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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS FOLCLÓRICOS:
DESENVOLVENDO AS FUNÇÕES PSICOMOTORAS
Danielle Chaves Valle
ORIENTADOR:
Profa. Me. Fátima Alves
Rio de Janeiro, RJ 2016
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicomotricidade. Por: Danielle Chaves Valle
BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS FOLCLÓRICOS:
DESENVOLVENDO AS FUNÇÕES PSICOMOTORAS
Rio de Janeiro, RJ 2016
AGRADECIMENTOS
Aos meus professores que me inspiram e alunos
que me motivam.
DEDICATÓRIA
Dedico à minha mãe Bernadete, à minha
madrinha Aladyr e ao meu marido Carlos que
compreendeu a minha ausência.
RESUMO
O objetivo de pesquisar inicialmente acerca da importância das
brincadeiras para as crianças, mas também para todo e qualquer indivíduo se
relaciona com o fato de que observo no meu dia a dia o quanto as pessoas se
expressam através da ludicidade, se relaciona ao fato de que o corpo é
trabalhado através dos jogos e durante o manuseio dos brinquedos. As
brincadeiras tradicionais são, geralmente, passadas através da oralidade em
contato com outras pessoas e isto já configura um dado relevante para a
discussão e classificação dentro do que pode ser incluído no Folclore, assim
como todos os movimentos ensinados para a realização do ato lúdico,
envolvendo também o faz de conta, utilizando brinquedos (ou qualquer objeto)
são, igualmente, importantes para o desenvolvimento das funções
psicomotoras. A Psicomotricidade constitui um capítulo primordial para a
compreensão de que os movimentos requisitados no ato de brincar com ou
sem brinquedos são importantes para a aquisição e desenvolvimento das
funções psicomotoras, uma vez que pular, correr, lançar, acertar alvo, e tantas
outras ações exigem concentração, trabalho em grupo, percepção espacial,
temporal e assim em diante.
METODOLOGIA
A metodologia adotada para a confecção deste material constitui em
pesquisas sobre os assuntos abordados em livros e artigos científicos. O curso
de Psicomotricidade apresentou uma disciplina denominada Prática de Jogos
Psicomotores, nas aulas o professor conduziu inúmeras atividades dinâmicas e
ao final das mesmas ele listou as funções psicomotoras trabalhadas nas
brincadeiras. Observar os meus alunos durante esses doze anos de magistério
e a necessidade de brincar, movimentar o corpo sempre presente, vivenciar as
brincadeiras e reconhecer as funções psicomotoras me estimulou a tratar do
assunto, me aprofundar não com o intuito de elucidar questionamentos, mas
sim de iniciar o olhar acadêmico sobre algo que é inerente ao ser humano,
fazemos com naturalidade, mas que traz benefícios relevantes para o bom
desenvolvimento de todo e qualquer indivíduo.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O Brincar 10
CAPÍTULO II
Brincadeiras tradicionais e brinquedos folclóricos 23
CAPÍTULO III
Psicomotricidade: as funções psicomotoras presentes no brincar 33
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA 45
ÍNDICE 56
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INTRODUÇÃO
Tudo que é considerado popular, tradicional, faz parte do Folclore
cuja origem da palavra, conceituação e importância, iremos conferir mais a
frente. E como tudo que é passado de geração em geração, a veracidade,
validade, perpetuação, confiança e o que mais se referir ao sucesso e
reconhecimento da cultura, irá depender do veículo, meio pelo qual os
conhecimentos são (e serão) transmitidos. Posto que com o progresso dos
meios de comunicação, os humanos mudam a sua forma de entrar em contato
uns com os outros e essa transformação irá interferir diretamente no “produto
final” que será a consolidação de toda uma “bagagem” cultural.
Contudo, quando criança, todos temos necessidades primitivas;
me refiro a primitivas no sentido de apresentarmos características típicas de
cada fase da infância que independem de raça, condição social, influência
externa, até chegarmos na fase da adolescência, o ato de brincar é prioritário,
pois com o avanço da idade, o crescimento intelectual e etc, as
responsabilidades vão surgindo e então o brincar se torna esquecido.
Quando pequenos, o lúdico é tão natural que imaginamos,
facilmente, ser um castelo, uma simples cadeira com um pano em cima,
fazemos um carro de uma caixa de papelão, rolamos na grama, encontramos
formas conhecidas em sombras, nuvens, corremos e corremos mais ainda se
estivermos disputando uma prenda, mesmo que ela seja imaginária. Não
precisa de muita coisa para brincar e nem a idade é estipulada, para isso é
primordial que o espírito sinta sede das meninices da infância. Nos dias de
hoje, mesmo com a invasão dos brinquedos eletrônicos, vídeo game, jogos
computadorizados, bonecas (quase autossuficientes, pois choram, falam, se
mexem, emitem vários sons e até expressão facial que beiram a realidade), a
criança em certo momento, busca o contato com a bola, ou com qualquer outro
brinquedo ou brincadeira que exijam movimento corporal e interação com
outras crianças.
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Compreender o papel da brincadeira dentro das suas
modalidades é importante para estar ciente acerca das funções
desempenhadas, estímulos provocados e quais são as intenções que estamos
suscitando ao propormos movimentos mesmo que para criança brincar seja
simplesmente brincar. Os brinquedos possuem os mais diversos significados
se verificarmos os desejos que levam os seres humanos a possuírem um
objeto, ora eles podem funcionar como elementos decorativos, ora podem
saciar o desejo de alguém deter coleções, preencher carência sentimental ou
entreter. Seja qual for o motivo pelo qual se manipula um brinquedo, manipular
em si significa colocar em prática atividades psicomotoras relevantes para o
bom desenvolvimento de qualquer indivíduo.
Este trabalho consiste em discursar sobre a importância da
ludicidade que as brincadeiras tradicionais trazem, brincadeiras de roda,
esconde-esconde, piques são alguns exemplos de atividades onde as crianças
exercem papeis, fazem de conta que são policiais e daqui a pouco são
bandidos, são mocinhas em apuros a espera de um herói, e assim, no campo
da imaginação experimentam personagens, colocam uma lente de aumento
naquilo que desejam ser ou como já pensam ser; com os brinquedos
estabelecem vínculos e junto a eles atuam dentro das brincadeiras, assumem
uma realidade vivida onde estão inseridas projetando questões internas.
É pelo importante papel educativo que a brincadeira assume, por
ser indispensável à alma e por tantos outros predicados, que o tema trabalhado
é Brinquedos e Brincadeiras tradicionais que estão inseridos no campo do
folclore, trazendo denominações, classificações, tipos e as funções
psicomotoras.
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CAPÍTULO I
O BRINCAR
O título da monografia se refere às brincadeiras e brinquedos
folclóricos, antes de aprofundar a discussão sobre os benefícios do brincar,
tanto quanto da importância do manuseio dos brinquedos, vamos analisar a
bagagem que traz o termo ‘folclórico’. De fato, o que observamos atualmente
há uma avalanche de lançamentos de instrumentos tecnológicos voltados para
o entretenimento, as novidades no mercado são incontáveis se formos
comparar que a combinação infinita existente de cores, luzes, formas, texturas,
movimentos e temas. Contudo, a estimulação provocada pelos tradicionais
objetos que as crianças usavam para brincar ainda fazem parte do universo
infantil e cumprem os mesmos papeis desempenhados pelos eletrônicos, uma
bola de couro rola tanto quanto uma bola colorida, com guizos e com efeitos
luminosos. Os elementos que fazem parte do Folclore, como as brincadeiras e
outras definições serão exploradas a seguir, pois tudo o que faz parte daquilo
que consideramos pertencer à nossa cultura nos identifica, nos traz
personalidade e unidade.
Inicialmente, conta a história que o arqueólogo inglês, Willian John
Thoms, com o codinome de Ambrose Merton, publicou em meados do século
XIX um texto onde propõe a palavra “Folk-lore” para designar as “Antiguidades
Populares” ou “literatura popular”. Thoms teve como objetivo batizar estudos
que vinham desde tempos imemoriais, mas que alavancaram no fim do século
XVIII.
Sobre Folclore, alguns psicólogos julgam como uma ciência
psicológica, uma vez que que buscava revelar a alma coletiva dos povos. A
palavra Demopsicologia foi criada por Giuseppe Pitré, um antropólogo italiano
vivido no século XIX, para denominar o estudo da vida moral material e
espiritual dos povos civilizados, não civilizados e dos selvagens, portanto,
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incluindo o Folclore. O Folclore estuda a mentalidade coletiva, seguindo os
princípios da Psicologia Social. Entre nós, o historiador João Ribeiro chegou a
essas conclusões, interpretando o Folclore como uma psicologia étnica, uma
pesquisa no inconsciente dos povos, feita e refeita secularmente. Não há quem
negue a inter-relação entre a Psicologia e o Folclore, o fenômeno folclórico é
cultural e apenas a psicologia não o explica, pois necessita conhecer as
condições do comportamento que só a Antropologia nos dará. Assim como
qualquer movimento do homem é provocado por uma intenção, emoção e suas
inteligências, o Folclore por ser constituído por costumes, festas tradicionais,
brincadeiras, etc, é um campo de estudos de elementos inerentes aos homens,
sua psique, motricidade e sentimentos.
A brincadeira tradicional infantil é uma das manifestações folclóricas,
baseada na forma como o povo se expressa, sobretudo, por ser transmitida
através da oralidade, é considerada como parte da cultura popular. Neste
sentido, a brincadeira tradicional sendo uma prática que perdurou, se tornou,
obviamente, parte do folclore. De acordo como o historiador citado
anteriormente, sendo o folclore uma manifestação também associada ao fator
psicológico, podemos concluir que as brincadeiras foram transmitidas durante a
prática das mesmas, que os brinquedos só permaneceram em seus formatos
porque o povo trabalhou para que isso se concretizasse, houve, portanto, um
fazer considerado significativo, assim como as festas que são celebradas ano
após ano mantendo as mesmas características.
Quando as brincadeiras são passadas oralmente elas vão sendo
passadas de geração em geração, a brincadeira está sempre em processo de
transformação, incrementando criações anônimas das gerações surgidas ao
longo dos tempos, porém mantendo a identidade. Não se tem conhecimento
quanto a origem da amarelinha, do pião, das parlendas. Seus criadores são
anônimos. Há a ciência apenas que provêm de práticas não mais realizadas
por adultos, de fragmentos de romances, poesias, mitos e rituais religiosos.
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Pensamos as brincadeiras tradicionais infantis como parte
integrante da cultura lúdica. Ela é transmitida expressando valores e diferentes
concepções. Diante das transformações sociais, do advento da televisão e dos
brinquedos eletrônicos, da falta de tempo, dos problemas que atribulam a vida
dos adultos, percebemos a ausência das brincadeiras habitualmente praticadas
pelos nossos avós nos lares sendo apenas resgatadas na escola ou por
motivos pontuais, como festas que são comemoradas não em todo Brasil,
existem regiões que respeitam a manutenção da cultura. São algumas
comemorações: Carnaval, Festa Junina, Festa do Divino, Folia de Reis e
Bumba-meu-boi.
Seja qual for a festa folclórica, é evidente que as pessoas que
participam se vestem com outras roupas, diferentes daquelas que usam
normalmente, fazem maquiagem até quase parecerem outras
pessoas...personagens. Essa manifestação coletiva que leva um grande
número de indivíduos já passados até da adolescência a usarem fantasias é
impulsionada pela vontade de encenar outro papel, se libertar das amarras
sociais, viverem o lúdico por alguns momentos. As festas folclóricas nos trazem
o lúdico como arma contra a realidade e sobre o lúdico, o autor Luís da Câmara
Cascudo no Dicionário do Folclore Brasileiro (2000), define:
O conceito se aplica a uma classificação do folclore, integrada por brincadeiras e brinquedos tradicionais, de natureza infantil ou não, que constituem elementos da cultura popular. Desse conjunto de objetos e de manifestações a eles relacionados decorrem os primeiros contatos do ser humano com a cultura de seu povo; daí sua importância como elementos de identificação cultural e instrumentos de socialização, educação e aprendizado. Luís Fernando Vieira, em sua obra A Lúdica no Folclore, publicada em 1988, faz uma avaliação da importância dos objetos lúdicos, como o pião, o bodoque, o estilingue, as contas e pedras, além de vários outros, produzidos durante longos anos por seus próprios usuários e que, com o passar do tempo, perderam algumas de suas antigas características em decorrência da industrialização.
