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Trabalho de Conclusão de Curso BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA DA ESCOLA ESTADUAL PROFª. MARIA RITA DE CÁSSIA PONTES TEIXEIRA: UMA ANÁLISE DA FREQUÊNCIA ESCOLAR DOS ALUNOS. Herlen Aparecida Garcia de Carvalho Paniago (UFMS) 1 Maria do Carmo Pinto Fajreldin Paim (PPGEdu/UFMS) 2 RESUMO: O Programa Bolsa Família é um programa de transferência de renda que se vincula à educação, tendo esta como elemento de contrapartida para conduzir esse processo. Uma análise da frequência escolar dos alunos da Escola Estadual Profª. Maria Rita de Cássia Pontes Teixeira, beneficiários do Programa Bolsa Família é o ponto de partida para analisarmos em que medida realmente só o monitoramento das faltas dos alunos contribui para a redução do quadro de pobreza. Só o recebimento pecuniário mensal poderá modificar essa realidade? PALAVRAS-CHAVE: Bolsa. Família. Educação. Pobreza. 1 INTRODUÇÃO Um dos objetivos centrais do PBF (Programa Bolsa Família) é o combate à condição de pobreza no Brasil. Mas podemos questionar, combater e enfrentar essa condição social resume-se à um método paliativo que pode resolver no momento e será que funcionará eficazmente a longo prazo, sabendo-se que os alunos beneficiários não ficarão ad eternum nas escolas ? Ou ter-se-á mais irmãos desses alunos e o círculo se perpetuará. Isso não irá 1 Cursista da Especialização em Educação < Pobreza e Desigualdade Social > pela UFMS. Graduada em Licenciatura Plena em História UFMS/2012. 2 Mestre em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (PPGEdu/UFMS). Graduada em Pedagogia (2010) pela mesma Universidade, membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Observatório de Cultura Escolar - OCE/UFMS (Diretório de Grupos de Pesquisa/CNPq). Professora Substituta (curso de Pedagogia) na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (CPAQ/UFMS) de 2013 a 2015.

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Trabalho de Conclusão de Curso

BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA DA ESCOLA ESTADUAL

PROFª. MARIA RITA DE CÁSSIA PONTES TEIXEIRA: UMA ANÁLISE DA

FREQUÊNCIA ESCOLAR DOS ALUNOS.

Herlen Aparecida Garcia de Carvalho Paniago (UFMS)1

Maria do Carmo Pinto Fajreldin Paim (PPGEdu/UFMS)2

RESUMO: O Programa Bolsa Família é um programa de transferência de renda que se

vincula à educação, tendo esta como elemento de contrapartida para conduzir esse processo.

Uma análise da frequência escolar dos alunos da Escola Estadual Profª. Maria Rita de Cássia

Pontes Teixeira, beneficiários do Programa Bolsa Família é o ponto de partida para

analisarmos em que medida realmente só o monitoramento das faltas dos alunos contribui

para a redução do quadro de pobreza. Só o recebimento pecuniário mensal poderá modificar

essa realidade?

PALAVRAS-CHAVE: Bolsa. Família. Educação. Pobreza.

1 INTRODUÇÃO

Um dos objetivos centrais do PBF (Programa Bolsa Família) é o combate à condição de

pobreza no Brasil. Mas podemos questionar, combater e enfrentar essa condição social

resume-se à um método paliativo que pode resolver no momento e será que funcionará

eficazmente a longo prazo, sabendo-se que os alunos beneficiários não ficarão ad eternum

nas escolas ? Ou ter-se-á mais irmãos desses alunos e o círculo se perpetuará. Isso não irá

1 Cursista da Especialização em Educação < Pobreza e Desigualdade Social > pela UFMS. Graduada em

Licenciatura Plena em História – UFMS/2012. 2 Mestre em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso

do Sul (PPGEdu/UFMS). Graduada em Pedagogia (2010) pela mesma Universidade, membro do Grupo de

Estudos e Pesquisas em Educação, Observatório de Cultura Escolar - OCE/UFMS (Diretório de Grupos de

Pesquisa/CNPq). Professora Substituta (curso de Pedagogia) na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

(CPAQ/UFMS) de 2013 a 2015.

