revista tela viva - 99 novembro de 2000

48
www.telaviva.com.br Nº99 NOVEMBRO 2000 FESTIVAL RIO BR 2000 JÁ É CENTRO DE NEGÓCIOS SOLUÇÕES DO MERCADO DE COMPUTAÇÃO GRÁFICA INCÓGNITAS DO MERCADO DE TV • POR QUE O MARKET SHARE NÃO SEGUE A AUDIÊNCIA? • POR QUE NÃO SE SABE A FATIA DE CADA UM? INCÓGNITAS DO MERCADO DE TV • POR QUE O MARKET SHARE NÃO SEGUE A AUDIÊNCIA? • POR QUE NÃO SE SABE A FATIA DE CADA UM?

Upload: converge-comunicacoes

Post on 22-Mar-2016

229 views

Category:

Documents


8 download

DESCRIPTION

Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

www.telaviva.com.br

Nº99Novembro 2000

festival rio br 2000 jáé ceNtro de Negócios

soluções do mercadode computação gráfica

INCÓGNITAS DO MERCADO DE TV

• POR QUE O MARKET SHARE NÃO SEGUE A AUDIÊNCIA?• POR QUE NÃO SE SAbE A fATIA DE CADA UM?

INCÓGNITAS DO MERCADO DE TV

• POR QUE O MARKET SHARE NÃO SEGUE A AUDIÊNCIA?• POR QUE NÃO SE SAbE A fATIA DE CADA UM?

Page 2: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 3: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

@w w w . t e l a v i v a . c o m . b r

Í N d i c e

este s ímbolo l iga você aos serv iços tela viva na internet .

ï guia tela viva

ï fichas técnicas de comercia is

ï edições anter iores da tela viva

ï legis lação do audiovisual

ï programação regional

SCANNER 4

CAPA 10

TELEJORNALISMO 12

TELEVISÃO 18

PROGRAMAÇÃOREGIONAL 20

MAKINGOF 28

COMPUTAÇÃOGRÁFICA 30

CINEMA 34

FESTIVAL 38

FIQUEPORDENTRO 44

AGENDA 46

e d i t o r i a l

Muitos brasileiros fazem romaria durante o mês de outubro em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, a santa padroeira do País. Por coincidência, o Ato nº 12.148, de 6 de outubro de 2000, da Agência Nacional de Telecomunicações, inaugurou uma nova modalidade de romeiros brasileiros: dos permissionários de geradoras educativas. Sessenta e cinco novos canais educativos foram incluídos no Plano Básico de Distribuição de Canais de Televisão em VHF e UHF, iniciando a farra das permissões prevista após a publicação do Decreto nº 3.451 (09/05/2000), uma iniciativa esdrúxula do Ministério das Comunicações. O Estado de Minas Gerais, do ministro Pimenta da Veiga, para variar, é o campeão das solicitações atendidas pela Anatel. Conseguiu neste primeiro lote converter 28 canais de retransmissão educativa em geradoras educativas. Em matéria publicada na revista CartaCapital de 21 de junho deste ano, o jornalista Bob Fernandes expôs diversas situações de flagrante desrespeito à legislação. O próprio então ouvidor do órgão que acaba de publicar as alterações nos planos básicos de transmissão e retransmissão de canais de TV, deputado Saulo Coelho (PSDB-MG), assumiu publicamente não cumprir a lei entre outras tantas revelações sobre a situação política. A TV Ubá, do “filho” do ex-funcionário da Telemig e da Anatel tem tabela de preço para inserção comercial e ainda ensina qual é a melhor maneira para anunciar até cachaça na emissora como mostra a reportagem. Se a emissora educativa em mãos da família de alguém que foi o primeiro indicado pelo ministro das comunicações Pimenta da Veiga para fiscalizar as ações da Anatel adota uma postura tão descarada, imagine o que acontece nas outras! Em tempo, a TV Ubá é uma das felizes contempladas com um canal educativo. É certo que o Brasil precisa investir em educação para poder se desenvolver. A ignorância é a principal arma que ditadores e coronéis políticos têm para se manter no poder. Pretender que o povo possa ser educado através desse tipo de canais “educativos” de televisão fartamente distribuídos pelo governo é o mesmo que acreditar em Papai Noel, no Coelhino da Páscoa, bruxas, fadas, duendes etc. Precisamos realmente acabar com os analfabetos e semi-analfabetos deste país para que coisas desse nível não voltem a acontecer no futuro. A transformação das famigeradas retransmissoras educativas em geradoras deve ter sido o caminho encontrado para manter o nível de ignorância e atraso de grande parcela da população brasileira no mesmo patamar atual.

edylita falgetano

Os diferentes índices dO mercadO de tV

eleições 2000

rede mulher

santa catarina

as ferramentas dO mercadO

direçãO de fOtOgrafia nO d-cinema

riO Br 2000

Page 4: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

NADA MAIS QUE A VERDADECom criação da Talentbiz e produção da Trattoria di frame, a nova campanha do paulistano Jornal da Tarde explora o tema da campanha política. O filme “Sinceridade” mostra um candidato no horário eleitoral gratuito que não tem vergonha de dizer a verdade. O candidato diz que não vai fazer nada e ainda vai desviar dinheiro: e, segundo o filme, só o JT poderia mostrar a verdade sobre os candidatos. A criação é de Paulo André Bione e Toni Rodrigues, a direção de criação é assinada por Ana Carmen Longobardi e Roberto Lautert e a direção do filme é de Fabio Mendonça.

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 0�

S C A N N E RPRODUÇÃO

INTERNACIONALO cineasta brasileiro Henrique Goldman, radicado em Londres, foi um dos destaques da 24ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, com a exibição de seu filme “Princesa”. O filme conta a história de um travesti brasileiro, Fernanda, que em Milão se casa com um italiano e constitui família. A história é baseada em livro de Maurício Janelli e Fernanda Albuquerque e o filme é uma co-produção entre Reino Unido, Itália, França e Alemanha.

OLÉ EM PORTUGALA atriz e coordenadora dos Estúdios Mega Maria Clara Fernandes está no elenco na nova minissérie da Rede Globo, “Os maias”, baseada em livro homônimo do escritor português Eça de Queiroz. Maria Clara interpreta a personagem Encarnación, que faz par com o ator Matheus Nachtergaele. O convite para atuar partiu do diretor Luiz Fernando Carvalho, que já conhecia seu trabalho no teatro. Maria Clara é atriz desde os 13 anos e nunca deixou os palcos, mesmo trabalhando no Estúdio Abertura e agora no Mega. Sua última peça, “Laços de família”, foi recorde de bilheteria. Ela aproveita suas férias para interpretar a personagem que vem da Espanha, mesma origem de sua família.

OUTRA FUNÇÃOA Newcomm Bates tem um novo RTV. Alexandre - ou Alê - Marcondes deixou a produção executiva da Salatini Filmes (atual Lux Filmes) para assumir o novo cargo. Em sua carreira, Alê já atuou em várias frentes: passou por agências como W/Brasil e Leo Burnett e também foi atendimento da JX Filmes e coordenador de produção da Cia. de Cinema.

A produtora de computação gráfica Macchina 1 assina a produção completa do filme criado pela Ghirotti & Cia para a Fundação de Ciências Aplicadas de São Paulo (FEI). As animações mostram a transformação de objetos antigos em novos, demonstrando o avanço da tecnologia

ao longo dos anos e representando cada um dos cursos oferecidos pela faculdade. O filme tem direção do artista de computação gráfica Ivã Righini, que também foi responsável pela produção, em parceria com a Trattoria di Frame, dos filmes da campanha de fibra óptica da Embratel.

VESTIbULAR HI-TECH

Após a aquisição dos direitos exclusivos de transmissão da Fórmula Mundial no Brasil para os próximos dois anos, a Rede Record está empenhada na comercialização das cinco cotas de patrocínio. A assinatura do contrato entre a emissora e a Sports International Marketing, empresa responsável pela fórmula Mundial (Fórmula Indy) no Brasil, no final do mês passado, contou com as presenças de Emerson Fittipaldi e Daniel Pedroso, respectivamente promotor e diretor executivo da Rio 200, etapa brasileira da categoria; e de Roberto Franco, Marcus Aragão, Marcus Vinicius Chisco, Ricardo Frender, Carlos Clemente, respectivamente vice-presidente, superintendente de programação, diretor de programação da Record, superintendente comercial e diretor nacional de comercialização. A primeira etapa da temporada 2001 da Fórmula Mundial será realizada no dia 11 de março em Monterey, no México. A Rio 200, será a segunda corrida do campeonato e está prevista para o dia 25 de março no Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

VELOCIDADE

foto

: div

ulga

ção

roberto franco e emerson fittipaldi

Page 5: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 0 �

S C A N N E RCURTA ENGAJADO

O diretor Mario Diamante acaba de concluir as filmagens do curta “Para normais”, que faz parte de um grande projeto cujo objetivo é apoiar a luta contra a aids. O filme é voltado ao público heterossexual e procura demonstrar a importância do uso da camisinha com uma linguagem voltada ao público jovem e distante dos preconceitos.

ARRETADOCelso Coli transferiu-se para Recife (PE) para assumir o comando da TV Globo Recife e coordenar o Projeto Nordeste Integrado. Temporariamente, as divisões da Central Globo de Operações Comerciais (CGOPC), que era dirigida por Coli, deverão se reportar ao superintendente comercial da emissora, Octávio Florisbal. Coli havia sido o primeiro nome cotado para o cargo, porém só no mês passado tomou a decisão de mudar de ares. Orlando Marques, que esteve à frente da regional e projeto nordestino desde abril deste ano, deixou definitivamente a Globo.

PRODUTIVIDADEPaula Cavalcanti, que exercia o cargo de diretora de Produção do SBT, foi promovida a diretora geral de produção, cargo recém-criado na emissora. Para sua antiga função foi nomeado Leon Abravanel Júnior.

REFORÇOAlex Yoshinaga é o novo colorista dos Estúdios Mega. O profissional traz na bagagem cinco anos de experiência em telecinagem, com passagens pelo Studio Abertura, Casablanca e Tape House. Recentemente, Yoshinaga aperfeiçoou-se ainda mais com um período de treinamento na Philips alemã.

fILMES NA NETDe olhos abertos para o mercado que se abriu com a Internet, o festival do Minuto, organizado pelo diretor Marcelo Masagão, incluiu este ano a categoria de filmes especialmente criados para a rede. O vencedor foi o brasileiro “Bike”, de Diego MacLean, que recebeu o prêmio de R$ 2,5 mil. Os vencedores na categoria vídeo foram Lorenza Manrique, do México, com o trabalho intitulado “Aqui no hay remedio”, e o brasileiro “Na vida de um homem duas coisas podem acontecer”, de Flávio Meirelles. Confira os demais premiados no site uol.com.br/minuto/min2000/menutop.htm

A produtora gaúcha Estação Elétrica filme e Vídeo está comemorando seu primeiro aniversário com um contrato de co-produção com a TVCOM, emissora do grupo RBS. A parceria prevê a produção de cinco programas de TV com a participação de artistas da gravadora Trama, de João Marcelo Bôscoli. O material será captado a partir de 15 shows gravados ao vivo no Bar Opinião, em Porto Alegre, que fazem parte do projeto “Trama ao vivo”. Os shows são dirigidos por

Rene Goya Filho, que também assina a direção de videoclipes e especiais para televisão, como o “Planeta Atlântida”.

A Estação Elétrica também vem mantendo uma parceria de trabalho com a produtora paulista Movi&Art. Como resultado desse casamento, já foram para o ar os filmes da Olympikus para as Olimpíadas de Sidney, estrelados pelos atletas Claudinei Quirino e Maureen Magi e dirigidos por Christiano Metri. Os

PARCERIAS CRIATIVAS

PARA O ANOApesar da expectativa de uma decisão quanto ao padrão a ser adotado para a TV digital brasileira, o parecer final da Anatel não deve sair antes de março do próximo ano. Isso porque ainda não foram divulgados os resultados das consultas públicas já realizadas. Falta à agência também colocar em consulta o relatório técnico da consultoria do CPqD, que ainda não foi apreciado pelo Conselho Diretor da Anatel.

O MUNDO É DAS MULHERES

As cineastas brasileiras levaram todos os prêmios do público na Mostra Rio bR 2000 (leia mais sobre o festival na página 38). Nas três categorias (curta, documentário e longa de ficção), ganharam filmes dirigidos por mulheres: “Tainá: uma aventura na Amazônia”, de Tânia Lamarca, foi escolhido melhor longa brasileiro; “O sonho de Rose (dez anos depois)”, de Tetê Moraes, foi o melhor documentário; e “O branco”, das gaúchas Ângela Pires e Liliane Sulzbach, melhor curta.

Page 6: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 0�

S C A N N E RDEUTSCHER TESTO engenheiro Paulo Henrique de Castro, da Rede Globo, esteve recentemente em Hannover, na Alemanha, para assistir a uma demonstração de transmissão móvel feita pelo Instituto de Tecnologia da Comunicação da Braunschweig Technical University. Paulo Henrique, que atua nos projetos de transmissão digital da emissora, acompanhou o test drive de um sistema de DVB-T para uma rede alemã de TV. Mesmo usando um transmissor de apenas 2 kW de potência, o sinal foi bem recebido no veículo que chegou a rodar a 170 km/h.

FOCO AMPLIADOA chegada do diretor de animação Arnaldo Galvão à produtora de computação gráfica Terracota trouxe novos estímulos à equipe, que está empenhada na produção de programas em animação para a TV. Galvão trouxe sua experiência do programa “Castelo Rá-Tim-Bum” e já emplacou prêmios este ano com o curta-metragem “Almas em chamas”, uma história erótica assinada por Flavio de Souza e totalmente produzida em computação gráfica. Em parceria com a artista Laís Dias, sócia da Terracota, Galvão desenvolveu os pilotos de três programas, dirigidos a públicos diferentes.

FEIJOADA COMPLETAO diretor Jefferson De esteve em Cabo Verde, em outubro, apresentando nos Encontros Internacionais de Cinema de Cabo Verde seu projeto “Dogma feijoada”. Levou na bagagem alguns dos curtas apresentados na estréia de seu projeto, que aconteceu este ano durante o Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo. O “Dogma feijoada” pretende estimular a presença de negros no cinema brasileiro.

PREMIADOS DO MINCO Ministério da Cultura divulgou a lista dos dez longas premiados no concurso para filmes de baixo orçamento - apelidado pela classe de “O.B.” (orçamento baixo). Cada um deles receberá R$ 1 milhão, limpos, tendo de destinar R$ 800 mil para a realização e R$ 200 mil para comercialização. Foram contemplados: “Amarelo manga (alugam-se vagas)”, de Cláudio Assis (PE); “Avassaladoras - mulheres em crise de amor”, de Mara Mourão (SP); “Celeste & estrela”, de Betse de Paula (DF); “Dois perdidos numa noite suja”, de José Jofilly (RJ); “Estórias de Trancoso”, de Augusto Sevá (SP); “Houve uma vez dois verões”, de Jorge Furtado (RS); “O invasor”, de Beto Brant (SP); “Rua seis sem número”, de João Batista de Andrade (SP); “Seja o que Deus quiser”, de Murilo Salles (RJ); “As vidas de Maria”, de Renato Barbiéri (DF); e “Wood & Stock”, de Otto Guerra (RS), baseado nos quadrinhos de Angeli.