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A importância da ludicidade para a constituição do ser humano é
percebida e documentada há tempos, desde que ele passou a ser objeto de
estudo na história a fim de se compreender as suas ações e sentimentos. Os
instrumentos usados em prol da sobrevivência também são usados para
entreter, citemos novamente o estilingue, pois ele tanto podia ser usado como
arma para caçar animais com o objetivo de consumo, quanto pode ser usado
em brincadeiras de acertar alvo, assim como é o caso do arco e flecha, que
constitui uma modalidade de olimpíadas. Ou seja, o uso de objetos e das
brincadeiras estão presentes nos seres humanos há tanto tempo quanto o
instinto de sobrevivência é presente, instinto esse que foi crucial para o
desenvolvimento da raça humana. Contudo, as brincadeiras e o uso dos
brinquedos começaram a possuir significados diferentes, o jogo também surgiu
e cada um tem seu papel.
No jogo as relações são diferenciadas das brincadeiras, brincar nem
sempre necessita do uso do brinquedo, estar manuseando um brinquedo não
significa estar brincando em todas as vezes, sendo assim, é imprescindível
definir jogo, brincadeira e tipos de brinquedos para que se compreendam as
intenções.
1.1- Brincadeira e Brinquedo:
Os elementos que fazem parte da cultura, entre elas o Folclore, nos
traz conhecimentos que preservam características que identificam cada povo,
localização, e associada à localização temos o clima da região, a forma como
esse local foi construído, se é mais urbano ou campestre, enfim, todos esses
fatores e mais as influências da tecnologia conspiram para a manutenção dos
costumes, com isso, percebemos que os jogos, as brincadeiras e os
brinquedos se modificam.
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As crianças de regiões do interior que tem mais contato com a
natureza obtém mais oportunidade de desenvolver brincadeiras com bolinha de
gude, pipa, ou qualquer outra cuja proximidade com a terra e árvores, pois a
presença desses elementos suscita desejo de conexão com o que há de
primitivo internamente, já os indivíduos cuja infância é vivida em condomínios
entre prédios praticam outras atividades lúdicas cercadas por grades, no chão
duro e impenetrável de cimento, às vezes disputando espaço com os carros e
muitas vezes a interação se faz por meio os aparelhos eletrônicos. Mesmo
havendo essa diferença relevante, é preciso salientar que a criatividade,
imaginação e a vontade de externar sentimentos, ações através da brincadeira
é inerente a todos os seres humanos.
A simulação que a criança se insere em um faz-de-conta ou representando personagens da sua realidade representam a promoção do desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, uma vez que ela elabora diálogos, ações, se envolve com outras crianças e adultos e estabelece vínculos. “O termo simbólico, representativo, imaginativo, fantástico, de simulação, de ficção ou faz-de-conta podem ser vistos como sinônimos, desde que sejam empregados para descrever o mesmo fenômeno” (KISHIMOTO, 2002).
Voltando ao conceito de Câmara Cascudo sobre o lúdico, o ser
humano, através da brincadeira tem seu primeiro contato com a cultura de seu
povo, obviamente que esse contato inicialmente é restringido à família e às
experiências que a criança tem com as pessoas de seu convívio, e mesmo que
ela não tenha a consciência, outros fatores para o seu bom desenvolvimento
estão em foco, como a socialização, a educação e o aprendizado. Mais a
diante iremos verificar que a boa condução da socialização, uma educação
para a humanidade depende da forma como o adulto vai estimular as funções
psicomotoras. O adulto, portanto, por meio de um processo de duplo benefício
se envolve em ações que vão fazer com que ele reviva conceitos, incorpore
memória de sua infância.
O material intitulado “Brincar para todos” organizado por Mara O. de
Campos Siaulyz, como o apoio do Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Especial no ano de 2005, apresenta uma perspectiva inclusiva e
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democrática do Brincar, enumera os benefícios e desmistifica a concepção de
que existem barreiras para um bom desenvolvimento, pois o conhecimento é,
antes de tudo, impulsionado pela vontade, pelo querer, e por isso, o conteúdo é
de fácil acesso e com linguagem simples para pais e educadores. Destaco o
conteúdo presente já no prefácio onde afirma sobre a importância de que para
um jogo, e incluo a brincadeira em geral, ser educativo é preciso que seja
orientado de maneira cuidadosa e consciente, e sendo estas duas qualidades
encaradas de forma relativa, perceber as necessidades da criança e conhecer
as características do crescimento são importantes.
A autora Mara Siaulys dedica o manual Brincar para todos às
pessoas sem deficiências, aos indivíduos cegos e aos deficientes visuais, que
por serem desprovidos de um dos sentidos podem carregar alguma dificuldade
de aprendizagem ou até mesmo apresentarem outras deficiências sensoriais
como a surdez e/ou a física, seja qual for a necessidade das pessoas, todos,
como o próprio título diz, podem se beneficiar deste material, uma vez que,
segundo ela afirma:
“A brincadeira é a vida da criança e uma forma gostosa para ela movimentar-se e ser independente. Brincando, a criança desenvolve os sentidos, adquire habilidades para usar as mãos e o corpo, reconhece objetos e suas características, textura, forma, tamanho, cor e som. Brincando, a criança entra em contato com o ambiente, relaciona-se com o outro, desenvolve o físico, a mente, a auto-estima, a afetividade, torna-se ativa e curiosa. ”
A brincadeira é um instrumento lúdico, onde a criança movimenta
seu corpo, e ao movimentar esse corpo ela ganha espaço e aprende seus
limites, coloca em prática a socialização e através do lidar com o outro ela
reage de acordo com os sentimentos, a criança que aprender a externá-los
com liberdade também pode aprender a receber melhor do mundo as
decepções, saber perder um jogo pode fazer com que aquele pequeno sujeito
se torne um adulto que sabe lidar bem com as frustrações, trabalha a sua
autoestima, esta autoestima é também construída em um processo de
aceitação dos papeis desenvolvidos e em perceber, mesmo que durante uma
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atividade lúdica, que podemos reverter situações e fazer com que o bem vença
o mal, que talvez mesmo fazendo parte de uma sociedade individualista e que
massacra com excesso de realidade, você pode se tornar resiliente e bons
princípios.
Como já foi dito, referindo-me ao Folclore, o ambiente em que a
criança vive vai influenciar suas atitudes, não é raro ver uma criança que vive
em comunidade violenta brincar de polícia e bandido recriando cenas vivida,
assim como meninas abastadas, por vezes, sentam-se ao redor de uma mesa
finamente decorada e fazem de conta que são damas da alta sociedade
tomando chazinho, uma cena muito vista, igualmente, entre as crianças é a
necessidade que elas possuem em correr, simplesmente correr, subir em
grandes, relevos onde se equilibram, e quando vencem os limites que acham
ter em seu corpo, ficam alegres, assim como lutar com o vento, com a espada
imaginária, jogar com os amigos ou até mesmo sozinho no vídeo game geram
prazer e a curiosidade do que está por vir é continuamente aguçada.
1.2- Aspectos físicos e psicológicos proporcionados pelo
Brincar:
O prazer estimulado por momentos lúdicos e que muitas vezes são
praticados por movimentos físicos também é explicado pela neurociência. No
livro Fundamentos Biológicos da Educação a autora, Marta Pires Relvas, indica
como recursos para que os professores atuem com mais eficácia no processo
de aprendizagem, entre outros o de tornar as aulas mais atrativas “Criar letra
para música, versinhos rimados, frases engraçadas, etc, que levam a
memorização”. Ou seja, a fixação de informações se dá, não somente pelo fato
do indivíduo trazer consigo uma informação à qual a nova irá se conectar, mas
sim, se aquele novo dado lhe for prazeroso, chamar a atenção.
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Esse interesse ocorre porque ao nos depararmos com uma situação
agradável que nos faz sorrir se inicia uma sequência de reações fisiológicas, o
cérebro libera a serotonina. Quanto à aprendizagem, ao interagirmos de forma
lúdica as tensões sociais se amenizam, o brincar, o faz de conta que produzem
risos, ligações emocionais positivas ativam o sistema cardiovascular, a partir
daí a pressão arterial aumenta, há a elevação do oxigênio no sangue, uma vez
que abdômen e diafragma se contraem durante o riso. O humor se eleva, todo
sistema fisiológico reage positivamente, a tensão muscular diminui e até a
imunidade melhora. Uma pessoa saudável aprende melhor do que aquela com
saúde debilitada. E se durante o momento de adquirir conteúdos na sala de
aula o indivíduo exercer uma atividade dinâmica, o exercício físico libera a
endorfina. A endorfina liberada no exercício físico durante a brincadeira
(dinâmica), portanto, é considerada o hormônio do prazer e brincar nos traz
essa sensação, ela relaxa o organismo, alivia as dores, melhora a memória, há
estudos que comprovam que até podem curar doenças.
A produção dos hormônios citados acima auxilia na prevenção da
depressão e na recuperação da autoestima, isto quer dizer que, brincar tem
influência direta nos estados psicológicos. O brincar em qualquer fase da vida é
prazeroso e envolve conceitos internos, externa conteúdos do inconsciente.
A afirmação de que o jogo de fantasia surgidos na infância
proporciona a observação dos devaneios presentes na vida adulta está contida
na fala de muitos estudiosos e teóricos, Kishimoto destacou: Luria (1932),
Piaget (1971), Freud (1976) e Vygotsky (1984). O valor simbólico que o ser
humano tem a capacidade de empregar em suas ações vai acompanhá-lo por
toda a vida, há sim o ápice entre os dois e quatro anos de idade, porém, como
relata o último teórico citado “(...) a criança pequena não tem a capacidade de
esperar, cria um mundo ilusório, onde os desejos irrealizáveis podem ser
realizados” (KISHIMOTO, 2002, P.61), com isso, vemos adolescentes e adultos
impulsionados pelo sentimento de prazer imediato fazendo o uso da internet
para fantasiar serem outras pessoas, terem oura vida, contudo, a proporção
desse desejo de “brincar” acarreta em consequências sem medidas, se formos
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analisar que, assim como qualquer jogo simbólico coletivo, outras pessoas
podem participar das brincadeiras, todavia agora sem conhecerem as regras.
Esses jogos simbólicos com a presença de vários participantes, onde cada
movimento pode desencadear atos complexos, não mais cumprem o papel
comprometido somente com o desenvolvimento da psicomotricidade
individualmente, estes jogos não tradicionais praticados através da tecnologia
fogem do conceito daquilo que é passado oralmente, olhos nos olhos, de
geração em geração no contato afetuoso.
As brincadeiras tradicionais e os brinquedos de origem folclórica,
assim como a palavra “jogo” são conceituados da seguinte maneira no
dicionário do Folclore Brasileiro, edição do ano de 2000:
- Brincadeira: ato voltado para diversão, praticado ou não com
acompanhamento de melodia ou movimentos coreografados.
- Brinquedo: objeto fabricado mesmo que de forma artesanal ou
qualquer material que tem como objetivo entreter.
- Jogo: a expressão compreende, de forma limitada, apenas o jogo
de cartas, de gamão, truco ou qualquer outra forma de brincar contendo regras,
que pode ser realizado em grupo ou individual. Como sinônimo de brincadeira
infantil, o autor cita: jogo ginástico, que trabalha o sistema cardiorrespiratório,
motor, cita a amarelinha como exemplo, porém existem outros.