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promover um círculo que dará continuidade à pobreza? Como afirma Cury (2002, p. 169), a

escola precisa superar sua “concepção salvadora, redentora e equalizadora”.

Podemos ainda complementar, será que associar a escola a esse programa de

transferência de renda irá propiciar novas condições para que as famílias saiam do quadro da

pobreza ou irá confortá-las por certo período?

A questão vai muito mais além do que resolver problemas momentâneos, ela perpassa

uma realidade calcada em relações sociais de classes, como salienta Souza (2011) “o

processo de competição social não começa na escola, como pensa o economicismo, mas já

está, em grande parte, pré-decidido na socialização familiar pré-escolar produzida por

‘culturas de classes’ distintas”.

Sabemos que o quadro de pobreza faz parte de uma parcela significativa da população

brasileira e se observarmos a curto prazo, no campo das políticas públicas, o PBF pode ser

uma opção remediadora para amenizar uma situação social indissociável de uma sociedade

capitalista.

A análise dos alunos beneficiários do Programa Bolsa Família da Escola Estadual Profª.

Maria Rita de Cássia Pontes Teixeira ocorreu durante o ano letivo de 2016, através da

investigação dos relatórios encaminhados pelo corpo administrativo da escola para a SEMED

que é o órgão competente de fiscalização e manutenção do PBF.

Dentre os materiais pesquisados podemos destacar o diário de classe que é o principal método

de registro de frequência escolar das crianças e adolescentes que recebem o benefício.

A escola exerce um papel fundamental na busca para a permanência do aluno em sala de

aula, trabalho esse que é realizado junto com professores, coordenação, direção e pais de

alunos, haja vista que as faltas acima do permitindo são um dos fatores que levam as famílias

beneficiárias o PBF. O intuito maior é do que quebrar o ciclo da pobreza, conforme destacam

os autores Fahel, Morais e França, 2011.

[...] consistem na transferência direta de renda a famílias que se encontram

abaixo da linha da pobreza, exigindo-se destas, em contrapartida, o

cumprimento de certas condicionalidades como, por exemplo, a manutenção

das crianças na escola. Estes programas objetivam a curto prazo aliviar a

pobreza e, a longo prazo, devido ao cumprimento das condicionalidades, a

quebra do ciclo Inter geracional da pobreza.

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Considerando as questões relacionadas à frequência escolar dos alunos beneficiários

do PBF, o artigo fará uma analise investigativa de quantos alunos são frequentes e quantos

perdem o benefício por conta da evasão escolar, no período de fevereiro a setembro do ano

letivo de 2016 e correlacionando esses dados analisaremos se apenas utilizando mecanismos

de controle de frequência na educação podem atuar na modificação profunda das reais causas

e da continuidade no tempo da pobreza e da desigualdade social. Corroborando essas

proposições, Souza (2011, p.11) afirma: “Esconder os fatores não econômicos da

desigualdade é, na verdade, tornar invisível as duas questões que permitem efetivamente

‘compreender’ o fenômeno da desigualdade social: a sua gênese e a sua reprodução no

tempo”.

2 O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

O Programa Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda que

beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza do País. O Bolsa Família foi

criado por meio da Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004. Sua regulamentação se deu por

meio do Decreto nº 5.209, de 17/09/2004.3

Embora não seja um direito constitucional o PBF foi criado com o intuito de atender

aos direitos sociais expressos no artigo 6º da Constituição (a educação, a saúde, a

alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à

maternidade e à infância, a assistência aos desamparados).

Conforme o Portal da Transparência do Governo Federal, o Bolsa Família pauta-se na

articulação de três dimensões essenciais à superação da fome e da pobreza:

1. Promoção do alívio imediato da pobreza, por meio da transferência direta

de renda à família;

2. Reforço ao exercício de direitos sociais básicos nas áreas de Saúde e

Educação, que contribui para que as famílias consigam romper o ciclo da

pobreza entre gerações;

3. Coordenação de programas complementares, que têm por objetivo o

desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários do Bolsa

Família consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza.4

3 Portal da transparência do Governo Federal, 2016. 4 Portal da transparência do Governo Federal, 2016.

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As famílias beneficiárias decidem de que forma vão utilizar esse recurso, e desde que

cumpram as condicionalidades5 exigidas pelo programa podem permanecer por toda a vida

escolar do aluno, pois seu objetivo é o de combate à pobreza e a inserção no mercado de

trabalho e ascensão educacional e melhoria na qualidade de vida do educando e sua família.

