bolsa famÍlia: condicionantes e sua importÂncia...

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1 Trabalho de Conclusão de Curso BOLSA FAMÍLIA: CONDICIONANTES E SUA IMPORTÂNCIA NA VIDA DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. O QUE DIZEM ESTAS VOZES SILENCIADAS Keli Cristina Pretti Barbosa de Mattos Resumo: Busca-se no presente artigo, relacionar dois objetos de pesquisa, como, a violência contra a mulher e a importância que o benefício do Programa Bolsa Família realiza na vida dessas vítimas, correlacionando ambas temáticas, afim de apresentar uma pesquisa que possa a vir contribuir com o aprimoramento do programa e colocar mais uma vez para a sociedade o drama que é a violência doméstica, enfatizando principalmente a questão das condicionalidades do Programa, onde a mulher continua sendo o personagem mais cobrado para cumprir essas responsabilidades. A pesquisa foi realizada através de entrevistas com duas mulheres que já sofreram com a violência doméstica, são beneficiárias do Programa Bolsa Família e foram atendidas e acompanhadas pelo Centro de Atendimento à Mulher em situação de violência Viva Mulher de Dourados. Espera-se com esta pesquisa, aprimorar o Programa, afim de relacioná-lo efetivamente com as outras políticas públicas que é a saúde e a educação, tornando-o mais eficaz quando a mulher necessitar dessas políticas também poder contar com um atendimento acolhedor e prioritário. Palavras Chave: Mulheres. Violência. Autonomia. Benefício. 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como abordagem temas discutidos rotineiramente, como, a especificidade do programa Bolsa Família e a violência doméstica, que se perpetua em muitos lares brasileiros, fazendo com que mulheres sofram com essa situação durante muito tempo. Dois temas específicos, porém, que acabam por se entrelaçar na vida dessas vítimas. A pesquisa será realizada com duas mulheres, que são atendidas e acompanhadas atualmente pelo Centro de Atendimento à Mulher em situação de violência doméstica – Viva Mulher, órgão público, mantido pela Prefeitura Municipal de Dourados, ligado diretamente à Secretaria Municipal de Assistência Social do Município. O Centro de Atendimento, oferece o trabalho psicossocial e jurídico, afim de fortalecer e empoderar as mulheres que são vítimas de violência doméstica. A grande maioria das mulheres que procuram pelo atendimento são

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1 Trabalho de Conclusão de Curso

BOLSA FAMÍLIA: CONDICIONANTES E SUA IMPORTÂNCIA NA VIDA DE

MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. O QUE DIZEM ESTAS

VOZES SILENCIADAS

Keli Cristina Pretti Barbosa de Mattos

Resumo: Busca-se no presente artigo, relacionar dois objetos de pesquisa, como, a violência

contra a mulher e a importância que o benefício do Programa Bolsa Família realiza na vida

dessas vítimas, correlacionando ambas temáticas, afim de apresentar uma pesquisa que possa

a vir contribuir com o aprimoramento do programa e colocar mais uma vez para a sociedade

o drama que é a violência doméstica, enfatizando principalmente a questão das

condicionalidades do Programa, onde a mulher continua sendo o personagem mais cobrado

para cumprir essas responsabilidades. A pesquisa foi realizada através de entrevistas com duas

mulheres que já sofreram com a violência doméstica, são beneficiárias do Programa Bolsa

Família e foram atendidas e acompanhadas pelo Centro de Atendimento à Mulher em situação

de violência Viva Mulher de Dourados. Espera-se com esta pesquisa, aprimorar o Programa,

afim de relacioná-lo efetivamente com as outras políticas públicas que é a saúde e a educação,

tornando-o mais eficaz quando a mulher necessitar dessas políticas também poder contar com

um atendimento acolhedor e prioritário.

Palavras Chave: Mulheres. Violência. Autonomia. Benefício.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como abordagem temas discutidos rotineiramente, como, a

especificidade do programa Bolsa Família e a violência doméstica, que se perpetua em muitos

lares brasileiros, fazendo com que mulheres sofram com essa situação durante muito tempo.

Dois temas específicos, porém, que acabam por se entrelaçar na vida dessas vítimas.

A pesquisa será realizada com duas mulheres, que são atendidas e acompanhadas

atualmente pelo Centro de Atendimento à Mulher em situação de violência doméstica – Viva

Mulher, órgão público, mantido pela Prefeitura Municipal de Dourados, ligado diretamente à

Secretaria Municipal de Assistência Social do Município. O Centro de Atendimento, oferece

o trabalho psicossocial e jurídico, afim de fortalecer e empoderar as mulheres que são vítimas

de violência doméstica. A grande maioria das mulheres que procuram pelo atendimento são

2 Trabalho de Conclusão de Curso

beneficiárias do Programa Bolsa Família e o principal objetivo do tema é: diagnosticar qual a

importância do benefício na vida dessas mulheres. Ao mesmo tempo, procurar entender a

eficácia do benefício no desenvolvimento econômico e social. Foram utilizadas, entrevistas

gravadas em áudio, com duas usuárias do Programa, bem como pesquisa documental dessas

usuárias existentes no órgão.

