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Trabalho de Conclusão de Curso RELAÇÃO ESCOLA E FAMÍLIA Rosangela Luiz da Silva Furtado 1 Camilo Henrique Silva RESUMO: O Presente Artigo apresenta o referencial teórico-metodológico baseado na pesquisa, coletados e analise do Projeto de Pesquisa realizado na Escola Municipal Padre Tomaz Ghirardelli em Campo Grande/MS; Bairro Dom Antônio Barbosa. Nossa reflexão durante os estudos do tema, discute as funções sociais da família e da escola; e discorre sobre a experiência dos encontros com os pais no intuito de estreitar as relações e aproximar a família da escola por meio de ações de fortalecimento de vínculos, visto que a maioria dos pais, familiares e ou cuidadores demonstram insegurança quando o assunto é a Educação dos filhos e estes por sua vez, tem papel fundamental na realização deste processo. Palavras-chave: Família. Escola Municipal Padre Tomaz Ghirardelli. Educação. Relacionamento. 1 INTRODUÇÃO Este artigo tem como objetivo promover reflexão sobre a importância da participação da família na escola e na vida escolar de seus filhos, já que o diálogo entre essas duas instituições é essencial para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Sabemos que é na família que recebemos noções de princípios e valores como, por exemplo: tratar as pessoas com dignidade. É nela que encontramos nossos primeiros professores e automaticamente recebemos ensinamentos que refletirão e perdurarão por toda nossa vida. Quando conseguimos associar a família no contexto do universo escolar, conseguimos cumprir com os papeis Políticos e Sociais na Educação e automaticamente a possibilitar a comunicação e a aproximação entre pais e filhos. A participação da família no ambiente escolar é fundamental no processo ensino aprendizagem, pois ambas integradas e atentas podem detectar dificuldades de aprendizagem que as crianças possam vir a apresentar ao longo de sua vida educacional. A família deve ser parceira da Escola para juntos oferecerem e desenvolveram trabalho de cumplicidade nos assuntos relacionados ao ambiente e formação escolar. 1 Assistente Social- Universidade Anhanguera Uniderp de Campo Grande/MS. Realizou Curso de Extensão Universitária - Universidade Federal de Santa Catarina- UFUSC. E-mail: [email protected].

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Trabalho de Conclusão de Curso

RELAÇÃO ESCOLA E FAMÍLIA

Rosangela Luiz da Silva Furtado1

Camilo Henrique Silva

RESUMO: O Presente Artigo apresenta o referencial teórico-metodológico baseado na pesquisa,

coletados e analise do Projeto de Pesquisa realizado na Escola Municipal Padre Tomaz

Ghirardelli em Campo Grande/MS; Bairro Dom Antônio Barbosa. Nossa reflexão durante os

estudos do tema, discute as funções sociais da família e da escola; e discorre sobre a

experiência dos encontros com os pais no intuito de estreitar as relações e aproximar a família

da escola por meio de ações de fortalecimento de vínculos, visto que a maioria dos pais,

familiares e ou cuidadores demonstram insegurança quando o assunto é a Educação dos

filhos e estes por sua vez, tem papel fundamental na realização deste processo.

Palavras-chave: Família. Escola Municipal Padre Tomaz Ghirardelli. Educação.

Relacionamento.

1 INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo promover reflexão sobre a importância da participação

da família na escola e na vida escolar de seus filhos, já que o diálogo entre essas duas

instituições é essencial para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Sabemos que

é na família que recebemos noções de princípios e valores como, por exemplo: tratar as

pessoas com dignidade. É nela que encontramos nossos primeiros professores e

automaticamente recebemos ensinamentos que refletirão e perdurarão por toda nossa vida.

Quando conseguimos associar a família no contexto do universo escolar, conseguimos

cumprir com os papeis Políticos e Sociais na Educação e automaticamente a possibilitar a

comunicação e a aproximação entre pais e filhos.

A participação da família no ambiente escolar é fundamental no processo ensino

aprendizagem, pois ambas integradas e atentas podem detectar dificuldades de aprendizagem

que as crianças possam vir a apresentar ao longo de sua vida educacional. A família deve ser

parceira da Escola para juntos oferecerem e desenvolveram trabalho de cumplicidade nos

assuntos relacionados ao ambiente e formação escolar.

1 Assistente Social- Universidade Anhanguera Uniderp de Campo Grande/MS. Realizou Curso de Extensão

Universitária - Universidade Federal de Santa Catarina- UFUSC. E-mail: [email protected].

