em suas

denominações. Neste material de estudo o autor define jogo como “ sinônimo

de brincadeira infantil, jogo ginástico, motor (amarelinha, por exemplo), é de

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recente divulgação pedagógica” (2000, pág. 301). De fato, a característica

“recreação” era bastante associada ao jogo na antiguidade greco-romana, até

que, devido à evolução do pensamento, o jogo foi considerado de acordo com

a teoria de Groos um “pré-exercócio de instintos herdados, uma ponte entre a

biologia e a psicologia” (Kishimoto, 2002).

Os jogos se diferenciam das brincadeiras e brinquedos, foco deste

estudo, por possuirem suas regras, por mais que o lúdico esteja presente,

fatores psicomotores são executados a partir do entendimento das

características individuais, que colaboram para que eles sejam classificados

em “famílias”, contudo, é possivel identificar que certas características comuns

em diversos jogos, como o fator “azar”, ou seguir um “circuito”, ou testar

habilidade na coordenação motora fina.

Dadas as regras dos jogos, onde os participantes devem enfileirar

peças contendo números, fazendo a correnspondências entre os valores de

cada quadrante, como vemos em uma modalidade do dominó; onde no jogo da

velha se deve analisar estrategicamente onde serão postos os símbolos de “X”

e “O” para que três desenhos iguais fiquem em sequência; no jogo de dama,

vindo de Portugal, a dupla participante, inicialmente usava grãos de duas

qualidades e se riscava o tabuleiro no chão, as peças improvisadas vão

avançando as casas até que o jogador com menos peças “comidas” vence,

assim tambbém funciona o jogo “resta um”, cujo ganhador deve deixar no

tabuleiro apenas uma peça, é permitido que uma pessoa jogue e se restarem

mais peças, há uma contagem, a cada jogada há o aprimoramento cognitivo; o

bingo é um jogo tradicional e de “azar”, assim como os citados por Cascudo,

como: mora, dados, bicho, e jogo do truco, neste os indivíduos não necessitam

de uma habilidade motora, velocidade ou pensamento estratégico, porém, o

resultado positivo depende de uma cognição, a fim de que as regras sejam

cumpridas com satisfação, ocorre este mesmo fenômeno nos jogos de cartas,

Cascudo elenca algumas modalidades que incluem não somente o

conhecimento dos naipes e regras, mas também a capacidade de empilhar,

trabalhando o equilíbrio das peças; e també é citado o jogo de adivinhação, no

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Folclore são comuns os “o quê é, que é...?”, há os tradicionais que são

repetidos por anos e anos, e que nos fazem recorrer á memória para

respondermos, e, usando a criatividades, outras charadas vão surgindo.

Associamos a brincadeira ao lúdico, àquele momento de prazer

onde a criança externa símbolos, conteúdos internos sem perceber, e ao

caráter “não-sério” se formos analisar o instante em que um indivíduo está em

ação, as risadas, o faz-de-conta nos dá essa impressão, e de fato, há uma

afirmação que condensa este pensamento: “O que importa é o processo em si

de brincar que a criança se impõe. Quando ela brinca, não está preocupada

com a aquisição de conhecimento ou desenvolvimento de qualquer habilidade

mental ou física.” (KISHIMOTO. Pág. 24). Sendo assim, é papel da

Psicomotricidade reconhecer os valores intrínsecos tanto nas brincadeiras,

quanto no manuseio dos brinquedos e nos jogos. Estudiosos se preocupam em

conceituar pedagogicamente e psicologicamente as brincadeiras, Kishimoto

em sua obra Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação cita Claparède (1956)

e destaca a importância do desenvolvimento motor presente no exercício

lúdico, presente também está a educação que se dá por meio de um processo

de imitação, acomodação e, por fim, surge a assimilação.

A manipulação e posse do brinquedo, o assumir papeis, promover

diálogos, a apreensão do mundo em seu entorno, são de suma importância

para constituição do ser pleno, e isso só é possível se a criança vivenciar

espontaneamente o brincar, se as condições psicológicas propiciarem, se o

corpo interagir, seja com o brinquedos ou com outras pessoas, e se interagindo

ela criar condições para estabelecer vínculos afetivos, seja em um jogo de

tabuleiro ou em um pique pega, onde as regras vão estar presentes sim, mas

acima de tudo, onde o ser humano pode mostrar as suas faces e capacidades.

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CAPÍTULO III

PSICOMOTRICIDADE: AS FUNÇÕES PSICOMOTORAS

PRESENTES NO BRINCAR

As cantigas de roda “Palma, palma, palma. Pé, pé, pé. Roda, roda,

roda. Caranguejo peixe é”, “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos

dar a meia volta, volta e meia vamos dar”, as brincadeiras com bolinhas de

gude, com o bilboquê por vezes improvisado, assim como também eram as

traves do gol e a bola, as bonecas que no faz-de-conta eram filhas, mães,

amigas...eram o que a imaginação permitia, nos introduziram da forma mais

doce e displicente na Psicomotricidade. Cada brincadeira, brinquedo ou até

mesmo nos jogos observamos sugestões de movimentos, regras de passos a

serem seguidos, a escolha por um entretenimento lúdico em detrimento do

outro sugestiona a vontade interna, o querer de cada criança, sua capacidade

de tomar decisão e se expressar por meio de sua afirmação. “ A mobilidade

deve ser compreendida em sua evolução, a partir dos movimentos reflexos e

incoordenados, até os movimentos coordenados que têm a finalidade e gestos,

de valor simbólico” (ALVES, 2012 p.18), ou seja, a criança em seu processo de

maturação irá agir espontaneamente até que suas funções psicomotoras se

desenvolvam.

No quadro presente em Anexo I constam brincadeiras, brinquedos,

jogos e as letras das músicas que embalam até hoje os momentos de

ludicidade, os repertórios colaboram para o desenvolvimento de expressão

verbal, pois há casos de crianças e até mesmo adultos, que quando estão

envolvidos em atividades prazerosas conseguem se expressar através da fala

melhor do que em outras situações, sem a necessidade de provas científicas,

podemos citar o caso do sujeito que apresenta gagueira e ao cantar tem o seu

ritmo de linguagem normalizado, além de aumentar o vocabulário e trabalhar

as modulações de entonação; nas danças de roda os movimentos e gestos que

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acompanham os versos ritmados auxiliam na expressão corporal; a memória é

exercitada ao se criar um ritual de repetição das cantigas e brincadeiras, isto é,

o exercício de dar continuidade à algo que faz parte da cultura folclórica cria

uma tradição, uma identidade, personalidade ao povo, cria também laço

afetivo.