A relevância da pesquisa se dá a partir do momento em que o Serviço Social atua de

forma direta na vida dessas mulheres, percebe-se que existe uma ligação entre o profissional

e a usuária do serviço, procurando uma forma de alcançar a autonomia dessas vozes

silenciadas.

A violência contra a mulher é um fenômeno mundial, que atinge todas as classes

sociais, etnias, orientação sexual, religião, enfim, não importa qual a situação da vítima,

ocorre primeiramente pelo fato de ser mulher. A violência doméstica é ocasionada pelas

pessoas as quais as vítimas tenham vinculo consanguíneo ou afetivo, dentro ou fora do

espaço privado. De acordo com a Lei n° 11.340 de 7 de agosto de 2006, a violência doméstica

é classificada da seguinte forma: física, psicológica, sexual, moral e patrimonial. É

observado, ainda que, na maioria dos casos, mesmo a classe social não importando para que

ocorra a violência, sua grande parcela ocorre com mulheres pobres, sendo muitas delas

participantes do Programa Bolsa Família.

Segundo Carlotto e Mariano (2012) o Programa Bolsa Família, é um programa de

transferência de renda, cujo objetivo é reduzir a pobreza e a extrema pobreza, promovendo

acesso a serviços públicos, especificamente saúde, educação e assistência social. Falar do

Programa Bolsa Família, é remeter-se à Política Nacional de Assistência Social, implantada

em outubro de 2004, relevando a Assistência Social como política de proteção social,

configura-se como uma nova situação para o Brasil. Essa nova concepção de Assistência

Social como direito a proteção social, direito à seguridade social tem duplo efeito, o de suprir

sob dado padrão pré-definido um recebimento e o de desenvolver capacidades para maior

autonomia do cidadão e da cidadã.

Outro contexto de análise da política de assistência social é que a família brasileira

tem passado por transformações ao longo dos tempos, uma dessas transformações é a

referência da família, onde, segundo a Política Nacional de Assistência Social (2004, p. 20),

3 Trabalho de Conclusão de Curso

contempla que entre o final dos anos de 1990 até 2002, houve um crescimento de 30%da

participação da mulher como referência da família.

2 JUSTIFICATIVA TEÓRICA

De acordo com Carloto e Mariano (2009, p.259) abordam que a maioria da população

em extrema pobreza é composta por mulheres, em quase todas as regiões,

predominantemente na zona urbana e que essas mulheres acabam por serem

responsabilizadas a serem titulares de programas de transferência de renda, por tratarem das

questões intrafamiliares de forma mais consciente. Tais responsabilidades acabam por exigir

cada vez mais das mulheres, como por exemplo, sua qualificação para o mercado de trabalho,

em busca de sua independência econômica, ou seja, sua autonomia. Ainda, segundo Carloto

e Mariano (2012, p.259) afirmam que:

Por outro lado, a imposição de condicionalidades nas áreas de Educação,

Saúde e Assistência Social pode gerar, para as mulheres em situação de

extrema pobreza, responsabilidades ou sobrecarga de obrigações

relacionadas à reprodução social, impactando o tempo e o trabalho das

mulheres, além de reforçar papéis tradicionais na esfera dos cuidados.

Ao nos depararmos com as abordagens que os autores nos trazem é possível definir

que algumas mulheres vítimas de violência, principalmente as beneficiárias do Programa

Bolsa Família, ainda se deparam com a sobrecarga que o próprio programa impõe,

enfatizando assim, uma maior responsabilidade com sua família. Para a realização da análise

desta pesquisa há a necessidade de alguns questionamentos, tais quais: quem são essas

mulheres beneficiárias do Programa? Qual a importância do benefício em suas vidas? Como

utilizam o benefício, entre outras questões que devem ser analisadas, principalmente seu

histórico de vida?

Diante da pesquisa de campo realizada com duas mulheres vítimas de violência

doméstica que já foram atendidas pelo Centro de Atendimento a mulheres em situação de

violência – Viva Mulher, se costuram discussões entre o que os autores nos trazem de uma

realidade de outro estado. Neste caso o estado do Paraná, especificamente a cidade de

Londrina, onde as mulheres entrevistadas afirmam que o benefício as sobrecarregam,

enquanto em Dourados, não houve essa afirmação, e sim ao contrário, as pesquisadas

4 Trabalho de Conclusão de Curso

afirmam que acham muito boas as condicionalidades, pois acompanham de perto a questão

da saúde e da educação de seus filhos.