A emissora londrina Carlton Television, que opera em DTT (Digital Terrestrial Television), estreou no

dia 13 do mês passado o programa interativo “Baby baby”, produzido pela Carlton Active, produtora in-house da emissora. O programa é dirigido aos pais “frescos” e casais que estão para ter filhos e permite aos espectadores acessar o conteúdo interativo apenas com o

uso do controle remoto.

Segundo a diretora executiva da Carlton Active, Jane Marshall, o conteúdo interativo inclui informações médicas, um gráfico explicativo do desenvolvimento do bebê mês a mês e contatos úteis para a futura ou jovem mãe. O conteúdo vai sendo atualizado conforme a temática do programa. “Esse projeto só foi possível graças à nossa equipe criativa e técnica, capaz de desenvolver conteúdo novo

e também educativo”, diz Jane. A produção tem a parceria do site webbaby.co.uk, um dos mais completos da Inglaterra sobre o assunto.

PAIS E fILHOS

foto

: div

ulga

ção

Jane marshall

INTERNET E AGÊNCIAO Banco do Brasil entra na briga dos serviços de home banking com quatro novos filmes criados pela Grottera e produzidos pela carioca Mr. Magoo. Com direção de Clovis Aidar, os filmes mostram pessoas que conseguem realizar o que gostam pois não precisam perder tempo em ir ao banco. No quarto filme, o banco reforça o compromisso com o atendimento, deixando claro que oferece praticidade mas também continua recebendo bem seus clientes.

Page 7: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 8: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

SOLUÇÕES DE CONVERGÊNCIA A empresa canadense NbTel recebeu recentemente o prêmio de “companhia de telecomunicações mais inovadora da América do Norte”, em função da implantação de soluções de televisão digital interativa. O serviço oferecido a mais de mil empresas no Canadá permite combinar a TV convencional com o video-on-demand e recursos de Internet e interatividade, fornecendo mais de 100 canais de TV e de áudio e transmissão de dados com ou sem cabos.

Entre os fornecedores da empresa está a PixStream, recentemente adquirida pela Cisco, que fornece o sistema de vídeo profissional VDS5000, que utiliza a tecnologia ADSL. O sistema agrega canais de TV de várias origens, captando e interpretando o sinal do satélite, codificando sinais terrestres e adaptando o sinal de TV para IP, ATM e/ou para IP para infra-estruturas centrais ATM utilizadas na rede de distribuição da NBTel.

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 0�

S C A N N E RBONECOS PIRADOSA fábrica de biscoitos e massas Piraquê, marca identificada com o Rio de Janeiro, está investindo bastante em publicidade este ano, em função de seu aniversário de 50 anos (veja Making Of edição nº 97 - setembro 2000). Depois de um filme que homenageia a cidade maravilhosa, a novidade agora é a apresentação dos personagens Piraqueridos, que representam os cinco sentidos. Com criação de Marcelo Pires e Itagiba Lages, os bonecos foram desenvolvidos por Luiz Ferré, da Produtora Associados, que também assina a direção dos filmes.

TALENTO PRÓDIGOO diretor de arte Marcus Kawamura é o novo contratado da W/Brasil. Kawamura destacou-se no curso do The Creative Circus, uma das mais importantes escolas de publicidade dos Estados Unidos. Em seu currículo, o publicitário traz passagens pela DPZ, DM9DDB e TBWA, na Europa. O diretor de arte acaba de retornar ao País e já assina uma nova campanha, ao lado de Ruy Lindenberg.

TIME FEMININOAngélica Veiga e Mayra Galha são os novos reforços da equipe da Loducca, atuando em diferentes funções. Angélica, que vem da AlmapBBDO, integra a equipe de RTV da agência, assumindo o cargo de art buyer. Mayra, por sua vez, é a mais nova funcionária da LO-V, empresa de comunicação virtual do grupo, para onde traz sua experiência como atendimento.

PROJEÇÃO PIONEIRAA produtora Grifa Cinematográfica estreou em outubro seu primeiro trabalho internacional para a televisão, o documentário “Expedição Langsdorff”, criado para o Discovery Channel, e aproveitou para testar a projeção em alta definição. O filme foi feito em película e telecinado em HDTV pelos Estúdios Mega, que organizaram em conjunto com a produtora uma exibição pioneira do documentário, em projeção de alta definição. As imagens de vídeo exibidas em tela de cinema mostraram que os limites entre as tecnologias estão cada vez mais tênues.

NOME DEMOCRÁTICOA mais nova empresa de eventos e locação de equipamentos de projeção do Rio de Janeiro, a Luminance, teve seu logo e seu nome escolhidos por votação na Internet. Os sócios, Angelo Bag (ex-On Projeções) e Adriana Abreu (ex-gerente de eventos do RB1 e Baalca Tradução) explicam: “A marca representa as cores básicas da projeção. Cada tela significa um cristal em perspectiva e luminance é o sinal que representa o brilho em uma imagem”. Com apenas três meses de vida a empresa foi a responsável pelo lançamento da novela “O cravo e a rosa”, exibida pela Rede Globo, e do site Indústria Digital, que contou com uma tela de 19 m x 8 m.

Page 9: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 10: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Samuel PoSSebon e edylita Falgetano *

QUANTO VALE O MER-CADO DE TV?

número s d i v u l gado s não

pe rm i t em que s e sa i ba , com

p re c i s ão , qua l é o ma r ke t s ha re

de cada r ede nem po rque não

ex i s t e co r r e spondênc i a en t r e o

ma r ke t s ha re e a aud i ên c i a .

Fazer a conta do tamanho do bolo publicitário tão disputado pelas emissoras de televisão não é uma coisa simples. Usar esses dados para tentar descobrir, então, qual o tamanho de cada emissora dentro do mercado é uma tarefa mais complicada ainda. O mercado publicitário trabalha em cima de dois índices, periodicamente divulgados, que usam critérios diferentes para aferir o volume de dinheiro que os anunciantes despejam nos diversos meios. E, obviamente, se usam metodologias diversas, Inter-Meios e Ibope Monitor (leia box) não poderiam chegar a resultados comuns. Além da adoção de critérios

diferentes, as contas esbarram em outros problemas, como verbas que passam do mercado publicitário para as emissoras e voltam em forma de comissões e bonificações, sigilo sobre os números reais etc.A TV Globo, que funciona como a principal avalista da Globopar, é obrigada desde 1997 a abrir detalhadamente seus números. É a única emissora, portanto, em que há dados minimamente confiáveis para se chegar ao market share final. Na série histórica (ver tabela 1), a Globo diz que conseguiu, desde o início de 98, manter pelo menos 76,2% da verba publicitária para TV sob o seu controle e o de suas afiliadas. A divisão entre essas duas partes, aliás, se dá de maneira mais ou menos constante também. A TV Globo em geral abocanha 33,5% do bolo

deixando o restante para sua rede.Mas mesmo tendo as planilhas divulgadas pela emissora em mãos, é impossível chegar aos percentuais declarados do market share, basicamente porque além de uma série de ajustes cambiais e inflacionários, o total do bolo também é uma das principais incógnitas nessa equação.Os números mostrados na Tabela 3 foram extraídos do Mídia Dados 2000, publicado pelo Grupo de Mídia São Paulo. Qual é o verdadeiro montante do investimento publicitário brasileiro em 98 e 99? Veículos e agências podem usar aquele que melhor se adequar à sua necessidade na hora de divulgar seus resultados ou disputar verbas.Se adotarmos os valores divulgados pelo Inter-Meios, as emissoras

afiliadas à Globo precisariam ter contribuído com US$ 994.9 milhões para que o market share da rede fosse em média 74% (72% no primeiro semestre e 76% no segundo), em 1998. Já, em 99 a participação das afiliadas cairia para

c a p a

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 01 0

T A B E L A 1

A RELAÇÃO ENTRE MARKET SHARE E AUDI NCIA DA GLOBO Período Market share Audiência média Jan/Jun 98 72% 48,5% Jul/Dez 98 76% 52% Jan/Jun 99 77% 51% Jul/Dez 99 78% 51% Jan/Jun 00 78% 49%

Fonte: Relatórios trimestrais da Globopar

QUANTO VALE O MER-CADO DE TV?

Page 11: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

US$ 433.4 milhões para um market share médio de 77,5% durante o ano.Usando os maiores valores do Ibope Monitor (que inclui os 28 mercados de TV e o meio outdoor), para as mesmas médias de market shares adotadas acima chegaríamos a uma participação das afiliadas de US$ 2,105.927 milhões e US$ 1,449.57 milhão, em 98 e 99 respectivamente, contrariando os números do próprio Ibope Monitor (veja Tabela 4) - publicados no mês passado pelo Mídia & Mercado, do Meio & Mensagem, numa tabela que apresenta os faturamentos por emissora - onde a Globo tem uma participação percentual em volume de 48% em 98 e 49% em 99 no faturamento do meio TV.

n va r i á ve i s

No primeiro semestre deste ano, o Inter-Meios - que trabalha com dados apurados e consolidados pela PricewaterhouseCoopers - chegou a um bolo publicitário de R$ 4,687 bilhões, onde o meio TV tem participação de 55,8%, ou seja, recebeu dos investimentos realizados em mídia R$ 2,6 bilhões. Já, de acordo com o Ibope Monitor o meio TV recebeu US$ 2,057.631 milhões de janeiro a junho de 2000 (veja Tabela 5). Nesse mesmo período, a TV Globo declarou

ter faturado US$ 806 milhões. Ela mesma (a emissora) fez alguns ajustes, corrigiu a inflação, câmbio e chegou à conclusão de que tinha 78% de market share. Mas, de acordo com o Ibope Monitor a Rede Globo faturou US$ 1,093 milhão, conseguindo uma participação em volume de 53%. Em conversas informais

conseguimos apurar que os cálculos efetuados pela Globo para determinar o market share levam em consideração dezenas de variáveis. Boa parte da receita das emissoras (cerca de 20%, segundo os próprios balanços da Globopar), acaba voltando para as próprias agências de publicidade na forma de taxas, comissões e principalmente bonificações de venda (BVs). Nas contas para se chegar ao market share são desconsideradas as despesas com comissões de agência. Mas e quanto aos BVs? Estão incluídos ou não? Então, seria possível dizer que o market share não é exatamente esse?

Sim, mas não há como se chegar a outro número, ou seria preciso saber exatamente quanto a emissora repassa de volta às agências pelos esforços de venda, cotação do dólar na ocasião do balanço e as demais variáveis usadas.Segundo José Carlos de Salles Gomes Neto, presidente do Grupo Meio & Mensagem, responsável pela divulgação do Projeto Inter-Meios, as informações da pesquisa são confiáveis uma vez que são fruto da consolidação de dados das próprias emissoras. A coleta dos dados é

mensal e existe, segundo Salles Neto, um sistema montado onde as empresas prestam as informações regularmente à Pricewaterhouse Coopers, que analisa os dados recebidos, tabula os números e fornece os dados consolidados de volta para emissoras e imprensa.Salles Neto admite que as emissoras podem passar dados de faturamento errados ou distorcidos, e isso prejudicaria o levantamento, mas

para filtrar essas possibilidades é feita uma verificação por amostragem e as participantes da pesquisa concordam em

se submeter a auditorias. Os casos de problemas existentes, segundo o executivo, nunca estiveram relacionados à área de televisão.O levantamento do Inter-Meios é divulgado bimestralmente desde 1989.O outro número usado para dimensionar o mercado publicitário (Ibope Monitor), ao

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 0 1 1

T A B E L A 2

A RECEITA DA GIGANTE

Período Faturamento da TV Globo (em US$ milhão)jan/jun 98 939.4 *jul/dez 98 867.3 *jan/jun 99 589.8jul/dez 99 855.4jan/jun 00 806.0

Fonte: Relatórios financeiros da Globopar

* Valores não ajustados quanto à desvalorização cambial de 99.

T A B E L A 3

INVESTIMENTO PUBLICITáRIO (em US$ milhão)

1998 1999 Total Em TV Total Em TVInter-Meios 6,416.9 3,782.97 * 4,354.3 2,694.82Ibope Monitor 9,456.8 4,444.7 6,640.2 2,921.7Ibope Monitor ** 10,436.3 5,287,334 7,508.0 3,735.187

Fonte: Mídia Dados 2000

* Valores não refletem a desvalorização cambial de 99.

** incluindo os 28 mercados de TV e o meio outdoor.

M E T O D O L O G I A

Inter-Meios: Dados são consolidados pela Pricewaterhouse Coopers a partir de informações de faturamento bruto fornecidas pelas empresas participantes do Projeto Inter-Meios.

Ibope Monitor: Mede o número de inserções comerciais e utiliza como base o preço das tabelas vigentes de cada veículo, desconsiderando descontos, bonificações, mídia interna, ações de merchandising, textos-foguetes e testemunhais. Cobre 28 mercados e 87 emissoras.

Page 12: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

pelos veículos. Eles são estimados em função dos preços de tabela e dos espaços veiculados de publicidade. É como se alguém medisse o tamanho e o número de páginas de publicidade, os minutos que um comercial fica no ar etc. e calculasse quanto aquilo pode ter custado de acordo com as tabelas dos veículos. “Utilizamos as tabelas de preços dos veículos para calcularmos os valores de cada inserção publicitária, levando em consideração as especificidades dos meios (centímetros, número de colunas, páginas, total de segundos etc.)”, declara Luciana Leardini, do Ibope. O Ibope Monitor passou a ser divulgado a partir de janeiro de 1998 após uma joint venture com a AC Nielsen. Nenhuma das metodologias é, portanto, livre das falhas lógicas do próprio processo de compra e venda de publicidade. As emissoras dependem das agências, que representam os anunciantes na negociação. As agências cobram uma comissão pelo trabalho. Além disso, as emissoras ainda pagam um prêmio (as bonificações) em função de determinadas metas estabelecidas para as próprias agências. Analisando os critérios dos dois indicadores infere-se que o Inter-

Meios reflete a maneira como as emissoras querem aparecer no “filme”, enquanto o Ibope Monitor representa aquilo que deveria ser o mercado se não houvesse descontos nas negociações nem as bonificações.

i n conc l u são

Dentro dessa lógica é que se encontram as explicações para o fato de não haver uma correlação direta entre a audiência média e a fatia média do bolo publicitário conquistada. Isso pode ser observado pelos próprios números e relatórios da Globo, que é a única que abre esses detalhes. No balanço da Globopar a Rede Globo é detentora de 51% da audiência de 99. Mas verificando a página 115 do Mídia Dados, a líder conseguiu atrair a atenção de 53% dos telespectadores, de acordo com o Ibope. No detalhamento dos dados sobre audiência nacional, a participação da Globo é de 49% no

horário matutino (das 07h00 às 12h00), 50% no vespertino (entre 12h00 e 18h00) e 56% no noturno, que vai das 18h00 às 24h00. Com relação às demais redes abertas, o problema de imprecisão para se saber o espaço de cada uma é ainda maior, porque não existe o

compromisso de divulgação dos dados como há no caso da Globopar (que tem credores internacionais e portanto compromissos legais assumidos).Na análise de alguns observadores, nada disso seria importante se não fosse por um detalhe: se um dia houver mesmo a abertura da radiodifusão ao capital estrangeiro e se estas emissoras forem ao mercado de capitais, como se imagina, o mínimo que qualquer investidor pedirá é o market share apurado e confiável.Mas não é só isso. Hoje não existe no Brasil nenhuma política de controle sobre o monopólio da audiência, e nem parece provável que isso aconteça. Mas com a implementação de uma agência reguladora para as questões de direito econômico, por exemplo, há quem considere que será necessário um mapeamento preciso sobre o funcionamento do mercado publicitário e sua relação com as emissoras, o que não é possível de ser inferido com as informações atuais. O mesmo deve acontecer, na visão de alguns analistas, no momento em que emissoras como o SBT e a Record passarem a buscar, junto aos seus anunciantes, uma compensação (naturalmente com mais verbas) para os esforços de desbancar em determinados horários a liderança global de audiência.