A socialização que ocorre nas brincadeiras é evidente, em foco

igualmente estão as questões psíquicas em que se encontram cada indivíduo

ao relacionar-se com o outro, levando em conta as idades dos participantes, o

estágio de desenvolvimento motor que se encontram, e os motivos pelas quais

essa interação acontece. Portanto, as brincadeiras folclóricas e o manuseio dos

brinquedos tradicionais quando usados com o olhar pedagógico consideram as

funções psicomotoras para avaliar o comportamento da criança. A autora do

livro Psicomotricidade: corpo, ação e emoção, Fátima Alves, descreve no

capítulo I o exame psicomotor a ser realizado através de observação dos

movimentos da criança em seus primeiros estágios até aproximadamente doze

anos, e é em toda esta fase que o brincar é elemento primordial para todos

nós, portanto, oferecer a liberdade de vivenciar momentos lúdicos não é

somente prazeroso, é, todavia, crucial para que a criança se desenvolva de

maneira plena.

Os quadros exibidos no Anexo I trazem as funções psicomotoras

avaliadas no manuseio dos brinquedos sem descrever as formas de cada um,

posto que há formas diversas de apresentação de cada um, porém, é relevante

caracterizar de forma ampla, pois “Por meio da pressão, das manipulações e

da exploração visual, começa a criança a penetrar no espaço dos objetos,

descobrindo as noções de dentro, fora, acima, abaixo etc.” (ALVES, 2012

p.30). Os objetos usados nas brincadeiras que trabalham habilidades da

coordenação motora ampla são aqueles que também exploram a percepção

espacial como peteca, baragandão, lançar bola na lata, queimada, bilboquê,

diabolô, e estes por se tratarem de brinquedos onde o participante deve acertar

o objeto em uma direção, também exercitam a coordenação óculo-manual,

outras brincadeiras que dependem de instrumentos, porém trabalham a

coordenação motora fina são: fazer rodar o pião que é lançado ao desenrolar o

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barbante que o envolve, mirar a bolinha de gude seja em um buraco ou em

outras bolinhas (há variações), controlar os movimentos do ioiô pendurado pelo

barbante preso ao dedo da mão dominante, cinco marias, estilingue, cama de

gato e passa anel. Brincar de carrinho e cavalo de pau exige criatividade, a

criança geralmente cria histórias que motivam os movimentos dos objetos,

inventam caminhos a serem percorridos e todo corpo entra em ação para que a

brincadeira ganhe vida. A criança que escolhe o fantoche e/ou a boneca para

protagonizar suas fantasias desenvolve um diálogo, ou seja, ela elabora seus

pensamentos a fim de se envolver afetivamente com um objeto ou por meio

dele estabelecer um papel envolvendo outras pessoas, em consequência disto

as suas funções cognitivas atuam de maneira direta.

A seguir, em Funções Psicomotoras, iremos verificar

organizadamente o que a Psicomotricidade avalia, sendo ela “(...) uma unidade

dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes e das posturas, enquanto

sistema expressivo, realizador e representativo do “ser – em – ação” e da

“coexistência” com outrem” (ALVES, 2012 apud Jacques Chazaud, 1976).

3.1 – Funções Psicomotoras:

Para teóricos com Vygotsky e Wallon, o sujeito toma conhecimento

do mundo através do seu corpo ao se relacionar com o meio, aquele descreve

esta percepção em sua teoria sócio interacionista, este último “considera a

pessoa como um todo. Afetividade, emoção, movimento e espaço físico se

encontram num mesmo plano” (RELVAS, 2007 p. 108), isto é, ambos apontam

o desenvolvimento psicomotor como fator primordial para constituição do ser

em suas esferas cognitiva, emocional e motor associados aos fatores sociais e

orgânicos. A autora Marta Pires Relvas ressalta no último capítulo um título

interessante chamado “Razão e emoção no processo de ensino aprendizagem

– Despertando Inteligências”, onde nos Estágios de Desenvolvimento

reconhecidos por Henri Wallon, elenca, primeiramente, os movimentos

desordenados, até que eles alcançam a expressão de sentimentos como

alegria, medo etc; em seguida há a fase sensório-motora em que ele se

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apropria de informações através das suas experiências táteis agarrando,

segurando, sentando, engatinhando até adquirir o andar por meio da imitação

dos gestos, caminhando na evolução, por volta dos três aos seis anos a

criança descobre suas potencialidades iniciais, ao explorar a si mesmo, neste

período, tanto para os dois teóricos citados, quanto para Piaget, as trocas

sociais são de fato o motivo essencial para viabilização do pensamento, por

isso o esquema corporal inicia a tabela de Funções Psicomotoras. As

brincadeiras que exploram a percepção corpórea são de suma importância

para que as outras funções adquiram sentido, posto que, “Conhecer o

esquema corpóreo significa, antes de tudo, perceber o corpo de maneira

global, em sua inteireza e depois de maneira analítica, em suas diferentes

partes” (PAESANI, 2014 p. 19). As atividades que solicitam que a criança toque

seu corpo e depois o corpo do colega, com respeito, como: Cobra-cega, Pique-

cola, Morto-vivo, brincadeiras guiadas com a bola imitando seus movimentos,

dança da cadeira que experimenta ritmos e posições, Toucinho, Boca de forno

e o Gato comeu, apresentam características em comum que são a consciência

corporal e o conhecimento das possibilidades que seu corpo oferece para

executar os movimentos desejados, resumindo há a esquematização do “eu”.

A fragmentação das funções psicomotoras aqui é necessária para o

melhor entendimento, todavia, sabemos de antemão que não se torna viável a

dicotomia corpo X alma, ação X emoção, no sentido de que tudo aquilo que

não for visível faz parte de um outro nível (abstrato), para tanto os aspectos

que redundam para a individuação do ser abarcam de maneira geral e

totalizante as definições a seguir e elas acontecem em uma inter-relação.