A partir daí, conclui-se que quando as crianças brincam utilizando os
brinquedos ou participam de brincadeiras populares, com o objetivo de
entretenimento, uma série de elementos socioculturais estão assegurados, pois
passa a existir uma participação mais presente das crianças e adultos em um
sistema de ideias, sentimentos e valores comuns, pois se estamos nos
referindo não só ao simples brincar, mas de cantigas tradicionais, objetos
fabricados de maneira artesanal, estamos nos situando dentro de um contexto
onde a sociedade vive e como ela atua . A ludicidade promove:
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• a interação e cooperação;
• estimulação em competições;
• valorização e respeito das regras sociais existentes na herança cultural;
• desenvolvimento do espírito de liderança; a identificação com o bem
comum dos grupos.
Povos antigos consideravam os brinquedos como objetos
carregados de crenças e religiosidade. Um exemplo disto, é que entre os
gregos e romanos, os brinquedos das crianças, eram oferecidos aos deuses,
depois de adultas. Hoje em dia a relação dos adultos com os brinquedos está
voltada para prazer de colecionar, há relatos de domínio público que revelam
que bonecas são usadas com o objetivo de satisfação sexual. As bonecas das
meninas em idade de se casar, que é relativo em se tratando de época e
cultura, eram consagradas à Vênus e a Diana, ou aos deuses da fertilidade,
para que suas proprietárias pudessem gerar filhos. Os materiais ao longo dos
anos foram se modificando, os brinquedos eram bem simples na Idade média,
muitos eram feitos em cerâmica ou vidro. Durante o Renascimento, as
concepções de estética se refinaram. Com o Barroco surgem as “lanternas
mágicas”, que eram jogos de sombras chinesas e os soldadinhos de estanho.
As brincadeiras também eram, e são, uma forma de refletir a
situação social vivida pelas pessoas, um exemplo foi que durante a Revolução
Francesa fabricação de pequenas guilhotinas alavancou, as crianças
brincavam de decapitar bonecos.
O desenvolvimento industrial foi notável no progresso da sociedade
que estava utilizando máquinas cada vez com mais potência nos processos
industriais. A fabricação em série dos brinquedos no século XIX ganhou
espaço. Novos materiais são usados como a borracha e o papel marche. E no
século XX, os sintéticos, brinquedos com movimento, e os plásticos invadem o
mercado e uma nova tendência reflete-se como a dos brinquedos educativos,
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pedagógicos. Ou seja, o desenvolvimento da sociedade em vários aspectos,
filosófico, de crenças, industrial, populacional, etc influenciaram diretamente na
fabricação dos brinquedos, conduzindo, portanto, novas formas de brincar, de
movimentar o corpo, não usei a palavra ‘evolução’ da humanidade, pois como
mostra Maria Montessori, para o indivíduo se desenvolver não é necessário
que ele use a infinidade de eletrônicos que vemos hoje em dia, pelo contrário, a
super estimulação desde cedo por luzes, cores e movimentos sem o contato
com texturas diferentes da lisa da tela do computador nos faz retroceder, a
economia de movimentos necessários para atuar nos jogos virtuais nos
enrijece.
Reportamo-nos ao tempo em que era mais valorizado o processo de
construção e reconstrução de brinquedos e das brincadeiras, onde o mais
importante não era o resultado final, aquele pronto e acabado, a imagem do
quebra-cabeça concluída, a casinha montada, criar um forte, mas sim o desafio
de encaixar as peças, a criatividade em procurar objetos para arrumar a
casinha parecia-nos mais interessante do que a brincadeira em si na casinha,
socializar com os colegas na rua e imaginar quem seria o dono do forte e quem
seria o monstro a atacar eram, digo mais uma vez, o processo em si era o que
provocava o sistema de recompensa. O “durante” trabalhava a imaginação, os
sentidos, as percepções, a memória, as experiências, a criança cria símbolos
para o mundo a sua volta, “A simbolização através dos objetos funciona como
pré-condição para o aparecimento do jogo de papeis propriamente dito”.
(KISHIMOTO, 2000).
Os educadores e psicólogos atestam que os brinquedos não
necessitam de serem caros para satisfazer uma criança. Se o brinquedo tem
alto valor monetário serve apenas para afirmação dos pais e familiares de
mostrar status e boa situação econômica, sob este parâmetro, os brinquedos
folclóricos – pião, perna de pau, pandorga, etc - atendem de forma mais
completa às necessidades das crianças. Desde a sua fácil confecção até seu
descompromisso manuseio.
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Não sabemos com exatidão a idade do primeiro brinquedo,
entretanto, pode-se afirmar que a boneca é o objeto mais antigo de brincar que
a humanidade tem conhecimento. A boneca como objeto sempre sob os
cuidados da figura feminina. A sociedade impõe às mulheres, desde que
nascem, o papel único e exclusivo de serem mães, e para despertar já cedo
esse sentimento, as próprias mães dão às crianças uma boneca, e outros
brinquedos que remetem a função da mulher como dona de casa, e aos
meninos é oferecida uma grande variedade de brinquedos dinâmicos, de ação,
considerados ativamente mais interessantes de serem manuseados.
Essa prática vai determinar uma série de comportamentos e de
movimentos que doutrinam as mulheres, segregam papeis, delegam tarefas,
endurecem conceitos sobre os gêneros e isto tudo provoca uma outra série de
fatores sociais, psicológicos e afetivos enquadrados, que perpetuam
pensamentos preconceituosos. Essa atitude de restrição do “brincar de
boneca” somente às meninas é de caráter machista, pois acreditamos que se
os meninos brincarem com as bonecas, terão um desvio futuro no
comportamento sexual, perderão a dita masculinidade, virilidade, as mulheres
ficam com o papel cuidar dos filhos, os homens acabam se desvencilhando das
responsabilidades nos afazeres domésticos, o que gera para eles também uma
série de limitações motoras, dependência social, embotamento psicológico,
pois essa padronização errônea de comportamentos surgidos nas brincadeiras
da infância, vai criar um adulto limitado. A brincadeira, portanto, deve estar livre
de preconceitos, o que provoca o pensamento por parte da sociedade.
O principal motivo da ocorrência do furto do lúdico na infância, talvez
seja o fato de considerar a criança como um adulto em miniatura como ocorria
na Idade Medieval, cuja finalidade única seria a sua preparação para o futuro.
Porém, o imediatismo infantil sobre o mundo não se prende à preparação
sistemática para o futuro, isso é característica do adulto, ela na realidade vive o
presente, o agora, vive o sentimento de imortalidade. Assim, torna-se
necessário entender a criança como produtora de cultura, oportunizando à ela
tempo e espaço necessários para essa produção, assegurando-lhe o direito de
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brincar, possibilitando diversificadas vivências e contribuindo para sua
formação como ser humano participante da sociedade em que vive. Embora se
fale em entender a criança como "criança" e não como "adulto em potencial", o
que se observa é que a instrumentalização da infância vem acontecendo
frequentemente, desrespeitando a faixa etária da criança e afastando cada vez
mais o brincar e a ludicidade de sua prática diária, sendo a escola um dos
contribuintes dessa instrumentalização.
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CAPÍTULO II
BRINCADEIRAS TRADICIONAIS E BRINQUEDOS
FOLCLÓRICOS
A brincadeira faz parte do desenvolvimento do homem, assim como
é espontâneo a produção de sons experimentando posições dos lábios e
soltando o ar, a criança de forma inconsciente brinca, pois esta sorri às vezes
com movimentos que para nós adultos são considerados sem importância.
Brincando ela socializa com o mundo, pois o brincar é universal, ressignifica
ações, promovendo o crescimento, reorganiza estruturas psíquicas, uma vez
que proporciona a comunicação com seu interior e com os outros.
O ser humano apresenta características herdadas dos seus
ancestrais, dados arquetípicos que vão definir a personalidade de cada um, o
Folclore, como já foi dito, é passado de geração em geração, e de uma forma
natural nós agregamos em nosso dia a dia valores advindos de um
inconsciente coletivo, cultural, os ditos e crenças populares, como não passar
debaixo de escada acreditando que poderá dar azar, pronunciar “quem com
ferro fere, com ferro será ferido” perante uma situação cabível, são dois
exemplos que ilustram a nossa capacidade de termos fé naquilo que não
vemos, e ter fé em qualquer ocasião é tão protetivo quanto evitar de passar
debaixo de escadas cuja manutenção da estrutura não temos o conhecimento
ou ter a consciência de que há uma punição na mesma medida para aquele
que cometeu a infração, é também acreditar em uma “justiça” (o que
igualmente nos impede de fazer o mal). Com isto, temos a convicção de que as
brincadeiras são praticadas de forma natural, como tantas outras ações
naturais, inconscientes são importantes em todo desdobramento do
desenvolvimento de todo e qualquer indivíduo, existem outros objetivos
24
envolvidos, por mais que ainda hajam pessoas que não encarem a brincadeira
com “seriedade”, não reconhecem nela o poder de desenvolver as funções
psicomotoras, inibir ou proibir que a criança brinque é uma agressão à natueza
humana.
Está presente no Estatuto da Criança e do Adolescente, no artigo
16, inciso IV o direito ao brincar, entre outros que a liberdade compreende,
como a prática de esportes e divertir-se, pois a proposta é fazer com que a
criança se desenvolva em condições favoráveis. Observando isto e a
necessidade real das mesmas de extravazarem energia correndo, pulando,
jogando, fingindo ser policial ou bandido, mãe e dona de casa, percebemos
que o mundo real, com todos os preconceitos, divisão injusta de tarefas por
gênero, problemas sociais, vem à tona no faz-de-conta, manipulando um
brinquedo ou nas regras dos jogos. Portanto, é através das atividades lúdicas
que podemos trabalhar conceitos, movimentos, papeis, indicando caminhos
saudáveis para a construção de um ser social, é onde notamos o reflexo das
experiências vividas. As brincadeiras folclóricas cantadas trazem suavidade,
sensibilidade, ritmos; os jogos com suas regras traduzem coerência, igualdade,
sem citar o desenvolvimento cognitivo implícito; manusear os brinquedos
tradicionais suscitam afetividade, socialização, imitação, imaginação,
criatividade, a criança atua a apartir dos conteúdos internalizados.
O folclorista Câmara Cascudo define brincadeira como
“entretenimento, acompanhado ou não de melodia ou coreografia”, neste
capítulo vamos conferir algumas brincadeiras de roda, cujo costume passado
por nossos ancestrais seria a formação de uma roda para executar a atividade,
assim como nas danças medievais. Seria a formação em roda uma “regra” para
a brincadeira cantada, as letras relembram a doçura e inocência de uma
infância já quase perdida. Já os jogos de cartas, de tabuleiro, etc, são
materializados em suportes, fazem uso de objetos, e possuem sistemas de
regras, e pertencem à um contexto social múltiplo e que possui linguagem
própria.
25
Voltando à definição referente ao brinquedo no Dicionário do
Folclore Brasileiro, consta ser ele um objeto cuja função é entreter, de fato, a
peteca, o pião, bolinha de gude, barangandão, bilboquê, bambolê, ioiô, pipa,
diabolô, estilingue, fantoche, boneca, carrinho e corda, são objetos que
divertem as crianças, contudo, são também instrumentos que desenvolvem a
afetividade, motricidade fina e global, lateralidade, percepção espacial,
temporal, promovem a esquematização corporal, conduzem a obtenção da
imagem corporal, e representam proporcionalmente a oportunidade de
metamorfose de sentimentos e emoções, fotografando a realidade e
transformando o corpo estático em possibilidades. “O brinquedo aparece como
um pedaço de cultura colocado ao alcance da crinça. É seu parceiro na
brincadeira. A manipulação do brinquedo leva a criança à ação e à
representação, a agir e a imaginar.” (KISHIMOTO, 2002, p.68) Ou seja, uma
pipa no céu, pode ser um pássaro muito raro que nos observa, uma boneca
pode incorporar qualquer parentesco, um pião, mesmo sendo um objeto que
roda em seu próprio eixo, pode ser o astro de um campeonato importante, com
direito à premiação, mas um vídeo game, sempre será um vídeo game, por
mais que ele apresente efeitos sonoros e visuais de última geração, o fato é
que mesmo nos dias de hoje, os brinquedos tradicionais ocupam as prateleiras
das lojas, repaginados, assim como os desenhos animados digitalmente
revivem cantigas de roda.