Há ainda uma forte relevância em situar a feminização da pobreza, pois segundo

Berro (2008, p.133):

A feminização da pobreza é entendida como um fenômeno no qual as

mulheres vêm, ao longo das últimas décadas e por várias questões sociais

e econômicas, se tornando mais pobres do que os homens. Consiste numa

elevação da proporção de mulheres entre os pobres ou elevação da

proporção de pessoas em famílias chefiadas por mulheres entre os pobres.

É o crescimento da pobreza no universo feminino ao longo do tempo.

Potencializando a discussão, é observado que as mulheres na atualidade buscam sua

autoafirmação e independência financeira, porém, observa-se que essa busca também pode

levar a outro problema familiar que é a violência doméstica. Com essa indagação, é possível

afirmar o motivo que as mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família são as titulares

do benefício, pois ressaltamos que a pobreza na contemporaneidade atinge mais as mulheres

do que os homens.

Diante dessa afirmação, destaca-se que com relação ao trabalho da mulher moderna,

primeiramente é necessário salientar a questão da mulher do campo que migra para a cidade,

a contar da primeira metade do século XX, processo que se acentua diante da Revolução

Industrial, formando assim, o proletariado feminino. Ainda de acordo com (Nogueira, 2004,

p. 07) algumas mulheres tentaram ingressar em fábricas, porém tem sua força de trabalho

barrada pelos homens, demostrando assim o preconceito da época, fazendo com que essas

mulheres fossem trabalhar em ambiente doméstico, para famílias mais afortunadas,

exercendo o trabalho de babá ou doméstica.

Na contemporaneidade já é possível afirmar que cada vez mais mulheres ocupam o

mercado de trabalho, por diversos fatores, sendo econômicos, culturais e sociais. Em razão

do crescimento da industrialização, culminou a transformação da estrutura produtiva, o

processo de urbanização e a redução das taxas de fecundidade, explicam esses fatores.

Porém, ainda, mulheres continuam timidamente recebendo menos que os homens, pois,

diante de questões de educação e profissionalização, poucas ainda podem exercer um cargo

de chefia ou comando. As mulheres no mercado de trabalho que já somam 80%, porém essas

5 Trabalho de Conclusão de Curso

atividades ainda são realizadas em atividades domésticas e por mulheres negras, com baixo

nível de escolaridade e remuneração baixa.

Outro posicionamento que a pesquisa traz é a questão de que ainda algumas mulheres

ressaltam que no ambiente doméstico, há a oportunidade de dedicar-se aos filhos e a casa,

não pretendendo buscar alternativas de trabalho, como destaca os autores Carvalho e

Almeida (2003, p.116):

Estudos como os de Salles (2002), Oliveira e Ariza (2002), Goldani (2002)

e Montali (2000), têm ressaltado como os problemas em apreço afetam,

também, os padrões de organização do grupo familiar. Isso porque, nas

classes populares, o homem ainda é considerado e valorizado como chefe

e provedor da família, ao passo que as mulheres tendem a perceber o

casamento como apoio moral e econômico e, muitas vezes, como

oportunidade de deixar de trabalhar, dedicando-se aos afazeres domésticos

e à criação dos filhos.

Porém, na contemporaneidade, é observado um outro cenário com relação às

mulheres no mercado de trabalho. Pois muitas mulheres estão deixando de ter o pensamento

de cuidadora do lar e buscando o mercado de trabalho, como uma opção para ajudar na renda

familiar e ainda proporcionar aos seus filhos um maior conforto e acesso a outros serviços.

É possível salientar que na maioria dos casos onde mulheres são as provedoras do lar, ocorre

a precariedade na renda e a dificuldade de subsistência. Além dessas questões econômicas

especifica-se que o convívio familiar fica marcado por muitos conflitos, como traz Carvalho

e Almeida (2003, p.117), destacando que:

Esses problemas afetam não apenas as condições materiais da subsistência

da família como sua própria convivência e organização, com o aumento

dos conflitos, da violência doméstica, da fuga de crianças e adolescentes

para as ruas e do envolvimento desses últimos em atos infracionais. A

pobreza, o desemprego e, em especial, a falta de perspectivas têm

conduzido muitos jovens brasileiros para a criminalidade, o que contribui

com o crescimento da violência, da qual eles têm-se tornado vítimas

preferenciais, notadamente nos bairros pobres onde se concentram.

Além destas indagações a pesquisa abordará a questão do gênero, em sua

complexidade que é discutida. Sendo que a análise de gênero se faz diante de uma construção

de identidade, pois segundo Lopes (2008, p.49), “O termo gênero surge como forma de

superar o determinismo biológico que se impunha na compreensão das relações entre

homens e mulheres, nas teorias essencialistas que buscavam explicar as diferenças entre o

6 Trabalho de Conclusão de Curso

masculino e o feminino. O estudo se insere no campo dos direitos humanos e sexuais”.