A percepção temporal no ser humano é adquirida de forma

gradativa, não raras foram as vezes que eu presenciei uma criança ter

dificuldade em se situar no tempo, confundir os tempos verbais pode ser

consequência de uma má estruturação das regras gramaticais, contudo, o que

já foi observado por mim foi o total desconhecimento de passagem cronológica.

“Orientar-se no tempo é avaliar o movimento no tempo, distinguir o rápido do

lento, o sucessivo do simultâneo. É saber situar os movimentos do tempo, uns

em relação aos outros” (ALVES, 2012 apud POPPOVIC, 1966). A partir deste

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discurso, podemos identificar que há distinções de tipos de tempos, o tempo

que leva para brincar com bonecas, pipa, telefone sem fio, carrinho, quebra-

cabeça, fantoche, telefone sem fio, onde não há exatamente regras, se dá de

uma forma subjetiva, o momento de distração provoca a sensação relativa de

passagem do tempo. As brincadeiras em suas práticas e os brinquedos ao

serem manipulados citados não definem tempo ou ritmo, a criança é livre para

brincar até o momento em que se sentir satisfeita.

Ao situar os movimentos do tempo, a estruturação espacial está

intimamente ligada à temporal, uma vez que, o tempo matemático surge como

aquele que é medido, calculado dentro dos 60 minutos. A autora Fátima Alves

no livro Psicomotricidade: corpo, ação e emoção explica que todos nós

nascemos com a noção de ritmo e a explicitamos de forma inconsciente

através das necessidades orgânicas espontâneas (fome, sono), e este ritmo se

mantém em nosso cotidiano por meio das tarefas a serem realizadas, a

“igualdade de intervalos de tempo” se traduz em algumas brincadeiras, como

no jogo como peteca (tempo que o brinquedo leva ao se deslocar no ar de um

jogador para o outro), bilboquê, ioiô, diabolô, baragandão, estilingue, são

brinquedos cujo ritmo é marcado pelo tempo que o material leva para se

deslocar no espaço, e isso depende do quão alto é lançado, da distância entre

os participantes, do peso dos instrumentos e da habilidade de quem brinca.

Outros brinquedos determinam o tempo objetivo da brincadeira,

porém, se diferenciam dos citados anteriormente por acontecerem dentro de

um intervalo, ou seja, tem início, meio e fim, são eles: bolinha de gude,

queimada, quebra-cabeça, cama-de-gato, cinco marias, bola na lata e passa

anel. As brincadeiras cantadas no Anexo II e os jogos contidos no Anexo I

também descrevem um percurso tempo-espacial delimitado, outros tipos de

ritmos estão associados às brincadeiras de roda, são eles: ritmo motor, aditivo

e visual. A coordenação motora global será de total importância para a

aquisição destes ritmos destacados, uma vez que as cantigas de roda são

acompanhadas por movimentos e as letras indicam passagem contínua e

cadência do tempo.

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“(...) Jean Piaget destacava a ação sobre o

brincar como elemento que estrutura a situação simbólica

inerente à brincadeira. A criança que brinca está

desenvolvendo sua linguagem oral, seu pensamento

associativo, suas habilidades auditivas e sociais, construindo

conceitos de relações espaciais e se apropriando de relações

de conservação, classificação, seriação, aptidões viso-

espaciais e muitas outras. ” (ANTUNES, 2003. p.19)

A estruturação da Percepção Espacial é profundamente interligada à

lateralidade, posto que o sujeito precisa movimentar seu corpo no espaço e

reconhecer a si como um todo e que este corpo se relaciona com os objetos,

pessoas, pelo mundo que o rodeia. Essa orientação é a relação entre o sujeito

e as direções longe, perto, acima, abaixo que são adquiridas nos primeiros

meses de vida, principalmente quando a criança é estimulada a buscar fonte

sonora, movimentos de cores e luzes, para depois adquirir os conceitos de

direito e esquerdo, o ato de engatinhar acontece ao se mover membros

superiores e inferiores alternando os lados, de modo que o equilíbrio se

mantenha e com isso a criança vai ganhando espaço. É comum que o adulto

ofereça ao bebê brinquedos de formas, texturas e cores diferentes, e até os

que emitem sons, a partir deste contato ele vai desenvolver não somente a

noção espacial jogando e buscando os brinquedos em diversa direções, ele

também vai desenvolver sua percepção visório-tátil-cinestésica. Todas as

brincadeiras presentes nos quadros em anexo acontecem em um espaço e em

tempos determinados, assim como os brinquedos podem ser manuseados pelo

tempo que lhe compete na regra ou pelo tempo que a criança desejar, esta

percepção espaço-temporal é determinante para uma boa aquisição da leitura

e da escrita por ambas possuem ritmos e ocuparem espaço, a descoordenação

de ambas ou se apenas uma vai se evidenciar na criança através de alguma

dificuldade de aprendizagem.

Sobre o Tônus muscular podemos dizer que o estado estático, bem

como ter o músculo realizando movimento, é verificada a tonicidade, ela está

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presente na função motora em todas as brincadeiras, ao brincar com todo e

qualquer jogo ou brinquedo. Ou seja, o corpo mesmo estando em repouso

necessita que o músculo responda à esta exigência, a ação requer dele outro

resultado, e o tempo deste resultado ser obtido também será avaliado, se isso

for o objetivo, além de podermos avaliar a tensão muscular, portanto, temos as

classificações: hipertonia (rigidez muscular), hipotonia (redução da força

muscular) e o tônus normal.

Algumas funções psicomotoras são naturalmente realizadas no

desenvolvimento das crianças, todas são de modo inconsciente, pois ela não

busca por vontade próprio, contudo, o Equilíbrio como função primordial é

trazido de forma espontânea para as brincadeiras de se equilibrar em cima de

uma trave de canteiro, na gangorra, sobre um pé só, pulando sobre pedras.