* colaborou Beto costa

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 01 2

c A p A

T A B E L A 4

FATURAMENTO DAS EMISSORAS DE TV (em US$ milhão)

EMISSORA 1998 %V 1999 %VGLOBO 2,527.455 48 1,847.319 49SBT 1,020.525 19 749.804 20BAND 608.725 12 410.451 11RECORD 268.583 5 309.140 8REDE TV! 586.838 11 254.991 7CNT 202.910 4 100.578 3MTV 72.299 1 50.662 1GUAíBA* - - 12.062 0TOTAL 5,287.334 100 3,735.187 100

Fonte: Ibope Monitor

* incluída em jan. 99

T A B E L A 5

COMPARATIVO SEMESTRAL (em US$ milhão)

EMISSORA 10 sem 1999 %V 10 sem 2000 %VGLOBO 861.167 49 1,093.006 53SBT 325.002 19 408.540 20BAND 204.369 12 203.696 10RECORD 122.831 7 160.364 8REDE TV! 148.678 9 109.406 5CNT 56994 3 45.892 2MTV 21.194 1 28.131 1GUAíBA 5.901 0 6.499 0GAzETA - - 2.097 0TOTAL 1,746.137 100 2,057.631 100

Fonte: Ibope Monitor

Page 13: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 14: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Humberto Porto eedylita Falgetano

ELEIÇÕES 2000 O LOCAL EM PRIMEIRO LUGARELEIÇÕES 2000 O LOCAL EM PRIMEIRO LUGARA cobe r t u ra da s e l e i çõe s

mun i c i pa i s mob i l i zou o s

depa r t amen to s de j o r na l i smo

da s em i s so ra s de TV de t odo

o pa í s . A s r ede s p ro cu ra ram

ap re sen ta r um pa i ne l nac i ona l

du ran t e a p rog ramação

ded i cada ao p l e i t o .

As eleições municipais deste ano - as primeiras com possibilidade de reeleição dos prefeitos - talvez ten-ham inaugurado uma nova modali-dade de cobertura, com uma pre-sença muito menor dos candidatos na telinha. A legislação limitou con-sideravelmente a cobertura do pleito de 2000. Os candidatos só entraram na casa do eleitor basicamente pelo modorrento Horário Eleitoral Gratuito. A Justiça Eleitoral impôs uma espécie de lei de silêncio. Reportagens que citassem candidatos explicitamente poderiam ser interpretadas como ataque ou privilégio a determinado candidato, em detrimento do outro, o que é condenado pela letra fria da lei, que exige tratamento equânime para os candidatos, embora seja

notório que eles não tenham o mesmo peso político. “Ao fazer essas determinações autoritárias, a lei coloca o telejornalismo em patamar inferior ao da imprensa escrita, que está livre, como deveriam estar todos os veículos. Não pode haver diferen-ça. Imprensa é uma instituição, com garantia de liberdade de expressão explicitada na Constituição”, afirma Dácio Nitrini, um dos diretores do núcleo de jornalismo da Record.O diretor de jornalismo da Bandeirantes, Fernando Mitre, considera que a atual legislação eleitoral é inibidora da cobertura e da realização de debates. “Como a isonomia está na base da lei, é difícil conjugar a legislação com interesse jornalístico. Essa legislação precisa mudar.” Mitre refere-se principal-mente à cobertura do primeiro turno, quando era preciso ouvir todos os candidatos. Para evitar problemas as emissoras tiveram de lançar mão de uma poderosa ferramenta no telejor-nalismo: o planejamento.

r e cu r so s

As 113 emissoras que compõem a Rede Globo prepararam-se com antecedência. A preocupação princi-pal era com o perigo de transformar os quadros dos telejornais regionais, em que prefeito e autoridades do

município discutem os problemas locais, em palanque eletrônico. Assim, a Central Globo de Jornalismo (CGJ) suspendeu até o final da eleição o quadro dos telejornais locais onde a comunidade discute os problemas comunitários diretamente com prefeitos e autoridades munici-pais. A opção foi preencher a lacuna com uma série batizada de educativa. “Diante do rigor da lei fomos obriga-dos a limitar a atuação do nosso jornalismo comunitário. No primeiro turno, optamos por dar à nossa cobertura um caráter educativo, de busca da conscientização do voto”, diz Amauri Soares, diretor editorial da Central Globo de Jornalismo de São Paulo. Uma série de 90 reporta-gens realizadas pelos repórteres especiais do “Jornal Nacional” começou a ser exibida nos telejornais locais a partir de 31 de julho. Esta foi a primeira vez que profissionais do “Jornal Nacional” gravaram para telejornais locais. “Trabalhamos com o conceito de cidadania. Não é um jornalismo factual. Mostramos para o telespectador que a escolha mais importante é a do político local, aquele que cuida da nossa rua, da escola do filho, do posto de saúde. Em todas essas reportagens mostra-mos que a construção de um país melhor começa nas cidades, com a escolha de prefeitos e vereadores comprometidos com as prioridades da comunidade”, define Soares. A CGJ criou ainda um site fechado, cujo acesso é restrito e codificado, com 1,4 mil páginas de informação para tirar dúvidas das emissoras da rede. Tem toda a legislação eleito-ral comentada pelo Departamento Jurídico da Rede Globo; a planta de cenário, regras, orientação edi-torial da CGJ para a realização de debates; e um painel de dúvidas, no ar 24 horas por dia. A Bandeirantes seguiu a trilha da modalidade de programa de TV que é considerada crucial para o eleitor definir sua escolha: o debate (leia box). No primeiro turno realizou três deles, o último no dia 28 de

t e l e J O r n a l i s m O

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 01 �

Page 15: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

setembro, até mesmo em São Paulo que contava com 14 candidatos a prefeito. Mesmo dia em que as emis-soras e afiliadas Globo realizaram debates nas cidades que são sede da geradora e que tinham no máximo seis candidatos a prefeito.No segundo turno é mais fácil garan-tir a isonomia, pois as emissoras têm condições operacionais e espaço para cobrir o dia-a-dia dos dois can-didatos e organizar debates. A cober-tura do dia da votação é obrigatoria-mente idêntica nos dois turnos.

conco r r ên c i a

A cobertura do dia do pleito também teve de driblar um problema. As emissoras tiveram de abrir espaço na grade de programação de domingo. Domingo é dia de guerra de audiên-cia. Dia de fazer o telespectador esquecer as agruras da semana seguindo a receita mercadológica: muita mulher seminua e axé music. As manobras na programação foram regidas pela capacidade de poder mexer mais ou menos na grade. E é claro que isso está vinculado a compromissos comerciais. Globo e SBT, que se engalfinham pela audiên-cia dominical (leia-se Gugu versus Faustão), ficaram na defensiva. A Globo aproveitou a estrutura jor-nalística nas 113 emissoras da rede. Abriu espaço nos breaks para flashs ao longo da programação desde o meio-dia. A partir das cinco da tarde colocou no ar programas especiais e boletins para divulgar os resultados de pesquisas de boca-de-urna das principais capitais e acompanhar a apuração dos votos. A CGJ determinou que a maior parte das suas emissoras e afiliadas divul-gasse nestas eleições resultados de pesquisas de pelo menos dois insti-tutos. Além dos números apurados pelo Ibope, o segundo saiu de um grupo de institutos credenciados pela área de pesquisa da Rede Globo, que são Vox Populi, Data Folha e dois institutos regionais, um do Rio Grande do Sul (UFRGS) e

outro de Goiás (Cerpes). O SBT limitou-se a apresentar bole-tins proporcionais ao tamanho do seu departamento de jornalismo. Record e Bandeirantes não tiveram receio de informar. Investiram prin-cipalmente numa ampla cobertura analítica. “Quantitativa e qualitativa”, segundo as palavras do diretor de jornalismo da Band. A emissora contratou um instituto de pesquisa (Toledo & Associados), especial-mente para gerar dados, subsídios para os comentários de convidados e analistas políticos.A partir da divulgação dos resulta-dos das pesquisas de boca-de-urna, a Record também seguiu a linha de costurar conjecturas. “As eleições municipais podem servir de termô-metro para a escolha do presidente, em 2002. Por isso é sempre bom interpretar os resultados. Você con-quista o telespectador pelo contex-to”, conceitua Luiz Gonzaga Mineiro, diretor de jornalismo da Record. A característica comum a todas emis-soras na cobertura do dia da eleição foi a desistência da apuração para-lela. A Globo que já investiu pesado nesse modelo, agora prefere trabalhar somente com dados oficiais. “O voto

eletrônico tornou absolutamente sem sen-tido o trabalho de apuração paralela dos votos. Com a transmissão do conteúdo de cada urna, via linha dedicada, para as centrais totalizadoras, os resultados começam a ser disponibilizados muito rapidamente”, comenta Amauri Soares.Aproveitando que esta é a primeira eleição totalmente eletrônica, os computadores da Globo estavam conectados aos computadores que totalizam os votos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, e com o Tribunais Regionais, nas capitais de estado. Um programa de computador fez a interface entre os dois sistemas para transformar a informação dos tribunais em grafis-mos e telas para a televisão. Antes de levar os resultados ao ar, os relatórios numéricos recebiam um tratamento com o padrão gráfico da emissora.Esta foi a primeira vez que se con-heceu o resultado oficial da eleição na maioria das cidades ainda no dia da votação, graças à eleição ter sido totalmente informatizada. Mas todas as emissoras tiveram de contornar o delay entre os votos totalizados, os divulgados via Internet e os divulga-dos nos telões instalados nos TREs. O sistema Divnet do TSE, que pro-

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 0 1 �

DEbATEDOR EXPERIENTEAs emissoras que compõem a Rede Bandeirantes, entre próprias e afiliadas, foram as campeãs na realização de debates nas eleições municipais deste ano. As regras do jogo foram criadas pela cabeça-de-rede. Mas o modelo geralmente sofreu alterações durante as negociações com os candidatos. O diretor de jornalismo da Band, Fernando Mitre, afirma ter colocado a mão na massa do início ao fim em 22 debates. Os mais complicados foram na cidade de São Paulo, que tinha 14 postulantes ao cargo de prefeito. Os O primeiro deles, em 12 de junho, não pôde ir ao ar em São

Paulo, porque a Justiça Eleitoral entendeu que poderia caracterizar propaganda política. “Veja como é a lei. Em Porto Alegre conseguimos fazer o debate em 12 de junho. Lá a Justiça teve uma outra interpretação”, observa Mitre. Os debates do primeiro turno em São Paulo conseguiram a proeza de juntar dez candidatos no mesmo programa. Mitre acredita que mesmo nessas condições o debate é produtivo para o eleitor. “Um debate como esse permite uma série de manhas dos candidatos nanicos, que podem fazer jogo de cena para outro candidato. Essa leitura depende

Page 16: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

metia entregar os dados de apuração em tempo real, não funcionou a con-tento, obrigando as emissoras a lan-çarem mão de sistemas alternativos para colher a informação onde quer que ela estivesse disponível primeiro.

p raça s

A cobertura de uma eleição munici-pal nas emissoras afiliadas de qualquer rede de TV é sempre um grande desafio. A escala de prob-lemas depende da abrangência que se queira dar à cobertura. Tomemos o exemplo da TV Progresso, afiliada da Globo em São José do Rio Preto (SP). A emissora cobre uma área de 144 municípios e tem unidades em Araçatuba e Votuporanga. Realizou um cuidadoso trabalho de pré-produção. Levantou perfil, fotos e imagens dos candida-tos, locais das centrais de apuração, nome dos juízes etc. nas 34 prin-cipais comarcas da área de cober-tura. Todas as informações foram armazenadas no AvStar, sistema de informatização de jornalismo usado pela afiliada. Nesses lugares, montou uma rede de correspondentes para passar informações fresquinhas, que serviram de subsídio para boletins ao longo da programação. “Todas as informações passadas por essas pes-soas são checadas antes de ir ao ar. Assim é possível, inclusive, mandar uma equipe para fazer a matéria, se o fato for relevante”, ensina o ger-ente de jornalismo da TV Progresso, Paulo Rezende.A rede de colaboradores contrata-da especialmente para o dia das eleições rendeu bons frutos. “Nós abrimos 27 boletins na programa-ção. Alguns chegaram a ter até três minutos e meio”, conta Rezende. Além disso, com informações pas-sadas por esses frilas, a TV Progresso conseguiu emplacar duas matérias no “Jornal Nacional”, o que é um grande feito para qualquer afiliada. “Uma das histórias foi sobre o pre-feito eleito de Monções que venceu pela diferença de um voto. A outra

é sobre o prefeito de Guaranio D’Oeste, candidato à reeleição der-rotado que se vingou nos funcionári-os: agrônomo virou vigia, secretaria virou cozinheira.”Uma das caçulas da Rede Record, a emissora de Bauru, ainda está em fase de estruturação. Viveu no primeiro turno destas eleições uma prova de fogo. Cobrir a cidade com uma equipe de apenas três pessoas e sem link. “Sempre que íamos dar um flash ao vivo, o boletim era gravado

1 �

T E L E j o r n A L I s m o

fONTE DE INfORMAÇÃO

As emissoras que compõem a Rede Globo ganharam, há quase três anos, mais recursos, espaço e orientação editorial para priorizar as questões locais. A postura adotada foi a de abrir espaço para a discussão e usar o jornalismo local literalmente como canal de comunicação entre comunidades e autoridades públicas. “O resultado foi instantâneo e altamente positivo. A população passou a conhecer melhor seus políticos locais. Foi como botar um holofote na administração pública municipal. Em muitos casos, a população não gostou do que viu. Em todo o país surgiram centenas de casos de corrupção, processos foram abertos, prefeitos e vereadores foram cassados. Os eleitores descobriram como tinha custado caro o longo período de desinteresse pela política municipal. E reagiram. Passaram a se interessar, a acompanhar, a cobrar. No dia da votação deram o troco. É admirável a renovação que se deu nas câmaras de vereadores dos municípios que viveram escândalos de corrupção, a começar pela cidade de São Paulo”, conta Amauri Soares, diretor editorial da Central Globo de Jornalismo em São Paulo.

ou você faz uma assi-

natura, ou espera

os seus concorrentes

contarem tudinho

o que leram na edição passada

0�00 1��022www.telaviva.com.br

[email protected]

0�00 1��022www.telaviva.com.br

[email protected]

ou você faz uma assi-

natura, ou espera

os seus concorrentes

contarem tudinho

o que leram na edição passada

Page 17: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 0 1 7

e chamado pelo estúdio”, explica Fábio Menegatti, editor responsável. A TV Guararapes, afiliada da Bandeirantes no Recife, teve a missão de cobrir as eleições em 40 municípios da região metropolitana e mais duas importantes cidades do interior - Caruaru e Garanhuns. Contando com três equipes de externa e um link, a emissora dosou sua cobertura não pela estrutura, mas pelo desejo do telespectador. “Nós temos dados de uma pesquisa que mostra que o pernambucano tem grande rejeição por política na TV”, explica o gerente de jornalismo interino, Ivan Júnior. A TV Guararapes seguiu a linha de debates proposta pela cabeça-de-rede. Nos dois turnos, realizou debates nos três maiores colégios eleitorais de Pernambuco: Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes.Na cobertura do primeiro turno espalhou 50 repórteres - da Rádio Clube, Diário de Pernambuco e TV Guararapes, que pertencem ao mesmo grupo - pelos principais pontos de votação do estado. “Nós ficamos no ar do final da tarde até a meia-noite. Era uma espécie de mesa redonda que ia dando o resul-tado das eleições (mais ou menos o mesmo modelo de São Paulo). Os nossos repórteres entravam por tele-fone a cada momento que surgissem novidades”, conta Ivan Júnior.

vencedo re s

A televisão continua influenciando a decisão dos eleitores dos 5.548 municípios brasileiros, mesmo que apenas através do horário eleitoral. “O que acontece é que o tele-jornalismo independente, aquele que pode ajudar na formação da consciência do cidadão, esteve impedido de atuar. E isso é gravís-simo porque não há contrapontos, discussão ampla, noticiário crítico em rádios e TVs”, argumenta Dácio Nitrini, considerando que o telejor-nalismo político não é um intruso na casa do telespectador num domingo.