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Trabalho de Conclusão de Curso

Ao longo da História da Educação no Brasil, sabe-se que a família ocupou papel de

grande relevância na formação humana e inclusão de valores na formação de seus filhos. A

família e a Escola devem manter laços fundamentais no processo de aprendizagem, faz-se

necessário que ambas caminhem juntas e tentem na medida atrelar os mesmos princípios e

critérios com relação aos objetivos que desejam atingir na formação das crianças, jovens e

adolescentes que lhes são confiados.

A interação entre Escola - Família é de suma importância no processo de ensino

aprendizagem, mas nos dias de hoje, a educação tem sido assistida com grande

descredibilidade, até mesmo por parte da sociedade. Diante desta triste realidade, e com a não

participação ativa da família na vida pessoal e escolar de seus filhos a Equipe Pedagógica

busca formas de incitar participação ativa da família na escola e automaticamente estimular a

participação dos pais na vida escolar dos seus filhos.

2 O BAIRRO DOM ANTONIO BARBOSA

Antes de abordarmos o trabalho realizado, se faz necessário contextualizar a realidade

em que se encontra a comunidade do Bairro Dom Antônio Barbosa e narrar brevemente a sua

história até para tentarmos entender o relacionamento entre comunidade educativa e a

família.

A comunidade Dom Antônio Barbosa, está localizada na região urbana do

Anhanduizinho, bairro Parque Lageado. Este loteamento foi lançado pela Prefeitura

Municipal de Campo Grande-MS em 1994, para remoção de favelas. Está localizado na

região Sul, distante aproximadamente 12 km do centro comercial e próximo do “lixão”, às

margens da rodovia MS-455 (saída para Sidrolândia).

O Loteamento foi criado em 1994, com aprovação oficial em 22/03/1995. A

comunidade originou-se do processo de remoção de famílias vulnerabilizadas provindas de

diversas regiões da cidade por iniciativa do Poder Público Municipal, como prática de uma

política de acesso à moradia e de justiça social, passando pela aquisição barata da terra

urbana na periferia da cidade, via de regra, sem os serviços básicos de infraestrutura.

No caso das famílias que vivem nesta região a maioria representa socialmente a

pobreza, a exclusão e, nesse sentido, sofrem discriminação. É desse modo que essa

comunidade, antes de mesmo de ser territorializada, nasce com a marca da exclusão

territorial.

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De acordo com os dados estatísticos do Instituto Municipal de Planejamento Urbano –

PLANURB, em 2004, a comunidade do Dom Antônio Barbosa era aproximadamente de seis

mil habitantes, correspondentes a 0,817% da população de Campo Grande/MS e que em 1°

de julho do mesmo ano era de 734.164 habitantes. O loteamento Dom Antônio Barbosa

nasceu, com a migração de famílias muito pobres provindas de invasões da beira de córregos,

mas que eram trabalhadores, ávidos pela casa própria.

Abaixo apresentação de tabela quantitativa das primeiras remoções de famílias que

iniciaram o povoamento do Dom Antônio Barbosa:

Tabela 1: Remoção de Famílias com Destino Dom Antônio Barbosa.

Ano Número de Famílias Origem

1994 68 Diversos Territórios

1995 52 Jd. das Reginas/ Invasão

1995 52 Lagoa Dourada

1995 70 Estrela D’Alva/ Invasão

1995 23 Sol Poente

TOTAL 265

Fonte: PLANURB. Relatório 1993-1996, Campo Grande/MS

As crianças e jovens destas famílias, a maioria são atendidas pela Escola Municipal

Pe. Tomaz Ghirardelli, (foto n.1), construída em 1998, com trinta e seis salas de aula,

biblioteca, duas salas de informática, quadra de esporte coberta, cantina e área administrativa.

O ensino é oferecido nos três períodos (Manhã/ tarde e noite) e atende cerca de dois mil e

seiscentos alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental e também Educação Especial.

Dentre vários Projetos oferecidos para a Comunidade se destacam: PDE, Aceleração da

Aprendizagem, Judiciário, PROERD, Se Liga, Alfa e Beta, RC Alfa, Aceleração da

Aprendizagem do Ensino Noturno (Ensino Fundamental II) e Fase I e II.

3 A ESCOLA MUNICIPAL PADRE TOMAZ GUIRARDELLI

A Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli foi fundada em 1998 e inaugurada no

mesmo ano, no dia 13 de fevereiro. Atualmente é considerada uma das maiores Escolas de

Campo Grande/MS e tem 18 anos de fundação. Ao longo de sua trajetória sofreu várias

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modificações e atualmente é um dos pontos de referência para a comunidade do bairro Dom

Antônio Barbosa.