O simbolismo lúdico é evidente nas canções das brincadeiras de
roda, uma vez que o sujeito teatraliza, incorpora personagens com falas “o anel
que tu me deste era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas era pouco e
se acabou” e os movimentos são significativos “por isso diga adeus e vá
embora” (sai da roda), este fragmento da Ciranda, cirandinha evoca a relação
social afetiva, expressa uma maturidade associada ao sentimento amor. Outras
brincadeiras estabelecem compromisso com o desenvolvimento cognitivo,
como “O gato comeu” cuja variação é “Toucinho/Toicinho”, ambas cantigas
propõem o pensamento sequencial, o primeiro esquematiza a imagem corporal
e a música da segunda que pode ser considerada como desdobramento do
26
questionamento “cadê o toucinho que estava aqui?”, apontando para mão, traz
perguntas que trabalham o pensamento associativo lógico.
É correto afirmar que as brincadeiras de pique pega e suas
variações: pique alto, pique baixo, pique cola, pique corrente, pique fruta, pique
parede, pique alerta, e outros, exigem agilidade, coordenação motora ampla,
coordenção visomotora, estratégia, cooperação, uma vez que são atividades
de muita ação, e, portanto, o pensamento para não ser pego ou para a criança
se libertar deve surgir rapidamente, o tempo de resposta para as questões nas
brincadeiras onde a velocidade é a habilidade principal é diferente para os
jogos de tabuleiro, neles os participantes possuem o momento para refletir e
agir com a peça corretamente, ou o único jogador pode se deleitar por horas,
dias até completar a imagem do quebra-cabeça, jogo da memória ou nos jogos
de cartas.
Algumas brincadeiras exigem duas ou mais pessoas, não que isto
seja uma regra, porém, para que a atividade aconteça é necessário a presença
de um equilíbrio, da troca, do companheirismo, é o caso do telefone-sem-fio,
cuja conversa se dá entre pessoas dispostas a manterem um diálogo, outras
brincadeiras são: bingo, cama de gato, carniça, chicotinho queimado, cabo-de-
guerra, adedanha. Em outras, o número mínimo para o entretenimento é de
três participantes, são tais: Mamãe, posso ir?, Seu Lobo, Um homem bateu em
minha porta, O mestre mandou, Morto-vivo, dança da cadeira, Batatinha frita,
Cabra-cega, Queimada, Coelhinho sai da toca, Uni-duni-tê.
“Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de as crianças, desde muito cedo poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação.” (REVISTA ELETRÔNICA SABERES DA EDUCAÇÃO, 2013, apud BRASIL, 1998, v. 2, p. 22)
O denominador comum entre as brincadeiras citadas anteriormente
e outras como: Boca de forno, A Barata, A Canoa virou, A Linda Rosa,
27
Caranguejo, E sou pobre, pobre, Fui no Itororó, Marcha Soldado, Trem Maluco,
Se esta rua fosse minha e Terezinha de Jesus são as músicas que ditam o
ritmo da roda, que coreografam movimentos e fazem com que os participantes
assumam personagens. Quando a criança entoa versos que rimam
perguntando “Vão fazer tudo o que seu Mestre mandar?” e espera a resposta
para solicitar uma prenda, ela está se colocando com autonomia em uma
brincadeira cooperativa, a aprtir do pedido ela provoca ações que vão se
desencadear. Ao provocar risadas no refrão da música “A barata diz que tem
sete saias de filó. É mentira da barata, ela tem é uma só” a criança atua e faz
gestos que correspondem à história, ou seja, ao mesmo tempo que a cognição
é trabalhada, os movimentos e também a afetividade são colocados em prática,
uma vez que cada um assume o papel que lhe aprecia mais e encena
sentimentos.
Outras brincadeiras cantadas usam o pronome pessoal “eu” no
sentido de, na verdade, descentralizar a atenção, pois todos cantam “Fui no
Itororó beber água e não achei...” ou “Eu sou pobre, pobre, pobre, de marré
decí” e “Se esta rua fosse minha eu mandava ladrilhar com pedrinhas de
brilhantes”, contudo, assim como nos jogos, há regras para as ações, ora uma
criança permanece no centro e contracena com outra. As música e regras se
encontram no Anexo II, onde poderemos verificar de forma intrínseca as
funções lúdicas e educativas.
2.1- Modalidades das brincadeiras e brinquedos tradicionais:
Por funções desempenhadas nas brincadeiras e pelos brinquedos
tradicionais, KISHIMOTO em sua obra Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a
Educação, ressalta que existem modalidades e que estudos sobre o
desenvolvimento infantil levaram à construção de objetos lúdicos de
entretenimento que poderiam estimular a percepção tátil com texturas, formas,
28
tamanhos, densidades diferentes, essas características somadas às cores e
luzes estimulam a percepção visual, por serem constituídos de materiais
diferentes e produzirem sons, a percepção auditiva seria estimulada, além
disso “carrinhos munidos de pinos que se encaixam para desenvolver a
coordenação motora, parlendas para expressão da linguagem, brincadeiras
envolvendo músicas, danças, expressão motora, gráfica e simbólica” (p.36) são
presentes nos Brinquedos Educativos (jogo educativo).
Por brinquedo educativo entendemos ser aquele que transforma um
interesse espontâneo infantil numa aquisição metódica de conhecimentos e de
destreza. Tem o poder de transformar brincadeira em aprendizagem.
Os brinquedos e jogos citados na tabela no Anexo I demostram a
diversidade de funções psicomotoras desenvolvidas através da ludicidade,
além da estimulação da interação social a intenção pedagógica de se aplicar
atividades que permitem a potencialização e exploração do conhecimento,
utilizando brinquedos como: bolinha de gude, quebra cabeça, cama de gato e
cinco marias, também se trabalha a capacidade de estratégia, pois os
movimentos que dão continuidade ao processo devem ser feitos a partir de um
raciocínio lógico. Já outros brinquedos citados, tais como: boneca, cavalo de
pau, carrinhos, fantoche, soldado e ladrão, e telefone sem fio, fazem parte de
outra modalidade, a do Faz-de-conta, pois com eles a criança expressa seu
conteúdo interno, é “também conhecida como simbólica, de representação de
papeis ou sociodramática, é a que deixa mais evidente a presença da situação
imaginária” (KISHIMOTO, p. 39).
As brincadeiras tradicionais infantis, outra modalidade, descreve
aquelas que são ainda praticadas por terem sido passadas de geração em
geração através da oralidade, sem termos o conhecimento de seu surgimento,
e aquelas que mesmo possuindo o histórico de seu advento, mas porém
conservam a tradicionalidade (estrutura inicial) e universalidade, em ambos os
casos a cultura infantil é mantida e garantem a presença do lúdico somando ao
desenvolvimento psicomotor que é proporcionado por meio dos movimentos de
29
bater com a palma da mão na peteca visando enviar aos outros componentes
da brincadeira, ou pulando nos quadrados da amarelinha, mirando em um alvo
com esilingue, empinando a pipa, lançando ao céu o barangandão ou deixando
cair o ioiô, fazendo girar o pião e o diabolô, girando junto com bambolê criando
dificuldades colocados mais peças, levantando algum pé, passando de um
braço ao outro, acertando a bola na lata ou no palito com o bilboquê,
interpretando expressões faciais no passa anel.
Para compreendermos o significado e a origem dos jogos
tradicionais infantis, é preciso que se faça uma investigação das raízes
folclóricas responsáveis pelo seu surgimento. Sobre os brinquedos cujo
surgimento temos o conhecimento, podemos citar a pipa. Este brinquedo tem a
sua procedência e função descritas por Câmara Cascudo no Dicionário do
Folclore Brasileiro “Os portgueses trouxeram o papagaio do oriente (Japão e
China), (...). Dois séculos antes de Cristo, o general chinês Han-Sin utilizava o
papagaio para enviar as notícias a uma praça sitiada” (p. 477).
As Brincadeiras de construção são aquelas praticadas com materiais
voltados para o desenvolvimento da coordenação motora fina e habilidades
sensoriais, são blocos para serem empilhados, peças para serem encaixadas.
A obra escolhida para conceituar as funções desempenhadas pelos brinquedos
e brincadeiras, pertencente ao autor Kishimoto, relata que essas brincadeiras
não servem somente para manipular sem intenção os tijolinhos, mas também
cumprem um papel simbólico, pois ajudam a construir cenários imaginários,
cenários que são de fantasia. É importante firmar a relação com o mundo real e
seu valor educativo, sociointerativo e afetivo, pois a criança representa aquilo
que lhe é relevante sentimentalmente.
O jogo ou a brincadeira são atividades essencialmente coletivas, já o
brinquedo é individual, quer dizer, essas condições não são obrigatórias,
somente obedecem a uma lógica de que para se brincar com o brinquedo, a
existência de parceiros fica a critério do praticante, da imaginação criativa e até
mesmo das regras momentâneas e subjetivas. Existem outras formas de
30
classificação dos brinquedos, brincadeiras e jogos, contudo, sendo o enfoque a
seguir a Psicomotricidade desenvolvida através da prática e do manuseios dos
objetos, foi necessário nos reter no autor citado nos trechos destacados.
No Anexo I estão presentes os piques, são jogos de muita ação que
solicitam movimentos específicos aos participantes, são eles: pique alto, pique
baixo, bento frade, o veado, corre corre cotia, chicote queimado, quatro cantos,
busca três, correr. As brincadeiras em que se é obrigado a correr, já está
subentendido o fator de competitividade: de “quem chegar primeiro alcança” ou
“quem conseguir pegar o outro irá ganhar” e “quem achar, primeiro, o objeto
escondido é o vencedor”; concluindo: as brincadeiras de correr são assim
chamadas porque há um objetivo em “correr”, não se busca velocidade sem
motivo, competir, cumprir uma tarefa em um determinado tempo (curto),
raciocinar rapidamente para solucionar um problema, verificar a resposta do
corpo ao se pedir um movimento são alguns motivos válidos verificados.
2.2- Jogos:
No Anexo I há um quadro onde destacamos os seguintes jogos:
dominó, jogo da velha, dama, resta um, jogo da memória, jogos de cartas e
jogo da memória. No entanto, no Dicionário do Folclore Brasileiro de Câmara
Cascudo, são descritos outros jogos: jogo da macaca ( também conhecido
como academia, sapata, jogo do homem ou amarelinha), jogo da mora
(porrinha), jogo das pedrinhas (cinco marias), jogo de argolinhas, jogo de
baralho (jogos de cartas com variações nas regras), jogo de boccia (ou bocha),
jogo de dados, jogo de malhas, jogo do bicho, jogo do gamão, jogo do mico,
jogo do osso e truco. As brincadeiras recebem nomes diferentes nos Estados
do Brasil, e até mesmo em regiôes próximas, os jogos também variam em suas
denominações. Neste material de estudo o autor define jogo como “ sinônimo
de brincadeira infantil, jogo ginástico, motor (amarelinha, por exemplo), é de
31
recente divulgação pedagógica” (2000, pág. 301). De fato, a característica
“recreação” era bastante associada ao jogo na antiguidade greco-romana, até
que, devido à evolução do pensamento, o jogo foi considerado de acordo com
a teoria de Groos um “pré-exercócio de instintos herdados, uma ponte entre a
biologia e a psicologia” (Kishimoto, 2002).
Os jogos se diferenciam das brincadeiras e brinquedos, foco deste
estudo, por possuirem suas regras, por mais que o lúdico esteja presente,
fatores psicomotores são executados a partir do entendimento das
características individuais, que colaboram para que eles sejam classificados
em “famílias”, contudo, é possivel identificar que certas características comuns
em diversos jogos, como o fator “azar”, ou seguir um “circuito”, ou testar
habilidade na coordenação motora fina.