Portanto, é percebido um grande enfoque dentro da questão de gênero, a ser discutida

amplamente dentro das relações, e abordar que gênero é uma construção que infelizmente

ainda no século XXI, trazem grandes discriminações perante à figura da mulher. Ainda de

acordo com o que traz Lopes (2008, p.41), que diante dessa discriminação a violência de

gênero não é um problema contemporâneo, mas sim, foi ocultado durante décadas se

constituindo como um grave problema social, envergonhando muitos países.

Além das afirmações realizadas, a abordagem se dá, elencando o que essas vozes

silenciadas pela violência trazem, o que anseiam, mais do que tudo, o que realmente querem

ou conseguiram após o rompimento do ciclo e quais oportunidades que o benefício de

transferência de renda proporciona para seu desenvolvimento social e econômico. Podemos

aqui destacar a questão da violência doméstica sofrida por mulheres provenientes do PBF e

como esse, talvez, venha auxiliando na “emancipação” destas em relação aos “abusos”

sofridos em seus lares.

De acordo com pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),

em 2000 a taxa de atividades dos homens era 59,8% maior do que as mulheres, já em 2010

esse número caiu para 38,6%, apontando assim para uma queda na desigualdade de acesso

das mulheres ao mercado de trabalho. Os estudos ainda trazem que, a taxa de atividade das

mulheres brancas é maior do que das mulheres pretas ou pardas. Com relação ao gênero no

mercado de trabalho, houve crescimento entre 2000 e 2010, na formalização do trabalho para

homens e mulheres, porém este crescimento foi maior para os homens, totalizando 18,4%

para eles e 12,9% para elas. Ainda conforme Carloto e Mariano (2009, p.261) destacam que:

“Para as mulheres, ter autonomia e poder, significa também ter mais liberdade,

independência, poder viver por conta própria, não depender de ninguém, principalmente do

marido”.

Quanto a questão do rendimento, estudos do IBGE, trazem que, a maior proporção

de mulheres sem rendimentos está na Região Norte com 37,7%, e a menor, na região Sul

com 24,6%. Estes resultados diferenciados por região mostram que, além das relações de

gênero, os aspectos econômicos e as características do mercado de trabalho influenciam o

indicador. Nas regiões, onde o trabalho rural é significativo, porém as mulheres não são

remuneradas, como é o caso do Norte e Centro-Oeste, a taxa de trabalho executado por elas

7 Trabalho de Conclusão de Curso

é de 45%. Diante de pesquisa realizada pelo IBGE em 2011, é possível realizar uma análise

de como a situação ocupacional da mulher não obteve avanços de 2003 a 2011, conforme

gráfico abaixo.

Distribuição da população ocupada, por posição na ocupação, segundo o sexo (%)-2003

a 2011.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Trabalhadordoméstico

Militar oufunc.públicoestatutário

Empregadocom carteira

no setorprivado

Conta Própria Empregadores

Homem 2003

Mulher 2003

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Trabalhadordoméstico

Militar ou funcpublico

estatutário

Empregadocom carteira

no setorprivado

Conta própria Empregadores

Homem 2011

Mulher 2011

8 Trabalho de Conclusão de Curso

A mulher ainda, tem participação efetiva em trabalhos domésticos, muitas vezes sem

formalização, enquanto para o universo masculino, é possível observar uma grande liderança

em questão de empreendedorismo. Ainda, segundo Martins et. al (2010) as causas mais

expressivas de violência contra a mulher se refere a dependência financeira e ao desemprego

e que o meio mais eficaz para combater esse problema recai sobre o empoderamento

feminino.

Há séculos a violência doméstica impera no mundo, implicando com muita ênfase a

questão do gênero, pois, conforme Silveira e Nardi (2014, p.16):

A interseccionalidade entre gênero, raça e etnia nas situações de violência

contra as mulheres nas relações de intimidade é um campo atravessado por

relações de dominação, as quais se encontram num momento importante

de tensionamentos, mas que ainda são marcadas por muita desigualdade e

opressão.

De acordo com os autores, é possível afirmar que o tema violência doméstica, ainda,

é marcado por vários conflitos sociais e culturais. Diante dessa afirmação, podemos destacar,

conforme Lopes (2008, p.43), traz que as questões etnocêntricas, as desigualdades de classe

e o heterossexismo se entrelaçam com a opressão de gênero, nos fornecendo base

contextualizada para tal afirmação.

A mulher vítima de violência tem muitas dificuldades em romper um relacionamento

violento, como por exemplo: a afetividade, a esperança na mudança de comportamento,

pelos filhos, vergonha da sociedade, falta de apoio da família, dependência econômica, entre

outros fatores. Além da vergonha de denunciar, a mulher também passa por outras situações,

como, a violência social, onde as mulheres negras e pobres são as maiores vítimas, pois é

uma violência que ocorre de uma forma sutil e dissimulada, calcada no preconceito e na

discriminação, é a violência encontrada no dia a dia em todos os lugares.