O Brasil tem sofrido com a má distribuição de renda, por ter um grande contingente

de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, apresentando alto índice de desemprego e

analfabetismo. O Programa Bolsa Família reduziu significativamente as desigualdades sociais

ao longo do tempo, pois promoveu o acesso escolar e a permanência dos alunos beneficiários

na escola, afastando diferenças que antes eram gritantes no que diz respeito à população

pobre nas escolas.

O papel da escola é de suma importância para o desenvolvimento do educando e das

famílias, pois contribui com o crescimento social do aluno, permitindo que ele rompa o ciclo

da pobreza através do ensino, levando em conta que a frequência escolar é uma das

condicionalidades do programa e que tem se mostrado eficaz para manter esse aluno na

escola.

Organismos internacionais determinam as normas para que se viabilizem programas

de transferências de renda seguindo modelos vigentes. Para Nascimento e Reis (2009),

cumprir certa “exigência” desses programas são as contrapartidas por parte dos

beneficiados.”

2.1 DESEMPENHO ESCOLAR DOS ALUNOS BENEFICIÁRIOS DO PBF NA

ESCOLA ESTADUAL PROFª MARIA RITA

Diante do exposto, os autores Camargo e Pazello (2014) fazem uma análise sobre o

impacto do PBF em relação ao desempenho escolar e a matrícula dos alunos do Estado de

São Paulo, e constata que a participação dos alunos no PBF diminui a evasão escolar, embora

as notas seguem inalteradas. Os alunos beneficiários matriculam-se, frequentam as aulas, em

alguns casos melhoram o desempenho escolar, ainda assim, há uma problemática acerca da

5Na área da educação, as condicionalidades previstas são a matrícula e a frequência escolar mínima de 85% para

crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos e de 75% para jovens de 16 e 17 anos(AGATTE; ANTUNES. Caderno

de Estudos, p.36)

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quase totalidade de avanço das notas desses alunos, nos quais muitos repetem de série várias

vezes, ao longo de todo percurso escolar.

A intenção deste artigo é o de analisar o número de alunos beneficiários do PBF na

E.E.Profª. Maria Rita de Cássia Pontes Teixeira e a frequência escolar dos mesmos durante o

ano letivo de 2016. A princípio foi constatado que na escola tem 823 alunos matriculados,

sendo que 205 recebem o benefício do PBF. O relatório de frequência escolar é realizado e

enviado para a SEMED a cada dois meses pelos funcionários administrativos da Unidade

Escolar, o cálculo é feito minuciosamente, através dos diários de classe dos professores da

escola. A frequência é informada em uma planilha que deve constar o cálculo inferior a 85%

de presença escolar do aluno, sendo obrigatória a informação do respectivo motivo das faltas

dos alunos.

De acordo com os autores Fahel, Morais e França (2011), o impacto do Bolsa Família

na Inclusão educacional: análise da matrícula escolar em Minas Gerais, o desajustamento

entre a qualidade e o acesso ao ensino no Brasil é um problema de longas décadas:

Enquanto as taxas de matrículas tem experimentado um crescimento

expressivo nas últimas décadas, os indicadores relacionados á qualidade do

ensino não parecem avançar no mesmo ritmo. A evidente desigualdade no

acesso a educação também se reproduz nos índices que apontam para a

qualidade do ensino. (FAHEL; MORAIS;FRANÇA,,p.3).

Segundo o estudo feito pelos autores citados, a má qualidade do ensino é um dos

fatores de destaque da não permanência do aluno na escola pública, enquanto na rede privada

esses índices caem drasticamente:

A deficiência na qualidade do ensino contribui para uma expressiva evasão no sistema

público- por volta de 4% no ensino fundamental e 12% no ensino médio, em contraposição a

0,1% e 62%, respectivamente, nas escolas privadas- e repetência- 12% no Ensino

fundamental e no Ensino Médio, enquanto no sistema privado esses índices são de 3,4 e

6,2%, de acordo com o INEP. 6

Percebe-se que, os alunos beneficiários do PBF na E. E. Profª. Maria Rita de Cássia

são a maioria: os que estão na idade de 6 a 15 anos, em que a frequência escolar não pode

estar abaixo dos 85%. Durante os meses (fevereiro a setembro) analisados verificou-se que a

6 FAHEL; MORAIS; FRANÇA,p.3

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baixa frequência é quase nula, havendo apenas 01 aluno não frequente, por sua vez, os alunos

beneficiários que tem entre 16 e 17 anos, tem um índice maior de baixa frequência, mas estão

dentro da meta estabelecida pela escola.