Quanto ao conceito, temos “a colocação perfeita do centro de gravidade e a

combinação perfeita de ações musculares com o propósito de sustentar o

corpo sobre uma base”. (ALVES, 2012 apud TUBINO, 1975). Existem dois

tipos de equilíbrio, o Estático é observado nas brincadeiras: morto-vivo, pular

corda (Um Homem bateu em minha porta), amarelinha, bambolê e pular

elástico, pois nestas a criança deve se equilibrar em uma base, alternar os

apoios ou se manter no mesmo lugar mesmo com os dois pés sustentando o

corpo que vai estar em movimento nas direções “para cima e para baixo”. Já

nas brincadeiras: dança da cadeira, ‘Mamãe posso ir? ’ e Marcha soldado são

evidentes os deslocamentos em cadeia que o tônus muscular vai proporcionar,

mediante a aquisição também da percepção temporo-espacial para que o

movimento ocorra, movimentos estes que a coordenação motora ampla vai

permitir, mas sua conceituação virá logo a seguir, pois dando continuidade ao

equilíbrio é correto afirmar que a Lateralidade é a grande responsável.

Para o equilíbrio ocorrer, seja ele estático ou dinâmico, é preciso que

a Lateralidade esteja resolvida, pois ela significa a dominância sensorial e

motora de um lado em detrimento do outro, e, portanto, de um hemisfério do

cérebro sobre o outro. Essa preferência lateral vai gerar as condições: destro,

sinistro ou ambidestro, caso não haja uma definição clara sobre a dominância.

A mão com a qual a criança brinca de empurrar o carrinho, a mão que ele

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prefere usar para mover as peças do jogo de tabuleiro, o lado que ela prefere

posicionar o estilingue para atirar no alvo, ou a mão que ela ergue para acertar

os pinos com a bola, além de determinar de forma lúdica a lateralidade daquele

indivíduo, também define como será seu desenvolvimento na leitura, a postura

do corpo para escrever, a maneira como ele se projeta no espaço.

No espaço onde ocorrem as brincadeiras cantadas, no tempo em

que os brinquedos distraem não só crianças, como também os adultos, o

domínio das mãos para cruzar as linhas na cama-de-gato, para lançar

delicadamente as bolinhas de gude, para passar o anel de mão em mão, para

executar os movimentos contracenando as cantigas de roda, para montar o

quebra-cabeça, para selecionar e pinçar as cartas do baralho ou do jogo da

memória, para empilhar as peças do dominó em sequência, somente é

possível se houver a coordenação motora fina desenvolvida, esta precisão dos

pequenos grupos musculares se destacam da coordenação motora ampla, pois

esta se refere aos movimentos dos grandes grupos musculares. São os

membros realizando ações de jogar, lançar, pular, correr saltar, subir e descer.

Dentro do assunto “coordenação” notamos a inter-relação de duas

ou mais funções psicomotoras, aqui vamos descrever tais: Coordenação áudio-

motora, Coordenação óculo-manual, Coordenação óculo-pedal e Coordenação

facial. No geral, ao se lançar uma bola tem-se um alvo a ser mirado, este

lançamento pode ser realizado com a mão ou com o pé, dependendo da

brincadeira. Em um jogo de futebol no momento do pênalti, o goleiro deve ficar

atento tanto ao movimento do corpo do jogador em posse da bola quanto à sua

expressão, que pode indicar a direção do objeto. No futebol de cegos, a bola é

adaptada recebendo guizos para que os atletas a localizem no campo, muitas

outras brincadeiras vão estimular a sonoridade, vão ter como regra seguir os

passos, movimentos através da oralidade, portanto, a coordenação áudio-

motora é a ação em consequência de um som. A habilidade de coordenação

entre o sentido da visão e os movimentos de coordenação motora ampla ou

fina com o corpo, sendo os membros superiores são chamadas óculo-manual,

sendo com os membros inferiores, será a óculo-pedal. Nesta, como foi dito, o

equilíbrio também será trabalhado. “A motricidade facial, expressiva e singular

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de primatas e humanos são potentes sistemas de transmissão de mensagens

não verbais” (AVES, 2012. P.68), por este motivo a Coordenação Facial está

assinalada em todas as brincadeiras dos quadros em Anexo. Considerando

que todo bebê se comunica mesmo antes de adquirir a linguagem falada,

considerando que pessoas de civilizações diferentes podem se comunicar

através das expressões faciais, considerando que todas as crianças, as ditas

normais e as com deficiência trazem consigo a ludicidade e esta é expressada

por meio das sobrancelhas, olhos, boca, é relevante que nas brincadeiras

folclóricas nós destaquemos a coordenação facial, pois fazemos uso deste

gestual, que através dele deixemos transbordar emoções e conteúdos

psíquicos, e assim se torne real a Psicomotricidade.

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CONCLUSÃO

"Recordo ainda ... E nada mais me importa...

Aqueles dias de uma luz tão mansa

Algum brinquedo novo à minha porta...

Mas veio um vento de desesperança

Soprando cinzas pela noite morta!

E eu pendurei na galharia torta

Todos os meus brinquedos de criança...

Estrada afora após segui... Mas aí,

Embora idade e senso eu aparente,

Não vos iluda o velho que aqui vai.

Eu quero os meus brinquedos novamente!

Sou um pobre menino...acreditai...

Que envelheceu, um dia de repente!..."

Mário Quintana.

O lúdico no folclore é o momento da socialização, do estreitamento

dos laços sociais. É espontânea a atividade lúdica, de caráter desinteressado,

estando presente nos jogos, brinquedos e brincadeiras de todos as

comunidades, sejam elas urbanas ou rurais. Embora frequentemente

reformulado, o universo lúdico folclórico não perdeu espaço com os brinquedos

eletrônicos. As peladas, as queimadas, as pipas, as cirandas, os peões, as

amarelinhas, os pega-pegas e tantos outros divertimentos, conhecidos por

diversos nomes e variações, continuam despertando o interesse de muita

gente, sejam crianças ou adultos. Mesmo sem uma noção clara da origem das

brincadeiras, sejam cantadas ou não, é possível visualizá-la a partir das

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mesclas culturais entre os povos que formaram a nossa nação, e todo este

comportamento que conduziu à criação de formas de representação corporal

foram transmitidas e ressignificadas ao longo dos séculos.

A brincadeiras, brinquedos e jogos são instrumentos pelos quais as

crianças e adultos têm compartilhado sensações, emoções e sentimentos

reais. No brincar, corpo, mente e alma se manifestam espontaneamente e, num

misto de fantasia e realidade, cada um se envolve e vivencia cada experiência

de maneira única, exclusiva e intransferível.