Em sua fundação possuía área construída de 1876 m², com 10 salas de aulas de Ensino

Fundamental, 2 salas de Educação Infantil, 1 sala de Informática, 1 sala de Multiuso, 1 sala

de Orientação Pedagógica, 1 Cozinha/Cantina, 1 Despensa, 1 Depósito de Material de

Limpeza, 1 Sala para a Diretoria, 1 Secretaria, 1 Sala de Professores, 1 Pátio Coberto,

vestiários/sanitários, estacionamento, 1 quadra poliesportiva e playground. Atualmente

segundo dados do Censo/2014: 37 de 36 salas de aulas utilizadas, 150 funcionários, Sala de

diretoria, Sala de professor, Laboratório de informática, Laboratório de ciências, Sala de

recursos multifuncionais para Atendimento Educacional Especializado (AEE), Quadra de

esportes coberta, Quadra de esportes descoberta, Alimentação escolar para os alunos,

Cozinha, Biblioteca, Parque infantil, Banheiro dentro do prédio, Banheiro adequado à

educação infantil, Banheiro adequado a alunos com deficiência ou mobilidade reduzida,

Dependências e vias adequadas a alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, Sala de

secretaria e Pátio coberto.

A Instituição conta com o apoio do Governo Federal, Município e a verba é repassada

no ato da comprovação de necessidades da escola por meio do Plano Direto de

Desenvolvimento Escolar- PDDE.

A direção da escola traça objetivos tanto para alavancar o ensino aprendizagem

quanto ao espaço físico, através de projetos que resultará num melhor índice de

desenvolvimento. Segundo a direção, nem sempre o repasse é o suficiente, mas com estudos

de gráficos das necessidades da instituição, ela executa a distribuição minuciosa, visando o

melhor resultado.

Tendo em vista esse trabalho, o espaço físico da escola é bastante acolhedor. Sua

estrutura e infraestrutura atende com excelência os que ali transitam. As salas de aula são

arejadas e com boa luminosidade, estando em ótimas condições para uso, com livre acesso a

qualquer repartição necessitada. Destacando ainda a existência da acessibilidade, que só vem

comprovar o bom trabalho quanto à distribuição dos repasses recebidos. Até porque a escola

atende um elevado número de pessoas com necessidades especiais. Não que o público

atendido seja somente esse, mas a gestão atual tem se precavido de situações vindouras.

Há dois anos e meio, um projeto idealizado pelo professor de Educação Física

Maxsandro da Silva, 37 anos, movimenta cerca de 50 alunos. Após as aulas, os jovens

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praticam beach tênis, espécie de adaptação do tênis às quadras de areia. Segundo Maxsandro,

o projeto tem papel social e de rendimento esportivo. “É uma área carente, violenta. Tiram

esses alunos da rua para praticar beach tênis, e os pais acompanham também. Um aluno de,

14 anos, saiu do projeto e já competiu pelo Campeonato Brasileiro. Ele é espelho para o resto

dos participantes”, conta. Maxsandro pretende levar as aulas gratuitas para o Parque Ayrton

Senna. “Tem melhor estrutura, é um local próprio para o esporte”, conclui. População essa

que na maioria dos casos residem em torno da escola e que quase sempre se locomovem a pé,

tendo um trajeto bastante acessível.

Foto 1: Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli

Foto 2: Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli

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Foto 3: Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli

Foto 4: Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli

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Foto 5: Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli

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4 A FAMÍLIA

De acordo com o Aurélio (1999), a palavra família pode ter vários significados.

Dentre eles interessa-nos citar:

1. Pessoas aparentadas, que vivem, em geral, na mesma casa,

particularmente o pai, a mãe e os filhos. 2. Pessoas unidas por laços de

parentesco, pelo sangue ou por aliança: 3. Ascendência, linhagem,

estirpe. 4. P. ext. Grupo de indivíduos que professam o mesmo credo,

têm os mesmos interesses, a mesma profissão, são do mesmo lugar de

origem, etc.: 2 5.Sociol. Comunidade constituída por um homem e uma

mulher, unidos por laço matrimonial, e pelos filhos nascidos dessa

união. 6.Sociol. Unidade espiritual constituída pelas gerações

descendentes de um mesmo tronco, e fundada, pois, na

consanguinidade. 7.Sociol. Grupo formado por indivíduos que são ou se

consideram consanguíneos uns dos outros, ou por descendentes dum

tronco ancestral comum e estranhos admitidos por adoção.