Dadas as regras dos jogos, onde os participantes devem enfileirar
peças contendo números, fazendo a correnspondências entre os valores de
cada quadrante, como vemos em uma modalidade do dominó; onde no jogo da
velha se deve analisar estrategicamente onde serão postos os símbolos de “X”
e “O” para que três desenhos iguais fiquem em sequência; no jogo de dama,
vindo de Portugal, a dupla participante, inicialmente usava grãos de duas
qualidades e se riscava o tabuleiro no chão, as peças improvisadas vão
avançando as casas até que o jogador com menos peças “comidas” vence,
assim tambbém funciona o jogo “resta um”, cujo ganhador deve deixar no
tabuleiro apenas uma peça, é permitido que uma pessoa jogue e se restarem
mais peças, há uma contagem, a cada jogada há o aprimoramento cognitivo; o
bingo é um jogo tradicional e de “azar”, assim como os citados por Cascudo,
como: mora, dados, bicho, e jogo do truco, neste os indivíduos não necessitam
de uma habilidade motora, velocidade ou pensamento estratégico, porém, o
resultado positivo depende de uma cognição, a fim de que as regras sejam
cumpridas com satisfação, ocorre este mesmo fenômeno nos jogos de cartas,
Cascudo elenca algumas modalidades que incluem não somente o
conhecimento dos naipes e regras, mas também a capacidade de empilhar,
trabalhando o equilíbrio das peças; e també é citado o jogo de adivinhação, no
32
Folclore são comuns os “o quê é, que é...?”, há os tradicionais que são
repetidos por anos e anos, e que nos fazem recorrer á memória para
respondermos, e, usando a criatividades, outras charadas vão surgindo.
Associamos a brincadeira ao lúdico, àquele momento de prazer
onde a criança externa símbolos, conteúdos internos sem perceber, e ao
caráter “não-sério” se formos analisar o instante em que um indivíduo está em
ação, as risadas, o faz-de-conta nos dá essa impressão, e de fato, há uma
afirmação que condensa este pensamento: “O que importa é o processo em si
de brincar que a criança se impõe. Quando ela brinca, não está preocupada
com a aquisição de conhecimento ou desenvolvimento de qualquer habilidade
mental ou física.” (KISHIMOTO. Pág. 24). Sendo assim, é papel da
Psicomotricidade reconhecer os valores intrínsecos tanto nas brincadeiras,
quanto no manuseio dos brinquedos e nos jogos. Estudiosos se preocupam em
conceituar pedagogicamente e psicologicamente as brincadeiras, Kishimoto
em sua obra Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação cita Claparède (1956)
e destaca a importância do desenvolvimento motor presente no exercício
lúdico, presente também está a educação que se dá por meio de um processo
de imitação, acomodação e, por fim, surge a assimilação.
A manipulação e posse do brinquedo, o assumir papeis, promover
diálogos, a apreensão do mundo em seu entorno, são de suma importância
para constituição do ser pleno, e isso só é possível se a criança vivenciar
espontaneamente o brincar, se as condições psicológicas propiciarem, se o
corpo interagir, seja com o brinquedos ou com outras pessoas, e se interagindo
ela criar condições para estabelecer vínculos afetivos, seja em um jogo de
tabuleiro ou em um pique pega, onde as regras vão estar presentes sim, mas
acima de tudo, onde o ser humano pode mostrar as suas faces e capacidades.
33
CAPÍTULO III
PSICOMOTRICIDADE: AS FUNÇÕES PSICOMOTORAS
PRESENTES NO BRINCAR
As cantigas de roda “Palma, palma, palma. Pé, pé, pé. Roda, roda,
roda. Caranguejo peixe é”, “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos
dar a meia volta, volta e meia vamos dar”, as brincadeiras com bolinhas de
gude, com o bilboquê por vezes improvisado, assim como também eram as
traves do gol e a bola, as bonecas que no faz-de-conta eram filhas, mães,
amigas...eram o que a imaginação permitia, nos introduziram da forma mais
doce e displicente na Psicomotricidade. Cada brincadeira, brinquedo ou até
mesmo nos jogos observamos sugestões de movimentos, regras de passos a
serem seguidos, a escolha por um entretenimento lúdico em detrimento do
outro sugestiona a vontade interna, o querer de cada criança, sua capacidade
de tomar decisão e se expressar por meio de sua afirmação. “ A mobilidade
deve ser compreendida em sua evolução, a partir dos movimentos reflexos e
incoordenados, até os movimentos coordenados que têm a finalidade e gestos,
de valor simbólico” (ALVES, 2012 p.18), ou seja, a criança em seu processo de
maturação irá agir espontaneamente até que suas funções psicomotoras se
desenvolvam.
No quadro presente em Anexo I constam brincadeiras, brinquedos,
jogos e as letras das músicas que embalam até hoje os momentos de
ludicidade, os repertórios colaboram para o desenvolvimento de expressão
verbal, pois há casos de crianças e até mesmo adultos, que quando estão
envolvidos em atividades prazerosas conseguem se expressar através da fala
melhor do que em outras situações, sem a necessidade de provas científicas,
podemos citar o caso do sujeito que apresenta gagueira e ao cantar tem o seu
ritmo de linguagem normalizado, além de aumentar o vocabulário e trabalhar
as modulações de entonação; nas danças de roda os movimentos e gestos que
34
acompanham os versos ritmados auxiliam na expressão corporal; a memória é
exercitada ao se criar um ritual de repetição das cantigas e brincadeiras, isto é,
o exercício de dar continuidade à algo que faz parte da cultura folclórica cria
uma tradição, uma identidade, personalidade ao povo, cria também laço
afetivo.
A socialização que ocorre nas brincadeiras é evidente, em foco
igualmente estão as questões psíquicas em que se encontram cada indivíduo
ao relacionar-se com o outro, levando em conta as idades dos participantes, o
estágio de desenvolvimento motor que se encontram, e os motivos pelas quais
essa interação acontece. Portanto, as brincadeiras folclóricas e o manuseio dos
brinquedos tradicionais quando usados com o olhar pedagógico consideram as
funções psicomotoras para avaliar o comportamento da criança. A autora do
livro Psicomotricidade: corpo, ação e emoção, Fátima Alves, descreve no
capítulo I o exame psicomotor a ser realizado através de observação dos
movimentos da criança em seus primeiros estágios até aproximadamente doze
anos, e é em toda esta fase que o brincar é elemento primordial para todos
nós, portanto, oferecer a liberdade de vivenciar momentos lúdicos não é
somente prazeroso, é, todavia, crucial para que a criança se desenvolva de
maneira plena.
Os quadros exibidos no Anexo I trazem as funções psicomotoras
avaliadas no manuseio dos brinquedos sem descrever as formas de cada um,
posto que há formas diversas de apresentação de cada um, porém, é relevante
caracterizar de forma ampla, pois “Por meio da pressão, das manipulações e
da exploração visual, começa a criança a penetrar no espaço dos objetos,
descobrindo as noções de dentro, fora, acima, abaixo etc.” (ALVES, 2012
p.30). Os objetos usados nas brincadeiras que trabalham habilidades da
coordenação motora ampla são aqueles que também exploram a percepção
espacial como peteca, baragandão, lançar bola na lata, queimada, bilboquê,
diabolô, e estes por se tratarem de brinquedos onde o participante deve acertar
o objeto em uma direção, também exercitam a coordenação óculo-manual,
outras brincadeiras que dependem de instrumentos, porém trabalham a
coordenação motora fina são: fazer rodar o pião que é lançado ao desenrolar o
35
barbante que o envolve, mirar a bolinha de gude seja em um buraco ou em
outras bolinhas (há variações), controlar os movimentos do ioiô pendurado pelo
barbante preso ao dedo da mão dominante, cinco marias, estilingue, cama de
gato e passa anel. Brincar de carrinho e cavalo de pau exige criatividade, a
criança geralmente cria histórias que motivam os movimentos dos objetos,
inventam caminhos a serem percorridos e todo corpo entra em ação para que a
brincadeira ganhe vida. A criança que escolhe o fantoche e/ou a boneca para
protagonizar suas fantasias desenvolve um diálogo, ou seja, ela elabora seus
pensamentos a fim de se envolver afetivamente com um objeto ou por meio
dele estabelecer um papel envolvendo outras pessoas, em consequência disto
as suas funções cognitivas atuam de maneira direta.
A seguir, em Funções Psicomotoras, iremos verificar
organizadamente o que a Psicomotricidade avalia, sendo ela “(...) uma unidade
dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes e das posturas, enquanto
sistema expressivo, realizador e representativo do “ser – em – ação” e da
“coexistência” com outrem” (ALVES, 2012 apud Jacques Chazaud, 1976).
3.1 – Funções Psicomotoras:
Para teóricos com Vygotsky e Wallon, o sujeito toma conhecimento
do mundo através do seu corpo ao se relacionar com o meio, aquele descreve
esta percepção em sua teoria sócio interacionista, este último “considera a
pessoa como um todo. Afetividade, emoção, movimento e espaço físico se
encontram num mesmo plano” (RELVAS, 2007 p. 108), isto é, ambos apontam
o desenvolvimento psicomotor como fator primordial para constituição do ser
em suas esferas cognitiva, emocional e motor associados aos fatores sociais e
orgânicos. A autora Marta Pires Relvas ressalta no último capítulo um título
interessante chamado “Razão e emoção no processo de ensino aprendizagem
– Despertando Inteligências”, onde nos Estágios de Desenvolvimento
reconhecidos por Henri Wallon, elenca, primeiramente, os movimentos
desordenados, até que eles alcançam a expressão de sentimentos como
alegria, medo etc; em seguida há a fase sensório-motora em que ele se
36
apropria de informações através das suas experiências táteis agarrando,
segurando, sentando, engatinhando até adquirir o andar por meio da imitação
dos gestos, caminhando na evolução, por volta dos três aos seis anos a
criança descobre suas potencialidades iniciais, ao explorar a si mesmo, neste
período, tanto para os dois teóricos citados, quanto para Piaget, as trocas
sociais são de fato o motivo essencial para viabilização do pensamento, por
isso o esquema corporal inicia a tabela de Funções Psicomotoras. As
brincadeiras que exploram a percepção corpórea são de suma importância
para que as outras funções adquiram sentido, posto que, “Conhecer o
esquema corpóreo significa, antes de tudo, perceber o corpo de maneira
global, em sua inteireza e depois de maneira analítica, em suas diferentes
partes” (PAESANI, 2014 p. 19). As atividades que solicitam que a criança toque
seu corpo e depois o corpo do colega, com respeito, como: Cobra-cega, Pique-
cola, Morto-vivo, brincadeiras guiadas com a bola imitando seus movimentos,
dança da cadeira que experimenta ritmos e posições, Toucinho, Boca de forno
e o Gato comeu, apresentam características em comum que são a consciência
corporal e o conhecimento das possibilidades que seu corpo oferece para
executar os movimentos desejados, resumindo há a esquematização do “eu”.
A fragmentação das funções psicomotoras aqui é necessária para o
melhor entendimento, todavia, sabemos de antemão que não se torna viável a
dicotomia corpo X alma, ação X emoção, no sentido de que tudo aquilo que
não for visível faz parte de um outro nível (abstrato), para tanto os aspectos
que redundam para a individuação do ser abarcam de maneira geral e
totalizante as definições a seguir e elas acontecem em uma inter-relação.
A percepção temporal no ser humano é adquirida de forma
gradativa, não raras foram as vezes que eu presenciei uma criança ter
dificuldade em se situar no tempo, confundir os tempos verbais pode ser
consequência de uma má estruturação das regras gramaticais, contudo, o que
já foi observado por mim foi o total desconhecimento de passagem cronológica.
“Orientar-se no tempo é avaliar o movimento no tempo, distinguir o rápido do
lento, o sucessivo do simultâneo. É saber situar os movimentos do tempo, uns
em relação aos outros” (ALVES, 2012 apud POPPOVIC, 1966). A partir deste
37
discurso, podemos identificar que há distinções de tipos de tempos, o tempo
que leva para brincar com bonecas, pipa, telefone sem fio, carrinho, quebra-
cabeça, fantoche, telefone sem fio, onde não há exatamente regras, se dá de
uma forma subjetiva, o momento de distração provoca a sensação relativa de
passagem do tempo. As brincadeiras em suas práticas e os brinquedos ao
serem manipulados citados não definem tempo ou ritmo, a criança é livre para
brincar até o momento em que se sentir satisfeita.