A sociedade contemporânea ocidental vem sendo caracterizada pela

instrumentalização do humano, pela negação do ócio e pelo controle mercantil

sobre a produção e reprodução de bens materiais. Nesse mesmo modelo

social, o lúdico e a espontaneidade presentes na vida comunitária e,

particularmente, no brincar, acabam sendo vistos como "irrelevantes". Em

outros tempos ou em sociedades diferentes, o brincar na fantasia imitativo das

crianças se transforma de maneira mais natural em vida real, isto porque as

crianças convivem de forma mais participativa na sociedade que não se

estrutura de forma tão fragmentada. Através da imaginação e da fantasia,

brincando, elas sentem prazer de se fazer parecer com os adultos e, aos

poucos, hábitos, comportamentos e valores são verdadeiramente incorporados,

e isso inclui a Psicomotricidade, uma vez que, os comportamentos são ditados

por movimentos do corpo imbuídos de intenção que a emoção provoca

juntamente com fatores psicológicos.

É, então, nas brincadeiras de faz-de-conta que as crianças

encontram a possibilidade de representar o mundo de forma mais integrada.

Criam uma realidade imaginária, criam o que bem entendem, podem se

aproximar ou se afastar da imagem que têm dos adultos e, a seu modo, imitá-

los. O brincar também se manifesta no jogo que tem como uma de suas

principais e interessantes características o fato de que, quem joga, aceita se

submeter, voluntariamente, às regras estritamente estabelecidas, seja por

satisfação e vontade de participar, seja por obstinação de vencer um desfio ou

uma meta. As funções psicomotoras no último capítulo explicitam conceitos

que respaldam as brincadeiras como “coisa séria”, pois em cada regra, em

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cada roda, em cada brinquedo tradicional contém uma enorme importância

para o desenvolvimento do ser humano com um todo.

Brincar pra se divertir, para aprender, para retornar a uma época tão

boa ou que é preciso ser rememorada; para expressar um sentimento há muito

tempo guardado e que nos incomoda ou não; brincar simplesmente porque faz

parte da nossa vida como algo tão habitual, porque sentimos a vontade de

sermos outra pessoa em outros momentos, para fingirmos ter aquilo que não

temos ou fazer com aquilo que não temos um mundo novo, descobrir que tudo

por alguns minutos pode ser aquilo que quisermos, uma realidade perfeita,

perfeita para todos e que satisfaz inteiramente a alma. É pela alma...e pelo

corpo.