A partir da contextualização teórica, foi possível realizar um estudo empírico com duas

mulheres, residentes em Dourados e que foram atendidas pelo Centro de Atendimento à

mulher vítima de violência – Viva Mulher, sendo que ambas beneficiárias do Programa

Bolsa Família. A pesquisa trouxe um enriquecimento, pois retrata como essas duas mulheres

9 Trabalho de Conclusão de Curso

enxergam a questão da violência doméstica em suas vidas e como valorizam a questão do

benefício.

Em sua grande parte, as mulheres vítimas de violência doméstica, vivenciaram

situações de violência na infância, vendo muitas vezes a própria mãe sendo agredida pelo

companheiro e até mesmo elas sofrendo com a violência desde muito jovem.

Contudo, a questão da violência traz um leque muito amplo de discussão, porém os

aspectos elencados deverão constar a questão do benefício na vida das vítimas de violência

doméstica. Pois, segundo Mariano e Carloto (2009, p.904) destacam que:

Ao ser incluída no PBF, a mulher é tomada como representante do grupo

familiar, vale dizer, o grupo familiar é materializado simbolicamente pela

presença da mulher. Esta, por sua vez, é percebida tão somente por meio

de seus ‘papéis femininos’, que vinculam, sobretudo, o ser mulher ao ser

mãe, com uma identidade centrada na figura de cuidadora, especialmente

das crianças e dos adolescentes, dadas as preocupações do PBF com esses

grupos de idade”.

As autoras trazem essa reponsabilidade do ser mulher com o ser mãe, o cuidado com

os filhos, que a sociedade transmite às mulheres, livrando assim, a figura masculina de toda

e qualquer responsabilidade. Diante da pesquisa de campo, observa-se que ambos os

companheiros não tinham qualquer responsabilidade de rotina para com seus filhos. Porém,

diante da fala das usuárias, nota-se que o papel dos filhos na vida dos agressores, somente

se fortalece em relação à dominação do homem sobre a mulher, quando os mesmos ameaçam

de tirar a posse dos filhos dessas mulheres.

A questão das condicionalidades do Programa Bolsa Família, também é tema de

análise, pois ao relacionar a responsabilidade da mulher, como titular do benefício, existe

também uma cobrança dessa figura para o cumprimento das exigências do Programa, pois

conforme Carloto e Mariano (p.267) trazem que a sobrecarga com esses cuidados é agravada

também pela falta de apoio dos pais das crianças, tanto financeiramente quanto na divisão

dos cuidados diários, aspecto contraditório das falas das usuárias do Viva Mulher, pois,

segundo elas relataram que não consideram sobrecarga cuidar da vida escolar e da saúde das

crianças, mas sim, uma obrigação.

As condicionalidades do programa, estão relacionados diretamente à área da

educação, pois há a necessidade que os filhos menores frequentem a escola, garantindo a

10 Trabalho de Conclusão de Curso

frequência escolar de, no mínimo 85% de frequência. Outro dever da família, é informar

quando a criança muda de escola, pois é realizado um acompanhamento por supervisores do

Programa quanto à frequência escolar. Outra questão das condicionalidades, estão

relacionadas à saúde, as gestantes e nutrizes devem ser inscritas no pré-natal, e ainda,

comparecerem a atividades educativas, ofertadas pela equipe de aleitamento materno e

promoção da alimentação saudável. Ainda existem condicionalidades relacionadas com os

filhos menores de 7 anos, pois o calendário de imunização deve estar em dia, além do

acompanhamento nutricional que deve estar sempre regularizado.

Diante de tantas responsabilidades elencadas pelo programa, há a necessidade de se

fazer uma análise diante de tantos compromissos que estas mulheres devem cumprir, pois

além do cuidado com a casa, com o trabalho e com a família, observa-se que há ainda a

questão da violência que assola este lar.

Ainda, segundo Carloto e Mariano (2009, p.905), relacionam que as atividades

reprodutivas das mulheres aparecem como recurso dos programas de transferência de renda,

e traz a obrigação no cumprimento das condicionalidades como um suporte aos programas

sociais que devam funcionar de maneira correta, agregando assim, às mulheres papéis de

responsabilidade notadamente femininos.

As autoras ainda trazem que diante da Política de Assistência Social, a família é

identificada pela mulher, ou seja, é a maternidade que se responsabiliza por todo o contexto

familiar, o que sintetiza desencontro com falas feministas, pois pregam a igualdade e os

programas de transferência de renda politizam essa “igualdade” centralizando na figura da

mulher.

A partir da referida discussão, ouviu-se o que as mulheres beneficiárias traduzem a

partir de suas vivências, seja por livrar-se da violência, pela sua emancipação e pela

contribuição do PBF na concretude de um novo projeto de vida. Para tanto, identificou-se

estas duas mulheres, com nomes de duas militantes feministas, que vem ao encontro de uma

reflexão sobre suas capacidades de identificarem o PBF como viável a liderança familiar

exercida pelas mesmas.