Ao situar os movimentos do tempo, a estruturação espacial está
intimamente ligada à temporal, uma vez que, o tempo matemático surge como
aquele que é medido, calculado dentro dos 60 minutos. A autora Fátima Alves
no livro Psicomotricidade: corpo, ação e emoção explica que todos nós
nascemos com a noção de ritmo e a explicitamos de forma inconsciente
através das necessidades orgânicas espontâneas (fome, sono), e este ritmo se
mantém em nosso cotidiano por meio das tarefas a serem realizadas, a
“igualdade de intervalos de tempo” se traduz em algumas brincadeiras, como
no jogo como peteca (tempo que o brinquedo leva ao se deslocar no ar de um
jogador para o outro), bilboquê, ioiô, diabolô, baragandão, estilingue, são
brinquedos cujo ritmo é marcado pelo tempo que o material leva para se
deslocar no espaço, e isso depende do quão alto é lançado, da distância entre
os participantes, do peso dos instrumentos e da habilidade de quem brinca.
Outros brinquedos determinam o tempo objetivo da brincadeira,
porém, se diferenciam dos citados anteriormente por acontecerem dentro de
um intervalo, ou seja, tem início, meio e fim, são eles: bolinha de gude,
queimada, quebra-cabeça, cama-de-gato, cinco marias, bola na lata e passa
anel. As brincadeiras cantadas no Anexo II e os jogos contidos no Anexo I
também descrevem um percurso tempo-espacial delimitado, outros tipos de
ritmos estão associados às brincadeiras de roda, são eles: ritmo motor, aditivo
e visual. A coordenação motora global será de total importância para a
aquisição destes ritmos destacados, uma vez que as cantigas de roda são
acompanhadas por movimentos e as letras indicam passagem contínua e
cadência do tempo.
38
“(...) Jean Piaget destacava a ação sobre o
brincar como elemento que estrutura a situação simbólica
inerente à brincadeira. A criança que brinca está
desenvolvendo sua linguagem oral, seu pensamento
associativo, suas habilidades auditivas e sociais, construindo
conceitos de relações espaciais e se apropriando de relações
de conservação, classificação, seriação, aptidões viso-
espaciais e muitas outras. ” (ANTUNES, 2003. p.19)
A estruturação da Percepção Espacial é profundamente interligada à
lateralidade, posto que o sujeito precisa movimentar seu corpo no espaço e
reconhecer a si como um todo e que este corpo se relaciona com os objetos,
pessoas, pelo mundo que o rodeia. Essa orientação é a relação entre o sujeito
e as direções longe, perto, acima, abaixo que são adquiridas nos primeiros
meses de vida, principalmente quando a criança é estimulada a buscar fonte
sonora, movimentos de cores e luzes, para depois adquirir os conceitos de
direito e esquerdo, o ato de engatinhar acontece ao se mover membros
superiores e inferiores alternando os lados, de modo que o equilíbrio se
mantenha e com isso a criança vai ganhando espaço. É comum que o adulto
ofereça ao bebê brinquedos de formas, texturas e cores diferentes, e até os
que emitem sons, a partir deste contato ele vai desenvolver não somente a
noção espacial jogando e buscando os brinquedos em diversa direções, ele
também vai desenvolver sua percepção visório-tátil-cinestésica. Todas as
brincadeiras presentes nos quadros em anexo acontecem em um espaço e em
tempos determinados, assim como os brinquedos podem ser manuseados pelo
tempo que lhe compete na regra ou pelo tempo que a criança desejar, esta
percepção espaço-temporal é determinante para uma boa aquisição da leitura
e da escrita por ambas possuem ritmos e ocuparem espaço, a descoordenação
de ambas ou se apenas uma vai se evidenciar na criança através de alguma
dificuldade de aprendizagem.
Sobre o Tônus muscular podemos dizer que o estado estático, bem
como ter o músculo realizando movimento, é verificada a tonicidade, ela está
39
presente na função motora em todas as brincadeiras, ao brincar com todo e
qualquer jogo ou brinquedo. Ou seja, o corpo mesmo estando em repouso
necessita que o músculo responda à esta exigência, a ação requer dele outro
resultado, e o tempo deste resultado ser obtido também será avaliado, se isso
for o objetivo, além de podermos avaliar a tensão muscular, portanto, temos as
classificações: hipertonia (rigidez muscular), hipotonia (redução da força
muscular) e o tônus normal.
Algumas funções psicomotoras são naturalmente realizadas no
desenvolvimento das crianças, todas são de modo inconsciente, pois ela não
busca por vontade próprio, contudo, o Equilíbrio como função primordial é
trazido de forma espontânea para as brincadeiras de se equilibrar em cima de
uma trave de canteiro, na gangorra, sobre um pé só, pulando sobre pedras.
Quanto ao conceito, temos “a colocação perfeita do centro de gravidade e a
combinação perfeita de ações musculares com o propósito de sustentar o
corpo sobre uma base”. (ALVES, 2012 apud TUBINO, 1975). Existem dois
tipos de equilíbrio, o Estático é observado nas brincadeiras: morto-vivo, pular
corda (Um Homem bateu em minha porta), amarelinha, bambolê e pular
elástico, pois nestas a criança deve se equilibrar em uma base, alternar os
apoios ou se manter no mesmo lugar mesmo com os dois pés sustentando o
corpo que vai estar em movimento nas direções “para cima e para baixo”. Já
nas brincadeiras: dança da cadeira, ‘Mamãe posso ir? ’ e Marcha soldado são
evidentes os deslocamentos em cadeia que o tônus muscular vai proporcionar,
mediante a aquisição também da percepção temporo-espacial para que o
movimento ocorra, movimentos estes que a coordenação motora ampla vai
permitir, mas sua conceituação virá logo a seguir, pois dando continuidade ao
equilíbrio é correto afirmar que a Lateralidade é a grande responsável.
Para o equilíbrio ocorrer, seja ele estático ou dinâmico, é preciso que
a Lateralidade esteja resolvida, pois ela significa a dominância sensorial e
motora de um lado em detrimento do outro, e, portanto, de um hemisfério do
cérebro sobre o outro. Essa preferência lateral vai gerar as condições: destro,
sinistro ou ambidestro, caso não haja uma definição clara sobre a dominância.
A mão com a qual a criança brinca de empurrar o carrinho, a mão que ele
40
prefere usar para mover as peças do jogo de tabuleiro, o lado que ela prefere
posicionar o estilingue para atirar no alvo, ou a mão que ela ergue para acertar
os pinos com a bola, além de determinar de forma lúdica a lateralidade daquele
indivíduo, também define como será seu desenvolvimento na leitura, a postura
do corpo para escrever, a maneira como ele se projeta no espaço.
No espaço onde ocorrem as brincadeiras cantadas, no tempo em
que os brinquedos distraem não só crianças, como também os adultos, o
domínio das mãos para cruzar as linhas na cama-de-gato, para lançar
delicadamente as bolinhas de gude, para passar o anel de mão em mão, para
executar os movimentos contracenando as cantigas de roda, para montar o
quebra-cabeça, para selecionar e pinçar as cartas do baralho ou do jogo da
memória, para empilhar as peças do dominó em sequência, somente é
possível se houver a coordenação motora fina desenvolvida, esta precisão dos
pequenos grupos musculares se destacam da coordenação motora ampla, pois
esta se refere aos movimentos dos grandes grupos musculares. São os
membros realizando ações de jogar, lançar, pular, correr saltar, subir e descer.
Dentro do assunto “coordenação” notamos a inter-relação de duas
ou mais funções psicomotoras, aqui vamos descrever tais: Coordenação áudio-
motora, Coordenação óculo-manual, Coordenação óculo-pedal e Coordenação
facial. No geral, ao se lançar uma bola tem-se um alvo a ser mirado, este
lançamento pode ser realizado com a mão ou com o pé, dependendo da
brincadeira. Em um jogo de futebol no momento do pênalti, o goleiro deve ficar
atento tanto ao movimento do corpo do jogador em posse da bola quanto à sua
expressão, que pode indicar a direção do objeto. No futebol de cegos, a bola é
adaptada recebendo guizos para que os atletas a localizem no campo, muitas
outras brincadeiras vão estimular a sonoridade, vão ter como regra seguir os
passos, movimentos através da oralidade, portanto, a coordenação áudio-
motora é a ação em consequência de um som. A habilidade de coordenação
entre o sentido da visão e os movimentos de coordenação motora ampla ou
fina com o corpo, sendo os membros superiores são chamadas óculo-manual,
sendo com os membros inferiores, será a óculo-pedal. Nesta, como foi dito, o
equilíbrio também será trabalhado. “A motricidade facial, expressiva e singular
41
de primatas e humanos são potentes sistemas de transmissão de mensagens
não verbais” (AVES, 2012. P.68), por este motivo a Coordenação Facial está
assinalada em todas as brincadeiras dos quadros em Anexo. Considerando
que todo bebê se comunica mesmo antes de adquirir a linguagem falada,
considerando que pessoas de civilizações diferentes podem se comunicar
através das expressões faciais, considerando que todas as crianças, as ditas
normais e as com deficiência trazem consigo a ludicidade e esta é expressada
por meio das sobrancelhas, olhos, boca, é relevante que nas brincadeiras
folclóricas nós destaquemos a coordenação facial, pois fazemos uso deste
gestual, que através dele deixemos transbordar emoções e conteúdos
psíquicos, e assim se torne real a Psicomotricidade.
42
CONCLUSÃO
"Recordo ainda ... E nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Algum brinquedo novo à minha porta...
Mas veio um vento de desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...
Estrada afora após segui... Mas aí,
Embora idade e senso eu aparente,
Não vos iluda o velho que aqui vai.
Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino...acreditai...
Que envelheceu, um dia de repente!..."
Mário Quintana.
O lúdico no folclore é o momento da socialização, do estreitamento
dos laços sociais. É espontânea a atividade lúdica, de caráter desinteressado,
estando presente nos jogos, brinquedos e brincadeiras de todos as
comunidades, sejam elas urbanas ou rurais. Embora frequentemente
reformulado, o universo lúdico folclórico não perdeu espaço com os brinquedos
eletrônicos. As peladas, as queimadas, as pipas, as cirandas, os peões, as
amarelinhas, os pega-pegas e tantos outros divertimentos, conhecidos por
diversos nomes e variações, continuam despertando o interesse de muita
gente, sejam crianças ou adultos. Mesmo sem uma noção clara da origem das
brincadeiras, sejam cantadas ou não, é possível visualizá-la a partir das
43
mesclas culturais entre os povos que formaram a nossa nação, e todo este
comportamento que conduziu à criação de formas de representação corporal
foram transmitidas e ressignificadas ao longo dos séculos.
A brincadeiras, brinquedos e jogos são instrumentos pelos quais as
crianças e adultos têm compartilhado sensações, emoções e sentimentos
reais. No brincar, corpo, mente e alma se manifestam espontaneamente e, num
misto de fantasia e realidade, cada um se envolve e vivencia cada experiência
de maneira única, exclusiva e intransferível.
A sociedade contemporânea ocidental vem sendo caracterizada pela
instrumentalização do humano, pela negação do ócio e pelo controle mercantil
sobre a produção e reprodução de bens materiais. Nesse mesmo modelo
social, o lúdico e a espontaneidade presentes na vida comunitária e,
particularmente, no brincar, acabam sendo vistos como "irrelevantes". Em
outros tempos ou em sociedades diferentes, o brincar na fantasia imitativo das
crianças se transforma de maneira mais natural em vida real, isto porque as
crianças convivem de forma mais participativa na sociedade que não se
estrutura de forma tão fragmentada. Através da imaginação e da fantasia,
brincando, elas sentem prazer de se fazer parecer com os adultos e, aos
poucos, hábitos, comportamentos e valores são verdadeiramente incorporados,
e isso inclui a Psicomotricidade, uma vez que, os comportamentos são ditados
por movimentos do corpo imbuídos de intenção que a emoção provoca
juntamente com fatores psicológicos.