Diante desta definição podemos afirmar que a família é considerada como a primeira

instituição e o seu principal papel é a socialização, transmissão da cultura, dos costumes e

valores morais e éticos. “É através da própria família que a criança se integra ao mundo

adulto” (PRADO, 1985, p. 40).

Osório (1996) afirma família estruturada é aquela que se constitui como uma espiral

dialética, aberta flexível e que determina os papéis e funções de cada membro. Para este

autor, cabe aos pais o papel de compreender os requisitos necessários ao bom desempenho

físico e emocional dos filhos.

A respeito da família contemporânea Prado (1985, p. 21), diz:

Uma família é não só um tecido fundamental de relações mas também um

conjunto de papéis socialmente definidos. A organização da vida familiar

depende do que a sociedade através de seus usos e costumes espera de um

pai, de uma mãe, dos filhos, de todos os seus membros, enfim. Nem sempre,

porém, a opinião geral é unânime, o que resulta em formas diversas de

família além do modelo social preconizado e valorizado. Podemos arriscar a

afirmação de que a família vai se formando a partir do momento que cada

um de seus membros vai construindo sua história através das relações e

interações no seu cerne.

Nos últimos anos, percebe-se que a família está sendo “flagelada” pelo crescimento

dos contra valores e as pessoas são valorizadas pelo “ter” e não mais pelo “ser”. Os pais

buscam desenfreadamente suprir a carência dos seus filhos oferecendo “coisas”, com isso os

princípios morais e éticos estão sendo abandonados em nome do consumismo. Percebe-se

que o ritmo desgovernado em que estão vivendo as famílias contemporâneas, refletem-se na

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instituição escolar, pois nos deparamos com alunos que parecem desconhecer os princípios de

igualdade, solidariedade, de respeito e preservação.

Prado (1985, p. 29), diante desta dura realidade afirma que “cada vez mais, a família

deseja sua autonomia e independência, e a noção de comunidade familiar cede lugar a um

individualismo absoluto”.

Diante desta realidade, percebemos que a família vem sofrendo diversas

transformações ao longo da última década. Ainda de acordo com Prado (1985), conforme os

interesses socioeconômicos, as transformações sociais vão se dando e as estruturas familiares,

bem como os seus valores, vão se modificando. Não há como ocorrer mudança sem

transformação. Isso implica dizer que, com essas transformações a família vem sofrendo, sem

dúvidas, os valores familiares também vão se alterando.

A Escola espera que a família retome a educação de seus filhos e a partir daí começam

os conflitos entre família e escola, porém é preciso ter clareza de que o propósito não é

procurarmos “culpados”, mas sim buscarmos entender como família e escola podem atuar

juntas, visando o desenvolvimento positivo do aluno e o sucesso no período em que ele passa

pelos bancos escolares.

Malavazi (2002), nos alerta que os pais não podem assumir uma postura de

distanciamento da escola e da vida escolar de seus filhos:

Para muitos, não participar acaba sendo mais interessante uma vez que têm

outras atividades que não podem deixar de assumir. Para a escola, a

ausência da família significa poder decidir sozinha, levando em conta seus

próprios interesses. Assim surge a família ausente, ou seja, aquela que

transfere algumas responsabilidades que seriam suas para outros setores que

acabam se ocupando, nem sempre de forma adequada, da educação da

criança e do adolescente, como as escolinhas de esporte, centros musicais,

academias esportivas, etc. (MALAVAZI, p. 222-223).

Para que os pais tenham interesse em dialogar com a escola é necessário que o corpo

pedagógico crie a possibilidade de fortalecimento de vínculos e essa é uma preocupação que

a escola precisa ter se quiser favorecer que a aproximação aconteça.

5 ANÁLISE DA REALIDADE

Os pais, familiares e ou cuidadores que têm seus filhos matriculados na instituição

pesquisada apostam em mantê-los por lá, devido à sua ótima localização. Até porque a grande

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maioria trabalha longe de suas casas, mesmo tendo algumas fontes de trabalho por perto, mas

que ainda não é o suficiente para atender a demanda de desempregados.

Eles acreditam na segurança da matrícula efetuada, uma vez que muitos desses fazem

parte de benefícios, tais como: Bolsa Família, Vale Renda, entre outros. Vale ressaltar que

benefícios como esses são “peças” fundamentais para frequência escolar e comodidade

desses pais. Pais esses que contam com a promessa da moradia própria, sendo participantes

do “MST” (Movimento dos sem teto). Infelizmente é gritante a situação dos alunos que

fazem parte dessa comunidade.