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47

AN

EX

O I

ESQUEMA

CORPORAL

PERCEPÇÃO

TEMPORAL

PERCEPÇÃO

ESPACIAL

TÔNUS

MUSCULAREQUILÍBRIO LATERALIDADE

COORDENAÇÃO

MOTORA FINA

COORDENAÇÃO

MOTORA AMPLA

COORDENAÇÃO

ÁUDIO-MOTORA

COORDENAÇÃO

ÓCULO-MANUAL

COORDENAÇÃO

ÓCULO-PEDAL

COORDENAÇÃO

FACIAL

AMARELINHA X X X X X X X X X X x

COBRA-CEGA X X X X X X X X x

SOLDADO E LADRÃO X X X X X X X

PIQUE PEGA X X X X X X X X X

PIQUE ALTO X X X X X X X X X x

PIQUE BAIXO X X X X X X X X X x

PIQUE COLA X X X X X X X X X

PIQUE CORRENTE X X X X X X X X X

PIQUE FRUTA X X X X X X X X X

PIQUE PAREDE X X X X X X X X x

PIQUE ALERTA X X X X X X X X x

CARNIÇA X X X X X X X X xCHICOTINHO

QUEIMADOX X X X X X X x

DANÇA DA CADEIRA X X X X X X X X X X X

MORTO-VIVO X X X X X X X X X

O MESTRE MANDOU X X X X X X X X

ESCONDE -ESCONDE X X X X X X x

ADEDANHA X X X X X X X

ADOLETA X X X X X X X X

ESCRAVOS DE JÓ X X X X X X X X X

TOUCINHO X X X X X X X x

TREM MALUCO X X X X X X X X X X x

UNI DUNI TÊ X X X X X X X

VACA AMARELA X X X X X X

BOCA DE FORNO X X X X X X X X X

CIRANDINHA X X X X X X X X X X X

SEU LOBO X X X X X X X X

MAMÃE, POSSO IR? X X X X X X X X X X XUM HOMEM BATEU

EM MINHA PORTAX X X X X X X X X X X X

GATO COMEU X X X X X X X X X X

A BARATA X X X X X X X X X X

A CANOA VIROU X X X X X X X X X x

A LINDA ROSA X X X X X X X X X xATIREI O PAU NO

GATOX X X X X X X X X x

CARANGUEJO X X X X X X X X X xEU SOU POBRE,

POBREX X X X X X X X X X

FUI NO ITORORÓ X X X X X X X X X X

MARCHA, SOLDADO X X X X X X X X X XSE ESTA RUA FOSSE

MINHAX X X X X X X X X X

TEREZINHA DE JESUS X X X X X X X X X X

FUNÇÕES PSICOMOTORAS

BRINCADEIRAS

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ESQUEMA

CORPORAL

PERCEPÇÃO

TEMPORAL

PERCEPÇÃO

ESPACIAL

TÔNUS

MUSCULAREQUILÍBRIO LATERALIDADE

COORDENAÇÃO

MOTORA FINA

COORDENAÇÃO

MOTORA AMPLA

COORDENAÇÃO

ÁUDIO-MOTORA

COORDENAÇÃO

ÓCULO-MANUAL

COORDENAÇÃO

ÓCULO-PEDAL

COORDENAÇÃO

FACIAL

PETECA X X X X X X X X X x

PIÃO X X X X X X x

BOLINHA DE GUDE X X X X X X x

BAMBOLÊ X X X X X X x

ELÁSTICO X X X X X X X X x

BILBOQUÊ X X X X X X X x

IOIÔ X X X X X X x

DIABOLÔ X X X X X X X x

PIPA X X X X X X X X x

QUEIMADA X X X X X X X X X X

BARAGANDÃO X X X X X X

TELEFONE SEM FIO X X X X X

QUEBRA-CABEÇA X X X X X X x

CAMA DE GATO X X X X X X x

CARRINHO X X X X X X X X

BONECA X X X X X X X

CAVALO DE PAU X X X X X X X X

CINCO MARIAS X X X X X X X x

ESTILINGUE X X X X X X x

FANTOCHES X X X X X X

BOLA NA LATA X X X X X X X X x

PASSA ANEL X X X X X X X

BRINQUEDOS

FUNÇÕES PSICOMOTORAS

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49

ESQUEMA

CORPORAL

PERCEPÇÃO

TEMPORAL

PERCEPÇÃO

ESPACIAL

TÔNUS

MUSCULAREQUILÍBRIO LATERALIDADE

COORDENAÇÃO

MOTORA FINA

COORDENAÇÃO

MOTORA AMPLA

COORDENAÇÃO

ÁUDIO-MOTORA

COORDENAÇÃO

ÓCULO-MANUAL

COORDENAÇÃO

ÓCULO-PEDAL

COORDENAÇÃO

FACIAL

DOMINÓ X X X X X X X X X x

DA VELHA X X X X X X X X

DE DAMA X X X X X X X

BINGO X X X X X X

RESTA UM X X X X X X X

DA MEMÓRIA X X X X X X X X X X

DE CARTAS X X X X X

DE ADIVINHAÇÃO X X X X X X

FUNÇÕES PSICOMOTORAS

JOGO

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50

ANEXOII

LETRAS DAS MÚSICAS COMO BRINCAR

ADOLETA

A-do-le-ta

Lepeti peti polá

Nescafé com chocolate

A-do-le-ta

Puxo o rabo do tatu

Quem saiu foi tu

Bi-ci-cle-ta

Hoje eu vou de pedalar

Duas horas a rodar

Bor-bo-le-ta

Amarela e preta

Brincado em duplas

Sentadas, uma em frente à outra, as crianças cantam

os versos, batendo as palmas da mão, em

movimentos ritmados, em velocidade sempre

crescente.

Brincado em roda

Sentadas em roda, com as mãos viradas para cima, as

crianças cantam os versos, batendo na mão do colega

ao lado. No verso final, a criança que receber ou a

que errar a palmada sai.

Na brincadeira em duplas, o que está em jogo é a

habilidade motora. Em roda, há o desafio da atenção.

ESCRAVOS DE JÓ

Escravos de Jó, jogavam caxangá,

Escravos de Jó, jogavam caxangá.

Tira, bota, deixa o Zé Pereira ficar

Guerreiros com guerreiros, fazem zigue zigue zá,

Guerreiros com guerreiros, fazem zigue zigue zá.

Os jogadores sentam em círculo, cada um com uma

pedrinha ou outro objeto pequeno, que será

passado de um integrante para o outro em uma

coreografia de vai e vem seguindo o ritmo da música

“Escravos de Jó”

TÍTULO DA MÚSICABRINCADEIRAS CANTADAS

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LETRAS DAS MÚSICAS COMO BRINCAR

TOUCINHO

Cadê o toucinho que estava aqui?

O gato comeu.

Cadê o gato?

Foi para o mato.

Cadê o mato?

O fogo queimou.

Cadê o fogo?

A água apagou.

Cadê a água?

O boi bebeu.

Cadê o boi?

Está amassando o trigo.

Cadê o trigo?

A galinha espalhou.

Cadê a galinha?

Está botando ovo.

Cadê o ovo?

O frade bebeu.

Cadê o frade?

Está na missa.

Cadê a missa?

Está na caixinha.

Cadê a caixinha?

Está no rio abaixo e foi parar aqui.

Uma pessoa abre a mão da outra e faz uma pergunta,

ela responde , então pergunta-se de novo até

terminar a sequência.

TREM MALUCO

O trem maluco

Que saiu de Pernambuco

E foi chic-chic

Até chegar no Ceará

Rebola pai

Rebola mãe

Rebola filho

Eu também sou da família

Também quero rebolar

Um pouquinho de coca-cola

Um pouquinho de guaraná

Para re-fres-car

Minha mãe me pôs na escola

Para aprender o be-a-bá

A danada da professora

Me ensinou a namorar

Namorei um garotinho

Do colego militar

O danado do garoto

Só queria me beijar

Sete e sete são quatorze

Com mais sete vinte um

Tenho sete namorados

Mas não gosto de nenhum.

As crianças fazem fila com as mãos nos ombros uma

da outra. Imitam um trem e saem cantando e

dançando.

UNI DUNI TÊ

"Uni duni tê

Salame minguê

Um sorvete colorê

O escolhido foi você!"

Existem outras versões, contudo o modo de brincar

se processa da mesma forma: em roda ou em dupla

as crianças cantam a música, a pessoa que inicia vai

apontar para outra criança, a que apontou terá que

sair da roda e ainda por diante.

VACA AMARELA

Vaca amarela

Fez cocô na panela

Quem falar primeiro

Vai comer o cocô dela.

Após cantarem a música todos devem ficar em

silêncio.

TÍTULO DA MÚSICABRINCADEIRAS CANTADAS

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LETRAS DAS MÚSICAS COMO BRINCAR

BOCA DE FORNO

MESTRE: Boca de forno

DEMAIS: Forno é

MESTRE: Vão fazer tudo que o mestre mandar?

DEMAIS: Vamos!

MESTRE: E se não fizer?

DEMAIS: Leva bolo

Brincam um mestre e os demais participantes. Aí, o

mestre manda os participantes buscarem algo. Quem

trouxer primeiro, será o novo mestre, os demais,

levarão palmadas na mão. E assim por diante.

CIRANDINHA

Ciranda, cirandinha,

Vamos todos cirandar.

Vamos dar a meia-volta,

Volta e meia vamos dar

O anel que tu me deste

Era vidro e se quebrou.

O amor que tu me tinhas

Era pouco e se acabou

Por isso, dona .........,

Entre dentro dessa roda,

Diga um verso bem bonito,

Diga adeus e vá-se embora.

Para iniciar, a primeira regra é ficar de mãos dadas

em roda. Assim, o grupo irá girar no sentido horário,

cantando a canção.