É, então, nas brincadeiras de faz-de-conta que as crianças
encontram a possibilidade de representar o mundo de forma mais integrada.
Criam uma realidade imaginária, criam o que bem entendem, podem se
aproximar ou se afastar da imagem que têm dos adultos e, a seu modo, imitá-
los. O brincar também se manifesta no jogo que tem como uma de suas
principais e interessantes características o fato de que, quem joga, aceita se
submeter, voluntariamente, às regras estritamente estabelecidas, seja por
satisfação e vontade de participar, seja por obstinação de vencer um desfio ou
uma meta. As funções psicomotoras no último capítulo explicitam conceitos
que respaldam as brincadeiras como “coisa séria”, pois em cada regra, em
44
cada roda, em cada brinquedo tradicional contém uma enorme importância
para o desenvolvimento do ser humano com um todo.
Brincar pra se divertir, para aprender, para retornar a uma época tão
boa ou que é preciso ser rememorada; para expressar um sentimento há muito
tempo guardado e que nos incomoda ou não; brincar simplesmente porque faz
parte da nossa vida como algo tão habitual, porque sentimos a vontade de
sermos outra pessoa em outros momentos, para fingirmos ter aquilo que não
temos ou fazer com aquilo que não temos um mundo novo, descobrir que tudo
por alguns minutos pode ser aquilo que quisermos, uma realidade perfeita,
perfeita para todos e que satisfaz inteiramente a alma. É pela alma...e pelo
corpo.
45
BIBLIOGRAFIA
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– Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012.
• ANTUNES, Celso, 1937 – O jogo e a educação infantil: falar e dizer,
olhar e ver, escutar e ouvir, fascículo 15 / Celso Antunes. ─ Petrópolis, RJ:
Vozes, 2003.
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Musical Suzana Sanson. – São Paulo: 2003. 68 p.: il.:
• BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente. Lei Federal nº 8069/90
de 13/07/1990. Estado do Rio de Janeiro, 2001. ALERJ
• CASCUDO, Luís da Câmara, 1898-1986. Dicionário do folclore brasileiro
/ Luís da Câmara Cascudo. – 9. ed. Revista, atualizada e ilustrada – São Paulo:
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• KISHIMOTO, Tizuko M. / Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação.
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• QUEM CANTA SEUS MALES ESPANTA / Coordenação: Theodora
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46
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47
AN
EX
O I
ESQUEMA
CORPORAL
PERCEPÇÃO
TEMPORAL
PERCEPÇÃO
ESPACIAL
TÔNUS
MUSCULAREQUILÍBRIO LATERALIDADE
COORDENAÇÃO
MOTORA FINA
COORDENAÇÃO
MOTORA AMPLA
COORDENAÇÃO
ÁUDIO-MOTORA
COORDENAÇÃO
ÓCULO-MANUAL
COORDENAÇÃO
ÓCULO-PEDAL
COORDENAÇÃO
FACIAL
AMARELINHA X X X X X X X X X X x
COBRA-CEGA X X X X X X X X x
SOLDADO E LADRÃO X X X X X X X
PIQUE PEGA X X X X X X X X X
PIQUE ALTO X X X X X X X X X x
PIQUE BAIXO X X X X X X X X X x
PIQUE COLA X X X X X X X X X
PIQUE CORRENTE X X X X X X X X X
PIQUE FRUTA X X X X X X X X X
PIQUE PAREDE X X X X X X X X x
PIQUE ALERTA X X X X X X X X x
CARNIÇA X X X X X X X X xCHICOTINHO
QUEIMADOX X X X X X X x
DANÇA DA CADEIRA X X X X X X X X X X X
MORTO-VIVO X X X X X X X X X
O MESTRE MANDOU X X X X X X X X
ESCONDE -ESCONDE X X X X X X x
ADEDANHA X X X X X X X
ADOLETA X X X X X X X X
ESCRAVOS DE JÓ X X X X X X X X X
TOUCINHO X X X X X X X x
TREM MALUCO X X X X X X X X X X x
UNI DUNI TÊ X X X X X X X
VACA AMARELA X X X X X X
BOCA DE FORNO X X X X X X X X X
CIRANDINHA X X X X X X X X X X X
SEU LOBO X X X X X X X X
MAMÃE, POSSO IR? X X X X X X X X X X XUM HOMEM BATEU
EM MINHA PORTAX X X X X X X X X X X X
GATO COMEU X X X X X X X X X X
A BARATA X X X X X X X X X X
A CANOA VIROU X X X X X X X X X x
A LINDA ROSA X X X X X X X X X xATIREI O PAU NO
GATOX X X X X X X X X x
CARANGUEJO X X X X X X X X X xEU SOU POBRE,
POBREX X X X X X X X X X
FUI NO ITORORÓ X X X X X X X X X X
MARCHA, SOLDADO X X X X X X X X X XSE ESTA RUA FOSSE
MINHAX X X X X X X X X X
TEREZINHA DE JESUS X X X X X X X X X X
FUNÇÕES PSICOMOTORAS
BRINCADEIRAS
48
ESQUEMA
CORPORAL
PERCEPÇÃO
TEMPORAL
PERCEPÇÃO
ESPACIAL
TÔNUS
MUSCULAREQUILÍBRIO LATERALIDADE
COORDENAÇÃO
MOTORA FINA
COORDENAÇÃO
MOTORA AMPLA
COORDENAÇÃO
ÁUDIO-MOTORA
COORDENAÇÃO
ÓCULO-MANUAL
COORDENAÇÃO
ÓCULO-PEDAL
COORDENAÇÃO
FACIAL
PETECA X X X X X X X X X x
PIÃO X X X X X X x
BOLINHA DE GUDE X X X X X X x
BAMBOLÊ X X X X X X x
ELÁSTICO X X X X X X X X x
BILBOQUÊ X X X X X X X x
IOIÔ X X X X X X x
DIABOLÔ X X X X X X X x
PIPA X X X X X X X X x
QUEIMADA X X X X X X X X X X
BARAGANDÃO X X X X X X
TELEFONE SEM FIO X X X X X
QUEBRA-CABEÇA X X X X X X x
CAMA DE GATO X X X X X X x
CARRINHO X X X X X X X X
BONECA X X X X X X X
CAVALO DE PAU X X X X X X X X
CINCO MARIAS X X X X X X X x
ESTILINGUE X X X X X X x
FANTOCHES X X X X X X
BOLA NA LATA X X X X X X X X x
PASSA ANEL X X X X X X X
BRINQUEDOS
FUNÇÕES PSICOMOTORAS
49
ESQUEMA
CORPORAL
PERCEPÇÃO
TEMPORAL
PERCEPÇÃO
ESPACIAL
TÔNUS
MUSCULAREQUILÍBRIO LATERALIDADE
COORDENAÇÃO
MOTORA FINA
COORDENAÇÃO
MOTORA AMPLA
COORDENAÇÃO
ÁUDIO-MOTORA
COORDENAÇÃO
ÓCULO-MANUAL
COORDENAÇÃO
ÓCULO-PEDAL
COORDENAÇÃO
FACIAL
DOMINÓ X X X X X X X X X x
DA VELHA X X X X X X X X
DE DAMA X X X X X X X
BINGO X X X X X X
RESTA UM X X X X X X X
DA MEMÓRIA X X X X X X X X X X
DE CARTAS X X X X X
DE ADIVINHAÇÃO X X X X X X
FUNÇÕES PSICOMOTORAS
JOGO
50
ANEXOII
LETRAS DAS MÚSICAS COMO BRINCAR
ADOLETA
A-do-le-ta
Lepeti peti polá
Nescafé com chocolate
A-do-le-ta
Puxo o rabo do tatu
Quem saiu foi tu
Bi-ci-cle-ta
Hoje eu vou de pedalar
Duas horas a rodar
Bor-bo-le-ta
Amarela e preta
Brincado em duplas
Sentadas, uma em frente à outra, as crianças cantam
os versos, batendo as palmas da mão, em
movimentos ritmados, em velocidade sempre
crescente.
Brincado em roda
Sentadas em roda, com as mãos viradas para cima, as
crianças cantam os versos, batendo na mão do colega
ao lado. No verso final, a criança que receber ou a
que errar a palmada sai.
Na brincadeira em duplas, o que está em jogo é a
habilidade motora. Em roda, há o desafio da atenção.
ESCRAVOS DE JÓ
Escravos de Jó, jogavam caxangá,
Escravos de Jó, jogavam caxangá.
Tira, bota, deixa o Zé Pereira ficar
Guerreiros com guerreiros, fazem zigue zigue zá,
Guerreiros com guerreiros, fazem zigue zigue zá.
Os jogadores sentam em círculo, cada um com uma
pedrinha ou outro objeto pequeno, que será
passado de um integrante para o outro em uma
coreografia de vai e vem seguindo o ritmo da música
“Escravos de Jó”
TÍTULO DA MÚSICABRINCADEIRAS CANTADAS
51
LETRAS DAS MÚSICAS COMO BRINCAR
TOUCINHO
Cadê o toucinho que estava aqui?
O gato comeu.
Cadê o gato?
Foi para o mato.
Cadê o mato?
O fogo queimou.
Cadê o fogo?
A água apagou.
Cadê a água?
O boi bebeu.
Cadê o boi?
Está amassando o trigo.
Cadê o trigo?
A galinha espalhou.
Cadê a galinha?
Está botando ovo.
Cadê o ovo?
O frade bebeu.
Cadê o frade?
Está na missa.
Cadê a missa?
Está na caixinha.
Cadê a caixinha?
Está no rio abaixo e foi parar aqui.
Uma pessoa abre a mão da outra e faz uma pergunta,
ela responde , então pergunta-se de novo até
terminar a sequência.
TREM MALUCO
O trem maluco
Que saiu de Pernambuco
E foi chic-chic
Até chegar no Ceará
Rebola pai
Rebola mãe
Rebola filho
Eu também sou da família
Também quero rebolar
Um pouquinho de coca-cola
Um pouquinho de guaraná
Para re-fres-car
Minha mãe me pôs na escola
Para aprender o be-a-bá
A danada da professora
Me ensinou a namorar
Namorei um garotinho
Do colego militar
O danado do garoto
Só queria me beijar
Sete e sete são quatorze
Com mais sete vinte um
Tenho sete namorados
Mas não gosto de nenhum.
As crianças fazem fila com as mãos nos ombros uma
da outra. Imitam um trem e saem cantando e
dançando.
UNI DUNI TÊ
"Uni duni tê
Salame minguê
Um sorvete colorê
O escolhido foi você!"
Existem outras versões, contudo o modo de brincar
se processa da mesma forma: em roda ou em dupla
as crianças cantam a música, a pessoa que inicia vai
apontar para outra criança, a que apontou terá que
sair da roda e ainda por diante.
VACA AMARELA
Vaca amarela
Fez cocô na panela
Quem falar primeiro
Vai comer o cocô dela.
Após cantarem a música todos devem ficar em
silêncio.
TÍTULO DA MÚSICABRINCADEIRAS CANTADAS
52
LETRAS DAS MÚSICAS COMO BRINCAR
BOCA DE FORNO
MESTRE: Boca de forno
DEMAIS: Forno é
MESTRE: Vão fazer tudo que o mestre mandar?
DEMAIS: Vamos!
MESTRE: E se não fizer?
DEMAIS: Leva bolo
Brincam um mestre e os demais participantes. Aí, o
mestre manda os participantes buscarem algo. Quem
trouxer primeiro, será o novo mestre, os demais,
levarão palmadas na mão. E assim por diante.
CIRANDINHA
Ciranda, cirandinha,
Vamos todos cirandar.
Vamos dar a meia-volta,
Volta e meia vamos dar
O anel que tu me deste
Era vidro e se quebrou.
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou
Por isso, dona .........,
Entre dentro dessa roda,
Diga um verso bem bonito,
Diga adeus e vá-se embora.
Para iniciar, a primeira regra é ficar de mãos dadas
em roda. Assim, o grupo irá girar no sentido horário,
cantando a canção.