11 Trabalho de Conclusão de Curso

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO

Na pesquisa foram selecionadas duas usuárias do serviço de atendimento às mulheres

vítimas de violência, ou seja, o Viva Mulher, sendo que Maria da Penha atualmente está com

31 anos, trabalha como manicure em sua residência, recebe o benefício do Programa Bolsa

Família no valor de R$ 245,00 (Duzentos e Quarenta e Cinco Reais) possui quatro filhos de

13, 08, 05 e 02 anos, reside em casa própria e sofreu com a violência psicológica,

configurando em seu boletim de ocorrência como ameaça. Passou pela Casa Abrigo da

cidade de Dourados, ficando abrigada por mais de 30 dias. Já a usuária Simone de Beauvoir,

tem 33 anos, mãe de duas crianças de 11 e 04 anos, paga aluguel, trabalha como diarista,

recebe o benefício do Programa Bolsa Família de R$ 70,00 (Setenta Reais) e seus boletins

de ocorrências configuraram como ameaça, lesão corporal e tentativa de homicídio,

avaliados como violência psicológica e física.

Abaixo, poderemos mostrar um pouco das falas das usuárias, sendo que trazem

nessas falas, questões relacionadas ao Programa, as condicionalidades e a própria relação de

suas vidas com os filhos e com a violência doméstica.

Assistente Social: Como você avalia a efetividade do programa Bolsa Família, o mesmo

consegue atender as necessidades básicas da família?

Maria da Penha: O Bolsa Família ele consegue atender as necessidades

básicas da família, visto que também tem...são vários usuários é quase

impossível ser atendido todo mundo, ele é bom, consegue atender as

necessidades da minha família sim.

Simone de Beauvoir: Mais ou menos né...no fundo no fundo, não dá pra

fazer quase nada né...pelo preço das coisas e pelo valor que eu recebo,

muito pouco para duas crianças.

Diante dessa indagação percebe-se que o benefício, apesar do valor minimizado,

consegue suprir as necessidades de ambas as famílias, havendo também a preocupação em

atender outros cidadãos, conforme Carloto e Mariano (2009, p.119) trazem:

Contudo, embora necessários para aliviar a extrema carência de

determinadas camadas da população, programas pontuais e enfatizados

têm limites bastantes estreitos no enfrentamento dos problemas sociais e

da pobreza quando não são associados a políticas e transformações mais

amplas, que ataquem seus determinantes estruturais ( Lopes; Gottschalk,

1990). Além disso, no caso brasileiro, eles vem atendendo a uma parcela

bastante reduzida de sua potencial clientela.

12 Trabalho de Conclusão de Curso

Assistente Social: Como você avalia as condicionalidades do Programa?

Maria da Penha: Eu acho que funciona e também acho que deveria te essas

condicionalidades, porque é um incentivo né e acaba sendo prioridade da

mãe com seus filhos, dar mais atenção para os filhos, quase como um

incentivo, um jogo de troca né, se vai você leva pra escola, as vacinas em

dia e tal e você tem o direito também de receber, muito bom.

Simone de Beauvoir: Ah eu acho bom, porque tem que ter um controle

mais né...a favor da criança né, que muitas pessoas não ligam né e com isso

aí as crianças tem mais oportunidade, eu acho muito bom.

Ambas entrevistadas, abordam que as condicionalidades são boas para o

desenvolvimento das crianças e da família num contexto amplo, gerando assim, uma melhor

organização. As autoras Carloto e Mariano (2009, p.901) explanam:

A implantação do PBF, de acordo com suas regras de seletividade e

exigências de condicionalidades, bem como as dimensões assumidas ao

incluir mais de 11 milhões de famílias, expressa, em certa medida, a

extensão da pobreza no Brasil. Assistente Social: Você não acha que essas condicionalidades traz uma sobrecarga também

na vida da mulher? Porque ela que fica responsável para manter essa função.

Maria da Penha: Não porque é quase que o básico, acho que vacina é

básico, escola é básico, não acho que acaba sendo uma sobrecarga.

Simone de Beauvoir: Ah não, porque acho que isso aí para os filhos é

importantíssimo.

Neste momento há abordagem sobre a questão da sobrecarga que desencontram com

falas que alguns autores discorrem, como por exemplo cita Carloto e Mariano (2009, p.906):

Os discursos sobre feminilidade e maternidade apropriadas pelo PBF com

o intuito de potencializar o desempenho de suas ações no combate a

pobreza reforçam o lugar social tradicionalmente destinado às mulheres: a

casa, a família, o cuidado, o privado, a reprodução. É preciso que o

programa se questione sobre o peso de cada uma dessas categorias para a

subordinação e autonomia dessas mulheres.

Observa-se que para estas duas usuárias, a questão da sobrecarga é irrelevante, pois

percebem como sendo sua a responsabilidade em cumprir as condicionalidades, visto que,

outro fator importante de destacar, ambas não convivem mais com seus agressores, sendo

assim as únicas responsáveis para tais funções.