“A sociedade está ávida por política. Basta ver o comparecimento às urnas e, principalmente, os resultados que indicam vontade de alternância de poder. Nada mais democrático, não é?” De acordo com dados do Ibope o telespectador não se incomodou com a alteração da programação dominical e acompanhou atentamente a apura-ção. Além disso, a audiência registra-da nos debates e entrevistas realizadas com candidatos mostrou o interesse do público pelo tema política. O pro-grama “Passando a limpo”, da Record, que vai ao ar aos domingos entre 22h30 e meia-noite, registra em média dois pontos de audiência. Nos dias 15 e 22 de outubro, quando Marta Suplicy e Paulo Maluf, candidatos à Prefeitura de São Paulo, foram respec-tivamente sabatinados, a média che-gou a quatro pontos de audiência, com pico de sete pontos.Fernando Mitre conta exultante que no debate paulistano de 28 de setembro a Band ganhou da Globo nos dois últimos blocos. “Atingimos 31% de share e picos de 18 pontos no Ibope.” Ele estima que o debate entre os candidatos à prefeitura da capital paulista realizado em 16 de outubro tenha atingido uma média de 15 pon-tos. O que é basicamente o dobro da audiência média conseguida normal-mente pela emissora no horário. As emissoras Globo e suas afiliadas consideram que as eleições munici-pais deste ano foram aquelas em que o telejornais tiveram a maior influência no comportamento do eleitor e acreditam ter cumprido corretamente seu papel no pleito de 2000 realizando debates em algumas praças no primeiro turno e em 21 dos municípios onde os eleitores tiveram de voltar às urnas para o segundo. Há quase três anos a CGJ iniciou a implantação de seu projeto de jornalismo comunitário (leia box da pág. 14). “Acreditamos que o jornalismo comunitário da Globo teve papel decisivo no processo eleitoral deste ano já que deu ao telespectador/eleitor a matéria-prima da mudança: informação”, pontua Amauri Soares.

Page 18: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Hamilton Rosa JR.

A rede mu l he r i n ve s t e

pe sado na mode rn i zação

de s eu s e s t úd i o s e dá o

p r ime i r o pa s so r umo à

t r an sm i s são d i g i t a l .

A Rede Mulher de Televisão vem passando por uma grande reformu-lação desde que o grupo Roberto Montoro de Comunicação vendeu a parcela majoritária do negócio para o Grupo Record em maio de 99. Agora com investimentos da ordem de US$ 3 milhões aplicados na construção de novos estúdios e na compra de equipamentos de última geração, a emissora espera figurar em 2001 como um dos principais veículos televisivos do Brasil (veja box).A reestruturação se estende a todos os departamentos. Passa pelo redi-mensionamento do aparato admin-istrativo e pessoal que será respon-sável pela criação de uma nova identidade visual para a emissora; pelos investimentos em transmissão via satélite, que aumentam a área de cobertura chegando a 70% das capitais (em março chegará a 95% de território); pela compra de um jogo de câmeras, switcher e vid-eotapes digitais; e pela criação de uma unidade móvel totalmente digital para o jornalismo. Na prática, o telespectador já obteve uma melhora sensível na imagem e no áudio. Mas a partir do início de 2001 - para ser mais preciso, em 8 de março, Dia Internacional da Mulher - toda a produção interna da Rede Mulher estará sendo feita com tecnologia digital.“Por enquanto estamos em fase de teste”, declara Guilherme Bonifácio, diretor artístico e de programação, mas a partir de março o telespecta-dor poderá sentir uma sensível dife-rença inclusive no áudio de nossos programas. “O sinal passa a ser digi-tal estéreo num primeiro momento e depois passa a digital surround. No final do ano que vem pensamos em colocar um segundo canal no satélite digital. Queremos ter um segundo

áudio para podermos ampliar nossa cobertura para os países do Mercosul. A idéia é passar os pro-gramas em português com dublagem simultânea em espanhol”, revela.Álvaro Gonçalves, gerente de engen-haria da Rede Mulher, supervisionou a compra dos novos equipamentos e detalha a configuração: “Estamos acrescentando ao nosso sistema cinco câmeras LDK100 da Philips (já com processamento e saída digital) e trocamos nosso switcher por um DD10 com possibilidade 16 entra-das de sinais digitais. Ainda estamos negociando um finalizador, um Edit Box, da Quantel, para produzir efei-tos, criar cenários para enriquecer a produção e dar mais dinamismo ao nosso trabalho, já que o equipamen-to trabalha em real time”.

na pau ta

Em setembro último, os executivos da Rede Mulher estiveram reunidos para definir a reformulação da grade de programação que entrará no ar em março, inclusive com novas vin-hetas, objetivando também conqui-star anunciantes de peso.Segundo Bonifácio, entre as metas traçadas, as câmeras da Rede Mulher devem ganhar cada vez mais as ruas. “Começamos a fazer externas com o programa de ginástica da Mariana Dip e estamos montando uma unidade móvel totalmente digi-tal para incrementar nosso departa-mento jornalístico.”A estrutura técnica vai permitir que o ônibus possa se locomover para qualquer lugar, gravar a notí-cia e transmitir ao vivo, sem o trâmite que normalmente envolve a difusão via satélite. “Há poucas unidades móveis totalmente digitais no mundo e estamos preparando a nossa para operar com até três

t e l e V i s ã O

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 01 �

Conq

uista

fem

inin

a

Page 19: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

câmeras”, conta Bonifácio.“A imagem da Rede Mulher está se reformulando também na ilumina-ção”, explica Gonçalves. A amplia-ção dos estúdios exigiu que toda a iluminação fosse trocada, porque não havia energia suficiente na

rua para trabalhar a plena força. “Adotamos a iluminação fria que puxava uma carga menor e com resultados eficientes. Mas as lâmpa-das frias também traziam algumas desvantagens. Para a câmera essa luminosidade não dá uma boa res-

posta de colorimetria. Ela não realça as diferenças de planos. Então numa primeira fase passamos a utilizar a iluminação mista e calculamos que no ano que vem voltaremos à quente”, conta Gonçalves. Para isso a empresa está investindo US$ 100 mil na implantação de um sistema de iluminação com um dimmer eletrônico que fornecerá um acabamento artístico mais apurado.A partir do momento que a Anatel estabelecer o padrão de transmissão a Rede Mulher deve fazer testes de interatividade.

“É verdade que já fizemos algumas experiências de interatividade via Internet com o programa da Rosana Herman. Mas as conexões tele-fônicas não eram muito viáveis”, comenta Bonifácio. “Isso está melh-orando com uma maior velocidade de processamento, mas para que você possa fazer um vai e volta de informações entre a emissora e o telespectador você precisa ter um espaço de tráfego de sinal bem confortável para que os retornos sejam em tempo real. Acho que essa neointeratividade, feita por banda larga será comum na Rede Mulher no final do ano que vem. Já uma programação interativa vai demorar um pouco mais.” Na opinião do diretor, não adianta a emissora fazer transmissão digital. A revolução só pode acontecer para o telespectador que tenha um receptor digital (ou um set-top box) em casa. As previsões mais otimistas apontam um diálogo mais intenso entre as duas partes para daqui a cinco anos.

A Rede Mulher de Televisão nasceu no interior do Estado de São Paulo, na cidade de Araraquara. É uma TV aberta transmitida pelo canal 42 em São Paulo, através de uma antena localizada na Avenida Paulista, utilizando a faixa de freqüência em UHF (faixa que vai dos canais 14 ao 59). Sua programação pode ser sintonizada em vários estados do país por meio de operadoras de TVs a cabo (Net, TVA e Tecsat), antenas parabólicas e canais abertos. Atualmente, a emissora conta com retransmissoras cobrindo todo o Estado de São Paulo e algumas das principais cidades brasileiras.

Page 20: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 02 0

Paulo boccato

P R O G R A M A Ç Ã O R E G I O N A L

O estado de Santa Catarina tem 5,2 milhões de habi-tantes espalhados em 292 municípios, com 1,35 mil-hão de domicílios com TV (DTV), 4,8 milhões de telespectadores potenciais e

Índice de Potencial de Consumo (IPC) de 3,556%. As quatro grandes redes nacionais (Globo, SBT, Record e Bandeirantes) dividem as 14 geradoras de TV existentes no estado, distribuídas entre nove diferentes municípios. A RBS, ligada à Rede Globo, é a maior rede estadual, com cinco emissoras.

G L O B O

RBS TV (Florianópolis, canal 12)RBS TV (Blumenau, canal 03)RBS TV (Chapecó, canal 12)RBS TV (Criciúma, canal 09)RBS TV (Joinville, canal 05)A RBS conta com uma grande estrutura para alcançar todos os municípios catarinenses. Além das cinco gera-doras, a rede dispõe de unidades em outras 12 cidades do estado. A emissora de Florianópolis centraliza as ações na parte de programação, gerando os blocos estaduais dos programas jornalísticos diários: “Bom dia Santa Catarina”; “Jornal do almoço”, que adota o formato de revista eletrônica, agregando a primeira edição do jornal da praça e o noticiário esportivo, e “RBS notícias”. Aos sábados, produz os programas “Patrola”, voltado para o público jovem e que, em breve, deve ganhar um auditório; “Revista”, uma agenda cultural com quadros de entrevistas; e “RBS esporte”, direcionado à cobertura de todos os esportes. Esses programas são veiculados igualmente em todas as emissoras da rede - mesmo caso do “Estúdio Santa Catarina”, resumo das notícias do fim de semana, que fecha a programação do domingo. As emissoras do interior produzem dois blocos locais no “Bom dia...”, três no “Jornal do almoço”, e um no “RBS notícias”, além de gerarem matérias para os blocos estad-uais e estarem estruturadas para links ao vivo. A RBS também veicula programetes independentes produzidos pela TVI, de Florianópolis, com a história da “Guerra do Contestado”. As inserções ocorrem até o início de 2001.A área de cobertura da emissora de Florianópolis, cri-ada em 1979, é de 33 municípios (entre eles São José,

Lages e Palhoça), com 934 mil habitantes. A emissora de Blumenau, fundada em 1969 e parte da rede inde-pendente TV Coligadas até 1989, atinge 62 cidades (entre as quais Itajaí, Brusque, Camboriú e Rio do Sul) e 1,2 milhão de habitantes. A de Chapecó, criada em 1982 como afiliada do SBT e já no ano seguinte pas-sando para a RBS, chega a 123 municípios (entre eles Caçador, Concórdia, Joaçaba, São Miguel d’Oeste e Xanxerê) e 1,2 milhão de habitantes. A emissora de Criciúma, no ar desde 1995, alcança 44 municípios (Tubarão, Araranguá e Laguna são os principais), com 799 mil habitantes. Já a programação da emissora de Joinville, no ar desde 1979, pode ser vista em 30 cidades (entre elas, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul e Mafra), com cerca de 1,1 milhão de habitantes.As unidades da rede são de três tipos: estúdio, equipe de jornalismo e comercial (em Itajaí, Jaraguá do Sul, Joaçaba, São José e Tubarão); equi-pe de jornalismo e comercial (em Lages) e apenas departamento comercial (em Araranguá, Brusque, Concórdia, Rio do Sul, São Bento do Sul e São Miguel d’Oeste).

B A N D E I R A N T E S

TV Barriga Verde (Florianópolis, canal 09)Afiliada da Band na capital catarinense, a TV Barriga Verde foi criada em 1982, como parte da rede SBT. Posteriormente, passou a integrar a extinta Rede Manchete, da qual fez parte até abril de 1993. A emissora cobre

RbS TVProgramas Dias de exibição Horário

Bom dia Santa Catarina Seg-sex 6h45 a 7h15Jornal do almoço Seg-sáb 12h00 a 13h00RBS notícias Seg-sáb 18h45 a 19h00Patrola Sáb 14h30 a 14h50Revista Sáb 14h50 a 15h00RBS esporte Sáb 15h00 a 15h20Galpão crioulo Dom 6h00 a 6h45Campo & lavoura Dom 6h45 a 7h00Estúdio Santa Catarina Dom após “Sai de baixo”Guerra do Contestado Seg-sáb Várias inserções diárias (2’ cada)

Santa Catarina

Page 21: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 0 2 1

72 municípios do estado, com um total de 2,8 milhões de habitantes. Entre as principais localidades alcançadas estão Joinville, Blumenau, Criciúma, São José, Itajaí, Jaraguá do Sul, Tubarão e Brusque. A produção local tem grande espaço na grade da emissora, que ocupa todos os espaços optativos oferecidos pela rede e atualmente pleiteia a cessão de novos espaços. São 36 horas por semana de programas locais, com uma grande variedade de formatos. A casa produz toda a parte de jornalismo, a revista de variedades “Boa tarde” (também veiculada na TV Catarinense e que inclui uma parte de telejornalismo) e mais dois programas voltados para o público jovem: “Esquenta”, programa de auditório, e “Evandro Saad”. Eventualmente,

realiza especiais como “Série reportagem”, sobre peculiari-dades do estado, e “Debate na TV”, sobre temas atuais na região. Os demais programas locais são produzidos em par-ceria ou totalmente independentes.