Seguindo na coreografia indicada na música:

“Vamos dar a meia volta” -- Nesta parte da música o

grupo deverá dar meia-volta e girar no sentido

oposto.

“Volta e meia vamos dar”-- O grupo dará mais uma

meia-volta e girará no sentido inicial.

“Por isso dona/seu”-- Fala o nome de uma das

crianças que estão na roda

“Diga um verso bem bonito

Diga adeus e vá-se embora”-- Nesta etapa, a criança

selecionada irá para o meio da roda com o objetivo

de recitar um versinho.

As dificuldades vão aumentando.

SEU LOBO

Vamos passear no bosque

Enquanto seu lobo vem

Seu lobo está em casa?

Tá...

O que está fazendo?

Estou tomando acordando...

Vamos passear no bosque

Enquanto seu lobo vem

Seu lobo está em casa?

Tá...

O que está fazendo?

Estou escovando os dentes...

Vamos passear no bosque

Enquanto seu lobo vem

Seu lobo está em casa?

Tá...

O que está fazendo?

Estou tomando banho...

Vamos passear no bosque

Enquanto seu lobo vem

Seu lobo está em casa?

Tá...

O que está fazendo?

Estou botando a roupa...

Vamos passear no bosque

Enquanto seu lobo vem

Seu lobo está em casa?

Tá...

Um jogador é escolhido para ser o lobo e se esconde.

Os demais dão as mãos e caminham em sua direção,

enquanto cantam. O seu lobo responde que ele está

ocupado, tomando banho, enxugando-se, vestindo-

se (como quiser inventar). Então os demais

participantes se distanciam e depois voltam fazendo

a mesma pergunta e recebendo respostas

semelhantes. A brincadeira se repete até que, numa

dada vez, seu lobo, já pronto, sem responder nada,

sair correndo atrás dos outros. Quem for pego, passa

a ser o novo seu lobo.

TÍTULO DA MÚSICABRINCADEIRAS CANTADAS

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LETRAS DAS MÚSICAS COMO BRINCAR

UM HOMEM BATEU

EM MINHA PORTA

Um homem bateu em minha porta

E eu abri

Senhoras e senhores: põe a mão no chão

Senhoras e senhores: pule de um pé só

Senhoras e senhores: dê uma rodadinha

E vá pro olho da rua X

Ra, re, ri, ro, ru, rua

É uma brincadeira de corda ondeduas pessoas batem

a corda enquanto outra (ou mais) pulam obedecendo

ao que se pede na canção. No verso final a crinça

deve pular para fora sem parar o movimento da

corda.

GATO COMEU

Dedo Mindinho,

Seu vizinho,

Pai de todos,

Fura-bolo,

Cata-piolho

(Apontando para a palma da mão da criança)

Cadê o toucinho que estava aqui?

Criança responde: O gato comeu!

Dedo Mindinho,

Seu vizinho,

Pai de todos,

Fura-bolo,

Cata-piolho

(Apontando para a palma da mão da criança)

Cadê o toucinho que estava aqui?

Criança responde: O gato comeu!

Pegar na mão da criança com a palma para cima e ir

tocando cada dedinho, começando pelo dedo

mínimo. Imitando um rato, adulto caminha com dos

dedinhos pelo braço da criança até o pescoço,

fazendo cosquinhas.

A BARATA

A barata diz que tem sete saias de filó,

É mentira da barata, ela tem é uma só.

Ah! Ah! Ah!

Oh! Oh! Oh! (BIS)

Ela tem é uma só.

A barata diz que tem uma cama de marfim,

É mentira da barata, ela tem é de capim.

Ah! Ah! Ah!

Oh! Oh! Oh!

Ela tem é de capim.

A barata diz que tem, um sapato de fivela,

É mentira da barata, o sapato é da mãe dela.

Ah! Ah! Ah!

Oh! Oh! Oh!

O sapato é da mãe dela.

As crianças cantam e de mãos dadas, vão rodando ao

ritmo da canção. Quando chegam no verso

"Ah!Ah!Ah!/Oh!Oh!Oh!", elas se soltam, param de

rodar e fingem dar risadas. Depois, você pode

estimular a garotada a criar outras coreografias para

essa canção.

A CANOA VIROU

A canoa virou.

Por deixá-la virar,

foi por causa do Pedrinho(?).

Que não soube remar.

Se eu fosse um peixinho

e soubesse nadar,

tirava o Pedrinho(?)

do fundo do mar.

As crianças giram cantando somente a primeira parte

da música até o verso" QUE NÂO SOUBE REMAR". Elas

trocam "Pedrinho" pelo nome de um colega. O

escolhido se solta, vira-se de costas para o centro da

roda e dá as mãos novamente para os colegas. A

cantoria recomeça e o grupo vai elegendo um a um

os companheiros até que todos tenham sido

chamados e de costas para o centro da roda. Ainda

girando, eles começam a segunda parte da canção,

chamando novamente os colegas, um a um. A

brincadeira termina quando todos estiverem

novamente de frente para o centro da roda.

TÍTULO DA MÚSICABRINCADEIRAS CANTADAS

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LETRAS DAS MÚSICAS COMO BRINCAR

A LINDA ROSA

A linda Rosa juvenil, juvenil, juvenil,

A linda Rosa juvenil, juvenil.

Vivia alegre no seu lar, no seu lar, no seu lar,

Vivia alegre no seu lar, no seu lar.

Mas uma feiticeira má, muito má, muito má,

Mas uma feiticeira má, muito má

Adormeceu a Rosa assim, bem assim, bem assim,

Adormeceu a Rosa assim, bem assim.

Não há de acordar jamais, nunca mais, nunca mais,

Não há de acordar jamais, nunca mais.

O tempo passou a correr, a correr, a correr,

O tempo passou a correr, a correr.

E o mato cresceu ao redor, ao redor, ao redor,

E o mato cresceu ao redor, ao redor.

Um dia veio um belo rei, belo rei, belo rei,

Um dia veio um belo rei, belo rei

Que despertou a Rosa assim, bem assim, bem assim,

Que despertou a Rosa assim, bem assim.

Três crianças representam a Rosa, o rei e a feiticeira.