Figura 1 - Acompanhamento da frequência dos alunos beneficiários do PBF -85% para

jovens de 6 a 15 anos.

Períodos Número de alunos

beneficiários

Número de

Frequentes

Número de não

frequentes

Fev/Mar 165 alunos 165 -

Abr/Mai 153 alunos 152 01

Jun/Jul 163 alunos 163 -

Ago/Set 185 alunos 184 01

Fonte: Elaborada pela autora.

Figura 2- Acompanhamento da frequência dos alunos beneficiários do PBF -75% para jovens

de 16 a 17 anos.

Períodos Número de alunos

beneficiários

Número de

Frequentes

Número de não

frequentes

Fev/Mar 31 alunos 31 -

Abr/Mai 33 alunos 29 04

Jun/Jul 45 alunos 43 02

Ago/Set 47 alunos 47 04

Fonte: Elaborada pela autora.

A escola ao detectar quais são os alunos faltosos e que são beneficiários do PBF,

entram em contato com todas as famílias que em sua maioria justificam as faltas dos alunos e

para os alunos que não tem a falta justificada é feito um trabalho junto com a coordenação da

escola para tentar resgatar esse aluno faltoso. O programa torna obrigatório o

acompanhamento para aquelas famílias que apresentam frequência escolar inferior ao

exigido, por meio de trabalhos socioeducativos e encontros sistemáticos com as famílias,

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geralmente promovidos no âmbito da política pública de Assistência Social que deve ser

comunicada pela coordenação da escola.

2.2. E.E. PROFª. MARIA RITA DE CÁSSIA PONTES TEIXEIRA

A Escola Estadual de primeiro e segundo grau “Profª Maria Rita de Cássia Pontes

Teixeira”, é oriunda de um pedido da União Beneficente dos Subtenentes e Sargentos das

Forças Armadas/MS, através do seu então presidente Sr. Zacarias de Paula Nantes, à

Secretaria Estadual de Educação conforme consta no processo nº 13/00885/84 às folhas 04 a

cota exarada pelo Secretário de Educação Sr. Leonardo Nunes da Cunha, a qual determina a

criação da Escola e assume o prédio em regime de comodato em 08/02/1984.

Para denominar a Escola como “Profª Maria Rita de Cássia Pontes Teixeira”, foram

reconhecidos os méritos da referida patrona como professora e cidadã atuante socialmente

incentivando de maneira veemente o amor à pátria, conforme reconhecimento expresso em

diploma auferido pela Associação Campo-grandense de Professores, e participação em defesa

da Revolução Constitucional de 1.932, constatado às folhas 04 e 05 do processo nº

13/08304/84 em sua biografia.

Os atos legais que historiam a Unidade Escolar são os seguintes: Decreto de

Criação nº 2.520 de 14 de maio de 1.984, publicado no D.O. 1.324 de 15 de maio de 1.984;

ofereceu a educação pré-escolar autorizado pela Del. C.E.E. nº 1.521 de 14 de maio e

ratificado conforme Del. CEE nº 4.260 de 01 de junho de 1.985; Ensino de 1º grau autorizado

conforme Del./CEE nº 4.762 de 23 de julho/97.

Em Dezembro de 1.994, foi assinado por solicitação da comunidade do

Conjunto União, um convênio entre a Secretaria de Estado de Educação e FUNLEC, um

acordo em que a Escola “Profª Maria Rita de Cássia Pontes Teixeira”, passaria a ser

administrada pela Fundação Lowtons de Educação e Cultura - FUNLEC, tendo como

presidente Dr. Antonio Farias Santos, com cedência de professores e funcionários do Estado.

Tal convênio seria renovado anualmente.