TV Catarinense (Joaçaba, canal 06)A emissora é a afiliada da Bandeirantes no oeste de Santa Catarina. Criada em 1988, foi parte de Rede Manchete até 1994. Já foi vinculada diretamente aos proprietários da TV Barriga Verde, mas hoje pertence à Rede Catarinense de Comunicação, que conta com várias emissoras de rádio na região. A área de cobertura da emissora corresponde a 72 municípios catarinenses e mais nove cidades do interior do Rio Grande do Sul. A população total atingida é de 1,4 milhão de habitantes, distribuídos em cidades como Lages, Chapecó, Caçador, Concórdia e São Miguel d’Oeste, localidades onde a emissora conta com sucursais das áreas de jornalismo e comercial - há outra sucursal na capital do estado. Além do telejornalismo, a TV Catarinense privilegia, em sua programação local, produções voltadas para as manifestações das culturas gaúcha e alemã, muito influentes na região. Nas manhãs de domingo, quando são veiculados programas como “Bandas em festa”, gra-vado na rua, com bandas de música de origem alemã, e “Show na estrada”, dedicado à música gaúcha e sertane-ja (também veiculado pela TV Audi Shopping, emissora paga de Porto Alegre), a TV Catarinense é líder de audiência no oeste do estado.

R E C O R D

TV Cultura (Florianópolis, canal 06)TV Vale (Itajaí, canal 10)TV Xanxerê (Xanxerê, canal 03)As três emissoras pertencem à TV Record de São Paulo e juntas atingem cerca de 70% da popula-ção do estado. A emissora da capital foi criada em 1971 e já fez parte das extintas redes Eldorado (RCE) e OM, além da CNT, passando para a pro-priedade da Record em 1995. Alcança uma popula-ção de 1,4 milhão de habitantes em 43 municípios, entre os quais estão Criciúma, São José,

TV bARRIGA VERDEProgramas Dias de exibição HorárioDia a dia news Santa Catarina Seg-sex 7h45 a 8h00Meio campo Seg-sex 12h30 a 13h00Programa Evandro Saad Seg-sex 13h00 a 13h10Boa tarde Seg-sex 13h10 a 14h35Cozinha criativa Seg-qua 14h35 a 14h45 Qui-sex 14h35 a 14h50Clip TVBV Seg-qua 14h45 a 15h00 Qui-sex 14h50 a 15h00 Sáb 19h00 a 19h20Jornal Barriga Verde Seg e sex 19h10 a 19h20 Ter-qui 19h00 a 19h20Educação & cidadania Seg-sex 19h20 a 19h30Em foco Seg-sex MadrugadaGotas de fé Seg-sex 6h59 a 7h00Educativo Sáb 6h30 a 7h00 Dom 6h00 a 6h30D olho na pesca Sáb 7h00 a 7h30 Dom 6h30 a 7h00Série reportagem Sáb (eventual, no lugar do Clip TVBV) 19h00 a 19h20Debate na TV Sáb (eventual, no lugar do Clip TVBV) 19h00 a 19h20Visita ao seu lar Seg 7h30 a 7h45 Seg-sex 6h00 a 6h30 Sáb 7h30 a 8h00Novo dia Seg 7h00 a 7h30 Ter-sex 7h00 a 7h45 Sáb 8h00 a 8h30Novo dia 2 Seg, qua e qui MadrugadaD olho na 3ª idade Sáb 9h00 a 9h15D olho na mulher Sáb 9h15 a 9h30D olho casa & cia Sáb 9h30 a 9h45Top night Sáb 9h45 a 10h00Ponto final Sáb 10h00 a 11h00D olho no esquenta Sáb 11h00 a 12h00Compras & lazer Sáb 19h20 a 19h30Planeta semente Dom 7h00 a 7h30Está escrito Dom 7h30 a 8h00Missa na TV Dom 8h00 a 9h00Festa do Bola Dom 9h00 a 10h45Programa mansão com Vanessa Campos Dom 10h45 a 11h00

TV CATARINENSEProgramas Dias de exibição HorárioJornal meio-dia Seg-sex 12h30 a 13h10Jornal da Catarinense Seg-sex 19h10 a 19h30Querência gaúcha Sáb 8h30 a 9h30Brasil caboclo Sáb 9h30 a 10h30Canal aberto Sáb 10h30 a 11h00Programa Fernando Fischer Sáb 11h00 a 12h00Tele agricultura Dom 8h00 a 8h30Bandas em festa Dom 8h30 a 9h30Show na estrada Dom 9h30a a11h00

Page 22: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 02 2

Lages e Tubarão. Sua programação local é centrada no telejornalismo, com dois programas - “SC notícias” e “Informe Santa Catarina”, além de um programa de cunho religioso produzido pela Igreja Universal do Reino de Deus.

A TV Vale foi criada em 1984, tendo passado também pelas redes RCE, OM e CNT, antes de se tornar Record, em 1996. Sua área de cobertura atinge 23 municípios e 1,4 milhão de habitantes. As principais cidades alcançadas são Joinville, Blumenau, Brusque, Camboriú, Araranguá e Rio do Sul. Entre seus programas locais está o “Jornal da Univale”, inteiramente produzido por alunos da Universidade do Vale do Itajaí. Veicula também o “Informe Santa Catarina”, em rede com a emissora da capital.A emissora de Xanxerê é a caçula da Rede Record no estado: entrou em operação em outubro de 1997. Seu alcance é de 43 municípios, com 715 mil habitantes. As principais cidades de sua área de cobertura são Chapecó, Caçador, Concórdia, Joaçaba, Videira e São Miguel d’Oeste. Conta com um programa de produção própria, “Oeste comunidade”, e outro terceirizado.

S B T

TV O Estado (Florianópolis, canal 04)TV O Estado (Chapecó, canal 10)TV Cidade dos Príncipes (Joinville, canal 08)As três emissoras adotam o nome fantasia de SBT, rede à qual são afiliadas, e fazem parte da Rede Santa Catarina de Comunicação. Em conjunto, alcançam 53% de cobertura no estado. A partir de dezembro, devem

expandir o sinal para retransmissoras em todo o estado. Os programas “A viola e o cantador”, “Domingo rural”, “Bar Fala Mané”, “3º setor” e “Jornal SBT” são produzi-dos em Florianópolis e veiculados em rede pelas três geradoras. “SBT meio dia” tem edições locais produzi-das em cada uma delas, com quadros fixos realizados localmente. “Tribuna do povo” e “Sala de redação” são produzidos e veiculados exclusivamente em Joinville; mesmo caso do “SBT comunidade”, em Chapecó. A emissora de Florianópolis também conta com programas exclusivos (“SBT metropolitano”, inteiramente realizado por alunos da Unisul, “Espaço aberto”, “Roberto Salum” e outros), além de vários projetos especiais, como “Projeto SC 2000”, de orientação para o mercado de tra-balho, “Verão SBT”, com ações recreativas, “Personagens da história catarinense”, “Campanha praia limpa”, “Natal para todos” e “250 anos de colonização açoriana”. Outro projeto especial foi destaque na emissora de Chapecó, “Maratona da solidariedade”, com ações voltadas para a população carente na época do Natal. Este ano será ampliado para todas as emissoras do grupo.A emissora de Florianópolis, criada em 1986, atinge 35 municípios, com 1,2 milhão de habitantes. Os principais são Blumenau, São José e Brusque. O sinal de Chapecó,

TV CULTURAProgramas Dias de exibição HorárioSC notícias Seg-sex 12h20 a 13h00Nosso tempo Seg-sex 13h00 a 14h00Informe Santa Catarina Seg-sex 19h10 a 19h25

TV O ESTADO - fLORIANÓPOLISProgramas Dias de exibição HorárioA viola e o cantador Seg-sex 7h00 a 8h00SBT meio dia Seg-sáb 11h45 a 13h00Magazine Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia”SBT esportes Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia”De papo pro ar Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia”Espaço aberto Seg-qui 13h00 a 13h30SBT entrevista Sex 13h00 a 13h30SBT metropolitano Seg-sáb 13h30 a 14h15Jornal SBT Seg-sáb 19h00 a 19h25Torque 3 Sáb 10h45 a 11h00Programa Roberto Salum Sáb 11h00 a 11h30Domingo rural Dom 7h00 a 7h30Bar Fala Mané Dom 10h00 a 11h303º setor Dom 11h30 a 12h00

TV VALEProgramas Dias de exibição HorárioRecord em notícias Seg, ter e qui 12h00 a 13h00 Qua e sex 12h30 a 13h00Jornal da Univale Qua e sex 12h00 a 12h30Planeta noite Ter e qui 19h00 a 19h15

TV XANXER Programas Dias de exibição HorárioOeste comunidade Seg-sex 12h00 a 13h00Sociedade em destaque Dom 11h00 a 12h00

TV O ESTADO - CHAPECÓProgramas Dias de exibição HorárioSBT meio dia Seg-sáb 12h00 a 13h00SBT esportes Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia”SBT polícia Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia”SBT debate Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia”SBT comunidade Seg-sex 13h00 a 13h30

Page 23: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 24: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 25: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 26: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 02 �

no ar desde 1985, atinge 73 cidades (entre as quais, São Miguel d’Oeste e Xanxerê), com 633 mil habitantes. No caso de Joinville, 15 municípios estão situados na área de cobertura, com um total de 734 mil habitantes e destaque para Jaraguá do Sul e São Bento do Sul.

SCC TV (Lages, canal 10)Única emissora da rede SBT no estado não vinculada à Rede Santa Catarina de Comunicação, a SCC TV já foi con-hecida como TV Planalto e TV Lages. Criada em 1980, fez parte de uma pequena rede regional encabeçada pela TV Guaíba, de Porto Alegre (RS), até 1982. A partir de dezem-bro, migrará para a Rede TV!, como parte de uma rede regional de afiliadas que incluirá emissoras do Rio Grande do Sul e Paraná. A emissora integra o Sistema Catarinense

de Comunicações, que conta ainda com várias emissoras de rádio, provedor de Internet, empresa de telemarketing, de venda de macro-celulares e com a concessão de MMDS em Santa Catarina (com um canal implantado, por enquanto: o Via Maxi, de Florianópolis). A SCC TV alcança 47% do esta-do, com cerca de 1,5 milhão de telespectadores potenciais.A programação local é bastante ampla e, com a mudança de rede, deve crescer. Quase todas as produções são tercei-rizadas - a exceção é o “Jornal do SCC”. A grade incorpora programas feitos em outras cidades, como “Alcir Bazanela”, realizado em Caçador, e “Raio X”, que vem de Criciúma; produções de alunos de comunicação, como “Jornal da Univale”, de Itajaí (também veiculado pela TV Vale), e “Jornal da Unesc”, de Criciúma; e realizações em parceria.

TV CIDADE DOS PRÍNCIPESProgramas Dias de exibição HorárioSBT meio dia Seg-sáb 12h00 a 13h00Magazine Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia”SBT esportes Seg-sex Quadro dentro do “SBT meio dia”Tribuna do povo Seg-sáb 13h00 a 13h30Sala de redação Seg-sex 13h30 a 13h50

SCC TVProgramas Dias de exibição HorárioJornal do SCC Seg-sáb 12h00 a 13h00Jornal da Univale Seg-sex 18h50 a 19h10Jornal da Unesc Seg 13h00 a 13h15Raio X Ter e qui 13h00 a 13h30 Ter e qui MadrugadaAmigos de tradição Sáb 11h00 a 11h30Companhia da liberdade Sáb 11h30 a 12h00Alcir Bazanela Sáb 13h30 a 14h30De olho na terra Dom 9h00 a 10h00Porteira aberta Dom 10h00 a 11h00

Page 27: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 28: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

M E G A I N S T A L A Ç Õ E S

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 02 �

lizandRa de almeida

m a K i n g O f

Cliente Ford Produto FocusProdutora MiksomCriação Paulo Suplicy e Luciano AngeliniCoordenaçãodoprojeto Paulo SuplicyDiretordearte Luciano Angelini e Leo SoaresDireçãovídeo3D Raul CastrezanaComputaçãoGráficavídeo3D Macchina 1 (Ivã Righini)Vinhetasegrafismos Cinegráfika (Mirella Cosimato) Captaçãodeimagens Frame a FrameProdução Equipe Miksom

F I c H A T É c n I c A

logotipo formado na projeção em 360o.projeção astrovision.

Uma megaprodução audiovisual foi desenvolvida pela produtora Miksom para o estande da Ford no Salão do Automóvel, que aconteceu em São Paulo, e para a apresentação do novo carro Focus, realizada em Fortaleza (CE) durante o mês de outubro. Entre a concepção do pro-jeto e sua realização, a equipe da Miksom gastou mais de três meses pesquisando fornecedores que pudessem concretizar as idéias dos criativos da casa. Quatro instalações mostravam em detalhes as características do novo top de linha da Ford, com os mais variados tipos de projeção e recur-sos tecnológicos em formatos total-mente inusitados. Um dos ambientes mostrava uma projeção 3D, daquelas que exigem o uso de óculos especial que faz os contornos da imagem se destacarem da tela. Esse projeto foi realizado pela produtora de computação grá-fica Macchina 1, uma das únicas a trabalhar com o processo de este-reoscopia no Brasil. O princípio da imagem com vol-ume tem como referência o próprio olho humano. Cada olho enxerga o horizonte com um ângulo diferente e, no cérebro, é feita uma “média” da imagem, que é vista pelos dois

olhos. A estereoscopia combina duas imagens filmadas em ângulos complementares, a exemplo do que o olho humano veria. Para exibir a imagem, são usados dois projetores, instalados a uma distância equivalente à utilizada na filmagem, o que gera uma imagem aparentemente desfocada sobre a tela. A tela também tem de ter uma coloração especial, aluminizada, para definir melhor a imagem. Cada uma das duas imagens é codifi-cada, ou seja, recebe um tratamento de cor ou luminância. Os óculos espe-ciais invertem essa imagem, criando o efeito de volume nos contornos. Quando a imagem é trabalhada em cores, utilizam-se os óculos com lentes de cores diferentes, vermelho e azul ou vermelho e verde, processo conhe-cido como anaglif. No caso do trabalho realizado pela Macchina 1 para a Miksom, a separa-ção das cores aconteceu por polariza-ção. Os dois projetores foram equi-pados com lentes polarizadoras que, ao serem rotacionadas, permitem ou não a passagem de luz. Dessa forma, uma das imagens fica mais escura e

outra mais clara. Os óculos, também polarizados, invertem essa luminância, criando o mesmo efeito dos óculos coloridos.“Em princípio, pensamos em fazer o processo todo em computação gráfica, pois o controle é bem mais preciso. Todas as imagens são geradas pelo computador e inclusive criaríamos um modelo do próprio Focus. Entretanto, isso exigiria toda a nossa capacid-ade de processamento e um tempo muito grande, que não tínhamos no momento. Por isso, precisamos fazer a captação em vídeo, o que é muito mais complicado”, explica o diretor de com-putação gráfica Ivã Righini.Para a gravação, em primeiro lugar foi preciso criar uma traquitana que posi-cionasse as câmeras no ângulo cor-reto. Cada câmera simula a visão de um olho - que faz automaticamente a correção de foco e angulação. “O mesmo não acontece com as câmeras. Já existem modelos capazes de simu-lar esses movimentos, sendo pro-gramadas para gravar em conjunto. Mas ainda não temos no Brasil”, diz Ivã. Em função disso, os movimentos de câmera tornam-se limitados, assim como a abertura e o foco. Tudo é pensado em função do efeito, pois qualquer disparidade maior entre as duas imagens captadas faz com que o