As demais se organizam em roda, com a Rosa no

centro. As crianças cantam a cantiga em roda

representando alguns trechos. Quando chega o verso

“Adormeceu a Rosa assim...”, a feiticeira entra no

círculo e joga um feitiço na Rosa, que “dorme”

deitando no chão. Ao cantar “E o mato cresceu ao

redor...”, as que estão na roda mostram o mato

crescido esticando os bracinhos sobre a Rosa. No

final, a Rosa e o rei saltam ou fazem um corrupio

mostrando o quanto estão felizes.

ATIREI O PAU NO

GATO

Atirei o pau no gato-to,

Mas o gato-to não mor reu-reu-reu.

Dona Chica-ca admirou-se-se

Do berro, do berro que o gato deu: Miau!

As crianças giram e cantam dispostas em roda, todos

cantam até que no verso “Do berro, do berro que o

gato deu: Miau! ” devem imitar o berro do gato.

CARANGUEJO

Palma, palma, palma

Pé, pé, pé

Roda, roda, roda

Caranguejo peixe é...

Caranguejo não é peixe

Caranguejo peixe é

Caranguejo só é peixe

Na enchente da maré.

As crianças giram e, no verso “Ora, palma, palma,

palma!”, todas batem palmas; em “Ora, pé, pé, pé!”,

batem os pés no chão; e ao cantar “Ora, roda, roda,

roda”, giram de mãos dadas até o fim da música. No

último verso, “Caranguejo peixe é!”, elas agacham.

EU SOU POBRE,

POBRE

Eu sou pobre, pobre, pobre,

De marré, marré, marré,

Eu sou pobre, pobre, pobre,

De marré deci.

Eu sou rica, rica, rica,

De marré, marré, marré,

Eu sou rica, rica, rica,

De marré deci.

Eu queria uma de vossas filhas,

De marré, marré, marré,

Eu queria uma de vossas filhas,

Escolhei a qual quiser,

De marré, marré, marré,

Escolhei a qual quiser,

De marré deci.

Eu de pobre fiquei rica,

De marré, marré, marré,

Eu de rica fiquei pobre,

De marré deci.

Duas crianças dançam em vaivém. Enquanto isso, as

demais torcem para serem escolhidas. Quanto à

disposição, duas crianças ficam de frente, uma será a

mãe rica e a outra a pobre. As demais ficam atrás da

mãe pobre. A mãe pobre anda em direção à rica e

canta os primeiros versos. Ao chegar perto, ela se

afasta. A segunda quadra é cantada pela outra, que

avança em direção à pobre. Elas se alternam até a

rica escolher alguém. Essa canta a última parte da

música e tudo recomeça.

TÍTULO DA MÚSICABRINCADEIRAS CANTADAS

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LETRAS DAS MÚSICAS COMO BRINCAR

FUI NO ITORORÓ

Fui no Itororó,

Beber água, não achei.

Achei bela morena

Que no Itororó deixei.

Aproveita, minha gente,

Que uma noite não é nada.

Se não dormir agora,

Dormirás de madrugada.

Ó, dona Maria,

Ó, Mariazinha,

Entrarás na roda,

Ficarás sozinha!

Sozinha eu não fico

Nem hei de ficar

Porque tenho Pedro

Para ser meu par.

(bis)

Põe aqui o seu pezinho,

Bem juntinho ao pé do meu

E depois não vá dizer

Que você se arrependeu.

A roda gira enquanto as crianças cantam as primeiras

três partes e, na terceira, elas escolhem um deles

para ir para o centro da roda. Esta criança escolhida

responde cantando a quarta parte e ao citar o nome

de outra criança de roda coloca-se à sua frente.

Todos cantam a quinta parte, batendo palmas de

acordo com o ritmo da cantiga, enquanto as duas

crianças escolhidas dão a mão direita, estendem a

perna direita para frente e colocam os pés juntinhos

batendo palmas enquanto as duas pulam ora num

pé, ora no outro, estendendo as pernas

alternadamente para frente.

MARCHA, SOLDADO

Marcha Soldado

Cabeça de Papel

Se não marchar direito

Vai preso pro quartel

O quartel pegou fogo

A polícia deu sinal

Acorda acorda acorda

A bandeira nacional

As crianças marcham enquanto cantam a música.

SE ESTA RUA FOSSE

MINHA

Se esta rua,

Se esta rua fosse minha,

Eu mandava,

Eu mandava ladrilhar,

Com pedrinhas,

Com pedrinhas de brilhantes,

Para o meu,

Para o meu amor passar.

Nesta rua,

Nesta rua tem um bosque,

Que se chama,

Que se chama solidão.

Dentro dele,

Dentro dele mora um anjo,

Que roubou,

Que roubou meu coração

Nesta rua,

Nesta rua tem um bosque,

Que se chama,

Que se chama solidão.

Dentro dele,

Dentro dele mora um anjo,

Que roubou,

Que roubou meu coração.

Os pequenos giram e esperam ser escolhidos por

quem está no centro. A última parte é cantada

apenas por quem está no centro. Quando termina de

cantar, ela abraça um colega que a substitui.

TEREZINHA DE JESUS

Terezinha de Jesus,

De uma queda,

Foi ao chão.

Acudiram três cavalheiros,

Todos os três de chapéu na mão.

O primeiro, foi seu pai,

O segundo, seu irmão,

O terceiro, foi aquele

Que a Tereza deu a mão.

O grupo gira cantando. No fim da cantoria, a criança

do centro puxa para o meio a que deverá substituí-la.

TÍTULO DA MÚSICABRINCADEIRAS CANTADAS

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

O Brincar 10

1.1. Brincadeira e Brinquedo 13

1.2. Aspectos físicos e psicológicos proporcionados pelo Brincar 16

CAPÍTULO II

Brincadeiras tradicionais e Brinquedos Folclóricos 23

2.1. Modalidades das brincadeiras e brinquedos tradicionais 27

2.2. Jogos 30

CAPÍTULO III

Psicomotricidade: as funções Psicomotoras presentes no Brincar 33

3.1. Funções Psicomotoras 35

CONCLUSÃO 42 BIBLIOGRAFIA 45 WEBGRAFIA 46 ANEXO I 47 ANEXO II 50 ÍNDICE 56