Eles sofrem “retaliações” pelo desfavorecimento financeiro e é uma das áreas onde a

escola entra com um trabalho fundamental, esclarecendo a todos que não há diferenciação

entre as partes e que o “sol nasce para todos”, apostando numa igualitária social. Contudo a

região é um espaço urbano. Contendo poucas áreas de lazer. Podendo contar com um posto

de saúde, um CEINF, um UBS, um CRAS, um SESI, FEIRA LIVRE e nenhum posto

policial, o que contribui para o aumento da violência.

O SESI faz um trabalho destacável, desenvolvendo “projetos” para atender o corpo

discente, com o intuito de tirar jovens das ruas em seu contra turno escolar. Entretanto, não se

obteve ainda a porcentagem almejada desses jovens fora das ruas. Há quem diga que a escola

é culpada. Outras que a família não contribui. Talvez se a escola ceder um espaço dentro da

mesma e propuser reuniões mensais, uma “luz no fim do túnel, há de brotar”. Podendo ser

debatidos pontos positivos e negativos do contexto, visando uma solução das tantas

dificuldades diagnosticadas, contribuindo então com a emancipação social e intelectual do

educando.

Com base nas entrevistas realizadas com alguns pais e ou cuidadores, observa-se que

quanto a questão da Educação a mesma está dividida em 2 grupos, sendo que: 50% a avaliam

como boa e a outra parcela de 50% consideram regular. No entanto, nota-se que devido ao

fato das famílias serem muito vulneráveis socioeconomicamente e a população de neonatos,

crianças e jovens ser cada vez mais crescente, a maioria permanece a maior parte do tempo

em ambiente escolar (contra turno) para se livrar da permanência nas ruas, ficarem sozinhas

em casa e mais que isso: livre das mãos do trafico.

Segundo a atual Diretora, a presença do lixão é uma forma que a comunidade

encontrou de fazer “bico” e gerarem renda familiar. Considera que as dificuldades existentes

são as mesmas vivenciadas em outras regiões do Estado e do País. É uma dura realidade em

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função do poder econômico, dos meios de comunicação e, principalmente, dos programas

sociais, que acabam por sua vez acomodando a população, pois acabam ficando

despreocupados em ter inserção no mercado de trabalho formal.

Outro problema existente e que dificulta a relação Família x Escola é em relação à

rotatividade de professores, e ainda o pensamento de outros que acreditam que a Escola é

deles. Parte das famílias do Bairro Dom Antônio e que tem suas crianças matriculadas na

Escola citada, deixam os filhos na escola, pois precisam trabalhar, e exige quase que 70% da

participação da Escola na educação das crianças que lhes são confiadas. Não se pode

também, desviar o olhar da permanência das crianças na rua que é ocasionado pela falta de

atenção de algumas famílias/ cuidadores para com os seus filhos.

Com base nos relatos feitos, observou-se que a Escola é considerada pela comunidade

como fator de potencialidade e conta com a participação dos alunos, pais, cuidadores,

docentes, funcionários, colaboradores e por isso não atua isoladamente. A comunidade e o

núcleo familiar estão sempre presentes e dispostos a empreender forças para soluções e busca

por novos caminhos.

Diante das entrevistas realizadas com parte do corpo docente, crianças e alguns

familiares diagnosticou-se a deficiência da participação da comunidade nas ações

desenvolvidas na própria comunidade e consequentemente no núcleo escolar. No entanto, as

potencialidades destacadas servem de incentivo aos moradores para fomentar as atividades e

as ações, aproveitando as facilidades localizadas para reverter o quadro dos problemas que

persistem e, dessa forma, despertar e promover o desenvolvimento local da comunidade.

Segundo a Presidente da Associação de Pais e Mestres da Escola em pesquisa, a

Escola é uma das potencialidades da comunidade e ainda afirma: “É necessário educar as

nossas crianças para um caminho melhor no futuro”. A educação oferecida pela Escola

Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli neste território é fator de potencialidade, já que a arte de

educar é o melhor caminho para o futuro das crianças e jovens a ela confiados.