Assistente Social: Se pudesse explanar sua experiência de vida com outras mulheres, qual

mensagem deixaria para essas vítimas?

13 Trabalho de Conclusão de Curso

Maria da Penha: Primeiro seria denunciar e seguir em frente com a

denúncia, não desistir.

Simone de Bevouir: Tem que lutar, correr atrás, por mais que seja difícil,

as vezes a gente acha que é impossível, mas nunca é, o negócio é procurar

ajuda.

É importante ressaltar que ambas usuárias, reforçam a questão da denúncia como

fator de empoderamento e autonomia, até mesmo de superação. Ainda assim, esbarramos

com um forte agravante que é o silencio, conforme aponta Meneguel (2007, p 72):

Mesmo com diferentes serviços sendo oferecidos, assim como campanhas

nacionais para que denunciem tais agressões, o silêncio ainda é

predominante, e há poucos espaços para a realização da denúncia. O

excerto da história de vida anterior é um exemplo de silêncio e submissão.

Assistente Social: Sua história de vida.

Maria da Penha: A Maria foi uma adolescente que passou por várias...foi

vítima da sociedade, vítima da família, vítima de violência, foi adotada por

várias famílias e tinha tudo pra não ser nada, mas aí eu optei por ter uma

família, por sinal minha família é grande e tento fazer o possível para que

os meus filhos não passem pelo que eu passei, nem por violência, então

qualquer tipo de violência pra defender eu vou mesmo, com os meus filhos

comigo também, já tive experiência de passar por violência doméstica, fui

atendida pelo Viva Mulher também, Delegacia, fui uma mulher que foi

abrigada também, cheguei a ficar sem nada e grávida, então eu sou uma

das pessoas assim que tem uma referência de vida de violência, porém eu

tento não passar pra nenhum dos meus quatro filhos, é em casa a gente

tenta, eu tento trabalhar pra mostrar pra eles que trabalho é digno pra que

amanhã, depois nenhum deles é siga o caminho de ter a coisa fácil, porque

pra você ter a coisa fácil você vai acabar roubando, acabar no crime na

violência, tento ser o pai e a mãe, psicóloga, enfermeira, professora, todos

eles e meu objetivo é fazer com que eles cresçam certo, digno, trabalhando,

estudando, que seja alguém na vida e tento mostrar pra eles pra jamais olhar

pra mim e falar... ah mãe você também fez isso, você também fez aquilo,

você também faz isso, e eu espero que daqui pra frente, eles também sigam

um caminho bom e que a vida é você batalhar se você quer ter alguma coisa

você tem que batalhar, se acontecer no meio do caminho deles também,

por ignorância do destino eles também passarem por violência eles já tem

uma referência de que a violência a gente não pode aceitar, que a violência

não faz parte da vida do ser humano.

Simone de Beauvoir: é então a minha vida foi bem turbulenta na juventude

eu casei muito nova, tive maridos só violentos, não foi só um, foram duas

experiências, muito difícil e eu sai com o apoio de vocês, daqui, porque

família não apoiou, só julgava, então não foi fácil, igual eu falei, não foi,

não está sendo até hoje, não é fácil, porque eu estou lidando ainda com o

passado, ainda ele volta e meia ele cutuca mais, o negócio é bater de frente

e encarar não deixar levar, não desistir, nunca, continua perturbando, só

que agora eu tenho mais força de encarar ele, ele não me agride mais, agora

ele...eu que sei me defender, não aceito mais xingamento, não aceito me

agredir, por mim e principalmente pelas minhas filhas, para elas não verem

14 Trabalho de Conclusão de Curso

o sofrimento e levar aquela coisa na costas delas, que acho que não é justo,

tem que lutar e nunca desanimar.

Em ambos depoimentos, podemos observar histórias de abandono, injustiça,

violência e insegurança, porém, podemos destacar a superação de todos esses fatores

negativos na vida dessas duas mulheres, que tiveram coragem e buscaram ajuda a tempo.

Destacamos também a importância em se criar e manter órgãos que trabalham em defesa

dessas vítimas, para que possamos minimizar o problema da violência doméstica. Ainda,

podemos enfatizar a questão da violência doméstica no sentido do desenvolvimento

econômico e social em que essas mulheres viveram, conforme Meneguel (2007, p. 99) nos

traz:

A violência também é decorrente, segundo Araújo (2002), das

transformações ocorridas no plano social e econômico e os efeitos daí

decorrentes na produção de novos conflitos urbanos em uma sociedade

onde o individualismo de massa e a experiência do risco são características

inerentes. Para a autora, isso é agravado pela ausência e ineficiência de

políticas públicas e instituições encarregadas de garantir a ordem pública e

o respeito á cidadania, além do esvaziamento de conteúdos culturais e

éticos no sistema de relações sociais (Araújo, 2002).