No ano de 1.996, o presidente da FUNLEC, Dr. Antonio Farias Santos,

autorizou e bancou a ampliação do prédio escolar construindo três salas que foram destinadas

à: depósito de materiais de limpeza, Biblioteca e Gabinete Dentário.

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Em Dezembro de 1.997, o referido convênio foi renovado, porém sem cedência de

funcionários, ficando a Fundação incumbida de controlar e bancar os quadros docente e

administrativo e outras despesas. Durou até Janeiro de 2000.

Em fevereiro de 2000, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, através da

SED/MS, voltou a ser a Entidade Mantenedora da unidade escolar, após constantes

manifestações, das comunidades dos bairros União I, União II e imediações, para o retorno da

escola pública.

Esta Unidade Escolar participa de programas do Governo tais como: Merenda

Escolar, PNLD, PDE, PDDE, e outros. A EE. Maria Rita de Cássia Pontes Teixeira atende a

uma comunidade de rendas baixa e média, residentes no Conjunto União e bairros vizinhos,

inclusive favelas.

O bairro ao qual a Escola se insere está localizado na região Centro-Oeste da cidade e

conta com lojas, supermercados, farmácia, locadoras, escolas de informática e outros pontos

comerciais necessários, além de igrejas e posto policial que atende as redondezas.

A Escola ainda não conta com a participação maciça dos pais nas reuniões de pais e

demais atividades desenvolvidas, porém trabalha na perspectiva de possibilitar esse

envolvimento a cada dia, pois é através desse segmento que envolveremos toda a

comunidade, atraindo voluntários e parceiros que auxiliarão na obtenção dos resultados

esperados.

A EE. Profª Maria Rita de Cássia Pontes Teixeira tem como finalidade promover a

formação integral do aluno para a vida, obedecendo aos princípios da solidariedade, respeito

às diferenças individuais, diálogo e compreensão, despertando neles suas potencialidades,

visando sua integração social e comunitária, como elemento capaz de participar na obra do

bem comum.

Esta Unidade Escolar oferece a Educação básica nos níveis: fundamental e médio,

cujo intuito baseia-se em uma educação básica que tem por finalidade desenvolver o

educando, assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e

fornecendo-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

A Escola Estadual Profª Maria Rita de Cássia Pontes Teixeira tem por filosofia:

Preparar o educando para ser um cidadão crítico e participativo na sociedade,

proporcionando-lhe uma educação de qualidade, respeitando a diversidade cultural, de

crenças, raça, nível social, entre outras.

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A Escola Estadual Profª. Maria Rita de Cássia Pontes Teixeira tem 823 alunos

matriculados, dentre os quais 205 são beneficiários do PBF. Não há distinção nenhuma entre

esses alunos, e além do corpo administrativo da escola, ninguém obtém essa informação.

Desse modo, percebe-se que a articulação da renda proveniente do benefício

monetário ao campo da educação garante a esses alunos, independentemente de classe social,

gênero ou raça, uma segurança relativa que lhes promovem um ambiente harmonioso. Tendo

esse ambiente, como afirma FRANCO (2006), uma dimensão que assegure: “[...] a

integralidade, a multidimensionalidade da pobreza, a centralidade na família, o ciclo de vida

individual e familiar, a corresponsabilidade, gênero, etnia e raça”.

Não é possível identificar nenhum aluno pertencente ao MST (Movimento sem terra),

à comunidade quilombola, mas possuem alunos indígenas matriculados no período vespertino

do ensino fundamental.

Os conflitos estão relacionados a problemas específicos como uso de drogas entre

alunos e indisciplina escolar. Os problemas sociais não são significativos, há uma interação

entre os alunos das diferentes classes e etnias.

A escola fundamenta-se na teoria de que a diversidade étnica é um fator fundamental

em nossa sociedade. A escola de modo algum pode fiar alheia às diferenças culturais e

étnicas existentes em nosso país. É tarefa de o professor fazer com que seus alunos não só

respeitem, mas valorizem essas diferenças, considerando que, isso não significa negar a

existência de características comuns, nem a sua identidade sendo obrigado a aderir aos

valores do outro, muito menos negar a possibilidade de se construir uma nação onde as

relações de respeito e igualdade sejam um referencial positivo em todos os âmbitos da

sociedade. A Pluralidade Cultural é um traço fundamental para a construção de uma

identidade nacional, reafirmando a riqueza da diversidade.