Page 29: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 9

f ichas técn icas de c o m e r c i a i s www. te lav iva .com.br

M E G A I N S T A L A Ç Õ E Svolume não apareça. Tanto os equipamentos de projeção quanto os óculos polarizados foram alugados na BRC Audiovisual. A projeção foi feita a partir de duas masters em DVD. “A maioria dos equipamentos que oferecemos são da marca Barco, que tam-bém desenvolve produtos para a aeronáutica e simuladores de trein-amento militar. Por isso, a precisão é total”, informa Paulo Policastro, diretor comercial da BRC.Em outro ambiente, o público foi instalado em uma plataforma, que ficava a alguns metros de altura do chão. De repente, começava a projeção, utilizando o próprio piso como tela. A imagem, porém, era uma circunferência de quatro metros de diâmetro. O trabalho de Mirella Cosimato, da produtora de efeitos 2D Cinegráfika, foi o de criar uma máscara preta para o vídeo, tornan-do-o redondo. A platéia estava posicionada em torno da tela de forma que nem todos observavam o vídeo do mesmo lado. Por isso, o vídeo que mostrava o desempenho do automóvel tinha de rodar, para que todos vissem o carro na posição correta em algum momento. A filmagem e a edição consideraram essas rotações, para que os movimentos do carro não ficassem comprometidos durante a projeção,

chamada de Astrovision.A terceira instalação simulava um planetário. Foi realizada uma projeção em forma de domo, sobre uma tela abobadada. O sistema, chamado de Starview Planet, é equipado com uma lente hemisférica que permitiu a projeção na cúpula de seis metros de diâmetro. O vídeo, em princípio, mostrava um céu estrelado. As estre-las se tornavam o logotipo do Focus e as constelações se transformavam em detalhes do carro, como se tudo viesse do céu. O quarto espetáculo se baseava em uma projeção em 360o. Os especta-dores se posicionavam no centro de uma sala redonda e o vídeo percor-ria toda a extensão da esfera. As imagens eram projetadas por seis projetores controlados por computa-dor, de forma que cada parte da tela podia passar imagens diferentes ou contínuas. Mirella Cosimato também foi responsável pela execução das vinhetas de abertura e encerramento do vídeo, o que exigiu que ela trab-alhasse com uma tela de 3840 x 480 pixels. “Criamos um efeito super-interessante com apenas uma linha branca sobre um fundo preto, que entrava antes de começar a vinheta. A linha corria toda a tela até chegar ao final, no caso a sexta tela, quando tudo estourava para o branco. Então

aparecia o logotipo do Focus e a imagem do carro”, explica Mirella. “Pensei na possibilidade de criar seis telas, mas vi que seria inviável uni-las posteriormente. Por isso, optei por trabalhar em um documento comprido, uma tripa de 15 segundos, que depois foi cortada em seis peda-ços que se tornaram a imagem final em 360o”, completa.O projeto da Miksom para a Ford estrapolou os limites do Salão do Automóvel, indo parar em Fortaleza. Lá, a montadora reuniu distribuidores e concessionários da marca para demonstrar o novo carro e novas atividades foram desenvolvidas. Paulo Policastro explica que a empresa for-neceu um videowall móvel para por em prática a idéia da Miksom.Antes da exibição do cantor Leonardo, um balé sobre rodas criou uma vinheta ambulante do Focus. Cada bailarino empurrava um car-rinho com rodas “loucas”, no qual se apoiava uma tela de plasma. Ao todo eram oito telas, cada uma com 40 polegadas, formando, juntas, uma grande tela de 4 x 2 peças (3,7 met-ros de largura por dois metros com-primento), que praticamente podia exibir o carro inteiro, em tamanho real. O vídeo era exibido ora nas oito telas juntas, ora em telas separadas, ou ainda imagens diferentes eram transmitidas para cada tela.

a instalação para projeção em 360o. imagem da projeção 3d sem a polarização.

performance em 360o.

Page 30: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

lizandra de almeida

os avanços da compu tação

g rá f i ca são re f l e t i do s nos

l ongas -me t ragens de Ho l l ywood .

no b ra s i l , a p r i n c ipa l ap l i cação

e s tá na pub l i c i dade . Apesa r

da compe tênc ia de nos so s

a r t i s t a s e da d i spon ib i l i dade

dos so f tware s , o s p razos e

o r çamen to s ape r tados a i nda

impedem a d i s sem inação e o

u l t ra - r ea l i smo da t é cn i ca .

A cada novo longa-metragem cuja história se apóia em efeitos especi-ais eletrônicos lançado nos Estados Unidos, novas idéias mirabolantes assaltam nossos criativos e novos desafios são lançados aos artistas de computação gráfica brasileiros. Atualmente, os recursos tecnológi-cos estão bem mais acessíveis e a capacitação técnica de quem está à frente das principais produtoras de computação gráfica no Brasil é indiscutível. Mas lá, a computação

gráfica se aplica principalmente aos longas-metragens. Aqui, os efeitos são utilizados na publicidade, com maiores restrições de prazo e orçamento.Até há cerca de cinco anos, o esta-do-da-arte da computação gráfica estava no hardware Silicon Graphics, combinado a softwares considerados profissionais. Hoje, mesmo os pro-gramas antes ditos “domésticos” já estão evoluídos o suficiente para fornecer as ferramentas necessárias ao bom artista. E os softwares de primeira linha têm versões para Windows NT e Macintosh, equipamentos bem mais baratos. “Comparando com cinco anos atrás, os softwares hoje são mais simples e têm preços mais baixos. Se voltar-mos dez anos, podemos dizer que os preços desabaram”, afirma Laís Dias, da Terracota.A plataforma mais utilizada atual-mente é o Maya, da Alias|Wavefront, e a versão XSI da SoftImage, lançada como protótipo com o nome de Sumatra. O Maya é um programa que reuniu as principais técnicas e plug-ins disponíveis aos artistas espe-cializados em transpor a realidade para o computador. A pesquisa nesta área evolui muito rápido, obrigando a uma atualização constante. Cada novo blockbuster norte-americano envolve meses de pesquisa e a

contratação de engenheiros encar-regados de aperfeiçoar este ou aquele efeito. Passado algum tempo, o recurso desenvolvido na indústria norte-americana é incorporado aos softwares vendidos no mercado. “É como na Fórmula 1. Os desen-volvimentos tecnológicos feitos para os carros de corrida logo são transfe-ridos aos carros comuns”, diz Alceu Baptistão, da Vetor Zero.Apesar da aparente “facilidade” na aquisição dos equipamentos e na manipulação dos softwares, os conhecimentos necessários a quem está atrás do computador são muito grandes. A concorrência a princípio parece aumentar, mas os grandes trabalhos ainda são legados a quem realmente entende do assunto. Não basta dominar o computador, nem ser um bom artista. A computação gráfica é mais uma forma de contar uma história, exigindo conhecimen-tos da técnica cinematográfica, de recursos artísticos como visão tridi-mensional, pintura, animação e com-posição, além do domínio do próprio software. Isso porque, no Brasil, não há tarefas específicas. Quem trabalha na área, tem de dominar todas as etapas do processo.

queb rando ba r r e i r a s

Hoje, praticamente todas as dificul-dades que tiravam o sono dos artistas de computação gráfica podem ser solucionadas com as ferramentas disponíveis. Tudo depende, é claro, do tempo que se tem para trabalhar. Além da qualidade técnica do artista que está por trás da máquina, uma das principais exigências dos efeitos especiais é a capacidade de proces-samento. Não basta o software: são necessárias máquinas para processar os efeitos. É por isso que a técnica exige tempo. Depois de criada a estrutura em 3D do cenário ou do personagem virtuais, processo conhe-cido como modelagem, os elementos são pintados ou texturizados e então animados. Todas essas etapas exigem a renderização, que é o proces-samento pela máquina de todos os

c O m p u t a ç ã O g r Á f i c a

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 03 0

O REAL é o LIMITE

Page 31: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

comandos executados. Cada mudan-ça posterior exige um novo processo de renderização. No final, há ainda a composição, que é a combinação dos elementos virtuais e reais, em múlti-plas camadas que recebem um trata-mento de iluminação e textura, para que a imagem pareça ser única.Com o barateamento e a melhoria no processamento dos PCs que rodam o Windows NT, o processo de ren-derização não precisa ser feito pelas caras e complicadas estações Silicon Graphics, que utilizam sistemas Unix. Segundo Ivã Righini, da Macchina 1, os equipamentos estão cada vez mais rápidos, mas os softwares não deixam por menos: estão cada vez mais sofisticados. Isso implica uma necessidade constante de capacidade de processamento. Mário Barreto, da Imagina Produções, explica que antes uma das barreiras enfrentadas era a capacidade das máquinas. Hoje, é possível comprar PCs de alta produtividade até mesmo pela Internet. Não é o caso, porém, dos Macintosh, que têm ótimo desem-penho para o design mas baixa capacidade de processamento. Conforme a tecnologia evolui, novas exigências são feitas. O próprio espectador tem como base os filmes norte-americanos, então exige uma qualidade similar quando assiste à TV. “Todas as vezes que uma máqui-na torna-se mais rápida, já pensamos em fazer os efeitos antes considera-

dos impossíveis”, comenta Rodolfo Patrocínio, do núcleo de computação gráfica da Casablanca.O mercado atual vive um momento de aperfeiçoamento da qualidade. “Nada foi lançado recentemente de inovador e também não estamos esperando nenhum lançamento fantástico. Neste momento, estamos fazendo melhor o que já era feito”, afirma Alceu. Muitos orçamentos para a criação de cenários virtuais, que antes eram inviáveis, hoje podem ser executados e o grande desafio que se impõe é o de repro-duzir a realidade da forma mais perfeita e imperceptível. “Em alguns casos, fica mesmo mais barato usar a computação. Já se tornou comum criar modelos em 3D para substituir uma figuração numerosa e aplicá-los ao cenário na pós-produção”, explica Geninho, diretor especializado em filmes de efeitos.

b r i n cando de deu s

Em seu início, um filme de efeitos era sinônimo de uma estética clean, angulosa, metálica. Hoje, os artistas tentam criar o fotorrealismo, ou seja, recriar objetos e principalmente cenários naturais, fazendo com que isso passe despercebido para o espectador. “A computação gráfica atual leva em conta que a sujeira existe, há o rebatimento de luz, não existe nada perfeito, totalmente

simétrico”, diz Paulinho Ferreira, do núcleo de computação gráfica dos Estúdios Mega. Para isso, o domínio da técnica é complementado por pesquisas de campo e observação dos cenários e objetos reais. “Para pesquisar referências precisamos sair, reparar como as coisas funcionam, como acontecem os movimentos dos animais, qual a textura da pele, a incidência da luz”, explica Rodolfo Patrocínio. Com isso, continua, é possível não só criar realidade mas também fornecer um ar de realidade a elementos irreais. É o caso, por exemplo, dos dinossauros: ninguém sabe realmente como são, mas seus movimentos foram recriados a partir da observação de elefantes e a pele é uma reprodução dos répteis. “Hoje já se sabe que algumas espé-cies eram recobertas de penas, mas se colocássemos penas em um velociraptor as pessoas iriam achar estranho”, afirma. Segundo Laís Dias, “as principais dificuldades surgiam quando tínham-os de recriar cenários naturais, com árvores e folhagens, por exemplo, e também na animação de partículas randômicas para criar efeitos nat-urais, como tempestades etc. Até há pouco tempo, era preciso filmar o cenário e trabalhar em cima. Com os custos mais reduzidos, hoje já é pos-sível recriar esses cenários, quando a linguagem do filme pede algo mais

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 0 3 1

Page 32: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

mágico”. Laís acredita que a amplia-ção dos recursos tecnológicos permite que o artista consiga deixar sua marca no filme, pois a maior quantidade de opções faz com que se possa executar o efeito da forma como foi concebido. Alceu Baptistão concorda que hoje está mais fácil combinar a imagem filmada com os recursos 3D. “Ainda existem obstáculos em relação aos elementos orgânicos, pois para que fiquem perfeitos é preciso muito trabalho, muito tempo”. O software Maya, por exemplo, tem um recurso chamado Fur (pêlo) que ajuda a criar o pêlo de animais, o que sempre foi muito complicado. “Com ele consegui-mos criar um ursinho bastante realista. Mas a perfeição conseguida no filme ‘Stuart Little’, por exemplo, exigiu que o recurso fosse aperfeiçoado por engenheiros, que alteraram o software depois de muita pesquisa”, completa. Outro grande avanço que vem sendo incorporado aos softwares de computação gráfica diz respeito à

reprodução de líquidos. No filme “Mar em fúria”, ondas gigantescas foram criadas virtualmente, assim como o barco que quase naufraga e até mesmo a tripulação, vista em plano aberto. Novamente, o longa-metragem exigiu nove meses de pre-paração para que o software fosse capaz de reproduzir a tempestade no mar. O que falta aos recursos disponíveis no mercado, segundo Alceu, é a capacidade de manipular melhor a iluminação da cena. “A água em movimento tem refrações que ainda são impossíveis de repro-duzir. Já estão sendo desenvolvidos recursos que conferem radiosidade à imagem, isto é, permitem que os elementos da cena reflitam e refra-tem luz entre si e não só a partir de um ponto específico, como hoje determinamos na computação. Pois um carro recebe a luz direta e tam-bém sofre reflexos de suas próprias partes, da luz que bate no chão e nas paredes. Hoje nós ainda não

conseguimos simular o efeito de um difusor ou de um rebatedor. Tudo isso influi no realismo final da cena.” Alceu acredita que o Maya é uma boa ferramenta de modelagem, mas sua arquitetura não é tão aberta para que se possa recriar as funções como se faz em Hollywood.

he l p v i r t ua l

Ainda exercida por um número redu-zido de pessoas, a computação grá-fica só teve a ganhar com a chegada da Internet. Além de as animações em 3D também serem veiculadas na rede, com as devidas adaptações de parâmetros, a troca de informações que a Internet possibilita facilitou enormemente o trabalho de quem está sozinho à frente de um com-putador, acompanhado apenas de um manual de instruções. “A Internet tornou nosso trabalho menos isolado. Há grupos de dis-cussão que permitem que você tire dúvidas. Você joga uma pergunta e pessoas do mundo inteiro que pas-saram por isso acodem, respondem, contam o pulo do gato. Da próxima vez, você também vai querer ajudar, se souber a resposta não guarda só para si, vai revelar seu segredo tam-bém”, acredita Paulinho. A rede também promete baratear bastante os custos de software. Criadores mais ousados já estão disponibilizando em seus sites versões completas de softwares de computação gráfica, cujo down-load pode ser feito em minu-tos, sem cobrar nada por isso. “Na Imagina estamos testando o Blender www.blender.com. O soft-ware fica à disposição para down-load, mas os manuais de instrução são vendidos, assim como cursos e treinamentos on-line”, explica Mario Barreto. Além do Blender, também existe outro software, chamado, K-3D www.k-3d.com que é gratuito. Cada vez mais, as ferramentas estão ao alcance da mão, a preços muito competitivos. Como em muitas out-ras áreas, o que realmente conta é a qualidade da mão de obra.