Nota-se por parte de alguns pais e cuidadores a grande preocupação em acompanhar e

investir nos estudos dos seus filhos, já que para eles adquirir conhecimento é fundamental

como intuito de colaborar para significativas transformações na comunidade local. O ideal

seria manter a educação em constante sintonia ao longo das nossas vidas, a fim de adquirir,

não somente uma qualificação profissional, mas competências que tornem a pessoa a família

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e consequentemente as crianças a elas confiadas capazes de serem protagonistas capazes de

enfrentar e ou minimizar as apta a enfrentar numerosas situações que acontecem no dia-a-dia.

Com relação à participação da família na Escola a grande maioria entende que é muito

pequena e insignificante. Os Educadores entrevistados entendem que as mudanças só

ocorrerão quando as famílias possuidoras de um potencial significativo, permitirem a criação

de novos espaços de participação, elos entre o núcleo familiar e a Escola. Este processo de

“mudança” deve começar com a conscientização de todos os pais, familiares e ou cuidadores,

já que existe expectativa por parte da comunidade educativa em promover não somente a

inserção das crianças e jovens no contexto educacional, mas também os responsáveis por sua

formação humana.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, consideramos simbólica a participação das famílias da comunidade

escolar abordada, haja visto que a maioria, dos pais, familiares ou cuidadores trabalham fora,

chegam tarde em casa, moram longe e dependem de transporte coletivo para buscarem seus

filhos e saber da sua vida escolar.

Diante da pesquisa realizada e por meio de observação, notou-se que o número de

“pais presentes na vida dos seus filhos” é insignificante tendo em vista que a escola atende

mais de 80% das famílias do Território do Bairro Dom Antônio Barbosa. A Escola necessita

da presença da familiar e a Família por sua vez dos serviços oferecidos pela comunidade

acadêmica. Saviani corrobora com essa afirmação quando diz que “[...] na sociedade atual já

não é possível compreender a educação sem a escola, porque a escola é a forma dominante e

principal de educação.” (1991, p.113).

O autor complementa: “[...] não se trata, pois, de qualquer tipo de saber. Portanto, a

escola diz respeito ao conhecimento elaborado e não ao conhecimento espontâneo; ao saber

sistematizado e não ao saber fragmentado; à cultura erudita e não à cultura popular” (1991, p.

22). À família cabe a função da educação dos valores éticos e morais, a transmissão de afeto,

segurança e a proteção aos filhos.

Para que essa aproximação entre Família e Escola se efetive, se faz necessário que a Equipe

Multiprofissional promova ações de participação dentro dos horários que os mesmos possam

se fazer presentes e mais que isso: respeitem os conhecimentos e os valores morais e sociais

que estas famílias possuem.

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Conforme afirma Parolin (2010), a escola deve ser uma grande parceira da família

assim como a família deve ser uma grande parceira da escola. Ambas têm um papel de

educador a ser cumprido.

Com base nos Estudos e Pesquisa realizados, constatou-se que existe a realização de

trabalho árduo junto às famílias que residem nas imediações do Bairro Dom Antônio

Barbosa. A Escola Municipal Padre Tomaz Ghirardelli com sua Equipe Pedagógica, procura

desenvolver atividades e encontros envolvendo pais e filhos. Infelizmente o percentual de

famílias em situação de vulnerabilidade é alarmante, já que a maioria como já foi citado neste

documento sobrevive da revenda de materiais recicláveis provindos do “lixão”.

Diante da análise do número de crianças e adolescentes entrevistados e que passam

grande parte do tempo ociosos ou nas ruas, a Escola tem desenvolvido vários projetos que,

incluem também as famílias na tentativa de minimizar esta realidade e com isso proporcionar

momentos de integralização e fortalecimento de vínculos entre pais e filhos; Escola e Família.

Encerrando o trabalho, não posso deixar de lembrar da minha profissão, já que

acredito que a presença do Assistente Social nas Escolas ajudaria e muito no atrelamento/

laço efetivo entre criança, família e escola.

O Campo Educacional torna-se para o Assistente Social um futuro campo de trabalho,

mas sim um componente concreto do seu trabalho em diferentes áreas de atuação que precisa

ser desvelado, visto que encerra a possibilidade de uma ampliação teórica, política,

instrumental da atuação profissional e de sua vinculação às lutas sociais que expressam na

esfera da cultura e do trabalho, centrais nesta passagem de milênio (ALMEIDA, 2000, p. 74).

Acredito na necessidade da implementação do Serviço Social como parte da Equipe

Pedagógica, já que esta profissão pode contribuir grandemente na realidade do contexto

escolar e particularidades no que tange as mediações humanizadas entre os três núcleos

citados.

7 REFERÊNCIAS

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Brasília, 2000.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,

DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

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Trabalho de Conclusão de Curso

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