Seguindo na coreografia indicada na música:
“Vamos dar a meia volta” -- Nesta parte da música o
grupo deverá dar meia-volta e girar no sentido
oposto.
“Volta e meia vamos dar”-- O grupo dará mais uma
meia-volta e girará no sentido inicial.
“Por isso dona/seu”-- Fala o nome de uma das
crianças que estão na roda
“Diga um verso bem bonito
Diga adeus e vá-se embora”-- Nesta etapa, a criança
selecionada irá para o meio da roda com o objetivo
de recitar um versinho.
As dificuldades vão aumentando.
SEU LOBO
Vamos passear no bosque
Enquanto seu lobo vem
Seu lobo está em casa?
Tá...
O que está fazendo?
Estou tomando acordando...
Vamos passear no bosque
Enquanto seu lobo vem
Seu lobo está em casa?
Tá...
O que está fazendo?
Estou escovando os dentes...
Vamos passear no bosque
Enquanto seu lobo vem
Seu lobo está em casa?
Tá...
O que está fazendo?
Estou tomando banho...
Vamos passear no bosque
Enquanto seu lobo vem
Seu lobo está em casa?
Tá...
O que está fazendo?
Estou botando a roupa...
Vamos passear no bosque
Enquanto seu lobo vem
Seu lobo está em casa?
Tá...
Um jogador é escolhido para ser o lobo e se esconde.
Os demais dão as mãos e caminham em sua direção,
enquanto cantam. O seu lobo responde que ele está
ocupado, tomando banho, enxugando-se, vestindo-
se (como quiser inventar). Então os demais
participantes se distanciam e depois voltam fazendo
a mesma pergunta e recebendo respostas
semelhantes. A brincadeira se repete até que, numa
dada vez, seu lobo, já pronto, sem responder nada,
sair correndo atrás dos outros. Quem for pego, passa
a ser o novo seu lobo.
TÍTULO DA MÚSICABRINCADEIRAS CANTADAS
53
LETRAS DAS MÚSICAS COMO BRINCAR
UM HOMEM BATEU
EM MINHA PORTA
Um homem bateu em minha porta
E eu abri
Senhoras e senhores: põe a mão no chão
Senhoras e senhores: pule de um pé só
Senhoras e senhores: dê uma rodadinha
E vá pro olho da rua X
Ra, re, ri, ro, ru, rua
É uma brincadeira de corda ondeduas pessoas batem
a corda enquanto outra (ou mais) pulam obedecendo
ao que se pede na canção. No verso final a crinça
deve pular para fora sem parar o movimento da
corda.
GATO COMEU
Dedo Mindinho,
Seu vizinho,
Pai de todos,
Fura-bolo,
Cata-piolho
(Apontando para a palma da mão da criança)
Cadê o toucinho que estava aqui?
Criança responde: O gato comeu!
Dedo Mindinho,
Seu vizinho,
Pai de todos,
Fura-bolo,
Cata-piolho
(Apontando para a palma da mão da criança)
Cadê o toucinho que estava aqui?
Criança responde: O gato comeu!
Pegar na mão da criança com a palma para cima e ir
tocando cada dedinho, começando pelo dedo
mínimo. Imitando um rato, adulto caminha com dos
dedinhos pelo braço da criança até o pescoço,
fazendo cosquinhas.
A BARATA
A barata diz que tem sete saias de filó,
É mentira da barata, ela tem é uma só.
Ah! Ah! Ah!
Oh! Oh! Oh! (BIS)
Ela tem é uma só.
A barata diz que tem uma cama de marfim,
É mentira da barata, ela tem é de capim.
Ah! Ah! Ah!
Oh! Oh! Oh!
Ela tem é de capim.
A barata diz que tem, um sapato de fivela,
É mentira da barata, o sapato é da mãe dela.
Ah! Ah! Ah!
Oh! Oh! Oh!
O sapato é da mãe dela.
As crianças cantam e de mãos dadas, vão rodando ao
ritmo da canção. Quando chegam no verso
"Ah!Ah!Ah!/Oh!Oh!Oh!", elas se soltam, param de
rodar e fingem dar risadas. Depois, você pode
estimular a garotada a criar outras coreografias para
essa canção.
A CANOA VIROU
A canoa virou.
Por deixá-la virar,
foi por causa do Pedrinho(?).
Que não soube remar.
Se eu fosse um peixinho
e soubesse nadar,
tirava o Pedrinho(?)
do fundo do mar.
As crianças giram cantando somente a primeira parte
da música até o verso" QUE NÂO SOUBE REMAR". Elas
trocam "Pedrinho" pelo nome de um colega. O
escolhido se solta, vira-se de costas para o centro da
roda e dá as mãos novamente para os colegas. A
cantoria recomeça e o grupo vai elegendo um a um
os companheiros até que todos tenham sido
chamados e de costas para o centro da roda. Ainda
girando, eles começam a segunda parte da canção,
chamando novamente os colegas, um a um. A
brincadeira termina quando todos estiverem
novamente de frente para o centro da roda.
TÍTULO DA MÚSICABRINCADEIRAS CANTADAS
54
LETRAS DAS MÚSICAS COMO BRINCAR
A LINDA ROSA
A linda Rosa juvenil, juvenil, juvenil,
A linda Rosa juvenil, juvenil.
Vivia alegre no seu lar, no seu lar, no seu lar,
Vivia alegre no seu lar, no seu lar.
Mas uma feiticeira má, muito má, muito má,
Mas uma feiticeira má, muito má
Adormeceu a Rosa assim, bem assim, bem assim,
Adormeceu a Rosa assim, bem assim.
Não há de acordar jamais, nunca mais, nunca mais,
Não há de acordar jamais, nunca mais.
O tempo passou a correr, a correr, a correr,
O tempo passou a correr, a correr.
E o mato cresceu ao redor, ao redor, ao redor,
E o mato cresceu ao redor, ao redor.
Um dia veio um belo rei, belo rei, belo rei,
Um dia veio um belo rei, belo rei
Que despertou a Rosa assim, bem assim, bem assim,
Que despertou a Rosa assim, bem assim.
Três crianças representam a Rosa, o rei e a feiticeira.
As demais se organizam em roda, com a Rosa no
centro. As crianças cantam a cantiga em roda
representando alguns trechos. Quando chega o verso
“Adormeceu a Rosa assim...”, a feiticeira entra no
círculo e joga um feitiço na Rosa, que “dorme”
deitando no chão. Ao cantar “E o mato cresceu ao
redor...”, as que estão na roda mostram o mato
crescido esticando os bracinhos sobre a Rosa. No
final, a Rosa e o rei saltam ou fazem um corrupio
mostrando o quanto estão felizes.
ATIREI O PAU NO
GATO
Atirei o pau no gato-to,
Mas o gato-to não mor reu-reu-reu.
Dona Chica-ca admirou-se-se
Do berro, do berro que o gato deu: Miau!
As crianças giram e cantam dispostas em roda, todos
cantam até que no verso “Do berro, do berro que o
gato deu: Miau! ” devem imitar o berro do gato.
CARANGUEJO
Palma, palma, palma
Pé, pé, pé
Roda, roda, roda
Caranguejo peixe é...
Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Caranguejo só é peixe
Na enchente da maré.
As crianças giram e, no verso “Ora, palma, palma,
palma!”, todas batem palmas; em “Ora, pé, pé, pé!”,
batem os pés no chão; e ao cantar “Ora, roda, roda,
roda”, giram de mãos dadas até o fim da música. No
último verso, “Caranguejo peixe é!”, elas agacham.
EU SOU POBRE,
POBRE
Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré, marré, marré,
Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré deci.
Eu sou rica, rica, rica,
De marré, marré, marré,
Eu sou rica, rica, rica,
De marré deci.
Eu queria uma de vossas filhas,
De marré, marré, marré,
Eu queria uma de vossas filhas,
Escolhei a qual quiser,
De marré, marré, marré,
Escolhei a qual quiser,
De marré deci.
Eu de pobre fiquei rica,
De marré, marré, marré,
Eu de rica fiquei pobre,
De marré deci.
Duas crianças dançam em vaivém. Enquanto isso, as
demais torcem para serem escolhidas. Quanto à
disposição, duas crianças ficam de frente, uma será a
mãe rica e a outra a pobre. As demais ficam atrás da
mãe pobre. A mãe pobre anda em direção à rica e
canta os primeiros versos. Ao chegar perto, ela se
afasta. A segunda quadra é cantada pela outra, que
avança em direção à pobre. Elas se alternam até a
rica escolher alguém. Essa canta a última parte da
música e tudo recomeça.
TÍTULO DA MÚSICABRINCADEIRAS CANTADAS
55
LETRAS DAS MÚSICAS COMO BRINCAR
FUI NO ITORORÓ
Fui no Itororó,
Beber água, não achei.
Achei bela morena
Que no Itororó deixei.
Aproveita, minha gente,
Que uma noite não é nada.
Se não dormir agora,
Dormirás de madrugada.
Ó, dona Maria,
Ó, Mariazinha,
Entrarás na roda,
Ficarás sozinha!
Sozinha eu não fico
Nem hei de ficar
Porque tenho Pedro
Para ser meu par.
(bis)
Põe aqui o seu pezinho,
Bem juntinho ao pé do meu
E depois não vá dizer
Que você se arrependeu.
A roda gira enquanto as crianças cantam as primeiras
três partes e, na terceira, elas escolhem um deles
para ir para o centro da roda. Esta criança escolhida
responde cantando a quarta parte e ao citar o nome
de outra criança de roda coloca-se à sua frente.
Todos cantam a quinta parte, batendo palmas de
acordo com o ritmo da cantiga, enquanto as duas
crianças escolhidas dão a mão direita, estendem a
perna direita para frente e colocam os pés juntinhos
batendo palmas enquanto as duas pulam ora num
pé, ora no outro, estendendo as pernas
alternadamente para frente.
MARCHA, SOLDADO
Marcha Soldado
Cabeça de Papel
Se não marchar direito
Vai preso pro quartel
O quartel pegou fogo
A polícia deu sinal
Acorda acorda acorda
A bandeira nacional
As crianças marcham enquanto cantam a música.
SE ESTA RUA FOSSE
MINHA
Se esta rua,
Se esta rua fosse minha,
Eu mandava,
Eu mandava ladrilhar,
Com pedrinhas,
Com pedrinhas de brilhantes,
Para o meu,
Para o meu amor passar.
Nesta rua,
Nesta rua tem um bosque,
Que se chama,
Que se chama solidão.
Dentro dele,
Dentro dele mora um anjo,
Que roubou,
Que roubou meu coração
Nesta rua,
Nesta rua tem um bosque,
Que se chama,
Que se chama solidão.
Dentro dele,
Dentro dele mora um anjo,
Que roubou,
Que roubou meu coração.
Os pequenos giram e esperam ser escolhidos por
quem está no centro. A última parte é cantada
apenas por quem está no centro. Quando termina de
cantar, ela abraça um colega que a substitui.
TEREZINHA DE JESUS
Terezinha de Jesus,
De uma queda,
Foi ao chão.
Acudiram três cavalheiros,
Todos os três de chapéu na mão.
O primeiro, foi seu pai,
O segundo, seu irmão,
O terceiro, foi aquele
Que a Tereza deu a mão.
O grupo gira cantando. No fim da cantoria, a criança
do centro puxa para o meio a que deverá substituí-la.
TÍTULO DA MÚSICABRINCADEIRAS CANTADAS
56
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O Brincar 10
1.1. Brincadeira e Brinquedo 13
1.2. Aspectos físicos e psicológicos proporcionados pelo Brincar 16
CAPÍTULO II
Brincadeiras tradicionais e Brinquedos Folclóricos 23
2.1. Modalidades das brincadeiras e brinquedos tradicionais 27
2.2. Jogos 30
CAPÍTULO III
Psicomotricidade: as funções Psicomotoras presentes no Brincar 33
3.1. Funções Psicomotoras 35
CONCLUSÃO 42 BIBLIOGRAFIA 45 WEBGRAFIA 46 ANEXO I 47 ANEXO II 50 ÍNDICE 56