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 03 2

c o m p U T A Ç Ã o G r Á F I c A

Page 33: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 34: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Paulo boccato

A MUDANÇA DOS fOTÓGRAfOSD i r e t o r e s de f o t og ra f i a

comen tam a l gun s a spec t o s que

a u t i l i za ção de equ i pamen to s

d i g i t a i s t r az pa ra a p rodução

e ex i b i ção de f i lme s . A f i na l ,

o d i g i t a l va i muda r o l uga r

do f o t óg ra fo no c i nema?

Em um recente seminário ocorrido durante o Festival do Rio BR 2000 (leia matéria da página 38), o dire-tor de marketing do laboratório nova-iorquino DuART Film & Video, David Fisher, foi bombardeado por perguntas de uma platéia afoita por descobrir os caminhos mais adequa-dos para se colocar, na tela grande, imagens captadas em vídeo digital. Representante de um dos mais con-ceituados laboratórios cinematográ-ficos do mundo, Fisher ouviu cases de realizadores brasileiros que tin-

ham experimentado o formato nas mais diversas situações: imagens captadas em câmeras de Mini DV a profissionais, edições realizadas em equipamentos dos mais domésticos aos mais sofisticados, processos que incorporavam mais de um formato e por aí afora. As respostas invariavel-mente terminavam com a frase: “Essa maneira pode não ser a ideal, mas dá para chegar a um produto final bom. O importante é fazer testes”. A conclusão óbvia é que ainda há muito que aprender sobre como fazer cinema captando em vídeo - a nova era derrubou todos os para-digmas da realização cinematográ-fica naquilo que ela tinha de mais estabelecido: o processo foto-químico. “Nós estamos vivendo um momento parecido ao do cinema na década de 1910, quando não havia sequer a definição de qual seria a bitola padrão nas telas do mundo. Podemos ir mais além, lembrando de outro momento histórico: o final dos anos 20, quando o advento do cinema falado chegou a extinguir

carreiras de diretores a atores”, compara o diretor de fotografia Flávio Ferreira, um dos profissionais brasileiros com a mais vasta experiência nos formatos de vídeo.Em outras palavras, se alguém assum-ir a árdua tarefa de escrever uma car-tilha sobre o assunto, provavelmente terá de trabalhar com estudos de casos - e aqui, literalmente, cada caso é um caso. Pelo menos uma preocu-pação já pode ser descartada logo de cara pelos profissionais da fotografia: o cinema digital não vai acabar com a importância da função, pelo contrário. Voltando ao terreno das compa-rações: “Quando inventaram o automóvel, ele era um privilégio de pouquíssimos. Hoje, todo mundo tem carro, mas continua existindo apenas um campeão mundial de Fórmula 1. O fato de milhares de pessoas terem uma câmera de vídeo em casa que possibilite a realização de um longa não significa que o diretor de fotografia é uma espécie em extinção”, opina Carlos Ebert, outro fotógrafo que tem trabalhado constantemente com o vídeo. “Eu sou um entusiasta da película, mas o digital com certeza nos traz van-tagens. A começar pelo fato de que os diretores vão poder filmar com mais freqüência”, acentua Alziro Barbosa, diretor de fotografia de “Mater Dei”, de Vinícius Mainardi, longa realizado com uma câmera JVC semiprofissional. O fotógrafo Mário Carneiro, um dos mais experientes profissionais brasileiros em atividade, faz coro: “Minha formação vem da pintura. Para mim, o vídeo digital é como a câmera 35 mm: um novo tipo de pincel disponível na praça”.

p roduc t i on de s i gne r s

Na verdade, uma das funções que muitos diretores de fotografia devem assumir no cinema digital feito no Brasil é a de production designer, cargo tão pouco comum na cin-ematografia do país que nem se usa a tradução - desenhista de produção.

c i n e m a

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 03 �

Page 35: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

“O digital traz a necessidade de grafar diferente. As regras mudam, associando-se mais a valores artísti-cos que técnicos. E o fotógrafo não está aí para reproduzir a realidade, mas para reprocessá-la. Quer dizer, não existe o certo e errado, mas um desenho de produção - onde você quer chegar e como vai alcançar este objetivo com o orçamento de que dispõe. Nesse ponto, o diretor de fotografia ganha importância”, opina Ferreira. Exemplo disso é o curta “Surfista invisível”, de Juliana Mundim. “Havia a intenção de rodar em 35 mm, mas era um filme repleto de efeitos que, se feitos opticamente, custariam uma pequena fortuna. Redesenhamos a produção para o formato Beta Digital (câmera DVW700), já pensando em tra-balhar os efeitos digitalmente”, conta Ebert, responsável pela fotografia do filme. Barbosa cita outra situação: “O contato entre diretor de fotografia e diretor de arte deve se estreitar ainda mais. Por exemplo, pelas características do vídeo, o uso do branco e do bege dá praticamente o mesmo resultado. Então, para evitar a perda de definição nas zonas claras, é importante deixar para clarear os tons na luz, não na direção de arte”, lembra.

s e l e t i v i dade

Questões de classe à parte, um dos conceitos mais importantes para se pensar a evolução do digital é o de compressão. Toda a revolução tec-nológica atual vem de um ovo de Colombo: os engenheiros das empre-sas fabricantes lembraram-se que o olho humano, como as câmeras de vídeo, trabalha com compressão

de informações - no caso de nós, simples mortais, na razão de 130:1 (o vídeo digital trabalha com taxas variadas, todas abaixo de 10:1). “Se o cérebro humano seleciona as infor-mações recebidas e joga fora uma parte delas, os engenheiros procura-ram saber o que não era aproveitado

e usaram este mesmo raciocínio no olho da câmera, compri-mindo principal-mente as infor-mações que, de qualquer maneira, nós não iríamos mesmo captar”, explica Ebert. A partir de então, a evolução na quali-dade de captação pelas câmeras de vídeo seguiu a passos de galope.

Ainda assim, a maioria dos equipa-mentos não codifica certos tipos de imagem, como folhagens, onde há um excesso de contornos, e movimentos muito rápidos.

cu l pa da t e l e v i s ão

Nesse ponto entra outro conceito básico, que é o da imagem entrela-çada, cuja origem remonta aos problemas de limitações na faixa de freqüência utilizada no sinal de vídeo do início da TV, nos anos 50. Naquela época, os sistemas de transmissão não davam conta dos breaks, ainda que de milésimos de segundo, entre um fotograma e outro. O sinal era comprimido para RF (radiofreqüência) e as linhas de definição da imagem tinham de ser entrelaçadas para que este sinal se mantivesse contínuo. Ainda por conta disso, as câmeras foram dota-das de um mecanismo que reforça os recortes, gerando imagens mais duras. Os sistemas de transmissão mudaram, mas a maioria das câmeras continua trabalhando com entrelace. A maioria, porque câmeras HD lan-çadas recentemente no mercado já

substituem as linhas entrelaçadas pelas progressivas - são as chamadas 24P. “Esse protocolo deve chegar em breve às câmeras mais populares”, aposta Flávio Ferreira. O que vai eliminar dois problemas técnicos que tiram o sono dos fotó-grafos: os já citados recortes e a complicada transformação de ima-gens captadas a 30 fotogramas por segundo, no caso do sistema NTSC (no sistema PAL, são 25 fps) em ima-gens exibidas a 24 fps, como ocorre nas salas de cinema. “Se você capta a imagem em película de alguém batucando rapidamente num tarol, por exemplo, terá 24 posições dis-tintas da baqueta em um segundo. Se a captação é feita em vídeo a 30 fps e com entrelace - onde a cada fotograma correspondem dois fields - você terá 60 posições diferentes para o mesmo movimento. Então, a questão não é nem a redução de 30 para 24 fotogramas, mas eliminar 36 posições”, esclarece Ferreira. Para resolver o dilema, cada laboratório desenvolveu um método próprio, guardado a sete chaves e baseado em complexos cálculos de algoritmo. Mas isso significa que um transfer mal realizado pode causar distorções nas imagens em movimento - os chamados “artefatos”.

cu i dado s bá s i co s

Problemas como recortes excessivos são normalmente resolvidos pelo uso de filtros. Mas quando a imagem vai ser ampliada para a tela grande, essa utilização deve ser bastante cau-telosa. “O vídeo amplifica o efeito dos filtros. Assim, sempre é bom usar uma graduação menor do que aquela aplicada no caso da película”, adverte Ferreira. E se restringir aos filtros de correção, evitando os de efeito. “É melhor deixar essa parte para o processo de finalização”, recomenda Ebert. “Filtros difusores causam perda de definição na hora de ampliar. É melhor ficar apenas com os polarizadores e os de densi-dade neutra”, reforça Barbosa. O erro na utilização de filtros é tão

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 0 3 �

A fUNÇÃO DE PRODUCTION

DESIGNER DEVE SER ASSUMIDA PELOS

DIRETORES DE fOTOGRAfIA.

Page 36: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

comum quanto achar que recursos de câmera que valem para melhorar a imagem quando o produto final é vídeo são aplicáveis nos casos em que haverá ampliação. “O uso do detail, que aumenta a definição ele-trônica, não serve quando o assunto é cinema”, previne Ebert. Da mesma maneira, os ajustes de set-up card para imitar as curvas de RGB das películas não trazem o mesmo resul-tado na telona. “Não adianta achar que, se você fizer um ajuste para imitar um 5248, tipo de filme nega-tivo usado em cinema, por exemplo, a imagem vai responder da mesma forma no vídeo e na tela do cinema. Você só conseguirá o film look na tela pequena, antes do transfer”, explica Ferreira. Outro mito que a prática com o vídeo digital desmente é o do excesso de profundidade de campo no for-mato. “A profundidade de campo não é inerente à película ou ao CCD da câmera. Esse recurso é criado na objetiva pela exposição e pode ser conseguido em Mini DV ou 35 mm”, esclarece Ferreira. “As pessoas

pensam que no vídeo poderão trab-alhar sem luz, mas você tem de tê-la justamente para resolver a questão da profundidade, definir os planos, dar a sensação de tridimensionalidade. Senão, vai ficar tudo chapado, duro, sem textura”, diz Barbosa. As lentes ganham importância nesse aspecto e também na questão da definição. “É preciso que o mercado brasileiro invista em lentes mais pre-cisas e também em outros acessórios de qualidade, como tripés, cabeças, parassóis e prolongas de visor. Não adianta todo mundo ter uma câmera e os acessórios continuarem sendo os mesmos usados para trabalhos que só seriam vistos na tela peque-na”, prega Barbosa.

l im i t a çõe s

Usado aleatoriamente, o vídeo tam-bém apresenta problemas de latitude e resposta de cor. A latitude do formato alcança apenas cinco stops, contra sete no caso da película - um dos desa-fios que nem mesmo o vídeo de alta definição conseguiu resolver ainda. Por

isso, é importante envelopar a imagem de acordo com a capacidade de luz da câmera utilizada. “O vídeo gosta de situações de baixo contraste, porque sua tendência é acentuá-lo. Pede luz suave, muito butterfly, filtros ND e Low Contrast “, diz Ferreira. “O ideal é trabalhar as câmeras eletronicamente para baixar os níveis de contraste, deitando o black strecht”, completa. “Você não pode ter nada muito mais claro que o rosto do ator em cena, pois a pele já está próxima, a um stop e meio, do limite da escala de cinzas que as câmeras de vídeo reproduzem”, diz Ebert. “Nos testes para o ‘Mater Dei’, percebemos que, numa tabela de cinzas de dez tons, os três primeiros eram registrados como idênticos pelo vídeo”, lembra Barbosa. Nas curvas de RGB, aparece o mesmo problema: a tendência é a perda de suavidade na passagem de tons, trazendo cores ou muito saturadas ou muito escuras.Os recursos de ponta da tecnologia HD devem se popularizar nos próxi-mos anos, derrubando um a um os problemas técnicos mais comuns enfrentados pelo cinema digital em seu estágio atual. Com a expansão da projeção digital, a película pode pas-sar a ocupar um lugar secundário no mercado cinematográfico. A tendência já conta com o aval da indústria norte-americana. Hollywood sempre deixou bem claro que só partiria para um novo estágio na captação e projeção de imagens se o seu público não fosse penalizado com a perda de qualidade, se os espectadores não notassem nenhum tipo de retrocesso tecnológico. Alguns sinais permitem concluir que esse estágio já chegou: basta lembrar que a Panavision, responsável pela fab-ricação das mais sofisticadas câmeras cinematográficas do planeta, acaba de adquirir uma centena de câmeras HDW900 24P, da Sony, e que as majors da distribuição estão começando a equipar exibidores norte-americanos com caríssimos projetores digitais. Resta saber se o que se anuncia será a con-tinuidade do sonho dos irmãos Lumière ou, quem sabe, uma nova arte radical-mente diferente. A resposta está nas mãos daqueles que a realizam.

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 03 �

c I n E m A

Page 37: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 38: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

alexander galvão

ATRÁS DAS TELAS DO RIO BR 2000

o Fe s t i va l do r i o br 2000

con so l i da - s e como um

impo r t an t e c en t r o de

negóc i o s pa ra a p rodução

c i nema tog rá f i ca b ra s i l e i r a

e l a t i no - ame r i cana .