A partir da pesquisa de campo e bibliográfica, bem como em documentos fornecidos

pelo Programa Viva Mulher, acreditamos que conseguimos realizar uma pesquisa rica em

informações bem como mostrar a importância do benefício na vida de pessoas que

necessitam deste recurso. Buscamos também entender a relevância do Serviço Social na vida

de alguns beneficiários, especificamente na vida de mulheres.

Ao abordarmos a questão do benefício do Programa Bolsa Família, também

procuramos mostrar a relação do referido Programa com as vítimas de violência doméstica,

pois ao serem atendidas no Centro de Atendimento Viva Mulher, essas vítimas acabam por

trazer seus dilemas e conflitos, relacionados à violência sofrida e à manutenção de sua

família.

Observando a fala das usuárias entrevistadas, foi possível observar que uma rompeu

com o ciclo de violência, porém está sob sua responsabilidade a manutenção com a educação,

alimentação e o bem-estar de seus quatro filhos. Contudo essa usuária também nos mostra a

superação de uma vida de conflitos, de insegurança e incertezas, que acabaram por leva-la a

uma situação que jamais imaginou que iria passar. Atualmente, foi possível observar que a

vida de Maria da Penha está melhor, a superação com relação a violência aconteceu, mesmo

15 Trabalho de Conclusão de Curso

assim outros contextos de dificuldades aparecem, como a falta de emprego, educação de

qualidade para seus filhos, falta de vaga em creche, dificuldade no acesso a serviços de saúde

e transporte, por residir em um bairro periférico. Sendo assim, surgiram essas dificuldades

que Maria da Penha tem que enfrentar sozinha, buscando todos os dias, muita força e

coragem para não desistir, como ela mesmo verbaliza que pelos filhos ela faz tudo.

Apesar de serem mulheres que passaram por situação de violência, é possível

observar que há nas duas histórias de vida pontos relativos e diferentes, pois Simone de

Beauvoir, ainda convive com a situação de violência e como podemos justificar isso, a falta

da justiça, pois seu autor raramente fica preso.

Apesar das histórias da história de vida de ambas as entrevistadas, terem sido de

sofrimento e turbulências, é observado que o cuidado com os filhos, para que não sofram ou

passem pela mesma situação é um ponto forte, pois apesar dessas crianças não contarem com

a presença do pai, essas duas mulheres buscam manter sua educação e saúde em dia,

mostrando que o benefício quando cobra isso em suas condicionalidades é um fator

importante, porém mesmo que não tivessem o benefício, elas tratariam seus filhos com o

mesmo cuidado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos que o Programa Bolsa Família, é um benefício que foi criado para

contribuir com o desenvolvimento econômico e social de muitas famílias, porém existe

fatores negativos, como a falta de fiscalização, fazendo com que famílias que poderiam estar

recebendo este valor não sejam contempladas.

A relação do benefício com as vítimas de violência, é de suma importância, pois

quando uma mulher decide romper o ciclo da violência, a primeira dificuldade que encontra

é a questão de sua manutenção e de seus filhos, visto que em sua grande parte são mulheres

que não tem remuneração ou quando remuneradas não tem registro em carteira, dificultando

assim sua decisão em deixar aquele companheiro violento.

Apesar do benefício contribuir com essas mulheres e seus filhos, ainda contamos com

muitas dificuldades em superar a violência doméstica, pois os órgãos de enfrentamento à

violência não atuam isoladamente, necessitam de parcerias, como justiça, saúde, educação,

16 Trabalho de Conclusão de Curso

moradia e ainda enfrentamos a questão do medo, perfazendo com que o silencio ainda seja

uma grande barreira a ser extinguida.

Diante das duas histórias de vida verídicas, é possível realizar uma análise tanto na

questão da violência doméstica, como fator principal que trouxe as duas vítimas até o Centro

de Atendimento e o que o benefício proporciona para que ambas possam superar a violência

vivida. Mesmo o benefício, do Programa Bolsa Família contribuir minimamente para a

superação da violência, ainda observamos que políticas públicas como educação e saúde

devem ter um olhar diferenciado a essas vítimas, pois há uma grande dificuldade também

dessas mulheres encontrarem apoio nessas duas políticas.

Referências

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e-destaque-no-site-campo-grande-news, acesso em 16.dez. 2014.

http://www.defensoria.ms.gov.br/index.php?t acesso em 08.jun.2016

FARIAS, M.F.L. Relações de Gênero Dilemas e perspectivas. Ed.

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CURADO, J ; AUAD, D. Gênero e Políticas Públicas: a construção de uma experiência

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COORDENADORIA ESPECIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A

MULHER∕ SEGOV.Governo do Estado de Mato Grosso do Sul.Campo Grande, 2008, 90

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WWW.scielo.com.br. MONTEIRO, C.F.SOUZA; SOUZA.I.E.OLIVEIRA. Vivência da

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MENEGUEL, S.NAZARETH. Rotas Criticas: mulheres enfrentando a violência.

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