A escola acredita que trabalhar com a diversidade implica em ampliar novos

horizontes e ter consciência de que a realidade em que vivemos é apenas uma pequena parte

de um mundo complexo, fascinante e desafiador, onde o principal elemento universal

desafiador das relações intersociais e interpessoais deve ser a ética. Respeitar a diversidade

significa expressar o respeito devido a qualquer ser humano, de qualquer idade, por sua

dignidade intrínseca, sem qualquer discriminação.

Durante muito tempo, na educação registrou-se a imensa dificuldade de se trabalhar

com a temática da diversidade étnica racial. Isso contribuía de forma significativa para a

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manutenção de um intenso e enorme quadro de desigualdade social existente no Brasil, em

decorrência da discriminação racial, e que impede o desenvolvimento das potencialidades e o

progresso social da população negra. E assim se constitui a naturalização das desigualdades

raciais e sociais em nossa sociedade.

Para tratar dessa problemática a escola afirma que é necessário que o professor atue de

forma contundente, posicionando-se frente às manifestações de discriminação de qualquer

ordem ou natureza, principalmente no campo da ética, procurando desenvolver em seus

alunos atitudes e valores de respeito, voltando-se para formação de novos comportamentos,

novos vínculos e novas relações com aqueles que historicamente foram e são alvos das

injustiças sociais como negros e índios. A escola tem um papel crucial nesse processo. Deve

ser um imperativo do trabalho educativo, tratar da diversidade étnica e cultural como forma

de superação das discriminações, visando eliminar a exclusão social.

De acordo com o PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola, o educando convive na

escola com a diversidade, podendo aprender com ela de forma positiva. Mas o que

geralmente acontece é que esta mantém um pacto de silêncio em torno da questão,

cristalizando e consolidando facilmente estigmas e estereótipos preconceituosos. Embora não

seja papel da escola, resolver isoladamente, todos os problemas da discriminação, em suas

mais perversas formas de manifestações, cabe-lhe atuar para promover a igualdade nas

relações mútuas de modo a cooperar para a transformação de tal situação, pois ninguém nasce

racista ou com complexo de inferioridade. Reconhecer a existência do problema, sua

complexidade e a necessidade de se fazer algo, já é um passo importantíssimo.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Ministério de Desenvolvimento Social coordena o PBF objetiva de forma imediata

amenizar a pobreza, desenvolvendo uma ruptura do ciclo intergeracional da pobreza, dessa

maneira, abrangendo todo o território nacional e envolvendo muitos recursos, bem como um

grande número de pessoas beneficiadas, tornou-se o maior programa de transferência de

renda realizado pela política social brasileira.

Analisando os dados aqui expostos e discorrendo sobre alguns aspectos que nos levam

a questionar sobre a efetividade de políticas públicas atreladas à educação, podemos

considerar que o PBF pode minimizar a pobreza em curto prazo e, tendo a escola como

condição sine qua non para o recebimento do benefício, podemos acreditar que a longo prazo,

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essa instituição possa reduzir a reprodução da pobreza e seu ciclo intergeracional, a medida

que as famílias se conscientizem sobre a importância da educação para a melhoria das

condições sociais, bem como, a percepção de que nem todos os programas do governo são

contínuos. Como nos diz Franco:

Nessa ação reiterada vão se convencendo de que não são meros entes

passivos e receptores de dádivas, e sim autores autônomos, com capacidade

para manejar seus recursos (o que se fomenta mediante a transferência de

dinheiro em espécie), e que são corresponsáveis pelo êxito do programa e,

em definitivo pela quebra da transmissão intergeracional da pobreza e em

longo prazo, contribuindo para a formação de capital humano (FRANCO,

2006, p. 159).

Observando o projeto político pedagógico da escola, sabemos da sua dimensão

transformadora e constatamos que ela possa favorecer a inclusão social e autonomia do

cidadão, contribuindo para a superação da condição de pobreza que torna esses alunos e suas

respectivas famílias elegíveis ao Programa Bolsa Família.

4 REFERÊNCIAIS

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Trabalho de Conclusão de Curso

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