Em frente ou atrás das telas de exi-bição, o Festival do Rio BR 2000 consolidou-se como o mais impor-tante festival de cinema da América Latina. Para os espectadores, o evento apresentou, entre os dias 5 e 18 de outubro, cerca de 400 filmes espalhados em 30 salas de exibição. Para os produtores e realizadores de cinema, a mobilização ficou por conta do showcase e do Seminário Internacional de Mercado, que envolveram o setor de negócios e contaram com a presença de impor-tantes executivos de empresas mun-diais do setor audiovisual.O evento é fruto da junção ocorrida em 1999 entre a Mostra Rio e o Rio Cine e sai fortalecido de sua segunda edição. O patrocínio exclusivo e, doravante, permanente da Petrobrás Distribuidora garantiu R$ 3 milhões para a realização do festival, além do

Prêmio BR de R$ 300 milhões para a produção brasileira, divididos entre ficção e documentário escolhi-dos em votação popular.Tanto o cinema brasileiro quanto a produção cinematográfica mun-dial estiveram bem representados no festival, que trouxe aos 135 mil espectadores cariocas a oportuni-dade de assistir, em 1339 sessões, desde retrospectivas de diretores consagrados até ao que há de mais recente no panorama internacional de cinema. Dentre as várias mostras, estiveram em foco títulos orientais, latino-americanos e britânicos além de filmes originalmente produzidos em formato digital, muitos dos quais sem previsão para entrar no circuito brasileiro de exibição.

d i f e r en c i a l

Mas é por trás das telas que o Festival do Rio BR 2000 apresenta seu dife-rencial entre os eventos do gênero no país. Os salões do Hotel Copacabana Palace, quartel-general do evento, serviram de palco ao Seminário Internacional de Mercado e abrigaram os showcases onde compradores e vendedores tiveram acesso ao que há de mais recente na produção brasileira e latino-americana. Por seis dias, o Seminário Internacional de Mercado atraiu produtores e realizadores de cinema para painéis nos quais estiveram pre-

sentes representantes de empresas inter-nacionais da indústria do audiovisual, como Motion Picture Association, Canal Plus, Columbia TriStar, Film Four, 20th Century Fox, Buena Vista International, entre outras. Além de mostrar as novi-dades do mundo das tecnologias digitais de produção e distribuição do produto audiovisual, o seminário esteve centrado nas possibilidades de financiamento e comercialização da produção cin-ematográfica brasileira e latina. A abertura do seminário no dia 10 de outubro contou com a presença do secretário brasileiro do audiovisual, José Álvaro Moisés, que ressaltou a importância do setor audiovisual como “uma das áreas mais dinâmicas da economia contemporânea”. Em seguida, o primeiro painel apresentou dados sobre o mercado hispânico nos Estados Unidos. “Esse não é neces-sariamente um mercado para o cinema feito no Brasil”, ressaltou Steve Solot vice-presidente da Motion Picture Association (MPA) para operações na América. Os dados da MPA, asso-ciação que defende os interesses das sete majors de Hollywood, mostraram que a maior parte dos hispânicos, em busca da inserção cultural na socie-dade americana, prefere ver cinema falado em inglês. O executivo da MPA recomendou que o marketing dos filmes brasileiros nos Estados Unidos seja direcionado ao público mais geral, e não aos lati-nos. Essa foi, por exemplo, a estraté-

f e s t i V a l

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 03 �

Page 39: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

gia da Sony Classics para “Central do Brasil”, sexto filme de língua estrangeira mais visto no país em 1999. Mesmo assim, ressaltou as dificuldades de inserção da cin-ematografia brasileira no mercado norte-americano: das 37 mil salas de cinema existentes no país, apenas 700 exibem filmes não falados em inglês. É nesse universo restrito de salas de exibição que concor-rem entre si os filmes feitos no Brasil e os filmes feitos em outras partes do mundo.

i d en t i dade p róp r i a

Apesar do funil pelo qual tem de passar o cinema brasileiro até chegar às telas de outros países, executivos de companhias norte-americanas e européias enfatizaram a importância da consolidação de uma identidade própria para a produção brasileira. Essa foi uma das principais con-clusões deixadas pelo painel sobre aquisição de direitos e pré-venda no mercado internacional. Os executivos responsáveis pela área de compras e aquisições em suas respectivas empresas elucidaram os critérios adotados no momento de adquirir um filme e insistiram na busca de nichos de mercado específicos, não atendidos pelos modelos consagra-dos por Hollywood. Nesse sentido, ressaltaram o valor do marketing diferenciado e a importância da fidelidade à cultura e à língua do roteiro original.Como uma importante estratégia de marketing contra a inércia imposta pelo mercado cinematográfico mun-dial, Marco Miller, diretor da Fabrica Cinema, sugeriu a presença de filmes brasileiros em festivais importantes, nos quais o trabalho de diretores de países periféricos pode ganhar grande notoriedade. Além disso, “uma das funções dos festivais é justamente criar nichos de mercado”, explicou o ex-diretor dos festivais de Locarno e Roterdã, referindo-se às possibili-dades de estruturação de mercado para cinematografias à margem do eixo dominante.

A aposta em apoiar projetos a partir de roteiros e de trabalhos de dire-tores estreantes de países periféricos como Irã, Turquia, Rússia, China e Brasil têm dado bons retornos para a Fabrica, um centro de produção audiovisual da Benetton, em Treviso (Itália), criado em 1994. O iraniano “Quadro negro” foi vencedor do Prêmio Especial do Júri em Cannes 2000 e, em 1999, o chinês Zhang Yuan ganhou o Leão de Prata de mel-hor diretor no Festival de Veneza por seu filme “17 anos”. Em consonância com as ousadas campanhas publici-tárias de sua patrocinadora, os temas dos filmes apoiados pela Fabrica têm em comum as angústias vividas pelos jovens em seus respectivos países. Dos fornos da Fabrica Cinema têm saído cerca de cinco longas em 35 mm e oito filmes em digital por ano. A mais recente obra do braço cinematográfico da United Colors é o filme brasileiro “Bicho de sete cabeças”, da paulista Laís Bodanski, cuja co-produção possibilitou o aporte de US$ 185 mil ao projeto, todo finalizado na Itália. O atendimento a nichos de merca-do também foi enfocado por Juliette Renaud, do Canal Plus francês. “Não se deve mudar a cultura e a língua de um roteiro a partir de um ponto de vista comercial”, ressaltou a diretora responsável pela área de pré-compras da emissora fran-cesa, ao referir-se à integridade dos roteiros originais. A empresa par-ticipa como co-produtora em cerca de 480 filmes por ano, alocando

recursos para projetos em estado embrionário - exercendo a chamada “pré-compra” - e obtendo em troca a aquisição dos direitos de exibição para determinados territórios.

negoc i a ção s imu lada

Diferentemente dos procedimentos de pré-compra (ou pré-venda, na visão dos produtores do projeto inicial), a aquisição de direitos de exibição quando os filmes já estão prontos não envolvem riscos para as empresas compradoras. “Aquisição não tem nada a ver com risco, tem a ver com oportunidades financeiras e estratégicas”, elucidou Tony Safford, vice-presidente de compras e produção da 20th Century Fox (EUA). Os grandes estúdios de Holywood preferem arriscar grandes recursos em produções próprias delegando a suas distribuidoras a respon-sabilidade de comprar títulos em mercados estratégicos. A Fox, por exemplo, tem comprado direitos de exibição de títulos brasileiros para toda a América do Sul, inclu-indo o Brasil, como fez com o filme “Xuxa requebra”.Outra lição tirada do painel sobre pré-vendas e aquisições foi a importância das co-produções. Do total de pré-compras efetuadas pelo Canal Plus, a maior parte tem sido direcionada às co-produções na França e no resto Europa, devido à obrigatoriedade de emissão de certo número de títulos franceses ou europeus para cada título estrangeiro exibido. “Só houve pré-compra de ‘Central do Brasil’ porque o filme foi considerado francês”, enfati-zou Renaud citando o exemplo do acordo de co-produção internacional que viabilizou os US$ 500 mil destina-dos ao filme. Os temas da produção conjunta entre países e a aquisição de direitos voltaram a tona no painel “Formatação e Desenvolvimento de Projetos - Negociação” no qual ocorreu uma simulação de nego-ciação de um filme brasileiro em estado embrionário para o mercado internacional. Representando a

T E L A V I V A n o V E m b r o D E 2 0 0 0 3 9

Executivos estrangeiros enfatizam a

necessidade de uma identidade

própria para a produção brasileira.

Page 40: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

si mesmos em inusitado talento dramático, produtores, co-produ-tores, agentes, advogados e dis-tribuidores deram ao público a oportunidade de acompanhar as etapas e percalços de uma nego-ciação repleta de alternativas. Na simulação, a possibilidade de par-ticipação de um ou de outro par-ceiro estrangeiro na co-produção fazia com que se mudasse a todo o momento os rumos (e o roteiro original) do filme brasileiro. No painel mais concorrido do semi-nário estiveram presentes represent-antes de empresas de porte como a Columbia TriStar, Fox, Capitol Films, Zebra Producciones e Wild Bunch/Canal Plus.

expe r i ên c i a

Em dois painéis, os produtores brasileiros puderam tomar conheci-mento de experiências da indústria cinematográfica em outros países que poderiam ser aplicados no Brasil. Um

estudo de caso sobre a Argentina foi mostrado pela Patagonik Film, produtora de audiovisual cujo capital social está repartido entre a Telefonica Media, a Artear (Grupo Clarín), a Buena Vista International (Disney), com 30% cada, e o sócio fundador, com 10%. O case ilustrou as possibilidades de parcerias estra-tégicas envolvendo produtores e distribuidores (internos e externos) na produção de cinema. A Patagonik Film foi fundada em 1994 e repro-duz, na Argentina, a convergência de interesses entre grupos de mídia, de telecomunicações e produtores de conteúdo audiovisual. Constitui, assim, um interessante exemplo do que pode vir a acontecer no Brasil com o crescimento da televisão por assinatura e com a abertura do capi-tal das emissoras de televisão aberta para investidores estrangeiros. Tanto os argentinos da Patagonik quanto os britânicos da Film Four e da Scottish Screen foram unânimes em afirmar a importância da cria-

ção de mecanismos de regulação governamentais para a consolida-ção da produção cinematográfica local. No painel sobre a produção do Reino Unido estiveram em foco os mecanismos de financiamento para a produção cinematográfica britânica e européia. Além da “cota de tela” para a TV que obriga as empresas de televisão a investir na produção de filmes locais - como acontece na França e na Espanha - o Reino Unido conta com outros mecanismos de apoio, tais como o Film Council e os recursos proveni-entes da Loteria Nacional. O Film Council foi criado em abril deste ano pelo governo britânico para incentivar, tanto do ponto de vista cultural quanto comercial, a indústria cinematográfica. Para John Archer, diretor executivo da Scottish Screen as atividades do órgão de fomento poderão desenvolver no longo prazo, “uma verdadeira indús-tria cinematográfica independente dos Estados Unidos”. O Film Council

F E s T I V A L

Page 41: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 42: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

passou a centralizar os recursos provenientes de parte da arrecadação da Loteria Nacional que, desde 1995, viabilizou cerca de 100 produções alocando recursos entre £ 7,5 mil e £ 1,5 milhão (US$ 12 mil e US$ 2,4 milhões, aproximadamente). Atualmente a Loteria Nacional tem possibilitado o aporte de cerca de £ 50 milhões anuais (cerca de US$ 80 milhões) para a produção cinematográfica britânica. As atribuições do órgão de fomento incluem o apoio à promoção e ao marketing de filmes, as parcerias com comissões regionais (como a Scottish Screen) compostas por profissionais da indústria, a formação de platéias para a produção local, a viabilização da exportação e os investimentos externos que usem os recursos locais. Mais do que uma imposição, a parceria estratégica entre cinema e televisão tem sido estratégica para o desenvolvimento da indústria audiovisual inglesa. É o que apontou o presidente da

FilmFour, Paul Webster, no painel sobre as alianças entre a pequena e a grande tela. A FilmFour vem atuando desde 1984 na produção distribuição e comercialização de filmes. Como peculiaridade do mercado inglês, Webster ressaltou também a importância das alianças estratégicas entre setores privados e estatais na televisão. Nesse mercado, dominado pela estatal BBC, a FilmFour vem atuando desde 1998

com o FilmFour Channel, canal de TV que exibe mensalmente cerca de 120 filmes britânicos, americanos e independentes de todo o mundo.A presença de executivos de peso da indústria audiovisual internacional contribuiu para que, entre as salas e a piscina do Copacabana Palace, muitas negociações envolvendo a produção latina e brasileira pudessem ser encaminhadas. Ainda sem poder indicar com exatidão as cifras envolvidas nos negócios fechados durante o evento, Iafa Britz, diretora do seminário, apontou que o espaço informal de transações que envolvem o estabelecimento de acordos de co-produções e a compra e venda de projetos cinematográfico embrionários irá evoluir, na próxima edição, para a consolidação de um mercado mais formalizado. Segundo a organizadora do seminário, além das mostras de cinema, “a meta do festival é se tornar um portal para a entrada e saída do produto cinematográfico latino”.

F E s T I V A L

“A meta do Festival é se

tornar um portal para entrada e

saída do produto cinematográfico

latino.”Iafa Britz, organizadora do seminário

Linha completa de tripése uma enorme variedade de

produtos com qualidadee tecnologia de ponta.

conheça nosso Telepromptere garanta uma excelente

performance nas próximas produções.

Page 43: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 44: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

f i Q u e p O r d e n t r O

O prêmio criado pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo que visa estimular as iniciativas de experimentação, pesquisas e procedimentos artísticos que utilizam novas mídias e meios tecnológicos, leva o nome do ex-ministro Sérgio Motta, em homenagem ao seu incentivo à cultura e empolgação com as novas tecnologias. O prêmio é dividido em 11 modalidades contemplando: vídeo (vídeo arte, vídeo instalação, vídeo performance, vídeo dança e videowall), site, CD-ROM, web art, fotografia (foto digital, foto instalação, back light), poesia sonora, imagem reproduzida (outdoor, plotter, painel eletrônico, mail-art), música erudita contemporânea, holografia e projeções a laser, realidade virtual e pesquisa. O prêmio abrange a participação de trabalhos realizados entre janeiro de 1999 e julho de 2000 e terá sua cerimônia de premiação no dia 26 de novembro, dia do aniversário do ex-ministro da Comunicação, na Sala São Paulo.

P R M I O S E R J Ã O

Com temas abordados como linguagem cinematográfica, operação de câmera e ângulos certos, posturas dentro do set de filmagem, roupas corretas, entrevistas, trilhas sonoras, edição, timing e finalização, o 1º Curso de Making Of será ministrado pelo diretor Alex Maciel, publicitário graduado pela FAAP, professor registrado pelo MEC e atualmente lecionando RTV nas Faculdades Oswaldo Cruz. Os cursos serão ministrados no Videoroom da Making Of Produções, na Av. Angélica, 819 entre os dias 21 de novembro e 2 de dezembro. Mais informações e inscrições no site www.makingof.net.

M A K I N G O F

O convênio entre o Projeto Proarte brasil e a Escuela Internacional de Cine y TV de Cuba está oferecendo cursos, sem vestibular nem limite de idade, no primeiro semestre de 2001 para brasileiros. As oficinas experimentais são: direção de atores, roteiro cinematográfico, escrevendo para atores - atuando para escritores, fotografia cinematográfica avançada e edição digital em Avid. As oficinas de especialização em TV são: informativos de TV e jornalismo televisivo, produção e direção de programas dramáticos para TV. Contatos no Brasil para inscrições com Alfredo Calvino / Patricia Martin - Projeto Proarte Brasil - telefax: (24) 629-1493 (Búzios) celular: (24) 9217-1620 e-mail: [email protected].

C I N E M A E V Í D E O E M C U B A

VídeOshOp

Page 45: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

VídeOshOp

Se você tem sempreque se virar para

encontrar um bom tripé,seu problema está

resolvido, ligue para a

Agora com 3 anos degarantia, além da certeza

de uma manutenção rápida e econômica.

R.Lima Campos, 64Cotia - SP - CEP 06700-000

TEL:(011) 7922-4629TEL/FAX:(011)492-5326www.dmsvideo.com.br

Aqui você encontra

a ficha técnica e a descrição dos

comerciais e filmes mais comentados no mercado

nacional.

Making of do site

Tela Viva

www.telaviva.com.br

Page 46: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 47: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel

Page 48: Revista Tela Viva - 99 Novembro de 2000

Não disponivel